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_____________________________________________________________________________ MÓDULOS MÓDULO COMPLEMENTAR - DIREITO PROCESSUAL CIVIL Alterações das Leis n. 10.352/01 e n. 10.358/01 CONSIDERAÇÕES GERAIS A Lei n. 5.869/73, denominada Código de Processo Civil, institui o ordenamento processual pátrio, uma vez que a competência para legislar sobre direito processual é privativa da União, nos termos do art. 22 da Constituição Federal. Portanto, as regras nela contidas se aplicam, indistintamente, em todo o território nacional. Com efeito, a extensão da matéria não nos permite realizar um tratado sobre todo o Direito Adjetivo, não sendo diferente nos módulos regulares do nosso Curso do Prof. Damásio a Distância, observando ser sempre recomendável a consulta às bibliografias indicadas, como forma de aperfeiçoamento e busca de excelência no ensino; todavia, nos cumpre facilitar ao máximo o trabalho de nossos alunos no sentido de guiá-los nos surpreendentes caminhos do Direito, e notadamente da produção legislativa, objeto deste trabalho. Diante disso, apresentamos de forma tópica, com breves ensaios, as atualizações operadas no Direito Processual Civil pelas Leis n. 10.352/01 e n. 10.358/01. De plano observamos que serão apresentadas as modificações das leis editadas no ano de 1/331

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Page 1: Reforma da reforma no CPC.doc

_____________________________________________________________________________ MÓDULOS

MÓDULO COMPLEMENTAR - DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Alterações das Leis n. 10.352/01 e n. 10.358/01

CONSIDERAÇÕES GERAIS

A Lei n. 5.869/73, denominada Código de Processo Civil, institui o ordenamento

processual pátrio, uma vez que a competência para legislar sobre direito processual é

privativa da União, nos termos do art. 22 da Constituição Federal. Portanto, as regras nela

contidas se aplicam, indistintamente, em todo o território nacional.

Com efeito, a extensão da matéria não nos permite realizar um tratado sobre todo o

Direito Adjetivo, não sendo diferente nos módulos regulares do nosso Curso do Prof.

Damásio a Distância, observando ser sempre recomendável a consulta às bibliografias

indicadas, como forma de aperfeiçoamento e busca de excelência no ensino; todavia, nos

cumpre facilitar ao máximo o trabalho de nossos alunos no sentido de guiá-los nos

surpreendentes caminhos do Direito, e notadamente da produção legislativa, objeto deste

trabalho. Diante disso, apresentamos de forma tópica, com breves ensaios, as atualizações

operadas no Direito Processual Civil pelas Leis n. 10.352/01 e n. 10.358/01. De plano

observamos que serão apresentadas as modificações das leis editadas no ano de 2001,

porque já vigentes.

Por fim, cumpre observar que no presente trabalho, referente às alterações das Leis

n.10.352/01 e n. 10.358/01, será observada a ordem numérica dos artigos alterados, com

citação da lei responsável pela modificação.

1. DAS ALTERAÇÕES

Das alterações das Leis n. 10.352/01 e n. 10.358/01

1.1. Art. 14

São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: (...)

V – cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à

efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.

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Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos

estatutos da OAB, a violação do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao

exercício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais

cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da

conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo

estabelecido, contado do trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita

sempre como dívida ativa da União ou do Estado.(NR)

Alteração processada pela Lei n. 10.358/01

Ensaio:

Âmbito de Aplicação: a modificação amplia o rol a quem cabe a observância dos

deveres previstos no art. 14, estendendo-os, além das partes, a todos aqueles que de

qualquer forma participam do processo, e não somente aos procuradores, previstos na

antiga redação. Dessa forma, a título de exemplo, os escrivães judiciais, os peritos,

contadores, testemunhas, os funcionários de repartições públicas que estejam obrigados a

fornecer dados ou ainda certidões, também se obrigam aos deveres previstos no art.14, de

boa-fé, lealdade e etc.

Deveres incluídos: em relação à inclusão do inc. V no art. 14, este constitui como

dever de todos os que participam no processo:

cumprir com exatidão os provimentos mandamentais, assim considerados

aqueles em que a autoridade impõe a prática de determinado ato ou observância

de determinada conduta de natureza objetiva, sob pena de desobediência,

podendo ser citados, como exemplos, a busca e apreensão de determinado bem

móvel, a imissão na posse e a desocupação de imóvel.

Não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, não somente os que

encerram o processo (finais) e sim, mesmo aqueles que de forma antecipatória

(interlocutórios), permitem a sua execução provisória, a exemplo das tutelas

antecipadas, em qualquer espécie de processo aplicável.

Das violações aos deveres: em relação ao parágrafo único inserido, este determina

serem as violações às regras do inciso V, quais sejam, o descumprimento de ordens

mandamentais e a resistência à execução, atos atentatórios ao exercício da jurisdição, e

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prevê como sanção a possibilidade de o juiz do feito aplicar multa de até 20% (vinte por

cento) do valor atribuído à causa. Cumpre salientar que tal sanção será aplicada sem

prejuízo das demais sanções cabíveis, a exemplo do crime de desobediência, da

indenização por dano decorrente e etc.

Critério de fixação da multa: De acordo com a doutrina de Tereza Arruda Alvim

Wambier e Luiz Rodrigues Wambier, o critério a ser utilizado na fixação da multa deverá

ser a gravidade da conduta do infrator, e esta será fixada nos próprios autos da ação em que

a violação ocorrer.

Do pagamento: O juiz deve fixar prazo para o pagamento da multa aplicada, prazo

este que terá como termo inicial a data do trânsito em julgado da decisão final da causa, e,

caso o infrator não efetue o pagamento no prazo assinalado, a multa será inscrita como

dívida ativa da União (nas causas de competência da justiça federal), ou do Estado (nas

causas de competência das justiças dos Estados). O beneficiário da referida multa é a

pessoa política prestadora da jurisdição, federal ou estadual, e não a parte contrária,

como se dá nos casos de má-fé, de acordo com a arguta observação constante da doutrina

dos Wambier.

1.2. Art. 154, § único; art. 175 e art. 178

No que tange a esses dispositivos, observa-se somente que as modificações neles

processadas foram vetadas quando da análise do projeto da Lei n. 10.358/01 pelo

Executivo, não alterando, por conseguinte, as atuais disposições constantes dos referidos

artigos.

1.3. Art. 253

Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza:

I – quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;

II – quando, tendo havido desistência, o pedido for reiterado, mesmo que em litisconsórcio com

outros autores. (...) (NR)

Alteração processada pela Lei n. 10.358/01.

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Ensaio:

As previsões instituídas no artigo acima refletem a preocupação com os critérios de

distribuição, de forma a proteger a figura constitucionalmente prevista do Juiz Natural, e

como conseqüência previne que eventuais desistências tenham o condão de modificar o

juiz competente para a causa, objetivando sentenças favoráveis. Com efeito, nas ações em

que há conexão e continência, causas estas de modificação de competência, o juiz é

definido de acordo com o critério da prevenção, consoante as novas regras acima previstas.

E, em havendo desistência e conseqüente repropositura, ainda que haja litisconsortes junto

ao autor originário, a competência do juiz já havia sido fixada pela distribuição, dentre os

diversos juízos existentes na comarca.

1.4. Art. 407

Incumbe às partes, no prazo que o juiz fixará ao designar a data da audiência, depositar em

cartório o rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, profissão, residência e o local de

trabalho; omitindo-se o juiz, o rol será apresentado até 10 (dez) dias antes da audiência.

Alteração processada pela Lei n. 10.358/01.

Ensaio:

Regrando de forma nova a propositura da prova testemunhal, o artigo em estudo não

prevê somente prazo para apresentação do rol de testemunhas, determinando,

preliminarmente, a fixação de prazo pelo juiz para a apresentação do referido rol e,

posteriormente, de forma subsidiária fixa o prazo máximo de 10 (dez) dias antes da

audiência para o oferecimento da lista, com dados completos referentes às testemunhas a

serem ouvidas, caso o juiz não fixe prazo para a apresentação, de forma a possibilitar, com

o prazo e dados especificados, notificação eficaz e posterior comparecimento destas, de

forma a imprimir eficiência à instrução probatória. O legislador alterou o antigo prazo de

05 dias para o atual prazo de 10 dias, com a finalidade ainda de possibilitar a correta

intimação das testemunhas, exigindo por conseguinte a precisão de todos os dados destas,

facilitando a cognição pela outra parte, para fins de argüição de impedimentos e suspeição.

