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RECUPERAÇÃO JUDICIAL DIREITO COMERCIAL III 2011/1 Prof. Vinícius Borges Fortes 1

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Page 1: Recuperação Judicial

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

DIREITO COMERCIAL III2011/1

Prof. Vinícius Borges Fortes

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Page 2: Recuperação Judicial

DESENVOLVIMENTO DA AULA

1. Noções gerais sobre recuperação judicial, extrajudicial e falência;

2. Principais transformações da Lei de Recuperação de Empresas (LRE);

3. Incidência do regime de recuperação judicial.

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Page 3: Recuperação Judicial

NOÇÕES GERAIS SOBRE RECUPERAÇÃO JUDICIAL,

EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA

A Lei 11.101, de 09 de fevereiro de 2005 - Lei de Recuperação de Empresas (LRE), modificou a disciplina jurídica aplicável às empresas em dificuldade, substituindo o Decreto-lei 7.661/45, a antiga Lei de Falências e Concordatas.

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NOÇÕES GERAIS SOBRE RECUPERAÇÃO JUDICIAL,

EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA

O regime falimentar continua sendo destinado ao empresário:a.Insolventeb.Sem possibilidade de recuperaçãoc.Com tendência à cessação da atividade de empresário (sem necessariamente encerrar a atividade empresarial).

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NOÇÕES GERAIS SOBRE RECUPERAÇÃO JUDICIAL,

EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA

A nova LRE busca dar maior efetividade à intervenção judicial na empresa em dificuldade, com o propósito de minimizar:1.As perdas decorrentes do estado de insolvência do empresário; 2.O risco de cessação da atividade empresária; 3.A perda gerada para a sociedade humana, que deixaria de contar com os bens e serviços, postos de trabalho, fatos geradores de tributos, e distribuição de renda.

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Page 6: Recuperação Judicial

NOÇÕES GERAIS SOBRE RECUPERAÇÃO JUDICIAL,

EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA

O Empresário (incluindo-se nesse conceito a Sociedade Empresária) em crise e outros interessados poderão optar pelo estabelecimento de um regime de Recuperação Judicial ou Extrajudicial para desencadear uma tentativa de retomada do equilíbrio econômico e financeiro da empresa, ou pelo pedido de decretação de falência, nas hipóteses em que não se mostrar viável a recuperação.

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PRINCIPAIS TRANFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)1. A medida judicial de preservação do devedor relativamente à

falência deixa de ser a CONCORDATA, passando a ser a RECUPERAÇÃO JUDICIAL

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Page 8: Recuperação Judicial

PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)2. O pedido de FALÊNCIA perde, em parte, a característica de medida

coercitiva utilizável na cobrança de dívida.

1. Só é cabível o pedido de falência se o valor da dívida em atraso for superior ao mínimo estabelecido em lei (40 salários mínimos)

2. A simples apresentação do plano de recuperação, no prazo da contestação, impede a decretação da falência com base na impontualidade injustificada;

3. Amplia-se o prazo para a contestação (ou depósito elisivo) de 24 horas para 10 dias.

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Page 9: Recuperação Judicial

PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)3. A venda dos bens do falido (realização do ativo) pode ser feita

desde logo.

1. Ao contrário da regra anterior (Decreto-lei de 1945), onde a realização do ativo estava condicionada à conclusão da fase cognitiva (verificação dos créditos e investigação de crimes falimentares).

2. Com a nova LRE, a venda dos bens perecíveis, sujeitos a considerável desvalorização, de conservação arriscada ou dispendiosa pode ser feita antecipadamente.

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Page 10: Recuperação Judicial

PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)4. A venda dos bens do falido (realização do ativo) pode ser feita de

acordo com uma ordem de preferência.

1. Alienação da empresa, com a venda em bloco;2. Alienação da empresa, com a venda de unidades isoladamente;3. Alienação em bloco dos bens que integram o estabelecimento; 4. Alienação parcelada ou individual dos bens.

Além das formas de venda existentes (Leilão e Propostas), cria-se uma nova modalidade, o PREGÃO. A escolha da forma de venda cabe ao juiz, e não mais ao Administrador Judicial.

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Page 11: Recuperação Judicial

PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)

5. Sucessão do adquirente dos bens do falido.

O adquirente dos bens do falido ou do requerente da recuperação judicial (neste último caso, se previsto no Plano aprovado em juízo) não é sucessor deles quando a alienação ocorre em hasta judicial.

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PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)

6. Participação do Ministério Público na falência.

O Ministério Público não precisa mais intervir em todos os processos de que seja parte ou interessada a massa falida.

Salvo algumas intervenções específicas (impugnação à venda, rescisão do crédito admitido, etc.) o Ministério Público só deve participar do processo de falência quando houver fatos como o indício de crime, desobediência à lei ou ameaça de lesão ao interesse público.

