relatÓrio final de estÁgio germinação de parapiptadenia

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0 RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan (Angico Vermelho) Acadêmica: Luana Borges Nasiniak Curso de Engenharia Florestal São Gabriel, RS, Brasil Dezembro de 2011.

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Page 1: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

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RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO

Germinação de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan (Angico

Vermelho)

Acadêmica: Luana Borges Nasiniak

Curso de Engenharia Florestal

São Gabriel, RS, Brasil

Dezembro de 2011.

Page 2: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

1

Germinação de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan (Angico

Vermelho)

Por:

Luana Borges Nasiniak

Relatório de estágio final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Florestal, Área de Silvicultura, da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Florestal.

Orientadora: Prof. Drª. Nirlene Fernandes Cechin

São Gabriel, RS, Brasil

Dezembro de 2011.

Page 3: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

2

Universidade Federal do Pampa

Campus São Gabriel

Engenharia Florestal

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

Aprova o Relatório de Estágio

Germinação de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan (Angico

Vermelho)

Elaborado por

Luana Borges Nasiniak

Como requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Florestal

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________

Prof. Dra Nirlene Fernandes Cechin/Unipampa

______________________________

Prof. Dr. Ítalo Filippi Teixeira/Unipampa

______________________________

Gestor Ambiental Marcelo Rodrigo Muller

São Gabriel, Dezembro de 2011

Page 4: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Gestor Ambiental Sr. Marcelo Rodrigo Muller pela oportunidade

da realização do estágio, pelos ensinamentos passados e pela amizade.

Á minha orientadora Profa Dr

a Nirlene Fernandes Cechin, pelo auxílio, apoio,

paciência, amizade e companheirismo.

Ao meu colega de estágio Leonardo Nabinger Menna Barreto, pelas caronas,

pelas ajudas e por todas as horas que passamos juntos.

E a todos que, de uma forma ou de outra, ajudaram na realização deste

trabalho.

Page 5: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

4

RESUMO

No presente trabalho foram realizados, em um viveiro florestal, testes para comparar

qual o tipo de substrato mais adequado à germinação de Parapiptadenia rigida

(Benth.) Brenan (Angico Vermelho), e qual a melhor época para coleta dos frutos,

com o intuito de verificar o potencial germinativo da espécie. Foram coletadas

sementes de duas árvores, em quatro épocas diferentes. Os tratamentos

considerados no estudo foram os tipos de substrato: substrato comercial Mecplant

(S1) e substrato confeccionado no próprio viveiro (S2), o qual é composto por cama

de aviário, madeira podre ralada, terra de subsolo e calcário e as épocas de coleta

dos frutos. As sementes semeadas no substrato comercial Mecplant foram as que

começaram a germinar primeiro. Entretanto, foi possível observar que o substrato

confeccionado no próprio viveiro era o que retinha mais umidade. Das 832 sementes

semeadas, apenas 508 sementes germinaram, o que corresponde a um percentual

de 61,06%, sendo que destes 28,37% correspondem ao substrato 1 e 32,69% ao

substrato 2. Conclui-se que não houve diferença significativa na germinação das

sementes nos dois substratos e que a melhor germinação das sementes ocorreu

naquelas coletadas na época 1 e as sementes que mais germinaram foram as

coletadas na árvore 2. Ainda, durante o estágio foi realizada a limpeza da área do

viveiro, a construção da casa de vegetação, a construção das mesas suporte para

os tubetes, a montagem do sistema de irrigação, a formulação e o teste de

substratos produzidos no viveiro, a manutenção do viveiro, a coleta de frutos e a

semeadura de sementes de árvores nativas e a análise dos custos de produção das

mudas produzidas no viveiro.

Palavras-chaves: coleta de sementes, percentual de germinação, maturação dos

frutos, substratos.

Page 6: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

5

ABSTRACT

This study was conducted in a forest nursery through comparative tests for the

adequate substrate type for P. rigida (Benth.) Brenan (Angico-vermelho) germination

seeds and the best time to collect the fruits in order to check the species germination

potential. Seeds were collected from two trees at four different times. The

treatments considered in this study were substrate types: Mecplant commercial

substrate (S1) and self-made substrate in nursery (S2), which consists of chicken

litter, rotten wood grated, subsoil and limestone plus the time of fruit

collection. Seeds sown in Mecplant substrate were the first to germinate. However, it

was observed that the substrate self-made in nursery retained more moisture.

Of the 832 seeds sown, only 508 seeds germinated, corresponding to 61,06 % and

that 28,37 % correspond to substrate 1 and 32,69 % correspond to substrate 2 .

It is concluded that there was no significant difference in seed germination in

two substrates and the best seed germination occurred among those collected at the

first time (time 1) and the more germinated seeds were collected in the tree number

2. Even so during the work was held a clean in the pond area, greenhouse

construction, support tubes tables construction , irrigation system assembly ,

formulation and testing of substrates produced in the nursery, nursery maintenance

, fruit collecting and native trees seeds sowing and analysis of seedlings’ nursery

production costs.

Keywords: seed collection, germination percentage, fruit maturation, substrate.

