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Page 3: Relatorio guama

Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não

Madeireiros na Região de Integração Guamá, Estado do

Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2011

BELÉM – PARÁ

2011

Page 4: Relatorio guama

Governo do Estado do Pará

Simão Robison Oliveira Jatene

Governador

Helenilson Cunha Pontes Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão - Seges

Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

Maria Adelina Guglioti Braglia Presidente

Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais

Jonas Bastos da Veiga Diretor

Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural

Cassiano Figueiredo Ribeiro

Diretor

Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação

Sérgio Castro Gomes

Diretor

Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças

Helaine Cordeiro Félix

Diretora

Page 5: Relatorio guama

Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não

Madeireiros na Região de Integração Guamá, Estado do

Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2011

BELÉM – PARÁ

2011

Page 6: Relatorio guama

Expediente

Diretor de Pesquisa e Estudos Ambientais

Jonas Bastos da Veiga

Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação

Marli Maria de Mattos

Elaboração Técnica:

Marli Maria de Mattos– Coordenadora

Ellen Claudine Cardoso Castro

Divino Hercules Peres da Silva Lima

José de Alencar Costa

Ana Cristina Parente Brito

Isaac Luiz Magalhães Lopes

Rodrigo dos Santos Lima

Gilzibene Marques da Silva

Raquel Lopes de Araújo

Joyse Tatiane Souza dos Santos

Adriana Pinheiro dos Santos

Coleta de dados:

Ellen Claudine Cardoso Castro

Maricélia Gonçalves Barbosa

Daniela Monteiro da Cruz

Nelma Santos Amorim dos Santos

Tânia de Sousa Leite

Antônio Marcos Silva Pereira

Rafael da Silva Moraes

Apoio Técnico:

Francisco Assis Costa, UFPA/NAEA

Parceria

Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

José Alberto da Silva Colares, Diretor Geral

Revisão:

Jonas Bastos da Veiga, Gustavo Silva, Marcílio Chiacchio, Edson da Silva e Silva

Normalização:

Adriana Taís G. dos Santos e Anna Márcia Malcher Muniz

____________________________________________________________

INSTITUTO DE DESENVOLVIEMNTO ECONÔMICO, SOCIAL E

AMBIENTAL DO PARÁ

Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de

Integração Guamá, Estado do Pará: relatório técnico 2011./Belém: IDESP, 2011.

171p.

1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas

sociais alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.

CDD: 381.098115

Page 7: Relatorio guama

APRESENTAÇÃO

A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande

importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração

sustentável, pois na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das

espécies. Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores

familiares utilizam produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais,

utensílios entre outros) para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas

informações sobre o mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa

forma um fator crítico para a gestão das florestas.

O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o

mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização no mercado doméstico.

Não há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que são

comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como

várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados

da Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não

madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas

envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies

extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos

para atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional.

Em razão da relevância do tema exposto, o Instituto de Desenvolvimento

Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), em parceria com o Instituto de

Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), desenvolveu o estudo sobre as

cadeias de comercialização dos PFNM do Estado do Pará, como forma de contribuir com

informações para a formulação de políticas públicas. Assim foi firmado o Termo de

Cooperação Técnica e Financeira TCTF No. 02/2010, tendo sua vigência iniciada em

março de 2010, e tem como objetivo identificar e analisar as cadeias de comercialização

dos PFNM em cinco Regiões de Integração (RI) do estado do Pará (Rio Caeté, Baixo

Amazonas, Guamá, Xingu e Marajó).

Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da

economia dos PFNM no Estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e

identificando entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos,

evidenciando os não detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo com a conservação e

gestão florestal.

O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de

comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Guamá.

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RESUMO

Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de

atividades econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que

evitem o desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades

entre regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo,

utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de

Base Agroextrativista, de 31 produtos identificados, em 18 municípios da Região de

Integração do Guamá e, acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando

pelos setores de beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final.

Constatou-se que os produtos estudados (17 alimentícios, 9 fármacos e cosméticos, 2

utensílios, 2 derivados da madeira e 1 derivado animal) têm significativa importância na

dinâmica da economia local, assim como para outras regiões do Pará, além dos mercados

nacionais e internacionais. O principal produto de destaque na RI foi o açaí (R$ 88

milhões), porém com 85% da renda gerada e circulada no Pará, diferente do cacau

amêndoa que teve R$ 2,0 milhões e 64% da renda gerada e circulada fora do Pará. Outros

produtos de destaque foram o muruci, o urucum, o mel, a malva, o taperebá, o carvão e a

pupunha. A contabilidade social ascendente na região tem origem em milhares de famílias

envolvidas no setor da produção extrativa local (e extralocal), que receberam pela venda de

todos os produtos o montante de R$ 17,4 milhões (VBPα), que gerou R$ 46,2 milhões

(VBP) na compra destes produtos (predomínio in natura) e com a agregação de valor de

mais de R$ 53,3 milhões (VAB), chegando a uma renda bruta total (RBT) gerada e

circulada em R$ 99,5 milhões, com seus efeitos para frente e para trás nas cadeias de

comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e potencialidades

identificadas nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos governamentais e a

sociedade direta e indiretamente relacionada às cadeias dos produtos do agroextrativismo.

Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros,

3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.

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LISTA DE SIGLAS

CEASA Central de Abastecimento do Pará

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

DAP Diâmetro à Altura do Peito

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

GPS Sistema de Posicionamento Global

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEFLOR Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LSPA Levantamento Sistemático da Produção Agrícola

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MIP Matriz Insumo Produto

NAEA / UFPA Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará

NPCTI Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação do IDESP

PAA Programa de Aquisição de Alimentos

PAM Pesquisa Agrícola Municipal

PEVS Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura

PFNM Produtos Florestais Não Madeireiros

PIB Produto Interno Bruto

PNPPS Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da

Sociobiodiversidade

PPM Produção da Pecuária Municipal

PRB Produto Regional Bruto

PRBα Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista

RBT Renda Bruta Total

RBTα Renda Bruta Total de Base Agroextrativista

RI Região de Integração

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEIR Secretaria de Estado de Integração Regional

SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais

UFPA Universidade Federal do Pará

VAB Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto

VABα Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista

VBP Valor Bruto da Produção

VBPα Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista

VTE Valor Transacionado Efetivo

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- MUNICÍPIOS PERTENCENTES À REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ. ................................................................................................................... 35

FIGURA 2- LOCALIZAÇÃO DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ......... 37

FIGURA 3- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO AÇAÍ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 38

FIGURA 4- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO AÇAÍ COMERCIALIZADO NA RI

GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................... 41

FIGURA 5- PREÇO MÉDIO DO AÇAÍ (R$/KG DE FRUTO IN NATURA) PRATICADO NAS

TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO

DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 42

FIGURA 6- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO MEL NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 50

FIGURA 7- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO MEL COMERCIALIZADO NA RI

GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................... 52

FIGURA 8- PREÇO MÉDIO DO MEL (R$/L) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES

DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ,

ESTADO DO PARÁ. ................................................................................................ 53

FIGURA 9- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO CUPUAÇU NA RI GUAMÁ, ESTADO

DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................... 60

FIGURA 10- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CUPUAÇU COMERCIALIZADO

NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 62

FIGURA 11- PREÇO MÉDIO DO CUPUAÇU (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS

TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO

DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 63

FIGURA 12- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO MURUCI NA RI GUAMÁ, ESTADO

DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................... 64

FIGURA 13- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO MURUCI COMERCIALIZADO

NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 66

FIGURA 14- PREÇO MÉDIO DO MURUCI (R$/L DO FRUTO IN NATURA) PRATICADO NAS

TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO

DE 2008 A 2009, DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. .......... 67

FIGURA 15- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO TAPEREBÁ NA RI GUAMÁ,

ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................................. 68

FIGURA 16- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO TAPEREBÁ COMERCIALIZADO

NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 69

FIGURA 17- PREÇO MÉDIO DO TAPEREBÁ (R$/KG DO FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES

ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A

2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. .............................................................. 70

FIGURA 18- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/KG DA RAIZ) DA PRIPRIOCA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 80

Page 14: Relatorio guama

FIGURA 19- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO MURUMURU NA RI GUAMÁ,

ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................................. 81

FIGURA 20- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO MURUMURU

COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009.

............................................................................................................................. 82

FIGURA 21- PREÇO MÉDIO DO MURUMURU (R$/KG DA SEMENTE) PRATICADO NAS

TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO

DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 83

FIGURA 22- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/KG DA RAIZ) DO ESTORAQUE NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 84

FIGURA 23- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE) DO TUCUMÃ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ,

NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................... 85

FIGURA 24- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/KG DA RAIZ) DO CAPITIÚ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ,

NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................... 87

FIGURA 25- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE DO FRUTO) DO INAJÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 88

FIGURA 26- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/KG DO FRUTO) DO MUCAJÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................... 89

FIGURA 27- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA BORRACHA NA RI GUAMÁ,

ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................................. 97

FIGURA 28- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA BORRACHA COMERCIALIZADA

NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ......................... 98

FIGURA 29- PREÇO MÉDIO DA BORRACHA (R$/KG DA BORRACHA) PRATICADO NAS

TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO

DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................. 99

FIGURA 30- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO CARVÃO NA REGIÃO DE

INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ........... 100

FIGURA 31- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CARVÃO COMERCIALIZADO

NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 101

FIGURA 32- PREÇO MÉDIO DO CARVÃO (R$/SACA DE 15 KG) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES

ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A

2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................................ 102

FIGURA 33- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA PUPUNHA NA RI GUAMÁ, ESTADO

DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................. 103

FIGURA 34- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA PUPUNHA COMERCIALIZADA

NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 105

FIGURA 35- PREÇO MÉDIO DA PUPUNHA (R$/CACHO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE

OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA

REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................ 106

Page 15: Relatorio guama

FIGURA 36- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO URUCUM NA RI GUAMÁ, ESTADO

DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................. 107

FIGURA 37- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO URUCUM COMERCIALIZADO

NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 108

FIGURA 38- PREÇO MÉDIO DO URUCUM (R$/KG SEMENTE) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES

ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A

2009, DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ.......................... 109

FIGURA 39- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO BACURI NA RI GUAMÁ, ESTADO

DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................. 110

FIGURA 40- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO BACURI COMERCIALIZADO NA

RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................ 112

FIGURA 41- PREÇO MÉDIO DO BACURI (R$/UNIDADE DO FRUTO IN NATURA) PRATICADO NAS

TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO

DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 113

FIGURA 42- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA CASTANHA-DO-BRASIL NA RI

GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................. 114

FIGURA 43- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA CASTANHA-DO-BRASIL

COMERCIALIZADA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009.

........................................................................................................................... 116

FIGURA 44- PREÇO MÉDIO DA CASTANHA-DO-BRASIL (R$/KG DA SEMENTE) PRATICADO NAS

TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO

DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 117

FIGURA 45- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO CACAU AMÊNDOA NA RI GUAMÁ,

ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................... 118

FIGURA 46- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CACAU AMÊNDOA

COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009.

........................................................................................................................... 119

FIGURA 47- PREÇO MÉDIO DO CACAU EM AMÊNDOA (R$/KG AMÊNDOA SECA) PRATICADO

NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO

PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................ 120

FIGURA 48- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO CACAU FRUTO

COMERCIALIZADO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009.

........................................................................................................................... 122

FIGURA 49- PREÇO MÉDIO DO CACAU FRUTO (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS

TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO

DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 123

FIGURA 50- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO PALMITO NA REGIÃO DE

INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ........... 124

FIGURA 51- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO PALMITO COMERCIALIZADO

NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 125

FIGURA 52- PREÇO MÉDIO DO PALMITO (R$/KG) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES ENTRE OS

SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009, DA RI

GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ................................................................................ 126

Page 16: Relatorio guama

FIGURA 53- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO UXI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 127

FIGURA 54- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO UXI COMERCIALIZADO NA RI

GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ................................. 128

FIGURA 55- PREÇO MÉDIO DO UXI (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES

ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A

2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................................ 129

FIGURA 56- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DA ANDIROBA NA RI GUAMÁ,

ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................... 130

FIGURA 57- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DA ANDIROBA COMERCIALIZADA

NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ....................... 132

FIGURA 58- PREÇO MÉDIO DA ANDIROBA (R$/KG DE FRUTO) PRATICADO NAS TRANSAÇÕES

ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO DE 2008 A

2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ............................................................ 133

FIGURA 59- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE) DO PANEIRO NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ,

NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................................................. 134

FIGURA 60- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/KG DO FRUTO) DA BACABA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 136

FIGURA 61- LOCALIZAÇÃO DOS AGENTES MERCANTIS DO PIQUIÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 137

FIGURA 62- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL DO PIQUIÁ COMERCIALIZADO NA

RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................ 138

FIGURA 63- PREÇO MÉDIO DO PIQUIÁ (R$/UNIDADE DO FRUTO) PRATICADO NAS

TRANSAÇÕES ENTRE OS SETORES DA CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO, NO PERÍODO

DE 2008 A 2009, DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ. ........................................... 139

FIGURA 64- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/KG DO FRUTO) DO BIRIBÁ NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 140

FIGURA 65- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/L) DA COPAÍBA NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO

PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................................. 142

FIGURA 66- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE DO FRUTO) DA CAJARANA NA RI GUAMÁ,

ESTADO DO PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. ............................................... 143

FIGURA 67- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE) DO TIPITI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, NO

PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................................. 144

FIGURA 68- ESTRUTURA (%) DA QUANTIDADE AMOSTRAL COMERCIALIZADA E PREÇO

MÉDIO PRATICADO (R$/UNIDADE DO FRUTO) DO MARI NA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 145

Page 17: Relatorio guama

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ,

COM QUANTIDADE E VALOR PAGO À PRODUÇÃO LOCAL, DE ACORDO COM A AMOSTRAGEM

REALIZADA EM CAMPO, NO PERÍODO DE 2008 A 2009. .................................................................. 36

TABELA 2- DEMANDA FINAL (LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL), EM R$ E %, DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO

MADEIREIROS IDENTIFICADOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO

PARA 2008 (IDESP). .................................................................................................................... 147

TABELA 3- VAB (LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL), EM R$ E % DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO

MADEIREIROS IDENTIFICADOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO

PARA 2008 (IDESP). .................................................................................................................... 148

TABELA 4- VAB (LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL), EM R$ E % DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO

MADEIREIROS IDENTIFICADOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO

PARA 2008, ORGANIZADOS POR 5 CATEGORIAS (ALIMENTÍCIOS, ARTESANATOS E UTENSÍLIOS,

DERIVADO ANIMAL, DERIVADO DA MADEIRA E FÁRMACOS E COSMÉTICOS), (IDESP). .............. 150

TABELA 5- RENDA BRUTA TOTAL (R$) NA ESFERA LOCAL, ESTADUAL E NACIONAL DOS PRODUTOS

FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTIMADOS

PARA 2008, ORGANIZADOS EM TRÊS CATEGORIAS RELATIVAS COM ESCALAS DE VALOR DO RBT

(ACIMA DE R$ 600MIL, DE R$ 100MIL A R$ 600MIL E ABAIXO DE R$ 100MIL). ......................... 152

TABELA 6- INDICADORES ECONÔMICOS DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA

REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, COMPOSTOS PELO VALOR BRUTO DA

PRODUÇÃO ALFA LOCAL (VBPΑ), O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO ALFA EXTRALOCAL, A

MARGEM DE LUCRO (MARK-UP), O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP), O VALOR AGREGADO

BRUTO (VAB) E A RENDA BRUTA TOTAL (RBT), EM R$, NAS ESFERAS LOCAL, ESTADUAL E

NACIONAL, ESTIMADO PARA 2008 (IDESP). ................................................................................. 156

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ DA RI

GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ......................................... 43

GRÁFICO 2- VAB (R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ DA RI GUAMÁ,

ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ....................................................... 46

GRÁFICO 3- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DO

AÇAÍ, CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP +

VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .... 48

GRÁFICO 4- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DO MEL DA RI

GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ......................................... 54

GRÁFICO 5- VAB (R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DO MEL DA RI GUAMÁ,

ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. ....................................................... 56

GRÁFICO 6- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DO

MEL, CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP +

VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .... 58

GRÁFICO 7- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DAS FRUTAS

(CUPUAÇU, MURUCI E TAPEREBÁ) DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO

PARA 2008. ...................................................................................................... 73

GRÁFICO 8- VAB (EM R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DAS FRUTAS

(CUPUAÇU, MURUCI E TAPEREBÁ) DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO

PARA 2008. ...................................................................................................... 75

GRÁFICO 9- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DAS

FRUTAS (CUPUAÇU, MURUCI E TAPEREBÁ), CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO

PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP + VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .......................................................................... 77

GRÁFICO 10- VBPΑ, EM R$, PELA ÓTICA DA OFERTA NA COMERCIALIZAÇÃO DOS

FÁRMACOS E COSMÉTICOS DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA

2008. ............................................................................................................... 91

GRÁFICO 11- VAB (R$) E O MARK-UP (%), NA COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS

PERFUMARIA E COSMÉTICOS DA RI GUAMÁ, ESTADO DO PARÁ, ESTIMADO PARA

2008. ............................................................................................................... 93

GRÁFICO 12- VALOR DA RBT, EM R$, GERADA E CIRCULADA NA COMERCIALIZAÇÃO DOS

PRODUTOS DE PERFUMARIA E COSMÉTICOS, CONSIDERANDO SUA COMPOSIÇÃO

PELA ÓTICA DA DEMANDA (VBP + VAB), A PARTIR DA RI GUAMÁ, ESTADO DO

PARÁ, ESTIMADO PARA 2008. .......................................................................... 95

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Page 21: Relatorio guama

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 23

2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 24

2.1 GERAL ......................................................................................................................... 24

2.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 24

3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 25

4 RESULTADOS ............................................................................................................... 34

4.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ ...................................................................... 34

4.1.1. CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................... 34

4.2. ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO ............................................. 36

4.2.1 AÇAÍ ............................................................................................................................ 37

4.2.2 MEL ............................................................................................................................. 49

4.2.3 CUPUAÇU ..................................................................................................................... 59

4.2.4 MURUCI ....................................................................................................................... 63

4.2.5 TAPEREBÁ ................................................................................................................... 67

4.2.6 FRUTAS (MURUCI, CUPUAÇU E TAPEREBÁ) ................................................................... 71

4.2.7 PRIPRIOCA ................................................................................................................... 79

4.2.8 MURUMURU ................................................................................................................. 80

4.2.9 ESTORAQUE ................................................................................................................. 83

4.2.10 TUCUMÃ .................................................................................................................... 84

4.2.11 CAPITIÚ ..................................................................................................................... 85

4.2.12 INAJÁ ......................................................................................................................... 87

4.2.13 MUCAJÁ ..................................................................................................................... 88

4.2.14 PERFUMARIA E COSMÉTICOS (PRIPRIOCA, MURUMURU, ESTORAQUE, TUCUMÃ,

CAPITIÚ, INAJÁ E MUCAJÁ) .................................................................................................. 89

4.2.15 BORRACHA ................................................................................................................ 96

4.2.16 CARVÃO .................................................................................................................... 99

4.2.17 PUPUNHA ................................................................................................................. 102

4.2.18 URUCUM .................................................................................................................. 106

4.2.19 BACURI .................................................................................................................... 109

4.2.20 CASTANHA-DO-BRASIL ............................................................................................ 113

Page 22: Relatorio guama

4.2.21 CACAU ..................................................................................................................... 117

4.2.22 PALMITO .................................................................................................................. 123

4.2.23 UXI .......................................................................................................................... 126

4.2.24 ANDIROBA ............................................................................................................... 129

4.2.25 PANEIRO .................................................................................................................. 133

4.2.26 BACABA ................................................................................................................... 134

4.2.27 PIQUIÁ ..................................................................................................................... 136

4.2.28 BIRIBÁ ..................................................................................................................... 139

4.2.29 COPAÍBA .................................................................................................................. 140

4.2.30 CAJARANA ............................................................................................................... 142

4.2.31 TIPITI ....................................................................................................................... 143

4.2.32 MARI ....................................................................................................................... 144

4.3 ANÁLISES AGRUPADAS ......................................................................................... 146

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 157

6 RECOMENDAÇÕES ................................................................................................... 160

7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 165

APÊNDICES .................................................................................................................... 168

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23

1 INTRODUÇÃO

Segundo o Ministério da Agricultura de Moçambique (2008), os Produtos

Florestais Não Madeireiros (PFNM) são aqueles derivados da floresta, exceto a madeira,

cuja definição engloba fibras, frutos, raízes, cascas, folhas, taninos, cogumelos, exudados,

mel, plantas medicinais, lenha e carvão, entre outros. Silva et al. (2010) ressaltam que, em

tese, estes produtos também podem ser obtidos de plantas semidomesticadas em plantios

ou sistemas agroflorestais.

Nas últimas décadas, assiste-se em todo o mundo, o crescimento da preocupação

relacionada a fatores como aquecimento global e o desmatamento das florestas tropicais,

que atraem o interesse de diversos atores sociais, que anseiam em equacionar tais

impactos. Dentro deste contexto, a extração e comercialização dos PFNM no Brasil têm

apresentado grande importância social, econômica e ambiental, em virtude de ocorrer

prioritariamente em pequenas propriedades, preservar parte importante da biodiversidade

das florestas nativas (FIEDLER et al., 2008) e gerar renda.

Em relação ao comércio dos PFNM, nota-se que o mercado internacional desses

produtos é relativamente conhecido, diferente das cadeias de comercialização no mercado

doméstico. No estado do Pará, assim como nos outros estados da Amazônia Legal, é

restrita a literatura e dados existentes sobre o mercado “invisível” de muitas espécies de

valor local ou regional e sua importância para as populações rurais e urbanas envolvidas ao

longo da sua cadeia de produção (MONTEIRO, 2003). Dessa forma, gestores e demais

audiências estão desinformados sobre o fluxo desse comércio, que permanece oculto

(SILVA, 2010).

Apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se que há pouca

informação sistematizada sobre quantidade, valor, processos de produção, industrialização

e comercialização desses produtos. Essa escassez de informações é um empecilho à

conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas para esses produtos

(FIEDLER et al., 2008).

Este estudo teve como objeto principal identificar e analisar as cadeias de

comercialização dos PFNM na Região de Integração (RI) Guamá, Estado do Pará,

evidenciando os fatores críticos e potencialidades, como forma de subsidiar políticas

públicas.

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24

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não

madeireiros da Região de Integração Guamá, Estado do Pará, buscando fatores

críticos e potencialidades.

2.2 ESPECÍFICOS

Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos

florestais não madeireiros da Região de Integração Guamá, e

Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção

agroextrativista do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente

com a margem bruta de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT)

gerada e circulada na comercialização dos produtos identificados.

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25

3 METODOLOGIA

No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos

florestais não madeireiros (PFNM), a partir do conjunto dos 18 municípios pertencentes à

RI Guamá, Estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que

venderam para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas

Ascendentes Alfa CSα (COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas

Sociais de base agroextrativista, para uma região, utilizando o modelo Matriz Insumo-

Produto de Leontief (1983).

As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se à metodologia de cálculo ascendente

de matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável e, que se baseia nos parâmetros e

indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justifica-

se pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na real problemática local, haja

vista que as estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia

local. Ou seja, este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e

social de uma delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os

impactos gerados por ações e programas de desenvolvimento ali implementados.

Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de

cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e

acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as

condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades

transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”,

os quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional

(βc).

Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões

entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos

da reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b), contempla a análise de

insumo-produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos

setores de base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da

Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam

que a metodologia ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias

na geração de uma matriz de insumo-produto mais aderente à complexidade da economia

local, evidenciando a influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste

Paraense, com complexidade de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de

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26

crescimento para os demais setores da economia local. Por outro lado, demonstrou

vazamentos de vulto (em termos de renda, agregação de valor, entre outros) – tanto da

economia local e no entorno mais próximo, para a economia do resto do Pará, quanto para

o resto do Brasil.

Em outro estudo Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do

festival de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα

conjuntamente orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo

identificou limitações de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município

com a produção e realização do evento, com isso o município recebeu tratamento

diferenciado por parte dos poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o

APL da cultura identificado representou 10% da economia local e se apresentou como uma

nova base de exportação, com um efeito multiplicar elevado.

A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento

1 de Sololá, na

Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura

camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja,

calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores,

especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos

sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado

através do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento

estratégico do Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor

replicou para o departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado

de Bacia do rio "Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et

al., 2010).

O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos

florestais não madeireiros têm na economia do Estado do Amapá, fazendo o uso do método

de Contas Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou

agregadas em nível local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das

interrelações existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos

PFNM, analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento

econômico na produção, trabalho e renda setorial de toda a economia.

Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de

comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de

1 Unidade federativa equivalente a estado.

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27

frutíferas, derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais

nos municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, Estado do Pará. A autora

utilizou o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e

sociais que ao contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as

regiões homogêneas nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades

locais. O estudo detectou a circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano

de 2005, identificando a importância da vegetação secundária como reserva de valor e

como agente dinamizador da renda rural e dos setores econômicos associados como

atacadistas, varejistas e agroindústrias.

No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp em parceria com o Ideflor, a

metodologia foi adequada para a contabilidade social ascendente que engloba além da

produção agroextrativista, as atividades na indústria e nos serviços que atuam diretamente

nos setores com foco nos produtos florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de

calculo de renda e do produto social do agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis

como o Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado

Bruto de Base Agroextrativista (VABα) e o Produto Regional Bruto de Base

Agroextrativista (PRBα). De acordo com Considera et al. (1997) o Produto Regional Bruto

(PRB) seria o equivalente regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor.

O modelo também produziu as matrizes das interrelações intersetoriais que as

fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto

os do Censo Agropecuário de 2006, quanto as séries históricas de 1990 a 2008 da Produção

Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e

da Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa

primária executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por

atributos geográficos, quanto por atributos estruturais do setor.

A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em

função de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em

decorrência das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis

tecnológicos, sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de

vantagens, tais como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos

maiores volumes comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos

valores pagos ao setor da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas

cadeias de comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos

produtos e aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.

Page 28: Relatorio guama

28

As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das

cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir.

Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos dezoito

municípios visitados da Região de Integração Guamá, junto a informantes-chaves (como os

técnicos dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do

Pará - Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de

agricultura, das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre

outros), no que se referiu à produção e/ou comercialização dos produtos florestais não

madeireiros existentes no município, para o período de doze meses e, fazer a identificação

dos agentes mercantis envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.

A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de

questionário (Apêndice A). Nesta etapa, buscam-se os principais agentes

(vendedores/compradores) de cada produto, que geralmente representam importantes elos

da cadeia, os quais em seguida, direcionam os elos para trás (comprou de quem) e para

frente (vendeu para quem) na cadeia, compondo uma amostragem não probabilística

autogerada (CABRAL, 2000), até chegar à produção local de um lado, bem como ao

último que vendeu o produto para o consumidor final, no outro extremo da cadeia (DÜRR;

COSTA, 2008). Esta metodologia identificou relações existentes entre agentes mercantis,

que atuam tanto na formalidade até os de completa informalidade, e foi capaz de apontar o

fluxo de comercialização para cada produto identificado. Neste tipo de amostragem o

tamanho e a localização da população não são conhecidos a priori pelo pesquisador, então,

esta é composta na medida em que o pesquisador identifica um agente mercantil, e solicita

ao mesmo que indique os que também fazem parte da população em estudo, e assim,

sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997). Deste modo, para o

levantamento dos dezoito municípios foram aplicados trezentos e vinte e seis questionários

junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a comercialização dos

PFNM.

Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada

estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das

bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base

de dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no

aplicativo Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ2, com circuitos

2 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.

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29

(referentes aos produtos) e lançamentos (referentes às transações comerciais realizadas

pelos agentes, por produtos).

A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as

unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado

fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ

referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação

mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e

consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional).

Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a

probabilidade da distribuição das quantidades e de atribuição dos preços a partir das

relações entre os agentes e, uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os

setores. As Matrizes Insumo-Produto (MIP) descrevem nas colunas as compras e nas

linhas as vendas dos setores da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e

varejo), entre si, e as vendas para a demanda final local, estadual ou nacional. No entanto,

como forma de melhor visualizar cada matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo

desenvolveu um modelo de apresentar os mesmos dados, com os fluxos de compra e venda

e os setores responsáveis por cada elo da cadeia. A inovação trata-se da disposição visual

dos diversos agentes mercantis ou setores representados por pequenas caixas retangulares

(produção local e extralocal, varejo, indústria de beneficiamento, de transformação,

atacado, consumidor, etc.) e espacialmente distribuídos na economia local, estadual ou fora

do estado (nacional e internacional), representados por retângulos maiores em três cores

distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para a representação dos canais ou

fluxos de comercialização, que iniciam na produção local e extralocal até os consumidores

finais.

