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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Junho, 2006 / N o 2.127

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-Substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa:

Editorial

Presença de Chico Xavier

A Terra – Emmanuel

Entrevista: Olga Lúcia E. Freire Maia

Convivência e Unificação

Esflorando o Evangelho

Comer e beber – Emmanuel

Conselho Espíritas Internacional

Assunção sedia Reunião do CEI

A FEB e o Esperanto

Centenários esperantistas em 2006 – Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Nordeste

Seara Espírita

As Revelações e as interpretações

– Juvanir Borges de Souza

Consciência Plena – Joanna de Ângelis

Na grande escola – Maria Dolores

Perda de tempo – Richard Simonetti

Reações da Natureza – Jorge Hessen

É o Espiritismo um Panenteísmo? –

Humberto Schubert Coelho

Somos antigos – Leonardo Machado

Em dia com o Espiritismo – A música faz bem a

saúde? – Marta Antunes Moura

Simbiose espiritual – Mauro Paiva Fonseca

Educação e fé – Inaldo Lacerda Lima

XI Congresso Espírita Colombiano

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

4 Reformador • Junho 2006 220022

Editorial

m dos maiores desafios que Allan Kardec enfrentou na codificação da

Doutrina Espírita foi o de separar, no trato com a manifestação dos

Espíritos, o que era efetivamente verdadeiro, do que era apenas opinião

pessoal dos Espíritos comunicantes.

Estudando o fenômeno mediúnico com acurado afinco, reconheceu que estava

diante de um fato. E como todo fato tem suas leis, caberia ao pesquisador sincero

aprofundar a sua análise visando o seu correto conhecimento, a fim de utilizá-lo de

forma adequada. Com este pensamento, empenhou o resto da sua existência nesse

trabalho, descortinando para os homens o mundo dos Espíritos.

Sabedor de que o mundo espiritual é habitado por Espíritos de diferentes níveis

de conhecimento e moralidade, tal como ocorre entre os homens, utilizou o mé-

todo do controle universal dos ensinos dos Espíritos – descrito na Introdução de

O Evangelho segundo o Espiritismo –, para encontrar a verdade revelada pelos

Espíritos Superiores. Esse método consiste em só aceitar como verdade o que é

manifestado por diversos Espíritos, através de vários médiuns, em distintos lugares,

e submeter, ainda, essa manifestação ao crivo da razão, verificando se o ensino

transmitido não conflita com os demais princípios que vão sendo gradativamente

consagrados.

Jamais aceitou como verdadeira uma afirmação pelo simples fato de ter sido atri-

buída a um Espírito de renome, pois compreendeu, desde o início, que qualquer

comunicante pode adotar o nome que lhe aprouver, passando por um Espírito ele-

vado, e abusando da boa-fé dos homens.

Com este cuidado, Allan Kardec materializou na Terra o Consolador Prometido

por Jesus, que ficará eternamente conosco: “O Espírito de Verdade, que o mundo

não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a

vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós.” (João, 14:17.)

Fiel à busca da verdade, Allan Kardec deixou, no século XIX, uma Doutrina soli-

damente construída, que venceu os desafios decorrentes dos avanços da Ciência no

século XX, avanços estes que vêm confirmando os ensinos dos Espíritos Superiores,

colhidos pelo Codificador no seu nobre e meticuloso trabalho.

U

O Espiritismoe a Verdade

5Junho 2006 • Reformador 220033

s Espíritos Superiores apre-sentaram o Espiritismo co-mo a Terceira Revelação

das verdades e das leis divinas.A Primeira Revelação, recebida

por Moisés no Monte Sinai, estáformulada nos dez mandamentosque serviram de base e funda-mento para a legislação de todosos povos, até os tempos atuais.

A Segunda Revelação é re-presentada pelo Cristo de Deus,o Governador Espiritual destePlaneta.

Seus ensinos e seus exemplos,confirmando as revelações iniciais,desenvolvem os princípios dos de-veres dos homens para com o Cria-dor e para com seus semelhantes.“Amar a Deus sobre todas as coisase o próximo como a si mesmo” re-sume toda a lei e os profetas, naspalavras do Mestre Incomparável. Éuma síntese admirável e profunda.

O Espiritismo, a Terceira Reve-lação das Leis Divinas, representaos ensinos trazidos à Humanidadepor Espíritos Superiores, à frenteo Espírito de Verdade, confirman-do a promessa do próprio Cristo,

quando se refere ao “outro Conso-lador” que Ele pediria ao Pai paraser enviado aos homens.

Assim como o Cristo afirmou –“não vim destruir a lei, mas cum-pri-la” – referindo-se às revelaçõesanteriores, o Espiritismo, o Conso-lador, também não vem destruir asverdades trazidas à Humanidade,mas sim confirmá-las, desenvolvê--las e explicá-las em seus sentidosalegóricos, tantas vezes mal inter-pretados, revelando coisas novas

que dizem respeito ao mundo es-piritual e seu relacionamento como mundo das formas.

Essas noções claras da sucessivi-dade das revelações, que os espíri-tas estudiosos conhecem e aceitam,levam à seguinte indagação: se as

Revelações sucessivas não se des-mentem nem se contradizem,sendo as anteriores confirmadaspelas posteriores, por que entãoas divergências religiosas, porvezes inconciliáveis, no decorrer

dos séculos e dos milênios, ge-rando tantas incompreensões?

A resposta não é simples, já queexistem várias causas geratrizesdas discordâncias.

A Humanidade tende para aunidade divina, como observa Pau-lo, o apóstolo (questão 1009 de OLivro dos Espíritos), sujeita que es-tá à lei do progresso, que incide so-bre toda a Criação.

Mas o progresso não se faz uni-formemente em todos os Espíritosque compõem a Humanidade. Unsprogridem mais rapidamente queoutros, tanto em conhecimentosquanto nos sentimentos.

As Revelações e as

interpretações

OJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

Moisés e a tábua dos Dez Mandamentos

O orgulho, o egoísmo e a pre-sunção da sabedoria de muitos ho-mens têm levado diversas religiõese filosofias a imporem suas crençase idéias a seus seguidores e adver-sários.

No passado, guerras religiosasconcorreram com guerras de con-quistas.

Assim, a pretensão de superiori-dade leva à presunção de infalibili-dade e ao desejo de impor idéias, in-clusive pela força.

O exclusivismo, transformadoem sistema, repele tudo o que écontrário à sua opinião. Somente o progresso moral das criaturas hu-manas será capaz de transformaresse característico negativo de gran-des parcelas dos habitantes desteplaneta de expiações e de provas.

De outro lado, o dogmatismo eas falsas interpretações soterra-ram, pelos séculos e milênios, averdadeira significação da letra dasEscrituras Sagradas, em muitas desuas passagens.

O Cristo foi claro e incisivo aodeclarar que não vinha destruir alei, mas dar-lhe cumprimento.

A lei existente procedia de Moi-sés e Jesus mostrou claramenteque não era cumprida em sua realsignificação. Por isso procurou in-terpretá-la corretamente, atravésde novos ensinos e exemplos.

Entretanto, não foi entendido,mas rejeitado pela maioria da po-pulação, inclusive pelos chefes dareligião dominante. Perseguido epreso, acabou crucificado.

Esse foi o maior exemplo que aHistória registrou de como a pre-sunção, aliada à ignorância, pode

prevalecer transitoriamente sobrea Verdade e a Justiça, em um mun-do inferior como o nosso.

Nas duas primeiras Revelaçõespode-se perceber, com relativa fa-cilidade, que a linguagem utilizadapela Espiritualidade Superior é,muitas vezes, emblemática, justa-mente para facilitar o entendimen-to daqueles homens apegados à vi-da material.

A utilização das figuras, das re-presentações materiais era neces-sária para o entendimento de cria-turas rudes, com dificuldades na-turais para a percepção da signifi-cação superior, espiritual, de mui-tos dos ensinos.

Jesus utilizou largamente as pa-rábolas, os símbolos e as represen-tações materiais em suas lições aopovo e aos seus apóstolos.

Mesmo os discípulos nem sem-pre entendiam o sentido veladodos ensinos, pedindo explicaçõesadicionais que o Mestre aditava.

Esse método apresentava a van-tagem de atender não somente aosaprendizes daquela época, mastambém aos do futuro, desde quenão houvesse distorções no enten-dimento.

Todo ensino metódico e eficazdeve partir do conhecido para odesconhecido.

Para o materialismo, o conheci-do é a matéria.

Há que se partir, pois, de ele-mentos materiais para mostrar edemonstrar ao materialista que hánele algo que escapa e transcendeàs leis da matéria.

No decorrer dos milênios hou-ve progresso acentuado no mun-do. As ciências diversas concorre-ram para isso. Inúmeras descober-tas transformaram a vida dos ha-bitantes da Terra no campo da tec-nologia, da educação, da saúde, dostransportes, das comunicações, doensino, da alimentação.

A inteligência e os sentimentosdo homem evoluíram, tornando-omais sensível às novas condições devivência com as quais se depara oEspírito ao renascer neste mundo.

Por isso a Terceira Revelação,o outro Consolador prometido e enviado pelo Cristo, não mais ne-cessita da linguagem emblemáticalargamente utilizada nas Revela-ções anteriores.

Os Espíritos Reveladores utili-zam agora linguagem simples e di-reta na apresentação das verdades erealidades, sem prejuízo das com-parações de ordem material, quan-do necessárias, ou ilustrativas.

A Verdade e as realidades dosPlanos Espirituais, antes apresen-tadas sob alegorias e representa-ções diversas, são atualmente ofe-recidas pela Doutrina dos Espíri-tos de forma clara e inteligível pelo homem comum.

A interpretação das Escrituras,especialmente dos Evangelhos, pe-la Espiritualidade Superior, tendoà frente o Espírito de Verdade, éuma das contribuições do Conso-lador, poupando os homens de ta-refa que os fatos demonstraram es-tar acima de sua capacidade.

A palavra do Alto aos habitantesdeste planeta representa um auxí-lio, um programa divino de excep-

6 Reformador • Junho 2006 220044

cional importância para toda a Hu-manidade. Mas é necessário o per-feito entendimento das mensagenssuperiores, sem as alterações oriun-das da ignorância ou das interpre-tações distorcidas.

O que ocorreu com o Cristia-nismo nos dá a medida da impor-tância da significação real da Men-sagem do Cristo, substituída pelasdistorções interpretativas dos ho-mens, que acabaram prevalecendono mundo, com as conseqüênciasconhecidas. Prevendo o que viria a ocorrer, Jesus prometeu a vindafutura do Consolador para reporas coisas em seus devidos lugares.

Os textos bíblicos foram escri-tos em línguas antigas – hebraico egrego – e traduzidos para o latim e para as línguas atuais.

O estudioso Severino Celestinoda Silva, em sua excelente obra Ana-lisando as Traduções Bíblicas, infor-ma em suas “Considerações Prelimi-nares” que “a tradução dos textos daBíblia hebraica (Tanách), alguns tex-tos gregos da Septuaginta e outrosdo latim na Vulgata, foram analisa-dos, tendo como base principal alíngua hebraica. Algumas passagensforam estudadas, mostrando as dis-torções que ocorreram a partir dastraduções para as línguas grega e latina”.

Se nas primeiras traduções parao grego antigo e para o latim,línguas mais ricas que a he-braica, ocorreram dis-torções do original,o que pensar dasoutras traduções

para as línguas atuais, baseadas naSeptuaginta e na Vulgata?

Eis o que informa ainda o autorcitado, à pág. 14 da referida obra:

“A falta de fidelidade encontradanos textos traduzidos para nossalíngua fizeram-me recordar a cartaque São Jerônimo escreveu ao papaDâmaso sobre a tradução da Bíbliado grego para o latim, tradução es-ta que passou a se chamar Vulgata.

Eis o contexto da carta:Da velha obra me obrigais a fazer

obra nova. Quereis que, de algumasorte, me coloque como árbitro entreos exemplares das Escrituras que es-tão dispersos por todo o mundo, e, co-mo diferem entre si, que eu distingaos que estão de acordo com o verda-deiro texto grego. É um piedoso tra-balho, mas é também um perigosoarrojo, da parte de quem deve ser portodos julgado, julgar ele mesmo osoutros, querer mudar a língua de umvelho e conduzir à infância o mundojá envelhecido.

Qual, de fato, o sábio e mesmo oignorante que, desde que tiver nasmãos um exemplar (novo), de-pois de o haver percorrido ape-nas uma vez, vendo que seacha em desacordo com o queestá habituado a ler, não seponha imediatamentea clamar que eu sou

um sacrílego, um falsário, porqueterei tido a audácia de acrescentar,substituir, corrigir alguma coisa nosantigos livros?

Um duplo motivo me consola des-ta acusação. O primeiro é que vós,que sois o soberano pontífice, me or-denais que o faça; o segundo é que averdade não poderia existir em coi-sas que divergem, mesmo quandotivessem elas por si a aprovação dosmaus.” – (São Jerônimo – Tradutorda Vulgata – Bíblia em latim.)

O trecho da carta acima trans-crito é uma confissão do tradutorda Vulgata de que falsificou, acres-centou, substituiu e corrigiu os ori-ginais traduzidos, tudo por ordemdo soberano pontífice da Igreja aque servia, no final do IV século,princípio da Idade Medieval.

Daí para o futuro o Cristianis-mo autêntico, a Mensagem do Cris-to para toda a Humanidade, seriaadaptada aos interesses de umainstituição humana sequiosa de poder e de decisão, que substituiu

Jesus pregando aos discípulos

muitos ensinos do Mestre Incom-parável por regras ou dogmas porela criados.

O desvirtuamento da Mensa-gem do Cristo levou à cisão o mo-vimento cristão no mundo, quan-do a Igreja, que já se encontravadividida em Católica Romana eOriental, viu-se contestada pela Re-forma, no princípio do século XVI.

O movimento reformista, porsua vez, subdividiu-se em diversasigrejas denominadas protestan-tes, cada qual com sua interpreta-ção dos textos das Escrituras.

Esse quadro resumido da evolu-ção do Cristianismo no mundomostra os desvios impostos peloshomens no entendimento da Ver-dade, trazida pelo Cristo.

Demonstra também quanto édifícil a percepção das coisas novaspor criaturas que não chegaram adeterminado grau evolutivo e quese deixam dominar pela orienta-ção de outras.

De tudo isso ressalta a sabedoriae a previsão do Cristo, quando sereferiu ao outro Consolador que oPai enviaria para ficar eternamen-te com os homens, para ensinar--lhes todas as coisas e relembrarseus ensinos.