Page 7: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Viveiro da Floricultura Amor Perfeito, São Gabriel – RS, 2011 ..... 16

Figura 2 – Área do viveiro antes da limpeza (a), área do viveiro após a limpeza

(b)..........................................................................................................................

17

Figura 3- Planta baixa da estrutura da casa de vegetação.............................. 18

Figura 4 – Planta baixa das mesas de suporte................................................ 19

Figura 5 – Mesa antigamente utilizada (a), mesa após a reestruturação (b)....... 19

Figura 6 – Árvore 1, localizada na rua Alcides Maia (a) e árvore 2 localizada

na rua Antônio Trilha (b)....................................................................................

20

Figura 7 – Frutos de Parapiptadenia rigida – Angico Vermelho....................... 21

Figura 8 – Sementes de Parapiptadenia rigida – Angico Vermelho................. 22

Figura 9 – Substrato comercial Mecplant (a), tubetes de polipropileno com

substrato comercial Mecplant (b) e tubete com substrato confeccionado no

viveiro (c)..............................................................................................................

23

Figura 10 - Mesa suporte para acomodação dos recipientes utilizados no teste

de germinação.................................................................................................

26

Figura 11 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas

germinadas nos substratos 1 e 2, com as sementes da árvore 1, da primeira

coleta..............................................................................................................

Figura 12 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas

germinadas nos substratos 1 e 2, com as sementes da árvore 1, da segunda

coleta..............................................................................................................

29

30

Figura 13 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas

germinadas nos substratos 1 e 2, com as sementes da árvore 1, na terceira

coleta..............................................................................................................

Figura 14 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas

germinadas nos substratos 1 e 2, com as sementes da árvore 1, na quarta

coleta..............................................................................................................

Figura 15 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas

germinadas nos substratos 1 e 2, com as sementes da árvore 2, na primeira

coleta..............................................................................................................

30

31

31

Page 8: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

7

Figura 16 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas

germinadas nos substratos 1 e 2, com as sementes da árvore 2, na segunda

coleta...............................................................................................................

Figura 17 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas

germinadas nos substratos 1 e 2, com as sementes da árvore 2, na terceira

coleta...................................................................................................................

Figura 18 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas

germinadas nos substratos 1 e 2, com as sementes da árvore 2, na quarta

coleta................................................................................................................

32

32

33

Page 9: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Total de sementes da árvore 1, germinadas após 15 dias e após 60

dias da semeadura, São Gabriel – RS, 2011.......................................................

28

Tabela 2-Total de sementes da árvore 2, germinadas após 15 dias e após 60

dias da semeadura, São Gabriel – RS, 2011.....................................................

29

Page 10: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Dados referentes aos testes de germinação................................... 25

Quadro 2- Número de plântulas emersas 30 dias após a semeadura............. 34

Page 11: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

10

SUMÁRIO

1. ORGANIZAÇÃO.............................................................................................. 11

2. INTRODUÇÃO................................................................................................ 12

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................... 14

4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.................................................................... 16

4.1 Limpeza da área.........................................................................................

4.2 Construção da casa de vegetação................................................................

17

17

4.3 Construção das mesas suporte dos tubetes................................................. 18

4.4 Estudo da germinação de angico-vermelho (Parapiptadenia rigida (Benth.)

Brenan.............................................................................................................

20

4.4.1 Coleta dos frutos....................................................................................... 20

4.4.2 Beneficiamento das sementes............................................................... 22

4.1.2 Substratos e recipientes........................................................................ 23

4.1.3 Testes realizados.................................................................................. 24

5. RESULTADOS............................................................................................ 27

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 35

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 36

Page 12: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

11

1. ORGANIZAÇÃO

O estágio curricular profissionalizante da acadêmica Luana Borges Nasiniak

foi realizado no período de 12 de setembro de 2011 a 18 de novembro de 2011 no

viveiro da Floricultura Amor Perfeito, que fica localizado na Rua Francisco Silva, Nº

3571, Bairro Medianeira, no Município de São Gabriel - RS.

O viveiro possui registro na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA)

do município de São Gabriel e atualmente está conveniado à Universidade Federal

do Pampa (UNIPAMPA) com o objetivo de proporcionar aos acadêmicos desta

Instituição de Ensino a possibilidade de realizar estágios curriculares, trabalhos de

conclusão de curso e pesquisas científicas na área de silvicultura.

No viveiro florestal é realizada a produção de mudas que abastecem a

floricultura Amor Perfeito.

A Floricultura Amor Perfeito está situada na Rua Coronel Soares, 867, sala 2,

no centro do Município de São Gabriel – RS, e tem como responsável técnico o

Gestor Ambiental Marcelo Rodrigo Muller. O proprietário é o único viveirista e

administrador da área de produção.

A floricultura direciona suas atividades para a produção de flores de corte,

mudas de hortaliças, mudas de espécies nativas e exóticas (frutíferas e florestais).

As mudas são comercializadas para diversas pessoas, empresas e órgãos públicos

que utilizam as mesmas na ornamentação de jardins residenciais, arborização de

ruas, de avenidas e de praças públicas, plantios florestais comerciais, recuperação

de áreas degradas, entre outras.

