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Relatório de Auditoria Especial nº 00190.020860/2011-31 Ministério do Turismo

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Relatório do Tribunal de Contas da União acerca dos Convênios realizados pelo Ministério do Turismo no decorrer de 2011

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Relatrio de Auditoria Especial n 00190.020860/2011-31 Ministrio do Turismo 1

PRESIDNCIA DA REPBLICA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIO SECRETARIA FEDERAL DE CONTROLE INTERNO

RELATRIO DE AUDITORIA ESPECIAL N 00190.020860/2011-31 EM BRASLIA/DF

MINISTRIO DO TURISMO

DEZEMBRO/2011

NDICE 1. INTRODUO ............................................................................................................................... 5 2. CONTEXTUALIZAO ................................................................................................................ 7 2.1. Recursos envolvidos ................................................................................................................. 7 2.2. Aes de Governo ..................................................................................................................... 7 2.3. Qualificao de Profissionais Associados ao Segmento de Turismo (Ao 4590) ................... 8 2.3.1. Projeto Bem Receber Copa ................................................................................................ 9 3. DEFICINCIAS ESTRUTURAIS NA CONDUO DO PROGRAMA E AES .................. 10 3.1. Infraestrutura Turstica ................................................................................................................ 10 3.2. Apoio Promoo de Eventos .................................................................................................... 10 3.3. Qualificao de Profissionais Associados ao Segmento de Turismo .......................................... 12 3.3.1 Projeto Ol Turista ............................................................................................................ 13 3.3.2 Iniciativas do Projeto Bem Receber Copa ........................................................................ 14 3.3.3 Aes de Monitoramento/Acompanhamento do Projeto Bem Receber Copa .................. 16 3.3.4 Aes de capacitao no mbito do Projeto Bem Receber Copa ...................................... 17 4. CONVNIOS................................................................................................................................. 19 4.1. Apuraes relacionadas a fatos denunciados .............................................................................. 19 4.1.1. Associao Brasileira das Empresas de Transporte Areo Regional ABETAR ................ 19 4.1.2. Fundao Universa FUNIVERSA .................................................................................... 21 4.1.3. Instituto Brasileiro de Hospedagem IBH .......................................................................... 22 4.1.4. Instituto Cia do Turismo ...................................................................................................... 26 4.1.5. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentvel IBRASI ............. 28 4.1.6. Instituto para Preservao do Meio Ambiente e Promoo do Desenvolvimento Sustentvel IATEC-SE ................................................................................................................................... 30 4.1.7. Instituto Mineiro de Desenvolvimento IMDC .................................................................. 30 4.1.8. Instituto Quero-Quero .......................................................................................................... 33 4.1.9. Instituto Sul Americano de Desenvolvimento Sustentvel ISDES ................................... 36 4.1.10. Instituto Casa Brasil de Cultura ICBC ............................................................................ 38 4.1.11. Sociedade Evanglica Beneficiente SEB ........................................................................ 40 4.2. Outras apuraes ......................................................................................................................... 41 4.2.1. Associao Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura ABETA ...... 41 4.2.2. Associao Brasileira das Locadoras de Automvel ABLA ............................................. 43 4.2.3. Associao Brasileira de Bares e Restaurantes ABRASEL .............................................. 45 4.2.4. Associao Brasileira das Operadoras de Turismo BRAZTOA ....................................... 47 4.2.5. Confederao Brasileira de Convention & Visitors Bureaux CBC&VB .......................... 48 4.2.6. Federao Nacional dos Hotis, Restaurantes, Bares e Similares FNHRBS .................... 49 4.2.7. Fundao Assis Chateaubriand ............................................................................................ 51 4.2.8. Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Cultural INDESC................................. 52

4.2.9. Instituto de Apoio Tcnico Especializado Cidadania IATEC-PE .................................. 54 4.2.10. Prefeitura Municipal de Goinia/GO ................................................................................. 55 5. CONTRATOS ................................................................................................................................ 58 6. CONCLUSES ............................................................................................................................. 61 7. RECOMENDAES .................................................................................................................... 63 ANEXOS ........................................................................................................................................... 67

1. INTRODUOO presente trabalho de auditoria resultante de determinao da Senhora Presidenta da Repblica e atende tambm solicitao do ento Ministro de Estado do Turismo, dirigida CGU por meio do Aviso n 082/2011/GM/MTur, de 09/08/2011. Trata-se de auditoria investigativa realizada em cumprimento Portaria CGU n 1.596, de 11/08/2011, do Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da Unio, que designou equipe especfica para verificar a execuo de convnios celebrados pelo Ministrio do Turismo MTur, segundo fatos veiculados na imprensa, inclusive sobre a Operao Voucher, conduzida pela Polcia Federal. Os trabalhos de auditoria abrangeram instrumentos de convnio e contrato celebrados no mbito do Programa 1166 Turismo Social no Brasil: Uma Viagem de Incluso, com foco primordial na Ao de Qualificao de Profissionais Associados ao Segmento de Turismo, a qual incorpora as atividades voltadas ao Projeto Bem Receber Copa. Em decorrncia da relevncia do evento Copa do Mundo de 2014, as aes do Ministrio do Turismo voltadas capacitao vinham sendo acompanhadas pela rea tcnica desta Controladoria, no curso do exerccio de 2011, no mbito de ao de controle especfica, iniciada em data anterior edio da Portaria que determinou a presente auditoria especial, cujos resultados integram o presente relatrio. O citado trabalho definiu, como escopo da auditoria, a totalidade dos ajustes celebrados pelo Ministrio do Turismo para a execuo do Projeto Bem Receber Copa, em nmero de 10 convnios/termos de parceria e de 2 contratos. Com a Portaria CGU n 1.596 e considerando-se as denncias veiculadas na imprensa, bem assim situaes de criticidade e de relevncia identificadas no curso dos trabalhos de auditoria, outros ajustes foram includos no escopo da apurao, elevando-se de 10 para 54 convnios/termos de parceria analisados e de 2 para 5 contratos, no valor total de recursos no montante de R$ 281.827.852,38. A Tabela 1, a seguir, apresenta a relao dos ajustes analisados no mbito desta Auditoria:Entidade Instituto Brasileiro de Hospedagem IBH Associao Brasileira das Empresas de Ecoturismo e de Turismo de Aventura ABETA Associao Brasileira das Empresas de Transporte Areo Regional ABETAR Associao Brasileira das Operadoras de Turismo BRAZTOA Confederao Brasileira de Convention & Visitors Bureaux CBC&VB Associao Brasileira de Bares e Restaurantes ABRASEL Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Cultural INDESC Associao Brasileira das Locadoras de Automvel ABLA Instituto Casa Brasil de Cultura ICBC Fundao Getlio Vargas FGV Instituto Cia do Turismo Sociedade Evanglica Beneficiente SEB Fundao Assis Chateaubriand 5 Recursos federais envolvidos 31.914.040,38 4.815.600,00 3.130.300,00 4.708.900,00 9.900.000,00 14.088.000,00 13.824.000,00 1.976.755,00 2.089.100,00 14.428.901,52 11.962.367,50 7.500.000,00 6.220.000,00 Valor total do ajuste 33.461.995,00 4.990.600,00 3.488.412,00 4.805.000,00 10.105.000,00 15.654.000,00 13.824.000,00 2.492.295,00 2.089.100,00 14.428.901,52 11.163.630,00 8.335.195,00 6.901.794,50

Fundao Universa Instituto Mineiro de Desenvolvimento IMDC Instituto de Apoio Tcnico Especializado Cidadania IATEC/PE Instituto para Preservao do Meio Ambiente e Promoo do Desenvolvimento Sustentvel IATEC-SE Federao Nacional dos Hotis, Restaurantes, Bares e Similares FNHRBS Instituto Quero Quero Instituto Sul Americano de Desenvolvimento Sustentvel ISDES ID2 Tecnologia e Consultoria Ltda. Prefeitura Municipal de Goinia Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentvel IBRASI Total

26.687.500,00 8.200.400,00 110.700,00 7.200.000,00 9.982.423,20 2.074.470,00 3.700.000,00 10.762.445,73 9.000.000,00 15.979.483,80 220.255.387,13

29.947.500,00 9.370.170,00 123.000,00 8.000.000,00 10.344.480,00 2.305.574,00 4.114.776,00 14.990.000,00 53.136.447,36 17.755.982,00 281.827.852,38

Relativamente ao Instituto IBRASI, foram celebrados 3 convnios no valor de R$ 17.755.982,00, um para capacitao no valor de R$ 4.445.000,00 e dois para servios de assessoria tcnica. As anlises do convnio de capacitao constam do Anexo VI deste relatrio e dizem respeito s deliberaes do TCU no Acrdo n 2066/2011, os demais convnios encontram-se em anlise. O presente Relatrio incorpora, tambm, resultados de outras Aes de Controle realizadas pela Controladoria-Geral da Unio acerca da atuao do Ministrio do Turismo na conduo das aes governamentais voltadas infraestrutura turstica e promoo de eventos tursticos.

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2. CONTEXTUALIZAO2.1. Recursos envolvidos As aes finalsticas do Ministrio do Turismo so todas abrangidas por um nico Programa, Turismo Social no Brasil: uma viagem de incluso, cujo objetivo aumentar os fluxos tursticos e promover a incluso social mediante a estruturao e diversificao da oferta e da demanda. A dotao oramentria autorizada por Lei Oramentria Anual LOA, no perodo de 2008 a 2011, para o Ministrio do Turismo no mbito do Programa 1166 Turismo Social no Brasil: uma viagem de incluso, est apresentada na Tabela 2, a seguir:Tabela 2: Dotao oramentria do Ministrio do Turismo no perodo de 2008 a 2011 Exerccio Recursos oramentrios (R$) 2011 3.411.933.898,00 2010 4.002.663.837,00 2009 2.805.411.649,00 2008 2.818.457.870,00

2.2. Aes de Governo Para o exerccio de 2011, os recursos do Programa Turismo Social no Brasil so alocados, praticamente em sua totalidade, por meio das Aes de Apoio Infraestrutura Turstica R$ 2.361.436.801,00 (69,2%), Campanha para Promoo do Turismo no Mercado Nacional R$ 178.305.491,00 (5,23%), Qualificao de Profissionais Associados ao Segmento de Turismo R$ 142.920.407,00 (4,19%) e Promoo de Eventos para Divulgao do Turismo Interno R$ 272.270.000,00 (7,98%). A Tabela 3 apresenta a variao percentual da dotao autorizada paras as Aes citadas, no perodo compreendido entre 2008 e 2011.Tabela 3: Variao percentual da dotao autorizada de 4 das principais Aes do Programa Turismo Social no Brasil: uma viagem de incluso, no perodo de 2008 a 2011Dotao autorizada Ao Apoio Infraestrutura Turstica Campanha para Promoo do Turismo no Mercado Nacional Qualificao de Profissionais Associados ao Segmento de Turismo Promoo de Eventos para Divulgao do Turismo Interno 2011 R$ 2.361.436.801,00 % 69,2 2010 R$ 2.919.203.758.,00 % 72,9 2009 R$ 1.841.956.023,00 % 65,7 2008 R$ 2.044.943.998,00 % 72,6

178.305.491,00

5,23

147.500.000,00

3,69

79.750.703,00

2,84

56.636.960,00

2,01

142.920.407,00

4,19

143.690.202,00

3,59

65.549.616,00

2,34

45.261.342,00

1,61

272.270.000,00

7,98

352.177.500,00

8,80

414.805.460,00

14,8

309.058.329,00

11,0

A Figura a seguir reproduz as informaes constantes da Tabela 3, permitindo visualizao grfica das informaes relativas execuo das Aes no exerccio de 2011.7

IE Turstica Campanha Promoo Qualificao

Promoo Eventos

Figura 1: Dotao autorizada (%) - exerccio 2011

A anlise das informaes constantes da Tabela 3 indica que houve reduo da dotao destinada Promoo de Eventos, de 2008 a 2011, e incremento das dotaes destinadas s Campanhas de Promoo e Qualificao. A dotao destinada Infraestrutura no possui um padro definido, de aumento ou de diminuio; a dotao para esta Ao oscila no perodo de 2008 a 2011, com pequenas variaes crescentes ou decrescentes. As Aes Apoio Infraestrutura Turstica e Qualificao de Profissionais Associados ao Segmento de Turismo so executadas pela Secretaria Nacional dos Programas de Desenvolvimento do Turismo SNPDTur; enquanto as Aes Campanha para Promoo do Turismo no Mercado Nacional e Promoo de Eventos para Divulgao do Turismo Interno so executadas pela Secretaria Nacional de Polticas de Turismo SNPTur.