Comenta o Codificador da Dou-trina Espírita, com sua lógica e segu-rança: “[...] Se, portanto, o Espíritode Verdade tinha de vir mais tardeensinar todas as coisas, é que o Cris-to não dissera tudo; se ele vem re-lembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido oumalcompreendido.” (O Evangelhosegundo o Espiritismo, 3. ed. especial,FEB, cap. VI, item 4, p. 156.)

O Consolador, o Espiritismo, es-tá no mundo e vem cumprir a pro-messa do Cristo.

Vem proporcionar aos homensa percepção de coisas novas, des-vendando o futuro e a vida eternado Espírito imortal em mundosmateriais e espirituais.

Agora, a linguagem dos Espíri-tos Reveladores é simples e direta,sem os meandros das figuras e dasalegorias, já que a capacidade decompreensão evoluiu muito.

Com o Consolador, os sofrimen-tos e as dores tornam-se compreen-síveis aos sofredores, que adquirema certeza de uma Justiça superior e infalível determinando as conse-qüências das ações de cada um.

Afasta a idéia do inferno eter-no, do diabo, de satanás, do céu dedelícias, todas criações figurativas

das religiões do passado que se pro-jetaram até os nossos dias.

O conhecimento da DoutrinaConsoladora e sua aceitação since-ra desenvolve no espírita uma féinabalável no futuro, pela certeza deque a vida não cessa jamais e poderepetir-se aqui mesmo, na Terra, emsucessivas reencarnações, ou em ou-tras esferas materiais e espirituais.

O objetivo é sempre a busca daevolução e da felicidade. Para isso,cada criatura necessita conscienti-zar-se de seus deveres perante asLeis Divinas, que a conduzirão aotermo do caminho.

É do Espírito de Verdade umasérie de comunicações e instruçõesde alto significado esclarecedor econsolador que se encontra no ca-pítulo VI, item 5, de O Evangelhosegundo o Espiritismo. São esclare-cimentos que merecem ser semprerelidos e meditados por todos nós,espíritas.

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A cepa é “o emble-ma do trabalho do

Criador”, como consta em O Livro

dos Espíritos,“Prolegômenos”

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odernos cientistas daárea da neurofisiologia,pesquisando a medita-

ção por meio de eletroencefaló-grafos e outros equipamentos ul-tra-sensíveis, conseguiram detec-tar alterações significativas no cé-rebro durante o período em que osvoluntários se entregam ao profun-do mergulho no êxtase. Após aná-lises cuidadosas e reflexões pro-fundas, concluíram que a cons-ciência, além dos seus três estadosconvencionais – de vigília, de sonoprofundo e de sonho – apresentaum outro especial, que foi deno-minado como o quarto estado, pou-co definido até o momento.

Por outro lado, as experiênciasde quase morte ou mesmo de mor-te aparente têm oferecido um far-tíssimo contributo em material de-monstrativo da independência doEspírito ao corpo físico, após eli-minados os fenômenos da imagi-nação excitada por convicções re-ligiosas e outras, merecendo ele-vada consideração.

Anteriormente reconhecidoscomo delírios, resultado de algu-mas drogas alucinógenas, da anó-xia cerebral, terminam por de-monstrar que a consciência nãopermanece adstrita exclusivamenteà organização fisiológica, embo-ra expressando-se por seu inter-médio.

Pacientes em cuidadoso trata-mento cirúrgico, impossibilita-dos de qualquer tipo de lucidez,têm relatado fatos que ocorremdurante os procedimentos, e ou-tros que acontecem mesmo forado ambiente da sala onde têmlugar, distantes do alcance dapercepção fisiológica, constatados como verdadeiros, que aumentama credibilidade em torno da in-dependência do ser ao organis-mo físico, assim oferecendo cons-tructos novos à Ciência.

Mesmo quando têm sido ten-tadas explicações como as de na-tureza arquetípica junguiana, avasta cópia de sucessos ultrapassaas heranças do inconsciente cole-

tivo para somente serem reconhe-cidas como de natureza espiritual,dando lugar ao surgimento de umaneuroteologia.

Tudo quanto ocorre no ser hu-mano naturalmente decorre doacesso às atividades de uma oumais áreas do conjunto cerebral,incluindo os notáveis fenômenosda meditação, das experiências dequase morte, das mortes clínicas,demonstrando que esses equipa-mentos neurofisiológicos foramelaborados para a exteriorizaçãodesses acontecimentos, sem osquais permaneceriam desconhe-cidos...

O Espírito pois é o agente, oacionador dos fenômenos orgâni-cos, por sua vez experimentandoos impositivos que dele resultam.

É fácil verificar-se a interde-pendência dos dois elementos –espírito e matéria – quando se ob-servam o apagar da memória, odesconserto da mente e das emo-ções, os distúrbios da consciência,em pacientes portadores de enfer-

Consciênciaplena

M

midades degenerativas irreversí-veis. Os destrambelhos da maqui-naria impedem a transmissão cor-reta das faculdades da alma que,por sua vez, em muitos casos so-fre as conseqüências desses distúr-bios, dessa forma reparando malespraticados em outras existências,nas quais se originaram as pertur-bações agora carpidas.

A memória, particularmente,é de grande significado na vidahumana, porquanto ela respon-de pela identidade do ser peran-te a vida e todos os seus progra-mas. Nessas ocorrências degene-rativas, o seu gradual apagar cons-titui-se em verdadeira provaçãopara o enfermo tanto quanto pa-ra os familiares que lhe perdemo contato, distanciando-se da ra-zão e da realidade...

Nada obstante, alguns bolsõesdo materialismo pre-

servam os compor-tamentos ances-trais, quase emdesvario, num

preconceito absurdo, sem levarem conta as contínuas demons-trações da realidade espiritual doser humano.

Blaise Pascal, o eminentecientista francês, há quase qua-trocentos anos asseverou que oateísmo é uma doença. É certoque essa doença tem atravessadoos últimos séculos guindada àposição de soberana presunçosa,mantendo as tentativas inúteis dereduzir o ser humano ao pó doqual se teria originado.

Embora os graves dislates dasreligiões e dos seus profitentes,que têm gerado conflitos e doresinumeráveis, ao materialismo sedevem também incontáveis ma-les que vêm atormentando a cria-tura e a sociedade, que não acre-ditando no futuro espiritual, apro-veitam-se da válvula de escape, afim de permitir-se todos os dese-quilíbrios imagináveis e crimeshediondos que envergonham aHistória.

É certo que existem nobres ex-ceções, como ocorre em toda ge-

neralização. No entanto, que podeoferecer o ateísmo a alguém quesofre as angústias da separaçãopela morte do ser humano que-rido, as constrições agônicas dasconjunturas difíceis, sejam eco-nômicas, sociais, raciais, mo-rais?! O espiritualismo, no entan-to, oferece esperanças e seguran-ça para o enfrentamento das si-tuações perversas e ingratas, con-firmando através das experiên-cias da imortalidade a continua-ção da vida além do túmulo.

Curiosamente, os fenômenosde quase morte, por sua vez, têmconduzido os pacientes aos esta-dos de consciência moral, com-patíveis com os seus níveis deevolução espiritual. Nas mortesnaturais, por acidentes de váriasprocedências, ocorrências cirúr-gicas ou doenças prolongadas,as visões que os surpreendem,nesse quarto estado de consciên-cia, se mantiveram uma existên-cia digna, comprometida com amoral e a ética, exercitando o beme o dever, fazem-se caracterizarpor bênçãos, nas quais sempre

10 Reformador • Junho 2006 220088

surge alguém – Jesus, Buda, Guiaespiritual, Anjo da guarda, deacordo com a sua crença reli-giosa – que, após dialogar, elu-cida quanto à necessidade deretorno. Alguns vivenciam a via-gem através de um túnel de luzou defrontam uma grande luz queos espera, de onde sai a voz orien-tadora. No entanto, quando se tra-ta de tentativa de suicídio, umquase homicídio gerado pelo pró-prio indivíduo, as visões fazem-seterrificantes, abismos insondáveisabrem-se diante dos seus olhosamedrontados, figuras satânicasagridem-nos, retornando ao cor-po em grande angústia e dissa-bor...

Embora profitentes de reli-giões diversas ou destituídos dequalquer crença religiosa, os re-latos são iguais no seu conteúdo,demonstrando que procedem deuma e única realidade.

Os dados catalogados são per-feitamente idênticos às revelaçõesmediúnicas de todos os tempos,particularmente aquelas que vêmdo período da Codificação Espí-rita e sua fecunda abordagem.

É claro que o cérebro, tendoevoluído através das centenas demilhões de anos, graças à mode-lagem trabalhada pelo perispíri-to do ser imortal, organizou-secom equipamentos muito delica-dos para bem decodificar a imor-talidade, a causalidade da vida etodas suas ocorrências.

Entre o cérebro reptiliano e oneocórtex, o conjunto límbico ra-cional é o veículo que transmiteas heranças ancestrais que man-

têm o ser humano na Terra, aotempo em que recebe da camadanobre onde se encontram os si-nais de Deus, embora ainda dedifícil compreensão, facultandoo desenvolvimento da consciên-cia no rumo do seu quarto esta-do, que denominaríamos comoo de consciência plena.

Os estímulos mentais que re-sultam da aceitação e convivên-cia com esse algo divino, que é oEspírito, favorece a produção dedopamina e noradrenalina, quefavorecem a existência com a ale-gria de viver, a compreensão doprocesso de evolução. Essas cha-madas substâncias da felicidadesão produzidas pelo ser espiri-tual através da estimulação dosneurônios que as secretam...

Nesse sentido, o ser transitapelos diferentes níveis de cons-ciência, despertando do letargo

ancestral e identificando os maiselevados que fruirá, à medida quese liberte das mazelas, das heran-ças do passado, que tiveram sig-nificado e foram úteis no seu mo-mento, agora totalmente supe-radas.

O discernimento em torno doque pensar e de como agir con-ferir-lhe-á um arsenal de resis-tências para autovencer-se, con-quistando a consciência de paz.

Os Espíritos sublimes, que ela-boraram a Codificação Espírita, fo-ram muito sábios, quando respon-deram ao lúcido Coligidor AllanKardec que a lei de Deus está es-crita na consciência, definidorade comportamentos e ações dostranseuntes pelo carreiro carnal,rumando na direção da sua ple-nitude.

Essas admiráveis conquistasdas neurociências lentamente setransformam na eficiente e opor-tuna terapia para a doença doateísmo quando, então, os fatosdobrarem a cerviz dos mais recal-citrantes negadores.

Por fim, o ser humano alcan-çará o quarto estado de consciên-cia ou nível cósmico, irmanandotodas criaturas, umas com as ou-tras, em abençoado elã da verda-deira fraternidade.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium

Divaldo Pereira Franco, na sessão

mediúnica da noite de 26 de janei-

ro de 2006, no Centro Espírita Ca-

minho da Redenção, em Salvador,

Bahia.)

11Junho 2006 • Reformador 220099

A lei deDeus estáescrita na

consciência,definidora de

comporta-mentos e

ações

Terra é um magneto enorme, gigantesco apa-relho cósmico em que fazemos, a pleno céu,nossa viagem evolutiva.

Comboio imenso, a deslocar-se sobre si mesmoe girando em torno do Sol, podemos comparar asclasses sociais que o habitam a grandes vagões decategorias diversas.

De quando em quando, permutamos lugar comos nossos vizinhos e companheiros.

Quem viaja em instalações de luxo volta a co-nhecer os bancos humildes em carros de condiçãoinferior.

Quem segue nas acomodações singelas, ergue--se, depois, a situações invejáveis, alterando as ex-periências que lhe dizem respeito.

Temos aí o símbolo das reencarnações.De corpo em corpo, como quem se utiliza de va-

riadas vestiduras, peregrina o Espírito de existênciaem existência, buscando aquisições novas para otesouro de amor e sabedoria que lhe constituirádivina garantia no campo da eternidade.

Podemos, ainda, filosoficamente, classificar o Pla-neta, com mais propriedade, tomando-o por nossaescola multimilenária.

Há muitos aprendizes que lhe ocupam as ins-talações, na expectativa inoperante, mas o tempolhes cobra caro a ociosidade, separando-os, porfim, de paisagens e criaturas amadas ou relegan-do-os à paralisia ou à cristalização, em largos des-penhadeiros de sombra.

Outros alunos indagam, dia e noite... e, com asperquirições viciosas, perdem os valores do tempo.

Imaginemos um educandário, em cuja intimida-de comparecessem os discípulos de primária ini-ciação, exigindo retribuições e homenagens, antesde se confiarem ao estudo das primeiras lições.

O menino bisonho não poderia reclamar escla-recimentos, quanto à congregação que dirige a casade ensino onde está recebendo as primeiras letras.

E, ante a grandeza infinita da vida que nos cerca,não passamos de crianças no conhecimento superior.

Vacilamos, tateamos e experimentamos, a fim deaprender e amealhar os recursos do Espírito.

Compete-nos, assim, tão-somente, um direito: –o direito de trabalhar e servir, obedecendo às disci-plinas edificantes que a Sabedoria Perfeita nos ofe-rece, através das variadas circunstâncias em que anossa vida se movimenta.

Ninguém se engane, julgando mistificar a Natu-reza.

O trabalho é divina lei.Pesquisar indefinidamente, na maioria das vezes

é disfarçar a preguiça intelectual.A vida, porém, é ciosa dos seus segredos e so-

mente responde com segurança aos que lhe batemà porta com o esforço incessante do trabalhadorque deseja para si a coroa resplendente do aposto-lado no serviço.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Roteiro. 11. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2004. Cap. 8, p. 39-41.

A Terra

12 Reformador •Junho 2006 221100

A

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito Emmanuel

Reformador: Como a senhora se en-volveu com o trabalho de Unificação? OOllggaa:: Senti-me envolvida com otrabalho de Unificação após as pri-meiras participações nas reuniõesda Comissão Regional Nordeste edo Conselho Federativo Nacional.Realizadas pela Federação EspíritaBrasileira, essas reuniões permi-tem que o trabalhador possa en-tender a urgência e a importânciade se realizar um trabalho unifica-do. Em Viagem Espírita em 1862,p. 85, Allan Kardec nos chama aatenção para um impositivo es-sencial: Antes de fazer a coisa paraos homens, é preciso formar os ho-mens para a coisa [...].

