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INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA INCRA SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO AMAPÁ SR21/AP DIVISÃO DE OBTENÇÃO DE TERRAS Relatório de Análise de Mercados de Terras do Estado do Amapá (Mercado Regional de Terra Leste e Mercado Regional de Terra Oeste) Macapá/AP Nov-2013

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INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA – INCRA

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO AMAPÁ – SR21/AP DIVISÃO DE OBTENÇÃO DE TERRAS

Relatório de Análise de Mercados de Terras do Estado do Amapá

(Mercado Regional de Terra Leste e Mercado Regional de Terra Oeste)

Macapá/AP Nov-2013

INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA – INCRA

SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO AMAPÁ – SR21/AP DIVISÃO DE OBTENÇÃO DE TERRAS

Relatório de Análise de Mercados de Terras do Estado do Amapá/ RAMT-AP

(Mercado Regional de Terra Leste e Mercado Regional de Terra Oeste do Estado do Amapá)

Aprovado pela Câmara Técnica em _____ de ________________ de 2013.

Aprovado pelo Comitê de Decisão Regional em _____ de ______________ de 2013.

Equipe Responsável pela pesquisa a campo Peritos Federais Agrários: Allan Vinícius Pires Lisboa Antonio Luiz Cavalcante de Souza João Franco Rabelo Saraiva José Frédson Bezerra Lopes José Gerson Barreto Cavalcante Manoel do Socorro Learte Mareco Marcos José do Espirito Santo Quadros Margarida Sabino Ribeiro Terezinha Maria Coelho da Rocha Vera Lúcia da Silva Monteiro

Macapá/AP Nov-2013

Comissão responsável pela coordenação administrativa Peritos Federais Agrários: Allan Vinícius Pires Lisboa Antonio Luiz Cavalcante de Souza Elkilidiany Conceição da Silva José Fredson Bezerra Lopes Manoel do Socorro Learte Mareco

Colaboradores Peritos Federais Agrários: Marcos José do Espirito Santo Quadros Margarida Sabino Ribeiro Mateus Francisco Pagliarini

Sumário

1 – Introdução ............................................................................................................. 6

2 – Descrição e delimitação geográfica dos Mercados Regionais de Terras .............. 8

3 – Aspectos da Estrutura Fundiária do Estado do Amapá ....................................... 10

4 – Análises dos Mercados Regionais de Terras – MRT ........................................... 12

4.1 – Mercado Regional de Terras Leste do Amapá (MRT-Leste/AP) ........................ 14

4.1.1 – Abrangência Geográfica do MRT – Leste/AP.............................................. 14

4.1.2 – Histórico da Ocupação MRT-Leste/AP ........................................................ 16

4.1.3 – Áreas Legalmente Protegidas MRT-Leste/AP ............................................. 20

4.1.4 – Infraestruturas do MRT-Leste/AP ................................................................ 23

4.1.5 – Principais Atividades Agropecuárias do MRT-Leste/AP .............................. 24

4.2 – Mercado Regional de Terras Oeste (MRT-Oeste/AP) ........................................ 32

4.2.1 – Abrangência Geográfica do MRT-Oeste/AP ................................................ 32

4.2.2 – Histórico da Ocupação do MRT-Oeste/AP .................................................. 34

4.2.3 – Áreas Legalmente Protegidas do MRT-Oeste/AP ....................................... 38

4.2.4 – Infraestruturas do MRT-Oeste/AP ............................................................... 41

4.2.5 – Principais Atividades Agropecuárias no MRT-Oeste/AP ............................. 43

5 – Análises dos resultados e Planilha de Preços Referenciais - PPR ...................... 47

5.1 – Mercado Regional de Terras Leste do Estado do Amapá (MRT-Leste/AP) ....... 47

5.1.1 – Tipologias de Uso do MRT-Leste/AP .......................................................... 47

5.1.2 – Resultados da Pesquisa no MRT-Leste/AP ................................................ 51

5.1.3 – Comportamento do MRT-Leste/AP ............................................................. 54

5.1.4 – Planilha de Preços Referenciais do MRT-Leste/AP .................................... 55

5.1.5 – Perfil de Compradores e Vendedores do MRT-Leste/AP ............................ 56

5.2 – Mercado Regional de Terras Oeste (MRT-Oeste/AP) ........................................ 57

5.2.1 – Tipologias de Uso do MRT-Oeste/AP .......................................................... 57

5.3 – Resultados da Pesquisa no MRT-Oeste/AP ...................................................... 59

5.3.1 – Comportamento do MRT-Oeste/AP ............................................................ 62

5.3.2 – Planilha de Preços Referenciais do MRT-Oeste/AP ................................... 63

5.3.3 – Perfil de Compradores e Vendedores do MRT-Oeste/AP ........................... 64

5.4 – Média Geral de Preço de Terras para o Estado do Amapá (Área de Abrangência

da Superintendência Regional do INCRA - AASR) ........................................................ 64

6 – Referência Bibliográfica ...................................................................................... 65

Índice de Figuras

Figura 01 – Mercados Regionais Terras do Estado do Amapá: MRT-Leste/AP e MRT-

Oeste/AP...............................................................................................................................................10

Figura 02 – Aspectos Gerais dos Mercados Regionais de Terras do Estado do Amapá....12

Figura 03 – Bacias Hidrográficas do MRT–Leste/AP................................................................15

Figura 04 – Áreas Públicas Legalmente Protegidas do MRT – Leste/AP...............................20

Figura 05 – Principais Infraestruturas dos MRT – Leste/AP e MRT – Oeste/AP..................23

Figura 06 – Bacias Hidrográficas do MRT–Oeste/AP..................................................................34

Figura 07 – Principais Áreas Públicas Legalmente Protegidas do MRT – Oeste/AP..........39

Figura 08 – Principais Infraestruturas dos MRT – Oeste/AP e MRT – Leste/AP..................42

Índice de Tabelas

Tabela 01 – Municípios Integrantes do MRT- Leste do Estado do Amapá..............................14

Tabela 02 – Municípios Integrantes do MRT- Oeste do Estado do Amapá.............................33

Tabela 03 – Tipologias e Seus Respectivos Níveis Categóricos do MRT-Leste/AP.............47

Tabela 04 – Número, porcentagem de elementos e média de VTN por tipologia para o

MRT Leste /AP...........................................................................................................................................51

Tabela 05 – Tipo, número e porcentagem de elementos amostrais por tipologia no MRT

Leste /AP.....................................................................................................................................................53

Tabela 06 – Número de amostras de negócios realizados, por mês, MRT Leste/AP..........54

Tabela 07 – Planilha de Preços Referenciais – PPR do Mercado Regional Leste – MRT

Leste/AP.......................................................................................................................................................56

Tabela 08 – Tipologias e Seus Respectivos Níveis Categóricos do MRT-Oeste/AP............57

Tabela 09 – Número, porcentagem de elementos e média de VTN por tipologia (dados

não saneados) para o MRT Oeste /AP... ..........................................................................................60

Tabela 10 – Tipo, número e porcentagem de elementos amostrais por tipologia no MRT

Leste /AP.....................................................................................................................................................61

Tabela 11 – Número de amostras de negócios realizados, por mês, MRT Oeste/AP.........62

Tabela 12 – Planilha de Preços Referenciais do MRT Oeste do Estado do Amapá............63

6

1 – Introdução

Na concepção de mercado como o ambiente social ou virtual propício às

condições para a troca de bens e serviços, pode-se afirmar que os mercados de terras no

Brasil são caracterizados por desigualdades estruturais, com uma grande quantidade de

terra concentrada em mãos de poucos proprietários e a demanda formada por

especuladores, agricultores e, em determinadas hipóteses, pelo Estado. Nestas

condições, os agricultores com pouca ou nenhuma terra, muitas vezes, são excluídos do

mercado, em decorrência de possuírem baixo poder aquisitivo, que não lhes permite

pagar pela terra os elevados preços de mercado.

Diante dessa realidade complexa (de estrutura agrária concentrada e uso não

social da terra), não há como o Governo renunciar a possibilidade de se aparelhar de

conhecimentos e informações que lhes possibilite apropriar-se da realidade dos mercados

regionais de terra.

O desenvolvimento de mecanismos que permita o acompanhamento periódico e

sistemático desses mercados possibilita melhor planejamento e a mensuração do impacto

das políticas públicas de intervenção na realidade agrária brasileira.

Qualquer entidade que se proponha a atuar ou intervir nos mercados de terras

necessita identificar as variáveis chaves, bem como obter conhecimentos sobre a

formação, evolução e especificidades da dinâmica dos diferentes mercados.

Nessa perspectiva o INCRA desenvolveu uma metodologia para o

acompanhamento da evolução dos mercados de terras regionais no Brasil, cuja

sistemática de operacionalização está estabelecida no Anexo V do Manual de Obtenções

de Terra, com detalhamento dos procedimentos técnicos e operacionais para elaboração

de uma planilha de preços referenciais (PPR), adotando o pressuposto de que uma PPR

não deve ser elaborada isoladamente, fora de um contexto que a explique e a justifique.

Mas que ela deve ser o resultado de uma ação ampla e fazer parte de um documento de

análise, não sendo entendida apenas como uma mera planilha.

Assim a metodologia preconiza a elaboração do Relatório de Análise de

Mercados de Terras (RAMT), que é o documento onde deverão estar compiladas as

análises e justificação da dinâmica dos diferentes mercados observados na área de sua

abrangência (mercados regionais de terra), apresentando ao final, como produto dessa

análise a PPR.

No presente caso o RAMT é o produto final do estudo da dinâmica e da evolução

do mercado de terras no âmbito do estado do Amapá.

7

Os trabalhos foram realizados pelos Peritos Federais Agrários/ Engenheiros

Agrônomos, do quadro de servidores do INCRA, lotados na Superintendência Regional do

Amapá.

A elaboração do RAMT compreendeu várias etapas: etapa I: delimitação dos

mercados regionais de terras (MRT) por meio de análise de agrupamento (cluster

analysis), com a finalidade de identificar zonas homogêneas; etapa II: busca de dados e

de informações, pesquisa bibliográfica e elaboração pela Câmara Técnica, da lista

preliminar de tipologias de uso do solo para cada MRT; etapa III: trabalhos de campo de

pesquisa de mercado e coleta de amostras - ofertas (OF), negócios realizados (NR) e

opiniões fundamentadas (OPF) - por MRT; etapa IV: definição das tipologias de uso de

imóveis para cada MRT; das tipologias com mercado definido e com mercado

consolidado; etapa V: cálculo do valor médio e do campo de arbítrio para a amostra geral

dos elementos do MRT, para as tipologias de uso com mercado definido e com mercado

consolidado; etapa VI: Análise dos indicadores do comportamento dos mercados

regionais e; etapa VII: elaboração do Relatório de Análise do Mercado de Terras (RAMT)

e da Planilha de Preços Referenciais (PPR).

No cálculo da média geral e do campo de arbítrio dos mercados regionais foram

utilizados os valores das amostras de todas as tipologias.

As tipologias sem mercado definido compõem o RAMT integrando o cálculo da

média geral, porém não estão listadas na PPR. Estas tipologias poderão definir e

consolidar mercados futuramente, quando então será calculada a média e o campo de

arbítrio específico.

A Planilha de Preços Referenciais (PPR) de cada MRT especifica o valor da terra

nua (VTN) segundo as tipologias de uso da terra e é composta pelas tipologias com

mercado definido, suas médias e campos de arbítrio, bem como a média e o campo de

arbítrio gerais do MRT.

Os elementos amostrais foram obtidos pelos Peritos Federais Agrários em visitas

a imóveis rurais, com negócios realizados, ofertados e opiniões fundamentadas em todos

os municípios do Estado.

Os registros dos trabalhos realizados foram compilados e integram processo

administrativo especificamente autuado, submetido à análise da Câmara Técnica

Agronômica e ao Comitê de Decisão Regional (CDR) da Superintendência Regional no

Amapá, para deliberações, aprovação e posterior encaminhamento a Diretoria de

Obtenção de Terras e Implantação de Projetos de Assentamento – DT do INCRA, em

Brasília-DF, para fins de registro e publicação. A partir daí a PPR estará apta para ser

8

utilizada como ferramenta de tomada de decisões para obtenção de terras nos processos

coordenados pelo INCRA, visando incorporação ao programa nacional de reforma agrária

(desapropriações e compra), bem como de alienação de terras públicas (titulação de

imóveis rurais em processos de regularização/ legitimação fundiária).

A PPR também servirá de fonte de referência do preço da terra nua (VTN), nos

processos de regularização fundiária que tramitam na Superintendência Nacional de

Regularização Fundiária na Amazônia Legal – SRFAP, além de se constituir em

importante fonte de informações de referência do valor da terra nua em perícias e

negócios de terra no estado do Amapá.

2 – Descrição e delimitação geográfica dos Mercados Regionais de Terras

Considera-se mercado regional de terras (MRT) determinada área ou região na

qual incidem fatores semelhantes de formação dos preços de mercado e onde se

observam dinâmicas e características semelhantes nas transações de imóveis rurais,

podendo ser entendido como uma zona homogênea de características e atributos sócio-

geoeconômicos que exercem influência na definição do preço da terra.

Como metodologia para a delimitação geográfica dos mercados regionais,

utilizou-se a ferramenta estatística denominada análise de agrupamento (análise

“cluster”), adaptada ao contexto de zonas homogêneas para definição do preço de terras.

Na análise dos agrupamentos para identificação e delimitação dos mercados

regionais foram utilizadas variáveis extraídas do último Censo Agropecuário do IBGE,

realizado em 2006.

A identificação e definição das tipologias de uso de imóveis foram feitas em

discussões na Câmara Técnica Agronômica, que integra a estrutura organizacional da

Superintendência Regional do INCRA no Amapá, como ambiente técnico de estudos e

discussões congregado pelos Peritos Federais Agrários/ Engenheiros Agrônomos da

Instituição.

As variáveis do Censo Agropecuário utilizadas na identificação e delimitação dos

mercados regionais foram:

1. Área total do município

2. Lavoura permanente

3. Lavoura temporária

4. Área de pastagem plantada

9

5. Área total de matas e floresta natural

6. Total de despesa

7. Valor total da produção animal

8. Valor total da produção vegetal

9. Valor total da produção

10. Receita total líquida

11. Receita total bruta

12. Área de proprietários no município

13. Receita bruta por unidade de área

14. Distância do município à capital

15. Propriedades menores que 500 ha

Foram identificadas no estado do Amapá duas zonas homogêneas com

características e atributos sócio-geoeconômicos, com pressuposto de que fatores

uniformes influenciam a definição do preço da terra, as quais passaram a constituir dois

mercados regionais de terras assim denominados (Figura 01):

Mercado Regional de Terras Leste do Estado do Amapá (MRT-Leste/AP) –

integrado pelos municípios de Macapá, Santana, Itaubal, Porto Grande, Ferreira Gomes,

Cutias, Tartarugalzinho, Amapá, Pracuuba e Calçoene.

Mercado Regional de Terras Oeste do Estado do Amapá (MRT-Oeste/AP) –

integrado pelos municípios de Vitória do Jari, Laranjal do Jari, Mazagão, Pedra Branca do

Amapari, Serra do Navio e Oiapoque.

10

Figura 01 – Mercados Regionais Terras do Estado do Amapá: MRT-Leste/AP e MRT-Oeste/AP.

