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Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não

Madeireiros na Região de Integração Baixo Amazonas,

Estado do Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2011

BELÉM – PARÁ

2011

Governo do Estado do Pará

Simão Robison Oliveira Jatene

Governador

Helenilson Cunha Pontes Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão - Seges

Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

Maria Adelina Guglioti Braglia Presidente

Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais

Jonas Bastos da Veiga Diretor

Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural

Cassiano Figueiredo Ribeiro

Diretor

Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação

Sérgio Castro Gomes

Diretor

Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças

Helaine Cordeiro Félix

Diretora

Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não

Madeireiros na Região de Integração Baixo Amazonas,

Estado do Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2011

BELÉM – PARÁ

2011

Expediente

Diretor de Pesquisa e Estudos Ambientais

Jonas Bastos da Veiga

Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação

Marli Maria de Mattos

Elaboração Técnica:

Marli Maria de Mattos - Coordenadora

Ellen Claudine Cardoso Castro

Divino Herculys Peres da Silva Lima

José de Alencar Costa

Ana Cristina Parente Brito

Isaac Luiz Magalhães Lopes

Coleta de dados:

Daniela Monteiro da Cruz

Nelma Santos Amorim dos Santos

Adriana Pinheiro dos Santos

Rodrigo dos Santos Lima

Ana Cristina Parente Brito

Divino Hercules Peres da Silva Lima

Apoio Técnico:

Francisco Assis Costa, UFPA/NAEA

Nanety Cristina Alves dos Santos

Maria Glaucia Pacheco Moreira

Parceria:

Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

José Alberto da Silva Colares, Diretor Geral

Revisão:

Jonas Bastos da Veiga, Cassiano Figueiredo Ribeiro, Gustavo Silva e Marcílio Chiacchio

Normalização:

Adriana Taís G. dos Santos e Anna Márcia Malcher Muniz

_______________________________________________________________________

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL

DO PARÁ

Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de

Integração Baixo Amazonas, Estado do Pará: relatório técnico 2011./ Belém: IDESP, 2011.

221p.

1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas sociais

alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.

CDD: 381.098115

________________________________________________________________________

APRESENTAÇÃO

A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande

importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração

sustentável, pois na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das espécies.

Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores familiares utilizam

produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais, utensílios entre outros)

para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas informações sobre o

mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa forma um fator crítico

para a gestão das florestas.

O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o

mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização no mercado doméstico. Não

há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que são

comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como

várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados da

Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não

madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas

envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies

extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos para

atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional.

Em razão da relevância do tema exposto, o Instituto de Desenvolvimento

Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), em parceria com o Instituto de

Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), desenvolveu o estudo sobre as cadeias

de comercialização dos PFNM do Estado do Pará, como forma de contribuir com informações

para a formulação de políticas públicas. Assim foi firmado o Termo de Cooperação Técnica e

Financeira TCTF Nº 02/2010, tendo sua vigência iniciada em março de 2010, e tem como

objetivo identificar e analisar as cadeias de comercialização dos PFNM em cinco Regiões de

Integração (RI) do estado do Pará (Rio Caeté, Baixo Amazonas, Guamá, Xingu e Marajó).

Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economia

dos PFNM no Estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e identificando

entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos, evidenciando os não

detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo com a conservação e gestão florestal.

O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de

comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Baixo Amazonas.

RESUMO

Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de atividades

econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que evitem o

desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entre

regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo,

utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de Base

Agroextrativista, de 63 produtos identificados, em 12 municípios da Região de Integração do

Baixo Amazonas e, acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos

setores de beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final.

Constatou-se que os produtos estudados (14 alimentícios, 31 fármacos e cosméticos, 14

artesanatos e utensílios, 3 derivados da madeira e 1 derivado animal) têm significativa

importância na dinâmica da economia local, assim como para outras regiões do Pará, além

dos mercados nacionais e internacionais. O principal produto de destaque na RI foi a

castanha-do-brasil (R$ 71 milhões), porém com 67% da renda bruta gerada e circulada fora do

Pará, diferente do açaí que teve R$ 12,7 milhões e 100% gerada e circulada somente no Baixo

Amazonas. Outros produtos de destaque foram os cipós, as sementes de cumaru, o cacau

amêndoa, a malva, o tucumã fruto e a copaíba. A contabilidade social ascendente na região

tem origem em milhares de famílias envolvidas no setor da produção extrativa local (e

extralocal), que receberam pela venda de todos os produtos o montante de R$ 9,5 milhões

(VBPα), que gerou R$ 36,7 milhões (VBP) na compra destes produtos (predomínio in natura)

e com a agregação de valor de mais de R$ 62,7 milhões (VAB), chegando a uma renda bruta

total (RBT) gerada e circulada em R$ 99,4 milhões, com seus efeitos para frente e para trás

nas cadeias de comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e

potencialidades identificadas nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos

governamentais e a sociedade direta e indiretamente relacionada às cadeias dos produtos do

agroextrativismo.

Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros,

3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.

LISTA DE SIGLAS

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FLONA do Tapajós Floresta Nacional do Tapajós

FOB Free on Board – Entrega embarcada

GPS Sistema de Posicionamento Global

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEFLOR Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

MDIC/SECEX Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior /

Secretaria de Comércio Exterior

MIP Matriz Insumo Produto

MZEE - PA Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará

NAEA / UFPA Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do

Pará

NPCTI Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação do IDESP

ONG Organização Não Governamental

PAM Pesquisa Agrícola Municipal

PEVS Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura

PRB Produto Regional Bruto

PRBα Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista

PFNM Produtos Florestais Não Madeireiros

PAM Produção Agrícola Municipal

PIB Produto Interno Bruto

RBT Renda Bruta Total

RBTα Renda Bruta Total de Base Agroextrativista

RI Região de Integração

SEIR Secretaria de Estado de Integração Regional

SEMA - PA Secretaria de Estado de Meio Ambiente

STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais

TCTF Termo de Cooperação Técnica e Financeira

UC Unidade de Conservação

UFPA Universidade Federal do Pará

VAB Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto

VABα Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista

VBP Valor Bruto da Produção

VBPα Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista

VTE Valor Transacionado Efetivo

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Municípios pertencentes à Região de Integração Baixo Amazonas, estado do

Pará. ......................................................................................................................... 38

FIGURA 2 - Localização da Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará. ........... 41

FIGURA 3 - Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................ 43

FIGURA 4 - Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ............................... 47

FIGURA 5 - Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará. ...................................................................................... 48

FIGURA 6 - Localização dos agentes mercantis do açaí na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................................. 56

FIGURA 7 - Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................... 59

FIGURA 8 - Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará. ...................................................................................... 60

FIGURA 9 - Localização dos agentes mercantis do cumaru na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................................. 66

FIGURA 10 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cumaru comercializado na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................... 68

FIGURA 11 - Preço médio do cumaru (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará. ......................................................................................................... 69

FIGURA 12 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) da malva na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de

2009 a 2010. ............................................................................................................. 77

FIGURA 13 - Localização dos agentes mercantis da copaíba na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................ 84

FIGURA 14 - Estrutura (%) da quantidade amostral da copaíba comercializada na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................... 85

FIGURA 15 - Preço médio da copaíba (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará. ......................................................................................................................... 86

FIGURA 16 - Localização dos agentes mercantis do cupuaçu na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................ 94

FIGURA 17 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................ 96

FIGURA 18 - Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará. ......................................................................................................... 97

FIGURA 19 - Localização dos agentes mercantis do mel na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010. ............................................................................. 98

FIGURA 20 - Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 100

FIGURA 21 - Preço médio do mel (R/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de

comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará. ....................................................................................................................... 101

FIGURA 22 - Localização dos agentes mercantis do cacau (amêndoas) na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 108

FIGURA 23 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau (amêndoas) comercializado na

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................ 110

FIGURA 24 - Preço médio do cacau (amêndoas) (R$/kg) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará. .................................................................................... 111

FIGURA 25 - Localização dos agentes mercantis do tucumã na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 118

FIGURA 26 - Estrutura (%) da quantidade amostral do tucumã comercializado na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 121

FIGURA 27 - Preço médio do tucumã (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará. ....................................................................................................... 122

FIGURA 28 - Localização dos agentes mercantis do artesanato regional na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 123

FIGURA 29 - Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato regional comercializado na

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................ 125

FIGURA 30 - Preço médio do artesanato regional (R$/un.) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará. .................................................................................... 126

FIGURA 31 - Localização dos agentes mercantis dos utensílios na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 127

FIGURA 32 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) dos utensílios na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no

período de 2009 a 2010. ......................................................................................... 128

FIGURA 33 - Estrutura (%) da quantidade amostral dos cipós na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 130

FIGURA 34 - Preço médio dos cipós (R$/rolo) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará. ....................................................................................................... 131

FIGURA 35 - Localização dos agentes mercantis do taperebá na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 132

FIGURA 36 - Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 134

FIGURA 37 - Preço médio do taperebá (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará. ....................................................................................................... 135

FIGURA 38 - Localização dos agentes mercantis da borracha na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 136

FIGURA 39 - Estrutura (%) da quantidade amostral da borracha na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 137

FIGURA 40 - Preço médio da borracha (R$/kg do látex) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará. .................................................................................... 138

FIGURA 41 - Localização dos agentes mercantis da andiroba na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 139

FIGURA 42 - Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 141

FIGURA 43 - Preço médio da andiroba (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará. ....................................................................................................................... 142

FIGURA 44 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do curauá na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de

2009 a 2010. ........................................................................................................... 149

FIGURA 45 - Localização dos agentes mercantis do buriti na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................... 150

FIGURA 46 - Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 152

FIGURA 47 - Preço médio do buriti (R$/kg) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará. ....................................................................................................................... 154

FIGURA 48 - Estrutura (%) da quantidade amostral do urucum na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 156

FIGURA 49 - Preço médio do urucum (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará. ....................................................................................................... 157

FIGURA 50 - Localização dos agentes mercantis dos leites na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................... 158

FIGURA 51 - Estrutura (%) da quantidade amostral dos leites na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 159

FIGURA 52 - Preço médio dos leites (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará. ....................................................................................................................... 160

FIGURA 53 - Localização dos agentes mercantis do muruci na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 161

FIGURA 54 - Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................................................................... 163

FIGURA 55 - Preço médio do muruci (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará. ....................................................................................................................... 164

FIGURA 56 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/m3) da lenha na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de

2009 a 2010. ........................................................................................................... 165

FIGURA 57 - Localização dos agentes mercantis das plantas medicinais na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 166

FIGURA 58 - Estrutura (%) da quantidade amostral das plantas medicinais na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................ 167

FIGURA 59 - Preço médio das plantas medicinas (R$/kg) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará. .................................................................................... 168

FIGURA 60 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg in natura) da bacaba na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no

período de 2009 a 2010. ......................................................................................... 170

FIGURA 61 - Localização dos agentes mercantis do breu-branco na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 171

FIGURA 62 - Estrutura (%) da quantidade amostral do breu-branco na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010. .......................................................... 172

FIGURA 63 - Preço médio do breu-branco (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará. ....................................................................................................... 173

FIGURA 64 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do artesanato de balata na RI Baixo Amazonas, estado do Pará,

no período de 2009 a 2010. .................................................................................... 175

FIGURA 65 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/sc.) do carvão na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de

2009 a 2010. ........................................................................................................... 176

FIGURA 66 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do uxi na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de

2009 a 2010. ........................................................................................................... 178

FIGURA 67 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/un.) do artesanato indígena na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período

de 2009 a 2010. ...................................................................................................... 179

FIGURA 68 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do cacau (fruto) na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no

período de 2009 a 2010. ......................................................................................... 180

FIGURA 69 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do cajuaçu na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de

2009 a 2010. ........................................................................................................... 182

FIGURA 70 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/l) do óleo de piquiá na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no

período de 2009 a 2010. ......................................................................................... 183

FIGURA 71 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do bacuri na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de

2009 a 2010. ........................................................................................................... 185

FIGURA 72 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/l) do óleo da castanha-do-brasil na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010. ........................................................................... 187

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da castanha-do-brasil da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................ 44

QUADRO 2 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do açaí da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 57

QUADRO 3 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da semente do cumaru da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................ 67

QUADRO 4 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da malva da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 76

QUADRO 5 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da copaíba da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 83

QUADRO 6 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cupuaçu da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 95

QUADRO 7 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do mel da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....................................... 99

QUADRO 8 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (amêndoas) da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................... 109

QUADRO 9 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do tucumã da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 119

QUADRO 10 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato regional da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................... 124

QUADRO 11 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos utensílios da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 127

QUADRO 12 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos cipós titica e timbó

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ................. 129

QUADRO 13 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do taperebá da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 132

QUADRO 14 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da borracha da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 136

QUADRO 15 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da andiroba da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 140

QUADRO 16 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da fibra do curauá da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 148

QUADRO 17 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do buriti da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 151

QUADRO 18 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do urucum da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 155

QUADRO 19 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos leites da RI Baixo

Amazonas, Estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 158

QUADRO 20 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do muruci da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 161

QUADRO 21 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da lenha da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 164

QUADRO 22 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização das plantas medicinais da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................... 166

QUADRO 23 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da bacaba da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 168

QUADRO 24 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do breu-branco da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 171

QUADRO 25 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato de balata

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ................. 174

QUADRO 26 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do carvão da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 176

QUADRO 27 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do uxi da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 177

QUADRO 28 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato indígena da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ...................... 178

QUADRO 29 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (fruto) da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 180

QUADRO 30 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cajuaçu da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 181

QUADRO 31 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do óleo de piquiá da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ........................... 183

QUADRO 32 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do bacuri da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ..................................... 184

QUADRO 33 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do óleo da castanha-do-

brasil da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010. ....... 186

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-brasil da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................... 49

GRÁFICO 2 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da castanha-do-brasil da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................... 52

GRÁFICO 3 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-do-

brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a

partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ..................... 54

GRÁFICO 4 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 61

GRÁFICO 5 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 63

GRÁFICO 6 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ........................................ 64

GRÁFICO 7 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da semente de cumaru

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. .............................. 70

GRÁFICO 8 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da semente de cumaru da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................... 72

GRÁFICO 9 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da semente de

cumaru, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a

partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ..................... 74

GRÁFICO 10 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da malva da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 78

GRÁFICO 11 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização da malva da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 80

GRÁFICO 12 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da malva,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ........................................ 82

GRÁFICO 13 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do óleo de copaíba da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................... 87

GRÁFICO 14 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do óleo de copaíba da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ........................................ 89

GRÁFICO 15 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do óleo de

copaíba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a

partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ..................... 92

GRÁFICO 16 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................. 102

GRÁFICO 17 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do mel da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................. 105

GRÁFICO 18 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 107

GRÁFICO 19 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cacau amêndoa da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................. 112

GRÁFICO 20 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do cacau amêndoa da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 114

GRÁFICO 21 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cacau

amêndoa, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a

partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................... 116

GRÁFICO 22 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do óleo de andiroba da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................. 143

GRÁFICO 23 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do óleo de andiroba da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ...................................... 145

GRÁFICO 24 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do óleo de

andiroba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a

partir da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................... 147

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Produtos florestais não madeireiros identificados na RI Baixo Amazonas, com

quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada

em campo, no período de 2009 a 2010. ................................................................... 42

TABELA 2 - Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais

não madeireiros identificados nos doze municípios da Região de Integração Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ................................................... 189

TABELA 3 - Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos

produtos florestais não madeireiros identificados nos doze municípios da Região de

Integração Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008. ....................... 191

TABELA 4 - Valor Agregado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos

produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Baixo

Amazonas, estado do Pará, organizados em categorias (Alimentícios,

Artesanatos/Utensílios, Derivado Animal, Derivado da Madeira e

Fármacos/Cosméticos), estimados para 2008. ....................................................... 193

TABELA 5 - Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos

florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Baixo Amazonas,

estimados para 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor

do RBT (acima de R$ 600 mil, de R$ 100 mil a R$ 599 mil e abaixo de R$ 100

mil). ........................................................................................................................ 195

TABELA 6 - Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na

Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará, compostos pelo Valor

Bruto da Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa extralocal,

a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado

Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e

nacional, estimado para 2008 (Idesp). ................................................................... 200

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 27

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 28

2.1 GERAL ............................................................................................................................... 28

2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................... 28

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 29

4 RESULTADOS .................................................................................................................... 38

4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO BAIXO AMAZONAS ...................................................... 38

4.1.1 Caracterização ................................................................................................................. 38

4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO .................................................. 41

4.2.1 Castanha-do-brasil ........................................................................................................... 43

4.2.2 Açaí .................................................................................................................................. 56

4.2.3 Cumaru ............................................................................................................................ 65

4.2.4 Malva ............................................................................................................................... 75

4.2.5 Copaíba ............................................................................................................................ 82

4.2.6 Cupuaçu ........................................................................................................................... 93

4.2.7 Mel ................................................................................................................................... 98

4.2.8 Cacau (amêndoas).......................................................................................................... 108

4.2.9 Tucumã .......................................................................................................................... 117

4.2.10 Artesanato regional ...................................................................................................... 122

4.2.11 Utensílios ..................................................................................................................... 126

4.2.12 Cipós ............................................................................................................................ 128

4.2.13 Taperebá ...................................................................................................................... 131

4.2.14 Borracha ...................................................................................................................... 135

4.2.15 Andiroba ...................................................................................................................... 138

4.2.16 Curauá .......................................................................................................................... 148

4.2.17 Buriti ............................................................................................................................ 150

4.2.18 Urucum ........................................................................................................................ 154

4.2.19 Leites ........................................................................................................................... 157

4.2.20 Muruci ......................................................................................................................... 160

4.2.21 Lenha ........................................................................................................................... 164

4.2.22 Plantas medicinais ....................................................................................................... 165

4.2.23 Bacaba ......................................................................................................................... 168

4.2.24 Breu-branco ................................................................................................................. 170

4.2.25 Artesanato de balata..................................................................................................... 173

4.2.26 Carvão .......................................................................................................................... 175

4.2.27 Uxi ............................................................................................................................... 177

4.2.28 Artesanato indígena ..................................................................................................... 178

4.2.29 Cacau (fruto) ................................................................................................................ 179

4.2.30 Cajuaçu ........................................................................................................................ 181

4.2.31 Óleo de piquiá .............................................................................................................. 182

4.2.32 Bacuri .......................................................................................................................... 184

4.2.33 Óleo de castanha-do-brasil .......................................................................................... 185

4.3 ANÁLISES AGRUPADAS ............................................................................................. 188

5 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 201

6 RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................ 204

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 209

8 APÊNDICES ...................................................................................................................... 213

27

1 INTRODUÇÃO

Segundo o Ministério da Agricultura de Moçambique (2008), os Produtos Florestais

Não Madeireiros (PFNM) são aqueles derivados da floresta, exceto a madeira, cuja definição

engloba fibras, frutos, raízes, cascas, folhas, taninos, cogumelos, exudados, mel, plantas

medicinais, lenha e carvão, entre outros. Silva et al. (2010) ressaltam que, em tese, estes

produtos também podem ser obtidos de plantas semidomesticadas em plantios ou sistemas

agroflorestais.

Nas últimas décadas, assiste-se em todo o mundo, o crescimento da preocupação

relacionada a fatores como aquecimento global e o desmatamento das florestas tropicais, que

atraem o interesse de diversos atores sociais, que anseiam em equacionar tais impactos.

Dentro deste contexto, a extração e comercialização dos PFNM no Brasil têm apresentado

grande importância social, econômica e ambiental, em virtude de ocorrer prioritariamente em

pequenas propriedades, preservar parte importante da biodiversidade das florestas nativas

(FIEDLER et al., 2008) e gerar renda.

Em relação ao comércio dos PFNM, nota-se que o mercado internacional desses

produtos é relativamente conhecido, diferente das cadeias de comercialização no mercado

doméstico. No estado do Pará, assim como nos outros estados da Amazônia Legal, é restrita a

literatura e dados existentes sobre o mercado “invisível” de muitas espécies de valor local ou

regional e sua importância para as populações rurais e urbanas envolvidas ao longo da sua

cadeia de produção (MONTEIRO, 2003). Dessa forma, gestores e demais audiências estão

desinformados sobre o fluxo desse comércio, que permanece oculto (SILVA, 2010).

Apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se que há pouca

informação sistematizada sobre quantidade, valor, processos de produção, industrialização e

comercialização desses produtos. Essa escassez de informações é um empecilho à

conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas para esses produtos

(FIEDLER et al., 2008).

Este estudo teve como objeto principal identificar e analisar as cadeias de

comercialização dos PFNM na Região de Integração (RI) Baixo Amazonas, Estado do Pará,

evidenciando os fatores críticos e potencialidades, como forma de subsidiar políticas públicas.

28

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não

madeireiros da Região de Integração Baixo Amazonas, Estado do Pará, buscando

evidenciar fatores críticos e potencialidades.

2.2 ESPECÍFICOS

Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos

florestais não madeireiros da Região de Integração Baixo Amazonas; e

Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção agroextrativista

do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com a margem bruta

de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na

comercialização dos produtos identificados.

29

3 METODOLOGIA

No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos

florestais não madeireiros (PFNM), a partir do conjunto dos 12 municípios pertencentes à RI

do Baixo Amazonas, Estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que

venderam para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes

Alfa CSα (COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base

agroextrativista, para uma região, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto de Leontief

(1983).

As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se à metodologia de cálculo ascendente de

matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável e, que se baseia nos parâmetros e

indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justifica-se

pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na real problemática local, haja vista

que as estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia local.

Ou seja, este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e social de

uma delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os impactos gerados

por ações e programas de desenvolvimento ali implementados.

Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de

cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e

acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as

condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades

transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”, os

quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional (βc).

Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões

entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos da

reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b), contempla a análise de insumo-

produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores de

base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da Companhia Vale

do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologia

ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias na geração de uma

matriz de insumo-produto mais aderente à complexidade da economia local, evidenciando a

influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidade

de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de crescimento para os demais setores da

economia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda,

30

agregação de valor, entre outros) – tanto da economia local e no entorno mais próximo, para a

economia do resto do Pará, quanto para o resto do Brasil.

Em outro estudo Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do festival

de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα conjuntamente

orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo identificou limitações

de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município com a produção e

realização do evento, com isso o município recebeu tratamento diferenciado por parte dos

poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura identificado

representou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de exportação, com

um efeito multiplicar elevado.

A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento

1 de Sololá, na

Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura

camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja,

calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores,

especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos

sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado através

do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratégico do

Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor replicou para o

departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado de Bacia do rio

"Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et al., 2010).

O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos florestais

não madeireiros têm na economia do Estado do Amapá, fazendo o uso do método de Contas

Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível

local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das interrelações

existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM,

analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econômico na

produção, trabalho e renda setorial de toda a economia.

Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de

comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de frutíferas,

derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais nos

municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, Estado do Pará. A autora utilizou

o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e sociais que ao

1 Unidade federativa equivalente a estado.

31

contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regiões homogêneas

nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou a

circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano de 2005, identificando a

importância da vegetação secundária como reserva de valor e como agente dinamizador da

renda rural e dos setores econômicos associados como atacadistas, varejistas e agroindústrias.

No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp em parceria com o Ideflor, a

metodologia foi adequada para a contabilidade social ascendente que engloba além da

produção agroextrativista, as atividades na indústria e nos serviços que atuam diretamente nos

setores com foco nos produtos florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de calculo

de renda e do produto social do agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis como o

Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado Bruto de Base

Agroextrativista (VABα) e o Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRB

α). De

acordo com Considera et al. (1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalente

regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor.

O modelo também produziu as matrizes das interrelações intersetoriais que as

fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto os

do Censo Agropecuário de 2006, quanto as séries históricas de 1990 a 2008 da Produção

Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e da

Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primária

executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por atributos

geográficos, quanto por atributos estruturais do setor.

A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em função

de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em decorrência

das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos,

sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de vantagens, tais

como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos maiores volumes

comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos valores pagos ao setor

da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas cadeias de

comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos produtos e

aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.

As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das

cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir.

Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos doze municípios

visitados da Região de Integração Baixo Amazonas, junto a informantes-chaves (como os

32

técnicos dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do

Pará - Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de

agricultura, das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre outros),

no que se referiu à produção e/ou comercialização dos produtos florestais não madeireiros

existentes no município, para o período de doze meses e, fazer a identificação dos agentes

mercantis envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.

Inicialmente a coleta de dados foi realizada em novembro de 2009, abrangendo seis

municípios da RI Baixo Amazonas (Santarém, Juruti, Oriximiná, Óbidos, Curuá e Alenquer) e

um da RI Tapajós (Aveiro), conforme termo de cooperação técnica e financeira (TCTF) No.

001/2009 – Ideflor/Idesp e, em agosto de 2010, realizada nos demais municípios do Baixo

Amazonas, de acordo com o TCTF No. 002/2010.

A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário

(Apêndice A). Nesta etapa, buscam-se os principais agentes (vendedores/compradores) de

cada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais em seguida,

direcionam os elos para trás (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia,

compondo uma amostragem não probabilística autogerada (CABRAL, 2000), até chegar à

produção local de um lado, bem como ao último que vendeu o produto para o consumidor

final, no outro extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificou

relações existentes entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade até os de

completa informalidade, e foi capaz de apontar o fluxo de comercialização para cada produto

identificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localização da população não são

conhecidos a priori pelo pesquisador, então, esta é composta na medida em que o pesquisador

identifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que também fazem parte

da população em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997).

Deste modo, para o levantamento dos doze municípios foram aplicados cento e noventa e

quatro questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a

comercialização dos PFNM.

Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada

estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das

bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base de

dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativo

Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ2, com circuitos (referentes aos

2 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.

33

produtos) e lançamentos (referentes às transações comerciais realizadas pelos agentes, por

produtos).

A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as

unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado

fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ

referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação

mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e

consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional).

Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidade

da distribuição das quantidades e de atribuição dos preços a partir das relações entre os

agentes e, uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os setores. As Matrizes

Insumo-Produto (MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setores

da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para a

demanda final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cada

matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo de apresentar os

mesmos dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsáveis por cada elo da

cadeia. A inovação trata-se da disposição visual dos diversos agentes mercantis ou setores

representados por pequenas caixas retangulares (produção local e extralocal, varejo, indústria

de beneficiamento, de transformação, atacado, consumidor, etc.) e espacialmente distribuídos

na economia local, estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados por

retângulos maiores em três cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para

a representação dos canais ou fluxos de comercialização, que iniciam na produção local e

extralocal até os consumidores finais.

Quanto aos fluxos da comercialização por produto estudado, estes foram organizados

para três dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos doze municípios pesquisados

na RI Baixo Amazonas; b) estadual, para os demais municípios do estado do Pará e; c)

nacional, que foram comercializados para outros estados e/ou países. O estudo possibilitou

compreender os fluxos existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel relativo ao

longo da cadeia em função dos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de

preço e quantidade, a relação dessas gera os respectivos preços médios praticados ou

implícitos por produto e por setor (em Reais por unidade do produto), agregado ou não, ao

longo da cadeia, da produção até o consumo final.

A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da

Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados mais

34

recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para tanto,

foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais da PAM,

PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos produtos da

agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).

Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o produto

em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas conjunturais,

acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado sistematicamente. Na

primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números índices do total das

quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem à restrição s, tendo no

caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preço (IP) os

números índices do preço médio do produto v, para os municípios que atendem a restrição

geográfica s, tendo 2006 também como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008).

Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos:

Onde:

: atributo geográfico (local: municípios da RI Baixo Amazonas; estadual: demais

municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países),

: produto,

: ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008),

: quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa

oficial,

: quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo Agropecuário

de 2006,

: preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da

pesquisa, e

: preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de 2006.

Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados

pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do

conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos

preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da

multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido

35

para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto,

os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram elaborados

conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias: geral para alimentícios; geral

para aromáticos, medicinais, tóxicos e corantes; geral oleaginosas; outras oleaginosas e geral

do IBGE.

Sendo assim, os frutos bacaba, bacuri, buriti, cajuaçu, cacau, muruci, taperebá,

tucumã, uxi e o palmito foram agrupados na categoria de alimentícios. As ervas (açoita-

cavalo, acapurana, marapuama, pata-de-vaca, preciosa, quinarana e unha-de-gato), as cascas

(arapari, aroeira, assacu, barbatimão, carapanaúba, envirataia, sacaca, taxi-branco, ucuúba,

verônica, ipê-roxo e mururé), os leites (anani, amapá, jatobá e sucuúba), a fava do jucá e a

resina do breu-branco foram agrupados na categoria geral de aromáticos, medicinais, tóxicos

e corantes. Os óleos da castanha-do-brasil e do piquiá foram agrupados na categoria geral de

oleaginosas. Na categoria de indexador geral de quantidade (que utiliza o conjunto de todos os

produtos identificados pelo IBGE) foram identificados treze produtos ou conjunto de produtos

(artesanato indígena, artesanato regional, artesanato de balata, cuia, fibra de curauá, cipó

escada-de-jabuti, cipó-titica, cipó-timbó, utensílios confeccionados com fibra de guarumã

como abano, paneiro grande e pequeno, peneira e tipiti). A andiroba ficou na categoria de

outras oleaginosas.

Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas

estatísticas oficiais, foram: açaí, borracha da seringueira, amêndoa do cacau, castanha-do-

brasil, óleo de copaíba, amêndoa do cumaru, cupuaçu, lenha, malva, mel de abelha, semente

de urucum e o carvão vegetal.

Finalmente, foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o inicio do estudo,

multiplicando os indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a

probabilidade da distribuição das quantidades e, com a matriz de preços a partir das relações

entre os agentes. O resultado gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produto

pesquisado, contendo o Valor Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα) sob a ótica

da oferta, o VBP sob a ótica da demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor Transacionado

Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda Bruta

Total (RBT) e, a margem bruta de comercialização (mark-up), que é a relação entre a

diferença do valor estimado do VAB com o VBPα (sob a ótica da oferta) pelo VBP

α, para que

sejam feitas as análises econômicas (estimadas para 2008) e os impactos que cada produto

não madeireiro exerceu na economia local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, que

no cálculo do VAB como na estimação do mark-up, não se levou em consideração os custos

36

produtivos e/ou de comercialização, pois não foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias,

também não foi possível descrever a proporção dos PFNM utilizados como insumo na

preparação de certos produtos finais, como doces, cosméticos, medicinais, entre outros.

A definição em estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este estudo (Baixo

Amazonas) e para as demais regiões estudadas (Tocantins, Guamá, Rio Caeté, Xingu e

Marajó), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O método permite

também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos indexadores por

produto, após divulgação de estatísticas oficiais.

Foram identificados sessenta e três (63) PFNM, relacionados no Apêndice B, os

quais foram classificados conforme a sua utilização identificada em campo. Foram estudados

quatorze artesanatos e utensílios (abano, paneiro pequeno e grande, peneira e tipiti de fibra de

guarumã, cuia, breu-branco, artesanato indígena, artesanato regional, artesanato de balata,

malva, curauá fibra, cipó-titica, cipó-timbó); quatorze alimentícios (açaí, bacaba, cacau fruto,

cacau amêndoa, uxi, cajuaçu, bacuri, castanha-do-brasil, cupuaçu, muruci, taperebá, urucum,

tucumã e buriti); trinta e um fármacos e cosméticos (leites de amapá, de anani, de jatobá e de

sucuúba; óleo de castanha-do-brasil, óleo de piquiá, andiroba, copaíba, semente de cumarú,

cipó escada-de-jabuti; fava de jucá; ervas de: acapurama, açoita-cavalo, pata-de-vaca,

preciosa, quinarana, marapuama e unha-de-gato; e cascas de: arapari, aroeira, assacu,

barbatimão, caimbé, carapanaúba, envirataia, ipê-roxo, mururé, sacaca, taxi, sucuúba e

verônica); um derivado animal (mel de abelha) e três derivados da madeira (carvão, lenha e

borracha).

Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo de

quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e, descritos os

setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. Para outros produtos que

apresentaram similitude como: uma pequena amostragem de dados, semelhança do fluxo de

comercialização entre os agentes e, principalmente, utilidades similares, as análises foram

agrupadas em: artesanato regional, artesanato indígena, artesanato de balata, utensílios, cipós,

plantas medicinais e leites.

Além disso, para oito produtos com maior destaque (castanha-do-brasil, açaí fruto,

cumaru semente, malva, óleo de copaíba, mel, cacau amêndoa e óleo de andiroba) as análises

econômicas detalhadas estão apresentadas com VBP pela ótica da oferta, com VAB e a

margem bruta de comercialização por setor, assim como a RBT gerada pela ótica da demanda.

A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foi adaptada aos

seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004).

37

Produção Extralocal: Produção primária agroextrativista oriunda de outras regiões

de integração que não fazem parte da região estudada;

Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região;

Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que compram

dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;

Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção,

localizadas na região;

Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção,

localizadas na região;

Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas),

localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do varejo

e/ou vendem para o varejo;

Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes,

marreteiros, vendedores ambulantes);

Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará,

localizadas além da RI Baixo Amazonas;

Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará;

Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará;

Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem para

o consumidor estadual;

Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil;

Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil;

Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional;

Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor

nacional.

As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro

identificado, quer seja individual ou em grupo.

As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em

detalhes no item 4.3.

38

4 RESULTADOS

4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO BAIXO AMAZONAS

4.1.1 Caracterização

A Região de Integração Baixo Amazonas abriga um total de doze municípios

(Figura 1), com uma população de aproximadamente 678.542 habitantes (IBGE, 2010), o que

corresponde a 9% da população do Estado do Pará. Há um predomínio da população urbana

sobre a rural, com um índice de 60% em relação à população total da região. Sua área

territorial corresponde a 25,32% da área total do Estado, o que configura a RI como a maior

área, cuja densidade demográfica foi de 2,15 hab/km². Apenas três municípios (Alenquer,

Monte Alegre e Oriximiná) são de porte intermediário, pois possuem população maior que 50

mil habitantes (50 a 65 mil). Todavia, Santarém supera a faixa dos 100 mil habitantes,

contabilizando 294.580 habitantes, equivalente a 43,41% da população da RI, se constituindo,

deste modo, município pólo da região (PARÁ, 2010). Os demais estão na categoria de porte

pequeno, com população abaixo de 50 mil.

FIGURA 1 - Municípios pertencentes à Região de Integração Baixo Amazonas, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Nesta região estão instaladas grandes empresas do ramo da indústria extrativa

mineral e vegetal (Oriximiná e Juruti – bauxita; Almeirim – celulose), voltada à exportação de

produtos semi-elaborados, com baixo valor agregado e pouca articulação com a economia

local. Além da presença de grandes agroindústrias e usinas de beneficiamento de castanha-do-

39

brasil, andiroba, copaíba e semente de cumaru, em Oriximiná e Óbidos (IDESP, Pesquisa de

Campo, 2010). Vale ressaltar que esta região de integração é a segunda maior província

mineral constatada, com aproximados 6% de área no território paraense.

Os produtos não madeireiros identificados na RI Baixo Amazonas que constam nas

estatísticas oficiais de exportação, não chegaram a constituir nem 1% (U$$ - FOB -

3.388.017) do valor total da exportação realizada pela região, no período entre janeiro a

dezembro de 2010, contabilizado em U$$ - FOB - 566.347.435 (BRASIL, 2010), assim como

a sua representatividade no total exportado foi, em torno de 27% a menos sobre igual período

em 2009, devido principalmente à queda das exportações da castanha-do-brasil com casca.

Entre as explicações para tal fato, estão: a crise global de 2009 que ocasionou uma redução

substancial na demanda mundial; as variações do câmbio, pois no decorrer deste ano de crise

o dólar fechou o ano em queda o que ocasionou a perda de competitividade; a queda de safra

ocasionada por fatores climáticos associado com a redução da coleta de alguns desses

produtos exportados, em especial da castanha-do-brasil, pois o fator preço praticado no

referido ano de crise foi desestimulante. Entretanto, o valor de exportação dos PFNM obtidos

em 2010 (U$$ - FOB - 3.388.017), quando comparado com o obtido em 2009 (U$$ - FOB –

2.597.679), representou uma variação de 30%. Entre os municípios que compõem esta região,

apenas Oriximiná, Óbidos e Santarém exportaram produtos florestais não madeireiros, no

entanto, em 2010, apenas os dois primeiros realizaram transações com o mercado exterior, os

quais configuraram 76% e 24%, respectivamente, de participação no valor exportado

(BRASIL, 2010).

Com relação ao Indicador de Desenvolvimento Humano, esta região apresentou um

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,68, em 2000, menor que o

índice apresentado pelo estado do Pará de 0,72, devido principalmente ao baixo IDH-

M/Renda, de apenas 0,52 (PARÁ, 2010).

Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB somou R$ 3.571.678,00, com uma variação

de 8,8% em relação ao PIB contabilizado no ano anterior, porém se manteve na 4ª colocação

no ranking entre as regiões de integração e participou com um percentual de 7,2% no PIB

estadual. Já o PIB per capita, na ordem de R$ 5.593,14, configurou-se como o 6º colocado

entre as regiões, que se deve ao crescimento das atividades econômicas e a arrecadação de

impostos. As participações dos setores econômicos, considerando somente o Valor Agregado,

corresponderam a: 13,5% Agropecuário, 25,4% Indústria e 61,1% Serviços. Considerando o

crescimento relativo ao ano de 2006, o setor de serviços foi o que obteve a maior variação,

correspondente a 14,5%. Esta atividade, também se configura como a base econômica da

40

maioria dos municípios que compõem a região, com exceção de Almeirim e Oriximiná, cujas

bases correspondem ao setor de indústria, principalmente vegetal e mineral, respectivamente.

Entre os municípios que fazem parte da região de estudo, Faro e Curuá se

caracterizaram como os de menor participação na economia da região, pois representaram

0,9% (R$ 31.541) e 1% (R$ 35.983) do PIB, respectivamente, caracterizados pela baixa

concentração demográfica e forte dependência em relação ao setor de serviços e da

administração pública. Em contrapartida, Santarém é o município com maior participação no

PIB regional, com aproximadamente 44,2% (R$ 1.578.336), pois o setor agropecuário (onde

estão inseridos os produtos de origem extrativista) obteve um valor, em torno, duas vezes

maior que o 2º colocado Monte Alegre, e o setor de serviço (R$ 1.090.485) aproximadamente

cinco vezes maior que valor computado para Oriximiná, justificando assim, sua condição de

cidade pólo da região.

A RI Baixo Amazonas apresenta proporcionalmente a maior área de floresta, com

80% de sua extensão formada pela floresta ombrófila densa: aquela em que não falta umidade

durante o ano; com altos índices de precipitação pluvial e com temperatura média de 25° C

(PARÁ, 2000). Com base nos dados do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado

do Pará (MZEE – PA) (PARÁ, 2010), a região do Baixo Amazonas é a que possui a maior

área protegida do Pará, com aproximadamente 231.527 km² distribuídas em: Unidades de

Conservação (UCs) de proteção Integral, Uso Sustentável, Terras Indígenas e Territórios

Quilombolas. No que tange às Zonas de Consolidação e Expansão, estas somam em torno de

85.508 km², o que corresponde a 27% da região (PARÁ, 2010).

41

4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO

Nos doze municípios da Região de Integração Baixo Amazonas (Figura 2) foram

identificados sessenta e três produtos florestais não madeireiros, com quantidade

comercializada no período de doze meses e o valor pago à produção local (Tabela 1). A

relação das espécies / produtos estudados estão descritos no Apêndice B.

FIGURA 2 - Localização da Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes

estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagens

registradas nos municípios visitados (Apêndice C).

As análises das principais cadeias de comercialização da Região Baixo Amazonas

estão descritas e ilustradas a seguir.

42

TABELA 1 - Produtos florestais não madeireiros identificados na RI Baixo Amazonas, com

quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no

período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Castanha-do-brasil (kg) 7.963.775,00 14.822.301,90 69,10

Açaí (kg) 3.418.278,00 3.906.191,56 18,21

Cumaru semente (kg) 59.974,00 458.832,50 2,14

Malva (kg) 277.000,00 415.500,00 1,94

Copaíba óleo (l) 31.037,53 361.454,53 1,69

Utensílios (un.) (1) 68.709,00 268.154,73 1,25

Cupuaçu (un.) 235.257,00 228.240,64 1,06

Mel (l) 13.835,50 206.564,79 0,96

Cacau amêndoa (kg) 37.000,00 167.998,88 0,78

Tucumã (kg) 356.715,27 122.857,28 0,57

Artesanato regional (un.) 13.966,00 95.803,24 0,45

Cipós (kg) (2) 56.454,64 68.788,08 0,32

Taperebá (kg) 57.188,87 51.580,50 0,24

Borracha (kg) 31.702,00 49.132,50 0,23

Andiroba (l) 2.286,00 39.441,00 0,18

Curauá fibra (kg) 7.600,00 30.400,00 0,14

Buriti fruto (kg) 63.994,00 28.923,44 0,13

Urucum (kg) 11.070,00 25.875,00 0,121

Leites (l) (3) 2.710,00 25.585,00 0,119

Muruci (l) 12.587,60 19.544,11 0,091

Lenha (m3) 600,00 12.000,00 0,056

Plantas medicinais (kg) (4) 2.380,00 10.145,00 0,047

Bacaba (kg) 9.912,00 9.140,88 0,043

Breu-branco (kg) 4.445,50 7.476,00 0,035

Artesanato de balata (un.) 630,00 7.308,00 0,034

Carvão (sc. 15kg) 780,00 6.480,00 0,030

Uxi (un.) 21.800,00 1.494,00 0,007

Artesanato indígena (un.) 120,00 1.215,60 0,006

Cacau fruto (un.) 3.600,00 492,00 0,0023

Cajuaçu fruto (kg) 20,00 400,00 0,0019

Piquiá óleo (l) 30,00 350,00 0,0016

Bacuri (un.) 800,00 240,00 0,0011

Castanha-do-brasil óleo (l) 4,00 200,00 0,0009

Total 21.450.111,16 100,00

(3) anani, amapá, jatobá e sucuúba.