A pergunta contém a ação-chavepara se realizar a tarefa unificadora,o envolvimento. Contudo, para quenos envolvamos com alguma coisa é preciso entender sua relevância. Écomum vermos o trabalhador iso-lado em sua Casa Espírita, estu-dando o Espiritismo, mas desco-nhecendo a importância de parti-cipar do Movimento Espírita. Es-ta realidade precisa ser trabalhadapelos dirigentes. É necessário queatentemos para uma grave situa-

ção: apaixonamo-nos pela Doutri-na, entretanto, só cogitamos emservi-la de acordo com nossos inte-resses imediatistas. Exercemos a ca-ridade com empenho, disponibili-zamo-nos à reforma íntima; toda-via, não resistimos à primeira con-trariedade e fugimos, alheios e in-conseqüentes, esquecidos dos inol-vidáveis exemplos dos Trabalhado-res da Primeira Hora, que se doa-ram heroicamente, conquistando apalma de Trabalhadores do Bem,por suportarem com rara bravura oassédio do mal. Depois que des-cobri a importância de se trabalharem prol da Unificação, abracei estaidéia, considerando-a como umdos meus mais sérios compromis-sos para com a Doutrina que esco-lhi para servir a Jesus. A Ele rogo asbênçãos necessárias para me vencera cada novo dia.

Reformador: Qual o número deCentros e de Entidades Assistenciaisno Estado do Ceará? OOllggaa:: São 96 Casas filiadas à Fede-ração Espírita do Estado do Ceará.Entretanto, mesmo as Casas não fi-liadas participam conosco do Mo-vimento Espírita. Re-unir é, indis-cutivelmente, outro grande desa-fio no trabalho unificador, a nos re-quisitar tempo e paciência... Umdia entenderemos Bezerra de Me-nezes quando, carinhosa e pater-nalmente, nos lembra que “isola-dos seremos apenas pontos de vis-ta” [Mensagem “Unificação”, psico-

Convivência eUnificação

13Junho 2006 • Reformador 221111

Olga Lúcia Espíndola Freire Maia, presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará,

ressalta a importância de se realizar um trabalho unificado, com base na convivência

OLG A LÚ C I A E. FR E I R E MA I AEntrevista

grafada por Francisco Cândido Xa-vier, em 1963].

Reformador: Como funciona otrabalho de Unificação no Ceará?OOllggaa:: A Unificação é muito falada,pouco entendida e vivenciada. Te-mos notícias de Vianna de Carva-lho, pelejando para congregar a fa-mília espírita de nosso Estado. Como passar do tempo, muitas almaspersistentes, em verdadeiras liçõesde abnegação e firmeza de propósi-tos, suportaram inúmeras dificul-dades e lutas acerbas para fincar aBandeira do Consolador Prometi-do na Terra da Luz. Não podemosnos esquecer de Benvindo da CostaMelo que, após um difícil períodovivido pelo Movimento Espíritacearense, reuniu um grupo de tra-balhadores e fundou a FEEC, rein-tegrando o Ceará ao Conselho Fe-derativo Nacional e viabilizando decisiva ação unificadora.

Hoje, o trabalho de Unificaçãocontinua sendo o grande desafio,do qual não nos é lícito afastar, ig-norar e, muito menos, adiar. Em2006, a Federação Espírita do Esta-do do Ceará tem como “carro-che-fe” o Programa “Estação Kardec –Ano II”, com o tema central “Kar-dec e o Trabalhador de Unificação”.

A primeira ação desse Programacontou com a participação de Di-valdo Pereira Franco, que realizouum Seminário direcionado exclusi-vamente aos trabalhadores, diri-gentes e coordenadores de todo oEstado, abordando o tema “O Espí-rita e o Compromisso para com aCasa Espírita”. Estamos direcionan-do nossos melhores esforços com o

objetivo de reunir o maior númerode trabalhadores das casas espíritas,filiadas ou não, para participaremde seminários, de cursos, de encon-tros, objetivando a integração doMovimento Espírita e a unificaçãodos procedimentos básicos.

Reformador: O que considera im-portante para a Unificação?OOllggaa:: A convivência é de vital im-portância. Como unificar, se nãonos unimos? Como unir, se não nosconhecemos? Como nos conhecer,se não nos encontramos? No ano de2005, inspirada em Leopoldo Ma-chado, a FEEC reprogramou a Ca-ravana da Fraternidade no sentidode fazer acontecer vários encontrosdo Movimento Espírita cearense.Observando o asseverado em O Li-vro dos Médiuns (capítulo XXIX,item 334), foram organizadas visitasentre as Uniões Distritais Espíritas(UDEs), objetivando formar o nú-cleo da grande Família Espírita. AFEEC vem realizando outras decisi-vas ações de unificação. Empenhou--se em convidar antigos trabalhado-res de nosso Movimento Espíritapara se reintegrarem ao trabalho fe-derativo, inclusive no interior do Es-tado, onde se encontra grande difi-culdade para todos os DirigentesFederativos. Uma ação decisiva paraa Unificação, e que muito nos forta-leceu, foi a aproximação com a Fe-deração Espírita Brasileira e com asFederativas do Nordeste. Constata-mos, imediatamente, o enorme be-nefício que esta aproximação trazpara qualquer Federação, por maiore bem estruturada que seja. A uni-ficação é um sonho que precisa se

realizar. Para isto, necessitará demuitos corações dedicados. Esta-mos conscientes de que é um traba-lho lento, contudo, urgente. Difícil,mas não impossível. Árduo, nãoobstante cheio de encantos. Precisa-mos envidar todos os esforços aonosso alcance a fim de orientar, deesclarecer, de reunir, de capacitar, deenvolver aqueles que divulgam o Es-piritismo, realizando um verdadei-ro trabalho de “Evangelização”, queobjetiva expulsar definitivamente denossos corações a atitude de perso-nalismo, que nos faz desperdiçar asmais sagradas oportunidades deservir a Jesus, tendo em vista que,fascinados pelo interesse pessoal, oque mais freqüentemente fazemos éservir a nós mesmos, sem ter, es-sencialmente, contribuído para otrabalho com o qual nos compro-metemos antes de reencarnar.

Em O Evangelho segundo o Espi-ritismo, o Espírito de Verdade nosconvida ao “divino concerto”, co-mo a nos lembrar que só unidospoderemos transformar o nossomundo... Que nossas mãos “tomema lira”, e nossas vozes se unam! Esteé o único caminho para que possa-mos verdadeiramente fazer a von-tade do Pai, que está no Céu.

Reformador: Quais as ações e re-flexos das comemorações do Bicen-tenário de Kardec em seu Estado? OOllggaa:: As comemorações do Bicen-tenário de Allan Kardec foram pro-movidas em pequenos e grandesmomentos, na Federação, nasUniões Distritais, nas Alianças Re-gionais e na intimidade das casasespíritas. A Federação Espírita do

14 Reformador • Junho 2006 221122

15Junho 2006 • Reformador 221133

Estado do Ceará abriu oficialmenteas comemorações do Bicentenáriorealizando, em 2004, um Congressoque teve por tema “A atualidade deAllan Kardec”e contou com a parti-cipação de Divaldo Pereira Franco eJosé Raul Teixeira, para um públicode 1.600 adultos e 400 jovens. En-cerramos as referidas comemora-ções em novembro de 2005, porocasião do X CONECE – Congres-so Espírita do Estado do Ceará –,com o tema central “À Luz do Espi-ritismo”. Contudo, a FEEC escolheucomo ação principal para homena-gear nosso Codificador o Programa“Estação Kardec – Ano I”, tendo portema “O Centro Espírita segundoAllan Kardec”. Foram realizadasinúmeras visitas, na capital e no in-terior, levando às casas espíritas de-bates acerca do modelo de Kardec,para trabalharmos o Centro Espí-rita. Os reflexos destas ações só po-derão ser sentidos com o tempo.Esperamos, sinceramente, que es-tes esforços tenham contribuídopara que aqueles que simplesmen-te acreditavam nos fenômenospossam ter-lhes descortinado a fa-ce moral. Os que já conseguiam vero conteúdo filosófico, mas só oaplicavam aos outros, tenham si-do ajudados para o aplicarem a simesmos; semeando, para dentrode seus corações, a própria refor-ma. E, por fim, tenham aumen-tado o número daqueles que se es-forçam sinceramente em praticara moral espírita: será este o me-lhor e mais verdadeiro tributo aovaloroso trabalhador do Cristo,que veio com a missão de prepa-rar o Mundo de Regeneração.

Na grande escolaPor vezes, alma querida,Recolhes-te ao desalento,Como quem traz fogo lentoNo imo do coração...Não te detenhas, no entanto,Trabalha, medita e escuta:Não há vitória sem lutaNas sendas de elevação.

Na grande escola da vida,De quanto anoto e conheço,Toda alegria tem preço,Seja na Terra ou no Além;Ama e crê, serve e perdoa,A dor que te desafiaÉ bênção de cada dia,Degrau de ascensão ao bem.

Não te lastimes. Trabalha.Fita o próprio mundo em torno,O trigo morre no fornoPara ser pão a servir;A argila desaparece,Sob tensão desumana,Fazendo-se porcelana,Enriquecendo o porvir.

Assim também, tempo afora,Ajuda, apóia, esclarece,Acende a chama da preceE segue à frente, alma irmã!...Por mais triste seja a noite,Que te envolve a caminhada,Nas luzes da madrugada,O dia volta amanhã.

Maria Dolores

Fonte: XAVIER, Francisco C. A vida conta. São Paulo: CEU, 1980. Cap. 21, p. 66-67.

e você me perguntar, preza-do leitor, qual o móvel dasações humanas, não serei

nem um pouco original ao respon-der que é o anseio de felicidade.

Também não é nenhuma no-vidade que raros a encontram,não que esteja aquém das possi-bilidades humanas, mas, simples-mente, porque as pessoas pare-cem ter perdido o caminho que aela conduz.

Voltaire (1694-1778), o irreve-rente filósofo francês, definia bemessa situação:

Os homens que procuram a feli-cidade são como bêbedos que nãoconseguem encontrar a própria ca-sa, mas sabem que têm uma.

A felicidade deveria ser um es-tado natural, como uma casaaconchegante que nos abriga, pro-porcionando-nos proteção e bem--estar.

Afinal, por que nos sentir-mos infelizes, se temos

por Pai um Deus deinfinito Amor eMisericórdia, quetrabalha incessan-

temente por nós?Que representam percal-

ços, dores e atribulações daexistência humana, senão ins-

trumentos de depuração, prepa-rando-nos para glorioso destino?

O problema é que nos perdemosem desvios de entendimento. Pre-valece, na sociedade humana, comraras exceções, um comportamen-to que engloba duas concepções:

� HedonismoA existência orientada para a

busca do prazer, envolvendo gas-

tronomia, cinema, televisão, sexo,viagens, álcool, cigarro…

�UtilitarismoO empenho por ganhar dinhei-

ro em atividades comerciais eprofissionais para atender às exi-gências do... prazer.

Tudo o que fuja dessa orien-tação é considerado perda de tempo.

Impensável retornar aos ban-cos escolares, cogitar de recicla-gem e aprendizado, a não ser queo objetivo seja ampliar a própriaeficiência e produzir mais e me-lhor, de forma utilitária, em bene-fício do hedonismo.

Por isso, quando convidado aparticipar de uma atividade de ca-ráter espiritualizante, há quem re-fugue, alegando falta de tempo, pa-ra não cometer a indelicadeza deexprimir a convicção de que é pu-ra perda de tempo.

Interessante, neste particular,lembrar uma expressão de Rous-seau (1712-1778) em sua obramaior, O Emílio:

Ousarei expor aqui a mais im-portante, a maior, a mais útil regrade toda a educação.

É não ganhar tempo, mas per-dê-lo.

Perda de tempoS

RI C H A R D SI M O N E T T I

Considerando que a educaçãoé, basicamente, o aperfeiçoamen-to integral de todas as aptidõeshumanas, diríamos que é precisoaprender a perder tempo, mesmosob o ponto de vista utilitário.

Somente assim conseguiremosdesenvolver algo que costumamosnegligenciar, mas que é funda-mental, em favor de nosso bem--estar: a conquista dos valores es-pirituais.

Acima do homem físico, en-volvido com a dimensão mate-rial, contida nos estreitos limitesdo imediatismo terrestre, há oEspírito imortal, que não mer-gulhou na carne para atender asimples objetivos utilitários ouhedônicos.

Há um motivo bem mais im-portante.

Estamos aqui para evoluir! Poderíamos definir esse objeti-

vo como o aprimoramento de nos-sas faculdades intelectuais e mo-rais, partindo do homo sapiens pa-ra o homo angelicus, do ser pensan-te para o ser angélico.

Para que isso aconteça é pre-ciso perder tempo, mergulhandonos porquês da Vida, definindo oscaminhos que devemos trilhar,avançando nos domínios da vir-tude e do conhecimento.

Quanto ao hedonismo, háuma observação genial, de Bar-bev D’aurevilly, novelista france-sa (1808-1889):

O prazer é a felicidade dos loucos.A felicidade é o prazer dos sábios.

A sabedoria que faz a verdadei-ra felicidade consiste em procuraro prazer em atividades que repre-sentem alguma aquisição para anossa alma, não importando a ida-de, sem comprometimentos físi-cos ou espirituais.

Lamentável, nesse particular,quando a pessoa dá por encerradoo expediente da vida, desinteres-sando-se de qualquer iniciativa,principalmente daquelas que di-zem respeito à nossa condição deEspíritos imortais.

É preciso conservar a vivacida-de, o ideal de aprender, de des-dobrar experiências, cultivando oprazer de ampliar horizontes.

Do alto de seus oitenta e cincoanos, um senhor contestava:

– Ah! Meu filho! Tudo isso émuito bonito, mas não serve pa-ra mim. Já fiz o que tinha de serfeito. Agora estou em tempo debalanço!

Seria ótimo que estivéssemostodos em permanente avaliaçãoexistencial, procurando eliminardefeitos e conquistar virtudes.

O problema é que ele se referianão ao balanço da existência, masà cadeira de balanço.

E dizia permanecer em expecta-tiva, à espera do momento em quevestiria o pijama de madeira paramorar na cidade dos pés juntos.

Não entendia que lá ficarão ape-nas nossos ossos.

Espíritos imortais, iremos ha-bitar outros planos do Infinito,compatíveis com as virtudes e osconhecimentos desenvolvidos naTerra.

Portanto, sempre é tempo pa-ra algo aprender, no empenho per-manente por vencer as própriaslimitações, buscando os prazeresmais nobres, que envolvam nos-so aprimoramento moral e espi-ritual.

A propósito, leitor amigo, con-vidando-o à reflexão sobre a feli-cidade, o substrato do prazer, umprovérbio chinês:

Se você quiser ser feliz por umahora, tire uma soneca.

Se quiser ser feliz por um dia, vápescar.

Se quiser ser feliz por um mês,case-se.

