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Universidade Federal de Viçosa
Campus Florestal
488- Laboratório de Operações Unitárias
Prática 1: Reologia de Alimentos
Serena Reis 803
Karen Guimarães 334
Florestal, 18 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
O estudo do escoamento e das deformações de matérias líquidas e semi-sólidas
são definidas pela reologia. Os alimentos possuem diversas características reológicas
que podem definir a sua textura. As propriedades reológicas são muito utilizados nas
operações de processamentos e design de equipamentos em um indústria de alimento
(Antonio et al.,2009). Além disso, o estudo da reologia pode ser aplicado no controle de
qualidade, análise sensorial e em testes para avaliar a vida de prateleira. A reologia
envolve a relação entre a taxa de deformação e a tensão de cisalhamento. Assim,
quando obtemos uma relação linear entre ambos, o fluido é classificado como
newtoniano e sua viscosidade é constante (MATHIAS et al., 2011).
A viscosidade é uma propriedade fundamental no estudo da reologia. Essa
propriedade é uma característica física dos materiais fluidos que caracterizam a sua
resistência ao escoamento (TONELI et al., 2005). A viscosidade é medida através da
resistência ao movimento gerado pelo atrito quando várias camadas paralelas de um
fluido se move em relação às outras com um gradiente de velocidade uniforme durante
o movimento. A viscosidade dos alimentos varia de acordo sua estrutura e composição.
Sua importância nas indústrias de alimentos está relacionada fatores tecnológicos
(equipamentos e manuseio), econômico e qualidade do alimento (DIAZ et al., 2004;
SOUZA et al., 2007; BATTAGLINI et al., 2010).
2. OBJETIVOS
Simular o uso do reômetro para a determinação das propriedades reológicas dos
alimentos.
Avaliar o efeito da temperatura nestas propriedades.
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3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
O experimento foi utilizado de forma virtual.
4. METODOLOGIA
Foi obtida a curva de escoamento na faixa de taxa de deformação de 0 a 100 s-1
nas temperaturas 20, 30 e 35°C. Em seguida, tabulou-se os dados no Excel.
Calculou-se o parâmetro Ea referente ao modelo de Arrhenius (influência da
temperatura).
Calculou-se os parâmetros reológicos referentes ao modelo Herschel-Bulkley, Lei
da Potência e Newtoniano.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As Figura 1, 2 e 3 foram obtidas através do experimento realizado no simulador.
Figura 1. Simulação a 20°C.
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Figura 2. Simulação a 25°C.
Figura 3. Simulação a 30°C.
Os dados foram tabulados no Excel e por meio dele foi possível obter uma
regressão linear para mostrar o comportamento do pudim de baunilha nos diferentes
modelos reológicos nas temperaturas de 20°C (Figura 4, 5 e 6), 25°C (Figura 7, 8 e 9) e
30°C (Figura 10, 11 e 12).
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Figura 4. Newtoniano (20°).
Figura 5. Lei da Potência (20°C).
y = 1.6281x + 148.89R² = 0.9318
0
50
100
150
200
250
300
350
0 20 40 60 80 100 120
Ten
são
de
Cis
alh
amen
to (
Pa)
Taxa de deformação (1/s)
Newtoniano (20°C)
Newtoniano (20C)
Linear (Newtoniano(20C))
y = 0.2631x + 4.4593R² = 0.9965
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5
Ln Ʈ
Lnγ (s-1)
Lei da Potência (20°C)
Lei da Potência
Linear (Lei da Potência)
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Figura 6. Herschel- Bulkley (20°C).
Figura 7. Newtoniano (25°C).
y = 0.3526x + 3.8953R² = 1
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5
Ln(Ʈ
-Ʈ0)
Ln(γ)
Herschel-Bulkley (20°C)
Herschel-Bulkley (20°C)
Linear (Herschel-Bulkley (20°C))
y = 1.3697x + 127.64R² = 0.9295
0
50
100
150
200
250
300
0 20 40 60 80 100 120
Ten
são
de
Cis
alh
amen
to (
Pa)
Taxa de deformação (1/s)
Newtoniano (25°C)
Newtoniano 25C
Linear (Newtoniano25C)
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Figura 8. Lei da Potência (25°C).
Figura 9. Herschel Bulkley (25°C).
y = 0.2603x + 4.3093R² = 0.997
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5
Ln Ʈ
Lnγ (s-1)
Lei da Potência (25°C)
Lei da Potência (25°C)
Linear (Lei da Potência(25°C))
y = 0.3429x + 3.7838R² = 1
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5
Ln(Ʈ
-Ʈ0)
Ln(γ)
Herschel-Bulkley (25°C)
Herchel-Bulkley (25°C)
Linear (Herchel-Bulkley(25°C))
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Figura 10. Newtoniano (30°).