Quanto aos fluxos da comercialização por produto estudado, estes foram

organizados para três dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos dezoito

municípios pesquisados na RI Guamá; b) estadual, para os demais municípios do estado do

Pará e; c) nacional, que foram comercializados para outros estados e/ou países. O estudo

possibilitou compreender os fluxos existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel

relativo ao longo da cadeia em função dos volumes transacionados. Ainda com base nas

matrizes de preço e quantidade, a relação dessas gera os respectivos preços médios

praticados ou implícitos por produto e por setor (em Reais por unidade do produto),

agregado ou não, ao longo da cadeia, da produção até o consumo final.

Page 30: Relatorio guama

30

A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da

Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados

mais recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para

tanto, foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais

da PAM, PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos

produtos da agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).

Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o

produto em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas

conjunturais, acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado

sistematicamente. Na primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números

índices do total das quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem

à restrição s, tendo no caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os

indexadores de preço (IP) os números índices do preço médio do produto v, para os

municípios que atendem a restrição geográfica s, tendo 2006 também como ano base

(COSTA, 2002, 2006 e 2008).

Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos:

Onde:

: atributo geográfico (local: municípios da RI Guamá; estadual: demais

municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países),

: produto,

: ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008),

: quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa

oficial,

: quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo

Agropecuário de 2006,

: preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da

pesquisa, e

: preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de

2006.

Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados

pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do

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31

conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos

preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da

multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido

para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008.

Portanto, os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram

elaborados conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias: geral para

alimentícios e geral do IBGE.

Sendo assim, os frutos bacaba, bacuri, biribá, cacau, cajarana, mari, murici,

mucajá, piquiá, pupunha, taperebá, tucumã, uxi e o palmito foram agrupados na categoria

de alimentícios. Na categoria de indexador geral de quantidade (que utiliza o conjunto de

todos os produtos identificados pelo IBGE) foram identificados nove produtos (andiroba,

copaíba, murumuru, inajá, capitiú, estoraque, priprioca, paneiro e tipiti).

Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas

estatísticas oficiais, foram: açaí, borracha da seringueira, amêndoa do cacau, carvão

vegetal, castanha-do-brasil, cupuaçu, mel de abelha e a semente de urucum.

Finalmente, foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o inicio do estudo,

multiplicando os indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a

probabilidade da distribuição das quantidades e, com a matriz de preços a partir das

relações entre os agentes. O resultado gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada

produto pesquisado, contendo o Valor Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα)

sob a ótica da oferta, o VBP sob a ótica da demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor

Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado ou Agregado Bruto

(VAB), a Renda Bruta Total (RBT) e, a margem bruta de comercialização (mark-up), que é

a relação entre a diferença do valor estimado do VAB com o VBPα (sob a ótica da oferta)

pelo VBPα, para que sejam feitas as análises econômicas (estimadas para 2008) e os

impactos que cada produto não madeireiro exerceu na economia local, estadual e fora do

estado. Frisa-se, no entanto, que no cálculo do VAB como na estimação do mark-up, não

se levou em consideração os custos produtivos e/ou de comercialização, pois não foram

foco da pesquisa. Em algumas cadeias, também não foi possível descrever a proporção dos

PFNM utilizados como insumo na preparação de certos produtos finais, como doces,

cosméticos, medicinais, entre outros.

A definição em estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este estudo

(Guamá) e para as demais regiões estudadas (Tocantins, Rio Caeté, Xingu, Baixo

Amazonas e Marajó), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O

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32

método permite também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos

indexadores por produto, após divulgação de estatísticas oficiais.

Foram identificados trinta e um (31) PFNM, relacionados no Apêndice B, os

quais foram classificados conforme a sua utilização identificada em campo. Foram

estudados dois utensílios (paneiro e tipiti de fibra de guarumã); dezessete alimentícios

(açaí, bacaba, bacuri, biribá, cacau amêndoa, cacau fruto, cajarana, castanha-do-brasil,

cupuaçu, mari, muruci, palmito, piquiá, pupunha, taperebá, urucum e uxi), nove fármacos e

cosméticos (andiroba, capitiú, copaíba, estoraque, inajá, mucajá, murumuru, priprioca e

tucumã); um derivado animal (mel de abelha) e dois derivados da madeira (carvão e

borracha).

Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo

de quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e,

descritos os setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. As análises

econômicas detalhadas foram feitas para dois produtos com maior destaque (açaí e mel) e

para dois grupos importantes: as frutas (muruci, cupuaçu e taperebá) e; perfumarias e

cosméticos (priprioca, murumuru, estoraque, tucumã, capitiú, inajá e mucajá).

A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foram adaptadas aos

seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004).

Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região;

Produção Extralocal: Produção primária agroextrativista oriunda de outras

regiões de integração que não fazem parte da região estudada;

Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que

compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;

Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção,

localizadas na região;

Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção,

localizadas na região;

Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas),

localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do

varejo e/ou vendem para o varejo;

Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes,

marreteiros, vendedores ambulantes);

Page 33: Relatorio guama

33

Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará,

localizadas além da RI Guamá;

Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará;

Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará;

Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem

para o consumidor estadual;

Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil;

Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil;

Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional;

Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor

nacional.

As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro

identificado, quer seja individual ou em grupo.

As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em

detalhes no item 4.3.

Page 34: Relatorio guama

34

4 RESULTADOS

4.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ

4.1.1. Caracterização

A Região de Integração Guamá é a mais numerosa do Pará em temos de

quantidade de municípios, pois tem em sua composição um total de dezoito municípios

(Figura 1), com uma população de aproximadamente 613.790 habitantes, o que

corresponde a 8,1% da população do Estado do Pará, sendo a quarta mais populosa

(IBGE/IDESP, 2010). Há um predomínio da população urbana sobre a rural, com um

índice de 62 em relação à população total da região, entretanto, apenas Castanhal, Igapé

Açu, Santa Izabel do Pará, Santa Maria do Pará, Santo Antonio do Tauá, São Miguel do

Guamá e Vigia apresentaram a população urbana superior à rural, com o primeiro

atingindo o índice de 89, diferenciando-se de São domingos do Capim em que 78% da sua

população residem no meio rural. Sua área total corresponde a 0,97% em relação ao

Estado, com densidade demográfica de 50,6 hab/km², sendo que apenas três (Castanhal,

Santa Izabel do Pará e São Miguel do Guamá), dos dezoito municípios, possuem

população maior que 50 mil habitantes (59.446 e 51.567 mil, respectivamente). Todavia,

Castanhal ultrapassou a faixa dos 170 mil habitantes, contabilizando 173.119 habitantes,

equivalente a 28% da população da região, se constituindo, deste modo, pólo da região.

Page 35: Relatorio guama

35

FIGURA 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Guamá, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A Região de Integração Guamá apresentou um Índice de Desenvolvimento

Humano Municipal - IDHM de 0,69, menor que o estadual de 0,72.

Em 2008 o Produto Interno Bruto – PIB da Região Guamá somou R$ 2.448.445

mil, com uma variação de 10,8% em relação ao PIB do ano anterior (R$ 2.210.053 mil),

porém se manteve na 8ª colocação no ranking entre as regiões de integração, e participou

com um percentual de 4,2% no PIB estadual. Com relação ao PIB Per capita regional, na

ordem de R$ 4.206,00, correspondente a 52% do PIB Per capita estadual e, configurou-se

como o quarto pior ficando a frente apenas das regiões do Tapajós, Rio Caeté e Marajó,

apesar da variação de 6,2%, que se deve ao crescimento das atividades econômicas

(indústria e serviços) e da arrecadação de impostos. As participações dos setores

econômicos, considerando somente o valor agregado, corresponderam a: 11%

Agropecuário, 17% Indústria e 72% Serviços.

Entre os municípios que fazem parte da RI Guamá, São João da Ponta se

configurou como o de menor participação na economia da região (assim como constituí

também o menor PIB do Estado), não representando nem 1% PIB regional, caracterizado

pela baixa concentração demográfica (0,9% da população da RI) e forte dependência em

relação ao setor de serviços, soma-se a estes o fato deste município ser relativamente novo,

1993.

Page 36: Relatorio guama

36

4.2. ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO

Nos dezoito municípios da Região de Integração Guamá (Figura 2) foram

identificados trinta e um produtos florestais não madeireiros, durante a pesquisa de campo

realizada em 2008 e 2009, com quantidade comercializada no período de doze meses e o

valor pago à produção local (Tabela 1). A relação das espécies / produtos estudados estão

descritos no Apêndice B.

TABELA 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Guamá, com

quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no período de

2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Açaí (kg) 7.363.313 5.218.928,36 67,19

Mel (l) 74.571 729.076,57 9,39

Cupuaçu (un.) 295.538 314.347,78 4,05

Borracha (kg) 237.608 309.892,40 3,99

Muruci (l) 242.570 259.140,96 3,34

Carvão (sc) 42.556 223.441,00 2,88

Pupunha (cacho) 47.883 140.721,00 1,81

Taperebá (kg) 122.270 119.157,30 1,53

Urucum (kg) 39.511 105.342,00 1,36

Priprioca (kg) 24.500 73.500,00 0,95

Bacuri (un.) 202.615 62.521,50 0,80

Castanha-do-brasil (kg) 38.536 52.719,51 0,68

Cacau amêndoa (kg) 11.479 43.205,02 0,56

Palmito (kg) 6.003 19.268,67 0,248

Uxi (un.) 540.600 17.691,00 0,228

Murumuru (kg) 21.880 14.764,00 0,190

Estoraque (kg) 9.000 13.500,00 0,174

Andiroba (l) 51.494 13.400,05 0,173

Cacau fruto (un.) 17.360 6.820,00 0,088

Paneiro (un.) 1.620 5.281,20 0,068

Capitiú (kg) 3.100 4.650,00 0,060

Bacaba (kg) 5.250 4.123,70 0,053

Piquiá (kg) 27.400 4.030,00 0,052

Biribá (un.) 1.850 3.250,00 0,042

Copaíba (l) 100 3.000,00 0,039

Tucumã (kg) 5.133 1.649,99 0,021

Cajarana (un.) 12.000 1.200,00 0,015

Inajá (kg) 2.500 875,00 0,011

Mucajá (kg) 2.500 875,00 0,0113

Tipiti (un.) 120 720,00 0,0093

Mari (un.) 2.000 80,00 0,0010

Total 7.767.172,01 100,00

Produtos Florestais Não Madeireiros Quantidade Valor (R$) Valor/Total (%)

Page 37: Relatorio guama

37

FIGURA 2- Localização da Região de Integração Guamá, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes

estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme

imagens registradas nos municípios visitados (Apêndice C).

As análises das principais cadeias de comercialização da Região Guamá estão

descritas e ilustradas a seguir.

4.2.1 Açaí

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do açaí.

A principal utilização do açaí foi como fonte de matéria prima na indústria

alimentícia por meio da elaboração do “vinho de açaí”.

Apresentado como um dos produtos econômicos mais emergentes na Região de

Integração Guamá, o açaí e sua estrutura de cadeia de comercialização é formada, de

acordo com a amostragem, por 105 agentes que comercializam este produto nos dezoito

municípios visitados, sendo aproximadamente 51% produtores, 14% atravessadores

(varejistas e atacadistas), 34% batedores e 1% agroindústria. Na Figura 3 estão

espacializados os agentes mercantis entrevistados nos municípios da RI Guamá.

Page 38: Relatorio guama

38

FIGURA 3- Localização dos agentes mercantis do açaí na RI Guamá, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Durante a pesquisa foi constatado que 51% do total de agentes entrevistados

trabalham somente com o açaí e estão no mercado entre 1 a 15 anos. Dentre os

entrevistados 53% declararam trabalhar apenas na safra do produto, 36% durante o ano

todo e 10% não informaram seu período de trabalho.

Foi verificado que 23% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que

aferem de 0,3 a 850 hectares, ressaltando que, em geral, estas áreas são destinadas para

outros cultivos além do açaí. Para estocagem da produção apenas 16% possuem armazém

com tamanhos que variam de 6 m² a 56 m². Aproximadamente 27% dos agentes não

possuem capacidade para transporte da produção e 69% contam com 25 motos, 22 barcos,

nove canoas, 23 bicicletas, cinco carros, quatro tratores, dois caminhões e um carro de boi.

Em relação ao maquinário, 76% possuem algum tipo de equipamento (69

batedoras, 87 despolpadeiras, quatro máquinas seladoras de sacos, dois filtros, um

triturador de frutas, 29 freezers com capacidades que variam de 140 l a 500 l, duas câmaras

frigoríficas, uma geladeira e um trator). Alguns agentes declararam ter problemas com a

armazenagem e/ou transporte do produto.

Page 39: Relatorio guama

39

A mão de obra empregada é basicamente familiar, com média de cinco pessoas,

mas pode chegar até vinte empregados. Essa mão de obra é sazonal, aumentando durante a

safra. O pagamento desta mão de obra é muito variado, tanto em função da produção

quanto do período de trabalho, correspondendo a R$ 0,70 para cada quilo extraído, ou R$

15,00 a diária, ou R$ 40,00/semana, ou 1 salário mínimo mensal. Para melhorar a

capacidade de produção, dentre vários fatores foram colocados a questão da assistência

técnica para um melhor manejo da produção, financiamento para melhorar o espaço físico

dos armazéns e aquisição de maquinários.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do açaí:

EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá)

Produção: Trata-se da produção primária de açaizais dos municípios de Igarapé

Miri (RI Tocantins) e Nova Timboteua (RI Rio Caeté);

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: É a produção primária de açaizais manejados e extrativos identificados

em dezoito municípios da RI Guamá;

Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram

o açaí in natura diretamente do setor da produção;

Indústria de beneficiamento: Setor responsável pelo processamento do açaí in

natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a composta por pequenos

comerciantes que possuem máquinas despolpadeiras, chamadas de “batedores de açaí” no

qual vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais. A segunda categoria

composta por um número reduzido de agroindústrias que beneficia o açaí em polpa

pasteurizada e/ou congelada para atender o mercado nacional e/ou internacional;

Varejo urbano: Trata-se de comerciantes (atravessadores que atuam nas cidades)

localizados na área urbana do município, que compram da produção local e de outros

atravessadores;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de beneficiamento: Incluem os “batedores de açaí”, encontrados fora da

região de integração, transformando o fruto em polpa pasteurizada e/ou congelada,

abastecendo o mercado consumidor estadual;

Page 40: Relatorio guama

40

Atacado: Trata-se de comerciantes que transacionam grandes quantidades de açaí

in natura, que compram da produção local e de outros atravessadores (varejo rural);

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Varejo urbano: São compradores de polpa no âmbito nacional, que repassam para

o consumidor nacional.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí.

Na amostragem em campo o setor produtivo foi responsável por abastecer com

pouco mais de 7 mil toneladas de fruto in natura para o comércio. A Figura 4 permite

verificar a quantidade proporcional de açaí que circula entre os diferentes setores mercantis

identificados pela pesquisa.

O principal nível de canal de comercialização do açaí (Figura 4) identificado com

as maiores quantidades é a compra do setor da indústria de beneficiamento (4.640

toneladas de fruto in natura), que compra 26,9% do setor da produção local, 15,7% do

setor da produção extralocal (provenientes dos municípios de Igarapé Miri - RI Tocantins)

e Nova Timboteua (RI Rio Caeté), 10,3% do varejo rural (atravessadores) e 10,1% do

varejo urbano local (atravessadores urbanos). Este setor da indústria de beneficiamento por

sua vez vende 42,8% para os consumidores locais e 20,2% para o mercado nacional na

forma de polpa congelada.

O setor do varejo urbano local (atravessadores urbanos) comprou 14,2% do setor

da produção local e 1,4% do varejo rural e, vendeu para o setor da indústria de

beneficiamento local e estadual, 10,1% e 5,4% respectivamente.

Outro setor que comercializa grande quantidade é o atacadista estadual com

aproximadamente 2.094 toneladas do fruto in natura, que adquire 27,3% da produção local

e apenas 1,1 % do varejo rural e, vende sua totalidade (28,4%) para o setor da indústria de

beneficiamento estadual onde estão inseridos os “batedores de açaí”.

Destaca-se também a venda direta do produtor de açaí para o consumidor local

comercializando 1,1% da produção identificada, como também dos varejistas rurais

(atravessadores) com 1,4% da produção.

Page 41: Relatorio guama

41

FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Guamá,

estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do açaí, no

período de 2008 a 2009.

A produção local vende conforme a oferta do fruto e a quantidade comercializada.

Sendo assim, vende a R$ 0,58/kg para o varejo rural, a R$ 0,92/kg para a indústria de

beneficiamento local (batedores de açaí), a R$ 0,60/kg para o varejo urbano

(atravessadores urbanos), a R$ 1,47/kg aos consumidores locais, R$ 0,90/kg para o setor da

indústria de beneficiamento estadual (batedores de açaí) e a R$ 0,68/kg para o atacadista

estadual (Figura 5). Enquanto que os preços de venda praticados pelos produtores extras

locais são estabelecidos conforme a oferta do fruto, destacando a venda direta para os

batedores de açaí local a R$ 0,55/kg. Neste caso, os batedores possuem transporte próprio

ou pagam o frete para buscar o fruto in natura nos municípios de Igarapé Miri (RI

Tocantins) e Nova Timboteua (RI Rio Caeté).

O setor da indústria de beneficiamento local estabelece o seu preço de compra

conforme a quantidade transacionada e pela qualidade do produto. Com isso, compra da

produção extralocal a R$ 0,55/kg principalmente na entressafra do açaí na RI Guamá, da

produção local a R$ 0,92/kg, do varejo rural a R$ 1,15/kg e do varejo urbano a R$ 1,32/kg,

após fazer o beneficiamento em polpa pasteurizada, vende ao preço de R$ 2,76/kg para o

varejo urbano nacional e somente em forma de polpa a R$ 2,04/kg para o mercado local.

Page 42: Relatorio guama

42

FIGURA 5- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre

os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado

do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí.

A soma dos valores recebidos por todos os agentes que realizaram a venda

(oferta) do açaí a partir da RI Guamá e, de outras regiões de integração, foi contabilizado

da ordem de R$ 88,1 milhões. Deste valor, o sistema local recebeu em torno de 58,3%, o

estadual recebeu aproximados 25,5% e o sistema nacional 16,2% (Gráfico 1).

Do valor recebido pelos agentes mercantis que compõem os setores do mercado

local, os agroextrativistas agrupados no setor da produção (VBPα

total) receberam mais de

R$ 14,5 milhões, aproximadamente 28% do VBP total recebido pelos setores que

ofertaram o produto a nível local (Gráfico 1). No entanto, que R$ 1,7 milhão foi

proveniente das vendas realizadas pelos agroextrativistas localizados em outras regiões de

integração, consubstanciado como agentes extralocais. Sendo que, 96% (dos R$ 1,7

milhão) foram pagos aos sediados no município de Nova Timboteua, pertencente a RI Rio

Caeté, que venderam este produto in natura (no período de entressafra) oriundo das ilhas,

para o setor de beneficiamento no município de Castanhal, pertencente a RI Guamá, mais

especificamente para uma agroindústria que fornece um produto beneficiado ao mercado

nacional, principalmente ao eixo Rio – São Paulo. O restante (4%) foi adquirido pelos

agroextrativistas do município de Igarapé Miri, da RI Tocantins, os quais venderam parte

da sua produção, no mercado municipal de Marapanim, da RI Guamá, diretamente aos

Page 43: Relatorio guama

43

agentes mercantis do setor de beneficiamento, só que neste caso, trata-se dos tradicionais

“batedores” que beneficiaram o fruto (in natura) para vendê-lo aos consumidores finais do

próprio município de Marapanim.

GRÁFICO 1- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI Guamá,

estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na composição do VBPα

total (local e extralocal), aproximadamente 71% foram

das vendas realizadas aos setores que compõem a demanda intermediária local, entre eles:

a indústria de beneficiamento, que pagou o equivalente a R$ 6,8 milhões; o setor de varejo

rural, responsável pela compra de R$ 1,6 milhão e, R$ 1,7 milhão foram oriundo da

compra realizada pelo setor de varejo urbano. O restante do VBPα

total (27%) foi das

vendas do setor da produção aos setores da demanda intermediária estadual: em torno de

R$ 3,8 milhões ao atacado e R$ 150,6 mil ao setor de indústria de beneficiamento. Por fim

R$ 317,6 mil (2% do VBPα

total) corresponderam ao valor recebido pelo setor da produção

pelas vendas efetivadas diretamente ao demandante final local, composto pelos consumos

das famílias. Porém, foram poucos os produtores com infraestrutura básica montada com

máquina de bater o açaí e o filtro de água, para iniciar o processo de beneficiamento deste

recurso, após sua coleta e, antes das vendas, o que provocaria um aumento significativo na

renda do produtor (Gráfico 1).

Ainda no sistema local, o varejo rural recebeu pelas vendas do produto in natura

mais de R$ 3 milhões (5% do VBP local), do qual mais de 79% foi do fornecimento do

Page 44: Relatorio guama

44

fruto in natura à indústria de beneficiamento local, dos quais 28% foram para agroindústria

de Castanhal. Assim como o setor de varejo urbano, constituído por grandes comerciantes,

recebeu R$ 4,6 milhões pelas vendas do fruto in natura ao setor de beneficiamento local

(59% do valor recebido pelo setor) e estadual (41% do valor recebido pelo setor), porém,

que este não realizou venda à agroindústria e sim somente para os batedores (Gráfico 1).

Por conseguinte, o setor de indústria de beneficiamento recebeu um montante no valor de

R$ 29,3 milhões (57% do VBP local), sendo que R$ 17,8 milhões corresponderam às

vendas aos demandantes finais locais realizados pelos inúmeros batedores deste fruto nos

18 municípios que compõem o mercado local, ou seja, RI Guamá e, R$ 11,4 milhões foram

do somatório das vendas realizadas pela agroindústria de Castanhal (RI Guamá) ao

mercado nacional, que representa dois agentes mercantis: as redes de supermercado (com

um representativo de 98% no valor recebido pelo setor) e consumidor final.

As vendas dos setores que integram o sistema estadual, com VBP estimado em

mais de R$ 22,4 milhões, o setor atacadista (dos municípios de Belém e Tomé Açu)

vendeu o produto in natura para a indústria de beneficiamento estadual, composto em sua

essência por batedores de açaí, recebendo R$ 7,3 milhões. Esses batedores, por

conseguinte, venderam para os consumidores finais desses respectivos municípios citados,

recebendo R$ 15,1 milhões. O VBP constituído no mercado nacional estimado em R$ 14,3

milhões recebeu a exclusiva participação do setor de varejo urbano (setor que corresponde

às redes de supermercado localizadas fora do estado do Pará), o qual vende tudo que

adquiriu para os consumidores finais nacionais.

Em resumo, no que se refere a atender a demanda final deste produto nos três

níveis de mercado, a comercialização deste produto, a partir da RI Guamá e, de outras

Regiões de Integração, teve no setor de indústria de beneficiamento o seu principal

aglutinador, diferenciando-se somente pelo papel que cada agente mercantil beneficiador

desenvolveu na cadeia. Enquanto os pequenos batedores forneceram o alimento para as

inúmeras famílias tanto da RI Guamá (mercado local), quanto para as do mercado estadual

(Belém, Marituba e Benevides da RI Metropolitana e Tomé Açu da RI Rio Capim). A

agroindústria, por sua vez, forneceu este produto beneficiado ao mercado nacional, tendo

como elo, antes do demandante final, as grandes redes de supermercado, que apresentam

uma demanda crescente pela polpa deste fruto, devido ao aumento do consumo, em

especial, nas academias e lanchonetes.

Page 45: Relatorio guama

45

Na RI Guamá, mais especificamente no município de Castanhal, há uma

concentração de agroindústrias (indústrias de beneficiamento de frutas), devido

principalmente ao preço praticado de comercialização do açaí junto a produtores,

atravessadores e grandes comerciantes, ser relativamente menor quando comparados com

preços praticados na RI Metropolitana, de modo especial a capital paraense, Belém, onde o

mercado consumidor é largamente maior e, sendo assim, teriam que concorrer com os

inúmeros batedores deste fruto na compra da matéria prima. Soma-se a este fato a questões

de infraestrutura de comercialização, isto é, logística, pois este município se localiza às

margens da Belém – Brasília (BR -010), o que facilita a via de acesso ao seu grande

mercado consumidor, além disso, também está mais próximo dos grandes centros

(municípios) fornecedores do fruto in natura, tal como aconteceu com o fornecimento da

RI Rio Caeté e Tocantina, na respectiva cadeia, no período de entressafra. No entanto,

apesar da competitividade dessas indústrias, os atravessadores continuam transacionando

parte da produção.

e) VAB - gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de

cada setor (%).

O VAB, equivalente ao Valor Transacionado Efetivo (VTE), ao longo da cadeia

de comercialização do açaí, desde o setor alfa (produção local e extralocal) da RI Guamá

até os consumidores finais, contabilizou um valor superior a R$ 47,5 milhões, que

constituiu uma margem bruta, ou mark-up total, na comercialização na ordem de 228%

(Gráfico 2). Do VAB total, 75% foram constituídos no âmbito local, 19% no âmbito

estadual e 6% no mercado nacional.

O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia está em

processo de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação

e/ou majoração de preço que este produto adquiriu nos setores, ao longo da cadeia de

comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também, a forma como essa

riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente,

para a sua geração. A margem, calculada a partir da relação entre a diferença do VAB (R$

47,5 milhões) com o VBPα

total (R$ 14,5 milhões), pelo valor do VBPα

total (R$ 14,5

milhões, expõe em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao produto, a partir do

setor alfa (α), até o consumidor final, incluindo todos os custos de produção e

comercialização do produto analisado, que não foram captados pela pesquisa.

Page 46: Relatorio guama

46

GRÁFICO 2- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da RI Guamá, estado

do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Do VAB constituído nos dezoito municípios da RI Guamá, estimado em R$ 35,8

milhões, o setor que mais agregou e, deste modo, com maior participação na formação

deste valor foi a indústria de beneficiamento local com R$ 17,3 milhões, com os inúmeros

batedores e uma agroindústria, em função do poder de negociação e compra que mantém

com os outros agentes locais, o qual adquiriu um produto in natura a preços bem mais

atrativos em relação ao mercado estadual e, o vendeu tanto para o consumidor final local

quanto para o mercado nacional, um produto beneficiado (pasteurizado e congelado

quando enviado para o nacional). Este setor obteve uma margem de comercialização

(mark-up do setor) de 144%, calculado pela diferença do valor estimado para o VTE, que

corresponde ao VAB do setor (R$ 17,3 milhões), dividido pelo VBP pela ótica da demanda

(R$ 11,9 milhões), ou seja, compra de insumos realizada pelo setor. Ainda no sistema

local, tanto o varejo urbano (grandes compradores nos centros urbanos dos municípios)

quanto o varejo rural (os atravessadores) que adicionaram, respectivamente, R$ 2,6

milhões (com mark-up de 132%) e R$ 1,4 milhão (mark-up 83%), através do processo de

majoração de preço, antes das venda ao setor de beneficiamento. O setor da produção

agregou aproximadamente R$ 14,5 milhões (Gráfico 2), equivalente a 32% do VAB local,

pois foi quem realizou o beneficiamento primário do produto, que a grosso modo

significou os processos de extração/colheita, debulha e preenchimento das rasas com o

fruto in natura. Convém ressaltar, que o setor da produção transacionou o valor efetivo

somente no que se referiu às vendas do produto e, por isso, não foi estimado o seu valor de

mark-up.

Page 47: Relatorio guama

47

O sistema estadual, cuja agregação de valor foi em torno de R$ 8,9 milhões, a

indústria de beneficiamento, setor composto somente por batedores, foi que mais

adicionou, R$ 5,5 milhões (com mark-up de 58%), seguido pelo atacado com valor

adicionado de R$ 3,4 milhões (e mark-up de 86%). No entanto, enquanto a indústria

adicionou pela ação de beneficiamento do fruto em polpa, os setores do varejo adicionaram

pela majoração de preço. Na esfera nacional só quem adicionou valor foi o setor de varejo

urbano com R$ 2,8 milhões, com um mark-up de 25%, pelo processo de majoração de

preço (Gráfico 2), mostrando que o fruto já ganhou importância nesse mercado.

De modo geral, ao longo da cadeia de comercialização deste fruto, as indústrias de

beneficiamento (local e estadual) foram responsáveis por aproximadamente 48% do VAB

total, estimado em R$ 47,5 milhões. O setor alfa deste modelo, ou seja, os agroextrativistas

foram responsáveis pela agregação de 30% e o comércio (onde atuam os varejistas rurais e

urbanos e os atacadistas, ou seja, todos os atravessadores) contribuiu com

aproximadamente 22%, demonstrando o quanto este produto é importante para a geração

de emprego e renda na economia desta região, mais precisamente no setor de produção,

beneficiamento e comércio.

f) Renda Bruta Total (RBT), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do

açaí.