Se quiser ser feliz por um ano,herde uma fortuna.

Mas, se quiser ser feliz pela vidainteira, ajude o próximo.

17Junho 2006 • Reformador 221155

famoso físico StephenHawking, em seu livrointitulado O Universo nu-

ma Casca de Noz, expõe de formainstigante que: Uma borboleta ba-tendo as asas em Tóquio pode cau-sar chuva no Central Park de NovaIorque.1 Como ele mesmo explica,não é o bater das asas, pura e sim-plesmente, que gerará a chuva, masa influência deste pequeno movi-mento sobre outros eventos em ou-tros lugares é que pode levar, porfim, a influenciar o clima.2

Chama-nos atenção a seqüên-cia de catástrofes naturais que têmocorrido nos últimos tempos. Es-timativas não-oficiais apontam pa-ra o desencarne [sic] em massa demais de 30 mil pessoas, sendo quemais de 100 mil pessoas perderamsuas casas, importando num dosmaiores cataclismos que atingiramo Irã, similar ao ocorrido emsetembro de 1978.3 Seja com o tsu-nami na Indonésia, que arrasou

tantas cidades e provocou tantadestruição, seja com os furacõesque se reúnem num conselho dedeuses feito de ventos e raios no gol-fo do México e se conjugam no Ka-trina, que sai cheio de ira e de ener-gia, invade países e termina des-truindo Nova Orleans [seria in-fluência das “borboletas” huma-nas destroçadas no Iraque?] ouainda o Rita, com a mesma fúria, e,agora, o terremoto da Caxemira,no Paquistão, região de confrontocom a Índia, onde forças estão empermanente vigília para guerrear e,de repente, unidas pela desgraça,deixam as armas, ocupam as am-bulâncias e se unem pela solida-riedade.4

Devido a esses estrugidos danatureza, surgem em várias partesdo mundo grupos de pessoas fa-náticas que criam seitas e cultosestranhos, abandonam emprego,família, à espera do “juízo final”.Só na França, conforme a Revista

ISTOÉ, de 4 de agosto de 1999, hácerca de 200 delas, com 300 miladeptos. No Japão, vários “gurus”prevêem o “final do mundo”. NosEstados Unidos, 55 milhões deamericanos acham que falta poucopara o mundo acabar. Para esses, osfuracões que têm destruído a regiãocentral do país são anjos enviadospara punir os homens, anunciandoo “grande final”.5

Não é nada confortador o sur-gimento de pessoas com essas es-tranhas crenças que se multipli-cam mundo afora, obscurecidasna razão pela expectativa de uma“nova era”. Até mesmo nas hos-tes espíritas têm surgido algunslivros com idéias que induzem a muitos incautos ao pânico ou àhipnose catastrofista do quantopior melhor.

Nos dias atuais, ante a lei decausa e efeito não precisamos pos-suir o talento de premonição pa-ra vaticinar sobre o panorama

ReaçõesNatureza

OJO RG E HE S S E N

da

18 Reformador • Junho 2006 221166

Capa

terrestre para muito breve. Osterremotos, os furacões, as inun-dações, as erupções vulcânicas eoutras catástrofes naturais sãouma parte inevitável do pulsarda Natureza. Isto não quer dizerque não possamos fazer algumacoisa para nos tornarmos menosvulneráveis. Aprender com as ca-tástrofes de hoje para fazer frenteàs ameaças futuras6 – recorda-nos Kofi Annan, secretário-geralda ONU, ressaltando que cabe atodos nós retirar lições de cadatragédia. Em muitas situações onexo causal entre a catástrofe e a ação humana acha-se presente.Os homens alteram a composi-ção geológica com escavações, des-matamentos, aterros e outros mais,e sua imprevidência acaba geran-do as ocorrências das menciona-das catástrofes “naturais”.

Nessa conjuntura de medopressagia-se alguma situação so-bre um próximo cenário terrenoem total marasmo. Sabe-se nasuniversidades européias que a po-luição de veículos automotores noVelho Continente mata mais doque acidentes de trânsito. Perce-be-se o vigor da expansão do con-sumo das drogas, a banalizaçãodo comportamento sexual veicu-lado por revistas, jornais, televi-são, cinema, teatro, videocassete,TV a cabo, computador, etc.

Discute-se a legalização das dro-gas, cita-se o desemprego estru-tural (resultante do fenômenoglobalizante), comenta-se a rup-tura da ordem, etc. Especula-se so-bre a sombria previsão da drásti-ca redução do manancial de água

potável para daqui a quatro déca-das. Acerca disso alguns estudio-sos prevêem conflitos mundiais,tendo como elo de causa a corridapelo controle do líquido vital. Nósnos acostumamos sempre a ouvirque o Brasil não tem terremotosnem tufões. Mas não esqueçamos aseca, tão cruel quanto aqueles e que,agora, na terra das águas, chega aoAmazonas. Os rios estão secandoali, onde existe 12% da água doceda Terra.7

Sabemos com Kardec que osgrandes fenômenos da Nature-za, aqueles que são consideradoscomo uma perturbação dos ele-mentos, não são de causas impre-vistas, pois tudo tem uma razão deser e nada acontece sem a permis-são de Deus.8 E os cataclismos àsvezes têm, como imediata razão deser, o homem. Na maioria dos ca-sos, entretanto, têm por único mo-tivo o restabelecimento do equilí-brio e da harmonia das forças físi-cas da Natureza.9

Enquanto as penosas transi-ções do século XXI se anunciamao tilintar das moedas, ecoandonas bolsas de valores, as forças es-pirituais reúnem-se para a grandereconstrução do porvir. Aproxi-ma-se o momento em que se efe-tuará a aferição de todos os valoresmorais terrestres para o ressurgi-mento das energias criadoras deum mundo novo. Nessa jornada alição de Jesus não passou e nãopassará jamais. Na luta dolorosadas civilizações Ele é a luz do prin-cípio e nas suas mãos repousamos destinos da Terra.

Nesse mundo só tereis aflições,

mas tende bom ânimo [disse o Mes-tre], Eu venci o mundo.10 Nesse avi-so constatamos que realmenteassim é a vida neste planeta, emque para uma hora de alegria oufelicidade temos dias e dias detristeza e dor. Assim mesmo con-tinuamos vivendo dia após dia,confiantes em que somos Espíritoseternos, criados para a excelsitudeespiritual.

Os pessimistas insistem sempreem considerar que a maneira ne-gativa e sombria de perceber ascoisas do mundo é uma formarealista de viver. Na verdade, seolharmos a vida com muita emo-ção (distantes do raciocínio) va-mos encontrar motivos que nosabatem os ânimos em qualquerlugar e em qualquer situação;crianças carentes, fome universal,guerras, violência urbana, seqües-tros, carestia, insegurança social,corrupção, acidentes catastróficose por aí afora. Entretanto, é umdever para com nosso bem-estarestarmos adaptados à vida, com oque ela tem de bom e de ruim,sem necessariamente contempo-rizarmos com tudo. Estar preocu-pado significa estarmos sempreprocurando melhorar as condiçõesatuais, fazer alguma coisa a fim demudar a situação para melhor. Es-sa preocupação é uma atitude sa-dia e desejável.

Lembremos que sempre há tem-po para a prática dos códigos evan-gélicos, condição única que deter-minará a grande transformaçãoglobal do futuro. Será o final domundo velho, deste mundo regi-do pelo preconceito, pelo orgu-

19Junho 2006 • Reformador 221177

Capa

anto para a filosofia quantopara a teologia e tambémpara o misticismo, a relação

entre Deus e a Substância do Uni-verso é um dos pontos mais rele-vantes para uma teoria da religião.

Antes mesmo de considerar asimplicações morais da existênciade Deus enquanto supremo legis-lador, é preciso investigar teorica-mente as “condições de Sua exis-tência”, tarefa que ocupou filósofose teólogos desde o início dos tem-pos, uma vez que destas concepçõesderivam os conceitos e o entendi-mento da relação homem–Deus,Deus–Mundo, Deus–destino, e ou-tras implicações que constituem ocerne da Religião.

Para se ter idéia da importânciadeste assunto, lembramos que oateísmo é fruto da revolta contrauma péssima imagem de Deus, oDeus humano e exterior, escondidoem algum recanto dos céus. Umacompreensão filosófica simplistaou deturpada da natureza de Deuspode portanto resultar nos maioresabsurdos quanto à interpretação desua influência no Mundo, gerandodoutrinas baseadas no medo, na ex-pectativa, na dicotomia da vida, queresultam invariavelmente em an-gústia, descrença e rebeldia.

Ainda na raiz das tradições reli-giosas mais avançadas da Antigüi-dade, tais quais as da Índia, do Egi-to, da Mesopotâmia, da Judéia e daGrécia, vê-se uma multiplicidadede perspectivas que variam entre odualismo radical, doutrina que semanifesta ainda nas igrejas cristãsarcaicas e no islamismo institucio-nal, até as manifestações monistasmais complexas.1

Na tradição ocidental, o dualis-mo, doutrina que opera irrecon-ciliável cisão entre espírito e maté-ria, Deus e Mundo, normalmenteopondo-os, ocasionando inclusivedesprezo e demonização do aspec-to terreno da existência, foi sempreassociado ao antropomorfismo e aaspectos mais populares da Reli-gião. E a idéia de dois mundos, odos deuses e o dos homens, comdistintas naturezas, casou-se per-feitamente com a idéia de deuseshumanóides, com traços físicos epsicológicos similares aos humanos.

Por sua simplicidade estas idéiasganharam terreno em todas as cul-turas, enquanto os princípios maisespiritualizados da Religião perma-

neceram nos cultos iniciáticos. Deespírito simples, os homens daque-le tempo, como muitos de hoje,precisavam representar por ima-gens fortes e distintas as duas esfe-ras da realidade humana, usando aimaginação para preencher as la-cunas de conhecimento sobre a vi-da espiritual, e opondo de maneirasimplista os “dois mundos”, comose fossem antagônicos, e não se di-vidiam também os deuses em for-ças do mal e do bem, do Céu e daTerra, estando esta última invaria-velmente entregue ao mal.

Mesmo nos textos de Platão,malgrado sua compreensão da ma-téria como cópia de modelos ar-quetípicos preexistentes, o que de-nota um monismo de princípio,nota-se uma certa depreciação doelemento material como impuro eoposto ao Bem.

Tal idéia colabora com a ima-gem de um Deus separado, alheioao mundo material, como se a estenão houvesse também criado e nelenão se revelasse.

Foi decerto no Egito e na Índiaque surgiu a idéia do Pan-en-teís--mo,2 expressão criada no século

É o Espiritismo umPanenteísmo?

22 Reformador • Junho 2006 222200

THU M B E RTO SC H U B E RT CO E L H O

1Doutrinas que professam a unidade econexão de todas as coisas a partir de suaorigem em Deus.

2Pan=tudo; Teo=Deus. Pan-en-teísmo li-teralmente significa Tudo em Deus.

XIX por Karl C. F. Krause para de-signar a compreensão filosófica deDeus sempre presente e atuante naNatureza, como mantenedor e vi-vificador eficaz e perene de tudo oque existe. Não confundir com adoutrina do Panteísmo, que afirmaque “Tudo-é-Deus”, e que foi re-jeitada pelos Espíritos nas questões15 e 16 de O Livro dos Espíritos,pois a afirmação de que tudo sejaDeus gera decréscimo ou de Deusou do homem a algo sem indivi-dualidade definida, visto que sendoa mesma coisa um dos dois tor-na-se atributo do outro.

De um ponto perdido no tem-po a Índia e o Egito parecem seros nascedouros da religião filosó-fica, e por nosso registro culturalocidental somos obrigados a nosconcentrar no segundo, de ondeparte a ciência e a sabedoria denossa tradição. As marcas que ofaraó Amenófis IV, o Akhenaton,e Hermes Trismegisto deixarampara a posteridade nos indicam asombra da sabedoria egípcia emseu esplendor original.

Fundamentado na consciênciaclara da ligação entre todas as coi-sas da Natureza, sua dependênciadireta de Deus, o Sol dos mundos,o Vivificador de Tudo, Trismegis-to proclama que todas as coisassão uma substância desprendidade Deus, e que as diferenças exis-tentes entre as manifestações des-ta emanação se devem ao teor vi-bratório que elas atingiram, ouseja, o grau em que se agitam im-pulsionados pela crescente Vonta-de que todos os seres possuem, aforça da vida que cresce neles até

torná-los plenos de vida, pensa-mento, ação.

Após o contato com o Egito osjudeus transformaram a sua crençapatriótica do deus guerreiro numareligião avançada e espiritualizada.Embora a imagem antropomórficaapareça em alguns livros da Bíblia,a Cabala hebraica conserva, no con-ceito de Ensof, a idéia de que Deusvive e atua em todos os lugares, to-dos os seres, todos os povos.

Na Gália, na Península Ibérica,na Bretanha, na Germânia e nosBalcãs adoravam-se os carvalhos,as flores, os porcos, os cervos e ostrovões como divinos que são,obras das forças harmônicas e pre-sentes em tudo que eles não con-ceituavam mas pressentiam comosendo a própria Natureza e o pró-prio Universo.

Orfeu, poeta grego da era pré--clássica, bebeu dessa fonte e trou-xe à Grécia tanto a teoria da me-tempsicose quanto a visão de umUniverso animado e sustentado pe-la Vontade Absoluta.

Pitágoras aprendeu de Orfeu edos próprios sacerdotes egípcios,com os quais viveu cerca de trintaanos, chegando a um extrato bas-tante puro da antiga sabedoria.Entendeu que as diversas substân-cias do mundo se diferenciam pe-lo grau de complexidade que atin-giram, que uma harmonia perfeitase manifesta na Natureza comoLeis, e na mente como Razão.

Sócrates e Platão coroam o en-sinamento antigo pré-cristão coma moralização da doutrina panen-teísta, vendo Deus como Sol das al-mas, a Verdade alcançável pelo in-

telecto virtuoso e conhecedor de simesmo, que lança luz sobre assombras dos vícios e ilusões, ex-tinguindo-os. Pregam a reforma dapersonalidade como via de regene-ração da natureza real da alma e di-vulgam a essência da filosofia anti-ga para toda a coletividade.

Faltava ainda ao mundo oexemplo da vitória completa dapersonalidade e da possibilidadede se chegar a uma virtude e pu-reza divinas. Quando Jesus veioao mundo a Humanidade viu quea luz divina pode brilhar atravésde um de nós. Vislumbrou-se odestino das criaturas terrenas e ameta do longo progresso. Seusapóstolos dão testemunho regis-trado de sua doutrina e vida. Res-guardadas as diferenças intrínse-cas entre as duas esferas de exis-tência, os apóstolos nos dizemque “vivemos e nos movemos emDeus”, que “nós somos deuses”,que “os mansos herdarão a Terra”,tudo isso referindo-se a este mun-do. Uma visão bem diferente dopessimismo dualista que o enxer-ga como maldito e impuro.

