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Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros na Região de Integração Tocantins, Estado do Pará RELATÓRIO TÉCNICO 2012 BELÉM – 012

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Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não

Madeireiros na Região de Integração Tocantins, Estado do

Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2012

BELÉM – 012

Vice-Governador

Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e

Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais

Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação

Diretoria de Administração, Planejament

Governo do Estado do Pará

Simão Robison Oliveira Jatene Governador

Helenilson Cunha Pontes Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão

Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

Maria Adelina Guglioti Braglia Presidente

Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise ConjunturalCassiano Figueiredo Ribeiro

Diretor

Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais Jonas Bastos da Veiga

Diretor

Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da InformaçãoSérgio Castro Gomes

Diretor

Diretoria de Administração, Planejamento e FinançasHelaine Cordeiro Félix

Diretora

2

Especial de Estado de Gestão - Seges

Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

Análise Conjuntural

Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação

o e Finanças

3

Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não

Madeireiros na Região de Integração Tocantins, Estado do

Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2012

BELÉM – PARÁ

2012

4

Expediente

Diretor de Pesquisa e Estudos ambientais Jonas Bastos Veiga Coordenadora Marli Maria de Mattos

Elaboração Técnica:

Antônio Marcos da Silva Pereira Daniela Monteiro da Cruz Ellen Claudine Cardoso Castro José de Alencar Costa Maricélia Gonçalves Barbosa Nelma Santos Amorim dos Santos Rafael da Silva Moraes Tânia de Sousa Leite

Coleta de dados:

Antônio Marcos da Silva Pereira Daniela Monteiro da Cruz Ellen Claudine Cardoso Castro José de Alencar Costa Maricélia Gonçalves Barbosa Nelma Santos Amorim dos Santos Rafael da Silva Moraes Tânia de Sousa Leite

Apoio Técnico: Bruna Stafanie Carvalho Maia

Revisão: Jonas Bastos Veiga, Fernanda Graim e Gustavo Silva Normalização: Glauber Ribeiro

_______________________________________________________________________ INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL

DO PARÁ

Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de Integração Tocantins, Estado do Pará: relatório técnico 2011./ Belém: IDESP, 2011.

222p. 1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas sociais

alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.

CDD: 381.098115 ________________________________________________________________________

5

APRESENTAÇÃO

A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande

importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração

sustentável, pois, na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das espécies

utilizadas. Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores

familiares utilizam produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais,

utensílios entre outros) para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas

informações sobre o mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa

forma um fator crítico para a gestão das florestas.

O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o

mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização do mercado doméstico. Não

há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que sejam

comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como as

várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados da

Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não

madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas

envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies

extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos para

atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional.

Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economia

dos PFNM no estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e identificando

entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos, evidenciando os PFNM não

detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo assim para a conservação e gestão florestal.

O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de

comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Tocantins.

6

RESUMO

Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de atividades

econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que evitem o

desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entre

regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo,

utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de Base

Agroextrativista, de 34 produtos, em 10 municípios da Região de Integração Tocantins e

acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos setores de

beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final. Constatou-se que os

produtos estudados (10 alimentícios; 7 artesanatos e utensílios; 11 fitoterápicos e cosméticos;

1 derivado da madeira e; 1 derivado animal) têm significativa importância na dinâmica da

economia local, assim como para outras regiões do Pará, além dos mercados nacional e

internacional. O principal produto de destaque na RI foi o açaí (R$ 1,3 bilhão), porém com

37% da renda bruta gerada e circulada na RI Tocantins, diferente do palmito (R$ 5 milhões)

com 74% gerada e circulada fora do Pará. Outros produtos de destaque foram o cacau

amêndoa, a castanha-do-brasil, o cupuaçu, o carvão, o artesanato de miriti, o buriti e o mel. A

contabilidade social ascendente na região tem origem em milhares de famílias envolvidas no

setor da produção extrativa local, que receberam pela venda de todos os produtos o montante

de R$ 205,5 milhões (VBPα), o qual gerou R$ 766,1 milhões (VBP) na compra destes

produtos (predomínio in natura) e agregando mais de R$ 712,9 milhões (VAB), chegando a

uma renda bruta total (RBT) gerada e circulada de R$ 1,4 bilhão, com seus efeitos para frente

e para trás nas cadeias de comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e

potencialidades identificadas nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos

governamentais e a sociedade direta e indiretamente relacionada com as cadeias dos produtos

do agroextrativismo.

Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros,

3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.

7

LISTA DE SIGLAS

ATER Assistência Técnica e Extensão Rural CONAB Companhia Nacional de Abastecimento CSα Contas Ascendentes Alfa EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

GPS Sistema de Posicionamento Global IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEFLOR Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará LSPA Levantamento Sistemático da Produção Agrícola

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MIP Matriz Insumo Produto MMA Ministério do Meio Ambiente NAEA/UFPA Núcleo de Altos Estudos Amazônicos / Universidade Federal do Pará

PAA Programa de Aquisição de Alimentos PAM Pesquisa Agrícola Municipal PEVS Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura PFNM Produtos Florestais Não Madeireiros PIB Produto Interno Bruto PPM Produção da Pecuária Municipal

PRBα Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista

RBT Renda Bruta Total RI Região de Integração SEIR Secretaria de Estado de Integração Regional SEMAGRI Secretaria Municipal de Agricultura STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais UFPA Universidade Federal do Pará VAB Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto

VABα Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista

VBP Valor Bruto da Produção

VBPα Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista

VTE Valor Transacionado Efetivo

8

LISTA DE FIGURAS Figura 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Tocantins. ..................... 30

Figura 2- Localização da Região de Integração Tocantins, estado do Pará. .............. 32

Figura 3- Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de

pontos georeferenciados dos agentes mercantis, entrevistados em diversas regiões do

município (pontos numerados). ................................................................................................ 33

Figura 4- Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área

urbana de Cametá (pontos numerados). ................................................................................... 33

Figura 5- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI

Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 37

Figura 6- Principal fluxo de comercialização do açaí na RI Tocantins, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009. ...................................................................................................... 38

Figura 7- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações

entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins,

estado do Pará. .......................................................................................................................... 39

Figura 8- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amêndoa comercializada na

RI Tocantins, no período de 2008 a 2009. ................................................................................ 51

Figura 9- Variação de preço do cacau amêndoa no mercado internacional, com base

na Bolsa de Nova York, 2008. .................................................................................................. 52

Figura 10- Preço médio do cacau amêndoa (R$/kg) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do

Pará. .......................................................................................................................................... 53

Figura 11- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI

Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 60

Figura 12- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores

da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. . 61

Figura 13- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil

comercializada na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................ 68

Figura 14- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre

os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado

do Pará. ..................................................................................................................................... 69

Figura 15- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI

Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 75

9

Figura 16- Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do

Pará. .......................................................................................................................................... 77

Figura 17- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI

Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 82

Figura 18- Preço médio do carvão (R$/saca) praticado nas transações entre os setores

da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. . 83

Figura 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti comercializado na RI

Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ........................................................... 89

Figura 20- Preço médio do buriti (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da

cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. ...... 90

Figura 21- Estrutura (%) da quantidade amostral da bacaba comercializada na RI

Tocantins, no período de 2008 a 2009. ..................................................................................... 95

Figura 22- Preço médio da bacaba (R$/kg) praticado nas transações entre os setores

da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. . 96

Figura 23- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI

Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ......................................................... 101

Figura 24- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da

cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará. .... 102

Figura 25- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/un.) dos utensílios comercializados na RI Tocantins, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009. .................................................................................................... 108

Figura 26- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/un.) do coratá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 112

Figura 27- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/un.) do bacuri comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 116

Figura 28- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/Kg) do murumuru comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 121

Figura 29- Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato de miriti

comercializado na RI Tocantins, no período de 2008 a 2009. ............................................... 125

10

Figura 30- Preço médio do artesanato de miriti (R$/braça) praticado nas transações

entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins,

estado do Pará. ........................................................................................................................ 126

Figura 31- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializado na RI

Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009. ......................................................... 132

Figura 32- Preço médio da andiroba (R$/ l) praticado nas transações entre os setores

da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

................................................................................................................................................ 133

Figura 33- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/ l) da copaíba na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a

2009. ....................................................................................................................................... 139

Figura 34- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/kg) do inajá na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a

2009. ....................................................................................................................................... 143

Figura 35- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/kg) do breu-branco comercializado na RI Tocantins, estado do Pará,

no período de 2008 a 2009. .................................................................................................... 147

Figura 36- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/rolo) dos cipós comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 151

Figura 37- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/l) dos leites na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a

2009. ....................................................................................................................................... 155

Figura 38- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/kg) do taperebá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 159

Figura 39- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/kg) do urucum comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 163

Figura 40- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/kg) das plantas medicinais na RI Tocantins, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 167

11

Figura 41- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/kg) da semente de cupuaçu na RI Tocantins, estado do Pará, no

período de 2008 a 2009. ......................................................................................................... 172

Figura 42- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/kg) do cumaru na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a

2009. ....................................................................................................................................... 176

Figura 43- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio

praticado (R$ correntes/braça) do guarumã na RI Tocantins, estado do Pará, no período de

2008 a 2009. ........................................................................................................................... 180

12

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 41

Gráfico 2- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do açaí da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008....................... 42

Gráfico 3- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí, considerando

sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do

Pará, estimado para 2008. ......................................................................................................... 44

Gráfico 4 - Destino do volume (%) de açaí identificado na RI Tocantins, a fim de

atender as demandas de consumo local, estadual e nacional. ................................................... 45

Gráfico 5- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cacau amêndoa

da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............................................................. 54

Gráfico 6- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do cacau amêndoa da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ... 55

Gráfico 7- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cacau amêndoa,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 56

Gráfico 8- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do palmito da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 62

Gráfico 9- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do palmito da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 63

Gráfico 10- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do palmito,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 64

Gráfico 11- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-

brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 70

Gráfico 12- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização da castanha-do-brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

.................................................................................................................................................. 71

Gráfico 13- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-do-

brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 72

Gráfico 14- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cupuaçu da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 78

13

Gráfico 15- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............... 79

Gráfico 16 - RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cupuaçu,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 80

Gráfico 17- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do carvão da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 84

Gráfico 18- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do carvão da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................. 85

Gráfico 19- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do carvão,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 86

Gráfico 20- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do buriti da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 91

Gráfico 21- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do buriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................... 92

Gráfico 22- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do buriti,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 93

Gráfico 23- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da bacaba da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....................................................................... 97

Gráfico 24- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização da bacaba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................. 98

Gráfico 25- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da bacaba,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008.......................................................................................... 99

Gráfico 26- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 103

Gráfico 27- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do mel da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .................... 104

Gráfico 28- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 105

14

Gráfico 29- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos utensílios da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 109

Gráfico 30- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização dos utensílios da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ......... 110

Gráfico 31- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos utensílios,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 111

Gráfico 32- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do coratá da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 113

Gráfico 33- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do coratá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 114

Gráfico 34- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do coratá,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 115

Gráfico 35- VBPα, em R$ gerado na comercialização do bacuri, pela óptica da oferta,

em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará. ............................................. 117

Gráfico 36- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do bacuri da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 118

Gráfico 37- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do bacuri,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 119

Gráfico 38- VBPα, em R$ gerado na comercialização do murumuru, pela óptica da

oferta, em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará. .................................. 122

Gráfico 39- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do murumuru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ......... 123

Gráfico 40- A RBT, em R$ na comercialização do murumuru, considerando sua

composição pela óptica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da RI Tocantins,

estado do Pará, em 2008. ........................................................................................................ 124

Gráfico 41- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do artesanato de

miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................. 127

Gráfico 42- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do artesanato de miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

................................................................................................................................................ 128

15

Gráfico 43- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do artesanato de

miriti, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 129

Gráfico 44- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da andiroba da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 134

Gráfico 45- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização da andiroba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 135

Gráfico 46- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da andiroba,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 136

Gráfico 47- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da copaíba da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 140

Gráfico 48- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização da copaíba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 141

Gráfico 49- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da copaíba,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 142

Gráfico 50- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do inajá da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 144

Gráfico 51- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do inajá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .................. 145

Gráfico 52- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do inajá,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 146

Gráfico 53- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do breu-branco da

RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................................ 148

Gráfico 54- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do breu-branco da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ....... 149

Gráfico 55- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do breu-branco,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 150

Gráfico 56- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos cipós da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 152

16

Gráfico 57- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização dos cipós da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 153

Gráfico 58- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos cipós,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 154

Gráfico 59- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos leites da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 156

Gráfico 60- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização dos leites da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ................ 157

Gráfico 61- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos leites,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 158

Gráfico 62- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do taperebá da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 160

Gráfico 63- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do taperebá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 161

Gráfico 64- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do taperebá,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 162

Gráfico 65- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do urucum da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 164

Gráfico 66- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do urucum da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 165

Gráfico 67- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do urucum,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 166

Gráfico 68- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das plantas

medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ......................................... 168

Gráfico 69- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização das plantas medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

................................................................................................................................................ 169

Gráfico 70- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das plantas

medicinais, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 170

17

Gráfico 71- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da semente de

cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............................................. 173

Gráfico 72- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização da semente de cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

................................................................................................................................................ 174

Gráfico 73- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da semente de

cupuaçu, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 175

Gráfico 74- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cumaru da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 177

Gráfico 75- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do cumaru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 178

Gráfico 76- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cumaru,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 179

Gráfico 77- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do guarumã da RI

Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................................................... 181

Gráfico 78- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na

comercialização do guarumã da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 182

Gráfico 79- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do guarumã,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins,

estado do Pará, estimado para 2008........................................................................................ 183

18

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração

Tocantins, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem

realizada em campo, no período de 2008 a 2009. .................................................................... 34

Tabela 2- Demanda final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos

florestais não madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008.

................................................................................................................................................ 185

Tabela 3- VAB (local, estadual e nacional), em R$ dos produtos florestais não

madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008. .................... 186

Tabela 4- VAB (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não

madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008; organizados em cinco categorias:

alimentícios, derivados de madeira, artesanato, derivados de animal e

fitoterápicos/cosméticos. ........................................................................................................ 187

Tabela 5- RBT, em (R$), na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais

não madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008, organizados em três categorias

relativas com escalas de valor da RBT (acima de R$ 600 mil, entre R$ 90 mil a 599 mil e

abaixo de R$ 90 mil). ............................................................................................................. 188

Tabela 6- Variáveis econômicas dos produtos florestais não madeireiros,

identificados na RI Tocantins, compostas pelo VBPα, a margem de lucro (mark-up), o VBP, o

VAB e a RBT, em R$ nas esferas local, estadual e nacional, em 2008. ................................ 190

19

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 5

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17

2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 20

2.1 GERAL ............................................................................................................................... 20

2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................... 20

3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 21

4 RESULTADOS ..................................................................................................................... 30

4.1.1 Caracterização da RI Tocantins ....................................................................................... 30

4.1.1.1 Características gerais .................................................................................................... 31

4.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO ............................................... 32

4.2.1 Açaí .................................................................................................................................. 35

4.2.2 Cacau amêndoa ................................................................................................................ 49

4.2.3 Palmito ............................................................................................................................. 58

4.2.4 Castanha-do-brasil ........................................................................................................... 65

4.2.5 Cupuaçu ........................................................................................................................... 73

4.2.6 Carvão .............................................................................................................................. 80

4.2.7 Buriti ................................................................................................................................ 87

4.2.8 Bacaba ............................................................................................................................. 93

4.2.9 Mel ................................................................................................................................. 100

4. 2.10 Utensílios (cuia, paneiro e tipiti) ................................................................................ 106

4.2.11 Coratá .......................................................................................................................... 111

4.2.12 Bacuri .......................................................................................................................... 115

4.2.13 Murumuru .................................................................................................................... 119

4.2.14Artesanato de miriti ...................................................................................................... 124

4.2.15 Andiroba ...................................................................................................................... 130

4.2.16 Copaíba ........................................................................................................................ 138

4.2.17 Inajá ............................................................................................................................. 142

20

4.2.18 Breu-branco ................................................................................................................. 146

4.2.19 Cipós ............................................................................................................................ 150

4.2.20 Leites (amapá, jatobá e sucuúba) ................................................................................. 154

4. 2. 21 Taperebá .................................................................................................................... 158

4.2.22 Urucum ........................................................................................................................ 162

4.2.23 Plantas medicinais ....................................................................................................... 166

4.2.24 Semente de cupuaçu .................................................................................................... 170

4.2.25 Cumaru ........................................................................................................................ 175

4.2.26 Guarumã ...................................................................................................................... 179

4.3 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE

ARTESANATOS NA REGIÃO ............................................................................................ 183

4.4 ANÁLISES ECONÔMICAS AGRUPADAS .................................................................. 185

4.5 PROBLEMAS E POTENCIALIDADES IDENTIFICADOS NA COMERCIALIZAÇÃO

DE PFNMs ............................................................................................................................. 191

4.5.1 Em Cametá .................................................................................................................... 191

Problemas ............................................................................................................................... 191

Potencialidades ....................................................................................................................... 191

4.5.2 Em Abaetetuba .............................................................................................................. 192

Problemas ............................................................................................................................... 192

4.5.3 Em Baião ....................................................................................................................... 193

Potencialidades ....................................................................................................................... 194

4.5.4 Em Mocajuba ................................................................................................................. 194

Problemas ............................................................................................................................... 194

Potencialidades ....................................................................................................................... 195

4.5.5 Em Oeiras do Pará ......................................................................................................... 195

Problemas ............................................................................................................................... 195

Potencialidades ....................................................................................................................... 196

4.5.6 Em Limoeiro do Ajuru .................................................................................................. 196

21

Problemas ............................................................................................................................... 196

Potencialidades ....................................................................................................................... 196

4.5.7 Em Barcarena ................................................................................................................ 197

Problemas ............................................................................................................................... 197

Potencialidades ....................................................................................................................... 197

4.5.8 Em Igarapé-Miri ............................................................................................................ 198

Potencialidades ....................................................................................................................... 199

4.5.9 Em Moju ........................................................................................................................ 199

Potencialidades ....................................................................................................................... 199

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 202

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 208

17

1 INTRODUÇÃO

O crescimento das atividades produtivas econômicas e principalmente o aumento da

densidade demográfica em escala mundial, resultou em um forte avanço sobre os recursos

naturais, dentre eles as florestas primárias, culminando em altos índices de desmatamento.

Diante desse contexto a Região Amazônica vem alcançando destaque, ao longo dos anos, no

cenário mundial, explicitando a necessidade da conservação de sua mega diversidade pelo

papel que esta desempenha, bem como em razão dos riscos assumidos conforme o quadro de

mudanças globais (IPCC, 2007).

Diante da ênfase dada às questões ambientais na Região Amazônica, o Pará é um dos

estados que antecedem os primeiros lugares no ranking do desmatamento na região, com uma

área desmatada de 63.235 km², no acumulado de 1999 a 2008, cerca de 5% do seu território.

Quando relacionado com o desmatamento da Amazônia Legal, no período, o Estado contribui

com aproximadamente 34% do total da região amazônica (INPE, 2009).

Em resposta a esse cenário, o governo estadual assumiu o compromisso com um

modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade, apresentando políticas para o

desenvolvimento e valorização do extrativismo, incentivo ao surgimento de novos

empreendedores florestais e de produtos sustentáveis (Ideflor, 2008).

Em 2009, o governo federal formalizou o Plano Nacional de Promoção das Cadeias

de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), que seleciona dez produtos-chave em função

do papel desempenhado por estes na economia e do envolvimento de famílias com esses

produtos em todo o Brasil, com ações integradas para a promoção e o fortalecimento das

cadeias, iniciado em 2007 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA), e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS) - (PNPSB, 2009). Quatro dessas cadeias prioritárias ocorrem no Pará (açaí,

castanha-do-brasil, andiroba e copaíba). De forma concomitante, em 2008, o Ideflor passa a

ser um dos interlocutores pelo Pará junto ao PNPSB, com o apoio de outros órgãos do Estado,

de organizações de produtores e extrativistas, assim como da sociedade civil.

Considerando a pressão sofrida e a importância das nossas florestas no cenário

nacional, o estado do Pará necessita de modelos de desenvolvimento com atividades

econômicas produtivas que evitem o desmatamento. O manejo de recursos florestais, dadas às

características e potencialidades da Região Amazônica, se coloca como um dos principais

caminhos para se alcançar um desenvolvimento em bases sustentáveis.

18

Diversos estudos realizados nos últimos dez anos por (Monteiro, 2003; Couly, 2004;

Medina e Ferreira, 2004; Shanley & Medina, 2005; Castro, 2006; Gomes, 2007; Dürr &

Costa, 2008), apontam o potencial econômico dos Produtos Florestais Não Madeireiros, além

da sua grande relevância sociocultural e ambiental. O manejo dos PFNM, conduzido de

maneira racional, além de tornar as florestas rentáveis, mantém sua estrutura e biodiversidade

praticamente inalteradas (MACHADO, 2008).

Um estudo desenvolvido por Menezes, Homma & Santana (2001), dentro de um

assentamento agroextrativista no município de Nova Ipixuna-PA, identificou que a produção

agrícola e extrativa é muito superior a que vem sendo estimada ou conhecida pelas estatísticas

oficiais de produção. Esses produtos acabam compondo a renda familiar de forma indireta por

meio do consumo familiar, troca e/ou até mesmo de venda esporádica.

No nordeste paraense, um estudo das cadeias de comercialização dos PFNM1,

desenvolvido em três municípios, detectou a circulação aproximada de quatro milhões de

reais, para o ano de 2005, identificando a importância da vegetação secundária como reserva

de valor e agente dinamizador da renda rural e dos setores econômicos associados, como os

atacadistas, varejistas e agroindústrias (GOMES, 2007).

Poucos são os estudos desenvolvidos para entender a estrutura das cadeias de

comercialização dos PFNM, as relações estabelecidas entre os agentes mercantis e sua

respectiva participação na composição do valor dos produtos que apontem os principais

gargalos para o desenvolvimento dessa economia. Esse tipo de estudo permite entender como

o produtor participa no processo mercantil e as possibilidades existentes para que o mesmo

atue mais eficientemente nas respectivas cadeias de comercialização. Esse viés metodológico

é utilizado para a formulação de estratégias de comercialização que aumentem o resultado

econômico e a eficiência reprodutiva dos estabelecimentos familiares (INHETVIN, 1998).

Diante do exposto, o “Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais

Não Madeireiros no Pará” se propõe a identificar e a caracterizar as cadeias de

comercialização de produtos florestais não madeireiros em municípios do Estado, descrever e

quantificar como se dá a participação dos diferentes setores da cadeia na economia regional e

seus desdobramentos para o Estado e fora dele, além de testar uma metodologia de coleta de

dados que viabilize informações mais precisas desses produtos, que apresentam um papel

importante para a renda de milhares de famílias, que contribuem para a manutenção da

1 Produtos estudados: açaí, bacuri, buriti, mel, unha-de-gato, verônica, copaíba, andiroba, sucuuba, lenha, carvão

e estaca.

19

floresta em pé e que colaboram de maneira considerável para o Produto Interno Bruto (PIB)

do Estado.

Esse método se revela rápido na coleta de dados em campo, mas requer uma base

técnica científica densa para as análises das matrizes, com resultados que permitam identificar

possibilidades produtivas locais e regionais, gargalos tecnológicos, necessidades de

investimentos, regularização e especialização dos agentes locais e regionais, além de apontar

novos produtos que não constam das estatísticas oficiais, ou que são subestimados.

20

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

• Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não

madeireiros da Região de Integração Tocantins, estado do Pará, identificando fatores críticos

e potencialidades.

2.2 ESPECÍFICOS

• Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos

florestais não madeireiros da Região de Integração Tocantins, e

• Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção

agroextrativista do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com a

margem bruta de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada

na comercialização dos produtos identificados.

21

3 METODOLOGIA

No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos

florestais não madeireiros (PFNM) a partir do conjunto dos 10 municípios pertencentes a RI

Tocantins, estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que venderam

para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes Alfa CSα

(COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base agroextrativista,

para uma dada região, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto de Leontief (1983).

As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se à metodologia de cálculo ascendente de

matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável que se baseia nos parâmetros e

indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justifica-se

pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na problemática local, haja vista que as

estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia local. Ou seja,

este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e social de uma

delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os impactos gerados por

ações e programas de desenvolvimento ali implementados.

Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de

cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e

acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as

condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades

transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”, os

quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional (βc).

Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões

entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos da

reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b) contempla a análise de insumo-

produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores de

base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da Companhia Vale

do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologia

ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias à geração de uma

matriz de insumo-produto mais aderente a complexidade da economia local, evidenciando a

influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidade

de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de crescimento para os demais setores da

economia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda,

22

agregação de valor, entre outros) – tanto da economia local e entorno quanto, para a economia

do resto do Pará, e do resto do Brasil.

Em outro estudo, Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do

festival de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα

conjuntamente orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo

identificou limitações de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município com

a produção e realização do evento, com isso o município recebeu tratamento diferenciado por

parte dos poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura

identificado representou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de

exportação, com um efeito multiplicador elevado.

A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento2 de Sololá, na

Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura

camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja,

calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores,

especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos

sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado através

do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratégico do

Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor replicou para o

departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado de Bacia do rio

"Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et al., 2010).

O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos florestais

não madeireiros têm na economia do estado do Amapá, fazendo o uso do método de Contas

Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível

local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das interrelações

existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM,

analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econômico na

produção, trabalho e renda setorial de toda a economia.

Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de

comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de frutíferas,

derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais nos

municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, estado do Pará. A autora utilizou

o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e sociais que ao

2 Unidade federativa equivalente a estado.

23

contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regiões homogêneas

nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou a

circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano de 2005, identificando a

importância da vegetação secundária como reserva de valor e como agente dinamizador da

renda rural e dos setores econômicos associados como atacadistas, varejistas e agroindústrias.

No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp, a metodologia foi adequada para a

contabilidade social ascendente que engloba além da produção agroextrativista, as atividades

na indústria e nos serviços que atuam diretamente nos setores com foco nos produtos

florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de cálculo de renda e do produto social do

agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis como o Valor Bruto da Produção de Base

Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista (VABα) e o

Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRBα). De acordo com Considera et al.

(1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalente regional ao Produto Interno Bruto

(PIB) deste setor.

O modelo também produziu as matrizes das inter-relações intersetoriais que as

fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto os

do Censo Agropecuário de 2006, quanto às séries históricas de 1990 a 2008 da Produção

Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e da

Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primária

executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por atributos

geográficos, quanto por atributos estruturais do setor.

A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em função

de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em decorrência

das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos,

sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de vantagens, tais

como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos maiores volumes

comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos valores pagos ao setor

da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas cadeias de

comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos produtos e

aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.

As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das

cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir.

Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos dez municípios

visitados da Região de Integração Tocantins, junto a informantes-chaves (como os técnicos

24

dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará -

Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de agricultura,

das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre outros), no que se

referiu a produção e/ou comercialização dos produtos florestais não madeireiros existentes no

município, para o período de doze meses e, fazer a identificação dos agentes mercantis

envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.

A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário

(Apêndice A). Nesta etapa, buscou-se os principais agentes (vendedores/compradores) de

cada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais direcionam os

elos para trás (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia, compondo uma

amostragem não probabilística autogerada (CABRAL, 2000), até chegar a produção local de

um lado, bem como ao último que vendeu o produto para o consumidor final, no outro

extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificou relações existentes

entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade quantos que atuam na completa

informalidade, sendo capaz de apontar o fluxo de comercialização para cada produto

identificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localização da população não são

conhecidos a priori pelo pesquisador, então, esta é composta na medida em que o pesquisador

identifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que também fazem parte

da população em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997).

Deste modo, para o levantamento dos dez municípios foram aplicados trezentos e noventa e

sete questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a

comercialização dos PFNM.

Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada

estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das

bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base de

dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativo

Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ3, com circuitos (referentes aos

produtos) e lançamentos (referentes às transações comerciais realizadas pelos agentes, por

produtos).

A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as

unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado

fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ

3 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.

25

referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação

mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e

consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional).

Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidade

da distribuição das quantidades e atribuição dos preços a partir das relações entre os agentes,

uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os setores. As Matrizes Insumo-Produto

(MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setores da produção

primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para a demanda

final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cada matriz, a

equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo para apresentar os mesmos

dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsáveis por cada elo da cadeia. A

inovação trata-se da disposição visual dos diversos agentes mercantis ou setores representados

por pequenas caixas retangulares (produção local, varejo, indústria de beneficiamento, de

transformação, atacado, consumidor, etc.), espacialmente distribuídos na economia local,

estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados por retângulos maiores em

três cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para a representação dos

canais ou fluxos de comercialização, que iniciam na produção local e vão até os consumidores

finais.

Os fluxos da comercialização por produto estudado foram organizados para três

dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos dez municípios pesquisados na RI

Tocantins; b) estadual, para os demais municípios do estado do Pará e; c) nacional, que foram

comercializados para outros estados e/ou países. O estudo possibilitou compreender os fluxos

existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel relativo ao longo da cadeia em função

dos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de preço e quantidade, a relação

dessas gerou os respectivos preços médios praticados ou implícitos por produto e por setor

(em Reais por unidade do produto), agregado ou não, ao longo da cadeia, da produção até o

seu consumo final.

A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da

Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados mais

recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para tanto,

foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais da PAM,

PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos produtos da

agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).

26

Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o produto

em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas conjunturais,

acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado sistematicamente. Na

primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números índices do total das

quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem a restrição s, tendo no

caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preço (IP) os

números índices do preço médio do produto v, para os municípios que atendem a restrição

geográfica s, tendo 2006 também como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008a).

Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos:

�����

�����

���� � ����

� ����

����

Onde:

�: atributo geográfico (local: municípios da RI Tocantins; estadual: demais

municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países),

�: produto,

�: ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008),

����: quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa

oficial,

�������: quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo Agropecuário

de 2006,

�����: preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da

pesquisa, e

��������: preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de 2006.

Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados

pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do

conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos

preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da

multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido

para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto,

os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram elaborados

conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias dos alimentícios, dos

oleaginosos e gerais do IBGE.

27

Sendo assim, para os frutos bacaba, bacuri, buriti e taperebá foram utilizados os

indexadores da categoria de alimentícios. Na categoria de indexador geral das oleaginosas

foram cinco produtos: andiroba, copaíba, cumaru, inajá e murumuru. E na categoria de

indexador geral (que utiliza o conjunto de todos os produtos identificados pelo IBGE) foram

utilizados quinze produtos: resina do breu-branco, cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-

gato e verônica, cipó timbó, cipó torcido, leites de amapá, de jatobá e de sucuúba, cupuaçu

semente, cuia, paneiro de guarumã, tipiti de guarumã, tala de guarumã e coratá.

Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas

estatísticas oficiais, foram: açaí fruto, cacau amêndoa, carvão, castanha-do-brasil, cupuaçu,

fibra de buriti, mel, palmito de açaí e o urucum.

Foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o início do estudo, multiplicando os

indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a probabilidade da distribuição

das quantidades e, com a matriz de preços a partir das relações entre os agentes. O resultado

gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produto pesquisado, contendo o Valor

Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα) sob a ótica da oferta, o VBP sob a ótica da

demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao

Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda Bruta Total (RBT) e, a margem bruta

de comercialização (mark-up), que é a relação entre a diferença do valor estimado do VAB

com o VBPα (sob a ótica da oferta) pelo VBPα, para que sejam feitas as análises econômicas

(estimadas para 2008) e os impactos que cada produto não madeireiro exerceu na economia

local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, que no cálculo do VAB como na

estimação do mark-up, não se levou em consideração os custos produtivos e/ou de

comercialização, pois não foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias, também não foi

possível descrever a proporção dos PFNM utilizados como insumo na preparação de certos

produtos finais, como doces, cosméticos, medicinais, entre outros.

A proposta metodológica de estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este

estudo (Tocantins) e para as demais regiões estudadas (Guamá, Rio Caeté, Xingu, Marajó e o

Baixo Amazonas), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O

método permite também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos

indexadores por produto, após divulgação de estatísticas oficiais.

Para cada um dos 34 produtos não madeireiros identificados em campo (Tabela 2),

24 deles constam no Apêndice B. Tais produtos foram classificados em nove alimentícios

[açaí (fruto e palmito), bacaba, bacuri, cacau (amêndoa), castanha-do-brasil (fruto), cupuaçu

(fruto), taperebá, buriti e urucum]; onze fitoterápicos e cosméticos [andiroba, barbatimão,

28

copaíba, cumaru, jatobá (leite), murumuru, pau-doce, leite-de-amapá, cupuaçu, sucuúba

(leite), unha-de-gato e verônica] e seis artesanatos e utensílios [breu-branco, fibra de buriti,

cipó timbó (em rolo), cuieira, guarumã (tipiti e peneira) e inajá (coratá)].

Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo de

quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e, descritos os

setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. Além disso, as análises econômicas

detalhadas estão apresentadas com VBP pela ótica da oferta, com VAB e a margem bruta de

comercialização por setor, assim como a RBT gerada pela ótica da demanda.

Para outros produtos que apresentaram similitude como: uma pequena amostragem

de dados, semelhança do fluxo de comercialização entre os agentes e, principalmente,

utilidades similares, as análises foram agrupadas em: utensílios, leites e plantas medicinais.

A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foram adaptadas aos

seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004).

• Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região;

• Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que

compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;

• Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção,

localizadas na região;

• Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção,

localizadas na região;

• Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas),

localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do varejo

e/ou vendem para o varejo;

• Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes,

marreteiros, vendedores ambulantes);

• Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará,

localizadas além da RI Tocantins;

• Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará;

• Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará;

• Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem

para o consumidor estadual;

29

• Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil;

• Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil;

• Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional;

• Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor

nacional.

As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro

identificado, quer seja individual ou em grupo.

As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em

detalhes no item 4.2.

30

4 RESULTADOS

4.1.1 Caracterização da RI Tocantins

A Região de Integração Tocantins abriga um total de onze municípios (Figura 1),

com uma população de aproximadamente 655.955 habitantes. A região abriga o porto de Vila

do Conde, o maior do Estado. Suas principais cargas são minérios (bauxita), alumínio, óleos

combustíveis e madeira (Secretaria de Estado de Integração Regional - SEIR, 2007).

No ano de 2009, até o mês de novembro, o porto teve uma participação de 80,11% na

movimentação de cargas do Estado (Companhia Docas do Pará - CDP, 2010).

Em 2007, o Produto Interno Bruto (PIB) da RI Tocantins somou R$ 5.408.071,00

mil, ocupando a terceira colocação e participando com um percentual representativo no

Estado no valor de 10%, que se deve ao polo mineral e portuário do município de Barcarena.

As participações dos setores econômicos corresponderam a: 8% no setor Agropecuário, 50%

no setor da Indústria e 42% no setor de Serviços. Dentro da composição do setor agropecuário

a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a 12,7 % (Idesp, 2009).

Figura 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Tocantins.

Fonte: IDESP

31

Apesar das grandes mudanças econômicas que alguns municípios da região sofreram

nos últimos anos, em Barcarena, por exemplo, foi instalado o complexo da companhia

Alumínio Brasileiro S.A. (Albras) e da Alumina do Norte do Brasil S.A. (Alunorte); sendo

que na sua estrutura econômica ainda sobrevive uma cultura tradicional ribeirinha. É uma

região de colonização antiga com forte identidade cultural. Existe no local uma extensa área

de várzeas propícias à produção do açaí. Em termos de potencialidades econômicas destacam-

se: o extrativismo da madeira; o setor da indústria moveleira; o setor oleiro-cerâmico; o

beneficiamento de fibras vegetais (coco); a fruticultura do açaí; a cultura da mandioca e outras

culturas permanentes como o dendê, a pimenta-do-reino e o coco, como também a do

artesanato (SEIR, 2007).

