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Relatório Final 1. Identificação Universidade Federal de São Carlos Departamento de Metodologia de Ensino Orientadora: Profa. Dra. Aida Victoria Garcia Montrone Aluna: Renata Kazumi Takaesu- Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem Nome do Projeto: Conhecimentos Sobre o Desenvolvimento Infantil de Cuidadores (as) de Crianças Menores de Três Anos de Idade dos Bairros Jardim Gonzaga e Monte Carlo de São Carlos- SP Agosto/ 2011

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Relatório Final

1. Identificação

Universidade Federal de São Carlos

Departamento de Metodologia de Ensino

Orientadora: Profa. Dra. Aida Victoria Garcia Montrone

Aluna: Renata Kazumi Takaesu- Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem

Nome do Projeto: Conhecimentos Sobre o Desenvolvimento Infantil de Cuidadores (as) de

Crianças Menores de Três Anos de Idade dos Bairros Jardim Gonzaga e Monte Carlo de São

Carlos- SP

Agosto/ 2011

2. Resumo do Plano Inicial

Com este projeto pretendeu-se descrever e analisar os conhecimentos sobre o cuidado de

crianças menores de três anos, considerando o desenvolvimento infantil integral e assim

colaborar com a literatura já existente no âmbito de desenvolvimento infantil, cuidado de

crianças e processos educativos, somando e agregando conhecimentos.

Por meio deste trabalho, também se visou a aproximação real com a

comunidade, ativa e intensamente, praticando a escuta qualificada e a empatia e a partir das

demandas encontradas, também promover discussões sobre intervenções e ações educativas

que sejam eficientes na promoção do desenvolvimento infantil saudável.

Com isso, objetivou-se crescer pessoal e profissionalmente, junto com

demais colaboradores do projeto e com as cuidadoras, suas respectivas famílias e crianças.

3. Introdução

É cada vez mais aceito que o ato de cuidar está intimamente relacionado ao desenvolvimento

infantil, principalmente em crianças de zero a três anos de idade. Por isso, faz-se válido

estudar quais os conhecimentos dos cuidadores (as) de crianças na faixa etária citada acerca

do desenvolvimento infantil.

Dessen e Costa Junior (2005) caracterizam o desenvolvimento humano

como uma contínua reorganização do indivíduo e do ambiente e uma inter-relação entre estes

dois, que ocorre ao longo do tempo e é capaz, portanto, de provocar alterações no indivíduo

ou em sua vida.

Assim sendo, o desenvolvimento humano é dependente de aspectos que

envolvem tanto o próprio indivíduo quanto o seu meio social, como as oportunidades que lhe

são oferecidas, as crenças e valores culturais, questões econômicas e políticas. Já Para Mussen

et al. (1995) para se compreender o desenvolvimento infantil há de se considerar além das

diferenças individuais e das influências do contexto, os padrões universais.

As diferenças individuais compreendem os fatores genéticos. Coll,

Marquesi e Palacios (2004) ressaltam que a criança traz inerente à si uma carga biológica,

neste contexto considerada como carga genética, que será um dos determinantes para o seu

desenvolvimento.

Zamberlan (2002, p. 40) sustenta que “o código genético pré-seleciona

determinadas características do infante que o predispõe à ligação com um agente humano

adulto, com o qual desenvolve laços de apego e proteção”, ressaltando assim que a gênese da

criança se relaciona com os outros agentes influenciadores de seu desenvolvimento.

Já as influências do contexto (fatores físicos ou fatores ambientais) podem

ser exemplificadas pela alimentação, pela higienização (BUSTAMANTE e TRAD, 2007;

WINNICCOT, 1996; SOARES e COELHO, 2008) e pelo brincar (VYGOTSKY,1998;

BUSTAMANTE e TRAD, 2007; WINNICCOT, 1996; RAVELLI e MOTTA, 2005,

QUEIROZ, MACIEL e BRANCO, 2006; UNICEF, 2003, WONG ,1999, NEGRINE, 2000).

Winnicott (2005) enfatiza que o ambiente satisfatório é aquele que

possibilita a interação entre as características individuais herdadas e o ambiente em si. “Pode

ser muito útil postular que o meio ambiente satisfatório começa com um alto grau de

adaptação às necessidades individuais da criança” (WINNICOTT, 2005, p. 4).

Os padrões universais consistem nas mudanças que ocorrem em todas as

crianças independentemente de sua cultura ou de suas experiências.

O desenvolvimento humano tem sua base no desenvolvimento infantil. Para

Marcondes et al. (1991), o desenvolvimento infantil é assinalado como o aumento da

capacidade do ser humano para desenvolver atividades cada vez mais complexas. Durante o

desenvolvimento se observa alterações nas estruturas físicas, cognitivas, neurológicas e

comportamentais (MUSSEN et al., 1995).

Importar-se com o desenvolvimento infantil torna-se fundamental,

especialmente quando se trata de crianças na faixa etária de 0 a três anos, uma vez que neste

período o cérebro possui alta plasticidade e está em crescimento e amadurecimento

acelerados. Significa dizer, portanto, que nesta fase a criança responde melhor aos estímulos

que recebe do meio, incorporando-os (OPAS, 2005; ZAMBERLAN, 2002). Assim sendo, esta

etapa mostra-se ótima para adequar as condições disponibilizadas para as crianças.

O Manual para a Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da

AIDPI (OPAS, 2005) traz que

“Proporcionar à criança oportunidades para que tenha um desenvolvimento

adequado é talvez o de mais importante que se pode oferecer à espécie humana. Um

desenvolvimento infantil satisfatório, principalmente nos primeiros anos de vida,

contribui para a formação de um sujeito com suas potencialidades desenvolvidas,

com maior possibilidade de tornar-se um cidadão mais resolvido, apto a enfrentar as

adversidades que a vida oferece, reduzindo-se assim as disparidades sociais e

econômicas da nossa sociedade.” (p.9)

Espera-se que o desenvolvimento da criança propicie a ela encarar todas as

suas necessidades e as necessidades apresentadas pelo meio, (OPAS, 2005). Dessa maneira,

considerando o valor do desenvolvimento global da criança diante da sua prospectiva de vida,

o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, 2008) aponta que o desenvolvimento

infantil está intimamente relacionado à atenção integral oferecida às crianças. Esta atenção

envolve principalmente o cuidado prestado à criança.

Na concepção de Ayres (2001) o ato de cuidar, mais especificamente cuidar

da saúde de alguém, não significa somente “montar” um objeto e intervir sobre ele, mas sim

considerar e construir projetos. “Cuidar é querer, é fazer projetos, é moldar argila. (...). Cuidar

é sustentar no tempo, contra e a partir da resistência da matéria, uma forma simplesmente de

ser.” (AYRES, 2001, p. 71).

Para Leonardo Boff (1999, p. 33) “o cuidar é mais que um ato; é uma

atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e desvelo”. Este

conceito permite inferir que a pessoa cuidadora, e, por conseguinte, suas impressões,

conhecimentos e experiências é peça fundamental no e para o cuidado.

O cuidado pode ser definido e realizado de diversas maneiras, a depender da

visão do próprio cuidador. Esta visão é influenciada por crenças e valores culturais e sociais

acerca da saúde, da educação e do desenvolvimento infantil (SOARES e COELHO, 2008).

A responsabilidade do cuidado foi tida por muito tempo como atividade

exclusivamente matriarcal, ou seja, todo o cuidado da criança era de responsabilidade da mãe

(COLLIÉRE, 1989).

Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, este quadro sofreu

transformações. As famílias passaram a se organizar e buscar por pessoas que se dedicam ao

cuidado (SOUZA, WEGNER, GORINI,2007), muitas vezes dentro de suas próprias

comunidades (MONTRONE et al., 2010). Dellazana e Freitas (2010) , Soares et al. (2009),

Lordelo e Carvalho (1989) e Carvalho (2000) identificaram esta situação e a conseqüente

participação de outras pessoas (parentes, vizinhos e até crianças mais velhas) no cuidado de

crianças pequenas. Fonseca (2002) introduz o termo de “circulação de crianças” para tratar da

habitualidade com que a criança é entregue para que outras pessoas cuidem dela, temporária

ou definitivamente.

Todavia, mesmo com as transformações ocorridas, vê-se que a mulher, em

muitas sociedades ou contextos, é tida como a principal provedora do cuidado. Ainda

percebe-se certa resistência em desvincular a figura da mulher ao cuidado exclusivo de

crianças (BUSTAMANTE e TRAD, 2007; SOARES e COELHO, 2008).

Estudos como o de Zamberlan (2002) trazem que a presença da mãe é fator

significativo no desenvolvimento do bebê devido ao elo criado entre ambos, pelo qual se

forma um sistema complexo de relações. Winnicott (2005) também afirma que o ambiente

saudável pode ser mais naturalmente provido pela mãe da criança.

Em contrapartida, OPAS (2005) ao citar Lejarraga1

(2002) ressalta que o

bom desenvolvimento infantil depende, em primeira instância, da presença do afeto da mãe ou

da pessoa encarregada de cuidar da criança, frisando desta forma que não é somente a figura

materna capaz de desenvolver relações positivas com a criança. OPAS (2005) traz ainda que a

falta de amor e de afeto é um dos riscos mais importantes para o desenvolvimento global da

criança.

