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REDES SOCIAIS: Construindo uma comunidade de aprendizagem

Autora: Clarice de Fátima Fragoso 1 Orientadora: Sonia Ana Leszczynski 2

1

Resumo

A sociedade atual e também a escola vêm sofrendo profundas transformações nos

campos sociais e tecnológicos em consequência da cibercultura que invade os

diversos espaços. Há um turbilhão de informações à disposição da humanidade e,

uma desestabilização no que se conhecia até então sobre o processo cognitivo.

Cabe à escola o papel de mediação na busca da essência do conhecimento

necessário ao aluno e de tentar decifrar as tecnologias aliando-as ao processo de

ensino aprendizagem. Esse artigo aborda esse papel, num processo reflexivo

apresentando uma pesquisa-ação utilizando o Facebook na formação de uma

comunidade de aprendizagem “on line”, envolvendo alguns professores, alunos,

funcionários e pais do Colégio Estadual Alfredo Greipel Júnior, interessados em

participar dessa pesquisa-ação. Consequentemente, propondo espaços de interação

e formas alternativas de ensino e aprendizagem utilizando esses recursos como

estratégias pedagógicas. Apresenta também as dificuldades enfrentadas e o

percurso realizado, porém não um resultado final, pois se considera apenas o início

de uma experiência que deve ao longo do tempo ser ampliada e revista e que

permanecerá.

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias, Educação, Redes Sociais, Facebook.

1 1.Pós graduada em Gestão do Trabalho Pedagógico, Pedagoga atuante no Colégio Estadual Alfredo

Greipel Júnior – Piên – PR

2. PhD em Educação pela The University of Iowa, 1993, USA; Psicologia pela Universidade Tuiuti do

Paraná 1982 Chefe do Departamento de Educação na Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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1 Introdução

Tomando a realidade atual como cenário, vemos uma população sendo

bombardeada pelas grandes transformações nos campos sociais e tecnológicos,

numa constante metamorfose. Um enorme contingente de parafernália tecnológica

vem sendo lançado todos os dias sobre a humanidade. Os meios tecnológicos,

cada vez mais avançados, tem também uma vida útil muito curta, o que obriga os

seres humanos que não querem ficar à margem de toda essa revolução, aderir ao

modismo, mesmo porque, vem sendo atropelado por esse turbilhão tecnológico.

Este movimento induz para que pensemos que não há tempo disponível para

passar horas a fio lendo jornais, revistas, livros, sites na tentativa de manter-se

conectado com a evolução. A técnica vem transformando o mundo, as relações, as

maneiras de pensar e conviver, trazendo uma ruptura nos paradigmas educacionais

conhecidos até então.

O conhecimento, fator determinante dessa era passou a ditar o ritmo das

mudanças no campo material e cultural, com isso, não podemos ignorar a influência

da cibercultura sobre o comportamento humano e consequentemente, sobre o

escolar. Este é um momento crucial para a educação. Parece que o modelo atual

de educação não atende aos anseios dessa nova sociedade, tampouco dos alunos,

mas ainda não se sabe como efetivar na prática o que a teoria prega. Como todo

período de transição, traz incertezas, desestabilidades e resistências para os

professores que fundamentam sua prática pedagógica em princípios tradicionais,

que salientam o produto e não o processo de aprendizagem. A hierarquia “professor

ensina, aluno aprende” está sendo desmitificada. Frente a essa realidade, os

professores se deparam com o dilema de „o quê e como ensinar‟.

O tema escolhido “O uso das tecnologias na organização e implementação

do trabalho pedagógico” é um tema atual presente no nosso dia a dia e necessita

ser amplamente discutido, digerido. Não tendo mais como fugir desta realidade, a

escola precisa achar mecanismos de aliar esses recursos ao trabalho pedagógico.

O objetivo do trabalho consistiu em construir uma comunidade de aprendizagem

colaborativa “on line”, utilizando-se da rede social Facebook, com alunos,

professores e pais do Colégio Estadual Alfredo Greipel Júnior.

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2 As transformações sociais e educacionais

2.1 A desestabilização no processo de ensino-aprendizagem na era da

cibercultura.

Parece possível afirmar que já é reconhecido que educação, ciência e

tecnologia são os elementos mais decisivos nas mudanças estruturais desta era.