(4) cipó escada-de-jabuti; fava de jucá; ervas de: acapurama, açoita-cavalo, pata-de-vaca, preciosa,

quinarana, marapuama e unha-de-gato; e cascas de: arapari, aroeira, assacu, barbatimão, caimbé,

carapanaúba, envirataia, ipê-roxo, mururé, sacaca, taxi, sucuúba e verônica.

Produtos Florestais Não Madeireiros Quantidade Valor (R$) Valor/Total (%)

(1) abano, paneiro grande e pequeno, peneira e tipiti de fibra de guarumã e cuia.

(2) titica e timbó.

43

4.2.1 Castanha-do-brasil

a) Caracterização dos agentes mercantis.

Apresentando-se economicamente como o principal produto florestal não madeireiro

para a região em estudo, a castanha-do-brasil apresentou em sua estrutura de comercialização,

ilustrados de acordo com a localização, (Figura 3) vinte agentes entrevistados, sendo dois

produtores e dezoito que atuam na comercialização, distribuídos em dois atravessadores,

quatro indústrias de beneficiamento, três docerias - indústria de transformação, oito

atacadistas e um feirante. A maioria dos agentes envolvidos na comercialização da castanha

atua em outros ramos de atividades, tais como: proprietários de posto de gasolina, de hotel,

domésticas vendedor de farinha e agricultura familiar.

FIGURA 3 - Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 1 descreve a caracterização dos agentes mercantis envolvidos na

comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.

44

QUADRO 1 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da castanha-do-brasil da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Produção primária da castanha-do-brasil, coletada por

extrativistas diretamente na floresta, que realizam a quebra dos

ouriços liberando as sementes para serem comercializadas;

Varejo rural Atravessadores (ou representantes) que possuem contratos com

empresas de beneficiamento local e estadual que compram a

castanha-do-brasil, somente na safra, diretamente dos coletores;

Indústria de

beneficiamento

Grandes empresas que realizam o processamento industrial da

castanha-do-brasil. Os procedimentos e equipamentos

utilizados são segredos de cada indústria. As principais etapas

são: armazenagem adequada, limpeza, secagem, separação

(classificação da semente), cozimento, descascamento para

obter a amêndoa, acondicionamento em embalagens

aluminizadas e fechadas a vácuo, organizadas em caixas de

papelão, para então serem embarcadas para atender o mercado

nacional e internacional;

Indústria de

transformação Empresas (familiares) que compram a amêndoa diretamente do

produtor local e transformam em doces;

Atacado

Atacadistas, representantes de empresas e associações de

coletores de castanhas, localizados nas sedes dos municípios,

que adquirem grandes quantidades de castanha do setor da

produção;

Varejo urbano Feirantes, um supermercado e comerciantes varejistas que

comercializam a castanha na forma de semente para o

consumidor final local.

Estadual

Indústria de

beneficiamento

Unidades de beneficiamento situadas no âmbito estadual (mais

especificamente na região metropolitana de Belém) que

realizam o processamento industrial e exportação da castanha.

A presente pesquisa não conseguiu informações sobre os

procedimentos e equipamentos utilizados no beneficiamento

considerados segredos de empresa. Esse fato é justificado pelo

setor ser oligopolizado;

Varejo urbano Comerciantes varejistas (supermercado) que comercializam a

castanha beneficiada para o consumidor final estadual.

Nacional Varejo urbano Comércios varejistas (redes de supermercado) situados fora do

Estado, assim como varejistas voltados para as vendas ao

comércio exterior.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Ressalta-se que seis agentes atuam exclusivamente com a comercialização da

castanha, e os demais trabalham com outros produtos, tais como cacau, semente de cumaru,

óleo de castanha-do-brasil, produtos medicinais (barbatimão, carapanaúba, copaíba, leite de

amapá, leite de sucuuba, pata-de-vaca, unha-de-gato e verônica), mel, açaí in natura e

45

também polpa de muruci e de cupuaçu. Os agentes que atuam no mercado já trabalham neste

ramo entre 2 a 63 anos.

Em Oriximiná uma indústria de beneficiamento informou possuir uma área de 1.000

hectares. Associações entrevistadas de Remanescentes de Quilombos, referente a duas

comunidades quilombolas possuem áreas localizadas em Oriximiná com cerca de 100.000

hectares e 87.000 hectares, respectivamente.

Atravessadores entrevistados citaram possuir apenas um armazém cada, com

dimensões que variam de 12, 40, 50, 800 a 6.000m2, com capacidade de armazenamento

variando entre 34 hectolitros e 120 hectolitros. A falta de espaço foi o problema mais citado

com relação à armazenagem, pois prejudica tanto a qualidade do produto quanto ao

comerciante que necessita estocar a fim de garantir preços melhores no futuro. As indústrias

de beneficiamento informaram possuir de um a quatro galpões de 800m2 a 6.000m

2, e os

demais agentes nada informaram.

No que se refere a maquinários e equipamentos, as indústrias relataram possuir

descascadora de castanha, máquina secadora com capacidade para 200 a 250 hectolitros. Já a

indústria de transformação utiliza os equipamentos como liquidificadores, freezers e fogões

industriais. Para a coleta do material o extrativista utiliza terçado e paneiros.

Os meios de transporte utilizados por dezesseis agentes foram: motos, carros, barcos

e seis caminhões.

As indústrias de beneficiamento e de transformação compram a castanha na safra e a

comercializam durante o ano todo. Já os setores atacadistas, extrativistas e atravessadores

comercializam somente no período de safra. As empresas beneficiadoras locais pagam o

equivalente a um salário mínimo para seus funcionários fixos, os quais variam de 28 a 90

trabalhadores com carteira de trabalho assinada os quais, dependendo do cargo, tem valores

salariais variando de dois até cinco salários mínimos para gerentes, contadores, etc.. Porém,

na safra essas empresas precisam contratar em média 350 pessoas a mais, que recebem por dia

trabalhado o valor de R$ 20,00. Extrativistas associados dividem 95% do valor da renda total

entre eles, e o restante, 5%, fica para a manutenção da associação. Os ajudantes de feirante e

de atravessador recebem diárias de R$ 15,00. A mão de obra é tida como familiar para oito

agentes, e a renda é dividida de acordo com o chefe da família.

Para a melhoria na capacidade de produção dos extrativistas e de suas organizações,

os entrevistados declararam que necessitam de financiamento, capital de giro, fazer o

beneficiamento em função das exigências de mercado, de assistência técnica, de transporte

próprio para diminuir os gastos com frete, aumentar o plantio do produto e, por fim, melhorar

46

as estradas para escoamento da produção. Já os agentes do setor de beneficiamento relataram

que o custo para a compra da castanha esta elevado, haja vista que a oferta vem diminuindo

não só em função do roçado e da pecuária, mas também em função do preço praticado pelo

mercado na safra anterior, considerado pelo setor da produção desestimulante, o que os faz

investir em outras atividades. É importante destacar que, de acordo com relatos, no município

de Curuá existiam grandes áreas florestadas com castanheiras e outros produtos, como o

cumaru, mas foram convertidas em pastagens.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha-do-brasil.

Os canais de comercialização da castanha-do-brasil identificados na RI Baixo

Amazonas, se dão por canais não muito complexos, apesar de abranger vários níveis de

agentes intermediários entre a produção local e o consumidor final. A análise da sua estrutura

de comercialização, feita a partir das inter-relações existentes entre os agentes mercantis,

indica que há desequilíbrios de forças no mecanismo de comercialização (Figura 4). O

importante a se destacar é que o comércio da castanha, a partir da região do Baixo Amazonas,

obedece basicamente o mercado externo.

O principal canal de comercialização é formado pelo setor da indústria de

beneficiamento local que compra 79,8% da produção e 15,7% do atacado local (dos quais,

compra 20% junto à produção), e vende a castanha quase em sua totalidade (95,5%) para o

varejo urbano nacional onde estão inseridos o comércio exterior e as redes de supermercado,

já que 0,01% foram vendidos para o varejista urbano estadual (redes de supermercado

estaduais).

Outro canal importante é constituído pela indústria de beneficiamento estadual que

compra 4,3% do atacado local e vende em sua totalidade para o varejo urbano nacional

(Figura 4).

47

FIGURA 4 - Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Portanto, o varejo urbano nacional demanda quase 100% (99,8%) de toda castanha

da RI do Baixo Amazonas, ficando inexpressivos 0,17 % para serem consumidas a nível local

e 0,01% a estadual. Sendo que deste total 0,03% são comercializadas em forma de semente e

0,03% são comercializados em produtos já transformados, para as docerias da região. E

0,01% são demandados pelos consumidores a nível estadual em forma de semente.

Na comercialização da castanha foram identificadas transações comerciais

(compra/venda) com a utilização da prática do aviamento, o que em termos gerais, significam

que os maiores compradores, que nesse caso foram as indústrias, adiantam o pagamento por

quilograma do produto aos atravessadores ou “regatões” (varejistas) e, estes por sua vez, para

garantir um retorno pelo seu “trabalho”, pagam aos extrativistas um preço (por quilograma)

menor do que recebeu no adiantamento. Este sistema se consolida, neste mercado, por ter

entre os seus objetivos a redução de custos para as indústrias, haja vista que se reduz o custo

de transporte e mantém o preço do produto inalterado (ou pouco alterado) por alguns anos,

assim como, mantém o extrativista refém do comprador por não entender dos mecanismos de

comercialização e por fim, torna-se vantajoso para o comerciante, pois obtém uma margem de

comercialização expressiva (mark-up) sem nenhum incremento ao produto.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da

castanha-do-brasil, no período de 2009 a 2010.

48

Os preços de venda praticados pelos extratores de castanha com outros agentes variam

conforme o volume comercializado, tais como R$ 0,80/kg com o varejo rural, R$ 2,07/kg com

a indústria de beneficiamento local, R$ 9,47/kg com a indústria de transformação local, R$

0,89/kg com o atacadista local e R$ 1,66/kg com o varejo urbano local (Figura 5).

Com relação ao principal elo da cadeia de comercialização, o setor da indústria de

beneficiamento local compra da produção a R$ 2,07/kg e do atacado local a R$ 1,01/kg, após

realizar todas as etapas do beneficiamento na fábrica, vende ao preço de R$ 14,50/kg da

amêndoa seca (com ou sem casca) para o varejo urbano estadual e estimado a R$ 11,31/kg

para o varejo urbano nacional. Convém lembrar que todos os preços aqui descritos, para todos

os setores, foram convertidos para a unidade de R$ correntes por Kg de amêndoas secas da

castanha-do-brasil (Figura 5).

FIGURA 5 - Preço médio da castanha-do-brasil (R$/kg) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No segundo canal de comercialização mais expressivo, a indústria de beneficiamento

estadual compra a castanha a um preço de R$ 1,20/kg dos atacadistas locais, e as vende a R$

13,90/kg para o varejo urbano nacional (rede de supermercados) (Figura 5). Com relação ao

preço de venda aos demandantes finais locais, quando o produto é comercializado em forma

de semente o varejo rural as vende a R$ 1,19/kg e o varejo urbano local as vende a R$

8,18/kg. Quando o produto é comercializado já transformado em forma de guloseimas, a

49

indústria de transformação as vende a R$ 45,00/kg. Já a nível estadual, a comercialização se

dá em forma de semente, e o varejo urbano estadual as vende a R$ 27,44/kg.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização da castanha-do-

brasil.

A soma do valor recebido por todos os agentes que realizaram a oferta da castanha-

do-brasil a partir da RI Baixo Amazonas, foi estimada na ordem de R$ 71,5 milhões (Gráfico

1), sendo o mercado nacional o seu maior arrecadador, excetuando o estado do Pará, cujo

valor se aproximou de R$ 47,8 milhões (67% do VBP total, sob a ótica da oferta). O mercado

local adquiriu mais de R$ 22,6 milhões (32% do VBP total) e o estadual contabilizou um

pouco mais de R$ 1 milhão (1% do VBP total).

GRÁFICO 1 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da castanha-do-brasil

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Do total ofertado pelos setores que compõem o mercado local, o setor produção

(VBPα), composto pelos extrativistas/coletores, recebeu um pouco mais de R$ 3,2 milhões

das transações realizadas estritamente no âmbito local, este valor representou 14% das vendas

locais (Gráfico 1). Na formação deste valor, mais de 90% (R$ 2,9 milhões) foram oriundos

das vendas transacionadas com o setor de indústria de beneficiamento, 9% para o atacadista e,

1% foi correspondente a somatória das vendas para os setores de varejo rural, indústria de

transformação e varejo urbano. Entretanto, foi na indústria de beneficiamento, setor onde

estão agrupadas as indústrias processadoras e exportadoras deste recurso, localizadas na

própria RI Baixo Amazonas, que o mercado local obteve a sua maior arrecadação, orçada em

50

mais de R$ 19 milhões, o que correspondeu a aproximadamente 84% do valor das vendas

efetuadas a nível local, provenientes, quase em sua totalidade, em termos percentuais (99,9%),

das vendas para o varejo urbano nacional (setor, em termos específicos, formado pelas redes

de supermercados localizadas no centro-sul do Brasil e, varejistas voltados ao comércio

exterior) e das vendas voltadas ao varejo urbano estadual (supermercado em Belém), esta com

uma participação de apenas R$ 1,6 mil. O setor atacadista local (que representa as associações

remanescentes de quilombos com sede num dos municípios da região e, os grandes

compradores atravessadores, que residem na região, os quais atuam como “representantes”

das indústrias de beneficiamento local e estadual), recebeu algo superior a R$ 370 mil,

proveniente das vendas para a indústria de beneficiamento local (75%) e (25%) para a

indústria de beneficiamento estadual. Já o setor de varejo rural, constituído por pequenos

atravessadores, arrecadou aproximadamente R$ 2,1 mil, do qual 69% deste valor foi oriundo

das vendas realizadas ao setor de varejo urbano e, 31% foi oriundo das vendas aos

consumidores finais locais. A indústria de transformação, setor associado a pequenas

empresas (familiares) que atuam na preparação de doces, adquiriu R$ 27,5 mil com as vendas

aos consumidores finais. Por fim, o setor de varejo urbano (composto por feirantes e

estabelecimentos de pequeno porte - mercadinhos) arrecadou R$ 15,6 mil com as vendas

realizadas aos consumidores finais, sob a ótica da oferta.

Com relação a receita obtida com as vendas realizadas a nível estadual, orçada em

mais de R$ 1 milhão (1% do VBP total), conforme o Gráfico 1, mais de 99% deste valor foi

proveniente das vendas da indústria de beneficiamento, indústria processadora e exportadora

da castanha-do-brasil com sede na capital paraense, que negociou com o varejo urbano

nacional, setor das redes de supermercado no âmbito nacional e o mercado internacional. E,

um valor irrisório de um pouco mais de R$ 3 mil, ficou por conta do setor varejista urbano

estadual (supermercado), oriundo das vendas diretas para o consumidor final estadual.

No mercado nacional, onde o valor das vendas foi estimado em R$ 47,8 milhões

(Gráfico 1), houve a participação exclusiva do setor de varejo urbano nacional, composto

pelas redes de supermercado nacionais e o comércio exterior, haja vista que se configurou

como sendo o setor que mais demandou este fruto a partir da região em estudo (99% do total

ofertado). O mercado internacional (EUA, China, Japão, União Européia, Rússia, Emirados

Árabes, os mais representativos) demandou 55% deste recurso da floresta do Baixo

Amazonas, enquanto que o consumo no centro-sul do Brasil alcançou o restante, 44%. É

importante frisar, que a demanda internacional é influenciada pela taxa de câmbio (paridade

entre a moeda nacional, o Real, com outras moedas internacionais, como o dólar

51

principalmente), o que, por sua vez, acaba afetando tanto a produção, quanto a proporção das

vendas (oferta) no âmbito nacional.

Portanto, verificou-se que na formação do VBP total, sob a ótica da oferta, de

aproximadamente R$ 71,5 milhões, este teve como principal agente comercializador e

arrecadador, a nível local e estadual, o setor das indústrias de beneficiamento (que juntas

controlam este mercado no estado do Pará), sendo que as localizadas na RI Baixo Amazonas

(mercado local) foram mais representativas, pois, tanto os extrativistas individuais e/ou os

organizados em associações, quanto os atravessadores, que tiveram na extração e coleta da

castanha-do-brasil sua principal e/ou uma das principais fontes de renda, se vêem

“obrigados”, por questões mercadológicas, a vender praticamente toda a produção a este setor,

que por serem os únicos agentes com grande potencial de compra deste produto na região

(demandantes detentores do processo de automação, cujos níveis tecnológicos adotados

melhoram a qualidade do produto final), também influenciam na determinação do preço de

compra junto a estes agentes, demonstrando que o mercado da castanha-do-brasil, na RI

Baixo Amazonas, apresentou fortes características oligopsonistas3.

e) VAB - gerado na comercialização da castanha-do-brasil e a margem de

comercialização de cada setor (%).

O VAB ao longo da cadeia comercialização da castanha-do-brasil, desde o setor alfa

(coleta/produção) da RI Baixo Amazonas até o consumidor final, foi de R$ 48,1 milhões

(Gráfico 2), que resultou em uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-

up total, na comercialização de 1.389%. Esta margem calculada a partir do valor total do

VAB (R$ 48,1 milhões), menos o VBPα

(R$ 3,2 milhões), dividido pelo VBPα

(R$ 3,2

milhões), expõe, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao produto, ao longo de toda

a cadeia de comercialização, a partir do setor alfa (α) agroextrativista. É imperativo afirmar

que este valor de mark-up foi expressivo pelo fato do setor alfa, após realizar a

coleta/extração, pouco agregou ao fruto, diferente dos setores da demanda intermediária,

principalmente das indústrias de beneficiamento (local e estadual).

O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia esta em processo

de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação e/ou

majoração de preço que este produto adquiriu nos setores, ao longo das cadeias de

comercialização, antes do demandante final.

3 Oligopsônio refere-se a estrutura de mercado em que o número de compradores é bem pequeno.

52

GRÁFICO 2 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da castanha-do-brasil da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Assim sendo, o sistema local obteve uma agregação de valor ao produto de R$ 19,1

milhões, equivalente a 40% do VAB total (Gráfico 2). Na composição deste valor, houve a

participação predominante da indústria de beneficiamento, pois sua agregação foi na ordem de

R$ 15,8 milhões (83% do VAB local), que está fortemente relacionado tanto a sua capacidade

instalada, quanto ao grau de negociação que mantém com os outros setores do mercado local

(monopsonista), em particular o da produção e o do atacado, os quais vendem o produto in

natura que, por sua vez, negocia com o mercado nacional um produto beneficiado a preços

bem mais atrativos em relação ao preço de compra. Com relação à margem de

comercialização por setor, ou seja, mark-up constituído pelo setor, a industria de

beneficiamento, configurou 496%, calculado a partir da relação entre o valor do VAB

realizado no setor (R$ 15,8 milhões) pelo valor do VBP do setor (aproximadamente R$ 3,2

milhões), pela ótica da demanda, ou seja, o valor da compra de insumos realizada pelo setor.

O mark-up, em termos gerais, representado em termos relativos (%), inclui todos os custos de

beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não são captados pela pesquisa.

Entre os processos de beneficiamento realizados por este setor, ocorrem o tratamento das

sementes contra os fungos (higienização); descasca da semente, secagem e empacotamento do

produto conforme os órgãos de vigilância sanitária e de comércio.

Ainda no mercado local o setor varejo rural agregou aproximadamente R$ 400,00 e

constituiu um mark-up de 22% (Gráfico 2), propiciado pelas transações com as sementes,

53

com acréscimos dos custos de comercialização, com outros setores da demanda intermediária

local, principalmente o de varejo urbano. O setor atacadista, por sua vez, adicionou mais de

R$ 56,3 mil com mark-up de apenas 18% com as vendas para industria de beneficiamento

local e estadual. O varejo urbano adicionou algo em torno de R$ 14 mil e constituiu um mark-

up de 715%, maior percentual do sistema local, com os processos de descasca da semente, a

fim de comercializar a amêndoa, que juntamente com as vendas fracionadas do produto

garantem a majoração de preço antes das vendas para os consumidores finais locais. Já a

indústria de transformação adicionou um pouco mais de R$ 21,7 mil e estabeleceu um mark-

up de 375%, pois comprou diretamente do setor da produção o produto in natura e o utilizou

como insumo na preparação de doces. Frisa-se que este valor adicionado teve sua origem na

diferenciação dos preços médios de custo e de venda do fruto por quilograma, sem considerar

outros custos adicionais ao processo, assim como, a proporção utilizada da castanha na

preparação dos doces. O setor da produção transacionou valor efetivo, isto é, agregou valor ao

produto, somente no que se referiu às vendas do produto na sua forma in natura (ainda dentro

da casca) na ordem de R$ 3,2 milhões e, por isso, não foi estimado o seu valor de mark-up.

Este setor agregou valor quando realizou o beneficiamento primário do produto, que

significou, de modo geral, a retirada da semente de dentro do ouriço desencadeado de maneira

artesanal.

Já entre os setores que contribuíram para o VAB constituído no mercado estadual,

estimado na ordem de R$ 965 mil (2% do VAB total), conforme o Gráfico 2, a indústria de

beneficiamento foi autor de mais de 99% (equivalente a R$ 964 mil), cuja agregação se

formalizou quando utilizou tanto os processos de higienização da semente (tratamento contra

os fungos), descasca da semente, seleção e empacotamento da amêndoa, quanto pela compra

da semente por baixo preço (por quilograma) junto a seus fornecedores (atacadista), antes das

vendas ao mercado nacional e para o exterior. E devido a esta forma de agregação, configurou

uma margem de comercialização (mark-up) de 1.061%, maior percentual ao longo de toda a

cadeia. Já o varejo urbano estadual agregou R$ 1,4 mil com o processo de majoração de preço

e obteve um mark-up de 89%, antes das vendas aos consumidores finais estaduais. Com

relação ao VAB formado no mercado nacional, estimado na ordem de R$ 28 milhões

(equivalente a 58% do VAB total), só quem adicionou foi o setor de varejo urbano nacional

com um mark-up de 142%.

Portanto, no que se referiu ao VAB total, equivalente ao VTE, ao longo da cadeia de

comercialização deste fruto, observou-se que tanto as indústrias “tradicionais” de

beneficiamento e exportação localizadas na RI Baixo Amazonas, quanto as indústrias

54

localizadas na esfera estadual, conseguiram adicionar valor superior aos outros setores

localizados na mesma área geográfica, assim como também, constituíram os maiores valores

de mark-up, fatos estes, propiciados simultaneamente pelo grau de especialização/negociação

destes agentes, sua capacidade instalada, poucas ações de beneficiamento que este recurso

sofreu antes das compras realizadas por este setor, que por constituírem os únicos canais de

comercialização de poder de compra em grandes quantidades, acabaram pagando o preço

médio por quilograma que lhes foi conveniente.

f) RBT (em R$), gerada pela ótica da demanda, na comercialização da castanha-do-

brasil.

No que diz respeito à Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do

produto e, contabilizada na ordem de R$ 71,5 milhões, o sistema local foi responsável por

32%, o estadual 1% e o nacional 67% (Gráfico 3). Este valor da RBT foi resultante da soma

do valor de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com VTE, que corresponde ao

valor estimado para o VAB total, formado pelos setores ao longo da cadeia de

comercialização.

GRÁFICO 3 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da castanha-

do-brasil, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na RI Baixo Amazonas, sistematizado como local, cuja renda bruta somou

aproximadamente R$ 22,6 milhões, o setor de indústrias de beneficiamento foi quem gerou a

maior renda bruta, no valor de R$ 19 milhões, com as vendas para mercado

55

nacional/internacional, resultante da compra da castanha-do-brasil em forma de semente no

valor de R$ 3,2 milhões (sendo mais de 91% só do setor da coleta/produção) e agregação num

montante de R$ 15,8 milhões com as ações de beneficiamento do fruto (Gráfico 3). O atacado

arrecadou em torno de R$ 370 mil com as vendas para a indústria de beneficiamento local e

estadual, resultante da soma de compra da castanha no valor de R$ 314 mil e agregação de

mais R$ 56 mil. O varejo urbano local, por conseguinte, comprou mais de R$ 1,9 mil do

produto e adicionou um pouco mais de R$ 13,7 mil, que gerou uma renda bruta de R$ 15,6

mil. O varejo rural, por sua vez, gerou uma renda bruta no valor de R$ 2,1 mil, resultante da

soma do valor da compra da semente junto ao setor da produção, em torno de R$ 1,7 mil e

adicionou um pouco mais do que R$ 380. E por fim, a indústria de transformação que

comprou insumo, do setor da produção, no valor de R$ 5,8 mil e agregou um valor superior a

R$ 21,7 mil, gerando uma renda de R$ 27,5 mil com as vendas para os consumidores finais

locais. No que tange a renda bruta do setor de produção (α), o valor de 3,2 milhões, foi

resultante da venda para os setores econômicos que compõem o sistema local apenas,

preponderantemente para as indústrias de beneficiamento. Vale destacar que o setor alfa

transacionou o produto já em forma de semente, contudo, a sua renda poderia ser maior se sua

capacidade produtiva (meios de produção) não fosse restrita, fato imposto pela escassez de

capital, pois faltam investimentos em máquinas e equipamentos para o beneficiamento do

produto pré-comercialização, especificamente os processos de desidratação e embalagem.

Com relação à renda bruta gerada na esfera estadual, contabilizado em mais de R$ 1

milhão, a mesma foi obtida com a interação de apenas dois setores, o da indústria de

beneficiamento, os quais tiveram uma participação predominante para a formação deste

montante, em torno de 99%, resultante da venda do produto (amêndoa) para o mercado

nacional e para o exterior. A renda bruta deste setor foi resultante da compra da semente no

valor aproximado de R$ 90,8 mil e do valor agregado na comercialização do produto R$

963,5 mil. O outro setor, o varejo urbano, participou com apenas um pouco mais de R$ 3 mil

na formação da renda bruta na esfera estadual, o qual comprou o produto com negociação

direta com a indústria de beneficiamento local no valor de R$ 1,6 mil e adicionou R$ 1,4 mil

antes das vendas aos consumidores finais (Gráfico 3).

Na esfera nacional somente o setor de varejo urbano gerou renda bruta, o qual orçou

um pouco mais de R$ 47,8 milhões, e sendo assim, este valor também corresponde à renda

bruta nacional proveniente da castanha identificada na RI Baixo Amazonas. Este setor

comprou a castanha-do-brasil beneficiada junto aos setores de beneficiamento local e

56

estadual, no valor estimado em torno de R$ 19,9 milhões, sendo 96% deste pago à indústria

de beneficiamento local e, adicionou R$ 28 milhões (Gráfico 3).

4.2.2 Açaí

O açaí na RI Baixo Amazonas possui um mercado consumidor muito forte, por ser

considerado importante na alimentação diária das populações locais. Conforme a amostra

coletada em campo, o setor produtivo foi responsável pelo abastecimento de

aproximadamente 3.418 toneladas de fruto in natura no período de 2009 a 2010. Na Figura 6

estão espacializados os agentes mercantis entrevistados nos municípios da região estudada.

FIGURA 6 - Localização dos agentes mercantis do açaí na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

açaí.

Foram identificados trinta e dois agentes mercantis, sendo que vinte e dois trabalham

somente com o açaí fruto, os demais trabalham com outros produtos como: bacaba, polpa de

muruci, taperebá, cupuaçu, castanha-do-brasil, palmito in natura, buriti e tucumã. Dentre os

agentes identificados, três são atravessadores, vinte e quatro são indústrias de beneficiamento

(batedores de açaí), sendo que dois exercem profissão paralela de atravessadores, três são

comerciantes (sendo uma sorveteria, uma frutaria e um comércio) e dois são produtores. Estes

agentes atuam no ramo entre um e 40 anos e exercem profissão paralela como: dono de bar,

agricultor, comerciante de confecções e calçados, carpinteiro e pedreiro. O Quadro 2

57

apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização do açaí, de acordo com

seus respectivos setores.

QUADRO 2 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do açaí da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção Produção primária de açaizais da região do Marajó,

principalmente do município de Gurupá.

Local

Produção Produção primária de açaizais, identificados nos municípios da

RI Baixo Amazonas.

Varejo rural

Pequenos comerciantes do interior dos municípios que

compram o açaí in natura dos produtores locais e extralocais,

denominados atravessadores.

Indústria de

beneficiamento

Pequenos comerciantes que realizam o processamento do açaí

in natura, utilizando máquinas despolpadeiras, chamados de

“batedores de açaí”, que vendem diretamente a polpa para os

consumidores (locais e estaduais) e comerciantes locais.

Indústria de

transformação

Sorveterias locais, que adquirem o produto in natura

diretamente da produção local.

Varejo urbano

Comerciantes localizados nas áreas urbanas, que compram o

açaí in natura dos atravessadores e o açaí na forma de polpa

dos batedores (indústria de beneficiamento). Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Destes, produtores e alguns atravessadores possuem propriedade rural com áreas

variando de 1 a 10 ha localizados em Santarém, Juruti, Gurupá e Terra Santa, pois é comum o

atravessador também ser produtor de açaí e vender sua própria produção junto com a de

outros produtores. Com relação ao espaço do estabelecimento, os agentes relataram as

dimensões que variam de 6m2 a 24m

2, com paredes de madeira ou alvenaria e telhado de

amianto. No que se refere a meios de transporte para escoamento e venda da produção, são

utilizadas bicicletas, caminhonete, barcos, carros e motos, foi ainda identificado que batedores

de açaí, após o processamento do fruto, os colocam em galões de alumínio de 2L ou 5L e os

vendem pelas ruas do município ou acondicionados em caixas térmicas (isopores) em cima de

carros de mão.

Em alguns municípios da RI Baixo Amazonas, a comercialização do vinho de açaí é

feita em pontos que utilizam uma bandeira vermelha como indicação, sua forma tradicional.

No entanto, em outros municípios essa indicação refere-se ao comércio de carne.

No que diz respeito a máquinas e equipamentos, 24 agentes beneficiadores possuem

máquinas do tipo batedeira de açaí, liquidificador industrial, máquinas de sorvete, freezers

com capacidade de 280 L, 360 L e 530 L, caixas de isopor com capacidade para 40 L e 70 L,

58

galões de alumínio e selador de embalagem plástica. Foram identificados quatro batedores de

açaí que declararam ter problemas com armazenagem, tais como ausência de freezers e

espaço físico insuficiente à comercialização.

Trabalham na atividade em média de 1 a 5 pessoas, geralmente familiares que

ajudam na coleta dos frutos e, quando está no pico da safra, esses produtores necessitam de 1

a 2 ajudantes a mais. Estes produtores afirmam comercializar o produto na safra e entressafra.

O valor médio pago para os ajudantes é de R$ 10,00 a R$ 15,00 a diária, outros pagam valores

de R$ 150,00, R$ 180,00 e R$ 350,00 mensais, a mão de obra é familiar para 16 agentes.

Existem diversos agentes que atuam no mesmo ramo em vários pontos da cidade, tornando o

mercado bastante competitivo.

Para melhoria da capacidade de produção os agentes citaram que deveriam aprender

a pratica do manejo para que haja maior produção, capacitação dos funcionários das indústrias

de sorvete para diversificação do produto, haja vista a má qualificação da mão de obra

existente; financiamento para novos plantios, cooperativas para escoarem a produção e a

criação de uma associação para organizar a classe produtora e evitar que os atravessadores

levem a produção local, fato este que está causando a escassez do produto na região.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí.

A Figura 7 permite visualizar as proporções da quantidade produzida de açaí

movimentada entre os diferentes setores. Constituindo assim os canais de distribuição (ou

canais de comercialização) do açaí fruto nos municípios estudados da RI Baixo Amazonas.

Portanto, a cadeia de comercialização identificada pela pesquisa é constituída por vários

canais de comercialização. Do total da quantidade do fruto in natura comercializado na região

84% são oriundos da produção local e 16% são provenientes da RI Marajó, mais precisamente

do município de Gurupá.

59

FIGURA 7 - Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Nesse contexto, o principal canal de comercialização do fruto (Figura 7) identificado

com as maiores quantidades comercializadas foi a da indústria de beneficiamento local pela

compra de 46,9% dos produtores locais, 34,2% dos varejistas rurais, 9,8% dos produtores do

Marajó e 4,2% do varejo urbano local (comerciantes locais que compram o açaí in natura de

atravessadores e vendem diretamente para batedores de açaí locais) circulando neste setor do

beneficiamento 95,1% da produção identificada. Por outro lado, venderam 93,6% para os

consumidores locais, 0,7% para consumidores estaduais (Região do Tapajós) e 0,8% para os

comerciantes locais (varejo urbano). Justificando o grande consumo da população local pela

polpa do fruto ou culturalmente conhecido como o “vinho ou vitaminosa de açaí”.

O setor varejista rural é caracterizado por atravessadores que transacionam com os

produtores locais (36,9%) e 6,2% com os produtores do Marajó a compra de açaí, e revendem

34,2% para o setor de indústria de beneficiamento local, 4,2% para o varejo urbano local e

4,7% diretamente para consumidores locais. É interessante destacar que alguns atravessadores

(varejo rural), principalmente no município de Curuá, compraram o açaí já beneficiado (açaí

em polpa) de produtores locais por ser mais lucrativo.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do açaí, no período de 2009 a 2010.

Os preços médios do açaí praticados entre os diferentes agentes da cadeia de

comercialização são determinados pela quantidade transacionada, custo de transporte e a

60

qualidade do fruto, conforme descritos na Figura 8. A produção local vende a R$ 0,99/kg

para o varejo rural, a R$ 1,26/kg para a indústria de beneficiamento local (batedores de açaí),

R$ 1,07/kg para a indústria de transformação local (sorveterias) e a R$ 2,46/kg diretamente

para o consumidor final local. Enquanto que os preços de venda praticados pelos produtores

da região do Marajó são estabelecidos conforme os custos de transporte e oferta do fruto da

região, destacando: R$ 1,16/kg para o varejo rural e R$ 1,15/kg para as indústrias de

beneficiamento local.

O setor dos varejistas rurais (atravessadores) vende em média a R$ 1,51/kg para a

indústria de beneficiamento local (Figura 8), R$ 0,99/kg para o varejo urbano local

(comerciantes) e R$ 1,60/kg para os consumidores locais. Por outro lado, os batedores de açaí

locais (indústria de beneficiamento) vendem a R$ 1,43/kg para o varejo urbano local

(comerciantes), R$ 2,39/kg para o consumidor local e, para o consumidor estadual R$

1,62/kg. Neste caso, referindo-se ao mercado consumidor da RI Tapajós. Finalmente, destaca-

se o setor dos comerciantes locais (varejo urbano local), que pratica preços bastante

diferenciados. Assim, para o consumidor local, os comerciantes vendem o açaí já beneficiado

por R$ 4,39/kg e para a indústria de beneficiamento local por R$ 1,14/kg o fruto in natura.

FIGURA 8 - Preço médio do açaí (R$/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí.

61

Este produto, de acordo com a pesquisa, apresentou potencial econômico,

estritamente a nível local, e, com isso, o valor recebido por todos os agentes que realizaram as

vendas (oferta) do açaí a partir da RI Baixo Amazonas, e de outra Região de Integração, foi

contabilizado na ordem de R$ 12,7 milhões (Gráfico 4).

GRÁFICO 4 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Desta maneira, o valor bruto do setor da produção local (VBPα), equivalente aos

agroextrativistas, recebeu um pouco mais de R$ 3,5 milhões, aproximadamente 28% do VBP

total recebido pelos setores que ofertaram o produto (Gráfico 4). Frisa-se, no entanto, que

aproximadamente R$ 568 mil foram provenientes das vendas realizadas pelos

agroextrativistas localizados em outra região de integração, consubstanciado como agentes

extralocais, que, neste caso, foram aqueles sediados no município de Gurupá, pertencente à RI

Marajó, que ofertaram este produto (in natura), oriundos das ilhas, nas feiras da RI Baixo

Amazonas, mais especificamente a feira improvisada (calçadão da orla) do município de

Almeirim, por este lhe fazer fronteira. Na formação deste valor extralocal, 39% foi oriundo

das vendas aos varejistas rurais (atravessadores) e 61% foi oriundo das vendas às indústrias de

beneficiamento (batedores de açaí).

Na composição do VBPα

(local e extralocal), mais de 99% foi proveniente das

vendas realizadas aos setores que compõem a demanda intermediária local, entre eles; a

indústria de beneficiamento que pagou mais R$ 2,1 milhões (mais de 61% do VBPα); o setor

de varejo rural responsável pela compra de R$ 1,3 milhão (38%) e; R$ 809 foi da compra

62

realizada pela indústria de transformação. E, R$ 15,5 mil (0,4% do VBPα) foi o valor recebido

pelo setor da produção pelas vendas efetivadas diretamente ao demandante final local,

composto pelos consumos das famílias. Porém, são poucos os produtores que detêm uma

infraestrutura básica (máquina de bater o açaí e o filtro de água) para iniciar o processo de

beneficiamento deste recurso, após sua coleta e, antes das vendas, o que provoca um aumento

significativo na renda do produtor.

Ainda no sistema local, o varejo rural recebeu pelas vendas do produto in natura

mais de R$ 1,9 milhão, dos quais 81% foram para a indústria de beneficiamento. Este setor,

por sua vez, recebeu um valor próximo de R$ 7 milhões, mais da metade (55%) do VBP total

recebido pelos agentes ofertantes do fruto. Já o setor de indústria de transformação arrecadou

algo em torno de R$ 1,3 mil e, por fim, o setor de varejo urbano local (agentes que

transacionam o vinho), adquiriu um valor próximo a R$ 252 mil, sob a ótica da oferta

(Gráfico 4).

e) VAB - gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada

setor (%).

O VAB, equivalente ao Valor Transacionado Efetivo (VTE), ao longo da cadeia de

comercialização do açaí, desde o setor alfa (produção local e extralocal) da região do Baixo

Amazonas até o consumidor final, foi estimado na ordem de R$ 7,3 milhões (Gráfico 5),

formado somente no mercado local. Este valor do VAB constituiu uma margem bruta de

agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na comercialização de 107%, calculada a

partir da relação do VAB (próximo de R$ 7,3 milhões), menos o VBPα

(R$ 3,5 milhões), pelo

VBPα

(R$ 3,5 milhões). Esta margem mostra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado,

ao longo de toda a cadeia de comercialização a partir do setor alfa (α), por ações do

beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto adquiriu, onde cada

parte é essencial, pois demonstra como cada agente mercantil ajuda a colocar o açaí nas mesas

das inúmeras famílias desta RI, que tem neste produto um dos principais alimentos na dieta

diária.

63

GRÁFICO 5 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Deste modo, entre os setores que compõem o mercado local, a indústria de

beneficiamento, composto pelos batedores de açaí, foi quem obteve a maior agregação de

valor, estimado em mais de R$ 3,1 milhões (Gráfico 5), representando 42% VAB total. Pois

este setor está relacionado simultaneamente ao seu posicionamento na cadeia de maior

demandante intermediário, que se sustenta pelo grau de negociação que mantém com os

outros setores do mercado local (produção, varejo rural e varejo urbano), pois são destes que

adquiriu o produto na sua forma in natura. Nas vendas tanto para o consumidor final local e

estadual quanto para o varejo urbano local, fornecem um produto beneficiado, ou seja, o

vinho obtido do fruto. Com relação à margem de comercialização, ou seja, mark-up, este setor

obteve o maior percentual, quando comparada com os obtidos pelos outros setores, calculada

em 79%. Este mark-up calculado para cada setor é resultante da relação entre o VTE, que

corresponde ao VAB de R$ 3,1 milhões, com VBP (em torno de, R$ 3,5 milhões), pela ótica

da demanda, ou seja, compra de insumos realizada pelo setor. O mark-up, representado em

termos relativos (%), inclui todos os custos de beneficiamento e comercialização do produto

analisado, não captados pela pesquisa, assim como, em alguns setores, não foi fornecida a

proporção do produto utilizado no preparo de outros produtos finais (sorvetes, sucos, doces,

entre outros).

