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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
DIRECÇÃO NACIONAL DO ORÇAMENTO
Boletim de Análise do Impacto Fiscal da Conjuntura
Macroeconómica
Maputo, Dezembro de 2012.
1
Sumário Executivo
Os dados do Instituto Nacional de Estatística,
em Moçambique estimam que no segundo
trimestre de 2012 a economia cresceu em 8%. A
produção de carvão a partir dos primeiros
mega-projetos mineiros de exploração de
carvão, é apontada como um dos principais
factores que influenciaram o crescimento
económico neste período.
Analisando o cenário fiscal, as receitas
cobradas de Janeiro a Setembro do presente
exercício corresponderam a 73,2% da previsão
anual, um crescimento real de 14,7% ao igual
período do exercício anterior. Do lado das
despesas, estas tiveram uma taxa de realização
de 70,3% da dotação actualizada, que
corresponde a um crescimento real de 9,8pp ao
período homólogo do ano transacto.
Por outro lado, os preços internacionais das
mercadorias encontram-se em tendência
decrescente, num contexto em que o Metical
continua estável em relação ao Dólar norte-
americano e ao Rand sul-africano.
Do total dos recursos mobilizados no período
em análise 73,4% foram dos recursos internos,
26,6% dos recursos externos. O nível de
realização dos recursos externos corresponde a
apenas 41,1% da meta anual, facto que
explicado pelo baixo nível de desembolso tanto
dos donativos como dos créditos.
Devido a actual conjuntura macroeconómica
global prevê-se a redução dos níveis de
desembolso de apoio directo ao orçamento por
parte dos parceiros de cooperação que devido a
pressões fiscais devem optar por níveis
desembolsos mais cautelosas.
Ao nível da região da SADC as perspectivas são
de um franco crescimento económico,
mostrando sinais de estagnação. O crescimento
económico na África do Sul deverá abrandar
em 2013 como resultado de fraquezas
estruturais internas e de uma recuperação
económica global frágil.
O cenário macroeconómico internacional,
continua a ser marcado pela contracção da
actividade económica na Zona Euro,
reflectindo os efeitos da dívida Soberana que
continua a assolar algumas economias da região
periférica da Zona Euro.
As economias de mercado emergente
registaram um franco crescimento, que esta
relacionado a factores internos, nomeadamente
as restrições sobre a sustentabilidade do
elevado ritmo de crescimento e constantes
desequilíbrios financeiros.
2
1.Introdução
No gozo das suas competências, a Direcção
Nacional do Orçamento (DNO), faz a partir
deste Boletim, uma discrição do cenário
macroeconómico internacional e nacional bem
com das possíveis implicações no
comportamento da actividade financeira e
económica a nível nacional.
A metodologia usada para a elaboração do
boletim passou pela compilação de informação
existente em diferentes artigos, disponíveis e
actualizados na base de dados do Fundo
Monetário Internacional (FMI), referentes ao
comportamento da actividade económica
mundial e as suas tendências.
A nível interno, utilizou-se para além da análise
qualitativa a estatística descritiva, que passou
pelo processamento e análise de informação
extraída da base de dados do Instituto
Nacional de Estatística (INE), Banco de
Moçambique (BM), Direcção Nacional de
Contabilidade Pública (DNCP) e Direcção
Nacional do Orçamento.
Para o continente africano e a região da SADC
em particular, foram utilizadas informações
disponíveis na base de dados do African
Economic Outlook (AEO) e na base de dados
do Banco Africano do Desenvolvimento
(BAD).
O presente boletim está organizado em cinco
capítulos, onde no segundo capítulo faz-se a
discrição do cenário macroeconómico
internacional, no terceiro capítulo a discrição
do cenário macroeconómico regional, no quarto
capítulo a discrição do cenário macroeconómico
nacional, o quinto a avaliação do impacto fiscal
da conjuntura macroeconómica e por último as
conclusões.
2. Cenário Macroeconómica Internacional
No cenário macroeconómico internacional
contínua a verificar-se a recuperação da
economia mundial, que indicam sinais de
debilidade. Quando comparado com as
previsões de Abril e Julho, as previsões de
Outubro demonstram economias avançadas
apresentam um crescimento que vem se
reflectindo num aumento substancial do
desemprego. Em grande parte das economias
de mercado emergente e em desenvolvimento, o
crescimento que vinha sendo muito elevado
vem diminuindo substancialmente reflectindo –
se nas recentes revisões que passaram de 6,0%
para 5,6% para estas economias e de 2,0%
para 1,5% para as economias avançadas,
Apontam-se como causas do franco crescimento
do mercado das economias emergentes e em
desenvolvimento, o fraco crescimento que tem-
se verificado aliado a factores internos,
nomeadamente as restrições sobre a
sustentabilidade do elevado ritmo de
crescimento e constantes desequilíbrios
financeiros.
As economias avançadas tem vindo a
apresentar uma fraca consolidação fiscal um
fraco desempenho do sistema financeiro
associado, e um forte ambiente de incerteza que
vem se reflectindo na economia mundial.
Em 2009, os canais comerciais foram
surpreendentemente fortes com menores
exportações que representaram a maior parte
da redução do crescimento da produção interna
na China.
O clima de instabilidade na Zona Euro
contínua, principalmente nos países periféricos,
que tem visto um declínio acentuado na sua
actividade, devido fundamentalmente a
dificuldades financeiras a um forte aumento do
3
diferencial da taxa de juro soberana, entre
outras. No entanto, segundo previsões dos
analistas do FMI, a crise na Zona do Euro,
continuará a constituir a ameaça mais evidente
para a perspectiva da economia e do
crescimento global.
