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1 RELATÓRIO FINAL PIBIC/CNPq/IBMEC-RJ 1. IDENTIFICAÇÃO Nome do(a) bolsista: Bruno Roberto Santos Nome do(a) orientador(a): Maria Augusta Soares Machado, DSc Curso: Administração Título do Projeto: Sustentabilidade Social das Empresas Brasileiras: um Enfoque Financeiro Três palavras-chave: sustentabilidade empresarial, mercado financeiro, estatística Vigência: 01.08.2015 31.07.2016

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RELATÓRIO FINAL

PIBIC/CNPq/IBMEC-RJ

1. IDENTIFICAÇÃO

Nome do(a) bolsista: Bruno Roberto Santos

Nome do(a) orientador(a): Maria Augusta Soares Machado, DSc

Curso: Administração

Título do Projeto: Sustentabilidade Social das Empresas Brasileiras: um Enfoque

Financeiro

Três palavras-chave: sustentabilidade empresarial, mercado financeiro, estatística

Vigência: 01.08.2015 – 31.07.2016

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2. INTRODUÇÃO

O entendimento da sustentabilidade das empresas oscila entre a

percepção de que se trata de uma evolução do marketing social, até a percepção

de que estamos diante de uma alteração real nas relações sociais, pautada pela

modificação do papel da empresa. Traz, também, a ideia de prestação de contas,

o que tem levado organizações de grande porte a divulgar, anualmente, um

relatório onde são descritas e quantificadas, na forma de um balanço, suas ações

nas áreas sociais e ambientais. Essa atitude pode ser compreendida tanto como

um instrumento para mostrar a transparência quanto como peça importante na

construção da imagem da empresa junto aos seus públicos, que parecem estar

cada vez mais atentos aos aspectos sociais e ambientais das empresas. Portanto,

há necessidade de se entender como é formulado o discurso das empresas acerca

da responsabilidade social, bem como a heterogeneidade do diálogo que

caracterizam o discurso das empresas acerca da responsabilidade social.

As temáticas referentes às mudanças e problemas relacionados ao

desenvolvimento do país têm adquirido maior relevância do poder público. Isso

inclui desde o campo das ciências e da pesquisa até as empresas multinacionais,

pois estão percebendo o cenário de instabilidade e os problemas decorrentes da

relação produção e consumo. Neste contexto, é necessária a redefinição de

políticas públicas e privadas e novas formas de atuação dos atores sociais

envolvidos com as iniciativas para geração do desenvolvimento sustentável.

Desta forma, seria uma tarefa menos árdua alcançar uma maior sinergia entre os

interesses públicos e privados orientados para a geração do desenvolvimento

sustentável.

Em função do quadro atual da escassez de recursos e instabilidades

socioeconômicas é preciso buscar alternativas que busquem modificar o quadro

de desigualdade entre povos e regiões, de injustiça social, da degradação do

meio ambiente e ao mesmo tempo fortalecer a economia do país. Entretanto, não

é apenas dever do governo buscar alternativas para melhor o cenário de

sustentabilidade, mas também as comunidades e as empresas privadas devem

contribuir nesse processo.

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Deve-se agir agora para que as futuras gerações não sejam impactadas

negativamente pelos atos dos homens atualmente, é responsabilidade da

sociedade usar os recursos naturais de forma inteligente para que eles se

mantenham no futuro. Em longo prazo, ações como: preservação das áreas

verdes não destinadas à exploração econômica, consumo de alimentos orgânicos,

exploração de recursos naturais de forma controlada, desenvolvimento de gestão

sustentáveis nos setores públicos e privados, atitudes voltadas para a reciclagem

e consumo controlado de água e energia; criam condições para a manutenção dos

recursos naturais necessários para a próxima geração e garantem melhor

qualidade de vida para a população.

A maior barreira para as empresas privadas imergirem na

sustentabilidade empresarial é o fator risco, pois para muitos empresários ainda

enxergam o desenvolvimento sustentável como um risco de custo que pode

acarretar à diminuição dos lucros. Aliar os interesses das empresas privadas com

o setor público é de extrema importância para que o desenvolvimento

sustentável evolua e as consequências para as gerações futuras sejam mais

positivas que negativas.

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3. JUSTIFICATIVA

O mundo está diante da urgência, mas também de oportunidades de

buscar um novo modelo de desenvolvimento. A humanidade vive hoje o seu

maior desafio, com mais de sete bilhões de pessoas, que precisam cada vez mais

de saúde, educação de qualidade, moradia e empresa. Da mesma maneira que

sofre com o esgotamento de recursos naturais, poluição do ar e da água, o que

afeta a produção de alimentos. É preciso mudar os hábitos de consumo,

economizar água e energia, evitar consumir coisas desnecessárias, procurar

utilizar menos transportes poluentes. As mudanças climáticas provocam

alteração nos níveis dos rios, na frequência e intensidade da chuva; que

consequentemente, interferirá na saúde, na agricultura, na economia, geração de

energia e na diversidade da fauna e da flora. É essencial que a indústria, a

agricultura e o comércio façam sua parte, ou seja, é preciso ter uma economia

mais verde (utilizar os recursos naturais da maneira mais responsável possível,

agredindo minimamente o meio ambiente). Fazer uso de fontes de energia

renovável e mais limpa (energia eólica, solar, maré motriz, biodigestores) para

alimentar as indústrias e as casas; diminuir o consumo, tantos das máquinas

industriais quantos dos eletrodomésticos (fabricá-los com novas tecnologias que

permitam o baixo consumo de energia e menor emissão possível de gases de

efeito estufa) são ações significantes que precisam ser feitas tanto pelo poder

público como das pequenas, médias e grandes empresas privadas.

Este projeto torna-se importante, pois mostra na prática como as esferas

públicas e privadas estão agindo em relação ao desenvolvimento sustentável e dá

uma idéia mais explícita de como inserir a sustentabilidade no plano estratégico

das empresas e públicas. Benefícios e retornos passados e futuros podem trazer

mais conscientização de empresários e autoridades para se engajarem cada vez

mais na sustentabilidade empresarial.

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4. OBJETIVOS

O objetivo dessa pesquisa é determinar as diferenças quantitativas e qualitativas

sobre a sustentabilidade das empresas na economia brasileira. Serão pesquisados os

dados do Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) nas quatro dimensões

fundamentais – ambiental, social, econômica e institucional, como também os dados

sobre o Desempenho Financeiro do Índice BOVESPA da Sustentabilidade Empresarial

(ISE).

De que forma o país está discutindo a sustentabilidade? Um tema que está se

tornando cada vez mais frequente e que será de grande importância para decisões

futuras em praticamente todas as empresas. Como enxergar isso financeiramente e do

ponto de vista público?

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5. REVISÃO DE LITERATURA

5.1 BREVE HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O ser humano, desde o tempo dos nômades, se caracterizou pelo

consumo e desperdício sem preocupação com a escassez de recursos. Naqueles

tempos não havia a preocupação em caçar deliberadamente, poluir regiões e

dominar outras terras, já que se tinha a ideia de que os recursos naturais eram

ilimitados. A ideia de que não havia a possiblidade dos recursos se esgotarem

eram suavizados por diversas razões: a população era pequena, não havia uma

grande concentração de pessoas num território, a forma de viver do homem

ainda era pautada sem habitação fixa e o seu ambiente não era modificado

profundamente de forma que a flora e a fauna fossem impactadas negativamente

pois posteriormente recuperavam o espaço que tinha perdido e não havia

modernização nos primórdios da civilização (KAHN, 2015; Abmapro, 2012).

Na idade da pedra polida, depois da era dos nômades, houve o

surgimento da agricultura, o que fez com que o pensamento do ser humano em

relação ao consumo dos recursos disponíveis no planeta mudasse radicalmente.

Nessa época foram desenvolvidas novas técnicas de exploração, possibilitando a

construção de moradias fixas perto de rios para facilitar o cultivo de alimentos,

desenvolvendo consequentemente, uma sociedade entre diferentes povos,

aumento ainda mais a população. (Abmapro, 2012)

Em meados dos séculos XIX, apesar do crescimento da população, a

natureza não sofria os impactos negativos da degradação causada pelo homem

como ocorre atualmente. Na verdade, a espécie mais prejudicada foi a humana,

decorrente do surgimento de inúmeras doenças que atingiram os seres humanos

consequentes da falta de saneamento básico em da falta de preocupação com as

consequências geradas pela destruição da natureza. Com a segunda revolução

industrial e com a era do petróleo, a situação transformou-se completamente.

