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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
COMO FERRAME�TA
DA GESTÃO AMBIE�TAL
Por: Michelle Ribeiro Reis
Orientador
Prof. Francisco Carrera
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS
COMO FERRAME�TA
DA GESTÃO AMBIE�TAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Ambiental.
Por: Michelle Ribeiro Reis
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus amigos e colegas
pela troca de experiências que
possibilitaram meu engrandecimento
pessoal e profissional.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais por me
criarem com muito amor, sempre acreditando
e investindo em mim. Em especial a minha
irmã porque mesmo estando distante,
participou de todas as etapas do meu
processo de aprendizagem sempre pronta
para me ajudar.
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RESUMO
Atualmente, muito tem se falado sobre Meio Ambiente e como gerenciá-
lo de modo eficiente e sustentável. Paralelamente, a prática de Recuperação de
Áreas Degradadas (RAD) vem se tornando cada vez mais comum e necessária
para tal feito, pois ela funciona como uma das ferramentas utilizadas pela
Gestão Ambiental, possibilitando a transformação de uma área antes sem
função, em uma área produtiva novamente.
Dessa forma, através do levantamento das principais práticas e
ferramentas utilizadas na recuperação ambiental nos dias atuais, bem como as
instituições envolvidas e as dificuldades encontradas por elas neste processo.
Com isso, pretende-se descobrir problemas e indicar soluções que permitam o
desenvolvimento de novas tecnologias para tal fim.
Ao fim deste trabalho foi possível concluir que a sustentabilidade do
processo de desenvolvimento só será atingida quando houver enfim, a
reestruturação dos modelos de produção e de desenvolvimento, que deverão
reduzir as desigualdades sociais ao fornecer uma distribuição mais justa da
renda, ou seja, os três princípios fundamentais do desenvolvimento sustentável
são: eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica.
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METODOLOGIA
Este trabalho será baseado no levantamento das principais práticas e
ferramentas utilizadas na recuperação ambiental nos dias atuais, bem como as
instituições envolvidas e as dificuldades encontradas por elas neste processo.
Com isso, pretende-se descobrir problemas e indicar soluções que permitam o
desenvolvimento de novas tecnologias para tal fim.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Histórico 10
CAPÍTULO II - Definições e objetivos da 13 recuperação ambiental CAPÍTULO III - Motivos para se recuperar 18 o meio ambiente
CAPÍTULO IV - Caracterização da área degradada 20
CAPÍTULO V - O ciclo do carbono 28
CAPÍTULO VI - A serrapilheira e a seleção 30 de espécies CAPÍTULO VII - Os impactos e a 33 recuperação ambiental
CAPÍTULO VIII - Considerações sobre 40 a recuperação ambiental
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA 46
ÍNDICE 58
8
INTRODUÇÃO
Atualmente, muito tem se falado sobre Meio Ambiente e como
gerenciá-lo de modo eficiente e sustentável. Paralelamente, a prática de
Recuperação de Áreas Degradadas (RAD) vem se tornando cada vez mais
comum e necessária para tal feito, pois ela funciona como uma das
ferramentas utilizadas pela Gestão Ambiental, uma vez que através dela é
possível tornar uma área antes sem função, em uma área produtiva
novamente. Fato este que afeta toda a população que se preocupa com uma
vida mais sustentável e ambientalmente limpa.
Devido ao grande aumento no interesse público pela proteção do meio
ambiente atualmente, principalmente no que diz respeito ao aquecimento
global e aos incêndios florestais, torna-se necessário o correto entendimento
dos conceitos relacionados à recuperação de áreas degradadas. Hoje, sabe-se
que para se trabalhar com esse assunto é preciso derrubar o paradigma de
que a recuperação ambiental, ou seja, o resgate da funcionalidade ecológica
do ecossistema trata apenas da implantação de reflorestamentos (medidas
biológicas).
Como todos nós sabemos, a degradação ambiental é um problema
que atinge a humanidade já há bastante tempo. Hoje, devido às intensas
atividades antrópicas, muitos de seus recursos chegaram à exaustão
impossibilitando, em muitos casos, a auto-recuperação do meio ambiente e
tornando necessária para o sucesso da recuperação, a ajuda daquele que
acabou por ocasionar o problema, o homem. Desta forma, a grande
preocupação está no fato de a evolução da tecnologia favorecer os modelos de
produção que preferem a maximização econômica à conservação ambiental,
tornando cada dia mais difícil a tarefa de solucionarmos a questão.
Percebe-se, ao longo dos últimos 30 anos, nos países desenvolvidos e
no Brasil, que a qualidade e quantidade de áreas degradadas recuperadas têm
sido significativamente aperfeiçoadas. A sociedade expressa sua determinação
exigindo e fiscalizando o fim de práticas industriais e de uso do solo e da água
que causem degradação ambiental em longo prazo, por meio de numerosos
9
regulamentos federais, estaduais e locais. A indústria, aos poucos, vem
aceitando a responsabilidade para a mitigação dos impactos negativos e a
recuperar danos causados aos sistemas ambientais. Resultados bem
sucedidos de recuperação estão sendo divulgados mensalmente em jornais,
revistas, TV e pela “internet”. Infelizmente, algumas concepções erradas ainda
persistem, relativas a abusos ambientais praticados por alguns setores das
atividades produtivas, baseadas em hábitos do passado (TOY e DANIELS,
1998; TOY et al., 2002; GRIFFITH, 2002).
Além das exigências legais, da cobrança da sociedade civil organizada
e do acúmulo de pesquisas e resultados de experiências, a melhoria dos
procedimentos de recuperação pode ser responsabilizada por avanços em: 1)
métodos de avaliação de impactos ambientais; 2) planejamento da
recuperação; 3) projeto de equipamentos; e 4) materiais disponíveis, incluindo
produtos de controle de erosão, variedade de sementes e técnicas de
revegetação. A avaliação de impactos ambientais e o planejamento da
recuperação têm beneficiado a expansão de bancos de dados e refinamentos
de modelos hidrológicos, geomórficos e de engenharia. A evolução da
computação facilitou a eficiência destes modelos e a acessibilidade a banco de
dados. Emergiu um mercado para equipamento especializado, com o fato do
tema recuperação ter-se tornado operação padrão nos negócios rotineiros de
várias indústrias. A inovação de produtos para controle de erosão, por
exemplo, eram desenvolvidos exclusivamente para circunstâncias especiais.
Também, a variedade e quantidade de sementes disponíveis para revegetação
aumentaram, especialmente para espécies nativas (MEYER e RENARD, 1991;
TOY e DANIELS, 1998; TOY et al., 2002).
Recentemente, houve um aumento na contribuição mundial de vários
setores no que diz respeito à inovação de políticas ambientais e apoio às
pesquisas na área de recuperação ambiental.
Visando a redução de prejuízos financeiros devido às constantes
mudanças climáticas, empresas do ramo de seguros vêm investindo pesado
em metodologias de recuperação. Já na busca por avanços nas pesquisas na
área, alguns organismos internacionais, como a ONU (Organização das
10
Nações Unidas), o BIRD (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o BID
(Banco Mundial) funcionam como agentes econômicos e políticos. Não
deixando de fora as ONGs (Organizações Não- Governamentais), que desde
sempre são de fundamental importância, principalmente, na divulgação dos
acontecimentos e busca por contribuições para saná-los.
O processo de recuperação ambiental é complexo, exigindo tempo,
recursos e conhecimento dos diversos fatores que compõem ou podem
interferir na área a ser recuperada. Devem ser incluídos os diversos atores
sociais afetados ou envolvidos na área direta e indiretamente afetada,
considerando seus valores e interesses. Assim, a etapa inicial do planejamento
do projeto de recuperação ambiental, permitirá que seja conhecida a amplitude
do problema ambiental para o qual este projeto será destinado. Neste ponto,
deverá ser traçado o plano de recuperação com os objetivos de médio e longo
prazo, bem definido e coerente com a realidade. Deve-se considerar as
externalidades e a totalidade das relações físicas, biológicas, políticas, sócio-
econômicas, tecnológicas e culturais da área na qual o projeto está inserido
(NARDELLI e NASCIMENTO, 2000).
CAPÍTULO I
Histórico
De acordo com BERNARDES e FERREIRA (2003), vale ressaltar
alguns eventos internacionais que envolvem a política ambiental e a tomada de
consciência sobre a importância deste assunto em nível global. O desastre
ocorrido na Baía de Minamata, no Japão, detonou a solicitação sueca para
uma reunião mundial com vistas ao modelo de desenvolvimento e às questões
ambientais. Em Estocolmo, em 1972, aconteceu a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente, onde o ponto marcante a contestação às
propostas do Clube de Roma sobre o crescimento zero para os países em
11
desenvolvimento. Mesmo assim, ficou reconhecido por toda a comunidade
internacional, em função de comprovações científicas, a vinculação entre
desenvolvimento e meio ambiente, sendo aceita a consideração que é
responsabilidade majoritária dos países desenvolvidos a contaminação do
planeta. Programas e comissões importantes foram criados tais como o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD),
estabelecendo o assunto definitivamente na agenda e nas discussões da ONU.