Neste contexto, países da Zona Euro estão
concentrados na alteração do paradigma
económico actual, que se reflecte numa em
políticas “concretas”. Verifica-se uma alteração
de atitude e a implementação de uma nova
arquitectura que vem sendo implementada
para evitar maiores desequilíbrios fiscais e
reduzir a amplitude dos choques adversos.
A Espanha, Portugal, Grécia e a Itália
continuam seguindo planos de ajuste de modo a
restabelecerem a competitividade, o equilíbrio
fiscal e para consequentemente manter o
crescimento económico.
As lições dos últimos anos indicam que os
Países da Zona Euro podem ser atingidos por
choques adversos e específicos de cada país e a
fraqueza dos bancos podem ampliar
consideravelmente os efeitos adversos de tais
choques. Neste contexto, os países devem optar
por planos de ajuste sustentáveis e devem ser
capazes de recapitalizar seus bancos, sem
acrescentar a sua dívida soberana, sendo
capazes de fazer empréstimos a taxas
sustentáveis.
Por outro lado, na Ásia o PIB real está previsto
para acelerar a um ritmo de 7,25% no segundo
semestre de 2012, tendo como principal
condutor a China, onde espera-se que a
actividade receba um impulso de aprovação
acelerada de Projectos públicos de infra-
estrutura. Estas perspectivas não se reflectem
na Índia dado o seu fraco crescimento no
primeiro semestre e um contínuo
abrandamento do seu investimento, sendo o
crescimento real do PIB projectado para cerca
de 5% em 2012.
Na América Latina, o crescimento real do
PIB, é projectado para cerca de 3,25% para o
segundo semestre de 2012, sendo esperado um
crescimento de cerca de 4,75% ao longo da
segunda metade de 2013. A aceleração
projectada é forte para o Brasil por causa das
medidas fiscais destinadas a impulsionar a
procura e flexibilização da política monetária
no curto prazo.
Para os Estados Unidos espera-se que o
crescimento seja menos robusto, contudo, os
dados das contas nacionais apontam que a
economia dos EUA entrou em 2012 com mais
força do que o inicialmente estimado. No
entanto, segundo as projecções do WEO
(Julho, 2012), o crescimento real do PIB depois
abrandou em cerca de 1,7% no segundo
trimestre de 2012, contrariando as previsões
iniciais. As incertezas sobre a perspectiva fiscal
e do tecto da dívida federal nos Estados Unidos
apresentam um risco latente para a
estabilidade financeira.
Os mercados de trabalho e de consumo, não
conseguiram dinamizar a economia, o que
levou a mais uma rodada política de estímulo
por parte da Reserva Federal.
Perante este cenário de incerteza e
desaceleração, as perspectivas são de
crescimento lento e instável. A política
monetária tem sido um dos instrumentos mais
utilizados para estabilizar a actividade
económica actualmente. Segundo o FMI, para
o médio prazo, espera-se que a economia global
continue a operar num contexto de elevada
dívida pública. Sendo que, a melhor forma de
melhorar a performance económica na Europa,
e no resto do mundo, passa por no curto prazo,
pautar por medidas de ajuste fiscal necessárias
com vista a restabelecer a competitividade e
equilíbrio fiscal e manter o crescimento
económico de longo prazo. Por conseguinte, os
países devem ser capazes de recapitalizar seus
bancos, sem acrescentar a sua dívida soberana
ou o baixar as taxas.
4
2.1 Previsões do crescimento do PIB
Os indicadores de actividade económica vêm
mostrando uma tendência de abrandamento na
primeira metade de 2012 e nenhuma melhoria
significativa no terceiro trimestre. Os países
periféricos da Zona Euro tem sido afectados
por um declínio acentuado na actividade
económica conduzido por dificuldades
financeiras e um forte aumento do diferencial
da taxa de juro soberana.
As previsões de crescimento são reduzidas em
outras economias, como a dos Estados Unidos e
da Inglaterra devido a uma redução na
actividade económica e incongruência na
execução de políticas económicas.
A economia mundial teve um fraco crescimento
no primeiro trimestre de 2012, mas segundo as
previsões do WEO, o crescimento da economia
mundial vem reduzindo desde Abril do ano
corrente.
A tabela abaixo mostra a evolução do
crescimento económico no período 2010-2013,
sendo que, a informação relativa ao período
2013 corresponde a projecção.
Tabela 1: Comportamento do PIB Mundial (2010-2013)
Fonte: Fundo Monetário Internacional, WEO (Outubro 2012)
Segundo as projecções do WEO (Outubro,
2012), a tabela acima mostra que a taxa de
crescimento do PIB mundial tem reduzido
desde 2010. Para o período 2012-2013, as
projecções apontam um crescimento do PIB
mundial em cerca de 0,3%, sendo que
comparado com as previsões do WEO de Julho,
verifica-se uma ligeira redução. As previsões
apontam ainda par um franco crescimento das
economias avançadas nomeadamente dos
EUA, sendo que na África subsaariana, tem
havido tendências de redução para o próximo
ano.
Para a União Europeia prevê-se uma redução
do crescimento do PIB em cerca de 0,4% em
(ano) e um ligeiro aumento do mesmo em cerca
de 0,2% para 2013;
O enfraquecimento considerável nos países da
Ásia no primeiro semestre de 2012 foi liderado
pela desaceleração acentuada da actividade
económica na China, devido ao aperto nas
condições de crédito, e enfraquecimento da
procura externa.
Segundo o FMI (Outubro, 2012:5), as
perspectivas são de crescimento lento e
instável.
