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Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não

Madeireiros na Região de Integração Marajó, Estado do

Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2011

BELÉM – PARÁ

2011

Page 4: Relatorio marajo

Governo do Estado do Pará

Simão Robison Oliveira Jatene

Governador

Helenilson Cunha Pontes Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão - Seges

Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

Maria Adelina Guglioti Braglia Presidente

Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais

Jonas Bastos da Veiga Diretor

Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural

Cassiano Figueiredo Ribeiro

Diretor

Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação

Sérgio Castro Gomes

Diretor

Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças

Helaine Cordeiro Félix

Diretora

Page 5: Relatorio marajo

Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não

Madeireiros na Região de Integração Marajó, Estado do

Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2011

BELÉM – PARÁ

2011

Page 6: Relatorio marajo

Expediente

Diretor de Pesquisa e Estudos Ambientais

Jonas Bastos da Veiga

Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação

Marli Maria de Mattos

Elaboração Técnica:

Marli Maria de Mattos– Coordenadora

Ellen Claudine Cardoso Castro

Divino Herculys Peres da Silva Lima

José de Alencar Costa

Ana Cristina Parente Brito

Isaac Luiz Magalhães Lopes

Maria Glaucia Pacheco Moreira

Nanety Cristina Alves dos Santos

Coleta de dados:

Adriana Pinheiro dos Santos

Ana Cristina Parente Brito

Divino Hercules Peres da Silva Lima

Gilzibene Marques da Silva

Isaac Luiz Magalhães Lopes

José de Alencar Costa

Joyse Tatiane Souza dos Santos

Raquel Lopes de Araújo

Rodrigo dos Santos Lima

Parceria:

Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

José Alberto da Silva Colares, Diretor Geral

Revisão:

Jonas Bastos da Veiga

Normalização:

Adriana Taís G. dos Santos e Anna Márcia Malcher Muniz

_______________________________________________________________________

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL

DO PARÁ

Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de

Integração Marajó, Estado do Pará: relatório técnico 2011./ Belém: IDESP, 2011.

205p.

1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas sociais

alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.

CDD: 381.098115

________________________________________________________________________

Page 7: Relatorio marajo

APRESENTAÇÃO

A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande

importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração

sustentável, pois na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das espécies.

Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores familiares utilizam

produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais, utensílios entre outros)

para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas informações sobre o

mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa forma um fator crítico

para a gestão das florestas.

O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o

mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização no mercado doméstico. Não

há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que são

comercializados, principalmente no que diz respeito as espécies locais e regionais, como

várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados da

Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não

madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas

envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies

extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos para

atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional.

Em razão da relevância do tema exposto, o Instituto de Desenvolvimento

Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), em parceria com o Instituto de

Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), desenvolveu o estudo sobre as cadeias

de comercialização dos PFNM do Estado do Pará, como forma de contribuir com informações

para a formulação de políticas públicas. Assim foi firmado o Termo de Cooperação Técnica e

Financeira TCTF No.02/2010, tendo sua vigência iniciada em março de 2010, e tem como

objetivo identificar e analisar as cadeias de comercialização dos PFNM em cinco Regiões de

Integração (RI) do estado do Pará (Rio Caeté, Baixo Amazonas, Guamá, Xingu e Marajó).

Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economia

dos PFNM no Estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e identificando

entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos, evidenciando os PFNM não

detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo com a conservação e gestão florestal.

O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de

comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Marajó.

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RESUMO

Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de atividades

econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda as populações locais, que evitem o

desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entre

regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo,

utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de Base

Agroextrativista, de 55 produtos identificados, em 16 municípios da Região de Integração do

Marajó e, acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos setores de

beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final. Constatou-se que os

produtos estudados (17 alimentícios; 14 artesanatos e utensílios; 19 medicinais, fármacos e

cosméticos; 4 derivados da madeira e; 1 derivado animal) têm significativa importância na

dinâmica da economia local, assim como para outras regiões do Pará, além dos mercados

nacionais e internacionais. O principal produto de destaque na RI foi o açaí (R$ 690 milhões),

porém com 52% da renda bruta gerada e circulada na RI Marajó, diferente do palmito (R$ 460

milhões) com 44% gerada e circulada fora do Pará. Outros produtos de destaque foram a

castanha-do-brasil, a bacaba, o bacuri, o artesanato regional, os utensílios e o cupuaçu. A

contabilidade social ascendente na região tem origem em milhares de famílias envolvidas no

setor da produção extrativa local (e extralocal), que receberam pela venda de todos os

produtos o montante de R$ 127 milhões (VBPα), que gerou R$ 398 milhões (VBP) na compra

destes produtos (predomínio in natura) e com a agregação de valor de mais de R$ 351

milhões (VAB), chegando a uma renda bruta total (RBT) gerada e circulada em R$ 750

milhões, com seus efeitos para frente e para trás nas cadeias de comercialização. O estudo

também demonstrou as fragilidades e potencialidades identificadas nas cadeias, envolvendo a

iniciativa privada, os órgãos governamentais e a sociedade direta e indiretamente relacionada

as cadeias dos produtos do agroextrativismo.

Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros,

3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.

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LISTA DE SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APA Área de Proteção Ambiental

ATER Assistência Técnica e Extensão Rural

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

CSα Contas Ascendentes Alfa

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

GPS Sistema de Posicionamento Global

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEFLOR Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

ITTO International Tropical Timber Organization

LSPA Levantamento Sistemático da Produção Agrícola

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDCIC/SECEX Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior /

Secretaria de Comércio exterior

MIP Matriz Insumo Produto

NAEA/UFPA Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará

NPCTI Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação do Idesp

PAA Programa de Aquisição de Alimentos

PAM Pesquisa Agrícola Municipal

PEVS Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura

PFNM Produtos Florestais Não Madeireiros

PIB Produto Interno Bruto

PPM Produção da Pecuária Municipal

PRBα Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista

RBT Renda Bruta Total

RI Região de Integração

SBRT Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas

SEIR Secretaria de Estado de Integração Regional

SEMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente

STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais

TCTF Termo de Cooperação Técnica e Financeira

UC Unidade de Conservação

UFPA Universidade Federal do Pará

VAB Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto

VABα Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista

VBP Valor Bruto da Produção

VBPα Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista

VTE Valor Transacionado Efetivo

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Municípios pertencentes a Região de Integração Marajó, estado do Pará. ........ 378

FIGURA 2- Localização da Região de Integração Marajó, estado do Pará. ............................ 42

FIGURA 3- Localização dos agentes mercantis do açaí na RI Marajó, estado do Pará, no ano

de 2010. ............................................................................................................... 44

FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 47

FIGURA 5- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do

Pará. ..................................................................................................................... 50

FIGURA 6- Localização dos agentes mercantis do palmito na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ........................................................................................................ 57

FIGURA 7- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 61

FIGURA 8- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará. ....... 62

FIGURA 9- Localização dos agentes mercantis da bacaba na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ........................................................................................................ 68

FIGURA 10- Estrutura (%) da quantidade amostral da bacaba comercializada na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 71

FIGURA 11- Preço médio da bacaba (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre

os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado

do Pará. ................................................................................................................ 72

FIGURA 12- Localização dos agentes mercantis do artesanato regional na RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010. ..................................................................................... 78

FIGURA 13- Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato regional comercializado na

RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ....................................................... 81

FIGURA 14- Preço médio do artesanato regional (R$/un.) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do

Pará. ..................................................................................................................... 82

FIGURA 15- Localização dos agentes mercantis do cupuaçu na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ........................................................................................................ 86

FIGURA 16- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 88

FIGURA 17- Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará. ....... 90

FIGURA 18- Localização dos agentes mercantis do bacuri na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ........................................................................................................ 91

FIGURA 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do bacuri comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 93

FIGURA 20- Preço médio do bacuri (R$ correntes/un.) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do

Pará. ..................................................................................................................... 94

Page 14: Relatorio marajo

FIGURA 21- Localização dos agentes mercantis do muruci na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ........................................................................................................ 95

FIGURA 22- Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 96

FIGURA 23- Preço médio do muruci (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará. .................. 97

FIGURA 24- Localização dos agentes mercantis do taperebá na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ........................................................................................................ 98

FIGURA 25- Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................................ 101

FIGURA 26- Preço médio do taperebá (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará. ..... 102

FIGURA 27- Localização dos agentes mercantis do cacau amêndoa na RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010. ........................................................................................ 108

FIGURA 28- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do cacau amêndoa na RI Marajó, estado do Pará, no ano de

2010. .................................................................................................................. 110

FIGURA 29- Localização dos agentes mercantis do carvão na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ...................................................................................................... 111

FIGURA 30- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................................ 113

FIGURA 31- Preço médio do carvão (R$/saca) praticado nas transações entre os setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará. ..... 114

FIGURA 32- Localização dos agentes mercantis dos utensílios na RI Marajó, estado do Pará,

no ano de 2010. ................................................................................................. 115

FIGURA 33- Estrutura (%) da quantidade amostral dos utensílios comercializados na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................... 117

FIGURA 34- Preço médio dos utensílios (R$/un.) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará. ..... 118

FIGURA 35- Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010. ............................................................................... 11920

FIGURA 36- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na

RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ..................................................... 121

FIGURA 37- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do

Pará. ............................................................................................................... 12223

FIGURA 38- Localização dos agentes mercantis da lenha na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ...................................................................................................... 129

FIGURA 39- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/m³) da lenha na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ..... 130

FIGURA 40- Localização dos agentes mercantis do mel na RI Marajó, estado do Pará, no ano

de 2010. ............................................................................................................. 131

FIGURA 41- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................................ 133

Page 15: Relatorio marajo

FIGURA 42- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia

de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará. ................ 134

FIGURA 43- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/kg) da borracha na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............... 135

FIGURA 44- Localização dos agentes mercantis do breu-branco na RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010. ........................................................................................ 136

FIGURA 45- Estrutura (%) da quantidade amostral do breu-branco comercializado na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................... 138

FIGURA 46- Preço médio do breu-branco (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará. ..... 139

FIGURA 47- Localização dos agentes mercantis da andiroba na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ...................................................................................................... 140

FIGURA 48- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializada na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................................ 142

FIGURA 49- Preço médio da andiroba (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará. ................ 143

FIGURA 50- Localização dos agentes mercantis da copaíba na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ...................................................................................................... 144

FIGURA 51- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/l) da copaíba na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. .................... 146

FIGURA 52- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do cipó-titica na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

........................................................................................................................... 148

FIGURA 53- Localização dos agentes mercantis das plantas medicinais na RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010. ................................................................................... 149

FIGURA 54- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) das plantas medicinais na RI Marajó, estado do Pará, no ano

de 2010. ........................................................................................................... 1501

FIGURA 55- Localização dos agentes mercantis da pupunha na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ...................................................................................................... 151

FIGURA 56- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/cacho) da pupunha na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

........................................................................................................................... 153

FIGURA 57- Localização dos agentes mercantis dos leites na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ...................................................................................................... 154

FIGURA 58- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/l) dos leites na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ...... 155

FIGURA 59- Localização dos agentes mercantis do piquiá na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ...................................................................................................... 156

FIGURA 60- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un. Fruto) do piquiá na RI Marajó, estado do Pará, no ano de

2010. .................................................................................................................. 158

Page 16: Relatorio marajo

FIGURA 61- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do açaí (semente) na RI Marajó, estado do Pará, no ano de

2010. .................................................................................................................. 160

FIGURA 62- Localização dos agentes mercantis do uxi na RI Marajó, estado do Pará, no ano

de 2010. ............................................................................................................. 161

FIGURA 63- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do uxi (fruto) na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

........................................................................................................................... 162

FIGURA 64- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do urucum na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. . 164

FIGURA 65- Localização dos agentes mercantis do mari na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010. ...................................................................................................... 165

FIGURA 66- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do mari na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ...... 166

FIGURA 67- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do tucumã na RI Xingu, estado do Pará, no ano de 2010. ... 168

FIGURA 68- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do cacau (fruto) na RI Marajó, estado do Pará, no ano de

2010. .................................................................................................................. 169

FIGURA 69- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un. Fruto) da cajarana na RI Marajó, estado do Pará, no ano de

2010. .................................................................................................................. 171

FIGURA 70- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/l) do patauá (óleo) na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

........................................................................................................................... 172

Page 17: Relatorio marajo

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração

Marajó, com quantidade e valor pago a produção local, de acordo com a

amostragem realizada em campo, no ano de 2010. ............................................... 43

TABELA 2- Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais

não madeireiros identificados na RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008

(Idesp). ................................................................................................................. 174

TABELA 3- Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos

produtos florestais não madeireiros identificados na RI Marajó, estado do Pará,

estimado para 2008 (Idesp). ................................................................................. 176

TABELA 4- Valor Agregado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos

produtos florestais não madeireiros identificados na RI Marajó, estado do Pará,

organizados em categorias (Alimentícios, Artesanatos/Utensílios, Derivado

Animal, Derivado da Madeira e Fármacos/Cosméticos), estimados para 2008

(Idesp). ................................................................................................................. 177

TABELA 5- Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos

florestais não madeireiros identificados na RI Marajó, estimados para 2008,

organizados em três categorias relativas com escalas de valor do RBT (acima de

R$ 600 mil, de R$ 100 mil a R$ 599 mil e abaixo de R$ 100 mil) (Idesp). ........ 179

TABELA 6- Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na

Região de Integração Marajó, estado do Pará, compostos pelo Valor Bruto da

Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa extralocal, a

margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado

Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e

nacional, estimado para 2008 (Idesp). ................................................................. 184

Page 18: Relatorio marajo
Page 19: Relatorio marajo

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 51

GRÁFICO 2- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da região de Integração

Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ........................................................ 54

GRÁFICO 3- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da

Região de Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ..................... 56

GRÁFICO 4- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do palmito da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 63

GRÁFICO 5- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do palmito da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 65

GRÁFICO 6- Valor Da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do palmito,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da

Região de Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ..................... 67

GRÁFICO 7- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da bacaba da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 73

GRÁFICO 8- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização da bacaba da região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 75

GRÁFICO 9- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da bacaba,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da

Região de Integração Marajó, estado do pará, estimado para 2008. ..................... 77

GRÁFICO 10- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do artesanato Regional

da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. .............................................. 83

GRÁFICO 11- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do artesanato regional da RI

Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ........................................................ 84

GRÁFICO 12- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do artesanato

regional, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a

partir da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ..................................... 85

GRÁFICO 13- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das frutas (bacuri,

cupuaçu, muruci e taperebá) da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

............................................................................................................................. 103

GRÁFICO 14- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização das frutas (bacuri,

cupuaçu, muruci e taperebá) da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

............................................................................................................................. 105

GRÁFICO 15- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das frutas

(bacuri, cupuaçu, muruci e taperebá), considerando sua composição pela ótica da

demanda (VBP + VAB), a partir da RI Marajó, estado do Pará, estimado para

2008. .................................................................................................................... 106

Page 20: Relatorio marajo

GRÁFICO 16- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-brasil da

RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................. 123

GRÁFICO 17- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da castanha-do-brasil da

RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................. 125

GRÁFICO 18- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-do-

brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a

partir da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008. ................................... 127

Page 21: Relatorio marajo

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- Descrição dos agentes mercantis na comercialização de açaí na RI Marajó,

Estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................................ 44

QUADRO 2- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do palmito da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................................ 58

QUADRO 3- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da bacaba da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................................ 68

QUADRO 4- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato regional da

RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................... 78

QUADRO 5- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cupuaçu da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................................ 86

QUADRO 6- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do bacuri da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................................ 91

QUADRO 7- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do muruci da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................................ 95

QUADRO 8- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do taperebá da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................................ 98

QUADRO 9- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau amêndoa da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 109

QUADRO 10- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do carvão na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 111

QUADRO 11- Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos utensílios da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 116

QUADRO 12- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da castanha-do-brasil da

RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................ 119

QUADRO 13- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da lenha da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 129

QUADRO 14- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do mel da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 132

QUADRO 15- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da borracha da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 135

QUADRO 16- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do breu-branco da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 137

QUADRO 17- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da andiroba da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 141

QUADRO 18- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da copaíba da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 144

Page 22: Relatorio marajo

QUADRO 19- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cipó-titica da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 147

QUADRO 20- Descrição dos agentes mercantis na comercialização das plantas medicinais da

RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................ 149

QUADRO 21- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da pupunha da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 152

QUADRO 22- Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos leites (amapá,

sucuúba e seiva de jatobá) da RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ........ 154

QUADRO 23- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do piquiá da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 156

QUADRO 24- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do açaí (semente) da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 159

QUADRO 25- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do uxi da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 161

QUADRO 26- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do urucum da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 163

QUADRO 27- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do mari da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 165

QUADRO 28- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do tucumã da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 167

QUADRO 29- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (fruto) da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 168

QUADRO 30- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da cajarana da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 170

QUADRO 31- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do patauá (óleo) da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 171

Page 23: Relatorio marajo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 25

2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 26

2.1 GERAL ............................................................................................................................... 26

2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................... 26

3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 27

4 RESULTADOS ..................................................................................................................... 36

4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO MARAJÓ .......................................................................... 36

4.1.1 CARACTERIZAÇÃO ..................................................................................................... 36

4.1.2 INFRAESTRUTURA DE COMERCIALIZAÇÃO ........................................................ 39

4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO .................................................. 41

4.2.1 AÇAÍ ............................................................................................................................... 43

4.2.2 PALMITO ....................................................................................................................... 57

4.2.3 BACABA ........................................................................................................................ 67

4.2.4 ARTESANATO REGIONAL ......................................................................................... 77

4.2.5 CUPUAÇU ...................................................................................................................... 84

4.2.6 BACURI .......................................................................................................................... 89

4.2.7 MURUCI ......................................................................................................................... 94

4.2.8 TAPEREBÁ .................................................................................................................... 97

4.2.9 FRUTAS (CUPUAÇU, BACURI, MURUCI E TAPEREBÁ) ..................................... 101

4.2.10 CACAU AMÊNDOA .................................................................................................. 108

4.2.11 CARVÃO .................................................................................................................... 110

4.2.12 UTENSÍLIOS .............................................................................................................. 114

4.2.13 CASTANHA-DO-BRASIL ......................................................................................... 118

4.2.14 LENHA ........................................................................................................................ 128

4.2.15 MEL ............................................................................................................................. 130

4.2.16 BORRACHA ............................................................................................................... 134

4.2.17 BREU-BRANCO ........................................................................................................ 136

4.2.18 ANDIROBA ................................................................................................................ 139

4.2.19 COPAÍBA .................................................................................................................... 143

4.2.20 CIPÓ-TITICA .............................................................................................................. 146

4.2.21 PLANTAS MEDICINAIS ........................................................................................... 148

4.2.22 PUPUNHA .................................................................................................................. 151

4.2.23 LEITES (AMAPÁ, JATOBÁ E SUCUÚBA) ............................................................. 153

4.2.24 PIQUIÁ ........................................................................................................................ 155

4.2.25 AÇAÍ (SEMENTE) ..................................................................................................... 158

Page 24: Relatorio marajo

4.2.26 UXI .............................................................................................................................. 160

4.2.27 URUCUM .................................................................................................................... 162

4.2.28 MARI ........................................................................................................................... 164

4.2.29 TUCUMÃ .................................................................................................................... 166

4.2.30 CACAU (FRUTO) ...................................................................................................... 168

4.2.31 CAJARANA ................................................................................................................ 169

4.2.32 PATAUÁ ÓLEO ......................................................................................................... 171

4.3 ANÁLISES ECONÔMICAS AGRUPADAS .................................................................. 173

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 185

6 RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................... 188

7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 193

APÊNDICES .......................................................................................................................... 197

Page 25: Relatorio marajo

25

1 INTRODUÇÃO

Segundo o Ministério da Agricultura de Moçambique (2008), os Produtos Florestais

Não Madeireiros (PFNM) são aqueles derivados da floresta, exceto a madeira, cuja definição

engloba as fibras, frutos, raízes, cascas, folhas, taninos, cogumelos, exudados, mel, plantas

medicinais, lenha e carvão, entre outros. Silva et al. (2010) ressaltam que estes produtos

também podem ser obtidos de plantas semidomesticadas em plantios ou sistemas

agroflorestais, assim como peixes ornamentais e produtos da fauna silvestre. Estes últimos

autores ainda destacam que este é um conceito em construção.

Nas últimas décadas, assiste-se em todo o mundo, o crescimento da preocupação

relacionada a fatores como aquecimento global e o desmatamento das florestas tropicais, que

atraem o interesse de diversos atores sociais, que anseiam em equacionar tais impactos.

Dentro deste contexto, a extração e comercialização dos PFNM no Brasil têm apresentado

grande importância social, econômica e ambiental, em virtude de atuar prioritariamente em

pequenas propriedades, preservar parte importante da biodiversidade das florestas nativas

(FIEDLER et al., 2008) e gerar renda.

Em relação ao comércio dos PFNM, nota-se que o mercado internacional desses

produtos é relativamente conhecido, entretanto, o mesmo não ocorre sobre a cadeia de

produção e comercialização no mercado doméstico. No estado do Pará, assim como nos

outros estados inseridos na Amazônia Legal, é restrita a literatura e dados existentes sobre o

mercado “invisível” de muitas espécies de valor local ou regional e sua importância para as

populações rurais e urbanas envolvidas ao longo da sua cadeia de produção (MONTEIRO,

2003). Dessa forma, gestores estão desinformados sobre o fluxo desse comércio, que

permanece oculto (SILVA, 2010).

Apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se que há pouca

informação sistematizada sobre quantidade, valor, processos de produção, industrialização e

comercialização desses produtos. Essa escassez de informações é um empecilho a

conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas para esses produtos, sendo,

portanto, necessário produzi-las para o crescimento e desenvolvimento das atividades

envolvendo estes produtos (FIEDLER et al., 2008).

Esta pesquisa teve como objetivo principal identificar e analisar as cadeias de

comercialização dos PFNM na Região de Integração (RI) Marajó, Estado do Pará,

identificando os fatores críticos e potencialidades, como forma de subsidiar políticas públicas.

Page 26: Relatorio marajo

26

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não

madeireiros da Região de Integração Marajó, Estado do Pará, identificando fatores críticos e

potencialidades.

2.2 ESPECÍFICOS

Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos

florestais não madeireiros da Região de Integração Marajó, e

Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção

agroextrativista do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com

a margem bruta de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e

circulada na comercialização dos produtos identificados.

Page 27: Relatorio marajo

27

3 METODOLOGIA

No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos

florestais não madeireiros (PFNM), a partir do conjunto dos 16 municípios pertencentes a RI

do Marajó, estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que venderam

para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes Alfa CSα

(COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base agroextrativista,

para uma região, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto de Leontief (1983).

As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se a metodologia de cálculo ascendente de

matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável e, que se baseia nos parâmetros e

indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justifica-se

pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na real problemática local, haja vista

que as estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia local.

Ou seja, este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e social de

uma delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os impactos gerados

por ações e programas de desenvolvimento ali implementados.

Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de

cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e

acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as

condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades

transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”, os

quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional (βc).

Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões

entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos da

reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b), contempla a análise de insumo-

produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores de

base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da Companhia Vale

do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologia

ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias na geração de uma

matriz de insumo-produto mais aderente a complexidade da economia local, evidenciando a

influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidade

de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de crescimento para os demais setores da

economia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda,

Page 28: Relatorio marajo

28

agregação de valor, entre outros) – tanto da economia local e no entorno mais próximo, para a

economia do resto do Pará, quanto para o resto do Brasil.

Em outro estudo Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do festival

de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα conjuntamente

orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo identificou limitações

de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município com a produção e

realização do evento, com isso o município recebeu tratamento diferenciado por parte dos

poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura identificado

representou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de exportação, com

um efeito multiplicar elevado.

A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento

1 de Sololá, na

Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura

camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja,

calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores,

especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos

sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado através

do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratégico do

Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor replicou para o

departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado de Bacia do rio

"Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et al., 2010).

O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos florestais

não madeireiros têm na economia do Estado do Amapá, fazendo o uso do método de Contas

Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível

local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das interrelações

existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM,

analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econômico na

produção, trabalho e renda setorial de toda a economia.

Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de

comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de frutíferas,

derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais nos

municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, Estado do Pará. A autora utilizou

o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e sociais que ao

1 Unidade federativa equivalente a estado.

Page 29: Relatorio marajo

29

contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regiões homogêneas

nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou a

circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano de 2005, identificando a

importância da vegetação secundária como reserva de valor e como agente dinamizador da

renda rural e dos setores econômicos associados como atacadistas, varejistas e agroindústrias.

No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp em parceria com o Ideflor, a

metodologia foi adequada para a contabilidade social ascendente que engloba além da

produção agroextrativista, as atividades na indústria e nos serviços que atuam diretamente nos

setores com foco nos produtos florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de calculo

de renda e do produto social do agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis como o

Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado Bruto de Base

Agroextrativista (VABα) e o Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRB

α). De

acordo com Considera et al. (1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalente

regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor.

O modelo também produziu as matrizes das interrelações intersetoriais que as

fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto os

do Censo Agropecuário de 2006, quanto as séries históricas de 1990 a 2008 da Produção

Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e da

Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primária

executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por atributos

geográficos, quanto por atributos estruturais do setor.

A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em função

de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em decorrência

das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos,

sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de vantagens, tais

como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos maiores volumes

comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos valores pagos ao setor

da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas cadeias de

comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos produtos e

aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.

As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das

cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir.

Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos dezesseis

municípios visitados da Região de Integração Marajó, junto a informantes-chaves (como os

Page 30: Relatorio marajo

30

técnicos dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do

Pará - Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de

agricultura, das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre outros),

no que se referiu a produção e/ou comercialização dos produtos florestais não madeireiros

existentes no município, para o período de doze meses e, fazer a identificação dos agentes

mercantis envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.

A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário

(Apêndice A). Nesta etapa, buscam-se os principais agentes (vendedores/compradores) de

cada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais em seguida,

direcionam os elos para trás (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia,

compondo uma amostragem não probabilística autogerada (CABRAL, 2000), até chegar a

produção local de um lado, bem como ao último que vendeu o produto para o consumidor

final, no outro extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificou

relações existentes entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade até os de

completa informalidade, e foi capaz de apontar o fluxo de comercialização para cada produto

identificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localização da população não são

conhecidos a priori pelo pesquisador, então, esta é composta na medida em que o pesquisador

identifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que também fazem parte

da população em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997).

Deste modo, para o levantamento dos dezesseis municípios foram aplicados trezentos e vinte

questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a

comercialização dos PFNM.

Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada

estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das

bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base de

dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativo

Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ2, com circuitos (referentes aos

produtos) e lançamentos (referentes as transações comerciais realizadas pelos agentes, por

produtos).

A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as

unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado

fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ

2 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.

Page 31: Relatorio marajo

31

referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação

mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e

consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional).

Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidade

da distribuição das quantidades e de atribuição dos preços a partir das relações entre os

agentes e, uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os setores. As Matrizes

Insumo-Produto (MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setores

da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para a

demanda final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cada

matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo de apresentar os

mesmos dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsáveis por cada elo da

cadeia. A inovação trata-se da disposição visual dos diversos agentes mercantis ou setores

representados por pequenas caixas retangulares (produção local e extralocal, varejo, indústria

de beneficiamento, de transformação, atacado, consumidor, etc.) e espacialmente distribuídos

na economia local, estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados por

retângulos maiores em três cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para

a representação dos canais ou fluxos de comercialização, que iniciam na produção local e

extralocal até os consumidores finais.

Quanto aos fluxos da comercialização por produto estudado, estes foram organizados

para três dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos dezesseis municípios

pesquisados na RI Marajó; b) estadual, para os demais municípios do estado do Pará e; c)

nacional, que foram comercializados para outros estados e/ou países. O estudo possibilitou

compreender os fluxos existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel relativo ao

longo da cadeia em função dos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de

preço e quantidade, a relação dessas gera os respectivos preços médios praticados ou

implícitos por produto e por setor (em Reais por unidade do produto), agregado ou não, ao

longo da cadeia, da produção até o consumo final.

A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da

Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados mais

recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para tanto,

foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais da PAM,

PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos produtos da

agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).

Page 32: Relatorio marajo

32

Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o produto

em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas conjunturais,

acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado sistematicamente. Na

primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números índices do total das

quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem a restrição s, tendo no

caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preço (IP) os

números índices do preço médio do produto v, para os municípios que atendem a restrição

geográfica s, tendo 2006 também como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008).

Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos:

Onde:

: atributo geográfico (local: municípios da RI Marajó; estadual: demais municípios

do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países),

: produto,

: ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008),

: quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa

oficial,

: quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo Agropecuário

de 2006,

: preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da

pesquisa, e

: preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de 2006.

Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados

pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do

conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos

preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da

multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido

para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto,

os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram elaborados

conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias dos alimentícios, dos

oleaginosos e gerais do IBGE.

Page 33: Relatorio marajo

33

Sendo assim, para doze produtos foram utilizados os indexadores para a categoria de

alimentícios: bacaba, bacuri, cacau (fruto), cajarana, mari, muruci, piquiá, pupunha, taperebá,

tucumã, urucum e uxi. Na categoria de indexador dos oleaginosos foram três produtos:

andiroba, copaíba e patauá. E na categoria de indexador geral foram trinta e três produtos:

jucá fava e cascas de andiroba, barbatimão, cajuaçu, cedro, copaíba, jatobá, muruci, ipê-roxo,

sucuúba, unha-de-gato, pariri, uxi e verônica, leites de amapá, de jatobá e de sucuúba,

urucum, breu-branco, açaí semente, artesanato regional, bolsa artesanal, chapéu de palha,

artesanato de miriti, abano, matapi, vassoura de timbó, tipiti, cesto, pari, paneiro, peneira e

cipó-titica. Enquanto que nove deles, como: açaí, cacau amêndoa, carvão, castanha-do-brasil,

cupuaçu, lenha, mel, palmito e borracha, tiveram cada qual seu indexador utilizado com base

no seu respectivo produto, das estatísticas oficiais.

Finalmente, foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o início do estudo,

multiplicando os indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a

probabilidade da distribuição das quantidades e, com a matriz de preços a partir das relações

entre os agentes. O resultado gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produto

pesquisado, contendo o Valor Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα) sob a ótica

da oferta, o VBP sob a ótica da demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor Transacionado

Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda Bruta

Total (RBT) e, a margem bruta de comercialização (mark-up), que é a relação entre a

diferença do valor estimado do VAB com o VBPα (sob a ótica da oferta) pelo VBP

α, para que

sejam feitas as análises econômicas (estimadas para 2008) e os impactos que cada produto

não madeireiro exerceu na economia local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, que

no cálculo do VAB como na estimação do mark-up, não se levou em consideração os custos

produtivos e/ou de comercialização, pois não foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias,

também não foi possível descrever a proporção dos PFNM utilizados como insumo na

preparação de certos produtos finais, como doces, cosméticos, medicinais, entre outros.

A definição em estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este estudo

(Marajó) e para as demais regiões estudadas (Tocantins, Guamá, Rio Caeté, Xingu e o Baixo

Amazonas), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O método

permite também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos indexadores

por produto, após divulgação de estatísticas oficiais.

Para cada um dos 55 produtos não madeireiros identificados em campo (Tabela 1),

39 deles constam no Apêndice B. Tais produtos foram classificados em dezessete

alimentícios [açaí (fruto), bacaba, bacuri, cacau (amêndoa), cacau (fruto), cajarana, castanha-

Page 34: Relatorio marajo

34

do-brasil, cupuaçu, mari, muruci, palmito (de açaí), piquiá, pupunha, taperebá, tucumã,

urucum e uxi]; um derivado animal (mel de abelha com e sem ferrão); dezenove medicinais,

fármacos e cosméticos [andiroba (casca e óleo), barbatimão, cajuaçu, cedro, copaíba (casca e

óleo), ipê-roxo, jatobá (leite e casca), jucá, leite-de-amapá, pariri, patauá, sucuúba (leite e

casca), unha-de-gato, uxi (casca) e verônica]; quatro derivados da madeira (carvão, lenha,

breu-branco e borracha) e quatorze artesanatos e utensílios [açaí semente; artesanato regional

(paneiros, peças com sementes de açaí e cestarias); bolsas artesanais (buçu de onde se extrai a

fibra de tururi); artesanato de buriti ou miriti (quadros e araras); cipó-titica (em rolo); abano,

tipiti e peneira (guarumã); paneiro (cipó-titica, guarumã e jacitara); cesto (inajá, jupati);

matapi (jupati e timbó); chapéu (jupati); pari (jupati) e vassoura (timbó)].

Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo de

quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e, descritos os

setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. Para outros produtos que

apresentaram similitude como: uma pequena amostragem de dados, semelhança do fluxo de

comercialização entre os agentes e, principalmente, utilidades similares, as análises foram

agrupadas em: artesanato regional, utensílios, plantas medicinais e leites.

Além disso, para nove produtos com maior destaque [açaí fruto, palmito, bacaba,

artesanato regional, frutas (cupuaçu, bacuri, muruci e taperebá) e castanha-do-brasil] as

análises econômicas detalhadas estão apresentadas com VBP pela ótica da oferta, com VAB e

a margem bruta de comercialização por setor, assim como a RBT gerada pela ótica da

demanda.

A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foram adaptadas aos

seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004).

Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região;

Produção Extralocal: Produção primária agroextrativista oriunda de outras regiões

de integração que não fazem parte da região estudada.

Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que

compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;

Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção,

localizadas na região;

Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção,

localizadas na região;

Page 35: Relatorio marajo

35

Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas),

localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do varejo

e/ou vendem para o varejo;

Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes,

marreteiros, vendedores ambulantes);

Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará,

localizadas além da RI Marajó;

Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará;

Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará;

Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem

para o consumidor estadual;

Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil;

Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil;

Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional;

Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor

nacional.

As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro

identificado, quer seja individual ou em grupo.

As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em

detalhes no item 4.3.

Page 36: Relatorio marajo

36

4 RESULTADOS

4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO MARAJÓ

4.1.1 Caracterização

A Região de Integração (RI) Marajó está consorciada a um total de 16 municípios

(Figura 1), com uma população de aproximadamente 487.010 habitantes em 2010, o que

corresponde a 6,4% da população do Estado do Pará, sendo a sétima mais populosa

(IBGE/IDESP, 2010). Há um predomínio da população rural sobre a urbana, com um índice

de 57 em relação a população total da região, constituindo-se a região com maior participação

da população rural. Entretanto, apenas Soure, Salvaterra e Breves apresentaram a população

urbana superior a rural, com o primeiro atingindo o índice de 91, diferenciando-se de Chaves,

Melgaço e Afuá em que 88%, 78% e 73%, respectivamente, de suas populações residem no

meio rural. A área territorial da RI corresponde a 8,35% em relação ao Estado e, com uma

densidade demográfica de 4,68 hab/km². Apenas um (Santa Cruz do Arari), dos 16 municípios

é de pequeno porte, pois possui população menor que 20 mil habitantes (8.155). E treze

(Afuá, Muaná, Gurupá, Curralinho, Ponta de Pedras, Melgaço, Anajás, Bagre, Soure, São

Sebastião da Boa Vista, Chaves, Cachoeira do Arari e Salvaterra) estão na faixa entre 20 mil a

50 mil habitantes. Enquanto, Breves se aproxima da faixa dos 100 mil habitantes,

contabilizando 92.860 habitantes, equivalente a 19% da população da região, Portel

contabilizou 52.172 habitantes.

Page 37: Relatorio marajo

37

FIGURA 1- Municípios pertencentes a Região de Integração Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Nesta região, está relacionada a presença de grandes empresas do ramo da

exploração e processamento industrial da madeira voltado a exportação de produtos semi-

elaborados, com baixo valor agregado, pouca articulação com a economia local e alto custo

sócio-ambiental, de acordo com Costa (1987) os chamados “enclaves de exportação”. Além

da presença de pequenas e médias agroindústrias processadoras do palmito, identificadas pela

pesquisa em campo, em 2010, nos municípios de Afuá, Chaves, Bagre e Muaná. No entanto, a

atividade agropecuária é essencialmente a base da economia regional, apesar do setor de

serviços representar a maior parte do PIB.

No que tange a exportação, a RI Marajó configura-se como exportadora de matéria

prima pautada preponderantemente na madeira, o qual no ano de 2010 contabilizou US$ 17,1

milhões, registrando um decréscimo de 23,3% em relação ao ano anterior (BRASIL, 2011),

devido a crise global de 2009 que ocasionou uma redução substancial na demanda mundial,

assim como e, principalmente, pelas ações dos órgãos de fiscalização ambientais, junto a

comercialização ilegal da madeira. E, esta variação negativa só não é mais significativa

porque os produtos não madeireiros identificados na RI Marajó, palmito e frutas, que

constituíram 2,5% (U$$ 429.218) no valor total da exportação realizada pela região em 2010,

teve uma variação positiva de 29,2% em relação ao mesmo período em 2009, aumentando a

sua representatividade no total exportado em 2010, em torno de 1% a mais que a do ano

anterior.

Page 38: Relatorio marajo

38

Com relação as estatísticas disponíveis das exportações realizadas em 2011, no

período entre janeiro a setembro, o valor exportado foi na ordem de US$ 8,0 milhões tendo

registrado um decréscimo de 46% em relação a igual período de 2010, ou seja, US$ 6,8

milhões a menos entre os dois períodos analisados (BRASIL, 2011), seja em função da

valorização cambial entre os períodos, seja pela atuação dos órgãos de fiscalização ambiental

no que se refere a extração e comercialização tanto da madeira quanto do palmito. A que se

considerar também, que na RI Marajó como um todo, os extrativistas afirmaram que estão

gradativamente preferindo comercializar o açaí (aumento da demanda pelo fruto) em vez do

fornecimento do palmito para as “fabriquetas”, pois segundo Homma (2005), quando

concentraram as suas atividades na coleta e venda de frutos, a valorização teve efeito

econômico e ecológico positivo sobre a conservação de açaizais.

Entre os municípios que integram esta região, apenas Breves, Chaves e Portel

constam nas estatísticas oficiais de exportação, contudo, apenas Chave se configura como

exportador dos produtos não madeireiros em ambos os períodos acima analisados.

Com relação ao Indicador de Desenvolvimento Humano, esta região apresentou um

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,63, em 2000, menor que o

índice apresentado pelo estado do Pará de 0,72, devido aos baixos índices apresentados nas

três dimensões que compõem o IDH, principalmente o IDH-M/Renda, de apenas 0,50, IDH-

M/Educação de 0,68, em ambos os casos, os menores entre as doze Regiões de Integração

(PARÁ, 2010). Entretanto, esta região foi a que apresentou o maior nível de igualdade de

distribuição de renda, ou seja, o menor coeficiente de Gini, em 2005, calculado em 0,34.