Ainda no mercado local, o setor varejista rural, composto pelos atravessadores,

adicionou o equivalente a R$ 610 mil com a majoração de preço, onde estão inclusos os

64

custos de comercialização, e apresentou um mark-up de 45% (Gráfico 5). Em seguida vêm os

varejistas urbanos, pequenos comerciantes que transacionaram o produto já beneficiado

(vinho), e adicionaram em torno de R$ 91 mil somente com acréscimo de preço e,

apresentaram um mark-up de 56%. E por fim, a indústria de transformação, categoria das

empresas que processam o açaí para a fabricação de sorvetes, que adicionou R$ 484,00 e

apresentou um mark-up de 60%.

É providencial ressaltar que o setor da produção local transaciona o valor efetivo

somente no que se refere às vendas do produto (açaí) in natura, ou em alguns casos (uma

proporção menor), já beneficiado, na ordem de R$ 3,5 milhões, correspondente a mais de

48% do VAB total.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do açaí.

A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do açaí forma-se a partir da

soma do valor de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com VAB total, que

corresponde ao quanto foi adicionado ao produto ao longo de toda cadeia. Sendo assim, a

renda gerada na comercialização do açaí RI Baixo Amazonas foi contabilizada na ordem de

R$ 12,7 milhões (Gráfico 6), consolidada somente no sistema local.

GRÁFICO 6 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

65

Na composição da renda bruta anteriormente citada, a indústria de beneficiamento

local arrecadou um montante de R$ 7 milhões com a venda direta para os consumidores finais

(locais e estaduais) e varejistas urbanos, resultante da soma de compra de insumo, o açaí in

natura, no valor próximo de R$ 4 milhões junto ao setor da produção (com uma

representatividade de 55%) e ao varejo rural (com representatividade de 45%) e agregou um

valor de R$ 3 milhões com o seu beneficiamento primário, isto é, transformação do produto in

natura em vinho – forma tradicional de consumo do fruto (Gráfico 6). Já o setor de varejo

rural, o qual representa um grande número de atravessadores, gerou uma renda bruta superior

a R$ 1,9 milhão com a venda para o setor de beneficiamento (mais de 81%) e do varejo

urbano, pois comprou o açaí in natura no valor de R$ 1,3 milhão dos produtores e adicionou

um montante de um pouco mais de R$ 600 mil, sem qualquer tipo de incremento tecnológico

e/ou beneficiamento ao produto, só acrescentando seus custos de comercialização. Já o varejo

urbano, comerciantes que compraram o açaí tanto in natura quanto o vinho, no valor de R$

161 mil junto aos atravessadores e batedores e, adicionaram em torno de R$ 91 mil, com a

prática de aumento de preços, que gerou uma renda bruta no valor de R$ 252 mil com as

vendas para os consumidores finais e indústria de beneficiamento. Já a indústria de

transformação (sorveterias) comprou o produto in natura do setor da produção no valor de R$

810,00 e adicionou um pouco mais de R$ 480,00 (com o seu processamento: transformação

do fruto em sorvete), que gerou uma renda bruta próximo de R$ 1,3 mil com as vendas para

os consumidores finais. No que tange a renda bruta do setor de produção (α), no valor de 3,5

milhões, esta é resultante da venda para os setores econômicos que compõem a demanda

intermediária do sistema local apenas, em maior proporção à indústria de beneficiamento.

Este valor foi equivalente a 28% do montante da renda gerada e circulada, ao longo da

comercialização.

4.2.3 Cumaru

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cumaru.

Nesta pesquisa verificou-se a comercialização da amêndoa do cumaru, como parte

utilizada desta planta, destinada para a indústria cosmética e para fabricação de medicamentos

caseiros. Segundo Silva & Leão (2006), o cumaru é uma árvore frondosa, freqüentemente

encontrada em toda a região amazônica, geralmente no interior de mata primária de terra

firme e várzea. Apresenta fruto com amêndoa que possui propriedades medicinais e produz a

cumarina, essência aromática, fixadora de perfume, usada na indústria de cosméticos, com

grande demanda no mercado internacional. Na comercialização deste produto foram

66

identificados treze agentes (Figura 9) na região pesquisada, os quais estão no ramo entre 15 e

63 anos (apenas dois agentes informaram sobre tempo de trabalho). Desses agentes seis são

atravessadores, três são feirantes, dois comerciantes, uma indústria e um agente que atua na

coleta do produto. Ressalta-se que todos os agentes entrevistados comercializam outros

produtos, como: castanha-do-brasil, cacau, abano, tipiti, breu-branco, uxi, piquiá, cajuaçu,

mel, cipó-titica e plantas, leites e óleos medicinais (assacu, barbatimão, carapanaúba, casca de

uxi-amarelo, copaíba, ipê-roxo, jucá, leite-de-amapá, óleo de andiroba, óleo de cumaru,

quinarana, seiva de jatobá, sucuúba, unha-de-gato e verônica.

FIGURA 9 - Localização dos agentes mercantis do cumaru na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O Quadro 3 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.

Em relação ao ponto comercial todos os agentes possuem armazém com dimensões

que variam de 9 a 120m2 e o coletor possui uma área de 20 ha localizada em Monte Alegre.

No que tange aos meios de transportes utilizados neste comércio, foram registrados motos,

caminhões e carros.

67

QUADRO 3 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da semente do cumaru da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Agricultores que realizam a coleta, a “quebra” e por último a

secagem das sementes. Essa última etapa leva de dois a três dias,

mas existem compradores interessados pelo cumaru ainda verde;

Varejo rural

Atravessadores (ou representantes) que se deslocam até as

comunidades e compram o cumaru na safra diretamente dos

extrativistas. Além do cumaru também compram cacau e a

castanha-do-brasil;

Indústria de

beneficiamento

Uma empresa localizada no município de Óbidos que atua no

mercado brasileiro, com atacadistas e indústrias, incluindo as

multinacionais do setor de cosmético e perfumaria;

Atacado Agentes que comercializam em grandes quantidades o cumaru,

mas também o cacau e a castanha-do-brasil como carro-chefe;

Varejo urbano Feirantes que comercializam o cumaru como medicinal em

pequenas quantidades para o consumidor final.

Estadual

Atacado Comerciantes que comercializam grandes quantidades de

sementes do cumaru;

Varejo urbano Feirantes que comercializam o cumaru como medicinal, em

pequenas quantidades, para o consumidor final;

Nacional Varejo urbano Varejistas do setor de cosmético e perfumaria situados fora do

Estado.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Com relação ao tempo de trabalho os agentes informaram que trabalham com o

cumaru durante o ano todo, e a quantidade de pessoas envolvidas nesta atividade varia de uma

a sete para os atravessadores, feirantes e comerciantes, e a indústria mantém 28 funcionários.

Os comerciantes e a indústria pagam o valor de um salário mínimo, ressaltando que em

período de safra a indústria contrata 350 diaristas para reforçar o trabalho, e um atravessador e

dois feirantes pagam o valor de R$ 15,00 a diária, os demais (cinco atravessadores, um

feirante e o extrativista) utilizam mão de obra familiar.

Os problemas descritos referem-se ao espaço físico insuficiente para comercializar os

produtos, a necessidade de melhorias nas estradas para escoar a produção, ampliação da oferta

do produto e investimentos em plantios. Segundo os agentes, na região havia grandes áreas

com ocorrência de cumaru e castanha-do-brasil, mas devido o acelerado desmatamento para a

criação de gado, quase não se encontram mais essas espécies.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cumaru.

A cadeia de comercialização do cumaru identificada é constituída por vários níveis

de canais de distribuição. O principal canal envolve a indústria de beneficiamento local que

compra 36,7% da produção, 13,3% do atacado local e 4,7% do varejo rural local, e as vende

68

somente para o varejo urbano nacional (54,7%) onde está inserido o comércio de cosmético e

perfumaria nacional e internacional (Figura 10).

Outro canal importante é composto pelo atacadista local, o qual constitui o elo

principal entre a produção local é o mercado nacional e internacional. Com isso, eles

adquirem 31,7% da produção local, 2,5% do varejo rural (atravessadores) e vendem 13,3%

para a indústria de beneficiamento local, 18,3% para o atacadista estadual e 2,5% diretamente

para o varejo urbano nacional (Figura 10). O setor atacadista estadual apresenta duas

peculiaridades, (i) o volume comprado diretamente da produção local (23,3%) e destinado

para o mercado estadual, ou seja, para o varejo urbano estadual (casas de ervas e produtos

religiosos) e, (ii) a quantidade comprada do setor atacadista local e destinada ao mercado

nacional e/ou internacional. Neste caso, o atacadista local é um representante do atacadista

estadual, o qual não aceitou ser entrevistado.

Dessa forma, a estrutura da cadeia de comercialização do cumaru do Estado do Pará é

voltada para atender o mercado nacional e internacional. Além disso, os feirantes locais (varejo

urbano) adquiriram 1,1% da produção identificada para comercializar diretamente com os

consumidores locais, neste caso o cumaru é utilizado com finalidade medicinal (Figura 10).

FIGURA 10 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cumaru comercializado na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do cumaru, no período de 2009 a 2010.

69

Os preços de venda praticados pelos extratores de cumaru com outros agentes variam

conforme a forma (semente seca ou verde), a utilização, distância entre os agentes e o volume

comercializado e são R$ 8,73/kg com o varejo rural, R$ 5,00/kg com a indústria de

beneficiamento local, R$ 10,00/kg com a indústria de transformação (manipulação de

medicamentos caseiros) local, R$ 9,42/kg com o atacadista local e R$ 9,31/kg com o varejo

urbano local (Figura 11).

Com relação ao principal elo da cadeia de comercialização, o setor da indústria de

beneficiamento local compra da produção a R$ 5,00/kg, do atacado local a R$ 11,00/kg e do

varejo rural a R$ 9,14/kg, após fazer todas as etapas do beneficiamento, vende ao preço de R$

12,00/kg para o varejo urbano nacional (Figura 11). Enquanto que o atacado estadual compra

da produção a R$ 9,00/kg e do atacado local a R$ 10,00/kg e vende a R$ 12,00/kg para o

varejo urbano estadual e a R$ 10,00/kg para o varejo urbano nacional.

FIGURA 11 - Preço médio do cumaru (R$/kg) praticado nas transações entre os setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização da semente de

cumaru.

O valor do VBP, que corresponde à soma do valor recebido por todos os agentes que

venderam a semente de cumaru a partir da RI Baixo Amazonas, contabilizado em mais de R$

2,6 milhões, foi equalizado com a participação de 47% dos setores que atuam no mercado

local, 25% no estadual e 28% no mercado nacional, sob a ótica da oferta (Gráfico 7). É

importante destacar que a demanda final deste produto, o mercado nacional, obteve uma

70

representatividade de 66%, sendo que 95% destes foram relativos às transações com comércio

exterior. O mercado local demandou apenas 2%, enquanto que a nível estadual foram

demandados 28% da produção.

GRÁFICO 7 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da semente de cumaru

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No que diz respeito ao VBP estimado no mercado local, em mais de R$ 1,2 milhão, o

setor da produção, ou seja, agentes que realizaram a coleta/extração desta semente, recebeu

aproximadamente R$ 509 mil (valor equivalente ao VBPα) com as vendas aos setores da

demanda intermediária local e estadual (Gráfico 7), cuja representatividade no contabilizado a

nível local foi de 72,5%, oriundo das vendas ao setor atacadista no valor de R$ 198,5 mil, das

vendas ao setor da indústria de beneficiamento no valor de R$ 122 mil, ao setor de varejo

urbano no valor de R$ 6,8 mil, em torno de R$ 41,6 mil foram das vendas ao setor varejo rural

e, R$ 166 foram das vendas à indústria de transformação. E, a nível estadual, correspondeu às

vendas ao setor atacadista no valor de R$ 139,7 mil (corresponde a 27,5% do VBPα).

Em relação aos valores das vendas (VBP) dos outros setores que compõem o sistema

local, a indústria de beneficiamento, que em termos específicos, trata-se de uma indústria

processadora e exportadora deste produto, localizada no município de Óbidos, recebeu pelas

vendas da semente de cumaru (natural e cristalizado) para o varejo urbano nacional R$ 436,5

mil, o que correspondeu a 35% do VBP a nível local. Em seguida, o varejo urbano, categoria

dos feirantes e comerciantes dos municípios da região, recebeu mais de R$ 24,5 mil com as

vendas para os consumidores finais locais. O setor atacadista (composto por grandes

71

comerciantes e por uma associação do município de Monte Alegre), por sua vez, recebeu em

torno de R$ 239,5 mil pelas vendas aos setores de indústria de beneficiamento local (41%),

atacado estadual (51%), varejista urbano nacional (8%) e consumidor final local (0,01%). O

varejo rural, constituído por atravessadores, arrecadou R$ 46,7 mil com as vendas para a

indústria de beneficiamento local (61%) e para o atacado local (39%). E, por fim a indústria de

transformação recebeu, em torno de, R$ 170,00 com as vendas realizadas aos consumidores

locais.

Já as vendas dos setores no sistema estadual, com VBP estimado, em torno de, R$

668,5 mil, o varejo urbano, grandes comerciantes e feirantes do município de Belém,

arrecadou R$ 360,2 mil (54% do VBP estadual), com as vendas realizadas diretamente para

os consumidores finais estaduais. Enquanto, que o setor atacadista recebeu mais de R$ 308,3

mil (46% do VBP estadual) com as vendas ao varejo urbano estadual (60%) e nacional (40%).

Com relação ao VBP no mercado nacional, estimado em R$ 753,5 mil, houve a exclusiva

participação do varejo urbano (setor que corresponde tanto ao comércio exterior quanto as

redes de supermercado localizadas fora do estado do Pará), o qual vende tudo que adquiriu

para os consumidores finais nacionais.

Porquanto, é preciso destacar, que a comercialização deste produto teve duas

finalidades: quando comercializada com a indústria, teve como finalidade a sua utilização

como insumo no preparo de cosméticos, perfumes e aromatizantes, devido o seu odor. No

entanto, quando comercializada com o consumidor final local, fora utilizada como

fitoterápicos.

e) VAB - gerado na comercialização da semente de cumaru e a margem de

comercialização de cada setor (%).

No que se refere ao VAB, que de modo geral corresponde ao Valor Transacionado

Efetivo (VTE), ao longo da cadeia de comercialização da semente de cumaru, desde o setor

alfa (coleta/produção local) da RI Baixo Amazonas até o demandante final e, foi estimado em

mais de R$ 1,1 milhão, cujo sistema local foi responsável pela formação de 65% deste valor,

o estadual por 20% e o nacional 15%, conforme o Gráfico 8. Este VAB total correspondeu a

uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na comercialização de

124%, calculada a partir da relação entre a diferença do valor estimado para VAB (mais de R$

1,1 milhão) com o valor do VBPα

(em torno de R$ 509 mil), pelo VBPα

(R$ 509 mil). Esta

margem demonstra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia

de comercialização do produto, em análise, a partir do setor alfa (α), por ações de

beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto adquiriu, antes da

72

demanda final. É importante frisar, que o valor do VAB, inclui todos os custos de

beneficiamento e comercialização do produto analisado, assim como, a proporção do produto

utilizado no preparo (fabricação) de um produto final, tal como, de fitoterápicos e cosméticos,

que não foram captados pela pesquisa.

GRÁFICO 8 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização da semente de cumaru

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Diante do exposto, do VAB (ou VTE) formado nos doze municípios que compõem a

RI Baixo Amazonas e, contabilizado em aproximadamente R$ 743 mil, com a expressiva

participação do setor da produção (extrativistas da semente), equivalente a R$ 509 mil, mais

de 68% do VAB local (Gráfico 8). Entretanto, convém ressaltar que este setor transacionou

valor efetivo somente no que se refere às vendas deste produto (e, por isso, o seu mark-up foi

nulo), seja na sua forma in natura, seja após o beneficiamento primário do produto, que

exprime o processo de exposição do produto ao sol, a fim de comercializá-lo seco.

Por sua vez, a indústria de beneficiamento (beneficiadora e exportadora de produtos

da floresta amazônica), adicionou um valor próximo a R$ 188,5 mil (25% do VAB local),

pela realização tanto do processo de secagem e prensa (quando comprou a semente in natura),

quanto no processo de ensacamento, que no caso foram de dois tipos: em sacos de juta de 50

kg líquido (comercialização do produto na sua forma natural) e sacos aluminizados a vácuo de

20 kg (comercialização do produto cristalizado). Com relação à margem de comercialização

por setor, ou seja, o mark-up de 76%, fora calculado pela relação do VAB do setor (R$ 188,5

73

mil), pelo VBP, pela ótica da demanda, em torno de R$ 248 mil, que correspondeu a compra

de insumos realizada pelo setor (Gráfico 8). Ainda no sistema local, o varejo urbano

adicionou um valor próximo de R$ 17,7 mil (2% do VAB local) pela majoração de preço e

divisão do produto em embalagens de plásticos contendo unidades da semente que variaram

entre 5 a 10 e, apresentou um mark-up de 260%. O setor atacadista adicionou

aproximadamente R$ 22,7 mil (3% do VAB local) e constituiu um mark-up de 10%, através

de dois processos: compra e venda da semente e, a venda da semente transformada em

fitoterápico (xarope e comprimidos). O setor do varejo rural, por sua vez, colaborou com mais

de R$ 5 mil para a formação do VAB local e, apresentou um mark-up de 12% pelos processos

de majoração de preço, que significou um percentual sob os custos de comercialização e, pelo

processo de exposição da semente ao sol, quando adquiriu dos agroextrativistas o produto

ainda verde. Para a indústria de transformação, não foi possível calcular o valor adicionado,

nem tão pouco, o seu mark-up, pois os entrevistados não forneceram a proporção da semente

utilizada na preparação de remédios e garrafadas.

O VAB constituído no sistema estadual foi estimado em mais de R$ 220,6 mil, com

contribuição significativa do setor varejista que agregou em torno de R$ 174 mil, que

corresponde a 79% do VAB estadual e, constituiu um mark-up de 93%, obtidos pelas ações de

majoração de preço e divisão do produto em embalagens menores antes das vendas aos

consumidores finais estaduais. Enquanto que o setor atacadista participou com R$ 46,6 mil no

adicionado pelo sistema estadual e mark-up de 18%, somente com majoração de preços. O

VAB nacional orçado em R$ 175,1 mil, ficou sob a incumbência do varejo urbano, único

setor a participar na formação deste valor, o qual configurou um mark-up de 30%.

Por tudo isso, no que referiu ao valor total adicionado (VAB) ou VTE, estimado em

mais de R$ 1,1 milhão, observou-se que os produtores/extratores (setor alfa) deste produto

conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados na região ou em outros

mercados, sem levar em consideração os custos de produção e comercialização, pois fora

responsável por mais de 47% deste valor, haja vista que este recurso adquiriu nenhuma e/ou

poucas ações de beneficiamento e/ou transformação após as vendas deste setor e, antes do

demandante final, já que, grande parte do cumaru fora comercializado seco, com processo de

exposição da semente verde ao sol.

f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da semente de cumaru.

A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do produto, a partir da RI

Baixo Amazonas, e estimada na ordem de R$ 2,6 milhões e, oriunda da soma do valor de

compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com Valor Transacionado Efetivo

74

(VTE≈VAB), teve no mercado local a formação de 47% desse montante, o mercado estadual

equalizou 25% e o nacional 28% (Gráfico 9).

GRÁFICO 9 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da semente de

cumaru, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Fazendo uma análise da RBT contabilizada a nível local em mais de R$ 1,2 milhão, o

setor da produção (α) obteve a maior renda verificada ao longo da cadeia, no valor de R$ 509

mil, resultante das vendas para os setores econômicos intermediários que compõem tanto o

sistema local quanto o estadual (Gráfico 9), cuja representatividade na RBT total estimada foi

de mais de 20%. O setor de indústria beneficiamento (beneficiadora e exportadora), por sua

vez, obteve uma renda de mais R$ 436,5 mil com as vendas para o mercado nacional e

internacional (97,5% para o comercio exterior), resultante da soma do VAB realizado pelo

setor de R$ 188,5 mil, com o valor das compras de insumos de R$ 248 mil efetivadas junto

aos setores da produção (mais de 49%), varejo rural local (11%) e do atacado local (mais de

39%), exercendo, deste modo, a função de maior demandante deste recurso a nível local, por

ter vantagens competitivas em relação aos outros setores, como exemplos, a capacidade

instalada e o nicho de mercado. O varejo urbano comprou insumos do setor da produção no

valor superior a R$ 6,8 mil e adicionou em torno de R$ 17,7 mil, gerando uma renda bruta no

valor de R$ 24,5 mil com as vendas para os consumidores finais da região.

Ainda a nível local, o valor da RBT do setor atacadista, num montante próximo de

R$ 239,5 mil das vendas realizadas para a indústria de beneficiamento local, atacado local,

75

varejo urbano nacional e para os consumidores finais locais, foi resultante da soma de compra

do insumo no valor superior a R$ 216,8 mil (junto ao setor da produção e do varejo rural) e

agregação junto a este de mais R$ 22,7 mil. O setor de varejo rural (atravessadores) gerou

uma renda bruta no valor de aproximadamente R$ 46,7 mil com as transações com o setor de

indústria de beneficiamento local e o atacado local, pois comprou em torno de R$ 41,6 mil de

semente junto aos extrativistas e adicionou um pouco mais de R$ 5 mil sem beneficiá-lo, só

acrescentando seus custos de comercialização e sua margem de comercialização, o qual é

acrescentado de forma aleatória. A indústria de transformação obteve uma renda de R$

166,00, oriunda das vendas aos consumidores locais e corresponde ao mesmo valor de compra

junto ao setor da produção (Gráfico 9).

Ressalta-se que na formação da RBT a nível local aproximadamente 34% foi oriunda

das vendas ao exterior (classificado no mercado nacional), realizada pela indústria de

beneficiamento.

Com relação à RBT gerada a nível estadual, orçada em mais R$ 668,5 mil, o varejo

urbano (grandes comerciantes) comprou R$ 186,3 mil deste recurso junto ao setor de

atacadista estadual e varejo urbano local e se destacou pela agregação, em torno de R$ 173,9

mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 360,2 mil (54% da RBT estadual), obtidos com

a venda direta para o consumidor final estadual. Já o setor atacadista comprou as sementes de

cumaru junto ao setor da produção e do atacado local no valor superior a R$ 261,7 mil e

agregou ao recurso um valor em torno de R$ 46,6 mil, gerando deste modo uma renda bruta

de um pouco mais de R$ 308,3 mil com as vendas para o varejo urbano estadual (Gráfico 9).

E por fim, a renda estimada no mercado nacional no valor de R$ 753,5 mil, gerada

pela ação do setor de varejo urbano (composto pelo comércio exterior e as redes de

supermercado nacional) que comprou mais de R$ 578,4 mil das sementes de cumaru junto à

indústria de beneficiamento e ao setor atacadista, localizados na região do Baixo Amazonas, e

as vendeu com uma agregação de valor de R$ 175,1 mil aos consumidores finais nacionais

(Gráfico 9).

4.2.4 Malva

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

malva.

Foram entrevistados dois agentes mercantis (atravessadores) os quais atuam, em

média, há 15 anos no ramo. A partir desses atravessadores, foi possível identificar a

participação dos outros agentes que constituíram esta cadeia.

76

O Quadro 4 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização

deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.

QUADRO 4 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da malva da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Agentes responsáveis pela extração de fibras vegetais. Esses

agentes realizam a extração da fibra através do processo de

maceração em água corrente ou parada;

Varejo rural Pequenos comerciantes ou atravessadores do interior dos

municípios que compram dos produtores.

Estadual Indústria de

transformação

Indústria têxtil localizada no âmbito estadual, que beneficia o

produto e revende para o consumidor nacional.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os entrevistados informaram que a malva, planta nativa da Amazônia, é cultivada em

áreas de várzea em consórcio com a juta. Ressaltaram ainda que a fibra deste vegetal, parte

utilizada na comercialização, é extraída da haste, por meio de um processo de maceração,

realizado pelos produtores. Após esta etapa de beneficiamento, o produto é transacionado dos

produtores para os atravessadores. Esses últimos agentes recolhem a fibra diretamente nas

casas dos produtores e, posteriormente, armazenam em um galpão até o momento da venda

para a indústria de transformação estadual (indústria têxtil), localizada no município de

Castanhal (RI Guamá). Os fardos de malva são transportados para a indústria por meio de

barcos fretados pelos atravessadores. A indústria de Castanhal, a partir do produto beneficiado

pelos produtores, produz sacos utilizados para embalar diversos produtos (café, batata, cacau,

castanha, amendoim, entre outros), telas naturais, fios e outros materiais. Ademais, esta

indústria financia 25 % da produção por meio de sementes, garantindo dessa forma a

transação da malva com esses produtores.

No município de Curuá, um representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais

relatou que a malva e a juta são culturas que apresentam potencial neste município.

Entretanto, algumas comunidades com interesse em produzir essas culturas, ainda encontram

dificuldades em adquirir sementes.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg) entre os setores mercantis da cadeia da malva.

O canal de comercialização da malva identificado é simples e indireto, pois abrange

dois setores intermediários que participam da cadeia de comercialização da fibra. O varejo

rural comercializou 100% da quantidade identificada da malva produzida na região, que foi

77

comprada diretamente dos produtores locais ao preço médio de R$ 1,50/kg da fibra e vendida,

exclusivamente, para a indústria de transformação estadual, localizada em Castanhal-PA (RI

Guamá), no valor de R$ 1,70/kg (Figura 12). Após processo de transformação este setor

vendeu 100% do produto, na forma de sacarias de fibras naturais, para atender consumidores

nacionais e internacionais (principalmente grandes empresas cafeicultoras), por ser a

embalagem adequada.

FIGURA 12 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) da malva na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a

2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização da malva.

VBP oriundo da oferta da fibra da malva, a partir da região do Baixo Amazonas e,

contabilizado em um valor superior a R$ 1,6 milhão, formou-se com a participação

preponderante dos setores inseridos no mercado local, os quais receberam mais de R$ 1

milhão e, a nível estadual, com a participação somente do setor de indústria de transformação

que adquiriu aproximadamente R$ 610,3 mil, sob a ótica da oferta (Gráfico 10).

78

GRÁFICO 10 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização da malva da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Do VBP constituído no mercado local, o valor bruto da produção local (VBPα), isto

é, setor dos agentes mercantis que realizam o cultivo e o beneficiamento primário da planta

(malva), recebeu um valor próximo a R$ 481,8 mil, conforme o Gráfico 10, e, refere-se às

vendas realizadas ao setor varejista rural, setor intermediário local que na cadeia de

comercialização deste produto teve o papel de compra de toda a produção, junto ao setor da

produção, e venda (repasse) ao setor de transformação, localizado fora da RI Baixo

Amazonas, mas que na região atua através da compra garantida, que enuncia o financiamento

de parte da produção, que corresponde ao fornecimento de forma parcial e/ou integral de

semente, já que agentes do setor da produção não têm subsídios do Governo para a compra da

mesma, e deste modo, a indústria, garante não só a compra de toda produção do produto

(sendo que parte dela foi entregue como pagamento das sementes fornecidas) já transformado

em fibra, mas como mantém um fornecimento regular do insumo que ela necessita. De

maneira geral, os produtores de malva são ribeirinhos, que comercializaram a produção sem

ter que se deslocar de sua propriedade, pois os agentes mercantis do setor de varejo rural se

responsabilizam pela busca da produção no local de armazenamento, isto é, se

responsabilizam pelo transporte (marítimo). Tal processo de comercialização aconteceu com

maior intensidade no município de Juruti. Este valor recebido pelo setor da produção teve

uma representatividade de aproximadamente 47% do VBP contabilizado no mercado local,

pela ótica da oferta.

79

O setor de varejo rural, onde estão arranjados os atravessadores, recebeu pelas vendas,

da fibra da malva, um valor superior a R$ 546 mil, que corresponde a 53% da renda gerada a

nível local, oriundo das vendas para a indústria de transformação estadual (Gráfico 10).

Com relação ao VBP formado no mercado estadual, estimado em R$ 610,3 mil

(Gráfico 10), houve a participação exclusiva do setor de indústria de transformação, que

corresponde a uma indústria do setor têxtil localizada no município pólo da RI Guamá, que

por sua vez, vende tudo o que processou, a partir da fibra da malva, para o consumidor final

nacional. Entre as áreas de atuação desta indústria, uma delas é a de fornecer insumo e/ou

produtos beneficiados (fios, telas e sacolas) provenientes da biodiversidade amazônica para

outras indústrias da cadeia produtiva têxtil no âmbito nacional. Este setor atua na região do

Baixo Amazonas, assim como, no Estado do Pará e do Amazonas na condição de

monopsonista, pois além de concentrar toda a produção de fibras desses espaços geográficos,

tem o poder de influenciar no preço.

Diante dos valores estimados para o VBP, sob a ótica da oferta, na comercialização

deste produto, depreende-se que estes poderão atingir patamares maiores, pois o mercado

consumidor está em ascensão, uma vez que as demandas por embalagens ecologicamente

corretas (intituladas como ecobags) são crescentes e, sendo assim, exigirão mais produção de

fibras têxteis, dentre as quais a malva, por estar ganhando cada vez mais espaço no mercado

(nacional/internacional) em substituição aos populares sacos plásticos, já garantidos por lei

em alguns Estados da Federação, como Minas Gerais e São Paulo (a partir de janeiro de

2012). Este aumento na demanda de fibras significa um novo ciclo no uso desses produtos.

d) VAB - gerado na comercialização da malva e a margem de comercialização de

cada setor (%).

O VAB ao longo da cadeia de comercialização da malva, desde o setor alfa

(produção local) da RI Baixo Amazonas até a demandante final, contabilizou mais de R$

610,2 mil (Gráfico 11), o qual desencadeou uma margem bruta de agregação de valor ao

produto, ou mark-up total, na comercialização de 27%. Esta margem mostra percentualmente,

o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização, a partir do valor das

vendas do setor alfa, e o seu calculo se dá pela relação entre a diferença do valor estimado

para o VAB formado ao longo da cadeia (mais de R$ 610,2 mil) e VBPα

(em torno de R$

481,8 mil), pelo valor do VBPα

(R$ 481,8 mil). Depreende-se também que, quando se

analisou a agregação de valor por mercado, o local foi responsável por mais de 89% do VAB

total, adicionados ao longo da cadeia, enquanto que o sistema estadual adicionou o restante,

aproximadamente 11%. É importante ressaltar, que o valor estimado do VAB, inclui todos os

80

custos de beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não foram captados

pela pesquisa. E, demonstra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ou agregado, ao

longo de toda a cadeia de comercialização do produto, em análise, a partir do setor alfa (α),

por ações de beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto

adquiriu, antes da demanda final.

GRÁFICO 11 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização da malva da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No que diz respeito ao VAB formado no mercado local, estimado na ordem de R$

546 mil, o setor de varejo rural, ou seja, os atravessadores que atuam como o elo na

comercialização entre os agroextrativistas e a indústria de transformação localizada fora da

região do Baixo Amazonas, adicionaram mais de R$ 64,2 mil e, constituiu um valor de mark-

up de 13%, proveniente do baixo preço médio (Pç/kg) pago aos agroextrativistas, tendo como

referencia o preço médio que será pago pelo setor de transformação (Gráfico 11). Com

relação à margem de comercialização (mark-up) do setor, isto é, mark-up do setor, foi

calculado pela relação entre o VAB realizado pelo setor, no valor de R$ 64,2 mil , pelo valor

de R$ 481,8 mil, que corresponde ao VBP estimado pela ótica da demanda, equivalente a

compra de insumos realizada pelo setor.

No entanto, o setor que mais agregou valor a nível local (assim como ao longo de toda

cadeia) à malva foi o da produção, pois adquiriu uma expressiva participação, pelo fato dos

agentes mercantis deste setor terem adicionado o equivalente a R$ 481,8 mil, o que corresponde

81

a mais de 88% do que foi adicionado no mercado local (e, 79% do VAB total), pois este agente

além de ter realizado o cultivo da planta, foi também, quem realizou o beneficiamento primário

do produto, que em termos gerias, significou processos desencadeados artesanalmente: a

colheita, corte e formação de feixes do caule da planta antes da maceração realizada na água do

rio, a fim de se obter a fibra. Convém ressaltar, que este setor transaciona o valor efetivo

somente no que se refere às vendas deste produto, e por isso, não se tem como calcular o mark-

up. (Gráfico 11). Frisa-se que no valor estimado do VAB do setor da produção, excluíram-se os

custos de produção e de mão de obra de auxiliares (meeiros).

Já o valor adicionado pelo setor do mercado estadual, orçado em R$ 64,2 mil, ficou

sob a responsabilidade da indústria de transformação e, apresentou um mark-up de 12%

(Gráfico 11), com o processamento da fibra da malva em fios, telas e sacarias e/ou produtos

acabados, tal como bolsas e sacolas (este em parceria).

Portanto, no que se refere à agregação de valor ao longo da cadeia da malva, orçado

em um valor superior a R$ 610,2 mil, observou-se que os agroextrativistas da região em

estudo, conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto na região

quanto fora dela, pelas suas ações de beneficiamento que os agentes deste setor realizam antes

dos demandantes intermediários.

e) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização da malva.

A renda bruta total gerada (RBT) na comercialização deste produto, a partir da RI

Baixo Amazonas, foi contabilizada na ordem de R$ 1,6 milhão. Este valor se formalizou a

partir da soma de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda) com o valor que foi

adicionado (VAB) pelos setores ao longo da cadeia de comercialização da fibra de malva. Na

formação do valor da renda bruta gerada, o sistema local foi responsável por gerar 63% do

montante e o sistema estadual 37% (Gráfico 12).

Fazendo a análise por setor, o da produção (α) obteve uma renda bruta, ao longo da

cadeia, no valor de R$ 481,8 mil, que corresponde a 29% da RBT total, resultante das vendas

da fibra da malva para o setor da demanda intermediária, que compõem o mercado local

(Gráfico 12). O setor de varejo rural (atravessadores), por sua vez, gerou uma renda bruta no

valor de R$ 546 mil (33% da RBT total gerada) com o “repasse” ao setor de transformação

desta fibra fora da região, resultante da soma do valor de compra de insumo de R$ 481,8 mil

com o valor adicionado de R$ 64,2 mil. A soma das rendas brutas geradas pelos dois setores

citados, em mais de R$ 1 milhão, corresponde a RBT gerada e circulada no sistema local, ou

seja, na região de integração em análise.

82

GRÁFICO 12 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização da malva,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

E por fim, a RBT gerada no sistema estadual, no valor acima de R$ 610,2 mil

(Gráfico 12), que ficou a cargo do setor de indústria de transformação estadual (indústria

têxtil), oriundo da soma do valor de compra de insumo (VBP, ótica da demanda) realizado

pelo setor, no valor de R$ 546 mil, junto aos atravessadores, localizado na região do Baixo

Amazonas, com o valor de agregação na ordem de R$ 64,2 mil, antes das transações com os

consumidores finais nacionais, que em termos gerais, significou o consumo de outras

empresas da cadeia produtiva têxtil.

4.2.5 Copaíba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

copaíba.

Foram identificados dezessete agentes mercantis do óleo da copaíba, que também

comercializam outros produtos, na sua maioria estudados nesta pesquisa, como plantas

medicinais (arapari, aroeira, assacu, barbatimão, breu-branco, caju do mato ou cajuaçu,

carapanaúba, casca de ipê-roxo, casca de sucuúba, casca de uxi, jucá, leite de amapá, óleo de

andiroba, óleo de cumaru, óleo de piquiá, pata-de-vaca, preciosa, quinarana, semente de

cumaru, unha-de-gato, uxi-amarelo e verônica), cipós (timbó, timbuí e titica), fibras (taboa,

junco e o curauá), frutos (açaí, bacaba, bacuri, buriti, cacau, cupuaçu, muruci, taperebá e o

tucumã), artesanatos e utensílios (jamanxim, vassoura regional e semente de morototó),

83

castanha-do-brasil, mel, urucum, carvão e a borracha. Os agentes que atuam no mercado já

trabalham neste ramo há 21 anos em média (variação entre 5 e 63 anos). O Quadro 5

descreve os setores identificados na comercialização da copaíba na RI Baixo Amazonas.

QUADRO 5 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da copaíba da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas, ribeirinhos e colonos que não têm na atividade de

extração da copaíba sua principal fonte de renda. A produção é

entregue envasada em garrafas pet e de vidro;

Varejo rural Atravessadores que compram diretamente de vários

extrativistas e revendem para os consumidores locais;

Indústria de

beneficiamento

Empresa que realiza o beneficiamento (retirada de impurezas)

dentro dos padrões de qualidade, localizada no município de

Óbidos, que atua no mercado brasileiro, com atacadistas e

indústrias, incluindo as multinacionais do setor de cosmético e

perfumaria;

Indústria de

transformação

Associação de saúde popular que utiliza a copaíba como

matéria-prima para manipular remédios caseiros, localizada na

cidade de Monte Alegre;

Atacado

Setor que realiza a compra diretamente com a produção e

vende para o setor varejista. Neste setor existem dois tipos de

atacadistas: uma cooperativa que administra três associações

das comunidades da “Flona Tapajós” e realiza o

beneficiamento (retirada de impurezas) dentro dos padrões de

qualidade de exportação e, uma associação de comunidades

remanescentes de quilombos, no município de Oriximiná;

Varejo urbano Feirantes que comercializam a copaíba como medicinal em

pequenas quantidades para o consumidor final.

Nacional Varejo urbano Atacadistas e indústrias, incluindo as multinacionais do setor

de cosmético e perfumaria.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na Figura 13 observam-se os principais pontos de comercialização da copaíba

identificados em campo. No município de Monte Alegre a comercialização se concentra na

localidade de Serra Azul, enquanto que no município de Prainha nas comunidades do Marizal,

Macoapi e Alto Caminaú. De modo geral, em toda região há uma quantidade expressiva,

porém pouco comercializada.

Dos 17 agentes, 12 afirmaram possuir de um a dois armazéns com dimensões de 9m2

a 800m2. Com relação a meios de transporte oito agentes (2 atravessadores, 5 feirantes e 1

comerciante) possuem de um a dois veículos do tipo caminhão, caminhonete, barcos e motos.

Os extrativistas utilizam equipamentos como terçados, trado para a extração, recipientes com

84

capacidade de 600 ml, balança de 1.000 Kg e, para coleta, vasilhames para armazenar a seiva

ou óleo da copaíba.

FIGURA 13 - Localização dos agentes mercantis da copaíba na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os produtores/extrativistas entrevistados, de acordo com sua localização, possuem

áreas de coleta em diversos locais como Serra Azul em Monte Alegre (20 ha), Cristalino (49

ha), Flona Tapajós (500 ha) e Oriximiná (100.000 ha).

Com relação ao armazenamento, a ausência de um espaço físico maior dificulta o

trabalho com o produto, e este foi o problema mais citado pelos agentes.

O produto é comercializado durante todo ano e existem varias pessoas envolvidas

nesta atividade de extração do óleo. Uma cooperativa possui 80 associados e outra com 28

funcionários fixos. O valor pago fica em torno de um salário mínimo para os associados e

funcionários fixos, sendo que os contratados no período de safra recebem diárias de R$ 15,00

a R$ 20,00. Os extrativistas dividem a renda total em partes iguais pelos membros da família.

Todavia existem muitas dificuldades neste setor tais como a ausência de recursos, de

financiamentos, de assistência técnica para capacitação dos extratores e para melhoria da

infraestrutura das estradas para escoar a produção.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de copaíba.

Na Figura 14 verifica-se o principal canal de comercialização envolvendo o setor da

indústria de beneficiamento local, o qual compra 78% da produção local, vende para os

85

varejistas urbanos nacionais (setor de cosmético e perfumaria). O setor do varejo urbano local

compra 18% da produção e 1,6% do setor atacadista local (associação de comunidades

remanescentes de quilombos) e vende 19,6% diretamente para os consumidores locais,

justificando o alto consumo da copaíba para fins medicinais.

O setor do atacado local comercializa 2,3% da quantidade identificada, compra

diretamente dos produtores e vende 1,6% para o varejo urbano, como antes citado, mas

também vende 0,7% para o varejo urbano nacional, mais precisamente para o mercado

internacional (França e Alemanha). Neste caso o atacadista é uma cooperativa que atua como

atravessadora, pois tem atestado de origem para exportar o óleo de copaíba através do

Ministério da Agricultura.

FIGURA 14 - Estrutura (%) da quantidade amostral da copaíba comercializada na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na cadeia da copaíba foi identificada a presença da indústria de transformação local

(associação), que atua na manipulação de remédios e comercializou somente 0,1% da

produção e vendeu diretamente para o consumidor local. Destaca-se também a venda direta

dos extratores para o consumidor local com 0,1% da produção identificada.