4.1.1.1 Características gerais

• População Absoluta (Idesp, 2009): 655.955 habitantes;

• Densidade Demográfica (Idesp, 2009): 18,29 hab./km²;

• PIB 2007 (Idesp, 2009): R$ 5.408.071,00 mil;

• Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, 2000): 0,68;

• PIB 2007 Per capita (Idesp, 2009): R$ 8.245,00;

• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (Idesp, 2009): 8 %;

• Valor Adicionado – Setor Industrial (Idesp, 2009): 50 %;

• Valor Adicionado – Setor Serviços (Idesp, 2009): 42 %.

32

4.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO

Dos onze municípios pertencentes à Região de Integração Tocantins (Figura 2), dez

foram estudados, a saber: Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé-Miri,

Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Moju e Oeiras do Pará.

Figura 2- Localização da Região de Integração Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

Foram aplicados trezentos e noventa e sete questionários junto aos agentes mercantis,

com pontos georeferenciados (Figuras 3 e 4). Houve necessidade de fechamento de algumas

cadeias em municípios fora da região tocantina, como foram os casos de Castanhal e de

Belém, principalmente. A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes

estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagens

registradas nos municípios visitados (Apêndice C).

Figura 3- Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos georeferenciados dos agentes mercantis, entrevistados em(pontos numerados).

Fonte: IDESP. Elaboração: IDESP.

Figura 4- Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá (pontos numerados).

Fonte: IDESP. Elaboração: IDESP.

Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos georeferenciados dos agentes mercantis, entrevistados em diversas regiões do (pontos numerados).

Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá (pontos numerados).

33

Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos diversas regiões do município

Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá

34

Com base na comercialização dos mais de trinta produtos identificados em nossa

amostragem, as produções vendidas e os valores pagos aos produtores da região foram

organizados em ordem decrescente em função do percentual de valor (Tabela 1).

Tabela 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Tocantins, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

Açaí fruto (kg) 59.116.449 43.916.347,45 88,25Cacau amêndoa (kg) 646.845 2.452.930,21 4,93Palmito (kg) 834.656 1.406.997,35 2,83Castanha-do-brasil (kg) 680.450 734.695,00 1,48Cupuaçu (un.) 402.468 448.908,42 0,90Carvão (saca) 91.087 349.636,99 0,70Buriti (kg) 173.586 178.056,96 0,36Bacaba (kg) 93.438 71.107,52 0,14Mel (l) 3.949 53.430,00 0,11

Utensílios (un.) (1) 18.736 42.500,72 0,09

Coratá (un.) 62.000 31.000,00 0,06Bacuri (un.) 36.050 14.866,00 0,03Murumuru (kg) 9.640 11.280,00 0,02Artesanato miriti (braça) 26.500 10.107,50 0,020Andiroba (l) 1.111 8.159,00 0,016

Cipós (kg)(2) 2.155 8.105,00 0,0163

Copaíba (l) 253 6.250,00 0,0126Inajá semente (kg) 5.200 5.040,00 0,0101Breu-branco (kg) 1.725 4.112,50 0,0083

Leites (l) (3) 476 3.121,50 0,0063

Taperebá (kg) 2.100 2.400,00 0,0048Urucum (kg) 470 965,00 0,0019

Plantas medicinais (kg) (4) 200 600,00 0,0012

Cupuaçu semente (kg) 300 360,00 0,0007Cumaru (kg) 20 60,00 0,00012Guarumã (braça) 100 12,00 0,00002Total 49.761.049,11 100,00

(2) Cipó timbó e cipó torcido.

(3) Amapá, jatobá e sucuúba.

(4) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.

(1) Cuia, paneiro e tipiti.

PFNM Quantidade Valor (R$) Valor/Total (%)

35

4.2.1 Açaí

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí.

O açaí é o principal produto comercializado na RI Tocantins, tanto em volume

quanto em moeda circulante. Sua produção provém tanto de açaizais nativos quanto de áreas

de manejo ou plantações. A seguir a descrição dos agentes mercantis identificados na cadeia

de comercialização do açaí (Figura 5), considerando a abrangência para o âmbito local (os

dez municípios), estadual (fora da RI Tocantins) e nacional (outros estados do Brasil e outros

países).

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Trata-se da produção primária da agropecuária e extrativista dos dez

municípios da RI Tocantins;

Varejo rural: Incluem todos os pequenos comerciantes do interior do Município que

compram o açaí in natura dos produtores, comumente denominados atravessadores;

Indústria de beneficiamento: É a empresa que realiza o processamento do açaí in

natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a composta por pequenos

comerciantes, as quais possuem máquinas despolpadeiras, chamadas de “batedores de açaí” as

quais vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais. A segunda categoria é

composta por um número reduzido de agroindústrias, as quais realizam a primeira agregação

de valor ao açaí in natura, ou seja, a produção de polpa de açaí pasteurizada e/ou congelada;

Atacado: São os comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que

compram o fruto in natura em grandes quantidades do varejo rural (e/ou do produtor) e

vendem para agroindústrias estaduais;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Indústria de beneficiamento: Tratam-se as unidades de beneficiamento da produção

localizadas no Pará, fora da região tocantina, que apenas beneficiam o açaí em polpa

pasteurizada e/ou congelada;

Indústria de transformação: Englobam as unidades de transformação da produção

estadual. São processadoras e beneficiadoras de polpa de açaí e também de geleias, compotas,

etc.; e em pequena escala, os blends (açaí misturado com outras frutas, guaraná, etc.) e para

empresa de cosméticos;

36

Atacado: São as empresas (atacadistas, representantes de empresas) compradoras da

produção do Estado diretamente dos produtores regionais;

Varejo urbano: Tratam-se dos comerciantes varejistas que realizam a venda da polpa

de açaí para o consumidor estadual;

NACIONAL (Fora do estado do Pará)

Indústria de beneficiamento: Englobam as unidades de beneficiamento situadas fora

do Estado que apenas beneficiam o açaí em polpa pasteurizada e/ou congelada;

Indústria de transformação: Incluem as unidades de beneficiamento situadas fora do

Estado que beneficiam o açaí em blends (lanchonetes, sorveterias, restaurantes, entre outros);

Atacado: São as empresas (atacadistas, representantes de empresas) compradoras no

âmbito nacional;

Varejo urbano: Englobam os comércios varejistas situados fora do Estado que

vendem para o consumidor nacional.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí.

A cadeia de comercialização do açaí possui a mais complexa estrutura dentre todas

as identificadas no estudo. Nos dez municípios foram entrevistados duzentos e oitenta e cinco

agentes mercantis que atuam, em média, há onze anos no ramo (variação de um a quarenta

anos). Os que trabalham somente com o açaí são 84% e os demais trabalham com outros

produtos (artesanato, bacaba, patauá, andiroba, murumuru, cupuaçu, buriti, cacau, carvão,

cipó, palmito, mel e taperebá).

Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região

identificou-se que 28% possuem local para armazenagem com capacidade média de 16m2

(variação de 4 a 144 m2); 37% possuem transporte (oitenta e sete barcos com capacidade de

0,5 a 15 toneladas, cinco canoas, uma caminhonete, onze motos e dezessete bicicletas). Em

relação aos equipamentos 61% possuem (cento e setenta e cinco despolpadeiras, setenta e um

freezers, doze filtros, onze geladeiras, três câmaras frias, dois pasteurizadores, dois seladores,

duas envasadoras, um container, uma caldeira e uma balança), 38% não possuem

equipamentos e 3% não informaram.

A mão-de-obra predominante é a familiar em 47% dos entrevistados, com uma

equipe de até cinco pessoas. Dos demais agentes mercantis, 6% pagam uma diária para cinco

pessoas em média, no valor de R$ 10,00 a R$ 30,00; 2% pagam semanalmente para uma a

três pessoas, valores entre R$ 20,00 a R$ 120,00; 3% pagam em média para seis pessoas por

37

rasa colocada no barco ou caminhão o valor de R$ 0,30, o restante não informou. Em relação

ao período de trabalho, 70% trabalham o ano todo e 12%, somente na safra. Os demais não

informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de armazenagem e de

transporte, pouco capital de giro, carência de investimentos para melhorar a produção e

aquisição de equipamentos e falta de treinamento para os batedores de açaí sobre a

manipulação adequada.

Figura 5- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

A Figura 5 permite visualizar as proporções da quantidade produzida do açaí que

transitam entre os diferentes setores - constituindo assim, os canais de distribuição (ou canais

de comercialização) do fruto nos dez municípios estudados. A cadeia de comercialização do

açaí identificada pela pesquisa é complexa e constituída por vários níveis de setores

intermediários. Conforme Santana (2005), cada conjunto de intermediários que desempenham

algum tipo de atividade relacionada ao escoamento da produção do produtor até o consumo

final é um elo do canal de distribuição.

O principal canal de comercialização do açaí (Figuras 5 e 6) identificado com as

maiores quantidades é a compra do varejo rural de 77% do total da produção local

identificada, que vendem cerca de 60,4% para o setor da indústria de beneficiamento no

mercado estadual, são empresas localizadas fora da RI Tocantins, nos municípios de

38

Castanhal (cinco empresas); Tomé-Açu (uma); Santa Bárbara (uma); Marituba (uma);

Benevides (uma) e Belém (uma) no estado do Pará. Todas comercializam o açaí em forma de

polpa congelada. O equivalente a 53% da quantidade dessa polpa vai para o varejo urbano

nacional, que são lojas especializadas e/ou redes de supermercados que vendem 54,2% da

quantidade produzida para o consumidor nacional. As empresas demandantes do açaí,

produzido nos dez municípios estudados se comportam num ambiente oligopolista, ou seja,

setor caracterizado com um pequeno número de empresas atuando no mercado de compra de

insumo (no caso o açaí in natura).

Figura 6- Principal fluxo de comercialização do açaí na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

Outro canal importante é composto pela indústria de beneficiamento local que

apresenta duas peculiaridades, i) volume destinado para o beneficiamento em pequena escala

(batedores de açaí) para atender o consumidor local com 24% da produção identificada e; ii)

destinado para a exportação de polpas (as agroindústrias) no âmbito da indústria de

transformação estadual e nacional (fora do Estado) comercializando somente 0,2% da

produção identificada (Figura 5). Destaca-se a venda direta do produtor de açaí para o

consumidor local, comercializando 3% da produção identificada.

39

Na cadeia do açaí foi identificada a presença da Companhia Nacional de

Abastecimento (Conab)4, que atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do MDS, sendo o

intermediador responsável pelo abastecimento da merenda escolar e entidades sociais no

município de Abaetetuba. Foi classificada como atacadista estadual que comercializou

cinquenta e duas toneladas de açaí para o consumidor estadual, representando 0,04% do

volume da produção identificada.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do açaí, no período de 2008 a 2009.

Os preços médios do açaí praticados entre os diferentes agentes da cadeia de

comercialização são determinados pela oferta e qualidade do fruto transacionado, conforme a

matriz (Figura 7), que contém os preços do quilo do açaí fruto, praticado pelos setores que

vendem (nas linhas) para os setores que compram (nas colunas).

Figura 7- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

4 A Conab é a empresa oficial do Governo Federal, encarregada de gerir as políticas agrícolas e de

abastecimento, promovendo por meio seguro a comercialização eletrônica de produtos e serviços relacionados às atividades finalísticas e de produtos e insumos para terceiros e, também, presta serviços de armazenagem e de classificação de produtos agrícolas. Atua em todo o território nacional por meio de suas superintendências regionais localizadas nos estados. Disponível em: <www.conab.gov.br/conabweb/> Acesso em: 15 dez. 2009.

40

A variação do preço implícito do açaí fruto, praticado pela produção local varia de

R$ 0,48/kg na venda para o atacadista local até R$ 1,42/kg para os beneficiadores locais.

Enquanto que os preços de venda praticados pelo varejo rural são diversos, destacando: R$

1,40/kg às indústrias de beneficiamento local, R$ 0,63/kg para as indústrias de beneficiamento

estadual e R$ 1,21/kg para os atacadistas estaduais e nacionais que são estabelecidos por meio

de contratos.

Os batedores de açaí locais (ou seja, indústria de beneficiamento de pequena escala),

em sua maioria, praticam preços de venda para o consumidor final local conforme o

rendimento do fruto e a época do ano (safra e entressafra do açaí), em média a R$ 2,23/kg

(Figura 7). Por outro lado, os preços praticados pelas agroindústrias locais (indústrias de

beneficiamento de maior escala) são determinados pelos contratos de venda. Assim, os preços

implícitos de venda são diversos em diferentes âmbitos como R$ 1,00/kg para a indústria de

beneficiamento e de transformação estadual; R$ 1,65kg para o atacado estadual e, para a

indústria de transformação e varejo urbano nacional foram R$ 2,63/kg e R$ 2,58/kg,

respectivamente.

Pode parecer estranho o preço de R$ 1,00/kg praticado na venda da indústria de

transformação estadual para o consumidor nacional. No entanto, a explicação é que essa

indústria de transformação estadual ainda não foi entrevistada, portanto o preço de venda real

praticado não foi identificado (Figura 7). Dessa forma, a metodologia adota o valor de

repasse, ou seja, o mesmo preço praticado na compra. Nesse caso trata-se de uma empresa de

cosmético instalada no Pará, fora da RI Tocantins.

O preço médio adotado pela venda da produção direta a R$ 0,71/kg para a indústria

de beneficiamento nacional pode ser explicado pela transação de empresas de beneficiamento

do Maranhão, estado vizinho, que compra diretamente o fruto da produção local tocantina e

vende ao consumidor nacional (maranhense, no caso) ao preço médio de R$ 1,44/kg (Figura

7). Outra transação importante é a vinda de atravessadores do estado do Amapá (atacadista

nacional), que compra a um preço médio de R$ 1,21/kg de atravessadores locais (varejo rural

local), quantidades significativas de açaí fruto (mil trezentas e quarenta e três toneladas ao

ano), levadas por grandes embarcações, que utilizam um processo rústico de armazenagem e

refrigeração (cobrem as rasas com lonas e colocam gelo na superfície). Esses atravessadores

vendem, em média, a R$ 1,45/kg para batedores do Amapá (indústria de beneficiamento

nacional) que abastecem o consumo do Amapá a um preço médio de R$ 1,44/kg (preço de

repasse).

41

d) Valor Bruto da Produção - VBP, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí.

Somando os valores recebidos pela venda do açaí de todos os produtores da RI

Tocantins, o Valor Bruto da Produção Alfa (VBPα) foi de R$ 192,9 milhões; o varejo rural foi

de R$ 151,6 milhões; a indústria de beneficiamento local foi de R$ 140,8 milhões e o valor do

atacado local, de R$ 7,1 milhões - gerando R$ 492,4 milhões nas vendas do açaí na RI

Tocantins, que representa 37% do total gerado, sob a óptica da oferta (Gráfico 1).

Gráfico 1- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

Em relação aos R$ 420 milhões, gerados na venda do açaí no Estado do Pará (31%

do total gerado), os setores que se destacaram foram os da agroindústria (indústria de

beneficiamento estadual), cujo VBP foi na ordem de R$ 381,9 milhões; sendo que o do setor

do varejo urbano estadual, de R$ 21,2 milhões. No mercado nacional foram gerados R$ 432,3

milhões na venda do açaí fora do Estado, o que representou 32% do total gerado; sendo que o

varejo urbano nacional foi o principal setor responsável pelas vendas, com R$ 411 milhões. A

economia do açaí gerada a partir da RI Tocantins, portanto, foi responsável por cerca de R$

1,3 bilhão, com um produto regional atingindo diversos setores que dinamizam a economia

regional, estadual e nacional.

e) Valor Adicionado Bruto - VAB, gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada setor (%).

42

Ao longo da cadeia de comercialização do açaí da produção local do Tocantins até a

demanda final, ao valor de R$ 665,4 milhões foram adicionados VABs ao produto açaí

(Gráfico 2), correspondendo a uma margem de agregação ao produto na comercialização ou a

um mark-up total de 240%.

Gráfico 2- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do açaí da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O mark-up total (no caso, de 240%) é calculado a partir do VAB total (R$ 665,4

milhões), menos o VBP da produção local (R$ 192,9 milhões), dividido pelo VBP da

produção local. Essa margem mostra, em termos relativos, o valor adicionado na cadeia toda a

partir da produção primária (Setor α).

Do total do valor adicionado dos dez municípios, o setor com maior participação foi

a indústria de beneficiamento estadual, com R$ 262,1 milhões, agroindústrias localizadas em

municípios fora da RI Tocantins, que agregam ao produto uma margem de comercialização

(mark-up do setor) de 219% (Gráfico 2), que está relacionado, principalmente, ao grande

poder de compra desse setor o qual, adquire o açaí in natura do sistema local e vende para

fora do Estado um produto beneficiado (pasteurizado e congelado) a preços mais atrativos em

relação ao mercado estadual. Ou melhor, o mark-up do setor é o Valor Adicionado (R$

correntes/kg in natura) do setor, dividido pelo VBP pela óptica da demanda, representado em

43

termos percentuais (%), que inclui todos os custos da comercialização e do beneficiamento do

produto analisado, os quais não foram captados pela pesquisa.

Em relação ao sistema local destacam-se as indústrias de beneficiamento (formadas

em sua maioria pelos batedores de açaí) e o varejo rural (os atravessadores) com um valor

adicionado de R$ 51,5 milhões (mark-up de 58%) e R$ 34,6 milhões (mark-up de 30%),

respectivamente (Gráfico 2). O setor da produção local transaciona o valor efetivo referente

somente ao montante das vendas de R$ 192,9 milhões do açaí in natura. Em âmbito nacional,

o setor do varejo urbano foi o que mais agregou valor no montante de R$ 98,2 milhões; porém

com um mark-up de apenas 31%. Do que se infere que, do total do valor adicionado, o

sistema local participou com 43%, o sistema estadual com 42% e o nacional com 15% de

participação.

f) Renda Bruta Total - RBT, gerada pela ótica da demanda, na comercialização do

açaí.

A RBT e a comercialização formam-se a partir da soma da compra dos insumos, pela

óptica da demanda, com o VTE; o qual equivale ao Valor Adicionado (R$ correntes/kg in

natura). Assim, a pesquisa de campo identificou que a renda bruta total gerada para a

comercialização do açaí nos dez municípios estudados foi de R$ 1,3 bilhão. O mercado

nacional foi responsável por 32% dessa renda bruta total; seguido pelo local, com 37% e pelo

estadual com 31% (Gráfico 3).

44

Gráfico 3- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

Na RI Tocantins o setor do varejo rural gerou a maior renda bruta na ordem de R$

151,6 milhões, pois comprou de insumos cerca de R$ 117 milhões e agregou um valor na

ordem de R$ 34,6 milhões (Gráfico 3). A indústria de beneficiamento local foi responsável

pela RBT de R$ 140,8 milhões, pois comprou de insumo o açaí fruto in natura por R$ 89,3

milhões e adicionou o montante de R$ 51,5 milhões. O setor do atacado local gerou uma

renda bruta equivalente a R$ 7,2 milhões, sendo R$ 4,7 milhões em insumos e R$ 2,5 milhões

no valor adicionado.

No âmbito estadual, o setor das agroindústrias (indústrias de beneficiamento) atingiu

uma RBT no valor de R$ 381,9 milhões, dos quais R$ 119,8 milhões equivalem à compra dos

insumos (açaí in natura) e R$ 262,1 milhões, ao valor adicionado na comercialização do açaí

em polpa. O setor do varejo urbano estadual gerou uma renda bruta equivalente a R$ 21,2

milhões; destes, R$ 16,2 milhões foram usados na compra de insumos (açaí in natura) e R$ 5

milhões foram adicionados ao produto (Gráfico 3). O setor que mais comprou insumos da RI

Tocantins foi o varejo urbano nacional, no valor de R$ 312,8 milhões e adicionou mais R$

98,2 milhões, compondo uma RBT desse setor, equivalente a R$ 411 milhões; mostrando que

o açaí já ganhou importância nesse mercado.

g) Destino da produção de açaí identificado nos dez municípios estudados da Região

de Integração Tocantins

45

Do volume total de açaí identificado na Região de Integração Tocantins, 28% fica na

própria região em função do hábito alimentar da população local (Gráfico 4), em que

predomina a ribeirinha (Abaetetuba, com 6,8%; Moju, com 4,4%; Cametá, com 5,6%;

Barcarena, com 3,1%; Oeiras do Pará, com 2,6%; Mocajuba, com 2,5%; Igarapé-Miri, com

1,7% e Limoeiro do Ajuru, com 1%). Destinam-se 10% para o consumidor de outros

municípios do Pará, como Ananindeua (0,2%); Belém (7,9%); Benevides; Castanhal (0,9%);

Marituba (0,9%); Santa Bárbara (0,02%) e Tomé-Açu. Exportam-se 62% para o mercado

nacional e internacional, porém o método conseguiu identificar apenas alguns estados

brasileiros (Amapá, com 2,4%; Maranhão, com 0,9%; São Paulo, com 0,1% e Goiás, com

0,02%) e dois países (Japão, com 3,6%; e Estados Unidos, com 0,1%).

Gráfico 4 - Destino do volume (%) de açaí identificado na RI Tocantins, a fim de atender as demandas de consumo local, estadual e nacional.

Fonte: IDESP.

h) Informações complementares sobre a comercialização do açaí.

Um fato interessante identificado foi a padronização da Feira do Açaí de Cametá,

que difere dos demais municípios, pois possui supervisores que fiscalizam a disposição do

produto para evitar a contaminação, os feirantes devem obedecer o padrão com disposição dos

paneiros sobre bancadas de madeira, uso de sacos plásticos novos para entrega ao

consumidor, além da padronização dos recipientes de venda para o varejo, fornecidos pela

prefeitura. Usam o espaço formado por 35 tabuleiros, com 70 trabalhadores cadastrados, com

46

capacidade de cada tabuleiro comportar 24 rasas de 14 kg. Eles reclamam da ausência de uma

indústria beneficiadora de açaí que poderia gerar emprego e renda no município.

O Centro Miriti Pousada Escola, de Cametá, é formado por 950 mulheres

organizadas em uma cooperativa, que funciona desde 2004, composta por 41 grupos no

campo e 9 grupos na cidade. Comercializam açaí beneficiado para duas empresas uma

localizadas Amazonfruit – Frutas da Amazônia Ltda. (Marca: Amazonfrut) e Bolthouse do

Brasil Ind. e Com. de Frutas, Sucos e Polpas Ltda. (Marca: Bolthouse do Brasil). Utilizam

liquidificadores para processar as polpas de cupuaçu, taperebá e graviola. Trabalham com o

cultivo de plantas medicinais, assistidas por um pesquisador da Embrapa. Tudo que é

produzido pela cooperativa também é comercializado em uma loja chamada “Puçanga”.

O açaí faz parte da dieta alimentar da maioria das famílias de Baião, principalmente

as ribeirinhas, que também vêem no produto, uma fonte de renda. O fruto que abastece a

cidade é oriundo de comunidades e municípios vizinhos como Cametá. Geralmente o açaí é

comercializado no porto da cidade, em pequenas embarcações. O açaí que chega em Baião é

todo encomendado por batedores locais. Durante a comercialização acontece um rodízio de

agentes mercantis (atravessadores/produtores), quando ocorre o revezamento, cada agente

leva seu produto apenas duas vezes por semana e em dias alternados.

O consumo de açaí no município de Mocajuba é elevado, pois faz parte da dieta

alimentar dos moradores. Existem 68 projetos de plantio de açaí de terra firme no município.

A maioria dos batedores de açaí dispõe de uma infra-estrutura mínima, alguns locais onde é

processado não possuem piso adequado, nem água filtrada. Em outros estabelecimentos o

fruto fica próximo de animais correndo risco de contaminação e comprometendo a qualidade

do produto final. Alguns batedores já solicitaram financiamento especifico para melhorar a

estrutura de seus estabelecimentos, porém continuam sem resposta.

O açaí que é vendido no município de Oeiras do Pará vem dos ribeirinhos e abastece

o mercado local, mas, às vezes, vai para alguns municípios próximos, como Curralinho. O

açaí faz parte da alimentação diária das famílias, por isso existem muitos batedores

espalhados pela cidade. No período da entressafra o açaí vem de outros municípios para

abastecer a população de Oeiras do Pará, com preço alto, o que reduz o consumo e os

batedores acabam vendendo mais o vinho fino. Faltam orientações, por parte dos órgãos de

assistência, para aumentar a produção de açaí na entressafra com práticas de manejo dos

açaizais. O açaí é incluído na merenda escolar numa iniciativa da prefeitura e do Programa de

Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB.

47

A produção de açaí de Limoeiro do Ajuru é significativa, chegando a abastecer

outros municípios, principalmente na entressafra. De acordo com relato de alguns produtores

e de uma técnica, a Emater atua no manejo de açaí para que o município produza bastante açaí

na entressafra. A Emater e outros órgãos sempre ministram cursos de manejo de açaí para as

comunidades. Os produtores de açaí entregam sua produção para a cooperativa Cooper açaí

que, por sua vez, manda in natura para Macapá, Belém e outros municípios do estado.

Os batedores de açaí de Barcarena passaram por qualificações para padronizar seus

pontos de venda e dar qualidade ao produto além de uma melhor higienização durante o

processamento do produto.

Em Igarapé Miri evidenciou-se um grande volume de açaí comercializado no período

da safra e em menor quantidade na entressafra. A comercialização é quase toda feita para fora

do município. O açaí chega diariamente nos portos, em grande quantidade, e é vendido para

várias fábricas de Castanhal, Tomé-Açu, e outros municípios. No município existem três

fábricas de açaí, sendo que só duas estão funcionando. A produção de açaí está aumentando a

cada ano devido o manejo feito nos açaizais dos produtores. Enquanto em outros municípios a

safra do açaí esta terminando, em Igarapé Miri a produção é estendida em função da grane

produção decorrente do manejo feito nos açaizais.

Em visita à fábrica de açaí da Cooperativa Agroindustrial dos Moradores e

Produtores Rurais de Igarapé -Miri (Coopfrut), em 2008, o entrevistado informou que não

estava funcionando. Quando a fábrica funcionou, beneficiava 20% da produção local e

exportava. De acordo com um membro da Coopfrut, a cooperativa foi criada em 2000, com

apoio de organizações não governamentais, do Programa Pobreza e Meio Ambientes (Poema)

e de outros órgãos, servindo por vários anos como termômetro de preço da comercialização

local de açaí. Já tiveram 280 cooperados e, na data da entrevista, tinham somente 150

atualizados. A capacidade da fábrica era de 120 latas por hora e contava com câmaras de

resfriamento com capacidade de 12 toneladas e armazenamento de 200 ton. Pararam de

funcionar, em 2007, devido problemas administrativos e de gestão. Em 2007 venderam 60 t

(R$1,40 a R$2,00/Kg) para o Rio de Janeiro; 99 t (R$1,40 a R$2,00/Kg) para São Paulo; 10 t

(R$5,70 a 6,00/Kg) para o Havaí; 80 t para a J. C. Ind. e Com. Exp. de Açaí Ltda. (Marca:

Açaí Mania / Açaí Amazon). Na época tinham novos acordos com Fortaleza e a Empresa

Brasileira de Bebidas e Alimentos S/A (Marca: DaFruta e a Maguary), de Recife. Além do

açaí possuem projetos de oleaginosas como andiroba e copaíba e de uso do buriti para

merenda escolar. Em 2008 estavam com nova gestão, e tinham um projeto para beneficiar

1.200 latas por dia, mas para atingir essa produção precisariam de parcerias. Outras duas

48

fábricas de açaí em Igarapé Miri não deram entrevistas, pois alegaram não ter um responsável

para falar dos trabalhos.

Durante a safra de açaí em Igarapé Miri são carregados, em média, 20 caminhões por

dia no porto, com uma capacidade de aproximadamente 1.200 a 1.500 rasas cada caminhão;

somados também a muitos carros pequenos que comportam entre 50 e 80 latas. Na safra de

açaí a maior produção vai para Belém e Castanhal, e uma pequena quantia sai para o

município de Tailândia. Na entressafra o açaí vai direto para Belém.

São cinco os maiores atravessadores de açaí em Igarapé Miri. Segundo um

entrevistado os maiores compradores são a CAMTA, J.C. Ind. e Com. Exp. de Açaí Ltda;

Sabor do Açaí Ind. e Comércio (Marca: Maria Luiza); Castanhal Comércio de Polpas Ltda e a

Dibony Ind. Com. e Exp. de Bebidas Ltda (Marca: Dibony).

De acordo com o técnico da EMATER a produção estimada em Igarapé Miri para

2008 é cerca de 130.000 toneladas de açaí. O manejo do açaí BRS-Pará foi grande no

município. As empresas de açaí que vem buscar o produto em Igarapé Miri são a Castanhal

Comércio de Polpas Ltda (Castanhal-PA), a CAMTA (Tomé Açu-PA), a Bolthouse do Brasil

Ind. e Com. de Frutas, Sucos e Polpas Ltda do distrito de Icoaraci (município de Belém-PA),

a Dibony (Marituba-PA) e a Amazonfrutas Polpas de Frutas da Amazônia Ltda (Marca: Rajá

Frutas / Pai d'égua / Sabor do Pará / Nativo / Mix / Amazon Mania) localizadas em Santa

Bárbara-PA.

A Cooperativa de Desenvolvimento do Município de Igarapé Miri (CODEMI),

possui mais de duas centenas de cooperados, formados em 13 núcleos (Joarimbu, São

Lourenço, Boa Esperança, Alto KG, Anapu, Miritipucu Seco, Salento, Alto Miritipucu, São

Jorge, Ampresa, Mamagualzinho, Nova Aliança e a cidade), cada qual representado por

coordenadores. A CODEMI somente comercializa açaí e vende para a maioria das empresas

do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfruta). A

cooperativa tem parceria com a UFPA – Centro Tecnológico de Empreendimento Popular e

Solidário.

Uma fábrica de polpa de açaí foi desativada em Igarapé Miri por causa da qualidade

da água.

O açaí de Moju é quase todo consumido no próprio município e uma parte é levado

para Tailândia e Belém. A entrevista com o técnico da EMATER apontou que o “Projeto de

Açaizal Nativo” representa 70% da fonte de renda da população ribeirinha, que gera emprego

ao longo de toda sua cadeia produtiva. Comparou que um açaizal manejado produz duas vezes

mais que o não manejado. Se a média do não manejado por hectare é de 200 rasas/safra, a do

49

manejado atinge até 500 rasas no mesmo período. No projeto de “Industrialização artesanal

do açaí” o vinho é de alto valor energético e aproveitado no preparo de mingaus, sorvetes,

bolos, brigadeiros, cocadas, doces e licores. Toda produção do açaí manejado da várzea é

comercializado no Porto do Pelé, localizado na área comercial de Moju, parte vai para Igarapé

Miri (Coopfrut) e Acará. Os produtores ribeirinhos chegam com o açaí e vendem no porto

para os batedores e alguns atravessadores que vendem principalmente para Belém. O principal

problema é o transporte para a comercialização. Na entressafra o açaí vem de áreas manejadas

de Igarapé Miri.

O açaí é o PFNM mais produzido na região, faz parte da alimentação diária das

famílias de Moju que sofrem com a falta do produto na entressafra, porque o preço aumenta.

4.2.2 Cacau amêndoa

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cacau amêndoa.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cacau (Figura 8), segundo

maior produto não madeireiro identificado na RI Tocantins, apresentam as seguintes

denominações, considerando a abrangência para o âmbito local (os dez municípios), estadual

(fora da RI Tocantins) e nacional (fora do estado do Pará e do Brasil).

A seguir a descrição dos setores envolvidos na comercialização do cacau amêndoa:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: É a produção primária (ascendente) da agropecuária e extrativista dos dez

municípios pesquisados que comercializam o cacau seco ou molhado;

Varejo rural: São os pequenos atravessadores ou representantes de atacadistas

estaduais que compram cacau seco ou molhado dos produtores locais e realizam o

beneficiamento primário da amêndoa (fermentação e a secagem natural do fruto);

Atacado: Trata-se dos comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas de

transformação nacional ou multinacional) que transacionam grandes quantidades de cacau

seco e também, na maioria das vezes, realizam o beneficiamento primário da amêndoa

(fermentação e a secagem natural do fruto) com o objetivo de armazenar o produto com

qualidade;

50

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Atacado: Incluem os atacadistas que transacionam volumosas quantidades de cacau

seco por meio de contratos com as maiores processadoras de cacau do Brasil, ou seja, do setor

da indústria de transformação (multi) nacional;

Indústria de transformação: São grandes empresas nacionais e multinacionais que se

dedicam na moagem da amêndoa extraindo a manteiga de cacau, líquor5, torta e o pó de

cacau, para depois serem vendidos para as indústrias chocolateiras, que os transformam junto

com outros ingredientes (principalmente açúcar e leite em pó) em chocolate;

Varejo urbano: É a instância de comércio de varejo, situada fora do Estado que vende

para o consumidor nacional.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau amêndoa.

Nos dez municípios foram entrevistados vinte e sete agentes mercantis que atuam,

em média, há vinte anos no ramo (variação de cinco a sessenta e seis anos), sendo que 26%

deles atuam somente com cacau, 52% com cacau e o açaí fruto e os demais trabalham com

outros produtos (castanha, palmito, buriti, uxi, cupuaçu, andiroba, copaíba, artesanato e mel).

Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região,

identificou-se que 44% possuem local para armazenagem com capacidade média de 78m2

(variação de 9 a 300 m2); 52% possuem transporte (57% barco com capacidade de uma a três

toneladas, 14% canoa, 14% caminhão, 7% bicicleta e 7% trator); e como equipamento foi

identificado à utilização da balança por um agente. A mão-de-obra predominante é a familiar

em 70% dos entrevistados, com equipe de até cinco pessoas; 3% deles possuem de seis a dez

pessoas e 27% não informaram. Dos agentes entrevistados, oito pagam diária no valor de R$

15,00 a R$ 20,00; sete referem-se à renda familiar e somente um deles paga salário. Em

relação ao período de trabalho, 63% atuam somente na safra, 18% trabalham o ano todo e os

demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de

armazenagem e de transporte, perda de peso do produto, ataque de broca se o produto não

estiver seco, falta de capital de giro e de investimentos a fim de melhorar a produção e a

aquisição de equipamentos, a falta de energia para armazenagem e de assistência técnica para

o manejo.

5 O líquor de cacau é uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtém a manteiga e o pó de

cacau (A NOTÍCIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito à quantidade de líquor.

51

Figura 8- Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau amêndoa comercializada na RI Tocantins, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

A cadeia de comercialização do cacau consiste em canais simples, apresentando

gargalo no atacado estadual (Figura 8). Existem apenas três tipos de intermediários que

participam do escoamento da produção desde o produtor até o consumo final, são eles: o

varejo rural, o atacado local e o atacado estadual. Os atacadistas locais compram 62,3% dos

produtores e 17,7% do varejo rural e vendem 74,8% das amêndoas secas para os atacadistas

estaduais e 5,3% diretamente para a indústria de transformação no âmbito nacional. O varejo

rural (atravessadores) compra 37% do total da produção identificada, sendo 17,7% desta

vendida para os atacadistas locais e 19,3% para os atacadistas estaduais (Figura 8).

O setor atacadista estadual é caracterizado pela presença de grandes atravessadores,

localizados na cidade de Santa Izabel e na Região Metropolitana de Belém, os quais

constituem o elo principal entre os intermediários locais e as indústrias de transformação

nacionais, por meios de acordos ou contratos de suprimento da matéria-prima do cacau, sendo

caracterizado por um mercado dito oligopolista, ou melhor, aquele que determina os preços.

Com isso, eles interagem com os setores locais para reunir quantidades suficientes para

52

atender as maiores indústrias moageiras6. Dessa forma, a estrutura da cadeia de

comercialização do cacau do estado do Pará não apresenta agroindústria para verticalizar a

amêndoa dos dez municípios estudados, toda safra atende o mercado nacional, mais

precisamente da Bahia e de São Paulo.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do cacau amêndoa, no período de 2008 a 2009.

