reformador outubro/2006 (revista espírita)

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Na Trilha de Allan Kardec"Jesus e Kardec estão perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina"

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Expediente

Sumrio4 EditorialRelembrando Kardec

12 Entrevista: Gloria Avalos de YnsfrnFundada em 21 de janeiro de 1883 Fundador: Augusto Elias da Silva

Fomentar a paz atravs do conhecimento e do amor

14 Presena de Chico XavierNa trilha de Allan Kardec Andr Luiz

Revista de Espiritismo Cristo Ano 124 / Outubro, 2006 / N o 2.131 ISSN 1413-1749 Propriedade e orientao da FEDERAO ESPRITA BRASILEIRA Diretor: NESTOR JOO MASOTTI Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SO THIAGO Secretria: SNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA Gerente de Produo: GILBERTO ANDRADE Equipe de Diagramao: SARA AYRES TORRES, AGADYR TORRES E CLAUDIO CARVALHO Equipe de Reviso: MNICA DOS SANTOS E WAGNA CARVALHO REFORMADOR: Registro de publicao o n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polcia Federal do Ministrio da Justia), CNPJ 33.644.857/0002-84 I. E. 81.600.503 Direo e Redao: Av. L-2 Norte Q. 603 Conj. F (SGAN) 70830-030 Braslia (DF) Tel.: (61) 2101-6150 FAX: (61) 3322-0523 Departamento Editorial e Grfico: Rua Souza Valente, 17 20941-040 Rio de Janeiro (RJ) Brasil Tel.: (21) 2187-8282 FAX: (21) 2187-8298 E-mail: [email protected] Home page: http://www.febnet.org.br E-mail: [email protected] e [email protected] PARA O BRASIL Assinatura anual R$ 39,00 Nmero avulso R$ 5,00 PARA O EXTERIOR Assinatura anual US$ 35,00 Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 2187-8274 E-mail: [email protected] Projeto grfico da revista: JULIO MOREIRA Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

21 Esflorando o EvangelhoMadalena Emmanuel

34 A FEB e o EsperantoAs idias de Zamenhof e a Doutrina Esprita Paulo Srgio Viana

42 Seara Esprita

5 No julgueis Juvanir Borges de Souza 8 Campeonato da insensatez Vianna de Carvalho e outrosEspritos-espritas

11 Realidade e fico Washington Borges de Souza 16 Sade trabalhar Richard Simonetti 17 O Mestre e o Apstolo Emmanuel 18 Pedra angular Dalva Silva Souza 22 Espiritismo O Consolador prometido por Jesus Hugo Alvarenga Novaes

24 O necessrio e delicado intercmbio medinico Waldehir Bezerra de Almeida

27 Vianna de Carvalho 80 anos de desencarnao Luciano Klein Filho

30 A resposta de Deus Eliana Thom 32 Muito frente de seu tempo Snia Zaghetto 33 Capacitao do Trabalhador do Grupo Medinico 36 Santos Dumont 38 Divaldo Franco na FEB-Rio 39 Normalizao Editorial Padro de qualidade editorial dos livros febianos Geraldo Campetti Sobrinho 41 Dia Estadual da Confraternizao Esprita

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EditorialRelembrando

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Kardec

eformador, deste ms, relembra o lcido trabalho de Allan Kardec na elaborao da Codificao Esprita, materializando, junto Humanidade, o Consolador Prometido por Jesus. Resgata uma pgina de Andr Luiz, intitulada Na trilha de Allan Kardec (p. 14) e publica mensagem de Emmanuel, O Mestre e o Apstolo (p.17), ambas psicografadas por Francisco Cndido Xavier. Sobre a obra do Codificador, oportuno relembrar, tambm, alguns pensamentos de Bezerra de Menezes, Esprito que, sob inspirao superior, vem orientando o estudo, a divulgao e a prtica da Doutrina Esprita:* A Doutrina Esprita possui os seus aspectos essenciais em configurao trplice. Que ningum seja cerceado em seus anseios de construo e produo. Quem se afeioe cincia que a cultive em sua dignidade, quem se devote filosofia que lhe engrandea os postulados e quem se consagre religio que lhe divinize as aspiraes, mas que a base kardequiana permanea em tudo e todos, para que no venhamos a perder o equilbrio sobre os alicerces em que se nos levanta a organizao. Allan Kardec, nos estudos, nas cogitaes, nas atividades, nas obras, a fim de que a nossa f no se faa hipnose, pela qual o domnio da sombra se estabelece sobre as mentes mais fracas, acorrentando-as a sculos de iluso e sofrimento. Seja Allan Kardec, no apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a nossa bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas prprias vidas. Sem essa base difcil forjar o carter esprita-cristo que o mundo conturbado espera de ns pela unificao. indispensvel manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos polticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitrios. Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardec para todos.

*Mensagem Unificao, psicografada por Francisco C. Xavier (Reformador, dezembro de 1975).

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No julgueisJ U VA N I R B O R G E SDE

SOUZA

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ncontra-se no Evangelho de Mateus, 7:1-2, esse ensino de Jesus: No julgueis, a fim de no serdes julgado; porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; empregar-se- covosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros. (O Evangelho segundo o Espiritismo, 3. ed. especial, cap. X, item 11, p. 215.) Esta lio do Mestre insere-se, como muitas outras, na lei do amor a sntese maravilhosa que Ele formulou para facilitar a compreenso no somente de seus discpulos e ouvintes, mas de todos os que viessem tomar conhecimento de sua mensagem, no futuro. Como amar ao prximo a regra urea para reger o relacionamento com nossos semelhantes, colocada junto ao primeiro mandamento amar a Deus sobre todas as coisas , o no julgueis para no serdes julgados um desdobramento da lei suprema. uma forma de facilitar a compreenso humana para aqueles que visam aceitar, compreender e vivenciar as leis divinas. O verbo julgar tem acepes diversificadas na linguagem humana, especialmente no idioma portugus.

Ao mesmo tempo que pode significar uma deciso de juiz ou de rbitro, pode tambm ser empregado no sentido de imaginar, conjecturar, formar opinio, avaliar, formar juzo crtico, considerar-se, etc., conforme o texto em que est inserido. Acreditamos que Jesus, conhecendo profundamente a natureza dos habitantes do nosso mundo, procurou deixar evidente o prejuzo moral para aqueles que, por hbito adquirido, ou por natural inclinao, fazem conjecturas desairosas sobre o procedimento alheio, ou formam juzo crtico sobre seus semelhantes. So procedimentos comuns de todos os tempos os juzos temerrios, inclusive nas sociedades da atualidade, que prejudicam e dificultam a fraternidade, a compreenso e a solidariedade entre as criaturas. Criticar, reprovar, censurar, com ou sem fundamento, tornaram-se formas comuns nas conversaes e comentrios entre pessoas, com referncias a outras, presentes ou ausentes. A indulgncia para as imperfeies dos outros, assim como a be-

nevolncia para com todos so componentes da caridade, juntamente com o perdo amplo de todas as ofensas, como ensinou Jesus. (O Livro dos Espritos, questo 886.) A caridade, por sua vez, a concretizao do amor, a prtica do mais elevado sentimento de que as leis supremas do Criador dispem para a elevao e a compreenso de todas as criaturas. A indulgncia a base, o fundamento moral inconfundvel de um dever que se aplica a todos os Espritos no relacionamento com seus semelhantes. ela, a indulgncia, que o Cristo ope aos juzos insensatos e contrrios s leis naturais ou divinas, para lembrar a todos ns que no devemos julgar os outros, muito menos utilizar a severidade em condenaes e crticas das quais nos absolvemos, como se fssemos criaturas superiores.Outubro 2006 Reformador

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Quando apreciamos a conduta de nossos semelhantes, o que se torna inevitvel na vida de relao do homem, ou concordamos com seus pensamentos e aes, ou deles discordamos, total ou parcialmente. Na primeira hiptese, a da concordncia, pode ocorrer que tanto ns quanto nosso semelhante estejamos pensando e agindo de forma correta, ou ambos estejamos errados, sem que percebamos. Pode acontecer tambm que um esteja certo e o outro errado. Falveis em si mesmos, os julgamentos humanos nem sempre distinguem o erro da verdade, pela imperfeio dos prprios homens. H, pois, fortes razes para no se atribuir, de nossa parte, opinio de uma individualidade humana, nem a certeza e infalibilidade, nem o erro e engano de seu julgamento. A prudncia e o respeito so nossos melhores conselheiros. Infelizmente, o orgulho e o egosmo dos homens desprezam essa realidade. Reconhecendo nossas imperfeies, o mais seguro evitar os julgamentos das posturas, das opinies, do procedimento e de tudo o que caracteriza, afinal, o nosso semelhante. Esse posicionamento em relao ao no julgueis do ensinamento de Jesus no se refere repulsa ao mal de variadas origens, que um dever de todos os indivduos e de todas as sociedades humanas. O mal deve ser identificado e reprimido em toda parte, qualquer que seja a sua origem. Por

isso, a regra resultante da lio do Cristo deve ser entendida como oposio maledicncia e maldade, mas no como tolerncia ao mal, resultante de m interpretao dos ensinos do Mestre, que empregou a palavra julgar em conformidade com a ordem das idias que se apresentavam na ocasio. Para bem entender a lio do Mestre, torna-se necessrio que o aprendiz penetre seu ntimo, oua sua conscincia e demonstre que usa a indulgncia para com seus irmos. Essa uma das formas da prtica da caridade. Exemplo magnfico do significado do no julgueis mostrou Jesus no episdio da mulher adltera, apresentada ao Mestre pelos escribas e fariseus. Depois de ouvir as acusaes mulher, Jesus disse: Aquele dentre vs que estiver sem pecado, atire a primeira pedra. (Joo, 8:7.) Os acusadores, aps ouvirem essas palavras, retiraram-se um aps outro. Perguntou Jesus ento mulher: Onde esto os que te acusavam? Ningum te condenou? Ela respondeu: No, Senhor. Disse-lhe Jesus: Tambm eu no te condenarei. Vai-te e de futuro no tornes a pecar. (Joo, 8:3-11.)

O exemplo oferecido por Jesus no caso da mulher adltera, repetido em outras circunstncias, consagra o princpio de que, sendo Ele um Esprito perfeito, no julga seus irmos menores. Os ho-

mens, Espritos imperfeitos e sujeitos a erros, com mais razo no devem arvorar-se em julgadores dos outros, mas, sim, cooperadores para o aperfeioamento de seus semelhantes. As leis divinas, sintetizadas no amor, abrangem a fraternidade, a solidariedade, a compreenso, a tolerncia e o respeito para com os semelhantes. O julgamento torna-se incompatvel com essas leis, ao opor-se a qualquer de seus fundamentos. O que compete a cada um de ns, Espritos em evoluo, a ajuda aos nossos semelhantes em suas transgresses e dificuldades, como seguidores dos ensinos do Cristo. Em vez de julgamentos, as leis de Deus, justas e perfeitas, dispem de mecanismos de retificaes das faltas e desvios das criaturas, para que retomem o caminho do progresso e da evoluo. O erro, o desvio do bem, o transvio so circunstncias transitrias na vida de cada Esprito, por mais rebelde que seja, no uso do seu livre-arbtrio. Por isso, mesmo nos casos mais tristes de rebeldias, nunca devemos perder a esperana na recuperao do transviado, j que, em determinado tempo, o Esprito recomea sua evoluo, mesmo que custa de muito sofrimento regenerativo. Ningum tem o direito de arvorar-se em dono da justia. Mesmo a justia humana, baseada nas leis dos homens, comete muitos enganos, visto que depende de juzes falveis e de interpretaes variveis.