Na cadeia de comercialização da copaíba existem dois tipos de produtores, aqueles

que extraem o óleo em larga escala para atender os setores da indústria de beneficiamento e

do atacadista e, aqueles produtores que extraem quantidades menores para atender os

atravessadores, os feirantes e os consumidores finais.

86

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da

copaíba, no período de 2009 a 2010.

O preço médio do litro da copaíba oscila de acordo com o mercado consumidor, a

quantidade ofertada e a comercializada. Portanto, a variação do preço da copaíba praticado

pelo setor da produção local varia de R$ 9,79/l na venda para o varejista rural

(atravessadores), R$ 8,55/l para a indústria de beneficiamento local, R$ 15,00/l com a

indústria de transformação local, R$ 11,79/l com o atacadista local, R$ 20,37/l com o varejo

urbano local e R$ 15,00/l com o consumidor local (Figura 15).

De acordo com o principal canal da cadeia de comercialização, o setor da indústria

de beneficiamento local compra da produção a R$ 8,55/l em média, sendo este o menor preço

médio de venda praticado pelos extrativistas. A justificativa é que esta empresa é antiga no

mercado de óleos na região do Baixo Amazonas e compra em maior quantidade.

FIGURA 15 - Preço médio da copaíba (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O setor atacadista adquire a copaíba por R$ 11,79/l e vende para o varejo urbano

local a R$ 13,75/l e para o varejo urbano nacional a R$ 30,00/l, neste caso vai para o mercado

exterior.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do óleo de

copaíba.

Os agentes que comercializaram o óleo de copaíba, a partir da RI Baixo Amazonas,

receberam algo em torno de R$ 1,1 milhão, que corresponde ao valor estimado do VBP total sob á

87

ótica da oferta. Na formação deste valor, houve o predomínio dos agentes mercantis constituídos

nos setores que compõem o mercado local, os quais canalizaram mais de R$ 779 mil, que

corresponde a 71% do VBP total. Já o restante, estimado em R$ 315,1 mil (29% do VBP total) foi

recebido pelo setor do mercado nacional, conforme o Gráfico 13. Depreende-se, no entanto, que

diferente da oferta, a demanda aconteceu com maior frequência no mercado nacional, pois

representou 79% da demanda total, que, em termos específicos, corresponderam à demanda

internacional. O mercado local consumiu 21% do óleo da copaíba ofertada.

GRÁFICO 13 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do óleo de copaíba

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Do VBP recebido pelos agentes mercantis que compõem os setores do mercado

local, os extrativistas, agrupados no setor da produção, contabilizaram mais de R$ 320,2 mil

(41% do VBP local), que corresponde ao VBPα pela oferta do óleo de copaíba, conforme o

Gráfico 13. Deste valor, aproximadamente 100% (R$ 319,7 mil) foram oriundos da venda

aos setores que compõem a demanda intermediária local, com predomínio para a indústria de

beneficiamento, com uma participação de 62% (R$ 198 mil) e, em torno de 34% (mais de R$

109 mil), para os agentes mercantis do setor varejista urbano. O restante do VBPα, R$ 403,00,

foi oriundo das vendas realizadas pelo setor da produção/extração diretamente aos

demandantes finais locais, ou seja, transações com os consumidores pertencentes a RI Baixo

Amazonas.

Com relação aos valores (VBP) adquiridos pelos outros setores que compõem o

sistema local, o atacadista, composto por uma cooperativa mista atuante na FLONA Tapajós e

88

associações remanescentes de quilombo do município de Oriximiná, receberam juntas, em

torno de R$ 12,3 mil (menos de 2% do VBP local) (Gráfico 13), sendo que deste valor, 53%

foram provenientes das vendas do óleo de copaíba para o varejista urbano local, sob

responsabilidade da associação remanescente de quilombo e, 47% foram vendidos para o

varejo urbano nacional, sob responsabilidade da cooperativa. Salienta-se, no entanto, que o

varejista nacional citado, correspondeu com as transações realizadas pela cooperativa mista

com o comércio exterior.

Tanto o setor de varejo urbano (setor onde estão inseridos os agentes mercantis que

atuam como feirantes e os que comercializam este produto em mercearias e/ou tabernas),

como o setor de varejo rural (atravessadores) venderam diretamente aos demandantes finais

locais, ou seja, aos consumidores da própria RI Baixo Amazonas, e arrecadaram

aproximadamente R$ 193 mil e R$ 5,5 mil, respectivamente (Gráfico 13). Com relação ao

valor (VBP) adquirido pelo setor de indústria de beneficiamento (e exportação situada no

município de Oriximiná), orçado em R$ 247,6 mil aproximadamente (32% do VBP local),

correspondeu às vendas ao varejo urbano nacional, que na respectiva cadeia de

comercialização refere-se às transações com agentes mercantis de outros países, tais como,

Estados Unidos e China. E, por fim, a indústria de transformação, setor onde esta arranjada

uma associação do município de Monte Alegre, adquiriu R$ 538,00 advindos das vendas aos

consumidores finais locais, vendas realizadas quase sempre sob forma de encomendas.

O VBP estimado no mercado nacional em R$ 315,1 mil se refere às vendas do varejo

urbano aos consumidores finais nacional. Este valor estimado foi alusivo as transações

realizadas entre os agentes mercantis localizados no exterior (Gráfico 13).

e) VAB - gerado na comercialização do óleo de copaíba e a margem de

comercialização de cada setor (%).

Na cadeia de comercialização do óleo de copaíba, o VAB, desde o setor alfa da

extração/produção da RI Baixo Amazonas, até os demandantes finais, foi orçado em R$ 514,5

mil, sendo os setores do mercado local responsável por 88% deste valor e, o setor do mercado

nacional formalizou o restante (12%) (Gráfico 14). Este valor estimado para o VAB, o qual é

equivalente ao Valor Transacionado Efetivo (VTE), constituiu uma margem bruta de

agregação de valor ao produto ao longo de toda a cadeia de comercialização, ou mark-up

total, de 61%, medido a partir da relação entre a diferença do VAB (R$ 514,5 mil) com VBPα

total (em torno de R$ 320,2 mil), pelo VBPα

total (de R$ 320,2 mil). Esta margem demonstra,

em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização

do produto em análise, a partir do setor alfa (α), por ações de beneficiamento, transformação

89

e/ou majoração de preço que este produto adquiriu, antes da demanda final. É importante

frisar que o valor do VAB inclui todos os custos de beneficiamento e comercialização do

produto analisado, que não foram captados pela pesquisa. Assim como a proporção deste

produto utilizado para a produção de um produto final, tal como, as pílulas de copaíba.

GRÁFICO 14 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do óleo de copaíba da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Deste modo, entre os setores do mercado local que agregaram valor e, os seus

respectivos mark-up (margem de comercialização por setor), o setor da produção, constituído

pelos agentes mercantis extrativistas, obteve uma participação predominante para a formação

do VAB Total, pois agregou o equivalente a R$ 320,2 mil, que correspondeu a mais de 70 %

do adicionado ao longo da cadeia no âmbito local, pois foi quem realizou o beneficiamento

primário do produto, que a grosso modo, significa a retirada do óleo do tronco da árvore com

auxílio do trado, que perfura sem danificá-lo de forma tradicional e sustentável, juntamente

com o envasamento em garrafas PET (geralmente de 2 litros) e/ou carotes (de 600 ml), ambos

oriundos do reaproveitamento. Convém ressaltar, que o setor da produção transacionou o

valor efetivo somente no que se referiu às vendas do produto e, por isso, não se estimou o

mark-up do setor (Gráfico 14).

Já o valor adicionado pelo varejo urbano, setor de representação dos feirantes e

comerciantes de pequenos estabelecimentos (mercearia e/ou tabernas) dos doze municípios da

RI Baixo Amazonas, orçado em mais de R$ 77,3 mil (17% do VAB local), foi desenvolvido

90

através da majoração de preço realizada simultaneamente com o fracionamento do produto

em frascos menores, e por estes processos, constituiu o maior mark-up entre os setores ao

longo de toda cadeia, estimado em 67% (Gráfico 14), calculado pela relação do VAB do setor

(R$ 77,3 mil), pelo Valor Bruto da Produção (VBP), pela ótica da demanda, em torno de R$

115,6 mil, que corresponde a compra de insumos realizada pelo setor. Por sua vez, o setor

atacadista (composto por associações de quilombos e cooperativa mista) adicionou um valor

superior a R$ 4,4 mil (equivalente a 1% do VAB local) e, constituíram um mark-up de 56%.

Este setor adicionou valor de duas formas distintas, devido os agentes terem nichos de

mercado bem diferentes, pois enquanto a cooperativa adicionou valor quando realizou a

padronização do produto (envasamento em garrafas de vidro, rótulos com informações do

produto e certificado de origem), de acordo com as normas de comercialização impostas pelos

órgãos de fiscalização de alimentos, quanto a majoração de preços, antes das vendas ao

comércio exterior. As associações, por sua vez, adicionaram valor com a utilização dos

processos de majoração de preços, antes da comercialização com os agentes mercantis do

setor de varejo urbano local.

Ainda no mercado local, a indústria de beneficiamento (e exportação) adicionou o

equivalente a R$ 49,6 mil (11% do VAB local) e constituiu um mark-up de 25% (Gráfico

14), com padronização do produto de acordo com as normas de comercialização impostas

pelos órgãos de fiscalização de alimentos (envasamento em garrafas de vidro, rótulos com

informações do produto e certificado de origem), e majoração de preços, antes das vendas ao

comércio exterior, ou seja, praticamente os mesmos processos verificados na cooperativa

mista. O setor de varejo rural, por sua vez, adicionou R$ 1,1 mil com as vendas aos

consumidores da RI Baixo Amazonas, apenas com aumento de preço, tendo como referencial

os custos de comercialização, e obteve um valor de mark-up de 25%. E, a indústria de

transformação agregou R$ 107,00 pela utilização (de uma proporção não determinada) do

óleo de copaíba na preparação de pílulas, utilizadas pelas famílias da RI Baixo Amazonas

como antiinflamatórios.

O VAB estimado para o mercado nacional, mais especificamente pelo setor varejo

urbano alcançou R$ 61,8 mil e, mark-up de 24%, obtidos com as vendas aos consumidores

nacionais (Gráfico 14).

Portanto, no que se referiu ao VAB, equivalente ao valor tracionado efetivo total,

constituído ao longo da cadeia de comercialização do óleo de copaíba, orçado em mais de R$

514,5 mil, observou-se a proeminente participação dos extrativistas, classificados como setor

da produção, já que o seu valor adicionado correspondeu a mais de 62% deste valor, pois

91

realizou tanto a extração quanto o envasamento do produto. Enquanto que os setores da

demanda intermediária só agregaram valor pelos processos de majoração de preço,

fracionamento do produto e, em alguns setores, padronização das embalagens por exigências

externas. É importante ressaltar, que o valor agregado pelo setor da produção só não foi

maior, pelo fato deles ainda utilizarem no processo de envasamento do produto garrafas

reaproveitadas, propiciado pela falta de capital e/ou organização dos extrativistas imporem

barreiras ao padrão de comercialização exigível.

f) RBT, gerada pela ótica da demanda, na comercialização do óleo de copaíba.

A renda bruta total (RBT) contabilizada na ordem de R$ 1,1 milhão, gerada na

comercialização do óleo de copaíba, a partir da região do Baixo Amazonas, forma-se pela

soma do valor da compra de insumo, que corresponde ao VBP (pela ótica da demanda) com o

valor do VAB (≈VTE) constituído ao longo da cadeia de comercialização. Desta maneira, o

sistema local foi responsável por gerar 71% do montante do valor da renda bruta, e, o restante,

39%, foram gerados no sistema nacional, que na respectiva cadeia, tratou-se do comércio

exterior (Gráfico 15).

Fazendo a análise somente das rendas constituídas pelos setores do sistema local,

com renda bruta gerada em aproximadamente R$ 779 mil, o setor da produção (α) foi quem

obteve a maior renda, ao longo de toda cadeia de comercialização, calculada em R$ 320,2 mil,

que corresponde a 41% da renda gerada a nível local e, aproximadamente 30% da renda total

gerada, resultante das vendas do óleo de copaíba para os setores da demanda intermediária

local (sendo mais da metade para indústria de beneficiamento) e para os consumidores finais

locais (Gráfico 15). O varejo urbano que obteve valor adicionado, em torno de R$ 77,3 mil,

após a compra de insumos, no valor R$ 115,6 mil, junto aos extrativistas e atacadistas,

gerando uma renda bruta no valor de aproximadamente a R$ 192,9 mil com as vendas para os

consumidores locais. O setor atacadista gerou uma renda bruta no valor de R$ 12,3 mil com

as vendas para o varejo urbano local e nacional (comércio exterior), resultante da compra de

insumo no valor de R$ 7,9 mil (VBP, ótica da demanda) junto ao setor da produção e

agregação de R$ 4,4 mil (Gráfico 15).

92

GRÁFICO 15 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do óleo de

copaíba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Fazendo a análise somente das rendas constituídas pelos setores do sistema local,

com renda bruta gerada em aproximadamente R$ 779 mil, o setor da produção (α) foi quem

obteve a maior renda, ao longo de toda cadeia de comercialização, calculada em R$ 320,2 mil,

que corresponde a 41% da renda gerada a nível local e, aproximadamente 30% da renda total

gerada, resultante das vendas do óleo de copaíba para os setores da demanda intermediária

local (sendo mais da metade para indústria de beneficiamento) e para os consumidores finais

locais (Gráfico 15). O varejo urbano que obteve valor adicionado, em torno de R$ 77,3 mil,

após a compra de insumos, no valor R$ 115,6 mil, junto aos extrativistas e atacadistas,

gerando uma renda bruta no valor de aproximadamente a R$ 192,9 mil com as vendas para os

consumidores locais. O setor atacadista gerou uma renda bruta no valor de R$ 12,3 mil com

as vendas para o varejo urbano local e nacional (comércio exterior), resultante da compra de

insumo no valor de R$ 7,9 mil (VBP, ótica da demanda) junto ao setor da produção e

agregação de R$ 4,4 mil (Gráfico 15).

Ainda no sistema local, a indústria de beneficiamento comprou o óleo de copaíba de

extratores da RI Baixo Amazonas no valor de R$ 198 mil, constituindo-se desta forma maior

demandante deste produto no âmbito local, e os vendeu com uma agregação no valor de R$

49,6 mil para o mercado nacional (internacional), obtendo uma renda bruta de

aproximadamente R$ 247,6 mil (Gráfico 15). E, o varejo rural, gerou uma renda de R$ 5,5

93

mil com as vendas aos consumidores locais, advindo da soma do valor de compra do produto,

estimado em R$ 4,4 mil junto aos extrativistas e agregação de aproximadamente R$ 1,1 mil.

A indústria de transformação formou uma renda bruta de R$ 538,00 oriundo da soma da

compra de insumo ao setor da produção/extração no valor de mais de R$ 430,00 e agregação

de R$ 107,00.

Já o valor da RBT estimado para o mercado nacional, em R$ 315,1 mil (31% da RBT

total) (Gráfico 15), corresponde às transações realizadas pelos setores localizados a nível

internacional, seja para utilização deste produto para consumo seja para utilização como

insumo na preparação de outros produtos finais. Este valor foi resultante da soma da compra

do óleo de copaíba realizado pelo setor de varejo urbano no valor de R$ 253,3 mil junto ao

setor atacadista e indústria de beneficiamento, ambos localizados no mercado local, ou seja,

agentes mercantis da RI Baixo Amazonas e, do valor adicionado pelo setor de R$ 61,8 mil.

4.2.6 Cupuaçu

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cupuaçu.

Foram entrevistados vinte e dois agentes que comercializam o cupuaçu (Figura 16),

sendo que apenas um trabalha exclusivamente com o cupuaçu, e os demais trabalham com

outros produtos, tais como: óleo de andiroba, óleo de copaíba, polpa de frutas (cacau, açaí,

tucumã, buriti, bacuri, muruci e taperebá), castanha-do-brasil, leite de sucuúba, cipó-timbó,

carvão, esteira de taboa, mel, breu-branco, urucum e látex. Do total dos entrevistados, quatro

são feirantes, nove comerciantes, cinco produtores e quatro atravessadores (entre eles um

sindicato e uma cooperativa). Os agentes trabalham neste ramo há 16 anos em média

(variação de 8 meses a 20 anos). É importante frisar que existem outros agentes que

comercializam este produto na região. O Quadro 6 mostra a caracterização dos agentes

envolvidos na comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores e

mercados.

Quanto à infra-estrutura desses comerciantes, foram verificados que quatro

produtores possuem propriedade rural com áreas de 12 a 50 ha, localizadas em Monte Alegre,

Terra Santa e Juruti. Do total de agentes (22), doze possuem armazém com dimensões entre

6m2 a 75m² onde são dispostos os equipamentos utilizados para fabricação da polpa e/ou

armazenagem do produto. Com relação aos equipamentos, onze possuem freezers - com

capacidade de 180L, 250L e 500L, e, geladeiras, despolpadeiras, liquidificador industrial,

câmara fria, selador de embalagem plástica, dosador, máquina de fabricação de sorvete e

picolé, fogão industrial, baldes em inox, peneiras, terçados, balanças de 60 Kg, caixas de

94

isopor de 70 L, além de equipamentos individuais para manipulação do produto, como: luvas,

tesouras, e toucas de proteção capilar.

FIGURA 16 - Localização dos agentes mercantis do cupuaçu na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O tempo de trabalho é o ano todo, em horário comercial e, o valor pago à mão de

obra varia de R$ 80,00 a um salário mínimo. A mão de obra dos produtores é basicamente

familiar, a da cooperativa da Flona do Tapajós é composta por 80 cooperados e, os

comerciantes/atravessadores contratam entre três a quatro ajudantes, os quais recebem diárias

que variam de R$ 15,00 a 20,00.

Dentre os problemas relatados pelos agentes, principalmente os que atuam no setor

de beneficiamento/processamento e comercialização de frutas, o que mais desestimula a

continuidade da atividade é a constante queda de energia elétrica, que muitas vezes causa

prejuízos irreparáveis aos produtos refrigerados. Os problemas mais citados enfrentados

cotidianamente com relação à armazenagem são a falta de espaço na câmara fria e nos

freezers. Os meios de transporte mais utilizados são motos, caminhão, barco, carro, bicicletas

e dez agentes fazem uso de caminhonete.

95

QUADRO 6 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cupuaçu da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Agricultores que realizam manualmente a colheita na safra dos

frutos maduros após a queda. A maioria dos produtores realiza

o despolpamento dos frutos artesanalmente (para melhor preço

de venda na safra e entressafra);

Varejo rural Atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram diretamente do setor da produção a polpa de

cupuaçu;

Indústria de

beneficiamento

Agroindústria processadora de polpa de frutas localizada em

Santarém;

Indústria de

transformação

Empresas familiares, pequenas e médias (sorveterias, docerias

e lanchonetes), que realizam transformação da polpa do

cupuaçu em produtos finais, tais como: sorvetes, bombons e

sucos;

Atacado

Uma cooperativa que administra três associações das

comunidades da “Flona Tapajós”. Faz a intermediação da

polpa de cupuaçu dos associados com a

Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB e o

Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR);

Varejo urbano Feirantes e comerciantes que realizam a venda do cupuaçu in

natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor

local;

Nacional

Indústria de

beneficiamento

Agroindústria localizada na cidade de Manaus que faz o

beneficiamento da polpa comprada do setor da produção;

Varejo urbano Comercio varejista (feirantes e supermercados) que

comercializa o cupuaçu em polpa.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Para melhoria na capacidade de produção os agentes declaram que necessitam de

diversos apoios, tais como: investimento e financiamento para produção, para compra de

equipamentos, capacitação para os agricultores com cursos de reciclagem para padronização e

diversificação dos produtos, e sobre cooperativismo/associativismo. No que tange à

comercialização, falta melhoria nas estradas para escoamento do produto até o centro

consumidor, transporte público insuficiente (pois muitas vezes os comerciantes deixam de

cumprir o contrato pela falta de transporte) e cursos sob negociação e conhecimento do

mercado.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu.

Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos doze municípios, se

caracterizam por canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes intermediários

entre a produção local até o consumidor final (Figura 17). O principal nível de canal de

comercialização do cupuaçu identificado com maiores quantidades é composto pelo setor da

96

indústria de beneficiamento local que comercializa 67,7% da quantidade do fruto, sendo

45,9% da produção local e 21,7% do varejo rural, que por sua vez vende diretamente para o

consumidor local. Nesse canal, um ponto relevante é que a indústria de beneficiamento local

adquire a polpa do fruto que passou pelo beneficiamento manual dos frutos, isto é, separação

da polpa das amêndoas com tesoura, para então realizar o beneficiamento industrial para a

polpa ficar mais homogênea e em seguida embalar.

FIGURA 17 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os varejistas rurais, ou seja, os atravessadores adquirem 25,4% da produção

identificada e vendem 21,7% para a indústria de beneficiamento local (polpa cortada com

tesoura), 3,7% para o varejo urbano local (cupuaçu fruto in natura e 0,1% de polpa) e 0,1%

para o consumidor local do fruto in natura. Pois, uma característica comum entre os

atravessadores rurais envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu local é a realização

do beneficiamento primário do fruto, na forma de polpa (Figura 17).

Durante a safra do cupuaçu, ocorre a comercialização direta da polpa entre o

produtor local com o setor do varejo urbano local (11%), com o varejo urbano nacional

(1,3%), neste caso são os feirantes da cidade de Macapá e, com a indústria de beneficiamento

nacional, localizada na cidade de Manaus (6,4%). Além disso, o produtor comercializa

diretamente para o consumidor local (1,1%), na maioria das vezes, o fruto in natura (Figura

17). O setor atacadista local (cooperativa) comprou 3,1% da produção da polpa do fruto,

97

vendeu para a CONAB, e esta repassou para os consumidores finais locais (instituições

ligadas ao programa da CONAB, como prefeituras, escolas, creches e hospitais). Neste caso,

os cooperados também realizaram o beneficiamento manual dos frutos. Na comercialização o

setor da indústria de transformação local (lanchonetes, sorveterias e docerias) também se

envolveu dando preferência por polpas obtidas pelo beneficiamento manual, no montante de

5,9% da produção identificada.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do cupuaçu, no período de 2009 a 2010.

O preço médio de compra de insumo (cupuaçu) praticado pela indústria de

beneficiamento local com os produtores foi de R$ 1,04/un., e com os varejistas rurais R$

0,61/un. (Figura 18). Por outro lado, o preço médio de venda praticado foi de R$ 2,18/un.

para o consumidor final. O varejo rural compra da produção a R$ 0,61/un. e vende a R$

1,15/un. para a indústria de beneficiamento local o fruto beneficiado manualmente, a R$

1,30/un. para os feirantes locais (varejo urbano) o fruto beneficiado manualmente e também in

natura e a R$ 2,00/un. para os consumidores locais somente o fruto in natura.

FIGURA 18 - Preço médio do cupuaçu (R$/un.) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os preços médios de venda de insumo, praticados pelos produtores locais de cupuaçu

(Figura 18), oscilaram entre R$ 0,57/un. e R$ 1,68/un. em função da forma de comercializar

o fruto (in natura ou polpa), pelo processo manual de beneficiamento, pela falta de

98

capacidade de armazenagem, pois a maioria beneficia e vende somente na safra e, pela falta

de infraestrutura adequada para o escoamento da produção.

4.2.7 Mel

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

mel.

A extração do mel foi identificada como atividade alternativa de renda para muitos

produtores rurais na RI Baixo Amazonas, com possibilidade de ocupação para toda família.

Nos doze municípios foram entrevistados vinte e quatro agentes mercantis (Figura 19) que

atuam, em média, há 10 anos no ramo (variação de 5 a 23 anos). Quatorze desses agentes

comercializam somente o mel, os demais trabalham com outros produtos, tais como: breu-

branco, carvão, óleo de castanha-do-brasil, cipós (timbó e titica), frutas ( cajuaçu, cupuaçu,

muruci e uxi), utensílios (abano e tipiti) e produtos medicinais (assacu, barbatimão,

carapanaúba, casca de ipê-roxo, casca de uxi-amarelo, copaíba, jucá, leite de amapá, leite de

sucuúba, óleo de andiroba, óleo de cumaru, óleo de piquiá, pata-de-vaca, quinarana, seiva de

jatobá, seiva de jutaí, semente de cumaru, unha-de-gato e verônica). A seguir a descrição dos

agentes mercantis envolvidos na comercialização do mel (Quadro 7).

FIGURA 19 - Localização dos agentes mercantis do mel na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

99

QUADRO 7 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do mel da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Apicultores responsáveis pela produção, beneficiamento

e envasamento do mel;

Varejo rural

Atravessadores que compram mel diretamente dos

produtores/apicultores e revendem para os consumidores

locais;

Indústria de

transformação

Manipuladores de plantas medicinais que produzem

xaropes e comprimidos contendo mel e comercializam

para os consumidores locais;

Atacado

Composto por prefeitura local e por associações que

adquirem o mel diretamente de apicultores e vendem para

o varejo urbano e para o consumidor final local;

Varejo urbano

Comerciantes e/ou feirantes que compram da produção e

de atacadistas e vendem para o consumidor final local ou

mesmo para o próprio setor.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O crescimento da apicultura na região está relacionado com uma experiência piloto

exitosa, iniciada por uma associação de Alenquer, que se expandiu para mais quatro

municípios (Juruti, Prainha, Oriximiná e Terra Santa), por meio de um projeto iniciado em

2004, de uma organização não governamental que possui diversas entidades filiadas

(sindicatos de trabalhadores rurais, associações de mulheres, colônia de pescadores, entre

outros), com apoio financeiro de uma empresa nacional de petróleo. O objetivo inicial foi

desenvolver a apicultura através da capacitação e aquisição de equipamentos para o manejo

das colméias e manipulação do mel.

Nesse contexto, foram encontrados apiários em áreas rurais e periurbanas, com

criação de abelhas híbridas4 (Apis mellifera) e um caso isolado de meliponicultura

5 da espécie

jandaíra no município de Prainha. A criação de abelha na região estudada é voltada mais para

a produção do mel e, em menor escala, para a produção de insumos (como caixas com

enxame). Os equipamentos utilizados nos apiários são: centrifugador, decantador, melgueira,

peneira, bacia, mesa operculadora, cilindro, fumegador, caixas, baldes, balança, freezer, crivo,

4 A abelha, no Brasil, é um híbrido das abelhas européias com a abelha africana. A variabilidade genética é

muito grande, havendo uma predominância das características das abelhas africanas na região Norte

(EMBRAPA, 2003). 5 Criação de abelhas indígenas sem ferrão, nativas da Amazônia, que contribuem para a conservação, geram

renda e prestam serviços na polinização (VENTURIERI, 2008).

100

coletor de mel e o kit do apicultor com equipamentos individuais. Enquanto que os meios de

transporte mais utilizados são: carro, moto, barco e rabeta6.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel.

Na Figura 20 o principal nível de canal de comercialização do mel identificado com

as maiores quantidades é a compra do atacado local de 57,3% do total da produção

identificada, que vende diretamente para o consumidor local e para o setor do varejo urbano

local. O setor atacadista local apresenta duas peculiaridades: i) associações que vendem o mel

para o varejo urbano (feirantes) com 27,1% da produção identificada e; ii) associações que

comercializam, em seus pontos de vendas, com os consumidores locais 30,2% do produto.

FIGURA 20 - Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Nesse contexto o mel identificado pela pesquisa na região se volta quase totalmente

para o mercado consumidor interno. Outro canal importante é a venda direta do apicultor com

o consumidor local, comercializando 17,8% da produção identificada (Figura 20), propiciada

pela participação dos apicultores em eventos, tal como Feiras de Produtores Rurais nos

municípios que compõem a RI Baixo Amazonas, principalmente em Santarém. Frisa-se

também a comercialização de 1,5% da produção identificada para os consumidores nacionais

(Manaus). Neste caso, são os familiares dos apicultores que residem em Manaus, que

comercializam o mel através de encomendas.

6 Pequena embarcação com motor de popa e hélice traseira, usada em rios e lagos de pouca profundidade.

101

Os feirantes e pequenos comerciantes locais (varejo urbano) compram 8,7%

diretamente dos apicultores e 27,1% do setor atacadista e vendem o mel fracionado para os

consumidores locais. Por outro lado, a indústria de transformação que compra 11,3% da

produção dos apicultores, vende na forma de produtos fitoterápicos para os consumidores

locais. E por último, os atravessadores (varejistas rurais) compram 3,5% da produção

identificada e vendem diretamente, em embalagens de litro, para os consumidores locais

(Figura 20).

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do mel, no período de 2009 a 2010.

Os atacadistas locais e os varejistas urbanos (feirantes e pequenos comerciantes) são

os principais intermediários da cadeia do mel na região. Na Figura 21 destacam-se os preços

médios de venda de mel praticados pelos apicultores com outros setores. O preço médio de

compra do mel praticado pelos atacadistas com os produtores foi de R$ 13,59/l. Por outro

lado, os preços de venda praticados pelo setor atacadista foram: R$ 15,59/l com os varejistas

urbanos e R$ 16,85/l para o consumidor local. O varejo urbano compra da produção a R$

13,93/l e vende para outros varejistas urbanos a R$ 15,00/l (são os feirantes de produtos

medicinais que vendem o mel fracionado) e a R$ 18,03/l para os consumidores locais.

FIGURA 21 - Preço médio do mel (R/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de

comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

102

A indústria de transformação adquire o mel a R$ 14,36/l diretamente dos apicultores

e vendem por R$ 28,52/l (Figura 21), preço justificado pela utilização do mel como matéria

prima principal de xaropes e comprimidos artesanais utilizados pela população local.

A venda direta do mel praticado pela produção local para o consumidor local foi de

R$ 20,50/l e para o consumidor nacional de R $15,00/l. Por último, os atravessadores

(varejista rural) compra o mel por R$ 12,75/l dos apicultores e vende por R$ 27,29/l, por

encomenda, para o consumidor local.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do mel.

O valor recebido pelos agentes que realizaram a venda (oferta) do mel a partir da RI

Baixo Amazonas, estimado na ordem de R$ 236,8 mil, VBP sob a ótica da oferta, se

equalizou exclusivamente no mercado local (Gráfico 16). Em termos gerais, este produto fora

produzido e comercializado com maior freqüência no interior dos municípios que integram a

região. No que tange à demanda deste alimentício, apesar do consumo local ter correspondido

a 99% da oferta, o mercado nacional consumiu o restante, 1%, que corresponde à

comercialização deste alimentício com os consumidores do município de Manaus, no estado

do Amazonas, devido à proximidade com a RI Baixo Amazonas.

GRÁFICO 16 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Do VBP total constituído no mercado local, o valor arrecadado pelo setor da

produção local (VBPα), onde foram arranjados os apicultores, foi estimado em

103

aproximadamente R$ 101,4 mil, equivalente a 43% do VBP total (Gráfico 16). Na

composição deste valor, mais de R$ 75,1 mil (74% do VBPα) foram oriundos das vendas aos

setores que compõem a demanda intermediária, dentre os quais, o setor atacadista foi

responsável por, em torno de, R$ 53 mil, que corresponde a mais de 52% das vendas do setor.

Com relação ao restante do VBPα, este foi oriundo das vendas em que o setor da produção

realizou diretamente aos demandantes finais locais e nacionais, que no total contabilizaram

R$ 26,3 mil, sendo R$ 24,7 mil obtidos a nível local e, R$ 1,5 mil foram das vendas

realizadas aos consumidores nacionais, mais especificamente consumidores da capital do

estado do Amazonas.

Com relação ao VBP arrecadados pelos outros setores que compõem o mercado

local, o atacado, que apresenta em sua composição as associações de apicultores dos

municípios de Alenquer, Juruti, Santarém e Monte Alegre, recebeu um valor equivalente a R$

63,2 mil, que corresponde a 27% do VBP total, pelas vendas tanto para o varejo urbano, com

uma representatividade de 45% deste valor, quanto para o consumidor final local (55%). Faz-

se necessário explicitar que entre essas associações, existem as que concentram a

responsabilidade de venda e posterior repasse aos associados, retendo assim, apenas um

percentual sob a receita para manter a instituição funcionando, denominada de taxa

administrativa. No entanto, na maioria dos casos, a associação realiza a compra junto aos

associados, pagando um preço “justo”, a fim de reter, após a venda, o montante para a

associação. Em seguida, o varejo urbano, categoria dos feirantes e proprietários de pequenas

mercearias e/ou tabernas, constituiu um VBP na ordem de R$ 43,9 mil, sendo 99% oriundos

das vendas realizadas diretamente para o consumidor final local e para agentes do mesmo

setor: transação realizada entre uma farmácia que comprou o produto de um feirante. O setor

de indústria de transformação, categoria onde estão agrupadas as manipuladoras medicinais e

uma associação de Monte Alegre, arrecadou mais de R$ 21,8 mil com as vendas, na sua

maioria, encomendadas pelos consumidores locais. E, o varejo rural, categoria dos

atravessadores, por sua vez, adquiriu um valor próximo a R$ 6,4 mil com as vendas aos

consumidores finais locais (Gráfico 16).

Por tudo isso, dos R$ 236,8 mil gerados pela comercialização do mel a partir da RI

Baixo Amazonas, R$ 101,4 mil corresponderam às vendas dos apicultores, dos quais R$ 26,3

mil foram realizadas diretamente aos consumidores locais e, somente R$ 1,5 mil (1%) foram

oriundos das vendas ao demandante final nacional. Isto significa, em termos gerais, que as

vendas para este mercado ainda é restrito e, no caso do mercado estadual nem aconteceu, seja

por falta de investimentos em padronização de comercialização deste produto e o seu alto

104

custo (embalagem, especificações técnicas e de origem do produto, transporte), seja por falta

de maior incentivo por parte dos órgãos públicos no que se refere a financiamentos, liberação

de alvarás, licenciamentos ambientais e, o mais importante, pois seu efeito é de curto prazo, a

revitalização e/ou criação de pontos de comercialização, tal como feira do produtor, a fim de

que os agentes mercantis, que têm nesta atividade sua fonte de renda, possam ampliar seus

nichos de mercado.

e) VAB - gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de cada

setor (%).

O VAB, equivalente ao valor transacionado efetivo (VTE), ao longo da cadeia de

comercialização do mel, desde o setor alfa (produção/extração local) da RI Baixo Amazonas

até a demanda final, foi estimado em aproximadamente R$ 133 mil (Gráfico 17), que

correspondeu a uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na

comercialização de 31%. Esta margem, calculada a partir da relação entre a diferença do VAB

(R$ 133 mil) com o VBPα

(R$ 101,4 mil), pelo VBPα

(R$ 101,4 mil), expõem em termos

percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização do mel, a

partir do setor da produção alfa (α), até o consumidor final, incluindo todos os custos de

produção e comercialização do produto analisado, que não foram captados pela pesquisa.

Frisa-se também, que em alguns casos, não foi possível estimar uma medida padrão para a

proporção utilizada do produto (mel) para a preparação de outros produtos finais, como por

exemplo, xaropes e garrafadas.

O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia esta em processo

de crescimento, uma vez que expõe as ações de beneficiamento, transformação e/ou

majoração de preço que este produto (de origem animal) adquiriu nos setores, ao longo da

cadeia de comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também, a forma

como essa riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou

indiretamente, para a sua geração.

O VAB total, acima citado e, inteiramente equalizado pelos setores situados nos doze

municípios que compõem a RI Baixo Amazonas, o qual teve no setor da produção a sua maior

representação, já que este agregou aproximadamente R$ 101,4 mil (Gráfico 17), equivalente

a 76% do VAB total, pois foi quem realizou o beneficiamento primário do produto, que a

grosso modo significou os processos de colheita das melgueiras, transporte até a “casa do

mel” onde estão os equipamentos (melgueiras, decantador, centrífuga entre outros) e

utensílios (em aço inox, na maioria dos casos) para se obter mel. Convém ressaltar, que o

105

setor da produção transacionou o valor efetivo somente no que se referiu às vendas do produto

e, por isso, não foi estimado o seu mark-up.

GRÁFICO 17 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do mel da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O setor atacadista local, composto por associações de apicultores, adicionou R$ 10,3

mil, que corresponde a 8% do VAB total e, constituiu um mark-up de 20% (Gráfico 17),

quando realizou o processo de envasamento do produto em garrafas menores de vidro ou

ainda em garrafas PET (500ml e 1000 ml respectivamente) e, simultaneamente e/ou

separadamente adicionou (colocação) o rótulo informando apenas a origem. Com relação ao

seu valor de mark-up, calculado para o setor, foi resultante da relação do valor do VAB (≈ ao

VTE) constituído em R$ 10,3 mil, pelo valor do VBP, pela ótica da demanda, ou seja, compra

de insumos realizada pelo setor, o qual foi contabilizado em R$ 52,8 mil, que representou ser

na cadeia o maior demandante intermediário deste produto junto ao setor de produção.

A indústria de transformação (setor formado por manipuladoras de remédios), por sua

vez, adicionou R$ 10,9 mil (8% do VAB total) com o uso do mel como insumo na produção de

medicamentos tradicionais utilizados pela população local, tal como xaropes e garrafadas, fato

determinante para o seu mark-up de 99%. O varejo urbano, por sua vez, adicionou um valor

próximo a R$ 6,9 mil (5% do VAB total) apresentando um mark-up de 19%, com a prática da

divisão do produto em frascos menores que, juntamente com a majoração de preço, garantem uma

rentabilidade na comercialização do produto, e, por fim os varejistas rurais (atravessadores) que

apesar de terem adicionados apenas R$ 3,4 mil (3% do VAB total) acabaram constituindo um

106

mark-up de 114% (maior índice ao longo da cadeia de comercialização) somente com o processo

de majoração de preço antes das vendas (Gráfico 17).

Logo, no que refere ao VAB total ou VTE, observou-se que os apicultores da região

em estudo, conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados na região, seja

pelo grau de especialização/negociação, seja pelas poucas ações de beneficiamento,

transformação ou incremento tecnológico que este recurso adquiriu após o beneficiamento

primário, realizado pelo setor, antes do demandante final. Fato que se comprova quando se

compara o valor adicionado pelo setor alfa e o que foi adicionado pelos outros setores da

demanda intermediária, que só conseguiram agregar valor ao produto, utilizando-se dos

seguintes processos, realizados individualmente e/ou simultaneamente, antes das vendas ao

demandante final: como a divisão do produto em frascos menores, a padronização das

embalagens antes da comercialização e, a majoração de preço.

f) Renda Bruta Total (RBT), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do

mel.

A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do produto e, estimada em

aproximadamente R$ 237 mil, formou-se a partir da soma de compra de insumo (VBP pela

ótica da demanda) no valor de R$ 104 mil, que corresponde à compra dos setores da demanda

intermediária, com o VAB total (≈ VTE), formado ao longo da cadeia e, orçado em R$ 133

mil. Este valor da RBT foi gerado somente com a participação dos setores que compõem o

sistema local (Gráfico 18).

107

GRÁFICO 18 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,

considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na formação da RBT, o setor da produção (α) (os apicultores) foi o que obteve a

maior renda verificada ao longo da cadeia, no valor de R$ 101,4 mil (Gráfico 18),

equivalente a 43% de toda RBT gerada e circulada, resultante das vendas para os setores

econômicos que constituem tanto a demanda intermediária local, sendo mais predominantes

as vendas para o setor atacadista, quanto para os consumidores finais locais e nacionais,

sendo, neste caso, mais observada as vendas no âmbito local. Salienta-se, no entanto, que este

valor da RBT, obtida por este setor, poderia ser maior, se as ofertas de outros produtos

oriundos desta atividade tivessem sido também comercializados, pois além da renda, essas

outras atividades possibilitariam o aumento do nicho de mercado. Entre os produtos com

potencial de mercado encontram-se a cera e o própolis, ambos largamente utilizados pelas

indústrias farmacêuticas e cosméticas. Assim como, há uma carência de feiras e mercado, haja

vista que na maioria dos municípios da região, estes pontos de comercialização se

encontravam inutilizáveis ou até mesmo inexistentes.

Por conseguinte, o setor atacadista gerou uma renda equivalente a R$ 63,2 mil,

resultante da soma da compra de insumo no valor de R$ 52,9 mil junto aos apicultores e

agregou valor de aproximadamente R$ 10,3 mil. O varejo urbano comprou insumos no valor

de R$ 36,9 mil junto aos setores de produção, atacado e de agentes do próprio setor e,

108

adicionou mais de R$ 6,9 mil, gerando uma renda bruta no valor de R$ 43,9 mil,

aproximadamente. Já a indústria de transformação, por sua vez, arrecadou um montante de R$

21,9 mil com as vendas realizadas sob encomenda dos consumidores finais locais, resultante

da soma de compra do insumo no valor de R$ 11 mil e agregação de valor de R$ 10,9 mil. E

por fim, o setor de varejo rural, gerou uma renda bruta no valor de R$ 6,4 mil, pois comprou

mais de R$ 3 mil em mel e adicionou um montante de R$ 3,4 mil sem beneficiá-lo, só

acrescentando seus custos de comercialização, antes das vendas aos consumidores finais

locais (Gráfico 18).