Outra reunião importante foi a Conferência de Meio Ambiente e
Desenvolvimento (ECO 92), que veio para concretizar a importância da
proteção ambiental para o desenvolvimento, bem como a recuperação de
áreas degradadas como fundamental para tal.
Segundo GRIFFITH (2002), o marco do processo atual de recuperação
ambiental no Brasil foi o protesto público em Belo Horizonte, em 1977, contra a
mineração na Serra do Curral, MG. A partir desse evento, a atuação da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) e outras universidades no movimento
de recuperação ambiental, tem sido constante. Já em 1978, foi elaborado um
relatório contendo recomendações para a recuperação de superfícies
mineradas de bauxita, convênio UFV/Alcominas, em Poços de Caldas, MG. Em
1980 foi produzido o Boletim Técnico Recuperação Conservacionista de
Superfícies Mineradas: uma revisão de literatura, pela Sociedade de
Investigação Florestal da UFV (SIF/UFV). A partir dessa data, vários cursos de
controle de poluição pela mineração e avaliações da recuperação de áreas
mineradas foram implementados. Em 1987 iniciam-se pesquisas no Centro
Nacional de Pesquisas Ambientais da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (CNPAB/EMBRAPA) sobre espécies fixadoras de nitrogênio para
revegetar áreas degradadas.
Em 1988 a nova Constituição do Brasil exige a recuperação de
áreas degradadas e em 1989, por meio do Decreto n. 97.632/89, passou a
ser exigida a elaboração de um Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas (PRAD) para áreas de mineração. Em 1990 o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA,
12
1990) publica um manual de recuperação de áreas degradadas pela
mineração. Em 1991 é firmado um convênio entre a Universidade Federal
de Lavras (UFLA) e a Centrais Elétricas de Minas Gerais (CEMIG) para
estudar a recuperação de matas ciliares. Em 1992 acontece o I Simpósio
Nacional sobre Recuperação de Áreas Degradadas (RAD) em Curitiba, PR.
Outro passo importante para a afirmação da necessidade de recuperação
ambiental (RA) foi a criação em 1997 da Sociedade Brasileira de
Recuperação de Áreas Degradadas (SOBRADE). Em 1998 a Companhia
Geral de Minas (Poços de Caldas, MG) e a Samarco Mineração S.A.
(Mariana, MG) obtiveram a Certificação ISO 14001 para mineração
(GRIFFITH, 2002).
Porém, mesmo com tantas leis e decretos salvaguardando os
recursos naturais e o meio ambiente, nessa mesma época a devastação
contabilizada na Mata Atlântica, no Cerrado e na Amazônia foi assustadora.
Ainda mais considerando-se um agravante: o Código Florestal Brasileiro já
havia sido criado. Isso vem a reforçar o fato de que não basta que leis
rigorosas sejam criadas, é preciso que a população se conscientize e
interfira na criação de políticas públicas mais adequadas, e que os
degradadores sejam responsabilizados e punidos adequadamente. Para
isso, deve ser exigido sim o licenciamento ambiental para qualquer atividade
poluidora/degradadora e a fiscalização deve ser mais rígida e o
monitoramento da produção deve ser constante e ainda, que seja
implantada a gestão ambiental e fornecida a educação ambiental a
comunidade.
Em 1992, durante as reuniões preparatórias para a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), a ECO
92, realizada no Rio de Janeiro, ocorreram intensas discussões sobre as
atividades e mecanismos econômicos especialmente impactantes para o meio
ambiente e capazes de depauperar os recursos naturais. O documento
denominado Agenda 21 é resultante dessas discussões, contendo inúmeras
recomendações, inclusive aquelas que enfatizam a importância dos governos e
organismos financeiros internacionais priorizarem políticas econômicas para
13
estimular a sustentabilidade por meio da taxação do uso indiscriminado dos
recursos naturais, da poluição e despejo de resíduos, da eliminação de
subsídios que favoreçam a degradação ambiental e da contabilização de
custos ambientais e de saúde (ELDREDGE, 1999; PULITANO, 2003).
Em agosto de 2002, em Johannesburgo, na África do Sul, ocorreu a
reunião da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10),
onde 189 países se reuniram para fazer um balanço de uma década de
iniciativas para conservar os ambientes do planeta e melhorar a qualidade de
vida de seus habitantes, como também para traçar novos rumos para alcançar
o desenvolvimento sustentável. Porém, constatou-se nessa reunião, que não
só os indicadores ambientais estão piorando, de florestas ao clima, mas que o
movimento para o desenvolvimento sustentável está enfraquecido por uma
crise globalizada, delineada por “uma relativa distensão das relações
internacionais, permeada pela perplexidade e o novo conhecimento que as
transformações geopolíticas impõem” (CAPOBIANCO, 2002; PULITANO,
2003).
Os indicadores mundiais referentes às questões ambientais, tais como
florestas, biodiversidade, água, efeito estufa, consumo de energia, terras
cultivadas, pobreza e população, são alarmantes. Estima-se, que desde a
metade do século passado, o mundo perdeu uma quinta parte da superfície
cultivável e um quinto das florestas tropicais (RELATÓRIO..., 1991).
CAPÍTULO II
Definições e objetivos da recuperação ambiental
Em um Programa de Recuperação Ambiental de Áreas Degradadas
(PRAD) temos que ter uma visão holística e de longo prazo em que, em muitos
casos, faz com que seja necessário programar outras atividades associadas aos
plantios para que a sustentabilidade da recuperação seja garantida.
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A reabilitação de ambientes degradados exige o pleno conhecimento da
dinâmica e das funções ecológicas do ecossistema, bem como de suas
demandas. A identificação e o entendimento dos agentes causadores dos
processos de degradação e de suas interações ajudam a gerar e aprimorar
estratégias viáveis para mitigar os danos gerados. Após a implantação das
medidas de recuperação, torna-se necessário o monitoramento da área por
meio de avaliações contínuas dos seus meios físicos e bióticos. Este
procedimento permite a avaliação da eficiência das ações implantadas e o
aprimoramento das práticas de recuperação. Este monitoramento pode ser
efetuado por meio da identificação de indicadores, como a regeneração
espontânea da vegetação, a quantificação da degradação específica (produção
de sedimentos), entre outros. Mas para entendermos melhor logo abaixo
serão expostos alguns conceitos e estudos de caso.
Inicialmente precisamos entender a diferença existente entre áreas
degradadas e áreas perturbadas, cujos procedimentos de recuperação a serem
empregados são bem distintos.
1. Tipos de áreas
1.1. Área degradada
É uma área que após distúrbio, teve seus meios de retornar ao equilíbrio
homeostático prejudicados, apresentando baixa resiliência, tornando-se
necessário a ação antrópica para sua reabilitação. Em outras palavras, é
uma área que sofreu impacto de tal magnitude que mesmo após cessar o
agente impactante ela permanece prestando desserviços ambientais
(erosão, perda de biodiversidade, etc), necessitando da intervenção humana
para reverter a tendência de degradação. Nessa situação, caso não seja
efetuada nenhuma intervenção o ambiente permanecerá se degradando
(tendência inercial de degradação), por tempo superior a de uma geração
humana.
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1.2. Área perturbada
Também é uma área que sofreu distúrbio, porém esta mantém sua
capacidade de resiliência, podendo retornar ao equilíbrio espontaneamente,
ou seja, o ecossistema ainda apresenta atributos que permitem a reversão
da tendência de degradação, caso os agentes impactantes se cessem.
Nesse caso, é possível escolher o melhor método de acordo com cada
situação, ou seja, pode-se optar pelo isolamento da área deixando a mesma
se auto-regenerar ou por efetuar plantios de espécies arbóreas visando
acelerar o processo de recuperação.
A avaliação de um PRAD começa com um diagnóstico detalhista e
preciso da área degradada. Para isso, deve ser realizada uma leitura do
ambiente e a posterior identificação dos indicadores ambientais que permitirão
determinar se trata-sede uma área degradada ou uma área perturbada, ao
sinalizar os principais problemas e pontos críticos a serem estudados. Como
exemplos destes indicadores pode-se citar: dinâmica dos processos erosivos,
presença de solo exposto, árvores mortas e contorcidas, depósitos de
sedimentos nas áreas mais aplainadas, incipiente colonização vegetal,
espaçamento entre a vegetação, etc.