1.5. Art. 431–A e Art. 431-B

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Art. 431 – A . As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo

perito para ter início a produção da prova.

Art. 431 – B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de

conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais

de um assistente técnico.

Alterações processadas pela Lei n. 10.358/01.

Ensaio:

Com o intuito de prestigiar o princípio do contraditório, garantindo assim a ampla

defesa, em sua modalidade técnica, foram inseridos os artigos acima na lei processual,

determinando ao juiz ou ao perito, quando da fixação do início da perícia por estes, a

necessidade de notificação das partes, de forma que venham a nomear eventuais assistentes

técnicos, de sua confiança, para acompanhamento da perícia.

No que tange à possibilidade de nomeação de mais um perito e conseqüentemente

mais de um assistente técnico por área de conhecimento específico, quando a prova crítica

(perícia) necessitar de conhecimentos específicos em mais de uma área, salienta-se que tal

regra, agora legalmente prevista, já vinha sendo autorizada pela jurisprudência, por ser

óbvia.

1.6. Art. 433

Art. 433 (...)

Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10

(dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo.(NR)

Alterações processadas pela Lei n. 10.358/01

Ensaio:

O dispositivo incluso eliminou eventuais dúvidas a respeito da apresentação dos

pareceres dos assistentes técnicos e efetuou algumas modificações em sua sistemática,

determinando a sucessividade dos pareceres, que antes eram oferecidos no prazo comum

ao laudo pericial, e agora têm prazo contado a partir da apresentação do laudo, prazo este

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de dez dias. Esclarece ainda que não há intimação direta aos assistentes, da apresentação

do laudo pericial, mas intimação das partes em litígio, deixando claro o legislador que o

controle procedimental é efetuado pelas próprias partes, uma vez que os assistentes são

meros auxiliares destas.

1.7. Art. 475

Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de

confirmada pelo tribunal, a sentença:

I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas

autarquias e fundações de direito público;

II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da

Fazenda Pública (art.585, VI).

§ 1.º Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja

ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los.

§ 2.º Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito

controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como

no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo

valor.

§ 3.º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em

jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do

tribunal superior competente.(NR)

Alterações processadas pela Lei n. 10.352/01.

Ensaio:

As previsões de reexame necessário, alteradas pelo artigo acima, visam a dinamizar

a prestação jurisdicional e proteger apenas a pessoa jurídica de direito público interno nos

casos que dispõe, senão vejamos:

Da Anulação de Casamento: a nova redação exclui do rol de causas de reexame

necessário a sentença que anula o casamento, como forma de reduzir o controle estatal

relativo a este instituto de direito civil. É bom deixarmos claro que a matéria caiu em

desuso no sistema civil em face da possibilidade do divórcio. A matéria só possuía

relevância jurídica quando o vínculo matrimonial era indissolúvel. (EC n. 9/1977).

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Da abrangência da Administração Pública: de acordo com o novo texto, a

abrangência das sentenças objeto de reexame subsume-se à definição da doutrina em

relação ao termo Fazenda Pública, assim considerada a União, os Estados, o Distrito

Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações, excluindo-se as

sociedades de economia mista e empresas públicas. Assim, somente as sentenças de

qualquer natureza proferidas contra as Fazendas Públicas serão objeto de reexame. As

disposições do novo texto encontram-se previstas no artigo 41 da Lei n. 10.406/02 (Novo

Código Civil).

Dos embargos contra execuções da Fazenda Pública: os embargos objeto de

reexame, de acordo com o artigo, são somente aqueles em que se verifique procedência

parcial ou total, não estendido o reexame às sentenças de extinção da execução (art.

795, do CPC).

Das causas com valores inferiores a 60 (sessenta) salários mínimos: Determina o

novo texto do art. 475 que, nas causas de valor certo em que a condenação ou o direito

controvertido (e não o valor atribuído à causa na inicial) forem inferiores a 60 vezes o

salário mínimo, não haverá reexame necessário. Assim, é o valor da condenação que

determinará a aplicação ou não das regras atinentes ao reexame necessário. Observa-se

que, em relação à procedência dos embargos às execuções propostas pela Fazenda, o valor

de 60 salários mínimos será auferido sobre o valor da dívida exeqüenda, se os embargos

versarem o total da dívida, e sobre a parcela do valor contestado na pretensão executiva,

quando os embargos se referirem a parcela desta, para fins de aplicação das regras de

reexame, de acordo com a doutrinadora Tereza Arruda Alvim Wambier e Luiz Rodrigues

Wambier. O instituto visa trazer ao reexame dos tribunais apenas questões com relevância

macroeconômica, evitando procrastinar feitos que, sob este ponto de vista, não têm grande

interesse para os tribunais, todavia auxiliam em muito a maior parcela do jurisdicionado.

Tais ações, todavia, permanecem sujeitas ao reexame voluntário.

Da contrariedade à Jurisprudência: O reexame necessário não se aplicará nos casos

de existência de Súmulas vigentes dos tribunais superiores, ou do Supremo Tribunal

Federal; em relação ao Pretório Excelso, igualmente não se aplicarão as regras a respeito

do reexame, quando a decisão de 1.º grau for consoante a jurisprudência de seu “ Pleno ”.

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Embora contestável por grande parte da doutrina, para determinada parte desta, tal previsão

justifica-se, pois, ainda que por vias reflexas, está pretensamente atendida uma das

finalidades do princípio do duplo grau de jurisdição, qual seja, a revisão e adequação da

decisão da sentença de primeiro grau no que tange às questões de direito, por juízes mais

experientes.

1.8. Art. 498

Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e julgamento

unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso extraordinário ou

recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a intimação da

decisão nos embargos.

Parágrafo único. Quando não forem interpostos embargos infringentes, o prazo relativo à

parte unânime da decisão terá como dia de início aquele em que transitar em julgado a

decisão por maioria de votos.(NR)

Alterações processadas pela Lei n. 10.352/01

Ensaio:

Ante a necessidade de esgotamento das instâncias ordinárias para posterior recurso

aos tribunais superiores, a lei processual já previa a interposição de embargos infringentes,

em caso de existência de julgados em parte unânimes, e em parte por votação majoritária,

embargos estes capazes de sobrestar a interposição de recurso especial e extraordinário

relativamente à parte julgada por maioria no acórdão. Todavia, a nova lei, objetivando dar

clareza aos prazos de interposição e processamento de tais recursos, consoante inclusive

com o princípio da unirrecorribilidade, que determina haver um único recurso para cada

decisão, dispôs o seguinte:

Não corre o prazo para interposição de recurso especial ou extraordinário

referente a todo o julgado, enquanto não forem as partes intimadas da decisão

referente aos embargos infringentes interpostos contra a parte não unânime da

decisão, determinando a intimação da decisão o dies a quo do prazo para

interpor os recursos aos tribunais superiores.

Em caso de não interposição de embargos infringentes, das decisões em que este

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caiba, o início do prazo para a interposição de recurso especial e extraordinário,

que caberá exclusivamente da parte unânime da decisão não recorrida, contar-se-

á a partir da data do trânsito em julgado da decisão não unânime constante do

acórdão, e por embargos não atacada. Essa previsão justifica-se pois só assim

haverá o preenchimento do requisito do exaurimento das instâncias inferiores,

pressuposto de admissibilidade da recorribilidade extrema, de acordo com

expressão da doutrina.

1.9. Art. 515

(...) § 3.º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art.267), o

tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de

direito e estiver em condições de imediato julgamento. (NR)

Alterações processadas pela Lei n. 10.352/01.

Ensaio:

A lei inova a dogmática do processo civil brasileiro, ao relativizar a regra do duplo

grau de jurisdição, que, para parte da doutrina, é princípio adotado implicitamente pela

Constituição inclusive, e o faz com o objetivo de dinamizar a atuação do Estado-juiz em

sua função típica, a jurisdicional.

Com efeito, preenchidos os requisitos do novo § 3.º: causa que verse sobre questão

exclusiva de direito; processo em condições de imediato julgamento e recurso voluntário

contra sentença terminativa (art. 267), o tribunal não se limitará a anular a decisão e

remeter os autos à 1.ª instância, mas poderá julgar a lide, determinando o acertamento, ou

seja, a aplicação do direito ao caso concreto exposto ao Judiciário pelas partes.

