relaÇÃo das crianÇas urbanas com a...

24
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Coordenação de Capacitação Divisão Apoio Técnico Apoio Financeiro: Realização: PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INPA RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZA BOLSISTA: Priscilla Eduarda Cruz de Almeida ORIENTADORA: Maria Inês Gasparetto Higuchi COLABORADORA: Damaris Teixeira Paz Relatório Final apresentado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, como requisito para a conclusão como participante do Programa de Iniciação Científica do INPA. Manaus Amazonas 2020

Upload: others

Post on 19-Aug-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO INPA

RELATÓRIO FINAL

RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZA

BOLSISTA: Priscilla Eduarda Cruz de Almeida

ORIENTADORA: Maria Inês Gasparetto Higuchi

COLABORADORA: Damaris Teixeira Paz

Relatório Final apresentado ao Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazônia, como requisito para a

conclusão como participante do Programa de

Iniciação Científica do INPA.

Manaus – Amazonas

2020

Page 2: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

Almeida, P.E.C.; Higuchi, M.I.G.; Paz, D.T. Relação das crianças com a natureza. Relatório do

PIBIC/CNPq. INPA: Manaus, 2020.

Resumo: A vida nas cidades tem afastado as pessoas do contato com o mundo natural, afetando com mais

intensidade a nova geração. A infância é um período muito importante para o desenvolvimento da conexão com

a natureza (CN), pois a afetividade construída nessa fase se estende por toda a vida e proporciona bem-estar

psicológico. Além disso, vários estudos comprovam os benefícios de restauração cognitiva e da atenção que a

natureza oferece. A conexão afetiva e cognitiva com a natureza serve ainda de base para as atitudes e

comportamentos pró-ambientais, do mesmo modo que a ausência de natureza na vida das pessoas as torna menos

sensíveis às necessidades de proteção dos ambientes naturais. Por isso, para propor iniciativas que incentivem

o cuidado ambiental pode se iniciar com práticas que possibilitam essa aproximação e conectividade com a

natureza. Muitos estudos foram direcionados ao entendimento desse constructo entre adultos e os resultados

apontaram para o papel vital que as experiências positivas com e na natureza (trilhas, acampamento,

caminhadas, passeios etc.), tiveram durante a infância na orientação e envolvimento em atividades sócio

ambientais. Esta pesquisa objetiva analisar a produção científica sobre as relações de conexão com a natureza

em crianças no Brasil e de maneira mais específica identificar o perfil da produção científica sobre a relação da

criança-natureza, bem como caracterizar a relação das crianças com a natureza. Foi realizada a partir da

abordagem bibliográfica, utilizando como base de dados duas plataformas base Capes e Google Scholar, onde

14 pesquisas atendiam a critérios de inclusão. A partir da análise de conteúdo constatou-se que os textos se

resumiam em dois eixos temáticos: a) estudos que investigam benefícios psicológicos advindos da relação da

criança com a natureza e elementos naturais, e b) estudos que investigam a interação criança-natureza em

contexto escolar. Observou-se que o contato com ambientes naturais no contexto urbano é mais difícil para as

crianças, seja no contexto familiar ou escolar, tendo em vista os poucos espaços acessíveis, as dificuldades de

deslocamento e a violência urbana que impede vivências completas nesses ambientes naturais. Por fim concebe

que integrar a natureza no convívio diário da criança reflete em inúmeros benefícios e na construção de um

maior apresso e afeto pela natureza como maior cuidado com os animais e plantas, assim como aguça a

curiosidade acerca do meio ambiente e suas formas de vida. Entretanto, os benefícios são reconhecidos por seus

cuidadores e órgãos educacionais, que demonstram maior inclinação para práticas voltadas para o convívio da

criança com a natureza, porém a melhor conveniência em vantagens que circundam em retornos em prol do

indivíduo, do que para a própria natureza.

Palavras Chave: Conexão com a natureza; Criança; Revisão Sistemática.

Subárea: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas

Financiamento: CNPq

Data: 28/07/2020

______________________________ ___________________________

Orientadora Bolsista

Page 3: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

INTRODUÇÃO

Conexão com a Natureza (CN) é um termo utilizado pela Psicologia Ambiental como uma

relação construída a partir da afetividade da pessoa com o mundo natural (Schultz 2004). A CN pode

ser compreendida a partir de três dimensões: cognitiva, afetiva e comportamental (Nisbet e Zelenski

2013). Essa forma de vínculo é edificada através da interação e conforme o se envolve emocionalmente

com a natureza. Nesse sentido, CN é definida como a forma que o indivíduo estabelece uma relação

com o mundo natural, criando vínculo que é capaz de interferir de maneira significativa em seu

comportamento ao longo da vida.

Essa interação é vital não apenas para os adultos, mas principalmente para as crianças. Quanto

maior for o nível de interação da criança com a natureza, maior será a possibilidade desse

relacionamento se estender à vida adulta e desenvolver práticas sustentáveis. A CN não acompanha

apenas benefícios em prol do meio ambiente, mas para o próprio indivíduo. Uma criança que possui

interação com a natureza possui melhor bem-estar físico e mental, favorece suas interações sociais,

desenvolve habilidades físicas e motoras, bem como a criatividade e autonomia (Zacarias 2018). As

vantagens dessa interação podem proporcionar inúmeros benefícios e maior bem-estar, e seu

distanciamento também pode ser sentido na mesma proporção.

No processo de construção do mundo globalizado, a maneira de viver nas cidades influencia no

crescente processo de afastamento do ser humano do contato com a natureza. O crescimento

desordenado das cidades diminuiu espaços de interação com a natureza e aumenta problemas como a

ausência de segurança e mobilidade que afastam as crianças da natureza. Sabe-se que experiências

com a natureza geram memórias que impactam de maneira significativa no desenvolvimento da CN.

Crianças criadas em ambiente predominantemente urbano que possuem pouco convívio com a

natureza, com contato restrito a praças e parques, podem vir a nunca desenvolver de maneira integral

uma relação com o meio ambiente (Chawla 2015).

Esse distanciamento tem alterado também a forma com que as crianças compreendem e se

relacionam com a natureza, não se sentindo parte, mas alheios ao meio ambiente. Questiona-se,

portanto, se as crianças que vivem em grandes cidades estão tendo experiências para se beneficiar de

todos os aspectos que a conexão com a natureza oferece. Podemos estar negligenciando tais vivências,

não mais adentrando a natureza e não buscando convívio com ela deixando de apresentá-la às crianças.