Tratando-se da recuperação propriamente dita, é comum a citação de
termos como recuperação, reabilitação e restauração como se fossem um
único processo. TOY e DANIELS (1998) definem três categorias de tratamento
de recuperação de solo:
Na reabilitação, o solo é retornado à forma e produtividade em
conformidade com a sua capacidade de uso, incluindo sua estabilidade e
equilíbrio ecológico, que não contribua substancialmente para a deterioração
ambiental e com os valores estéticos circundantes. Enquanto isso, na
recuperação, o local é novamente hospitaleiro para organismos que eram
originalmente presentes ou outros que se aproximam das populações originais.
Por fim, na restauração, a condição do local no momento da perturbação é
reproduzida depois da ação.
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2. Ações conservacionistas
Para o passo seguinte, ou seja, para a escolha da melhor metodologia a
ser aplicada, é preciso identificar os agentes causadores dos problemas na área
degradada ou perturbada. Quando a área apresenta processos erosivos muito
intensos, como pedreiras e outras atividades que retiram o substrato edáfico, a
implantação apenas de medidas biológicas podem não surtir o efeito esperado a
priori, já que as mudas plantadas não conseguem se estabelecer implicando em
gastos desnecessários com recursos. Nesses casos, a reabilitação (já que a
restauração é impossível) deve ser feita a princípio com medidas físicas para
que os processos erosivos não se agravem e, só posteriormente, com medidas
biológicas.
Para o melhor entendimento deste processo, cada uma dessas ações
conservacionistas utilizadas na RAD será brevemente explicada, sendo elas
constituídas basicamente de: medidas físicas, físico-biológicas e biológicas.
2.1. Medidas físicas
Elas promovem em curto prazo o estancamento dos processos erosivos
por meio do disciplinamento das redes de drenagem através da construção de
obras físicas de engenharia. Elas são indicadas para casos em que o nível de
degradação é muito alto e outra medida não apresentaria resultados. São
exemplos: caixas de sedimentação, canaletas, caixa de dissipação da água,
defletores, travessas, diques e gabiões.
2.2 Medidas físico-biológicas
Constituem-se em barreiras físicas temporárias, associadas a espécies
pioneiras, que visam aumentar a rugosidade do terreno, minimizar a energia
cinética da água e otimizar a infiltração e retenção de umidade,
proporcionando condições favoráveis ao estabelecimento das espécies
introduzidas e posterior recobrimento da área. Dois exemplos típicos dessas
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medidas são as biomantas (geotêxtil/geomantas) e as “almofadas”. As
primeiras consistem em uma trama de fibras (fibras vegetais, palha agrícola,
fibra de coco ou fibras sintéticas), protegidas por redes de polipropileno ou juta,
o que permite programar sua degradabilidade. Já as segundas, constituem-se
de sacos de ráfia, contendo substrato orgânico e coquetel de sementes de
espécies rústicas, associadas à mudas de espécies arbóreas pioneiras pouco
exigentes em termos hídricos e nutricionais.
2.3. Medidas biológicas
Consistem-se no plantio de essências florestais de diferentes estágios
sucessionais e com funções ecológicas distintas. Essa medida é a mais
amplamente utilizada, tendo efeitos satisfatórios quando a área apresenta um
grau de degradação não muito intenso.
No entendimento de KOBIYAMA et al. (1993), degradação é
ocasionada por “processos e fenômenos do meio ambiente, naturais ou
antropogênicos, que prejudicam as atividades de um ou mais organismos”.
Enquanto que para GRIFFITH et al. (2000), “a recuperação de áreas
degradadas (RAD), ou recuperação ambiental (RA), é um conjunto de ações
planejadas e executadas por especialistas de diferentes áreas do
conhecimento humano, que visam proporcionar o restabelecimento da auto-
sustentabilidade e do equilíbrio paisagístico semelhantes aos anteriormente
existentes, em um sistema natural que perdeu essas características. As
pesquisas em recuperação ambiental têm enfocado tanto os problemas
decorrentes das atividades agropecuárias, florestais, minerárias, construção
civil, urbanização e industrialização, como aqueles decorrentes de processos
naturais, tais como enchentes, incêndios, secas, dilúvios e atividades
sísmicas”.
Para esta monografia, recuperação será conceituada como sendo a
criação de pedopaisagens estáveis e sustentáveis, através do uso adequado
do solo. Considerando ainda que, as comunidades locais como parte
18
integrante do ambiente recuperado, convivam em harmonia com este
buscando sempre um maior equilíbrio sócio-ambiental.
CAPÍTULO III
Motivos para se recuperar o meio ambiente
Segundo BERNARDES e FERREIRA (2003), aproximadamente 6
milhões de hectares de terras produtivas sofrem anualmente processos de
desertificação, sendo que a maior parte delas ocorrem nas regiões mais
pobres do continente africano. Isso indica que cerca de 30% da superfície do
planeta já se encontra desertificada, o que significa menos terra agricultável
disponível (LEMOS e BATMANIAN, 2000).
Estimativas da ONU, apud DIAS (1998), dão conta de que não há
exatidão nos cálculos de degradação no Brasil, apenas sabe-se que os
principais degradadores do solo são o desmatamento e a agropecuária. Por
outro lado, indicam que cerca de 15% do solo mundial encontra-se degradado:
5% na América do Norte, 12% na Oceania, 14% na América do Sul, 17% na
África, 18% na Ásia, 21% na América Central e 23% na Europa.
Para que os procedimentos sejam duradouros, os objetivos de um
projeto de recuperação ambiental, a partir de um amplo levantamento, devem
considerar além dos aspectos técnicos e legais, também, os aspectos
ambientais, sociais, culturais, econômicos e éticos. A partir dessa análise, o
ambiente passa a ser avaliado de tal forma que possam ser geradas
informações a respeito de suas características anteriores ao processo de
degradação - cenário pré-degradação, as quais poderão fornecer importantes
informações sobre o potencial de recuperação do ambiente, no cenário pós-
degradação (NASCIMENTO, 2001).
19
No entanto, de acordo com ESPÍNDOLA e BRIGANTE (2003), o
período da maioria dos estudos ainda é limitado em poucos anos, sendo
reduzidos os ecossistemas, terrestres e aquáticos, que apresentam
monitoramento contínuo em longo prazo; ou seja, estudos de longa duração,
como propagado pelo Programa de Estudos de Longa Duração (PELD),
apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), desde 1997. Outro ponto importante é o fato de a maioria dos estudos
serem regionais, existindo poucos estudos desenvolvidos considerando a
escala espacial, ou seja, em nível de bacia hidrográfica.
De acordo com GRIFFITH (2001), o passo inicial deve ser o
estabelecimento do grau de degradação no qual a área se encontra, que
ajudarão a definir quais são as possibilidades de uso futuro e quais as
expectativas a serem alcançadas.
O conceito de ecoeficiência foi desenvolvido principalmente entre as
empresas do setor privado para designar aperfeiçoamento no uso do material
e redução do impacto ambiental causados durante os processos produtivos.
Harmonizar as metas ecológicas com as econômicas exige não só a
ecoeficiência, mas também a observância a três princípios adicionais, todos
interdependentes e a reforçarem-se mutuamente, sendo considerados
importantes em iguais proporções, os aspectos: a) econômicos; b) ambientais;
e c) sociais (HAWKEN et al., 1999).
Desta forma, a recuperação dessas áreas degradadas é necessária não
somente pelo crescimento desordenado da população que leva ao aumento da
produção de alimentos e outros recursos, mas também pelo fato destes não
conseguirem suprir a demanda e por fim, e mais importante, o número de
áreas já degradas e/ou em degradação existentes. Portanto, os modelos de
produção e de desenvolvimento devem ser revistos, para que o
desenvolvimento sustentável torne-se realidade.
20
CAPÍTULO IV
Caracterização da área degradada
Como se sabe, a degradação afeta também os meios biótico e o
antrópico, além do meio físico como o solo (considerado o mais importante por
participar de praticamente todos os processos produtivos atuais). Talvez por
isso também, seja tão difícil descobrir sua degradação no estágio inicial.
Segundo DIAS (2003a), para se determinar a qualidade do solo deve-se
considerar para que fim aquele solo será destinado, já que cada atividade
exige um padrão de atributos diferente. No caso das edificações, os solos
devem ser altamente densos/compactos, o que para a agropecuária é
impróprio, por exemplo. Para ele, é possível caracterizar o ambiente
degradado através de duas abordagens diferentes: uma restritiva ou
segmentada (que analisa cada componente, facilitando a visualização e a sua
quantificação) ou uma ampla ou não segmentada (que utiliza conceitos de
ecologia para concluir que os componentes do ambiente devem estar em
equilíbrio).
