pontifÍcia universidade catÓlica de sÃo paulo puc … geovani... · benedito geovani martins de...

229
1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP BENEDITO GEOVANI MARTINS DE PAIVA UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS NO PROCESSO DECISÓRIO DAS EMPRESAS TECNOLÓGICAS DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ MG O “VALE DA ELETRÔNICA” MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS São Paulo 2012

Upload: lyduong

Post on 10-Dec-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

1

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP

BENEDITO GEOVANI MARTINS DE PAIVA

UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS NO PROCESSO DECISÓRIO DAS EMPRESAS

TECNOLÓGICAS DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ – MG – O “VALE DA ELETRÔNICA”

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

São Paulo 2012

Page 2: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

2

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP

BENEDITO GEOVANI MARTINS DE PAIVA

UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS NO PROCESSO DECISÓRIO DAS EMPRESAS

TECNOLÓGICAS DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ – MG – O “VALE DA ELETRÔNICA”

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para a obtenção do Título de MESTRE em Ciências Contábeis e Financeiras, sob a orientação do Prof. Dr. Antônio Robles Júnior.

São Paulo

2012

Page 3: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

3

DM PAIVA, Benedito Geovani Martins.

Um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras no processo decisório das empresas tecnológicas do arranjo produtivo local de Santa Rita do Sapucaí – MG – O “Vale da Eletrônica”. Dissertação de Mestrado. Programa Ciências Contábeis e Financeiras. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: PUCSP, 2012. 227f.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Robles Júnior

1.Arranjo Produtivo Local 2.Contabilidade 3.Decisão 4.Finanças

I. Título.

Page 4: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

4

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Prof. Dr. Antônio Robles Júnior Orientador

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

_____________________________________

Prof.ª Dr.ª Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

______________________________________

Prof. Dr. José Cláudio Pereira

FAI – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação - Santa Rita do Sapucaí - MG

Page 5: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

4

Dedico este trabalho:

A DEUS

Pelo dom da vida e pela oportunidade de

trilhar essa caminhada e alcançar mais

uma vitória.

AOS MEUS PAIS

Benedito Ferreira de Paiva e Geralda

Maria Martins de Paiva, que foram como

uma bússola a mostrar-me o caminho do

bem e da verdade, sempre me

incentivando e lutando para que se

abrissem as portas do meu futuro.

AOS MEUS MESTRES

Professor Nelson Lambert de Andrade e

Neide Pena Cária. Agradeço a vocês o

apoio que dispensaram, ajudando-me a

derrubar as barreiras para chegar ao final

deste curso de mestrado.

Page 6: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

5

AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Professor Dr. Antônio Robles Júnior, pela confiança em mim depositada. Mais que um orientador, foi mestre, amigo e guia nas horas de incerteza. Com sabedoria orientou-me sobremaneira no desenvolvimento da presente dissertação. Aos meus pais, Benedito Ferreira de Paiva, e minha mãe, Geralda Maria Martins de Paiva, e meus irmãos, Gilmar Martins de Paiva e Juliano Martins de Paiva. Aos membros da banca examinadora, Professores Doutores, Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos e José Cláudio Pereira, pelas importantes contribuições oferecidas para o desenvolvimento desta dissertação. Aos professores doutores do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis e Financeira: Juarez Torino Belli, Antônio Benedito Silva Oliveira, José Roberto Securato, Napoleão Verardi Galegale, Rubens Famá, Sérgio de Iudicibus, Roberto Fernandes dos Santos e Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos, José Carlos Marion, Antônio Robles Júnior, pelo esforço em dividir e construir conhecimento, pelas trocas e pela amizade conquistada. A todos os colegas de mestrado, em especial aos meus amigos Ana Cristina do Prado, Arnildo de Oliveira Martins e Elaine Regina Corrêa, pelo companheirismo e amizade. Aos professores mestres Nelson Lambert de Andrade, Neide Pena Cária, Denise Aparecida Gomes dos Santos, Vinícius Montgomery de Miranda, Carlos Alberto Mont‟Alvão e Fábio Luiz de Carvalho, que tiveram papel fundamental na minha vida profissional, pelas lições de saber, pela orientação constante, pela dedicação e renúncias pessoais, por repartirem seus conhecimentos e experiências de vida e profissionais com dedicação e carinho, por me guiarem para além das teorias, das filosofias e das técnicas, expresso os meus maiores agradecimentos e o meu profundo respeito, que sempre serão poucos, diante do muito que me foi oferecido. Ao amigo André Pompeu pelo companheirismo, apoio e contribuições neste trabalho. Aos meus alunos, fonte inesgotável de motivação e de conhecimento, pois, quanto mais ensino, mais aprendo. Aos respondentes da pesquisa, pela ajuda concedida para uma melhor compreensão da utilização da contabilidade como ferramenta de gestão. Meu muito obrigado a todos que, direta ou indiretamente, se envolveram neste trabalho.

Page 7: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

6

Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que

ele possa ser realizado.

Roberto Shinyashiki

Page 8: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

7

PAIVA, Benedito Geovani Martins de Paiva. Um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras no processo decisório das empresas tecnológicas do Arranjo Produtivo Local de Santa Rita do Sapucaí - MG – o “Vale da Eletrônica”. 227 fls. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis e Financeiras). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: PUC/SP, 2012.

RESUMO

O Arranjo Produtivo Local - APL - de Santa Rita do Sapucaí-MG, denominado de “Vale da Eletrônica” é formado por empresas de base tecnológica, que recebem influência do ambiente empreendedor formado pela integração entre as mesmas - o poder público e a estrutura educacional ali instalados. O principal objetivo deste trabalho é investigar se essas empresas utilizam as informações fornecidas pela contabilidade e aplicam as técnicas da administração financeira nas tomadas de decisões. Nesse cenário, define-se como questão problema: As empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e financeiras no processo decisório? A motivação para essa pesquisa teve como ponto de partida a suposição de que a grande maioria das empresas do “Vale da Eletrônica” não utiliza todo o potencial da contabilidade e das ferramentas da administração financeira para auxiliar o processo decisório. Partindo dessa hipótese, a fim de atingir o objetivo supracitado, a pesquisa focalizou trinta e sete empresas do ramo de eletroeletrônica de pequeno, médio e grande porte, situadas em Santa Rita do Sapucaí-MG. Os resultados obtidos com a referida pesquisa revelam que, nas empresas de pequeno e médio porte, há uma tendência de utilizar a contabilidade apenas como instrumento para atender ao fisco. A escrituração contábil, em grande medida, é realizada por escritórios terceirizados (78,38%) que, por sua vez, priorizam as informações tributárias e trabalhistas. Para controle e tomada de decisão, ficou evidenciado que prevalecem os instrumentos gerenciais financeiros, elaborados, em grande parte, de forma paralela à contabilidade, nos quais se destacam os controles de contas a receber, contas a pagar, controle de estoque e fluxo de caixa. Esses controles, extracontábeis, permitem que as empresas pesquisadas permaneçam no mercado, mesmo sem a utilização das demonstrações contábeis tradicionais. Palavras-chave: Arranjo Produtivo Local. Contabilidade. Decisão. Finanças.

Page 9: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

8

ABSTRACT

The Local Productive Arrangement (APL) of Santa Rita do Sapucaí in Minas Gerais state, called "The Electronics Valley" is comprised of technology-based companies, which receive influence of the entrepreneurial environment formed by the integration between them and the government and educational structure. The main objective of this study is to investigate whether these companies use the information provided by accounting and apply the techniques of financial management in decision making. In this scenario, defined as a matter of problem: Are the firms of the "Valley of Electronics" using the financial and accounting practices in the decision-making process? The motivation for this research was the assumption that the vast majority of companies in the "Valley of Electronics" does not use the full potential of accounting and financial management tools to assist decision making. Based on this hypothesis, in order to achieve the objective mentioned above, the research focused thirty-seven small, medium and large electronics firms in Santa Rita do Sapucaí. The results of such research reveal that the small and medium businesses use the accounts only as an instrument to meet the taxman. The bookkeeping largely offices is performed by third parties (78.38%) and the priority is information tax and labor. To control and decision making, it was evident that the prevailing financial management tools, developed largely in parallel to the accounts. The tools most commonly used are receivable and payable accounts, inventory control and cash flow. These controls allow the surveyed firms remain on the market, even without the use of traditional financial statements. Keywords: Local Productive Arrangement. Accounting. Decision. Finance.

Page 10: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Contabilidade Financeira x Contabilidade Gerencial ............................... 49

Quadro 2 - Estrutura do balanço patrimonial ............................................................. 53

Quadro 3 - Percentuais de presunção do lucro presumido ....................................... 86

Quadro 4 - Estruturação dos blocos de questões no roteiro de entrevista que

respondem aos objetivos da pesquisa. ................................................. 146

Page 11: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quantidade e percentual de empresas por atividade principal ............. 151

Gráfico 2 - Quantidade e percentual das empresas por natureza jurídica.............. 152

Gráfico 3 - Quantidade e percentual das empresas por regime de apuração fiscal .....

............................................................................................................. 153

Gráfico 4 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atividade .......... 154

Gráfico 5 - Quantidade e percentual das empresas por número de funcionário .... 155

Gráfico 6 - Quantidade e percentual das empresas por números de sócios .......... 156

Gráfico 7 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento ....... 157

Gráfico 8 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento a prazo

............................................................................................................. 158

Gráfico 9 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam sazonalidades .....

............................................................................................................. 159

Gráfico 10 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam redução nas

vendas durante os meses do ano ........................................................ 159

Gráfico 11 - Quantidade e percentual das empresas por tipo de escrituração contábil

............................................................................................................ 160

Gráfico 12 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam sistema integrado

de gestão ............................................................................................ 162

Gráfico 13 - Quantidade e percentual das empresas por fonte de obtenções de

informações para gestão financeira .................................................... 163

Gráfico 14 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam novas

tecnologias na área contábil e fiscal ................................................... 164

Gráfico 15 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as

demonstrações contábeis .................................................................... 166

Gráfico 16 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os

indicadores econômicos e financeiros ................................................. 168

Gráfico 17 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os instrumentos

financeiros ............................................................................................ 169

Gráfico 18 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnicas

de administração de caixa .................................................................... 170

Page 12: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

11

Gráfico 19 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnica de

concessão e análise de crédito ........................................................... 172

Gráfico 20 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as técnicas de

administração de estoque .................................................................... 173

Gráfico 21 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de

capitais de terceiros (Passivo Total / Patrimônio Líquido) ................... 175

Gráfico 22 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação

de capitais de terceiros oneroso (Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido)

............................................................................................................. 175

Gráfico 23 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de dependência

financeira (Exigível Total / Ativo Total)................................................. 176

Gráfico 24 - Quantidade e percentual das empresas que necessitam de

financiamento do capital de giro .......................................................... 178

Gráfico 25 - Quantidade e percentual das empresas por origem de financiamento

do Capital de Giro ................................................................................ 179

Gráfico 26 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o orçamento

empresarial .......................................................................................... 181

Gráfico 27 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x

fornecidas pela contabilidade para gestão financeira .......................... 184

Gráfico 28 - Quantidade e percentual das empresas quanto ao tratamento das

informações fornecidas pela contabilidade .......................................... 186

Gráfico 29 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada método de

custeio. ................................................................................................. 187

Gráfico 30 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada ferramenta

do custeio variável ............................................................................... 188

Gráfico 31 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam cada método para

formação de preço de venda. .............................................................. 189

Gráfico 32 - Quantidade e percentual de empresas por nível de formação

acadêmica dos gestores ..................................................................... 190

Gráfico 33 - Quantidade e percentual das empresas por área de formação

acadêmica ........................................................................................... 191

Gráfico 34 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atuação nas

empresas ............................................................................................ 192

Page 13: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

12

Gráfico 35 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o Balanço

Patrimonial e a Demonstração de Resultado para a tomada de

decisão em cada regime de apuração dos impostos. ......................... 193

Gráfico 36 - Quantidade e percentual das empresas que possuem controle de

contas a receber e contas a pagar em cada regime de apuração fiscal. ...

............................................................................................................. 194

Page 14: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Índice de Competitividade ........................................................................ 36

Tabela 2 - Classificação do porte da empresa segundo o faturamento .................. 143

Tabela 3 - Classificação do porte da empresa por número de empregados ........... 144

Tabela 4 - Classificação do porte da empresa segundo o MERCOSUL ................. 144

Tabela 5 - Definição da amostra das empresas pesquisadas ................................. 145

Tabela 6 - Quantidade e percentual de empresas pesquisadas ............................. 145

Tabela 7 - Sujeitos da pesquisa .............................................................................. 147

Tabela 8 - Perfil de endividamento .......................................................................... 174

Tabela 9 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x

fornecidas pela contabilidade para gestão financeira ............................. 182

Page 15: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

14

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização estratégica do APL. ............................................................... 30

Figura 2 - Comitê gestor do APL de Santa Rita do Sapucaí ..................................... 39

Figura 3 - Aspectos revelados pelos índices financeiros. .......................................... 60

Figura 4 - Giro x Margem Operacional. ..................................................................... 70

Figura 5 - Modelo Du-Pont de Análise Financeira ..................................................... 71

Figura 6 - Ciclo operacional. ...................................................................................... 75

Figura 7 - Ciclo Financeiro ........................................................................................ 76

Figura 8 - Contas cíclicas ou operacionais ................................................................ 78

Figura 9 - Efeito Tesoura ........................................................................................... 83

Figura 10 - Custeio por Absorção ............................................................................ 121

Figura 11 - Ponto de equilíbrio ................................................................................ 126

Page 16: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

15

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

a.C antes de Cristo

ACEVALE Associação Comercial e Empresarial do Vale da Eletrônica

ANS Artificial Neural Systems

APL Arranjo Produtivo Local

Art Artigo

BIDI Bureau de Informações Desenvolvimento e Inovação

BR Rodovia do Brasil

CBDs Certificados de Depósitos Bancários

CDG Capital de Giro

CFC Conselho Federal de Contabilidade

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CPC PME Comitê de Pronunciamento Contábil - Pequenas e Médias

Empresas

CPF Cadastro de Pessoa Física

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CPV Custo dos Produtos Vendidos

CT-e Conhecimento de Transporte Eletrônico

DLPA Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

DIPJ Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

DVA Demonstração do Valor Adicionado

ECD Escrituração Contábil Digital

EFD Escrituração Fiscal Digital

EFEI Escola Federal de Engenharia de Itajubá

EPP Empresa de Pequeno Porte

ERP Enterprise Resource Planning

ETE Escola Técnica em Eletrônica

FAFIEP Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Eugênio Pacelli

FAI Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação

Page 17: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

16

FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

FINATEL Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações

FUVS Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí

LEC Lote Econômico de Compra

IASB International Accounting Standards Board

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IEI Instituto Eletrotécnico de Itajubá

IEL Instituto Euvaldo Lodi

IEMI Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá

IFRS International Financial Reporting Standards

IME Incubadora Municipal de Empresas

INATEL Instituto Nacional de Telecomunicações

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

IR Imposto de Renda

IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica

ISS Imposto sobre Serviços

JIT Just-in-Time

LALUR Livro de Apuração do Lucro Real

ME Microempresas

MEC Ministério da Educação e Cultura

MERCOSUL Grupo Mercado Comum da América do Sul

MRP Material Requirement Planning

NCG Necessidade de Capital de Giro

NFe Nota Fiscal Eletrônica

NFSe Nota Fiscal de Serviços Eletrônica

NTFP Necessidade Total Financiamento do Permanente

OPT Optimized Production Technology

PIB Produto Interno Bruto

PIS Programa de Integração Social

PME Pequenas e Médias Empresas

Page 18: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

17

PMP Prazo Médio de Pagamento

PMR Prazo Médio de Recebimento

PMSRS Prefeitura Municipal de Santa Rita do Sapucaí

PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

RBF Receita Federal do Brasil

RIR Regulamento do Imposto de Renda

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECTES Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SIG Sistema de Informação Gerencial

SINDVEL Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos Eletrônicos e

Similares do Vale da Eletrônica

SPC Serviço de Proteção ao Consumidor

SPED Sistema Público de Escrituração Digital

UNIFEI Universidade Federal de Itajubá

UNIPA Universidade de Pouso Alegre

UNIVÁS Universidade do Vale do Sapucaí

USP Universidade de São Paulo

Page 19: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

18

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 22

1.1 Problema de pesquisa ......................................................................................... 23 1.2 Objetivos da dissertação ..................................................................................... 25 1.3 Justificativa .......................................................................................................... 25 1.4 Estrutura da pesquisa......................................................................................... 26

2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL - DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ- MG: O

“VALE DA ELETRÔNICA” ....................................................................................... 28

2.1 Características de um Arranjo Produtivo Local ................................................... 28 2.2 Principais particularidades do município de Santa Rita do Sapucaí - MG ........... 30 2.3 Estrutura educacional da região de Santa Rita do Sapucaí ................................ 31 2.4 Índice de competitividade dos municípios ........................................................... 36 2.5 Produto interno bruto de Santa Rita do Sapucaí ................................................. 36 2.6 Ambiente de negócios ......................................................................................... 37 2.7 Comércio exterior ................................................................................................ 38 2.8 Gestão do APL de Santa Rita do Sapucaí .......................................................... 39

3 PRÁTICAS CONTÁBEIS ....................................................................................... 41

3.1 Evolução e importância da contabilidade para a gestão empresarial .................. 41 3.1.1 Sistema de informação contábil ........................................................................ 43 3.1.2 Sistema de informações gerenciais .................................................................. 44 3.1.3 Sistema integrado de gestão ............................................................................ 45 3.1.4 Sistema de escrituração digital ......................................................................... 46 3.1.5 Contabilidade financeira x contabilidade gerencial............................................ 48 3.2 Principais relatórios contábeis ............................................................................. 50 3.2.1 Balanço Patrimonial.......................................................................................... 52 3.2.1.1 Balanço Perguntado: uma solução para pequena empresa .......................... 54 3.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício ....................................................... 56 3.2.3 Demonstração de Fluxo de Caixa .................................................................... 56 3.2.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido ....................................... 57 3.2.5 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ........................................ 58 3.2.6 Demonstração do Valor Adicionado ................................................................. 59 3.3 Análise dos demonstrativos contábeis ................................................................ 59 3.3.1 Indicadores de liquidez ..................................................................................... 60 3.3.1.1 Liquidez Imediata .......................................................................................... 61 3.3.1.2 Liquidez Corrente .......................................................................................... 62 3.3.1.3 Liquidez Seca ................................................................................................ 62 3.3.1.4 Liquidez Geral ............................................................................................... 63 3.3.2 Índices de estrutura de capital .......................................................................... 63 3.3.2.1 Participação de Capitais de Terceiros ........................................................... 64 3.3.2.2 Composição do Endividamento ..................................................................... 65 3.3.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido ............................................................... 66

Page 20: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

19

3.3.2.4 Imobilização dos Recursos Não Correntes ................................................... 66 3.3.3 Índices de rentabilidade .................................................................................... 67 3.3.3.1 Margem Líquida............................................................................................. 67 3.3.3.2 Rentabilidade do Patrimônio Líquido ............................................................. 67 3.3.3.3 Rentabilidade do Ativo ................................................................................... 68 3.3.3.4 Giro do ativo .................................................................................................. 69 3.3.4 Análise Du-Pont................................................................................................ 69 3.3.5 Índices de Atividade ......................................................................................... 71 3.3.5.1 Prazo Médio de Estocagem .......................................................................... 72 3.3.5.1.1 Prazo Médio de Estocagem de Matéria-Prima ........................................... 72 3.3.5.1.2 Prazo Médio de Fabricação ........................................................................ 73 3.3.5.1.3 Prazo Médio de Produtos Acabados .......................................................... 73 3.3.5.2 Prazo Médio de Recebimento ....................................................................... 73 3.3.5.3 Prazo Médio de Pagamento .......................................................................... 74 3.3.5.4 Ciclo Operacional .......................................................................................... 75 3.3.5.5 Ciclo Financeiro ............................................................................................. 76 3.4.1 Indicadores de avaliação da estrutura financeira ............................................. 79 3.4.1.1 Capital de Giro Líquido .................................................................................. 79 3.4.1.2 Necessidade de Capital de Giro .................................................................... 80 3.4.1.3 Saldo de Tesouraria ...................................................................................... 81 3.4.1.4 Necessidade Total de Financiamento do Permanente .................................. 82 3.4.1.5 Efeito Tesoura ............................................................................................... 83 3.5 Regimes de tributação e a gestão financeira ...................................................... 84 3.5.1 Simples Nacional .............................................................................................. 84 3.5.2 Lucro presumido ............................................................................................... 86 3.5.3 Lucro real ......................................................................................................... 87

4 PRÁTICAS FINANCEIRAS .................................................................................... 90

4.1 Planejamento financeiro de curto prazo .............................................................. 90 4.1.1 Gestão de caixa................................................................................................ 91 4.1.1.1 Modelos de administração de caixa .............................................................. 92 4.1.1.1.1 Modelo de Baumol ...................................................................................... 92 4.1.1.1.2 Modelo do Caixa Mínimo Operacional ........................................................ 93 4.1.1.1.3 Modelo de Miller e Orr ................................................................................ 94 4.1.1.1.4 Modelo de dia da semana .......................................................................... 95 4.1.1.1.5 Modelo de Beranek .................................................................................... 95 4.1.1.1.6 Modelo de Stone ........................................................................................ 95 4.1.1.2 Fluxo de caixa: a essência da gestão financeira ........................................... 96 4.1.2 Administração de contas a receber .................................................................. 97 4.1.2.1 Gestão de crédito .......................................................................................... 98 4.1.2.1.1 Prazo de crédito ......................................................................................... 99 4.1.2.1.2 Descontos por pagamento à vista ............................................................ 100 4.1.2.1.3 Análise de crédito ..................................................................................... 100 4.1.2.1.4 Concessão de créditos ............................................................................. 101 4.1.2.1.4 Política de crédito ..................................................................................... 101 4.1.2.1.5 Tomada de decisão quanto à concessão de crédito ................................ 102 4.1.2.1.6 Modelos de análise e concessão de crédito ............................................. 102 4.1.2.1.6.1 Os 5 C‟s do crédito ................................................................................ 103 4.1.2.1.6.2 Árvore de Decisão ................................................................................. 105

Page 21: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

20

4.1.2.1.6.3 Credit Scoring ........................................................................................ 105 4.1.2.1.6.4 Behavioural Scoring .............................................................................. 106 4.1.2.1.6.5 Redes neurais ....................................................................................... 106 4.1.2.1.6.6 Modelo de Buckley ................................................................................ 107 4.1.2.2 Política de cobrança .................................................................................... 107 4.1.3 Administração de estoques ............................................................................ 108 4.1.3.1 Técnicas para a administração de estoques ............................................... 110 4.1.3.1.1 O Sistema ABC ........................................................................................ 111 4.1.3.1.2 O modelo do Lote Econômico de Compra ................................................ 111 4.1.3.1.3 Flexible Manufacturing Systems ............................................................... 112 4.1.3.1.4 Material Requirement Planning ................................................................ 112 4.1.3.1.5 Optimized Production Technology ............................................................ 113 4.1.3.1.6 Sistema Just-in-time ................................................................................. 113 4.1.3.2 Avaliação da decisão de estocagem ........................................................... 114 4.1.4 Administração de financiamentos de curto prazo ........................................... 114 4.1.4.1 Características do financiamento de curto prazo........................................ 116 4.1.4.2 Fontes do financiamento a curto prazo ....................................................... 117 4.2 Gestão de custos............................................................................................... 118 4.2.1 Custeio por absorção ..................................................................................... 120 4.2.2 Gestão estratégica de custos ......................................................................... 122 4.2.3 Custeio Variável ............................................................................................ 123 4.2.3.1 Margem de Contribuição ............................................................................. 124 4.2.3.2 Análise de relações Custo-Volume-Lucro ................................................... 125 4.2.3.2.1 Ponto de equilíbrio .................................................................................... 126 4.2.3.3 Limitações da capacidade de produção ...................................................... 128 4.2.3.4 Custos fixos identificados ............................................................................ 128 4.2.3.5 Alavancagem ............................................................................................... 129 4.2.3.5.1 Grau de Alavancagem Operacional: ......................................................... 129 4.2.3.5.2 Grau de Alavancagem Financeira ........................................................... 129 4.2.3.5.3 Grau de Alavancagem Total .................................................................... 129 4.2.4 Activity Based Costing .................................................................................... 130 4.2.5 Target Costing ................................................................................................ 132 4.2.6 Custeio Padrão ............................................................................................... 133 4.3 Orçamento empresarial ..................................................................................... 134

5 METODOLOGIA E TRAJETÓRIA DA PESQUISA.............................................. 138

5.1. Método e pesquisa ........................................................................................... 138 5.2 A pesquisa bibliográfica ..................................................................................... 141 5.3 Caminhos percorridos ....................................................................................... 142 5.4 População e amostra........................................................................................ 143 5.5 Critérios de estruturação do roteiro de entrevista ............................................. 145 5.6 Seleção dos sujeitos.......................................................................................... 147 5.7 Pesquisa de campo ........................................................................................... 148 5.8 Tratamento dos dados....................................................................................... 148 5.9 Limitações da pesquisa .................................................................................... 148

6 RESULTADO DA PESQUISA ............................................................................. 150

6.1 Caracterização das empresas pesquisadas ...................................................... 150

Page 22: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

21

6.1.1 Atividade econômica principal ........................................................................ 150 6.1.2 Natureza jurídica ............................................................................................ 151 6.1.3 Regime de apuração de impostos .................................................................. 152 6.1.4 Tempo de atividade ........................................................................................ 153 6.1.5 Número de funcionários ................................................................................. 155 6.1.6 Número de sócios........................................................................................... 156 6.1.7 Faturamento total bruto das empresas pesquisadas ...................................... 156 6.1.7.1 Percentual do faturamento a prazo ............................................................. 157 6.1.7.2 Sazonalidade das vendas ........................................................................... 158 6.1.8 Execução da escrituração contábil das empresas ......................................... 160 6.1.9 Utilização de sistema integrado de gestão ..................................................... 161 6.1.10 Levantamento de informações para gestão financeira. ................................ 162 6.1.11 Utilização de novas tecnologias na área contábil e fiscal ............................. 164 6.2 Análise da utilização das práticas contábeis e financeiras. .............................. 165 6.2.1 Demonstrações contábeis utilizados na gestão das empresas ...................... 165 6.2.2 Análise das demonstrações contábeis para tomada de decisão .................... 167 6.2.3 Instrumentos gerenciais financeiros utilizados na gestão das empresas ....... 169 6.2.3.1 Técnicas de administração de caixa ............................................................ 170 6.2.3.2 Técnicas de análise e concessão de créditos ............................................. 171 6.2.3.3 Técnicas de administração de estoque ....................................................... 172 6.2.3.4 Grau de endividamento da empresa. .......................................................... 174 6.2.3.4 Necessidade de financiamento do Capital de Giro ...................................... 178 6.2.3.5 Fonte de financiamento do Capital de Giro ................................................. 179 6.2.3.6 Utilização de orçamento empresarial .......................................................... 180 6.2.3.7 Informações que os gestores consideram Importantes x informações fornecidas pela contabilidade para a gestão financeira ........................................... 181 6.2.3.8 Tratamento das informações fornecidas pela contabilidade ........................ 185 6.3 Utilização das Informações para controle e gerenciamento de custos .............. 186 6.3.1 Métodos de custeio utilizados ........................................................................ 186 6.3.2 Utilização efetiva do custeio variável para tomada de decisão ...................... 187 6.3.3 Metodologia utilizada para formação de preço ............................................... 188 6.4 Caracterização dos entrevistados ..................................................................... 189 6.4.1 Perfil acadêmico ............................................................................................. 190 6.4.2 Área de formação dos gestores financeiros ................................................... 191 6.4.3 Tempo de atuação na empresa ...................................................................... 192 6.5 Cruzamento dos dados: Regime de tributação x práticas contábeis e financeiras. .............................................................................................................. 193

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 195

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 207

APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA ................................................... 215

APÊNDICE 2 - CRUZAMENTO GERAL DOS DADOS .......................................... 225

APÊNDICE 3 - EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES .................................... 226

APÊNDICE 4 - EMPRESAS OPTANTES PELO LUCRO PRESUMIDO ................ 227

APÊNDICE 5 - EMPRESAS OPTANTES PELO SUPER SIMPLES ....................... 228

Page 23: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

22

1 INTRODUÇÃO

A globalização intensificou a concorrência entre as empresas, tornando o

comércio mundial mais agressivo. Neste ambiente competitivo, as empresas são

estimuladas a desenvolverem estratégias e a utilizarem instrumentos gerenciais

capazes de oferecer eficiência e eficácia ao processo decisório, a fim de possibilitar

sua sobrevivência de forma sustentável.

Uma das estratégias adotadas pela indústria é a formação de um Arranjo

Produtivo Local (APL), no qual um grupo de empresas pertencentes a uma mesma

indústria busca convergir os esforços para o fortalecimento do conjunto, levando-se

em conta: um alicerce de instituições de ensino, incubadoras de empresas e um

conjunto de agentes sociais, como governo, sindicatos e associações. Tudo isso,

aliado à troca de informações e experiências entre os empresários, cria um ambiente

apropriado para o surgimento de um ciclo virtuoso de crescimento sustentável. Por

isso o objeto de estudo é o APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí- Minas

Gerais.

A ideia, para realizar este trabalho, surgiu quando o autor efetivava algumas

consultorias nas áreas contábil e financeira para empresas do APL de Santa Rita do

Sapucaí e percebeu a dificuldade no gerenciamento cotidiano das operações, devido

à falta de informações contábeis e de métodos de administração financeira. Assim,

surgiu o interesse em conhecer quais instrumentos contábeis e financeiros as

empresas utilizavam no processo de tomada de decisão.

A contabilidade é ciência responsável pelo processo de mensuração,

registro e comunicação dos resultados econômicos e financeiros da atividade

empresarial por meio de relatórios, o que contribui para o sucesso da gestão. Nesse

sentido, Marion (2009) entende que a contabilidade é a linguagem dos negócios,

mensura os resultados das empresas e avalia o desempenho das mesmas,

direcionando os gestores às melhores decisões.

Já a administração financeira consiste na utilização de um conjunto de

ferramentas, que na maior parte, serve-se das informações geradas pela

contabilidade, a fim de direcionar as decisões estratégicas na busca do crescimento

sustentável das operações, manutenção da saúde econômica e financeira da

Page 24: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

23

empresa, bem como contribuem ao alcance das metas estabelecidas e criação de

valor para o proprietário. Ross, Westerfield e Jaffe (2010) entendem que a

administração financeira deve criar valor nas atividades de investimento,

financiamento e liquidez e, para isso, também utilizam, em grande parte,

informações das demonstrações contábeis. Nesse mesmo sentido, Guitman (2004)

ressalta que a administração financeira está intimamente ligada às áreas de

economia e à contabilidade. Esta última pode ser considerada como uma forma de

economia aplicada que se baseia largamente em conceitos econômicos.

Assim, pode-se entender que é praticamente impossível tomar decisões

eficazes sem informações precisas e seguras a respeito das operações da empresa;

o risco do negócio pode ultrapassar as barreiras operacionais impostas e dar origem

a um novo risco, o financeiro. A utilização dos métodos de administração financeira,

com base nos controles e demonstrativos contábeis permite ao gestor tomar

decisões mais seguras, realizar projeções futuras e contribuir para o crescimento

sustentável da empresa.

De acordo com Resnik (1998), a falta de um sistema contábil eficaz não é

apenas um problema da contabilidade, mas também, administrativo. A ausência de

um sistema de registro contábil e a consequente falta de controle financeiro resulta

na mais completa falta de compreensão da dinâmica operacional da empresa.

Pelo exposto, torna-se de grande relevância o conhecimento, compreensão

e utilização dos instrumentos da contabilidade e administração financeira para que

as decisões sejam tomadas com maior agilidade e segurança.

1.1 Problema de pesquisa

A empresa é a base de crescimento e desenvolvimento econômico de

qualquer nação. No entanto, grande parte delas está fadada ao fracasso e encerra

suas atividades nos primeiros anos de vida por dificuldades financeiras. Esse fato

desencadeia um impacto perverso no crescimento da economia de um país: dificulta

seu desenvolvimento ao gerar ociosidade na utilização de recursos, gera

desemprego, reduz os investimentos, entre outros fatores.

O termo dificuldade financeira é encontrado na literatura relacionado à

insolvência e à mortalidade de empresas. Para Wruck (1990, p. 421), “uma empresa

Page 25: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

24

se encontra em dificuldade financeira quando suas operações não geram fluxo de

caixa para cobrir as obrigações correntes”. Na mesma direção, Ross, Westerfield e

Jaffe (2010, p. 683) apresentam o seguinte conceito:

Diz-se que uma empresa enfrenta dificuldades financeiras quando os fluxos de caixas gerados pelas operações da empresa não são suficientes para cobrir as obrigações correntes (tais como pagamentos devidos a fornecedores ou despesas financeiras), e a empresa é forçada a tomar providências corretivas. Dificuldades financeiras podem levar uma empresa a deixar de cumprir um contrato e podem envolver uma reestruturação de obrigações da empresa com seus credores e acionistas. Geralmente, a empresa é forçada a tomar providência que não utilizaria se tivesse fluxo de caixa suficiente.

Já o termo insolvência de acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2010) pode

ser relacionado a dois aspectos:

A insolvência relacionada a saldo: ocorre quando a empresa possui

patrimônio líquido negativo, sendo o valor do Ativo inferior ao valor do

Passivo.

A insolvência relacionada a fluxo: está relacionada à incapacidade de

pagamento de dívidas.

De acordo com Marion (2009), os empresários destacam entre as causas dos

problemas financeiros: carga tributária, encargos sociais, falta de recursos para

investimento e capital de giro, juros altos, entre outros. Numa investigação mais

acurada a respeito desse assunto, pode-se observar que o problema está na má

gerência. Muitas vezes, as decisões são tomadas sem informações consistentes, ou

ainda baseando-se em dados sem confiabilidade, ou seja, oriunda de uma

contabilidade sem fidedignidade para atender às exigências fiscais.

Na mesma direção Resnik (1991, p. 138), realizou uma pesquisa entre os

empresários e chegou à seguinte conclusão: “eventualmente, porém, eles

conseguem entender que superestimam a complexidade de um sistema bom e

prático e subestimam sua contribuição ao desempenho administrativo”. Percebe-se,

então, que a maioria dos empresários entende a importância da contabilidade para o

gerenciamento do negócio, mas tem dificuldade em utilizar a mesma no processo

decisório.

A motivação que resultou na execução desta pesquisa está pautada na

certificação de como as empresas, as que fazem parte do corpus de pesquisa,

utilizam as informações contábeis e os instrumentos de administração financeira

Page 26: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

25

como ferramenta de gestão e auxílio ao processo decisório para a manutenção da

rentabilidade e liquidez. Para tal, fundamenta-se na seguinte questão problema:

As empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e

financeiras no processo decisório?

1.2 Objetivos da dissertação

Tem-se como objetivo geral investigar se as empresas do “Vale da Eletrônica”

utilizam as informações fornecidas pela contabilidade e aplicam as técnicas da

administração financeira nas tomadas de decisões.

Para atingir o objetivo proposto, tem-se como objetivos específicos:

Conhecer as características gerais das empresas de pequeno, médio e

grande porte do “Vale da Eletrônica”.

Verificar a relação entre regime tributário e nível de utilização das práticas

contábeis e financeiras.

Pesquisar como é realizado o sistema de contabilidade e a utilização de

software integrado no controle das operações.

Identificar quais são os instrumentos gerenciais contábeis e financeiros

usados no processo decisório das empresas do APL.

Verificar o nível de utilização dos métodos de custeios para a tomada de

decisão.

Identificar qual o perfil acadêmico/profissional do gestor responsável pela

escrituração contábil e pela gestão financeira.

1.3 Justificativa

A cidade de Santa Rita do Sapucaí destaca-se como polo tecnológico no

País, impulsionada pela existência de uma estrutura educacional já consolidada que

fomenta o empreendedorismo ligado à tecnologia. As empresas, em sua grande

maioria, são oriundas de projetos educacionais de base tecnológica e carecem de

informações sobre instrumentos gerenciais, contábeis e financeiros para a gestão e

a tomada de decisões.

Page 27: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

26

O APL de Santa Rita representa um marco no desenvolvimento da região em

que está inserido. Assim, se justifica a relevância dessa pesquisa no seu aspecto

acadêmico e social, uma vez que a mesma proporcionará um maior conhecimento

de como as empresas, dessa região, se utilizam das ferramentas contábeis e da

administração financeiras em sua gestão, além de colocar os resultados e

conclusões à disposição da comunidade, dos empresários e demais interessados

para futuras pesquisas.

Na prática diária das empresas do APL de Santa Rita, o estudo poderá

contribuir com informações que possam fomentar a utilização efetiva da

contabilidade e da administração financeira pelas empresas, tornando-as mais

competitivas, lucrativas e transparentes, o que gera maior riqueza para os

stakeholders e toda a comunidade. Diante disso, fica evidenciado que qualquer

esforço no sentido de fortalecer as empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí

constitui-se instrumento importante para o desenvolvimento de toda a região da qual

faz parte. Dessa maneira, ao investigar acerca da prática contábil e da

administração financeira percebe-se a importância da sua amplitude.

1.4 Estrutura da pesquisa

Além desta Introdução, a presente dissertação está estruturada em outros

cinco capítulos, além da introdução, a saber: o segundo versa sobre o APL de Santa

Rita do Sapucaí; o terceiro apresenta as práticas contábeis; o quarto, as práticas

financeiras; o quinto trata do procedimento metodológico e a coleta de dados; o

sexto, a análise dos resultados e o sétimo, das considerações finais.

No segundo capítulo, apresenta-se uma visão global do APL de Santa Rita do

Sapucaí, sua evolução desde o surgimento até o número atual de empresas.

O terceiro, por meio de uma revisão bibliográfica, aborda a questão conceitual

da contabilidade, dos demonstrativos contábeis e a análise econômica financeira.

O capítulo quatro remete às ferramentas e técnicas para a gestão financeira

de curto prazo, destacando sua importância para o processo decisório.

O capítulo de procedimentos metodológicos contempla o tipo de pesquisa, o

método de coleta, o tratamento, a organização e a análise dos dados.

Page 28: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

27

No sexto capítulo, apresentam-se a discussão e análise dos dados obtidos

por meio das respostas obtidas de acordo com o formulário da pesquisa.

Finalmente, o último capítulo traz as considerações finais, onde se destacam

os pontos a serem melhorados para aumentar a competitividade das empresas do

“Vale da Eletrônica” e são formuladas algumas recomendações, pautadas nas

informações obtidas por meio deste trabalho, como sugestões para futuros estudos

inerentes ao tema pesquisado.

Page 29: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

28

2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL - DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ- MG: O “VALE DA ELETRÔNICA”

O APL eletroeletrônico, de Santa Rita do Sapucaí, destaca-se no cenário

nacional e internacional como um ambiente empreendedor formado por empresas

incubadoras e por uma base educacional consistente que vai, desde as áreas

técnicas de eletroeletrônica e telecomunicações, à gestão de empresas. Essa

estrutura educacional, além de qualificar a mão de obra, fomenta e oferece

condições para a criação e o desenvolvimento de empresas de base tecnológicas,

contribuindo para o desenvolvimento da região.

A participação de empresas em APL tem ajudado especialmente as micro e

pequenas empresas a superarem as barreiras quanto ao seu crescimento, por meio

do aumento da capacidade de negociação coletiva nas compras de insumos e

componentes, redução de gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos,

minimização de custos em campanhas de marketing e distribuição de produtos tanto

no mercado interno, quanto externo.

2.1 Características de um Arranjo Produtivo Local

APL é uma aglomeração industrial na qual ocorrem, de forma integrada, entre

as empresas localizadas em um mesmo território, as atividades produtivas, o que

possibilita às empresas apoiarem-se mutuamente gerando a todas elas: vantagens

competitivas por meio das cooperações produtiva, política e institucional; existência

de associações de produtores locais para exploração de mercados; rápida difusão

de tecnologia e informação; desenvolvimento de estruturas públicas de apoio à

produção, além do compartilhamento de mecanismos de governança, que incluem

pequenas, médias e grandes empresas.

Morelli (2006) define APL como aglomerações de empresas localizadas em

um mesmo território, que apresentam especializações produtivas e mantêm alguma

ligação, cooperação e aprendizagem entre si e com outras organizações locais,

como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.

Já Machado (2003) conceitua um APL como uma concentração geográfica de

empresas e instituições que se relacionam em um setor particular. Inclui, em geral, a

Page 30: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

29

cooperação entre fornecedores especializados, universidades, associações de

classe, instituições governamentais e outras organizações que trazem, de forma

coordenada e integrada, educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico e

entretenimento para o crescimento sustentável das empresas.

A cooperação e a competição entre os participantes é a principal força

competitiva de um APL. Nesse sentido, o “Vale da Eletrônica” desenvolve um

espaço privilegiado para a ocorrência de inovação, resultado direto dos processos

de interação estabelecidos, principalmente, entre as empresas e as instituições de

ensino locais. Esse processo de interação favorece a criação de empresas de base

tecnológica, apoiadas em educação.

De acordo com Porter (1999), um agrupamento geograficamente concentrado

de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas, numa determinada área

vinculada por elementos comuns e complementares, é definido como um cluster.

Partindo da afirmação de Porter, percebe-se que a cidade de Santa Rita do

Sapucaí possui um APL Eletroeletrônico, formando um cluster regional de

desenvolvimento de tecnologia que gera uma vantagem competitiva importante

devido ao fato de poder ser obtida por meio de fatores como localização próxima aos

grandes centros, integração entre os diversos atores (stakeholders), instituições de

ensino e políticas de fomento, com disponibilidade de recursos financeiros pelos

órgãos governamentais.

Segundo o FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010), a peculiar estrutura

produtiva do município de Santa Rita do Sapucaí fez dele referência nacional no

desenvolvimento e produção de produtos eletroeletrônicos, por concentrar mais de

uma centena de empresas de alta tecnologia, o que justifica ser conhecido como o

“Vale da Eletrônica”.

Porter (1993) destaca que a inovação tecnológica passa a ser um elemento

chave na competitividade de acordo com o grau de interdependência econômica,

política e tecnológica entre os agentes econômicos e países do mundo. Para o

autor, a competitividade de uma nação depende da capacidade de inovação de suas

indústrias.

Assim, a organização de empresas em arranjos produtivos contribui para o

desenvolvimento e crescimento do empreendedorismo, caracterizando-se pela

Page 31: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

30

criação de micro e pequenas empresas que trabalham explorando uma atividade

produtiva, característica de um município ou região.

2.2 Principais particularidades do município de Santa Rita do Sapucaí - MG

Santa Rita do Sapucaí – MG - é uma cidade com 37.784 habitantes,

segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. Está

localizada na região Sul de Minas Gerais, entre os municípios de Pouso Alegre e

Itajubá que constituem o Arranjo Produtivo Local de Eletroeletrônica desta região, o

que justifica ser conhecida como a cidade polo do mesmo.

A posição geográfica privilegiada da cidade de Santa Rita do Sapucaí

proporciona à sua economia e, mais especificamente ao APL eletroeletrônico, uma

grande vantagem competitiva por meio de sua malha rodoviária bem estruturada,

portos secos e aeroportos.

De acordo com a figura 1, é possível reconhecer que ela se localiza em uma

região estratégica entre grandes centros econômicos, como Rio de Janeiro (a 340

Km), São Paulo (a 220 km) e Belo Horizonte (450 km), além 229 km de Campinas

(São Paulo) e 130 Km do Vale do Paraíba.

Segundo Pereira (2001), a criação do projeto “Vale da Eletrônica”, concebido

pelo ex-prefeito Paulo Frederico de Toledo, mudou a realidade e o destino da cidade

que passou de uma agropecuária eminente para geradora de alta tecnologia.

Figura 1 - Localização estratégica do APL.

Fonte: FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2007, p. 40)

Page 32: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

31

2.3 Estrutura educacional da região de Santa Rita do Sapucaí

O outro diferencial do município de Santa Rita do Sapucaí é sua estrutura

educacional, fator que contribuiu para o crescimento do Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) nos últimos anos e que colocou o município próximo daqueles de IDH

elevado. Como resultado da concentração de instituição de ensino, tem-se o elevado

número de profissionais qualificados que, num ambiente empreendedor, foram

estimulados a formarem empresas de base tecnológica. Morelli (2006, p. 06) fez o

seguinte comentário.

Santa Rita do Sapucaí, com sua vocação pioneira para abrigar empresas de base tecnológica apoiadas em educação, é hoje um dos principais polos de desenvolvimento de Minas Gerais, caracterizando-se como um APL Eletroeletrônico e integrando-se ao “Cluster de Eletrônica, Telecomunicações e Tecnologia da Informação” da Rota Tecnológica 459 formado por cidades que estão ao longo da rodovia BR e desenvolvem algum tipo especifico e sua derivação industrial.

As instituições educacionais instaladas em Santa Rita do Sapucaí e região

foram às precursoras para a criação e o desenvolvimento sustentável do APL de

Santa Rita do Sapucaí.

De acordo com Pereira (2001), o APL de Santa Rita do Sapucaí teve início no

final década de 1950, por iniciativa de Luiza Rennó Moreira (Sinhá Moreira),

sobrinha do ex-presidente Delfim Moreira. Após ter vivido alguns anos no Japão,

como embaixatriz, ela baseou-se no modelo japonês de educação e idealizou em

sua cidade uma Escola Técnica de Eletrônica. A escolha da área foi definida após

alguns conselhos de técnicos da Petrobrás que perceberam que aconteceria um

processo de industrialização acelerado no Brasil. Em setembro de 1958, foi

assinado, pelo então presidente Juscelino Kubitschek, o decreto 44.490, autorizando

a criação do ensino em nível técnico de eletrônica no Brasil. Luíza Rennó Moreira

cedeu o terreno, arcou com o custo das instalações, com alojamento para 350

internos, estabeleceu a carga horária em tempo integral e delegou a direção da

instituição aos Jesuítas. Assim foi fundada, em Santa Rita do Sapucaí, a Escola

Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa” – ETE.

A criação da ETE, considerada como a primeira escola de eletrônica da

América Latina e a sexta do mundo, foi um marco, não só para Santa Rita do

Sapucaí, por despertar no povo a vocação para a eletrônica, mas para todo o País.

Page 33: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

32

Desde sua fundação, até os dias atuais, uma das características da ETE é

formar alunos com conhecimentos científicos e práticos em eletrônica e,

posteriormente, em eletroeletrônica, telecomunicações e eletromedicina, motivos

esses que a levaram a possuir laboratórios especializados. Da sala de aula para o

mercado, alguns dos primeiros alunos empreendedores iniciaram a criação de

empresas especializadas no segmento. Tal atitude aproveitou a expansão do setor

de telecomunicações, o que proporcionou, embrionariamente, a criação do APL de

Santa Rita do Sapucaí.

Na década de 60, em meio à escassez de pessoal técnico com formação de

nível médio e superior, o governo federal estabeleceu o Plano Nacional de

Telecomunicações, por meio do Conselho Nacional de Telecomunicações.

Aproveitando a oportunidade, o engenheiro José Nogueira Leite, professor do

Instituto Eletrotécnico de Itajubá, atual Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI),

desenvolveu as bases para a criação de um curso, a fim de atender a essa

demanda, que inicialmente deveria ser implementado em Itajubá.

Em meio a esse cenário, em 1964, o professor José Leite e outros dois

colegas procuraram a direção da recém-criada Escola Técnica de Eletrônica, em

Santa Rita do Sapucaí, em busca de apoio para o seu projeto do curso de

telecomunicações. Além de elaborar o projeto do novo curso, o professor José Leite

constituiu, com outros nomes da comunidade santa-ritense, uma pequena comissão

que, com zelo, contornou as dificuldades para a criação do curso, além de conseguir

importantes apoios políticos para o projeto, no âmbito federal. Entre novembro e

dezembro de 1964, participou de uma comissão especial do Conselho Nacional de

Telecomunicações para planejamento de escolas de telecomunicações no país.

No dia 03 de março de 1965, em meio a dificuldades e superações, o

professor José Nogueira Leite criou o Instituto de Telecomunicações, hoje Instituto

Nacional de Telecomunicações (INATEL). O INATEL é reconhecido até os dias de

hoje como instituição pioneira e referência no ensino superior de telecomunicações

na América Latina e é mantido pela Fundação Instituto Nacional de

Telecomunicações (FINATEL), cujos recursos advêm das mensalidades pagas pelos

alunos e por convênios estabelecidos com empresas e instituições.

Inicialmente o INATEL oferecia o curso de tecnólogo em engenharia de

operações, com duração de três anos. Em 1971, o curso foi reformulado e

Page 34: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

33

transformado em Engenharia Elétrica, com duração de quatro anos. Em 1977,

passou a ter duração de cinco anos e denominar-se de Engenharia Elétrica,

modalidade Eletrônica. Atualmente, no INATEL, são ministrado os curso de

graduação em Engenharia de Controle e Automação, Biomédica, Elétrica e

Telecomunicações, além de cursos tecnólogos em Tecnologia em Automação,

Tecnologia de Gestão em Telecomunicações e Tecnologia em Redes de

Computadores. Já em nível de pós-graduação, a instituição oferece os cursos de

Engenharia Biomédica e Engenharia Clínica, Engenharia de Automação de

Sistemas Elétricos, Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações,

Engenharia de Sistemas de TV Digital e Engenharia de Sistemas Eletroeletrônicos,

Automação e Controle Industrial, Engenharia de Circuitos Eletrônicos Avançados.

De acordo com Souza (2000), nos anos 1990, o INATEL, após uma

reformulação no projeto pedagógico, passa a estimular ações voltadas à criação de

empresas de base tecnológica constituída por docentes e discentes no espaço físico

da instituição. Em 1992, foi instituído oficialmente o Programa de Incubadora de

Empresas e Projetos do INATEL. Graças a essa criação, as empresas incubadas

recebem a capacitação empresarial, assessoria jurídica de vendas, de marketing,

apoio para participação em eventos e feiras, além de ferramentas funcionais para a

utilização eficaz dos laboratórios e equipamentos do INATEL. Todos esses

benefícios fomentam o empreendedorismo que alavanca o APL de Santa Rita do

Sapucaí.

Outro importante marco no desenvolvimento do APL, também a partir do

esforço de um grupo de professores liderados pelo Prof. Francisco Ribeiro de

Magalhães e da comunidade local, foi a criação, em 1971, da Escola de

Administração de Empresas de Santa Rita do Sapucaí, atualmente denominada de

FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação.

De acordo com Pereira (2001, p. 07):

A Instituição manteve-se com um único curso – Bacharelado em Administração – até 1978, quando implantou o Curso Superior de Tecnologia em Processamento de Dados, sendo este o 2.º curso superior autorizado pelo MEC, na área de informática, para funcionar em Minas Gerais e o 12.º no Brasil. O Curso de Tecnologia em Processamento de Dados foi transformado em Bacharelado em Ciência da Computação em 26 de setembro de 1997.

Page 35: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

34

A FAI, atualmente, oferece cursos de Administração, Sistema de Informação e

Pedagogia. A grande preocupação da FAI, desde a sua fundação, é a de formar um

profissional com ampla visão gerencial e empreendedora.

Souza (2000) afirma que a presença dessas três instituições particulares de

ensino e pesquisa - ETE, FAI e INATEL - possibilita a formação de profissionais

qualificados, especializados e empreendedores que dão início a uma aglomeração

produtiva de empresas de bases tecnológicas na região, denominada atualmente

como o “Vale da Eletrônica”.