Page 4: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

A princípio este estudo foi idealizado como pesquisa de campo de caráter exploratório, para

ser aplicado em escolas da cidade de Manaus-AM, no entanto, dado ao fato da atual pandemia mundial

pelo Covid-19 foi necessário alterar a pesquisa para uma análise bibliográfica e verificar como esse

tema tem sido abordado no Brasil.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Analisar a produção científica sobre as relações de conexão com a natureza em crianças no Brasil.

Objetivos Específicos

Identificar o perfil da produção científica sobre a relação da criança-natureza no Brasil;

Identificar os locais de produção desses estudos.

REFERENCIAL TEÓRICO

Para compreensão dos temas abordados neste estudo será explanado de maneira mais profunda

temas como: O ser da criança, o que define o ser criança, o que se entende por natureza e o que seria

considerado conexão com a natureza, esses aspectos teóricos vêm sendo discutidos por uma vasta

literatura, mas não são consensuais. No entanto, nesse estudo é importante trazer as diferentes

perspectivas para discutir importância da conexão entre criança e natureza, tanto os benefícios que

essa aproximação proporciona quanto os prejuízos do distanciamento.

CRIANÇAS E A NATUREZA

O conceito de criança foi criado na metade do século 20 e essa separação do ser adulto foi de

grande importância para criação de leis que resguardam a criança como indivíduo de direitos. Por se

Page 5: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

tratar de uma notoriedade recente, há de se perceber um tardio valor a criança como sujeito detentor

de ideias e que compreende o mundo ao seu redor atribuindo-lhe sentido e valor. No entanto, há

distinção entre as concepções de infância e criança. Por infância se entende como uma fase de

desenvolvimento da vida e criança como o sujeito social, histórico e cultural (Heywood 2004). É

essencial demarcar essa separação no presente estudo, o qual tratará de comentar a criança como

atuante em seu meio e fruto do seu ambiente. Segundo Rosemberg (2010) há uma nova perspectiva

quanto à compreensão da criança, como sujeito autônomo, embora com moderações de aspectos físicos

e até mesmo cognitivo, é um indivíduo de direitos e potencialmente participante. Pensar na criança

nessa perspectiva é vê-la como indivíduo biopsicossocial e compreendê-la em sua totalidade.

Conforme o estatuto da criança e adolescente (ECA) Art. 4º (Lei n.8.069, de julho de 1990) “É

dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta

prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida [...]” são inúmeras as obrigações do Estado e

da família para com a criança para resguardar seu bem-estar e formação, garantindo-lhe educação,

moradia, alimentação, entre outros direitos básicos. Com propósito de formar um cidadão em

desenvolvimento de maneira sadia, pais, escola e sociedade devem somar um meio propício para

auxiliar no crescimento saudável da criança.

Se o meio de convívio da criança é fator crucial na sua formação, e é no período da infância

em que as experiências vivenciadas ditam futuras predileções, introduzi-la a experiências com a

natureza nesta fase é estritamente indispensável. Considera-se que o meio exerce forte influência sobre

a formação da criança (Chawla et al. 2007). A experiência espontânea ou mediada é uma das formas

mais poderosas de aprendizado, além de gerar memórias e um desenvolvimento saudável . Integrar as

crianças à natureza, por sua vez, é um dos primeiros passos para criar adultos com engajamento de

valores ambientais (Christensen 2014). A criança que vive em ambientes que encorajam o convívio

com o mundo natural, está mais propícia a enraizarem esse elo construído na primeira infância,

podendo perdurar até a idade adulta. Essas experiências vivenciadas são um dos fatores cruciais que

desencadeiam engajamento pró-ambiental quando adultos (Christensen 2014).

Não há muitos estudos que falam das atitudes ambientais das crianças, mas há mais trabalhos

sobre a compreensão da criança quanto à natureza (Evans et al. 2007). Porém, sabe-se que as atitudes

ambientais que são formadas pelas crianças são, em grande parte, frutos de suas vivências com a

natureza.

Page 6: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

A CN é com suas bases afetivas, cognitivas e experienciais serve para a formação atitudes e

comportamentos pró-ambientais. Esses comportamentos podem ser definidos como aqueles que não

agridem o meio ambiente e se baseiam na utilização dos recursos de maneira sustentável, como

reciclar, realizar descartes de maneira correta, entre outros comportamentos em prol da

sustentabilidade (Chawla 2006). Contudo, a ausência dessa conexão na vida das pessoas as torna

menos sensíveis às necessidades de proteção dos ambientes e recursos naturais. Muitos estudos foram

direcionados para compreensão da relação dos adultos com a natureza, refletindo que em sua maioria

as pessoas que possuíam uma maior interação com o mundo natural, quando crianças, mantinham

maior envolvimento em atividades socioambientais em sua vida adulta (Chawla 2006; Wells e Evans

2003).

CONEXÃO COM A NATUREZA

Conexão com a Natureza é um constructo psicológico ainda em construção, e por isso há várias

definições. Segundo Schultz (2004), CN) é o vínculo entre pessoa e a natureza, de forma individual e

de aspecto psicológico. Geng et al. (2015), a definem como a ligação que há entre ser humano e o

mundo natural, ligação essa não apenas emocional, mas também de origem cognitiva. É a relação entre

pessoa e meio ambiente, que se constrói a partir da interação com ele, formando uma conexão através

da afetividade, assim como a interação social é de alta valia para o indivíduo, inteirar-se com a natureza

é essencial ao ser humano.

A CN, por ser um constructo singular, varia de pessoa para pessoa, construindo-se conforme

as experiências individuais e na medida em que se relacionam com a natureza essa relação tende a se

desenvolver (Schultz et al. 2004). A maneira como as pessoas se conectam com a natureza está

diretamente relacionadas à construção histórica e social desse indivíduo, as normas sociais influenciam

na maneira como agem e pensam a respeito (Higuchi et al. 2015).