3 – Aspectos da Estrutura Fundiária do Estado do Amapá

A estrutura fundiária do Estado está interligada aos desdobramentos históricos do

domínio que as terras dessa região foram submetidas desde a época em que o Amapá

era vinculado ao Pará. Nessa época os municípios tinham autonomia para conceder,

vender, aforar e doar as terras de sua jurisdição; tendo como diretriz o povoamento dessa

região. Durante esse período expediu-se vários títulos de posse, a maioria abrangendo

extensas áreas.

Com a criação do Território do Amapá, o Governo Federal passou a administrar as

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terras do Amapá, contudo, mantendo a mesma diretriz da política anterior, exercendo a

titulação através da emissão de Licenças de Ocupação. Essa situação só teve mudanças

significativas em 1973 quando é criado o Projeto Fundiário do Amapá, gerenciado pelo

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. Esse passa a desenvolver

uma política de regularização fundiária com expedição de títulos de terra, através das

discriminatórias administrativas, arrecadações sumárias e desapropriações.

Com a promulgação da Constituição Estadual de 1991, o Estado passou a ter

autonomia para delinear e estabelecer suas políticas de acordo com as peculiaridades

locais.

Dentro desse contexto então, criou-se a Coordenadoria Estadual de Terras do Amapá,

posteriormente transformada em Instituto de Terras do Amapá - TERRAP, hoje Instituto do

Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial Do Amapá - IMAP.

O Amapá possui uma superfície de 143.453,7 km² (14.345.369 ha), sendo que

88,62% pertencem à União (Figura 02) e o restante (11,39%) pertence ao Estado do

Amapá. Além da rarefeita ocupação territorial registra-se no Estado alto índice de

concentração fundiária, grande quantidade de áreas ambientalmente protegidas e

destinadas a terras indígenas. Essas áreas se constituem um instrumento importante para

resguardar o patrimônio natural e cultural, e a proteção de seus recursos naturais,

pesquisas científicas, educação ambiental, a recreação e lazer, porém representam fator

limitante para a expansão da fronteira agrícola.

É possível afirmar que a União tem um papel importante no Ordenamento Territorial

do Amapá, pois é responsável pela gestão de mais de 80% das terras do Estado,

exercendo forte influência na destinação das terras desse território. Esse aspecto

evidencia uma fragilidade de governança do Estado do Amapá em delinear a destinação e

uso de seu território.

Percebe-se total falta de controle da União e Estado sobre o patrimônio fundiário,

sendo observado na execução deste trabalho que o comércio de terras no Estado tem

prevalentemente como objeto posse de terras públicas.

Na Figura 02 também é apresentado os pontos de coordenadas geográficas relativos

à localização dos imóveis amostrais que foram visitados nos trabalhos de campo, tendo o

trabalho considerado válido as amostras incidentes na área da unidade de conservação

Floresta Estadual do Estado do Amapá que por expressa determinação legal de sua lei

estadual de criação (Artigo 5º da Lei 1028/06) resguarda as ocupações legitimas de seu

território.

12

Figura 02 – Aspectos Gerais dos Mercados Regionais de Terras do Estado do Amapá, destacando os locais das amostras coletadas em campo.

4 – Análises dos Mercados Regionais de Terras – MRT

O estado do Amapá é considerado a unidade federada mais bem preservada do

Brasil. Mantém intacta a quase totalidade da floresta amazônica que cobre 90% (noventa

por cento) de seu território, sendo referência regional, nacional e internacional em

conservação da natureza com 72% do Estado ocupado por 19 unidades de conservação,

sendo 11 de uso sustentável e 08 de proteção integral, totalizando 8.847.135,56 hectares.

13

Desse total, 12 são federais, 05 estaduais e 02 municipais.

Pouco mais que 3% de seus 142,8 mil quilômetros quadrados de área foram

explorados.

Segundo estimativas do IBGE em 2013, o estado do Amapá possui população de

734.996 habitantes, com concentração populacional nas sedes dos 16 municípios.

Na capital Macapá encontra-se concentrada mais da metade da população de

todo o Estado, sendo o meio rural caracterizado pelo vazio populacional, com índices de

pouco mais de três habitantes por km2.

Do ponto de vista econômico, a produção rural do Estado provém, principalmente,

do extrativismo, manejo e exploração de recursos florestais (açaí, palmito, castanha-do-

brasil, madeira, cavacos de eucalipto e pinus). A produção agropecuária, excetuando as

grandes plantações de pinus e eucalipto, ainda é bastante insubsistente e basicamente

desenvolvida por agricultores familiares. As culturas agrícolas mais comuns são a

mandioca, o arroz, milho, feijão e banana. Merece, ainda, destaque as atividades de

pesca e de criação de búfalos.

Outra atividade produtiva de destaque na economia amapaense é mineração,

sendo o Estado importante produtor de minérios de ouro, ferro e caulim, dentre outros.

No Estado foram implantados grandes projetos de exploração de seus recursos

naturais, com destaque para a exploração de manganês no município de Serra do Navio,

pela Icomi - Indústria e Comércio de Minérios, subsidiária da norte-americana Bethlehem

Steel, com exaurimento da jazida; e para o Projeto Jarí (no rio Jarí, divisa com o Pará),

pelo empresário norte-americano Daniel Ludwig, posteriormente assumido por empresas

brasileiras lideradas pelo grupo CAEMI e pelo Banco do Brasil, voltado à exploração de

madeira, ao cultivo de arroz e produção de celulose.

A infraestrutura produtiva do Estado é bastante carente, dispondo de poucos

quilômetros de ramais e estradas e não possui ligação rodoviária com o restante do país.

Esse isolamento é fator que dificulta o desenvolvimento de atividades produtivas.

Como alternativa o Estado tem buscado se aproximar de parceiros comerciais no

exterior, como o departamento da Guiana Francesa, dado a vizinhança territorial, com

abertura de tráfego terrestre mediante construção de uma ponte binacional unindo o Brasil

e o Estado, via município de Oiapoque ao estado Francês.

O estreitamento das relações comerciais do Amapá com a França, o potencial do

porto que fica localizado no município de Santana são fatores de grande importância para

o fomento da economia do Estado. O porto de Santana possui capacidade para receber a

atracação de navios de grande calado e apresenta vantagens comparativas com relação a

14

portos das demais regiões do país, dado a maior proximidade com os portos da região do

Caribe, com o Canal do Panamá, com a costa americana e com os portos europeus.

A problemática fundiária do Estado, em virtude da maioria de suas terras ainda

sob domínio público, de poucos imóveis titulados, de altos índices de concentração

fundiária, aliada à concentração populacional nos centros urbanos e ao vazio demográfico

no meio rural, constitui fator limitante ao desenvolvimento da produção agropecuária, que

influenciam negativamente na demanda de terras, apesar de o Estado ser visto por muitos

como a última frente de expansão agrícola ainda inexplorada.

4.1 – Mercado Regional de Terras Leste do Amapá (MRT-Leste/AP)

4.1.1 – Abrangência Geográfica do MRT – Leste/AP

O MRT-Leste é composto por dez municípios (Tabela 01), caracteriza-se por

abranger a maior parte das áreas com tipologia vegetal de cerrado, visto pelo mercado de

terras como área de grande potencial para produção de grãos, onde se percebe aumento

na demanda do mercado por terras agrícolas.

Delimita-se ao norte com o município de Oiapoque, que integra o MRT-Oeste/AP;

a leste com o Oceano Atlântico; ao sul com o município de Mazagão e; a oeste com os

municípios de Serra do Navio e Pedra Branca do Amapari, que integram o MRT-Oeste/AP.

Tabela 01 – Municípios Integrantes do MRT-Leste do Estado do Amapá

Município Área (Km²) População (hab.) Distância à capital (Km)

Amapá 9.168,79 8.483 302

Calçoene 14.269,26 9.793 384

Cutias 2.114,73 4.634 106

Ferreira Gomes 5.046,70 5.772 137

Itaubal 1.703,79 4.267 80

Macapá 6.407,12 437.255 --------------------

Porto Grande 4.401,76 16.825 100

Pracuuba 4.956,74 3.783 192

Santana 1.577,52 108.897 30

Tartarugalzinho 6.711,95 12.981 230

Total 5.6358,36 612.690 -------------------

Fonte: IBGE, 2013.

15

Bacias hidrográficas

Neste MRT se inserem partes das bacias dos rios Cassiporé, Araguari e Vila Nova;

e, integralmente, as bacias dos rios Matapi, Curiaú, Pedreira, Ipixuna, Macacoari,

Gurijuba, Sucuriju, Amapá Grande, Novo, Calçoene, Lamute, Cunani e Igarapé Grande

Crique (Figura 03).

Figura 03 – Bacias Hidrográficas do MRT–Leste/AP.

16

4.1.2 – Histórico da Ocupação MRT-Leste/AP

Município de Amapá

O município de Amapá foi capital do extinto Território Federal do Amapá,

passando o título para Macapá a partir de 1945.

As primeiras informações do município são de 1893, quando os garimpeiros

paraenses, naturais de Curuçá, Germano e Firmino, descobrem ouro em Calçoene (a

esse tempo pertencente ao município de Amapá). O "rush" dos franceses da Guiana, que

queriam o ouro a todo custo, criou vários incidentes, com choques violentos que

culminaram com a vitória dos brasileiros sob o comando de Veiga Cabral.

Em 21 de janeiro de 1901, as terras do atual município, antes contestadas pela

França, foram anexadas ao Estado do Pará após o ganho de causa do Brasil,

compreendendo três municípios (Amapá, Oiapoque e Calçoene), com o nome de Aricari.

Em 22 de outubro de 1901, pelo decreto nº 798, surge o município de Amapá com a

denominação de Montenegro, em homenagem ao governador do Pará, Augusto

Montenegro.

O município que tem o nome do estado, distante 302 km da capital, Macapá,

sendo favorável à agropecuária, com expressiva produção de rebanhos de bovinos,

bubalinos, suínos e eqüinos, em relação aos demais municípios é o maior produtor de

leite do estado.

Município de Calçoene

A história de Calçoene começa em 1893, quando foi descoberto ouro no leito de

rio do mesmo nome. Com isso, a questão do Contestado Franco-Brasileiro se

reascendeu, com vários conflitos envolvendo brasileiros e franceses da Caiena,

culminando com a vitória dos brasileiros e a anexação da área, antes contestada pela

França, ao Brasil em 1900. Assim, a atual cidade de Calçoene teve origem do movimento

de garimpeiros e faiscadores do ouro, que construíram uma estrada de ferro, ligando

Calçoene a Lourenço (garimpo).

A partir de 1988 a região foi alvo da imigração de um grande número de

maranhenses, incentivados pelo governador Jorge Nova da Costa e pelo presidente da

República José Sarney.

Atualmente, a garimpagem e a pesca ainda são as atividades predominantes no

município, seguidas pela agropecuária, silvicultura, extrativismo, comércio e serviços. No

17

setor primário, destaca-se a produção de mandioca e a criação de gado (bovino e

bubalino) e suíno, bem como a pesca e o artesanato.

Município de Cutias

Criado pela Lei Estadual nº 6, de 1º de maio de 1992, Cutias do Araguari tem um

farto manancial fluvial, é banhado pelo rio Araguari e seus afluentes pela margem direita e

ao sul pelos rios Gurijuba, Pacuí e seus afluentes da margem esquerda e a leste pelo furo

do Araguarí e Igarapé Novo. No inverno (janeiro a julho), essa rede hidrográfica fica

ampliada, com a constituição de campos naturais submersos, que se transformam em

lagos trafegáveis por pequenas embarcações.

A principal atividade econômica do município é a criação de bubalinos.

Cutias é o maior exportador do pirarucu (bacalhau da Amazônia), peixe muito

apreciado pelo sabor e procurado pelos amantes da pesca esportiva.

Município de Ferreira Gomes

Criado pela Lei Estadual nº 7.639, de 17 de dezembro de 1987, está localizado na

região centro-oeste do Estado.

Dentre os fatores históricos de seu desenvolvimento até sua emancipação

político-administrativa, destaca-se a condição estratégica que desempenhou como

entreposto rodoviário no antigo traçado da BR-156.

A principal atividade econômica do município está baseada na agropecuária com

a criação dos gados bovino e bubalino e, mais recentemente, no turismo.

No setor agrícola destaca-se a plantação da mandioca, com transformações das

raízes em farinha, e pequenos plantios de milho e banana.

O município já foi habitado pelos cabanos no passado e daí surgiu duas colônias

antigas que são a Colônia de Barro e Colônia de Prata. A união das duas originou a

colônia de Ferreira Gomes, fundada pelo colono João Ferreira Gomes.

Município de Itaubal

Em 1935, aproximadamente, algumas famílias que vieram das ilhas do Pará

fundaram, na região onde hoje se encontra o município, um povoado, onde trabalharam

em suas lavouras. Nessa época o lugar possuía uma árvore (madeira de lei) conhecida

18

como itaúba, o que levou seus habitantes a denominarem o povoado de Itaubal.

Em 1988 Itaubal é declarado distrito de Macapá e, em 1º de maio de 1992, pelo

decreto nº 5, é criado o município, sob uma elevação de terras à margem direita do rio

Piririm. A economia é baseada na bovinocultura, bubalinocultura, mandioca, psicultura e

pesca.

Município de Macapá

Macapá, a capital do Estado do Amapá, se originou de um destacamento militar

fixado no mesmo local das ruínas da antiga Fortaleza de Santo Antonio, a partir de 1740.

O histórico de ocupação de Macapá, como de grande parte de Estado, está

diretamente ligado ao litígio entre Portugal e França, por questões de fronteiras. No início

do século XVIII, Francisco Xavier de Mendonça Furtado foi enviado pelo governo

português para a direção do Extremo Norte, com a fim de solucionar o problema de

fortificação do Cabo Norte, então denominado Costa do Macapá, pois a coroa portuguesa

vivia temerosa de ataque dos corsários franceses. Mendonça Furtado tinha, no entanto,

outra preocupação: o povoamento do território. Ele se dirigiu a Macapá, instalando em

1758 a Vila de São José de Macapá. Para defender a região contra novas ameaças dos

franceses, em 1764, houve o lançamento da pedra fundamental da fortaleza de São José

do Macapá, o que constitui nos dias atuais um dos mais belos monumentos históricos do

País.

A partir de 1945, Macapá passou a condição de capital do Território Federal do

Amapá, condição esta conservada quando da elevação do território à categoria de

Estado, em 1988.

Município de Pracuúba

Pracuuba surgiu como localidade aproximadamente em 1906, sendo

posteriormente, com desmembramento de terras do município de Amapá, transformada

em município em 1º de maio de 1992, através da Lei Estadual nº 4. Seu nome é originário

de uma árvore típica da região, a pracuubeira.

O município é banhado pelos rios Flexal, Breu, Itaubal, Falsino, Macarri, Mutum e

pelos igarapés, Cujubim, Henrique, Sacaisal e Maringá.

Sua economia é baseada no setor primário na criação do gado bovino e bubalino,

na cultura da mandioca e na pesca artesanal. A agricultura ainda é de subsistência.

19

Município de Porto Grande

Criado pela Lei Estadual nº 3, de 1º de maio de 1992, o município teve sua origem

pelo desmembramento de terras de uma pequena colônia do município de Macapá, às

margens do Rio Araguari. Sua economia é bastante ligada à produção vegetal, com

destaque para a Colônia Agrícola do Matapi, com cultivos diversificados, tais como

seringueira, manga, cupuaçu, açaí, graviola, banana e, principalmente, o abacaxi que dá

nome a maior festa cultural do município: o Festival do Abacaxi.

O pioneirismo da região na agricultura do Estado se dá, também, pela chegada de

imigrantes japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, influenciando até hoje a

agricultura da região.