Em 2008 o Produto Interno Bruto – PIB somou R$ 1.217 milhão, com uma variação

de 9,4% em relação ao PIB contabilizado no ano anterior (R$ 1.113 milhão), porém se

manteve na penúltima (11ª) colocação no ranking entre as regiões de integração e participou

com um percentual de 2,1% no PIB estadual. Já o PIB Per capita regional, na ordem de R$

2.647,22, correspondente a 33% do PIB Per capita estadual, configurou-se como o último

colocado entre as regiões, apesar da variação de 4,3%, que se deve ao crescimento das

atividades econômicas e da arrecadação de impostos. As participações dos setores

econômicos, considerando somente o Valor Agregado, corresponderam a: 15,6%

Agropecuário, 13,7% Indústria e 70,8% Serviços. Considerando o crescimento relativo ao ano

de 2007, o setor de serviços foi o que obteve a maior variação, correspondente a 20%, o de

indústria 7,3% e o agropecuário com crescimento de 6,6%. O setor de serviços, por sua vez,

além do crescimento, também se configurou como o de maior participação do PIB de todos os

Page 39: Relatorio marajo

39

municípios que compõe a região, sendo que em Curralinho e Bagre, o setor de serviços

correspondeu a aproximadamente 80% (78% e 77%, respectivamente) dos seus valores

adicionados (PARÁ/IDESP, 2011).

Entre os municípios que fazem parte da região de estudo, Santa Cruz do Arari se

caracteriza como o de menor participação na economia da região, pois representaram 1,6%

(R$ 19.927) do PIB, em termos nominais, caracterizado pela baixa concentração demográfica

e forte dependência em relação ao setor de serviços e administração pública. Em

contrapartida, Breves foi o município com maior participação no PIB regional, com

aproximadamente 21% (R$ 251.684), pois o setor de indústria e serviços obteve um valor, em

torno de, duas vezes maior que os valores obtidos pelo segundo colocado Portel e, o valor

agropecuário de R$ 15.460 só não foi maior que os valores obtidos nos municípios de Chaves

(R$ 22.865) e Cachoeira do Arari (R$ 17.520).

A RI Marajó apresenta uma área equivalente a 69.248 km² de floresta da classe

ombrófila densa. Com base nos dados do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado

do Pará (MZEE – PA) (PARÁ, 2010), a região possui uma área protegida de

aproximadamente 50.229 km² distribuídas em: Unidades de Conservação (UCs) de Uso

Sustentável (com destaque para APA do Arquipélago do Marajó, com 42.521 km²) e Área de

Quilombos. No que tange as Zonas de Consolidação e Expansão, estas somam em torno de

39.515 km², o que corresponde a 44% da região (PARÁ, 2010).

4.1.2 Infraestrutura de comercialização

A comercialização dos PFNM na RI Marajó foi realizada tanto na forma mais

complexa, através dos mercados municipais, dos varejistas (mini mercados, mercearias,

quitandas, tabernas), atravessadores e atacadistas, quanto na forma direta, como os casos de

comercialização realizada na propriedade rural, no sindicato, via associação ou cooperativa,

nas feiras livres e/ou do produtor (geralmente as margens dos rios, mais especificamente nos

trapiches), informalmente nas calçadas até acabar a mercadoria, nas “indústrias de

beneficiamento e transformação” (que na sua maioria refere-se a própria residência do

agroextrativista), gerando e fazendo circular a renda em nível local. É preciso ressaltar que os

agroextrativistas, que residem em ilhas, se direcionam aos finais de semana para a sede do

município, com uma produção significativa, pois é onde se concentra o maior mercado

consumidor do município. Na área urbana são utilizados os mais variados tipos de barcos e

rabetas, que servem tanto para o escoamento da produção como meio de transporte.

Page 40: Relatorio marajo

40

Na maioria dos municípios, foi verificada a existência de dois tipos de pontos para

comercialização, onde as transações dos PFNM aconteceram: no mercado municipal e, em

alguns municípios, também na feira do produtor, com o funcionamento diário obedecendo ao

horário comercial, com poucos boxes para a quantidade de comerciantes e sem divisão de alas

por categorias de produto (carnes, frutas, tijolos, lanches, roupas, barbearias, etc.). E na feira

livre, formada no cais do porto (identificado na região como trapiche) com funcionamento

somente no período matutino, sem qualquer padronização e condições de higiene,

condicionando não somente o consumidor, aos mais variados tipos de doenças. Porém, frisa-

se que a comercialização em áreas livres aconteceu pela demora na entrega da reforma dos

mercados municipais, ou pela sua inexistência ou ainda pelo fato da feira se encontrar distante

do centro de abastecimento no município, isto é, o cais do porto.

O estado de conservação dos pontos de comercialização, da maioria dos PFNM

identificados, encontravam-se deteriorados e sem qualquer padrão de higiene, o que dificulta

as vendas dos produtos. Outros estabelecimentos, apesar de reformados e/ou recém

construídos, no período da pesquisa, estavam sem funcionamento.

Page 41: Relatorio marajo

41

4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO

Nos dezesseis municípios da Região de Integração Marajó (Figura 2) foram

identificados cinquenta e cinco produtos florestais não madeireiros, durante a pesquisa de

campo realizada em outubro e novembro de 2010, com quantidade comercializada no período

de doze meses e o valor pago a produção local (Tabela 1). A relação das espécies / produtos

estudados estão descritos no Apêndice B.

FIGURA 2- Localização da Região de Integração Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes

estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagens

registradas nos municípios visitados (Apêndice C).

Page 42: Relatorio marajo

42

TABELA 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Marajó, com quantidade

e valor pago a produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Page 43: Relatorio marajo

43

4.2.1 Açaí

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

açaí.

Foram identificados cento e sessenta e oito agentes que comercializam o produto,

sendo que noventa e sete trabalham exclusivamente com o açaí, e os demais comercializam

bacuri, bacaba, carvão, verônica, andiroba, palmito, peneira, paneiro, copaíba, matapi e breu-

branco. Os agentes estão divididos em cento e trinta e três indústrias de beneficiamento

(batedores e agroindústrias), vinte e dois produtores e vinte e três atravessadores. Alguns

agentes trabalham há pouco tempo no ramo, tendo entre três a seis meses, outros em média 38

anos (com variação de 1 a 40 anos). Esses agentes exercem atividades paralelas como moto

taxi, motorista de máquina pesada, cozinheira, doméstica, vigilante, costureira, pedreiro,

pescador, professor, auxiliar de enfermagem, comerciante, carpinteiro, agricultor, disco-

jóquei de aparelhagem, vendedor de lanches, garçom, trabalhador em oficina e vendedor de

churrasco.

Na Figura 3 estão espacializados os agentes mercantis entrevistados nos municípios

da região estudada.

FIGURA 3- Localização dos agentes mercantis do açaí na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 1 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

do açaí, de acordo com seus respectivos setores e mercados.

Page 44: Relatorio marajo

44

QUADRO 1- Descrição dos agentes mercantis na comercialização de açaí na RI Marajó, Estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção Produção primária de açaizais do município de Limoeiro do

Ajuru (RI Tocantins).

Local

Produção Produção primária de açaizais manejados e extrativos

identificados em dezesseis municípios da RI Marajó;

Varejo rural Pequenos comerciantes do interior dos municípios que

compram o açaí in natura dos produtores locais e extralocais,

denominados atravessadores.

Indústria de

beneficiamento

Setor responsável pelo processamento do açaí in natura.

Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a

composta por comerciantes que possuem máquinas

despolpadeiras, chamadas de “batedores de açaí” no qual

vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores

locais. A segunda categoria composta por uma agroindústria

que beneficia o açaí em polpa pasteurizada e/ou congelada

para atender o mercado nacional;

Indústria de

transformação

Sorveterias locais, que adquirem o produto in natura

diretamente da produção local.

Atacado Cooperativa de produtores rurais, localizada na cidade de

Curralinho, que vende o açaí como matéria-prima para

agroindústria estadual.

Estadual

Indústria de

beneficiamento

Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a

composta por “batedores de açaí”, que vendem diretamente a

polpa para os consumidores estaduais e, a segunda, composta

por duas agroindústrias que produzem polpa de açaí

pasteurizada e/ou congelada destinada para o mercado

nacional;

Atacado Comerciantes que transacionam grandes quantidades de açaí

in natura, que compram da produção local e de outros

atravessadores (varejo rural);

Nacional

Indústria de

beneficiamento

Batedores de açaí encontrados fora do Pará, mais

precisamente da cidade de Macapá (Estado do Amapá);

Atacado Comerciantes que transacionam açaí in natura, que compram

da produção local e de outros atravessadores (varejo rural);

Varejo urbano Comércios varejistas situados fora do Estado, que vendem

para o consumidor nacional.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os produtores de açaí e atravessadores que exercem a profissão de produtor possuem

áreas que vão de 1,5 a 10.000 hectares, localizados em ilhas e beiras de rios, bem como nos

municípios da RI Marajó. Muitos destes terrenos são arrendados para a produção/coleta dos

frutos e comercialização.

No que se refere aos locais de armazenamento, os produtores não necessitam de local

para armazenar o açaí, pois sua comercialização é imediata ou, as vezes, é deixado no trapiche

Page 45: Relatorio marajo

45

para ser arrecadado pelo atravessador, que utiliza embarcação, ou levado pelo produtor para o

porto ou trapiche, para ser comprado pelo beneficiador e o atravessador. Os atravessadores

apresentam dois tipos de armazenamento para comercialização: embarcações com capacidade

entre 100 a 500 rasas, onde ficam guardados para serem levados para outros municípios ou

Estados. E, o segundo, são depósitos próprios, que geralmente servem apenas para proteger o

açaí do sol e da chuva. As indústrias de beneficiamento possuem entre um a três armazéns em

alvenaria, com lajotas recobrindo o chão e paredes, e dimensões que variam de 1,5 m² a 144

m2, que são utilizados para armazenar e beneficiar o açaí, e outros utilizam espaços em suas

próprias residências.

Nesta região o acesso é quase todo via fluvial, e os barcos consistem no meio principal

para escoamento de toda a produção, quer seja dos produtores quanto dos atravessadores, que

trazem o açaí de lugares longínquos.

O setor da indústria de beneficiamento paga para os carroceiros (carro de mão de

madeira) R$ 0,50/rasa ou R$ 5,00/frete. Bicicletas cargueiras, motocicletas e triciclos também

são utilizados como meio de transporte e para comercialização da polpa pelas ruas das

cidades.

O maquinário empregado para o beneficiamento dos frutos, com produção das polpas,

consiste em despolpadeira de 5l e 18l, câmaras frigoríficas com capacidade de 50 toneladas,

máquinas de sorvete, tanques de homogeneização, freezers com capacidade de 350l a 400l,

pasteurizadores, geladeiras, isopores de 60l a 160l e purificadores de água, pois alguns

municípios carecem de água potável. Alguns moradores criaram um purificador natural a base

de seixo e areia grossa, colocadas dentro de caixas d’água, com a finalidade de limpar a

ferrugem da água. Outros equipamentos auxiliares foram citados como, liquidificadores

industriais, seladoras, mesas em aço inoxidável e balanças.

Os problemas relatados quanto ao armazenamento estão relacionados ao espaço físico

pequeno para os equipamentos e a necessidade de mais contêineres para armazenar a

produção.

Geralmente os batedores (indústria de beneficiamento) utilizam a mão de obra

familiar, com apenas um membro, ou, as vezes, a família nuclear ou com auxilio de outros

parentes, que trabalham para obter renda no período da safra, ou durante o ano todo. Poucos

trabalham na entressafra devido a escassez do produto e ao preço elevado. A produção de

entressafra é oriunda de Limoeiro do Ajuru (RI Tocantins), no período de setembro a

Page 46: Relatorio marajo

46

fevereiro. Com relação ao horário de funcionamento das indústrias de beneficiamento, foi

relatado ser das 9h as 19h. Para as agroindústrias de maior porte, a mão de obra é composta

por trinta e três funcionários, que recebem salário mínimo e, com funcionamento em horário

comercial, durante o ano todo. Já a indústria de transformação contrata dois funcionários que

trabalham em horário comercial, o ano todo, recebendo diárias de R$ 30,00. Os produtores

trabalham com a família no período de safra. Porém, quando estes não possuem meios de

transporte, entregam a produção para um proprietário de embarcação, que faz a venda do açaí

e devolve o pagamento tirando o frete do barco. Os produtores/atravessadores que possuem

terrenos com plantio de açaí, trabalham na safra do produto e pagam para seus peconheiros3

R$ 2,00/paneiro de 14 kg colhido, ou trabalham em sistema de meia, sendo R$ 10,00/dia na

entressafra e R$ 7,00/dia na safra e mais R$ 1,00/rasa para o carregador que faz o

desembarque no porto. Os outros atravessadores pagam R$ 30,00 para o ajudante do barco,

por viagem realizada, três vezes na semana.

Aspectos importantes citados para melhorar a produção, de acordo com os

entrevistados: ter mercado consumidor para suprir toda a oferta do produto; necessidade de

corrigir os problemas de oscilação da energia elétrica, que constantemente prejudicam a

produção de gelados e, a presença mais constante dos órgãos de assistência técnica. Outros

agentes citaram a necessidade de capital de giro para melhorar a infraestrutura dos pontos de

comercialização, mais conhecimento sobre o mercado do produto e sobre o manejo dos

açaizais. Segundo os produtores não existem planos de manejo para aumentar a

produtividade, são poucas as cooperativas ou associações para ajustar o preço e escoar a

produção, falta de licença ambiental para manejar as áreas e de financiamento para plantio.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí.

A Figura 4 permite visualizar as proporções da quantidade produzida do açaí que

transitam entre os diferentes setores, constituindo assim, os canais de distribuição (ou canais

de comercialização) do fruto nos dezesseis municípios da RI Marajó. A cadeia de

comercialização do açaí identificada pela pesquisa é complexa e constituída por vários níveis

de intermediários. Do total da quantidade do fruto in natura comercializado, 94,2% foram

oriundos da própria região e apenas 5,8% vieram RI Tocantins.

O principal nível de canal de comercialização do açaí identificado, com as maiores

quantidades comercializadas, refere-se a compra do varejo rural de 58% do total da produção

3 Pessoas que sobem no açaizeiro para coletar os cachos de frutos maduros, utilizando nos pés uma tala

confeccionada com fibras naturais ou artificiais, denominada peconha.

Page 47: Relatorio marajo

47

local mais 4,9% da produção extralocal identificada, que venderam 36,9% para os batedores

de açaí local (indústria de beneficiamento local), 14,3% para o setor da indústria de

beneficiamento estadual (quase 70% para batedores do fruto em Belém, Abaetetuba e

Almeirim e os 30% para as agroindústrias localizadas nos municípios de Castanhal e

Marituba), 0,9% para os batedores de açaí nacional (neste caso refere-se a Macapá, que tem

fronteira com os municípios marajoaras de Chaves e Afuá) e 9% para os atacadistas estaduais

(grandes atravessadores de Belém e Abaetetuba).

Os batedores de açaí locais (indústria de beneficiamento) apresentam duas

peculiaridades em relação ao mercado consumidor: i) volume destinado para o

beneficiamento em pequena escala (batedores de açaí) para atender o consumidor local com

49,8% da produção identificada e; ii) destinado para a exportação de polpas (agroindústria)

comercializando somente 5,4% da produção identificada (Figura 4).

FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O setor atacadista local, caracterizado pela cooperativa de produtores rurais, por sua

vez, comprou 6,6% do açaí in natura ofertado pelo setor da produção local (cooperados) e

revenderam (o fruto in natura) para a indústria de beneficiamento estadual, especificamente

para a agroindústria localizada em Castanhal (RI Guamá). Destacaram-se também os

atacadistas nacionais, caracterizados pelos grandes atravessadores de Macapá e Manaus

comercializando 0,1% da produção local identificada.

Page 48: Relatorio marajo

48

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do açaí, no ano de 2010.

São nos trapiches dos municípios da RI Marajó que são formados os preços do açaí,

quando nas primeiras horas do dia, começa-se a aglomerar as pequenas embarcações (rabetas,

canoas) oriundas das ilhas com os frutos. O setor dos varejistas rurais (atravessadores)

comprou da produção local e da produção extralocal em média a R$ 0,71/kg e vendeu em

média a R$ 1,01/kg no próprio mercado local (para a indústria de beneficiamento local). No

mercado estadual os seus preços foram variáveis devido as vendas terem sido para setores

diferentes com função diferenciadas na cadeia: R$ 0,74/kg para os atacadistas

(atravessadores) e R$ 1,08/kg para os batedores e agroindústrias. O mesmo acontecendo no

mercado nacional, no qual vende o fruto a R$ 1,12/kg para a indústria de beneficiamento e R$

2,14/kg para os atacadistas (Figura 5).

O setor da indústria de beneficiamento local comprou da produção extralocal a R$

0,71/kg, do varejo rural a R$ 1,01/kg e da produção local a R$ 1,04/kg (Figura 5). Logo, é

mais vantajoso para o setor adquirir o produto da produção de oriunda de outra região de

integração. Após realizar o beneficiamento do fruto, este setor o vendeu com uma margem de

R$0,55/kg a mais do que o preço de custo do insumo (revendeu para o consumidor local ao

preço de R$ 1,59/kg, uma pequena parte para a indústria de transformação local (sorveterias e

lanchonetes) a R$ 1,32/kg e, para o varejo urbano nacional a R$ 1,37/kg).

Com relação ao preço pago pelo consumidor final no âmbito local, dependo da sua

preferência pelo produto chegou a R$ 25,75/kg, quando o adquiriu um produto final (sorvete)

processado pela indústria de transformação (Figura 5).

No mercado estadual, o consumidor final pagou em média R$ 2,02/kg (Figura 5),

pelo produto beneficiado pelos tradicionais batedores do fruto. Já no mercado nacional, o

consumidor final pagou preços diferentes por se tratar de centros consumidores diferentes,

pois enquanto os consumidores do sudeste do país, juntamente com os do estado do

Amazonas e até mesmo o mercado exterior, pagaram em média R$ 2,86/kg junto as redes de

supermercados. Os consumidores finais do estado do Amapá, mais precisamente do

município de Macapá, pagaram em média R$ 2,38/kg diretamente dos batedores.

Page 49: Relatorio marajo

49

FIGURA 5- Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre

os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí.

Os valores recebidos por todos agentes que realizaram as vendas (oferta) do açaí a

partir da RI do Marajó, foi contabilizado em R$ 690,3 milhões, cujo mercado local recebeu

R$ 359 milhões, que corresponde a 52% do VBP total. O mercado estadual contabilizou R$

163,5 milhões (em torno de 24% do VBP total) e o mercado (inter) nacional R$ 167,9 milhões

(mais de 24%) (Gráfico 1).

Analisando o total ofertado pelo mercado local, o setor da produção contabilizou

mais de R$ 122,3 milhões, oriundos das transações com setores nos três mercados. Enfatiza-

se, no entanto, que na composição deste valor foi identificado que uma parte se refere ao valor

adquiridos pelos agentes agroextrativistas localizados no município de Limoeiro do Ajuru

pertencente a RI Tocantins (que de acordo com o IBGE/PEVS 2009, tanto o município quanto

a RI se configuram como os maiores produtores deste fruto), ofertaram este fruto na sua

forma in natura, no período de entressafra, no comércio de alguns municípios da região

Marajó, a fim de suprir a demanda local. Sendo assim, o valor bruto da produção local (VBPα)

é a soma do valor de vendas deste alimentício tanto dos agroextrativistas da RI Marajó, o qual

recebeu um pouco mais de R$ 116 milhões pela oferta do fruto in natura e em polpa, quanto

dos agroextrativistas extralocais que receberam em torno de R$ 6,3 milhões das vendas no

mercado e/ou feiras dos municípios de Breves, Melgaço e Portel (Gráfico 1).

Page 50: Relatorio marajo

50

GRÁFICO 1- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Deste total adquirido pelo setor da produção (VBP local e extralocal), 85,2% (em torno

R$ 104,2 milhões) foram oriundos das transações no âmbito local, sendo 55,5% foram das

vendas ao setor de varejo rural, 23,5% foram vendidos diretamente as indústrias beneficiadoras

(“batedores”), 5,8% foram do setor atacadista e, apenas 0,4% foram oriundos das vendas

diretamente aos consumidores, por se tratar de agroextrativistas que possuem maquinas de bater

o fruto. O restante do valor adquirido pelo setor da produção, 11,3% (R$ 13,8 milhões) foi das

suas transações do fruto in natura no âmbito estadual (11,1% com atacadista e 0,2% com os

batedores), de modo particular na feira do açaí em Belém e nas feiras de Abaetetuba. E, 3,6%

foram das suas transações com agentes mercantis (batedores e atacadistas) no mercado nacional,

representativo do estado do Amapá, mais especificamente a sua capital, no período de safra a

fim de suprir a demanda crescente deste estado por este fruto.

É importante frisar, que os agroextrativistas locais por não estarem organizados

acabaram dependentes dos atravessadores, que por sua vez, aproveitam que estes se

encontram dispersos e longínquos dos centros consumidores acabaram pagando um preço

muito aquém do que o preço pago pela agroindústria, por exemplo. Na cadeia de

comercialização deste fruto, não foi verificada a venda ao Programa de Aquisição de

Alimentos (PAA) do MDA, tendo como justificativa mais presente nos discursos destes

agentes a falta de informação a respeito deste programa.

Page 51: Relatorio marajo

51

Com relação aos outros setores ofertantes, o varejo rural, composto por

atravessadores que se caracterizaram como o mais importantes na comercialização com os

agroextrativistas quanto com o setor de beneficiamento fora da região, pois foi o elo

responsável pela compra do fruto in natura junto as comunidades que a extraem, cujo valor

total de suas vendas foi equivalente a mais de R$ 95 milhões (Gráfico 1), dos quais R$ 78,2

milhões foram oriundo das transações com o setor de beneficiamento local (60%), estadual

(17% ) e Nacional(2% ). A indústria de transformação (sorveteria) arrecadou R$ 107,6 mil

com as vendas aos consumidores locais. O setor atacadista, correspondente a uma

cooperativa, adquiriu R$ 10 milhões com as vendas do fruto in natura a uma das

agroindústrias do município pólo da RI Guamá (Castanhal), outrora classificada como

indústria de beneficiamento estadual. E, por fim, o setor da indústria de beneficiamento

(categoria dos inúmeros batedores e uma agroindústria) foi quem constituiu o maior VBP

local, R$ 131,6 milhões, com as vendas do vinho no âmbito local e nacional, sendo neste

último caso de responsabilidade da agroindústria.

Com relação ao VBP constituído no nível estadual e, orçada em R$ 163,5 milhões,

mais de 78% foi de responsabilidade da indústria de beneficiamento, composto por duas

categorias que atenderam mercados consumidores distintos, pois enquanto a os batedores

atenderam o consumo final estadual as agroindústrias forneceram a polpa deste fruto

pasteurizada e/ou congelada ao setor de varejo urbano nacional a fim de atender o mercado

consumidor nacional e internacional. O restante do VBP estadual, aproximadamente R$ 35,6

milhões, de responsabilidade do setor atacadista obtidos com a venda ao setor de

beneficiamento estadual (Gráfico 1). No sistema nacional, onde foram gerados em torno de

R$ 167,9 milhões, 89% foi oriundo das vendas do varejo urbano (redes de supermercados) do

Centro Sul do país para os seus clientes finais, mais de 6% foi das vendas do vinho de

responsabilidade dos batedores do município de Macapá, no estado do Amapá, para os

consumidores deste município e, 4% foram oriundos da venda do fruto, tanto in natura quanto

em polpa, realizado pelo atacadista para o setor de beneficiamento e supermercado.

Verificou-se que dos R$ 359 milhões gerados na comercialização do açaí a nível

local e, considerando somente as vendas, a partir da RI em estudo, para além de suas

fronteiras, somente R$ 11,4 milhões, deste montante, foram oriundos das vendas do produto

beneficiado em forma de vinho (pasteurizado e congelado) as redes de supermercado (varejo

urbano) no âmbito nacional, sob responsabilidade de uma agroindústria sediada no município

de Breves. O que significa dizer que as vendas deste fruto para fora da RI Marajó, se

Page 52: Relatorio marajo

52

desenvolveu preponderantemente na sua forma in natura para os agentes mercantis dos

setores estaduais e nacionais, demonstrando de certa maneira, tanto a importância econômica

que a comercialização deste fruto tem para a região do Marajó, quanto o seu papel de

fornecedor desta matéria prima (insumo) tanto para as agroindústrias de outras RI, tal como, a

RI Guamá, onde há uma concentração deste segmento econômico, quanto para batedores de

outros estados da região Amazônica, especificamente Amapá e Amazonas.

e) VAB - gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada

setor (%).

O VAB ao longo da cadeia de comercialização do açaí, desde o setor alfa (produção

local e extralocal) da RI Marajó até os consumidores finais, contabilizou um valor superior a

R$ 319,5 milhões e, constituiu uma margem de agregação de valor ao produto, ou mark-up

total, na comercialização na ordem de 161% (Gráfico 2). Esta margem foi calculada a partir

do valor total adicionado na comercialização do açaí – VAB (R$ 319,5 milhões), menos o

Valor Bruto da Produção - VBPα

(R$ 122,3 milhões), dividido por este mesmo VBPα. Esta

margem demonstra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia

de comercialização do açaí a partir do setor alfa (α), com base nos valores de compra e venda

não levando em conta os custos adicionados na comercialização, pois não foram captados e,

em alguns casos a proporção do fruto utilizado por um setor para a fabricação de um produto

final.

No que se refere a agregação de valor por mercado, os setores no âmbito local foram

responsáveis pela agregação de R$ 198,7 milhões, conforme Gráfico 2, cujo entre os setores

que agregaram pelo processo de majoração de preço, o setor varejo rural, composto por

pequenos atravessadores, contribuiu com aproximadamente 14% deste valor e constituiu um

mark-up de 40%, pois este setor negociou diretamente a compra do fruto in natura com o

setor da produção, propiciado pelo fato de ter meios de transporte e conhecimento dos locais

de produção, assim como também possui vantagem de negociar com os setores que realizam o

beneficiamento do fruto localizado no mercado local, estadual e nacional. O atacado, por sua

vez, agregou R$ 2,9 milhões e constituiu um mark-up de 41%. Ressalta-se que o mark-up

calculado para o setor corresponde a relação entre o Valor Transacionado Efetivo (VTE),

equivalente ao Valor Adicionado pelo setor com o Valor Bruto da Produção (VBP) pela ótica

da demanda, ou seja, compra de insumos realizada pelo setor.

Page 53: Relatorio marajo

53

GRÁFICO 2- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Em seguida, a indústria de beneficiamento adicionou em torno de R$ 46,2 milhões

com ações de processamento do fruto (Gráfico 2), fato determinante para o seu mark-up de

54%. E a indústria de transformação apesar de ter adicionado somente de R$ 102,1 mil com

os processos automatizados de transformação do fruto em sorvete, constituiu e mark-up de

1851%. Vale a pena ressaltar, que o setor da produção local transaciona o valor efetivo

somente no que se refere as vendas do produto (açaí) in natura e parte em polpa na ordem de

R$ 122,3 milhões, configurando quase 62% do VAB local, e devido a isso, não foi calculado

o seu mark-up.

O mercado estadual por sua vez, obteve uma agregação de valor superior a R$ 73,2

milhões (Gráfico 2), com a participação preponderante, mais de 90%, da indústria de

beneficiamento estadual (principalmente das agroindústrias localizadas no município de

Castanhal e batedores de açaí de Belém). Este setor está fortemente relacionado ao grau de

negociação que mantém com os setores do mercado local, de modo mais preponderante com o

varejo rural e o atacadista, dos quais adquire o produto in natura e vende tanto para o

consumidor final estadual quanto para o mercado nacional, para este último um produto

beneficiado pasteurizado e congelado, a preços bem mais atrativos em relação ao mercado

estadual. Com relação a sua margem de comercialização, ou seja, o mark-up, foi calculado em

Page 54: Relatorio marajo

54

107%. Ainda no mercado estadual o setor atacadista (composto por grandes atravessadores)

adicionou R$ 7,1 milhões e apresentou um mark-up de 25%.

No mercado nacional, cuja agregação de valor foi estimada na ordem de R$ 47,6

milhões, 87% ficou a cargo do setor do varejo urbano com um mark-up de 38%, 10% foram

devidos os batedores do municio de Macapá/AP, os quais constituíram um mark-up de 81% e,

3% foram da majoração de preço realizada pelos atacadistas, que por isso, constituíram mark-

up de 25%.

Por tanto, no que tange ao valor adicionado total ou do Valor Transacionado Efetivo

(VTE), orçado em R$ 319,5 milhões, observou-se que o processo de majoração de preço,

correspondente a ação de compra e venda do fruto in natura, fora responsável por

aproximadamente 25% deste montante (R$ 80 milhões), sendo 13% sob responsabilidade dos

setores no âmbito nacional, principalmente das redes de supermercado no Centro Sul do país.

E R$ 117,1 milhões (37%) foram devidos os processos de beneficiamento e transformação

que o fruto passou ao longo da cadeia, antes do consumidor final, do qual as indústrias de

beneficiamento estadual (agroindústrias e batedores de açaí) foram responsáveis por 21%

deste valor.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do açaí.

A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização do produto se

formalizou a partir da soma de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com o Valor

Adicionado. Deste modo, a renda gerada na comercialização do açaí a partir da região do

Marajó foi contabilizada na ordem de R$ 690,4 milhões (Gráfico 3). Dos quais o sistema

local foi responsável por gerar 52% desta renda, o estadual gerou 23,7% e o nacional 24,3%.

Page 55: Relatorio marajo

55

GRÁFICO 3- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na RI Marajó, ou seja, mercado local, cuja renda bruta somou R$ 359 milhões, o

setor de varejo rural, o qual representa um elevado número de atravessadores, gerou uma

renda bruta no valor de R$ 95 milhões (Gráfico 3), pois comprou o açaí in natura diretamente

dos agroextrativistas no valor de R$ 67,9 milhões e adicionou um montante próximo de R$

27,1 milhões sem qualquer tipo de beneficiamento ou incremento tecnológico ao fruto, só

com o acréscimo dos seus custos de transporte e armazenamento e sua margem de lucro. Já a

indústria de beneficiamento (representativo de um elevado número de batedores de açaí e uma

agroindústria) arrecadou um montante de R$ 131,6 milhões com a venda do vinho para os

consumidores finais locais e polpa para o mercado nacional, resultante da compra de insumo,

açaí in natura, no valor de quase R$ 85,4 milhões e agregação no valor de R$ 46,2 milhões

com o seu beneficiamento. O atacado, por conseguinte, gerou uma renda bruta no valor de R$

10 milhões, resultado da soma da compra do açaí in natura no valor de R$ 7,1milhões e

adicionou um pouco mais do que R$ 2,9 milhões. A indústria de transformação com a

agregação de R$ 102 mil com a soma do valor da compra do insumo R$ 5,5 mil resultou em

uma renda de R$ 107 mil com as vendas de sorvete para os consumidores finais. E, por fim, a

renda bruta do setor de produção (α), no valor de 122,3 milhões, é resultante da venda para os

setores econômicos que compõem os três mercados.

Page 56: Relatorio marajo

56

Com relação a renda bruta na esfera estadual, contabilizada em R$ 163,5 milhões

(Gráfico 3), houve a participação de apenas dois setores: indústria de beneficiamento (composto

por batedores de Belém, Abaetetuba, agroindústrias de Castanhal e Marituba) foi quem teve uma

participação predominante para a formação deste montante, estimada em R$ 127,9 milhões,

obtido pela venda do produto para o mercado nacional (representando mais de 70% das vendas),

sob responsabilidade das agroindústrias, e para o consumidor final estadual, sob tutela dos

batedores de açaí. A renda bruta deste setor foi resultante da compra de insumo (açaí in natura) no

valor aproximado de R$ 61,8 milhões e pelo valor agregado no beneficiamento primário e

comercialização do produto em polpa e vinho no valor de R$ 66 milhões. O setor atacadista

participou com um pouco mais de R$ 35,6 milhões na formação da renda bruta na esfera estadual,

o qual comprou o produto in natura com negociação direta com os agroextrativistas locais e

atravessadores no valor de R$ 28,4 milhões e adicionou R$ 7,2 milhões com o repasse para as

agroindústrias de Castanhal (indústria de beneficiamento estadual).

Na esfera nacional, o setor de varejo urbano (as redes de supermercados no Centro

Sul do país e varejistas da cidade de Manaus) gerou renda bruta orçada um pouco mais de R$

149,7 milhões, oriunda do somatório da compra de produto em forma de polpa junto as

agroindústria de Castanhal, Marituba e Breves no valor de R$ 108,4 milhões e agregação de

valor R$ 41,3 milhões. O setor atacadista, grandes atravessadores de Manaus e Macapá,

constituiu uma renda de R$ 7,5 milhões, resultante da compra do fruto na sua forma in natura

junto aos agroextrativistas e atravessadores o valor de R$ 6 milhões e agregação em torno de

R$ 1,5 milhão. E a indústria de beneficiamento, correspondente aos batedores deste fruto no

município de Macapá, contabilizaram uma renda bruta no valor de R$ 10,7 milhões com a

venda do vinho deste fruto para os consumidores finais e, fora resultante da compra do fruto

in natura (junto a agroextrativistas e atravessadores oriundos da RI Marajó e, atacadistas de

Macapá que comprou de atravessadores) no valor de R$ 5,9 milhões e agregação com o seu

beneficiamento no valor de R$ 4,8 milhões. É necessário frisar, que o fruto in natura que os

batedores de Macapá comercializam foi, especificamente, oriundo do excedente da produção

do município de Chaves e Afuá, que por questões da distância com a capital amapaense

acarreta em baixos custos com transporte e, de certo modo, tornar-se conveniente para ambos

os lados, pois para quem compra, além de adquirir um produto de melhor produtividade

(melhor rendimento da rasa por litro), acaba também pagando um preço relativamente

competitivo (Gráfico 3).

Page 57: Relatorio marajo

57

4.2.2 Palmito

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

palmito.

Foram identificados treze agentes mercantis (Figura 6), divididos em um atacadista,

dois atravessadores (um é representante de firma), cinco indústrias de beneficiamento e cinco

produtores. Os agentes também comercializam outros produtos como açaí, lenha, andiroba e mel.

FIGURA 6- Localização dos agentes mercantis do palmito na RI Marajó, estado do Pará,

no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os produtores entrevistados possuem propriedades rurais com áreas que variam de 5

a 70 ha, sendo que uma propriedade é arrendada. Uma indústria de beneficiamento possui

propriedade com dimensão de 10.000 ha que, no período de entressafra, retira 600 milheiros

de palmito. Somente seis agentes declararam possuir armazém, com capacidade que variam

de 60m2 a 1.200m

2. Os agentes possuem meios de transporte do tipo barcos com capacidade

de 3t a 16t e rabetas. O trabalho é realizado no período da safra pelos produtores e durante o

ano todo pelos atravessadores, atacadistas e indústrias, sendo que este último relata que no

período de safra, com a valorização do açaí, a produção de palmito diminui, pelo fato do

ribeirinho preferir coletar o açaí que o palmito.

A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na comercialização do

palmito (Quadro 2).

Page 58: Relatorio marajo

58

QUADRO 2- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do palmito da RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Agroextrativistas que extraem o palmito na época da entressafra

do açaí ou durante o manejo de seus açaizais;

Varejo rural Comerciantes que se deslocam pelas comunidades ribeirinhas

da região e compram o palmito diretamente dos extrativistas;

Indústria de

beneficiamento

Empresas que realizam o processamento industrial do palmito

na forma em conserva. Neste setor existem dois tipos de

estruturas de empresas processadoras na região, as

denominadas “fabriquetas” operadas por moradores locais e

situadas as margens dos rios, que operam como “produtoras

exclusivas terceirizadas” para empresas que fornecem o capital

de giro, os produtos químicos para conservação (ácido cítrico) e

os potes (vidros e latas) para embalagem. O outro tipo são as

agroindústrias, normalmente Filiais situadas nas áreas urbanas

da região do Marajó que também operam com o capital de giro

de empresas exportadoras e distribuidoras, que são as Matrizes

(que possuem diversas marcas) localizadas no Estado do Pará

ou fora dele;

Varejo urbano Comerciantes (supermercados) que vendem o palmito em

conserva diretamente para consumidores locais;

Estadual

Indústria de

beneficiamento

Empresas que realizam o processamento industrial do palmito na

forma em conserva. Comercializam com diversas marcas tanto no

mercado externo como no mercado interno onde contam com uma

rede de representantes em vários pontos do país;

Varejo urbano Comerciantes (supermercados) que vendem o palmito em

conserva diretamente para consumidores estaduais;

Nacional Varejo urbano Comércio de varejo situado fora do Estado que transaciona o

palmito em conserva para o consumidor nacional. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Entre os produtores, existe a reclamação pela falta de informações sobre o manejo

das palmeiras para extração do palmito, além da dificuldade de obter financiamentos para

melhorar a produção.

As indústrias trabalham exclusivamente com o palmito in natura durante o ano todo,

e contam com 5 a 40 funcionários assalariados e outros 20 terceirizados, contratados

conforme a quantidade de palmitos e de pedidos. De cada estipe se retira o palmito especial

(começo = Tipo 1), fibroso (meio = Tipo 2) e picado (fim = Tipo 3). Os maquinários e

equipamentos mais utilizados são: máquina de rotulagem, caldeira, recravadeira, tanque inox,

rotuladeira e cortador de papel para vedar caixas de papelão.

O atacadista trabalha com 170 famílias de cooperados, que trabalham com

agricultura e extrativismo em oito pólos de produção. Os cooperados foram capacitados para

o manejo de açaizais, pois a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA) liberou a retirada

Page 59: Relatorio marajo

59

de 200 estipes por hectare, que repassavam para as indústrias de beneficiamento, cujo

pagamento era feito conforme a quantidade de potes enchidos. Já os produtores utilizam mão-

de-obra familiar ou terceirizada e pagam de R$ 15,00 a R$ 30,00/dia ou dividem o lucro. O

atravessador paga por viagem o equivalente a R$ 30,00 e trabalha o dia todo na safra de

Gurupá que, segundo ele, vai de junho a novembro.

Segundo os agentes, a extração do palmito é realizada em áreas com projetos

legalmente autorizados e, as indústrias são legalizadas pela ANVISA. Apontam que a

liberação de projetos para exploração de palmitos, melhoraria a capacidade da produção, bem

como o contrato para exportação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do palmito.

A cadeia de comercialização do palmito identificada é constituída por vários níveis

de canais de distribuição. Do total da produção da região identificada 82,1% são vendidos

diretamente para o setor de indústria de beneficiamento local que por sua vez vende em torno

de 22,4% para o próprio setor (neste caso, são fabriquetas e uma cooperativa que revende para

as agroindústrias maiores), 72,1% para o setor do varejo urbano nacional, 8,3% para o setor

de beneficiamento estadual, que constituem no repasse da produção da empresa local para

outra agroindústria localizada fora da região (RI Tocantins), 1,7% para o setor varejista

estadual e somente 0,1% para o varejo local (Figura 7).

Do total da produção local 17,9% do palmito in natura é adquirido pelos

atravessadores locais (varejo rural) que revendem 0,1% para a indústria de beneficiamento

local e 17,8% para a estadual.