Estudos demonstram que a CN contribui para formação de comportamentos em prol do meio

ambiente, a afetividade construída a partir da CN gera esses atos a favor de questões que se relacionem

a natureza. Com o tempo exprime no sujeito uma identidade ambiental, com comportamentos que

tomam forma de compromisso ideológico, não demonstrando ter variação ao longo do tempo (Mayer,

Frantz 2004). No entanto, outros estudos sugerem que o comportamento pró-ambiental é

Page 7: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

multidimensional entre comportamentos ambientais e pró-ambientais, por exemplo, se voluntariar a

ongs ambientais, deixar de obter um produto por valores ambientais, e em contextos urbanos seria não

jogar lixo na rua, em contexto campista, respeitar áreas preservadas (Talayero, et al 2014).

Frequentemente a CN é definida como um conjunto de crenças, munidas de cargas de afeto,

que se transpõem em comportamento (Schultz, 2004). Neste sentido, indivíduos que detém esse

envolvimento com o mundo natural, podem vir a não distinguir a diferença entre CN e comportamentos

ambientais (Geng et al. 2015). Contudo, medir esse comportamento tem sido um desafio para os

pesquisadores, que utilizam de escalas e questionários e muitas vezes ambiente controlado para

mensurar comportamentos pró-ambientais, tornando mais complicado diferenciar comportamentos

espontâneos de comportamentos intencionais.

Desenvolver essa forma de conexão carrega inúmeros benefícios à saúde e ao bem-estar

(Chawla 2015). Frequentar ambientes naturais pode reduzir níveis de estresse, melhorar o aprendizado

e raciocínio. Entretanto, a humanidade com a urbanização desenfreada, tem impulsionado um grande

declínio dessa forma de interação (Christensen 2014), alterando o contato com o mundo natural, que

antes era espontâneo, passa a ser cada vez mais raro. Essa relação distanciada pode acarretar

consequências ao bem-estar do ser humano. As consequências apontadas pelos estudos é de que a falta

de contato com a natureza pode afetar negativamente o desenvolvimento das crianças.

Por fim, a CN pode ser compreendida como um vínculo de caráter duradouro, que muitas vezes

leva o indivíduo a comportamentos que se interligam em prol da natureza. Se trata de uma forma de

interação munida de benefícios para o bem-estar da humanidade. Dessa forma, a desconexão com a

natureza carrega consequências que também podem ser sentidas em dimensões globais.

IMPORTÂNCIA DA CONEXÃO DA CRIANÇA COM A NATUREZA

A ausência de CN entre crianças é tema do livro de Richard Louv (2005) “Last child in the

Woods” (Última Criança Na Floresta), onde traz à tona o termo “distúrbio de déficit de natureza”. O

autor discute com contundência sobre tal déficit para alertar sobre a redução gradual do contato da

criança urbana com a natureza, que segundo as evidências apresentadas, uma criança privada desse

contato terá consequências sérias. O transtorno do déficit de natureza pode ser compreendido como

consequência da falta dessa interação, como apatia diante do mundo. Segundo Louv (2005), há grande

diferença em habilidades adquiridas por crianças que passam maior parte do tempo em locais fechados,

Page 8: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

a crianças que interagem livremente na natureza, problemas gerados com diminuição dessa interação

podem estar relacionados ao aumento em casos de obesidade, transtornos psicológicos como TDAH

(Louv 2005).

O distanciamento da natureza pode levar uma geração a não desenvolver relação com o meio

ambiente (Grimm et al. 2008). Segundo Christensen et al. (2014), dentre os fatores para a diminuição

dessa interação está o medo dos pais devido ao grande índice de assaltos e homicídios em grandes

cidades que os leva a deixar as crianças presas em casa. A perda da biodiversidade é também fator que

contribui para redução desse convívio com a natureza, as áreas de interação se resumiram a parques e

pequenas faixas verdes entre as cidades, com pouca interatividade. Entretanto, poucos são os estudos

que relacionam a natureza com bem-estar das crianças, extremamente menor que estudos com adultos.

A interação com o meio ambiente é essencial em seu desenvolvimento e a primeira infância

seria um momento crucial para dar início a essa conexão, e desenvolver maior empatia entre natureza

e criança (Chawla, et al. 2007). A CN se torna primordial e contribui na construção de memórias

significativas e experiências multissensoriais. Pesquisas demonstram que simples contato como,

possuir vegetação em torno de casa e no caminho da escola influência de maneira significativa na

saúde da pessoa. São observadas evidências de benefícios no desenvolvimento cognitivo, como

melhora na atenção e redução na desatenção em crianças (Dadvand et al. 2014). O contato com a

natureza explora em diversos níveis a interação sensorial e desenvolvimento de diversas capacidades

como, aumento de atividades físicas e desenvolvimento psicomotor (Chawla 2015). A CN é também

rica fonte de contribuições para tratamento de transtornos e depressão (Sullivam et al. 2014).

A natureza, portanto, contribui de maneira significativa no desenvolvimento de crianças de

áreas urbanas que mantém contato com o mundo natural (Chawla, 2015). Essa contribuição auxilia no

desenvolvimento da autonomia e do olhar para com o próximo. O simples contato cotidiano

desenvolve maior afeto com a natureza e os elementos que a constituem como animais e plantas

promovem e aguçam a curiosidade na criança em compreender melhor o universo natural. O fato de

áreas urbanas com espaços naturais serem públicos, o governo e suas instituições também possuem

responsabilidade de fornecer condições que favoreçam a interatividade da criança com áreas naturais ,

bem como a compreensão dos cuidadores da real importância e benefícios que essa conexão

proporciona ao bem-estar da criança. Resta-nos verificar como isso ocorre no dia-a-dia das crianças

na cidade.

Page 9: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa integra o Projeto Guarda-Chuva “Conexão com a natureza com jovens

amazônidas” e caracteriza-se como bibliográfica acompanhada de uma enquete. Foi realizado um

levantamento bibliográfico nas bases de dados Periódicos da Capes e Google scholar. Foram usados

como termos de busca às palavras “natureza” + “criança”, com seleção das publicações feitas entre os

anos de 2010 a 2020, em língua portuguesa no Brasil.

A busca resultou em 63 documentos entre artigos, dissertações e teses, sendo 19 artigos na base

Capes e 45 no Google Scholar, dentre os quais 48 atendiam aos critérios de busca na base, e após

leitura dos resumos para análise inicial apenas 14 foram selecionados. Os critérios de exclusão

consistiram em pesquisas que não atendiam a subárea Ciências Sociais, Humanas e Aplicadas e artigos

ou documentos incompletos.