Escrita, leitura, imagem, criação aprendizagem, são capturados por uma

informática cada vez mais avançada. Hoje se aprende muito fora dos muros

escolares, as “técnicas” tão questionadas fazem parte do dia-a-dia de um expressivo

contingente de pessoas trazendo desestabilização nas características cognitivas

universais conhecidas até então. Estes ciberespaços invadem os muros escolares

provocando discussões sobre os rumos da educação. “As profundas

transformações (...) produzem a necessidade de ressignificar o conceito de escola e

por consequência, de espaço de aprendizagem e até mesmo de processos

pedagógicos.” (THIESEN, 2008, p. 113).

Frente a essa realidade, os professores se deparam com o dilema de „o quê

e como ensinar‟, instalando-se um caos inicial, que segundo Lévy:

Quando uma circunstância como uma mudança técnica desetabiliza o antigo equilíbrio das forças e das representações, estratégias inéditas e alianças inusitadas tornam-se possíveis. Uma infinidade heterogênea de agentes sociais exploram as novas possibilidades em proveito próprio (e em detrimento de outros agentes), até que uma nova situação se estabilize provisoriamente, com seus valores, suas morais e suas culturas locais. (p.16, 1993)

Se revisitarmos a história iremos concluir que não é a primeira vez que o

mundo, a humanidade e, principalmente as normas do saber passa por uma

metamorfose tão significativa e nos obriga a remodelar novos universos.

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Vivemos um destes raros momentos em que, a partir de uma nova configuração técnica, quer dizer, de uma nova relação com o cosmos, um novo estilo de humanidade é inventado. (LÉVY, p.17, 1993)

A escola não pode manter-se à marginalidade dessas transformações,

porém não é fácil mudar e contornar os empecilhos pedagógicos, uma vez que, ao

propor um trabalho utilizando-se de recursos tecnológicos, professores e alunos,

podem ainda não ter acesso a estes recursos. E, mesmo em escolas que oferecem

estes recursos, alguns se encontram defasados ou não dão conta da demanda.

Desta forma, contribuindo, com a resistência dos professores em utilizar-se desse

meio como recurso de aprendizagem, retardando ainda mais a entrada da

cibercultura, esta entendida aqui “como o conjunto de técnicas (materiais e

intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se

desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.” Levy, 1999, p. 17. Já

o ciberespaço também chamado de rede “é o novo meio de comunicação que surge

da interconexão mundial dos computadores” como recurso na educação. E, ainda

encontramos na realidade de nossas escolas, professores que se negam a utilizar

esse recurso, seja por receio ou desconhecimento.

No entanto, a educação passa a ter um papel ainda mais importante e

relevante neste processo todo. Pois, para se apropriar destes recursos tecnológicos

é necessária uma boa formação acadêmica que permita criar e operar com maior

rapidez e eficiência os artefatos tecnológicos exigindo do professor domínio sobre

estes, para que possa preparar suas aulas e mesmo instruir seus alunos.

Mesmo com todas essas barreiras, a escola não pode se isentar da

responsabilidade, de proporcionar oportunidades para seus alunos e professores se

familiarizar e adquirir certa destreza frente ao computador. Os seres humanos são

capazes de adquirir habilidade necessária para o uso destas ferramentas, porém

devem ser respeitados seus tempos. Podemos inferir que as crianças e

adolescentes aprendem de uma forma mais rápida, já que não tem medo de ousar,

experimentar, tentar, errar.

A internet é uma mídia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. [...] A internet

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pode ajudar a desenvolver a intuição, a flexibilidade mental, a adaptação a ritmos diferentes. (MORAN, 2000, p. 53)

O desafio não está em ensinar os alunos a utilizar os mecanismos

tecnológicos que surgem a todo o momento, pois como nasceram na era digital,

apresentam indícios de possuir maior facilidade em decifrar os códigos de manuseio.

O verdadeiro desafio está em ensiná-los a utilizá-los bem, sendo esse um papel

relevante da escola, que deve sinalizar direções que favoreçam a construção deste

conhecimento.

A memorização é facilitada pela emoção e repetição e também,

parafraseando Antony Hobbins, (1987, p. 93), o ser humano interpreta estímulos de

diferentes formas. Há as pessoas visuais, que aprendem olhando, as auditivas que

aprendem ouvindo e há aquelas que apreciam o movimento, que são as

cinestésicas. Estas se utilizam do movimento, do tato, precisam pegar para ver e, os

recursos tecnológicos utilizam constantemente esses três tipos de linguagens

podendo ser ferramentas fundamentais na aprendizagem. O ambiente virtual de

aprendizagem também pode oferecer a cada indivíduo a oportunidade de aprender

do seu jeito, na sua velocidade num constante e necessário Aprender a Aprender

como condição indispensável para viver nesta era digital.