Se algum tipo de intervenção antrópica vir a gerar degradação em
alguma área, este processo pode ser classificado de três formas distintas,
segundo DORAN e PARKIN (1994) e REINERT (1998). A degradação
física,está relacionada às alterações estruturais do solo, como alta
compactação, reduzida aeração, susceptibilidade à erosão, baixa retenção de
água e alteração topográfica do terreno. A característica da degradação
química são os insumos, ou seja, o uso de agroquímicos no solo e a saída de
nutriente (tanto pela produção agrícola como pela madeira dos plantios
florestais) reduzindo a fertilidade do solo. Já a degradação biológica é
determinada pela perda da biodiversidade do solo e pela redução do teor de
matéria orgânica.
Seguindo essa lógica, SÁNCHEZ (2001) caracterizou os solos
degradados por: perda de matéria orgânica (devido à erosão ou a movimentos
de massa), acúmulo de material alóctone recobrindo o solo, alteração negativa
de suas propriedades físicas (estrutura ou grau de compacidade), e químicas
21
(salinização, lixiviação, deposição ácida e concentração de poluentes) e morte
ou alteração das comunidades de organismos vivos do solo.
1. Revegetação das áreas degradadas
Para GRIFFITH et al. (2000), os caminhos da recuperação ambiental no
país em apenas dois até 1994: deixar a área regenerar-se naturalmente
(através da sucessão ecológica) ou implantar um “tapete verde” com espécies
de rápido crescimento e agressivas (como braquiárias e eucaliptos).
Entretanto, apesar de apresentar resultados rapidamente e estar de acordo
com a legislação, este método não é viável a médio e longo prazo fazendo com
que pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) desenvolvessem
um método novo, unindo estes dois em um só. Surgiu então a “estratégia de
duas fases”, como pode ser visto na Figura 1.
FIGURA 1: Estratégia de duas fases. Fonte: GRIFFITH et al., 2000.
A interpretação de GRIFFITH et al. (2000) para a figura acima é a
seguinte: “as figuras A e B ilustram, para cada estratégia, a evolução do
produto ecológico X no tempo. Supõe-se que o produto desejado seja um
sistema em desenvolvimento sucessional auto-sustentável e paisagisticamente
atrativo. Comparando as curvas, verifica-se que a abordagem do tapete verde
(Figura A) apresenta o desenvolvimento inicial rápido, mas atinge o equilíbrio
em um nível inferior (X*) ao apresentado (X**) pela abordagem sucessional
(Figura B). A proposta da UFV é combinar essas abordagens, proporcionando
rápido aumento inicial na quantidade de X* e permitindo grande produção em
22
nível X** (ótimo), quando a comunidade de plantas alcançar o ponto de
estabilidade (Figura C). Desta forma, poder-se-ia conjugar as potencialidades
de cada método”.
Como não é fácil conseguir os resultados esperados na prática, ou seja,
restabelecer as funções e formas compatíveis com a capacidade de suporte
dos ecossistemas perturbados, instituições de pesquisa e empresas continuam
numa busca incessante pela técnica mais adequada e eficiente de
recuperação. Exemplo dessa busca é a empresa Alcoa Alumínio S/A, que há
anos vem executando trabalhos de reabilitação de áreas mineradas de bauxita
no planalto de Poços de Calda, em Minas Gerais, para harmonizá-las com a
paisagem local. E até os dias atuais, suas técnicas sofrem modificações
periódicas, visando melhorias técnica e econômica, como a inclusão de:
levantamento fitossociológico, uso de serapilheira, mudança no método de
remodelamento do terreno, confecção de nichos, enriquecimento de áreas em
sucessão, produção de mudas em tubetes, entre outras (FERREIRA et al.,
1997).
Para o sucesso em longo prazo da reconstrução de um solo
degradado, faz-se necessário o restabelecimento da ciclagem de nutrientes e
do acúmulo de matéria orgânica, o que pode ser feito através da seleção do
material a ser reposto a partir de resíduos vegetais e animais. Considerando os
diferentes tipos de ambientes existentes no Brasil, deve-se tomar cuidado com
a prática adotada em cada um para que o objetivo da recuperação seja
alcançado com êxito. Dessa forma, no caso de ambientes úmidos, é
importante considerar a quantidade acumulada de nitrogênio (N) e de matéria
orgânica e a fixação de fósforo (P) por óxidos de ferro presentes no solo. Por
outro lado, em ambientes áridos e semi-áridos deve ser dada atenção especial
às condições salinas e sódicas e à deficiência de água. No uso de resíduos
(como restos de alimentos e cinzas de carvão, por exemplo), para correção de
solos, deve ser feita uma avaliação criteriosa para não haver riscos de
contaminação deste por algum componente tóxico presente no resíduo
(MEYER e RENARD, 1991; OLSON et al., 1994; TOY e DANIELS, 1998; TOY
et al., 2002).
23
2. Ciclagem de nutrientes
Sendo as explorações florestais e sua produção técnicas intensivas, é
de extrema necessidade que haja reposição de nutrientes, pois somente dessa
forma haverá crescimento e desenvolvimento dos plantios e,
consequentemente, sua sustentabilidade. No caso dos solos brasileiros, por
exemplo, muito intemperizados e lixiviados pelas intensas técnicas de manejo
e de silvicultura, a ciclagem de nutrientes se faz necessária para a retomada
da fertilidade perdida (CORREIA e ANDRADE, 1999). Entre essas causas,
pode-se citar o curto período de rotação, as elevadas produtividades obtidas, a
reposição apenas parcial dos nutrientes exportados e a grande perda de
nutrientes, principalmente pela erosão, já que em grande parte das vezes os
plantios localizam-se em topografia acidentada e/ou solos arenosos (BARROS
e NOVAIS, 1990; GOMES et al., 1997; BARROS, 2003).
Como se sabe, os nutrientes de um ecossistema florestal encontram-
se espalhados pelas diversas partes do solo, serrapilheira, sub-bosque e
árvores (neste caso, nas folhas, casca, ramos e lenho). Geralmente, observa-
se um gradiente que apresenta a seguinte tendência com relação ao teor
desses nutrientes: folhas > casca > ramos > lenho (POGGIANI et al., 1998).
A quantidade perdida de nutrientes então pode apresentar vários
motivos, pois depende da espécie ou tipo de clone, da densidade do plantio,
duração da rotação ou idade do corte, qualidade do sítio e componente da
árvore explorado e ainda da disponibilidade de água no solo. Desta forma,
BARROS (2003) afirma que quanto mais entendermos sobre o funcionamento
do sistema solo, mais saberemos os efeitos das práticas adotadas.
ODUM (1988) ressalta que particularmente nos trópicos, onde grande
parcela de matéria orgânica e dos nutrientes permanece na biomassa vegetal
(mais de três quartos de carbono), sendo reciclada dentro da estrutura
orgânica do sistema, com o auxílio de várias adaptações biológicas que
conservam nutrientes, inclusive simbiose mutualística entre organismos e
plantas.
24
Ressaltando que se quisermos analisar o mecanismo de absorção de
nutrientes pelas plantas, devemos observar a fase de desenvolvimento em que
estas se encontram. Desta forma, todo processo de ciclagem dos nutrientes
pode ser explicado por três ciclos: geoquímico, bioquímico e biogeoquímico.
2.1. Ciclo geoquímico
Segundo REIS e BARROS (1990), é formado por todas as vias de
entrada e saída de nutrientes pelo sistema radicular. Para entrar no sistema,
os nutrientes podem percorrer vários caminhos, como intemperismo,
precipitação, fixação assimbiótica de nitrogênio e fertilização. Já o contrário,
para sair do sistema, os nutrientes podem ser lixiviados, volatizados ou
oxidados (queimados), ou ainda serem exportados por erosão ou pelas
colheitas (dreno florestal).
O crescimento das plantas é um processo demorado, o que significa
que elas necessitam de uma grande quantidade de nutrientes nessa fase para
que suas estruturas sejam formadas. Sendo assim, tanto a absorção de
energia como a decomposição da matéria orgânica são elevadas, enquanto a
absorção de energia é reduzida. Neste período, de acordo com FORD (1994),
ainda pode-se observar um aumento de evapotranspiração, lixiviação e erosão,
o que pode ser explicado pelas altas na taxa de infiltração de água e na
incidência de luz no solo. Visando o valor econômico da planta através da
exploração comercial da floresta, BARROS (2003) diz que a adubação é
imprescindível como via de entrada de nutrientes na fase inicial do crescimento
das plantas, pois a biociclagem ainda não é eficiente.
2.2. Ciclo bioquímico
MENGEL e KIRKBY (1978) descrevem este ciclo como sendo a
translocação de nutrientes dos tecidos mais velhos para os mais jovens da
planta, sendo por isso de grande importância para nutrientes de maior
25
mobilidade (como nitrogênio e fósforo) e com menor significado para os que
apresentam menor mobilidade (como cálcio e enxofre) no interior da planta.