Os heróis da Era Cristã tentaramresgatar a pureza e a sublimidadeda idéia filosófica de Deus, que seapagou sob o jugo da Igreja de Ro-ma, malgrado os esforços de Plo-tino e da Escola de Alexandria noinício da Era Cristã. Francisco deAssis viu pedras, animais e plantascomo seres divinos. Na Renascençauma série de intelectuais, sendoBruno o maior deles, reavivam asdoutrinas da sabedoria antiga, doinfinito, dos muitos mundos habi-tados, do Deus que se mostra em

23Junho 2006 • Reformador 222211

todas as coisas. A Reforma, nasmãos de Hus e Lutero, proclamauma vida cheia de Deus, a simplici-dade dos evangelhos e a liberdadeda consciência – dom divino quedignifica o homem e faz dele ver-dadeira imagem de Deus.

Na modernidade Paracelso,Böhme, mestre Eckhart, Espinosae Leibniz defenderam a idéia daunidade fundamental do Mun-do como substância emanada deDeus, em distintos graus de per-feição, mas em harmonia entre sino Todo da Natureza. A revoluçãosilenciosa da Religião na Europa,ao contrário de suas lutas intesti-nas em espaço público, levou qua-tro séculos para atingir seu apo-geu na poesia de Goethe e na filo-sofia de Hegel, na Alemanha, e cul-minar na sistematização da Dou-trina Espírita, na França.

A Doutrina Espírita nos diz queo Espírito também é composto de

matéria, embora quintessenciada,que a vida dorme no mineral, pa-ra atravessar progressivamente ascarreiras vegetal e animal até des-pertar plenamente na inteligênciado Espírito. André Luiz nos diz,em Evolução em Dois Mundos, queo Universo é a condensação dohausto do Criador. León Denisnos fala claramente em Depois daMorte:

“[...] O que a Ciência derruiupara sempre foi a noção de umDeus antropomorfo, feito à ima-gem do homem, e exterior aomundo físico. Porém, a essa noçãoveio substituir uma outra mais ele-vada, a de Deus, imanente, semprepresente no seio das coisas. [...]”

Sim, o Espiritismo é também umpanenteísmo, pois afirma que tudopromana de Deus, e portanto tudoé bom e divino. O desprezo pelamatéria é despropositado em nossaDoutrina. Ela também nos diz,

como a antiga sabedoria, que vive-mos e nos movemos em Deus.

Bibliografia: DENIS, León. Depois da morte. 25. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2005. Parte Segunda, cap.

“Os grandes problemas”, item IX, “O Uni-

verso e Deus”, p. 118.

DURANT, Will. A história da filosofia. In: Os

pensadores. São Paulo: Nova Cultural,

1996.

______. O livro de ouro dos heróis da his-

tória. São Paulo: Ediouro, 2001.

KARDEC, Allan. A gênese. Rio de Janeiro:

FEB, 1999.

______. O livro dos espíritos. 11. ed. de

bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

REALE, Giovanni e ANTISERI Dario. História

da filosofia. Vol. II. São Paulo: Paulos,

1990.

XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito

André Luiz. Evolução em dois mundos. Rio

de Janeiro: FEB, 1977. Primeira Parte, cap.

I, “Fluido Cósmico”.

24 Reformador • Junho 2006 222222

25Junho 2006 • Reformador 222233

Humanidade vem passan-do por um momento, real-mente, singular. Nunca fo-

ra tão grande o seu desenvolvi-mento intelectual. E mesmo anali-sando-se o aspecto moral, vemosque, se de um lado existe a guerra,produto do egoísmo humano, poroutro há intenso movimento debusca pela paz, resultado de umamor latente que já começa a des-pertar no ser. Porém, é de se ques-tionar como se deu esse processode transmissão do saber e do sen-tir, entre as gerações.

A Ciência, especialmente a Ge-nética, com as suas heranças mo-nogênicas e multifatoriais, não en-controu, até o presente momento,um gene específico responsável pe-la transmissão do intelecto, muitomenos do moral. Eis por que édifícil entender, sob a ótica mate-rialista, como pais simplórios po-dem ter filhos geniais, ou comopais cobertos de valores éticos po-dem ter filhos com sérios distúr-bios comportamentais.

Os espiritualistas, que são to-dos aqueles, de diversas religiões,que vêem além da matéria gros-seira, admitem a existência de umacausa maior para o problema daexistência. Contudo, não conse-guem muitas vezes compreenderao certo o porquê de questões co-

mo essas aqui levantadas, pois queconsideram o início da existênciado ser como sendo o começar davida terrena.

Nesse sentido, como entendera diferença dos homens de hojepara os homens de outrora? Se osgenes, respectivamente, da inte-lectualidade e da moralidade nãoexistem, e se somos criados to-dos, Espíritos imortais, no mo-mento da concepção material, porque somos diferentes de nossosancestrais? Deveríamos, segundoessas óticas, ser iguais, começan-do de um mesmo patamar, e nãomais sapientes que eles.

Esclarecendo essas perguntas,encontramos, de forma ilumina-da e sábia, as palavras de Allan Kar-dec, em A Gênese, um dos livrosdo pentateuco espírita, no cap. XI,item 33, quando argumenta que“[...] sem a reencarnação, comose explicaria a diferença que exis-te entre o presente estado social eo dos tempos da barbárie? Se asalmas são criadas ao mesmo tem-po em que os corpos, as que nas-cem hoje são tão novas, tão pri-mitivas, quanto as que viviam hámil anos [...]”.

Se essas almas são tão novas,todo o progresso que uma gera-ção atingira teria que ser refeitopela geração subseqüente, a me-

nos que esses mesmos progressos,de inteligência e de moralidade,fossem transmitidos de geraçõespara gerações pelos genes. Entre-tanto, tais genes não existem.

Sendo assim, nós, Espíritos queestamos em tempos mais civiliza-dos, não fomos criados mais per-feitos do que os nossos antepassa-dos, pois que Deus é justo e a to-dos cria, de forma igual, tampou-co recebemos tais conquistas emnossos genótipos. Na realidade,somos antigos, e por isso hojeestamos mais aperfeiçoados, vistoque adquirimos conhecimentos eaprendemos a amar em diversasreencarnações. Eis por que Kardec,mais à frente, na mesma parte docitado livro, conclui ser essa “aúnica explicação plausível da cau-sa do progresso social”.

Pitágoras já sabia da reencarna-ção. Sócrates e Platão, também.Orígenes, igualmente. E a Doutri-na Espírita vem relembrá-la, poisque a mesma se encontra explici-tada em Jesus, quando o Mestrediz: “Eu vos declaro que Elias jáveio, e não o conheceram, mas fi-zeram-lhe tudo o que quiseram.Assim farão eles também pade-cer o Filho do Homem. Então osdiscípulos entenderam que lhesfalara de João Batista”. (Mateus,17:12-13.)

Somos antigos

ALE O NA R D O MAC H A D O

26 Reformador • Junho 2006 222244

Conselho Espírita Internacional

A 11a Reunião Ordinária doConselho Espírita Internacional,desenvolveu-se em Assunção, Pa-raguai, nas dependências do GranHotel del Paraguay, contando como apoio do Movimento EspíritaParaguaio, nos dias 21 a 23 deabril de 2006. Esta reunião inter-nacional foi concomitante com arealização da 3a Semana Espíritada mesma cidade.

O evento do CEI foi aberto comsaudação feita por Gloria Avalos deYnsfrán (Paraguai) e a prece pro-ferida por Olof Bergman (Suécia),responsável pela sua direção. Após

esclarecimentos prestados pelo se-cretário-geral do CEI, Nestor JoãoMasotti, passou-se à saudação pe-los representantes dos países.

Integração de novasEntidades no CEI

Foram aprovadas as integra-ções, com direito a representaçãoplena: União Espírita Alemã; co-mo instituições observadoras: Aso-ciación Civil de Proyección Moral(CIPROMO), de Tegucigalpa, Hon-duras; Asociación Civil Sócrates, dacidade de Barquisimeto, Venezue-

la; Franciscan Spiritist House, deSidney, Austrália, e Allan KardecSpiritist Group, de Nova Zelândia.

Relato de atividades

Os representantes de 28 paísesrelataram as atividades realizadas eprogramadas: Hênia Seifert (Ale-manha); Amélia Antonio Cazalma(Angola); Juan Antonio Durante(Argentina); Glória Collaroy (Aus-trália); Charles Kempf (represen-tando a Bélgica); Eduardo Nanni(Bolívia); Altivo Ferreira (Brasil);Gérman Tellez (Colômbia); Odette

Assunção sedia

Abertura da Reunião: O secretário-geral do CEI presta esclarecimentos

Reunião do CEI

27Junho 2006 • Reformador 222255

Lettelier (Chile); Carmen Agra-monte (Cuba); Edwin Bravo (re-presentando El Salvador); FreddyAuléstia Léon (Equador); SalvadorMartín (Espanha); Charles Kempf(França); Edwin Bravo (Guatema-la); Elsa Rossi (representando a Ho-landa); Nancy Calderón (Hondu-ras); Luis Hu Rivas (representandoo México); Maria Euny HerreraMasotti (representando a Norue-ga); Glória Collaroy (representan-do a Nova Zelândia); João Dalledo-ne (Reino Unido); Enrique Baldo-vino (representando a Itália); JorgeSegovia (Paraguai); David Ochoa(Peru); Olof Bergman (Suécia);Gorete Newton (Suíça); José N.Vasquez Lópes (Venezuela); Eduar-do dos Santos (Uruguai).

Pela Comissão Executiva do CEI,o secretário-geral Nestor Masottiinformou sobre o programa de edi-ção de livros de Allan Kardec e deFrancisco Cândido Xavier, em vá-rios idiomas, destacando os recém--lançados livros de André Luiz, emfrancês. Prosseguem as edições deLa Revue Spirite em francês e em es-panhol, esta última com tiragem de

dez mil exemplares; haverá ediçõespróximas em esperanto e em inglês,e a edição em russo está disponívelapenas na página eletrônica. O Cur-so de Capacitação de Dirigentes Es-píritas, realizado em Brasília, em ju-lho de 2005, por sugestão do Con-selho Espírita da América do Nor-te, produziu repercussões positivas.Antonio Cesar Perri de Carvalhorelatou experiência de Semináriosde Capacitação de Dirigentes Es-píritas realizados em Montreal,Washington, Londres, Paris, NovaYork e Guayaquil. Está se amplian-do o trabalho do CEI pela Internet.

Houve análise e consideraçõessobre os resultados decorrentes do4o Congresso Espírita Mundial pro-movido pelo CEI, em Paris, em ou-tubro de 2004, e esclarecimentospor Oceano Vieira de Melo sobre olançamento dos DVDs de AllanKardec e do referido Congresso.

5O Congresso EspíritaMundial

Este evento, promovido peloCEI, com apoio da Confederação

Espírita da Colômbia (CONFECOL),está programado para a cidadede Cartagena de Índias, na Co-lômbia, de 10 a 13 de outubro de2007. Ricardo Lequerica (coor-denador da comissão organiza-dora do Congresso) apresentou aproposta geral do evento, queocorrerá no Centro de Conven-ções de Cartagena de Índias, ten-do como tema central “DoutrinaEspírita: 150 Anos de Luz e Paz”.

Coordenadorias de Apoioao Movimento Espírita

Os relatos sobre as Reuniõesdas Coordenadorias e suas prin-cipais atividades foram feitos porCharles Kempf (Europa), EdwinBravo (América Central e Cari-be), Fabio Villarraga (Américado Sul). Na ausência justificadado Coordenador da América doNorte, Cesar Perri apresentou in-formações sobre o 1o CongressoMédico-Espírita dos Estados Uni-dos, programado para os dias 7 e 8 de outubro de 2006, emWashington.

Representantes dos países-membros do CEI (I)

Encontros e Semináriospelo CEI

Nestor Masotti fez conside-rações sobre o andamento des-tas ações. O Curso do CEI, reali-zado em Brasília, em julho de2005, foi um marco para o pla-nejamento e estímulo de açõesem vários países. Apresentaçãopor Cesar Perri sobre os Semi-nários já realizados e os progra-mados para este ano: Portugal,Espanha, EUA (Flórida e Cali-fórnia), Inglaterra e na Reuniãoda Coordenadoria do CEI-Euro-pa (22 de setembro).

Difusão do Livro Espírita

O secretário-geral do CEIfalou sobre as traduções reali-zadas e em andamento e infor-mou que o CEI está atuando emvárias frentes, a fim de viabilizaras obras de Kardec, de AndréLuiz e de Emmanuel, em váriosidiomas. O importante é divul-gar o livro espírita, mantendo fi-delidade ao seu texto original.Desenvolve-se um processo dereestruturação administrativa do

CEI, para ensejar a edição deobras espíritas.

Difusão da DoutrinaEspírita pela Internet

Apresentação por Luis Hu Ri-vas do projeto “Difusão Mundialdo Espiritismo”, que inclui a dina-mização da página eletrônica doCEI, a utilização da televisão viaInternet (web tv) e de rádio espíri-ta, com eventos ao vivo.

Esperanto

Ismael de Miranda e Silva falousobre os congressos de Esperantoe sobre o papel que vários tradu-tores de obras espíritas estão rea-lizando, principalmente em paísesdo leste europeu.

Propostas e sugestões

O CEI aprovou as seguintes rea-lizações, por proposta da FEB:

a) a adoção das Campanhas Vi-ver em Família, Em Defesa da Vidae Construamos a Paz Promovendo oBem!, após várias manifestações fa-voráveis; ressaltando-se o relato de

Gloria Ynsfrán de que se utilizou dosmateriais das citadas Campanhaspara a realização da 3a Semana Es-pírita, de Assunção, tendo como te-ma “A Família, a Vida e... a Paz”;

b) a recomendação para que asEntidades integradas ao CEI pro-movam comemorações alusivas aos150 anos da publicação de O Livrodos Espíritos, durante o ano de 2007.

Foi definido que na próximaReunião do CEI será colocada empauta a análise sobre o planejamen-to de suas reuniões e atividades.

Próxima reunião

Será realizada na cidade de Car-tagena de Índias (Colômbia), nosdias 14 e 15 de outubro de 2007,em seguida ao encerramento do 5o

Congresso Espírita Mundial. O as-sunto principal será o tema do Ses-quicentenário “Doutrina Espírita– 150 Anos de Luz e Paz”.