Os dados foram analisados segundo a análise de conteúdo (Bardin 2004), permitindo a

compreensão dos dados, através do processo de identificação de categorias. O processo de análise parte

de três processos, 1) pré-análise, onde ocorre a leitura e compreensão do material analisado e ideias

preliminares, 2) exploração do material, para descrição analítica, 3) tratamento de resultados e

interpretações, processo o qual cabe a análise reflexiva.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram organizados em dois eixos temáticos: a) estudos que investigam

benefícios psicológicos advindos da relação da criança com a natureza e elementos naturais, e b)

estudos sobre a interação criança-natureza em contexto escolar. Nesses estudos publicados a

metodologia variou de forma que : a) 4 eram pesquisas documentais, b) 4 eram pesquisas-ação, c) 5

eram descritiva exploratória, e d)1 era de descrição analítica. Quanto às fontes das publicações todos

os estudos são pertencentes a instituições acadêmicas, entre as quais: universidades federais (11),

secretaria da educação (1), e congresso nacional de pesquisa e ensino (Conapesc) (1). Esses estudos

foram publicados em quatro regiões (Figura 1).

Page 10: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

[Z1]

Figura 1: Distribuição das publicações por regiões brasileiras

Fonte: Produção da autora

Observa-se que a Região Sul conteve proporcionalmente a maior parte desses estudos (6);

seguida pelas Regiões Centro Oeste e Nordeste com 3, e Norte com 2 pesquisas. Impressionante que

a região Norte, que possui uma maior representatividade da natureza pela sua exuberante floresta,

ocupa penúltimo lugar em pesquisas desse âmbito nas plataformas selecionas.

Benefícios da interação entre criança e natureza

Das pesquisas encontradas 8 estudos investigaram benefícios psicológicos advindos da relação

da criança com a natureza, paisagens ou elementos naturais, em locais como espaços verdes, parques,

praças (Quadro 1). Possuem como tema central compreender como se dá a construção dessa interação,

o papel dos elementos naturais na construção dessa relação, bem como os benefícios advindos desse

relacionamento.

Quadro 1. Artigos científicos sobre benefícios psicológicos advindos da relação da criança com

paisagens ou elementos naturais

Sul Centro oeste nordeste norte

Série1 6 3 3 2

Qu

anti

dad

e p

or

reig

ão

Distribuição das publicações por regiões

brasileiras

Page 11: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

Pesquisas Objetivo de estudo Métodos Local

Machado. Y. S; Peres. S.

M.P; Albuquerque. S.D;

Kuhnen. A. (2016)

Brincadeiras Infantis e

Natureza: Investigação da

Interação Criança-

Natureza em Parques

Verdes Urbanos

Caracterizar o uso que

crianças realizam de

recursos naturais de

espaços verdes urbanos

nas brincadeiras.

Pesquisa descritiva

exploratória,

utilizando do método

de observação e

mapeamento

comportamental

centra da pessoa e

protocolo de

observação

Santa Catarina -

Florianópolis

Lima. B.L. (2015) A

criança e a natureza:

Experiências educativas

nas áreas verdes como

caminhos humanizadores

Investigar significados e

sentidos as crianças

expressam quando

realizam ou participam de

experiências nas áreas

verdes

Pesquisa qualitativa,

método de escuta e

observação.

Bahia – Feira de

Santana

Brito, D.G.S. (2018)

Criança-natureza:

aspectos cognitivos e

afetivos da criança na

relação com a natureza.

Compreender a relação

afetiva com a natureza e

suas implicações para o

comportamento pró-

ambiental

Pesquisa exploratória

descritiva, método

desenho e entrevista

verbal.

Roraima- Boa Vista

Felisberto. D.M.K (2019)

Criança da natureza- uma

experiência de estágio em

educação infantil

Analisar a relação entre

criança e natureza no

processo de construção do

conhecimento e no

desenvolvimento infantil

Pesquisa ação,

qualitativa, método

análise de conteúdo

temática.

Alagoas - Maceió

Doca.P.N. F; Bilibio.

M.A (2018) A

(des)conexão criança e

natureza sob o olhar da

gestalt-terapia e

ecopsicologia.

Compreender sobre a

conexão natural e

espontânea entre a criança

e a natureza.

Pesquisa documental,

método análise de

conteúdo.

Goiás - Goiânia

Peres. P.M.S (2018)

Mediação dos pais na

interação Criança-

natureza.

Investigar as

brincadeiras de crianças

na natureza e a

percepção dos pais

sobre os benefícios do

contato com a natureza

para o desenvolvimento

infantil.

Pesquisa descritiva

exploratória,

quantitativo-

qualitativo, método

Observação

sistemática Direta,

questionário

autoaplicável, escala

atitudinais. Análise de

dados observação

direta e indireta

questionários SPSS

Santa Catarina

Page 12: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

Silva. S.D et al (2019)

Ecopercepções:

representações sociais da

natureza no universo

infantil

Discutir a partir da ótica da

criança, suas percepções e

representações sobre a

Natureza.

Pesquisa qualitativa-

quantitativa métodos

descrição analítica,

desenho, entrevista,

semiestruturada.

Bahia- Santa Maria

Peres. P. M. S (2013)

Percepção da interação

criança-natureza por

cuidadores no parque

municipal da Lagoa do

Peri, em Florianópolis,

santa Catarina.

Conhecer a percepção

de cuidadores sobre a

relação criança-natureza

em um parque urbano

Pesquisa descritiva

exploratória,

quantitativa, Métodos

classificação

analógica por critério

léxico-entrevista

estruturada.

Santa Catarina -

Florianópolis

Os benefícios mais apontados pelos estudos são de caráter cognitivo, social e físico. O mundo

natural oportuniza à criança desenvolver habilidades motoras como equilíbrio, domínio espacial,

promove estímulos sensoriais, propiciando maior gasto de energia diminuindo a hiperatividade, bem

como impulsionando a autoconfiança e as capacidades cognitivas da criança. Outras vantagens

apontadas como habilidades sociais, auxiliam no desenvolvimento da capacidade de conviver com o

outro e respeitar ao próximo, acrescendo a prática da empatia. A criatividade também foi apontada

como um dos benefícios, livre acesso a áreas verdes aflora a imaginação, onde árvore vira casa,

gravetos utensílios, areia se tornam castelos. Desenvolver afinidade, cuidado e respeito com natureza

à torna local de proximidade de pertencimento, contribuindo para desenvolvimento de atitudes a favor

do meio ambiente.