Esta previsão indica ainda uma modesta
reaceleração da actividade económica, e
redução da incerteza, relacionada a reacções
políticas assumidas na Zona Euro e nos
Estados Unidos, associadas também a uma
política monetária acomodatícia e uma gradual
facilidade nas condições de transacções
financeiras.
Nas economias emergentes e em
desenvolvimento, a política monetária e fiscal
tem fortalecido o crescimento da produção,
sendo que, a assumpção é de que as duas
funcionem simultaneamente para que não haja
o risco de uma deterioração rápida.
2010 2011 2012 2013 2012 2013
PIB Mundial 5,1 3,8 3,3 3,6 –0,2 –0,3
Economia Avancadas 3,0 1,6 1,3 1,5 –0,1 –0,3
Estados Unidos 2,4 1,8 2,2 2,1 0,1 –0,1
Zona Euro 2,0 1,4 –0,4 0,2 –0,1 –0,5
Alemanha 4,0 3,1 0,9 0,9 0,0 –0,5
Outras Economias Avançadas 5,9 3,2 2,1 3,0 –0,4 –0,4
Mercado Emergente e Economias em Desenvolvimento 7,4 6,2 5,3 5,6 –0,3 –0,2
Europa Central e Oriental 4,6 5,3 2,0 2,6 0,1 –0,2
Comunidade dos Estados Independentes 4,8 4,9 4,0 4,1 –0,1 0,0
Ásia em Desenvolvimento 9,5 7,8 6,7 7,2 –0,4 –0,3
China 10,4 9,2 7,8 8,2 –0,2 –0,2
América Latina e Caribe 6,2 4,5 3,2 3,9 –0,2 –0,3
Oriente Médio e Norte da África 5,0 3,3 5,3 3,6 –0,2 0,0
África sub-saariana 5,3 5,1 5,0 5,7 –0,1 0,0
Projeções Diferença de Julho
5
2.2 Commodities
Depois de uma recuperação robusta durante o
período 2009-2010, o Índice de Preços de
Commodities do FMI permaneceu
essencialmente constante em 2011 e depois caiu
durante o segundo e terceiro trimestres de 2012.
O índice de preços de commodities, agrupa três
principais grupos, nomeadamente a energia, os
insumos industriais e produtos agrícolas (dos
quais os alimentos representam a maior parte).
Entre os três grupos, o índice de preços de
energia e de metais diminuíram durante o
segundo trimestre de 2012, em cerca de 30% e
20% respectivamente, quando comparados
com seus picos no primeiro trimestre. Embora
os preços dos metais tenham estabilizado
durante o terceiro trimestre, os preços de
energia aumentaram acentuadamente para
cerca de 13% (até Agosto).
Os preços dos produtos agrícolas mantiveram-
se estáveis até meados de Junho, tendo
aumentado desde então para cerca de 10%
(FMI-WEO, Outubro, 2012:29).
O gráfico abaixo mostra a evolução e tendência
do comportamento do índice de preços de
commodities no período de 2009 a 2012.
Gráfico 1: Comportamento do Índice de Preço Nominal
(2005=100) das Commodities a nível mundial
Fonte: DNO com base nos dados do FMI, (WEO, Outubro 2012)
O gráfico acima indica que, o índice de preços
de energia de metais e de petróleo bruto tem
uma tendência decrescente no segundo e
terceiro trimestres de 2012. Para o caso dos
produtos agrícolas, o gráfico mostra uma
tendência de constância do índice de preços,
desde o último trimestre de 2011.
De um mínimo de 35 dólares por barril no final
de 2008, em Março de 2012, o preço do petróleo
rondava em cerca de 120 dólares por barril.
Desde então, o preço do petróleo diminuiu
durante o segundo trimestre com alguma
volatilidade. Esta volatilidade implícita
permanece moderada quando comparado com
os picos após a revolução da Líbia em 2011.
Este cenário é fortemente favorecido, pelo
crescimento da oferta de petróleo que cresceu a
uma taxa anual de 3,2 % durante o primeiro
semestre de 2012, em média 2,4 milhões de
barris por dia mais do que o dobro da taxa de
crescimento em 2011.
A maioria dos metais e matérias-primas
também caíram acentuadamente devido as
preocupações com a demanda Global,
especialmente na China.
Os preços de milho, soja e trigo subiram
fortemente devido a preocupações relacionadas
com as mudanças climáticas e rupturas de
abastecimento em todo o mundo. As condições
climáticas têm contribuído para seca na
América do Sul, o que condiciona
significativamente a produção de milho e soja
no Brasil Argentina, e Paraguai. Desde meados
de Junho, tem também havido preocupações
com o fornecimento destes produtos agrícolas
causado pelo tempo quente e seco no Meio
Oeste dos EUA. As estimativas de colheita de
trigo foram conjuntamente depreciadas na
Região do Mar Negro (Cazaquistão, Rússia,
Ucrânia) e na China devido as condições
climáticas adversas.
O choque de preços de alimentos é actualmente
menos grave do que o choque em decorrente em
0
50
100
150
200
250
2009 2010 2011 2011:Q3 2011:Q4 2012:Q1 2012:Q2
Energia
Agricultura
Metais
Petroleo Bruto
6
2007-08 porque não tem afectado todas
culturas - base uniformemente e não foi
agravada por restrições comerciais e altos
custos de energia (WEO-Outubro, 2012:38)
No entanto, flutuações na actividade
económica e as especulações são os principais
determinantes de curto prazo no movimento de
preços dos commodities com algumas ressalvas
(WEO- Outubro, 2012:31).
Segundo Hamilton (2008), rupturas de
fornecimento de commodities podem levar a
oscilações de preços e consequentemente na
actividade económica.