No setor de transporte é servido por rodovia e uma estrada ferroviária que liga o

Porto de Santana a Serra do Navio. Porto Grande fica no meio do caminho, distante 100

km da capital Macapá.

Município de Santana

Criado em 1987, o município de Santana começou o seu desenvolvimento

populacional com a descoberta do manganês em Serra do Navio e a instalação da

mineradora ICOMI em 1956, sendo construído um porto para o embarque e desembarque

do mineral. Em Santana também foi construído o principal porto para embarque dos

produtos da silvicultura do Estado. Além disso, o Distrito Industrial do Amapá está

localizado neste município.

Dada a localização geográfica, e as características favoráveis de acesso ao porto

pela sua profundidade e facilidade de navegação, o porto de Santana é potencial

alternativa de saída e entrada para o comercio agrícola internacional na região.

Município de Tartarugalzinho

Criado pela Lei Estadual nº 7.639, de 17 de dezembro de 1987, o município

localiza-se às margens da BR 156, cerca de 220 km da capital Macapá, tem sua

economia baseada na criação de gado bovino, bubalino e suíno, e culturas de

subsistência como a mandioca e a laranja.

É importante destacar que a exploração de ouro na região contribuiu para o

aumento da migração populacional do município.

20

4.1.3 – Áreas Legalmente Protegidas MRT-Leste/AP

Na Figura 04 são apresentadas as principais áreas públicas legalmente protegidas

do MRT – Leste/AP, sendo 05 unidades de conservação federais e 03 estaduais, sendo

que desse conjunto 03 são comuns aos dois mercados regionais de terras (MRT-Leste/AP

e o MRT-Oeste/AP).

Figura 04 – Principais Áreas Públicas Legalmente Protegidas do MRT-Leste/AP.

A seguir são discriminadas as principais unidades de conservação legalmente

protegidas no MRT-Leste/AP:

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- Reserva Biológica do Lago Piratuba

A Reserva Biológica do Lago Piratuba foi criada pelo Decreto Federal N° 84.914 de

16 de julho de 1980 e seus limites foram alterados pelo Decreto Federal N° 89.932 de 10

de julho de 1984.

Possui uma extensão de aproximadamente 395.000 hectares, foi instituída com o

objetivo de preservação integral da biota e dos atributos naturais existentes nos

municípios de Amapá e Tartarugalzinho, incluindo o lado norte da foz do Rio Araguari e o

entorno do Cabo Norte. A Reserva é formada por diversos corpos aquáticos interiores e

sua vegetação se destaca pelos campos inundáveis, manchas de floresta tropical densa,

manguezais e regiões de transição, onde constantemente encontram-se registros de

desovas de tartarugas marinhas e o fluxo de aves migratórias.

- Estação Ecológica Maracá - Jipióca

Criada em junho de 1981, a Estação Ecológica Maracá - Jipióca engloba as ilhas

Maracá Norte, Maracá Sul e Jipióca, localizadas no litoral do município de Amapá.

Ocupa uma área de 72.000 hectares, influenciada por um intenso processo de

erosão e sedimentação. É a única unidade de conservação do Estado totalmente inserida

em ambiente estuarino, com porções significativas de manguezais preservados e por isso

é considerada de alta prioridade para a conservação da biodiversidade amazônica.

- Floresta Nacional do Amapá

Criada em 1989, a Floresta Nacional do Amapá foi a primeira Unidade de

conservação de uso sustentável do Estado.

Ocupa uma área de 412.000 hectares, distribuídos nos municípios de Ferreira

Gomes, Pracuuba e Amapá e sua vegetação predominante é floresta de terra firme.

O objetivo principal de sua criação é permitir a exploração madeireira sustentável

na região, mas as dificuldades de acesso e a topografia ainda impedem o uso desses

recursos.

- Reserva Particular do Patrimônio Natural Retiro Paraíso

Criada pela Portaria IBAMA N° 86-N, de 06 de Agosto de 1997, ocupa uma área de

46,75 hectares e localiza-se no município de Macapá. Encontra-se registrada junto ao

IBAMA em nome do Sr. Zildekias Alves de Araújo, já falecido. Atualmente, sua esposa

Sra. Alba Martins de Araújo é a responsável pela Reserva.

22

A área é cortada pelo lago da comunidade do Curiaú e abrange um mosaico de

diferentes ambientes, onde a vegetação predominante é formada por campos cerrados

inundáveis e não inundáveis e florestas de galeria que protegem as margens de córregos

e rios. Nos últimos anos, o proprietário vem efetuando o plantio de espécies frutíferas,

utilizando mudas produzidas no viveiro da própria reserva.

- Reserva Particular do Patrimônio Natural Seringal Triunfo

Criada pela Portaria IBAMA N° 89 - N, de 10 de julho de 1998, a Reserva Particular

do Patrimônio Natural Seringal Triunfo possui área de 9.996,16 hectares, está localizada

nos municípios de Ferreira Gomes e Porto Grande, sob a propriedade do Sr. Elfredo Félix

Távora Gonçalves.

A reserva possui terreno plano, sujeito às inundações periódicas do Rio Araguari,

lagos, igarapés, corredeiras e ilhas que deságuam no Oceano Atlântico. A vegetação é

formada por floresta densa de terra firme, floresta densa aluvial e campos cerrados.

- Parque Nacional do Cabo Orange

Criado pelo Decreto Federal N° 84.913 de 15 de julho de 1980, o Parque Nacional

do Cabo Orange ocupa uma área de 619.000 hectares e abrange terras do litoral norte do

Estado sob jurisdição dos municípios de Calçoene (MRT-Leste/AP) e Oiapoque (MRT-

Oeste/AP) e estende-se ao longo da fronteira com a Guiana Francesa. O Parque é

formado por extensos manguezais e florestas primárias na foz dos rios Uaçá e Cassiporé

que abrigam diversas espécies de aves migratórias, além de uma população do

ameaçadíssimo peixe-boi marinho.

- Floresta Estadual do Amapá

Criada em 2006, a Floresta Estadual do Amapá é a segunda maior unidade de

conservação do estado.

Situada na região nordeste do Amapá e estendendo-se no sentindo norte-sul, faz

fronteira a oeste com o Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque e com a

Floresta Nacional do Amapá e a leste com o Parque Nacional de Cabo Orange. Ocupa

uma área de aproximadamente 2.369.400 hectares em terras pertencentes a União,

criada com a finalidade de incentivar o desenvolvimento econômico sustentável da região.

Para tal, foram desenvolvidos vários estudos que apontaram áreas com aptidão para a

produção madeireira e áreas de relevante interesse para a conservação da natureza.

Essa Unidade de Conservação se estende aos municípios de Porto Grande,

23

Ferreira Gomes, Tartarugalzinho, Pracuuba, Amapá e Calçoene no MRT-Leste/AP e aos

municípios de Serra do Navio, Pedra Branca do Amapari, Mazagão e Oiapoque no MRT-

Oeste/AP.

4.1.4 – Infraestruturas do MRT-Leste/AP

Em termos de infraestrutura produtiva destaca-se no MRT-Leste/AP o Porto de

Santana (Figura 05), que fica localizado as margens do canal norte do rio Amazonas, no

município de mesmo nome.

Figura 05 – Principais Infraestruturas dos MRT-Leste/AP e MRT-Oeste/AP

24

Nesse Porto, a facilidade de acesso e características de profundidade permite a

atracação de navios de grande calado e pode apresentar vantagens competitivas nas

operações de exportação e importação de insumos, em relação a portos das demais

regiões do país, por encontrar-se em maior proximidade com os portos da região do

Caribe, com o Canal do Panamá, costa americana e portos europeus. Também se

destaca o empreendimento de uma empresa exportadora de Soja para a instalação de um

terminal de grãos na Ilha de Santana.

A Estrada de Ferro do Amapá entrecorta o município de Porto Grande, ligando-o

ao Porto no município de Santana.

Em termos de via de acesso e escoamento da produção agropecuária, a BR 220

(Rodovia Perimetral Norte), no trecho Macapá-Porto Grande, que foi projetada na época

da ditadura militar, concebida para interligar toda a calha norte do Rio Amazonas de

Macapá ao município de Cruzeiro do Sul no estado do Acre e que iria entrecortar os

estados do Amapá, Pará, Roraima e Amazonas, mas restou inconclusa, encontrando-se

concluído apenas o trecho de Macapá até a aldeia indígena Aramirã, na Terra Indígena da

etinia Oiãmpi.

Destaca-se, ainda a BR 156, no seu trecho norte, que interliga a região a capital

Macapá. Esta rodovia também se constitui em via de interligação e transporte de produtos

do Brasil, via Amapá e município de Oiapoque onde foi construída a ponte binacional,

para a Guina Francesa, que por ser um Departamento do Estado Francês, integra a

Comunidade Comum Europeia.

Vale ressaltar, que as obras de construção do linhão, que trará para o Estado

energia elétrica da hidroelétrica de Tucuruí-PA, interligando o sistema energético do

Amapá ao resto do País, estão em fase de conclusão. Destaca-se, ainda, que existem em

fase de construção duas hidroelétricas: Cachoeira Caldeirão, em Porto Grande, e Ferreira

Gomes no município de mesmo nome.

4.1.5 – Principais Atividades Agropecuárias do MRT-Leste/AP

Cultivo de Culturas Anuais

- Mandioca

A mandioca destaca-se como o principal produto agrícola do Estado, tanto do ponto

de vista econômico quanto social, graças a sua capacidade de fixação do homem no

campo. Além de ocupar a maior área plantada, a mandioca constitui-se como a principal

25

fonte de alimentação e de renda dos pequenos agricultores.

O cultivo da mandioca, baseado no sistema itinerante de “roças” herdado dos

indígenas, é totalmente dependente da reciclagem dos nutrientes da capoeira e

consequentemente de frequentes desmatamentos. A maior parte da produção provém das

áreas florestais, caracterizadas por solos pobres e ácidos, um dos entraves ao

desenvolvimento da agricultura. Caracteriza-se pelo uso intensivo de mão-de-obra

familiar, não utilização de tecnologias modernas de produção, pouca participação nos

mecanismos de mercado e baixa disponibilidade de capital de exploração. Por outro lado,

no Distrito de São Joaquim do Pacuí, no município de Macapá, onde é intensa a pressão

sobre a terra, já se verificam mudanças no padrão tecnológico, com a introdução de

mecanização, calagem e adubação química.

A área média plantada por propriedade varia de 1,0 a 1,5 ha (3 a 5 tarefas)

distribuídos em 3 fases distintas da cultura, ou seja, uma área em fase de colheita, uma

em maturação e outra destinada aos novos plantios. Além disso, é prática comum em

todo o Estado a consorciação da mandioca com pequenas áreas de arroz de sequeiro, de

milho e de feijão, visando o autoconsumo. Geralmente a cultura não apresenta problemas

de doenças, muito embora, esteja suscetível ao ataque das saúvas e ácaros.

Segundo dados do IBGE, os municípios de Tartarugalzinho e Porto Grande são os

principais produtores de mandioca do MRT-Leste/AP, onde a produção alcançou

15.183,00 toneladas, produzidas em 1.230 hectares de área plantada e 12.100,00

toneladas produzidas em 980 hectares, respectivamente, no ano de 2012, quando foi

realizado o censo.

- Milho e Feijão

Assim como as demais culturas alimentares, o milho e o feijão produzidos no MRT-

Leste/AP destina-se à subsistência dos pequenos produtores que comercializam o

excedente da produção no mercado interno, especialmente nas feiras de produtores

rurais. Em geral, as culturas de milho e feijão encontram-se consorciadas à mandioca e

são exploradas com tecnologias inadequadas, que somadas à deficiência do

armazenamento e da comercialização contribuem para a obtenção de baixíssima

produtividade.

O tipo de feijão cultivado no mercado é o caupi (feijão da colônia), mais adaptado

às condições climáticas locais, mas essa variedade tem pouca aceitação pela classe

média. O feijão tem grande importância na alimentação da população de baixa renda. Por

essa razão, é cultivado para garantir a segurança alimentar das famílias.

26

O plantio do milho também é pouco significativo. No entanto, a cultura tem grande

importância no mercado regional por ser matéria-prima destinada à fabricação de ração

para aves.

Dados oficiais do IBGE indicam que o município de Tartarugalzinho alcançou o 1º

lugar no ranking da produção de milho e feijão do Estado no ano de 2012 e

consequentemente no MRT-Leste/AP, com uma produção estimada em 490,00 toneladas

de milho, produzidas em 615 hectares de área plantada e 155 toneladas de feijão,

produzidas em 220 hectares de área plantada. O segundo colocado foi o município de

Macapá, com 197 toneladas de milho e 94 toneladas de feijão, produzidas em 270 e 90

hectares de área plantada, respectivamente.

- Arroz

A atividade ainda é pouco desenvolvida no Estado do Amapá e consequentemente

no MRT-Leste/AP. Em geral, o cultivo do arroz é consorciado com a mandioca ou o milho

e, em menor escala, em sistema de monocultivo.

O município de Itaubal foi considerado o maior produtor deste cereal do MRT-

Leste/AP, com uma produção estimada em 920 toneladas, produzida em 845 hectares de

área plantada (IBGE, 2012). Neste município, o arroz é cultivado também nas terras de

cerrado, financiado com recursos do Banco da Amazônia (BASA) pela linha FNO. A

produção é conduzida através de manejo tecnificado, que envolve calagem, adubação

química, uso de defensivos e mecanização em toda a cadeia produtiva, além da utilização

de sementes selecionadas adaptadas às condições climáticas da região.

A expansão da área plantada com arroz em terras de cerrado apresenta-se

potencialmente favorável, uma vez que a atual produção do Amapá supre apenas 17% da

demanda, sendo o restante importado, sobretudo, do Estado de Goiás.

O município de Tartarugalzinho é o segundo maior produtor do Estado com uma

produção de 320 toneladas de arroz, cultivados em 320 hectares de área plantada,

principalmente em pequenas glebas de áreas florestais de assentamentos, sob sistema

de produção tradicional voltado para a subsistência.

- Abacaxi

O abacaxi é uma cultura tipicamente tropical originária de regiões de clima seco ou

de pluviosidade irregular. Até pouco tempo, era cultivado em áreas recém-desmatadas,

por essa razão sempre foi considerada uma planta rústica, que exige poucos tratos

culturais para crescer e produzir.

27

Os plantios são efetuados entre o final da estação seca e o início da chuvosa e

podem se estender por todo o ano, dependendo da regularidade das chuvas, da

viabilidade da irrigação e das condições de umidade do solo.

Ao longo dos anos no MRT-Leste/AP, a cultura do abacaxi tem experimentado altos

e baixos em seu desenvolvimento e produção, decorrentes de fatores ambientais, de

problemas fitossanitários e das oscilações de mercado. No entanto, segundo dados do

IBGE (2012), o município de Porto Grande foi considerado o maior produtor de abacaxi do

Estado e consequentemente do MRT-Leste/AP, seguido por Tartarugalzinho e Macapá.

Estima-se que aquele município tenha produzido 682.000 frutos em 150 hectares de área

plantada.

- Horticultura

Englobando o cultivo de hortaliças e frutíferas anuais, este segmento da agricultura

do MRT-Leste/AP enfrenta grandes problemas climáticos, decorrentes das temperaturas

elevadas e do excesso de umidade que contribuem para a proliferação de pragas e

doenças, e consequentemente para a baixa produtividade. As culturas de tomate e de

pimentão são severamente infectadas pela murcha bacteriana e a do pepino pela

antracnose. A produção do Estado atende apenas 15% da demanda, projetando-se como

grande importador de produtos hortícolas.