Segundo Lima (2015) a natureza é compreendida como um espaço de construção histórica

desde uma compreensão espiritual, como mãe natureza que supre a terra até uma ideia de natureza

utilitarista. Concebendo natureza como experiência educativa que possibilita o movimento amplo e

sem amaras, em que a criança pode maximizar e potencializar seu aprendizado de maneira instantânea

saciando seus desejos e curiosidades. No estudo, os benefícios dessa interação revelam que o convívio

com espaços verdes é propício para a imaginação, bem como a interação e experiências com animais

e o cuidado com eles, bem como maior contato com elementos da natureza, são primordiais desde a

primeira infância. Estas experiências influenciam na construção de posturas éticas frente à vida, as

crianças expostas a áreas verdes trazem consigo benefícios que podem se refletir no futuro.

No estudo de Felisberto (2019) revelam benefícios desse convívio que compreende a interação

com o mundo natural. Nessa convivência que aprendem a respeitar a natureza, explorando o ambiente,

Page 13: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

conhecendo os elementos que os cercam e interagindo com eles, o contato com a natureza levou as

crianças à curiosidade, questionamentos, proporcionando novas descobertas. Quanto maior o nível de

interação maior a sensação de pertencimento de uma natureza “logo ali” e não algo distante e intocável,

mas grande e majestosa, do qual a criança se sinta integrante.

A importância da interação com elementos também foi citada como benefício conforme Silva

et al. (2019), cada elemento da natureza pode ser compreendido pelas crianças de maneiras diferentes

e para as mesmas tais elementos compõem um todo chamado natureza. Quando estão em interação

com esses elementos as crianças se expressam através dos mesmos, apresentando seus pensamentos .

Conhecer a natureza e o que a integra as torna mais propensas a expressar cuidado e respeito

“concebendo a Natureza como o princípio de tudo, inclusive dos seres humanos” (Silva, 2019, p.16).

As vantagens dessa maior convivência com o mundo natural e a elementos ligados a ela promovem as

crianças oportunidades para pensar sobre si e o mundo.

Para Machado et al. (2016), o convívio com a natureza também influencia e estimula a

criatividade da criança, a investigar e conhecer mais daquilo que está sendo apresentado a ela,

promovendo uma diversidade de brincadeiras. Os autores concluem que quanto maior acessibilidade

a criança possui à natureza e aos elementos do mundo natural, mais a criança o implementa nas suas

brincadeiras.

As formas de construção para que ocorra essa conexão entre criança e natureza também foram

citadas por artigos como construções graduais como no estudo de Brito (2018). O autor sugere que

crianças que possuem experiências cotidianas em espaços naturais, desenvolvem maior afetividade

pelo mundo natural. Concebendo a afetividade como uma ponte nessa relação criança-natureza que é

edificada de maneira gradativa ao longo da vida, procurar integrar a natureza no dia a dia da criança é

fator crucial como forma de construção dessa conexão. Essa afetividade foi citado por Doca et al.

(2018), como o encantamento da criança com a natureza se constrói de maneira progressiva no

cotidiano e seus benefícios podem ser observados em forma de entusiasmo quando a criança entra em

interação com a natureza.

Ademais conforme Doca et al. (2018), o estudo aborda dentro deste contexto de benefício, uma

compreensão da criança como parte da natureza, resultando em uma interação de sensibilidade e

encantamento, que com passar do tempo foi sendo modificada para uma interação, não apenas

utilitarista, mas que toma uma postura de EU-ISSO. Nessa forma de relação há uma desconexão, a

falta de interação também pode ser passada de geração para geração. Esses aspectos foram encontrados

quanto à postura dos cuidadores apontada no estudo de Peres (2013), a compreensão dos mesmos em

Page 14: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

crer nos benefícios da interação da criança com a natureza atua como fator principal na escolha dos

cuidadores ao optarem por espaços como áreas verdes, parques, praças, que ofereçam opção de

recreação natural. A percepção dos mesmos gira em torno de um espaço que propicia um retorno, seja

ele físico ou cognitivo, deixando de lado a visão biocêntrica que tem por foco a importância da natureza

apenas pela a sua existência, mas tomando a visão antropocêntrica que retrata uma predileção pela

natureza de maneira mais utilitária, optando por ela apenas pelo fato de possuir um retorno, um

benefício.

Nesse sentido, compreendendo a relação da criança com a natureza e todos os benefícios

advindos desse vínculo, proporcionar essa interação e maior proximidade com o meio natural, pode

ser uma poderosa ferramenta de aprendizagem e auxílio aos métodos pedagógicos. A escola é sem

dúvida um local possível se alcançar toda uma geração, crianças que talvez não dispusessem de tal

interação, poderiam desfrutar das vantagens provenientes dessa relação.

Interação criança-natureza em contexto escolar

A partir dos eixos estabelecidos, 6 estudos apresentam como abordagem a importância da

interação da criança com a natureza em contextos escolares/educação infantil. Nesse sentido,

demonstram resultados dessa interação dentro desses ambientes, assim como as concepções de órgãos

vinculados a educação infantil e suas práticas quanto a promover tal interação, dado a notoriedade de

seus benefícios para o bem-estar infantil.

Quadro II- Estudos sobre a importância da interação da criança-natureza em contexto

escolar

Artigos científicos Objetivo de estudo Método Local

Ferreira. M.A.B; Santos.

B.C.L.S (2018) As relações

de criança, educação

ambiental e natureza no

discurso proposto da BNCC

Apontar a relevância da

natureza e da EA na

mediação de vivências

que promovam

experiências

significativas para

formação da criança

Pesquisa

documental, técnica

de documentação

direta.

Rio Grande

do Sul

Page 15: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

Monte. L.C (2018) Sentir,

conhecer e experimentar,

criança na natureza, já.

Observar e explorar a

natureza e os ambientes

com atitude de

curiosidade, percebendo-

se como integrante

dependente e agente

transformador do meio

ambiente, valorizando

atitudes que contribuem

para sua preservação.

Pesquisa de relato

de experiência,

pesquisa ação. De

caráter qualitativo,

método observação

e analise de

desenho.

