edital pibic/cnpq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/interfacelinguistica... ·...

29
1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE LETRAS - FALE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS - PPGL CENTRO DE REFERÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM - CELIN EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011 ENSINO DA LEITURA NA INTERFACE LINGUÍSTICA E LITERATURA: OBJETOS DE APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA Profª. Dr. MARIA TEREZA AMODEO Orientadora Porto Alegre, junho de 2010

Upload: duonganh

Post on 08-Dec-2018

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

1

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE LETRAS - FALE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS - PPGL

CENTRO DE REFERÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM - CELIN

EDITAL PIBIC/CNPq

2010/2011

ENSINO DA LEITURA NA INTERFACE LINGUÍSTICA E LITERATURA:

OBJETOS DE APRENDIZAGEM COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

Profª. Dr. MARIA TEREZA AMODEO Orientadora

Porto Alegre, junho de 2010

Page 2: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

2

SUMÁRIO

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO.......................................................................03

1.1 DA ENTIDADE................................................................................04

1.2 DO PROJETO.................................................................................04

2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA.........................................................05

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................09

3.1 LEITURA: UMA PERSPECTIVA DA LINGUÍSTICA ......................09

3.1.1 Leitura como Processo Cognitivo ........................................09

3.1.2 Compreensão da Leitura e Planos Constitutivos da Língua11

3.1.3 Leitura em Ambiente Virtual .................................................12

3.2 A LEITURA DA LITERATURA .......................................................13

3.3 A LEITURA NA INTERFACE DOS CAMPOS DA LINGUÍSTICA E

DA LITERATURA ...........................................................................19

3.4 UM ESPAÇO PARA OBJETOS DE APRENDIZAGEM EM

AMBIENTE VIRTUAL NO ENSINO DA LEITURA..........................22

4 OBJETIVOS..................................................................................................23

4.1 GERAL ...........................................................................................23

4.2 ESPECÍFICOS ...............................................................................23

5 QUESTÕES DE PESQUISA.........................................................................23

6 METODOLOGIA............................................................................................24

7 RESULTADOS ESPERADOS......................................................................24

8 REFERÊNCIAS ...........................................................................................25

9 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO ..............................................................28

10 PLANO DE ATIVIDADES DO BOLSISTA .................................................39

Page 3: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

3

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1.1 DA ENTIDADE

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Nome e cargo do dirigente:

Prof. Ir. Joaquim Clotet – Reitor

Unidade Acadêmica Responsável pelo Projeto:

Faculdade de Letras – PUCRS

Diretora da Unidade Acadêmica:

Profª. Dr. Maria Eunice Moreira

Setores Executores do Projeto:

Programa de Pós-Graduação em Letras

Coordenadora: Profª. Dr. Ana Maria Lisboa de Mello

Centro de Referência para o Desenvolvimento da Linguagem/ CELIN

Coordenadora: Profª Dr. Vera Wannmacher Pereira

Grupos de pesquisa no CNPq:

Literatura e Estudos Culturais

Aquisição, aprendizado e processamento cognitivo da linguagem:

instrumentos, procedimentos e tecnologias

Linha de Pesquisa do PPGL: Fundamentos Linguístico-literários da

Linguagem

Núcleo de Pesquisa em Tecnologias para Aprendizagem de Língua e

Literatura

Pró-Reitorias envolvidas:

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação:

Prof. Dr. Jorge Luis Nicolas Audy

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação:

Profª. Dr. Solange Medina Ketzer

Page 4: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

4

1.2 DO PROJETO

Título:

Nome e endereço da Coordenadora do Projeto:

Profª. Dr. Maria Tereza Amodeo

Rua Edgar Luiz Schneider, 550 – casa 109 CEP 90880370 –

Porto Alegre/RS

Fone: 32428760

E-mail: [email protected]

Equipe responsável pelo Projeto:

Dr. Maria Tereza Amodeo – Coordenadora

[email protected]

Dr. Solange Medina Ketzer - Pesquisadora

[email protected]

Dr Vera Wannmacher Pereira – Pesquisadora

[email protected]

Dr. Jocelyne da Cunha Bocchese – Pesquisadora

[email protected]

Page 5: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

5

2 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

A escola de ensino básico tende a sistematicamente repetir um modelo

de aula em que a língua, vista de forma totalmente descontextualizada dos

seus possíveis usos, é abordada por meio de segmentos que devem ser

identificados, categorizados, nomeados de acordo com a nomenclatura

gramatical vigente.

No entanto, é somente a partir do texto1, em que frases e palavras estão

articuladas de forma a produzir significado, que se pode abordar a língua de

forma lúcida e inteligível. Assim, o ensino de Língua Portuguesa deve

considerar a linguagem na sua complexidade e, também, nas suas

especificidades, de acordo com os diferentes registros. Para o domínio da

língua, é importante que o indivíduo tenha acesso às formas textuais, tanto por

meio da leitura como por meio da produção escrita. Tais experiências com a

linguagem contribuem para a formação de cidadãos críticos e culturalmente

bem preparados.

Nessa perspectiva, deve ser abordada a Literatura, considerando-se as

suas particularidades, já que se constitui como uma espécie de gramática ou

de sintaxe com relações próprias relativamente estáveis: a conjugação de

gêneros, modos de expressão, estilos e figuras retóricas.. A esse domínio de

estabilidade opõe-se o domínio de uma semântica, muito mais sujeito à

variação: temas literários, arquétipos, símbolos e metáforas. (JAUSS, 1993, p.

101)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino fundamental

preconizam a utilização do texto como unidade essencial do ensino de Língua

Portuguesa neste nível, de tal forma que “não é possível tomar como unidades

básicas do processo de ensino as que decorrem de uma análise de estratos -

letras/fonemas, sílabas, palavras, sintagmas, frases - que,

descontextualizados, são normalmente tomados como exemplos de estudo

gramatical e pouco têm a ver com a competência discursiva. Dentro desse

marco, a unidade básica do ensino só pode ser o texto” (p. 23). Por isso, faz-se

1 Aqui a noção de texto deve ser entendida de forma ampla, incluindo toda a forma de produção de

linguagem que possui uma lógica interna de organização, quer seja na linguagem oral, como na escrita.

Page 6: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

6

necessário que a leitura não seja trabalhada somente nos quatro primeiros

anos do nível fundamental, mas que seja uma atividade contínua e crescente.

De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio

(Conhecimentos de Literatura), o ensino de Literatura no Nível Fundamental,

no período de 5ª a 8ª série, deve ser organizado de maneira menos sistemática

e mais aberta, no que tange à escolha das obras a serem trabalhadas,

mesclando livros de Literatura infanto-juvenil a outros considerados como

Literatura dita “canônica” (7ª e 8ª séries).