A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização deste produto e

estimada em R$ 88,1 milhões formou-se a partir da soma de compra de insumo (VBP pela

ótica da demanda) no valor de R$ 40,6 milhões, realizado pelos setores da demanda

intermediária, com Valor Transacionado Efetivo (VTE), que corresponde ao VAB

constituído ao longo da cadeia em R$ 47,5 milhões, tanto pelos setores da demanda

intermediária quanto o setor da produção. O sistema local foi responsável por mais de

58,3% desta renda, o estadual 25,5% e o nacional 16,2%, conforme o Gráfico 3.

Na RI Guamá, identificado como mercado local, o setor de indústria de

beneficiamento (batedores e agroindústria) foi quem gerou a maior renda bruta no valor de

R$ 29,2 milhões, pois comprou o açaí na sua forma in natura no valor de R$ 11,9 milhões

junto aos setores intermediários (varejo rural e urbano) e da produção (local e no período

de entressafra da produção extralocal) e, adicionou um montante de R$ 17,3 milhões com o

seu beneficiamento (Gráfico 3). O varejo rural gerou uma renda bruta no valor de R$ 3

milhões, resultante da soma da compra de insumo no valor em torno de R$ 1,6 milhão

junto ao setor da produção e, na maioria das vezes, in loco, e agregação de R$ 1,4 milhão.

Page 48: Relatorio guama

48

O varejo urbano, por sua vez, comprou insumos no valor de R$ 2 milhões junto ao varejo

rural e setor da produção nos pontos de comercialização nos centros urbanos e, adicionou

R$ 2,6 milhões, gerando uma renda bruta no valor de R$ 4,6 milhões.

GRÁFICO 3– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Guamá,

estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na esfera estadual, com renda bruta contabilizado em R$ 22,4 milhões, quem

mais atuou para a formação deste montante foram os batedores (indústria de

beneficiamento), com mais de R$ 15,1 milhões, obtidos com a soma do valor agregado de

R$ 5,5 milhões e do valor do insumo (açaí in natura) comprado no valor de R$ 9,6

milhões, sendo R$ 2,3 milhões junto aos setores ofertantes advindos da região (produção,

varejo rural e varejo urbano) e R$ 7,3 milhões do atacadista estadual. E, o atacado que

gerou uma renda no valor de aproximadamente R$ 7,3 milhões, gerados pela compra do

açaí in natura o valor de R$ 3,9 milhões junto ao setor de produção e varejo rural e,

agregação de valor em torno de R$ 3,4 milhões (Gráfico 3). Na esfera nacional, o varejo

urbano comprou o açaí beneficiado (polpa pasteurizado e congelado) pelo setor de

indústria de beneficiamento local, mais especificamente da agroindústria do município de

Castanhal (RI Guamá), o valor de R$ 11,4 milhões, e adicionou o equivalente a R$ 2,9

milhões, gerando uma renda bruta o valor de R$ 14,3 milhões. Estes valores, gerados no

Page 49: Relatorio guama

49

âmbito estadual e nacional, demonstram a importância que o açaí teve para a economia da

região, no que tange a geração de renda e emprego.

Entretanto, dos R$ 88,1 milhões gerados e circulados na cadeia de

comercialização deste produto, apenas 13% deste montante (R$ 14,5 milhões)

correspondeu ao valor retido pelo setor que dá origem a toda a cadeia, ou seja, os

agroextrativistas. Pois, muitos foram os motivos que, agindo concomitantemente,

contribuíram para tal problemática: as vendas do produto foram parcialmente maiores, na

sua forma in natura, para os atravessadores; a falta de uma melhor organização social (seja

em forma de sindicato ou via cooperativa) fez com que as suas vendas tenham sido

dispersas e vendidas em maior quantidade para os setores que não estão ligados ao

beneficiamento; o local de produção/extração do produto se encontra distante dos centros

consumidores, o que por sua vez, pelo alto custo do transporte, acaba lhe impondo

dependências em relação à comercialização, ou seja, o escoamento de parte da produção

foi realizado por intermédio de terceiros (atravessadores). Esses entraves, mas não os

únicos, contribuíram para que preços médios praticados ficassem muito aquém do que na

verdade poderiam ter sido. Fato que se comprova quando se compara o preço pago aos

agroextrativistas pelo setor de beneficiamento com o preço pago pelos atravessadores,

conforme item (c) da cadeia 4.2.1 do açaí.

4.2.2 Mel

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do mel.

Foram identificados trinta e quatro agentes mercantis, dentre estes 78% são

produtores/apicultores, 17% atravessadores e 5% comerciantes. Dentre os entrevistados

foram identificados 59% que trabalham somente com o mel e 38% com outros produtos

(cupuaçu, muruci, taperebá, carvão, pupunha, biribá, uxi, castanha-do-brasil, cajarana,

muruci e açaí). O tempo que atuam com o produto mel varia de 10 a 20 anos. Foi

identificada a grande presença da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

fomentando a intermediação entre as prefeituras e os produtores, geralmente na forma de

associações e cooperativas, dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Cerca de 30% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que variam de 5 a

157 ha, alguns produtores se utilizam das áreas de vizinhos para deixar suas caixas de

abelha. No que se refere ao armazenamento (espaço físico), 26% dos agentes possuem tais

espaços com dimensões que variam de 2 a 48 m². Com relação ao transporte próprio, 44%

Page 50: Relatorio guama

50

possuem meios de transporte, quantificados em seis bicicletas, seis motos, dois carros, dois

caminhões e um carro de mão.

Referente a maquinários e equipamentos foram identificados dez centrífugas, um

decantador, seis mesas desoperculadoras, um alveolador de cera, uma balança, dois

formões e cinco fumegadores. Somente sete apicultores possuem equipamentos de

proteção individual- EPI. As localizações destes agentes encontram-se na Figura 6.

FIGURA 6- Localização dos agentes mercantis do mel na RI Guamá, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Metade dos agentes entrevistados trabalha com o produto mel o ano inteiro, os

demais dividem o tempo com outras atividades relacionadas.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do mel:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Provinda de agricultores familiares que desenvolvem atividades

agrícolas tradicionais e a apicultura como mais uma alternativa de renda, sendo que alguns

fazem parte de associações de apicultores;

Atacado: Composto por associações que adquirem o mel diretamente de seus

associados e vendem para os consumidores locais e estaduais. Os associados levam o mel

Page 51: Relatorio guama

51

já envasado para serem rotulados nas associações, onde é feita a comercialização para o

mercado consumidor;

Varejo urbano: Constituído por comerciantes e/ou feirantes que compram da

produção e vendem para o consumidor final local ou mesmo para o próprio setor o mel em

litro ou fracionado;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Atacado: Representado pela Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, que

atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome (MDS), sendo o intermediador responsável pelo abastecimento da

merenda escolar na própria região e no Estado;

Varejo urbano: Trata-se de um feirante localizado na região metropolitana de

Belém que comercializa o mel para o consumo local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel.

No principal canal de comercialização do mel foi identificada a presença da

Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)3, que atua no Programa de Aquisição de

Alimentos (CONAB, 2011), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

(MDS) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), sendo o intermediador

responsável pelo abastecimento da merenda escolar e entidades sociais no mercado local e

estadual (Figura 7). Foi classificada como atacadista estadual que comercializou 67,2% da

produção local, sendo em torno de 33 toneladas (44,8% do volume da produção

identificada) de mel vendido para o consumidor estadual e 16,7 toneladas (22,4% do

volume da produção identificada) para o consumidor local.

Outros canais importantes referem-se a venda direta dos apicultores para com os

consumidores locais comercializando 19,8% da produção, com os consumidores estaduais

8,3% da produção (Figura 7) e, também, com o varejo urbano estadual 1,6%. O setor

atacadista local formado por associações de apicultores vendeu em torno de 1,6%

diretamente para os consumidores estaduais e 0,3% para os consumidores locais.

3 A CONAB é a empresa oficial do Governo Federal, encarregada de gerir as políticas agrícolas e de

abastecimento, promovendo por meio seguro a comercialização eletrônica de produtos e serviços

relacionados às atividades finalísticas e de produtos e insumos para terceiros e, também, presta serviço de

armazenagem e de classificação de produtos agrícolas. Atua em todo o território nacional por meio de suas

superintendências regionais localizadas nos estados.

Page 52: Relatorio guama

52

FIGURA 7- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Guamá,

estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do mel, no

período de 2008 a 2009.

O setor da produção local pratica preços de venda diferenciados, pois além de

apicultores isolados existem também associações que comercializam grandes quantidades

através de contratos de venda para a CONAB. Portanto, os preços médios praticados entre

os diferentes produtores locais são determinados pela quantidade comercializada.

Nesse contexto o setor da produção local vende diretamente para o atacado local

(atravessadores) ao preço de R$ 4,21/l (Figura 8), para a CONAB (atacadista estadual) a

R$ 9,38/l, para o consumidor estadual a R$ 12,97/l, para o consumidor local a R$ 10,44/l,

para o varejo urbano local a R$ 8,71/l e para o varejo urbano estadual a R$ 9,00/l.

Enquanto as associações (atacadista local) vendem para os consumidores locais a

R$ 10,00/l, e para os consumidores estaduais a R$ 8,00/l, neste caso em feiras livres.

Page 53: Relatorio guama

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FIGURA 8- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia

de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do mel.

O valor recebido pelos agentes que realizaram a venda (oferta) do mel a partir da

RI Guamá, estimado na ordem de R$ 1,3 milhão, correspondente ao VBP sob a ótica da

oferta, o qual se equalizou com a participação predominante 61% dos setores no âmbito

local e 39% dos setores do mercado estadual (Gráfico 4). O mesmo acontecendo com a

demanda deste alimento, apesar do consumo local ter correspondido a 46% da oferta, o

mercado estadual consumiu a maior parte 54%.

Do VBP total constituído no mercado local, o valor arrecadado pelo setor da

produção local (VBPα), setor onde se encontram os apicultores individuais e os

organizados em associação, foi estimado em aproximadamente R$ 759,7 mil, equivalente a

97%, aproximadamente, do VBP local (Gráfico 4). Na composição deste valor, mais de

R$ 515,5 mil (68% do VBPα) foram oriundos das vendas aos setores que compõem a

demanda intermediária, dentre os quais, ao setor atacadista estadual, representativo pela

Conab/Belém, responsável por R$ 490,3 mil, que corresponde a mais de 65% das vendas

do setor. No tocante ao restante do VBPα, foi oriundo das vendas em que o setor da

produção realizou diretamente aos demandantes finais locais e estaduais, que no total

contabilizaram R$ 244,1 mil, sendo mais de R$ 160,7 mil obtidos a nível local e, mais de

Page 54: Relatorio guama

54

R$ 83,4 mil foram das vendas aos consumidores finais estaduais, mais especificamente

consumidores da capital do estado do Pará, pertencente à RI Metropolitana.

GRÁFICO 4- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI Guamá,

estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Com relação ao VBP adquiridos pelos outros setores que compõem o mercado

local, o atacado, que apresenta em sua composição as associações de apicultores dos

municípios de Colares e Santa Izabel do Pará, recebeu um valor equivalente a R$ 12,3 mil,

que corresponde a 1,6% do VBP local, pelas vendas para o consumidor final local (19%) e

estadual (81%). Faz-se necessário explicitar que entre essas associações, existem as que

concentram a responsabilidade de venda e posterior repasse aos associados, retendo assim,

apenas um percentual sob a receita para manter a instituição funcionando, denominada de

taxa administrativa e, neste caso foram as que venderam para a Conab. No entanto, na

maioria dos casos, ela realiza a compra junto aos associados, pagando um preço “justo”, a

fim de reter, após a venda diretamente ao consumidor, o montante para a associação. Em

seguida, o varejo urbano, categoria dos feirantes e proprietários de pequenas mercearias

e/ou tabernas, constituiu um VBP na ordem de R$ 12,6 mil, sendo 91% oriundos das

vendas realizadas diretamente para o consumidor final local e 9% para agentes do mesmo

setor: transação realizada entre uma feirante que comprou o produto de um atravessador

(Gráfico 4).

Page 55: Relatorio guama

55

Com relação ao VBP estadual, estimado em R$ 508,5 mil, cujos atacadistas

(composto pela Conab), constituiu 97% deste valor, com as vendas realizadas diretamente

aos consumidores finais locais e estaduais, sendo que este último obteve uma

representatividade de aproximadamente 67% nas vendas do setor. O restante do VBP

estadual em torno de R$ 15 mil foi de responsabilidade do setor de varejo urbano,

representativo dos feirantes do município de Belém, capital paraense (Gráfico 4).

Dos R$ 1,3 milhão gerados pela comercialização do mel a partir da RI Guamá, R$

759,7 mil corresponderam às vendas dos apicultores, dos quais 32% foram das vendas

diretamente aos consumidores finais, sendo 21% local e 11% no âmbito estadual. Isto

significa, em termos gerais, que as vendas para o mercado nacional nem aconteceu, seja

por falta de investimentos em padronização de comercialização deste produto devido ao

custo (embalagem, especificações técnicas e de origem do produto no rótulo, transporte),

seja por falta de um incentivo maior, por parte dos órgãos de fomento à atividade, no que

se referem à assistência técnica, financiamentos, liberação de alvarás, licenciamento

ambiental e, o mais importante, por seu efeito de curto prazo, com a revitalização e/ou

criação de pontos de comercialização, tal como feira do produtor, a fim de que os agentes

mercantis, que têm nesta atividade sua (ou uma das) fonte de renda, possam ampliar seus

nichos de mercado. E, apesar destes entraves, os apicultores venderam para o setor do

atacado estadual, que correspondeu às transações realizadas com a Companhia Nacional de

Abastecimento – Conab/Belém, através do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA,

demonstrando que, a maioria dos apicultores está procurando melhorar sua renda através

da inserção em associações.

e) VAB – gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de

cada setor (%).

O VAB, equivalente ao valor transacionado efetivo (VTE), ao longo da cadeia de

comercialização do mel, desde o setor alfa (produção/extração local) da região de

integração Guamá até a demanda final, foi estimado em aproximadamente R$ 776,5 mil,

que constituiu uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na

comercialização de 2% (Gráfico 5). Esta margem, calculada a partir da relação entre a

diferença do VAB (R$ 776,5 mil) com o VBPα

(R$ 759,7 mil), pelo VBPα

(R$ 759,7 mil),

expõem em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de

comercialização do mel, a partir do setor alfa (α), até o consumidor final, incluindo todos

os custos de produção e comercialização do produto analisado, que não foram captados

pela pesquisa.

Page 56: Relatorio guama

56

O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia está em

processo de crescimento, uma vez que expõe as ações de beneficiamento, transformação

e/ou majoração de preço que este produto (de origem animal) adquiriu nos setores, ao

longo da cadeia de comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também,

a forma como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta

ou indiretamente, para a sua geração.

GRÁFICO 5- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do mel da RI Guamá, estado

do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O VAB total, acima citado foi predominantemente (99%) direcionado aos setores

situados nos quinze municípios que compõem a RI Guamá, que teve no setor da produção

a sua maior representação, pois os apicultores agregaram aproximadamente R$ 759,7 mil

(Gráfico 5), equivalente a 99% do VAB local, com a realização do beneficiamento

primário do produto, que a grosso modo significou os processos de colheita das

melgueiras, transporte até a “casa do mel”, onde se encontram os equipamentos

(melgueiras, decantador, centrífuga entre outros) e utensílios (em aço inox, na maioria dos

casos) para se obter mel. Convém ressaltar que o setor da produção transacionou o valor

efetivo somente no que se referiu às vendas do produto e, por isso, não foi estimado o seu

mark-up, pois a origem deste percentual corresponde à divisão do valor adicionado bruto

(VAB ≈ ao VTE) realizado pelo setor com o seu valor da compra de insumo, isto é, VBP

sob a ótica da demanda.

Page 57: Relatorio guama

57

Os outros R$ 9,8 mil do VAB local foram constituídos por ações realizadas

simultaneamente, antes das vendas aos demandantes finais, como: majoração de preços,

envasamento do produto em garrafas menores de vidro ou ainda em garrafas PET (600 ml)

e, a colocação do rótulo informando apenas a origem (atacado). Na formação deste valor, o

setor atacadista adicionou em torno de R$ 6,1 mil e, constituiu um mark-up de 98% (maior

índice ao longo da cadeia de comercialização) e, o setor de varejo urbano adicionou R$ 3,7

mil, apresentando um mark-up de 41% (Gráfico 5).

No que tange ao VAB realizado pelos setores que compõem o mercado estadual,

estimado em R$ 7 mil, devido às mesmas ações do parágrafo anterior, o varejo urbano

adicionou um valor próximo a R$ 3,8 mil (54% do VAB estadual) apresentando um mark-

up de 33% e, os atacadistas que apesar de terem adicionado R$ 3,2 mil (46% do VAB

estadual) acabaram constituindo um mark-up de apenas 1%, menor índice ao longo da

cadeia de comercialização (Gráfico 5).

Logo, no que refere ao VAB total ou VTE, observou-se que os apicultores da

região em estudo, conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados na

região e fora dela, seja pelo grau de especialização/negociação, seja pelas poucas ações de

beneficiamento, transformação ou incremento tecnológico que este recurso adquiriu após o

beneficiamento primário, realizado pelos setores antes do demandante final. Fato que se

comprovou com o valor que foi adicionado pelos outros setores da demanda intermediária,

R$ 16,7 mil (2,15% do VAB total), que só conseguiram agregar valor ao produto, antes das

vendas ao demandante final, através da divisão do produto em frascos menores,

padronização das embalagens antes da comercialização e a majoração de preço.

f) Renda Bruta Total (RBT), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do

mel.

A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do produto foi estimada

em aproximadamente R$ 1,3 milhão, formando-se a partir da soma de compra de insumo

(VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 516,6 mil, que corresponde à compra dos

setores da demanda intermediária, com o VAB total (≈ VTE), formado ao longo da cadeia

e, orçado em R$ 776,4 mil. Este valor da RBT foi gerado com a participação dos setores

que compõem o sistema local e estadual (Gráfico 6).

Na formação da RBT, o setor considerado alfa deste modelo (α), isto é, os

apicultores foram os que obtiveram a maior renda verificada ao longo de toda cadeia, no

valor de R$ 759,7 mil (Gráfico 6), equivalente a 59% de toda RBT gerada e circulada e,

Page 58: Relatorio guama

58

resultante das vendas para os setores econômicos que constituem tanto a demanda

intermediária local e estadual, sendo mais predominante (em torno de 65%) as vendas para

o setor atacadista estadual, ou seja, para a Conab/Belém. Eles também venderam

diretamente aos consumidores finais locais e estaduais, sendo, neste caso, mais observada

às vendas no âmbito local. Salienta-se, no entanto, que este valor da RBT, obtida pelo setor

(R$ 759,7 mil), poderia ser maior, se as ofertas de outros produtos oriundos desta atividade

tivessem sido também comercializadas, pois além da renda, essas outras atividades

possibilitariam o aumento do nicho de mercado. Entre os produtos com potencial de

mercado encontram-se a cera e a própolis, ambos largamente utilizados pelas indústrias

farmacêuticas e cosméticas. Assim como, há uma carência de feiras e mercados, haja vista

que na maioria dos municípios da região, estes pontos de comercialização se encontravam

inutilizáveis ou até mesmo inexistentes.

GRÁFICO 6– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Guamá,

estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Por conseguinte, o setor de varejo urbano local gerou uma renda equivalente a R$

12,6 mil, resultante da soma da compra de insumo no valor de R$ 8,9 mil junto aos

apicultores e agentes do mesmo setor e agregação de valor de aproximadamente R$ 3,7

mil. O atacado local comprou insumos no valor de R$ 6,3 mil junto aos setores de

Page 59: Relatorio guama

59

produção, atacado e de agentes do próprio setor e, adicionou mais de R$ 6,1 mil, gerando

uma renda bruta no valor de R$ 12,3 mil, aproximadamente (Gráfico 6).

No que compete analisar a renda gerada e circulada no âmbito estadual, o setor

atacadista arrecadou um montante no valor de R$ 493,5 mil, resultante da soma de compra

do insumo no valor de R$ 490,3 mil junto aos apicultores e agregação de valor de R$ 3,2

mil. E o setor de varejo urbano gerou uma renda bruta no valor de R$ 15 mil, pois comprou

mais de R$ 11,3 mil em mel dos produtores e adicionou um montante de R$ 3,8 mil sem

beneficiá-lo, antes das vendas aos consumidores finais locais (Gráfico 6). Esses setores

juntos compõem a renda gerada e circulada no mercado estadual, estimada em R$ 508,5

mil, correspondente a 39% da RBT total.

4.2.3 Cupuaçu

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do cupuaçu.

Foram identificados noventa e três agentes trabalhando com o cupuaçu (Figura 9),

sendo que 50% são produtores, 30% atravessadores, 19% comerciantes e uma

agroindústria localizada no município de Castanhal.

Dos entrevistados, 56% comercializam o cupuaçu fruto e 44% trabalham com a

polpa. Dentre os agentes 12% trabalham exclusivamente com o cupuaçu e 88%

comercializam outros produtos, tais como: taperebá, carvão, uxi, pupunha, muruci, mel,

castanha-do-brasil, biribá, urucum, açaí, andiroba, bacuri, cajarana, palmito, tucumã,

piquiá, cacau e ingá. O tempo de trabalho no ramo varia de 1 a 25 anos, e 94% dos agentes

possuem propriedade rural com áreas que variam de 2 a 50 ha.

Page 60: Relatorio guama

60

FIGURA 9- Localização dos agentes mercantis do cupuaçu na RI Guamá, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do

cupuaçu:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Constituída por agentes que comercializam o fruto in natura e em

forma de polpa, com beneficiamento primário do cupuaçu (despolpamento artesanal) para

obtenção de melhor preço de venda na safra e na entressafra;

Varejo rural: São pequenos comerciantes que se deslocam até as comunidades

para adquirir o cupuaçu in natura ou na forma de polpa dos produtores locais. A maioria

dos atravessadores também realizam o despolpamento dos frutos artesanalmente (para

melhor preço de venda na safra e entressafra);

Indústria de beneficiamento: Agroindústrias processadoras de polpa de frutas

localizadas nos municípios de São Francisco do Pará e Castanhal;

Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes que realizam a venda do cupuaçu

in natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Page 61: Relatorio guama

61

Indústria de transformação: Composta por lanchonetes que adquirem polpa de

cupuaçu e as transformam em diferentes produtos finais como sucos, vitaminas, sorvetes

entre outros;

Atacado: Constituído pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que

atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome (MDS), cuja função é intermediar a compra da produção local e repassar

para prefeituras que distribuem para instituições de ensino e saúde;

Varejo urbano: São os feirantes e atravessadores que realizam a venda do cupuaçu

in natura ou na forma de polpa;

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Varejo urbano: Formado pelo comercio varejista (feirantes e supermercados) que

comercializam o cupuaçu em polpa.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu.

Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos dezoito municípios,

se caracterizam por canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes

intermediários entre a produção local até o consumidor final (Figura 10). O principal nível

de canal de comercialização do cupuaçu identificado com maiores quantidades é composto

pelo setor varejo rural (atravessadores) que comercializa 30,9% da quantidade do fruto,

que comprou exclusivamente da produção local e vendeu para o mercado local e mercado

estadual. No mercado local estes varejistas rurais venderam 0,3% para o varejo urbano

local (feirantes e comerciantes) e 6,3% para os consumidores principalmente nas margens

de rodovias e em feiras livres. Por outro lado, estes atravessadores também vendem para o

mercado estadual 14,2% do cupuaçu in natura na época da safra nas principais feiras livres

diretamente para os consumidores, 5,5% diretamente para os feirantes a polpa do fruto e

4,6% através de encomenda de polpa para as lanchonetes na região metropolitana de

Belém.

A indústria de beneficiamento local comprou 13,5% da produção do fruto in

natura e vendeu a polpa para o consumidor estadual (10,1%) e para o varejo urbano

nacional (3,4%) (Figura 10). Os produtores também realizam a venda direta, ou seja, sem

a presença de intermediários. Pois, uma característica comum entre estes produtores

envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu local é a realização do

beneficiamento primário do fruto na forma de polpa. O sistema de comercialização

Page 62: Relatorio guama

62

consiste na venda do fruto in natura na época da safra e a comercialização da polpa do

fruto nas principais feiras locais e na RI Metropolitana. Nesse contexto, o setor da

produção vendeu 15,5% diretamente para os consumidores locais, 17,2% para os feirantes

locais, 18,6% para os consumidores estaduais, 0,2% para o setor atacadista estadual

(CONAB), 3,7% para os feirantes estaduais e 0,4% para os varejistas nacionais (neste caso

são os produtores do município de Vigia vendendo para os atravessadores do estado do

Maranhão).

FIGURA 10- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do cupuaçu, no

período de 2008 a 2009.

O preço médio de compra de insumo (cupuaçu) praticado pelas indústrias de

beneficiamento locais com os produtores foi de R$ 0,95/un. (Figura 11). Por outro lado os

preços de venda praticados pelas indústrias de beneficiamento locais foram: R$ 0,98/un.

com os varejistas urbanos nacionais e R$ 1,33/un. para o consumidor estadual. O varejo

rural comprou da produção a R$ 0,73/un. e vendeu para setores estaduais a preços que

variaram de R$ 1,02 a R$ 2,00/un., enquanto que no âmbito local vendeu a R$ 1,26 e R$

1,65/un.. O preço de compra praticado pelo varejo urbano local com os produtores locais

foi em média R$ 0,93/un. e com os varejistas rurais foi R$ 1,26/un. (na forma de polpa ou

in natura), e venderam em média a R$ 1,77/un. para os consumidores locais.

Page 63: Relatorio guama

63

O varejo urbano estadual comprou da produção local a R$ 1,00/un. e do varejo

rural a R$ 1,02/un. e revendeu o cupuaçu para a indústria de transformação estadual a R$

1,50/un. e por R$1,84/un. para os consumidores estaduais (Figura 11).

Os preços médios de venda de insumo praticados pelos produtores locais de

cupuaçu oscilam entre R$ 0,73/un. a R$5,00/un. em função da forma de comercializar o

fruto (isto é, cupuaçu in natura ou polpa), pelo processo rústico de beneficiamento e pela

falta de capacidade de armazenamento.

FIGURA 11- Preço médio do cupuaçu (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre

os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado

do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.4 Muruci

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do muruci.

Foram identificados trinta e um agentes que trabalham com muruci (Figura 12),

sendo uma agroindústria localizada no município de Castanhal (que atua no ramo há 18

anos, 58% são produtores, 32% atravessadores e 13% comerciantes. Entre estes agentes,

45% trabalham exclusivamente com o muruci e 54% trabalham com outros produtos

(cupuaçu, taperebá, carvão, uxi, castanha-do-brasil, biribá, açaí, tucumã, andiroba, mel,

urucum, cacau e pupunha).

Page 64: Relatorio guama

64

FIGURA 12- Localização dos agentes mercantis do muruci na RI Guamá, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Dentre os entrevistados, 29% dos produtores possuem propriedades rurais com

áreas que variam de 0,5 a 6,25 ha. Somente um agente possui armazém (Ind.

Beneficiamento) com capacidade para 35 toneladas. Referente aos meios de condução,

48% possuem transporte, onde foram totalizados um caminhão baú (capacidade para 4

toneladas), onze bicicletas, nove motos e um carro. Em relação aos equipamentos para o

trabalho com a fruta 16% dos agentes possuem algum tipo, tais como: um liquidificador

industrial, duas seladoras de sacos, uma despolpadeira, uma geladeira, duas maquinas de

bater açaí, quatorze freezers (capacidade de 140 l a 500 l).

A mão de obra predominante é a familiar, porém uma empresa opera com 12

funcionários. O valor pago mensal pelo trabalho na empresa é de R$ 460,00 e os demais

pagam entre R$ 0,20 a R$ 0,30 por litro coletado.

Para melhorar a capacidade de produção foi relatado que necessitam de

maquinários, assistência técnica para um melhor manejo na coleta dos produtos e

financiamento para conseguir realizar todas essas melhorias.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do

muruci:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Page 65: Relatorio guama

65

Produção: Constituída por agentes que comercializam o fruto in natura em

embalagens de garrafa (Pet) ou em sacos plásticos de 1 litro;

Varejo rural: São pequenos comerciantes que se deslocam até as comunidades

para adquirir o muruci in natura;

Indústria de beneficiamento: Agroindústria processadora de polpa de frutas

localizadas nos municípios de São Francisco do Pará e de Castanhal;

Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes que realizam a venda do muruci in

natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Composta por lanchonetes que adquirem polpa de

cupuaçu e as transformam em diferentes produtos finais como sucos, vitaminas, sorvetes

entre outros;

Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes que realizam a venda do muruci in

natura ou na forma de polpa;

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Varejo urbano: Formado pelo comercio varejista (feirantes e supermercados) que

comercializam o muruci em polpa.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do muruci.