Atualmente, a floricultura firmou contrato de compra e venda da produção de

mudas nativas com uma empresa de reflorestamento da região. A capacidade total

de produção de mudas nativas está sendo ampliada para, aproximadamente, 7.000

mudas por ano, a partir da construção de novas mesas que servirão como suporte

para os tubetes utilizados na produção de mudas.

Page 13: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

12

2. INTRODUÇÃO

Atualmente a preocupação ambiental em relação à degradação da flora e da

fauna e a conseqüente perda da diversidade é pauta nos diferentes meios de

comunicação social, acarretando certa apreensão na população mundial. A

degradação tem como grande responsável o homem, com a exploração

massacrante e desenfreada das matas nativas, em conjunto com a entrada de

espécies invasoras e agressivas, que criam uma competição com as espécies

nativas, agravando este problema.

A crescente degradação ambiental resultou em determinadas conseqüências

como o aumento na ocorrência de enchentes, as alterações no balanço hídrico e

climático,a perda de bens materiais e vidas, o comprometimento de água potável e

da saúde da população, entre outros (BARBOSA; MANTOVANI, 2000).

Tais impactos ocorreram, em parte, devido à redução progressiva dos tipos

de ecossistemas naturais, fato que tem levado a ação como o restabelecimento da

vegetação e de condições e sustentabilidade a partir de um planejamento em longo

prazo, denominada recuperação de áreas degradadas (DIAS; GRIFFITH, 1998).

A busca de conhecimento sobre o manejo da flora natural faz se necessário e

cria métodos e alternativas de recuperação de áreas degradadas e o

desenvolvimento sustentável. A maioria dos programas de recuperação de áreas

degradadas, por razões elementares, é feita com a utilização da vegetação de

ocorrência natural, que apresenta uma série de vantagens em relação às espécies

exóticas. Programas com a utilização de árvores nativas contribuem para a

conservação da biodiversidade regional, aumentando a diversidade genética da

fauna e da flora local a elas associadas. Além das vantagens econômicas pela

espécie estar aclimatada a região, torna-se fácil a produção de mudas (OLIVEIRA

FILHO, 1994).

Diversas espécies nativas podem ser utilizadas para este fim, as quais não

podem faltar nos reflorestamentos heterogêneos, entre elas o angico vermelho -

Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan (LORENZI, 2002). Entretanto, para que haja

sucesso na implantação de espécies nativas em povoamentos florestais, é

necessário um ótimo desempenho de suas mudas no viveiro (CARNEIRO, 1995).

Page 14: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

13

Parapiptadenia rigida (angico vermelho) é uma espécie florestal nativa que

vem sendo utilizada na recuperação de áreas degradadas, na restauração florestal

em áreas de preservação permanente e na extração de madeira. Entretanto, as

informações sobre a germinação das sementes desta espécie são escassas, o que

torna necessário a realização de estudos para definir e padronizar as metodologias

mais adequadas para esta finalidade.

A obtenção de mudas de espécies do ambiente regional, em quantidade

suficiente para o plantio, é um dos principais pontos de estrangulamento dos

programas de restauração ecológica, e uma das grandes dificuldades dos projetos

de reflorestamentos com as espécies nativas é a obtenção de mudas, tanto na

quantidade e qualidade desejada, assim como na diversidade de espécies

(SANTARELLI, 2004).

O viveiro florestal é o local aonde acontecem às primeiras pesquisas com

relação à introdução de espécies. Para obter sucesso na implantação de uma

espécie, devem existir técnicas de reprodução em viveiros que apresentem bons

resultados e que possam diminuir o tempo de produção das mudas, bem como

aumentar a eficiência de sua produção.

Os testes de germinação disponibilizam dados que podem ser utilizados,

juntamente com outras informações, na comparação da qualidade do lote de

sementes.

Diante disto, este trabalho teve por objetivo realizar o acompanhamento da

germinação do angico vermelho, em dois tipos de substratos, a partir da utilização

de sementes desta espécie que foram coletadas em duas árvores, em diferentes

épocas de colheita dos frutos.

Page 15: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

14

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan, popularmente conhecida por angico

vermelho, pertencente à família Fabaceae (Mimosoideae). A espécie é característica

da mata latifoliada das bacias dos Rios Paraná, Uruguai e seus afluentes (LORENZI,

2002), sendo recomendada para a recuperação de áreas degradadas (SOUTO,

1984) e para a restauração florestal em áreas de preservação permanente

(DURIGAN e NOGUEIRA, 1990). É uma espécie secundária inicial (VACARO et al.,

1999).

De acordo com Backes e Irgang (2002), o angico vermelho é uma espécie

melífera, pioneira decidual, de fácil identificação devido ao seu porte e aos enormes

troncos com casca escamante e pela madeira vermelhada e dura. A espécie florestal

bastante agressiva e cresce facilmente ao longo de estradas, em beira de rios ou em

capoeiras

Árvore nativa, alta, com tronco geralmente cilíndrico reto ou mais comumente,

tortuoso, de 20 a 35 metros de altura, com copa corimbiforme composta por

folhagem verde escura e de madeira muito pesada, elástica e bastante durável, o

que a torna própria para as construções rurais e para a carpintaria (REITZ et al.,

1988), sendo também aproveitada em curtumes, por ser rica em tanino (SAKITA;

VALLILO, 1990).