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Temos de entender a justia humana como uma organizao necessria em um mundo atrasado e imperfeito, que se torna til por cooperar na represso aos mais variados crimes e transgresses. Mas seus julgamentos nem sempre representam a verdadeira justia. Devemos nos lembrar sempre de que, como criaturas imperfeitas, podemos ser portadores de defeitos semelhantes, ou at piores que os daqueles a quem julgamos, cabendo-nos, portanto, esforar-nos por combater nossas prprias imperfeies, antes de nos preocuparmos com as alheias. Ao julgar algum, podemos estar cometendo um equvoco, do qual resulta grande ou pequeno dano queles que recebem nosso juzo. evidente que respondemos pelas conseqncias de nosso erro. Muitas vezes no sabemos o alcance real daquilo que julgamos.

O que nos parece condenvel nos outros pode no o ser na realidade, porque desconhecemos pormenores dos fatos e do que se passa no ntimo das pessoas. Uma pergunta lgica se impe ao nosso raciocnio: por que nos preocupamos mais com os erros, os defeitos e as imperfeies alheias, em lugar de valorizar e aplaudir as virtudes que as criaturas apresentam? No seria essa particularidade mais um motivo e uma justificativa para adotarmos o preceito evanglico do no julgueis? A vida do Esprito, quando encarnado, tem caractersticas prprias de um mundo material, as quais influenciam muito nossos juzos. Mas a vida continua nas esferas espirituais, em que as influncias materiais diminuem ou desaparecem, dependendo da evoluo alcanada pelo Esprito.

Os ensinos, os preceitos e os exemplos deixados por Jesus, em sua passagem pela Terra, encontram-se ampliados e interpretados corretamente pelos Espritos Superiores. Cumpriu-se a promessa do Mestre de pedir ao Pai o envio de outro Consolador. Com a Doutrina dos Espritos, o Consolador, encontra-se no mundo tudo o que ensinou o Cristo, sem as distores interpretativas dos homens. Agora nos compete seguir os ensinos do Mestre, consolidados na Terceira Revelao. Uma de suas lies inesquecveis a do no julgueis, que visa a paz, o perdo e a compreenso para cada criatura. uma das faces do amor, to necessrio para reverter as condies deste planeta sob as influncias das inferioridades espirituais, emocionais, mentais, verbais e fsicas que atuam sobre seus habitantes.

Cristo e a Mulher Adltera, quadro de Guercino, pintado por volta de 1621

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Campeonato da

insensatezQuando o conhecimento libertava-se da grilheta soez da ignorncia e as cincias adquiriam cidadania cultural, alargando os horizontes do pensamento e facultando melhor entendimento em torno da finalidade existencial, em meado do sculo XIX, surgiu o Espiritismo como um sol para a Nova Era, que deveria iluminar a Humanidade a partir de ento. Era a resposta dos Cus s rogativas dos sofrimentos que se espalhavam pela Terra. Conforme Jesus houvera prometido, tratava-se de O Consolador, que chegava para atender s mltiplas necessidades humanas. Sintetizando o idealismo filosfico com as conquistas da experimentao cientfica moderna, ao tempo em que a tica do Evangelho se fazia restaurada, essa incomparvel Doutrina propunha-se a oferecer os instrumentos hbeis para a aquisio da felicidade. O obscurantismo ancestral cedia lugar a novas conquistas libertadoras, enquanto Espritos de escol encarregavam-se de promover o progresso material, social e intelectual no Orbe, sacrificando-se fiis aos anseios de iluminao. Os objetivos da liberdade alcanada desde os dias sangrentos de 1789, com a queda da Bastilha e os movimentos que a seguiram, facultavam o florescimento da verdadeira fraternidade entre todos, igualando-os em relao aos direitos e aos deveres que lhes diziam respeito, pelo menos teoricamente. Respiravam-se novos ares sem os txicos dos preconceitos e da intolerncia religiosa, que cedia ante o vigor das conquistas incomparveis da evoluo que diariamente chegavam s massas sofridas... A arrogncia de Napoleo III, em Frana, refletindo a dominao clerical, que teimava em prosseguir soberana, graas aos vnculos com Roma, que apoiava governos usurpadores e perversos na Europa, assinalava o declnio do Velho Mundo de ostentao e privilgios, a fim de que os vexilrios do amor e da paz abrissem clareiras na imensa noite amedrontadora. Os Espritos, considerados mortos, romperam o apavorante silncio a que foram relegados e proclamaram os ldimos ensinos do Cristo como fundamentais vida, bem como a prpria imortalidade, restaurando a pulcritude do Evangelho que houvera sido gravemente adulterado, desse modo despertando as conscincias para a vivncia da concrdia, do bem e da caridade... Os paradigmas cientficos do Espiritismo revestiam-se do vigor indispensvel ao enfrentamento com o materialismo de Frederico Engels e de Schopenhauer, de Marx e de Nietzsche, revitalizando a tica centrada na Boa Nova, conforme Jesus e os Seus primeiros discpulos a haviam vivido. Era um renascimento da Palavra e um reencontro com a Verdade, que houvera perdido o brilho, empanada pelos dogmas ul-

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tramontanos e a Teologia partidarista, elaborada apenas para atender aos interesses mesquinhos e subservientes aos poderosos que, s vezes, eram tambm submetidos ao talante do seu atrevimento. Permitindo-se investigar at a exausto, os imortais confabularam com as criaturas terrestres, oferecendo-lhes explicaes seguras sobre a vida, seus objetivos, os problemas do sofrimento, do destino, do ser humano... Nunca, at ento, uma Doutrina abrangeria tantos temas e questes porque, afinal, no procedia de uma pessoa, mas de uma equipe de pensadores como Joo Evangelista, Paulo, o Apstolo, Santo Agostinho, Descartes, Lacordaire, Cura dArs, So Lus de Frana, Joana dArc, Henri Heine, Fnelon, para citar apenas alguns poucos, todos sob a inspirao de Jesus Cristo... Essa trilogia sintetizada num bloco monoltico Cincia, Filosofia e Religio deveria enfrentar o futuro, acompanhando o progresso, aceitando todas as suas conquistas, mas interpretando-as com discernimento apurado, porque estuda as causas, enquanto as cincias estudam os seus efeitos. Um sculo e meio quase transcorrido, aps o surgimento de O Livro dos Espritos, em Paris, a 18 de abril de 1857, a Doutrina resistiu a todas as investidas da cultura cientfica, tecnolgica, filosfica, permanecendo vigorosa e insupervel como no instante da sua consolidao. O Movimento Esprita es-

praiou-se por diversas naes terrestres, apresentou escritores, mdiuns, oradores e conferencistas, pedagogos, psiclogos, mdicos e advogados, juzes e desembargadores, entre muitos outros profissionais, todos incorruptveis, que deixaram um legado honorvel, mas que, infelizmente, em alguns dos seus bolses, no est sendo dignamente preservado. Os atavismos ancestrais, em diversos espritas, que se elegeram ou foram eleitos lderes por si

Exigncias descabidas e vaidosas agridem a simplicidade que deve viger nas Sociedades espritasmesmos, no entanto, no tm suportado o peso da responsabilidade pela execuo do trabalho que lhes diz respeito, e, preocupados injustamente com o labor organizacional, vm-se desviando dos contedos insofismveis da Doutrina, qual fizeram ontem em relao Mensagem crist, que transformaram em romanismo... s preocupaes em torno da caridade fraternal em referncia

aos infelizes de todo porte, entregam-se conquista de patrimnio material e de projeo social, vinculando-se a polticos de realce, nem sempre portadores de conduta louvvel, para partilharem das migalhas do mundo em detrimento das alegrias do reino dos cus. Substituem a simplicidade e a espontaneidade dos fenmenos medinicos por constries e diretrizes escolares que culminam, lamentavelmente, com a diplomao de mdiuns e de doutrinadores, que tambm alcanam os patamares teolgicos da autofascinao. Exigncias descabidas e vaidosas agridem a simplicidade que deve viger nas Sociedades espritas, antes desvestidas de atavios ditos tecnolgicos e atuais, que eram vivenciados pela tolerncia e bondade entre os seus membros. Ao estudo srio dos postulados doutrinrios, sucede-se a chocarrice e o divertimento em relao ao pblico que busca as reunies, em atitudes mais compatveis com os espetculos burlescos do que com a gravidade de que o Espiritismo se reveste. O excesso de discusses em torno de questes secundrias toma o tempo para anlise e reflexo em relao aos momentosos desafios sociais e humanos aos quais o Espiritismo tem muito a oferecer. A presuno e a soberba elegem delineamentos e condutas que recordam aqueles formulados pelos antigos sacerdotes, e que ora pretendem se encarreguem de definir os rumos que devem ser toOutubro 2006 Reformador

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mados pelo Movimento, aps reunies tumultuadas com resduos de mgoas e animosidades mal disfaradas. Ouvem-se as mensagens dos Benfeitores espirituais, comovendo-se com as suas dissertaes, e logo abandonando-as dominados pela alucinao da frivolidade. Apegam-se ao poder, como se fossem insubstituveis, esquecidos de que as enfermidades e a desencarnao os desalojam das funes que pretendem preservar a qualquer preo. O tecnicismo complicado vem transformando as Instituies em Empresas dirigidas por executivos brilhantes, mas sem qualquer vnculo com os postulados doutrinrios... Divises que se vo multiplicando por setores, por especializaes, ameaam a unidade do corpo doutrinrio, olvidando-se daqueles que no possuem ttulos terrestres, mas que so pobres de esprito, simples e puros de corao, em elitismo injustificvel. Escasseiam o amor, a compaixo e a caridade... Crticas srdidas, perseguies pblicas, malquerenas grassam, onde deveriam vicejar o perdo, o bem-querer, a compreenso fraternal, a caridade sem jaa. No se dispe de tempo, consumido pelo vazio exterior, para a assistncia aos sofredores e necessitados que aportam s casas espritas, relegados a segundo plano, nem para a convivncia com os pobres e desconhecedores da Doutrina, que so encaminhados

a cursos, quando necessitam de uma palavra de conforto moral urgente... Os coraes enregelam-se e a fraternidade desaparece. O Cristianismo resistiu bravamente a trezentos anos enquanto perseguido e odiado, at o momento em que o imperador Constantino o vilipendiou, no dia 13 de junho de 313, mediante o Edito de Milo, que o tornou tolerado em todo o Imprio romano, descambando posteriormente para religio do Estado, em olvido total s lies de Jesus Cristo, passando, depois, de perseguido a perseguidor... O Espiritismo ainda no completou o seu sesquicentenrio de surgimento na Terra e as mesmas nuvens borrascosas ameaam-no de extermnio, por invigilncia de alguns dos seus profitentes... hora de estancar-se o passo na correria desenfreada em busca das iluses, a fim de fazer-se uma anlise mais profunda em torno da Doutrina Esprita e dos seus objetivos, saindo-se das brilhantes teorias para a prtica, a vivncia dos ensinamentos libertadores. No momento para escamotear-se a realidade, em face do anseio para conseguir-se, embora rapidamente, o brilho momentneo dos holofotes, como se blasona com certa mofa, em relao aos que disputam as glrias terrestres. Menos competio e mais cooperao, deve ser a preocupao de todos espritas sinceros, a fim de transferir a Doutrina para as

futuras geraes, conforme a receberam do Codificador e dos seus iluminados trabalhadores das primeiras horas. Bons espritas, meus bem-amados, sois todos obreiros da ltima hora, conforme proclamou o Esprito protetor Constantino, em O Evangelho segundo o Espiritismo.* No vos esqueais! Estais comprometidos, desde antes da reencarnao, com o Espiritismo que agora conheceis e vos fascina a mente e o corao. Tende cuidado! Evitai conspurc-la com atitudes antagnicas aos seus ensinamentos e imposies no compatveis com o seu corpo doutrinrio. Retornar s bases e viv-las qual o fizeram Allan Kardec e todos aqueles que o seguiram desde o primeiro momento, dever de todo esprita que travou contato com a Terceira Revelao judaico-crist porque o tempo urge e a hora esta, sem lugar para o campeonato da insensatez.