Segundo REIS e BARROS (1990), é por isso que a alta retranslocação
dos nutrientes é sentida pelas folhas velhas e a baixa é expressada pelas
folhas jovens. Para eles, é extremamente importante a análise da ciclagem
interna de nutrientes nas folhas porque pode haver imobilização de nitrogênio
durante sua decomposição, por exemplo. Além de possíveis lixiviações e
desvios para a formação de novos tecidos.
Dessa forma, como os desbastes fornecem nutrientes mineralizados,
eles atuam como controladores da sua ciclagem, ao reduzir os gastos de
energia e água do sistema. Com isso, as chances do sistema se exaurir são
menores, já que a ciclagem bioquímica de nutrientes nas árvores
remanescentes deverá aumentar, elevando a eficiência de utilização dos
nutrientes móveis nas plantas (BARROS, 2000).
Pensando na idade da planta como fator a ser considerado no
processo de mobilização dos nutrientes, cabe ressaltar que, caso o solo não
consegue suprir a necessidade da planta, o fluxo de retranslocação dos
elementos móveis é intensificado para que a biomassa seja produzida.
FIGURA 2: Representação esquemática dos ciclos de nutrientes em espécies
florestais: Geoquímico (A), Bioquímico (B) e Biogeoquímico (C). Fonte: BARROS e NOVAIS, 1990.
Como a ciclagem interna (fase bioquímica) dos elementos móveis se
acelera com o fechamento do dossel da árvore, a camada de serrapilheira no
ambiente externo começa a se formar. Dessa forma, sua decomposição
26
funciona como fornecedora dos nutrientes que a árvore necessita. Contudo, o
equilíbrio desta ciclagem tende a chegar quando a planta atinge a maturidade
e a demanda por nutrientes é suprida pelo retorno destes, através do ciclo
biogeoquímico. Enfim, reduzindo o intervalo de rotações, a demanda de
nutrientes aumentará já que o povoamento estará em um crescimento
(BARROS, 2000).
2.3. Ciclo Biogeoquímico
FORD (1994) define este ciclo como sendo a fase na qual o
crescimento vegetal é estável e tende a cair. Ele explica que isso ocorre
porque a distância a ser percorrida pelo nutriente, no seu trajeto da raiz à copa,
se tornou mais longo (e consequentemente, mais lento), diminuindo assim a
troca de nutrientes entre a planta e o solo e aumentando a camada de matéria
orgânica formada pela queda dos resíduos vegetais. Conclui-se então que,
como nesta fase há um maior número de folhas velhas, a taxa de respiração é
maior que a de fotossíntese.
Atualmente, é notório que cuidados nas operações de cultura e manejo
são indispensáveis para se evitar que a manta florestal se extingue, o que
pode ocorrer tanto por distúrbios artificiais (cultivo, remoção de serrapilheira)
como naturais (fogo, insetos) ou ainda por alterações na taxa de
decomposição. É por esse motivo que FERREIRA (1981) considera o retorno
do nutriente por meio da serrapilheira (“litter”) a via mais importante do ciclo
biogeoquímico.
A seguir, será demonstrado um esquema dos ciclos de elementos
químicos em um ecossistema florestal, com os processos de transferência e
compartimentos prováveis.
27
FIGURA 3: Ciclos de nutrientes em povoamentos florestais. Fonte: WHITMORE, 1989.
A quantidade de material que poderá retornar ao solo pode ser
calculada com base em alguns dados de longo prazo, como: quantidade de
material orgânico que aporta ao solo anualmente, de material nele acumulado
até determinada idade e o volume de resíduos da exploração florestal. Dessa
forma, é possível determinar que nutrientes podem ser perdidos caso a planta
demande menor quantidade que a fornecida pela decomposição. E ainda que
estes nutrientes fornecidos pela decomposição podem ser utilizados pelas
plantas do povoamento (em sistemas equilibrados) e colaborar para sua
produtividade e sustentabilidade (JORDAN e KLINE, 1972).
28
CAPÍTULO V
O ciclo do carbono
A fotossíntese serve, nas plantas clorofiladas (verdes), como porta de
entrada de compostos orgânicos, como carboidratos, proteínas e lignina,
através do gás carbônico (CO2). A matéria orgânica é formada no solo a partir
da senescência e morte da parte aérea e da deposição destas, e possui cerca
de 50% de carbono. Para finalizar o ciclo, este mesmo carbono (C) é utilizado
pelos microrganismos do solo na forma de energia e posteriormente, fornecido
ao solo ao ser decompor em água e CO2 (CERRI et al., 1992).
Tanto a deposição quanto a decomposição da serrapilheira aumentam
a liberação de parte do carbono contido na biomassa para atmosfera na forma
de CO2, além de possibilitar a absorção de outros elementos liberados pela
nova vegetação. Para que este processo seja realizado com sucesso, três
fatores precisam agir em conjunto fornecendo um ambiente favorável: os
macro e microrganismos (responsáveis pela decomposição), a degradabilidade
do material orgânico e as condições físico-químicas do ambiente (ABER e
MELILO, 1978; SWIFT et al., 1979).
Em se tratando de reciclagem, ou seja, quando perdas e ganhos anuais
de matéria orgânica do solo estão em equilíbrio dinâmico, JENKINSON e
LADD (1981) definem que, no caso do carbono, trata-se do fluxo através do
conteúdo total de C de uma dada amostra de solo. Isto ocorre em locais onde
o solo encontra-se a maior parte do tempo coberto pelo mesmo tipo de
vegetação. Já em locais degradados, tanto a estabilidade como distribuição e a
preservação da matéria orgânica no solo, estarão comprometidas.
Segundo SMITH e PAUL (1990), a fauna do solo, ou seja, a biomassa
microbiana pode ser considerada a parte central do ciclo do carbono, pois
funciona como reservatório de nutrientes nos solos, podendo ainda influenciar
no fluxo de nutrição das plantas. A Figura 4, a seguir, demonstra esta
afirmação.
29
FIGURA 4: Decomposição dos resíduos vegetais e ciclagem dos constituintes da matéria orgânica. Fonte: GAMA-RODRIGUES et al. (1997).
Há duas formas diferentes para a incorporação do carbono orgânico ao
solo em ecossistemas naturais: via epígea e via endógena. A primeira se refere
aos aportes originários dos restos vegetais e animais que se depositam na
superfície do solo para formar a serrapilheira, e a segunda onde os aportes
são devidos à exsudação da raiz viva ou aos produtos de decomposição
quando a planta morre (SWIFT et al., 1979). As populações microbianas do
solo recebem material orgânico de duas maneiras: primariamente pelos restos
vegetais e secundariamente pelos corpos destas populações.
Como dito anteriormente, a biomassa microbiana tem um papel
fundamental na humificação por se tratar de um reservatório de carbono no
solo e com isso, pode-se dizer que o manejo e/ou a condição edáfica é
responsável pelo acúmulo ou perda deste carbono. O potencial de
decomposição da matéria orgânica é medido pelo teor de carbono na
biomassa microbiana. Desta forma, tem-se que quanto maior o teor de C da
30
biomassa microbiana, maior será a reserva de C no solo e menor será o
potencial.
Outro elemento da biomassa microbiana potencialmente mineralizável é
o nitrogênio (N), cuja disponibilidade aliada a uma intensa atividade microbiana
é de fundamental importância para que a vegetação estabelecida em áreas
recuperadas, seja sustentável (GAMA-RODRIGUES et al., 1997).
CAPÍTULO VI A serrapilheira e a seleção de espécies
Para a formação e o desenvolvimento do solo e sua dinâmica de
nutrientes, um elemento indispensável é a presença da comunidade vegetal.
Ela é responsável também pela reciclagem e remineralização microbiana,
através da quantidade de nutrientes presentes em sua biomassa em longo
prazo. Na fase final do processo de recuperação é importante o planejamento
do uso do banco de sementes de espécies nativas, além de considerar a
serrapilheira como fator de influência. Como a diversidade de espécies nativas
é imensa, o banco de sementes é imenso, favorecendo mais a variabilidade
genética do que a implantação de espécies exóticas de crescimento rápido
proporcionaria (IBAMA, 1990; TOY e DANIELS, 1998; TOY et al., 2002).
1. Serrapilheira
A serrapilheira, em alguns locais, se torna mais eficiente que as
espécies exóticas forrageiras, pela rápida e densa cobertura vegetal que
proporcionam ao solo. Isso ocorre porque este tipo de cobertura funciona ainda
na proteção contra raios, conservação da umidade, fornecimento de micro e
mesofauna e sementes, além de possibilitar o desenvolvimento de plantas e
31
fauna nela contida. Devido a essa importância para o solo, sua retirada deve
seguir algumas recomendações, além da autorização do IBAMA :
1) deve ser coletada, principalmente, na área a ser impactada, para que
não cause impactos em outras áreas;
2) deve ser feita com o uso de rastelo e preferencialmente no final da
estação das chuvas e início da estação seca (espécies arbóreas) e estação
chuvosa (espécies herbáceas);
3) a retirada deve ser na proximidade da área degradada para a sua
utilização quase que imediata;
4) a coleta deve ser realizada em floresta que apresente estádio médio
de sucessão (floresta secundária) e estádio jovem (capoeira) – nestas
condições encontram-se sementes de espécies pioneiras e secundárias
iniciais;
5) cuidado com o volume a ser retirado: a) um metro quadrado em cada
10 a 25 m2 da superfície; ou b) em filas de um metro de largura espaçadas a
cada 10 m.