Page 60: Relatorio marajo

60

FIGURA 7- Estrutura (%) da quantidade amostral do palmito comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os setores mercantis da cadeia do

palmito, no ano 2010.

A produção local vende a R$2,12/kg para a indústria de beneficiamento local para e a

R$1,94 kg para o varejo rural (Figura 8). A indústria de beneficiamento local adquire o

palmito in natura ao preço de R$ 2,12/kg da produção local, R$ 2,23/kg dos atravessadores

(varejistas rurais) e o palmito já envasado sem rótulo ao preço de R$ 8,51/kg das fabriquetas.

Após fazer o descascamento, a classificação, os cortes, o cozimento com acréscimo de

conservantes, o palmito envasado em latas ou potes de vidro são vendidos sem rótulos para a

indústria de beneficiamento estadual a R$ 8,64/kg enquanto que o palmito com o rótulo, ou

seja, com a marca da indústria local, são vendidos em média a R$ 11,42/kg para o varejo

local, a R$ 12,65/kg para o varejo estadual e a R$ 11,52/kg para o nacional (Figura 8).

Page 61: Relatorio marajo

61

FIGURA 8- Preço médio do palmito (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do palmito.

O Valor Bruto da Produção (VBP) do palmito, resultante do valor recebido por todos

os setores que realizaram as venda (oferta) do palmito a partir da RI do Marajó, foi

contabilizado em R$ 46,3 milhões, com as transações entre os setores da demanda

intermediária e final local, estadual e nacional. Cujos setores do mercado local arrecadaram

R$ 17,1 milhões, os do mercado estadual contabilizaram R$ 8,7 milhões e os setores no

âmbito nacional R$ 20,5 milhões (mais de 10% do VBP total) (Gráfico 4).

Do total arrecadado pelos setores no mercado local, o setor da produção contabilizou

aproximadamente R$ 2,5 milhões (VBPα), oriundos das transações com setores somente no

âmbito local e, polarizado em dois setores apenas: 17% (R$ 410,5 mil) para o varejo rural e

83% (R$ 2,1 milhões) a indústria de beneficiamento. Para o primeiro agente intermediário, os

extrativistas venderam o produto em sua forma in natura (correspondente a “cabeça” do

palmito com três tipos de diferentes preços), que se deslocaram até a sua propriedade,

geralmente estes extrativistas se caracterizaram por não deterem em sua propriedade uma

pequena fábrica, tão pouco é funcionário de uma, no entanto, no período de entressafra do

açaí, ele consegue uma segunda renda com a extração do palmito. Para o segundo agente

intermediário, os extrativistas venderam o palmito também em “cabeça” para as pequenas

fábricas nas margens dos furos dos rios da RI em estudo, para uma cooperativa e diretamente

as agroindústrias. O importante a se frisar nesta transação é o fato de que os extrativistas após

Page 62: Relatorio marajo

62

a extração do palmito, preponderantemente transacionam primeiro com as pequenas fabricas

e/ou com a cooperativa, quando é associado, pois, encontram-se mais próximas, estas, por

conseguinte, após o produto envasado com a solução preservativa (água, sal e ácido cítrico),

os comercializam com as agroindústrias, que para deter exclusividade na compra, os

forneceram o material para envasamento (vasilhame com tampa).

GRÁFICO 4- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do palmito da Região

de Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Com relação aos outros ofertantes no âmbito local, o varejo rural, composto por

atravessadores que se caracterizaram pela compra do fruto in natura diretamente nas ilhas, o

valor das vendas foi o equivalente a R$ 531,6 mil (Gráfico 4), oriundo praticamente (99,7%)

das transações com o setor de beneficiamento estadual, ou seja, agroindústria que estão fora

da RI Marajó, mais especificamente localizada na RI Metropolitana (Belém) e na RI Baixo

Amazonas (Almeirim). O restante (R$ 172,58) ele adquiriu das vendas para uma agroindústria

no âmbito local. O varejo urbano (um mini mercado) adquiriu R$ 1,1 mil com as vendas aos

seus clientes. E, por fim a indústria de beneficiamento, por sua vez, arrecadou R$ 14,1

milhões, correspondente a mais de 82% do VBP local, com as transações com agentes do

mesmo setor e com agentes do varejo urbano. No primeiro caso, trata-se das transações entre

as pequenas fabricas (que envasam o produto juntamente com a solução) com as

agroindústrias locais (estimadas em R$ 2,2 milhões) e estaduais (estimadas em R$ 852,5 mil)

que após a chegada do produto colocam o rótulo de suas respectivas marcas e identificações

nos recipientes de vidro. Na segunda transação, trata-se das vendas das agroindústrias para os

Page 63: Relatorio marajo

63

supermercados no âmbito local (orçada em R$ 883,74), estadual (R$ 249,5 mil) e

preponderantemente para o nacional (estimada em R$ 10,7 milhões).

Com relação ao VBP constituído no mercado estadual e, orçada em R$ 8,7 milhões,

50,6% foi de responsabilidade da indústria de beneficiamento, composto pelas agroindústrias

de Almeirim, Belém e Abaetetuba que venderam aos supermercados de Belém e as redes

nacionais. O restante do VBP estadual, 49,4%, foi das vendas do setor de varejo urbano aos

consumidores finais (Gráfico 4). No sistema nacional, onde foram gerados em torno de R$

20,5 milhões, foi exclusivamente oriundo das vendas das redes de supermercados para os

consumidores.

Afirma-se que na comercialização deste produto, os papeis dos setores no âmbito

local ficaram bem definidos, no entanto, o retorno financeiro, isto é, a rentabilidade foi maior

para as agroindústrias que desenvolveram o papel de distribuição do produto envasado e

rotulado junto as redes de supermercado e, por isso, adquiriram mais R$ 10,9 milhões com as

vendas, equivalente a 64% do VBP local, pois acabaram adquirindo um preço melhor. As

pequenas fábricas, que tiveram como função a seleção dos produtos advindo da floresta

(pedaços e/ou cabeças) e o seu envasamento com a solução preservativa e, com a venda as

agroindústrias, detiveram R$ 3,1 milhões, 18% do VBP local. E, os extrativistas, que

representam a origem da cadeia, que desempenharam a função de adentrar na floresta e extrair

as “cabeças” do palmito das palmeiras dos açaizais, adquiriram R$ 2,5 milhões (17% do VPB

local). É preciso ressaltar ainda, que deste valor obtido pelos extrativistas, parte dele poderia

ser alocada e somada com o valor adquirido pelas pequenas fábricas, uma vez que, uma

minoria dos extrativistas desempenha a função de sócio dessas pequenas indústrias

processadoras.

e) VAB - gerado na comercialização do palmito e a margem de comercialização de

cada setor (%).

O VAB ao longo da cadeia de comercialização do palmito, desde o setor alfa

(extrativistas) da RI Marajó até os consumidores finais, contabilizou um valor equivalente a

R$ 24,8 milhões e, constituiu uma margem de agregação de valor ao produto, ou mark-up

total na comercialização na ordem de 903% (Gráfico 5). Esta margem foi calculada a partir

do valor total adicionado na comercialização do palmito – VAB (R$ 24,8 milhões), menos o

Valor Bruto da Produção - VBPα

(R$ 2,5 milhões), dividido por este mesmo VBPα. Esta

margem demonstra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia

de comercialização do palmito a partir do setor alfa (α), com base nos valores de compra e

Page 64: Relatorio marajo

64

venda não levando em conta os custos adicionados na comercialização, pois não foram

captados.

GRÁFICO 5- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do palmito da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No que tange a agregação de valor por mercado, os setores no âmbito local foram

responsáveis pela agregação de aproximadamente R$ 12,3 milhões, conforme Gráfico 5,

cujos setores que agregaram pelo processo de majoração de preço, o varejo rural, contribuiu

com aproximadamente 1% deste valor e constituiu um mark-up de 30%, o varejo urbano não

chegou a representar 0,002% e constituiu um mark-up 25%. O valor de mark-up que fora

calculado para cada setor, corresponde a relação entre o Valor Transacionado Efetivo (VTE),

equivalente ao Valor Adicionado Bruto pelo setor com o Valor Bruto da Produção (VBP) pela

ótica da demanda, ou seja, compra de insumos realizada pelo setor.

Em seguida, a indústria de beneficiamento local adicionou em torno de R$ 9,7

milhões com ações de processamento do fruto (Gráfico 5), o que determinou um mark-up de

225%. Processos estes que ocorreram de duas formas distintas: artesanalmente desenvolvido

pelas pequenas indústrias localizadas próximas ao local de coleta (nos furos das ilhas) e, o

automatizado a par das indústrias que comercializam diretamente a produção com os

supermercados. O restante do VAB local corresponde ao que o setor da produção local

transacionou e que, por tanto, equivale ao valor efetivo, mas que se refere as vendas do

Page 65: Relatorio marajo

65

produto (palmito) in natura na ordem de R$ 2,5 milhões e, devido a isso, não foi calculado o

seu valor de mark-up.

O mercado estadual que consolidou uma agregação de valor de aproximadamente R$

4,2 milhões (Gráfico 5), 73% foi de responsabilidade da indústria de beneficiamento, que está

fortemente relacionado ao grau de negociação que mantém com os setores do mercado local,

principalmente com as pequenas fabricas fornecendo o material de envasamento e, com os

atravessadores advindo da RI Marajó. Com relação a sua margem de comercialização, ou seja,

o mark-up, foi calculado em 219%, com os processos automatizados e em função do preço de

venda. E, 27% corresponderam a agregação do varejo urbano (supermercados), que com

processo de majoração de preço apresentou um mark-up de 36%.

No mercado nacional, cuja agregação de valor foi estimada na ordem de R$ 8,3

milhões, ficou exclusivamente a cargo do setor de varejo urbano, que com a majoração do

preço no produto apresentou um mark-up de 68%.

Por tanto, no que referiu ao VAB total ou VTE, orçado em R$ 24,8 milhões,

observou-se que os processos (artesanal e automatizado) realizados pelas indústrias (local e

estadual) foram responsáveis por mais da metade (51,5%) deste VAB. O processo de

majoração de preço, correspondente a ação de compra e venda do fruto in natura e,

preponderantemente do produto pronto para o consumo, fora responsável por

aproximadamente 38% deste montante.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do palmito.

A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização do produto se

formalizou a partir da soma de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com o Valor

Adicionado. Deste modo, a renda gerada na comercialização do palmito a partir da região do

Marajó foi contabilizada na ordem de R$ 46,2 milhões (Gráfico 6). Dos quais o sistema local

foi responsável por gerar 37% desta renda, o estadual gerou 19% e o nacional 44%.

Page 66: Relatorio marajo

66

GRÁFICO 6- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do palmito,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na RI Marajó, ou seja, o mercado local, cuja renda bruta somou R$ 17 milhões, o

setor de varejo rural, o qual representa os atravessadores, gerou uma renda bruta no valor de

R$ 531,6 mil (Gráfico 6), pois comprou o palmito in natura diretamente dos extrativistas no

valor de R$ 410,5 mil e adicionou um montante próximo de R$ 121,1 mil sem qualquer tipo

de beneficiamento ou incremento tecnológico ao palmito, só com o acréscimo dos seus custos

de transporte e armazenamento e sua margem de lucro. O varejo urbano, por sua vez,

arrecadou R$ 1,1 mil com a venda do produto pronto para os consumidores finais, este valor

foi resultante da soma da compra do produto final junto a indústria local no valor de R$

884,00 e agregação de R$ 221,31. Já a indústria de beneficiamento (representativo das

pequenas fábricas, agroindústrias e uma cooperativa) arrecadou um montante de R$ 14

milhões com a venda do produto pronto para consumo e, foi resultante da soma de compra de

insumo no valor de quase R$ 4,3 milhões (junto ao setor da produção e atravessadores e

agentes do mesmo setor) e agregação no valor de R$ 9,7 milhões com o seu beneficiamento.

E, por fim, a renda bruta do setor de produção (α), no valor de 2,5 milhões, é resultante da

venda para os setores econômicos que compõem o mercado local, principalmente para o setor

de beneficiamento, mas também para os atravessadores que chegam as ilhas para negociar.

Page 67: Relatorio marajo

67

Com relação a renda bruta na esfera estadual, contabilizada em R$ 8,7 milhões

(Gráfico 6), houve a participação de apenas dois setores que o compõem, mas que se inter-

relacionam: a indústria de beneficiamento com uma renda bruta estimada em R$ 4,4 milhões,

resultante da compra de insumo (in natura) no valor aproximado de R$ 1,4 milhões e pelo

valor agregado no beneficiamento e comercialização do produto final no valor de R$ 3

milhões. O setor varejo urbano com renda bruta estimada em R$ 4,3 milhões, foi oriunda da

compra o produto final da indústria de beneficiamento estadual no valor de R$ 3,2 milhões e

agregação de R$ 1,1 milhão.

Na esfera nacional, com renda bruta estimada em R$ 20,5 milhões, houve a

participação exclusiva das redes de supermercados, que compraram R$ 12,2 milhões do

produto final (palmito envasado e rotulado) das indústrias locais (88%) e estaduais (12%) e

adicionaram (com o aumento de preço) R$ 8,3 milhões, antes das vendas aos consumidores,

cuja soma destes dois valores resultou no montante da renda bruta nacional (Gráfico 6).

4.2.3 Bacaba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

bacaba.

A bacaba é bastante comercializada na RI Marajó, foram identificados vinte e seis

agentes mercantis do produto (Figura 9), divididos em cinco atravessadores, dezenove

indústrias de beneficiamento e dois produtores, que atuam no ramo, em média, há 15 anos

(variação de 2 a 33 anos). Estes, além da bacaba comercializam o açaí, sendo que em maior

quantidade e, exercem profissões paralelas de pescador, comandante de embarcações,

carpinteiro, agricultor, professora, operador de máquina e lancheiro.

Page 68: Relatorio marajo

68

FIGURA 9- Localização dos agentes mercantis da bacaba na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 3 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 3- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da bacaba da RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção Coletores de bacaba de áreas nativas do município de Cametá

(RI Tocantins), que abastecem a RI Marajó.

Local

Produção Coletores de bacaba de áreas nativas, que abastecem o

mercado local;

Varejo rural Atravessadores que compram dos extrativistas o fruto da

bacaba;

Indústria de

beneficiamento

Batedores de bacaba que utilizam para o beneficiamento o

mesmo maquinário para extração da polpa do açaí.

Estadual

Indústria de

beneficiamento

Batedores de bacaba de Belém (RI Metropolitana) e Almeirim

(RI Baixo Amazonas), que utilizam o mesmo maquinário para

extração da polpa do açaí;

Atacado Atacadistas de Belém que vendem para os batedores de bacaba

da capital;

Nacional Indústria de

beneficiamento

Batedores de bacaba do município de Macapá (AP), que

utilizam as mesmas máquinas para extração da polpa do açaí. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Três atravessadores, três batedores e um produtor possuem propriedades rurais com

dimensões de 2,5 a 100 ha, de onde os produtores e batedores retiram o produto para a venda.

Os atravessadores comercializam a bacaba junto com outros frutos comprados de

Page 69: Relatorio marajo

69

produtores/extrativistas. A bacaba é comercializada somente na safra, em pontos comerciais

com dimensões entre 3 m2 a 46 m

2. A mão de obra é praticamente familiar, mas, uma indústria

de beneficiamento contrata ajudante que recebe R$ 15,00/dia para beneficiar os frutos e dois

atravessadores pagam R$ 30,00/viagem a dois ajudantes e mais R$ 2,00/rasa ao peconheiro.

O processo de beneficiamento do vinho da bacaba é realizado com a máquina

utilizada para despolpar o fruto do açaí. Após o processo de beneficiamento, o produto é

armazenado em freezers, geladeiras e isopores (70 L). O meio de transporte utilizado pelos

agentes para levar da produção até seus estabelecimentos foram bicicletas cargueiras e barcos.

Para melhoria nas condições de comercialização os agentes sugerem: ampliar o

espaço físico de trabalho, para vender a bacaba em porções servidas no próprio

estabelecimento, acessar capital de giro para aquisição de novos equipamentos e melhoria na

infraestrutura para atender as exigências da vigilância sanitária.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da bacaba.

Os canais de comercialização deste fruto, identificados nos dezesseis municípios e,

com parte da produção identificada com origem da RI Tocantina, foi realizado para as três

esferas de mercado, sendo que a maior parte (43,9%) foi para atender a demanda da própria

RI (demanda interna), pela sua importância, no período de safra, na alimentação da população

local (Figura 10). Assim como no âmbito estadual, correspondente a 38,1% para atender as

feiras e batedores da bacaba em Belém. É preciso ressaltar, que parte da produção (18%) fora

comercializada para estado vizinho (Amapá), demonstrando que a demanda por este fruto é

significativa.

A partir do setor da produção da bacaba verificou-se que, assim como na

comercialização do açaí, o setor do varejo rural (atravessadores) foi o principal nível de canal

de comercialização, pois 65,4% da produção total identificada foram comercializadas com

este setor, que forneceu este fruto aos batedores locais (9,3%), se deslocaram e venderam no

âmbito estadual (8,3%) para batedores de Almeirim - RI Baixo Amazonas e (29,8%) para

atacadistas da feira do açaí em Belém - RI Metropolitana (Figura 10). Assim como para o

nacional, correspondente a feira localizada no porto (Igarapé das Mulheres) da cidade de

Macapá – Amapá, cujos atravessadores venderam 18% do que adquiriram deste produto

diretamente aos batedores de bacaba (e de açaí) deste município.

Page 70: Relatorio marajo

70

FIGURA 10- Estrutura (%) da quantidade amostral da bacaba comercializada na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Outro canal utilizado pelos extrativistas correspondeu a venda de 34,1% da produção

local ao setor da indústria de beneficiamento local, sendo que este também adquiriu 0,5% do

setor da produção extralocal (provenientes de Cametá, RI Tocantins) (Figura 10). Os

batedores, por sua vez, venderam 43,9% da produção identificada na forma de vinho de

bacaba para os consumidores locais.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da

bacaba, no ano de 2010.

O preço médio de venda da bacaba in natura praticado pelos produtores locais com

os “batedores de bacaba” (indústria de beneficiamento local) foi de R$ 0,57/kg (Figura 11),

porém, quando os batedores adquiriram este fruto da produção extralocal, pagou menos, em

média de R$ 0,36/kg. No entanto, como parte da matéria prima adveio por intermédio de

atravessadores, os batedores pagaram a estes R$ 1,18/kg. Estes atravessadores, por

conseguinte, conquistaram preço melhor quando transacionaram diretamente com os

batedores de açaí de outras RI (mercado estadual) ou até mesmo de outros estados (mercado

nacional), pois, em ambos, receberam R$ 1,56/kg.

O consumidor final local, por sua vez, adquiriu o produto beneficiado a R$ 1,10/kg,

enquanto o consumidor estadual pagou R$ 2,07/kg, um pouco a mais do que os consumidores

Page 71: Relatorio marajo

71

nacionais (amapaenses) que pagaram R$ 1,95/kg (Figura 11). Na região do Marajó o rendimento

de uma rasa de 14 kg do fruto de bacaba é, em média, equivalente a sete litros de polpa.

FIGURA 11- Preço médio da bacaba (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações

entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização da bacaba.

O valor recebido por todos os setores que realizaram as vendas (oferta) da bacaba a partir

da RI do Marajó, foi contabilizado em R$ 3,5 milhões, cujo mercado local arrecadou R$ 1,9

milhão, 55% do VBP total. O mercado estadual contabilizou R$ 1,2 milhão (em torno de 35% do

VBP total) e o mercado nacional R$ 338,7 mil (mais de 10% do VBP total) (Gráfico 7).

Page 72: Relatorio marajo

72

GRÁFICO 7- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da bacaba da Região

de Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Analisando o total arrecadado pelos setores no mercado local, o setor da produção

contabilizou mais de R$ 742,7 mil, oriundos das transações com setores somente no âmbito

local e, polarizado em dois setores apenas: varejo rural e indústria de beneficiamento. Na

composição deste montante foi identificado que uma parte se refere ao valor adquirido pelos

agentes extrativistas localizados no município de Cametá pertencente a RI Tocantins, que

ofertaram este fruto na sua forma in natura, no período de entressafra, no comércio de um dos

municípios que integra a região Marajó, a fim de suprir o consumo local. Sendo assim, o valor

bruto da produção local (VBPα), corresponde a soma do valor adquirido pelas vendas deste

alimentício realizado tanto pelos extrativistas da RI Marajó, um pouco mais de R$ 741 mil,

quanto pelos extrativistas extralocais, ou seja, pertencente a outra RI e, que receberam em

torno de R$ 1,7 mil nas vendas na feira (no calçadão do trapiche) do município de São

Sebastião da Boa Vista (Gráfico 7).

Deste total adquirido pelo setor da produção (VBP local e extralocal), 75% (em torno

R$ 553,7 mil) foram oriundos das transações com o setor de varejo rural e 25% foram

vendidos diretamente as pequenas indústrias beneficiadoras (“batedores de açaí”).

O fato importante a ser considerado e que os extrativistas locais por não estarem

organizados acabaram praticamente dependentes dos atravessadores, que por sua vez,

aproveitam que a maioria deles se encontra dispersos e longínquos (ilhas) dos centros

consumidores muitas vezes acabaram pagando um preço melhor do que o pago pelos

Page 73: Relatorio marajo

73

pequenos batedores, pois conforme disposto no item b da respectiva cadeia, eles terminaram

levando este produto para outros centros consumidores com maior potencial de consumo

(estadual e nacional), garantido assim uma rentabilidade maior.

Com relação aos outros ofertantes no âmbito local, o varejo rural, composto por

atravessadores que se caracterizaram como o setor mais importante tanto na comercialização

com os extrativistas (pela compra do fruto in natura diretamente nas ilhas) quanto por sua

função de ter sido o elo responsável pela venda ao mercado estadual e nacional, cujo valor

total foi equivalente a mais de R$ 718,2 mil (Gráfico 7), sendo que deste valor, só 15% foram

oriundas das vendas no comércio local para os pequenos batedores. O restante (85%) ele

adquiriu das vendas no mercado estadual e nacional. No primeiro caso, onde o valor das

vendas foi orçado em R$ 340,9 mil, dos quais 63% corresponderam as transações com

atacadista na feira do açaí em Belém (RI Metropolitana) e 37% com batedores de açaí do

município de Almeirim (RI Baixo Amazonas). E no caso, os atravessadores vendaram

diretamente a batedores de açaí no município de Macapá, no estado do Amapá, onde

receberam R$ 271 mil. O outro setor a ofertar este fruto no mercado local foi a indústria de

beneficiamento (categoria dos inúmeros batedores açai) que constituiu R$ 467,4 mil, com as

vendas do vinho no âmbito local.

Com relação ao VBP constituído no nível estadual e, orçada em R$ 1,2 milhão, mais

de 61% foi de responsabilidade da indústria de beneficiamento, composto por batedores que

atenderam o consumo final estadual. O restante do VBP estadual, aproximadamente 39%,

foram das vendas do setor atacadista ao setor de beneficiamento estadual (Gráfico 7). No

sistema nacional, onde foram gerados em torno de R$ 338,7 mil, foi exclusivamente oriundo

das vendas dos batedores do município de Macapá, no estado do Amapá, para os

consumidores deste município.

Por tudo isso, verificou-se que dos R$ 1,9 milhão gerados na comercialização da

bacaba a nível local e, considerando somente as vendas, a partir da RI em estudo, para além

de suas fronteiras, se desenvolveu preponderantemente na sua forma in natura para os agentes

mercantis dos setores estaduais (Belém e Almeirim) e nacionais (Macapá/AP), cuja soma

orçou R$ 611,9 mil, equivalente a 32% do VBP local, sob responsabilidade dos

atravessadores. Isso de certa maneira, demonstra tanto a importância econômica que a

comercialização deste fruto tem para a RI Marajó (assim como para RI Tocantins, já que

comercializou parte da sua produção nesta RI), quanto identifica o seu papel de fornecedor

Page 74: Relatorio marajo

74

desta matéria prima (insumo) para batedores de outro estado da região Amazônica,

especificamente Amapá.

e) VAB - gerado na comercialização da bacaba e a margem de comercialização de

cada setor (%).

O VAB ao longo da cadeia de comercialização da bacaba, desde o setor alfa

(extrativistas locais e extralocais) da RI Marajó até os consumidores finais, contabilizou um

valor equivalente a R$ 1,6 milhão e, constituiu uma margem de agregação de valor ao

produto, ou mark-up total na comercialização na ordem de 111% (Gráfico 8). Esta margem

foi calculada a partir do valor total adicionado na comercialização da bacaba – VAB (R$ 1,6

milhão), menos o Valor Bruto da Produção - VBPα

(R$ 742,7 mil), dividido por este mesmo

VBPα. Esta margem demonstra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de

toda a cadeia de comercialização da bacaba a partir do setor alfa (α), com base nos valores de

compra e venda não se levando em conta os custos adicionados na comercialização, pois não

foram captados.

GRÁFICO 8- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização da bacaba da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No que tange a adição de valor por mercado, os setores no âmbito local foram

responsáveis pela agregação de aproximadamente R$ 1,1 milhão, conforme Gráfico 8, cujo

setor que agregou pelo processo de majoração de preço, varejo rural, contribuiu com

aproximadamente 15% deste valor e constituiu um mark-up de 30%. Ressalta-se que o mark-

Page 75: Relatorio marajo

75

up calculado para o setor corresponde a relação entre o Valor Transacionado Efetivo (VTE),

equivalente ao Valor Adicionado Bruto pelo setor com o Valor Bruto da Produção (VBP) pela

ótica da demanda, ou seja, compra de insumos realizada pelo setor.

Em seguida, a indústria de beneficiamento local adicionou em torno de R$ 172,1 mil

com ações de processamento do fruto (Gráfico 8), fato este determinante para o seu mark-up

de 58%, quase o dobro do varejo rural. O restante do VAB local corresponde ao que o setor

da produção local transacionou e, por tanto, equivale ao valor efetivo, mas que se refere

vendas do produto (bacaba) in natura na ordem de R$ 742,7 mil e, devido a isso, não foi

calculado o seu mark-up.

O mercado estadual por sua vez, obteve uma agregação de valor superior a R$ 417,2

mil (Gráfico 8), com a participação preponderante, 64%, dos atacadistas, que está fortemente

relacionado ao grau de negociação que mantém com os setores do mercado local, de modo

mais preponderante com os atravessadores advindos da RI Marajó, dos quais adquire o

produto in natura e vende para o setor de beneficiamento estadual. Com relação a sua

margem de comercialização, ou seja, o mark-up, foi calculado em 123%, com a ação de

majoração de preço. Ainda no mercado estadual o setor de indústria de beneficiamento

(composto por batedores de açaí) adicionou R$ 151,6 mil e apresentou um mark-up de 25%.

No mercado nacional, cuja agregação de valor foi estimada na ordem de R$ 67,7 mil,

ficou exclusivamente a cargo do setor de beneficiamento, que com o beneficiado do fruto

apresentou um mark-up de 25%.

Por tanto, no que tange ao valor adicionado total ou do Valor Transacionado Efetivo

(VTE), orçado em R$ 1,6 milhão, observou-se que o processo de majoração de preço,

correspondente a ação de compra e venda do fruto in natura, fora responsável por

aproximadamente 27% deste montante (R$ 430,2 mil), sendo 17% só de responsabilidade do

setor atacadista no âmbito estadual. E R$ 391,4 mil (25% do VAB Total) foram devidos os

processos de beneficiamento que o fruto passou ao longo da cadeia, antes do consumidor

final, do qual as indústrias de beneficiamento local (batedores de açaí) foram responsáveis por

11% deste valor. E o setor da produção, composto por extrativistas locais e extralocais,

configurou mais de 47% do VAB total.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da bacaba.

A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização do produto se

formalizou a partir da soma de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com o Valor

Page 76: Relatorio marajo

76

Adicionado. Deste modo, a renda gerada na comercialização da bacaba a partir da região do

Marajó foi contabilizada na ordem de R$ 3,5 milhões (Gráfico 9). Dos quais o sistema local

foi responsável por gerar 55% desta renda, o estadual gerou 35% e o nacional 10%.

GRÁFICO 9- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da bacaba,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de

Integração Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na RI Marajó, ou seja, o mercado local, cuja renda bruta somou R$ 1,9 milhão, o

setor de varejo rural, o qual representa um elevado número de atravessadores, gerou uma

renda bruta no valor de R$ 718,2 mil (Gráfico 9), pois comprou o bacaba in natura

diretamente dos extrativistas no valor de R$ 553,7 mil e adicionou um montante próximo de

R$ 164,5 mil sem qualquer tipo de beneficiamento ou incremento tecnológico ao fruto, só

com o acréscimo dos seus custos de transporte e armazenamento e sua margem de lucro. Já a

indústria de beneficiamento (representativo de um elevado número de batedores de açaí)

arrecadou um montante de R$ 467,4 mil com a venda do vinho para os consumidores finais

locais, resultante da soma de compra de insumo, bacaba in natura, no valor de quase R$ 295,3

mil (junto ao setor da produção e atravessadores) e agregação no valor de R$ 172,1 mil com o

seu beneficiamento. E, por fim, a renda bruta do setor de produção (α), no valor de 742,7 mil,

é resultante da venda para os setores econômicos que compõem o mercado local,

principalmente para os atravessadores que chegam as ilhas para negociar este fruto

juntamente com o açaí.

Page 77: Relatorio marajo

77

Com relação a renda bruta na esfera estadual, contabilizada em R$ 1,2 milhão

(Gráfico 9), houve a participação de apenas dois setores, que se inter-relacionam: a indústria

de beneficiamento com uma renda bruta estimada em R$ 758,1 mil, resultante da compra de

insumo (in natura) no valor aproximado de R$ 606,6 mil e pelo valor agregado no

beneficiamento e comercialização do produto em vinho no valor de R$ 151,5 mil. O setor

atacadista participou com R$ 481,5 mil na formação da renda bruta na esfera estadual, o qual

comprou o produto in natura com negociação direta com os atravessadores no valor de R$

215,8 mil e adicionou R$ 265,7 mil com o repasse para a indústria de beneficiamento

estadual.

Na esfera nacional, a indústria de beneficiamento, correspondente aos batedores

deste fruto no município de Macapá, contabilizaram uma renda bruta no valor de R$ 338,7

mil com a venda do vinho deste fruto para os seus clientes finais e, fora resultante da soma da

compra do fruto in natura (junto a atravessadores oriundos da RI Marajó) no valor de R$ 271

mil e agregação com o seu beneficiamento no valor de R$ 67,7 mil. É necessário frisar, que o

fruto in natura que os batedores de Macapá comercializam foi, especificamente, oriundo do

excedente da produção do município de Gurupá, que por questões da distância com a capital

amapaense acarreta em baixos custos com transporte para os atravessadores e, de certo modo,

torna-se conveniente para ambos os lados, pois para quem compra, além de adquirir um

produto de melhor produtividade (melhor rendimento da rasa por litro), acaba também

pagando o mesmo preço de comercialização por quilograma fruto no âmbito estadual

(Gráfico 9).

4.2.4 Artesanato regional

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

artesanato regional.

Caracterizam-se por artesanato regional os produtos na forma de paneiros e cestas de

guarumã, peças de semente de açaí (miniaturas de bonecas, pássaros e animais), bolsa

artesanal de fibra de tururi4, chapéu de palha de jupati e tururi e, quadros e araras feitos com

talas de miriti.

Na cadeia de comercialização do artesanato foram identificados vinte e dois agentes

(Figura 12), sendo que 62% destes trabalham com outros produtos como a venda de açaí

4 Os frutos da palmeira buçu (Manicaria saccifera Gaertn.) são protegidos por um invólucro fibroso,

denominado tururi, cuja fibra é utilizada na confecção de artesanato e moda (produção de roupas e acessórios,

como bolsas, chapéus, entre outros) (OLIVEIRA e D’ALMEIDA, 2010).

Page 78: Relatorio marajo

78

fruto, bacaba, bacuri, pupunha, óleo de andiroba e utensílios feitos com cipó titica, miriti,

jacitara e jupati (abano, matapi e tipiti) como forma de complementar a renda. Os agentes

entrevistados foram quatorze artesãos, seis produtores e duas associações, que estão neste

ramo, em média, há 20 anos (com variação de 3 a 55 anos).

FIGURA 12- Localização dos agentes mercantis do artesanato regional na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização

do artesanato regional (Quadro 4).

QUADRO 4- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato regional da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas/artesões que utilizam fibras e palhas vegetais,

especificamente para confeccionar bolsas de fibra de tururi,

chapéus de palha de jupati e tururi e quadros de miriti;

Varejo urbano Comerciantes envolvidos na comercialização dos artesanatos

para o mercado local, principalmente para turistas.

Nacional Varejo urbano Lojas especializadas na comercialização de artesanatos

regionais.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Dentre os agentes há uma cooperativa que trabalha com tururi e conta com 25

associadas, que trabalham em dois turnos, devido a pouca quantidade de máquinas de costura,

em um armazém com dimensões de 64m2. Porém, quando há encomendas trabalham durante

Page 79: Relatorio marajo

79

o turno da noite. O pagamento é por hora de trabalho, que custa R$ 3,00. O preço foi

estipulado conforme o custo da matéria prima e hora de trabalho realizada. As artesãs utilizam

técnicas ensinadas por instrutores e designes, lançando a cada ano coleções com padrões

únicos.

Um produtor/artesão de Muaná possui uma área de 1.200m2, de onde tira o material

usado para o artesanato. Os outros agentes armazenam e confeccionam as peças dentro de

casa ou em barracões de madeira de 30m2 de comprimento. No caso dos comerciantes, estes

possuem barracas ou pontos comerciais de 12m2 e a mão de obra é familiar.

Os equipamentos utilizados para a confecção das peças são alicates, lixadeiras,

polidor, tesouras, facas, cerras, furadeiras, agulhas, tachas, grampos, máquinas de costura,

martelos, tinta, barbante, cola, lixas e pincel.

O problema relatado quanto ao armazenamento, foi a necessidade de galpões maiores

e mais arejados. Com relação aos equipamentos, a falta de maquinário adequado é outro

entrave para a melhoria da produção, pelo motivo de muitas artesãs necessitarem de máquinas

de costura e não terem equipamentos suficientes para atender a demanda, devido algumas

máquinas estarem com peças quebradas e as artesãs não terem como repor. O produtor/artesão

produz suas peças sem auxílio de máquinas e equipamentos e trabalha durante o ano todo.

Quando há mais pessoas envolvidas na atividade, o lucro das peças vendidas é dividido entre

todos. Porém, há um produtor/artesão que ensina 55 alunos em uma escola de artesanato e, do

lucro obtido, metade é para abastecer a escola com merenda e materiais e o restante é dividido

entre os alunos e o professor.

Com relação a melhoria na capacidade de produção, os agentes informaram que a

maioria dos artesões necessita de cursos de capacitação, capital de giro para produzir e expor

os produtos fora do município e adquirir equipamentos. Apontaram também a falta do

incentivo da ação social, que era mais ativa, pois incentivava o comércio de artesanato da

região. Além da falta de interesse do comercio local em absorver o artesanato, que geralmente

é comprado por pessoas vindas de outros lugares. Outra necessidade é a qualificação de

pessoas para administrarem seus negócios.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do artesanato regional.

A cadeia de comercialização do artesanato regional identificada incide em canais

simples (Figura 13). Portanto o principal nível consiste na compra direta do varejista estadual

com os produtores locais, comercializando 50,4% da produção identificada enquanto que o

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80

varejista local comercializa 20,7% da produção. Existem também os canais diretos entre o

setor da produção com os consumidores estaduais e locais comercializando 20,6% e 8,3%,

respectivamente.

FIGURA 13- Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato regional comercializado

na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do artesanato regional, no ano de 2010.

O setor do varejo urbano estadual compra o artesanato regional diretamente da

produção ao preço de R$ 86,04/un. e revende para o consumidor estadual em média a R$

107,72/um (Figura 14). Por outro lado, o varejo urbano local compra o artesanato da

produção ao preço médio de R$ 0,15/un. e revende para o consumidor local a R$ 4,00/un.,

neste caso o artesanato é menos elaborado e não é voltado para o turismo. A produção local

vende diretamente para o consumidor local ao preço de R$ 8,29/un. e para o consumidor

estadual a um valor de R$25,30/um (Figura 14).

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81

FIGURA 14- Preço médio do artesanato regional (R$/un.) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do artesanato

regional.

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos artesãos (produção local) identificado na

região do Marajó atingiu um patamar de R$ 434,3 mil, do varejo urbano local foi de apenas

R$ 7,3 mil e do varejo urbano estadual obteve R$ 478,3 mil, enquanto que o VBP de todos os

setores que ofertaram na cadeia do artesanato regional foi de R$ 919,8 mil (Gráfico 10).

Page 82: Relatorio marajo

82

GRÁFICO 10- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do artesanato

regional da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Com relação ao VBP formado no mercado estadual, estimado em R$ 478,3 mil

(Gráfico 10), houve a participação exclusiva do setor do varejo urbano, que corresponde ao

comercio especializado na comercialização de artesanatos, principalmente para turistas.

e) VAB - gerado na comercialização do artesanato regional e a margem de

comercialização de cada setor (%).

O VAB ao longo da cadeia de comercialização do artesanato regional, desde o setor

alfa (produção local) da RI Marajó até a demanda final, contabilizou mais de R$ 537,5 mil

(Gráfico 11), o qual desencadeou uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou

mark-up total, na comercialização de 24%.

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GRÁFICO 11- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do artesanato regional da

RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No que diz respeito ao VAB formado no mercado local, estimado na ordem de R$

441,3 mil, o setor do varejo urbano adicionou apenas de R$ 7 mil e, constitui um valor de

mark-up de 2.567%, proveniente do baixo preço médio (Preço/Kg) pago aos artesãos

(Gráfico 11). Por outro lado, o varejo urbano estadual agregou o equivalente a R$ 478,3 mil

com um valor de mark-up de apenas 25%, pois este setor adquire o artesanato mais elaborado

assim com preços altos.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do artesanato regional.

A renda bruta total gerada (RBT) na comercialização deste produto, a partir da RI

Marajó, foi estimada na ordem de R$ 919,9 mil, dos quais 48% desse valor foram

movimentados nos municípios estudados e 52% na esfera estadual (Gráfico 12). O varejo

urbano estadual foi responsável pela renda bruta total de R$ 478,3mil, pois comprou o

artesanato diretamente dos artesãos por R$ 382 mil e adicionou o montante de R$ 96,3 mil.

Este setor representa agentes mercantis do município de Belém (pertencente a RI

Metropolitana), mais especificamente os agentes da casa do artesanato e pólo joalheiro

localizados no espaço São José liberto.

No âmbito local, o setor da produção, formada pelos artesãos, arrecadou R$ 434,3

mil com as vendas aos setores do varejo urbano local e estadual. O varejo urbano local

arrecadou R$ 7,3 mil com as vendas, este valor foi resultante das compras de R$ 300,00

Page 84: Relatorio marajo

84

aproximadamente dos artesanatos junto aos artesãos e agregação de valor (majoração de

preço) de em torno R$ 7 mil.