Portanto, o que está claramente afirmado é que a interação da criança com o

adulto ou com outra criança consiste em um dos fatores para uma estimulação adequada.

(ANDRADE et al., 2005; QUEIROZ, MACIEL e BRANCO, 2006; BUSTAMANTE e

TRAD, 2007; BRUM e SCHERMANN, 2004; MOURA e RIBAS, 2002; SOARES, et al.

2009; RABUSKE, OLIVEIRA e ARPINI, 2005; ZAMBERLAN, 2002). Carvalho (2000);

Bolsani-Silva, Paiva e Barbosa (2009) defendem que as boas relações com pessoas

significativas, ou seja, aquelas próximas à criança, tais como a mãe ou a figura substituta são

valiosas no processo de aquisição de habilidades- regulação das emoções e comunicação, por

exemplo.

1 LEJARRAGA, H. O fascinante processo de desenvolvimento psicomotor da criança. Nestlé

Nutrition, berço 13, dez. 2002.

Neste contexto de estimulação infantil, é importante dizer que no ambiente

familiar, ou nos demais ambientes em que a criança convive, esta pode ao mesmo tempo

receber proteção e conviver com riscos para o seu desenvolvimento (ANDRADE et al., 2005).

Montrone (2002) afirma que o excesso de estímulos dados às crianças é tão prejudicial quanto

sua falta.

Desta maneira, o pleno desenvolvimento infantil está atrelado aos estímulos

dispensados pelos cuidadores e todo o seu contexto de vida. Segundo Lopes et al. (2007,2009)

o cuidador é o principal responsável por proporcionar às crianças as oportunidades para que

estas façam suas próprias descobertas. Quando a criança descobre as novidades, ela age

ativamente. Chaluhb (2004) destaca que na relação cuidador(a)-criança, os dois seres

envolvidos devem ser agentes, traçando uma relação bilateral de troca.

Cumpre ressaltar que diversos fatores (biológicos e ambientais) podem ser

responsáveis pelo desenvolvimento infantil impróprio. Não raramente, não há como se

estabelecer uma única causa, havendo uma interação entre os fatores.

Os fatores biológicos são aqueles que resultam em danos biológicos, e

podem ser exemplificados pelos erros inatos do metabolismo, pelas mal-formações congênitas

e síndromes genéticas.

Enquanto isso, os fatores ambientais estão relacionados às experiências

adversas vividas pela família, à sociedade e ao ambiente de maneira geral (OPAS, 2005).

Muitos estudos vêm sendo dedicados para a avaliação e identificação dos fatores de riscos

ambientais. Os fatores comumente encontrados são: o baixo índice de escolaridade do

cuidador, haja vista que isso pode refletir em pobreza na diversidade de estimulação diária, na

desorganização do ambiente físico, no baixo nível de interação e de envolvimento emocional

(ANDRADE et al,, 2005; MOURA et al., 2004); condições e características materna, no que

se refere à saúde psicológica, comportamental, nível sócio-cultural e níveis sócio-econômicos

(ZAMBERLAN, 2002; CHALHUB, 2004; ANDRADE et al., 2005; ROMANI e LIRA,

2004); ausência do pai ou de companheiro da mãe no ambiente doméstico (ANDRADE et al.,

2005; ROMANI e LIRA, 2004) além da falta de amor e afeto e excesso de estímulos, como já

mencionado.

Este cenário que expõe a criança a intensa vulnerabilidade pode ser

extremamente prejudicial ao desenvolvimento desta e, por isso, faz-se necessário que seja

dada atenção aos grupos que convivem constante e intensamente com os mais diversos riscos.

A atual desigualdade no Brasil representa um grande obstáculo, dificultando

a população de ter condições socioeconômicas e psicossociais estáveis, afetando, por

conseguinte, como descrito por Zamberlan (1996), a qualidade do cuidado às crianças

brasileiras.

São Carlos-SP, um município considerado um pólo tecnológico, revela suas

desigualdades sociais uma vez que detém áreas tidas como bolsões de pobreza, como é o caso

dos bairros Jardim Gonzaga e Monte Carlo; bairros fronteiriços do perímetro urbano da

cidade. Segundo Campos et al. (2003) estes bairros apresentam os maiores índices de

vulnerabilidade social, com extrema pobreza, baixa escolaridade, exacerbados índices de

desemprego, de violência, de consumo de drogas e de crianças e adolescentes risco pessoal e

social.

Montrone et al. (2010) identificaram que nestes bairros há um grande

número de cuidadoras de crianças menores de 3 anos de idade. Lopes et al. (2007, 2009) em

seus estudos sobre as percepções e sentimentos maternos frente ao desenvolvimento infantil,

mencionam a relevância das mães compreenderem o significado das aquisições presentes nas

fases nas quais, o ótimo desenvolvimento infantil é prioritário. Pois, a partir desta

compreensão as cuidadoras estarão melhor preparadas no momento do ato de cuidar, prontas a

proporcionar um cuidado mais completo. Desta forma, torna-se relevante identificar o

conhecimentos sobre desenvolvimento infantil dos(as) cuidadores(as) de crianças menores de

3 anos nos bairros Jardim Gonzaga e Monte Carlo, tendo em vista toda a vulnerabilidade

apresentada nestes dois locais.

Este estudo objetivou identificar os conhecimentos dos(as) cuidadores(as)

de crianças menores de 3 anos de idade dos bairros Jardim Gonzaga e Monte Carlo e a

importância do cuidado para o desenvolvimento infantil integral, na perspectiva destes (as)

cuidadores(as).

4. Metodologia

Foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva- exploratória. É qualitativa porque

incorporou a questão do significado e da intencionalidade como intrínsecos aos atos, às

estruturas sociais e, às relações, sendo as duas últimas tomadas tanto no seu advento quanto

na sua transformação, como construções humanas significativas (MINAYO, 2006), e porque

possibilitou a troca de experiências, de culturas, de percepção e de práticas entre os sujeitos

pesquisados e a pesquisadora (CHIZZOTTI, 2006).

É exploratória porque houve uma aproximação maior com o problema,

tornando-o mais visível e aumentando a flexibilidade do planejamento. Por fim, é descritiva,

pois explicitou as características de determinada população (GIL, 2002).

A pesquisa qualitativa permite o compartilhamento de experiências, de

culturas, de práticas e de percepções dos sujeitos da pesquisa com os pesquisadores, de modo

que seja possível a compreensão da significação social de mundo e de seus atos. Permite-se

então que todos os sujeitos participantes da pesquisa identifiquem problemas, organizem

conhecimentos e elaborem, consensualmente, ações eficazes de intervenção frente aos

problemas (CHIZZOTTI, 2006).

Para melhor compreensão dos procedimentos metodológicos, os

apresentaremos aqui em 4 etapas: aproximação com a comunidade, levantamento dos(as)

cuidadores (as), entrevista com os (as) cuidadores (as) e organização e análise dos dados.

Na etapa de aproximação com a comunidade foram realizadas visitas aos

bairros através das quais identificou-se os informantes-chaves e as lideranças que informaram

os locais freqüentados pela população, a saber: o CRAS (Centro de Referência a Assistência

Social) Pacaembu, a Cooperlimp (Cooperativa de Limpeza e Conservação) e a USF (Unidade

de Saúde da Família) do Jardim Gonzaga.

Na segunda etapa, de levantamento dos (as) cuidadores (as) de crianças

menores de três anos de idade, foram realizadas entrevistas com os freqüentadores do CRAS,

da Cooperlimp e da USF do Jardim Gonzaga. As entrevistas foram auxiliadas por um roteiro

estruturado previamente elaborado (APÊNDICE 1).

Ao total foram entrevistadas 68 pessoas (57 no CRAS Pacaembu, 2

Cooperlimo e 9 na USF), dentre as quais 37 pessoas conheciam uma ou mais pessoas que

cuidavam de crianças menores de três anos. O perfil geral dos 68 entrevistados foi: 97% eram

mulheres; 66% tinham entre 25 a 59 anos; 25% possuíam filhos menores de três anos; e 20%

possuíam netos menores de três anos de idade.

As 37 pessoas referiram conhecer um total de 64 cuidadores (as). Este total

incluía cuidadores (as) que foram citados mais de uma vez, ou que não moravam na região do

estudo, ou que tinham mudado de endereço, ou que não cuidavam de crianças menores de três

anos, ou que o endereço não existia. Assim, a população final do estudo foi de 26 cuidadoras.

A etapa seguinte constituiu nas entrevistas com os (as) cuidadores (as) de

crianças na faixa etária pretendida. As entrevistas foram realizadas no domicílio de cada

cuidadora e baseadas num roteiro semi-estruturado previamente elaborado (APÊNDICE 2). O

roteiro continha questões relacionadas as percepções da cuidadoras sobre o que é ser uma boa

cuidadora; o porquê das pessoas lhe escolherem para ser a cuidadora de seus filhos; os

principais cuidados que devem ser oferecidos às crianças; as facilidades e dificuldades

durante o cuidado; o que significa para elas serem cuidadoras de criança pequena; rotina da

cuidadora junto à criança. O roteiro também continha questões para caracterização das

cuidadoras (nome, idade, endereço, telefone, escolaridade, filhos e quantidade, netos e

quantidade, estado civil, tempo que exerce a atividade e quantidade de crianças que assiste

atualmente).