2.3 Taxas de Juro
A maioria dos bancos centrais das economias
avançadas e emergentes decidiu pela
manutenção das respectivas taxas de juro de
política monetária que, no geral, encontram-se
em níveis historicamente baixos, com a
excepção do Banco Central Europeu, do Banco
Central do Brasil e do Banco Popular da China
que reviram em baixa em 25pb, 1,25% e 56pb
para 0,75%, 8,50% e 6,0%, respectivamente.
2.4 Comércio Internacional
O volume mundial do comércio tem estado a
reduzir desde 2010, a tabela abaixo mostra o
comportamento do comércio internacional no
período de 2010 a 2013, sendo que, o período de
2013 corresponde a projecção.
Tabela 2. Taxas de crescimento do comércio em %
Fonte: Fundo Monetário Internacional, WEO (Outubro 2012)
As exportações mundiais deverão crescer em
2012 em cerca de 2,2% para as Economias
Avançadas e 4,% para as Economias em
Desenvolvimento. (uniformizar
As importações continuarão a crescer mais do
que as exportações nas Economias Emergentes
e em Desenvolvimento, enquanto nas
Economias Avançadas, as exportações
crescerão mais em relação as importações,
sinalizando um abrandamento dos efeitos da
crise.
Tendo em vista a crise económica, os países
desenvolvidos ensaiam uma retomada do
proteccionismo comercial, bem como busca na
intensificação das suas exportações com países
em desenvolvimento.
3. Cenário Macroeconómico Regional (SADC)
As perspectivas económicas de África
dependem de muitos factores imprevisíveis.
Uma crise mais profunda na zona Euro
causaria um enfraquecimento global
pronunciado e um cenário mais pessimista do
que o assumido. Para África, poderia originar
menores receitas das exportações e do turismo,
efeitos que provocam o contágio para os bancos
africanos, fluxos mais baixos de ajuda pública
ao desenvolvimento, afectam o investimento
directo estrangeiro e as remessas dos
trabalhadores. Estima-se que o decréscimo de
um ponto percentual no PIB dos países
membros da OCDE provoque uma diminuição
de aproximadamente 0,5%no PIB de África e
2010 2011 2012 2013 2012 2013
Volume Mundial de Comércio (Bens e Serviços) 12,6 5,8 3,2 4,5 –0,6 –0,7
Importações
Economias Avançadas 11,4 4,4 1,7 3,3 –0,2 –0,9
Mercado Emergente e Economias em Desenvolvimento 14,9 8,8 7,0 6,6 –0,8 –0,4
Exportações
Economias Avançadas 12,0 5,3 2,2 3,6 –0,1 –0,7
Mercado Emergente e Economias em Desenvolvimento 13,7 6,5 4,0 5,7 –1,7 –0,5
Projeções Diferença de Julho
7
de cerca de 10% nas receitas de exportação do
continente africano.
Com a recuperação gradual das economias do
Norte de África, prevê-se que o crescimento
médio de África recue para 4,5% em 2012 e
4,8% em 2013.
A recuperação relativamente generalizada das
economias africanas reflectem-se, igualmente,
num padrão de crescimento similar dos países
importadores de petróleo em comparação com
os exportadores de petróleo (com excepção da
Líbia). Em 2011, os países importadores de
petróleo registaram um crescimento
ligeiramente maior do que os países
exportadores e esta tendência deverá continuar
em 2012 e 2013, embora a diferença seja
demasiado pequena para ser significativa. O
crescimento no Norte de África abrandou
quase até à estagnação em 2011, devido aos
acontecimentos políticos, nomeadamente a
“primavera árabe” que afectou aquela zona. A
ruptura económica daquela região reduziu o
crescimento africano no geral em mais de um
ponto percentual, em 2011. Tendo em conta
que o Norte de África pesa aproximadamente
um terço no PIB do continente. A recuperação
prevista desta região vai impulsionar o
crescimento africano em 2012, sensivelmente
no mesmo valor.
Prevê-se que a África Ocidental mantenha
um crescimento rápido, com taxas de 6,7% e
6,4%, em 2012 e 2013, depois de 6,2% em 2011.
Apesar da crise alimentar em zonas da África
Oriental, a maioria dos países desta região (a
Somália não está incluída) mantiveram uma
trajectória de crescimento relativamente alta.
Estima-se que, em 2012, o crescimento abrande
para cerca de 5% (de 6% em 2011),
principalmente devido ao crescimento mais
moderado na Etiópia e à desaceleração do
crescimento no Sudão. Na África Central, é
provável que o PIB continue a crescer
aproximadamente 5%, enquanto na África
Austral se espera uma aceleração do
crescimento para 4% em 2012 e 4,5% em 2013
(acima dos 3,5% em 2010 e 2011).
A tabela abaixo faz um resumo geral das
estimativas e projecções de crescimento em
diferentes regiões de África.
Tabela 3. Crescimento do PIB real em % por Regiões
Fonte: Africaneconomicoutlook.org,
e) Estimativa; p) Projecções
Ao nível da região da SADC as perspectivas são
de um franco crescimento económico. A tabela
abaixo mostra o comportamento de alguns
indicadores macroeconómicos, seleccionados
para o período de 2010 a 2013, sendo que os
dados referentes a 2013 são projecções.