Figura 2: Organograma do Ministrio do Turismo; fonte Ministrio do Turismo, disponvel em http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/organograma/

2.3. Qualificao de Profissionais Associados ao Segmento de Turismo (Ao 4590)8

A LOA 2011 autorizou dotao oramentria para a referida Ao no valor de R$ 142.920.407,00, valor 200% superior quele autorizado para o exerccio de 2008. A forma de implementao definida para a Ao prev a sua execuo por meio da celebrao de convnios, termos de parceria e contratos, com instituies pblicas e entidades sem fins lucrativos, com notria experincia na rea de qualificao e aperfeioamento. A partir do exerccio de 2010, as aes de capacitao insertas na programao do Ministrio do Turismo passaram a ser concentradas na implementao do Projeto Bem Receber Copa e apenas aquelas decorrentes de emendas parlamentares seriam alocadas de forma diversa, em aes de capacitao especficas, no voltadas, necessariamente, preparao para a Copa do Mundo de 2014. Critrios especficos para a celebrao de ajustes no mbito da Ao foram formalizados por meio da Portaria n 90/2010, editada em 22/12/2010. Previamente, no existia normativo especfico disciplinando a execuo da Ao, em que pese ter sido informado que as mesmas diretrizes constantes da Portaria estariam sendo utilizadas pelo Departamento de Qualificao, Certificao e de Produo Associada ao Turismo para orientar a atuao da unidade tcnica do Ministrio na execuo das atividades de capacitao. Conforme consulta realizada ao Sistema Siconv, em 10/08/2011, foram firmados, no perodo de 2009 a 2011, 57 ajustes, com 42 entidades, situao que demandaria da unidade tcnica uma sistemtica de acompanhamento de sua execuo bem estruturada e com mecanismos de monitoramento definidos e rgidos, considerando o grande nmero de entidades envolvidas na execuo da Ao de governo, de forma a propiciar o atingimento dos objetivos e metas da Ao. A Unidade responsvel pela execuo da Ao o Departamento de Qualificao e Certificao e de Produo Associada ao Turismo (DCPAT), da Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento de Turismo (SNPDTur) do Ministrio do Turismo. 2.3.1. Projeto Bem Receber Copa O Governo Federal, considerando a importncia de consolidar o Pas como destino turstico internacional, buscando aproveitar a maior visibilidade do Brasil em decorrncia da Copa do Mundo de 2014 e de forma a preparar o setor de turismo, organizou, por meio do Ministrio do Turismo, ao efetiva de qualificao focada no atendimento ao turista em suas diversas interaes com o setor turstico (hospedagem, servios de alimentao fora do lar, agentes de viagem e receptivo, locadoras de veculos, companhias areas, entre outros). Nesse contexto, o MTur por meio do Departamento de Qualificao e Certificao, formulou, em 2009, o Projeto Bem Receber Copa para execuo no perodo de 2010-2012, em cooperao com representantes do Conselho Nacional do Turismo. Destaca-se que aes de capacitao decorrentes de ajustes (convnios e termos de parceria) celebrados no exerccio de 2009 e anteriores, conforme definio feita pelo citado Departamento de Qualificao, passaram a compor o universo das aes de capacitao do Projeto Bem Receber Copa. De acordo com informaes do Ministrio do Turismo, a meta do Projeto qualificar 306 mil profissionais at o segundo semestre de 2013 (no perodo 2009 a 2013), com foco em profissionais alocados em atividades de linha de frente (que possuem contato direto com o turista) de sete categorias profissionais (Alimentao Fora do Lar, Transporte, Receptivo Local, Meios de9

Hospedagem, Entretenimento, Negcios e Eventos, Turista Seguro). Verifica-se que embora tenha sido formalizado somente em dezembro de 2010, o Projeto agregou iniciativas que j haviam sido deflagradas previamente. A expectativa de qualificao do Ministrio do Turismo at junho/2012 era a capacitao de 225 mil pessoas, com o seguinte cronograma: Junho 2009 a Junho/2010: 75 mil pessoas; Junho 2010 a Junho/2011: 75 mil pessoas; e Junho 2011 a Junho/2012: 75 mil pessoas. Com esta previso, e para o atingimento da meta de qualificao de 306 mil pessoas, existiria um passivo de 81 mil pessoas a qualificar at 2013 (no perodo junho/2012 a Junho/2013). Ocorre que a expectativa do Ministrio do Turismo era concluir as atividades de capacitao ainda no exerccio de 2012; assim, restaria a necessidade de reavaliao das metas estipuladas e de realizao de novo planejamento das atividades a serem desenvolvidas. Ressalta-se que no esto includas na meta as pessoas qualificadas no mbito do Projeto Ol Turista, cuja previso de capacitao distncia de 80 mil profissionais da cadeia produtiva do turismo em conhecimentos bsicos de Ingls e Espanhol, com no mnimo 80 horas. O Projeto teve execuo por meio de contrato firmado pelo Ministrio do Turismo com a Fundao Roberto Marinho, Contrato Administrativo n 047/2008, firmado em 30/12/2008, com vigncia at 28/06/2011 e valor total de R$ 17.355.430,00. 3. DEFICINCIAS ESTRUTURAIS NA CONDUO DO PROGRAMA E AES 3.1. Infraestrutura Turstica A Ao Apoio Infraestrutura Turstica implementada pelo Departamento de Infraestrutura Turstica, vinculado Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo SNPDTur, sendo executada por meio de convnios e de contratos de repasse. Os trabalhos anteriores realizados pela Controladoria-Geral da Unio identificaram a existncia de falhas relacionadas celebrao dos ajustes, sejam eles convnios ou contratos de repasse, especialmente quando da aprovao de projeto bsico ou de oramento, assim como em relao medio dos servios atestados e em relao aos processos licitatrios conduzidos pelos convenentes. Os resultados desses trabalhos esto reproduzidos em anexo ao Relatrio. 3.2. Apoio Promoo de Eventos Em trabalhos anteriormente realizados, envolvendo a celebrao de ajustes destinados a apoiar a realizao de eventos, foram identificadas deficincias no que concerne atuao do Ministrio do Turismo e mais especificamente das reas tcnicas que tratam da implementao da Ao no mbito da Secretaria Nacional de Polticas de Turismo SNPTur. Nos ajustes firmados no mbito da Ao Apoio Promoo de Eventos, foi verificada fragilidade das anlises realizadas pela rea tcnica do Ministrio em relao aos Planos de Trabalho apresentados pelos convenentes, principalmente quanto ao aspecto da relao pormenorizada de10

custos e suas especificaes, constantes no Projeto Bsico. Essa situao, como se ver ao longo deste Relatrio, recorrente e no apenas no mbito da SNPTur, mas tambm no mbito de atuao da SNPDTur. Identifica-se a aprovao de Planos de Trabalho sem a devida especificao dos bens, equipamentos e tampouco servios necessrios realizao do objeto; bem como dos valores relacionados. Da mesma forma, foram identificados problemas nos oramentos utilizados para comprovao da compatibilidade dos custos do objeto com os praticados no mercado, quando tais oramentos existem. De uma forma geral, as impropriedades identificadas na execuo de convnios formalizados no mbito da Secretaria e, mais especificamente, aqueles que dizem respeito atuao da Coordenao-Geral de Eventos dizem respeito a: a) Insuficincia de detalhamento dos Planos de Trabalho e, consequentemente, especificao incompleta do bem a ser produzido, adquirido ou contratado, bem como de seus custos; b) Ausncia de anlise da convenincia da firmatura dos ajustes, com parecer positivo em relao ao seu custo benefcio, existindo somente um parecer tcnico quanto adequao s polticas do Ministrio e a afirmao de que seus custos so compatveis com os preos de mercado, contudo tal afirmao no acompanhada de anlises que demonstrem a adequabilidade com os preos de mercado; c) acompanhamento e fiscalizao insuficientes para aferio da efetiva ocorrncia dos eventos; d) celeridade na tramitao interna dos processos: pareceres tcnicos e jurdicos, bem como termos de convnio, assinados no mesmo dia; termos de convnio assinados no dia do incio do evento ou poucos dias antes, no havendo tempo hbil para a realizao de processos licitatrios, ou anlogos; e) no cumprimento da legislao em relao aos prazos para aprovao/reprovao das prestaes de contas apresentadas pelos convenentes. No que concerne atuao dos convenentes, destacam-se, no mbito da Ao Apoio Promoo de Eventos, os seguintes problemas identificados: a) empresas contratadas no estabelecidas nos endereos indicados nos contratos e nos documentos fiscais; b) existncia de vnculos entre empresas participantes de processos de aquisio; c) realizao de despesas anteriores assinatura dos termos de convnio; d) ausncia de comprovao quanto efetiva realizao de eventos; e) contrataes de artistas por inexigibilidade, valendo-se de cartas de exclusividade emitidas pelos empresrios dos artistas substabelecendo essa prerrogativa a terceiros, apenas para o dia do show; f) apresentao, pelos convenentes, de cartas de exclusividade para subsidiar contrataes por inexigibilidade no reconhecidas pelos empresrios dos artistas; e