O perfil geral dos 26 cuidadores (as) encontrados (as) foi: todas as

cuidadoras são mulheres; 65% tinham idade entre 18 e 33 anos; 38% eram casadas e 31%

amasiadas; 34% possuíam Ensino Fundamental Incompleto, 31% Ensino Fundamental

Completo e 23% Ensino Médio Completo ou Incompleto; 96% possuíam filhos e destas, 76 %

tinham filhos menores de três anos; 23% tinham experiência maior de 1 ano no cuidado de

crianças e 16% tinham experiência maior de 10 anos; e 81% das cuidadoras possuíam algum

grau de parentesco com a criança cuidada.

Na quarta etapa foi realizada a organização e a análise dos dados das

entrevistas com base nos passos de Minayo (2006), ordenação dos dados, classificação dos

dados com estabelecimento de categorias temáticas de análise e análise final.

A partir da análise, foram identificadas as seguintes categorias temáticas:

Conhecimento de cuidadoras de crianças menores de 3 anos sobre o desenvolvimento infantil

e a importância do cuidado e do(a) cuidador(a) para o desenvolvimento integral da criança

de zero a 3 anos, na perspectiva das cuidadoras. Os resultados estão apresentados neste

relatório.

Todas as cuidadoras foram informadas sobre o objetivo desta pesquisa e,

após aceitarem participar da mesma, assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido. As entrevistas foram realizadas individualmente nas residências das respectivas

participantes. A média de tempo de cada entrevista foi de 40 minutos. Todas as entrevistas

foram gravadas em áudio após a autorização e transcritas na íntegra.

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da

Universidade Federal de São Carlos, processo nº 23112.002338/2010-05.

5. Resultados e Discussão

A partir da leitura exaustiva das transcrições das entrevistas foram

identificadas 2 categorias temáticas: conhecimentos das cuidadoras de crianças menores de 3

anos sobre desenvolvimento infantil e importância do cuidado e do(a) cuidador para o

desenvolvimento integral da criança de até 3 anos, na perspectiva das cuidadoras.

Antes de apresentar os resultados e a discussão, faz-se necessário retomar a

maneira como transcorreram as entrevista para melhor compreensão das falas das cuidadoras

e seus significados.

As cuidadoras eram indagadas com questões como: ‘O que uma criança

com 1 mês de idade é capaz de fazer? O que ela pensa, sente e como se comporta?’. Em

seguida eram feitas as mesmas perguntas, porém abordando outras idades (3 meses, 6 meses,

9 meses, 1 ano, 2 anos e 3 anos).

As entrevistadas eram incentivadas a responder de acordo com suas

experiências enquanto cuidadoras, sendo que estas experiências podiam ser referentes ao

cuidado prestado à criança atualmente ou no passado, à outra criança. Além disso, as

cuidadoras podiam responder as questões baseadas em seus conhecimentos adquiridos de

outra maneira, que não diretamente através da prestação de seu cuidado, mas também por

meio de leitura, por exemplo.

Desta maneira, as entrevistas tornaram-se bastante diversificadas quanto sua

densidade. Algumas cuidadoras se delongaram mais enquanto outras deram respostas

extremamente sucintas e curtas, algumas vezes respondendo apenas com “sim” ou “não” ou

deixando de responder. Isso pode ter ocorrido pela própria personalidade da participante da

pesquisa e/ou pela falta de experiência da pesquisadora no entrevistar.

Conhecimento de cuidadoras de crianças menores de 3 anos sobre o desenvolvimento

infantil

Esta categoria, para facilitar a compreensão, foi dividida em duas, por faixa etária, a saber:

crianças menores de 1 ano e crianças entre 1 ano e 3 anos de idade.

Crianças menores de 1 ano de idade

As crianças em seu primeiro ano de vida extra-útero adquirem e aprimoram muitas

potencialidades. Nesta fase a cada mês a criança demonstra novas conquistas. É indispensável

que a criança receba cuidados adequados que lhe permitam desenvolver todo o seu potencial

(Andrade et.al, 2005; Bolsoni-Silva, Paiva e Barbosa, 2009; BRASIL, 2004; Romani e Lira,

2004; Soares e Coelho, 2008).

As cuidadoras ao falar sobre o desenvolvimento infantil nas crianças

menores de 1 ano, voltam-se somente para o desenvolvimento motor e para a aquisição de

linguagem.

Algumas cuidadoras dizem que a criança com 1 mês de idade já é capaz de

sorrir. É sabido que a partir do primeiro mês de vida, a criança expressa o sorriso social, ou

seja, aquele em resposta a brincadeira, a conversa ou ao sorriso de outra pessoa

(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2005).

“[Com 1 mês] ela sorri também.” (Cuidadora 17)

As cuidadoras também disseram que a criança com 1 mês levanta a cabeça e

acompanha as pessoas ou objetos com os olhos, como nos seguimentos abaixo:

“Com 1 mês ele já consegue levantar a cabeça, [...] acompanhar com o olho o

movimento da gente, a voz... 1mês. Ele mexe a cabeça de um lado para o outro.”

(Cuidadora 6)

“Tem umas que... bom, pelo que eu já presenciei, inclusive com meus netos né, é

que eles já viram o rosto assim, inclusive no carrinho, se você passa atrás, ele olha.

Com um mês já dá para fazer isso, já. (Cuidadora 18)

No entanto, sabe-se que é somente aos dois meses quando a criança segue

objetos na linha média (acompanha o objeto com a cabeça de um lado para o outro), reage

com sons e eleva a cabeça (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2005). É

provável que as respostas das cuidadoras se refiram aos três primeiros meses de vida do bebê

dado o pequeno espaço de tempo entre a idade que se espera as ações (reagir com som, seguir

com a cabeça e elevar a cabeça) e a idade referida pela cuidadora, respectivamente, terceiro,

segundo e primeiro mês.

“Ele [o filho de 3 meses] só fica mexendo a mão. [...] Daí eu dou mama para ele e

ele segura ela para não... [...] [Com 3 meses] já segurava as coisas assim, sabe?”

(Cuidadora 2)

“[Com 3 meses] se mexem na cama, tem até que tomar cuidado para não cair da

cama. Mexe a cabeça de uma lado pro outro. Coloca objeto... mostra pra criança...

ela já olha... fica seguindo de um lado pra outro.” (Cuidadora 13)

“Com 3 meses ela [...] ouvia procurava barulho de som. A onde estava ouvindo um

som, ela virava e procurava um barulho.” (Cuidadora 6)

Os enunciados acima permitem identificar que as cuidadoras sabem que a

criança com três meses segura objetos, mexe a cabeça e acompanha objetos de um lado ao

outro, reage com som e mexe-se na cama. Todas estas ações são esperadas para a criança

nesta faixa etária, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (2005).

Quando a criança tem 6 meses, as cuidadoras relataram que ela consegue

sentar com apoio, pegar objetos e levá-los à boca, dar risada e conversar, como exposto nas

falas abaixo:

“Ela estava começando a sentar com 6 meses porque daí eu colocava vários

travesseiros, incentivava, colocava brinquedinhos, sentava com ela e ela começou a

sentar. [Com 9 meses] ela estava bem esperta, estava engatinhando, já estava

querendo andar com 9 meses, segurando nas coisas para subir no sofá. (Cuidadora 3)

“[Com 6 meses] aí já brincava com as coisas, sentava.” (Cuidadora 2)

“[Aos 6 meses] tem algumas que já sentam apoiando.” (Cuidadora 13)

“[Com 6 meses] já senta [...], cata tudo... tudo põe na boca, já quer engatinhar... é

isso aí... cai bastante.” (Cuidadora 22)

Segundo o Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no

Contexto da AIDPI (OPAS, 2005) a criança com seis meses consegue alcançar os brinquedos,

levar objetos à boca e localizar sons. Além disso, a criança com seis meses já se senta, pelo

menos, com apoio. Desta maneira, pode-se afirmar que os conhecimentos destas cuidadoras

conferem com o proposto pela literatura.

Além da linguagem verbal como meio de comunicação, outra cuidadora cita

que a criança de 6 meses incorpora formas de se expressar e de se comunicar que não

dependem da fala em si, a linguagem não verbal:

“mesmo não sabendo falar [com seis meses]... elas fazem com gestos pra gente

entender.” (Cuidadora 5)

Por volta dos 9 meses a criança transfere objetos de uma mão para outra,

duplica sílabas, como dada, baba, etc. e senta sem auxílio de apoio, como apontado pela

Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2005).

As cuidadoras demonstraram maior facilidade para dissertar sobre o

desenvolvimento infantil na faixa dos 9 meses de idade, sendo que suas observações foram de

encontro com o proposto pela OPAS, como comprovado nas falas a seguir:

“[Com 9 meses] engatinhava já.” (Cuidadora 2)

“Com 9 meses [...] aí já começou a falar: vó, vó. Foi a primeira coisa que ela falou.