A atividade desenvolve-se, sobretudo, nas áreas de transição entre floresta e

cerrado, em pequenas propriedades (50 ha), com área média plantada variando de 0,5 a

1 ha. Neste segmento, destacam-se os municípios de Porto Grande (Colônia de Matapi),

mais importante área agrícola do Estado, Santana (Ilha de Santana e Mini polo), Macapá

e secundariamente Mazagão (MRT-Oeste/AP), onde se concentra grande parte da

produção de folhosas (alface, cebolinha, coentro, couve, pimentinha e repolho),

tubérculos (macaxeira e batata doce) e em menor escala a melancia, o jerimum, o quiabo

e o maxixe.

Os produtores de hortaliças adotam tecnologias que se baseiam na utilização

mediana de insumos e equipamentos, como fertilizantes, sementes selecionadas,

sistemas de irrigação improvisados no período seco e tratores de pequeno porte. A

horticultura proporciona melhores rendimentos do que a agricultura tradicional e,

consequentemente, melhores condições de vida aos agricultores.

A comercialização dos produtos hortícolas se processa através das feiras de

produtores ou via intermediários que repassam os produtos ao mercado varejista.

28

Fruticultura

Por sua importância no consumo interno, no valor da produção da área cultivada e

na participação da economia do MRT-Leste/AP destacam-se neste segmento as culturas

da banana, mamão, laranja e maracujá.

- Banana

Apesar da reduzida área plantada, a banana é uma das principais culturas

desenvolvidas nas pequenas propriedades do MRT-Leste/AP, constituindo renda

complementar dos produtores de mandioca e base da alimentação das populações de

baixa renda.

Até seus pequenos bananais serem dizimados pelo Mal da Sigatoka, o Estado do

Amapá era autossuficiente na produção de banana, conseguindo inclusive excedente

para a exportação. Atualmente, a produção não consegue atender a demanda do Estado,

dependente da importação do produto, cujo frete onera consideravelmente seu preço no

mercado local.

O nível tecnológico adotado pelos produtores ainda é baixo, embora as instituições

competentes trabalhem em parceria na transferência de tecnologias, através de cursos,

palestras e reuniões com os produtores, alertando-os para a importância da seleção de

variedades mais resistentes.

No ano de 2012, o município de Porto Grande foi o maior produtor de banana do

Estado e do MRT-Leste/AP, com uma produção de 1.738 toneladas, cultivadas em 180

hectares, segundo dados do IBGE. Outros grandes produtores do mercado são os

municípios de Macapá e Tartarugalzinho que produziram 1.425 e 726 toneladas em 170 e

70 hectares, respectivamente.

- Laranja

Além da banana, o cultivo da laranja coloca-se como uma das principais frutíferas

de ciclo longo exploradas no MRT-Leste/AP. Adotando tecnologia de médio padrão, no

município de Porto Grande encontra-se uma propriedade especializada na produção de

tangerina e laranja-pera, responsável por elevar o município ao patamar de principal

produtor de citrus do MRT-Leste/AP, com uma produção estimada em 4.292 toneladas,

cultivada em 370 hectares de área plantada.

29

- Mamão e Maracujá

O maracujá é uma fruteira predominante em pequenos pomares de 1 a 4 hectares

do MRT-Leste/AP.

Segundo dados do IBGE (2012), o município de Porto Grande foi considerado o

maior produtor de mamão e de maracujá do Estado do Amapá e consequentemente do

MRT-Leste/AP, com produção de 255 e 220 toneladas, cultivadas em 30 e 33 hectares de

área plantada, respectivamente.

Os agricultores familiares do MRT-Leste/AP consideram duas outras culturas como

prioritárias: o cacau e o cupuaçu. Apesar de não haver dados oficiais do IBGE sobre suas

produções.

No caso do cacau, essa ausência de dados faz presumir que as quantidades não

são altas suficientes para serem inclusas nos dados oficiais do IBGE. Já o cupuaçu, é

uma fruta amazônica que vem conquistando os mercados de outras regiões do Brasil,

apresentando também um grande potencial para alcançar o mercado internacional.

Pecuária em Pastagens Plantadas

Compreendem as pastagens formadas mediante plantio de forrageiras próprias

para a alimentação dos rebanhos. No MRT-Leste/AP predominam espécies de braquiárias

plantadas ao longo das estradas, concentrando-se às margens da BR-156, nos

municípios de Calçoene e Oiapoque (MRT-Oeste/AP) e na BR-210, nos municípios de

Porto Grande e Pedra Branca do Amapari (MRT-Oeste/AP).

Em geral, as pastagens plantadas são utilizadas para a criação de bovinos de corte

e em menor escala para a criação de animais destinados à produção leiteira. A atividade é

prejudicada em virtude de ausência de manejo adequado, aliada a compactação e a

erosão dos solos.

Pecuária em Pastos Naturais

Incluem-se nesta categoria as pastagens nativas dos ecossistemas de cerrado e

campos inundáveis da região dos lagos e da planície litorânea, e constituem a principal

fonte alimentar dos rebanhos bubalinos e bovinos. Caracteriza-se pelas baixas taxas de

natalidade e elevadas taxas de mortalidade de bezerros, caracterizando pecuária

extensiva e pouco produtiva, tanto em grandes como em pequenas propriedades.

Próximo ao litoral, encontram-se as grandes propriedades, que podem chegar a

30

10.000 hectares, cujos rebanhos superam o número de 1000 cabeças de bubalinos. A

utilização de sistemas inadequados de produção (alimentação, manejo dos rebanhos,

mineralização e sanidade animal) tem contribuído decisivamente para a instabilidade

técnica, econômica e ecológica da exploração, resultando na obtenção de baixos índices

de produtividade.

Além disso, a bubalinocultura vem causando sérios problemas ambientais na

região dos lagos, particularmente no município de Amapá e no vale do Araguarí. Durante

o inverno os búfalos concentram-se mais no interior, porém no verão, quando escasseia o

capim, os animais seguem em direção ao mar em busca de alimento. Por ser um animal

rústico e pesado, seu pisoteio vai abrindo canais que favorecem a penetração da água do

mar, com repercussões negativas ao ambiente. A intensa utilização das pastagens

também favorece a compactação do solo.

Além da bubalinocultura, as áreas de vegetação natural também são aproveitadas

para a criação de bovinos, que se desenvolvem mediante sistema migratório,

caracterizado pela transumância do efetivo entre as áreas de cerrado (terra-firme) e as

áreas de vegetação pioneira (terras baixas e úmidas).

Segundo dados do IBGE (2012), no MRT-este/AP concentram-se os três maiores

produtores de bovinos do Estado: Amapá, Macapá e Porto Grande, com uma produção de

32.189, 16.708 e 13.707 cabeças de gado bovino, respectivamente. O principal produtor

de bubalinos do Estado e consequentemente do MRT-Leste/AP é o município de Cutias

com o número de búfalos estimado em 65.970, seguido por Macapá e Amapá, com

37.798 e 34.191 cabeças cada, respectivamente.

Em todo o mercado são precárias as condições de abate dos animais, onde

predominam os abatedouros clandestinos. A carne produzida geralmente não tem

procedência conhecida, não sendo comum o aproveitamento dos subprodutos, até

mesmo o couro é descartado. A produção de carne não atende a demanda do estado,

sendo em grande parte importada do Pará.

Extrativismo

O extrativismo vegetal constitui importante vertente na base econômica da

população amapaense e, dependendo do tipo de produto, pode estar associado aos

ambientes florestais ou aos ambientes campestres. No MRT-Leste/AP, as principais

atividades baseadas na exploração desses recursos são a extração de madeira e a coleta

de frutos e palmitos do açaí.

31

Extração Madeireira

A exploração de madeira é alimentada pela diversidade da floresta, altamente rica

em espécies madeiráveis, com elevado potencial de aproveitamento econômico,

dispersas heterogeneamente e muitas consideradas nobres pela indústria madeireira.

Esta atividade, se conduzida de forma manejada, será capaz de conciliar

desenvolvimento e conservação. Na Amazônia, porém, a exploração madeireira tem sido

amplamente realizada de forma desordenada e predatória, provocando danos

significativos às florestas; pressão excessiva sobre algumas espécies madeireiras - por

exemplo, mogno (Swietenia macrophylla), virola (Virola surinamensis), pau amarelo

(Vochysia sp) e acapu (Vouacapoua americana); e aumento da propensão a incêndios

florestais e à invasão de cipós. As principais espécies utilizadas pelo setor madeireiro na

várzea do Amapá são: Anani (Symphonia globulifera), Andiroba (Carapa guaianensis),

Pau Mulato (Calycophyllum spruceanum), Macacaúba (Platymiscium ulei), Pracuúba

(Annona crassiflora), Tamaquaré (Stryphnodendron paniculatum), Virola (Virola

surinamensis) e Jacareúba (Calophyllum brasiliense). No Amapá, as principais espécies

extraídas são angelim vermelho (Dinizia excelsa), angelim pedra (Himenolobium

Petraeum), maçaranduba (Manilkara huberi), jatobá (Hymenae courbaril), ipê (Tabebuia

spp), pau amarelo (Vochysia sp), acapu (Vouacapoua americana) e mandioqueiro

(Didymopanax morototonii).

Segundo dados do IBGE (2012), o município de Porto Grande foi considerado o

principal extrator de madeira do MRT-Leste/AP e de todo o Estado do Amapá, com uma

produção de 85.269 m³ de madeira em tora.

Coleta de Açaí

A palmeira açaí (Euterpe oleracea) faz parte dos produtos do extrativismo vegetal

centrado na utilização das várzeas. O Estado do Amapá registra significativas ocorrências

da palmeira do açaí, de onde se extrai o palmito e o fruto, produtos muito apreciados pelo

mercado regional e nacional.

O açaí é uma palmeira cespitosa, produtora de frutos comestíveis e de palmito

comercializável. O manejo de palmeiras de açaí em florestas de várzea é uma prática que

requer pouco equipamento e conhecimento técnico, baseando-se apenas em abrir espaço

para a entrada de luz e crescimento da planta. Tipicamente tropical, é encontrado em

estado silvestre e constitui uma das espécies mais representativas desse ambiente,

32

podendo apresentar-se na forma dispersa ou em populações adensadas.

O açaizeiro é uma espécie de grande importância socioeconômica para a

Amazônia, devido ao seu enorme potencial de aproveitamento integral de matéria-prima.

De sua polpa é extraído o “vinho”; as sementes são utilizadas para artesanato e adubo

orgânico. A planta fornece ainda um ótimo palmito e suas folhas são utilizadas para

cobertura de casas na Região Amazônica. A demanda pelo açaí fora da região também

está em alta, apresentando demandas altas no mercado, de modo particular no Rio de

Janeiro e em São Paulo. Em contrapartida, o palmito do açaizeiro tem muito boa

aceitação no mercado internacional e seu consumo está crescendo e gerando divisas que

se equivalem às da castanha-do-brasil, com quem divide a liderança das exportações

regionais de produtos florestais não madeireiros.

Segundo dados do IBGE (2012), o município de Macapá foi considerado o principal

extrator de açaí do MRT-Leste/AP, seguido do município de Santana, com uma produção

de 457 e 202 toneladas de fruto, respectivamente.

4.2 – Mercado Regional de Terras Oeste (MRT-Oeste/AP)

4.2.1 – Abrangência Geográfica do MRT-Oeste/AP

O MRT-Oeste/AP é formado por seis municípios, Oiapoque, Serra do Navio,

Pedra Branca do Amapari, Mazagão, Laranjal do Jari e Vitória do Jari (Tabela 02),

caracteriza-se por abranger a maior parte das áreas com tipologia vegetal de matas, com

potencial para o desenvolvimento do extrativismo, de atividades de manejo e exploração

vegetal, onde se percebeu que a pressão do mercado por terras ocorre em áreas mais

específicas como nas regiões de fronteiras.

Nesse mercado estão os municípios que fazem a fronteira do Brasil com a Guina

Francesa, através dos municípios de Oiapoque e Laranjal do Jari, parte da fronteira do

Brasil com o Suriname, através do município de Laranjal do Jari. Há ainda os municípios

que fazem parte da fronteira com o estado do Pará, composto por Laranjal do Jari, Vitória

do Jari e Mazagão. Destaca-se nesse mercado regional a incidência em grande

percentual das áreas ambientalmente protegidas.

Nos seis municípios do MRT-Oeste/AP reside uma população de aproximadamente

116.870 habitantes (Tabela 02), correspondente a apenas 16% da população do estado.

Em contrapartida, esse mercado contempla uma área de 84.932,00 km², representando

59% da área do estado, implicando em uma baixa densidade demográfica, de apenas

1,38 habitantes por km².

33

Tabela 02 – Municípios Integrantes do MRT- Oeste do Estado do Amapá.

Município Área (Km²) População (hab.) Distância à capital (Km)

Laranjal do Jari 30.966,00 43.832 275

Mazagão 11.131,00 18.739 36

Oiapoque 22.625,00 22.986 590

Pedra Branca do Amapari

9.970,00 12.828 180

Serra do Navio 7.757,00 4.761 197

Vitória do Jari 2.483,00 13.724 300

Total 84.932,00 116.870 ---------------------

Fonte: IBGE, 2013.

Bacias Hidrográficas

No MRT-Oeste/AP se inserem integralmente as bacias hidrográficas denominadas

Rio Oiapoque, Rio Uaçá, Rio Jari, Rio Cajari, Igarapé Matauaú, Igarapé Tambaqui, Rio

Ariramba, Rio Ajuruxi, Rio Maracá-Pucu, Rio Preto e Rio Mazagão e também partes das

bacias denominadas Rio Vila Nova, Rio Araguari e Rio Cassiporé. (Figura 06).

As bacias hidrográficas Rio Oiapoque, Rio Uaçá, Rio Cassiporé e Rio Araguari

desaguam diretamente no Oceano Atlântico. O restante das bacias desaguam no Rio

Amazonas.

34

Figura 06 – Bacias Hidrográficas do MRT-Oeste/AP.

4.2.2 – Histórico da Ocupação do MRT-Oeste/AP

Município de Oiapoque

Está localizado no extremo Norte do País, seu nome retoma a um importante rio

do estado do Amapá, que o separa da Guiana Francesa, que nasce na serra do

Tumucumaque e deságua no oceano Atlântico. O município foi criado pela Lei 7.578 de 23

de maio de 1945, possui vários atrativos naturais, além do Vale do Rio Uaçá onde se

localizam importantes comunidades indígenas, a Galibi, a Juminã e a Uaçá, com suas

respectivas etnias Galibi, Karipuna e Palikur.

35

A ocupação do município de Oiapoque e suas imediações remontam ao

descobrimento do Brasil pelos Europeus, é fronteira do Brasil com a Guiana Francesa.

Pela sua localização, sempre esteve envolvido em questões de limites de fronteira,

inicialmente entre Portugal e França, e mais tarde entre Brasil e França.

A economia do município é composta por atividades ligadas ao setor primário,

principalmente na criação dos gados bovino, bubalino e suíno e na cultura da mandioca,

laranja, milho, cana-de-açúcar e outros. No setor secundário, pode-se citar a extração de

ouro, artesanato, incluindo-se a fabricação de luxuosas joias em ouro.

O município apresenta um viés turístico, desde que em 1943, ergueu-se um

monumento à pátria, indicativo do marco inicial do território brasileiro, onde figuram

citações do hino nacional e uma placa indicativa com os dizeres: “Aqui Começa o Brasil”.