Porém, nosso papel como educadores, é o de refletir sobre tudo isso não

aderindo apenas a modismos e tendências. Essa nova realidade exige uma

mudança de paradigmas no processo de ensino e aprendizagem e para isso se faz

necessário conhecimento acadêmico para questionar, refletir, levantar hipóteses,

fazendo uma profunda análise e troca de ideias. Porque melhorar nem sempre quer

dizer transformar, esquecer tudo, fazer outra coisa, muitas vezes é dar continuidade

ao trabalho tecendo alguns ajustes. Bem como, não se pode ser resistente aquilo

que está sendo a tendência do momento para os alunos, devemos buscar com

maturidade e criticidade formas para aproveitar esses recursos para a prática

pedagógica. A informática pode num processo de aprendizagem, ser mais paciente

e menos humilhante que o ser humano, possibilitando ao aprendente a oportunidade

de consultar, fazer, desfazer, de voltar e experimentar, quantas vezes for

necessário, sem parecer ridículo. A informática serve também, e principalmente,

quando não há professores disponíveis, em locais distantes e para os alunos

autodidatas, pois dispõe de programas autoexplicativos proporcionando a

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oportunidade de muitas pessoas estarem enriquecendo seus conhecimentos e se

aperfeiçoando constantemente.

Já dizia Perrenoud, em 1995, citado por ele próprio em 2005 que a

ferramenta informática oferece importantes possibilidades de diferenciação mais

ricas do que as dos livros de leitura e que é preciso que tiremos proveito delas para

desenvolver competências, suscitar projetos, criar situações problemas, propiciar

avaliação formativa, em função de objetivos claros e realistas.

Tentar aliar o uso de tecnologias na organização e implementação do

trabalho pedagógico é um desafio para os educadores de nosso tempo,

principalmente no que concerne ao emprego dos recursos de redes sociais para

construir uma comunidade de aprendizagem colaborativa.

a natureza deste processo implica que o utilizador ou membro da comunidade seja um participante activo e, deste modo, um co-autor do desenvolvimento do sistema no sentido da criação da comunidade de conhecimento. (DIAS, 2001)

Parafraseando Lévy, 1993, ao analisar como ocorre a aprendizagem, vemos

que ela não é diferente da cultura da informática, pois apreendemos por simulação e

a imensa rede associativa que constitui nosso universo mental, encontra-se em

metamorfose permanente. Vivemos hoje uma redistribuição da configuração do

saber que se havia estabilizado no século XVII com a generalização da impressão

Como em outras épocas, há uma expectativa de que as novas tecnologias nos trarão soluções rápidas para o ensino. Sem dúvida, as tecnologias nos permitem ampliar o conceito de aula, de espaço e tempo, de comunicação audiovisual, e estabelecer pontes novas entre o presencial e o virtual, entre o estarmos juntos e o estarmos conectados a distância. Mas, se ensinar dependesse só das tecnologias, já teríamos achado as melhores soluções há muito tempo. Elas são importantes, mas não resolvem as questões de fundo. Ensinar e aprender são desafios maiores e enfrentamos em todas as épocas e particularmente agora em que estamos pressionados pela transição de modelo de gestão industrial para o da informação e do conhecimento. (MORAN, 2010, P. 12)

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Naturalmente, cabe à escola, o papel de tentar decifrar essas tecnologias e

utilizá-las como aliadas ao processo de ensino-aprendizagem e também, de como

as aprendizagens estão se desencadeando nesta nova realidade. . (Lévy p. 10)

Ensinar e aprender exige hoje muito mais flexibilidade espaço temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nós e em conseguir integrá-las dentro de nossa mente e da nossa vida. (MORAN, 2000, p. 29)

Sabe-se que os recursos tecnológicos, por si só, não poderão dar conta de

desenvolver as habilidades intelectuais necessárias que fazem a diferença nas

inúmeras tarefas escolares, como: a lógica natural, a capacidade de estabelecer

relações, o domínio da escrita e da leitura e a capacidade de decodificar

informações áudio-visuais e nem mesmo a escola dá conta desta tarefa. “Uma

prática regular da informática e das redes, pode contribuir para reforçar essas

competências, mas não pode criá-las, nem fazê-las evoluir de maneira fulminante.”