Pereira (2001, p. 7) ainda destaca que,

além dessas escolas, existe ainda o Colégio Tecnológico Dr. Delfim Moreira, que é a mais antiga de todas. Foi criada em 04 de outubro de 1950 e é mantida pela Fundação Educandário Santa-ritense, a mesma mantenedora da FAI. Sua atuação compreende o maternal, pré-escola, ensino fundamental e médio, inclusive profissionalizante, na área de Contabilidade. Note-se que não nos referimos à rede de ensino mantida pelos governos estadual e municipal, mas somente às escolas mantidas por fundações comunitárias privadas.

Observa-se que, esse conjunto de escolas, desenvolveu modelos acadêmicos

fortemente orientados para as demandas do mercado e, em pouco tempo,

posicionaram-se no segmento industrial eletroeletrônico e de comunicações, como

centros de preparação de recursos humanos altamente qualificados. O resultado

dessa vocação para o mercado foi o empreendedorismo, transformando a cidade de

Santa Rita, numa verdadeira incubadora de empresas de base tecnológica,

mudando a estrutura de sua economia, antes eminentemente agropecuária.

Além da estrutura educacional instalada em Santa Rita do Sapucaí, as

estruturas das cidades vizinhas, entre as quais se destacam Itajubá e Pouso Alegre,

também formam profissionais que, direta ou indiretamente, fomentam o

desenvolvimento da região.

Em Itajubá, encontra-se a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), décima

Escola de Engenharia a se instalar no País, instituição fundada em 1913, com a

denominação de Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá - IEMI, por iniciativa

visionária do advogado Theodomiro Carneiro Santiago. Em 1936, passou a

denominar-se Instituto Eletrotécnico de Itajubá – IEI e foi federalizado em 1956. Em

1968 sua denominação foi alterada para Escola Federal de Engenharia de Itajubá -

EFEI. Em 2002, após a implementação de diversos cursos de graduação, que

Page 36: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

35

passaram de dois para nove cursos, é concretizado o projeto de transformação em

Universidade.

Atualmente, a instituição apresenta uma participação efetiva em vários

projetos visando ao desenvolvimento da região, entre os quais, destacam-se a

chamada Rota Tecnológica 459, que se insere em um movimento comunitário que

reuni cidadãos de 88 municípios sulmineiros e 19 municípios paulistas, situados em

um raio de aproximadamente 100 km a partir da rodovia BR 459, que liga a cidade

de Lorena em São Paulo, a Poços de Caldas em Minas Gerais, passando por

Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre, entre outras cidades; importante elo

rodoviário, entre a rodovia Presidente Dutra e a rodovia Fernão Dias, que permite

promover um desenvolvimento regional integrado, por meio do estudo das

peculiaridades de cada município, seus problemas, vocações e potencialidades.

Já na cidade de Pouso Alegre, destaca-se a Universidade do Vale do Sapucaí

(UNIVAS) uma instituição de ensino mantida pela Fundação de Ensino Superior do

Vale do Sapucaí (FUVS), criada em 1964. Em 1968, por desenvolver suas

atividades na área médica, passou a denominar-se de Faculdade de Ciências da

Saúde Dr. José Antônio Garcia Coutinho. Em 1972, a Faculdade de Filosofia

Ciências e Letras Eugênio Pacelli (FAFIEP) foi integrada, mas somente em 1999 a

Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí foi transformada em uma

universidade, cujo nome era Universidade de Pouso Alegre (UNIPA). Em 2001,

visando ampliar o raio de ação da Universidade, em toda a região do Vale do

Sapucaí, sua denominação foi alterada para UNIVÁS.

Atualmente a UNIVÁS oferece diversos cursos de graduação e pós-

graduação nas mais diversas áreas do conhecimento, como: saúde, exatas e

ciências sociais aplicadas, o que contribui com a formação profissionais, de toda a

região, propulsores do desenvolvimento financeiro, econômico, social e humano.

Pode-se notar a participação efetiva da UNIFEI no desenvolvimento do APL

de Santa Rita do Sapucaí, em parceria, com o INATEL, UNIVAS e a FAI são as

principais instituições tecnológicas que dão sustentação e apoio ao projeto do Polo

de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da região do Alto Sapucaí e que

também conta com o apoio do governo mineiro, por meio da Secretaria Estadual de

Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (SECTES) e da Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

Page 37: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

36

Essa interação entre as instituições de ensino torna a região de Santa Rita do

Sapucaí um importante polo nacional nas áreas eletroeletrônica, informática e

telecomunicações, por criarem, como diferencial competitivo, um ambiente favorável

à inserção dos alunos na prática empresarial.

2.4 Índice de competitividade dos municípios

O índice de competitividade visa indicar a capacidade dos municípios de criar

e manter um ambiente favorável aos negócios. É composto por 5 subíndices:

performance econômica, capacidade de alavancagem do governo, quadro social,

suporte aos negócios e infraestrutura. Os maiores índices indicam melhores

ambiente para os negócios.

A pesquisa FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010) apresenta o índice geral do

município de Santa Rita do Sapucaí, conforme tabela 1.

Tabela 1- Índice de Competitividade

Município Performance

Econômica

Capacidade de

Alavancagem do

Governo

Quadro

Social

Suporte aos

NegóciosInfraestrutura Índice Geral

Santa Rita do Sapucaí 45,860 50,110 80,090 47,450 54,160 51,600

Belo Horizonte 60,810 100,000 86,850 100,000 100,000 100,000

Fonte: FIEMG, IEL Minas e SINDVEL, (2010, p. 35)

Pela pesquisa, observa-se que devido à capacidade de alavancagem do

governo e à infraestrutura, as empresas de Santa Rita do Sapucaí foram

classificadas como média. Já os índices do suporte aos negócios e de performance

econômica ficaram muito aquém na comparação realizada com a capital mineira,

Belo Horizonte.

2.5 Produto interno bruto de Santa Rita do Sapucaí

De acordo com IBGE (2010), a cidade de Santa Rita do Sapucaí acumulou,

em 2007, Produto Interno Bruto (PIB) no valor de R$ 565,33 milhões, o que

representou 40,8% do PIB da microrregião e 0,2% do PIB estadual. Nesse mesmo

Page 38: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

37

ano, o seu PIB per capita foi estimado em R$ 16.507,86, enquanto o do Estado de

Minas Gerias era de R$ 12.519,40.

Segundo pesquisas da FIEMG/ IEL Minas/ SINDVEL, (2010) a indústria tem

importância fundamental na geração de riquezas em Santa Rita do Sapucaí. Em

2000, esse setor representava 32,9% do valor adicionado total e, em 2007, passa a

40,6% com crescimento de 23,4%. O acréscimo da participação industrial também é

destacado na microrregião, o que pode ser reflexo do desempenho da cidade.

Esses dados mostram o fortalecimento da indústria eletroeletrônica e,

consequentemente, o aumento do PIB e da renda per capta nos últimos anos, que

impulsionam o crescimento econômico da região.

2.6 Ambiente de negócios

A rede de negócios formada no APL gera um ambiente propício para a troca

de conhecimento, informações, habilidades e experiências, por gerar eficácia

coletiva, favorecer a competitividade e o crescimento sustentável das empresas que

estão inseridas no APL de Santa Rita do Sapucaí. Como resultado, as estruturas

empresariais regionais são dinamizadas e geram renda e emprego.

De acordo com Souza (2000), esse ambiente de negócios fortaleceu-se no

início dos anos 80, quando o poder público municipal, as escolas e empresários do

município rotularam o APL de Santa Rita do Sapucaí de “Vale da Eletrônica”,

insinuando uma relação com o Vale do Silício, nos Estados Unidos da América por

visarem à divulgação do empreendimento municipal.

Para apoiar os empreendedores, na geração de novas empresas de base

tecnológicas, há 2 incubadoras na cidade de Santa Rita do Sapucaí, oferecendo 31

vagas, das quais 11 são da incubadora do INATEL, e 20 da Incubadora Municipal de

Empresas (IME). Além das incubadoras, há um Centro Empresarial Municipal, que é

um condomínio fechado contendo 17 empresas que utilizam alguns recursos de

modo compartilhado.

Segundo BIDI/FAI (2009, p. 21), a aglomeração de agentes econômicos,

políticos e sociais como governo, sindicatos e associações e a integração entre as

instituições de ensino, as incubadoras de empresas, tudo isso, aliado à troca de

Page 39: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

38

informações e experiências entre os empresários, criou um ambiente apropriado

para o surgimento de um ciclo virtuoso de crescimento sustentável.

No APL eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí, estão instaladas 180

empresas de acordo com informações BIDI/FAI (informação verbal) 1. Desse total,

146 empresas2 são associadas ao SINDVEL, e formam uma estrutura produtiva com

uma forte interação em soluções tecnológicas inovadoras de eletroeletrônicas, além

de informação e comunicação para o mercado mundial.

Segundo informações da FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010), o conjunto de

empresas que formam o APL eletroeletrônico gera mais de 9.600 postos de trabalho

e produz, aproximadamente, 13.700 diferentes produtos eletrônicos, que permitiram

o faturamento, em 2011, acima de 2 bilhões de reais.

As empresas do APL, de acordo com SINDVEL (2007), amadureceram, nos

últimos anos, com redução das microempresas, apesar ainda de seu número

representativo e considerável aumento de empresas dos outros portes. Segundo

BIDI/FAI (2009, p. 06), “o APL é formado, predominantemente, por microempresas

(53,66%), apesar de um evidente aumento de pequenas e médias empresas entre

os anos de 2004 e 2007”. As grandes empresas atingem atualmente 2,43% do total

de organizações em atividade no “Vale da Eletrônica”.

Para Adizes (1990), essa mudança de perfil das empresas que compõem o

APL de Santa Rita do Sapucaí, evoluindo de microempresa para pequenas e médias

nos últimos anos, faz parte do ciclo de vida das organizações. Essa evolução é

marcada pelo crescimento das operações, necessitando-se assim de um volume

maior de controle de informações contábeis e financeiras para o processo decisório.

2.7 Comércio exterior

Foi possível compreender a dinâmica do APL, ao analisar a inserção das

empresas tanto no que diz respeito à sua capacidade competitiva para exportar,

quanto a sua dependência por componentes importados.

1 Obtidas pessoalmente no BIDI/FAI, por meio do fornecimento de relação de empresas visitadas por

sua equipe em 2011. 2 Informações obtidas pessoalmente junto à equipe do SINDVEL.

Page 40: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

39

Segundo a FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010), o valor exportado pelas

indústrias e pessoas físicas de Santa Rita do Sapucaí, em 2009, registrou

aproximadamente US$ 7,85 milhões, ou seja, representa 0,04% do total exportado

pelo estado de Minas Gerais. Já o valor das importações no mesmo ano foi de US$

58,12 milhões.

Os principais produtos exportados em 2009, relacionados à indústria

eletroeletrônica representaram, aproximadamente, 60% do valor total exportado pelo

município, tendo como principais destinos a Argentina, os Estados Unidos e a

Venezuela.

Já quanto à importação em 2009, essa representou algo em torno de 63,0%

do valor total importado por Santa Rita do Sapucaí, tendo como origem cidades da

China, Taiwan, Coreia do Sul e Estados Unidos.

2.8 Gestão do APL de Santa Rita do Sapucaí

A gestão do APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí é realizada por

um Comitê estratégico liderado pelo SINDVEL, que realiza um trabalho juntamente

com o Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), por

meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/MG), com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro

e Pequenas Empresas (SEBRAE), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

(SENAI), Associação Comercial e Empresarial do Vale da Eletrônica (ACEVALE),

Associação Industrial de Santa Rita do Sapucaí, Prefeitura Municipal de Santa Rita

do Sapucaí (PMSRS), INATEL, ETE e a FAI, conforme é demonstrado na figura 2:

Figura 2 - Comitê gestor do APL de Santa Rita do Sapucaí

Fonte: BIDI/FAI (2009, p. 48).

Page 41: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

40

Um fator importante para o sucesso do comitê gestor do APL de Santa Rita

do Sapucaí é a capacidade de todos os envolvidos de transformar oportunidades em

projetos que visam beneficiar toda a cadeia produtiva.

Para finalizar, a FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010) relatam que, o APL de

Santa Rita do Sapucaí possui abrangência nacional e internacional, representando

um marco no desenvolvimento da cidade de Santa Rita do Sapucaí e região.

Page 42: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

41

3 PRÁTICAS CONTÁBEIS

Este capítulo aborda uma revisão bibliográfica das práticas contábeis.

Discute as principais demonstrações contábeis e as análise correlatas por meio de

índices econômicos e financeiros, suas finalidades e importância para a gestão

empresarial a atingir seus objetivos com liquidez e rentabilidade.

As demonstrações contábeis podem ser consideradas úteis à gestão quando

representam com fidedignidade à posição financeira de uma empresa em

determinada data. Isso é decorrente da falta de credibilidade e tempestividade da

informação contábil.

Embora a elaboração das demonstrações contábeis possa parecer um

processo simples, exige-se um conjunto de procedimento e controles internos,

muitas vezes ignorados pela gestão da empresa, o que compromete a qualidade e a

prazo hábil para as tomadas e decisões.

Pode-se dizer que as demonstrações contábeis são um retrato quantitativo e

qualitativo da posição patrimonial e financeira das empresas e oferecem subsídio

para a gestão tanto operacional quanto estratégica, por meio da análise dos

indicadores econômicos e financeiros.

3.1 Evolução e importância da contabilidade para a gestão empresarial

A Contabilidade destaca-se no mundo empresarial, principalmente na última

década, a partir da adoção de normas internacionais também conhecidas por

International Financial Reporting Standards (IFRS), o que introduziu alguns critérios

inovadores na estruturação, organização e no tratamento da informação contábil.

Os registros e os demonstrativos contábeis são as principais fontes de

informações para a gestão empresarial. Para elaborá-los, a contabilidade controla os

estoques, os custos e despesas e ainda permite a aplicação dos métodos de

avaliação de custos, na formação de preços de venda como também na integração

entre a gestão financeira das organizações e a das demais áreas da empresa. É

possível afirmar que seria inviável gerir uma empresa de forma eficaz sem um

controle efetivo e analítico das informações contábeis e financeiras.

Page 43: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

42

Hendriksen e Van Breda (2010, p. 42) relatam que “sistemas contábeis

sofisticados parecem ter existido na China já em 2000 a.C. [...].” Isso sinaliza que

esses métodos de controle foram evoluindo ao longo do tempo, à medida em que

evoluíam também a própria arte da escrita, o desenvolvimento do conhecimento

sobre a Matemática e, principalmente, o reconhecimento e uso generalizado da

moeda entre os homens e o desenvolvimento do comércio e controle do patrimônio.

No ano de 1494, o frei franciscano, Luca Pacioli publica o livro “Summa de

arithmetica, geometrica, proportioni et proportionalitá”, tornando-se o primeiro autor a

codificar o método contábil das partidas dobradas e a publicá-lo para conhecimento

geral da sociedade. A suma era um tratado de Matemática, que continha uma seção

sobre sistema de escrituração por partidas dobradas, denominada de Particularis de

Computis et Scripturis, que o descrevia e apresentava o raciocínio em que se

baseiam os lançamentos contábeis. Surgiu, nesse contexto, a escola Italiana de

Contabilidade.

A dificuldade em gerir um negócio não era privilégio dos antigos empresários.

Mesmo depois de séculos de grandes evoluções nas técnicas de gestão, de controle

e da própria tecnologia da informação, sobreviver no mundo atual dos negócios é tão

ou mais difícil do que no passado. Nesse cenário, a contabilidade, que surgiu como

um método matemático, desenhado para descrever e controlar atividades comerciais,

foi se aperfeiçoando e tornou uma importante ferramenta na gestão dos negócios. De

acordo com Iudícibus, Martins e Carvalho (2005, p. 10),

[...] é no século XIX que a Contabilidade, através de autores talentosos de vários países, não sem predecessores em épocas anteriores, assume vestimenta científica, saindo do estreito âmbito da escrituração para as especulações sobre avaliação, enquadramento da Contabilidade entre ciências, introdução dos raciocínios sobre custos de oportunidade, riscos e juros [...].

A contabilidade ganhou destaque no mundo dos negócios no século XX,

principalmente após a depressão de 1929, nos Estados Unidos, quando foram

aprimorados os estudos para melhor informar os usuários.

Marion (2009, p. 33) faz menção à criação da escola contábil americana:

A ascensão cultural e econômica dos EUA, o crescimento do mercado de capitais e, consequentemente, da Auditoria, a preocupação de tornar a contabilidade algo útil para a tomada de decisão, a atuação acentuada do Instituto dos Contadores Públicos americanos, a clareza didática da exposição dos autores em Contabilidade foram, entre outros, os fatores que contribuíram para a formação da escola contábil americana, que domina nosso cenário contábil atual.

Page 44: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

43

Nesse mesmo sentido, Iudícibus (2010) corrobora afirmando que, no Brasil, a

contabilidade começou a ganhar notoriedade com a criação da Escola de Comércio

Álvares Penteado, em São Paulo, no ano de 1902, em que se adotou o modelo da

escola europeia de Contabilidade, mais especificamente da italiana; com a

implementação da Faculdade de Economia e Administração da USP, em 1946, que

seguiu o modelo da Escola Americana de Contabilidade, influenciada pelas empresas

multinacionais anglo-americanas; e com os professores pioneiros dessa instituição

que se doutoraram nos Estados Unidos.

No início do século XXI, o legislativo brasileiro, juntamente com a classe

contábil iniciou estudos que culminaram com promulgação da lei 11.638, de 28 de

dezembro de 2007, regulamentando, entre outras, a adoção das normas contábeis

internacionais.

A partir disso, é possível praticar a contabilidade, sem a influência direta da

legislação fiscal, pois procurou-se segregar as normas contábeis das tributárias que

foi consolidada pela promulgação da lei 11.941, de 12 de fevereiro de 2009.

Ainda em 2009, foi aprovada a resolução CFC 1255 de 10 de dezembro de

2009 introduzindo as normas internacionais para as pequenas e médias empresas,

baseada no padrão do IASB por meio da emissão do IFRS para Pequenas e Médias

Empresas (PMEs). Assim, observa-se que a contabilidade, desde os seus primórdios,

mantém o objetivo inalterado de fornecer informações para o processo decisório,

embora mudanças no tipo de usuários e na forma das informações tenham ocorrido

ao longo do tempo. Tais padrões culminaram com a necessidade da adoção de

sistema de informações contábeis.

3.1.1 Sistema de informação contábil

A Contabilidade, enquanto ciência, reúne um conjunto de recursos materiais,

financeiros, humanos e tecnológicos que, por meio de um sistema de informação

estruturado para escriturar e registrar todos os fatos da empresa é capaz de

transformar determinados dados em informação relevante para o controle econômico

e financeiro da organização. De acordo com Padoveze (2010, p. 47).

Para que a informação contábil seja usada no processo de administração, é necessário que essa informação contábil seja desejável e útil para as pessoas responsáveis pela administração da entidade. Para os

Page 45: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

44

administradores que buscam a excelência empresarial, uma informação, mesmo que útil, só é desejável se conseguida a um custo adequado e interessante para a entidade. A informação não pode custar mais do que ela pode valer para a administração da entidade.

Na sua essência, as informações da Contabilidade possuíam natureza

gerencial, mas com o objetivo de controlar a arrecadação, o Estado exigiu que os

sistemas de informações fossem estruturados mediante a legislação. Dessa forma,

as informações geradas passaram a ter utilidade basicamente para controle e

cobrança de tributos e contribuições, perdendo-se assim o foco gerencial.

Nesse contexto, surgem os sistemas de informações gerenciais,

desenvolvidos pelos contadores de forma abrangente, conhecidos por retaguarda,

que buscam reestruturar as informações de forma a permitir controle e planejamento

da atividade empresarial. Como resultado, a eficácia da gestão empresarial está

diretamente relacionada à qualidade e tempestividade das informações produzidas

pelo sistema de informação.

Devido à relevância da informação contábil para a gestão empresarial,

diversos estudos têm despontado no sentido de torná-la ainda mais voltada para a

criação de valor e apoio ao processo decisório.

3.1.2 Sistema de informações gerenciais

O sistema de informação gerencial (SIG) deve atender à necessidade

particular dos usuários finais da informação, de forma a auxiliar o processo decisório.

Para atingir esse objetivo, deve-se saber o nível de conhecimento contábil de cada

usuário, de forma a desenvolver relatórios, em comum acordo com o usuário das

informações, para que os mesmos sejam aceitos e entendidos.

De acordo com Padoveze (2010), um sistema de informação gerencial deve

abranger todas as áreas da empresa, incorporando os dados quantitativos

necessários para a mensuração do desempenho e a análise comparativa ao

movimento operacional da mesma, além de trabalhar a informação em seu aspecto

passado (orçamento), acompanhar o presente e projetar o futuro. Esses sistemas são

entendidos, pelo referido autor, como forma de unir e integrar sinergicamente os

subsistemas operacionais e os sistemas de apoio à gestão. Para isso, utilizam-se os

recursos da tecnologia da informação de forma tal que todos os processos da

empresa possam ser visualizados, em tempo real, a partir de um fluxo dinâmico de

Page 46: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

45

informações que perpassam todos os departamentos e funções. Dessa visão

tradicional verticalizada da estrutura organizacional das empresas, “o Sistema de

informação contábil deverá estar completamente integrado ao Sistema de Gestão

Empresarial” (PADOVEZE, 2010, p. 49).

Nessa mesma direção Loddi (2008, p. 54) afirma:

Um sistema de informação para fins de gerenciamento tem uma larga abrangência nos setores ou departamentos na organização. A eficácia do mesmo está no aproveitamento das pessoas em suas determinadas atividades departamentais, suas relações interdepartamentais e especialmente no critério de divisão desses setores ou departamentos projetados nesse SIG.

A maioria das pequenas empresas não possui um sistema de informação

contábil e gerencial bem estruturado a fim de gerar as informações para tomada de

decisão. Grande parte dos registros contábeis é terceirizada para escritórios

prestadores desse tipo de serviço, que por sua vez, fazem somente a escrituração,

balancetes, folha de pagamentos e obrigações trabalhistas, a contabilidade fiscal,

tolhendo os gestores da empresa de acessar informações para o processo decisório,

o que os acaba obrigando a desenvolverem mecanismos de controle extracontábil,

utilizando-se da contabilidade gerencial.

3.1.3 Sistema integrado de gestão

O sistema integrado de gestão, mais conhecido por Enterprise Resource

Planning (ERP), é um sistema de informação que integra todas as operações da

empresa com o objetivo de suprir os gestores com informações que vão desde

controles operacionais até informações estratégicas para tomadas de decisões e

posicionamento da empresa no mercado. Rezende e Abreu (2003) definem ERP

como pacotes de gestão empresarial, automação e informatização dos processos

operacionais da empresa.

A utilização de um sistema integrado de gestão proporciona à empresa

informações em tempo real, contribuindo para ganho em eficiência, qualidade e

produtividade. Fornece informações sobre controle de estoque, detalhes do produto,

histórico de crédito do cliente, informações de vendas por região, além de outras

essenciais para o gerenciamento operacional e estratégico da empresa. Cassarro

Page 47: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

46

(1999) complementa que contribui para elevar a satisfação dos clientes e a

maximização dos resultados.

Para Souza e Zwicker (2000, p. 56), a partir da década de 90, os sistemas

ERP passaram a ser amplamente utilizados, definindo-os como:

Sistemas de informações que estão organizados sob a forma de pacotes de software integrados, cuja finalidade está concentrada principalmente no suporte às operações de uma empresa, tais como a automatização e integração dos processos de negócio, o compartilhamento de práticas e dados comuns através de toda a empresa e a possibilidade de produzir e acessar informações em tempo real.

No entendimento de Albertão (2001), o ERP é um sistema integrado de

gestão que utiliza um banco de dados único, operando em uma plataforma comum,

no qual interage com as diversas aplicações integradas com todas as operações do

negócio em um só ambiente computacional.

Na mesma direção, Tapscott (1995) relata que a proliferação da tecnologia

tem contribuído para a qualidade das informações contábeis e financeiras, uma vez

que as empresas ao automatizarem seus processos de negócios têm à disposição

um conjunto de informações em tempo real. Isso possibilita rápidas e seguras

tomadas de decisões, contribuindo para o aumento da competitividade.

A implantação de um sistema integrado de gestão pode trazer vantagem

competitiva à organização por meio de um melhor aproveitamento dos recursos a

nível operacional e fornecimento de informações a nível estratégico. Para os

controles contábeis e a administração financeira, é uma ferramenta imprescindível,

por possibilitar informações rápidas e confiáveis para o processo decisório.

3.1.4 Sistema de escrituração digital

O Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) é uma revolução digital no

campo da Contabilidade, que visa modernizar o relacionamento entre o fisco e os

contribuintes, facilitando a entrega e o processamento por meio de fluxo único das

informações acessórias.

De acordo com Duarte (2008), o SPED consiste na modernização da

sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos

contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se

da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, a fim de

Page 48: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

47

garantir a validade jurídica dos mesmos (apenas na sua forma digital).

De acordo com Azevedo e Mariano (2009), o SPED foi instituído pelo Decreto

nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007 e pela instrução normativa da Receita Federal do

Brasil RFB n.º 787, de 19 de novembro de 2007. O governo uniu-se às empresas

com um objetivo comum: mudar a forma de emissão e armazenamento de

documentos fiscais, além de alterar a escrituração fiscal e contábil, colocando todos

definitivamente na era da informática.

Já Martignago (2008), relata que o SPED, por meio da certificação digital, tem

como objetivo a integração fiscal mediante a padronização, racionalização e

compartilhamento das informações contábil e fiscal, assim como a integração de todo

o processo relativo às notas fiscais eletrônicas.

Azevedo e Mariano (2009) complementam relatando que o SPED é mais que

uma alteração da forma de cumprimento das obrigações, é a alteração da “cultura do

papel”, presente na sociedade, por utilizar-se de arquivos digitais.

Espera-se que com o aprimoramento do sistema de fiscalização, a eficácia no

combate à evasão fiscal aumente, refletindo-se na redução da carga tributária. Nesse

mesmo sentido, Azevedo e Mariano (2009) corroboram afirmando que paralelamente

a implementação do SPED foram desenvolvidos outros subprojetos, a saber:

a) Certificação digital e transmissão dos dados: identifica os envolvidos numa

transação e vincula sua identificação a um par de chaves criptografadas

que o identificam de forma sigilosa e válida juridicamente;

b) Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) / Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e):

documento de existência exclusivamente digital, emitido e armazenado

eletronicamente, com o intuito de documentar uma operação de circulação

de mercadorias ou prestação de serviços;

c) Escrituração Contábil Digital (ECD): é a emissões de livros e afins. É de

atribuição e responsabilidade exclusiva do contabilista legalmente

habilitado e deve conter certificado e assinatura digital do empresário ou da

sociedade empresária e do contabilista;

d) Escrituração Fiscal Digital (EFD): substitui uma série de arquivos, tributos e

livros fiscais por uma escrituração única. É um arquivo com assinatura

digital, que deve ser assinado e transmitido, via Internet, ao ambiente

SPED;

Page 49: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

48

e) Conhecimento de transporte eletrônico CT-E: ainda está em fase de

desenvolvimento e deve substituir: conhecimento de transporte rodoviário,

aquaviário, ferroviário, dutoviário ou aéreo de cargas e, futuramente os

transportes Multimodais;

f) E-lalur: finalidade de eliminar a redundância de informações existentes na

escrituração contábil, no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) e na

Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (DIPJ);

g) Central de Balanços: deverá reunir demonstrativos contábeis e uma série

de informações econômico-financeiras das empresas, que serão utilizados

para geração de estatísticas, análises nacionais e internacionais, análises

de risco creditício e estudos econômicos, contábeis e financeiros, dentre

outros usos.

Pode-se observar que as empresas, agora por obrigação fiscal, estão sendo

forçadas a trabalhar com sistemas informatizados. Espera-se que isso contribua para

que todo o processo contábil e gerencial tenha o mesmo direcionamento e as

informações contábeis e financeiras possam ser usadas, em sua plenitude, nas

tomadas de decisões.

3.1.5 Contabilidade financeira x contabilidade gerencial

Na essência, a Contabilidade Gerencial nasceu com a finalidade de controle e

tomada de decisão, mas o Estado se apoderou dela para fins de arrecadação.

Devido a isso, surgiram dois tipos de controle: o registro gerencial, para atender aos

tomadores de decisão, e a contabilidade fiscal, destinada a atender aos interesses do

governo.

Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 4), definem Contabilidade Gerencial

como “o processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e

comunicar informações que auxiliam os gestores a atingir objetivos organizacionais.”

Nesse contexto, a Contabilidade tem procurado estruturar suas informações às

necessidades da administração. Para isso, foram desenvolvidos sistemas de

informação mais abrangentes de forma a possibilitar um melhor controle e

planejamento da gestão empresarial.

Page 50: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

49

A Contabilidade Gerencial está voltada, exclusivamente, para os interesses

da gestão empresarial, que é suprir a necessidade de informação dos

administradores para tomada de decisão. Já a Financeira visa atender aos usuários

externos à organização, ou seja, acionistas, entidades governamentais,

fornecedores, bancos, entre outros. Encontra-se enraizada nos princípios e

legislação vigente. Crepaldi (1998, p. 18) define a Contabilidade Gerencial como:

O ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em funções gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuados por um sistema de informações gerenciais.

Nesse mesmo sentido, Iudícibus (1998) afirma que os procedimentos,

técnicas e relatórios contábeis devem ser elaborados sob medida para que a

administração os utilize nas tomadas de decisão entre alternativas conflitantes.

Contudo, certos relatórios financeiros são válidos, tanto para as partes interessadas

externas, quanto do ponto de vista da gerência.

De acordo com Brandão, Martins e Paiva (2011) a contabilidade gerencial, é

um importante instrumento de gestão, ao integrar de maneira harmônica as

informações da contabilidade geral, contabilidade de custos e o orçamento

empresarial, possibilita ao gestor uma visão holística das operações da empresa.

Atkinson et.al. (2000) fazem algumas distinções entre Contabilidade Gerencial

e Contabilidade Financeira, conforme quadro 1:

CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL

CLIENTELA Externa: acionistas, credores, autoridades tributárias.

Interna: funcionários, administradores, executivos.

PROPÓSITO Reportar o desempenho passado às partes externas; contratos com

proprietários e credores.

Informar decisões internas tomadas pelos funcionários e gerentes; feedback e controle

sobre desempenho operacional; contratos com proprietários e credores.

DATA Histórica, atrasada. Atual, orientada para o futuro.

RESTRIÇÕES Regulamentada: dirigida por regras e princípios fundamentais da contabilidade

e por autoridades governamentais.

Desregulamentada: sistemas de informações determinados pela administração para satisfazer

necessidades estratégicas e operacionais.

TIPO DE INFORMAÇÃO

Somente para mensuração financeira. Mensuração física e operacional dos processos, tecnologia, fornecedores e competidores.

NATUREZA DA INFORMAÇÃO

Objetiva, auditável, confiável, consistente, precisa.

Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor, válida, relevante, acurada.

ESCOPO Muito agregada; reporta toda a empresa Desagregada; informa as decisões e ações locais.

Quadro 1 - Contabilidade Financeira x Contabilidade Gerencial

Fonte: Atkinson et al.(2000, p.38)

Page 51: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

50

A disseminação das práticas da contabilidade gerencial está relacionada ao

desenvolvimento e complexidade da economia moderna, com a abertura de

mercados e a intensificação da concorrência. É mister ressaltar que não somente as

grandes empresas devem se utilizar desse instrumento, mas também as micro e

pequenas empresas, pois essas também tomam decisões financeiras e necessitam

de informações que lhes deem o suporte necessário aos principais relatórios

contábeis.

3.2 Principais relatórios contábeis

O Sistema de Informação contábil tem como produto final os relatórios, mais

conhecidos por demonstrativos contábeis e financeiros, nos quais apresentam as

informações aos usuários internos e externos, de forma estruturada, prontos para

análise por pessoas e profissionais com conhecimentos educacionais suficientes de

Contabilidade e Finanças.

De maneira geral, pode-se dizer que as demonstrações contábeis

representam o retrato da situação econômica e financeira das empresas de forma

qualitativa e quantitativa. Marion (2009, p. 41) afirma que o relatório contábil é a

demonstração resumida e ordenada dos dados contábeis e “Objetiva relatar às

pessoas que se utilizam da contabilidade (usuários da contabilidade) os principais

fatos registrados em determinado período.” Iudícibus (1998, p. 40) relata que

“relatório contábil é a exposição resumida e ordenada dos principais fatos

registrados pela contabilidade, em determinado período”.

A empresa no dia a dia exerce suas funções de comprar, transformar,

estocar, vender, pagar, receber, enfim, gerar os fatos econômicos e financeiros que

serão convertidos em fatos contábeis, ou seja, demonstrações financeiras, por meio

de seus registros.

Assim, Mont‟Alvão e Paiva (2010) relatam que a contabilidade é o alicerce de

qualquer empresa, pois é por meio dos demonstrativos contábeis que se obtêm

todas as informações a respeito das operações atividades realizadas e da dinâmica

do empresarial. Esses demonstrativos possibilitam ao gestor tomar decisões de

forma rápida, segura e coerente, o que aumenta de maneira significativa as

possibilidades de sucesso.

Page 52: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

51

Para se elaborar as demonstrações contábeis, os documentos e as

informações devem ser separados por natureza, classificados e registrados em um

plano de contas. Essa operação é realizada pelo departamento contábil da empresa

e/ ou pelos escritórios de contabilidade, caso o serviço seja terceirizado.

Santos e Veiga (2011) relatam que as demonstrações contábeis são de

grande importância para a gestão empresarial, uma vez que possibilita o

planejamento, o controle dos resultados, a tomada de decisão, a captação de

recursos e a prestação de contas para a sociedade.

De acordo com Assaf Neto (2010), as leis 11.638, de 28 de dezembro de

2007 e 11.941, de 27 de maio de 2009 determinam que, ao final de cada exercício

social, toda empresa deve apurar, com base nos registros contábeis, as seguintes

demonstrações:

Balanço Patrimonial.

Demonstração do Resultado do Exercício.

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração

das Mutações do Patrimônio Líquido.

Demonstração dos Fluxos de Caixa.

Demonstração de Valor Adicionado (companhias abertas).

Essas demonstrações são acompanhadas do Relatório da Diretoria, de Notas

Explicativas e pelo Parecer dos Auditores.

Já no que se refere às Pequenas e Médias Empresas, o CPC PME (2011, p.

7) definiu algumas particularidades:

O objetivo das demonstrações contábeis de pequenas e médias empresas é oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o desempenho (resultado e resultado abrangente) e fluxos de caixa da entidade, que é útil para a tomada de decisão por vasta gama de usuários que não está em posição de exigir relatórios feitos sob medida para atender suas necessidades particulares de informação.

A utilização dos demonstrativos contábeis como ferramenta de gestão

financeira se faz por meio das análises econômicas e financeiras, permitindo a

qualquer momento, avaliar a situação e o desempenho da empresa, orientar novos

investimentos e o direcionamento estratégico da organização.

Segundo Iudícibus (2010, p. 177) o Balanço Patrimonial e a Demonstração de

Resultado do Exercício são demonstrações contábeis que se destacam nas análises

financeiras de empresas. “A Contabilidade, com os dois relatórios, O Balanço

Page 53: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

52

Patrimonial e a Demonstração de Resultado do Exercício, um completando o outro,

atinge a finalidade de mostrar a situação patrimonial e financeira da empresa”.

Para isso, torna-se necessário conhecer as demonstrações contábeis em sua

magnitude, sendo que serão descritos, de forma resumida, o Balanço Patrimonial, o

Demonstrativo de Resultado do Exercício e o Demonstrativo de Fluxo de Caixa.

3.2.1 Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial é o principal relatório da contabilidade financeira, do

qual emanam todos os demais relatórios, sejam eles exigidos ou não pela legislação

e normas que regulamentam o exercício da profissão contábil.

Segundo Marion (2003, p. 42) “o Balanço Patrimonial é a principal

demonstração contábil. O Balanço Patrimonial evidencia a posição financeira da

empresa em um determinado momento, portanto é uma demonstração estática do

patrimônio naquele dado momento”.

Para Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 39),

O Balanço Patrimonial é um instrumento feito pelo contador do valor contábil da empresa numa data específica, como se a empresa permanecesse estática por um momento. O balanço possui dois lados: no lado esquerdo temos os ativos, e no lado direito temos os passivos e o patrimônio dos acionistas. O balanço diz o que a empresa possui e como é financiada. A definição contábil subjacente ao balanço e que o descreve é: Ativos = Passivos + Patrimônio dos acionistas.

Nesse mesmo sentido, Iudícibus e Marion (2002) ensinam que o Balanço

Patrimonial é a peça contábil que retrata a posição das contas de uma entidade

após o fechamento de todos os registros de um período terem sido feitos, após

todos os provisionamentos (depreciação, devedores duvidosos etc.) e ajustes, bem

como após o encerramento das contas de Receita e Despesa terem sido

executados.

Na visão de Fighera (2005, p. 57),

Embora o balanço represente uma situação estática, misturando passado e presente, não deixa de conter um poder informativo de natureza preditiva, ou seja, em algum momento passado a situação patrimonial que agora se vislumbra foi prevista e planejada para que acontecesse. O mesmo acontecerá em relação ao futuro, a menos que, por algum motivo, em algum momento, ocorra a descontinuidade da empresa. A vida das pessoas é baseada na esperança da continuidade. Nesse sentido, a empresa copia o que a vida ensina, ou seja, acredita-se e espera que os mesmos eventos

Page 54: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

53

passados se repitam no futuro, em termos de investimentos, financiamentos, compras, vendas, lucros, etc.

Definido o que é um Balanço Patrimonial e identificada a sua finalidade, é

necessário demonstrar a forma de apresentação deste importante relatório, suas

características principais, a classificação das contas e a base de conhecimento

teórico de que se reveste.

Visando clarificar o exposto, o quadro 2, apresenta a estrutura do Balanço

Patrimonial.

ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Ativo Circulante Passivo Total

Ativo Não Circulante Passivo Circulante

Realizável a Longo Prazo Passivo Não Circulante

Investimentos Passivo Exigível a Longo Prazo

Imobilizado Patrimônio Líquido

Intangível Capital Social Realizado

Reservas de Capital

Ajustes de Avaliação Patrimonial

Reservas de Lucro

Ações em Tesouraria

Prejuízos Acumulados

Quadro 2 - Estrutura do balanço patrimonial

Fonte: Santos e Veiga (2011, p. 30)

O Balanço Patrimonial pode ser analisado sob a ótica econômico-financeira

em Origens e Aplicações de Recursos da seguinte forma:

Ativos: devem corresponder bens e direitos da entidade; devem

pertencer à entidade (direito de propriedade: domínio, posse, uso e

fruição); devem ter valor monetário para serem mensurados (avaliados)

monetariamente; devem representar benefícios presentes e futuros;

devem gerar expectativas de realização e/ou recebimento; podem ser

tangíveis ou intangíveis; representam risco para a entidade;

Passivos: representam a confiança que terceiros depositam na entidade,

e, dessa forma, o risco a que estão sujeitos, por manterem esses capitais

emprestados; têm data de vencimento estabelecida ou estimada; quanto

aos encargos, podem ser explícitos (ex.: empréstimos, financiamentos,

Page 55: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

54

correção cambial), implícitos (ex.: compras a prazo), ou não conter

encargos (ex.: impostos a pagar);

Patrimônio líquido: representa a confiança que os donos, sócios,

quotistas, associados depositam na entidade, e, também, o risco dos

capitais emprestados por eles; não têm data de vencimento determinada;

os juros sobre o capital são facultativos.

Ressalte-se que com a lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007 dada a

adoção do IFRS, o valor líquido da empresa deve ser apresentado com base no

“preço mercado”, uma vez que os ativos a receber e a pagar são calculados a valor

presente e os estoques são calculados a preço de mercado e o imobilizado pelo

teste de Impairment.

3.2.1.1 Balanço Perguntado: uma solução para pequena empresa

As pequenas empresas sofrem de escassez de dados e informações

financeiras, principalmente pela falta de uma contabilidade estruturada para elaborar

relatórios contábeis adequados, o que dificulta uma boa gestão financeira.

Essa falta de informações contribui para a alta taxa de mortalidade das micro

e pequenas empresas no Brasil e, para solucionar tal problema, surge a técnica do

balanço perguntado, que é o levantamento das informações por meio de um

questionário previamente elaborado que possibilita diagnosticar a situação

econômica e financeira da empresa.

De acordo com Matias e Júnior (2002), as empresas de pequeno porte

possuem papel importante para o desenvolvimento econômico do País e relacionam

o seu grande volume de fracasso à sua má administração, especialmente à

administração financeira. Isso pode ser confirmado, porque todas as áreas da

empresa, como marketing, produção e recursos humanos estão intimamente ligadas

à área financeira; pois, sem capital para suprir as necessidades da empresa, seja

para financiar seu crescimento, seja para atender às operações do dia a dia, não se

pode desenvolver e testar novos produtos, criar ações de marketing, comprar

matéria-prima, manter a estrutura atual ou gerar um crescimento sustentável.

Nesse mesmo sentido, Patrone e DuBois (1981) relatam que, na maioria dos

casos de pequenas empresas, falta conhecimento da área financeira para os

Page 56: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

55

gestores e existe certa resistência neste aprendizado, o que contribui para o alto

índice de mortalidade.

Matias e Júnior (2002) comentam que o pequeno empresário brasileiro está

começando a perceber a importância de ter uma administração financeira eficiente e

profissional. Isso se deve em função de mudanças no ambiente econômico como o

aumento da concorrência, globalização, mudanças das estratégias governamentais,

diminuição da inflação, dentre outras.

Neste mesmo sentido, Kassai e Kassai (2001) comentam que a inexistência

de uma contabilidade estruturada para elaborar relatórios contábeis para a pequena

empresa no Brasil, reflete diretamente na dificuldade encontrada na obtenção de

recursos para financiamento de seus investimentos, como no processo de gestão

econômica das atividades.

Devido à ausência de uma Contabilidade estruturada, o Balanço Perguntado

refere-se a uma metodologia desenvolvida para o levantamento das informações por

meio de um questionário previamente elaborado e que permite diagnosticar a

situação econômica e financeira de uma determinada empresa.

De acordo com Matias e Vicente (1996) o termo Balanço Perguntado surgiu

de um projeto elaborado para a Caixa Econômica Federal a respeito de uma

modelagem de Risco de Crédito para pequenas empresas, valendo-se das

demonstrações dos dados disponibilizados pela empresa.

Kassai e Kassai (2001) relatam que se trata de uma prática antiga e que

consiste, basicamente, no preenchimento de um formulário por meio de uma

entrevista direta ao dono ou pessoa responsável pelo empreendimento e, com base

em suas respostas, na experiência do perguntador e em alguns ajustes de

consistência, obtêm-se as informações na estrutura básica das demonstrações

contábeis.

Assim, entende-se que para tomar decisões e avaliar uma empresa, são

necessárias informações contábeis e financeiras, elaboradas a partir do

levantamento das despesas, custos, amortizações, taxas e projeções. Dessa

maneira, a técnica do Balanço Perguntado é de grande valia para a gestão das

pequenas empresas, já que a quantidade de dados, especialmente financeiros, de

uma pequena empresa é limitada.

Page 57: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

56

3.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício

A Demonstração de Resultado do Exercício evidencia a composição do

resultado formado num determinado período de operações o que resulta em

aumentos ou reduções no Patrimônio Líquido da empresa. A sua elaboração é de

acordo com o regime de competência, ou seja, as receitas e os rendimentos ganhos

e as despesas, custos e perdas, do período de apuração devem ser reconhecidos,

independentemente de sua realização em moeda.

Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 42):

O valor econômico dos ativos está intimamente ligado a seus fluxos incrementais de caixa futuros. Entretanto, os fluxos de caixa não aparecem numa demonstração de resultado. Há vários itens não monetários que representam despesas vinculadas a receitas, mas que não afetam o fluxo de caixa. O mais importante é a depreciação. A depreciação reflete a estimativa do contador quanto ao custo de equipamento consumido no processo de produção.

Já Matarazzo (2010, p. 47) faz a seguinte afirmação:

A Demonstração do Resultado do Exercício retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo monetário (fluxo de dinheiro). Para a Demonstração do Resultado não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o Patrimônio Líquido. Por exemplo, a depreciação é uma despesa não desembolsada; a receita de equivalência patrimonial (em controladas e coligadas) é uma receita devida ao aumento dos investimentos (e do Patrimônio Líquido), sem entrada de recursos monetários.

Por essa razão, e por não traduzirem os fluxos de recursos financeiros, isto

é, o fluxo de caixa livre, o lucro contábil não tem sido considerado pelos analistas

financeiros e administradores para as decisões operacional e estratégicas.

Por fim, a Demonstração de Resultado do Exercício configura-se de suma

importância por ser o indicador de eficiência, ou seja, apresenta o retorno sobre o

investimento dos proprietários, além do retorno sobre o total do investimento

realizado usando parte de recursos de terceiros.

3.2.3 Demonstração de Fluxo de Caixa

A Demonstração de Fluxo de Caixa passou a ser obrigatória para as

companhias abertas, de grande porte, e sociedade anônima de capital fechado com

Page 58: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

57

patrimônio líquido superior a 2 milhões de acordo com a Lei n.º 11.638, de 28 de

dezembro de 2007.

De acordo com Assaf Neto (2010), a Demonstração de Fluxo de Caixa

permite analisar principalmente a capacidade da empresa de honrar seus

compromissos financeiros, gerar resultados de caixa futuros, sua liquidez e

solvência financeira. Essa demonstração deve evidenciar, no mínimo, três fluxos

financeiros: o das operações, o dos endividamentos; e o dos financiamentos.

A Demonstração de Fluxo de Caixa evidencia a modificação ocorrida no saldo

de disponibilidade da companhia durante determinado período, por meio dos fluxos

de recebimentos e pagamentos. Baseia-se no conceito de disponibilidade imediata,

dentro do regime de caixa puro, ou seja, considera apenas os recebimentos e

pagamentos.

Sobre esse assunto, Gitman (2001, p. 105) afirma que:

A demonstração de fluxos de caixa fornece um resumo dos fluxos de caixa durante um determinado período, geralmente, o ano recém-encerrado. A demonstração, que é algumas vezes chamada de demonstração de origens e aplicações, fornece uma reflexão sobre os fluxos de caixa operacionais, de investimento e financiamento da empresa.

De acordo com Marion (2009), existem dois métodos de elaboração da

Demonstração de Fluxo de Caixa, o direto e o indireto. O primeiro relaciona os fluxos

que efetivamente geraram ou consumiram caixa das operações, num determinado

período. Já o método indireto parte do lucro contábil pelo regime de competência,

incluindo e excluindo itens não monetários, até chegar ao fluxo de caixa operacional

ou oriundo das operações da empresa. O cálculo pelo método indireto torna-se bem

mais complexo, uma vez que há a necessidade de se converter resultado econômico

em caixa.

3.2.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

Esta demonstração apresenta as mutações de todas as contas do Patrimônio

Líquido, identificando os fluxos ocorridos entre uma conta e outra e as variações

(acréscimo e diminuições) verificadas no exercício.

Segundo Assaf Neto (2010, p. 78),

Page 59: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

58

para a elaboração dessa demonstração são obtidas das fichas de razão as movimentações contábeis que exercem influência (aumentando ou diminuindo) sobre os saldos das contas do patrimônio líquido. As variações no patrimônio líquido podem dar-se de diferentes maneiras, ou seja: Movimentações que elevam o patrimônio Líquido:

Lucro líquido do exercício;

Aumento de capital por subscrição e integralização de novas ações;

Ágio cobrado na subscrição de ações e prêmios para debêntures etc. Movimentações que diminuem o patrimônio líquido:

Prejuízo líquido do exercício;

Aquisições de ações da própria sociedade (ações em tesouraria);

Dividendos etc. Movimentações que não afetam o patrimônio líquido:

Aumento de capital por incorporação de reservas;

Apropriações do lucro líquido da conta de lucros ou prejuízos acumulados para outras reservas;

Compensação de prejuízos através de reservas etc.

De acordo com Santos e Veiga (2011), a Demonstração de Mutações do

Patrimônio Líquido por abranger todas as contas do patrimônio líquido, possibilita

identificar o fluxo ocorrido entre as contas, tanto acréscimo quanto decréscimo.

3.2.5 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

Esta demonstração promove a integração entre o Balanço Patrimonial e a

Demonstração de Resultado. O objetivo é demonstrar a destinação do lucro líquido

do exercício, ou seja, a parcela distribuída aos acionistas e aquela retida na

empresa para investimento.

Assim de acordo com Assaf Neto (2010, p. 75),

a DRE apura o lucro líquido do exercício e DLPA destaca como foi decidida a sua destinação. A parcela retida (não distribuída) é mantida como origem de recursos no balanço da empresa, compondo seu patrimônio líquido. Pela lei atual das sociedades por ações, a conta “lucros Acumulados” não pode apresentar saldo positivo no final do exercício social. Os resultados apurados no exercício que não foram pagos aos acionistas – permaneceram retidos na empresa para reinvestimento em seus ativos – devem obrigatoriamente ser destinados a reservas próprias. Pela legislação, ainda, a DLPA deve conter, basicamente:

Saldo de inicio do período e eventuais ajustes de exercícios anteriores.

Reversão de reservas e lucros líquidos do exercício.

Dividendos a distribuir, parcela de lucro incorporada ao capital social e transferência para reservas.

De acordo com Santos e Veiga (2011), a Demonstração de Lucros ou

Prejuízos Acumulados tem a finalidade de evidenciar a destinação do lucro líquido

ao final de cada período.

Page 60: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

59

3.2.6 Demonstração do Valor Adicionado

A Demonstração de Valor Adicionado é um componente do Balanço Social da

empresa. De forma geral, evidencia o quanto a empresa agregou de valor no

período e como ele foi distribuído à sociedade.

De acordo com Assaf Neto (2010, p. 87),

de maneira geral, a DVA demonstra ao usuário o quanto cada empresa criou de riqueza e como distribuiu aos agentes econômicos que ajudaram a criar essa riqueza. O objeto maior da DVA é o de demonstrar o quanto a empresa gerou de riqueza (recursos) e como ela distribuiu esses recursos aos agentes que contribuíram para tal formação. Um benefício notório dessa demonstração é que pode ser utilizada como forma de avaliação de desempenho e de acompanhamento de agregação de valor para a sociedade, ou seja, o quanto a empresa agregou de valor efetivamente para a sociedade no exercício. Outro proveito da DVA está baseado no fato de ser um excelente instrumento macroeconômico servindo para mensurar a riqueza gerada pelas atividades das empresas. Nesse sentido, o aspecto multidisciplinar entre contabilidade e economia é totalmente completado, surgindo assim, possibilidade de avanços em pesquisas conjunta envolvendo as duas áreas de conhecimento.

A Contabilidade está vinculada à responsabilidade social da empresa, uma

vez que tem como finalidade fornecer informações que permitam aos usuários uma

avaliação dos efeitos das atividades da Entidade sobre a sociedade em que está

inserida. Essas considerações, por si, justificam a elaboração e publicação da

Demonstração de Valor Adicionado.

3.3 Análise dos demonstrativos contábeis

A informação contábil e financeira é um dos meios básicos pelo qual os

gerentes intermediários e executivos recebem feedback sobre seus desempenhos,

possibilitando-lhes aprenderem com o passado e melhorarem para o futuro.