Alinhadas às teorias contemporâneas de abordagem da linguagem, as

Orientações Curriculares para o Ensino Médio recomendam a valorização da

leitura do texto literário propriamente dito - e não a metaleitura -, motivando os

estudantes por meio de atividades de finalidade imediata, que tornem

necessária a leitura, sem memorização de características de épocas, estilos,

etc. “Trata-se, prioritariamente, de formar o leitor literário, melhor ainda, de

“letrar” literariamente o aluno, fazendo-o apropriar-se daquilo a que tem direito.”

(p.54). E é no ensino fundamental que isso deve acontecer.

Partindo da definição de “letramento” de Magda Soares (2004 apud

BRASIL, 2006), como “o estado ou condição de quem não apenas sabe ler e

escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita”, as

Orientações consideram “letramento literário como estado ou condição de

quem não apenas é capaz de ler poesia ou drama, mas dele se apropria

efetivamente por meio da experiência estética, fruindo-o” (p.55).

Hoje, os indivíduos são sistematicamente surpreendidos, envolvidos,

cercados e atraídos por imagens. A superexposição a informações, que

chegam sem medida, critério ou controle pelos diferentes meios eletrônicos,

envolve as pessoas num universo cultural que, apesar de todas as críticas que

possam ser feitas, é plural e, de certa forma, rico. Assim se configura o nosso

tempo, orientando perspectivas, definindo mentalidades, influenciando as

escolhas de toda sorte.

As informações obtidas por esses meios podem ser consideradas

superficiais, genéricas, fúteis ou inócuas, mas também remetem sistemática e

simultaneamente a outras realidades, a outras imagens, a outros textos,

estabelecendo, assim, conexões com outros constructos culturais.

Page 7: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

7

Pais, educadores e especialistas devem perceber e considerar esse

contexto ao implementarem qualquer prática educativa. Assim, devem

considerar que, para a fruição do texto literário, é necessário conhecê-lo

profundamente - o que implica compreendê-lo, isto é, depreender os tópicos

significativos, descobrir as amarrações linguísticas que os constituem, perceber

os efeitos de sentido, fazer inferências sobre as relações do texto com mundo,

consigo mesmo e com os outros.

A ação pedagógica, voltada para a compreensão da leitura e para a

formação de leitores, exige, pois, um olhar mais abrangente para o universo

cultural a que os indivíduos em geral, e em especial os jovens, estão inseridos,

descartando-se aquela visão maniqueísta, ou apocalíptica (ECO, 1993) de

conceber a arte como algo sagrado, puro, etéreo, que está acima das

influências mundanas. A literatura, como todas as manifestações textuais,

exercem diferentes papéis sociais, todos importantes dentro dos contextos em

que são produzidos. Embora essa possa parecer uma constatação óbvia para

alguns estudiosos e professores, as práticas escolares de ensino da leitura

ainda revelam procedimentos inadequados à realidade contemporânea, no que

se refere à seleção de textos a serem incluídos, assim como as abordagens

propostas.

O processo de formação de leitores, nas séries iniciais do ensino

fundamental, conta com o impulso originado pelo interesse natural das crianças

em fase de alfabetização, quando livros e histórias são portas para um novo

mundo que se abre. Em depoimentos de professores das séries iniciais,

constata-se que as visitas sistemáticas às bibliotecas escolares e a indicação

de leituras constituem-se em práticas frequentes. Embora os docentes dessa

fase do ensino precisem também ser preparados para a indicação de leituras a

partir de critérios estéticos mais adequados, é possível afirmar que os

pequenos leem ou, pelo menos, manuseiam muito mais os livros que os

jovens.

Nas séries finais do ensino fundamental, observa-se um crescente

distanciamento entre os adolescentes e a leitura, principalmente a da literatura.

Sabe-se que neste período, por motivações pessoais ou do grupo, surgem

outros interesses e opções culturais - tais como a música, a dança, o cinema, a

internet - que concorrem com a arte literária. Diante de tantas possibilidades, é

Page 8: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

8

natural uma diminuição do contato com a leitura, tanto a da Literatura a de

outros gêneros.

Neste contexto, em que o acesso ao texto escrito pode se dispersar com

facilidade, é tarefa do professor das disciplinas de Língua Portuguesa e de

Literatura investir na formação de leitores. As propostas de abordagem da

leitura precisam, pois, ser atualizadas às emergências do nosso tempo.

Os depoimentos e registros de estudantes de Letras da PUCRS em

estágio nas escolas de ensino fundamental de Porto Alegre2 sobre

procedimentos adotados por certos professores são surpreendentes. Embora

haja registros de boas práticas de ensino da leitura, elas não são

predominantes. Os relatos das aulas observadas antes da prática pedagógica

realizada pelos graduandos evidenciam um quadro realmente deprimente no

que se refere à forma como a leitura tem sido trabalhada neste nível de ensino.

Muitos professores focalizam seu trabalho apenas na gramática da língua;

outros sugerem leituras inapropriadas, sem qualquer preparação ou adequação

aos interesses ou nível de leitura dos alunos; e, pior, muitos, por diferentes

razões, deixaram de ser leitores (ou nunca foram), portanto são incapazes de

proceder a uma orientação legítima no que se refere à leitura; além disso,

estão desatualizados em relação à produção contemporânea.

Considerando a realidade do ensino da língua e da literatura nas escolas

de nível básico, a Faculdade de Letras da PUCRS, por meio do Centro de

Referência para o Desenvolvimento da Linguagem - CELIN -, tem percorrido,

desde 2000, uma expressiva trajetória no sentido de contribuir com iniciativas,

eventos e projetos de pesquisa3 para a melhoria do ensino da língua e da

literatura, estreitando, assim, os laços, entre a academia e a escola.