As flores são pequenas, branco amareladas, reunidas em inflorescência em

forma de longas espigas cilíndricas axilares. Floresce nos meses de novembro e

dezembro. O fruto possui a forma de uma vagem plana, membranácea, coriácea,

articulada, entre 12 a 15 centímetros de comprimento. A maturação ocorre nos

meses de junho e julho (SCIPIONI, 2011).

A definição da época de colheita é importante, pois um grande número de

espécies produz frutos deiscentes. Assim, estes se abrem ainda na árvore para que

ocorra a dispersão natural das sementes (PIÑA-RODRIGUES; AGUIAR, 1993).

Conforme Popinigis (1995), a definição da época de colheita de sementes é

muito importante, principalmente porque a partir do ponto de maturação fisiológica é

iniciado o processo de deterioração, cuja velocidade é influenciada pelas condições

ambientais.

Page 16: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

15

A escolha do tipo de recipiente que será utilizado é devida ao custo de

aquisição do mesmo, a durabilidade e a possibilidade de reaproveitamento do

mesmo, bem como pela facilidade em transportar este. Segundo Vilella e Valarini

(2009), as características que o recipiente apresenta para formar mudas de boa

qualidade também é muito importante. Os recipientes mais utilizados são os sacos

plásticos e os tubetes, sendo que o último é o mais indicado para a produção de

mudas de espécies pioneiras nativas como o angico vermelho.

Segundo Mondo (2008), em geral, quanto à germinação as sementes

apresentam um desempenho variável em diferentes temperaturas e substratos, que

são componentes básicos no teste de germinação. Sendo assim, o conhecimento da

influência desses componentes na germinação de cada espécie é de importância

fundamental.

O substrato influencia diretamente na germinação, pois em função de sua

capacidade de retenção de água, estrutura e aeração, este afeta o fornecimento de

água e de oxigênio para as sementes e oferece o suporte físico para o

desenvolvimento da plântula (FIGLIOLIA et al., 1993).

De acordo com Lemaire (1995), o substrato apresenta papel importante no

crescimento da planta em cultivos sem solo, tendo que garantir por meio de sua fase

sólida o crescimento da parte aérea e o desenvolvimento do sistema radicular, com

volume restrito. Exerce também as funções de dar sustentação às plantas,

proporcionar o crescimento das raízes e fornecer as quantidades adequadas de ar,

água e nutrientes. Além disso, deve apresentar uma estrutura que não dificulte a

sua retirada do recipiente, por ocasião do plantio das mudas, e que não se

destorroe, propiciando boas condições para o adequado desenvolvimento das

plantas (STURION e ANTUNES, 2000).

Para Popinigs, (1997) o substrato utilizado nos testes de germinação possui

grande influência no processo germinativo, pois fatores como a estrutura, a aeração

e a capacidade de retenção de água podem variar de acordo com o material

utilizado. Na escolha do substrato deve ser considerado o tamanho da semente, a

exigência desta em relação á quantidade de água, a sua sensibilidade ou não à luz e

a facilidade que este oferece para a realização da contagem e avaliação das

plântulas (Brasil, 1992).

Page 17: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

16

4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O presente estágio foi realizado no período de 12 de setembro a 18 de

novembro de 2011 no viveiro da floricultura Amor Perfeito, situado no Bairro

Medianeira, na latitude 30021’25.83’’S e longitude 53015’56.39O’’, no município de

São Gabriel - RS (Figura 1).

FIGURA 1 – Viveiro da Floricultura Amor Perfeito, São Gabriel – RS, 2011

Fonte: Google Earth, adaptado pela autora.

São Gabriel está localizado no sul do estado do Rio Grande do Sul, na região

da Campanha. O Município apresenta um clima subtropical, com temperaturas

mínimas durante o ano de 14°C, e temperaturas máximas de 25°C, com precipitação

média mensal de 132 mm e média anual perto de 1600 mm (TEMPO AGORA,

2011).

No decorrer do estágio foram realizadas atividades práticas como a limpeza

da área do viveiro, a construção da casa de vegetação, a construção das mesas

suporte para os tubetes, a formulação e o teste de substratos produzidos no viveiro

e a manutenção do viveiro. Ainda, foram realizadas coleta de frutos e a semeadura

de sementes de árvores nativas o município de São Gabriel, bem como a análise

dos custos de produção das mudas produzidas no viveiro.

Page 18: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

17

4.1 Limpeza da área

Como havia grande ocorrência de espécies de gramíneas na área do viveiro

(figura 2a), foi necessário dedicar um dia de trabalho para a limpeza do local (figura

2b). Também foi realizada a retirada de algumas mudas que estavam plantadas

diretamente no solo, pois o local foi destinado para a instalação da casa de sombra.

Para controlar a ocorrência das gramíneas invasoras foram utilizadas cascas de

arroz espalhadas no chão, embaixo das mesas.