A mãe ficou tiriri. Ela chamou vó, depois mamãe... papa, aba. Ela falava bastante

coisinhas com 9 meses.” (Cuidadora 6)

“Com 9 meses já começa a engatinhar, começa a arrastar a casa inteira. É o começo

de uma coisa boa.” (Cuidadora 6)

“Com 9 meses ele já estava engatinhando [...] Com 11 meses ele começou a andar,

segurava na nossa mãozinha e saía andando, e depois de um tempo ele saía andando

sozinho.” (Cuidadora 11)

“[Com 9 meses] ela começa a engatinhar né. Já está engatinhando. Já está mexendo

mais nas coisas, derrubando as coisas (risos).” (Cuidadora 17)

“Com 9 meses? Ele começa a andar com 10 meses, então com 9 ele começa a querer

levantar.” (Cuidadora 23)

“[Com 9 meses] ela estava bem esperta, estava engatinhando. Já estava querendo

andar com 9 meses, segurando nas coisas para subir no sofá.” (Cuidadora 3)

Entretanto, algumas cuidadoras fazem certa confusão no que diz respeito às

capacidades da criança com 9 meses, uma vez que disseram que as crianças nesta idade

andam, correm e montam jogos de encaixe de peças, atividades estas esperadas para crianças

com 1 ano de idade (OPAS, 2005).

“Com 9 meses? Já anda né... Ah Jesus, faz tempo... A criança brinca mais né. Corre,

brinca. Já sabe montar mais as coisinhas assim, aquelas pecinhas.” (Cuidadora 22)

“[Aos 9 meses] eles já começam a andar.” (Cuidadora 5)

Estas repostas podem ter razões como: haver longo tempo que a criança

passou por este período, como dito pela própria cuidadora e o espaço de tempo mediano-3

meses - entre a idade na qual se espera encontrar as ações (andar e montar jogos de encaixar

peças) e a idade referida pela cuidadora, 1 ano e 9 meses, respectivamente.

Crianças entre 1 e 3 anos de idade

As crianças com 12 meses de idade são capazes de pinçar com a mão, produzir jargão, o qual

consiste na conversação incompreensível ou na conversação da criança consigo própria, e a

capacidade de andar sem necessidade de apoio (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE

SAÚDE, 2005).

Conforme as cuidadoras apontam, as crianças com 1 ano são mais ativas,

começam a falar, andam e vão para os locais que desejam, seguram objetos com mais firmeza

e começam a querer escrever. Assim, nota-se que estas cuidadoras compreendem o que é

esperado nas crianças com idade de 1 ano, no que diz respeito a motricidade e aquisição de

linguagem, como apontam as falas abaixo:

“Minha netinha tem 1 aninho, mas é triste. Abre gaveta, ela segura nas coisas.”

(Cuidadora 1)

“[Com 1 ano de idade] não pára. Tem vezes que eu encontro ele aqui na porta, se eu

deixar ele está na rua [risos]. Não pára mais.” (Cuidadora 2)

“Então, com 1 ano ela está bem mais ativa, para falar também. Afirmou mais o

corpo para andar, para pegar as coisas, ela começou a segurar mais firme, porque

até antes de um, eles pegam e derrubam. Agora não.” (Cuidadora 6)

“Com 1 ano ela já fala bastante [...] tudo o que quer... fala o que quer. Se está com

dor, já pode falar que tem alguma coisinha.” (Cuidadora 10)

“Com 1 aninho então... ele já andava e brincava com minhas netas.” (Cuidadora 11)

“[Com 1 ano] uns começaram a andar, pedir, querer dar umas voltinhas na rua.”

(Cuidadora 15)

“Um ano e pouco já está andando, já está quebrando as coisas.” (Cuidadora 17)

“Um aninho? Tem umas crianças que nessa idade já tão andando né. Tem uns que

não né . [...] Cobra, quer escrever.” (Cuidadora 18)

“[1 ano de idade] aí já começa aprontar tudo, querer quebrar a casa inteira, começa

andar.” (Cuidadora 20)

“Com 1 aninho... Com 1 aninho acho que até já pode andar né, Derrubar as panelas,

derrubar as coisas.” (Cuidadora 21)

“[Com 1 ano] eu quero que ele esteja andando, fuça em tudo, mexe em tudo.”

(Cuidadora 24)

“[1 ano] faz tudo. Andando. Mexe demais. Tem que ter cuidado. Coloca tudo na

boca.” (Cuidadora 25)

No entanto, para outras cuidadoras, como demonstrado na fala abaixo, isso

não pode ser afirmado, já que acreditam ser ao 1 ano e 3 meses a idade na qual a criança

senta-se sozinha, o que contradiz o que é aceito pela literatura, ou seja, que a criança

desenvolve essa capacidade por volta dos 6 meses (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA

DE SAÚDE, 2005).

“Com 1 ano ela já .. .ela não sentava sozinha, agora [com 1 ano e 3 meses] ela já

senta.” (Cuidadora 8).

Ademais, no que diz respeito ao desenvolvimento motor, as cuidadoras

apontaram que com 2 anos e 3 anos a criança consegue caminhar melhor.

“[Com 2 anos] ela andava.” (Cuidadora 8)

“[Com 3 anos] já anda sozinho.” (Cuidadora 22)

No entanto, outras cuidadoras, parecem não ter clareza acerca da aquisição

da marcha em crianças, no momento em que dizem que esperam que ao completar 2 anos de

idade a criança possa andar, atividade esta que começa a ser aprimorada aos 12 meses

(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2005).

“[Com 2 anos] tenho fé em Deus que vai estar andando.” (Cuidadora 3)

Ao falar sobre o desenvolvimento de crianças acima de 12 meses,

contrariamente ao que ocorreu quando abordaram o primeiro ano da criança, as cuidadoras

abrangeram também outras áreas do desenvolvimento, além da motora e de linguagem- já

expostas acima- tais como as aquisições intelectuais cognitivas, às quais agrupam as atitudes

de imitação e as brincadeiras simbólicas, e as aquisições sócio-emocionais, como a criação de

independência, o contato com outras pessoas e a demonstração de afeto.

A imitação, principalmente no início do desenvolvimento da criança tem

relevância para a linguagem, socialização e cognição, como apontam Moura e Ribas (2002).

A imitação é uma forma de aprendizado da criança. As crianças estão sempre atentas ao seu

redor, nas pessoas com as quais convivem, e reproduzem o que percebem pela cópia.

Inicialmente as crianças imitam caretas, sorrisos e barulhos. Logo em

seguida a criança passa a imitar atos mais complexos, como imitar a dona de casa pela

brincadeira de casinha ou a professora.

As falas a seguir, refletem que as cuidadoras reconhecem que as crianças

com 1 ano de idade já praticam atos de imitação:

“Com 1 ano [...] se ver alguém tomando banho, ela também quer tomar banho.”

(Cuidadora 13)

“Porque geralmente quando começa a imitar a Xuxa, brincar né, porque eu ponho

muito Xuxa para ela, porque ela gosta também. Então ela assiste, fica fazendo igual,

sabe, tentando fazer.” (Cuidadora 18 ao falar de sua neta de 1 ano e 8 meses)

“Qualquer micagem que faz, ela depois repete. Meu marido faz as micagens para

ela, ela sai repetindo, como imitar macaco. Ela imita direitinho quando ela quer. Ela

é uma criança bem ativa.” (Cuidadora 6 ao falar da neta de 1 ano)

Atreladas ao período da infância, assim como o ato de imitar estão as

brincadeiras. As brincadeiras infantis são meios pelos quais as crianças desenvolvem suas

habilidades de movimento, de linguagem, de raciocínio e interagem com o mundo

(QUEIROZ, MACIEL e BRANCO, 2006), proporcionando desta forma, o seu

desenvolvimento global (BUSTAMANTE e TRAD, 2007; NEGRINE, 2000; QUEIROZ,

MACIEL e BRANCO, 2006; RAVELLI e MOTTA, 2005; UNICEF, 2003;

VYGOTSKY,1998; WINNICCOT, 1996; WONG 1999).

Segundo a Organização Panamericana de Saúde (ORGANIZAÇÃO PAN-

AMERICANA DE SAÚDE; 2005) a criança quando tem por volta de 12 meses já pratica

brincadeiras de inserir objetos de variados tamanhos em diversos recipientes, desenvolvendo

então a função de encaixe e de continente. Mais adiante, ela consegue brincar com objetos,

empilhando-os, chuta bola, entre outras brincadeiras.

As cuidadoras citaram que com 1 ano e adiante dessa idade, a criança

pratica brincadeiras, seja com objetos, brinquedos ou outra pessoa, como se nota nas seguintes

falas:

“Ela tem uma caixa de brinquedo, tem carrinho de boneca, dai ela brinca assim, eu

muitas vezes sento e brinco com ela para ela aprender, porque como ela não vai para

creche, não tem muito contato com outras crianças, então eu tenho que ensinar ela a

dividir os brinquedos dela.” (Cuidadora 3).

“Ela gosta de brincar com a tia dela de esconde-esconde, boneca. Ela gosta muito...

ela pega a boneca e fica hum-hum... gosta de correr atrás dos gatos que tem aqui

para puxar o rabo, quer arrancar o bigode do cachorro. [...] Brincadeira assim com a

tia dela é de panelinha. (Cuidadora 6, ao falar da neta de 1 ano e 8 meses)

É a partir dos 12 meses quando a criança aprimora gradativamente e cada

vez mais a capacidade de caminhar, e faz isso com maior facilidade e intensidade. Com esta

habilidade, ela passa a praticar movimentos de aproximação e afastamento dos cuidadores em

qualquer momento que desejar, como apontado por Brazelton (2002) e Mahler (1982). Para

Winnicott (1963) a dependência da criança em relação à mãe, ou ao cuidador, é máxima ao

nascimento e tende a diminuir com o passar dos anos.