Cumpre observar que, de acordo com a lição da doutrina, deve-se entender como

feito em condições de imediato julgamento, aquele em que o contraditório encontra-se

concluído, excluindo-se de plano hipóteses como o julgamento de mérito em apelação

interposta contra indeferimento liminar de inicial, por exemplo.

A hipótese em questão é deveras inovadora, uma vez que os tribunais, diante de

reforma de decisão monocrática extintiva sem julgamento de mérito, remetiam

automaticamente os autos para nova decisão em 1.º grau de jurisdição, por entenderem que

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decisão colegiada implicaria quebra do princípio do duplo grau de jurisdição. Os tribunais

entendiam que não poderiam tratar de qualquer tema que não tiver sido objeto de decisão

monocrática. Por ser o princípio do duplo grau um princípio relativo, a disposição legal

está em consonância com a modernidade do sistema processual.

1.20. Art. 520

(...)VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (NR)

Alteração processada pela Lei n. 10.352/01

Ensaio:

A lei nova inclui no rol do art. 520 do diploma processual, que traz as hipóteses em

que a apelação é recebida somente com efeito devolutivo, sem suspensão da execução

provisória da sentença de 1.º grau, o inciso VII, determinando assim que processos em que

seja concedida antecipação de tutela liminarmente, devidamente confirmada pela sentença,

devam ser, a priori, desde a sentença de 1.º grau, provisoriamente cumpridos.

1.11. Art. 523

(...)

§. 2.º Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá

reformar sua decisão. (...)

§. 4º Será retido o agravo das decisões proferidas na audiência de instrução e julgamento e

das posteriores à sentença, salvo nos casos de dano de difícil e de incerta reparação, nos

de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida.(NR)

Alterações processadas pela Lei n. 10.352/01.

Ensaio:

Em relação ao parágrafo segundo, o legislador amplia o prazo para que o juiz ouça o

agravado, no caso de dar efetividade ao efeito regressivo previsto aos recursos de agravo.

Passa a ser de 10 (dez) dias o prazo de oitiva do agravado.

Prevê o parágrafo quarto, como regra, a admissão na forma retida nos autos do

agravo tirado das decisões em audiência de instrução ou posteriores à sentença de 1.º grau.

Todavia, prevê exceções, admitindo-o na forma de instrumento, com possibilidade de

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concessão e efeito suspensivo inclusive, nas causas:

em que se vislumbre dano de difícil e incerta reparação;

nos casos de inadmissão de apelação;

nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida.

1.21. Art. 526

Art. 526 (…)

Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que argüido e provado

pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo.(NR)

Alteração processada pela Lei n. 10.352/01

Ensaio:

Em relação ao artigo 526, que prevê a juntada aos autos do feito em 1.º grau de

cópia do agravo de instrumento interposto, juntamente com relação dos documentos

utilizados na instrução do recurso, a lei nova incluiu um parágrafo único, que possibilita ao

agravado requerer e provar a falta da tomada da providência prevista no caput, com a

finalidade de causar a inadmissibilidade do agravo. Tal medida objetiva proteger não só o

contraditório e a regularidade do andamento processual, mas também possibilitar ao juiz

substrato para que forneça corretas informações ao tribunal, quando da solicitação.

1.13. Art. 527

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator:

I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557;

II – poderá converter o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de

provisão jurisdicional de urgência ou houver perigo de lesão grave e de difícil ou incerta

reparação, remetendo os respectivos autos ao juízo da causa, onde serão apensados aos

principais, cabendo agravo dessa decisão ao órgão colegiado competente;

III – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art.558), ou deferir, em antecipação de

tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

IV – poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) 11/331

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dias;

V – mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu

advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10

(dez) dias, facultando-lhe juntar cópias das peças que entender convenientes; nas comarcas

sede de tribunal e naquelas cujo expediente forense for divulgado no diário oficial, a

intimação far-se-á mediante a publicação no órgão oficial.

VI – ultimadas as providências referidas nos incisos I a V, mandará ouvir o Ministério

Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias. (NR)

Alterações processadas pela Lei n. 10.352/01.

Ensaio:

O artigo 527 prevê a distribuição , incontinenti, imediata do agravo de instrumento,

de forma a possibilitar a análise de eventuais pedidos de efeito suspensivo e, como

conseqüência, concluso ao relator, este poderá:

negar seguimento liminarmente ao agravo nas hipóteses do artigo 557, a exemplo da

contrariedade sumular ou inadmissibilidade;

converter o agravo de instrumento em retido, a ser examinado quando da interposição

de futura e eventual apelação, caso não haja urgência ou perigo de lesões

qualificadas para a parte e, como conseqüência, remeter o recurso a apensamento no

feito de primeira instância, cabível de tal decisão, agravo (regimental) ao tribunal,

endereçado à câmara competente para julgar o agravo convertido ( art.527, inc.II);

Atribuir efeito suspensivo ao agravo, nos termos do artigo 558, ou ainda conceder tutela

antecipada total ou parcial da pretensão do agravo, ocasião em que deverá

comunicar ao juiz da causa sua decisão, para que se possibilite cumprimento, bem

como solicitar informações ao juiz da causa, faculdade esta que exercida, imporá ao

magistrado a obrigatoriedade de fornecimento das informações em 10 (dez) dias;

A intimação do agravado, para exercer o contraditório referente ao recurso em

questão, é determinada pelo relator e será realizada, via de regra, pelo diário oficial,

quando este divulgar o expediente forense da comarca, como ocorre, por exemplo, em todo

o Estado de São Paulo, inclusive no interior. Todavia, nas comarcas em que não for

divulgado o expediente forense pelo diário oficial, o agravado será intimado por meio de

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correio, com aviso de recebimento, dirigido ao seu advogado.

Nos casos em que seja necessária a intimação do Ministério Público, esta se dará

com prazo de 10 (dez) dias para que o Parquet se pronuncie, todavia, havendo regular

intimação, não ocasionará nulidade do feito a ausência de parecer.

1.14. Art. 530, Art. 531, Art. 533 e Art.534

Antes da reprodução dos textos dos artigos acima, observamos que serão

comentados em conjunto, em razão de tratarem de igual tema, qual seja, os embargos

infringentes. Vejamos:

Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado ,

em grau de apelação, a sentença de mérito , ou houver julgado procedente ação rescisória.

Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.(NR)

Art. 531. Interpostos os embargos, abrir-se-á vista ao recorrido para contra-razões; após, o

relator do acórdão embargado apreciará a admissibilidade do recurso.(NR)

Art. 533. Admitidos os embargos, serão processados e julgados conforme dispuser o

regimento do tribunal.(NR)

Art. 534. Caso a norma regimental determine a escolha de novo relator, esta recairá, se

possível, em juiz que não haja participado do julgamento anterior.(NR)

Alterações processadas pela Lei n. 10.352/01.

Ensaio:

Com a nova lei, verifica-se que a admissibilidade do recurso de embargos

infringentes limita-se, em caso de apelação, às reformas das sentenças de mérito de 1.º

grau, não cabendo das confirmações pela superior instância das sentenças de mérito, ainda

que por maioria, nem de eventuais reformas ou confirmações de sentenças unicamente

terminativas. No tocante às ações rescisórias, não cabem embargos infringentes das

decisões que julguem improcedentes ou venham a extinguir essas ações, cabendo o

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referido recurso unicamente da procedência de ação rescisória, por maioria.

O juízo de admissibilidade do referido recurso é realizado após a apresentação de

contra-razões pelo embargado. É realizado pelo relator e sua concretização após as contra-

razões, objetiva a eficiência e celeridade do processamento do recurso.

Os artigos 533 e 534 determinam ser os embargos infringentes submetidos às regras

regimentais em relação ao seu processamento e observa-se que o novo relator será

escolhido somente se houver previsão no regimento; preferencialmente entre os juízes que

não tenham participado do julgamento anterior.

1.15. Art. 542

Recebida a petição pela secretaria do tribunal, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe

vista, para apresentar contra-razões. (...) (NR)

Alteração processada pela Lei n. 10.352/01

Ensaio:

É de conhecimento de todos que os recursos especial e extraordinário são

interpostos perante o tribunal a quo, local em que se faz o primeiro juízo de

admissibilidade e posteriormente enviados ao tribunal ad quem. Até a vigência da lei em

estudo, fazia-se necessário o protocolo do recurso na secretaria do tribunal recorrido. A

inovação trazida pela Lei n. 10.352/01 é salutar por suprimir do texto do artigo 542

qualquer exigência de protocolo, adotando a expressão “recebida”, o que dá margem à

possibilidade de interposição por meio dos protocolos descentralizados, denominados

integrados, caso o tribunal delegue tais funções aos ofícios distribuidores de primeira

instância, nos termos da nova redação do artigo 547, também alterado pela Lei n.