FIGURA 2 – Área do viveiro antes da limpeza (a), área do viveiro após a limpeza (b).

Fonte: Autora (2011)

4.2 Construção da casa de vegetação

Após ter sido feita a limpeza da área, iniciou a construção da casa de

vegetação (figura 3). O tamanho da área necessária para abrigar as 4 mesas

suporte para os tubetes corresponde a 90m². O material utilizado foi: nove moirões

de 15 cm x 15 cm x 280 cm, 57 metros de caibro de 7cm x 5 cm, 150 m² de sombrite

50% de sombreamento e pregos. As laterais foram cobertas com 1,5 metros de

altura do mesmo sombrite, deixando uma entrada para circulação das pessoas que

realizam atividades no viveiro.

a) b)

Page 19: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

18

FIGURA 3 - Planta baixa da estrutura da casa de vegetação.

Fonte: Autora (2011)

4.3 Construção das mesas suporte dos tubetes

As mesas suporte foram construídas a 1 metro e 10 centímetros de altura,

proporcionando boa ergonomia durante a manipulação dos tubetes (Figura 4). As

mesas possuem 8 metros de comprimento x 1 metro e 20 centímetros de largura, e a

distância entre estas é de 1 metro, sendo assim definida por proporcionar uma maior

facilidade de locomoção entre as mesas.

Para que fosse feito o encaixe dos tubetes de 190 cm³, foi utilizada uma tela

soldada de 8 metros de comprimento x 1,20 metros de largura, a qual foi estendida e

fixada sobre a mesa. Com a tela, foi possível delimitar a divisão das mesas em

módulos. Cada módulo era composto por 6 colunas e, cada coluna continha 13

células, sendo colocado 1tubete por célula, totalizando 78 tubetes por módulo (figura

Page 20: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

19

4). Cada mesa era composta por 23 módulos e o total de tubetes colocados por

mesa corresponde a 1794 tubetes.

A cada módulo (6 colunas) foi colocada uma ripa, para que a mesa nova

apresentasse uma maior sustentação (figura 5b), o que não ocorria na mesa

utilizada anteriormente (figura 5a).

FIGURA 4 – Planta baixa das mesas de suporte

Fonte: Autora (2011)

FIGURA 5 – Mesa utilizada anteriormente (a), mesa após a reestruturação (b).

Fonte: Autora (2011)

a) b)

MÓDULO:

- 6 colunas X 13 células= 78 tubetes por módulo.

LEGENDA:

= tubetes

= células

Page 21: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

20

4.4 Estudo da germinação de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan - Angico

Vermelho

4.4.1 Coleta dos frutos

Os frutos de angico vermelho foram coletados de forma aleatória, com a

utilização de um podão, em duas árvores. A árvore 1 fica localizada na rua Alcides

Maia, próxima ao Lions Clube São Gabriel- Bairro Vargas (Figura 6a ) e a árvore 2

na Avenida Antônio Trilha – Bairro Centro (Figura 6b).

A árvore 1 está situada dentro do terreno de uma residência particular e a

árvore 2 em um passeio público (calçada).

FIGURA 6 – Árvore 1, localizada na rua Alcides Maia (a) e árvore 2 localizada na rua Antônio Trilha

(b).

Fonte: Autora (2011)

a) b)

Page 22: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

21

As coletas dos frutos, para obter as sementes utilizadas nos testes de

germinação, foram realizadas em diferentes épocas do ano, conforme descrito a

seguir:

- a primeira coleta foi feita na primeira quinzena do mês de junho, com os frutos

apresentando um total de 600 sementes;

- a segunda coleta foi feita na segunda quinzena do mês de junho, apresentando um

total de 500 sementes;

- a terceira coleta foi feita na primeira quinzena do mês de julho, com um total de

500 sementes;

- a quarta coleta foi feita na segunda quinzena do mês de julho, apresentando um

total de 400 sementes.

Na ocasião da primeira coleta, alguns dos frutos se apresentavam verdes.

Logo, estes foram postos para secar, à sombra, sobre uma peneira.

Na segunda e na terceira coleta os frutos já se encontravam maduros, porém

não se encontravam abertos (figura 7). Assim como os da primeira coleta, estes

foram colocados sobre uma peneira para que pudessem secar, à sombra, e então

permitirem a abertura dos mesmos. Na quarta coleta os frutos já estavam totalmente

maduros e abertos.

FIGURA 7 – Frutos de Parapiptadenia rigida – Angico Vermelho.

Fonte: Autora (2011)

Page 23: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

22

As sementes do angico (Figura 8) se apresentam viável por um pequeno

período de tempo. Logo, estas perdem rapidamente a sua qualidade fisiológica,

sendo então classificadas como sementes de vida curta. Por esse motivo, foi

necessário realizar a secagem das sementes desta espécie. A secagem das

sementes à sombra, denominada de cura, foi realizada com o intuito de diminuir o

alto teor de umidade que estas apresentavam por ocasião da colheita, bem como

para facilitar a extração das mesmas do interior dos frutos.

Cabe aqui salientar, que todas as sementes utilizadas no teste de germinação

foram retiradas após a secagem dos frutos ou diretamente dos frutos abertos. Logo,

nenhuma das sementes foi coletada diretamente no chão.