Após as saudações e considera-ções finais, feitas pelos represen-tantes dos países, houve apresen-tação musical típica e uma emo-cionante prece de encerramentofoi proferida, em idioma guarani,por Gloria Ynsfrán.

28 Reformador • Junho 2006 222266 Reformador • Junho 2006

Representantes dos países-membros do CEI (II)

A música faz bemà saúde?

MA RTA AN T U N E S MO U R A

Em dia com o Espiritismo

Ciência responde à per-gunta de forma afirmati-va. Trata-se, obviamente,

de músicas selecionadas, capazes demovimentar energias inimaginá-veis, favorecedoras da harmoniafísica e psíquica. Nesta situação, apessoa se sente mais equilibradaquando escuta, por exemplo, Ocravo bem temperado, de Bach, AFlauta Mágica, de Mozart, A NonaSinfonia de Beethoven, ou a Sa-gração da Primavera, de Igor Stra-

vinski, cujas vibrações elevadaspossuem “[...] infinitos encantospara os Espíritos [...]”.1

Os efeitos da música sobre asaúde são conhecidos desde a An-tigüidade. Em papiros egípcios,escritos há mais de 2.500 anosa.C., existem relatos de prescri-ções médicas que recomendavama música como meio de favorecera fertilidade feminina. Os egípciosassociavam a música aos proces-sos de cura, à indução hipnótica e

aos estados de transe. A músicapara Platão (428-347 a.C.) é “oremédio da alma”. Shakespeare(1564-1616), famoso dramaturgoe escritor inglês, aconselhava naabertura da sua peça Noite deReis: “Se a música é o alimentodo amor, continuem tocando”.Goethe (1749-1832) só escreviasob a audição de sinfonias, asquais, no seu entender, represen-tam “a fonte do pensamento e dosentimento puros”.

A

Nos dias atuais, existem cientis-tas que analisam metodicamente océrebro humano, procurando en-tender os benefícios que certos,acordes musicais produzem namanutenção ou na recuperação dasaúde. A Doutrina Espírita escla-rece, porém, que os benefícios (oumalefícios) da música ocorrem emnível do Espírito e não do corpo fí-sico: “[...] A alma é apta a percebera harmonia [musical], excluído to-do o concurso de instrumentação,como é apta a ver a luz sem o con-curso de combinações materiais. Aluz é um sentido íntimo que a al-ma possui: quanto mais desenvol-vido ele, tanto melhor percebe elaa luz. A harmonia é igualmente umsentido íntimo da alma, que a per-cebe em relação com o desenvol-vimento desse sentido. [...]”2

A utilização da música comoinstrumento terapêutico é práti-ca relativamente recente. Ocorreupela primeira vez nos Estados Uni-dos, logo após a Segunda GuerraMundial, quando um grupo depsiquiatras constatou o poder cal-mante que algumas músicas exer-ciam em neuróticos e psicóticosde guerra. Nascia, dessa forma, amusicoterapia, uma ciência para-médica que utiliza a música e seuselementos constituintes (ritmo,melodia, harmonia, movimentos,etc.) com objetivos terapêuticos.

O professor Hermann Rauhe,da Universidade de Hamburgo,estudioso do assunto, pede pru-dência no uso da terapia musical,afirmando a existência de pesqui-sas científicas que apontam parao efeito nocivo de certas músi-

cas: “O despejar contínuo de cer-tas estruturas musicais duras, co-mo o acid rock, durante horas delazer não é apenas capaz de nosfazer adoecer, como também po-de ser a causa de certos tipos deconhecimento serem totalmenteapagados do nosso cérebro. Po-dem provocar enfartos cardíacose até arteriosclerose”. A DoutrinaEspírita justifica esta assertiva, in-formando que “ [...] nos graus infe-riores, essas harmonias são ele-mentares e grosseiras [...]”.3 O Es-pírito Lamennais, em mensagemmediúnica, também esclarece que“[...] a música vulgar faz vibrar osnervos, nada mais [...]”.4

A musicoterapia é uma profis-são de natureza multidisciplinar,constituída por profissionais –psicólogos, fisioterapeutas, fono-audiólogos, enfermeiros, educa-dores, etc. – que atuam em con-junto com os médicos. Os musi-coterapeutas lidam com uma ga-ma variada de enfermos, desdeos que apresentam dificuldadesmotoras e emocionais leves aosportadores de patologias graves(autismo, doenças mentais, cân-ceres) ou de lesões cerebrais de-generativas (mal de Alzheimer eparalisia cerebral). A profissão sefirmou com os trabalhos realiza-dos na Universidade da Califór-nia, na década de 90. Pesquisa-dores desta instituição desen-volveram um interes-sante estudo sobre osbenefícios da músicaclássica e erudita noorganismo huma-no. Esta pesquisa,

conhecida como “o efeito Mozart”,submeteu voluntários à audiçãode músicas de Mozart, durantedez minutos por dia. Os resulta-dos foram surpreendentes, des-tacando benefícios na saúde dosdoentes e melhoria do desenvol-vimento cognitivo.

“O efeito Mozart”, termo cunha-do por Alfred A. Tomatis, causoualgumas controvérsias no univer-so científico da época porque nemtodos os pesquisadores consegui-ram reproduzir a pesquisa.No entanto, entre 1993 e1997, o neurobiólogoamericano GordonShaw desenvolveumétodo de pes-quisa específi-co em que as-sociou o com-putador a apa-relhagem mé-dica sofistica-da. Testou oefeito das mú-sicas de Mozartno cérebro hu-mano e analisou,em seguida, o ti-po de estímuloproduzido no or-ganismo humano.Para efeito de con-

30 Reformador • Junho 2006 222288

sistência científica, Shaw e equi-pe utilizaram apenas uma peçamusical de Mozart, a Sonata paradois pianos em ré maior (K448).Estes cientistas conseguiram ma-pear áreas do cérebro, ativadas pelamúsica do compositor austríaco,com o auxílio de aparelhos de res-sonância magnética e processoslógicos de computação eletrônica.Perceberam, então, que a música,além de estimular o córtex auditi-vo – local de processamento dossons no cérebro –, também atua-

va nas texturas cerebrais as-sociadas à emoção. “Com

Mozart, o córtex inteirose acende”, afirmou,

na ocasião, MarkBodner, um dos

pesquisado-res da equipede Shaw. Pos-teriormente,foi verificadoque somente as

músicas de Mo-zart, entre ou-

tras músicas usa-das como con-

trole na pesquisa,ativavam áreas do

cérebro envolvidasna coordenação mo-

tora, visão e outros processosmais sofisticados do pensamento.

Este trabalho se revelou comode grande valia científica, não so-mente por caracterizar o “efeitoMozart”, objeto da pesquisa, maspor abrir espaço a novas pesqui-sas. As investigações científicas re-centes indicam que a música, usa-da como terapia, tem capacidadede melhorar a qualidade de vidadas pessoas, por favorecer o sonoe a concentração mental; a memó-ria e aprendizagem; a intuição ea criatividade. Reduz o estresse, for-talece a vitalidade, a imunidade eo sistema nervoso. Certos gêne-ros musicais apresentam resulta-dos altamente favoráveis à recu-peração da saúde do enfermo,quais sejam: a) composições mu-sicais de Mozart; b) músicas bar-rocas – gênero musical existentenos séculos XVI e XVII; c) Can-tatas de Johann Sebastian Bach(1685-1750) e as Oratórias (ópe-ras sacras) de George FriedrichHändel (1685-1759); d) músicaspré-românticas – músicas erudi-tas que marcaram o período detransição entre o classicismo e oromântico; e) algumas partiturasdo compositor alemão Ludwigvan Beethoven (1770-1827) eoutras do austríaco Franz PeterSchubert (1797-1828).

A literatura espírita nos oferecevastas informações sobre a mú-

sica, como apoio terapêu-tico ou entretenimento.

Somente na obra NossoLar, encontramos tre-ze referências sobre oassunto, que tratam,

entre outros, da audição e per-cepção musicais; do trabalhodos músicos; dos diferentes tiposde instrumentos musicais; dasmúsicas celestiais; dos “orien-tadores da Harmonia” que aten-dem os habitantes da Colônia;dos “embaixadores da Harmo-nia”, cujos acordes musicais sãoescutados apenas pelos que têmdesenvolvida a audição espiritual;do “Campo da Música” – espaçocultural da Colônia dedicado àmúsica; das clarinadas musicaisde ocorrência comum na Colônia;dos aspectos intrigantes sobre oscorais e coros; dos hinos para fes-tejar eventos e, como não pode-ria deixar de ser, relatos sobre amusicoterapia. A propósito, na fa-se de recuperação dos sofrimen-tos vividos no Umbral, André Luizfoi especialmente beneficiado como poder curativo da música em di-ferentes oportunidades, provocan-do-lhe renovação de suas energiasespirituais.5, 6

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.

Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro,

2005. Questão 251, p. 187.2_____. Obras póstumas. 38. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2005. Primeira parte, “Músi-

ca espírita”, p. 200.3Idem, ibidem.4KARDEC, Allan. Revista espírita. Maio de

1861. Trad. de Evandro Noleto Bezerra.

Rio de Janeiro: FEB: 2005. p. 240. 5XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar. Pe-

lo Espírito André Luiz. 55. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2005. Cap. 3, p. 27-29.6Idem, ibidem, cap. 17, p. 111-113.

31Junho 2006 • Reformador 222299

este ano, comemora-se o centenário de férteisiniciativas em prol da divulgação do esperan-to no Brasil.

Até 1906, quando o esperanto estava para comple-tar vinte anos de existência, as atividades dos adep-tos em nosso país caracterizavam-se por um traçomuito natural de toda atividade pioneira: não eramorganizadas, manifestavam-se por iniciativas de in-divíduos que lançavam as primeiras sementes ampa-rados tão-somente em seu fervoroso idealismo,usando os recursos disponíveis nos meios que se lhesabriam por força de prestígios e talentos pessoais.

É assim que, compulsando o excelente registro dopioneiro esperantista Antônio Caetano Coutinho(1879-1970), intitulado “Notas sobre o Esperanto noBrasil, até 1906”, publicado na obra Esperanto-Modelo,da FEB, vemos desfilar os nomes de oradores, escrito-res, articulistas, artistas, professores que, fermentandoos círculos sob sua influência, iam preparando o terre-no para as belas florações esperantistas do futuro.

Dentre tantos ali mencionados, destaca-se a emi-nente figura de Medeiros e Albuquerque1 que, em onúmero 76, de 15 de abril de 1898, da “RevistaBrasileira”, dirigida por José Veríssimo,2 faz publicar

fecunda matéria sob o título “Uma língua interna-cional – Esperanto” em que, lançando um olhar sobreos projetos de língua universal anteriores ao esperan-to, exalta a genial criação do Dr. Zamenhof. Brilhatambém nesse cenário o vulto do desembargador daRelação do Estado do Rio de Janeiro, Dr. JácomeMartins Baggi de Araújo (? -1912), cujos folhetos depropaganda arrebanham para as fileiras esperantistaso literato brasileiro Artur Azevedo.3 É graças aos arti-gos de Artur Azevedo, em O Paiz, que CaetanoCoutinho se deixa atrair pelos ideais esperantistas,vindo depois a tornar-se um dos mais ativos propa-gandistas da Língua Internacional, no Brasil.

Multiplicam-se os pioneiros, cresce a divulgaçãoem artigos, discursos, manuais de ensino, cursos, e énesse contexto que despontam astros da grandeza deJoão Keating (1868-1927), Tobias Rabello Leite(1852-1920) e Everardo Backheuser (1879-1951), osquais, por iniciativas de cunho associativo, fazem doano de 1906 um marco na divulgação do esperantono Brasil, pois até então os esperantistas agiam isola-damente, sem uma associação comum para a organi-zação de uma propaganda sistemática.4

João Keating, professor de francês e italiano, eTobias Leite, engenheiro de ferrovias, fundam em

Centenáriosesperantistas em 2006

N

32 Reformador • Junho 2006 223300

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

1José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque(Recife, 1867 – Rio de Janeiro, 1934), jornalista, escritor, profes-sor, político, membro fundador da Academia Brasileira de Letras,autor da letra do Hino à proclamação da República.

2José Dias de Matos Veríssimo (Óbidos, 1857 – Rio de Janeiro,1916), crítico e historiador literário, membro fundador da Acade-mia Brasileira de Letras.

3Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo (São Luís, 1855 – Rio deJaneiro, 1908), teatrólogo e contista, membro fundador da Aca-demia Brasileira de Letras.

4Expressão colhida no verbete Brazilo (Brasil) da Enciklopedio deEsperanto (Enciclopédia do Esperanto), edição de 1979 da Asso-ciação Húngara de Esperanto, reimpressão da 1a edição de 1933,publicada por Literatura Mondo (Mundo Literário).

Campinas, em 17 de março de 1906, o primeiro clu-be esperantista do Brasil, o “Suda Stelaro” (Constela-ção do Sul), cujo centenário vem sendo, desde marçodo corrente ano, condignamente comemorado peloscírculos esperantistas daquela cidade, onde, tambémsob a inspiração desse jubileu, realiza-se, de 13 a 19de julho, o 41o Congresso Brasileiro de Esperanto.

No Rio de Janeiro, onde, ainda em 1906, Medeirose Albuquerque obtinha dos círculos governamentais,na pessoa do Ministro Lauro Müller, a decisão, quepor decreto, dava ao esperanto a condição de “línguaclara para a telegrafia”,5 Everardo Backheuser inicia-va, nos fins de maio daquele ano, um curso de espe-ranto nas páginas de O Paiz. Já de algum tempo o fa-moso periódico também publicava cursos de francêse inglês. O valor do esperanto começou a evidenciar--se após a 3a e 4a aulas, quando chegavam à Redaçãocartas de alunos com pouquíssimos erros, enquantoas redigidas em inglês e francês atingiam os respecti-vos professores repletas de erros, algumas pratica-mente ininteligíveis.

O sucesso animou Backheuser de tal forma que elepropõe a fundação de um clube de esperanto. A ade-são foi tão entusiasmada que no dia 29 de junho de1906, na própria sede do jornal, 100 adeptos se reú-nem e fundam o “Brazila Klubo Esperanto”, cuja pri-meira diretoria era composta por Backheuser (pre-sidente), Nuno Baena e Nerval de Gouvêia (vice--presidentes), Lauriano das Trinas (secretário) e Ho-nório Leal (tesoureiro).