A utilização da informação contábil e financeira, por si só, não garante o

sucesso da empresa; mas por outro lado, a falta da mesma poderá resultar em

severas dificuldades para as decisões tanto diárias quanto estratégicas.

A análise dos demonstrativos contábeis, que por meio de um conjunto de

indicadores apresenta o desempenho operacional, econômico, patrimonial e

financeiro da empresa, possibilita ao gestor uma correta visão dos problemas e as

soluções cabíveis.

Page 61: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

60

Perez Júnior e Begalli (2002, p. 235) definem índice como “a relação entre

contas ou grupos de contas das demonstrações financeiras, que visa evidenciar

determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa”. Por

meio dos índices, é possível visualizar a eficácia da gestão empresarial além de

possibilitar um direcionamento estratégico.

Em consonância com esses autores, Matarazzo (2010, p 81) relata que “um

índice é como uma vela acesa num quarto escuro”. Os indicadores devem ser

elaborados periodicamente e comparados ao longo do tempo, permitindo dessa

forma, uma melhor visualização das operações das empresas.

Com o propósito de explicitar a relevância dos índices financeiros, a figura 3

apresenta os principais grupos.

Figura 3 - Aspectos revelados pelos índices financeiros.

Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010, p. 64).

Observa-se com a Figura 3, que a análise deve ser realizada mediante a um

conjunto de índices, pois a utilização de um índice isolado de outros

complementares, não fornece elementos suficientes para uma decisão. Dessa

maneira, a análise deve envolver um conjunto de indicadores e também efetuar uma

comparação temporal e setorial.

3.3.1 Indicadores de liquidez

Indicadores de Liquidez correspondem aos que visam evidenciar a

capacidade de pagamento da empresa. São extraídos apenas do balanço

patrimonial, apresentando assim uma liquidez estática.

Matarazzo (2010, p. 99) relata que,

os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa que comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procuraram medir quão

Page 62: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

61

sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa com bons índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função de outras variáveis como prazo, renovação de dívidas etc.

Assim, na linguagem econômica, Ross, Westerfild e Jaffe (2010) relatam que

a liquidez contábil refere-se à facilidade e à velocidade de transformar Ativos em

dinheiro, ou seja, medir a capacidade da empresa de transformar bens e direitos em

dinheiro e satisfazer suas obrigações no prazo, isto é, na data de vencimento.

3.3.1.1 Liquidez Imediata

A Liquidez Imediata apresenta a capacidade de pagamento em curtíssimo

prazo, utilizando, para efeito do cálculo, os valores das Disponibilidades (Caixa,

Bancos e Aplicações de Curtíssimo Prazo), conforme a fórmula a seguir:

Circulante Passivo

Disponível = imediata Liquidez

De acordo com Assaf Neto (2010, p. 163), este índice,

revela a porcentagem das dívidas de curto prazo (circulante) em condições de serem liquidadas imediatamente. Esse quociente é normalmente baixo pelo pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em caixa, ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade.

As obrigações do passivo circulante, além de serem decorrentes das

operações normais da empresa, são normalmente renováveis, e, estaticamente, não

são exigidas a todo instante. Assim, excesso de Liquidez Imediata pode

comprometer a rentabilidade, uma vez que o giro das vendas apresenta melhor

rentabilidade do que aplicações no mercado financeiro. Em contrapartida, cabe ao

gestor o gerenciamento da liquidez imediata de forma a maximizar a rentabilidade e

a liquidez da empresa.

Page 63: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

62

3.3.1.2 Liquidez Corrente

A Liquidez Corrente mede a capacidade de pagamento da empresa a curto

prazo, relacionando as contas do Ativo Circulante com o Passivo Circulante,

conforme a fórmula abaixo:

Circulante Passivo

Circulante Ativo = Corrente Liquidez

Para Assaf Neto (2010, p. 164) “A liquidez corrente indica o quanto existe de

ativo circulante para cada $ 1,00 de dívida a curto prazo. Quanto maior a liquidez

corrente, mais alta se apresenta a capacidade da empresa de financiar suas

necessidades de capital de giro”, ou seja, ela indica a capacidade de pagamento no

curto prazo da empresa.

Ross, Westerfield e Jordan (2008) relatam que isso indica que para um

credor, particularmente de curto prazo, ou para um fornecedor, quanto mais elevado

o índice de liquidez, melhor porque remete à garantia de pagamento. Já para a

empresa, um índice de liquidez alto indica uso ineficiente de caixa e de outros ativos

de curto prazo. Um índice de liquidez corrente, aparentemente baixo, pode não

representar um problema para uma empresa com grande reserva de poder de

financiamento não utilizada.

3.3.1.3 Liquidez Seca

A Liquidez Seca indica a capacidade de pagamento dos ativos de rápida

conversibilidade em dinheiro, excluindo-se para tanto, os estoques do cálculo, por

apresentarem dificuldade quanto a sua realização.

Circulante Passivo

Estoque - Circulante Ativo = Seca Liquidez

Para Brigham e Houston (1999), o estoque é normalmente o menos líquido

dos ativos circulantes de uma empresa, e, por conseguinte, é aquele sobre o qual os

prejuízos são mais prováveis de ocorrer em uma falência ou liquidação. Portanto, é

Page 64: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

63

importante uma medida da habilidade da empresa em pagar suas obrigações de

curto prazo sem recorrer à liquidação de seus estoques.

3.3.1.4 Liquidez Geral

A Liquidez Geral apresenta a capacidade total de pagamento da empresa,

conforme a fórmula a seguir:

Circulante Não Passivo + Circulante Passivo

Prazo Longo a Realizável + Circulante Ativo = Geral Liquidez

Padoveze (2010, p. 219) relata que o índice de Liquidez Geral “Também

objetiva verificar a capacidade de pagamento, agora analisando as condições totais

de saldos a receber e a realizar contra os valores a pagar, considerando tanto os

dados de curto como de longo prazo”, isto é, demonstra a capacidade da empresa

de honrar seus compromissos tanto de curto quanto de longo prazo.

Vale ressaltar que um ponto fundamental nesse indicador, é a qualidade dos

itens de longo prazo, bem como o perfil da dívida de curto prazo.

3.3.2 Índices de estrutura de capital

Os índices de Estrutura de Capital vêm demonstrar as políticas da

administração financeira, em termos de obtenção e aplicação de recursos. Avaliam o

grau de comprometimento financeiro de uma empresa, frente a seus credores

(principalmente instituições financeiras) e sua capacidade de honrar seus

compromissos financeiros assumidos de longo prazo.

O uso de dívida oferece benefícios fiscais à empresa, mas em contrapartida,

exige pagamento de juros e do principal, o que pode gerar dificuldades financeiras.

Em consonância a essa observação, Ross, Westerfield e Jordan (2008, p. 579)

descrevem os principais problemas financeiros ocasionados pelo endividamento:

1. Fracasso empresarial: esse termo, geralmente, é usado para se referir a uma situação na qual a empresa foi encerrada com prejuízo para os credores, mas até mesmo uma empresa composta exclusivamente por capital próprio pode fracassar.

Page 65: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

64

2. Falência legal: as empresas ou os credores requerem a falência em um tribunal federal. A falência é um procedimento legal para a liquidação ou a recuperação judicial de uma empresa. 3. Insolvência técnica: a insolvência técnica ocorre quando uma empresa não consegue cumprir suas obrigações financeiras. 4. Insolvência contábil: as empresas com patrimônio líquido negativo estão insolventes nos livros. Isso ocorre quando as obrigações contábeis totais excedem ao valor contábil do ativo total.

De acordo com Ferronato (2011), a teoria financeira aponta para a seguinte

ordem de importância hierárquica das origens dos recursos a serem investidos nas

operações: inicia-se por lucros retidos, seguida por endividamento, posteriormente

venda do capital social aos atuais ou a novos sócios e finaliza, somente em caso de

grande dificuldade, pela venda de ativos permanentes.

Logo, é importante ao gestor entender a empresa sob a ótica de

financiamento, ou seja, o perfil, o custo da dívida e seu impacto na saúde financeira

da empresa.

3.3.2.1 Participação de Capitais de Terceiros

Matarazzo (2010, p. 87) afirma que este índice indica “quanto a empresa

tomou de capitais de terceiros para cada $100 de capital próprio investido”. É

calculado pela fórmula:

Líquido Patrimônio

100x Terceiros de Capitais = Terceiros de Capitais ãoParticipaç

Este índice serve para aferir a qualidade das decisões financeiras da

empresa, bem como a estratégia de financiamentos utilizada pela mesma. Uma

participação elevada de capital impede algumas decisões, uma vez que o capital de

terceiro tem uma data para liquidação, além de ônus referente ao custo do mesmo.

Matarazzo (2010, p. 89-90) relata algumas variáveis importantes na

definição da capacidade de endividamento:

Geração de recursos: uma empresa capaz de gerar recursos para amortizar as dívidas tem mais capacidade de endividar-se (...) uma empresa mais endividada pode representar menor risco que outra menos endividada, se tiver maior capacidade de amortizar dívidas.

Liquidez: se uma empresa toma recursos, investe-os em seu giro comercial e dispõe de um bom capital próprio, investindo no Ativo Circulante, então o efeito negativo sobre a liquidez Será muito menor que no caso da empresa que

Page 66: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

65

imobiliza todos os recursos próprios e mais parte de terceiros. Neste caso a liquidez tende a ser afetada e, consequentemente, aumenta o risco de insolvência.

Renovação. Se a empresa conseguir renovar as dívidas vencidas, não terá problemas de insolvência. Diz-se que: “dívida não se paga, administra-se”, porque, quando a empresa recorre a capitais de terceiros, faz isso por insuficiência de Capitais Próprios, e assim os terceiros passam a financiar parte do Ativo. Ora para pagar totalmente esses terceiros é necessário reduzir o Ativo e, normalmente as empresas não querem isso. (...) Do sucesso de renovar empréstimos ou tomar novos pode depender a continuidade da empresa.

Vale ressaltar que este índice também pode ser usado como garantia dos

credores, além de que a importância da análise do perfil do endividamento de longo

prazo, juntamente com a capacidade da geração de caixa afetarão anormalmente os

lucros, podendo, em casos extremos, levar a empresa à insolvência. Outro fator

relevante, a respeito do endividamento, é a falência: fruto da má administração, da

desorganização, de projetos fracassados e, não somente, das dívidas contraídas.

3.3.2.2 Composição do Endividamento

O índice de Composição do Endividamento tem como função avaliar o grau

de endividamento de curto prazo em relação ao total de obrigações da empresa. É

calculado pela seguinte fórmula:

Terceiros de Capitais

100 x Circulante Passivo :ntoEndividame do Composição

Para Matarazzo (2010, p. 90), esse cálculo indica “qual o percentual das

obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais”. Este índice mostra o

percentual das dívidas de curto prazo em relação às dívidas totais; quanto maior ele

for, maior a preocupação com a gestão da empresa, uma vez que a liquidação do

Passivo Circulante ocorrerá num período inferior a um ano necessitando assim de

caixa.

Iudícibus (1998) relata que as empresas em franca expansão devem procurar

financiar-se, em grande parte, com endividamento de longo prazo; de forma que, à

medida que se ganha mais capacidade operacional, com o funcionamento dos

novos equipamentos, consegue gerar caixa para pagamento de suas dívidas.

Page 67: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

66

Este indicador é de grande importância na gestão empresarial, pois mostra a

qualidade das dívidas, uma vez que o gestor precisa conhecer o perfil de suas

obrigações para direcionar suas decisões.

3.3.2.3 Imobilização do Patrimônio Líquido

Este índice demonstra a parcela do Patrimônio Líquido que foi utilizada em

Ativos de característica permanente. É calculado pela fórmula:

Líquido Patrimônio

x100)Intangível + oImobilizad + nto(Investime =Líquido Patrimônio do ãoImobilizaç

Matarazzo (2010, p. 91) observa que esse resultado indica “quanto à empresa

aplicou no Ativo Permanente para cada $ 100 de Patrimônio Líquido”. Se esse índice

for superior a 100%, demonstrará que parte do imobilizado tem origem de capitais

de terceiros, sendo, portanto, sinal de alerta e registro da dependência excessiva

destes capitais em detrimento do capital investido pelos sócios.

3.3.2.4 Imobilização dos Recursos Não Correntes

Este índice apresenta quanto de recurso a empresa aplicou nos ativos

permanentes dos seus recursos de longo prazo, que deve ser entendido como

Patrimônio Líquido e Passivo Não Circulante. É calculado pela formula, a saber:

Circulante Não Passivo + Líquido Patrimônio

100 x Intangível+oImobilizad+toInvestimen =Correntes Não Recursos dos ãoImobilizaç

Conforme Matarazzo (2010, p. 94), o índice de Imobilização dos Recursos Não

Correntes indica “que percentual de Recursos não Correntes a empresa aplicou no

Ativo Permanente”, ou seja, o percentual de recursos de longo prazo aplicado nas

contas de investimento, imobilizado e intangível. Se ele for elevado, a empresa terá

problemas de falta de capital de giro para manter as operações.

Page 68: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

67

3.3.3 Índices de rentabilidade

Os índices de rentabilidade medem a saúde econômica da empresa,

mostrando a relação do lucro com os investimentos durante o período contábil. De

acordo com Padoveze (2010, p. 226), é possível “obter diversas relações de análise

de lucratividade e rentabilidade, objetivando aferir o comportamento da empresa

junto ao setor, e mesmo o comportamento frente a alternativas variadas de

investimento”.

3.3.3.1 Margem Líquida

A Margem Líquida sobre as vendas mostra qual parcela das receitas

realmente reverteu-se em lucro para a empresa. É obtida levando-se em conta a

divisão do Lucro Líquido pela Receita de Vendas.

Líquida Receita

100x Líquido Lucro = Líquida Margem

Padoveze (2010) afirma que este índice representa o quanto se obtém de

lucro por cada unidade vendida. Já Matarazzo (2010) aponta que a Margem Líquida

mostra quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100,00 vendidos, sendo que

quanto maior este índice, melhor a sua avaliação.

Os gestores dedicam muita atenção à análise da margem líquida, buscando

constantemente seu aumento, que é obtido por meio de redução de custos e

despesas e/ou aumento das vendas.

3.3.3.2 Rentabilidade do Patrimônio Líquido

Padoveze (2010, p. 229) enfatiza que “este é o indicador definitivo. Não há

sofismas. Representa de quanto foi a rentabilidade do capital que os sócios da

empresa investiram no empreendimento. É o indicador definitivo da rentabilidade do

investimento próprio” por apresentar o percentual da lucratividade sobre os recursos

próprios da empresa.

Page 69: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

68

Esse indicador é calculado pela fórmula:

Líquido Patrimônio

100 x Líquido Lucro = Líquido Patrimônio do adeRentabilid

Já Matarazzo (2010, p. 116) relata o seguinte:

O papel do Índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido é mostrar qual a taxa de rendimento do Capital Próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos alternativos no mercado, como a Caderneta de Poupança, CDBs, Letras de Câmbio, Ações, Aluguéis, Fundos de Investimentos, etc. Com isso se pode avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior a essas opções.

Para esses os autores, este indicador deve ser comparado ao custo de

oportunidades no mercado, pois além de apresentar a rentabilidade dos recursos

próprios, auxilia o gestor na tomada decisão quanto a investimentos na empresa.

3.3.3.3 Rentabilidade do Ativo

Para Padoveze (2010), a Rentabilidade do Ativo é um dos indicadores mais

enfatizados para a análise da rentabilidade de investimentos. Apresenta o retorno

sobre os investimentos realizados na empresa.

Total o Ativ

100 x Líquido Lucro = Ativodo adeRentabilid

Matarazzo (2010, p. 114) enfatiza que:

este índice mostra quanto a empresa obteve de Lucro Liquido em relação ao Ativo. É uma medida do potencial de geração de lucro por parte da empresa. Não é exatamente uma medida de rentabilidade do capital, mas uma medida da capacidade da empresa gerar lucro e assim poder capitalizar-se. É ainda uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano.

De modo geral, as companhias bem administradas utilizam seus recursos

com maior eficiência e, como consequência, apresentam margens de lucro acima da

média do setor.

Page 70: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

69

3.3.3.4 Giro do Ativo

O sucesso de uma empresa depende, em primeiro lugar, de um volume de

vendas adequado aos investimentos realizados para tal. O Giro do Ativo indica o

volume de vendas em relação ao ativo total da organização e é calculado pela

fórmula:

Total tivo A

Líquidas Vendas = Ativodo Giro

Matarazzo (2010) afirma que este índice demonstra quanto a empresa

vendeu para cada $ 1,00 de investimento total. Além disso, é importante salientar

que este indicador pode variar por diversos motivos, como retração do mercado

como um todo, perda da participação de mercado e/ou mudança de estratégia da

empresa.

A maioria das empresas realiza um grande esforço para reduzir os

investimentos em recebíveis, estoques e outros ativos, almejando transformar o giro

do ativo em um número tão grande quanto possível.

3.3.4 Análise Du-Pont

A análise Du-Pont decompõe um dos indicadores mais importantes da

eficiência dos negócios de uma empresa, a rentabilidade do Ativo, utilizando-se da

ligação entre alguns índices financeiros, a fim de demonstrar a origem da

rentabilidade empresarial, que pode vir tanto do giro do ativo ou da margem líquida.

Em consonância, Matarazzo (2010, p. 336) afirma que “sendo o lucro o principal

objetivo de uma empresa, nada mais lógico do que estudar detalhadamente como a

empresa o obteve”.

Assaf Neto (2010) salienta que, para se conhecer detalhadamente os

resultados operacionais gerados pelos ativos, é necessário decompô-los, operação

essa que não é um mero exercício matemático, pois o giro do ativo representa a

eficiência das vendas em relação ao investimento total; enquanto a margem

Page 71: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

70

representa a eficiência das despesas em relação às vendas, pois quanto menores

forem às despesas, maiores serão os lucros, como se pode observar na figura 4.

Figura 4 - Giro x Margem Operacional.

Fonte: Assaf Neto (2010, p. 212).

A análise margem operacional x giro do ativo pode ser detalhada, em seus

componentes, a fim de identificar exatamente onde estão as áreas-problema da

empresa. Percebe-se muitas vezes que o problema pode não estar nas despesas, e

sim, na falta de agressividade das políticas de vendas. Por outro lado, se a empresa

aumentar o volume de vendas e a lucratividade não evoluir na mesma proporção, a

margem de lucro reduzirá, situação que pode ser compensado pelo aumento do giro.

Para Ross, Westerfield e Jordan (2008), o modelo Du-Pont decompõe o

retorno sobre o Ativo em três elementos: eficiência operacional, eficiência de

utilização dos ativos e alavancagem financeira. Assim, as dificuldades que

apresentarem, tanto nas operações, quanto na utilização dos ativos produzirão uma

diminuição do retorno do ativo, que refletirá em uma Taxa de Retorno do Patrimônio

Líquido menor. Da mesma maneira, se a Taxa de Retorno do Patrimônio Líquido é

insatisfatória, de acordo com alguns parâmetros de análises, o sistema Du-Pont

apresenta ao gestor os caminhos a serem seguidos para resolver a situação.

Marion (2010, p. 160) apresenta o esquema Du-Pont completo de análise

Margem x Giro, como pode ser verificado na figura 5.

Page 72: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

71

Custos dos Prod.

Vendidos

Despesas de

Vendas

+ +

Lucro LíquidoDespesas

Operacionais

Despesas

Administrativas

+

Margem

LíquidaCusto Total

Despesas

Financeiras

Vendas Outras Despesas

Despesas não

operacionais

Provisão para IR

Outras

Disponível

Vendas Ativo CirculanteDuplicatas a

Receber

Estoques

Investimento

Imobilizado

Intangível

Diferido

Ativo

Permanente

Ativo Total

Giro do Ativo

Taxa de

retorno

Dividido pelas

Menos

Vendas

+

Realizavel a

Longo Prazo

Figura 5 - Modelo Du-Pont de Análise Financeira

Fonte: Marion (2010, p. 160).

O modelo Du-Pont apresenta, como diferencial, a união em uma única

análise do balanço Patrimonial por meio do Giro do Ativo e da Demonstração de

Resultado do Exercício utilizando-se da Margem de Lucro. Tal especificidade

possibilita identificar as causas das modificações na taxa de rentabilidade do Ativo,

além de permitir avaliar se os gestores estão atingindo suas metas.

3.3.5 Índices de Atividade

Estes indicadores, também conhecidos por índices de prazos médios, são de

grande importância para gestão financeira, por apresentarem as políticas financeiras

adotadas pela empresa como compra, estocagem e venda, e possibilitarem, também

aos administradores, o gerenciamento eficiente das operações da empresa.

Para Padoveze (2010, p. 221) “Esses indicadores buscam evidenciar a

dinâmica operacional da empresa, em seus principais aspectos refletidos no balanço

patrimonial e na demonstração de resultados”. Na mesma direção, Brigham e

Houston (1999) relatam que os índices de atividade medem a eficácia com que a

empresa gere seus ativos, direcionando as políticas de aquisição de novos Ativos.

Page 73: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

72

Para Assaf Neto (2010, p. 171) “os indicadores de atividade operacional são

mais dinâmicos e permitem que seja analisado o desempenho operacional da

empresa e suas necessidades de investimento em giro”. Por meio deles, é possível

analisar a dinâmica operacional da empresa, ou seja, seus prazos médio de

pagamento, recebimento e estocagem e o impacto dos mesmos no ciclo financeiro

da empresa.

Para transformar os números do Balanço Patrimonial em dias, é preciso

informações adicionais sobre a empresa, o que se obtém por meio de um

detalhamento das demonstrações contábeis e dos controles gerenciais da

administração da empresa.

3.3.5.1 Prazo Médio de Estocagem

A gestão de estoques tem recebido destaque no mundo empresarial, em

função de alguns fatores como: custo de capital, custo das instalações, custos dos

serviços e risco de estocagem, influenciando diretamente a gestão operacional e a

financeira.

3.3.5.1.1 Prazo Médio de Estocagem de Matéria-Prima

Este indicador é calculado pela fórmula:

AnualConsumo

360 x prima-Matéria de Médio Estoque = Prima Matéria de Estocagem de Médio Prazo

Assaf Neto (2010, p. 171) relata que esse cálculo “indica o tempo médio

verificado, desde a aquisição do material até sua requisição na produção, ou seja, o

tempo médio (em dias) que a matéria prima permanece no estoque à espera de ser

consumida no processo de produção”. Ainda segundo o autor, este índice reflete

diretamente no valor despedido pela empresa em matéria prima, sendo esta última

ainda não utilizada no processo produtivo. Quanto maior ele for, maior será o ciclo

operacional e financeiro e, consequente, maior será a necessidade do capital de giro

Page 74: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

73

3.3.5.1.2 Prazo Médio de Fabricação

Este indicador é calculado pela fórmula:

Produção de Custo

360 x Elaboração em Produto de Médio Estoque = Fabricação de Médio Prazo

De acordo com Assaf Neto (2010, p. 171), o Prazo Médio de Fabricação

“revela o tempo que a empresa tarda em fabricar o produto”. Este indicador

apresenta a eficiência do processo produtivo; quanto menor for o prazo de

fabricação, menor será a necessidade de capital de giro. Devido a isso, as empresas

empregam novas tecnologias no processo produtivo vislumbrando tal redução.

3.3.5.1.3 Prazo Médio de Produtos Acabados

De acordo com Assaf Neto (2010, p 172) “este quociente revela o tempo

médio que o produto gasta desde sua elaboração até a venda, ou seja, o prazo que

o produto acabado permanece em estoque à espera de ser vendido”. Vale

acrescentar que a variação, neste indicador, pode trazer sérios problemas ao fluxo

de caixa da empresa, pois gera impacto direto no ciclo financeiro.

Este indicador é calculado pela fórmula:

VendidosProdutos dos Custo

360 x AcabadosProdutos de Médio Estoque = AcabadosProdutos de Médio Prazo

3.3.5.2 Prazo Médio de Recebimento

O Prazo Médio de Recebimento avalia o tempo que a empresa demora em

receber de seus clientes, após realizar as vendas. Permite avaliar se a mesma

possui uma boa política de crédito e se está recebendo dentro do período

estipulado.

Page 75: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

74

Para Iudícibus (1998), este quociente indica quanto tempo que a empresa

deverá esperar, em média, antes de receber suas vendas a prazo. É calculado pela

fórmula:

Prazo a Vendas

360 x (Média) Receber a Duplicatas = oRecebiment de Médio Prazo

A conta “Duplicatas a Receber”, apresenta geralmente um valor relevante no

Ativo Circulante, contendo custo de produção e vendas, impostos sobre as mesmas

e lucro bruto ainda não realizado.

Já Matarazzo (2010, p. 261) relata que “o volume de investimentos em

Duplicatas a Receber é determinado pelo prazo médio de recebimento de vendas”.

O prazo médio de recebimento está relacionado com a política de crédito da

empresa. Com uma política liberal, o prazo médio de recebimento será maior e vice-

versa, o que refletirá diretamente na gestão do capital de giro da organização.

Este indicador é identificado pela seguinte fórmula:

diárias s Venda

Receber a Duplicatas =oRecebiment de Médio Prazo

Para Ross, Westerfield e Jaffe (2010), o Prazo Médio de Recebimento

determina o volume de investimento em Contas a Receber. O valor efetivo deste

índice reflete a política de crédito adotada pela empresa que, caso esteja adotando

uma política de crédito liberal, terá o saldo das contas a receber elevado,

demandando dinheiro, o que é importante, uma vez que seus compromissos

financeiros continuam a vencer.

3.3.5.3 Prazo Médio de Pagamento

O Prazo Médio de Pagamento apresenta a média, em dias, que a empresa

está pagando pelas compras efetuadas. É calculado pela seguinte fórmula:

Prazo a Compras

360 x (Média) Pagar a Duplicatas = Pagamento de Médio Prazo

Page 76: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

75

Nas palavras de Assaf Neto (2010), este índice determina o tempo médio

que a empresa demora em pagar suas compras, ou seja, a quantidade em dias que

decorrem entre a compra de mercadorias ou matéria prima e seu efetivo pagamento.

3.3.5.4 Ciclo Operacional

O Ciclo Operacional indica o tempo decorrido entre o momento em que a

empresa adquire as matérias primas ou mercadorias até o momento do recebimento

pela relativa venda. Entre os fatores que interferem no ciclo operacional estão o

prazo médio de estocagem e o de recebimento.

De acordo com Assaf Neto (2010, p. 177),

enquanto o ciclo operacional se inicia no momento da aquisição dos materiais, o ciclo de caixa (ou ciclo financeiro) compreende o período de tempo entre o momento do desembolso inicial de caixa para pagamento dos materiais e a data do recebimento da venda do produto acabado.

Este indicador é calculado pela seguinte fórmula:

Estoque de Médio Prazo + oRecebiment de médio Prazo = lOperaciona Ciclo

Para Padoveze (2010, p. 224), o Ciclo Operacional corresponde ao tempo

em “que a empresa leva para produzir, vender e receber a receita de seus produtos”,

conforme é demonstrado na figura 6:

Figura 6 - Ciclo operacional.

Fonte: Adaptado Assaf Neto e Silva (2007, p. 21).

Page 77: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

76

3.3.5.5 Ciclo Financeiro

O Ciclo Financeiro representa, em termos médios, o tempo entre o

pagamento dos fornecedores e o recebimento das vendas efetuadas, evidenciando

o prazo em que a empresa financia seus clientes, com recursos próprios ou de

terceiros.

Para Matarazzo (2010, p. 268), o Ciclo de Caixa é o Ciclo Financeiro que

corresponde ao “tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca

dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe as vendas

(recebimento do cliente) é o período em que a empresa precisa arrumar

financiamento.”

Esse indicador é calculado pela fórmula:

Pagamento de Médio Prazo - lOperaciona Ciclo = Financeiro Ciclo

Já para Padoveze (2010, p. 225) relata que “como parte do estoque tende a

ser financiado pelos fornecedores, o ciclo financeiro tende a ser menor. Assim, o

ciclo financeiro é o ciclo operacional deduzido do prazo médio de pagamento”. Esse

fato pode ser observado pela figura 7:

Figura 7 - Ciclo Financeiro

Fonte: Adaptado Assaf Neto e Silva (2007, p. 21).

Page 78: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

77

De acordo com Gitman (2010, p. 552), o objetivo da administração financeira

é reduzir a duração do ciclo financeiro. Para isso, deve adotar as seguintes

estratégias:

1. Girar o estoque o mais rápido possível, sem faltas que resultem em vendas

perdidas; 2. Cobrar as contas a receber o mais rapidamente possível sem perder vendas

por conta de técnicas de cobrança muito agressivas; 3. Gerir os prazos de postagem, processamento e compensação para reduzi-los

ao cobrar dos clientes e prolongá-los ao pagar fornecedores; 4. Quitar as contas a pagar a fornecedores o mais lentamente possível, sem

prejudicar o rating de crédito da empresa.

Para Padoveze (2010, p. 225) como regra única, “deve-se buscar o menor

ciclo operacional e o menor ciclo financeiro possível”. A mesma opinião é reforçada

por Matarazzo (2010, p. 268) ao enfatizar que o gerenciamento deve ser constante,

pois “o tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro

(pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe as vendas (recebimento do

cliente) é o período em que a empresa precisa arrumar financiamento”. Diante disso,

percebe-se que quanto maior o ciclo financeiro, pior para a empresa, pois representa

maior tempo de utilização de financiamento e, portanto, maior custo.

Para um melhor entendimento e gerenciamento do Ciclo Financeiro, torna-se

importante conhecer as técnicas de administração de Capital de Giro, explanadas a

seguir.

3.4 Administração do Capital de Giro

A Administração do Capital de Giro caracteriza-se como gestão de ativos e

passivos circulantes, ou seja, está relacionada a decisões financeiras de curto prazo,

estabelecendo parâmetros para a condução das atividades operacionais do dia-a-

dia.

Na visão de Vieira (2008, p. 40), a manutenção do equilíbrio financeiro da

empresa, como medida para “garantir a continuidade da atividade operacional e

propiciar condições adequadas que favoreçam a sua sobrevivência e crescimento”

constitui o objetivo principal da Administração do Capital de Giro. Segundo o autor, a

posição de equilíbrio se materializa na capacidade da empresa em cumprir com os compromissos financeiros assumidos (ou seja, pagar o que deve ser pago, no vencimento), o que significa manter um fluxo de caixa saudável e uma boa situação de liquidez.

Page 79: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

78

Para Assaf Neto e Silva (2007), o Capital de Giro corresponde aos ativos

correntes ou ativos circulantes que tramitam até transformar-se em dinheiro dentro

de um ciclo de operações. É representado pelas contas que se renovam

ciclicamente, tais como, estoques, clientes e caixa que normalmente giram até

completar o ciclo operacional da empresa.

Para Brigham e Houston (1999, p. 563),

em geral as empresas seguem um ciclo no qual compram estoques, vendem mercadorias a crédito e depois cobram as contas a receber. [...] A boa política de capital de giro é elaborada para minimizar o tempo entre os desembolsos de caixa com materiais e o recebimento das vendas.

Já Assaf Neto (2010, p. 183) enfatiza que todos os elementos patrimoniais

diretamente vinculados ao ciclo operacional da empresa podem ser definidos como

cíclicos. Além disso, “qualquer alteração que venha a ocorrer em seu volume de

atividade (produção e vendas), ou em seus prazos operacionais, afeta diretamente o

montante dos ativos e passivos cíclicos”.

Segundo Vieira (2008), o capital de giro é definido como montante dos

investimentos de curto prazo realizado pela empresa, como caixa, aplicações

financeiras, estoques e contas a receber, enquanto que o capital de giro líquido é

definido como a diferença entre o ativo e o passivo circulantes. Essa diferenciação

pode ser visualizada pela figura 8:

Figura 8 - Contas cíclicas ou operacionais

Fonte: Elaborada pelo autor.

Page 80: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

79

Os indicadores de capital de giro demonstram, ao gestor, o equilíbrio ou

desequilíbrio financeiro da empresa, que estará em equilíbrio financeiro quando

produzir fluxos de caixa distribuídos em tempo capaz de honrar seus compromissos.

3.4.1 Indicadores de avaliação da estrutura financeira

Para efetuar os cálculos do Capital de Giro, usando as demonstrações

contábeis, é necessário proceder a uma reclassificação das contas em: cíclicas e

erráticas ou financeiras.

Assaf Neto (2010, p. 184) define as principais contas dos grupos cíclicos e

financeiros, a saber:

Ativo Financeiro: disponibilidades, fundo fixo de caixa, aplicações financeiras, depósitos judiciais, restituição de IR, créditos de empresas controladas/coligadas, etc.

Ativo Cíclico: duplicatas a receber, provisão para devedores duvidosos, adiantamento a fornecedores, estoques, adiantamento a empregados, impostos indiretos a compensar (IPI, ICMS), despesas operacionais antecipadas, etc.

Ativo Permanente: valores dos grupos imobilizado, investimentos e diferido, e realizável a longo prazo.

Passivo Financeiro: empréstimos e financiamentos bancários de curto prazo, duplicadas descontadas, imposto de renda e contribuição social, dividendos, dívidas com coligadas e controladas, etc.

Passivo Cíclico: fornecedores, impostos indiretos (Pis/Cofins, ICMS, IPI), adiantamentos a clientes, provisões trabalhistas, salários e encargos sociais, participações de empregados, despesas operacionais, etc.

Passivo Permanente: contas do exigível a longo prazo e patrimônio líquido.

Vieira (2008) reforça que as contas cíclicas possuem natureza operacional,

vinculada ao desenvolvimento dos negócios da empresa. As erráticas ou financeiras

são relacionadas aos aspectos táticos de curto prazo, geralmente administradas

pela tesouraria. Já as contas permanentes apresentam comportamento fortemente

influenciado pelas decisões estratégicas da empresa, sendo as mesmas realizadas

por meio da contratação de fontes de financiamento de longo prazo, tanto próprias

quanto de terceiros, além da retenção de lucros para investimentos.

3.4.1.1 Capital de Giro Líquido

O Capital de Giro Líquido ou simplesmente Capital de Giro é calculado pela

diferença entre o Passivo e o Ativo Circulantes. Outra forma de obtê-lo é utilizar-se

Page 81: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

80

da subtração do Passivo não Circulante e do Patrimônio Líquido pelo Investimento,

Ativo Imobilizado e Intangível, conforme explicita a fórmula abaixo:

Circulante Passivo - Circulante Ativo= Giro de Capital

ou

)Intangível + oImobilizad

+ nto(Investime - Líquido Patrimônio + Circulante Não Ativo= Giro de Capital

Assaf Neto (2010, p. 181), ao discutir sobre a relevância do Capital de Giro,

afirma que “constitui-se no fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro

de uma empresa”, por permitir, pela análise de seus elementos patrimoniais

identificar “os prazos operacionais, o volume de recursos permanentes (longo prazo)

que se encontra financiando o giro, e as necessidades de investimento operacional.”

Santi Filho e Olinquevitch (2009) citam que prejuízo, aquisição de imobilizado,

aquisição de investimentos e distribuição de lucros são fatores que podem

comprometer a liquidez por provocarem saldo de Capital de Giro negativo nas

empresas. Dessa maneira, os ativos de longo prazo são financiados por passivos de

curto prazo. Em contrapartida, dentre os principais fatores que fortalecem o Capital

de Giro destacam-se: lucro, venda de bens do Ativo Imobilizado, aporte de recursos

de sócios para aumento de capital e depreciação.

O grande desafio é saber dosar estas contas de maneira que não seja

utilizado, em excesso, o capital de terceiros visando, com isso, minimizar a

necessidade da busca de recursos em instituições financeiras.

3.4.1.2 Necessidade de Capital de Giro

A Necessidade de Capital de Giro revela o montante de dinheiro permanente

que uma empresa necessita para financiar seu capital de giro. Para Matarazzo

(2010, p. 283) este indicador “é a chave para a administração financeira de uma

empresa” e corresponde à diferença entre o Ativo Cíclico e o Passivo Cíclico,

conforme demonstra a fórmula abaixo:

Cíclico Passivo - Cíclico Ativo= Giro de Capital de eNecessidad

Page 82: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

81

Quanto à relevância deste indicador, Vieira (2008, p. 79) afirma que

é decorrente da defasagem entre as entradas e as saídas de caixa. Quando as saídas ocorrem antes das entradas de caixa (que é o caso mais frequente), o valor do ativo cíclico (aplicações) é superior ao valor do passivo cíclico (fontes) e a necessidade de capital de giro é positiva, representando uma aplicação operacional líquida de recursos. Quando, por outro lado, as saídas acontecem depois às entradas de caixa, o passivo cíclico (fontes) torna-se maior que o ativo cíclico (aplicações) e passa a representar uma fonte operacional líquida para a empresa.

Uma empresa apresenta saúde financeira quando: Capital de Giro for maior

do que a Necessidade de Capital de Giro. Assaf Neto (2010) enfatiza que, quando a

Necessidade de Capital de Giro superar o Capital de Giro, a empresa sinaliza que

convive com dificuldades financeiras ao financiar ativos cíclicos, caracteristicamente

de longo prazo, com recursos de curto prazo (não cíclicos).

Dessa forma, a adequada administração da evolução da Necessidade de

Capital de Giro é de grande importância para manter a estabilidade financeira da

empresa.

3.4.1.3 Saldo de Tesouraria

O Saldo de Tesouraria surge quando os recursos de longo prazo originários do

Capital de Giro não são suficientes para satisfazer a demanda operacional de

recursos representada pela Necessidade de Capital de Giro. Nesse caso, a empresa

precisa utilizar fontes de curto prazo, com o objetivo de complementar o

financiamento de suas atividades.

Este indicador pode ser determinado pelas fórmulas:

Financeiro Passivo - Financeiro Ativo= Tesouraria de Saldo

ou

Giro de Capital de eNecessidad - Giro de Capital = Tesouraria de Saldo

De acordo com Vieira (2008 p. 87- 88), o Saldo de Tesouraria será negativo

(CDG<NCG) quando o capital de giro não for suficiente para financiar a necessidade

de do próprio capital de giro.

Page 83: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

82

Nesse caso, o passivo errático será maior do que o ativo errático, significando que a empresa utiliza recursos de curto prazo para o financiamento da NCG. (...) Quando a empresa dispõe de capital de giro em montante superior à necessidade de capital de giro (CDG>NCG), o saldo de tesouraria se torna positivo. Isso significa que o ativo errático ou de curto prazo é maior do que o passivo errático ou de curto prazo, evidenciando que a empresa aplica um excedente da sua disponibilidade de recursos de longo prazo em aplicações de curto prazo relacionadas, em geral, para o mercado financeiro.

Se o Capital de Giro for maior do que a Necessidade de Capital de Giro,

indica que a empresa financia toda demanda operacional, com recursos de longo

prazo e dispõe de um excedente de caixa para que realize aplicações de curto prazo

e subsidie o crescimento das operações.

3.4.1.4 Necessidade Total de Financiamento do Permanente

A Necessidade Total de Financiamento Permanente é o montante mínimo de

passivo não circulante que a empresa deve manter visando lastrear seus

investimentos em giro e fixo e estabelecer seu equilíbrio financeiro. Pode ser

calculada pela seguinte fórmula:

)Intangível + oImobilizad+ nto(Investime Permanente Ativo+ Giro de

Capital de eNecessidad = Permanente ntoFinanciame de Total eNecessidad

Na visão de Assaf Neto (2010, p. 186)

Quando o passivo permanente superar a NTFP, a diferença encontra-se identificada nos ativos financeiros, incrementando o saldo de disponível. [...] Em caso contrário, há indicativos de dificuldades financeiras, motivadas pelo desajuste entre os prazos maiores dos investimentos (ativos) em relação à maturidade dos passivos.

De acordo com o autor, se a junção do Passivo Não Circulante com o

Patrimônio Líquido resultar em um valor maior que a soma da Necessidade de

Capital de Giro, Ativo Não Circulante, Investimento, Imobilizado e o Intangível, a

empresa possuirá saldo de tesouraria disponível para o crescimento das operações.

Caso contrário, a mesma apresentará dificuldades financeiras.

Page 84: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

83

3.4.1.5 Efeito Tesoura

O Efeito Tesoura surge quando a Necessidade de Capital de Giro cresce em

um ritmo superior ao Capital de Giro e/ou ainda quando a Necessidade de Capital de

Giro permanece constante ou o Capital de Giro se reduz mais que a Necessidade de

Capital de Giro.

Para Vieira (2008, p. 121), este indicador se manifesta quando

ocorre um descompasso entre a evolução das fontes disponíveis de longo prazo (CDG) e as aplicações que precisam ser financiadas (NCG). Nessa situação, o saldo de tesouraria (T) se torna crescentemente agressivo, evidenciando uma dependência cada vez mais acentuada dos recursos de curto prazo para o financiamento das atividades da empresa. Esse processo persistente eleva o risco financeiro e se materializa quando ocorre um crescimento significativo e continuado do saldo negativo de tesouraria.

A origem do termo Efeito Tesoura está relacionada à evolução da Necessidade

de Capital de Giro em relação ao Capital de Giro, ou seja, quando ocorre o aumento

da Necessidade de Capital de Giro superior ao Capital de Giro, esta variação é

representada, graficamente, por parábolas que remetem ao desenho de uma

tesoura, conforme figura 9, cuja finalidade é demonstrar que quanto maior a boca

da tesoura, maior será a necessidade de recursos de terceiros a curto prazo para

financiar a NCG, elevando-se assim o risco financeiro.

Figura 9 - Efeito Tesoura

Fonte: Assaf Neto (2010, p. 182).

Vieira (2008) cita as principais causas do efeito tesoura: crescimento

muito elevado de vendas, investimentos elevados com retorno de longo prazo,

crescimento expressivo do ciclo financeiro, baixa geração de lucros, investimento

com baixo retorno, inflação elevada, distribuição de resultados com alto percentual

de dividendos e redução das vendas.

Page 85: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

84

O Efeito Tesoura é caracterizado pela crescente dependência de recursos

financeiros de curto prazo, classificados no saldo de tesouraria, para financiamento

da demanda operacional de recursos permanentes e de longo prazo, que é

representada pela NCG, deteriorando-se assim a situação de liquidez.

Para compreender a gestão do capital de giro, torna-se necessário um

estudo sobre a gestão e planejamento financeiro de curto prazo.

3.5 Regimes de tributação e a gestão financeira

No Brasil, há três regimes principais pelos quais as empresas podem optar

como contribuintes, que são o Simples Nacional, o Lucro Presumido e o Lucro Real.

Cada regime tem sua peculiaridade e restrição.

Antes de explicar cada tipo de enquadramento tributário, é importante saber

que para a empresa se enquadrar em um dos regimes, deve cumprir alguns

requisitos exigidos por cada tipo de enquadramento tributário e o principal deles é a

receita bruta.

Para Menke (2009, p. 8), Receita Bruta é igual ao produto entre o preço de

venda e a quantidade vendida de bens e serviços nas operações da empresa, ou

seja,

é o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.

Após entendimento do conceito de receita bruta, apresenta-se, para melhor

compreensão, cada um dos regimes tributários.

3.5.1 Simples Nacional

O Simples Nacional é definido pelo Ministério da Fazenda como um regime

tributário diferenciado e simplificado, previsto na Lei Complementar n.o 123, de 14 de

dezembro de 2006, sendo atualizado pela Lei Complementar 139, de 10 de

novembro de 2011, aplicável às Microempresas (ME) e às Empresas de Pequeno

Porte (EPP). Para Menke (2009, p. 2), o Simples Nacional “representa um grande

Page 86: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

85

incentivo à formalização, possibilitando melhores condições de competitividade e de

sobrevivência para essas empresas”.

De acordo com a Complementar 139, de 10 de novembro de 2011, para

efeito do Simples Nacional, entende-se como micro empresas aquelas que possuem

receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais),

e as empresas de pequeno porte são definidas quando sua receita bruta anual for

superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e

seiscentos mil reais).

Este regime de tributação enquadra, sob um único documento de

arrecadação, oito tributos, sendo seis federais: o Imposto de Renda Pessoa Jurídica,

(IRPJ), o imposto sobre produtos industrializados (IPI), a contribuição social sobre o

lucro líquido (CSLL), o programa de integração social (PIS), a contribuição para o

financiamento da seguridade social (COFINS); um estadual, o Imposto Sobre

Operações relativas à Circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de

transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS) e um municipal, o

Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS).

Ainda de acordo com Menke (2009), a base de cálculo para pagamento e

avaliação é feita sobre quatro tipos de receitas brutas. A receita bruta total do ano

calendário anterior destina-se a definir o enquadramento da empresa no Simples

Nacional. A receita bruta total dos últimos 12 meses anteriores ao mês de apuração

conforme as alíquotas estabelecidas pela Lei Complementar 139, de 10 de

novembro de 2011. A receita bruta total do ano calendário atual define a majoração

da alíquota e a exclusão retroativa no ano de início de atividades. Finalmente, a

receita bruta total do período de apuração, separada por tipo, é a base de cálculo do

Simples Nacional referente ao mês.

A receita bruta anual define a majoração da alíquota que ocorre quando a

empresa optante, tanto micro empresas como empresas de pequeno porte,

ultrapassarem o limite de R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais) no

ano calendário. Quando isso ocorre, a empresa irá pagar sobre as alíquotas

máximas, acrescidas de 20% e estará fora do Simples Nacional no ano calendário

seguinte.

Page 87: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

86

3.5.2 Lucro presumido

O Lucro Presumido é definido como uma forma de tributação simplificada

para determinação da base de cálculo do IR e da CSLL das pessoas jurídicas que

não estão obrigadas, no ano-calendário, à apuração do lucro real. As pessoas

jurídicas, que podem se enquadrar no regime de Lucro Presumido, são aquelas cuja

receita bruta total no ano calendário anterior seja igual ou inferior a R$

48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais).

Para Fabretti (2009, p. 219), o regime de Lucro Presumido objetiva “facilitar

o pagamento do IR, sem ter que recorrer à complexa apuração do lucro real que

pressupõe contabilidade eficaz, ou seja, aquela que apura o resultado antes do

último dia útil do mês subsequente ao encerramento do trimestre”. Ele “é uma forma

de tributação que utiliza apenas as receitas da empresa para apuração do resultado

tributável de IR e contribuição social do lucro” Pêgas (2008, p. 404).

De acordo com Oliveira (2009 b), a base de cálculo do imposto de renda é

feita por meio de um percentual sobre cada receita obtida na empresa, sendo este

diferente para cada ramo de atividade exercida pelo contribuinte, conforme pode ser

observado no quadro 3 que apresenta os percentuais de presunção.

RECEITAS BASE DO

IR - % BASE DA CSL - %

Venda ou Revenda de bens e produtos 8 12

Prestação de Serviços 32 32

Administração, Locação ou Cessão de Bens e Direitos de qualquer natureza (inclusive imóveis)

32 32

Transporte de passageiros 16 12

Transporte de cargas 8 12

Serviços Hospitalares 8 12

Prestação de serviços até R$ 120 mil/ano, menos regulamentadas 16 32

Revenda, para o consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural

1,6 12

Outras receitas, não definidas no estatuto ou contrato social 100 100

Quadro 3 - Percentuais de presunção do lucro presumido

Fonte: Pêgas (2008, p. 410)

Page 88: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

87

3.5.3 Lucro real

O Lucro real de acordo com Fabretti (2009, p. 202), é um conceito fiscal e

não econômico. No conceito econômico, o lucro é o resultado positivo da soma

algébrica de receita bruta de vendas ou serviços menos as devoluções de impostos,

menos os custos de produção, menos as despesas operacionais, ou seja, é o

resultado contábil, na qual é denominado pela legislação de lucro líquido.

De acordo com o art. 246 do Regulamento do Imposto de renda (RIR),

regulamentado pelo Decreto n.º 3000 de 26 de março de 2009, para a apuração do

imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido, toma-se como base o

lucro contábil do período-base ajustado pelas adições, exclusões ou compensações

prescritas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda.

As adições, segundo Oliveira (2009, p. 102 b), “são ajustes obrigatórios que

têm por finalidade aumentar o imposto”. O art. 249 do RIR de 26 de março de 1999

trata dessas adições, como sendo:

I - os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real; II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, devam ser computados na determinação do lucro real (s/p).

As exclusões, segundo Fabretti (2009), são valores subtraídos do lucro

líquido para efeito fiscal. O art. 250, do referido RIR de 26 de março de 1999, diz que

poderão ser excluídos do lucro líquido:

I - os valores cuja dedução seja autorizada por este Decreto e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração; II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam computados no lucro real; III - o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515 (Lei n.º 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único) (s/p).

Nesse sentido, o autor afirma que os prejuízos fiscais podem ser

compensados e Oliveira (2009, p. 105 b) explica que “a legislação admite ainda que,

se a pessoa jurídica houver incorrido em prejuízo fiscal em períodos de apuração

Page 89: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

88

anteriores, esse será compensável em lucros futuros”. Essa compensação tem um

limite de 30% do lucro líquido.

O Art. 14 da Lei n.º 9718, de 27 de setembro de 1998 dispõe sobre as

empresas que são obrigadas a se enquadrar na apuração pelo Lucro Real. Essa lei

foi alterada pela lei n.° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, passando a receita total

de R$ 24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de reais) para R$ 48.000.000,00

(quarenta e oito milhões de reais). Em 2009, essa Medida Provisória transformou-se

em lei para o exercício de 2010.

Os tributos federais pagos pelas empresas no regime de Lucro Real são o

Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da

Seguridade Social (COFINS), o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a

Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL).

O lucro real, segundo Fabretti (2009, p. 213), “é apurado a partir do resultado

contábil do período-base, que pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). Logo,

pressupõe escrituração contábil regular e mensal”. Exige-se para tal uma rotina

contábil e tributária mais complexa do que os regimes de Lucro Presumido e

Simples Nacional. O contador elabora obrigatoriamente as demonstrações

contábeis: Balancete, Demonstração de Resultado do Exercício, Balanço Patrimonial

e deve-se manter uma completa escrituração contábil e fiscal, livro de apuração do

lucro real e livro de registro de entrada e saída entre outros de acordo com a

legislação vigente.

Assim, nota-se que para a opção pelo lucro real, as empresas necessitam,

obrigatoriamente, de uma escrituração efetiva, de uma contabilidade bem

estruturada para se calcular o lucro líquido. Já quando optam pelo regime de

tributação Simples e o Lucro Presumido não demanda uma escrituração efetiva, pois

são tributados sobre o faturamento, embora o novo Código Civil de 2002 exija

escrituração de todas as atividades comerciais.

Essa desobrigação da escrituração, para apuração do resultado, faz com que

as empresas, muitas vezes, fiquem sem informações para o gerenciamento

financeiro das operações, dificultado a própria gestão.

Para finalizar, a contabilidade é a linguagem dos negócios e fornecedora de

informações para a gestão e avaliação da eficiência e eficácia das operações

empresariais. De posse das demonstrações contábeis, por meio de um conjunto de

Page 90: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

89

índices econômicos e financeiros, torna-se possível analisar a saúde financeira de

uma empresa, bem como sua forma de gestão. Para a análise, deve-se usar um

conjunto de indicadores de forma a despertar a atenção dos gestores sobre as

situações que contribuem para que aqueles índices econômicos e financeiros

apresentem-se bons ou ruins, altos ou baixos.

Vale resaltar que os indicadores econômicos e financeiros de performance

são calculados a partir demonstrações contábeis no passado, e quanto mais recente

forem calculados e apresentados aos gestores, maior será sua contribuição para o

direcionamento estratégico.