Atualmente há grande expectativa pelo início do fluxo terrestre entre Brasil e

Guiana Francesa através da ponte sobre o Rio Oiapoque, que se encontra construída,

mas sem haver fluxo, pela falta de infraestruturas alfandegárias por parte do Brasil.

Município de Serra do Navio

A ocupação da área do município se deu quando da implantação da ICOMI -

Indústria e Comércio de Minérios S/A, que construiu em plena selva amazônica, uma vila

de casas para abrigar seus funcionários, consideradas na época construções de

engenharia muito avançada. Essa empresa explorou as reservas de manganês desde o

ano de 1953 até 1997, apesar do contrato com o governo do Estado prevê encerramento

apenas 2003. Ainda na época de exploração do minério, surgiu nas imediações uma

comunidade agrícola denominada Água Branca do Amapari, que fica localizada a

aproximadamente 10 km da sede do município. Essa comunidade surgiu da necessidade

de abrigar o contingente de moradores da periferia da Vila Operária da ICOMI (atual sede

do município), com a finalidade de fomentar a atividade agrícola de subsistência.

O município foi criado no ano de 1992, localizando-se a distância de 190 km da

capital Macapá, com predomínio de extensas áreas de floresta de terra firme. Na

agropecuária, há uma predominância da agricultura de subsistência.

Município de Pedra Branca do Amapari

O município de Amapari tem sua origem ligada à exploração de ouro pelos

Samaracá, uma espécie de grupo indígena oriundo da Guiana Francesa, que batizou a

36

cidade escrevendo seu nome nas pedras brancas dos rios. Em 1955 o acesso ao vilarejo

se tornou mais fácil com a construção da Estrada de Ferro do Amapá pela Icomi. Em 1º

de maio de 1992, com a lei nº 8, o governo do Estado acata o plebiscito popular,

emancipando o município com o nome de Pedra Branca do Amapari, em homenagem ao

rio Amapari e à pedra banca encontrada em seu leito.

Distante 180 km da capital do Estado, é bem servido por rios e igarapés,

destacando-se, entre eles, a bacia do Amapari com seu afluentes (Mururé, Tucumpi e

Cupixi) e o Araguari. A população predominante é na zona rural (70%), ficando na sede

municipal apenas 30%.

O município passou por um período de retração econômica, com a desativação

da Icomi e o esgotamento das jazidas de manganês de Serra do Navio, cujo escoamento

tinha passagem obrigatória pelo Amapari. Atualmente a instalação de novas empresas de

exploração de minérios tem promovido deslocamento de pessoas para a região e

influenciado o reaquecimento da economia do município.

A agropecuária é mais de subsistência, com plantios de arroz, milho, feijão e

mandioca, criação de bovinos nas imediações da BR-210, conhecida como Perimetral

Norte.

A carência de transporte para escoamento da produção prejudica, além dessas

culturas, as de cupuaçu, abacaxi, laranja, banana, melancia e pupunha, cujo solo é

propício.

Município de Mazagão

A criação desse município data do ano de 1890, está a 36 km da capital do

Estado. A população de Mazagão é originária do norte da África (Marrocos), que foi

colonizada pelos portugueses que pensavam em expandir seus domínios a partir da

construção de fortes e castelos. No entanto, as questões religiosas entre mouros

(muçulmanos) e portugueses (cristãos), desaguaram numa sangrenta guerra santa, cujos

custos oneraram em muito a Coroa portuguesa.

Nas lutas acirradas entre mouros e portugueses e, nas breves tréguas, os mais

antigos contam que surgia a imagem de um cavaleiro branco, identificado como São

Tiago, que passou a ajudar os lusos a vencerem as grandes batalhas.

Os primeiros habitantes de Mazagão, no Amapá, foram 134 famílias, com seus

escravos, que se transformaram nos primeiros agricultores desta região. A primeira capital

brasileira a hospedar os bravos mazaganenses africanos foi Belém.

37

Por causa da decadência de Mazagão amazônica devido as circunstâncias da

situação sócio-econômica e política, por volta de 1915 o governador do Pará resolve

incorporar esta vila ao município de Macapá. Este fato deixou seus moradores muito

insatisfeitos, pois queriam continuar com sua autonomia político-administrativa. Surgiu

assim um novo local para instalação da sede de seu município. A área escolhida para

servir Mazagão Novo, fica situada a 30 quilômetros de Mazagão Velho e mais próximo à

cidade de Macapá, em frente ao Furo do Beija-Flor, entre o rio Vila Nova e o braço

esquerdo do Amazonas.

Através da Lei Estadual paraense nº 46, ficou decretada a transferência da sede,

de Mazagão Velho para Mazagão Novo, instalada no dia 15 de novembro de 1915.

Todos os anos, no mês de julho, é realizada a Festa de São Tiago, tendo seu

ápice nos dias 24 e 25, com o "Baile de Máscaras" e a dramatização da "cavalhada", com

uma reprodução das lutas travadas entre mulçumanos (mouros) e cristãos (portugueses),

ambos os grupos trajados a rigor.

Em sua área estão localizadas duas importantes Unidades de Conservação do

Estado, que são as "Reserva Extrativista do Rio Cajarí" e a do "Reserva Extrativista do

Rio Iratapurú", que atendem a um novo modelo de desenvolvimento econômico, cuja

principal atividade econômica é o extrativismo da castanha-do-brasil.

Grande parte do território do município de Mazagão é composto por áreas

inundáveis, com acesso predominante pelos Rios e Igarapés.

Na agropecuária destacam-se a agricultura de subsistência e a pecuária

extensiva bovina e bubalina.

Município de Laranjal do Jari

Laranjal do Jari, situado na margem do Rio Jari, é o maior município do Amapá.

Além dos limites com outros municípios do Estado, faz fronteira com o Pará, Suriname e

Guiana Francesa. Surgiu com a instalação de um povoado influenciado pela implantação

do Projeto Jari.

Esse projeto foi feito pelo americano Daniel Keith Ludwing, que adquiriu em 1967,

na fronteira entre os estados do Pará e Amapá (então Território Federal), uma área de

terra de tamanho pouco menor que a do estado de Sergipe, para a instalação do seu

projeto agropecuário. A área adquirida por Ludwig fez com que fosse provavelmente o

maior proprietário individual de terras no Ocidente.

A sede da empresa situava-se em Monte Dourado/PA e a comunidade de Laranjal

38

do Jari da atualidade foi formada por trabalhadores dessa empresa. Em 1987, esse

povoado foi elevado à condição de município, que se encontra distante 275 km da capital.

A área em poder da empresa que explora economicamente florestas plantadas na região

é excessivamente grande.

No município, há exploração de recursos naturais como mineração e o

extrativismo vegetal, este último tendo como principal atividade a extração da "castanha-

do-Brasil". Na agropecuária, predominam a agricultura de subsistência e a criação de

bovinos e bubalinos. A instalação da hidrelétrica de Santo Antônio, que está em

construção, é fato importante para a economia do município.

Esse município destaca-se também pela sua extensão territorial, sendo o maior

do estado. Além dos limites com outros municípios do estado, faz fronteira com o estado

do Pará e com Suriname e Guiana Francesa.

Com a crise da Companhia Jari a economia do município está centrada

basicamente na exploração dos recursos naturais como a mineração e o extrativismo

vegetal, este último tendo como principal atividade a extração da "Castanha-do-Brasil".

Município de Vitória do Jari

Está localizado na margem do Rio Jari, é o município mais novo do Estado, foi

criado em 1994, desmembrado de Laranjal do Jari, que, por sua vez, fora desmembrado

de Mazagão. Assim como Laranjal do Jari, tem parte expressiva de suas terras sobre o

domínio da empresa de celulose, que as mantêm com cultivos de eucaliptos.

Sua economia é baseada no extrativismo; na agropecuária, com predomínio da

agricultura de subsistência, da pecuária bubalina e nos empregos gerados pelo projeto

Jari, cuja fábrica de Celulose (FACEL), está localizada em frente a sede do município.

Possui recursos naturais diversificados, dentre eles o caulim explorado pela Companhia

Caulim da Amazônia.

4.2.3 – Áreas Legalmente Protegidas do MRT-Oeste/AP

Na Figura 07 são apresentadas as principais áreas públicas legalmente protegidas

do MRT-Oeste/AP, sendo 05 terras indígenas, 04 unidades de conservação federais e 02

estaduais, sendo que desse conjunto 03 são comuns aos dois mercados regionais de

terras (MRT-Leste/AP e o MRT-Oeste/AP).

A seguir são discriminadas as principais unidades de conservação legalmente

protegidas no MRT–Leste/AP.

39

Figura 07 – Principais Áreas Públicas Legalmente Protegidas do MRT-Oeste/AP.

Estação Ecológica do Jarí

Criada pelo Decreto Nº 87.092 de 12 de abril de 1982, teve sua área ampliada pelo

Decreto Nº 89.440 de 13 de março de 1984, visando à preservação dos ecossistemas e a

realização de pesquisas científicas e atividades de educação ambiental.

Ocupa uma área de 227.126 hectares, estendendo-se do Rio Jari a leste até o Rio

Paru a oeste, dois afluentes da margem esquerda do Rio Amazonas, ocupando áreas nos

municípios de Almerim, no Pará e Laranjal do Jarí, no Amapá. A flora e fauna encontradas

nessa unidade de conservação são características das Florestas Tropicais Úmidas:

Florestas Primárias de Terra Firme, Florestas Secundárias de Terra Firme, Vegetação

40

associada aos Afloramentos Rochosos; Floresta de Igapó e Mata Ciliar, abrigando

espécies endêmicas, raras, vulneráveis e ameaçadas.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru

Criada pela Lei Estadual Nº 392, de 11 de Dezembro de 1997, a Reserva de

Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru possui uma área de 806.184 hectares.

Localizada no sul do Amapá, especificamente nos municípios de Mazagão, Laranjal

do Jari e Pedra Branca do Amapari, onde os moradores exploram a castanha-do-brasil

(Bertoholletia excelsa) e outras espécies de valor comercial, como a andiroba (Carapa

guianensis), a copaíba (Copaifera multijuga) e o camu-camu (Myrciaria dubia). É

considerada um importante corredor ecológico, pois conecta o Parque Nacional das

Montanhas do Tumucumaque à Reserva Extrativista do Rio Cajari.

Reserva Extrativista do Rio Cajari

A Reserva Extrativista do Rio Cajari, localiza-se no sul do estado do Amapá,

especificamente no município de Mazagão. Ocupa uma área de aproximadamente

480.000 hectares, distribuídos em áreas de campos e cerrados, mas a principal cobertura

vegetal é a de florestas densas.

O Rio Cajari abriga grande parte da população ribeirinha da região, juntamente

com o Rio Ajuruxi e igarapés menores, cuja ocupação teve início no ciclo da borracha, em

meados do século passado. Em seguida, a área foi ocupada por extensas atividades

florestais destinadas à produção de celulose, pecuária, madeira e mineração, conhecida

como Projeto Jari. Esse empreendimento promoveu a marginalização da população

extrativista da região, gerando conflitos durante a década de 1980 que resultaram na

organização dos seringueiros e criação da Reserva Extrativista em 1990.

Reserva Extrativista Municipal Beija-flor Brilho de Fogo

Criada pelo Decreto Nº 139 Gab/PMPBA, de 19 de Novembro de 2007, a reserva

de uso sustentável possui 68.524,20 hectares formados por áreas de igapó e floresta

umbrófila densa, localizadas ao sul do município de Pedra Branca do Amapari. Entre os

principais objetivos dessa unidade de conservação está a proteção e a garantia do uso

41

sustentável de seus recursos naturais e também a promoção de maiores benefícios às

populações extrativistas, protegendo seus meios de vida e sua cultura.

Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque

O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque foi criado em 22 de Agosto de

2002. Possui a extensão de 3.865.188,53 hectares, distribuídos nos municípios de

Oiapoque, Serra do Navio e Laranjal do Jarí no MRT-Oeste/AP e Calçoene, no MRT-

Leste/AP. Ocupa aproximadamente 27% do território do Estado do Amapá, onde

predomina a paisagem conhecida como “Escudo das Guianas”, caracterizada pelo relevo

acidentado que abriga as nascentes de diversos rios.

O Parque Nacional inclui regiões consideradas biologicamente importantes e de

relevante interesse para a conservação da natureza. É uma região ainda pouco estudada,

mas sabe-se que abriga espécies endêmicas da flora e fauna.

Parque Natural Municipal do Canção

Criado pelo Decreto Nº 85 PMSN, de 14 de Novembro de 2007, a unidade de

conservação de proteção integral ocupa 370,26 hectares do município de Serra do Navio,

abrigando as áreas formadas no ecossistema de igapó, com predominância de floresta

umbrófila densa. O objetivo dessa unidade de conservação é a preservação de amostras

de espécies da fauna e flora amazônicas, a manutenção de bacias hidrográficas locais e a

valorização do patrimônio paisagístico e cultural do município.

Além disso, o MRT-Oeste/AP é composto pelo Parque Nacional do Cabo Orange e

pela Floresta Estadual do Amapá, cuja descrição foi realizada preliminarmente no MRT-

Leste por ocupar os dois mercados.

4.2.4 – Infraestruturas do MRT-Oeste/AP

Em termos de infraestrutura produtiva destaca-se no MRT- Oeste/AP (Figura 08) a

Estrada de Ferro do Amapá, que interliga o município de Serra Navio ao Porto no

município de Santana, entrecortando o município de Pedra Branca do Amapari.

Em termos de via de acesso e escoamento da produção agropecuária, a BR 220

(Rodovia Perimetral Norte), que foi projetada na época da ditadura militar, concebida para

interligar toda a calha norte do Rio Amazonas de Macapá ao município de Cruzeiro do Sul

no estado do Acre e que iria entrecortar os estados do Amapá, Pará, Roraima e

42

Amazonas, mas restou inconclusa, encontrando-se concluído apenas o trecho de Macapá

até a aldeia Aramirã, na Terra Indígena da etinia Oiãmpi, município de Pedra Branca do

Amaparí, com o acesso também a sede do município de Serra do Navio.

Destaca-se, ainda a BR 156, no seu trecho sul, que interliga a região do Vale do

rio Jari a capital Macapá.

Figura 08 – Principais Infraestruturas dos MRT-Oeste/AP e MRT-Leste/AP.

Vale ressaltar que estão em fase de conclusão as obras de construção do linhão

que trará para o Estado energia elétrica da hidroelétrica de Tucuruí-PA, interligando o

sistema energético do Amapá ao resto do País, ainda está em fase de construção a

hidroelétrica de Santo Antônio, no município de Laranjal Jari.

43

4.2.5 – Principais Atividades Agropecuárias no MRT-Oeste/AP

No MRT-Oeste/AP, as principais atividades agropecuárias são: culturas anuais

(mandioca, milho, feijão e abacaxi), fruticultura (banana, laranja, mamão e maracujá),

pecuária de corte em pastagens plantadas, extrativismo e silvicultura. Algumas destas

atividades já foram descritas anteriormente no MRT-Leste/AP, seguindo abaixo somente

os dados dos principais produtos no MRT-Oeste/AP:

Culturas Anuais

- Mandioca

Segundo os dados do IBGE (2012), Oiapoque foi considerado o maior produtor de

mandioca do Estado e consequentemente do MRT-Oeste/AP, onde a produção do

município alcançou 31.200,00 toneladas produzidas em 2.450 hectares de área plantada,

seguido dos municípios de Pedra Branca do Amapari e Mazagão, cujas produções foram

estimadas em 13.750,00 e 12.871,00 toneladas, produzidas em 1.100 e 990 hectares,

respectivamente.