Parecia que os caminhos dessa transformação trariam um crescimento

econômico milagroso para todo o planeta – a tecnologia simbolizada pelas

máquinas a vapor e o liberalismo econômico. O conceito de poluição decorrente

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do carvão e da exploração petrolífera foi levado a um nível extremo, jamais visto

antes. Além disso, o desenvolvimento rápido dos meios de transportes, novos

métodos de criação de processos produtivos, o assalariamento dos trabalhadores

e a globalização foram impactos que geraram grandes mudanças na sociedade.

Em pouco tempo, a agricultura foi ultrapassada pela indústria, sendo a

última a se tornar a principal atividade econômica da maioria dos países. Essas

transformações fizeram com que a produção voltada apenas à subsistência do ser

humano fosse destinada ao aglomerado populacional que habitava as cidades.

Com a escassez maior de recursos naturais que não atendiam à crescente

demanda de uma população que aumentava cada vez mais, a degradação

ambiental e os problemas gerados pela exploração desenfreada de recursos da

natureza fizeram com que os países começassem a se preocupar com a questão

ambiental e ecológica do planeta (MONTIBELLER-FILHO, 2001).

Segundo van Bellen (2002), a relação entre a sociedade e o ser humano

passou a ser vista de forma mais crítica. A noção dos problemas ambientais

impactados pelo consumo desenfreado do ser humano passou ser discutida de

forma mais global e agora não era uma preocupação só de uma região. Isso fez

com que a procura por novas alternativas que gerassem menos impacto negativo

ao meio ambiente eclodisse.

O desenvolvimento sustentável foi uma proposta segundo o qual o

desenvolvimento econômico e social dos países deveria usar racionalmente os

recursos naturais para evitar a degradação ambiental. É uma proposta que tem

muitos adversários (crescimento econômico x ambiental x justiça social). Um

dos resultados da consciência ecológica ou ambiental foi a multiplicação das

ONGs (Organizações Não Governamentais) que são organizações do terceiro

setor que buscam solucionar problemas da sociedade cujas soluções não são

apoiadas pelo governo.

No decorrer do século XX, para que os problemas ambientais

diminuíssem, foram criados diversos projetos globais visavam a prática da

gestão empresarial responsável, que considerava quatro principais dimensões:

legal; relação ética e transparente com os stakeholders de cada organização –

clientes, consumidores, fornecedores e acionistas; filantrópica (ambiental e

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social) e economicamente viável.Para que uma empresa tivesse uma gestão

responsável era importante que ela implantasse a sustentabilidade no seu core

business, que se preocupasse com o bem - estar da sociedade e preservasse os

recursos que estão escassos para que as futuras gerações se beneficiassem dessas

ações. Dessa forma, as empresas são impulsionadas a utilizar novos métodos que

gerem transparência para elas e qualidade para seus stakeholders. Esses métodos

influenciam nas tomadas de decisões e são importantes numa nova forma de

pensar da sociedade e numa maior competividade (NOBRE, 2002). Diante de

todos os problemas ambientais, pressões sociais e restrições impostas pelos

governos locais, principalmente nos séculos XX e XXI, o desempenho das

empresas nas transformações ocorridas como as revoluções industrial, científica

e tecnológica, passou a ser questionado na medida em que as organizações

buscavam incessantemente cada vez mais maximizar seus lucros sem se

preocupar com a escassez de matérias primas. Com o passar do tempo, a ideia de

apenas lucrar foi deixada de lado por grande parte das empresas, já que a

preocupação com a reputação se tornou muito importante para elas,

principalmente com a invenção da internet e sua infinita distribuição de

informações.

O quadro abaixo apresenta alguns dos principais marcos da discussão do

desenvolvimento sustentável na história para melhor visualização:

Tabela 1 - Marcos Históricos da discussão ambiental

1968 Conferência da Biosfera da UNESCO, Paris (NOBRE e AMAZONAS, 2002).

1972 The LimitstoGrowth, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente

Humano (enfatizava a ideia de que a escassez gerada pela degradação do meio

ambiente diminuiria o crescimento da economia do planeta. Propunha que

houvesse um congelamento da população global e da economia mundial para

impedir a escassez total dos recursos naturais para as gerações

futuras)(MEADOWS, 1972).

Estocolmo Criação do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas

(defendia que os problemas ambientais estavam ocorrendo globalmente e

acelerando rapidamente de correntes da urbanização desenfreada, crescimento

exponencial da população, e desenvolvimento tecnológico decorrentes da

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industrialização)(MEADOWS, 1972).

1973 Maurice Strong, Diretor do UNEP, lança o conceito de Ecodesenvolvimento

1974 Declaração de Cocoyok (Simpósio do UNEP) - afirmava que a explosão

populacional e destruição ambiental eram decorrentes da pobreza pela falta de

recursos e que os problemas globais são decorrentes principalmente do

consumo elevado dos países desenvolvidos (NOBRE e AMAZONAS, 2002).

1975 Relatório da Fundação Dag-Hammarskjöld - “Que fazer?” (NOBRE e

AMAZONAS, 2002).

1980 World ConservationStrategy (NOBRE e AMAZONAS, 2002).

1981 Política Nacional do Meio Ambiente no Brasil - visava estabelecer padrões,

meio aptos de proteger por sumo o meio ambiente (NOBRE e AMAZONAS,

2002).

1982 Sessão especial do UNEP em Nairobi. Proposta de constituição da Comissão

Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – WCED (NOBRE e

AMAZONAS, 2002).

1985 Acordo de Proteção da Camada de Ozônio, Viena- definiu os princípios que

orientam a problemática da destruição da camada de ozônio para mudança

climática do planeta, o Protocolo de Montreal é considerado o primeiro

grande impulsionador de uma globalização ambiental em prol do combate à

degradação (NOBRE e AMAZONAS, 2002).

1987 Protocolo de Montreal sobre as substâncias que destroem a camada de ozônio

- tratado que estipulou amplas restrições à produção e ao uso dos

clorofluorcarbonos – CFCs (NOBRE e AMAZONAS, 2002).

1987 Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(WCED): Our Common Future (Relatório Brundtland) - chama a atenção

para adoção de uma nova postura ética e mais transparente (NOBRE e

AMAZONAS, 2002).

1990 Criação da Global EnvironmentFacility (GEF) do Banco Mundial (NOBRE e

AMAZONAS, 2002).

1992 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento -

UNCED, Rio de Janeiro – RIO ECO 92 Constituição da Comissão de

Desenvolvimento Sustentável (é discutida a relação entre o discurso e a

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postura ética nas organizações, e a articulação entre o desenvolvimento da

economia e da sociedade e os impactos ambientais. O resultado dessa reunião

em 1992 foi a criação da Agenda 21, que salientava o fim da pobreza global e

elaborava a ideia de que os países mais desenvolvidos e poluidores deveriam

assumir o compromisso de despoluir o ambiente além de auxiliar os países

mais pobres a melhorar a qualidade de vida da população sem degradar o

meio ambiente) (NOBRE e AMAZONAS, 2002).

1996 Publicação da série ISO 14000 - normas esta mais utilizada atualmente para a

certificação de Sistemas de Gestão Ambiental (NOBRE e AMAZONAS,

2002).

1997 Protocolo de Kyoto – Mudanças Climáticas (NOBRE e AMAZONAS, 2002).

2002 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento –

UNCED (NOBRE e, 2002).

2012 Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

(CNUDS), conhecida também como Rio+20 (uma conferência realizada entre

os dias 17 e 18 de julho de 2012 na cidade brasileira do Rio de Janeiro, cujo

objetivo era discutir sobre a renovação do compromisso político com

o desenvolvimento sustentável)1

Segundo Hawken et al. (2002), todas essas reuniões entre os países e os

protocolos foram de extrema importância já que se propuseram ao mesmo tempo

criar soluções sustentáveis que fossem adotadas na prática e fluir o pensamento

socialmente responsável em todo o sistema global. Além de que, não apenas as

grandes organizações estavam se preocupando com os problemas ambientais,

mas também a sociedade como um todo. Nunca na história nações e grupos da

sociedade se preocupavam simultaneamente o com conceito de sustentabilidade.

1 Essa informação foi retirada do WIKIPEDIA, a página está disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio%2B20

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5.2 O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

As empresas estão buscando cada vez mais por em prática projetos que

venham a promover a responsabilidade social e ambiental do seu core business.

A consequente diminuição dos impactos gerados na produção que prejudicam o

meio ambiente junto com o aumento de lucro das suas mercadorias faz com as

organizações invistam intensivamente e se preocupem cada vez mais com a

causa ambiental (THOMSON, 2005).