Vianna de Carvalho e outros Espritos-espritas

(Pgina psicografada pelo mdium Divaldo Pereira Franco, na reunio medinica da noite de 17 de julho de 2006, no Centro Esprita Caminho da Redeno, em Salvador, Bahia.)

*Captulo XX Os trabalhadores da ltima hora, item 2. Nota do Autor espiritual.

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Realidade e ficoWA S H I N G TO N B O R G E SDE

SOUZAuma vida melhor. As leis divinas so sbias, justas e amorosas, mas ningum as transgride sem se ferir. Todavia, no basta abster-se de infringi-las, necessrio praticar o bem. Elas se cumprem independentemente da nossa ignorncia ou da nossa compreenso. O ser humano no pode caminhar na senda evolutiva sem f, sob pena de no progredir. Cumpre assinalar, entretanto, que a f do adepto esprita robusta porque tem base na razo, na certeza absoluta da existncia de Deus e do esprito. A prova dessa existncia no depende da instrumentao e dos laboratrios terrenos, porquanto est impressa em tudo que existe em toda parte do Universo. manifesta na obra da Criao: na Natureza, nas leis que regem a vida e as coisas. , portanto, crena consciente e inabalvel. A Doutrina Esprita lembra que as sucessivas geraes sempre se empenharam na busca da felicidade. Jesus, em suas sublimes e magistrais lies, ensina que a felicidade est ao alcance de cada um de ns pela prtica do bem, do exerccio da caridade, do amor a Deus, ao nosso prximo e a ns mesmos.

O

mundo onde vivemos est envolto, ainda, por influncias predominantemente materialistas. No obstante serem decorridos dois milnios desde a presena amorosa de Jesus entre os homens, a Doutrina consoladora e esclarecedora, que deixou eternamente para ns, no se fixou na conscincia e no corao da imensa maioria da Humanidade, cativa de iluses e quimeras de natureza nitidamente material. A realidade do Esprito permanece encoberta por fantasias materialistas perniciosas e efmeras. A Cincia tradicional da Terra, embora j tenha dado largas passadas na senda do progresso, ainda imagina que o Esprito uma abstrao, no um ser real. As lies de Jesus e as provas trazidas pelo Espiritismo no foram devidamente consideradas. As trevas da ignorncia inibem o Esprito, o ser real. Tudo decorre da condio da Terra, de planeta de provas e expiaes, onde so freqentes as guerras e conflitos, a violncia de vrios matizes, as paixes inferiores sob o imprio do orgulho e do egosmo e, sobretudo, da ignorncia das leis divinas, da existncia de Deus e da alma. Esse estado evolutivo reflete o desconhecimento da vida humana, da sua natureza, dos seus atributos, da conscincia do homem, do raciocnio, da vontade, da moralidade, do seu

livre-arbtrio e de outras qualidades que lhe so peculiares. Os materialistas, atestas, incrdulos, transitoriamente incapacitados de conceber e perceber a alma, confundem a realidade com a fico. Intelectual e sentimentalmente afastados do Criador, imaginam que a matria tangvel e grosseira que formula e desenvolve as idias e a fonte inteligente. Embora o progresso cientfico esclarea que o corpo humano seja constitudo de cerca de cem trilhes de clulas, os incrdulos no perceberam ainda as sutilezas da alma, a origem da inteligncia e da razo. Ignoram que a memria do ser humano ultrapassa os limites das clulas cerebrais, no desaparece com a morte do corpo fsico, mas acompanha a alma imortal. A carreira do tempo encarregar-se- de fazer com que todas as pessoas alcancem a verdade, pelos desgnios de Deus. Quando os princpios da doutrina crist, deixados nos stios da Palestina, puderem ser absorvidos e praticados, e a Humanidade conseguir chegar s verdades eternas, o comportamento humano modificar-se- completamente e haver paz na Terra. A compreenso da vida futura facultar criatura ter esperana de poder encontrar a verdadeira felicidade pela prtica do bem. O acesso verdade abre criatura a possibilidade de usufruir

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Entrevista G LO R I A AVA LO S

DE

YNSFRN

Fomentar a pazatravs do

conhecimentoe do

amor

Gloria Avalos de Ynsfrn, dirigente esprita paraguaia, foi entrevistada durante a 11 Reunio do Conselho Esprita Internacional (CEI), em Assuno, quando abordou o desenvolvimento do Movimento Esprita paraguaioReformador: Como est se desenvolvendo o Movimento Esprita no Paraguai? Gloria: H um crescimento do Movimento Esprita paraguaio muito mais rpido do que imaginvamos, principalmente porque h uma grande aceitao do que tem sido divulgado, assim como estmulo ao estudo. Em cada Centro Esprita tm-se formado grupos de estudo sobre Doutrina Esprita (ESDE), sobre Mediunidade (ESME), preparao de trabalhadores, de integrao, de atendimento fraterno a adultos, crianas e jovens, e j estamos observando os resultados com a preparao de um bom nmero de jovens trabalhadores; assim, est se solidificando o Movimento Esprita paraguaio, com uma boa base doutrinria. Reformador: E a formao da Federao Esprita Paraguaia? Gloria: O Movimiento Esprita Paraguayo conta com apenas trs anos de fundao e estamos trabalhando com o objetivo de formar a Federao Esprita do Paraguai. um trabalho de equipe, como numa secretaria geral, de maneira que atuamos todos juntos pela Federao. Reformador: O Movimento Esprita se concentra na Capital ou se espalha pelo interior do Pas? Gloria: A maioria dos centros espritas se concentra em Assuno, sendo que dois fora do centro urbano e os outros esto nas proximidades. Reformador: Qual idioma mais utilizado nos centros espritas? Gloria: Empregamos dois idiomas, porque no Paraguai pensamos em guarani e nos expressamos em espanhol. Portanto, para facilitar as interpretaes e a divulgao, e como procuramos sempre chegar ao corao das pessoas, utilizamos muito a expressiva lngua que o guarani. Reformador: No Movimento Esprita paraguaio h algum desenvol-

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vimento mais intenso na rea da infncia e juventude? Gloria: No momento damos nfase ao ESDE e ao ESME porque a maioria dos freqentadores se encontra numa faixa de 20 a 40 anos. Estamos dando incio a trabalho de evangelizao da infncia, e j temos um grupo mais slido de jovens espritas. Reformador: H edies de livros espritas no Paraguai? Gloria: H uma empresa de propriedade de espritas que tem colaborado muito na impresso de material para difuso esprita e, mais recentemente, de livros. H sete anos vem sendo editada a revista La Luz del Porvenir, que rene excelentes matrias, e um meio de divulgao em nosso pas, oferecendo tambm informaes sobre o nosso Movimento Esprita. Reformador: Qual a motivao para adotarem o tema Famlia, Vida e Paz na Semana Esprita que se desenvolveu antes do incio da Reunio do CEI? Gloria: o terceiro ano que promovemos a Semana Esprita do Movimento Paraguaio. Escolhemos o tema porque entendemos que o futuro da sociedade depende da estrutura da famlia, que hoje se encontra fragilizada. H necessidade de uma famlia com base religiosa, capaz de se sustentar com f e conseguir a paz. Quando tivemos contato com o material da Federao Esprita Brasileira foi maravilhoso para ns. Verificamos que muitas famlias se beneficia-

ram com os temas abordados, inclusive os relacionados com a defesa da vida: aborto, suicdio, eutansia. Se a famlia se desenvolve em paz, teremos mais paz nas ruas e na sociedade. Reformador: No Paraguai h algum preconceito contra o Espiritismo? Gloria: Sim, por falta de conhecimento sobre o que o Espiritismo e por confundi-lo com prticas medinicas no-espritas. Mas

So Paulo, no Brasil. H uns quinze anos se estabelece um intercmbio muito interessante e que tem sido bastante produtivo. Reformador: Vocs mantm relacionamento com outros pases? Gloria: Como o grupo de trabalhadores ainda pequeno e as necessidades internas de atuao so grandes, mantemos pouco relacionamento com outros pases. Participamos do Conselho Esprita Internacional e temos muitos contatos com o Movimento Esprita do Brasil. Reformador: Como analisa as atividades do CEI? Gloria: As atividades do CEI tm contribudo para dar uma estrutura de segurana e apoio aos vrios pases. Nestes anos de existncia do CEI tem sido maravilhoso o intercmbio que se estabelece. Nesta Reunio do CEI, em Assuno, sentimos madureza em todos os participantes, tranqilidade e profundo respeito a todos. Creio que o CEI est cumprindo os objetivos para os quais se formou. Est contribuindo muito para a difuso da Doutrina Esprita. Reformador: Uma mensagem final. Gloria: Para o homem alcanar a verdadeira felicidade que tanto busca, indispensvel conhecer-se como ser espiritual, sabendo de onde vem e para onde vai; fomentar a paz dentro de cada um atravs do conhecimento e do amor; encontrar no prximo o prximo mais prximo...Outubro 2006 Reformador

As atividades do CEI tm contribudo para dar uma estrutura de segurana e apoio aos vrios pasesnunca tivemos problemas e h liberdade de culto no Pas. J realizamos encontros, seminrios e congressos sem maiores dificuldades. Temos sido bem recebidos onde procuramos algum contato com vistas s realizaes espritas. Reformador: Como conheceu o Espiritismo? Gloria: Conheci o Espiritismo no Paraguai, em funo de alguns companheiros que chegaram do Brasil e aps recebermos convite para participar de uma reunio em

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Presena de Chico Xavier

Na trilha de Allan Kardec

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studando a vida espiritual alm do tmulo, Allan Kardec, o eminente Codificador da Nova Revelao, apresenta em O Livro dos Espritos algumas definies que ser oportuno examinar, a fim de que ns outros, tarefeiros encarnados e desencarnados do Espiritismo, estejamos vigilantes nas responsabilidades que o Plano Superior nos conferiu.