A ação do Brazila Klubo, ao longo de sua existên-cia, foi invariavelmente fecunda, tanto pela promo-ção de conferências, cursos, em diversos e importan-tes círculos culturais, como também por lançar asbases sobre as quais se consolidaria o Movimento Es-perantista no Brasil.

Foi certamente sob a influência positiva das ativi-dades do BKE que, em abril de 1907, surge a “BrazilaRevuo Esperantista” (Revista Esperantista Brasileira),realiza-se, em julho do mesmo ano, o 1o Congresso

Brasileiro de Esperanto, cuja abertura solene foi pre-sidida pelo Ministro do Interior, Tavares de Lira, e,como decisão do próprio congresso, funda-se a“Brazila Ligo Esperantista” (Liga Esperantista Bra-sileira), atualmente “Brazila Esperanto-Ligo” (LigaBrasileira de Esperanto). A “Brazila Revuo Esperan-tista” torna-se órgão oficial da recém-fundada Liga e,em setembro de 1908, adota definitivamente o nomede “Brazila Esperantisto” (Esperantista Brasileiro).

O autor destas linhas teve a feliz oportunidade, nosprimeiros anos da década de 60, de freqüentar reu-niões do BKE, ali recebendo a fecunda e inesquecívelinfluência de grandes esperantistas como Jozefo Joels,J. B. de Mello e Souza, Carlos Domingues, todos já fale-cidos, bem como de Jorge Campos de Oliveira e Flo-riano Pessoa que ainda militam com brilho nas fileirasdo Movimento Esperantista brasileiro.

O “Brazila Klubo Esperanto”, após prestar, durantecerca de 80 anos, relevantes serviços à causa da LínguaInternacional em nosso país, deixou de funcionar porvolta de 1986, quando a sede da Liga Brasileira deEsperanto se transferiu para a Capital Federal, mas oelevado espírito de fraternidade, que sempre reinouem seus quadros e impregnava suas atividades, aindainfluencia poderosamente os serviços do esperanto noBrasil, envolvendo nos mais nobres sentimentos a al-ma idealista das novas gerações que hoje conduzem osdestinos da causa de Zamenhof em nossa terra.

Honra, glória e gratidão aos bravos pioneiros de1906!

Bibliografia:BRAZILA ESPERANTISTO, Rio de Janeiro, RJ: BEL, 1908. Coleçãode 1956.ENCICLOPÉDIA BRASILEIRA MÉRITO, São Paulo, Rio de Janeiro,Porto Alegre, Recife, 1958. ENCIKLOPEDIO DE ESPERANTO, Budapest: HEA, 1979. p. 604. LAPENNA, Ivo. Esperanto en perspektivo. Londres, Rotter-dam:UEA, 1974. p. 844. BRAGA, Ismael Gomes. Esperanto-modelo. 2. ed. Rio de Janeiro,RJ: FEB, 1991. p. 224. COURTINAT, Léon. Historio de Esperanto. Bellerive-sur-Allier,França: 1964-66. p. 1332, (3 volumes).PITON, James Rezende. Notoj pri la historio de Esperanto enBrazilo. Disponível em http://www.aleph.com.br/kce/historio-b-02-eobrazilo.htm. Acesso em 5 abr. 2006.

33Junho 2006 • Reformador 223311

5A União Telegráfica Internacional só o faria 20 anos após a deci-são brasileira.

34 Reformador • Junho 2006 223322

Simbioseespiritual

semelhança de uma plantatrepadeira, que se enroscan-do ou se agarrando a outra

passa a nutrir-se dela, participando,de contínuo, dos acontecimentos desua existência, há entre encarnadose desencarnados um processo de as-sociação similar.

Quando agasalhamos anseiosde natureza inferior, e continua-mente mantemos na tela mentalidéias de origem viciosa, irradia-mos para o plano extrafísico da vi-da aquele desejo, estabelecendouma verdadeira “varredura”. Destemodo, encontramos Espíritos quesimpatizam com o mesmo objeti-vo, e que percebendo nossa “bus-ca”, aproximam-se de nós, estabele-cendo a parceria.

A quantidade de mentes desen-carnadas ávidas de sensações físi-cas é muito grande. Espíritos ocio-sos, negligentes, baldos de fé e deconhecimentos sobre os princípiosque orientam a vida, vivem pe-rambulando entre os encarnados.Muitos tentam desesperadamentemanter-se o mais possível ligadosà vida material, da qual não en-

contram coragem para separar--se; outros carregaram para a vi-da além-túmulo os vícios a que seescravizaram na vida física, e queestão a reclamar satisfação. Alguns,

inconformados pela decepção denão haverem encontrado o céuque esperavam, mas que nada fi-zeram por conquistar, tentam do-minar as mentes fracas que seajustam aos seus estados de mo-

ralidade desequilibrada. Com isto,procuram manter-se o mais pró-ximo possível de um estado de vi-da material, numa espécie de des-forço por sua decepção ao se ve-rem frente a frente com a realida-de que não esperavam.

O simples fenômeno da mortenão modifica o estado moral e in-telectual de quem desencarna, mas,ao contrário, faz o desencarnadosentir-se exatamente como sem-pre foi quando no corpo físico, ra-zão por que a satisfação daquelesobjetivos se torna imperiosa parao Espírito inferior. Assim, na me-dida em que são alimentadas fi-xações que interessem a ambos osparceiros, fica instituído um vín-culo, criando-se a dependênciamútua em que se comprazem, eque acaba por transformar-se em“necessidade”. Esta parceria, em ge-ral, prolonga-se por tempo inde-terminado, já que é estabelecidapassiva e voluntariamente, embo-ra sem que os parceiros percebamque são os próprios promotoresdaquela situação. O encarnado bus-cando continuamente alimentar-se

ÀMAU RO PA I VA FO N S E C A

O simplesfenômeno da

morte nãomodifica o

estado morale intelectual

de quemdesencarna

das forças inferiores do desencar-nado, o qual, por sua vez, encon-tra nele a “ponte”para manter vi-vas as sensações físicas a que seescravizou.

Muitas vezes o vínculo é tão for-te, e nos alimenta a insânia com talintensidade, que a sua supressãorepentina poderia provocar-nos afalência, quiçá a desencarnação. Es-ta simbiose, muito mais freqüentedo que se possa imaginar, é a cau-sa, em grande proporção, dos so-frimentos na crosta planetária, on-de o homem pouco afeito às ativi-dades espirituais elevadas prefereignorar a realidade que o aguardae render-se aos doces embalos dosgozos materiais e paixões munda-nas, atendendo, com esta atitude, odesejo do parceiro desencarnado, etransferindo-lhe as sensações porele esperadas.

Para chegar ao resultado dese-jado, o hóspede explora a invigi-lância do seu hospedeiro, não coma intenção de prejudicar, perse-guir ou vingar, mas de alimentarseus anseios através dele, estimu-lando-lhe as fraquezas, que pro-

cura destacar, exaltando-lhe a vai-dade e sugerindo-lhe um descul-pismo complacente, sempre que a consciência, infalível guardiã, oadvirta do erro e do perigo imi-nente.

Para romper os grilhões queprendem um ao outro, hóspede ehospedeiro, busquemos a Dou-trina Espírita: ela nos ensina nãohaver outro meio de vencermos ainfluência de um Espírito infe-rior, senão nos tornando mais for-tes do que ele. No “vigiai e orai”, oCristo sintetizou a solução: orando,haurimos forças para resistir à ten-tação de nos rendermos; vigiando,nos policiaremos preventivamente,para evitarmos chegar ao estado dedependência. A chave para a solu-

ção do problema estará em manter--se a mente ocupada com assuntosde elevado conteúdo moral e inte-lectual, através da leitura, da fre-qüência a palestras, conferências ecursos e, paralelamente, dedicar-mo-nos à prática do bem em todasas suas formas e expressões, o quealém de desviar nosso pensamentopara estados vibratórios mais eleva-dos, também nos favorecerá com aassistência mais estreita dos bonsEspíritos que, sempre atentos àsnossas necessidades, procurarão es-timular-nos os esforços, amparan-do-nos em momentos de vacilaçãoe dúvida.

s homens que estudam osignificado das palavras ouglossaristas definem edu-

cação como “processo de desen-volvimento da capacidade física,intelectual e moral da criança e doser humano em geral, visando àsua melhor integração individuale social”. A definição parece dizertudo e, no entanto, ficamos nacondição de quem escuta um dis-curso e ao final reclama: Seráque compreendi?

Em Sociologia, educaçãoé a boa conduta nos rela-cionamentos sociais. ParaAndré Luiz, que temoscomo mestre, em seuConduta Espírita, psico-grafado por Waldo Viei-ra, é “a vivência do bomcomportamento socialfundamentado no bomsenso, que nos ajuda a dis-cernir”. E o autor espiritual,ainda em sua “Mensagem ao Lei-tor”, na abertura do livro, afirmahaver reunido algumas páginas emseu pequeno grande livro comindicações cristãs que nos permi-tam “burilar as nossas atitudesno campo espírita”, levando-nosa aprofundar raciocínios já queatitude não significa simplesmenteuma postura do corpo, mas uma

disposição de espírito, isto é, men-tal. E é nesse sentido que, em se tra-tando de educação e fé, iremos cui-dar neste trabalho.

Costumamos afirmar em nos-sas humildes exposições orais queo espírita é um ser diferente. Maso dizemos só no recinto da CasaEspírita e falando para espiritis-

tas, isto é, para aqueles que o sãopor convicção e fé e, ao mesmotempo, se dispõem a assumir com-promisso com a Doutrina em ter-mos de simplicidade e humildade.

Tratando, então, de educação efé, queremos salientar uma con-

duta cristã, que entendemos co-mo dever de nos conduzir peran-te o mundo como perante o mun-do manifestou-se o Cristo deDeus. Numa época difícil, de mui-ta ignorância, e ante uma Huma-nidade ainda adolescente, apre-sentou-se com total humildadedesde a manjedoura até o calvá-rio. Não nos compete, portanto,apenas aparentar, mas demonstrar

o que efetivamente sentimos emtermos de fraternidade e à luz

de uma consciência crísti-ca. É nesse sentido que oespírita precisa ser dife-rente.

Todavia, nos pergun-tamos: É isso fácil? Bas-ta a compreensão de se-guidores de Jesus para

nos conduzir tal qualEle nos ensinou a condu-

zir-nos? Não! Somos cons-cientes de nossas imperfei-

ções. E o que nos move é efeti-vamente a fé viva em Jesus e ointeresse numa conduta realmen-te espírita, já que o Espiritismo éa grande ciência do Espírito comamplos caracteres de religiosida-de! Logo, para que tenhamos con-dição de superar nossas referidasimperfeições, é necessário man-ter, com apoio na fé, atitudes segu-

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O

Educação e féINA L D O LAC E R DA LI M A

ras: eu devo, eu preciso, convémque eu seja socialmente fraternalpara com todos.

A Doutrina nos ensina que “féinabalável só o é a que pode enca-rar frente a frente a razão, em to-das as épocas da Humanidade”.Logo, não nos basta acreditar, massaber se naquilo em que acredita-mos repousa efetivamente a verda-de. Quando a fé se reporta à cren-ça em Deus, na sua existência, noseu poder e amor por todos nós,sentimo-la efetivamente inabalá-vel! Entretanto, quando queremoster efetiva confiança em nossacapacidade de superação de nossosdefeitos e fraquezas, já aí nos senti-mos enfraquecidos e desejosos demais segurança, donde a exigênciade um comportamento atitudinalda mente.

E vêm em nosso auxílio os Men-sageiros do Senhor, aqueles que já

galgaram suficientes condições desuperar as próprias incapacitaçõespara o bem, o que faz André Luiz,advertindo-nos da necessidade deburilar as nossas atitudes, os nos-sos efetivos poderes mentais, afim de nunca nos deixarmos en-tregues aos velhos hábitos de in-certeza e insegurança, diante decertos desafios sociais.

Aprendemos que através da fé,e a propósito da educação, Deusestará sempre conosco. Mas apren-demos também que Ele não fa-rá por nós aquilo que é de nossacompetência. No entanto, não nosnegará a inspiração necessária des-de que saibamos manter sob vigi-lância constante as nossas atitu-des, bem salientadas por Jesus, naparábola das virgens prudentes edas virgens loucas (Mateus, 25:13).Por conseguinte, uma coisa é terfé e outra é sabermos manter

comportamento mental condi-zente com aquilo em que cremos.Deus jamais faltará àquele que semantiver consciente de seus deve-res e da vigilância de suas virtu-des. Por isso é que ao espírita ja-mais deve faltar a conduta do ver-dadeiro seguidor de Jesus, massem vaidade, sem intenção de semostrar em coisa alguma acimaou superior aos outros, que sãonossos próximos e irmãos em Hu-manidade.

Através de tudo isso cresce ese aprimora, em nós, a educação.Quanto mais perseverantes nesterealismo espiritual, mais ricos deexperiências nos tornamos e maisvigorosa se apresenta em nossoEspírito a fé, uma vez que ela, emhipótese alguma, nos deixarásem o apoio da razão, que não éum estado imaginativo, mas umarealidade veraz.

Realizou-se na cidade de Neiva,Departamento de Huila, no perío-do de 12 a 15 de abril passado, o XICongresso Espírita Colombiano,organizado pela Federação Espíritado Sul Colombiano e apoiado pelaConfederação Espírita Colombia-na, entidade representativa do Mo-vimento Espírita daquele país.

Sob o tema de “Atualidade daDoutrina Espírita no Mundo Con-temporâneo”, vários conferencistasnacionais e estrangeiros aborda-ram assuntos de grande atualida-de para o momento em que vive-

mos, tais como: Visão materialistado mundo contemporâneo; O Es-piritismo ante a pobreza e as de-sigualdades sociais; Efeitos dainfluência dos Espíritos em nossavida diária; Dor e amor como ins-trumentos de evolução; O Espiri-tismo e a Medicina – um novoparadigma para o milê-nio; Jesus, emissáriode paz e amor paraa Humanidade;

Repercussões orgânicas das pertur-bações espirituais, além de pro-

gramação cultural e artística,como poesia, música, fotogra-fias, esculturas, pinturas e ex-posição de livros espíritas.

Todas as atividades se reali-zaram nas confortáveis depen-dências do Teatro “CaciquePigoanza”, ao qual comparece-ram cerca de quinhentos con-gressistas. A Federação Espí-rita Brasileira se fez represen-tar pelo seu secretário-geral,Evandro Noleto Bezerra.