10.352/01, a seguir comentado.

1.16. Art. 544

(...)

§ 1.º O agravo de instrumento será instruído com as peças apresentadas pelas partes,

devendo constar obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, cópias do acórdão

recorrido, da certidão da respectiva intimação, da petição de interposição do recurso

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denegado, das contra-razões, da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e

das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado. As cópias das

peças do processo poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua

responsabilidade pessoal.

§. 2º A petição de agravo será dirigida à presidência do tribunal de origem, não dependendo

do pagamento de custas e despesas postais. O agravado será intimado, de imediato, para

no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta, podendo instruí-la com cópias das peças que

entender conveniente. Em seguida, subirá o agravo ao tribunal superior, onde será

processado na forma regimental. (...) (NR)

Alteração processada pela Lei n. 10.352/01.

Ensaio:

O agravo previsto no artigo modificado é aquele interposto da decisão que inadmite

o processamento dos recursos especial e extraordinário pelo tribunal de origem.

Ponto interessante é a dispensa de autenticação em cartório das peças encaminhadas

junto ao recurso, prestigiando a nova lei a declaração de autenticidade dos documentos

pelo advogado, sendo o causídico, nos termos da lei, pessoalmente responsável por

eventuais declarações falsas.

De acordo com as novas disposições do artigo, o processamento ocorrerá no tribunal

de origem até a completa formação do instrumento, sendo conferido ao recorrido 10 (dez)

dias para a apresentação de documentos e peças para inclusão no instrumento, que após

estar completo, será enviado ao tribunal ad quem para processamento, nos termos das

previsões constantes do regimento interno, segundo a doutrina.

1.17 Art. 547

Art. 547 (…)

Parágrafo único. Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser

descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.(NR)

Alterações processadas pela Lei n. 10.352/01

Ensaio:

A regra acima prevista corrobora a possibilidade já explicitada de interposição de

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recursos aos tribunais diretamente em primeiro grau de jurisdição, desde que os referidos

tribunais deleguem, no âmbito de suas competências, tal possibilidade, garantindo a grande

parte do jurisdicionado menor onerosidade, ante a desnecessidade de custeio de viagens de

advogados que residam em cidade diversa daquela em que funciona o tribunal.

1.18 Art. 555

No julgamento de apelação ou de agravo, a decisão será tomada, na câmara ou turma, pelo

voto de 3 (três) juízes.

§. 1.º Ocorrendo relevante questão de direito, que faça conveniente prevenir ou compor

divergência entre câmaras ou turmas do tribunal, poderá o relator propor seja o recurso

julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar; reconhecendo o interesse público na

assunção de competência, esse órgão colegiado julgará o recurso.

§. 2º A qualquer juiz integrante do órgão julgador é facultado pedir vista por uma sessão, se

não estiver habilitado a proferir imediatamente o seu voto.(NR)

Alterações processadas pela Lei n. 10.352/01

Ensaio:

O artigo em estudo determina o julgamento dos recursos, por ao menos três juízes

do órgão responsável, seja este órgão câmara, turma, grupos de câmaras e etc, geralmente

composto por 5 membros. Prevê ainda, como forma de prevenir a conflitância de julgados,

dentro de um mesmo tribunal, atendendo ao princípio da harmonia dos julgados, a

possibilidade de o relator pedir seja o julgamento realizado pelo órgão maior previsto no

regimento, que por sua vez, dependerá de reconhecimento pelo órgão maior da relevante

questão de direito constante do recurso, capaz de tornar conveniente a composição ou

prevenção de divergência no tribunal.

Prevê o artigo ainda que, qualquer julgador, da câmara ou turma, ou dos órgãos

maiores, poderá, quando incumbido do julgamento, pedir vista por uma sessão, caso não

esteja habilitado a proferir seu voto, como forma de garantir segurança no julgamento pela

autoridade judicial de segunda instância.

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Page 17: Reforma da reforma no CPC.doc

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1.19. Art. 575

Art. 575. (...)

IV – o juízo cível competente, quando o título executivo for sentença penal condenatória ou

sentença arbitral.(NR)

. Alteração processada pela Lei n. 10.358/01

Ensaio:

A lei define a competência para a execução da sentença arbitral como sendo o juízo

cível competente, via de regra, o do local em que o laudo arbitral foi efetivado. A mesma

previsão de competência vale para a execução da sentença penal condenatória transitada

em julgado.

Observação importante: O artigo 3.º da Lei n. 10.358/01 revogou o inciso III, do

artigo 575, do Código de Processo Civil.

1.20. Art. 584

Art. 584 (...)

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que verse matéria não

posta em juízo; (...)

VI – a sentença arbitral....(NR)

. Alterações processadas pela Lei n. 10.358/01

Ensaio:

As alterações da lei incluem como títulos executivos judiciais, no artigo 584 do

diploma adjetivo, a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que

verse matéria não posta em juízo (reforçando a possibilidade legal de autocomposição), e

também a sentença arbitral.

MÓDULO COMPLEMENTAR - DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Alterações da Lei n. 10.444/02

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1. INTRODUÇÃO

Antes de adentrarmos no estudo da lei supramencionada, temos a missão de

informar nossos alunos, pelo menos de forma sintética, os primordiais objetivos, críticas e

dados históricos que embasam a reforma operada pela Lei n. 10.444/02 no Diploma

Processual Civil brasileiro, reforma que modifica institutos fundamentais de nosso sistema,

fruto de projetos de vanguarda.

Conforme se observa, múltiplos são os objetivos da lei modificativa, objeto de nosso

estudo; todavia, sempre visando à otimização do processo, instrumento de aplicação do

direito material a casos concretos e, para tanto, utilizando-se do expediente da ampliação

dos institutos criados e até mesmo dos ampliados pela denominada mini-reforma de 1994.

Como importantes méritos da referida reforma, ressalta-se a tomada de uma ótica

iconoclasta na criação e na adaptação dos institutos objeto desta lei, rompendo com

dogmas tradicionais, notadamente quanto à clássica divisão das ações de conhecimento,

execução e cautelar, privilegiando assim o princípio da instrumentalidade das formas, além

do cuidado dispensado à correção de vícios redacionais, e a não-limitação excessiva e

imotivada de institutos criados na década de 90, ou seja, o cuidado de evitar o que se

chamaria contra-reforma.

Realizado esse esclarecimento preliminar, passaremos à análise tópica dos

principais dispositivos da Lei n. 10.444/02, desde já deixando claro que muitos de nossos

comentários necessitarão de confronto com as orientações doutrinárias e jurisprudenciais

que com certeza serão elaboradas no futuro, no sentido de esclarecer o verdadeiro mens

legis, deste inovador dispositivo legal, que rogamos, em muito auxilie a obtenção de

efetividade no Processo Civil brasileiro.

2. ALTERAÇÕES DA LEI N. 10.444/02

“Art. 1o Os artigos da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil,

a seguir mencionados, passam a vigorar com as seguintes alterações:”

2.1. O Artigo 273 (Tutela Antecipada)

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“Art. 273 (...)”

A tutela antecipada, já existente em ações de cunho específico no Código de

Processo Civil, mesmo antes da mini-reforma de 1994 que, por sua vez, a ampliou, sofre

nova extensão em seus institutos, esclarecendo que o legislador, preocupado com a

efetividade dos resultados do processo, confia na utilização, cada vez mais responsável

pelos juízes, desta espécie de tutela de urgência.

“§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua

natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A.”

O parágrafo 3.º do artigo 273 amplia a aplicação da execução provisória aos casos

de efetivação de tutela antecipada, que, por sua vez, também sofreu inúmeras

modificações, a serem, neste módulo, oportunamente estudadas.