FIGURA 8 – Sementes de Parapiptadenia rigida – Angico Vermelho.

Fonte: www.ufsm.br/herbarioflorestal (2011)

4.4.2 Beneficiamento das sementes

As sementes foram beneficiadas para que pudessem ser retiradas as

impurezas que estavam junto das mesmas, a fim de proporcionar uma melhor

homogeneização do lote. A seguir, estas foram separadas em 50 sementes e após

foram colocadas em sacos de plástico, sendo então, armazenadas em geladeira até

o momento em que estas seriam utilizadas nos testes de germinação.

Page 24: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

23

Os sacos de plásticos estavam abertos e foram colocados na porta da

geladeira. Em determinados tempos, estes eram agitados proporcionando a

movimentação das sementes e, conseqüentemente, uma secagem mais uniforme

das mesmas.

4.4.3 Substratos e recipientes utilizados nos testes de germinação

Os tubetes foram preenchidos com dois tipos de substratos, um

comercializado e outro confeccionado no próprio viveiro.

O substrato comercial utilizado foi o Mec Plant (Figura 9a) cuja composição é

à base de casca de pinus, vermiculita, corretivo de acidez e fertilizantes minerais.

Este tem capacidade de retenção de água de 60%, capacidade de troca catiônica

(CTC) de 200 mmol c/Kg e natureza física sólida.

O substrato confeccionado no viveiro é composto por cama de aviário,

madeira podre ralada, terra de subsolo e calcário.

Os recipientes utilizados nos testes de germinação foram os tubetes de

polipropileno, os quais são adequados para produção de mudas de árvores nativas.

Alguns foram preenchidos, em média, com 100 gramas de substrato comercial Mec

Plant (Figura 9b) e outros com, aproximadamente, 100 gramas do substrato

confeccionado no viveiro (Figura 9c) .

Os tubetes foram colocados sobre as mesas suporte que foram

confeccionadas durante o período do estágio.

Page 25: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

24

FIGURA 9 – Substrato comercial Mecplant (a), tubetes de polipropileno com substrato comercial

Mecplant (b) e tubete com substrato confeccionado no viveiro (c).

Fonte: Autora (2011)

4.5 Testes realizados

No controle de germinação das sementes de angico vermelho foram

realizados dois testes, onde os tratamentos utilizados foram as épocas de coleta dos

frutos do angico vermelho e os tipos de substratos utilizados nos testes de

germinação, um com a finalidade verificar o melhor substrato e o outro para verificar

a melhor época de colheita dos frutos, e as árvores foram consideradas as

repetições.

Na determinação do melhor substrato e da melhor época de coleta dos frutos

foi utilizado o teste Qui-quadrado (2), por este ser um teste de hipóteses que se

destina a encontrar um valor de dispersão para duas variáveis.

O quadro 1 apresenta o número de árvores de onde foram coletados os

frutos, o número de coletas, os tipos de substratos e o número de sementes

utilizadas nos testes de germinação.

a) b) c)

Page 26: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

25

QUADRO 1-

Dados referentes aos testes de germinação.

Árvore 1

Coleta 1

Substrato Comercial Mec Plant 52 tubetes 104 sementes

Substrato Confeccionado 52 tubetes 104 sementes

Coleta 2

Substrato Comercial Mec Plant 52 tubetes 104 sementes

Substrato Confeccionado 52 tubetes 104 sementes

Coleta 3

Substrato Comercial Mec Plant 52 tubetes 104 sementes

Substrato Confeccionado 52 tubetes 104 sementes

Coleta 4

Substrato Comercial Mec Plant 52 tubetes 104 sementes

Substrato Confeccionado 52 tubetes 104 sementes

Total 416 tubetes 832 sementes

Árvore 2

Coleta 1

Substrato Comercial Mec Plant 52 tubetes 104 sementes

Substrato Confeccionado 52 tubetes 104 sementes

Coleta 2

Substrato Comercial Mec Plant 52 tubetes 104 sementes

Substrato Confeccionado 52 tubetes 104 sementes

Coleta 3

Substrato Comercial Mec Plant 52 tubetes 104 sementes

Substrato Confeccionado 52 tubetes 104 sementes

Coleta 4

Substrato Comercial Mec Plant 52 tubetes 104 sementes

Substrato Confeccionado 52 tubetes 104 sementes

Total 416 tubetes 832 sementes

Antes da semeadura as sementes foram separadas por árvore (sementes da

árvore 1 e sementes da árvore 2), por diferentes épocas de coleta dos frutos (1ª , 2 ª,

3ª e 4ª coletas) e por diferentes tipos de substratos (substrato comercial

Mecplant=S1 e substrato confeccionado no próprio viveiro=S2).

Foram utilizados 416 tubetes na semeadura das sementes oriundas da árvore

1 e, também, 416 tubetes para a semeadura das sementes da árvore 2, totalizando,

assim, 832 tubetes.

Tanto na semeadura da árvore 1 como na semeadura da árvore 2 foram

colocadas 2 sementes por tubete, o que corresponde a 832 sementes por árvore.