(Perrenoud, 2005, p. 62). Também ao professor são indispensáveis o preparo e a

boa vontade para que aconteça a práxis (prática reflexiva) inclusive na perspectiva

das tecnologias:

[...] o domínio instrumental de uma tecnologia, seja ela qual for, é insuficiente para que o professor possa compreender seus modos de produção de forma a incorporá-la à prática. É preciso criar situações de formação contextualizada, nas quais os educadores possam utilizar a tecnologia em atividades que lhes permitam interagir para resolver problemas significativos para sua vida e trabalho, representar pensamentos e sentimentos, reinterpretar representações e reconstruí-las para poder recontextualizar as situações em práticas pedagógicas com os alunos (ALMEIDA, 2007, p. 160).

Tais observações nos levam à tentativa de unir essas duas realidades num

processo de interação, descoberta e relacionamento, empregando as redes sociais,

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como Orkut, Facebook, Blog, Twitter, na formação de comunidades com cunho

pedagógico.

Essa pesquisa-ação, método escolhido para pautar este trabalho, é um

importante instrumento de apoio e de inovação, pois permite que o objeto de

pesquisa seja analisado e refletido sobre a própria prática, sendo passível de

intervenções instantâneas e mudanças significativas.

Engel, 2000, p. 181, define a pesquisa-ação como sendo

... um tipo de pesquisa participante engajada, em oposição à pesquisa tradicional, que é considerada como “indecente”, “não reativa” e “objetiva”. Como o próprio nome já diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa e a ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da prática (...) surgiu da necessidade de superar a lacuna entre teoria e prática.

Antes de abordar as Redes Sociais e mais precisamente o Facebook, se faz

importante definir alguns termos para que se possa ter uma ideia mais organizada

de sua estrutura.

Em geral, quando se fala em tecnologia, as pessoas já estão envolvidas pela

cultura da informatização e organizadas em uma sociedade, para isso, considero

importante conceituarmos sociedade.

Extraído do Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica, p.

213:

Sociedade é um tipo especial de sistema social que, como todos os

sistemas sociais, distingue‐se por suas características culturais, estruturais

e demográficas/ecológicas. É especificamente, um sistema definido por um território geográfico (que poderá ou não coincidir com as fronteiras de

Nações‐Estado), dentro do qual uma população compartilha de uma cultura

e estilo de vida comuns, em condições de autonomia, independência e

autossuficiências relativas. É necessário especificar „relativa‟, porque se

trata de questões de grau no mundo moderno, de sociedades interdependentes. É seguro dizer, no entanto, que elas figuram entre os mais autônomos e independentes de todos os sistemas sociais. Outra característica distintiva das sociedades é que tendem a ser o maior sistema com o qual indivíduos se identificam como membros. (1997)

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A toda hora essa sociedade vem sendo bombardeada com novidades

tecnológicas. Estas tecnologias mexem com toda a população, alterando hábitos de

vida, formas de relacionamento, maneiras de aprender. Somos influenciados

significativamente por essa cibercultura, conforme afirma Perrenoud, em 2005:

Hoje, a multimídia, as redes mundiais, a realidade virtual e, mais corriqueiramente, o conjunto de ferramentas informáticas e telemáticas parecem transformar nossa vida. Elas afetam as relações sociais e as formas de trabalhar, se informar, de se formar, de se distrair, de consumir e, mais fundamentalmente ainda, de falar, de escrever, de entrar em contato, de consultar, de decidir e, talvez, pouco a pouco, de pensar. (p.57)

Vê-se a humanidade sendo modificada em função das mídias sociais. Uma

sociedade midiática vem surgindo, as grandes organizações se apropriaram

rapidamente da cultura tecnológica. A nossa vida é acompanhada pela tecnologia.

Por meio de um clique pode-se saber muitas informações a respeito de uma pessoa.

Essas informações são cruzadas entre si, mantendo um controle sobre as

organizações e pessoas, inclusive pelo governo. Toda esta técnica, a disposição da

sociedade, ao mesmo tempo facilita a vida das pessoas, também aumenta o fosso

das desigualdades sociais e culturais condicionando o acesso a esses recursos.