GRÁFICO 12- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do artesanato

regional, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.5 Cupuaçu

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cupuaçu.

Foram identificados trinta e seis agentes (Figura 15), sendo que todos comercializam

outros produtos, tais como: cacau, açaí fruto, taperebá, muruci, buriti, carvão, taperebá,

castanha-do-brasil, copaíba, óleo de andiroba e artesanato regional. Os agentes se dividem nas

seguintes categorias: produtor (9), varejista (1), comerciante (3), atravessador (3), feirante (8)

e indústria de transformação e beneficiamento (12) - representado por fábrica de polpas,

lanchonetes, sorveterias e doceiras. Alguns agentes iniciaram a atividade há pouco tempo,

outros estão no ramo, em média, há 14 anos (variação de 1 a 40 anos), sendo que alguns

possuem profissão paralela, tais como: agente de saúde, cobrador de ônibus, freteiro,

costureira, professor e serviços gerais.

Page 85: Relatorio marajo

85

FIGURA 15- Localização dos agentes mercantis do cupuaçu na RI Marajó, estado do Pará,

no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Quanto a infraestrutura desses comerciantes, foram verificados que os produtores

possuem propriedade rural com áreas de 2,5 a 100 ha, localizadas no Rio Camarapi, Rio

Jurupari e Transpiriá. Os agentes varejistas e industriais possuem entre um a quatro locais

para armazenagem e comercialização, do tipo box, barraca e ponto comercial, com dimensões

que variam de 3m2 a 300m². Com relação aos equipamentos, as indústrias de transformação

possuem máquinas de fabricação de sorvete e picolé, e outros equipamentos assistenciais

como liquidificadores, freezers, garrafas plásticas, geladeiras, carrinhos de venda e isopores.

Os produtores utilizam apenas tesouras para manipulação do produto e sacos plásticos para

embalar a polpa. Os outros agentes possuem balança com capacidade de 30 kg, freezers e

basquetas para armazenagem das frutas.

Os agentes que comercializam os frutos in natura trabalham com o produto somente

no período de safra, já os que comercializam na forma de polpa dispõem do produto durante o

ano todo. As polpas são comercializadas na Região e fora dela. Referente a mão de obra, o

setor varejista, quando não utiliza a mão de obra familiar, contrata entre um a sete ajudantes

que recebem diárias de R$ 5,00 a R$ 15,00 ou pagam salário mínimo para apenas um

funcionário fixo. As indústrias de transformação têm entre três a sete funcionários

assalariados e contrata, em média, dois vendedores e dois atendentes que recebem diárias de

R$ 15,00 a R$ 50,00. O atravessador paga para dois a três ajudantes diárias de R$ 30,00. Para

Page 86: Relatorio marajo

86

os produtores a mão de obra é basicamente familiar. Existem outros estabelecimentos na

região que comercializam o produto, sendo restaurantes, lanchonetes, sorveterias, comércios,

varejistas e feirantes.

No que tange a melhoria na capacidade de produção, foram relatados vários entraves,

tais como: a falta de assistência técnica, de infraestrutura e de manutenção das estradas para

escoar a produção; necessidade de ampliar a oferta do produto e, melhorar o fornecimento de

energia, visto que ocorrem constantes quedas comprometendo a qualidade dos produtos

armazenados nos freezers. Os produtores declaram a necessidade de aprender a fazer o

manejo florestal, pois no município não há representantes de empresas de assistência técnica.

Outra limitação dos agentes se refere a estabilização dos preços das polpas no período da

entressafra, pois devido ao preço alto, muitos estão fabricando sorvete com sucos artificiais.

O Quadro 5 mostra a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização do

cupuaçu, de acordo com seus respectivos setores e mercados.

QUADRO 5- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cupuaçu da RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção Agroextrativista da RI Metropolitana (Belém). O fruto foi

comercializado in natura e na forma de polpa.

Local

Produção Agroextrativista da RI Marajó. O fruto foi comercializado in natura

e na forma de polpa;

Varejo rural Agentes mercantis que adquiriram o cupuaçu in natura diretamente

dos agroextrativistas;

Indústria de

transformação

Pequenas empresas que realizam a transformação do fruto in natura

ou da polpa em outros produtos finais como sorvete, suco, doce e

creme. A maioria é familiar;

Varejo urbano

Feirantes, pequenos estabelecimentos comerciais (mercearias e

frutarias) e mini mercados que realizam a venda do cupuaçu in

natura e em polpa.

Estadual Varejo urbano Feirantes e frutarias da RI Metropolitana e do Baixo Amazonas, que

realizam a venda do cupuaçu in natura e polpa, oriundos da RI Marajó.

Nacional Varejo Urbano Feirantes e frutarias do município de Macapá (AP) que realizam a

venda do cupuaçu in natura e polpa, oriundos da RI Marajó. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu.

Os canais de comercialização do cupuaçu, com parte da produção identificada com

origem em outra região de integração (7% da RI Metropolitana), caracterizaram-se por

atender predominantemente o mercado local, pois somente 16,2% da produção identificada

foram comercializadas para além da RI Marajó: sendo 9% para outras regiões de integração,

Page 87: Relatorio marajo

87

ou seja, transacionada para o mercado estadual e 7,2% foram para o mercado nacional,

correspondente ao estado do Amapá, por estar próximo aos municípios de Afuá, Chaves e

Gurupá (RI Marajó), a sua capital acaba sendo o maior mercado consumidor dos produtos

oriundos destes municípios (Figura 16).

Os canais de comercialização do cupuaçu, a partir da RI Marajó, se caracterizam por

canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes intermediários entre a produção

local até o consumidor final (Figura 16). O principal nível de canal de comercialização foi

composto pelo setor varejo rural (atravessadores) que adquiriu 49,6% da quantidade do fruto,

junto ao setor da produção local, que posteriormente foi o responsável pelo abastecimento do

mercado estadual e parte do comercializado para o mercado nacional. No primeiro caso, os

atravessadores venderam 9% do que adquiriram para feirantes de Belém (RI Metropolitana),

Almeirim e Santarém (ambos pertencentes a RI Baixo Amazonas), no segundo caso, eles

venderam (6,7%), dos 7,2%, do adquirido pelos feirantes localizados no porto (Igarapé das

Mulheres) da cidade de Macapá – Amapá (consumidor final nacional). No entanto, foi no

mercado local que os varejistas rurais tiveram o seu maior parceiro comercial, pois venderam

31,4% do que adquiriram para o varejo urbano local (feirantes e mini mercados) que

totalizaram uma compra de 60,5% da produção identificada, pois além da compra acima, este

setor também adquiriu este produto diretamente do setor da produção local (29,1%), assim

como da produção do fruto em polpa advinda da RI Metropolitana (0,8% do extralocal), que

em seguida vendeu tudo para os consumidores locais.

A indústria de transformação local comprou um total de 17,5% da produção do fruto

(tanto in natura quanto em polpa), sendo 8,1% do setor da produção local, 6,2% da produção

extralocal, 2,4% de atravessadores e 0,8% do varejo urbano local (Figura 16). E, após os

processos produtivos de transformação do cupuaçu em produtos finais (sorvetes, doces,

cremes e sucos) venderam para os consumidores.

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88

FIGURA 16- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do cupuaçu, no período de 2010.

O preço médio praticado pelo produtor local foi diferenciado devido as suas

transações terem sido dispersas (vendeu a todos os agentes da demanda intermediária e

também ao consumidor final local) e sob diferentes formas, pois com o varejo urbano local o

preço foi de R$ 1,46/un. do fruto in natura e, R$ 1,35/un. quando vendeu a atravessadores

rurais (Figura 17). No entanto, quando o produtor local vendeu diretamente a indústria de

transformação, composta por lanchonetes e sorveterias, ele recebeu R$ 2,46/un.. Com relação

aos preços nas transações dos agroextrativistas extralocais, estes conseguiram barganhar um

preço melhor do que os locais, pois receberam R$ 2,61/un. da indústria de transformação e R$

2,33/un. dos varejistas urbanos.

O varejo rural, por conseguinte transacionou este fruto de duas formas, in natura e

em polpa e, sendo assim, vendeu por preços distintos, no primeiro caso o setor recebeu R$

2,08/un. da indústria de transformação e no último caso, ele recebeu R$ 1,77/un. dos

varejistas locais. R$ 1,66/un. dos varejistas tanto estaduais quanto nacionais (Figura 17).

Page 89: Relatorio marajo

89

FIGURA 17- Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O consumidor local, por sua vez, comprou mais barato quando adquiriu dos

atravessadores pagando R$ 1,57/un. de que quando adquiriu diretamente do setor da

produção, pagando R$ 2,06/un. e do setor de varejo urbano a um preço de R$ 2,50/un.. Já

quando comprou o cupuaçu transformado em sorvetes e/ou sucos pagou R$ 15,53/un. (Figura

17). O consumidor estadual, por conseguinte, pagou um preço maior (R$ 2,08/un.), em

relação ao preço pago pelo consumidor nacional (R$ 2,04/un.)

4.2.6 Bacuri

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

bacuri.

Foram identificados vinte e sete agentes mercantis do produto (Figura 18), os quais

estão inseridos nas seguintes categorias: um varejista, dois atravessadores, dois comerciantes,

cinco indústrias de transformação, sete feirantes e dez produtores, que comercializam vários

outros produtos regionais, como: uxi, taperebá, pupunha, muruci, castanha-do-brasil, cupuaçu,

açaí, mel, mari, piquiá, cajarana e carvão. Os agentes trabalham neste ramo em média há 12

anos (variação de 2 a 40 anos), e exercem profissões paralelas de pescador, cobrador, venda

de cosméticos, garçom, vendedor de caranguejo, operador de máquina, ambulante e ajudante

de pedreiro.

Page 90: Relatorio marajo

90

FIGURA 18- Localização dos agentes mercantis do bacuri na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os produtores possuem propriedades rurais com dimensões de 5 a 400 hectares, com

cerca de 180 bacurizeiros de onde são retirados os frutos para a venda. Dos entrevistados,

cinco produtores não possuem local para comercialização/armazenamento, os demais

possuem entre um a quatro locais de venda do tipo barracas, boxes e ponto comercial, com

dimensões que variam de 1,5m2 a 300m

2.

Com relação aos equipamentos e máquinas, um produtor não necessita visto que o

fruto é vendido in natura no período de safra, porém, dois produtores despolpam as sementes

com o auxílio de tesouras, para abastecer as indústrias e supermercados no período de safra.

Já as indústrias de transformação possuem máquinas de fabricação de sorvete e de picolé, e

equipamentos auxiliares como carrinhos de venda, freezers, baldes com capacidade de 10L,

liquidificadores e isopores. Os outros agentes não necessitam de máquinas, pois

comercializam o fruto in natura em unidades, durante a safra, ou na forma de polpa, durante o

ano todo, armazenados em freezers.

Cinco feirantes, duas indústrias, um comerciante e quatro produtores trabalham com

mão de obra composta entre um a cinco membros familiares, os demais dividem o pagamento

entre ajudantes que recebem diárias de R$ 10,00 a R$ 50,00. Uma indústria admite sete

funcionários assalariados e um supermercado um funcionário com salário mínimo.

Page 91: Relatorio marajo

91

Com relação ao transporte os agentes citaram utilizar moto, carro e bicicleta

cargueira. Para melhoria nas condições do trabalho os produtores necessitam de equipamentos

para beneficiamento do produto em polpa para garantir melhor preço, e os feirantes citaram

que para melhorar a capacidade de produção seria necessário infraestrutura nas feiras e que as

barracas que atualmente são de madeira fossem de alvenaria.

O Quadro 6 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 6- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do bacuri da RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção Agroextrativistas da RI Metropolitana (Belém). O fruto foi

comercializado in natura e na forma de polpa.

Local

Produção Agroextrativistas da RI Marajó. O fruto foi comercializado in

natura e na forma de polpa;

Varejo rural Agentes mercantis que adquiriram diretamente o bacuri in

natura dos agroextrativistas;

Indústria de

transformação

Pequenas empresas que realizam a transformação do fruto in

natura ou da polpa em outros produtos finais como sorvete,

suco e creme. A maioria é familiar;

Atacado Um agente que comprou em grande quantidade o fruto;

Varejo urbano

Feirantes, pequenos estabelecimentos comerciais (mercearias e

frutarias) e mercados que realizam a venda do bacuri in natura

e em polpa.

Estadual

Atacado

Agentes da RI Metropolitana que realizam a compra do bacuri

in natura e polpa, oriundos da RI Marajó e vendem para

feirantes da RI Metropolitana;

Varejo Urbano

Refere-se aos feirantes e frutarias, da RI Metropolitana, que

realizam a venda do bacuri in natura e polpa, oriundos da RI

Marajó. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do bacuri.

Os canais de comercialização do bacuri, com parte da produção de origem em outra

região de integração, caracterizaram-se por atender predominantemente o mercado local, pois

somente 17,8% da produção identificada foi comercializada para além da RI Marajó, mais

especificamente transacionada para o mercado estadual (Figura 19).

Os canais de comercialização do bacuri, a partir da RI Marajó, se caracterizam por

canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes intermediários entre a produção

local até o consumidor final (Figura 19). O principal nível de canal de comercialização foi

composto pelo setor varejo rural (atravessadores) que adquiriu 46,4% da quantidade do fruto,

Page 92: Relatorio marajo

92

junto ao setor da produção local, que posteriormente foi o responsável pelo abastecimento da

maior parte da produção enviada para o mercado estadual, pois eles venderam 13,7% (dos

17,8%) do adquirido pelos feirantes localizados no mercado Ver-o-Peso e de Icoaraci, no

município de Belém (RI Metropolitana). Porém, foi no mercado local que os varejistas rurais

tiveram o seu maior parceiro comercial, pois venderam 31,6% do que adquiriram para o

varejo urbano (feirantes e mini mercados) que totalizaram uma compra de 47% da produção

identificada, pois além desta compra, este setor também comprou o produto do atacadista

local (1,2%), diretamente do setor da produção local (13,6%), que em seguida vendeu tudo

para os consumidores.

FIGURA 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do bacuri comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A indústria de transformação local comprou um total de 31% da produção do fruto

(tanto in natura quanto em polpa), sendo 22,2% do setor da produção local, 7,9% da produção

extralocal e 0,9% junto a atravessadores (varejo rural). E, após os processos produtivos de

transformação do bacuri em produtos finais (sorvete, creme e suco) venderam para os

consumidores locais (Figura 19).

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do bacuri, no ano de 2010.

O preço médio praticado pelo produtor local foi diferenciado devido a complexidade

das suas transações (vendeu a todos os agentes da demanda intermediária e também ao

Page 93: Relatorio marajo

93

consumidor final local) cuja demanda pelo produto se deu de diferentes formas. Deste modo,

quando vendeu para aos atravessadores o preço médio praticado foi de R$ 0,45/un. que se

constituiu o melhor preço adquirido pelo produtor local, pois até quando transacionou com

setores de fora da RI, ele conseguiu um preço abaixo deste. Os agroextrativistas extralocais,

por sua vez, conseguiram um preço bem melhor, tanto quando transacionou com o varejo

urbano local cujo preço recebido foi de R$ 0,60/un. do fruto in natura, o mesmo preço

adquirido junto a indústria de transformação, composta por lanchonetes e sorveterias (Figura

20). O varejo rural, por conseguinte transacionou este fruto de duas formas, in natura e em

polpa e, sendo assim, vendeu por preços distintos, no primeiro caso o setor recebeu R$

1,70/un. da indústria de transformação e no último caso, ele recebeu R$ 0,66/un. dos

varejistas locais e R$ 0,49/un. dos varejistas estaduais.

FIGURA 20- Preço médio do bacuri (R$ correntes/un.) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No que tange aos consumidores deste fruto, o local compra mais barato quando

compra do setor de varejo rural, in natura, a um preço de R$ 0,25/un. ou até mesmo

diretamente do produtor a R$ 0,36/un., no entanto, quando comprou o bacuri transformado

em sorvetes e/ou suco pagou R$ 9,56/un. (Figura 20). O consumidor estadual, por

conseguinte, pagou um preço bem mais caro (R$ 0,65/un.), em relação ao preço pago pelo

consumidor local.

Page 94: Relatorio marajo

94

4.2.7 Muruci

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

muruci.

Foram identificados treze agentes mercantis do produto (Figura 21), sendo que todos

trabalham com outros produtos, tais como: bacaba, taperebá, açaí fruto, muruci, bacuri e

paneiro de cipó-titica. Estão divididos nas categorias de indústrias de transformação (duas

lanchonetes e duas sorveterias), três produtores, três feirantes, um comerciante (panificadora)

e quatro atravessadores. Os agentes estão no ramo em média há 8 anos (variação de 1 a 40

anos).

FIGURA 21- Localização dos agentes mercantis do muruci na RI Marajó, estado do Pará,

no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Seis agentes trabalham paralelamente como cobrador de ônibus, vendedor de

caranguejo, garçom, balconista, lavrador e ambulante. Um produtor citou ser detentor de

propriedade rural com dimensões de 100 ha. Referente aos locais de armazenamento e/ou

comercialização, oito agentes os possuem e são diversificados como barraca de 12m²,

depósito de 10m², pontos comerciais de 12m2, 9m

2 e 50m

2.

Os meios de transporte mais utilizados pelos agentes foram bicicleta cargueira e

moto. Os maquinários e equipamentos utilizados pela indústria de transformação foram

máquinas de sorvete, freezer e liquidificador. Já os demais agentes citaram utilizar balança de

10 kg, freezers, basquetas e liquidificadores. O maior problema enfrentado nesta cadeia é,

Page 95: Relatorio marajo

95

segundo declaração dos agentes, o espaço físico insuficiente para armazenar a produção de

polpas, e por este fato, não podem aumentar a produção.

O produto é comercializado durante o ano todo em forma de picolés, sucos e polpa.

O atravessador identificado trabalha somente na safra e paga o valor de um salário para seu

ajudante. A feirante contrata entre um a dois ajudantes que recebem R$ 80,00/semana. A mão

de obra empregada pela produção é familiar. A indústria de transformação adota o regime de

contrato temporário, pagando o valor de R$ 50,00 diariamente.

Segundo os agentes, a principal dificuldade está no mercado consumidor que não

consegue absorver a oferta do produto. Outro problema enfrentado pelos agentes refere-se a

ausência de maquinários e equipamentos para beneficiamento, tais como: despolpadeiras e

câmara fria.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do muruci na RI Marajó estão

descritos no Quadro 7.

QUADRO 7- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do muruci da RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção

Extrativistas da RI Metropolitana (Belém). O fruto foi

comercializado in natura em embalagens de sacos plásticos de

1 litro, ou na forma de polpa.

Local

Produção

Extrativistas da RI Marajó. O fruto foi comercializado in

natura em embalagens de sacos plásticos de 1 litro, ou na

forma de polpa;

Varejo rural

Agentes mercantis que adquiriram diretamente dos extrativistas

o muruci in natura, e venderam para varejistas locais e

estaduais;

Indústria de

transformação

Pequenas empresas que realizam a transformação do fruto in

natura ou da polpa em outros produtos finais como sorvete,

suco, entre outros;

Varejo urbano

Feirantes, pequenos estabelecimentos comerciais (mercearias e

frutíferas) e mini mercados que realizam a venda do muruci in

natura e em polpa.

Estadual Varejo urbano Feirantes da RI Metropolitana, que realizam a venda do fruto

muruci in natura e a polpa oriundos da RI Marajó. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do muruci.

Os canais de comercialização do muruci, identificados nos dezesseis municípios e,

com parte da produção identificada com origem em outra região de integração, foi realizado

basicamente no âmbito local, apesar de 32,9% da produção identificada tenha sido

Page 96: Relatorio marajo

96

comercializada para outra região integração, ou seja, transacionada para o mercado estadual

(Figura 22). Entre os canais apresentados, o principal refere-se ao setor da produção

vendendo 43,4% para o varejo urbano local, que totalizou uma compra de 45,5%, dos quais

1% foi oriunda da produção extralocal e 1,1% foi adquirida junto aos atravessadores (varejo

rural). O setor da indústria de transformação, por sua vez, comprou 14% da produção junto

aos extrativistas locais e vendeu diretamente para o consumidor na forma de produtos finais

(sorvetes e sucos). O varejo rural foi o setor responsável pelas transações para além da RI

Marajó, pois do total adquirido (28,4%) junto ao setor da produção local, 27,3% foram

vendidos para varejistas do mercado Ver-o-Peso, localizado em Belém, pertencente a RI

Metropolitana.

FIGURA 22- Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci comercializado na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do muruci, no ano 2010.

O preço médio praticado pelo produtor local foi diferenciado devido as suas

transações terem sido dispersas e para setores que demandaram o produto de diferentes

formas, pois com o varejo urbano local o preço foi de R$ 1,00/l do fruto de muruci in natura,

enquanto o produtor extralocal conseguiu vender a R$ 2,08/l um produto beneficiado em

polpa (Figura 23). No entanto, quando o produtor local também vendeu o produto em polpa

Page 97: Relatorio marajo

97

diretamente a indústria de transformação, composta por lanchonetes e sorveterias, ele recebeu

R$ 2,30/l.

O consumidor local, ou seja, os demandantes da RI Marajó, por sua vez, comprou

mais barato quando pagou ao setor de varejo urbano a um preço de R$ 2,13/l, quando

adquiriu diretamente dos agroextrativistas pagou o equivalente a R$ 2,67/l e, quando comprou

o muruci transformado em sorvetes e/ou sucos pagou R$ 25,97/l (Figura 23). O consumidor

estadual, por conseguinte, pagou um preço bem mais em conta (R$ 2,07/l), em relação ao

preço pago pelo consumidor local, devido a alta concorrência que este fruto, oriundo da RI

Marajó, enfrenta, já que no mercado Ver-o-Peso chegam inúmeras frutas oriundas de diversas

regiões.

FIGURA 23- Preço médio do muruci (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.8 Taperebá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

taperebá.

Foram identificados oito agentes mercantis do produto (Figura 24), divididos em um

atravessador, quatro indústrias de transformação (lanchonetes) e quatro varejistas

(supermercado, feirantes e padaria). Sendo que estes trabalham com outros produtos, tais

como: açaí fruto, cupuaçu, bacuri, carvão, palmito e muruci. Os agentes atuam no ramo em

média há 14 anos (variação de 1 a 40 anos).

Page 98: Relatorio marajo

98

FIGURA 24- Localização dos agentes mercantis do taperebá na RI Marajó, estado do Pará,

no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 8 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 8- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do taperebá da RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção Produtores envolvidos na coleta dos frutos pertencentes ao

município de Tomé-açu (RI Rio Capim).

Local

Produção Agentes envolvidos na coleta dos frutos nos municípios da

região;

Varejo rural

Atravessadores que se deslocam pelas comunidades

ribeirinhas da região e compram o fruto in natura ou em

forma de polpa, diretamente dos extrativistas;

Indústria de

transformação

Lanchonetes que compram o taperebá in natura ou em

forma de polpa;

Varejo urbano

Feirantes e supermercados que realizam a venda do

taperebá in natura ou em forma de polpa para o

consumidor local.

Estadual Varejo urbano

Feirantes de Belém que realizam a venda do taperebá in

natura para o consumidor estadual.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os agentes citaram, com relação ao local de comercialização, possuir ponto

comercial e boxes, com dimensões que variam de 9m2 a 750m

2 e a bicicleta cargueira foi

Page 99: Relatorio marajo

99

utilizada como meio de condução. As indústrias de transformação utilizam liquidificador para

beneficiar o fruto na forma de polpa. Já os equipamentos para armazenagem citados foram

freezers de 380L e isopores.

As pessoas envolvidas na atividade são em número de uma a três. A mão de obra dos

varejistas varia de um a dois membros familiares, já as indústrias empregam entre dois a três

funcionários, sendo que para uma indústria dois são assalariados e um foi contratado, com

diárias de R$ 25,00. As outras indústrias pagam entre R$ 15,00 a R$ 50,00/dia para os

ajudantes. O atravessador possui três ajudantes com diárias de R$ 30,00 no período da safra.

Para melhoria na capacidade de produção, os agentes declararam que há necessidade

de equipamentos para beneficiamento dos frutos, energia elétrica de qualidade, pois

constantemente acontecem quedas de energia que acabam prejudicando os

aparelhos/equipamentos e a produção, além da maior oferta do produto na região e mercado

consumidor.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do taperebá.

Os canais de comercialização do taperebá, com pequena parte da produção

identificada (4,4%) com origem em outra região de integração (Rio Capim), caracterizaram-se

por atender predominantemente o mercado local (84,9%), pois somente 15,1% da produção

identificada foi comercializada para o mercado estadual (Figura 25). Entre os canais

apresentados, o principal refere-se ao setor da produção local vendendo 71,7% do produto

para o varejo rural, que por sua vez, teve a responsabilidade de abastecer os setores

intermediários localizados nos centros urbanos dos municípios da RI Marajó (40,4% varejo

urbano e 16,2% para a indústria de transformação) e para o mercado estadual (15,1%) para

varejistas do Mercado Ver-o-Peso, localizada na capital paraense, Belém (RI Metropolitana).

O setor da indústria de transformação também comprou 23,9% da produção junto aos

extrativistas locais e vendeu tudo o que adquiriu (40,1%) diretamente ao consumidor na forma

de produtos finais (sorvetes e sucos). O varejo urbano local, por sua vez, foi o setor que

adquiriu toda a produção oriunda de outra região de integração (4,4%), caracterizada como

extralocal (Figura 25).

Page 100: Relatorio marajo

100

FIGURA 25- Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá comercializado na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do taperebá, no ano de 2010.

O preço médio praticado pelo produtor extralocal junto ao varejo urbano local foi de

R$ 0,75/kg do fruto in natura, muito abaixo do preço adquirido pelo produtor local, pois

quando vendeu o produto diretamente a indústria de transformação, composta por lanchonetes

e sorveterias, ele recebeu R$ 1,22/kg e quando as vendas foram para atravessadores rurais ele

recebeu R$ 1,37/kg (Figura 26). O varejo rural, por conseguinte transacionou este fruto de

duas formas, in natura e em polpa e, sendo assim, vendeu por preços distintos, no primeiro

caso o setor recebeu R$ 2,06/kg da indústria de transformação e no último caso, ele recebeu

R$ 1,50/kg tanto dos varejistas locais quanto estaduais.

O consumidor local adquiriu este produto de dois setores, sendo mais barato quando

adquiriu do setor de varejo urbano a um preço de R$ 4,66/kg e quando comprou o taperebá

transformado em sorvetes e/ou sucos pagou R$ 23,68/kg (Figura 26). O consumidor estadual

pagou um preço bem mais em conta (R$ 1,88/kg), em relação ao preço pago pelo consumidor

local, devido a alta concorrência que este fruto, oriundo da RI Marajó, enfrenta, já que no

mercado Ver-o-Peso chega produção desta e de outras frutas, oriundas de outras regiões.

Page 101: Relatorio marajo

101

FIGURA 26- Preço médio do taperebá (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.9 Frutas (cupuaçu, bacuri, muruci e taperebá)

Com o aumento do consumo das frutíferas da Amazônia, nas últimas décadas, entre

as quais as frutas do Pará pelo sabor exótico, aroma, textura, qualidade e diversidade, aliado a

procura por produtos orgânicos, que propiciam a segurança alimentar, as análises que seguem

se desenvolverá com base na comercialização das quatro principais frutas identificadas na RI

Marajó: bacuri, cupuaçu, muruci e taperebá. Pois, apesar de apresentarem em suas respectivas

cadeias, um fluxo homogêneo na forma do produto (fruto in natura), no que se referiu a

comercialização além de atender basicamente a demanda interna, ou seja, o consumo da

própria RI, uma parte da produção foi transacionada para outros mercados.

Apesar da demanda local ser prevalecente na comercialização dos quaro frutos, a

demanda estadual, no caso do muruci correspondeu a 32,9% da sua oferta, do bacuri 17,8%, o

taperebá 15,1% e o cupuaçu 9%, sendo que este último foi o único a ser comercializado no

âmbito nacional, 7,2% da sua produção identificada. E, em quase todos os casos, esta

comercialização ficou a cargo dos produtores/atravessadores e atravessadores que os

venderam principalmente na feira do Ver-o-Peso em Belém, pertencente a RI Metropolitana,

classificada como mercado estadual.

a) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização das frutas.

Page 102: Relatorio marajo

102

No que tange a oferta das frutas (bacuri, cupuaçu, muruci e taperebá) a partir da RI

Marajó, o valor recebido pelos setores foi estimado na ordem de R$ 2 milhões e corresponde

ao VBP total, sendo que os setores situados no mercado local adquiriram o equivalente a R$

1,9 milhão, os do mercado estadual R$ 67,1 mil e o varejo urbano nacional adquiriram R$

15,3 mil, conforme Gráfico 13.

GRÁFICO 13- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização das frutas (bacuri,

cupuaçu, muruci e taperebá) da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Do VBP local, conforme o Gráfico 13, somente R$ 304,4 mil corresponderam ao

valor adquirido pelo setor da produção, resultante das vendas em torno de 94% aos setores

intermediários, sendo mais preponderante ao varejo rural (44%) e ao varejo urbano (22%). E,

apenas 6% de seu valor adquirido fora oriunda das vendas realizadas diretamente aos

consumidores finais locais. É importante ressaltar, que na composição do valor adquirido pelo

setor da produção (VBPα), 11% (R$ 33,2 mil) correspondem ao valor pago ao setor da

produção de outra RI, equivalente a agroextrativista extralocal, pela oferta a dois setores

(indústria de transformação e varejo urbano) em três municípios que integram a RI Marajó

(São Sebastião da Boa Vista, Santa Cruz do Arari e Cachoeira do Arari), os frutos já

beneficiados em polpa.

Com relação ao valor adquirido pelos outros setores de domínio local, os

atravessadores, agregados no setor de varejo rural, arrecadaram um valor equivalente a mais

de R$ 180 mil (6% do VBP local), das vendas tanto para os setores no âmbito local

Page 103: Relatorio marajo

103

(transformação, varejo urbano e diretamente ao consumidor) quanto para os varejistas no

âmbito estadual e nacional. O setor de varejo urbano, composto por inúmeros feirantes, por

sua vez, arrecadou R$ 265,5 mil pelas vendas de forma preponderante (99%) aos

consumidores locais, apesar de ter vendido também ao setor de transformação destes frutos. A

indústria de transformação (setor onde foram inseridas as inúmeras sorveterias e/ou

lanchonetes e doceiras), por sua vez, consagrou-se como o maior setor arrecadador com as

vendas dessas frutíferas transformadas em produtos finais (sorvetes, sucos, cremes e doces)

aos consumidores locais, pois adquiriu aproximadamente R$ 1,2 milhão (61% VBP local).

Um atacadista com a venda para o setor de varejo urbano local de uma dessas frutíferas

arrecadou R$ 2 mil. (Gráfico 13).

Com relação ao VBP formalizado no âmbito estadual e obtido com as vendas

realizadas pelos setores, orçada em R$ 67,1 mil, em torno de, R$ 61,4 mil corresponderam as

vendas do varejo urbano aos seus clientes finais. Na composição do setor, os agentes

mercantis correspondem aos feirantes de Belém e Icoaraci pertencente a RI Metropolitana e,

Almeirim e Santarém pertencentes a RI Baixo Amazonas. O restante do VBP estadual (R$ 5,7

mil) adveio das vendas do setor atacadista a outras feiras de Belém. No sistema nacional, cujo

valor do VBP foi estimado na ordem de R$ 15,3 mil, foi exclusivamente oriundo das vendas

do setor de varejo urbano ao consumidor final (Gráfico 13). Este setor de varejo integra os

agentes mercantis que atuam como feirantes do município de Macapá-AP, que compraram o

cupuaçu fruto de produtores/atravessadores de Chaves e atravessadores de Gurupá.

Apesar do montante (próximo de R$ 2 milhões) gerado pela oferta desses quatro

frutos (bacuri, cupuaçu, muruci e taperebá), a partir da RI Marajó, a comercialização se

desenvolveu preponderantemente na sua forma in natura, sendo pouco comercializado em

polpa, beneficiamento este realizado pelos próprios produtores e até mesmo alguns

atravessadores e, por conta disso, o setor de transformação (sorveterias e/ou lanchonetes e

doceiras) quando comprou o seu insumo já em polpa para a fabricação do seu produto final

(sorvete, sucos, doces e cremes), o que reduz tempo e custos, teve que adquirir de setores de

fora da RI Marajó (extralocal). É importante frisar também, que na formação deste VBP, não

foi verificada a intermediação da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab com o

Programa Aquisição de Alimentos (PAA), apesar de alguns agentes do setor alfa da RI em

estudo, isto é, dos agroextrativistas locais, terem o seu conhecimento.

b) VAB - gerado na comercialização das frutas (bacuri, cupuaçu, muruci e taperebá)

e a margem de comercialização de cada setor (%).

Page 104: Relatorio marajo

104

O VAB ao longo da cadeia de comercialização dos frutos acima citados, desde o

setor alfa (coleta/produção) da RI Marajó até o consumidor final, foi de R$ 1,5 milhão

(Gráfico 14), que resultou em uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-

up total, na comercialização de 339%, calculada a partir do valor total do VAB (R$ 1,5

milhão), menos o VBPα

(R$ 304,4 mil), dividido por este mesmo valor do VBPα, expõe, em

termos percentuais, o quanto foi adicionado a estes frutos, ao longo de toda a cadeia de

comercialização, a partir do setor alfa (α). Este valor de mark-up foi expressivo pelo motivo

do setor alfa, após realizar a coleta/produção destes frutos, pouco os beneficiou, contrário dos

setores da demanda intermediária, principalmente das indústrias de transformação local.

O cálculo do VAB na cadeia de comercialização das frutas foi necessário porque

identifica onde a economia esta em processo de crescimento, uma vez que expõem as ações

de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que estes produtos adquiriram nos

setores, ao longo das cadeias de comercialização, antes do demandante final.

GRÁFICO 14- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização das frutas (bacuri,

cupuaçu, muruci e taperebá) da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Como visto nos itens b das respectivas cadeias desses frutos, em que as suas

comercializações se desenvolveram basicamente para atender ao mercado local, ou seja, a

demanda da própria RI Marajó e, assim sendo, foi no sistema local em que se adicionou

aproximadamente 99% do valor agregado ao longo da cadeia de comercialização (Gráfico

14). Cujo processo de transformação das frutas em um determinado produto final (sorvetes,

Page 105: Relatorio marajo

105

sucos, cremes e doces), considerando-se as suas características e especificidades e

desenvolvido pelo setor de indústria de transformação foi responsável por mais de 71% do

VAB Local, que devido a isso, constitui a maior margem de comercialização (mark-up) entre

os setores e, estimado em 1.175%. Já o processo de somente majorar o preço (acréscimos dos

custos de comercialização) contribui com mais de 8,4% para o somatório do valor do VAB

local e, praticado pelo setor de varejo rural (3%), varejo urbano (5,4%) e atacadistas (0,1%),

que constituiriam um valor mark-up de 33%, 44% e 60%, respectivamente . Ainda para a

composição do VAB local, considera-se o valor das vendas do setor da produção desses frutos

na sua forma in natura na ordem de R$ 304,4 mil, o qual é equivalente ao valor adicionado do

setor e/ou seu valor efetivo, isto é, o setor agroextrativista agregou valor ao produto, somente

no que se referiu as vendas e, por isso, não foi estimado o seu valor de mark-up, que é

resultante da relação do que foi adicionado pelo setor e o valor de compra de insumo,

correspondente ao VBP, sob a ótica da demanda. O mark-up, em termos gerais, representado

em termos relativos (%), inclui todos os custos de beneficiamento e comercialização do

produto analisado, que não são captados pela pesquisa.

Com relação aos setores que contribuíram para o VAB constituído no mercado

estadual, estimado na ordem de R$ 15,3 mil (1% do VAB total), conforme o Gráfico 14, foi

desenvolvido explicitamente pelo processo de majoração de preço antes das vendas, praticado

tanto pelo setor de varejo urbano que contribui com aproximadamente 88% deste VAB

(equivalente a R$ 13,1 mil) e, configurou um margem de comercialização (mark-up) de 28%.

Quanto pelo setor atacadista que adicionou R$ 1,9 mil, estabelecendo um mark-up de 49%. O

mesmo aconteceu para o VAB formado no mercado nacional e, estimado na ordem de R$ 3,3

mil (equivalente a 0,2% do VAB total), que ficou por conta do setor de varejo urbano, que

devido ao aumento preço apresentou um mark-up de 28%.

Portanto, no que se referiu ao VAB total (R$ 1,5 milhão), equivalente ao VTE, ao

longo da cadeia de comercialização desses frutos, observou-se que o processo de

transformação, desencadeado por um número considerável de pequenas unidades industriais

familiares, contribuiu com mais de 70% para a sua formação, enquanto que, a formação de

preço praticada de forma aleatória, pois, trata-se de um percentual determinado

subjetivamente por partes dos agentes mercantis, contribuiu com apenas 13% para a somatória

do VAB total. Sendo, desta maneira, o restante do valor VAB, oriundo das transações do setor

da produção estimada em R$ 304,4 mil.

Page 106: Relatorio marajo

106

c) Renda Bruta Total (RBT), gerada pela ótica da demanda, na comercialização das

frutas (bacuri, cupuaçu, muruci e taperebá).

A Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização destes frutos e

orçada em R$ 2 milhões, formou-se a partir da soma de compra de insumo (VBP pela ótica da

demanda) no valor de R$ 475,7 mil, realizado pelos setores da demanda intermediária, com

Valor Transacionado Efetivo (VTE), que corresponde ao VAB constituído ao longo da cadeia

contabilizada em R$ 1,5 milhão, tanto pelos setores da demanda intermediária quanto o setor

da produção. O sistema local foi responsável por mais de 96% desta renda, o estadual 3% e o

nacional 1%, conforme o Gráfico 15.

GRÁFICO 15- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização das frutas

(bacuri, cupuaçu, muruci e taperebá), considerando sua composição pela ótica da demanda

(VBP + VAB), a partir da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na Região de Integração Marajó, classificada como mercado local, o setor de

indústria de transformação foi quem gerou a maior renda bruta no valor de R$ 1,2 milhão,

resultante das compras dos frutos na sua forma in natura e/ou polpa no valor de R$ 91,2 mil

(junto aos agroextrativistas, atravessadores e feirantes) com o seu valor adicionado de R$ 1,1

milhão com os seus processos de transformação dos frutos em produtos finais (Gráfico 15). O

varejo rural gerou uma renda bruta no valor de R$ 180 mil, resultante da soma da compra de

insumo no valor, em torno de, R$ 135 mil junto ao setor da produção e, na maioria das vezes,

in lócus, e agregação de R$ 45 mil. O varejo urbano, por sua vez, comprou insumos no valor

de R$ 184,7 mil junto ao varejo rural, agroextrativistas e atacadistas, nos próprios pontos de

Page 107: Relatorio marajo

107

comercialização dos centros urbanos e, adicionou R$ 80,8 mil, gerando uma renda bruta no

valor de R$ 265,5 mil. Os atacadistas geraram uma renda bruta no valor de R$ 2 mil,

resultante da soma da compra de insumo no valor, em torno de, R$ 1,3 mil junto ao setor da

produção e agregação de R$ 763,57.