O principal canal de comercialização refere-se à venda de 50,3% da produção do

muruci para o varejo rural (atravessadores), que revendem 2,4% diretamente em feiras ou

em estradas para os consumidores locais, 1,5% para os feirantes locais, 0,3% para as

lanchonetes estaduais e através de feiras livres, 46,1% para os feirantes estaduais. Por outro

lado, 40,8% da produção local foi comercializada pelo setor da indústria de beneficiamento

que vendeu 39,6% para o varejo urbano estadual e 1,2% para o varejo nacional (Figura

13). Os produtores locais vendem 6,5% da produção diretamente para os feirantes locais e

também existe o canal direto entre o produtor local e o consumidor local que comercializou

somente 2,4% da produção.

Page 66: Relatorio guama

66

FIGURA 13- Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci comercializado na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do muruci, no

período de 2008 a 2009.

Os preços médios do muruci praticados entre os diferentes agentes da cadeia de

comercialização são determinados pela safra do fruto transacionado e pela distância

percorrida pelos produtores.

O varejo rural compra diretamente dos produtores locais ao preço médio de R$

0,87/l e revende localmente para o varejo urbano a R$ 1,66/l e aos consumidores da RI

Guamá a R$ 1,11/l e, na esfera estadual para o varejo urbano ao preço de R$ 1,31/l e o

setor de transformação a R$ 3,00/l para a indústria de transformação (lanchonetes) devido

à pequena quantidade (Figura 14).

As indústrias de beneficiamento locais compram da produção a R$ 1,26/l e

vendem na forma de polpa a R$ 2,00/l para o varejo urbano estadual e a R$ 2,50/l para o

varejo urbano nacional (Figura 14). Quando os consumidores locais compram direto da

produção o preço médio foi de R$ 2,25/l.

Page 67: Relatorio guama

67

FIGURA 14- Preço médio do muruci (R$/l do fruto in natura) praticado nas transações

entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da Região de

Integração Guamá, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.5 Taperebá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do taperebá.

Foram identificados doze agentes comerciantes (Figura 15), dos quais 66% são

atravessadores, 16% feirantes, 8% produtores e duas agroindústria. Todos trabalham

paralelamente com outros produtos (cupuaçu, muruci, carvão, pupunha, uxi, mel, castanha-

do-brasil, cajarana, biribá, açaí e bacuri).

Foi identificado que somente a indústria possui armazém e o mesmo com

capacidade para 35 toneladas. A indústria possui todo maquinário necessário para o

beneficiamento do produto. Tem um quadro de funcionários de 12 pessoas no período da

safra e 10 pessoas na entressafra, pagando mensalmente o valor de R$ 460,00. Estima-se

que sete agentes (cinco atravessadores, um feirante e um produtor) trabalham com o

produto somente durante a safra, os demais recorrem à outra forma de renda e declararam

ter problemas principalmente com a armazenagem, a causa seria a quantidade insuficiente

dos freezers e a queda de energia constante.

Page 68: Relatorio guama

68

Foram relatados vários pontos a serem considerados para melhorar a produção

sendo estes: financiamento, local adequado para armazenagem e maquinário para

padronizar o produto.

FIGURA 15- Localização dos agentes mercantis do taperebá na RI Guamá, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do

taperebá:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Composta por agricultores locais, encontrados na pesquisa, que fazem a

coleta do taperebá na safra;

Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram o taperebá in natura do setor da produção;

Indústria de beneficiamento: Inclui as empresas que realizam o processamento do

taperebá in natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa de produção de polpa

congelada voltada para o mercado estadual e a voltada para atender o mercado (inter)

nacional de polpas regionais;

Varejo urbano: São feirantes que comercializam o taperebá in natura para o

consumo local;

Page 69: Relatorio guama

69

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Composto por lanchonetes que adquirem o taperebá in

natura diretamente dos atravessadores;

Varejo urbano: Composta por feirantes da RI Metropolitana, que adquirem o fruto

in natura na safra;

NACIONAL

Varejo Urbano: São redes de supermercados que comercializam a polpa do fruto

do taperebá nacionalmente.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do taperebá.

O principal nível de canal de comercialização do taperebá (Figura 16) identificado

com as maiores quantidades é a compra da indústria de beneficiamento de 81,8% do total

da produção local identificada, que vendem 28,6% para o setor do varejo urbano estadual e

53,2% para o mercado nacional, na forma de polpa congelada. Este setor de

beneficiamento é composto por agroindústrias localizadas nos municípios de São Francisco

do Pará e de Castanhal.

FIGURA 16- Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá comercializado na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O varejo rural comercializa 8,8% da quantidade identificada do fruto, que é

comprado diretamente dos produtores e vendido 4,6% para os consumidores estaduais,

Page 70: Relatorio guama

70

3,9% para os feirantes estaduais (varejo urbano) e 0,3% para sorveterias estaduais

(transformação) (Figura 16). Esses atravessadores (varejo rural) se deslocam até as feiras

livres, sorveterias e comerciantes para entregar o taperebá in natura.

O setor da produção local também comercializa diretamente 9,2% com os

consumidores estaduais, 0,2% com os feirantes estaduais e 0,02% com os feirantes locais

(Figura 16).

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do taperebá, no

período de 2008 a 2009.

As indústrias de beneficiamento local compram da produção a R$ 0,79/kg e

vendem na forma de polpa a R$ 3,00/kg para o varejo urbano estadual e a R$ 1,76/kg para

o varejo urbano nacional (Figura 17).

FIGURA 17- Preço médio do taperebá (R$/kg do fruto) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O varejo rural compra diretamente dos produtores locais ao preço médio de R$

0,58/kg do taperebá e revende para agentes do mercado estadual no valor médio de R$

3,00/kg para a indústria de transformação (lanchonetes), a R$ 1,75/kg para o varejo urbano

e a R$ 0,84/kg aos consumidores estaduais (Figura 17).

Page 71: Relatorio guama

71

A produção local vende diretamente para os consumidores estaduais ao preço

médio de R$ 3,00/kg, aos feirantes estaduais a R$ 2,00/kg e a R$ 1,83/kg para os feirantes

locais (Figura 17).

4.2.6 Frutas (muruci, cupuaçu e taperebá)

Com o aumento do consumo das frutas da Amazônia, nas últimas décadas, dentre

as quais as do Pará pelo sabor exótico, aroma, textura, qualidade e diversidade, aliado à

procura por produtos orgânicos, que propiciam a segurança alimentar e, pela RI Guamá

concentrar municípios que se destacam na produção de grande parte das frutas com tais

características, passaram a industrializá-las a fim de atender novos nichos de mercado.

Nesse cenário, as análises a seguir referem-se a comercialização das três principais frutas

identificadas na RI Guamá: cupuaçu, muruci e o taperebá. Pois além de apresentarem em

suas respectivas cadeias um fluxo heterogêneo na forma de comercialização do produto

(fruto e polpa), estes foram os únicos produtos a convergirem para o processo de

industrialização, a fim de melhorar a qualidade do produto, com o objetivo de atingir esses

novos consumidores, de modo específico os demandantes nacionais.

Apesar da demanda estadual ser prevalecente na comercialização dos três frutos, a

demanda nacional, no caso do taperebá, correspondeu a 46% da oferta, 5% no caso do

muruci e 2% no cupuaçu. E, em quase todos os casos, esta comercialização ficou a cargo

das agroindústrias do município de Castanhal, com exceção dos atravessadores que

compram o cupuaçu em fruto na RI Guamá e os vendem no comércio dos municípios do

estado do Maranhão, principalmente os de fronteira com estado do Pará.

a) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização das frutas

(muruci, cupuaçu e taperebá).

No que tange à oferta destas frutas (cupuaçu, muruci e taperebá) a partir da RI

Guamá, o valor recebido pelos setores da comercialização foi estimado na ordem de R$ 3,1

milhões e corresponde ao VBP total, sendo que os setores situados no mercado local

adquiriram o equivalente a R$ 1,8 milhão, os do mercado estadual R$ 1 milhão e o varejo

urbano nacional adquiriram R$ 289,6 mil, conforme Gráfico 7.

Do VBP local, mais de R$ 719 mil foram oriundos das vendas do setor da

produção, sendo 84% para os setores intermediários e 26% diretamente aos consumidores

finais locais e estaduais (Gráfico 7). Na composição dos setores intermediários, os maiores

valores recebidos pelos produtores foram os pagos pelo setor de indústria de

Page 72: Relatorio guama

72

beneficiamento R$ 357,6 mil. No entanto, os produtores, de modo específico aqueles que

não tiveram acesso ao setor de beneficiamento, seja pela ausência no seu município ou pela

distância ao município pólo da RI Guamá, onde se concentra um número maior de

agroindústrias, também transacionam com aos feirantes (varejo urbano) da RI recebendo

R$ 36,3 mil e, com os feirantes no âmbito estadual dos quais receberam R$ 3,2 mil. Ou

ainda, com os atravessadores recebendo o equivalente a R$ 208,2 mil.

Os outros setores de domínio local, os atravessadores, agregados no setor de

varejo rural, adquiriram um valor equivalente a mais de R$ 328,5 mil, 18% do VBP local

e, tornaram-se o segundo setor mais importante na comercialização com os

agroextrativistas, pois foi responsável pela compra dos frutos in natura junto às

comunidades produtoras, para posterior venda ao varejo urbano estadual e local, assim

como, para as indústrias de transformação e, aos consumidores nos âmbitos locais e

estaduais. O setor de varejo urbano, composto por inúmeros feirantes, por sua vez recebeu

R$ 73,6 mil, de forma preponderante das vendas aos consumidores locais. A indústria de

beneficiamento (setor onde foram inseridas duas agroindústrias) adquiriu mais de R$ 731,1

mil com as vendas das polpas destes frutos, sendo que R$ 519,3 mil corresponderam às

vendas às redes de supermercados da capital paraense (varejo urbano estadual) e aos

demandantes finais estaduais realizados pela agroindústria localizada em uma comunidade

do município de São Francisco do Pará e, R$ 211,7 mil foram do somatório das vendas

realizadas pela agroindústria de Castanhal ao mercado nacional, que representa as redes de

supermercado. (Gráfico 7).

Com relação ao VBP obtido com as vendas realizadas pelos setores a nível

estadual, orçada em R$ 1 milhão, em torno de R$ 992,2 mil corresponderam às vendas do

varejo urbano (composto por feirantes e pelas redes de supermercado) para os

consumidores finais, que constituiu mais de 99% de suas transações e, o restante adveio

das vendas à indústria de transformação e aos agentes do mesmo setor. A indústria de

transformação, que representa uma lanchonete, adquiriu um valor de R$ 17,2 mil com as

vendas de suco para os seus clientes e, apenas um valor irrisório de R$ 546,20 ficou a par

do setor atacadista, que na verdade corresponde ao valor de compra realizado pela

Conab/Belém, que o repassou aos órgãos públicos responsáveis pela alimentação de

estudantes. No sistema nacional foram gerados em torno de R$ 289,6 mil oriundos das

vendas das polpas dessas frutas para os consumidores finais, com participação exclusiva do

varejo urbano (Gráfico 7).

Page 73: Relatorio guama

73

GRÁFICO 7- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das frutas (cupuaçu,

muruci e taperebá) da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Por tudo isso, dos R$ 3,1milhões gerados na comercialização desses frutos, a

partir da RI Guamá, somente R$ 127,2 mil foram oriundos das vendas ao demandante final

local na sua forma in natura. Isso significa dizer que as vendas para fora teve uma

importância maior para os setores locais, de modo predominante para os consumidores

estaduais (R$ 1,1 milhão), de modo especifico, Belém, Castanhal e Barcarena. Tendo

como principal agente comercializador os feirantes e as redes de supermercados. No

entanto, os agroextrativistas conseguiriam adquirir, deste valor de R$ 1,1 milhão,

aproximadamente R$ 77 mil, sobretudo pela sua vinda, o que aumenta seus custos, até a

capital paraense, mais precisamente por aqueles que não tiveram condições de

comercialização em seus respectivos municípios pela falta de funcionalidade dos pontos de

comercialização, tal como feiras e/ou mercados.

b) VAB - gerado na comercialização das frutas (muruci, cupuaçu e taperebá) e a

margem de comercialização de cada setor (%).

O VAB ao longo da cadeia de comercialização dos frutos (muruci, cupuaçu e

taperebá), desde o setor alfa (coleta/produção) da RI Guamá até o consumidor final, foi de

R$ 1,5 milhão (Gráfico 8), que resultou em uma margem bruta de agregação de valor ao

produto na comercialização, ou mark-up total de 113%. Esta margem calculada a partir do

valor total do VAB (R$ 1,5 milhão), menos o VBPα

(R$ 3,1 milhões), dividido pelo VBPα

Page 74: Relatorio guama

74

(R$ 3,1 milhões), expõe, em termos percentuais, o quanto foi adicionado a estes frutos, ao

longo de toda a cadeia de comercialização, a partir do setor alfa (α). É imperativo afirmar

que este valor de mark-up foi expressivo pelo motivo do setor alfa, após realizar a

coleta/produção, pouco agregou ao fruto, ou seja, pouco beneficiou, diferente dos setores

da demanda intermediária, principalmente das indústrias de beneficiamento (local e

estadual).

O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia esta em

processo de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação

e/ou majoração de preço que estes produtos adquiriram nos setores, ao longo das cadeias

de comercialização, antes do demandante final.

Assim sendo, o sistema local obteve uma agregação de valor ao produto de R$ 1,2

milhão, equivalente a 81% do VAB total (Gráfico 8). Na composição deste valor, o setor

da produção transacionou valor efetivo, isto é, agregou valor ao produto, somente no que

se referiu às vendas desses produtos na sua forma in natura na ordem de R$ 719,1 mil e,

por isso, não foi estimado o seu valor de mark-up. Este setor agregou valor quando

realizou o beneficiamento primário do produto, que significou, de modo geral, a seleção

dos frutos de boa qualidade e, em alguns casos, o ensacamento em embalagens de um

quilo, o que não necessariamente se tenha um quilograma do fruto.

Entre os setores da demanda intermediária, houve a participação predominante da

indústria de beneficiamento, pois sua agregação foi na ordem de R$ 373,4 mil (30% do

VAB local), que está fortemente relacionado tanto à sua capacidade instalada quanto ao

grau de negociação que mantém com o setor da produção, os quais os vendem o produto in

natura que, por sua vez, as negocia com o mercado nacional, um produto beneficiado a

preços bem mais atrativos em relação ao preço de compra. Com relação à margem de

comercialização por setor, ou seja, mark-up constituído pelo setor, a industria de

beneficiamento configurou 104%, calculado a partir da relação entre o valor do VAB

realizado no setor (R$ 373,4 mil) pelo valor do VBP do setor (aproximadamente R$ 357,6

mil), pela ótica da demanda, ou seja, o valor da compra de insumos realizada pelo setor. O

mark-up, em termos gerais, representado em termos relativos (%), inclui todos os custos de

beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não são captados pela

pesquisa. Entre os processos de beneficiamento realizados por este setor, estão o

beneficiamento do fruto, sua transformação em polpa e empacotamento do produto

Page 75: Relatorio guama

75

conforme os órgãos de vigilância sanitária e de comércio, a fim de garantir a qualidade e as

características intrínsecas dos frutos (Gráfico 8).

GRÁFICO 8- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização das frutas (cupuaçu,

muruci e taperebá) da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Ainda no mercado local o setor varejo rural agregou aproximadamente R$ 120,3

mil e constituiu um mark-up de 58% (Gráfico 8), propiciado pelas transações dos frutos in

natura, com acréscimos dos custos de comercialização com outros setores da demanda

intermediária e final, no primeiro caso, principalmente para os feirantes. O varejo urbano,

por conseguinte, adicionou algo em torno de R$ 26,4 mil e constituiu um mark-up de 56%,

com os processos da majoração de preço antes das vendas para os consumidores finais

locais.

Os setores que contribuíram para o VAB no mercado estadual, estimado na ordem

de R$ 212,3 mil (14% do VAB total), conforme o Gráfico 8, com o varejo urbano

constituindo mais de 98% (equivalente a R$ 209 mil), cuja agregação se formalizou

quando utilizou da majoração de preço antes das vendas. E devido a esta agregação,

configurou uma margem de comercialização (mark-up) de 27%. Já a indústria de

transformação adicionou um pouco mais de R$ 3,3 mil e estabeleceu um mark-up de 23%,

pois comprou diretamente do setor da produção os frutos in natura e os utilizou como

insumo na preparação de cremes, doces e sucos antes das vendas aos consumidores finais

estaduais. É importante ressaltar que o setor atacadista, por sua vez, não adicionou pois

Page 76: Relatorio guama

76

constituiu somente em repasse da Conab/Belém para instituições educacionais. Com

relação ao VAB formado no mercado nacional, estimado na ordem de R$ 77,5 mil

(equivalente a 5% do VAB total), ficou por conta do setor de varejo urbano, que devido ao

aumento do preço apresentou um mark-up de 37%.

Por tanto, no que se referiu ao VAB total (R$ 1,5 milhão), equivalente ao VTE, ao

longo da cadeia de comercialização desses frutos, observou-se que os agroextrativistas da

região em estudo conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto

na região quanto fora dela, já que foi responsável por 47% do VAB total, seja pelo grau de

especialização/negociação, já que suas vendas não foram centralizadas para um setor,

apesar de 50% do volume de suas vendas terem sido direcionadas ao setor de

beneficiamento. Seja pelas poucas ações de beneficiamento, transformação ou incremento

tecnológico que estes recursos, que corresponde aos outros 50% do volume de vendas,

adquiriu após o beneficiamento primário, realizado pelo setor, antes do demandante final.

Fato que se comprova quando se compara o valor adicionado pelos varejistas (rural e

urbano) e setor de beneficiamento. No restante do VAB total, os varejistas foram

responsáveis por 28% do VAB total, utilizando-se do processo de majoração de preço,

enquanto que as agroindústrias localizadas na RI Guamá, quanto a indústria de

transformação na esfera estadual, conseguiram adicionar 25% do VAB total, propiciado

simultaneamente pelo grau de especialização/negociação destes agentes com agentes do

setor da produção e, a capacidade instalada.

c) Renda Bruta Total (RBT) gerada pela ótica da demanda na comercialização das

frutas (cupuaçu, muruci e taperebá).

A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização destes

produtos foi orçada em R$ 3,1 milhões, formando-se a partir da soma de compra de

insumo (VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 1,6 milhão, realizado pelos setores da

demanda intermediária, com Valor Transacionado Efetivo (VTE), que corresponde ao

VAB constituído ao longo da cadeia em R$ 1,5 milhão, tanto pelos setores da demanda

intermediária quanto o setor da produção. O sistema local foi responsável por mais de 59%

desta renda, o estadual 32% e o nacional 9%, conforme o Gráfico 9.

Na RI Guamá, identificado como mercado local, o setor de indústria de

beneficiamento (agroindústria) foi quem gerou a maior renda bruta no valor de R$ 731,1

mil, pois comprou os frutos na sua forma in natura no valor de R$ 357,7 mil junto ao setor

Page 77: Relatorio guama

77

da produção (agroextrativistas) e, adicionou um montante de R$ 373,4 mil com os seus

processos de beneficiamento (Gráfico 9).

GRÁFICO 9– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das frutas

(cupuaçu, muruci e taperebá), considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP +

VAB), a partir da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O varejo rural gerou uma renda bruta no valor de R$ 328,5 mil, resultante da

soma da compra de insumo no valor de R$ 208,2 mil junto ao setor da produção e, na

maioria das vezes, no próprio local uma agregação de R$ 120,3 mil. O varejo urbano, por

sua vez, comprou insumos no valor de R$ 47,2 mil junto ao varejo rural, da produção e de

agentes do mesmo setor, nos próprios pontos de comercialização nos centros urbanos e,

adicionou R$ 26,4 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 73,6 mil (Gráfico 9).

Na esfera estadual, com renda bruta contabilizada em mais de R$ 1 milhão, quem

mais atuou para a formação deste montante foram os feirantes juntamente com as redes de

supermercado (ambos agrupados no setor de varejo urbano), com mais de R$ 992,2 mil,

obtidos com a soma do valor agregado de R$ 209 mil com o valor do insumo comprado no

valor de R$ 783,3 mil (no caso dos feirantes os frutos in natura e dos supermercados a

polpa).

No que se refere ao valor de compra de insumo, R$ 272,2 mil foram comprados

pelos feirantes junto aos setores ofertantes advindos da região (produção e varejo rural) e

Page 78: Relatorio guama

78

agentes do mesmo setor e, R$ 510,6 mil corresponderam às compras dos supermercados

junto às agroindústrias. A indústria de transformação, por conseguinte, gerou uma renda no

valor de R$ 17,2 mil, gerados pela compra das frutas in natura no valor de R$ 11,6 mil

junto ao varejo rural e R$ 2,4 mil junto aos feirantes estaduais (varejo urbano estadual), e

agregação de valor em torno de R$ 3,3 mil (Gráfico 9).

Com relação à esfera nacional, o varejo urbano comprou as frutas beneficiadas

(polpa congelada) do setor de indústria de beneficiamento local, mais especificamente da

agroindústria do município de Castanhal (RI Guamá), no valor de R$ 212 mil, e adicionou

o equivalente a R$ 77,5 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 289,6 mil. Os valores

gerados no âmbito estadual e nacional demonstram a importância que estas frutas tiveram

também para a economia da região, no que tange a elaboração de renda e emprego.

Entretanto, dos R$ 3,1 milhões gerados e circulados na cadeia de comercialização

das frutas, apenas 23% deste montante (R$ 719 mil) corresponderam ao valor retido pelo

setor que dá origem a toda a cadeia, ou seja, dos agroextrativistas (Gráfico 9). Pois foram

os diferentes motivos que, agindo concomitante, contribuíram para tal problemática: as

vendas do produto foram parcialmente maiores, na sua forma in natura, para os varejistas

(composto por atravessadores e feirantes) que pagaram os menores preços médios, com

exceção do taperebá, que aproximadamente 82% da produção foram vendidos para as

agroindústrias; a falta de uma melhor organização social (seja em forma de sindicato ou via

cooperativa), que contribuiu para que as vendas tenham sido dispersas e realizadas em

maior quantidade para os setores que não estão ligados ao beneficiamento, assim como,

contribuiu para que as vendas para a Conab quase não se realizassem, pois somente 0,2%

da produção do cupuaçu tiveram essa finalidade; o local de produção/extração do produto

se encontra distante dos centros consumidores, o que por sua vez, pelo custo, acaba lhe

impondo dependências em relação à comercialização, ou seja, o escoamento de parte da

produção foi realizado por intermédio de terceiros (atravessadores) e, por fim; a

precariedade em que se encontravam os pontos de comercialização nos municípios (feiras e

mercados), fizeram com que alguns agroextrativistas saíssem da sua região para vender a

produção em outras regiões, mais precisamente a Metropolitana.

Page 79: Relatorio guama

79

4.2.7 Priprioca

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

da priprioca.

Foi identificada apenas uma associação de produtores rurais que comercializa a

raiz da priprioca, e está no ramo há cinco anos. Localizada no município de Santo Antônio

do Tauá, tem parceira com uma indústria de transformação, localizada no município de

Benevides, para a obtenção dos ativos da priprioca, capitiú e do estoraque.

A associação coleta a raiz em uma área de 28 hectares, onde trabalham 40

produtores associados, sendo que, apenas 16 famílias cultivam a priprioca. O trabalho é

realizado na época da colheita, e o valor pago aos associados equivale a R$ 20,00 a diária.

Um associado relatou que para melhoria na capacidade de produção, a associação necessita

de patrulha mecanizada para beneficiamento das áreas dos associados.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização da priprioca:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Representado por produtores que cultivam a priprioca e realizam a

coleta e o seu armazenamento.

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,

situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o

processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas

nativas ou áreas cultivadas em terras de agricultores, que também refina óleos de frutas.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg da

raiz) pelo setor mercantil da priprioca, no período de 2008 a 2009.

A estrutura da quantidade comercializada de priprioca apresenta um canal semi-

direto, ou seja, a existência de apenas um tipo de intermediário (Figura 18). Portanto, toda

a produção identificada é comercializada para a indústria de transformação estadual, ao

preço de R$ 3,00/kg da raiz. Tal indústria de transformação estadual envia para o mercado

nacional, no entanto, esta empresa ainda não foi entrevistada pela equipe, portanto o preço

foi estimado em R$ 3,75/kg da raiz.

Page 80: Relatorio guama

80

FIGURA 18- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/kg da raiz) da priprioca na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.8 Murumuru

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do murumuru.

Foram identificados cinco agentes comerciantes de murumuru (Figura 19), todos

coletores. Trabalham também com outros produtos (andiroba, cupuaçu e uxi). Não

informaram quanto tempo trabalham com o produto.

Foi verificado que 60% dos agentes possuem armazém com dimensões de 6 a 12

m², apenas um agente declarou possuir meio de transporte, sendo uma canoa e uma

bicicleta. Todos afirmaram não dispor de maquinários ou equipamentos.

O trabalho é realizado principalmente pela mão de obra familiar, com um

produtor que conta com a ajuda de 20 pessoas no empreendimento, sendo pago o valor de

R$ 0,70/kg de polpa extraída. Com relação ao armazenamento, 40% relataram ter

problemas. Alguns devido à proximidade do rio e umidade, diminuindo a qualidade do

produto e o outro referente ao espaço para armazenamento.

A produção trabalha manualmente e não há uso de tecnologias para extração ou

beneficiamento do produto.

Page 81: Relatorio guama

81

FIGURA 19- Localização dos agentes mercantis do murumuru na RI Guamá, estado do

Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do

murumuru:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Composta por extrativistas responsáveis pela coleta tradicional da

semente nas áreas de ocorrência natural da região pesquisada;

Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram o murumuru diretamente dos extrativistas;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Existem dois tipos de estrutura de empresa

transformadora, a primeira transforma o murumuru em manteiga e também em produtos

finais (cosméticos); e a segunda compra já a manteiga de murumuru e a transforma em

produtos finais (cosméticos);

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do murumuru.

A cadeia de comercialização do murumuru consiste em canais simples

apresentando apenas dois intermediários (Figura 20). Os varejistas rurais compram 68%

dos produtores e vendem exclusivamente para as indústrias de transformação no âmbito

Page 82: Relatorio guama

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estadual. Neste caso, as empresas de transformação utilizam dos agentes atravessadores

para realizar o contato com os produtores, adquirindo o produto de diversos locais com o

objetivo de facilitar as negociações e a formação de preço. Existe também a

comercialização direta dos produtores com a indústria de transformação estadual

eliminando, neste caso, os atravessadores.

O setor da indústria de transformação vendendo para si mesma cerca de 13% da

produção (Figura 20). Neste caso refere-se a quantidade de manteiga de murumuru

vendida de uma empresa de cosmético para outra empresa de cosmético.

FIGURA 20- Estrutura (%) da quantidade amostral do murumuru comercializado na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do murumuru,

no período de 2008 a 2009.

A produção local vende a um preço médio de R$ 0,29/kg da semente para os

atravessadores (varejo rural) e a R$ 1,50/kg diretamente para as indústrias de

transformação (Figura 21). Os atravessadores por sua vez vendem ao preço de R$ 1,04/kg

da semente para as indústrias de transformação. Estas indústrias de transformação

estaduais não foram entrevistadas pela equipe, então os preços médios de venda foram

estimados.

Page 83: Relatorio guama

83

FIGURA 21- Preço médio do murumuru (R$/kg da semente) praticado nas transações entre

os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado

do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.9 Estoraque

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do estoraque.

Foi identificada apenas uma associação de produtores rurais, já descrita no item

4.2.7 deste documento, como agente que produz e comercializa o estoraque para atender a

demanda da indústria de cosmético estadual.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do estoraque:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Representado por produtores que cultivam o estoraque e realizam a

coleta e o seu armazenamento;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,

situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o

processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas

nativas ou cultivadas em terras de agricultores e também refina óleos de frutas.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg da

raiz) pelo setor mercantil do estoraque, no período de 2008 a 2009.

Page 84: Relatorio guama

84

A cadeia de comercialização do estoraque apresenta apenas um tipo de

intermediário que compra toda a produção (100%), devido ser empresa de perfumaria

(Figura 22). O preço médio de venda praticado pela associação (setor da produção) para a

indústria de transformação foi de R$ 1,50/kg. É necessário destacar que o preço de venda

realizado pela indústria de transformação foi estimado, pois esta empresa ainda não foi

entrevistada.

FIGURA 22- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/kg da raiz) do estoraque na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.10 Tucumã

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do tucumã.