Práticas socialmente responsáveis contribuem não só para a organização,

mas também para o meio ambiente e a sociedade como um todo. Ao adotar uma

postura de responsabilidade ambiental a empresa se beneficia economicamente

por vários motivos: diminuição de custos com multas e passivos ambientais,

economia na produção, melhora da imagem e reputação da empresa,

engajamento e produtividade dos funcionários (fundamentais já que são eles que

colocam em prática os planos, ações e objetivos estabelecidos) e confiança dos

consumidores e parceiros. Todos esses benefícios fazem com a empresa se

destaque competitivamente em relação às outras e atraia novos clientes e novas

ideias para diminuir custo utilizando práticas de responsabilidade social e

ambiental.

As organizações podem ser tornar sustentáveis de diversas maneiras,

podendo focar desde a diminuição da poluição e de seus impactos ambientais até

adotar práticas estratégicas como reciclagem e coleta seletiva. Entretanto, ainda

encontra-se muita resistência interna com relação à gestão de mudanças da

empresa para se adequar as práticas de RSE, entre elas podemos destacar a falta

de comprometimento das áreas mais estratégicas da empresa com as medidas

importantes, incerteza dos acionistas e parceiros com relação ao retorno dos

investimentos de RSE, falta de engajamento dos funcionários na causa ambiental

e falta de informação de alguns consumidores sobre a importância da

responsabilidade social. Portanto, devido à grande resistência às mudanças o

custo pode aumentar o que torna imprescindível equilibrar esses os custos e

despesas com o valor gerado pela empresa.

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A mudança para o novo paradigma da sustentabilidade propõe um novo

dinamismo e ordem para o mundo da atualidade, sendo relacionada

principalmente à interação e cooperação entre governos, empresas e a sociedade

civil a fim de se organizarem e construírem uma sociedade mais justa e

sustentável (BROWN, 2003, p.6).

Para que as práticas de desenvolvimento sustentável se tornem eficazes é

importante a participação de todos os stakeholders envolvidos, dentre eles, o que

se pode mais destacar é a empresa, as organizações em geral. Por que são elas

que fazem com que as atividades das civilizações funcionem. Dito isso, torna-se

cada vez mais importante e frequente que os empresários reflitam sobre o papel

importante de suas empresas na sociedade brasileira e no meio ambiente.

Percebe-se a importância do foco empresarial não apenas no lucro, mas

também fazer algo que contribua positivamente para a sociedade. Seguir o tripé

da sustentabilidade: um investimento viável economicamente, preocupação com

o meio ambiente e contribuição para a sociedade; é o passo fundamental para

que a empresa se torne sustentável. O maior desafio é incluir essas três

dimensões estrategicamente nos negócios da empresa, visto que há uma grande

resistência a mudanças dos principais stakeholders da organização: parceiros,

funcionários e alta gerência. Além disso, o conceito de sustentabilidade

empresarial é recente, e ainda encontra-se pouco difundido pelo fato de a

preocupação com esse tema ser realmente debatido na sociedade nesse século

(Almeida, 2002).

A responsabilidade social empresarial é a atuação social da empresa, ela

perpassa desde o nível estratégico da organização até o seu nível operacional.

Ela objetiva construir um caráter mais humano, ético e altruísta para a empresa,

demonstrando que o interesse dado seu negócio vai além dos interesses

econômicos. Com esta nova forma de pensar, a empresa buscar gerar valor e

contribuir positivamente para a sociedade e o meio ambiente (ALESSIO, 2008).

Ser sustentável é inovar, é preciso um esforço corporativo que incorpore

todas as ideias de RSE nas suas estratégias. Ter transparência, adotar um código

de ética a todos os funcionários da empresa e seus colaboradores, produzir

produtos que não prejudiquem o meio ambiente, economizar energia e água,

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criar novas formas de serviços. O que pode ser um grande desafio, pode se

tornar vital para o futuro dos negócios da empresa: gera competitividade, força e

sustentabilidade num mundo corporativo cada vez mais concorrido e global

(Almeida, 2002).

5.3 SUSTENTABILIDADE ATRAVÉS DA INOVAÇÃO

Com a revolução científica e tecnológica advinda do período da Segunda

Guerra Mundial e da Guerra Fria, o desenvolvimento em novos conhecimentos

se tornou muito grande, o que tornou a inovação uma peça chave na vantagem

competitiva das organizações. E por que citar a inovação no tema de

sustentabilidade? Pode-se afirmar que ambos se correlacionam pelo fato da

efetividade das ações sustentáveis só se tornar real se a empresa buscar criar,

mudar e se renovar constantemente. Essa busca pela melhora contínua é o que

caracteriza a inovação.

Almeida (2002, p.82) coloca que:

[...] Cabe às empresas, de qualquer porte, mobilizar sua capacidade de empreender e de criar

para descobrir novas formas de produzir bens e serviços que gerem mais qualidade de vida para

mais gente, com menos quantidade de recursos naturais. [...] A inovação, no caso, não é apenas

tecnológica, mas também econômica, social, institucional e política [...].

Voltar à gestão empresarial à sustentabilidade empresarial gera diversas

oportunidades para que as organizações se tornem empresas inovadoras.

Podendo aproveitar essa gestão sustentável dentro do core business da empresa

ou também buscar um novo segmento, o que pode destacá-la da concorrência e

garantir que ela cresça cada vez mais. Explorar mercados, serviços e produtos

antes inexplorados através da inovação também é uma ótima opção para o

negócio empresarial.

Adotar o conceito de Econegócios está se tornando muito importante

atualmente, isso por ser viabilizado pela inovação que foca na gestão ambiental

para acompanhar as novas tendências. Empresas que não se inovam perdem

posições no mercado, muitas dessas companhias fracassam por não atender ou

não adotar questões ambientais e sociais no seu core business.

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Há diversos exemplos de empresas que adotaram a inovação ambiental e

obtiveram grandes êxitos; pode-se destacar a empresa Deca S. A. que trabalha

vantagens competitivas através de benefícios ambientais ao produzir produtos

que oferecem benefícios adicionais, empresas como a Sony, com seu projeto

Gestão Verde 2005, e a Natura, com a linha Natura Ekos. Outros exemplos são

na área de construção, com as habitações autossustentáveis, os earthships, que

utilizam 45% de materiais reciclados e não possuem um custo maior em relação

às construções comuns e se tornam econômicas por reduzirem o valor das contas

de água e energia; a companhia Arcelor que investe 270 milhões de reais em

programas de gestão ambiental e reduz o uso de insumos não renováveis na

produção de aço; a empresa Elektro com o projeto Energia Comunitária, a

empresa colabora para a reurbanização de áreas pobres e melhora a qualidade de

vida de milhares de pessoas nas cidades onde atua; A IBM, que incentiva o uso

da capacidade ociosa de computadores em pesquisas voltadas para a saúde e o

meio ambiente. O Banco Itaú que lançou o primeiro fundo de investimento

batizado de Itaú Renda Fixa Eco mudança que permite ao correntista contribuir

para neutralizar os gases que destroem a camada de ozônio. Esse fundo objetiva

criar um equilíbrio entre retorno de investimento e ajuda no combate ao

aquecimento global (EXAME, 2015). Outro ponto importante a se destacar em

relação à inovação ambiental no Brasil é o investimento que o país no

desenvolvimento de energias limpas com a produção do etanol. O Brasil tem um

potencial imenso nesse setor devido à extensa disponibilidade de resíduos de

biomassa, solar e eólica que o seu território possui.

Apesar de todos os benefícios gerados por empresas que buscam se

tornar sustentáveis e busquem se inovar cada vez mais, há uma grande parcela

da população brasileira que possui baixa renda e não pode consumir os produtos

e serviços oferecidos por essas empresas mesmo que sejam sustentáveis e

diferenciados. Atender essa demanda reprimida é um grande desafio para todas

as organizações com fins lucrativos (Hart , 2006). Os países mais pobres são os

que mais sofrerão com as mudanças climáticas por possuírem menos qualidade

de vida e menos recursos para se adaptarem às mudanças. Por isso, é

fundamental que os governos locais combatam a pobreza ou até eliminem-na.