Com este movimento de afastamento e reaproximação da criança em relação

aos cuidadores, ela torna-se mais independente na realização de suas atividades e escolhas.

Neste sentido, Lopes et al. (2009) afirma que “o incremento de independência costuma ser

acompanhado de um senso de confiança em si mesma e também de limitações.”

Assim, como apontado nas falas abaixo, notamos que as cuidadoras

percebem que quando as crianças estão com 1 ano, elas começam a explorar o ambiente e a

ter curiosidade sobre as coisas que se passam ao redor:

“[Com1 ano] já reina, já meche nas coisas.” (Cuidadora 1)

“[Com 1 ano ela] começou a passear na rua, que ela mais gosta, sair na rua.[...] Ela é

arteira. Mexer no fogão. Tomar banho toda a hora, ela entra no banheiro pra se

molhar toda hora.” (Cuidadora 6)

“Um ano? Fuça em tudo... mexe em tudo!” (Cuidadora 24)

“Quando tem um ano faz tudo, está andando, mexe demais em tudo, tem que ter

cuidado porque quer colocar tudo na boca.” (Cuidadora 25)

Carvalho (2000, p. 84) afirma que o “apego seguro entre a criança e sua

mãe, ou outra figura substituta, promove a exploração do meio e favorece o desenvolvimento

de um senso de competência do indivíduo” e que as relações com o meio propiciam o

desenvolvimento da autonomia.

Observamos, além do mais, que as cuidadoras também defendem que por

volta dos 12 meses a criança expressa suas necessidades e desejos, de acordo com suas

preferências:

“[Com 1 ano ela] começou a passear na rua, que ela mais gosta, sair na rua. As

coisas, ela já pede. Quando ela está com sede ela vai na cozinha ela fica pedindo

com a mão, ou senão tem hora que ela pega e fala “aba”, mas ninguém vai imaginar

que aba é água.” (Cuidadora 6)

Já para outras cuidadoras, o segundo ano de vida é o momento no qual a

criança, por estar falando melhor, consegue expressar com mais clareza suas necessidades e

vontades e, por ter controle dos esfíncteres, torna-se menos dependente do cuidador quando se

considera o trocar fraldas ou o ir ao banheiro. Como se vê na fala a seguir:

“Com dois anos a criança já está falando bem, já pede de tudo. Muitas crianças até

dois anos necessitam ainda da mãe trocar. [...] Com dois anos a criança também é

capaz de ir no banheiro fazer xixi, principalmente xixi. Não precisa fazer mais na

roupa.” (Cuidadora 6)

O controle esfincteriano mostra-se um desafio para as crianças por estar

bastante relacionado com os valores culturais e sociais do contexto em que vivem, além de ser

influenciado por fatores psicológicos e fisiológicos. (MOTA e BARROS, 2008).

O início do treinamento do controle dos esfíncteres é possível, na maioria

das crianças com idade aproximada de 18-24 meses (BRAZELTON2, 1962 apud MOTTA e

BARROS, 2008; BRAZELTON, et al., 1999; STADTLER e BRAZELTON, 1999).

Mota e Barros (2008) identificaram que apesar da criança com 2 anos ser

capaz de iniciar o controle dos esfíncteres, poucas crianças haviam iniciado este treinamento.

Esta conclusão não pode ser aplicada para este estudo, uma vez que as cuidadoras

demonstraram, saber a idade em que a referida capacidade é encontrada.

Desta maneira, como expresso pelas cuidadoras, conforme a criança vai

desenvolvendo determinadas capacidades, como andar, falar, controlar os esfíncteres, ela

torna-se menos dependente dos cuidados de outra pessoa. Miller3 citado por Lopes et al.

(2009) afirma que com 2 anos a criança está mais preparada física e psicologicamente para

separar-se da mãe ou do cuidador.

A questão da independência também é atribuída para a alimentação e para a

higiene pessoal. As falas das cuidadoras abaixo mostram que elas acreditam que no segundo

ano de vida a criança já consegue decidir o que comer e, que no terceiro ano já é capaz de

tomar banho sem a ajuda de outra pessoa e de trocar-se.

“[A criança de 2 anos] já começa a comer sozinha, mas deve ficar de olho pra não

engasgar. Sabe o que quer mesmo! São capazes de muitas coisas. [...] [Aos 3 anos]

são terríveis. Fazem muita arte, tomam banho sozinho, se trocam, comem.”

(Cuidadora 5)

“Quando a gente também está comendo qualquer coisa ela [criança de 1 ano] está

pedindo com a mão. Ela fica “hum, oo, oo”, ela fica assim com a mão.” (Cuidadora

6)

2 BRAZELTON, T.B. A Child-oriented approach to taillet training. Pediatrics, n.29, p. 121-

128, 162.

3 MILLER, L. Babyhood: Becoming a person in the family. In: HINDLE, D.; SMITH, M.V.

Personality development: a psychoanalytic perspective. London: Routledge, 1999. p. 33-47.

Não há uma idade determinada para as crianças começar a se banhar

sozinhas. Esta atividade se inicia por volta dos 5-6 anos de idade, na maioria das crianças.

Todavia, é importante que toda criança, mesmo quando demonstrado capacidade para tal, seja

supervisionada pelo(a) cuidador(a), haja vista que a transição entre o banho dado pelo(a)

cuidadore(a) e o banho realizado pela própria criança é uma transição que deve ocorrer aos

poucos (CECCON, 2008).

Dentro do âmbito das aquisições sócio-emocionais, assim como o

desenvolvimento da independência, está o contato interpessoal. Muitos estudos apontam que

o relacionamento com outras pessoas, sejam estas crianças ou adultos, promovem o ótimo

desenvolvimento infantil (ANDRADE et al. 2005; BRUM e SCHERMANN, 2004;

BUSTAMANTE e TRAD, 2007; MOURA e RIBAS, 2002; QUEIROZ, MACIEL e

BRANCO, 2006; RABUSKE, OLIVEIRA e ARPINI, 2005; SOARES, et al. 2009;

ZAMBERLAN, 2002).

Pudemos notar que as cuidadoras entendem que o relacionamento da

criança pequena com outras pessoas, inclusive crianças, é importante para o seu aprendizado,

como se vê na seguinte fala:

“[...] vai na casa da avó dela. Ela adora o avô e a avó.[...] mas eu acho que se ela

tivesse com outras crianças, tipo numa creche, acho que ela já teria andando, porque

ela ia ver [...] E numa creche, por exemplo, eu acho que ela estaria se desenvolvendo

mais porque falar, ela fala tudo, eu falo para ela e ela repete, mas andar...”

(Cuidadora 3, ao falar da filha de 1 ano e 4 meses)

Ainda no âmbito das aquisições sócio-emocionais, cuidadoras apontaram

que as relações que envolvem afeto e atenção são de fundamental importância para o

desenvolvimento infantil. Para as cuidadoras, as crianças refletem através de seus

comportamentos e atitudes o que presenciam no ambiente em que vivem, com as pessoas que

convivem, uma vez que são capazes de “perceber” o estado emocional de seus cuidadores.

Como mostra a fala a seguir:

“Eu acho que a criança [de 1 ano] sente e entende tudo o que você passa para ele.

[...] A criança percebe tudo o que você passa: o seu amor, atenção. O que eu te falei:

o dia que eles estão mais irritados, que estão dando trabalho é o dia que você não

está bem.” (Cuidadora 18)

Outro fato comum é a variação do comportamento das crianças, na faixa

etária dos 12 aos 36 meses, conforme as pessoas com as quais mantém contato. As cuidadoras

também apontaram este fato, na próxima fala:

“[Com 2 anos] é uma criança que a gente já começa a perceber que ela tem amor, ela

estranha as pessoas. Quando ela vê gente diferente ela já fica meio fechada. Se ela

vê briga, ela chora. Às vezes, até na televisão, quando passa cena de briga, ela fica

olhando assustada e chora.” (Cuidadora 6)

Além do mais, as cuidadoras também afirmaram que em torno do terceiro

ano de vida as crianças são mais sensíveis aos acontecimentos adversos, como brigas entre os

pais, e que têm a necessidade de escutar palavras de afeto para serem felizes e pacíficas.

“Na parte emocional é a que mais afeta nessa idade [3 anos]. Às vezes uma

brincadeira da mãe e do pai que ela não gostou, pode mexer com a parte emocional

da criança. Com três anos a mãe tem que sempre estar falando que gosta dele... que

mais? Se uma criança que ela não escuta que ama ela. Se é uma criança que ela

escuta que ‘eu não gosto de você’. Mas se criar uma criança triste, uma criança

sozinha, não vai ser mais aquela criança ativa que brinca com um e brinca com

outro. Aí é uma criança que é triste. Ela vai brincar com um coleguinha, ela vai

querer bater. Geralmente, quando tem uma criança assim é porque ela não leva e

encontra afeto dentro de casa.” (Cuidadora 6)

De maneira geral, as cuidadoras apontaram que o desenvolvimento infantil

não é igual para todas as crianças. Assim, as falas das cuidadoras concordam com Brum e

SchermanN (2004) e Cool, Marchesi e Palácios (2004), que afirmam que as fases de

desenvolvimento variam entre as diferentes crianças.