Na etapa seguinte, abordar-se-á os instrumentos financeiros que,

juntamente com os indicadores econômicos e financeiros, fornecem subsídio para a

gestão financeira das empresas.

Page 91: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

90

4 PRÁTICAS FINANCEIRAS

Este capítulo aborda uma revisão bibliográfica das práticas financeiras.

Discute as principais ferramentas ou técnicas utilizadas para a administração

financeira, que se referem à gestão de caixa, gestão de contas a receber ou

concessão de créditos aos clientes, administração da política de estoque, decisão de

obtenção de recursos para financiar as operações e atividades da empresa.

Apresenta ainda as ferramentas para gestão de custos e controle orçamentário, que

objetivam evitar gastos desnecessários contribuindo para o ganho de eficiência e

eficácia da gestão financeira.

A administração financeira é um conjunto de ações e procedimentos

administrativos que envolve o planejamento, a análise e o controle das atividades

financeiras da empresa visando maximizar o resultado minimizar os riscos

financeiros.

Para uma correta administração financeira, a empresa necessita, além das

práticas contábeis, que consistem na elaboração das demonstrações contábeis e

suas análises correlatas, utilizar-se das práticas financeiras de curto prazo,

denominadas de gestão do capital de giro, controle de custos e planejamento

orçamentário de forma a auxiliar a gestão empresarial no cumprimento de seu

objetivo.

As principais práticas financeiras, metodologia de gestão de custos e

controle orçamentário serão apresentadas a seguir.

4.1 Planejamento financeiro de curto prazo

As finanças de curto prazo estão relacionadas à gestão do capital de giro e

envolvem um conjunto de análise de decisões que afetam os ativos e passivos

circulantes.

Quando se estuda a gestão do capital de giro, Ross, Westerfield e Jaffe

(2010, p. 599) apresentam algumas questões básicas, a saber:

Qual é o nível razoável de caixa a ser mantido num banco para pagar

contas?

Page 92: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

91

Quanto deve ser encomendado de matéria-prima?

Quanto crédito deve ser concedido aos clientes?

Diante desse questionamento, cabe à administração da empresa efetuar uma

gestão eficiente do capital de giro e estabelecer as estratégias e políticas financeiras

de curto prazo para responder às questões supracitadas, decidindo entre uma

política flexível ou uma política restritiva. Para tais decisões, torna-se necessário

mensurar as consequências e riscos de cada alternativa.

4.1.1 Gestão de caixa

O caixa é um ativo em forma de moeda corrente ou equivalente e tem a

finalidade de efetuar os pagamentos imediatos da empresa. Cabe à gestão da

empresa promover o equilíbrio entre os custos de oportunidade da manutenção de

saldos excessivos e os custos de transações decorrentes de um saldo muito

pequeno.

Ross, Westerfild e Jaffe (2010, p. 616) definem caixa:

O termo caixa é um conceito surpreendentemente impreciso. Sua definição econômica inclui papel-moeda, depósito em conta corrente de bancos comerciais e cheques não depositados. Entretanto os administradores financeiros geralmente incluem aplicações em títulos negociáveis a curto prazo, quando usam o termo caixa. Os títulos negociáveis a curto prazo são considerados como “equivalente de caixa”, e incluem letras do tesouro, certificado de depósito e acordos de recompra.

Na empresa, o caixa é o ativo mais líquido disponível, podendo ser

encontrado em espécie, nos bancos ou no mercado financeiro de curtíssimo prazo.

Para Sanvicente (2010), o caixa é importante para a gestão de quanto e quando

captar e aplicar os recursos, além de funcionar como um amortecedor entre as

saídas e as entradas previstas normais, para cumprimento das obrigações

correntes.

Assaf Neto e Silva (2007) relatam que existem três motivos para manutenção

de recursos em caixa e quase caixa, a saber:

Transação: finalidade de pagamento das atividades normais da empresa

como matérias primas, mão de obra, impostos, dividendos, entre outras.

Precaução: manutenção de uma reserva de segurança para enfrentar as

contingências imprevistas.

Page 93: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

92

Especulação: manutenção de caixa para aproveitar as oportunidades de

investimentos que aparecerem.

De acordo com Silva (2002, p. 49), o “custo de manutenção de saldos de

caixa seria o custo de oportunidade representado pelos juros perdidos. Neste caso,

para determinar o saldo apropriado, a empresa deve comparar os benefícios aos

custos da manutenção de saldos”. Segundo o autor, para a aplicação desse modelo,

deve-se levar em conta o custo pela não utilização do recurso financeiro.

Para efetuar a gestão de caixa existem alguns modelos, a saber:

4.1.1.1 Modelos de administração de caixa

A administração do caixa constitui-se numa área estratégica da administração

financeira de uma empresa e no correto dimensionamento dos recursos disponíveis

que pode refletir diretamente na capacidade de pagamento da empresa. Diversos

autores estudaram e analisaram o comportamento das variáveis que afetam o caixa

das empresas, desenvolvendo alguns modelos, sendo os principais apresentados a

seguir:

4.1.1.1.1 Modelo de Baumol

A respeito do Modelo de Baumol, idealizado por William Baumol, “foi o

pioneiro no estudo de um modelo “formal de administração de caixa incorporando

custos de oportunidade e custos de conversão. Ele pode ser utilizado para

determinar o saldo ótimo de caixa” (ROSS, WESTERFIELD e JAFFE, 2010, p. 617).

Guitman (2002, p. 665) apresenta a fórmula para cálculo do Valor

Econômico de Conversão - VEC:

decimal) forma (na deoportunida de custo

caixa de demanda x conversão de custo x 2=VEC

Onde:

Custo de conversão: refere-se aos custos de emissão e recebimento de

uma ordem de conversão de caixa no montante do VEC. Deles fazem

parte o custo de comunicação da necessidade de transferência de

Page 94: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

93

recursos para o caixa, custos administrativos e os custos de quaisquer

que se seguirem. Esse custo de conversão é dado como um valor fixo

por operação.

Custo de oportunidade: refere-se aos juros que se deixa de ganhar

durante o tempo em que o dinheiro fica parado na conta corrente ao

invés de estar aplicado em títulos negociáveis.

Ross, Westerfield e Jaffe (2010) entendem que este modelo tem algumas

limitações, pois pressupõe que a empresa têm um desembolso constante e que não

há recebimento durante o período de projeção, além de não prever saldo de

segurança.

Percebe-se que se trata de um modelo determinístico em que o fluxo de caixa

é conhecido, ou seja, as entradas e saídas de caixa são previsíveis.

4.1.1.1.2 Modelo do Caixa Mínimo Operacional

Este modelo estabelece, de forma simples, como determinar o montante de

recursos que uma empresa deverá manter em caixa. Pode ainda ser utilizado como

parâmetro para investimento em caixa.

Assaf Neto e Silva (2007, p. 88) esclarecem que, para se atingir o Caixa

Mínimo Operacional, é necessário “dividir os desembolsos totais previstos por seu

giro de caixa. Por sua vez, para obter o giro de caixa, basta dividir 360, se a base for

em dias e o período de projeção for de um ano, pelo ciclo de caixa (ciclo financeiro)”.

O caixa mínimo operacional pode ser calculado pelas fórmulas, a saber:

Caixa de Giro

líquidos totais Desembolso = loperaciona mínimo Caixa

O Giro Caixa é calculado pela fórmula:

desembolso de Tempo de Intervalo

dias 360 = Caixa de Giro

Page 95: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

94

O Caixa Mínimo Operacional permite saber o montante de dinheiro a ser

mantido em caixa. Esse modelo considera que as operações de compra, produção

e vendas (e os respectivos desembolsos e ingressos) se comportam de maneira

uniforme durante o período de análise e, portanto, o volume encontrado para o caixa

corresponde a um mínimo necessário sem nenhuma reserva para atender as

incertezas e os desequilíbrios existentes no período.

4.1.1.1.3 Modelo de Miller e Orr

Ross, Werterfield e Jaffe (2010, p. 620) explicam o funcionamento deste

modelo:

Merton Miller e Daniel Orr desenvolveram um modelo de otimização de saldos de caixa que lida com entradas e saídas que oscilam aleatoriamente de um dia a outro. No modelo Miller-Orr, inclui-se tanto entradas quanto saídas de caixa. O modelo supõe que a distribuição dos fluxos líquidos diários (entradas menos saídas de caixa) é normal. A cada dia, o fluxo líquido de caixa poderia ser o valor esperado ou algum valor mais alto ou mais baixo.

De acordo com Gitman (2002), para cálculo do modelo, é necessário calcular

o ponto de retorno, que é o saldo mínimo de caixa e o saldo máximo corresponde a

três vezes o saldo mínimo. O ponto de retorno é calculado pela fórmula:

3

decimal) forma (na diário deoportunida de custo x 4

caixa de fluxos dos variação x conversão de custo x 3 = retorno de Ponto

Já na visão de Silva (2002), o modelo de Mille e Orr é utilizado nas análises

de fluxos de caixa aleatórios e parte da existência de dois ativos: o caixa e um

investimento. Quando o caixa da empresa ultrapassa o saldo máximo, são

realizados investimentos para trazê-lo ao ponto de retorno, evitando-se o excesso de

liquidez; em contrapartida, quando o nível de caixa cai abaixo do limite inferior (caixa

mínimo), são efetuados resgates das aplicações para trazê-lo também de volta ao

ponto de retorno, restabelecendo-se a liquidez da empresa.

Page 96: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

95

4.1.1.1.4 Modelo de dia da semana

De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 97)

Em geral, o comportamento do caixa no tempo quase sempre é afetado por uma variável sazonal. Assim, algumas empresas têm pagamentos concentrados no início de cada mês; em outras, como a indústria do lazer, há grande movimento no final de semana. O modelo do dia da semana é uma forma de prever o comportamento do caixa a partir de um padrão observado.

Neste modelo, calcula-se a oscilação de caixa de cada dia do mês e da

semana e, a partir da previsão do saldo final, faz-se a previsão para o fluxo diário

por meio de ajustamentos que levam em conta esse movimento, permitindo tomadas

de decisões de financiamento ou investimento e ajustamento do caixa ao menor

nível possível.

4.1.1.1.5 Modelo de Beranek

De acordo com Silva (2002), o modelo de Beranek apresenta-se de forma

contrária ao modelo de Baumol, considerando que as entradas de caixa são

regulares durante o período, porém as saídas são periódicas e ocorrem ao final

desse ciclo. Assim, o saldo cresce regularmente durante todo esse período, sendo

ao final totalmente consumido com os pagamentos necessários.

A aplicação deste modelo permite à empresa estabelecer uma política de

investimentos entre o momento de recebimento dos valores até a ocorrência dos

pagamentos, de forma tal a otimizar a relação entre as receitas financeiras obtidas

com as aplicações do saldo de caixa e os respectivos custos de transação para

aplicação e resgate dos recursos.

4.1.1.1.6 Modelo de Stone

De acordo com Silva (2002, p. 53),

O modelo de Stone é similar ao modelo de Miller e Orr, adotando também o limite de controle no seu funcionamento, porém, com a diferença de que quando a empresa ultrapassa esses limites, recebe um “sinal” indicando que será necessária a adoção de uma providência, providência essa que não resulta automaticamente numa operação de investimento ou de

Page 97: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

96

resgate. A ação a ser implementada depende da avaliação da administração da empresa sobre os fluxos de caixa futuros.

Para operacionalizar esse modelo, utilizam-se os chamados limites de

controle interno e de controle externo. Se o nível de caixa ultrapassar os limites de

controle internos, a empresa analisará seu fluxo de caixa para os próximos dias.

Agora, se a soma do nível de caixa atual e seu fluxo esperado ultrapassarem os

limites de controle externos, uma transação será realizada: aplicações ou resgates.

4.1.1.2 Fluxo de caixa: a essência da gestão financeira

O objetivo básico do fluxo de caixa é projetar as disponibilidades ou

deficiências financeiras da empresa, produzindo informações necessárias à

programação da captação de recursos financeiros, otimização das aplicações de

sobras de caixa, gerenciamento de contas a pagar, avaliação do impacto de

variações de custos e preços, entre outras decisões importantes.

O fluxo de caixa constitui-se num relevante indicador dos rumos financeiros

dos negócios, é uma ferramenta que visa informar a gestão da empresa a respeito

de disponibilidades ou necessidades financeiras da mesma. Pode-se, ainda,

visualizar outros controles, como o acompanhamento de pagamentos e

recebimentos. Vale ressaltar que esse último não pode ser objeto principal do fluxo

de caixa. De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 39),

para se manterem em operação, as empresas devem liquidar corretamente seus vários compromissos, devendo como condição básica apresentar o respectivo saldo em seu caixa nos momentos dos vencimentos. A insuficiência de caixa pode determinar cortes nos créditos, suspensão de entregas de materiais e mercadorias, e ser causa de uma séria descontinuidade em suas operações.

Por ser um instrumento de planejamento, esta ferramenta está sujeita a uma

natural incerteza, devendo sempre buscar o resultado mais próximo da realidade;

caso contrário, tenderá a se tornar apenas mais um dos muitos relatórios

burocráticos existentes na empresa.

Geralmente, uma maneira de melhorar a aplicabilidade das projeções do

fluxo de caixa é utilizar concomitantemente várias estimativas, como a otimista, a

provável e a pessimista. Entretanto, uma das dificuldades para se obter um fluxo de

caixa realmente eficaz é saber gerenciar adequadamente este sistema de

Page 98: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

97

informações. Tarefa essa que compete ao gestor financeiro, cuja missão consiste

em estruturar e parametrizar este sistema, de forma a levantar as informações

necessárias, com qualidade e tempestividade adequadas.

4.1.2 Administração de contas a receber

A Administração de Contas a Receber é também denominada de

administração do crédito. Uma empresa, quando vende bens ou serviços, pode

receber pagamento à vista ou oferecer crédito a seus clientes.

A concessão de crédito já representa uma tradição nas relações comerciais

do mundo empresarial, representando parcela expressiva de seus ativos líquidos.

Do ponto de vista financeiro, a concessão de crédito deve ser considerada como um

investimento no cliente, investimento esse vinculado à venda de um produto e/ou

serviço. A administração financeira do valor de contas a receber, inicia-se assim com

a venda do produto ou serviço e termina quando a administração do caixa se iniciar.

De acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 638),

Ao conceder créditos, cria-se uma conta a receber. As contas a receber incluem o crédito concedido a outras empresas, conhecido como crédito mercantil, e crédito ao consumidor. Cerca de um sexto de todos os ativos de empresas industriais assume a forma de contas a receber.

Segundo Assaf Neto e Silva (2007), existem pelo menos cinco possíveis

explicações para a existência de vendas a prazo, apesar da visão teórica de

eficiência do mercado, a saber:

Acesso ao mercado financeiro: este acesso é diferente para compradores

e vendedores por diversos motivos, tornando o custo do financiamento e

a quantidade de recursos obtida um inibidor à comercialização de

produtos.

Fornecimento de informações ao comprador e ao vendedor: de um lado,

se a venda é a prazo, o comprador terá oportunidade de verificar a

qualidade do produto adquirido e tomar eventuais providências, caso

essa não esteja dentro das condições preestabelecidas. Do lado do

vendedor, a venda a crédito, numa situação em que a taxa de juros da

operação de venda se encontra acima do custo de oportunidade, pode

transmitir informação sobre a possibilidade de insolvência do comprador.

Page 99: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

98

Empresas com alto grau de sazonalidade têm no crédito um incentivo

para que clientes façam aquisição de mercadorias de forma mais regular,

evitando-se os problemas decorrentes da concentração de vendas em

determinado período de tempo.

Importante estratégia de mercado: é bastante comum, principalmente no

varejo, o uso da venda a prazo visando proporcionar um volume médio

de venda superior à venda à vista. Nesta situação, a empresa pode optar

por oferecer crédito como uma forma de incentivar as vendas por

impulso.

E finalmente pode existir venda a prazo pela impossibilidade tecnológica

de venda à vista. Um exemplo dessa situação ocorre na prestação de

serviços públicos.

4.1.2.1 Gestão de crédito

Na área financeira, a palavra “crédito” define um instrumento de política

financeira a ser utilizado por uma empresa comercial ou industrial na venda a prazo

de seus produtos ou por um banco comercial, na concessão de um empréstimo, de

um financiamento ou de uma fiança.

Para Silva (2008, p. 45), num sentindo restrito e específico, “crédito consiste

na entrega de um valor presente mediante uma promessa de pagamento”. Já em

finanças, o conceito de “crédito” é definido como um instrumento de política

financeira a ser usado por uma empresa na venda a prazo de seus produtos ou

serviços. De acordo com Ross, Westerfield e Jaffe. (2010, p. 638),

quando uma empresa vende bens e serviços, ela pode (1) receber pagamento a vista ou (2) esperar certo prazo para receber o pagamento, ou seja, ela dá créditos a seus clientes, e este investimento está vinculado à venda de um produto ou serviço. [...] Ao Conceder crédito, cria-se uma conta a receber. As contas a receber incluem crédito concedido a outras empresas, ou seja, crédito mercantil, e crédito concedido a consumidores, ou crédito ao consumidor. Cerca de um sexto de todos os ativos das empresas industriais tem a forma de contas a receber.

A concessão de crédito é o mesmo que fazer um investimento num cliente, e

depende tanto do volume de vendas a prazo, quanto do prazo médio de

recebimento. Segundo Sousa e Chaia (2000, p. 14), o crédito é um investimento

Page 100: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

99

vinculado à venda de um produto ou serviço e “que deveria ser analisada da mesma

forma que qualquer outro ativo financeiro que tem risco e retorno”.

De acordo com Ferreira (2004), a palavra crédito tem origem no latim creditu

e significa segurança de que alguma coisa é verdadeira, o que remete à confiança

por acreditar que o tomador vai honrar seus compromissos com o credor. Afinal,

aquele quem cede um bem ou recurso a terceiro espera recebê-lo de volta depois de

determinado período de tempo. Vale ressaltar que por se referir à troca, de um valor

presente, por uma promessa de reembolso futuro, no período poderão ocorrer

mudanças que talvez afetem esse retorno, os chamados fatores de risco. Entretanto,

para proteger dos mesmos, as empresas utilizam-se de diversas técnicas de análise

e concessão de crédito que serão apresentadas em Modelos de análise e

concessão de crédito.

4.1.2.1.1 Prazo de crédito

Os prazos de crédito estão relacionados ao setor de atividade em que a

empresa atua. De acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2010), uma empresa deve

considerar três fatores ao estabelecer um prazo de crédito:

A probabilidade de que o cliente não pague: uma empresa onde os

clientes operam em setores de riscos elevados pode acabar oferecendo

termos restritivos.

O valor da conta: se a conta for pequena, o prazo de crédito será mais

curto, isso porque as contas de valores menores têm custo mais alto de

administração e os clientes são menos importantes.

A perecibilidade dos bens: se os valores dos bens utilizados como

garantia forem baixos e não puderem ser mantidos por períodos longos,

menor será o limite de crédito concedido.

Já Assaf Neto e Silva (2007) apontam ainda outros fatores que influenciam o

prazo de crédito, a saber: restrições legais, taxa de juros praticados pelo mercado,

oligopolização dos setores, probabilidade de pagamento e quantidade de vezes que

um cliente compra a prazo, entre outros.

Page 101: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

100

4.1.2.1.2 Descontos por pagamento à vista

Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2010), a venda à vista, embora esteja

vinculada ao desejo de acelerar os pagamentos pelos clientes, deve ser avaliada,

pois os descontos por pagamento à vista geralmente fazem parte das condições de

venda.

Em razão disso, Assaf Neto e Silva (2007) relatam que a concessão de

desconto por pagamento à vista pode ocorrer por quatro possíveis razões:

Desejo de adiantar o fluxo de caixa: este adiantamento reduz a

necessidade de financiamento ou aumenta o volume de recursos que

podem ser alocados para outro investimento.

Desejo de aumentar o volume de vendas: neste caso, se o cliente

entender o desconto como uma redução de preços.

Desejo de reduzir o risco de insolvência dos clientes: promovem-se

incentivos para pagamentos mais rápidos.

Redução da sazonalidade das vendas.

A decisão de conceder desconto já está inserida na política comercial da

maioria das empresas. Entre as formas existentes de decidir se o desconto

concedido será ou não vantajoso do ponto de vista financeiro, aparece a

comparação entre o fluxo de caixa futuro a valor presente, descontado a uma taxa

mínima de atratividade com o valor à vista.

4.1.2.1.3 Análise de crédito

A análise de crédito consiste em perceber se há capacidade de pagamento

em condições de incertezas e constantes mutações, com o objetivo de identificar os

riscos nas vendas a prazo, evidenciar conclusões quanto à capacidade de

pagamento do tomador e fazer estabelecer um limite de crédito. Além desses

objetivos, há outros secundários para avaliar a condição financeira e creditícia:

estimar a magnitude dos riscos, fixar procedimentos de análise, de tal sorte que

esses procedimentos identifiquem o grau de risco na concessão de crédito e

desenvolver ferramentas racionais e objetivas para identificar os riscos existentes

nas informações de dados dos clientes visando diminuir o risco de inadimplência.

Page 102: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

101

Para Santos (2003, p. 43) “o objetivo de análise de crédito é o de averiguar se

o cliente possui idoneidade e capacidade financeira para amortizar a

divida”.Entretanto, visa-se, com a análise de crédito, garantir o recebimento do valor

emprestado ou crédito concedido, dentro de um contexto incerto, em constante

mutação, com base em informações disponíveis.

4.1.2.1.4 Concessão de créditos

A concessão de crédito é um dos pilares do desenvolvimento econômico,

com grande repercussão nos indicadores sociais.

Na concepção de Sanvicente (2010, p. 153)

A concessão de crédito atua como elemento do processo de oferecimento de um produto ou serviço não só porque afeta diretamente o preço de aquisição, distribuindo os pagamentos no tempo, como proporciona maior flexibilidade operacional ao comprador, que ganha tempo para gerar recursos com vistas a efetuar os pagamentos devidos.

Ross, Westerfield e Jordan (2008) afirmam que a concessão de crédito é

motivada pela necessidade de estimular vendas. Entretanto, de acordo com os

autores, isso acarreta para a empresa custos de imobilização do capital, bem como

o risco do cliente não pagar, o que torna necessária uma política de crédito a fim de

definir como conceder e como cobrar.

Nesse cenário, para a concessão de crédito a um cliente, além da análise

das demonstrações financeiras, urge conhecer o mercado, a capacidade instalada,

ao grau de tecnologia, a capacidade administrativa e profissional dos dirigentes,

entre outras.

4.1.2.1.4 Política de crédito

A política de crédito tem como objetivo básico a orientação das decisões

tendo em vista os objetivos desejados e estabelecidos, estando diretamente

relacionada com a função financeira do investimento. Silva (2008, p. 80) define-a

como: “um guia para a decisão de crédito, porém não é a decisão; rege a concessão

de crédito, porém não concede o crédito; orienta a concessão de crédito para o

objetivo desejado, mas não é o objetivo em si”.

Page 103: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

102

Uma política de crédito determina se a empresa vai atuar no mercado de

forma conservadora ou agressiva. Dessa forma, se a estratégia da empresa é

aumentar o volume de vendas, por exemplo, deverá adotar uma política de crédito

mais liberal (agressiva). Essa postura, por outro lado, exigirá maiores investimentos

em duplicatas a receber e em estoques e, consequentemente, trará um nível de

risco maior. Por outro lado, se a estratégia da empresa é reduzir o volume de

duplicatas a receber e também de estoques, ela poderá trabalhar com uma política

de crédito mais rígida (conservadora), na qual assumirá um nível de risco menor.

Portanto, a política de crédito de uma empresa deve ser norteada da seguinte

forma: maximizar o lucro, ponderando o nível de risco a assumir e otimizando o grau

de exigência na seleção dos clientes.

4.1.2.1.5 Tomada de decisão quanto à concessão de crédito

Tomar decisão significa escolher, entre duas ou mais alternativas

disponíveis e conhecidas, aquela que melhor atenda aos objetivos estratégicos da

empresa. Este processo decisório, quando se trata de crédito é muito amplo e

complexo e requer alguns quesitos que podem auxiliar o administrador na escolha

da melhor decisão, como: experiência anterior, conhecimento sobre o assunto,

adoção de método, instrumentos e técnicas.

4.1.2.1.6 Modelos de análise e concessão de crédito

Os modelos de análise e concessão de crédito são técnicas para uma

operação sadia de concessão de créditos, de forma a analisar a capacidade de

pagamento dos clientes no vencimento, nos valores estabelecidos. Dentre esses

modelos, destacam-se os seguintes:

Page 104: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

103

4.1.2.1.6.1 Os 5 C’s do crédito

a) Caráter

O caráter refere-se à índole, ética, senso moral e à personalidade da pessoa

humana. No aspecto financeiro, o caráter está relacionado à intenção do devedor

em saldar suas dívidas, ou seja, refere-se à determinação do cliente em honrar seus

compromissos.

Segundo Silva (2008), para análise de crédito, é imprescindível que os

credores disponham de informações históricas de seus clientes junto aos bancos e

cartórios de títulos e protestos e a órgãos de proteção ao crédito. Essas informações

possibilitam analisar a conduta do cliente, no que diz respeito à pontualidade e

constância quanto à liquidação de seus títulos.

No processo de análise de crédito, é importante considerar os dados

relativos ao passado de uma pessoa ou empresa, como subsídio à tomada de

decisão, pois os hábitos de um devedor no passado podem revelar o seu caráter no

presente.

Neste contexto, o caráter, por ser o posicionamento perante uma situação, é

que demonstra a boa fé ou não do devedor.

b) Capacidade

Capacidade é a competência ou a possibilidade, habilidade do indivíduo em

honrar seus compromissos. Para Silva (2008), a capacidade de honrar o pagamento

de um determinado empréstimo pode ser analisada sob vários aspectos visando

mensurar as condições do devedor, pessoa jurídica e/ou física, a fim de verificar se

possui recursos suficientes para cumprir com suas obrigações diante do crédito

solicitado, no âmbito interno de suas atividades.

c) Condições

Para Gitman (2004, p. 518), “condições é o cenário econômico empresarial

atual, assim como quaisquer circunstâncias específicas afetando qualquer uma das

Page 105: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

104

partes com relação à transação de crédito”. Assim, existe uma série de fatores que

podem afetar o desempenho de uma empresa, como decisões governamentais,

sazonalidade do produto, empresas que concentram atividades ou safra em certa

época, moda, essencialidade, influência e sensibilidade do ramo de atividade e porte

da empresa entre outros.

d) Capital

O termo capital refere-se à situação financeira da empresa. Normalmente é

analisada por meio das demonstrações financeiras do solicitante do crédito, tendo

peso significativo os indicadores de liquidez, estrutura de capital e os de capital de

giro.

Silva (2008, p. 76), define capital da seguinte forma:

O capital se refere à situação econômico-financeira da empresa, no que diz respeito aos bens e recursos possuídos pela mesma para saldar seus débitos. Portanto, o “C” de capital é medido através da análise dos índices financeiros, tendo, evidentemente, um significado muito mais amplo que aquele que é dado à conta de capital na contabilidade.

Verifica-se, portanto, que o capital é todo o dinheiro que circula no ativo da

empresa, seja no caixa, ou em duplicatas a receber, ou seja, todo capital de giro da

empresa, além de seus imobilizados.

e) Colateral

Colateral está relacionada à capacidade do cliente em oferecer garantias

que se constituem numa segurança adicional que classificam-se em garantias reais

e pessoais. A primeira refere-se à sujeição de bens móveis ou imóveis que o

devedor confere ao credor como garantia de uma obrigação, por exemplo: alienação

fiduciária, hipoteca, penhor mercantil, caução, certificado de depósito, letra de

câmbio, nota promissória entre outros. A segunda caracteriza-se apenas pela

promessa de contraprestação feita pelo devedor ao credor, por exemplo: aval, carta

de crédito e carta de fiança. Em consonância, Silva (2008, p. 77) define como a

“capacidade do cliente em oferecer garantias complementares”, ou seja, é uma

forma do credor garantir o pagamento de sua dívida para com a empresa

fornecedora de crédito.

Page 106: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

105

4.1.2.1.6.2 Árvore de Decisão

Ross, Westerfield e Jaffe (2010) apresentam a árvore de decisão como uma

ferramenta de identificação de fluxos de caixa futuros incertos. Come (1999, p. 61)

avança comparando-a um diagrama de decisão constituído por

ramos interconectados, cada um dos quais representa um ato que o tomador de decisões deve escolher ou um evento sobre o qual o tomador de decisões deve aprender. Pode-se definir ainda como um diagrama de um problema decisório sequencial, com ramos individuais associados a decisões potenciais e sobre os quais os resultados sequenciais dos cálculos de valores esperados podem ser exibidos.

De posse dos dados relevantes para a decisão de concessão de crédito,

procura-se, em vista da experiência passada, estimar os custos associados às três

alternativas: conceder crédito, rejeitar o pedido e adiar a decisão até ser obtida uma

informação adicional. Escolhe-se a alternativa que apresentar o menor custo

esperado.

4.1.2.1.6.3 Credit Scoring

Este modelo utilizado para análise da concessão de crédito é analítico e

automatizável, e nele são estabelecidos “pontos” e “pesos” para cada um dos itens

considerados relevantes no processo de concessão de crédito. Geralmente os itens

a serem pontuados são os seguintes:

Pessoa física: sexo, idade, renda, tempo de serviço, nível de

escolaridade, bens móveis e imóveis em nome do solicitante do crédito,

cartões de crédito, tempo de residência dos imóveis, etc;

Pessoa jurídica: nível de faturamento, índices de liquidez, nível de

endividamento, imóveis próprios, etc.

Para cada um dos itens descritos acima, o cliente recebe um range (discreto

ou contínuo) e de acordo com a classificação ou posicionamento recebida são

atribuídas notas, em critérios previamente estabelecidos, que servirão como

parâmetro para a análise. No final, Ross, Westerfield e Jaffe (2010) relatam que, a

soma delas estabelece a nota final do solicitante do crédito denominada o seu credit

score . A partir daí, levando-se em conta essa nota, são definidas as condições do

crédito.

Page 107: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

106

4.1.2.1.6.4 Behavioural Scoring

Este modelo é similar ao Credit Scoring, pois também é operacionalizado por

meio do estabelecimento de notas para se chegar à nota final do solicitante de

crédito, porém, com a diferença de que o Behavioural Scoring se destina a clientes

já existentes, que já possuem histórico de crédito junto à empresa. Aqui, as notas

serão estabelecidas em função de seu comportamento, verificado nos períodos

anteriores. Como exemplos de itens considerados neste modelo podem-se destacar

os seguintes:

Pontualidade nos pagamentos.

Volume das compras.

Pagamentos antecipados; etc.

Assim, o Behavioural Scoring, objetiva auxiliar as decisões de negociação,

renegociação e determinação do valor da parcela da dívida, a partir do histórico do

cliente junto à empresa.

4.1.2.1.6.5 Redes neurais

As redes neurais resultaram de pesquisas de inteligência artificial, podendo

ser definidas como um modelo teoricamente capaz de produzir uma resposta

adequada para um determinado problema, mesmo quando as informações são

incompletas ou quando não existe nenhum procedimento determinado para resolver

o problema.

De acordo com Come (1999), os modelos artificiais de sistemas neurais

(ANS - Artificial Neural Systems) procuram reproduzir os sistemas biológicos do

cérebro do homem, por meio de imitação das funções básicas dos neurônios

humanos. A simulação do funcionamento dos neurônios serve como a unidade

básica funcional de um ANS, assim como o código binário serve como a unidade

básica dos computadores digitais.

Page 108: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

107

4.1.2.1.6.6 Modelo de Buckley

Este modelo foi desenvolvido por John W. Buckley, com o objetivo de

solucionar os problemas relacionados à concessão de crédito.

Segundo Come (1999, p. 65), o funcionamento deste modelo exige a

consideração simultânea de três modelos interativos, a saber:

Marketing: cuja função é diferenciar o risco de crédito em termos

quantitativos.

Estatístico: sua função é fornecer o conhecimento necessário sobre as

características da população. Nele, utilizam-se três modelos de

distribuição. O primeiro é uniforme utilizado com grandes populações,

cujas características são conhecidas; o segundo é o de Gauss, utilizado

em grandes populações cujas características não são conhecidas, mas

assume-se que seguem uma distribuição normal; e o terceiro é o de

Poisson, utilizado para pequenas populações com baixo risco de crédito.

Contábil: segue as relações definidas na análise custo-volume-lucro. No

desenvolvimento de seu modelo, Buckley assume que os custos fixos

não variam em nenhum momento em relação ao volume de vendas e que

os custos variáveis variam de forma direta e proporcional às mudanças

no volume vendido.

Para se chegar a uma conclusão, esses três modelos devem ser integrados

em um novo e único, chamado de “modelo sistêmico de crédito”, no qual as

variáveis em análise são consideradas simultaneamente.

4.1.2.2 Política de cobrança

Cobrança pode ser definida como sendo o ato de buscar o recebimento das

contas em atraso. Uma empresa que trabalha com vendas ou presta serviços a

prazo deve preocupar-se, primeiramente com concessão de crédito e, em seguida,

após aprovar o crédito ao requerente, com a obtenção de uma política de cobrança

eficiente na recuperação do mesmo.

De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2008), a política de cobrança é

definida após a de crédito e envolve o monitoramento de contas a receber, para

Page 109: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

108

detectar problemas e obter o pagamento daquelas em atraso. Em contrapartida,

para Hoji (2003, p. 133) “a política de cobrança deve ser implementada em conjunto

com a política de crédito”. Diante desses dois posicionamentos, é prudente ressaltar

que a concessão não deve ser facilitada demasiadamente para, posteriormente, ter

de aplicar rigidez na cobrança, ou vice-versa. A avaliação de crédito deverá ser mais

rigorosa se já for esperada a dificuldade de cobrança no ato da concessão do crédito

a determinados clientes.

Segundo Gitmann (2004), as políticas de cobrança são procedimentos

utilizados pelas empresas para cobrar as contas vencidas de seus clientes, mas a

eficiência delas pode ser avaliada quando observamos o nível de perdas com

débitos incobráveis. Ross, Westerfield e Jaffe (2010, p. 647), descrevem os

procedimentos que geralmente uma empresa adota no caso de clientes em atraso:

envia uma carta ao cliente informando-o de que a conta está vencida, telefona ao

cliente, contrata uma agência de cobrança e move uma ação contra o cliente.

Uma política de cobrança eficiente não reduz a inadimplência entre os

clientes de uma empresa, mas pelo menos minimiza as perdas que esta poderá ter

com estes clientes. A política de cobrança não é um fator único, mas um conjunto de

ações praticadas no dia-dia da empresa na busca de alcançar resultados.

4.1.3 Administração de estoques

A administração de estoques é um dos fatores mais importante para a

adequada gestão financeira de uma empresa, tanto em função do valor expressivo

dos itens mantidos em estoque, como também, em função de sua associação direta

com o ciclo operacional da empresa.

Assim como os valores das contas a receber, os níveis de estoque também

dependem em grande parte do volume de vendas, distinguindo-se no seguinte

aspecto: enquanto os valores a receber surgem após a realização das vendas, os

estoques precisam ser adquiridos antes da realização das vendas.

Gitman (2004, p. 713) define o estoque como ativos circulantes necessários

que “possibilitam o funcionamento dos processos de produção e vendas com um

mínimo de distúrbio e, como as duplicatas a receber, representam um investimento

significativo por parte da maioria das empresas”.

Page 110: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

109

Para Ross, Westerfield e Jordan (2008), os estoques são classificados em

três categorias, a saber: estoque de matérias-primas são itens adquiridos pela

empresa para a elaboração de produtos acabados; estoque de produtos em

elaboração, que são itens ainda presentes no processo de produção; e estoque de

produtos acabados que são itens que foram produzidos, mas ainda não vendidos.

Na visão de Gitman (2004), cada departamento da empresa tem uma visão

do nível de estoque em função de seus próprios objetivos, a saber:

Administrador financeiro: manter os estoques em níveis baixos.

Gerente de marketing: manter grandes estoques de cada um dos

produtos acabados.

Gerente de produção: manter altos estoques de matérias-primas para

evitar atrasos no processo produtivo com a finalidade de reduzir os custos

unitários de produção.

Gerente de compras: manter o estoque de matérias-primas, em

quantidades certas, nos prazos desejados e a preços favoráveis com a

finalidade de obter descontos ou prever uma elevação nos preços ou

escassez de certos materiais.

O administrador financeiro da empresa deve considerar as interações entre

estoques e duplicatas a receber, quando implementarem estratégias e tomar

decisões relacionadas ao processo de produção-venda, uma vez que a

administração dessas duas contas apresenta um forte grau de relacionamento.

Gitman (2004, p. 714) explica a relação entre estoques e duplicatas a receber

da seguinte forma:

O nível e a administração dos estoques e das duplicatas a receber estão intimamente relacionados. Geralmente, no caso de empresas industriais, quando um item é vendido, passa-se dos estoques para duplicatas a receber e, finalmente, para caixa. Devido à íntima relação entre esses ativos circulantes, não se deve considerar independentes as funções de administrar estoques e duplicatas a receber. Por exemplo, a decisão de conceder crédito a um cliente poderá resultar num maior nível de vendas, que só podem ser garantidas com níveis mais elevados de estoques e de duplicatas a receber.

Assaf Neto e Silva (2007, p. 143), ao discutirem sobre a importância da

administração de estoque, enfatizam que este investimento é um dos fatores mais

relevantes para uma gestão financeira adequada. Para os autores,

Page 111: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

110

esta relevância pode ser consequência tanto da participação deste ativo no total de investimento, quanto da importância de gerir o ciclo operacional ou por ambos os motivos. São poucos os setores da economia que não apresentam como aspecto fundamental a administração financeira dos estoques.

Na maioria das empresas, o administrador financeiro não é o responsável

pela produção ou pelas compras. Em consequência, ele não se acha diretamente

envolvido na administração de estoques, mas deve ter mecanismos de controle uma

vez que os investimentos em estoques exigem a alocação de recursos financeiros

que poderão comprometer a saúde financeira da empresa. Nesse cenário, a

administração de estoque torna-se uma tarefa complexa, pois a manutenção de

estoques, em níveis acima do necessário, acarreta uma série de custos e despesas

de estocagem e, ao contrário, estoque abaixo do necessário, pode levar à perda de

vendas. O gerenciamento, portanto, deve ser direcionado para garantir que os

estoques necessários estejam disponíveis para manutenção do ritmo de produção,

ao mesmo tempo em que os custos de encomenda e manutenção de estoques

sejam minimizados.

4.1.3.1 Técnicas para a administração de estoques

De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2008), o objetivo da

administração de estoque em geral é direcionado para a minimização do custo.

Segundo Assaf Neto e Silva (2007, p. 160) a decisão de possuir estoques

deve ser comparada com os custos de sua manutenção a fim de analisar o volume

de “estoque e quando deve solicitar a reposição dos produtos que estão sendo

vendidos ou consumidos no processo de produção. A decisão de quando e quanto

comprar é uma das mais importantes a serem tomadas na gestão de estoques”.

Para solucionar os problemas de manutenção de estoque, diversas técnicas

têm sido desenvolvidas no sentido de reduzir ao mínimo o volume de estoques. Na

literatura de finanças, encontram-se vários modelos, dos quais serão apresentados

seis sistemas de forma resumida, a saber:

Page 112: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

111

4.1.3.1.1 O Sistema ABC

O Sistema ABC é uma técnica de administração de estoques que classifica os

mesmos em três categorias, por ordem decrescente de importância, quanto ao valor

dos investimentos feitos em cada uma: A> B> C.

Para Gitman (2004), uma empresa que utiliza o sistema ABC classifica o

estoque em A, B e C. A primeira categoria refere-se aos itens que exigem maior

investimento, “numa distribuição típica, esse grupo consiste de 20% dos itens totais

e representa 80% do valor do investimento total em estoques”, ou seja, a maior

parte. A categoria B inclui os itens que representam o segundo maior investimento e

a do C corresponde aos itens cujo investimento é pequeno.

O controle dos itens que compõem o grupo “A” deve ser bem mais rigoroso

que o dos demais, em função do investimento realizado. Já os itens do grupo “B”

devem ser frequentemente controlados através de verificações periódicas de seus

níveis e, por último, os itens do grupo “C” podem ser controlados por meio de

procedimentos rudimentares.

4.1.3.1.2 O modelo do Lote Econômico de Compra

De acordo com Assaf Neto e Silva (2007), o Lote Econômico de Compra foi

desenvolvido por F. Harris em 1915 e ainda continua sendo um dos modelos mais

utilizados na gestão financeira de estoques nos dias atuais.

Segundo Gitman (2004), o modelo do lote econômico de compra (LEC) é um

dos instrumentos sofisticados para se determinar a quantidade ideal de compra de

um item de estoque. Isso é em decorrência de considerar os vários custos

operacionais e financeiros envolvidos cuja finalidade é determinar a quantidade do

pedido que minimiza os custos totais de estocagem.

De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 160), este modelo possui

algumas hipóteses que precisam ser conhecidas antes de sua aplicação:

Demanda constante.

Recebimento instantâneo do estoque.

Ausência de desconto.

Inalteração de preços.

Page 113: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

112

Ausência de risco.

Dois tipos de custo: o custo de estocagem e o custo do pedido.

Análise independente de cada estoque.

4.1.3.1.3 Flexible Manufacturing Systems

De acordo com Silva (2002), o Flexible Manufacturing Systems é um software

que foi desenvolvido para ser utilizado na administração de estoques, no qual as

operações das máquinas de produção são monitoradas por computadores que

podem comandar, inclusive, a troca de ferramentas das operações de manuseio de

materiais, acessórios e estoques. Há a possibilidade do software monitorar também

o controle estatístico da qualidade. Este sistema é normalmente utilizado em

indústrias com grande diversidade de peças e produtos finais, montados em lotes.

4.1.3.1.4 Material Requirement Planning

O Material Requirement Planning é também um software que pode ser

utilizado para emitir ordens de fabricação e de compras, controlar estoques e

administrar a carteira de pedidos dos clientes. Opera em base semanal, exigindo

uma previsão de vendas no mesmo prazo, de forma a possibilitar a geração de

novas ordens de produção para a fábrica.

O sistema é capaz de operar com diversas fórmulas para cálculo dos lotes de

compras, fabricação e montagem dos diversos estoques de material em processo,

como estoque de matérias-primas, partes, submontagens e produtos acabados.

Gitman (2004) esclarece que várias empresas fazem uso do sistema MRP

(Materiais Requirement Planning) a fim de determinar o que e quando fazer o pedido

de compra, e quais as prioridades nas emissões de pedidos de materiais. Por

utilizar-se dos conceitos do LEC para indicar a quantidade que deve ser solicitada, o

sistema MRP permite que o administrador financeiro, com o uso do computador,

faça simulações referentes à lista de insumos específicos que compõem um

determinado produto, tendo como referência o estado atual dos estoques e o

processo fabril.

Page 114: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

113

O Sistema Material Requirement Planning obriga a empresa a pensar de uma

forma global acerca de suas necessidades de estoques a fim de poder efetuar

adequadamente seu planejamento de produção. Seu objetivo é reduzir os

investimentos em estoques, favorecendo o fluxo de caixa, sem causar problemas à

produção.

4.1.3.1.5 Optimized Production Technology

De acordo com Assaf Neto e Silva (2007) Optimized Production Technology

(OPT) consiste em uma abordagem de administração empresarial pautada no

conceito de gargalo, por ser mensurada por três medidas: o fluxo de materiais que

passa pela fábrica, o estoque e as despesas operacionais. Os autores enfatizam que

para a OPT, o propósito da empresa é ganhar dinheiro.

Nesse sistema, as ordens de fabricação são vistas como tendo de passar

por uma ordem de atendimento nos diversos postos de trabalho na fábrica,

enfatizando a racionalidade do fluxo de materiais ao formar uma rede de filas de

espera. Para essa situação, o Optimized Production Technology tem uma série de

regras sobre como melhorar o fluxo total de produtos da fábrica, por decisões

operacionais. Consegue-se, dessa forma, determinar as prioridades de fabricação e

as capacidades dos postos de trabalho, maximizando o uso de recursos críticos,

relativamente com baixo nível de produtos em processamento e baixo tempo total de

processamento.

4.1.3.1.6 Sistema Just-in-time

Assaf Neto e Silva (2007) comentam que o Just-in-time é uma filosofia de

gestão empresarial criado no Japão e que se baseia em dois fundamentos:

eliminação total dos estoques e produção puxada pela demanda.

No Sistema Just-in-time, a produção só começa quando existe um produto

demandado pelo cliente, ou seja, o processo está atrelado a uma demanda. Na

filosofia do Just-in-time, os equipamentos somente são utilizados quando

necessários, mesmo que isto implique uma elevação nos custos de produção em

função do período de ociosidade.

Page 115: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

114

De acordo com Gitman (2004, p. 720), o sistema Just-in-time (JIT) exige

uma exímia coordenação que deverá envolver empresa, fornecedores e transportes

a fim de que os materiais cheguem no prazo estipulado. Ele é empregado visando

minimizar o investimento em estoques, pois “os insumos devem ser recebidos no

exato momento em que serão requeridos na produção levando à redução extrema,

ou mesmo à eliminação dos estoques de segurança”, o que resulta de a empresa

manter somente estoque de produtos em elaboração.

4.1.3.2 Avaliação da decisão de estocagem

Para Assaf Neto e Silva (2007, p. 189), a decisão de estoque é também de

investimento e, por isso, urge que seja analisada a rentabilidade gerada pela

decisão ao se comparar os custos da aplicação em estoques com os prováveis

benefícios obtidos. Os autores enfatizam ainda que “a decisão de aumentar ou

diminuir o prazo de estocagem, comprar mais ou menos quantidades por lote e

melhorar o tempo do processo produtivo são típicas decisões de investimento

tomadas por uma empresa”.

Vale ressaltar que para melhor avaliar a decisão da empresa em manter ou

não certos níveis de estoque é necessário confrontar o custo da política de

estocagem com a sua rentabilidade.

4.1.4 Administração de financiamentos de curto prazo

Segundo Gitman (2004, p. 622), “uma das decisões mais importantes que

precisa ser tomada com respeito aos itens circulantes da empresa é como usar os

passivos circulantes para financiar os ativos circulantes”. Para o autor, a decisão de

financiamento de curto prazo está entre as principais funções da administração

financeira, sendo responsável muitas vezes pela permanência da empresa no

mercado, uma vez que as previsões de entrada de fluxo de caixa podem não ser

efetivadas.

No entendimento de Come (1999, p. 82):

O objetivo da administração dos itens componentes do capital de giro (caixa, contas a receber, estoques), tem como objetivo manter seus níveis os menores possíveis, necessários apenas para manutenção da

Page 116: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

115

continuidade das atividades operacionais da empresa, sem que ela fique exposta a situações de insolvência. Essa política tem como objetivo reduzir seus custos operacionais associados à manutenção desses ativos e deverá contribuir para a melhoria da lucratividade da empresa.

As oscilações no volume de venda e produção que ocorrem de forma

inevitável no dia a dia das empresas dificultam o seu gerenciamento. Assim

Brigham e Houston (1999) comentam que a maioria dos empreendimentos

experimenta flutuações sazonais e/ou cíclicas, em função das particularidades de

cada negócio. Isso implica crescimento das vendas, aumento nos volumes de contas

a receber e estoques. Posteriormente, com a diminuição do volume de vendas,

estabilizam-se, tendo em vista a existência de um grau de relacionamento

significativo entre os volumes de vendas e os níveis de estoques e contas a receber.

As empresas, no dia a dia, deveriam utilizar-se das receitas operacionais de

um ciclo para financiar as necessidades financeiras do ciclo seguinte, mantendo,

dessa maneira, um equilíbrio nos saldos de seus recursos a curto prazo. A

transferência de recursos dentro do ciclo de conversão de caixa (caixa - estoques -

contas a receber - caixa) possibilitaria a manutenção do nível ideal de capital de giro

definido pela empresa, não sendo necessário, portanto, novos aportes ou

financiamentos. No entanto, no cotidiano das empresas, essa situação raramente

ocorre, devido às variações que, inevitavelmente, acontecem no volume de vendas,

o que interfere significativamente nos níveis necessários de capital de giro.

De acordo com Assaf Neto e Silva (2007), as necessidades de financiamento

das empresas podem ser divididas da seguinte forma:

Permanentes: são representadas pelo valor dos ativos permanentes mais

os ativos circulantes permanentes da empresa, representadas pelo nível

mais baixo observado durante o ciclo, permanecendo inalteradas ao longo

do ano.

Sazonais ou temporárias: são aquelas atribuídas à variação de

determinados itens do ativo circulante e alteram-se ao longo do ano,

proporcionalmente à variação desses itens.

As necessidades de financiamento citadas acima podem tanto ser supridas

por recursos oriundos do patrimônio líquido da empresa como por financiamentos de

terceiros.

Page 117: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

116

4.1.4.1 Características do financiamento de curto prazo

De acordo com Come (1999, p. 87), existe sempre a necessidade de

obtenção de financiamento de curto prazo, para cobrir as necessidades de recursos

das empresas que possuem três características, a saber:

Rapidez na obtenção do empréstimo: se comparada aos empréstimos de

longo prazo, a obtenção de empréstimos de curto prazo é mais rápida,

pois exige um exame menos detalhado da situação econômico-financeira

da empresa, haja vista que a ocorrência de fatores que poderiam alterar a

capacidade de pagamento da mesma, num intervalo curto de tempo, é

menos provável;

Flexibilidade: é sabido que as empresas necessitam de recursos,

sazonais ou cíclicos, para suas atividades do dia a dia e, na maioria dos

casos, preferem obtê-los com financiamentos de curto prazo. Essa

preferência se justifica pelas características dos empréstimos de longo

prazo, que têm menor flexibilidade em relação aos de curto prazo. De

acordo ainda com o autor, essa menor flexibilidade justifica-se, em

primeiro lugar, pelos custos operacionais envolvidos na captação desses

empréstimos e pelo envolvimento dos gestores no esforço para obtenção

dos mesmos, que se tornam maiores do que os relacionados a crédito

rotineiro de curto prazo. Em segundo lugar, caso a empresa consiga

recursos antes do vencimento, o pagamento antecipado nem sempre é

vantajoso do ponto de vista financeiro. Em terceiro lugar contratos a longo

prazo pode estabelecer condições que restrinjam algumas atitudes das

empresas, como a manutenção de ativos reais em garantia do contrato

(bens do ativo imobilizado ou caução de matéria prima).

Riscos de renovação das dívidas de curto prazo: a renovação dos

empréstimos a curto prazo traz alguns riscos, pelo fato deles exigirem

renovações mais frequentes. Nesse processo, existem dois riscos

associados que precisam ser analisados quando da sua contratação. O

primeiro refere-se à elevação dos juros, na época da renovação do

empréstimo, que pode causar um aumento expressivo nos custos

financeiros da empresa, impossibilitando a sua renovação. O segundo

Page 118: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

117

risco refere-se às variações nas condições operacionais da empresa:

essas variações e até mesmo a alteração das condições de mercado,

como nas taxas de juros, limitação do crédito e incidência de novos

impostos, podem levar o fornecedor do crédito a não renovar os limites

concedidos, exigindo a liquidação dos valores emprestados à empresa.

Nesse caso, a incapacidade financeira da mesma em liquidar essas

dívidas pode conduzi-la a uma situação de insolvência.

4.1.4.2 Fontes do financiamento a curto prazo

Os riscos inerentes às operações de financiamento de curto prazo dependem

da modalidade do financiamento, cada uma tem suas particularidades e, por

consequência, seus riscos.