- Milho e Feijão

Dados oficiais do IBGE indicam que o município de Laranjal do Jari alcançou o 1º

lugar no ranking da produção de milho e feijão do MRT-Oeste/AP, no ano de 2012, com

produção estimada em 194 toneladas de milho produzidas em 270 hectares de área

plantada e 95 toneladas de feijão produzidas em 90 hectares de área plantada,

respectivamente, seguido pelos municípios de Pedra Branca do Amapari e Mazagão,

respectivamente.

- Abacaxi

O município de Pedra Branca do Amapari é o principal produtor de abacaxi do

MRT-Oeste/AP, seguido por Laranjal do Jari e Mazagão. Estima-se que o primeiro tenha

produzido 512.000 frutos em 120 hectares de área plantada, segundo dados do IBGE,

2012.

44

Fruticultura

- Banana

No ano de 2012, o município de Oiapoque foi o maior produtor de banana do

Estado e do MRT-Oeste/AP, com uma produção de 2.550 toneladas, cultivadas em 330

hectares, segundo dados do IBGE. Outros grandes produtores do mercado são os

municípios de Pedra Branca do Amapari e Laranjal do Jari que produziram 1.625 e 1.425

toneladas em 190 e 180 hectares, respectivamente.

- Laranja

O município de Oiapoque é o principal produtor de laranja do MRT-OesteAP,

seguido por Mazagão e Pedra Branca do Amapari. Estima-se que o Oiapoque tenha

produzido 2.235 toneladas em 160 hectares de área plantada, segundo dados do IBGE,

2012. Os outros dois municípios apresentaram a produção de 864 e 842 toneladas,

cultivadas em 85 e 90 hectares de área plantada, respectivamente.

- Mamão e Maracujá

No ano de 2012, o município de Oiapoque foi o maior produtor de mamão e de

maracujá do MRT-Oeste/AP, com produção de 125 e 130 toneladas, cultivadas em 22 e

23 hectares de área plantada, respectivamente, segundo dados do IBGE.

Pecuária de Corte em Pastagens Plantadas

Compreendem as pastagens formadas mediante plantio de forrageiras próprias

para a alimentação dos rebanhos associadas a culturas temporárias. No MRT-Leste/AP

predominam espécies de braquiárias plantadas ao longo das estradas, concentrando-se

às margens da BR-156, nos municípios de Calçoene e Oiapoque (MRT-Oeste/AP) e na

BR-210, nos municípios de Porto Grande e Pedra Branca do Amapari (MRT-Oeste/AP).

Em geral, as pastagens plantadas são utilizadas para a criação de bovinos de corte

e em menor escala para a criação de animais destinados à produção leiteira. As

características principais da atividade deficiência de manejo adequado, aliada a

compactação e a erosão dos solos.

45

Extrativismo

O extrativismo vegetal constitui importante vertente na base econômica da

população amapaense e, dependendo do tipo de produto, pode estar associado aos

ambientes florestais ou aos ambientes campestres. As principais atividades baseadas na

exploração desses recursos são a coleta da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa), de

sementes de espécies oleaginosas, a extração do látex em seringais (Hevea brasiliensis)

nativos e coleta de frutos e palmito do açaí (Euterpe oleracea).

Coleta de castanha-do-brasil

As castanheiras aparecem sempre juntas, em reboleiras. São árvores de porte

elevadíssimo, atingindo até 60 metros de altura. Setenta por cento da amêndoa da

castanheira é composta de óleo. A partir da castanha pode-se produzir barras

alimentícias, pastas cremosas, leite de castanha, óleo de castanha, farinha de castanha e

muitos outros produtos. A castanha contém um mineral chamado selênio que previne

certos tipos de câncer como o de pele, apresentando resultados positivos quando testado,

como antioxidante. A indústria cosmética também tem utilizado o óleo da castanha para a

fabricação de cremes para a pele e xampus.

Extração de Látex de Seringais

A extração da borracha de seringueira é mais comum em ambiente de várzea,

terras baixas e argilosas, justafluviais, mas é também encontrada nas terras firmes. As

seringueiras estão dispersas na floresta, embora algumas áreas se destaquem pela

concentração da Hevea brasiliensis, espécie de maior importância econômica pela

riqueza do látex que produz e pela superioridade do produto.

A produção do látex tem emprego garantido em diversos ramos da atividade

industrial. O mais novo, porém, é o emprego da matéria-prima para a produção do couro

vegetal. Produzido com tecido e látex defumado, tem aparência semelhante a do couro

animal, usado nas indústrias de confecções e de calçados. Por agregar valor à borracha

nativa, é visto como solução para os problemas do setor. Tal produto tem sido

intensamente divulgado e valorizado mundialmente por seus princípios conservacionistas,

pelo incentivo ao manejo sustentado e à valorização das atividades extrativas.

46

Extração Madeireira

Segundo dados do IBGE (2012), o município de Laranjal do Jari foi considerado o

principal extrator de madeira do MRT-Oeste/AP, com uma produção de 64.892 m³,

seguido pelo município de Oiapoque com 41.256 m³.

Coleta de Açaí

Segundo dados do IBGE (2012), o município de Mazagão foi considerado o

principal produtor.

Outros Produtos

Além dos produtos citados anteriormente, o extrativismo têm sido muito prestigiado

pela indústria farmacêutica, cosmética e alimentar. Espécies oleaginosas (andiroba, buriti,

ucuuba, murumuru, patauá, copaíba, etc) justificam projetos de pesquisas pelos seus

valores industriais e pela possibilidade de emprego medicinal. O mercado externo talvez

seja o principal objeto de empresários e de ações voltadas ao desenvolvimento do setor,

uma vez que os produtos do extrativismo são extremamente valorizados por empresas

multinacionais.

A extração de madeira e a coleta de açaí também merecem destaque no cenário do

extrativismo do MRT-Oeste/AP.

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5 – Análises dos resultados e Planilha de Preços Referenciais - PPR

5.1 – Mercado Regional de Terras Leste do Estado do Amapá (MRT-Leste/AP)

5.1.1 – Tipologias de Uso do MRT-Leste/AP

A seguir estão listadas as tipologias do MRT-Leste/AP, definidas em consonância

com a pesquisa de campo (Tabela 03).

Tabela 03 – Tipologias e Seus Respectivos Níveis Categóricos do MRT-Leste/AP.

Tipologias – MRT Leste

Níveis Categóricos1º NÍVEL 2º NÍVEL 3º NÍVEL

Agricultura com mandioca (Macapá)

Agricultura com olerícolas (Macapá)Agricultura com olerícolas Entorno de Macapá e Santana

Agricultura de grãos (Macapá)Agricultura Diversificada (Calçoene)

Agricultura Diversificada (Ferreira Gomes)

Agricultura Diversificada (Macapá)Agricultura Diversificada (Porto Grande)

Agricultura Diversificada (Região dos Lagos)Cerrado (Ferreira Gomes)

Cerrado (Itaubal)

Cerrado (Macapá)Cerrado (Santana)

Cerrado Entorno de Macapá e SantanaExploração mista Pecuária + agricultura (Ferreira Gomes)

Exploração mista Pecuária + agricultura (Macapá)

Exploração mista Pecuária + Agricultura (Região dos Lagos)Exploração mista Pecuária + agricultura (Santana)

Exploração mista Pecuária + agricultura Entorno de Macapá e SantanaFloresta (Ferreira Gomes)

Floresta (Porto Grande)

Pecuária Bovina + ovina Entorno de Macapá e SantanaPecuária Bovina em pastagem de baixo suporte (Calçoene)

Pecuária Bovina em pastagem de baixo suporte (Ferreira Gomes)Pecuária Bovina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos)

Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Calçoene)

Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Calçoene)Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos)

Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Santana)

48

Descreve-se a seguir as características de cada uma das tipologias, por nível

categórico:

1º Nível Categórico

- Agricultura: imóvel rural com produção vegetal oriunda de plantio de qualquer cultura

agrícola com fins comerciais;

- Pecuária: imóvel rural com produção animal com fins comerciais;

- Floresta: imóvel rural com Floresta Amazônica nativa e sem culturas implantadas;

- Cerrado: imóvel rural com a vegetação Cerrado nativa e sem culturas implantadas; e

- Exploração mista: imóvel rural com produção vegetal oriunda de plantio de qualquer

cultura agrícola (agricultura) concomitante com produção animal (pecuária), com fins

comerciais.

2º Nível Categórico

- Agricultura com mandioca: imóvel rural com predominância da cultura da mandioca

com fins comerciais;

- Agricultura com olerícolas: imóvel rural com predominância de culturas olerícolas (ex.:

alface, tomate, cenoura, pimentão, couve, beterraba, etc.), com fins comerciais.

- Agricultura de grãos: imóvel rural com predominância de produção de grãos (arroz,

milho, feijão, soja, etc.), com fins comerciais;

- Agricultura diversificada: imóvel rural com produção de culturas perenes (basicamente

fruticultura) e/ou temporárias (principalmente mandioca e abacaxi), sem predominância de

uma espécie, com fins comerciais;

Pecuária bovina + ovina: imóvel rural com produção animal, concomitante de bovino e

ovino, com fins comerciais;

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte: imóvel rural com produção animal

predominante de bovinos em sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a

1 unidade animal por hectare, com fins comerciais;

Pecuária bubalina em pastagem de baixo suporte: imóvel rural com produção animal

predominante de búfalos em sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a

1 unidade animal por hectare, com fins comerciais; e

Exploração mista Pecuária + Agricultura: imóvel rural com produção vegetal oriunda de

plantio de qualquer cultura agrícola concomitante com produção animal com fins

comerciais.

49

3º Nível Categórico

- Agricultura com mandioca (Macapá): imóvel rural, localizado no município de Macapá,

com predominância da cultura da mandioca, com fins comerciais;

- Agricultura com olerícolas (Macapá): imóvel rural, localizado no município de Macapá,

com predominância de culturas olerícolas (ex.: alface, tomate, cenoura, pimentão, couve,

beterraba, etc.), com fins comerciais;

- Agricultura com olerícolas entorno de Macapá e Santana: imóvel rural, localizado na

região próxima a zona urbana de Macapá ou Santana, com predominância de culturas

olerícolas (ex.: alface, tomate, cenoura, pimentão, couve, beterraba, etc.) com fins

comerciais;

- Agricultura de grãos (Macapá): imóvel rural, localizado no município de Macapá, com

predominância de culturas de grãos (arroz, milho, feijão, soja, etc.), com fins comerciais;

- Agricultura diversificada (Calçoene): imóvel rural, localizado no município de

Calçoene, com culturas perenes (basicamente fruticultura) e/ou temporárias

(principalmente mandioca), sem predominância de uma espécie, com fins comerciais;

- Agricultura diversificada (Ferreira Gomes): imóvel rural, localizado no município de

Ferreira Gomes, com culturas perenes (basicamente fruticultura) e/ou temporárias

(principalmente mandioca e abacaxi), sem predominância de uma espécie, com fins

comerciais;

- Agricultura diversificada (Macapá): imóvel rural, localizado no município de Macapá,

com culturas perenes (basicamente fruticultura) e/ou temporárias (principalmente

mandioca e abacaxi), sem predominância de uma espécie, com fins comerciais;

- Agricultura diversificada (Porto Grande): imóvel rural, localizado no município de

Porto Grande, com culturas perenes (basicamente fruticultura) e/ou temporárias

(principalmente mandioca e abacaxi), sem predominância de uma espécie, com fins

comerciais;

- Agricultura diversificada (Região dos Lagos): imóvel rural, localizado no município de

Pracuuba, Amapá ou Tartarugalzinho, com culturas perenes (basicamente fruticultura)

e/ou temporárias (principalmente mandioca), sem predominância de uma espécie, com

fins comerciais;

- Pecuária bovina + ovina entorno de Macapá e Santana: imóvel rural, localizado na

região próxima a zona urbana de Macapá ou Santana, com produção animal

concomitante de bovino e ovino com fins comerciais;

- Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Calçoene): imóvel rural, localizado

no município de Calçoene, com produção animal predominante de bovinos em sistema de

50

manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a 1 unidade animal por hectare, com fins

comerciais;

- Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Ferreira Gomes): imóvel rural,

localizado no município de Ferreira Gomes, com produção animal predominante de

bovinos em sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a 1 unidade animal

por hectare, com fins comerciais;

- Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos): imóvel rural,

localizado no município de Pracuuba, Amapá ou Tartarugalzinho, com produção animal

predominante de bovinos em sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a

1 unidade animal por hectare, com fins comerciais;

- Pecuária bubalina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos): imóvel rural,

localizado no município de Pracuuba, Amapá ou Tartarugalzinho, com produção animal

predominante de búfalos em sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a

1 unidade animal por hectare, com fins comerciais;

- Pecuária bubalina em pastagem de baixo suporte (Calçoene): imóvel rural,

localizado no município de Calçoene, com produção animal predominante de búfalos em

sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior 1 unidade animal por hectare,

com fins comerciais;

- Pecuária bubalina em pastagem de baixo suporte (Santana): imóvel rural, localizado

no município de Santana, com produção animal predominante de búfalos em sistema de

manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a 1 unidade animal por hectare, com fins

comerciais;

- Floresta (Ferreira Gomes): imóvel rural, localizado no município de Ferreira Gomes,

com Floresta Amazônica nativa e sem outras culturas implantadas;

- Floresta (Porto Grande): imóvel rural, localizado no município de Porto Grande, com

Floresta Amazônica nativa e sem outras culturas implantadas;

- Cerrado (Ferreira Gomes): imóvel rural, localizado no município de Ferreira Gomes,

com vegetação de cerrado nativa e sem outras culturas implantadas;

- Cerrado (Itaubal): imóvel rural, localizado no município de Itaubal, com vegetação de

cerrado nativa e sem outras culturas implantadas;

- Cerrado (Macapá): imóvel rural, localizado no município de Macapá, com a vegetação

de cerrado nativa e sem outras culturas implantadas;

- Cerrado (Santana): imóvel rural, localizado no município de Santana, com vegetação de

cerrado nativa e sem outras culturas implantadas;

51

- Cerrado entorno de Macapá e Santana: imóvel rural, localizado na região próxima a

zona urbana de Macapá ou Santana, com vegetação de cerrado nativa e sem outras

culturas implantadas;

- Exploração mista Pecuária + Agricultura (Ferreira Gomes): imóvel rural, localizado

no município de Ferreira Gomes, com produção vegetal oriunda de plantio de qualquer

cultura agrícola concomitante com produção animal com fins comerciais;

- Exploração mista Pecuária + Agricultura (Macapá): imóvel rural, localizado no

município de Macapá, com produção de qualquer cultura agrícola concomitante com

produção animal com fins comerciais;

- Exploração mista Pecuária + Agricultura (Região dos Lagos): imóvel rural, localizado

no município de Pracuuba, Amapá ou Tartarugalzinho, com produção vegetal de qualquer

cultura agrícola concomitante com produção animal com fins comerciais;

- Exploração mista Pecuária + Agricultura (Santana): imóvel rural, localizado no

município de Santana, com produção vegetal de qualquer cultura agrícola concomitante

com produção animal com fins comerciais; e

Exploração mista Pecuária + Agricultura entorno de Macapá e Santana: imóvel rural,

localizado na região próxima a zona urbana de Macapá ou Santana, com produção

vegetal de qualquer cultura agrícola concomitante com produção animal com fins

comerciais.