Para afirmar isso, algumas cuidadoras fazem comparações entre as crianças

para as quais prestaram cuidados, como se pode observar na seguinte fala:

“A minha sobrinha... eu tenho uma sobrinha que com 4 meses de idade já começou a

engatinhar sabe... sabe assim no tapete já. Colocaram ela e ela foi e 7 meses ela

andou. [...]Agora a minha segunda filha, a Mariana, ela andou com nove meses e

meio, com nove meses e meio ela já andou. [...] Com nove meses a criança já ta

levantando né. Igual o que eu falei, depende de criança para criança. Tem uns que

são bem mais espertinhos né. Tem aqueles que já seguram em algum lugar e ficam

em pé. No berço... olha, agora lembrando pela experiência dos meus netos, o Carlos

Eduardo com seis meses, com seis meses, ele já pegava carrinho no berço e ele já

brincava assim ó com o carrinho... e eu nunca tinha visto isso, porque com seis

meses... é muito novo né.” (Cuidadora 18)

Ou então fazem isso comparando as capacidades das crianças que cuidam

ou já cuidaram, com as capacidades das demais crianças que se enquadram na mesma faixa de

idade, como se verifica na fala da cuidadora abaixo:

“Uma criança de 6 meses não tem... ela não conversa como ele [o filho, de 6 meses

de idade] conversa, dá risada... que uma criança de 6 meses não faz.” (Cuidadora 20)

Comparar o desenvolvimento infantil entre as diferentes crianças de que

cuidou e as demais crianças é comum, uma vez que a construção do conhecimento se dá

também através de experiências vivenciadas durante a vida.

Além de apontarem que diferentes crianças podem apresentar níveis de

desenvolvimento diferentes, as cuidadoras apresentaram ter ciência do porque isso ocorre ao

dizerem que isso depende da “natureza” de cada criança:

“[...] até disse para minha menina, que nós precisamos levar ele na médica para ver

porque é que nessa idade que ele está [2 anos], ele quase não fala. Eu tenho uma neta

que com um aninho ela falava de tudo. E ele quase não fala nada.[...] Não sei se a

natureza dele é falar mais tarde. Porque a mãe dele começou a falar bem quando

tinha quase quatro anos.” (Cuidadora 11)

É amplamente aceito que o desenvolvimento da criança tem decorrência

multifatorial, inclusive com a pré-determinação genética (COOL et al. 2004; DESSEN e

JUNIOR, 2005; ZAMBERLAN, 2002). Ter o conhecimento de que o fator genético é

relevante no processo de desenvolvimento da criança é importante, mas não suficiente para

avaliar o desenvolvimento global da criança. Desta forma, torna-se relevante ampliar os

conhecimentos destas cuidadoras para que assim, os(as) cuidadores(as) estejam mais

motivados para praticar a estimulação das crianças e, avaliar os diferentes fatores que

determinam o desenvolvimento infantil.

A importância do cuidado e do(a) cuidador(a) para o desenvolvimento integral da

criança de zero a 3 anos, na perspectiva das cuidadoras.

Nesta categoria serão apresentadas as percepções e o significado que as cuidadoras atribuem

ao cuidado da criança e à sua função enquanto cuidadora.

Sob a influência do contexto sócio-histórico, em que a mãe ou a mulher é

vista como a principal, e em alguns casos a única cuidadora, as entrevistadas entendem que no

momento em que assumem seus respectivos papéis de cuidadoras, passam a representar as

mães, a substituí-las. As falas a seguir apontam para isso:

“A gente está tomando o lugar das mães, tem que fazer bem feito né.” (Cuidadora 1)

“Tem que cuidar direito, pegar uma criança é como se fosse um filho pra gente,

então eu acho que o principal é a responsabilidade.” (Cuidadora 16)

Pelo fato das cuidadoras crerem que estão “tomando” o lugar da mãe ou

que, enquanto cuidadoras, são como mães para as crianças, elas procuram promover o

cuidado com mais responsabilidade e da melhor maneira.

Já outras cuidadoras, sentem-se como a própria mãe da criança e usam como

explicação o fato desta a chamar de mãe e não ficar sem a sua companhia.

“É, vozinha e mãezinha [risos]. Ele me chama até de mãe. Ele não fica sem eu não.

Ele larga alí da mãe dele para vir aqui comigo. Dorme comigo no meu quarto.”

(Cuidadora 11)

Neste mesmo contexto, as cuidadoras também relataram que, quando não se

trata de uma relação entre mãe e filho, a responsabilidade no cuidado é maior, como se lê nas

falas a seguir:

“É mais responsabilidade, é pequeno né. E outra né, não é nem filho da gente, é

mais cuidado que o da gente, é mais responsabilidade, está na mão da gente.”

(Cuidadora 1)

“Ah, tem que ter muita responsabilidade né, porque não é da gente né, então... Daí

tem que tomar cuidado para não acontecer nada de errado.” (Cuidadora 2)

Por outro lado, outras entrevistadas dizem que há mais qualidade no cuidado

quando este é advindo da própria mãe, pois nesta situação há relação de amor e maior

facilidade. Como se pode notar:

“É, ainda mais sendo da gente né, a gente tem mais cuidado, mais amor, quer deixar

sempre limpinho, sempre cheiroso.” (Cuidadora 9)

“Facilidades com a mãe eu acho que é mais fácil do que com os outros.” (Cuidadora

10)

Esta visão confere com o encontrado por Soares e Coelho (2008) em seu

estudo sobre o cotidiano do cuidado infantil em comunidades rurais da Bahia, no qual afirma

que as mães atribuem a função de cuidar à condição feminina e à maternidade.

As mudanças sociais, inclusive a inserção da mulher do mercado de

trabalho, também foram responsáveis pela alteração no significado da figura paterna.

Atualmente é mais comum o pai demonstrar seus sentimentos e aceitar que pode participar

com mais afinco no cuidado dos filhos, embora isso não aconteça em todos os contextos.

(Bustamante e Trad, 2005).

As cuidadoras, apontaram que o pai também deve ser parte integrante no

cuidado de seus filhos, dizem que ao assistir a criança procuram também oferecer amor e

afeto que este, quando ausente, não pode fornecer:

“Eu procuro dar muito amor e muito afeto para ela para suprir a falta do pai.”

(Cuidadora 6)

Soares e Coelho (2008), observaram em estudo realizado em comunidades

rurais da Bahia que abordava o cotidiano do cuidado infantil, que para os(as) cuidadores(as)

de crianças, o cuidado infantil é de “responsabilidade inseparável da condição feminina”

(SOARES e COELHO, 2008, p. 466), uma vez que a mulher possui o dom do cuidar em sua

natureza.

Todavia vale ressaltar, que as cuidadoras participantes do presente estudo

também acreditam que a mãe é a principal responsável pelo cuidado dos filhos, mas que este

fato não dispensa a participação do pai.

A partir destas percepções conclui-se que para as cuidadoras o cuidado

ideal, ou seja, aquele que visa a integralidade do desenvolvimento infantil é aquele promovido

pela própria mãe, coincidindo com o encontrado por Soares e Coelho (2008). Porém, nos

casos em que esta não pode estar presente para tal, são elas as responsáveis em assumir as

tarefas que a mãe, por algum motivo, fica incapaz de realizar. Além disso, as cuidadoras

acreditam que a participação do pai no cuidado é importante, pois é uma complementação à

assistência prestada pela mãe.

Desta maneira, estar junto às crianças, assistindo-as, é representar o papel da

mãe, o que as incentiva a praticar o cuidado com compromisso e responsabilidade, uma vez

que a mãe da criança faria assim.

O(a) cuidador(a), segundo a percepção das entrevistadas, também é

aquele(a) que é responsável e que vigia, que está constantemente atento à criança, pois esta

tem a característica de ser indefeso e, não têm a consciência das situações de perigo. Isto

causa grande preocupação do(a) cuidador(a), como se observa nas falas a seguir:

“Porque tem que ser responsável para cuidar de uma criança, porque eles dependem

muito da gente.” (Cuidadora 3)

“Uma boa cuidadora? Estar em cima, sempre vigiando.” (Cuidadora 7)

“São indefesos, não sabem se cuidar. Tem que ficar vigiando na banheira. Se quiser

brincar... [tem que] deixar... mas tem que ficar olhando. Ah... Porque eles não sabem

se defender, se é certo, se é errado. Não sabem se vai machucar... se não vai... ainda

mais nessa idade.” (Cuidadora 13)

“Mas uma criança [...] eles não sabem se defender, então a gente tem que amar e eu

amo.” (Cuidadora 16)

“Tenho medo... então eu fico sempre em cima.” (Cuidadora 22)

Com estas falas, as cuidadoras ressaltam que ao cuidar da criança estão

protegendo-a, assim como posto por Dellazana e Freitas (2010, p. 595) quando afirmam que

“cuidar significa dar segurança ou apoio para um indivíduo diferenciado, concebido como

mais fraco ou mais vulnerável.”.