Sendo assim, o total de sementes utilizadas no teste de germinação foi de 1664

sementes.

Page 27: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

26

Depois de realizada a semeadura nos tubetes, estes foram colocados em

uma mesa suporte para que ficassem mais acomodados e assim, proporcionassem

melhores condições de trabalho para as pessoas envolvidas no trabalho (Figura 10).

As regas foram realizadas duas vezes ao dia, sendo que uma era feita às 7

horas manhã e outra depois das 18 horas da tarde.

A contagem das plântulas era realizada duas vezes por semana.

FIGURA 10 - Mesa suporte para acomodação dos tubetes utilizados no teste de germinação.

Fonte: Autora (2011).

Page 28: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

27

5. RESULTADOS

Cinco dias após a semeadura, as primeiras plântulas começaram a emergir,

sendo que as sementes semeadas no substrato comercial Mecplant foram as que

começaram a germinar primeiro. Entretanto, foi possível observar que o substrato

confeccionado no próprio viveiro era o que retinha mais umidade.

Das 832 sementes semeadas, apenas 254 sementes germinaram, o que

corresponde a um percentual de 61,06%, sendo que destes 28,37% correspondem

ao substrato 1 e 32,69% ao substrato 2.

Após 60 dias da semeadura, a diferença entre o número de sementes

germinadas no substrato 1 e no substrato 2 corresponde a 36 sementes.

A primeira coleta foi aquela que apresentou um maior número de sementes

germinadas, 82 sementes em ambos os substratos utilizados no teste.

No substrato 1 a 2ª e a 4 ª coletas foram aquelas que apresentaram o menor

número de sementes germinadas, ou seja, 50 sementes cada. Situação idêntica foi

obtida na 4 ª coleta do substrato 2, com apenas 50 sementes germinadas.

Observando a tabela 1, é possível concluir que a diferença entre 15 e 60 dias

após a germinação, apresentou um pequeno incremento no número de sementes

germinadas.

Page 29: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

28

TABELA 1-

Total de sementes da árvore 1, germinadas após 15 dias e após 60 dias da

semeadura, São Gabriel – RS, 2011.

Árvore 1

Total de sementes

germinadas após

15 dias

Total de sementes

germinadas

após 60 dias

Incremento

(número de

sementes)

Substrato1

1ª Coleta 80 82 2

2 ª Coleta 50 50 0

3 ª Coleta 52 54 2

4 ª Coleta 50 50 0

Sementes germinadas 232 236 4

Substrato 2

1ª Coleta 78 82 4

2 ª Coleta 74 74 0

3 ª Coleta 66 66 0

4 ª Coleta 48 50 2

Sementes germinadas 266 272 6

Na Tabela 2 é possível verificar que do total de 832 sementes semeadas, 630

sementes germinaram, correspondendo um percentual de 75,72%. Destes 38,94%

são referentes ao substrato 1 e 36,78% ao substrato 2.

Após 60 dias da semeadura, a diferença entre o número de sementes

germinadas no substrato 1 e no substrato 2 corresponde a 18sementes.

Nos substratos 1 e 2 a primeira coleta foi aquela que apresentou um maior

número de sementes germinadas, 96 e 88 sementes, respectivamente.

No substrato 1 a 2ª coleta foi aquela que apresentou o menor número de

sementes germinadas, ou seja, 70 sementes. Entretanto, no substrato 2 o menor

número de sementes germinadas (62 sementes) foi na 3 ª coleta.

A diferença entre 15 e 60 dias após a germinação das sementes da árvore 2,

também apresentou um pequeno incremento.

Page 30: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

29

TABELA 2 –

Total de sementes da árvore 2 germinadas após 15 dias e após 60 dias,

São Gabriel – RS, 2011.

Árvore 2

Total de sementes

germinadas após

15 dias

Total de sementes

germinadas

após 60 dias

Incremento

(número de

sementes)

Substrato1

1ª Coleta 94 96 2

2 ª Coleta 70 70 0

3 ª Coleta 72 80 8

4 ª Coleta 74 78 4

Sementes germinadas 310 324 14

Substrato 2

1ª Coleta 88 88 0

2 ª Coleta 80 84 4

3 ª Coleta 62 62 0

4 ª Coleta 70 72 2

Sementes germinadas 300 306 6

De acordo com a figura 11, na avaliação da germinação das sementes da

primeira coleta da árvore 1, o substrato 1 manteve um percentual de germinação

maior que o substrato 2 no primeiro, segundo, quinto e sexto dias de controle da

germinação. Após, os dois substratos apresentaram o mesmo percentual de

germinação.

FIGURA 11 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas germinadas nos substratos 1

e 2, com as sementes da árvore 1, da primeira coleta

Page 31: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

30

As sementes da segunda coleta realizada na árvore 1 se mostraram mais

eficientes, no substrato 2, em relação ao número de sementes germinadas (Figura

12).

FIGURA 12 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas germinadas nos substratos 1

e 2, com as sementes da árvore 1, na segunda coleta.