Conforme Come (1999, p. 90), há basicamente três tipos de financiamentos

que podem ser utilizados para suprir a demanda de recursos de curto prazo, a

saber:

Financiamentos de fornecedores: esta modalidade constitui-se numa

atraente alternativa para a empresa, principalmente nas situações em

que os empréstimos bancários apresentam custos muito elevados ou

tornam-se inacessíveis, face às condições de crédito da empresa. Essa

rubrica merece um acompanhamento contínuo por parte dos gestores,

pois pode constituir-se numa excelente fonte de capital de giro,

otimizando seu fluxo de caixa e reduzindo seus custos financeiros.

Brigham e Houston (1999) esclarecem que as contas a pagar ou crédito

de fornecedores constituem a maior categoria individual dentre as

dívidas de curto prazo, representando aproximadamente 40% dos

passivos correntes da sociedade anônima não financeira média. Essa

percentagem é um pouco maior para empresas menores; como as

pequenas não conseguem financiamento de outras fontes, elas contam

muito com o crédito de fornecedores.

Financiamentos por meio de empréstimos bancários: a maneira mais

comum de financiar um déficit temporário é a obtenção de um

empréstimo bancário. As empresas que usam essa modalidade

Page 119: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

118

geralmente solicitam a seu banco uma linha de crédito, que lhes permita

fazerem empréstimos até um limite previamente especificado. Esse

limite é denominado “Limite de Crédito” e é definido em função de uma

análise econômico-financeira-patrimonial da empresa, que aponte o risco

e o valor máximo que a mesma poderá utilizar. Os empréstimos

bancários, com créditos junto a fornecedores, constituem-se nas fontes

de recursos mais importantes para o financiamento do capital de giro da

empresa. Por outro lado, os empréstimos bancários de curto prazo

também podem inviabilizar os planos de expansão da empresa, no

momento em que suas necessidades de financiamento aumentam, e a

mesma passa a ter linhas adicionais de crédito negadas pelo banco ou

no caso em que os custos dos financiamentos são elevados e

incompatíveis com as taxas de retorno previstas nos projetos da

empresa.

Constituição de provisões: representam valores referentes às despesas

já incorridas e, portanto, já registradas pelo regime de competência, mas

que não tiveram o respectivo desembolso efetuado, constituindo-se,

dessa maneira, numa forma de financiamento da empresa, apesar de

apresentarem prazos em geral bastante curtos.

A gestão financeira de empresas está intimamente ligada à gestão do capital

de giro, que é muito importante para a manutenção do equilíbrio financeiro e

responsável pelo sucesso dos negócios. Dessa maneira, o gestor tem necessidade

de conhecer as técnicas de administração dos itens circulantes do balanço

patrimonial, relativas às origens e aplicações de recursos de curto prazo. O controle

e a administração do capital de giro, dentro de uma realidade prática, são

gerenciados sem prescindir do embasamento teórico necessário, o que leva muitas

empresas a tomarem decisões equivocadas que prejudicam a saúde financeira.

4.2 Gestão de custos

A contabilidade de custos vem ganhando destaque no mundo empresarial

como um importante instrumento para planejamento, controle e tomada de decisão.

Page 120: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

119

De acordo com Leone e Leone (2010, p. 5), o objetivo da contabilidade de custos é

“produzir informações para os diversos níveis gerenciais de uma entidade, como

auxílio às funções de determinação de desempenho, planejamento e controle das

operações e de tomada de decisões”. Para atingir tais objetivos, a contabilidade de

custos desenvolve sistemas de acumulação de dados, cria critérios de avaliação e

de apropriação de custos e prepara relatórios de controle e tomada de decisão de

acordo com a demanda de informação do usuário.

Martins (2010) relata que a contabilidade de custos surgiu com a finalidade de

controlar e avaliar estoque, mas com a intensificação da concorrência, transformou-

se em um poderoso instrumento de gestão. Dessa maneira, entende que as

empresas estão constantemente buscando melhorias em seus sistemas de

informações gerenciais, de modo a detectar falhas em seus processos, buscar

formas de maximizar a utilização dos recursos na busca de uma vantagem

competitiva a fim de evitar retrabalho e perda de competitividade.

Martins (2010, p. 22) adverte que os custos tornam-se significativos quando

da tomada de decisões em uma empresa, devido ao aumento da competitividade

que vem ocorrendo no mercado, seja ele industrial, comercial ou de serviços. Para o

autor, isso ocorre “pois devido à alta competição existente, as empresas já não

podem mais definir seus preços apenas de acordo com os custos incorridos, e sim

com base nos preços praticados pelo mercado em que atuam”.

As informações de custos são de grande relevância para a gestão

empresarial, à qual oferece subsídio para decisões como a redução da estrutura de

da empresa, expansão da capacidade instalada, lançamento de um novo produto ou

formação do preço de venda, relatórios de controle por responsabilidade, além de

oferecer informações para criação de vantagem competitiva. Leone (1997) também

entende que as informações de custos são utilizadas para elaboração da estratégia

e obtenção de vantagem competitiva como: melhoria no desempenho dos produtos

e processos, maior atenção às exigências do mercado, melhor gestão estratégica e

operacional de suas áreas de responsabilidade, entre outros.

Para se chegar ao custo do produto, torna-se necessário a utilização de

sistemas de custeio, o qual é definido por Souza (2001) como um conjunto integrado

de normas, fluxos, papéis e rotinas, operacionalizadas pelas pessoas envolvidas no

processo de mensurar o valor dos recursos consumidos na obtenção de um bem ou

Page 121: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

120

serviço. O sistema de custeio visa determinar o custo incorrido no processo de

produção dos bens ou serviços e fornecer informações para o processo decisório e

estratégico da empresa. Para Perez Júnior, Oliveira e Costa (1999, p. 30) “o objetivo

principal de qualquer sistema de custeio é determinar o custo incorrido no processo

de produção de bens ou de prestação de serviços”.

Desse modo, os gestores devem analisar as características de cada sistema

de custeio existente e adotar o que melhor se adapta à estrutura física e aos

objetivos estratégicos da organização.

4.2.1 Custeio por absorção

O custeio por absorção é uma metodologia em que os gastos são

classificados em custos e despesas, aqueles são incorporados aos produtos, e estas

são alocadas diretamente na demonstração de resultado do exercício,

independentemente da produção ou venda dos produtos.

No Brasil, essa metodologia é a única aceita pela legislação fiscal para

avaliação de estoque e elaboração das demonstrações contábeis; apesar de não ser

lógico apresentar falhas para fins decisoriais, principalmente na adoção de critérios

de rateios arbitrários dos custos fixos.

No entendimento de Crepaldi (1998), o custeio não é um princípio contábil

em si, mas uma metodologia decorrente da aplicação desses princípios de

contabilidade e consiste na apropriação de todos os custos de produção aos

produtos.

Já Martins (2010, p. 37), relata que o Custeio por Absorção “consiste na

apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados e só os de

produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para

todos os produtos ou serviços feitos”. Segundo o autor, este sistema de custeio

possui finalidade fiscal, na qual se aloca ao produto somente os custos de produção;

as despesas são alocadas diretamente à demonstração de resultado,

independentemente da venda ou produção do período. Para a gestão da empresa,

este sistema de custeio torna-se relevante, para a gestão da empresa, por meio da

divisão em departamentos e centros de custos que permite um maior controle dos

custos e despesas da mesma. Este conceito pode ser observado na figura 10:

Page 122: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

121

Figura 10 - Custeio por Absorção

Fonte: Martins (2010, p. 37)

O autor comenta que os custos fixos, ao serem rateados aos produtos,

comprometem a qualidade das informações quanto à finalidade gerencial, pois estes

existem, independentemente da produção ou não desta ou daquela unidade, e

acabam presentes no mesmo montante, mesmo que variações ocorram no volume

de produção.

Dessa maneira, entende-se que deve existir muita acurácia na distribuição

dos custos indiretos, sob pena de aliviar exageradamente os custos unitários de

certos produtos, privilegiando-os em detrimentos de outros.

Padoveze (2003) apresenta a utilização para fixação de preços de venda, o

controle de custos por meio da departamentalização e a compatibilidade com os

princípios fundamentais de contabilidade como vantagens do custeio por absorção

que é aceito pela legislação fiscal e comercial para elaboração de balanço e

demonstração de resultado. Como desvantagens, o autor destaca os problemas

referentes à comparabilidade entre os custos dos produtos com alteração no volume

de produção e a atribuição dos custos indiretos por meio de rateios, em grande

parte, arbitrários, que pode causar a distorção das informações para controle,

determinação de padrões e tomada de decisão.

Nesse sentido, infere-se que o custeio por absorção, apesar de ser exigido

para fins fiscais e possuir uma estrutura para controle dos custos, apresenta-se falho

como ferramenta de decisão.

Page 123: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

122

4.2.2 Gestão estratégica de custos

As ferramentas da gestão estratégica de custos buscam agregar valor, na

cadeia produtiva, por meio do ganho de produtividade, qualidade e no contínuo

processo de melhoria e eliminação de desperdício, ao buscar desenvolver uma

vantagem competitiva.

A vantagem competitiva surge a partir do valor que a empresa cria para seus

clientes, como menores preços para bens equivalentes ou oferta de bens exclusivos

e de valor adicionado, situação essa em que a importância do preço é superada

pelos benefícios reconhecidos pelos clientes.

Nesse sentido, Porter (1989) faz referência às estratégias genéricas,

liderança de custo, de diferenciação e de enfoque. A primeira é resultante de um

permanente controle dos custos, desde o projeto do produto, durante sua produção,

distribuição e até sua assistência pós-venda. A segunda busca atender às

necessidades e preferências dos clientes com produtos personalizados, agregando

valor. E estratégia de enfoque seleciona um público-alvo e direciona esforços para

atendê-lo, de forma mais efetiva do que fazem seus concorrentes.

As três estratégias de Porter (1989) possuem diversas particularidades para

serem operacionalizadas como recursos, habilidades, layout diferente, controles e

sistemas criativos para levantamento das informações.

De acordo com a visão de Porter (1992, p. 59), “o ponto de partida para

análise de custos é definir a cadeia de valores de uma empresa e atribuir custos

operacionais e ativos a atividades de valor”. Os custos operacionais devem ser

atribuídos às atividades em que são incorridos. Já os ativos devem ser atribuídos às

atividades que empregam, controlam ou exercem maior influência sobre seu uso,

como também, serem avaliados de uma forma consistente que atribui a eles valores

por meio de dois métodos: o contábil ou o de substituição.

Neste contexto, a gestão estratégica de custos envolve cadeia de valor,

posicionamento estratégico e direcionadores de custos. Para Shank e Govindarajan

(1997), cadeia de valor é o conjunto de atividades que agregam valor desde as

fontes de matérias-primas básicas, até o consumidor final. O posicionamento

estratégico compreende as oportunidades ambientais externas, os recursos

existentes, a definição de metas e um conjunto de planos de ação para alcançá-los.

Page 124: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

123

E os direcionadores de custos, segundo os autores, estão divididos em

direcionadores estruturais e de execução. Os primeiros estão relacionados com

escalas de produção tecnologia e escopos e os últimos envolvem a capacidade de

executá-los com qualidade.

Shank e Govindarajan (1997), corroboram ao afirmarem que a gestão

estratégica de custos é uma análise de custos vista sob um contexto mais amplo, em

que os elementos estratégicos tornam-se mais conscientes, explícitos e formais.

Aqui, os dados de custos são usados para desenvolver estratégias superiores a fim

de se obter uma vantagem competitiva.

Martins (2010) complementa que os sistemas de custos desenvolvidos na era

da revolução industrial não proporcionam a eficiência e eficácia das informações

para a nova realidade, necessitando-se da adoção de métodos mais sofisticados

para apoiar as estratégias empresariais e as tomadas de decisões. Os sistemas

tradicionais de custeios impossibilitam aos gestores a tomada de decisões

estratégicas, que visem à eliminação de desperdícios e à melhoria contínua.

No entendimento de Nakagawa (1995), as razões básicas dessa perda de

relevância dos sistemas tradicionais residem no fato de que distorcem os custos dos

produtos e não permitem adequada gestão e mensuração estratégica das atividades

relacionadas à produção dos mesmos. Destacam-se para tais finalidades o custeio

variável, Activity Based Costing, Target Costing e Custeio Padrão.

4.2.3 Custeio variável

O custeio variável é uma metodologia destinada à tomada de decisão.

Aloca-se aos produtos somente os custos variáveis; os fixos são alocados

diretamente na demonstração de resultado. Assim, o custo dos produtos vendidos e

os seus estoques finais em elaboração e/ou acabados só conterão custos variáveis.

Os custos fixos recebem tratamento semelhante às despesas, ou seja, são lançados

diretamente na demonstração de resultado independentemente da produção ou

venda dos produtos no período. Martins (2010, p. 198) confirma, relatando que “no

custeio variável, só são alocados, aos produtos, os custos variáveis, ficando os fixos

separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o

resultado; para os estoques só vão, como consequência, custos variáveis”.

Page 125: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

124

Já Leone (1997, p. 341) destaca as vantagens deste sistema de custeio:

A apresentação imediata da margem de contribuição.

A geração de informações para a administração, quando se deseja saber, com segurança, quais produtos, linhas de produtos, departamento, territórios de vendas, clientes e outros segmentos (ou objetivos) que são lucrativos e quando a Contabilidade de custos deseja investigar os efeitos inter-relacionados das mudanças ocorridas nas quantidades produzidas e vendidas, nos preços e nos custos de despesas.

Os custos periódicos não se “escondem” nos estoques de produtos fabricados e em andamento, fazendo com que as figuras de lucro não sejam ilusórias.

Os custos fixos, periódicos e repetitivos, da forma como são destacados nas demonstrações de resultado, facilitam a visão do administrador sobre o montante desses custos e despesas e a influência que têm sobre o lucro dos negócios.

Facilidade para se acoplar aos demais sistemas de custos.

Vale ressaltar que esse método de custeio não é aceito para fins fiscais.

Martins (2010) explica que o mesmo fere os princípios fundamentais de

contabilidade: Competência e a Confrontação. Entretanto isso não impede que a

empresa o utilize para efeito interno.

O resultado pelo custeio variável sempre acompanha o volume das vendas,

enquanto que no Custeio por Absorção, necessariamente, não ocorre devido à

incorporação de custos fixos aos estoques.

Pelo exposto, entende-se que o custeio variável é indicado às empresas que

apresentam custos variáveis como uma parcela expressiva dos custos totais. Este

sistema de custeio oferece um conjunto de ferramentas de grande valia para a

gestão como: margem de contribuição, análise do ponto de equilíbrio, decisão entre

comprar ou produzir, alavancagem, entre outras.

4.2.3.1 Margem de contribuição

A margem de contribuição é um dos instrumentos mais utilizados no

processo decisório. Permite uma visão rápida e objetiva do quanto cada produto

está contribuindo para pagar os custos fixos e gerar lucratividade. Crepaldi (1998)

define que este instrumento é uma parcela do preço de venda que ultrapassa os

custos e despesas variáveis, o que é utilizado para amortizar os custos fixos e

formar o lucro.

Page 126: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

125

Para Martins (2010), a margem de contribuição é dada pela diferença entre a

receita e a soma dos custos e despesas variáveis e não apenas pela receita e custo

variável. Para o cálculo deve ser considerada a receita líquida, já deduzidos os

tributos sobre ela, conforme fórmula, a saber:

variáveis) despesas + variáveis (custos - venda de receita = ãocontribuiç de Margem

Já Warrem, Reeve e Fess (2003, p. 96) esclarecem que a margem de

contribuição é a relação entre custo, volume e lucro, é o excesso da receita de

vendas sobre os custos variáveis, conforme é explicitado na fórmula apresentada.

Segundo os autores, o conceito “Margem de contribuição é especialmente útil no

planejamento empresarial porque fornece informações sobre o potencial de lucro da

empresa”.

Para Leone e Leone (2010), este instrumento propicia informações para

decisões como a diminuição ou expansão de uma linha de produção, avaliação das

alternativas provenientes do mix de produção e venda e de propagandas especiais,

verificação se é economicamente interessante aceitar um pedido ou não, como

também verificação de quais produtos, pedidos e clientes são mais lucrativos para a

empresa.

Nesse mesmo sentido, Crepaldi (1998) relata que a informação fornecida

pela margem de contribuição oferece subsídio às decisões dos gerentes quanto a

aumentar ou não uma linha de produção, decidir sobre estratégias de preço,

serviços ou produtos e avaliar o desempenho.

4.2.3.2 Análise de relações custo-volume-lucro

Análise de custo-volume-lucro é uma das mais básicas ferramentas para o

gerenciamento de uma empresa. Analisa o comportamento das receitas e dos

custos totais de acordo com o volume das operações. Dessa maneira, os

administradores usam essa análise como uma ferramenta para apoiar decisões

relacionando as variações no preço, nos custos e no volume vendido e seu reflexo

no resultado da empresa.

Page 127: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

126

Para Horngren, Sundem e Stratton (2004), a análise custo-volume-lucro

proporciona uma ampla visão financeira do processo de planejamento, examinando

o comportamento das receitas totais, dos custos e do lucro, à medida que ocorre

uma mudança no nível de atividade. Maher (2001) reforça a importância da análise

custo-volume-lucro para analisar como uma expansão do volume de produção

impacta no custo e no lucro da empresa.

Martins (2010) explicita que custo ou despesa são fixos dentro de certos

limites de oscilação da atividade, ou seja, dentro da capacidade instalada. Assim a

função-receita e a função-custo não são lineares.

Em relação ao planejamento e controle empresariais, a análise custo-volume-

lucro fornece importantes subsídios que facilitam a elaboração de orçamentos, bem

como, a projeção do lucro; dado que a análise supõe conhecido o comportamento

dos custos e despesas, em relação ao nível de atividade que constitui um requisito

indispensável para a elaboração de qualquer orçamento.

Finalmente, cabe salientar que a análise custo-volume-lucro pode ser

aplicada tanto em empresas industriais, quanto em empresas de serviços, públicas

ou privadas, com ou sem fins lucrativos.

4.2.3.2.1 Ponto de equilíbrio

O ponto de equilíbrio é o ponto em que os custos e as despesas totais se

igualam à receita. Para Atkinson et al. (2000), ele determina o volume de produção

no qual o lucro do negócio se iguala a zero.

Após o ponto de equilíbrio, segundo Martins (2010), cada Margem de

contribuição unitária que, até nele foi usada para a cobertura dos custos e despesas

fixas, passa a contribuir para a formação do Lucro, conforme figura 11.

Figura 11 - Ponto de equilíbrio

Fonte: Atkinson et al. (2000, p. 195)

Page 128: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

127

O cálculo do ponto de equilíbrio atende a várias necessidades gerenciais

das empresas, dos quais Santos (2005) destaca:

Alteração do mix de vendas, tendo em vista o comportamento do

mercado.

Alteração da política de vendas com relação a lançamentos de novos

produtos.

Definição de mix de produtos, do nível de produção e preço do mesmo;

Solução para várias dúvidas dos gerentes como: quantas unidades

devem ser vendidas para atingir certo lucro; o que acontecerá se o preço

aumentar ou diminuir e qual o desempenho do produto levando-se em

conta a análise do lucro marginal de cada produto, entre outros.

Para Martins (2010) há pelo menos três tipos básicos de ponto de equilíbrio: o

Contábil, o Econômico e o Financeiro. O ponto de equilíbrio Contábil corresponde ao

momento em que a soma das margens de contribuição é suficiente para cobrir todos

os Custos e Despesas Fixas, chegando-se ao Lucro zero. É calculado pela seguinte

fórmula:

unitária ãocontribuiç de margem

f ixas despesas + fixos custos = contábil equilíbrio de Ponto

Já o ponto de equilíbrio econômico é o momento em que soma das margens

de contribuição é suficiente para cobrir todos os Custos e Despesas Fixas mais um

lucro mínimo desejado. É calculado pela seguinte fórmula:

unitária ãocontribuiç de margem

desejado lucro + fixas despesas + fixos custos = econômico equilíbrio de Ponto

O último tipo, o ponto de equilíbrio financeiro, corresponde à soma das

margens de contribuição que deve totalizar o suficiente para que se cubra todos os

Custos e Despesas Fixas que provocam desembolso de caixa. É calculado pela

seguinte fórmula:

Page 129: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

128

unitária ãocontribuiç de margem

odepreciaçã - fixas despesas + fixos custos = financeiro equilíbrio de Ponto

Padoveze (2010) corrobora exaltando a importância do ponto de equilíbrio,

tanto calculado de forma global, tanto por produto individual, pois identifica o nível

mínimo de atividade em que a empresa ou cada divisão deve operar.

4.2.3.3 Limitações da capacidade de produção

A maioria das empresas possui fatores que a limitam de atender toda a

demanda do mercado, que as determina incentivar a venda do produto que mais

contribuirá para o lucro da empresa. Para Martins (2010), quando não há limitações

na capacidade produtiva, deve a empresa incentivar o produto que apresentar uma

maior margem de contribuição unitária. Já, quando apresenta algum fator que a

limita de atender ao mercado, a ela deve incentivar o produto que apresentar maior

margem de contribuição, pelo fator limitador da capacidade.

4.2.3.4 Custos fixos identificados

Os custos fixos para decisões gerenciais precisam ser estudados

detalhadamente e não apenas rateados fazendo uma parte pertencer a cada

unidade do produto.

De acordo com Martins (2010), com o crescente desenvolvimento

tecnológico e a busca de redução de custos, as empresas buscam produzir vários

produtos utilizando-se da mesma estrutura física, o que gera o aumento dos custos

fixos identificados. Dessa maneira, as empresas passaram a produzir vários itens

sob a mesma linha de produção, usando os mesmos custos indiretos, ou fixos, e

nesse caso o corte de um produto, que aparentemente apresenta-se deficitário pelo

custeio por absorção, poderá reduzir ainda mais o resultado da empresa.

Page 130: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

129

4.2.3.5 Alavancagem

A alavancagem é o uso de despesas e custos fixos a fim de aumentar os

retornos dos proprietários da empresa. Quanto maior a alavancagem, maior o risco

e, consequentemente, o retorno. A aplicação da alavancagem operacional e

financeira na avaliação de uma empresa permite que se conheça sua viabilidade

econômica, ao identificar as causas que determinaram eventuais variações nos

resultados. De acordo com Assaf Neto e Lima (2009), existem três tipos de

alavancagem, a saber:

4.2.3.5.1 Grau de Alavancagem Operacional:

Para Assaf Neto e Lima (2009), esse indicador apresenta a capacidade da

empresa de aumentar seus lucros com o acréscimo de vendas, com apoio em

determinado nível de custos e despesas operacionais fixos. É calculado pela

seguinte fórmula:

atividade da volume no ariação V

loperaciona lucro no Variação = lOperaciona em Alavancagde Grau

4.2.3.5.2 Grau de Alavancagem Financeira

Na visão Gitman (2004) esse indicador resulta da presença de encargos

financeiros fixos no fluxo de lucros da empresa. Quanto maior for o uso desses

encargos, maior será o Grau de Alavancagem Financeira. É calculado pela fórmula:

loperaciona lucro percentual ção Varia

líquido lucro no percentual Variação = Financeira em Alavancagde Grau

4.2.3.5.3 Grau de Alavancagem Total

Esse indicador é definido por Leone e Leone (2010) como resultado dos

custos fixos operacionais e financeiros. É calculado pela fórmula:

Page 131: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

130

Financeira agem Alavanc

de Grau x lOperaciona em Alavancagde Grau = Total em Alavancagde Grau

Padoveze (2010, p. 377) comenta que a Alavancagem é o “acréscimo do

lucro total pelo incremento da quantidade produzida e vendida, buscando a

maximização do uso dos custos e despesas fixas”, ou seja, este indicador é uma

ferramenta importante para a gestão financeira, pois favorece a tomada de decisão

quanto ao risco da empresa e à elaboração da estratégia competitiva.

4.2.4 Activity Based Costing

O Activity-Basead Costing, conhecido como custeio baseado em atividades,

é uma ferramenta para o gerenciamento de custo que busca relacionar um conjunto

de atividades que estão interligadas aos desejos dos clientes e custos. Constitui-se

de um processo para determinar, alocar e medir o custo das atividades de uma

organização.

No entendimento de Atkinson et al (2000),o Activity-Basead Costing é uma

ferramenta de custeio, no qual atribui os custos de apoio aos produtos à proporção

de demanda que cada produto exerce sobre as atividades. Uma atividade é definida

pelos referidos autores como uma unidade de trabalho ou tarefa com objetivo

específico. Nesse sentido, define-se como uma tarefa executada por uma pessoa ou

por uma equipe, quando se exigem habilidades homogêneas e possui, efetivamente

ou potencialmente, uma importância na performance econômica da unidade em

estudo.

Já para Martins (2010, p. 87), o Activity-Basead Costing “é um método de

custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio

arbitrário dos custos indiretos” obrigatório no Custeio por Absorção. Pode ser

aplicado também aos custos diretos, principalmente à mão de obra direta. A

diferença fundamental entre o Activity-Basead Costing e os “sistemas tradicionais”

está no tratamento dado aos custos indiretos. Pode-se, ainda, analisar graficamente

a diferença existente entre o custeio baseado em atividades e os seus métodos

tradicionais (absorção e variável).

Page 132: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

131

Ainda na visão do referido autor, o Activity-Basead Costing possui duas

gerações. Na primeira, o conceito de atividade é limitado ao contexto de cada

departamento, numa visão exclusivamente funcional e de custeio de produto. E na

segunda, foi concebido de forma a possibilitar a análise de custos por meio da visão

econômica de custeio (no sentido em que se apropriam os custos aos objetos de

custeio por meio das atividades realizadas em cada departamento) e da visão de

aperfeiçoamento de processos (no sentido em que os custos dos processos são

captados por meio das atividades realizadas nos vários departamentos funcionais).

O Custeio por Absorção tem o objetivo de avaliar adequadamente o produto e

o Activity-Basead Costing objetiva conhecer o custo indireto e a rentabilidade dos

produtos e dos clientes. Iudícibus (1998) reconhece que o Activity-Basead Costing

possui algumas vantagens em relação ao método tradicional, as quais estão

relacionadas a um rastreamento mais racional dos custos, provendo uma absorção

mais criteriosa, acurada e menos arbitrária. Contudo, o autor ressalta que o Activity-

Basead Costing não deixa de ser um custeio por absorção com melhorias.

Martins (2010) defende que a maioria das críticas, quanto ao uso do Activity-

Basead Costing, está no problema do rateio dos custos fixos. Defende, ainda, que o

uso do Activity-Basead Costing é de grande importância por identificar o custo das

atividades e dos processos e por permitir uma visão mais adequada para a análise

da relação custo/benefício de cada uma dessas atividades e processos.

No custeio Activity-Basead Costing, os custos diretos como mão de obra

direta, matéria prima e demais custos são alocados diretamente aos produtos. Os

gastos e as despesas indiretas de fabricação são alocados aos produtos em dois

estágios.

O primeiro corresponde à alocação dos recursos indiretos aos centros de

custos, que agrupa certo número de atividades, por meio dos direcionadores de

recursos. A partir desse estágio, é calculado o custo de cada atividade. E o segundo,

à alocação dos custos de cada atividade aos produtos ou a outras entidades/objetos

de custeio (processos, mercados, clientes, etc.) que as consomem, por meio de

direcionadores de atividades.

Page 133: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

132

4.2.5 Target Costing

Target Costing consiste em uma metodologia estratégica de redução de custo

desde a fase de concepção até o pós-venda do produto. É um processo para

assegurar que produtos e serviços sejam projetados utilizando a engenharia de

valor, de tal forma, que uma empresa possa vendê-los a um preço mais acessível e

ainda resultar em um lucro mais justo.

Segundo Ono e Robles Júnior (2004), anteriormente a técnica da Engenharia

de Valor era uma abordagem organizada da engenharia para determinar como

produzir os produtos frente à escassez de materiais. Mais tarde, tornou-se um

esforço organizado para examinar como fornecer as características ou funções

necessárias em um produto a um menor custo.

O processo do Target Costing pode ser dividido em três fases de acordo com

Cooper; Slagmulder (1997), a saber:

Primeira fase: identifica os custos aceitáveis para cada produto. É com

esse custo que o produto deve ser feito para que se atinja as margens de

lucro alvo e possa ser aplicado a ele o preço de venda esperado.

Segunda fase: identifica o custo-meta do produto base, o qual é feito para

ser atingido, mas que só ocorrerá se os projetistas aplicarem grandes

esforços e criatividade na fase de projeto.

Terceira fase: identifica o custo-meta de cada componente do produto.

Busca-se, nesta fase, que as empresas fornecedoras descubram maneiras

de oferecer seu produto com o custo-meta determinado, mantendo um

retorno financeiro adequado.

Em consonância a este suporte teórico, Ono e Robles Júnior (2004) enfatizam

que a busca constante pela sobrevivência empresarial é o principal objetivo quando

as empresas estão assoladas pelo excesso de capacidade, pela concorrência

intensa ou por mudanças no desejo dos consumidores. Os lucros tornam-se menos

importantes que a sobrevivência, desde que os preços cubram os custos variáveis e

alguns custos fixos, para que a empresa continue a funcionar. Entretanto, a

sobrevivência é um objetivo de curto prazo, pois a longo prazo, a empresa terá que

aprender a agregar valor aos seus produtos para se manter no mercado.

Page 134: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

133

4.2.6 Custeio Padrão

O Custeio Padrão é uma ferramenta imprescindível para controle dos custos,

das operações e das atividades da empresa. Souza (2001) entende que conhecer

ou determinar antecipadamente a mais provável ocorrência de um determinado

evento é algo que tem chamado a atenção da área de gestão de custos,

principalmente no que tange ao direcionamento de decisões, controle e avaliação de

desempenho.

Garrison e Noreen (2001) comentam que o Custeio Padrão é como uma

referência ou “norma” para a avaliação de desempenho. O processo de

estabelecimento dos preços e quantidades padrões requer o esforço conjunto de

contadores, engenheiros e outras pessoas da gerência envolvidas nos processos da

empresa. Na ótica de Warren, Reeve e Fess (2003), todas as empresas de serviços,

comerciais e industriais podem usar padrões para avaliar e controlar operações.

De acordo com Martins (2010), os sistemas contábeis que usam padrões para

os custos são chamados de sistemas de custo-padrão e permitem à gerência

determinar: quanto um produto deverá custar (custo-padrão), quanto ele custa (custo

real) e as causas de suas diferenças (variações de custo). Observa-se que o grande

objetivo dos sistemas de custo padrão é o de fixar uma base de comparação entre o

que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido

O referido autor destaca a existência de dois tipos de padrões: o ideal e o

corrente. O primeiro, padrão ideal, só pode ser alcançado nas melhores

circunstâncias e não admite falha nos equipamentos ou outras interrupções no

trabalho. É pouco utilizado pelas empresas, pois os gerentes concordam que o

padrão ideal pode desestimular mesmo os empregados mais diligentes. Já o

segundo, o padrão corrente, é o mais passível de ser alcançado, pois admite tempo

de paralisação normal das máquinas e período de descanso dos empregados.

Pelo exposto, entende-se que o Custeio Padrão é um instrumento de controle

de custos a nível operacional, geralmente baseado em pressupostos estratégicos de

engenharia e é muito eficaz quando aplicado a linhas de produção.

Page 135: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

134

4.3 Orçamento empresarial

As empresas, para atingirem seus níveis ideais de lucro, precisam, além de

acompanhar a evolução tecnológica, elaborarem um orçamento, controlado

administrativamente, de forma a assegurar que todos os departamentos funcionem

de acordo com as políticas da empresa e garantam que as metas estabelecidas

pelos gestores sejam alcançadas.

Segundo Lunkes (2008), a necessidade de orçar é tão antiga quanto a

humanidade. Os homens das cavernas precisavam prever a necessidade de comida

para os longos invernos e, devido a isso, desenvolveram práticas antigas de

orçamento. Há vestígios dessas práticas formais até mais antigas que a origem do

dinheiro.

Padoveze (2005) define orçamento como a expressão formal e quantitativa de

planos de curto prazo e explica que o orçamento caracteriza-se pela quantificação e

mensuração econômica das atividades planejadas e programadas para o próximo

exercício. Algumas empresas adotam o procedimento orçamentário com projeções

para mais um exercício social (dois ou cinco anos). O referido autor entende que

esse é um procedimento dispendioso e desnecessário.

Segundo Hansen e Mowen (2001), o processo orçamentário pode variar do

processo relativamente informal executado por uma pequena empresa, para um

procedimento detalhadamente elaborado, de diversos meses, empregado por

grandes empresas. As características-chave do processo incluem dirigir e coordenar

a compilação do orçamento.

Nessa mesma direção, Frezatti et al. (2009, p 53) relata que o orçamento é

uma forma de controle gerencial que corresponde “ao conjunto de processos pelos

quais os gestores devem assegurar que os planos sejam efetivamente realizados

para alcançar os objetivos e metas organizacionais”.

De acordo com Oliveira (2009 a), o orçamento é a expressão, em termos

financeiros, dos planos traçados pela administração para operação de um resultado

durante um período específico de tempo. O orçamento funciona como um

instrumento de controle administrativo de três maneiras: como meio de organização

e direção de um grande segmento do processo de planejamento administrativo;

Page 136: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

135

como uma contínua advertência em procurar desenvolver os planos e programas,

guiando a administração no dia a dia e como avaliador de desempenho real.

Nesse mesmo sentido, Hansen e Mowen (2001) ainda completam que o

orçamento desempenha um papel crucial no planejamento e controle, isso porque os

planos identificam os objetivos e as ações necessárias para realizá-los. Para os

autores, o plano orçamentário é um dos principais instrumentos utilizados na gestão,

uma vez que envolve todos os gestores responsáveis por alguma área da empresa e

liga essas atividades a eles, que são os responsáveis pelo processo de gestão

econômica, pela avaliação dos resultados planejados e do desempenho individual.

Esse sistema de orçamento serve como o plano financeiro abrangente para a

organização como um todo e dá várias vantagens à organização, pois corresponde a

uma ferramenta de gestão preparada por áreas dentro de uma organização

(departamentos, fábricas, divisões, e assim por diante) e para atividades (vender,

produzir, pesquisar, e assim por diante).

Silva e Gonçalves (2006, p. 13) relatam que o orçamento visa controlar as

operações da empresa e, para ser eficaz, deve-se atentar para os seguintes pontos:

Definição do que controlar, com um planejamento adequado e que

contenha uma clara exposição de seus objetivos e estratégias.

Definição de como medir se o que foi estabelecido anteriormente está

sendo alcançado, ou seja, deverão ser definidos os indicadores de

desempenho.

Definição de padrões, o que pode ocorrer pelos estudos de padrões,

considerando as características da empresa, benchmarking ou definição de

metas.

Mensuração dos valores reais.

Avaliação dos resultados obtidos, confrontando-se com os resultados

planejados.

Proposta de ação corretiva.

Já Hansen e Mowen (2001, p. 246) apresentam os objetivos do orçamento

como uma forma de expressar, em termos quantitativos, os planos que identificam

os objetivos e as ações necessárias para realizá-los; é uma forma de traduzir as

metas e as estratégias de uma organização em termos operacionais e em termos de

Page 137: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

136

controle, além de possibilitar a comparação entre os resultados reais com resultados

planejados.

Na mesma direção, Garrison e Noreen (2001, p. 262) apresentam as

vantagens do orçamento para uma organização empresarial:

Fornece um meio de transmitir os planos da administração a toda a

organização.

Força os gerentes a pensar no futuro e planejá-lo. Na falta da necessidade

de fazer orçamento, vários administradores gastarão seu tempo cuidando

das situações do dia a dia.

Proporciona um meio de alocação dos recursos às partes da organização

em que eles podem ser empregados de maneira mais eficaz.

Pode revelar potenciais gargalos antes que eles ocorram.

Ajuda a assegurar que todos na organização estão trabalhando na mesma

direção.

Define as metas e objetivos que podem servir de níveis de referência para

a subsequente avaliação de desempenho.

Os autores complementam relatando que o orçamento tem três funções

administrativas, a saber: planejamento, direção e controle. Aquele remete à

atividade de projetar o futuro e traçar um programa de ação para atingi-lo, esse à de

direcionar as ações planejadas pelos indivíduos que compõem a organização a fim

de alcançar a meta estabelecida e este à de assegurar que todas as ações estejam

sendo executadas exatamente de acordo como foram planejadas.

Ainda apoiado nesse suporte teórico, com o advento de novas tecnologias e

de planilhas eletrônicas, qualquer empresa, grande ou pequena, pode implantar e

manter, a custo mínimo, um programa de elaboração do orçamento, contribuindo

para o controle e sucesso da organização.

Já Padoveze (2005) discorda e relata que, apesar da importância do

orçamento, para a gestão financeira das organizações, têm-se verificado algumas

críticas, que estão centradas nos seguintes pontos:

Ferramental ineficiente para o processo de gestão e frustração com os

resultados obtidos no processo.

Page 138: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

137

O orçamento engessa em demasia a empresa, impedindo a criatividade e

o empreendimento dos gestores setoriais, provocando conformismo, medo

e/ou insatisfação.

Impossibilidade de utilização desse ferramental em situações de crônica

variação de preços, extrema dificuldade de obtenção dos dados

quantitativos para as previsões e volatilidade do futuro.

Alto consumidor de tempo e recursos e criador em excesso de rotinas

contábeis.

Falta de cultura orçamentária.

Utilização de tecnologias de informação inadequadas etc.

Para o autor, o ideal é que o orçamento seja utilizado como instrumento

positivo para alcançar as metas tanto individuais quanto da empresa e não que seja

usado como um instrumento de pressão.

Para finalizar, a utilização das práticas financeiras, como a gestão dos ciclos

econômico, operacional e financeiro; gerenciamento de captação de recursos;

disponibilidades; gestão de custos; orçamento empresarial, ou seja, a gestão do

capital de giro assume papéis relevantes no processo de tomada de decisão. Uma

administração financeira eficiente representa a sobrevivência da empresa, uma vez

que, a partir do momento em que a organização torna-se incapaz de pagar suas

obrigações, na data de seu vencimento, ou quando seus ativos forem inferiores ao

valor do seu passivo, inicia-se o processo de insolvência, que pode levar a empresa

a encerrar suas operações, o que demonstra a relevância das práticas financeiras

na gestão empresarial.

Page 139: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

138

5 METODOLOGIA E TRAJETÓRIA DA PESQUISA

Este capítulo refere-se à metodologia utilizada nesta pesquisa e aos critérios

utilizados para determinação da amostra, coleta de dados empíricos e análise, assim

como o percurso realizado para atingir os objetivos propostos.

5.1. Método e pesquisa

Toda investigação cientifica utiliza procedimentos metodológicos e

sistemáticos com a finalidade de assegurar a neutralidade e cientificidade da

questão pesquisada. Considerando as particularidades da contabilidade, optou-se

por utilizar, neste trabalho, a metodologia exploratório-descritiva e a abordagem

quanti-qualitativa.

Na concepção de Gil (1999), a pesquisa descritiva tem como principal objetivo

descrever características de determinada população ou fenômeno e/ou

estabelecimento de relações entre variáveis. Essa metodologia utiliza-se de técnicas

padronizadas de coletas de dados, métodos e teorias com objetivo de conferir

validade cientifica à pesquisa.

Na área contábil, Raupp (2012) argumentam que vários estudos utilizam a

pesquisa descritiva para análise e descrição de determinado problema com o fim de

investigar questões relativas à característica própria da profissão contábil por meio

de instrumentos próprios utilizados na gestão das organizações.

Nesse tipo de pesquisa, afirmam os autores que, normalmente, ocorre o

emprego de técnicas estatísticas desde as mais simples, até as mais sofisticadas.

“Fica evidente a importância da pesquisa descritiva em contabilidade para esclarecer

determinadas características e/ou aspectos inerentes a ela”. (RAUPP, 2012, p.82).

Para Marconi e Lakatos (2009, p. 43), o trabalho de pesquisa pode ser

considerado “um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo que

requer um tratamento científico e se constitui num caminho para se conhecer a

realidade ou para descobrir verdades parciais”.

Page 140: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

139

Severino (2007, p. 102) relata que a ciência utiliza-se do método científico,

para divergi-la, não apenas do senso comum, mas das demais maneiras de se

expressar por meio da subjetividade.

A ciência utiliza-se de um método que lhe é próprio, o método científico, elemento fundamental do processo do conhecimento realizado pela ciência para diferenciá-la não só do senso comum, mas também das demais modalidades de expressão da subjetividade humana, como a filosofia, a arte, a religião. Trata-se de um conjunto de procedimentos lógicos e técnicas operacionais que permitem o acesso a relações causais constantes entre os fenômenos.

Com base no método utilizado e nos dados coletados, bem como no estudo

das relações entre eles, pode-se afirmar que este trabalho utiliza-se de uma

pesquisa empírica, porque, segundo Demo (2000, p. 22), “os fatos dependem do

referencial teórico de forma a facilitar a aproximação da prática”.

Conforme Raupp (2012), deve-se utilizar a caracterização da pesquisa

exploratória normalmente quando há pouco conhecimento sobre a temática, pois por

meio dessa abordagem, busca-se conhecer, com maior profundidade, o assunto, de

modo a torná-lo mais claro ou a possibilitar a formulação de questões importantes

para a condução da pesquisa.

Nesta mesma perspectiva, Gil (1999) defende que a pesquisa exploratória é

desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral acerca de determinado

fato, pois quando o tema escolhido é pouco explorado, torna-se difícil formularem-se

hipóteses precisas e operacionalizáveis.

Dessa forma, são apresentadas as abordagens de pesquisa utilizadas neste

trabalho, os critérios e procedimentos da mesma, os grupos pesquisados, os

métodos para identificação da amostra e o instrumento de coleta de dados, um

questionário, que está no apêndice n.º1.

O método escolhido foi o indutivo que, segundo Marconi e Lakatos, (2009) é o

que obtém conclusões gerais a partir de premissas individuais. Também é um dos

mais usados e caracteriza-se por quatro etapas básicas: a observação dos

fenômenos e o registro de todos os fatos, com análise e classificação dos mesmos;

a derivação das relações entre eles; a generalização a partir dos dados colhidos e

finalmente a contrastação/verificação.

No que se refere à abordagem quantiqualitativa, os aspectos quantitativos

são de grande relevância para a análise qualitativa que se pretende apresentar no

Page 141: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

140

final deste trabalho, levando-se em conta a utilização das práticas contábeis e

financeiras nas tomadas de decisões das empresas do “Vale da Eletrônica”, que

constituem a amostra desta pesquisa.

Os métodos quantitativos de pesquisa têm origem no paradigma positivista

que influenciou, por muito tempo, as pesquisas em ciências naturais e exatas,

defendendo a objetividade como inerente a esse campo do conhecimento. Foi muito

utilizada nas áreas do conhecimento como matemática, física, química e nas

ciências da saúde e acabou sendo expandida para outros campos do saber, como

Administração e outras ciências sociais.

Nos últimos anos, observa-se uma crescente preocupação dos

pesquisadores em relação ao cenário da pesquisa científica, principalmente

naqueles da área de humanas, conforme pode ser evidenciado pelas palavras de

Kaufmann (1977, p. 171):

Nos últimos anos, o termo „crise‟ tem sido frequentemente aplicado ao estado da ciência em geral ou de ciências e grupos de ciências em particular. Houve uma „crise‟ na física, uma „crise‟ na psicologia e, acima de tudo, uma „crise‟ nas ciências sociais – sociologia, economia, jurisprudência, etc. O termo se refere, em primeiro lugar, ao aparecimento de dúvidas a respeito de leis e métodos anteriormente encarados como firmemente estabelecidos. Mas, aplicado às ciências sociais, indica, além disso, uma profunda insatisfação com os resultados da investigação social.

Se por um lado os métodos quantitativos se fundamentam na racionalidade

do pensamento positivista, os métodos qualitativos são norteados pelo paradigma

interpretativo. Ou seja, a racionalidade cede espaço à subjetividade; a visão

reducionista amplia-se, atingindo uma visão aprofundada do objeto em estudo.

Para Neves (1996), a pesquisa qualitativa é um conjunto de diferentes

técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de

um sistema complexo de significados, tendo como objetivo traduzir e expressar o

sentido dos fenômenos do mundo social.

A ideologia interpretativa emergiu como uma alternativa de superação dos

problemas identificados nos modelos de pesquisas quantitativas. As teorias

interpretativas, conforme Rodrigues Filho (2004), defende que o homem não pode

ser estudado matematicamente, pois ele é um ser extremamente complexo, desde

seu nascimento e, por essa razão, não responde linearmente aos mesmos estímulos.

Segundo Godoy (1995, p. 21), a utilização de métodos qualitativos de

pesquisa está em pleno crescimento e há uma forte tendência por uma maior

Page 142: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

141

utilização dos mesmos, sobretudo nas ciências humanas por ocuparem um relevante

papel “[...] entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem

os seres humanos e suas intricadas relações sociais, estabelecidas em diversos

ambientes”.

Nesse movimento, o campo científico, nos últimos anos, aponta para o

surgimento de um novo paradigma metodológico que atende as necessidades dos

pesquisadores, de maneira que supere a dicotomia do modelo quantitativo versus

qualitativo. Nesse cenário, ganha destaque o modelo chamado quantiqualitativo ou o

qualiquantitativo.

Apesar de haver ainda oposição entre as duas abordagens no campo

acadêmico, autores, como Demo (1995), defendem que uma modalidade não é mais

importante que a outra, pois ambas se complementam.

Segundo May (2004, p. 146), ao avaliar esses diferentes métodos, não se

deveria prestar tanta atenção aos relativos a uma divisão quantitativa e qualitativa da

pesquisa social, como se uma destas produzisse automaticamente uma verdade

melhor do que a outra. Para a autora, deve-se prestar atenção “aos seus pontos

fortes e fragilidades do conhecimento. Para tanto é necessário um entendimento de

seus objetivos e da prática”.

Nesse sentido, percebe-se a importância da abordagem quantiqualitativa, por

permitir romper paradigmas, sair dos extremos e caminhar em direção à construção

de um novo conceito que garante a compreensão do objeto ou fenômeno estudado

em sua profundidade.

5.2 A pesquisa bibliográfica

Para alcançar os objetivos propostos, procedeu-se, primeiramente, a uma

pesquisa bibliográfica, procurando explorar o tema em questão. Este estudo

fundamentou a questão delineada, a qual se julga importante retomar: As empresas

do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas contábeis e financeiras no processo

decisório?

De acordo com Gil (1999), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante

material já elaborado, principalmente a partir de livros e artigos científicos.

Praticamente todos os outros tipos de investigação exigem trabalho dessa natureza.

Page 143: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

142

Contudo, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente por meios de fundamentos

bibliográficos.

Neste mesmo sentido Raupp (2012, p.87) corroboram afirmando que:

no que diz respeito a estudos contábeis, percebe-se que a pesquisa bibliográfica está sempre presente, seja como parte integrante de outro tipo de pesquisa ou exclusivamente enquanto delineamento. As publicações dos autores sobre a teoria e a pratica contábil podem ajudar o estudante a conhecer o que foi produzido de importante sobre o objeto de pesquisa.

Nesta pesquisa, o tema foi estudado aprofundando-se em referências teóricas

já publicadas em livros, revistas, periódicos, tomando-se como embasamento

principal os seguintes Autores: Ross, Westerfield e Jaffe (2010); Guitman (2004),

Assaf Neto (2010) e Matarazzo (2010).

5.3 Caminhos percorridos

Considerando os objetivos específicos propostos, esta pesquisa caracteriza

o objeto de estudo de forma exploratória e descritiva e permitirá uma busca de

maiores informações sobre o tema e uma sistematização dos dados.

Na segunda etapa, foi realizada uma coleta de dados, por meio de uma

pesquisa de campo que contemplou investigação empírica junto às indústrias do

“Vale da Eletrônica” de Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais. O método de

operacionalização foi a entrevista semi estruturada, contendo questões abertas e

fechadas, cuja aplicação se deu junto aos respondentes, visando conhecer as

práticas contábeis e financeiras utilizadas pelas empresas no processo decisório.

De posse dos dados coletados, os mesmos foram agrupados e trabalhados

em tabelas e gráficos de acordo com a especificidade dos 4 blocos que estão

organizados conforme consta no item 4.5 Critérios de estruturação do roteiro de

entrevista.

Page 144: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

143

5.4 População e amostra

Dentre as indústrias do “Vale da Eletrônica”, segundo BIDI/FAI (2012),

existem atualmente 1803 empresas no APL eletroeletrônico de Santa Rita.

Entretanto para efeito de universo dessa pesquisa, são consideradas apenas 146

empresas associadas ao SINDVEL.

De acordo com BIDI/FAI (2009), do total de empresas associadas ao

SINVEL, 53,66% são microempresas; 46,34% são pequenas e médias e apenas

2,43% delas são de grande porte.

A pesquisa realizada teve a pretensão de ser censitária, contemplando todo o

universo das empresas do “Vale da Eletrônica”, haja vista que a quantidade de

empresas era relativamente pequena. E, por questões objetivas, definiu-se que a

pesquisa seria realizada tendo como alvo as empresas de pequeno, médio e grande

porte.

De acordo com Santos e Veiga (2011), há várias definições para as empresas

quanto ao tamanho.

A lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011(Brasil, 2011) faz a

classificação com base no faturamento, a saber, pela tabela 2:

Tabela 2 - Classificação do porte da empresa segundo o faturamento

Porte Simples Nacional (Faturamento Anual)

Microempresas Até R$ 360.000,00 Empresas de Pequeno Porte Acima de R$ 360.000,00 até R$ 3.600.000,00.

Fonte: Lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011 (BRASIL, 2011)

Já o SEBRAE (2011) faz a classificação em relação ao porte da empresa,

conforme o número de empregados, a saber pela tabela 3:

3 Obtidas pessoalmente no Bidi/FAI, por meio da relação de empresas visitadas pela equipe em 2011.

Page 145: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

144

Tabela 3 - Classificação do porte da empresa por número de empregados

Porte/Setor Indústria Comércio e Serviço

Microempresa Até 19 empregados Até 9 empregados Empresa de Peq. Porte De 20 a 99 funcionários De 10 a 49 funcionários Médias De 100 a 499 funcionários De 50 a 99 funcionários Grandes 500 ou mais funcionários 100 ou mais funcionários

Fonte: Tabela adaptada pelo autor a partir do documento Anuário do trabalho na micro e pequena empresa 2010-2011. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. 4. ed. . Brasília, DF; DIEESE, 2011 Sebrae – SP (2011, p. 13)

A Resolução n.º 59, de 8 de dezembro de 1998, do Grupo Mercado Comum

(MERCOSUL), define alguns parâmetros quantitativos e qualitativos, destacando-se

dois critérios empregados: pessoal empregado e nível de faturamento, como mostra

a tabela 4.

Tabela 4 - Classificação do porte da empresa segundo o MERCOSUL

Porte Atividade Pessoal Ocupado Exportações

Microempresa

Comércio e Serviço 1 a 5 pessoas Até U$$ 200 mil

Indústria 1 a 10 pessoas Até U$$ 400 mil

Empresa Pequeno Porte

Comércio e Serviço 6 a 30 pessoas Acima de U$$ 200 mil até U$$ 1,5 milhão

Indústria 11 a 40 pessoas Acima de U$$ 400 mil até U$$ 3,5 milhões

Fonte: Tabela adaptada pelo autor a partir da Resolução nº 59, de 8 de dezembro de 1998 (MERCOSUL, 1998)

Para a realização desta pesquisa utilizou-se como parâmetro para definição o

faturamento, com base na lei complementar 139, de 10 de novembro de 2011,

devido a sua relevância, pois se pressupõe que somente levar em conta o número

de empregados não apresenta a realidade das empresas de base tecnológica de

valor agregado. E, também, se ater somente ao valor das exportações pode trazer

distorções, uma vez que de acordo com FIEMG, IEL Minas e SINDVEL (2010)

grande parte das empresas comercializa seus produtos internamente.