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5.4 A SUSTENTABILIDADE EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Muitas pessoas acham que adotar a sustentabilidade empresarial é apenas

viável para as grandes empresas, entretanto é uma ideia ultrapassada, pois

mesmo que as ações de pequenas empresas não gerem um impacto tão

significativo para a sociedade, cada pequeno gesto é importante para que outras

organizações vejam o quão importante é competitivamente para o seus negócios

adotar a sustentabilidade empresarial. Assim, no final de tudo todos ganham com

isso, pois ao praticas ações sustentáveis a empresa pode aumentar a

lucratividade, diminuir os custos e melhorar a produção, melhorar a imagem da

empresa se diferenciar em relação à concorrência (CARVALHO, 2012). Porém,

no Brasil que atualmente vive numa economia em que as empresas estão se

tornando cada vez mais desestimuladas a investir, é importante que os

microempresários percebam as mudanças que a sustentabilidade empresarial

pode trazer para que sejam estimulados a adotar essas ideias.

Para Carvalho (2012), presidente da consultoria em sustentabilidade The

Key, a pequena empresa deve perceber os benefícios da sustentabilidade e

enxergar ações sustentáveis como a estratégia que será foco das empresas no

futuro. Os passos seguintes podem ser adotados desde multinacionais até

pequenas empresas: horizontalidade - a sustentabilidade deve ser agrupada a

todas as áreas da organização. Ou seja, todas as ações devem envolver todas as

áreas de diversas maneiras; verticalidade: O líder deve ser íntegro e exemplo na

empresa, adotando posturas éticas e responsáveis, tendo humildade em se

relacionar com sua equipe, não importa a área da empresa; cultura: As ideias

sustentáveis devem fazer parte do dia a dia empresarial, inserido no core

business da empresa; institucionalidade: as regras dentro da empresa devem ser

as mais transparentes possíveis para seus principais stakeholders; governança:

em micro e pequenas empresas as decisões organizacionais são mais curtas

porque não há uma hierarquia tão grande como nas grandes empresas, portanto o

dono da empresa deve-se reunir continuamente com seus funcionários para

discutir os negócios da organização; engajamento: Todos os stakeholders da

organização devem ser impactados como a sustentabilidade adotada pela mesma;

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cadeia de valor: Fazer parcerias com companhias que adotam práticas

sustentáveis é um grande passo para manter uma melhora contínua das ações

sustentáveis para seus stakeholders.

É preciso que a organização esteja dentro da legalidade, obedecendo

todas as leis impostas pelo governo, preparar os funcionários para que a empresa

implemente as novas práticas de sustentabilidade, escolher indicadores para que

meçam o desempenho sustentável da empresa continuamente e se avaliar

constantemente para perceber se o tripé da sustentabilidade está equilibrado e

nenhuma parte está tento prejuízo com isso. Ser responsável e envolver a

comunidade ao implementar ideias sustentáveis dá uma transparência maior à

empresa, fidelidade dos clientes e atração de novos clientes e diminuição de

custos decorridos da produção.

As Micro e Pequenas Empresas representam 95% das empresas do país e

são responsáveis por cerca de por 27% do Produto Interno Bruto (PIB), gerando

um total correspondente a 52% dos empregos formais, 1,4% das exportações e

40% da renda no país. Dados do Sebrae mostram que, do total de micro e

pequenas empresas, 44% estão no comércio, 35% no setor der serviços, 7% na

construção e 13% na indústria. Sobre o perfil dos empreendedores, 51% são

mulheres, 53% têm até 34 anos e 55% são da classe C (SEBRAE, 2015). Porém,

com a alta competitividade e a um enredamento cada vez maior na economia, as

empresas deve se adequar a esse cenário cada vez mais difícil que dificulta a

manutenção das organizações no mercado. Portanto, a importância de inovar nos

negócios, desde produtos a serviços, é algo que se torna vital para que as

empresas obtenham vantagem competitiva: preço acessível ao consumidor,

promoção da sustentabilidade, melhora na imagem da empresa e lucratividade.

Ter relações externas importantes, acrescentado com o preço e qualidade dos

produtos, é fator fundamental para se obter vantagem competitiva também.

Segundo o INSTITUTO ETHOS (2002), adotar uma postura de

responsabilidade ambiental empresarial é ter postura ética e transparente com

seus stakeholders, traçar metas que obedeçam os princípios da sustentabilidade,

preservar os recursos ambientais para que as gerações futuras não sejam

prejudicas pela escassez de recursos e serviços. Além disso, respeitar as

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diferenças culturais e promover a igualdade social é algo que deve ter uma

grande importância nas empresas.

5.5 ÍNDICES VOLTADOS À SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

O aquecimento global colocou na agenda do governo e empresas a

necessidade da preservação do meio ambiente. A preocupação que levou também

a muitos investidores e acionistas a procurar organizações privadas rentáveis que

focam seu negócio além da questão econômica. As que investem na questão

social e na sustentabilidade para aplicar os seus investimentos. A importância da

transparência e da boa gestão empresarial também se tornaram destaques nos

últimos anos. Mas quais seriam as vantagens das empresas em adotar um índice

de sustentabilidade? Cada vez mais empresas sustentáveis são vistas como um

bom negócio, pois estão percebendo o que as mudanças ambientais e culturais

estão trazendo ao mercado financeiro. Tais organizações são vistas como

inovadoras, confiáveis, diferenciadas e que podem gerar maior valor para o

acionista.

Busca ter uma gestão que busque melhorar o desempenho ambiental,

fazer uso eficiente de recursos e energia, gestão de resíduos e emissões,

conservação e biodiversidade; ter transparência nos negócios, para fazer uma

análise qualitativa e medir o impacto dos produtos no meio ambiente e incluir de

critérios sociais e ambientais na gestão dos negócios são fatores importantes que

trazem um maior retorno para os acionistas, diminui o risco e a volatilidade e

que fazem parte desses índices.

No Brasil medir analiticamente práticas socioambientais no investimento,

está ocupando um espaço ainda tímido, porém está se destacando cada vez mais

entre os índices do BOVESPA. O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE),

que completou dez anos este ano é considerado um marco no mercado de

capitais por inserir questões ambientais e sociais na avaliação de companhias.

No mundo, o índice mais famoso é o Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI),

lançado em 1999, que foi o primeiro a avaliar o desempenho das empresas

listadas na Bolsa de Nova York utilizando critérios de sustentabilidade.

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5.5.1 ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL (ISE)2

Criado em 2005 pela BM&FBOVESPA em parceria com a FGV EAESP,

o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) reflete o retorno de uma carteira

composta por ações de empresas com os melhores desempenhos em todas as

dimensões que medem sustentabilidade empresarial. Tais organizações devem

estar comprometidas com a responsabilidade social e com a sustentabilidade

empresarial. Seus objetivos são funcionar como uma referência para o

investimento socialmente responsável, para os investidores avaliarem a

confiança e o potencial de durabilidade das empresas e atuar como indutor de

boas práticas no meio empresarial brasileiro. Este ano, a carteira do ISE celebrou

os seus 10 anos, evidenciando a solidez conquistada por este índice no mercado

de capitais brasileiro. Essa solidez só aconteceu por seus criadores terem seguido

seu objetivo principal: criar um ambiente de investimento que seja compatível

com as demandas da sociedade de modo consciente e de estimulação da

responsabilidade ética e transparentes das companhias.

São convidadas para participarem desse índice as empresas que têm 200

ações mais líquidas na Bolsa de Valores e que adotam as melhores práticas

sustentáveis, a participação é voluntária e tais companhias devem responder um

questionário que busca refletir, além das características das empresas, sua

atuação nas dimensões econômica, ambiental e social, governança corporativa e

a natureza de seus produtos. (Bovespa, 2005). Em dez anos, 140 empresas com

ações listadas na Bolsa participaram do processo seletivo pelo menos uma vez.

Dessas, 72 integraram, ao menos, uma carteira do ISE; 41 estiveram em, pelo

menos, cinco carteiras; e 11 estiveram em todas as carteiras do ISE. (FGV-

EAESP, 2015)

A análise é realizada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade

(GVces) da FGV-EAESP em sete dimensões: Ambiental, Social, Econômico-

Financeira, Governança Corporativa, Geral, Natureza do Produto e Mudanças

Climáticas. O questionário é autodeclaratório e a empresa deve enviar evidências

2 Todas as informações inseridas neste tópico foram pesquisadas no Centro de Estudos em

Sustentabilidade (GVces) da FGV-EAESP , página disponível em: http://www.isebvmf.com.br/

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que comprovem as respostas de forma amostral. Compõem a carteira ao final de

toda análise, as empresas que obtém um melhor desempenho nas duas

dimensões: qualitativa e quantitativa.