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g) ocorrncia de promoo pessoal de autoridades no material publicitrio de divulgao e durante a realizao de eventos. As providenciadas adotadas pelo Ministrio do Turismo com o intuito de minimizar esses problemas esto relacionados, em grande medida, a avanos na Regulamentao da Ao 4620 Promoo de Eventos para Divulgao do Turismo Interno, com a publicao da Portaria MTur n 153, de 06/10/2009 e outras orientaes correlatas. Apresentam-se, a seguir, os avanos trazidos pelo texto da Portaria MTur n 153/2009, que instituiu regras e critrios para a formalizao de apoio a eventos do turismo e de incremento do fluxo turstico local, regional, estadual e nacional. No que diz respeito aos Eventos do Turismo (realizados com o objetivo de promover encontros de entidades representantes da rea), a Portaria estabelece valores limite, por categoria de evento, para apoio por parte do MTur. No que concerne, aos Eventos Geradores de Fluxo Turstico (que contribuem para a promoo turstica do destino), o ato regulamentar traz importantes alteraes no marco regulatrio de atuao do Ministrio do Turismo, com destaque para: a) Estabelecimento de Chamada de Projetos para recebimento de propostas de solicitao de apoio realizao de eventos a ser financiados com recursos da programao oramentria do Ministrio, e, ainda, da previso de abertura do SICONV, em dois perodos no ano, para insero de propostas a serem financiadas com recursos provenientes de emendas parlamentares; b) Estabelecimento de prazo mnimo de trinta dias entre a apresentao da proposta, acompanhada de toda a documentao necessria, e o incio da vigncia do convnio. O mesmo prazo ainda requerido para solicitao de alterao da data prevista para a realizao do evento; c) Definio de grupos temticos de eventos passveis de financiamento pelo Ministrio, bem como a estipulao taxativa de itens de gastos (bens e servios) financiveis; d) Manuteno de banco de dados contendo os registros dos valores de referncia para os bens e servios financiveis, a partir de valores usualmente praticados em contrataes semelhantes; e) Estabelecimento de limite de R$ 80.000,00 por cach pago a artista; f) Limitao de valor a ser repassado a cada Municpio, cujas faixas de valor so estabelecidas de acordo com o nmero de habitantes, conforme dados disponibilizados pelo IBGE; g) Estabelecimento de teto, de R$ 300.000,00, para emendas parlamentares individuais destinadas ao apoio realizao de eventos. Na sequncia, a LDO para o exerccio de 2011 vedou a transferncia de recursos para entidades privadas com o objetivo de realizao de eventos tursticos. 3.3. Qualificao de Profissionais Associados ao Segmento de Turismo As iniciativas do Ministrio do Turismo voltadas qualificao, decorrentes da programao interna (no decorrentes de emendas parlamentares), foram orientadas para aes vinculadas ao12

Projeto Bem Receber Copa. Assim, ao tratar de iniciativas em execuo no mbito do Projeto Bem Receber Copa contempla-se de forma representativa as iniciativas recentes da Ao Qualificao de Profissionais Associados ao Segmento de Turismo.Em decorrncia dos problemas identificados na conduo das aes de capacitao pelo Ministrio do Turismo, as previses iniciais de capacitao, tanto do formato definido, quanto de quantidade de profissionais capacitados, devero ser reavaliadas e reestruturadas.

As anlises relacionadas ao Projeto Bem Receber Copa contemplaram a totalidade dos ajustes firmados no mbito do Projeto, em nmero de 9 convnios (censo), representando um valor de R$ 93.242.982,00, 1 Termo de Parceria, no valor de R$ 2.089.100,00 e 3 contratos, representando um valor de R$ 23.938.731,52, um deles firmado com a Fundao Roberto Marinho e os outros dois com a Fundao Getlio Vargas, sendo que o ajuste firmado com a Fundao Getlio Vargas foi analisado em momento anterior. O valor auditado, no mbito do Projeto Bem Receber Copa, foi de R$ 111.184.915,10, representando 44,4% do valor total auditado, que foi de R$ 250.193.870,38. A partir dos exames realizados, verifica-se a existncia de dois conjuntos de variveis que concorrem para os problemas que foram identificados na execuo dos convnios, termos de parceria e contratos: a) Fragilidades estruturais, relacionadas falta de normatizao e padronizao de processos internos de trabalho, de definio de rotinas de trabalho homogneas e de definio de mecanismos de controle que possibilitem minimizar os riscos decorrentes de inobservncias aos fluxos definidos. Cite-se como exemplo, a prtica recorrente em todas as unidades do Ministrio de formalizao de ajustes em perodos exguos (24 a 48 horas no mximo), considerando cronogramas de anlise inviveis de serem cumpridos e acarretando a realizao de anlises insuficientes e superficiais, e como consequncia, ento, a assinatura de ajustes com planos de trabalho que no possuem adequado detalhamento, de sorte que se possa apreender as diferentes etapas em que se desdobra a consecuo do objeto, e at mesmo em que consiste o prprio objeto, e em relao aos quais no h adequada aferio de custos. b) A forma de atuao da Unidade Tcnica do Ministrio do Turismo que responsvel pela conduo do processo, ou seja, foram identificados problemas na forma como a ao governamental est sendo implementada. Por seu turno, no mbito do Departamento de Promoo e Marketing Nacional, embora o nmero de ajustes analisados seja menor, quando comparado quele dos ajustes para qualificao, identifica-se tambm a aprovao de planos de trabalho sem qualquer detalhamento de suas etapas, bem como deficincias no acompanhamento da execuo dos convnios. 3.3.1 Projeto Ol Turista Em anlise de contrato celebrado pelo Ministrio do Turismo com a Fundao Roberto Marinho, para o oferecimento de cursos de lngua estrangeira distncia Projeto Ol Turista, a partir de dispensa de licitao, foram identificadas situaes de falta de planejamento acerca das aes a serem implementadas e de deficincia dos controles internos administrativos mantidos pelo Departamento de Qualificao, Certificao e de Produo Associada ao Turismo.

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Destaca-se que esta ao considerada, pelo Ministrio do Turismo, como a primeira iniciativa relacionada ao Projeto Bem Receber Copa, em que pese o Projeto ter sido formalmente institudo em dezembro de 2010 e o contrato ter sido firmado no exerccio de 2008 (Contrato Administrativo n 47/2008). Em sntese, as situaes identificadas referem-se a: a) Ausncia de estudos tcnicos preliminares elaborao do Projeto Bsico, de modo a demonstrar a razoabilidade do quantitativo de cursos de lnguas estrangeiras disponibilizados; b) Ausncia de mecanismos de avaliao quantitativa e qualitativa, disponveis ao Ministrio do Turismo, acerca do atingimento dos objetivos propostos no Projeto Bsico e no Contrato; c) Contratao de atividades concernentes realizao de estudos e levantamentos preliminares ao efetivo oferecimento dos cursos, cujos resultados j deveriam estar presentes no projeto bsico do Contrato; d) Deficincias nos controles internos que embasaram a aceitao dos produtos; e e) Contratao direta com base na apresentao de justificativa de preos questionvel. Essas impropriedades, registradas em relatrio elaborado no exerccio de 2010, refletem, como se ver adiante, o padro de atuao na execuo de ajustes referentes capacitao. 3.3.2 Iniciativas do Projeto Bem Receber Copa Quanto ao Projeto Bem Receber Copa, sua avaliao pode ser segmentada em quatro grandes grupos: concepo do projeto, operacionalizao do projeto, execuo do projeto e acompanhamento e monitoramento do projeto. Quanto Concepo do Projeto, foi definido pela rea tcnica do Ministrio do Turismo que os convenentes deveriam, necessariamente, ser selecionados entre membros do Conselho Nacional do Turismo CNT. Ocorre que os membros do CNT possuem conhecimento do negcio Turismo, contudo no possuem qualquer experincia em capacitao, o que por si s j est em desacordo com a forma de implementao da Ao de Capacitao, que prev que ela se dar por meio do estabelecimento de convnios, contratos e parcerias com instituies pblicas e do terceiro setor, com notria experincia na rea de qualificao e aperfeioamento profissional e gerencial, bem como na rea de extenso, para melhorar a formao de professores e trabalhadores, visando atender os padres internacionais. Promoo e apoio a projetos de qualificao e aperfeioamento profissional, bem como projetos de elaborao de material didtico pedaggico e demais ferramentas necessrias ao pleno desenvolvimento de cursos, seminrios, oficinas e outras modalidades formativas e informativas. Assim, pela definio adotada pelo Ministrio do Turismo, ao vincular a firmatura de convnios a entidades que componham o Conselho Nacional de Turismo, o Ministrio induz o convenente contratao de entidade que possua excelncia em capacitao, de forma a melhor conduzir as atividades de capacitao, que constituem o objeto do convnio.14

Assim, eventual crtica entidade convenente quanto contratao de outra entidade ou empresa que possua capacidade para realizao de capacitao passa necessariamente por crtica prpria concepo do Projeto feita pelo MTur. As justificativas apresentadas pela rea tcnica do Ministrio para a definio desse modelo referem-se necessidade de conhecimento do setor de turismo e de envolvimento das entidades que atuam no setor para mobilizao e conscientizao dos trabalhadores quanto importncia de participao nos cursos, bem como a inteno de que os empresrios dos setores envolvidos disponibilizassem infraestrutura e apoio s aes de capacitao a serem desenvolvidas. A alternativa de realizao de chamamento pblico no foi considerada pelo Departamento de Qualificao, Certificao e Produo Associada ao Turismo, em funo do entendimento de que o direcionamento a entidades que compem o setor de Turismo seria indispensvel, no tendo sido avaliada a possibilidade de insero das citadas entidades apenas como intervenientes em convnios firmados com entidades que efetivamente possussem excelncia em capacitao. A Operacionalizao do Projeto prev a assinatura de convnios com entidades representativas de sete segmentos do turismo representados no Conselho Nacional de Turismo; para segmentos com grande representatividade, como o caso daquele de hotelaria, foram firmados convnios com duas entidades para viabilizar o alcance de maior nmero de profissionais. Da anlise dos convnios firmados, identificou-se a sobreposio de iniciativas em todos eles, haja vista que, no mbito de cada um, existe a previso de desenvolvimento de plataforma para ensino distncia, de desenvolvimento de sistema de monitoramento das capacitaes realizadas no mbito do convnio especfico e de produo de material didtico, sendo que parte desse material compe um mdulo bsico, comum a todos os segmentos do turismo. Mesmo considerando as peculiaridades de cada um dos segmentos do Turismo, o desenvolvimento de plataforma de ensino distncia e de sistema de monitoramento nico poderia ter sido previsto para ser realizado de forma unificada, inclusive porque para as aes de monitoramento houve a preocupao de posterior agregao das informaes a partir de sistema que deveria ter sido desenvolvido a partir de convnio firmado com o Instituto Casa Brasil de Cultura e tambm como produto de contrato firmado pelo Ministrio do Turismo com a Fundao Getlio Vargas. Da mesma forma, o material didtico que compe o mdulo bsico poderia ser produzido de forma unificada, ou coordenada, proporcionando economia de escala. No que concerne Execuo, o formato de capacitao desenvolvido pelo Ministrio do Turismo, a partir de consultoria contratada junto FGV, prev o desenvolvimento de aes semi-presenciais, com quatro encontros ao longo do processo de capacitao, incorrendo em custos tpicos de iniciativas de ensino presencial, sem que se avalie a relevncia de realizao desses encontros, considerando sua representatividade em relao ao montante dos recursos aplicados nos convnios. Em consequncia da concepo do Projeto, e da forma de operacionalizao definida, a execuo est sendo realizada, em todos os ajustes, a partir de subcontratao de empresa que possua experincia na realizao de aes de capacitao em ensino distncia. As iniciativas voltadas ao Acompanhamento e Monitoramento dos convnios firmados no mbito do Projeto Bem Receber Copa esto cercadas por um conjunto de sistemas de acompanhamento e monitoramento, em nmero de quatro para um dado convnio, o que, ao invs de proporcionar suficincia dos controles internos administrativos mantidos pela unidade tcnica, indica falta de planejamento e de sinergia das iniciativas para o efetivo acompanhamento das aes em realizao.15