Tabela 4. PIB e Inflação em % de alguns países da SADC
Fonte: Africaneconomicoutlook.org,
e) Estimativa; p) Projecções
Regiões 2010 2011 (e) 2012 (p) 2013 (p)
África 5 3,4 4,5 4,8
África Central 5,7 5,1 4,9 4,8
África Oriental 7,1 6 5,1 5,6
Norte de África 4,1 0,5 3,1 4
África Austral 3,5 3,5 4 4,4
África Ocidental 6,9 6,2 6,9 6,4
2010 2011(e) 2012(p) 2013(p)
Sub-Saharan Africa PIB em % 5,4 5,1 5,4 5,4
Mocambique PIB em % 6,8 7,2 7,5 7,9
Inflação em % 12,7 10,8 7,2 5,6
Africa do Sul PIB em % 2,9 3,1 2,8 3,6
Inflação em % 4,3 5,0 6,2 5,4
Angola PIB em % 3,4 3,5 8,2 7,1
Inflação em % 14,5 13,5 10,0 9,4
Botswana PIB em % 7,2 6,6 4,4 3,9
Inflação em % 6,9 7,7 6,2 4,8
Malawi PIB em % 6,7 5,8 5,0 5,2
Inflação em % 7,4 7,6 7,8 8,1
Zimbabwe PIB em % 9,0 6,8 4,4 5,1
Inflação em % 3,1 5,3 6,5 6,7
8
A tabela acima mostra que o crescimento
económico na África Sub-Sahariana tem estado
a diminuir no período em análise, com
tendência a estagnar-se.
Em Moçambique o crescimento económico
aumentou no período em análise, apontam-se
como causas deste aumento, a produção de
carvão a partir dos primeiros mega-projetos
mineiros de exploração deste recurso que
entraram em operação este ano, juntamente
com o forte desempenho registado no sector de
serviços financeiros, transportes, comunicações
e construção que ajudaram a acelerar o
crescimento do PIB real para 7,2%, em 2011. O
país alcançou uma impressionante média de
crescimento de 7,2% ao longo da última
década. A continuação de um elevado
Investimento Directo Estrangeiro (IDE),
sobretudo em indústrias extractivas,
juntamente com o forte crescimento agrícola e
o investimento em infra-estruturas vai
impulsionar o crescimento de 7,5% para 7,9%,
em 2012 e 2013.
Perante este cenário de crescimento económico
favorável, as projecções para o nível de
inflação, mostram que a mesma irá aumentar
em 0,4 % no período de 2012 a 2013.
O crescimento económico da África do Sul
aumentou ligeiramente em 2011 e deverá
abrandar em 2012, principalmente como
resultado de fraquezas estruturais e de uma
recuperação económica mundial frágil. Em
2013, sujeito a recuperação global e para uma
resolução ordenada do fiscal da Zona Euro crise
(reformular). A inflação média anual subiu em
2011 e vai continuar a fazê-lo em 2012, antes de
se estabilizar em 2013.
Em Angola, o crescimento real do PIB registou
um ligeiro aumento de cerca de 3,4% em 2010
para um valor estimado de 3,5% em 2011,
impulsionado principalmente pelos preços do
petróleo e por um forte crescimento real do
sector não-petrolífero em 7,7%, o que ajudou a
compensar os efeitos dos problemas de
produção registados neste sector. Prevê-se que
o crescimento acelere para 8,2% e 7,1%,
respectivamente, em 2012 e 2013. A inflação
média anual vai reduzindo desde 2010, as
projecções mostram uma tendência de redução
de 10,0% para 9,4 % para 2012 e 2013
respectivamente.
A economia do Botsuana mostra uma
projecção de crescimento em 4,8% e 6,7% em
2012 e 2013, respectivamente. A inflação
manteve-se elevada em cerca 9,2% em
Dezembro de 2011 e acima do objectivo do
Banco Botswana (BoB), de 3-6%. No entanto,
espera-se que diminua em 2012 e 2013 como
abaixo do produto potencial no sector de
mineração e da despesa pública reduzida são
esperados para subjugar o crescimento da
demanda.
No Malawi, o crescimento económico
desacelerou de 6,7% em 2010 para 5,8% em
2011, devido à entrada reduzida de doadores e
a escassez de divisas, bem como de produtos
essenciais, como combustíveis e insumos para a
fabricação. A economia deverá abrandar ainda
mais com o crescimento a decair entre 5,0% e
5,2% em 2012 e 2013 respectivamente.
O início da política de Governo Inclusivo no
Zimbabwe em Fevereiro de 2009, criou uma
instabilidade económica que vem-se
recuperando nos últimos anos. O crescimento
deste país desacelerou entre 2010 e 2012, devido
a inconsistências da política económica e
incerteza política.
Este facto demonstra que, é relativamente fácil
inflamar a recuperação, sendo mais difícil
sustentar o crescimento, que exige políticas
consistentes que atendam as restrições.
O PIB desacelerou para 6,8% em 2011, de
9,0% em 2010 e está projectada uma
desaceleração de 4,4% em 2012 para 5,5% em
2013.
A inflação média anual vem subindo desde
9
2010, havendo projecções de 6,5% e 6,7% para
2012 e 2013, respectivamente.
4. Cenário Macroeconómico Nacional
4.1 Produto Interno Bruto
Estimativas feitas pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE) do PIB anual de 2011,
indicam um crescimento de 7,3%, mais 24pp
em relação a 2010, determinado pela procura
agregada pelas despesas de consumo, com um
peso de 95% no PIB, e pelo investimento
privado em cerca de em 4pp para 4,4 em 2011.
Na óptica da produção, os sectores que
influenciaram positivamente para a aceleração
do PIB em 2011, foram a agricultura, a
indústria extractiva, a indústria
transformadora, a electricidade e água, a
hotelaria e a restauração, bem como sector das
pescas, da construção, do comércio e serviços,
da reparação e dos transportes e comunicações.