2 Tais informações foram recolhidas pela professora da disciplina de Estágio Supervisionado de Ensino

fundamental, também coordenadora deste projeto no primeiro semestre de 2009. 3 Algumas dessas iniciativas são: sete edições da Capacitação de Contadores de Histórias para o público

interno e externo da PUCRS; palestras sobre Contos de Fadas para professores de séries iniciais; o

Projeto Integrado Universidade/Escola, com a Escola Estadual de Ensino Fundamental Professor

Leopoldo Tietböhl, de Porto Alegre; o Projeto Formação do Leitor-Professor/Aluno de Literatura, que

recebeu cerca de duzentos professores de Língua Portuguesa e de Literatura de escolas das redes pública e

privada de ensino durante as suas várias etapas; o Projeto Multiculturalismo e Ensino da Literatura, que

permitiu a constituição de consistente base teórica para a proposição de estratégias de ensino da Literatura

tanto no nível fundamental como médio; as quatros edições do Relendo a Literatura, que, desde 2006,

reúne, em vários encontros anuais, alunos e professores de ensino médio interessados em ler e analisar

obras canônicas da língua portuguesa a partir de abordagens inovadoras; o Projeto Relendo a Literatura

na Escola: o cânone na contemporaneidade, em fase de finalização da publicação de obra de apoio

Page 9: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

9

O presente projeto pretende associar as pesquisas desenvolvidas nos

campos teóricos da Linguística e da Teoria da Literatura, com o objetivo de

desenvolver um trabalho conjunto que estimule a leitura, guardadas as

especificidades dos diferentes tipos textuais e dos substratos teóricos de

ambas as áreas.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O projeto está fundamentado na leitura, na perspectiva da Literatura e da

Linguística em interface, e na perspectiva da Educação, no que se refere a

objetos virtuais de aprendizagem.

3.1 LEITURA: UMA PERSPECTIVA DA LINGUÍSTICA

Sendo objeto de investigação, no presente projeto, a leitura por alunos

de ensino universitário e médio de escolas públicas e particulares, a base

teórica, no que se refere à perspectiva da Linguística, sustenta-se nos

fundamentos psicolinguísticos, considerando a leitura como processo cognitivo.

Nesse processo, são focalizados os planos constitutivos da língua, que fazem a

organização linguística do texto. Essa combinação, apoiada pela Educação,

neste projeto, funda a perspectiva da Linguística para a produção virtual de

objetos de aprendizagem, sua aplicação, sua investigação e sua

disponibilização na comunicadade acadêmica e escolar.

3.1.1 Leitura como Processo Cognitivo

Nessa acepção, ler significa realizar fundamentalmente dois

processamentos – bottom-up e top-down.

pedagógico a professores de Literatura do ensino médio, que reúne as aulas ministradas nos eventos

referidos no item “e”, consideradas como aulas-conceito, por sistematizarem a proposta teórica do projeto

a serem socializadas por meio de palestras/cursos; g) o Projeto Contando (a) História na

Contemporaneidade: uma abordagem interdisciplinar para o ensino da Literatura e da História no nível

fundamental, que associa as duas áreas; h) o Projeto Compreensão Leitora por alunos do Ensino Médio, que avaliou as condições de leitura de alunos do Ensino Médio; i) o Projeto Predição Leitora, que teve

como sujeitos alunos de séries iniciais do Ensino Fundamental e desenvolveu materiais de ensino da

leitura virtuais e não virtuais com gêneros diversos; j) o Projeto Aprendizado da leitura em ambientes

virtual e não virtual, que investigou estratégias de leitura junto a alunos de 5ª/6ª séries do Ensino

Fundamental; l) o Projeto Poesia e Alfabetização, envolvendo crianças e professores de 6 anos de escola

pública; o Projeto E-book: compreensão e satisfação, que envolveu professores do Ensino Fundamental e

gerou dois e-books a eles dirigidos.

Page 10: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

10

O processamento bottom-up caracteriza-se como ascendente, fazendo o

movimento das partes para o todo. Constitui-se numa leitura linear, minuciosa,

vagarosa, em que todas as pistas visuais são utilizadas. É um processo de

composição, uma vez que as partes gradativamente vão formando o todo,

tendo como eventos, fixação ocular e movimento sacádico, representação

icônica do percepto-visual, identificação da letra, mapeamento das letras,

busca da entrada lexical, armazenamento na memória primária, passagem

para a memória secundária.

O processo top-down, defendido especialmente por Goodman (1991) e

por Smith (2003), caracteriza-se como um movimento não linear que faz uso de

informações não visuais. Desse modo, dirige-se da macroestrutura para a

microestrutura, da função para a forma. O modelo de Goodman baseia-se na

concepção antecipatória da leitura, segundo o qual são utilizadas

simultaneamente as informações grafo-fônicas, sintáticas (padrões sentenciais,

marcadores desses padrões e regras transformacionais) e semânticas

(vocabulário, conceitos e experiências do leitor). Ainda segundo Goodman, o

processo cognitivo de leitura se altera, a partir de algumas variáveis: objetivo

da leitura, conhecimento prévio do conteúdo, condições de produção do texto,

tipo de texto e estilo cognitivo do leitor. Tais variáveis determinam o processo

de leitura – ascendente ou descendente. Smith, que defende o processo de

leitura como a busca das pistas lingüísticas construídas pelo escritor, considera

que o caminho fonológico é incômodo e pouco confiável, não sendo funcional

na leitura fluente e interferindo na aprendizagem da leitura. A informação não

visual, por sua vez, é de grande importância, uma vez que o significado, que é

indispensável para o leitor, não está nas marcas superficiais do texto, mas nos

conhecimentos prévios sobre o assunto e sobre a linguagem que o leitor traz,

que podem fazê-lo perceber determinados aspectos visuais do texto.

As propostas de leitura como processo interativo não se constituem em

negação do modelo cognitivista. Procuram, na verdade, explicar a inter-relação

dos processos ascendente e descendente durante a leitura, considerando a

leitura como um processo construtivo.

Neste projeto de pesquisa, é evitado o estabelecimento de rótulo de um

modelo. A marca assumida é a de que os dois movimentos são utilizados pelo

leitor, dependendo da situação que se apresenta durante a leitura. Nesse

Page 11: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

11

sentido, o sucesso do desempenho na compreensão da leitura está na escolha

do processo mais eficiente para dar conta dessa situação, em que variáveis se

inter-relacionam e influenciam as escolhas do leitor.

O processamento cognitivo da leitura ocorre através de dois grupos

básicos de estratégias: cognitivas e metacognitivas. As estratégias cognitivas

caracterizam-se pelos traços intuitivo e inconsciente, enquanto as

metacognitivas caracterizam-se pela consciência, pela intenção de

monitoramento do próprio processo. Constituem-se em exemplos de

estratégias cognitivas pressuposições intuitivas do leitor, tais como a de que o

texto é, a priori, coerente, a de que determinadas ordenações são impossíveis

e a de que a escrita, em nossa cultura, ocorre da esquerda para a direita.

Constituem-se em exemplos de estratégias metacognitivas situações de

monitoramento do processo com o objetivo de garantir a compreensão, tais

como: a definição e o controle do objetivo da leitura, a identificação de

segmentos importantes, a distribuição da atenção, a avaliação da qualidade da

compreensão e a tomada de medidas corretivas (COLOMER; CAMPS, 2002).