A doutrina, ainda que informalmente, inclina-se para a interpretação do parágrafo

3.º, não de forma cumulativa, mas sim de forma a observar a natureza da obrigação cujos

efeitos são antecipados pelo instituto da tutela antecipatória, no que tange à aplicação das

regras da execução provisória e execução específica das obrigações de fazer, não fazer e

entrega de coisa, pois, uma vez inequívoca a intenção do legislador em buscar a

satisfatividade específica do credor, atendendo ao princípio do exato adimplemento,

deverá promover a aplicação dos institutos previstos no parágrafo 3.º, de maneira a

simplificar a efetivação da tutela. Assim, como, por exemplo, nas obrigações de

pagamento de quantia, aplicar-se-ão, em regra, os expedientes da execução provisória do

artigo 588; na efetivação da tutela antecipada sobre a entrega de coisa, a priori, aplicam-se

os institutos do recém-criado artigo 461-A; e, por fim, na execução das obrigações de fazer

e não fazer cabem as proposições do consagrado artigo 461, vigente desde a mini-reforma

de 1994.

Necessário lembrar que há possibilidade de o juiz aplicar qualquer instituto destes

artigos, se entender necessário à eficaz efetivação da tutela antecipada.

Em relação à aplicação, no que couber, dos artigos 588, 461 e 461-A para a

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efetivação da tutela antecipada, parece-nos correto afirmar que, justamente em razão das

expressões “no que couber” e “efetivação da tutela”, a eficácia do sistema antecipatório se

amplia, admitindo, ao menos em tese, a concessão de tutela antecipada até mesmo em

ações de cunho declaratório, desde que não haja escoamento do objeto da ação

inicialmente formulada. Amplia-se, conseqüentemente, o entendimento da aplicação de

todo o artigo 588, inclusive o seu caput, à efetivação da tutela antecipada, deixando

inequívoca, mesmo nesta seara, a idéia da responsabilidade objetiva do credor pelo

resultado decorrente da revogação da tutela provisoriamente efetivada, em razão da

previsão de correr a execução provisória por conta e risco do credor.

“§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos

pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.”

O parágrafo 6.º do artigo 273, ao prever a possibilidade de concessão de tutela

antecipada quando, entre os pedidos cumulados, houver pedido incontroverso, quebra a

dogmática tradicional do instituto, ao afastar o arraigado modelo de tutela embasada na

plausibilidade e no receio de ineficácia do provimento final, fazendo, de acordo com

recente doutrina ainda não sedimentada, conviver dois princípios que, no modelo anterior,

pareciam confrontar-se, quais sejam, o princípio da eventualidade, também entendido

como concentração da defesa, e o princípio do contraditório, que prevê a ciência bilateral

dos termos do processo, com possibilidade de exercício de defesa. Assim, a previsão legal

dá efetividade ao princípio da eventualidade de defesa, uma vez que, sem preterir o

contraditório, concede benefícios satisfativos ao credor em relação aos pedidos não

impugnados, admitidos na seara civil como incontroversos.

Quanto à interpretação do que seja pedido parcial ou totalmente incontroverso,

dentre os pedidos cumulados, a doutrina menciona que seja ponderada, ou de acordo com

consagrada expressão latina cum granu salis, mormente quando houver a impugnação de

tais pedidos por vias reflexas, fora da contestação.

Cabe ressaltar que não se aplica a concessão de tutela exclusivamente após a

contestação, pois, apesar de nosso sistema processual basear-se em preclusões, em

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determinadas hipóteses, nas quais a tutela antecipada será concedida somente quando da

sentença, cabendo apenas efeito devolutivo no recurso que a atacar (artigo 520, inciso VII,

do Código de Processo Civil), poder-se-á vislumbrar a incontrovérsia de determinados

pedidos.

Com efeito, esses pedidos considerados incontroversos, porque não atacados, serão

submetidos à efetivação da tutela, e essa, pelo menos em tese, deverá, a depender da

obrigação, seguir, no que couber, os preceitos da execução provisória, ainda que não

atacados estes pedidos na apelação da sentença, em razão da impossibilidade de cisão de

julgados de primeiro grau.

Ficará a cargo da doutrina a definição de ser a efetivação da tutela antecipada

relativa a pedidos incontroversos, definitiva ou nos moldes da execução provisória, que,

em princípio, inclina-se para este último entendimento, ante as previsões dos artigos 273 e

588. Registra-se, aqui, que dessa modalidade de efetivação, apesar de não ter relação com

as tutelas de urgência e punitiva, também caberá o recurso de agravo, pois o processo

segue quanto à parte incontroversa, quer em primeira, quer em segunda instância.

“§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza

cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida

cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.” (NR)

O parágrafo 7.º do artigo 273 inova ao tornar possível a fungibilidade entre o pedido

de tutela antecipada equivocado e a tutela cautelar, permitindo, destarte, a proteção de

direitos da parte. Ainda que sejam levados pedidos cautelares de forma errônea a juízo,

revestidos impropriamente de pedido antecipatório substancial, e não protetivos, por erros

dos respectivos patronos, o juiz pode utilizar-se do princípio da fungibilidade.

O novo dispositivo desrespeita a acessoriedade e a autonomia do processo cautelar;

todavia, essa interpretação iconoclasta ocorre com o fito de resolver problemas ante a

constatação de situações dúbias, controversas em relação à possível colidência dos

institutos a serem aplicados, mesmo que tenha havido erro grosseiro, inescusável, ocasião

em que o juiz deve conceder liminarmente o pedido verdadeiramente cautelar,

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fundamentado em seu poder geral de cautela previsto no artigo 798 do Diploma Processual

Civil, cuja finalidade é garantir a real instrumentalidade do processo.

Em síntese, a nova sistemática tem por objetivo a não-rejeição de plano do pedido, a

ser interpretado com parcimônia, de modo a permitir que eventual erro seja sanado pela

fungibilidade, e desde que presentes os requisitos de concessão das cautelares, cabendo

ressaltar que é de difícil aplicação em sede de cautelares nominadas, e que a recíproca

(concessão de tutela antecipada quando o pedido de cautelar se mostrar equivocado)

NÃO é verdadeira.

Parei aqui!!!!

2.2. Modificações no Procedimento Sumário (Artigos 275 e 280 do Código de

Processo Civil)

As modificações realizadas no procedimento comum de conhecimento, em seu rito

sumário, são pragmáticas e visam à adequação de tal rito às demais proposições dos ritos

existentes, notadamente dos Juizados Especiais.

Promovem melhor operacionalização e celeridade às demandas que, a partir da

vigência desta lei, correrão no rito sumário de conhecimento, conforme será explicado a

seguir.

“Art. 275 (...)

I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo;...”

(NR)

O valor das causas que podem ser impetradas no rito sumário foi elevado para 60

(sessenta) salários mínimos, equiparando-se, assim, ao valor das causas a serem julgadas

pelos Juizados Especiais Cíveis da esfera federal (instituídos pela Lei n. 10.259/01).

Interessante notar, todavia, que a aplicação do referido dispositivo só é possível a partir da

vigência da lei, pois, para fins de competência, essa se perpetua no momento da

propositura da ação, atendendo às regras de direito intertemporal, regidas pelos princípios

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da imediatidade e do isolamento dos atos processuais, não sendo aplicáveis às exceções

constantes do artigo 87 do Código de Processo Civil. Assim, até agosto de 2002, as causas

cujos valores excedam a 20 salários mínimos devem ser propostas de acordo com as

prescrições atinentes ao rito ordinário.

Antes de avançarmos nesse tema, é importante relembrar que, em relação a perícias

eventualmente necessárias, mesmo no rito sumário, em que estas são permitidas (artigo

276 do Código de Processo Civil), em que pese à indispensável celeridade desse rito, o juiz

fixará prazo para entrega do laudo, seguindo-se, da intimação da entrega às partes, o prazo

de 10 dias, comum aos assistentes técnicos, para entrega de seus pareceres, nos termos do

artigo 433, caput e parágrafo único, do Código de Processo Civil, já modificado pela Lei n.

10.358/01.

A Lei n. 10.444/02 dá nova roupagem ao regime do agravo em sede de rito sumário,

acabando com a previsão específica de agravos retidos somente para esse rito,

complementando, dessa forma, as alterações promovidas pela Lei n. 10.352/01, que deu

nova redação ao § 4.º do artigo 523 do Código de Processo Civil, que possibilita a

aplicação igualitária do regime de agravo em determinadas situações, a todos os ritos, e

não exclusivamente ao sumário. Nesse sentido, em determinadas situações, e ante o risco

fundado de dano irreparável ou de difícil reparação, mesmo em decisões tomadas em

audiência, caberá o recurso de agravo, em sua modalidade “agravo de instrumento”, de

apreciação imediata, e não vinculada a futura e eventual apelação.