Na esfera estadual, com renda bruta contabilizada em mais de R$ 67,1 mil, quem

mais atuou para a formação deste montante foram os feirantes, com R$ 61,4 mil, obtidos com

a soma do valor agregado de R$ 13,5 mil com o valor da compra dos frutos in natura no valor

de R$ 47,9 mil. O atacado, por conseguinte, gerou uma renda no valor de, em

aproximadamente, R$ 5,7 mil, gerados pela compra das frutas in natura no valor de R$ 3,8

mil junto aos produtores/atravessadores e agregação de valor em torno de R$ 1,9 mil (Gráfico

15). Com relação a esfera nacional, o varejo urbano comprou as frutas in natura no valor de

R$ 12 mil, e adicionou o equivalente a R$ 3,3 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$

15,3 mil.

Estas rendas brutas geradas no âmbito local, estadual e nacional, demonstram a

importância que estas frutas tiveram não somente para a economia da região, no que tange a

geração de renda e emprego. Entretanto, dos R$ 2 milhões gerados e circulados na cadeia de

comercialização das frutas, apenas 15% deste montante (R$ 304,4 mil) corresponderam ao

valor retido pelo setor que dá origem a toda a cadeia, ou seja, agroextrativistas, ver Gráfico

15. Pois, foram os diferentes motivos que, agindo concomitantemente, contribuíram para tal

problemática: primeiro as vendas dos produtos foram parcialmente maiores, na sua forma in

natura, para os varejistas (composto por atravessadores e feirantes) que pagaram os menores

preços médios, que devido a; falta de uma melhor organização social (seja em forma de

sindicato, associação ou via cooperativa), contribuiu para que as vendas tenham sido dispersas

e vendidas em maior quantidade para os setores que não estão ligados ao beneficiamento,

assim como, contribuiu para que as vendas para a Conab não se realizasse caso este, também,

fosse amplamente conhecido e; o local de produção/extração do produto, encontrar-se distante

dos centros consumidores, o que por sua vez, pelo custo, acaba lhe impondo dependências em

relação a comercialização, ou seja, o escoamento de parte da produção fosse realizado por

intermédio de terceiros (atravessadores) e, por fim; a precariedade em que se encontraram os

pontos de comercialização nos municípios (feiras e mercados), que por sua vez, fez com que

alguns agroextrativistas saíssem da região para vender a sua produção em outras regiões, mais

precisamente a Metropolitana e, até mesmo em outro estado, que no caso tratou-se do estado

do Amapá.

Page 108: Relatorio marajo

108

4.2.10 Cacau amêndoa

Foram identificados dois agentes que comercializam a amêndoa do cacau na RI

Marajó (Figura 27), que atuam como atravessadores do produto. Sendo que um também

trabalha atravessando carvão. Estão no ramo, em média, há cinco anos e um exercia profissão

anterior de verdureiro.

FIGURA 27- Localização dos agentes mercantis do cacau amêndoa na RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O cacau amêndoa é comercializado durante o período de safra, sendo armazenado em

um galpão cedido pela prefeitura. Os agentes não citaram meios de transporte, apenas que

pagam frete de R$ 3,00 a R$ 4,00 por saca. A quantidade de pessoas envolvidas no trabalho

foi de uma a duas, sendo que os agentes não citaram o tipo de mão de obra. Os agentes

relataram que necessitam de melhorias como assistência técnica e financiamento de plantios

para aumento da produção, para atender a demanda do mercado.

A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na comercialização do cacau

amêndoa (Quadro 9).

Page 109: Relatorio marajo

109

QUADRO 9- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau amêndoa da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Pequenos produtores da região, mas que totalizam uma

expressiva quantidade de 58 toneladas no ano estudado, que

foram vendidos diretamente para atravessadores;

Varejo rural

Atravessadores, que compram a produção in loco, geralmente

possuem compradores certos, como os atacadistas no mercado

estadual;

Estadual Atacado

Atacadistas pertencentes principalmente a RI Xingu, líder

estadual em produção cacaueira, que comercializam

diretamente para as indústrias de transformação nacionais.

Nacional

Indústria de

transformação

Grandes empresas nacionais, que transformam o produto bruto

em diversos subprodutos;

Varejo urbano Redes de supermercados em geral, que vendem a produção

industrializada para o consumo final nacional.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg) entre os setores mercantis do cacau amêndoa.

A estrutura da cadeia do cacau amêndoa apresentou uma cadeia linear, passando por

setores intermediários a nível local, estadual e nacional (Figura 28). Da produção identificada

na região (equivalente a 58 t), 100% foi vendido para o varejo rural (atravessadores) ao preço

de R$ 4,79/kg, que vendeu para o agente atacadista estadual (localizado em Altamira) a R$

5,37/kg, que revendeu a R$ 6,44/kg para uma grande empresa multinacional do setor da

indústria de transformação nacional, localizada na Bahia, para produção de chocolate em pó

que, por sua vez, comercializou com o varejo urbano nacional (supermercados) a R$ 7,80/kg,

que fez a venda para o consumidor final num preço estimado em R$ 10,93/kg. O preço médio

do cacau não varia muito entre os setores da cadeia, pois geralmente é definido pelo mercado

internacional, com cotação na bolsa de valores, e sofre pequena flutuação de preço entre

safras.

Page 110: Relatorio marajo

110

FIGURA 28- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do cacau amêndoa na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.11 Carvão

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

carvão.

O comércio de carvão geralmente tem sido acompanhado da venda do açaí, visto que

o batedor utiliza o carvão para aquecer a água que amolece a polpa do açaí, e

consequentemente, também comercializa o excedente do carvão. Foram identificados setenta

e dois agentes mercantis do produto (Figura 29), sendo que trinta e cinco comercializam

exclusivamente o carvão, e os demais trabalham com mel, açaí, polpa de cupuaçu, cacau,

taperebá, tipiti e breu-branco. Cinco agentes envolvidos nesta cadeia estão neste ramo há

pouco tempo (entre um a cinco meses), os outros estão no ramo, em média, há 16 anos

(variação de 1 a 59 anos) e exercem profissões paralelas de açougueiro, proprietário de bar,

auxiliar de enfermagem, ajudante de pedreiro, costureira, pescador, ambulante e aposentado.

Page 111: Relatorio marajo

111

FIGURA 29- Localização dos agentes mercantis do carvão na RI Marajó, estado do Pará,

no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 10 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 10- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do carvão na RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção

Carvoeiros de Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Abaetetuba e

Barcarena (RI Tocantins) que produzem o carvão e

comercializam em sacas de 15 kg.

Local

Produção

Provinda da fabricação de carvão por carvoeiros, muitas vezes

são agricultores familiares que produzem a partir da matéria-

prima proveniente da limpeza dos seus terrenos, em fornos

artesanais cavados no chão, chamados de “caieiras”, e

consideram essa atividade complementar para a renda familiar.

O carvão também pode vir da matéria-prima dispensada pelas

serrarias;

Varejo rural Agentes que se deslocam até as comunidades para comprar o

carvão diretamente dos carvoeiros;

Varejo urbano Comerciantes e feirantes que compram o carvão em sacas de 15

kg dos produtores. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os produtores possuem propriedades rurais com extensões que variam de 1 a 200

hectares, localizadas em Melgaço, Salvaterra, Rio Canaticu, Rio Batata, Rio Purús e Ilha

Atuirá. Apesar de possuírem áreas, a produção do carvão é feita em frente ou próximo das

Page 112: Relatorio marajo

112

madeireiras. Com relação ao espaço de comercialização e armazenagem dos produtos, 17

agentes (quatro produtores, onze comerciantes e um atravessador) não possuem ou

armazenam no pátio da casa, já os restantes dispõem de locais com dimensões que variam de

1m² a 48m².

Os meios de transporte mais utilizados nesta atividade são carros de mão, carros,

bicicletas, barcos com capacidade de uma tonelada e rabeta. Porém, os produtores e

atravessadores pagam frete para o transporte do carvão até o local de comercialização no

valor de R$ 4,00.

Os materiais e equipamentos utilizados pelos produtores/carvoeiros para fabricação

do carvão resumem-se a pá, terçado, machado, paneiro e lata, sendo que, boa parte da

produção das caieiras é realizada com aproveitamento de refugo de serrarias. As caieiras são

buracos feitos no chão, com dimensões de 4m², onde ficam empilhados refugos de madeira

dispostos longitudinalmente, que quando cobertas com areia formam uma espécie de forno.

Os comerciantes, atravessadores e feirantes que trabalham o ano todo com o produto, citaram

que há necessidade de local maior e protegido para armazenagem do carvão, pois devido as

chuvas fica úmido e/ou molhado, tendo que ser posto para enxugar em lonas na frente do

estabelecimento.

A mão de obra empregada é na maioria dos casos familiar, a qual serve como

complemento para as famílias que em alguns casos sobrevivem desta atividade em situação

bastante precária. Um agente produtor adota o sistema de meia com seu “ajudante” cedendo a

área e os equipamentos para produção do produto e o lucro obtido com a venda é dividido

entre eles. Os problemas relatados são decorrentes da falta de espaço físico dos boxes e, com

relação a capacidade de melhoria, a legalização de áreas de coleta de madeira e para a

atividade de produção de carvão.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do carvão.

Os canais de comercialização do carvão, identificados nos dezesseis municípios, se

caracterizam por canais simples, que apresentam apenas dois setores intermediários que são o

varejo rural (atravessador) e o varejo urbano local (feirantes) (Figura 30). Do total da produção

identificada pela pesquisa, 65,9% são da própria região estudada e o restante (34,1%) é originário

da RI Tocantins (Abaetetuba, Barcarena, Limoeiro do Ajuru e Oeiras do Pará).

O principal canal de comercialização do carvão é formado pelo setor do varejo

urbano que compra 37,9% da produção local, 13,7% da produção extralocal e 29,2% dos

Page 113: Relatorio marajo

113

atravessadores (varejo rural) e vendem 80,8% diretamente para os consumidores locais

(Figura 30). É importante destacar que o setor do varejo urbano também é constituído por

pequenos e grandes batedores de açaí, classificados nesta cadeia como varejistas, pois

compram carvão diretamente de produtores de açaí, que usam como insumo no processo de

esquentar a água, para amolecer o fruto do açaí. Estes comerciantes aproveitam para vender

também o carvão.

Outro canal importante é a venda direta da produção local (17,4%) com os

consumidores locais, neste caso são constituídos principalmente por restaurantes e

churrascarias locais (Figura 30). Os varejistas rurais compram somente 10,6% da produção

local e 20,4% da extralocal, devido a proximidade dos municípios, e foram vendidos 29,2%

para os varejistas urbanos locais e 1,8% diretamente para os consumidores locais.

FIGURA 30- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do carvão, no ano de 2010.

O varejo rural compra a saca do carvão dos carvoeiros da RI Tocantins (produção

extralocal) a um preço médio de R$ 6,00/saca e dos carvoeiros locais a R$ 9,45/saca e na

sequencia, vende diretamente ao consumidor local por R$ 12,00/saca e para os varejistas

urbanos a R$ 10,75/saca (Figura 31).

Page 114: Relatorio marajo

114

O varejo urbano (feirantes) compra, em média, a R$ 9,45/saca dos carvoeiros da RI

Tocantins, a R$ 10,31/saca dos carvoeiros locais e a R$ 10,75/saca dos atravessadores e vende

a saca fracionada ou não ao consumidor local a R$ 15,06/saca. Enquanto que os carvoeiros

locais vendem em média a R$ 6,50/saca diretamente para os consumidores locais, neste caso,

a maioria são restaurantes/churrascarias (Figura 31).

FIGURA 31- Preço médio do carvão (R$/saca) praticado nas transações entre os setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.12 Utensílios

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos

utensílios.

Os utensílios encontrados foram: abano de tala de guarumã, cesto de palha de inajá e

tala de jupati, matapi de tala de jupati e cipó timboí5, paneiros confeccionados por diversas

talas e cipós (guarumã, cipó-titica, miriti e jacitara6), pari

7 feito de tala de jupati e cipó-titica

5 O cipó timboí é usado na armação do matapi, que é uma armadilha cilíndrica usada para captura de camarões,

pois reforça a estrutura e permite que se faça o arremate do matapi (PINTO e MOREIRA, 2005). 6 As talas de jacitara são extraídas do estipe, caule da palmeira Desmoncus orthacanthos Martius, e são

comumente usadas para confecção de cestos, paneiros e outros artefatos (ITTO, 2011). 7 Parede móvel e plana confeccionada com talas de jupati fixadas lado a lado com cipó titica ou timboí,

possuindo em média 2x3m utilizado para compor o curral de pesca, mais especificamente do tipo curral de

beira (LIMA, 2010).

Page 115: Relatorio marajo

115

que é utilizado como insumo principal para compor o curral de pesca8, peneira de tala de

guarumã, tipiti feito de fibra de guarumã e vassoura regional de cipó timbó.

Trinta agentes comercializam os produtos (Figura 32) e, dividem-se nas categorias

de comerciantes e de artesões, sendo que estes comercializam outros produtos como,

castanha-do-brasil, açaí, casca de ipê, unha-de-gato, leite-de-sucuúba, andiroba e óleo de

pracaxi. Os agentes mais antigos trabalham a 55 anos neste ramo e os mais recentes há quatro

anos, e exercem profissões paralelas de agricultor, pescador, roçador e madeireiro.

FIGURA 32- Localização dos agentes mercantis dos utensílios na RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Três agentes/artesões possuem propriedades rurais de 25 a 140 ha de onde retiram

parte do material utilizado na confecção do artesanato. Com relação a armazenagem dos

produtos, os comerciantes citaram locais com tamanhos que variam de 25m2 a 96m

2, já os

artesões armazenam e confeccionam as peças em suas próprias residências.

Utilizam como meio de transporte barcos, rabetas e bicicletas que levam os

artesanatos até os pontos dos comerciantes. Os artesões que não possuem transporte pagam

frete ou alugam transporte para levarem a produção.

8 O curral é uma armadilha de pesca, construída com talas de jupati (Raphia taedigera (Mart.) Mart.) amarradas

com cipó-titica (Heteropsis spp.) ou timboí, para cercar e pegar os peixes, conforme a vazante da maré (LIMA,

2010).

Page 116: Relatorio marajo

116

Os equipamentos utilizados pelos artesões para confecção dos utensílios são: faca,

tesoura, grampos, cola, tinta, verniz, pregos, lápis e martelo. E os comerciantes dispõem

apenas de uma calculadora e balanças.

No que tange a quantidade de pessoas, toda a produção dos artesões foi feita durante

o ano todo, em horários esporádicos, com dois a seis membros familiares envolvidos na

fabricação dos utensílios, cuja renda tem sido dividida entre todos. Já o comerciante trabalha

durante o ano todo, e conta com a ajuda de membros familiares no comércio.

Para melhoria da produção, os agentes citaram a necessidade de espaço físico maior,

aquisição de produtos na região, divulgação da atividade, além de capacitação dos artesões.

Pois acham que tendo orientação técnica haverá mais venda e valorização dos produtos.

De acordo com o Quadro 11, os agentes da cadeia dos utensílios apresentam as

seguintes características:

QUADRO 11- Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos utensílios da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Artesãos/produtores que retiram a matéria prima na forma de

fibras vegetais (cipós, palhas, fibras de guarumã e outros

produtos), para tecerem objetos e utensílios;

Varejo rural Atravessadores que se deslocam pelas comunidades ribeirinhas

da região e compram o artesanato diretamente dos artesões;

Varejo urbano Agentes (comerciantes, varejistas e feirantes) que compram

utensílios da produção local e do varejo rural (comerciantes ou

atravessadores), que possuem pontos comerciais ou trabalham

em feiras dos municípios.

Nacional Varejo urbano Lojas de artesanato de Macapá que realizam a venda dos

utensílios como objetos utilitários e para decoração.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) dos utensílios.

Os canais de comercialização dos utensílios identificados se caracterizam por níveis

de canais de distribuição simples, abrangendo três setores intermediários. O varejo urbano

local compra 46,3% da produção local e vendem diretamente para os consumidores locais.

Por outro lado, 36,9% da produção identificada são comercializadas pelo varejo rural

(atravessadores) que revendem 33,0% para o setor do varejo urbano nacional (Macapá),

03,8% para o varejo urbano local e 0,1% diretamente para os consumidores locais (Figura

Page 117: Relatorio marajo

117

33). Os produtores locais vendem 8,1% da produção diretamente para o setor de varejista

nacional, 1,2% para os consumidores estaduais e 7,5% para os consumidores locais.

FIGURA 33- Estrutura (%) da quantidade amostral dos utensílios comercializados na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

dos utensílios, no ano de 2010.

O preço médio praticado pelos produtores com o varejo rural é de R$ 4,19/un. que

vende para o varejo urbano local a R$ 6,50/un., para o consumidor local a R$ 2,50/un. e para

o varejo nacional a R$ 5,56/un. (Figura 34). O varejo urbano local compra da produção a R$

3,43/un dos utensílios e revende-os ao preço médio de R$ 4,38/un. para os consumidores

locais. Uma pequena parte da comercialização de utensílios é vendida diretamente para o

setor da produção no valor de R$ 5,40/un. para os consumidores locais, R$ 8,67/un. para os

consumidores estaduais e a R$ 3,32/un. para o varejo nacional.

Page 118: Relatorio marajo

118

FIGURA 34- Preço médio dos utensílios (R$/un.) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.13 Castanha-do-brasil

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

castanha-do-brasil.

Foram identificados dez agentes mercantis do produto (Figura 35), sendo que apenas

um trabalha exclusivamente com a castanha, e os demais com andiroba, bacaba, bacuri,

copaíba, mel, mari, piquiá, tucumã, pupunha e uxi. Os agentes se dividem em quatro

atravessadores, três feirantes, dois produtores e um comerciante. Trabalham neste ramo, em

média, há 16 anos (variação de 2 a 30 anos).

O Quadro 12 descreve a caracterização dos agentes mercantis envolvidos na

comercialização da castanha-do-brasil, de acordo com seus respectivos setores e mercados.

Page 119: Relatorio marajo

119

FIGURA 35- Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

QUADRO 12- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da castanha-do-brasil da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Produção primária da castanha-do-brasil, ou seja, coleta

realizada por extrativistas na floresta, que realizam ainda, no

local de coleta, a quebra dos ouriços liberando as sementes para

serem comercializadas;

Varejo rural

Atravessadores (cuja maioria, via de regra, atua como

representante de indústria de beneficiamento “tradicional” no

estado do Pará) que compram a castanha-do-brasil, somente na

safra, diretamente dos coletores;

Varejo urbano Feirantes e frutarias que comercializam a castanha na forma de

semente para o consumidor final local.

Estadual

Indústria de

beneficiamento

Refere-se a uma unidade de beneficiamento situada em Belém

(RI Metropolitana), que realiza o processamento industrial

deste produto;

Varejo urbano Representada por uma das redes de supermercado (Belém) que

comercializa a castanha beneficiada pela indústria para o

consumidor final estadual.

Nacional Varejo urbano Redes de supermercado situadas fora do Estado, ou até mesmo

fora do Brasil.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os produtores possuem propriedades rurais com áreas de 5 a 800 ha, localizadas no

Rio Jurupari e Rio Parauaú. Com relação a armazenagem, todos os agentes possuem local

Page 120: Relatorio marajo

120

para comercialização do tipo box ou ponto comercial, com dimensões variadas entre 3 a 100

m2

e, utilizam como meio de transporte bicicletas, barcos com capacidade de 1.200 hectolitros

e rabetas. Porém, um atravessador despacha as castanhas via balsa e o frete é pago pelo

comprador.

Os equipamentos utilizados nesta atividade são: calculadoras e balanças com

capacidades que variam de 150 a 300 kg. Referente a problemas com armazenamento, foi

relatada a necessidade de ampliar os espaços físicos.

Com relação a tempo de trabalho, os agentes trabalham com o produto somente no

período da safra e a mão de obra utilizada, geralmente, é familiar. Foi informada a existência

de outros agentes que comercializam o produto, todavia a produção da castanha está

definhando devido a redução dos castanhais na região, fato este ligado ao desmatamento. Os

agentes identificaram diversas necessidades, como incentivos governamentais para o plantio

de castanhais, para a preservação dos existentes, para a assistência técnica e uma boa pratica

de manejo, assim como capital de giro para investir na atividade.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha-do-brasil.

Os canais de comercialização da castanha-do-brasil identificados na RI Marajó, se

caracterizam por canais não muito complexos entre a produção local até o consumidor final.

A análise da sua estrutura de comercialização, feita a partir das inter-relações existentes entre

os agentes mercantis, indica que há desequilíbrios de forças no mecanismo de

comercialização (Figura 36). O importante a se destacar é que o comércio da castanha, a

partir da região do Marajó, obedece basicamente o mercado externo.

O principal canal de comercialização é formado pelo setor de varejo rural que

compra 97,9% diretamente dos extrativistas, e vende o adquirido quase em sua totalidade

(97,7%) para a indústria de beneficiamento estadual, que após realizar os seus processos

produtivos a fim de garantir uma melhor qualidade ao produto, os vendeu as redes de

supermercados, sendo 2,2% no âmbito estadual e 95,5% no âmbito nacional. Depreende-se,

no entanto, que deste percentual nacional, 31,3% foram transacionadas pela indústria aos

agentes mercantis no exterior, ou seja, para outros países.

Os outros canais que os extrativistas utilizaram para a geração de renda foram as

vendas (1,9% do produto coletado) para os feirantes e, diretamente aos consumidores finais da

RI Marajó, porém este último não representou nem 1% (Figura 36).

Page 121: Relatorio marajo

121

FIGURA 36- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na

RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Portanto, o mercado (inter) nacional demandou 95,5% de toda castanha oriunda da

RI do Marajó, ficando inexpressivos 2,3 % para serem consumidas a nível local e 2,2% a

estadual. Sendo que, enquanto na RI a comercialização do produto se deu tanto em forma de

semente quanto ainda com casca. Os consumidores a nível estadual adquiriram o produto de

melhor qualidade, já que antes passaram por beneficiamento da indústria.

Na comercialização da castanha foram identificadas transações comerciais

(compra/venda) pela utilização da prática do aviamento, que em termos gerais, significa que o

maior comprador, que no caso foi a indústria, adianta o pagamento do quilo do produto aos

atravessadores ou “regatões” (varejistas) e estes, por sua vez, para garantir um retorno pelo

seu “trabalho”, pagam aos extrativistas um preço (por quilograma) menor do que recebeu no

adiantamento. Este sistema se consolida neste mercado (há muito tempo, desde o inicio destas

relações), por ter entre os seus objetivos os de reduzir custos para as indústrias, haja vista que

se reduz o custo de transporte e mantém o preço do produto inalterado (ou pouco alterado) por

alguns anos, assim como, mantém o extrativista refém do comprador, por não “entender” e/ou

não ter forças para modificar esses mecanismos de comercialização. E por fim, torna-se

também vantajoso para o comerciante, pois obtém uma margem de comercialização

expressiva (mark-up) sem nenhum incremento ao produto.

Page 122: Relatorio marajo

122

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da

castanha-do-brasil, no ano de 2010.

Os preços de venda praticados pelos extratores da castanha com outros agentes

variam conforme o volume comercializado, tais como, R$ 0,87/kg com o varejo rural, R$

1,30/kg com o varejo urbano e R$ 2,00/kg com consumidores locais (Figura 37).

Com relação ao principal elo da cadeia de comercialização, o setor da indústria de

beneficiamento estadual compra de atravessadores a R$ 1,09/kg e, após fazer todas as etapas

do beneficiamento na fábrica, vende ao preço de R$ 9,00/kg da amêndoa seca (com ou sem

casca) para o varejo urbano estadual e, estimado a R$ 15,00/kg para o varejo urbano nacional.

Convém lembrar que todos os preços aqui descritos, para todos os setores, foram convertidos

para a unidade de R$ correntes por Kg de amêndoas secas da castanha-do-brasil (Figura 37).

FIGURA 37- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização da castanha-do-

brasil.

Na soma do valor recebido por todos os setores que realizaram a oferta da castanha-

do-brasil a partir da RI Marajó, foi estimado na ordem de R$ 4,5 milhões (Gráfico 16), sendo

o mercado nacional o seu maior arrecadador, composto pelos setores que não pertencem a RI

em estudo, tão pouco ao estado do Pará, cuja parte deste montante, aproximou-se dos R$ 2,3

milhões (52% do VBP total, sob a ótica da oferta), devido ser o maior mercado consumidor

Page 123: Relatorio marajo

123

deste produto. O mercado estadual adquiriu algo em torno de R$ 1,9 milhão (43% do VBP

total), pelo fato de ter sido beneficiado e, o nacional contabilizou em torno de R$ 257,2 mil

(6% do VBP total), devido ser o local de extração e origem da comercialização.

GRÁFICO 16- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-brasil

da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Conforme o Gráfico 16, do total ofertado pelos setores que compõem o mercado

local, o setor produção (VBPα), composto pelos extrativistas/coletores, recebeu um pouco

mais de R$ 113,1 mil das transações realizadas predominantemente no âmbito local, dos quais

aproximadamente 97% (R$ 109,3 mil) foram oriundos das vendas para o setor de varejo rural,

pois, foi que teve o contato com a indústria de beneficiamento no âmbito estadual. O restante

adveio das transações de 3% com o setor de varejo urbano e, 0,5% das vendas aos

consumidores da RI. O setor de varejo rural, representativo dos atravessadores que atuam há

vários anos na comercialização do produto, recebeu algo superior a R$ 137,2 mil,

provenientes quase em sua totalidade (99,8%) das vendas para grande demandador do recurso

no âmbito estadual, mais especificamente o setor de beneficiamento estadual, já que, parte

deste valor, os atravessadores venderam diretamente aos consumidores da própria RI. E o

varejo urbano, setor onde foram associados os feirantes, adquiriu R$ 6,9 mil com as vendas

aos consumidores finais, sob a ótica da oferta.

Com relação as receitas obtidas com as vendas dos setores realizadas no nível

estadual, orçada em mais de R$ 1,9 milhão, conforme o Gráfico 16, em torno de 98% (R$ 1,9

Page 124: Relatorio marajo

124

milhão) foi proveniente das vendas da indústria de beneficiamento, referente a uma indústria

processadora e exportadora da castanha-do-brasil com sede na capital paraense e, que

negociou com o setor de varejo urbano no âmbito estadual e nacional, sendo 2% e 98%

respectivamente. E, somente R$ 31,8 mil ficaram a par do setor varejista urbano

(supermercados da capital paraense, Belém), oriundo das vendas diretas para o consumidor

final estadual.

No mercado nacional, onde o valor das vendas foi estimado em R$ 2,3 milhões

(Gráfico 16), houve a participação exclusiva do setor de varejo urbano nacional, composto

pelas redes de supermercado e, que venderam para os consumidores.

Por tudo isso, verificou-se que na formação do VBP total, sob a ótica da oferta, de

aproximadamente R$ 4,5 milhões, teve como principal agente comercializador a nível local,

os atravessadores, pois, praticamente os extrativistas individualizados que tiveram nesta

atividade a sua principal e/ou uma das fontes de renda, se vêem “obrigados”, por questões

mercadológicas (sendo o mais justificável os custos), a vender praticamente toda a produção a

este setor, que, por conseguinte venderam o adquirido ao setor de indústrias de

beneficiamento no âmbito estadual, que por ser um dos poucos agentes com grande potencial

de compra deste produto na região e, detentores do processo de automação, cujos níveis

tecnológicos adotados melhoram a qualidade do produto final, acabam também influenciando

na determinação do preço de compra junto aos agentes mercantis locais, demonstrando que o

mercado da castanha-do-brasil, na RI Marajó, apresentou fortes características

oligopsonistas9. No entanto, as redes de supermercado estadual, classificado como varejo

urbano, constituíram o maior arrecadador.

e) VAB - gerado na comercialização da castanha-do-brasil e a margem de

comercialização de cada setor (%).

O VAB ao longo da cadeia comercialização deste recurso, desde o setor alfa

(coleta/produção) da RI Marajó até o consumidor final, foi de R$ 2,3 milhões (Gráfico 17),

que resultou em uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na

comercialização de 1.975%. Esta margem calculada a partir do valor total do VAB (R$ 2,3

milhões), menos o VBPα

(R$ 113,1 mil), dividido pelo mesmo valor do VBPα, expôs, em

termos percentuais, o quanto foi adicionado ao produto, ao longo de toda a cadeia de

comercialização, a partir do setor alfa (α), os extrativistas. É imperativo afirmar que este valor

9 Oligopsônio refere-se a estrutura de mercado em que o número de compradores é bem pequeno.

Page 125: Relatorio marajo

125

de mark-up foi expressivo pelo fato do setor alfa, após realizar a coleta/extração, pouco

agregou ao fruto, diferente dos setores da demanda intermediária, principalmente das

indústrias de beneficiamento estadual.

O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia esta em processo

de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação e/ou

majoração de preço que este produto adquiriu nos setores, ao longo das cadeias de

comercialização, antes dos demandantes finais.

GRÁFICO 17- VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da castanha-do-brasil

da RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Apesar do visto no item b) da respectiva cadeia desse produto, em que a sua

comercialização se desenvolveu basicamente para atender ao mercado nacional, foi no âmbito

estadual em que se contabilizou 74% do VAB ao longo de toda a cadeia (Gráfico 17). Cujos

processos automatizados de beneficiamento a fim de melhorar e, se adequar as exigências, no

que se refere a qualidade do produto, considerando-se as suas características e especificidades

e desenvolvido pelo setor de indústria de beneficiamento fora responsável por mais de R$ 1,7

milhão (99,8% do VAB estadual). E devido a isso, constitui a maior margem de

comercialização (mark-up) entre os setores e, estimado em 1.266%, resultante da relação entre

o seu valor adicionado e o seu valor de compra do recurso (insumo). Os processos

automatizados desenvolveram-se desde higienização da semente e tratamento contra os

fungos, conforme os órgãos de vigilância sanitária e de comércio, até a descasca da semente,

Page 126: Relatorio marajo

126

seleção e empacotamento da amêndoa, como também pela compra da semente por baixo

preço (por quilograma) junto ao seu fornecedor.

Já o processo de somente majorar o preço (considerando os acréscimos dos custos de

comercialização) contribui com mais de 21% para o somatório do valor do VAB total, sendo

1,5% no âmbito local e desencadeado pelo setor de varejo rural (1,2%), varejo urbano (0,2%),

que constituiram um valor mark-up de 26% e 144%, respectivamente (Gráfico 17). O setor de

varejo urbano estadual, por sua vez, contribui com aproximadamente 0,3% do VAB total e,

configurou um margem de comercialização (mark-up) de 25%. O mesmo aconteceu com o

setor de varejo urbano nacional, que com o aumento do preço apresentou um mark-up de 28%

e contribuiu com 20% do VAB Total.

O restante do VAB, fora oriundo das transações do setor da produção estimada em

R$ 113,1 mil. Logo, o setor extrativista agregou valor ao produto somente no que se referiu as

vendas do produto na sua forma in natura (ainda dentro da casca) e, por isso, não foi estimado

o seu valor de mark-up.

Portanto, no que se referiu ao VAB total, equivalente ao VTE, ao longo da cadeia de

comercialização deste fruto, observou-se que as indústrias “tradicionais” de beneficiamento e

exportação, localizadas fora da RI Marajó, conseguiu adicionar valor superior aos outros

setores, assim como também, formalizou um elevado valor de mark-up, fatos estes,

propiciados simultaneamente tanto pelo grau de especialização/negociação, quanto pela sua

capacidade instalada, como também devido as poucas ações de beneficiamento que este

recurso adquiriu antes das compras realizadas pelo setor.

f) RBT (em R$), gerada pela ótica da demanda, na comercialização da castanha-do-

brasil.

No que diz respeito a Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do

produto e, contabilizada na ordem de R$ 4,5 milhões, o sistema local foi responsável por

apenas 6%, o estadual 43% e o nacional mais de 52% (Gráfico 18). Este valor da RBT foi

resultante da soma do valor de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com VTE,

que corresponde ao valor estimado para o VAB total, formado pelos setores ao longo da

cadeia de comercialização.

Page 127: Relatorio marajo

127

GRÁFICO 18- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-

do-brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da

RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na RI Marajó, sistematizado como mercado local, cuja renda bruta somou

aproximadamente R$ 257,1 mil, o setor do varejo rural foi quem gerou a maior renda bruta,

no valor de R$ 137,2 mil, com as vendas para o setor de beneficiamento no âmbito estadual e,

resultante da compra da castanha-do-brasil em forma de semente no valor de R$ 109,3 mil e

agregação num montante de R$ 27,9 mil com a majoração de preço sob o fruto (Gráfico 18).

O varejo urbano, por conseguinte, comprou mais de R$ 3,2 mil do produto diretamente dos

extrativistas e adicionou um pouco mais de R$ 3,7 mil, que gerou uma renda bruta em mais

de R$ 6,9 mil. No que tange a renda bruta do setor de produção (α), no valor de 113,1 mil,

resultante da venda para os setores econômicos que compõem o sistema local,

preponderantemente para os atravessadores. Vale destacar que o setor alfa transacionou o

produto já em forma de semente, contudo, a sua renda poderia ser maior se eles se

organizassem no intuito de fomentar a capacidade produtiva (meios de produção), pois assim,

poderia barganhar recursos para os investimentos em máquinas e equipamentos para o

beneficiamento do produto antes da comercialização, especificamente os processos de

desidratação e embalagem. Assim como abdicar uma assistência técnica eficiente e outras

benesses para a atividade.

Page 128: Relatorio marajo

128

Com relação a renda bruta na esfera estadual, contabilizado em mais de R$ 1,9

milhão, foi obtido com a interação de praticamente dois setores, o da indústria de

beneficiamento, o qual teve uma participação significativa para a formação deste montante,

em torno de 98%, resultante da venda do produto (amêndoa) para as redes de supermercado

estadual e do mercado nacional. A renda bruta deste setor foi resultante da compra da semente

no valor aproximado de R$ 137 mil e pelo valor agregado na comercialização do produto no

valor de R$ 1,7 milhão. O outro setor, do varejo urbano, participou com R$ 31,8 mil na

formação da renda bruta na esfera estadual, o qual comprou o produto com negociação direta,

principalmente com a indústria de beneficiamento estadual, no valor de R$ 25,4 mil e

agregação de R$ 6,4 mil antes das vendas aos consumidores finais (Gráfico 18).

Na esfera nacional somente o setor de varejo urbano gerou renda bruta, o qual orçou um

pouco mais de R$ 20 milhões, e sendo assim, este valor também corresponde a renda bruta

nacional proveniente da castanha identificada e comercializada a partir da RI Marajó. Este setor

comprou a castanha-do-brasil beneficiada junto aos setores de beneficiamento estadual, no valor

estimado em torno de R$ 1,8 milhão e adicionou R$ 461,4 mil (Gráfico 18).

4.2.14 Lenha

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

lenha.

Foram identificados oito agentes mercantis (Figura 38), que estão inseridos na

categoria de consumidor final (padarias, matadouro, olarias, comerciante e indústria de

beneficiamento de palmito) e um produtor. Estes agentes estão no ramo há 13 anos (variação

de 4 a 40 anos), trabalham com outros produtos como mel, carvão, palmito e açaí e possuem

armazém com capacidade entre 12m2 a 60m

2.

O Quadro 13 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

A indústria de beneficiamento trabalha durante o ano todo com ajuda de 40

funcionários assalariados e a lenha é utilizada no forno de aquecimento da caldeira. O

produtor trabalha em sistema de meia com o ajudante que retira a lenha por semana, já o

restante dos agentes utiliza a lenha para aquecer a água e os fornos de cozimento de tijolos,

que no inverno são duas queimas por mês e no verão são três queimas por mês, sendo que

cada queima de 10 milheiros de tijolos consomem seis toneladas de lenha de refugo de

serrarias ou de manejo de açaizais.

Page 129: Relatorio marajo

129

FIGURA 38- Localização dos agentes mercantis da lenha na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

QUADRO 13- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da lenha da RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Coletores de lenha da RI Marajó, que retiram a madeira de

áreas derrubadas para formação de pastagens e de refugos

de serrarias e vendem, principalmente, ao consumidor

final, que neste caso é composto por indústrias de

transformação tanto alimentícia (padarias e restaurantes),

quanto a que utiliza a lenha para aquecer fornos na

preparação de seus produtos (tijolos e telhas),

representado por indústria de transformação (olaria);

Varejo urbano Refere-se a um feirante que compra a lenha para revendê-

la aos seus clientes.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Como meio de transporte os agentes citaram possuir balsas e barco de carga com

capacidade para 40 cabeças de gado, e entre três a vinte toneladas. Para melhoria na

capacidade de produção informaram a necessidade de aquisição de maquinários. E relataram

ainda que quando chega o período da safra os ribeirinhos preferem tirar açaí e não vendem a

lenha que, geralmente, é retirada do próprio terreno quando fazem a limpeza do mato e os

agentes têm que ir comprar a lenha em serrarias, que acaba encarecendo o preço do refugo.

Page 130: Relatorio marajo

130

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/m³) entre os setores mercantis da lenha.

Verificou-se que esta cadeia de comercialização foi estritamente local, composta por

produtores/coletores que vendem praticamente toda a lenha (99,2%) diretamente aos

consumidores finais ao preço médio de R$ 50,24/m³ (Figura 39). É preciso ressaltar, no

entanto, que os agentes mercantis que compõem este setor (consumidor final), são na verdade,

pequenas e médias indústrias, descritas no quadro 13, que utiliza este produto como insumo

na preparação de seus respectivos produtos finais. O restante da lenha identificada, o setor da

produção (0,8%) transacionou com um feirante (varejo urbano) que pagou R$ 70,00/m³ e o

revendeu por R$ 100,00/m³ a seus clientes.

FIGURA 39- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/m³) da lenha na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.15 Mel

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

mel.

A extração do mel foi identificada como atividade alternativa de renda para muitos

produtores rurais na RI Marajó, com possibilidade de ocupação para toda família. Nos doze

municípios foram entrevistados vinte e sete agentes mercantis (Figura 40) que atuam, em

média, há 14 anos no ramo (variação de 3 a 28 anos), e estão divididos em oito

apicultores/produtores, oito feirantes, nove comerciantes e dois atravessadores. Os agentes

trabalham com outros produtos, tais como: carvão, lenha, cupuaçu, muruci e produtos

Page 131: Relatorio marajo

131

medicinais (barbatimão, casca de ipê-roxo, casca de pariri, copaíba, jucá, leite-de-amapá,

leite-de-sucuúba, óleo de andiroba, óleo de piquiá, seiva de jatobá, unha-de-gato e verônica).