As informaes oriundas dos diferentes sistemas raras vezes so homogneas, restando dvida em relao a qual sistema possui as informaes mais confiveis. A verificao da totalidade dos ajustes firmados para a consecuo do Projeto Bem Receber Copa propiciou a identificao de despesas com as mesmas caractersticas sendo executadas em mais de um ajuste; caso essas despesas tivessem sido realizadas de forma planejada e coordenada teriam proporcionado economia de recursos pblicos. Percebe-se, assim, que as iniciativas implementadas pelo Ministrio do Turismo so difusas, sem planejamento ou organizao prvios. 3.3.3 Aes de Monitoramento/Acompanhamento do Projeto Bem Receber Copa A anlise dos sistemas de monitoramento em utilizao pelo Departamento de Qualificao e Certificao e de Produo Associada ao Turismo (DCPAT), utilizados no mbito do Projeto Bem Receber Copa, indica a existncia de sobreposio entre os diferentes sistemas de monitoramento desenvolvidos: MAPA, SIGA e Observatrio, alm dos sistemas que seriam implementados no mbito de cada convnio especfico. O Sistema MAPA foi desenvolvido pela empresa Nmora, em consequncia de Ordem de Servio emitida no mbito do Contrato mantido pelo Ministrio do Turismo junto empresa, em decorrncia de adeso a Ata de Registro de Preos. O sistema Mapa de Qualificao em Turismo consistiria em sistema de referncia para o acompanhamento de quaisquer iniciativas de qualificao em turismo desenvolvidas pelo Ministrio; em comparao com os outros dois sistemas de uso geral (SIGA e Observatrio), seria aquele de maior espectro, vez que deveria contemplar informaes de todas as iniciativas de capacitao realizadas ou em realizao pelo Ministrio, independente de estarem vinculadas a um ou outro Projeto. O Sistema SIGA foi desenvolvido pela Fundao Getlio Vargas e consiste em um dos produtos do Contrato n 02/2010. O contrato n 02/2010 possui como produtos, constantes do termo de referncia, o desenvolvimento da metodologia de acompanhamento da implementao do Projeto Bem Receber Copa e o desenvolvimento de sistema para acompanhamento das aes desenvolvidas no mbito do Projeto Bem Receber Copa. Comparado ao Sistema MAPA, o SIGA contempla apenas parte das iniciativas de capacitao que deveriam ser acompanhadas pelo DCPAT. O sistema SIGA seria, ou deveria ser, um subsistema, ou um mdulo, do Sistema MAPA. Destaca-se que, de acordo com a concepo do Projeto Bem Receber Copa, as informaes de gesto acadmica deveriam estar disponveis nas plataformas de ensino distncia desenvolvidas no mbito de cada convnio, devendo ser migradas para o sistema SIGA. Assim, o Sistema SIGA deveria receber carga de dados dos demais sistemas desenvolvidos em cada convnio firmado no mbito do Projeto Bem Receber Copa. Destacam-se relatos de histrico de problemas para a realizao das cargas de dados dos sistemas de cada convenente para aquele desenvolvido pela FGV, relatos feitos pelo prprio DCPAT em reunies de trabalho e por entidade convenente (Associao Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura ABETA). A corroborar as informaes de dificuldade na carga de dados tm-se os resultados de pesquisas feitas pela CGU, os quais indicam discrepncias entre as informaes constantes do Sistema SIGA e aquelas disponveis nas plataformas de ensino distncia mantidas pelas entidades convenentes.

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O Sistema Observatrio foi desenvolvido em consequncia de Termo de Parceria firmado com o Instituto Casa Brasil de Cultura (ICBC) e o objeto do ajuste o Desenvolvimento e implementao de sistema de acompanhamento operacional do Programa de Qualificao Profissional Bem Receber Copa 2014. Os resultados a serem atingidos contemplariam (a) a criao de Sistema de Acompanhamento e Monitoramento do Programa de Qualificao Profissional para o Turismo, (b) a elaborao de relatrios tcnicos trimestrais contendo os resultados e as anlises da pesquisa quantitativa, e (c) construo de um banco de dados de profissionais qualificados pelo MTur. A partir do objeto definido no contrato firmado com a FGV, no que concerne ao desenvolvimento de sistema, e daquele do convnio firmado com o ICBC, identifica-se, de forma direta, que ambos os sistemas dizem respeito ao acompanhamento de iniciativas de capacitao do Projeto Bem Receber Copa, com sobreposio total de seus objetos. Ainda, por ser mais abrangente, o sistema MAPA disporia de informaes de aes de capacitao tambm acompanhadas por meio dos Sistemas SIGA e Observatrio. Destaca-se que, ao analisar a execuo do convnio com o Instituto Casa Brasil de Cultura, foi verificado que o objeto do convnio foi desvirtuado para o desenvolvimento de site na internet para divulgao de calendrio e iniciativas vinculadas ao Projeto, conforme tratado em item especfico deste Relatrio, sem que tenha ocorrido qualquer alterao no Plano de Trabalho do convnio que pudesse justificar esta modificao no produto elaborado. Destaca-se, como agravante da situao, de desenvolvimento de sistemas em duplicidade, a identificao de divergncias nas informaes disponveis nesses sistemas, gerando incerteza quanto qualidade e fidediginidade das mesmas, o que demandaria uma validao dessas informaes to logo seja definida a utilizao de sistema nico de monitoramento. Situao a ser destacada e que reflete deficincias estruturais do Ministrio do Turismo que as etapas de desenvolvimento do Projeto Bem Receber Copa se sobrepuseram sua implementao e operacionalizao, acarretando deficincias em sua conduo, para as quais no foram identificadas providncias tempestivas e efetivas para os necessrios ajustes. 3.3.4 Aes de capacitao no mbito do Projeto Bem Receber Copa Com o objetivo de aferir o grau de atingimento da execuo do objeto dos convnios realizao das capacitaes, conforme previso no Plano de Trabalho, com contedos e carga horria prevista foram realizadas inspees fsicas, inclusive entrevistas com capacitandos, tutores e coordenadores, a partir de amostra elaborada com informaes extradas dos sistemas de monitoramento do Projeto Bem Receber Copa Sistemas MAPA e SIGA; a amostra elaborada para as entidades citadas nos itens (a) e (b) a seguir foi elaborada a partir do Sistema SIGA e para as entidades citadas nos itens (c), (d) e (e) foi elaborada a partir do Sistema MAPA. Destaca-se que a utilizao de informaes oriundas de bases diferentes decorre da qualidade das informaes delas extradas, conforme j relatado. As inspees contemplaram os convnios firmados com as seguintes entidades: a) Instituto Brasileiro de Hospedagem (IBH); b) Associao Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL); c) Associao Brasileira das Empresas de Ecoturismo e de Turismo de Aventura (ABETA); d) Federao Nacional de Hotis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS); e e) Sociedade Evanglica Beneficiente (SEB).17

Quando se conseguiu contato com os beneficirios, verificou-se que as capacitaes foram realizadas, inclusive com baixo registro de incidncia de desistncias; ocorre, contudo, que a incidncia de no localizao de alunos, em alguns casos, foi significativa. A Tabela 4, apresentada na sequncia, consolida as informaes das entrevistas realizadas para verificao do grau de execuo do objeto dos convnios, possibilitando identificar os percentuais de no localizao de capacitandos.Tabela 4: Consolidao das informaes relacionadas s entrevistas realizadas com capacitandos, a partir das bases de dados do Projeto Bem Receber Copa Convnio Convenente Meta de capacitao N de capacitandos que consta da base de dados disponibilizada Tamanho da amostra No Localizados % No localizados Localizados % Localizados Quantidade de entrevistados que afirmam no ter realizado o curso % de entrevistados que afirma no ter realizado o curso 724440 ABETA 8.000 873 239 84 35,1 155 64,9 35 22,6 746977 ABRASEL 8.000 7.038 203 102 50,2 101 49,8 31 30,7 708657 SEB 2.600 3.998 57 41 71,9 16 28,1 3 18,8 724449 IBH 4.000 4.296 201 83 41,3 118 58,7 6 5,1 753683 IBH 12.000 8.172 315 96 30,5 219 69,5 2 0,9

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4. CONVNIOS 4.1. Apuraes relacionadas a fatos denunciados 4.1.1. Associao Brasileira das Empresas de Transporte Areo Regional ABETAR O Ministrio do Turismo celebrou oito convnios com a entidade a partir do exerccio de 2008, o que representa um valor total pactuado de R$ 3.532.412,00 at o presente exerccio, conforme detalhado na Tabela 5. Alm desses ajustes, o Ministrio do Turismo firmou outros cinco convnios com a entidade nos exerccios de 2006 e 2007 e dois convnios com o Instituto Brasileiro de Turismo, os quais no compem o escopo de anlise deste Relatrio.Tabela 5 Convnios celebrados pelo Ministrio do Turismo com a Associao Brasileira das Empresas de Transporte Areo Regional ABETAR nos perodo de 2008 a 2011 Instrumento Data da Assinatura Objeto Resumido Repasse Pactuado R$ 213.000,00 Repasse Efetuado R$ Total (repasse + contrapartida) 237.000,00

623731

629187

700050

700434 703572 728599

Incentivar o Turismo, por meio da implementao do 23/04/2008 Projeto Intitulado Expo Aero Brasil 2008 1 etapa dos Seminrios Transportes Areos Regionais e Logstica 10/06/2008 Integrada ao Turismo, nas Regies Norte e Sul do Pas. Estudo Tcnico para Elaborao do Plano de 14/10/2008 Competitividade para o Setor de Transporte Areo Regional Congresso ABETAR 2008 21/11/2008 09/07/2009 Congresso ABETAR 2009

(20/05/2008) 213.000,00

230.000,00

(30/07/2007) 230.000,00

258.000,00

160.200,00 (aditivo) 40.000,00 100.800,00 100.800,00

(22/12/2008) 160.200,00 (12/05/2009) 40.000,00 (09/12/2008) 100.800,00 (22/06/2009) 100.800,00 (16/03/2010) 556.550,00 (13/09/2010) 538.950,00 (24/05/2010) 150.000,00 (29/10/2010) 200.000,00 (25/11/2010) 295.000,00 (30/12/2010) 585.000,00 3.170.300,00

222.000,00

112.000,00 112.000,00 1.224.712,00

732394

749123

Qualificao tcnica e profissional para o 30/12/2009 1.095.500,00 segmento do Transporte Areo Regional Realizao do Seminrio 19/04/2010 Regional Sudeste e do 150.000,00 Congresso ABETAR 2010 Estudo para Adequao da Infraestrutura 14/09/2010 1.080.000,00 Aeroporturia nas Regies de Interesse Turstico TOTAL (R$) 3.170.300,00

166.700,00

1.200.000,00 3.532.412,00

A Procuradoria da Repblica no municpio de So Jos dos Campos/SP encaminhou a esta Controladoria informaes acerca de inqurito em andamento naquele rgo envolvendo o repasse de recursos pblicos federais oriundos do Ministrio do Turismo, por meio de convnios, entidade, no mbito do qual foi constatado que, em todos os procedimentos de Carta-Convite efetuados no mbito de convnios firmados pela entidade, as empresas participantes eram as mesmas, apenas trocando suas classificaes nos procedimentos de aquisio. E ainda, todas as empresas participantes dos processos de aquisio eram, de alguma forma, vinculadas ao DiretorPresidente da ABETAR.19