O exame dessas estratégias expõe os elementos que internamente os

constituem e que estão distribuídos nos planos constitutivos da língua – fônico,

mórfico, sintático, semântico e pragmático (PEREIRA, 2009a)

3.1.2 Compreensão da Leitura e Planos Constitutivos da Língua

Trazer o trabalho de compreensão da leitura para dentro do ensino

supõe assumir como objetivo pedagógico o desenvolvimento do processo

cognitivo de leitura, o que exige dar um lugar especial à organização linguística

do texto (ADAM, 2008). Nessa dimensão, a compreensão da leitura realiza-se

através da consciência do leitor sobre a linguagem. Daí a importância de uma

ação pedagógica de uso de procedimentos eficientes, uma vez que possibilita

ao aluno saber usar novas estratégias, avaliar a eficiência dos diferentes tipos

de estratégias e decidir quando é procedente transferir uma determinada

estratégia para uma nova situação.

Estabelecido e assumido esse objetivo, introduzi-lo no ensino exige

promover recortes linguísticos que associem fonologia (rima, aliteração, ritmo,

relação fonema/grafema), morfologia (estrutura vocabular, processos flexionais

Page 12: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

12

e derivacionais, emprego de categorias gramaticais), sintaxe (funções

gramaticais, relações de coesão gramatical), semântica (significados,

polissemia, relações de coesão lexical e coerência) e pragmática (relações

entre a linguagem e as situações de uso), recusando as usuais segmentações

dissociadoras.

Construído esse recorte, cabe, ainda, assumir conscientemente o ponto

de vista da heterogeneidade – teórica, no que se refere à ciência,

metodológica, no que se refere à ação pedagógica, e de aprendizagem, no que

se refere à ação cognitiva individual para construir a compreensão leitora.

Apropriado e instituído esse conjunto de concepções, cabe, acima de

tudo, assumir o ponto de vista de que o processo cognitivo de compreensão da

leitura não se realiza linearmente, mas em rede, do que decorre sua natureza

de jogo e consequentemente de risco que exige da parte do leitor o manejo de

processos ascendentes e descendentes e de estratégias cognitivas e

metacognitivas de leitura, especificamente de jogos de predição (KLEIMAN,

1989).

3.1.3 Leitura em Ambiente Virtual

Com frequência há, na família, na escola, na sociedade em geral, a

convicção de que o computador é um dos grandes obstáculos para que as

crianças e os jovens gostem de ler.

Estudos que vêm sendo desenvolvidos (PEREIRA In: BORTOLINI;

2003;) não confirmam esse entendimento. Salienta-se, primeiramente, a esse

respeito, que as pesquisas sobre redes cognitivas permitem o estabelecimento

de semelhanças entre o processo cognitivo de leitura e o sistema que constitui

o computador. Disso decorre principalmente a adequação desse equipamento

como caminho para a pedagogia da leitura. Além disso, a dimensão interativa

que ele possibilita, movida pela ação desenvolvida pelo aluno e pelo

professor/monitor, torna o trabalho pedagógico mais produtivo, pois é mais

eficiente e mais lúdico, mantendo esses usuários interessados no trabalho que

é proposto. Revela-se, como decorrência, o fato de que, utilizando-o como

ferramenta, o processo de aprendizado se acelera associado ao fato de que o

grau de satisfação é elevado, acentuando-se o crescimento da auto-estima.

Page 13: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

13

Essas constatações estão provavelmente vinculadas ao processo de

interação que se estabelece entre o usuário e a máquina e às associações

possíveis entre as redes cognitivas daquele e as redes eletrônicas dessa.

Diante disso, não pode ser negada a existência de um equipamento

atraente e que traz em si a possibilidade de constituir-se em elemento

instigador do desejo de ler e, o mais importante, orientador do processo de ler.

Paralelamente, o computador, através dos softwares, dispõe de

recursos para registro do processamento da leitura, desde que delimitados e

programados para os objetivos traçados. No caso do presente projeto, o Flash

oferece um conjunto de possibilidades para isso, estando, então, previstos

esses recursos para registro dos percursos do leitor (PEREIRA; PICCINI,

2006).

É o conjunto dessas condições que garante ao computador um espaço

privilegiado neste projeto.

3 .2 A LEITURA DA LITERATURA

A leitura da Literatura é uma questão que tem sido tratada pelos mais

competentes especialistas a partir das mais variadas perspectivas teóricas. Há

uma concordância praticamente generalizada de que a escola deve assumir o

papel de formar leitores nessa realidade que oferece tantas opções, mas que

não orienta. Para isso, entretanto, o professor deve estar preparado a fim de

que seja capaz de criar estratégias de aproximação entre a obra literária e o

leitor virtual, o aluno, num mundo marcado por tanta complexidade.

O professor é, efetivamente, o mediador do processo de formação do

leitor. É ele o responsável pela criação e realização das estratégias que vão

permitir e facilitar o acesso dos alunos aos textos, independente do suporte em

que forem apresentados.

[...] o professor fica encarregado de uma das mais árduas tarefas: interiorizar o que aprendeu na universidade, mas, em vez de ensiná-lo, fazer com que esses conceitos e técnicas se transformem numa ferramenta invisível. (TODOROV, 2009, p. 41)

Dessa maneira, o professor deve preocupar-se menos em ensinar

métodos de abordagem da Literatura e focar seus esforços em aproximar o

estudante dos textos propriamente ditos. Por “ferramentas” devem ser

Page 14: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

14

entendidas as teorias de abordagem da Literatura com seus respectivos

conceitos, a serem utilizados pelo professor como fundamento para a análise

dos textos, sem, no entanto, se tornarem o foco do trabalho.

O aluno deve primeiro desfrutar da leitura das obras e, paulatinamente,

ampliar os sentidos que aprioristicamente atribuiu, por meio da intervenção

teoricamente fundamentada do professor, evitando aquilo que tem se

configurado como prática usual, conforme aponta Todorov: “na escola, não

aprendemos acerca do que falam as obras, mas sim do que falam os críticos”

(2009, p. 27). Aprenderá, pois, o jovem estudante o que é Literatura pela

prática orientada de leitura, que deve se pautar nos conceitos que determinam

as especificidades do fazer literário.

Na proposição de um projeto de formação de leitores, parte-se do

fundamento dos estudos literários que estabelece a idéia de arte literária como

imitação da natureza, conforme Aristóteles, associada à função da Literatura de

agradar e instruir, conforme Horácio (1990). As relações com o mundo se

estabelecem na obra literária numa via de mão dupla - tanto a partir do autor

como do leitor -, o que deve ser considerado em qualquer trabalho pedagógico

com a Literatura.