5.1.2 – Resultados da Pesquisa no MRT-Leste/AP

No MRT-Leste/AP foi obtido um total de 91 (noventa e um) elementos para o

saneamento (Tabela 04). Ressalta-se que inicialmente o número de amostra era maior, no

entanto, algumas amostras foram descartadas por apresentarem área inferior à fração

mínima de parcelamento, imprecisões de dados e imóveis sem destinação agrícola.

Nessa tabela são apresentados o número e o percentual de elementos

encontrados para cada tipologia, bem como a média dos valores de VTN por tipologia e

para o MRT-Leste/AP.

As maiores quantidades de amostras desse mercado foram encontradas para as

tipologias “Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos)”, com 11

amostras (12,09%), e “Agricultura diversificada (Porto Grande)”, com 10 amostras

(10,99%).

52

Tabela 04 – Número, porcentagem de elementos e média de VTN por tipologia para o MRT-Leste /AP.

Na Tabela 05 são apresentadas as tipologias relacionadas com os tipos: oferta

(OF), negócio realizado (NR) e opinião fundamentada (OPF); quantidade de elemento

amostral e seus respectivos percentuais.

Observa-se que a maior parte das amostras coletadas em campo, ou seja, 64

(70,33%) compõe se de imóveis que estão em OF’s. Em seguida, aparecem as relativas

aos NR’s, com 23 amostras (25,27%). Por último, aparecem as OPF’s, com 4 amostras

(4,4%).

MRT Leste

TIPOLOGIA

Agricultura com mandioca (Macapá) 6 6,59 1.381,03

Agricultura com olerícolas (Macapá) 2 2,2 3.199,23

Agricultura com olerícolas Entorno de Macapá e Santana 4 4,4 36.592,44

Agricultura de grãos (Macapá) 1 1,1 2.135,87

Agricultura Diversificada (Calçoene) 8 8,79 96,09

Agricultura Diversificada (Ferreira Gomes) 4 4,4 2.097,45

Agricultura Diversificada (Macapá) 5 5,49 1.644,66

Agricultura Diversificada (Porto Grande) 10 10,99 1.160,19

Agricultura Diversificada (Região dos Lagos) 8 8,79 477,06

Pecuária Bovina + ovina Entorno de Macapá e Santana 1 1,1 27.204,42

Pecuária Bovina em pastagem de baixo suporte (Calçoene) 5 5,49 211,07

Pecuária Bovina em pastagem de baixo suporte (Ferreira Gomes) 1 1,1 137,15

Pecuária Bovina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos) 11 12,09 630,87

Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos) 1 1,1 98,61

Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Calçoene) 1 1,1 569,00

Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Santana) 1 1,1 345,20

Cerrado (Ferreira Gomes) 1 1,1 315,00

Cerrado (Itaubal) 1 1,1 2.500,00

Cerrado (Macapá) 6 6,59 6.113,92

Cerrado (Santana) 1 1,1 748,25

Cerrado Entorno de Macapá e Santana 2 2,2 53.597,26

Exploração mista Pecuária + agricultura (Ferreira Gomes) 1 1,1 450,46

Exploração mista Pecuária + agricultura (Macapá) 4 4,4 2.116,86

Exploração mista Pecuária + Agricultura (Região dos Lagos) 1 1,1 295,89

Exploração mista Pecuária + agricultura (Santana) 1 1,1 1.242,29

Exploração mista Pecuária + agricultura Entorno de Macapá e Santana 1 1,1 25.960,58

Floresta (Ferreira Gomes) 1 1,1 8.400,00

Floresta (Porto Grande) 2 2,2 320,25

TOTAL DO MRT LESTE 91 100 4.672,95

NUM. DE

ELEM.

% REL. AO

TOTAL

VTN MÉDIO

(R$)

53

Tabela 05 – Tipo, número e porcentagem de elementos amostrais por tipologia no MRT-Leste /AP.

MRT Leste

TIPOLOGIA TIPO DE ELEM.NUM. DE ELEM.% ELEMENTOS

Agricultura com mandioca (Macapá)

NR 3 50

OF 2 33,33

OPF 1 16,67

Agricultura com olerícolas (Macapá)

NR 0 0

OF 1 50

OPF 1 50

Agricultura com olerícolas Entorno de Macapá e Santana

NR 0 0

OF 3 75

OPF 1 25

Agricultura de grãos (Macapá)

NR 0 0

OF 0 0

OPF 1 100

Agricultura Diversificada (Calçoene)

NR 7 87,5

OF 1 12,5

OPF 0 0

Agricultura Diversificada (Ferreira Gomes)

NR 0 0

OF 4 100

OPF 0 0

Agricultura Diversificada (Macapá)

NR 1 20

OF 4 80

OPF 0 0

Agricultura Diversificada (Porto Grande)

NR 1 10

OF 9 90

OPF 0 0

Agricultura Diversificada (Região dos Lagos)

NR 3 37,5

OF 5 62,5

OPF 0 0

Pecuária Bovina + ovina Entorno de Macapá e Santana

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Pecuária Bovina em pastagem de baixo suporte (Calçoene)

NR 0 0

OF 5 100

OPF 0 0

Pecuária Bovina em pastagem de baixo suporte (Ferreira Gomes)

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Pecuária Bovina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos)

NR 3 27,27

OF 8 72,73

OPF 0 0

Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos)

NR 1 100

OF 0 0

OPF 0 0

Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Calçoene)

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Pecuária Bubalina em pastagem de baixo suporte (Santana)

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Cerrado (Ferreira Gomes)

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Cerrado (Itaubal)

NR 1 100

OF 0 0

OPF 0 0

Cerrado (Macapá)

NR 1 16,67

OF 5 83,33

OPF 0 0

Cerrado (Santana)

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Cerrado Entorno de Macapá e Santana

NR 0 0

OF 2 100

OPF 0 0

Exploração mista Pecuária + agricultura (Ferreira Gomes)

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Exploração mista Pecuária + agricultura (Macapá)

NR 1 25

OF 3 75

OPF 0 0

Exploração mista Pecuária + Agricultura (Região dos Lagos)

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Exploração mista Pecuária + agricultura (Santana)

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Exploração mista Pecuária + agricultura Entorno de Macapá e Santana

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Floresta (Ferreira Gomes)

NR 0 0

OF 1 100

OPF 0 0

Floresta (Porto Grande)

NR 1 50

OF 1 50

OPF 0 0

TOTAL DO MRT LESTE

NR 23 25,27

OF 64 70,33

OPF 4 4,4

54

5.1.3 – Comportamento do MRT-Leste/AP

A análise do comportamento dos mercados regionais de terra do Estado foi

prejudicada, em virtude da metodologia adotada no presente trabalho ser pioneira, a

última Pauta de Valores de Terra Nua da SR-21/AP ser do ano de 2008 e não se ter

registro da metodologia que foi utilizada, além de apresentar dados de VTN com preços

diferenciados por município, o que difere da atual PPR, na qual os preços são

classificados por tipologia e por mercado.

Comparações do mercado com dados de publicação nacional, como o relatório

bimestral “Análise do Mercado Terras” divulgado pela Informa Economics/FNP

(maio/junho 2013) também não possibilitam uma análise aprofundada devido à adoção de

metodologias e tipologias diferenciadas. As tipologias presentes no relatório FNP não

correspondem às identificas em campo por ocasião da pesquisa para a elaboração do

Relatório de Análise de Mercado de Terras do Estado do Amapá.

Ressalte-se, ainda, que a análise comparativa quanto a liquidez do mercado não foi

realizada em virtude da indisponibilidade de informações quanto à velocidade de venda

(VV), que é média de meses para realizar a venda dos imóveis transacionados.

Dessa forma, em termos de “liquidez”, o único item possível de citação, trata-se

das amostras oriundas de “Negócios Realizados”, que totalizaram 23 (Tabela 06),

correspondendo a 25,27% das amostras do MRT-Leste/AP.

Tabela 06 – Número de amostras de negócios realizados (NR), por mês, MRT-Leste/AP.

Mês/Ano Número de amostras

Agosto/2012 4

Setembro/2012 1

Outubro/2012 0

Novembro/2012 2

Dezembro/2012 1

Janeiro/2013 4

Fevereiro/2013 1

Março/2013 1

Abril/2013 1

Maio/2013 3

Junho/2013 1

Julho/2013 4

TOTAL 23

55

5.1.4 – Planilha de Preços Referenciais do MRT-Leste/AP

Entre as tipologias que formaram mercado definido, em terceiro nível categórico, a

maior média foi da “Agricultura diversificada (Macapá)”, com preço médio de R$ 1.436,47

ha-1 (Tabela 07). Outas tipologias com maiores valores médios, também em terceiro nível

categórico, são “Agricultura diversificada (Porto Grande)”, com R$ 736,23 ha-1 e “Pecuária

bovina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos), com R$ 531,40 ha-1.

Na planilha de preços que vinha sendo utilizada pela Superintendência Regional do

Incra no Amapá (Pauta de Valores de Terra Nua) as maiores médias do mercado de terras

do Estado do Amapá foram nos município de Macapá e Santana, com R$ 356,84 ha-1 e

R$ 251,16 ha-1, respectivamente, em valores corrigidos, com atualização de fevereiro de

2008 para 31 de agosto de 2013 pelo Índice Geral de Preços- Disponibilidade

Interna(IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas-FGV.

O menor valor médio encontrado na PPR/2013 foi de R$ 100,72 ha-1, para a

tipologia “Agricultura diversificada”, em segundo nível categórico.

No primeiro nível categórico, a tipologia “Pecuária” do MRT-Leste/AP apresenta

valores superiores aos do MRT-Oeste/AP, no entanto, para a tipologia “Agricultura” há

uma inversão, com os maiores valores presentes no MRT-Oeste/AP.

Ressalta-se que quando se observa os dados brutos, não saneados (Tabela 04), os

valores médios são altíssimos e as terras mais valorizadas continuam sendo as dos

municípios de Macapá e Santana.

Confrontando os preços da PPR/SR21/AP/Nº 01/2013/MRT-LESTE/AP com os

divulgados no relatório bimestral da Informa Economics/FNP (maio/junho 2013) verifica-

se, de um modo geral, que os preços deste são superiores aos daquela.

56

Tabela 07 – Planilha de Preços Referenciais – PPR do Mercado Regional Leste-MRT Leste/AP

TIPOLOGIAS N de Elem. Média (R$) CV % L. Inf.(15 %) L. Sup.(15 %)

Agricultura 8 131,57 29,49 111,84 151,31

Cerrado 3 378,96 25,47 322,11 435,80

Exploração mista 3 336,16 29,87 285,74 386,59

Pecuária 7 183,49 17,76 155,96 211,01

Agricultura com mandioca 3 172,40 29,48 146,54 198,26

Agricultura diversificada 7 100,72 20,37 85,61 115,83

Exploração mista Pecuária + Agricultura 3 336,16 29,87 285,74 386,59

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte 7 183,49 17,76 155,96 211,01

Agricultura com mandioca (Macapá) 3 172,40 29,48 146,54 198,26

Agricultura diversificada (Macapá) 3 1.436,47 5,37 1.221,00 1.651,94

Agricultura diversificada (Porto Grande) 6 736,23 24,73 625,79 846,66

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Calçoene) 3 203,02 12,31 172,57 233,47

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Região dos Lagos) 3 531,40 19,44 451,69 611,11

MRT Leste 21 255,51 22,90 217,18 293,83

PPR/SR21/AP/Nº 01/2013/MRT LESTE

1º nível categórico

2º nível categórico

3º nível categórico

TODAS AS TIPOLOGIAS

5.1.5 – Perfil de Compradores e Vendedores do MRT-Leste/AP

No MRT Leste, as transações entre compradores e vendedores se concentram

entre os moradores locais. Percebe-se no mercado maior interesse de agricultores

oriundos de outros estados por imóveis localizados em áreas de cerrado com a intenção

de aquisição de terras para plantio de grãos (soja, arroz, milho e feijão), sendo

observadas algumas propriedades rurais já estabelecidas e estruturadas para esta

atividade. Possivelmente, empreendimentos de infraestrutura, como a futura instalação do

terminal de grãos na Ilha de Santana, tem influenciando o mercado de terras na região, o

que pode justificar os valores mais elevados de VTN para as áreas de cerrado neste MRT.

57

5.2 – Mercado Regional de Terras Oeste (MRT-Oeste/AP)

5.2.1 – Tipologias de Uso do MRT-Oeste/AP

A seguir estão listadas as tipologias do MRT Oeste, definidas em consonância com

a pesquisa de campo (Tabela 08).

Tabela 08 – Tipologias e Seus Respectivos Níveis Categóricos do MRT-Oeste/AP

Descreve-se a seguir as características das tipologias, por nível categórico:

1º Nível Categórico

- Agricultura: imóvel rural com produção vegetal oriunda de plantio de qualquer cultura

agrícola com fins comerciais;

- Pecuária: imóvel rural com produção animal com fins comerciais;

- Floresta: imóvel rural com Floresta Amazônica nativa e sem culturas implantadas; e

- Exploração mista: imóvel rural com produção vegetal oriunda de plantio de qualquer

cultura agrícola (agricultura) concomitante com produção animal (pecuária), com fins

comerciais.

2º Nível Categórico

- Agricultura com mandioca: imóvel rural com predominância da cultura da mandioca

com fins comerciais;

Tipologias – MRT Oeste

Níveis Categóricos1º NÍVEL 2º NÍVEL 3º NÍVEL

Agricultura diversificada (Mazagão)Agricultura diversificada (Oiapoque)

Agricultura diversificada (Região da Perimetral Norte)

Agricultura diversificada (Vale do Jari)Agricultura com mandioca (Mazagão)

Agricultura com mandioca (Vale do Jari)Agricultura diversificada (Vale do Jari)

Exploração mista pecuária + agricultura (Vale do Jari)Floresta (Mazagão)

Floresta (Oiapoque)

Floresta (Região da Perimetral Norte)Floresta (Vale do Jari)

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Oiapoque)Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Região da Perimetral Norte)

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Vale do Jari)Pecuária bubalina em pastagem de baixo Suporte (Vale do Jari)

58

- Agricultura diversificada: imóvel rural com produção de culturas perenes (basicamente

fruticultura) e/ou temporárias (principalmente mandioca e abacaxi), sem predominância de

uma espécie, com fins comerciais;

- Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte: imóvel rural com produção animal

predominante de bovinos em sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a

1 unidade animal por hectare, com fins comerciais;

Pecuária bubalina em pastagem de baixo suporte: imóvel rural com produção animal

predominante de búfalos em sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a

1 unidade animal por hectare, com fins comerciais; e

Exploração mista Pecuária + Agricultura: imóvel rural com produção vegetal oriunda de

plantio de qualquer cultura agrícola concomitante com produção animal com fins

comerciais.

3º Nível Categórico

- Agricultura com mandioca (Mazagão): imóvel rural, localizado no município de

Mazagão, com predominância da cultura da mandioca com fins comerciais;

- Agricultura com mandioca (Vale do Jari): imóvel rural, localizado no município de

Laranja do Jari ou Vitória do Jari, com predominância da cultura da mandioca com fins

comerciais;

- Agricultura diversificada (Mazagão): imóvel rural, localizado no município de

Mazagão, com culturas perenes (basicamente fruticultura) e/ou temporárias

(principalmente mandioca e abacaxi), sem predominância de uma espécie com fins

comerciais;

- Agricultura diversificada (Oiapoque): imóvel rural, localizado no município de

Oiapoque, com culturas perenes (basicamente fruticultura) e/ou temporárias

(principalmente mandioca), sem predominância de uma espécie com fins comerciais;

- Agricultura diversificada (Região da Perimetral Norte): imóvel rural, localizado no

município de Serra do Navio ou Pedra Branca do Amapari, com culturas perenes

(basicamente fruticultura) e/ou temporárias (principalmente mandioca e abacaxi), sem

predominância de uma espécie, com fins comerciais;

- Agricultura diversificada (Vale do Jari): imóvel rural, localizado no município de

Laranja do Jari ou Vitória do Jari, com culturas perenes (basicamente fruticultura) e/ou

temporárias (principalmente mandioca e abacaxi), sem predominância de uma espécie,

com fins comerciais;

59

- Exploração mista Pecuária + Agricultura (Vale do Jari): imóvel rural, localizado no

município de Laranja do Jari ou Vitória do Jari, com produção vegetal oriunda de plantio

de qualquer cultura agrícola concomitante com produção animal com fins comerciais;

- Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Oiapoque): imóvel rural, localizado

no município de Oiapoque, com produção animal predominante de bovinos em sistema de

manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a 1 unidade animal por hectare, com fins

comerciais.

- Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Região da Perimetral Norte):

imóvel rural, localizado no município de Serra do Navio ou Pedra Branca do Amapari, com

produção animal predominante de bovinos em sistema de manejo extensivo, com lotação

igual ou inferior a 1 unidade animal por hectare, com fins comerciais;

- Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Vale do Jari): imóvel rural,

localizado no município de Laranjal do Jari ou Vitória do Jari, com produção animal

predominante de bovinos em sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a

1 unidade animal por hectare, com fins comerciais;

- Pecuária bubalina em pastagem de baixo suporte (Vale do Jari): imóvel rural,

localizado no município de Laranjal do Jari ou Vitória do Jari, com produção animal

predominante de búfalos em sistema de manejo extensivo, com lotação igual ou inferior a

1 unidade animal por hectare, com fins comerciais;

- Floresta (Mazagão): imóvel rural, localizado no município de Mazagão, com Floresta

Amazônica nativa e sem culturas implantadas;

- Floresta (Oiapoque): imóvel rural, localizado no município de Oiapoque, com Floresta

Amazônica nativa e sem culturas implantadas;

- Floresta (Região da Perimetral Norte): imóvel rural, localizado no município de Serra

do Navio ou Pedra Branca do Amapari, com Floresta Amazônica nativa e sem culturas

implantadas; e

- Floresta (Vale do Jari): imóvel rural, localizado no município de Laranjal do Jari ou

Vitória do Jari, com Floresta Amazônica nativa e sem culturas implantadas.

5.3 – Resultados da Pesquisa no MRT-Oeste/AP

No MRT Oeste foi obtido um total de 63 (sessenta e três) elementos para o

saneamento (Tabela 09). Ressalta-se que inicialmente o número de amostras era maior,

no entanto, algumas amostras foram descartadas por apresentarem área inferior à fração

mínima de parcelamento, imprecisões de dados e imóveis sem destinação agrícola.

60

O menor número de amostras obtidas no MRT-Oeste/AP comparado ao

MRT/Leste/AP justifica-se pelo fato daquele mercado abranger uma porção bem menor da

área agrícola do Estado, além do menor número de municípios.

Nessa tabela são apresentados o número e o percentual de elementos

encontrados para cada tipologia, bem como a média dos valores de VTN por tipologia e

para o MRT-Oeste/AP.

As maiores quantidades de amostras desse mercado foram encontradas para as

tipologias “Agricultura diversificada (Região da Perimetral Norte)”, com 15 amostras

(23,81%), e “Agricultura diversificada (Vale do Jari), com 11 amostras (17,46%). Em se

tratando de área de pecuária, a região do Oiapoque, com a tipologia “Pecuária bovina em

pastagem de baixo suporte” foi a que apresentou a maior quantidade de amostras, com

um total de 8 (12,70%).

Tabela 09 – Número, porcentagem de elementos e média de VTN por tipologia (dados não saneados) para o MRT-Oeste/AP.

Na Tabela 10 é apresentada a relação de tipologias com a quantidade de amostras

(OF, OPF e NR), bem como a participação percentual de cada tipo de amostra no total da

tipologia. Consta também a participação percentual das amostras (OF, OPF e NR) para

todo o MRT-Oeste/AP.

Observa-se que a maior parte das amostras coletadas a campo, ou seja, 41

(65,08%) compõem-se de imóveis que estão em oferta. Em seguida, aparecem os

negócios realizados com 13, 20,63% das amostras. Por último, estão as opiniões

fundamentadas, com 09, 14,29% das amostras.

MRT Oeste

TIPOLOGIA NUM. DE ELEM.% REL. AO TOTAL VTN MÉDIO (R$)

Agricultura diversificada (Mazagão) 2 3,17 1.027,11

Agricultura diversificada (Oiapoque) 4 6,35 950,54

Agricultura diversificada (Região da Perimetral Norte) 1 5 23,81 330,31

Agricultura diversificada (Vale do Jari) 1 1 17,46 378,53

Agricultura com mandioca (Mazagão) 2 3,17 276,13

Agricultura com mandioca (Vale do Jari) 4 6,35 83,03

Exploração Mista pecuária + agricultura (Vale do Jari) 3 4,76 989,63

Floresta (Mazagão) 1 1,59 81,96

Floresta (Oiapoque) 2 3,17 121,25

Floresta (Região da Perimetral Norte) 1 1,59 75,31

Floresta (Vale do Jari) 3 4,76 150,83

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Oiapoque) 8 12,7 1.122,92

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Região da Perimetral Norte) 3 4,76 320,48

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Vale do Jari) 1 1,59 83,13

Pecuária bubalina em pastagem de baixo suporte (Vale do Jari) 3 4,76 81,15TOTAL DO MRT OESTE 63 100 475,43

61

Tabela 10 – Tipo, número e porcentagem de elementos amostrais por tipologia no MRT-Leste/AP.

MRT Oeste

TIPOLOGIA TIPO DE ELEM.NUM. DE ELEM.% ELEMENTOS

Agricultura diversificada (Mazagão)

NR 0 0,00

OF 2 100,00

OPF 0 0,00

Agricultura diversificada (Oiapoque)

NR 0 0,00

OF 3 75,00

OPF 1 25,00

Agricultura diversificada (Região da Perimetral Norte)

NR 5 33,33

OF 6 40,00

OPF 4 26,67

Agricultura diversificada (Vale do Jari)

NR 2 18,18

OF 8 72,73

OPF 1 9,09

Agricultura com mandioca (Mazagão)

NR 0 0,00

OF 2 100,00

OPF 0 0,00

Agricultura com mandioca (Vale do Jari)

NR 3 75,00

OF 1 25,00

OPF 0 0,00

Exploração Mista pecuária + agricultura (Vale do Jari)

NR 1 33,33

OF 2 66,67

OPF 0 0,00

Floresta (Mazagão)

NR 0 0,00

OF 1 100,00

OPF 0 0,00

Floresta (Oiapoque)

NR 0 0,00

OF 1 50,00

OPF 1 50,00

Floresta (Região da Perimetral Norte)

NR 0 0,00

OF 1 100,00

OPF 0 0,00

Floresta (Vale do Jari)

NR 1 33,33

OF 1 33,33

OPF 1 33,33

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Oiapoque)

NR 1 12,50

OF 6 75,00

OPF 1 12,50

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Região da Perimetral Norte)

NR 0 0,00

OF 3 100,00

OPF 0 0,00

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Vale do Jari)

NR 0 0,00

OF 1 100,00

OPF 0 0,00

Pecuária bubalina em pastagem de baixo suporte (Vale do Jari)

NR 0 0,00

OF 3 100,00

OPF 0 0,00

TOTAL DO MRT OESTE

NR 13 20,63

OF 41 65,08

OPF 9 14,29

62

5.3.1 – Comportamento do MRT-Oeste/AP

A análise do comportamento dos mercados regionais de terra do Estado foi

prejudicada, em virtude da metodologia adotada no presente trabalho ser pioneira, a

última Pauta de Valores de Terra Nua da SR-21/AP ser do ano de 2008 e não se ter

registro da metodologia que foi utilizada, além de apresentar dados de VTN com preços

diferenciados por município, o que difere da atual PPR, na qual os preços são

classificados por tipologia e por mercado.

Comparações do mercado com dados de publicação nacional, como o relatório

bimestral “Análise do Mercado Terras” divulgado pela Informa Economics/FNP

(maio/junho 2013) também não possibilitam uma análise aprofundada devido à adoção de

metodologias e tipologias diferenciadas. As tipologias presentes no relatório FNP não

correspondem às identificas em campo por ocasião da pesquisa para a elaboração do

Relatório de Análise de Mercado de Terras do Estado do Amapá.

Ressalte-se, ainda, que a análise comparativa quanto a liquidez do mercado não foi

realizada em virtude da indisponibilidade de informações quanto à velocidade de venda

(VV), que é a média de meses para realizar a venda dos imóveis transacionados.

Dessa forma, em termos de “liquidez”, o único item possível de citação, trata-se

das amostras oriundas de “Negócios Realizados”, que totalizaram 13 (Tabela 11),

correspondendo a 20,63% das amostras do MRT-Oeste/AP.

Tabela 11 – Número de amostras de negócios realizados (NR), por mês, MRT-Oeste/AP.

Mês/Ano Número de Elementos

Agosto/2012 3

Setembro/2012 0

Outubro/2012 2

Novembro/2012 0

Dezembro/2012 0

Janeiro/2013 2

Fevereiro/2013 1

Março/2013 0

Abril/2013 2

Maio/2013 2

Junho/2013 0

Julho/2013 1

TOTAL 13

63

5.3.2 – Planilha de Preços Referenciais do MRT-Oeste/AP

Após o saneamento, entre as tipologias que formaram mercado definido, em

terceiro nível categórico, a que apresentou a maior média foi a “Pecuária bovina em

pastagem de baixo suporte (Oiapoque)”, com preço médio de R$ 533,37 ha-1 (Tabela 12).

A segunda tipologia com maior valor médio foi “Pecuária bovina em pastagem de baixo

suporte”, em segundo nível categórico, com R$ 429,52 ha-1.

Na Pauta de Valores de Terra Nua (datada de 2008), que vinha sendo utilizada pela

Superintendência Regional do Incra no Amapá, as maiores médias foram encontradas em

Oiapoque, Serra do Navio e Pedra Branca do Amaparí, com R$ 240,18 ha-1, R$ 150,97

ha-1 e R$ 150,97 ha-1, respectivamente. Ressalta-se que esses valores estão corrigidos,

com atualização de fevereiro de 2008 para 31 de agosto de 2013. Pela Tabela 09

percebe-se que as terras mais valorizadas desse mercado continuam sendo as do

município de Oiapoque.

O menor valor médio encontrado na PPR do MRT-Oeste/AP foi de R$ 102,44 ha-1,

para a tipologia “Floresta”, em primeiro nível categórico.

Comparando-se o preço das terras entre os Mercados Oeste e Leste (Tabela 07 e

Tabela 12), observou-se que o preço médio do MRT-Oeste/AP é inferior ao preço médio

do MRT-Leste/AP, com saneamento utilizando todas as tipologias. Isso se justifica pelo

fato de no MRT-Leste/AP está presente a grande maioria das áreas exploradas do estado.

Confrontando os preços da PPR/SR21/AP/Nº 01/2013/MRT-OESTE/AP com os

divulgados no relatório bimestral da Informa Economics / FNP (maio/junho 2013) verifica-

se, de um modo geral, que os preços deste são superiores aos daquela.

Tabela 12 – Planilha de Preços Referenciais do MRT Oeste do Estado do Amapá.

TIPOLOGIAS N de Elem. Média (R$) CV % L. Inf.(15 %) L. Sup.(15 %)

Agricultura 8 178,12 19,86 151,40 204,84

Pecuária 4 179,64 28,17 152,69 206,59

Floresta 4 102,44 26,98 87,07 117,81

Agricultura diversificada 8 208,07 25,47 176,86 239,28

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte 3 429,52 23,34 365,09 493,95

Agricultura diversificada (Região da Perimetral Norte) 5 141,48 18,27 120,26 162,70

Agricultura diversificada (Vale do Jari) 5 236,59 27,20 201,10 272,08

Pecuária bovina em pastagem de baixo suporte (Oiapoque) 3 533,37 11,04 453,36 613,38

Floresta (Vale do Jari) 3 150,83 28,24 128,21 173,45

MRT-Oeste 20 164,43 24,64 139,77 189,09

PPR/SR21/AP/Nº 01/2013/MRT OESTE

1º nível categórico

2º nível categórico

3º nível categórico

TODAS AS TIPOLOGIAS

64

5.3.3 – Perfil de Compradores e Vendedores do MRT-Oeste/AP

No MRT-Oeste/AP, negócios realizados ocorreram principalmente entre os

agricultores locais. Boa parte dos compradores é formada por produtores da região, outra

parte dos agentes que atuam no mercado é formada por empresários de outros ramos

residentes na região, interessados em expandir suas atividades econômicas.

Ressalta-se que na região de Oiapoque houve relatos de aquisição de terras na

região, por parte de franceses residentes na Guiana Francesa, no entanto, nas amostras

coletadas não foi identificado nenhum negócio realizado por franceses.

Também houve informações de que garimpeiros brasileiros, que exploram ouro na

região de Oiapoque, Calçoene, Guiana Francesa e Suriname, são frequentes

compradores de terras, como investimento dos rendimentos obtidos com a atividade de

mineração.

5.4 – Média Geral de Preço de Terras para o Estado do Amapá (Área de Abrangência da Superintendência Regional do INCRA - AASR)

As médias de VTN, em R$ ha-1, após saneamento, para os Mercados Leste e

Oeste, foram respectivamente, 255,51 (tabela 07) e 164,43 (tabela 08). O MRT-Leste/AP

ocupa uma área correspondente a 40,53% da área do Estado, e o MRT-Oeste/AP, uma

área de 59,47%.

Essas dados foram utilizados na fórmula a seguir para se obter o VTN médio da

AASR:

Média AASR = (Média MRT Leste X Fator Leste) + (Média MRT Oeste X Fator Oeste) Média AASR = (255,51 X 0,4053) + (164,43 X 0,5947) Média AASR = R$ 201,34 ha-1.

Assim, a média geral de preços de terras da área de abrangência de SR, que

corresponde a todo o Estado, é de R$ 201,34 ha-1.

65

6 – Referência Bibliográfica

Análise do Mercado de Terras: Relatório Bimestral nº 53. Maio-Junho. 2013. Informa

Economics South America. 62p.

http://www.amapadigital.net/amapa.php. Acessado em 15/10/2013.

ftp://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2013/estimativa_2013_dou.pdf

. Acessado em 29/09/2013.

ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/manuais_tecnicos/usoterra_ap.pdf.

Acessado em 11/09/2013.

http://www.ibge.gov.br/. Acessado em 15/09/2013.

http://www.iepa.ap.gov.br/estuario/arq_pdf/vol_3/cap_4_estrutura_e_dinamica_socio_econ

omica.pdf. Acessado em 11/11/2013.

http://www.icmbio.gov.br. Acessado em 28/10/2013.

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária/INCRA: Manual de Obtenção de

Terras e Pericias Judiciais. 2006. 140p.

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária/INCRA. Superintendência Regional

no Amapá. Planilha de Preços Referências 2008.

LIMA, Marcelo Rossi de Camargo. Avaliação de propriedades

rurais: manual básico. São Paulo: LEUD, 2005.

http://www.mma.gov.br/estruturas/168/_arquivos/ppcdap_f21_168.pdf. Acessado em

11/09/2013.

http://sit.mda.gov.br/download/ptdrs/ptdrs_qua_territorio154.pdf. Acessado em 11/10/2013