A partir dos testes de auditoria realizados, verifica-se que as situaes irregulares relativas execuo dos convnios que foram relatadas pelo Ministrio Pblico Federal so procedentes e so identificadas na totalidade dos convnios firmados com a ABETAR pelo Ministrio do Turismo. As contrataes de empresas para prestao dos servios previstos nos diferentes ajustes avenados ocorreram mediante processos licitatrios viciados, nos quais houve a contratao de empresas diretamente vinculadas ao dirigente da entidade convenente, direcionando a escolha de fornecedores de forma a contratar servios com preos superdimensionados. Principais constataes evidenciadas: a) Atuao do Ministrio do Turismo: a.1) Aprovao de Plano de Trabalho contendo itens com descries genricas e imprecisas, sem detalhamento dos itens de despesa e sem anlise dos custos envolvidos; a.2) Assinatura de convnio sem realizao de pesquisa de regularidade nos sistemas corporativos do Governo Federal, a despeito de existir obrigatoriedade de verificao da situao do convenente e de orientao expressa nesse sentido oriunda da ASJUR; a.3) Aprovao de Aditivo ao Convnio, de prazo e valor, sem anlise detalhada de proposta de aditivo ao convnio; e a.4) Prorrogao do perodo de execuo, pelo Ministrio do Turismo, a despeito de inexistirem aes de capacitao executadas no mbito do convnio. b) Atuao da convenente: b.1) Direcionamento na contratao de empresas, mediante simulao de procedimento licitatrio; b.2) Antecipao de pagamento contratada, previamente realizao do servio; b.3) Superfaturamento na contratao de empresa para a produo de Clipping, no mbito dos Contratos n 012-2/2008, n 001102/2008 e n 004/2009, no montante de R$ 54.390,00, de R$ 28.130,00 e de R$ 28.130,00; b.4) Superfaturamento na contratao de empresa para a organizao do evento Seminrio Regional Sudeste e do evento Congresso ABETAR 2008, no mbito dos Contratos n 004/2009 e n 001103/2008, no montante de R$ 69.794,00 e de R$ 41.373,00; b.5) Superfaturamento na contratao de empresa para a produo de DVD, no mbito do Contrato n 05/2009 no montante de R$ 185.975,00; b.6) Superfaturamento na contratao de empresa para a produo de Clipping, no mbito do Contrato n 003/2010, no montante de R$ 35.130,00; b.7) Superfaturamento na contratao de empresa para a organizao do evento Seminrio Regional Sudeste e do Congresso ABETAR, no mbito do Contrato n 005/2010, no20

montante de R$ 15.997,00 e de R$ 33.459,00; e b.8) Pagamentos indevidos contratada por aluguel de espao e equipamentos, nos valores estimados de R$ 19.400,00. 4.1.2. Fundao Universa FUNIVERSA Conforme se verifica na Tabela 6, o Ministrio do Turismo celebrou dois convnios com a Fundao Universa FUNIVERSA a partir do exerccio de 2008, o que corresponde a um repasse de R$26.687.000,00 entre maio/2009 a dezembro/2010, os quais se constituem objeto deste trabalho.Tabela 6: Convnios celebrados pelo Ministrio do Turismo com a Fundao Universa FUNIVERSA Instrumento Nmero Data da Assinatura Objeto Resumido Repasse Efetuado Total (repasse + contrapartida)

Convnio

702306

Convnio

723828

Realizao de estudos, pesquisas e qualificao e atualizao 30/12/2008 profissional para melhoria da qualidade dos servios tursticos. Promover a melhoria dos aspectos scio econmicos atravs do desenvolvimento de atividades de 22/12/2009 mobilizao, estudos, difuso e educativas junto s empresas e profissionais que atuam no setor de turismo no Brasil. Total

(08/05/2009) 2.500.000,00 (26/08/2010) 3.564.000,00 (6.064.000,00)

6.808.500,00

(08/02/2010) 2.000.000,00 (19/11/2010) 4.000.000,00 (08/12/2010) 14.623.000,00 20.623.000,00

23.139.000,00

26.687.000,00

29.947.500,00

Aps a Operao Voucher, foram divulgadas informaes acerca de vnculos de pessoa presa na citada Operao (pessoa CPF 143.954.361-53) e que pertencia ao quadro funcional da Fundao Universa, sendo responsvel pelo setor de licitaes e compondo grupo empresarial cujas empresas eram contratadas no mbito de convnios firmados pelo Ministrio do Turismo com vrias entidades, entre elas a Fundao Universa. A situao apontada foi confirmada a partir das anlises realizadas. Para a contratao de empresas prestadoras dos servios realizados, a FUNIVERSA realizou simulao de procedimentos licitatrios, haja vista que participaram das cotaes prvias organizaes integrantes de um mesmo grupo empresarial, cabendo ressaltar que o montante de recursos federais diretamente destinados a empresas do Grupo Empresarial Fbio de Mello, totaliza, pelo menos R$5.205.000,00, no se computando, neste montante, os valores percebidos por outras empresas em cotaes nas quais empresas do grupo Fbio de Mello eram participantes. Tambm constatou-se que a documentao bsica, suporte capaz de consubstanciar a adequada comprovao dos gastos relativos R$738.000,00 de recursos federais, no foi disponibilizada, apesar da expirao da data para apresentao.21

Evidenciou-se a ocorrncia de montagem de produtos a partir de textos retirados na ntegra da internet, sem a necessria citao das fontes nas referncias bibliogrficas, apesar deste tipo de constatao j ter sido apontada em trabalho anterior da CGU, o que caracteriza um baixo nvel de esforo e de qualidade na elaborao dos servios e/ou produtos produzidos no mbito do convnio, bem como deficincia no acompanhamento e nos controles do MTur. Constatou-se, ainda, que para a execuo dos servios objeto do Convnio SIAFI n 723828/2009, a Fundao Universa procedeu contratao de servios, no montante de R$9.000.000,00, na ausncia de procedimento licitatrio, mediante a celebrao de contratos junto a empresas detentoras de Registros de Preos, cuja ata e efeitos decorrentes foram anulados pelo Tribunal de Contas da Unio (preos dos itens licitados em valores muito superiores aos de mercado), em um dos casos, bem como cujos preos registrados so de quatro (4) at cinquenta e sete (57) vezes mais onerosos aos cofres pblicos que os constantes dos registros anulados. Principais constataes evidenciadas: a) Atuao do Ministrio do Turismo: a.1) Tramitao e anlise de proposta de convnio efetuada pelo Ministrio do Turismo em menos de 24 horas, conforme registros do sistema SICONV; a.2) Aprovao de Plano de Trabalho sem o necessrio detalhamento para a completa caracterizao do objeto do convnio; a.3) Aprovao de Plano de Trabalho com custos superiores aos praticados no mercado, ocasionando sobrepreo de at R$2.286.590,00; e a.4) Assinatura de Termo Aditivo com proposio de alterao do cronograma de desembolso do convnio, com antecipao de repasses, sem outras alteraes no Plano de Trabalho e sem justificativas. b) Atuao da convenente: b.1) Direcionamento na contratao de empresas, mediante simulao de procedimento vlido, e sem a observncia dos princpios da impessoalidade e da economicidade; b.2) Execuo de despesas, no valor de R$738.000,00, na ausncia de regular comprovao; b.3) Reiterado pagamento por servios/produtos executados com baixo esforo e qualidade; b.4) Baixa efetividade da ao implementada, haja vista o no cumprimento integral da meta de realizao de cursos; e b.5) Contratao de servios, no montante de R$9.000.000,00, por meio de adeso a Atas de Registro de Preos, cujos valores praticados possuam sobrepreo significativo e em relao s quais houve determinao de anulao pelo Tribunal de Contas da Unio. 4.1.3. Instituto Brasileiro de Hospedagem IBH

22

O Ministrio do Turismo celebrou cinco convnios com a entidade a partir do exerccio de 2009, o que representou um valor total pactuado de R$ 33.461.995,00 at o presente exerccio, conforme detalhado na Tabela 7, e o repasse de R$ 23.514.040,38 entre fevereiro de 2010 e junho de 2011. Tabela 7 Convnios celebrados entre o Ministrio do Turismo e o Instituto Brasileiro de Hospedagem Convnio 724449 Data da Total R$ Objeto resumido Repasse Efetuado R$ Assinatura (repasse + contrapartida) 31/12/2009 Implementar a primeira etapa do (18/08/2010) 2.500.000,00 10.303.275,00 projeto Escola Virtual dos Meios de (29/12/2010) 2.442.660,38 Hospedagem. (09/06/2010) 5.000.000,00 9.942.660,38 29/12/2009 Divulgar e promover a oferta (25/02/2010) 240.230,97 1.096.200,00 hoteleira, dos meios de (21/06/2010) 746.349,03 hospedagens, como estratgia de 986.580,00 incremento de fluxo turstico. 07/07/2010 52 edio do Congresso Nacional (22/09/2010) 2.185.000,00 2.430.000,00 de Hotis Conotel 2010. 09/07/2010 Implantar servio DISK HOTEIS e (23/09/2010) 1.999.800,00 2.222.000,00 expandir a divulgao e promoo da oferta hoteleira nos principais aeroportos brasileiros. 30/12/2010 Implementar a segunda etapa do (08/06/2011) 4.200.000,00 17.410.520,00 projeto Escola Virtual dos Meios de (31/12/2010) 4.200.000,00 Hospedagem, no mbito do 8.400.000,00 Programa Bem Receber Copa. TOTAL (R$) 23.514.040,38 33.461.995,00

725596

747795 747954

753683

A imprensa veiculou notcias relacionadas a inconsistncias e impropriedades na execuo de trs convnios pelo IBH no mbito do Projeto Bem Receber Copa e indicou que a entidade dirigida pelo gestor da Brasiliatur poca do governo Arruda. A informao em relao ao dirigente da entidade procedente. Destaca-se que os convnios assinados com a entidade para execuo do Projeto Bem Receber Copa limitam-se a dois; o terceiro convnio no chegou a ser assinado, em que pese existir proposta aprovada no Sistema Siconv. As anlises dos dois convnios anteriormente relacionados conduziram identificao de uma srie de impropriedades, a seguir detalhadas. Nos dois convnios relacionados ao Projeto Bem Receber Copa, o custo aluno/hora/aula aprovado no Plano de Trabalho superior ao valor mximo de referncia vigente para assinatura de convnios no mbito do Plano Nacional de Qualificao PNQ, coordenado pelo Ministrio do Trabalho e Emprego. No mbito do Convnio n 724449/2009, o valor pactuado, de R$ 12,29 por aluno/hora/aula, apresentou valor 3 vezes superior ao valor mximo, de R$ 3,95, poca. Assim, tem-se um sobrepreo mnimo no montante de R$ 6.991.595,00, o que representa 67,8% do valor do convnio. No mbito do Convnio n 753683/2010, o sobrepreo identificado foi de R$ 6.946.520,00. Outra evidncia de que a contratao se deu a preos superdimensionados materializada pelo fato de que a organizao contratada no mbito do convnio para o desenvolvimento e implantao de plataforma educacional virtual, bem como realizao das aes de capacitao, CETEB, oferta cursos na modalidade distncia ao pblico em geral ao custo mdio de R$ 1,55 por aluno/hora/aula, enquanto os custos aluno/hora/aula verificados no mbito da execuo dos convnios foram de R$ 12,29 (Convnio n 724449/2009) e de R$ 7,25 (Convnio n 753683/2010).23