Tabela 3. Crescimento do PIB (%) por sector de Actividade
Fonte: Instituto Nacional de Estatística
Estimativas preliminares pelo INE, indicam
que no segundo trimestre de 2012, a economia
cresceu em 8% face ao igual período do ano
transacto para um crescimento acumulado no I
semestre de 7,2%.
Gráfico 2. Variação % do PIB por Ramo de Actividade do
2˚ Trimestre de 2012 relativamente ao período homólogo
Fonte: Instituto Nacional de Estatística
O bom desempenho da actividade económica
deveu-se essencialmente ao crescimento do
sector secundário em 10,2%, impulsionado pela
indústria transformadora com um crescimento
11.6% em relação período homólogo. Por outro
lado, o sector primário cresceu em 7,4%, sendo
a indústria extractiva a que mais se evidenciou
com 54,0%.
4.2 Evolução da Inflação
Relativamente, ao nível geral de preços no país
teve uma queda na ordem de 1,1% no segundo
trimestre, sendo a divisão de alimentação e
bebida não alcoólicas as principais
responsáveis, que contribuíram em 1,09 pp
negativos.
Nampula, Maputo e Beira são as cidades que
tem tido uma tendência decrescente do nível
geral de preços com 1,14%, 1,11% e 1,01%,
respectivamente.
2011 1º Trim. 2012 2012
(Real) (Estimativa) (Projecção)
Produto Interno Bruto 7.3% 6.2% 7.5%
Agro-pecuário e silvicultura 7.8% 5.1% 6.4%
Pesca 6.0% 3.7% 3.2%
Industria Extractiva 18.7% 25.4% 14.0%
Indust. Transform. 5.8% 6.9% 3.9%
Electricidade e Agua 6.7% 11.2% 13.0%
Construção 4.6% 10.5% 7.7%
Comercio e Serviços de Reparação 1.3% 5.0% 7.8%
Restaurantes e Hotéis 9.7% -13.5% 7.6%
Transporte e Comunicações 11.3% 7.0% 9.0%
Serviços Financeiros 6.5% 7.0% 17.0%
Aluguer de Imóveis e Serv. de Empresas 1.7% 0.8% 2.0%
Administração Pública e Defesa 9.1% 7.0% 9.2%
Educação 6.2% 4.8% 10.1%
Saúde 7.1% 6.6% 9.7%
Outros Serviços 2.4% 1.1% 4.6%
Sectores de Actividade
-20.0%
-10.0%
0.0%
10.0%
20.0%
30.0%
40.0%
50.0%
60.0%
Iº Trim. 2012 (Estimativa)
IIº Trim. 2012 (Estimativa)
10
Gráfico 3. Inflação Mensal (em %)
Fonte: Instituto Nacional de Estatística
O país registou em termos acumulados ao longo
do primeiro semestre, uma descida do nível
geral de preços em cerca de 0,51%. Os produtos
que influenciam nesta tendência foram, o
Tomate, as Motorizadas, o Arroz, o Óleo
Alimentar e o Peixe fresco.
4.3 Taxas de Câmbio
No segundo trimestre de 2012, o Banco de
Moçambique posicionou-se no Mercado
Cambial Interbancário como comprador
líquido de divisas em resultado da aquisição
bruta de 45,3 milhões de dólares, contra vendas
brutas de 41,7 milhões de dólares.
Este resultado líquido contribuiu para a
acumulação das reservas internacionais
líquidas em 142,3 (milhões será) de dólares no
trimestre, e consequentemente elevação do seu
saldo para 2.263,6 milhões de dólares, o que
corresponde a cerca de 4,9 meses de cobertura
de importações de bens e serviços não
factoriais.
Gráfico 4. Evolução mensal das Taxas de Câmbio (Jan.
2011 – Jun. 2012)
Fonte: Banco de Moçambique
As transacções ocorridas no mercado cambial
contribuíram também para que, no segundo
trimestre de 2012, o Metical se depreciasse face
ao dólar Americano em 0,58%, tendo a
apreciação anual reduzido de 9,94% em Março
para 2,58% no fecho do semestre.
Em relação ao Rand sul-africano, a moeda
nacional acumulou, no trimestre em análise,
ganhos nominais de 6,60% fazendo com que a
apreciação anula se situasse em 19,39%.
Devido a crise na Zona Euro, a moeda europeia
registou perdas no mercado internacional, o
que se traduziu em ganhos nominais da moeda
nacional, no segundo trimestre em 4,40%, no
final de Junho, tendo o Euro sido cotado a
35,38 MT.
Nesse contexto, a taxa e câmbio efectivo real
continuou com a trajectória de desaceleração,
devido ao comportamento favorável à
Moçambique, ao diferencial de preços,
verificando-se a tendência de depreciação da
-1.0%
-0.5%
0.0%
0.5%
1.0%
1.5%
2.0%
2.5%
3.0%
Jan Fev Mar Abr Mai Jun
2010
2011
20120
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
2011 2011 2011 2011 2011 2011 2011 2011 2011 2011 2011 2011 2012 2012 2012 2012 2012 2012
Dólar
Euro
ZAR
11
taxa efectiva nominal da moeda nacional em
relação à dos principais parceiros comerciais.
4.4 Sector Fiscal
Receita
De Janeiro a Outubro do presente ano, as
receitas cobradas atingiram o montante de
69.955,7 milhões de MT, que corresponde a
uma taxa de realização de 73,2% e um
crescimento de 14,7% em relação ao período
homólogo do ano anterior.
Tabela 6. Cobrança das Receitas (Jan- Set de 2012)
Fonte: Relatório de Execução – Janeiro a Setembro de 2012
Este desempenho positivo das receitas cobradas
está associado aos resultados alcançados nos
grupos de Receitas Fiscais, Receitas Não
Fiscais, Receitas Consignadas e Receitas de
Capital, os quais atingiram uma taxa de
realização de 74,1%, 68,2%, 74,5% e 55,7%,
nomeadamente.