As obras literárias se constituem como universos ficcionais autônomos,

de forte sentido imaginativo e apelo estético, através de elementos articulados

de forma coerente e altamente organizada. Em fontes dessa ordem, a

representação/expressão de questões atinentes ao homem já está trabalhada.

A Literatura oferece grandes histórias, protagonizadas por grandes

personagens, criadas através dos sentidos suscitados pelo tratamento artístico

da linguagem.

A Literatura, assim como todas as artes canônicas, tem sido objeto de

estudos que buscam verificar as suas formas de realização nestes tempos pós-

modernos, marcados por tantas possibilidades e contradições. A composição

do texto literário propriamente dito incorpora os elementos dessa

contemporaneidade controversa, através de uma intensa rede de interferências

típica da sociedade do capitalismo tardio.

Dessa forma, procede a afirmação de Néstor García Canclini que, ao

analisar as culturas híbridas, salienta a necessidade de se criarem ciências

sociais nômades, capazes de circular pelas escadas que comunicam os

Page 15: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

15

diferentes andares de uma estrutura cultural concebida em três divisões

rígidas, que devem ser revistas: o estudo do “culto” proposto pela História da

arte e da Literatura, o do “popular”, pelo folclore e pela antropologia, e o da

cultura de massa, pela comunicação (CANCLINI, 1989, p.15)4.

A própria Literatura, nesse sentido, realiza-se como parte de uma

estética balizada por princípios caracterizadores de uma época que

dessacraliza a arte, inserindo-a na indústria cultural através de uma rede de

influências que configura uma outra sensibilidade, muito diferente daquela

proposta pelas utopias modernistas, trazendo marcas de um processo de

globalização que redimensiona os elementos determinantes das identidades

culturais.

O universo literário sugere uma simulação da realidade, através de um

sistema de modelização, conforme Iuri Lotman (1978, p.37), cujos princípios

artísticos fundamentam uma produção cultural destituída de fins imediatistas

e/ou utilitários, embora comprometidos com o projeto ideológico da obra

original.

As produções simbólicas da realidade contemporânea — marcada pelo

fenômeno da globalização — assumem uma configuração muito particular,

tendo em vista a convivência entre o “global” e o “local” — conceitos que

redimensionam significativamente a questão das identidades culturais.

Entendendo a expressão literária como uma consequência do desenvolvimento

humano, as inovações tecnológicas não podem ser vistas como um risco, mas

sim como auxiliares, que podem vir a colaborar para a democratização da

informação e da própria arte literária.

Se realmente o homem do século XXI está vivendo uma época de

transição, como foi identificado por Lévy (1999), cabe a ele perpetuar os textos

literários, adaptando-os aos novos suportes. Neste caso não se trata de uma

substituição do livro, mas de explorar novas formas de difundir a experiência

provocada pela ação da leitura.

Como bem cultural, o livro faz parte de um mecanismo de consumo que

também vem sendo alterado. Ao mesmo tempo em que os educadores afirmam

que os jovens estão se afastando da leitura, um grande número de publicações

4 Tradução da coordenadora do projeto.

Page 16: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

16

surgem e a quantidade de exemplares vendidos aumenta a cada ano.

Fenômenos como Harry Potter têm provocado mudanças nos discursos que

previam o fim do livro.

Nessa perspectiva, em se tratando do ensino da Literatura, deve-se

partir do conceito de discurso literário como uma construção que vai além das

elaborações linguísticas usuais, porque menos pragmática, marcada

essencialmente pela transgressão, o que favorece o exercício da liberdade,

contribuindo para o amadurecimento sensível do indivíduo.

A associação da Literatura à idéia de prazer é vista, na maioria dos

casos, de forma negativa, pois se opõe ao mundo do trabalho. O conceito de

“prazer estético”, já apontado por Aristóteles, não deve ser confundido com

“palatabilidade”, ou seja, deve-se descartar a associação com leituras que

promovam apenas um lazer descompromissado, gratuito. “Prazer estético”,

nessa perspectiva, é proveniente dos sentidos e da intelectualidade. Trata-se

de uma apropriação de conhecimento de ordem diferente da racional, da

quantificável. “Ensinar Literatura” diz respeito a educar a sensibilidade, como

um direito de todos. Apesar das particularidades do texto literário, é preciso

situá-lo no contexto geral do processo de leitura, do qual, efetivamente não

prescinde.

Ao tentar definir Literatura e a sua importância, Jonathan Culler (1999)

destaca cinco enfoques que podem ser cruzados, mas que não produzem uma

síntese. A Literatura é abordada, então, como: colocação em primeiro plano da

linguagem; como integração da linguagem; como ficção; como objeto estético;

e, por último, como construção intertextual ou auto-reflexiva. Nessa perspectiva

cabe salientar a importância que exerce a simples classificação de um texto

como literário, pois desperta antecipadamente a atenção do leitor para

aspectos sonoros e outros tipos de ordem linguística, o que exige a ação

imediata da mente. Ao abordar o aspecto da ficcionalidade e seus efeitos no

leitor, Culler afirma:

A obra literária é um evento linguístico que projeta o mundo ficcional que inclui falantes, atores, acontecimentos e um público implícito (um público que toma forma através das decisões da obra sobre o que deve ser explicado e o que se supõe que o público saiba). [...] A ficcionalidade da Literatura separa a linguagem de outros contextos nos quais ela poderia

Page 17: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

17

ser usada e deixa a relação da obra com o mundo aberta à interpretação. (1999, p. 37-39)

Ao entender a Literatura como uma manifestação linguística em que a

reflexão sobre as implicações dos meios de expressão desperta a atenção para

entender como o sentido se faz e o prazer se produz, destaca-se o grande

poder de comunicação que o texto literário possui, acrescentando ainda a

própria experiência cultural que a obra pode encerrar, independente do meio

em que ela possa se manifestar.

Hoje, as informações são veiculadas pelas mídias eletrônicas, o que

influencia até a linguagem da Literatura, que se adapta às formas de

comunicação contemporâneas, calcadas na audição e na visão. Nesse

contexto, a propulsão desenfreada de informações por vezes exclui a reflexão.

Incorporando-se ao ritmo atropelado da eletrônica, a Literatura não mais se

constitui como força motriz do processo cultural.