FIGURA 40- Localização dos agentes mercantis do mel na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Nesse contexto, foram encontrados apiários e meliponários em áreas rurais e

periurbanas, com criação de abelhas híbridas (Apis mellifera), e uruçu (Melipona scutellaris).

Os equipamentos utilizados nos apiários são: centrifugador, decantador, melgueiras, peneira,

bacia, mesa operculadora, cilindro, fumigadores, caixas, baldes, balança, freezer, crivo,

coletor de mel e o kit do apicultor com equipamentos individuais. No entanto, alguns

produtores utilizam técnicas primitivas de retirada do mel com a destruição das colméias

encontradas nos troncos de árvores pela floresta.

Os meios de transporte mais utilizados são: carro, moto, barco e a rabeta10

. Os

agentes possuem propriedades rurais com dimensões que variam de 10 a 400 hectares.

Referente aos locais de comercialização e armazenagem, o produtor trabalha na própria casa,

os demais possuem de um a dois estabelecimentos do tipo box, barraca e ponto comercial,

com dimensões entre 4m2 a 100m

2. Doze agentes possuem meios de transportes, sendo os

mais utilizados: carro, moto, barco e bicicleta.

10

Pequena embarcação com motor de popa e hélice traseira, usada em rios e lagos de pouca profundidade.

Page 132: Relatorio marajo

132

A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na comercialização do mel

(Quadro 14).

QUADRO 14- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do mel da RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção

Agricultores familiares do município de Abaetetuba (RI

Tocantins) que desenvolvem a atividade apícola como

complemento da renda familiar.

Local

Produção

Agricultores familiares que desenvolvem atividades agrícolas

tradicionais e também atividade apícola como alternativa de

renda, sendo responsável pelo manejo das colméias, produção,

beneficiamento e envasamento do mel;

Varejo rural Atravessadores que compram mel diretamente dos

produtores/apicultores e revendem para os consumidores locais;

Varejo urbano

Comerciantes (donos de mercearias e supermercados) e/ou

feirantes que compram da produção (local e extralocal) e de

atravessadores e vendem para o consumidor local. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Com relação aos problemas identificados com o armazenamento do produto, os

apicultores foram unânimes em citar a necessidade de ampliar os espaços de trabalho assim

como a aquisição de equipamentos complementares.

Referente a mão de obra, os apicultores, os feirantes e os comerciantes trabalham

com um ou dois membros familiares, sendo que o tempo de trabalho para os apicultores é em

épocas de florada, já os comerciantes e os feirantes trabalham o ano todo. Apenas um varejista

paga o valor de um salário mínimo para seus seis funcionários, que trabalham o ano todo.

Com relação a melhoria na capacidade de produção, foi relatada a necessidade de

manejo das abelhas, assistência técnica, capital para investir em espaço físico adequado,

reflorestamento nas áreas degradadas e intercâmbio entre criadores e a juventude do campo,

haja vista que estes são velozes na assimilação e investimento na capacitação dos apicultores,

pois atualmente, apenas 20 pessoas receberam treinamento para coleta de pólen e própolis. Os

apicultores estão tentando montar o “Barco do mel”, que passaria pelos furos e rios coletando

o mel produzido pelos apicultores, para comercializar nas sedes dos municípios. Além do

comércio do mel, esperam ampliar também com própolis e pólen.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel.

Do total da quantidade do mel identificada 95,8% são oriundos da região e

somente 4,2% da RI Tocantins. A cadeia de comercialização do mel é constituída de

Page 133: Relatorio marajo

133

canais simples, pois abrangem apenas dois setores intermediários entre a produção até o

consumidor final (Figura 41).

O principal nível de canal de comercialização do mel identificado refere-se ao varejo

urbano local (feirantes e comerciantes) que compraram 69,4% da produção local e 4,2% da

extralocal, que por sua vez revenderam em litro, ou fracionado, para o consumidor local

(Figura 41). Outro canal importante é a venda direta dos apicultores locais para os

consumidores locais comercializando 23,2% da produção identificada. Destaca-se também a

venda direta de 1,5% da produção local com os consumidores estaduais. E por último, os

atravessadores (varejistas rurais) que compraram apenas 1,7% da produção local identificada

e venderam diretamente 0,2% para os consumidores locais e 1,5% para os varejistas urbanos.

FIGURA 41- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do mel, no ano de 2010.

O varejo urbano (feirantes e pequenos comerciantes) foi o principal intermediário da

cadeia do mel. O preço médio de compra do mel praticado pelos varejistas com os apicultores

locais foi em média de R$ 11,52/l e com os apicultores extralocais foi de R$ 9,03/l (Figura

42). Por outro lado, o preço de venda praticado pelo setor varejista urbano, com os

consumidores locais, foi em média de R$ 16,98/l, pois normalmente fracionam em frascos

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134

menores (100 ml ou 500 ml). O varejo rural comprou da produção a R$ 11,72/l e vendeu para

os varejistas urbanos a R$ 15,22/l e a R$ 30,00/l para os consumidores locais.

A venda direta do mel praticado pela produção local para o consumidor local foi de

R$ 17,43/l e, para o consumidor estadual, de R$ 100,00/l, pois neste caso o preço mais alto é

justificado devido o mel ser proveniente de colméias de abelhas nativas, sem ferrão, no caso

abelha uruçu, cujo valor de mercado é maior que o mel das abelhas com ferrão (Figura 42).

FIGURA 42- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia

de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.16 Borracha

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

borracha.

Foi entrevistado um agente mercantil pertencente a esta cadeia, classificado como

atravessador. Este está no ramo há cinco anos e exerce profissão paralela de secretário de

agricultura. A borracha foi armazenada em um galpão cedido pela prefeitura e mandada de

navio ou via balsa para a indústria de transformação nacional. O agente não citou a

quantidade de pessoas envolvidas, somente relatou que trabalha com o produto durante o ano

todo. E que para melhoria da produção seria necessário a retomada do comércio da borracha.

A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na comercialização da

borracha (Quadro 15).

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135

QUADRO 15- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da borracha da RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Produtores locais que fazem a extração do látex das

seringueiras;

Varejo rural Pequenos comerciantes do interior do município que compram

a borracha dos produtores, denominados atravessadores.

Nacional

Indústria de

transformação

Grandes empresas multinacionais que se dedicam na produção

de pneus e outros produtos utilizando a borracha como matéria-

prima principal;

Varejo urbano Redes varejistas que comercializam a produtos derivado do

látex nacionalmente. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg) entre os setores mercantis da borracha.

A cadeia de comercialização da borracha consiste em canal simples cuja produção é

toda exportada para o mercado nacional (Figura 43).

FIGURA 43- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/kg) da borracha na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A estrutura de comercialização das 32 toneladas identificadas de borracha descreve

que o setor do varejo rural comprou 100% da produção ao preço de R$ 1,80/kg, e vendeu

exclusivamente para o setor da indústria de transformação nacional, para fabricação de pneus

e outros derivados, ao preço de R$ 2,20/kg (Figura 43). E estes venderam para o setor

Page 136: Relatorio marajo

136

varejista nacional ao preço de R$ 3,75/kg. Vale lembrar que estes valores são estimados, pois

os agentes nacionais não foram entrevistados.

4.2.17 Breu-branco

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

breu-branco.

Foram identificados cinco agentes que comercializam o produto (Figura 44), sendo

que um comercializa exclusivamente o breu, e os demais trabalham com outros produtos, tais

como: açaí fruto, tipiti, mel, castanha-do-brasil, carvão, vassoura de cipó-titica, óleo de

pracaxi, peneira de cipó-titica, casca de preciosa, cacau, casca de verônica, casca de ipê-roxo,

casca de unha-de-gato, leite-de-sucuúba, leite-de-amapá, copaíba, óleo de andiroba, casca de

sucuúba e paneiro de cipó-titica. Os agentes estão inseridos nas categorias de produtor (1),

atravessador (1) e comerciante (3), e estão nesse ramo em média há 9 anos (variação de 1 a 20

anos).

FIGURA 44- Localização dos agentes mercantis do breu-branco na RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 16 descreve a caracterização dos agentes mercantis envolvidos na

comercialização do breu-branco de acordo com seus respectivos setores e mercados.

Page 137: Relatorio marajo

137

QUADRO 16- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do breu-branco da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas que coletam a resina do breu-branco;

Varejo rural Atravessadores que compram dos extrativistas a resina do

breu-branco;

Indústria de

transformação

Uma fábrica que compra a resina do breu-branco e utiliza

como cola na produção de vassouras;

Varejo urbano

Pequenos e médios estabelecimentos que também

comercializam produtos alimentícios e outros utilizados na

medicina popular (cascas, resinas, óleos entre outros) e

vendem para o consumidor final.

Estadual Varejo urbano

Feirantes que comercializam produtos utilizados na medicina

popular (cascas, resinas, óleos entre outros) e vendem para o

consumidor final.

Nacional

Indústria de

transformação

Uma fábrica de Fortaleza-CE que compra a resina do breu-

branco e utiliza como insumo na preparação de produtos finais:

tintas, papel, borracha sintética, etc.;

Varejo urbano Supermercados que comercializaram produtos finais, que tem

como insumo a resina do breu. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O produtor retira a resina do breu de sua propriedade com dimensões de 140 hectares

e comercializa durante todo ano com a ajuda de dois membros da família. Os demais agentes

também comercializam o breu durante o ano todo.

Referente a local para armazenagem, todos os agentes possuem e em geral o breu é

comercializado com outros produtos, os pontos de venda identificados têm dimensões que

variam entre 18 a 35 m2. Como meio de transporte, os agentes utilizam bicicleta ou no caso do

atravessador, aluga um barco para buscar o breu. O equipamento mais comum utilizado nesta

cadeia é balança de 15 kg e calculadora.

Os agentes citaram que apresentam problemas com armazenagem, devido o breu

atrair insetos, havendo constantes dedetizações no local armazenado, além de comprarem o

breu molhado e sujo, apresentando restos de galhos, pedras e folhas, e terem que limpá-lo e

secá-lo, caso contrário fica impróprio para comercialização.

Para melhoria nas condições de comercialização, os agentes declaram necessidade de

aquisição de pontos comerciais, mercado consumidor, capital de giro para comprar mais breu

e contrato fixo com empresas.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do breu-branco.

Page 138: Relatorio marajo

138

O importante a se destacar é que o comércio desta resina, a partir da região do

Marajó, além de atender a demanda local, também, atendeu a demanda estadual, assim como,

fora enviado para o mercado nacional, pois é um dos insumos básicos na preparação de

produtos finais. Produtos estes, que conforme o Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas –

SBRT (2007) variam desde produtos alimentícios, como goma de mascar, até a tinta, papel,

borracha sintética, entre outros.

FIGURA 45- Estrutura (%) da quantidade amostral do breu-branco comercializado na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Como podem ser visualizados na Figura 45, os canais de comercialização da resina

do breu-branco se caracterizam por canais pouco complexo. Sendo que o principal

correspondeu a venda do setor da produção ao varejo rural (atravessadores) que adquiriram

91,8% da quantidade identificada do breu-branco e, por conseguinte, foram os agentes

responsáveis pela comercialização do produto para além da RI Marajó, pois, 51% do

adquirido foram transacionados para uma indústria de transformação no âmbito nacional,

mais especificamente para capital do estado do Ceará. O restante, 40,8%, eles

comercializaram com feirantes (varejo urbano estadual) da capital paraense (Belém),

pertencente a RI Metropolitana.

Os consumidores locais, que utilizam este produto preponderantemente para

impermeabilização de embarcações (calafetagem), mas também (alguns) para defumação,

Page 139: Relatorio marajo

139

compram a resina tanto diretamente dos extrativistas, quanto das mercarias ou feirantes

(varejo urbano local), totalizando 8,2% da produção identificada (Figura 45).

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do breu-branco, no ano de 2010.

O preço médio de venda do breu-branco praticado pelos extrativistas com o varejo

rural foi, em média, de R$ 1,50/kg da resina, que os vendeu a R$ 2,50/kg para o varejo urbano

estadual e para a indústria de transformação nacional (Figura 46). A indústria de

transformação local comprou a R$ 1,68/kg e vendeu a R$ 5,00/kg para o varejo urbano local,

que os vendeu a R$ 5,20/kg para o consumidor local.

FIGURA 46- Preço médio do breu-branco (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.18 Andiroba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

andiroba.

Foram identificados vinte e nove agentes mercantis do produto (Figura 47), estes

estão divididos nas categorias de produtor, atravessadores (varejo rural), feirantes e varejistas

(varejo urbano), tanto da esfera local, estadual e nacional. Os agentes trabalham no ramo, em

média, há 10 anos (variação de 3 a 28 anos). Cinco deles trabalham exclusivamente com a

andiroba, os demais comercializam outros produtos, tais como: abano, açaí fruto, bacuri,

barbatimão, breu-branco, carvão, casca de andiroba, casca de cedro, casca de sucuúba, matapi,

seiva de jatobá e vassoura regional.

Page 140: Relatorio marajo

140

Os produtores são detentores de propriedades rurais com áreas de 10 a 400 ha,

localizadas nos municípios de Curralinho, Ponta de Pedras, Portel e Muaná. Porém, fato

interessante, alguns beneficiadores coletam as sementes na areia da praia, trazidas pela maré,

e a coloração do óleo obtido da massa da semente fica esverdeado, que segundo os agentes, é

devido ao limo produzido na casca da semente.

Todos possuem ponto comercial, boxes ou barracas com dimensões que variam de

3m2 a 300m

2, que são utilizados para armazenagem dos equipamentos e materiais. Vinte e

dois agentes dispõem de um a dois tipos de transporte como barco, rabeta, moto e bicicleta.

Porém, ainda pagam R$ 15,00 para carreteiros trazerem a andiroba ao destino final. Os outros

sete agentes citaram que os produtores são responsáveis pela entrega do produto.

FIGURA 47- Localização dos agentes mercantis da andiroba na RI Marajó, estado do Pará,

no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A comercialização se dá com as sementes que são beneficiadas para extração do óleo

de forma tradicional, feito com a utilização de utensílios para coleta da semente e para

facilitar o manuseio como, facão, paneiros, panela, faca, tesoura, calha, camburão para

armazenar o óleo e panelas de alumínio e plástico. Os produtores que utilizam mão de obra

familiar trabalham durante o ano todo comercializando o óleo, mas as sementes são coletadas

no período de safra. Estes não possuem maquinários de extração do óleo, pois o trabalho é

feito manualmente, sendo dois dias para cozinhar as sementes e postas para descansar no

abafado, por um mês. Após, é retirada com auxílio de uma colher a polpa, que será amassada

Page 141: Relatorio marajo

141

e colocada na macieira (calha) para escorrer o óleo. Já os feirantes trabalham durante o ano

todo e usam embalagens de garrafas pet e/ou de vidro para fracionar e armazenar o óleo, cuja

mão de obra utilizada é familiar. Os atravessadores e comerciantes contratam entre um a três

diaristas que recebem R$ 25,00 ou admitem mão de obra assalariada.

O Quadro 17 apresenta a classificação desses agentes de acordo com seus

respectivos setores e mercados.

QUADRO 17- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da andiroba da RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção

Produtores/extrativistas dos municípios de Belém (RI

Metropolitana), Abaetetuba e Cametá (RI Tocantins), que

coletam as sementes da andiroba e realizam o beneficiamento

primário, com a fervura das sementes para a extração do óleo.

Local

Produção

Produtores/extrativistas dos municípios estudados da RI

Marajó, que coletam as sementes da andiroba e realizam o

beneficiamento primário com a fervura das sementes para a

extração do óleo;

Varejo rural Atravessadores que compram o óleo e revendem ao

consumidor ou comerciante local;

Varejo urbano

Varejistas (feirantes e donos de estabelecimentos comerciais)

que compram o óleo e dividem em pequenos frascos para

revender ao consumidor local.

Estadual Varejo urbano Feirantes de Belém que comercializam o óleo para o

consumidor estadual.

Nacional Varejo urbano Comerciantes de Manaus que comercializam o óleo para o

consumidor estadual.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Para melhoria na capacidade de produção foram relatados gargalos na

comercialização, tais como mercado consumidor, financiamento para ampliar os espaços de

trabalho, licença para vender os remédios, saber onde encontrar o produto/óleo na região e

necessidade de capacitação dos pequenos produtores locais na manipulação do produto. Os

agentes também citaram que a produção da castanha, andiroba e copaíba têm diminuído

bastante em função da atividade madeireira e que são necessários novos plantios de

andirobeiras.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba.

A cadeia de comercialização da andiroba identificada na presente pesquisa é

constituída por três níveis de canais de distribuição (Figura 48). Do total da produção

Page 142: Relatorio marajo

142

identificada pela pesquisa 73,5% (o equivalente a 928 l) são do local e 26,5% (474 l) pela

produção extralocal (RI Metropolitana e Tocantins).

A produção local vendeu 50,9% para o varejo urbano (feirantes e comerciantes),

18,2% diretamente para o consumidor local, 1,3% para o varejo rural (atravessadores), 1,8%

para o varejo urbano estadual (feirantes) e 1,3% para o varejo urbano nacional (comerciantes)

(Figura 48). A produção extralocal vendeu 26,5% exclusivamente para o varejo urbano local,

que contabilizou com o comprado pela produção local (50,9%) e pelo varejo rural local

(1,0%), o montante de 78,4% comercializado diretamente para o consumidor final.

FIGURA 48- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializada na RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da

andiroba, no ano de 2010.

O varejo urbano local é o principal canal de comercialização, pois comprou da

produção local a R$ 18,31/l e da produção extralocal a R$ 10,54/l e vendeu a R$ 32,97/l para

o consumidor final (Figura 49). Já o varejo urbano estadual comprou da produção a R$

10,00/l e vendeu para o consumidor final estadual a R$ 12,50/l e o varejo urbano nacional

comprou a R$ 27,50/l e vendeu a R$ 34,37/l para o consumidor final nacional. O varejo rural

comprou da produção a R$ 16,50/l e vendeu a R$ 100,00/l para o consumidor final, devido o

fracionamento do óleo em frascos de 100 ml.

Page 143: Relatorio marajo

143

FIGURA 49- Preço médio da andiroba (R$/l) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no ano de 2010, da RI Marajó, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.19 Copaíba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

copaíba.

Foram identificados em campo treze agentes que comercializam o óleo da copaíba

(Figura 50), sendo que estes trabalham com outros produtos, tais como: óleo de andiroba,

mel, barbatimão, óleo de piquiá, verônica, unha-de-gato, leite-de-sucuúba, castanha-do-brasil,

leite-de-amapá, uxi-amarelo, jucá, casca de ipê-roxo e de sucuúba. Os agentes envolvidos se

dividem nas seguintes setores: varejistas urbanos (comerciantes e feirantes), atravessadores

(varejo rural) e produtores. Os agentes estão neste ramo, em média, há 12 anos (variação de 3

a 28 anos). Alguns possuem profissão paralela como açougueiro, ambulante, balconista,

doméstica, costureira, funcionário particular e garçom, sendo que um dos agentes recebe

aposentadoria.

Page 144: Relatorio marajo

144

FIGURA 50- Localização dos agentes mercantis da copaíba na RI Marajó, estado do Pará,

no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 18 descreve os setores identificados na comercialização da copaíba na RI

Marajó.

QUADRO 18- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da copaíba da RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção

Produtores dos municípios de Belém (RI Metropolitana) e

Abaetetuba (RI Tocantins), que realizam a extração do óleo

das copaibeiras, utilizando normalmente broca para o

processo de perfuração, em seguida envasamento em garrafas

de vidro.

Local

Produção

Produtores e extrativistas que realizam a extração do óleo das

copaibeiras, com uso de broca ou trado, encontradas na RI

Marajó;

Varejo rural Atravessadores que compram o óleo de

produtores/extrativistas e comercializam para feirantes;

Varejo urbano Comerciantes e feirantes que fracionam os litros de copaíba

para revender ao consumidor em frascos menores.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Referente a propriedade rural, o produtor foi identificado como detentor de

propriedade rural com área de 400 ha, de onde retira sua produção. Quanto ao local de

comercialização e armazenamento, são de três tipos: barracas, boxes e pontos comerciais,

Page 145: Relatorio marajo

145

cujas dimensões variam de 3m2 a 300m². Os meios de transporte mais utilizados são barco,

moto e bicicleta. Os maquinários utilizados pelos feirantes e comerciantes são apenas balança

eletrônica com capacidade de 10 kg, além de equipamentos auxiliares na comercialização

como faca, bandeja, garrafas plásticas e de vidro. Ressaltando que alguns destes equipamentos

servem também para o comércio de outros produtos.

A atividade é realizada durante o ano todo e, em geral, a mão de obra é familiar.

Vários agentes comercializam o produto na região, porém existem algumas dificuldades

relatadas como espaço físico insuficiente para armazenagem da produção e as péssimas

condições estruturais das feiras, pois no período de chuva molha os produtos, pois são

armazenados em caixas de papelão dentro dos boxes.

Com relação a melhoria nas condições de comercialização os agentes citaram a

necessidade de capacitação para os manipuladores dos produtos, conhecer e atender o

mercado consumidor e acessar capital de giro para comprar novos produtos.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/l) entre

os setores mercantis da copaíba.

Verificou-se que esta comercialização ocorreu somente na esfera local, envolvendo o

setor do varejo urbano e varejo rural (Figura 51). A produção local é responsável por ofertar

76,7% do óleo de copaíba (equivalente a 1.812 l), distribuído em 3,6% para o varejo rural ao

preço médio de R$ 20,00/l e, para o varejo urbano 73,1% ao preço de R$ 25,00/l. Já a

produção extralocal ofertou no mercado da RI Marajó 23,3%, o equivalente a 234 l, que

foram comercializados para o varejo urbano ao valor de R$ 17,31/l, e depois vendeu o óleo de

forma fracionada para os consumidores ao preço de R$ 30,60/l.

Page 146: Relatorio marajo

146

FIGURA 51- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/l) da copaíba na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.20 Cipó-titica

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cipó-titica.

Foram identificados quatro agentes na cadeia do cipó-titica, classificados em três

artesões e um comerciante. Os artesões utilizam o cipó-titica para confeccionar paneiros e os

comerciantes compram da produção o cipó em rolo. Os artesões mais antigos trabalham com a

venda do titica há 40 anos e os mais recentes há quatro anos. Já o comerciante esta a pouco

menos de seis meses no ramo. Estes agentes exercem profissões paralelas de serigrafista e

agricultor.

O proprietário do estabelecimento comercial, geralmente comercializa o cipó-titica

para artesões, que o transformam em móveis, vassouras, cestas, lustres e adornos para casa

com o auxílio de equipamentos como, lixadeira, faca, martelo, serrote, alicate, tesoura e

pregos. Já o comerciante apresentou como equipamento apenas uma balança de 5 kg, utilizada

para pesar o cipó-titica.

Em termos de infraestrutura o comerciante possui um box de 9m2 e dois artesões

possuem depósitos de 48m2 e 72m

2, utilizados para fabricar e armazenar os produtos e, um

artesão relatou produzir suas peças no quintal de sua casa. Os agentes mencionaram possuir

bicicletas para deslocamento e comercialização de seus produtos.

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147

O Quadro 19 apresenta a classificação dos agentes mercantis de acordo seus

respectivos setores e mercados.

QUADRO 19- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cipó-titica da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção Extrativistas de Belém (RI Metropolitana) que colhem o cipó-

titica e vende in natura.

Local

Produção Extrativistas que colhem o cipó-titica e vende in natura;

Indústria de

Transformação

Artesões que utilizam o cipó-titica como insumo na confecção

de peças de artesanato;

Varejo urbano São comerciantes locais que compram tanto o produto in

natura quanto já transformado em artesanato e vendem para o

consumidor final.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os artesões declararam que necessitam de espaço físico maior para trabalhar, além de

uma loja para expor os produtos. Já o comerciante citou que quando o cipó-titica é

armazenado diminui de peso e tem que ser vendido em peça (trançado em forma de círculo

como um rolo).

Com relação a quantidade de pessoas envolvidas na produção, os artesões citaram

utilizar de um a oito membros familiares, e o comerciante recebe a ajuda da família. Ambos

trabalham durante o ano todo e para os artesões o dinheiro das despesas é retirado e o restante

dividido entre todos que participaram da produção.

Os agentes citaram que para haver melhoria na capacidade produtiva é necessário

aquisição de equipamentos, mercado consumidor, matéria prima e capital de giro para compra

de materiais.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg) entre os setores mercantis do cipó-titica.

A estrutura da cadeia do cipó-titica se restringe a esfera local, com 97,6% da

produção extraída da região e apenas 2,4% proveniente de Belém - RI Metropolitana,

categorizada como produção extralocal (Figura 52). O principal canal de comercialização

refere-se a venda de 81,4% da produção do cipó titica, ao preço médio de R$ 3,83/kg para o

setor da indústria de transformação (artesões locais) que, adquirem mais 2,4% do extralocal

ao preço de R$ 8,00/kg e confeccionam diferentes artefatos, os quais são vendidos ao

consumidor final ao preço médio de R$ 26,00/kg. O setor do varejo urbano (feirante) compra

Page 148: Relatorio marajo

148

16,2% da produção local, ao preço de R$ 4,00/kg e revende aos artesões (Ind. Transf.) ao

preço de R$ 6,00/kg.

FIGURA 52- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do cipó-titica na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.21 Plantas medicinais

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das

plantas medicinais.

As plantas medicinais encontradas na pesquisa foram cascas de: andiroba,

barbatimão, cajuaçu, cedro11

, copaíba, jatobá, ipê-roxo, sucuúba, unha-de-gato, pariri12

, uxi-

amarelo, verônica e as favas de jucá.

Os agentes identificados que comercializam o produto foram em número de nove

(Figura 53), divididos em seis comerciantes e três feirantes. Sendo que todos trabalham com

outros produtos, tais como: óleo de andiroba, carvão, leite-de-amapá, mel, vassoura regional,

abano, seiva de jatobá e breu-branco. Estão no ramo, em média, há 12 anos (variação de 2 a

24 anos), sendo que um agente (aposentado) trabalha para complementar a renda e outros

11

A casca do cedro roxo (Cedrela fissilis Vellozo), denominação no Pará, é usada na medicina popular, na

forma de chá, como tônico para pessoas enfraquecidas, adstringente, no combate a febre, disenterias e artrite

(FRANCO, 1997, citado por CARVALHO, 2005). Todas as partes da planta, quando esmagadas, apresentam

cheiro de alho (CARVALHO, 2005) 12

Pariri (Arrabidaea chica (HBK) Verlot) arbusto indicado para tratar sintomas de inflamações e afecções da

pele (BARBOSA et al., 2008) e diversas outras utilidades como corante para pintura do corpo e utensílios,

para tratamento de conjuntivite, propriedades adstringentes contra cólica intestinal, entre outras (KALIL

FILHO, et. al. 2010).

Page 149: Relatorio marajo

149

possuem profissão paralela de venda de jóias, ajudante de pedreiro, pescador e funcionário

público.

FIGURA 53- Localização dos agentes mercantis das plantas medicinais na RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 20 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 20- Descrição dos agentes mercantis na comercialização das plantas medicinais da RI

Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas que coletam as plantas ou parte delas e vendem

para o varejo urbano;

Varejo urbano

Feirantes e comerciantes que compram as cascas e o jucá da

produção, em grandes quantidades e revendem para o

consumidor final em embalagens menores e fracionadas. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Referente a armazenagem, os agentes dispõem de boxes localizados na feira, com

dimensões de 3m² a 28m2, porém, um feirante não possui local adequado para armazenar e vender

o produto e o aloca em uma banca improvisada na esquina da rua, este guarda o produto em sacos

de 60 kg ou acondicionados dentro de isopores e o armazena na casa de um amigo.

Com relação a maquinários ou equipamentos, nesta atividade utilizam calculadora,

faca, tesoura, garrafas de plástico e vidro e balança eletrônica com capacidade de 60 kg.

Page 150: Relatorio marajo

150

Com relação ao meio de transporte utilizam bicicletas para deslocamento. Estes

citaram que os produtores trazem a produção até a feira. Os produtos foram comercializados

durante o ano todo e o horário de funcionamento dos estabelecimentos é de seis horas/dia. A

mão de obra empregada varia de uma a três pessoas, sendo geralmente membros da família.

Apenas um comerciante paga o valor de R$ 10,00/dia para seu ajudante.

Para melhoria nas condições de comercialização, os agentes declararam que as

dificuldades encontradas pelos agentes são referentes ao espaço físico insuficiente, incentivar

as associações, melhorar e ampliar os pontos de venda, financiamento e capacitação dos

produtores para manipulação das ervas, pois esta atividade é realizada sem instruções,

propiciando o aparecimento de fungos e mofos.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg) entre os setores mercantis das plantas medicinais.

A estrutura da cadeia das plantas medicinais é simples e circunscrita somente no

local (Figura 54).

FIGURA 54- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) das plantas medicinais na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O setor da produção vendeu para o varejo urbano 96,5% das plantas medicinais

identificadas (equivalente a 2.003 kg) ao preço de R$ 6,72/kg, que comercializou com o

consumidor local ao preço de R$ 13,56/kg (Figura 54). Por outro lado, a produção vendeu

3,5% diretamente para os consumidores locais (equivalente a 72 kg) ao preço de R$ 6,00/kg.

Page 151: Relatorio marajo

151

4.2.22 Pupunha

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

pupunha.

Foram identificados sete agentes mercantis do produto (Figura 55), que atuam no

ramo há treze anos (variação de 2 a 28 anos), sendo que também trabalham com outros

produtos como: casca de cedro, casca de jatobá, casca de verônica, casca de copaíba, seiva de

jatobá, andiroba, breu-branco, peneira, taperebá, açaí fruto, cupuaçu, uxi, bacuri, castanha-do-

brasil e bacaba. Estes agentes exercem outras funções paralelas de ambulante, professor,

estudante e dono de bar. E se encontram na categoria de varejistas (três feirantes e um

comerciante) e produtores (três).

FIGURA 55- Localização dos agentes mercantis da pupunha na RI Marajó, estado do Pará,

no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Um produtor possui propriedade rural de 400 hectares e outro uma área de coleta do

fruto de 2.000 metros, ambas localizadas em Pacajazinho. Os agentes armazenam o produto

em locais do tipo Box, com tamanhos de 3m2

e, ponto comercial de 6m2 a 300m

2, e como

meio de transporte utilizam motos, bicicletas cargueiras e barcos. A venda é realizada pelo

proprietário e com a ajuda de membros familiares que trabalham durante o período de safra e,

não utilizam máquinas e equipamentos devido o produto ser vendido em cachos e in natura.

Page 152: Relatorio marajo

152

O Quadro 21 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 21- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da pupunha da RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Agentes envolvidos na retirada dos cachos de pupunha

encontrados nos municípios da região;

Varejo urbano Comerciantes e feirantes que vendem o fruto in natura para o

consumidor local.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Para melhoria na capacidade de produção, o agente declara a necessidade de

ampliação do espaço físico e que houvesse plantios de frutos variados, haja vista que após o

período de safra o preço de compra das frutas oriundas de outros lugares fica mais caro e

influencia na quantidade e no preço de venda.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/cacho) entre os setores mercantis da pupunha.

O canal de comercialização da pupunha tem como setor central o varejo urbano

local, que compra 79,9% do setor da produção por R$ 9,61/cacho e vende para o consumidor

local a R$ 13,17/cacho (Figura 56). Outro canal de comercialização é a venda direta de

20,1% da produção local por R$ 5,28/cacho para o consumidor local.

Page 153: Relatorio marajo

153

FIGURA 56- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/cacho) da pupunha na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.23 Leites (amapá, jatobá e sucuúba)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos

leites.

Nesta cadeia foram agrupados três produtos leite-de-amapá, leite-de-sucuúba e seiva

de jatobá, comercializados com finalidades medicinais. Foram identificados doze agentes

envolvidos nesta cadeia de comercialização (Figura 57). O tempo de trabalho no ramo dos

agentes é de aproximadamente 11 anos (com variação de 4 a 28 anos). Esses agentes são

comerciantes, feirantes e produtores extrativistas. Além dos leites, estes agentes

comercializam mel, lenha, palmito, carvão e açaí.

Page 154: Relatorio marajo

154

FIGURA 57- Localização dos agentes mercantis dos leites na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 22 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores e mercados.

QUADRO 22- Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e seiva

de jatobá) da RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Produção composta por extrativistas que retiram o leite (seiva)

com o uso de ferramentas simples;

Varejo urbano Englobam feirantes que revendem o produto fracionado ou em

litro.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os leites são comercializados durante o ano todo. A produção é realizada em

propriedades rurais com dimensões de 10 a 400 ha, localizadas no Rio Maruaru e

Pacajazinho.

Os extrativistas retiram os leites das árvores com auxílio de terçado e recipiente com

capacidade para 600 ml para armazenar cada produto. Como meio de transporte para

escoamento da produção utilizam barco e bicicleta. O produto é armazenado em barracas ou

box com dimensões que variam entre 3m2 a 30m

2.

Vários agentes na cidade comercializam o produto, todavia há a necessidade de

maior divulgação da importância das plantas medicinais. A mão de obra geralmente é

Page 155: Relatorio marajo

155

familiar, ou quando utilizam mão de obra externa pagam o valor que varia de R$ 5,00 a R$

15,00 a diária.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/l) entre os setores mercantis dos leites.

A comercialização dos leites apresentou dois canais, um direto com a produção

vendendo 3,6% para os consumidores locais ao preço de R$ 10,77/l, e outro indireto com a

presença de um setor intermediário entre a produção e o consumidor (Figura 58). O setor

intermediário é o varejo urbano, representado por feirantes, que compraram 96,4% da

produção, equivalente a 1.056 l de leite, ao preço de R$ 9,03/l e venderam para o consumidor

final a R$ 16,20/l.

FIGURA 58- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/l) dos leites na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.24 Piquiá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

piquiá.

Foram identificados nove agentes mercantis do produto (Figura 59), sendo que todos

trabalham com outros produtos, tais como: bacaba, taperebá, açaí fruto, muruci, bacuri,

castanha-do-brasil e paneiro de cipó-titica. Estão divididos nas categorias de atravessador

(um), produtor (um), feirantes (cinco) e comerciantes (dois mercadinhos). Os agentes estão no

Page 156: Relatorio marajo

156

ramo, em média, há 12 anos (variação de 2 a 26 anos). E exercem profissão paralela de

ambulante, operador de máquinas, agente comunitário de saúde e pescador.

FIGURA 59- Localização dos agentes mercantis do piquiá na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 23 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 23- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do piquiá da RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Agricultores e/ou extrativistas locais, encontrados na pesquisa,

que fazem a coleta do fruto do piquiá em áreas de ocorrência;

Varejo rural Atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram o piquiá in natura;

Varejo urbano Comerciantes e feirantes que comercializam o piquiá in natura

para o consumo local.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Dois agentes (um feirante e um comerciante) citaram ser detentores de propriedades

rurais com dimensões de 100 ha e 5 ha, localizadas em Melgaço e no Rio Camarapi, em

Portel, onde coletam os frutos e comercializam juntamente com frutos comprados de

atravessadores e produtores.

Referente ao local de armazenamento e comercialização, feirantes e comerciantes

possuem box de 3m² e pontos comerciais de 9m2, 28m

2 e 48m

2.

Page 157: Relatorio marajo

157

Os meios de transporte mais utilizados pelos agentes foram bicicleta cargueira e

moto. Pelo fato do produto ser comercializado in natura, os agentes não necessitam de

máquinas, apenas de equipamentos como balança de 10 Kg, freezers e basquetas. O maior

problema enfrentado nesta cadeia é, segundo declaração dos agentes, o espaço físico

insuficiente nos freezers para armazenar a produção, e por este fato não podem aumentar a

produção.

O produto é comercializado pelos agentes durante o período de safra. O atravessador

identificado paga o valor de R$ 5,00/dia para seu ajudante. Os feirantes contratam entre um a

dois ajudantes que recebem R$ 80,00/semana ou trabalham sozinhos e recebem ajuda de seus

familiares. Já a mão de obra utilizada pela produção e comerciantes é familiar.

Segundo os agentes, a principal dificuldade está no mercado consumidor que não

consegue absorver a oferta do produto.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un. Fruto) entre os setores mercantis do piquiá.

O fluxo de comercialização do piquiá ficou concentrado no mercado local, sendo que

o varejo urbano, mais representativo dentro deste contexto, comercializou 91,8% da produção

ao preço médio de R$ 0,35/un. e, com o consumidor ao preço de R$ 0,49/un. (Figura 60). O

varejo rural comprou 4,6% da produção ao preço de R$ 0,25/un. e vendeu para os

consumidores locais ao preço de R$ 0,30/un. E por último, o setor da produção vendeu 3,6%

diretamente para os consumidores locais ao preço de R$ 0,25/un.

Page 158: Relatorio marajo

158

FIGURA 60- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un. Fruto) do piquiá na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.25 Açaí (semente)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

açaí (semente).

As sementes de açaí, também denominadas de caroço, são utilizadas para geração de

energia, adubo orgânico, extrato para produção de orquídeas e, para esta cadeia especifica,

como artesanato na forma de colares, pulseiras, brincos e outras peças. Tanto as sementes do

açaí branco quanto do tradicional podem ser usadas no artesanato regional, no entanto, a

semente do branco é mais resistente para os processos de furar, polir e tingir. Os frutos do açaí

branco (também denominado açaí tinga – em tupi significa branco) apresentam epicarpo de

coloração verde-escuro e mesocarpo de coloração creme, sendo a polpa de coloração creme

bem claro, diferente da polpa do açaí roxo (OLIVEIRA et al, 2000).

Na cadeia de comercialização do açaí semente foram identificados seis agentes

artesões que estão no ramo, em média, há 11 anos (variação de 3 a 27 anos).

Dentre os agentes há duas associações (Soure e Curralinho) com 25 e 17 associadas,

que trabalham durante o ano todo em um barracão com dimensões de 30m2, porém, quando há

encomendas, trabalham durante o turno da noite e recebem por peça vendida ou, o lucro é

dividido entre todas. Já o restante de artesões trabalha sem o auxílio de ajudantes. O problema

relatado refere-se a necessidade de um galpão maior e mais arejado, para o trabalho e

Page 159: Relatorio marajo

159

armazenamento dos produtos. Uma agente relata que para melhorar a produção precisa de um

furador para as peças e um equipamento para polir as sementes. Outra reivindicação é para o

transporte, a melhoria da infraestrutura das cidades e de hospitais, pois assim é possível atrair

turistas para a região.

O Quadro 24 descreve a caracterização dos agentes mercantis envolvidos na

comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.

QUADRO 24- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do açaí (semente) da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção

Produtores/artesões e lojas especializadas de Belém que

vendem as sementes de açaí polidas, furadas, naturais e

tingidas para os artesões e associações localizadas em diversos

municípios da RI Marajó;

Local Indústria de

transformação

Artesões e duas associações que produzem diferentes tipos de

peças de artesanato regional (colares, pulseiras, brincos entre

outros) com sementes compradas na capital (Belém) já

beneficiadas.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Somente uma associação informou que possui equipamentos utilizados para a

confecção das peças como lixadeira e furadeira. Outras duas artesãs possuem agulhas de

crochê, alicates, arames, tesouras e facas.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg) entre os setores mercantis do açaí (semente).