4.2.8 Cacau (amêndoas)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cacau (amêndoas).

Foram identificados três agentes que comercializam cacau no Baixo Amazonas, que

atuam como atravessadores do produto (Figura 22). Dois deles também trabalham

atravessando outros produtos, como: castanha-do-brasil, semente de cumaru, polpas de

cupuaçu e de taperebá. A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na

comercialização do cacau amêndoa (Quadro 8).

FIGURA 22 - Localização dos agentes mercantis do cacau (amêndoas) na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

109

QUADRO 8 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (amêndoas) da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Pequenos produtores da região, mas que totalizam uma

expressiva quantidade, com 37 toneladas no ano estudado, que

são vendidos diretamente para atravessadores (varejistas e

atacadistas);

Varejo rural

Atravessadores menores, que compram a produção in loco,

geralmente possuem compradores certos, como os atacadistas

no mercado estadual;

Atacado

Grandes compradores, representando empresas e com

contratos de quantidades determinadas previamente, que

compram de outros atravessadores espalhados por toda região

e revendem para o mercado nacional.

Estadual Atacado

Atacadistas pertencentes principalmente à RI Xingu, líder

estadual em produção cacaueira, que comercializam

diretamente para as indústrias de transformação nacionais.

Nacional

Indústria de

transformação

Grandes empresas nacionais, que transformam o produto bruto

em diversos subprodutos;

Varejo urbano Redes de supermercados em geral, que vendem a produção

industrializada para o consumo final (nacional e internacional).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O cacau é comercializado durante todo ano, sendo armazenado em galpões com

capacidade para 600 sacas. Como meio de transporte da produção até o armazém utilizam

carro e moto. Após isso, o produto segue em caminhões por balsas até Belém e, em seguida,

por estrada até as indústrias de transformação, na Bahia. O valor pago aos ajudantes é de R$

80,00 e R$ 110,00 por semana, durante a safra, e no carregamento dos veículos para o

transporte da carga. Os agentes relataram que necessitam de melhorias na cadeia para que

aumente a produção do Baixo Amazonas, para atender o mercado estadual e nacional de

chocolate.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau (amêndoas).

Da produção identificada na região 75,7% é vendida para grande atacadista local

(município de Alenquer), que vende para outro agente do mesmo setor atacadista (município

de Santarém), que revende para uma grande empresa multinacional do setor da indústria de

transformação nacional, localizada na Bahia, para produção de chocolate em pó (Figura 23).

O setor do varejo rural local compra 24,3% da produção do cacau amêndoa identificada na

região, que é vendida para atacadistas estaduais (Altamira – RI Xingu e Santa Isabel – RI

Guamá), que revendem os 24,3% para empresas multinacionais do setor da indústria de

transformação nacional, localizadas na Bahia.

110

FIGURA 23 - Estrutura (%) da quantidade amostral do cacau (amêndoas) comercializado na

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do cacau (amêndoas).

Os varejistas rurais compram da produção local ao preço médio de R$ 4,36/kg da

amêndoa e vendem para os atacadistas estaduais a R$ 4,62/kg (Figura 24), que por sua vez

vende para o setor da indústria de transformação nacional ao preço médio estimado R$

5,21/kg. Os grandes atacadistas locais compram da produção ao preço médio de R$ 4,60/kg,

revendem para outros agentes do mesmo setor atacadista local ao preço de R$ 5,00/kg, que

revendem a R$ 5,50/kg para a indústria de transformação nacional, considerado preço de

repasse, pois não foram entrevistados. O preço médio do cacau não varia muito entre os

setores da cadeia, pois geralmente é definido pelo mercado internacional, com cotação na

bolsa de valores, e sofre pequena flutuação de preço entre safras. Os atravessadores

conseguem extrair lucro das transações devido a grandes quantidades de amêndoas

comercializadas.

111

FIGURA 24 - Preço médio do cacau (amêndoas) (R$/kg) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cacau

amêndoa.

Na soma do valor recebido por todos os agentes que realizaram a oferta do cacau

amêndoa a partir da RI Baixo Amazonas, na ordem de R$ 2,5 milhões (Gráfico 19), o

mercado nacional foi quem mais arrecadou, cujo valor se aproximou de R$ 1,6 milhão (mais

de 63% do VBP total, sob a ótica da oferta), e é composto por setores que não pertencem a

esta região e tão pouco ao estado do Pará, pois recebeu a maior parte deste montante. O

mercado estadual adquiriu mais de R$ 78 mil (3% do VBP total) e o local, constituído por

setores situados nos município que interam a RI Baixo Amazonas, contabilizou um pouco

mais de R$ 837,7 mil (mais de 33% do VBP total).

112

GRÁFICO 19 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do cacau amêndoa da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Do total ofertado pelos setores que compõem o mercado local, o valor adquiridos

pelo setor produção (VBPα), setor composto pelos agroextrativistas, foi de aproximadamente

R$ 279,5 mil, oriundos das transações realizadas estritamente no âmbito local, este valor

obteve uma representação de 33% do VBP das vendas locais (Gráfico 19). Na formação deste

valor, R$ 214,3 mil (77% do VBPα) foram das vendas ao setor atacadista e, o restante (R$

65,2 mil) fora negociado com o setor de varejo rural. O setor de varejo rural, onde estão

inseridos os atravessadores, por sua vez, vendeu para o setor atacadista estadual e adquiriram

R$ 69,2 mil (8% do VBP local). O atacadista local foi quem mais arrecadou com as vendas

deste produto no âmbito local, mais de R$ 489,1 mil (58% do VBP local), sendo que deste

valor, R$ 232,9 mil correspondeu à venda entre setor (que corresponde as vendas de um

atacadista de Alenquer, que comprou dos agroextrativistas deste município e, para um

atacadista de Santarém) e, R$ 256,2 mil foi da venda do atacadista de Santarém à indústria de

transformação nacional, o qual mantém relações comerciais.

Com relação ao VBP obtido com as vendas realizadas a nível estadual, conforme o

Gráfico 19, este foi proveniente das vendas do setor de atacado (sendo um comerciante do

município de Altamira e outro do município de Santa Izabel do Pará) diretamente à indústria

de transformação nacional, indústrias processadoras do cacau amêndoa localizadas no estado

da Bahia.

113

No sistema nacional, onde o valor das vendas foi estimado em R$ 1,58 milhão,

conforme o Gráfico 19, houve a participação da indústria de transformação, setor que

demandou toda a produção a partir da região em estudo e, depois de processá-lo os vendeu ao

setor de varejo urbano (composto pelas redes de supermercado), que por sua vez venderam

aos consumidores finais nacionais. Sendo que deste valor, no âmbito nacional, 51% foi das

vendas do setor de varejo e 49% correspondeu às vendas do setor de transformação.

Pelo exposto, verificou-se que na formação do VBP total, de aproximadamente R$

2,5 milhões, sob a ótica da oferta, que este teve como principal demandante as indústrias de

transformação localizadas no âmbito nacional, mais especificamente do estado da Bahia, já

que tanto o atacadista local quanto estadual, venderam a este setor. Este VBP, dependendo da

oferta e do câmbio podem variar, no entanto, este setor continuará sendo o maior demandante.

e) VAB - gerado na comercialização da castanha-do-brasil e a margem de

comercialização de cada setor (%).

O VAB ao longo da cadeia de comercialização do cacau amêndoa, desde o setor alfa

(produção) da RI Baixo Amazonas até o consumidor final, foi de R$ 941,4 mil (Gráfico 20),

que resultou em uma margem bruta de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na

comercialização de 237%. Esta margem calculada a partir do valor total do VAB (R$ 941,4

mil), menos o VBPα

(R$ 279,5 mil), dividido pelo VBPα

(R$ 279,5 mil), expõe, em termos

percentuais, o quanto foi adicionado ou transacionado a este recurso, ao longo de toda a

cadeia de comercialização, a partir do setor alfa (α). É imperativo afirmar que apesar deste

valor de mark-up expressivo, o setor alfa, foi quem mais agregou valor a nível local, assim

como, também, a nível estadual, pois após realizar a produção, extração e secagem da

semente, não houve beneficiamento (agregou) ao fruto, antes da sua transformação em

chocolate, realizado no âmbito nacional.

O cálculo do VAB é necessário porque identifica onde a economia está em processo

de crescimento, uma vez que expõem as ações de beneficiamento, transformação e/ou

majoração de preço que este produto adquiriu nos setores, ao longo das cadeias de

comercialização, antes do demandante final. Este valor expõe também, a forma como essa

riqueza foi distribuída entre os diversos setores que contribuíram, direta ou indiretamente,

para a sua geração.

114

GRÁFICO 20 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do cacau amêndoa da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Assim sendo, o sistema local obteve uma agregação de valor ao produto de R$ 325,4

mil, equivalente a 35% do VAB total (Gráfico 20). Na composição deste valor, houve a

participação predominante do setor da produção, pois sua agregação foi na ordem de R$ 279,5

mil (equivalente a 88% do VAB local), pois foi quem realizou o beneficiamento primário

deste produto, que correspondeu tanto à extração da semente do fruto quanto ao processo de

secagem da semente, antes das vendas aos setores do varejo e atacado do mercado local. De

modo geral, o setor da produção transacionou valor efetivo, isto é, agregou valor ao produto,

somente no que se referiu às vendas e, por isso, não foi estimado o seu valor de mark-up,

calculado a partir da relação entre o valor do VAB realizado no setor, pelo valor do VBP, pela

ótica da demanda, ou seja, o somatório do valor da compra de insumos realizada pelo setor.

Ainda no mercado local o setor varejo rural agregou aproximadamente R$ 4 mil e

constituiu um mark-up de apenas 6% (relação dos valores estimados do setor: VAB - R$ 4

mil, com VBP - R$ 65,2 mil). O setor atacadista, por sua vez, adicionou mais de R$ 41,9 mil

conseguindo um valor de mark-up de 9% (Gráfico 20). Ambos os setores adicionaram valor

pela ação de majoração de preço as avessas, que correspondeu às compras do Kg do cacau

amêndoa abaixo do preço exógeno, ou seja, do preço por Kg determinado pelo mercado

internacional (bolsas de valores mundiais) e, não pelo aumento do preço de venda

115

determinado por um percentual sobre o preço de custo. O mesmo aconteceu no âmbito

estadual com o setor atacadista, que adicionou R$ 8,8 mil e mark-up de 13%.

Com relação ao VAB constituído no âmbito nacional, o setor de varejo urbano

adicionou R$ 296,4 mil e constituiu um mark-up de 46% pela majoração de preço do produto

(cacau amêndoa) já transformado em vários produtos finais, tais como: chocolate em barra,

em caixa sortidos, licor, em pó, etc.. A indústria de transformação, por conseguinte, foi o setor

que cadeia mais adicionou valor, mais de R$ 310,8 mil e estabeleceu o maior valor de mark-

up de 93%, pois foi o setor que realizou os vários processos indústrias de transformação do

cacau amêndoa em chocolate. Sendo assim, este valor adicionado que está fortemente

relacionado tanto a sua capacidade instalada quanto ao grau de negociação (monopsonista)

que mantém com os outros setores do mercado local e estadual, em particular o atacado.

Por tanto, no que se referiu ao VAB total, equivalente ao VTE, ao longo da cadeia de

comercialização do cacau amêndoa, observou-se que as indústrias “tradicionais” de

processamento (localizadas na Bahia), conseguiram adicionar valor superior aos outros

setores ao longo da cadeia, assim como, constituiu o maior valor de mark-up, fatos estes,

propiciados simultaneamente pelo grau de especialização/negociação deste setor, sua

capacidade instalada, assim como, também, pelo fato das poucas ações de beneficiamento

e/ou transformação que este recurso adquiriu antes das compras realizadas por este setor, que

juntamente por serem os únicos canais de comercialização, monopolizam o mercado.

f) RBT (em R$), gerada pela ótica da demanda, na comercialização do cacau

amêndoa.

No que diz respeito à Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na

comercialização deste produto e, contabilizada na ordem de R$ 2,5 milhões, o sistema local

foi responsável por 33,5%, o estadual 3,1% e o nacional 63,4% (Gráfico 21). Este montante

da RBT tem sua origem na soma do valor de compra de insumo (VBP, pela ótica da demanda)

com VTE, que corresponde ao valor estimado para o VAB total formado pelos setores ao

longo da cadeia de comercialização.

116

GRÁFICO 21 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do cacau

amêndoa, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Na RI Baixo Amazonas, sistematizado como mercado local e, cuja RBT somou mais

de R$ 837,7 mil, o setor atacadista foi quem gerou a maior renda bruta, no valor de R$ 489

mil, com as vendas tanto para agentes mercantis do mesmo setor como para mercado

nacional, mais especificamente indústria de transformação, resultante da compra do cacau

amêndoa no valor de R$ 447,1 mil (sendo mais de 52% do mesmo setor e 48% diretamente da

produção) e agregação num montante de R$ 41,9 mil (Gráfico 21). O varejo rural arrecadou

em torno de R$ 69,2 mil com as vendas para o atacado estadual, resultante da soma de compra

do cacau amêndoa no valor de R$ 65,2 mil e agregação de aproximadamente R$ 4 mil. No

que tange a renda bruta do setor de produção (α), no valor de 279,5 mil, que corresponde a,

somente, 11% do montante da RBT estimada ao longo de toda a cadeia de comercialização,

esta foi resultante da venda para os setores econômicos que compõem o sistema local apenas,

em particular o varejo rural e o atacado. Vale destacar que o setor alfa transacionou o produto

já em forma de amêndoa (semente seca), contudo, a sua renda poderia ser maior se sua

capacidade produtiva (meios de produção) não fosse restrita, fato imposto pela escassez de

capital a fim de investimentos em máquinas, equipamentos e produtos químicos de combate

as pragas e doenças do cacaueiro. Assim como, também, pelos preços praticados serem

considerados muito baixos e não diferenciados (os agentes mercantis de um setor, p ex.

117

atacado, pagam o mesmo preço), o qual é fonte inibidora tanto do aumento da produção

quanto da entrada de novos produtores.

Com relação à renda bruta na esfera estadual, contabilizada em mais de R$ 78 mil,

esta foi obtida com a venda do setor de atacado a indústria de processamento nacional e, foi

resultante da compra da amêndoa no valor aproximado de R$ 69,2 mil e pelo valor agregado

na comercialização do produto no valor de R$ 8,8 mil (Gráfico 21). A interação de dois

setores na esfera nacional (indústria de transformação e varejo urbano), resultou numa RBT

estimada em R$ 1,6 milhão. Sendo R$ 664,9 mil de responsabilidade da indústria, que

comprou a amêndoa dos setores atacadistas no valor de R$ 334,2 mil e fez agregação de R$

310,7 mil antes da venda para o outro setor, varejo urbano, que obteve, por sua vez, uma

receita de aproximadamente R$ 941,3 mil.

4.2.9 Tucumã

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

tucumã.

Foram registradas duas espécies de tucumã nesta cadeia de comercialização, o

tucumã-do-amazonas (Astrocaryum tucuma Martius) e o tucumã-do-pará (Astrocaryum

vulgare Mart.). Segundo Silva & Leão (2006) o tucumã-do-amazonas é uma palmeira nativa

do Estado do Amazonas, podendo ocorrer nas Guianas, Peru e Colômbia. Shanley & Medina

(2005) ressaltam que esta palmeira também pode ocorrer em algumas partes do Pará. Esta

espécie difere em termos morfológicos do tucumã-do-pará. Dentre as discrepâncias, o

tucumã-do-amazonas apresenta uma altura superior ao do Pará, pode atingir 25 m de altura,

possui um único estipe (caule) espesso com espinhos compridos. No que diz respeito a

propriedades nutricionais desta espécie, o fruto é rico em vitamina A e proteínas, além de ser

largamente consumido in natura. No Amazonas é bastante consumido em sanduíches (Silva

& Leão, 2006; Shanley & Medina, 2005). Este sanduíche é conhecido popularmente como x-

caboquinho, formado por fatias de pão, com tiras de tucumã com ovos, requeijão, presunto e

outros ingredientes, em diversas variações. O tucumã-do-amazonas também é utilizado na

indústria farmacêutica, na elaboração de cosméticos por meio do óleo extraído de suas

amêndoas, além de servir como matéria prima para a elaboração de artesanato a partir de suas

sementes. O tucumã-do-pará apresenta utilização semelhante ao do Amazonas. O óleo

extraído da amêndoa pode ser aplicado nas indústrias farmacêutica e cosmética, e suas

sementes são bastante utilizadas para confecção de artesanatos (Silva & Leão, 2006).

Na cadeia de comercialização do tucumã, foram identificados nove agentes mercantis

(Figura 25), seis foram classificados como atravessadores, dois como comerciantes (loja de

118

artesanato e lanchonete/sorveteria) e um como extrativista. É necessário ressaltar que a loja de

artesanato trabalha também com outros produtos, tais como: buriti, óleo de andiroba, copaíba, palha

de buriti, cesto de buriti, cuia e palha de tucumã. A lanchonete/sorveteria com outros frutos da

Amazônia como: açaí, taperebá, cupuaçu, muruci, entre outros. Os agentes mercantis envolvidos na

cadeia de comercialização do tucumã atuam somente no nível local e nacional (Quadro 9).

FIGURA 25 - Localização dos agentes mercantis do tucumã na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Com relação ao tempo em que estão no ramo, cinco agentes informaram entre 5 e 20

anos, cuja média cerca de 15 anos, os demais não informaram. O coletor de tucumã possui

uma propriedade de 49 ha. Três dos agentes possuem armazéns com dimensões de 12m2,

16m2 e 30m

2. Do total de entrevistados dois relataram não possuir transportes para escoar a

produção, os demais afirmaram possuir pelo menos um ou dois veículos do tipo moto,

bicicleta cargueira, barco com capacidade máxima de 100 sacas (com motor de 25 HP) e

rabeta. Porém, é mais comum o uso de bicicletas cargueiras adaptadas para o transporte do

tucumã in natura, embalado em sacos de 60 kg. Somente um agente possui maquinários e

equipamentos, tais como: selador de embalagem plástica, uma balança e três freezers com

capacidade para 280 L, 360 L e 530 L. A falta de espaço e de equipamentos nos

estabelecimentos para armazenar o produto foi citada como um dos entraves na cadeia. O

tempo de trabalho com o produto é anual e em horário comercial, sendo exercido por uma a

15 pessoas (incluindo o proprietário, a esposa e os ajudantes). O valor médio pago aos

119

ajudantes é de R$ 15,00 por 2 kg de despolpa, o extrativista trabalha em sistema de meia, os

comerciantes pagam entre R$ 350,00 mensais e um salário mínimo.

QUADRO 9 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do tucumã da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Extrativistas locais, encontrados na pesquisa, que fazem a

coleta do tucumã em áreas de ocorrência do fruto seja ela

pública ou propriedade privada. Comercializam principalmente

o fruto in natura e também em raspas da polpa feitas com

facas;

Varejo rural

Atravessadores que compram o fruto in natura dos

extrativistas locais e revendem para o sistema nacional.

Salienta-se que esses agentes, na sua grande maioria, são

donos de embarcações;

Indústria de

transformação

Sorveterias locais que fazem o processamento do fruto em

produtos finais, na forma de sorvetes.

Nacional

Atacado

Grandes comerciantes (atravessadores) que compram uma

grande quantidade do produto, realizam a despolpa do fruto e

vendem para o varejo urbano nacional.

Varejo urbano Feirantes localizados na cidade de Manaus, que ofertam o

produto em polpa e/ou in natura.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A comercialização do produto se desenvolve da seguinte forma: o extrator faz a

coleta do fruto e depois realiza a classificação entre o “tucumã-do-amazonas” e o “tucumã

paraense”, já que o do amazonas é mais encorpado por polpa do fruto, isto é, tem um caroço

menor e mais massa e, sendo assim, obtém um maior preço de venda. A coleta do fruto se

realiza de forma dispersa e em propriedades de uso comum (terras públicas), mas não é difícil

encontrar donos de propriedades reclamando de pessoas (coletores) que invadem suas terras a

procura do fruto. Depois do processo de coleta e/ou extração, grande parte da produção é

direcionada (negociada) para os atravessadores, que por sua vez levam para o maior mercado

consumidor deste produto, o estado do Amazonas, mais especificamente as feiras da capital

Manaus. De acordo com os atravessadores neste mercado o produto é vendido em forma de

lanche, cujo nome fantasia para o consumidor é “X-Caboquinho”.

Contudo, o maior entrave para o desenvolvimento da atividade extrativista encontra-

se no fato de que a maior parte da coleta provém de propriedades privadas, uma vez que os

donos não permitem que o produto seja retirado, mesmo os extratores solicitando. Vale

salientar que, por conta disso, os extrativistas realizam as coletas sobressaltados, pois são

constantes as tentativas de represália. O que os deixa indignados é o fato de que esses

120

proprietários não têm neste produto uma fonte de renda (nem como complemento), já que são

grandes pecuaristas da região. Os extratores afirmam que quase sempre este produto é

desperdiçado neste tipo de propriedade.

No que tange ao escoamento da produção para o mercado nacional, isto é, para a

capital amazonense, este se realiza através de embarcações de grande e pequeno porte , sendo

o pequeno mais corriqueiro, pois além de cobrarem um preço razoável pelo frete, têm saídas

todos os dias. Estas embarcações transportam tanto passageiros quanto produtos.

É unânime entre os agentes que comercializam o tucumã de que para haver uma

melhoria na capacidade de produção e beneficiamento do fruto (despolpa) se faz

extremamente necessário apoio financeiro para a obtenção de maquinário (máquinas

despolpadeiras) e de assistência técnica especializada, essas são de interesse imediato, pois de

acordo com os agentes, a demanda cresce em proporção maior do que a sua oferta. Tais

políticas gerariam mais benefícios para a sociedade local, pois a agregação de valor ao

produto seria bem maior para os que a exercem e têm nesta atividade sua fonte de renda

principal, além da geração de muitos empregos. Pois é fato concreto que grande parte do valor

adicionado ao produto é incorporado por agentes exógenos, ou seja, por agentes que se

encontram fora da região do Baixo Amazonas. Vale salientar que no recorte estadual este

produto não foi comercializado.

Entre as dificuldades encontradas na comercialização deste produto, e de modo

generalizado nesta atividade, é a falta de organização por parte dos extrativistas que

propondera, pois cada um a desenvolve da forma que acha conveniente, acarretando uma

competição constante pelo espaço de coleta entre esses agentes, a qual por sua vez é quase

sempre acompanhada de deslealdade. E a conseqüência acarretada pela desorganização está

na formação dos preços de venda e na diferença no período de safra e entressafra, ficando

deste modo a critério dos atravessadores, que realizam somente a intermediação e distribuição

do produto. Deste modo, se faz necessário um “acordo de uso do produto” que teria como

objetivo imediato a função de: conservar o recurso, pois a escassez deste produto os assusta,

diminuir os conflitos entre os extrativistas e os donos de propriedades, disseminar e manter as

relações de respeito entre os coletores e, por fim, estabelecer estratégias de organização da

cadeia produtiva, na forma de associações e cooperativas de coletores e beneficiadores.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do tucumã.

A cadeia de comercialização do tucumã é bem simples e direta, haja vista que o

sistema local comercializa com o sistema nacional sem intervenção do estadual. Sendo assim,

um pouco mais de 90% do fruto é comercializado com o sistema nacional e o restante fica

121

restrito à própria região para ser consumido em forma de suco e/ou sorvete. Esta cadeia é

composta pelo setor do varejo rural local, que compra 90,4% do fruto in natura coletadas

diretamente pela produção local e vende 79% para o atacadista nacional que a vende para o

varejo urbano nacional, o restante (11,4%) o varejo rural comercializa diretamente com o

setor de varejo urbano nacional e este, por sua vez, vende tudo o que adquiriu para o

consumidor nacional (Figura 26). O setor de produção local vende 9,2% diretamente para o

consumidor local, pois o consumo do suco deste produto é bastante apreciado pelas

populações locais. Apenas 0,1% do que é coletado é comercializado pelos extratores em

forma de raspas da polpa com o setor da indústria de transformação, o qual realiza o

processamento da polpa a fim de obter sorvetes e sucos. É importante frisar que o sistema de

comercialização nacional aqui estudado é referente ao estado do Amazonas, de modo

específico à cidade de Manaus.

FIGURA 26 - Estrutura (%) da quantidade amostral do tucumã comercializado na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do tucumã, no período de 2009 a 2010.

No que se refere ao preço médio praticado no canal de comercialização que mais se

destacou, o varejo rural compra o tucumã in natura a um custo de R$ 0,33/kg do produtor

local e vende a R$ 0,82/kg para o atacadista nacional que, por sua vez, o vende ao preço de

R$ 1,04/kg para o varejo urbano nacional. O varejo rural também vende direto para o varejista

urbano nacional a preço de R$ 0,43/kg. Este varejista urbano nacional depois de comprar do

122

varejo rural e do atacadista nacional, vende ao consumidor nacional a um valor estimado em

R$ 1,53/kg (Figura 27).

O setor de produção local também vende o produto diretamente para o consumidor

final local ao preço de R$ 0,50/kg. Porém, este setor da produção obtém um melhor preço de

venda quando realiza o beneficiamento primário do fruto, isto é, vende a polpa do fruto para a

indústria de transformação ao preço de R$ 3,00/kg. E este setor de transformação vende ao

preço médio de R$ 35,93/kg, uma variação de 1.097% em relação ao preço de custo, sem

considerar os custos adicionais.

FIGURA 27 - Preço médio do tucumã (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.10 Artesanato regional

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

artesanato regional.

O artesanato regional identificado no Baixo Amazonas é caracterizado pelas bolsas

de palha de buriti e de tucumã, chapéus de palha de buriti, leques, porta copos, porta pratos,

centros de mesa, porta canetas, luminárias, porta jóias e cestas de palha de tucumã. São muito

procurados no comércio local e nacional, porém pouco na esfera estadual. Dos onze

entrevistados (Figura 28), dois trabalham exclusivamente com artesanato, os demais

comercializam outros produtos, tais como: abano, resina de breu-branco, cajuaçu, quinarana,

uxi-amarelo, carapanaúba, óleo de piquiá, tipiti, casca de ipê-roxo, óleo de cumaru, mel, óleo

de andiroba, cipó-titica, ipê-roxo, leite de sucuúba, semente de cumaru, casca de sucuúba,

123

leite de amapá, assacu, vassoura regional, esteira de taboa (planta parecida com o junco, que

cresce nas margens de lagoas), palha de buriti, cesto de buriti, cuia, palha de tucumã, cesta de

cuia, jamanxim, paneiro, semente de morototó e copaíba. As fibras de tucumã são retiradas da

região do Rio Arapiuns. Para dar cor às fibras os artesões utilizam cajirú, mangarataia

amarela, capiranga e jenipapo. Os agentes trabalham com artesanato regional há

aproximadamente 30 anos. A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na cadeia

de comercialização do artesanato regional (Quadro 10).

FIGURA 28 - Localização dos agentes mercantis do artesanato regional na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Quando a quantidade de produtos comprada é grande o preço diminui, com isso

observamos a relação preço-setor modificar para cada agente. Isto porque uma ONG trabalha

com seis comunidades extrativistas do Rio Arapiuns (Arimun, Vila Brasil, Vila Gorete, Vila

Amazonas, São Miguel e Urucureá) que produzem artesanatos com as palhas de tucumã.

Destas, a comunidade do Urucureá está mais desenvolvida e possui selo verde. Os produtos

com selo verde são vendidos para fora do município, pois agregam mais valor e os que não

possuem são vendidos em Santarém e na própria comunidade. Os agentes entrevistados

citaram que os produtos são comercializados durante todo o ano e a mão de obra é familiar.

124

QUADRO 10 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato regional da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Extrativistas que são artesões. São agentes que transformam a

palha de tucumã e/ou buriti em trançado utilizado para

cestarias, chapéus, sacolas e outros artigos do artesanato

popular;

Varejo rural Atravessadores que compram pequena quantidade da

produção;

Atacado Atacadistas e associações que fornecem ao mercado local e

nacional;

Varejo urbano Comerciantes, varejistas, feirantes e organizações não

governamentais (ONG) envolvidas na comercialização para o

mercado local e nacional.

Nacional Varejo urbano Grandes comerciantes do mercado nacional e internacional.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Todos possuem armazém (espaço de trabalho e comercialização) com dimensões que

variam de 6 a 30m², somente dois agentes possuem meio de transporte do tipo barco, rabeta e

moto. A produção é artesanal e o problema mais comum é a falta de espaço físico para

armazenagem dos produtos que, geralmente, ficam nas casas dos artesões, que criticam a

desvalorização dos preços dos produtos e a não valorização de sua arte.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do artesanato regional.

A produção de artesanato passa por três setores da cadeia, mas o principal canal de

escoamento é representado pela produção vendendo 70,5% para o varejo urbano local

(associações, organizações não governamentais, varejistas e feirantes), que compra 2,3% do

varejo rural e vende diretamente 54,7% para o consumidor final local e 18,1% para o varejo

urbano nacional (Figura 29). Este varejo urbano nacional também compra do atacado local

12,9% que, somando estas quantidades, vende 31% para o consumidor final nacional. O setor

varejo urbano local também vende 0,9% para o próprio varejo urbano local, pois dentre os

diferentes agentes de comercialização uma ONG é responsável pela revenda dos produtos

para agentes do próprio setor.

125

FIGURA 29 - Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato regional comercializado na

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do artesanato regional, no período de 2009 a 2010.

O setor do varejo urbano local compra o artesanato regional diretamente da produção

ao preço de R$ 6,81/un., revende para o consumidor local a R$ 7,54/un. e para o varejo

urbano nacional ao preço de R$ 11,12/un. (Figura 30). Esta produção local vende diretamente

para o consumidor final local ao preço de R$ 7,00/un. e para o consumidor nacional a um

valor menor no montante de R$ 2,86/un.

126

FIGURA 30 - Preço médio do artesanato regional (R$/un.) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.11 Utensílios

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos

utensílios.

Os sete agentes envolvidos nesta cadeia estão divididos em comerciantes, feirantes,

artesões e uma fábrica de vassoura, que trabalham no ramo há 10 anos em média (com

variação de 1 a 20 anos) (Figura 31). Além dos utensílios comercializam outros produtos,

como: resina de breu-branco, quinarana, uxi-amarelo, carapanaúba, óleo de piquiá, casca de

ipê-roxo, cajuaçu, semente e óleo de cumaru, mel, óleo de andiroba, copaíba, leite de sucuúba,

casca de sucuúba, cipó-titica, assacu, leite de amapá, jamanxim, semente de morototó e cesto

de palha de tucumã.

Os utensílios identificados na pesquisa foram: abano, cuia, paneiro grande e

pequeno, peneira e tipiti de tala de guarumã. O comércio destes produtos é realizado

geralmente em pontos comerciais ou feiras. Os comerciantes em número de seis possuem

armazéns com dimensões que variam de 24m2 a 30m

2, os feirantes possuem boxes de 9m

2 e

os atacadistas galpões com 20m2.

Um agente (comerciante) paga o valor de um salário mínimo para os seus dois

funcionários, os demais afirmaram que trabalham o ano todo, em horário comercial, e a mão

de obra é composta por um ou dois membros familiares. Apenas o feirante possui uma moto

como meio de transporte. A artesã que também é dona de casa, não possui armazém e nem

127

ajudantes. Com exceção da fábrica, os demais agentes citaram que não dispõem de

maquinários ou equipamentos e relataram problemas referentes ao espaço insuficiente para

armazenamento dos produtos, bem como reduzida oferta de matéria prima para fabricação dos

utensílios, visto que existem demandas reprimidas para estes produtos.

FIGURA 31 - Localização dos agentes mercantis dos utensílios na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

De acordo com o Quadro 11, os agentes da cadeia dos utensílios apresentam as

seguintes características:

QUADRO 11 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos utensílios da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Agentes que retiram a matéria prima (cipós, palhas, fibra de

guarumã e outros produtos da floresta) oriunda da floresta

nativa para confeccionarem os utensílios;

Varejo rural Pequenos comerciantes ou atravessadores do interior dos

municípios que compram dos produtores;

Varejo urbano

Agentes (comerciantes, varejistas e feirantes) que compram

utensílios da produção local e do varejo rural (comerciantes ou

atravessadores), que possuem pontos comerciais ou trabalham

em feiras dos municípios.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

128

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia dos utensílios.

A cadeia de comercialização dos utensílios é composta pelos setores locais da

produção destes utensílios, do varejo rural, varejo urbano e consumidor final. Os varejistas

rurais compram 12,9% da produção identificada e revendem para o varejo urbano local, que

por sua vez compra 87,1% diretamente da produção e revende ao consumidor final local o

total produzido na região.

O preço médio praticado pelos produtores com o varejo rural é de R$ 2,63/un. que

vende para o varejo urbano local a R$ 3,50/un. (Figura 32). O varejo urbano local compra da

produção a R$ 9,50/un. dos utensílios comercializados e revende-os ao preço médio de R$

11,29/un. para o consumidor final local. Uma pequena parte da comercialização de utensílios

(cuias) circulou no varejo urbano local (de Santarém para Oriximiná) no valor de R$ 1,00/un..

FIGURA 32 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) dos utensílios na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009

a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.12 Cipós

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos

cipós.

Foram identificados dois agentes na cadeia dos cipós titica e timbó, classificados

como feirantes. Um desses agentes informou trabalhar com a venda de cipó-titica há cinco

129

anos. Além destes cipós, estes feirantes comercializam outros produtos7. O Quadro 12

apresenta a classificação dos agentes mercantis de acordo seus respectivos setores e mercados.

QUADRO 12 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos cipós titica e timbó

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas que colhem os cipós titica e timbó e vendem in

natura;

Indústria de

Transformação

Fábrica de vassouras, localizada em Monte Alegre, que utiliza

como insumo o cipó timbó na confecção de vassouras;

Varejo Urbano Comerciantes e feirantes locais que compram tanto o produto

in natura quanto já transformado em vassouras e vendem para

o consumidor final.

Nacional Varejo Urbano Comércios varejistas situados fora do Estado (Manaus -AM).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Em termos de infraestrutura um ponto comercial apresenta 24,5 m2 e outro agente

um depósito de 120 m2 para armazenar os produtos. Referente ao meio de transporte, um

agente mencionou possuir uma moto. Os feirantes declararam que necessitam de espaço físico

maior para trabalhar e que isso tem sido um entrave na cadeia.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de cipós.

Conforme Figura 33, o principal canal de comercialização dos cipós é composto por

99,7% da produção local vendendo o cipó-timbó para o setor da indústria de transformação

local (município de Monte Alegre), que deste total vende 53,1% para o varejo urbano

nacional (comerciantes de Manaus), 35,4% diretamente para o consumidor local e 11,1% para

o varejo urbano local (comerciantes e feirantes). O cipó-titica equivale a uma pequena parcela

comercializada (0,3%) diretamente da produção local para os comerciantes varejistas locais.

7 Abano, resina de breu-branco, quinarana, uxi, carapanaúba, óleo de piquiá, tipiti, casca de ipê-roxo, cajuaçu,

óleo de cumaru, mel, óleo de andiroba, copaíba, leite de sucuúba, semente de cumaru, casca de sucuúba, casca

de uxi, assacu e leite-de-amapá.

130

FIGURA 33 - Estrutura (%) da quantidade amostral dos cipós na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

dos cipós.

O setor da indústria de transformação local compra o cipó dos extrativistas ao preço

médio de R$ 1,20/rolo e vende aos três setores demandantes (varejo urbano local, consumidor

local e varejo urbano nacional) ao preço de R$ 20,00/rolo, após transformá-lo em vassouras

(Figura 34). O varejo urbano local que compra direto da produção ao preço de R$ 6,48/rolo,

revende ao consumidor local preço de R$ 24,65/rolo.

131

FIGURA 34 - Preço médio dos cipós (R$/rolo) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.13 Taperebá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

taperebá.

Foram identificados doze agentes que trabalham na comercialização do taperebá,

sendo três indústrias de transformação - onde estão envolvidas as sorveterias e lanchonetes,

uma indústria de beneficiamento, três atravessadores, três produtores e dois feirantes. Além

do taperebá, todos comercializam outros produtos, tais como: polpas de muruci, de cupuaçu,

de cacau e de açaí, assim como frutos de bacaba, açaí, bacuri, buriti e tucumã (Figura 35).

Estes agentes possuem outras atividades como domésticas, agricultores e secretário de

organização sindical. O Quadro 13 mostra a caracterização dos agentes envolvidos na

comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.

132

FIGURA 35 - Localização dos agentes mercantis do taperebá na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

QUADRO 13 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do taperebá da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Produção extrativista dos municípios estudados que

comercializam o taperebá in natura;

Varejo rural

Atravessadores que compram o taperebá in natura na safra. A

maioria deles realiza beneficiamento primário (despolpamento

dos frutos manualmente) para obtenção de melhor preço de

venda. Este setor foi o único a se destacar nas vendas

nacionais;

Indústria de

transformação

Pequenas empresas que realizam transformação do taperebá in

natura ou da polpa em outros produtos finais, tais como

sorvetes, sucos, doces, entre outros;

Varejo urbano Feirantes e comerciantes que realizam a venda do taperebá in

natura para o consumo local.

Nacional

Indústria de

beneficiamento

Pequenas indústrias que beneficiam o taperebá in natura em

polpa, localizadas fora do Pará e vendem para o varejo urbano

nacional;

Varejo urbano Supermercados e pequenos comércios que realizam as vendas

do produto em polpa para o consumidor nacional.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os agentes estão no ramo entre oito e 20 anos. Apenas quatro comerciantes

declararam não ter armazém, os demais possuem dimensões que variam de 6m2, 17m

2 e 20m

2.

133

Apenas um produtor citou possuir uma área de produção de 12 hectares, localizada em Monte

Alegre. Com relação a meios de transporte utilizam motos, caminhão, carros, bicicletas e

carroças. As indústrias de transformação e de beneficiamento possuem máquinas do tipo

despolpadeira, dosador, cortador de frutas, selador de embalagem, máquinas de sorvete,

liquidificadores, trituradores e câmara fria. Apresentam também equipamentos como caixas

grandes de isopor, freezers com capacidade de 280l, 340 l e 360 l, baldes em inox e

geladeiras. Os principais problemas citados quanto ao armazenamento foram a falta de espaço

nas instalações e necessidade de aumentar a quantidade de equipamentos, pois estão

trabalhando na capacidade máxima para suportar a produção da safra.

A quantidade de pessoas envolvidas nas indústrias e em um comércio varia de uma a

sete pessoas, sendo que geralmente é o proprietário que esta no comando, os demais são

ajudantes, que trabalham o ano todo em horário comercial e os produtores relataram que a

mão de obra é familiar. O valor pago aos ajudantes varia de R$ 350,00 a um salário mínimo

mensal, o atendente recebe R$ 80,00 por semana e o chapista R$ 110,00 por semana.

Os entrevistados relataram que para aumentar a capacidade de produção é necessário

que haja assistência técnica para a implantação de novos plantios de frutas, pois muitas vezes

não conseguem atender o mercado pela falta do produto. Falta de financiamento (aquisição de

equipamentos), de incentivo do governo para a criação de um selo de qualidade para ampliar

o mercado consumidor, cursos de capacitação e reciclagem para os profissionais que atuam no

mercado.

As reclamações advindas dos agentes são quanto à questão da venda das polpas,

muitas vezes elas estragam por não ter mercado consumidor, pois este produto tem seu

consumo correlacionado com a falta de outras polpas preferíveis a ela. Soma-se a isto a

descrença na atuação do governo com fomento para a agricultura, pois acreditam que não vai

haver crédito para esse tipo de cultura.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do taperebá.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá, na região do Baixo

Amazonas, atuam na escala local e em municípios de estados vizinhos à região de estudo.

O principal elo de comercialização do taperebá in natura tem como destino o

mercado nacional, mais especificamente a capital do estado do Amazonas, Manaus. Sendo

assim, o setor de varejo rural compra 81,4% de tudo que é comercializado pelo setor de

produção/extração, e vende 78,7% para a indústria de beneficiamento nacional, que após o

beneficiamento primário, despolpa do fruto in natura, vende para o varejo urbano nacional e

134

este para o consumidor final nacional. O varejo rural também comercializa uma pequena

parte, 2%, para o consumidor final local e apenas 0,7% são comercializados com o varejo

urbano local (Figura 36).

FIGURA 36 - Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Outro canal importante de comercialização são as vendas de 14,2% do fruto in

natura do setor da produção/extração para o varejo urbano local, o qual também compra do

varejo rural uma pequena parte 0,7%, destinando toda sua oferta (14,9%) para os

consumidores finais locais. É importante frisar que o setor de varejo urbano local vende o

produto em polpa, pois muitos comerciantes e feirantes possuem despolpadeira em suas

dependências físicas (casa ou no ponto de comercialização num mercado central).