Sendo, então, o leitor encarado como o foco desse processo,

elege-se a teoria da estética da recepção como abordagem do

texto literário. A recepção deve ser entendida como a

possibilidade de “concretização pertinente à estrutura da obra,

tanto no momento da sua produção como no da sua leitura,

que pode ser estudada esteticamente, o que dá ensejo à

denominação da teoria de estética da recepção”. (BORDINI &

AGUIAR, 1988, p.82)

Tanto como produção, assim como leitura, a obra realiza-se pelo

cruzamento de vários contextos, executada através da conjunção de várias

realidades culturais e históricas:

Nesse sentido, discute-se o próprio conceito de Literatura como

um sistema de sentido fechado e definitivo, que ela

indubitavelmente é enquanto simples objeto escrito, anexando-

se-lhe a dimensão da sua leitura como parte inerente a tal

sistema, o que resulta na abertura desse para relações com o

mundo histórico extratexto. (BORDINI & AGUIAR, 1988, p.82).

A opção por essa linha teórica não exclui outras possibilidades de

abordagem do texto literário, mas se justifica exatamente porque o projeto se

organiza no sentido de desacomodar o indivíduo da sua situação estável,

Page 18: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

18

cômoda, resignada de consumidor de modelos culturais massificados. Tendo

como base teórica os estudos de Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser, propõe-

se partir desse universo cultural do indivíduo e ampliá-lo:

A reconstituição do horizonte de expectativa tal como ele

existia no momento de criação e de recepção de uma obra

possibilita, para além do mais, pôr questões às quais o texto

dava uma resposta, e fazer-nos entender assim como é que o

leitor de então o via e compreendia. Esta abordagem permite

corrigir a influência, quase sempre inconsciente, das normas de

uma concepção clássica ou modernista da arte e dispensar o

recurso à noção de um espírito da época, noção que conduz a

um círculo vicioso. (JAUSS, 1993, p.78)

Apesar de conscientes da configuração do texto literário, os professores

responsáveis pela formação dos leitores evidenciam certas dificuldades em

incorporar essa concepção à sua prática pedagógica, considerando-se as

limitações das mais variadas ordens, que muitas vezes impõem e cristalizam

comportamentos padronizados.

Os jovens e as crianças de hoje têm acesso muito facilitado a diferentes

formas de informação, manifestações culturais, etc. Os professores têm uma

formação fragmentada e superficial, mas, por outro lado, também marcada por

novos códigos, novas formas de relação e de conhecimento.

Essa realidade exige dos professores uma postura renovada no que se

refere à formação de novos leitores. Estudar abordagens teóricas do texto

literário, analisar metodologias de ensino, que levem em conta o universo

cultural tão plural contemporâneo são ações que definem novos rumos de

pesquisa e de procedimentos pedagógicos.

A proposição de procedimentos pedagógicos organizados por meio de

Objetos de Aprendizagem voltados para a leitura da literatura, tendo

preservadas as especificidades desse tipo textual, na perspectiva aqui eleita,

constitui parte do grande desafio deste projeto, que se impõe pelas

emergências da contemporaneidade. A associação com o suporte teórico da

Linguística, conforme explicitado, com vistas a contribuir na construção dos

sentidos do texto literário revela uma abordagem inovadora e promissora no

que se refere à busca de novos paradigmas para o ensino da leitura.

Page 19: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

19

3.3 A LEITURA NA INTERFACE DOS CAMPOS DA LINGUÍSTICA E DA

LITERATURA

A busca de formas de aproximação entre a Linguística e a Literatura

percorre os tempos. Em alguns momentos, esse movimento foi mais intenso,

em outros, pendularmente, mais tênue. Na medida em que os conhecimentos

científicos dessas áreas avançaram, esses desejos de aproximação deram

lugar aos de afastamento.

Atualmente, os conceitos da pós-modernidade estão a produzir no ser

humano sentimentos de, ao mesmo tempo, valorização da heterogeneidade e

de busca do acolhimento das diferenças. É desejo desse ser encontrar os fios

que tecem as diferenças e definem as convergências. Nessa condição, as

aproximações ganham relevância – de idéias, de pontos de vista, de

entendimentos...

Ressurge, então, mais uma vez o interesse pela aproximação entre a

Linguística e a Literatura. Paralelamente se colocam as questões: como

realizá-la? como estabelecer as conexões? quais os paradigmas possíveis?

como defini-los e constituí-los?

Como primeiro componente de um paradigma de interface, podemos

pensar na importância da organização linguística do texto para a construção da

literariedade. Nessa concepção, a análise dos elementos linguísticos

marcadores dos planos que constituem a língua pode ganhar um espaço

especial. Assim, explorar o plano fônico (sonoridade e ritmo), o plano mórfico

(estrutura vocabular e uso de categorias gramaticais), o plano sintático

(funções sintáticos e elementos coesivos gramaticais), o plano semântico

(significados dos vocábulos, polissemia, elementos coesivos lexicais e

coerência) e o plano pragmático (relações entre o texto e as situações de uso)

pode contribuir para a realização de inferências de elementos da literariedade

do texto (PEREIRA, 2009b).

Esses elementos que compõem os planos linguísticos encontram-se

presentes nos mais diferentes textos, sendo que contribuem todos de alguma

forma para a compreensão e interpretação literária. No entanto, há que

considerar que alguns deles podem marcar mais nitidamente determinadas

Page 20: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

20

manifestações textuais. Pesquisas sobre essa relação (PEREIRA, 2009c) têm

mostrado que a percepção desses traços pelo leitor está associada a esses

vínculos, contribuindo para a produtividade da compreensão. Desse modo,

usualmente o plano fônico marca mais nitidamente os poemas, embora os

demais planos ali estejam presentes. As fábulas, por sua vez, têm nos planos

semântico e pragmático um lugar especial.

Há que considerar também que a presença de cada plano linguístico

mais ou menos determinante está nas escolhas do autor diante dos vínculos

que deseja estabelecer com sua criação estética e com o seu leitor. Veja-se,

para uma exemplificação, o poema a seguir.

ETERNIDADE AMOR

(Artur da Távola)

É terna ida de amor

É ter na idade, amor

Eterna ida de amor

Éter na idade: amor

É ter na ida de Amor

Eterna ida de A-mór

Eternidade Amor.

Nesse poema, o plano morfológico tem presença nítida. A delimitação

dos vocábulos gera construções sintáticas e produz novos sentidos em cada

verso. A repetição da raiz “etern” e do vocábulo “amor” faz amarrações

linguísticas importantes, que, por sua vez, fazem significações novas a cada

uma delas. Propor a compreensão do plano morfológico deste texto contribui,

assim, para a configuração de sua interpretação. O leitor, ao perceber os

recursos utilizados pelo autor na constituição do texto, pode ampliar as

possibilidades de inferência, de reflexão, de associação, preenchendo as

lacunas próprias do texto literário, que não é unívoco, possíveis pelo trabalho

linguístico engendrado pelo autor. Assim, lê o texto, lê a si próprio e lê o mundo

que o rodeia, movido pela abordagem sensível da realidade construída pelo

trabalho linguístico do escritor.