Foram identificados dois agentes mercantis na categoria de produtor, que

trabalham com outros produtos, além do tucumã (polpa de cupuaçu, inajá, açaí e

murumuru). Um agente declarou trabalhar no ramo há sete anos e anteriormente exercia a

profissão de ambulante.

Referente a armazenagem do produto, foi verificado que somente um agente

possui, porém considera inadequado.

A seguir a descrição do setor envolvido na comercialização do tucumã:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Page 85: Relatorio guama

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Produção: Composta por extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem

a coleta do tucumã em áreas de ocorrência natural do fruto;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,

situada no município de Benevides, RI Metropolitana, que realiza o processamento de

sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas nativas ou

cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/

Unidade) pelo setor mercantil do tucumã, no período de 2008 a 2009.

A estrutura da quantidade comercializada de tucumã apresenta dois canais de

comercialização, o primeiro canal indireto, com a produção vendendo 97,4% do fruto in

natura (equivalente a 5.000 kg), cujo preço médio praticado foi de R$ 0,25/kg para a

indústria de transformação estadual voltada para a área de cosméticos, que repassou para o

consumidor final (Figura 23).

FIGURA 23- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/Unidade) do tucumã na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.11 Capitiú

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do capitiú.

Page 86: Relatorio guama

86

Foi identificada apenas uma associação de produtores, já descrita no item 4.2.7

deste documento, como agente que produz e comercializa o capitiú para atender a demanda

da indústria de cosmético estadual.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do capitiú:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Representado por produtores que cultivam o capitiú e realizam a coleta

e o seu armazenamento;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,

situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o

processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas

nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg da

raiz) pelo setor mercantil do capitiú, no período de 2008 a 2009.

A cadeia de comercialização do capitiú apresenta apenas um tipo de intermediário

que compra toda a produção para realizar experimentos (Figura 24).

O preço médio de venda praticado pela associação (setor da produção) para a

indústria de transformação foi de R$ 1,50/kg. O preço de venda realizado pela indústria de

transformação para o consumidor final foi estimado, pois a indústria não foi entrevistada.

Page 87: Relatorio guama

87

FIGURA 24- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/kg da raiz) do capitiú na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.12 Inajá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do inajá.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do inajá:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Representado por uma associação composta por extrativistas locais,

encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do inajá na safra em áreas de ocorrência do

fruto;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,

situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o

processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas

nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado

(R$/Unidade do fruto) pelo setor mercantil do inajá, no período de 2008 a

2009.

Page 88: Relatorio guama

88

A Figura 25 apresenta os setores envolvidos na comercialização deste produto.

Verificou-se o envolvimento apenas da indústria de transformação, que compra 100% da

produção identificada, este insumo é utilizado na fabricação de cosméticos pelo preço

médio de R$ 0,35/un. e, posteriormente, comercializa-os para os consumidores nacionais

por R$.0,44/un.. Este preço de venda realizado pela indústria de transformação foi

estimado, pois a empresa ainda não foi entrevistada.

FIGURA 25- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/Unidade do fruto) do inajá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.13 Mucajá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do mucajá.

Os setores envolvidos na comercialização do mucajá estão descritos a seguir:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Representado por uma associação composta por extrativistas locais,

encontrados na pesquisa, que fazem a coleta do mucajá na safra em áreas de ocorrência do

fruto;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de cosmético,

situada no município de Benevides, Região Integração Metropolitana, que realiza o

Page 89: Relatorio guama

89

processamento de sementes, resinas, castanhas, cascas e polpas provenientes de florestas

nativas ou cultivadas em terras de agricultores, e também refina óleos de frutas.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/ Kg

do fruto) pelo setor mercantil do mucajá, no período de 2008 a 2009.

O único canal de comercialização do mucajá identificado foi a compra da

indústria de transformação de 100% de toda a produção da associação (setor da produção),

pelo preço de R$ 0,35/kg do fruto (Figura 26). O preço de venda realizado pela indústria

de transformação foi estimado, pois a empresa ainda não foi entrevistada.

FIGURA 26- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/kg do fruto) do mucajá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.14 Perfumaria e Cosméticos (Priprioca, Murumuru, Estoraque, Tucumã, Capitiú,

Inajá e Mucajá)

A análise dos valores agregados a seguir se desenvolverá com base no princípio

da utilização dos produtos, ou seja, se a comercialização atendeu a uma determinada

finalidade, a que tipo de demandante e/ou nicho de mercado. E, seguindo este princípio, os

produtos priprioca, murumuru, estoraque, tucumã, capitiú, inajá e mucajá, descritos

anteriormente de modo individual, foram agrupados em termos de valor estimado e,

classificados na categoria “Perfumaria e Cosméticos”, haja vista que a comercialização

destes foi para atender especificamente a demanda de uma grande indústria de

transformação (situada no município de Benevides, pertencente à RI Metropolitana), que

Page 90: Relatorio guama

90

os utiliza como insumos na preparação (e/ou estudos) de produtos para perfumaria e

cosméticos. Portanto, os seus respectivos fluxos de comercialização, a partir da RI Guamá,

convergem para o setor de transformação.

a) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização dos produtos

de perfumaria e cosméticos.

O valor recebido por todos os agentes que realizaram a venda (que corresponde ao

Valor Bruto da Produção – VBP, pela ótica da oferta) dos produtos classificados como

perfumaria e cosméticos (priprioca, murumuru, estoraque, tucumã, capitiú, inajá e mucajá),

a partir da RI Guamá, foi contabilizado em aproximadamente R$ 329,3 mil. Deste total, os

setores do mercado local receberam R$ 146,6 mil e o estadual contabilizou R$ 182,7 mil,

sob a ótica da oferta (Gráfico 10).

Do valor recebido pelos setores que compõem o mercado local, o da produção

(VBPα), isto é, setor cujos agentes realizam tanto a produção e coleta (priprioca, estoraque

e capitiú), quanto somente a coleta (tucumã, mucajá, inajá e o murumuru) desses produtos,

recebeu um valor próximo a R$ 128,5 mil, 88% do VBP total contabilizado no âmbito

local, pela ótica da oferta (Gráfico 10). Deste valor, mais de 99% foram das vendas

realizadas aos setores da demanda intermediária, mais especificamente 95,8% para

indústria de transformação e 3,9% ao varejo rural, sendo o murumuru o único produto a ter

neste setor um canal de comercialização. E, R$ 466,41 (menos de 1%) foi oriundo das

vendas do tucumã, diretamente aos demandantes finais da RI Guamá.

Deste modo, os agroextrativistas não tiveram no setor de varejo rural, ou seja, nos

atravessadores, um elo de comercialização junto ao setor de transformação (com exceção

do murumuru), que de certo modo, resultou em um retorno monetário maior para os

agentes que têm na coleta/produção desses produtos uma de suas fontes de renda. Esta

negociação direta entre produtor e indústria foi propiciada por dois fatores correlatos e

básicos: tanto pela questão da organização social dos produtores; quanto pela

infraestrututra apresentada na RI Guamá, principalmente do município pólo desses

produtos (Santo Antônio do Tauá), pois, além da sua proximidade com a RI Metropolitana,

a sua malha rodoviária favoreceu a simetria na comercialização entre produtor e indústria.

Convém situar também a ação da empresa de transformação que tem realizado alguns

trabalhos de articulação junto às organizações não governamentais instaladas na região,

que podem atuar como intermediadores no processo de construção da parceira entre

empresa e associações.

Page 91: Relatorio guama

91

GRÁFICO 10- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos fármacos e

cosméticos da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No que tange à participação dos produtos de perfumaria e cosméticos, na

composição do VBPα total, os agroextrativistas que transacionaram a priprioca, foram os

que mais contribuíram, pois receberam R$ 85,7 mil (67% do VBPα total). Por conseguinte

vieram o murumuru com R$ 17,2 mil (13% do VBPα total), o estoraque com R$ 15,7 mil

(12% do VBPα total), o capitiú com R$ 5,4 mil (4% do VBP

α total), e por fim os produtos

que tiveram contribuições de 1%, tucumã com R$ 1,9 mil, mucajá com R$ 1,5 mil e o inajá

com R$ 1 mil. É importante ressaltar também que estes produtos foram comercializados

pelos agroextrativistas, sob uma única forma: in natura.

Ainda com relação às vendas dos setores que integram o mercado local, o varejo

rural, setor onde estão arranjados os atravessadores, por sua vez, recebeu pelas vendas do

murumuru junto à indústria de transformação um valor superior a R$ 18 mil, o que

corresponde a 12% VBP nível local (Gráfico 10). O murumuru foi o único produto a ter

neste setor um dos canais de sua comercialização, pois diferente do que aconteceu com os

outros produtos, com origem no município de Santo Antônio do Tauá, este produto foi

adquirido, por atravessador residente neste município, junto aos agroextrativistas do

município de Colares.

Page 92: Relatorio guama

92

Quanto ao VBP constituído no mercado estadual, contabilizado em R$ 182,7 mil,

houve a participação exclusiva do setor de indústria de transformação, onde estão inseridas

duas indústrias, sendo que uma, a localizada em Ananindeua, adquiriu R$ 1,3 mil pelo

fornecimento do murumuru (insumo) beneficiado, assim como outros ingredientes naturais

e orgânicos provenientes da biodiversidade amazônica, em óleo, para a indústria cosmética

e de fragrâncias, localizada em Marituba, que por sua vez, vendeu tudo o que adquiriu para

o consumidor final nacional arrecadando R$ 181,4 mil (Gráfico 10).

b) VAB - gerado na comercialização dos produtos de perfumaria e cosméticos e a

margem de comercialização de cada setor (%).

O VAB ao longo da cadeia de comercialização da categoria perfumaria e

cosméticos, desde o setor alfa (coleta/produção local) da RI Guamá até ao demandante

final, contabilizou mais de R$ 181,8 mil, o qual desencadeou uma margem de agregação

de valor ao produto, ou mark-up total, na comercialização de 41%. Esta margem mostra

percentualmente o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização dos

produtos agrupados na categoria, a partir do valor das vendas do setor alfa, e o seu calculo

advém da relação entre a diferença do VAB, R$ 181,8 mil, com o VBPα

(R$ 128,5 mil),

pelo VBPα

(R$ 128,5 mil). Quando se analisa a agregação de valor por mercado é preciso

ressaltar que o local foi responsável por 78% do VAB e o mercado estadual o restante,

22% (Gráfico 11).

O VAB constituído no mercado local, estimado em R$ 141,6 mil, formado pelos

dezoito municípios que compõem a RI Guamá, houve a ação de dois setores apenas:

produção e varejo rural (Gráfico 11). Sendo que o mark-up dos atravessadores, ou seja, a

margem bruta de comercialização foi na ordem de 263%, maior que o mark-up ao longo de

toda a cadeia. Esta margem (do setor) foi resultante da divisão do VAB realizado pelo setor

(R$ 13 mil) com o VBP, pela ótica da demanda, ou seja, compra de insumos realizados

pelo setor no valor de R$ 5 mil, incluindo todos os custos operacionais de comercialização

do produto analisado, que não são captados pela pesquisa.

O setor da produção, por sua vez, foi quem mais adicionou valor aos produtos da

categoria, com aproximadamente R$ 128,5 mil, o que corresponde a 91% do que foi

adicionado no âmbito local, apesar de não realizarem nenhum beneficiamento primário

e/ou processamento, no entanto, transacionou diretamente com a indústria. Entretanto,

convém ressaltar que este setor transaciona o valor adicionado, ou efetivo, somente no que

Page 93: Relatorio guama

93

se refere às vendas destes recursos, e por isso, não se tem como calcular o mark-up

(Gráfico 11).

GRÁFICO 11- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização dos produtos perfumaria e

cosméticos da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Com relação ao VAB contabilizado no mercado estadual e estimado em R$ 40,2

mil, este foi totalmente de responsabilidade da indústria de transformação, que representa

duas indústrias, sendo uma empresa de Sociedade Anônima (S.A.), ambas localizadas na

RI Metropolitana, as quais apresentaram um mark-up de 28% (Gráfico 11).

Entre os produtos agrupados na categoria perfumaria e cosméticos, o VAB

formado na comercialização da priprioca, configurou mais da metade do VAB da

categoria, R$ 107,1 mil (59% do VAB total ou da categoria). Por conseguinte vieram o

murumuru com R$ 42,8 mil (24% do VAB total), o estoraque com R$ 19,6 mil (11% do

VAB total), capitiú R$ 6,7 mil (4% do VAB total), e por fim os produtos que tiveram

contribuições em torno de 1% VAB total, como o tucumã com R$ 2,2 mil, o mucajá com

R$ 1,8 mil e o inajá com R$ 1,2 mil.

Portanto, no que se refere à agregação de valor ao longo da cadeia de

comercialização da categoria perfumaria e cosméticos, orçado em um valor superior a R$

181,8 mil, observou-se que os agroextrativistas da região em estudo, conseguiram

Page 94: Relatorio guama

94

adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto na região quanto fora dela,

muito em função das negociações realizadas diretamente com o setor de transformação,

apesar de um dos produtos ter apresentado em sua cadeia a figura do atravessador. Porém,

este valor agregado poderia ser maior se, os agroextrativistas, antes de atender ao grande

demandante da cadeia, realizassem ações de beneficiamento e/ou transformação e, deste

modo, os preços de venda acabariam sendo maior, o que por sua vez, findariam refletindo

na renda final dos que têm na coleta deste fruto sua atividade principal e/ou como

complemento de outras atividades.

c) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização dos produtos de

perfumaria e cosméticos.

A renda bruta total (RBT) gerada na comercialização dos produtos (capitiú,

estoraque, inajá, mucajá, murumuru, priprioca e tucumã) agrupados, a partir da RI Guamá,

foi contabilizada na ordem de R$ 329,3 mil e, formou-se pela soma da compra de insumo

(VBP pela ótica da demanda) no valor de R$ 147,5 mil, com o valor que foi adicionado

pelos setores R$ 181,8 mil. Na contabilização deste montante, o sistema local foi

responsável por gerar 45% e o sistema estadual 55% (Gráfico 12).

Fazendo a análise restrita ao sistema local, com RBT gerada e circulada em R$

146,6 mil (Gráfico 12), só o setor da produção (α) gerou mais de 88%, correspondente a

segunda maior renda bruta ao longo de toda a comercialização, no valor de R$ 128,5 mil,

resultante das vendas, da grande maioria dos produtos classificados na categoria, para um

dos setores econômicos que compõem o mercado estadual, com exceção do murumuru,

que teve parte da produção intermediada pelo setor de varejo rural, antes das vendas para o

principal demandante: a indústria de transformação estadual.

Ainda no sistema local, os atravessadores (alocados no setor de varejo rural)

geraram uma RBT no valor de R$ 18 mil, resultante da soma do valor da compra de

insumo em aproximadamente R$ 5 mil (VBP, demanda) com o valor de R$ 13 mil (VAB)

adicionados com o repasse dos insumos (murumuru) para a indústria de transformação

estadual (Gráfico 12).

E por fim, o sistema estadual que gerou uma renda bruta no valor acima de R$

182,7 mil (Gráfico 12), a cargo do setor de indústria de transformação estadual (uma S.A e

a outra do ramo de Perfumaria e Cosmético) que comprou R$ 142,5 mil em insumos junto

ao setor da produção (somente a Ind. de Perfumaria e Cosmético), varejo rural (somente a

S.A) a nível local, e ao próprio setor de indústria de transformação no mercado estadual

Page 95: Relatorio guama

95

(trata-se das compras da Ind. de Perfumaria e Cosméticos junto a S.A) e, os vendeu com

uma agregação de valor em torno de R$ 40,2 mil aos consumidores finais nacionais a cargo

da Ind. de Perfumaria e Cosmético.

GRÁFICO 12– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos produtos

de perfumaria e cosméticos, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP +

VAB), a partir da RI Guamá, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No que tange à participação dos produtos que compõem a categoria perfumaria e

cosméticos, na composição do RBT total (ou da categoria) estimada, a cadeia da priprioca

gerou um renda de R$ 192,8 mil (59% do RBT total). Por conseguinte vieram o murumuru

com R$ 79,5 mil (24% do RBT total), o estoraque com R$ 35,4 mil (11% do RBT total), o

capitiú R$ 12,2 mil (4% do RBT total), e por fim, os produtos que tiveram contribuições

em aproximadamente 1%, tucumã com R$ 3,7 mil, mucajá com R$ 3,4 mil e o inajá com

R$ 2,3 mil.

Com relação o quanto da RBT gerada e circulada ao longo das cadeias de

comercialização, por produto e classificados na categoria perfumaria e cosméticos, foi

adquirida pelos agroextrativistas, considerado o setor alfa (α) deste modelo de

comercialização, o tucumã foi o que gerou maior retorno, pois do total da sua RBT gerada,

52% foi retido pelo setor da produção, pois além da venda ter sido realizada diretamente

com a indústria, parte da produção foi vendida ao consumidor final local. O capitiú, por

sua vez, deu um retorno ao setor de produção em torno de 45% da sua RBT gerada. Já o

Page 96: Relatorio guama

96

estoraque, a priprioca, o inajá e o mucajá o percentual retido foi de 44%. Enquanto que o

murumuru, apesar da sua relevância econômica na categoria, deu um retorno de somente

22% do total da sua RBT gerada e circulada. Este valor adquirido pelos agroextrativistas

esta intrinsecamente ligada, simultaneamente e/ou de forma individualizada, tanto ao

princípio de que quanto mais ações de beneficiamento e/ou transformação este setor

realizou, quanto ao grau de complexidade do fluxo de comercialização, já que quão menos

intermediações antes do demandante principal, seja ele consumidor ou setor de

beneficiamento, o setor da produção transacionou, mais da RBT ele reteve. Logo, como na

respectiva cadeia de comercialização, os produtos foram comercializados na sua forma in

natura pelo setor alfa, o segundo princípio prevaleceu, juntamente com a falta de

organização social (seja em associações ou cooperativas), falta de assistência técnica,

instrução educacional e empresarial, por parte dos agroextrativistas.

4.2.15 Borracha

Nesta pesquisa verificou-se que a extração da matéria prima se dá por meio do

látex, que após coagulado (de forma espontânea ou por processos químicos) o produto é

comercializado como borracha.

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

da borracha.

Na amostragem de campo foram identificados vinte e quatro agentes comerciantes

(Figura 27), sendo que 95% destes são coletores de látex e 5% atravessadores. Também

foram identificados dois agentes atacadistas e uma indústria de transformação.

Aproximadamente 87% dos coletores que são assentados possuem lotes coletivos,

que variam de 3 a 12,5 ha. Somente o atravessador possui armazém com dimensão de 200

m².

Foi verificado que 50% dos agentes possuem meios de transporte, sendo 12

bicicletas, uma moto e um caminhão. No que tange a equipamentos de trabalho, os

extrativistas e o atravessador possuem vários utensílios para beneficiamento, como facas,

baldes, cuias e ácido, que utilizam para coletar e coagular o látex.

A mão de obra é praticada por uma a duas pessoas durante o ano todo, sendo que

apenas o atravessador citou o valor pago mensalmente a nove extratores, que equivale a

um salário mínimo de R$ 415,00. Segundo os coletores, a maior dificuldade encontrada é a

falta de armazém para guardar a borracha.

Page 97: Relatorio guama

97

Com relação à melhoria na capacidade de produção, os agentes citaram a falta de

um laboratório de análise química, crédito para o manejo do seringal, reflorestamento de

algumas áreas do assentamento, capacitação dos assentados, novos plantios, aquisição de

equipamentos e assistência técnica.

Os agentes relataram que caiu a produção por falta de orientação do uso correto

do corte, devido à falta de habilidade, pois alguns extratores exerciam profissões paralelas

de vaqueiro, lavrador, serviços gerais, etc. Aliado a isso, contam que várias árvores foram

bastante danificadas havendo necessidade de replantio.

FIGURA 27- Localização dos agentes mercantis da borracha na RI Guamá, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização da borracha:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Produtores representados pelos seringueiros que extraem o látex das

seringueiras;

Varejo rural: São os atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram diretamente dos seringueiros a borracha;

Atacado: São comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que

compram a borracha em grandes quantidades dos extrativistas e vendem para indústrias de

transformação nacionais;

Page 98: Relatorio guama

98

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Atacado: São agentes (representantes de empresas de transformação nacional e/ou

multinacional) que transacionam grandes quantidades de borracha por meio de contratos de

compra, principalmente junto a varejistas locais;

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Indústria de transformação: Englobam grandes empresas multinacionais que se

dedicam na produção de pneus e outros produtos utilizando a borracha como matéria-prima

principal.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da borracha.

A cadeia de comercialização da borracha identificada na pesquisa é constituída

por poucos intermediários (Figura 28).

FIGURA 28- Estrutura (%) da quantidade amostral da borracha comercializada na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Do total da produção identificada 56,7% são vendidos para o setor de indústria de

transformação nacional (Figura 28), passando pela intermediação dos atacadistas locais,

cuja comercialização acontece através de contratos de venda exclusivos. Os varejistas

rurais compram 41,5% dos seringueiros e vendem exclusivamente, através de contratos,

para o setor atacadista estadual, que por sua vez, vende para o setor da indústria de

transformação nacional.

Page 99: Relatorio guama

99

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da borracha, no

período de 2008 a 2009.

O preço médio de venda praticado pelos extratores (setor da produção) varia

apenas um centavo o quilo da borracha, sendo de R$ 1,31/kg com o varejo rural e, de R$

1,30/kg para os atacadistas locais e estaduais (Figura 29). Por outro lado, o preço médio de

compra de insumo (borracha) praticado pelos atacadistas estaduais com os atravessadores

(varejistas rurais) foi de R$ 1,56/kg. Em relação aos preços de venda dos atacadistas

estaduais e da indústria de transformação nacional são valores estimados, pois a pesquisa

não entrevistou tais setores.

FIGURA 29- Preço médio da borracha (R$/kg da borracha) praticado nas transações entre

os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado

do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.16 Carvão

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do carvão.

Foram identificados vinte e quatro agentes que comercializam o carvão (Figura

30), sendo 46% produtores e 54% atravessadores que são representados como varejo

urbano e rural. Na RI Guamá, temos o comércio do carvão restrito à escala local, pois tudo

que foi identificado na região ficou para o consumo local.

Dos agentes identificados na cadeia, entre produtores, atravessadores e

comerciantes 91% trabalham exclusivamente com o carvão, 13% possuem propriedade

Page 100: Relatorio guama

100

rural com áreas de aproximadamente sete hectares, 33% possuem armazém com dimensões

de 6 a 78 m² e, 54% têm capacidade de transportar o produto com bicicletas, canoas, carros

ou motos.

A comercialização do produto é feita durante o ano todo por 92% do total de

agentes (entre produtores, atravessadores e comerciantes) e, 8% (comerciante e

atravessador) dos agentes restantes comercializam o carvão somente em alguns períodos

do ano. A mão de obra é basicamente familiar, no entanto, foi encontrado um agente que

contrata mão de obra pagando ao seu único ajudante a quantia de R$ 13,00/dia, durante

três vezes na semana, ou ainda, R$ 5,00 para encher sacos pequenos de carvão.

FIGURA 30- Localização dos agentes mercantis do carvão na Região de Integração

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Entre os pesquisados foram encontrados agentes com vários anos de atividade nas

carvoarias, um deles com mais de trinta anos no ramo. Mesmo com a atividade sendo

praticada há muito tempo, dificuldades ainda são encontradas para a execução do trabalho

e a principal delas está na armazenagem adequada do produto.

Somente um agente possui maquinário e equipamento (uma máquina de bater açaí

e um freezer), pois além do carvão comercializa açaí. Dentre os agentes 33% possuem

armazém com dimensões de 6 a 78 m². Com relação à capacidade de transportar o produto,

54% deles possuem cinco bicicletas, uma canoa, quatro carros e três motos.

Page 101: Relatorio guama

101

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do carvão:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Provinda da fabricação de carvão por carvoeiros, muitas vezes são

pequenos agricultores que produzem a partir da matéria-prima proveniente da limpeza dos

seus terrenos, com fornos artesanais cavados no chão, chamados de “caieiras”, e

consideram essa atividade complementar para a renda familiar. O carvão também pode vir

da matéria-prima dispensada nas serrarias;

Varejo rural: Incluem os agentes que se deslocam até as comunidades para

comprar o carvão diretamente dos carvoeiros;

Varejo urbano: Representados por comerciantes que compram o carvão em sacas

de 15 kg dos produtores e fracionam em sacolas de plásticos de 5 kg, que são vendidas

para o consumidor final local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do carvão.

Os canais de comercialização do carvão se caracterizam por canais simples

(Figura 31).

FIGURA 31- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Apresentam apenas dois setores intermediários que são o varejo rural

(atravessador) e o varejo urbano local (feirantes) que comercializam com os consumidores

Page 102: Relatorio guama

102

locais (Figura 31). Os feirantes (varejo urbano) compraram 64,8% da produção

identificada e venderam diretamente para os consumidores sacas de 15 kg ou de forma

fracionada (saquinhos de 4 kg ou latas de 20 litros). Por outro lado, o varejista rural

(atravessador do município de Maracanã) comercializa 0,5% da produção e vende para os

consumidores locais, neste caso em sacas de 15 kg. E por último, o setor da produção

vendendo 34,7% da produção diretamente para os consumidores locais em sacas de 15 kg

ou de forma fracionada.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do carvão, no

período de 2008 a 2009.

O varejo rural compra a saca do carvão dos carvoeiros (setor da produção) a um

preço médio de R$ 7,00/saca e vende ao consumidor local por R$ 10,00/saca (Figura 32).

O varejista urbano (feirantes) compra em média a R$ 5,06/saca e vende ao consumidor

local a R$ 7,19/saca. Enquanto que os carvoeiros vendem em média a R$ 5,58/saca para os

consumidores locais.

FIGURA 32- Preço médio do carvão (R$/Saca de 15 Kg) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.17 Pupunha

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

da pupunha.

Page 103: Relatorio guama

103

Foram identificados vinte e um agentes comercializando a pupunha na região

(Figura 33), sendo que 52% são atravessadores, 19% feirantes e 29% produtores.

FIGURA 33- Localização dos agentes mercantis da pupunha na RI Guamá, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da

pupunha:

LOCAL (Municípios da Região de Integração Guamá)

Produção: Formada por agricultores responsáveis pela coleta da pupunha;

Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram a pupunha, e também, se deslocam até a Região Metropolitana para abastecer as

feiras municipais na época da safra;

Varejo urbano: São feirantes que comercializam a pupunha in natura para o

consumo local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da Região de Integração

Guamá).

Varejo urbano: Composta por feirantes da Região de Integração Metropolitana,

que adquirem o produto a partir dos atravessadores.

Page 104: Relatorio guama

104

Alguns agentes possuem profissão paralela de pescador, comerciantes e

agricultores. E apenas um agente recebe o beneficio de aposentadoria.

Os produtores possuem áreas rurais com dimensões de 3 a 20 hectares, localizadas

no município de Castanhal, Curuçá e Inhangapi.

No que tange a armazenamento, três agentes possuem local com dimensões que

variam de 11 a 40 m2. Referente aos meios de transporte, 66% dos agentes possuem motos,

caminhonete, bicicleta, canoa simples, canoa motorizada e carro, os que são desprovidos

de transportes, escoam a produção para outros locais por meio de transporte coletivo,

pagando frete de R$ 1,00 por saca de 60 Kg.

Com relação ao tempo de trabalho, os cachos de pupunha são vendidos no período

de safra quando são coletados pelos agroextrativistas, que não possuem máquinas e

equipamentos, pois vendem o produto in natura. A quantidade de mão de obra envolvida

no trabalho varia de uma a quatro, sendo todos membros familiares. O principal problema

relatado foi referido ao espaço do armazém que seria insuficiente para comportar a

produção da safra.

Foram relatados vários pontos a serem considerados para melhorar a produção

sendo estes: assistência técnica, apoio para escoamento da produção, financiamento e

energia elétrica.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da pupunha.

De acordo com a Figura 34, a estrutura da quantidade comercializada apresenta

diversos canais de comercialização. O principal canal é composto pelos atravessadores

(varejo rural) que comercializa 46,4% da quantidade identificada do fruto, compram

exclusivamente dos produtores na safra, vendem 36,4% para o varejo urbano estadual

(feirantes) e 10% diretamente para os consumidores estaduais. Outro canal importante é a

venda direta dos produtores com os feirantes estaduais, comercializando 20% da produção.

Interessante destacar que os atravessadores e os produtores na época da safra da

pupunha, se organizam para comercializarem diretamente com os feirantes e consumidores

nas principais feiras do município de Belém e do distrito de Icoaraci.

O setor varejista urbano local (feirantes) comercializa 30% da quantidade

identificada do fruto diretamente dos produtores e vendem o fruto fracionado em pequenas

Page 105: Relatorio guama

105

porções ou em cachos para os consumidores locais. Também existe o canal direto entre o

produtor local e os consumidores locais com 3,6% da produção.