Após esse procedimento, o local descoberto deve receber uma camada
de serrapilheira vizinha (IBAMA, 1990; TOY e DANIELS, 1998; TOY et al.,
2002; Souza, 2004 - Patrícia).
2. Seleção de espécies
O IBAMA (1990) faz algumas considerações sobre a seleção de
espécies para se evitar atraso nas tomadas de decisão, dividindo-as em duas
categorias: espécies herbáceas e espécies arbustivas e arbóreas, nativas e
exóticas.
2.1. Espécies herbáceas
a) verificar o futuro uso do solo e as condições edafoclimáticas;
32
b) não implantar espécies que possam alterar o equilíbrio ecológico;
c) usar mistura de diversas espécies de gramíneas e espécies que formam
associação com bactérias fixadoras de nitrogênio;
d) usar espécies de diferentes profundidades de sistema radicular;
e) usar estoloníferas capazes de entrelaçarem-se para controle da erosão;
f) adquirir sementes com certificados de Pureza Física e do Valor Cultural
(V.C., atualmente não é mais obrigatório a sua colocação) dos lotes;
g) evitar espécies de crescimento excessivamente rápido e de porte alto;
h) evitar espécies susceptíveis a incêndios e, ou, agressivas que tendem a
dominar as outras espécies.
2.2. Espécies arbustivas e arbóreas, nativas e exóticas
a) em áreas anteriormente cobertas por mata natural, usar espécies nativas,
concentrando naquelas pioneiras, frutíferas e melíferas (usar pelo menos
20 espécies);
b) produzir as mudas em viveiro próprio;
c) além do plantio das mudas, também semear uma mistura de sementes de
espécies nativas;
d) escolher espécies que não prejudiquem a formação de sub-bosque, de
serrapilheira, ou de outras plantas herbáceas e arbustivas, considerando o
espaçamento de plantio para isso;
e) usar espécies que tenham fácil dispersão;
f) quando possível e sem prejudicar a mata da qual se dará a coleta, utilizar
mudas naturais obtidas em seu interior.
Para conseguir que o processo cumpra seu papel de recuperar a forma
e as funções originais da vegetação agredida, faz-se necessário o uso de
espécies nativas da região com a adoção de metodologias que se assemelhem
à sucessão natural. Para isso, é preciso um levantamento fitossociológico para
o conhecimento da diversidade original do ecossistema. Desde 1989,
experiências com modelos de associação entre várias espécies auxiliaram na
33
definição dos conceitos de sucessão secundária da vegetação (ocorre a partir
de clareiras na floresta primária), diversidade e raridade de espécies e
interações entre planta/animal/microorganismos da floresta tropical
(KAGEYAMA et al., 1994). Ainda de acordo com esses autores, a origem das espécies no início
da sucessão são diferentes em amplas áreas antropizadas e degradadas,
onde são dividas em dois grupos distintos. Um destes grupos é o das pioneiras
antrópicas, que fazem o papel de pioneira apesar de não serem tipicamente
pioneiras na floresta primária. O segundo grupo é formado pelas espécies
secundárias/pioneiras antrópicas, que nessas áreas fazem o papel de
pioneiras apesar de serem espécies secundárias e normalmente raras na
floresta primária. De acordo com TOY e GRIFFITH (2003), no Brasil, “os fornecedores
comerciais tendem a priorizar o fornecimento de sementes das espécies
introduzidas, porque são de grande demanda”, porque a quantidade oferecida
não atende a demanda fazendo com que os preços sejam altos. Esses autores
afirmam ainda que o mercado é promissor, já que grande parte dos
responsáveis pelos projetos de recuperação de áreas degradadas (PRAD) não
estão aptos a trabalhar com as especificidades de várias espécies nativas,
principalmente a sua germinação.
CAPÍTULO VII Os impactos e a recuperação ambiental
Considerando a diversidade, a equitabilidade (número relativo de
indivíduos de cada espécie dentro da comunidade) e a composição de
espécies da comunidade, é possível, ainda que superficialmente, se fazer uma
análise dos danos causados por modificações no ambiente e monitoramento
de ambientes em processo de recuperação. Sendo assim, a intensificação de
estudos que visam à identificação de bioindicadores da qualidade e de
34
impactos ambientais em variadas áreas de atuação antrópica, é de extrema
utilidade (ibidem).
1. Medidas auxiliares
1.1. Bioindicadores
LOUZADA et al. (2000) consideram que para a avaliação de impactos e
o monitoramento da recuperação, uma grande aliada tem sido uma nova
tecnologia, que faz uso de bioindicadores. Eles funcionam como medidores
dos efeitos da poluição e da degradação da vegetação, em ambientes naturais
(MANNING e FEDER, 1980).
1.1.1. Justificativas para seu uso
VOS et al. (1985) e RESH et al. (1996) apresentam várias justificativas
para o uso de bioindicadores, dentre as quais pode-se citar:
a) facilitam a medição dos impactos por forneceram sinais sobre
problemas ambientais mais rapidamente que a capacidade de percepção
humana;
b) atuam como “biosensores” ao possibilitarem a identificação das
causas do estresse ambiental e seus efeitos biológicos;
c) quando há a ocorrência de contaminantes no ambiente, a resposta
dos organismos é demonstrada;
d) as medidas mitigadores da ação antrópica podem ser avaliadas à
partir dos bioindicadores.
1.1.2. Espécies encontradas
Ainda de acordo com LOUZADA et al. (2000), os principais grupos de
espécies bioindicadoras são citados no Quadro 1 a seguri:
35
TIPO DEFINIÇÃO
Sentinelas
Oferecem uma idéia geral do nível de
degradação ou de presença de uma
substância poluente
Detectoras
Ocorrem naturalmente na área estudada e
respondem de maneira mensurável quando
há mudança no ambiente
Exploradoras
Sua presença indica a probabilidade de
distúrbio ou poluição (tornam-se abundantes
em áreas poluídas pela ausência de
competição)
Acumuladoras -
Organismos de bioensaios
Organismos selecionados que visam detectar
a presença de substâncias tóxicas ou
organizá-las em ordem de toxicidade
QUADRO 1: Bioindicadores e suas respectivas definições.
Em testes laboratoriais com sedimentos, é possível identificar a
toxicidade e os locais contaminados a partir das informações ecológicas
fornecidas, e assim agilizar a tomada de decisão sobre os procedimentos de
redução de impactos ambientais ou para a recuperação do sistema. Nesse
sentido, para ROSIU et al. (1989), “os bioensaios de toxicidade são essenciais
quando se busca a proteção dos organismos no ecossistema, e os parâmetros
físicos e químicos podem influenciar de forma determinante na toxicidade”.
Ainda seguindo este raciocínio, VISWANATHAN et al. (1988), definem que “os
resultados ecotoxicológicos em ambientes afetados pela poluição dão
subsídios para o manejo de ambientes menos degradados, e a comparação
entre eles ajuda a identificar espécies vulneráveis e espécies indicadoras da
qualidade ambiental”.
36
1.2. Equipamentos de precisão
DONZELLI et al. (1997) conceituam a Agricultura de Precisão como
sendo aquela que se preocupa com o local e a quantidade dos agroquímicos
aplicados, para que o solo só receba o que realmente precisa, quando precisa
e onde precisa. ANTUNIASSI (2000) diz que dessa forma, há uma redução de
cerca de 60% na quantidade utilizada de agrotóxicos e PROCÓPIO (2003)
afirma que essa racionalização do uso de agrotóxicos é um dos principais
benefícios desse tipo de produção agrícola.
1.2.1. Pulverizadores de precisão
Este mecanismo, como o nome já diz, possibilita que o agrotóxico seja
aplicado exatamente no alvo pretendido, o que é possível graças à inovação
tecnológica nos aparelhos de GPS (“Global Position System”) (ibidem). Este
aparelho permite o monitoramento das plantas daninhas e, por um pulverizador
especial, facilita aplicação do produto na medida certa e no local certo, com
base em mapa florístico da área escolhida. WEBSTER e CARDINA (1997)
ressaltam que a matéria orgânica também pode servir como fonte para o
mapeamento do solo e servir como referência na hora de aplicar o herbicida
nos locais necessários.