O ISE se baseia no equilíbrio ambiental, na eficiência econômica, na

justiça social e na governança corporativa que atenderá às necessidades em

longo prazo dos seus stakeholders. Os principais objetivos desse índice são:

aumentar o volume dos recursos investidos e produtos associados ao ISE,

tornando-o um referencial na área de investimentos; fortalecer a relação e

comunicação com seus stakeholders de cada companhia; incentivas e aumentar a

participação das organizações para a imersão no índice de sustentabilidade

empresarial.

Segundo o BM&FBOVESPA (2016) A nova carteira reúne 40 ações de

35 companhias, representando 16 setores que somam R$ 960 bilhões em valor

de mercado, o equivalente a 44,75% do valor de mercado total das companhias

com ações negociadas na BM&FBOVESPA. Esta nova carteira vigorará de 04

de janeiro de 2016 a 29 de dezembro de 2016.

O Índice de Sustentabilidade Empresarial é uma ferramenta importante

para que a sustentabilidade seja vista pelas organizações como uma oportunidade

e não como um obstáculo a ser superado. O ISE é uma das poucas referências

em que as empresas adotem o desenvolvimento sustentável como referência e

insira essas ideias nos seus negócios e valores da empresa. A Tabela 2 abaixo

mostra as companhias de cada setor da economia que vão compor a nova carteira

do ISE em 2016.

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Tabela 2 – Carteira Teórica 2015/2016

Setor Ação

Bens Indls / Máqs e Equips WEG

Bens Indls / Mat Transporte EMBRAER

Cons N Básico / Alimentos Processados BRF SA

Cons N Cíclico / Pr Pessoal Limp NATURA

Const e Transp / Constr e Engenh EVEN

Const e Transp / Transporte CCR SA

ECORODOVIAS

Consumo Cíclico / Comércio B2W DIGITAL

LOJAS AMERIC

LOJAS RENNER

Consumo não Cíclico/Saúde FLEURY

Financ e Outros / Interms Financs BRADESCO

BRASIL

ITAUSA

ITAUUNIBANCO

SANTANDER BR

Financ e Outros / Previd Seguros SUL AMERICA

Financeiro e Outros/Serviços Financeiros Diversos

CIELO

Mats Básicos / Madeira e Papel DURATEX

FIBRIA

KLABIN S/A

Mats Básicos / Químicos BRASKEM

OI

TELEF BRASIL

Telecomunicação / Telefonia Móvel TIM PART S/A

Utilidade Públ / Energ Elétrica

AES TIETE E

CEMIG

CESP

COPEL

CPFL ENERGIA

ELETROBRAS

ELETROPAULO

ENERGIAS BR

LIGHT S/A

TRACTEBEL

Fonte - Site do BM&FBOVESPA

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6. METODOLOGIA UTILIZADA

A metodologia utilizada foi uma pesquisa qualitativa através de um

levantamento bibliográfico sobre sustentabilidade empresarial. Essa pesquisa

bibliográfica abrangeu não apenas a leitura de livros acadêmicos e didáticos

relacionados à sustentabilidade empresarial, mas também a outros tipos de fontes

como a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, mantida pelo

IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

www.ibict.br; Banco de Teses e Dissertações da CAPES e Google Acadêmico.

Além disso, o projeto leu em conta uma pesquisa quantitativa através do

levantamento de dados do Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) e uma

análise de taxas e retornos comparativos do ISE.

6.1 METODOLOGIA PARA A ANÁLISE COMPARATIVA DO ISE

A metodologia para a análise comparativa do ISE com o IBOVESPA

seguiu um critério de comparação de taxas de três formas:

Cálculo dos retornos médios anuais através de uma média geométrica na Tabela

3 que é muito usada no cálculo dos índices financeiros, no cálculo da taxa média

de retorno de um investimento ou no cálculo da taxa equivalente de uma

aplicação financeira;

Equação 1 - Cálculo dos Retornos Médios

R=

R [ Retorno Médio do Ativo]

Rn [ Retorno Anualdo Ativo]

n= 2006,2007,2008,2009,2010,...,2015

número de período analisados = 10

Fonte – (SOUZA, 2014; ZUCCO, 2014; TOMÉ, 2014; PEREIRA, 2014).

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Cálculo dos retornos acumulados para análise dos índices e para calcular o

desempenho composto equivalente anual;

Equação 2- Fórmulas das Taxas Acumuladas

(1+i )acumulado(2006) = (1+i 2006 )

(1+i )acumulado(2007) = (1+i 2006 )(1+i 2007 )

..............

(1+i )acumulado(2015) = (1+i 2006 )(1+i 2007 )(1+i 2007) ...(1+i 2015 )

Fonte – (SOUZA, 2014; ZUCCO, 2014; TOMÉ, 2014; PEREIRA, 2014).

Cálculo das taxas equivalentes anuais, método muito usado no mercado

financeiro para comparar desempenhos percentuais de longo prazo e depois

comparar ambos os índices com a taxa SELIC. (SOUZA, 2014; ZUCCO, 2014;

TOMÉ, 2014; PEREIRA, 2014).

Equação 3- Cálculo das Taxas Acumuladas Equivalentes

Fonte – (SOUZA, 2014; ZUCCO, 2014; TOMÉ, 2014; PEREIRA, 2014).

6.2 METODOLOGIA PARA A ANÁLISE DO IDS

Foi feita, através dos dados coletados do último Índice de Desenvolvimento

Sustentável (IDS) publicado pelo IBGE (exposto em 2015), uma análise de

(1+i) equivalente(2006) = (1+i acumulado(2006) ) 1/1

(1+i) equivalente(2007) = (1+i acumulado(2007) ) 1/2

..............

(1+i) equivalente(2015) = (1+i acumulado(2015) ) 1/10

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estatística descritiva dos índices das quatro dimensões fundamentais –

ambiental, social, econômica e institucional.

Segundo ZUMA (2008), a estatística descritiva é a etapa inicial da análise

utilizada para descrever e resumir os dados. A disponibilidade de uma grande

quantidade de dados e de métodos computacionais muito eficientes revigorou

está área da estatística.

As variáveis analisadas no EXCEL serão tanto quantitativas como

qualitativas. As variáveis qualitativas poderão ser analisadas através de

representações gráficas. Já as variáveis quantitativas são compostas pelos

seguintes grupos estatísticos:

Média Amostral: Somatório dos fatores dividido pelo número de fatores, para

achar um valor significativo de uma lista de valores.

Desvio Padrão: Medida de dispersão para indicar qual o “erro” caso seja

necessário substituir um dos fatores coletados pelo valor da média

Variância: Medida de dispersão para mostrar quão distantes os fatores estão da

média.

Assimetria de Pearson: Permite comparar os indicadores e avaliar qual é mais

assimétrica.

Os índices considerados de cada dimensão ambiental serão mostrados na

análise dos resultados alcançados.

6.3 LIMITAÇÕES DA METODOLOGIA

A amostra do ISE leva em conta os períodos entre 2005 e 2015, já as

variáveis consideradas do IDS leva em conta a última publicação do IBGE dos

indicadores do desenvolvimento sustentável, exposta no último ano em 2015.

Nem todos os fatores considerados no IDS abrangeram o período analisado, que

foi de 2000 a 2015. Essa limitação de dados pode distorcer a análise quantitativa

do projeto. Portanto, buscou-se aproveitar o máximo de dados possível para

fazer a análise estatística e poder comparar os resultados do ISE com os do IDS.

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7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ALCANÇADOS

Buscou-se responder, através dos resultados alcançados, a pergunta -

objetivo deste artigo: Como entender, no Brasil, a sustentabilidade na prática, do

ponto de vista financeiro e do ponto de vista do poder público.

7.1 DESEMPENHO ISE

Com uma gestão consciente e um alto grau de governança corporativa,

empresas sustentáveis apresentam uma menor volatilidade em longo prazo se

comparada com as outras grandes empresas que não são sustentáveis. Como foi

dito anteriormente, ter uma boa reputação e apresentar um valor para os

acionistas torna-se tão importante quanto trazer retorno financeiro para os

mesmos. Assim, essas empresas estão mais preparadas para o futuro cada vez

mais instável e dinâmico que se vem.

O Índice Bovespa (IBOVESPA) é o indicador de desempenho mais

importante das cotações de ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo,

já que é formada pelas empresas que apresentam os maiores volume de ações

negociadas no maior Centro de negociações de ações do Brasil e da América

Latina.

A seguir, a tabela 4 apresenta a variação do ISE a partir do ano de 2005,

ano em que esse índice foi criado, até o mês de dezembro de 2015. Os dados são

retirados do site da BOVESPA (www.bovespa.com.br). A tabela 5 apresenta a

variação no IBOVESPA no mesmo período.