Na pergunta 226, indaga o apstolo da Codificao: Poder-se- dizer que so errantes todos os Espritos que no esto encarnados? E os seus elevados mentores responderam: Sim, com relao aos que devam reencarnar. No so errantes, porm, os Espritos puros, os que chegaram perfeio. Esses se encontram em seu estado definitivo. Segundo fcil deduzir, Espritos errantes, na elucidao, no significa Espritos vagabundos, desocupados, inertes, mas sim sem residncia fixa, qual ocorre com todos ns, de vez que, de conformidade com a palavra dos instrutores de Allan Kardec, somente no so considerados errantes aqueles que chegaram perfeio, da qual, todos ns, a generalidade das criaturas terrestres, ainda nos achamos imensamente distantes.

dos Espritos mais elevados e tudo isso lhes incute idias que antes no tinham. A resposta segura. Os Espritos errantes, isto , ns outros os viajores em demanda da perfeio suprema, inclusive a maioria das almas reencarnadas que permanecem na curta romagem do bero ao tmulo e que ainda voltaro muitas vezes ao educandrio da carne, encontramos oportunidades de estudo e meios de elevao. Ora, quem diz estudo e elevao refere-se a esforo e trabalho, disciplina e progresso. Assim que tanto na experincia fsica quanto na experincia espiritual, propriamente consideradas, ns, os viajores da senda evolutiva, no nos achamos rfos da organizao que nos define os mritos e demritos. Compreender-se-, ento, logicamente, que civilizao e autoridade, agrupamento e ordem, escola e dignificao, hospital e penitenciria, embora diferenciados na expresso, escalonam-se e vigem para ns, os milhes de encarnados e desencarnados que vivemos ainda to longe do acrisolamento absoluto.

Na pergunta 227, inquire o grande servidor da Verdade: De que modo se instruem os Espritos errantes? Certo no o fazem do mesmo modo que ns outros? E o esclarecimento veio, precioso: Estudam e procuram meios de elevar-se. Vem, observam o que ocorre nos lugares aonde vo; ouvem os discursos dos homens doutos e os conselhos

Na pergunta 229, interroga o Codificador: Por que, deixando a Terra, no deixam a os Espritos todas as ms paixes, uma vez que lhes reconhecem os inconvenientes? E os orientadores aduziram: Vs nesse mundo pessoas excessivamente invejosas. Imaginas que, mal o deixam, perdem esse defeito? Acompanha os que da Terra partem, sobretudo os que alimentaram paixes bem acentuadas, uma espcie de atmosfera que os envolve, conservando-lhes o que tm de mau, por no se achar o Esprito inteiramente desprendido da matria. S por momentos ele entrev a verdade, que assim lhe aparece como que para mostrar-lhe o bom caminho.

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A elucidao no deixa dvidas. Carreamos para alm do sepulcro a sombra das aes deplorveis em que nos envolvemos, por efeito das paixes que acalentamos no prprio ser. Somos prisioneiros das imagens infelizes a que nos afeioamos, quando na extenso do mal aos outros e a ns mesmos, imagens essas que se imobilizam, temporariamente, em nossa vida mental, detendo-nos nas grades do remorso e do arrependimento, at que atendamos expiao necessria. Em tais condies, a viso das verdades divinas surge em nossa conscincia, to-somente maneira do relmpago nas trevas que ns mesmos criamos, descerrando-nos o caminho regenerador que nos compete aceitar e seguir. A morte fsica, como racional, no nos subtrai, de improviso, dos ntimos refolhos do esprito, as conseqncias dos erros nefastos a que nos precipitamos, de vez que os pensamentos oriundos das faltas cometidas nos entranam a alma s imposies do resgate.

Na pergunta 230, consulta o notvel missionrio. Na erraticidade, o Esprito progride? E os Benfeitores informam: Pode melhorar-se muito, tais sejam a vontade e o desejo que tenha de consegui-lo. Todavia, na existncia corporal que pe em prtica as idias que adquiriu. Outra vez reconhecemos os venerveis mensageiros interessados em destacar a necessidade de servio e educao, alm-tmulo, aclarando, ainda, que todos ns, os viajores da evoluo, despendemos muitos sculos adquirindo ensinamentos na Vida Espiritual e aplicando-os na esfera fsica, de modo a assimilarmos com segurana, a golpes de trabalho no campo do tempo, os valores da perfeio.

Ainda na pergunta 232, Kardec argi, meticuloso: Podem os Espritos errantes ir a todos os mundos? E a explicao veio clara: Conforme. Pelo simples fato de haver deixado o

corpo, o Esprito no se acha completamente desprendido da matria e continua a pertencer ao mundo onde acabou de viver, ou a outro do mesmo grau, a menos que, durante a vida, se tenha elevado, o que, alis, constitui o objetivo para que devem tender seus esforos, pois, do contrrio, no se aperfeioaria. Pode, no entanto, ir a alguns mundos superiores, mas na qualidade de estrangeiro. A bem dizer, consegue apenas entrev-los, donde lhe nasce o desejo de melhorar-se, para ser digno da felicidade de que gozam os que os habitam, para ser digno tambm de habit-los mais tarde. A resposta to brilhantemente positiva que no requisita comentrios. Vale, todavia, dizer que, muitas vezes, em desencarnando a alma do veculo de sangue e ossos, no se liberta mentalmente da experincia a que ainda se prende na vida terrestre, em torno da qual gravita por tempo indeterminado. Ningum acredite, pois, que o tmulo seja depsito de asas destinadas elevao de quem no procurou elevar-se durante a passagem pelo seio da Humanidade. Ascenso pede leveza. Triunfo verdadeiro reclama herosmo e glria. Sublimao exige amor e sabedoria. Felicidade no dispensa equilbrio. O preo da perfeio trabalho contnuo de engrandecimento da alma. Ningum espere, assim, depois da morte, repouso e bem-aventuranas que no soube conquistar por si mesmo. Servio e hierarquia, aprendizado e aprimoramento so imperativos a que no conseguiremos fugir, tanto do bero para o tmulo quanto do tmulo para o bero, se desejamos marchar para a Vida Superior... E enunciando semelhante realidade, no estamos fazendo mais que acompanhar a trilha de Allan Kardec, nas lies que o apstolo admirvel entesourou, em nosso benefcio, h cem anos.Pelo Esprito Andr Luiz(Pgina recebida pelo mdium Francisco Cndido Xavier.) Fonte: Reformador, abril de 1957, p. 103-104.373

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Sade trabalharRICHARD SIMONETTI

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o longo de sua luminosa trajetria, Chico Xavier experimentou inmeros problemas de sade, sem permitir que os males fsicos o inibissem. Indagado, certa feita, se em algum momento sentira impacincia ou revolta, explicou: No sofro tanto assim, porque a cincia mdica est bastante avanada. Tenho, por exemplo, um processo de catarata inopervel e h dcadas fao a medicao em meus olhos, com muita calma, por-

que considero, conforme me ensinou Emmanuel, que a possibilidade de ver j um privilgio. Notvel postura, no mesmo, leitor amigo? Um convite reflexo em torno de males que no nos afligiriam tanto, se no os imaginssemos capazes de paralisar nossas iniciativas e descolorir nossa existncia. A forma como o Mentor espiritual passou-lhe essa convico bastante pitoresca. Certa feita, lutando por debelar um processo hemorrgico no olho direito, Chico deixou de participar dos trabalhos medinicos por dois dias. Emmanuel veio v-lo. Por que no est trabalhando? E Chico, ensaiando agastamento: Como o senhor sabe, estou com um olho doente. O guia no deixou barato: E o outro, o que est fazendo? Ter dois olhos luxo! Chico conclui, aps relatar o episdio:

Poder trabalhar, no obstante a doena, j quase sade.

Diariamente, milhes de brasileiros justificam sua ausncia no servio, apresentando atestados mdicos, a informar que estiveram impossibilitados de exercer suas funes. H algo do chamado jeitinho brasileiro em muitas dessas iniciativas, com as quais se pretende matar o servio, em favor de alguns dias no dolce far niente dos italianos. Em relao s atividades espirituais e filantrpicas, no Centro Esprita, acontece com freqncia maior, lamentavelmente. Isso porque no h necessidade de atestado. Geralmente os faltosos nem se do ao trabalho de avisar, ocasionando srios embaraos em determinados setores. Particularmente na atividade medinica, tal comportamento altamente danoso, porquanto, no raro, um planejamento cuidadosamente elaborado pelos Benfeitores espirituais prejudicado pela ausncia de um ou mais participantes. Deixam de comparecer por motivos triviais:

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Chuva. Frio. Cansao. Desinteresse. Sono. Visita. Mal-estar.

Com relao a este ltimo motivo, no se do conta os mdiuns de que, no raro, uma enxaqueca, uma dor, uma tenso nervosa, um nimo cado, decorrem da presena da entidade que dever comunicar-se por seu intermdio. Os Mentores espirituais antecipam a ligao, a fim de que ocorra melhor familiaridade com o Esprito, favorecendo a manifestao. O mdium, que deveria saber disso, deixa de comparecer, por estar doente.

Em qualquer situao, no dia-a-dia, oportuno lembrar que o trabalho o melhor remdio para nossos males. Como o prprio Chico ensina, trabalhar, mesmo estando doente, j um comeo de recuperao. Espiritualmente, haver demonstrao mais exuberante de sade do que algum disposto a servir, mesmo estando doente?

O Mestre e o ApstoloLuminosa, a coerncia entre o Cristo e o Apstolo que lhe restaurou a palavra. Jesus, o Mestre. Kardec, o Professor. Jesus refere-se a Deus, junto da f sem obras. Kardec fala de Deus, rente s obras sem f. Jesus combatido, desde a primeira hora do Evangelho, pelos que se acomodam na sombra. Kardec impugnado desde o primeiro dia do Espiritismo, pelos que fogem da luz. Jesus caminha sem convenes. Kardec age sem preconceitos. Jesus exige coragem de atitudes. Kardec reclama independncia mental. Jesus convida ao amor. Kardec impele caridade. Jesus consola a multido. Kardec esclarece o povo. Jesus acorda o sentimento. Kardec desperta a razo. Jesus constri. Kardec consolida. Jesus revela. Kardec descortina. Jesus prope. Kardec expe. Jesus lana as bases do Cristianismo, entre fenmenos medinicos. Kardec recebe os princpios da Doutrina Esprita, atravs da mediunidade. Jesus afirma que preciso nascer de novo. Kardec explica a reencarnao. Jesus reporta-se a outras moradas. Kardec menciona outros mundos. Jesus espera que a verdade emancipe os homens; ensina que a justia atribui a cada um pelas prprias obras e anuncia que o Criador ser adorado, na Terra, em esprito. Kardec esculpe na conscincia as leis do Universo. Em suma, diante do acesso aos mais altos valores da vida, Jesus e Kardec esto perfeitamente conjugados pela Sabedoria Divina. Jesus, a porta. Kardec, a chave.

EmmanuelFonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA Waldo Opinio esprita. Pelos Espritos Emmanuel e Andr Luiz. 5. ed. Uberaba (MG): CEC, 1982. p. 23-25.

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Pedra angularD A LVA S I LVA S O U Z A

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a arquitetura antiga, quando as construes eram feitas com pedras, uma das pedras era cuidadosamente selecionada na pedreira, para ser talhada no tamanho e formato corretos, a fim de receber o maior peso do edifcio e sustent-lo era a pedra angular. Encontramos essa expresso usada de forma metafrica em alguns textos, com o objetivo de transmitir um ensinamento que nos parece extremamente til. No Novo Testamento (Pedro, 2:4-8): Carssimos: Aproximai-vos do Senhor, que a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vs mesmos, como pedras vivas, entrai na construo deste templo espiritual, para constituirdes um sacerdcio santo, destinado a oferecer sacrifcios espirituais, agradveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso se l na Escritura: Vou pr em Sio uma pedra angular, escolhida e preciosa; e quem nela puser a sua confiana no ser confundido.376 R e f o r m a d o r O u t u b r o 2 0 0 6

Honra, portanto, a vs que acreditais. Para os incrdulos, porm, a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular, pedra de tropeo e pedra de escndalo. Tropearam por no acreditarem na palavra, qual foram destinados. Observa-se a idia de construo do templo como metfora, utilizada com o objetivo de trabalhar o conceito da espiritualizao do homem. O edifcio que est sendo construdo o templo espiritual, os ouvintes so convidados a se tornarem pedras vivas da edificao, a fim de constiturem o corpo sacerdotal, isto , tornarem-se propagadores da nova doutrina, habilitados a oferecer sacrifcios espirituais verdadeiramente agradveis a Deus. Pedro destaca o contedo da profecia antiga, que mencionava uma pedra que seria rejeitada, mas que, aos olhos do Senhor, era a pedra angular desse edifcio. A referncia clara a Jesus. Os contemporneos dele, com raras excees, no conseguiram alcanar o entendimento de sua Doutrina, nem visualiza-

ram a importncia de sua presena na Terra, mas seus ensinos so a essncia do edifcio de espiritualizao, cujas bases foram lanadas nesses tempos antigos e que ainda esto em construo sob as vistas amorosas do Pai. Cada um que alcance a compreenso disso uma pedra viva na edificao sublime, mas a pedra angular Jesus. Nas obras bsicas do Espiritismo, a expresso utilizada tambm como metfora, encerrando preciosos ensinamentos: 1. [...] o que Jesus colocou por pedra angular do seu edifcio e como condio expressa da salvao: a caridade, a fraternidade e o amor do prximo [...] O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIII, item 15. (Destaque nosso.) 2. [...] sua doutrina tem por base principal, por pedra angular, a lei de amor e de caridade. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 6.(Destaque nosso.) Nos dois textos, Kardec utiliza a expresso para deixar claro que a essncia do ensino de Jesus a

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caridade, o amor ao prximo, fundamento desrespeitado pelos que, dizendo-se cristos, armam-se contra seus semelhantes. 3. A parte mais importante da revelao do Cristo, no sentido de fonte primria, de pedra angular de toda a sua doutrina, o ponto de vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade. A Gnese, cap. I, item 23. (Destaque nosso.) Aqui o Codificador situa o conceito de Divindade da mensagem do Evangelho como base para uma nova filosofia, cuja conseqncia o desenvolvimento da atitude correta das criaturas umas para com as outras. Concebendo Deus como Jesus ensinou, sabemos que Ele Pai de todos essa a pedra angular de uma nova edificao, que coloca por terra o conceito antigo de um Deus parcial, que abenoava um povo para que prevalecesse sobre o outro. 4. No lestes jamais isto nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram se tornou a principal pedra do ngulo? Foi o que o Senhor fez e nossos olhos o vem com admirao. Por isso eu vos declaro que o reino de Deus vos ser tirado e ser dado

a um povo que dele tirar frutos. Aquele que se deixar cair sobre essa pedra se despedaar e ela esmagar aquele sobre quem cair. Tendo ouvido de Jesus essas palavras, os prncipes dos sacerdotes reconheceram que era deles que o mesmo Jesus falava. A Gnese, cap. XVII, item 27. Nesse caso, a anlise incide sobre o contedo da profecia que mencionava os atropelos dos que

haveriam de rejeitar a pedra escolhida, que se tornaria pedra de escndalo e de tropeo para eles mesmos, e a possibilidade que tem a equipe espiritual de situar a mensagem de Jesus em outros contextos mais favorveis, quando aqueles que foram chamados no se revelarem em condies de divulg-la adequadamente. As concluses a que podemos chegar com esse estudo so bem claras: Jesus a pedra angular do edifcio da espiritualizao da Humanidade e quem quiser ser pedra viva nesse templo em construo, como conclama Pedro, precisa aproximar-se do Senhor, isto , evangelizar-se, seguir com o Mestre. O Cristianismo, por sua vez, tem como pedra angular um novo conceito de Deus, que gera o imperativo do amor entre as criaturas. Os cristos precisaro vivenciar e ensinar isso, para que se tornem as pedras vivas do edifcio, mas sabemos que, ao longo dos sculos, o movimento organizado pelos homens distanciou-se de Jesus e, por isso, o Espiritismo veio na poca prevista relembrar esses ensinos e acrescentar tudo o mais que, naquele tem-

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po, ainda no poderamos suportar, mas que agora, com o avano das cincias, j nos habilitamos a apreender. Somos ns, espritas, nos tempos modernos, chamados ao trabalho de colocar em prtica o que Jesus props. Mas, talvez o ensinamento mais interessante, no momento, para ns espritas, quando tratamos desta metfora, seja o da seguinte passagem: Tendo Jesus chegado s regies de Cesaria de Filipe, interrogou os seus discpulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? Responderam eles: Uns dizem que Joo, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. Mas vs, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? Respondeu-lhe Simo Pedro: Tu s o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado s tu, Simo Barjonas, porque no foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que est nos cus. Pois tambm eu te digo que tu s Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja [...]. (Mateus, 16:13-18.) O Mestre confirma a informao dada por Pedro, deixando claro que Ele no era a reencarnao de nenhum profeta antigo. Hoje, luz do Espiritismo, sabemos que a evoluo de Jesus no se processou na Terra, pois, quando nosso planeta se constituiu, Ele j era um Esprito puro. Ao confirmar a resposta de Pe-

dro, Jesus acrescentou que no haviam sido a carne e o sangue que propiciaram ao apstolo tal conhecimento, mas o Pai que est nos cus. Isto , a informao no lhe veio das possibilidades racionais do crebro fsico, mas da interao de Pedro com uma dimenso superior. Est explcita a a origem medinica da informao veiculada pelo apstolo. E o ensino que mais nos interessa vem no final do episdio

A Doutrina Esprita est na Terra para a edificao moral do homemquando Jesus acrescenta: Pois eu tambm te digo que tu s Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja. Jesus usa, nesta passagem, metaforicamente, o conceito de construo, referindo-se espiritualizao do ser humano, como era habitual no contexto cultural daquela poca. Sua igreja, tomando-se a etimologia do termo, deve ser entendida, no como organizao religiosa formal, ou como templo de pedra, mas como assemblia, isto , movimento de pessoas que haveria de dar prosseguimento ao trabalho que Ele

iniciou. Esse movimento teria, ento, como pedra angular a mediunidade bem utilizada, isto , a possibilidade de entrar em contato com as esferas mais elevadas do mundo espiritual, a fim de trazer de l o que seja fundamental para a edificao dos seres humanos, exatamente o que Pedro representou naquele momento, no havendo, pois, qualquer possibilidade de se identificar a a instituio pelo Cristo de uma hierarquia sacerdotal. Chegamos, enfim, concluso que nos interessa fixar. A Doutrina Esprita est na Terra para a edificao moral do homem, pela retomada dos ensinos de Jesus, apoiando-se na mediunidade bem utilizada, conforme orienta a Codificao. Essa a pedra angular do edifcio esprita. A rejeio dessa pedra angular tambm tem sido motivo de tropeo para mais de uma instituio em nosso Movimento, ao longo do tempo. Estudar a mediunidade, entender seus fundamentos e aplicar-se sua prtica, conforme as orientaes claras e precisas de O Livro dos Mdiuns, o que nos cabe fazer, para manter as luzes espirituais clareando o roteiro difcil destes tempos de transio pelo qual passamos. Sem isso, tambm para ns, a pedra angular ser pedra de escndalo e tropeo, gerando mais e mais obstculos a que possamos nos tornar, verdadeiramente, as pedras vivas do templo em construo, para cujo trabalho fomos convocados.

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Esf lorando o EvangelhoPelo Esprito Emmanuel

MadalenaDisse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Mestre! (JOO, 20:16.)

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os fatos mais significativos do Evangelho, a primeira visita de Jesus, na ressurreio, daqueles que convidam meditao substanciosa e acurada. Por que razes profundas deixaria o Divino Mestre tantas figuras mais

prximas de sua vida para surgir aos olhos de Madalena, em primeiro lugar? Somos naturalmente compelidos a indagar por que no teria aparecido, antes, ao corao abnegado e amoroso que lhe servira de Me ou aos discpulos amados... Entretanto, o gesto de Jesus profundamente simblico em sua essncia divina. Dentre os vultos da Boa Nova, ningum fez tanta violncia a si mesmo, para seguir o Salvador, como a inesquecvel obsidiada de Magdala. Nem mesmo Paulo de Tarso faria tanto, mais tarde, porque a conscincia do apstolo dos gentios era apaixonada pela Lei, mas no pelos vcios. Madalena, porm, conhecera o fundo amargo dos hbitos difceis de serem extirpados, amolecera-se ao contato de entidades perversas, permanecia morta nas sensaes que operam a paralisia da alma; entretanto, bastou o encontro com o Cristo para abandonar tudo e seguir-lhe os passos, fiel at ao fim, nos atos de negao de si prpria e na firme resoluo de tomar a cruz que lhe competia no calvrio redentor de sua existncia angustiosa. compreensvel que muitos estudantes investiguem a razo pela qual no apareceu o Mestre, primeiramente, a Pedro ou a Joo, sua Me ou aos amigos. Todavia, igualmente razovel reconhecermos que, com o seu gesto inesquecvel, Jesus ratificou a lio de que a sua doutrina ser, para todos os aprendizes e seguidores, o cdigo de ouro das vidas transformadas para a glria do bem. E ningum, como Maria de Magdala, houvera transformado a sua, luz do Evangelho redentor.Fonte: XAVIER, Francisco Cndido. Caminho, verdade e vida. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 92, p. 199-200.