No que se refere ao impacto que o cuidado promove no desenvolvimento da

criança, a estimulação é primordial. Algumas cuidadoras citaram que estimulam a criança por

meio de brincadeiras, como mostram as falas a seguir:

“Brinco com ele para ele ficar espertinho mais do que já é.” (Cuidadora 20)

“Eu brinco com ele, falo mamãe, papai, canto parabéns, brinco com ursinho,

bolinha, até passar o tempo né, porque tem que ensinar.” (Cuidadora 7)

O brincar é uma atividade que envolve o corpo, o pensamento e a emoção

(UNICEF, 2003). Segundo Queiroz, Maciel e Branco (2006), Ravelli e Mota (2005), Wong

(1999) e Negrine (2000) a brincadeira é de extrema importância para o desenvolvimento

infantil e é considerada em muitas sociedades como uma atividade essencial à criança.

Queiroz, Maciel e Branco (2006) citam Cerisara4 que afirma que por meio

da brincadeira a criança dá outros significados aos objetos e aos jogos, expressando desta

forma seu caráter ativo em seu próprio desenvolvimento.

As cuidadoras deram diferentes sentidos às brincadeiras, assim como os

achados de Bustamante e Trad (2005) em que as cuidadoras consideraram a brincadeira um

aspecto construtivo, seja como passa-tempo ou como forma de aprender.

Para algumas cuidadoras as brincadeiras das crianças possibilitam a estas

descobrirem o ambiente e os brinquedos e objetos são instrumentos de aprendizagem, como

se vê pelas seguintes falas:

“[Com 1 ano a criança] já reina, já mexe nas coisas. Minha netinha tem 1 aninho,

mas é triste: abre gaveta, ela segura nas coisas, mexe em gaveta, tira as coisas, entra

dentro da gaveta da minha estante. Mexe em tudo, tudo!” (Cuidadora 1).

“Ela tem uma caixa de brinquedo, tem carrinho de boneca, daí ela brinca assim. Eu

muitas vezes sento e brinco com ela para ela aprender, porque como ela não vai para

creche, não tem muito contato com outras crianças, então eu tenho que ensinar ela a

dividir os brinquedos dela.” (Cuidadora 3).

Por meio das brincadeiras as crianças expressam e refletem os seus

sentimentos e começam a atribuir valores aos papéis sociais, como por exemplo, quando a

criança encara profissões durante a brincadeira (professor, médico, dona de casa bombeiro,

entre outras) (QUEIROZ, MACIEL e BRANCO, 2006).

4 Cerisara, A. B. (2002). De como o Papai do Céu, o Coelhinho da Páscoa, os anjos e o

Papai Noel foram viver juntos no céu. Em T. M. Kishimoto (Org.), O brincar e suas

teorias (pp.123-138). São Paulo: Pioneira-Thomson Learning

“Ela gosta de brincar com a tia dela de esconde-esconde, boneca. Ela gosta muito...

ela pega a boneca e fica hum-hum... gosta de correr atrás dos gatos que tem aqui

para puxar o rabo, quer arrancar o bigode do cachorro. [...] Brincadeira assim com a

tia dela é de panelinha. Ela também é ativa, quando ela vê que a tia dela arruma

todas as panelinhas, a cozinhinha ela vai lá e lasca a mão. Joguinhos, ela tem os

joguinhos de montar. [...] Gosta de música. Ligou, começou música ela começa a

dançar. Televisão... ela não é muito chegada, depende do que vai passar. [...] Ela

gosta de televisão onde tem muito bicho. Parte de novela essas coisas... só se entrar

música. Jornal então... ela nem dá questão, não tem música. Gosta de música e

bichinho. Só.” (Cuidadora 6 ao falar da neta de 1 ano e 8 meses).

Com tantas vantagens para a criança provenientes das brincadeiras, os

cuidadores devem estar bem orientados no sentido de incentivar e garantir o tempo das

brincadeiras, principalmente aquelas que possibilitam o uso da fantasia e da criatividade,

como de pintar, desenhar, faz-de-conta e uso de sucata. Outras brincadeiras importantes para

o desenvolvimento infantil são as tradicionais, como a rodas e as danças típicas regionais

(UNICEF, 2003).

Também é importante que o cuidador esteja atento aos tipos de brincadeiras,

pois elas são meios pelos quais as crianças podem expressar seus conflitos psíquicos,

sentimentos e emoções (WINNICOTT, 1996). A criança que ao brincar de boneca ou boneco

usa constantemente a violência física como método de repreensão pode estar reproduzindo

uma cena que ocorre com ela própria.

Foi possível observar que algumas cuidadoras sabem dessa necessidade de

observar a criança enquanto esta brinca:

“A gente observa também como que as crianças estão brincando né.” (Cuidadora 18)

O momento da brincadeira também permite que o cuidador esteja junto à

criança, assim é fundamental que haja um tempo de dedicação para esta atividade e que o

cuidador observe o aprendizado da criança. Para Valsiner (2000), citado por Queiroz, Maciel

e Branco (2006), várias crianças aprenderam e descobriram o brincar com familiares ou pares,

confirmando que a brincadeira é construída cultural e socialmente.

As cuidadoras abaixo dizem que acompanham a criança nas brincadeiras:

“Às vezes ela quer também brincar junto... Um pouco ele [o irmão mais velho]

deixa... um pouco eles brigam, eles brincam. Mas a gente procura brincar bastante

com ela, conversar, cantar bastante, porque ela gosta né... de dançar, do jeito dela né

(risos), mas a gente entende né.” (Cuidadora 18, ao falar da neta de 1 ano e 8 meses)

“Tem que brincar com ele... a criança gosta muito de agrado. Eu gosto muito de

brincar com ele, dar atenção.” (Cuidadora 14)

Também constantemente atrelado ao cuidado, as cuidadoras citam o amor, o

carinho e o afeto como ferramentas para alcançá-lo, assim como verificado por Bustamante e

Trad (2005) e Grippo e Fracolli (2008). Para elas, atentar-se somente para a alimentação e a

higiene não é suficiente:

“Assim... uma boa cuidadora não é só aquela que dá banho, dá comida e troca.

Cuidar de criança não adianta só fazer isso. Tem que ter amor para saber o que é que

ela quer e o que ela não quer. Se você não tiver paciência, calma, amor e o afeto

você não vai cuidar dessa criança.” (Cuidadora 6)

“Ah... é você preencher todas as necessidades deles, que eles precisam... atenção...

e... eu acho que é tudo, a gente dar atenção para a criança, porque tem horas que eles

tão assim, e eles começam a falar, falar, e às vezes você nem entende né,

dependendo a idade... a gente tem que parar e olhar para ver o que que é.”

(Cuidadora 18)

As cuidadoras acreditam que o resultado do cuidado que prestam às crianças

hoje, cuidado este composto por carinho e amor, é uma criança sem revoltas, como se vê:

“Tem muitas crianças como eu vejo que é muito maltratada, não tem afeto, não tem

carinho e hoje é revoltada com a vida.” (Cuidadora 5)

“Aí é uma criança que é triste. Ela vai brincar com um coleguinha, ela vai querer

bater. Geralmente, quando tem uma criança assim é porque ela não leva e encontra

afeto dentro de casa.” (Cuidadora 6)

Preocupadas com o cuidado e consequentemente com o desenvolvimento da

criança, as cuidadoras dizem que deixam de fazer suas tarefas de casa diárias, para poder se

dedicar ao que se propôs, demonstrando que o cuidado é a atividade primordial:

“Elas chegam e eu cuido né.[...] A gente dá banho, a gente dá comida, a gente dá

suco, a gente faz o que precisa: troca o dia inteiro, brinca, larga até o serviço, fazer o

quê, para cuidar né?!” (Cuidadora 1)

“É tem que dar atenção, às vezes você está trabalhando e a criança começa a chorar

um pouquinho, aí você larga tudo o que esta fazendo para ver o que está

acontecendo. E eu sou assim, eu largo o meu serviço e vou, Você quer saber que eu

largo tudo para dar atenção.” (Cuidadora 18)

Por fim, as cuidadoras entrevistadas esperam que no futuro, como resultado

de todo o cuidado por elas dispensado, as crianças as recompensarão de alguma forma. As

falas abaixo indicam este pensamento das cuidadoras:

“A gente vê a criança crescendo, vê que não está sendo judiado, que nem eu estou

vendo ele crescer, com tanto amor e carinho, não falta nada para ele. A gente é

pobre, mas não falta nada para ele, o amor é demais”. (Cuidadora 11)

“É o maior prazer que eu sinto é cuidar deles, porque eu sei que amanhã ou depois

eles vão reconhecer isso.” (Cuidadora 21)

6. Conclusões

Este estudo verificou que as cuidadoras de crianças menores de três anos de idade conhecem

as fases do desenvolvimento infantil, no que tange as capacidades das crianças, nas diferentes

faixas etárias, embora tenham apresentado alguma dificuldade em situar alguns

comportamentos, na faixa etária esperada, por exemplo, elevar a cabeça, seguir objetos com

os olhos, sentar, brincar com jogos de encaixe e correr.