Ao analisar comparativamente a linha do tempo da humanidade e das

tecnologias percebe-se que ao longo da história o tempo de vida humana aumentou

e o tempo de vida das tecnologias diminuiu, tornando quase impossível acompanhar

a evolução tecnológica e consequentemente a difusão dos conhecimentos relativos

à tecnologia, influenciando de alguma forma a história das relações e modificando os

tipos de sociedade:

Cada grande inovação em informática abriu a possibilidade de novas relações entre homens e computadores: códigos de programação cada vez mais intuitivos, comunicação em tempo real, redes, micro, novos princípios e interfaces... É porque dizem respeito aos humanos que estas viradas na historia dos artefatos informáticos nos importam. (LÉVY, 1993, p. 54)

Diante disto, não se pode passar por esse processo sem uma reflexão que

nos leve a buscar alternativas para lidarmos com essas transformações que para

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uma grande parcela da população são ainda desconhecidas. Certamente é

impossível acompanhar e/ou adquirir todas as novidades lançadas diariamente no

campo tecnológico, porém, isso nos obriga a manter-nos conectados com a

evolução e perseguir a universalização de acesso a esses recursos. A escola tem

sua responsabilidade para com essa população, principalmente a escola pública.

Portanto,

Incluir a sociedade na era da informática torna-se tarefa fundamental para rever esse quadro de “apartheid digital” que contribui para o empobrecimento do país à medida que as pessoas permanecem alheias aos recursos e serviços disponibilizados pelos computadores e pela Grande Rede. A educação, sem dúvida, é a principal via de acesso para esse novo mundo. (THIESEN, 2008, pág. 110)

O conhecimento, fator determinante dessa era passou a ditar o ritmo das

mudanças nos campos materiais e culturais. A cibercultura traz uma série de novos

desafios que devem nos levar a reflexão e a busca de proposições para lidar com

todas essas transformações, exigidas pela sociedade digital, principalmente a

aprendizagem permanente, condição „sine qua non‟ para nos mantermos

conectados no ciberespaço, definido assim por Lévy, 1999:

O Ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material de comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ele abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (p. 17)

Segundo a Enciclopédia Virtual, Wikipédia, 2012, o conceito de Rede Social

se define como:

uma ‟estrutura social‟ composta por „pessoas‟ ou „organizações‟, conectadas

por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos

comuns. Uma das características fundamentais na definição das redes é a

sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não

hierárquicos entre os participantes. (1)

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Essa rede se dá mais por interesses comuns, identidade, lealdade, do que por

idade, parentesco, obrigação, ou outro motivo. Conforme o interesse,

As redes sociais online podem operar em diferentes níveis, como, por

exemplo, redes de relacionamentos (facebook, orkut, myspace, twitter),

redes profissionais (LinkedIn), redes comunitárias (redes sociais em bairros

ou cidades), redes políticas, dentre outras, e permitem analisar a forma

como as organizações desenvolvem a sua actividade, como os indivíduos

alcançam os seus objectivos ou medir o capital social – o valor que os

indivíduos obtêm da rede social. (2)

Cada vez se percebe mais a importância que essas redes sociais têm

desempenhado no mundo virtual e real, onde as características de horizontalidade e

descentralização têm contribuído para um poder paralelo na sociedade moderna.

Um ponto em comum dentre os diversos tipos de rede social é o

compartilhamento de informações, conhecimentos, interesses e esforços

em busca de objetivos comuns. A intensificação da formação das redes

sociais, nesse sentido, reflete um processo de fortalecimento da Sociedade

Civil, em um contexto de maior participação democrática e mobilização

social. (3)

2.2 A Ideologia nas redes sociais

É necessário estarmos atentos à ideologia dos diferentes grupos sociais,

observando as nuances dadas as questões ou problemas abordados, pois muitas

vezes, as informações que são repetidas à exaustão podem transformar uma

mentira em verdade, interferindo de maneira negativa na construção de identidades.

Segundo Lévy, 1993, p. 26 “A rede não está no espaço, ela é o espaço”. E nós,

como parte dela, devemos estar preparados para questioná-la, levantar dúvidas,

investigar e criticar. Nestes casos, estabelecendo uma relação pró-ativa para com

os recursos tecnológicos, num processo ético de interação e colaboração, ampliando

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as oportunidades favoráveis de aprofundamento do conhecimento e da obtenção de

informações e orientações, a fim de que a aprendizagem possa ocorrer em

diferentes lugares, de diversas formas, transcendendo os muros escolares, sem

portanto, perder qualidade.