Distrito

Federal-

Paranoá

Freitas. R. V (2018) Relação

criança e natureza:

representações sociais

presentes nas políticas

públicas para a educação

infantil

Compreender, bem como

analisar quais são as

representações sobre a

relação criança e natureza

presentes nas políticas

públicas para a Educação

Infantil.

Pesquisa

bibliográfica

exploratória,

qualitativa. Método

análise documental.

Goiânia

Santos. Z.C.W (2016)

Criança e a experiência

afetiva com a natureza as

concepções nos documentos

oficiais que orientam e

regulam a educação infantil

no Brasil

Identificar nos

documentos oficiais

brasileiros que regulam e

orientam a educação

infantil as concepções

sobre a relação da criança

com a natureza.

Pesquisa

documental,

documentação

indireta.

Santa

Catarina-

Itajaí

Moura. S.M (2016) Crianças

no quintal: A relação da

criança com a natureza.

Contribuir com os

planejamentos na

Educação Infantil sobre

as relações da criança

com o meio natural em

que vivem

Pesquisa

explicativa, estudo

de campo, de

caráter qualitativo,

método observação.

Rio Grande

do Sul.

Souza.R.M;Vasconcelos.N.B;

Rodrigues.A.C; Melo. E.R;

Costa. M.G. (2016) “A

criança e a interação com a

natureza: a construção de um

“espaço verde” em uma

escola no município de

Manaus/AM”

Realizar práticas

pedagógicas que pudessem

oportunizar a interação das

crianças com elementos

naturais e despertasse nelas

uma consciência ambiental.

Pesquisa qualitativa

exploratória, estudo

de campo, método

observação.

Manaus

Em suma, os estudos compreendem a escola como um espaço de grande importância na vida

da criança, e em sua formação como cidadão, local de construir conhecimento, valores, senso crítico,

ética e saberes. Deste modo, incluir neste terreno tão rico de significados, meios em que a criança

possa se relacionar com a natureza é de grande importância. Sabendo que as crianças dependem de

seus cuidadores, se estes não possuírem meios ou não proporcionarem atividades que incluam a

Page 16: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

natureza ao dia a dia da criança, por inúmeros motivos ou razões pelos quais pode não ser possível

viabilizar tal interação, como não possuir locais com áreas verdes na proximidade de sua casa, não

possuir condição financeira para tal deslocamento, entre outros, a escola seria um intermediador para

estreitar este distanciamento. Alguns estudos também objetivaram compreender, em análise de

documentos oficiais, quais as concepções desses documentos frente à interação da criança com a

natureza em ambiente escolar e nos currículos escolares.

Em virtude da relevância da interação criança-natureza segundo o estudo de Ferreira et al.

(2018), incluir educação ambiental na educação de ensino fundamental é proporcionar experiências

relevantes com o mundo natural e contribui na formação da criança. Trazendo um levantamento de

dados na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) o presente estudo buscou examinar se há

propostas pedagógicas que se direcionam a este fim, dado o valor da contribuição no desenvolvimento

infantil. Para os autores a BNCC possui certa frequência do tema, “natureza” no currículo escolar,

seguindo dois panoramas, primeiro como experiência sensorial e o segundo enfoque natureza de

maneira utilitarista. Segundo o autor compreendendo que “A BNCC atingirá todas as crianças das

instituições infantis através de um discurso que não é neutro, e uma vez, apresenta a Natureza na

perspectiva mercadológica se relaciona nas tessituras dos feixes discursivos de modo utilitarista na

formação humana, e isso, em todos os currículos de Educação Infantil do Brasil” (Ferreira, 2018, p.11).

Por fim concebe certa limitação nas práticas educativas, não condizendo com a real importância e

ganho da interação, concluindo que a BNCC possui uma abrangência significativa nas instituições

infantis, frisa a importância de um currículo que permita uma interação mais profunda entre criança e

Natureza.

De igual forma, o autor Freitas (2018), explana o grande impacto de políticas públicas ou a

falta delas, que favoreçam o contato da criança com a natureza, impactando de maneira significativa

no processo de vida escolar. Os documentos analisados deste estudo também fazem parte da BNCC, o

autor destaca que parâmetros da educação infantil atual visam formar a criança como sujeitos

autônomos, e possuem maior preocupação com o saber cognitivo das crianças deixando de lado saberes

que encorajam trabalhos fora da escola, mesmo compreendendo tamanha importância e ganhos do

convívio entre criança-natureza. Inúmeros são os motivos para tais questões não possuírem uma

prioridade, sendo necessários mais estudos para uma melhor compreensão. No entanto, segundo Santos

(2016), ao analisar os documentos que regulam a Educação infantil, verificou que mesmo com certa

Page 17: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

defasagem, há uma busca pelos órgãos competentes em adequar a educação infantil a um convívio

mais próximo entre criança e natureza.

O espaço escolar também foi compreendido como local de expansão para os saberes lá

disseminados dentro da perspectiva de dois estudos (Souza et al. 2016; Monte 2018). Para Monte

(2018) que analisou documentos que formam as diretrizes para a educação infantil, como as Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar,

concluiu que tais documentos mencionam a importância da interação criança-natureza. Utilizando-se

desse entendimento, dos benefícios dessa relação, houve a formulação do projeto implantado na escola

em questão, que possibilitava o contato das crianças de educação infantil com elementos da natureza,

criação de hortas, ações relacionadas a consumo sustentável, aprendizagem sobre benefícios da

natureza. Cresceu o fascínio e mais afeição a escola entre as crianças. O espaço escolar ao decorrer do

processo compreendeu que os ganhos da interação atingiram não apenas as crianças, mas também as

suas famílias. O espaço escolar ganhou inúmeros significados, antes onde era visto apenas salas de

aula, hoje é um espaço de interação fluida de imensas possibilidades, que alcança os alunos e suas

famílias.

Torna-se perceptível que a inserção da interação com a natureza em ambiente escolar

acompanha mudanças significativas na forma com que as crianças passam a ver o meio ambiente .