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Espiritismo O Consolador prometidoporH U G O A LVA R E N G A N OVA E S

Jesusno Evangelho de Joo, para relembrar o que Ele dissera e nos ensinar todas as coisas que no poderiam ser entendidas naquela poca. Livro O Consolador, psicografado por Em outras paFrancisco C. Xavier lavras: futuramente, Ele daria ao homem um Consolador que prometera outrora, o qual se tornaria a Terceira Revelao que no outra coisa seno a Doutrina codificada por Allan Kardec, pois ela cumpre aquilo que o Mestre Nazareno prometera. Ou seja: o conhecimento que leva o homem a saber de onde vem, para onde vai e porque est neste planeta; faz com que a dureza das provaes se torne menos difcil, pois acende em cada um a luz da esperana, alm de despertar o sentimento de religiosidade natural que o leva a dar mais importncia s obras, do que f.

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Espiritismo reconhecido pelos seus adeptos como sendo o Consolador que Jesus prometera enviar aos homens. Baseando-se no que o Mestre disse, segundo consta no Evangelho de Joo, (captulo 14, nos versculos de 15 a 17 e 26), cujo texto o seguinte: Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dar outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Esprito da verdade, que o mundo no pode receber, porque no o v nem o conhece; mas vs o conheceis, porque habita convosco, e estar em vs. Mas aquele Consolador, o Esprito Santo, que o Pai enviar em meu nome, esse vos ensinar todas as coisas, e vos far lembrar de tudo quanto vos tenho dito. O Espiritismo, como se sabe, uma doutrina filosfica, cujos fundamentos esto centrados em fatos concretos e leis naturais, ressaltando disso o seu aspecto cientfico. No entanto, essa doutrina, modificando profundamente o pensa380 R e f o r m a d o r O u t u b r o 2 0 0 6

mento do homem sobre a sua natureza, abrange todas as questes sociais, e, conseqentemente, as questes religiosas. Emmanuel, o sbio mentor de Chico Xavier, em seu esclarecedor livro O Consolador, relata-nos que o Espiritismo possui um trplice aspecto: o de ser, ao mesmo tempo, Cincia, Filosofia e Religio. Vejamos este trecho: Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado desse modo, como um tringulo de foras espirituais. A Cincia e a Filosofia vinculam Terra essa figura simblica, porm, a Religio o ngulo divino que a liga ao cu.[...]1 Equivocar-nos-amos enormemente, se pensssemos que a tarefa do Mestre estivesse limitada queles tempos da Palestina. Ele est atento todo o tempo, em relao aos destinos humanos, e sabe que no seria fcil para os homens o caminho da evoluo espiritual, por isso prometeu que enviaria mais tarde um Consolador, como vimos anteriormente,

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Uma das principais caractersticas do Espiritismo que ele nos aproxima de Deus, assim como daquele que o seu maior mensageiro aqui na Terra Jesus, o Cristo. A Doutrina Esprita cumpre a promessa de Jesus, ensinando aos homens a observncia das leis morais, fazendo-os compreender o que o Cristo havia dito por parbolas. O Mestre Nazareno disse-nos no Evangelho, segundo o apstolo Mateus (11:15): Quem tem ouvidos para ouvir, oua. O Espiritismo vem nos abrir os olhos e ouvidos, porque fala tudo clara e logicamente. Levanta-nos o vu que h sobre certos mistrios. Consola a todos aqueles que sofrem, dando-lhes uma causa justa em relao quilo que esto passando no momento. Se Jesus no falou tudo que teria para dizer, que deveria deixar certas verdades na sombra at que os homens estivessem prontos para compreend-las.

Isto nos fica claro na seguinte passagem do Evangelho segundo Joo (16:12): Ainda tenho muito que vos dizer, mas vs no o podeis suportar agora. Para ns, esta uma prova incontestvel da necessidade de aguardar a evoluo da Humanidade, a fim de que esta pudesse suportar certos contedos que no seriam compreendidos na poca do Cristo. Conforme Ele mesmo declarou, seus ensinamentos estavam incompletos; e mais ainda, anunciava a vinda daquele que os deveria completar, dizendo-nos tambm as seguintes palavras no Evangelho segundo Marcos (13:31): Passar o Cu e a Terra, mas as minhas palavras no passaro. Alguns pensam que uma pretenso dos que professam o Espiritismo conferir ao mesmo o ttulo de Consolador. No entanto, ele nos fornece as respostas que falam aos nossos coraes, consolando-nos e preenchendo as lacunas deixadas pela cultura humana.

Se o Espiritismo cumpre tudo aquilo que Jesus nos prometeu, e se, alm disso, dizendo-nos de onde viemos, para onde vamos e o que estamos fazendo na Terra, ensinando-nos ainda, como devemos viver neste planeta, a Doutrina codificada por Allan Kardec realmente o Consolador Prometido pelo Cristo. Somente atravs de uma reforma ntima persistente, consecutivamente ampla e constante, que alcanaremos bem-aventuranas maiores tanto na Terra quanto no Cu. Como bem afirmou um Esprito israelita, em Mulhouse, no ano de 1861: Moiss abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluir.2

Referncias:1

XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo

Esprito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Definio, p. 19.2

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB,2006. Cap. I, item 9, p. 63.

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O necessrio e delicado intercmbio medinicoWA L D E H I R B E Z E R R ADE

A L M E I DAessa prtica. A partir do Codificador, no mbito da Doutrina Esprita, toda produo medinica, seja ela cientfica, filosfica ou religiosa, passar pelo crivo da razo, sendo analisada pelo seu contedo e no pela forma nem pela sua origem. Esse procedimento evita que os falsos profetas da erraticidade tomem o lugar dos verdadeiros arautos do Cristo, na complementao da Terceira Revelao. O grupo esprita que pretenda produzir bons frutos pelo intercmbio com os Espritos dever tomar srias precaues no sentido de minimizar a interferncia de mentes inferiores encarnadas e desencarnadas na produo medinica final. Em virtude da delicadeza do intercmbio e com a inteno de cooperar nessa prtica to necessria, resgatemos alguns ensinamentos dos Mentores espirituais. No que diz respeito aos Espritos comunicantes, alerta-nos Emmanuel: [...] a maioria das entidades comunicantes so verdadeiros homens comuns, relativos e falhos, porquanto so almas que conservam, s vezes integralmente, o seu corpo somtico e cujo habitat o

A

Histria confirma que h dez mil anos, no Egito, j era corrente o intercmbio com os desencarnados. Assrios e caldeus em pocas remotssimas praticavam a desobsesso. Na Prsia (atual Ir) do sculo XIV antes de Cristo, admitia-se que as almas dos mortos eram protetoras dos vivos. Foi naquele ambiente que Zoroastro se comunicou com elevados mensageiros espirituais e concebeu o livro sagrado do masdesmo, o Zend Avesta. Na linha da cultura judaico-crist, a Bblia, com inmeros relatos de fenmenos medinicos, deixa patente que o intercmbio entre o mundo visvel e o invisvel foi sempre uma prtica natural, demonstrando ser a mediunidade um poderoso instrumento a servio do progresso humano. Por ela, os irmos do outro lado da vida atendem caridosamente o nosso chamado ou vm espontaneamente em nosso socorro, oferecendo-nos orientao, conselho, instruo e consolao. No poucas vezes, por solidariedade, advertem-nos quanto aos nossos atos e propem correes em nossos projetos de vida, na esperana de382 R e f o r m a d o r O u t u b r o 2 0 0 6

melhorar o mundo para o qual retornaro. Durante os trs primeiros sculos de nossa Era, o uso da mediunidade para o intercmbio com as esferas espirituais transformou-a em fator propulsor para a divulgao do Cristianismo, quando os apstolos eram naturalmente orientados pelos Espritos sobre como agir para mais fielmente servirem obra do Senhor. Paulo, o apstolo dos gentios, chegou mesmo a traar normas disciplinares para o exerccio e correta realizao do intercmbio espiritual. (I Cor., 12 e 14.) Ao missionrio Allan Kardec coube, no entanto, estabelecer com mais preciso princpios morais e racionais para o correto uso da mediunidade, considerando que os Espritos so as almas dos homens que viveram na Terra e continuam envolvidos conosco, fazendo a nossa Histria. Para tanto, escreveu O Livro dos Mdiuns. Nele encontramos teorias sobre as manifestaes espritas, instrues e orientaes seguras de como entrar em contato com o mundo espiritual; alertas sobre suas dificuldades, e os princpios morais que devem nortear

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prprio orbe que lhes guarda os despojos e as vastas zonas dos espaos que o cercam, atmosferas do prprio planeta, que poderamos classificar de colnias terrenas nos planos da erraticidade.1 Diante disso, h que se ter seriedade e amor ao bem para que venhamos conseguir as comunicaes de que somos dignos, da forma mais pura possvel. Sabemos que no comum se obter mensagens escritas ou faladas de contedo indito dos irmos que conosco mourejam nas casas espritas. Quanto a isso, o Mentor de Chico Xavier acrescenta: Dos motivos expostos, infere-se que a suposta vulgaridade dos ditados medinicos um fato naturalssimo, porque emanam das almas dos prprios homens da Terra, imbudos de gosto pessoal [...]. Procuram agir no plano fsico unicamente para demonstrao da sobrevivncia alm da morte, levantando os nimos enfraquecidos, porque dilatam os horizontes da f e da esperana no futuro, porm, jamais sero portadores da palavra suprema do progresso, no s porque a sua sabedoria igualmente relativa, como tambm porque viriam anular o valor da iniciativa pessoal e a insofismvel realidade do arbtrio humano.2 Outro fator significativo que interfere no resultado dos trabalhos medinicos, sem nenhum desdouro para todos que atuamos nas reunies onde o intercmbio se d, a nossa interferncia mental, consciente ou inconsciente, no processo de comunicao. O Esprito Andr

Luiz, estudando a atuao das ondas mentais, conclui que: [...] o pensamento, a formular-se em ondas, age de crebro a crebro, quanto a corrente de eltrons de transmissor a receptor, em televiso. No desconhecemos que todo Esprito fulcro gerador de vida onde se encontre. E toda espcie de vida comea no impulso mental. Sempre que pensamos, expressando o campo ntimo na ideao e na palavra, na atitude e no exemplo, criamos formas-pensamentos ou imagens-moldes que arrojamos para fora de ns, pela atmosfera psquica que nos caracteriza a presena. Sobre todos os que nos aceitem o modo de sentir e de ser, consciente ou inconscientemente, atuamos maneira do hipnotizador so-

bre o hipnotizado, verificando-se o inverso, toda vez que aderimos ao modo de ser e de sentir dos outros.3 (Grifamos.) Dessas afirmativas, podemos concluir que em um grupo de trabalho medinico todas as mentes presentes esto interagindo entre si, com mais propriedade daquele que se coloca como intermedirio direto dos Espritos. Segundo LIMA (2005), a partir da relatividade de tudo o que nos envolve, se estabelece que no h fenmeno de per si: Vale dizer: todo fenmeno depende parcialmente do observador e so as condies deste que determinam as concluses sobre aquele. E, mais frente, cita o eminente cientista John Wheeler que prope a substituio da palavra observador por participante nas experimentaes de