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Tabela 3 - ISE de 2015 a 2015

Ano Variação Anual

Nominal (%)

Variação Anual

em US$ (%)

2005 4,01 -1,93

2006 37,82 50,88

2007 40,35 69,41

2008 -41,09 -55,35

2009 66,39 123,33

2010 5,84 10,61

2011 -3,28 -14,08

2012 20,49 10,6

2013 1,94 -11,08

2014 -1,94 -13,51

2015 -10,78 -38,45

Fonte – Site do BM&FBOVESPA, 2015

Tabela 2 - BOVESPA de 2005 a 2015

Ano Variação Anual

Nominal (%)

Variação Anual

em US$ (%)

2005 27,71 44,83

2006 32,93 45,54

2007 43,65 73,39

2008 -41,22 -55,45

2009 82,66 145,16

2010 1,04 5,59

2011 -18,11 -27,26

2012 7,4 -1,42

2013 -15,5 -26,29

2014 -17,96 -36,88

2015 -9,77 -37,76

Fonte – Site doBM&FBOVESPA, 2015

Utilizando as variações anuais nominais e em US$ do ISE e do

IBOVESPA de 2005 a 2015, são apresentados a seguir o gráfico de linha

referentes às comparações das variações anuais nominais de ambos e o gráfico

de barras referentes às comparações das variações em dólar.

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Gráfico1- Comparação anual nominal entre o ISE e o IBOVESPA de 2005 a 2015

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

Gráfico 2 - Comparação da Variação em U$S entre o ISE e o IBOVESPA de 2005 a 2015

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

Analisando os dados apresentados nas Tabelas 1 e 2 e nas Figuras 1 e 2, é

verificado que, em seu primeiro mês, o Índice de Sustentabilidade apresentou

uma variação nominal tímida de 4,01% e uma queda leve em dólar de 1,93

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pontos percentuais. Entretanto, em seu primeiro ano (2005-2006), o ISE obteve

um desempenho levemente superior ao Ibovespa, encerrando o período com alta

de 37,82% contra 32,93% do IBOVESPA. Já em 2007, percebe-se pelos

gráficos e números levantados que houve um equilíbrio entre os dois índices do

BOVESPA: ISE teve uma alta de 40,35%, enquanto o Ibovespa apresentou

valorização um pouco maior, de 43,65%. O Índice de Sustentabilidade

Empresarial ainda concentrava poucos setores da economia Foram valorizações

importantes, já que os Estados Unidos, principal economia do planeta, sofria

com a quebra de instituições de crédito- a crise do subprime. Em 2008, ano em

que o a economia mundial sofreu uma forte uma forte crise, ambos os índices

caíram, porém mantiveram um equilíbrio semelhante ao ano anterior. O ISE

sofreu uma desvalorização de 41,09% enquanto que o IBOVESPA desvalorizou

41,22%. Apesar de o ISE, desde sua criação, obter um desempenho médio

melhor que o principal índice do BOVESPA, em 2009, o IBOVESPA obteve

uma valorização de 82,66%, muito maior que a do ISE, que apresentou um

retorno de 66,39 %. Essa grande diferença nesse ano é justificado pela influência

das ações das empresas de telecomunicações que apresentaram um grande

volume financeiro e uma forte valorização, impactando o índice. Tais empresas

não compunham o ISE. A partir do ano 2010 até o fim de 2014, o ISE apresentou

uma melhor valorização que o IBOVESPA, um retorno médio anual de 23,3

pontos percentuais positivos contra 32,69 pontos percentuais negativos do

IBOVESPA. Verifica-se que desde 2013, ambos os índices apresentam variações

negativas, isso pode ser explicado pelas crises política e econômica que o Brasil

tem passado. Outros fatores que influenciaram desvalorizações nos índices

foram: medo da inflação americana em 2006, crise da dívida pública da Zona do

Euro, vazamento de petróleo no Golfo do México em 2010 e julgamento do

Mensalão em 2012. Vale ressaltar também que em 2014 o PIB (Produto Interno

Bruto) apresentou um crescimento de apenas 0,1 %, o menor crescimento desde

2009, ano em que o PIB, pela primeira vez neste século, tinha sofrido uma

queda, de 0,2 pontos percentuais. Neste ano, 2015, ambos os índices se

desvalorizaram e mantiveram um equilíbrio, porém é importante destacar que

queda do IBOVESPA foi apenas menor do que o ISE, devido ao acidente da

Samarco, em Mariana – Minas Gerais. Essa tragédia não só diminuiu o

desempenho do ISE, já que a mineradora é uma joint venture entre o Vale (as

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ações ordinárias e preferenciais da empresa pesavam juntas até então 11,638%

da carteira teórica do índice) e BHP Billinton, como também pode ter sido a

razão de a empresa não ser eleita para a composição da nova carteira que

vigorará de janeiro 2016 a dezembro do mesmo ano. As ações do ISE durante

todo esse período, de acordo com o gráfico 1, apresentou uma correlação

positiva com as ações do IBOVESPA.

Na Tabela 6, são mostrados os fatores acumulados dos dois índices nos

últimos dez anos e os fatores compostos equivalentes anualizados dos mesmos

(também mostrado no gráfico 3), isso será usado para analisar o quanto um

investidor teria de retorno em longo prazo utilizando esses indicadores

financeiros do BOVESPA.

Tabela 3 - Desempenhos Acumulados e Taxas Equivalentes Anuais (2006 a 2015)

Acumulado Equivalente Anual

Ano ISE IBOVESPA ISE IBOVESPA

2006 1,3782 1,3293

1,3782 1,3293

2007 1,9343 1,9095

1,3908 1,3818

2008 1,1395 1,1224

1,0445 1,0697

2009 1,8960 2,0502

1,1734 1,1966

2010 2,0070 2,0715

1,1495 1,1568

2011 1,9401 1,6963

1,1168 1,0921

2012 2,3386 1,8219

1,1290 1,0895

2013 2,3840 1,5395

1,1147 1,0554

2014 2,3378 1,2630

1,0989 1,0263

2015 2,0860 1,1396

1,0763 1,0132

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

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Gráfico 3 - Comparação do Desempenho Equivalente Composto Anual entre o ISE e o IBOVESPA de

2005 a 2015

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

Pode-se notar que o ISE apresentou um ganho acumulado de 108,58%

contra uma alta de 13,96% do IBOVESPA. A principal causa dessa valorização

acumulada mais alta é a importância que as empresas que compõe o índice de

sustentabilidade empresarial dão à conduta ética nos negócios, cumprimento da

legalidade, governança corporativa e responsabilidade social, cultural e

ambiental. Foi percebido através das pesquisas realizadas que ter compromisso

com esses valores mantém um crescimento sustentado dessas empresas e geram

maior valor e confiança para os acionistas e para a sociedade, fazendo com que

essas companhias tenham maior resiliência às crises econômicas que venham a

ocorrer. Empresas que olham para questões socioambientais geralmente possuem

melhor desempenho financeiro e uma estrutura de governança mais qualificada,

o que se reflete em risco baixo para seus investidores. O desempenho do ISE

analisado é uma prova disso. O índice terá grandes desafios nos próximos anos

e, o principal deles, é incentivar cada vez mais investidores a ter o ISE como

ponto de referência, já que muitas ações que possuem alto grau de liquidez não

compõe a carteira, além da saída da Vale, que tinha o maior peso entre as

empresas na carteira teórica do ISE.

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A taxa SELIC é a taxa básica de juros da economia brasileira e serve de

referência para o mercado financeiro brasileiro, usada nos empréstimos feitos

entre os bancos e também nas aplicações feitas por estas instituições bancárias

em títulos públicos federais. Um cenário econômico com a Taxa Selic alta não é

benéfico para a Bovespa. Isso acontece devido à queda do consumo e dos juros

que faz com que as empresas que possuem ações na Bolsa de Valores diminuam

a produção e consequentemente seus retornos líquidos. Nesta situação muitos

investidores e acionistas preferem fazer aplicações financeiras que sobrepujam a

taxa Selic deixando de investir em ações onde o risco é maior. (Nunes, 2005)

Como mostra a Tabela 8, o retorno acumulado equivalente anualizado do

IBOVESPA foi de 1,32%, entre 2006 e 2015, neste mesmo período, o

desempenho do ISE foi de 7,63%. A taxa SELIC média em relação a cada

fechamento histórico anual foi, nesse período, de 11,21%, de acordo com o

Banco Central do Brasil (2015). Pode-se concluir que, devido à crise econômica

e o decréscimo do PIB (Produto Interno Bruto) as ações do ISE do IBOVESPA

na Bolsa de Valores têm decaído fazendo com que não seja uma boa opção no

momento investir nos dois índices. No entanto, se um investidor optasse a

aplicar na carteira do ISE teria um prejuízo em relação à SELIC de 3,58%. Já ao

investir no índice atrelado ao IBOVESPA, teria uma rentabilidade negativa em

relação à SELIC, de 9,89 pontos percentuais. A perda do investidor que investe

no Ibovespa seria muito maior que a do que investe no ISE, quase o dobro.