FIGURA 34- Estrutura (%) da quantidade amostral da pupunha comercializada na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da pupunha, no

período de 2008 a 2009.

Os atravessadores (varejo rural) e os feirantes estaduais (varejistas urbanos

estaduais) são os principais intermediários da cadeia da pupunha na região. Na Figura 35

destacam-se os preços médios de venda da pupunha praticados pelos produtores com

outros agentes no montante de R$ 3,38/cacho para os varejistas rurais, R$ 2,95/cacho para

os feirantes locais (varejo urbano), R$ 2,35/cacho para os consumidores locais e R$

2,00/cacho para os varejistas estaduais (feirantes). O fruto é comercializado somente na

safra em cachos ou fracionados em embalagens plásticas do fruto.

Page 106: Relatorio guama

106

FIGURA 35- Preço médio da pupunha (R$/Cacho) praticado nas transações entre os setores

da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da Região de Integração Guamá,

estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.18 Urucum

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do urucum.

Foram identificados três agentes comerciantes (um feirante e dois são produtores),

sendo que somente um trabalha exclusivamente com o urucum (Figura 36), os demais

trabalham com cupuaçu e açaí para complementar a renda. Estes agentes possuem

propriedades rurais com tamanhos que variam de 2 a 25 ha. Foi encontrado um armazém

com dimensão de 12 m² e identificado que os agentes trabalham o ano inteiro com o

produto e utilizando se da mão de obra familiar. As maiores dificuldades para os

produtores são a falta de assistência técnica e dificuldade de financiamentos.

Page 107: Relatorio guama

107

FIGURA 36- Localização dos agentes mercantis do urucum na RI Guamá, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do

urucum:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Composta por produtores dos municípios da RI Guamá, que realizam o

beneficiamento primário do urucum que consiste na pré-secagem dos frutos, debulhagem,

peneiramento e a secagem da semente;

Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades para

adquirir o urucum dos produtores locais;

Indústria de transformação: São pequenas empresas que realizam transformação

do urucum em colorau (colorífico), obtido por trituração das sementes, usualmente

misturadas a certo teor de outros grãos (milho, trigo, entre outros);

Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram o urucum já

transformado em colorau e revendem para o consumo local.

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Page 108: Relatorio guama

108

Atacado: Trata-se da CEASA - Centrais de Abastecimento do Pará S/A localizada

na região metropolitana de Belém que atua nas atividades de abastecimento e

comercialização de produtos hortifrutigranjeiros e outros gêneros alimentícios;

Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram o urucum já

transformado em colorau e revendem para o consumo local;

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Varejo urbano: Constituído por comércio de varejo situado fora do Estado do

Pará.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do urucum.

A estrutura da comercialização do urucum apresenta vários canais de escoamento,

sendo que as analisadas foram as de maior volume. A indústria de transformação comprou

85,2% de semente de urucum da produção local e vendeu 22,7% para os feirantes locais,

40,5% para os feirantes e comerciantes estaduais (varejo urbano) e 35,8% para o varejo

urbano nacional (Figura 37).

FIGURA 37- Estrutura (%) da quantidade amostral do urucum comercializado na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O varejo rural (atravessadores) comprou 13,9% da produção local e depois

revendeu exclusivamente para a indústria de transformação (empresas) (Figura 37).

Page 109: Relatorio guama

109

Ocorreu também o canal direto da produção com os consumidores locais, neste caso a

semente de urucum é dissolvida em água.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do urucum, no

período de 2008 a 2009.

O preço médio de compra de insumo (urucum) praticado pelos atravessadores

(varejistas rurais) com os produtores locais foi de R$ 2,03/kg da semente de urucum

(Figura 38), que por sua vez vendeu a R$ 2,70/kg para a indústria de transformação local.

Por outro lado, o preço de venda praticado pela indústria de transformação local com o

varejo urbano local chegou a R$ 21,97/kg da semente transformada em colorau, para o

varejo urbano estadual a R$ 25,00/kg do colorau e para o atacado estadual a R$ 20,00/kg

do colorau.

FIGURA 38- Preço médio do urucum (R$/kg semente) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da Região de Integração

Guamá, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.19 Bacuri

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do bacuri.

Tradicionalmente usado na alimentação, o fruto é bastante difundido na região,

com a produção de sucos, cremes, sorvetes e o consumo in natura. A produção atual tem

origem basicamente na coleta dos frutos oriundos da regeneração atual. De acordo com

diversos estudos da Embrapa Amazônia Oriental (Carvalho et al., 2002; Ferreira, 2008;

Page 110: Relatorio guama

110

Homma et al., 2010), para atender a crescente demanda de mercado pelo fruto bacuri,

deve-se investir em técnicas de manejo da regeneração natural e de estabelecimento de

pomares provenientes de mudas que assegurem a variabilidade genética.

Baseado na amostragem encontrada em campo (Figura 39) foram identificados

quarenta e quatro agentes que comercializam o bacuri, sendo que 54% são produtores, 29%

atravessadores e 17% feirantes. Dos agentes encontrados 32% trabalham especificamente

com o bacuri e 68% comercializam paralelamente outros produtos (uxi, taperebá, muruci,

cupuaçu - fruto/polpa, açaí - fruto/polpa, pupunha, carvão, tucumã, mel, castanha-do-

brasil, andiroba e murumuru).

FIGURA 39- Localização dos agentes mercantis do bacuri na RI Guamá, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A maioria (75%) dos agentes comercializa o fruto do bacuri na sua forma in

natura e apenas 25% dos agentes beneficiam e comercializam na forma de polpa.

Foi verificado que 20% dos agentes possuem propriedade rural com áreas que

variam de 1,8 ha a 175 ha. A maioria dos agentes (72%) trabalha com o produto somente

durante a safra e 6% no decorrer do ano. Foi verificado que somente 4% possuem armazém

com dimensões que variam de 4 a 35 m². Em relação ao transporte, 43% possuem

transporte próprio (nove bicicletas, sete motos, dois barcos pequenos e um carro de mão).

Dos entrevistados 40% possuem maquinário ou equipamentos (uma centrífuga, quatro

Page 111: Relatorio guama

111

máquinas de bater açaí, uma despolpadeira, um liquidificador industrial, uma máquina de

selar sacos e 18 freezers com capacidade que variam de 140 a 500 litros).

Aproximadamente 10% dos entrevistados relataram ter problemas com armazenagem

devido a espaço, local para estoque e ausência de freezers.

Como a maioria dos trabalhos extrativistas, a mão de obra é basicamente suprida

pela família, que gira em torno de duas a seis pessoas. Quando não, chega a ser pago R$

0,30 por quilo de bacuri colhido ou diária de R$ 7,00.

Quanto às melhorias no setor da produção, os agentes relataram que necessitam de

assistência técnica para o manejo dos açaizais, melhorias no transporte, investimentos e

capital de giro.

Os setores envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri estão descritos a

seguir:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Oriunda da produção primária e extrativista encontrada nos dezoito

municípios;

Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram

o bacuri in natura na safra;

Varejo urbano: Constituído por feirantes locais que vendem o fruto in natura para

os consumidores locais;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Composta por lanchonetes que adquirem o fruto para

ser transformado em diferentes produtos finais como sucos, sorvetes, doces entre outros;

Atacado: Trata-se da CEASA - Centrais de Abastecimento do Pará S/A,

localizada na região metropolitana de Belém, que atua nas atividades de abastecimento e

comercialização de produtos hortifrutigranjeiros e outros gêneros alimentícios;

Varejo urbano: São os feirantes, as quitandas e os pequenos supermercados que

comercializam o fruto in natura para os consumidores finais.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do bacuri.

A cadeia de comercialização do bacuri identificada é constituída por vários níveis

de canais de distribuição. Do total da produção da região identificada, 41% são vendidos

Page 112: Relatorio guama

112

diretamente para os atravessadores (varejo rural) que por sua vez vende 34,3% para o setor

do varejo urbano estadual, 4,2% para o varejo urbano local (feirantes), 1,2% para as

lanchonetes estaduais (setor de transformação), 1,1% diretamente para os consumidores

locais e apenas 0,2% diretamente para os consumidores estaduais através de feiras livres

(Figura 40). Outro canal importante foi a venda direta da produção local para o mercado

estadual, pois vendeu 3,7% para o setor atacadista, 3,0% para o varejo urbano e 20,5%

diretamente para os consumidores nas principais feiras livres de Belém. A produção local

também vendeu 17,9% diretamente para os consumidores da RI Guamá.

FIGURA 40- Estrutura (%) da quantidade amostral do bacuri comercializado na RI Guamá,

estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os feirantes locais (varejo urbano) comercializaram 18,1% da produção do fruto,

pois compraram diretamente da produção 13,9% e dos varejistas rurais 4,2% e, venderam

diretamente para os consumidores locais (Figura 40).

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do bacuri, no

período de 2008 a 2009.

O varejo rural comprou da produção local a R$ 0,23/unidade do fruto e

estabeleceu o seu preço de venda conforme a produção do fruto e o custo de transporte. De

acordo com a Figura 41, os atravessadores (varejo rural) venderam ao preço de R$

0,48/un. para os feirantes locais (varejo urbano), a R$ 0,73/un. para os consumidores

Page 113: Relatorio guama

113

locais, a R$ 0,64/un. para as lanchonetes estaduais (ind. transformação), a R$ 0,45/un. para

os feirantes estaduais e a R$ 0,67/un. direto para os consumidores estaduais.

A produção local comercializou também com o varejo urbano (feirantes) a R$

0,44/un., a R$ 0,23/un. para o consumidor final local. Por outro lado, na esfera estadual, o

varejo urbano pagou o preço médio de R$ 0,28/un. para o setor da produção, repassando

para o consumidor final estadual por R$ 0,64/un., o setor atacadista pagou R$ 0,30/un. para

o setor da produção e vendeu a R$ 0,39/un. para os varejistas urbanos, e os consumidores

pagaram cerca de R$ 0,44/un. para os produtores nas feiras livres (Figura 41).

FIGURA 41- Preço médio do bacuri (R$/Unidade do fruto in natura) praticado nas

transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI

Guamá, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.20 Castanha-do-brasil

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

da castanha-do-brasil.

Foram identificados vinte e seis agentes que comercializam a castanha (Figura

42), 30% são coletores, 36% atravessadores e 34% comerciantes. Com as informações da

pesquisa identificou-se que 23% trabalham exclusivamente com a castanha e 77% com

outros produtos (cupuaçu, muruci, taperebá, mel, pupunha, uxi, carvão, biribá, açaí,

cajarana, bacuri, tucumã, urucum, andiroba, cacau, priprioca, capitiú, estoraque e mucajá).

Page 114: Relatorio guama

114

Destes agentes, 19% estão no ramo entre 2 a 20 anos. Somente um agente trabalha com o

ouriço da castanha, os demais comercializam a castanha (semente) já retirada.

FIGURA 42- Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Guamá, estado

do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Em relação à propriedade rural 19% dos agentes possuem áreas de 2 a 50 ha e, os

mesmos possuem armazéns com dimensões que variam de 8 a 30 m². Foi verificado que

54% dos agentes possuem meios de transporte (seis motos, três bicicletas, dois carros e três

barcos) e 42% possuem máquinas e equipamentos (cinco máquinas de bater açaí, uma

centrífuga e três freezers com capacidade de 200 a 400 litros). Aproximadamente 46% dos

agentes praticam esta atividade somente na safra e 27% o ano inteiro. A mão de obra é

essencialmente familiar (61%), e quando se faz necessário, são contratados ajudantes no

valor de R$ 7,00 a R$ 15,00 a diária.

Os coletores têm dificuldades devido a derrubada ilegal das castanheiras, e

também reclamam do alto número de intermediários entre eles e o consumidor final da

cadeia.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da

castanha-do-brasil:

EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá)

Page 115: Relatorio guama

115

Produção extralocal: Incluem os extratores do município de Marabá (RI Carajás)

que efetuam a coleta e a quebra dos ouriços, liberando as sementes para serem

comercializadas;

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Proveniente da produção primária da castanha-do-brasil, coletada por

extrativistas que realizam a quebra dos ouriços liberando as sementes para serem

comercializadas;

Varejo rural: São agentes (ou representantes) localizados no interior dos

municípios, que possuem contratos com empresas de beneficiamento estadual, que

compram a castanha-do-brasil em forma de sementes diretamente dos castanheiros ou

atravessadores. Tais agentes se deslocam até as comunidades e compram a castanha-do-

brasil somente na safra diretamente do setor da produção;

Varejo urbano: São os feirantes e comerciantes varejistas que comercializam a

castanha na forma de semente para o consumidor final local.

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de beneficiamento: Formado por unidade de beneficiamento situada no

âmbito estadual, mais especificamente na região metropolitana de Belém, que realiza o

processamento industrial e exportação da castanha;

Varejo urbano: São comerciantes varejistas (supermercados) que comercializam a

castanha beneficiada para o consumidor final estadual.

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Varejo urbano: Constituído por comércios varejistas (redes de supermercado)

situados fora do Estado, assim como varejistas voltados para as vendas ao comércio

exterior.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha-do-brasil.

O principal canal de comercialização da castanha é formado pelo setor do varejo

rural, que compra 68,2% da produção local e 13,4% da produção extralocal (Figura 43) e,

vende 62,2% para a indústria de beneficiamento estadual (localizada na RI Metropolitana

de Belém), 0,2% para o varejo urbano estadual (feirantes), 16% para os feirantes locais

(varejo urbano) e 3,2% para os consumidores locais.

Page 116: Relatorio guama

116

FIGURA 43- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na

RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da castanha-do-

brasil, no período de 2008 a 2009.

Os preços de venda praticados pelos extratores de castanha com outros agentes

variam conforme o volume comercializado, tais como R$ 0,89/kg com o varejo rural, R$

1,98/kg com o varejo urbano local e R$ 1,50/kg com os consumidores locais (Figura 44).

Enquanto que os produtores extralocais vendem ao preço médio de R$ 3,00/kg para os

varejistas rurais (atravessadores).

O setor varejo rural vende a R$ 3,30/kg da semente para os feirantes locais; a R$

1,55/kg para o setor da indústria de beneficiamento estadual, cujo preço baixo é justificado

pelo grande volume comercializado; a R$ 3,50/kg para os feirantes estaduais, que

revendem de forma também fracionada e em quilo a R$ 4,78/kg para os consumidores

estaduais e; o varejo rural também vende a R$ 1,00/kg para os consumidores locais

(Figura 44).

Page 117: Relatorio guama

117

FIGURA 44- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg da semente) praticado nas

transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI

Guamá, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.21 Cacau

A cadeia de comercialização do cacau apresenta duas particularidades, tendo em

vista as opções de produtos. A primeira descreve a comercialização da amêndoa do cacau,

sendo toda direcionada para as indústrias processadoras de chocolate localizadas na Bahia

e no sudeste brasileiro. A segunda esta voltada para a comercialização do fruto in natura e

no aproveitamento da polpa do cacau.

a.1) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de

comercialização do cacau amêndoa.

Foram identificados vinte e dois agentes que comercializam a amêndoa do cacau

(Figura 45), sendo que 68% são produtores, 18% são atravessadores e 11% comerciantes.

Todos trabalham com outros produtos, tais como: mel, açaí, andiroba, cupuaçu, bacuri,

taperebá, uxi, pupunha, murumuru, palmito, carvão, urucum, castanha-do-brasil e copaíba.

Page 118: Relatorio guama

118

FIGURA 45- Localização dos agentes mercantis do cacau amêndoa na RI Guamá, estado

do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do cacau

amêndoa:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: São os produtores de cacau, responsáveis pela quebra e extração das

amêndoas, muitas vezes fazem o beneficiamento da secagem do produto, que além de

melhorar a qualidade, aumenta o valor de venda da semente;

Varejo rural: São atravessadores que se deslocam até as comunidades e compram

o cacau em amêndoa seca ou molhada, e também, na maioria das vezes, realizam o

beneficiamento primário da amêndoa molhada (fermentação e a secagem natural do fruto)

com o objetivo de armazenar o produto com qualidade;

Atacado: Incluem os atacadistas que transacionam volumosas quantidades de

cacau seco por meio de contratos com as maiores processadoras de cacau do Brasil, ou

seja, do setor da indústria de transformação localizada principalmente na Bahia e na região

sudeste brasileira;

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Page 119: Relatorio guama

119

Indústria de transformação: São grandes empresas nacionais e multinacionais que

se dedicam na moagem da amêndoa extraindo a manteiga de cacau, o líquor4, a torta e o pó

de cacau, para depois serem vendidos para as indústrias chocolateiras, que os transformam

junto com outros ingredientes (principalmente açúcar e leite em pó) em chocolate;

Varejo urbano: É a instância de comércio de varejo situada fora do Estado que

vende para o consumidor nacional.

b.1) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau amêndoa.

A cadeia de comercialização do cacau amêndoa consiste em canais simples,

apresentando quatro tipos de intermediários que participam do escoamento da produção,

desde o produtor até o consumo final. Os varejistas rurais locais compram diretamente

100% dos produtores e vendem exclusivamente as amêndoas secas para o atacado local,

que revende à indústria de transformação no âmbito nacional até chegar ao consumidor

nacional (Figura 46).

FIGURA 46- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amêndoa comercializado na

RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O setor atacadista local é caracterizado por grandes atravessadores localizados na

cidade de Santa Izabel, que constituem o elo principal na cadeia entre os intermediários

locais e as indústrias de transformação nacionais, por meio de acordos ou contratos de

4 O líquor de cacau é uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtém a manteiga e o pó

de cacau (A NOTICIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito à quantidade de líquor.

Page 120: Relatorio guama

120

suprimento da matéria prima cacau amêndoa. Desta forma, a estrutura da cadeia de

comercialização do cacau da Região Guamá atende o mercado nacional, mais precisamente

da Bahia e de São Paulo.

c.1) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do cacau

amêndoa, no período de 2008 a 2009.

Os preços médios de compra de cacau em amêndoa praticados pelos varejistas e

atacadistas são determinados pelo movimento das duas principais bolsas internacionais

(Nova York e Londres), pois o cacau é uma commodity e, também, conforme os custos de

transporte do produto, pois a maior dificuldade é o escoamento da produção do campo até

o armazém local.

Neste contexto, o preço de venda praticado pelos produtores com os

atravessadores (varejistas rurais) foi em média de R$ 3,76/kg da amêndoa (Figura 47), que

por sua vez vendeu a R$ 4,63/kg para o atacadista local. O preço médio dos atacadistas

locais com as indústrias de transformação nacional foi de R$ 5,64/kg.

FIGURA 47- Preço médio do cacau em amêndoa (R$/kg amêndoa seca) praticado nas

transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI

Guamá, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Boa parte dos entrevistados (77%) utilizam-se da mão de obra familiar, e os

feirantes e atravessadores pagam o valor de R$ 15,00/dia, estes geralmente trabalham

durante o ano todo com o produto.

Page 121: Relatorio guama

121

Para melhorar a capacidade da produção os agentes relataram que necessitam de

assistência técnica e energia elétrica em alguns casos. E, há grandes dificuldades para

conseguir financiamento para melhorar a produtividade.

a.2) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de

comercialização do cacau fruto.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do cacau fruto:

EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá)

Produção: Oriunda da produção primária extrativista encontrada no município de

Capitão Poço (RI Rio Capim);

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: É composta por agroextrativistas responsáveis pela oferta do produto in

natura e na forma de polpa extraída artesanalmente das sementes, com auxílio de uma

prensa ou colocadas em vasilhames com orifício no fundo e deixadas para fermentar e

liberar a polpa naturalmente. O cacau da região é proveniente de cultivos e de ocorrências

naturais;

Varejo rural: Trata-se de atravessadores que compram o fruto in natura e, antes de

realizarem suas vendas realizam o beneficiamento primário, o mesmo utilizado pelos

produtores;

Varejo urbano: São feirantes comercializando o fruto in natura para consumo

local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: composta por lanchonetes que adquirem polpa de

cacau e as transformam em diferentes produtos finais como sucos, doces entre outros.

b.2) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau fruto.

Do total da quantidade do cacau fruto comercializado na região, 95% são da

própria região e somente 5% da RI Rio Capim. A cadeia de comercialização do cacau

fruto é constituída de canais de comercialização simples, pois abrangem poucos agentes

intermediários entre a produção local e extra local até o consumidor final local e

estadual (Figura 48).

O principal nível de canal de comercialização do cacau fruto identificado com

a maior quantidade comercializada refere-se à compra do varejo urbano de 93,1% da

Page 122: Relatorio guama

122

produção local e 5% da produção extralocal, que vendem 98,1% para o consumidor

local, neste caso o cacau fruto é comercializado in natura (Figura 48). A venda da

polpa do cacau dos atravessadores para as lanchonetes (indústria de transformação

estadual) na região metropolitana de Belém representou 1,9% da produção local

identificada.

FIGURA 48- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau fruto comercializado na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c.2) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do cacau

fruto, no período de 2008 a 2009.

A produção local vendeu somente na safra a R$ 0,80/un. para o varejo rural, a R$

0,39/ un. para o varejo urbano local (feirantes) que este, por sua vez, vendeu a R$ 0,49/un.

para os consumidores locais (Figura 49). Enquanto que o preço médio de venda praticado

pelos produtores extralocais foram estabelecidos conforme a oferta do fruto, no valor de

R$ 0,25/un. para o varejo urbano local.

O setor do varejo rural (atravessadores) vendeu em média a R$ 1,17/un. para as

lanchonetes estaduais (indústria de transformação). Neste caso os atravessadores realizam

o despolpamento das sementes para o armazenamento da polpa e posterior venda na

entressafra (Figura 49).

Page 123: Relatorio guama

123

FIGURA 49- Preço médio do cacau fruto (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações

entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá,

estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Cerca de 50% dos entrevistados possuem propriedades rurais com áreas que

variam de 2 a 850 hectares. Apenas 9% possuem armazém com dimensão de 12 m², e 90%

dos agentes não possuem armazém ou não informaram. Referente ao transporte, 64% dos

agentes possuem meios de condução, com identificação de oito barcos, cinco canoas, duas

bicicletas, dois barcos motorizados e duas motos. Dos 72% de agentes que possuem

maquinários ou equipamentos, foram quantificados quatro freezers, sem informação das

capacidades. Durante o período da safra 54% dos agentes comercializam o produto e 23%

trabalham o ano todo.

4.2.22 Palmito

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do palmito.

Foram identificados doze agentes comerciantes, sendo todos produtores (Figura

50). Eles também comercializam outros produtos como açaí, cacau, cupuaçu, castanha-do-

brasil, uxi, carvão e artesanato.

Page 124: Relatorio guama

124

FIGURA 50- Localização dos agentes mercantis do palmito na Região de Integração

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os produtores entrevistados possuem propriedades rurais com áreas que variam de

3 a 40 ha. Somente um agente declarou possuir armazém, todavia não informou a

capacidade.

Referente ao transporte, 75% possuem meios de condução (seis barcos e seis

canoas) e máquinas para beneficiar o açaí (nove batedoras) e um freezer. O trabalho é

realizado no período da safra por 58% dos produtores e 16% durante o ano todo.

Entre os produtores, existe a reclamação pela falta de informações sobre o manejo

das palmeiras para extração do palmito, além da dificuldade de obter financiamentos para

melhorar a produção.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do

palmito:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: São agroextrativistas que extraem o palmito na época da entressafra do

açaí ou para realizarem o manejo de seus açaizais;

Varejo rural: São comerciantes que se deslocam pelas comunidades ribeirinhas da

região e compram o palmito diretamente dos extrativistas;

Page 125: Relatorio guama

125

Indústria de beneficiamento: São empresas que realizam o processamento

industrial do palmito na forma em conserva;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Varejo urbano: São comerciantes (supermercados) que vendem o palmito em

conserva para o mercado consumidor;

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Varejo urbano: Trata-se do comércio varejista situado fora do estado que

transaciona o palmito em conserva para o consumidor nacional.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do palmito.

O principal canal de comercialização do palmito é composto por 77,7% da

produção diretamente para a indústria de beneficiamento e mais 22,3% que passam pelo

intermediário varejo rural para as empresas de palmito (indústria de beneficiamento), por

sua vez estas empresas vendem 76% para o varejo urbano nacional e 24% para o estadual

(Figura 51).

FIGURA 51- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do palmito, no

período de 2008 a 2009.

Page 126: Relatorio guama

126

A indústria de beneficiamento adquire o produto palmito ao preço de R$ 3,10/kg

da produção local e a R$ 4,63/kg dos atravessadores (varejistas rurais) e após fazer o

descascamento, a classificação, os cortes, o cozimento com acréscimo de conservantes, o

palmito envasado em latas ou potes de vidro são vendidos aos varejistas urbanos estaduais

a R$ 21,54/kg e aos nacionais ao preço médio de R$ 20,93/kg o palmito processado

(Figura 52).

FIGURA 52- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da

cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.23 Uxi

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do uxi.

Foram identificados vinte e um agentes comerciantes do produto (Figura 53),

sendo 43% atravessadores, 19% feirantes e 38% produtores. Todos os agentes

comercializam mais de um produto, como: castanha-do-brasil, cajarana, cupuaçu, biribá,

pupunha, carvão, açaí, urucum, cacau, mel, andiroba, piquiá e bacaba. Um destes agentes

afirma estar no ramo há 25 anos.

Page 127: Relatorio guama

127

FIGURA 53- Localização dos agentes mercantis do uxi na RI Guamá, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do uxi:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Composta por agricultores e/ou extrativistas locais, encontrados na

pesquisa, que fazem a coleta do uxi em áreas de ocorrência do fruto;

Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram o uxi in natura;

Varejo urbano: São feirantes que comercializam o uxi in natura para o consumo

local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Composto por sorveterias que adquirem o uxi in

natura diretamente dos atravessadores;

Varejo urbano: Composta por feirantes da RI Metropolitana, que adquirem o fruto

in natura na safra.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do uxi.

Page 128: Relatorio guama

128

O principal nível de canal de comercialização do uxi identificado com maiores

quantidades é composto pelo setor do varejo rural que compra 80,2% da quantidade de

fruto in natura exclusivamente de produtores e, em seguida vendem 2,2% para o varejo

urbano local e 1,2% para os consumidores locais (Figura 54). Interessante identificar que a

maior quantidade (81,5%) do uxi do Guamá abastece o mercado estadual, 57,9% vai para

os feirantes (varejo urbano), 16,3% para as sorveterias (indústria de transformação) e

apenas 2,6% para os consumidores estaduais, neste caso a comercialização acontece em

feiras livres nos centros urbanos. Além disso, existe também a venda direta de 0,4% dos

produtores com os feirantes (varejo urbano estadual) e 4,3% para os consumidores

estaduais que também acontece em feiras livres. Os agroextrativistas vendem 0,9%

diretamente para os consumidores locais e 14,2% para os feirantes locais (varejo urbano).

FIGURA 54- Estrutura (%) da quantidade amostral do uxi comercializado na RI Guamá,

estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do uxi, no

período de 2008 a 2009.

No principal canal de comercialização o varejo rural comprou a um preço de R$

0,03/un. do fruto uxi in natura do setor de produção/extração e, os preços médios de venda

foram de R$ 0,07/un. para os feirantes locais (varejo urbano), R$ 0,13/un. para os

consumidores locais, R$ 0,06/un. para sorveterias (indústria de transformação), R$

0,05/un. para feirantes (varejo urbano estadual) e consumidores estaduais (Figura 55). Os

Page 129: Relatorio guama

129

preços são estabelecidos pela quantidade comercializada, pela oferta do fruto e

principalmente pelo custo de transporte.

FIGURA 55- Preço médio do uxi (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Dos entrevistados 19% possuem propriedades rurais com áreas que vão de 2 a 120

ha. Pouco mais de 50% dos agentes possuem meios de transporte (sete bicicletas, três

canoas, uma caminhonete, uma moto e uma canoa motorizada). Para equipamentos, foram

identificados oito freezers, com capacidade de 140 a 500 l e uma geladeira. Trabalham

somente no período de safra 47% dos agentes e 38% durante o ano todo. A mão de obra é

basicamente familiar.

4.2.24 Andiroba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

da andiroba.

A maior comercialização deste produto deu-se por meio da venda do óleo,

bastante utilizado na medicina popular desta região. Na comercialização da andiroba foram

identificados quatorze agentes nos dezoitos municípios (Figura 56), com nove coletores,

três atravessadores e duas empresas. Com relação ao período de trabalho, 57% dos agentes

trabalham na safra, 28 % no decorrer do ano e 14% não informaram. Alguns destes agentes

(35%) extraem os produtos de áreas comunitárias onde há ocorrência desta espécie. Para

Page 130: Relatorio guama

130

estocagem do produto 21% deles possuem armazéns, com tamanhos que variam de 6 m² a

15 m².