As sementes da terceira coleta da árvore 1, semeadas no substrato 1

começaram a germinar primeiro, com excessão do primeiro dia de controle (Figura

13). Porém, a partir da terceira contagem, o substrato 2 apresentou um maior

número de sementes germinadas.

FIGURA 13 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas germinadas nos substratos 1

e 2, com as sementes da árvore 1, na terceira coleta.

Page 32: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

31

A figura 14 mostra que o substrato 1 apresentou o maior número de

sementes germinadas no quinto, sexto e sétimo dia de controle, para as sementes

da 4ª coleta da árvore 1.

FIGURA 14 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas germinadas nos substratos 1

e 2, com as sementes da árvore 1, na quarta coleta.

Na primeira coleta da árvore 2, a germinação no substrato 2 se manteve

melhor na primeira, segunda e quarta contagem (Figura 15). Nas demais, a

germinação foi melhor no substrato 1. Porém, não houve uma diferença grande

entre a quantidade de sementes germinadas.

FIGURA 15 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas germinadas nos substratos 1

e 2, com as sementes da árvore 2, na primeira coleta.

Page 33: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

32

Conforme pode ser observado na figura 16, na segunda coleta da árvore 2, a

germinação começou melhor no substrato 1, porém, a partir da terceira contagem a

germinação no substrato 2 foi melhor, apresentando um número maior de mudas

que no substrato 1.

FIGURA 16 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas germinadas nos substratos 1

e 2, com as sementes da árvore 2, na segunda coleta.

No controle da germinação das sementes da terceira coleta da árvore 2, é

possível verificar que o substrato 1 apresentou um maior número de sementes

germinadas, com excessão da quarta contagem, onde o número de sementes

germinadas foi maior no substrato 2 (Figura 17).

FIGURA 17 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas germinadas nos substratos 1

e 2, com as sementes da árvore 2, na terceira coleta.

Page 34: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

33

Na quarta coleta de sementes da árvore 2, o substrato 1 foi o que apresentou

a melhor germinação das sementes, com excessão do quarto dia de controle.

(Figura 18). Porém, a diferença entre o número de sementes germinadas nos dois

substratos não foi tão grande, conforme pode ser observado para a quarta coleta.

FIGURA 18 - Dias de controle da germinação e a quantidade de mudas germinadas nos substratos 1

e 2, com as sementes da árvore 2, na quarta coleta.

De acordo com o teste Qui-quadrado (2), conclui-se que a época de coleta

independe do substrato utilizado na germinação de sementes.

No quadro 2 é possível verificar que não houve diferença significativa entre as

épocas de coleta de acordo com o teste, porém comparando-se as médias percebe-

se que a primeira quinzena do mês de junho foi a que obteve o melhor resultado

(43,50).

No presente trabalho não será apresentado o teste que foi realizado para

verificar qual dos substratos era o melhor. Isto é devido, ao mesmo não ter

apresentado diferenças significativas entre as médias dos tratamentos analisados,

pois diferença nos valores das médias foi apenas após a vírgula (S1= 35,78 e S2=

35,00).

Page 35: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

34

QUADRO 2-

Número de plântulas emersas 30 dias após a semeadura.

Tratamentos Médias

1ª quinzena de junho 43,50 a

2ª quinzena de junho 34,75 a

1ª quinzena de julho 32,75 a

2ª quinzena de julho 30,50 a

Médias seguidas de letras iguais não diferem estatisticamente entre si.

Page 36: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

35

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os resultados foi possível concluir que não houve diferença

entre a germinação das sementes nos diferentes substratos, ou seja, o tipo de

substrato utilizado para estes testes não influenciou no teste de germinação das

sementes de angico.

A melhor germinação ocorreu com as sementes coletadas na primeira

quinzena do mês de junho/2011 (1ª coleta). Possivelmente, tal fato ocorreu devido a

secagem das sementes ter sido realizada quando o potencial germinativo das

mesmas ainda era alto. O que pode não ter ocorrido com as sementes obtidas nas

outras coletas, pois as mesmas foram secando na árvore e quando coletadas já

estavam maduras, provavelmente, estas já apresentavam um baixo potencial

germinativo.

A árvore que apresentou os melhores resultados quanto a germinação das

sementes foi a árvore 2. Isso pode ser pelo fato das sementes apresentarem um

maior vigor e terem melhores condições fisiológicas que as sementes da árvore 1.

A oportunidade de ter realizado o estágio curricular no viveiro da floricultura

foi muito importante para a minha vida profissional, pois o mesmo permitiu que eu

pudesse colocar em prática certos conteúdos teóricos que foram estudados na sala

de aula. Outra importância da realização deste estágio foi a possibilidade de verificar

certas adversidades que podem ocorrer em um viveiro comercial, tal como a

intensidade de chuva, o frio ou o calor em excesso, a possibilidade dos testes não

darem certo ou destes não apresentarem os resultados satisfatórios, entre outras.

Recomendo para os estudantes que tiverem o interesse e a oportunidade de

realizar o estágio no viveiro, que o façam, pois ainda há muitos testes que podem

ser realizados e também para continuar o acompanhamento dos testes

anteriormente já realizados.

Page 37: RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Germinação de Parapiptadenia

36

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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