Como o cacau é uma commodity tais preços são determinados pelo movimento das

duas principais bolsas internacionais (Nova York e Londres), apresentando assim um alto

índice de instabilidade, como pode ser observado na flutuação do preço, ao longo de 2008, no

mercado internacional (Figura 09). Nesse contexto, os preços médios praticados pelos

principais intermediários que são os atacadistas locais e os estaduais são vantajosos nos

acordos de compra e venda do cacau.

Figura 9- Variação de preço do cacau amêndoa no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008.

Fonte: Bolsa de New York, 2008. Elaboração: IDESP.

Os preços médios de compra de insumo (cacau), praticados pelos atacadistas locais

com os produtores e com os atravessadores (varejistas rurais) são de R$ 3,80/kg e de R$

4,14/kg, respectivamente, (Figura 10). Por outro lado, os preços de venda praticados pelos

atacadistas locais são de R$ 4,05/kg com os atacadistas estaduais, sendo que com as indústrias

de transformação nacional são de R$ 4,49/kg (Figura 10). Em relação aos atacadistas 6 As principais empresas moageiras que compram o cacau dos dez municípios são a Cargill, ADM Cocoa

(Archer Daniels Midland Company (Joanes), Barry Callebut, Nestlé e a Indústria e Comércio de Cacau Ltda. (Indeca).

53

estaduais praticam-se preços de compra de insumo conforme os custos de transporte do

produto, pois a maior dificuldade é o escoamento da produção do campo até o armazém

estadual. O preço de compra praticado por esse agente com os produtores locais foi em média

de R$ 3,64/kg, com os varejistas rurais de R$ 4,12/kg, com os atacadistas locais de R$

4,05/kg e com outros agentes do mesmo setor chega a ser de R$ 4,98/kg (Figura 10). No

tocante ao preço de venda, praticado por eles para as indústrias de transformação nacional,

este é de R$ 5,50/kg.

Figura 10- Preço médio do cacau amêndoa (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

O processo de beneficiamento primário do cacau visa a obter um produto final

constituído de amêndoas fermentadas e secas com o mínimo possível de umidade. Assim, o

preço de compra do cacau molhado (sem o beneficiamento primário) varia entre R$ 0,70/kg a

R$ 1,00/kg e o preço de compra do cacau seco é de R$ 4,00/kg. O rendimento de cem quilos

do cacau molhado equivale a quarenta quilos de cacau seco (dados obtidos em campo).

d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do cacau amêndoa.

O VBPα dos produtores identificados nos dez municípios atingiu um patamar de R$

8,4 milhões, enquanto que o VBP de todos os setores chega a R$ 88,6 milhões (Gráfico 5).

Os setores que mais ofertam no âmbito local são o atacado, com R$ 7,2 milhões - e o varejo

54

rural (atravessadores), com R$ 3,4 milhões. No âmbito estadual somente o atacadista com R$

12,5 milhões. No nacional o VBP dos dois setores foi estimado, pois não houve entrevista. No

entanto, a presença da indústria de transformação (indústrias moageiras) apresentou um VBP

estimado na ordem de R$ 23,4 milhões - e o varejo urbano, em R$ 33,9 milhões.

Gráfico 5- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cacau amêndoa da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização do cacau amêndoa e a margem de comercialização de cada setor (%).

Na cadeia de comercialização do cacau foi agregado ao produto um valor de R$ 33,9

milhões, subtraindo o VAB total (R$ 33,9 milhões) do VBP da produção local (R$ 8,4

milhões) e dividindo o resultado pelo VBP da produção local, obtêm-se uma margem de

agregação ou mark-up total de 305% (Gráfico 6).

Do montante, o sistema local foi responsável por R$ 9,0 milhões, no qual o produtor

consegue agregar um valor de R$ 8,4 milhões com a comercialização da amêndoa seca,

valorizando o produto em relação ao preço de venda (Gráfico 6). Melhor dizendo, o produtor

realiza na maioria das vezes o processo de beneficiamento composto por etapas básicas como:

colheita, quebra do fruto, fermentação e secagem da amêndoa do cacau. Ainda localmente

destacam-se o atacadista e o varejista rural que agregam somente R$ 363,6 mil e R$ 283,6mil,

respectivamente.

55

Gráfico 6- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do cacau amêndoa da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

Em âmbito estadual, o setor do atacado agrega R$ 3,0 milhões com um mark-up de

32% (Gráfico 6). A justificativa é a pequena margem de comercialização dos agentes

estaduais devido à dependência do mercado internacional e a venda do produto com baixa

agregação de valor, ou seja, o cacau é vendido em forma de amêndoas secas. Por outro lado, a

indústria de transformação nacional agrega cerca de R$ 11,3 milhões o que justifica um mark-

up de 95%.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do cacau amêndoa.

Do somatório dos setores que compram e que também adicionam valor ao produto

foram movimentados no total um valor de R$ 88,6 milhões, o que equivale à renda bruta

gerada na comercialização do cacau, sendo o mercado (inter-) nacional responsável por 65%,

o local por 21% e o estadual por 14% (Gráfico 7).

56

Gráfico 7- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cacau amêndoa, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O setor que mais comprou cacau da RI Tocantins e adicionou valor ao produto foi o

varejo urbano nacional, com uma RBT do setor no montante de R$ 33,9 milhões. Destes, R$

23,4 milhões referem-se ao valor pago pela compra dos insumos (cacau) e R$ 10,5 milhões

foram adicionados ao produto. Vale lembrar que esses valores são estimados para o varejo

urbano nacional, pois a pesquisa concentra esforços nas análises regionais. Outro setor

importante foi a indústria de transformação nacional com uma RBT de R$ 23,3 milhões,

sendo R$ 12 milhões para a compra de insumos (valores obtidos pela presente pesquisa junto

ao setor) e R$ 11,3milhões o valor adicionado (estimado) ao produto.

Na RI Tocantins o atacado local gerou a renda bruta total do setor de R$ 7,2 milhões,

pois comprou em insumos R$ 6,8 milhões e agregou muito pouco valor ao produto na ordem

de R$ 363,6 mil (Gráfico 7). Assim como o setor do varejo rural local, o qual gerou uma

renda bruta no valor de R$ 3,3 milhões, com a compra de cacau na ordem de R$ 3,1 milhões e

adicionou apenas R$ 283,6 mil. A renda bruta do setor da produção local equivale ao valor

adicionado que foi de R$ 8,4 milhões, valor este considerado alto, pois na maioria das vezes,

vende o produto já beneficiado (amêndoas secas) para atender o mercado estadual e nacional.

Na esfera estadual, o atacado comprou cacau no valor de R$ 9,5 milhões, adicionou apenas

R$ 3 milhões e alcançou uma RBT no valor de R$ 12,5 milhões. Esse setor, na realidade,

57

agrega pouco valor ao produto; porém compensa pelo grande volume transacionado por meio

de contratos com as indústrias moageiras.

O que se percebe na cadeia de comercialização do cacau dos dez municípios é que no

âmbito estadual e local a comercialização tem baixa geração de renda, devido à concentração

do mercado atacadista (oligopolizado), o qual controla a demanda por insumos do mercado

local e, por consequência, o preço de compra, que é determinado pelo mercado internacional,

unido à falta da verticalização da cadeia do cacau no Estado.

g) Informações complementares sobre a comercialização de cacau amêndoa.

De acordo com o técnico da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira

(Ceplac), em Cametá, existem seis mil hectares de cacau nativo, espalhados pelas ilhas de

várzea, com destaque para as Ilhas de Mendaruçu, Mutuacá eTamanduazinho. O município de

Cametá já foi o maior produtor do Estado.

A produção de cacau recebe destaque ainda no município de Baião, principalmente

devido ao declínio das plantações de pimenta. O processo de substituição da pimenta por

plantios de cacau ocorreu de forma progressiva e com grande aceitação no mercado local. O

fruto vem sendo cultivado principalmente por comunidades ribeirinhas e comercializado na

sede de Baião e em Cametá.

Atualmente os plantios de cacau em Mocajuba vêm se destacando como um mercado

em ascensão, substituindo gradativamente os plantios de pimenta, que sofreram problemas

patológicos, falta de assistência técnica e queda na economia desse produto.

A Secretaria Municipal de Agricultura de Mocajuba possui projetos de manejo do

cacau, os quais elevaram a produção em 2008, como também projetos de diversificação de

cultura, com o objetivo de substituir a pimenta pelo cacau de forma gradativa. Existem cerca

de 90 produtores cadastrados.

Mocajuba possui relativa produção de cacau que é, geralmente, escoada diretamente

para outros estados da Federação, como São Paulo e Bahia. Segundo informações de agentes

mercantis locais, esse comércio geralmente é firmado por meio de contrato entre a empresa de

exportação e o agente mercantil local, com um alto grau de confiança, pois a empresa chega a

fazer adiantamentos a este, a fim de adquirir o produto, denominado “pagamento em folha”, o

qual consiste num tipo de negociação em que o agente mercantil compra o produto que ainda

está sendo cultivado. Segundo o secretário municipal de agricultura, o cacau é considerado a

segunda cultura mais plantada em Mocajuba, ficando apenas atrás da pimenta. O Banco do

58

Brasil e o Banco da Amazônia financiaram oitenta e sete projetos entre os anos de 2005 a

2008.

A cacauicultura poderia ser mais explorada dentro do município de Mocajuba, mas a

reduzida assistência técnica inibe a atividade, pois a Ceplac, atualmente dispõe de apenas uma

técnica para atender toda a demanda do Município.

A Emater de Oeiras do Pará está incentivando os produtores a plantarem cacau

visando a melhorar a renda das famílias.

A maioria do cacau de Limoeiro do Ajuru é nativo das ilhas. Atualmente os

produtores estão plantando cacau para repor os pés que morreram. A produção de cacau

(sementes secas e molhadas) é vendida para atravessadores, os quais o comercializam em

Cametá e outros municípios. Na ilha de Saracá foram entrevistados diversos produtores e

atravessadores de açaí e de cacau.

Em Moju existem dez projetos de cacau como unidades demonstrativas de sistemas

agroflorestais, de preparo da área e produção de mudas.

4.2.3 Palmito

Na região de estudo o palmito é extraído do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.).

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do palmito.

Nos dez municípios foram entrevistados dezenove agentes mercantis que atuam, em

média, há dezesseis anos, no ramo do palmito (variação de tempo um a trinta e seis anos),

sendo que 58% deles atuam somente com palmito e os demais trabalham com outros

produtos, como com o açaí fruto, cacau, buriti, taperebá e andiroba. Na descrição da

capacidade instalada dos agentes mercantis, entrevistados da região, identificou-se que 47%

possuem local para armazenagem do produto, com capacidade média de 64m2 – excluindo

duas empresas que possuem armazéns bem maiores com 1.800m2 e 10.100m2; 68% possuem

meio de transporte (93% barco com capacidade entre duas a quinze toneladas e 7% caminhão)

e; 63% possuem maquinário (esteira, estufa, caldeira, codificador, recravadeira, rotulador,

datador, motosserra). A mão-de-obra com uma equipe de até cinco trabalhadores ocorre em

53% dos agentes entrevistados; 16%, com seis a dez pessoas; 21%, com mais de dez pessoas e

os demais não informaram. Em relação ao período de trabalho, 68% atuam o ano todo, 16%,

somente na safra e os demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa

capacidade de armazenagem na safra, necessidade de ampliar a capacidade de transporte, falta

59

fiscalização nas fabriquetas ilegais, bem como necessidade de treinamento, qualificação e

capacitação para o manejo dos açaizais.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do palmito na RI Tocantins

(Figura 11) apresentam as seguintes características:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Constituído por extratores de palmito em áreas de açaizais nativos ou

manejado;

Varejo rural: São pequenos comerciantes que compram o palmito da produção local,

conhecido regionalmente como “cabeça”, e são denominados atravessadores;

Indústria de beneficiamento: São empresas que realizam o processamento industrial

do palmito em conserva. Nesse setor existem dois tipos de estruturas de empresas

processadoras na região: a) As “fabriquetas”, operadas por moradores locais e situadas às

margens dos rios dos dez municípios estudados, as quais operam como “produtoras exclusivas

terceirizadas” para empresas, as quais fornecem o capital de giro, os produtos químicos para a

conservação do produto (ácido cítrico) e os potes (vidros e latas) para embalagem. b) As

agroindústrias, normalmente Filiais situadas nas áreas urbanas da RI Tocantins, as quais

também operam com o capital de giro de empresas exportadoras e distribuidoras, que são as

“Matrizes”, que possuem diversas marcas, localizadas no estado do Pará ou fora dele;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Indústria de beneficiamento: São agroindústrias que realizam o processamento

industrial do palmito em conserva. Comercializam com diversas marcas, tanto no mercado

externo como no mercado interno, onde contam com uma rede de representantes em vários

pontos do Brasil;

Varejo urbano: Formado por atravessadores de palmito in natura (cabeças), os quais

vendem para indústrias de beneficiamento estadual ou a comerciantes (supermercados), que

vendem o palmito em conserva diretamente para os consumidores estaduais;

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Atacado: São comerciantes que transacionam volumosas quantidades de palmito em

conserva;

Varejo urbano: Formado instâncias de comércio de varejo situadas fora do Estado e

que transacionam o palmito em conserva para o consumidor nacional.

60

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do palmito.

A cadeia de comercialização do palmito, identificada na presente pesquisa, é

constituída por vários níveis de canais de distribuição. Do total da produção da região

identificada, 84% são vendidos diretamente para o setor da indústria de beneficiamento local,

que por sua vez comercializa em torno de 56% para o setor do varejo urbano nacional, 34%

vai para o setor atacadista nacional, composto pelas empresas matrizes e 9% para o setor de

beneficiamento estadual, que constituem no repasse da produção das empresas filiais para

suas matrizes localizadas fora da região (Figura 11).

Figura 11- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

Do total da produção local, 15% do palmito in natura é adquirido como insumo pelos

atravessadores locais (varejo rural), os quais revendem quase tudo para as fabriquetas

(Indústria de Beneficiamento local). Nas fabriquetas, após o processamento do palmito, as

latas e os vidros são embalados em caixas e enviados de barco a uma empresa de distribuição

em Belém. A rotulagem acontece na fabrica matriz, com vários rótulos representando diversas

marcas. Percebe-se claramente que o palmito da RI Tocantins vai quase todo para o mercado

nacional. As populações ribeirinhas não têm hábito e nem tradição de comer palmito. Muito

pouco fica na esfera estadual (0,2%).

61

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do palmito, no período de 2008 a 2009.

A produção local vende a R$ 1,49/Kg para a indústria de beneficiamento local; a R$

2,63/Kg para a indústria de beneficiamento estadual; a R$ 2,70/Kg para o varejo rural e a R$

2,99/Kg para o varejo urbano estadual (Figura 12). O setor da indústria de beneficiamento

local do palmito compra-o a um preço de R$ 1,49/Kg da produção, a R$ 3,11/Kg do varejo

rural e a R$ 6,05/Kg de outras indústrias de beneficiamento do setor local – as quais, por sua

vez, vendem-no a R$ 6,70/Kg para a indústria de beneficiamento estadual, a R$ 3,90/Kg para

o atacado nacional e a R$ 7,58/Kg para o varejo urbano nacional (Figura 12).

Figura 12- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

Essas indústrias de beneficiamento estaduais vendem a R$ 7,56/Kg para o varejo

urbano estadual e a R$ 16,54/Kg para o varejo urbano nacional (Figura 12). A transação

comercial que obtém maior diferença entre o preço de compra com o valor de venda foi o do

atacado nacional, que compra palmito já envasado da indústria de beneficiamento do

Tocantins a um valor de R$ 3,90/Kg e vende a R$ 25,08/Kg para o varejo urbano nacional

(Figura 12).

d) VBP pela ótica da oferta, na comercialização do palmito.

62

O VBPα dos extratores de palmito da produção local, identificado nos dez municípios

atingiu um patamar de R$ 221,4 mil – da indústria de beneficiamento local foi de R$ 805,9

mil e do varejo rural local, de R$ 62,7 mil; enquanto que o VBP de todos os setores que

ofertam na cadeia do palmito foi de R$ 5,1 milhões (Gráfico 8).

Em relação aos R$ 235,1 mil gerados na venda do palmito no estado do Pará (5% do

total gerado), os setores que se destacaram foram a indústria de beneficiamento estadual, cujo

valor foi na ordem de R$ 225,9 mil, bem como o setor do varejo urbano estadual com apenas

R$ 9,2 mil (Gráfico 8). No mercado nacional foram gerados R$ 3,7 milhões na venda do

palmito fora do Estado, representando 74% do total gerado, sendo que o varejo urbano

nacional foi o principal setor responsável pelas vendas com R$ 2,6 milhões e o atacado

nacional, com R$ 1,1 milhões, sendo esses valores estimados, pois a pesquisa não entrevistou

tais setores (Gráfico 8).

Gráfico 8- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do palmito da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização do palmito e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia de comercialização do palmito foi agregado o valor total de R$

2,6 milhões (Gráfico 9), que significa uma margem de agregação ou mark-up total de

1.093%, subtraindo o VAB total (R$ 2,6 milhões) do VBP da produção local (R$ 221,4 mil) e

dividindo o resultado pelo VBP da produção local.

63

Do total do VAB, o sistema local foi responsável por R$ 810,9 mil, sendo a indústria

de beneficiamento local o setor com maior participação, com R$ 581,5 mil; a produção local

com um valor de R$ 221,4 mil, pois o extrator realiza o primeiro processamento do palmito,

com o corte e retirada das bainhas e o setor varejista rural com apenas R$ 8,1 mil (Gráfico 9).

O setor da indústria de beneficiamento estadual teve maior participação no âmbito estadual

com R$ 142,3 mil somente, pois a agregação desse setor é realizada pelas filiais localizadas

nos dez municípios. O setor que mais demandou palmito da RI Tocantins e adicionou valor ao

produto foi o atacado nacional, com R$ 940,0 mil e o varejo urbano nacional com R$ 743,0

mil, ressaltando que esses valores são estimados por fontes secundárias e também por

entrevistas realizadas pela equipe no âmbito estadual (Gráfico 9).

Gráfico 9- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do palmito da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O setor com a maior margem de agregação na comercialização foi a indústria de

beneficiamento local, com 259% (Gráfico 9), justificado pelo poder de mercado que esse

setor detém na compra de insumo (palmito in natura). Em segundo lugar está à indústria de

beneficiamento estadual, com 170%, devido à compra de produtos acabados de suas filiais ou

de fabriquetas, bem como pelo preço baixo de compra de insumos dos atravessadores.

f) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização do palmito.

64

A comercialização do palmito gerou uma RBT de R$ 5,1 milhões, dos quais 21%

foram movimentados nos dez municípios estudados, apenas 5% na esfera estadual e 74% no

âmbito nacional (Gráfico 10). Na região pesquisada, o setor da indústria de beneficiamento

local gerou a maior renda bruta na ordem de R$ 805,9 mil, pois comprou de insumos cerca de

R$ 224,4 mil e agregou valor na ordem de R$ 581,5 mil. O varejo rural local foi responsável

pela renda bruta total de R$ 62,7 mil, visto que comprou de insumo o palmito in natura por

R$ 54,6 mil e adicionou o montante de R$ 8,1 mil.

Gráfico 10- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do palmito, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

Na esfera estadual, o setor da indústria de beneficiamento atingiu uma RBT no valor

de R$ 225,9 mil, dos quais R$ 83,6 mil equivalem à compra dos insumos (palmito in natura)

e R$ 142,3 mil ao valor adicionado na comercialização do palmito envasado Gráfico 10). No

âmbito nacional, o VBP dos dois setores foi estimado, já que não houve entrevistas. No

entanto, a renda nacionalmente gerada foi estimada em R$ 3,7 milhões.

g) Informações complementares sobre a comercialização do palmito.

Nos últimos anos diversas agroindústrias de palmito de açaí em Cametá foram

fechadas por causa da exploração da cultura sem plano de manejo. Já em Abaetetuba, durante

65

a entressafra do açaí fruto, é feito o manejo dos açaizais, com a retirada dos estipes mais

velhos e o aproveitamento para a extração do palmito (parte terminal).

O município de Oeiras do Pará possui uma agroindústria de palmito, que há pouco

tempo foi regularizada e envia a produção para Belém. Existe uma fabriqueta de palmito

irregular que está concorrendo com a empresa citada.

Em Limoeiro do Ajuru, existe uma fábrica de beneficiamento de palmito

funcionando há quinze anos, gerando trabalho e renda aos moradores, contudo não há uma

fiscalização dos órgãos competentes no que diz respeito à origem e a qualidade do produto.

Essa fábrica compra palmito dos produtores locais, beneficia o palmito, embala e manda para

Belém na embarcação que faz transporte de passageiros e cargas. Já em Belém, os potes e

latas são rotulados e vendidos para vários Estados.

O palmito surgiu na década de 70 em Igarapé-Miri, quando o potencial era a cana-de-

açúcar7 e o arroz. Na entressafra do açaí, a coleta dos frutos é feita de maneira racional, unida

ao manejo para a extração do palmito. Na Vila Maiauatá, existe uma fábrica de palmito de

grande porte que compra o palmito das fabriquetas localizadas dentro das ilhas, gerando renda

para as famílias ribeirinhas e emprego para a população local. A fábrica é fiscalizada

anualmente, o que não ocorre com as fabriquetas, que prejudicam a comercialização das

agroindústrias.

As famílias que trabalham na produção manual do palmito desejam entrar na

legalidade, entretanto, afirmam existir muita burocracia, além de não haver financiamento

nem assistência técnica. Citam ainda, que o palmito era extraído de forma predatória, porém,

nos últimos anos, os produtores têm procurado trabalhar de maneira sustentável, retirando-o

de plantas oriundas do desbaste praticado para o aumento do fruto do açaí (manejo dos

açaizais). Segundo produtores da região, o controle de qualidade e a fiscalização nas

fabriquetas são os gargalos na produção de palmito.

4.2.4 Castanha-do-brasil

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da castanha-do-brasil.

Nos dez municípios foram entrevistados sete agentes mercantis que atuam, em

média, há vinte e cinco anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de vinte a

trinta anos), sendo que 14% trabalham somente com a castanha, 71% deles atuam com

castanha e cacau e 14% com castanha e mel. Na descrição da capacidade instalada dos

7 Existiam cerca de dez alambiques em Vila Correia.

66

agentes mercantis entrevistados da região, identificou-se que 71% possuem local para

armazenagem com capacidade média de 68m2 (variação de 7 a 160 m2) e 43% possuem

transporte (três caminhões, um trator e uma bicicleta). A mão-de-obra predominante é a

remunerada por diária, em 57% dos entrevistados, com uma equipe de uma a duas pessoas;

28% deles pagam salário no período de safra (duas e três pessoas). Os problemas identificados

foram: baixa capacidade de armazenagem falta de investimentos para melhorar a produção,

falta capital de giro, produção de mudas selecionadas e assistência técnica.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da castanha-do-brasil (Figura

13) na RI Tocantins apresentam as seguintes características:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Incluem os extratores efetuam a coleta e a quebra dos ouriços, liberando

as sementes para serem comercializadas;

Varejo rural: Constituído por agentes (ou representantes), localizados no interior dos

dez municípios, os quais possuem contratos com empresas de beneficiamento estadual e que

compram a castanha-do-pará em forma de sementes diretamente dos castanheiros;

Indústria de beneficiamento: É a empresa que realiza o processamento industrial da

castanha. Os procedimentos e equipamentos utilizados são segredos de cada indústria. As

principais etapas são: armazenagem adequada, limpeza, secagem, separação (ou seja, a

classificação da semente), cozimento, descascamento a fim de obter a amêndoa,

acondicionamento em embalagens aluminizadas e fechados a vácuo, organizadas em caixas

de papelão, para então serem embarcadas para atender o mercado;

Indústria de transformação: É uma unidade de transformação da produção local. A

empresa compra a amêndoa já beneficiada da indústria de beneficiamento local e transforma

em biscoitos e mistura para mingau. Conta com mão-de-obra especializada e máquinas e

equipamentos que permitem uma produção de três toneladas ao dia;

Atacado: Formado por dois tipos diferentes de agentes: i) os comerciantes

(atacadistas, representantes de empresas), localizados nas sedes dos dez municípios, que

adquirem grandes quantidades de castanha do varejo rural (e/ou do produtor) por meio de

acordos com as indústrias de beneficiamento estadual; ii) prefeituras dos dez municípios que

adquirem os produtos finais de castanha (biscoito ou farinha) para a merenda escolar;

Varejo urbano: Composto por feirantes e comerciantes varejistas que comercializam

a castanha na forma de semente para o consumidor final local;

67

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Indústria de beneficiamento: São as unidades de beneficiamento, situadas no âmbito

estadual, as quais realizam o processamento industrial da castanha. A presente pesquisa não

conseguiu informações sobre os procedimentos e equipamentos utilizados no beneficiamento,

considerados segredos de empresa. Esse fato é justificado pelo setor ser oligopolizado;

NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

Varejo Urbano: Constituído pelos comércios varejistas, situados fora do Estado.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha-do-brasil.

A cadeia de comercialização da castanha é típica de uma economia de oligopólio,

pois é comandada por um número muito reduzido e tradicional de empresas que controlam o

mercado. O principal canal de comercialização da castanha é formado pelo setor da indústria

de beneficiamento local, o qual compra 63,5% da produção local (Figura 13); vende 62,5%

para a indústria de beneficiamento estadual (localizada na Região Metropolitana de Belém),

que por sua vez compra mais 16% do varejo rural e 19% do atacado local e, em seguida,

vende quase toda a produção de castanha do Tocantins (98%) para o varejo urbano nacional

até chegar ao consumidor nacional. Fica para o consumidor local apenas 2% de toda a

produção dos dez municípios.

68

Figura 13- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da castanha-do-brasil, no período de 2008 a 2009.

Os preços praticados na cadeia da castanha também apontam o poder das empresas

de beneficiamento em definir o preço do produto in natura, que chega a ser vendido pelo

produtor local a R$ 0,91/kg para o atacado local, a R$ 1,10/kg tanto para o varejo rural quanto

para a indústria de beneficiamento local (Figura 14).

69

Figura 14- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

O setor da indústria de beneficiamento estadual compra do varejo rural a R$ 1,30/kg;

do atacado local, a R$ 1,32/kg e da indústria de beneficiamento local, a R$ 4,25 após fazer

todas as etapas do beneficiamento na fábrica, vende ao preço de R$ 17,00/kg a amêndoa seca

para o varejo urbano nacional (Figura 14). Convém lembrar que todos os preços aqui

descritos, para todos os setores, foram convertidos para a unidade de R$ correntes por

quilograma de amêndoas secas da castanha-do-brasil.

d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização da castanha-do-brasil.

Somando todos os valores recebidos pela venda da castanha por todos os

castanheiros dos dez municípios estudados, ou seja, o VBPα dos produtores locais foi de

somente R$ 729,9 mil, totalizando no final da cadeia (soma de todos os setores que ofertam

na cadeia de comercialização da castanha) em R$ 29,2 milhões (Gráfico 11).

Do total do VBP, R$ 3,2 milhões pertence à região estudada; R$ 11,3 milhões, ao

âmbito estadual e R$ 14,7 milhões ao nacional. Os setores que mais ofertam nos dez

municípios são, portanto, a indústria de beneficiamento (R$ 1,9 milhões), o atacado (R$ 332,4

mil), a indústria de transformação (R$ 162,5 mil) e o varejo rural (R$ 143,9 mil). O sistema

70

estadual participa com 39% do VBP, sendo o único setor ofertante; a indústria de

beneficiamento no montante de R$ 11,3 milhões (Gráfico 11).

Gráfico 11- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização da castanha-do-brasil e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia até a demanda final, o valor de R$ 14,7 milhões (VAB) foi

adicionado ao produto, correspondendo à margem ou mark-up total de 1.942%. A castanha

foi, dentre os produtos florestais não madeireiros pesquisados, a que gerou a maior agregação

de valor ao longo da cadeia de comercialização.

A indústria de beneficiamento local teve maior participação no valor agregado local

(R$ 1,4 milhões) com um mark-up de 295% (Gráfico 12), sendo que o setor da indústria de

transformação participou com somente R$ 92,9 mil, porém obteve uma margem significativa

de 134%. No âmbito estadual somente o setor indústria de beneficiamento agrega R$ 9,1

milhões, o que justifica o mark-up de 436%. Esse setor é composto por empresas

beneficiadoras de castanha, localizadas na Região Metropolitana de Belém, sendo todas

pertencentes à mesma família tradicional do setor no estado do Pará.

71

Gráfico 12- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da castanha-do-brasil da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da castanha-do-brasil.

A pesquisa de campo identificou que a RBT para a comercialização da castanha-do-

brasil nos dez municípios estudados foi de R$ 29,2 milhões. O sistema nacional foi

responsável por 50% dessa renda bruta, seguido pelo sistema estadual com 39% e pelo local

com somente 11% (Gráfico 13). A maior demanda por castanha local é exercida pelas

empresas (indústria de beneficiamento estadual) com exercício de poder de oligopsônio

(pequeno número de empresas compradoras de um dado produto) nas aquisições de castanha.

Com a habilidade de pagar, por um insumo, preços menores do que o preço que seria pago

num mercado competitivo, mantendo lucros econômicos em longo prazo justifica-se então R$

2,1 milhões em compra de insumos e R$ 9,1 milhões ao valor adicionado (Gráfico 13).

Na região dos dez municípios estudados foi gerada uma renda bruta total de R$ 3,2

milhões. A indústria de beneficiamento local gerou uma renda bruta no valor de R$ 1,8

milhão, sendo R$ 472,1 mil, na compra de insumos (em forma de sementes) e R$ 1,4 milhão,

adicionados ao produto. A indústria de transformação local foi responsável pela renda bruta

de R$ 162,4 mil, pois comprou de insumo a amêndoa de castanha já beneficiada da indústria

de beneficiamento local por R$ 69,5 mil e adicionou o montante de R$ 92,9 mil (Gráfico 13).

72

Gráfico 13- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-do-brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

g) Informações complementares sobre a comercialização da castanha-do-brasil.

Cametá possui uma área extensa com castanheiras, a qual está em plena produção,

localizada na área periurbana. Uma empresa de processamento de castanha iniciou no ramo há

dezesseis anos, usando castanha em misturas para merenda escolar, passou por várias

dificuldades, ficou parada por seis anos e, mais recentemente, voltou à atividade. A mão-de-

obra é formada por uma cooperativa de quebradores de castanha, os quais recebem pela

produção e trabalham no período de abril a agosto. O processamento da castanha envolve

secagem, quebra seleção das amêndoas (quebradas e inteiras), secagem, e fechamento a vácuo

(uso de N2 para aumentar a durabilidade). Os tipos de classificação das amêndoas são:

miudinha, miúda, pequena, média (mais vendida), extra, média, grande (mais valorizada),

ferida e a quebrada. A empresa utiliza a casca da castanha como insumo energético. Existe

destino para o rejeito, com o reaproveitamento do excedente. O resto é triturado e doado para

a comunidade utilizar como adubo. A empresa realiza tratamento da fumaça (sem fuligem). A

capacidade de processamento da empresa é de vinte e cinco mil hectolitros. O volume de um

hectolitro equivale a cinquenta e um quilos, e a cada 2 a 2,5 hectolitros têm-se a produção de

vinte quilos de castanhas para consumo. A castanha vai para o mercado externo e volta já

73

beneficiada para o mercado doméstico. A empresa conta com uma técnica de manipulação de

alimentos.

No estado do Pará existem poucas indústrias familiares que comercializam a

castanha, como a dos Mutran, dos Abraão (Oriximiná) e dos Florenzano (Óbidos).

A castanha possui um significado especial para os moradores de Baião, pois no

passado existiam muitas castanheiras na região, sendo que por muitos anos foi a principal

renda familiar local. Seu fruto foi muito explorado e ainda hoje existem pessoas que vivem da

compra e da venda da castanha.

4.2.5 Cupuaçu

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cupuaçu.

Nos dez municípios foram entrevistados dezenove agentes mercantis, os quais atuam,

em média, há doze anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de dois a trinta

anos), sendo que 37% deles atuam somente com o cupuaçu e 63%, com outros produtos como

o açaí fruto, a bacaba, o bacuri, o taperebá, o mel, o cacau e o muruci. Nenhum possui local

para armazenagem, 21% possuem transporte (quatro bicicletas e uma moto); sendo que 37%

possuem alguns equipamentos (seis freezers, duas despolpadeiras de açaí e dois seladores). A

mão-de-obra predominante é a familiar caracterizada em 90% das entrevistas, com equipe

média de três pessoas, sendo que 5% deles pagam diárias no valor de R$ 20,00 e 5% pagam

salário. Em relação ao período de trabalho, 42% trabalham o ano todo, 26% somente na safra,

e os demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de

armazenagem, a falta de investimentos para aquisição de equipamentos para despolpar, queda

de energia para conservar produto, falta de capital de giro e assistência técnica para o manejo.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu (Figura 15) se

comportam de forma semelhante nos municípios estudados, considerando a abrangência para

o âmbito local (os dez municípios), estadual e nacional (ou fora do Estado).

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do açaí:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: É composta por agentes responsáveis pela oferta do produto in natura, que

são provenientes de cultivos ou de ocorrência natural. Em alguns casos os produtores realizam

beneficiamento primário (despolpamento dos frutos feito com tesoura) para a obtenção de

melhor preço de venda;

74

Varejo rural: Constituído por “Atravessadores”, que são pequenos comerciantes que

compram o cupuaçu in natura ou polpa dos produtores. A maioria deles faz o despolpamento

e vende para diferentes agentes;

Indústria de beneficiamento: Formado por comerciantes que fazem o beneficiamento

primário, com mão-de-obra familiar e também agroindústrias que realizam a primeira

agregação de valor ao cupuaçu in natura;

Varejo urbano: Incluem os pequenos comerciantes que transacionam o fruto in

natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor final local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Indústria de beneficiamento: São as agroindústrias, localizadas no âmbito estadual,

que realizam a primeira agregação de valor ao cupuaçu in natura, ou seja, fazem a produção

de polpa e vendem diretamente para o consumidor final estadual;

Indústria de transformação: São as unidades de transformação da produção,

composta por lanchonetes e restaurantes que adquirem polpa de cupuaçu e as transformam em

diferentes produtos finais, como sucos, vitaminas, sorvetes, entre outros;

Atacado: Constituído por dois tipos de agentes nesse setor, formado por

atravessadores, os quais comercializam a polpa do fruto para o consumo estadual e o agente

constituído pela Conab, que atua no PAA, do MDS, que compra a polpa e o xarope, os quais

são repassados para a merenda escolar e as instituições ligadas ao programa;

Varejo urbano: É o setor de comércio varejista (feirantes e supermercados), situados

no âmbito estadual, que comercializam o cupuaçu de várias formas (in natura, em polpa ou

em forma de outros produtos finais).

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu.

Nos dez municípios foram entrevistados dezenove agentes mercantis que atuam, em

média, há dezesseis anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de dois a trinta

anos), sendo que 37% deles atuam somente com o cupuaçu e os demais trabalham com outros

produtos. Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região

identificou-se que nenhum possui local para armazenagem do produto; 21% possuem

transporte (bicicleta e motocicleta); 37% possuem maquinário (nove freezers e duas

seladoras). A mão-de-obra familiar predomina em 79% dos entrevistados, com equipe até

cinco pessoas. 5% deles possuem de seis a dez pessoas, sendo que 16% não informaram. Em

75

relação ao período de trabalho, 26% trabalham somente durante a safra; 42% trabalham o ano

todo e os demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de

resfriamento e falta de estrutura para a armazenagem das polpas. Alguns alugam freezers para

a estocagem.

Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos dez municípios,

caracterizam-se por canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes intermediários

entre a produção local até o consumidor final (Figura 15).