Page 21: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

21

COTIDIANO

Marô Barbieri

Da esquina já dava pra sentir o cheiro da carne cozida.

Corada com o calor do fogo, a mãe sorria. E mais sorriu ao ver a alegria

das crianças ao redor da mesa capenga encostada na parede do barraco. Os

pratos lascados, as canecas de metal, tudo apontava para um almoço de

verdade.

Agora, lavando a louça no tanque, esfregando a panela com o resto do

sabão, Laurinda imaginava como conseguir com os vizinhos um novo cachorro

para os filhos.

Nessa micronarrativa, a situação pragmática é marcada pelas

expressões “corada com o calor do fogão”, “alegria das crianças”, “mesa

capenga”, “barraco”, “no tanque”, “resto de sabão”, indicando o espaço da

história. Os campos semânticos agrupam-se, fortalecendo esses elementos

pragmáticos e mostrando três momentos – a preparação da refeição, a limpeza

da louça no tanque e a reflexão sobre como resolver a falta de um animal para

as crianças. A passagem desses momentos é apoiada morfossintaticamente

pelas expressões “da esquina”, “agora” e “imaginava”.

É possível perceber que esse conjunto de elementos linguísticos são de

grande relevância para a inferência que permite conectar “o almoço de

verdade” com “um novo cachorro para os filhos”.

Dado o exposto até aqui, é possível considerar que um trabalho

pedagógico de ensino da leitura na interface Literatura e Linguística possibilita

análises e reflexões com a consistência necessária para que o leitor perceba o

texto em sua intimidade e alcance seus traços literários fundamentais. Isso lhe

permitirá um conhecimento mais consistente do texto literário, condição para

apreciação, valorização e desenvolvimento do desejo de dele se aproximar

cada vez mais.

Page 22: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

22

3.4 UM ESPAÇO PARA OBJETOS DE APRENDIZAGEM EM AMBIENTE

VIRTUAL NO ENSINO DA LEITURA

Em tempos de tecnologia da informação, a leitura em ambiente virtual

é uma realidade inquestionável. Aposta-se na ação pedagógica que visa a

contribuir para a melhoria da compreensão da leitura da literatura por meio de

propostas interativas que contem com os recursos da informática. É nesse

sentido que os Objetos de Aprendizagem são apresentados neste projeto.

Entende-se, aqui, por objeto de aprendizagem, “qualquer recurso que

possa ser reutilizado para dar suporte ao aprendizado. Sua principal ideia é

dividir o conteúdo educacional disciplinar em pequenos segmentos que possam

ser reutilizados em vários ambientes de aprendizagem. Qualquer material

eletrônico que ofereça informações para a construção de conhecimento pode

ser considerado um objeto de aprendizagem, seja essa informação em forma

de uma imagem, uma página HTML, PHP e ASP, uma animação ou

simulação”.

Segundo Longmire5, os objetos de aprendizagem possuem

características facilitadoras de diversos problemas relacionados ao

armazenamento e à distribuição de informação por meios digitais, entre as

quais podemos destacar: a) flexibilidade – os objetos são construídos de tal

forma que possuam unidade e coerência interna, podendo ser reutilizados em

circunstâncias diversas sem necessidade de alterações; b) facilidade para

atualização – como são utilizados em diversos momentos, a atualização dos

objetos em tempo real é relativamente simples, desde que todos os dados

estejam em um mesmo banco de informações; c) customização – como são

independentes, a idéia de utilização dos objetos de aprendizagem em qualquer

modalidade de curso torna-se viável, sendo que cada instituição educacional

pode organizá-los da maneira mais adequada aos seus propósitos. Da mesma

forma, os indivíduos que necessitarem aprendizado poderão interagir de

diferentes com os conteúdos programáticos, avançando, assim, para mais um

Page 23: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

23

novo paradigma, o on-demand learning; d) interoperabilidade – o objeto pode

ser utilizado em qualquer plataforma de ensino em todo o mundo, podendo ser

adicionado a uma “biblioteca de objetos”; e) qualificação do conhecimento –

a partir do momento em que um objeto é reutilizado e socializado, sua

consolidação cresce de maneira espontânea, melhorando significativamente a

qualidade do ensino; f) indexação e procura – a padronização dos objetos

favorece a acessibilidade por meio da formação de um banco que ofereça

elementos facilitadores de aprendizagens mais complexas.

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Contribuir para os estudos sobre ensino da leitura na interface

Linguísitca e Literatura.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

4.2.1Construir um paradigma de ensino da leitura na interface Literatura.e

Linguística.

4.2.2 Planejar e informatizar objetos de aprendizagem da leitura na interface

Literatura e Linguística.

4.2.3 Investigar os benefícios dos objetos de aprendizagem gerados para

alunos com dificuldades no manejo da leitura.

4.2.4 Difundir o trabalho realizado junto a professores do Ensino Médio,

disponibilizando os objetos de aprendizagem para escolas da rede pública e

privada.

4.3.5 Difundir o trabalho realizado dentro da Universidade, disponibilizando os

objetos de aprendizagem para o Laboratório de Aprendizagem da PROGRAD/

PUCRS.

5 QUESTÕES DE PESQUISA

Page 24: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

24

5.1 Quais as características teóricas e metodológicas de um paradigma de

ensino da leitura para alunos universitários e do Ensino Médio na interface e

Literatura e Linguística?

5.2 Quais os benefícios dos objetos de aprendizagem gerados para o

desenvolvimento da competência em leitura por alunos universitários e alunos

do Ensino Médio?

6 METODOLOGIA

6.1 SUJEITOS: 30 alunos universitários de diferentes cursos e 30 alunos do

Ensino Médio

6.2 ETAPAS

6.2.1 Estudos Teóricos sobre Objetos de Aprendizagem

6.2.2Atividades de Ensino:

6.2.2.1 Construção e programação no MX Flash, de 20 Objetos de

Aprendizagem, explorando a organização linguística e a literariedade de 10

narrativas literárias e 10 poemas.

6.2.2.2 Aplicação em laboratório dos Objetos de Aprendizagem programados

no MX Flash.

6.2.3 Atividades de Pesquisa

6.2.3.1 Elaboração e aplicação, nos sujeitos, de pré e pós-teste de leitura de

textos literários (contos, crônicas e poemas), focalizando a organização

linguística e a literariedade.