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qualquer natureza.4 Logo, numa reunio medinica ningum simplesmente observador... Essas realidades so trazidas aqui, no para desestimular o contato com os Espritos, mas sim, para que busquemos essa interlocuo com intento srio e sem a pretenso de resultados acima das nossas condies espirituais; com humildade e seriedade. O contato com os irmos que nos precederam e continuam do outro lado e ao nosso lado, na luta pela implantao da fraternidade no mundo, um estmulo para todos ns: alimenta-nos a esperana, fortalece-nos o nimo e encoraja-nos para a luta de cada dia. No isolemos os familiares e amigos que nos precederam e que comungam do mesmo ideal, alegando disciplina e respeito aos mortos, ou ainda, que os Espritos j disseram o que tinham de dizer na Codificao e nas obras complementares... O Codificador no to rigoroso assim e encontra razes bastante humanas para nos incentivar o intercmbio com os desencarnados. Diz ele: A possibilidade de nos pormos em comunicao com os Espritos uma dulcssima consolao, pois que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes e amigos, que deixaram antes de ns a Terra. Pela evocao, aproximamo-los de ns, eles vm colocar-se ao nosso lado, nos ouvem e respondem. Cessa assim, por bem dizer, toda separao entre eles e ns. Auxiliam-nos com seus conselhos, testemunham-nos o afeto que nos guar-

dam e a alegria que experimentam por nos lembrarmos deles. Para ns, grande satisfao sab-los ditosos, informar-nos, por seu intermdio, dos pormenores da nova existncia a que passaram e adquirir a certeza de que um dia nos iremos a eles juntar.5 (Grifamos.) Mas natural que Allan Kardec, conhecendo a delicadeza desse intercmbio, estabelecesse condies ideais para esse encontro, as quais aqui apresentamos: Perfeita comunho de vistas e de sentimentos; Cordialidade recproca entre todos os membros; Ausncia de todo sentimento contrrio verdadeira caridade crist; Um nico desejo: o de se instrurem e melhorarem, por meio dos ensinos dos Espritos [...]; Excluso de tudo o que, nas comunicaes pedidas aos Espritos, apenas exprima o desejo de satisfao da curiosidade; Recolhimento e silncio respeitosos, durante as confabulaes com os Espritos; Unio de todos os assistentes, pelo pensamento [...]; Concurso dos mdiuns da assemblia com iseno de todo sentimento de orgulho, de amor-prprio e de supremacia e com o s desejo de serem teis.6 Atendidos esses requisitos mnimos, busquemos o dilogo com os Espritos. Descubramos na

mensagem advinda a sua essncia, sem optarmos pelo exagero de tudo creditar ao animismo, desprezando a alegria e a consolao que o momento nos oferece. O mdium interpreta e d forma ao pensamento do comunicante. A cada um dos presentes compete atribuir-lhe o valor que o seu contexto ntimo permite, sem exageros de racionalidade e com pureza de corao. O momento exige o equilbrio do corao e da razo. Respeitemos as dificuldades que os Espritos encontram para transmitir suas idias, as dos mdiuns que se tornam alvos de dardos mentais de encarnados e desencarnados no exerccio de seu labor, e agradeamos aos mortos pela abnegao e esforo em nos atender. O momento delicado, mas muito necessrio a todos que buscamos apoio para nossa renovao. Referncias:1

XAVIER, Francisco Cndido. Emmanuel.

Pelo Esprito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. XXVIII, p. 151.2 3

Idem, ibidem. p. 151-152.XAVIER, Francisco Cndido; VIEIRA,

Waldo. Mecanismos da mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 11, Pensamento e televiso, p. 91-92.4

LIMA, Moacir Costa de Arajo. A era do

esprito. 1. ed. Porto Alegre: Grfica Editora Comunicao Impressa, 2005. p. 24.5

KARDEC, Allan. O livro dos espritos. 87.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Questo 935. Comentrio de Kardec.6

______. O livro dos mdiuns. 78. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2006. Item 341.

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Vianna de Carvalho80 anos de desencarnaoLU C I A N O K L E I N F I L H O

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om entusiasmo e perseverana, desde alguns anos temos procurado rastrear os passos luminosos de Manoel Vianna de Carvalho, alma preexcelsa, exemplo de inclinao missionria, baluarte de um trabalho incomparvel na difuso dos postulados espritas por todo o Pas. Entre os seus psteros, todavia, bem poucos conhecem a dimenso exata de seu labor, disseminando os princpios de uma verdade consoladora: a doutrina sistematizada por Allan Kardec. Neste ms de outubro relembramos o 80o aniversrio de seu regresso ao mundo espiritual. Lamentavelmente, em razo do descaso para com a memria histrica do nosso Movimento, poucos conhecem a vida de um dos mais fiis apstolos da Terceira Revelao. Eis, pois, seu perfil biogrfico. Manoel Vianna de Carvalho nasceu na cidade de Ic, Cear, a 10 de dezembro de 1874. Era filho de Toms Antnio de Carvalho, professor de Msica e Lngua Portuguesa da Escola Normal, e de Josefa Vianna, mulher de raras virtudes. Em Fortaleza, estudou no Liceu do Cear. Em 1891, matriculou-se na Escola Militar do Cear,

onde se destacaria pelo brilho de sua inteligncia. Nesse mesmo ano, juntamente com outros cadetes, conheceu o Espiritismo, organizando na prpria escola um grupo de estudos doutrinrios. Em 1894, ainda na capital cearense, avultou como poeta, partici-

pando da fundao do Centro Literrio, agremiao dissidente da clebre Padaria Espiritual. No ano de 1895, transferiu-se para o Rio de Janeiro, matriculando-se no Curso Superior da antiga Escola Militar da Praia Vermelha. Passou a freqentar a Unio Esprita de Propaganda do Brasil.

Ali, Vianna de Carvalho destacou-se como um dos mais ardorosos trabalhadores do grupo, passando a ocupar a tribuna, quase todas as noites. Sua aparncia juvenil no fazia diferena, porque seu verbo inspirado e eloqente embevecia os ouvintes, concorrendo para aumentar, diariamente, o nmero de curiosos por ouvi-lo. Em 1896, foi transferido para Escola Militar de Porto Alegre. Procurou, ento, alguns confrades e, numa casa abandonada, desprovida de mesas e cadeiras, dentro de um terreno baldio no bairro do Parthenon, comeou a divulgar o Espiritismo. Em seguida, fundou um ncleo de estudos no andar trreo de uma casa comercial, na Rua dos Andradas. Convocou diversas pessoas, entre as quais Mercedes Ferrari que, animada pelo cadete Vianna e com o apoio de outros companheiros, deu grande impulso ao Movimento Esprita local. Ainda em 1898, regressou ao Rio de Janeiro e retomou os trabalhos na Unio Esprita de Propaganda do Brasil, passando a ser requisitado para proferir conferncias em todo o Distrito Federal, na poca no Rio de Janeiro.Outubro 2006 Reformador

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No ano de 1898, de novo em Porto Alegre, publicou a sua primeira obra literria, Facetas, cuja segunda edio, lanada em 1910, foi prefaciada pela poetisa Carmen Dolores, pseudnimo da escritora Emlia Bandeira de Melo. O livro mereceu os melhores elogios da crtica. Em 1923, publicou Coloridos e Modulaes, coletnea de suas crnicas, escritas durante vrios anos em peridicos espritas e literrios. A obra foi igualmente muito bem recebida. Em 1905, foi transferido para o o 8 Batalho de Infantaria, em Cuiab. Naquela cidade, fundou o Centro Esprita Cuiabano, em 1906, dotando-o do necessrio ao seu bom funcionamento, sendo seu primeiro presidente. Em 1907, retornou ao Rio de Janeiro a fim de se matricular no Curso de Engenharia da Escola Militar do Realengo. Dessa vez realizou uma srie de conferncias na Federao Esprita Brasileira e no auditrio da antiga Associao dos Empregados do Comrcio, com platias cada vez maiores. Foi convidado para conferncias em So Paulo, Minas Gerais, Esprito Santo e em todo o Estado do Rio de Janeiro, sendo, em muitas dessas excurses acompanhado por Igncio Bittencourt, diretor do jornal Aurora, em cujas pginas Vianna emprestou a sua colaborao, como em tantos outros peridicos, espritas e laicos, por todo o Pas. Em 1910, concluiu o Curso de Engenharia Militar e mudou-se para Fortaleza em abril daquele ano. O Espiritismo no Cear floresceu na ltima dcada do sculo

XIX, merc da persistncia do grande pioneiro Luiz de Frana de Almeida e S, fundador do Grupo Esprita F e Caridade. Na virada do sculo, surgiram mais dois grupos na cidade de Maranguape, o Verdade e Luz que editou, em 1901, o jornal Luz e F e o Caridade e Luz, organizado em agosto de 1902, e que publicava o jornal Doutrina de Jesus e mantinha a Escola Crist, de 1902, uma das primeiras escolas vinculadas a uma sociedade esprita no Brasil. Contudo, esses grupos de reunies familiares no tiveram longa durao, e no mais existiam quando da chegada de Vianna. O grande mpeto da Doutrina dos Espritos no Cear s ocorreu, efetivamente, a partir de 1910, com a chegada de Vianna de Carvalho. Sua estada em Fortaleza, de maio daquele ano at novembro de 1911, foi prdiga de realizaes. Logo ao chegar, procurou arregimentar foras para organizao do Movimento Esprita local. Publicou, repetidas vezes, nas pginas do jornal Unitrio, anncios como este: Peo aos espritas do interior do Cear, bem como aos socialistas, maons, livres pensadores, adeptos em geral das idias modernas, o obsquio de me enviarem os seus endereos para fins de propaganda. Vianna de Carvalho Endereo: Rua 24 de Maio, no 26. Promoveu o estudo sistemtico de O Livro dos Espritos e fez conferncias semanais nos sales das lojas manicas Amor e Caridade, Igualdade e Liberdade. Essas

prelees que passaram a ser publicadas, sinteticamente, nos jornais Unitrio e A Repblica tiveram repercusso extraordinria e motivaram imediata reao de lderes catlicos que, pelos jornais Cruzeiro do Norte e O Bandeirante, combateram o Espiritismo e seu fiel arauto. A campanha insidiosa, em vez de prejudicar, aumentou grandemente o interesse pela Doutrina. Entretanto, o corolrio do profcuo labor desse filho de Ic foi a fundao, em junho de 1910, do Centro Esprita Cearense, que funcionaria na Rua Santa Isabel, no 105 (hoje Princesa Isabel, no 255), bem no corao da cidade.1 O Unitrio, na edio do dia 22 de junho, registrou este memorvel acontecimento. Domingo (19), a uma hora da tarde, realizou-se no palacete da Fnix Caixeiral, a sesso solene de fundao do Centro Esprita Cearense. Presidiu-a o ilustre magistrado Sr. Desembargador Olympio de Paiva, que teve a secretari-lo os senhores Miguel Cunha e Francisco Prado. [...] Em seguida foi dada a palavra ao Sr. Dr. Vianna de Carvalho que produziu brilhante e erudita pea oratria discorrendo largamente sobre a Doutrina Esprita. Sua Senhoria foi delirantemente aplaudido. ........................................................... Estiveram presentes sesso inmeros cavalheiros de distino e1

Atualmente funciona no local a Federao Esprita do Estado do Cear.