Os s factores que contribuíram para este bom
desempenho da cobrança das receitas, são os
seguintes:
Recuperação de receita por via de análise
de processos de contas de anos anteriores,
que resulta em cobrança/pagamento
adicional de IRPC/IRPS 2ªCategoria;
Verificação e correcção pontual das
Declarações Anuais de Rendimento e de
Informação Contabilística e Fiscal;
Bom desempenho verificado nos sectores de
produção de petróleo e de produção
mineira;
Trabalhos de sensibilização de pagamento
dos impostos levado (reformular não está
muito esclarecedor) a cabo junto aos órgãos
e instituições do Estado, no sentido de
procederem à entrega das receitas
arrecadadas às Direcções de Fiscal.
Taxa de concessão da licença de exploração
da terceira operadora de telefonia móvel.
Tabela 7. Contribuição dos Mega Projectos
Fonte: Relatório de Execução – Janeiro a Setembro de 2012
No período em análise a contribuição dos Mega
Projectos foi de 3.699,2 milhões de MT, que
equivale a 5,3% da receita cobrada e
crescimento nominal de 80,3% relativamente
ao período homólogo de 2011. O desempenho
verificado nos sectores de produção de petróleo
e de produção mineira deriva dos seguintes
factores:
Efeito dos níveis elevados de produção do
carvão, não previstos na programação do
exercício económico de 2012;
Var. (%)
Lei Cobrança % 2011/12
Jan-Set Real.
RECEITAS CORRENTES 92,998.5 68,540.3 73.7 15.4
Receitas Fiscais 80,441.7 59,601.5 74.1 16.4
Impostos s/ o Rendimento 27,854.4 25,879.6 92.9 36.1
Impostos s/ Bens e Serviços 49,327.4 31,348.9 63.6 4.4
Nas operações internas 14,759.0 10,109.1 68.5 4.3
Nas operações externas 20,919.7 12,721.8 60.8 5.0
Outros Impostos 3,259.9 2,373.1 72.8 10.0
Receitas Não Fiscais 6,530.9 4,451.2 68.2 18.0
Sendo: Receitas Próprias 3,122.1 2,478.6 79.4 7.6
Receitas Consignadas 6,025.9 4,487.5 74.5 1.1
Sendo: Taxas sobre os Combustíveis 3,465.4 2,682.1 77.4 6.4
RECEITAS DE CAPITAL 2,539.5 1,415.4 55.7 -10.5
Alienação de Bens 8.4 39.8 471.9 -59.8
Alienação do Património do Estado 8.4 39.8 471.9 -59.8
Outras Receitas de Capital 2,531.1 1,375.7 54.4 -7.2
Dividendos 441.6 64.0
Outras 2,531.1 934.1 36.9 -23.0
Total 95,538.0 69,955.7 73.2 14.7
Em Milhões de MT
2012
2011 2012 Variação
Jan-Set Jan-Set
Produção de Energia 595.0 737.6 24.0%
Exploração de Petróleo 577.2 1,311.8 127.3%
Exploração de Recursos Minerais 555.6 1,246.7 124.4%
Outros 323.5 403.1 24.6%
Total 2,051.3 3,699.2 80.3%
Receita Total 60,984.1 70,068.7 14.9%
Contribuição dos Megaprojectos 3.4% 5.3%
Em Milhões de MT
12
Aumento do valor de pagamento da Taxa
de Licenciamento para a actividade
Mineira, cobrado através do Imposto de
Superfície;
Regularização de valores dos anos
anteriores do Imposto de Produção do
petróleo; e
Início da exportação do carvão em média
escala pelos operadores sediados em Tete.
Fontes de Financiamento do Orçamento
Os recursos mobilizados atingiram o montante
de 99.546,9 milhões de MT, correspondente a
61,1% do orçamento anual, tendo os recursos
internos atingido 73.105,8milhoes de MT e os
externos 26.441,1 milhões de MT,
correspondente a 74,1% e 41,1%,
respectivamente.
Gráfico 5. Estrutura dos Recursos (Jan–Jun 2012)
Fonte: Relatório de Execução – Janeiro a Setembro de 2012
O nível de realização dos recursos externos
resulta da baixa disponibilidade de desembolso
de fundos, tanto de donativos como de créditos.
No que tange aos recursos internos, as Receitas
do Estado constituíram a principal de
financiamento, tendo participado com o
equivalente a 70,3% dos recursos do total dos
recursos mobilizados.
Despesas
Despesas de Funcionamento
No período de Janeiro a Setembro, as Despesas
de Funcionamento, atingiram o montante de
59.827,8 milhões de MT, que representa um
crescimento de 9,8% em relação ao igual
período do ano transacto.
Gráfico 6. Estrutura das Despesas de Funcionamento (Jan
– Set de 2012)
Fonte: Relatório de Execução – Janeiro a Setembro de 2012
O crescimento das despesas de funcionamento
deveu-se aos seguintes factores:
Despesas com pessoal, o crescimento foi
resultado das novas admissões,
particularmente no sector da saúde e
educação;
Transferências correntes, destinadas à
administração pública e privada, às
famílias, sob forma de pensões e despesas
sociais e ao exterior;
Os Encargos da dívida, influenciados pelo
acréscimo simultâneo do pagamento da
dívida interna e externa em resultado do
aumento do capital em divida.