Nosso desafio maior é caminhar para um ensino e uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas no que concerne aos aspectos sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social, que expressem suas palavras e ações que estão sempre evoluindo, mudando, avançando. (MORAN, 2000, P.15)

Um artigo publicado pela Revista Época, Edição 60, de fevereiro de 2012

destacando as Redes Sociais, apresenta esse meio como um dos mais poderosos,

gerando em pouco tempo, a partir delas, grandes movimentos sociais. O

compartilhamento, as informações, as notícias que viajam em segundos, com um

curtir e compartilhar cria um poder paralelo muito forte. A ideia que começou com a

intenção de compartilhar gostos comuns se transformou em grandes redes que

permitem relacionamentos além-fronteiras com amigos do mundo inteiro, conhecidos

e desconhecidos. Um vídeo caseiro pode deixar uma pessoa famosa em pouco

tempo, uma notícia ou imagem registrada por um repórter amador pode percorrer o

mundo. Denúncias, pedido de justiça, busca de informações, entre outras tantas

coisas, tornou-se realidade, através deste meio.

A tecnologia também em muitas oportunidades isola o indivíduo do mundo

real, das interações sociais ao seu redor e toma um tempo extremo do individuo, que

se habitua e que se não houver autodomínio e criticidade pode se tornar um cidadão

cético por tecnologia e alheio ao convívio social.

2.3 Redes Sociais: Facebook

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O Facebook, rede social escolhida para pautar esse trabalho tem este nome

oriundo da língua inglesa: Face: face, rosto e book: livro, também inspirado no nome

coloquial dado ao livro entregue aos alunos, nos Estados Unidos, com fotos e

algumas informações dos colegas no intuito de se conhecerem melhor. A Wikipédia

a define como:

Facebook é um site e serviço de rede social e lançado em fevereiro de

2004, operado e de propriedade privada da Facebook Inc. [3]

Em fevereiro

de 2012, o Facebook tinha mais de 845 milhões de usuários ativos. [4]

Os

usuários devem se registrar antes de utilizar o site, após isso, podem criar um perfil pessoal, adicionar outros usuários como amigos e trocar mensagens, incluindo notificações automáticas quando atualizarem o seu perfil. Além disso, os usuários podem participar de grupos de interesse comum de outros utilizadores, organizados por escola, trabalho ou faculdade, ou outras características, e categorizar seus amigos em listas

como "as pessoas do trabalho" ou "amigos íntimos". (Wikipédia, 2012)

Para participar, o usuário deve se registrar antes de utilizar o site, após criar

um perfil pessoal, ir construindo sua rede social, convidando amigos a participarem e

aceitando convites também. Além disso, pode escolher grupos de interesse para

fazer parte, categorizar seus amigos, postar textos e imagens, curtir, comentar,

cutucar e compartilhar suas postagens e dos amigos adicionados à sua rede, bem

como, trocar mensagens públicas e privadas, esses recursos sendo os mais

importantes e utilizados.

Conforme nos mostra o infográfico, o Facebook é a Rede Social que mais

cresce no Brasil, característica também dos países emergentes. Com crescimento

de quase 300%, o Facebook ultrapassou o Orkut que era a Rede Social mais

utilizada até 2011, no Brasil.

Tabela 1 – Brasil é o país com maior crescimento no Facebook em 2011.

Top 10 em presença no Facebook

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País Número de usuários Crescimento em

2011

Estados Unidos 157,4 milhões 8,01%

Indonésia 41,8 milhões 30%

Índia 41,4 milhões 139,5%

Brasil 35,2 milhões 298,5%

México 30,98 milhões 67,6%

Turquia 30,96 milhões 28,1%

Reino Unido 30,5 milhões 6,3%

Filipinas 27 milhões 43%

França 23,5 milhões 15%

Alemanha 22,1 milhões 61,7%

Fonte: Época Negócios, Revista on line, Ed. 60, fev.2012.

O Facebook foi escolhido como o instrumento de interação, neste trabalho,

por permitir uma relação pró-ativa do educador, do aluno e dos pais para com os

recursos tecnológicos, num processo ético de interação e colaboração, ampliando as

oportunidades favoráveis de aprofundamento do conhecimento e da obtenção de

informações e orientações, a fim de que a aprendizagem possa ocorrer em

diferentes lugares.