O setor da indústria de transformação local (sorveterias, restaurantes e mini

agroindústrias) é responsável pela comercialização de 4,4% da produção identificada.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do taperebá, no período de 2009 a 2010.

No principal canal de comercialização o varejo rural comprou a um preço de R$

0,85/kg do fruto taperebá in natura do setor de produção/extração, e o preço médio de venda

foi de R$ 0,90/kg para a indústria de beneficiamento nacional, que as vendeu a R$ 1,13/kg

para o varejo urbano nacional, o qual as ofertou para o consumidor nacional a um preço de R$

1,41/kg (Figura 37). O varejo rural também vende para o consumidor local a R$ 3,46/kg e a

R$ 0,90/kg para o varejo urbano local.

135

FIGURA 37 - Preço médio do taperebá (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

No outro canal, o varejo urbano local também compra do setor de produção/extração

a um custo de R$ 1,15/kg, e a R$ 0,90/kg do varejo rural, e a revenda atinge R$ 3,27 para o

consumidor local. E por fim, a indústria de transformação local compra o produto in natura

do setor de produção/extração a R$ 1,10/kg e vende a R$ 24,15/kg para o consumidor local.

Este alto valor de venda é reflexo da agregação de valor, com a utilização do produto in

natura como insumo para obtenção de produtos industrializados, tal como o sorvete.

4.2.14 Borracha

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

borracha.

Foram entrevistados dois agentes mercantis pertencentes a esta cadeia, classificados

como produtor e atacadista (Figura 38). Além da borracha, o produtor trabalha com o

cupuaçu fruto e urucum, sendo que o cupuaçu é cultivado em consórcio com a borracha. Os

agentes envolvidos na cadeia de comercialização da borracha, da RI Baixo Amazonas,

apresentam as características descritas no Quadro 14.

136

FIGURA 38 - Localização dos agentes mercantis da borracha na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

QUADRO 14 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da borracha da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Produtores representados pelos seringueiros que extraem o

látex das seringueiras;

Indústria de

transformação

Artesões que produzem um subproduto denominado “couro

ecológico”, que serve para a confecção de diversos utensílios

(bolsas, sandálias e outros produtos). Diversas comunidades da

FLONA Tapajós se beneficiam dessa atividade e contam com

clientes internacionais e turistas que visitam constantemente a

região do Baixo Amazonas;

Atacado Grandes atacadistas e representantes de firmas, que compram a

borracha para a indústria nacional;

Varejo urbano

Diversos comerciantes de artesanato, que se localizam nos

pontos turísticos da região, comercializando produtos com o

“couro ecológico”, na forma de bolsas, sandálias entre outros.

Nacional

Indústria de

transformação

Indústrias nacionais de fabricação de pneus e outros derivados

da borracha. Os consumidores são do Brasil e de diversos

outros países. Quanto aos produtos de “couro ecológico” são

consumidos da Alemanha, França e Itália;

Varejo urbano

Atravessadores de artesanatos de “couro ecológico”

produzidos com a borracha. Vendem no mercado nacional,

mas boa parte dos produtos é destinada ao mercado

internacional.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

137

O produtor informou possuir uma propriedade de 15 ha. Em relação a equipamentos

o agente possui facão para a retirada do látex e tigelas para armazenar o produto durante a

extração.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da borracha.

A estrutura de comercialização das 31,7 toneladas de borracha (Figura 39)

demonstra que 97,8% da produção da região tem como destino principal a indústria de

transformação nacional, para fabricação de pneus e outros derivados, passando pelo setor

intermediário do atacado local. Os 2,2% da borracha passam pela indústria de transformação

local, com a confecção de bolsas, sandálias e outros produtos com uso do couro ecológico,

que vende 1,6% para o varejo urbano nacional, 0,5% para o varejo urbano local e 0,1% para o

consumidor local.

FIGURA 39 - Estrutura (%) da quantidade amostral da borracha na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da

borracha.

A transformação do produto é responsável por um enorme salto no preço de

comercialização. Vendido na sua forma bruta por valores de R$ 3,75/kg para o artesanato

local de couro ecológico (Figura 40) e de R$ 1,50/kg para o atacadista ou representante de

firma, que ainda repassa pelo mesmo valor estimado da borracha, na sua forma bruta, para a

indústria de transformação nacional, pois recebe comissão na quantidade comprada. Depois

de trabalhada pela indústria de transformação local, os produtos artesanais são vendidos a R$

138

157,99/kg para o varejo urbano local, a R$ 315,28/kg ao consumidor local e a R$ 197,24 ao

varejo urbano nacional.

FIGURA 40 - Preço médio da borracha (R$/kg do látex) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.15 Andiroba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

andiroba.

O óleo de andiroba, usado e comercializado em toda a Amazônia, tem muitas

utilidades. É um repelente poderoso e também serve para inchaços no corpo, reumatismo e

artrite. A extração do óleo de andiroba de forma artesanal é feita cozinhando as sementes,

geralmente em latas ou panelas de alumínio, por um período de uma a três horas. Depois as

sementes são colocadas para esfriar e, em seguida, acondicionadas em local seco sobre o

assoalho ou dentro de rasas durante 7 a 20 dias para repouso. Após o repouso as cascas são

quebradas com um pedaço de madeira ou cortadas com faca, e a amêndoa é retirada com

auxílio de uma colher. As amêndoas são amassadas com as mãos e colocadas sobre uma

superfície de alumínio dobrado e inclinado ou sobre folhas de bananeira a pleno sol, onde se

coloca um recipiente para aparar o óleo, que depois é repassado para frascos menores e

vendido em litro ou em diferentes dosagens.

Na cadeia de comercialização da andiroba foram identificados 14 agentes que atuam

no ramo entre cinco a 20 anos (Figura 41). Dos entrevistados seis são feirantes, três são

comerciantes, dois são produtores, um varejista, um atacadista e um extrativista. O Quadro

139

15 apresenta a classificação desses agentes de acordo com seus respectivos setores e

mercados. Os agentes estudados também trabalham com outros produtos medicinais (copaíba,

leite de sucuúba, carapanaúba, casca de ipê-roxo, quinarana, jucá, unha-de-gato, leite do

amapá, verônica, uxi-amarelo, barbatimão, assacu, mel, óleo e semente de cumaru, óleo de

piquiá, cajuaçu, ipê-roxo, casca de uxi e pata-de-vaca); utensílios e artesanatos (feitos com

cipó-timbó, cipó-titica, semente de morototó, cesta de palha de tucumã, cuia, jamanxim,

paneiro, tipiti e abano), frutíferas regionais (tucumã e fruto de cupuaçu) e ainda o breu-branco

(usado nas fábricas de vassoura ou para calafetar embarcações).

FIGURA 41 - Localização dos agentes mercantis da andiroba na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O atacadista possui armazém com dimensões de 45m2. No que diz respeito aos meios

de transporte utilizados, a cooperativa relatou possuir caminhão e caminhonete, usados para

escoamento da produção. No que tange a equipamentos, foi informado haver apenas uma

balança com capacidade de 1.000 kg. Como entrave ao armazenamento do produto foi

apontado que o espaço é insuficiente. Os agentes declararam trabalhar o ano todo com o

produto e em horário comercial. Com relação à mão de obra, a cooperativa possui 80

associados, porém não informou o valor pago aos mesmos.

140

QUADRO 15 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da andiroba da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção

Produtores da RI Tapajós que coletam as sementes da andiroba

e realizam o beneficiamento primário com a fervura e a

extração do óleo.

Local

Produção

Produtores locais dos municípios estudados do Baixo

Amazonas, que coletam as sementes da andiroba e realizam o

beneficiamento primário com a fervura e a extração do óleo;

Atacado

Uma cooperativa que compra a andiroba em óleo e realiza o

envasamento, a rotulagem e a padronização para o mercado

exterior;

Varejo urbano

Comerciantes (donos de baiúcas, varejistas e feirantes) que

compram o óleo e dividem em pequenos frascos para revender

ao consumidor local.

Nacional Varejo urbano Comércio varejista situado fora do Estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os comerciantes possuem entre um a dois armazéns em alvenaria, sendo um com

forro e piso de cimento (e os demais são de chão batido) com capacidade de 24m2 a 120m

2, e

como meio de transporte utilizam uma moto. Trabalham durante o ano todo em horário

comercial, e a quantidade de pessoas envolvidas na comercialização varia de uma a duas

(geralmente o casal). O problema relatado com relação ao armazenamento foi devido ao

espaço insuficiente.

Os feirantes possuem motos, armazém com tamanho de 9m2, não possuem máquinas

ou equipamentos, trabalham com o produto durante o ano todo, a mão de obra utilizada

(ajudante) recebe de R$ 15,00 a R$ 20,00 a diária e relataram que há necessidade de divulgar

as plantas medicinais como forma de melhorar as vendas e incentivo para os produtos. Existe

um agente que trabalha em regime de meia, onde se divide a produção final.

O produtor e o extrativista possuem propriedades rurais de 49 e 500 hectares,

localizadas em Cristalino e na Flona Tapajós. A coleta do óleo é feita por duas comunidades

da Flona e o extrativista trabalha em sistema de meia. O tempo de trabalho é somente na safra

e os materiais utilizados são carro de mão, panela, faca e bacia. Citou também que para

melhoria da produção há a necessidade de legalização dos óleos vegetais e o financiamento

para aquisição de equipamentos.

Foi informada a existência de outros agentes que comercializam este produto, os

quais estão localizados no mercado central de Santarém e em vários pontos da cidade.

141

Para melhoria na capacidade de produção, os agentes declararam que necessitam de

diversos apoios, como investimento e compra de locais próprios para venda dos produtos,

aumento da produção, certificado de origem (pois isso dificulta a comercialização devido a

demora da emissão do certificado de origem), melhoria nas estradas para escoamento dos

produtos beneficiados, além de ampliar o mercado consumidor.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba.

A cadeia de comercialização da andiroba identificada na presente pesquisa é

constituída por vários níveis de canais de distribuição. Do total da produção identificada pela

pesquisa, 91,3% é originária da própria região estudada e o restante, 8,7%, da produção

extralocal, no caso RI Tapajós (Figura 42).

FIGURA 42 - Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O principal nível de canal de comercialização da andiroba identificado com as

maiores quantidades foi a compra do varejo urbano local de 39,5% do total da produção local

e 8,7% da produção extralocal, que por sua vez vende 65,1% diretamente para o consumidor

local. Outro nível de canal importante é composto pelo setor do atacado local que compra da

produção local e vende 23,6% da produção identificada para o varejo urbano nacional voltado

para a exportação ao mercado europeu. A presença desta cooperativa na região permite ações

voltadas ao manejo florestal, ao fomento de atividades relacionadas ao extrativismo e a

padronização dos óleos conforme as normas internacionais de exportação.

142

Destaca-se ainda na comercialização do óleo a venda direta do produtor local de

andiroba para o consumidor local (10,1%), estadual (0,8%) e nacional (0,4%) da produção

identificada (Figura 42).

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia da

andiroba, no período de 2009 a 2010.

A produção local vende a R$ 20,00/l para o atacado local (grandes atravessadores e

cooperativa), a R$ 16,17/l para o varejo urbano local (comerciantes), a R$ 20,65/l para o

consumidor local, a R$ 37,00/l para o consumidor estadual (RI Tapajós) e R$ 20,00/l para o

consumidor nacional (Estado do Amazonas). Enquanto que a produção extralocal vende a R$

11,00/l para o varejo urbano local (Figura 43).

O setor atacadista local vende a R$ 29,26/l para o varejo urbano nacional e ao valor

estimado a R$ 29,89/l para o consumidor nacional (mercado internacional). Os preços de

venda para o âmbito nacional foram estimados, pois o entrevistado informou que os preços

são estabelecidos conforme a cotação do dólar. Desta forma, a metodologia considera uma

margem de lucro de 25% em média sobre o preço de compra.

FIGURA 43 - Preço médio da andiroba (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do óleo de

andiroba.

Os agentes que realizaram oferta do óleo de andiroba, a partir da RI Baixo

Amazonas, receberam algo em torno de R$ 138 mil, que corresponde ao VBP total sob a ótica

143

da oferta, com predomínio dos setores que compõem o mercado local, os quais canalizaram

aproximadamente R$ 117 mil (85% do VBP total), conforme o Gráfico 22. Já o restante, R$

21 mil (15% do VBP total), foi recebido pelos setores que comercializaram este produto no

mercado nacional, que na respectiva cadeia se refere ao comércio exterior.

GRÁFICO 22 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do óleo de andiroba

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Do valor recebido pelos agentes mercantis que compõem os setores do mercado

local, os extrativistas (agrupados no setor da produção) contabilizaram mais de R$ 51 mil

(VBPα) pela oferta do óleo de andiroba, conforme o Gráfico 22. Deste valor, os extrativistas

da RI Baixo Amazonas adquiriram mais de R$ 48,2 mil (correspondente a 94% do VBPα),

sendo o restante no valor superior a R$ 2,8 mil pago aos extrativistas extralocais Esta

denominação é alusiva aos produtores/extrativistas oriundos da RI Tapajós, que venderam

parte e/ou tudo do que beneficiaram deste produto no comércio do município de Santarém,

pólo da RI Baixo Amazonas, mais especificamente no principal mercado intitulado Mercadão

2000, tido como uma espécie de central de abastecimento por concentrar e comercializar a

produção de um número variado de produtos oriundos não só da RI a qual esta inserida, mas a

de outros municípios que integram outras regiões de integração vizinhas, sendo preponderante

as RI Tapajós e Xingu. Além da andiroba, outros produtos estudados por este projeto

(produtos nativos da floresta amazônica) foram identificados neste mercado, tais como:

bacuri, cacau, castanha-do-brasil, cupuaçu, taperebá, pupunha, muruci, mel, artesanatos, leites

(amapá, sucuúba), plantas medicinais, entre outros. Salienta-se também, que é a partir do

144

Mercadão 2000 que parte e/ou toda a comercialização desses e de outros produtos foram

direcionados ao abastecimento de outros municípios pertencentes a RI Baixo Amazonas,

assim como alguns municípios do estado do Amazonas.

Diante do exposto, do VBPα total de R$ 51 mil (soma do VBP

α local e extralocal)

(Gráfico 22), aproximadamente R$ 44 mil (86% do VBPα total) foram oriundos da venda aos

setores que compõem a demanda intermediária local, de modo específico 58% (em torno de

R$ 30 mil) foram obtidos pela venda ao setor varejista urbano e, 28% (em torno de, R$ 14

mil) foram das vendas aos agentes mercantis do setor atacadista. Sendo o restante, mais de R$

7 mil (mais de 14% do VBPα total), oriundos das vendas realizadas diretamente aos

demandantes finais das três escalas regionais, sendo mais predominantes aos consumidores

finais da região do Baixo Amazonas, pois constituíram 12% (R$ 6 mil) de participação nessas

vendas.

Com relação ao VBP adquiridos pelos outros setores que compõem o sistema local, o

atacadista, composto por uma cooperativa atuante na FLONA Tapajós, recebeu mais de R$

20,4 mil (Gráfico 22), provenientes das vendas do óleo de andiroba para o comércio exterior

(classificado como mercado nacional). Já o varejo urbano, setor onde estão inseridos os

agentes mercantis que atuam como feirantes e os que comercializam este produto em

mercearias e/ou tabernas, arrecadou aproximadamente R$ 45,5 mil, oriundos das vendas aos

demandantes finais locais, ou seja, consumidor final local.

O VBP estimado no mercado nacional, em R$ 21 mil aproximadamente, se refere às

vendas do setor de varejo urbano aos consumidores finais nacionais. Este valor foi alusivo às

transações realizadas entre os agentes mercantis localizados no exterior, ou seja, em outros

países, principalmente Alemanha e França.

Logo, tanto a comercialização quanto o consumo da andiroba aconteceram com

maior frequência no interior dos doze municípios que compõem a região do Baixo Amazonas,

tendo como principais pontos de comercialização as feiras e/ou mercados municipais (quando

estes estiveram aptos à utilização), ou, como aconteceu com periodicidade, nos

estabelecimentos comercias denominados de mercadinhos/mercearias. Tendo como utilidade

o uso como antiinflamatórios, repelente de insetos, entre outros.

e) VAB - gerado na comercialização da andiroba e a margem de comercialização de

cada setor (%).

Na cadeia de comercialização do óleo de andiroba, o VAB, desde o setor alfa, isto é,

coleta/produção da região de integração Baixo Amazonas e do Tapajós, até os demandantes

finais, foi orçado em R$ 73,6 mil, sendo os setores do mercado local, ou seja, setores

145

localizados na RI Baixo Amazonas, responsáveis por 99% na formação deste valor (Gráfico

23) e, o sistema nacional participou com 1%. Este valor estimado para o VAB, que é

equivalente ao Valor Transacionado Efetivo (VTE), constituiu uma margem bruta de

agregação de valor ao produto ao longo da comercialização, ou mark-up total, de 44%,

medido a partir da relação entre a diferença do VAB (mais de R$ 73,6 mil) com VBPα

total

(em torno de R$ 51 mil), pelo VBPα

total (de R$ 51 mil). Esta margem demonstra, em termos

percentuais, o quanto foi adicionado ou agregado, ao longo de toda a cadeia de

comercialização do produto, em análise, a partir do setor alfa (α), por ações de

beneficiamento, transformação e/ou majoração de preço que este produto adquiriu, antes da

demanda final. É importante frisar, no entanto, que o valor do VAB, inclui todos os custos de

beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não foram captados pela

pesquisa.

GRÁFICO 23 - VAB (em R$) e o mark-up (%), na comercialização do óleo de andiroba da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Deste modo, entre os setores do mercado local que agregaram valor e, os seus

respectivos mark-up (margem de comercialização por setor), o setor da produção, constituído

pelos agentes mercantis extrativistas, obteve uma participação predominante para a formação

do VAB local, pois agregou o equivalente a R$ 51 mil, aproximadamente 70 % do VAB total,

com a realização do beneficiamento primário do produto, que a grosso modo significa a coleta

da semente de forma tradicional e sustentável com a extração do óleo após a fervura. Convém

146

ressaltar, que o setor da produção transacionou o valor efetivo somente no que se refere às

vendas do produto (Gráfico 23) e, por isso, não se estimou o mark-up do setor.

Já o VAB do varejo urbano orçado em torno de R$ 15,7 mil (mais de 21% do VAB

local), foi desenvolvido através da majoração de preço realizada simultaneamente com o

fracionamento do produto em frascos menores, e por estes processos, constituiu um mark-up

de 53% (Gráfico 23), calculado pela relação do VAB do setor (R$ 15,7 mil), pelo Valor

Bruto da Produção (VBP), pela ótica da demanda, em torno de, R$ 29,8 mil, valor que

corresponde a compra de insumos realizada pelo setor. Por conseguinte, o setor atacadista

(composto por uma cooperativa mista) adicionou um valor próximo a R$ 6,5 mil (8% do

VAB local) e, constituíram um mark-up de 46%. Este setor adicionou valor devido o agente

mercantil que o integra apresentar nicho de mercado com padrão determinado de

comercialização e, por isso, realizou tanto a padronização do produto (envasamento), de

acordo com as normas de comercialização impostas pelos órgãos de fiscalização de alimentos,

como a majoração de preços, antes das vendas ao comércio exterior.

O VAB, no mercado nacional, mais especificamente do setor varejo urbano, foi

estimado em R$ 440,00 e mark-up de 2%, tratando-se das vendas realizadas pelo varejo urbano e

para os agentes mercantis localizados fora do país (Alemanha e França) (Gráfico 23).

Portanto, no que se referiu ao VAB, equivalente ao valor transacionado efetivo total,

ao longo da cadeia de comercialização do óleo da andiroba, orçado em mais de R$ 73,6 mil,

observou-se a proeminente participação dos extrativistas, classificados como setor da

produção, já que o seu valor adicionado correspondeu a quase 70% do VAB total, pois foi

quem realizou tanto a coleta quanto o beneficiamento do produto, enquanto que os setores da

demanda intermediária só agregaram valor pelo processo de majoração de preço,

fracionamento do produto e, em alguns casos, padronização das embalagens. É importante

frisar, no entanto, que o beneficiamento primário poderia ser mais produtivo para o setor alfa

se utilizassem uma prensa, fato impossibilitado pela falta de capital.

f) RBT, gerada pela ótica da demanda, na comercialização da andiroba.

A renda bruta total (RBT) contabilizada na ordem de R$ 138 mil, gerada na

comercialização do óleo de andiroba, a partir da RI Baixo Amazonas, forma-se pela soma do

valor da compra de insumo, que corresponde ao VBP (pela ótica da demanda) com VAB

(≈VTE). Desta maneira, o sistema local foi responsável por gerar 85% do montante do valor

da renda bruta e o restante (15%) foram gerados no sistema nacional, que na respectiva

cadeia, trata-se também do comércio exterior (Gráfico 24).

147

GRÁFICO 24 - Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do óleo de

andiroba, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Fazendo a análise somente das rendas constituídas pelos setores do sistema local,

com renda bruta gerada em aproximadamente R$ 117 mil, o setor da produção (α) foi quem

obteve a maior renda, ao longo de toda cadeia de comercialização, calculada em R$ 51 mil, o

que corresponde a mais 43% da renda gerada a nível local e, 37% da renda total gerada,

resultante das vendas para o setor atacadista e do varejo urbano que compõem o mercado

local e os consumidores finais das três escalas: local, estadual e nacional (Gráfico 24). O

varejo urbano vem em seguida, pois foi o setor que obteve o maior valor adicionado após as

vendas do setor da produção, em torno de R$ 15,7 mil, após a compra de insumos, no valor

R$ 29,8 mil, junto aos extrativistas, gerando uma renda bruta no valor superior a R$ 45,5 mil

com as vendas para os consumidores locais. Ainda no sistema local, o atacado que comprou o

óleo da andiroba de extratores da região do Baixo Amazonas no valor de R$ 13,9 mil e os

vendeu com uma agregação no valor de R$ 6,5 mil para o mercado nacional (internacional),

obtendo uma renda bruta de aproximadamente R$ 20,4 mil.

Já o valor da RBT estimado para o mercado nacional, em R$ 21 mil (15% da RBT

total), corresponde ao valor de compra (VBP sob a ótica demanda) e, agregação de valor

realizado pelos setores localizados na esfera internacional, seja para consumo ou para a sua

utilização como insumo (Gráfico 24).

148

4.2.16 Curauá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

curauá.

Com base em informações obtidas junto ao técnico da empresa estadual de

assistência técnica do município de Belterra, foi possível identificar os principais agentes

mercantis envolvidos nesta cadeia. O Quadro 16 apresenta a caracterização dos agentes

envolvidos na comercialização deste produto, de acordo com seus respectivos setores e

mercados.

QUADRO 16 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da fibra do curauá da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Produtores de curauá, responsáveis pela coleta e

desfibramento inicial da folha;

Atacado Representante de firma que faz o contato com as

comunidades produtoras;

Indústria de

beneficiamento

Processamento industrial primário realizado na RI Baixo

Amazonas, que produz mantas de fibras naturais.

Nacional Indústria de

transformação

Indústrias que transformam a manta de fibras naturais, em

diferentes peças para carros de grandes montadoras.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Verificou-se que a produção é subsidiada pelo projeto CEAPAC (Centro de Apoio a

Projetos de Ação comunitária) o qual incentiva o consórcio de curauá com árvores de espécies

florestais e frutíferas (cumaru, jacarandá, mogno, neem e piquiá), na região do Projeto de

Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande8, em uma área correspondente a 50 ha,

por meio de financiamentos bancários e assistência técnica (EMATER). Ademais, as

sementes para produção são cedidas por uma mineradora, localizada no município de

Oriximiná.

No que tange a produção, verificou-se o envolvimento de uma comunidade,

composta por 22 famílias. Segundo o entrevistado esta comunidade é considerada a maior

produtora no oeste do Pará. Além do cultivo e coleta, esses produtores realizam o

beneficiamento deste vegetal, que consiste na retirada da fibra contida nas folhas do curauá,

que se da com auxílio de uma máquina específica. Já o setor do atacado, registrou apenas um

representante de uma firma que realiza a transação com as comunidades produtoras. Este

8 Situado a noroeste de Santarém, criado em 2005, ocupa 2,5 mil km

2, equivalente a 11% da área do município

de Santarém (FOLHES, 2007).

149

agente durante o processo de comercialização realiza um contato junto aos produtores e

posteriormente transaciona direto com a indústria de beneficiamento local, que processa a

fibra na forma de mantas de diferentes espessuras, as quais são enviadas para o setor de

transformação nacional, que produz diversas peças para carros de grandes montadoras.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg) entre os setores mercantis da cadeia do curauá.

O curauá é muito utilizado na forma de mantas de fibra natural, que são

transformadas no ramo da indústria automobilística. Com base na Figura 44 é possível

verificar o percentual da quantidade transacionada entre os setores. Nota-se que 100% da

produção local é comprada por atacadista local (representante de empresa), que repassa

integralmente para a indústria de beneficiamento local, que produz as mantas das fibras de

curauá, as quais são destinadas para a indústria de transformação nacional, para fabricação de

acessórios para automóveis.

FIGURA 44 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do curauá na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a

2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A produção local vende para o atacado local a fibra ao valor de R$ 4,00/kg (Figura

44). O atacado local entrega para a indústria de beneficiamento local a R$ 4,00/kg, que vende

para a indústria de transformação nacional a R$ 5,00/kg (valor estimado, pois não

entrevistamos o responsável pela filial da indústria em Santarém). A indústria de

transformação nacional oferta para o consumidor nacional ao valor de R$ 6,25/kg (valor

estimado devido à agregação de cada peça).

150

4.2.17 Buriti

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

buriti.

Foram identificados sete agentes (Figura 45) que comercializam o buriti. Dentre

estes se destaca uma associação da comunidade do Ererê, localizada no entorno do Parque

Estadual Monte Alegre, que vem desenvolvendo trabalhos relacionados ao extrativismo do

buriti, como o beneficiamento da polpa do fruto, produção de objetos artesanais de buriti

pelos moradores e a organização no “Festival do Buriti”.

FIGURA 45 - Localização dos agentes mercantis do buriti na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Somente um agente trabalha exclusivamente com o buriti, os demais comercializam

outros produtos, tais como: açaí, bacuri, cupuaçu, muruci, taperebá, tucumã, palha de tucumã,

cuias e o leite de sucuúba. Foi identificado um comércio do ramo alimentício (lanchonete e

sorveteria), a qual está no ramo há 17 anos, e os outros dois agentes atuam há 15 e 4 anos. Os

demais não informaram o tempo de trabalho. O Quadro 17 apresenta a caracterização dos

agentes envolvidos na comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores

e mercados.

151

QUADRO 17 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do buriti da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Extratores do buriti que coletam o fruto utilizando

equipamento e técnicas semelhantes à da coleta do açaí.

Depois da coleta realizam o beneficiamento caseiro do fruto

que consiste no amolecimento do fruto e em seguida o

despolpamento manual com auxilio de colheres;

Varejo rural Atravessadores que se deslocam até as comunidades e

compram diretamente do setor da produção a polpa do buriti;

Indústria de

beneficiamento

Associação que possui uma fábrica de beneficiamento de polpa

de buriti. Os associados levam os frutos ensacados para a sede

da associação, onde é feita a despolpa do buriti;

Indústria de

transformação

Sorveterias e lanchonetes que adquirem a massa extraída dos

frutos (composta de polpa e casca) e as transformam em sucos

e sorvetes;

Varejo urbano Feirantes que comercializam polpa do buriti. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Dois agentes econômicos do setor da produção possuem propriedades rurais com

áreas de 12 e 50 hectares. Verificou-se ainda que três agentes possuem barracas de venda com

dimensões de 12, 17,5 e 96 m². Todos os agentes possuem algum tipo de maquinário ou

equipamento, tais como: câmara fria (capacidade para uma tonelada), máquina industrial para

fabricação de sorvete, liquidificador industrial, selador de embalagem, terçado, balança,

tanque em inox, mesa para descanso e lavagem dos frutos, despolpadeiras, freezers com

capacidade de 280 l, 360 l e 530 l e caixas de isopor de 60 l.

O primeiro beneficiamento é, na maioria das vezes, realizado de forma artesanal com

raspagem do fruto com auxílio de uma colher. O custo de utilização da despolpadeira é

considerado alto por alguns produtores associados, pois a associação cobra 30% da renda a

fim de custear despesas oriundas do consumo de energia e fornecimento de embalagens, por

isso alguns preferem extrair a polpa manualmente para não ter que efetuar este pagamento. A

problemática advinda da utilização do procedimento manual é que se tem um rendimento

menor do fruto, pois 300 frutos rendem apenas 12 kg, e quando utiliza-se a despolpadeira,

com essa mesma quantidade de fruto, o rendimento é elevado para 25 kg. Em período de alta

de safra, alguns coletam cerca de 100Kg de frutos/mês.

No que tange aos meios de transporte utilizados na comercialização do buriti, dois

agentes informaram que possuem moto, bicicleta (do tipo carroça) e carro. Porém, o

transporte do buriti em sacas de 60 kg é feito do ponto de coleta até o galpão de

beneficiamento com a saca acondicionada sobre os ombros dos coletores.

152

Com relação a pagamento de mão de obra para o desenvolvimento da atividade,

somente três agentes pagam entre R$ 10,00 a 15,00/semana para seus auxiliares. Os

proprietários de sorveteria e lanchonete pagam, em média, o valor de R$ 350,00 mensal ao

pessoal envolvido na atividade (valor que representou 70% do salário mínimo do período da

pesquisa, R$ 510,00).

Os problemas enfrentados pelos agentes econômicos que trabalham com buriti

referem-se à capacidade de armazenamento, pois o espaço físico muitas vezes é insuficiente

para a quantidade de produtos coletados, carência de recursos financeiros para obtenção de

maquinário e, os dois agentes mercantis considerados mais importantes, que atuam na coleta e

beneficiamento do fruto, identificam a falta de organização dos extratores (já que o recurso é

coletado em área de uso comum) e a carência de assistência técnica e extensão rural.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do buriti.

A comercialização deste produto se dá somente a nível local. Diante disso, um fato

imperativo a se relatar é que o buriti tem na região uma importante participação na

alimentação da população local. Como é visto na Figura 46, onde boa parte da produção tem

como setor central o varejo urbano local (feirantes), que compra 66,4% do setor da produção e

5,6% do varejista rural, e vende 72% para o consumidor local.

FIGURA 46 - Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Outro canal de comercialização importante é quando a indústria de beneficiamento

adquire da produção local 23,4% e a vende diretamente para o consumidor local. Apenas

153

1,1% do que é coletado pelos extratores da região é direcionado para o setor de indústria de

transformação (sorveterias e lanchonetes) que vende diretamente para o consumidor local. A

venda direta do produtor com o consumidor local na região equivale a 3,5%, como indicado

na Figura 46, e acontece nas feiras dos produtores rurais do município sede da região.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do buriti, no período de 2009 a 2010.

No principal canal de comercialização foram identificadas as seguintes práticas, o

varejo urbano local paga o equivalente a R$ 0,47/kg do produto para o setor de produção,

quando a compra é diretamente junto aos produtores e R$ 0,92/kg quando a compra é

realizada com os atravessadores (varejo rural), e este varejo urbano as vende ao preço de R$

0,66/kg para o consumidor local (Figura 47). É importante frisar que se trata da venda da

massa de buriti natural, ou seja, polpa com casca.

Já em outro canal, o varejo rural compra da produção a R$ 0,42/kg do fruto em

forma de polpa e vende para o varejista urbano a R$ 0,92/kg (Figura 47). O setor de

beneficiamento paga aos produtores um valor médio de R$ 0,25/kg (frutos in natura) e vende

aos consumidores locais no valor de R$ 0,32/kg, na forma de polpa. O setor da indústria de

transformação (sorveteria e lanchonete) compra da produção ao preço de R$ 0,86/kg e vende

ao preço de R$ 21,07/kg na forma de sorvetes e sucos. Destaca-se que o setor de produção

tem uma rentabilidade maior quando vende o fruto diretamente ao consumidor local a um

preço de R$ 1,86/kg do fruto in natura e/ou beneficiado e/ou transformado em um produto

final. Porém, para que isto aconteça com mais freqüência se faz necessário a melhoria dos

pontos de venda, tal como a reestruturação das feiras livres, instalados nos municípios que

compõem esta região integração.

154

FIGURA 47 - Preço médio do buriti (R$/kg) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.18 Urucum

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

urucum.

O urucum é um corante natural utilizado na alimentação. Verificou-se nesta pesquisa

que a utilização do urucum foi destinada somente para a culinária, comumente usado como

condimento e colorante, empregado sobre a forma industrializada de pó, obtido pela trituração

das sementes. Foram identificados três agentes mercantis nesta cadeia, dois produtores e um

atravessador. Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do urucum, na região do

Baixo Amazonas, apresentam características descritas no Quadro 18.

Em relação à propriedade dos produtores para cultivo do urucum, registrou-se que

um possui uma área de 4 ha e o outro 15 ha. No que tange ao armazenamento, um dos

produtores relatou possuir um local de 180m2. Já o atravessador possui um espaço bem menor

de 7,5m2. Em relação aos meios de transporte, os produtores informaram possuir

caminhonete, trator traçado e caminhão, enquanto que o atravessador, apenas moto.

155

QUADRO 18 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do urucum da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Extralocal Produção

Produtores da RI Tapajós que realizam o beneficiamento

primário do urucum, que consiste na pré-secagem dos frutos,

debulhagem, peneiramento da semente e a secagem da

semente.

Local

Produção

Produtores dos municípios do Baixo Amazonas, que realizam

o beneficiamento primário do urucum que consiste na pré-

secagem dos frutos, debulhagem, peneiramento e a secagem da

semente;

Varejo rural Atravessadores que compram a semente do urucum de

produtores locais e vendem a maior parte para o mercado

nacional;

Indústria de

transformação

Pequenas empresas que realizam transformação do urucum em

colorau (colorífico), obtido por trituração das sementes,

usualmente misturadas a certo teor de outros grãos (milho,

trigo, entre outros);

Atacado

Comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que

compram a semente do urucum em grandes quantidades da

produção extralocal;

Varejo urbano Comerciantes que compram o urucum já transformado em

colorau e revendem para o consumo local.

Nacional

Indústria de

transformação

Empresas que realizam transformação do urucum em colorau

(colorífico);

Atacado Comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que

compram a semente do urucum em grandes quantidades;

Varejo urbano Comércio de varejo situado fora do Estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do urucum.

A cadeia de comercialização do urucum consiste em canais simples, mas sendo

constituído por diversos níveis de canais de distribuição. Do total da produção identificada

pela pesquisa, 54,8% são da própria região estudada e o restante, 45,2% é originário da

Região de Integração Tapajós (Figura 48). O principal canal de comercialização do urucum é

formado pelo setor do varejo rural que compra 54,8% da produção local, vende 36,8% para o

atacado nacional (localizado no Estado do Amazonas), 9,0% para a indústria de

transformação local e também a mesma quantidade para a indústria de transformação

nacional. Conforme os entrevistados existem seis armazéns (atacadista nacional) em Manaus

que compram o urucum da região.

A produção extralocal identificada (45,2%) é toda destinada para o setor atacadista

local (Figura 48), que por sua vez vende diretamente para a indústria de transformação local.

156

Neste caso, este setor da transformação também compra 9 % de urucum dos atravessadores

locais (varejo rural) e vende 54,2% do colorau para o varejo urbano local (supermercados)

chegando, em seguida, ao consumidor local.

FIGURA 48 - Estrutura (%) da quantidade amostral do urucum na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do urucum, no período de 2009 a 2010.

O preço médio de compra de insumo (urucum) praticado pelos atravessadores

(varejistas rurais) com os produtores locais foi de R$ 2,37/kg da semente de urucum (Figura

49), que por sua vez vende a R$ 2,52/kg para a indústria de transformação local, a R$ 2,72/kg

para a indústria de transformação nacional e a R$ 2,50/kg para o atacado nacional (grandes

armazéns localizados em Manaus). Por outro lado, o preço de venda praticado pela indústria

de transformação local com o varejo urbano local chega a R$ 3,29/kg da semente do urucum.

Em relação aos atacadistas locais, eles compram diretamente da produção extralocal

a R$ 2,30/kg da semente, e vendem somente para a indústria de transformação local a R$

2,72/kg.

157

FIGURA 49 - Preço médio do urucum (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.19 Leites

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos

leites.

Nesta cadeia foram agrupados quatro produtos (leite-de-amapá, leite-de-anani, leite-

de-sucuúba e seiva de jatobá), sendo que todos foram comercializados com finalidades

medicinais.

Foram identificados dez agentes envolvidos nesta cadeia de comercialização (Figura

50). O tempo de trabalho no ramo dos agentes é de aproximadamente 15 anos. Esses agentes

são comerciantes, feirantes, atravessadores, produtores e extrativistas. Um agente faz parte de

uma associação que trabalha com saúde popular, com uso de ervas medicinais e contam

atualmente com sete associados. Além dos leites, estes agentes comercializam outros produtos

(óleo de cumaru, copaíba, mel, casca de ipê-roxo, semente de cumaru, verônica, óleo de

andiroba, jucá, assacu, casca de sucuúba, quinarana, casca de uxi, cajuaçu, tipiti, óleo de

piquiá, carapanaúba, resina de breu-branco, abano, cupuaçu fruto e pata-de-vaca). O Quadro

19 apresenta a caracterização dos agentes envolvidos na comercialização deste produto, de

acordo com seus respectivos setores e mercados.

158

FIGURA 50 - Localização dos agentes mercantis dos leites na RI Baixo Amazonas, estado do

Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

QUADRO 19 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização dos leites da RI Baixo

Amazonas, Estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Produção é composta por extrativistas que retiram o leite

(seiva) com o uso de ferramentas simples;

Varejo rural Atravessadores que comercializam o leite fracionado ou em

litro;

Indústria de

Transformação

Uma associação localizada em Monte Alegre, que vende os

leites misturados com mel ou outros ingredientes naturais;

Varejo urbano Feirantes e comerciantes que revendem o produto fracionado

ou em litro.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os leites são comercializados durante todo ano. A produção é realizada em

propriedades rurais com dimensões de 20 a 50 ha, localizadas em Serra Azul (Monte Alegre)

e Juruti.

Os extrativistas retiram os leites dos vegetais com auxílio de equipamentos

específicos para esta atividade, como terçado e um recipiente com capacidade para 600 ml

para armazenar cada produto. Como meio de transporte para escoamento da produção

utilizam moto e carro. O produto é armazenado em depósitos ou casas com dimensões que

variam de 9m2 a 60m

2.

159

Vários agentes na cidade comercializam o produto, todavia há a necessidade de

maior divulgação da importância das plantas medicinais, especificamente o leite-de-sucuúba,

indicado para problemas digestivos, porém é pouco procurado por falta de informações. Os

leites são comercializados durante todo ano e a maioria dos agentes contrata mão de obra

externa, pagando um valor que varia de R$ 15,00 a 20,00 a diária ou, até mesmo, um salário

mínimo.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de leites.

Os leites de jatobá, anani, amapá e sucuúba são utilizados tradicionalmente como

medicamentos pela população da região e em farmácias de manipulação, com

comercialização identificada apenas na região em estudo.

Os extrativistas que coletam os leites (seivas) destinam a produção para quatro

setores locais, sendo 44,1% para a indústria de transformação (Figura 51), representada por

uma associação que mistura os leites ao mel como remédio caseiro ou in natura, 42,4% ao

varejo urbano representados por feirantes e comerciantes da região, 12,4% de venda direta ao

consumidor local e 1,1% que passa pelo varejo rural, composto por atravessadores que vão até

o produtor e revendem para o consumidor local.

FIGURA 51 - Estrutura (%) da quantidade amostral dos leites na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

dos leites, no período de 2009 a 2010.

160

Conforme a Figura 52, a produção local vende para o varejo rural a R$ 3,50/l que

vende ao consumidor a R$ 10,00/l, a indústria de transformação compra a R$ 10,00/l e vende a

R$ 16,03/l, o varejo urbano compra a R$ 8,59/l e revende para o consumidor final a R$ 15,22 o

mesmo litro, já o consumidor final que compra direto da produção paga R$ 10,89/l.

FIGURA 52 - Preço médio dos leites (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.20 Muruci

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

muruci.

Foram identificados doze agentes que comercializam o produto, sendo uma

agroindústria (com nome fantasia em japonês), um sindicato de Oriximiná, uma associação de

Alter do Chão, duas sorveterias, dois comerciantes, três feirantes e um produtor. Todos

comercializam outros produtos, tais como: taperebá polpa, cupuaçu polpa, bacaba, açaí fruto,

castanha-do-brasil, breu-branco, mel, carvão, bacuri fruto e buriti (Figura 53). O proprietário

da agroindústria, localizada em Santarém, encontra-se no ramo há cerca de 20 anos, os demais

entre nove meses a 15 anos, em média.

161

FIGURA 53 - Localização dos agentes mercantis do muruci na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do muruci na região do Baixo

Amazonas estão descritos no Quadro 20.