XI Congresso Espírita Colombiano

37Junho 2006 • Reformador 223355

Sessão de Abertura

No dia 7, às 20 horas, ocorreu aSessão de Abertura, iniciada pelopresidente da Federação EspíritaParaibana, José Raimundo de Li-ma, que fez a saudação aos com-ponentes das Federativas visitan-tes e passou a palavra ao presiden-te da FEB, Nestor João Masotti, oqual cumprimentou os presentes,sendo a prece proferida pelo vice--presidente da FEB, Altivo Ferrei-ra. A seguir, assumiu a direção dostrabalhos o coordenador das Co-missões Regionais, Antonio Cesar

Perri de Carvalho, que convidouos presidentes das Federativas aapresentarem suas equipes, e feza apresentação da equipe da FEB.Compareceram todas as EntidadesFederativas da Região: SebastiãoGeraldo da Silva (Federação Espí-rita do Estado de Alagoas), CreuzaSantos Lage (Federação Espíritado Estado da Bahia), Olga LúciaEspíndola Freire Maia (FederaçãoEspírita do Estado do Ceará), AnaLuiza Nazareno Ferreira (Federa-ção Espírita do Maranhão), JoséRaimundo de Lima (Federação Es-pírita Paraibana), Waldeck Atade-

mo (Federação Espírita Pernam-bucana), Ornálio Bezerra Montei-ro (Federação Espírita Piauiense),Sandra Maria Borba Pereira (Fe-deração Espírita do Rio Grandedo Norte) e Júlio César Freitas Góes(Federação Espírita do Estado deSergipe).

Houve a exposição da Propostade Comemorações do Sesquicen-tenário do Espiritismo, durante oano de 2007, por Creuza SantosLage e Sônia Maria Arruda Fon-seca, representantes da Região naComissão nomeada pelo CFN.Nesta proposta se inclui a promo-

Reunião da Comissão

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Conselho Federativo Nacional

A Reunião da Comissão Regional Nordeste, em seu vigésimo ano, desenvolveu-se de

7 a 9 de abril de 2006 nas dependências do Hotel Caiçara, em João Pessoa,

Paraíba. Antes da abertura do evento houve uma visita coletiva à sede da Federação

Espírita Paraibana

Regional Nordeste

Abertura da Reunião: o presidente da Federativa anfitriã saúda as delegações visitantes

ção do 2o Congresso Espírita Bra-sileiro, em Brasília, de 12 a 15 deabril de 2007. Em seguida, estabe-leceu-se um diálogo com o Plená-rio, havendo perguntas e suges-tões sobre a referida proposta. Areunião foi encerrada com umaprece.

Reuniões Setoriais

Ocorreram, simultaneamente,com início na manhã de sábado(dia 8), as seguintes Reuniões Se-toriais: a) dos Dirigentes das Enti-dades Federativas; b) da Área doAtendimento Espiritual no Cen-tro Espírita; c) da Área da Ativida-de Mediúnica; d) da Área da Co-municação Social Espírita; e) daÁrea do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita; f) da Área daInfância e Juventude; e g) da Áreado Serviço de Assistência e Pro-moção Social Espírita.

Reunião dos Dirigentes

Realizou-se no sábado a Reu-nião dos Dirigentes, tendo com-parecido os presidentes e repre-sentantes das Entidades Federati-vas de todos os Estados da Região

Nordeste, já mencionadas; da FEBparticiparam: o presidente NestorJoão Masotti, o vice-presidenteAltivo Ferreira; o coordenadordas Comissões Regionais AntonioCesar Perri de Carvalho, o secre-tário-geral Evandro Noleto Bezer-ra, o assessor José Antonio LuizBalieiro e os integrantes da Secre-taria Geral do CFN, Ricardo Silvae Roberto Fuina Versiani.

Feita a prece de abertura dostrabalhos, foram discutidas eaprovadas a Ata da reunião ante-rior e a Pauta desta reunião. Foijustificada a ausência do secretá-rio da Comissão Regional, Fran-cisco Bispo dos Anjos, havendovárias manifestações em reconhe-cimento pelo seu trabalho naRegião.

Na seqüência, José AntonioLuiz Balieiro fez uma apresenta-ção sobre a forma de atuação daFEB no mercado livreiro e apre-sentou proposta de ação junto àsEntidades Federativas, havendoconsiderações do presidente Nes-tor e informações acerca da parti-cipação da FEB na 19a BienalInternacional do Livro de SãoPaulo.

O assunto da reunião anterior– “Preparar o Centro Espírita parainteragir no processo federativo,na sua condição de unidade fun-damental do Movimento Espírita”– foi analisado por todos com re-latos de ações em seus Estados e so-bre o Curso de Formação de Tra-balhadores da Unificação, realiza-do em Recife, nos dias 24 e 25 de

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Reunião dos Dirigentes: Mesa Diretora e dirigentes das Federativas

Sessão de Abertura: Plenário constituído pelos integrantes das Federativas da Região

setembro de 2005, por esta Co-missão Regional.

Cada Entidade Federativa in-formou sobre o andamento doCurso de “Capacitação Adminis-trativa de Dirigentes de CentrosEspíritas”, em seus Estados, seguin-do-se uma apresentação de Ro-berto Fuina Versiani acerca dos con-teúdos adotados, principalmentenos novos Seminários sobre o re-ferido Curso.

O coordenador da reunião so-licitou a colaboração dos presen-tes para se elaborar o perfil dosecretário da Comissão Regional,levando-se em conta o Projeto“Organização da Secretaria Ge-ral do CFN”, aprovado na Reu-nião de 2001. Esclareceu-se que,com base nesse perfil, ocorrerãoas renovações dos secretários dasComissões Regionais. Em segui-da, o coordenador fez um relatosobre o andamento das Campa-nhas Viver em Família, Em Defe-sa da Vida e Construamos a PazPromovendo o Bem!.

Ao final da reunião e conjun-

tamente com os participantes daÁrea do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita, houveapresentação por Ricardo Silva dotema “O Centro Espírita e o Ter-ceiro Setor”, suscitando pergun-tas e respostas.

A próxima Reunião da Comis-são Regional Nordeste, no dia 12de abril de 2007, será realizadaem conjunto com as demais Co-missões Regionais, antecedendoa abertura do 2o Congresso Espí-rita Brasileiro, em Brasília. O te-

ma para esta reunião será defi-nido conjuntamente com as de-mais Comissões Regionais.

Sessão Plenária

Na manhã de domingo (dia 9),desenvolveu-se esta Sessão, ini-ciando-se com a prece de abertu-ra e os esclarecimentos, pelo coor-denador, sobre a nova metodolo-gia, atuando-se em estilo de mesa--redonda, onde cada representan-te de Área fez uma apresentaçãosintética acerca do tema discutidoe suas conclusões e indicação dotema para a próxima reunião; se-guiu-se um momento de partici-pação do Plenário, com pergun-tas e respostas. Eis os relatos dostrabalhos realizados nas seguintesreuniões setoriais:

Área do Atendimento Espiritualno Centro Espírita, coordenadapor Maria Euny Herrera Masotti– Assunto da reunião: “Técnicasde sensibilização e treinamentodos trabalhadores da Área doAtendimento Espiritual, visando

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Área de Assistência Espiritual

Área de Estudo da Mediunidade

a qualidade da tarefa”. Tema paraa próxima reunião: “O Livro dosEspíritos – Leis Morais em Buscado Homem de Bem”.

Área da Atividade Mediúnica,coordenada por Marta Antunesde Oliveira Moura, com a cola-boração da assessora Edna MariaFabro. Assunto da reunião: “Mi-nitreinamento sobre a Dinâmicada Manifestação dos Espíritos naReunião Mediúnica”. Tema para apróxima reunião: “A Mediunida-de em O Livro dos Espíritos – Co-missão Nordeste: A Intervençãodos Espíritos no Mundo Corpo-ral”.

Área da Comunicação Social Es-pírita, coordenada por Merhy Se-ba. Assunto da reunião: “Forma-ção de equipe e treinamento paraotimização da Comunicação So-cial Espírita”. Informou-se sobre o“Encontro Nacional de Comuni-cadores Espíritas”, de 20 a 23 dejulho de 2006, em Brasília, com otema “Integrar para Dinamizar”.Tema para a próxima reunião:“Planejamento estratégico da Co-municação Social Espírita”.

Área de Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita, coordena-da por Elzio Antônio Cornélio,representando a vice-presidenteCecília Rocha. Assunto da reu-nião: “Censo; Interiorização; Mi-nicurso”. Tema para a próximareunião: “A Contribuição do Es-tudo Sistematizado na Constru-ção de um Mundo Melhor”.

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ri-beiro, com assessoria de MiriamLúcia Herrera Masotti Dusi. As-

sunto da reunião: “Acompanha-mento da execução dos Projetoselaborados no IV Encontro deDiretores de DIJ, com foco na interiorização das ações de Evan-gelização”. Tema para a próximareunião: “Os 150 anos da Dou-trina Espírita e a EvangelizaçãoInfanto-Juvenil”. Informou-se queserá realizado o “V Encontro Na-cional de Diretores de DIJ”, emjulho de 2007, em Brasília.

Área do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita, coorde-nada por José Carlos da Silva Sil-veira, com assessoria de Maria deLourdes Pereira de Oliveira. As-sunto da reunião: 1) Realizaçãode cursos intensivos de capacita-ção de trabalhadores para as ati-vidades do SAPSE; 2) O SAPSEnas Campanhas Viver em Família,Em Defesa da Vida e Construa-mos a Paz Promovendo o Bem!.Tema para a próxima reunião:“O SAPSE e as Questões Moraisde O Livro dos Espíritos”, com sub-temas relativos ao idoso, traba-lho e geração de renda, dependên-

cia química e educação na áreaassistencial.

Dirigentes das Federativas: JúlioCésar Freitas Góes, presidente daFederação Espírita do Estado deSergipe, mencionou os principaisassuntos tratados nessa reunião.

Em seguida, o coordenador en-fatizou a proposta de Comemora-ções do Sesquicentenário do Es-piritismo, em 2007, e as Campa-nhas Família, Vida e Paz. A palavrafoi aberta ao Plenário, que se ma-nifestou com perguntas e suges-tões, destacando a importânciadessa modalidade de trabalho coma participação de todas as áreas.

Encerrando os trabalhos, ocor-reram manifestações de despedi-da dos presidentes das EntidadesFederativas; o coordenador agra-deceu a colaboração de todos epassou a palavra ao presidente daFEB, e depois a José Raimundode Lima, presidente da EntidadeFederativa anfitriã, que prestou al-gumas homenagens a dirigentesda FEB e proferiu a prece de en-cerramento.

41Junho 2006 • Reformador 223399

Área de Comunicação Social Espírita

42 Reformador • Junho 2006 224400

Espiritismo no AmazonasA campanha Vamos Construir a Casa sobre a Rocha,promovida pela Federação Espírita Amazonense, reu-niu, todos os meses, expositores de outros Estados.Em fevereiro, Magaly Andrade (RJ) trabalhou, com os jovens, o tema “Caminhando com Jesus”; em março,Alberto Ribeiro de Almeida (PA) falou sobre “Violên-cia e Paz”; em abril, Francisco do Espírito Santo Neto(SP) fez palestra sobre “Auto-estima. Viva em paz con-sigo mesmo” e, no Encontro de Trabalhadores, tratoudo tema “Vamos construir a casa sobre a rocha”; emmaio, Jason de Camargo (RS) falou sobre “Educaçãodos Sentimentos”.

Porto Alegre (RS): Livro sonoro Novidade para estudo e conhecimento do Espiritismoentre deficientes visuais. Está em funcionamento aFitoteca Circulante Bezerra de Menezes, com apoio daFederação Espírita do Rio Grande do Sul, distribuin-do mais de 450 títulos de palestras e livros espíritasem fita cassete. O material, com veiculação gratuita,pode ser recebido mediante um cadastro no sitewww.fergs.com.br Informações: (51) 681-5632, 4349--6943, 3337-0457 ou 9999-0603.

Paraguai: Semana Espírita O Movimento Espírita Paraguaio promoveu em As-sunção, de 16 a 23 de abril, uma Semana Espírita de-dicada ao tema “A Família, a Vida e... a Paz”, desdobra-do em palestras com abordagem sobre Respeitemos aVida – Drogas, não!; Violência, não!; Aborto, não! eConstruamos a Paz Promovendo o Bem!. Divaldo Pe-reira Franco proferiu conferência no dia 18 sobre: “Émelhor viver em família, aperte mais este laço”.

Paraná: Curso Ciência e EspiritismoA Associação Médico-Espírita do Paraná iniciou nomês de março o curso Ciência e Espiritismo, aberto aopúblico interessado. Em abril foi feito um debatesobre o filme O que você pensa que sabe, e também umSimpósio da AME-PR, no dia 29, com o médico

homeopata Alan Archetti. Em 10 de maio houve de-bate em torno do tema “Psico-neuroendócrino-imu-nologia”. Mesa-redonda em 7 de junho, com conclu-sões retiradas dos trabalhos dos meses anteriores.

Livros para Complexo Penitenciário Com o objetivo de levar o hábito da leitura aos pre-sidiários do Complexo Penitenciário da Papuda, oCentro Espírita André Luiz (CEAL), localizado emBrasília (DF), iniciou uma campanha de arrecadaçãode livros espíritas novos ou usados, para montar abiblioteca daquele Complexo Penitenciário. As doa-ções podem ser encaminhadas ao CEAL, no Guará(QE 16, Área Especial). Telefone: (61) 3568-8629.

Portugal: Semana Espírita A Semana Espírita de Portugal, realizada de 16 a 23 deabril passado, contou com a presença de Divaldo Pe-reira Franco, que fez uma palestra, no dia 18, sobre otema “É melhor viver em família, aperte mais estelaço”. O tema central do evento – “A Família, a Vida ea Paz” – foi desenvolvido também por outros pales-trantes, que levantaram a bandeira contra o aborto, aeutanásia, as drogas, a violência e o suicídio.

Homenagens a O Livro dos EspíritosParaná: A Assembléia Legislativa do Estado doParaná realizou no dia 18 de abril, às 18 horas, umaSessão Solene pela passagem dos 149 anos da ediçãode O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, por pro-posição dos deputados André Vargas e Marcos Va-lente Isfer. A cerimônia foi prestigiada com a pre-sença da Federação Espírita do Paraná e de váriasinstituições espíritas, através de seus dirigentes etrabalhadores.

Rio de Janeiro: Os 149 anos de O Livro dos Espíritosforam objeto de homenagem da Assembléia Legisla-tiva do Estado do Rio de Janeiro, em Sessão Solene nodia 18 de abril, às 18 horas, com a presença de repre-sentantes do Movimento Espírita de todo o Estado,havendo palestra de César Soares dos Reis.

Seara Espírita