“Art. 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental

e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a

intervenção fundada em contrato de seguro.” (NR)

As novas determinações do artigo 280 corrigem problemas práticos de defesa do

réu, que, em primeiro lugar, precisava se defender para que pudesse garantir eventual e

futuro direito de regresso em caso de sucumbência, regresso esse exercitável contra a

companhia com a qual possuísse contrato de seguro. Dessa feita, a nova redação do artigo

permite a intervenção de terceiros no rito sumário, em princípio na modalidade de

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assistência; todavia, quando a intervenção de terceiros estiver fundada em contratos de

seguro, poderá ocorrer em qualquer de suas modalidades.

Dessa forma, o que se reduzia a eventuais ações regressivas por parte de réus

sucumbentes às respectivas seguradoras será melhor solucionado em sede de intervenções

de terceiros, pois, onde o legislador não distingue, não cabe ao intérprete distinguir,

notadamente para promover restrições a institutos jurídicos.

Como exemplo dessas intervenções, cite-se a denunciação da lide à seguradora

responsável, e mesmo o chamamento ao processo de co-seguradoras.

2.3. As Alterações no Procedimento Comum, Rito Ordinário (Artigos 287, 331, 461

e 461-A do Código de Processo Civil)

As modificações no procedimento ordinário, de aplicação subsidiária a todo o

sistema, são efetivadas com o fim de permitir maior índice de satisfatividade nas

efetivações de tutelas antecipadas, e também com o sentido de imprimir melhor técnica às

nomenclaturas utilizadas pelo Código.

“Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato,

tolerar alguma atividade, prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de

pena pecuniária para o caso de descumprimento da sentença ou da decisão

antecipatória de tutela (arts. 461, § 4o e 461-A).” (NR)

A execução das obrigações de fazer, de não fazer e de entrega de coisa passa a ter

um regime uniforme, de acordo com as regras estabelecidas pelos artigos 461 e 461-A,

além de poder ser aplicado o disposto no artigo 588, no que couber, conforme expressão da

própria lei.

O artigo 287 dispõe sobre a possibilidade de fixação de multa diária (“astreintes” ou

“astrentes”) em qualquer antecipação de tutela, como forma de compelir o obrigado à

execução da prestação objeto de efetivação. Ressalte-se que, na doutrina e na

jurisprudência, tal hipótese já se admitia, de modo pacífico.

Com efeito, a lei qualificou a providência de efetivação da medida satisfativa como

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de antecipação de tutela e não como providência cautelar, quer seja concedida de modo

antecipado ou no momento da sentença, e em qualquer tipo de ação, mesmo em ações civis

públicas, e para efetivação desta antecipação tornam-se cabíveis as “astreintes”.

Conforme se verá no texto da nova redação do artigo 461, § 6.º, é mantida a

possibilidade de o juiz modificar de ofício o valor da multa fixada a título de “astreintes”;

todavia, a reforma vai além, pois foi introduzida a possibilidade de alteração da

periodicidade da multa.

2.3.1. Da audiência preliminar (prevista no artigo 331 do Código de Processo

Civil)

Artigo 3.o da Lei n. 10.444/02:“A Seção III do Capítulo V do Título VIII do Livro I da Lei no

5.869, de 11 de janeiro de 1973, passa a denominar-se 'Da Audiência Preliminar'.”

A lei corrige a nomenclatura da “audiência do 331”, assim denominada inclusive

em manuais editados por expoentes consagrados de nossa doutrina processualista,

passando a chamá-la audiência preliminar. Fixa a necessidade de sua ocorrência, fazendo-

se imprescindível nos momentos em que possa vir a ser eficaz em relação à conciliação das

partes em litígio, permitindo a passagem (posterior à tentativa infrutífera de conciliação) à

fase de fixação de pontos controvertidos, deferimento de prova etc.

“Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e

versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência

preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes

intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto,

com poderes para transigir.

..........................................................................

§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa

evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o

processo e ordenar a produção da prova, nos termos do § 2o.”(NR)

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As novas disposições fixam a obrigatoriedade da audiência preliminar sempre que

os direitos forem transacionáveis, palavra mais adequada que a anterior (disponíveis), por

ser mais adequada às posições já sedimentadas na jurisprudência, permitindo, em casos de

impossibilidade de transação, a ocorrência do saneador por escrito. Dessa feita, reduz, ao

menos em tese, a possibilidade de ocorrência do saneador em audiência, de forma não

condizente com a boa técnica, pois, com efeito, a audiência preliminar não deve cingir-se à

tentativa de conciliação somente.

O texto permite ainda a não-realização da audiência preliminar se o juiz, no caso,

considerar pouco provável a conciliação. Podemos citar como exemplo, o caso em que o

juiz determina que as partes se manifestem sobre as provas a serem produzidas, e ambas

esclarecem ser impossível a conciliação.

A lei, por fim, sedimenta o que a jurisprudência já atenuava, a saber, a possibilidade

de presença de procurador ou preposto da parte com poderes para transigir, e não ambos.

Saliente-se que, em não comparecendo as partes, nada ocorre, pois a conciliação é ato

disponível, tendo apenas o condão de levar o feito à fase instrutória.

2.3.2. A execução das obrigações de fazer, de não fazer e de entrega de coisa

Seguindo a tendência uniformizadora da lei, em aplicar institutos semelhantes para

a efetivação de tutelas cujos objetos sejam parecidos, foram incluídas novas proposições

ao artigo 461, além da inserção do artigo 461-A, no Código de Processo Civil. O artigo

461-A passa a tratar especificamente das regras a serem utilizadas pelo magistrado quando

da aplicação de preceitos coercitivos visando à efetivação da entrega de coisa concedida

em sede de tutela antecipatória.

Como regra, e com o objetivo de atender ao princípio do exato adimplemento,

utiliza-se para efetivação de tutela de obrigações de fazer e de não fazer o provimento

mandamental, em que o juiz ordena e impõe medidas de apoio para pressionar a vontade

do devedor, ao passo que, na efetivação da tutela de entrega de coisa, haverá identificação

com as ações executivas lato sensu, ou seja, apesar de suas decisões não possuírem cunho

ordenatório com sanções específicas, uma vez proferidas podem ser efetivadas desde logo,

nos mesmos autos, sem necessidade de novo processo executivo.

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Assim, a técnica de sub-rogação, ou execução em sentido estrito, em que há a

substituição da vontade do devedor pela atuação judicial, só tem lugar se os provimentos

mandamentais não surtirem efeitos. O exato adimplemento, previsto no Código de acordo

com a expressão “resultado prático equivalente” (artigo 461, § 5.º, do Código de Processo

Civil), portanto, deve ser buscado primordialmente pelo magistrado, a exemplo dos

alimentos.

No entanto, não se afigura possível a decretação de qualquer restrição de liberdade,

ainda que pudesse ser alegada sua eficácia na obtenção do dito resultado equivalente, uma

vez que, na hipótese, seria de rigor observar um injustificável retrocesso em relação às

conquistas obtidas pela sociedade, inclusive em sede de direitos individuais, a começar

pela negação da consagrada lex poetelia papíria, que traduz o princípio da

patrimonialidade.

“Art. 461 (...)

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático

equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas

necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão,

remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade

nociva, se necessário com requisição de força policial.”

O artigo 461, em seu § 5.º, apresenta um rol exemplificativo de medidas a serem

tomadas pelo juiz quando da busca da efetivação de tutela de obrigações de fazer e de não

fazer, que vão desde o provimento mandamental até a sub-rogação (execução indireta, em

sentido estrito), dependendo do grau de resistência do devedor. Considera-se na doutrina,

ainda incipiente, esse rol exemplificativo, uma vez que no texto do referido parágrafo

encontra-se a expressão “tais como”, de forma a indicar a possibilidade de aplicação de

outras medidas não previstas neste artigo, corroborando, assim, a previsão do artigo 273, §

3.º, que prega a aplicação, no que couber, dos institutos dos artigos 588, 461 e 461-A do

Código de Processo Civil. Dessa maneira, o limite das tutelas é o limite das restrições

expressas nos comandos constitucionais.

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“§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso

verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.”(NR)

Conforme se colhe da nova redação do artigo 461, § 6.º, é mantida a possibilidade

de o juiz modificar de ofício o valor da multa fixada a título de “astreintes”; todavia, a

reforma vai além, pois foi introduzida a possibilidade de alteração da periodicidade desta.