Houve aprovao de Plano de Trabalho com valores superdimensionados em itens especficos, destacando-se o item mochila, o qual apresentou-se com sobrepreo no montante de R$ 1.082.094,08. Destaca-se, ainda, que servidores do Ministrio do Turismo agiram de forma a ocultar o sobrepreo verificado na aquisio de mochilas, em flagrante evidncia de conduta irregular, praticada em articulao com o convenente, resultando em danos aos cofres pblicos. Tal fato se verificou a partir do confronto da moclila apresentada em resposta a questionamento da CGU e a anexada Prestao de Contas apresentada, e efetivamente distribuda aos profissionais capacitados, conforme inspeo fsica da execuo do objeto, realizada pela CGU. Quanto execuo, identifica-se, para uma srie de procedimentos de compra efetuados, cotaes em que existem vinculaes no mnimo entre duas das empresas que apresentam proposta para os itens cotados; realizao de despesa com festa de encerramento que havia sido caracterizada no Plano de Trabalho como evento motivacional, o que no se confirma a partir da verificao das fotos apresentadas junto prestao de contas remetida ao Ministrio; cobrana de taxa de inscrio sem comprovao de que os recursos foram revertidos conta do convnio; e divulgao insuficiente do apoio do Ministrio do Turismo ao evento, haja vista que em apenas um dos materiais disponibilizados junto Prestao de Contas existe referncia a tal apoio. Quanto prestao de contas apresentada e, mesmo quanto aos documentos que foram enviados ao Ministrio do Turismo, em complementao, por solicitao, no se identifica adequada comprovao de uma srie de despesas, entre as quais aquelas relacionadas ao pagamento de palestrantes e debatedores sem indicao das pessoas contratadas, ao pagamento de fornecimento de alimentao aos participantes do evento sem a apresentao da listagem da quantidade de lanches efetivamente distribudos e ao pagamento de dirias e passagens, relacionando os beneficirios, os critrios de seleo dos mesmos, bem como os comprovantes das despesas (comprovantes de embarque e documentos fiscais relativos aos hotis pagos, com o detalhamento das despesas relacionadas). Principais constataes evidenciadas: a) Atuao do Ministrio do Turismo: a.1) Aprovao de Plano de Trabalho e assinatura de convnio com entidade privada sem fins lucrativos que realizou alterao estatutria com o objetivo de firmar convnio com o Ministrio do Turismo e aceitao de declaraes de funcionamento e de capacidade tcnica inelegveis; a.2) Aprovao de Planos de Trabalho com custos at trs vezes superiores aos praticados pela Administrao Pblica Federal em aes similares, incorrendo em sobrepreo estimado de R$ 6.991.595,00 e de R$ 6.946.520,00; a.3) Aprovao de Plano de Trabalho contemplando objetos previstos em Contrato firmado com a Fundao Getlio Vargas e aprovao da prestao de contas com execuo divergente daquela definida no Plano de Trabalho aprovado; e a.4) Assinatura de convnio com entidade inelegvel, utilizando-se de excepcionalidade de norma, em valores acima daqueles autorizados e com reiteradas falhas em seu procedimento de formalizao, denotando fragilidade dos mecanismos de anlise das propostas pelo concedente.24

b) Atuao da convenente: b.1) Inobservncia dos procedimentos definidos na Portaria Interministerial n 127/2008 para contrataes, caracterizando direcionamento na contratao de empresas; b.2) Contratao de empresas a partir de cotaes de preos com indcios de simulao, em decorrncia da apresentao de propostas por empresas que possuem vnculos societrios; b.3) Subcontratao de empresa pelo CETEB para o desenvolvimento da plataforma educacional em contrato que representa 94,5% do valor do convnio; b.4) Superfaturamento na execuo de Convnios, no valor estimado de R$ 5.372.560,00 e de R$ 5.903.760,00, na contratao de capacitao na modalidade EAD; b.5) Superfaturamento na execuo de Convnios, no valor estimado de R$ 311.214,08 e de R$ 770.880,00, para a aquisio de mochilas para os profissionais capacitados; b.6) Superfaturamento nos valores pagos na remunerao de tutores contratados; b.7) Pagamento a empresa contratada para desenvolvimento, implantao e manuteno de sistema de acompanhamento e avaliao das aes de capacitao sem a execuo do objeto do contrato; b.8) Apresentao de item divergente daquele adquirido e que compe a prestao de contas do convnio como resposta a questionamento, caracterizando tentativa de fraude; b.9) Baixa qualidade dos dados cadastrais disponibilizados; b.10) Divergncia entre o nmero de tutores constante da Relao de Tutores apresentada pelo IBH e o nmero de tutores relacionados nas salas de aula em ambiente virtual; b.11) Inexistncia de critrios, ou de sua formalizao, para a seleo dos participantes que teriam suas despesas de viagem custeadas pelo Ministrio do Turismo e ausncia dos comprovantes detalhando a utilizao dos bilhetes areos e dos servios de hospedagem; b.12) Apresentao de prestao de contas final sem informaes mnimas necessrias verificao da regular execuo da despesa; b.13) Cobrana pela inscrio dos participantes sem a devida comprovao de que os valores arrecadados foram integralmente revertidos para a consecuo do objeto do convnio, tampouco houve a incluso de demonstrativo dos valores arrecadados na prestao de contas do convnio; b.14) Realizao de festa com recursos de Convnio sem a comprovao de que o evento tenha relao com o atingimento de seus objetivos;

b.15) Realizao de pagamento integral em todos os meses de vigncia do contrato, apesar de o servio Disque Hotis ter sido implantado de forma gradual ao longo da vigncia do ajuste; e25

b.16) Realizao de cotao de preos com vcio, vez que duas empresas remeteram suas cotaes terceira empresa, para que esta apresentasse ao convenente.

4.1.4. Instituto Cia do Turismo A Tabela 8 a seguir apresenta a quantidade de ajustes (Convnios e Termos de Parceria) firmados entre o Ministrio do Turismo e o Instituto Cia do Turismo no perodo de dezembro/2008 a dezembro/2010, bem como o montante de recursos envolvidos nesses ajustes.Tabela 8 Ajustes celebrados entre o MTur e o Instituto Cia do Turismo Instrumento Convnio Nmero 702717/2008 Data da Assinatura 31/12/2008 Objeto Resumido Qualificao para marketing promocional dos destinos tursticos Comercializao do produto turstico Santa Catarina Repasse Efetuado (08/05/2009) 500.000,00 (08/10/2010) 500.000,00 R$ 1.000.000,00 (13/03/2009) 429.030,00 (29/07/2009) 411.268,00 R$ 840.298,00 Total R$ (repasse + contrapartida) 1.112.000,00

Convnio

702734/2008

31/12/2008

933.665,00

Convnio

702736/2008

30/12/2008

Convnio

723813/2009

29/12/2009

Termo de Parceria

730728/2009

31/12/2009

Termo de Parceria Termo de Parceria Termo de Parceria

730607/2009

31/12/2009

731981/2010

12/03/2010

749944/2010

29/12/2010 Total

Apia a comercializao do produto turstico Cear (11/03/2009) por meio da produo e R$ 507.564,00 distribuio de material promocional Apoiar (09/04/2010) 273.000,00 comercializao do (27/07/2010) 189.907,73 produto turstico Santa 462.907,73 Catarina Capacitar taxistas em (26/03/2010) 365.000,00 competncias (16/11/2010) 235.000,00 comportamentais em R$ 600.000,00 atendimento aos turistas Qualificao de gestores e administradores (29/03/2010) 350.000,00 tursticos no Estado de Santa Catarina Road show caminho (09/04/2010) 2.522.113,50 itinerante (31/05/2010) 1.678.891,50 4.201.005,00 Elaborar o plano de marketing para 20 dos 0,00 65 destinos indutores priorizados pelo MTur 7.961.775,23

563.960,00

515.000,00

600.000,00

350.000,00

4.201.005,00

4.000.000,00 12.275.630,00

Em notcias veiculadas na imprensa, foi registrado que deputados e senadores favoreceriam a entidade em convnios firmados com o Ministrio do Turismo, a partir do fornecimento de atestado de capacidade tcnica no condizente com a situao da entidade, bem como que a citada entidade26

teria sido fundada pelo filho da Diretora do Departamento de Qualificao, Certificao e Produo Associada ao Turismo, responsvel pela aprovao tcnica previamente assinatura do convnio. As situaes denunciadas foram confirmadas pelas anlises realizadas, conforme registros na sequncia. Em anlise do conjunto dos convnios/termos de parceria firmados pelo Ministrio do Turismo com o Instituto Cia do Turismo, verifica-se que o Ministrio, no perodo de dezembro de 2008 a dezembro de 2010, firmou 8 ajustes com a entidade, totalizando um montante pactuado de R$ 14.284.408,00. Ao final do seu primeiro ano de atividades (2008), o Instituto Cia do Turismo j havia celebrado cinco convnios com o Ministrio do Turismo, com repasses totais no valor de R$ 3.695.725,00. Verifica-se que houve a celebrao de seguidos ajustes com a entidade, mesmo com a existncia de prestaes de contas de ajustes anteriores ainda pendentes de apresentao ou mesmo de apreciao. Verificam-se, tambm, prorrogaes de ofcio dos prazos de vigncia dos ajustes, concedendo ao convenente longos prazos para cumprimento dos objetos pactuados e, consequentemente, para apresentao das prestaes de contas, celebrando-se, nesse nterim, novos ajustes, celebraes essas que ocorrem, em sua maioria, nos ltimos dias, seno no ltimo dia de cada exerccio financeiro. Em anlise aos processos e registros do Siconv, identifica-se fragilidades na pactuao, no acompanhamento da execuo e no monitoramento da situao dos convnios pela rea tcnica do Ministrio do Turismo. Principais constataes evidenciadas: a) Atuao do Ministrio do Turismo: a.1) Aprovao de documentos pela Diretora do Departamento de Qualificao e Certificao do Ministrio do Turismo que levaram assinatura de Termos de Parceria e proporcionaram a liberao de recursos para entidade fundada por seu filho; a.2) Autorizao para celebrao de convnio/Termo de Parceria sem anlise da capacidade tcnica da entidade convenente, sem avaliao dos custos envolvidos e contendo itens insuficientemente detalhados; a.3) Aprovao da proposta de convnio contrariando parecer emitido pela rea tcnica do Ministrio do Turismo e sem avaliao de capacidade tcnica da entidade para executar o objeto; a.4) Fragilidade na aferio da capacidade tcnica e operacional do Instituto Cia do Turismo para executar Convnios e Termos de Parceria celebrados, trazendo como consequncia a assinatura de ajuste com entidade que no possui capacidade operacional para executar o objeto pactuado; a.5) Assinatura de Termo de Convnio com omisso de clusula suspensiva constante da minuta submetida Consultoria Jurdica para anlise prvia; a.6) Celebrao do convnio sem avaliao dos custos envolvidos, mediante clusula suspensiva;27