QUADRO 20 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do muruci da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas da RI Baixo Amazonas. O fruto pode ser

comercializado in natura em embalagens de garrafa PET ou

sacos plásticos de 1 litro, ou na forma de polpa;

Varejo rural Pequenos comerciantes e uma associação, denominados

atravessadores, que compram o muruci in natura dos

produtores;

Indústria de

beneficiamento

Pequenas e médias empresas que realizam o beneficiamento do

fruto do muruci em polpa;

Indústria de

transformação

Pequenas empresas que realizam a transformação do fruto do

muruci in natura ou da polpa em outros produtos finais como

sorvetes, sucos, doces entre outros;

Varejo urbano Feirantes e comércios que realizam a venda do muruci in

natura para o consumo local. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O produtor identificado possui propriedade rural com uma área de 12 ha. Todos os

agentes trabalham com o produto durante todo o ano, em barracas com dimensões que variam

de 6 m² a 20 m². A mão de obra é basicamente constituída por familiares. A agroindústria

162

paga aos seus sete funcionários um salário mínimo/mês e, caso precise em épocas de safra,

paga-se hora extra. O sindicato também paga um salário mínimo para três pessoas

contratadas.

No que tange a infraestrutura, nove agentes possuem maquinários e equipamentos

(despolpadeira industrial, cortador de frutas, dosador, seladora, despolpadeira de açaí,

liquidificadores, máquina de fazer sorvete e processadores). A agroindústria ainda possui uma

câmara fria, freezers, caixas de isopor grandes, fogão industrial, peneiras, geladeira, balança e

baldes em inox. Verificou-se que oito agentes utilizam como meio de transporte caminhão,

carro, bicicleta, moto, barco, rabeta e carroça.

Dentre os problemas relatados pelos agentes, principalmente os que atuam no setor

de beneficiamento e/ou processamento do fruto, o que mais desestimula a continuidade da

atividade é a constante queda de energia elétrica, que muitas vezes causa prejuízo. Contudo,

os principais entraves para esses agentes é a falta de políticas públicas que incentivem o

plantio deste produto, a fim de gerar uma maior oferta e, a falta de capacitação profissional e

assistência técnica dos agentes.

Para melhoria na capacidade de comercialização os agentes declararam que

necessitam de maior espaço físico, haja vista existirem diversas barracas no mercado central

que são de madeira e, portanto, sem segurança e qualidade para armazenamento do produto,

tão pouco para os equipamentos e, o crédito específico para os feirantes e comerciantes para

aquisição de equipamentos, como freezers para armazenar os produtos na safra e entressafra.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do muruci.

Os canais de comercialização do muruci, identificados nos doze municípios, se

caracterizam por sua forma indireta, passando sempre por um setor intermediário entre a

produção e o consumidor, todos atuando somente na região do Baixo Amazonas - local

(Figura 54). O principal canal de comercialização refere-se à venda de 61,7% da produção

para o varejo urbano local (feirantes e comerciantes). O setor da indústria de beneficiamento

compra 20% da produção e vende 19,1% diretamente para o consumidor na forma de polpa e

0,9% para o varejo urbano local. Tanto o varejo rural (atravessadores) quanto o setor da

indústria de transformação (lanchonete, sorveterias e docerias) compraram 9,2% e 9,1%,

respectivamente, da produção local e venderam seus produtos para o consumidor final na

forma de fruto in natura ou de sorvetes e doces, respectivamente.

163

FIGURA 54 - Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci na RI Baixo Amazonas, estado

do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do muruci.

O preço médio praticado pelo produtor com o varejo urbano local é de R$ 1,08/l do

fruto de muruci e, este setor, por sua vez, vende a um preço de R$ 3,56/l para o consumidor

final (Figura 55). O setor do beneficiamento primário do fruto compra da produção ao preço

de R$ 1,86/l, após beneficiar o fruto in natura na forma de polpa em embalagem padronizada,

vende a R$ 2,50/l para comerciantes locais (varejo urbano local) e a R$ 6,67/l diretamente

para os consumidores.

O varejo rural compra o fruto in natura a um preço de R$ 1,46/l e vende a R$ 2,67/l

para o consumidor local, sem qualquer incremento tecnológico ou tipo de beneficiamento,

apenas realiza a separação dos produtos de boa qualidade, a fim de obter um maior preço de

venda. Já o setor de transformação compra da produção a R$ 2,55/l do fruto na forma de

polpa, agrega valor na transformação do produto e vende ao preço médio de R$ 18,82/l em

forma de sorvetes, cremes e doces para o consumidor local (Figura 55).

164

FIGURA 55 - Preço médio do muruci (R$/l) praticado nas transações entre setores da cadeia

de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.21 Lenha

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

lenha.

Registrou-se apenas um agente que compra este produto. Este consumidor trabalha

em uma olaria, localizada no município de Terra Santa e está neste ramo há 27 anos. O

Quadro 21 apresenta a caracterização dos agentes de acordo com seus respectivos setores e

mercados.

QUADRO 21 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da lenha da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local Produção

Coletores de lenha da região, que retiram a madeira de

áreas derrubadas para formação de pastagens. O

consumidor final é representado por uma indústria

(olaria), que utiliza a lenha para aquecer o forno.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Possui um armazém com capacidade para 40 milheiros/mês. A olaria depende da

produção de lenha durante o ano todo, sendo utilizada nos fornos para produção de utensílios

de barro (telhas e tijolos). Os proprietários utilizam dois caminhões como meio de transporte

da lenha do campo até a indústria. Apesar da população local utilizar a lenha nos fogões de

barro das residências a pesquisa não identificou a venda direta para esse tipo de consumidor.

165

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/m3) entre os setores mercantis da cadeia da lenha.

Verificou-se que esta cadeia de comercialização é somente local, composta por

produtores que vendem 100% da produção da lenha para uma olaria (Figura 56), classificada

como consumidor final deste insumo, para a produção de tijolos e telhas. O preço médio da

lenha praticado entre a produção e o consumidor foi de R$ 20,00/m3.

FIGURA 56 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/m3) da lenha na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a

2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.22 Plantas medicinais

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das

plantas medicinais.

Foram identificadas 22 espécies de plantas medicinais na comercialização: casca de

acapurana, açoita-cavalo, arapari, aroeira, assacu, barbatimão, caimbé, carapanaúba,

envirataia, ipê-roxo, marapuama, mururé, pata-de-vaca, preciosa, quinarana, sacaca, taxi-

branco, ucuúba, unha-de-gato, verônica, fava de jucá e cipó de jabuti. Os 44 agentes mercantis

envolvidos na cadeia de comercialização das plantas medicinais (Figura 57) atuam somente

na RI Baixo Amazonas (local), conforme descrição no Quadro 22.

166

FIGURA 57 - Localização dos agentes mercantis das plantas medicinais na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

QUADRO 22 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização das plantas medicinais da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Extrativistas que coletam as plantas ou parte delas e vendem

para o varejo urbano, para o setor de transformação e para o

consumidor final local;

Indústria de

Transformação

Uma associação que compra casca de ipê-roxo de produtores e

revende para o consumidor final local;

Varejo Urbano

Feirantes e comerciantes que compram da produção em

grandes quantidades e revendem para o consumidor final em

embalagens menores e fracionadas. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Todos os agentes envolvidos nesta comercialização realizam a venda de várias

espécies medicinais, além de outros produtos como óleos, leites e utensílios como abano e

peneira. A estrutura física dos pontos de venda dos produtos variou de 3m2 a 60m

2 e os meios

de transporte identificado para comercialização foi carro e moto.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de plantas medicinais.

O varejo urbano comercializou 72,9% das plantas medicinais identificadas

diretamente para o consumidor local (Figura 58). Por outro lado, a produção vendeu 26,5%

exclusivamente para os consumidores locais. O setor da indústria de transformação foi pouco

expressivo, em termos de número de agentes e de percentual de comercialização (0,6%).

167

Nesta categoria registrou-se apenas a participação de uma associação, localizada no município

de Monte Alegre, responsável pela venda de ipê-roxo.

FIGURA 58 - Estrutura (%) da quantidade amostral das plantas medicinais na RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre os diversos setores mercantis da cadeia

das plantas medicinais, no período de 2009 a 2010.

O setor da indústria de transformação local comprou parte da produção de plantas

medicinais a um preço médio de R$ 10,00/kg e vendeu para o consumidor a R$ 16,00/kg

(Figura 59); o varejo urbano local comprou grande parte da produção ao preço médio de R$

4,10/kg e vendeu para o consumidor em embalagens menores ao preço médio equivalente a

R$ 40,14/kg. A comercialização da produção diretamente para o consumidor assumiu um

valor de R$ 4,57/kg.

168

FIGURA 59 - Preço médio das plantas medicinas (R$/kg) praticado nas transações entre

setores da cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas,

estado do Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.23 Bacaba

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

bacaba.

Foram entrevistados dois agentes (beneficiadores do fruto, isto é, “batedores” de

bacaba) nesta cadeia. Um dos entrevistados relatou que trabalha neste ramo há dez anos. A

comercialização da bacaba é uma atividade complementar à venda do açaí, pois a

intensificação deste produto se expressa apenas no período da entressafra do açaí. Dessa

forma, a bacaba mostrou-se como fonte de renda complementar para os batedores de açaí

(agentes da indústria de beneficiamento), sendo necessário diversificar com outros produtos

(polpas de muruci e taperebá). O Quadro 23 mostra a caracterização dos agentes envolvidos

na comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores e mercados.

QUADRO 23 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização da bacaba da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Coletores de bacaba oriunda de áreas nativas, para abastecer o

mercado local;

Indústria de

beneficiamento

Batedores de bacaba que utilizam o mesmo maquinário para

extração da polpa do açaí. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

169

Os entrevistados informaram que a comercialização da bacaba é realizada somente

na safra da região, com apoio de mão de obra familiar. Um deles relatou pagar ao filho R$

30,00 por semana e o outro mencionou que paga R$ 180,00 para um auxiliar. O processo de

beneficiamento do vinho da bacaba é realizado com a mesma máquina utilizada para

despolpar o fruto do açaí. Após o processo de beneficiamento, o produto é armazenado em

freezers e isopor com capacidade para 70 l. Ademais, no que se refere à infraestrutura, um dos

entrevistados, mencionou possuir mais duas filiais, tendo seus empreendimentos dimensões

de 6 m², 9 m² e 30 m². A bicicleta foi o único meio de transporte utilizado pelos batedores na

comercialização.

Para a melhoria das vendas os batedores relataram a necessidade de incentivos para

ampliar o espaço físico do ponto comercial e equipamentos (freezer) para estocar o produto

beneficiado. Além disso, a aquisição de um ponto próprio para comercialização foi outra

necessidade almejada pelos batedores como forma de reduzir gastos, evitando pagar aluguel.

Existem poucos agentes que comercializam o produto na região. Um dos agentes

relatou que é difícil encontrar bacaba na região e, na entressafra, mais ainda. Outro

entrevistado queixou-se que não vende uma maior quantidade por não encontrar mercado

consumidor melhor para o produto.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

corrente/kg in natura) entre os setores mercantis da cadeia da bacaba.

A estrutura de comercio é bastante simples e direta, restrita à região, com a produção

vendendo 100% do fruto in natura diretamente para os batedores (indústria de

beneficiamento), ao preço médio de R$ 0,92/kg, os quais vendem a polpa para o consumidor

final ao preço equivalente a R$ 1,88/kg (Figura 60).

170

FIGURA 60 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg in natura) da bacaba na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de

2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.24 Breu-branco

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

breu-branco.

Foram identificados cinco agentes que comercializam o produto (Figura 61). Esses

agentes foram classificados como sendo: uma fábrica de vassoura, um atravessador e três

feirantes. Atuam no ramo em média há 9,5 anos. Além do breu-branco, os entrevistados

também comercializam outros produtos (plantas medicinais (casca de assacu, carapanaúba,

ipê- roxo, quinarana e ucuúba), óleos (andiroba, copaíba, cumaru e de piquiá), leites (sucuúba

e amapá), cipós (titica e timbó), uxi, cajuaçu, abano, tipiti, mel, e semente de cumaru). O

Quadro 24 apresenta a descrição dos agentes mercantis envolvidos nesta comercialização de

acordo com seus setores e seus respectivos mercados.

171

FIGURA 61 - Localização dos agentes mercantis do breu-branco na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

QUADRO 24 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do breu-branco da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas que coletam a resina do breu-branco;

Varejo rural Atravessadores que compram dos extrativistas a resina do

breu-branco;

Indústria de

transformação

Uma fábrica que compra a resina do breu-branco e utiliza

como cola na produção de vassouras;

Varejo urbano Comerciantes e varejistas que compram da produção e vendem

para o consumidor final. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Os entrevistados informaram que o breu-branco possui uma resina macia, de odor

natural agradável e fresco, apresenta vários usos na cultura local, sendo que o principal como

defumador, incenso em rituais religiosos e como ingrediente para a calafetagem de

embarcações. Além desses usos, também foi registrado nesta pesquisa o breu utilizado como

cola na indústria de vassouras.

Os agentes entrevistados armazenam o breu em locais próprios (armazéns ou

residência) com dimensões que variam de 25 m² a 100 m². Para escoamento da produção

esses agentes utilizam meios de transporte como carro e rabeta. A balança de 60 kg foi o

único equipamento identificado nesta atividade. A mão de obra envolvida na produção varia

172

de uma a três pessoas da família, ao longo do ano todo. Para melhoria da produção os agentes

sugerem estabelecimentos de maior tamanho para comercializar e secar os produtos, e ter

mais atravessadores para escoar a produção para outras localidades.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do breu-branco.

Como podem ser visualizados na Figura 62 os canais de comercialização da resina

do breu-branco se caracterizam por canais simples, com três setores intermediários com foco

somente na região estudada. O varejo rural (atravessadores) comercializa 63,8% da

quantidade identificada do breu-branco para os consumidores locais, utilizado para

impermeabilizar embarcações entre outros. Enquanto que o setor da transformação é

reponsável pela compra de 21,2% da produção local, cuja resina é utilizada como insumo

(cola) na fabricação de vassouras. E varejo urbano (feirantes) vende 15% da resina para os

consumidores locais.

FIGURA 62 - Estrutura (%) da quantidade amostral do breu-branco na RI Baixo Amazonas,

estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos setores mercantis da cadeia

do breu-branco, no período de 2009 a 2010.

O preço médio de venda do breu-branco praticado pelos extrativistas com o varejo

rural é em média R$ 1,00/kg da resina, e desses para com os consumidores o valor é de R$

1,20/kg (Figura 63). A indústria de transformação compra a R$ 3,00/kg e vende a R$ 3,75/kg

para o consumidor final. Enquanto que o preço de venda dos extrativistas para o varejo

173

urbano local é em média R$ 1,95/kg e o preço de venda para os consumidores locais atinge o

valor de R$ 5,87/kg da resina.

FIGURA 63 - Preço médio do breu-branco (R$/kg) praticado nas transações entre setores da

cadeia de comercialização, no período de 2009 a 2010, da RI Baixo Amazonas, estado do

Pará.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.25 Artesanato de balata

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

artesanato de balata.

Em Monte Alegre habita o único artesão de balata identificado na pesquisa. Segundo

ele a balata oriunda dos municípios de Alenquer, Almeirim e Monte Alegre eram

comercializadas para fora do Brasil, mas como estava sendo misturada a outros produtos

(terra, barro e pedra) para aumento no peso, houve a desvalorização do produto e,

consequentemente, acarretou o fim da exportação. A descrição dos agentes mercantis

envolvidos estão descritos no Quadro 25.

Segundo o entrevistado, a área de coleta da balata é na Serra do Paru e pela grande

dificuldade de subir a serra e explorar a matéria prima não há pessoas que se habilitem a

coletar. O “balateiro brabo” era o único que conseguia passar seis meses na mata. No verão,

com a seca do rio, o coletor passava a pé e, em outubro quando o rio estava cheio o balateiro

voltava para levar os blocos deixados no alto da serra, que eram jogados de cima da

cachoeira, seguindo viagem pelo leito do rio até Monte Alegre. Mas muitas vezes, os blocos

ficavam presos no fundo do rio, sendo impossível sua remoção.

174

QUADRO 25 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato de balata

da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local Produção Artesão de Monte Alegre que cria miniaturas de peças de

balata, na forma de animais e pessoas da região.

Nacional Varejo urbano

Comerciantes e associação que compram as peças artesanais de

balata na forma de animais, objetos e pessoas com

características regionais e revendem para consumidores

nacionais. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O agente relata ainda que o processo de retirada do leite da balata consiste em escalar

a árvore, de aproximadamente 50 m de altura, com esporas nos pés e um cabo de aço

amarrado na cintura, no mais alto ponto o “balateiro” desfere cortes parecidos com o da

seringueira, utilizando um terçado. Após o corte, o leite escorre pelo embutidor de 50 cm, que

fica agarrado no braço do balateiro, que carrega consigo também um saco de 60 kg

“encauchado” (passado o leite por dentro para impermeabilizar) onde depositará a balata

tirada do embutidor. Após a retirada, desce e despeja o leite em um tanque onde depois serão

cozidas em tachos para formar uma massa única de 40 a 50 kg. As árvores que sofreram o

processo de extração ficam em pousio por um ano. Por dia o balateiro escala cerca de quatro

árvores e coleta entre duas a três latas de 18 l de cada árvore.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do artesanato de balata.

A estrutura de comercialização da balata apresenta um canal semi direto, com a

produção local comercializando 100% do artesanato diretamente com o setor do varejo

urbano nacional (Figura 64), composto por comerciantes e uma associação, localizados fora

do Pará (RJ e AM). O preço médio praticado pela venda da produção local para o varejo

urbano nacional foi de R$ 11,60 a unidade de artesanato, que repassa para o consumidor final

nacional ao preço de R$ 14,50/un..

175

FIGURA 64 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do artesanato de balata na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período

de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.26 Carvão

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

carvão.

Foram identificados três agentes nesta cadeia, feirantes e comerciantes que compram

dos produtores locais e vendem para o consumidor final durante todo o ano. Desses agentes,

um comercializa somente o carvão, os demais trabalham com outros produtos (cipó-timbó,

cupuaçu, esteira de taboa, mel e breu-branco). Além disso, verificou-se que esses agentes

atuam no ramo em média há sete anos e meio. O Quadro 26 apresenta a caracterização dos

agentes envolvidos na comercialização deste produto de acordo com seus respectivos setores

e mercados.

Em relação ao ponto comercial desses agentes, as dimensões variaram de 9 a 12 m².

No que tange os meios de transporte utilizados neste comércio, foram registrados rabetas,

motos e carros. Ademais, verificou-se que a balança, com capacidade para 60 kg, foi o único

equipamento utilizado neste ramo. No que diz respeito à mão-de-obra envolvida nesta

atividade, um dos entrevistados paga R$ 200,00 por semana para um trabalhador. Todavia, de

forma geral esta comercialização envolve a mão de obra familiar.

176

QUADRO 26 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do carvão da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Carvoeiros, muitas vezes pequenos agricultores que

produzem o carvão a partir da matéria-prima proveniente

da limpeza dos seus terrenos, ou da matéria-prima

dispensada das serrarias (refugo); feitos em buracos

cavados no chão, conhecidos como “caieiras” ou em

fornos artesanais de barro;

Varejo urbano Comerciantes e feirantes que compram o carvão em sacas

e vendem diretamente ao consumidor final. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/sc.) entre os setores mercantis da cadeia do carvão.

A estrutura desta cadeia é simples, com o produto sendo vendido direto do produtor

para o varejo urbano local na forma original em sacas de polietileno (sacas de 15 kg), e

posteriormente vendido para o consumidor final. O preço médio praticado pelos produtores de

carvão na venda para o setor do varejo urbano local foi de R$ 8,29/saca de 15 kg (Figura 65).

Ressalta-se que o varejo urbano local (comerciantes e feirantes) consegue obter um melhor

preço nas transações de venda ao consumidor local (R$ 11,07/sc.), devido ao fato de

fracionarem o produto em sacolas plásticas menores.

FIGURA 65 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/sc.) do carvão na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a

2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

177

4.2.27 Uxi

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

uxi.

A pesquisa identificou seis agentes na cadeia de comercialização do fruto de uxi,

sendo quatro deles produtores e dois comerciantes. Os agentes varejistas também trabalham

com outros produtos, tais como: abano, breu-branco (resina), quinarana, carapanaúba, óleo de

piquiá, tipiti, casca de ipê-roxo, cajuaçu, óleo de cumaru, mel, óleo de andiroba, copaíba, ipê-

roxo, leite de sucuúba, casca de uxi, cipó-titica, assacu e leite-de-amapá.

A polpa do uxi é de sabor intenso e delicado, e pode ser consumida in natura.

Também é usada para fazer sorvetes, licores e doces. Os agentes mercantis identificados na

pesquisa estão descritos no Quadro 27.

QUADRO 27 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do uxi da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Coletores extrativistas do fruto do uxi na região;

Varejo urbano Comerciantes nas cidades, revendedores do fruto, em

feiras e estabelecimentos de comercio. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Um dos varejistas possui um armazém com dimensão de 25 m² e como meio de

transporte possui uma moto. O agente relatou ter problemas com armazenamento devido à

falta de espaço para todos os produtos. Para melhoria na capacidade de produção seria

necessário um espaço maior para comercializar e secar os produtos.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do uxi.

A estrutura de comercialização do uxi nessa região tem um foco exclusivamente

local. Como pode ser visto na Figura 66, 77,1% da produção é vendida diretamente para o

consumidor local, ao preço médio de R$ 0,08/un. do fruto in natura. Os outros 22,9% da

produção são vendidos para o varejo urbano por R$ 0,03/un. e vendidos para o consumo local

a R$ 0,05/un..

178

FIGURA 66 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do uxi na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.28 Artesanato indígena

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

artesanato indígena.

O artesanato indígena é feito pelos índios Wai-Wai, da aldeia Mapuera, no

município de Oriximiná, que confeccionam as peças (cintos, saias, tangas e colares) com

sementes de morototó e fibra de envirataia. Os agentes mercantis estão descritos no

Quadro 28.

QUADRO 28 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do artesanato indígena da

RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Oriunda da coleta e beneficiamento de sementes e fibras,

seguida da confecção de peças artesanais pelos índios

Wai-Wai, na forma de colares, cintos, saias e tangas;

Varejo urbano Comerciantes do município de Oriximiná que vão à aldeia

ou compram dos índios no porto da cidade. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

A comerciante entrevistada cita que além do artesanato indígena trabalha com outros

produtos, tais como: jamanxim, paneiro, tipiti, abano, cuia, cesta de palha de tucumã, óleo de

andiroba e de copaíba. Está no ramo há 20 anos e possui um comércio com área de 24 m2. O

horário de funcionamento do estabelecimento é comercial e administrado pela proprietária, a

179

qual relata que não consegue atender a demanda do comércio local pela falta de material,

desta forma perde clientes.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$/un.)

entre os setores mercantis da cadeia do artesanato indígena.

O comércio é totalmente local e 100% da produção identificada é vendida para o

setor varejista urbano local ao preço médio de R$ 10,13/un., que por sua vez revende para o

consumidor final ao preço médio de R$ 13,38/un.. (Figura 67).

FIGURA 67 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$/un.) do artesanato indígena na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a

2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.29 Cacau (fruto)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cacau (fruto).

Foram identificados pela pesquisa cinco agentes que comercializam o produto, sendo

dois produtores, dois atravessadores (varejo rural e urbano) e um comerciante (refere-se a

uma lanchonete, setor de transformação, que possui três liquidificadores como equipamentos).

As duas últimas categorias de agentes trabalham com outros produtos, como: castanha-do-

brasil, semente de cumaru, polpa de cupuaçu e de taperebá. Os agentes na pesquisa foram

classificados segundo o Quadro 29, com seus respectivos setores e mercados.

180

QUADRO 29 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cacau (fruto) da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Produtores de cacau da região que comercializam o fruto in

natura;

Varejo rural Atravessadores do produto que compram diretamente dos

produtores e transportam para outros municípios da região;

Indústria de

transformação

Empresas (lanchonetes e sorveterias) que compram o fruto da

produção, processam e vendem na forma de sucos e sorvetes

para o consumidor final;

Varejo urbano Comerciantes na cidade, revendedores do fruto, em feiras e

estabelecimentos comerciais. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia cacau (fruto).

Uma cadeia exclusivamente local, o setor varejista rural compra 66,7% de toda

produção identificada ao preço de R$ 0,08/un. do fruto in natura, que é revendido ao setor

varejista urbano ao preço de R$ 0,15/un. (Figura 68). O setor de transformação compra

33,3% dos produtores locais ao preço de R$ 0,25/un. e vendem ao consumidor local ao preço

médio de R$ 1,13/un..

FIGURA 68 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do cacau (fruto) na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de

2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

181

4.2.30 Cajuaçu

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cajuaçu.

Foi identificado apenas um agente que comercializa o produto, sendo que o mesmo é

feirante e trabalha com outros produtos de origem vegetal (abano, breu-branco, quinarana,

uxi-amarelo, carapanaúba, óleo de piquiá, tipiti, casca de ipê-roxo, óleo de cumaru, mel,

copaíba, ipê-roxo, leite e casca de sucuúba, semente de cumaru, casca de uxi, cipó-titica,

assacu e leite-do-amapá). Este agente possui um espaço de comércio na feira com dimensão

de 25 m² e uma moto para transporte do produto. A demanda deste agente se dá em relação à

ampliação do espaço para as barracas da feira. A mão de obra é familiar, pois trabalha com a

esposa durante o ano todo. No Quadro 30 estão descritos os agentes mercantis envolvidos na

cadeia de comercialização do cajuaçu.

QUADRO 30 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do cajuaçu da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Extrativistas que coletam o fruto tanto de matas nativas

como em áreas de regeneração de várzeas;

Varejo urbano Feirantes que compram da produção local para a revenda

do fruto in natura. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O cajuaçu é uma árvore que impressiona devido seu porte dominante na floresta de

terra firme, sendo que o tamanho de seu pseudo-fruto (o fruto verdadeiro é a castanha) é o

dobro do cajueiro (SILVA & LEÃO, 2006). De acordo com o entrevistado este produto

apresentou pouca receptividade no comércio local pelo gosto do consumidor por outras

frutíferas, pelo fato dos extrativistas preferirem extrair outros produtos mais comercializáveis

no mercado local, e pela pouca oferta devido a dispersão deste fruto na floresta.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/kg) entre os setores mercantis da cadeia do cajuaçu.

O fluxo de comercialização do cajuaçu é destinado 100% da produção local para o

varejo urbano local, representado por feirantes que compram dos extrativistas ao preço médio

de R$ 20,00/kg do fruto in natura (Figura 69). Os feirantes revendem para o consumidor

final local ao preço de R$ 37,50/kg. Este valor pago pelo demandante final representa 87,5%

de margem de comercialização, sendo que o único custo adicional foi o do transporte.

182

FIGURA 69 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/kg) do cajuaçu na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a

2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.31 Óleo de piquiá

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

óleo de piquiá.

O óleo extraído da amêndoa do piquiá pode ser utilizado na iluminação, como

lubrificante, na indústria farmacêutica, na produção de licores, na culinária e como sabão

(SILVA & LEÃO, 2006). Nesta pesquisa verificou-se a comercialização deste produto para

uso no tratamento de reumatismo e para aliviar dores musculares.

Foram identificados quatro agentes nesta cadeia de comercialização, sendo dois

produtores e dois comerciantes, cujos setores estão descritos no Quadro 31. Estes agentes

também comercializam outros produtos, tais como: abano, breu-branco, quinarana, uxi-amarelo,

carapanaúba, tipiti, casca de ipê-roxo, cajuaçu, semente e óleo de cumaru, mel, óleo de

andiroba, copaíba, leite e casca de sucuúba, casca de uxi, cipó-titica, assacu e leite-de-amapá.

A mão-de-obra dos extratores é basicamente familiar. Os agentes mercantis possuem

motocicletas como meio de transporte, não possuem maquinários ou equipamentos. Segundo

os entrevistados o maior problema enfrentado na comercialização deste produto, além de

espaço físico, é a falta de informação do produto com relação a sua potencialidade medicinal

tanto para alívio de dores musculares, reumatismo ou até mesmo no tratamento de gripes,

asma e bronquite.

183

QUADRO 31 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do óleo de piquiá da RI

Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Produtores do óleo de piquiá, que fazem a coleta do fruto

e extração do óleo;

Varejo urbano

Comerciantes do óleo de piquiá, que vendem para o

consumidor com fins medicinais, em pequenas

embalagens de vidro. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/l) entre os setores mercantis da cadeia do óleo de piquiá.

O comércio de óleo do piquiá demonstra ser estritamente local, como observado na

Figura 70. O óleo é comercializado durante o ano todo, conservado nos armazéns de

comerciantes, juntamente com outros produtos extrativistas medicinais. O preço médio

praticado por 100% da produção vendida pelos extrativistas foi de R$ 11,67 o litro para o

varejo urbano local, que fraciona o produto em frascos menores e repassa a R$ 18,33/l para o

consumidor final local.

FIGURA 70 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/l) do óleo de piquiá na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009

a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

184

4.2.32 Bacuri

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

bacuri.

De sabor doce e agradável, é utilizado para diversos usos, como: sucos, sorvetes,

cremes e doces. Durante as entrevistas foi identificado um agente trabalhando com bacuri,

comerciante de polpas, que está no mercado há 15 anos, e além desse produto, trabalha com

polpas de graviola, cupuaçu, buriti, muruci e taperebá. O Quadro 32 apresenta a descrição

dos agentes mercantis envolvidos nesta comercialização de acordo com seus respectivos

setores e mercados.

QUADRO 32 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do bacuri da RI Baixo

Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção Coletores do fruto de bacuri, que comercializam o produto in

natura;

Indústria de

beneficiamento

Agroindústria que compra o fruto in natura, faz o

processamento e vende a polpa congelada do bacuri embalada

em sacos plásticos selados. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O agente entrevistado possui uma área de 12 hectares localizada em Monte Alegre,

um espaço para armazenagem com dimensão de 17m², uma moto, um carro e uma carroça

para se deslocar. Além disso, possui máquinas e equipamentos utilizados na fabricação das

polpas como uma câmara fria com capacidade para uma tonelada, freezers, despolpadeira e

seladoras. Porém considera que o espaço para armazenamento na câmara fria é insuficiente no

pico da safra.

O produto é comercializado em forma de polpa durante o ano todo, com ajuda de

funcionários que recebem o valor de um salário mínimo/mês. Para melhoria na capacidade de

produção declarou ser necessário um selo de qualidade para atrair o mercado externo e maior

tecnologia em máquinas e equipamentos.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/un.) entre os setores mercantis da cadeia do bacuri.

De acordo com a Figura 71, a comercialização de bacuri ocorre somente na esfera

local (RI Baixo Amazonas). Toda a produção identificada de frutos de bacuri (100%) é

vendida para o setor da indústria de beneficiamento ao preço médio de R$ 0,30 a unidade do

fruto e, após despolpa, embalagem e congelamento, é vendido ao preço médio equivalente de

R$ 0,60/un. para o consumidor final.

185

FIGURA 71 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/un.) do bacuri na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a

2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

4.2.33 Óleo de castanha-do-brasil

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

óleo de castanha-do-brasil.

A castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) é encontrada naturalmente na

Amazônia, principalmente no planalto do baixo Amazonas, alto Tocantins e alto Moju, e em

terras altas no norte do rio Jarí, norte do Pará (Silva & Leão, 2006). Nesta pesquisa

identificou-se também a comercialização do óleo de castanha-do-brasil, que, segundo a

SUFRAMA (2003), é utilizado tradicionalmente como digestivo tônico, cicatrizante, combate

à anemia, tuberculose e beribéri e, na indústria de cosméticos, é utilizado na fabricação de

produtos para tratamento capilar como cremes, loções, xampus, condicionadores, sabonetes,

entre outros. Tateo (1971) ressaltou que o óleo extraído da amêndoa contém um alto valor

alimentício, Gutierrez et al. (1997) destacaram a presença de diversos minerais na composição

deste óleo, sendo o selênio elemento de maior destaque e, em relação ao teor vitamínico,

sobressaem-se as vitaminas do grupo B (principalmente, B1 e B3), pró-vitamina A e vitamina

E (ROGEZ, 1995).

O agente entrevistado também comercializa outros produtos para fins medicinais

(unha-de-gato, mel, leite-do-amapá, copaíba, verônica, barbatimão, óleo de andiroba, breu-

branco resina, quinarana, carapanaúba, óleo de piquiá, casca de ipê-roxo, cajuaçu, óleo de

186

cumaru, semente de cumaru, casca de uxi, assacu, pata-de-vaca, seiva de jatobá, verônica e

jucá) e artesanais (tipiti, abano e cipó-titica).

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do óleo da castanha-do-brasil

atuam somente na escala local, e apresentam as seguintes características, conforme Quadro 33.

QUADRO 33 - Descrição dos agentes mercantis na comercialização do óleo da castanha-do-

brasil da RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no período de 2009 a 2010.

MERCADO SETORES AGENTES MERCANTIS

Local

Produção

Produção extrativista dos municípios estudados que realizam a

coleta da castanha e posterior extração do óleo de forma

artesanal. Comercializam o óleo em garrafas;

Varejo urbano Feirantes que compram o óleo e realizam a subdivisão do

produto em embalagens menores, a fim de obter lucro. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

O produto é comercializado durante todo o ano e este agente trabalha com familiares

e/ou contrata mão-de-obra externa, cujo pagamento é em forma de diária, cujo valor varia de

R$ 15,00 a R$ 20,00/diária. O local de comercialização possui dimensão de 9m².

O maior desafio para quem trabalha com a comercialização do óleo da castanha

refere-se à concorrência e à preferência do mercado pela semente, pois tanto o extrator e/ou

coletor da castanha, quantos outros agentes preferem comercializar a castanha in natura,

devido ao custo, tempo e a técnica que a extração do óleo necessita.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e preço médio praticado (R$

correntes/l) entre os setores mercantis da cadeia do óleo da castanha-do-brasil.

O setor da produção local vende exclusivamente (100%) o óleo para o setor do

varejo urbano local (Figura 72). Este setor (representado pelos feirantes) por sua vez, depois

que compra da produção, realiza o fracionamento do produto em embalagens menores, pois

consegue adquirir uma maior lucratividade. O preço médio de venda do óleo da castanha-do-

brasil praticado pelos extrativistas com o varejo urbano local é de R$ 50,00/l e, estes

varejistas, por sua vez, obtêm um preço de R$ 266,00/l, que representa uma variação de 432%

em relação ao preço de custo. Logo, estes preços praticados demonstram o grande

desequilíbrio de forças nos mecanismos de comercialização e majoração de preço, pois o

mark-up do varejo urbano é exorbitante, pois atua somente na intermediação/distribuição do

produto, e sendo assim, não realiza o processamento ou qualquer tipo de incremento

tecnológico. Por outro lado, esta alta valoração no preço do produto final pode ser um

estimulo ao extrator que pode conciliar a venda do óleo com as castanhas.

187

FIGURA 72 - Estrutura (%) da quantidade amostral comercializada e preço médio praticado

(R$ correntes/l) do óleo da castanha-do-brasil na RI Baixo Amazonas, estado do Pará, no

período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

188

4.3 ANÁLISES AGRUPADAS

Ao se analisar sob o ponto de vista da demanda final dos produtos florestais não

madeireiros produzidos na Região de Integração Baixo Amazonas, alguns com origem de

produção de regiões vizinhas (Tabela 2), cujo total foi orçado em mais de R$ 62,4 milhões, o

mercado local foi responsável pela compra de aproximadamente R$ 9,6 milhões (15% da

demanda total) do qual só o consumo do açaí gerou 75% deste valor. O mercado (inter)

nacional, por sua vez, demandou R$ 52,4 milhões (84% da demanda total), sendo R$ 47,8

milhões referentes à demanda da castanha-do-brasil. E, por fim, o mercado estadual comprou

em torno de R$ 400 mil (1% do valor da demanda total), sendo R$ 360 mil só com a demanda

do cumaru, comercializado em forma de semente.

189

TABELA 2 - Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não

madeireiros identificados nos doze municípios da Região de Integração Baixo Amazonas, estado do

Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Ao averiguar a classificação por percentagem relativa das demandas pelas três

escalas regionais, os produtos mais demandados pelo mercado local dos doze municípios que

compõem a RI Baixo Amazonas, isto é, produtos que tiveram 100% das suas ofertas

demandadas a nível local foram: carvão, utensílios, plantas medicinais, muruci, buriti fruto,

leites, bacaba fruto, breu-branco, lenha, cacau fruto, uxi fruto, artesanato indígena, óleo de

castanha-do-brasil, cajuaçu fruto, bacuri fruto e o óleo de piquiá (Tabela 2). Os demais (açaí,

mel, cupuaçu, andiroba, taperebá, artesanato regional e o urucum) tiveram suas demandas

190

efetuadas em consócios com outras escalas regionais, às vezes com o mercado estadual e/ou

nacional, variando conforme a especificidade e utilidade do produto. É preciso ressaltar, no

entanto, que na composição do valor da demanda nacional da andiroba, que correspondeu a

29% da demanda total, mais de 28% corresponderam às demandas efetuadas pelo mercado

internacional da União Européia, mais especificamente França e Alemanha.

Com relação aos produtos mais demandados pelo mercado nacional, a partir da

região de integração em estudo, o cacau amêndoa, a malva, o curauá fibra e o artesanato

regional balata, tiveram 100% das suas ofertas, isto é, da sua produção, demandadas pelo

mercado nacional (principalmente o eixo Rio - São Paulo e Bahia, no caso do cacau

amêndoa). Enquanto que a castanha-do-brasil, tucumã fruto, borracha, cumaru em forma de

semente, copaíba (óleo) e os cipós (principalmente o timbó), obtiveram suas demandas

nacionais e/ou internacionais com representatividades variando entre 99,9% e 57% do que foi

ofertado (Tabela 2). Faz-se necessário explicitar que, entre os produtos com este tipo de

demanda, apenas o tucumã não foi transacionado para o exterior e, com relação aos demais, a

demanda nacional da copaíba corresponde, em sua totalidade, às transações com países da

Europa (sendo França e Alemanha os destinos mais representativos). Na composição da

demanda nacional da castanha-do-brasil, 55% corresponderam às vendas ao mercado exterior

(China, Europa, Estados Unidos da América – EUA) e, na demanda do cumaru foram 95%

destinados ao exterior (Europa, China, EUA e Japão). E, por fim, 2% da demanda nacional da

borracha, corresponderam às vendas internacionais, de modo específico, para a União

Européia (França e Alemanha).

Entre os produtos que apresentaram demandas finais no mercado estadual, realizada

sempre de forma conjunta com as outras escalas regionais, porém, sempre de forma

secundária, observou-se que o cumaru (semente) foi o recurso que obteve uma expressiva

compra neste mercado, que representou 32% do que foi ofertado deste recurso (Tabela 2).

No que diz respeito à participação dos produtos na composição do valor da demanda

final total (estimado em R$ 62,4 milhões), destacam-se os valores obtidos com as vendas da

castanha-do-brasil (R$ 47,8 milhões) e do açaí (R$ 7,2 milhões), pois juntos foram

responsáveis pela composição de aproximadamente 88% da demanda total. Entretanto,

enquanto o açaí teve como principal mercado consumidor o local, com uma

representatividade de 99,5% na sua demanda total, a castanha-do-brasil, por sua vez, teve

praticamente toda a sua produção (99,9%) escoada para o mercado nacional/internacional

(Tabela 2). Em seguida vem os cipós com demanda final correspondente a R$ 1,9 milhão e

cumaru com R$ 1,1 milhão.

191

No que compete verificar qual mercado adicionou mais valor aos produtos florestais

não madeireiros do Baixo Amazonas, conforme Tabela 3, o mercado local adicionou R$ 32

milhões, que representa 51% do VAB total, o sistema estadual adicionou mais de R$ 1,2

milhão (2% do VAB total) e na esfera nacional foram adicionados R$ 29,4 milhões (47% do

VAB total).

TABELA 3 - Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos

florestais não madeireiros identificados nos doze municípios da Região de Integração Baixo

Amazonas, estado do Pará, estimado para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

192

Esta averiguação do valor agregado e/ou adicionado é importante para se entender a

economia da RI Baixo Amazonas seja ela local para a maioria dos produtos identificados, ou

nacional tal como aconteceu com a castanha-do-brasil e o cacau amêndoa em que a maior

parte da produção foi para fora do estado do Pará, para ser beneficiado pelo setor do varejo

urbano (castanha-do-brasil) e por indústrias de transformação (no caso do cacau amêndoa), os

quais adicionaram 58% e 64% do seu valor total agregado, respectivamente. Na esfera

estadual, poucos foram os produtos que agregaram valor, sendo o mais representativo a

castanha-do-brasil, pois foi responsável por mais de 76% do VAB estadual estimado (Tabela 3).