Para definição do número das empresas contempladas pela pesquisa, definiu-

se que de um total de 146, o recorte de 43,91%, é refere-se às pequenas e médias

empresa somado a 2,43% referentes à empresa de grande porte, totalizando

46,34% para o corpus da pesquisa. Urge ressaltar que 53,66% foram

desconsiderados por referirem-se a microempresas, conforme explicita tabela 5.

Page 146: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

145

Tabela 5 - Definição da amostra das empresas pesquisadas

Porte das empresas % FIEMG/IEL Minas e SINDIVEL Total de empresas APL

Microempresa 53,66% 78

Pequeno e Médio Porte 43,91% 64

Grande Porte 2,43% 4

Total 100,00% 146

Fonte: Elaborado pelo autor.

A pesquisa contemplou 37 empresas, das quais, 36 são de pequeno porte e

1, de grande, não se conseguiu atingir a totalidade do corpus da pesquisa. Desse

total de empresas 56,15% são de pequeno e médio porte e 28,19% das empresas

de grande porte. Em relação às empresas associadas ao SINDVEL, foram

considerados para a pesquisa 54,69% do corpus selecionado, amostra que

demonstra a magnitude da pesquisa, conforme demonstra a tabela 6.

Tabela 6 - Quantidade e percentual de empresas pesquisadas

Porte Universo de empresas Total de empresas

pesquisadas Percentual

Pequeno e Médio Porte 64 36 56,15%

Grande Porte 4 1 28,19%

Total 68 37 54,69%

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.5 Critérios de estruturação do roteiro de entrevista

O roteiro de entrevista foi elaborado sob a forma de questionário

semiestruturado, o que, segundo Colauto (2012, p. 132), “permite maior interação e

conhecimento das realidades dos informantes”. Essa modalidade é um dos

principais instrumentos de coleta de dados utilizados para pesquisa qualitativa.

O questionário, entrevista semiestruturada, contempla questões distribuídas

em quatro blocos, com o intuito de atingir os objetivos da pesquisa, que, ainda

segundo o autor (p. 133), ao mesmo tempo em que ressalta a importância da

presença do entrevistador, “possibilita que o informante use toda sua criatividade e

espontaneidade, valorizando mais a investigação”.

Page 147: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

146

O quadro 4, apresenta a maneira como foi organizado o instrumento de

pesquisa.

OBJETIVOS DA PESQUISA BLOCOS DE

QUESTÕES

Conhecer as características gerais, das empresas de pequeno, médio e

grande porte do “Vale da Eletrônica”. Bloco 1

Verificar a relação entre regime tributário e nível de utilização das práticas

contábeis e financeiras Bloco 1

Pesquisar como é realizado o sistema de contabilidade e a utilização de

software integrado no controle das operações. Bloco 1

Identificar quais são os instrumentos gerenciais contábeis e financeiros

usados no processo decisório. Bloco 2

Verificar a utilização dos métodos de custeio para a tomada de decisão. Bloco 3

Identificar qual o perfil acadêmico/profissional do gestor responsável pela

escrituração contábil e gestão financeira.

Bloco 4

Quadro 4 - Estruturação dos blocos de questões no roteiro de entrevista que respondem aos objetivos da pesquisa.

Fonte: Elaborado pelo autor

Para um melhor entendimento dos blocos das questões do quadro 4,

destaca-se abaixo o conteúdo de cada um deles:

Bloco 1: Neste Bloco, procurou-se caracterizar a empresa, com questões

relacionadas à atividade econômica; tempo de atividade; natureza

jurídica; número de sócios que tomam decisões; regime de apuração dos

impostos; faturamento a vista e a prazo; utilização de sistemas

integrados; utilização das novas tecnologias na área contábil e fiscal,

além de como é feita a escrituração contábil com o objetivo de se obter

uma radiografia precisa da mesma.

Bloco 2: Neste Bloco, pesquisou-se a utilização e análise dos

demonstrativos contábeis e financeiros como instrumentos gerenciais e

técnicas de administração financeira de curto prazo e a utilização do

orçamento empresarial. Buscou ainda identificar se a contabilidade

fornece todas a informações necessárias do ponto de vista dos gestores

em estudo e como essa informação é utilizada na gestão empresarial.

Bloco 3: Neste bloco, efetuou-se um estudo sobre a utilização dos

métodos de custeio, utilizados para o gerenciamento das operações

Page 148: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

147

empresariais e procurou ainda levantar a utilização efetiva das

ferramentas do custeio variável e as metodologias para a formação de

preço.

Bloco 4: Este último bloco serviu para conhecer o perfil acadêmico e

profissional do gestor responsável pela administração financeira da

organização, indagando-se sobre sua formação escolar e o tempo de

experiência na empresa.

Pelo exposto, recorre-se a Colauto e Bauren (2012) que afirmam que a

entrevista semiestruturada justifica que o processo de avaliação de empresa em

marcha, além de requerer um sólido conhecimento teórico, implica no uso da

intuição, feeling e experiências individuais acumuladas.

5.6 Seleção dos sujeitos

Os sujeitos da pesquisa, entrevistados na fase de coleta de dados, foram os

seguintes de acordo com a tabela 7:

Tabela 7 - Sujeitos da pesquisa

Sujeitos da pesquisa Quantidade Percentual

Contador 3 8,11%

Gerente Financeiro 18 48,65%

Sócio-Gerente 11 29,73%

Gerente Administrativo 1 2,70%

Controller 1 2,70%

Encarregado Financeiro 3 8,11%

Total 37 100,00%

Fonte: Elaborado pelo autor

De acordo com a tabela 7, observa-se a predominância do gerente

financeiro e, em seguida, do sócio gerente, o que caracteriza a informalidade da

empresa familiar.

A classificação do universo pesquisado refere-se à nomenclatura dos cargos

que possuem certa paridade com as características definidas para este estudo e são

utilizadas nas empresas pesquisadas. Não obstante, a pretensão do pesquisador

será de identificar o interlocutor da empresa que possa melhor representar a área

Page 149: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

148

financeira, independentemente do título do cargo ou se apresentam características

semelhantes.

5.7 Pesquisa de campo

A pesquisa de campo abrangeu as empresas no município de Santa Rita do

Sapucaí, mais conhecida como o “Vale da Eletrônica”, onde se localizam as

empresas de eletroeletrônica que constituem o APL eletroeletrônico santa-ritense,

objeto desse estudo.

Para Lüdke e André (1986) citado por Colauto e Beuren (2012, p. 132),

a coleta de dados por meio de entrevista permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais diversos assuntos. Nesse contexto, conforme o propósito da pesquisa e do entrevistador podem-se utilizar a entrevista estruturada, a semiestruturada e não estruturada.

A pesquisa foi realizada utilizando a técnica de coleta de dados, em que o

investigador apresenta-se pessoalmente e realiza a entrevista a ser respondida

pelos pesquisados.

5.8 Tratamento dos dados

Os dados coletados na pesquisa, mediante as respostas aos formulários por

ocasião das entrevistas, foram tabulados e, em seguida, demonstrados em gráficos

e tabelas. A seguir, os resultados sofreram uma análise crítica, de acordo com os

propósitos e objetivos da pesquisa.

5.9 Limitações da pesquisa

A pesquisa apresenta como limitação, no tocante à aplicação das técnicas

estatísticas, a questão da impossibilidade de fazer inferência sobre toda a população

das empresas do “Vale da Eletrônica”. Isso se deve ao fato de ter sido selecionado

como campo de pesquisa apenas as empresas de pequeno e médio e grande porte

(empresas com faturamento anual superior a R$ 360.000,00. Observou-se,

Page 150: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

149

paralelamente a esta pesquisa, que na cidade há inúmeras microempresas com

faturamento inferior ao valor citado acima, ou seja, os resultados obtidos não podem

ser generalizados para todo o universo das empresas do “Vale da Eletrônica”, uma

vez que as micro e pequenas empresas não foram contemplados nesta pesquisa.

Contudo, esta pesquisa é de grande relevância porque poderá ser referência

para futuros projetos de aplicabilidade dos instrumentos contábeis e financeiros para

os processos decisórios das empresas do APL da cidade de Santa Rita do Sapucaí -

MG.

Page 151: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

150

6 RESULTADO DA PESQUISA

A análise dos resultados foi elaborada a partir de quatro premissas que, neste

estudo, denominam-se de blocos, seguidos das questões. Primeiramente, a análise

concentrou-se no bloco 1: características gerais da empresa; no bloco 2:

instrumentos gerenciais e técnicas utilizadas na gestão financeira da empresa; no

bloco 3: dados relativos ao controle e gerenciamento de custos da empresa; e no

bloco 4: dados sobre o gestor responsável pela administração financeira da

empresa.

Desse modo, definiu-se como critério de análise a utilização de gráficos e

tabelas a fim de responder a questão pretendida nesta pesquisa.

Apresenta-se, a seguir, a análise do conteúdo dos blocos das entrevistas.

6.1 Caracterização das empresas pesquisadas

A pesquisa de campo foi realizada mediante entrevista em trinta e sete

empresas do Arranjo Produtivo Local, no município de Santa Rita do Sapucaí-MG.

Neste momento, apresenta-se o resultado das características das empresas

em estudo relacionado à atividade econômica, tempo de existência, natureza

jurídica, número de funcionários e sócios, faturamento anual, percentual de vendas a

prazo, sazonalidades, tipo de escrituração contábil, utilização de sistemas integrados

de gestão, levantamento de informações para o gerenciamento e a adoção as novas

tecnologias na área contábil e fiscal.

Essa análise preliminar permite obter uma radiografia da empresa, de forma,

a auxiliar as análises sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras, objetivo

desta pesquisa.

6.1.1 Atividade econômica principal

As entrevistas realizadas revelam que prevalecem as empresas, cuja

atividade principal é eletroeletrônica e telecomunicações, conforme mostra o gráfico

1.

Page 152: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

151

9

19

3

1

1

1

3

(24,32%)

(51,35%)

(8,11%)

(2,70%)

(2,70%)

(2,70%)

(8,11%)

0 5 10 15 20 25

Telecomunicações

Eletroeletrônica

Segurança

Automação

Tecnologia da Informação

Matéria prima

Usinagem

QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS POR ATIVIDADE PRINCIPAL

Gráfico 1 - Quantidade e percentual de empresas por atividade principal

Fonte: Elaborado pelo autor

Quanto à atividade principal, entre as empresas pesquisadas, destacam-se

eletroeletrônica com 19 empresas (51,35%) e Telecomunicações com 9 ,

correspondendo a 24,32% do total das empresas pesquisadas.

O destaque das empresas de eletroeletrônica e telecomunicações justifica-

se pela estrutura educacional da cidade: a Escola Técnica de Eletrônica que prima

pelo ensino da eletroeletrônica; e o Instituto Nacional de Telecomunicações prioriza

o ensino de telecomunicações.

6.1.2 Natureza jurídica

Com relação à natureza jurídica, a pesquisa indagou qual a classificação das

organizações pesquisadas.

Conforme demonstram o gráfico 2 quanto a essa especificidade, a pesquisa

revelou que dentre as empresas pesquisadas, prevalece forma contundente às

classificadas como sociedade por cota de responsabilidade limitada, 36 empresas

(97,30%), e apenas uma (2,70%) é classificada como firma individual.

Page 153: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

152

1

36

0

(2,70%)

(97,30%)

(0,00%)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Firma Individual

Limitada

Sociedade Anônima

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NATUREZA JURÍDICA

Gráfico 2 - Quantidade e percentual das empresas por natureza jurídica

Fonte: Elaborado pelo autor

O destaque das empresas classificadas como Sociedade de

Responsabilidade Limitada deve-se, principalmente, ao fato da maioria das

empresas serem formadas a partir de projetos experimentais, na academia e/ou

incubadoras na cidade de Santa Rita do Sapucaí e também por não estarem

preparadas para a democratização do seu capital social.

6.1.3 Regime de apuração de impostos

O regime de apuração de impostos interfere diretamente na qualidade das

informações contábeis. Os regimes simplificados de apuração de impostos como o

Simples Nacional e Lucro Presumido priorizam a apuração dos impostos sobre o

faturamento, desobrigando as empresas optantes pelos mesmos a uma escrituração

efetiva de suas operações. Isso impacta diretamente na ausência de informação

para a gestão, além da vulnerabilidade pela falta de controles internos eficientes. A

escrituração contábil simplificada gera uma economia com honorários dos

profissionais contábeis. Em contrapartida, impossibilita rápidas e seguras decisões

ou resulta em uma decisão mal planejada, que pode transformar o risco operacional

em financeiro, sendo este o principal item de fracasso empresarial.

Page 154: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

153

A opção pelos regimes de apuração de impostos das empresas pesquisadas

é apresentada pelo gráfico 3:

19

16

2

(51,35%)

(43,24%)

(5,41%)

0 5 10 15 20 25

Simples Nacional

Lucro Presumido

Lucro Real

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR REGIME DE APURAÇÃO FISCAL

Gráfico 3 - Quantidade e percentual das empresas por regime de apuração fiscal

Fonte: Elaborado pelo autor

A pesquisa revelou que, dentre as empresas pesquisadas, prevalece o

regime de apuração dos impostos pelo Simples Nacional com 19 empresas

(51,35%), seguido pelo Lucro Presumido com 16 (43,24%) e Lucro Real com 2,

representando 5,41% das empresas em estudo.

A predominância das empresas aderentes ao regime de apuração de

impostos Simples e Lucro Presumido, é resultante de um planejamento tributário. Os

produtos das empresas de base tecnológicas possuem elevado valor agregado,

elevada lucratividade, o que representa maior carga tributária pelo Lucro Real. Em

contrapartida, o empresário não possui todas as informações para a gestão do

empreendimento, uma vez que tais regimes apuram apenas os impostos sobre o

faturamento, ficando a escrituração e os relatórios contábeis em segundo plano.

6.1.4 Tempo de atividade

O tempo em que as empresas estão atuando no mercado demonstra o

potencial de econômico, os fatores atrativos da região, além da capacidade das

mesmas de se adaptarem às mudanças no ambiente.

Page 155: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

154

O gráfico 4 apresenta o resultado da pesquisa, quanto ao tempo de atividade,

das empresas no APL de Santa Rita do Sapucaí.

11

12

7

4

2

1

0

(29,73%)

(32,43%)

(18,92%)

(10,81%)

(5,41%)

(2,70%)

(0,00%)

0 2 4 6 8 10 12 14

De 01 a 05 anos

De 06 a 10 anos

De 11 a 15 anos

De 16 a 20 anos

De 21 a 25 anos

De 26 a 30 anos

Acima de 30 anos

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS DE EMPRESAS POR TEMPO DE ATIVIDADE

Gráfico 4 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atividade

Fonte: Elaborado pelo autor

A presente pesquisa revelou que das 37 empresas pesquisadas, 34 delas

(91,89%) atuam no mercado a menos 21 anos. Dessa amostragem, 26 empresas

(70,27%) permanecem no mercado há mais de 6 anos e apenas uma (2,70%) possui

mais de 26 anos no mercado. Cabe ressaltar, que há empresas sediadas no APL de

Santa Rita do Sapucaí que funcionam há mais de 30 anos não contempladas nesta

pesquisa.

O crescimento expressivo de empresas nos últimos anos, apresentado pelo

Gráfico 04, demonstra um fortalecimento da região e das atividades pesquisadas

como um Arranjo Produtivo Local, na medida em que passa a oferecer condições

diferenciadas e econômicas de aglomeração, como a doação de terrenos pela

prefeitura, isenção de aluguel por prazo determinado, existência de diversos

incentivos fiscais, possibilidade de uso de laboratórios tanto da ETE quanto do

INATEL para desenvolvimento de produtos, convênios com empresas e instituições

tanto nacionais quanto internacionais, para aquisição de componentes (matéria

prima) e venda dos produtos tecnológicos. Outra justificativa para o crescimento do

número de empresas nos últimos anos está na estrutura educacional, que fomenta o

empreendedorismo e forma mão de obra altamente qualificada. Esses fatores

Page 156: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

155

transformaram Santa Rita do Sapucaí em um polo de atração de empresas de

atividades correlatas à eletroeletrônica.

6.1.5 Número de funcionários

O levantamento do número de funcionário objetivou verificar o perfil de

empregabilidade das empresas, sabendo-se que para essa pesquisa o porte da

empresa foi definido em relação ao faturamento, uma vez que em empresas de base

tecnológicas, o fator mão de obra não está diretamente relacionado ao faturamento.

No que tange ao número de funcionários, a pesquisa apresentou o resultado

obtido conforme a gráfico 5.

16

17

4

0

(43,24%)

(45,95%)

(10,81%)

(0,00%)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

De 001 a 019 funcionários

De 020 a 099 funcionários

De 100 a 499 funcionários

Acima de 500 funcionários

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NÚMERO DE FUNCIONÁRIO

Gráfico 5 - Quantidade e percentual das empresas por número de funcionário

Fonte: Elaborado pelo autor

Entre as empresas pesquisadas, prevalecem as pequenas com até 99

funcionários (89,19%), sendo que 16 delas (43,24%) possuem até 19 funcionários e

17 empresas (45,95%) possuem entre 20 a 99 funcionários e apenas 4, 10,81%,

possuem mais de 100 funcionários.

Essa predominância, de empresas de até 99 empregados, demonstra que, no

APL de Santa Rita do Sapucaí, as empresas ainda estão em fase de

desenvolvimento, além de haver, na maioria delas, características familiares.

Page 157: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

156

6.1.6 Número de sócios

O número de sócios é outro fator que influencia diretamente na importância

da contabilidade. Quanto maior a composição societária, maiores os controles

requeridos das operações e do resultado da empresa.

No que se refere à composição societária, o resultado da pesquisa é

apresentado pelo gráfico 6.

1

30

4

2

(2,70%)

(81,08%)

(10,81%)

(5,41%)

0 5 10 15 20 25 30 35

1 proprietário

2 sócios

3 sócios

Acima de 3 sócios

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NÚMERO DE SÓCIOS

Gráfico 6 - Quantidade e percentual das empresas por números de sócios

Fonte: Elaborado pelo autor

O Gráfico 6, demostra que 30 empresas são constituídas por 2 (dois) sócios,

(81,08%); seguida por 4, (10,81%), com 3 sócios; uma empresa, (2,70%),

constituída por um proprietário, e apenas 2 empresas (5,41%), constituídas por 3

(três) ou mais ou mais sócios.

Ressalta-se a predominância de empresas constituídas por 2 sócios,

principalmente, em razão de sua origem a partir de projetos experimentais na

academia e/ou incubadoras da cidade de Santa Rita do Sapucaí.

6.1.7 Faturamento total bruto das empresas pesquisadas

O faturamento foi o item adotado pela pesquisa para definir o porte das

empresas e, consequentemente, o universo das empresas pesquisadas, dada a sua

importância na pesquisa.

Page 158: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

157

Cabe destacar que a coleta de dados, remete ao item que mais apresentou

dificuldade, pois os sujeitos pesquisados relutaram em fornecer os detalhes do

faturamento bruto total; razão essa que justifica trabalhar apenas com o faturamento

bruto aproximado correspondente ao exercício do ano de 2011 das empresas,

conforme é demonstrado pelo gráfico 7.

0

10

8

6

6

7

(0,00%)

(27,03%)

(21,62%)

(16,22%)

(16,22%)

(18,92%)

0 2 4 6 8 10 12

De R$ 200.001 a R$ 400.000

De R$ 400.001 a R$ 800.000

De R$ 800.000 a R$ 2.000.000

De R$ 2.000.001 a R$ 5.000.000

De R$ 5.000.001 a R$ 10.000.000

Maior que R$ 10.000.001

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE FATURAMENTO

Gráfico 7 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento

Fonte: Elaborado pelo autor

Das empresas pesquisadas, observa-se que 19 delas (51,36%) possuem

faturamento maior que dois milhões de reais por ano. Desse total, 7 empresas

(18,92%) faturam mais de dez milhões de reais por ano.

Esse faturamento elevado é em função dos produtos e serviços de valor

agregado que ofertam ao mercado que pode remeter tanto para empresas dentro do

próprio APL como a mercado fortemente competitivo tanto interno quanto externo.

6.1.7.1 Percentual do faturamento a prazo

O volume de vendas a prazo está atrelado à política de crédito adotada pela

empresa. Quanto mais liberal for a política de crédito, maior será o resultado

econômico, maior o valor das contas a receber e, consequentemente, maior será a

necessidade de capital de giro, o que exige manobras financeiras caso a empresa

não possua recursos suficientes para suprir tal necessidade. Para a segurança da

Page 159: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

158

empresa e minimização de possíveis perdas, devem ser aplicadas as técnicas de

análise de crédito.

O Gráfico 08 tem como finalidade demonstrar o percentual do faturamento a

prazo, referente ao exercício do ano de 2011, das empresas pesquisadas.

1

0

1

13

22

(2,70%)

(0,00%)

(2,70%)

(35,14%)

(59,46%)

0 5 10 15 20 25

De 1 a 20%

De 21 a 40%

De 41 a 60%

De 61 a 80%

De 81 a 100%

QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS POR FAIXA DE FATURAMENTO A PRAZO

Gráfico 8 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de faturamento a prazo

Fonte: Elaborado pelo autor

Nota-se, pelo Gráfico 8, que a concessão de crédito é uma prática muito

utilizada pelas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí. As vendas à vista são

mínimas, 35 empresas (94,60%) vendem mais de 61% de seu faturamento a prazo.

De acordo com relatos dos pesquisados, as empresas do APL, em sua maioria,

adotaram como procedimento de venda a prazo a partir da quarta compra.

6.1.7.2 Sazonalidade das vendas

A sazonalidade das vendas, é um dos fatores que, reflete diretamente na

necessidade de capital de giro e na rentabilidade da empresa.

Em períodos de sazonalidade deve-se elaborar um planejamento financeiro,

evitar linhas de crédito inadequadas como cheque especial, cartão de crédito ou

conta garantida. As linhas de créditos de médio de longo prazo podem ser a melhor

opção, em contrapartida, exige-se em grande parte garantias.

O gráfico 09 apresenta o resultado, da pesquisa, quanto à sazonalidade das

empresas em estudo.

Page 160: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

159

34(91,89%)

3(8,11%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE ENFRENTAM SAZONALIDADES

Enfrenta sazonalidade

Não enfrentam Sazonalidade

Gráfico 9 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam sazonalidades

Fonte: Elaborado pelo autor

Neste quesito, a pesquisa apresenta que, dentre as empresas pesquisadas,

34 empresas, (91,89%), enfrentam sazonalidades, fator que dificulta a gestão

financeira no dia a dia, exigindo-se uma gestão financeira profissional.

6.1.7.3 Período de maior sazonalidade durante o ano

A pesquisa procurou identificar qual o período do ano que as empresas

enfrentam uma maior variação nas vendas. O resultado é apresentado pelo gráfico

10.

22

18

6

1

2

3

1

3

2

1

2

12

(30,14%)

(24,66%)

(8,22%)

(1,37%)

(2,74%)

(4,11%)

91,37%)

(4,11%)

(2,74%)

(1,37%)

(2,74%)

(16,44%)

0 5 10 15 20 25

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE ENFRENTAM REDUÇÃO NAS VENDAS

Gráfico 10 - Quantidade e percentual das empresas que enfrentam redução nas vendas durante os meses do ano

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 161: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

160

Observa-se, pelo gráfico 10, que a maior redução das vendas ocorre nos

meses de janeiro, fevereiro e dezembro. Do total das empresas pesquisadas, 22

delas (30,14%) apresentam quedas em janeiro, 18 (24,66%) em fevereiro e 12

empresas, (16,44%), em dezembro,

Para suportar tal período de oscilações nas vendas, alguns respondentes

relataram a elaboração de um planejamento financeiro para o ano.

6.1.8 Execução da escrituração contábil das empresas

A execução da escrituração contábil é outro fator que influencia fortemente na

qualidade e aplicação das práticas contábeis. Neste quesito, a pesquisa buscou

levantar como é realizada a escrituração contábil das empresas do APL de Santa

Rita do Sapucaí, conforme é demonstrado no gráfico 11.

29(78,38%)

8(21,62%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS POR TIPO DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL

Contabilidade terceirizada

Contabilidade própria

Gráfico 11 - Quantidade e percentual das empresas por tipo de escrituração contábil

Fonte: Elaborado pelo autor

Entre as empresas pesquisadas, observa-se a predominância da

contabilidade terceirizada, na qual, 29 empresas (78,38%) terceirizam os serviços de

contabilidade. Apenas 8, (21,62%), possuem contabilidade própria.

A terceirização dos serviços contábeis é uma prática comum nas empresas

do APL de Santa Rita do Sapucaí, uma vez que a maioria das mesmas é de

Page 162: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

161

pequeno porte. Vale resaltar que existem diversas empresas, constatadas pela

pesquisa, de médio porte que terceirizam a contabilidade.

A contabilidade é um instrumento que auxilia a gestão da empresa e tem

como objetivo fornecer informações de natureza econômica, financeira, física e de

produtividade com o propósito de auxiliar os gestores no processo decisório. Nesse

sentido, durante a entrevista, o entrevistador indagou sobre as causas da

terceirização e da satisfação quanto ao serviço terceirizado. A resposta

predominante está relacionada ao custo de se manter uma estrutura contábil, além

da falta de profissionais qualificados para tais atividades, o que justifica a opção da

maioria pela terceirização.

Quanto ao nível de satisfação, a maioria está insatisfeita com os serviços

contábeis, mas tem consciência de que também não paga um valor justo pelo

serviço contábil necessário para elaboração das demonstrações contábeis e

gerenciais, restringindo-se apenas à parte fiscal e trabalhista; o gerencial fica a

cargo da gestão da empresa ou negligenciado devido às atividades operacionais do

dia a dia.

6.1.9 Utilização de sistema integrado de gestão

A utilização de um sistema integrado de gestão tem por objetivo suprir toda a

empresa de informações, que correspondem, desde controles de produção e

abastecimento, até informações estratégicas para tomada de decisões. Para que a

empresa faça uso das práticas contábeis e financeiras, torna-se imprescindível a

implantação de tais sistemas.

A pesquisa mostrou que, diferentemente da escrituração contábil, parece

haver uma preocupação maior com a gestão, pois entre as empresas pesquisadas,

grande parte faz uso de sistema integrado de gestão.

Das empresas pesquisadas, 27 delas (72,97%) possuem sistema de gestão

integrado, com destaque para o Microsiga e MSI, já 10 empresas, (27,03%), não

fazem uso desses sistemas.

O entrevistador questionou, no momento da entrevista, como estas empresas

controlavam as operações sem um sistema integrado de gestão. A maioria

respondeu que não possui um controle efetivo de suas operações e, por essa razão,

Page 163: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

162

direcionam uma atenção particular aos valores de contas a pagar e a receber, que

são controlados ora em planilha ora por meio de follow-up. As informações, quanto à

gestão de custo, são elaboradas em planilhas a partir de previsões e atualizadas

constantemente por meio de pesquisa de preço no mercado.

O resultado da pesquisa, quanto à utilização de sistema integrado de gestão,

é apresentado pelo gráfico 12.

27(72,97%)

10(27,03%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

Utilizam

Não utilizam

Gráfico 12 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam sistema integrado de gestão

Fonte: Elaborado pelo Autor

De forma geral, a grande maioria das empresas já faz uso de sistemas

integrados de gestão o que possibilita uma melhor gestão empresarial, tanto a nível

operacional quanto estratégico.

6.1.10 Levantamento de informações para gestão financeira.

As informações oportunas e confiáveis são a base para o gerenciamento e

tomada de decisão. Por essa razão, esta pesquisa procurou evidenciar como as

empresas, em estudo, obtêm tais informações.

Das empresas pesquisadas, apenas 3 delas, (8,11%), utilizam para a gestão

financeira as informações geradas pelo sistema integrado de gestão. Já 24

empresas, (64.86%), utilizam as informações do sistema integrado de gestão,

juntamente com planilhas, ou seja, o sistema de per si, não fornece todas as

Page 164: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

163

informações. Diante dessa constatação, foi questionado por que trabalhar as

informações do sistema integrado em planilhas. A resposta apresentada, pela

maioria das empresas, é que elas implantam apenas alguns módulos dos sistemas

integrados, o que reflete na necessidade de consolidar as informações para a gestão

em sistemas auxiliares.

Nota-se ainda, que 8 empresas, (21,62%), tomam decisões com base em

planilhas alimentadas com previsões, o que significa que não utilizam as

informações do sistema integrado de gestão para o gerenciamento da empresa.

Das empresas pesquisadas, apenas uma empresa toma decisões com base

nos concorrentes e outra na intuição. Essas empresas relataram que não possuem

nenhum controle, mesmo os mais simples em planilhas. Tal afirmação resultou o

questionamento, por parte do entrevistador, sobre a existência de algum controle de

que vise auxiliar a gestão. Os gestores relataram que não entendem as informações

e os controles contábeis e financeiros, não consideram as informações contábeis

como auxiliares no seu processo de tomada de decisão, e que confiam apenas na

intuição. Além disso, consideram a contabilidade como um mal necessário para o

cumprimento das obrigações legais e fiscais.

O resultado da pesquisa, quanto às fontes de obtenção de informação para a

gestão financeira, é apresentado pelo gráfico 13.

3

24

8

0

1

1

(8,11%)

(64,86%)

(21,62%)

(0,00%)

(2,70%)

(2,70%)

0 5 10 15 20 25 30

Somente informações do sistema integrado de gestão

Informações do sistema integrado de gestão e planilhas

Com base em planilhas, alimentadas com previsões

Com base no mercado

Com base no concorrente

Com base na intuição

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FONTE DE OBTENÇÃO DE INFORMAÇÃO PARA GESTÃO FINANCEIRA

Gráfico 13 - Quantidade e percentual das empresas por fonte de obtenções de informações para gestão financeira

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 165: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

164

Pela pesquisa, percebe-se que grande parte da empresas, em estudo, busca

informações, mesmo que de forma parcial em sistemas integrados de gestão e

trabalha as mesmas em planilhas. Isso ocorre porque não há integração ou

implantação de todos os módulos do sistema integrado de gestão.

6.1.11 Utilização de novas tecnologias na área contábil e fiscal

A área contábil e fiscal está passando por uma revolução, visando modernizar

o relacionamento entre o fisco e o contribuinte, isso por meio do SPED. Devido à

relevância desta mudança tecnológica, esta pesquisa procurou levantar se as

empresas do APL já a utilizam.

Entre as empresas pesquisadas, constatou-se que todas do APL de Santa

Rita do Sapucaí seguem as determinações legais. Os entrevistados relataram que

as novas tecnológicas estão sendo implementadas progressivamente, de acordo

com o prazo legal. O resultado da pesquisa, quanto à quantidade percentual de

empresas que adotaram esta tecnológica, é apresentado pelo gráfico 14.

21

37

16

0

(56,76%)

(100,00%)

(43,24%)

(0,00%)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

SPED Fiscal/Contábil

NF-e – Nota fiscal eletrônica

NFS-e – Nota fiscal Serviço

Não implementou

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM NOVAS TECNOLOGIAS NA AREA CONTÁBIL E FISCAL

Gráfico 14 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam novas tecnologias na área contábil e fiscal

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 166: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

165

As empresas pesquisadas mostraram-se bastante preocupadas quanto às

novas ferramentas da área contábil e fiscal, sendo que todas já implantaram a nota

fiscal eletrônica. A maior parte, 21 empresas (56,76%), faz uso do SPED

fiscal/contábil, e 16 empresas, 43,24%, fazem uso da nota fiscal eletrônica de

serviço.

Observa-se que a nota fiscal eletrônica foi a primeira a ser implantada pelas

empresas do APL. Esse fato já era previsto no projeto do SPED, pois é composto

por SPED Contábil, Fiscal e Nota fiscal eletrônica.

As empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí relatam que buscam atender

aos avanços tecnológicos da área contábil e fiscal, uma vez que, comercializam

seus produtos para grandes corporações tanto a nível nacional quanto internacional.

6.2 Análise da utilização das práticas contábeis e financeiras.

Antes da análise das práticas contábeis e financeiras, procedeu-se ao

estudo dos níveis de faturamento e sua sazonalidade, do perfil da escrituração

contábil e da utilização de software de gestão integrado, fatores esses que

interferem diretamente na utilização das práticas contábeis e financeiras. Feitas

essas considerações, passou-se para a análise dos resultados do bloco 2 do

questionário: instrumentos gerenciais existentes e técnicas utilizadas na gestão

financeira da empresa. Este bloco tem, como escopo, conhecer os instrumentos

contábeis e financeiros utilizados pelas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí

para a tomada de decisão.

6.2.1 Demonstrações contábeis utilizados na gestão das empresas

A contabilidade é um importante instrumento de gestão empresarial, com

vasta informação em relação às movimentações financeiras, operacionais e

patrimoniais. Entretanto, nos últimos anos, para algumas delas, foi estereotipada e

passou a ser utilizada apenas como um mero instrumento de exigência fiscal.

A pesquisa, nesta parte da entrevista, buscou levantar quais demonstrações

contábeis são utilizadas para a gestão empresarial no APL de Santa Rita do

Sapucaí.

Page 167: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

166

A pesquisa demonstrou a utilização das demonstrações contábeis em ordem

decrescente: 15 empresas, (40,54%) utilizam o Balanço Patrimonial e Demonstração

de Resultado, 8 empresas,(21,62%), a Demonstração de Fluxo de Caixa e apenas 6

empresas, (16,32%), utilizam a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido e a

Demonstração de Lucro ou Prejuízos Acumulados. Já a Demonstração de Valor

Adicionado não é utilizada pelas empresas, visto que sua exigência é somente para

empresa sociedade anônima ou limitadas de grande porte com faturamento anual

superior a R$ 240 milhões de reais.

O gráfico 15 apresenta as demonstrações contábeis mais utilizadas pelas

empresas em estudo.

15

15

8

6

6

0

(40,54%)

(40,54%)

(21,62%)

(16,22%)

(16,22%)

(0,00%)

0 5 10 15 20

Balanço Patrimonial

Demonstração de Resultado do Exercício

Demonstração de Fluxo de Caixa

Demonstração das Mutações do Pat. Líquido

Demonstração de Lucros ou Prejuizos Acumulados

Demonstração de Valor Adicionado

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Gráfico 15 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as demonstrações contábeis

Fonte: Elaborado pelo autor

Observa-se que prevalece o Balanço Patrimonial e a Demonstração de

Resultado, sabendo-se que são demonstrações primordiais para as análises

econômicas e financeiras, como também para o direcionamento de tomada de

decisão.

Durante a entrevista, grande parte dos entrevistados revelou que utiliza as

demonstrações para buscar recursos a bancos, obter créditos a fornecedores,

participar de licitações e efetuar cadastros de forma geral. Entre os gestores

financeiros entrevistados que não utilizam as demonstrações contábeis para o

gerenciamento e tomada de decisões, para o entrevistador, ficou evidente a falta de

Page 168: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

167

credibilidade, tempestividade e o principal problema: a dificuldade de interpretação

dos números contábeis. Diversos gestores relataram que possuem dúvidas quanto

ao entendimento das demonstrações contábeis, mas entendem sua importância

para a gestão da empresa.

A informação contábil deve ser revestida de qualidade sendo objetiva, clara e

concisa de forma a permitir ao usuário avaliar a situação econômica e financeira da

empresa, bem como fazer inferências sobre a tendência futura e os objetivos da

entidade empresarial.

A utilização de tais demonstrativos pelas empresas do APL de Santa Rita

possibilita direcionar as decisões empresariais para a maximização do resultado e

crescimento sustentável de forma a impulsionar o desenvolvimento regional, uma

vez que a economia se faz forte com o fortalecimento das empresas, geração de

emprego e distribuição de renda.

6.2.2 Análise das demonstrações contábeis para tomada de decisão

De posse das demonstrações contábeis, o próximo passo consiste em efetuar

as análises econômicas e financeiras, mediante a utilização de indicadores.

A pesquisa procurou levantar o nível de utilização dos indicadores

econômicos e financeiros para o direcionamento estratégico e a tomada de decisão

pelas empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí.

O resultado da pesquisa demonstra que os indicadores mais utilizados pelas

referidas indústrias são os relacionados à liquidez, à estrutura de capital e à

rentabilidade, calculados por 13 empresas (35,14%) dentre as pesquisadas. Os

índices referentes à atividade e capital de giro, embora sejam de grande valia para o

gerenciamento do dia a dia das operações, são utilizados com menor frequência

pelas empresas pesquisadas como ferramenta de gestão.

Observa-se que os indicadores mais utilizados são os básicos: liquidez,

estrutura de capital e rentabilidade. Os intermediários, mais conhecidos como

indicadores de atividades são usados por pouco mais de 20% das empresas e os

avançados, denominados de indicadores de capital de giro, são utilizados por

apenas 7 (18,92%) das empresas em estudo.

Page 169: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

168

Os indicadores econômicos e financeiros são relações úteis extraídas através

da combinação de dados das demonstrações financeiras, principalmente do Balanço

Patrimonial e Demonstração de Resultado, e não se resumem a simples aplicação

de formulas matemáticas, mas sim de uma capacidade de análise eficiente dos

dados para transformá-los em informações importantes para a tomada de decisões.

O gráfico 16 apresenta a quantidade e percentual das empresas que utilizam

os indicadores econômicos e financeiros.

13

13

13

13

13

13

13

13

13

12

13

13

13

7

10

9

9

9

8

9

7

7

7

(35,14%)

(35,14%)

(35,14%)

(35,14%)

(35,14%)

(35,14%)

(35,14%)

(35,14%)

(35,14%)

(32,43%)

(35,14%)

(35,14%)

(35,14%)

(18,92%)

(27,03%)

(24,32%)

(24,32%)

(24,32%)

(21,62%)

(24,32%)

(18,92%)

(18,92%)

(18,92%)

0 5 10 15

Análise Horizontal e Vertical

LÍQUIDEZ

Liquidez Imediata

Liquidez Corrente

Liquidez Seca

Liquidez Geral

ESTRUTURA DE CAPITAL

Participação de Capitais de Terceiros

Composição do Endividamento

Imobilização do Patrimônio Líquido

Imobilização dos Recursos não correntes

RENTABILIDADE

Giro do Ativo

Margem Líquida

Rentabilidade do Ativo

Rentabilidade do Patrimônio Líquido

Análise Du Pont

INDICADORES DE ATIVIDADE

Prazo médio de estocagem

Prazo Médio de Recebimento

Prazo Médio de Pagamento

Ciclo Operacional

Ciclo Econômico

Ciclo Financeiro

ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO

Capital de giro

Necessidade de capital de giro

Saldo de tesouraria

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM OS

INDICADORES ECONOMICOS E FINANCEIROS

Gráfico 16 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os indicadores econômicos e financeiros

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 170: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

169

Pela pesquisa, é possível perceber que a maior parte os gestores

entrevistados conhece os instrumentos contábeis e financeiros que fundamentam a

tomada decisão e a grande totalidade possui graduação em áreas administrativas.

Entretanto a alta administração é formada por profissionais com conhecimento

predominantemente tecnológico. Aliado a isso, existe o ciclo de vida relatado por

Adizes (1990), no qual, observa-se, que as empresas do “Vale da Eletrônica” ainda

estão nas fazes iniciais do ciclo de vida, priorizam as operações de produção,

compra e venda, deixando-se os controles para segundo plano.

6.2.3 Instrumentos gerenciais financeiros utilizados na gestão das empresas

A pesquisa indagou se as empresas utilizam os instrumentos gerenciais

financeiros para controle e tomada de decisão. O resultado é apresentado pelo

gráfico 17.

33

37

37

32

33

22

(89,19%)

(100,00%)

(100,00%)

(86,49%)

(89,19%)

(59,46%)

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Controle de Estoques

Controle de Contas a Receber

Controle de Contas a Pagar

Controle de Caixa

Controle de Fluxo de Caixa

Controle de Custos de Produção

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM OS INSTRUMENTOS FINANCEIROS

Gráfico 17 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam os instrumentos financeiros

Fonte: Elaborado pelo autor

Nota-se, pelos resultados acima, que as empresas apresentam uma maior

preocupação quanto à utilização de instrumentos gerenciais financeiros, com

destaque aos instrumentos de gestão do capital de giro, como controle de estoque,

utilizado por 33 empresas, 89,19%; contas a receber e contas a pagar por todas as

empresas; controle de caixa por 32 empresas, (86,49%); fluxo de caixa por 33

Page 171: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

170

empresas, (89,19%). Já o controle de custos de produção é realizado por apenas 22

empresas, (59,46%) dentre as pesquisadas.

Essas ferramentas de gestão financeira, apesar de aparentemente simples,

oferecem subsídio para a tomada de decisão e gestão do capital de giro, que de

forma empírica, contribui para a manutenção da empresa no mercado, mesmo não

possuindo um processo contábil estruturado com a elaboração de demonstrações

contábeis padronizada. Para tomada de decisão quanto a custos, as empresas

pesquisadas utilizam, em sua grande maioria, de planilhas com previsões, que são

atualizadas constantemente.

Sabendo-se da predominância dos controles financeiros aos contábeis, a

pesquisa buscou questionar quais as técnicas utilizadas na gestão financeira pelas

empresas do APL eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí.

6.2.3.1 Técnicas de administração de caixa

A pesquisa questionou as empresas em estudo sobre a utilização de alguma

técnica de administração de caixa. O resultado é apresentado pelo gráfico 18.

5(13,51%)

32(86,49%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM TÉCNICAS DE GESTÃO DE CAIXA

Utilizam

Não utilizam

Gráfico 18 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnicas de administração de caixa

Fonte: Elaborado pelo autor

Observa-se que 32 empresas, (86,49%), não se utilizam das técnicas de

administração de caixa, dentre as encontradas nas literaturas que tratam do

assunto. Apenas 5 empresas, (13,51%), fazem uso de tais métodos de controle de

caixa: 4 delas utilizam o modelo do dia da semana que, conforme Assaf Neto e Silva

Page 172: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

171

(2007), considera proporções de gastos para cada dia de per si, o que prejudica a

análise, pois cada dia da semana muda e não mantém as mesmas proporções

durante o exercício; apenas 1 empresa utiliza o modelo de Baranek que, de acordo

Silva (2002), consiste em considerar as entradas de caixa como regulares durante o

período, porém as saídas são periódicas e ocorrem ao final desse ciclo.

Das empresas que não utilizam nenhuma técnica de gestão de caixa, 5 delas

relataram não terem controle nenhum de seu caixa. Já as demais fazem a gestão do

caixa por meio de um fluxo de caixa diário, no qual controlam seus recebimentos e

pagamentos regularmente, de modo a conservar um equilíbrio financeiro entre as

entradas e as saídas de caixa, mantendo as saídas sempre menores com o intuito

de evitar saldo devedor em conta bancária e, consequentemente, o pagamento de

juros. Essas empresas explicitaram efetuar regularmente a conciliação bancária de

forma manter o fluxo de caixa atualizado.

Outro fator relatado pelos entrevistados, que não gera muita preocupação

com a gestão do caixa, é a facilidade do desconto de duplicadas e também da conta

garantida nas instituições financeiras, que suprem a falta de caixa em momentos

oportunos.

Nas entrevistas, durante as indagações do autor, ficou claro que a maioria

das empresas não utiliza as técnicas de administração de caixa por

desconhecimento das mesmas e não porque o fluxo de caixa diário é mais eficiente.

6.2.3.2 Técnicas de análise e concessão de créditos

Sabendo-se que grande parte das empresas efetuam suas vendas a prazo, a

pesquisa indagou a respeito da utilização de técnicas de análise e concessão de

créditos.

A pesquisa revelou que, das empresas pesquisadas, apenas 3 empresas

(8,11%), utilizam-se de pelo menos uma das referidas técnicas para a concessão de

crédito, na qual 1 empresa utiliza os 5Cs do crédito e 2 delas, o credit scoring.

Observa-se que a maioria das empresas não utiliza de todo o potencial da

administração financeira, quanto à análise e concessão de créditos.

É relevante relatar que as empresas que não utilizam técnicas de análise de

crédito (administração de contas a receber) revelaram, durante a indagação da

Page 173: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

172

entrevista, que desconheciam tais técnicas. Em virtude disso, algumas empresas

desenvolveram procedimentos específicos para suprir a utilização de tais técnicas

de análise e concessão de crédito, após serem vítimas de vários clientes

inadimplentes. Inclusive, várias delas estão com problemas financeiros causados

pelos mesmos.

O resultado, quanto à utilização, da análise e concessão de créditos é

apresentado no gráfico 19.

3(8,11%)

34(91,89%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM TÉCNICAS DE GESTÃO DE CRÉDITO

Utilizam

Não utilizam

Gráfico 19 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam técnica de concessão e análise de crédito

Fonte: Elaborado pelo Autor

De maneira geral as empresas em estudo utilizam-se, com muita frequência,

de consulta a órgãos de proteção ao crédito como Serviço de Proteção ao

Consumidor (SPC) e o Serasa Experian, consulta comercial a respeito do perfil de

pagamento do cliente, além de uma visita quando o valor da venda a prazo for

expressiva.

6.2.3.3 Técnicas de administração de estoque

A administração do estoque é outro item que interfere diretamente na gestão

financeira de uma empresa, por representar um investimento elevado no circulante,

Page 174: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

173

geralmente de giro lento, e por refletir diretamente no ciclo financeiro traz sérios

problemas à gestão da empresa.

A pesquisa demonstrou que, das empresas pesquisadas, 11 delas (29,76%)

utilizam alguma técnica de administração de estoque, entre as quais destacam-se o

modelo ABC, Lote Econômico de Compra, Material Requirement Planning e Just-in-

time.

Já 26 empresas, (70,27%), não utilizam nenhuma técnica de administração de

estoque. Nessas empresas, a administração de estoque é feita por meio de sistemas

de processamento eletrônicos de dados, integrado geralmente com outros setores

da empresa, como compras, suprimentos e vendas, os quais são capazes de gerar,

a qualquer momento, relatórios sobre a posição dos estoques de matéria-prima,

produtos em elaboração e produtos acabados. Vale ressaltar que a maioria delas

revelou que o módulo de controle de estoque é utilizado no dia a dia da empresa.

No que se refere à utilização das técnicas de administração de estoque, o

gráfico 20 apresenta o resultado da pesquisa.

11(29,73%)

26(70,27%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE

Utilizam

Não utilizam

Gráfico 20 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam as técnicas de administração de estoque

Fonte: Elaborado pelo autor

Como a maior parte dos gestores financeiros é composta por profissionais

com graduação e especialização na área de gestão, a não utilização das referidas

técnicas é incoerente. A justificativa na opinião do autor está na utilização de

sistema integrado de gestão que fornece o controle do estoque, tanto em valor

Page 175: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

174

financeiro quanto em quantidade e, por fim, grande parte das empresas trabalha sob

encomenda, e que possibilita adquirir somente os componentes necessários à

produção dos pedidos.

6.2.3.4 Grau de endividamento da empresa.

A estrutura de capital da empresa interfere diretamente no perfil da gestão e

no processo decisório, em virtude de que quanto maior a participação de capitais de

terceiros, principalmente a curto prazo, menor a flexibilidade das decisões.

A pesquisa procurou identificar o perfil de endividamento das empresas em

estudo. O resultado é apresentado pela tabela 8 .

Tabela 8 - Perfil de endividamento

ENDIVIDAMENTO

PASSIVO

TOTAL / PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

%

PASSIVO

ONEROSO / PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

%

DEPENDÊNCIA FINANCEIRA -

EXÍGIVEL TOTAL/ATIVO

TOTAL

%

De 0 a 40% 12 38,71% 13 41,94% 14 45,16%

De 41 a 80% 4 12,90% 9 29,03% 12 38,71%

De 81 a 120% 4 12,90% 5 16,13% 3 9,68%

De 121 a 160% 5 16,13% 3 9,68% 1 3,23%

De 161 a 200% 5 16,13% 0 0,00% 1 3,23%

Acima de 200% 1 3,23% 1 3,23% 0 0,00%

Total 31 100,00% 31 100,00% 31 100,00%

Fonte: Elaborada pelo autor

A pesquisa revelou que, do total de empresas respondentes, no que se refere

à participação de capitais de terceiros, 15 empresas, (48,39%), apresentam este

indicador superior a 81%. Já com participação de capitais de terceiros, inferior a

40%, há 12 empresas (38,41%), ou seja, buscam crescimento das operações com

recursos próprios. Isso é uma característica marcante das empresas do APL de

Santa Rita.

O gráfico 21 apresenta a quantidade e percentual das empresas por faixa de

participação de capital de terceiros.

Page 176: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

175

12(38,71%)

4(12,90%)

4(12,90%)

5(16,13%)

5(16,13%)

1(3,23%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS (PASSIVO TOTAL / PATRIMÔNIO

LÍQUIDO)

De 0 a 40%

De 41 a 80%

De 81 a 120%

De 121 a 160%

De 161 a 200%

Acima de 200%

Gráfico 21 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de capitais de terceiros

(Passivo Total / Patrimônio Líquido)

Fonte: Elaborado pelo autor

Já o indicador participação de capital de terceiros oneroso (Passivo Oneroso /

Patrimônio Líquido), é apresentado pelo gráfico 22

13(41,94%)

9(29,03%)

5(16,13%)

3(9,68%)

1(3,23%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS ONEROSO (PASSIVO

ONEROSO / PATRIMÔNIO LÍQUIDO)

De 0 a 40%

De 41 a 80%

De 81 a 120%

De 121 a 160%

De 161 a 200%

Acima de 200%

Gráfico 22 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de participação de capitais de terceiros oneroso (Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido)

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 177: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

176

A pesquisa apresenta que apenas 9 empresas, (29,03%) dentre as

respondentes, apresentam dívida onerosa superior a 81% sobre o patrimônio

líquido. Observa-se ainda que 13 empresas, (41,94%), possuem um endividamento

oneroso inferior a 40% do Patrimônio Líquido, ou seja, estão desenvolvendo-se com

recursos próprios. Isso indica que a maioria das empresas possui baixa dependência

por empréstimo e financiamento. Essa foi uma característica percebida pelo

entrevistador, no qual algumas empresas mostraram-se avessas quanto à utilização

de recursos de terceiros oneroso.

No que se refere ao indicador de dependência financeira (Exigível Total /

Ativo Total), a pesquisa apresenta que, das empresas respondentes, apenas 5 delas

possuem um endividamento superior a 81% do Ativo Total, conforme apresentado

pelo gráfico 23.

14(45,16%)

12(38,71%)

3(9,68%)

1(3,23%)

1(3,23%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR FAIXA DE DEPÊNDENCIA FINANCEIRA (EXÍGIVEL TOTAL/ ATIVO TOTAL)

De 0 a 40%

De 41 a 80%

De 81 a 120%

De 121 a 160%

De 161 a 200%

Acima de 200%

Gráfico 23 - Quantidade e percentual das empresas por faixa de dependência financeira (Exigível Total / Ativo Total)

Fonte: Elaborado pelo Autor

Pelo Gráfico acima, observa-se que os bens e diretos do Ativo foram em

grande parte adquiridos com recursos próprios ou já foram amortizados, uma vez

que as empresas, em sua grande parte, apresentam baixa dependência por

recursos de terceiros.