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vrias famlias, que assinaram a ata de fundao da novel associao. Foi grande o nmero de pessoas que se inscreveram como scios do Centro Esprita Cearense. Aos esforados membros do Centro, enviamos os nossos votos para que tenham completo xito em seu nobilssimo desideratum. Na conferncia de inaugurao do Centro, Vianna lamentou que no Cear, onde tm surtido os mais belos empreendimentos, ainda no se apercebesse da necessidade imperiosa de organizar um centro esprita,2 enquanto em outros estados, mesmo os mais longnquos, o Espiritismo tem sulcado profundo a sua ao benfica pela profuso espantosa de todos os ensinamentos capazes de remodelar os sentimentos incompatveis com a verdadeira e genuna religio do Cristo. Disse mais, que era em nome da Federao Esprita Brasileira que assim falava e pediu ao Sr. Presidente que em nome daquela conspcua corporao, declarasse fundado nesta capital o Centro Esprita Cearense.3 O Centro Esprita Cearense passou a desenvolver notvel servio no campo da propaganda doutrinria (promoo de estudos, conferncias, criao do jornal O Lbaro, etc.) e no campo assistencial. A partir de Fortaleza, Vianna de Carvalho sofreria intensa perse2

Ele se refere a um Centro Esprita legalmente constitudo.

3

Ata de Fundao do Centro Esprita Cearense.

guio de influentes membros da Igreja, que passaram a pleitear sua transferncia junto s autoridades militares. Assim, em novembro de 1911, depois de um ano e seis meses de grandes servios prestados Causa, partiu para a Capital Federal. Em outubro de 1923, regressou a Fortaleza como chefe interino do Estado Maior da 7a Regio Militar, com sede em Recife, no desempenho de importante comisso do Ministrio da Guerra. Aproveitou a oportunidade para rever amigos e fazer conferncias no Centro Esprita Cearense, que ento j possua sede prpria, e na Loja Liberdade. No dia 10 de abril de 1924, voltou para assumir as funes de fiscal do 23o Batalho de Caadores. Largo crculo de seus amigos e admiradores o recepcionou no desembarque. Em julho desse ano, assumiria o comando interino do referido Batalho. Vianna permaneceu em Fortaleza at 11 de setembro de 1924. Proferiu conferncias e participou de atividades culturais. Decorridos treze anos de sua fecunda tarefa na organizao do Movimento Esprita cearense, no enfrentou as mesmas resistncias da outra vez porquanto, alm do respeito que lhe impunha o novo posto e funo, vrios intelectuais, figuras conspcuas da sociedade fortalezense, haviam se convertido ao Espiritismo. Entre estes, o tenente-coronel Francisco de S Roriz (1870-1925), que fora chefe de polcia no governo do general Se-

tembrino de Carvalho, e fundador, em 1916, da Faculdade de Farmcia e Odontologia. No Rio de Janeiro, juntamente com Igncio Bittencourt, fundou a Unio Esprita Suburbana; com Arthur Machado, a Tenda Esprita de Caridade. Realizou inmeras conferncias pblicas no Cine-Teatro Odeon e na Escola Nacional de Msica. Vianna percorreu as principais cidades brasileiras do incio do sculo XX. Em Recife, onde j era grande a sua fama, fundou, com Antnio Jos Ferreira Lima e Manoel Aaro, a Cruzada Esprita Pernambucana, em 1923. Pregou no Cine-Teatro Polyteama e no Teatro Santa Isabel. Os jornais A Provncia e o Dirio de Pernambuco, noticiavam que o pblico para ouvi-lo era incalculvel, com pessoas de todas as classes sociais. Foi ele quem, em 1914, levantou a campanha para evangelizao das crianas nos centros espritas, sugerindo a criao das Aulas de Moral Crist. Em 1926, quando servia em Aracaju, adoeceu gravemente, vitimado por um tipo grave de beribri. Era o comandante interino do 28o Batalho de Caadores, no posto de major. Diante da gravidade do seu estado de sade, os mdicos o encaminharam para o Hospital de So Sebastio, em Salvador. Foi conduzido de maca at o vapor ris. Nas proximidades da praia de Amaralina, s 6h30 da manh do dia 13 de outubro de 1926, desencarnou a bordo, aos 51 anos.Outubro 2006 Reformador

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A respostadeELIANA THOM

Deusque impem o progresso do ser e desenham a sua felicidade. E o final feliz, ansiado e projetado em todas as conscincias da Terra, s ser possvel quando houver a compreenso de que somente em Deus, o Bem e o Amor personificados, poder o homem encontrar a medida exata da evoluo;

D

eus! Deus! onde ests que no respondes?, escrevia Antnio Frederico de Castro Alves em Vozes dfrica, poema publicado em 1883, doze anos aps sua morte, que se traduziu num brado contra a Escravatura, causa que o poeta abraou com corao palpitante em toda sua obra, em grandes textos de cunho social. Autor ainda de Espumas Flutuantes, nico dos seus livros publicado em vida, e de poemas como Navio Negreiro, onde retrata o sofrimento do negro escravo, Castro Alves no o nico a questionar os caminhos da vida e a buscar em Deus as respostas para as venturas e provas pelas quais passa a Humanidade. A busca de Deus tem sido uma constante na vida humana. Alis, arriscaramos mesmo dizer que ela tem ocupado o homem ao longo de toda sua histria, de toda sua trajetria, consciente ou inconscientemente, no importando a escola religiosa que professa ou deixa de professar. Quando Allan Kardec indaga em O Livro dos Espritos que388 R e f o r m a d o r O u t u b r o 2 0 0 6

concluso podemos tirar do sentimento instintivo que todos os homens trazem em si mesmos da existncia de Deus,1 os Espritos respondem que a prova de que Deus existe; acrescentando que esse sentimento nada seria se repousasse sobre o vazio; lembrando assim o princpio de que no h efeito sem causa. Eis a o grande ensinamento da Doutrina dos Espritos: Deus no somente existe como se manifesta permanentemente em ns, chancelados que somos pelo seu amor, pela sua vibrao permanente, cuja voz se faz ouvir no mais profundo de nossa conscincia, no maior sentimento que possa palpitar em nosso corao, fazendo vibrar nossa alma ainda imperfeita, como a alert-la sobre algo que supera o prprio homem, e que maior que o mundo e to infinito quanto o Universo. Deus nos responde ainda, atravs de suas leis perfeitas e justas,

Castro Alves

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caso contrrio dor, retorno, reparo tantas vezes quantas forem necessrias, segundo ensina o Evangelho. Por isso, a maldade que grassa hoje na Humanidade, atinge os lares e perturba os seres passageira e finita, se levarmos em conta que haveremos todos de evoluir e de ascender para o Pai. A vida se constitui de estgios obrigatrios que a alma em evoluo realiza em mundos inferiores para ampliar sua inteligncia e aprender a equilibrar sentimentos, ou seja, desenvolver-se e crescer nas difceis experincias da carne, em mundos materiais. Assim que sem a compreenso verdadeira da vida a que extrapola as campas dos cemitrios , o homem, por hbito, fuga ou preguia, corrompe-se e endivida-se com as leis divinas e com aqueles com os quais trilha a mesma jornada evolutiva; a exemplo da escravido que atingiu o Brasil colonial em pleno sculo XVI, lembrada pelo poeta. Muito, acreditamos, deve ter se compadecido Deus dos homens nesse momento e muito deve o Brasil pagar ainda hoje pela afronta aos filhos encarcerados e supliciados. Uma ao que repercute no tempo, exigindo funo corretiva de todos os envolvidos atravs da bno da reencarnao. Oferece-nos assim a vida o palco necessrio para o reajuste e reparo de nossos erros anteriores. O enredo desse grande teatro se traduz nos atos praticados ontem, que, somados s atitudes e aos

pensamentos e aes de hoje, se desenrolaro adiante, alm no tempo e no espao, no mundo e fora dele, buscando finalmente a harmonia da grande lei de amor entre os homens, no tributo que todos devemos ao Pai. Enquanto isso no acontece, Deus a tudo observa, a tudo acompanha com infinita bondade, dando-nos as condies necessrias nossa vitria. Cada encarnao na Terra se traduz em oportunidade de ouro para colocarmos um fim no sofrimento de ontem e plantar a felicidade de amanh, no aguardo da conquista do Reino dos Cus prometido por Jesus, que a conscincia do justo em paz consigo mesmo pelo dever cumprido. Assim, devemos findar a busca de Deus, encontrando-o em ns, primeiramente, honrando a vida e as oportunidades de redeno que ela nos oferece, e, depois, procurando no prximo o reajuste que se faz necessrio. Seguindo o apstolo Paulo, eis o que nos convm realizar, cansados que estamos de sofrer e chorar. Mas saibamos antes, como nos alerta Lon Denis em Depois da Morte,2 que Deus no se manifesta aos sentidos. Est, diramos, em toda parte, em tudo e em todos, conforme os ensinamentos espritas. Importa agora no mais humaniz-lo, nem busc-lo em dolos de barro, dolos materiais, falveis, e em idias pequenas, represando sua fora em sinais e amuletos materiais. Deus nos ouve em todos os instantes, por toda a Eternidade. o

Pai de todos, a Inteligncia que anima tudo, e no pode ser individualizado.3 Deus tambm no se esconde, pois a Revelao no obra no escuro. A Perfeio no pode ser tocada e sim, sentida; como sentimos a Arte dos nossos maiores artistas, guardando as devidas propores, j que impossvel comparar o homem a Deus: um Pai, o outro, filho; um o Criador, o outro, criatura. Deus a Luz do mundo, a vibrao de todo o Universo. Podemos entender melhor Deus, compreendendo o mundo onde habitamos, como explica Kardec: [...] tudo atesta uma idia diretora, uma combinao, uma previdncia, uma solicitude que ultrapassam todas as combinaes humanas [...].4 Deus a Causa de todo o bem que nos rodeia, de todo o bem que nos anima e de todo o bem que devemos conquistar em ns. Importante o papel da Doutrina Esprita quando nos revela a essncia espiritual e a ilimitada grandeza de Deus. Referncias:1

KARDEC, Allan. O livro dos espritos. 12.

ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Parte Primeira, cap. I, questo 5.2

DENIS, Lon. Depois da morte. 25. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005. Parte Segunda, cap. IX, O Universo e Deus, p. 110.3 4

Idem, ibidem.KARDEC, Allan. Obras pstumas. Ed. Es-

pecial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira Parte, Profisso de f esprita raciocinada, p. 39-40.389

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reformador outubro 2006 - B.qxp

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Muito frente deS N I A Z AG H E T TO

seu tempoA apresent-lo defeituoso, melhor ser nada fazer [...]. Nascia ali a diretriz de qualidade editorial que norteou a Revista enquanto Kardec esteve frente da publicao. Lies importantes nos dias atuais, em que se ensaia a estruturao de uma comunicao social esprita. Antes que se atribua o senso jornalstico de Kardec to-somente orientao espiritual, vale a pena lembrar que muitos requisitos exigidos pelo jornalismo so d