1.2.2. Sensores óticos
Estes instrumentos, segundo ANTUNIASSI (2000), percebem as
diferenças na reflexão da luz pelas diversas superfícies agrícolas, como:
plantas daninhas, restos vegetais, cultura e solo. Porém, cuidados devem ser
tomados com a regulação do equipamento, pois os sensores são muito
sensíveis e por isso, devem estar sempre calibrados e com altura em relação
ao alvo sempre de acordo com o estágio de crescimento das ervas daninhas.
37
1.2.3. Análise instantânea de imagens
PROCÓPIO et al. (2003) descreve esse procedimento como sendo,
através do uso de uma câmera de vídeo, o processamento das imagens para
uma imediata identificação das daninhas e o envio dos dados para a central de
controle, que ativa o pulverizador de acordo com as informações fornecidas.
2. Ferramentas auxiliares para a recuperação ambiental
Juntamente com a crescente preocupação com a recuperação
ambiental as técnicas existentes vem sendo aperfeiçoadas, ao mesmo passo
que novas tecnologias surgem. Dessa forma, os custos com os procedimentos
de recuperação inevitavelmente também se tornam cada dia mais elevados,
principalmente para os casos de contaminação por metais pesados,
ocasionando uma busca intensa por alternativas sustentáveis de baixo custo e
de fácil empregabilidade.
2.1. Composto de reciclagem de resíduos orgânicos
Cada dia mais, as grandes cidades sofrem com a falta de local
adequado para o armazenamento do lixo que produzem. Sua deposição em
locais inapropriados, como encostas e terrenos baldios, por exemplo, pode
acarretar em instabilidade do terreno e contaminação do lençol freático.
Baseados nessa teoria, TIBAU (1978) e KIEHL (1985), consideram esse
material um excelente condicionante da estrutura do solo devido, já que grande
parte de sua composição é de resíduos orgânicos.
Como é de conhecimento de todos, o lixo urbano é um dos causadores
da poluição do ar, do solo e da água. Apesar disso, através de sua
compostagem é possível que seja utilizado como fertilizante, por apresentar
uma pequena granulometria e não conter metais pesados, tanto na agricultura
como na recuperação de áreas degradadas. Pesquisas na área comprovam a
eficiência dessa metodologia de adubação e garantem que estes compostos
38
orgânicos agem mais eficientemente que os fertilizantes minerais na melhoria
da estrutura do solo e na sua capacidade de aeração e retenção de água, já
que a liberação dos nutrientes da fração química para o solo é maior, o que
propicia melhora nas suas qualidades químicas. Sendo assim, fica provada sua
eficiência como condicionante de solos, por ser fonte de macronutrientes (N, P,
K, Ca, Mg e S) e micronutrientes (Fe, Zn, Cu, Mn e B) e pela alta concentração
de húmus (CAVALET et al., 2000; BERDAGUE et al., 2002; LELIS, 2002).
2.1.1. Efeito corretivo
KIEHL (1985) dedica esse efeito à ação de seus componentes
orgânicos, subprodutos e intermediários da atividade microbiana, que inibem
sua toxidez nas plantas ao se combinarem principalmente com alumínio, ferro
e manganês. Já a atividade microbiana produz ácidos urônicos e
polissacarídeos responsáveis pela sua função cimentante, permitindo a
formação de agregados e estruturação do solo.
Para CHANG et al. (1984), ao ser incorporado ao solo o composto
promove o estabelecimento de novos equilíbrios que modificam a forma
química dos metais que, anteriormente estavam adsorvidos, complexados ou
ocluídos pelos colóides orgânicos de natureza húmica ou não.
Uma mistura homogênea formada pelo composto orgânico, água e
sementes de gramíneas e leguminosas, apresentou viabilidade técnica na
recuperação ambiental ao ser aplicada diretamente no talude, segundo
estudos de SANTANA FILHO et al. (2000).
Para a população microbiana, a proporção entre os elementos carbono
e nitrogênio, a chamada “relação C/N” (Quadro 2), deve ser cuidadosamente
calculada pois dela depende sua alimentação. TIBAU (1978), explica essa
relação da seguinte forma: quanto mais elevado for o teor de nitrogênio, mais
estreita é a relação C/N e maior será a disponibilidade dos nitrogenados para a
flora microbiana; logo, maior será a sua multiplicação e a sua atividade.
39
QUADRO 2: Relação Carbono/Nitrogênio (C/N) de alguns resíduos orgânicos
2.2. Plantas halófitas
Para SILVA et al. (2001), estas plantas apresentam grande potencial
para aumentar a produção agrícola e melhorar o solo com custos inferiores aos
apresentados pelas técnicas costumeiras, que fazem uso de gesso e enxofre
para corrigir a salinização ocasionada pela irrigação. Ainda de acordo com
estes autores, as vantagens dessa metodologia implicam ainda no aumento da
eficiência da ciclagem de nutrientes, melhora na porosidade dos solos e
favorecimento de uma maior produção de matéria orgânica pelo efeito da
cobertura morta.
2.3. Regeneração natural
Nos casos em que o tempo e os recursos disponíveis para a
recuperação da área degradada não sejam suficientes para os métodos
citados anteriormente, esse tipo de solução pode funcionar se o local for
isolado corretamente.
Material Relação C/N
Bagaço de cana 37/1
Capim gordura 81/1
Cavaco de madeira ou serragem 100 a 865/1
Esterco de gado 18/1
Esterco de galinha 10/1
Esterco de porco 6/1
Fração orgânica de lixo urbano 25 a 35/1
Grama de jardim 36/1
Palha de café 38/1
Palha de milho 110/1
Sobras de verduras 15/1
40
SOUZA (2004) cita alguns exemplos de fatores que inviabilizam o uso
dessa técnica, sendo eles: aumento na entropia, ausência de vegetação
remanescente e de banco de sementes ou qualquer outro tipo de propágulo,
órgãos incapazes de rebrota e distância excessiva de fontes de sementes. Em
caso como esses, faz-se necessário o uso de práticas artificiais de
recuperação, como a prática de calagem e adubação mineral para acelerar o
processo de revegetação. Em se tratando de enriquecimento, o plantio de
gramíneas e de leguminosas funciona para produzir biomassa e o de espécies
rústicas regionais e espécies frutíferas servem como atrativos para a fauna.
Quando a área a ser recuperada é pequena (cerca de 1 a 2 ha), o risco
de contaminação é nulo e existirem fragmentos florestais nas proximidades, o
IBAMA (1990) considera que apenas o preparo da superfície e os tratos
preliminares ao plantio (realizando a descompactação se houver necessidade)
promoverão a revegetação naturalmente, através da dispersão por animais,
pelo vento e pela água.
CAPÍTULO VIII
Considerações sobre a recuperação ambiental
Conforme a importância da Ciência de Recuperação Ambiental foi
aumentando, ocorreram também modificações nas disciplinas que tratam do
tema para que cada problema possua uma solução específica. Para isso,
fez-se necessária uma reorganização destas disciplinas.
Seguindo esse pensamento, inúmeras pesquisas realizadas apontaram
para o envolvimento de várias disciplinas (das mais diversas áreas do
conhecimento) em questões sobre o meio ambiente, o que até os anos 70
era apenas uma fusão de trabalhos monodisciplinares. Como atualmente,
não existe ainda uma fórmula específica para o sucesso da
pluridisciplinaridade, JOLLIVET e PAVÉ (1997) acreditam que as disciplinas
41
já existentes devem sofrer uma espécie de recomposição para que possam
tratar do tema ambiental sob todos os aspectos.
Ainda para JOLLIVET e PAVÉ (1997), a Figura 5 a seguir, mostra que
estas pesquisas funcionam seguindo uma espécie de jogo tríplice de tensões
entre: 1) entre disciplinas e o ponto de vista comum; 2) entre as disciplinas
relativamente ao ponto de vista comum; e 3) entre o ponto de vista comum e
os processos que conduzem ao seu reexame e à sua redefinição
permanentes.
FIGURA 5: Campo de pesquisas sobre o meio ambiente e recuperação. Fonte:
JOLLIVET e PAVÉ (1997).
Como pode ser visto na figura acima, as pesquisas ambientais são
cercadas por tensões que ao mesmo tempo em que tornam o procedimento
integrador, o deixa ainda mais dinâmico possibilitando assim certa criatividade
interna. Assim, seria possível o surgimento de novas disciplinas unindo os
conceitos já estabelecidos e novidades estratégicas, como no caso da
Recuperação de Áreas Degradadas.
Um bom exemplo disso é mostrado por TOY e DANIELS (1998), no qual
cita dois procedimentos muito utilizados atualmente na Ciência Ambiental e
que estão em constante evolução: os Sistemas de Posicionamento Global
42
(GPS) e os Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Estas ferramentas
apresentam uma precisão bastante considerável para os padrões atuais no
fornecimento de dados sobre a distribuição de espaço e características do
local, como topografia, geologia, solos, vegetação e hidrologia de superfície e
sub-superfície. Estas informações são então registradas, mapeadas e
analisadas, podendo ser adicionadas, atualizadas e exibidas facilmente a
qualquer momento, sempre que desejadas.