A cadeia de comercialização do açaí semente é composta pelos setores da produção

extralocal e da indústria de transformação local (Figura 61). A produção extralocal, originária

de produtores e artesões de Belém, abastece 100% do setor da indústria de transformação

local (formada por artesãs, artesões e associações de artesões), ao preço de R$ 19,51/kg da

semente de açaí, que são vendidos para o consumidor final, na forma de colares, pulseiras e

outras peças artesanais, por R$ 139,27/kg.

Page 160: Relatorio marajo

160

FIGURA 61- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do açaí (semente) na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.26 Uxi

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

uxi.

Foram identificados quatro agentes mercantis do uxi in natura (Figura 62), os quais

são feirantes e trabalham com vários produtos, tais como: cupuaçu, castanha-do-brasil,

muruci, taperebá, bacuri e pupunha. Trabalham neste ramo há cerca de doze anos (variação de

2 a 26 anos), em locais de comercialização do tipo ponto comercial e box, com dimensões de

3m², 2,5m2 ,9m

2 e 30m

2.

Page 161: Relatorio marajo

161

FIGURA 62- Localização dos agentes mercantis do uxi na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 25 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores envolvidos.

QUADRO 25- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do uxi da RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas locais, que realizam manualmente a colheita na

safra dos frutos maduros de uxi;

Varejo urbano Comerciantes (feirantes) que vendem o fruto in natura para o

consumidor local. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A atividade com o produto é realizada somente no período de safra, com auxilio de

bicicletas para deslocamento e carregamento dos frutos e equipamentos de medida de peso

(balança) e isopores para acondicionar os frutos, pois é comercializado in natura.

O maior problema enfrentado nesta cadeia é, segundo declaração dos agentes, a

perecividade dos frutos, e por este fato não podem aumentar a produção.

Com relação a quantidade de pessoas envolvidas, os feirantes contratam entre um a

dois ajudantes que recebem R$ 80,00 por semana ou trabalham sozinhos e recebem ajuda de

seus familiares.

Page 162: Relatorio marajo

162

Segundo os agentes, a principal dificuldade está no mercado consumidor que não

consegue absorver a oferta do produto. Além da necessidade de ter câmara fria para prolongar

a vida útil dos frutos.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un.) entre os setores mercantis do uxi.

A produção identificada tem apenas um canal de comercialização com um setor

intermediário. O varejo urbano comprou toda produção identificada (15.840 Kg de fruto in

natura), ao preço de R$ 0,14/un. e, vendeu tudo para os consumidores locais ao preço de R$

0,22/un. (Figura 63).

FIGURA 63- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do uxi (fruto) na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.27 Urucum

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

urucum.

O produtor possui propriedade rural com área de 400 hectares, um galpão de 50m2,

equipamentos como peneira, crivo, pilão e frigideira para beneficiar o urucum e como meio

de transporte utiliza caminhão e rabeta.

A falta de equipamentos para beneficiar a produção foi um problema citado pelo

agente. Com relação a mão de obra foram duas pessoas envolvidas (proprietário e sócia), que

trabalham durante o ano todo e dividem o lucro entre si.

Page 163: Relatorio marajo

163

Para melhoria da capacidade de produção é necessário aquisição de equipamentos

para montar um moinho.

Foi identificado um agente mercantil que está no ramo do urucum há três anos. A

caracterização dos setores envolvidos na comercialização deste produto está descrita no

Quadro 26.

QUADRO 26- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do urucum da RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Produtores que realizam o beneficiamento primário do urucum,

que consiste na pré-secagem dos frutos, debulhagem,

peneiramento, secagem da semente e maceração com trigo ou

fubá de milho;

Varejo urbano Comerciantes que compram o urucum e revendem para o

consumo local. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg semente) entre os setores mercantis do urucum.

A cadeia de comercialização do urucum apresentou apenas um tipo de intermediário,

que é o varejo urbano que comprou toda a produção de 48 quilos, e vendeu exclusivamente

para os consumidores locais (Figura 64). O preço médio de venda praticado pelo produtor

para o varejo urbano foi de R$ 60,00/kg, sendo revendido aos consumidores locais ao preço

de R$ 75,00/kg.

Page 164: Relatorio marajo

164

FIGURA 64- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do urucum na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.28 Mari

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

mari.

Foram identificados oito agentes mercantis (Figura 65), que estão inseridos nas

categorias de feirantes e varejistas (6) e produtores (2), os quais estão no ramo, em média, há

13 anos (variação de 2 a 26 anos) e, trabalham com outros produtos como mel, carvão,

palmito e açaí e possuem armazém com capacidade entre 12m2 a 60m

2.

Page 165: Relatorio marajo

165

FIGURA 65- Localização dos agentes mercantis do mari na RI Marajó, estado do Pará, no

ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 27 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 27- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do mari da RI Marajó, estado do

Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem a

coleta do mari em áreas de ocorrência do fruto;

Varejo urbano Feirantes e comerciantes que realizam a venda do mari in

natura para o consumo local. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Quanto a infraestrutura desses agentes, os produtores possuem propriedade rural com

áreas de 5 a 10 ha, localizadas em Melgaço e Portel. Os agentes varejistas possuem entre um a

dois locais para armazenagem e comercialização, do tipo box, com dimensões que variam de

3m2 a 200m². Com relação aos equipamentos, possuem balança com capacidade de 10 kg,

freezers e basquetas para armazenagem das frutas. Os problemas citados com relação ao

armazenamento referem-se a perecividade da fruta e ao calor, que acaba murchando e

prejudicando a venda, sendo necessário equipamento como câmaras frias, para prolongar a

durabilidade e a comercialização.

Page 166: Relatorio marajo

166

Os agentes que comercializam o fruto in natura trabalham somente no período de

safra. Referente a mão de obra, o varejista quando não utiliza a mão de obra familiar contrata

um ajudante, que recebe diária de R$ 5,00. Outro varejista paga para dois ajudantes R$

450,00/mensal. Para os produtores a mão de obra é basicamente familiar.

No que tange a melhoria na capacidade de produção, foi relatado como entrave, a

falta de oferta do produto na região, pois muitas frutas vêm de outras regiões encarecendo o

preço.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un. Fruto) entre os setores mercantis do mari.

Os canais de comercialização do mari se caracterizam por fluxos simples, pois

apresenta apenas um setor intermediário que é o varejo urbano local (feirantes) que

comercializa com os consumidores locais. Os feirantes compraram 80% da produção

identificada e pagaram R$ 0,11/un. do fruto e venderam para os consumidores locais ao preço

de R$ 0,16/un. (Figura 66). Por outro lado, o setor da produção vendeu 20% diretamente para

os consumidores locais ao preço de R$ 0,08/un.

FIGURA 66- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do mari na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.29 Tucumã

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

tucumã.

Page 167: Relatorio marajo

167

Na cadeia de comercialização do tucumã foram identificados dois agentes mercantis

classificados como atravessador e feirante, que estão no ramo há dois anos e trabalham com

outros produtos da Amazônia como: castanha-do-brasil, bacuri, mari, piquiá, uxi, açaí,

taperebá, cupuaçu, muruci, casca de unha-de-gato e carvão. Os agentes mercantis envolvidos

na cadeia de comercialização do tucumã atuam somente no nível local.

O Quadro 28 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 28- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do tucumã da RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas locais que fazem a coleta do tucumã em áreas de

ocorrência do fruto;

Varejo rural Pequenos comerciantes (atravessadores) do interior dos

municípios que compram o tucumã dos extrativistas;

Varejo urbano Feirantes que realizam a venda do tucumã in natura para o

consumo local. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Referente ao espaço de comercio e armazenagem, o feirante possui uma frutaria de

28m2 e o atravessador um ponto de 9m

2. Ambos não possuem transportes para escoar a

produção, porém, o feirante citou que paga frete de R$ 35,00 para ir buscar os frutos em outra

localidade. Pelo fato do produto ser vendido in natura, os agentes não precisam de máquinas,

mas, fazem uso de equipamentos como balança e basquetas para acondicionar os frutos. A

falta de espaço e de equipamentos nos estabelecimentos para armazenar o produto foi citada

como um dos entraves na cadeia. O tempo de trabalho com o produto é anual e em horário

comercial, sendo exercido por duas a quatro pessoas incluindo o proprietário e, o valor médio

pago aos ajudantes é de R$15,00.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg) entre os setores mercantis do tucumã.

O canal de comercialização do tucumã apresentou apenas dois setores intermediários

que são o varejo rural (atravessador) e o varejo urbano local (comerciantes) que

comercializam com os consumidores locais (Figura 67). O varejo rural comprou 50% da

produção identificada pela pesquisa ao preço de R$ 15,00/kg e vendeu para o varejo urbano

ao preço de R$ 15,00/kg e, os outros 50% o varejo urbano comprou da produção ao preço de

R$ 2,75/kg e o fruto do tucumã foi vendido para os consumidores locais ao preço médio de

R$ 17,20/kg.

Page 168: Relatorio marajo

168

FIGURA 67- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do tucumã na RI Xingu, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.30 Cacau (fruto)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cacau (fruto).

Foi identificado na pesquisa um agente produtor que está no ramo há 10 anos, e

comercializa outros produtos como cupuaçu, açaí, pupunha, bacaba e castanha-do-brasil.

O Quadro 29 descreve a caracterização dos agentes mercantis envolvidos na

comercialização deste produto, de acordo com seus respectivos setores e mercados.

QUADRO 29- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (fruto) da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local Produção Produtores de cacau da região que comercializam o fruto in

natura.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O produtor possui uma área de 200 hectares, em Portel (localidade de Pacajazinho) e,

um pequeno local para armazenagem de 3m2. Para deslocamento o agente utiliza bicicleta e

barco e não necessita de máquinas e equipamentos, pelo fato do produto ser comercializado in

natura no período de safra, com a ajuda de dois membros familiares.

Page 169: Relatorio marajo

169

Com relação a melhoria na capacidade de produção, o agente citou que a falta de

capital de giro impede que amplie o estabelecimento para armazenar mais produtos.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un. fruto) entre os setores mercantis do cacau (fruto).

A cadeia de comercialização identificada pela pesquisa é constituída por um canal

direto de comercialização, isto é, a produção vendendo 100% para os consumidores locais, ao

preço de R$ 0,75/un. do cacau fruto (Figura 68).

FIGURA 68- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do cacau (fruto) na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.31 Cajarana

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

cajarana.

Foi identificado na pesquisa um agente atravessador que está no ramo há 40 anos, e

comercializa outros produtos como cupuaçu, açaí, pupunha, bacaba e castanha-do-brasil. No

Quadro 30 estão descritos os agentes envolvidos na comercialização da cajarana, conforme

os setores e mercados.

O agente citou possuir um local para armazenamento de 12m2, para deslocamento

uma bicicleta e não necessita de máquinas e equipamentos, pelo fato do produto ser

comercializado in natura, no período de safra. O trabalho é desenvolvido por três pessoas,

sendo dois ajudantes que recebem R$ 30,00 diariamente, mais o proprietário.

Page 170: Relatorio marajo

170

Com relação a melhoria na capacidade de produção, o agente citou que a falta de

capital de giro impede que amplie o estabelecimento para armazenar mais produtos.

QUADRO 30- Descrição dos agentes mercantis na comercialização da cajarana da RI Marajó, estado

do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas locais, que fazem a coleta da cajarana em áreas de

ocorrência do fruto;

Varejo rural Pequenos comerciantes (atravessadores) do interior dos

municípios que compram o fruto dos extrativistas;

Estadual Varejo urbano Comerciantes que vendem o fruto in natura para o consumidor

extralocal (Belém).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un. Fruto) entre os setores mercantis da cajarana.

O canal de comercialização da cajarana identificado é simples e indireto, pois

abrange dois setores intermediários que participam da comercialização do fruto (Figura 69).

O varejo rural comercializou 100% da quantidade identificada da cajarana produzida na

região, que foi comprada diretamente dos produtores locais ao preço médio de R$ 0,05/un. do

fruto, e vendida para o varejo urbano estadual, no valor de R$ 0,10/un. Por sua vez, o varejista

urbano estadual comercializou para os consumidores estaduais ao preço de R$ 0,13/un.

Page 171: Relatorio marajo

171

FIGURA 69- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un. Fruto) da cajarana na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.32 Patauá óleo

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

patauá (óleo).

Foi identificado um agente mercantil do produto, que é atravessador e atua no ramo

há oito anos e trabalha também com o óleo de andiroba.

O Quadro 31 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto, de acordo com seus respectivos setores.

QUADRO 31- Descrição dos agentes mercantis na comercialização do patauá (óleo) da RI Marajó,

estado do Pará, no ano de 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Produtores do óleo de patauá, que fazem coleta do fruto e

extração do óleo;

Varejo rural Comerciantes que compram direto da produção o óleo de

patauá, que comercializam para fins medicinais.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O produto é comercializado durante o ano todo, mas, principalmente quando há

pedidos. O agente trabalha com o irmão e o lucro é dividido entre eles. O mesmo não possui

maquinários e equipamentos, e como meio de transporte utiliza um barco com capacidade de

uma tonelada, para coleta das ervas e dos óleos pelos furos e rios da região. Para melhoria na

Page 172: Relatorio marajo

172

capacidade de produção, o agente declara a necessidade de capacitação dos produtores e

ribeirinhos para manipulação adequada das ervas (plantas medicinais).

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/l) entre os setores mercantis do patauá (óleo).

Verificou-se que esta comercialização ocorreu somente na esfera local, envolvendo o

setor do varejo rural, o qual demandou toda a produção local ao preço de R$ 15,00/l e depois

comercializou o óleo de patauá, de forma fracionada, para os consumidores locais ao preço de

R$ 25,00/l (Figura 70).

FIGURA 70- Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/l) do patauá (óleo) na RI Marajó, estado do Pará, no ano de 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Page 173: Relatorio marajo

173

4.3 ANÁLISES ECONÔMICAS AGRUPADAS

Ao analisar do ponto de vista do somatório das vendas realizadas pelos setores

econômicos diretamente aos consumidores finais, ou seja, as vendas pela ótica da demanda

final dos produtos florestais não madeireiros produzidos e comercializados a partir da RI

Marajó, alguns com origem de produção de regiões vizinhas (Tabela 2), identifica-se que do

total contabilizou mais de R$ 351,8 milhões, o sistema nacional foi responsável por 52%

desta demanda final, pois efetuou compras no valor de R$ 184 milhões, por sua vez o

mercado estadual cuja demanda foi equivalente a R$ 44 milhões (que corresponde a 13% da

demanda total) e, por fim, o mercado local com demanda em quase R$ 123,7 milhões,

equivalente a 35% do valor da demanda total.

Ao fazer a classificação por percentagem relativa das demandas por produtos pelas

três escalas regionais, os mais demandados pelo mercado nacional foram: o cacau amêndoa e

a borracha, com 100% das suas ofertas demandadas pelo mercado nacional, mais

precisamente os setores econômicos do estado da Bahia e; a castanha-do-brasil, palmito, breu-

branco, açaí fruto e os utensílios com representatividades entre 98% a 50% do que foi

ofertado, considerando-se a suas características e especificidades, foram demandadas pelo

mercado nacional e/ou internacional (no caso do açaí e castanha-do-brasil) (Tabela 2).

No que diz respeito a demanda final no mercado estadual, só a cajarana teve 100%

da sua oferta demandada pela escala estadual, enquanto que o artesanato regional e a bacaba

obtiveram, respectivamente, 98% e 48% demandada no mercado estadual, porém, enquanto o

restante das compras dos artesanatos foi realizado na escala local, a bacaba foi demandadas

nas outras duas escalas: 30% foram para suprir a demanda local e 22% foram a nível nacional,

especificamente pelos setores econômicos do município de Macapá, no estado do Amapá.

Com relação ao mercado local dos dezesseis municípios que compõem a RI Marajó,

os produtos que tiveram suas demandas somente no nível local, isto é, produtos que tiveram

tanto a oferta quanto a demanda efetuadas na própria região foram: cipó-titica, carvão, lenha,

copaíba, açaí semente, plantas medicinais, pupunha, leites, piquiá, uxi fruto, tucumã, mari,

urucum, cacau fruto, óleo de patauá. Os demais (andiroba, taperebá, bacuri, cupuaçu, mel e o

muruci) tiveram suas demandas efetuadas em consórcios com outras escalas regionais, as

vezes com o mercado estadual ou nacional, variando conforme a especificidade e utilidade do

produto (Tabela 2).

Page 174: Relatorio marajo

174

TABELA 2- Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros

identificados na RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008 (Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Quanto a análise individualizada e em termos de valor desses produtos da Tabela 2,

a demanda do açaí fruto se caracterizou como o recurso mais demandado nas três escalas,

cujo total se aproximou dos R$ 319,5 milhões, correspondente a 91% do valor da demanda

total, pois além da sua importância na alimentação diária das populações locais e estaduais,

este fruto nas últimas décadas vem se consagrando com uns dos frutos, oriundo da Amazônia,

mais consumido no âmbito nacional. No entanto, acrescentando-se a demanda do açaí, a

demanda do palmito e da castanha-do-brasil chega-se aos principais produtos oriundos da RI

Local EstadualNacional

(Estimado)Total Local Estadual

Nacional

(Estimado)

Cipó-titica (kg) 145.865,39 - - 145.865,39 100 - -

Carvão (kg) 145.002,78 - - 145.002,78 100 - -

Lenha (m³) 127.248,26 - - 127.248,26 100 - -

Copaíba (l) 54.460,19 - - 54.460,19 100 - -

Açaí semente (kg) 45.295,11 - - 45.295,11 100 - -

Plantas medicinais (kg)(1) 41.816,54 - - 41.816,54 100 - -

Pupunha (cacho) 28.651,35 - - 28.651,35 100 - -

Leites (l)(2) 26.589,65 - - 26.589,65 100 - -

Piquiá (un.) 9.923,48 - - 9.923,48 100 - -

Uxi fruto (kg) 5.604,60 - - 5.604,60 100 - -

Tucumã (kg) 3.086,35 - - 3.086,35 100 - -

Mari (un.) 2.958,83 - - 2.958,83 100 - -

Urucum (kg) 2.863,39 - - 2.863,39 100 - -

Cacau fruto (kg) 477,23 - - 477,23 100 - -

Patauá óleo (l) 265,64 - - 265,64 100 - -

Andiroba (l) 94.060,77 708,36 1.393,83 96.162,96 98 1 1

Taperebá (kg) 24.334,89 598,13 - 24.933,02 98 2 -

Bacuri fruto (un.) 897.326,08 31.704,04 - 929.030,12 97 3 -

Cupuaçu (un.) 454.852,29 19.549,81 15.317,95 489.720,05 93 4 3

Mel (l) 106.454,53 9.630,67 - 116.085,20 92 8 -

Muruci (l) 67.504,07 9.541,38 - 77.045,46 88 12 -

SubTotal 2.284.641,40 71.732,39 16.711,78 2.373.085,58 96 3 1

Cajarana (un.) - 620,40 - 620,40 - 100 -

Artesanato regional (un.) (3) 13.355,29 524.174,11 - 537.529,40 2 98 -

Bacaba (kg) 467.378,96 758.132,84 338.738,50 1.564.250,30 30 48 22

SubTotal 480.734,25 1.282.927,35 338.738,50 2.102.400,10 23 61 16

Cacau amêndoa (kg) - - 162.293,94 162.293,94 - - 100

Borracha (kg) - - 32.730,99 32.730,99 - - 100

Castanha-do-brasil (kg) 7.725,38 31.767,50 2.306.925,42 2.346.418,30 0 1 98

Palmito (kg) 1.105,06 4.308.802,03 20.476.469,86 24.786.376,95 0 17 83

Breu-branco (kg) 12.585,62 37.948,58 59.256,76 109.790,96 11 35 54

Açaí fruto (kg) 120.769.586,34 38.300.175,42 160.415.396,93 319.485.158,68 38 12 50

Utensílios (un.) (4) 187.189,96 7.883,73 194.998,70 390.072,39 48 2 50

SubTotal 120.978.192,37 42.686.577,25 183.648.072,61 347.312.842,22 35 12 53

Total Geral 123.743.568,02 44.041.236,99 184.003.522,89 351.788.327,89 35 13 52

(3) Bolsa artesanal (fibra de tururi), chapéu de palha (jupati e tururi), quadro e arara (artesanatos de miriti).

(4) Abano (guarumã), matapi (jupati e timboí), vassoura (timbó), tipiti (guarumã), cesto (palha de inajá e jupati), pari (tala de jupati e cipó-timboí), paneiro

(titica, miriti, guarumã e jacitara) e peneira (guarumã).

Produto Florestal Não Madeireiro

Demanda Final (Valores R$) Porcentagem (%)

(1) Jucá fava e cascas de andiroba, barbatimão, cajuaçu, cedro, copaíba, jatobá, muruci, ipê-roxo, sucuúba, unha-de-gato, pariri, uxi e verônica.

(2) Amapá, jatobá e sucuúba.

Page 175: Relatorio marajo

175

Marajó mais demandados pelos setores econômicos dos três níveis de mercados, os quais

somaram aproximadamente 99% do valor da demanda das 31 cadeias.

No que compete verificar qual mercado mais contribuiu para a formação do valor

adicionado (VAB) aos produtos florestais não madeireiros da RI Marajó, estimado em R$

351,8 milhões, conforme Tabela 3, o mercado local agiu de forma preponderante, pois os

seus conjuntos de setores adicionaram R$ 215,5 milhões, que representou 61% do VAB total,

o sistema estadual adicionou mais de R$ 79,7 milhões (23% do VAB total) e na esfera

nacional foram adicionados R$ 56,6 milhões (16% do VAB total).

Esta averiguação do valor agregado e/ou adicionado é importante para se entender a

economia dos PFNM da RI em estudo seja ela local, para a maioria dos produtos

identificados, ou estadual tal como aconteceu com a castanha-do-brasil, e ainda nacional

como no caso da borracha, em que grande parte das respectivas produções foi para fora do

estado do Pará, para ser beneficiado e/ou transformado pelo setor de indústria, os quais

adicionaram 74% e 53% do seu valor total agregado, respectivamente. Ou ainda, o cacau

amêndoa o qual obteve 41% do seu VAB realizado no âmbito nacional (Tabela 3).

Entre o VAB constituído nos produtos exclusivamente ou com predomínio no

mercado local e, orçado em mais de R$ 349,4 milhões (Tabela 3), o açaí fruto, o palmito e a

bacaba tiveram uma proeminente participação, considerando-se a quantidade de produtos,

pois juntos foram responsáveis por em torno de 99% deste valor, sendo que 91% foram

oriundos da agregação realizada na cadeia açaí fruto. No entanto, na cadeia do palmito 69%

do seu VAB foram constituídos na própria RI.

Page 176: Relatorio marajo

176

TABELA 3- Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não

madeireiros identificados na RI Marajó, estado do Pará, estimado para 2008 (Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Quando se analisa o valor agregado levando em consideração os produtos

escalonados em categorias, conforme a Tabela 4, a categoria dos alimentícios foi quem mais

adicionou valor, equivalente a R$ 349,9 milhões, contribuindo com mais de 99% na formação

do VAB total (R$ 351,8 milhões). Este VAB dos alimentícios foi oriundo da agregação de

valor obtida nas três esferas regionais: local (61%), estadual (23%) e nacional (16%), sendo

Local EstadualNacional

(Estimado)Total Local Estadual

Nacional

(Estimado)

Cipó-titica (kg) 145.865 - - 145.865 100 - -

Carvão (kg) 145.003 - - 145.003 100 - -

Lenha (m³) 127.248 - - 127.248 100 - -

Mel (l) 116.085 - - 116.085 100 - -

Copaíba (l) 54.460 - - 54.460 100 - -

Açaí semente (kg) 45.295 - - 45.295 100 - -

Plantas medicinais (kg) (1) 41.817 - - 41.817 100 - -

Pupunha (cacho) 28.651 - - 28.651 100 - -

Leites (l)(2) 26.590 - - 26.590 100 - -

Piquiá (un.) 9.923 - - 9.923 100 - -

Uxi fruto (un.) 5.605 - - 5.605 100 - -

Tucumã (kg) 3.086 - - 3.086 100 - -

Mari (un.) 2.959 - - 2.959 100 - -

Urucum (kg) 2.863 - - 2.863 100 - -

Cacau fruto (kg) 477 - - 477 100 - -

Patauá óleo (l) 266 - - 266 100 - -

Andiroba (l) 95.743 142 279 96.163 99,6 0,1 0,3

Taperebá (kg) 24.812 121 - 24.933 99,5 0,5 -

Bacuri fruto (un.) 919.637 9.393 - 929.030 99 1 -

Cupuaçu (un.) 482.460 3.935 3.325 489.720 99 1 1

Muruci (l) 75.144 1.901 - 77.045 98 2 -

Utensílios (un.)(3) 351.199 - 38.874 390.072 90 - 10

Artesanato regional (un.) (4) 441.268 96.262 - 537.529 82 18 -

Cajarana (un.) 477 143 - 620 77 23 -

Breu-branco (kg) 80.784 7.638 21.369 109.791 74 7 19

Bacaba (kg) 1.079.255 417.247 67.748 1.564.250 69 27 4

Açaí fruto (kg) 198.674.504 73.210.931 47.599.724 319.485.159 62 23 15

Palmito (kg) 12.325.559 4.172.349 8.288.470 24.786.377 50 17 33

Cacau amêndoa (kg) 79.670 15.954 66.670 162.294 49 10 41

SubTotal 215.386.705 77.936.017 56.086.457 349.409.179 62 22 16

Castanha-do-brasil (kg) 144.658 1.740.375 461.385 2.346.418 6 74 20

SubTotal 144.658 1.740.375 461.385 2.346.418 6 74 20

Borracha (kg) 15.354 - 17.377 32.731 47 - 53

SubTotal 15.354 - 17.377 32.731 47 - 53

TOTAL GERAL 215.546.717 79.676.392 56.565.219 351.788.328 61 23 16

(4) Bolsa artesanal (fibra de tururi), chapéu de palha (jupati e tururi), quadro e arara (artesanatos de miriti).

Produto Florestal Não Madeireiro

Valor Adicionado Bruto (VAB) (Valores R$) Porcentagem (%)

(3) Abano (guarumã), matapi (jupati e timboí), vassoura (timbó), tipiti (guarumã), cesto (palha de inajá e jupati), pari (tala de jupati e cipó-

timboí), paneiro (titica, miriti, guarumã e jacitara) e peneira (guarumã).

(1) Jucá fava e cascas de andiroba, barbatimão, cajuaçu, cedro, copaíba, jatobá, muruci, ipê-roxo, sucuúba, unha-de-gato, pariri, uxi e

verônica.

(2) Amapá, jatobá e sucuúba.

Page 177: Relatorio marajo

177

que o percentual do mercado nacional foi mais em função da majoração de preço do açaí,

palmito e da castanha-do-brasil.

TABELA 4- Valor Agregado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não

madeireiros identificados na RI Marajó, estado do Pará, organizados em categorias (Alimentícios,

Artesanatos/Utensílios, Derivado Animal, Derivado da Madeira e Fármacos/Cosméticos), estimados para 2008

(Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Depreende-se, no entanto, que a agregação de valor desta categoria poderia ser mais

significativa se houvessem políticas de incentivo e/ou investimentos nos setores econômicos

que poderiam realizar o beneficiamento de alguns desses produtos no âmbito local, ou até

Page 178: Relatorio marajo

178

mesmo no nível estadual. Pois, com exceção do açaí, bacaba e a castanha-do-brasil, as frutas

foram comercializadas na sua forma primária (in natura), isto é, sem beneficiamento.

Para os produtos classificados como artesanato e utensílios, cuja agregação de valor

girou em torno de R$ 1,2 milhão (0,35% do VAB total) e, que se processou nos três mercados

(Tabela 4), sendo que a participação do artesanato regional se destacou pelo fato da sua

agregação ter contribuído com 44% do valor agregado pela categoria. Com relação ao único

produto de origem animal, o mel, cuja agregação de valor foi contabilizada em R$ 116,1 mil

(0,03% do VAB total), formalizado totalmente no âmbito local. No que se refere aos

derivados da madeira, a agregação de valor foi na ordem de R$ 305 mil (0,09% do VAB

total), cujos processos ocorreram predominantemente no mercado local, com exceção da

borracha que 53% do seu valor adicionado foram desenvolvidos por setores econômicos na

esfera nacional.

E por fim, os produtos classificados como fármacos e cosméticos que adicionaram

em torno de 0,06% do VAB total (em torno de R$ 219,3 mil), cuja maioria agregou valor

somente na esfera local. A andiroba agregou valor nas três escalas regionais, no entanto, o

valor adicionado na escala local foi preponderantemente superior as outras escalas regionais.

Com relação aos valores da renda bruta total (RBT) gerada e circulada, a Tabela 5

esta organizada em categorias de valor para que a análise dos produtos seja mais coerente,

uma vez que os produtos não se encontram em um mesmo patamar econômico e, sendo assim,

fica difícil realizar comparações quando alguns produtos estão em escalas de milhões de reais

e outros em centenas de reais. Deste modo, em função da renda bruta total (RBT) gerada e

circulada na comercialização dos produtos, a estratégia adotada foi dividi-los em três

categorias: i) os que atingiram valores acima de R$ 600 mil de RBT; ii) para os intermediários

com RBT entre R$ 100 mil e R$ 599 mil e; iii) os abaixo de R$ 100 mil.

Deste modo, os produtos classificados na primeira categoria com maiores renda bruta

total (RBT) identificados (Tabela 5), em ordem decrescente de valor, foram: o açaí fruto (R$

690,3milhões), o palmito (R$ 46,2 milhões), a castanha-do-brasil (R$ 4,4 milhões), a bacaba

(R$ 3,5 milhões), o bacuri (R$ 1,1 milhão), o artesanato regional (R$ 919 mil), os utensílios

(R$ 778,8 mil) e o cupuaçu (R$ 737,7 mil). Logo, nesta categoria (RBT acima de R$ 600

mil), somente a comercialização do açaí fora o responsável por 92,3 % da RBT gerada e

circulada, do qual 52% foram gerados no âmbito local. Diferente do que aconteceu na

comercialização do palmito e castanha-do-brasil, em que das suas RBT, a maior parte ficou

no âmbito nacional, assim como, do artesanato regional em que a maior parte da RBT foi

Page 179: Relatorio marajo

179

gerada e circulada no âmbito estadual. Em contrapartida a bacaba, o bacuri e o cupuaçu,

apesar de terem contribuído com apenas 0,08% no somatório da RBT da categoria, suas

rendas foram geradas e circuladas de forma preponderante no mercado local, sob ações

principalmente do setor de indústrias: beneficiamento, no caso da bacaba e; transformação no

caso do bacuri e cupuaçu e, sob tutela das lanchonetes/sorveterias.

TABELA 5- Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não madeireiros

identificados na RI Marajó, estimados para 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor

do RBT (acima de R$ 600 mil, de R$ 100 mil a R$ 599 mil e abaixo de R$ 100 mil) (Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Dentre os produtos da segunda categoria (de R$ 100 mil a R$ 599 mil), com valor

estimado de renda bruta em aproximadamente R$ 1,7 milhão, gerada e circulada nas três

Local EstadualNacional

(Estimado)Total Local Estadual

Nacional

(Estimado)

Relativa a

RTB

Açaí fruto (kg) 359.031.227,01 163.455.228,62 167.876.271,63 690.362.727,26 52 24 24 92,3

Palmito (kg) 17.057.556,77 8.726.756,81 20.476.469,86 46.260.783,45 37 19 44 6,2

Castanha-do-brasil (kg) 257.155,87 1.902.721,84 2.306.925,42 4.466.803,13 6 43 52 0,6

Bacaba (kg) 1.928.287,51 1.239.644,83 338.738,50 3.506.670,84 55 35 10 0,5

Bacuri fruto (un.) 1.089.820,70 37.399,00 - 1.127.219,70 97 3 - 0,2

Artesanato regional (un.) (1) 441.540,42 478.316,35 - 919.856,76 48 52 - 0,1

Utensílios (un.)(2) 583.783,05 - 194.998,70 778.781,75 75 - 25 0,1

Cupuaçu (un.) 702.830,65 19.549,81 15.317,95 737.698,41 95 3 2 0,1

381.092.201,98 175.859.617,25 191.208.722,07 748.160.541,31 51 24 26 100

Cacau amêndoa (kg) 150.840,13 95.624,24 278.112,13 524.576,50 29 18 53 29,57

Breu-branco (kg) 133.394,85 37.948,58 106.692,48 278.035,91 48 14 38 15,67

Carvão (kg) 258.766,27 - - 258.766,27 100 - - 14,58

Cipó-titica (kg) 173.519,96 - - 173.519,96 100 - - 9,78

Mel (l) 171.683,85 - - 171.683,85 100 - - 9,68

Andiroba (l) 135.431,72 708,36 1.393,83 137.533,91 98,5 0,5 1 7,75

Lenha (m³) 128.670,39 - - 128.670,39 100 - - 7,25

Muruci (l) 91.885,36 9.541,38 - 101.426,74 91 9 - 5,72

1.244.192,53 143.822,57 386.198,44 1.774.213,54 70 8 22 100

Copaíba (l) 97.944,71 - - 97.944,71 100 - - 21,21

Borracha (kg) 27.915,56 - 58.901,82 86.817,38 32 - 68 18,80

Plantas medicinais (kg) (3) 62.218,15 - - 62.218,15 100 - - 13,48

Açaí semente (kg) 51.640,58 - - 51.640,58 100 - - 11,19

Pupunha (Cacho) 47.652,30 - - 47.652,30 100 - - 10,32

Leites (l)(4) 41.053,75 - - 41.053,75 100 - - 8,89

Taperebá (kg) 29.530,84 598,13 - 30.128,97 98 2 - 6,53

Piquiá (un.) 16.816,98 - - 16.816,98 100 - - 3,64

Uxi fruto (un.) 9.208,65 - - 9.208,65 100 - - 1,99

Tucumã (kg) 6.024,66 - - 6.024,66 100 - - 1,30

Urucum (kg) 5.154,09 - - 5.154,09 100 - - 1,12

Mari (un.) 4.783,76 - - 4.783,76 100 - - 1,04

Cajarana (un.) 715,85 620,40 - 1.336,25 54 46 - 0,29

Cacau fruto (kg) 477,23 - - 477,23 100 - - 0,10

Patauá óleo (L) 425,02 - - 425,02 100 - - 0,09

401.562,14 1.218,53 58.901,82 461.682,49 87 0 13 100

382.737.956,65 176.004.658,35 191.653.822,33 750.396.437,33 51 23 26 100

(2) Abano (guarumã), matapi (jupati e timboí), vassoura (timbó), tipiti (guarumã), cesto (palha de inajá e jupati), pari (tala de jupati e cipó-timboí), paneiro (titica, miriti, guarumã e

jacitara) e peneira (guarumã).

RB

T a

cim

a d

e R

$ 6

00

mil

Total Parcial

TOTAL GERAL

(1) Bolsa artesanal (fibra de tururi), chapéu de palha (jupati e tururi), quadro e arara (artesanatos de miriti).

(3) Jucá fava e cascas de andiroba, barbatimão, cajuaçu, cedro, copaíba, jatobá, muruci, ipê-roxo, sucuúba, unha-de-gato, pariri, uxi e verônica.

(4) Amapá, jatobá e sucuúba.

Total Parcial

RB

T d

e R

$ 1

00

mil

a

R$

59

9 m

il

Total Parcial

RB

T a

ba

ixo

de R

$ 1

00

mil

Categorias Produto Florestal Não Madeireiro

Renda Bruta Total (RBT) (Valores R$) Porcentagem (%)

Page 180: Relatorio marajo

180

escalas regionais, porém com uma maior proporção para o mercado local (70%), já que o

carvão, o cipó-titica, o mel, a lenha e praticamente a andiroba e o muruci, tiveram suas RBTs

geradas e circuladas no âmbito local (Tabela 5). Os outros produtos classificados na categoria

(cacau amêndoa e o breu-branco) tiveram suas RBTs geradas e circuladas com a participação

de setores localizados nas três escalas regionais, no entanto, no caso do primeiro produto, a

sua respectiva renda foi mais representativa no mercado nacional e, no segundo produto, a

RBT foi maior no local.

Na terceira e última categoria (RBT abaixo de R$ 100 mil), apenas a borracha teve

sua RBT gerada e circulada com participação do mercado nacional. E as RBTs do taperebá e

da cajarana foram geradas e circuladas com a participação do mercado estadual. Com relação

aos outros produtos escalonados (copaíba, plantas medicinais, açaí semente, pupunha, leites,

piquiá, uxi, tucumã, urucum, mari, cacau fruto e o óleo de patauá) tiveram exclusivamente no

mercado local as suas RBTs geradas e circuladas.

Quando se analisa a renda gerada e circulada, somente no âmbito local das 31

cadeias, ou seja, os produtos com suas RBT 100% formadas na RI Marajó e, estimadas em R$

1,1 milhão aproximadamente, os produtos utilizados como alimento (pupunha, piquiá, uxi,

tucumã, urucum, mari e o cacau fruto) pelos consumidores locais corresponderam a somente

8% deste montante, que conforme as especificidades de cada uma, umas foram consumidas in

natura (fruto) e/ou em forma de cremes, sucos e sorvetes. Os produtos utilizados para fins

medicinais (mel, copaíba, os leites e óleos de patauá) contribuíram com 35%. Os utilizados

como utensílios e artesanatos (cipó-titica e a semente do açaí) com 21%. E, os usados como

insumo (carvão e lenha) pelas inúmeras famílias da RI Marajó, formalizaram 36% da RBT

(Tabela 5).

De modo geral, o açaí fruto foi que gerou e circulou a maior renda no âmbito local,

estimada em mais de R$ 359 milhões (Tabela 5), aproximadamente 94% da RBT gerada pela

comercialização de todos os produtos identificados. Desta renda gerada na comercialização do

açaí no âmbito local, os tradicionais batedores, classificados como indústria de

beneficiamento local, adquiriram R$ 131,6 milhões, que de uma maneira singular, significou

o processo de beneficiamento do fruto em polpa, o popularmente conhecido vinho de açai.

Desta maneira, conforme Tabela 6, ao se considerar a Contabilidade Social

Ascendente Alfa, que tem no seu ponto de partida o setor da produção agroextrativista, de

produtos de espécies nativas, dos dezesseis municípios estudados (Setor α) e, que integram a

RI Marajó, recebeu um montante equivalente a R$ 127,3 milhões (VBPα) oriundos das vendas

Page 181: Relatorio marajo

181

de todos os produtos florestais não madeireiros identificados (55 produtos no total) e

organizados em 31 cadeias, e, com as transações comerciais realizadas pelos setores que

vendem tais produtos até o consumidor final foram adicionados valores a estes num montante

de R$ 351,8 milhões (VAB), que somado com o valor bruto da produção (VBP) pela ótica da

demanda, correspondente ao valor total da compra de insumos contabilizados em R$ 398,6

milhões, chega-se a um total de R$ 750,4 milhões, referente a renda bruta total (RBT) gerada

e circulada na economia destes produtos, com seus efeitos para frente e para trás nas cadeias

de comercialização.