Pode-se, então, vislumbrar a não-obrigatoriedade do critério diário de fixação da multa

ante a possibilidade conferida ao juiz de modificar sua periodicidade, apesar de continuar a

ser o mais fácil e prático dos critérios possíveis.

Artigo 2.o da Lei n. 10.444/02 : “A Lei n.o 5.869, de 11 de janeiro de 1973, passa a

vigorar acrescida do seguinte art. 461-A:

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a

tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.

§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a

individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher,

este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.

§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor

mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa

móvel ou imóvel.

§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.”(NR)

Atendendo à uniformização das efetivações de tutela proposta pela lei, foi inserido

no texto do Código de Processo Civil o artigo 461-A, que determina a aplicação de regras

semelhantes às previstas para a execução de obrigações de fazer e de não fazer, para a

entrega de coisa, com pequenas alterações que a assemelham às ações executivas lato

sensu.

Assim, mantém-se a primazia da tutela específica, remetendo excepcionalmente o

credor às perdas e danos, se impossível a obtenção do resultado equivalente. Ao menos a

princípio, a doutrina parece inclinar-se à visão de que o artigo 461-A aplica-se nos casos

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de efetivação de títulos executivos judiciais e antecipações de tutela (por meio de decisões

interlocutórias). Não se aplicam à execução de títulos executivos extrajudiciais, pois para

esses há previsão de regras próprias nos artigos 621 e seguintes do Diploma Processual

Civil.

Surge da aplicação das regras acima, a dedução de que, na execução das obrigações

de fazer e de não fazer, fundadas no artigo 461, aplicam-se subsidiariamente as regras dos

artigos 632 e seguintes do Código, e na execução das obrigações de entrega de coisa

(artigo 461-A), subsidiariamente as regras dos artigos 621 e seguintes, quando se tratar de

título executivo extrajudicial.

Dessa feita, principiam vozes na doutrina no sentido de identificar erro na lei, pois

quem não possui título executivo tem a possibilidade de obter efetivação mais rápida da

decisão interlocutória concessiva de tutela antecipada (nos moldes do artigo 461-A) do que

aqueles que possuem título executivo extrajudicial, que deverão seguir as regras dos

artigos 621 e seguintes, em que são previstos embargos com possibilidade de suspensão da

execução etc.

Para a correção do problema apontado, parte incipiente da doutrina sustenta a

possibilidade de opção pela ação de conhecimento àquele que possui título executivo

extrajudicial, dada a vantagem de obtenção dos efeitos da tutela antecipada, com aplicação

do artigo 461-A, e subsidiariamente os artigos 621 e seguintes do Código de Processo

Civil. Todavia, é ainda majoritária a doutrina clássica, que entende haver carência de ação

de conhecimento para o possuidor de título executivo extrajudicial, por falta de interesse

de agir, em sua modalidade inadequação.

Cabe multa para forçar o devedor à entrega de coisa, o que possibilita a

interpretação no sentido da “não-aplicação” da Súmula n. 500 do Supremo Tribunal

Federal, que, em seu texto, a vedava. In verbis: “Não cabe ação cominatória para compelir-

se o réu a cumprir obrigação de dar”.

Incursão necessária:

Mais uma vez, cumpre observar o texto dos artigos 273, § 3.º, 461 e 461-A, que, ao

utilizarem a expressão “efetivação da tutela”, assume visão iconoclasta do sistema,

quebrando, assim, a idéia da tripartição dos feitos em virtude de seus objetivos,

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conseqüentemente deixando de exigir um novo processo de execução para que se possa,

nos mesmos autos e de forma mais célere, obter a efetivação do provimento antecipatório,

atendendo ao princípio da instrumentalidade das formas.

Uma vez que se fala em efetivação, surge o complicador de, quando em antecipação

de tutela de pagamento de quantia e ante a aplicação irrestrita de todo o artigo 588,

devidamente ampliado, ser possível ou não o cabimento de embargos do devedor, pois não

há propriamente execução e, via de regra, não há possibilidade de surgimento de fatos

novos não discutidos em contestação (matéria superveniente) que pudessem embasar a

interposição de embargos. Somente se vislumbra a possibilidade de, por meio de petição

atravessada nos autos, apresentar fatos novos que possibilitem a revogação da tutela

antecipada, notadamente ante o seu caráter rebus sic stantibus, ou, imediatamente após a

decisão concessiva, interpor recurso de agravo.

2.4. A Execução Provisória das Sentenças

As modificações da execução provisória foram realizadas em dois planos: interna e

extensivamente. Internamente houve ampliação das disposições do artigo 588 do Código

de Processo Civil; extensivamente foi ampliada a aplicação desse artigo, agora por inteiro,

às efetivações de tutela antecipada, de acordo com as novas regras do artigo 273 do mesmo

diploma.

Vejamos as alterações processadas:

“Art. 588. A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva,

observadas as seguintes normas:”

De plano, nota-se a supressão da exigência de caução, como regra geral, seguindo,

destarte, a jurisprudência dominante nos tribunais.

Em relação à aplicação da lei no tempo, a partir de sua vigência configura-se a

hipótese de utilização das regras previstas no novo artigo 588, em execução de processos

pendentes, não sendo possível a alegação de direito adquirido por parte do devedor

executado.

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“I - corre por conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for

reformada, a reparar os prejuízos que o executado venha a sofrer;

II - o levantamento de depósito em dinheiro, e a prática de atos que importem alienação

de domínio ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução

idônea, requerida e prestada nos próprios autos da execução; ”

Uma excelente novidade é a possibilidade de alienação de domínio, desde que seja

prestada caução idônea, o que não era possível na sistemática anterior, nem mesmo com

caução. Desse modo, prevê o artigo em estudo a necessidade de restituição ao status quo

ante em caso de reforma ou anulação da decisão exeqüenda, qualquer que seja seu objeto,

a saber, obrigações de fazer e de não fazer, de entrega de coisa ou ainda pagamento de

quantia, pois, onde o legislador não distingue, não cabe ao intérprete distinguir (aliás,

prevê o artigo 273 a aplicação, no que couber, dos referidos institutos). Somente se houver

impossibilidade de restituição das coisas ao estado anterior é que se resolve em perdas e

danos o prejuízo indevidamente causado, com a execução da caução idônea.

“III - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da

execução, restituindo-se as partes ao estado anterior;

IV - eventuais prejuízos serão liquidados no mesmo processo.

§ 1o No caso do inciso III, se a sentença provisoriamente executada for modificada ou

anulada apenas em parte, somente nessa parte ficará sem efeito a execução.”

Embora o referido artigo, em seu inciso III, determine ficarem sem efeito os atos

objeto de execução provisória de sentença posteriormente modificada, deve-se dar especial

atenção aos atos que envolvam terceiros de boa-fé, que, salvo melhor juízo, devem ser

mantidos, com conseqüente indenização do devedor prejudicado, por meio da execução da

caução acima referida, que por sua vez, serve mesmo no caso de restituição efetiva ao

status quo ante, a exemplo da ocorrência de lucros cessantes pela temporária privação da

coisa.

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“§ 2o A caução pode ser dispensada nos casos de crédito de natureza alimentar, até o

limite de 60 (sessenta) vezes o salário mínimo, quando o exeqüente se encontrar em

estado de necessidade. ”(NR)

O parágrafo 2.º do modificado artigo 588 prevê ainda a dispensa de caução para a

execução dos créditos alimentares, esses interpretados amplamente, ante a não-

diferenciação do legislador, caso seu valor não exceda a 60 salários mínimos e o exeqüente

esteja em estado de necessidade. Mesmo que o valor ultrapasse os 60 salários mínimos,

atendendo à mens legis do artigo em questão, deve o juiz se limitar ao valor legal apenas

para o fim da não-exigência de caução. Assim, a tendência é a incorporação no conceito de

créditos alimentares, até mesmo daqueles decorrentes de ilícito (judiciais), mesmo porque,

aqui, a medida coercitiva adotada não é a prisão civil do devedor, mas apenas a

inexigência de caução, ante a consagrada orientação de interpretação parcimoniosa (cum

granu salis) do risco de irreversibilidade do provimento antecipatório, com fulcro na

proporcionalidade.