a.7) Autorizao para celebrao do convnio a partir da aceitao de declaraes de funcionamento regular da entidade com informaes incorretas; a.8) Aprovao de Plano de Trabalho contendo previso de realizao de despesas de carter administrativo cujo montante ultrapassa o limite de 15% do valor celebrado; a.9) Tramitao e anlise de proposta de convnio efetuada pelo Ministrio do Turismo, em menos de 24 horas, conforme registros do sistema SICONV; a.10) Liberao da segunda parcela de Convnio sem evidncias de cumprimento da primeira fase do projeto; a.11) Atesto de cumprimento de condio suspensiva, para a liberao dos recursos ao Instituto Cia do Turismo, sem a comprovao de que as condicionantes ajustadas no Termo de Parceria foram efetivamente cumpridas; e a.12) Morosidade na anlise da Prestao de Contas do Termo de Parceria, por parte do Ministrio do Turismo. b) Atuao da convenente: b.1) Encaminhamento de ofcio ao Ministrio do Turismo pelo presidente da empresa pblica estadual Santa Catarina Turismo SANTUR, declarando ser o Instituto Cia do Turismo, dirigido por ex-presidente da SANTUR, entidade habilitada para executar a verba descentralizada para o Estado de Santa Catarina; b.2) Realizao de procedimento licitatrio para contratao de produo de almanaques j desenvolvida pela empresa Editora Letras Brasileiras Ltda. em momento anterior assinatura do convnio; b.3) Autorizao Cia do Turismo, pela Secretaria de Estado do Turismo do Cear, para executar projeto vinculado aplicao de recursos destinados ao Estado do Cear; b.4) Utilizao de Declarao de Capacidade Tcnica emitida por empresa anteriormente dirigida pelo representante do Instituto Cia do Turismo; b.5) Apresentao de documento fiscal emitido pela empresa contratada para executar o objeto de Termo de Parceria que no apresenta o detalhamento completo dos servios prestados e superfaturamento na contratao de empresa para realizao de capacitao; b.6) Descumprimento de obrigaes estabelecidas no Termo de Parceria e no Regulamento prprio dos Termos de Parceria; e b.7) Pagamento de Taxa de Administrao. 4.1.5. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentvel IBRASI A Tabela 9 a seguir apresenta detalhamento dos Convnios firmados entre o Ministrio do Turismo e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentvel, os quais foram celebrados28

no perodo de dezembro/2009 a setembro/2010, bem como o montante de recursos envolvidos nesses ajustes.Tabela 9 Convnios celebrados entre o Ministrio do Turismo e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentvel Convnio 746753 Data da Assinatura Objeto resumido Repasse Efetuado R$ 3.000.000,00 Total R$ (repasse + contrapartida) 5.556.000,00

721084

718467

Implantao de processos participativos para Fortalecimento 02.09.2010 da Cadeia Produtiva de Turismo do Estado do Amap. Desenvolver metodologia para realizao de pesquisas e promover a sua aplicao no que tange ao 21.12.2009 estudo e diagnstico dos terminais porturios para passageiros no litoral brasileiro. Capacitao profissional para o 21.12.2009 turismo no estado do Amap Total

6.979.483,80

7.754.982,00

4.000.000,00 13.979.483,80

4.445.000,00 17.755.982,00

Em decorrncia da Operao Voucher, que teve como foco convnio firmado com a entidade, foi divulgada notcia que registrava que a entidade teria forjado documentos e com a cumplicidade de funcionrios do Ministrio do Turismo, situao esta que foi ratificada a partir das anlises realizadas. Conforme registrado, em decorrncia da anlise do processo de formalizao do convnio, foram identificadas fragilidades no Plano de Trabalho aprovado pela rea tcnica do Ministrio, o qual no possua adequado detalhamento das metas e etapas a serem executadas, tampouco dos custos envolvidos. Como consequncia das deficincias identificadas por ocasio da aprovao do Plano de Trabalho, o acompanhamento e o monitoramento da execuo do convnio restam prejudicados; as anlises tcnicas constantes do processo limitam-se a reproduzir informaes apresentadas pelo convenente. Ainda, considerando registros constantes do processo autuado junto 1 Vara Federal sob o n 4845-39.2011.4.01.3100, a documentao relacionada execuo das metas do convnio que foi juntada ao processo, e mesmo o prprio processo (os dois volumes principais) foram alterados para adequao de seu contedo, de forma que o resultado da anlise documental deve ser avaliado sob o enfoque destas restries. Principais constataes evidenciadas: a) Atuao do Ministrio do Turismo: a.1) Aprovao de Plano de Trabalho sem suficiente detalhamento, tanto qualitativo quanto de custos envolvidos em suas metas e etapas, e consequente assinatura de convnio com fragilidade na definio do objeto a ser alcanado. b) Atuao da convenente: b.1) Documentao referente prestao de contas apresentada pela entidade possui indcios de ter sido posteriormente juntada ao processo.29

4.1.6. Instituto para Preservao do Meio Ambiente e Promoo do Desenvolvimento Sustentvel IATEC-SE O Ministrio do Turismo celebrou apenas 1 convnio com a entidade, no exerccio de 2010, cujo valor total pactuado de R$ 8.000.000,00, sendo R$ 7.200.000,00 referentes a recursos federais e R$ 800.000,00 referentes contrapartida da entidade; tendo sido repassados, em 12/05/2011, R$ 3.242.001,89.Tabela 10 Convnio celebrado entre o Ministrio do Turismo e o Instituto para Preservao do Meio Ambiente e Promoo do Desenvolvimento Sustentvel Convnio 754621 Data da Assinatura 31/12/2010 Objeto resumido Sensibilizao e Capacitao para o Setor Turstico na Regio Nordeste Total Repasse Efetuado R$ 3.242.001,89 3.242.001,89 Total R$ (repasse + contrapartida) 8.000.000,00 8.000.000,00

Conforme informaes divulgadas na imprensa, o Ministrio do Turismo firmou convnio com a entidade para capacitao de pessoas vinculadas ao setor de turismo e a mesma no possuiria atuao anterior na rea e ainda no teria iniciado o projeto. As anlises realizadas no mbito desta auditoria confirmaram que a entidade no havia firmado qualquer convnio anterior com o Ministrio do Turismo e que as aes do convnio ainda no tinha tido incio. As principais constataes evidenciadas esto relacionadas na sequncia. a) Atuao do Ministrio do Turismo: a.1) Fragilidade na aferio das condies tcnicas, operacionais e estruturais da entidade convenente para executar convnio celebrado com o Ministrio do Turismo; e a.2) Plano de Trabalho insuficientemente detalhado, acarretando ausncia de parmetros para aferio dos custos do projeto. b) Atuao da convenente: b.1) Aprovao de contrapartida em servios, restando ausente o detalhamento dos itens para mensurao econmica dos valores apresentados e indcios de que servios apresentados como contrapartida so prestados por pessoal integrante da estrutura do convenente; e b.2) Ausncia de documentos relacionados execuo do objeto do convnio e descumprimento do cronograma de execuo. 4.1.7. Instituto Mineiro de Desenvolvimento IMDC A Tabela 11 a seguir apresenta detalhamento dos convnios celebrados pelo Ministrio do Turismo com o Instituto Mineiro de Desenvolvimento.30

Tabela 11: Informaes dos convnios celebrados entre o Ministrio do Turismo e o Instituto Mineiro de Desenvolvimento Convnio 596053 623751 650581 700990 702395 702555 702558 702976 742228 Data da Assinatura 14/11/2007 04/04/2008 28/12/2008 12/12/2008 30/12/2008 26/12/2008 26/12/2008 10/02/2009 26/06/2010 Objeto resumido Implementao do projeto "Pop Rock Brasil em Belo Horizonte/MG". Promoo e incentivo ao turismo no municpio de Belo Horizonte/MG, por meio do apoio realizao do evento intitulado "Ax Brasil 2008". Evento Promocional do Estado de Pernambuco Elaborao e execuo de pesquisa, plano de marketing, promoo e divulgao dos produtos da Regio Sudeste. Exposio de Pernambuco em Belo Horizonte/MG Desfiles promocionais de Pernambuco em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Evento promocional do Estado do Pernambuco em Belo Horizonte. Exposio de Pernambuco no Rio de Janeiro Implementao do projeto "Junino de Arcos". Total (R$) Repasse Efetuado R$ (30/11/2007) 300.000,00 (16/05/2008) 400.000,00 Total R$ (repasse + contrapartida) 330.000,00 440.000,00 300.000,00 6.556.000,00 376.600,00 416.220,00 377.100,00 376.000,00 105.000,00 8.976.920,00

(10/03/2009) 300.000,00 0,00 (19/02/2009) 300.000,00 (20/02/2009) 300.000,00 (06/04/2009) 300.000,00 (06/04/2009) 300.000,00 (06/10/2010) 100.000,00 2.300.000,00

Denncias veiculadas na imprensa destacam o grande nmero de ajustes firmados pela entidade com rgos governamentais, no s federais, e problemas na execuo dos ajustes, com execuo parcial de objetos. As anlises realizadas pela CGU, relacionadas a convnios firmados pela entidade com o Ministrio do Turismo, no identificaram a inexecuo de objetos. Contudo, a anlise dos nove convnios firmados pelo Ministrio do Turismo com a entidade permite identificar a repetio de algumas situaes, as quais so destacadas na sequncia. Inicialmente, ressalta-se que em oito dos nove ajustes, os recursos tm origem em emendas parlamentares. Em cinco dos ajustes oriundos de emendas, os convnios tm por objeto a promoo do Estado de Pernambuco em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A assinatura de cinco ajustes, todos decorrentes de emenda de um mesmo parlamentar e em perodo de uma semana, para a execuo de um mesmo evento, reflete inteno de descaracterizar a inobservncia de vedao normativa, vigente poca da firmatura dos convnios, de transferncias superiores a R$ 300.000,00 para apoio a eventos em decorrncia de emendas parlamentares. Nestes convnios verifica-se sobreposio de iniciativas para a execuo do objeto e a realizao de despesas em relao s quais a comprovao apresentada no suficiente. Nos ajustes celebrados para execuo dos eventos de promoo de Pernambuco em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, as empresas que forneceram oramentos para justificar os custos apresentados pelo Instituto Mineiro de Desenvolvimento (Aliana, Raio Laser e Alto Impacto) possuem vinculaes (por intermdio de ex-scio) e mesmo telefone de contato. Diversas impropriedades foram identificadas nos atos de aprovao do Plano de Trabalho e acompanhamento e controle da execuo, bem assim a aprovao de contas com insuficiente documentao. No tocante execuo do objeto, verificou-se a ocorrncia de irregularidades31

relacionadas simulao de cotao de preos e de contratos vlidos, bem assim insuficincia na comprovao da despesa. Principais constataes evidenciadas: a) Atuao do Ministrio do Turismo: a.1) Liberao de recursos acima do limite estipulado pela Portaria n 28, de 28/04/2006, para realizao de eventos; a.2) Assinatura de convnio com objeto similar a outros firmados em data prxima, contendo, inclusive, itens em comum, caracterizando fracionamento do objeto e acarretando inobservncia aos limites estabelecidos na Portaria n 171/2008 do Ministrio do Turismo, que limita em R$ 300.000,00 a liberao de recursos para convnios cujo objeto refere-se realizao de evento; a.3) Fragilidade nas anlises tcnicas dos itens do Plano de Trabalho pelo concedente, com a assinatura do convnio na mesma data de emisso de diversos documentos, inclusive aprovao do Plano de Trabalho e emisso dos pareceres tcnico e jurdico. Celebrao do convnio no dia de incio do evento; a.4) Aprovao de prestao de contas de convnio, apesar da insuficincia de comprovantes das despesas custeadas com recursos do convnio e constantes do Plano de Trabalho aprovado pelo Ministrio do Turismo; a.5) Ausncia de anlise de prestao de contas por parte do Ministrio do Turismo, decorridos onze meses da apresentao pelo convenente; e a.6) Produto turstico apresentado pela convenente e aprovado pelo Ministrio do Turismo no se enquadra em nenhuma das possibilidades previstas pela ANTT para a implementao do servio de transporte rodovirio. b) Atuao da convenente: b.1) Contratao dos artistas por inexigibilidade com base em cartas de exclusividade invlida e/ou emitidas apenas para o dia do show; b.2) Ausncia de detalhamento dos cachs das bandas nos documentos fiscais e possibilidade de despesas em duplicidade, com recursos municipais e recebidos de patrocnio; b.3) Venda de ingressos sem a devida comprovao de que os valores arrecadados foram integralmente revertidos para a consecuo dos objetos avenados, tampouco houve a incluso dos valores arrecadados nas prestaes de contas de convnios; b.4) Realizao de cotao de preos com indcios de simulao, em decorrncia da existncia de vnculos entre empresas que apresentaram cotao de preos; b.5) Execuo de item do Plano de Trabalho cujos valores so incompatveis com os servios prestados e os valores de mercado para a execuo deste item;32