FIGURA 56- Localização dos agentes mercantis da andiroba na RI Guamá, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Em relação ao transporte próprio 21% dos agentes dispõem de duas canoas e duas

bicicletas e 79% deles não possuem transporte. Somente um agente mercantil possui um

freezer, com capacidade de 180 litros. Dos 14 agentes, 64% trabalham com outros produtos

para diversificação de sua renda (açaí, cupuaçu polpa e fruto, murumuru, uxi, castanha-do-

brasil, copaíba, mel, tipiti e cacau) e 36% trabalham somente com andiroba.

A mão de obra empregada é basicamente familiar e sazonal, aumentando durante

a safra, sendo o pagamento muito variado, tanto em função da produção quanto do período

de trabalho.

Foi identificado que parte dos produtores apresentam problemas com

armazenagem e/ou transporte do produto. Para melhorar a capacidade de produção, foram

verificados alguns fatores necessários como a assistência técnica voltada para o manejo e

aquisição de transportes.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da

andiroba:

Page 131: Relatorio guama

131

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Composto por produtores locais que coletam as sementes da andiroba.

Em alguns casos realizam o beneficiamento primário com a fervura e a extração do óleo;

Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram a semente da andiroba diretamente dos extrativistas;

Varejo urbano: Feirantes e comerciantes que compram o óleo diretamente da

produção e dividem em pequenos frascos para revender ao consumidor local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Indústria de transformação: Existem dois tipos de estrutura de empresa

transformadora, a primeira transforma a semente da andiroba em óleo e também em

produtos finais (cosméticos); e a segunda compra já o óleo e o transforma em produtos

finais (cosméticos).

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba.

A cadeia de comercialização da andiroba identificada na presente pesquisa é

constituída por poucos níveis de canais de distribuição (Figura 57).

Do total da produção identificada pela pesquisa 98,2% são demandados pelo setor

do varejo rural que, por sua vez, vende exclusivamente para o setor da indústria de

transformação estadual (empresas de cosméticos) (Figura 57). O varejo urbano (feirantes e

comerciantes) comprou 1,6% do óleo de andiroba da produção local e vendeu para o

consumidor local. Alguns produtores locais conseguiram vender 0,2% diretamente para o

consumidor local.

Page 132: Relatorio guama

132

FIGURA 57- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializada na RI

Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia da andiroba, no

período de 2008 a 2009.

O varejo rural é o principal canal de comercialização, que compra da produção a

R$ 0,26/kg da semente da andiroba (Figura 58) e fornece diretamente à indústria de

transformação estadual ao preço de R$ 0,39/kg, empresas do mesmo ramo vendem o

produto ao mesmo setor no preço de 0,49/kg, chegando ao consumidor nacional no valor

estimado de R$ 0,64/kg.

Os feirantes (varejo urbano) adquirem a andiroba diretamente da produção ao

preço de médio de R$ 0,41/kg e revendem o produto fracionado ao preço de R$ 5,60/kg

para os consumidores locais. Enquanto que os produtores vendem diretamente para os

consumidores locais ao preço de R$ 0,41/kg apenas.

Page 133: Relatorio guama

133

FIGURA 58- Preço médio da andiroba (R$/kg de fruto) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.25 Paneiro

a) Caracterização do agente mercantil envolvido na cadeia de comercialização do

paneiro.

Foi identificado um agente que comercializa o produto, que está no ramo há 20

anos e também comercializa outros produtos, tais como: andiroba, cupuaçu e açaí. Este

trabalha durante todo o ano em horários que variam de 6 as 19 horas e a mão de obra é

familiar, composta por cinco pessoas. Não foi informada a existência de armazém, e em

relação a meios de transporte, possui duas bicicletas. Não possui equipamentos, pois os

produtos são comercializados já beneficiados.

Para ampliar a capacidade da comercialização sugere melhorias na infraestrutura

do mercado municipal.

A seguir a descrição do setor envolvido na comercialização do paneiro:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Artesão (ã) ou produtor (a) responsável pela confecção do paneiro

utilizando a fibra do guarumã como matéria prima principal.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado

(R$/Unidade) pelo setor mercantil do paneiro, no período de 2008 a 2009.

Page 134: Relatorio guama

134

A estrutura da quantidade comercializada do paneiro apresenta um canal direto,

onde a produção vendeu 100%, o equivalente a 1.620 unidades, para o consumidor final

local (Figura 59). O preço médio praticado pela produção vendendo paneiro diretamente

para o consumidor final foi de R$ 3,26 a unidade.

FIGURA 59- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/Unidade) do paneiro na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.26 Bacaba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

da bacaba.

Foram identificados cinco agentes que comercializam o produto na região, destes

três são produtores, um atravessador e um batedor. Dos agentes produtores, dois trabalham

com o produto apenas na safra e um durante o ano todo. Dois agentes possuem propriedade

rural, sendo que um informou que possui seis lotes. Os agentes não possuem armazéns para

estocagem do produto e, em relação ao transporte, um agente informou possuir uma moto.

Todos os agentes possuem maquinário, sendo o mais comum a batedora de açaí e

foram identificados dois freezers. No momento da coleta não foram apresentados

problemas com a armazenagem do produto. A mão de obra empregada é basicamente

familiar, com média de quatro pessoas. Essa mão de obra é sazonal, aumentando durante a

safra. Sendo o pagamento muito variado, tanto em função da produção quanto do período

de trabalho.

Page 135: Relatorio guama

135

Os agentes além de comercializarem a bacaba trabalham também com outros

produtos oriundos da floresta, seja de áreas particulares ou comunitárias, para diversificar a

renda familiar, entre os quais coletam açaí, cupuaçu, uxi, taperebá, piquiá fruto, muruci e

bacuri. Eles relatam a importância do acesso ao credito para aquisição de ponto comercial

e/ou reforma, além de equipamentos/utensílios para melhoria da venda do produto e

assistência técnica, pois não há manejo nas áreas, fato este que pode influenciar no

aumento da produção.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização da

bacaba:

EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Guamá)

Produção extralocal: Trata-se da produção primária de bacaba do entorno do

município de Belém (RI Metropolitana);

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Representado pelos agricultores e extrativistas responsáveis pela coleta

da bacaba;

Indústria de beneficiamento: Formado por pequenos comerciantes que utilizam

máquinas despolpadeiras do açaí para obter a polpa da bacaba, que é vendida diretamente

para os consumidores locais.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado entre

diversos agentes mercantis da cadeia da bacaba.

A estrutura da cadeia da bacaba se limita ao mercado local da região, onde a

produção local comercializa diretamente com os consumidores locais 46,7% ao preço

médio de R$ 1,34/kg do fruto in natura (Figura 60). Enquanto que os batedores de açaí, na

safra da bacaba, se deslocam até a Feira do Açaí e o Ver-o-peso, em Belém (RI

Metropolitana), para adquirirem a bacaba in natura. Assim, o setor da indústria de

beneficiamento (batedores de bacaba) comprou 53,3% da produção extralocal (2,8

toneladas) a R$ 0,30/kg de fruto in natura que, após retirar a polpa, vendeu para o mercado

consumidor final ao preço equivalente a R$ 4,00/kg de fruto in natura.

Page 136: Relatorio guama

136

FIGURA 60- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/kg do fruto) da bacaba na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.27 Piquiá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do piquiá.

Foram identificados onze agentes comerciantes de piquiá (Figura 61); sendo que

72% são atravessadores e 27% produtores. Dos agentes identificados 90% comercializam

outros produtos (bacuri, muruci, carvão, cupuaçu, pupunha, uxi, muruci, cajarana, açaí,

mel, taperebá e bacaba).

Page 137: Relatorio guama

137

FIGURA 61- Localização dos agentes mercantis do piquiá na RI Guamá, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Foi verificado que apenas um agente tem propriedade rural (seis lotes), e outro

agente possui um armazém, com dimensão de 7,5 m². Referente ao transporte, 54% dos

agentes possui capacidade de transportar a própria produção, com cinco bicicletas e uma

moto.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do

piquiá:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Composta por agricultores e/ou extrativistas locais, encontrados na

pesquisa, que fazem a coleta do piquiá em áreas de ocorrência do fruto;

Varejo rural: Trata-se de atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram o piquiá in natura;

Varejo urbano: São feirantes que comercializam o piquiá in natura para o

consumo local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Varejo urbano: Composto por feirantes da Região de Integração Metropolitana,

que adquirem o piquiá in natura na safra.

Page 138: Relatorio guama

138

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do piquiá.

A organização da cadeia do piquiá ocorreu tanto na esfera local quanto na

estadual. Entretanto, a maior a parte da produção ficou concentrada no mercado local,

sendo que o varejo urbano, mais representativo dentro deste contexto, comercializou

48,9% da produção com o consumidor (Figura 62). O varejo rural comercializou 32,5 %

da produção e vendeu 14,6% para os consumidores locais, 13,1% para os feirantes e 4,8%

para os consumidores estaduais.

FIGURA 62- Estrutura (%) da quantidade amostral do piquiá comercializado na RI Guamá,

estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do piquiá, no

período de 2008 a 2009.

O preço médio praticado na produção varia entre R$ 0,11/un. do fruto a R$

0,30/un.. O consumidor estadual chega a pagar R$ 0,40 por unidade nas feiras fora da

região, como pode ser verificado na Figura 63. Os preços são estabelecidos conforme a

safra do fruto e o custo de transporte.

Page 139: Relatorio guama

139

FIGURA 63- Preço médio do piquiá (R$/Unidade do fruto) praticado nas transações entre

os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Guamá, estado

do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Grande parte dos agentes trabalha junto com a família, 72% trabalham no período

de safra e um destes paga o valor de R$ 0,30 por kg de piquiá cortado. Para melhorar a

capacidade de produção vários fatores foram apontados, tais como: transporte para

escoamento do produto, investimentos, assistência técnica e um espaço para armazenar o

produto.

4.2.28 Biribá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do biribá.

Foram entrevistados durante a pesquisa apenas dois agentes que comercializam o

produto na época da safra. Os produtores trabalham com outros produtos da floresta para

diversificação de sua renda, tais como cajarana e cupuaçu. Não foi informado o tempo que

trabalham no ramo, mas comercializam o produto durante todo o ano. Os dois produtores

possuem propriedade rural com áreas que variam de um a 3,9 ha. Eles não possuem

veículos para transporte, nem armazéns para estocagem dos produtos e nem maquinários

ou equipamentos. A mão de obra empregada é essencialmente familiar, com média de três

a quatro pessoas, aumentando em numero durante a safra, tanto em função da produção

quanto do período de trabalho. A comercialização de biribá foi identificada em Castanhal-

PA.

Page 140: Relatorio guama

140

A seguir a descrição do setor envolvido na cadeia de comercialização do biribá:

LOCAL (Municípios da Região de Integração Guamá)

Produção: Representado pelos agricultores e extrativistas responsáveis pela coleta

do biribá.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/kg do

fruto) pelo setor mercantil do biribá, no período de 2008 a 2009.

A cadeia de comercialização do biribá é caracterizada por um canal direto, isto é,

o contato entre o produtor e o consumidor local (Figura 64). Os agroextrativistas

comercializam na safra do biribá 100% da produção identificada dos frutos às feiras livres,

ao preço médio de R$ 1,76/kg do fruto.

FIGURA 64- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/kg do fruto) do biribá na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.29 Copaíba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

da copaíba.

Foi identificado um agente produtor e um atravessador. Estes agentes trabalham

no ramo há 12 anos, e não possuem capacidade para armazenamento ou meios de

transporte.

Page 141: Relatorio guama

141

Na extração do óleo chegam a trabalhar durante o ano inteiro e diariamente no

horário de 6 às 18h. Para complementar a renda o produtor trabalha com outros produtos

(andiroba, castanha-do-brasil, cupuaçu e mel). Para melhorar a capacidade de produção o

agente necessita de transporte próprio.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do óleo da

copaíba:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: extrator do óleo da copaíba que utiliza técnicas simples para tratar e

capturar o óleo que escorre da abertura da árvore;

Varejo urbano: Comerciante que fraciona os litros de óleo de copaíba para

revender ao consumidor em frascos menores.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/Litro)

pelo setor mercantil da copaíba, no período de 2008 a 2009.

Verificou-se que esta comercialização ocorreu somente no âmbito local,

envolvendo o setor do varejo urbano (Figura 65), o qual demanda toda a produção local ao

preço de R$ 30,00/l e depois comercializa o óleo da copaíba de forma fracionada para os

consumidores ao preço de R$ 66,66/l.

Page 142: Relatorio guama

142

FIGURA 65- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/l) da copaíba na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.30 Cajarana

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

da cajarana.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização da cajarana:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Proveniente da produção extrativista dos municípios estudados que

comercializam a cajarana in natura;

Varejo urbano: São feirantes e comerciantes que realizam a venda da cajarana in

natura para o consumo local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado

(R$/Unidade do fruto) pelo setor mercantil da cajarana, no período de 2008 a

2009.

Como é visto na Figura 66, onde boa parte da produção tem como setor central o

varejo urbano local (feirantes), que compra 91,7% do setor da produção por R$ 0,10/un. e

vende por R$0,20/un. para os consumidores locais. Outro canal de comercialização é a

venda direta de 8,3% da produção local por R$0,10/un. para o consumidor local.

Page 143: Relatorio guama

143

FIGURA 66- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/Unidade do fruto) da cajarana na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a

2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.31 Tipiti

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do tipiti.

Foi encontrado apenas um agente que comercializa o tipiti, o mesmo é feirante e

trabalha com o produto há 20 anos. O tipiti é comprado de produtores que levam até o box

do feirante com dimensões de 5 m2. No que tange a mão de obra o trabalho é diário, no

horário de seis da manhã ao meio dia, com uma pessoa envolvida que é o proprietário.

Com relação a melhorias o agente relatou ser necessário melhorar as instalações

do mercado, para atrair mais clientes.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do tipiti:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Os artesãos/produtores da região que utilizam fibras vegetais, a tala do

guarumã, para tecer objetos e utensílios;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Guamá)

Varejo urbano: São comerciantes (feirantes) comercializando o tipiti como

utensílio para a produção de farinha.

Page 144: Relatorio guama

144

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado

(R$/Unidade) pelo setor mercantil do tipiti, no período de 2008 a 2009.

A cadeia de comercialização do tipiti apresenta apenas um tipo de intermediário

que compra toda a produção dos artesãos (Figura 67) e sendo vendida exclusivamente

para os consumidores locais. O preço médio de venda praticado pelos artesãos (setor da

produção) para o varejo urbano foi de R$ 6,00/un., sendo revendido aos consumidores

locais ao preço de R$ 8,00/un.

FIGURA 67- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/Unidade) do tipiti na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.32 Mari

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do mari.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do mari:

LOCAL (Municípios da RI Guamá)

Produção: Composta por extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem

a coleta do mari em áreas de ocorrência do fruto;

Varejo urbano: São feirantes e comerciantes que realizam a venda do mari in

natura para o consumo local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado

(R$/Unidade do fruto) pelo setor mercantil do mari, no período de 2008 a 2009.

Page 145: Relatorio guama

145

Toda a produção identificada do mari (100%) é comercializada na época da safra

pelo varejo urbano local, sendo vendida para os consumidores locais (Figura 68). Os

feirantes (varejo urbano) compram os frutos pelo preço médio de R$ 0,04/un. do fruto e

vendem para os consumidores a um preço de R$ 0,05/un. do fruto in natura.

FIGURA 68- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/Unidade do fruto) do mari na RI Guamá, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Page 146: Relatorio guama

146

4.3 ANÁLISES AGRUPADAS

Ao se analisar sob o ponto de vista da demanda final dos produtos florestais não

madeireiros produzidos na Região de Integração Guamá, alguns com origem de produção

de regiões vizinhas (Tabela 2), que no total orçou em torno de R$ 53,4 milhões, o mercado

local foi o maior demandante de seus produtos não florestais ofertados, pois comprou

aproximadamente R$ 19,7 milhões que corresponde a 37% da demanda total. O mercado

estadual comprou mais de R$ 17,5 milhões, que corresponde a 33% do valor da demanda

total. E, por fim o mercado nacional que constituiu uma demanda em torno de R$ 16,1

milhões, equivalente a 30% da demanda total. Destaca-se entre a demanda dos produtos

identificados, a realizada pelo açaí, pois a sua demanda total correspondeu a mais de 89%

da demanda total, sendo que a nível local correspondeu a 92%, a estadual a 87% e a

demanda nacional 89%, o que demonstra a sua importância não só alimentar, mas também

econômica e social com milhares de famílias envolvidas da região.

Ao averiguar a classificação por percentagem relativa das demandas pelas três

escalas regionais, os produtos mais demandados pelo mercado local dos dezoito

municípios que compõem a RI Guamá, isto é, produtos que tiveram 100% das suas ofertas

demandadas a nível local foram: carvão, bacaba, copaíba, paneiro, biribá, cajarana, tipiti e

mari (Tabela 2). Os demais, cacau fruto (un.), piquiá e o açaí, tiveram suas demandas

efetuadas em consórcios com outra escala regional, que no caso dos dois primeiros foram

as demandas de 95% e 78%, respectivamente, realizadas no âmbito local, e no caso do açaí

foram as demandas realizadas no âmbito estadual e nacional, 32% e 30% respectivamente.

No mercado estadual, os produtos mais demandados foram: muruci, uxi, pupunha, bacuri,

urucum, mel, cupuaçu e o taperebá. Frisa-se, no entanto, que a demanda deste último,

apesar de mais predominante na escala estadual (54% aproximadamente), o mercado

nacional demandou aproximadamente 46%. O mesmo aconteceu com a demanda do

urucum, em que as demandas estadual e nacional, praticamente foram iguais, em termos

percentuais (40,2% e 39,9%).

Page 147: Relatorio guama

147

TABELA 2- Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros

identificados da Região de Integração Guamá, estado do Pará, estimado para 2008 (Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Com relação aos produtos mais demandados pelo mercado nacional (Tabela 2), o

cacau amêndoa, priprioca, borracha, murumuru, estoraque, capitiú, mucajá e o inajá

tiveram 100% das suas ofertas, a partir da RI Guamá, demandadas pelo mercado nacional,

principalmente o eixo Rio - São Paulo e Bahia, no caso do cacau amêndoa. Enquanto que a

andiroba, castanha-do-brasil, tucumã e o palmito, obtiveram suas demandas nacionais com

representatividades variando entre 88% a 76% do que foi ofertado, já que foram

consumidos nos outros mercados, variando conforme a especificidade e utilidade do

produto.

No que concerne verificar qual mercado adiciona mais valor, ou ainda, agregou

mais valor aos produtos florestais não madeireiros, conforme Tabela 3, o mercado local

Page 148: Relatorio guama

148

adicionou R$ 40,3 milhões, que representou 76% do VAB total, estimado em R$ 53,4

milhões. O sistema estadual adicionou em torno de R$ 9,5 milhões (18% do VAB total) e,

na esfera nacional foram adicionados aproximadamente R$ 3,5 milhões (7% do VAB

total).

TABELA 3- VAB (local, estadual e nacional), em R$ e % dos produtos florestais não madeireiros

identificados da Região de Integração Guamá, estado do Pará, estimado para 2008 (Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Este valor estimado do VAB identifica e divulga onde a economia esta em

processo de crescimento, isto é, onde a riqueza esta sendo gerada, uma vez que expõem as

ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que os produtos oriundos

do agroextrativismo adquiriram, ao longo das cadeias de comercialização, seja ela local

para a maioria dos produtos identificados, seja estadual como é o caso da castanha-do-

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149

brasil que foi beneficiada mais intensamente fora da RI Guamá, com exclusiva

participação do setor de indústria de beneficiamento e exportação, localizada na capital

paraense. Ou ainda, nacional tal como aconteceu com o cacau amêndoa que foi

comercializado direto para fora do estado do Pará a fim de ser beneficiado e processado

por indústrias de transformação, mais especificamente no Estado da Bahia, que agregou

61% do adicionado nacional (Tabela 3). Na esfera estadual, além da castanha-do-brasil,

não houve outros produtos que agregaram valor de forma predominante neste mercado,

sendo o mais representativo, em termos de valor, a agregação realizada no açaí, que foi

responsável por aproximadamente 94% do VAB estadual, estimado em R$ 8,9 milhões.

Quando se analisa o valor agregado levando em consideração os produtos

escalonados em categorias, conforme a Tabela 4, a categoria dos alimentícios foi quem

mais adicionou valor, equivalente a R$ 51,5 milhões, que corresponde a 97% do VAB

total, estimado em mais de R$ 53,4 milhões, oriundo da agregação de valor obtida nas três

esferas regionais: local, estadual e nacional, respectivamente 75%, 18% e 7%. Entre os

produtos escalonados nesta categoria, tem-se um destaque exponencial do valor agregado

ao açaí, pois o seu VAB total, estimado em R$ 47,6 milhões, correspondeu a 92% do VAB

da categoria, sendo 75% constituído no mercado local. Verifica-se também que assim

como o açaí, a maioria dos produtos adicionou valor de forma preponderante a nível local,

com exceção do cacau amêndoa e castanha-do-brasil, pois agregaram mais valor na esfera

nacional e estadual, respectivamente.

Dentre os produtos alimentícios que agregaram mais valor a nível local, somente a

bacaba, açaí, cupuaçu, muruci, taperebá, palmito e urucum passaram por ações da indústria

de beneficiamento e transformação (Tabela 4). No caso especifico das frutas, por ações

principalmente das agroindústrias localizadas nos municípios de Castanhal e São Francisco

do Pará, o urucum por ações das indústrias de alimentos em Castanhal e Santa Maria do

Pará e o palmito por ações da indústria alimentícia de São Domingos do Capim. Deste

modo, há uma concentração de agroindústrias e indústrias alimentícias no município de

Castanhal, por questões de externalidades positivas, tais como, infraestrutura de produção e

comercialização, preços mais competitivos em relação aos preços praticados se estivessem

na capital paraense (Belém), pois teriam que concorrer com outras indústrias do mesmo

setor ali localizadas e, no caso açaí, também com os inúmeros batedores. O restante dos

alimentícios por apresentarem uma cadeia de comercialização linear (produtor-varejo

urbano-consumidor) a nível local, a majoração de preços foi determinante na

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150

contabilização do VAB. Logo, a agregação de valor desta categoria poderia ser maior se

houvesse beneficiamento nos produtos que foram comercializados na sua forma in natura

(fruto), desde o setor da produção até o consumidor final.

TABELA 4- VAB (local, estadual e nacional), em R$ e % dos produtos florestais não madeireiros

identificados da Região de Integração Guamá, estado do Pará, estimado para 2008, organizados por 5

categorias (Alimentícios, Artesanatos e Utensílios, Derivado Animal, Derivado da Madeira e Fármacos e

Cosméticos), (Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Para os produtos classificados como artesanato e utensílios (paneiro e o tipiti) a

agregação de valor em torno de R$ 7,3 mil (0,01% VAB total) se processou somente no

local, por ações de beneficiamento realizado artesanalmente pelo setor alfa, ou seja, dos

artesãos. Assim como o mel, único produto derivado animal identificado, onde sua

Page 151: Relatorio guama

151

agregação de valor foi 99% local e 1% estadual do total de R$ 776,4 mil (1,45% do VAB

total), do qual as ações de beneficiamento realizadas pelos apicultores foram

preponderantes. No que se refere aos derivados da madeira, carvão e borracha, com VAB

R$ 798,3 mil (1,50% do VAB total), o primeiro além de ter sido comercializado somente

na RI Guamá, a sua agregação de valor (R$ 695 mil) formalizou-se muito em função das

ações dos carvoeiros. Enquanto que a borracha agregou valor nas três escalas regionais,

contudo, 64% se deram na esfera local em função tanto das ações dos extrativistas, quanto

do setor de atacado, que em termos gerais, adicionou valor por intermédio da majoração de

preço (Tabela 4).

E por fim, a agregação de valor da categoria fármacos e cosméticos, estimado em

R$ 218,4 mil (0,41% do VAB total), que se processaram de modo predominante na esfera

local, com uma representatividade variando entre 100% e 65% do total adicionado devido

às ações dos agroextrativistas, que os comercializaram na suas formas in natura, com

exceção do óleo de copaíba que foi beneficiado pelo seu respectivo setor alfa, antes da

comercialização (Tabela 4). É preciso destacar que, entre os produtos desta categoria

comercializados in natura, a partir da RI Guamá, mais especificamente do município de

Santo Antônio do Tauá, tiveram como destino uma grande indústria de transformação,

atuante no ramo de cosméticos, localizada no município de Benevides, pertencente à RI

Metropolitana. No caso do murumuru e da andiroba ela adquiriu de outra indústria de

transformação localizada na mesma RI metropolitana, só que em Ananindeua.

Para se analisar a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada, conforme a

Tabela 5, de forma mais coerente, uma vez que os produtos não se encontram em um

mesmo parâmetro econômico, haja vista que é difícil realizar comparações quando alguns

produtos estão em escalas de milhões de reais, em detrimento de outros, que se encontram

em centenas de reais, utilizou-se da estratégia de dividi-los em três categorias em função

da RBT, gerada e circulada na comercialização dos produtos, quais sejam: i) os que

atingiram valores acima de R$ 600 mil do RBT; ii) para os intermediários com RBT entre

R$ 100 mil e R$ 599 mil e; iii) os abaixo de R$ 100 mil, conforme a Tabela 5.

Sendo assim, os produtos classificados na primeira categoria e organizados em

função das maiores RBTs, em ordem decrescente, foram o açaí (R$ 88 milhões), cacau –

amêndoa (R$ 2 milhões), muruci (R$ 1,9 milhão), urucum (R$ 1,4 milhão), mel (R$ 1,3

milhão), taperebá (R$ 1,1 milhão), carvão (R$ 1 milhão) e a pupunha (R$ 795 mil). É

imperativo afirmar que nesta categoria (RBT acima de R$ 600 mil), o açaí correspondeu a

Page 152: Relatorio guama

152

aproximadamente 90% da RBT gerada e circulada a partir da região e contabilizados em

R$ 97,7 milhões (Tabela 5). Sendo que 58% da RBT do açaí foram geradas e circuladas

no âmbito local, isto é, na RI Guamá, por atuação determinante do setor de indústria de

beneficiamento, constituído por tradicionais batedores, que beneficiaram para o consumo

local e, por agroindústrias que beneficiaram para o abastecimento do mercado nacional.

TABELA 5- Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não

madeireiros identificados na Região de Integração Guamá, estimados para 2008, organizados em três

categorias relativas com escalas de valor do RBT (Acima de R$ 600mil, de R$ 100mil a R$ 600mil e abaixo

de R$ 100mil).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Dentre os produtos da segunda categoria (de R$ 100 mil a R$ 599 mil), o bacuri,

priprioca e o uxi tiveram suas RBTs formadas e circuladas sem a participação do mercado

nacional, sendo que, a priprioca teve maior participação do mercado estadual (56%) devido

a atuação da indústria de transformação. A castanha-do-brasil, a borracha, o cupuaçu e o

palmito tiveram suas RBTs geradas e circuladas nas três escalas regionais, porém, os dois

primeiros geraram maior RBT na escala nacional, enquanto que, os dois últimos geram

maior RBT no mercado local (Tabela 5). Na terceira e última categoria (RBT abaixo de

Page 153: Relatorio guama

153

R$ 100 mil), nenhum dos produtos classificados nesta categoria tiveram suas rendas

geradas e circuladas no âmbito nacional. Em contrapartida, bacaba, copaíba, paneiro,

cajarana, biribá, tipiti e mari tiveram suas RBTs, exclusivamente, geradas e circuladas no

mercado local, as quais juntas somaram R$ 57,4 mil, que correspondeu 15% da RBT desta

categoria, RBT até R$ 100 mil.

Quando se analisa a renda gerada e circulada somente no âmbito local, estimada

em R$ 57,9 milhões (58% da RBT total), o açaí se constituiu como um dos principais

produtos oriundo do agroextrativismo gerador de emprego e renda para RI Guamá. Pois na

formação deste valor, acima citado, R$ 51,4 milhões foram da sua cadeia de

comercialização (Tabela 5). No que diz respeito aos produtos comercializados somente na

RI Guamá e, sendo assim, que tiveram suas RBTs estritamente formadas no mercado local,

o carvão se destacou com uma renda estimada em mais de R$ 1 milhão, dos quais, o setor

de origem da cadeia, mais especificamente os carvoeiros, foi quem contribuiu de forma

significativa para esta somatória, com aproximadamente 53%.