Pelo exposto, as empresas tendem a crescer com recursos gerados

internamente, apresentando uma estrutura de capital equilibrada, o que favorece a

Page 178: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

177

gestão, mas que, por outro lado, impede o crescimento rápido das mesmas.

Entretanto, a maioria delas cresce de forma sustentável.

Durante as entrevistas, os gestores financeiros relatam que as empresas de

base tecnológicas enfrentam dificuldade de obtenção de recursos, principalmente de

longo prazo, dado o envelhecimento precoce de seus produtos ou serviços. Essa

dificuldade está atrelada a falta de demonstrativos contábeis para avaliar a situação

passada e falta de garantias para tomar um empréstimo em uma instituição

financeira. Esses fatores geram altas taxas de juros, prazos reduzidos nos

empréstimos.

Nesse segmento, eletroeletrônico, o maior ativo da empresa é seu capital

intelectual ou intangível. Para crescer e consolidarem-se, essas empresas precisam

de aporte de recursos, mas por não apresentarem escala suficiente para ingressar

no mercado de capitais e nem garantia para um projeto de financiamento tradicional,

na falta ou insuficiência de crédito, muitas vezes os pequenos empresários são

obrigados a buscar fontes alternativas de financiamento, praticadas a juros acima do

mercado, incompatível com a rentabilidade da empresa.

Outra fonte de financiamento são os recursos governamentais não

reembolsáveis de fomento às empresas inovadoras como oriundas da FINEP,

FAPEMIG, CNPQ, IEL, FIEMG e SEBRAE. Diversas empresas pesquisadas

relataram a utilização desses subsídios.

Outra saída relatada por alguns entrevistados para obtenção de recursos é a

utilização de capital de risco, no qual, além do aporte de capital, fornece na maioria

das vezes, apoio estrutural e gerencial às empresas investidas. Vale ressaltar que

tais empresas são dirigidas por empresários-pesquisadores, que possuem inegável

conhecimento no core technology da empresa, embora, na área gestão, seja muitas

vezes precário.

Em consonância a isso, observou-se na pesquisa que a dificuldade de

obtenção de recursos, principalmente a longo prazo, limita o crescimento das

pequenas e médias empresas. A maior parte das empresas pesquisadas não possui

o acesso necessário a serviços financeiros e, quando conseguem estes recursos,

transferem significativa parcela de sua renda ao setor financeiro na rolagem de suas

dívidas, devido aos elevados juros. Assim, as empresas que não possuem as

exigências para obter financiamento, relataram durante a entrevista, buscam a

Page 179: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

178

expansão da empresa exclusivamente com base em recursos próprios ou recursos

financeiros provenientes do setor financeiro informal.

6.2.3.4 Necessidade de financiamento do Capital de Giro

A pesquisa procurou identificar se as empresas, em estudo, possuem

necessidade de financiamento para manterem suas operações.

Do universo de 37 empresas pesquisadas, 34 empresas, (87,50%),

necessitam financiar o Capital de Giro quando há oscilações no volume de venda.

Apenas 3 delas,(8,11%), possuem recursos suficientes para suprirem a falta de

capital de giro.

O resultado da pesquisa, quanto à quantidade e percentual das empresas que

necessitam de financiamento do capital de giro, é apresentado pelo Gráfico 24.

3491,89%

38,11%

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE NECESSITAM DE FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO

Necessitam

Não Necessitam

Gráfico 24 - Quantidade e percentual das empresas que necessitam de financiamento do capital de giro

Fonte: Elaborado pelo Autor

Essa dependência de recursos de terceiros para financiar o capital de giro

está relacionada às políticas de baixa estrutura de capital adotada pela maioria das

empresas pesquisadas. Consequentemente a isso, qualquer oscilação no volume de

atividade, os recursos disponíveis na empresa não são suficientes para suportar as

operações.

Page 180: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

179

Vale lembrar que essa Necessidade de Capital de Giro, de acordo com

Adizes (1990), faz parte do ciclo de vida das organizações, característico de

empresas que estão em pleno desenvolvimento, e cuja geração de caixa não é

suficiente para suprir a necessidade de investimento em ativo imobilizado, para

ampliação da capacidade produtiva e financiamento do capital de giro, necessitando

recorrer a recursos de terceiros para suportar variações no volume de atividade ou

crescimento das operações.

6.2.3.5 Fonte de financiamento do Capital de Giro

Diante da observação apontada no item anterior, a pesquisa procurou

levantar a origem dos recursos para financiamento do Capital de Giro. O resultado é

apresentado pelo gráfico 25.

21

23

13

24

1

2

16

15

31

(56,76%)

(62,16%)

(35,14%)

(64,86%)

(2,70%)

(5,41%)

(43,24%)

(40,54%)

(83,78%)

0 5 10 15 20 25 30 35

Fornecedores

Recursos de terceiros de curto prazo

Recursos de terceiros de longo prazo

Recursos gerados internamente

Inclusão de novos sócios

Alienação de bens do Ativo

Renegociação de dívidas

Redução de estoque

Antecipação de Recebível

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR ORIGEM DE FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO

Gráfico 25 - Quantidade e percentual das empresas por origem de financiamento do Capital de Giro

Fonte: Elaborado pelo autor

A pesquisa revelou as estratégias utilizadas pelas empresas pesquisadas

para levantar recursos para suprirem a necessidade de Capital de Giro, sendo que,

Page 181: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

180

31 empresas, (83,78%), utilizam-se do desconto de recebível (títulos ou duplicatas);

24, (64,86%); buscam financiar suas Necessidades de Capital de Giro com os

recursos próprios; 23, (62,19%), buscam recursos de curto prazo, 13, (35,14%),

recorrem a recursos de terceiros de longo prazo; 21, (56,76%), buscam lastrear o

prazo de pagamento com fornecedores e 16, (43,24%), possuem a renegociação de

dívidas como saída para solucionar os problemas de capital de giro.

Durante a entrevista, ficou claro para o pesquisador que, para aumentar as

vendas e, consequentemente, a rentabilidade, as empresas tendem a vender a

prazo e, para suportar o recebimento, efetuam a antecipação de recebível nas

instituições financeiras ou empresas de factoring. Posteriormente, recorrem a

recursos de terceiros de curto prazo e a fornecedores.

Com relação à utilização de recursos de terceiros de curto prazo, os

entrevistados relataram que sua obtenção é mais rápida do que a de longo prazo,

além da maior flexibilidade, uma vez que as necessidades apresentam de forma

sazonal e inesperada. Foi comentada ainda, por vários entrevistados, a utilização da

conta garantida, que é um limite pré-aprovado; apesar dos juros, grande parte das

empresas faz uso rotineiro desse recurso.

A estratégia de alienação de bens e inclusão de novos sócios são decisões

nas quais as empresas não demonstraram interesse para financiar a necessidade de

capital de giro.

6.2.3.6 Utilização de orçamento empresarial

O orçamento é uma ferramenta administrativa que visa assegurar que todos

os departamentos funcionem de acordo com as políticas da empresa e garantir que

as metas estabelecidas pelos gestores sejam alcançadas.

Dessa maneira, a presente pesquisa indagou sobre a utilização do orçamento

empresarial como forma de planejamento financeiro.

Das empresas pesquisadas, 20 delas, (54,05%), não utilizam e 17, (45,95%),

utilizam o orçamento empresarial como uma ferramenta de controle e gestão

financeira.

O nível de utilização do orçamento pelas empresas do APL de Santa Rita é

apresentado pelo gráfico 26.

Page 182: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

181

17(45,95%)

20(54,05%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS QUE UTILIZAM O ORÇAMENTO EMPRESARIAL

Utilizam

Não utilizam

Gráfico 26 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o orçamento empresarial

Fonte: Elaborado pelo autor

Percebeu-se, pela entrevista, que os gestores com formação em áreas

correlatas à gestão de empresas têm uma percepção maior da importância do

orçamento empresarial. No entanto, as atividades operacionais impedem a

elaboração de tal ferramenta, além disso, o número limitado de empregados na área

administrativa dificulta o seu acompanhamento.

Alguns gestores relataram ter dificuldade ou conhecimento limitado para

operacionalizar tal ferramenta, uma vez que não possuem formação academia na

área de gestão.

6.2.3.7 Informações que os gestores consideram Importantes x informações

fornecidas pela contabilidade para a gestão financeira

A pesquisa procurou identificar os instrumentos contábeis e financeiros que

os gestores julgam importantes para uma a gestão financeira e compará-los com os

fornecidos pela contabilidade. Para tal, elencou, no roteiro da entrevista, dezenove

informações que o autor acredita serem necessárias para a gestão financeira. Esse

rol de informações foi oferecido, na questão 23, em duas colunas, sendo que a

primeira remete a informações necessárias à gestão financeira e a segunda, às

informações fornecidas pela contabilidade.

Page 183: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

182

Durante a entrevista, o entrevistador percebeu, de forma nítida, o maior

entendimento sobre as ferramentas de gestão dos profissionais com formação

acadêmica em Administração de Empresas e Ciências Contábeis. Notou-se ainda

que os gestores entendem a importância dos instrumentos contábeis, até mesmo os

que não têm formação relacionada à gestão. No entanto, a grande maioria vê

dificuldade na estruturação dos sistemas e rotinas contábeis e caracterizam o

processo contábil como dispendioso e complexo.

Ainda segundo os entrevistados, outro ponto que prejudica a implantação e

operacionalização dos instrumentos contábeis e financeiros são as atividades

operacionais, que impedem que sejam despendidas energias para tais controles.

Percebe-se ainda que os gestores têm dificuldade em analisar e tomar decisões com

base nos relatórios contábeis.

A tabela 9 e, a seguir, o gráfico 27 apresentam o comparativo entre as

informações necessárias e as fornecidas pela contabilidade.

Tabela 9 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x fornecidas pela

contabilidade para gestão financeira

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E INSTRUMENTOS

DE CONTROLE FINANCEIRO

INFORMAÇÕES

DISPONIBLIZADAS PELA

CONTABILIDADE

INFORMAÇÕES

NECESSÁRIAS À GESTÃO

FINANCEIRA

QUANTIDADE

DE EMPRESAS PERCENTUAL

QUANTIDADE

DE EMPRESAS PERCENTUAL

Balanço Patrimonial 27 72,97% 37 100,00%

Demonstração de Resultado do Exercício 27 72,97% 37 100,00%

Demonstração de Fluxo de Caixa 11 29,73% 36 97,30%

Demonstração das Mutações Patrimônio Líquido 6 16,22% 14 37,84%

Controle de Caixa e Bancos 8 21,62% 37 100,00%

Controle de Contas a Receber 7 18,92% 37 100,00%

Controle de Contas a Pagar 6 16,22% 37 100,00%

Controle de Estoques 5 13,51% 36 97,30%

Controle de Fluxo de Caixa 5 13,51% 37 100,00%

Controle dos custos de produção 4 10,81% 35 94,59%

Estimativa do Potencial de Perda Créditos 4 10,81% 12 32,43%

Apuração Fiscal 37 100,00% 37 100,00%

Folha de Pagamento 35 94,59% 37 100,00%

Indicadores de Atividade 9 24,32% 35 94,59%

Indicadores de Capital de Giro 8 21,62% 35 94,59%

Indicadores de Liquidez 15 40,54% 35 94,59%

Indicadores Estrutura de Capital 13 35,14% 35 94,59%

Indicadores de Rentabilidade 13 35,14% 35 94,59%

Fonte: Elaborada pelo autor

Page 184: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

183

Foi relatado, pelos gestores, preocupação com o custo de se manter uma

estrutura para obter tais informações. Esse tipo de preocupação é comum em

empresas nascentes cujos recursos são limitados e o foco não está nos controles,

mas na produção e venda dos produtos.

A pesquisa revelou que, entre as empresas em estudo, a grande totalidade

considera as informações contábeis e financeiras importantes para a gestão

financeira. Entre os demonstrativos contábeis é unânime o Balanço e a

Demonstração de Resultado, destacando também suas análises agregadas. Já

como controles financeiros, destacam-se os relacionados à Gestão do Capital de

Giro, como Contas a Pagar, Receber, Estoque e Fluxo de Caixa, no qual se percebe

uma preocupação maior em torno do quanto se tem para Receber, a Pagar, Saldo

de Caixa, Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro.

Page 185: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

184

27

27

11

6

8

7

6

5

5

4

4

37

35

9

8

15

13

13

37

37

36

14

37

37

37

36

37

35

12

37

37

35

35

35

35

35

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Balanço Patrimonial

Demonstração de Resultado do Exercício

Demonstração de Fluxo de Caixa

Demonstração das Mutações Patrimônio Líquido

Controle de Caixa e Bancos

Controle de Contas a Receber

Controle de Contas a Pagar

Controle de Estoques

Controle de Fluxo de Caixa

Controle dos custos de produção

Estimativa do Potencial de Perda com Créditos

Apuração Fiscal

Folha de Pagamento

Indicadores de Atividade

Indicadores de Capital de Giro

Indicadores de Liquidez

Indicadores Estrutura de Capital

Indicadores de Rentabilidade

QUANTIDADE DE EMPRESAS: INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS x FORNECIDAS PELA CONTABILIDADE PARA A GESTÃO FINANCEIRA

Informações disponibilizadas pela contabilidade

Informações necessárias para a gestão financeira

Gráfico 27 - Quantidade e porcentual das empresas: Informações necessárias x fornecidas pela contabilidade para gestão financeira

Fonte: Elaborado pelo autor

Já quanto às informações fornecidas pela contabilidade, a pesquisa revelou,

conforme Tabela 09 e Gráfico 27 que se destacam a Apuração Fiscal, presente nas

37 empresas, (100,00%); Folha de Pagamento em 35 delas, (94,59%) e Balanço

Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício em 27 empresas, (72,97%).

Page 186: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

185

Observa-se que a contabilidade não se preocupa com a gestão da empresa,

pois não fornece dado e controles necessários para a gestão do capital de giro como

controle de contas a pagar, receber, estoque e os indicadores, ficando isso a cargo

da gestão por meio de sistemas extracontábeis.

Entre as informações mais fornecidas pela contabilidade prevalecem as

relacionadas à obrigatoriedade da apuração dos impostos pela legislação fiscal e o

recolhimento dos encargos sobre a folha. Na sequência aparecem os

demonstrativos contábeis e as análises econômicas e financeiras, ainda de forma

tímida.

Na aplicação do questionário, o pesquisador percebeu que os gestores

esperavam mais dos profissionais contábeis, sabendo-se que a maioria se atém à

parte fiscal, ficando as informações para a tomada de decisão a cargo da

administração da empresa.

6.2.3.8 Tratamento das informações fornecidas pela contabilidade

A contabilidade é um instrumento que auxilia a gestão da empresa, sendo

suas informações indispensáveis para aferir o resultado das decisões e para orientar

os planos e as políticas estratégicas a serem seguidas.

No que tange as informações fornecidas pela contabilidade, a presente

pesquisa procurou levantar qual o tratamento realizado com as mesmas para o

gerenciamento das atividades empresariais.

A pesquisa revelou que apenas 6 empresas, (16,22%), utilizam as

informações contábeis como são geradas pela contabilidade; 13 delas, (35,14%),

modificam a informação contábil adequando-a de forma a facilitar o entendimento

dos dados e a tomada de decisão e 18 empresas, (48,65%), não as utilizam para o

processo decisório.

Das empresas em que as informações contábeis não são utilizadas, os

entrevistados relataram que os controles financeiros são suficientes até o momento

para o gerenciamento e que, em uma etapa seguinte, buscar-se-á utilizar os

demonstrativos contábeis.

O resultado da pesquisa é apresentado no gráfico 28.

Page 187: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

186

6(16,22%)

13(35,14%)

18(48,65%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUANTO AO TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES FORNECIDAS PELA CONTABILIDADE

A empresa as utiliza da forma como foram geradas

A empresa trabalha essas informações, adequando-as

As informações geradas pela Contabilidade NÃO são utilizadas

Gráfico 28 - Quantidade e percentual das empresas quanto ao tratamento das informações fornecidas pela contabilidade

Fonte: Elaborado pelo autor

Diante desses dados, observa-se que a contabilidade, apesar de sua

magnitude importância para a gestão empresarial, não é utilizada em todo seu

potencial para a gestão e direcionamento das operações da empresa no APL

eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí.

6.3 Utilização das Informações para controle e gerenciamento de custos

Após efetuar um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e

financeiras, passar-se-á a analisar os resultados do bloco 3 do questionário,

referente à gestão de custos. Objetiva-se, com os dados coletados, identificar como

as empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam as ferramentas da contabilidade de

custos para a gestão empresarial.

6.3.1 Métodos de custeio utilizados

Neste ponto da pesquisa, buscou identificar a aplicabilidade dos métodos de

custeio como ferramenta de gestão.

A pesquisa revelou que em 34 empresas, (91,89%), predomina o uso do

custeio variável devido à importância e simplicidade no apoio ao processo gerencial;

Page 188: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

187

14 empresas, (37,84%), utilizam o target costing; 5 empresas, (13,51%), o custeio

por absorção e em 4 empresas, (10,81%), fazem uso do custeio Activity-Basead-

Costing, conforme resultado apresentado pelo gráfico 29.

5

34

4

14

1

(13,51%)

(91,89%)

(10,81%)

(37,84%)

(2,70%)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Custeio por absorção

Custeio Variável

Activity-Basead Costing

Target Costing

Custeio Padrão

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA MÉTODOS DE CUSTEIO

Gráfico 29 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada método de custeio.

Fonte: Elaborado pelo autor

No momento da entrevista, durante a indagação do autor, ficou claro que a

proporção da utilização do custeio por absorção é pequena, devido à complexidade.

E, como a maioria das empresas está enquadrada no Simples Nacional e Lucro

Presumido, no qual há uma desobrigação da escrituração contábil, as empresas

tendem a ignorar tal sistema, até mesmo por apresentar falha no processo decisório.

Dado o destaque ao custeio variável, passar-se-á a estudar a utilização de

suas ferramentas pelas empresas em estudo.

6.3.2 Utilização efetiva do custeio variável para tomada de decisão

No tocante ao custeio variável, a pesquisa identificou a utilização das

ferramentas do custeio variável: ponto de equilíbrio e a margem de contribuição são

utilizados por 35 empresas, (94,59%); a formação de preço de venda por 31

(83,78%); análise de custo-volume-lucro por 24, (64,86%); custos fixos identificados

por 20, (54,05%), e limitação da capacidade por 12, (32,43%). Esse resultado pode

ser melhor visualizado pelo gráfico 30.

Page 189: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

188

35

35

31

12

20

24

(94,59%)

(94,59%)

(83,78%)

(32,43%)

(54,05%)

(64,86%

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Ponto de equilíbrio

Margem de contribuição

Formação de preço

Limitação da capacidade

Custos fixos identificados

Relação custo-volume-lucro

QUANTIDADE E PERCENTUAL DE EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA FERRAMENTA DO CUSTEIO VARIÁVEL

Gráfico 30 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam cada ferramenta do custeio variável

Fonte: Elaborado pelo autor

Percebeu-se, durante as entrevistas, uma preocupação com a qualidade e

aprimoramento das informações para a gestão de custos. A predominância do

custeio variável, de acordo com os entrevistados, é resultado dos estudos

repassados pela academia, tanto nas instituições das áreas de gestão quanto nas

áreas técnicas.

As instituições de ensino, ao fomentarem o empreendedorismo, promovem

cursos de atualizações a respeito de metodologias de gestão de custos. Devido à

facilidade de elaboração e à eficácia à gestão empresarial, dentre as metodologias

de gestão, destaca-se o enfoque ao custeio variável para tomada de decisões.

6.3.3 Metodologia utilizada para formação de preço

No que diz respeito à formação do preço de venda, a pesquisa revelou, que

das empresas em estudo, 34 delas, (91,89%), utilizam o fator Mark-up para

formação de preço, e 30, (81,08%), tomam decisões com base nos concorrentes e

no mercado, conforme resultado apresentado pelo gráfico 31.

Page 190: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

189

34

30

30

0

(91,89%)

(81,08%)

(81,08%)

(0,00%)

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Com base nos custos (Mark-up)

Com base nos concorrentes

Características do mercado

Não utiliza métodos para formação de preço

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM CADA MÉTODO PARA FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA

Gráfico 31 - Quantidade e percentual de empresas que utilizam cada método para formação de preço de venda.

Fonte: Elaborado pelo autor

Os entrevistados relataram que apesar de não possuírem sistemas contábeis

totalmente integrados, as empresas estimam seus custos e tomam as decisões com

base em planilhas. Paralelamente, também são levados, em conta, os preços dos

concorrentes e as características do mercado.

6.4 Caracterização dos entrevistados

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista com: contador;

administrador financeiro; gerente financeiro; sócio-gerente; gerente administrativo;

controller e encarregado financeiro.

A classificação do universo pesquisado refere-se à nomenclatura dos cargos

que possuem certa paridade com as características definidas para este estudo e são

utilizadas nas empresas. Não obstante, a pretensão do pesquisador foi identificar o

interlocutor da empresa que pudesse melhor representar a área financeira,

independente do título do cargo e que apresentasse características semelhantes.

Dessa forma, passar-se-á à análise dos resultados do bloco 4 do

questionário: dados sobre o gestor responsável pela administração financeira.

Objetiva-se identificar o perfil acadêmico, área de formação e tempo de atuação na

Page 191: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

190

empresa dos responsáveis pela gestão financeira das empresas do APL de Santa

Rita do Sapucaí.

6.4.1 Perfil acadêmico

No que se refere ao perfil acadêmico, entende-se que quanto maior o nível de

escolaridade, maior a facilidade para estudo e implantação das práticas contábeis e

financeiras, mesmo que a graduação não seja na área de gestão.

No tocante ao perfil de formação acadêmica, estudo mostrou que das

empresas em estudo, 25 gestores financeiros, (67,57%), possuem graduação; 7

deles, (18,92%), possuem especialização; um gestor, (2,70%), possui mestrado e 4,

(10,81%), possuem apenas o segundo grau.

Observa-ser que, entre as empresas pesquisadas, prevalece os profissionais

graduados. Outro fato importante a ser notado é a existência de profissionais que

não possuem formação superior, apesar da prática do dia a dia, entende-se que

essa falta de formação dificulta a utilização da contabilidade e da administração

financeira no processo decisório.

O gráfico 32 apresenta o nível de formação acadêmica dos responsáveis pela

gestão financeira das referidas empresas em estudo.

410,81%

2567,57%

718,92%

12,70%

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR NÍVEL DE FORMAÇÃO ACADEMICA

Segundo grau

Graduação

Especialização (Lato Sensu)

MBA (Master Business Administration)

Mestrado (Stricto Sensu)

Gráfico 32 - Quantidade e percentual de empresas por nível de formação acadêmica dos gestores

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 192: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

191

O próximo passo é identificar a área de formação superior dos gestores

financeiros.

6.4.2 Área de formação dos gestores financeiros

A formação acadêmica influencia diretamente a utilização das práticas

contábeis e financeiras. Entende-se que profissionais com formação acadêmica nas

áreas de negócios como Administração de Empresas, Ciências Contábeis e

Economia tendem a uma maior facilidade na implantação e análise dos dados

econômicos e financeiros em relação às outras áreas de formação.

Considerando o universo dos gestores que possuem graduação, a pesquisa

procurou saber a sua área de graduação, na qual observa-se a predominância de

Administração de Empresas seguida pela área de exatas na gestão financeira das

empresas. Isso acontece em razão da oferta desses cursos pelas instituições de

ensino FAI e INATEL, sediadas na cidade de Santa Rita do Sapucaí.

O gráfico 33. Apresenta a quantidade e percentual de empresas por área de

formação acadêmica.

17(51,52%)

3(9,09%)

1(3,03%)

7(21,21%)

1(3,03%)

1(3,03%)

1(3,03%)

1(3,03%)

1(3,03%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR ÁREA DE FORMAÇÃO ACADEMICA

Administração de Empresas

Ciências Contábeis

Direito

Engenharia

Física

Sistema de informação

Matemática

Pedagogia

Gráfico 33 - Quantidade e percentual das empresas por área de formação acadêmica

Fonte: Elaborado pelo autor

Page 193: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

192

Percebe-se que a maioria dos responsáveis pela área financeira possui

graduação e especialização nas áreas correlatas à gestão empresarial. Entretanto,

tal característica não contribui para uma melhor utilização dos instrumentos

contábeis e financeiros para a tomada de decisão.

6.4.3 Tempo de atuação na empresa

No que diz respeito ao tempo de atuação na empresa, procurou-se investigar

o vínculo do gestor com a empresa onde atua. O resultado pode ser observado pela

pelo gráfico 34.

20(54,05%)12

(32,43%)

3(8,11%)

2(5,41%)

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS POR TEMPO DE ATUAÇÃO NA EMPRESA

De 0 a 5 anos

De 6 a 10 anos

De 11 a 15 anos

De 16 a 20 anos

Acima de 20 anos

Gráfico 34 - Quantidade e percentual das empresas por tempo de atuação nas empresas

Fonte: Elaborado pelo autor

De acordo com os resultados obtidos, observa-se que 54,05% dos gestores

estão nas empresas há menos de 5 anos; 32,43%, de 6 a 10 anos; 8,11%, de 11 a

15 anos e apenas 5,41%, estão há mais de 20 anos.

Pelo Gráfico 34 se observa um elevado turn over, o que dificulta a

implementação e acompanhamento das práticas contábeis e financeiras para a

tomada de decisão. Consequentemente, tal rotatividade causa uma preocupação

dos sócios da empresa em adotarem as técnicas de controle contábil e financeiro.

Page 194: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

193

6.5 Cruzamento dos dados: Regime de tributação x práticas contábeis e

financeiras.

A seguir, apresenta-se alguns quadros comparativos, nos quais se faz o

cruzamento de informações com os dados extraídos das empresas pesquisadas, a

fim de elencar as conclusões. Destaca-se o cruzamento das informações, entre os

regimes de tributação e a utilização das práticas contábeis e financeiras para o

gerenciamento das empresa, de acordo com os Apêndices 2, 3, 4 e 5, na qual,

pode-se inferir alguns comentários.

No que se refere à utilização das práticas contábeis em relação ao regime de

apuração dos impostos, o resultado é apresentado pelo gráfico 35.

1

12

2

(5,00%)

(80,00%)

(100,00%)

0 2 4 6 8 10 12 14

Simples Nacional

Lucro Presumido

Lucro Real

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE UTILIZAM O BALANÇO E A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO PARA A TOMADA DE DECISÃO EM CADA

REGIME DE APURAÇÃO DOS IMPOSTOS

Gráfico 35 - Quantidade e percentual das empresas que utilizam o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado para a tomada de decisão em cada regime de apuração dos impostos.

Fonte: Elaborado pelo autor

Pelo Gráfico 35, dentre as empresas pesquisadas, foi constatado que apenas

uma, (5,00%), utiliza o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado e 19

delas, (95,00%), não. Quanto às optantes pelo Lucro Presumido, 12 delas, (80,00%),

fazem uso das demonstrações e 3 não as utilizam. Urge ressaltar, que foram

pesquisadas apenas 2 empresas optantes pelo uso do Lucro Real e todas elas as

utilizam. Essas demonstrações são consideradas como espinha dorsal para a

gestão empresarial, além de representarem o retrato da situação econômico-

financeira da organização.

Page 195: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

194

Já no que se refere à utilização das práticas financeiras, o resultado é

apresentado pelo gráfico 36.

20

15

2

(100,00%)

(100,00%)

(100,00%)

0 5 10 15 20 25

Simples

Lucro Presumido

Lucro Real

QUANTIDADE E PERCENTUAL DAS EMPRESAS QUE POSSUEM CONTROLE DE

CONTAS A RECEBER E CONTAS PAGAR EM CADA REGIME DE APURAÇÃO DOS IMPOSTOS

Gráfico 36 - Quantidade e percentual das empresas que possuem controle de contas a receber e contas a pagar em cada regime de apuração fiscal.

Fonte: Elaborado pelo autor

Pelo Gráfico 36, observa-se que todas as empresas utilizam-se dos controles

de contas a pagar, contas a receber e, consequentemente, possuem fluxo de caixa,

fator este que contribui para que as mesmas que não utilizam os demonstrativos

contábeis permaneçam no mercado. Vale ressaltar que a utilização das

demonstrações contábeis, pelas empresas que ainda não as utilizam, pode

contribuir para a gestão empresarial, proporcionando um crescimento sustentável

tanto operacional quanto financeiro de tais empresas.

Page 196: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

195

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa representou uma busca do autor em aprofundar os

estudos na área contábil e financeira, partindo do princípio de que as informações

contábeis e as técnicas de administração financeira só se justificam se puderem ser

utilizadas como instrumento de apoio ao processo de gestão empresarial e à tomada

de decisões. Aliado a esse princípio, a pesquisa foi motivada também pela

suposição de que grande parte das empresas do “Vale da Eletrônica”, da cidade de

Santa Rita do Sapucaí, não utilizava, de modo pleno, as práticas contábeis e

financeiras como instrumento de apoio ao processo decisório, limitando-se a elas

para cumprir as exigências emanadas pela legislação fiscal.

Após a definição do que se pretendia investigar e do levantamento da

hipótese apresentada, os vários encontros com o professor orientador provocaram

reflexões e ponderações sobre o objeto de estudo, que resultaram a seguinte

questão problema: as empresas do “Vale da Eletrônica” utilizam-se das práticas

contábeis e financeiras no processo decisório?

A cidade de Santa Rita do Sapucaí destaca-se, atualmente, no cenário

nacional e internacional como um dos principais polos de tecnologia do Brasil,

conhecido como o “Vale da Eletrônica”. Há na cidade 180 empresas de base

tecnológica trabalhando com desenvolvimento e produção de eletroeletrônicos,

formando um Arranjo Produtivo Local (APL). A origem deste APL está na estrutura

educacional instalada na cidade, onde se destacam o ensino da Eletrônica pela

Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa” (ETE), a primeira da

América Latina e a sexta do mundo; ensino de Telecomunicações pelo Instituto

Nacional de Telecomunicações (INATEL) e o ensino de Informática e Administração

pela FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação. Essas

instituições têm como características o empreendedorismo e o incentivo à inovação

tecnológica.

Quanto ao porte, dentre as empresas pesquisadas, destacam-se as de

pequeno e médio porte (97,29%), constituídas em forma de sociedade de

responsabilidade limitada e formadas predominantemente por 2 sócios. Estas

características devem-se ao fato de a maioria das empresas serem formadas a partir

de projetos experimentais, na academia e/ou incubadoras na cidade de Santa Rita

Page 197: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

196

do Sapucaí, em parceria com as instituições de ensino. Quanto à atividade principal,

destacam-se: eletroeletrônica com 19 empresas, (51,35%); e Telecomunicações

com 9, (24,32%); segurança e usinagem com 3 empresas, (8,11%) e automação,

tecnologia da informação e matéria prima com uma empresa cada, perfazendo

2,70%, das empresas em estudo.

No que se refere ao regime de apuração de impostos, a pesquisa revelou

que nas empresas, em estudo, prevalecem os regimes simplificados do Simples

Nacional e Lucro Presumido, com 51,35% e 43,24% das empresas,

respectivamente. A predominância por esses regimes de apuração de impostos é

resultante de um planejamento tributário, na busca da redução da carga tributária,

uma vez que, produtos de base tecnológica possuem elevado valor agregado,

consequentemente, à alta margem de lucratividade, o que representa um ônus

tributário maior pelo Lucro Real.

Em contrapartida, esses regimes simplificados apuram os impostos apenas

sobre o faturamento, ficando a escrituração contábil em segundo plano. Apresenta-

se como fator positivo, a economia com honorários dos profissionais contábeis e,

como negativo, a impossibilidade de decisões seguras pela carência de informações

contábeis. Uma decisão mal fundamentada pode transformar o risco operacional em

financeiro, sendo este o principal fator do fracasso empresarial.

Outro ponto observado pela pesquisa é a existência de fatores atrativos no

APL aliando ao potencial econômico da região, na medida em que estes passam a

oferecer condições diferenciadas para a criação e atração de empresas correlatas à

eletroeletrônica. Entre as empresas pesquisadas, observa-se que 34 delas,

(91,89%), estão instaladas no APL entre 0 a 20 anos, dentre elas 11, (29,73%), há

menos de 5 anos. Observa-se um crescimento do número de empresas nos últimos

anos, que pode ser justificado pelos incentivos ao empreendedorismo pelas

instituições de ensino juntamente com os agentes locais.

No que se refere ao número de funcionários, a pesquisa constatou que

prevaleceram as pequenas empresas com até 99 funcionários, (89,19%), na qual, 16

empresas, (43,24%), possuem até 16 funcionários e 17delas, (45,95%), possuem

entre 20 a 99. O restante, 4 empresas, (10,81%), possui mais de 100 funcionários.

Esses números demonstram que as empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí

ainda estão nas fases iniciais do ciclo de vida, demandando um conjunto de

Page 198: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

197

controles para que possam crescer de forma sólida no mercado. Além disso, foi

constatado haver, na maioria delas, características familiares.

Já quanto ao faturamento, observou-se que os produtos e serviços ofertados

pelas empresas do “Vale da Eletrônica” são valor agregado. Dentre as empresas

pesquisadas, 19 delas, (51,36%), possuem faturamento maior que dois milhões de

reais por ano. Desse total, 7 empresas, (18,92%), faturam mais de dez milhões de

reais por ano.

Dentre as empresas pesquisadas, 35 empresas relataram que vendem mais

de 61% do faturamento a prazo e 34 empresas, (91,89%), enfrentam sazonalidades

nas vendas, que se manifestam principalmente nos meses de janeiro, fevereiro e

dezembro. Essa sazonalidade é decorrente do período de férias de final e início de

ano, fator que dificulta a gestão financeira no dia a dia.

Quanto aos serviços contábeis, foi constatada a predominância da

contabilidade terceirizada, opção feita por 29 empresas (78,38%). Entre as causas

da terceirização, os gestores relataram a falta de profissionais qualificados e o custo

de se manter uma estrutura contábil. Alguns gestores financeiros relataram estar

insatisfeitos com os prestadores de serviços contábeis, mas em contrapartida,

percebeu-se que eles têm consciência de que também não pagam um valor justo

pelo serviço contábil necessário para elaboração das demonstrações contábeis e

gerenciais, ficando os mesmos a cargo da administração. Por fim, acabam

negligenciados na maioria dos casos devido às atividades operacionais do dia a dia.

Além disso, percebeu-se durante as entrevistas que as pequenas e, até as

médias empresas, não têm interesse na informação contábil relativa à gestão do

empreendimento, pois buscam um serviço barato. Não obstante foram apontadas

algumas dificuldades pelos gestores financeiros em relação à gestão, como a

correta interpretação do lucro contábil, vinculando-o às operações financeiras do

fluxo de caixa, falta de conhecimento administrativo, falta de conhecimento legal,

falta de conhecimento de uma estrutura organizacional contábil, dificuldade no

planejamento tributário e não distinção entre operações da vida empresarial da

particular.

Tal constatação sinaliza que há um nicho de mercado a ser explorado por

profissionais contábeis, mediante serviços diferenciados, além da parte fiscal e

Page 199: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

198

trabalhista. Os profissionais contábeis devem agregar valor ao seu serviço e

oferecer informações e soluções de forma a assessorar o processo decisório.

Já no que se refere à utilização de sistema integrado de gestão, as empresas

pesquisadas demonstraram uma preocupação maior com a gestão, na qual, 27

delas, (72,97%), fazem uso de tal sistema. Em contrapartida, 24 empresas,

(64.86%), dependem de planilhas para consolidar as informações do sistema

integrado, ou seja, o sistema de per si, que não fornece todas as informações, por

falta de integração ou implantação de alguns módulos. Já nas empresas que não

possuem um sistema integrado de gestão preocupam-se basicamente com os

valores de contas a pagar e a receber, que são controladas ora em planilha ora por

meio de follow-up. Notou-se ainda, que 8 empresas, (21,62%), tomam decisões

com base em planilhas alimentadas somente com previsões. Ainda existem duas

empresas que não possuem nenhum controle, uma relatou que toma decisões com

base nos concorrentes e a outras, na intuição. Diante dessa observação, pode-se

remeter que a maior parte das empresas possuem controles, mesmo os mais

simples em planilhas, que não deixa de ser considerado uma forma de se fazer

contabilidade, apesar da falta de padronização dos procedimentos e relatórios.

Quanto às novas ferramentas da área contábil e fiscal, observa-se que todas

implementaram a nota fiscal eletrônica. A maior parte, 21 empresas, (56,76%), faz

uso do SPED fiscal/contábil, e 16 empresas, (43,24%), fazem uso da nota fiscal

eletrônica de serviço, ou seja, todas as empresas do APL de Santa Rita do Sapucaí

seguem as determinações legais.

No que se refere à utilização das demonstrações contábeis para a gestão

empresarial, a pesquisa demonstrou que prevalece o Balanço Patrimonial e a

Demonstração de Resultado, utilizados por 15 empresas, (40,54%); 8 empresas,

(21,62%), utilizam a Demonstração de Fluxo de Caixa; 6 empresas, (16,32%),

utilizam a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido juntamente com a

Demonstração de Lucro ou Prejuízos Acumulados e a Demonstração de Valor

Adicionado não é utilizada por nenhuma das empresas em estudo.

Observou-se ainda que alguns entrevistados relataram que utilizam as

demonstrações somente para buscar recursos a bancos, obter créditos a

fornecedores, participar de licitações e efetuar cadastros de forma geral. Entre os

gestores financeiros que não utilizam as demonstrações contábeis para a gestão

Page 200: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

199

ficou evidente a falta de credibilidade nas informações contábeis, a falta de

tempestividade e o principal problema: a dificuldade de interpretação dos números

contábeis. Diversos gestores relataram que possuem dúvidas quanto ao

entendimento das demonstrações contábeis, mas entendem sua importância para a

gestão da empresa. Alguns gestores financeiros relataram ainda, que as

informações fornecidas pela contabilidade ficam restrita às áreas legal, fiscal e

burocrática, grande parte das empresas entrevistadas gera as próprias informações

necessárias para a administração do negócio, não utilizando as informações

oriundas da contabilidade. Esse fato deve-se segundo os entrevistados à

informalidade, na qual, as informações contábeis não representam a realidade da

empresa.

Tal situação poderia ser revertida a partir da capacitação dos empresários,

com cursos semelhantes ao curso “Contabilidade para não contadores”, destinado

para gestores e empreendedores dos mais diversos segmentos.

As empresas entrevistadas relataram que não conhecem a real situação

econômica e financeira em que se encontram pela falta de um sistema contábil

estruturado. Para solucionar tal problema, foi questionado, sobre a possibilidade de

utilização da técnica do Balanço Perguntado. A maioria dos gestores financeiros

apresentou interesse na utilização de tal técnica.

No que tange à utilização dos indicadores econômicos e financeiros, extraídos

das demonstrações contábeis, a pesquisa demonstrou que prevalece a utilização

dos indicadores básicos relacionados à liquidez, à estrutura de capital e à

rentabilidade, calculados por 13 empresas, (35,14%), dentre as pesquisadas. Os

índices referentes à atividade ou prazos médios, considerados como intermediários

são utilizados por pouco mais de 20% das empresas e os avançados, denominados

de indicadores de capital de giro, são utilizados por apenas 7 empresas, (18,92%),

dentre as pesquisadas. Esses indicadores apresentam uma fotografia da saúde

financeira da empresa, e devem ser elaborados e acompanhados periodicamente.

Já em relação à utilização dos instrumentos gerenciais financeiros, o estudo

mostrou que os instrumentos mais utilizados pelas empresas do APL são os

relacionados à gestão de curto prazo, mais conhecidos como instrumentos de

gestão do capital de giro: o controle de estoque, utilizado por 33 empresas, 89,19%;

contas a receber e contas a pagar por todas as empresas; controle de caixa por 32

Page 201: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

200

empresas, (86,49%); fluxo de caixa por 33 empresas, (89,19%). Já o controle de

custos de produção é realizado por apenas 22 empresas, (59,46%), entre as

pesquisadas. Isso demonstrou que as empresas apresentam uma maior

preocupação quanto à gestão de curto prazo.

Essas ferramentas de gestão financeira de curto prazo, apesar de

aparentemente simples, oferecem subsídio para o gerenciamento do dia a dia das

operações, o que contribui para a manutenção da empresa no mercado, mesmo

sem a utilização dos controles contábeis padronizados.

Quanto à técnica de administração de caixa, apenas 5 empresas, (13,51%),

fazem seu uso: 4 delas utilizam o modelo do dia da semana e apenas uma empresa

utiliza o modelo de Baranek. Recomenda-se a utilização deste último, no qual as

empresas estipulam uma data para pagamento, o que facilita o dia a dia da gestão

financeira.

Entre as empresas que não utilizam nenhuma técnica de gestão de caixa, 5

delas relataram não terem controle nenhum do mesmo. Já as demais fazem a

gestão do caixa, por meio de um fluxo de caixa diário, no qual controlam seus

recebimentos e pagamentos regularmente, de modo a conservar um equilíbrio

financeiro entre as entradas e as saídas de caixa, a fim de manter as saídas sempre

menores com o intuito de evitar saldo devedor em conta bancária e,

consequentemente, o pagamento de juros. Essa ausência do controle de caixa pode

ser justificada pela facilidade do desconto de duplicadas e também da conta

garantida nas instituições financeiras, que suprem a falta de caixa em momentos

oportunos. Urge ressaltar que, durante a pesquisa, foi possível perceber que devido

ao desconhecimento dos responsáveis pela gestão financeira das empresas sobre a

importância das técnicas de administração de caixa, a maioria não os utiliza. Nesse

caso, recomenda-se também a capacitação dos mesmos para suprir tal

necessidade.

No tocante à utilização de técnicas de análise e concessão de créditos, a

pesquisa revelou que, das empresas pesquisadas, apenas 3, (8,11%), utilizam de

pelo menos uma das referidas técnicas para a concessão de crédito, ou seja, uma

empresa utiliza os 5Cs do crédito e 2 delas, o credit scoring. Evidencia-se que a

maioria das empresas não utiliza, embora seja de relevante importância para a

gestão financeira, todo o potencial da administração financeira, quanto à análise e

Page 202: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

201

concessão de créditos. De maneira geral, as empresas efetuam consulta a órgãos

de proteção ao crédito como Serviço de Proteção ao Consumidor (SPC) e ao Serasa

Experian, consulta comercial a respeito do perfil de pagamento do cliente, além de

uma visita quando o valor da venda a prazo é expressiva.

É relevante relatar que a maior parte das empresas que não utilizam técnicas

de análise de crédito (administração de contas a receber) revelou, durante a

indagação do entrevistador, que desconhecia tais técnicas. Inclusive, várias delas

estão com problemas financeiros causados pela falta de análise criteriosa de

créditos. Recomenda-se a todas as empresas a utilização dos 5 Cs do crédito e o

credit scoring, de forma a proteger o patrimônio da empresa contra credores

inadimplentes, que são um dos responsáveis pela falência das empresas.

Quanto à administração do estoque, a pesquisa demonstrou que, das

empresas pesquisadas, 11 delas, (29,76%), utilizam alguma técnica de

administração de estoque, entre as quais destacam-se o modelo ABC, Lote

Econômico de Compra, Material Requirement Planning e Just-in-time. As empresas

que relataram não utilizar nenhuma técnica de administração de estoque mantêm o

controle do mesmo por meio de sistemas de processamento eletrônicos de dados,

integrado geralmente com outros setores da empresa, como compras, suprimentos e

vendas, os quais são capazes de gerar, a qualquer momento, relatórios sobre a

posição dos estoques de matéria-prima, produtos em elaboração e produtos

acabados. Recomenda-se a utilização de, pelo menos, um dos sistemas de controle

de estoque, de acordo com a característica de cada empresa: controle ABC, Lote

Econômico de Compra e Just in time.

No que se refere ao endividamento, a pesquisa revelou que 15 empresas,

(48,39%), apresentam uma elevada participação de capitais de terceiros, superior a

81%. Já 12 empresas, (38,41%), apresentam baixa participação de capitais de

terceiros, inferior a 40%, ou seja, buscam crescimento das operações com recursos

próprios.

Quanto à participação de capitais de terceiros oneroso (Passivo Oneroso /

Patrimônio Líquido), a pesquisa constatou que apenas 9 empresas, (29,03%), dentre

as respondentes, apresentam dívida onerosa superior a 81% sobre o patrimônio

líquido. Observa-se ainda que 13 empresas, (41,94%), possuem um endividamento

oneroso inferior a 40% do Patrimônio Líquido, ou seja, estão desenvolvendo-se com

Page 203: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

202

recursos próprios. Durante as entrevistas, grande parte das empresas mostrou-se

avessa quanto à utilização de recursos de terceiros oneroso, em função da

dificuldade de obtenção, principalmente os relacionados de longo prazo. Assim as

empresas do APL apresentam baixa dependência por empréstimo e financiamento,

fator que dificulta seu desenvolvimento, tornando-o lento, mas em contrapartida

sustentável.

Já quanto ao indicador de dependência financeira (Exigível Total / Ativo

Total), a pesquisa apresenta que, das empresas respondentes, apenas 5 delas

possuem um endividamento superior a 81% do Ativo Total. Assim, observa-se que

os bens e diretos do Ativo foram em grande parte adquiridos com recursos próprios

ou já foram amortizados, uma vez que as empresas, em sua grande parte,

apresentam baixa dependência por recursos de terceiros. Para o entrevistador ficou

claro, que as empresas tendem a crescer com recursos gerados internamente,

apresentando uma estrutura de capital equilibrada, o que favorece a gestão

financeira, proporciona um crescimento sustentável, entretanto lento.

Observou-se pelas entrevistas que os gestores financeiros buscam financiar o

crescimento das operações primeiramente com recursos gerados internamente,

seguido da captação de recursos de terceiros. Os gestores financeiros das

pequenas empresas relataram ainda a dificuldade e a relutância do sistema

financeiro em lhes conceder empréstimos, principalmente de longo prazo, em virtude

da falta de garantias e pela sua maior taxa de mortalidade. Esse fator limita o

crescimento das pequenas e médias empresas.

Percebeu-se, durante as entrevistas, que as empresas de base tecnológicas

enfrentam dificuldade maior na obtenção de recursos, principalmente de longo

prazo, dado o envelhecimento precoce de seus produtos ou serviços. Observou-se

ainda que essa dificuldade em parte esta atrelada à falta de demonstrativos

contábeis para avaliar a situação passada e falta de garantias para tomar um e

prazos reduzidos nos empréstimos.

É inegável que nesse segmento, eletroeletrônico, o maior ativo da empresa é

seu capital intelectual ou intangível. Para crescer e consolidarem-se, tais empresas

precisam de aporte de recursos, mas por não apresentarem escala suficiente para

ingressar no mercado de capitais e nem garantia para um financiamento tradicional,

na falta ou insuficiência de crédito, muitas vezes os pequenos empresários são

Page 204: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

203

obrigados a buscar fontes alternativas de financiamento, praticadas a juros acima do

mercado, incompatível com a rentabilidade da empresa, provenientes do setor

financeiro informal.

Outra fonte de financiamento relatada pelos entrevistados refere-se aos

recursos governamentais não reembolsáveis de fomento às empresas inovadoras

como oriundas da FINEP, FAPEMIG, CNPQ, IEL, FIEMG e SEBRAE. Diversas

empresas pesquisadas relataram a utilização desses subsídios.

Verificou-se que algumas empresas utilizaram como estratégia para

crescimento o capital de risco. Relataram que, além do aporte de capital, foi

fornecido na maioria das vezes, apoio estrutural e gerencial às empresas investidas.

Vale ressaltar que tais empresas são dirigidas por empresários-pesquisadores, que

possuem inegável conhecimento no core technology da empresa, embora, na área

de gestão, seja muitas vezes precário.

Entre os gestores entrevistados, foram unânimes os relatos das dificuldades

de obtenção de financiamento, fator que limita a capacidade de crescimento das

empresas. Foi relatado que principalmente as pequenas empresas possuem

restrições ao acesso necessário a serviços financeiros e, quando conseguem estes

recursos, transferem significativa parcela de sua renda ao setor financeiro na

rolagem de suas dívidas, devido aos elevados juros. Assim, o financiamento para

crescimento é realizado exclusivamente com recursos próprios ou recursos

financeiros provenientes do setor financeiro informal.

A pesquisa mostrou que das empresas em estudo, 34 (87,50%), necessitam

financiar a necessidade de capital de giro. Esse fato característico de empresas que

estão em pleno desenvolvimento, e cuja geração de caixa não é suficiente para

financiar o Capital de Giro, necessitando recorrer a recursos de terceiros para

suportar variações no volume de atividade ou crescimento das operações. Os

entrevistados relataram que esses descontos advêm, principalmente, do desconto

de recebíveis (títulos ou duplicatas); utilização de recursos próprios; recursos de

terceiros de curto prazo; fornecedores e renegociação de dívidas.

Durante a entrevista, ficou evidenciado para o pesquisador que, para

aumentar as vendas e, consequentemente, a rentabilidade, as empresas tendem a

vender a prazo, o que demanda técnicas para análise e concessão de créditos. Para

suportar a dilação do prazo de recebimento, efetuam a antecipação de recebíveis

Page 205: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

204

nas instituições financeiras ou empresas de factoring, no primeiro momento.

Posteriormente, recorrem a recursos de terceiros, principalmente de curto prazo e a

fornecedores.

No que concerne à utilização do orçamento, a pesquisa revelou que das

empresas pesquisadas, 20 (54,05%), não utilizam o orçamento empresarial como

uma ferramenta de controle e gestão financeira. Percebeu-se, pela entrevista, que

os gestores com formação em áreas correlatas à gestão de empresas têm uma

percepção maior da importância do orçamento empresarial, entretanto, as atividades

operacionais impedem a elaboração e acompanhamento de tal ferramenta.

A pesquisa indagou sobre as informações que as empresas consideram

necessárias para a gestão financeira. Pela resposta observa-se que os gestores

entendem a importância da contabilidade e da administração para a gestão, ao

relatarem que necessitam tanto dos controles contábeis quanto financeiros. Já

quanto às informações fornecidas pela contabilidade, a pesquisa revelou que

prevalece a Apuração Fiscal, presente nas 37 empresas, (100,00%); Folha de

Pagamento em 35 (94,59%), e Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado

do Exercício em 27 (72,97%).

Na realização da entrevista, o pesquisador percebeu que os gestores

esperavam mais dos profissionais contábeis, sabendo-se que a maioria se atém à

parte fiscal, ficando as informações para a tomada de decisão a cargo dos gestores.

Encontra-se o papel do contador associado a um mal necessário para o

cumprimento das obrigações legais. No entanto, pode-se afirmar que o papel dos

contadores nas pequenas e médias empresas não difere daquele desempenhado

nas grandes empresas: estruturação de um sistema de informações de apoio à

decisão de forma a auxiliar os gestores na busca pela melhor utilização dos

recursos, ou seja, alcance da eficiência e eficácia empresarial.

Quanto ao grau de prontidão das informações contábeis para a gestão, a

pesquisa revelou que apenas 6 empresas, (16,22%), utilizam as informações

contábeis como são geradas pela contabilidade; 13 delas, (35,14%), modificam a

informação contábil adequando-a de forma a facilitar o entendimento dos dados e a

tomada de decisão e 18 empresas, (48,65%), não as utilizam para o processo

decisório. Diante desses dados, observa-se que a contabilidade, apesar de sua

magnitude para a gestão empresarial, não é utilizada em todo seu potencial para a

Page 206: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

205

gestão e direcionamento das operações da empresa no APL eletroeletrônico de

Santa Rita do Sapucaí.