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PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)

7. O SÍNDICO passa a chamar-se ADMINISTRADOR JUDICIAL.

1. Alteraram-se os critérios de sua remuneração e define-se que ela é extraconcursal (será paga antes dos credores).

2. A autonomia do administrador judicial é menor que a do SÍNDICO (realização do ativo, p. ex.)

3. Cria-se novo órgão na falência (Comitê) e amplia-se a função da Assembleia de Credores.

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PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)

8. Restituição de mercadorias.

1. O pedido de restituição de mercadorias entregues nos 15 dias anteriores ao requerimento da falência não poderá ser atendido se elas já tiverem sido alienadas pelo próprio devedor (antes da falência).

2. Antes da Nova Lei, apenas a alienação da mercadoria pela massa falida (na liquidação ou em venda antecipada) obstava a restituição.

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Page 15: Recuperação Judicial

PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)9. Altera-se a ordem de classificação dos credores.

1. As vítimas de acidentes de trabalho passam a concorrer com os empregados titulares de direitos trabalhistas (estes últimos limitados a 150 salários mínimos por CREDOR);

2. Os titulares de garantia real passam a ter preferência sobre os credores fiscais;

3. As despesas com a administração da falência, incluindo a remuneração do administrador judicial, bem como as restituições em dinheiro são atendidas antes dos credores;

4. Também são atendidos antes dos credores do falido aqueles que lhe outorgaram crédito (não quirografário) enquanto tramitava a recuperação judicial. Se for quirografário, é reclassificado na convolação em falência para PRIVILEGIADO.

5. Define-se, por fim, como crédito subordinado o titularizado por administrador sem vínculo trabalhista ou sócio.

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PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)

10. Penas pecuniárias por infração penal ou administrativa.

Passam a ser reclamáveis na falência as penas pecuniárias por infração à lei penal ou administrativa, inclusive as multas tributárias estaduais e municipais, créditos que se classificam agora como subquirografários com preferência sobre os subordinados.

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PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)

11. Verificação dos créditos.

1. O próprio falido deve apresentar a lista de seus credores. O credor que discordar do valor ou classificação do seu crédito e aquele que não teve seu crédito incluído na lista devem apresentar respectivamente suas divergências e habilitação ao administrador judicial.

2. Se na republicação da lista dos credores o interesse do credor não tiver sido atendido, ele deve apresentar ao juiz a impugnação.

3. Após o julgamento de todas as impugnações, o administrador judicial procede à terceira publicação da lista, como consolidação do quadro geral de credores.

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PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)

12. Ação revocatória.

1. Passa a ser cabível apenas na hipótese de ineficácia subjetiva (atos revogáveis).

2. Para a ineficácia objetiva, prevê-se a declaração por simples despacho no processo falimentar, ação própria ou medida incidental.

3. O prazo de decadência para a ação revocatória passa de 01 ano a contar do início da liquidação para 03 anos contados da sentença declaratória da falência.

4. A legitimidade ativa cabe ao administrador judicial, a qualquer credor ou ao Ministério Público.

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PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)

13. Supressões na Nova Lei.

Deixa de existir a verificação de contas, medida cautelar de supressão do título executivo na hipótese de falência por impontualidade injustificada.

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PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE

EMPRESAS (LRE)14. Mudanças no direito penal falimentar.

1. Deixa de ser típica a conduta culposa;2. Aumentam-se consideravelmente as penas;3. A existência de “Caixa 2” passa a ser agravante do crime falimentar;4. A prescrição passa a ser a mesma do Código Penal, tanto o prazo

como as hipóteses de interrupção;5. Deixa de existir o inquérito judicial;6. O crime falimentar passa a ser investigado em inquérito policial.

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INCIDÊNCIA DO REGIME DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

1. Instituições financeiras e assemelhadas: já incide sobre estas o regime especial de intervenção e liquidação extrajudicial. É o Banco Central quem intervém. Não podem atuar quando insolventes;

2. As entidades de previdência complementar e sociedades operadoras de plano de assistência à saúde: estão sujeitas a regime especial, disciplinadas por leis específicas;

3. As sociedades irregulares e os proibidos de atuar empresarialmente: não têm legitimidade para pleitear o regime de Recuperação Judicial. Tais figuras se sujeitam à FALÊNCIA, mas não tem direito à RECUPERAÇÃO JUDICIAL, que é considerada um regime que beneficia exclusivamente o empresário.

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Pessoas e figuras excluídas do benefício da Recuperação Judicial

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INCIDÊNCIA DO REGIME DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

4. Sociedade em conta de participação: é uma categoria societária que somente gera efeitos internos, uma vez que, perante os credores, a responsabilidade pelas obrigações é exclusiva do ostensivo. O sócio ostensivo, se empresário regular, pode pedir a Recuperação Judicial, a sociedade não;

5. Empresa pública e sociedade de economia mista: contam com investimentos públicos que não poderão estar sujeitos às mesmas regras aplicáveis às empresas que operam exclusivamente com recursos privados.

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Pessoas e figuras excluídas do benefício da Recuperação Judicial

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA AULA

BERTOLDI, Marcelo M.. Curso avançado de direito comercial: teoria geral do direito comercial, direito societário. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

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OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

E-mail: [email protected]

Twitter: @vbfortes

Blog:viniciusfortes.imed.edu.br

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