Desta maneira, ao se considerar a Contabilidade Social Ascendente Alfa, que tem

o seu ponto de partida no setor da produção agroextrativista de espécies nativas, dos

dezoito municípios estudados (Setor α) que integram RI Guamá, recebeu um total, em

torno de, R$ 17,4 milhões (VBPα), oriundos das vendas de todos os produtos florestais não

madeireiros identificados (31 produtos no total). E, com as transações comerciais

realizadas pelos setores que vendem tais produtos até o consumidor final, foi adicionado

valor a estes num montante de R$ 53,4 milhões (VAB), que somado com o VBP, sob a

ótica da demanda, que corresponde ao valor total da compra de insumos realizados pelos

setores da demanda intermediária, estimado em R$ 46,2 milhões, chega-se a um importe de

R$ 99,6 milhões, o qual se refere à RBT gerada e circulada na economia destes produtos

com seus efeitos para frente (venda) e para trás (compra) entre os agentes mercantis na

cadeia de comercialização (Tabela 6).

Ao longo das cadeias de comercialização dos produtos florestais não madeireiros

identificados, alguns apresentaram uma margem bruta de comercialização, também

denominado de mark-up, bastante expressiva em relação aos apresentados por outros, pois

quanto mais ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço o produto

adquiriu ao longo da cadeia e, a partir do setor da produção, maior foi o seu valor de mark-

up (Tabela 6). Esta margem mostra o quanto, em termos percentuais, foi adicionado ao

longo das cadeias dos produtos após as vendas realizadas pelo setor da produção e, por

Page 154: Relatorio guama

154

isso, o seu valor é calculado pela diferença entre o VAB e o valor obtido pela venda do

setor da produção, do produto, ou seja o VBPα dividido pelo VBP

α. Desta maneira, o

urucum, castanha-do-brasil e o palmito foram os produtos que obtiveram os maiores

valores de mark-up, calculados em 1.096%, 722% e 713%, respectivamente, pois 88% dos

seus valores adicionados (nos três casos) foram constituídos por ações dos agentes da

demanda intermediária, considerando as três escalas regionais, com predomínio, no caso da

castanha-do-brasil das indústrias de beneficiamento estadual e, no caso do palmito das

industrias de beneficiamento local.

E, no outro extremo, isto é, produtos que constituíram os menores valores de

mark-up, foram o biribá, paneiro e o mel, com os dois primeiros apresentando índices de

0% e o terceiro com índice de 2%, porquanto, nenhuma ou poucas (no caso do mel) ações

de beneficiamento e transformação estes produtos adquiriram após as vendas dos

agroextrativistas. No caso dos dois primeiros, soma-se também ao fato da inexistência de

intermediação entre a produção e consumo. O mel fora comercializado com a

intermediação do setor de varejo urbano e atacado, tanto no âmbito local quanto no

estadual. Logo, verifica-se também que a comercialização do produto quando aconteceu

com poucas e/ou sem intermediação, entre o setor alfa e o consumidor final, também

proporcionou que o valor de mark-up tendesse a zero.

No valor recebido pelo setor alfa (VBPα, em torno de R$ 17,4 milhões), mais de

R$ 1,7 milhão (10% do VBPα) foram provenientes dos valores recebidos pelo setor da

produção extralocal, ou seja, por agentes mercantis agroextrativistas fixados em

municípios que integram outras regiões de integração, especificamente Rio Caeté (com

95,6% de participação no valor recebido extralocal), Tocantins (com 4% de participação),

Carajás (com 0,34%), Metropolitana (com 0,08%) e Rio Capim (com 0,001%). Estes

agentes do setor alfa extralocal forneceram de forma parcial aos agentes de

comercialização da RI Guamá, quatro produtos florestais não madeireiros identificados

(Tabela 6), tais como: o açaí, a castanha-do-brasil, a bacaba e o cacau (fruto). Entre os

municípios que integram essas regiões, o município de Nova Timboteua, da RI Rio Caeté,

ganhou destaque pela sua expressiva participação no valor recebido pelo setor da produção

extralocal, pois seus agentes agroextrativistas transacionaram parte do açaí in natura no

município de Castanhal (onde se encontram as agroindústrias), pertencente à RI Guamá.

Assim como os agroextrativistas do município de Igarapé Miri da RI Tocantins, que

abastecem com parte da produção de açaí o município de Marapanim da RI Guamá. Já os

Page 155: Relatorio guama

155

extrativistas da castanha-do-brasil do município de Marabá, da RI Carajás, venderam parte

da produção na feira do município de Santa Maria do Pará, da RI Guamá. Enquanto que o

cacau foi vendido por agroextrativistas do município de Capitão Poço, da RI Rio Capim,

na feira do município de Santa Maria do Pará, da RI Guamá. E, por fim, parte da produção

de bacaba foi transacionada por extrativistas de Belém (RI Metropolitana) para o

município de Curuçá, a fim de atender a demanda local.

Desta maneira, considerando o VBPα total (a soma do local e extralocal), entre os

produtos identificados e, entre os mais importantes para a geração de renda e emprego para

o setor da produção, o açaí e o mel foram os produtos que mais se destacaram, já que

juntos arrecadaram valor superior a R$ 15,2 milhões (sendo R$ 14,5 milhões só do açaí), o

que correspondeu a 88% do VBPα total. Por conseguinte, o carvão, o muruci, a pupunha, o

taperebá e o cacau amêndoa foram os recursos mais representativos, em termos percentuais

do VBPα total, os quais representaram 3,2% (R$ 549 mil), 2,5% (R$ 445,5 mil), 1,4% (R$

241,9 mil), 1,2% (R$ 204,8 mil) e 1% (R$ 192,4 mil), respectivamente (Tabela 6). Por

outro lado, alguns produtos não chegaram a gerar um mil reais de renda em sua

comercialização para o setor da produção (alfa), seja pelo fato de outro subproduto ter uma

receptividade maior e, sendo assim, acaba por gerar renda em curto prazo (como no caso

da amêndoa do cacau em vez do cacau fruto), ou seja pelo fato da sua utilização ser

específica, ou seja, a demanda ser pouco expressiva, tal como o utensílio tipiti e o fruto

mari, cujas comercializações geraram apenas R$ 839,56 e R$ 137,54, respectivamente, ao

setor alfa (produção).

Com relação ao valor bruto da produção (VBP) pela ótica da demanda, ou seja,

somatório do valor da compra de insumos realizado pelos setores mercantis identificados

por recortes geográficos (local, estadual e nacional), referidos na Tabela 6 e, que

dependendo da posição e função do agente mercantil, podem variar desde matéria prima ou

subproduto até produto final. Os frutos açaí, muruci, taperebá, cupuaçu in natura, por

exemplo, até o penúltimo agente da cadeia, que o adquiriu como insumo a polpa congelada

e transformou em sucos e sorvetes, antes do último elo da cadeia, o consumidor final. Ou

como aconteceu com o carvão, o qual foi utilizado como matéria prima na indústria de

transformação (padarias e restaurantes). Assim como o mel fora utilizado como alimento

nas merendas escolares, oriundo da parceria entre os apicultores, prefeituras dos

municípios e a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (Belém) através do

Plano de Aquisição de Alimentos – PAA.

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156

TABELA 6- Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Guamá, estado do Pará, compostos pelo Valor Bruto da

Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa extralocal, a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto (VAB) e

a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e nacional, estimado para 2008 (Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Page 157: Relatorio guama

157

5 CONCLUSÕES

O estudo mostrou que a economia gerada pelos trinta e um produtos florestais não

madeireiros identificados e analisados na Região de Integração Guamá foi expressiva, uma

vez que a renda gerada, estimada para o ano de 2008, foi em torno de R$ 99,6 milhões (RBT

total). O setor produtivo agroextrativista, considerado o setor alfa (Setor α) deste modelo de

comercialização, recebeu em torno de R$ 17,4 milhões, o que correspondeu a

aproximadamente 18% da renda gerada total. É preciso destacar ainda, que no valor que o

setor alfa recebeu, R$ 1,7 milhão correspondeu aos destinados agentes alfa extralocais, ou

seja, agroextrativistas que não pertencem aos municípios da região em estudo, mas que

fornecera de forma parcial quatro dos produtos identificados no comércio da região. Deste

valor extralocal, os agroextrativistas das RI Rio Caeté e Tocantins, que tiveram no açaí sua

fonte de renda, receberam mais de 99%.

É preciso ressaltar que a RI esta inserida no mercado nacional, haja vista que 30% da

sua produção tiveram como destino final este mercado, principalmente as frutas em forma de

polpas (açaí, cupuaçu, taperebá e muruci), o palmito, a castanha-do-brasil, o cacau amêndoa, a

borracha, os utilizados como insumo pela indústria de cosméticos (priprioca, andiroba,

murumuru, estoraque, capitiú, mucajá, inajá e tucumã) e, o urucum utilizado pela indústria

alimentícia.

Com relação à renda gerada e comercializada por produto, a partir da RI Guamá, e a

parte deste montante que foi retido pelo respectivo setor alfa, que dá origem a toda base

produtiva, verificou-se, simultaneamente, dois princípios básicos: o primeiro e mais

importante, pois demonstra outras funções desenvolvidas pelo setor alfa, é que quanto mais

ações de beneficiamento o setor impor nos produtos antes das transações comerciais com

outros setores, maior será o seu retorno, ou seja, mais ele adquirirá da renda gerada e

circulada. O segundo se refere à assertiva de que, quando a comercialização do produto (de

toda produção e/ou grande parte dela) se desenvolver de forma direta entre a base produtiva e

consumidor final, ou seja, sem (e/ou com poucas) intermediações de outros setores, mais da

renda gerada e circulada, também será retida. Tal como aconteceu nas cadeias de

comercialização do paneiro (desenvolvido pelos artesãos) e do biribá (apesar de vendido sem

beneficiamento), em que de suas RBTs geradas, 100% foram receptadas pelo setor da

produção. Outros princípios também se fazem presente e, sendo assim, contribuíram, mesmo

que de forma secundária, mas concomitantemente com os básicos, para maior ou menor

retorno financeiro deste setor, tais como: baixo grau de organização social formal

Page 158: Relatorio guama

158

(associações e cooperativas), falta de corporativismo, infraestrutura de comercialização

precária (estradas, rodovias; que geralmente os deixam sob dependência dos atravessadores),

capacitação técnica e baixo grau de escolaridade.

Partindo-se do primeiro princípio, os agroextrativistas que tiveram no mel sua fonte

de renda, receberam R$ 759,6 mil, o que correspondeu aproximadamente a 59% da sua RBT

gerada e circulada. Enquanto que os agroextrativistas do urucum e da castanha-do-brasil

receberam em torno de 4% e 6% das suas respectivas RBT, R$ 1,3 milhão e R$ 341,2 mil,

geradas e circuladas, configurando-se, juntamente com o palmito, nos quais os

agroextrativistas arrecadaram apenas 6,7% da RBT total de R$ 143,2 mil, como os recursos

de menor retorno financeiro para os que atuam na base produtiva. No caso do açaí, além das

vendas in natura, ou seja, sem qualquer ação de beneficiamento, a falta de organização social

e de cooperação foram preponderantes para o valor retido pelo setor da produção/extração,

pois dos R$ 88,2 milhões gerados e circulados pela sua comercialização, apenas 16% (R$

14,5 milhões, sendo R$ 1,7 milhão extralocal) foi retido pelas milhares de famílias que tem

nesta atividade sua fonte renda. O carvão, por sua vez, com uma renda estimada em mais de

R$ 1 milhão, aproximadamente 57% (R$ 548,9 mil) foi retido pelo setor alfa local, devido,

principalmente às ações dos dois princípios básicos, simultaneamente. Por conseguinte, o

muruci com renda estimada em R$ 1,4 milhão, e 30% retidos pelo setor alfa, haja vista que

sua comercialização se deu na forma in natura (vendido o fruto), tendo como elo, tanto a

nível local quanto estadual, o setor de varejo urbano, composto por feirantes e atravessadores,

antes do consumidor final.

Entre os produtos que adquiriram ações de beneficiamento fora da RI Guamá

(tucumã, estoraque, capitiú, priprioca, inajá, mucajá, murumuru e a andiroba), mais

especificamente no âmbito estadual (ind. de transformação) e, vendido in natura sem

intermediações, a partir da RI Guamá, o valor, em termos percentuais, retido pelo setor alfa da

RBT gerada e circulada, foi de 51% no caso do tucumã e 44% para o restante. Com exceções

do murumuru e da andiroba, pois o percentual foi menor devido às transações intermediarias

de outra indústria e, por isso, os valores retidos foram 22% e 14% respectivamente.

No que se referiu à agregação de valor, realizadas no ano de 2008, em torno de R$

53,4 milhões, o sistema local foi o que mais adicionou valor a quase todos os produtos

identificados, pois representou 76% do VAB total, estimado em R$ 40,3 milhões, devido

principalmente ao beneficiamento das frutas (açaí, muruci e taperebá), a fim de abastecer as

redes de supermercados no mercado estadual e nacional e, ao beneficiamento do mel e do

Page 159: Relatorio guama

159

carvão, antes da sua comercialização, realizadas pelo setor alfa. As exceções ficam por conta

da castanha-do-brasil, cuja agregação de valor é realizada de forma mais intensa fora da RI

Guamá, mais especificamente 68% do VAB total fora realizado na capital paraense, Belém

(mercado estadual). Assim como o cacau amêndoa, em que 61% do seu valor adicionado

foram realizados no mercado nacional, particularmente no estado da Bahia. Em contrapartida,

no que tange a agregação de valor por produtos identificados, e sua participação no VAB

total, levando-se em consideração as três escalas regionais, o açaí gerou 89% (R$ 35,8

milhões) do agregado no âmbito local, cujos agentes indutores foram as indústrias de

beneficiamento (compostas por batedores e pelas agroindústrias). No âmbito estadual e

nacional, este produto foi responsável por 94% do VAB estadual e 82% do VAB nacional,

tendo como agente indutor de tal processo no âmbito estadual, as indústrias de beneficiamento

(representados pelos batedores da RI Metropolitana), que compram o produto in natura e os

vendem para os consumidores finais.

Por tudo isso, mesmo que o valor adicionado tenha sido maior no âmbito local,

fazem-se necessários investimentos em ações que criem condições favoráveis de multiplicar a

renda dos agentes mercantis que têm nos PFNM sua atividade principal e/ou correlacionada a

outras, como por exemplo, o incentivo ao aumento da demanda, através do melhoramento das

condições de comercialização destes produtos, que a grosso modo significa a reforma e/ou a

construção dos pontos de comercialização como feiras do produtor e/ou mercados municipais,

já que na maioria dos municípios pertencentes a esta RI, estes se encontram inoperantes ou

inexistentes. Assim como a ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, que

além de incentivar a oferta desses produtos pelo setor da agricultura familiar e extrativista

(ampliar o incentivo à extração, pois muitos afirmaram que por falta de demanda deixam de

extrair mais e, incentivo ao plantio), também incentivaria a organização social, ou seja, a

criação e/ou melhoramento da gestão das cooperativas e associações. Outra ação seria a

ampliação e/ou divulgação dos programas de financiamentos à produção e técnicas de

empreendedorismo (treinamentos e capacitação), assim como, ampliação da disponibilidade

de assistência técnica junto aos agroextrativistas, a fim de que possam aumentar a

produtividade e a melhorar qualidade dos produtos oriundos do agroextrativismo. Estas ações,

de curto prazo, contribuiriam tanto para o desenvolvimento sustentável da RI quanto para que

as agregações de valor sejam indutoras de geração de emprego e na melhoria da renda para as

populações, tanto no âmbito local quanto no estado do Pará (mercado estadual), de forma a

dinamizar as potencialidades das economias “tradicionais” locais.

Page 160: Relatorio guama

160

6 RECOMENDAÇÕES

É fato que a comercialização dos PFNM sempre foi uma opção (e/ou principal fonte)

de renda para as inúmeras famílias e, com o passar dos anos, vem-se apresentando como uma

das atividades que melhor os remunera e, ainda mantêm o seu habitat, isto é, apesar do uso há

a conservação dos recursos florestais. A favor destas atividades, encontra-se o fato de que

com os problemas ambientais advindos do aquecimento global, a redução do desmatamento

na Amazônia com base em economias sustentáveis vem sendo a retórica dos governos federal,

estaduais e municipais da Amazônia, das não governamentais e até dos agentes diretamente

envolvidos nas atividades agroextrativistas - as populações tradicionais. No entanto, devido às

forças dos mercados globalizados, parte dessa atividade fica a mercê de instituições públicas,

por apresentar determinadas limitações de escala (geográfica e produtiva, as mais

justificáveis) que os impedem de ser alvos de políticas de fomento, haja vista que a grande

dialética de manter a floresta em pé e gerar crescimento econômico parecem conflitantes.

Depreende-se, deste modo, que os montantes econômicos mostrados neste relatório

são significativos, apesar disso, as comercializações dessas 31 cadeias dos não madeireiros

apresentaram entraves aos setores da produção e da indústria, que são chaves para

potencializar a atividade. Pois historicamente tais setores se mantêm em condições de

desassistidos por parte das políticas públicas e, se suprir estes estorvos certamente dinamizará

a economia da RI, transformará o potencial produtivo, com geração de renda, agregação de

valor aos produtos e mais postos de trabalho. O uso correto destes recursos florestais atingirá

o objetivo maior que é o desenvolvimento sustentável para a região.

Ao longo da descrição de cada cadeia de comercialização estudada nesta RI foram

apontados vários gargalos assim como aspectos positivos. A seguir, de forma mais

abrangente, pontuamos os principais entraves identificados nas cadeias de comercialização

dos PFNM, tanto do setor da produção quanto da indústria, contendo entraves e algumas

recomendações para subsidiar políticas públicas.

a) Principais entraves ao setor da produção, considerando o agente agroextrativista

(setor alfa) deste modelo:

Ausência de planos de manejo condizentes com o potencial da RI Guamá,

principalmente no que se referiu à comercialização do açaí;

A problemática da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), pois além da

demora das visitas técnicas, equipes despreparadas para atuar no setor de produtos

não madeireiros;

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161

Baixo nível de empreendedorismo;

Baixo nível de escolaridade das famílias envolvidas na atividade dos não

madeireiros;

Baixos níveis de qualidade e identidade dos produtos (embalagem, especificações

técnicas, validade, etc.), devido os processos extrativos terem sido muitas vezes

desenvolvidos ainda de forma artesanal e, comercializados sem padrão;

Falta de registro junto aos órgãos de regulamentação e fiscalização, para a

produção e comercialização dos não madeireiros;

Baixo grau de associativismo e corporativismo, que infere nas oscilações de

preços e, resulta em baixos retornos financeiros;

Pouco conhecimento do potencial de mercado dos PFNM, pois muitos deixam de

aumentar, e/ou até mesmo iniciar uma produção, por falta do conhecimento desta

demanda crescente por produtos de apelo sustentável, tanto dos setores

econômicos (indústrias, consumidores de fora da RI principalmente), quanto dos

programas de compra do Governo, como o PAA do governo federal;

Pouco acesso aos créditos rurais, tanto pelo grau de escolaridade apresentado pelo

setor, quanto pela ausência de bancos públicos e/ou privados;

Comercialização dos produtos basicamente de desenvolveu devido à ação dos

atravessadores, porque os pontos de comercialização (feiras livres, mercados

municipais e feiras do produtor) se encontravam fechados, ou deteriorados ou

ineficientes (falta de higienização; organização dos produtos) para a

comercialização;

O desenvolvimento das atividades ocupou basicamente a mão-de-obra familiar, só

em casos excepcionais (safra) se “contratou” um ou mais ajudantes, que

receberam conforme produtividade no dia, entre outros, predominando a

informalidade do setor.

b) Principais entraves no setor da indústria:

Baixo grau de competitividade do setor, principalmente dos fatores estruturais da

oferta/demanda (agroindústrias têm dificuldades em adquirir o insumo por

questões como: a dispersão dos fornecedores, a falta de organização do setor

agroextrativista e a dependência dos atravessadores) e fatores internos (pois

muitos atuam na informalidade).

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162

Baixo nível tecnológico e de segurança no processo de beneficiamento e

transformação dos não madeireiros;

Estrutura física tanto para os processos produtivos quanto para o armazenamento

dos produtos, não seguem os padrões exigidos;

Pouco acesso aos créditos e financiamentos, pois poucos municípios apresentaram

uma rede bancária;

Mão de obra utilizada basicamente a familiar, sendo deste modo, com poucos

empregos gerados;

Baixo nível de escolaridade dos empresários, que acaba influenciando nas

tomadas de decisões;

Baixo nível empreendedor, devida a baixa capacidade empresarial para atuar nas

mudanças intrínsecas ao sistema capitalista.

É necessário afirmar, no entanto, que o primeiro passo esta sendo dado com este

relatório, com a produção de informações necessárias para subsidiar a formulação ou

adequação de políticas públicas condizentes com a potencialidade da região.

c) Algumas recomendações para potencializar as cadeias de comercialização dos

PFNM e subsidiar políticas públicas:

Capacitação para execução de planos de manejo condizentes com a potencialidade

local e que tomem como premissa o conhecimento das populações tradicionais;

Capacitação dos agentes locais e regionais da assistência técnica e extensão rural a

fim de orientar a organização da produção e melhorar a renda dos

agroextrativistas;

Capacitação para o crédito, a fim de melhorar os processos produtivos, de

armazenamento e de comercialização;

Capacitação para o setor da produção valorar adequadamente os produtos

agroextrativistas, pois surgem novos produtos no mercado, principalmente

fármacos e cosméticos, que o setor desconhece;

Melhoria da qualidade dos produtos ao longo da cadeia produtiva;

Incentivo e capacitação para o cooperativismo/associativismo. Haja vista que,

devido à natureza da atividade, baseada no (agro) extrativismo e coleta, pequenas

unidades de produção são geradas, e a comercialização de PFNM tem

demonstrado ser a melhor alternativa para eliminar os atravessadores mediante

Page 163: Relatorio guama

163

criação de associações comunitárias e cooperativas, proporcionando preço mais

justo aos envolvidos nesta atividade;

Capacitação em técnicas de gerenciamento;

Busca de novos mercados: criação e/ou participação dos agentes em feiras e

eventos para os produtos não madeireiros, seja no âmbito local, quanto no

estadual e até nacional, com apoio público e privado;

Melhorias na infraestrutura de comercialização dos produtos: construção e/ou

reforma das feiras e mercados municipais, assim como das feiras do produtor;

Melhoria e manutenção de estradas e rodovias, permitindo acesso e escoamento

da produção;

Ampliação da modalidade de Ensino para Jovens e Adultos (EJA), pois o baixo

nível de escolaridade apresentado pelos agentes mercantis, principalmente dos

setores citados nos entraves, implica na falta de informações técnicas e de

capacitação a respeito do manejo e otimização da produção de PFNM;

Investimentos e capacitação direcionados para agregação de valor aos produtos,

fazendo com que os agroextrativistas aumentem seu interesse por estas atividades;

Ampliação e/ou fortalecimento do Programa de Fortalecimento a Agricultura

Familiar, tanto através dos programas de concessão de crédito, quanto pelos

Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e alimentação escolar,

Valoração e valorização dos produtos não madeireiros: como por exemplo, a

criação de certificação orgânica;

Maior investimento integrado (entre Secretarias e Ministérios) em Ciência e

Tecnologia (C&T) para produzir informações, assim como em Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D) para garantir qualidade e completar o entendimento

sobre as cadeias de produção. Pois, precisa-se criar um modelo de

desenvolvimento sustentável que mantenha a floresta em pé e que ainda gere

crescimento econômico;

Apoios institucionais formais direcionados para atividades extrativistas;

Organização de seminários na RI com agentes mercantis, principalmente os

agroextrativistas, convidados de fora da região, técnicos, representantes de

instituições publicas (municipal, estadual e nacional), a fim de interagirem na

formulação de planos de trabalho, em que as partes envolvidas relatem as

dificuldades encontradas nas cadeias dos não madeireiros (produção, distribuição

Page 164: Relatorio guama

164

e comercialização), assim como, as potencialidades, com intuito de traçar

objetivos a serem atingidos, definir metas e potencializar resultados;

Fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) existentes na região estudada.

Page 165: Relatorio guama

165

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168

APÊNDICES

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169

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170

APÊNDICE A – Questionário aplicado junto aos agentes mercantis

Entrevistador _________________ Nº ________ Nº entrevista: _______

Estudo sobre a Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros no

Estado do Pará

Entrevista com Agentes Mercantis

O objetivo da pesquisa é obter informações sobre as cadeias de comercialização dos principais

produtos da região, com o intuito de estudar as potencialidades da economia regional. Todas

as informações obtidas nessa pesquisa são de caráter sigiloso e anônimo e servirão para

finalidades científicas.

Nome do entrevistador: ______________________________________Data: ___________

Município:___________________________Localidade:_____________________________

GPS Nº ___ : S _____ o _____´ _____” W _____

o _____´ _____” Obs.: ________________

Nome do entrevistado / da empresa: _______________________________________________

Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ________________________________________

Categoria:

a. Indústria/Empresa ( ) b. Intermediário ( ) c. Produtor ( )

a. Empresa: Matriz ( ) Filial ( )

Nome / local da matriz: ___________________________________________________________

Tempo de trabalho no ramo / no local: _______________________________________________

b. Intermediário: Nascido em: ____________________________________________________

Profissão anterior: _______________________________________________________________

Profissão paralela: _______________________________________________________________

c. Produtor: Nascido em: _________________________________________________________

Local / tamanho do lote: __________________________________________________________

Descrever atividades extrativas (locais, técnicas usadas no manejo, equipamentos,

negociações, acesso/controle, etc.)_______________________________________________

Qual é a infra-estrutura que dispõe?

Armazéns (número, capacidade): _____________________________________________________

Meios de transporte (tipo, número, capacidade): _________________________________________

Máquinas e Equipamentos (tipo, número, capacidade): ____________________________________

Tem problemas com capacidade de armazenamento, com os equipamentos/ maquinário?

Quais?_________________________________________________________________

Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?

________________________________________________________________________________

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171

Como é o tempo de trabalho (ano inteiro, períodos, tempo integral / parcial etc.)?

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

Qual é o valor pago aos trabalhadores em média (por categoria, por mês, diária, por

empreitada (descrever), etc.)?

_______________________R$ _________/_________

_______________________R$ _________/_________

Existem outros que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?

___________________________________________________________________________

Informações para contato (endereço e telefone do entrevistado):

___________________________________________________________________________

O que é necessário para melhorar sua capacidade produtiva?

___________________________________________________________________________

Observações Gerais (manejo, transporte, negociações, financiamento, assistência técnica,

etc.): ____________________________________________________________________

Categoria

do

agente entrevistado

C/V1 Merca-doria

Quant. Unid. Quando/Período/

mês

Preço

por

Unid.

De quem ? / Para quem? Formas

de

Pagamento2

Serviços prestados3 Nome Categoria

Município/

Estado

1) (C) Comprado (V) Vendido

2) (AV) A vista (NF) Na folha

(AP) A prazo (F) Fiado (T) Troco

3) (F) Financiamento (T) Transporte

(B1) Beneficiamento nível 1 (primário)

(B2) Beneficiamento nível 2 (extração)

(B3) Beneficiamento nível 3 (processamento)

(C) Classificação

(A) Armazenagem

(E) Embalagem

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172

APÊNDICE B- Produtos florestais não madeireiros identificados, usos, espécies e partes

utilizadas nas cadeias de comercialização da Região de Integração Guamá, no período de

2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

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173

APÊNDICE C- Imagens capturadas nos municípios da Região de Integração Guamá.

Foto 1- Caixas de abelha. Foto 2- Equipamento utilizado no processamento

do mel.

Foto 3- Cestos, paneiros e rasas, utilizados na

comercialização de vários produtos.

Foto 4- Embalagens para acondicionamento do

mel.

Foto 5- Artesanato de miriti no município de São

Francisco.

Foto 6- Pulseira confeccionada com sementes de

espécies florestais e frutíferas.

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174

Foto 7- O fruto do cupuaçu é coletado e juntado

para comercialização na forma de polpa ou in

natura.

Foto 8- Processo manual de remoção da polpa do

cupuaçu.

Foto 9- Embalagem de comercialização da polpa

do cupuaçu.

Foto 10- Armazenamento e acondicionamento da

polpa.

Foto 11- Comercialização dos frutos na beira da

estrada.

Foto 12- Cupuaçu sendo comercializado em

feiras do município.

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175

Foto 13- Comercialização de carvão no

município de Colares.

Foto 14- Lenha utilizada para produção do

carvão (nos fornos de barro).

Foto 15- Forno utilizado para queima de carvão. Foto 16- Carvão embalado para comercialização.

Foto 17- Carvão sendo despachado pelo

atravessador nos pontos de venda.

Foto 18- Frutos de tucumã.

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176

Foto 19– Comercialização de remédios caseiros

feitos a base de plantas medicinais.

Foto 20– Canteiro de plantas medicinais no

quintal de um produtor.

Foto 21– Cascas de unha de gato. Foto 22– Sementes de andiroba coletadas para

comercialização.

Foto 23– Óleos medicinais. Foto 24– Casca de jatobá