Entre o VAB constituído pelos produtos com predomínio no mercado local, orçado

em mais de R$ 13,6 milhões (Tabela 3), o açaí teve uma proeminente participação,

considerando-se a quantidade de produtos, pois agregou em torno de R$ 7,3 milhões,

equivalente a 53% do VAB constituído na RI Baixo Amazonas. A castanha-do-brasil, por sua

vez, adicionou R$ 48,1 milhões, representando em torno de 76% do VAB total. Faz-se

necessário frisar que este produto agregou valor nas três escalas regionais, sendo mais

representativo o realizado na esfera nacional e local, pois constituíram 58% e 40%

respectivamente, do seu valor adicionado total.

Quando se analisa o valor agregado levando em consideração os produtos

escalonados em categorias, conforme a tabela 4, a categoria dos alimentícios foi quem mais

adicionou valor, equivalente a R$ 57,5 milhões, contribuindo com aproximadamente 92% na

formação do VAB total, oriundo da agregação de valor obtida nas três esferas regionais: local,

estadual e nacional, respectivamente 48%, 2% e 50%. Entre os produtos classificados nesta

categoria, destaca-se a agregação da castanha-do-brasil, pois o seu valor adicionado, mais de

R$ 48 milhões, representou mais de 84% do VAB constituídos pelos alimentícios, o que, em

termos gerais, significa dizer que este recurso é um dos mais importantes produtos da

fruticultura desta RI comercializado, comprovado quando se analisa a sua participação no

valor agregado nos três mercados na sua categoria, pois fora o responsável por 69% (em torno

de R$ 19 milhões), do que foi adicionado pelos alimentícios no mercado local, 99% do que

foi adicionado no mercado estadual (R$ 973,8 mil) e, 97% (R$ 28 milhões) do que foi

adicionado no mercado nacional. Depreende-se, no entanto, que a agregação de valor desta

categoria poderia ser maior se houvesse investimentos no beneficiamento nos produtos,

especificamente das frutas que foram comercializadas na sua forma primária (frutos in

natura), desde o setor da produção até o consumidor final.

193

TABELA 4 - Valor Agregado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos

florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará,

organizados em categorias (Alimentícios, Artesanatos/Utensílios, Derivado Animal, Derivado da

Madeira e Fármacos/Cosméticos), estimados para 2008.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Para os produtos classificados como artesanato e utensílios, cuja agregação de valor

girou em torno de R$ 2,9 milhões (em torno de 5% do VAB total) e, que se processou nas três

escalas regionais, sendo que na esfera local configurou 90%, na estadual 2% e na esfera

nacional 8% (Tabela 4), os cipós se destacaram, já que sua agregação contribuiu com mais

67% do valor agregado pela categoria. Já o único produto de origem animal, o mel, cuja

agregação de valor foi contabilizada em R$ 132,9 mil, representou 0,21% do VAB total,

formalizado totalmente no âmbito local. No que se refere aos derivados da madeira, a

194

agregação de valor foi na ordem de R$ 252 mil (0,40% do VAB total), tal processo ocorreu

quase que exclusivo no mercado local, já que a borracha agregou 6% do seu valor na esfera

nacional. Entre os produtos escalonados como derivados da madeira, o carvão obteve uma

expressiva participação, o qual foi constituído totalmente a nível local, pois fora responsável

por 89% do valor adicionado pela categoria. E por fim, para os produtos classificados como

fármacos e cosméticos que adicionaram em torno de 3% do VAB total (mais de R$ 1,8

milhão), cuja maioria (plantas medicinais, leites, óleo da castanha-do-brasil e óleo de piquiá)

agregou valor somente na esfera local; a copaíba e a andiroba, por sua vez, agregaram tanto

na esfera local quanto na nacional e o cumaru adicionou nas três escalas regionais. No

entanto, o valor adicionado na esfera local foi sempre superior as outras escalas regionais.

Com relação aos valores da renda bruta total (RBT) gerada e circulada, a tabela 5

está organizada em categorias de valor para que a análise dos produtos seja mais coerente,

uma vez que os produtos não se encontram em um mesmo patamar econômico e, sendo assim,

fica difícil realizar comparações quando alguns produtos estão em escalas de milhões de reais

e outros em centenas de reais. Deste modo, em função da renda bruta total (RBT) gerada e

circulada na comercialização dos produtos, a estratégia adotada foi dividi-los em três

categorias: i) os que atingiram valores acima de R$ 600 mil de RBT; ii) para os intermediários

com RBT entre R$ 100 mil e R$ 599 mil e; iii) os abaixo de R$ 100 mil.

195

TABELA 5 - Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não

madeireiros identificados na Região de Integração Baixo Amazonas, estimados para 2008, organizados

em três categorias relativas com escalas de valor do RBT (acima de R$ 600 mil, de R$ 100 mil a R$

599 mil e abaixo de R$ 100 mil).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Deste modo, os produtos classificados na primeira categoria com as maiores rendas

brutas totais (RBT), identificados na Tabela 5, em ordem decrescente de valor foram: a

196

castanha-do-brasil (R$ 71,5 milhões), o açaí (R$ 12,7 milhões), os cipós (R$ 3,1 milhões), o

cumaru/semente (R$ 2,7 milhões), o cacau/amêndoa (R$ 2,5 milhões), a malva (R$ 1,6

milhão), o tucumã/fruto (R$ 1,4 milhão) e a copaíba (R$ 1 milhão). É imperativo afirmar que

nesta categoria (RBT acima de R$ 600 mil), a castanha-do-brasil fora a responsável por

aproximadamente 74% da RBT gerada e circulada a partir da região e contabilizados em R$

96,7 milhões. Porém, este produto gerou mais renda para os setores localizados fora da RI

Baixo Amazonas e do estado do Pará, ou seja, para os setores localizados no mercado

nacional e internacional. Em contrapartida o açaí, apesar de ter contribuído com apenas 13%

da RBT da categoria, teve sua renda gerada e circulada exclusivamente no mercado local.

Dentre os produtos da segunda categoria (de R$ 100 mil a R$ 599 mil), com valor

estimado de renda bruta em aproximadamente R$ 2,5 milhões, gerada e circulada em duas

escalas regionais: local e nacional, teve uma maior proporção o mercado local (86%), pois o

carvão, o mel, os utensílios, o muruci, as plantas medicinais e o buriti tiveram suas RBTs

geradas e circuladas somente no âmbito local (Tabela 5). Os produtos restantes (taperebá,

artesanato regional, cupuaçu, urucum, andiroba e curauá fibra) tiveram suas RBTs geradas e

circuladas tanto no mercado local quanto no nacional, sendo mais representativos no mercado

local. Na terceira e última categoria (RBT abaixo de R$ 100 mil), apenas a borracha e o

artesanato regional balata tiveram suas RBTs geradas e circuladas com participação no

mercado nacional, diferenciando-se apenas na proporção, 38% e 56% respectivamente.

Enquanto que os outros produtos escalonados (leites, bacaba fruto, breu-branco, lenha, cacau

fruto, artesanato indígena, uxi fruto, cajuaçu fruto, óleo da castanha-do-brasil, óleo de piquiá e

o bacuri fruto) tiveram exclusivamente no mercado local suas RBTs geradas e circuladas.

Quando se analisa a renda gerada e circulada pelos produtos utilizados como

alimento pelos consumidores somente no âmbito local, estimada em R$ 14 milhões, ou seja,

com RBT 100% local, para açaí, mel, muruci, buriti, bacaba, cacau, uxi, cajuaçu e o bacuri,

corresponderam a 93,7% deste montante. Em seguida, vieram os produtos utilizados como

insumos (carvão, breu-branco e a lenha) com 3,2%, os utilizados como utensílios (artesanato

indígena e utensílios) com 1,6% e, os para fins medicinais (plantas, leites e os óleos de

castanha-do-brasil e piquiá) com 1,4%. Entre os utilizados como alimento, o açaí se constituiu

como um dos principais produtos oriundo do agroextrativismo gerador de emprego e renda

para RI Baixo Amazonas, já que do montante acima citado, em torno de R$ 12,7 milhões

foram gerados pela sua cadeia de comercialização, dos quais o setor de beneficiamento gerou

em torno de R$ 7 milhões (Tabela 5).

197

De modo geral, a castanha-do-brasil foi quem gerou a maior renda no âmbito local

(R$ 22,6 milhões), dos quais, também, o setor de beneficiamento foi quem contribuiu de

forma significativa para esta somatória, com aproximadamente R$ 19 milhões (Tabela 5).

Por tanto, ao se considerar a Contabilidade Social Ascendente Alfa, que tem seu

ponto de partida no setor da produção agroextrativista (local e extralocal), de produtos de

espécies nativas, dos doze municípios estudados (Setor α) que integram a RI Baixo

Amazonas, esta recebeu um total de R$ 9,5 milhões (VBPα) aproximadamente, oriundos das

vendas de todos os produtos florestais não madeireiros identificados (64 produtos no total) e,

com as transações comerciais realizadas pelos setores que vendem tais produtos até o

consumidor final, foi adicionado valor a estes num aporte de R$ 62,7 milhões (VAB), que

somado com o VBP pela ótica da demanda, que corresponde à soma dos valores da compra de

insumos realizados pelos setores intermediários, no valor de aproximadamente R$ 36,7

milhões, chegando-se a um montante de R$ 99,4 milhões, o qual se refere à RBT gerada e

circulada na economia destes produtos, com seus efeitos de compra (para trás) e venda (para

frente) entre os agentes mercantis na cadeia de comercialização (Tabela 6).

Ao longo das cadeias de comercialização dos produtos florestais não madeireiros

identificados, alguns apresentaram uma margem de comercialização (mark-up) bastante

expressiva em relação aos apresentados por outros, pois, quanto mais ações de

beneficiamento, transformações e/ou majoração de preço o produto adquiriu ao longo da

cadeia e, a partir do setor da produção, maior foi o seu valor de mark-up (Tabela 6), isto é,

quanto mais ações de beneficiamento o setor alfa conseguir impor nos produtos, menor será

e/ou menor foi o mark-up. Esta margem mostra o quanto, em termos percentuais, foi

adicionado ao longo das cadeias dos produtos após as vendas realizadas pelo setor da

produção e, por isso, o seu valor é calculado pela diferença entre o VAB e o VBPα, dividido

pelo VBPα (valor obtido pela venda do setor da produção do produto comercializado). Desta

maneira, os cipós (agrupados em dois tipos: titica e timbó) e a castanha-do-brasil foram os

produtos que obtiveram os maiores valores de mark-up, calculados em 1.803% e 1.389%,

respectivamente, pois mais de 90% dos seus valores adicionados (95% no caso dos cipós e

93% na castanha-do-brasil) foram constituídos por ações dos agentes da demanda

intermediária, considerando as três escalas regionais, com predomínio, no caso da castanha-

do-brasil das indústrias de beneficiamento local e estadual e, no caso dos cipós, em especial o

timbó, da industria de transformação local. E, em contrapartida, no outro extremo, com

produtos que constituíram os menores valores de mark-up foram a lenha e o uxi, com índices

de 0% e 6%, respectivamente, porquanto, nenhuma ação de beneficiamento, transformação

198

e/ou majoração de preço estes produtos adquiriram após as vendas dos agroextrativistas,

outrora classificados como setor de coleta/extração/produção. Pois, enquanto a lenha fora

utilizada como insumo na fabricação de um produto final (o tijolo) com a comercialização

direta entre produção e consumo final, o uxi foi comercializado e consumido na sua forma in

natura com uma pequena intermediação do setor de varejo urbano (feirantes). Logo, verifica-

se também que a comercialização do produto com poucas e/ou sem intermediação, entre o alfa

e o consumidor final, contribui para que o valor de mark-up, tendendo a zero quando a

comercialização for direta, como no caso acima.

Ressalta-se que no valor recebido pelo setor alfa (VBPα em torno de R$ 9,5 milhões),

mais de R$ 582 mil (6% do VBPα) foram provenientes dos valores recebidos pelo setor da

produção extralocal, ou seja, por agentes mercantis agroextrativistas residentes em municípios

que integram outras regiões de integração, como a do Marajó (com 97,5% de participação no

valor recebido extralocal) e do Tapajós (2,5%). Estes agentes do setor alfa extralocal

forneceram de forma parcial aos agentes de comercialização da RI Baixo Amazonas, três

produtos florestais não madeireiros identificados: o açaí, a andiroba e o urucum (Tabela 6). O

município de Rurópolis, da RI Tapajós, ganhou destaque pela sua representatividade na

quantidade de produtos transacionados, pois foi quem forneceu a maioria dos produtos

extralocais acima citados (andiroba e urucum). Já o município de Gurupá, da RI Marajó,

ganhou destaque pela sua expressiva participação na formação do valor recebido pelo setor da

produção extralocal, em mais 97%, pois seus agentes agroextrativistas transacionaram parte

do açaí in natura no município de Almeirim, pertencente da RI Baixo Amazonas.

Desta maneira, considerando o VBPα total (a soma do local e extralocal) entre os

produtos identificados e, os mais importantes para a geração de renda e emprego para o setor

da produção, a castanha-do-brasil e o açaí foram responsáveis por arrecadar o impressionante

valor superior a R$ 6,7 milhões, o que correspondeu a 71% do VBPα total. Por conseguinte,

cumaru semente, malva, copaíba, cacau amêndoa, carvão e o tucumã foram os recursos mais

representativos, em termos percentuais, os quais representaram 5,4% (R$ 508,8 mil), 5% (R$

481,8 mil), 3,4% (R$ 320,2 mil), 3% (R$ 279,5 mil), 2% (R$ 181 mil) e 1% (R$ 155,2 mil),

respectivamente (Tabela 6). Por outro lado, a comercialização de alguns produtos não chegou

a gerar um mil reais de renda para o setor da produção (alfa), seja pelo fato de outro

subproduto ter uma receptividade maior e, sendo assim, acaba por gerar renda em curto prazo

(como no caso da amêndoa do cacau em vez do cacau fruto), ou seja pelo fato do seu

processamento de obtenção ser caro, demorado e a demanda ser pouco expressiva, tal como o

óleo de piquiá e da castanha-do-brasil, cuja comercialização geraram apenas R$ 382,52, R$

199

218,58, respectivamente, ao setor alfa (produção). Ou ainda, como no caso do cajuaçu que

gerou uma renda para o setor da produção de R$ 505,00, que esta fortemente correlacionada a

preferência do consumidor por outros produtos de mesma utilidade.

O valor bruto da produção (VBP) pela ótica da demanda, ou seja, somatório do valor

da compra de insumos realizado pelos setores mercantis identificados por recortes geográficos

(local, estadual e nacional), referidos na tabela 6, estes insumos, dependendo da posição e

função do agente mercantil, podem variar desde matéria prima ou subproduto até produto

final. O fruto in natura do tucumã, por exemplo, até o penúltimo agente da cadeia que o

adquiriu como insumo na forma de polpa congelada e a transformou em sorvete ou em

sanduíches, antes do último elo da cadeia, o consumidor final. Ou como aconteceu com o mel,

o qual foi utilizado tanto como matéria prima na indústria de transformação (empresas

familiares que preparam garrafadas e xaropes caseiros), assim como produto final, a fim de

servir como alimento nas merendas escolares, oriundo da parceria entre os apicultores,

municípios e a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (Santarém) através do

Plano de Aquisição de Alimentos – PAA, ou ainda como adoçante pelos consumidores.

200 TABELA 6 - Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Baixo Amazonas, estado do Pará, compostos pelo

Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa extralocal, a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor

Agregado Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e nacional, estimado para 2008 (Idesp).

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

201

5 CONCLUSÕES

O estudo mostrou que a economia gerada pelos 63 produtos florestais não

madeireiros estudados na região de integração Baixo Amazonas foi expressiva, uma vez que a

renda gerada, estimada para o ano de 2008, foi em torno de R$ 99,4 milhões (RBT total).

Deste valor, o setor produtivo agroextrativista, considerado o setor alfa (Setor α) deste modelo

de comercialização, recebeu em torno de R$ 9,5 milhões, o que correspondeu a somente 10%,

aproximadamente, da renda gerada total, pois a maioria dos produtos, entre os quais com

maiores RBT, o setor produtivo transacionou sem qualquer tipo de incremento de valor. No

entanto, neste valor que o setor alfa recebeu, mais de R$ 582 mil foram recebidos pelos

agentes alfa extralocais, ou seja, agroextrativistas que não pertencem aos municípios da região

em estudo, pois para atender a sua demanda crescente importou açaí, andiroba e o urucum de

outras regiões (Marajó e Tapajós), sendo que os agroextrativistas que tem no açaí sua fonte de

renda receberam R$ 567,7 mil.

É preciso ressaltar, que a RI esta inserida no mercado (inter) nacional, haja vista que

84% da sua produção tiveram como destino final este mercado, sendo que parte da produção

da castanha-do-brasil, andiroba, cumaru semente, borracha, artesanato regional e toda a

produção pesquisada da copaíba (óleo), tiveram como destino final, também, o comércio

internacional: União Européia, EUA, China e Japão.

Com relação à renda gerada e comercializada por produto, a partir da RI Baixo

Amazonas, e a parte deste montante retido pelo setor alfa, setor que dá origem a toda base

produtiva, verificou-se, concomitantemente, dois princípios básicos: o primeiro e mais

importante, pois demonstra outras funções desenvolvidas pelo setor alfa, é que quanto mais

ações de beneficiamento a base produtiva impôs nos produtos antes das transações comerciais

com outros setores, maior foi o seu retorno, ou seja, mais ele adquiriu da renda gerada e

circulada. O outro se refere à assertiva de que, quando a comercialização do produto (de toda

produção e/ou grande parte dela) se processou de forma direta entre a base produtiva e o

consumidor final, ou seja, sem (e/ou com poucas) intermediações de outros setores, mais

renda foi retida pelo setor alfa. Tal como aconteceu na comercialização da lenha e do uxi (este

vendido sem beneficiamento), em que as RBT geradas, 100% e 86%, respectivamente, foram

receptadas pelo setor da produção. Ou ainda como no caso da lenha, que obteve uma renda

gerada e circulada orçada em R$ 15,3 mil, que ficaram integralmente de posse dos lenhadores,

pois além do beneficiamento primário (transformação dos troncos em pequenos pedaços de 50

cm), também transacionaram diretamente com o consumidor final, que no caso, foi uma

202

indústria de transformação (olaria). Outros princípios, menos expressivos em relação aos

básicos, também se fizeram presente e, sendo assim, contribuíram para maior ou menor

retorno financeiro deste setor da produção, como grau de organização, cooperação,

capacitação técnica e escolaridade.

No entanto, partindo-se do primeiro princípio, os agroextrativistas que tiveram no

mel sua fonte de renda, receberam R$ 101,4 mil, o que correspondeu, aproximadamente a

43% da sua RBT gerada e circulada, mesmo vendendo pouco diretamente ao consumidor

final. Enquanto que os agroextrativistas da castanha-do-brasil receberam em torno de 5% (R$

3,2 milhões) da RBT, orçada em R$ 71,5 milhões, configurando-se, juntamente com os cipós

(em que os agroextrativistas retiveram apenas 3% da RBT de R$ 3,1 milhões), como os

recursos de menor retorno financeiro para os que atuam na base produtiva. No caso da

castanha-do-brasil, mesmo quando o setor da produção/extração realizou o beneficiamento,

dando origem ao óleo, o setor da produção reteve apenas 16% da renda gerada e circulada na

comercialização, calculado em mais de R$ 1,3 mil. Por conseguinte, o açaí com uma renda

gerada em R$ 12,7 milhões, sendo que 27% (mais de R$ 3,5 milhões) retido pelo setor alfa

local e extralocal, o cumaru semente com R$ 2,4 milhões de renda com 20% retido pelo setor

alfa, a malva com uma renda em torno de R$ 1,6 milhão e 29% ficando para o setor alfa, a

copaíba com uma renda bruta em torno de R$ 1 milhão e 34% retidos pelo setor alfa.

No que se referiu à agregação de valor, realizadas no ano de 2010, em torno de R$

62,7 milhões, o sistema local foi o que mais adicionou valor a quase todos os produtos

identificados, pois representou 51% do VAB total, estimado em R$ 32 milhões. As exceções

ficam por conta da castanha-do-brasil, cuja agregação de valor foi realizada de forma mais

intensa fora do estado do Pará, mais especificamente 58% no exterior (mercado nacional) e, o

cacau amêndoa em que 64% do seu valor adicionado foram realizados no estado da Bahia

(mercado nacional). Em contrapartida, no que tange a agregação de valor por produtos

identificados, e sua participação no VAB total, levando-se em consideração as três escalas

regionais, a castanha-do-brasil gerou mais de 60% (mais de R$ 19 milhões) do agregado no

âmbito local, cujos agentes indutores foram as indústrias de beneficiamento e exportação,

enquanto que, no âmbito estadual e nacional, este produto foi responsável por 77% do VAB

estadual, tendo como agente indutor de tal processo no âmbito estadual, as indústrias de

beneficiamento, que compram o produto in natura e os vendem para o mercado nacional e

internacional (as redes de supermercados e o mercado externo). O açaí, por sua vez, foi

responsável por mais de 23% (R$ 7,2 milhões) do agregado no mercado local, tendo como

agente indutor as indústrias de beneficiamento, tradicionalmente chamados de “batedores”.

203

Deste modo, mesmo que o valor adicionado tenha sido maior no âmbito local, fazem-

se necessários investimentos em ações que criem condições favoráveis de multiplicar a renda

dos agentes mercantis que tem nos PFNM sua atividade principal e/ou correlacionada a

outras, como por exemplo, o incentivo ao aumento da demanda, através do melhoramento das

condições de comercialização destes produtos, que a grosso modo significa a reforma e/ou

construção dos pontos de comercialização como feiras do produtor e/ou mercados municipais,

já que na maioria dos municípios pertencentes a esta RI, estes se encontram inoperantes ou

inexistentes. Assim como a ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA que,

além de incentivar a oferta desses produtos (maior incentivo à extração pois muitos afirmaram

que por falta de demanda deixam de extrair mais e, incentivo ao plantio), também incentivaria

a organização social, ou seja, criação e/ou melhoramento da gestão das cooperativas ou

sindicatos. Outra ação seria a ampliação e/ou divulgação dos programas de financiamentos à

produção e técnicas de empreendedorismo (treinamentos e capacitação), assim como,

ampliação dos serviços de assistência técnica junto aos agroextrativistas, para que possam

aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos produtos oriundos do agroextrativismo,

contribuindo tanto para o desenvolvimento sustentável da RI, quanto para que agregações de

valor sejam indutoras de geração de emprego e na melhoria da renda para as populações, tanto

no âmbito local quanto no estado do Pará (mercado estadual), de forma a dinamizar as

potencialidades das economias “tradicionais” locais.

204

6 RECOMENDAÇÕES

É fato que a comercialização dos PFNM sempre foi uma opção (e/ou principal fonte)

de renda para as inúmeras famílias e, com o passar dos anos, vem-se apresentando como uma

das atividades que melhor os remunera e, ainda mantêm o seu habitat, isto é, apesar do uso há

a conservação dos recursos florestais. A favor destas atividades, encontra-se o fato de que

com os problemas ambientais advindos do aquecimento global, a redução do desmatamento

na Amazônia com base em economias sustentáveis vem sendo a retórica dos governos federal,

estaduais e municipais da Amazônia, das organizações não governamentais e até dos agentes

diretamente envolvidos nas atividades agroextrativistas - as populações tradicionais. No

entanto, devido às forças dos mercados globalizados, parte dessa atividade fica a mercê de

instituições públicas, por apresentar determinadas limitações de escala (geográfica e

produtiva, as mais justificáveis) que os impedem de ser alvos de políticas de fomento, haja

vista que a grande dialética de manter a floresta em pé e gerar crescimento econômico

parecem conflitantes.

Depreende-se, deste modo, que os montantes econômicos mostrados neste relatório

são significativos, apesar disso, as comercializações dessas 31 cadeias dos não madeireiros

apresentaram entraves aos setores da produção e da indústria, que são chaves para

potencializar a atividade. Pois historicamente tais setores se mantêm em condições de

desassistidos por parte das políticas públicas e, se suprir estes estorvos certamente dinamizará

a economia da RI, transformará o potencial produtivo, com geração de renda, agregação de

valor aos produtos e mais postos de trabalho. O uso correto destes recursos florestais atingirá

o objetivo maior que é o desenvolvimento sustentável para a região.

Ao longo da descrição de cada cadeia de comercialização estudada nesta RI foram

apontados vários gargalos assim como aspectos positivos. A seguir, de forma mais

abrangente, pontuamos os principais entraves identificados nas cadeias de comercialização

dos PFNM, tanto do setor da produção quanto da indústria, contendo entraves e algumas

recomendações para subsidiar políticas públicas.

a) Principais entraves ao setor da produção, considerando o agente agroextrativista

(setor alfa) deste modelo:

Ausência de planos de manejo condizentes com o potencial da RI;

205

A problemática da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), com demora

entre as visitas técnicas, equipes despreparadas para atuar no setor de produtos

não madeireiros;

Poucas ações de empreendedorismo;

Baixo nível de escolaridade das famílias envolvidas na atividade dos não

madeireiros;

Baixos níveis de qualidade e identidade dos produtos (embalagem, especificações

técnicas, validade, etc.), devido os processos extrativos terem sido muitas vezes

desenvolvidos ainda de forma artesanal e, comercializados sem padrão;

Falta de registro junto aos órgãos de regulamentação e fiscalização, para a

produção e comercialização dos não madeireiros;

Necessidade de ampliar o grau de associativismo e corporativismo, que infere nas

oscilações de preços e, resulta em baixos retornos financeiros;

Pouco conhecimento do potencial de mercado dos PFNM, pois muitos deixam de

aumentar, e/ou até mesmo iniciar uma produção, por falta do conhecimento desta

demanda crescente por produtos de apelo sustentável, tanto dos setores

econômicos (indústrias, consumidores de fora da RI principalmente), quanto dos

programas de compra do Governo, como o PAA do governo federal;

Pouco acesso aos créditos rurais, tanto pelo grau de escolaridade apresentado pelo

setor, quanto pela ausência de bancos públicos e/ou privados;

Comercialização dos produtos basicamente de desenvolveu devido à ação dos

atravessadores, com pontos de comercialização (feiras livres, mercados

municipais e feiras do produtor) que necessitam de reformas, investimentos em

higienização e organização dos produtos;

O desenvolvimento das atividades ocupou basicamente a mão-de-obra familiar e,

em casos excepcionais (safra), se “contratou” um ou mais ajudantes, que

receberam conforme produtividade, predominando a informalidade do setor;

Baixa capacidade do setor da produção em reter a renda gerada na comercialização

dos produtos, principalmente, se não investir em melhoria da qualidade dos

produtos;

206

Baixa agregação de valor na própria região de produtos importantes, que atendem a

mercados externos.

b) Principais entraves no setor da indústria:

Baixo grau de competitividade do setor, principalmente dos fatores estruturais da

oferta/demanda (agroindústrias têm dificuldades em adquirir o insumo por

questões como: a dispersão dos fornecedores, a falta de organização do setor

agroextrativista e a dependência dos atravessadores) e fatores internos (pois

muitos atuam na informalidade);

Baixo nível tecnológico e de segurança no processo de beneficiamento e

transformação dos não madeireiros;

Estrutura física tanto para os processos produtivos quanto para o armazenamento

dos produtos, não seguem os padrões exigidos, com algumas exceções;

Pouco acesso aos créditos e financiamentos, pois poucos municípios apresentaram

uma rede bancária;

Mão de obra utilizada basicamente a familiar, sendo deste modo, com poucos

empregos gerados;

Alguns setores empregam mão de obra local, porém, no período da safra

predomina a informalidade;

Baixo nível de escolaridade dos empresários (com algumas exceções), que acaba

influenciando nas tomadas de decisões;

Baixo nível empreendedor, devido a baixa capacidade empresarial para atuar nas

mudanças intrínsecas ao sistema capitalista.

É necessário afirmar, no entanto, que o primeiro passo esta sendo dado com este

relatório, com a produção de informações necessárias para subsidiar a formulação ou

adequação de políticas públicas condizentes com a potencialidade da região.

c) Algumas recomendações para potencializar as cadeias de comercialização dos

PFNM e subsidiar políticas públicas:

Capacitação para execução de planos de manejo condizentes com a potencialidade

local e que tomem como premissa o conhecimento das populações tradicionais;

207

Capacitação dos agentes locais e regionais da assistência técnica e extensão rural a

fim de orientar a organização da produção e melhorar a renda dos

agroextrativistas;

Capacitação para o crédito, a fim de melhorar os processos produtivos, de

armazenamento e de comercialização;

Capacitação para os setores da produção e da ATER na valoração adequada dos

produtos agroextrativistas, pois surgem novos produtos no mercado,

principalmente fármacos e cosméticos, que os setores desconhecem;

Melhoria da qualidade dos produtos ao longo da cadeia produtiva;

Incentivo e capacitação para o cooperativismo/associativismo. Haja vista que,

devido à natureza da atividade, baseada no (agro) extrativismo e coleta, pequenas

unidades de produção são geradas, e a comercialização de PFNM tem

demonstrado ser a melhor alternativa para eliminar os atravessadores mediante

criação de associações comunitárias e cooperativas, proporcionando preço mais

justo aos envolvidos nesta atividade;

Capacitação em técnicas de gerenciamento;

Busca de novos mercados: criação e/ou participação dos agentes em feiras e

eventos para os produtos não madeireiros, seja no âmbito local, quanto no

estadual e até nacional, com apoio público e privado;

Melhorias na infraestrutura de comercialização dos produtos: construção e/ou

reforma das feiras e mercados municipais, assim como das feiras do produtor;

Melhoria e manutenção de estradas e rodovias, permitindo acesso e escoamento da

produção;

Ampliação da modalidade de Ensino para Jovens e Adultos (EJA), pois o baixo

nível de escolaridade apresentado pelos agentes mercantis, implica na falta de

informações técnicas e de capacitação a respeito do manejo e otimização da

produção de PFNM;

Investimentos e capacitação direcionados para agregação de valor aos produtos,

fazendo com que os agroextrativistas aumentem seu interesse por estas atividades,

e consigam reter mais renda na venda de produtos mais elaborados;

208

Ampliação e/ou fortalecimento do Programa de Fortalecimento a Agricultura

Familiar, tanto através dos programas de concessão de crédito, quanto pelos

Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e alimentação escolar,

Valoração e valorização dos produtos não madeireiros: como por exemplo, a

criação de certificação orgânica;

Maior investimento integrado (entre Secretarias e Ministérios) em Ciência e

Tecnologia (C&T) para produzir informações, assim como em Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D) para garantir qualidade e completar o entendimento

sobre as cadeias de produção. Pois, precisa-se criar um modelo de

desenvolvimento sustentável que mantenha a floresta em pé e que ainda gere

crescimento econômico;

Apoios institucionais formais direcionados para atividades extrativistas;

Organização de seminários na RI com agentes mercantis, principalmente os

agroextrativistas, convidados de fora da região, técnicos, representantes de

instituições publicas (municipal, estadual e nacional), a fim de interagirem na

formulação de planos de trabalho, em que as partes envolvidas relatem as

dificuldades encontradas nas cadeias dos não madeireiros (produção, distribuição

e comercialização), assim como, as potencialidades, com intuito de traçar

objetivos a serem atingidos, definir metas e potencializar resultados;

Fomento aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) existentes na região estudada.

209

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213

APÊNDICES

214

215

APÊNDICE A – Questionário aplicado junto aos agentes mercantis

Entrevistador _________________ Nº ________ Nº entrevista: _______

Estudo sobre a Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros no

Estado do Pará

Entrevista com Agentes Mercantis

O objetivo da pesquisa é obter informações sobre as cadeias de comercialização dos principais

produtos da região, com o intuito de estudar as potencialidades da economia regional. Todas

as informações obtidas nessa pesquisa são de caráter sigiloso e anônimo e servirão para

finalidades científicas.

Nome do entrevistador: ______________________________________Data: ___________

Município:___________________________Localidade:_____________________________

GPS Nº ___ : S _____ o _____´ _____” W _____

o _____´ _____” Obs.: ________________

Nome do entrevistado / da empresa: _______________________________________________ ______________________________________________________________________________

Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ________________________________________ ______________________________________________________________________________

Categoria:

a. Indústria/Empresa ( )b. Intermediário ( )c. Produtor ( )

a. Empresa: Matriz ( ) Filial ( )

Nome / local da matriz: ___________________________________________________________

Tempo de trabalho no ramo / no local: _______________________________________________

b. Intermediário: Nascido em: ____________________________________________________

Profissão anterior: _______________________________________________________________

Profissão paralela: _______________________________________________________________

c. Produtor: Nascido em: _________________________________________________________

Local / tamanho do lote: __________________________________________________________

Descrever atividades extrativas (locais, técnicas usadas no manejo, equipamentos,

negociações, acesso/controle, etc.)_______________________________________________

Qual é a infra-estrutura que dispõe?

Armazéns (número, capacidade): _____________________________________________________

Meios de transporte (tipo, número, capacidade): _________________________________________

________________________________________________________________________________

Máquinas e Equipamentos (tipo, número, capacidade): ____________________________________

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

Tem problemas com capacidade de armazenamento, com os equipamentos/ maquinário?

Quais?

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

216

Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

Como é o tempo de trabalho (ano inteiro, períodos, tempo integral / parcial etc.)?

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

Qual é o valor pago aos trabalhadores em média (por categoria, por mês, diária, por

empreitada (descrever), etc.)?

_______________________R$ _________/_________

_______________________R$ _________/_________

Existem outros que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Informações para contato (endereço e telefone do entrevistado):

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

O que é necessário para melhorar sua capacidade produtiva?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Observações Gerais (manejo, transporte, negociações, financiamento, assistência técnica,

etc.):

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

Categoria

do agente

entrevistado

C/V1 Merca-doria

Quant. Unid. Quando/Período/

mês

Preço por Unid.

De quem ? / Para quem? Formas

de Pagamento2

Serviços prestados3 Nome Categoria

Município/ Estado

1) (C) Comprado (V) Vendido

2) (AV) A vista (NF) Na folha

(AP) A prazo (F) Fiado (T) Troco

3) (F) Financiamento (T) Transporte (B1) Beneficiamento nível 1 (primário) (B2) Beneficiamento nível 2 (extração)

(B3) Beneficiamento nível 3 (processamento) (C) Classificação (A) Armazenagem (E) Embalagem

217

APÊNDICE B- Famílias, espécies, usos e partes utilizadas dos produtos florestais não

madeireiros identificados nas cadeias de comercialização na Região de Integração do Baixo

Amazonas no período de 2009 a 2010.

Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.

Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.

Família (Nºespécies) Espécies Nome popular Uso Parte utilizada

Euterpe oleracea Mart. Açaí Alimentício e artesanal Fruto e palmito

Astrocaryum vulgare Mart. Tucumã Alimentício Fruto

Astrocaryum tucuma G. Mey. Tucumã-do-amazonas Alimentício Fruto

Oenocarpus bacaba Mart. Bacaba Alimentício Fruto

Mauritia flexuosa L. f. Buriti Alimentício Fruto

Attalea funifera Mart. Piaçava Utensílio Fibra

Araliaceae (1) Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin Morototó Artesanal Semente

Araceae (1) Heteropsis flexuosa (Kunth) G.S. Bunting Cipó-titica Artesanato Caule

Anacardium giganteum W. Hancock ex Engl. Cajuaçu Alimentício Fruto

Não identificado Aroeira Medicinal Casca

Anonaceae (1) Ephedranthus sp. Envirataia Medicinal e artesanal Casca e fibra

Parahancornia amapa (Huber) Ducke Amapá Medicinal Leite

Spondias mombin L. Taperebá Alimentício Fruto

Aspidosperma oblongum A. DC. Carapanaúba Medicinal Casca

Himatanthus sucuuba Spruce ex Müll. Arg. Sucuúba Medicinal Leite

Geissospermum sericeum Benth. & Hook. f. ex Miers Quinarana Medicinal Casca

Bignoniaceae (1) Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Ipê-roxo Medicinal Casca

Burseraceae (1) Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Breu-branco Utensílio Resina

Bixaceae (1) Bixa orellana L. Urucum Alimentício Semente

Bromeliaceae (1) Ananas erectifolius L.B. Sm. Curauá Utensílios Fibra

Caryocaraceae (1) Caryocar villosum (Aubl.) Pers. Piquiá Medicinal Óleo

Symphonia globulifera L. f. Anani Medicinal Leite

Platonia insignis Mart. Bacuri Alimentício Fruto

Dilleniaceae (1) Curatella americana L. Caimbé Medicinal Casca

Hura crepitans L. Assacu Medicinal Casca

Croton pajucara Benth. Sacaca Medicinal Casca

Hevea brasiliensis (Willd.ex A. Juss.) Müll. Arg. Seringueira Utensílio Látex

Bauhinia sp. Escada-de-jabuti Medicinal Casca

Bauhinia forficata Link Pata-de-vaca Medicinal Casca

Copaifera sp . Copaíba Medicinal Óleo

Campsiandra laurifolia Benth. J. Bot. (Hooker) Acapurana Medicinal Casca

Macrolobium acaciifolium (Benth.) Benth. Arapari Medicinal Casca

Caesalpinia ferrea Mart. Jucá Medicinal Semente

Hymenaea courbaril L. Jatobá Medicinal Leite

Stryphnodendron obovatum Benth. Barbatimão Medicinal Casca

Sclerolobium paniculatum Vogel Taxi-branco Medicinal Casca

Coumarouna odorata Aubl. Cumaru Cosmético e medicinal Semente

Humiriaceae (1) Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. Uxi Alimentício Fruto

Lauraceae (1) Aniba canelilla (Kunth) Mez Preciosa Medicinal Casca

Lecythidaceae (1) Bertholletia excelsa Bonpl. Castanha-do-brasil Alimentício e cosmético Fruto e óleo

Luehea sp. Açoita-cavalo Medicinal Casca

Urena lobata L. Malva Artesanal Fibra

Theobroma cacao (Mill.) Bernoulli Cacau Alimentício Amêndoa e fruto

Theobroma grandiflorum (Willd. Ex Spreng.)K.Schum. Cupuaçu Alimentício Fruto

Malpighiaceae (1) Byrsonima crassifolia (L.) Kunth Muruci Alimentício Fruto

Marantaceae (1) Ischnosiphon obliquus (Rudge) Körn. Guarumã Artesanal Fibra

Meliaceae (1) Carapa guianensis Aubl. Andiroba Medicinal Óleo

Myristicaceae (1) Virola surinamensis Rol. ex Rottb. Ucuúba Medicinal Casca

Olacaceae (1) Liriosma ovata Miers Marapuama Medicinal Casca

Pontederiaceae (1) Não identificado Mururé Medicinal Casca

Plantaginaceae (1) Veronica officinalis L. Verônica Medicinal Casca

Rubiaceae (1) Uncaria tomentosa (Willd. Ex Roem. & Schult.) DC. Unha-de-gato Medicinal Casca

Sapindaceae (1) Não indentificado Cipó-timbó Utensílios Caule

Sapotaceae (1) Manilkara bidentata D.C.Chev. Balata Artesanal Látex

Bignoniaceae (1) Crescentia cujete L. Cuieira Artesanal Fruto

Fabaceae (10)

Malvaceae (4)

Arecaceae (6)

Anacardiaceae (2)

Apocynaceae (5)

Clusiaceae (2)

Euphorbiaceae (3)

218

APÊNDICE C- Imagens capturadas nos municípios da Região de Integração Baixo

Amazonas.

Foto 1- Processamento da castanha-do-brasil no

município de Oriximiná. Foto 2- Carreteiro levando o açaí in natura para

os “batedores”.

Foto 3- O açaí é acondicionado em rasas para

atender exigências do mercado.

Foto 4- O açaí após processado é comercializado

nas ruas em caixas térmicas.

Foto 5- O açaí após processado é comercializado

nas ruas em “leiteiras”.

Foto 6- O fruto do muruci comercializado em

embalagens de garrafa pet.

219

Foto 7- Transporte de Tucumã no porão de

barcos com destino para Manaus.

Foto 8- Semente de cumarú.

Foto 9- Lenha para abastecer as olarias. Foto 10- Comercialização do carvão em sacolas

no município de Juruti.

Foto 11- Feira do município de Òbidos. Foto 12- Porto do município de Alenquer.

220

Foto 13– Látex da seringueira é acondicionado em

sacas.

Foto 14– Placas de balatas para serem

utilizadas para o artesanato.

Foto 15– Artesanato de balata no município de Monte

Alegre.

Foto 16– Ateliê de subproduto do látex da

seringueira denominado de “couro

ecológico”, em Belterra.

Foto 17– Bolsa de “couro ecológico”, em Belterra. Foto 18– Artesanato regional no município

de Santarém.

221

Foto 19– Cestarias de Santarém. Foto 20– Cuia de Santarém.

Foto 21– Cipó em rolo de Juruti. Foto 22– Vassoura de cipó.

Foto 29– Comercialização de cascas de plantas

medicinais.

Foto 30– Ponto de comercialização de leites,

ervas, óleos medicinais em Santarém.