Constatou-se também que as cuidadoras destacaram principalmente,

aquisições referentes ao desenvolvimento motor e de linguagem, para as crianças menores de

1 ano, não citando as demais áreas do desenvolvimento, como a intelectual-cognitiva e a

sócio-emocional. Como já apontado neste estudo, as relações interpessoais, acompanhadas da

demonstração de afeto e de amor são importantes para criar ou fortalecer os vínculos afetivos,

especialmente no inicio da vida. Assim, este estudo aponta para a necessidade de ações, em

vistas a ampliação de conhecimentos das cuidadoras, de forma a que elas reconheçam as

diferentes áreas do desenvolvimento infantil de crianças menores de um ano, e possam utilizar

estes conhecimentos, na prática de cuidar.

Verificou-se ainda que as cuidadoras associam o aumento de independência

ao desenvolvimento motor e conseqüente movimento de afastamento em relação a cuidadora,

para as crianças de 1 a 3 anos . Foi notado que as cuidadoras entendem que a criança a partir

dos 2 anos pode tomar banho sozinha, e sem supervisão de um adulto. Desta forma, a

qualidade da higiene e a segurança dessas crianças podem estar comprometidas, dado que a

supervisão nessa atividade não é assegurada.

Sobre o cuidado e o papel do cuidador, elas acreditam que ser cuidadora de

crianças é uma função que requer muita responsabilidade, atenção e compromisso com o

desenvolvimento e crescimento das crianças, sob seu cuidado. Elas destacaram a importância

do afeto, do amor e carinho para com as crianças. Também foi possível identificar que para

estas cuidadoras o(a) cuidador(a) deve ser uma pessoa que vigia, que protege a criança.

Acreditam que ao ser cuidadora assumem o papel da mãe da criança, quanto ao cuidado de

seus filhos.

Como parte fundamental do cuidado, as cuidadoras defendem que é

necessária a estimulação das crianças por meio de brincadeiras. Para elas as brincadeiras são

necessárias para que a criança descubra o ambiente, expresse seus sentimentos e pratique

diferentes papéis sociais. Ademais, as cuidadoras entendem o momento de brincadeira, como

uma oportunidade para observar os comportamentos das crianças.

Por fim, este estudo aponta para a relevância, de ações em educação e saúde,

entre profissionais da saúde e cuidadoras comunitárias de crianças pequenas, que permitam o

dialogo de forma a trocar conhecimentos e experiências, em vistas ao crescimento e

desenvolvimento saudável das crianças cuidadas.

7. Referências Bibliográficas

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APÊNDICE 1

INSTRUMENTO DE LEVANTAMENTO DE PESSOAS CUIDADORAS DE CRIANÇAS

MENORES DE 3 ANOS

Objetivo: Identificar pessoas cuidadoras de crianças menores de 3 anos na região do Jardim

Gonzaga / Jardim Monte Carlo.

1. ENTREVISTADORA: _____________________________________________

2. LOCAL DA ENTREVISTA: ________________________________________

3. DATA: ______/ _______/ _______

4. NOME: _________________________________________________________

5. IDADE: ________SEXO: __________ ESCOLARIDADE:________________

6. FILHOS: ( ) sim ( ) não Nº Total:__________ Nº < 3 anos: ___________

7. SE TIVER FILHOS < DE 3 ANOS, PERGUNTAR:

a. Freqüentam creche? ( ) sim ( ) não

b. Se sim, qual: ____________________________________________

c. Se não, por que? ___________________________________________

d. Se não, com quem ficam quando precisa se ausentar:

________________________________________________________

8. AQUI NO BAIRRO TEM PESSOAS QUE TOMAM CONTA DE CRIANÇA(S)

MENOR(ES) DE 3 ANOS? ( ) sim ( ) não

9. SE SIM, PERGUNTAR QUEM, ONDE ENCONTRÁ-LA, PONTOS DE REFERÊNCIA.

a. Nome:_____________________________________________________

End.: __________________________________ Fone:_______________

Ponto de referência: __________________________________________

b. Nome:_____________________________________________________

End.: __________________________________ Fone:_______________

Ponto de referência: __________________________________________

c. Nome:_____________________________________________________

End.: __________________________________ Fone:_______________

Ponto de referência: __________________________________________

APÊNDICE 2

ROTEIRO DE ENTREVISTA DE PESSOAS CUIDADORAS DE CRIANÇAS MENORES DE 3

ANOS

Objetivo: Identificar percepções, conhecimentos e formas de cuidar de cuidadores de crianças

menores de três anos, moradores da região do Jardim Gonzaga / Jardim Monte Carlo.

1. ENTREVISTADORA: _____________________________________________

2. NOME DO/A CUIDADOR/A ______________________________________

3. LOCAL DA ENTREVISTA: ________________________________________

4. ENDEREÇO DO/A CUIDADOR/A: RUA_____________________________

BAIRRO____________________________________________________________

PONTO DE REFERÊNCIA: ____________________________________________

TELEFONE:____________________CELULAR:___________________________

TELEFONE de RECADO: NOME_______________________Nº_______________

5. DATA DA ENTREVISTA: ______/ _______/ _______

6. IDADE:________ SEXO:__________ ESTADO CIVIL___________

ESCOLARIDADE:________________

7. FILHOS: ( ) sim ( ) não Nº Total:__________ Nº < 3 anos: ___________

8. SE TIVER FILHOS < DE 3 ANOS, PERGUNTAR:

a. Frequentam a creche? ( ) sim ( ) não

b. Se sim, qual: ____________________________________________

c. Se não, por quê? ___________________________________________

Se não, com quem ficam quando precisa se ausentar

9. HÁ QUANTO TEMPO CUIDA DE CRIANÇAS?

10. COMO VOCÊ COMEÇOU A CUIDAR DE CRIANÇAS?

11. POR QUE AS PESSOAS LHE PROCURAM PARA CUIDAR DE SEUS FILHOS?

12. QUANTAS CRIANÇAS MENORES DE TRÊS ANOS VOCÊ CUIDA ATUALMENTE?

13. ALGUEM, ALÉM DE VOCÊ, CUIDA DESSAS CRIANÇAS?

14. QUAL O SEU GRAU DE PARENTESCO COM A(S) CRIANÇA(S) QUE FICAM SOB

SEU CUIDADO?

15. CONTE-ME COMO É O SEU DIA CUIDANDO DE CRIANÇAS.

(buscar na creche, alimentação, banho, troca de roupa, brincadeiras, quais? outros)

16. CONHECE OUTRAS PESSOAS QUE CUIDAM DE CRIANÇAS MENORES DE TRÊS

ANOS.

a. Se sim, quem:_____________________________________________

b. Endereço________________________________________________

c. Ponto de referência__________________________________________

d. Telefone___________________________________________________

17. EM SUA OPINIÃO, QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS CUIDADOS QUE NECESSITAM SER

OFERECIDOS ÀS CRIANÇAS. POR QUÊ?

18. O QUE SIGNIFICA PARA VOCÊ CUIDAR DE UMA CRIANÇA MENOR DE TRES

ANOS?)

19. PARA VOCÊ O QUE É SER UM/A BOM/BOA CUIDADOR/A DE CRIANÇAS

MENORES DE TRES ANOS?

20. NA SUA EXPERIÊNCIA EM CUIDAR DE CRIANÇAS, QUAIS SÃO AS FACILIDADES

E QUAIS AS DIFICULDADES NO CUIDADO DELAS?

21. QUE TIPO DE GRATIFICAÇÃO/ PAGAMENTO PELO CUIDADO VOCÊ RECEBE?

VOCÊ GOSTARIA DE PARTICIPAR DE REUNIÕES DE CUIDADORES PARA DISCUTIR O

CUIDADO DE CRIANÇAS MENORES DE TRÊS ANOS? SE SIM, QUAL É SUA

DISPONIBILIDADE? SE NÃO, POR QUÊ?

7. Produção Técnico-Científica

Este trabalho será apresentado no XIX Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de

São Carlos, no ano de 2011.

Além disso, parte dos resultados foi apresentada no 1º Congresso Paulista de

Extensão Universitária e 3º Congresso de Extensão Universitária da UNICAMP e no XIII Congresso

de Iniciação Científica da Universidade Federal de São Carlos.

8. Auto-avaliação

Cumpri com os objetivos propostos, passando por todas as etapas metodológicas,

confeccionando relatório, apresentando o trabalho em eventos científicos, elaborando artigo e

submetendo-o à revista científica.

Assim, com o desenvolvimento deste projeto pude crescer profissional e

pessoalmente. Aprimorei e aprofundei meus conhecimentos, desenvolvi minha escrita, leitura

e comunicação, além das minhas capacidades de relacionamento em grupo.

O presente projeto me motivou ainda mais para a atividade de pesquisa no

momento em que pude vivenciar a importância e o prazer que há na interrelação entre ensino-

pesquisa-extensão.

9. Avaliação da orientadora

A bolsista desenvolveu o trabalho de pesquisa com competência e empenho cumprindo as

etapas programadas no tempo previsto. Cabe destacar a responsabilidade, iniciativa e

compromisso da bolsista, no desenvolvimento de todas as atividades do projeto. Desta forma

o desempenho da bolsista foi excelente. O relatório apresentado mostra a relevância

acadêmica e social do estudo.

10. Destino da aluna

A bolsista concluiu o Curso de Enfermagem da UFSCar , no final do primeiro semestre de

2011.