2.5. Das Modificações Operadas no Processo de Execução

As modificações atinentes a determinadas regras constantes do Livro das Execuções

do Código de Processo Civil, por serem esparsas e de adequação das regras já explicitadas

neste módulo, serão vistas de forma tópica, com breves ensaios, para auxiliar seu

entendimento, conforme será exposto a seguir.

"Art. 604...........................................................................

§ 1o Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em

poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los,

fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência; se os dados não

forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os

cálculos apresentados pelo credor e a resistência do terceiro será considerada

desobediência.

§ 2o Poderá o juiz, antes de determinar a citação, valer-se do contador do juízo quando

a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão

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exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária. Se o credor não concordar

com esse demonstrativo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido,

mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador. ”(NR)

Em relação às execuções por quantia, o referido artigo já havia extirpado do

sistema, quando da mini-reforma de 1994, a liquidação por cálculo do contador, por

considerar acertadamente que, quando é necessário somente cálculo aritmético para a

apuração do quantum devido, com efeito, a sentença já é líquida. Assim, exige-se do

credor a apresentação da memória de cálculo discriminada, e, se a memória depender de

dados em poder do devedor ou de terceiros para ser apresentada, o juiz deve exigir a

apresentação desses dados. O mecanismo utilizado é o mesmo referente à exibição de

documento ou coisa, tratando-se de verdadeiro ônus para a parte devedora, ou seja, a partir

da omissão o credor tem o direito de demonstrar seu crédito.

Porém, para o terceiro, é dever a apresentação em juízo dos dados solicitados, sob

pena de responder por crime de desobediência.

As modificações operadas pelo parágrafo 2.º referem-se à possibilidade de o juiz

controlar superficialmente, com o auxílio do contador do juízo, e sem homologação, o

valor apresentado pelo credor. Discordando o credor da correção preliminar feita em juízo

no valor do cálculo, a execução prosseguirá pelo valor originalmente apresentado por este;

todavia, a penhora terá como valor máximo o quantum apurado na correção feita em juízo,

visando a evitar danos irreparáveis decorrentes de excesso de execução. Assim, é reforçado

o entendimento que prevê o amplo cabimento de exceções de pré-executividade,

reconhecível de ofício pelo juiz, e fora dos embargos, portanto, sem necessidade de

garantir a execução.

“Art. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título

executivo extrajudicial, será citado para, dentro de 10 (dez) dias, satisfazer a obrigação

ou, seguro o juízo (art. 737, II), apresentar embargos.

Parágrafo único. O juiz, ao despachar a inicial, poderá fixar multa por dia de atraso no

cumprimento da obrigação, ficando o respectivo valor sujeito a alteração, caso se revele

insuficiente ou excessivo.”(NR)33/331

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Em que pese ao artigo em estudo ter acrescentado a possibilidade de fixação de

“astreintes” para coagir o obrigado à entrega de coisa, a possibilidade de interposição de

embargos do devedor, com conseqüente suspensão da execução, nos remete à discussão já

apresentada, quando do estudo do artigo 461-A (p. 17 e 18 deste módulo), a respeito da

divisão da doutrina ante a possibilidade de ingresso de ação de conhecimento mesmo que o

credor possua título executivo extrajudicial, em razão da maior celeridade deste rito, para

fins de efetivação de tutela.

“Artigo 624. Se o executado entregar a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-á

por finda a execução, salvo se esta tiver de prosseguir para o pagamento de frutos ou

ressarcimento de prejuízos.”(NR)

Via de regra, com a entrega da coisa objeto da execução, quer da tutela antecipada,

quer da sentença, extingue-se o feito. No entanto, resta a possibilidade de correr a

execução pelo restante, a exemplo de lucros cessantes pela temporária privação da coisa,

que pode, em havendo caução, executá-la inclusive.

“Art. 627 (...)

§ 1o Não constando do título o valor da coisa, ou sendo impossível a sua avaliação, o

exeqüente far-lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial.

§ 2o Serão apurados em liquidação o valor da coisa e os prejuízos.” (NR)

Em caso de inexistência da coisa a ser entregue, seu valor deve ser apurado em

avaliação, por regra. Não sendo essa possível, o credor exeqüente faz estimativa e o juiz

arbitra o valor, que deve ser apurado, de acordo com a correção terminológica conferida ao

parágrafo 2.º do referido artigo, em liquidação por arbitramento, mesmo de forma

incidental.

“Art. 644. A sentença relativa a obrigação de fazer ou não fazer cumpre-se de acordo

com o artigo 461, observando-se, subsidiariamente, o disposto neste Capítulo.” (NR)

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O texto do artigo supra exige que a efetivação das obrigações de fazer e de não

fazer sejam cumpridas, primordialmente, de acordo com as regras do artigo 461, atendendo

assim ao princípio do exato adimplemento, e subsidiariamente é que se observam as

proposições dos artigos 632 e seguintes do Código de Processo Civil, conforme já

explicitado quando do estudo do artigo 461, devidamente modificado.

“Art. 659 (...)

§ 4o A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de penhora,

cabendo ao exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (art. 669),

providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, o respectivo

registro no ofício imobiliário, mediante apresentação de certidão de inteiro teor do ato e

independentemente de mandado judicial.”

O parágrafo 4.º do respectivo artigo altera a lei para estabelecer que o registro da

penhora não é constitutivo do ato, pois, com efeito, há penhora sem registro. Todavia, é

ônus do exeqüente o registro desta em cartório, mediante apresentação de certidão de

inteiro teor da decisão e independentemente de mandado, para que o exeqüente obtenha a

presunção absoluta de conhecimento por terceiros, da penhora efetivada.

“§ 5o Nos casos do § 4o, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, a

penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, será realizada por termo

nos autos, do qual será intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu

advogado, e por este ato constituído depositário. ”(NR)

O parágrafo 5.º determina que, apresentada a certidão de matrícula para a penhora

de bem imóvel, realiza-se esta por termo nos autos, dos quais deve-se tirar certidão de

inteiro teor, para fins de registro no Cartório de Registros de Imóveis competente. Ato

contínuo à penhora, deve-se intimar o executado, ainda que na pessoa de seu advogado,

para que o executado seja constituído depositário do bem, com todas as obrigações

decorrentes desse ônus.

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“Art. 4o O art. 744 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973, passa a integrar o Capítulo

III do Título III do Livro II, vigorando seu caput com a seguinte redação:

Art. 744. Na execução para entrega de coisa (art. 621) é lícito ao devedor deduzir

embargos de retenção por benfeitorias ...” (NR)

Contrariando parte minoritária da doutrina e da jurisprudência, a lei, de acordo com

a nova redação dada ao artigo 744 do Código de Processo Civil, permite a interposição de

embargos de retenção por benfeitorias em sede de execução, ainda que não interpostos no

processo de conhecimento. Permanece, todavia, a dúvida, a ser extirpada pela doutrina, se

cabem embargos por retenção na execução por título judicial ou na efetivação de tutela

antecipada nas obrigações de entrega, em razão da remissão ao artigo 621, no caput do

artigo 744, que se refere ao título extrajudicial somente.

2.6. Modificação Operada no Livro de Processo Cautelar

“Art. 814...........................................................................

Parágrafo único. Equipara-se à prova literal da dívida líquida e certa, para efeito de

concessão de arresto, a sentença, líquida ou ilíquida, pendente de recurso, condenando

o devedor ao pagamento de dinheiro ou de prestação que em dinheiro possa converter-

se.” (NR)

Insere-se, por meio da nova redação do artigo 814 do Código de Processo Civil,

documento equiparado à prova literal de dívida líquida e certa, qual seja, sentença líquida

ou ilíquida, pendente de recurso, para fins de pedido de cautelar de arresto, seja

preparatória ou incidental.

2.7. Cláusula de Vigência e Vacatio Legis

“Art. 5o Esta Lei entra em vigor 3 (três) meses após a data de sua publicação. Brasília, 7

de maio de 2002; 181o da Independência e 114o da República.”

Prevê o artigo 5.º da Lei n. 10.444/02 a sua entrada em vigência três meses após a

data de sua publicação, que lhe conferiu obrigatoriedade em 7.5.2002. Assim, as

modificações, objeto de nosso estudo, entram em vigor em 8 de agosto próximo futuro, nos

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termos dos parágrafos acrescidos ao artigo 8.º da Lei Complementar n. 95/98, pela Lei

Complementar n. 107/01.

Fim.

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