2.4 Implementando o Projeto

As configurações do Facebook proporcionaram pelas características de sua

aplicação, um grande número de conversas breves e informais, uma rede extensa

de amizade, dificultando a proposta inicial do trabalho que seria construir uma

comunidade de aprendizagem. Isso norteou uma retomada nos rumos do projeto

inicial, permitido pela proposta inicial de pesquisa-ação. A página passou então a

ser alimentada com mensagens mais breves e informativos da escola, bem como

divulgação do trabalho escolar. Os alunos da proposta inicial, Ensino Fundamental

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não corresponderam dentro das expectativas, já os do Ensino Médio, mandavam

convites para participar da comunidade, assim como, pais e amigos formando então,

uma comunidade diferente da proposta, pois não achei interessante descartar as

solicitações de amizade.

O grande volume e a velocidade de informações e amizades proporcionadas

pelas Redes Sociais, principalmente o Facebook, como vimos anteriormente, faz

com que as informações sejam cada vez mais curtas e superficiais, como uma

réplica de anotações, já que na sua maioria as informações são compartilhadas,

numa coleção de frases, imagens, fotos, charges, apropriando-se do que é do outro,

num espaço próprio o que levou a uma reorganização da pesquisa-ação.

Houve um momento inicial com o lançamento oficial da página apresentando

aos alunos do 8º Ano e 9 º Ano do Ensino Fundamental, alguns pais e alguns

professores. Foi aplicado um questionário a vinte pessoas deste público. Destes,

12 afirmou que tem computador em casa, com acesso a Internet. Já oito alunos não

tem computador, mas acessa a Internet de outros locais, como escola, casa de

amigos, celular. Dos vinte que responderam, quinze já fazem parte de alguma Rede

Social, predominando o Orkut e Windows Live Messenger e dezoito disseram querer

fazer parte da Comunidade de Aprendizagem proposta neste trabalho. Sugeriram o

Orkut e Blog e, como assuntos a serem abordados: Esportes, sexualidade,

relacionamento familiar, História Nacional e do Mundo, Geografia, Matemática.

No início foi postado o vídeo: “Posso ser seu amigo?”, disponível em

http://www.youtube.com/watch?v=i2QCVs0q-vU com alguns questionamentos sobre

quão estranha é a vida on line, comparando com o dia a dia. Somente alguns

alunos comentaram e responderam. Como o facebook é uma página muito rápida,

se o interlocutor não estiver conectado na hora da postagem pode não perceber o

que foi postado, tendo que acessar a página do amigo para ter acesso às

informações. Conversamos então, com os alunos, professores, pais pedindo que

consultassem a página, postando sua opinião e participação. Aos poucos foram

participando mais, mas também a proposta foi sendo alterada pelo pedido de alunos

e professores que fosse utilizada como um meio de divulgação das atividades

escolares, passando a ser mais informativo do que de aprendizagem.

A experiência foi válida, não foi assim tão fácil e nem tem teve tanta adesão

como se esperava. A falta de acesso à internet de alguns alunos, a proibição de

acessar esse tipo de página pelos laboratórios de informática do Paraná Digital

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(laboratório digital disponível nas escolas do Estado do Paraná) para acesso aos

alunos na escola, também foram contribuintes para a dificuldade neste trabalho.

Também se vê necessária uma organização e definição de objetivos quando

se acessa a internet e/ou redes sociais, para não se esvair daquilo que se pretende,

navegando em páginas desnecessárias.

3 Grupos de Trabalho em Rede (GTR)

O GTR (Grupo de Trabalho em Rede) é parte integrante da proposta do

PDE, os professores participantes têm como tarefa elaborar atividades dentro de sua

linha de pesquisa para um Grupo de professores inscritos, na modalidade de

formação à distância. É oferecido aos professores da rede estadual como formação

e discussão buscando efetivar o processo de formação continuada a esses

profissionais e enriquecer a pesquisa do professor PDE. Houveram dez professoras

inscritas destas, sete concluíram com êxito a formação. As interações foram muito

proveitosas e enriqueceram o trabalho de pesquisa proposta por esta tutora.

O tema foi o mesmo deste artigo, no início foram postados alguns vídeos

sobre Redes Sociais e Etiqueta na Internet, bem como, textos e foram levantados

alguns questionamentos em que o professor deveria produzir textos e elaborar as

tarefas sendo avaliados de acordo com a instrução do Programa PDE.