Receitas do Estado, 70.3%
Donativos Externos, 16.1%
Emprestimos Externos, 10.5%
Creditos Internos, 3.2%
53.0%
17.3%
5.2%
15.4%
5.3%3.5%
0.0%0.3%
Despesas c/ o Pessoal
Bens e Serviços
Encargos da Dívida
Transferências Correntes
Subsídios
Outras Despesas Correntes
Exercícios Findos
Despesas de Capital
13
Despesas de Investimento
As Despesas de Investimento, no período em
análise, tiveram uma realização de 30.896,3
milhões de MT, um decréscimo de 9,6% em
termos reais, relativamente ao igual período do
exercício anterior.
Tabela 8. Execução das Despesas de Investimento (Jan –
Set de 2012)
Fonte: Relatório de Execução – Janeiro a Setembro de 2012
A realização destas despesas foi influenciada
pelos fundos externos, com uma taxa 37,0% do
orçamento anual, devido a baixa
disponibilidade dos desembolsos de fundos por
parte de alguns parceiros de cooperação
internacional, bem como, a conclusão dos
programas FC-UTRESP, FC-PROAGRI, FC-
ASAS, tendo a respectiva despesa sido
financiada pelos saldos do exercício anterior.
Por outro lado, a taxa de realização da
componente interna correspondente a 62,8% do
orçamento anual, superou o nível de realização
do ano transacto em 2,1pp e registou um
crescimento de 13,4% relativamente ao período
homólogo de 2011.
5. Avaliação do Impacto Fiscal da Conjuntura
Macroeconómica
O cenário actual da conjuntura
macroeconómica internacional mostra sinais de
risco eminente, uma vez que podem surgir
efeitos tardios da crise, que podem repercutir a
nível nacional.
Estes efeitos podem ser visíveis principalmente
no que tange ao financiamento do Orçamento
do Estado, uma vez que uma parte
considerável dos recursos é proveniente dos
recursos externos.
Dadas pressões que os países de parceiros de
cooperação internacional vêm enfrentando, os
níveis de desembolsos de apoio ao Orçamento
de Estado Moçambicano tem diminuído como
consequência da crise que vem abalando
muitas economias avançadas criando
instabilidade e um ambiente de incerteza a
nível mundial.
No período de Janeiro a Setembro de 2012,
comparativamente ao período homólogo do ano
transacto, houve uma redução da realização
dos desembolsos do financiamento externo em
cerca de 24,1%, originados pelos efeitos da
crise.
O Orçamento do Estado de 2012, prevê uma
redução dos recursos externos em 1,2pp do PIB
em relação o ano transacto. Nestes moldes, o
Governo continuará a implementar a estratégia
de reforma na administração tributária que
visa o incremento dos recursos internos, que
vai-se cingir:
No aumento da arrecadação de receitas de
uma forma sustentável;
Modernização e fortalecimento da
administração tributária;
Desenvolvimento de Tecnologias de
Informação e Comunicação para permitir
Variação
% 2011/12
Inicial Actual Jan-Set Realiz (%) a/
INTERNO 24,261.0 24,908.3 15,636.8 62.8 13.4
EXTERNO 41,256.8 41,233.8 15,259.5 37.0 -24.2
Donativos 25,019.8 26,218.5 10,403.8 39.7 -3.2
Fundos Comuns 9,504.9 11,799.5 4,626.9 39.2 -15.2
Outros Fundos 15,514.9 14,419.0 5,776.8 40.1 9.1
Créditos 16,237.0 15,015.3 4,855.7 32.3 -48.2
Total 65,517.8 66,142.1 30,896.3 46.7 -9.6
Financiamento
Ano 2012
Orçamento Anual
14
uma maior eficácia dos processos de
gestão tributária.
Por outro lado, as receitas provenientes de
produção de carvão e da produção petrolífera
podem significar uma melhoria dos níveis de
arrecadação da receita, uma vez que estes
sectores vêem demonstrando bom desempenho.
No tocante ao financiamento interno líquido,
este tende a decrescer para cerca de 0,5% do
PIB, representando uma redução em 0,1pp face
a 2011, no entanto, está salvaguardada a oferta
de crédito à economia necessária para induzir a
expansão do investimento privado.
Relativamente as Despesas do Estado, é
necessário que haja especial atenção às rubricas
de despesas com o pessoal, bens e serviços,
outras despesas correntes e despesas de capital,
sobre as quais o Estado tem possibilidades de
ajuste da sua procura, de modo a que prevaleça
a sustentabilidade da gestão orçamental.
6. Conclusão
A instabilidade verificada em muitas
economias avançadas tem grande impacto na
volatilidade dos mercados financeiros e
provocam fraco desempenho económico.
Para os países da Zona Euro a gestão da crise
deve e tem disso uma grande prioridade.
Apesar de diversas tentativas de acordos entre
estes paises, tem-se observado na pratica uma
grande dificuldade em alcançar acordos
mormente sobre a dívida soberana, o que
vislumbra um cenário de dificuldades futuras
para a economia mundial dado o peso desta
zona na economia.
Dada instabilidade que se vive no cenário
actual da conjuntura macroeconómica, os
países de baixa renda, que dependem de ajuda
externa como é o caso de Moçambique esperam
por uma diminuição dos desembolsos no apoio
orçamental por parte das economias
avançadas, devido as suas dificuldades
financeiras.
A nível interno o Governo deve continuar a
pautar por políticas e instrumentos fiscais que
conduzem a uma maior abrangência na
arrecadação de receitas e por outro, à melhoria
dos instrumentos de gestão da despesa pública,
de modo a encontrar formas sustentáveis de
gestão e equilíbrio, bem como de manutenção
dos níveis de crescimento económico verificado
nos últimos anos.