Segundo Souza et al. (2016) observou-se que conforme as interações progrediam, as falas das crianças

foram enriquecidas, o contato direto com a natureza propiciou uma melhor visão sobre o que antes

poderia ter sido visto apenas em forma teórica, e trouxe maior preocupação com o cuidado com os

animais e a floresta, essa proximidade conduziu a experiências que favorecia uma melhor concepção,

não apenas sobre o que se constituí a natureza, mas maior sensibilização dos motivos pelo qual se faz

necessário sua preservação. A escola como ambiente mediador desta proximidade, promove

surgimento de uma consciência ambiental não apenas nas crianças, mas de toda a comunidade escolar

envolvida.

Neste sentido a escola adota um papel que oportuniza a criança descobrir, adquirir boas

práticas, novos saberes, não apenas saberes cognitivos, mas práticas do cotidiano para comportamentos

mais sustentáveis. Por fim, Moura (2016) concebe que integrar a natureza de forma lúdica ao contexto

da criança traz benefícios como a espontaneidade e criatividade, levando a natureza até a escola

Page 18: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

possibilita a criança perceber a grandiosidade natural a qual ela pertence, desenvolvendo maior

afetividade não apenas pela natureza, mas também para com a escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse estudo procuramos revisar a produção científica acerca da relação da criança urbana com

a natureza no Brasil. Os resultados apontaram a abrangência dos benefícios dessa interação e a

importância de propiciar às crianças caminhos que promovam contato com a natureza e seus

elementos. Para a criança o convívio com o mundo natural influência de maneira nítida no

desenvolvimento de sua aprendizagem, a natureza se torna recurso educativo. Autonomia, criatividade,

habilidades motoras estão entre alguns dos benefícios mais citados, assim como o cuidado com a

natureza. A construção dessa relação se mostrou benéfica em trazer à tona atitudes como maior

preocupação em não maltratar animais, cuidar das plantas e florestas, criando memórias de uma relação

empática entre criança e natureza, por mais simples que possa parecer tais comportamentos, podem

enraizar e perdurar até a vida adulta para comportamentos em prol do meio ambiente.

Em função desses benefícios foi encontrada inclusive a concepção dos cuidadores a respeito

da promoção dessa relação, que optam por espaços com áreas verdes por acreditarem em grandes

retornos como aprendizagens múltiplas, benefícios cognitivos e físicos para as crianças, não sendo

mencionada a construção do comportamento pró-ambiental como um dos quesitos de interesse dos

cuidadores, porém não se sabe por qual motivo, se por falta de informação ou por não ser um dos

benefícios de apresso dos cuidadores, sendo necessário mais estudo para tal questão.

Observou-se, que proporcionar essa relação em locais como a escola, pode-se atingir não

apenas as crianças, mas suas famílias, e até mesmo a comunidade. A escola se revelou local de

importante intermediação na construção dessa relação. Trouxe ganhos na construção da visão da

criança não apenas quanto à natureza, mas proporcionou maior afeição por estar na escola. Ademais,

estudos que pesquisaram essa questão em documentos de órgãos do governo e políticas públicas,

trouxeram questões como os ganhos da interação entre criança e natureza e que tais benefícios são

reconhecidos por órgãos educativos, entretanto há certa defasagem em tornar prática tais evidências.

Page 19: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

Há poucos trabalhos que abordaram o contexto urbano como adversidade na construção dessa

conexão. Quanto à concepção da criança a respeito da natureza, há poucos estudos com análise na fala

das crianças, há mais estudos com métodos observacionais, ou análise de desenho. Acredita-se este ser

um campo ainda pouco explorado, possibilitando que mais estudos sejam realizados nessa área, dado

o fato da importância de compreender a criança como ser que atribui sentido ao mundo ao seu redor.

Por fim, a literatura a respeito da conexão entre criança e natureza salienta acerca do convívio,

no período da infância ser o melhor momento e que tal relação é construída a partir do afeto, mesmo

não podendo se afirmar que essa conexão será prolongada até a fase adulta, inúmeras são as evidências

dessa relação. Trazer a criança para mais próximo da natureza, promover meios para a mesma se

envolver a ponto de se sentir parte integrante do meio ambiente e não alheia é essencial na construção

de adultos e cidadãos melhores.

REFERÊNCIAS

Bardin, L. 2004. Análise de conteúdo. São Paulo. 229 pp.

Braun, T.; Dierkes, P. 2017. Connecting students to nature – how intensity of nature experience and

student age influence the success of outdoor education programs. Environmental Education Research.

23: 937-949.

BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.

(HYPERLINK

"C:\\Users\\pried\\Downloads\\www.planalto.gov.br\\ccivil_03\\LEIS\\L8069.htm#art266"www.plan

alto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art266). Acesso em: 18 dez. 2019.

Brito, D.G.S, 2018. Criança-natureza: aspectos cognitivos e afetivos da criança na relação com a

natureza. Dissertação mestrado, Programa de pós-graduação em psicologia – ppgp mestrado

acadêmico, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas. 85 pp.

Campos, D.F.G, 2019. Prática de Ensino Supervisionada - Aprendizagem da criança em contacto com

a natureza. Dissertação mestrado, Instituto Politécnico Bragança. 101 pp.

Chawla, L. 2006. Learning to love the natural world enough to protect it. Barn, 2: 57-78.

Chawla, L. 2015. Benefits of contact with nature for children. In: Journal of Planning Literature. 4:

433-452.

Page 20: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

Chawla, L; Cushing, D. F. 2007. Education for strategic environmental behavior. In:

Environmental Research Education. University and Colorado, Boulder –EUA. 4:437-452.

Christensen, K. 2014. The Importance of Building Human-Nature Connections: Fostering stewardship

through childhood nature experiences. CSUS Dept. of Environmental Studies: ENVS. 199pp.

Collado, S ; Corraliza, H. J. A. 2013. Experiencing nature in children’s summer camps: Affective,

cognitive, and behavioural consequences. Journal of Environmental Psychology. 33: 37-44.

Corraliza, J ; Collado, S ; Bethelmy, L. 2012. Nature as a moderator of stress in urban children.

Procedia: Social and Behavioral Sciences, 38: 253-263.

Dadvand, P; Villanueva, C. M; Font-Ribera, L; Martinez, D; Basagana, X; Belmonte, J; Vrijheid, M;

Grazuleviciene, R; Kogevinas, M; Nieuwenhuijsen, M. 2014. Risks and Benefits of Green Spaces for

Children. Environmental Health Perspectives.12: 1329-1335.