Percebendo-se essa análise, pode-se concluir que com o aumento do PIB e uma

maior estabilidade na economia, a probabilidade de o investidor ter uma maior

rentabilidade com o ISE é muito maior, principalmente por ser uma carteira que

está se tornando cada vez mais importante na Bolsa de Valores e que apresenta

um desempenho médio e acumulado muito maior que a carteira mais importante

do Bovespa desde que este foi criado.

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7.2 RESULTADOS ALCANÇADOS COM O IDS

Os resultados mostram os valores estatísticos dos indicadores e os pontos

mais relevantes e que possuem uma maior quantidade de dados a serem

analisados. O período analisado de fatores abrangeu dados históricos a partir do

ano 2000. Foram encontradas muitas variáveis para a análise de resultados em

todas as dimensões, portanto, para evitar distorções, grande parte dos dados

avaliados considerados estava em percentuais.

A seguir, são especificados por categoria de dimensões da sustentabilidade e os

índices encontrados, além de uma breve explanação de sua interpretação.

7.2.1 DIMENSÃO AMBIENTAL

A dimensão ambiental do desenvolvimento sustentável menciona a

garantia dos recursos naturais, a correta utilização dos mesmos, bem como a

degradação do ambiente, objetivando que as futuras gerações tenham esses

recursos garantidos evitando a carência dos mesmos. Para a análise dos

resultados, foram observados os seguintes fatores: consumo nacional de

agrotóxicos, unidades de conservação, assim como sistema de abastecimento,

pontos de acesso a serviço de coleta de lixo doméstico tipo de esgotamento

sanitário (Figura 1).

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Figura 1 – Tabela da Estatística Básica de fatores do Indicador da Dimensão Ambiental

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

Percebe-se através dessas informações contidas na Tabela 6 que o Brasil

apresentou uma média de 3,08 quilogramas por hectare de ingredientes de ativos

de agrotóxicos e afins, houve pouca variação (0,06) de dados nos anos coletados

até 2009, porém a partir de 2010 houve um aumento em grande escala, isso

significa que tem ocorrido desde então um uso intensivo dos agrotóxicos, que

tem prejudicado tanto a saúde dos consumidores dos alimentos quanto dos

trabalhadores que enfrentam diretamente a produção de recursos, além de

degradar o meio ambiente.

O esgotamento sanitário do país apresentou um sinal de alerta no período

analisado, isso ocorre principalmente, devido à inadequação do tratamento do

esgoto nas regiões rurais, já que grande parte do tipo de esgotamento sanitário da

região urbana era de rede coletora e em seguida fossa séptica, já nas regiões

rurais grande parte dos esgotos sanitários eram do tipo fossa rudimentar e em

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média mais de 20% dos domicílios não possuíam nenhum tipo de tratamento de

esgoto. Isso mostra que as regiões rurais do Brasil ainda encontram-se em estado

crítico.

No Gráfico 4 observa-que que, grande parte das áreas naturais passíveis

de proteção abrangem as áreas terrestres do território nacional, historicamente

pelos dados analisados, as unidades de conservação terrestres abrangeram uma

média de 91,99% das áreas de naturais protegidas, já as unidades marinhas

abrangeram uma média histórica de 8,01%, isso se justifica pelo fato de a flora e

fauna das regiões continentais abrangeram grande parte do território nacional ,

além de haver uma maior facilidade de fiscalização em áreas terrestres do que

em áreas marinhas. Esta informação pode ser observada como a conclusão de

que possivelmente as instituições locais têm interesse, consciência e

preocupação com a garantia dos recursos naturais e produtivos para as gerações

futuras. Entretanto, é preciso que a sociedade civil se conscientize mais e se

engajam na causa ambiental para que o desenvolvimento sustentável se amplie

mais na nação.

Gráfico 4- Comparação da Média Histórica das Unidades de Coservação Existentes (em %)

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

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Observa-se nos gráficos 5 e 6 que, o destino do lixo na região urbana se

encontra mais adequado que na região rural, em média, 97,53% do lixo na zona

urbana é coletado, praticamente 100%.

Gráfico 5 - Comparação da Média Histórica do Destino Final por Domicílio do Lixo na Zona Urbana (%)

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

Por outro lado, na região rural, em média, apenas 27,15% do lixo é

coletado, grande parte dos resíduos são queimados ou enterrados na propriedade,

do ponto de vista sustentável é muito prejudicial já que degradada o meio

ambiente e polui a atmosfera. Outro ponto crítico é que 10,65 % do lixo é jogado

em terreno baldio ou logradouro. Isso ocorre, principalmente, porque há poucas

opções de destinação adequada de resíduos nessa região que não têm

acompanhado o crescimento econômico dessas localidades.

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Gráfico 6 - Comparação da Média Histórica do Destino Final por Domicílio do Lixo na Zona Rural%)

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

Não há assimetria de Pearson no fator analisado referente a outro tipo de

destino do lixo na zona urbana do país, já que em todos os períodos analisados

esse valor foi nulo. Por outro lado, a maior assimetria positiva foi de 2,70, em

domicílios da zona urbana que destinavam seu lixo em rios, lagos ou mares; e a

maior assimetria negativa foi de -1,86, em domicílios da zona rural que

destinavam seu lixo em rios, lagos ou mares. Ambos tinham uma dispersão forte

em relação à simetria da distribuição dos dados analisados.

7.2.2 DIMENSÃO SOCIAL

Esta dimensão se refere ao nível de qualidade de vida da população, à

satisfação das necessidades humanas, à justiça social, ao nível de educação e às

condições básicas à sobrevivência humana. Inferiu-se os seguintes fatores nessa

dimensão: coeficientes de mortalidade, taxa de fecundidade, índice de Gini em

porcentagem, rendimento geral da população, esperança de vida ao nascer,

condições gerais na saúde do país, taxa de alfabetização e taxa de frequência

escolar (Figura 2).

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Figura 2 – Tabela da Estatística Básica de fatores do Indicador da Dimensão Social

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

O gráfico 7 mostra a disparidade entre o coeficiente de mortalidade dos

homens e das mulheres, enquanto houve uma mortalidade média por homicídio

de 50,78 homens por 100 mil habitantes homicídio, a mortalidade feminina foi

apenas de 4,3. Adicionalmente, o coeficiente de mortalidade por acidentes de

transporte para os homens foi em média 33,16, enquanto o das mulheres foi de

7,17. É importante observar que a probabilidade de uma mulher vier a óbito é

maior por acidentes por transportes públicos do que por homicídios. Já para os

homens a probabilidade de vierem a óbito é maior por homicídio.

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Gráfico 7 - Comparação da Média Histórica do Coeficiente de Mortalidades e suas Medianas

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

A taxa de fecundidade média foi de 2 filhos por mulher, desde 2000 a taxa de

fecundidade tem caído, isso ocorreu devido a diversos motivos como: o acesso à

informação, as mulheres estão decidindo ter filhos mais velhas, o número de

pessoas que moram sozinhas subiram. Outro dado importante é o

envelhecimento da população que também acarretou ao aumento da expectativa

de vida que foi em média de 72,66 anos e também tem aumentado desde 2000.

Informações da projeção populacional do IBGE indicam forte aumento da

população de idosos, que mostra a melhora da qualidade de vida da população,

uma condição importante que reforça a justificativa de que boas condições de

vida podem garantir mais anos de sobrevivência.

O índice de Ginimostra que em média, apresentou uma média de 52,63%,

sendo assim, um dos países mais desiguais do mundo, por estar mais próximo de

100% do que de 0%, isso torna o Brasil uma nação muito desigual em relação há

distribuição de renda e riqueza. O rendimento médio real dos homens foi e

permanece muito maior que o da mulher, com uma média de 118,65% sobre o

PIB per capita, enquanto a mulher tem um rendimento médio real de 79,34%

sobre o PIB per capita. A entrada das mulheres no mercado de trabalho formal

apresentou um valor médio de 49,01%, apesar de apresentar um número muito

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menor que a média e a dos homens, o número de mulheres no mercado formal e

o rendimento das mesmas tem crescimento em ritmo acelerado.