Foram levantadas hipóteses de fortalezas e fraquezas na aplicação do

projeto, bem como, defesas e críticas em relação às Redes Sociais, tais como: a

educação tem um longo caminho a percorrer para que as tecnologias ocupem um

espaço sistemático no trabalho pedagógico; o investimento do poder público é um

dos grandes entraves neste trabalho, pois os equipamentos disponíveis nas

instituições encontram-se defasados; o despreparo e a resistência de alguns

professores; a falta de definição de regras claras para utilização das tecnologias no

ambiente escolar, bem como, das redes sociais como instrumento de ensino e

aprendizagem; o descompasso entre o preparo do aluno e do professor diante da

parafernália tecnológica. Estes são os principais pontos levantados que se

apresentam em algumas vezes como entraves na utilização destes recursos no

trabalho pedagógico.

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Porém é na difusão de idéias e experiências que vamos atingindo um

contingente cada vez maior de pessoas, ultrapassando barreiras e os muros da

escola e mostrando a importância da aceitação e do conhecimento na área das

tecnologias, dos ambientes de aprendizagem colaborativa e das redes sociais.

4 Considerações Finais

Quando decidi fazer esse estudo sobre as tecnologias na educação tinha em

mente a utilização das tecnologias como aliadas a educação no processo de

aprendizagem, como instrumentos eficazes e eficientes e chamar a atenção para a

influência que a tecnologia tem sobre a vida das pessoas e sobre a escola. Porém o

desafio de trazer essa técnica, ainda é uma inovação que nem sempre, nós

educadores, estamos preparados para inseri-los em nosso trabalho, bem como, os

alunos.

Em sua maioria a informática tem sido usada como hobby e como pesquisa

para atender uma necessidade imposta pelo professor. As redes sociais,

principalmente, o Facebook, tem sido utilizadas quase como uma página de recados

e informações pontuais e não como pesquisa e/ou como proposta de aprendizagem.

Então ao invés do aluno comentar, ele acabava somente curtindo e/ou

compartilhando as informações e o Facebook sendo uma página com um grande e

rápido volume de informações acontecia muito de, que se o aluno não estivesse on

line no momento da postagem, não percebia e/ou recebia a informação.

O fato de como pedagoga, estar fora da sala de aula e fazer um trabalho

com alunos também dificultou um pouco, assim como de o laboratório de informática

do colégio não permitir acesso às redes sociais. Também pude sentir o apartheid

social, uma vez que alguns alunos que gostariam de participar do projeto não

puderam por não disponibilizar de computador e de internet em sua casa. E,

constatar que para uma significativa parte da população, a cibercultura é algo alheio.

Durante o trabalho pude refletir sobre as influências que a técnica exerce

sobre a sociedade e principalmente a escola, a desestabilização no processo de

ensino-aprendizagem e a ideologia das redes sociais. Parafraseando Moran, 2010,

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podemos dizer que na educação muitas vezes quando investigamos um assunto,

este não ocorre isoladamente e nem pode ser considerado à parte, se entrelaçando

com outros, pois o processo educacional é complexo. Sendo assim, definir entre

tantos assuntos qual abordar neste artigo e na página criada também não foi uma

tarefa fácil. Vejo que essa é uma das principais dificuldades quando nos deparamos

com o ciberespaço, definir prioridades e focá-las.

Esse é um tema de relevante importância e vem despontando como uma

necessidade que pode indicar novos rumos na educação. O fato de a pesquisa-

ação ter sido o método escolhido para pautar o trabalho permitiu a retomada do

rumo e ao final, a página passou a ser usada mais como um informativo da escola,

divulgando as atividades realizadas, pode-se dizer um jornal “on line” e pelo tempo

que estou na educação e o número de pessoas que conheci ao longo de minha

carreira profissional, no final da aplicação do projeto, mais de 400 amigos fazem

parte desta rede social, o que não sei precisar se é bom ou ruim.

Considero que o estudo realizado foi de muita importância, porém é um tema

que não se esgota, uma vez que vem engatinhando dentro da educação, mas na

sociedade se despeja num volume considerável.

Mesmo, sabendo que cada vez mais, a Cibercultura é um caminho sem volta

e que não há mais como resistir e/ou ignorá-la, ainda temos muito que aprender

sobre esse processo dentro da educação.

Esse não é o primeiro e, com certeza, não será o último momento em que a

educação passa por modificações nas normas do saber cabe a nós abrirmo-nos a

novas formas de aprender, ensinar, comunicar, conhecer, para enfrentarmos os

desafios dos novos tempos.

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