Figura 11. Lei da Potencia (30°C).
y = 1.1596x + 110.11R² = 0.9272
0
50
100
150
200
250
0 50 100 150
Ten
são
de
cisa
lham
ento
(P
a)
Taxa de deformação (1/s)
Newtoniano (30°C)
Newtoniano 30
Linear (Newtoniano 30)
y = 0.2575x + 4.1658R² = 0.9974
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5
Ln Ʈ
Lnγ (s-1)
Lei da Potência (30°C)
Lei da Potência (30°)
Linear (Lei da Potência(30°))
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Figura 12. Herschel – Bulkley (30°C).
Podemos dizer que o modelo que melhor descreve o comportamento do pudim de
baunilha nas diferentes temperaturas foi o modelo de Herschel-Bulkley devido seu
coeficiente de correlação ser igual a 1. Resultados semelhantes foram encontrados por
Anderson e colaboradores (2006) que realizou um estudo do comportamento reológico
do pudim de baunilha utilizando um reómetro de Thermo Haake RheoStress (RS1,
Thermo Electron Corporation, Waltham, MA) com um cilindro concêntrico. Foi verificado
que o modelo de Herschel-Bulkley foi o que melhor caracterizou a reologia do pudim.
Por meio das equações obtidas nas Figuras 5, 6, 8, 9, 11 e 12 torna-se possível
determinar os valores do índice de comportamento do fluido ( 𝑛 ) e do índice de
consistência ( 𝑘). O termo ln 𝐾 trata-se do coeficiente linear e o 𝑛 do coeficiente angular
das equações. Os valores de 𝑛 e de 𝑘 encontram-se descritos na Tabela 1:
Tabela 1: Valores de 𝒏 e 𝒌 obtidos por meio de diferentes modelos em diferentes temperaturas
Lei da Potência Herschel-Bulkley
Temperatura(°C) 𝑛 𝑘 𝑛 𝑘
20 0,2631 84,4269 0,3526 49,1708
25 0,2603 74,3884 0,3429 43,9829
35 0,2575 64,4442 0,3339 39,4644
y = 0.3339x + 3.6754R² = 1
0
1
2
3
4
5
6
0 1 2 3 4 5
Ln(Ʈ
-Ʈ0)
Ln(γ)
Herschel- Bulkley (30°C)
Herschel- Bulkley(30°C)
Linear (Herschel-Bulkley (30°C))
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Observa-se que com o aumento da temperatura o 𝑘 e o 𝑛 diminuem tanto no
modelo lei da potência quanto no Herschel-Bulkley. O índice de consistência k diminui
com o aumento da temperatura, como o valor deste índice está diretamente ligado com
a “consistência” do fluido, pode-se notar nas Figuras 13, 14 e 15, que a viscosidade
diminui com o aumento da temperatura
Estudos realizados por Faraoni e colaboradores (2013) mostraram o
comportamento reológico dos sucos mistos de manga, goiaba e acerola, adicionados de
fitoquímicos, em sete temperaturas (10 a 70 °C), e o efeito da temperatura na viscosidade
aparente. As análises reológicas foram conduzidas em um reômetro de cilindros
concêntricos. Os dados experimentais de tensão de cisalhamento versus taxa de
deformação foram ajustados pelos modelos de Lei da Potência, Casson e Herschel-
Bulkley. Analisou-se que os três modelos apresentaram altos coeficientes de
determinação (R² ≥ 0,978), indicando que qualquer um destes pode ser utilizado para
descrever o comportamento reológico dos sucos, caracterizados como fluidos não
newtonianos com características pseudoplásticas. O efeito da temperatura no
comportamento reológico dos sucos foi descrito pela Equação de Arrhenius e foi possível
observar um decréscimo no valor da viscosidade aparente com o aumento da
temperatura confirmando a pseudoplasticidade dos sucos (n < 1).
Oliveira e colaboradores estudaram o comportamento reológico das polpas de
gabiroba e goiaba na faixa de temperatura de 20 a 35ºC. As medidas reológicas foram
feitas em rêometro Brookfield equipados com cilindro coaxial. Os reogramas foram
ajustados a partir dos dados experimentais para os modelos de Lei da potência, Bingham
e Herschell-Buckley. Para ambas as polpas foram verificadas o comportamento
pseudoplástico e sendo a pseudoplasticidade maior em baixas temperaturas.
Considerando o modelo de Lei da potência, a viscosidade aparente e o índice de
consistência diminuíram com o aumento da temperatura ao passo que índice de
comportamento aumentou com o aumento de temperatura.
Guedes e colaboradores (2010) analisaram o comportamento reológico e
determinaram a densidade da polpa de melancia em temperaturas de 10 a 60 °C, e
concentrações de 8, 17, 26 e 35 °Brix, além de obter modelos que descreveram as
alterações dessas propriedades físicas em função da temperatura e da concentração. O
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comportamento reológico foi estudado utilizando um reômetro rotacional de cilindros
concêntricos, e a densidade foi determinada com o auxílio de picnômetros. Os modelos
utilizados neste trabalho foram ajustados por regressão não linear. Pode-se concluir que
a polpa de melancia se comportou como um fluido não newtoniano pseudoplástico em
todas as temperaturas e concentrações utilizadas, e que o modelo de lei da Potência
pode ser utilizado para descrever tal comportamento.