b.6) Impropriedades na execuo de convnio relacionadas ao descumprimento do prazo para execuo do objeto, ao no atendimento do prazo legal para a solicitao de prorrogao de vigncia de convnio; e execuo parcial do objeto; b.7) Impropriedades na execuo de convnio, relacionadas apresentao intempestiva da prestao de contas, morosidade na atualizao de informaes no Siconv, ao aporte parcial de contrapartida e realizao de pagamentos indevidos; b.8) Impropriedades na execuo de convnio, relacionadas seleo das empresas a serem contratadas, existncia de comprovantes de despesa sem suficiente detalhamento, duplicidade no pagamento de itens tambm contemplados em outro convnio e ao pagamento de despesas com valores incompatveis com o produto apresentado; b.9) O produto turstico desenvolvido com recursos do Ministrio do Turismo j existia anteriormente celebrao do convnio; b.10) Existncia de vnculos entre o Instituto Mineiro de Desenvolvimento, empresa que forneceu oramento para a execuo do objeto do convnio e empresa contratada para execuo de parte do objeto do convnio; b.11) Contratao de empresa para prestao de servio cuja responsvel possui vnculo empregatcio com a entidade convenente; b.12) Documentos juntados ao processo sem a assinatura dos emitentes; b.13) Ausncia de comprovao de realizao de item previsto no Plano de Trabalho, referente produo e veiculao de outdoors; b.14) Contratao da empresa Aliana Propaganda Ltda. para fornecimento de locao de sistema sonoro, quando a empresa Loudness fornecedora exclusiva de sistema sonoro no Chevrolet Hall; e b.15) Incluso de item na prestao de contas referente despesa realizada anteriormente celebrao do convnio. 4.1.8. Instituto Quero-Quero O Ministrio do Turismo celebrou 3 convnios para capacitao com a entidade, a partir do exerccio de 2008, o que representou um valor total pactuado de R$ 2.305.574,00 at o exerccio de 2010, conforme detalhado na Tabela 1, e o repasse de R$ 2.074.470,00 entre maro de 2009 e maio de 2011. Dos convnios celebrados com a entidade, aquele de n 747278, cujo valor total pactuado de R$ R$ 777.714,00, est em execuo.

Tabela 12: Convnios celebrados entre o Ministrio do Turismo e o Instituto Quero-Quero Convnio Data da Assinatura Objeto resumido 33 Repasse Efetuado R$ Total R$ (repasse + contrapartida)

702284 728341

747278

Realizar cursos de qualificao e atualizao 31/12/2008 profissional para a melhoria de qualidade da prestao dos servios tursticos Realizar cursos de qualificao e atualizao 31/12/2009 profissional para a melhoria de qualidade da prestao dos servios tursticos. Realizar cursos de qualificao e atualizao profissional no segmento de turismo para 08/09/2010 melhoria de qualidade na prestao de servios tursticos Total (R$)

(18/03/2009) 874.530,00 874.530,00 (22/03/2010) 500.000,00 500.000,00 (17/09/2010) 349.970,00 (20/05/2011) 349.970,00 699.940,00 2.074.470,00

971.700,00 556.160,00

777.714,00

2.305.574,00

A incluso da entidade no escopo do trabalho decorre de denncia recebida pela CGU, apresentada por cidado, que indica que no foi possvel identificar as atividades que seriam desenvolvidas pela entidade e o fato de os ajustes terem por objetivo a qualificao de profissionais associados ao segmento de turismo. As anlises realizadas indicaram que o responsvel pela entidade Oficial Administrativo da Prefeitura de Osasco, conforme publicao no Dirio Oficial do Municpio em 08/07/2009, contudo foram identificadas atividades de capacitao que teriam sido desenvolvidas pela entidade, conforme se verifica em vdeos disponibilizados na prestao de contas de um dos ajustes e a partir de entrevistas realizadas com beneficirios das capacitaes. Este relatrio tratou da anlise da execuo dos convnios n 702284/2008, n 728341/2009 e n 747278/2010, firmados pelo Ministrio do Turismo com o Instituto Quero-Quero para a realizao de estudos, pesquisas e qualificao e atualizao profissional para melhoria da qualidade dos servios tursticos e para promover a melhoria dos aspectos scio econmicos atravs do desenvolvimento de atividades de mobilizao, estudos, difuso e educativas junto s empresas e profissionais que atuam no setor de Turismo no Brasil. No tocante aos instrutores/educadores contratados pelo Instituto Quero-Quero, considerando uma anlise conjunta dos trs convnios firmados, foram identificados pagamentos a pessoas da mesma famlia, me e filhos, bem como para pessoas residentes no mesmo endereo, em valores significativos. Destaca-se que uma das instrutoras percebeu R$34.800,00 em 2010, referente aos Convnios n 728341/2009 e n 747278/2010, e tambm scia da empresa responsvel pelo fornecimento de lanches em todos os trs convnios firmados com a entidade, perfazendo o montante contratado de R$583.800,00. Os testes de auditoria realizados permitiram verificar a ausncia de parmetros, previamente definidos pelo Ministrio, para anlise dos custos previstos nos oramentos integrantes dos Planos de Trabalho apresentados pela convenente. Como resultado, constatou-se que foi firmado convnio cujos custos de capacitao aluno/hora/aula apresentaram valores superiores a valores de referncia empregados em programas governamentais.

Assim, constatou-se que o custo aluno/hora/aula executado no mbito do Convnio n 702284/2008, de R$14,46, apresentou valor 3,7 vezes superior ao valor praticado pelo mercado, de R$3,95. Desta feita, evidenciou-se um sobrepreo no montante de R$706.260,00. Com respeito ao Convnio n 728341/2009 o sobrepreo evidenciado da ordem de R$132.720,00.34

Tambm evidenciou-se que as aes de capacitao empreendidas no Convnio n 747278/2010 apresentou um custo mdio efetivo aluno/hora/aula de R$12,31, valor 2,8 vezes superior ao valor mximo aceito no mbito do Plano Nacional de Qualificao, de R$4,36, o que ocasionou um sobrepreo de R$502.162,00. Desta feita, o montante de sobrepreo apontado nos trs convnios analisados perfaz o total de R$1.341.142,00, o que representa cerca de 64,7% dos R$2.074.470,00 de recursos federais alocados na presente ao governamental. Constatou-se, ainda, que a documentao bsica suporte capaz de consubstanciar a Prestao de Contas dos Convnios n 702284/2008, n 728341/2009 e n 747278/2010 no se encontra completa, cabendo ressaltar que a ausncia de documentos exigidos na prestao de contas que comprometam o julgamento da boa e regular aplicao dos recursos enseja a instaurao de Tomada de Contas Especial, consoante o disciplinamento contido na alnea h, inciso II, art. 63 da Portaria Interministerial MP/MF/CGU n 127/2008. Nos convnios sob anlise, evidenciou-se que os Termos de Referncia no se encontravam instrudos com os elementos necessrios para caracterizar, em toda sua amplitude, a contratao pretendida pelo Ministrio do Turismo, pois os dados disponveis no Siconv e na documentao que d suporte aos respectivos convnios, apontam para a ocorrncia de fragilidades, notadamente em termos de insuficiente detalhamento na elaborao do Termo de Referncia e na consequente contratao do Instituto Quero-Quero, caracterizando que coube ao arbtrio do contratado, ou seja, ao Instituto Quero-Quero, a estruturao e o contedo inserido nos produtos apresentados e servios executados. Evidenciou-se que o Ministrio do Turismo, para os convnios analisados, no realizou uma anlise criteriosa previamente realizao dos pagamentos dos produtos apresentados pelo Instituto QueroQuero, considerando a ocorrncia de montagem desses produtos a partir de textos retirados na ntegra da internet, sem a necessria citao das fontes nas referncias bibliogrficas, o que caracteriza um baixo nvel de esforo e de qualidade na elaborao dos servios e/ou produtos contratados, bem como uma deficincia nos controles do MTur, em face da aceitao daqueles produtos sem qualquer crtica. Tambm restou evidenciado que o Instituto Quero-Quero procedeu contratao e autorizao de pagamento, no montante de R$35.800,00, relativos instrutoria para servidores integrantes dos quadros de rgos da Administrao Pblica Federal, em descumprimento s clusulas contratuais estabelecidas e aos normativos vigentes. Em sntese, a anlise dos Convnios firmados com a entidade (aproximados R$2.000.000,00 de recursos federais), indica que as contrataes efetuadas favoreceram o Instituto Quero-Quero se considerando-se, sobretudo, a prpria descrio da Ao Governamental, haja vista a baixa qualidade do material didtico produzido (com cpia de grande parte a partir de outros materiais disponveis na internet) e a relao custos/beneficirios efetivos, que ao custo mdio de R$3,95 aluno/hora/aula ofertados por outras iniciativa pblicas, pode-se asseverar que, os R$2.074.470,00 teriam sido suficientes para capacitar pelo menos 3.750 (trs mil setecentos e cinquenta) alunos em cursos de 140 horas, ou seja, a finalidade precpua da Ao, que diz respeito melhoria da qualidade dos servios prestados ao turista e ao aumento da empregabilidade e competncia dos profissionais associados ao turismo, teria sido, em termos de eficincia e economicidade, sobremaneira mais eficaz e efetiva caso os cursos tivessem se desenvolvido aos custos preconizados pelo CODEFAT.35

Principais constataes evidenciadas: a) Atuao do Ministrio do Turismo: a.1) Tramitao e anlise de proposta de convnio efetuada pelo Ministrio do Turismo em menos de 24 horas, conforme registros do sistema SICONV; a.2) Aprovao de Plano de Trabalho que no possui adequado detalhamento; a.3) Aprovao de Plano de Trabalho de convnios com custos superiores aos praticados no mercado, incorrendo num prejuzo potencial de at R$706.260,00, de at R$132.720,00 e de at R$502.162,00; a.4) Realizao de alteraes e ajustes no Plano de Trabalho sem a devida formalizao; e a.5) Celebrao de convnios com entidade sem a necessria comprovao de que a mesma possui capacidade tcnica para execuo do objeto. b) Atuao da convenente: b.1) Execuo de despesas, principalmente aquelas custeadas com recursos da contrapartida, sem regular comprovao; b.2) Baixa efetividade da ao implementada; b.3) Servios e produtos executados com baixo esforo e qualidade e deficincia no acompanhamento da execuo do convnio; e b.4) Execuo irregular de despesas; realizao de despesas vedadas em clusula do convnio.

4.1.9. Instituto Sul Americano de Desenvolvimento Sustentvel ISDES O Ministrio do Turismo possui dois convnios firmados com o Instituto Sul Americano de Desenvolvimento Sustent