6.2.3.2 Análise comparativa dos dados obtidos através da aplicação dos

instrumentos de pesquisa.

6.2.4 Atividades de Extensão

Realização de seminário com 50 professores de Língua Portuguesa de

Ensino Médio para disponibilização dos materiais construídos e divulgação dos

resultados da pesquisa.

7 RESULTADOS ESPERADOS

Esperam-se como resultados:

Page 25: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

25

7.1 Construção de um paradigma de ensino da leitura sob a perspectiva de

interface entre Literatura e Linguística;

7.2 Constituição de uma acervo com 20 Objetos de Aprendizagem para

desenvolvimento da competência em leitura, apoiados na perspectiva de

interface entre Literatura e Linguística;

7.3 Conjunto de dados obtidos sobre a aplicação dos Objetos de

Aprendizagem em situação de laboratório;

7.4 Desenvolvimento da competência em leitura de universitários e alunos do

Ensino Médio;

7.5 Capacitação de 50 docentes para um ensino de leitura na interface entre

Literatura e Linguística.

8 REFERÊNCIAS

ADAM, Jean-Michel. A linguística textual: introdução à análise textual dos

discursos. São Paulo: Cortez, 2008.

ARISTÓTELES, HORÁCIO, LONGINO. A poética clássica. São Paulo: Cultrix,

1990.

BORTOLINI, A.; SOUZA, V. Mediação tecnológica: construindo e inovando.

Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

BORDINI, Maria da Glória & AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: a formação

do leitor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.

BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino

médio: linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Secretaria da

Educação Básica, 2006. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/seb/publicações

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais:

Ensino Médio: linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Secretaria da

Educação Básica, 2000. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf

Page 26: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

26

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

Nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino fundamental: língua portuguesa.

Brasília: Secretaria da Educação Fundamental, 1998. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf

CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias para entrar y salir de

la modernidad. México: Grijalbo, 1989.

CHAFFE, Laís (Org.). Contos de bolsa. Porto Alegre: Casa Verde, 2006.

COLOMER, T.; CAMPS, A.. Ensinar a ler e ensinar a compreender. Porto

Alegre: Artes Médicas, 2002.

CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. São Paulo: Beca, 1999.

ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 1993.

GOODMAN, K. S. Unidade na leitura – um modelo psicolinguístico transacional.

Letras de Hoje, n. 86, p. 9-43. Porto Alegre: EDIPUCRS, dez. 1991.

JAUSS, Hans Robert. A Literatura como provocação. s. l. : Vega, 1993.

KATO, Mary. O aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

KLEIMAN, Angela. Texto e leitor : aspectos cognitivos da leitura. Campinas:

Pontes, 1989.

LEFFA, Vilson. Aspectos da leitura: uma perspectiva psicolinguística. Porto

Alegre: Sagra, 1996.

LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

LONGMIRE, W. A primer on learning objects. American Society for Training

& Development. Virginia. USA. 2001

PEREIRA, Vera Wannmacher; ANTUNES, C. Novas linguagens em leitura. In:

BORTOLINI, A.; SOUZA, V. Mediação tecnológica: construindo e inovando.

p. 419-40. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

Page 27: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

27

PEREIRA, V. W.; PICCINI, M. Preditibilidade: um estudo fundado pela

Psicolinguística e pela Informática. In: Letras de hoje, n.144, p.305-24. Porto

Alegre: EDIPUCRS, jun. 2006.

PEREIRA, Vera Wannmacher. Estratégias de leitura virtuais e não virtuais no

ensino fundamental. Anais do VI Congresso da Abralin. João Pessoa, 2009a,

v.2, p. 10-22. http://www.abralin.org/ Acesso em 03.06.2009. Apresentação em

CD.

PEREIRA, Vera Wannmacher. Predição e inferência. In: Costa, J.C. (org.).

Inferências Linguísticas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009b.Formato CD.

PEREIRA, Vera Wannmacher. Predição leitora: procedimentos e desempenhos

em ambiente virtual e ambiente não virtual. In: Letras de hoje, n.3, p. 22-27.

Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009c.

SMITH, F. Compreendendo a leitura. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.

TODOROV, Tzvetan. A Literatura em perigo. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009.

Page 28: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

28

9 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Atividades/Meses6 A S O N D J F M A M J J

1. Revisão Bibliográfica

2. Análise dos dados obtidos na revisão bibliográfica

3. Proposição de modalidades de objetos de aprendizagem

4. Definição dos aspectos, conceitos, conteúdos

5. Construção e programação no MX Flash, de 20 Objetos de Aprendizagem

6. Aplicação em laboratório dos Objetos de Aprendizagem programados

7. Elaboração e aplicação, nos sujeitos, de pré e pós-teste de leitura de textos literários

8. Análise comparativa dos dados obtidos

9. Realização de seminário 10. Elaboração de relatório.

6 Os meses são referidos apenas com a primeira letra de cada palavra.

Page 29: EDITAL PIBIC/CNPq 2010/2011ebooks.pucrs.br/edipucrs/projetos/InterfaceLinguistica... · 2012-08-08 · edital pibic/cnpq 2010/2011 ensino da leitura na interface linguÍstica e literatura:

29

10 PLANO DE ATIVIDADES DO BOLSISTA

No quadro abaixo segue detalhamento das atividades de pesquisa a serem

realizadas pelo bolsista de Iniciação Científica durante o período previsto de vigência

do projeto, de acordo com o cronograma proposto.

1. Participar de reuniões semanais com a equipe de

trabalho para discussões teórico-metodológicas e

orientações sobre procedimentos científicos a serem

realizados.

De 08/2010 a 07/2011

2. Efetuar leituras e estudos sobre os aspectos teóricos

referidos na Metodologia.

De O8/2010 a 09/2010

3. Apresentar as leituras teóricas realizadas nas reuniões. De O8/2010 a 09/2010

4. Pesquisar e analisar experiências exitosas de uso de

Objetos de Aprendizagem.

De O8/2010 a 09/2010

5. Construir e programar no MX Flash, 20 Objetos de

Aprendizagem, explorando a organização linguística e a

literariedade de 10 textos narrativos literários e 10 poemas.

De 11/2010 a 05/2011

6. Aplicar em laboratório os Objetos de Aprendizagem

programados no MX Flash.

De O4/2011 a 05/2011

7. Realizar análise comparativa dos dados obtidos através

da aplicação dos instrumentos de pesquisa.

O3/2011 e 06/2011

8. Participar da organização do seminário para

professores, contribuindo com ações de divulgação e

organização.

06/2011

9. Elaborar relatório de pesquisa. 07/2011