Também foi plotado um gráfico da viscosidade aparente x taxa de deformação
(Figura 13, 14 e 15). Foi observado nos gráficos que com o aumento da taxa de
deformação e temperatura houve uma diminuição da viscosidade aparente até um ponta
em que a mesma se mantém constante.
Figura 13. Viscosidade aparente x taxa de deformação (20°).
y = -0.2272x + 19.8R² = 0.3228
-20
0
20
40
60
80
100
0 50 100 150
µa
(Pa/
s)
Taxa de deformação (1/s)
Viscosidade aparente (20°)
Viscosidade aparente(20°)
Linear (Viscosidadeaparente (20°))
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Figura 14. Viscosidade aparente x taxa de deformação (25°).
Figura 15. Viscosidade aparente x taxa de deformação (30°).
Em uma unidade de produção de pudim de baunilha a viscosidade utilizada nos
cálculos seria em torno de 30°C pois nessa temperatura tem-se uma redução na
viscosidade aparente facilitando o seu processo de produção, como o bombeamento
para um trocador de calor. A viscosidade aparente nessa temperatura pode ser
encontrada na Figura 15, e podemos observar que com o aumento da taxa de
deformação a viscosidade aparente mantêm-se constante (µa=2.137601 Pa/s).
y = -0.1947x + 16.941R² = 0.3236
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 50 100 150
µa
(Pa/
s)
Taxa de deformação (1/s)
Viscosidade Aparente (25°C)
Viscosidade Aparente(25°C)
Linear (ViscosidadeAparente (25°C))
y = -0.1679x + 14.589R² = 0.3242
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 50 100 150
µa
(Pa/
s)
Taxa de deformação (1/s)
Viscosidade Aparente (30°C)
Viscosidade Aparente(30°C)
Linear (ViscosidadeAparente (30°C))
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Entretando, durante o armazenamento a melhor viscosidade do pudim de baunilha
seria aproximadamente de µa=5.032381 Pa/s encontrada na temperatura de 5°C. Essa
viscosidade oferece uma melhor textura e qualidade no produto.
6. CONCLUSÃO
Por meio deste estudo, pode-se observar o melhor modelo reológico que descreve
o comportamento do pudim de baunilha nas diferentes temperaturas foi o modelo de
Herschel-Bulkley. Deste modo, a compreensão das propriedades reológicas dos
alimentos é de grande importância para os fabricantes, visto que o estudo destas
propriedades auxilia na melhoria do processo e na caracterização do produto.
A capacidade de predizer a viscosidade em diferentes temperaturas fornece
informações fundamentais sobre a qualidade e atributos sensoriais em diferentes
temperaturas. Tais resultados podem levar a uma melhor formulação do produto e
condições de processamento, conferindo assim, maior qualidade ao produto final.
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REFERÊNCIAS
ANTONIO et al. Rheological behavior of blueberry. Revista de Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 29, n. 4, p. 732-737, 2009. MATHIAS et al. Rheological characterization of coffee-flavored yogurt with different types of thickener. Alim. Nutr., Araraquara, v. 22, n. 4, p. 521-529, 2011. BATTAGLINI et al. Medidas da viscosidade dos óleos de soja e de milho usando um sistema de agitação. Em: III Simpósio Intercâmbio Brasil-Japão em sustentabilidade: Um desafio da humanidade. Campo Grande, MS. 2010. DIAZ et al. Reologia de Xantana: uma Revisão sobre a influência de eletrólitos na viscosidade aparente de soluções aquosas de gomas xantana. Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 25, n. 1, p. 15-28, jan./jun. 2004.
SOUZA et al. Caracterização físico-química e comportamento reológico de sucos de cenoura e laranja e suas misturas. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Alimentos) - Universidade Federal de Santa Catarina. FARAONI, A. S.; RAMOS, A. M. GUEDES, D. B.; PINTO, R. M. R. Propriedades reológicas de sucos mistos de manga, goiaba e acerola adicionados de fitoquímicos. Brazilian Journal Food Technologia. Campinas, v. 16, n. 1, p. 21-28, 2013. GUEDES, D. B.; RAMOS, A. M. DINIZ, M. D. M. S. Efeito da temperatura e da concentração nas propriedades físicas da polpa de melancia. Brazilian Journal Food Technologia, Campinas, v. 13, n. 4, p. 279-285, 2010. OLIVEIRA, R. C. ROSSI, R. M. BARROS, S. T. D. Estudo do efeito da temperatura sobre o comportamento reológico das polpas de gabiroba e goiaba. Acta Scientiarum. Technology, Maringá, v. 33, n. 1, p. 31-37, 2011. PUDDING, M.C.; ANDERSON, C.F.; SHOEMAKER, R.P. SINGH. Rheological characterization of aseptically packaged. Journal of Texture Studies, v. 37, p. 681–695, 2006.