No que se refere à utilização de sistemas custeio, a pesquisa revelou a

predominância do custeio variável utilizado por 34 empresas, (91,89). A utilização

deste método deve-se à importância e simplicidade no apoio ao processo gerencial,

como o ponto de equilíbrio e margem de contribuição. Como a maior parte das

empresas está enquadrada no Simples e Lucro Presumido, não fecham os

processos contábeis completos por somente atender às necessidades fiscais,

ficando as necessidades gerenciais em aberto. O custeio variável é operacionalizado

em planilhas e atualizado constantemente por meio de pesquisas de preço no

mercado. Tal predominância deve-se, também, ao fato desse sistema de custeio ser

ensinado nas instituições de ensino, juntamente com os projetos de incentivo ao

empreendedorismo.

Quanto ao perfil dos gestores financeiros, a pesquisa revelou que a maioria

possui graduação na área de Administração, seguida de Engenharia. Entretanto, a

alta administração é formada por profissionais com conhecimento

predominantemente tecnológico, o que dificulta a implementação das práticas

contábeis e financeiras.

De modo geral, foi possível observar que as empresas do APL, no que se

refere ao objeto de pesquisa, ainda necessitam dar uma atenção maior aos

instrumentos disponíveis para o gerenciamento contábil financeiro. Entretanto, ao

mesmo tempo, o que parece ser uma ameaça, pois poucas empresas utilizam os

instrumentos contábeis e financeiros, é também uma grande oportunidade para

capacitação dos profissionais ligados a gestão de tais empresas. A organização,

análise e interpreção de informações contábeis realmente não se constituem tarefas

fáceis e exigem, portanto, conhecimento especifico da Ciência Contábil, que nem

sempre está presente na formação daqueles que assumem a responsabilidade de

desenvolver o gerenciamento de uma empresa.

Essas observações levam a considerar também a responsabilidade do gestor

pela sua capacitação ao longo da vida profissional que exige competência para

lastrear as decisões estratégicas com base em dados e fatos concretos, a fim de

que a organização mantenha o desenvolvimento com lucratividade e consiga fazer

frente às evoluções dos concorrentes.

Page 207: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

206

Surge, nesse contexto, a necessidade dos gestores utilizarem plenamente a

contabilidade dentre seus objetivos de mensuração e comunicação de modo que

esses sistemas de informações gerenciais facilitem a tomada de decisão.

Pelo exposto, considera-se que esta pesquisa é apenas um ponto de partida

para futuros projetos que venham preencher as lacunas, as aqui evidenciadas, pela

carência da utilização das práticas contábeis e financeiras.

Pode-se ainda inferir estudos para o desenvolvimento de um conjunto de

indicadores econômicos e financeiros padrão para avaliação de empresas instaladas

em APL; às empresas com escrituração simplificada, recomenda-se a utilização da

técnica do Balanço Perguntado e o desenvolvimento de um software específico para

sua elaboração. E, para operacionalizar tais procedimentos, sugere-se finalmente

estudos sobre a possibilidade de implementação de uma controladoria central

compartilhada para as empresas inseridas no APL de Santa Rita do Sapucaí-MG.

Page 208: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

207

REFERÊNCIAS

ADIZES, Ichak. Ciclos de vida das organizações. São Paulo: Editora Pioneira, 1990. ALBERTÃO, Sebastião E. ERP - Sistemas de gestão empresarial: metodologia

para avaliação, seleção e implementação para pequenas e médias empresas. Editora Iglu, 2001. ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque

econômico-financeiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009.

ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto T. S. Administração do capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. ATKINSON, Anthony A.; BANKER, Rajiv D.; KAPLAN, Robert S.; YONG, S. Mark. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.

AZEVEDO, Osmar R.; MARIANO, Paulo A. In: SPED: Sistema Público de

Escrituração Digital. São Paulo: IOB, 2009. BIDI/FAI. Planejamento Estratégico do APL Eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí: inovação, competitividade e desenvolvimento. Coordenação CARVALHO,

Sandra. 66 p. Santa Rita do Sapucaí, 2009. BRANDÃO, Elaine R; MARTINS, Arnildo O; PAIVA, Benedito G M. Uma reflexão sobre a mudança de paradigma na contabilidade gerencial sob a ótica da contabilidade de ganhos baseado na teoria das restrições (TOC). In: ANDRADE, Nelson L. (Org.). Anais ... II Seminário Científico de Ciências Contábeis:

Contabilidade e Gestão. São Paulo: Editora Vale dos Livros, 2011. BRASIL. Lei 139, de 10 de novembro de 2011. Disponível em: < http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leiscomplementares/2011/leicp139.htm >. Acesso em: 18 de março de 2012. ______.Lei n° 11.941/09. Disponível em: <http: //www.receita.fazenda.gov.br/ legislação/Leis/2009/lei11941.htm>. Acesso em: 02 março. 2012. ______.Lei n° 11.638/07. Disponível em: <http: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato

2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 02 março. 2012. ______.Lei 123, de 14 de dezembro de 2006. Disponível em: < http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leiscomplementares/2006/leicp123.htm >. Acesso em: 18 de março de 2012.

Page 209: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

208

______.Lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Disponível em: <

http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/2002/lei10637.htm >. Acesso em: 03 de julho de 2012. ______.Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1.999. Regulamento do Imposto de

Renda. Disponível em: < http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/rir/default.htm >. Acesso em: 02 de julho de 2012. ______.Lei 9.718, de 27 de setembro de 1998. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9718.htm>. Acesso em: 12 de março de 2012. BRIGHAM, Eugene F.; HOUSTON, Joel F. Fundamentos da moderna administração financeira. 12. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CASSARRO, Antonio C. Sistemas de Informação para a tomada de decisão. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1999. COLAUTO, Douglas R.; BEUREN, Ilse M. Coleta, análise e interpretação dos dados. In: BEUREN, Ilse M. (Org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2012.

COME, Eduardo de. Considerações ao estudo de modelos aplicados à administração do capital de giro. 161 F. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade). Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 1999. CPC - COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. 2010. Disponível em: <http://www.cpc.org.br>. Acesso em: 10 de abril de 2012. ______. CPC PME - Contabilidade para pequenas e médias empresas. 2011

Disponível em: <http://www.cpc.org.br> Acesso em: 11 de maio de 2012. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n.º 1255/09. Disponível em: http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2009/001255. Acesso em: 2 de março. 2012. COOPER, Robin.; SLAGMULDER, Regiane. Target costing and value engineering, Portland, USA: Productivity Press, 1997. 379 p. CREPALDI, Silvio A. Contabilidade gerencial, teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1998. DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. São Paulo:

Atlas, 1995. DUARTE, Roberto D. Big brother fiscal na era do conhecimento: como a certificação digital, SPED, e NF-e estão transformando a gestão empresarial no Brasil. 2. ed. São Paulo: Idea@work, 2008.

Page 210: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

209

FERREIRA, Aurélio Buarque de H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. São Paulo: Positivo, 2004. FABRETTI, Láudio C. Contabilidade tributária. São Paulo: Ed. Atlas, 2009. FERRONATO, João A. Gestão contábil e financeira de micro e pequenas empresas: sobrevivência e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2011.

FIEMG, IEL Minas e SINDVEL. Perfil da Indústria do Vale da Eletrônica - Santa

Rita do Sapucaí MG. 116 p. Belo Horizonte, 2010. ______. Diagnóstico produtivo da indústria do Vale da Eletrônica: mercado, tecnologia e inovação. 110 p. Belo Horizonte, 2007. FIGHERA, Francisco C. Contribuição para o processo de aperfeiçoamento da informação para a decisão e avaliação do desempenho patrimonial, econômico e financeiro dos centros de tradição gaúcha do estado de São Paulo. 136 F.

Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis e Financeiras). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: PUC-SP, 2005. FREZATTI, Fábio; ROCHA, Welington; NASCIMENTO, Artur R. e JUNQUEIRA, Emanuel. Controle Gerencial: uma abordagem da contabilidade gerencial no contexto econômico, comportamental e sociológico. São Paulo: Atlas, 2009. GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W. Contabilidade gerencial. 9. ed. Rio de

Janeiro: Editora LTC, 2001. GIL, Antônio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São

Paulo:Pearson Prentice Hall, 2010. ______. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004. ______. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 2002.

______. Princípios de administração financeira - essencial. 2. ed. Porto Alegre:

Bookman, 2001. GODOY, Arilda S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas. São Paulo; v. 35, n. 3. p. 20-29, Mai./Jun. 1995.

HANSEN, Don R., MOWEN, Maryanne M. Gestão de custos: contabilidade e

controle. 3. ed. Oklahoma: Pioneira, 2001. HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F.Teoria da contabilidade. 8. reimpr. São Paulo: Atlas, 2010.

Page 211: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

210

HORNGREN, Charles T.; SUNDEM, Gary L.; STRATTON, William O. Contabilidade gerencial. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2004. HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Disponível em: < www.ibge.gov.br>. Acesso em: 12 maio de 2012. IUDÍCIBUS, Sergio de. Teoria da contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ______. Análise de balanços. 7 ed. São Paulo, Atlas, 1998. IUDÍCIBUS, Sergio de; MARION, José C. Introdução à teoria da contabilidade. 3. ed. São Paulo: ed. Atlas, 2002 IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; CARVALHO, L. Nelson. Contabilidade: aspectos relevantes da epopéia de sua evolução. Revista Contabilidade e Finanças, São Paulo, n. 38, p.7-19, maio/ago. 2005. Quadrimestral. Disponível em:

<http://www.eac.fea.usp.br/eac/revista/>. Acesso em: 10 maio de 2011. KASSAI, José R.; KASSAI, Sílvia. Balanço perguntado: solução para as pequenas empresas. Anais ... VIII Congresso Brasileiro de Custos, São Leopoldo/RS, 03 a 05

de outubro de 2001. KAUFMANN, Felix. Metodologia das ciências sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977. LEONE. George S. G. Curso de contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1997. LEONE. George S. G.; LEONE, Rodrigo J. G. Curso de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LODDI, Cesar E. L. Aplicação das teorias e métodos da administração financeira como sistema de apoio as tomadas de decisões de pequenos empreendimentos franqueados: um estudo de caso. 172 F. Dissertação (Mestrado

em Engenharia da Produção). Universidade de São Paulo. São Carlos:USP, 2008. LUNKES, Rogério J. Manual de orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MACHADO, S. A. Dinâmica dos Arranjos Produtivos Locais: um estudo de caso em Santa Gertrudes, a nova capital da cerâmica brasileira. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção, Tese de Doutorado, São Paulo, 2003. MAHER, Michael. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2001.

MAY, Tim. Pesquisa social: questões, métodos e processos. 3. ed. Porto Alegre:

Artmed, 2004.

Page 212: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

211

MARCONI, Marina de A.; LAKATOS, Eva M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARION, José C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ______. Contabilidade empresarial. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

______. Contabilidade empresarial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARTIGNAGO, Edson. SPED!?. Blog Empresarial. [S.l.]. 2008. Disponível em:

<http://spedbr.blogspot.com/2008/09/sped.html>. Acesso em: 25 de maio de 2012. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanço: abordagem gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MATIAS, Alberto B; JUNIOR, Fábio L. Administração financeira nas empresas de pequeno porte. São Paulo: Manole, 2002. MATIAS, Alberto B; VICENTE, Ernesto F R. Modelagem de risco de crédito para a Caixa Econômica Federal. Projeto realizado pela FIA (Fundação Instituto de

Administração), São Paulo, 1996. MENKE, Silvana T R. Noções Introdutórias Simples Nacional. 2009. Disponível em: < http://www2.sefaz.al.gov.br/legislacao/Apostila_Simples_Nacional.pdf>. Acesso em: 22 de maio de 2012. MERCOSUL nº 59 . Política de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas do

Mercosul - Etapa II. [S.l.:s.n.], 08 dez. 1998. Disponível em: < http://www.sice.oas.org/trade/mrcsrs/resolutions/res5998p.asp>. Acesso em: 12 de abril de 2012. MONT‟ALVÃO, Carlos A.; PAIVA, Benedito G. M. O uso da contabilidade como ferramenta de gestão das micro e pequenas empresas: um estudo de caso de uma empresa do Vale da Eletrônica. In: MORELLI, Aldo A; PEREIRA, José C; SANTOS, Sandra C (Orgs.). Gestão competitiva para empresas de base tecnológicas.

Campinas, SP: Akademika, 2011. MORELLI, Aldo A. Um estudo da capacidade do arranjo produtivo local eletroeletrônico de Santa Rita do Sapucaí-MG. 118 F. Dissertação (Mestrado em

Administração). Faculdade Cenecista de Varginha. Varginha: CNEC/FACECA, 2006. NAKAGAWA, Masayuki. ABC: custeio baseado em atividades. São Paulo : Atlas, 1995. NEVES, José L. Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisa em administração. São Paulo, FEA-USP: v. 1, n. 3, 2º sem. 1996.

Page 213: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

212

OLIVEIRA, Antonio B S. Controladoria: fundamentos do controle empresarial. São Paulo: Atlas. 2009 a. OLIVEIRA, Gustavo P . Contabilidade tributária. 3. ed. rev. e atualizada. São

Paulo: Ed. Saraiva, 2009 b. ONO, Koki: ROBLES JÚNIOR, Antonio. Utilização do target costing e outras técnicas de custeio: um estudo exploratório em municípios de Santa Catarina. Revista de Contabilidade e Finanças USP. Edição especial p. 65-78, junho 2004. PADOVEZE, Clóvis L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ______. Planejamento orçamentário: texto e exercícios. São Paulo: Pioneira

Thomson Learning, 2005. ______. Curso básico gerencial de custos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. PATRONE, F.L.; DUBOIS, Donalds. Financial ratio analysis for the small business. Journal of Small Business Management (pré-1986); 19, 000001; ABM/INFORM Global; Jan. 1981. PÊGAS, Paulo H. Manual de contabilidade tributária. 5. ed. rev. e atualizada. Rio

de Janeiro: Freitas Bastos, 2008. PEREIRA, José C. Considerações sobre o perfil do empreendedor e a interação existente no ambiente de negócios do polo tecnológico de Santa Rita do Sapucaí-MG : o “Vale da Eletrônica”. 185 F. Dissertação (Mestrado em

Administração). Universidade Cidade de São Paulo. São Paulo: UNICID, 2001. PEREZ JÚNIOR, José H; BEGALLI, Glaucos A. Elaboração das demonstrações contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

PEREZ JÚNIOR, José H; OLIVEIRA, Luís M; COSTA, Rogério G. Gestão estratégica de custos. São Paulo: Atlas, 1999. PORTAL DE CONTABILIDADE. SPED - Sistema Público de Escrituração Contábil. São Paulo. [2012]. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/noticias/sped.htm>. Acesso em: 23 de maio de 2012. PORTER, E. Michael. Competição: estratégias competitivas essenciais. 13. ed. Rio

de Janeiro: Editora Campus, 1999. ______. Vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro: Campos, 1993. ______. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

Page 214: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

213

______. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989. RAUPP, Fabiano M. Metodologia da pesquisa aplicável às ciências sociais. In: BEUREN, Ilse M, Org. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012. REZENDE, Denis A; ABREU, Aline F. Tecnologia da informação aplicada a sistemas de informação empresariais: o papel estratégico da informação e dos sistemas de informação nas empresas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. RESNIK, Paul. A bíblia da pequena empresa: como iniciar com segurança sua

pequena empresa e ser muito bem sucedido. São Paulo: Makron Books, 1998. RESNIK, Paul. A bíblia da pequena e média empresa. São Paulo: Makron Books, 1991. RODRIGUES FILHO, José. Anotações de palestras e seminários. Programa de

Pós-Graduação em Administração. Curso de Mestrado em Administração. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2004. ROSS, Stephen; WESTERFIELD, Randolph W. e JAFFE, Jeffrey F. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: atlas, 2010. ROSS, Stephen; WESTERFIELD, Randolph W e JORDAN, Bradford D. Administração financeira. 8. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2008. SANTOS, Joel J. Analise de custo. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005. SANTOS, José O. dos. Análise de crédito: empresas e pessoas físicas. 2. ed. São Paulo : Atlas, 2003. SANTOS, Fernando de A; VEIGA, Windsor E V. Contabilidade com ênfase em micro, pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, 2011. SANTI FILHO. Armando de; OLINQUEVITCH. José L. Análise de balanços para controle gerencial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

SANVICENTE, Antonio Z. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (Org). Anuário do trabalho na micro e pequena empresa 2010-2011. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. 4. ed. . Brasília, DF; DIEESE, 2011. Disponível em < http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/25BA39988A7410D78325795D003E8172/$File/NT00047276.pdf> Acesso em: 10 de junho de 2012. SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007.

Page 215: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

214

SHANK, John K.; GOVINDARAJAN, Vijay. A revolução dos custos: como reinventar e redefinir sua estratégia de custos para vencer em mercados crescentemente competitivos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. SILVA, José P. Gestão e análise de risco do crédito. São Paulo: Atlas, 2008. SILVA, Adriana C.; GONÇALVES, GRILLO, Rosana C. M. Caracterização do uso de sistemas de controle orçamentário: um estudo multicaso. Trabalho

apresentado no 6º Congresso USP Controladoria e Contabilidade, 27-28 julho/2006. São Paulo. SILVA, Ângelo A. Gestão financeira: um estudo acerca da contribuição da

contabilidade na gestão do capital de giro das médias e grandes indústrias de confecções do estado do Paraná.163 F. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade). Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 2002. Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (SINDVEL). Disponível em: < www.sindvel.com.br>. Acesso em: 13 de maio de 2012. SOUZA, César A.; ZWICKER, Ronaldo. Implementação de sistemas ERP: um estudo de casos comparados. In: Encontro Nacional dos Programas de Pós- Graduação em Administração,24.,2000, Florianópolis. Anais ... XVIII Reunião Anual da ANPAD. Rio de Janeiro: ANPAD, 2000. 1 CD. SOUZA, José G. Educação e desenvolvimento: uma abordagem crítico- analítica

a partir do polo tecnológico de Santa Rita do Sapucaí. Tese (Doutorado). Universidade Estadual de Campinas. Campinas: UNICAMP, 2000. SOUZA, Marcos A. Práticas de contabilidade gerencial adotadas por subsidiárias brasileiras de empresas multinacionais . São Paulo, Tese de

Doutorado Apresentada a FEA / USP, 2001. SOUSA, Almir F e CHAIA, Alexandre J. Política de crédito: uma análise qualitativa dos processos em empresas. Caderno de Pesquisas em Administração, São

Paulo, v. 07, nº 3, Julho/setembro 2000. TAPSCOTT, Don. Mudança de paradigma. São Paulo: Makron, 1995. VIEIRA, Marcos V. Administração estratégica do capital de giro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade gerencial. 6.

ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. WRUCK, Karen H. Financial distress, reorganization, and organizational efficiency. Journal of Financial and Economics, v. 27, p. 419-444, 1990.

Page 216: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

215

APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA

Carta dirigida às empresas na fase da pesquisa de campo

PONTIFÍCIA UNIVERSIDASDE CATÓLICA DE SÃO PAULO (PUC-SP). PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E FINANCEIRAS.

São Paulo, 25 de maio de 2012. Ao Ilmo. Sr. Contador e/ou Responsável pela gestão financeira da empresa

Prezado colega,

Estou concluindo o Mestrado em Ciências Contábeis e Financeiras, na

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Uma das etapas do programa consiste na elaboração da dissertação que, no meu caso, versará sobre: Um estudo sobre a utilização das práticas contábeis e financeiras como ferramenta de gestão financeira pelas empresas do “Vale da Eletrônica”.

Trata-se de estudo que requer pesquisa de campo para ser desenvolvido e, para tal, foi elaborada a presente entrevista que objetiva coletar os dados necessários ao desenvolvimento da pesquisa.

Assim, solicito a sua contribuição no sentido de responder as questões desta entrevista, que dará sustentação ao projeto. Comprometo-me a dar caráter confidencial às informações fornecidas e que as mesmas receberão tratamento estatístico coletivo, não havendo, portanto, referências individuais ou nominais.

Após a conclusão da pesquisa, poderá ser disponibilizado para essa empresa um resumo com as conclusões obtidas, caso seja do interesse de V.Sa.

Agradecendo à atenção coloco-me à sua inteira disposição para eventuais esclarecimentos sobre a pesquisa e o assunto, por meio do telefone e e-mail do pesquisador [email protected], (035) 9953-6280. Atenciosamente, Benedito Geovani Martins de Paiva CPF: 070.513.506-33 Mestrando

Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Financeiras. Rua Ministro de Godói, 969 - 4.º Andar - Ed. Bandeira de Mello Perdizes 05014-901 - São Paulo, SP – Brasil SAO PAULO,SP, CEP:

05014-901

Page 217: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

216

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

PESQUISA DE CAMPO ENTREVISTA PARA COLETA DE DADOS

Dados da empresa:

FANTASIA:___________________________________________________________

RAZÃO SOCIAL:______________________________________________________

BAIRRO:______________________CIDADE:___________________ESTADO:____

TELEFONE:( ) ______________FAX: ( ) _____________________________

HOME PAGE:____________________E-MAIL:______________________________

PESSOA PARA CONTATO:_____________________________________________

Page 218: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

217

BLOCO 1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DA EMPRESA

1. Classifique quanto à natureza jurídica e a atividade econômica principal:

Natureza Jurídica Firma individual

Limitada Comanditas Sociedade anônima Ramo de Atividade

Telecomunicações

Eletroeletrônica

Segurança

Automação

Tecnologia da Informação

Eletromecânica

Informática

Matéria prima

2. Qual o regime de apuração dos impostos da empresa?

Regimes de apuração de impostos Marque (x)

Simples Nacional

Lucro Presumido

Lucro Real

3. Qual o número de funcionários e sócios na empresa?

a) Funcionários: ________________________ b) Sócios:_____________________________

4. Há quantos anos a empresa opera no mercado? Qual o faturamento total bruto da empresa no ano 2011? Qual o percentual do faturamento a prazo?

a) Tempo no mercado (anos):__________________ b) Faturamento 2011: ________________________ c) Percentual a prazo:________________________

5. A empresa enfrenta sazonalidade das vendas em algum período do ano?

a) 1. ( ) Sim – Qual(is) meses? _____________________ b) 2. ( ) Não

6. Como é executada a escrituração contábil da empresa?

a) ( ) Contabilidade terceirizada (feita em escritório de contabilidade) b) ( ) Contabilidade própria (feita dentro da própria empresa)

Page 219: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

218

7. A empresa utiliza sistema integrado de Gestão, mais conhecido como Enterprise Resource Planning - ERP? (integrando Custos, Finanças, Recursos Humanos etc.)

a) ( ) Não b) ( ) Sim, Qual? ________ c) ( ) todos os módulos integrados. d) ( ) Apenas alguns módulos integrados.

8. Como a empresa obtém as informações para o gerenciamento e tomada de decisões? a) ( ) Somente com base nas informações do ERP. b) ( ) Com base nas informações do ERP e auxílio de planilhas. c) ( ) Com base em planilhas de Excel, alimentadas com previsões. d) ( ) Com base no mercado. e) ( ) Com base no concorrente. f) ( ) Com base na intuição.

9. A empresa implementou as novas tecnologias na área contábil e fiscal?

a) ( ) SPED Fiscal/Contábil. b) ( ) NF-e – Nota fiscal eletrônica. c) ( ) NFS-e – Nota fiscal Serviço. d) ( ) Não implementou.

Page 220: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

219

BLOCO 2 - INSTRUMENTOS GERENCIAIS EXISTENTES E TÉCNICAS UTILIZADAS NA GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA

10. Dos Relatórios Gerenciais (contábeis) quais são utilizados pelas empresas?

Relatórios Gerenciais Contábeis Marque (x)

Balancete de Verificação

Balanço Patrimonial

Demonstração de Resultado do Exercício

Demonstração de Fluxo de Caixa

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados

11. A empresa efetua análise das demonstrações financeiras:

Marque (x)

Análise Horizontal e Vertical Liquidez

Liquidez Imediata

Liquidez Corrente

Liquidez Seca

Liquidez Geral Estrutura de Capital

Participação de Capitais de Terceiros

Composição do Endividamento

Imobilização do Patrimônio Líquido

Imobilização dos Recursos não correntes Análise de Rentabilidade

Giro do Ativo

Margem Líquida

Rentabilidade do Ativo

Rentabilidade do Patrimônio Líquido Análise Du Pont Análise dos indicadores de atividade

Prazo médio de estocagem

Prazo Médio de Recebimento

Prazo Médio de Pagamento

Ciclo Operacional

Ciclo Econômico

Ciclo Financeiro Análise dos indicadores de capital de Giro

Capital de giro

Necessidade de capital de giro

Saldo de tesouraria

Page 221: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

220

12. Controles Gerenciais:

Controles Gerenciais Marque (x)

Controle de Estoques

Controle de Contas a Receber

Controle de Contas a Pagar

Controle de Caixa

Controle de Fluxo de Caixa

Controle de Custos de Produção

Não utiliza controles gerenciais na gestão

13. Existem técnicas de administração de caixa. Qual a empresa utiliza ?

Técnicas de administração de Caixa Marque (x)

Modelo do Caixa Mínimo Operacional

Modelo de Baumol

Modelo de Miller e Orr

Modelo de Dia da Semana

Modelo de Beranek

Modelo de Stone

Não utiliza nenhum modelo.

14. Se a resposta da questão anterior foi “não”, descreva sucintamente como a

empresa administra o caixa. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

15. No tocante à administração de contas a receber, existem algumas técnicas de análise e concessão de crédito. A empresa utiliza alguma (s)?

Técnicas de administração de contas a receber Marque (x)

Os 5 C‟s do Crédito

Árvore de Decisão

Credit Scoring

Behavioural Scoring

Redes Neurais

Modelo de Buckley

Não utiliza nenhuma técnica

16. Se a resposta da questão anterior foi “não”, descreva sucintamente como a empresa administra a concessão de crédito. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 222: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

221

17. Existem algumas técnicas de administração de estoques. A empresa utiliza algumas dessas técnicas?

Técnicas de administração de estoque Marque (x)

Sistema ABC

Modelo do Lote Econômico de Compra

FMS – Flexible Manufacturing Systems

MRP – Material Requirement Planning

OPT – Optimized Production Technology

Sistema just-in-time (JIT)

Não utiliza nenhuma técnica para administração de estoque

18. Se a resposta da questão anterior foi “não”, descreva sucintamente como a empresa administra os estoques. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

19. Qual o grau de endividamento da empresa?

Percentual (%)

Passivo Total / Patrimônio Líquido

Passivo Oneroso / Patrimônio Líquido

Dependência Financeira - Passivo Total/Ativo Total

20. A empresa possui necessidade de financiamento?

a) ( ) Não b) ( ) Sim - assinalar o tipo: ( ) Permanente

( ) Sazonal

21. Como a empresa levanta recursos para financiar essa necessidade de financiamento?

a) ( ) Fornecedores ( aumento prazo médio de pagamento). b) ( ) Recursos de terceiros de curto prazo (Capital de giro). c) ( ) Recursos de terceiros de longo prazo (Capital de giro). d) ( ) Recursos gerados internamente (Lucro + redução ciclo

financeiro). e) ( ) Inclusão de novos sócios ( aumento de capital social). f) ( ) Alienação de bens do Ativo. g) ( ) Renegociação de dívidas. h) ( ) Redução de estoque (redução do prazo médio de estocagem). i) ( ) Antecipação de Recebível (Redução prazo de recebimento ou

desconto de títulos).

Page 223: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

222

22. A empresa utiliza orçamento anual como forma de planejamento financeiro?

a) ( ) Sim. b) ( ) Não.

23. Das informações abaixo, qual (is) a empresa considera necessária(s) para a gestão financeira e quais a contabilidade já fornece para a empresa?

Necessários

à Gestão

Financeira

Fornecidos

pela

Contabilidade

Balanço Patrimonial

Demonstração de Resultado do Exercício

Demonstração de Fluxo de Caixa

Demonstração das Mutações Patrimônio Líquido

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados

Controle de Caixa e Bancos

Controle de Contas a Receber

Controle de Contas a Pagar

Controle de Estoques

Controle de Fluxo de Caixa

Controle dos custos de produção

Estimativa do Potencial de Perda com Créditos

Apuração Fiscal

Folha de Pagamento

Indicadores de Atividade

Indicadores de Capital de Giro

Indicadores de Liquidez

Indicadores Est. de Capital

Indicadores de Rentabilidade

24. No tocante às informações gerenciais fornecidas pela contabilidade:

Informações fornecidas pela contabilidade Marque (x)

A empresa as utiliza da forma como foram geradas, pois as informações já vêm prontas para subsidiar as decisões financeiras.

A empresa trabalha essas informações, adequando-as, para depois montar os relatórios gerenciais necessários.

As informações geradas pela Contabilidade NÃO são utilizadas no gerenciamento financeiro da empresa.

25. Se a resposta da questão anterior foi a alternativa n.º 3, indique quais são os relatórios gerenciais necessários que a empresa elabora para subsidiar suas decisões financeiras: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Page 224: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

223

BLOCO 3 – DADOS RELATIVOS AO CONTROLE E GERENCIAMENTO DE CUSTOS

26. Qual o método de custeio utilizado pela empresa?

Métodos de Custeio Marque (x)

Absorção

Variável

ABC

Target Costing

Padrão

Não utiliza

27. Qual a utilização efetiva do custeio variável para o processo decisório?

Ferramentas do Custeio Variável Marque (x)

Ponto de equilíbrio

Margem de contribuição

Formação de preço

Limitação da capacidade

Custos fixos identificados - comprar ou produzir

Relação custo - volume - lucro

28. Quais as metodologias utilizadas para a formação de preço?

Métodos para formação de preço Marque (x)

Com base nos custos (Mark-up)

Com base nos concorrentes

Características do mercado

Não utiliza métodos para formação de preço

Page 225: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

224

BLOCO 4 - DADOS SOBRE O GESTOR RESPONSÁVEL PELA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

29. Qual o nível da formação do gestor responsável pela administração financeira da empresa?

a) ( ) Segundo Grau. b) ( ) Graduação. Curso:____. c) ( ) Especialização (Lato Sensu). d) ( ) MBA (Master Business Administration). e) ( ) Mestrado (Stricto Sensu). f) ( ) Doutorado (Stricto Sensu).

30. Há quantos anos, o gestor responsável pela área financeira está na empresa?

_________ ano (s)

Page 226: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

225

APÊNDICE 2 - CRUZAMENTO GERAL DOS DADOS

DA

DO

S D

O

GES

TOR

DE

EM

PR

ES

AS

RE

GIM

E

TR

IBU

TA

ÇÃ

O

TE

MP

O D

E

AT

IVID

AD

EF

AT

UR

AM

EN

TO

PO

RT

EP

OS

SU

I E

RP

TIP

O D

E

CO

NT

AB

ILID

AD

E

FO

RM

ÃO

AC

AD

EM

ICA

BP

DR

E

CO

NT

RO

LE

DE

ES

TO

QU

E

CO

NT

RO

LE

CO

NT

AS

RE

CE

BE

R

CO

NT

RO

LE

CO

NT

AS

PA

GA

R

CO

NT

RO

LE

DE

CA

IXA

FLU

XO

DE

CA

IXA

CO

NT

RO

LE D

E

CU

ST

OS

DE

PR

OD

ÃO

AB

SO

ÃO

VA

RIÁ

VE

LA

BC

TA

RG

ET

CO

ST

ING

1P

resu

mid

o1

17

.50

0.0

00

dio

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

Sim

2Si

mp

les

72

.20

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oSi

mSi

mSi

mN

ão

oN

ão

oSi

mN

ão

Sim

3Si

mp

les

20

3.0

00

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

oN

ão

oSi

mN

ão

o

4P

resu

mid

o5

26

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

Sim

Sim

oSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

Sim

5Si

mp

les

17

1.8

00

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Terc

eir

iza

da

oN

ão

oSi

mSi

mSi

mN

ão

oN

ão

oSi

mN

ão

o

6P

resu

mid

o9

20

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

Sim

Sim

Sim

oN

ão

oN

ão

Sim

oSi

m

7R

ea

l1

65

4.0

00

.00

0G

ran

de

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

m

8P

resu

mid

o6

10

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

m

9Si

mp

les

56

00

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mN

ão

o

10

Sim

ple

s1

11

.20

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oN

ão

11

Sim

ple

s1

50

0.0

00

Pe

qu

en

oN

ão

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

Sim

Sim

Sim

oSi

mSi

mN

ão

Sim

oN

ão

12

Pre

sum

ido

14

7.0

00

.00

0M

éd

ioSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oSi

m

13

Sim

ple

s1

22

.00

0.0

00

Pe

qu

en

oN

ão

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

oSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

o

14

Pre

sum

ido

16

25

.00

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mP

róp

ria

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mN

ão

Sim

15

Pre

sum

ido

29

35

.00

0.0

00

dio

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oN

ão

16

Sim

ple

s7

60

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oN

ão

17

Pre

sum

ido

24

27

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mN

ão

o

18

Re

al

92

0.0

00

.00

0M

éd

ioSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

o

19

Sim

ple

s3

80

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mN

ão

o

20

Pre

sum

ido

57

50

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

o

21

Sim

ple

s3

60

0.0

00

Pe

qu

en

oN

ão

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oN

ão

Sim

oN

ão

22

Pre

sum

ido

84

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mSi

mSi

m

23

Sim

ple

s3

86

0.0

00

dio

oTe

rce

iriz

ad

aN

ão

oN

ão

oSi

mSi

mN

ão

Sim

oN

ão

Sim

oN

ão

24

Sim

ple

s7

1.6

00

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oN

ão

Sim

oN

ão

25

Sim

ple

s3

48

0.0

00

Pe

qu

en

oN

ão

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mN

ão

Sim

26

Sim

ple

s5

60

0.0

00

Pe

qu

en

oN

ão

Terc

eir

iza

da

oN

ão

oSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

o

27

Sim

ple

s6

6.0

00

.00

0M

éd

ioSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

Sim

Sim

28

Pre

sum

ido

21

.50

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

m

29

Sim

ple

s5

1.0

00

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mSi

mSi

mSi

m

30

Pre

sum

ido

62

0.0

00

.00

0M

éd

ioSi

mP

róp

ria

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

m

31

Pre

sum

ido

94

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

oN

ão

oSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oSi

m

32

Sim

ple

s8

95

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oN

ão

Sim

oN

ão

33

Sim

ple

s1

53

.00

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oN

ão

34

Sim

ple

s8

60

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oSi

m

35

Pre

sum

ido

25

2.5

00

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

o

36

Pre

sum

ido

12

10

.00

0.0

00

dio

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oN

ão

37

Sim

ple

s9

45

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

Sim

ple

s =

Até

10

an

os

=Fa

tura

me

nto

até

R$

10

mil

es

Pe

qu

en

o p

ort

eP

oss

ue

m E

RP

Co

nta

bil

ida

de

terc

eir

iza

da

Nív

el s

up

eri

or

Uti

liza

m B

PU

tili

zam

DR

E

Tem

co

ntr

ole

de

est

oq

ue

Tem

co

nta

s a

rece

be

r

Tem

co

nta

s a

pa

gar

Tem

con

tro

le d

e

caix

a

Tem

flu

xo

de

ca

ixa

Tem

co

ntr

ole

de

cust

o d

e

pro

du

ção

Uti

liza

m

cust

eio

po

r

Ab

sorç

ão

Uti

liza

m

cust

eio

po

r

Va

riá

vel

Uti

liza

m

cust

eio

po

r

AB

C

Uti

liza

m

Targ

et

Co

stin

g

20

24

27

22

31

29

33

15

15

32

37

37

32

32

22

63

65

16

Pre

sum

ido

dio

Po

rte

15

14

Re

al

Aci

ma

de

10

an

os

Fatu

ram

en

to a

cim

a

de

10

mil

es

Gra

nd

e p

ort

eN

ão

po

ssu

em

ERP

Co

nta

bil

ida

de

Pró

pri

a

o p

oss

ue

m

nív

el s

up

eri

or

o

uti

liza

m B

P

o u

tili

zam

DR

E

o t

em

con

tro

le d

e

est

oq

ue

o t

em

con

tas

a

Re

ceb

er

o t

em

con

tas

a p

aga

r

o t

em

con

tro

le d

e

caix

a

o t

em

flu

xo d

e

caix

a

o t

em

co

ntr

ole

da

pro

du

ção

o

uti

liza

m

cust

eio

po

r

ab

sorç

ão

o

uti

liza

m

cust

eio

vari

áve

l

o

uti

liza

m

cust

eio

ab

c

o

uti

liza

m

targ

et

cost

ing

21

31

01

68

42

22

25

00

55

15

31

13

22

1

DA

DO

S D

AS

EMP

RES

AS

UTI

LIZA

ÇÃ

O P

TIC

AS

CO

NTÁ

BEI

SU

TILI

ZAÇ

ÃO

PR

ÁTI

CA

S FI

NA

NC

EIR

AS

GES

TÃO

DE

CU

STO

S

Qu

anti

dad

e

de

em

pre

sas

Page 227: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

226

APÊNDICE 3 - EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES

DAD

OS

DO

GES

TOR

DE

EMPR

ESA

S

REG

IME

TRIB

UTA

ÇÃO

TEM

PO D

E

ATI

VID

AD

EFA

TURA

MEN

TOPO

RTE

POSS

UI E

RPTI

PO D

E

CON

TABI

LID

AD

E

FORM

AÇÃ

O

ACA

DEM

ICA

BPD

RECO

NTR

OLE

DE

ESTO

QU

E

CON

TRO

LE

CON

TAS

RECE

BER

CON

TRO

LE

CON

TAS

PAG

AR

CON

TRO

LE

DE

CAIX

A

FLU

XO D

E

CAIX

A

CON

TRO

LE D

E

CUST

OS

DE

PRO

DU

ÇÃO

ABS

ORÇ

ÃO

VA

RIÁ

VEL

ABC

TARG

ET

COST

ING

2Si

mpl

es7

2.20

0.00

0Pe

quen

oSi

mTe

rcei

riza

daSi

mN

ãoN

ãoSi

mSi

mSi

mN

ãoN

ãoN

ãoN

ãoSi

mN

ãoSi

m

3Si

mpl

es20

3.00

0.00

0Pe

quen

oSi

mTe

rcei

riza

daSi

mN

ãoN

ãoSi

mSi

mSi

mSi

mN

ãoN

ãoN

ãoSi

mN

ãoN

ão

5Si

mpl

es17

1.80

0.00

0Pe

quen

oSi

mTe

rcei

riza

daN

ãoN

ãoN

ãoSi

mSi

mSi

mN

ãoN

ãoN

ãoN

ãoSi

mN

ãoN

ão

9Si

mpl

es5

600.

000

Pequ

eno

Sim

Terc

eiri

zada

Sim

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Não

10Si

mpl

es11

1.20

0.00

0Pe

quen

oSi

mTe

rcei

riza

daSi

mN

ãoN

ãoSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ãoSi

mN

ãoN

ão

11Si

mpl

es1

500.

000

Pequ

eno

Não

Terc

eiri

zada

Sim

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Não

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Não

13Si

mpl

es12

2.00

0.00

0Pe

quen

oN

ãoTe

rcei

riza

daSi

mN

ãoN

ãoN

ãoSi

mSi

mSi

mSi

mN

ãoN

ãoSi

mN

ãoN

ão

16Si

mpl

es7

600.

000

Pequ

eno

Sim

Terc

eiri

zada

Sim

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Não

19Si

mpl

es3

800.

000

Pequ

eno

Sim

Terc

eiri

zada

Sim

Não

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Não

21Si

mpl

es3

600.

000

Pequ

eno

Não

Terc

eiri

zada

Sim

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Sim

Não

Não

23Si

mpl

es3

860.

000

Méd

ioN

ãoTe

rcei

riza

daN

ãoN

ãoN

ãoN

ãoSi

mSi

mN

ãoSi

mN

ãoN

ãoSi

mN

ãoN

ão

24Si

mpl

es7

1.60

0.00

0Pe

quen

oSi

mTe

rcei

riza

daSi

mN

ãoN

ãoSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ãoN

ãoSi

mN

ãoN

ão

25Si

mpl

es3

480.

000

Pequ

eno

Não

Terc

eiri

zada

Sim

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Sim

26Si

mpl

es5

600.

000

Pequ

eno

Não

Terc

eiri

zada

Não

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Sim

Não

Não

27Si

mpl

es6

6.00

0.00

0M

édio

Sim

Terc

eiri

zada

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Sim

Sim

Sim

29Si

mpl

es5

1.00

0.00

0Pe

quen

oSi

mTe

rcei

riza

daSi

mN

ãoN

ãoSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ãoSi

mSi

mSi

mSi

m

32Si

mpl

es8

950.

000

Pequ

eno

Sim

Terc

eiri

zada

Sim

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Não

Sim

Não

Não

33Si

mpl

es15

3.00

0.00

0Pe

quen

oSi

mTe

rcei

riza

daSi

mN

ãoN

ãoSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ãoSi

mN

ãoN

ão

34Si

mpl

es8

600.

000

Pequ

eno

Sim

Terc

eiri

zada

Sim

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Sim

Não

Sim

37Si

mpl

es9

450.

000

Pequ

eno

Sim

Terc

eiri

zada

Sim

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Sim

Não

Sim

ples

=

Até

10 a

nos

=Fa

tura

men

to a

R$ 1

0 m

ilhõe

s

Pequ

eno

port

e

Poss

uem

ERP

Cont

abili

dade

terc

eiri

zada

Nív

el s

uper

ior

Uti

lizam

BP

Uti

lizam

DRE

Tem

con

trol

e

de e

stoq

ue

Tem

con

tas

a

rece

ber

Tem

con

tas

a

paga

r

Tem

cont

role

de

caix

a

Tem

flux

o

de c

aixa

Tem

con

trol

e de

cust

o de

prod

ução

Uti

lizam

cust

eio

por

Abso

rção

Uti

lizam

cust

eio

por

Vari

ável

Uti

lizam

cust

eio

por

ABC

Uti

lizam

Targ

et

Cost

ing

2015

2018

1420

171

117

2020

1616

101

193

5

Pres

umid

oM

édio

Por

te

02

Real

Ac

ima

de 1

0

anos

Fatu

ram

ento

acim

a de

10

milh

ões

Gra

nde

port

e

Não

poss

uem

ERP

Cont

abili

dade

Próp

ria

Não

pos

suem

níve

l sup

erio

r

Não

utili

zam

BP

Não

uti

lizam

DRE

Não

tem

cont

role

de

esto

que

Não

tem

cont

as a

Rece

ber

Não

tem

cont

as a

pag

ar

Não

tem

cont

role

de

caix

a

Não

tem

fluxo

de

caix

a

Não

tem

con

trol

e

da p

rodu

ção

Não

utili

zam

cust

eio

por

abso

rção

Não

utili

zam

cust

eio

vari

ável

Não

utili

zam

cust

eio

abc

Não

utili

zam

targ

et

cost

ing

05

00

60

319

193

00

44

1019

117

15

DAD

OS

DAS

EM

PRES

ASU

TILI

ZAÇÃ

O P

RÁTI

CAS

CON

TÁBE

ISU

TILI

ZAÇÃ

O P

RÁTI

CAS

FIN

ANCE

IRAS

GES

TÃO

DE

CUST

OS

Qua

ntid

ade

de

empr

esas

Page 228: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

227

APÊNDICE 4 - EMPRESAS OPTANTES PELO LUCRO PRESUMIDO

DA

DO

S D

O

GES

TOR

DE

EMP

RES

AS

REG

IME

TRIB

UTA

ÇÃ

O

TEM

PO

DE

ATI

VID

AD

EFA

TUR

AM

ENTO

PO

RTE

PO

SSU

I ER

PTI

PO

DE

CO

NTA

BIL

IDA

DE

FOR

MA

ÇÃ

O

AC

AD

EMIC

AB

PD

RE

CO

NTR

OLE

DE

ESTO

QU

E

CO

NTR

OLE

CO

NTA

S

REC

EBER

CO

NTR

OLE

CO

NTA

S

PA

GA

R

CO

NTR

OLE

DE

CA

IXA

FLU

XO

DE

CA

IXA

CO

NTR

OLE

DE

CU

STO

S D

E

PR

OD

ÃO

AB

SOR

ÇÃ

OV

AR

IÁV

ELA

BC

TAR

GET

CO

STIN

G

1P

resu

mid

o1

17

.50

0.0

00

dio

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

Sim

4P

resu

mid

o5

26

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

Sim

Sim

oSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

Sim

6P

resu

mid

o9

20

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

oN

ão

Sim

Sim

Sim

oN

ão

oN

ão

Sim

oSi

m

8P

resu

mid

o6

10

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

m

12

Pre

sum

ido

14

7.0

00

.00

0M

éd

ioSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oSi

m

14

Pre

sum

ido

16

25

.00

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mP

róp

ria

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mN

ão

Sim

15

Pre

sum

ido

29

35

.00

0.0

00

dio

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oN

ão

17

Pre

sum

ido

24

27

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mN

ão

o

20

Pre

sum

ido

57

50

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

o

22

Pre

sum

ido

84

.00

0.0

00

dio

Sim

Terc

eir

iza

da

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mSi

mSi

m

28

Pre

sum

ido

21

.50

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aSi

mN

ão

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

m

30

Pre

sum

ido

62

0.0

00

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

31

Pre

sum

ido

94

.00

0.0

00

Pe

qu

en

oSi

mTe

rce

iriz

ad

aN

ão

oN

ão

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

oSi

mN

ão

Sim

35

Pre

sum

ido

25

2.5

00

.00

0P

eq

ue

no

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

oSi

mN

ão

o

36

Pre

sum

ido

12

10

.00

0.0

00

dio

Sim

Pró

pri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mN

ão

Sim

oN

ão

Sim

ple

s =

Até

10

an

os

=Fa

tura

me

nto

até

R$

10

mil

es

Pe

qu

en

o

po

rte

Po

ssu

em

ERP

Co

nta

bil

ida

de

terc

eir

iza

da

Nív

el s

up

eri

or

Uti

liza

m B

PU

tili

zam

DR

E

Tem

co

ntr

ole

de

est

oq

ue

Tem

co

nta

s a

rece

be

r

Tem

co

nta

s a

pa

gar

Tem

con

tro

le d

e

caix

a

Tem

flu

xo

de

ca

ixa

Tem

co

ntr

ole

de

cust

o d

e

pro

du

ção

Uti

liza

m

cust

eio

po

r

Ab

sorç

ão

Uti

liza

m

cust

eio

po

r

Va

riá

vel

Uti

liza

m

cust

eio

po

r

AB

C

Uti

liza

m

Targ

et

Co

stin

g

08

76

15

81

41

21

21

31

51

51

41

41

03

15

11

0

Pre

sum

ido

dio

Po

rte

15

9

Re

al

Aci

ma

de

10

an

os

Fatu

ram

en

to

aci

ma

de

10

mil

es

Gra

nd

e p

ort

e

o

po

ssu

em

ERP

Co

nta

bil

ida

de

Pró

pri

a

o p

oss

ue

m

nív

el s

up

eri

or

o

uti

liza

m B

P

o u

tili

zam

DR

E

o t

em

con

tro

le d

e

est

oq

ue

o t

em

con

tas

a

Re

ceb

er

o t

em

con

tas

a p

aga

r

o t

em

con

tro

le d

e

caix

a

o t

em

flu

xo d

e

caix

a

o t

em

co

ntr

ole

da

pro

du

ção

o

uti

liza

m

cust

eio

po

r

ab

sorç

ão

o

uti

liza

m

cust

eio

vari

áve

l

o

uti

liza

m

cust

eio

ab

c

o

uti

liza

m

targ

et

cost

ing

07

80

07

13

32

00

11

51

20

14

5

DA

DO

S D

AS

EMPR

ESA

SU

TILI

ZAÇÃ

O P

TICA

S

CON

TÁB

EIS

UTI

LIZA

ÇÃO

PR

ÁTI

CAS

FIN

AN

CEIR

AS

GES

TÃO

DE

CUST

OS

Qua

ntid

ad

e de

empr

esas

Page 229: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC … GEOVANI... · benedito geovani martins de paiva um estudo sobre a utilizaÇÃo das prÁticas contÁbeis e financeiras no processo

228

APÊNDICE 5 - EMPRESAS OPTANTES PELO SUPER SIMPLES

DA

DO

S D

O

GES

TOR

DE

EMPR

ESA

S

REG

IME

TRIB

UTA

ÇÃO

TEM

PO D

E

ATI

VID

AD

EFA

TURA

MEN

TOPO

RTE

POSS

UI E

RPTI

PO D

E

CON

TABI

LID

AD

E

FORM

AÇÃ

O

ACA

DEM

ICA

BPD

RECO

NTR

OLE

DE

ESTO

QU

E

CON

TRO

LE

CON

TAS

RECE

BER

CON

TRO

LE

CON

TAS

PAG

AR

CON

TRO

LE

DE

CAIX

A

FLU

XO D

E

CAIX

A

CON

TRO

LE D

E

CUST

OS

DE

PRO

DU

ÇÃO

ABS

ORÇ

ÃO

VA

RIÁ

VEL

ABC

TARG

ET

COST

ING

7Re

al16

54.0

00.0

00G

rand

eSi

mPr

ópri

aSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

mSi

m

18Re

al9

20.0

00.0

00M

édio

Sim

Terc

eiri

zada

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Sim

ples

=

Até

10 a

nos

=Fa

tura

men

to a

R$ 1

0 m

ilhõe

s

Pequ

eno

port

e

Poss

uem

ERP

Cont

abili

dade

terc

eiri

zada

Nív

el s

uper

ior

Uti

lizam

BP

Uti

lizam

DRE

Tem

con

trol

e

de e

stoq

ue

Tem

con

tas

a

rece

ber

Tem

con

tas

a

paga

r

Tem

cont

role

de

caix

a

Tem

flux

o

de c

aixa

Tem

con

trol

e de

cust

o de

prod

ução

Uti

lizam

cust

eio

por

Abso

rção

Uti

lizam

cust

eio

por

Vari

ável

Uti

lizam

cust

eio

por

ABC

Uti

lizam

Targ

et

Cost

ing

01

00

21

22

22

22

22

22

21

1

Pres

umid

oM

édio

Por

te

01

Real

Ac

ima

de 1

0

anos

Fatu

ram

ento

acim

a de

10

milh

ões

Gra

nde

port

e

Não

poss

uem

ERP

Cont

abili

dade

Próp

ria

Não

pos

suem

níve

l sup

erio

r

Não

utili

zam

BP

Não

uti

lizam

DRE

Não

tem

cont

role

de

esto

que

Não

tem

cont

as a

Rece

ber

Não

tem

cont

as a

pag

ar

Não

tem

cont

role

de

caix

a

Não

tem

fluxo

de

caix

a

Não

tem

con

trol

e

da p

rodu

ção

Não

utili

zam

cust

eio

por

abso

rção

Não

utili

zam

cust

eio

vari

ável

Não

utili

zam

cust

eio

abc

Não

utili

zam

targ

et

cost

ing

21

21

01

00

00

00

00

00

01

1

DA

DO

S D

AS

EMPR

ESA

SU

TILI

ZAÇÃ

O P

RÁTI

CAS

CON

TÁBE

ISU

TILI

ZAÇÃ

O P

RÁTI

CAS

FIN

AN

CEIR

AS

GES

TÃO

DE

CUST

OS

Qua

ntid

ade

de

empr

esas