Para acabarmos com a idéia atual de que a recuperação de áreas
degradadas é um fator em constante crescimento, devemos nos preocupar em
recuperar os ambientes degradados, mas também impedir o surgimento de
novas áreas a serem recuperadas. O surgimento de novas tecnologias aliadas
às novas idéias para mudar esse quadro, fortalecem a esperança de ver a
redução na degradação dos nossos ecossistemas, possibilitando assim um
desenvolvimento sustentável a partir da Gestão Ambiental. Uma peça chave
para este avanço é o crescente interesse político que vem fazendo com que a
contribuição financeira e de publicidade venham aumentando, porém, é
importante frisar que se deve ter cuidado para que essa contribuição não saia
do papel, ou seja, devemos estar atentos para a possibilidade deste interesse
não seja apenas para aparecerem na mídia e com isso, conseguirem angariar
votos.
Infelizmente, apesar de toda contribuição e inovações tecnológicas, a
sustentabilidade do meio ambiente (principal objetivo da recuperação
ambiental e, consequentemente, da Gestão Ambiental), vem encontrando
empecilhos para atingir seu sucesso, como a indefinição de políticas públicas e
a falta de ações concretas por parte das organizações de pesquisa e ensino
(que deveriam sofrer grandes alterações em sua estrutura) e também por parte
dos órgãos legisladores, regulamentadores, certificadores e fiscalizadores (que
devem ser rígidos na fiscalização do cumprimento da legislação, inclusive com
maior rigorosidade da punição).
O sucesso da recuperação depende tanto de requisitos ambientais
como sociais, legais e técnicos, além de um criterioso planejamento, da correta
manipulação dos materiais, da reconstrução topográfica e da seleção das
43
espécies para a revegetação. Para que seu resultado consiga se prolongar por
um longo período, é indispensável o conhecimento sistemático sobre a causa
dos impactos ambientais e os danos causados no solo e na água, o que
reforça a necessidade da interação entre profissionais das mais variadas áreas
do conhecimento: engenheiros, geólogos, cientistas de solo, hidrologistas,
biólogos e outros profissionais de áreas afins. Por fim, e não menos
importante, é a viabilidade do projeto, ou seja, os PRADs devem ser
financeiramente viáveis, aprovados pelos proprietários das terras, além de
autorizados e fiscalizados pelo órgão responsável.
Considerando que todo projeto que visa o longo prazo apresenta alguns
problemas, no caso da recuperação do meio ambiente não podia ser diferente.
Dessa forma, cabe ressaltar que no curto prazo, alguns efeitos podem
aparecer, como é o caso de aumentos do escoamento superficial, produção de
sedimentos e deslocamento da vida selvagem. Por isso, os projetos devem
apresentar estratégias consistentes para mitigação destes impactos durante
todo seu período de implantação.
Após esses cuidados, o local recuperado deverá enfim fundir-se com a
paisagem da qual será uma parte funcional. Uma ação cuja ocorrência vem
aumentando bastante ultimamente é o uso da recuperação para aumentar o
lucro da produção, ou seja, muitas vezes estes projetos provomem como
resultado pedopaisagens mais produtivas às originais.
Enfim, a exploração racional dos recursos disponíveis na área
recuperada deverá respeitar sua capacidade de uso para que o processo de
recuperação atinja o sucesso pretendido, ou seja, para que o ambiente entre
em equilíbrio e que este se conserve. Uma maneira de se atingir estes
objetivos é a implantação de práticas conservacionistas e de manejo que
impedirão que ações antrópicas provoquem erosões com o uso desmedido dos
recursos, o que poderia culminar na extrapolação dos limites da capacidade
suporte da área.
Devido ao crescimento contínuo da população, faz-se necessário o
aumento da produção de alimentos para suprir a demanda por alimentos e
fornecer emprego para a obtenção de renda. Para que isso se torne realidade,
44
as empresas envolvidas devem possuir um Sistema de Gestão Ambiental
(SGA), que inclui entre outras ações, a promoção da educação ambiental para
a população, onde serão passadas lições sobre moral e ética nesse contexto
para que não surjam novos casos de degradação e as áreas já recuperadas
sejam mantidas.
CONCLUSÃO
A sustentabilidade do processo de desenvolvimento só será atingida
quando houver enfim, a reestruturação dos modelos de produção e de
desenvolvimento, que deverão reduzir as desigualdades sociais ao fornecer
uma distribuição mais justa da renda, ou seja, os três princípios fundamentais
do desenvolvimento sustentável são: eficiência econômica, justiça social e
prudência ecológica.
A necessidade da criação de políticas públicas voltadas para as
florestas e a agropecuária deve-se às dificuldades enfrentadas por estes
setores, tanto financeira como socialmente. Por isso, essas políticas devem
promover a reforma agrária de modo mais abrangente; priorizar a produção de
alimentos básicos voltados para as populações mais carentes; estimular a
capacitação dos produtores rurais para o manejo adequado do solo
(fortalecendo as organizações ambientalistas regionais) e estimular a
implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF’s) como estabelecido no princípio
de Emissões Zero.
O problema brasileiro não está na falta de legislação ambiental e sim no
não-cumprimento desta, que é uma das mais avançadas do mundo. Algumas
dessas leis encontram-se em anexo.
Desenvolvimento industrial baseado no Sistema de Gestão Ambiental,
geração de empregos e estímulos a empreendimentos que visam o sócio-
ambiental, são temas de pesquisas científicas e tecnológicas que buscam o
desenvolvimento sustentável. Uma das descobertas foi a necessidade da
45
interdisciplinaridade para facilitar a inovação dos modelos que consomem
menos insumos e produzem menos resíduos.
Considerando que a produção rural brasileira é bastante diversificada, ela
deveria oferecer um número maior de vagas de emprego para a população
local, melhorando assim sua qualidade de vida através de uma recuperação
sócio-ambiental.
A qualidade do meio ambiente em que vivemos está intimamente
relacionada à nossa qualidade de vida e, por isso deve ser cuidadosamente
manejado para evitar danos ou para conter a degradação ainda em seu início.
Baseando-se no princípio de que os processos de degradação são sistêmicos
e cíclicos, a união dos seguintes setores faz-se necessária: educação, ética,
política e cultura. Assim, conclui-se que para a sustentabilidade do sistema
modificações no setor produtivo são indispensáveis, da mesma forma que os
hábitos de consumo da população de países considerados desenvolvidos,
visando à solidariedade para com os povos menos desenvolvidos.
46
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58
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
HISTÓRICO 10
CAPÍTULO II
DEFINIÇÕES E OBJETIVOS DA 13 RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
1 - Tipos de áreas 14
1.1 - Área degrada 14
1.2 - Área perturbada 15
2 - Ações conservacionistas 16
2.1 - Medidas físicas 16
2.2 - Medidas físico-biológicas 16
2.3 - Medidas biológicas 17
CAPÍTULO III
MOTIVOS PARA SE RECUPERAR O MEIO AMBIENTE 18
CAPÍTULO IV
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA 20
1 - Revegetação das áreas degradadas 21
2 - Ciclagem de nutrientes 23
59
2.1 - Ciclo geoquímico 24
2.2 - Ciclo bioquímico 24
2.3 - Ciclo biogeoquímico 26
CAPÍTULO V
O CICLO DO CARBONO 28
CAPÍTULO VI
A SERRAPILHEIRA E A SELEÇÃO DE ESPÉCIES 30
1 - Serrapilheira 30
2 - Seleção de espécies 31
2.1 - Espécies herbáceas 31
2.2 - Espécies arbustivas e arbóreas, 32 nativas e exóticas CAPÍTULO VII
OS IMPACTOS E A RECUPERAÇÃO AMBIENTAL 33
1 - Medidas auxiliares 34 1.1 - Bioindicadores 34
1.1.1 - Justificativas para seu uso 34
1.1.2 - Espécies encontradas 34
1.2 - Equipamento de precisão 36
1.2.1 - Pulverizadores de precisão 36
1.2.2 - Sensores óticos 36
1.2.3 - Análise instantânea de imagens 37
2 - Ferramentas auxiliares para a recuperação ambiental 37
2.1 - Composto de reciclagem de resíduos 37 Orgânicos
2.1.1 - Efeito corretivo 38
2.2 - Plantas halófitas 39
2.3 - Regeneração natural 39
60
CAPÍTULO VIII
CONSIDERAÇÕES SOBRE A RECUPERAÇÃO 40 AMBIENTAL
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA 46
ÍNDICE 58