Salienta-se, porém, que no valor recebido pelo setor alfa (R$ 127,3 milhões), em

torno de R$ 6,4 milhões (5% do VBPα) correspondeu ao valor recebido pelo setor da

produção extralocal, isto é, por agentes agroextrativistas que estão localizados em municípios

que integram outras regiões de integração: RI Tocantins (Abaetetuba, Barcarena, Cametá,

Limoeiro do Ajuru e Oeiras do Pará) e Metropolitana (Belém). Estes agentes transacionaram

de forma parcial e integral (no caso da semente do açaí), dependendo do período e do produto,

aos agentes de comercialização da RI Marajó doze produtos florestais não madeireiros

identificados (Tabela 6), quais sejam: o açaí fruto, a bacaba, o carvão e o mel, oriundos da RI

Tocantina; o açaí semente, o bacuri, o cupuaçu, o muruci, o taperebá e o cipó-titica, vindos da

RI Metropolitana e; o óleo de copaíba e da andiroba, oriundos de ambas as RI. Entre essas RI,

a Tocantina, teve uma grande representatividade na contabilidade do valor extralocal, pois

mais de 99% dos R$ 6,5 milhões foram pagos aos seus agentes mercantis. Já os agentes da RI

Metropolitana ganhou importância pela forma com que transacionaram os produtos com a RI

Marajó, pois além da comercialização da semente do açaí trabalhada, as frutas foram enviadas

em forma de polpa.

Considerando a soma do valor adquirido pelo setor da produção local e extralocal,

entre os produtos mais importantes para a geração de renda e emprego para o setor, a

comercialização do açaí fruto atuou de forma preponderante, pois os agroextrativistas

arrecadaram mais de R$ 122,3 milhões, o que corresponde a 96% do valor da produção alfa

total de R$ 127,3 milhões (VBPα), sendo R$ 6,3 milhões pagos aos agroextrativistas

extralocais. Por conseguinte, os agroextrativistas do palmito receberam em torno de R$ 2,5

milhões com a sua oferta. Os extrativistas da bacaba receberam quase R$ 743 mil, sendo R$

1,7 mil pagos aos extrativistas extralocais.

Com relação a renda gerada e comercializada por produto, a partir da RI Marajó, e a

parte do montante da RBT que foi retido pelo respectivo setor alfa, que dá origem a toda base

Page 182: Relatorio marajo

182

produtiva, verificou-se, simultaneamente, dois princípios básicos: o primeiro e mais

importante, pois demonstra outras funções desenvolvidas pelo setor alfa (além de plantar,

extrair e colher, inerentes a ele), que quanto mais ações de beneficiamento o setor impor nos

produtos antes das transações comerciais com outros setores da demanda intermediária, maior

foi a sua participação na RBT, ou seja, mais ele adquirirá da renda gerada e circulada. O

segundo se refere a assertiva de que, quando a comercialização do produto (de toda produção

e/ou grande parte dela) se desenvolve de forma direta entre a base produtiva e consumidor

final, ou seja, sem (e/ou com poucas) intermediações de outros setores, mais da renda gerada

e circulada, também foi retida. Tal como aconteceu nas cadeias de comercialização do cacau

fruto e da lenha em que de suas RBTs geradas, 100% e 98% respectivamente, foram

adquiridas pelo setor da produção. Partindo-se do primeiro princípio, supracitado, os

agroextrativistas que tiveram no mel sua fonte de renda, receberam 52% da RBT gerada e

circulada na sua comercialização. Os artesãos que produziram os artesanatos regionais, que

adquiriram 44% da RBT gerada. Enquanto que os extrativistas do açaí fruto, do palmito e da

castanha-do-brasil adquiriram somente 17,7%, 5,3% e 2,5% das suas rendas geradas e

circuladas e estimadas em R$ 690,4 milhões, R$ 46,2 milhões e R$ 4,5 milhões,

respectivamente, configurando-se, como os recursos de menor retorno financeiro para os que

atuam na base produtiva.

É necessário ressaltar, que outros princípios também se fazem presente e, sendo

assim, contribuíram, mesmo que de forma secundária, mas concomitantemente com os

básicos, para maior ou menor retorno financeiro deste setor, tais como: baixo grau de

organização social formal (associações e cooperativas); falta de corporativismo; infraestrutura

de comercialização precária (estradas, rodovias; que geralmente os deixam sob dependência

dos atravessadores ou de grandes compradores, denominados de atacadistas); capacitação

técnica e baixo grau de escolaridade.

Ao longo das 31 cadeias de comercialização, alguns apresentaram uma margem bruta

de comercialização (mark-up) bastante expressiva em relação aos apresentados por outros,

pois, quanto mais ações de beneficiamento, transformações, e/ou majoração de preço o

produto adquiriu ao longo da cadeia e, a partir do setor da produção, maior foi o seu valor de

mark-up. Esta margem mostra o quanto, em termos percentuais, foi adicionado ao longo das

cadeias dos produtos após as vendas realizadas pelo setor da produção e, por isso, o seu valor

é calculado pela diferença entre o VAB e o valor obtido pela da venda do setor da produção,

do produto, ou seja, VBPα, dividido pelo VBP

α. Assim, a castanha-do-brasil e o palmito foram

Page 183: Relatorio marajo

183

os produtos que obtiveram os maiores valores de mark-up, estimados em 1.975% e 903%

respectivamente, pois, nessas cadeias mais de 90% (95% e 90%) dos seus valores adicionados

foram constituídos por ações de agentes da demanda intermediária, ou seja, após a venda do

setor da produção. Com uma diferença, enquanto a castanha-do-brasil teve 94% do seu valor

adicionado desenvolvido fora da RI Marajó, o palmito teve apenas 50%, devido em grande

parte pela concentração de pequenas indústrias processadoras na RI Marajó.

E, no outro extremo, temos o valor do mark-up estimado na comercialização da lenha

e do cacau fruto com um índice de 0%, porquanto nenhuma ação de beneficiamento estes

produtos obtiveram após as vendas dos agroextrativistas, outrora classificado como setor da

coleta/produção, no caso do cacau comercializado e consumido in natura. No caso da lenha,

parte da produção ainda fora comercializado com a intermediação do setor de varejo

(feirantes). Logo, verifica-se também que a comercialização do produto quando aconteceu

sem e/ou com poucas intermediações, entre o setor alfa e o consumidor final, esta assertiva

também proporcionou que o valor de mark-up tendesse a zero (Tabela 6).

Em relação ao valor bruto da produção (VBP) pela ótica da demanda, ou seja, da

compra de insumos dos setores mercantis intermediários identificados por recortes

geográficos (local, estadual e nacional), referidos na Tabela 6, estes insumos, dependendo da

posição e função do agente mercantil, variaram desde matéria prima ou subproduto até

produto final. O breu-branco, por exemplo, foi utilizado tanto como matéria prima pelos

consumidores final da RI Marajó (donos de embarcações) e utilizado na calafetagem dos

barcos. Quanto para a fabricação de produtos finais (tintas, entre outros) pela indústria de

transformação nacional. Ou ainda os frutos açaí, bacuri, muruci, taperebá, cupuaçu in natura,

por exemplo, até o penúltimo agente da cadeia, que o adquiriu como insumo na transformou

em cremes, sucos e sorvetes, antes do último elo da cadeia, o consumidor final. Ou como

aconteceu com o carvão e a lenha, que foram utilizados como matérias primas na indústria de

transformação (pelas famílias, padarias e restaurantes) classificadas como consumidor final.

Assim como o mel, os óleos de patauá, andiroba e copaíba, as plantas medicinais (e outras

frutas) foram utilizadas como remédios pelos consumidores finais da RI em estudo.

.

Page 184: Relatorio marajo

184

TABELA 6- Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Marajó, estado do Pará, compostos pelo Valor Bruto da

Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa extralocal, a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto (VAB) e a

Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e nacional, estimado para 2008 (Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Local EstadualNacional

(Estimado)Total Local Estadual

Nacional

(Estimado)Total Local

(5) EstadualNacional

(Estimado)Total

Açaí fruto (kg) 116.033.068,75 6.280.047,54 161% 160.356.723 90.244.298 120.276.547 370.877.569 198.674.504 73.210.931 47.599.724 319.485.159 359.031.227 163.455.229 167.876.272 690.362.727

Palmito (kg) 2.471.854,78 903% 4.731.998 4.554.408 12.188.000 21.474.406 12.325.559 4.172.349 8.288.470 24.786.377 17.057.557 8.726.757 20.476.470 46.260.783

Bacaba (kg) 741.062,74 1.667,64 111% 849.032 822.397 270.991 1.942.421 1.079.255 417.247 67.748 1.564.250 1.928.288 1.239.645 338.739 3.506.671

Artesanato regional (un.) (7)

434.265,93 24% 273 382.055 - 382.327 441.268 96.262 - 537.529 441.540 478.316 - 919.857

Utensílios (un.)(8)

290.095,20 34% 232.584 - 156.125 388.709 351.199 - 38.874 390.072 583.783 - 194.999 778.782

Cupuaçu (un.) 147.881,79 18.985,56 193% 220.370 15.615 11.993 247.978 482.460 3.935 3.325 489.720 702.831 19.550 15.318 737.698

Lenha (m³) 126.638,78 0% 1.422 - - 1.422 127.248 - - 127.248 128.670 - - 128.670

Castanha-do-brasil (kg) 113.062,20 1975% 112.497 162.347 1.845.540 2.120.385 144.658 1.740.375 461.385 2.346.418 257.156 1.902.722 2.306.925 4.466.803

Bacuri fruto (un.) 100.900,33 13.839,70 710% 170.184 28.006 - 198.190 919.637 9.393 - 929.030 1.089.821 37.399 - 1.127.220

Mel (l) 86.898,66 2.379,34 30% 55.599 - - 55.599 116.085 - - 116.085 171.684 - - 171.684

Cacau amêndoa (kg) 71.170,33 128% 71.170 79.670 211.442 362.283 79.670 15.954 66.670 162.294 150.840 95.624 278.112 524.577

Carvão (kg) 65.148,06 27.000,93 57% 113.763 - - 113.763 145.003 - - 145.003 258.766 - - 258.766

Breu-branco (kg) 45.336,42 142% 52.611 30.310 85.324 168.245 80.784 7.638 21.369 109.791 133.395 37.949 106.692 278.036

Andiroba (l) 43.025,86 8.845,66 85% 39.689 567 1.115 41.371 95.743 142 279 96.163 135.432 708 1.394 137.534

Copaíba (l) 34.718,55 7.172,16 30% 43.485 - - 43.485 54.460 - - 54.460 97.945 - - 97.945

Pupunha (Cacho) 21.619,36 33% 19.001 - - 19.001 28.651 - - 28.651 47.652 - - 47.652

Cipó-titica (kg) 21.107,53 1.091,17 557% 27.655 - - 27.655 145.865 - - 145.865 173.520 - - 173.520

Plantas medicinais (kg) (9)

21.056,31 99% 20.402 - - 20.402 41.817 - - 41.817 62.218 - - 62.218

Muruci (l) 19.829,69 277,94 283% 16.741 7.640 - 24.381 75.144 1.901 - 77.045 91.885 9.541 - 101.427

Leites (l) (10)15.100,62 76% 14.464 - - 14.464 26.590 - - 26.590 41.054 - - 41.054

Borracha (kg) 12.562,00 161% 12.562 - 41.524 54.086 15.354 - 17.377 32.731 27.916 - 58.902 86.817

Piquiá (un.) 7.084,40 40% 6.894 - - 6.894 9.923 - - 9.923 16.817 - - 16.817

Uxi fruto (un.) 3.604,05 56% 3.604 - - 3.604 5.605 - - 5.605 9.209 - - 9.209

Taperebá (kg) 2.677,84 69,20 808% 4.719 477 - 5.196 24.812 121 - 24.933 29.531 598 - 30.129

Urucum (kg) 2.290,71 25% 2.291 - - 2.291 2.863 - - 2.863 5.154 - - 5.154

Mari (un.) 2.176,17 36% 1.825 - - 1.825 2.959 - - 2.959 4.784 - - 4.784

Tucumã (kg) 1.592,52 94% 2.938 - - 2.938 3.086 - - 3.086 6.025 - - 6.025

Cacau fruto (kg) 477,23 0% - - - - 477 - - 477 477 - - 477

Cajarana (un.) 238,62 160% 239 477 - 716 477 143 - 620 716 620 - 1.336

Patauá óleo (l) 159,38 67% 159 - - 159 266 - - 266 425 - - 425

Açaí semente (kg) 0,0 6.345,47 614% 6.345 - - 6.345 45.295 - - 45.295 51.641 - - 51.641

TOTAL 120.936.704,81 6.367.722,31 167.191.240 96.328.267 135.088.603 398.608.109 215.546.717 79.676.392 56.565.219 351.788.328 382.737.957 176.004.658 191.653.822 750.396.437

(10) Amapá, jatobá e sucuúba.

(1) Valor Bruto da Produção total (R$) recebido pelos produtores/extrativistas da RI Marajó.

(3) Valor Bruto da Produção (VBP) referente ao total da compra de insumos nos setores mercantis.

Mark-up

(margem bruta de

comercialização)

Produto Florestal Não MadeireiroVBP da Produção

Extralocal (2)

(2) Valor Bruto da Produção total (R$) recebido pelos produtores/extrativistas provinientes de outras Regiões de Integração

(8) Abano (guarumã), matapi (jupati e timboí), vassoura (timbó), tipiti (guarumã), cesto (palha de inajá e jupati), pari (tala de jupati e cipó-timboí), paneiro (titica, miriti, guarumã e jacitara) e peneira (guarumã).

(9) Jucá fava e cascas de andiroba, barbatimão, cajuaçu, cedro, copaíba, jatobá, muruci, ipê-roxo, sucuúba, unha-de-gato, pariri, uxi e verônica.

(6) Valor da Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada, em R$, equivale a soma do valor bruto da produção (VBP) rerefente à compra de insumos mais ao valor adicionado (VAB), ou seja RBT = VBP + VAB.

(5) Equivale a geração e circulação de renda na RI Marajó (RBT Local).

VBPα da

Produção Local (1)

(7) Bolsa artesanal (fibra de tururi), chapéu de palha (jupati e tururi), quadro e arara (artesanatos de miriti).

VBP (Compra de insumo) (3)

Total VAB (4)

RBT Total gerada e circulada (6)

(4) Equivale ao valor que foi adicionado (ou agregado) ao produto (VAB) ao longo da cadeia de comercialização.

Page 185: Relatorio marajo

185

5 CONCLUSÕES

O estudo mostrou que a economia gerada pelas trinta e uma cadeias de produtos

florestais não madeireiros estudadas na região de integração Marajó foi expressiva, uma vez

que a renda gerada e estimada para o ano de 2008 (ano em que iniciou o estudo) foi orçada em

torno de R$ 750,4 milhões (RBT total). Cujo setor produtivo agroextrativista local e

extralocal, considerado o setor alfa (Setor α) deste modelo de comercialização, recebeu em

torno de R$ 127,3 milhões (sendo 5% destinados a remunerar os agroextrativistas

extralocais), o que correspondeu a aproximadamente 17% da renda gerada e circulada total.

Do total da renda gerada, mais de 98% (R$ 736,6 milhões) foram das atividades que tem sua

origem na exploração da palmeira Euterpe oleracea Mart., tanto para extração do seu fruto

quanto para a extração do palmito, que por sua vez, acarreta no corte do estipe. No entanto,

viu-se que os agroextrativistas que comercializaram o fruto açaí, além de terem adquirido

mais, em termos percentuais, da renda total gerada na sua comercialização, quando

comparado com o adquirido com a comercialização do palmito, ainda mantiveram a floresta

preservada.

É preciso ressaltar que a RI esta inserida no mercado (inter) nacional, haja vista que

100% da produção da borracha e do cacau amêndoa, 98% (sendo 31% para o exterior) da

castanha-do-brasil e 83% da produção do palmito tiveram como destino final este mercado.

Assim como o breu-branco, açaí (3% para o exterior), utensílios, bacaba, cupuaçu e a

andiroba só que em menores percentuais.

No que se referiu a agregação de valor, estimada para o ano de 2008 e, calculada em

torno de R$ 351,8 milhões, o mercado local se consagrou com mais de 61% de participação

neste montante. Apesar disso, em apenas três cadeias tiveram a participação do setor de

beneficiamento: a do açaí, da bacaba e do palmito. Sendo que nas duas primeiras

corresponderam as ações de beneficiamento realizadas pelos tradicionais batedores de açaí a

fim de atender estritamente a demanda local e, no caso específico do açaí, uma pequena parte

da produção identificada (5,5%) foi beneficiada por uma agroindústria para atender a

demanda externa (nacional). Já o setor de beneficiamento do palmito correspondeu há dois

tipos de agentes, que apesar de transacionarem entre si, as suas funções são pré-definidas, pois

enquanto as pequenas fábricas (e uma cooperativa), localizadas nos furos dos rios, selecionam

e cortam as “cabeças” e, posteriormente depois de envasados com a solução preservativa, os

vendem as agroindústrias, que tiveram a função de distribuição do produto.

Page 186: Relatorio marajo

186

Com relação aos produtos que passaram pelo setor de transformação, algumas das

frutas (açaí, bacuri, cupuaçu, muruci e o taperebá) identificadas foram transformadas em

produto final (sucos, sorvetes, cremes e doces) pelas inúmeras lanchonetes e/ou sorveterias

antes do consumidor final. A semente de açaí e o cipó-titica, antes dos demandantes finais,

passaram pelas mãos dos artesãos tanto individualizados ou quando organizados em

associações. E o último produto a passar pela indústria de transformação, correspondeu ao

breu-branco, utilizado como um dos insumos na fábrica de vassoura. Logo, a maioria dos

produtos foi comercializada, a partir da RI Marajó e, na maioria deles somente nesta RI, com

o beneficiamento primário realizado pelo setor da produção (o mel, os óleos, e o carvão),

assim como, na sua forma in natura, isto é, sem qualquer agregação de beneficiamento e/ou

transformação (a castanha-do-brasil). Nestes casos, o processo de majoração de preço

participou preponderantemente para o valor adicionado estimado.

Dentro da RI Marajó, os maiores valores de mark-up, entre as 31 cadeias, foram das

frutíferas (açaí, bacuri, muruci, taperebá e o cupuaçu) sob ação da indústria de transformação,

chegando a 1.941% e, com um mínimo de 521%. Fora da RI, mais especificamente no

mercado estadual, os PFNM chegaram a ser comercializados com uma margem bruta de

comercialização de até 1.266%.

Por tudo isso, mesmo que o valor adicionado de praticamente quase todos os

produtos não madeireiros (com as exceções) tenha sido maior no âmbito local, fazem-se

necessários investimentos em ações que dêem condições de que esta agregação seja indutora

de geração de emprego e, desta maneira melhorar (e/ou gerar) a renda na RI Marajó, como a

ampliação das oportunidades de negócios na RI, que em termos gerais, primeiramente atuaria

em duas ações: o incentivo a demanda, o qual viria com a ampliação e/ou divulgação do

Programa de Aquisição de Alimentos – PAA13

, intermediada pela CONAB, que atuaria em

três frentes: incentivaria e/ou aumentaria a oferta dos não madeireiros, pois muitos afirmaram

que por falta de demanda deixam de potencializar a produção e/ou extração; incentivaria a

melhorar a gestão das organizações sociais (cooperativas, associações e sindicatos) dos

agroextrativistas já existentes ou a criá-los e; determinaria um preço mínimo. E, a outra ação

seria também o apoio (as organizações sociais e indústrias já existentes) e/ou atração a RI, de

13

O PPA tem como finalidade o apoio aos agricultores familiares, por meio da aquisição de alimentos de sua

produção, com dispensa de licitação, adquiridos diretamente dos agricultores familiares ou de suas associações

e cooperativas e são destinados à formação de estoques governamentais ou à doação para pessoas em situação

de insegurança alimentar e nutricional, atendidas por programas sociais locais. A operacionalização do PAA é

simples, pois a compra é feita diretamente pela Conab, por preço compensador, respeitando as peculiaridades e

hábitos alimentares regionais e a situação do mercado local (CONAB, 2011).

Page 187: Relatorio marajo

187

empreendedores capazes e que possam aumentar a produtividade e a melhorar a qualidade dos

produtos não madeireiros (interiorização da produção), afim de que possam ser

comercializados além das suas fronteiras. Comercialização esta que teria como fomento outra

ação: a criação da certificação da produção sustentável, cujo papel seria de valorização dos

produtos. Em suma, estas ações, atreladas a outras, principalmente as voltadas a suprir os

entraves, contribuiriam tanto para a manutenção da floresta em pé, quanto para o crescimento

econômico de base sustentável da RI Marajó, ou seja, traria além do efeito ecológico positivo

para RI, benefícios a população local, como a geração de emprego e na melhoria da sua renda,

através da dinamização das potencialidades das economias “tradicionais” locais.

Page 188: Relatorio marajo

188

6 RECOMENDAÇÕES

É fato que a comercialização dos PFNM sempre foi uma opção (e/ou principal fonte)

de renda para as inúmeras famílias da RI Marajó e, com o passar dos anos, vem-se

apresentando como uma das suas atividades que melhor os remunera e, ainda mantêm o seu

habitat inalterado, isto é, apesar do uso há a conservação dos recursos florestais. A favor

destas atividades, encontra-se o fato de que com os problemas ambientais advindos do

aquecimento global, a redução do desmatamento na Amazônia com base em economias

sustentáveis vem sendo a retórica dos governos federal, estaduais e municipais da Amazônia,

das organizações não governamentais e até dos agentes diretamente envolvidos nas atividades

agroextrativistas - as populações tradicionais. No entanto, devido as forças dos mercados

globalizados, parte dessa atividade fica a mercê destas instituições públicas, por apresentar

determinadas limitações de escala (geográfica e produtiva, as mais justificáveis) que os

impedem de serem alvos de políticas de fomento, haja vista que a grande dialética de manter a

floresta em pé e gerar crescimento econômico parecem conflitantes.

Depreende-se, deste modo, que os montantes econômicos mostrados neste relatório

vão a favor da dialética, apesar disso, a comercialização dessas 31 cadeias dos não

madeireiros apresentaram entraves esporadicamente ao setor da produção e a indústria

(setores chaves a potencializar a atividade) que os mantêm em condições de desassistidos por

parte das políticas públicas e, suprir estes estorvos certamente contribuirá para o crescimento

econômico sustentável da RI, ou seja, transformará o potencial em produto e, desta maneira

atingir o objetivo maior: desenvolvimento sustentável. É necessário afirmar, no entanto, que o

primeiro passo esta sendo dado com este relatório, com a produção de informações

necessárias para a formulação de políticas públicas condizentes com a potencialidade da

região.

Ao longo da descrição de cada cadeia de comercialização estudada na RI Marajó

foram apontados vários gargalos assim como aspectos positivos. A seguir, de forma mais

abrangente, pontuamos os principais entraves identificados nas cadeias de comercialização

dos PFNM, tanto do setor da produção quanto da indústria, contendo entraves e algumas

recomendações para subsidiar políticas públicas.

a) Principais entraves ao setor da produção, considerando o agente agroextrativista

(setor alfa) deste modelo:

Page 189: Relatorio marajo

189

Ausência de planos de manejo condizentes com o potencial da RI, principalmente

no que se referiu a comercialização dos principais produtos: açaí fruto e palmito;

A problemática da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), pois além da

demora das visitas técnicas, em um dos municípios da RI não foi encontrado o

escritório, como no caso de Chaves;

Baixo nível de empreendedorismo;

Baixo nível de escolaridade das famílias envolvidas na atividade dos não

madeireiros;

Baixos níveis de qualidade e identidade dos produtos (embalagem, especificações

técnicas, validade, etc.), devido os processos extrativos terem sido muitas vezes

desenvolvidos ainda de forma artesanal e, comercializados sem padrões;

Falta de registro junto aos órgãos de regulamentação e fiscalização, para a

produção e comercialização dos não madeireiros;

Baixo grau de associativismo e corporativismo, que infere nas oscilações de

preços e, resulta em baixos retornos financeiros;

Pouco conhecimento do potencial de mercado dos PFNM, pois muitos deixam de

aumentar, e/ou até mesmo iniciar uma produção, por falta do conhecimento desta

demanda crescente por produtos de apelo sustentável, tanto dos setores

econômicos (indústrias, consumidores de fora da RI principalmente), quanto dos

programas de compra do Governo, como o PAA do governo Federal;

Pouco acesso aos créditos rurais, tanto pelo grau de escolaridade apresentado pelo

setor, quanto pela ausência de bancos públicos e/ou privados;

Comercialização dos produtos basicamente de desenvolveu devido a ação dos

atravessadores, porque os pontos de comercialização (feiras livres, mercados

municipais e feiras do produtor), na maioria dos municípios, se encontravam

fechados, deteriorados e/ou ineficientes (falta de higienização; organização dos

produtos) para a comercialização;

O desenvolvimento das atividades ocupou basicamente a mão-de-obra familiar, só

nos casos excepcionais (safra) se “contratou” um ajudante, ou mais, que

receberam conforme a sua produtividade diária (nº de rasas, nº de “cabeças”, entre

outros);

b) Principais entraves no setor da indústria:

Page 190: Relatorio marajo

190

Baixo grau de competitividade do setor, principalmente dos fatores estruturais da

oferta/demanda (agroindústria tem dificuldade em adquirir o insumo por questões

como: a dispersão dos fornecedores, a falta de organização do setor

agroextrativista e a dependência dos atravessadores) e fatores internos (pois

muitos atuam na informalidade). Já que os fatores sistêmicos se encontram

favoráveis. Entre outras questões (abaixo citadas) agindo concomitantemente;

Baixo nível tecnológico e de segurança no processo de beneficiamento e

transformação dos não madeireiros;

Estrutura física tanto para os processos produtivos quanto para o armazenamento

dos produtos, não seguem os padrões exigidos;

Pouco acesso aos créditos e financiamentos, pois na RI em estudo, poucos

municípios apresentaram uma rede bancária;

Mão de obra utilizada basicamente a familiar, sendo deste modo, com poucos

empregos formais gerados;

Baixo nível de escolaridade dos empresários, que acaba influenciando nas

tomadas de decisões;

Baixo nível empreendedor, devida a baixa capacidade empresarial para atuar nas

mudanças intrínsecas ao sistema capitalista.

c) Algumas recomendações para potencializar as cadeias de comercialização dos

PFNM e subsidiar políticas públicas:

Capacitação para execução de planos de manejo condizentes com a potencialidade

local e que tomem como premissa o conhecimento das populações tradicionais;

Capacitação dos agentes locais e regionais da assistência técnica e extensão rural a

fim de orientar a organização da produção e melhorar a renda dos

agroextrativistas;

Capacitação para o crédito, a fim de melhorar os processos produtivos, de

armazenamento e de comercialização;

Capacitação para o setor da produção valorar adequadamente os produtos

agroextrativistas, pois surgem novos produtos no mercado, principalmente

fármacos e cosméticos, que o setor desconhece;

Melhoria da qualidade dos produtos ao longo da cadeia produtiva;

Incentivo e capacitação para o cooperativismo/associativismo. Haja vista que,

devido a natureza da atividade, baseada no (agro) extrativismo e coleta, pequenas

Page 191: Relatorio marajo

191

unidades de produção são geradas, e a comercialização de PFNM tem

demonstrado ser a melhor alternativa para eliminar os atravessadores mediante

criação de associações comunitárias e cooperativas, proporcionando preço mais

justo aos envolvidos nesta atividade;

Capacitação em técnicas de gerenciamento;

Busca de novos mercados: criação e/ou participação dos agentes em feiras e

eventos para os produtos não madeireiros, seja no âmbito local, quanto no

estadual e até nacional, com apoio público e privado;

Melhorias na infraestrutura de comercialização dos produtos: construção e/ou

reforma das feiras e mercados municipais, assim como das feiras do produtor;

Melhoria e manutenção de estradas e rodovias, permitindo acesso e escoamento

da produção;

Ampliação da modalidade de Ensino para Jovens e Adultos (EJA), pois o baixo

nível de escolaridade apresentado pelos agentes mercantis, principalmente dos

setores citados nos entraves, implica na falta de informações técnicas e de

capacitação a respeito do manejo e otimização da produção de PFNM;

Investimentos e capacitação direcionados para agregação de valor aos produtos,

fazendo com que os agroextrativistas aumentem seu interesse por estas atividades;

Ampliação e/ou fortalecimento do Programa de Fortalecimento a Agricultura

Familiar, tanto através dos programas de concessão de crédito, quanto pelos

Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e alimentação escolar,

Valoração e valorização dos produtos não madeireiros: como por exemplo, a

criação de certificação orgânica;

Maior investimento integrado (entre Secretarias e Ministérios) em Ciência e

Tecnologia (C&T) para produzir informações, assim como em Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D) para garantir qualidade e completar o entendimento

sobre as cadeias de produção. Pois, precisa-se criar um modelo de

desenvolvimento sustentável que mantenha a floresta em pé e que ainda gere

crescimento econômico;

Apoios institucionais formais direcionados para atividades extrativistas;

Organização de seminários na RI com agentes mercantis, principalmente os

agroextrativistas, convidados de fora da região, técnicos, representantes de

instituições publicas (municipal, estadual e nacional), a fim de interagirem na

Page 192: Relatorio marajo

192

formulação de planos de trabalho, em que as partes envolvidas relatem as

dificuldades encontradas nas cadeias dos não madeireiros (produção, distribuição

e comercialização), assim como, as potencialidades, com intuito de traçar

objetivos a serem atingidos, definir metas e potencializar resultados;

Fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) existentes na região estudada.

Page 193: Relatorio marajo

193

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196

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197

APÊNDICES

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APÊNDICE A – Questionário aplicado junto aos agentes mercantis

Entrevistador _________________ Nº ________ Nº entrevista: _______

Estudo sobre a Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros no

Estado do Pará

Entrevista com Agentes Mercantis

O objetivo da pesquisa é obter informações sobre as cadeias de comercialização dos principais

produtos da região, com o intuito de estudar as potencialidades da economia regional. Todas

as informações obtidas nessa pesquisa são de caráter sigiloso e anônimo e servirão para

finalidades científicas.

Nome do entrevistador: ______________________________________Data: ___________

Município:___________________________Localidade:_____________________________

GPS Nº ___ : S _____ o _____´ _____” W _____

o _____´ _____” Obs.: ________________

Nome do entrevistado / da empresa: _______________________________________________

______________________________________________________________________________

Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ________________________________________

Categoria:

a. Indústria/Empresa ( ) b. Intermediário ( ) c. Produtor ( )

a. Empresa: Matriz ( ) Filial ( )

Nome / local da matriz: ___________________________________________________________

Tempo de trabalho no ramo / no local: _______________________________________________

b. Intermediário: Nascido em: ____________________________________________________

Profissão anterior: _______________________________________________________________

Profissão paralela: _______________________________________________________________

c. Produtor: Nascido em: _________________________________________________________

Local / tamanho do lote: __________________________________________________________

Descrever atividades extrativas (locais, técnicas usadas no manejo, equipamentos,

negociações, acesso/controle, etc.)_______________________________________________

Qual é a infra-estrutura que dispõe?

Armazéns (número, capacidade): _____________________________________________________

Meios de transporte (tipo, número, capacidade): _________________________________________

Máquinas e Equipamentos (tipo, número, capacidade): ____________________________________

Tem problemas com capacidade de armazenamento, com os equipamentos/ maquinário?

Quais?

________________________________________________________________________________

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Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?

________________________________________________________________________________

Como é o tempo de trabalho (ano inteiro, períodos, tempo integral / parcial etc.)?

________________________________________________________________________________

Qual é o valor pago aos trabalhadores em média (por categoria, por mês, diária, por

empreitada (descrever), etc.)?

_______________________R$ _________/_________

Existem outros que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?

___________________________________________________________________________

Informações para contato (endereço e telefone do entrevistado):

___________________________________________________________________________

O que é necessário para melhorar sua capacidade produtiva?

___________________________________________________________________________

Observações Gerais (manejo, transporte, negociações, financiamento, assistência técnica,

etc.):

________________________________________________________________________________ Categoria

do

agente entrevistado

C/V1 Merca-doria

Quant. Unid. Quando/Período/

mês

Preço

por

Unid.

De quem ? / Para quem? Formas

de

Pagamento2

Serviços prestados3 Nome Categoria

Município/

Estado

1) (C) Comprado (V) Vendido

2) (AV) A vista (NF) Na folha

(AP) A prazo (F) Fiado (T) Troco

3) (F) Financiamento (T) Transporte

(B1) Beneficiamento nível 1 (primário)

(B2) Beneficiamento nível 2 (extração)

(B3) Beneficiamento nível 3 (processamento)

(C) Classificação

(A) Armazenagem

(E) Embalagem

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APÊNDICE B- Produtos florestais não madeireiros identificados, usos, espécies e partes

utilizadas nas cadeias de comercialização da Região de Integração Marajó, em 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração:

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Família (nº de

espécies)Espécies Etnoespécie Uso Parte utilizada

Spondias dulcis G. Forst. Cajarana Alimentício Fruto

Anacardium giganteum W. Hancock ex Engl. Caju-açú Medicinal Casca

Spondias mombin L. Taperebá Alimentício Fruto

Parahancornia fasciculata (Poir) Benoist Leite-de-amapá Medicinal Látex

Himatanthus sucuuba (Spruce ex Müll. Arg.) Woodson Sucuúba Fármaco e cosmético Casca e seiva

Araceae (1) Heteropsis spp. Cipó-titica Artesanal Caule

Astrocaryum vulgare Mart. Tucumã Alimentício Fruto

Euterpe oleracea Mart. Açaí Alimentício e artesanal Fruto, palmito e semente

Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba Alimentício Fruto

Bactris gasipaes Kunth Pupunha Alimentício Fruto

Oenocarpus bataua Mart. Patauá Medicinal Óleo

Manicaria saccifera Gaertn. Buçu Artesanal Fibra Tururi

Mauritia flexuosa L. f. Buriti Artesanal e Alimentício Fibra e Fruto

Desmoncus orthacanthos Martius Jacitara Artesanal Tala

Raphia taedigera (Mart.) Mart. Jupati Artesanal Tala

Maximiliana maripa (Aubl.) Drude Inajá Utensílio Palha

Arrabidaea chica (HBK) Verlot Pariri Medicinal Casca

Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Ipê-roxo Medicinal Casca

Bixaceae (1) Bixa orellana L. Urucum Alimentício Semente

Burseraceae (1) Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Breu-branco Utensílio Resina

Caryocaraceae (1) Caryocar villosum (Aubl.) Pers. Piquiá Alimentício e medicinal Fruto e óleo

Clusiaceae (1) Platonia insignis Mart. Bacuri Alimentício Fruto

Euphorbiaceae (1) Hevea brasiliensis (Willd.ex A. Juss.) Müll. Arg. Borracha Utensílio Látex

Hymenaea courbaril L. Jatobá Medicinal Leite e casca

Stryphnodendron sp. Barbatimão Medicinal Casca

Dalbergia sp. Verônica Medicinal Casca

Caesalpinia ferrea Mart. Jucá Medicinal Semente

Copaifera spp. Copaíba Medicinal Óleo e casca

Humiriaceae (1) Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. Uxi Alimentício e medicinal Fruto e casca

Icacinaceae (1) Poraqueiba paraensis Ducke Marí Alimentício Fruto

Lecythidaceae (1) Bertholletia excelsa Bonpl. Castanha-do-brasil Alimentício e medicinal Semente e óleo

Malpighiaceae (1) Byrsonima crassifolia (L.) Kunth Muruci Alimentício e medicinal Fruto e casca

Theobroma cacao (Mill.) Bernoulli Cacau Alimentício Fruto e amêndoa

Theobroma grandiflorum (Willd. Ex Spreng.) K.Schum. Cupuaçu Alimentício Fruto

Marantaceae (1) Ischnosiphon spp. Guarumã Artesanal e utensílio Fibra

Cedrela fissilis Vellozo Cedro Medicinal Casca

Carapa guianensis Aubl. Andiroba Medicinal Óleo e casca

Rubiaceae (1) Uncaria tomentosa (Willd. Ex Roem. & Schult.) DC. Unha-de-gato Medicinal Casca

Sapindaceae (1) não identificado Timbó Utensílio Caule

Meliaceae (2)

Anacardiaceae (2)

Apocynaceae (3)

Arecaceae (10)

Fabaceae (5)

Malvaceae (2)

Bignoniaceae (2)

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APÊNDICE C- Imagens capturadas nos municípios da Região de Integração Marajó.

Foto 1- Comercialização do açaí do tipo “branco”

e roxo.

Foto 2- Carreteiro levando o açaí in natura para

os “batedores”.

Foto 3- O açaí após processado é despejado em

qualquer lugar, a céu aberto.

Foto 4- O açaí é acondicionado em rasas e

basquetas para atender exigências do mercado.

Foto 5- Agroindústria abandonada. Foto 6- Batedor de açaí.

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Foto 7- Ribeirinho coletando o palmito. Foto 8- Lenha para o beneficiamento do palmito.

Foto 9- Após acondicionamento do palmito na

salmoura, esterilização dos frascos em banho-

maria.

Foto 10- Frascos de palmito sem rótulo definido.

Foto 11- Transporte de “cabeças” de palmito. Foto 12- “Cabeças” de palmito prontas para a

comercialização.

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Foto 13- Comercialização da lenha no município

de Muaná.

Foto 14- Refugo de serraria utilizada para

produção do carvão (nas caieiras).

Foto 15- Caieira em processo de beneficiamento

da madeira em carvão.

Foto 16- Caieira de barro, coberta com folhas

metálicas e camada de terra para abafar.

Foto 17- Resina do breu-branco para colar os

tafolhos da vassoura.

Foto 18- No trapiche, o carvão é despachado

pelos agentes.

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Foto 19– Atravessadores de Anajás transportando

cascas de plantas para serem comercializadas em

Belém.

Foto 20– Ponto de comercialização de ervas

medicinais em Anajás.

Foto 21– Foto 22– Cascas de cedro.

Foto 23– Leites e óleos medicinais. Foto 24– Fava de jucá.

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205

Foto 25– Cestarias de São Sebastião da Boa

Vista.

Foto 26– Matapis de São Sebastião da Boa

Vista.

Foto 27– Cipó em rolo de São Sebastião da

Boa Vista.

Foto 28– Vassoura de cipó.

Foto 29– Peneiras de guarumã. Foto 30– Mercado de Portel.

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Foto 31– Ateliê de produtos de tururi, em

Muaná.

Foto 32– Fibra do tururi em Muaná.

Foto 33– Bolsa de guarumã, Curralinho. Foto 34– Bolsa de tururi, Muaná.

Foto 35– Quadro de miriti, São Sebastião da Boa

Vista.

Foto 36– Arara de miriti, Curralinho.