O principal canal de comercialização do cupuaçu, identificado com maiores

quantidades é composto pelo setor da indústria de beneficiamento local, a qual comercializa

57% da quantidade do fruto. Compram exclusivamente de produtores os frutos in natura,

vendem em torno de 5% para o varejo urbano nacional, 13,6% para o varejo urbano estadual e

38% para o atacado estadual (Conab), que, por sua vez, repassa para o consumidor local

(Figura 15). O setor da indústria de transformação estadual (lanchonetes, restaurantes,

sorveterias, entre outros; localizados na Região Metropolitana de Belém) têm preferência

pelas polpas obtidas por meio do beneficiamento primário.

Figura 15- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

Durante a safra do cupuaçu, ocorre a comercialização direta da polpa entre o

produtor local e o setor do varejo urbano (feirantes) local e estadual (2,4%). Além disso, o

76

produtor comercializa diretamente para o consumidor local e estadual, na maioria das vezes, o

fruto in natura (Figura 15).

Os atacadistas estaduais possuem dois canais distintos de comercialização do

cupuaçu:

i) em forma de polpa, adquirida pela Conab e repassada diretamente para o consumidor local (Escolas e instituições ligadas ao PAA);

ii) somente em forma de polpa, que comercializam para o varejo urbano estadual.

Os varejistas rurais (atravessadores) adquirem 27% da produção identificada e

vendem 20% para o varejo urbano local, 1% para o consumidor local e 5,8% para diversos

agentes no âmbito estadual (Figura 15). Uma característica comum, portanto, entre os

atravessadores rurais envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu local é a realização

do beneficiamento primário do fruto na forma de polpa. O sistema de comercialização

consiste na compra do fruto in natura dos produtores dispersos e a comercialização da polpa

do fruto, podendo destacar-se também que existe a compra na forma de polpa preparada pelos

próprios produtores locais visando a melhores preços de venda. Dessa forma, o

beneficiamento manual do cupuaçu nos dez municípios consiste na quebra dos frutos, na

separação da polpa das amêndoas com tesoura, na selagem da embalagem e no congelamento

da polpa.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do cupuaçu, no período de 2008 a 2009.

O preço médio de compra do insumo (cupuaçu), praticado pelas indústrias de

beneficiamento locais com os produtores foi de R$ 1,12/un. (Figura 16). Os preços de venda

praticados pelas indústrias de beneficiamento locais são: R$ 1,67/ un. para o consumidor

local; R$ 2,09/ un. para o atacado estadual; R$ 1,21/ un. com os varejistas urbanos estaduais;

R$ 5,17/ un. para os consumidores estaduais e com o varejo nacional o preço médio é de R$

1,33/ un. (Figura 16). O varejo rural compra da produção a R$ 0,98/ un. e vende para os

setores estaduais a preços que variam de R$1,17 a R$ 1,20/ un., enquanto que no âmbito local

vende a R$ 1,65 e R$ 2,67/ un..

Os varejistas estaduais praticam vários tipos de preço de compra de insumo

conforme os custos de transporte do produto, pois a maior dificuldade é o transporte da polpa.

O preço de compra praticado por esse agente com os produtores locais é em média de R$

0,86/ un.; com os varejistas rurais é R$ 1,20/ un.; com as indústrias de beneficiamento locais é

de R$ 1,21/ un. e com o atacado estadual chega a R$ 1,50/ un. (Figura 16).

77

Figura 16- Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

Os preços médios de venda de insumo, praticados pelos produtores locais do

cupuaçu, oscilam entre R$ 0,51/ un. e R$ 1,78/ un., em função da forma de comercializar o

fruto (isto é, cupuaçu in natura ou polpa), pelo processo rústico de beneficiamento, pela falta

de capacidade de armazenagem (a maioria limitando o beneficiamento e a venda somente na

safra) e pela falta de infraestrutura adequada para o escoamento da produção (Figura 16).

d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do cupuaçu.

O VBPα do setor produtivo do cupuaçu da região estudada alcançou R$ 1,3 milhão; o

da indústria de beneficiamento local foi de R$ 1,2 milhão, o do varejo urbano local foi de R$

542,1 mil e o do varejista rural foi de R$ 517,3 mil; gerando no âmbito local um total de R$

3,6 milhões nas vendas do cupuaçu, o que representa 69% do total do Valor Bruto gerado na

cadeia de comercialização (Gráfico 14). Na esfera Estadual foram gerados R$ 1,5 milhão pela

oferta do cupuaçu, representando 29% do montante dos setores que mais ofertaram, como o

atacadista, com R$ 1 milhão e o varejista urbano, com R$ 428,4 mil.

78

Gráfico 14- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização do cupuaçu e a margem de comercialização de cada setor (%).

O VAB total foi de R$ 2,3 milhões ao longo da cadeia do fruto, correspondendo à

margem de agregação ao cupuaçu ou mark-up total de 74% (Gráficos 15). Do total do valor

adicionado na cadeia, a partir da produção primária, o sistema local teve maior participação,

com 93%; o sistema estadual, com 6% e o nacional somente com 1% (Gráfico 15). O sistema

local, portanto, agrega R$ 2,1 milhões, destacando-se o papel dos produtores com maior

participação, pois conseguem agregar valor equivalente a R$ 1,3 milhão, realizando o

beneficiamento primário com o despolpamento dos frutos feito com tesoura, para obtenção de

um melhor preço de venda. Os atravessadores (varejo rural) também apresentam um mark-up

alto de 67%, porém adicionam pouco no montante de R$ 206,9 mil, pois compram, na maioria

das vezes, por preço baixo o cupuaçu já beneficiado (polpa) dos produtores locais (Gráfico

15).

79

Gráfico 15- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

Outro setor que apresenta também uma participação considerável na agregação de

valor é a indústria de beneficiamento local, os quais adicionam um valor de R$ 469,6 mil, o

que justifica o mark-up de 63% (Gráficos 15). A participação do sistema estadual na

agregação de valor foi de somente R$ 131,9 mil, com destaque para o varejo urbano que

adiciona R$ 117,0 mil e apresenta um mark-up considerável de 38%.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do cupuaçu.

O resultado da alta margem de comercialização no sistema local justifica o montante

de Renda Bruta total gerada nos dez municípios na ordem de R$ 3,6 milhões, representado

por 69% do total gerado pela cadeia (Gráfico 16).

O setor da produção local gerou a maior renda (R$ 1,3 milhão) comparada aos

demais setores, pois realizam o beneficiamento primário do fruto, que torna a comercialização

rentável. A indústria de beneficiamento gerou R$ 1,2 milhão de renda localmente, pois

comprou R$ 750,5 mil de insumo e agregou R$ 469,6 mil ao produto, sendo esta composta

por comerciantes e uma cooperativa de mini e pequenos produtores. Observa-se que no

âmbito estadual o setor que mais gerou renda (R$ 1 milhão) foi o atacadista, sendo o maior

demandante de polpa de cupuaçu do sistema local, evidenciando o consumo alto no mercado

80

estadual. Apesar de ser em pequena quantidade, o cupuaçu está entrando no mercado nacional

via varejo urbano.

Gráfico 16 - RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cupuaçu, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

g) Informações complementares sobre a comercialização do cupuaçu.

No município de Acará, quando os produtores de cupuaçu não conseguem vender,

deixam o fruto se estragar pela dificuldade em escoar a produção, em função da estrada que

liga Oeiras a Cametá estar praticamente intrafegável.

No município de Limoeiro do Ajuru, a empresa de cosméticos prometeu comprar dos

produtores quatro mil quilos por ano de sementes de cupuaçu seca.

Diversos agricultores do município de Igarapé-Miri vendem polpa de cupuaçu nas

comunidades próximas das estradas mais movimentadas.

4.2.6 Carvão

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

carvão.

Nos dez municípios foram entrevistados trinta e seis agentes mercantis que atuam,

em média, há oito anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de um a vinte e dois

81

anos), sendo que 83% deles atuam somente com carvão, 11% com o açaí fruto e 6% com

outros produtos (artesanato e breu-branco).

Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região,

identificou-se que apenas 36% possuem local para armazenagem com capacidade média de

39m2 (variação de 4 a 250 m2); 16% possuem transporte (três canoas, dois barcos, uma

bicicleta e um trator). A mão-de-obra predominante é a familiar em 42% dos entrevistados,

com uma a cinco pessoas, sendo que 11% deles pagam diárias ou salários também a uma ou a

cinco pessoas. Destaca-se que 47% não forneceram informações.

Os problemas identificados foram: baixa capacidade de armazenagem, a falta capital

de giro, carência de investimentos para melhorar a produção, adquirir equipamentos, falta de

transporte e dificuldade de legalizar a origem da madeira.

Os agentes mercantis do carvão (Figura 17), identificados na região apresentam as

seguintes características:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Constituído por grandes e pequenos produtores de carvão vegetal

espalhados nos dez municípios;

Varejo rural: São os comerciantes (ou atravessadores) ou representantes de empresas,

os quais comercializam o carvão;

Varejo urbano: Trata-se de um setor de comércio varejista composto por feirantes e

supermercados, situado no âmbito estadual, que comercializa o carvão para o consumo local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Atacado: Formado por comerciantes que comercializam diretamente o carvão com o

setor siderúrgico estadual;

Consumidor final: São as empresas produtoras de ferro gusa, as quais necessitam

comprar uma grande quantidade de carvão vegetal, utilizado como insumo energético e como

componente do processo de produção do ferro gusa.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do carvão.

Os canais de comercialização do carvão, identificados nos dez municípios

pesquisados se caracterizam por canais simples, os quais apresentam apenas três setores

intermediários que são o varejo rural, o varejo urbano local e o atacado estadual, os quais

comercializam diretamente com os consumidores locais e estaduais, nesse caso as guseiras

(Figura 17).

82

Figura 17- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

Os varejistas rurais compram 37% da produção identificada nos dez municípios,

sendo 7% vendidos para os consumidores locais e 30% para os atacadistas estaduais. O varejo

urbano local compra da produção identificada 19% diretamente dos produtores e vende

somente para os consumidores locais (Figura 17).

No sistema estadual, o atacadista compra 31% diretamente do produtor e 30% dos

varejistas rurais e vende o total de 61% diretamente para o consumidor estadual, que nesse

caso são as guseiras localizadas no município de Marabá (Figura 17).

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do carvão, no período de 2008 a 2009.

O preço médio de venda, praticado pelos produtores de carvão dos municípios

estudados varia conforme a finalidade da utilização do carvão, ou seja, se for utilizado como

bem de consumo ou bem final ou como insumo ou bem intermediário.

83

Figura 18- Preço médio do carvão (R$/saca) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

Assim, o preço adotado pelo carvoeiro, quando vende diretamente para o consumidor

local é de R$ 9,04/kg; com o varejo urbano local é de R$ 6,22/kg; com o varejista rural é de

R$ 2,51/kg e com os atacadistas estaduais é de R$ 1,83/kg (Figura 18).

d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do carvão.

Somando todos os valores recebidos na venda do carvão pelos carvoeiros da RI

Tocantins, o VBPα foi de R$ 859,7 mil e o do varejo rural local (os atravessadores de carvão)

de R$ 330,2 mil; gerando um total de R$ 1,5 milhão nas vendas do carvão na RI Tocantins.

Isso representa 71% do total gerado, sob a óptica da oferta (Gráfico 17).

No estado do Pará, a oferta do carvão gerou um valor de R$ 617,2 mil,

correspondente a 29% do total, devido à concentração de um único setor intermediando o

carvão - o atacadista estadual com contrato com as guseiras.

84

Gráfico 17- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do carvão da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização do carvão e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia de comercialização do carvão da produção local do Tocantins até

a demanda final estadual, o valor de R$ 1,3 milhão foi adicionado (VAB) ao produto (Gráfico

18), subtraindo o VAB total (R$ 1,3 milhão) do VBP da produção local (R$ 859,7 mil) e

dividindo o resultado pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de 59%.

Do total do valor adicionado dos dez municípios, o setor com maior participação no

âmbito local foi o produtor local, com o maior valor agregado da cadeia na ordem de R$

859,7 mil (Gráfico 18). Esse valor é o resultado da utilização de matéria-prima barata (muitas

vezes a lenha é retirada diretamente da floresta local, ou das áreas de roçado) para a produção

do carvão.

O varejo urbano contribui com R$ 64,9 mil, pois consegue adicionar valor somente

com o fracionamento da saca de carvão de quinze quilos em sete unidades de sacolas. Em

relação ao sistema estadual, somente o atacadista participa da agregação do VAB total com

R$ 315,1 mil, já que possui contratos de fornecimento de insumos para diversas indústrias

guseiras, obtendo o maior mark-up da cadeia, com 104% (Gráfico 18).

85

Gráfico 18- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do carvão da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do carvão.

A RBT identificada na comercialização do carvão vegetal foi de R$ 2,1 milhões. O

mercado estadual foi responsável por 29% dessa RBT e o local, com 71% (Gráfico 19). Na

região estudada, o setor carvoeiro gerou a maior renda bruta na ordem de R$ 1,5 milhão. Os

atravessadores (varejo rural local) foram responsáveis pela renda de R$ 330,1 mil, pois

compraram os seus insumos por R$ 206,6 mil e adicionaram R$ 123,5 mil.

Os varejistas urbanos geraram R$ 324,5 mil, sendo R$ 259,6 mil na compra do

carvão em saca de 15 kg e R$ 64,9 mil foram adicionados quando comercializaram

fracionados em sacolas de mais ou menos 1,5 kg de carvão (Gráfico 19). O setor responsável

pela compra de carvão da RI Tocantins foi o atacadista estadual no valor de R$ 302,1 mil, que

adicionou R$ 315,1 mil, gerando para o sistema estadual uma RBT equivalente a R$ 617,2

mil.

86

Gráfico 19- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do carvão, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

g) Informações complementares sobre a comercialização do carvão.

O carvão comercializado em Cametá é oriundo das ilhas, extraído da mata, das roças,

e de outros locais, sendo levado até a feira pelos próprios ribeirinhos. Geralmente acontece a

troca de serviço, pois o dono da área quer seu roçado limpo para o plantio e os carvoeiros

entram com a limpeza do terreno para a produção do carvão.

O carvão usado no município de Abaetetuba é oriundo das derrubadas feitas em áreas

para o plantio de culturas anuais.

A produção de carvão no município de Baião é pequena, basicamente para

subsistência e há pouca comercialização, somente para atender a demanda interna.

Geralmente o carvão é oriundo de refugos de roças.

O município de Moju é um grande produtor e exportador de carvão. A equipe visitou

produtores de carvão no assentamento Calmaria II, localizado entre os municípios de Moju,

Tailândia e Acará, formado por diversas comunidades (Vila Israel II, Monte Sinai,

Continente, Moraes, Limoeiro, Vicinal 8, Água Preta e Filadélfia), com dezessete a vinte anos

de criação, mas ainda não possuem título. Produzem grandes volumes de carvão, cuja madeira

é oriunda da mata. Existem cinco atravessadores de carvão no Assentamento. Diariamente

saem pelo menos quinze caminhões de carvão direto para o pólo siderúrgico de Marabá.

87

Alguns moradores já se preocupam com a falta da matéria-prima (“a madeira ta ficando cada

vez mais longe”) e demonstram interesse em plantios florestais com fins energéticos. Há cerca

de trezentas e cinquenta famílias morando no Assentamento e a maioria possui de um a dois

fornos produzindo carvão duas vezes por mês.

Esse problema deve ser atacado com rapidez, pois as reservas de florestas estão se

esgotando naquela região. O primeiro contato com os atravessadores de carvão para as

siderúrgicas foi há cinco anos. Em agosto de 2008, o preço de 60 m3 do carvão, em Moju,

estava entre 4 a 5 mil reais a “carrada” ou “caminhão gaiola” e, em novembro de 2008, baixou

para 1,6 a 2 mil reais. “Essa redução do preço foi devido à crise dos EUA, que reduziu as

importações de ferro”.

Os principais compradores de carvão são as guseiras de Marabá. Na época desta

entrevista, em novembro de 2008, existiam em Calmaria aproximadamente quatrocentos

fornos, com quinze caminhões apanhando carvão diariamente. Um forno produz em média de

12 a 14m3. Para a produção de carvão são necessários seis dias, sendo três dias para

carbonizar e mais três para esfriar.

Pessoas do município vizinho de Tailândia vieram ensinar a fazer carvão, usando o

tijolo e o barro para construir os fornos que vêm de Igarapé-Miri e São Miguel do Guamá. O

milheiro do tijolo custa R$ 260,00 e um forno, na época, custava, em média, um mil reais. O

custo da mão-de-obra para a construção do forno varia de duzentos a trezentos reais, o qual

mede entre 3,80 e 5 metros de diâmetro. A maioria dos atuais caminhoneiros de carvão que

circulam em Moju já foram boiadeiros e mudaram de ramo devido ao alto lucro. O

caminhoneiro paga R$ 210,00 para carregar o caminhão durante três horas.

Na Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Moju existem projetos de liberação

de carvoejamento para áreas de plantio, sendo que trezentas famílias estão licenciadas com

três a quatro fornos.

4.2.7 Buriti

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do buriti.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do buriti (Figura 19) na RI

Tocantins apresentam as seguintes características:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

88

Produção: Constituído por pequenos agricultores que comercializam o fruto in natura

somente na safra. O buriti, na região tocantina, é considerado um produto substituto ao açaí na

época da escassez (entressafra);

Indústria de beneficiamento: Formado por pequenos comerciantes que utilizam

máquinas despolpadeiras do açaí para obter a polpa ou “vinho” do buriti, que é vendido

diretamente para os consumidores locais; e

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Varejo urbano: Constituído por feirantes que comercializam o fruto in natura para o

consumidor estadual.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do buriti

Nos dez municípios foram entrevistados oito agentes mercantis que atuam, em

média, há dezenove anos no ramo (desvio-padrão 9,2 anos), sendo que 25% deles atuam

somente com o buriti e os demais trabalham com outros produtos, principalmente com o açaí.

Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis, entrevistados da região

identificou-se que 37% possuem um pequeno local de 10 m2 (desvio-padrão 3m2) para

armazenagem do produto. Somente 25% possuem transporte (barco com capacidade de duas

toneladas e bicicleta); 50% possuem maquinário que são as mesmas despolpadeiras de açaí. A

mão-de-obra predominante é a familiar, em 87% dos entrevistados, com uma equipe de até 5

pessoas, sendo que os valores informados sobre a remuneração foram de R$ 10,00/diária (na

safra) e de R$ 7,00/rasa.

Em relação ao período de trabalho, 50% atuam o ano todo, 25% somente na safra e

os demais não informaram. Os problemas identificados foram: baixa capacidade de

armazenagem e de transporte do produto e o consumo baixo de vinho de buriti, por não ser

hábito na região.

Os canais de comercialização do buriti, identificados nos dez municípios se

caracterizam por canais simples, são quase lineares, já que apresentam apenas dois setores

intermediários que são a indústria de beneficiamento local e o varejo urbano estadual, os quais

comercializam diretamente com os consumidores (Figura 19).

89

Figura 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

O setor da indústria de beneficiamento local comercializa 44% da quantidade

identificada do fruto, compra diretamente dos produtores e vende exclusivamente para os

consumidores locais na forma de polpa ou “vinho” de buriti.

É importante destacar a cultura e o hábito regional de consumir o mingau de buriti. O

consumo de buriti in natura e do “vinho” é relativamente significativo durante a entressafra

do açaí, pois os consumidores consideram o buriti como um fruto substituto ao açaí. Em

âmbito estadual, o varejo urbano (feirantes) comercializa em torno de 55% da quantidade

identificada do buriti, que é comprado exclusivamente dos produtores e vende diretamente

para os consumidores estaduais.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do buriti, no período de 2008 a 2009.

Os feirantes estaduais (varejistas urbanos estaduais) e os batedores (indústrias de

beneficiamento local) são os principais intermediários da cadeia do buriti na região. Na

Figura 20, destacam-se os preços médios de venda de insumo (buriti), praticados pelos

produtores com outros agentes no montante de R$ 1,47/kg às indústrias de beneficiamento

locais; R$ 0,70/kg para os consumidores locais e de R$ 0,68/kg para os varejistas estaduais.

Estes varejistas estaduais não foram entrevistados, por isso o preço de venda para o consumo

90

final estadual equivale ao valor de repasse, isto é, também a R$ 0,68/kg. O fruto é

comercializado somente na safra em sacolas de cinco quilos e quando beneficiados rendem

em média cinco a sete litros de polpa. As indústrias de beneficiamento locais (batedores)

vendem em média a R$ 2,24/kg para os consumidores locais em forma de polpa ou “vinho”.

Figura 20- Preço médio do buriti (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

d) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização do buriti.

O VBPα do buriti, identificado na pesquisa é de R$ 305 mil, totalizando em R$ 709,9

mil, isto é, a soma das vendas realizadas por todos os setores que constituem a cadeia

(Gráfico 20). Do total do VBP do buriti, R$ 292,7 mil pertencem ao setor da indústria de

beneficiamento local e R$ 111,8 mil, ao setor varejista urbano estadual.

91

Gráfico 20- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do buriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização do buriti e a margem de comercialização de cada setor (%).

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do buriti totalizou R$ 406,2 mil,

correspondendo à margem total de somente 33% (MIP do buriti) (Gráficos 21). A indústria

de beneficiamento local foi responsável pela maior agregação com R$ 100,8 mil, com

margem bruta de 53% (Gráficos 21). Apesar de o varejo urbano estadual possuir um valor

bruto da produção de R$ 111,8 mil, não apresenta margem de comercialização pois

comercializa o produto totalmente in natura.

92

Gráfico 21- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do buriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

f) RBT - gerada pela óptica da demanda, na comercialização do buriti.

Os dados levantados mostram que o buriti gerou uma RBT de R$ 709,9 mil, em que

84%, que foram movimentados nos dez municípios. Desse montante, o produtor gerou R$

305,4 mil somente pela comercialização do buriti in natura durante a safra, sendo que a

indústria de beneficiamento local gerou R$ 292,7 mil; destes, R$ 191,9 mil, pela compra do

fruto in natura e R$ 100,8 mil de adição de valor, mostrando uma baixa agregação de valor

para o consumo final (Gráfico 22).

93

Gráfico 22- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do buriti, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

g) Informações complementares sobre a comercialização do buriti.

A palmeira do buriti tem um grande destaque na região, o município de Limoeiro do

Ajuru está rodeado de ilhas que apresentam condições que propiciam seu aparecimento. A

Emater local fez a mobilização com produtores de algumas comunidades que se

comprometeram em extrair (beneficiar) o óleo de buriti e entregar a um intermediário, o qual

fornece para uma indústria de comércio de óleos e alimentos, que vai capacitar os produtores

e cinco pessoas para secarem as sementes a fim de retirarem o óleo e comprar a produção para

levar a São Paulo e à Bahia. A empresa já mandou maquinários para a retirada do óleo, que

estão na Emater para serem entregues aos produtores. A partir de janeiro inicia a safra do

buriti e os produtores começam a fazer o trabalho de retirada do óleo. A previsão é que sejam

entregues dez mil litros de óleo na safra de 2009.

4.2.8 Bacaba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba (Figura 21) na RI

Tocantins apresentam as seguintes características:

94

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Coletores de bacaba de áreas nativas, que abastecem o mercado local;

Indústria de beneficiamento: Constituído por empresa que realiza o processamento

industrial da bacaba in natura, ou seja, são pequenos comerciantes, os quais utilizam

máquinas despolpadeiras do açaí para obter a polpa da bacaba, que é vendida diretamente para

os consumidores locais;

Atacado: Formado por comerciantes (atacadistas, representantes de empresas), que

adquirem a bacaba in natura em grandes quantidades dos produtores;

Varejo urbano: Composto por comerciantes que realizam a compra direta dos

produtores e vendem a bacaba in natura para os consumidores locais.

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Indústria de beneficiamento: Englobam as unidades de beneficiamento, situadas no

âmbito estadual que apenas beneficiam a bacaba in natura (polpa), voltada para o consumo

final;

Indústria de transformação: É a unidade industrial de cosmético, situada no

município de Benevides (PA), considerada um polo de pesquisa e desenvolvimento que abriga

uma fábrica de massa de sabonetes e também uma planta para extração de óleos vegetais;

Varejo urbano: Composto por comerciantes que realizam a compra direta dos

produtores da RI Tocantins e vendem a bacaba in natura para os batedores de bacaba

(Indústria de beneficiamento).

Dos nove agentes entrevistados na região, oito deles comercializam também o açaí

fruto e somente um agente a bacaba, que é proveniente de uma Comunidade Quilombola do

município de Baião, a qual possui um projeto de manejo. Outros agentes trabalham também

com patauá, cupuaçu, cipó, coratá do inajá8 e ouriço da castanha.

O tempo de atuação no ramo da bacaba varia entre seis a dez anos; com

infraestrutura para armazenagem com capacidade de um pequeno espaço de 9 m2, outro com

30 m2 e o maior com 700 m2 (que também possui um barco com capacidade de quinze

toneladas); 55% possuem maquinários (despolpadeiras de açaí, câmara fria, envasadora,

pasteurizador e caldeira).

A mão-de-obra envolvida predominante é a familiar, sendo que seis agentes possuem

de uma a cinco pessoas, dois agentes com dez a quinze pessoas e uma comunidade com

8 Coratá é a bainha da folha que sustenta o cacho da palmeira inajá, a qual é comercializada como artesanato e

possui a forma de uma barcaça.

95

sessenta e sete famílias envolvidas. As principais necessidades identificadas foram a de

ampliar a estrutura física e também a de maquinários.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da bacaba

Conforme demonstra a Figura 21, os canais de comercialização da bacaba,

identificados nos dez municípios se caracterizam por diversos níveis de canais de distribuição,

abrangendo vários setores intermediários entre o produtor e o consumidor final. O varejo

urbano estadual comercializa 40,5% da quantidade identificada do fruto in natura, que é

comprado diretamente dos produtores e vendido exclusivamente para a indústria de

beneficiamento estadual (batedores de bacaba), os quais vendem para os consumidores

estaduais em forma de polpa.

Figura 21- Estrutura (%) da quantidade amostral da bacaba comercializada na RI Tocantins, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

No âmbito local a indústria de beneficiamento comercializa 26,4% da produção

identificada. São batedores do açaí que também beneficiam e comercializam a bacaba de

maneira semelhante ao açaí. Existe na cadeia da bacaba (6,5%) a venda direta do fruto in

natura para o consumidor local, devido ao costume da população ter suas próprias máquinas

de despolpar, tanto a bacaba como o açaí. Os varejistas urbanos locais (feirantes) da bacaba

comercializam 24,6% da produção identificada e vendem diretamente para o consumidor

local. A presença do setor de transformação estadual enfatiza o interesse de empresas

96

nacionais de cosméticos pela bacaba, que comercializam 2% da produção identificada, que

compram diretamente do atacado local.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da bacaba, no período de 2008 a 2009.

Os preços médios da bacaba, praticados entre os diferentes agentes da cadeia de

comercialização, são determinados pela safra do fruto. Os preços médios de venda de insumo

(bacaba), praticados pelos produtores com outros agentes são de R$ 1,21/kg, com as

indústrias de beneficiamento locais; de R$ 0,78/kg, com o atacadista local; R$ 0,70/kg, com o

varejo urbano local; de R$ 0,54/kg, com os consumidores locais e com os varejistas estaduais

(Figura 22). O preço médio adotado pela venda da indústria de beneficiamento local para o

consumidor local é de R$ 1,47/kg, conforme o rendimento do fruto.

Figura 22- Preço médio da bacaba (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização da bacaba.

Na cadeia de comercialização da bacaba, a produção local gerou um VBP de R$ 390,4 mil

(Gráfico 23). O VBP no âmbito local (59%) é maior do que no estadual (41%), em função do alto

consumo do fruto na esfera local. Os setores que mais vendem são a indústria de beneficiamento

estadual, com (R$ 95,5 mil); a indústria de beneficiamento local, com (R$ 62,2 mil); o varejo

urbano estadual, com (R$ 57,7 mil) e o varejo urbano local, com (R$ 39,4 mil).

97

Gráfico 23- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da bacaba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização da bacaba e a margem de comercialização de cada setor (%).

O VAB total da bacaba ao longo da cadeia foi de R$ 209,5 mil para os dez

municípios, correspondendo à margem ou mark-up de 72% (Gráfico 24). Do total do valor

adicionado na cadeia a partir da produção primária, o sistema local teve maior participação,

com 71% - e o sistema estadual, com somente 29%.

Os setores da indústria de beneficiamento (R$ 37,7 mil) e do varejo urbano estadual

(R$ 22,7 mil) tiveram maior participação nesse valor agregado. Cada qual com um mark-up

de 65% (Gráficos 24).

Por outro lado, o setor do atacado local participou com somente R$ 4,2 mil, no

entanto obteve a maior margem de comercialização na cadeia, ou seja, um mark-up de 156%

(Gráficos 24). O resultado dessa margem está relacionado, principalmente, pelo preço alto de

venda à indústria de transformação.

98

Gráfico 24- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da bacaba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da bacaba.

A RBT, identificada pela pesquisa foi de R$ 390,4 mil, sendo que desse total 59%

foram movimentados nos dez municípios e 41% no Estado (Gráfico 25).

O sistema local gerou o equivalente a R$ 230,4 mil, sendo que a indústria de

beneficiamento foi responsável por R$ 62,2 mil, já que comprou de insumo cerca de R$ 51,1

mil e agregou apenas R$ 11,1 mil. O varejo urbano foi responsável pela renda bruta de R$

39,3 mil, pois comprou de insumo R$ 27,5 mil e adicionou o montante de R$ 11,8 mil. Por

outro lado, no sistema estadual, o setor de beneficiamento atingiu uma renda bruta total de R$

95,4 mil, dos quais R$ 57,7 mil equivalem à compra de insumos (bacaba in natura) e R$ 37,7

mil ao valor adicionado (Gráfico 25).

99

Gráfico 25- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da bacaba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

g) Informações complementares sobre a comercialização da bacaba.

A produção da bacaba no município de Baião se concentra basicamente na

Comunidade de Baixinha, área remanescente de quilombo. Baixinha é detentora de uma área

com ocorrência da bacaba com grande produtividade. O Projeto Bacaba, desenvolvido nessa

Comunidade, tem como objetivo a industrialização da bacaba nativa. A organização não

governamental Instituto para o Desenvolvimento da Economia, do Indivíduo, do Ambiente e

da Sociedade (IDEIAS) firmou convênio com o Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade do Estado do Pará (UEPA), a fim de

desenvolver pesquisas e receber orientações sobre o potencial da polpa, do óleo, do caroço,

além de outros subprodutos da bacaba. Atualmente já desenvolveram o licor, a geleia, a polpa

e uma bebida. A produção da Comunidade é comercializada diretamente para barqueiros

(atravessadores), os quais passam para comprar o produto. Além da comercialização do fruto

da bacaba, outras partes do vegetal como canoinha, vassoura, açareua de bacaba, palha de

bacaba, cacho verde, entre outros estão sendo comercializados para fins artesanais.

A produção da bacaba de Oeiras do Pará é enviada para Belém e, segundo um

morador da reserva Arioca Pruanã, em 2009, deve ter havido uma grande produção do fruto.

A população de Oeiras não tem o hábito de consumir a bacaba.

100

4.2.9 Mel

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do mel.

O mel da RI Tocantins provém, em sua maioria, do manejo das abelhas européias ou

africanizadas e muito pouco das abelhas nativas (sem ferrão), as quais utilizam a flora local

como pasto, com base no manejo das abelhas (apicultura). Os agentes mercantis, identificados

na cadeia de comercialização do mel (Figura 23) foram:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: A produção advém de indivíduos ou associações de apicultores que

realizam o beneficiamento do mel e fornecem o produto envasado ao mercado (em galões ou

em garrafas menores);

Varejo rural: Constituído por pequenos comerciantes do interior do Município,

comumente denominados atravessadores, que compram o mel dos produtores já envasados ou

não têm varejistas, que também são apicultores;

Atacado: É constituída por uma cooperativa de apicultores que realiza o

beneficiamento e vende diretamente para o consumidor local;

Varejo urbano: Incluem os comerciantes (alguns feirantes) que compram o mel da

produção local e o vendem para os consumidores locais e estaduais.

Dos dezoito agentes entrevistados, 61% são apicultores, sendo que 50% atuam

somente no comércio de mel, os demais diversificam com um ou outro produto como:

andiroba, leites de sucuúba9 e de amapá, seiva de jatobá, barbatimão, copaíba, cupuaçu,

castanha, artesanato e açaí. Dos 66% que informaram o tempo de atuação no comércio de

mel, cinco são novatos (atuando entre um a sete anos) e os sete outros com maior tempo no

ramo (atuando entre quinze a vinte e cinco anos).

Em relação à capacidade instalada, 38% deles possuem local para armazenagem com

20 m2 de capacidade (em média); 44% possuem meio de transporte (bicicleta, moto, carro

alugado por diária e barco). A mão-de-obra predominante é a familiar, com trabalho

executado por duas pessoas (50%), uma pessoa (22%), três pessoas (11%), sendo que há

apenas uma associação de apicultores contando com vinte associados. Há algumas

necessidades explicitadas pelos agentes como: assistência técnica, capital de giro,

investimentos em equipamentos e maquinários (centrífuga e decantador), bem como

problemas com rotulagem do produto, escoamento da produção e espaço físico.

9 O potencial médio de uma árvore de sucuuba é de seis litros de leite (GONÇALVES, 2002).

101

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel.

É interessante notar que o produtor de mel (apicultor) vende 46% da sua produção

diretamente para o consumidor e 1% para o estadual (Figura 23). A produção também vende

53% para os setores intermediários da cadeia na esfera local, como o varejo urbano, que

compra 24%; o varejo rural, com 17% e o atacado, com 12%.

Figura 23- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do mel, no período de 2008 a 2009.

O varejo rural compra o mel da produção local a um preço médio de R$ 12,32/l e

vende ao consumidor local por R$ 15,54/l (Figura 24). O atacado local compra a R$ 12,98/l e

vende ao consumidor local a R$ 15,00/l. O varejo urbano local compra o mel a R$ 11,93/l do

produtor, vende ao consumidor local a R$ 15,77/l e ao estadual a R$ 15,00/l.

102

Figura 24- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do mel.

Somando todos os valores recebidos pela venda do mel dos apicultores dos dez

municípios, o VBPα foi de R$ 392,1 mil, o valor do varejo rural local foi de R$ 76,6 mil, o

valor do atacado local foi de R$ 53,9 mil e o valor do varejo urbano local foi de R$ 106,8 mil,

gerando R$ 629,4 mil pela oferta do mel na RI Tocantins (Gráfico 26).

103

Gráfico 26- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia de comercialização do mel, da produção local do Tocantins até o

consumidor final local, o valor de R$ 439 mil foi adicionado (VAB) ao produto ‘mel’

(Gráfico 27). O valor adicionado na cadeia do mel só acontece no sistema local; o produtor

adiciona o maior valor na cadeia, equivalente a R$ 392,1 mil, realizando o beneficiamento

primário para a obtenção de um melhor preço de venda. Outros setores apresentam também

uma participação na agregação de valor, como o varejista urbano, o qual adiciona um

montante de R$ 23,8 mil, o que justifica o mark-up de 29% (Gráfico 27), pois esses feirantes

compram o mel em grandes quantidades e para a venda fracionam em frascos menores; o

varejo rural, com R$ 15,9 mil, que obtém uma margem de 26% e o setor atacadista local, com

R$ 7,3 mil, que apresentam um mark-up de 16%.

104

Gráfico 27- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do mel da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

f) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização do mel.

A RBT, gerada pela comercialização do mel, produzido e identificado nos dez

municípios, foi movimentada somente na região estudada, atingindo um valor de R$ 629,4

mil (Gráfico 28).

O setor da produção local gerou a maior renda na ordem de R$ 392,1 mil, comparada

aos demais setores, pois realizam o beneficiamento do mel, que torna rentável a atividade da

apicultura para a região. O setor do varejo urbano local (feirantes) gerou uma renda de R$

106,7 mil, pois comprou R$ 82,9 mil de insumo e agregou R$ 23,8 mil ao produto, já que

somente fraciona o mel em embalagens menores.

O setor de varejo rural gerou R$ 76,7 mil, sendo R$ 60,8 mil em insumos e R$ 15,9

mil no valor adicionado. O setor do atacado local proporcionou uma renda bruta equivalente a

R$ 54 mil, sendo R$ 46,7 mil em insumos e R$ 7,3 mil no valor adicionado - sendo esta uma

cooperativa constituída por apicultores que vendem diretamente para o consumidor local.

105

Gráfico 28- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

g) Informações complementares sobre a comercialização do mel

A Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC) funciona com

o auxílio do Governo do estado do Pará, Prefeitura de Belém e República Francesa e atua em:

Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Cametá e Belém. Recebe apoio para os “Projetos de Mel”

na região, além de ministrar cursos sobre a utilização de plantas medicinais e saúde da

mulher.

A produção de mel em Baião é recente e realizada por um grupo de apicultores em

fase de organização, porém não possuíam assistência técnica especializada para alavancar a

produção e nem financiamentos. O mel é um produto com grande potencial no Município,

devido à cobertura vegetal rica em diversidade e bem preservada na região.

Algumas comunidades de Oeiras do Pará possuem produção de mel, mas não

possuem financiamento e nem incentivos para melhorar a produção.

Na comunidade chamada Paruru de Joana Ceres, que se localiza numa ilha do

Município de Limoeiro do Ajuru, existe um grupo formado por vinte apicultores, os quais

produzem mel há mais de quatro anos. Segundo um dos integrantes do grupo, já chegaram a

produzir mais de setecentos litros de mel. Atualmente estão produzindo pouco por não terem

mercado para escoar a produção. Em estoque, estavam com duzentos litros de mel.

106

Existe outra comunidade em terra firme chamada BR 422, que fica no km 5 da

Rodovia do mesmo nome, tal comunidade possui uma associação de mel, atualmente, com

vinte produtores. O mel é vendido para Cametá, pois o preço e a venda são melhores do que

em Limoeiro.

Alguns avanços ocorrem em Abaetetuba na exploração sustentável de produtos de

base extrativa, como a apicultura que começa a ganhar importância dos agricultores. A

atividade, entretanto, vem encontrando problemas com a falta de organização e gestão das

associações, além de não possuírem equipamentos adequados, tanto para a colheita quanto

para o processamento do mel; comprometendo diretamente a qualidade do produto. Há

apicultores que mantêm seus apiários muito próximos às residências, ocasionando perigo aos

moradores das proximidades, usando ainda caixas maiores que o tamanho padrão.

Alguns apicultores de Igarapé-Miri recebem apoio da Emater. Esta informou que

foram vendidos quinhentos quilos de mel, no valor de R$ 7,00/kg, pelo PAA, coordenado pela

Conab.

O mel é usado apenas para consumo interno no município de Moju.

De acordo com Venturieri et. al. (2009), entre os insetos que visitam as flores do

açaizeiro na região nordeste da Amazônia, foram identificadas as abelhas com ferrão

africanizadas (Apis mellifera) e as abelhas nativas da região (Meliponíneos) sem ferrão, que

são agentes importantes no processo de polinização dos açaizeiros (Euterpe oleracea Mart. –

Arecaceae), inclusive para o aumento da produção de frutos. A conclusão que se faz sobre o

estudo do açaizeiro é que este é uma importante espécie apícola na Amazônia por ofertar

pólen e néctar durante a floração, em períodos de menor oferta de recursos florais.

4. 2.10 Utensílios (cuia, paneiro e tipiti)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos utensílios.

Na cadeia de comercialização do utensílio foram identificados dez agentes

envolvidos, entre eles sete artesões e três atravessadores. Sendo que estes trabalham com a

venda de utensílios feitos com talas de jupati, miriti e guarumã. Possuem armazéns com

dimensões que variam entre 10m2 e 260m2. Utilizam mão de obra familiar e relatam que

possuem problemas relacionados à secagem do material, incentivo dos órgãos gestores,

mercado consumidor, organização entre os artesões e oferta da matéria prima.

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos utensílios

(Figura 25) apresentam as seguintes características:

107

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: O setor é formado por três tipos de agentes: os produtores, que extraem e

comercializam os feixes de guarumã; os artesões, que fabricam as peças artesanais e o

produtor/artesão, que utiliza sua matéria prima para fabricação das peças. No que se referem à

categoria dos trançados, dois utensílios foram analisados: o paneiro e o tipiti. Os artesões

utilizam fibras vegetais, especificamente a tala do guarumã para tecer tais objetos. No caso da

confecção das cuias, os ribeirinhos ou moradores da região estudada, em geral, apanham a

fruta da cuieira e realizam o processo rústico (limpam, fervem e tingem a cuia com o jenipapo

ou o cumaté), até obter a cuia, usada regionalmente como vasilha para tomar tacacá;

Varejo rural: Constituído por intermediários ou atravessadores que compram de

vários artesãos os utensílios para decoração e vendem para lojas de artesanato nacional;

Varejo urbano: Constituído de comerciantes ou feirantes que adquirem os utensílios e

vendem para o consumidor local;

NACIONAL (Fora do estado do Pará)

Varejo urbano: Inclue as lojas de artesanato, as quais realizam a venda dos utensílios,

como os objetos de decoração para os consumidores nacionais.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia dos utensílios.

A cadeia de comercialização desses utensílios é composta por poucos intermediários,

com a maior parte da produção local passando pelo varejo urbano local (92%) e sendo

vendida exclusivamente para os consumidores locais.

108

Figura 25- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/un.) dos utensílios comercializados na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

Existe também a comercialização desses produtos ao mercado nacional, como os

objetos de decoração, que seguem para o varejo urbano nacional (comerciantes de artigos de

decoração), os quais os comercializam em torno de 8% da quantidade identificada que é

comprada exclusivamente dos varejistas rurais, sendo vendidos diretamente para os

consumidores nacionais. (Figura 25).

Com relação aos preços médios dos utensílios praticados entre os diferentes agentes

da cadeia de comercialização estes são determinados pela oferta, qualidade e utilidade do

produto transacionado. O varejo urbano local compra da produção ao preço de R$ 1,77/un. e

revende ao consumidor local ao preço de R$ 2,42/un. Enquanto que o varejo rural compra dos

produtores ao preço médio de R$ 8,00/un. e vende ao varejo urbano nacional ao preço de R$

9,00/un. neste caso são utensílios de decoração (Figura 25).

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização dos utensílios.

Somando todos os valores recebidos pela venda dos utensílios dos artesãos dos dez

municípios estudados, ou seja, o VBPα dos produtores locais foi de R$ 72,6 mil, totalizando

109

no final da cadeia (soma de todos os setores que ofertam na cadeia de comercialização dos

utensílios) em R$ 192,5 mil (Gráfico 29).

Gráfico 29- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos utensílios da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

Do total do VBP, R$ 166,9 mil pertence à região estudada e R$ 25,6 mil, diz respeito

ao âmbito nacional. Os setores que mais ofertam nos dez municípios são, portanto a produção

(R$ 72,6 mil), o varejo urbano (R$ 71,2 mil) e o varejo rural (R$ 23,1 mil). O sistema

nacional participa com 13% do VBP, sendo o único setor que oferta e o varejo urbano (lojas

de artesanato) no montante de R$ 25,6 mil (Gráfico 29).

d) VAB - gerado na comercialização do s utensílios e a margem de comercialização de cada setor (%).

O VAB total dos utensílios ao longo da cadeia foi de R$ 96,7 mil, correspondendo à

margem ou mark-up de 33% (Gráfico 30). Do total do valor adicionado na cadeia a partir da

produção primária, o sistema local teve maior participação, com 97% - e o sistema nacional,

com somente 3%. O varejo urbano local foi responsável pela maior agregação com R$ 19,1

mil, com margem bruta de 37% (Gráficos 30).

110

Gráfico 30- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização dos utensílios da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização dos utensílios.

A comercialização dos utensílios gerou uma RBT de R$ 192,5 mil, em que 87%,

foram movimentados nos dez municípios. Desse montante o produtor gerou R$ 72,6 mil pela

comercialização dos utensílios, sendo que o varejo urbano local gerou R$ 71,2 mil; destes, R$

52,1 mil, pela compra dos utensílios e R$ 19,1 mil de adição de valor, enquanto o varejo rural

gerou R$ 23,1 mil de renda, pois comprou R$ 20,5 mil de insumo e agregou somente R$ 2,6

mil ao produto, sendo um grande atravessador de objetos de decoração. (Gráfico 31).

111

Gráfico 31- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos utensílios, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

4.2.11 Coratá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do coratá.

Os agentes ligados à cadeia de comercialização do coratá envolvem a RI Tocantins e

a esfera nacional, que apresentam as seguintes características:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: É constituída pelos extrativistas dos dez municípios estudados;

Varejo rural: É constituída pelos comerciantes (ou atravessadores) que compram o

coratá in natura dos extrativistas e vendem para os atacadistas locais;

Atacado: Constituída por Comerciante situado no âmbito local que apenas realiza o

beneficiamento primário do coratá in natura para exportação;

NACIONAL (Fora do estado do Pará)

Varejo urbano: Constituída por comerciante varejista situado fora do Estado, que

comercializa com o mercado internacional. Nesse caso, a pesquisa identificou que a produção

do Tocantins vai diretamente para a Europa, mais precisamente para a Alemanha.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do coratá.

112

A cadeia de comercialização do coratá identificada incide em canais simples. O

principal setor desta cadeia refere-se ao setor atacadista local (atravessador) que compra 96,7

% da produção local identificada na RI Tocantins e mais 3,2% proveniente do varejo rural,

abastecendo o mercado internacional (varejo urbano nacional) (Figura 26).

Figura 26- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/un.) do coratá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é de R$ 0,50/unidade do

coratá in natura; bem como atacadista local que também é de R$ 0,50/unidade. Em relação ao

preço de venda praticado pelo atacadista local com os varejistas urbanos nacionais, este é de

R$ 2,00/unidade.

c) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização do coratá.

O VBPα, ou seja, todo o valor recebido pela venda do coratá pelos extrativistas da RI

Tocantins foi de R$ 53 mil (Gráfico 32). Em relação ao varejo rural local foi de R$ 2,9 mil;

do atacado local foi de R$ 211,8 mil e do varejo urbano nacional foi de R$ 264,8 mil, gerando

um valor de R$ 532,5 mil pela oferta do coratá na RI Tocantins (Gráfico 32).

113

Gráfico 32- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do coratá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização do coratá e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia de comercialização do coratá, da produção local até a demanda

final que, nesse caso, é o mercado europeu, o valor de R$ 264,8 mil foi adicionado ao

produto, atingindo um mark-up total de 400% (Gráfico 33). Do total do valor adicionado, o

setor com maior participação foi o atacado local, com R$ 157,7 mil, o qual agregou ao

produto uma margem de comercialização (mark-up do setor) de 291%. Em relação ao sistema

nacional, o varejo urbano agregou o valor de R$ 52,9 mil, apresentando a menor margem e

comercialização da cadeia, 25% apenas. Por outro lado, o varejo rural agregou o valor de R$

1,2 mil e atingiu um mark-up de 70% (Gráfico 33).

114

Gráfico 33- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do coratá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização do coratá.

A RBT, gerada pela comercialização do coratá, identificada nos dez municípios, foi

movimentada somente na região estudada e no sistema nacional, atingindo um valor de R$

267,7 mil e R$ 264,8 mil, respectivamente. O setor do atacado local gerou a maior renda, na

ordem de R$ 211,9 mil, quando comparada aos demais setores, pois realizou o

beneficiamento primário do coratá. O setor varejista rural gerou R$ 2,9 mil.

115

Gráfico 34- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do coratá, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

4.2.12 Bacuri

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri.

Nos dez municípios foram entrevistados dois agentes mercantis que atuam, em

média, há nove anos com o fruto e a polpa do bacuri, incluindo outros produtos como o

cupuaçu e o muruci. Eles não possuem local para armazenagem; o transporte é feito com

bicicleta, e possuem um freezer alugado. A mão-de-obra é familiar. As necessidades

identificadas foram a necessidade de aquisição de uma despolpadeira para reduzir o trabalho

manual e conseguir uma barraca na feira para a comercialização do produto.

A seguir a descrição dos setores envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Caracteriza-se pela produção primária e extrativista dos dez municípios;

Varejo rural: Constituído por pequenos comerciantes que compram o bacuri in

natura dos produtores, sendo denominados de atravessadores;

Varejo urbano: Constituído por feirantes que realizam a venda do bacuri in natura

para os consumidores locais;

116

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Varejo urbano: Tratam-se dos feirantes que realizam a venda do bacuri in natura

para os consumidores estaduais.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do bacuri.

Os canais de comercialização do bacuri, identificados nos dez municípios, se

caracterizam por canais simples, pois abrangem somente três agentes intermediários que

participam da comercialização do fruto. O principal canal de comercialização do bacuri é a

venda direta do produtor para o consumidor local, comercializando 88,8% da produção

identificada, ao preço médio de R$ 0,44/un.do fruto in natura (Figura 27).

Figura 27- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/un.) do bacuri comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

Outro canal importante é composto pelo varejo rural que compra 10,4% do produtor

ao preço médio de R$ 0,20/un. e vende diretamente para o varejo urbano estadual a R$

0,28/un.. Já o varejo urbano local compra somente 0,8% diretamente da produção ao preço

médio de R$0,12/un. e revende a R$ 0,25/un. o fruto in natura para os consumidores locais

(Figura 27).

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do bacuri.

117

O VBPα dos produtores identificados nos dez municípios atingiu R$ 25,5 mil,

enquanto que o VBP de todos os setores chegou a R$ 29,7 mil (Gráfico 35). Os setores que

mais ofertam foram o varejo rural, com R$ 1,8 mil e o varejo urbano estadual com R$ 2,3 mil.

Gráfico 35- VBPα, em R$ gerado na comercialização do bacuri, pela óptica da oferta, em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização do bacuri e a margem de comercialização de cada setor (%).

Na cadeia de comercialização do bacuri foi agregado ao fruto um valor de R$ 26,5

mil, com uma margem de agregação de apenas 4%, devido o fruto ser comercializado in

natura (Gráfico 36).

Do VAB total, o sistema local foi responsável por R$ 26,9 mil dos quais o produtor

conseguiu agregar R$ 25,5 mil e o varejo rural, R$ 500,00, apresentando um mark-up de 40%.

Por outro lado, o varejista urbano local agregou um valor de R$ 100, 00, atingindo a maior

margem de comercialização da cadeia, que foi de 108% (Gráfico 36).

118

Gráfico 36- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do bacuri da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização do bacuri.

A RBT, identificada pela pesquisa na comercialização do bacuri, foi de R$ 29,6 mil,

sendo que, desse total, 92% foram movimentados nos dez municípios e 8% nas demais

regiões do Estado (Gráfico 37). O sistema local gerou o equivalente a R$ 27,4 mil; o varejo

rural foi responsável pela renda bruta de R$ 1,8 mil, já que comprou de insumo R$ 1,3 mil e

adicionou o montante de R$ 515,00. O produtor local, por sua vez, gerou R$ 25,5 mil. O

varejo urbano estadual atingiu uma renda bruta total de R$ 2,2 mil, dos quais R$ 450,00

foram usados na compra de insumos, sendo que R$ 1,8 mil agregados ao valor adicionado.

119

Gráfico 37- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do bacuri, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

4.2.13 Murumuru

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

murumuru

Foram três os agentes mercantis entrevistados que comercializam murumuru. Um

deles informou possuir um espaço para armazenagem de seis metros quadrados e outro local

em que comercializa também o açaí e o óleo de andiroba. As principais demandas

identificadas na comercialização do murumuru foram relacionadas a necessidade de entender

com mais detalhes a cadeia produtiva completa dessa espécie e identificar novos nichos de

mercado.

A manteiga de murumuru possui características que promovem a nutrição, a

emoliência e a hidratação para a pele e os cabelos (IDEALFARMA, 2009).

Na cadeia de comercialização do murumuru (Figura 28), foram identificados os

seguintes agentes mercantis:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Composta pelos agentes responsáveis pela coleta das sementes nas áreas

de ocorrência natural em Cametá e Limoeiro do Ajuru;

120

Varejo rural: Constituído por agente conhecido como “Atravessador” ou pequeno

comerciante, o qual compra a semente do murumuru de vários produtores e revende para a

indústria de cosmético estadual;

Atacado: Constituída por uma cooperativa agrícola que compra da produção local e

vende para o demandante, no caso, a indústria de cosmético estadual;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Indústria de transformação: Constituída por uma filial de uma grande empresa de

cosmético nacional, localizada no âmbito estadual (Região Metropolitana de Belém), a qual

compra as sementes de atravessadores (varejo rural e atacado local), processa para obtenção

da manteiga de murumuru (possivelmente realizada em São Paulo).

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/Kg da semente) entre os setores mercantis da cadeia do murumuru.

Na cadeia de comercialização do murumuru fica explícito que toda a produção da RI

Tocantins (100%) abastece uma indústria de transformação estadual (filial de uma grande

empresa de cosmético), localizada no estado do Pará, vindo 73% do atacado local e 27% do

varejo rural. Ambos negociam a compra das sementes com os produtores de Cametá e

Limoeiro do Ajuru (Figura 28). Tal indústria de transformação estadual envia para o mercado

nacional, no entanto, esta empresa não foi entrevistada pela equipe.

O varejo rural paga ao produtor local R$ 0,30/kg da semente de murumuru e revende

a R$ 1,50/kg para a indústria de transformação estadual. O atacado local compra a R$ 1,50/kg

da produção local e revende para a mesma indústria de transformação estadual ao preço de R$

2,32/kg da semente (Figura 28).

121

Figura 28- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/Kg) do murumuru comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

e) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização do murumuru.

Na cadeia de comercialização do murumuru, a produção local gerou um VBPα de R$

18,8 mil (Gráfico 38). O VBP do âmbito local (56%) equivale à oferta de R$ 27 mil pelo

atacado e a R$ 6,6 mil ao varejo rural. Em termos estaduais observa-se que o setor de

transformação responde pelo total do VBP gerado pela oferta de murumuru com R$ 41,8mil.

122

Gráfico 38- VBPα, em R$ gerado na comercialização do murumuru, pela óptica da oferta, em 2008, em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização do murumuru e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia de comercialização do murumuru da produção local da RI

Tocantins até a demanda final estadual, o valor de R$ 41,7 mil foi adicionado (VAB) ao

produto (Gráfico 39), subtraindo o VAB total (R$ 41,7 mil) do VBP da produção local (R$

18,8 mil) e dividindo o resultado pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de

122%. Observando que, em termos relativos, o valor adicionado ao longo da cadeia a partir da

produção primária (Setor α) é significativo.

Do total do VAB, o sistema local foi responsável por R$ 33,6 mil, sendo o setor com

maior participação o da produção local, pois apresenta um valor significativo de R$ 18,8 mil,

a maior da cadeia (Gráfico 39), justificado pelo beneficiamento primário de custo baixo da

oleaginosa. Em segundo, foi o varejista rural com R$ 5,3 mil, gerando com isso o maior

mark-up de 408%, o maior da cadeia como um todo (Gráfico 39), pois se tratam de agentes

de empresas de transformação estadual e, ainda, o atacadista urbano com R$ 9,5 mil,

apresentando um mark-up de 55%. O sistema estadual participa com 19% do VAB total, com

a indústria de transformação no montante de R$ 8,1 mil, que é o único setor que demanda o

murumuru da região estudada.

123

Gráfico 39- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do murumuru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela óptica da demanda na comercialização do murumuru.

A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 94,2 mil, sendo que do total, 56%

foram movimentados nos dez municípios e 44% no Estado (Gráfico 40). O setor da produção

local gerou R$ 18,8 mil. Esse resultado demonstra que a comercialização do murumuru é

rentável para os extratores dessa oleaginosa.

O sistema local gerou o equivalente a R$ 52,4 mil, sendo que o atacado foi

responsável por R$ 27 mil, já que comprou de insumo cerca de R$ 17,5 mil e agregou apenas

R$ 9,5 mil. O varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$ 6,6 mil, pois comprou de

insumo R$ 1,3 mil e adicionou o montante de R$ 5,3 mil. Por outro lado, no sistema estadual,

o setor de indústria de transformação atingiu uma RBT de R$ 41,8 mil, dos quais R$ 33,7 mil

equivalem à compra de insumos e R$ 8,1 mil ao valor adicionado.

124

Gráfico 40- A RBT, em R$ na comercialização do murumuru, considerando sua composição pela óptica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da RI Tocantins, estado do Pará, em 2008.

Fonte: IDESP.

4.2.14Artesanato de miriti

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia da comercialização do artesanato de miriti.

Os agentes envolvidos na cadeia da comercialização do artesanato de miriti (Figura

29) na RI Tocantins apresentam as seguintes características:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Constituída por extratores da estirpe da palmeira do buritizeiro conhecido

como “isopor natural” da Amazônia que serve de matéria-prima para o artesanato com miriti;

Indústria de transformação: Incluem os pequenos núcleos familiares de artesãos, os

quais confeccionam brinquedos e artesanatos com miriti. No município de Abaetetuba essa

atividade é tradicional. A presente pesquisa identificou como agentes uma grande amostra de

artesãos e duas associações;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Varejo urbano: Constituída por lojas de artesanatos localizadas na Região

Metropolitana de Belém, que comercializam diretamente para o consumidor final e

principalmente para os turistas;

125

NACIONAL (Fora do estado do Pará)

Varejo urbano: Constituída por associações de artesanato, central de artes e museus

localizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do artesanato de miriti.

A cadeia de comercialização do artesanato consiste de canais simples, constituídos

por diversos níveis de distribuição, abrangendo três setores intermediários.

A indústria de transformação local compra toda a produção (100%) do miriti

diretamente do extrator e vende 7,5% da produção identificada para o consumidor local; 53%

vão para o varejo urbano estadual; 18% seguem diretamente para os consumidores estaduais

(Figura 29). São empresas, instituições públicas e, principalmente, os consumidores e turistas

que adquirem o produto em épocas festivas, nesse caso, durante o Círio de Nossa Senhora de

Nazaré e o Natal. O setor da indústria de transformação local também vende para o varejo

urbano nacional (12%) e diretamente para o consumidor nacional (9%).

Figura 29- Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato de miriti comercializado na RI Tocantins, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

É importante destacar que durante as festividades do Círio de Nossa Senhora de

Nazaré, realizado na segunda quinzena de outubro, acontece a Feira do Miriti e são

organizados alguns pontos de venda em praças públicas.

126

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia do artesanato de miriti, no período de 2008 a 2009.

Os produtores vendem a braça do miriti (mede 2,5 a 3 metros, em média) para a

indústria de transformação por R$ 0,38 a braça (Figura 30), ou seja, para os artesãos e suas

associações transformarem as braças do miriti em peças artesanais com uma infinidade de

formas, cores e tamanhos, sendo os brinquedos feitos com miriti, os mais conhecidos em

miniaturas na forma de: barcos, pássaros, roda gigante, casas, animais, objetos domésticos,

entre outros, os quais representam o cotidiano do ribeirinho e também do homem da cidade

grande.

Figura 30- Preço médio do artesanato de miriti (R$/braça) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

Os preços de venda da braça, praticados pela indústria de transformação local são:

R$ 15,10, aos consumidores estaduais; R$ 7,76, para os varejistas estaduais; R$ 6,69, para os

consumidores nacionais; R$ 5,41, para os varejistas nacionais e R$ 2,80, para os

consumidores locais. A variação dos preços médios praticados é justificada pelo tipo de

artefato comercializado.

d) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do artesanato de miriti.

127

Somando todos os valores recebidos pela comercialização da braça de mitiri dos

extratores da RI Tocantins, isto é, o VBPα foi de R$ 33,3 mil, da indústria de transformação

de R$ 730,1 mil; do varejo urbano estadual, de R$ 382,8 mil e do varejo urbano nacional, de

R$ 80 mil, gerando no total R$ 1,2 milhão em vendas com o artesanato do miriti (Gráfico

41).

Gráfico 41- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do artesanato de miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização do artesanato de miriti e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia de comercialização do artesanato com miriti da produção local

até a demanda final, o valor de R$ 773,8 mil foi adicionado ao produto, atingindo um mark-up

de 2.222%. Do total do valor adicionado, o setor com maior participação foi a indústria de

transformação local, com R$ 696,8 mil, o que agregou ao produto uma margem de

comercialização (mark-up do setor) de 2.091% (Gráfico 42).

Em relação ao sistema estadual, o varejo urbano adicionou o valor de R$ 20,6 mil,

apresentando a menor margem e comercialização da cadeia, 6% apenas. Por outro lado, o

varejo urbano nacional agregou o valor de R$ 23,1 mil e atingiu um mark-up de 40%.

128

Gráfico 42- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do artesanato de miriti da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda na comercialização do artesanato de miriti.

A RBT, gerada na comercialização do artesanato foi de R$ 1,2 milhão. A região

estudada foi responsável por 62% dessa RBT, seguida pelo estadual com 31% e a nacional

com apenas 7% (Gráfico 43).

No sistema local, o setor da indústria de transformação (artesãos) gerou a maior

renda na ordem de R$ 730,1 mil, pois comprou de insumos cerca de R$ 33,3 mil e agregou

valor de R$ 696,8 mil. O setor do varejo urbano estadual gerou uma renda bruta de R$ 382,8

mil; sendo R$ 362,26 mil em insumos e somente R$ 20,6 mil de agregação de valor. E, no

sistema nacional, o varejo urbano atingiu uma renda de R$ 80,2 mil dos quais R$ 57,10 mil

equivalem à compra de insumos e R$ 23,1 ao valor adicionado (Gráfico 43).

129

Gráfico 43- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do artesanato de miriti, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

g) Informações complementares sobre a comercialização de artesanato com miriti.

Abaetetuba é tradicionalmente conhecida pelos famosos brinquedos feitos com miriti

que integram as festividades no período do Círio de Nazaré. A Associação Arte Miriti de

Abaetetuba (Miritong), uma organização não governamental, conquistou sua valorização com

a venda dos brinquedos durante as festividades do Círio da Nossa Senhora de Nazaré e tem

seu trabalho reconhecido internacionalmente. Até 1999 todos faziam os brinquedos

tradicionais, com pinturas somente em riscos e pingos. Com a ação do Serviço de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Abaetetuba, surgiu a ideia de trabalhar o ano todo.

No evento denominado Miriti-Design, realizado em 1999, novos conceitos de design foram

incorporados ao artesanato com o miriti, fato considerado pela Associação como um “divisor

de águas”. Desenvolveram o corte mais preciso do miriti, utilizando um “cabo de freio de

bicicleta” ou corte de arame. O trabalho foi reconhecido pela Fundação de Telecomunicações

do Pará (Funtelpa), durante a gestão do presidente Ney Messias, que deu todo o suporte para a

fundação da ONG. Ao todo são duzentos artesãos, que sustentam suas famílias com o que

produzem de artesanato. Atualmente contam com três tipos de artesanato: os tradicionais

(barcos, canoas, pila-pilas, cobras, pássaros, bonecos, outros); os utilitários (diversas

130

embalagens) e os decorativos (luminárias, quadros, arranjos, entre outros). Também

trabalham na fabricação de brinquedos pedagógicos, no entanto, na época da execução das

entrevistas os serviços estavam parados. Disseram que havia novos pedidos e, em 2009,

começariam novamente a produzir.

A empresa de cosmético procurou a organização para fazer embalagens, mas esse

tipo de artesanato não tem condições de padronização no nível exigido pela empresa.

De acordo com o técnico Vieira, em informação cedida em entrevista pessoal, no ano

de 2008, o Centro Internacional de Pesquisa Florestal (Cifor) iniciou o “Projeto ecologia,

manejo, economia e mercado do miriti em florestas de uso múltiplo no estuário do baixo

Tocantins”, em parceria com a Embrapa, o Sebrae, a Universidade Federal Rural da

Amazônia (UFRA), o Museu Paraense Emilio Goeldi, a Associação dos Artesãos de

Brinquedos e Artesanatos de Miriti de Abaetetuba (Asamab), a Miritong, a Associação do

Tauerá de Beja (Amprotab) e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de

Abaetetuba – com o objetivo de identificar as formas de extração do miriti, as partes usadas

da planta, entender a atividade artesanal dos “brinquedos de miriti”; assim como identificar as

técnicas para o manejo sustentável dessa palmeira tão significativa para a região; visto que já

estão enfrentando problemas para conseguir a matéria-prima. Segundo declarações da equipe

técnica do projeto, as fibras do miritizeiro constituem o principal recurso utilizado, assim

como os brinquedos feitos com miriti, produzidos com a parte interna do pecíolo da folha

(bucha), as cestarias da parte externa do pecíolo (talas) e das palhas das folhas mais novas

desfiadas. Além disso, do fruto é extraído o vinho de miriti (termo regional usado para suco).

A Asamab teve apoio de uma empresa que fabrica barra de alumínio. São cento e

treze pessoas que vivem do artesanato. Os que possuem atelier próprio trabalham o ano todo.

Em 2008, levaram aproximadamente, trinta e cinco a quarenta mil peças feitas à base do miriti

para as festividades do Círio de Nazaré da cidade de Belém. Apesar de os artesãos não terem

uma sede própria para realizar suas reuniões e organizar melhor a produção e

comercialização, a atividade destaca-se com grande potencial para o desenvolvimento local.

Grande parte dos produtos artesanais é feito nas ilhas próximas à sede de Abaetetuba.

4.2.15 Andiroba

a) Caracterização dos agentes mercantis, envolvidos na cadeia de comercialização da andiroba.

Os agentes mercantis, envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de andiroba,

(Figura 31) atuam no âmbito local e estadual, conforme a descrição a seguir:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

131

Produção: É composta por produtores locais, os quais coletam as sementes de

andiroba e realizam o beneficiamento primário, geralmente feito pelas mulheres, com a

fervura e a extração do óleo;

Varejo rural: Composto por agentes conhecido como atravessadores, que são

pequenos comerciantes que compram o óleo de andiroba dos produtores locais;

Atacado: Constituída por comerciantes que compram o óleo em maior quantidade do

produtor local e vendem para o varejo urbano estadual;

Varejo urbano: São os pequenos comerciantes que adquirem o óleo de andiroba da

produção local e vendem para o mercado local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Varejo urbano: Trata-se de um setor de comércio constituído por varejista (feirantes

e supermercados), situado no âmbito estadual, que compra do atacado local e vende o óleo de

andiroba para o consumidor estadual.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de andiroba

Os nove agentes entrevistados que trabalham com óleo de andiroba estão no ramo em

média há vinte e um anos (variação de treze a quarenta e oito anos). Todos também

comercializam outros produtos, tais como: mel, açaí, murumuru, semente de cumaru, cacau,

palmito, artesanato plantas medicinais (leite de amapá, de sucuuba, seiva de jatobá,

barbatimão, unha-de-gato, verônica e óleo de copaíba).

A capacidade instalada em armazéns possui em média 32m2 (variação de 12 a 60

m2), com transporte feito por meio de bicicleta ou moto. A mão-de-obra predominante é a

familiar com uma a três pessoas atuando o ano todo. As necessidades identificadas são por

equipamentos apropriados para a prensagem, financiamentos para a produção e apoio do

poder público às farmácias de remédios naturais.

O varejo urbano local comprou 64,9% do óleo de andiroba da produção, tendo

vendido somente para o consumidor. O varejo rural é responsável pelo repasse de 24,3% para

o consumidor (Figura 31). Há produtores que conseguem vender 7,2% do total diretamente

para o consumidor estadual. Deste montante, 3,6% seguem para os varejistas de fora da

região.

132

Figura 31- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da andiroba, no período de 2008 a 2009.

A produção local vendeu óleo de andiroba para o varejo rural ao preço de R$ 6,50/l;

para o varejo urbano, a R$ 6,77/l; para o atacado local, a R$ 8,00/l e, diretamente para o

consumidor estadual, a R$ 15,00/l (Figura 32). O varejo urbano local vende diretamente para

o consumidor local ao preço de R$ 11,50/l. O atacadista local vende para o varejo urbano

estadual a R$ 16,00/l, que, por sua vez, revende ao consumidor estadual ao preço de R$

20,00/l.

133

Figura 32- Preço médio da andiroba (R$/ l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no período de 2008 a 2009, da RI Tocantins, estado do Pará.

Fonte: IDESP.

d) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização da andiroba.

Na cadeia de comercialização do óleo de andiroba a produção local gerou um VBPα

de R$ 13,6 mil (Gráfico 44), totalizando no final da cadeia um valor de R$ 33,9 mil. Do

montante, R$ 13,8 mil pertencem ao setor varejista urbano local; R$ 4,1 mil ao varejo rural;

R$ 1,1 mil ao setor atacadista local e somente R$ 1,3 mil ao varejista urbano estadual.

134

Gráfico 44- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da andiroba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) VAB - gerado na comercialização da andiroba e a margem de comercialização de

cada setor (%).

Na cadeia de comercialização da andiroba foi agregado ao produto um valor de R$

21,2 mil (Gráfico 45). Do montante, o sistema local foi responsável por R$ 20,9 mil, no qual

o produtor conseguiu agregar um valor de R$ 13,6 mil, com a comercialização do óleo sem

nenhum tratamento.

O varejista rural agregou somente R$ 1,1 mil, com uma margem de comercialização

de 38%. Dessa forma, considerou-se essa atividade rentável apesar da pouca agregação de

valor. O varejista urbano local agregou R$ 5,7 mil, apresentando o segundo maior mark-up da

cadeia (70%). O atacado local agregou R$ 533,3 e obteve o maior mark-up de 100%. Em

âmbito estadual, o setor do varejo urbano agregou apenas R$ 266,7, mas apresentou um mark-

up de 25% (Gráfico 45). A justificativa é o preço de venda alto por meio do fracionamento do

produto em vidros menores.

135

Gráfico 45- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da andiroba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da andiroba.

A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 33,8 mil, sendo que desse total 96%

foram movimentados nos dez municípios e apenas 4% no Estado (Gráfico 46).

136

Gráfico 46- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da andiroba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O sistema local gerou o equivalente a R$ 32,4 mil, o setor da produção local gerou a

maior renda equivalente a R$ 13,6 mil, comparada aos demais setores, visto que realizam o

beneficiamento primário do fruto, o qual torna a comercialização rentável.

O varejo urbano local foi responsável por R$ 13,8 mil, visto que comprou de insumo

R$ 8,1 mil e agregou R$ 5,7 mil. O varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$ 4 mil,

pois comprou de insumo R$ 2,9 mil e adicionou apenas R$ 1,1 mil. O atacado local obteve

uma renda bruta de R$ 1 mil, com valores de compra de insumo e adicionado em iguais

proporções de R$ 0,533 mil cada.

Por outro lado, no sistema estadual, o setor de varejo urbano atingiu uma RBT de R$

1,4 mil, dos quais R$ 1,1 mil equivalem à compra de insumos e R$ 0,267 mil, ao valor

adicionado.

g) Informações complementares sobre a comercialização da andiroba.

Em Abaetetuba, a extração da andiroba ainda é feita de forma tradicional, algumas

famílias que utilizam essa prática costumam comercializar o produto, outras a utilizam

somente para o consumo nas comunidades.

No município de Mocajuba está instalada, há mais de três anos, a filial de uma

grande empresa que trabalha com sementes oleaginosas junto às comunidades ribeirinhas da

137

região e faz o beneficiamento primário da andiroba. Atualmente, a empresa alocada no

Município trabalha exclusivamente com a semente de andiroba e possui embarcação própria

para a coleta das sementes junto às comunidades ribeirinhas. A Empresa beneficia óleo de

andiroba geralmente vindo da Região das Ilhas, onde as sementes são coletadas por

ribeirinhos, mas quem determina os preços do produto é a empresa. A filial compra a semente

molhada ou suja por R$ 0,25/kg, entrega as embalagens e realiza o transporte para que a

produção chegue até Mocajuba. A empresa compra aproximadamente duzentas toneladas de

semente de andiroba durante a safra, que vai de janeiro até meados de junho, dependendo do

período chuvoso. Essa filial funciona apenas como um apoio logístico de estoque, devido às

dificuldades de abastecimento de energia elétrica e de mão-de-obra qualificada na RI

Tocantins. A empresa então priorizou estabelecer-se em Ananindeua-PA. A matriz possui

uma estrutura de aproximadamente doze prensas “Piratininga” com uma capacidade de

produção de 2,5 toneladas de óleo por hora.

Segundo informações da empresa, a maioria da população conhece a andiroba e sabe

das suas propriedades medicinais, a semente é bem conhecida na região, porém pouco

valorizada. Hoje uma árvore de andiroba custa para o ribeirinho R$ 20,00, quando

comercializada para madeireiros, e uma árvore produz, em média, cem quilos de semente, por

safra. Na safra de 2008, duzentas toneladas de semente foram produzidas somente em

Mocajuba, mas a empresa também compra sementes em municípios da região, como Cametá

e Barcarena, assim também em outras regiões como a do Salgado (Vigia, Santo Antônio do

Tauá e Mosqueiro) e Região do Marajó. Toda a negociação é realizada diretamente com os

produtores, a empresa não negocia com os atravessadores. O pagamento é feito à vista. Após

a compra, a empresa lava, pesa, seleciona e ensaca a semente. Sua armazenagem é feita

submersa em água, evitando o apodrecimento e ataque de insetos e roedores.

A empresa estabelece a programação da passagem do barco nas comunidades para

recolher as sementes na safra. Em 2007, compraram cerca de sessenta toneladas de óleo já

beneficiado pelas comunidades, que possuem tradição na retirada do óleo artesanal e, com

isso, atenderam a uma demanda da empresa que necessitava do mesmo, sem importar-se com

a qualidade. A Empresa compra mais a semente do que o óleo artesanal na região.

Dependendo do volume, a extração do óleo é feita na filial da empresa em Mocajuba, por

meio de prensa e, o processo de refino é realizado na matriz em Ananindeua. Na cadeia de

comercialização da andiroba não foram incluídos os dados da empresa de Mocajuba, pois

falta realizar a entrevista em sua matriz em Ananindeua.

138

A Emater informou que em Igarapé-Miri há muitas árvores de andirobas nas áreas

ribeirinhas, no entanto não são aproveitadas, o que foi constatado em campo como grande

potencial. De acordo com entrevistados, isso ocorre por falta de incentivos e escoamento da

produção. Existe apenas um comprador que determina um preço muito baixo do óleo (R$

2,00/l).

4.2.16 Copaíba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da copaíba.

Os quatro agentes entrevistados que trabalham com óleo de copaíba estão no ramo

em média há dezesseis anos (variação de sete a vinte anos de atuação). Todos também

comercializam outros produtos, tais como: mel, semente de cumaru, cacau, artesanato, plantas

medicinais (leite de amapá, de sucuuba, seiva de jatobá, barbatimão, unha-de-gato, verônica e

óleo de andiroba). A capacidade instalada de armazenamento atinge um tamanho médio de

30m2 (variação de 12 a 60 m2), com transporte feito por meio de bicicleta ou moto. A mão-de-

obra predominante é a familiar, com duas pessoas atuando o ano todo. As necessidades

identificadas são a ampliação do espaço para o comércio, os financiamentos no sentido de

ampliar a produção e o apoio do poder público às farmácias de remédios naturais.

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de copaíba

atuam somente em âmbito local, conforme se demonstra na Figura 33 e na descrição a seguir:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: É composta pelos produtores locais que fazem a extração do óleo das

copaibeiras, utilizando normalmente broca para o processo de perfuração e em seguida o

envasamento em garrafas de vidro;

Varejo urbano: Constituída por comerciantes que compram o óleo de copaíba dos

produtores locais e revendem para o consumo final.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/ l) entre os setores mercantis da copaíba.

Toda a produção de óleo de copaíba (100%) passa pelo varejo urbano local e depois

vai para o consumidor local. O varejo urbano local compra o óleo de copaíba da produção

local por um preço médio de R$ 24,70/l e o vende para o consumidor local a um custo de R$

31,48/l (Figura 33).

139

Figura 33- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/ l) da copaíba na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização da copaíba.

O VBPα da copaíba identificado na pesquisa é de R$ 10,4 mil, totalizando em R$

23,7 as vendas totais realizadas, incluindo o setor do varejo urbano, responsável por R$ 13,3

mil (Gráfico 47).

140

Gráfico 47- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da copaíba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização da copaíba e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia de comercialização da copaíba foi agregado um valor total de R$

13,3 mil para a região estudada e o setor responsável foi o extrator de óleo com R$ 10,4 mil,

pois se trata de um produto totalmente extrativo com custo baixo de coleta e o varejista local

com R$ 2,9 mil, apresentando um mark-up de 27%, pois é embalado em vidros para então ser

comercializado (Gráfico 48).

141

Gráfico 48- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da copaíba da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da copaíba.

A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 23,7 mil, sendo toda gerada e

movimentada na RI Tocantins (Gráfico 49).

142

Gráfico 49- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da copaíba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O setor da produção local gerou uma renda equivalente a R$ 10,4 mil e o restante foi

no setor do varejo urbano (R$ 13,3 mil), que compra de insumo cerca de R$ 10,4 mil e agrega

apenas R$ 2,9 mil. Nesse setor do varejo, o óleo é fracionado para fins de consumo local.

4.2.17 Inajá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do inajá.

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do inajá atuam

somente no âmbito local, conforme a descrição a seguir:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Composta por extratores locais, os quais coletam os frutos;

Varejo rural: Constituído por “atravessadores”, representantes de empresas

nacionais, e pequenos comerciantes que compram o fruto dos produtores locais;

Varejo urbano: Formado por pequenos comerciantes que adquirem os frutos da

produção local e vendem-nos para o consumidor local, os quais os utilizam para artesanato;

NACIONAL (Fora do estado do Pará)

143

Varejo urbano: Formado por um setor do comércio varejista (comerciantes) que

utilizam o inajá para a produção de artesanato ou retira o óleo para outros fins.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/ kg) entre os setores mercantis do inajá.

O varejo urbano local comercializa 61,5% da quantidade identificada do inajá, que é

comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para o consumidor local

(Figura 34). Por outro lado, o varejo rural compra 38,4% e vende para o varejo urbano

nacional.

Figura 34- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do inajá na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

Os preços médios referentes à venda do fruto do inajá, praticados pelos extratores com

outros agentes, são de R$ 0,97/kg da semente, com o varejo urbano local e de R$ 0,95/kg,

com os varejistas rurais (Figura 34). O preço médio adotado pela venda no varejo urbano

local para o consumidor local é de R$ 2,25/kg, sendo que e o preço de venda do varejo rural

para o varejo urbano nacional é de R$ 2,00/kg (Figura 34).

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do inajá.

O VBPα dos produtores do inajá da região estudada alcançou R$ 8,4 mil (Gráfico

50). No varejo rural a VBPα foi de R$ 6,7 mil; no varejo urbano local, foi de R$ 12 mil e, no

144

varejista urbano nacional, foi de R$ 7,5 mil, gerando no final da cadeia um total de R$ 34,6

mil em vendas do fruto do inajá.

Gráfico 50- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do inajá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização do inajá e a margem de comercialização de

cada setor (%).

O VAB total do inajá ao longo da cadeia de comercialização foi de R$ 19,5 mil para

os dez municípios (Gráfico 51). Do total do valor adicionado na cadeia, o varejo urbano local

teve maior participação, com R$ 6,9 mil, atingindo uma margem de comercialização de

137%. Em segundo lugar ficou o varejo rural, com R$ 3,3 mil, apresentando uma margem de

100%.

145

Gráfico 51- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do inajá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do inajá.

A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 34,6 mil, sendo que desse total 78%

foram movimentados nos dez municípios e 22% em âmbito nacional.

146

Gráfico 52- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do inajá, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O sistema local gerou o equivalente a R$ 27 mil, já o varejo urbano foi responsável

por R$ 12 mil, pois comprou de insumo cerca de R$ 5,1 mil e agregou R$ 6,9 mil. O varejo

rural foi responsável pela renda bruta de R$ 6,6 mil, pois comprou de insumo R$ 3,3 mil e

adicionou o mesmo montante.

4.2.18 Breu-branco

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do breu-branco.

Foram dois os agentes mercantis entrevistados, os quais trabalham com o breu-

branco, bem como com artesanato e carvão, usando como base a mão-de-obra familiar. Um

deles trabalha a vinte e dois anos no ramo e possui um armazém com 250 m2. A

caracterização dos agentes mercantis identificados, apenas na esfera local, foi:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Baseia-se na produção extrativista dos dez municípios que comercializam

a resina do breu-branco;

Varejo urbano: Constituído por feirantes que realizam a venda da resina pronta para

o consumidor local, a qual é utilizada para calafetar barcos e repelir insetos.

147

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/un.) entre os setores mercantis do breu-branco.

O canal de comercialização do breu-branco identificado é simples e indireto, pois

abrange apenas um intermediário que participa da comercialização da resina (Figura 35).

Figura 35- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do breu-branco comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

O único setor intermediário é o varejo urbano, representado por feirantes, que

compraram toda a produção (100%), equivalente a 1,7 toneladas de resina, ao preço de R$

2,38/kg e venderam para o consumidor final a R$ 3,44/kg da resina (Figura 35).

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do breu-branco.

Na cadeia de comercialização da resina do breu-branco a produção local gerou um

VBPα de R$ 7 mil, totalizando ao final da cadeia R$ 17,1 mil (Gráfico 53). O único ofertante

da cadeia é o varejo urbano local com R$ 10,1 mil.

148

Gráfico 53- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do breu-branco da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização do breu-branco e a margem de comercialização de cada setor (%).

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do breu-branco totalizou R$ 10,1 mil

(Gráfico 54). O varejo urbano local agregou ao produto apenas R$ 3,1 mil, atingindo uma

margem bruta de 44% (Gráfico 54).

149

Gráfico 54- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do breu-branco da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do breu-branco.

A RBT, identificada pela pesquisa na comercialização do breu-branco, foi de R$ 17,1

mil (Gráfico 55). O varejo urbano local foi responsável pela renda bruta de R$ 10,1 mil, pois

comprou de insumo R$ 7 mil e adicionou o montante a R$ 3,1 mil, sendo que o produtor local

gerou o equivalente R$ 7 mil.

150

Gráfico 55- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do breu-branco, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

4.2.19 Cipós

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos cipós

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos cipós atuam

somente em âmbito local, conforme a descrição a seguir:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Constituído por coletores de cipós;

Atacado: Constituído por comerciante situado no âmbito local que apenas realiza o

beneficiamento primário dos cipós para exportação;

Varejo urbano: Constituído por comerciantes ou feirantes que compram dos coletores

locais e revendem para o consumidor local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/rolo) entre os setores mercantis da cadeia dos cipós.

A estrutura da cadeia dos cipós apresenta canais de comercialização simples

apresentando apenas dois intermediários (Figura 36).

151

Figura 36- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/rolo) dos cipós comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

O principal canal de comercialização refere-se à venda de 70% da produção dos

cipós, ao preço médio de R$ 0,50/rolo para o atacadista local que revende para os

consumidores nacionais (neste caso mercado internacional - Alemanha), ao preço médio de

R$ 3,13/rolo. O setor do varejo urbano (feirante) compra 30% da produção local, ao preço de

R$ 5,04/rolo e revende aos consumidores locais ao preço de R$ 7,17/rolo. Indicando que os

cipós são comercializados com baixa agregação de valor, pois são utilizados como matéria-

prima na fabricação de artefatos como o matapi, paneiros, entre outros.

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização dos cipós.

Somando os valores recebidos pela venda dos cipós, dos agentes envolvidos em sua

extração - o VBPα dos produtores locais foi de R$ 6,9 mil, totalizando no final da cadeia um

valor de R$ 22,9 mil. Os setores que ofertaram nos dez municípios foram o varejo urbano e o

atacado, com R$ 8 mil cada (Gráfico 56).

152

Gráfico 56- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos cipós da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização dos cipós e a margem de comercialização de cada setor (%).

O VAB total dos cipós ao longo da cadeia de comercialização foi de R$ 16 mil para

os dez municípios. Do total do valor adicionado na cadeia a partir da produção primária, o

produtor teve uma maior participação, com R$ 6,9 mil, pois se trata de um produto totalmente

extrativo com baixo custo de coleta (Gráfico 57). O setor varejista urbano local participou

com R$ 2,4 mil na agregação, apresentando uma margem de 42% e o atacadista local agregou

R$ 6,7 mil gerando a maior margem de 526% na cadeia.

153

Gráfico 57- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização dos cipós da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização dos cipós.

A RBT, originada pela comercialização de cipós da região estudada, gerou para o

âmbito local um valor de R$ 22,9 mil - sendo que desse total, R$ 6,9 mil foi gerada pelo setor

da produção local (Gráfico 58).

154

Gráfico 58- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos cipós, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O varejo urbano local foi responsável por R$ 8 mil, visto que comprou de insumo R$

5,6 mil e agregou R$ 2,4 mil. O atacadista local foi responsável pela renda bruta também de

R$ 8 mil, pois comprou de insumo R$ 1,3 mil e adicionou apenas R$ 6,7 mil.

4.2.20 Leites (amapá, jatobá e sucuúba)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites.

Os dois agentes entrevistados que trabalham com os leites de amapá, sucuúba e

jatobá estão no ramo há dezessete e vinte anos. Eles também comercializam outros produtos

medicinais, tais como: mel, óleo de andiroba, copaíba, semente de cumaru, unha-de-gato e

verônica. A capacidade instalada para armazenamento é de 16 e 24 m2, com transporte feito

por meio de bicicleta. A mão-de-obra é familiar com uma a três pessoas.

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites (Figura 37)

atuam somente em âmbito local, conforme a descrição a seguir:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: É composta pelos extrativistas locais que fazem a extração dos leites

artesanalmente;

155

Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram os leites dos extrativistas

locais e revendem para o consumidor final local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/l) entre os setores mercantis dos leites.

A comercialização dos leites apresentou dois canais, um direto com a produção

vendendo 22% para os consumidores locais ao preço de R$ 13,86/l, e outro indireto com a

presença de um setor intermediário entre a produção e o consumidor (Figura 37). O setor

intermediário é o varejo urbano, representado por feirantes, que compraram 78% da produção,

equivalente a 476 l de leite, ao preço de R$ 4,48/l e venderam para o consumidor final a R$

9,22/l (Figura 37).

Figura 37- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/l) dos leites na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) VBP - pela óptica da oferta, na comercialização dos leites.

O VBPα dos extratores de leite da região estudada alcançou R$ 5,3 mil, contando

com a participação do varejo urbano local, também como o do ofertante, de R$ 5,8 mil

(Gráfico 59).

156

Gráfico 59- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização dos leites da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização dos leites e a margem de comercialização de cada setor (%).

O VAB dos leites totalizou apenas R$ 8,3 mil (Gráfico 60). Apesar de o varejo

urbano local possuir um valor bruto de R$ 5,8 mil, apresenta uma margem de comercialização

alta de 106%, pois comercializa o produto com agregação de valor (Gráfico 60).

157

Gráfico 60- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização dos leites da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização dos leites.

Os dados levantados mostram que os leites geraram uma renda equivalente a R$ 11,1

mil, movimentada somente na região tocantina (Gráfico 61). Desse montante, o produtor

gerou R$ 5,3 mil e o varejo urbano gerou R$ 5,8 mil, sendo que R$ 2,8 mil foram em função

da compra de insumo e R$ 3 mil de adição de valor, mostrando haver uma baixa geração de

renda nessa comercialização.

158

Gráfico 61- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização dos leites, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

4. 2. 21 Taperebá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá.

Os dois agentes entrevistados, que trabalham com o fruto do taperebá, estão no ramo

há doze anos. Comercializam também cupuaçu, açaí fruto e palmito. O transporte é feito por

meio de moto e por barco com capacidade de carga para cinco toneladas. Há também um

freezer usado para fazer a conservação. A mão-de-obra é a familiar com três a quatro pessoas

atuando o ano todo.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá (Figura 38), na RI

Tocantins e na escala estadual, apresentam as seguintes características:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Trata-se da produção extrativista dos municípios estudados que

comercializam o taperebá in natura;

Varejo urbano: Constituído por feirantes que realizam a venda do taperebá in natura

para o consumidor local;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

159

Varejo urbano: Constituído por feirantes que compram diretamente da produção

local e vendem o taperebá in natura para o consumidor estadual.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/Kg) entre os setores mercantis da cadeia do taperebá.

O varejo urbano local (feirantes) comprou da produção 86% da quantidade

identificada do taperebá, ao preço médio de R$ 1,20/kg do fruto in natura e, vendeu ao preço

de R$ 3,00/kg para os consumidores locais. Por outro lado, os feirantes estaduais (varejo

urbano estadual) que também comprou 14% direto da produção, ao preço médio de R$

0,80/kg do fruto in natura e vendeu para os consumidores estaduais ao preço de R$ 1,00/kg

(Figura 38).

Figura 38- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do taperebá comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do taperebá.

Na cadeia de comercialização do taperebá a produção local gerou um VBPα de R$

4,1 mil (Gráfico 62), pela sua oferta. Sendo que nessa cadeia os setores ofertantes são o

varejo urbano local, com R$ 9,3 mil e o varejo urbano estadual com apenas R$ 514,6.

160

Gráfico 62- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do taperebá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização do taperebá e a margem de comercialização de cada setor (%).

O VAB do taperebá totalizou R$ 9,7 mil, atingindo um mark-up total de 138%

(Gráfico 63). Observando-se, portanto que, em termos relativos, o valor adicionado ao longo

da cadeia do fruto, a partir da produção primária (Setor α), é significativo.

161

Gráfico 63- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do taperebá da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O varejo urbano local foi responsável pela maior agregação com R$ 5,5 mil (Gráfico

63), com uma margem bruta de 150% (Gráfico 63), sendo que o varejo urbano estadual

apesar de agregar pouco (R$ 102,9) apresenta uma margem de apenas 25%.

e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do taperebá.

A RBT, identificada pela pesquisa, foi de R$ 13,9 mil, sendo que do total 96% foram

movimentados nos dez municípios e 4% no Estado (Gráfico 64). O sistema local gerou o

equivalente a R$ 13,4 mil, sendo que o varejo urbano foi responsável por R$ 9,3 mil, já que

comprou o fruto in natura por R$ 3,7 mil e agregou R$ 5,6 mil ao fruto já embalado para o

consumo final local. No sistema estadual, o varejo urbano atingiu uma RBT de R$ 514,6 dos

quais R$ 411,7 equivalem à compra do fruto in natura e R$ 102,9 ao valor adicionado.

162

Gráfico 64- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do taperebá, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

4.2.22 Urucum

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do urucum.

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do urucum (Figura

39) atuam somente no âmbito local, conforme a descrição a seguir:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: É composta por produtores locais que fazem a colheita e o primeiro

processamento do urucum, por meio de secagem e moagem com pilão, do qual se oriunda um

concentrado com o urucum em água, embalados em garrafas de vidro;

Varejo rural: Constituído por atravessadores que compram o urucum dos produtores

locais e revendem para o varejo urbano estadual (feirantes);

Varejo urbano: Engloba os comerciantes que compram o urucum dos produtores

locais e revendem para o consumo final;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Varejo urbano: Constituído por comerciantes que compram o urucum do varejo rural

e revendem para o consumidor estadual.

163

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/kg semente) entre os setores mercantis do urucum.

Da produção identificada na RI Tocantins 89% abastece o comércio local e 11% sai

para atender o comércio estadual (Figura 39). O varejo urbano local comprou 89% da

produção identificada, ao preço médio de R$ 2,00/kg e revendeu para o consumidor final

local a R$ 4,00/kg. Já o varejo urbano estadual comprou 11% diretamente do varejo rural

preço médio de R$ 2,80/kg que por sua vez vendeu a R$ 6,00/kg para o consumidor estadual.

Figura 39- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do urucum comercializado na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do urucum.

O VBPα do urucum, identificado na pesquisa, é de R$ 1,2 mil totalizando em R$ 3,8

mil, ou seja, o equivalente à soma das vendas realizadas por todos os setores que constituem a

cadeia. Do total do VBP do urucum são ofertados R$ 2,1 mil pelo setor do varejo urbano

local; R$ 172,4 pelo setor varejista rural e, no âmbito estadual, o setor do varejo urbano por

R$ 369,5 (Gráfico 65).

164

Gráfico 65- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do urucum da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB- gerado na comercialização do urucum e a margem de comercialização de cada setor (%).

Do total do VAB dos dez municípios, o setor com maior participação no âmbito local

foi o produtor local, com o maior valor agregado da cadeia na ordem de R$ 1,2 mil, pois este

executa as primeiras transformações do urucum. Na esfera local, o varejo urbano contribuiu

com R$ 1,0 mil (mark-up de 100%) e o varejo rural com R$ 18,5. No âmbito estadual, o

varejo urbano contribuiu com R$ 197,1 um mark-up de 114% (Gráfico 66).

165

Gráfico 66- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do urucum da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT - gerada pela ótica da demanda na comercialização do urucum.

A RBT, gerada na comercialização do urucum nos dez municípios estudados, foi de

R$ 3,7 mil. Na região estudada, o setor do varejo urbano atingiu uma RBT no valor de R$ 2,1

mil, já que comprou de insumos cerca de R$ 1,0 e adicionou o mesmo valor. O setor de

produção foi responsável pela renda bruta de R$ 1,2 mil (Gráfico 67).

166

Gráfico 67- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do urucum, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

4.2.23 Plantas medicinais

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das plantas medicinais.

Nos dez municípios foram entrevistados dois agentes mercantis que atuam na

comercialização de verônica, pau-doce, unha-de-gato e barbatimão, bem como com outros

produtos derivados de plantas medicinais como óleos de copaíba e andiroba, leites de amapá e

de sucuúba, seiva de jatobá e semente de cumaru. Eles atuam, respectivamente, há sete e vinte

anos no ramo, contendo local para armazenagem com capacidade de 12 e 24m2; não possuem

meio de transporte e a mão-de-obra é do tipo familiar, com duas e três pessoas que trabalham

diariamente.

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das plantas

medicinais atuam somente em âmbito local, conforme a descrição a seguir:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: Constituída pelos coletores de plantas medicinais;

Varejo urbano: Constituído por comerciantes ou os feirantes que compram as plantas

medicinais dos produtores locais e revendem para o consumidor final.

167

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/kg) entre os setores mercantis das plantas medicinais.

Toda a produção identificada das plantas medicinais dos dez municípios estudados

(100%) é comercializada somente pelo varejo urbano local, ao preço de R$ 12,00/kg, que

comercializou com o consumidor local ao preço de R$ 16,00/kg (Figura 40).

Figura 40- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) das plantas medicinais na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização das plantas medicinais.

Somando todos os valores recebidos pela venda das plantas medicinais, por todos os

agentes envolvidos em sua extração, depreende-se que o VBPα dos produtores locais foi de

somente R$ 2,9 mil, totalizando, no final da cadeia, R$ 6,8 mil (Gráfico 68). O varejo urbano,

com R$ 3,9 mil, é, portanto, o único setor ofertante nos dez municípios estudados.

168

Gráfico 68- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das plantas medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização das plantas medicinais e a margem de comercialização de cada setor (%).

O VAB total das plantas medicinais, ao longo da cadeia, foi de apenas R$ 3,9 mil

para os dez municípios; sendo o setor responsável o varejista urbano local que adicionou R$

978,4, com uma margem de comercialização de apenas 33% (Gráfico 69).

169

Gráfico 69- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização das plantas medicinais da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

e) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização das plantas medicinais.

Os dados levantados mostram que a comercialização das plantas medicinais gerou

uma RBT de R$ 6,8 mil (Gráfico 70). O produtor gerou R$ 2,9 mil somente pela

comercialização in natura dessas plantas e o varejo urbano (feirantes) gerou R$ 3,9 mil, sendo

R$ 2,9 mil pela compra das plantas medicinais e R$ 978,4 de adição de valor ao produto,

apontando uma baixa agregação de valor para o consumo final.

170

Gráfico 70- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das plantas medicinais, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

f) Informações complementares sobre a comercialização de plantas medicinais.

Em Cametá, o Centro Popular de Orientação à Saúde (CPOS) possui uma “farmácia

viva”, a qual atende às famílias da região, produzindo e manipulando diversos remédios:

banhos, xaropes e cremes.

O uso de plantas medicinais no tratamento de doenças faz parte do cotidiano das

famílias do município de Baião, geralmente pertencentes à área rural, com transações na

forma de doação ou troca dos produtos entre as famílias. Já na zona urbana, existe uma

pequena comercialização de plantas, porém o Município apresenta grande potencial em

decorrência de a região possuir áreas pouco exploradas e com ocorrência de espécies nativas.

4.2.24 Semente de cupuaçu

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da semente de cupuaçu.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da semente de cupuaçu (Figura

41) na RI Tocantins apresentam as seguintes características:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

171

Produção: Caracterizada pelos produtores que realizam o beneficiamento primário do

cupuaçu (despolpamento do fruto feito com tesoura) e comercializam a semente de cupuaçu;

Varejo rural: Constituído por atravessadores que compram a semente de cupuaçu;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Indústria de beneficiamento: Constituído por Cooperativa Agrícola localizada no

município de Tomé-Açu, a qual extrai a manteiga de cupuaçu das sementes.

Indústria de transformação: Formada por uma unidade industrial de produção de

cosmético, situada no município de Benevides, região metropolitana de Belém (PA), a qual

realiza a produção do noodle (massa de sabonete).

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/kg) entre os setores mercantis da semente de cupuaçu.

O varejo rural comercializa 100% da quantidade identificada da semente de cupuaçu,

que é comprada diretamente dos produtores, ao preço de R$ 1,20/kg da semente, aqual foi

vendida exclusivamente para a indústria de beneficiamento estadual, ao preço de R$ 1,50/kg

da semente, sendo que esta vende diretamente para a indústria de transformação estadual, por

R$ 13,00/kg (Figura 41).

172

Figura 41- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) da semente de cupuaçu na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização da semente de cupuaçu.

O VBPα dos produtores que comercializam a semente de cupuaçu, identificado pela

pesquisa, atingiu somente R$ 615,0 (Gráfico 71).

173

Gráfico 71- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da semente de cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O valor bruto da produção do varejo rural local foi de R$ 768,8 enquanto que da

indústria de beneficiamento e de transformação estadual atingiram R$ 6,6 mil cada, e o VBP

de todos os setores que ofertam na cadeia foi de R$ 14,7 mil (Gráfico 71).

d) VAB - gerado na comercialização da semente de cupuaçu e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia de comercialização da semente de cupuaçu foi agregado um

valor total de R$ 6,6 mil (Gráfico 72), que significa uma margem de agregação ou um mark-

up total de 983%.

174

Gráfico 72- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização da semente de cupuaçu da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

Do total do VAB, o sistema local foi responsável por apenas 12%, enquanto que o

sistema estadual responsabilizou-se por 88% (Gráfico 72). A indústria de beneficiamento

estadual foi responsável por R$ 5,9 mil, com uma margem de agregação de 767% (Gráfico

72), a de transformação estadual não teve seu valor de agregação estimado, pois a presente

pesquisa não obteve dados suficientes para tal cálculo.

e) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização da semente de cupuaçu.

A RBT gerada na comercialização da semente do cupuaçu, identificada pela

pesquisa, foi de R$ 14,7 mil, sendo que o varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$

768,8, pois comprou de insumo R$ 615,0 e adicionou R$ 153,8 (Gráfico 73). O produtor

local gerou R$ 615,0. A indústria de beneficiamento estadual atingiu uma RBT de R$ 6,7 mil,

dos quais R$ 768,8 equivalem à compra de insumos e R$ 5,9 mil ao valor adicionado.

175

Gráfico 73- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da semente de cupuaçu, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

4.2.25 Cumaru

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cumaru.

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cumaru (Figura

42) atuam somente em âmbito local, conforme a descrição a seguir:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: É composta por extrativistas locais que fazem a coleta das sementes do

cumaru em suas áreas;

Varejo urbano: Constituído por Feirantes que comercializam o cumaru como

medicinal em pequenas quantidades para o consumidor final

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/kg) entre os setores mercantis do cumaru.

Tendo uma cadeia exclusivamente local, o setor varejista urbano compra toda a

produção identificada ao preço de R$ 3,00/kg da semente, que é revendido aos consumidores

locais ao preço médio de R$ 20,00/kg da semente (Figura 42).

176

Figura 42- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/kg) do cumaru na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do cumaru.

O VBPα dos coletores das sementes do cumaru da região alcançou apenas R$ 102,5;

enquanto que o varejo urbano local ofertou o equivalente a R$ 683,4 totalizando, no final da

cadeia, um montante de R$ 785,9 pelas vendas das sementes (Gráfico 74).

177

Gráfico 74- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cumaru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

d) VAB - gerado na comercialização do cumaru e a margem de comercialização de cada setor (%).

O Valor Agregado Bruto das sementes do cumaru totalizou apenas R$ 683,4

(Gráfico 75).

178

Gráfico 75- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do cumaru da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

Apesar de o varejo urbano local ter atingido um valor bruto de R$ 683,4 (Gráfico

75), apresentou uma margem de comercialização altíssima de 567%, pois comercializou o

produto com uma agregação de valor para fins medicinais (em sacos plásticos de

aproximadamente 100 gramas de semente).

e) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização do cumaru.

Os dados levantados mostram que a comercialização das sementes do cumaru gerou

uma RBT de R$ 785,9 (Gráfico 76).

O produtor gerou R$ 102,5 somente pela comercialização in natura dessas sementes

e o varejo urbano (feirantes) gerou R$ 683,4, sendo R$ 102,5 pela compra das sementes e R$

580,9 de agregação de valor (Gráfico 76).

179

Gráfico 76- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cumaru, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

4.2.26 Guarumã

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do guarumã.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do guarumã, na RI Tocantins,

apresentam as seguintes características:

LOCAL (Municípios da RI Tocantins)

Produção: É composta pelos extratores da fibra do guarumã;

Varejo rural: Constituído por atravessadores da fibra que não realizam o

beneficiamento da mesma;

ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da RI Tocantins)

Varejo urbano: Constituído por feirantes que comercializam a fibra do guarumã para

os artesãos.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$ correntes/braça) entre os setores mercantis do guarumã.

180

A produção local vende para o varejo rural a fibra ao valor de R$ 0,12/braça (Figura

43). O varejo rural entrega para varejo urbano estadual a R$ 0,40/braça, que vende para os

consumidores estaduais (artesãos) a R$0,90/braça.

Figura 43- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado (R$ correntes/braça) do guarumã na RI Tocantins, estado do Pará, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

c) VBP - pela ótica da oferta, na comercialização do guarumã.

Na cadeia de comercialização do guarumã, a produção local gerou um VBPα de R$

20,5 (Gráfico 77).

181

Gráfico 77- VBP, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do guarumã da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O VBP, no âmbito estadual, foi de (63%), sendo significativamente maior do que na

esfera local (37%), em função do alto consumo desse produto para a produção de artefatos (ou

artesanatos) mais elaborados (Gráfico 77). Os setores que mais venderam foram o varejo

rural (R$ 68,3) e o varejo urbano estadual (R$ 153,8).

d) VAB - gerado na comercialização do guarumã e a margem de comercialização de cada setor (%).

Ao longo da cadeia de comercialização do guarumã na produção local da RI

Tocantins até a demanda final estadual, o valor de R$ 153,7 foi adicionado (VAB) ao produto,

subtraindo-se o VAB total (R$ 153,7) do VBP da produção local (R$ 20,5) (Gráfico 78).

Dividindo-se o resultado pelo VBP da produção local, obtemos um mark-up total de 650%.

Observou-se, pois, em termos relativos, que o valor adicionado ao longo da cadeia a partir da

produção primária (Setor α) é significativo.

182

Gráfico 78- VBP, VAB e a margem de comercialização (mark-up) em %, gerado na comercialização do guarumã da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

Do total do VAB, o sistema local foi responsável por R$ 68,3, sendo o setor com

maior participação o varejista rural, com R$ 47,8, gerando com isso um mark-up de 233%, o

maior da cadeia como um todo (Gráfico 78).

É importante ressaltar o papel do produtor local, que apresenta um valor de R$ 20,5,

pois o extrator realiza o primeiro processamento dessa fibra sendo totalmente manual. Por

outro lado, em âmbito estadual, o setor do varejo urbano apresenta a maior participação na

cadeia toda, com R$ 85,4, justificando um mark-up de 125% (Gráfico 78).

e) RBT- gerada pela ótica da demanda, na comercialização do guarumã.

A RBT, identificada pela pesquisa na comercialização do guarumã, foi de R$ 242,6;

sendo que desse total, 37% foram movimentados nos dez municípios e 63% no Estado

(Gráfico 79).

183

Gráfico 79- RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do guarumã, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Tocantins, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: IDESP.

O sistema local gerou o equivalente a R$ 88,8, o varejo rural foi responsável pela

renda bruta de R$ 68,3, pois comprou de insumo R$ 20,5 e adicionou o montante a R$ 47,8,

sendo que o produtor local gerou R$ 20,5 (Gráfico 79). O varejo urbano estadual atingiu uma

RBT de R$ 153,8, dos quais R$ 68,3 equivalem à compra de insumos e R$ 85,4 ao valor

adicionado.

4.3 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE ARTESANATOS NA REGIÃO

Em Cametá foi identificada quase uma centena de diferentes formas de matérias-

primas, colhidas na floresta10 que passam por processos bem simples de preparo para a

10 Abacaxizinho, bola-de-natal, cabaças (gd, md, pq, gg), cabaça-peito-de-moça, cacho-bacaba, cacho-flor-de-

madeira (sororoca), cacho de palma real, cacho de coco babaçu (inteiro ou cortado), cacho-da-amazônia (jupati), cálice (gd e pq), canoa de babaçu, canoa-de-brasília, canoa de açaí/canoa-fina, canoa-de-bacaba, canoinha, capim- chuveirinho, cipó-escada, cipó-trançado, cipó-grosso, caracol-branco, caracol-verde, caroço de miriti, caroço de uxi, caroço de murumuru, caroço de jatobá, caroço de tucumã (jabarana), caracolzinho, casca de feijão, cavalo de açaí, cavalo de bacaba, cavalo de bacaba lavado, Cabo para flores trabalhadas, castanha-do-pará, chifre-de-boi (gd, md, pq Maranhã/Cametá), chapeuzinho, cipó-rosca de 2 a 3 cm, conchas, cutite, crespinho, copo de paxiúba, envira, miriti, espeto de bambu (50cm ou 70cm), escamadinho, espanador (1 ou 2), espinho-liso, fava-enrolada, fava-leitosa, fava-bié, fava-marrom, flor de abacaxizinho/flor de inajá, flor da madeira/limpa, flor-de-madeira, flor do coco babaçu, flor-do-campo, folha-da-amazônia, folha-cortada, folha-holandesa (açaí, miriti, bacaba, inajá e caranã), folha-cortada, folha-verdosa, folha-de-ubim, fruto-

184

comercialização, alguns somente com lavagem e secagem. São cipós, partes de plantas,

folhas, sementes, frutos como o inajá, o buriti, o murumuru, entre outros, os quais são

retirados da floresta, alguns ainda verdes, cuja quantidade a ser extraída está em função da

demanda do comprador. Esses produtos naturais, os quais possuem aspectos ou formas

interessantes que podem ser usados como enfeites ou utensílios artesanais, que são

comercializados para mercados externos.

Os artesanatos identificados em Baião foram os utensílios domésticos e de trabalho

como o tipiti, a peneira, os paneiros, os abanos, entre outros todos confeccionados em fibra,

geralmente do guarumã e comercializados localmente.

Uma potencialidade de Barcarena é a grande produção de artesanatos em fibras e

cipós da comunidade Tinga Açu, os quais são comercializados em Belém e em outros estados.

Os artesãos confeccionam variedades de cestarias. O transporte do artesanato ocorre via

fluvial em embarcações, que saem da comunidade toda sexta-feira, sendo vendidos na feira do

Ver-O-Peso. Os artesãos trabalham principalmente por encomenda e vendem mais na época

de junho, durante as festas juninas.

O artesanato do Moju com produtos da floresta (sementes, fibras, cascas, troncos,

folhas e outros) são comercializados nas casas dos artesãos e não possuem mercado certo.

Constatou-se estar sendo solicitado apoio para a expansão da produção e para a

comercialização.

Uma família moradora na margem da PA 150 (entre Moju e o município de

Tailândia) produz artesanatos em madeira, cipós, fibras e sementes. A matéria-prima é

retirada de uma área de floresta da família, o artesanato em questão é variado e bem

trabalhado, já fizeram exposições com mais de duzentas peças diferentes em Moju, em

dezembro de 2008, previam fazer outra exposição nas festividades do Município.

amarelo (taperebá), fruto de aracanga, fruto de caranã, fruto carrapeta-belém, fruto de carrapeta-cametá, fruto do inajá, frutos do jutaí, fruto-pintado, fruto-rajado, fruto-tanã, galeras (pq e lavadas), girassol-espinho (gd, pq, peludo preto ou verde), Ingá-cipó, jacitara (gd, grossa ou pq, fina), laranja-selvagem (seca , viva), maçã vermelha, madeira ornamental (ou 55), miniostra, moeda, ninja, ninho, olho-de-boi (rajado ou preto), orelha-branca, orelha-de-burro (ou pq), ouriços (castanha inteiro, lavados, etc.), ovo-de-pombo (1, pq ou 2), palma-real (gd, md, pq, pp), panari /nozes chinesas (gd, pq, lavado), pé de coqueiro, pendão-chinês peneira (nº1 cametá, nº2 bambu), pétala de flor-de-madeira, paxiúba em metro, pinheiro-africano/açairinha (pq, nº1, nº2), prego-seru, ramo de açaí (maços), ramo de bacaba (fardo de 20 kg), ramo de bacaba lavado, ráfia e rosa-de-tefé aberta.

185

4.4 ANÁLISES ECONÔMICAS AGRUPADAS

Ao se fazer uma análise do ponto de vista da demanda final dos produtos florestais

não madeireiros, produzidos na RI Tocantins, os quais somados equivalem a R$ 766,18

milhões; constatamos que o sistema nacional é o grande responsável (50%) por comprar esses

produtos R$ 380,06 milhões, o mercado estadual demanda 21% do valor equivalente a R$

161,35 milhões e o mercado local demanda R$ 224,76 milhões (Tabela 2).

Tabela 2- Demanda final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008.

Fonte: IDESP.

No entanto, se esta análise se faz do ponto de vista de quem adiciona mais valor ao

produto (VAB), conforme a Tabela 3, o sistema estadual agrega R$ 285,53 milhões (40%) o

nacional, R$ 128,41 milhões (18%) e o local, um montante de R$ 298,97 milhões (42%).

LocalEstadual

(Estimado)Nacional

(Estimado)Total Local

Estadual (Estimado)

Nacional (Estimado)

Carvão (saca) 466.278,68 302.093,73 - 768.372,41 61 39 - Buriti (kg) 191.884,59 111.797,96 - 303.682,55 63 37 - Mel (l) 190.379,42 - - 190.379,42 100 - -

Utensílios (un.) (1) 72.609,45 - 23.063,79 95.673,24 76 - 24

Andiroba (l) 11.598,33 1.066,67 - 12.665,00 92 8 - Copaíba (l) 10.416,67 - - 10.416,67 100 - - Inajá semente (kg) 8.400,00 - 6.666,67 15.066,67 56 - 44 Breu-branco (kg) 7.016,90 - - 7.016,90 100 - -

Cipós (2) 6.923,41 - - 6.923,41 100 - -

Taperebá (kg) 3.704,93 411,66 - 4.116,59 90 10 -

Plantas medicinais (kg) (3) 2.935,32 - - 2.935,32 100 - -

Leites (l) (4) 2.834,28 - - 2.834,28 100 - -

Urucum (kg) 1.188,47 172,42 - 1.360,89 87 13 - Cumaru (kg) 102,51 - - 102,51 100 - - SubTotal 976.272,96 415.542,44 29.730,46 1.421.545,85 69 29 2 Bacaba (kg) 81.353,44 99.576,90 - 180.930,34 45 55 -

Murumuru (kg) 18.800,00 33.640,00 - 52.440,00 36 64 -

Bacuri (un.) 1.348,18 1.801,01 - 3.149,19 43 57 -

Cupuaçu semente (kg) 615,03 7.431,67 - 8.046,70 8 92 - Guarumã (braça) 20,50 68,34 - 88,84 23 77 - SubTotal 102.137,16 142.517,91 - 244.655,07 23 61 16

Açaí fruto (kg) 210.965.901,13 147.400.529,25 330.955.015,40 689.321.445,78 31 21 48

Cacau amêndoa (kg) 9.926.244,68 9.474.095,41 35.363.592,13 54.763.932,21 18 17 65 Castanha-do-brasil (kg) 958.448,75 2.108.400,48 11.308.258,01 14.375.107,24 7 15 79 Palmito (kg) 279.001,10 87.346,89 2.064.510,09 2.430.858,09 11 4 85 Cupuaçu (un.) 1.465.932,46 1.366.789,88 75.689,38 2.908.411,72 50 47 3 Artesanato miriti (braça) 33.327,43 362.255,92 57.102,59 452.685,95 7 80 13 Coratá (un.) 55.865,62 - 211.845,17 267.710,79 21 - 79 SubTotal 223.684.721,17 160.799.417,82 380.036.012,78 764.520.151,78 29 21 50

Total Geral 224.763.131,29 161.357.478,17 380.065.743,23 766.186.352,70 29 21 50

Produto Florestal Não Madeireiro

Demanda Final (Valores R$) Porcentagem (%)

(4) Amapá, jatobá e sucuúba.

(3) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.

(1) Cuia, paneiro e tipiti.(2) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)

186

Tabela 3- VAB (local, estadual e nacional), em R$ dos produtos florestais não madeireiros, identificados nos dez municípios da RI Tocantins, PA, em 2008.

Fonte: IDESP.

Se a análise, no entanto, for feita pela capacidade de agregar valor aos produtos

florestais não madeireiros, ou seja, com base no VAB, o qual aponta onde a economia está

mais atuante e imprime ações de beneficiamento e transformação nos produtos do

extrativismo, nos diversos setores ao longo das cadeias de comercialização, conforme

demonstrado na Tabela 4, constatamos que perceberemos que a categoria dos alimentícios foi

a campeã com 99,57% do VAB total, o equivalente a (R$ 709,84 milhões). A castanha agrega

mais valor em âmbito estadual por intermédio das agroindústrias de beneficiamento da

castanha, instaladas no Pará. Já o cacau e o palmito são produtos alimentícios que apresentam

no mercado nacional os maiores agregadores de valor. Os demais produtos alimentícios (açaí,

cupuaçu, buriti, bacaba, bacuri, taperebá e urucum) têm no mercado local o maior poder de

agregação de valor.

Local EstadualNacional

(Estimado)Total Local Estadual

Nacional (Estimado)

Açaí fruto (kg) 281.499.212,75 272.641.632,12 101.319.241,66 655.460.086,53 43 42 15 Cupuaçu (un.) 2.123.738,83 131.930,83 26.747,37 2.282.417,04 93 6 1 Carvão (saca) 1.048.074,68 315.065,86 - 1.363.140,53 77 23 - Artesanato miriti (braça) 730.134,24 20.602,79 23.076,83 773.813,85 94 3 3 Mel (l) 439.010,84 - - 439.010,84 100 - - Buriti (kg) 406.216,53 - - 406.216,53 100 - - Coratá (un.) 211.845,17 - 52.961,29 264.806,46 80 - 20 Bacaba (kg) 149.060,59 60.441,43 - 209.502,02 71 29 -

Utensílios (un.) (1) 94.243,77 - 2.562,64 96.806,41 97 - 3

Murumuru (kg) 33.640,00 8.133,33 - 41.773,33 81 19 - Bacuri (un.) 26.080,32 450,25 - 26.530,57 98 2 - Andiroba (l) 20.940,00 266,67 - 21.206,67 99 1 - Inajá semente (kg) 18.666,67 - 878,91 19.545,57 96 - 4

Cipós (2) 16.042,15 - - 16.042,15 100 - -

Copaíba (l) 13.275,00 - - 13.275,00 100 - - Breu-branco (kg) 10.130,78 - - 10.130,78 100 - - Taperebá (kg) 9.673,99 102,91 - 9.776,90 99 1 -

Leites (l) (3) 8.327,74 - - 8.327,74 100 - -

Plantas medicinais (kg) (4) 3.913,76 - - 3.913,76 100 - -

Urucum (kg) 2.241,47 197,05 - 2.438,53 92 8 - Cumaru (kg) 683,37 - - 683,37 100 - - SubTotal 286.865.152,62 273.178.823,26 101.425.468,71 661.469.444,59 43 41 15 Castanha-do-brasil (kg) 2.293.212,19 9.199.857,53 3.413.977,25 14.907.046,97 15 62 23 Cupuaçu semente (kg) 768,79 5.894,08 - 6.662,87 12 88 -

Guarumã (braça) 68,34 85,42 - 153,76 44 56 - SubTotal 68,34 85,42 - 153,76 44 56 - Cacau amêndoa (kg) 9.009.390,20 2.997.569,18 21.894.484,32 33.901.443,70 27 9 65

Palmito (kg) 810.982,22 147.725,53 1.682.995,24 2.641.702,99 31 6 64 SubTotal 810.982,22 147.725,53 1.682.995,24 2.641.702,99 31 6 64

TOTAL GERAL 287.676.203,18 273.326.634,21 103.108.463,95 664.111.301,33 43 41 16

Produto Florestal Não MadeireiroValor Adicionado Bruto (VAB) (Valores R$) Porcentagem (%)

(4) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.

(1) Cuia, paneiro e tipiti.(2) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)(3) Amapá, jatobá e sucuúba.

187

Tabela 4- VAB (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008; organizados em cinco categorias: alimentícios, derivados de madeira, artesanato, derivados de animal e fitoterápicos/cosméticos.

Fonte: IDESP.

O único derivado de madeira estudado na RI Tocantins é o carvão. Sua agregação de

valor é de 77% conforme dados da Tabela 4. O mesmo acontece com o único derivado

animal estudado, o mel, que tem sua economia baseada somente na esfera local com uma

agregação de valor equivalente a R$ 439,01 mil. No que se refere à categoria dos artesanatos

(fibras e utensílios), o valor agregado total equivale a R$ 1,1 milhão. Nesse setor, a economia

local é a que mais agrega valor aos diversos produtos identificados (91%).

Os fitoterápicos e os cosméticos ainda não possuem estratégias locais para a

agregação de valor em escala comercial, pois necessitam de ciência, tecnologia e

investimentos, por isso a agregação é pequena e refere-se basicamente à coleta de partes das

LocalEstadual

(Estimado)Nacional

(Estimado)Total Local

Estadual (Estimado)

Nacional (Estimado)

Açaí fruto (kg) 281.499.213 272.641.632 101.319.242 655.460.087 43 42 15Cacau amêndoa (kg) 9.009.390 2.997.569 21.894.484 33.901.444 27 9 65Castanha-do-brasil (kg) 2.293.212 9.199.858 3.413.977 14.907.047 15 62 23Palmito (kg) 810.982 147.726 1.682.995 2.641.703 31 6 64Cupuaçu (un.) 2.123.739 131.931 26.747 2.282.417 93 6 1Buriti (kg) 406.217 - - 406.217 100 0 0Bacaba (kg) 149.061 60.441 - 209.502 71 29 0Bacuri (un.) 26.080 450 - 26.531 98 2 0Taperebá (kg) 9.674 103 - 9.777 99 1 0Urucum (kg) 2.241 197 - 2.439 92 8 0Total 296.329.809 285.179.907 128.337.446 709.847.162 42 40 18

Carvão (saca) 1.048.075 315.066 - 1.363.141 77 23 0

Total 1.048.075 315.066 - 1.363.141 77 23 0

Artesanato miriti (braça) 730.134 20.603 23.077 773.814 94 3 3Coratá (un.) 211.845 - 52.961 264.806 80 0 20Utensílios (un.) (1) 94.244 - 2.563 96.806 97 0 3

Cipós (2) 16.042 - - 16.042 100 0 0Guarumã (braça) 68 85 - 154 44 56 0Total 1.052.334 20.688 78.601 1.151.623 91 2 7

Mel (l) 439.010,84 - - 439.011 100 0 0

Total 439.011 0 0 439.011 100 0 0

Murumuru (kg) 33.640,00 8.133,33 - 41.773 81 19 0Andiroba (l) 20.940,00 266,67 - 21.207 99 1 0Inajá semente (kg) 18.666,67 - 878,91 19.546 96 0 4Copaíba (l) 13.275,00 - - 13.275 100 0 0Breu-branco (kg) 10.130,78 - - 10.131 100 0 0

Leites (l) (3) 8.327,74 - - 8.328 100 0 0

Cupuaçu semente (kg) 768,79 5.894,08 - 6.663 12 88 0

Plantas medicinais (kg) (4) 3.913,76 - - 3.914 100 0 0Cumaru (kg) 683,37 - - 683 100 0 0

Total 110.346 14.294 879 125.519 88 11 1

298.979.574 285.529.955 128.416.926 712.926.455 42 40 18

(1) Cuia, paneiro e tipiti.(2) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)(3) Amapá, jatobá e sucuúba.(4) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.

VAB (Valores) Porcentagem (%)

Alim

entíc

ias

(9

9,57

%)

Art

esan

ato

(0

,16%

)

TOTAL GERAL

CategoriasProduto Florestal Não Madeireiro

Der

ivad

o M

adei

ra

(0,1

9%)

Der

ivad

o A

nim

al

(0,0

6%)

Fito

terá

pico

s e

Cos

mét

icos

(0,0

2%)

188

plantas, alguns processos rústicos de extração e utilização de embalagens simples aos

produtos que atingiram o montante de R$ 125,51 mil de valor agregado.

Como alguns produtos estudados estão num patamar econômico bem mais alto em

relação aos demais, fica difícil comparar quando alguns poucos estão em escalas de bilhões e

outros em dezenas de milhares. Dessa forma, uma estratégia adotada para analisá-los foi

dividi-los em três categorias em função da RBT circulada na comercialização dos produtos: i)

os que atingiram valores acima de R$ 600 mil da RBT; ii) os intermediários com a RBT entre

R$ 90 a 599 mil e iii) os abaixo de R$ 90 mil (Tabela 5).

Tabela 5- RBT, em (R$), na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não madeireiros, identificados na RI Tocantins, em 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor da RBT (acima de R$ 600 mil, entre R$ 90 mil a 599 mil e abaixo de R$ 90 mil).

Fonte: IDESP.

Os produtos com maior RBT foram, em ordem decrescente, o açaí, com (R$ 1,3

bilhão); o cacau, com (R$ 88 milhões); a castanha-do-brasil, com (R$ 29 milhões); o cupuaçu,

com (R$ 5,1 milhões); o palmito, com (R$ 5 milhões); e o carvão, com (R$ 2,1 milhões)

(Tabela 5). Ainda na primeira categoria foram enquadrados os produtos diversificados que

LocalEstadual

(Estimado)Nacional

(Estimado)Total Local

Estadual (Estimado)

Nacional (Estimado)

Relativa a RTB

Açaí fruto (kg) 492.465.113,87 420.042.161,37 432.274.257,06 1.344.781.532,31 37 31 32 91

Cacau amêndoa (kg) 18.935.634,88 12.471.664,58 57.258.076,45 88.665.375,91 21 14 65 6

Castanha-do-brasil (kg) 3.251.660,95 11.308.258,01 14.722.235,26 29.282.154,21 11 39 50 2

Cupuaçu (un.) 3.589.671,30 1.498.720,72 102.436,75 5.190.828,77 69 29 2 0

Palmito (kg) 1.089.983,32 235.072,42 3.747.505,34 5.072.561,07 21 5 74 0

Carvão (saca) 1.514.353,36 617.159,59 - 2.131.512,94 71 29 - 0

Artesanato miriti (braça) 763.461,67 382.858,71 80.179,43 1.226.499,80 62 31 7 0

Buriti (kg) 598.101,12 111.797,96 - 709.899,08 84 16 -

Mel (l) 629.390,25 - - 629.390,25 100 - - 0

522.837.370,72 446.667.693,35 508.184.690,28 1.477.689.754,35 35 30 34 100 Coratá (un.) 267.710,79 - 264.806,46 532.517,25 50 - 50 44

Bacaba (kg) 230.414,03 160.018,34 - 390.432,36 59 41 - 32

Utensílios (un.) (1) 166.853,22 - 25.626,43 192.479,65 87 - 13 16

Murumuru (kg) 52.440,00 41.773,33 - 94.213,33 56 44 - 8

717.418,04 201.791,67 290.432,89 1.209.642,60 59 17 24 100 Inajá semente (kg) 27.066,67 - 7.545,57 34.612,24 78 - 22 16

Andiroba (l) 32.538,33 1.333,33 - 33.871,67 96 4 - 16

Bacuri (un.) 27.428,50 2.251,26 - 29.679,76 92 8 - 14

Copaíba (l) 23.691,67 - - 23.691,67 100 - - 11

Cipós (2) 22.965,55 - - 22.965,55 100 - - 11

Breu-branco (kg) 17.147,68 - - 17.147,68 100 - - 8

Cupuaçu semente (kg) 1.383,83 13.325,74 - 14.709,57 9 91 - 7

Taperebá (kg) 13.378,92 514,57 - 13.893,49 96 4 - 7

Leites (l) (3) 11.162,02 - - 11.162,02 100 - - 5

Plantas medicinais (kg) (4) 6.849,07 - - 6.849,07 100 - - 3

Urucum (kg) 3.429,95 369,47 - 3.799,42 90 10 - 2

Cumaru (kg) 785,88 - - 785,88 100 - - 0

Guarumã (braça) 88,84 153,76 - 242,60 37 63 - 0

187.916,90 17.948,14 7.545,57 213.410,62 88 8 4 100

523.742.705,66 446.887.433,16 508.482.668,75 1.479.112.807,57 35 30 34 100

(4) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.

Total Parcial

Total Parcial

RB

T a

bai

xo d

e R

$ 90

mil

CategoriasProduto Florestal Não Madeireiro

Renda Bruta Total (RBT) (Valores R$) Porcentagem (%)

RB

T a

cim

a de

R$

600

mil

Total Parcial

TOTAL GERAL

RB

T d

e

R

$ 90

mil

a

R$

599

mil

(1) Cuia, paneiro e tipiti.(2) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)(3) Amapá, jatobá e sucuúba.

189

desempenham um papel importante na economia regional, como o artesanato de miriti, o fruto

do buriti o fruto de uma palmeira que pode complementar a dieta paraense na entressafra do

açaí e o mel, produto do manejo das abelhas que, além de fazer bem à saúde humana através

do manejo proporciona ganhos ambientais, pois as abelhas servem como polinizadoras para

algumas plantas da região (VENTURIERI, 2009).

Na segunda categoria tem-se o coratá (bainha do inajá), a bacaba, os utensílios e o

murumuru. Na terceira e última categoria (RBT abaixo de R$ 100 mil), com exceções para o

guarumã e a semente de cupuaçu, que possuem mais da metade de sua RBT voltada para o

mercado estadual; o murumuru, por sua vez, desempenha seu papel nos mercados local e

estadual, e as RBTs do inajá, andiroba, bacuri, taperebá e urucum foram geradas e circuladas

com a participação do mercado estadual e nacional. Todos os demais produtos (copaíba, cipó-

titica, breu-branco, leites, plantas medicinais e o cumaru) são produtos que circulam

exclusivamente no mercado local dos dez municípios, com uma RBT ainda baixa.

Se considerarmos, portanto, a Contabilidade Social Ascendente α, a qual inicia no

setor da produção extrativista local dos dez municípios estudados (Setor α), os quais

receberam pela venda de todos os produtos florestais não madeireiros identificados o

montante de R$ 205,51 milhões (VBPα) e com as transações comerciais realizadas pelos

setores que vendem tais produtos até o consumidor final, foi agregado um valor a esses

produtos no montante de R$ 712,92 milhões (VAB) somando-se ainda o VBP equivalente à

compra de insumos no montante de R$ 766,12 milhões, chega-se assim a um valor total de R$

1,4 bilhão, o equivalente à RBT gerada e em circulação na economia desses produtos, com

efeitos para frente e para trás na cadeia de comercialização (Tabela 6).

Em relação ao VBP pela compra de insumos nos setores mercantis, referido na

Tabela 6, tais insumos, dependendo da posição e da função do agente comercial, podem

variar desde a matéria-prima original, o fruto in natura do açaí, por exemplo, até o penúltimo

agente da cadeia que pode adquirir como insumo a polpa congelada e transformá-la em

sorvete, antes do último elo da cadeia, que é o consumidor final.

190

Tabela 6- Variáveis econômicas dos produtos florestais não madeireiros, identificados na RI Tocantins, compostas pelo VBPα, a margem de lucro (mark-up), o VBP, o VAB e a RBT, em R$ nas esferas local, estadual e nacional, em 2008.

Fonte: IDESP.

LocalEstadual

(Estimado)Nacional

(Estimado)Total Local

Estadual (Estimado)

Nacional (Estimado)

Total Local (4) Estadual

(Estimado)Nacional

(Estimado)Total

Açaí fruto (kg) 192.947.754,62 240% 210.965.901 147.400.529 330.955.015 689.321.446 281.499.213 272.641.632 101.319.242 655.460.087 492.465.114 420.042.161 432.274.257 1.344.781.532

Cacau amêndoa (kg) 8.362.123,16 305% 9.926.245 9.474.095 35.363.592 54.763.932 9.009.390 2.997.569 21.894.484 33.901.444 18.935.635 12.471.665 57.258.076 88.665.376

Cupuaçu (un.) 1.310.106,02 74% 1.465.932,46 1.366.789,88 75.689,38 2.908.412 2.123.739 131.931 26.747 2.282.417 3.589.671 1.498.721 102.437 5.190.829

Carvão (saca) 859.654,26 59% 466.278,68 302.093,73 - 768.372 1.048.075 315.066 - 1.363.141 1.514.353 617.160 - 2.131.513

Castanha-do-brasil (kg) 729.922,83 1942% 958.448,75 2.108.400,48 11.308.258,01 14.375.107 2.293.212 9.199.858 3.413.977 14.907.047 3.251.661 11.308.258 14.722.235 29.282.154

Mel (l) 392.089,28 12% 190.379,42 - - 190.379 439.011 - - 439.011 629.390 - - 629.390

Buriti (kg) 305.411,52 33% 191.884,59 111.797,96 - 303.683 406.217 - - 406.217 598.101 111.798 - 709.899

Palmito (kg) 221.447,06 1093% 279.001,10 87.346,89 2.064.510,09 2.430.858 810.982 147.726 1.682.995 2.641.703 1.089.983 235.072 3.747.505 5.072.561

Bacaba (kg) 121.966,90 72% 81.353,44 99.576,90 - 180.930 149.061 60.441 - 209.502 230.414 160.018 - 390.432

Utensílios (un.) (5) 72.609,45 33% 72.609,45 - 23.063,79 95.673 94.244 - 2.563 96.806 166.853 - 25.626 192.480

Coratá (un.) 52.961,29 400% 55.865,62 - 211.845,17 267.711 211.845 - 52.961 264.806 267.711 - 264.806 532.517

Artesanato miriti (braça) 33.327,43 2222% 33.327,43 362.255,92 57.102,59 452.686 730.134 20.603 23.077 773.814 763.462 382.859 80.179 1.226.500

Bacuri (un.) 25.498,85 4% 1.348,18 1.801,01 - 3.149 26.080 450 - 26.531 27.429 2.251 - 29.680

Murumuru (kg) 18.800,00 122% 18.800,00 33.640,00 - 52.440 33.640 8.133 - 41.773 52.440 41.773 - 94.213

Andiroba (l) 13.598,33 56% 11.598,33 1.066,67 - 12.665 20.940 267 - 21.207 32.538 1.333 - 33.872

Copaíba (l) 10.416,67 27% 10.416,67 - - 10.417 13.275 - - 13.275 23.692 - - 23.692

Inajá semente (kg) 8.400,00 133% 8.400,00 - 6.666,67 15.067 18.667 - 879 19.546 27.067 - 7.546 34.612

Breu-branco (kg) 7.016,90 44% 7.016,90 - - 7.017 10.131 - - 10.131 17.148 - - 17.148

Cipós (6) 6.923,41 132% 6.923,41 - - 6.923 16.042 - - 16.042 22.966 - - 22.966

Leites (l) (7) 5.332,86 56% 2.834,28 - - 2.834 8.328 - - 8.328 11.162 - - 11.162

Taperebá (kg) 4.116,59 138% 3.704,93 411,66 - 4.117 9.674 103 - 9.777 13.379 515 - 13.893

Plantas medicinais (kg) (8) 2.935,32 33% 2.935,32 - - 2.935 3.914 - - 3.914 6.849 - - 6.849

Urucum (kg) 1.188,47 105% 1.188,47 172,42 - 1.361 2.241 197 - 2.439 3.430 369 - 3.799 Cupuaçu semente (kg) 615,03 983% 615,03 7.431,67 - 8.047 769 5.894 - 6.663 1.384 13.326 - 14.710 Cumaru (kg) 102,51 567% 102,51 - - 103 683 - - 683 786 - - 786 Guarumã (braça) 20,50 650% 20,50 68,34 - 89 68 85 - 154 89 154 - 243 TOTAL 205.514.339,28 224.763.131 161.357.478 380.065.743 766.186.353 298.979.574 285.529.955 128.416.926 712.926.455 523.742.706 446.887.433 508.482.669 1.479.112.808

(6) Cipó timbó (rolo) e cipó torcido (un.)(7) Amapá, jatobá e sucuúba.(8) Cascas de barbatimão, pau-doce, unha-de-gato e verônica.

(4) Equivale a geração e circulação de renda na RI Tocantins (RBT Local).

VBPα da

Produção Local (1)

VBP (Compra de insumo) (2)

Total VAB (3)

RBT Total gerada e circulada (4)

(3) Equivale ao valor que foi adicionado (ou agregado) ao produto (VAB) ao longo da cadeia de comercialização.

(5) Cuia, paneiro e tipiti.

(1) Valor Bruto da Produção total (R$) recebido pelos produtores/extrativistas da RI Tocantins.(2) Valor Bruto da Produção (VBP) referente ao total da compra de insumos nos setores mercantis.

Mark-up (margem bruta de comercialização)

Produto Florestal Não Madeireiro

191

4.5 PROBLEMAS E POTENCIALIDADES IDENTIFICADOS NA COMERCIALIZAÇÃO DE PFNMs

4.5.1 Em Cametá

Problemas

a) Infraestrutura precária dos portos de embarque e desembarque de passageiros e

mercadorias no mesmo local;

b) Transporte coletivo deficitário;

c) Precária rede de abastecimento elétrico, principalmente nas ilhas, o que dificulta o

processamento e o armazenamento de produtos como as polpas de frutas e outros

PFNM;

d) Além do trajeto pelo Rio Tocantins, o acesso à Cametá pode ser feito por estrada

toda asfaltada. Os passageiros e as mercadorias, no entanto, têm de passar por

duas travessias de balsa (dois rios estreitos), o que dificulta nos casos de

emergência;

e) Falta de acesso à água encanada tratada, o sistema de esgoto sanitário inexiste e os

dejetos são lançados ao rio.

Potencialidades

a) Existência de Unidade de compostagem e reciclagem de lixo, que tem o apoio da

Albras, da Alunorte e da Prefeitura de Cametá, a qual trabalha ainda com educação

ambiental nas escolas e nas ilhas;

b) A recém criada Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) possui um

projeto de coleta de lixo, com classificação por origem: residenciais, comerciais,

industriais, públicos, agrícolas, hospitalares e provenientes de entulhos;

c) Na Região das Ilhas de Cametá um barco chamado “Papa lixo” passa três vezes na

semana, recolhendo o lixo produzido nas comunidades;

d) Há uma Casa Familiar Rural que trabalha com a formação de agentes

multiplicadores locais e utiliza a pedagogia da alternância;

e) Há o Centro Miriti - Pousada Escola, o qual executa um trabalho produtivo

pedagógico com novecentas e cinquenta mulheres, voltado para a produção e a

comercialização de plantas medicinais e polpas de frutas;

f) A UEPA executa trabalhos de conclusão de curso sobre temas amazônicos,

voltados a alguns produtos florestais não madeireiros;

192

g) O Centro Integrado de Educação Profissional do Baixo Tocantins – Escola

Tecnológica implantou em 2008 cursos técnicos de Agricultura e Aquicultura em

2009, cursos Técnicos relacionados ao Meio Ambiente, ao Agronegócio, à

Agropecuária, Administração e Informática;

h) A Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes - APACC, com apoio

do Governo do estado do Pará, da Prefeitura de Belém e do Governo Francês atua

em Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Cametá e Belém, apoiando os “Projetos de

Mel” na RI Tocantins, e a realização dos cursos sobre a utilização de plantas

medicinais e saúde da mulher;

i) A Associação da Mulher é uma entidade com quinze mil sócios, sendo 60%

compostos por mulheres. Os associados recebem informações sobre plantas

medicinais e seu cultivo, saúde da mulher, confecção de artesanatos (matapi,

paneiros, tupés, tipitis, entre outros), bem como sobre merenda alternativa

regionalizada;

j) É enorme a quantidade de matéria-prima para confecção de artesanatos

comercializados (quase cem tipos diferentes);

k) O Instituto de Desenvolvimento, Educação Ambiental e Solidariedade (IDEAS)

desenvolve o “Projeto Açaí” com cursos sobre gestão e comercialização, junto aos

ribeirinhos de várias comunidades. Apoiam ainda as associações, como o Centro

Comunitário de Jaituba e Jabutiapecu (Cejojar), a Associação de Preservação do

Rio Jorocazinho (Acopremaj), a Associação das Criadoras de Pequenos Animais

(Ascrias), a Associação de Preservação de Marituba (Asprim), a Associação do

Mupi, que trabalha com a comercialização do açaí, palmito, buriti, camarão,

madeira, óleos, mel e plantas medicinais – e ainda a Cooperativa Agrícola

Resistência de Cametá, que possui cerca de trezentos e dez sócios que são, em sua

maioria, produtores de açaí, trabalhando também com o murumuru, o patauá, o mel,

inajá e a andiroba, sendo que, alguns desses produtos, estão sendo comercializados

para a Natura.

4.5.2 Em Abaetetuba

Problemas

a) A Região das Ilhas, apesar de próxima à sede do Município, não possui água

encanada e energia elétrica;

193

b) Nas feiras de Abaetetuba são comercializados, sem fiscalização, carnes de animais

silvestres, como de capivara, jacaré e animais vivos para o consumo.

4.1.5.4 Potencialidades em Abaetetuba

a) A Associação Arte Miriti de Abaetetuba – Miritong conquistou sua valorização

com a produção e comercialização de brinquedos;

b) Conta com o Movimento de Ribeirinhos e Ribeirinhas das Ilhas e Várzeas de

Abaetetuba (Moriva), instituição que tem como objetivo organizar os ribeirinhos e

as ribeirinhas a fim de planejar e executar atividades que venham a melhorar a

região. São vinte ilhas, todas com associações filiadas ao Moriva. O movimento

trabalha em parceria com o Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de

Abaetetuba (STTR), a Emater, a Secretaria de Agricultura do Estado do Pará

(Sagri), a CPT, as Secretarias Municipais, entre outros e demonstra grande

preocupação com o meio ambiente, tanto no tocante à realidade das ilhas como

em relação à cidade;

c) Os ribeirinhos estavam na época se mobilizando em prol de um projeto de

assentamento agroextrativista, com cerca de dois mil e quatrocentos produtores;

d) A Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) tem atuado

no município de Abaetetuba e em outros na Região do Baixo Tocantins;

e) Há um projeto de pesquisa sobre ecologia, manejo, economia e mercado do miriti

no estuário do baixo Tocantins, sendo executado pelo Cifor, em parceria com

vários órgãos de pesquisa e associações de produtores para entender a atividade

artesanal dos “brinquedos de miriti” e identificar as técnicas para o manejo

sustentável dessa palmeira.

4.5.3 Em Baião

Problemas

a) O último trajeto de acesso ao município de Baião é feito por uma estrada sem pavimentação asfáltica, o que dificulta a chegada e a saída de produtos, principalmente em períodos chuvosos;

b) A estrutura portuária comporta dois portos pequenos, os quais recebem embarcações de médio calado pelo rio Tocantins;

c) A implantação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí ocasionou a diminuição do pescado e a população passou a importar peixe de outros municípios, pagando mais caro por um produto que existia com fartura no Município;

d) O comércio de Baião é pequeno, escasso em variedades e quantidades de produtos. A maioria dos produtos consumidos vêm de fora do Município;

194

e) O Município necessita importar o açaí de municípios vizinhos; f) Há ausência de créditos para a execução de projetos voltados à produção dos

PFNM (açaí, mel, bacaba, etc.); g) Falta assistência técnica especializada e comprometida com o desenvolvimento

sustentável da região.

Potencialidades

a) A comunidade de Baixinha é detentora de uma área com ocorrência de bacaba de grande produtividade, com potencial de diversificação e agregação de valor à diversos produtos (vinho, geleias, licores, partes da planta como artesanato, etc.);

b) A Associação de Produtores de Mel - (meliponicultura – manejo das abelhas nativas sem ferrão) possui um produto que apresenta grande potencial, devido à cobertura vegetal rica em diversidade e bem preservada da região;

c) Está ocorrendo o plantio de seringueiras em algumas regiões do Município, essas estavam praticamente abandonadas e sem utilização por falta de estruturação da cadeia produtiva;

d) Uma organização não-governamental, o IDEAS, atua em vários municípios da região, com projetos socioambientais; alguns destes relacionados aos PFNM, como o “Projeto Bacaba”, desenvolvido na Comunidade de Baixinha, com o objetivo de promover a industrialização. O IDEIAS firmou convênio com o CNPq e a UEPA, a fim de desenvolver pesquisas e receber orientações sobre o potencial da polpa, do óleo do caroço; além de desenvolver outros subprodutos da bacaba. Atualmente já desenvolveram o licor, a geleia, a polpa e uma bebida;

e) A Comunidade de Baixinha também possui uma fábrica de artesanatos com estrutura adequada para a produção de pulseiras, brincos e colares, a qual funciona no posto de saúde da comunidade;

f) A Casa Familiar Rural de Baião trabalha com vários projetos, com destaque para o “Produto da Mata Não Madeireiro”; com o objetivo de conscientizar o público juvenil sobre a preservação do meio ambiente e a utilização racional dos recursos florestais não-madeireiros. A dificuldade financeira, porém, é um dos fatores limitantes na promoção dessa iniciativa.

4.5.4 Em Mocajuba

Problemas

a) A população também sofre com os impactos da implantação da Usina de Tucuruí; b) Há problemas em relação ao saneamento básico, principalmente ao tratamento de

água e esgoto; c) Na orla da cidade, o esgoto das casas converge diretamente para o Rio Tocantins; d) ocorre poluição em função do lixo deixado pelos banhistas e pela lavagem dos

carros na beira da praia; e) A violência na cidade é preocupante e tem aumentado nos últimos anos; f) O comércio local é pequeno, com pouca variedade e quantidade de produtos;

195

g) Alguns batedores de açaí não possuem instalações adequadas (piso, equipamento, qualidade da água, frutos armazenados no mesmo ambiente que animais, com grandes riscos de contaminação);

h) Há apenas um técnico da Ceplac para atender toda a demanda do Município; i) Há ausência de crédito para projetos voltados à produção de açaí, mel, bacaba,

entre outros; j) Há falta de assistência técnica especializada e comprometida com o

desenvolvimento sustentável da região; l) Devido às dificuldades de abastecimento de energia elétrica e de mão-de-obra

qualificada na Região de Mocajuba, uma empresa que processa óleos priorizou estabelecer sua filial em Ananindeua.

Potencialidades

a) O acesso à cidade é asfaltado, sendo a principal via de escoamento da produção e de integração às outras regiões;

b) O Município possui uma Casa Familiar Rural, uma escola de formação técnica, baseada na pedagogia da alternância, a qual qualifica jovens camponeses e filhos de agricultores;

c) Os plantios de cacau vêm se destacando como um mercado em ascensão, substituindo gradativamente os plantios de pimenta na região;

d) Existem sessenta e oito projetos de plantio do açaí de terra firme em Mocajuba; e) Há uma grande produção de semente de andiroba para prensagem e refino; f) Há uma filial de empresa instalada no Município para fazer prensagem primária de

óleo de andiroba; g) Os produtos não madeireiros com potencialidades no Município são o açaí, o

cupuaçu, o taperebá e outras frutas; assim como o mel, o cacau em grande quantidade, os óleos de andiroba, a copaíba e a castanha-do-brasil, bem como algumas plantas medicinais e essências;

h) O açaí está incluso na merenda escolar em função de uma iniciativa da Prefeitura e do PAA da Conab.

4.5.5 Em Oeiras do Pará

Problemas

a) Ocorre falta de divulgação dos artesanatos, de incentivos, de cursos de capacitação e investimentos para os moradores da reserva;

b) Devido à exploração irregular de madeira, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) começou a fiscalizar a atividade madeireira foi reduzida e, em consequência, a economia também sofreu queda;

c) A estrada que liga Oeiras do Pará à Cametá estava, na época, praticamente intrafegável, dificultando o escoamento da produção;

d) Há necessidade de financiamentos e incentivos para melhorar a produção de mel no Município;

196

e) Há falta de assistência técnica que incentive a prática do manejo dos açaizais para aumentar a produção do açaí na entressafra.

Potencialidades

a) A Reserva Extrativista Arioca Pruanã, criada em 2005, com área de 83.445 hectares, possui cerca de mil e duzentas famílias em trinta e duas comunidades, com uma diversidade de espécies, como o barbatimão, o amapá, a sucuuba, a verônica, o jatobá, o ipê-roxo, o uxi-amarelo, a andiroba, o patauá, o murumuru, entre outros, que são ainda pouco explorados e comercializados;

b) Na busca de melhoria de renda, os coordenadores da Resex firmaram parceria com uma empresa de cosméticos que, na época da entrevista, ainda não havia efetivado a compra dos produtos;

c) A Associação de Moradores da Reserva Extrativista Arioca Pruanã (Amoreap), que controla a extração e a retirada dos produtos oriundos da reserva, informa que existem muitas espécies: sementes, cipós, frutos e outros produtos que servem para confeccionar artesanato;

d) A comunidade Ribeira, situada na Resex, produz artesanatos na forma de bonecas, tipitis e outros artefatos que são retirados do miriti, tala de guarumã, galhos de árvores, sementes, etc.;

e) Na economia do Município, a pesca se destaca seguida do açaí, que é produzido nas áreas dos ribeirinhos;

f) A Emater de Oeiras do Pará está incentivando os produtores a plantarem cacau visando melhorar a renda das famílias;

g) Há um projeto para instalação da estrutura física da Casa Familiar Rural de Oeiras, a fim de buscar a formação de pessoas com base na realidade dos camponeses, voltadas para a melhoria da produção agrícola e da exploração sustentável de produtos de base extrativa, por iniciativa do STTR de Oeiras, em parceria com a Casa Familiar Rural de Cametá.

4.5.6 Em Limoeiro do Ajuru

Problemas

a) A feira do produtor rural funciona apenas uma vez por mês e as comunidades se juntam para vender produtos, como o mel, a andiroba e outros;

b) Há dificuldades de escoamento no tocante à produção de mel.

Potencialidades

a) A economia de Limoeiro do Ajuru vem praticamente do açaí, da pesca e do cacau, além de diversos produtos oriundos do extrativismo, como o miriti, a andiroba, o murumuru, o breu-branco, o mel, a castanha e outros;

b) Pelo menos duas associações de apicultores foram identificadas no Município; c) Há uma estratégia entre a empresa compradora, a Emater local e os produtores

para a futura extração de óleo de buriti e da semente de cupuaçu;

197

d) Existem duas reservas para a reprodução de peixes, com o apoio da Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura (SEPAq) junto à Colônia dos Pescadores. A secretaria fornece apoio para a compra de equipamentos como o matapi e outros. A Colônia tem quatro mil e quinhentos sócios que são beneficiados com os recursos do governo federal para a época de defeso, no qual cada família recebe quatro salários mínimos por ano;

e) Na abertura da temporada de pesca de 2008 chegaram a pegar noventa toneladas de mapará, peixe típico e famoso na região;

f) O Rio Tocantins possui diversos tipos de peixes como a tainha, a pescada e outros, mas o mapará é o mais abundante;

g) Existe também bastante camarão nos rios do município. O camarão fresco vai para Belém e o salgado vai para Moju e Tomé-Açu;

h) Existe uma Reserva de Preservação Permanente (RPP) para a piscicultura, onde os pescadores só podem pescar de anzol.

4.5.7 Em Barcarena

Problemas

a) A apicultura vem encontrando problemas com a falta de organização e gestão das associações, além de não possuírem equipamentos adequados, tanto para a colheita do mel quanto para o processamento do mel, comprometendo diretamente a qualidade do produto;

b) Alguns apicultores mantêm seus apiários muito próximos às residências, proporcionando perigo para os moradores das proximidades. Também estão utilizando caixas maiores do que o tamanho padrão.

Potencialidades

a) Há uma grande produção de artesanatos em fibras e cipós (cestarias) produzidos na comunidade de Tinga Açu, os quais são comercializados em Belém e em outros estados;

b) A apicultura começa a ganhar importância pelos agricultores em Barcarena; c) A Cooperativa de Extração e Desenvolvimento Agrícola de Barcarena (Cedab),

em parceria com a Alunorte, desde 2007, possui um projeto para a produção de cento e dez mil mudas de açaí (BRS-Pará) e quinze mil mudas de cupuaçu. A ideia é diversificar com outras mudas de essências florestais (andiroba, acapu, copaíba);

d) A Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri) vem desenvolvendo projetos de qualificação com Cursos de Manejo (dia de campo), doação de ferramentas e mudas, bem como dando apoio ao projeto de produção de mudas na Escola Agrícola (localizada na PA 151), que é composta atualmente por somente sessenta alunos;

e) O escoamento dos produtos de Barcarena é realizado em três rotas: às Centrais de Abastecimento (Ceasa), para o mercado do Ver-O-Peso ou para a feira da sede local;

198

f) A Emater trabalha com projetos de manejo do açaí e de incentivo ao plantio de cupuaçu, cacau, graviola e pimenta;

g) Os batedores de açaí passaram por qualificações para padronizar os pontos de venda, melhorar a higiene durante todo o processo e proporcionar maior qualidade ao produto.

4.5.8 Em Igarapé-Miri

Problemas

a) Uma fábrica de polpa de açaí foi desativada por causa da qualidade da água; b) As fabriquetas ilegais prejudicam o mercado do palmito, pois a extração ilegal não

é fiscalizada; c) As famílias que trabalham na produção manual do palmito desejam entrar na

legalidade, mas afirmam haver muita burocracia e que não há financiamento e assistência técnica;

d) Igarapé-Miri tem um índice de violência alto e preocupante, pois os ribeirinhos sofrem com os assaltos nos rios, com os roubos de embarcações e do dinheiro da venda dos produtos produzidos por eles;

e) A equipe do Idesp teve dificuldades em obter informações junto aos agentes mercantis em Igarapé-Miri, pois passavam a impressão de que estavam sendo fiscalizados, agindo com agressividade na maioria das vezes. Quando se dispunham a falar, informavam o mínimo, mas defendiam que o Município possui o melhor açaí do Estado. As dificuldades de acesso às informações se devem a uma pesquisa sobre o açaí, realizada no ano anterior, em 2007. Logo depois, a mídia publicou a ocorrência de casos da doença de Chagas, oriundas do açaí, ocasionando sérios problemas no Município. A equipe foi intimidada por pessoas portando armas brancas. Foi entrevistado, entretanto, um comerciante, dentre quinze outros do mesmo ramo;

f) Existem quatro portos no Município, o de Santo Antônio (Estrada Nova), o do Meruú, o da balsa e o da Vila Maiauatá;

g) Os caroços do açaí são lançados diretamente nos rios, sem preocupação com transtornos ambientais, assoreamento e decomposição da matéria orgânica;

O município de Igarapé-Miri precisa ter um espaço maior e mais adequado para

dispor sua produção. Alguns agentes mercantis fizeram críticas ao local onde são

comercializados os seus produtos, principalmente o açaí, pois o trapiche é pequeno, o produto

fica exposto ao chão, o local não dispõe de cobertura e nem de segurança;

Diversos batedores de açaí do Município usam água de péssima qualidade, com

coloração amarelada. Alguns jogam os caroços na rua, outros não possuem piso adequado e,

diversos deles reivindicam linhas de crédito para solucionar problemas de infraestrutura e

capacitação.

199

Potencialidades

a) Além dos grandes destaques do açaí e do palmito, outros produtos não madeireiros comercializados em Igarapé-Miri são o cupuaçu, o cacau, os óleos e o mel;

b) No Município são três fábricas de açaí instaladas, sendo que duas estavam funcionando na época;

c) A produção de açaí está aumentando a cada ano devido ao manejo que está sendo feito nos açaizais;

d) Enquanto a safra do açaí está terminando em outros municípios, em Igarapé-Miri, a produção é grande por causa do manejo;

e) Na entressafra do açaí, a coleta dos frutos é feita de maneira racional unida ao manejo para a extração do palmito;

f) A Codemi possui mais de duzentos cooperados, formados em treze núcleos, que somente comercializam o açaí para a maioria das empresas do Sindfruta. A Cooperativa tem parceria com a UFPA – Centro Tecnológico de Empreendimento Popular e Solidário;

g) Foram comercializados 500 kg de mel, no valor de R$ 7,00/kg, pelo PAA, coordenado pela Conab.

4.5.9 Em Moju

Problemas

a) São poucos os produtos oriundos do extrativismo que são comercializados no município de Moju, como o açaí, o carvão, o mel e o artesanato regional (folhas, fibras, frutos, cipós);

b) O principal problema é o escoamento e o transporte para a comercialização do açaí da Região de Moju;

c) Diversas famílias pararam de produzir em locais por onde passa o mineroduto da Vale em razão da empresa ter assinado termo de ajustamento de conduta com as famílias que passaram a receber para não produzirem nas áreas de influência do mineroduto.

Potencialidades

a) A secretaria Municipal de Meio Ambiente de Moju atua com projetos de capacitação em empreendedorismo no setor de artesanatos na Região das Ilhas, fortalecendo a atividade para gerar renda e trabalho. Possui diversos projetos: sustentabilidade da pesca, criação de peixes regionais, novas culturas, plantas exóticas, aquicultura (quelônios), artesanato, panelas de barro, móveis, cestarias, reciclagem de tecido e bijuterias;

b) A Lei Ambiental do município de Moju, Lei nº 737, foi criada em agosto de 2003; c) A SEMMA possui a biblioteca “Sala Verde” com apoio do MMA. A Secretaria

tem como base o “Programa Nosso Ambiente” com o licenciamento ambiental, os recursos hídricos e os deveres do produtor rural;

d) Em 2006/2007, começou o interesse da Natura pelo buriti, pela andiroba e pela copaíba na região;

200

e) A coordenadora da Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social (Sempas) nos apresentou os projetos em parceria com o Sebrae de processamento de frutas (cupuaçu, bacuri, açaí e castanha) para a fabricação de biscoitos, licores, geléias e compotas - de reaproveitamento de sobras de madeira, vassoura do açaí, entre outros, além de fornecer capacitação para a produção de sabonetes com a andiroba e outros frutos;

f) De acordo com o representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Moju, o Município possui mais de cem comunidades e trinta associações;

g) Nas áreas de terra firme, há cultivo de cacau (dez mil pés), abacaxi e culturas agrícolas;

h) A empresa Natura compra semente seca de cupuaçu e cacau e já fez contato para aquisição de sementes do murumuru;

i) Os produtores comentam sobre a necessidade de incentivar uma agroindústria para a agregação de valor do patauá, da andiroba e do murumuru, da semente de cupuaçu e do cacau;

j) A UFPA possui um projeto de incubadora tecnológica em Moju, Abaetetuba e Igarapé-Miri, o qual auxilia os produtores afetados com a quebra da AMAFRUTAS, para que passem a utilizar novamente as frutas plantadas por eles para desenvolver outros produtos como polpa, licor, geléia, etc.

l) Moju possui a um campus da UEPA, a Universidade aberta com ensino técnico à distância, com o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação Jovens e Adultos (Proeja), o Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) com cursos técnicos, a Casa Rural de Moju, o Programa da erradicação do trabalho infantil nas carvoarias do Ministério do Trabalho e uma organização que trabalha com a problemática do escalpelamento;

m) Na comunidade quilombola de Jambuaçu funciona a Escola Familiar Rural Padre Sergio Tonetto, que assiste a quinze comunidades quilombolas e tem dois anos de existência. Conta com a ajuda de uma mineradora, da Prefeitura e outros. Atualmente, a escola está com algumas dificuldades para se manter. A parceria com a mineradora se deve ao fato de um mineroduto passar nas terras das comunidades. Com isso, foram investidos recursos para construção de um posto de saúde. Durante dois anos, trinta e oito famílias receberam dois salários mínimos mensais, até fevereiro de 2009. Nesta comunidade possuem andiroba e castanha-do-brasil. A empresa Vale vai investir com duas mil mudas de castanha, piquiá, uxi, bacuri, buriti e copaíba. As principais atividades da comunidade são a pimenta e a mandioca. Incentiva-se à política de conscientização com a preservação da mata, o destino adequado ao lixo, a coleta seletiva e a compostagem; bem como ao fortalecimento da agricultura familiar. A empresa de reciclagem de lixo fica na estrada do Sarapuí;

n) Há o projeto do carro da cozinha do Serviço Social da Indústria (SESI), tendo como parceiros o Sebrae, C.F.R e uma mineradora, com receitas acessíveis para a alimentação das famílias;

o) Existe um projeto da UFRA, trabalhando as potencialidades da região;

201

p) Existe o Plano do Desenvolvimento do Território Quilombola do Jambuaçu; q) A outra parceria é uma indústria de Palmas, porém existem conflitos em função

das invasões em parte do território; r) O projeto de “Gestão Ambiental” da Emater contribui na divulgação ou

implantação de sistemas de esgotamentos sanitários individuais para as famílias rurais residentes em áreas de várzea.

202

5 CONCLUSÕES

Os produtos florestais não madeireiros identificados nos dez municípios do estudo

realmente interferem de forma positiva e significativa na dinâmica econômica da RI

Tocantins, com seu encadeamento para frente nas escalas estadual e nacional, comprovando

que o método das Contas Sociais Alfa consegue identificar, quantificar e explicitar o papel de

cada produto na economia extrativa da região - alguns visíveis pelas estatísticas oficiais (açaí,

cacau, palmito, carvão, cupuaçu, castanha, fibra do buriti, mel e urucum); outros que

pertencem à categoria “outros” (outras alimentícias e outras oleaginosas); alguns na categoria

“geral” e produtos que ainda são invisíveis.

O produto que mais se destacou em todos os quesitos do estudo, foi o açaí com

recordes em todos os valores econômicos, na ordem de R$ 192,94 milhões de valor bruto

pago somente ao setor produtivo regional (VBPα). Em seguida, quando outros setores da

cadeia compram de insumos o valor bruto atinge R$ 766,18 milhões (VBP total).

Na sequência, outros setores agregam mais R$ 689,32 milhões, sendo 82%

provenientes das escalas estadual e local, referente ao valor adicionado bruto (VAB). Esses

setores que mais agregam e os que possuem maior peso são as grandes agroindústrias de

beneficiamento da polpa (dez identificadas), instaladas em municípios-polo do Estado

(Castanhal, Tomé-Açu, Santa Bárbara, Marituba, Benevides e Belém) e, na escala local, o

setor também de beneficiamento, porém com centenas de pequenos estabelecimentos

“batedores” de açaí, os quais atendem à demanda da população tocantina. Para completar a

cadeia, somando-se o VBP e o VAB do açaí do Tocantins, chega-se à cifra de R$ 1,3 bilhão

da RBT e circulada em toda a cadeia de comercialização do açaí. Essa produção do açaí do

Tocantins provém tanto de açaizais nativos, quanto de áreas de manejo ou plantados. Alguns

problemas identificados foram: a baixa capacidade de armazenagem e de transporte dos

agentes envolvidos, bem como a falta capital de giro - a ausência de investimentos para

melhorar a produção e aquisição de equipamentos e insuficiência de treinamento para os

coletores e batedores de açaí sobre a manipulação adequada do produto.

O segundo maior produto de destaque foi o cacau, cujo setor produtivo local (VBPα)

recebeu R$ 8,3 milhões. Comprou de insumos um VBP total de R$ 54,7 milhões (65% na

esfera nacional). Agregou um VAB na ordem de R$ 34 milhões, também na esfera nacional

com as indústrias de transformação e o varejo nacional (65%) e, ao final, gerou uma RBT, a

qual circulou em toda a cadeia, alcançando um montante de R$ 88,6 milhões (apenas 21%

circulada na RI Tocantins junto aos comerciantes do varejo e atacado).

203

A castanha-do-brasil, quinto produto ranqueado, teve o setor local produtivo (VBPα),

recebendo um montante de R$ 730 mil, sendo que foi comprado de insumos (VBP) o

equivalente a R$ 14 milhões. Destes, 79% foram no varejo nacional e 15%, na indústria de

beneficiamento estadual – concentrado numa economia típica de monopsônio, com um valor

agregado de R$ 14,9 milhões (61% na indústria de beneficiamento em Belém) – e uma RBT

de R$ 29,2 milhões, sendo que 50% circularam na esfera nacional e 39% na estadual. Ou

melhor, somente R$ 3,2 milhões circularam na RI Tocantins, dos quais R$ 1,8 milhões

ocorreram no setor de beneficiamento localizado na RI Tocantins. A margem de lucro da

cadeia da castanha foi uma das mais altas, com 1.942% de mark-up.

O ideal seria que todos os agentes das cadeias conhecessem esses valores

econômicos, principalmente os envolvidos no setor da produção local extrativa, para que

tenham melhor noção sobre a dimensão dos valores que esses produtos atingem.

Alguns produtos não madeireiros da região estão inseridos no mercado nacional e/ou

internacional, como o cacau, a castanha e o palmito, porém com destino exclusivo, o que

torna a economia local dependente do que acontece nesses mercados, principalmente no

tocante à definição dos preços. Se quisermos, no entanto, alavancar uma economia regional

equilibrada, com base numa produção sustentável, não se pode ter no mercado internacional

ou em determinados nichos nosso único foco.

Diversos produtos apresentam uma escala somente local, alguns em quantidades e

valores ainda incipientes (semente de cumaru, plantas medicinais, leites, copaíba, cipó-titica,

breu-branco e o mel), demonstrando a riqueza da diversidade regional, o potencial de gerar

renda às famílias e de conquistar novos mercados.

A agregação de valor aos produtos identificados ocorre em maior percentual na

escala local e estadual (82%), principalmente nas cadeias do açaí, castanha-do-brasil, cupuaçu

(fruto e semente) e do carvão. No caso do cacau amêndoa e palmito ocorre na escala nacional

(18% do total). Somando o VAB local com o VAB estadual, tem-se 82% da agregação de

valor total acontecendo dentro do estado do Pará, condição essencial para se ter uma maior

autonomia, a fim de induzir políticas para a verticalização das cadeias, com apoios de crédito

para o setor de beneficiamento e transformação, porém em diversas escalas que permitam

beneficiar desde grupos locais, como cooperativas e associações, como também empresas de

maior porte.

Do total da produção identificada na Região de Integração Tocantins, encontramos a

relação de venda direta dos produtores para o consumidor final local (L) ou estadual (E) em

dez produtos, ou seja, sem o atravessador, como nos casos do açaí (3% L), ou seja, 3% de

204

toda a produção do açaí da região foi vendida diretamente para o consumidor local, cupuaçu

(2% L e 1,5% E); carvão (13% L); castanha (0,7% L); buriti (1% L); mel (46% L e 1% E),

bacuri ;(88% L); bacaba (6,5% L); andiroba (7% E) e os leites (22% L).

Na busca de melhorias às cadeias de comercialização desses PFNM, existem alguns

gargalos identificados nos municípios estudados em relação à infraestrutura instalada que

devem receber atenção especial para a alavancagem de alguns produtos. Em relação à

infraestrutura regional dos portos, quase todos devem ser mais bem equipados para o

embarque e desembarque de mercadorias, com adequação sanitária, fiscalização e espaço

separado para o transporte dos PFNM e dos passageiros. Para a interligação da estrada que

acessa a RI Tocantins, há necessidade urgente da construção de duas pontes (com

comprimentos que não ultrapassam trezentos metros), a fim de otimizar o enorme fluxo de

transporte de cargas da região (de açaí principalmente) e, especialmente para atender à

população que sofre em casos emergenciais nas travessias das balsas.

A população ribeirinha, que vive nas ilhas, sofre com a falta de abastecimento de

água e, principalmente, com a falta de energia elétrica, pois apesar de estarem muito perto de

uma enorme fonte de geração de energia, a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, não conseguem

processar, beneficiar e armazenar seus produtos.

Em relação à segurança, os produtores e comerciantes reclamam dos assaltos que

acontecem nas cidades e também ao longo dos rios, tanto nas moradias como nas

embarcações; aumentando a sensação de insegurança da população em decorrência do aparato

policial instalado ser insuficiente.

Alguns mercados e feiras dos municípios devem receber melhorias do poder público

local e estadual, pois são pontos importantíssimos na estratégia de comercialização dos

produtos regionais. São necessários espaços amplos, com piso e barracas de alvenaria, sistema

de ventilação, controle de qualidade dos produtos e condições de higiene adequadas ao

volume de carga circulante. O açaí, por exemplo, destaque na região em geração de renda e

alimento básico na dieta regional, deveria ser tratado com mais cuidados. O papel da

iniciativa privada é crucial, pois muitas instalações comerciais são negligenciadas por falta de

condições, desinteresse ou por desconhecimento.

No setor de beneficiamento do açaí, os batedores devem receber treinamento e

investimentos de envergadura para adequação dos espaços higienizados, com água potável e

equipamentos para refrigeração, de tal forma que essas ações melhorem na prestação de

serviços ao consumidor regional.

205

Uma necessidade recorrente, identificada em quase todos os setores de quase todas as

cadeias é a necessidade de investimentos em qualificação da mão-de-obra. Além disso, são

essenciais ainda investimentos em tecnologia de transformação para esse enorme elenco de

potencialidades identificadas na região, para que possam ser transformados em remédios,

alimentos, utilidades, artesanatos e inúmeras matérias-primas.

É preciso estimular a identificação das boas práticas de manejo para algumas

dezenas, ou centenas de produtos da região, através do apoio de instituições de ensino e

pesquisa, para tal.

Dessa forma, o papel de milhares de famílias da RI Tocantins, envolvidas em

diversas formas de negociação, como: a venda antecipada (“na folha”, caso do cacau), com

contratos informais (“de boca”) ou formais, com troca de mercadoria, com dinheiro “na mão”,

alguns atuando numa economia invisível para as estatísticas oficiais, com formatos

diferenciados de organização, de negociação “corpo a corpo” até as melhores organizadas em

associações ou cooperativas, que atuam em mais de um setor das cadeias de comercialização,

demonstrando, com mais clareza, como interferem e contribuem no encadeamento para frente

da economia do setor extrativista.

A comercialização identificada e quantificada nas regiões de integração Tocantins

gera efetivamente para milhares de famílias envolvidas no manejo, cultivo, coleta, extração,

colheita e algum prévio beneficiamento, três a quatro dezenas de produtos florestais não

madeireiros o equivalente a cerca de R$ 205 milhões de reais, referentes ao valor bruto pago à

produção local (VBPα), dos dez municípios da RI Tocantins.

São milhares de famílias que compõem o setor produtivo alfa, responsável por

manter a floresta em pé, por plantar alguns desses produtos, por manejar de forma empírica ou

tradicionalmente, transmitida e apreendida por séculos, por abastecer os diversos setores

intermediários das cadeias até chegar às demandas finais dos consumidores locais, regionais e

(inter-) nacionais.

Os consumidores finais dessa biodiversidade riquíssima encontrada na região são

formados pelos paraenses ribeirinhos, que não vivem sem seu açaí diário; pelo belemense, que

faz uso das diversas frutas, ervas e óleos medicinais encontrados no Ver-O-Peso e em

inúmeras feiras; pelo carioca, que toma o açaí com granola na academia por ser um produto

que combate os radicais livres; pelo paulista, que come sua salada ou pastel de palmito vindo

das matas do Pará – visto que o da mata Atlântica já foi quase todo exaurido; pela mulher, que

pode estar em qualquer país do mundo e que, ao usar um perfume, ou um hidratante, ou um

batom pode estar consumindo algum produto da flora regional paraense sem ao menos saber

206

sua origem; da mesma forma que uma criança, em qualquer lugar do mundo, pode tomar um

sorvete ou comer uma barra de chocolate feita com o cacau paraense, que passa apenas pelo

beneficiamento primário no estado do Pará, e em seguida passa por um processo de refino na

Bahia e, em seguida, é transformado em produto final seja numa fábrica em São Paulo ou na

Suíça.

Os produtos que mais geram e circulam renda no estado do Pará são aqueles que

possuem em sua cadeia diversas estratégias de agregação de valor realizadas nas esferas locais

e regionais, por exemplo, o açaí. Para tal, há necessidade de políticas públicas que venham

contribuir para a dinamização dessas cadeias, com investimentos consideráveis em Assessoria

Técnica, Social e Ambiental (ATES), em capacitação em todos os setores, do fomento à

produção, do investimento responsável nos setores de beneficiamento e transformação,

principalmente em agroindústrias geridas por associações ou cooperativas.

Diversas políticas públicas e programas já instalados e que melhoram as condições

locais devem ser mais divulgados e incentivados como o “Programa de Aquisição de

Alimentos” da agricultura familiar (envolvendo a produção de mel e do açaí, já inseridos na

merenda escolar de alguns municípios); “Luz para Todos” que leva energia às áreas rurais; os

sistemas de crédito e fomento ao setor produtivo; a assessoria técnica da Emater e de

empresas terceirizadas; bem como os investimentos no aparato da segurança pública nas áreas

urbanas, rurais e nas estradas e rios.

Uma força motriz para alavancar o desenvolvimento regional e reduzir as

desigualdades é possuir uma massa crítica de cidadãos, que tenham acesso à rede de ensino

estabelecida com qualidade e direcionada para enfrentar tais desafios e que sejam atendidos

desde o Ensino Fundamental até o Superior, incluídos os cursos técnicos. As experiências das

“Casas Familiares Rurais”, que educam os filhos de agricultores, utilizando a pedagogia da

alternância, têm dado bons resultados pelo interior do Pará.

A valorização da biodiversidade dos recursos existentes na Amazônia implica em

direcionarmos os investimentos para a valoração e a valorização dos recursos florestais, bem

como desenvolver novos produtos, favorecendo o manejo adaptativo e sustentável das

espécies locais, bem como investir na melhoria tecnológica adequada que venha promover as

cadeias dos inúmeros produtos que fazem parte do uso cotidiano das populações locais.

É preciso haver estratégias de promover as cadeias dos inúmeros produtos em

parceria com as empresas instaladas na região e junto ao setor da produção, a fim de que haja

um encadeamento produtivo que venha a estimular novas formas de manejos sustentáveis aos

produtos da floresta.

207

Os setores intermediários, que fazem passagem da compra e venda dos produtos,

com pouca ou nenhuma agregação de valor exige uma tarefa hercúlea, importantíssima nas

cadeias de comercialização, por essa razão, necessitam de estímulos e melhorias na

capacidade de transporte, capacitação e melhoria das formas de armazenagem dos produtos.

208

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211

APÊNDICES

212

APÊNDICE A – Questionário aplicado junto aos agentes mercantis.

Entrevistador _________________ Nº ________ Nº entrevista: _______

Estudo sobre a Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros no Estado do Pará

Entrevista com Agentes Mercantis

O objetivo da pesquisa é obter informações sobre as cadeias de comercialização dos principais produtos da região, com o intuito de estudar as potencialidades da economia regional. Todas as informações obtidas nessa pesquisa são de caráter sigiloso e anônimo e servirão para finalidades científicas.

Nome do entrevistador: ______________________________________Data: ___________

Município:___________________________Localidade:_____________________________

GPS Nº ___ : S _____ o _____´ _____” W _____ o _____´ _____” Obs.: ________________

Nome do entrevistado / da empresa: _______________________________________________

______________________________________________________________________________

Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ________________________________________

Categoria:

a. Indústria/Empresa ( ) b. Intermediário ( ) c. Produtor ( )

a. Empresa: Matriz ( ) Filial ( )

Nome / local da matriz: ___________________________________________________________

Tempo de trabalho no ramo / no local: _______________________________________________

b. Intermediário: Nascido em: ____________________________________________________

Profissão anterior: _______________________________________________________________

Profissão paralela: _______________________________________________________________

c. Produtor: Nascido em: _________________________________________________________

Local / tamanho do lote: __________________________________________________________

Descrever atividades extrativas (locais, técnicas usadas no manejo, equipamentos, negociações, acesso/controle, etc.)_______________________________________________

Qual é a infra-estrutura que dispõe?

Armazéns (número, capacidade): _____________________________________________________

Meios de transporte (tipo, número, capacidade): _________________________________________

Máquinas e Equipamentos (tipo, número, capacidade): ____________________________________

Tem problemas com capacidade de armazenamento, com os equipamentos/ maquinário? Quais?

________________________________________________________________________________

213

Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?

________________________________________________________________________________

Como é o tempo de trabalho (ano inteiro, períodos, tempo integral / parcial etc.)? ________________________________________________________________________________ Qual é o valor pago aos trabalhadores em média (por categoria, por mês, diária, por empreitada (descrever), etc.)?

_______________________R$ _________/_________

Existem outros que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?

___________________________________________________________________________ Informações para contato (endereço e telefone do entrevistado):

___________________________________________________________________________ O que é necessário para melhorar sua capacidade produtiva? ___________________________________________________________________________ Observações Gerais (manejo, transporte, negociações, financiamento, assistência técnica, etc.): ________________________________________________________________________________

Categoria

do

agente

entrevistado

C/V1 Merca-

doria Quant. Unid.

Quando/

Período/

mês

Preço

por

Unid.

De quem ? / Para quem? Formas

de

Pagamento2

Serviços

prestados3 Nome Categoria Município/

Estado

1) (C) Comprado (V) Vendido

2) (AV) A vista (NF) Na folha

(AP) A prazo (F) Fiado (T) Troco

3) (F) Financiamento (T) Transporte

(B1) Beneficiamento nível 1 (primário)

(B2) Beneficiamento nível 2 (extração)

(B3) Beneficiamento nível 3 (processamento)

(C) Classificação

(A) Armazenagem

(E) Embalagem

214

APÊNDICE B- Produtos florestais não madeireiros identificados, usos, espécies e partes utilizadas nas cadeias de comercialização da Região de Integração Tocantins, no período de 2008 a 2009.

Fonte: IDESP.

Família (nº de espécies) Espécies Nome popular Uso Parte utilizada

Astrocaryum murumuru Mart. Murumuru Cosmético Amêndoa

Euterpe oleracea Mart. Açaí Alimentício Fruto e palmito

Maximiliana maripa (Aubl.) Drude InajáUtensílio e artesanato

Coratá e semente

Mauritia flexuosa L. f. BuritiAlimentício e artesanato

Fruto e a fibra

Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba Alimentício Fruto

Sapindaceae (1) Serjania laruotteana Cambess. Cipó timbó Artesanato Caule

Parahancornia amapa (Huber) Ducke Amapá Medicinal Leite

Spondias mombin L. Taperebá Alimentício Fruto

Himatanthus sucuuba Spruce ex Müll. Arg. Sucuúba Medicinal Leite

Burseraceae (1) Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Breu-branco Utensílio Resina

Bixaceae (1) Bixa orellana L. Urucum Alimentício Semente

Clusiaceae (1) Platonia insignis Mart. Bacuri Alimentício Fruto

Copaifera sp . Copaíba Medicinal Óleo

Hymenaea courbaril L. Jatobá Medicinal Leite

Stryphnodendron obovatum Benth. Barbatimão Medicinal Casca

Coumarouna odorata Aubl. CumaruCosmético e medicinal

Amêndoa

Lecythidaceae (1) Bertholletia excelsa Bonpl. Castanha-do-brasil Alimentício Fruto

Theobroma cacao (Mill.) Bernoulli Cacau Alimentício Amêndoa

Theobroma grandiflorum (Willd. Ex Spreng.)K.Schum. CupuaçuAlimentício e cosmético

Fruto e semente

Marantaceae (1) Ischnosiphon obliquus (Rudge) Körn. Guarumã Artesanal Fibra

Meliaceae (1) Carapa guianensis Aubl. Andiroba Medicinal Óleo

Plantaginaceae (1) Veronica officinalis L. Verônica Medicinal Casca

Rubiaceae (1) Uncaria tomentosa (Willd. Ex Roem. & Schult.) DC. Unha-de-gato Medicinal Casca

Bignoniaceae (1) Crescentia cujete L. Cuieira Artesanal Fruto

Arecaceae (5)

Apocynaceae (3)

Fabaceae (4)

Malvaceae (2)

215

APÊNDICE C- Imagens capturadas nos municípios da Região de Integração Tocantins.

Foto 1- Açaí acondicionado em rasas no

mercado de Cametá.

Foto 2- Comercialização do carvão em sacas

de 50 kg no município de Moju.

Foto 3- Cestarias de fibra de guarumã, em

Barcarena.

Foto 4- Artesanato de Cipó titica em

Barcarena

Foto 5- Comercialização de cascas de plantas

medicinais.

Foto 6- Artesanato de miriti em Abaetetuba.

216

Foto 7– Pilha de palmito in natura em Igarapé

Miri.

Foto 8- Portos sem infraestrutura dificultam a

comercialização de produtos.

Foto 9– Comercialização de mel em litro ou

fracionado, em Limoeiro.

Foto 10– Embalagens de comercialização de

leites, em Cametá.

Foto 11– Lona utilizada para secagem das

sementes de cacau.

Foto 12– Comercialização de castanha em

Cametá.

217

Foto 13- Frutos de cupuaçu comercializados

em unidade.

Foto 14- Comercialização de urucum em feiras

dos municípios.

Foto 15- Sementes de murumuru em

Limoeiro do Ajuru.

Foto 16- Frutos de taperebá comercializados

na feira de Abaetetuba.

Foto 17- Buriti in natura comercializado na

feira de Abaetetuba.

Foto 18- Secagem de coratá para serem

vendidos para exportação.