A taxa de mortalidade infantil apresentou uma média histórica de 20,64

óbitos por cem mil habitantes e vem caindo desde 2000. Praticamente 100% dos

menos de 1 ano de idade recebem as vacinas necessárias: BCG, Poliomielite,

Tríplice Viral e Tetravalente. Em média, 83,23% dos estudantes frequentam as

aulas, ainda há uma evasão significante de estudantes, que precisa ser analisada

pelo governo para a construção de uma educação de maior qualidade. No

período analisado, apenas 56,86% das moradias no Brasil são adequadas, apesar

do resultado baixo, a evolução de adequação tem sido possível, porém é lenta e

precisa ser tratada de forma mais intensa nas regiões norte e nordeste que

apresentam os menos índices de moradias adequadas.

O gráfico 8 mostra a desigualdade em relação a taxa de alfabetização de

brancos com a dos negros e pardos, 93,9% das pessoas brancas são

alfabetizadas, em contrapartida dos 86,34% dos negros e pardos. Isso ocorre

devido às desigualdades sociais, os índices de violência e a falta de

oportunidades em regiões rurais e em periferias urbana.

Gráfico 8 - Comparação da Média Histórica da Taxa de Alfabetização (em %)

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

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Esses dados levantam discussões e traz a necessidade de ações que

reexaminem questões referentes à saúde e educação, aspectos primordiais dentro

da construção de uma sociedade justa, igualitária e sustentável.

Não há assimetria de Pearson no percentual de vacinação BCG em

menores de 1 ano de idade, já que em todos os períodos analisados esse valor foi

de 100%. Por outro lado, a maior assimetria positiva foi de 1,45, rendimento

médio real dos homens de 15 ou mais anos de idade / PIB per capita; e a maior

assimetria negativa foi de –2,46, no percentual de vacinação Tríplice Viral em

menores de1 ano de idade.

7.2.3 DIMENSÃO ECONÔMICA

A dimensão econômica destaca o desempenho histórico do ambiente

externo econômico e financeiro do material coletado e os efeitos causados pelas

indústrias no consumo de recursos materiais e no uso de energia primária.

Variáveis do tipo taxa de investimento, saldo comercial, dívida externa,

consumo de energia, intensidade energética e proporção dos matérias reciclados

na indústria foram consideradas para a análise estatística do projeto (Figura 3).

Figura 3 – Tabela da Estatística Básica de fatores do Indicador da Dimensão Econômica

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

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A taxa de investimento manteve-se praticamente estável no período

analisado, uma média de 17,16%, apresentando quedas percentuais apenas nos

anos de 2009 e 2012, mostrando que o país possui um fortalecimento das

relações bilaterais em aspectos comerciais, formação de parcerias e atração de

investimentos em áreas como produção, infraestrutura, transportes e estrutura de

mercado para que mais indústrias, comércios e o desenvolvimento local como

um todo se fortaleça no intuito da geração de maiores níveis de renda e emprego.

O saldo comercial apesar de apresentar uma média de 21,57 bilhões, apresentou

um desvio padrão de 13,02 bilhões, isso ocorreu porque nos períodos analisados,

entre 2000 e 2014, houve oscilações muito grandes entre as exportações e

importações, por exemplo, em 2000 e em 2014, as importações ultrapassaram as

exportações do país, já entre 2004 e 2007 as exportações ultrapassaram as

importações em mais de 30 bilhões de dólares. O mesmo ocorre com a dívida

líquida externa, com uma média de 10,68% e um desvio de 12,88%, por

apresentar quedas crescentes em séries temporais em relação ao PIB desde 2003.

Em termos de consumo de energia per capita o Brasil houve um consumo

médio de 43,97 gigajoules por habitante, desde 2000, ano em que o país

apresentou um consumo de 41,5 gigajoules por habitante, o consumo tem

crescido desde então, esse aumento está relacionado ao grau de desenvolvimento

do país e ao maior acesso de bens de consumo essenciais e a serviços de

infraestrutura. A intensidade energética representou uma média de 21,39

toneladas de petróleo por cem reais, manteve-se estável em todos os períodos,

por isso apresentou uma variância pequena de 0,07.

O gráfico 9 explicita a participação das fontes de energia no país, há um

equilíbrio entre as duas fontes, 47,67% das energia utilizada no Brasil foi, em

média, oriunda de fontes não- renováveis, já as fontes de energia renováveis

representaram 52,33%. As fontes renováveis podem fornecer energia

continuamente, se adotadas estratégias de gestão sustentável, entretanto, as

fontes não renováveis apresentam, em média, ainda praticamente metade da

matriz energética do país.

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Gráfico 9 - Comparação da Média Histórica das Fontes de Energias (em %)

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

O gráfico 10, representa a proporção média dos materiais reciclados na

indústria brasileira, percebe-se que, o alumínio permaneceu em todos os

períodos como destaque de reciclagem nacional, uma média histórica de 92,76%

das latas foram recicladas, esse alto valor reflete a importância que o mercado dá

à sucata de alumínio. Além disso, diversos trabalhadores de baixa renda têm a

reciclagem de alumínios como fonte de renda. O papel, o vidro, as embalagens

PET (com maior dispersão) e as latas de aço, que apresentam um valor mais

baixo no mercado, representaram respectivamente uma média histórica de

44,19%, 45,25%, 47,55% e 46,69%. Apesar de apresentarem índices de

reciclagens mais baixos que a do alumínio, esses materiais continuam em ritmo

de crescimento no decorrer dos anos. As embalagens Longa Vida, representam o

menor patamar de reciclagem, porém também apresenta um ritmo de

crescimento. Isso pode ser explicado porque há dificuldade de reciclar esse

material por ele não pertencer à coleta seletiva tradicional (papel, alumínio,

plástico).

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Gráfico 10 - Comparação da Média Histórica dos Materiais Reciclados na Indústria e seus Desvios

Padrões (em %)

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

A maior assimetria positiva foi de 0,93(moderada) da porcentagem de

fontes de energia não renovável, e a maior assimetria negativa foi de -

1,73(forte), na porcentagem de latas de alumínios reciclados.

7.2.4 DIMENSÃO INSTITUCIONAL

A dimensão institucional do desenvolvimento sustentável menciona o

processo de cidadania, ao estado em que uma população possui liberdade para

exercer seus direitos, à capacidade, aptidão e mobilizações necessárias para a

consolidação das práticas sustentáveis.

Foram considerados dados percentuais relativos aos gastos nacionais em

pesquisa e desenvolvimento, fundos municipais do meio ambiente e acesso da

população a telefones e a internet (Figura 4).

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Figura 4 - Tabela da Estatística Básica de fatores do Indicador da Dimensão Ambiental

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

Os gastos com pesquisa e desenvolvimento no Brasil apresentaram uma

média histórica de 1,08 %, mantendo-se praticamente constante nos anos

analisados, mostrando que apesar de pequeno, o país dá importância à inovação

tecnológica dos produtos e serviços. As varáveis, com exceção dos gastos

nacionais em P& D em relação ao PIB e o uso de telefones fixos, apresentaram

grandes dispersões em relação à média histórica: 29,33% dos municípios

apresentaram algum fundo municipal do meio ambiente, com um desvio padrão

de 8,62%, os domicílios particulares com acesso à internet apresentaram uma

média de 23,02% e um desvio padrão de 6,22, a porcentagem de habitantes com

acesso à internet foi de 32,64% e um desvio de 7,59. Essa alta dispersão ocorre

devido ao crescimento exponencial desses fatores no decorrer dos anos. Como

mostra o gráfico 11 abaixo, o uso de telefones móveis celulares apresentou uma

média de 62,32% muito maior que a do uso de telefones fixos que foi de

29,25%. Em adição, o desvio padrão da porcentagem do uso de telefones móveis

celulares foi de 34,21, muito maior que a dispersão do uso de telefones fixos, de

2,4. Em 2010, o uso de telefones celulares já era maior que a quantidade da

população, uma relação de 1,05/1, e a partir daí foi só aumentando.

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Gráfico 11 - Comparação da Média Histórica do Uso de Telefones (em %)

Fonte – Autor, com dados da pesquisa

Não há assimetria de Pearson no fator analisado referente aos gastos com P& D,

pois não há grande diferença nos períodos analisados, já a porcentagem da

população que utiliza telefones fixos apresentou a maior assimetria, de 1,31,

forte e positiva.

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LOCAL:

DATA:

ASSINATURA DO(A) BOLSISTA:

ASSINATURA DO(A) PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A):

ASSINATURA DO(A) ORIENTADOR(A):