Evans. G.W; Brauchle.G; Hap.A; Stecker. R; Wong. K; Shapiro. E. 2007. Young Children’s

Environmental Attitudes and Behaviors. Environment and Behavior. 39: 635-659.

Felisberto. D.M.K, 2019. Criança da natureza- uma experiencia de estágio em educação infantil.

Monografia, Universidade Federal de Alagoas, Alagoas, Maceió. 53pp.

Ferreira, M.A.B; Santos, B.C.L. S.2018. As relações de criança, educação ambiental e natureza no

discurso proposto da bncc. Rio Grande do Sul. Revista de Educação Ambiental. 23: 62-73.

Freitas, R. V, 2018. Relação criança e natureza: representações sociais presentes nas políticas públicas para a educação infantil, Uberlândia. Instituto de Ciências Humanas do Pontal da

Universidade Federal de Uberlândia. 43pp.

Geng, L; Xu, J; Ye, L; Zhou, W; Zhou, K, 2015. Connections with Nature and Environmental

Behaviors. Journal Plos One 10. DOI:10, 1371.

Gray, T.; Pigott, F. 2018. Lasting Lessons in Outdoor Learning: A Facilitation Model Emerging from

30 Years of Reflective Practice. Ecopsychology. 4: 195-204.

Grimm, N.B; S.H. Faeth; N.E. Golubiewski; C.L. Redman; J. Wu, X. Bai; J.M. Briggs. 2008. “Global

Change and the Ecology of Cities.” Science 319: 756-760.

Heywood, Colin. 2004. Uma história da infância. Tradução: Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre:

Artmed. 284 pp.

Higuchi, M.I. G; Teixeira, G.K.M.D. 2015. A importância de uma educação para os saberes ecológicos

na formação da criança amazônida na pós-modernidade. Revista Somanlu, v. 15, n. 1.

Ives, C.D; Abson, D.J; von Wehrden, H ; Dorninger, C; Klaniecki, K.; Fischer, J. 2018. Reconnecting

with nature for sustainability. Sustain Sci, 13: 1389-1397.

Page 21: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

Lima, B.L. 2015. A criança e a natureza: experiências educativas nas áreas verdes como caminhos

humanizadores. Bahia. Departamento de educação programa de pós-graduação em educação UEFS,

145p.

Louv, R. 2005. Last child in the Wood. Chapel Hill, NC. ed. Algonkin books, 324pp.

Lumber, R.; Richardson, M.; Sheffield, D. 2017. Beyond knowing nature: Contact, emotion,

compassion, meaning, and beauty are pathways to nature connection. PLoS ONE, 12(5): e0177186.

Machado. Y. S; Peres. S. M.P; Albuquerque.S. D; Kuhnen.A, 2016, Brincadeiras Infantis e Natureza:

Investigação da Interação Criança-Natureza em Parques Verdes Urbanos. Santa Catarina, Temas em

Psicologia, 24: 655-667.

Mayer, S.F; Frantz, C.M, 2004. The connectedness to nature scale: A measure of individuals’ feeling

in community with nature. Journal of Environmental Psychology, 24: 503-515.

Monte, L.C, 2018. Sentir, conhecer e experimentar, criança na natureza, já. Distrito Federal, Cadernos

RCC, 13: 165-170.

Moura, S.M, 2016. Crianças no quintal: A relação da criança com a natureza. Rio Grande do Sul.

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. 9 pp.

Nisbet, E.K; Zelenski, J.M, 2013. The NR-6: a new brief measure of nature relatedness. Front.

Psychol. 4: 1-11.

Peres. P. M. S, 2013. Percepção da interação criança-natureza por Cuidadores no parque municipal

da lagoa do peri em Florianópolis santa Catarina. Universidade Federal de Santa Catarina,

Dissertação de mestrado. 132 pp.

Peres. P. M. S, 2018. Mediação dos pais na interação criança-natureza. Santa Catarina, Universidade

Federal de Santa Catarina, 258 pp.

Restall, B.; Conrad, E. 2015.A literature review of connectedness to nature and its potential for

environmental management. Journal of Environmental Management.159: 264-278.

Rosemberg, F. 2010. Estudos sociais sobre a infância e direitos da criança. São Paulo. Caderno de

Pesquisa. 141: 693-728.

Santos, Z.C.W. 2016. Criança e a experiência afetiva com a natureza as concepções nos documentos

oficiais que orientam e regulam a educação infantil no Brasil. Santa Catarina. Univali. Tese de

Doutorado. 224 pp.

Schultz, W.P; Shriver, C; Khazian, M.A. 2004. Implict connections with nature. Journal of

Environmental Psychology, 24: 31-42.

Silva. S.D; Santos, J.M, 2019. Ecopercepções: representações sociais da natureza no universo infantil ,

Bahia. Revista de Educação da UFSM. 44: 1-24.

Page 22: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

Souza, R.M; Vasconcelos, N.B; Rogrigues, A.C; Melo, E.R; Costa, M.G, 2016. A criança e a interação

com a natureza: a construção de um “espaço verde” em uma escola no município de Manaus/AM.

Amazonas, Conapesc, 12pp.

Sullivan, W. C; Frumkin, H; Jackson, R. J; Chang, C. Y. 2014. Gaia Meets Asclepius: Creating

Healthy Places. Landscape and Urban Planning. 127:182-184.

Talayero, P.O.J.F; Aragones, J.I; Diaz, E.M. 2014. Dimensiones del Comportamiento Proambiental

y su Relación con la Conectividad e Identidad Ambientales. Dossiê: Psicologia ambiental. 45: 369-

376.

Wells, N; Evans, G. 2003. Nearby Nature A Buffer of Life Stress Among Rural Children. Journal

Indexing e metrics. Doi. 10.1177/0013916503035003001

Zacarias, E. J. 2018. Vínculo com a Natureza em Pais-Mães e suas Implicações no Comportamento

Parental, PPG-CASA/UFAM, Amazonas, Brasil. Dissertação de Mestrado. 191pp

Page 23: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização:

Anexo 1

Page 24: RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM A NATUREZAlapseainpa.weebly.com/.../2020_relatorio_final_priscilla.pdf · 2020. 12. 10. · RELATÓRIO FINAL RELAÇÃO DAS CRIANÇAS URBANAS COM

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Coordenação de Capacitação

Divisão Apoio Técnico

Apoio Financeiro: Realização: