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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO WILSON XAVIER DA SILVA RECONHECIMENTO DE RECEITAS NOS HOSPITAIS GERAIS DA REGIÃO DE SOROCABA MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS PUC – SP São Paulo 2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

WILSON XAVIER DA SILVA

RECONHECIMENTO DE RECEITAS NOS HOSPITAIS GERAIS DA REGIÃO DE SOROCABA

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

PUC – SP São Paulo

2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

RECONHECIMENTO DE RECEITAS NOS HOSPITAIS GERAIS DA REGIÃO DE SOROCABA

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade e Finanças, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais, sob a orientação do Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion.

SÃO PAULO 2012

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FICHA CATALOGRÁFICA

po popo

Xavier da Silva, Wilson. Reconhecimento de receitas nos hospitais gerais da região de Sorocaba / Wilson Xavier da Silva – São Paulo: PUC/SP, 2012. 156 f.

Orientador: Livre Docente Professor Doutor José Carlos Marion Dissertação – Mestrado Bibliografia

1. Princípios de Contabilidade 2. Regime de Competência 3. Hospitais 4. Receitas

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BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion

Orientador Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

_______________________________________________

Profa. Dra. Elizabeth Castro Maurenza de Oliveira

Universidade Metodista de São Paulo

________________________________________________

Prof. Dr. Antônio Robles Júnior

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

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Dedico este trabalho:

À Deus, pelo dom da vida.

Aos meus pais José e Ana, por tudo que fizeram

pela minha vida, me dando carinho, amor e uma linda família.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter iluminado meu caminho, me fazendo perseverar diante de todas as dificuldades e limitações.

Em especial ao meu pai José e à minha mãe Ana, simplesmente por toda a prova incondicional de amor.

Ao meu orientador Professor Doutor José Carlos Marion, pelas inestimáveis contribuições, estímulo e apoio ao longo do desenvolvimento desta dissertação.

Aos membros da banca examinadora, Professor Doutor Antônio Robles Júnior e Professora Doutora Elizabeth Castro Maurenza de Oliveira, pelas valiosas contribuições e sugestões, imprescindíveis para a conclusão deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Roberto Fernandes dos Santos, Coordenador do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Contábeis e Atuariais da PUC-SP, pelo profissionalismo e dedicação.

Aos meus irmãos Walter, Maria de Lourdes, Benedito, Sebastião e Vicente, por constituírem a melhor família que eu poderia querer.

Ao meu amigo e superior imediato, José Olímpio Cardoso Neto, por todo apoio, incentivo e ajuda durante o curso e no desenvolvimento desta dissertação.

Aos amigos Mário Cândido e Carlos Drisostes, pelos ensinamentos, pela troca de experiências e pelo apoio.

A PUC – Pontifícia Universidade Católica, por ter me concedido a bolsa de estudos.

Em especial:

À Juraci Beraldi, pela revisão e pelo apoio na melhoria deste trabalho.

Aos meus familiares e amigos que investiram e acreditaram em mim.

A todos os professores e colegas do mestrado, pelo convívio e pelas valiosas trocas de experiências.

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RESUMO

As demonstrações contábeis fornecem a situação patrimonial e financeira de uma entidade e, ao serem elaboradas, devem observar métodos e critérios contábeis uniformes no tempo, para registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência que determina que as receitas, os custos e despesas sejam registrados pela Contabilidade, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, observando o fato gerador. Com o processo de harmonização das normas contábeis, iniciado no Brasil em 2005 com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), os registros contábeis passaram a depender mais do critério de julgamento profissional e da capacidade de interpretação do contador. A receita é reconhecida quando for provável que benefícios econômicos futuros fluam para a entidade e esses benefícios se tornem confiavelmente mensurados, caso contrário não se deve promover o registro de tais receitas. O principal objetivo deste estudo, mais especificamente da pesquisa, foi verificar como, e em qual momento, os hospitais qualificados como gerais, da região de Sorocaba reconhecem as receitas, analisando a observância ou não do Regime de Competência. A pesquisa foi composta por 32 hospitais gerais da região de Sorocaba, com uma amostra por acessibilidade que totalizou 10 hospitais. Trata-se de uma pesquisa com abordagem tanto qualitativa quanto quantitativa, do tipo pesquisa descritiva, desenvolvida por meio de uma pesquisa de campo com utilização do questionário como instrumento de coleta de dados, aplicada junto a profissionais de contabilidade. Os resultados evidenciaram que em 7 hospitais pesquisados não é aplicado o regime de competência, no que concerne ao reconhecimento das receitas, pois basicamente o registro é feito no momento em que o faturamento é enviado (por meio da emissão da nota fiscal) levando à conclusão de que não há uma uniformidade nos registros das receitas. Uma proposta de contabilização, visando atender as práticas contábeis, segue apresentada ao final desta dissertação. Palavras-chave: Princípios de Contabilidade; Regime de Competência; Hospitais; Receitas.

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ABSTRACT

The financial statements provide the financial position of an entity and, when prepared, current uniform accounting methods and criteria should be followed and equity changes must be recorded according to the accrual schedule of accounting which requires that revenues, costs and expenses must always are simultaneously recorded in accounting when they are correlated. The reconciliation process of accounting standards, which began in Brazil in 2005 with the creation of the Accounting Pronouncements Committee - CPC, depends more on the counter’s judging criteria and professional ability to interpret for accounting records. The revenue is recognized when it is probable that future economic benefits will flow to the entity and these benefits can be reliably measured, otherwise you should not promote the registration of such revenues. The main objective of this research was to determine how and at what time, qualified general hospitals, the Sorocaba regions recognize the revenue for services rendered but not yet billed, analyzing in this way, the observance of the accrual schedule. The survey consisted of 32 general hospitals in Sorocaba, with a sample accessibility that totaled 10 hospitals. This is a research approach with both qualitative and quantitative, descriptive of the type developed by a field survey using the questionnaire as an instrument of data collection, applied with the accounting profession. The results show that the hospitals surveyed negatively affect the competence regime in relation to revenue recognition, leading to the conclusion that its financial statements are affected by the failure of the accrual schedule and that there is no uniformity in the financial statements. A proposed accounting, accounting practices to meet, presented following the end of this dissertation.

Keywords : Principles of Accounting; Accrual Basis; Hospitals; Revenue.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Postulados, Princípios e Convenções.................................................. 30

Figura 2 Princípios Contábeis Resolução CFC 750/93...................................... 31

Figura 3 Fluxo Receitas...................................................................................... 42

Figura 4 Formas e Critérios para o Registro das Receitas ............................... 51

Figura 5 Demonstrativo do Ciclo Operacional de uma Organização Hospitalar. 76

Figura 6 Gráfico da Distribuição da População por Sexo, segundo os Grupos de Idade................................................................................................

87

Figura 7 Ciclo Operacional e Financeiro dos Hospitais...................................... 122

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LISTAS DE QUADROS

Quadro 1 Entidades que Compõem o CPC...................................................... 26

Quadro 2 Pressupostos Básicos e Características Qualitativas das Demonstrações Contábeis constantes no Pronunciamento Conceitual Básico do CPC, Deliberação CVM 539/08.....................

33

Quadro 3 Características Qualitativas da Informação Contábil-Financeira Útil, Deliberação CVM 675/11..........................................................

34

Quadro 4 Tipos de Hospitais............................................................................ 57

Quadro 5 Tipos de Hospitais quanto à Prestação de Serviços........................ 57

Quadro 6 Classificação dos Hospitais Quanto ao Porte................................... 58

Quadro 7 Cidades que Integram a Direção Regional de Saúde (DRS-XVI).... 85

Quadro 8 População de Sorocaba................................................................... 86

Quadro 9 Número de Estabelecimentos por Tipo de Convênio ...................... 88

Quadro 10 Número de Estabelecimentos por Tipo de Prestador....................... 89

Quadro 11 Número de Leitos de Internação existentes por Tipo de Prestador. 89

Quadro 12 Leitos de Internação por 1000 habitantes ....................................... 90

Quadro 13 Recursos Humanos (vínculos), segundo as Categorias Selecionadas ...................................................................................

90

Quadro 14 Orçamento Público para o Município de Sorocaba.......................... 91

Quadro 15 Perfil dos Respondentes do Questionário........................................ 92

Quadro 16 Perfil dos Respondentes do Questionário........................................ 93

Quadro 17 Número de Leitos............................................................................. 93

Quadro 18 Fonte de Receitas dos Hospitais...................................................... 94

Quadro 19 Estrutura da Contabilidade............................................................... 95

Quadro 20 Contabilidade de Custos................................................................... 95

Quadro 21 Formação Acadêmica dos Profissionais que Atuam na Área........... 96

Quadro 22 Principal Dificuldade para Registrar o Faturamento pela Competência.....................................................................................

97

Quadro 23 Momento da Contabilização das Receitas com Pacientes Internados.........................................................................................

98

Quadro 24 Registro da Receita Diferida, Caso o Paciente não tenha Recebido Alta no final do mês..........................................................

99

Quadro 25 O Hospital Possui Teto para Atingir.................................................. 99

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Quadro 26 Registro do Valor Complementar da Média Complexidade Quando

não Atinge o Teto no Reconhecimento das Receitas Mensais...... 100

Quadro 27 Registro como Dedução de Receitas Quando o Faturamento Ultrapassa o Teto..............................................................................

101

Quadro 28 Resultado do Hospital no Último Exercício Social............................ 101

Quadro 29 Existência de Análise Financeira...................................................... 102

Quadro 30 Periodicidade da Análise Financeira................................................ 102

Quadro 31 Relatórios Utilizados na Análise Financeira .................................... 103

Quadro 32 Momento da Contabilização dos Custos com Materiais e Medicamentos...................................................................................

104

Quadro 33 Momento da Contabilização das Órteses e Próteses....................... 104

Quadro 34 Momento da Contabilização dos Honorários Médicos..................... 105

Quadro 35 Periodicidade de Auditoria ............................................................... 106

Quadro 36 Sinalização da Auditoria de Controle Interno sobre o Reconhecimento das Receitas ........................................................

106

Quadro 37 Demonstrações Financeiras Auditadas com Ressalva, Causadas pelo Registro das Receitas...............................................................

107

Quadro 38 Cálculo do Ciclo Operacional............................................................ 122

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRAMGE Associação Brasileira de Medicina de Grupo do Estado de São Paulo

ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas AICPA American Institute of Certified Public Accountants AIH Autorização de Internação Hospitalar AHA American Hospital Association ANAHAP Associação Nacional dos Hospitais Privados ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar APAC Autorização de Procedimentos de Alto Custo APB Accounting Principles Board APIMEC Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado

de Capitais APM Associação Paulista de Medicina BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo CFC Conselho Federal de Contabilidade CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis CRC Conselho Regional de Contabilidade CSLL Contribuição Social Sobre o Lucro CVM Comissão de Valores Mobiliários DATASUS Departamento de Informática do SUS DOAR Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos DRS Direção Regional de Saúde FAA Ficha de Atendimento Ambulatorial FASB Financial Accounting Standards Board FEA Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade FIPECAPI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras IAS International Accounting Standards IASB International Accounting Standards Board IASC International Accounting Standards Committee IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil IES Instituições de Ensino Superior IFRS International Financial Reporting Standards INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INSS Instituto Nacional da Seguridade Social IR Imposto de Renda ISSQN Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza MBA Master of Business Administration MERCOSUL Mercado Comum do Sul MP Medida Provisória NBC Norma Brasileira de Contabilidade

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ONA Organização Nacional de Acreditação OPM Órteses, Próteses e Materiais Especiais OSCIP Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público PCLD Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa PEPS Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair PIB Produto Interno Bruto PIS Programa de Integração Social PMS Prefeitura Municipal de Sorocaba PPP Parceria Público-Privada PUCSP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo RAHIS Revista de Administração Hospitalar e Inovação em Saúde RCA Repasses para Custeio Ambulatorial RTT Regime Transitório de Tributação SADT Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia SEC Securities and Exchange Commission SH Serviços Hospitalares SIA Sistema de Informações Ambulatoriais SIH Sistema de Informações Hospitalares SINHA Sistema Integrado de Indicadores Hospitalares SIOPS Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Saúde SIPAC Sistema de Procedimentos de Alta Complexidade SP Serviços Profissionais SUS Sistema Único de Saúde USGAAP Generally Accepted Accounting Principles USP Universidade de São Paulo UTI Unidade de Tratamento Intensivo UTSI Unidade de Tratamento Semi-Intensivo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 14

CAPITULO I − OS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E AS NORMAS E PRÁTICAS PARA O RECONHECIMENTO DAS RECEITAIS ...............................................

23

1.1. A Transformação da Contabilidade no Brasil após a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).......................................................................

23

1.2. Princípios de Contabilidade ............................................................................ 27 1.3. Estrutura Conceitual Básica x Princípios......................................................... 29 1.4. Princípios Atuais de Contabilidade x Características Qualitativas da Informação Contábil-Financeira Útil.......................................................................

35

1.4.1. Características Qualitativas Fundamentais................................................ 35 1.4.2. Características Qualitativas de Melhoria da Utilidade da Informação....... 37 1.4.3. Aplicação das Características Qualitativas de Melhoria ........................... 39

1.5. Regime de Caixa e Competência................................................................... 39 1.6. Princípio da Competência dos Exercícios....................................................... 40 1.7. Definições de Receitas.................................................................................... 42 1.8. Reconhecimento das Receitas diante das Práticas Contábeis....................... 44

1.8.1. Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC......................................... 45 1.8.2. Comitê de Pronunciamentos Contábeis − CPC − Prestação de Serviços. 47 1.8.3. Teoria da Contabilidade............................................................................. 49 1.8.4. Teoria da Contabilidade na Prestação de Serviços................................... 51

1.9. Fair Value........................................................................................................ 53

CAPÍTULO II – ASPECTOS RELACIONADOS AO HOSPITAL E ÀS ATIVIDADES HOSPITALARES .............................................................................

56

2.1. História do Hospital......................................................................................... 59 2.2. A Atividade Hospitalar..................................................................................... 60 2.3. Composição da Receita Hospitalar................................................................. 62 2.4. Custos.............................................................................................................. 69 2.5. Custos Hospitalares......................................................................................... 70

2.5.1. Custos Hospitalares Diretos...................................................................... 71 2.5.2. Custos Hospitalares Indiretos.................................................................... 72 2.5.3. Custos Hospitalares Variáveis................................................................... 72 2.5.4. Custos Hospitalares Semivariáveis........................................................... 73 2.5.5. Custos Hospitalares Fixos......................................................................... 73

2.6. Relação dos Custos Hospitalares com os Departamentos............................. 74 2.7. Determinação dos Custos Hospitalares.......................................................... 74 2.8. Ciclo Operacional............................................................................................ 75

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CAPÍTULO III – PESQUISA REALIZADA COM OS HOSPITAI S GERAIS DA REGIÃO DA CIDADE DE SOROCABA: PROCEDIMENTOS METODOLOGÍCOS, RESULTADOS, SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................................

77

3.1. Procedimentos Metodológicos de Pesquisa.................................................... 77 3.2. Caracterização da Cidade de Sorocaba – Sede da Direção Regional de Saúde (DRS-XVI) ..................................................................................................

84

3.2.1. A Direção Regional de Saúde (DRS-XVI) ................................................. 84 3.2.2. A Cidade de Sorocaba .............................................................................. 86

3.3. Resultados da Coleta de Dados pelos Questionários .................................... 91 3.3.1. Grupo 1 = Características do Hospital....................................................... 92 3.3.2. Grupo 2 = Estrutura da Contabilidade........................................................ 94 3.3.3. Grupo 3 = Contabilização dos Atos e Fatos Contábeis nos Hospitais...... 97 3.3.4. Grupo 4 = Contabilização dos Custos........................................................ 103 3.3.5. Grupo 5 = Informações sobre Auditoria das Demonstrações Contábeis .. 105

3.4. Prática Atual da Contabilização das Receitas (na Pesquisa).......................... 108 3.5. Proposta Sugerida.......................................................................................... 109

3.5.1. Contabilização de Receitas do SUS.......................................................... 109 3.5.1.1. Média Complexidade............................................................................ 110 3.5.1.2. Alta Complexidade................................................................................ 111

3.5.2. Convênios Particulares.............................................................................. 112 3.5.3. Pacientes Particulares............................................................................... 113 3.5.4. Pacotes Hospitalares................................................................................. 114 3.5.5. Glosas Hospitalares................................................................................... 115

3.5.5.1. Glosas Devidas ou Contratuais............................................................ 115 3.5.5.2. Glosas Indevidas................................................................................... 116

3.5.6. Impostos sob o Faturamento Hospitalar.................................................... 116 3.5.6.1. COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social.. 117 3.5.6.2. PIS – Programa de Integração Social................................................... 118 3.5.6.3. ISSQN – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza..................... 118

3.6. Comparação do Modelo Sugerido com o Praticado ....................................... 118 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 124 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ...................................................... 127 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 128 REFERÊNCIAS OBTIDAS EM MEIO ELETRÔNICO ........................................... 132 APÊNDICES.......................................................................................................... 134 ANEXO................................................................................................................... 139

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INTRODUÇÃO

Na contextualização desta dissertação temos que todas as movimentações

possíveis de mensuração monetária são registradas pela contabilidade, que, em

seguida, resume os dados registrados em forma de relatórios e os entrega aos

interessados em conhecer a situação da empresa.

“Os interessados, por meio dos relatórios contábeis, recordam os fatos

acontecidos, analisam os resultados obtidos, as causas que levaram àqueles

resultados e tomam decisões em relação ao futuro”. (MARION, 2010, p. 28).

O objetivo principal da contabilidade é a análise do patrimônio de uma

entidade, ou seja, pessoa física ou jurídica, sendo a sua maior utilização nas

empresas (pessoa jurídica). Essa análise precisa ser consistente, pois sua finalidade

é produzir e fornecer informações úteis para todo e qualquer usuário (pessoas ou

mesmo organizações que tenham algum tipo de interesse em conhecer a real

situação patrimonial de uma empresa).

Para que essa análise possa ser efetiva, é fundamental que os dados e as informações possam ser comparados seja em relação à própria empresa no que diz respeito a períodos (exercícios) anteriores, seja na relação com outras empresas de um mesmo ramo ou setor. No entanto tal comparação só é possível quando estas obedecem às mesmas regras e critérios na hora de elaborar os seus demonstrativos contábeis e de apurar seus resultados. Essa é a razão principal para a organização de princípios fundamentais, ou seja, a possibilidade de todos seguirem os mesmos critérios. (COELHO; SIQUEIRA; LINS, 2008, p. 189).

O estabelecimento de princípios visa, não somente formar uma uniformidade

terminológica, mas, também, criar bases para a normalização dos procedimentos

contábeis a serem utilizados por todos os profissionais.

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam toda a base de

sustentação para o desenvolvimento da contabilidade.

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade são os conceitos básicos que constituem o núcleo essencial que deve guiar a profissão na consecução dos objetivos da Contabilidade, que, consiste em apresentar informação estruturada para os usuários. (IUDÍCIBUS; MARION 2006, p. 89).

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Para a Equipe de Professores da FEA/USP (2008, p. 265) os princípios

contábeis “podem ser conceituados como premissas básicas acerca dos fenômenos

e eventos contemplados pela contabilidade, premissas que são a cristalização da

análise e observação da realidade econômica, social e institucional”.

Na concepção de Iudícibus e Marion (2006, p.89), Os princípios “são a forma,

o meio e a estrutura de que a disciplina se utiliza para chegar aos objetivos ou, às

vezes, para melhor entender o que vem sendo praticado há muito tempo”.

Um dos princípios fundamentais de contabilidade é o princípio da

competência, que estabelece que as receitas provenientes de vendas de produtos

ou prestação de serviços, bem como os custos e despesas necessárias para gerá-

las sejam mensuradas e reconhecidas na ocorrência do fato gerador, independente

do recebimento ou pagamento.

De acordo com Leite (2009, p. 70):

O enunciado deste princípio é extremamente simples. Entretanto, esta simplicidade não deve iludir-nos. Se o princípio da competência não for sempre rigorosamente observado, estaremos superestimando ou subestimando o resultado da empresa e, consequentemente, alterando a base para o pagamento do imposto de renda, dividendos aos acionistas, participações aos administradores e empregados e falsificando a medida básica de desempenho e da produtividade empresarial.

Para Iudícibus (2009, p.103):

O Princípio da Competência é aplicado a situações completas altamente variadas, pois são muito diferenciadas as transações que ocorrem nas entidades, em função dos objetivos destas. Por está razão é a Competência o Princípio que tende a suscitar o maior número de dúvidas na atividade profissional dos contabilistas. Cabe, entretanto, sublinhar que tal fato não resulta em posição de supremacia hierárquica em relação aos demais princípios, pois o status de todos é o mesmo, precisamente pela sua concisão científica.

A Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, em seu artigo 177, trata da

escrituração sob o regime de competência:

A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no

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tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência.

A contabilidade passa por um momento de convergência das normas para o

preparo das demonstrações contábeis, iniciado em 2001, com a criação do

International Accounting Standards Board (IASB) - Conselho de Normas

Internacionais de Contabilidade, que atualmente, é considerado o principal

organismo que emite normas contábeis internacionais. Essas novas normas foram

chamadas de International Financial Reporting Standards (IFRS).

O IASB tem realizado esforços para alcançar a convergência contábil,

objetivando a emissão de normas profissionais de alta qualidade no campo da

contabilidade.

O IFRS foi adotado na Europa após 31 de dezembro de 2005 pelas empresas listadas com o objetivo de convergir as demonstrações financeiras consolidadas de cada país para o IFRS. Existem diversos países que possuem projetos oficiais de convergência das normas contábeis locais para as normas em IFRS, e entre esses países encontra-se o Brasil em um processo acelerado de adoção do IFRS. (MOURAD; PARASKEVOPOULOS, 2010, p. 2).

Visando integrar-se ao padrão internacional, o Brasil fundou o Comitê de

Pronunciamentos Contábeis – CPC, em 2005, e em janeiro de 2008 divulgou a

aprovação da sua estrutura conceitual de contabilidade, totalmente convergente com

as normas internacionais do IASB.

Vale salientar que, ainda na concepção de Pena (2008, p.173):

A estrutura apresentada pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis não faz nenhuma menção ao termo ‘Princípios Contábeis’, pois adotou para fins de convergência, inclusive entre os órgãos brasileiros, a estrutura conceitual utilizada pelo IASB, que por sua vez não apresenta esses princípios. A utilização da palavra ‘princípios’ é evitada pelo IASB pela existência de uma enorme dificuldade em sua definição e generalizada aceitação.

Para Lemes e Carvalho (2010, p.4):

As normas internacionais IFRS buscam obedecer a princípios e evitam serem regras – estas são mais passíveis de burlas, e princípios, não. Eliminam-se progressivamente normas internacionais que contenham valores ou percentuais de ‘pisos’ ou ‘tetos’, em privilégio dos citados princípios. As normas são repletas de expressões como relevante, material, importante, e o preciso

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enquadramento de um fenômeno econômico nas IFRS dependerá do julgamento profissional dos responsáveis pela preparação das demonstrações financeiras e de seus auditores.

A Estrutura Conceitual Básica do CPC (R1) trata do “regime de competência”,

que estabelece o reconhecimento das receitas e os custos e despesas para gerá-

los, da mesma forma que o princípio: na ocorrência do fato gerador. Existem

atividades que possuem particularidades que geram dificuldades para mensuração

das receitas e o CPC 30 estabelece algumas condições que devem ser satisfeitas,

para enquadramento do fenômeno econômico, cabendo ao contador o julgamento

profissional do momento adequando (ocorrência do fato gerador) para esse registro.

A não observância do regime de competência pode prejudicar a análise das

demonstrações contábeis e o resultado das organizações, levando a tomada de

decisões precipitadas.

Se os administradores de uma empresa pudessem registrar e informar dados

financeiros da forma que julgassem mais adequadas, seria difícil, ou mesmo

impossível fazer comparações entre empresas.

Neste sentido, surge uma questão delicada nas instituições de saúde. Os hospitais trabalham com a saúde das pessoas, o que torna o processo de prestação de serviço algo não passível de previsão quanto ao término do mesmo, pois depende muitas vezes, de fatores que fogem ao controle, como por exemplo, a reação do paciente a uma medicação. (MÃES, CUNHA; OLINQUEVITCH, 2006, p.2).

Alves Júnior e Biazi (2007, p. 293) complementam:

As contas hospitalares são faturadas, na maioria dos casos, conforme um cronograma de entrega de contas definido pelos convênios. Este cronograma não coincide com a data da alta de todos os pacientes atendidos. Assim, se o faturamento for considerado como critério definidor de receita, haverão muitos atendimentos realizados com despesas já reconhecidas, já que foram gastos materiais, medicamentos, mão de obra, entre outros, e reconhecimento tardio de receita. Quando a data de envio de contas mais próxima do encerramento do atendimento pertencer à próxima competência, pode haver reconhecimento de receita em competência diferente da realização da despesa. Portanto, existem serviços a faturar que compõem a receita.

Daí a preocupação do registro das receitas nos hospitais.

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A pesquisa desenvolvida por Mães, Cunha e Olinquevitch (2006), para

analisar se as demonstrações contábeis dos hospitais particulares do Estado de

Santa Catarina, na ótica do Princípio da Competência, revelou que 75% dos

hospitais ferem o princípio da competência no reconhecimento das receitas.

A pesquisa desenvolvida por Alves Júnior e Biazi (2007), para tratar do

Orçamento da Receita de um Hospital, também contribui para destacar a

importância do registro das receitas.

Dessa forma, e diante da escassez de trabalhos na área de contabilidade

hospitalar, é possível afirmar que os hospitais possuem processos complexos na

questão de registros de faturamento, que merecem um estudo, visando

aprofundamento no assunto.

Para esse aprofundamento tratamos de promover a identificação do

problema, considerando as contribuições de Gil (2007) e Marconi e Lakatos (2009),

com relação à pesquisa social e à relevância desse problema.

A pesquisa social visa fornecer respostas tanto a problemas determinados por interesse intelectuais, quanto por interesse prático. Interessa, pois, na formulação do problema determinar qual a sua relevância em termos científicos e práticos.

Um problema será relevante em termos científicos à medida que conduzir à obtenção de novos conhecimentos. Para se assegurar disso, o pesquisador necessita fazer um levantamento bibliográfico na área, entrando em contato com as pesquisas já realizadas, verificando quais os problemas que não foram pesquisados, quais os que não o foram adequadamente e quais os que veem recebendo respostas contraditórias. (GIL, 2007, p. 51).

Para Marconi e Lakatos (2009, p. 261) o problema representa “uma

dificuldade, teórica ou prática, no conhecimento de alguma coisa de real

importância, para a qual se deve encontrar uma solução”.

Neste contexto, com base nos conceitos apresentados e considerando os

estudos empíricos realizados, os Hospitais possuem grande complexidade e

especificidade em seus processos de registro das receitas, o que nos leva à

seguinte questão problema:

“Os hospitais gerais da região de Sorocaba aplicam o regime da

competência para o registro do seu faturamento?”

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Para investigar o problema proposto, deverão ser respondidas as seguintes

questões:

� Quais as características dos hospitais gerais da cidade de Sorocaba?

� Qual a estrutura da contabilidade?

� Como se dá o processo de contabilização dos atos e fatos contábeis

nestes hospitais?

� Qual o momento da contabilização dos custos?

Do mesmo modo, além da obtenção de respostas às questões, devem ser

atingidos distintos objetivos que seguem elencados.

Considerando que, segundo Diehl e Tatim (2004, p.97), o objetivo geral

“determina o que se pretende realizar para obter resposta ao problema proposto”,

este trabalho tem como objetivo geral conhecer o momento que os hospitais gerais

da região de Sorocaba registram seu faturamento.

Diehl e Tatim (2004, p.97) afirmam que os objetivos mais específicos são

aqueles que “determinam os aspectos a serem estudados, necessários ao alcance

do objetivo geral”. Com base nisso são objetivos específicos deste trabalho:

� Identificar o ciclo operacional dos hospitais para verificar se o ciclo

financeiro é positivo.

� Conhecer o tratamento contábil dos atos e fatos relacionados ao

faturamento hospitalar.

� Identificar se os auditores já sinalizaram sobre o registro pela competência.

Cabe ressaltarmos que este estudo tem sua justificativa com base na

experiência do autor na área hospitalar, ao observar a dificuldade de mensurar as

informações econômico-financeiras de um hospital, principalmente na parte de

faturamento hospitalar, que envolve um grande leque de variáveis. Nessa

experiência foi possível evidenciar registros que influenciavam a verdadeira situação

patrimonial do hospital.

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Com isso compreendemos que a contabilidade hospitalar se constitui numa

questão complexa e pouco abordada nos trabalhos de pesquisa.

Campos e Campos (1982, p.21) já afirmavam que, realmente:

Não há a menor sombra de dúvida que o hospital atual se comporta como uma empresa bastante complexa, recebendo cada vez mais o impacto dos avanços tecnológicos, claramente evidenciados pelo arrojo de projetos arquitetônicos, o sofisticado das suas instalações, a pujança dos seus equipamentos e aparelhos, numa inequívoca demonstração dos avanços tecnológicos e científicos e a diversificação do seu pessoal, cada vez mais imbuído da necessidade de aplicação de diretrizes e procedimentos de eficiência comprovada pela indústria e comércio.

Borba (2006, p. 146), por sua vez, destaca que “nas organizações da área da

saúde, 30% de todo o dinheiro investido são consumidos com desperdícios,

retrabalho e ineficiência e pela complexidade excessiva de processos”.

Para Beulke e Berto (2008, p. 15), de um modo geral, “constata-se que as

instituições de saúde se constituem em grandes desperdiçadoras de recursos”.

Na concepção de Martins (2000, p. 15), “dado o volume de ativos, passivos,

custos, receitas e recursos humanos necessários para viabilizar sua operação, os

hospitais são organizações complexas”.

Bittar (1996) citado por Alves Júnior (2009, p.25) afirma que:

A administração de um hospital reveste-se de extremo grau de complexidade, fazendo com que sejam exigidos instrumentos especiais para planejar, organizar, coordenar, avaliar e controlar as atividades.

Diante do exposto, considera-se relevante identificar e conhecer os aspectos

que influenciam no processo de faturamento de uma conta hospitalar. Espera-se

consolidar estudos e estabelecer relações definitivas entre as áreas administrativas

de um Hospital e a Contabilidade, buscando outras importantes contribuições para

aperfeiçoamento e melhoria, a partir da problematização deste trabalho.

Metodologicamente enfocamos, a princípio, a pesquisa e o método para, no

terceiro capítulo deste estudo, apresentar toda a composição e procedimentos

metodológicos utilizados.

A pesquisa, segundo Diehl e Tatim (2004, p.47) se constitui “num

procedimento racional e sistemático, cujo objetivo é proporcionar respostas aos

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problemas propostos. Ao seu desenvolvimento é necessário o uso cuidadoso de

métodos, processos e técnicas”.

Nesse contexto, a metodologia pode ser definida como:

O estudo e a avaliação de diversos métodos, com o propósito de identificar possibilidades e limitações no âmbito de sua aplicação no processo de pesquisa científica. A metodologia permite, portanto, a escolha da melhor maneira de abordar determinado problema, integrando os conhecimentos a respeito dos métodos em vigor nas diferentes disciplinas científicas. (DIEHL; TATIM, 2004, p. 47).

Marconi e Lakatos (2009, p. 83) complementam definindo métodos como:

O conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros-, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Para o estudo em questão optamos pela pesquisa de abordagem tanto

qualitativa quanto quantitativa, do tipo de pesquisa descritiva.

Para a composição do referencial teórico houve a utilização de levantamentos

bibliográficos, em meio eletrônico, em banco de dissertações e teses, em periódicos

e documentos.

E, para a composição da pesquisa propriamente dita foi realizada uma

pesquisa de campo, composta por 32 hospitais gerais da região de Sorocaba, com

uma amostra por acessibilidade que totalizou 10 hospitais. A referida pesquisa foi

realizada com contadores, diretores administrativos e gerentes administrativos que

responderam um questionário para avaliar o momento que os hospitais processam o

registro de suas receitas (faturamento).

Para a estruturação da dissertação houve a divisão em três capítulos.

O Capítulo I − “Os Princípios e as Normas e Práticas para o Reconhecimento

das Receitas” − aborda os princípios de contabilidade; as mudanças na

Contabilidade Brasileira com a convergência às normas internacionais de

contabilidade; a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis e a emissão dos

CPCs que tratam da estrutura conceitual básica e reconhecimento de receitas; a

diferença entre os regimes de caixa e competência, bem como a definição e o

momento de reconhecimento das receitas.

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O Capítulo II – “Aspectos Relacionados ao Hospital e às Atividades

Hospitalares” – apresenta informações da área hospitalar, enfocando as

terminologias, os custos hospitalares, os tipos de receitas e o ciclo operacional.

O Capítulo III – “ Pesquisa Realizada com os Hospitais Gerais da Região da

Cidade de Sorocaba: Procedimentos Metodológicos, Resultados, Sistematização

dos Dados e Análise dos Resultados” – mostra a metodologia adotada para a

pesquisa, a pesquisa propriamente dita, os resultados obtidos, a análise desses

resultados, bem como apresenta uma proposta de contabilização das receitas

hospitalares.

Por fim, são apresentadas as Considerações Finais, as Sugestões para

Pesquisas Futuras, as Referências que contribuíram empiricamente para o trabalho

e os Apêndices.

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CAPÍTULO I – OS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E AS NORMAS E PRÁTICAS PARA O RECONHECIMENTO DAS RECEITAIS

Neste capítulo são apresentados alguns estudos sobre a Contabilidade, os

Princípios Contábeis, as Características Qualitativas da Informação Contábil-

Financeira Útil, sua aplicação, as definições e o reconhecimento das receitas, entre

outros, já realizados por diversos autores, além dos princípios e normas em torno do

assunto, bem como o processo de harmonização da contabilidade no Brasil, com a

criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

1.1. A Transformação da Contabilidade no Brasil apó s a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)

Com base nas tendências de globalização da economia destacam-se os

pensamentos de Oliveira et al (2008) e Pena (2008).

Para Oliveira et al (2008, p.1):

A natural evolução do mercado de capitais e do ambiente corporativo empresarial em nível mundial, juntamente com a globalização da economia e das finanças, fez necessário o desenvolvimento de mecanismos para acompanhar essa evolução no âmbito de contabilidade e auditoria. Sentiu-se essa necessidade, principalmente nas últimas décadas, com a crescente criação, no mundo das finanças, de novas práticas de negócios dos investimentos internacionais que envolvem fortunas incalculáveis ao redor do mundo e inovação e introdução dos novos instrumentos financeiros tais como derivativos.

E acrescenta:

Com a tendência de globalização da economia, torna-se vital para a contabilidade a harmonização de suas normas, em nível internacional, sob o risco de enfrentar uma forte descrença. Fica muito difícil explicar para um grande empresário – ou investidor- que tem interesse em vários países o porquê de as normas contábeis não serem as mesmas. (OLIVEIRA et al., 2008, p. 1).

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Pena (2008) aborda que:

Quando se começou a falar em harmonização das normas contábeis, muitos países foram contra, pois ainda estavam agarrados às suas normas tradicionais. Mas, com o passar do tempo e a percepção da necessidade da harmonização, os países começaram a mudar o pensamento, e cada vez mais o mercado mundial está caminhando para a harmonização das normas de contabilidade, através do IASB. (PENA, 2008, p.11).

Na concepção de Lemes e Carvalho (2010):

Após o cataclismo econômico e social provocado pela crise da Bolsa de Nova Iorque em 1929 membros do Governo dos Estados Unidos, congressistas daquele país, dirigentes empresariais, auditores, analistas de crédito e do mercado de ações e pesquisadores acadêmicos se debruçaram na análise das razões para a crise e na concepção de mecanismos para superá-la. Dentre as medidas imaginadas e implantadas estava um reposicionamento relativo a regulação governamental e a normatização contábil voltadas para o preparo e auditoria de demonstrações financeiras, também chamadas de demonstrações contábeis. (LEMES; CARVALHO, 2010, p. 1).

Foi então criado, no âmbito da entidade que congregava e ainda congrega auditores nos EUA – o Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados (AICPA – American Institute of Certified Public Accountants), uma área voltada para o preparo de ‘normas contábeis’ (o APB – Accounting Principles Board). Esse organismo criado em meados de 1930, responsabilizou-se pela produção de tais normas até princípios dos anos 70 do século passado, e seus pronunciamentos constituíram a parte mais representativa dos chamados Princípios Contábeis e geralmente aceitos nos Estados Unidos (US GAAP – Generally Accepted Accounting Principles). Por volta de 1973, esse organismo foi substituído por uma entidade independente, sem fins lucrativos, que assumiu desde então a tarefa de emitir tais normas – a Junta de Normas de Contabilidade Financeira (FASB – Financial Accounting Standards Board). (LEMES; CARVALHO, 2010, p. 1).

Aproximadamente nessa mesma época, no início de 1970, foi criado um organismo internacional com o propósito de produzir normas contábeis não sob a ótica de um país em particular, porém com a intenção de serem normas genuinamente internacionais, no sentido de ‘supranacionais’: nascia o Comitê de Normas Contábeis Internacionais (IASC – International Accounting Standards Committee). Esse organismo gerou normas contábeis internacionais (IAS – International Accounting Standards) até 2001. (LEMES; CARVALHO, 2010, p. 1-2).

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A partir de 2001, as normas internacionais que tinham o nome de IAS,

passaram a se chamar Normas Internacionais de Relatórios Financeiros (IFRS –

International Financial Reporting Standards). Nesse mesmo ano, segundo Lemes e

Carvalho (2010, p.2) “houve grande consenso na comunidade empresarial

internacional quanto à necessidade de se dotar de mais consistência o preparo de

tais normas internacionais”.

Desde então o número de países que utiliza as IFRSs cresceu

substancialmente, tornando mais próximo o objetivo do IASB de estabelecer um

conjunto comum de normas de contabilidade para utilização em todo o mundo.

Segundo Pena (2008, p. 11), atualmente o IASB considerado o principal

organismo que emite normas contábeis internacionais, tem realizado esforços para

alcançar a convergência contábil, objetivando a emissão de normas profissionais de

alta qualidade no campo da contabilidade.

Cabe ressaltar, segundo Pena (2008) que:

No Brasil, a contabilidade também sofreu forte impacto da globalização dos mercados econômicos, havendo o surgimento da preocupação e do estudo com relação à contabilidade internacional, que se insere em um contexto de tendência do aparecimento de blocos econômicos, através de junção de países, com intuito de se fortalecerem economicamente e desenvolverem seus potenciais de comércio exterior.

A finalidade de participar do processo de harmonização internacional da contabilidade visa a unificar a linguagem financeira dos negócios internacionais, reduzindo custos de elaboração, divulgação e auditoria de demonstrações financeiras, viabilizando investimentos estrangeiros, melhorando a comunicação entre as empresas e seus investidores, entre outros fatores. Com a globalização da economia, a ideia não deve ser mais focada somente na economia nacional. (PENA, 2008, p.12).

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi fundado em 2005, com o

objetivo de uniformizar a linguagem contábil do Brasil com o padrão internacional.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi desenvolvido e

formalizado a partir da união de esforços e objetivos de diversas entidades,

conforme segue no Quadro 1.

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ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas

APIMEC

NACIONAL

Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais

BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo

CFC Conselho Federal de Contabilidade

FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras

IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

Quadro 1 – Entidades que Compõem o CPC

Fonte: Disponível no site da CPC (2011)

O CPC foi criado por meio da Resolução do Conselho Federal de

Contabilidade (CFC) nº. 1.055/05.

O Art. 3º da Resolução CFC n.º1.055/05 apresenta o objetivo do CPC da

seguinte maneira:

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis - (CPC) tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.

Após a constituição do CPC, em 2005, ocorreram importantes alterações na

regulamentação contábil no país, segundo Oliveira (2011):

� Em 28 de dezembro de 2007, a Lei 11638/07 foi publicada com base no

Projeto de Lei 3740/00, entrando em vigor em primeiro de janeiro de 2008, com

objetivo de oferecer não apenas uma mudança na estrutura das demonstrações

contábeis, como ocorre no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do

Exercício, mas determinando a adoção da Demonstração do Fluxo de Caixa para as

empresas cujo Patrimônio Líquido ultrapasse dois milhões de reais, e não mais a

Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), bem como

determinando a criação da Demonstração do Valor Adicionado para as empresas de

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capital aberto, além de continuar sendo obrigatória a Demonstração de Lucros ou

Prejuízos Acumulados e as notas explicativas.

� Criação da Medida Provisória - MP 449/08, com o objetivo de neutralizar

os novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei 11.638/07, na apuração

das bases de cálculos de tributos federais, criando-se o Regime Tributário de

Transição (RTT). Após cumprir seu prazo legal e, analisada pelo Congresso

Nacional, a MP 449/08 foi convertida na Lei 11.941/09, com algumas mudanças,

mas trazendo em sua estrutura o RTT de forma literal.

1.2. Princípios de Contabilidade

À medida que as necessidades de controle foram surgindo, a contabilidade

deu início à criação de instrumentos para o registro de todos os fatos que afetam o

patrimônio de uma entidade.

Em alguns momentos da história da contabilidade, surgiram dúvidas quanto ao melhor critério de registro de determinadas transações. Diante disso, os primeiros contadores tiveram de fazer algumas opções, que acabaram sendo adotadas pelos demais colegas, ficando como regras, que passaram a ser seguidas e aceitas por todos. Essas regras básicas que foram adotadas denominamos de Princípios Contábeis e hoje formam o arcabouço teórico que sustenta toda a contabilidade. (PADOVEZE, 2008, p. 111).

A opinião de Iudícibus e Marion (2006, p. 105) ratifica a importância da

objetividade e consistência dos registros contábeis:

A contabilidade apresenta uma grande necessidade de objetividade e de consistência em seus procedimentos, pois os registros e demonstrações contábeis podem ter reflexos até em disputas judiciais. Nesse aspecto, a Contabilidade diferencia-se bastante da Economia que, muitas vezes, enuncia e define conceitos que se refletem sobre as entidades, sem a necessidade ou obrigação de mensurá-los de forma sistemática e repetitiva.

A palavra princípio origina-se do latim e em nosso idioma apresenta significados variados. Se utilizada no singular, por exemplo, pode significar ‘causa primária’, ‘origem’ ou ‘começo’, mas também pode estar associada a ideia de ‘preceito’ ou ‘regra’ a seguir. No plural, geralmente é entendida como convicções e também como começo, na perspectiva de regra básica e inicial da qual sobrevêm todas as demais normas (IUDÍCIBUS; MARION, 2006, p.105).

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De acordo com Padoveze (2008, p.111), os “Princípios Fundamentais de

Contabilidade significam, então, as regras em que se assenta toda a estrutura

teórica para a escrituração e análise contábil”.

Na concepção de Coelho, Siqueira e Lins (2008, p.189): o “estabelecimento

de princípios visa não somente formar uma uniformidade terminológica, mas também

criar bases para a normalização dos procedimentos contábeis a serem utilizados por

todos os profissionais”.

Para Marion (2010, p. 31), “os pilares da Contabilidade são as regras básicas

da Contabilidade que podemos chamar basicamente de princípios contábeis”.

O auditor emite sua opinião informando se as Demonstrações Financeiras representam adequadamente, a situação patrimonial e a posição financeira na data do exame. Informa se as Demonstrações Financeiras foram levantadas de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e se há uniformidade em relação ao exercício anterior. (MARION, 2009, p. 522).

Segundo a Equipe de Professores da FEA/USP (2008, p. 265), no livro

Contabilidade Introdutória:

Os princípios contábeis podem ser conceituados como premissas básicas acerca dos fenômenos e eventos contemplados pela Contabilidade, premissas que são a cristalização da análise e observação da realidade econômica, social e institucional.

Para Ribeiro Filho; Lopes e Pederneiras (2009, p.197): “os Princípios

Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias

relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos

universos científico e profissional de nosso país”.

Iudícibus (2009, p. 92-93) complementa:

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam o núcleo da própria Contabilidade, na sua condição de ciência social, sendo a ela inerente. Os princípios constituem sempre as vigas-mestras de uma ciência, revestindo-se dos atributos de universalidade e veracidade, conservando validade em qualquer circunstância. No caso de Contabilidade, presente seu objeto, seus Princípios Fundamentais valem para todos os patrimônios, independente das entidades a que pertencem as finalidades para as quais são usados, a forma jurídica da qual são revestidos, sua localização, expressividade e quaisquer outros qualificativos, desde que gozem da condição de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes.

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Em termos de conteúdo, os princípios dizem respeito à caracterização da Entidade e do Patrimônio, à avaliação dos componentes deste e ao reconhecimento das mutações e dos seus efeitos diante do Patrimônio Líquido. Como os princípios alcançam o patrimônio na sua globalidade, sua observância nos procedimentos aplicados resultará automaticamente em informações de utilidade para decisões sobre situações concretas. Esta é a razão pela qual os objetivos pragmáticos da Contabilidade são caracterizados pela palavra informação. (IUDÍCIBUS, 2009, p. 93).

1.3. Estrutura Conceitual Básica x Princípios

Na documentação da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e

Financeiras – FIPECAPI (2010) consta que:

O Brasil teve, durante muitos anos, dois documentos sobre a estrutura conceitual de contabilidade. Um deles, elaborado em 1986 pelo Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuárias e financeiras (FIPECAFI) sob as mãos do prof. Sérgio de Iudícibus, aprovado e divulgado pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) (antigo Instituto Brasileiro de Contadores) como pronunciamento desse instituto e referendado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por sua deliberação n° 29 /861.

O outro documento foi emitido pelo Conselho Federal de Contabilidade, pela sua Resolução n° 750, em 1993, Princípios Fundamentais de Contabilidade, seguida de um apêndice introduzido pela Resolução CFC n° 774/94 e da Resolução CFC n° 785/95; esta sobre as características da informação contábil, detalhando um pouco mais a anterior, e a Resolução CFC no. 785/95, ‘Das Características da Informação Contábil’.

A estrutura da CVM ‘discorria sobre os postulados, os princípios e as convenções contábeis, denominando-os genericamente de Princípios Fundamentais de Contabilidade’. (FIPECAFI, 2010, p. 31).

A CVM tratava de Princípios Contábeis de forma hierarquizada, dividindo-os

em:

- 02 (dois) Postulados Ambientais: Entidade e Continuidade.

- 04 (quatro) Princípios Propriamente Ditos: Custo como Base de Valor,

Denominador Comum Monetário, Realização da Receita, Confronto das Receitas

com as Despesas e os Períodos Contábeis.

1 A Deliberação n.º 539/08 revogou a Deliberação n.º 29/86.

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- E as 04 (quatro) Convenções Contábeis: Objetividade, Materialidade,

Conservadorismo e Consistência.

Todos eles são mostrados na Figura 1.

Figura 1 – Postulados, Princípios e Convenções

Fonte: Elaborado pelo Autor com base em Iudícibus e Marion (2006, p. 97)

O CFC trazia 07 (sete) Princípios Contábeis apresentados de forma não

hierarquizada, como mostra a Figura 2.

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Figura 2 – Princípios Contábeis Resolução CFC 750/9 3 Fonte: Niyama e Silva (2008, p. 38)

A Resolução CFC 1.282/10 revogou o Princípio da Atualização Monetária.

Desta maneira, os outros seis princípios permanecem em vigor.

Para Pena (2008) e segundo o CFC:

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade se apresentavam de forma não hierarquizada, pois cientificamente se considerava que os princípios são elementos predominantes na constituição do corpo orgânico, considerados axiomas, premissas universais e verdadeiras, não cabendo hierarquização entre eles, pois todos têm o mesmo grau de importância. Já a CVM admitia a hierarquização dos Princípios, entendendo-a como necessária para que se entenda a relação que existe entre vários conceitos, não considerando que este ou aquele seja mais importante, estabelecendo a observância de todos os conceitos apresentados, sob a pena de prejudicar a estrutura contábil adequada. (PENA, 2008, p.173).

De acordo com a FIPECAPI (2010, p.31):

Com o advento da Lei n°. 11.638/07 e a decisão pela convergência da Contabilidade Brasileira às Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB, o CPC adotou integralmente o documento daquele órgão denominado Framework for the

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Preparation and Presentation of Financial Statements e emitiu seu Pronunciamento Conceitual Básico – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis (informalmente denominado, às vezes, de CPC ‘00’), aprovado pela Deliberação CVM n° 539/08 e pela Resolução CFC n° 1 .121/08 para adoção pelas Companhias Abertas. Este Pronunciamento tem como objetivo servir como fonte dos conceitos básicos e fundamentais a serem utilizados na elaboração e na interpretação dos Pronunciamentos Técnicos e na preparação e utilização das Demonstrações Contábeis dos mais variado tipos de entidades contábeis. Faz abordagem dos principais conceitos contábeis, entre eles, o que chamamos de princípios. O que este documento contém, basicamente estava de alguma forma, contido nos dois conjuntos de documentos conceituais brasileiros atrás referidos, mas apresenta o que aqueles não tinham: as definições dos principais elementos contábeis: ativo, passivo, receita e despesa. Um documento como esse tem a característica de não significar uma norma, uma regra, mas sim um conjunto básico de princípios a serem seguidos na elaboração dos pronunciamentos e das Normas propriamente ditas, bem como na sua aplicação; consequentemente, também, na análise e na interpretação das informações contábeis. É fundamental conhecer e entender essa estrutura conceitual, porque dela derivam todos os procedimentos e sobre ela se assenta toda a elaboração das demonstrações contábeis. (FIPECAFI, 2010, p. 31).

Marion (2009, p. 163) complementa:

Em termos de princípios, não havia unicidade no Brasil, havendo algumas divergências entre aqueles emanados da CVM / IBRACON e os estabelecidos pelo Conselho Federal de Contabilidade. Não há dúvida que com o pronunciamento do CPC e a Deliberação CVM n.º 539/08 chegamos a um sistema único, quem sabe parecido com um Código Brasileiro de Contabilidade.

No lugar de princípios, postulados e convenções, a estrutura do CPC e da

CVM, aprovado pela Resolução 539/08 apresentava:

- Os pressupostos básicos: Regime de Competência e Continuidade.

- 04 (quatro) características qualitativas, que são atributos que fazem com que

a contabilidade seja útil para o usuário: Compreensibilidade, Relevância (sendo a

materialidade como fator primordial para observância desta característica),

Confiabilidade (devendo ser observado a Representação Adequada, Primazia da

Essência sobre a Forma, Neutralidade, Prudência e Integridade, na característica

qualitativa da confiabilidade) e Comparabilidade.

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Todos são mostrados no Quadro 2 que segue.

Regime de CompetênciaContinuidade

CompreensibilidadeRelevância/MaterialidadeConfiabilidade Representação adequada Primazia da essência sobre a forma Neutralidade

Prudência Integridade

Comparabilidade

Pressupostos Básicos

Características Qualitativas das Demonstrações

Contábeis

Quadro 2 – Pressupostos Básicos e Características Q ualitativas das Demonstrações Contábeis constantes no Pronunciamento Conceitual B ásico do CPC, Deliberação

CVM 539/08 Fonte: Silva (2010, p. 23)

O International Accounting Standards Board (IASB) está em pleno processo

de atualização de sua Estrutura Conceitual. O projeto dessa Estrutura Conceitual

está sendo conduzido em fases, segundo o CPC 00 R1.

À medida que um capítulo é finalizado, itens da Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, que foi emitida em 1989, vão sendo substituídos. Quando o projeto da Estrutura Conceitual for finalizado, o IASB terá um único documento, completo e abrangente, denominado ‘Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro’ (The Conceptua Framework for Financial Reporting). (CPC 00 R1).

A Deliberação CVM n.º 675/2011, publicada no Diário Oficial da União do dia

15/12/2011, revogou a Deliberação CVM 539/08 e aprovou o PRONUNCIAMENTO

CONCEITUAL BÁSICO (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação

de Relatório Contábil-Financeiro, elaborado a partir do The Conceptual Framework

for Financial Reporting (BV2011), emitido pelo International Accounting Standards

Board (IASB).

No Capítulo 3 da nova Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação

das Demonstrações Contábeis, é definido que apenas duas são as Características

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Qualitativas Fundamentais das Demonstrações Contábeis e que obrigatoriamente

devem ser sempre observadas: relevância e representação fidedigna. As demais

são Características Qualitativas de Melhoria da Qualidade das Demonstrações

Contábeis: comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade,

menos críticas, mas ainda assim altamente desejáveis.

Essas características qualitativas de melhoria podem também auxiliar na determinação de qual de duas alternativas que sejam consideradas equivalentes em termos de relevância e fidedignidade de representação deve ser usada para retratar um fenômeno. (CPC 00 R1, QC19).

O Quadro 3 apresenta as Características Qualitativas.

Relevância

Representação Fidedigna

ComparabilidadeVerificabilidadeTempestividadeCompreensibilidade

Características Qualitativas

Fundamentais

Características Qualitativas de

Melhoria da Qualidade

Quadro 3 – Características Qualitativas da Informaç ão Contábil-Financeira Útil,

Deliberação CVM 675/11 Fonte: Elaborado pelo Autor com base em Silva (2010, p. 23)

Cabe ressaltar que os dois Pressupostos Básicos (competência e

continuidade) constantes na versão anterior do Pronunciamento Conceitual Básico

tiveram seu destaque eliminado dentro da nova estrutura introduzida pelo atual

Pronunciamento Conceitual Básico (R1), entretanto, continuam presentes na versão

atual em seu Capitulo 4, o qual traz o texto que ainda remanesce em relação à

versão anterior, conforme segue:

a) Competência (seções 22, e 92 a 98 da versão anterior): tratado nas seções

4.47 a 4.53, as quais abordam questões relacionadas ao reconhecimento de receitas

e despesas.

b) Continuidade (seção 23 da versão anterior): tratado na seção 4.1 como

premissa subjacente.

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A Resolução CFC 1255/09 que aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade -

NBCTG1000 – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, considerada

como uma complementação do processo de convergência às Normas

Internacionais, e que está em concordância com a estrutura conceitual do CPC,

também não apresenta os Princípios Contábeis e aborda os conceitos e princípios

como sendo todos os tópicos que são tratados como conceituais, que dizem respeito

a seção 2 desta Resolução.

Assim, a palavra “princípio” é vista sob outra perspectiva e toda a parte

estrutural da Resolução são Conceitos e Princípios Gerais.

1.4. Princípios Atuais de Contabilidade x Caracterí sticas Qualitativas da Informação Contábil-Financeira Útil

Neste tópico são apresentadas, as definições do CPC00R1 Q C6 a QC 34,

além de trechos de alguns autores sobre as características qualitativas fundamentais

e características qualitativas de melhoria:

1.4.1. Características Qualitativas Fundamentais

a) Relevância

Para Mourad e Paraskevopoulos (2010, p. 14) “a qualidade da informação

financeira incluída nas demonstrações contábeis tem relevância quando ajuda os

usuários na avaliação do passado, presente e futuro ou na confirmação de um

evento passado”.

Segundo o CPC 00 R1 (2011, QC7):

A referida informação contábil-financeira pode ser capaz de fazer diferença nas decisões se tiver:

Valor preditivo: se puder ser utilizada como dado de entrada em processos empregados pelos usuários para predizer futuros resultados.

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Valor confirmatório: tem valor confirmatório se retroalimentar – servir de feedback – as avaliações prévias (confirmá-las ou alterá-las).

Ou ambos.

Os resultados dessas comparações podem auxiliar os usuários a corrigir e a melhorar os processos que foram utilizados para fazer tais predições. (CPC 00 R1, 2011, QC8).

Materialidade:

De acordo com Mourad e Paraskevopoulos (2010, p. 14):

A informação é material se sua omissão ou inexatidão influenciar as decisões dos usuários das demonstrações contábeis. A materialidade depende do tamanho do item e relevância dentro do contexto operacional da entidade e seu impacto sobre a posição financeira e patrimonial da entidade.

b) Representação Fidedigna

Segundo o CPC 00 R1 (2011, QC12):

Os relatórios contábil-financeiros representam um fenômeno econômico em palavras e números. Para ser útil, a informação contábil-financeira não tem só que representar um fenômeno relevante, mas tem, também, que representar, com fidedignidade, o fenômeno que se propõe a representar. Para ser representação perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter três atributos, ou seja, tem que ser ‘completa, neutra e livre de erro’.

O CPC 00 R1 (2011, QC13 a QC16) continua definindo:

Para ser completa: precisa conter o necessário para que o usuário compreenda o fenômeno que está sendo retratado.

Para ser neutra: precisa estar desprovida de viés na seleção ou na apresentação, não podendo ser distorcida para mais ou para menos.

Ser livre de erro não significa total exatidão, mas sim que o processo para obtenção da informação tenha sido selecionado e aplicado livre de erros.

No caso de estimativa, ela é considerada como tendo representação fidedigna se, além disso, o montante for claramente descrito como sendo estimativa e se a natureza e as limitações do processo forem devidamente reveladas.

A informação precisa concomitantemente ser relevante e representar com fidedignidade a realidade reportada para ser útil. Nem a

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representação fidedigna de fenômeno irrelevante, tampouco a representação não fidedigna de fenômeno relevante auxiliam os usuários a tomarem boas decisões. (CPC 00 R1, 2011, QC17).

1.4.2. Características Qualitativas de Melhoria da Utilidade da Informação

a) Comparabilidade

As informações referentes às demonstrações financeiras se tornam mais úteis

para os usuários tomarem as melhores decisões sobre a aplicação de seus

recursos, se for possível comparar dados do ano corrente com anos anteriores de

uma empresa ou de outras empresas do mesmo segmento.

Os usuários necessitam comparar as demonstrações contábeis de uma entidade com as demonstrações contábeis de outra entidade através do tempo para identificar tendências na sua posição financeira e desempenho. (MOURAD; PARASKEVOPOULOS, 2010, p. 16).

Segundo Padoveze, Benedicto e Leite, (2012, p. 7) a comparabilidade permite

aos usuários “identificar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de

fenômenos econômicos, o que depende da uniformidade e da consistência”.

Para o CPC 00 R1 (2011, QC 22):

Consistência, embora esteja relacionada com a comparabilidade, não tem o mesmo significado. Consistência refere-se ao uso dos mesmos métodos para os mesmos itens, tanto de um período para outro, considerando a mesma entidade que reporta a informação, quanto para um único período entre entidades. Comparabilidade é o objetivo; a consistência auxilia a alcançar esse objetivo.

Comparabilidade não significa uniformidade. Para que a informação seja comparável, coisas iguais precisam parecer iguais e coisas diferentes precisam parecer diferentes. A comparabilidade da informação contábil-financeira não é aprimorada ao se fazer com que coisas diferentes pareçam iguais ou, ainda, ao se fazer coisas iguais parecerem diferentes. (CPC 00 R1, 2011, QC23).

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b) Verificabilidade

Segundo o CPC 00 R1 (2011, QC26):

A verificabilidade significa que diferentes observadores, cônscios e independentes, podem chegar a um consenso, embora não cheguem necessariamente a um completo acordo, quanto ao retrato de uma realidade econômica em particular ser uma representação fidedigna. Informação quantificável não necessita ser um único ponto estimado para ser verificável. Uma faixa de possíveis montantes com suas probabilidades respectivas pode também ser verificável.

A verificação pode ser direta (quando se confere o físico com o valor) e

indireta (por meio de modelos e fórmulas).

c) Tempestividade

Tempestividade significa:

Ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem menos utilidade. Contudo, certa informação pode ter o seu atributo tempestividade prolongada após o encerramento do período contábil, em decorrência de alguns usuários, por exemplo, necessitarem identificar e avaliar tendências. (CPC 00 R1, 2011, QC 29).

d) Compreensibilidade

A informação tem que ser compreensível para ser útil.

Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão

torna-a compreensível.

Segundo o CPC 00 R1 (2011, QC 31):

Certos fenômenos são inerentemente complexos e não podem ser facilmente compreendidos. Porém em hipótese alguma devem ser excluídos, caso contrário o relatório não apresenta com fidedignidade as informações.

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1.4.3. Aplicação das Características Qualitativas d e Melhoria

Características qualitativas de melhoria devem ser maximizadas na extensão possível. Entretanto, as características qualitativas de melhoria quer sejam individualmente ou em grupo, não podem tornar a informação útil se dita informação for irrelevante ou não for representação fidedigna. (CPC 00 R1, 2011, QC 33).

1.5. Regime de Caixa e Competência

Comumente, deparamo-nos com esta situação: um empresário avaliando o

desempenho de sua empresa, em termos de lucros ou prejuízos, através da sobra

ou falta de dinheiro em caixa. Sobra de dinheiro em caixa não é sinônimo da

obtenção de lucro e sua falta não se caracteriza sinônimo de prejuízo.

A sobra ou falta de dinheiro em caixa apenas reflete as decisões

relacionadas às operações dentro de uma empresa, tais como: compras de

estoques, investimentos, aumento da planta, lançamentos de novos produtos,

contratações de funcionários, vendas à vista ou a prazo, etc.

A apuração de resultados, considerando apenas o momento que efetivamente

ocorrem entradas e saídas de caixa, é conhecida como regime de caixa.

Para Marion (2010, p. 86):

O regime de caixa, como instrumento de apuração de resultado, é uma forma simplificada da contabilidade, aplicado basicamente às microempresas ou às entidades sem fins lucrativos, tais como igrejas, clubes, sociedades filantrópicas etc.

Pelo regime de competência as despesas e as receitas são registradas

quando acontecem efetivamente, independente do seu pagamento ou recebimento.

Desta forma, o resultado é apurado no momento da ocorrência do fato gerador.

De acordo com Marion (2010, p.85) esse regime de competência “é

universalmente adotado, aceito e recomendado pela Teoria da Contabilidade e

também pelo imposto de renda. Evidencia o resultado da empresa (lucro ou

prejuízo) de forma mais adequada e completa”.

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Uma adequada comparação entre despesas e receitas de cada exercício, para a apuração de resultado é conseguida por meio da adoção do regime de competência de exercícios, que refletirá nas demonstrações Balanço e Resultado do Exercício a situação mais próxima possível do real. (EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP, 2008, p. 74)

Segundo o CPC 00 R1, p. 11 OB17:

O regime de competência retrata com propriedade os efeitos de transações e outros eventos e circunstâncias sobre os recursos econômicos e reivindicações da entidade que reporta a informação nos períodos em que ditos efeitos são produzidos, ainda que os recebimentos e pagamentos em caixa derivados ocorram em períodos distintos. Isso é importante em função de a informação sobre os recursos econômicos e reivindicações da entidade que reporta a informação, e sobre as mudanças nesses recursos econômicos e reivindicações ao longo de um período, fornecer melhor base de avaliação da performance passada e futura da entidade do que a informação puramente baseada em recebimentos e pagamentos em caixa ao longo desse mesmo período.

A apuração adequada do desempenho (lucro ou prejuízo) de uma empresa se

dá pelo regime de competência.

1.6. Princípio da Competência dos Exercícios

O princípio da competência não possui qualquer relação com o recebimento

de uma venda, ou o pagamento de uma despesa. O que importa é o fato gerador,

quando aconteceu e tudo o que se relacionou para gerar a respectiva venda.

Segundo Iudícibus (2009):

A competência é o Princípio que estabelece quando um determinado componente deixa de integrar o patrimônio, para transformar-se em elemento modificador do Patrimônio Líquido. Da confrontação entre o valor final dos aumentos do Patrimônio Líquido – usualmente denominados “receitas” – e das suas diminuições – normalmente chamadas de “despesas” -, emerge o conceito de “resultado do período”: positivo, se as receitas forem maiores do que as despesas; ou negativa, quando ocorrer o contrário. (IUDÍCIBUS, 2009, p. 103).

Para Leite (2009, p. 79):

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Todas as despesas de determinado exercício social (ou período de tempo) têm de encontrar correspondência com as receitas deste mesmo exercício social. Receitas e despesas são reconhecidas diante do fato gerador e não no momento das entradas e saídas de caixa que elas proporcionam.

Na concepção de Santos et al (2008):

A Competência é o Princípio que estabelece quando determinado componente deixa de integrar o patrimônio, para transformar-se em elemento modificador do Patrimônio Líquido. Da confrontação entre o valor final dos aumentos do Patrimônio Líquido, usualmente denominados receitas, e de suas diminuições, normalmente chamadas de despesas, emerge o conceito de resultado do período: positivo, se as receitas forem maiores do que as despesas; ou negativo, quando ocorrer o contrário. (SANTOS et. al., 2003, p. 48).

Para a Equipe de Professores da FEA/USP, no livro Contabilidade Introdutória

(2008, p. 269):

O princípio da realização tem sido um dos mais visados pelos economistas, por julgarem que o processo de produção adiciona valor aos fatores que estão sendo manipulados, ao passo que, contabilmente se verifica apenas uma integração de fatores e a receita e consequentemente o lucro ou prejuízo só ocorrem no ato da venda. A teoria atual já admite reconhecer a receita em outros pontos do processo, inclusive antes da venda ou do fim da produção. Como exemplo, vinho, gados, reservas florestais, etc.

Contudo, para Lopes e Martins (2005):

Se o regime de competência fornece números mais próximos dos fluxos futuros de caixa futuro do que o próprio fluxo de caixa passado, podemos concluir que a relevância da informação contábil reside no regime de competência. Mais especificamente, podemos dizer que o conteúdo informativo da contabilidade está no regime de competência. (LOPES; MARTINS, 2005, p. 68-69).

Nesse sentido, o princípio da competência guia o processo de registros

contábeis na apuração dos dados econômicos. Conforme destacam os autores, ele

não é o mais importante princípio, mas a não aplicabilidade do princípio da

competência pode causar efeitos indesejáveis aos interessados pelas informações

contábeis, pois nos parece que sem ele a contabilidade perderia sua essência e

diferenciação.

Em sua estrutura conceitual, o CFC estabelece critérios para competência,

tratando os aspectos de reconhecimento de despesas e realização da receita

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através do Princípio da Competência. A estrutura conceitual da CVM apresentava

dois Princípios separados que tratavam da Competência: Princípios da Realização

da Receita e Princípio do Reconhecimento das Receitas e seu Confronto com as

Despesas. O Princípio de Realização da Receita estabelecia critérios para

realização da receita.

O Regime de Competência, presente no Pronunciamento Conceitual Básico

(R1) aborda questões relacionadas ao reconhecimento das receitas e despesas,

com o CPC 30 apresentando as condições para o reconhecimento das receitas.

Cabe ressaltar que os critérios para reconhecer as receitas continuam

praticamente os mesmos, porém são novas práticas e leis em vigência, nas quais o

contador deverá quebrar o paradigma de registrar as receitas apenas no momento

da emissão da nota fiscal de venda.

1.7. Definições de Receitas

Para Hendriksen e Van Breda (1999; p. 224) “as receitas são o fluído vital da

empresa. Sem elas, não haveria lucros. Sem lucros não haveria empresa.”

A Figura 3 apresenta o Fluxo das Receitas.

Figura 3 − Fluxo Receitas

Fonte: Famá (2009).

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No Pronunciamento Conceitual Básico, a receita é definida como aumento

nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de entrada de

recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em

aumentos do patrimônio líquido da entidade e que não estejam relacionados com a

contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais. (CPC, 2011).

De acordo com Lemes e Carvalho (2010):

A IAS 18 ressalta a distinção entre receitas e ganhos. As receitas são aquelas que surgem no curso das atividades normais da entidade e são de diversas origens, como vendas, prestações de serviços, e aquelas obtidas pelo uso dos ativos da empresa, como as de juros, dividendos, honorários, franquias, royalties. (LEMES; CARVALHO, 2010, p. 96).

Na concepção de Ferrari (2008, p.92), as receitas “são variações positivas do

patrimônio líquido. Entre outras formas, têm origem nas vendas de mercadorias

(empresa comercial), produtos (empresa industrial), ou prestação de serviços

(empresa civil)”.

Já para a Equipe de Professores da FEA USP (2008, p. 66):

Entende-se por receita a entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber correspondentes, normalmente, à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma receita também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos e de outros ganhos eventuais.

Para Lemes e Carvalho (2010, p. 97):

Representa a entrada bruta para a entidade de benefícios econômicos durante o período, que se origina das atividades ordinárias, que resulta em aumento do patrimônio líquido e que não seja produto de contribuições de investidores patrimoniais (sócios e acionistas).

Segundo Iudícibus (2009, p. 152):

Receita é o valor monetário, em determinado período, da produção de bens e serviços da entidade, em sentido lato, validado, mediata ou imediatamente para o mercado, no mesmo período, validada, mediata ou imediatamente pelo mercado, provocando acréscimo de Patrimônio Líquido e simultâneo acréscimo de ativo, sem necessariamente provocar, ao mesmo tempo, um decréscimo do ativo e do patrimônio líquido, caracterizado pela despesa.

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Leite (2009) cita que:

Receitas são acréscimos brutos de ativos que são obtidos sem ampliação das dívidas ou do capital da empresa. Receitas correspondem a acréscimos ao Patrimônio Líquido e resultam da venda de produtos, bens ou serviços pela empresa. (LEITE, 2009, p. 55).

E, na concepção de Coelho, Siqueira e Lins (2008):

A receita representa a recuperação de um investimento, por meio da renda produzida por um bem patrimonial. Dessa forma, uma venda de mercadoria gera uma receita, pois a venda é objeto do negócio de uma empresa comercial. A compra da mercadoria representou um investimento inicial para a empresa. A venda significou a recuperação desse investimento, pois se imagina que a renda auferida na venda da mercadoria seja superior ao investimento inicial. (COELHO; SIQUEIRA; LINS, 2008, p. 204).

1.8. Reconhecimento das Receitas diante das Prática s Contábeis

Para Iudícibus e Marion (2006, p.105) “a Contabilidade apresenta uma grande

necessidade de objetividade e de consistência em seus procedimentos, pois os

registros e demonstrações contábeis podem ter reflexos até em disputas judiciais”.

Do mesmo modo, segundo Ernst & Young (2010, p. 157):

Sabe-se que o reconhecimento das receitas é um dos pontos mais polêmicos em contabilidade. Nos últimos anos, o reconhecimento de receitas tem sido o principal motivo pelo qual a SEC exige a republicação das demonstrações financeiras das empresas norte-americanas. Portanto, uma adequada definição se faz necessária para minimizar o mau entendimento (e uso) do conceito de receita.

A apuração do lucro líquido depende da contraposição entre receitas e despesas de uma entidade em um determinado período. Assim, o reconhecimento de receitas é um fator chave para a adequada mensuração do desempenho de uma empresa. Normalmente o item individual de maior relevância nas demonstrações financeiras é a receita. Investidores analisam índices / múltiplos que são calculados com base na receita. Modelos de crédito são alimentados por números baseados na receita. Nesse sentido, as definições para o reconhecimento de receitas e as formas de determinação do seu valor são extremamente importantes na medida em que impactam fortemente o resultado e a análise das empresas.

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1.8.1. Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC

Segundo o CPC 30 (2009, p. 2):

A questão primordial na contabilização das receitas é determinar quando reconhecê-la. A receita é reconhecida quando for provável que benefícios econômicos futuros fluam para a entidade e esses benefícios possam ser confiavelmente mensurados.

Logo, a “receita deve ser mensurada pelo valor justo da contraprestação

recebida ou a receber”. (CPC 30, 2009, p. 5).

O montante da receita proveniente de uma transação é geralmente acordado entre a entidade e o comprador ou usuário do ativo e é mensurado pelo valor justo da contraprestação recebida, deduzida de quaisquer descontos comerciais e/ou bonificações concedidos pela entidade ao comprador. (CPC 30, 2009, item 10, p. 5)

Os critérios de reconhecimento do CPC são geralmente aplicados separadamente a cada transação. Não obstante, em certas circunstâncias pode ser necessário aplicar os critérios de reconhecimento aos componentes separadamente identificáveis de uma única transação, com o objetivo de refletir a substância da transação. Um exemplo de tal situação ocorre quando o preço da venda de um produto inclui valores identificáveis, correspondentes a serviços a serem executados posteriormente. Para esses casos, tais valores são diferidos e reconhecidos como receita durante o período em que o serviço vier a ser executado. (CPC 30, 2009, item 13, p. 6)

Segundo o CPC 30 (2009, item 14, p.7) a receita proveniente da venda de

bens deve ser reconhecida quando forem satisfeitas todas as seguintes condições:

(a) a entidade tenha transferido para o comprador os riscos e benefícios mais significativos inerentes à propriedade dos bens; A avaliação do momento em que a entidade transfere os riscos e benefícios significativos da propriedade para o comprador exigem o exame das circunstâncias da transação. Na maioria das vezes, a transferência dos riscos e benefícios coincide com o momento da transferência da propriedade ou com a passagem da posse para o comprador. Entretanto, a empresa vendedora pode manter os riscos associados à propriedade, quando: - a vendedora mantém a responsabilidade pelo desempenho insatisfatório do produto não coberto pelas garantias normais provisionadas; - o recebimento da receita é condicionado à revenda do produto pelo comprador (consignação); - as mercadorias despachadas estão sujeitas a instalação e/ou inspeção como etapas importantes do contrato e ainda não foram finalizadas; - o comprador tem o direto de rescindir a

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compra conforme cláusula do contrato de venda e a entidade está incerta sobre a probabilidade do bem vendido. Nestes casos, nenhuma receita é reconhecida. Contudo, se a entidade mantém um risco pouco significativo associado à propriedade, ela deve reconhecer a receita. (b) a entidade não mantenha envolvimento continuado na gestão dos bens vendidos em grau normalmente associado à propriedade nem efetivo controle de tais bens; A venda deve se caracterizar pela total independência das partes envolvidas na transação. (c) o valor da receita possa ser confiavelmente mensurado; As receitas e os custos relacionados deverão ser confrontados e reconhecidos simultaneamente. Assim, quando os custos relacionados com as receitas, como garantias e outros incorridos após o despacho da mercadoria, não puderem ser mensurados confiavelmente, qualquer recebimento pela venda deve ser reconhecido como um passivo. (d) for provável que os benefícios econômicos associados à transação fluirão para a entidade; Podem ocorrer circunstâncias em que a probabilidade somente se confirma pelo recebimento ou pela eliminação da incerteza, como, por exemplo, quando o recebimento de uma exportação depende da permissão da autoridade governamental estrangeira. Se a incerteza sobre o recebimento surge após o reconhecimento da receita, o valor correspondente deve ser tratado como despesa e não como ajuste da receita anteriormente reconhecida. (e) as despesas incorridas ou a serem incorridas, referentes à transação, possam ser confiavelmente mensuradas.

O CPC evidencia e destaca que se a receita for mensurável e se possa

razoavelmente esperar a cobrança, esta deverá ser reconhecida. Em geral quando

os riscos e benefícios sobre os ativos são passados para terceiros, cabe ao contador

a questão do julgamento. Os contadores que praticavam o registro apenas no

momento da emissão da nota fiscal terão que quebrar este paradigma, para atender

as novas exigências na prática do registro contábil das receitas. Assim, bem explicam Niyama e Silva (2008):

Considerando que a relação existente entre comprador e vendedor é específica em cada transação, a rigor não deveriam existir ‘padrões’ ou ‘regras’ para determinar em que momento uma transação específica será reconhecida. Isso representa um problema para os legisladores na medida em que a criação de normas contábeis terá dificuldade de enquadrar todos os casos existentes. Esse aspecto termina por fortalecer a posição daqueles que acreditam que deve prevalecer a substância sobre a forma.

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Em suma, o processo de reconhecimento da receita está ligado à venda. Entretanto, a venda não é o critério de reconhecimento. A venda é o ponto de partida para o reconhecimento por satisfazer as condições necessárias para isto: base confiável e grau suficiente de certeza. As exceções a essa regra geral ocorrem justamente quando o instante da venda não representa a base mais confiável ou a que possui grau maior de certeza. As incertezas que a contabilidade possui em relação a esse instante de reconhecimento têm sido objeto de fraudes e erros nas entidades. Esse tipo de erro pode-se chamar de “erro de corte”, pois diz respeito ao montante que a entidade irá considerar a receita realizada. Postergar ou antecipar a definição do corte temporal traz impacto no volume de receita de determinado período. (NIYAMA; SILVA, 2008, p. 197)

1.8.2. Comitê de Pronunciamentos Contábeis − CPC − Prestação de Serviços

A receita de prestação de serviços deve ser reconhecida de acordo com o seu

estágio de acabamento (proporção de serviços prestados) desde que o resultado

final possa ser estimado confiavelmente.

O desfecho de uma transação pode ser confiavelmente estimado quando

todas as seguintes condições forem satisfeitas:

• O valor da receita, o estágio de acabamento, os custos incorridos e os

custos para finalizar o serviço puderem ser mensurados confiavelmente.

• For provável que os benefícios econômicos associados fluirão para o

prestador de serviços.

O reconhecimento da receita com referência à proporção dos serviços executados relativos a uma transação é usualmente denominado método da percentagem completada. Por esse método, a receita é reconhecida nos períodos contábeis em que os serviços forem prestados. O reconhecimento da receita nessa base proporciona informação útil sobre a extensão da atividade e o desempenho dos serviços prestados durante o período. (CPC 30, 2009, item 21, p. 9).

De acordo com o CPC 30 (2009, item 24, p. 10):

A fase de conclusão da transação pode ser determinada por diversos métodos. A entidade dever escolher um que mensure confiavelmente os serviços executados. Dependendo da natureza da transação, os métodos podem incluir:

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(a) Levantamento ou medição do trabalho executado.

(b) Serviços executados até a data, indicados como um percentual do total dos serviços a serem executados.

(c) A proporção entre os custos incorridos até a data e os custos totais estimados da transação. Somente os custos que efetivamente possam ser identificados relativamente aos serviços executados devem ser incluídos nos custos incorridos até a data de mensuração. Da mesma forma, somente os custos que reflitam serviços executados ou a serem executados devem ser incluídos nos custos totais estimados da transação.

Para efeitos de reconhecimento das receitas de prestação de serviços, os

pagamentos parcelados e os adiantamentos recebidos de clientes não

correspondem, necessariamente, aos serviços executados.

Para fins práticos, quando os serviços prestados correspondam a um número indeterminado de etapas, durante um período específico de tempo, a receita deve ser reconhecida linearmente durante tal período, a menos que haja evidências de que outro método represente melhor a fase da execução do serviço. Quando uma determinada etapa for muito mais significativa do que quaisquer outras, o reconhecimento da receita deve ser adiado até que essa etapa seja executada. (CPC 30, 2009, item 25, p. 10).

Segundo o CPC 30 (2009, item 23, p. 9):

A entidade, geralmente é capaz de fazer estimativas confiáveis após ter concordado com os outros parceiros da transação a respeito do seguinte:

(a) Os direitos que cada uma das partes está habilitada a receber quanto ao serviço a ser prestado e recebido pelas partes.

(b) A contraprestação a ser trocada.

(c) O modo e os termos da liquidação da operação.

Durante as primeiras fases da transação, de acordo com o CPC 30 (2009,

item 27, p. 10):

É frequente ocorrer que a conclusão da transação não possa ser confiavelmente estimada. Contudo, pode ser provável que a entidade recupere os custos incorridos até aquela data. Dessa forma, a receita deve ser reconhecida somente na medida em que haja indícios consistentes de recuperação dos custos incorridos. Quando a conclusão da transação não puder ser confiavelmente estimada, não deve ser reconhecido qualquer lucro.

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Quando surgir uma incerteza acerca da realização de valor já incluído na receita, o valor incobrável, ou o valor com respeito ao qual a recuperação tenha deixado de ser provável, é reconhecido como despesa, e não como ajuste (dedução) do valor da receita originalmente reconhecida. (CPC 30, 2009, item 22, p. 9).

Cabe salientar que o CPC enfatiza a avaliação do reconhecimento parcial das

receitas, conforme o estagio de prestação de serviços.

São dois os pontos fundamentais na discussão sobre o reconhecimento da

receita:

a) Quando a receita deve ser reconhecida?

b) Qual valor deve ser reconhecido como receita?

As questões contábeis mais importantes que devem ser respondidas dizem

respeito à forma de alocar os efeitos dessas transações que ainda não foram

concluídas entre períodos, para fins de apresentação das demonstrações

financeiras, ao contrário de simplesmente deixá-las sobre períodos diferentes ao que

foram geradas.

O CPC 30 que trata de Receitas é idêntico ao IAS 18 Revenues, das Normas

Internacionais de Contabilidade. Por este motivo, não se aborda aqui a IAS 18.

1.8.3. Teoria da Contabilidade

De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999):

A receita, independente de como seja definida, deve ser medida, em termos ideais, pelo valor de troca do produto ou serviço da empresa. O valor de troca representa o valor de caixa, ou o valor presente de direitos monetários a serem recebidos, em consequência da transação que gera a receita. (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999, p. 226).

Para a Equipe de Professores da FEA/USP (2008, p. 268), no livro

Contabilidade Introdutória: “como norma geral, a receita é reconhecida no período

contábil em que é realizada. A realização usualmente ocorre quando bens ou

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serviços são fornecidos a terceiros em troca de dinheiro ou de outro elemento do

ativo”.

Na concepção de Marion (2009):

A receita é reconhecida no período contábil em que foi gerada. O fato gerador, normalmente, é identificado quando os bens e serviços são transferidos aos compradores em troca de dinheiro (receita a vista), de direitos a receber (receitas a prazo) ou ainda outro item do ativo (permuta). Assim uma revendedora de automóveis poderá reconhecer Receita no momento em que transfere o automóvel ao comprador. (MARION, 2009, p.103).

Já de acordo com Santos et al (2003, p.49): “Normalmente a transação é

formalizada mediante a emissão de nota fiscal ou documento equivalente, no qual

consta a quantificação e a formalização do valor de venda, usualmente o valor de

mercado da coisa ou serviço”.

Para Neves e Viceconti (2005, p. 271) a Contabilidade assim o faz por que:

� A transferência do bem ou serviço comumente se concretiza quando todo, ou praticamente todo, o esforço para se obter a receita já foi desenvolvido.

� Nesse ponto configura-se com mais objetividade e exatidão o valor de mercado (de transação) para a transferência.

� Nesse ponto já se conhecem todos os custos de produção do produto ou serviço transferido e outras despesas ou deduções da receita diretamente associáveis ao produto ou serviço, tais como: comissões sobre vendas, despesas com consertos ou reformas parciais decorrentes de garantias concedidas etc. Os desembolsos com tais despesas podem ocorrer e até ocorrem, após a transferência, mas o montante é reconhecido ou razoavelmente estimável no ato da transferência.

Segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p. 229), em geral, as

demonstrações contábeis são aprimoradas quando a receita é registrada o mais

rápido possível após a mensuração do aumento do valor e que na prática são

aceitos diversos momentos para este fim, conforme mostra a Figura 4:

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Figura 4 − Formas e Critérios para o Registro das R eceitas Fonte: Hendriksen e Van Breda (1999, p. 229)

De acordo com Neves e Viceconti (2005):

De forma alguma deve confundir-se essa maneira cautelosa de a Contabilidade usualmente reconhecer a receita com a ideia de obscurantismo ou de falta de relevância, pois casos eventuais é preciso desviar da regra, pois toda norma tem exceções, mas que não devem ser numerosas, sob a pena de invalidarem a norma. (NEVES; VICECONTI, 2005, p. 271).

1.8.4. Teoria da Contabilidade na Prestação de Serv iços

Para Hendriksen e Van Breda (1999, p. 230), “há numerosos casos nos quais

a receita é reconhecida durante a produção. Em sua maioria, esses casos envolvem

serviços cujo reconhecimento durante a produção é a prática mais comum”.

“O que fazemos é reconhecer em cada período uma parcela da receita total

(do serviço total) proporcionalmente a certo período ou evento decorrido, ao invés de

esperar até o final para reconhecê-la totalmente, de uma vez só”. (NEVES;

VICECONTI, 2005, p. 272).

De acordo com Lemes e Carvalho (2010, p. 101), “a receita de prestação de

serviços deve ser reconhecida de acordo com o seu estágio de acabamento, desde

que o resultado final possa ser estimado confiavelmente”.

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Esse pode ser o caso se:

a) O valor da receita, o estágio de acabamento, os custos incorridos e os

custos para finalizar o serviço puderem ser mensurados confiavelmente.

b) For provável que os benefícios econômicos associados fluirão para o

prestador de serviços.

Segundo Iudícibus (2009, p. 104):

A receita de serviços deve ser reconhecida de forma proporcional aos serviços efetivamente prestados. Em alguns casos, os princípios contratados preveem cláusulas normativas sobre o reconhecimento oficial dos serviços prestados e da receita correspondente. Exemplo neste sentido oferecem as empresas de consultoria, nas quais a cobrança dos serviços é feita segundo as horas-homens de serviços prestados, durante, por exemplo, um mês, embora os trabalhos possam prolongar-se por muitos meses ou até ser por prazo indeterminado.

Nas Entidades em que a produção demanda largo espaço de tempo, deve ocorrer o reconhecimento gradativo da receita, proporcionalmente ao avanço da obra, quando ocorre a satisfação concomitante dos seguintes requisitos:

1. O preço do produto é estabelecido mediante contrato, inclusive quanto à correção de preços, quando houver;

2. Não há riscos maiores de descumprimento do contrato, tanto de parte do vendedor, quanto do comprador;

3. Existe estimativa, tecnicamente sustentada, dos custos a serem incorridos.

Assim no caso de obras de engenharia, em que usualmente estão presentes os três requisitos nos contratos de fornecimento, o reconhecimento da receita não deve ser postergado até o momento da entrega da obra, pois o procedimento redundaria num quadro irreal da formação do resultado, em termos cronológicos. O caminho correto está na proporcionalização da receita aos esforços despendidos, usualmente expressos por custos – reais ou estimados – ou etapas vencidas.

Iudícibus e Marion (2006, p. 107) complementam:

Em alguns casos não existe uma ligação direta ou proporcionalidade direta entre o valor econômico da etapa ou serviço prestado para o cliente e o valor da receita reconhecida no período.

O valor da receita a ser reconhecido não é, necessariamente, exatamente proporcional ao esforço realizado e até aos custos (despesas) incorridos no período, mas diretamente proporcional ao tempo decorrido (caso de aluguéis e juros) ou às horas consumidas (caso de certos serviços).

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Na prestação de serviços hospitalares, a emissão da nota fiscal aos

convênios está condicionada com base nos cronogramas de entrega. Muitas vezes

dentro desta nota fiscal, encontram-se serviços prestados nas mais variadas

competências. O reconhecimento proporcional das receitas é o mais indicado para

que o registro seja realizado de forma temporal.

1.9. Fair Value

O Fair Value compõe o conjunto de Normas Internacionais das Práticas

Contábeis, o International Financial Reporting Standards (IFRS). (MARION, 2009, p.

61).

Na prática contábil internacional, Fair Value, ou Valor Justo, é a definição dada para avaliação do Ativo ou Passivo, em certas circunstâncias, pelo seu valor de mercado. É o valor que um ativo ou passivo pode ser comprado ou vendido em uma transação corrente. (MARION, 2009, p. 61).

Segundo Marion (2009, p. 162), “o conceito de Redução ao Valor

Recuperável de Ativos faz parte da definição de Fair Value”.

Redução ao Valor Recuperável de Ativos é conhecido como teste de

recuperabilidade. Avalia-se novamente o bem tangível e o intangível para se

determinar o valor justo. (MARION, 2009, p. 162).

Para Padoveze, Benedicto e Leite (2012, p. 233):

Valor Justo significa, inicialmente, ‘atribuir valores de mercado a ativos e passivos’. Isso beneficiaria tanto os investidores (que querem saber o valor corrente acurado da companhia) como os executivos (que necessitam conhecer sua condição financeira num dado momento). Primariamente, valor justo é o valor de mercado.

“No contexto do grupo de contas a receber, a provisão para devedores

duvidosos é uma forma da aplicação do procedimento para redução ao valor

recuperável de ativos”. (OSCAR, 2011, p.85).

A importância de se fazer esta estimativa vai ao encontro do que é previsto nas normas internacionais e do processo de harmonização

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da contabilidade. O conceito é inerente à estimativa do valor recuperável do ativo, onde é valorizada a informação ao usuário da contabilidade sobre o real valor que se espera do ativo, ou seja, os benefícios econômicos futuros devem ser ajustados Àquilo que realmente se tem expectativa de ser recebido. (OSCAR, 2011, p.83).

Hendriksen e Van Breda (2007), com relação à avaliação do Contas a

Receber, mencionam que:

Como o dinheiro associado ao contas a receber não está disponível antes de certo prazo, a conta a receber não tem valor igual ao que teria no vencimento (o montante devido de acordo com o contrato).

Estritamente falando, portanto, contas a receber e títulos negociáveis devem ser avaliados ao valor descontado do dinheiro a ser recebido no futuro. (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2007, p. 346).

As prestações de serviços hospitalares, quando negociadas a prazo, geram

basicamente quatro contas a receber lançadas como contrapartida do lançamento

das receitas, respeitando o método das partidas dobradas:

1) Contas a Receber Sistema Único de Saúde (SUS).

2) Contas a Receber Convênios.

3) Contas a Receber Particulares.

4) Contas a Receber Pacote

Segundo Oscar (2011, p.83):

O valor registrado no contas a receber está associado a um determinado prazo para a sua realização, não estando imediatamente disponível.

Deste modo, comumente, este valor contempla as expectativas de compensação financeira pelo crédito dado ao cliente ao longo do tempo (juros embutidos no preço de vendas e inflação quando em economias com características inflacionárias), refletindo também na contabilização tradicional que se baseia nos documentos que suportam estas transações (notas fiscais e faturas). (OSCAR, 2011, p.83).

“Caso existam evidências claras de que os ativos estão registrados por valor

não recuperável no futuro, a entidade deverá reconhecer a desvalorização, por meio

da constituição de provisão para perdas”. (OSCAR, 2011, p.85).

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No capítulo que segue abordamos aspectos relacionados às atividades

hospitalares considerando desde a história do hospital, os tipos de hospital, a

atividade hospitalar, a composição de uma receita hospitalar, bem como os custos

hospitalares.

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CAPÍTULO II – ASPECTOS RELACIONADOS AO HOSPITAL E À S ATIVIDADES HOSPITALARES

Este capítulo se inicia abordando a conceituação de “hospital”.

Segundo o documento “Conceitos e Definições em Saúde”, publicado pelo

Departamento de Sistemas e Redes Assistenciais, da Secretaria Nacional de Ações

Básicas a Saúde (BRASIL, 1977) tem-se o conceito de hospital.

O hospital é parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência-médico-sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive domiciliar e cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamentos de pacientes, cabendo-lhes supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente.

Os recursos mencionados são necessários à comunidade e devem ser

administrados para gerar os serviços que ela necessita, com o menor custo possível

e o nível máximo de qualidade, para que remunerem adequadamente os fatores de

produção: trabalho e capital. (MARTINS, 2000, p. 17).

Para Gonçalves (2006, p.38):

Os hospitais são instituições prestadoras de serviço, de grande importância social, que se configuram como sistemas abertos, pois além de sofrerem a ação do meio, são influenciados continuamente pelas mudanças que ocorrem em todos os campos sociais.

Na concepção de Cherubin (1977, p. 30):

O Hospital é uma empresa prestadora de serviços. É uma das empresas do ramo social. Sendo empresa, deve ter seus componentes sistematizados. Os elementos que a compõem devem estar intimamente ligados para que produzam o resultado final, perseguido como um todo e se constituindo na meta individual de cada elemento: a cura do paciente.

Já para Pedroso citado por Borba (1991, p. 42):

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Hospital é a Instituição, devidamente aparelhada de pessoal e material, em condições de receber para diagnóstico e tratamento, pessoas que necessitam de Assistência Médica diária e cuidados permanentes de enfermagem em regime de internação.

Dentre os diversos tipos de estabelecimentos listados no documento “Tipos

de Estabelecimento”, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a), são considerados

tipos de hospitais: Hospital Geral, Hospital Especializado e Hospital Dia.

Hospital Geral

Destinado à prestação de atendimento nas especialidades básicas,por especialistas e/ou outras especialidades médicas. Pode disporde serviço de Urgência/Emergência e, deve dispor igualmente, deServiços Auxiliares de Diagnose e Terapia (SADT) de médiacomplexidade. Pode ter ou não o Sistema de Procedimentos de AltaComplexidade (SIPAC).

Hospital Especializado

Destinado à prestação de assistência à saúde em uma únicaespecialidade/área. Pode dispor de serviço de Urgência/Emergênciae SADT. Geralmente de referência regional, macro regional ouestadual.

Hospital DiaEspecializado no atendimento de curta duração, com caráterintermediário entre a assistência ambulatorial e a internação.

T IPOS DE HOSPITAIS

Quadro 4 – Tipos de Hospitais Fonte: Adaptado de Brasil (2006a)

Quanto à prestação de serviços os hospitais podem ser: Públicos;

Filantrópicos; Sindicatos e Privados.

Públicos

Hospitais cuja esfera administrativa seja pública (federal, estadual oumunicipal). Incluem-se aqui os hospitais administrados porOrganizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) emregime de parceria público-privada (PPP);

Filantrópicos

É o hospital particular não lucrativo que preenche ainda os seguintesrequisitos: a) Destina um percentual de sua lotação para assistirgratuitamente pacientes desprovidos de qualquer cobertura de saúdee de recursos. b) Não concede remuneração, gratificação, vantagemou benefício, de qualquer espécie e a qualquer título, a dirigentessuperiores, diretores, sócios, irmãos ou a outras pessoas, salvoàquelas com as quais mantém vínculos legais de empregador.

Sindicatos Hospitais ligados a entidades sindicais.

Privados.Hospitais com ou sem fins lucrativos cuja esfera administrativa sejaprivada. Não incluem-se aqui os enquadrados como filantrópico ousindicato.

Quadro 5 – Tipos de Hospitais quanto à Prestação de Serviços Fonte: Adaptado de Brasil (2006a); Brasil (2008); Borba (1991)

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O Hospital Geral , foco de nossa pesquisa, é definido por Borba (1991, p. 59)

como aquele:

Capacitado a assistir pacientes de várias especialidades clínicas e cirúrgicas, podendo ser limitado a um grupo etário (hospital infantil), a um determinado grupo da comunidade (hospital militar) ou a finalidade específica (hospital de ensino).

O Glossário “Projeto de Terminologia em Saúde”, do Ministério da Saúde

(BRASIL, 2004, p.61) define o porte de um hospital pela “sua capacidade, medida

em quantidade de leitos hospitalares”. No mesmo glossário há a classificação dos

hospitais, quanto ao porte, como mostra o Quadro 4.

PORTE NÚMERO DE LEITOS

Pequeno Até 50 leitos

Médio De 51 a 150 leitos

Grande De 151 a 500 leitos

Capacidade Extra Acima de 500 leitos

Quadro 6 – Classificação dos Hospitais Quanto ao Po rte Fonte: Elaborado pelo Autor, com base em Brasil (2004, p. 61)

Cabe salientar que há hospitais que possuem estratégias de flexibilização das

acomodações para atender aos casos excepcionais de demanda. Por exemplo, um

aposento destinado a um leito de apartamento pode transformar-se para acomodar

dois ou mais leitos de enfermaria e vice-versa, ou como sugere o documento

“Padronização da Nomenclatura do Censo Hospitalar”, publicado pelo Departamento

de Sistemas e Redes Assistenciais, da Secretaria Nacional de Ações Básicas a

Saúde (BRASIL, 2002), que leitos de observação podem ser revertidos em leitos de

internação, sendo denominados “leitos de observação reversíveis”. Estas estratégias

supõem e preveem, segundo o referido documento, a realocação de recursos

humanos e a disponibilidade de recursos materiais. Estes leitos, não utilizados

habitualmente para internação, são denominados no documento supracitado de

“leitos extras”. A utilização de leitos extras implica no aumento transitório da

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capacidade operacional do hospital e pode fazer com que, mesmo que a capacidade

instalada do hospital seja fixa, a quantidade de leitos seja diferente ao longo dos

dias do mês.

2.1. História do Hospital

Para uma breve descrição da história do hospital valemo-nos da obra de

Borba (1991).

A história do hospital começa a ser contada a partir de Cristo, pois, recebendo influência direta do Filho de Deus, através da religião, o Homem passou a se preocupar com o seu semelhante. Até então predomina o espírito egoístico do ser humano de se estafar dos deficientes e enfermos, resguardando-se e não socorrendo o próximo.

Com a filosofia cristã de ‘Amar ao Próximo como a ti mesmos’, surgiu na Itália, mais precisamente em Roma, a primeira Entidade Assistencial, bem diferente das anteriores, que se preocupavam simplesmente em confinar os doentes para se evitar o risco de contágio aos que se julgavam com saúde ou sem enfermidades aparentes. Assim por volta do ano 360 da Era Cristã, foi erigido o primeiro Hospital de que se tem conhecimento, graças à determinação a Ilustre Dama Fabíola e, com este, se inicia a ‘Era dos Hospitais’, na época, com atividades básicas de restaurar a saúde e prestar a assistência, simplesmente concluindo diagnósticos e efetuando tratamentos limitados pelos padrões e condições daquela época. (BORBA, 1991, p. 35-41).

Com o tempo e na medida em que ocorreu a evolução da medicina e,

igualmente, de acordo com as regiões de inserção dessa medicina:

O Hospital assumiu determinadas características e, no estudo de sua história, encontramos várias referências a seus diversos tipos, a saber:

a) Valetudinárias – Consistiam em modestas enfermarias para o atendimento de gladiadores romanos e aos guerreiros. Logicamente, eram construídas junto aos alojamentos das tropas e ao lado das arenas. Por este aspecto, analogamente, conclui-se que as Valetudinárias deram origem aos hospitais militares, motivando o trabalho tão nobre, fraterno, universal e de incontestável valor da Cruz Vermelha Internacional;

b) Tabernae Medicar – De origem Grega. Simbolizados por uma espécie do nosso atual ambulatório e destinavam-se ao pronto

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atendimento dos gregos, sem o regime de internação, sendo na realidade, mais ambulatório do que Hospital; entretanto, em muito contribuíram para a gradativa evolução nosocomial2.

Coube ao Brasil, a fundação do primeiro hospital na América do Sul, na cidade de Santos, no ano de 1.543, por Braz Cubas, surgindo, assim, a tradicional Santa Casa de Misericórdia de Santos.

À medida que os exploradores portugueses adentravam o interior brasileiro e formavam vilarejos, imediatamente fundavam um Hospital local para o atendimento dos próprios exploradores e colonizadores. Assim, surgiu também a Santa Casa de São Paulo, não sendo possível precisar-lhe a data exata de fundação; entretanto, através de documentos históricos, presume-se que tenha surgido no período de 1590 a 1599, inicialmente próximo ao Páteo do Colégio.

Ainda de acordo com Borba (1991, p. 35-41) vale ressaltar que:

O vocábulo latino Hospes, que significa hóspede, deu origem a Hospitalis e Hospitium, palavras que designavam o local onde se abrigavam, na antiguidade, além dos enfermos, viajantes e peregrinos.

Quando o estabelecimento se ocupava dos pobres, incuráveis e insanos, a designação era de hospitium, ou seja, hospício, que, atualmente, se reserva para designar hospital de psiquiatria.

Outro termo, desde há muito, utilizado para designar hospital é nosocômio, de origem grega, que significa ‘tratar doentes’. (BORBA, 1991, p. 35-41).

Gonçalves (2006, p. 39) complementa:

Até o século XIX, o funcionamento dos hospitais ainda se encontrava em íntima relação com o mundo religioso e militar. O processo de industrialização resultou em intenso êxodo das populações para as áreas urbanas e na busca de soluções para os problemas de saúde pública, o que, aliado ao desenvolvimento tecnológico e da medicina científica, modificou os papeis desempenhados pelo hospital. Este deixava de ser um local para doentes e pobres morrerem e transformava-se na instituição privilegiada para o tratamento das enfermidades, com as condições de infraestrutura adequadas que não poderiam ser deslocadas para a residência dos pacientes.

2.2. A Atividade Hospitalar

Mães, Cunha e Olinquevitch (2006) discorrem sobre a atividade hospitalar:

2 Relativo às doenças que ali se tratam, hospitalar.

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A atividade hospitalar difere-se de outras atividades econômicas existentes pelo fato de estarem diretamente ligadas à manutenção de vidas humanas e consequentemente, além de todos os aspectos administrativos e financeiros, estas instituições hospitalares tem que trabalhar com outras variáveis importantes que requer um tratamento de saúde, como por exemplo, a reação do organismo humano aos procedimentos e medicamentos utilizados, o que impacta diretamente nos custos dos serviços prestados.

Variáveis com que trabalha os outros tipos de negócios, no âmbito administrativo e financeiro, não são aplicáveis as atividades das instituições hospitalares, porém muitos aspectos que afetam diretamente estas instituições, não afetam as outras atividades econômicas. (MÃES; CUNHA; OLINQUEVITCH, 2006, p.4).

Nesta perspectiva Ribeiro Filho (2005, p. 18) afirma que:

De fato, os serviços de saúde são produzidos em um mercado bastante diferenciado, especialmente devido ao fato de que o cliente [paciente que deseja se livrar da doença] não detém o poder da negociação, porque não está em condições de discutir o caminho terapêutico prescrito, o que elimina qualquer discussão em torno do serviço demandado, até mesmo sobre o custo.

Ainda Mães, Cunha e Olinquevitch (2006) mencionam alguns fatores que

diferenciam as instituições hospitalares dos outros negócios que podem ser

elencados como segue:

a) A concorrência entre as instituições hospitalares não é fator preocupante devido à escassez de hospitais frente ao número populacional.

b) Existe a impossibilidade de padronizar o custo do produto final do hospital que é serviço prestado, pelo fato de que um mesmo tipo de serviço prestado em dois pacientes distintos pode variar, dependendo da reação dos organismos vitais de cada paciente.

c) O preço do serviço prestado não é determinado pelo hospital, mas sim pelos convênios ou pelo Sistema Único de Saúde, que possuem tabelas fixas previamente definidas, ficando à controle do hospital somente os custos e despesas, que são definidos pela necessidade de cada paciente.

d) Os gastos com materiais e medicamentos necessários ao tratamento do paciente na maioria dos casos não podem ser discutidos nem negados pelo hospital, pois a utilização ou não de um determinado material ou medicamento pode resultar na vida ou na morte do paciente.

e) Os médicos, que são na verdade quem determina em parte os gastos com o paciente, o período de internação, internação ou não do paciente, ou seja, possui a maioria das variáveis de custos em suas mãos, não possuem cultura administrativa e resistem a

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qualquer tentativa de controle que possa aparentemente interferir em seus trabalhos.

f) O consumo de materiais e medicamentos necessita ser apurado durante ou logo após o serviço prestado, porque após o serviço prestado, não é mais possível mensurar a maioria dos materiais e medicamentos utilizados, pois os mesmos ou são absorvidos pelo organismo do paciente, ou foram descartados como materiais infecciosos. (MÃES; CUNHA; OLINQUEVITCH, 2006, p.4).

Por outro lado, no caso de atendimentos de pacientes que são conveniados

aos planos de saúde, o preço já está predefinido por meio de tabelas de preços que

são negociadas com os convênios no momento em que se firma o contrato com os

mesmos.

Assim, os pacientes são atendidos e o valor deve ser cobrado da operadora

do plano conveniado, não sendo, em hipótese alguma, praticados preços diferentes

dos estipulados pela tabela de preços, sob a pena do convênio não efetuar o

pagamento do serviço ou efetuar o pagamento pelo valor contratado,

desconsiderando o valor apresentado pelo hospital.

Quando os atendimentos são efetuados a pacientes através do Sistema Único

de Saúde (SUS), os valores devem ser cobrados por procedimentos efetuados, ou

seja, para cada tipo de serviço prestado existe um código de cobrança que define o

valor a ser pago de material, de medicamento, de dias de internação, de taxas, etc.

Se o hospital necessitar da utilização de mais materiais, medicamentos ou dias de

internação além daqueles pagos pelo SUS, estes deverão ser utilizados, pois deles

dependem a manutenção da vida do paciente e tais custos igualmente serão

arcados pelo hospital.

2.3. Composição da Receita Hospitalar

A receita de um hospital pode ser decomposta de acordo com a fonte

pagadora, conforme publicação na Revista de Administração Hospitalar e Inovação

em Saúde – RAHIS, de 2008, citada por Alves júnior (2009, p.49).

� Convênios: também chamados de operadoras de saúde, são pessoas jurídicas constituídas sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que operam

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produto, serviço ou contrato de Plano Privado de Assistência à Saúde, regulado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) (BRASIL, 2004, p. 77).

� Particulares: pessoas físicas que contratam e se responsabilizam pelo pagamento dos serviços hospitalares prestados por elas utilizados.

� SUS: sistema público brasileiro de saúde.

� Outras fontes pagadoras: todas as demais fontes de receita. Incluem-se aqui as receitas não operacionais, como as doações, auxílios e subvenções públicas, juros de aplicações financeiras, entre outras.

Para complementar o que foi mencionado por Alves Júnior (2009), Beulke e

Bertó (2008) afirmam:

Os valores provenientes da prestação de serviços via SUS, não permite, na grande maioria dos casos, a obtenção de qualquer resultado por parte das instituições nos dias atuais. Pacientes particulares, cuja receita normalmente apresenta um resultado positivo, são um segmento em gradativa extinção. Nos dias atuais, na grande maioria das instituições de saúde, a representatividade do paciente particular é inexpressiva. Grande segmento para onde se canalizam atualmente os maiores esforços são os pacientes conveniados. (BEULKE; BERTÓ, 2008, p. 02).

Recentemente, tem surgido com maior intensidade a figura do denominado ‘pacote’. Consiste em realidade na venda antecipada de certo volume de determinados serviços/procedimentos, por parte de uma instituição de saúde para uma organização de plano de saúde ou convênio (BEULKE; BERTÓ, 2008, p. 10).

Para os autores, esse mencionado “pacote” está naturalmente sujeito ao

cálculo e à negociação prévia de um determinado preço, ou valor unitário do

serviço/procedimento.

“O cálculo correto dos custos é, também neste caso, absolutamente vital,

visto tratar-se, normalmente, de volumes significativos e muitas vezes periódicos,

repetitivos”. (BEULKE; BERTÓ, 2008, p. 10).

Além disso, esse tipo de demanda deve intensificar-se acentuadamente nos

próximos anos, de acordo com os autores.

Com relação às receitas provenientes do SUS, destacamos:

Alta Complexidade: como o conjunto de procedimentos que, no contexto do

SUS, “envolve alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população o

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acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de atenção à saúde

(atenção básica e de média complexidade)”. (BRASIL, 2009, p.30-31).

As principais áreas que compõem a alta complexidade do SUS, e que estão

organizadas em “redes”, são:

Assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos procedimentos de diálise); assistência ao paciente oncológico; cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular pediátrica; procedimentos da cardiologia intervencionista; procedimentos endovasculares extracardíacos; laboratório de eletrofisiologia; assistência em traumato-ortopedia; procedimentos de neurocirurgia; assistência em otologia; cirurgia de implante coclear; cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical; cirurgia da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; procedimentos em fissuras lábio palatais; reabilitação protética e funcional das doenças da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; procedimentos para a avaliação e tratamento dos transtornos respiratórios do sono; assistência aos pacientes portadores de queimaduras; assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia bariátrica); cirurgia reprodutiva; genética clínica; terapia nutricional; distrofia muscular progressiva; osteogênese imperfecta; fibrose cística e reprodução assistida. (BRASIL, 2009, p. 32-33).

Média Complexidade: como aquela que tem o objetivo de atender os

principais agravos de saúde da população, com procedimentos e atendimento

especializados. São serviços como consultas hospitalares e ambulatoriais, exames e

alguns procedimentos cirúrgicos. É constituída por procedimentos ambulatoriais e

hospitalares situados entre a atenção básica e a alta complexidade. (BRASIL, 2006)

Segundo a publicação do Ministério da Saúde “SUS de A a Z” (BRASIL, 2009)

os grupos que compõem os procedimentos de média complexidade do Sistema de

Informações Ambulatoriais são os seguintes:

� Procedimentos especializados realizados por profissionais médicos, outros de nível superior e nível médio.

� Cirurgias ambulatoriais especializadas.

� Procedimentos traumato-ortopédicos.

� Ações especializadas em odontologia.

� Patologia clínica.

� Anatomopatologia e citopatologia.

� Radiodiagnóstico.

� Exames ultrassonográficos.

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� Diagnose.

� Fisioterapia.

� Terapias especializadas.

� Próteses e órteses.

� Anestesia. (BRASIL, 2009, p. 207).

Jacques (2006) complementa sobre a questão da complexidade:

A complexidade de um paciente ou do atendimento caracteriza a quantidade e a intensidade de recursos hospitalares necessários a um diagnóstico e tratamento. Gramaticamente, o adjetivo complexo refere-se a algo que contém vários elementos ou partes, que pode ser considerado sob diferentes aspectos, que não é simples; complicado (Luft, 1996, apud Jacques). Nesse sentido, no âmbito hospitalar, inúmeras situações vêm à mente. Consumo de recursos das mais variadas categorias. Demanda por pessoas e suas múltiplas capacitações e interdependências. Necessidades de aparelhos comuns, como os esfigmomanômetros, ou extremamente sofisticados, como os ventiladores mecânicos microprocessados. Necessidade de medicações simples, como um comprimido, ou até medicamentos trabalhosos para a equipe assistencial no preparo e na administração, como os trombolíticos. Necessidade de internar em uma sala de recuperação, por apenas algumas horas, ou até a urgência de internar em uma unidade de tratamento intensivo e utilizar inúmeros aparelhos. Enfim, a complexidade relaciona o grau de necessidade do paciente por meio do volume e da intensidade do consumo durante a assistência, diferenciando pacientes e atendimentos que demandam poucos ou muitos recursos – pouco ou muito complexos. Do ponto de vista de gestão, quão maior a complexidade, maiores serão os custos.

Com alguma frequência, ocorre confusão entre complexidade e gravidade. A gravidade se relaciona com o grau em que a saúde do paciente está ameaçada pela doença. Geralmente andam juntas, pois, via de regra, o paciente grave necessita do consumo de vários recursos.

Entretanto, é fundamental que se entenda a diferença conceitual entre ambas, uma vez que a complexidade está intimamente associada a avaliação de eficiência de assistência prestada – consumo dos recursos em um dado tempo e local. Já a gravidade está intimamente relacionada à eficácia da assistência prestada – resultados da qualidade em um dado tempo e local ajustados ao risco. (JACQUES, 2006, p.71-72).

Segundo o Glossário “Projeto de Terminologia em Saúde”, do Ministério da

Saúde (BRASIL, 2004, p.50), o FIDEPS − Fator de Incentivo ao Desenvolvimento

do Ensino e da Pesquisa: é o valor adicional; aquele recebido pelo hospital pela

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prestação de serviços. Esse valor e mensal e definido pelo gestor estadual ou

municipal no contrato de gestão.

Quanto aos atendimentos prestados, Alves Júnior (2009, p.49) menciona uma

publicação na RAHIS (2008) que apresenta a divisão da receita de um hospital.

“1) Internações: atendimentos realizados em pacientes internados.

2) Atendimentos externos: atendimentos realizados em pacientes não

classificados como internados”.

E, dentre estes, destacam-se os atendimentos ambulatoriais, definidos no

mesmo Glossário “Projeto de Terminologia em Saúde”, do Ministério da Saúde

(BRASIL, 2004, p. 53) como:

O conjunto de procedimentos médicos e terapêuticos de baixa complexidade, possíveis de realização em ambulatórios e postos de saúde, os de urgência e emergência, caracterizados pela Organização Nacional de Acreditação - ONA (2006) pela assistência imediata a pacientes em situação de sofrimento, sem risco de perda de vida (urgência) ou com risco de perda de vida (emergência) e os SADTs.

Quanto aos serviços prestados, o Boletim do Sistema Integrado de

Indicadores Hospitalares ANAHAP (Associação Nacional dos Hospitais Privados),

conhecido como Boletim SINHA (2007-2008) citado por Alves Júnior (2009)

decompõe a receita hospitalar em:

� Diárias: é a permanência de um paciente por um período indivisível de até 24 horas em uma instituição hospitalar (ABRAMGE-SP, 1996, apud Júnior 2009). Compõe a diária a oferta de um leito próprio, a troca de roupa de cama e banho do paciente e acompanhante quando em apartamento, os cuidados e materiais de uso na higiene e desinfecção ambiental, a dieta do paciente de acordo com a prescrição médica, exceto dietas especiais (enterais, por sonda nasogástrica, gastrostomia, jejunostomia ou ileostomia), cuidados de enfermagem e taxa administrativa. (ABRAMGE-SP, 1996, apud Júnior 2009). Nas diárias de UTI e UTSI, além dos itens citados anteriormente, também compõem a diária a utilização dos equipamentos monitor cardíaco, oxímetro de pulso, desfibrilador/ cardioversor, nebulizador e aspirador a vácuo, exceto o de aspiração contínua (ABRAMGE-SP, 1996, apud Júnior 2009). Nas diárias de UTI e UTSI Neonatal, além de todos os itens citados anteriormente, também compõem a diária a utilização dos equipamentos

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incubadora/berço aquecido e bomba de infusão (ABRAMGE-SP, 1996) (ALVES JÚNIOR, 2009, p.50-51).

� Taxas: é cobrança da utilização de uma sala especial para realização de procedimentos, cirúrgicos ou não, prestação de serviços médico-hospitalares não cobertos pelas diárias ou taxas de sala, utilização de equipamentos não cobertos pelas diárias ou taxas de sala, utilização de gases medicinais e prestação de serviços de governança/ hotelaria, quando não inclusos nas diárias (ABRAMGE-SP, 1996) (ALVES JÚNIOR, 2009, p.51). � Materiais e medicamentos.

� SADT.

� Outras receitas.

Assim, observa-se a seguinte dinâmica para a geração da receita operacional

bruta do hospital, segundo os autores:

a) Quando um atendimento é realizado, é gerada uma receita proveniente de um serviço a faturar;

b) Até o final do período, este serviço a faturar pode ser faturado, ou permanecer como um serviço a faturar;

c) No início do próximo período, o valor de serviços a faturar proveniente do período anterior deve ser descontado do saldo atual, uma vez que foi contabilizado na receita do período anterior. (ALVES JÚNIOR; BIAZI, 2007, p.293).

Neste tópico da Composição da Receita-Hospitalar são abordadas, ainda, as

Deduções de Receitas Hospitalares – Glosas.

Segundo Mães, Cunha e Olinquevitch (2006, p. 6):

As glosas são custos cobrados pelo hospital que as operadoras de plano de saúde ou Sistema Único de Saúde questionam, analisam e efetuam o pagamento do faturamento descontando esses valores de glosas, ou seja, efetua o pagamento de um valor inferior ao faturado pelo hospital.

Na concepção de Mães, Cunha e Olinquevitch (2006, p.6):

As glosas são procedimentos comuns nesta relação entre hospitais e operadoras de plano de saúde ou Sistema Único de Saúde, e cabe ao hospital analisar as glosas individualmente e apresentar um recurso de glosa, explicando os gastos excessivos e solicitando o pagamento dos mesmos.

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Para os autores, existem alguns fatores que podem ocasionar glosas de

faturamento:

a) Valor cobrado diferente do previamente contratado com o convênio;

b) Procedimento não coberto pelo convênio;

c) Gasto excessivo ou abusivo de determinado material ou medicamento;

d) Material ou medicamento utilizado incompatível com o tipo de procedimento realizado;

e) Falta de documentação necessária à cobrança ou falta de assinatura médica em algum documento exigido (MÃES; CUNHA; OLINQUEVITCH, 2006, p.6).

No documento “Orientações técnicas sobre aplicação de glosas em auditoria

no SUS: caderno 1”, do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (BRASIL,

2005, p. 10):

Glosa é a rejeição total ou parcial de recursos financeiros do SUS, utilizados pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios de forma irregular ou cobrados indevidamente por prestadores de serviço, causando danos aos cofres públicos.

Já para Pellegrini (2004, p.16), glosa significa:

Cancelamento ou a recusa, parcial ou total, de orçamento, conta, verba por serem considerados ilegais ou indevidos, ou seja, refere-se aos itens que o auditor da operadora não considera cabível para pagamento.

Ainda segundo Pellegrini (2004) as glosas podem ser classificadas em:

- Glosas Administrativas: são aquelas decorrentes de falhas operacionais no

momento da cobrança, da falta de interação entre o plano de saúde e o prestador de

serviço (instituição hospitalar), ou ainda, da falha no momento da análise da conta

do prestador.

-Glosas Técnicas: são aquelas vinculadas à apresentação dos valores de

serviços e medicamentos utilizados, e não aos procedimentos médicos adotados.

Dessa forma os grupos de contas contábeis de receitas, também recebem

lançamentos a débito por conta das glosas, a exemplo do que acontece em uma

indústria, com o tratamento dado às devoluções de produtos.

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2.4. Custos

A contabilidade de custos é a área da contabilidade que trata dos gastos que

ocorreram na produção de bens ou serviços; tem aplicação em qualquer empresa

que possua linha de produção de bens ou serviços.

Segundo Martins (2008, p. 22):

Com o significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, sejam industriais, comerciais ou de serviços, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de decisões em uma empresa. Isto ocorre, pois, devido à alta competição existente, as empresas já não podem mais definir seus preços apenas de acordo com os custos incorridos, e sim, também, com base nos preços praticados no mercado em que atuam.

O conhecimento dos custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é

rentável; ou, se não rentável, se é possível reduzi-los (os custos). (MARTINS, 2008,

p. 22).

Quanto a sua apropriação aos produtos fabricados, os custos podem ser

classificados, segundo Martins (2008, p.48-49) em:

Diretos: Alguns custos podem ser diretamente apropriados aos produtos,

bastando haver uma medida de consumo (quilogramas de materiais consumidos,

embalagem utilizadas, horas de mão de obra utilizadas e até quantidade de força

consumida).

Indiretos: São itens que não oferecem condição de medida objetiva e

qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes

arbitrária (como o aluguel, a supervisão, as chefias).

Já em relação ao volume de produção podem ser fixos e variáveis. Marion e

Ribeiro (2011, p. 46) bem os definem:

Fixos: São aqueles que permanecem estáveis, independente de alterações

no volume de produção. São custos necessários ao desenvolvimento do processo

industrial em geral, motivo pelo qual se repetem todos os meses do ano. Exemplo:

aluguel da fábrica.

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Variáveis: São aqueles que variam em decorrência do volume de produção.

Assim, quanto mais produtos forem fabricados em um período, maiores serão esses

custos. Exemplo: matéria-prima.

2.5. Custos Hospitalares

Os custos hospitalares, segundo Beulke e Bertó (2008, p.9) representam:

Parcela significativa do resultado, quando este existe, é reinvestida na própria instituição, segundo se tem observado pela vivência no ramo – sendo esse valor, na maioria das vezes, fruto de uma série de acertos em diversas ações gerenciais, notadamente fundamentadas em um esforço profícuo de controle e redução dos custos. É bem verdade, que, quando esse esforço é fraco ou tênue, os seus efeitos maléficos se fazem sentir em outro número expressivo de instituições que se arrastam, em meio a tantas dificuldades, inclusive de baixa remuneração por seus serviços.

Para os referidos autores:

O esforço do controle de custos é sobremodo relevante para a sobrevivência de hospitais que dependem de forma acentuada das (em geral) minguadas receitas geradas na prestação de serviços via institutos de saúde pública, como o extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), ou por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) (BEULKE; BERTÓ, 2008, p. 9).

Na concepção de Jacques (2006), o entendimento dos custos por parte da

empresa é importante condição de sobrevivência e longevidade.

Tais quais os sinais vitais de um paciente (pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória e temperatura), os custos são os sinais vitais de saúde de uma empresa. A gestão dos custos para o gerente dos departamentos, centros de resultados ou de custos implica o desenvolvimento de estratégias que estabeleçam vantagens competitivas. Análises de cadeia de valor voltadas ao todo da empresa ou às unidades de negócio, e o enfoque do posicionamento de mercado, por meio de estratégias de liderança em custos ou diferenciação de produtos e serviços são comportamentos que obrigam os gerentes a lidar com a questão de custos sob qualquer prisma. (JACQUES, 2006, p. 31).

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Segundo Martins (2000, p. 18) os custos hospitalares podem ser definidos

como:

Parte integrante do processo administrativo e proporciona a administração hospitalar o registro dos custos da produção médica; custos por paciente; custos da diária por paciente; custos especiais que auxiliam nas decisões de vendas, nos métodos de produção médica, nos procedimentos de compras, nos planos financeiros de investimentos e financiamentos e também na concretização das funções administrativas.

Na concepção de Falk (2008):

A análise de custos hospitalares (ou para qualquer outra Unidade de Saúde) nunca será perfeita devido ao tipo de cliente atendido. Clientes são diferentes, seja por conta do gênero (mulheres e homens), idade (idosos, adultos ou crianças) ou devido à resistência física e emocional de cada um individualmente. (FALK, 2008, p. 31).

Ching (2010, p. 46) destaca, com base na prestação de serviços que:

A entidade prestadora de serviços ao SUS recebe uma remuneração, com base no procedimento e atendimento realizado, previsto na tabela de preços. O valor pago remunera, basicamente: serviços hospitalares (SH), serviços profissionais (SP) e serviços de apoio ao diagnóstico e ao tratamento (SADT).

Nesse contexto, a informação de custo serve como um comparativo a este parâmetro de remuneração, verificando-se em que casos há uma relação adequada e em quais é necessário medidas de melhoria em nível de eficiência interna.

Este mesmo mecanismo também é empregado nas negociações junto aos gestores públicos no sentido de reavaliações dos valores estabelecidos na tabela de procedimentos. Mesmo com menor flexibilidade e agilidade neste processo de negociação, a disponibilidade desta informação torna-se muito importante (CHING, 2010, p.46).

2.5.1. Custos Hospitalares Diretos

Para Jacques (2006, p. 25) custos diretos são aqueles “que podem ser

apropriados diretamente aos serviços, pois existe uma medida objetiva de

consumo”.

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Os custos diretos podem ser identificados ao objeto de custeio, sem qualquer

cálculo de rateio, que possui certo grau de arbitrariedade na distribuição dos custos.

Desta forma a vinculação confere ao cálculo uma precisão completa no custo

do procedimento, item de tabela etc.

Como exemplos são citados:

� Materiais: agulhas, seringas, luvas, sondas, cateteres, próteses, órteses etc.

� Medicamentos: aspirina, penicilina, novalgina, morfina, halotano etc.

A vinculação desses custos com a conta do paciente é estabelecida por meio

de seus montantes físicos correspondentes de consumo, ou, mais propriamente, de

insumo. “Os respectivos montantes físicos desses materiais são determinados com

base em documentos internos que circulam pela Farmácia e Almoxarifado no ato de

sua retirada”. (BEULKE; BERTÓ, 2008, p. 20).

2.5.2. Custos Hospitalares Indiretos

Segundo Beulke e Bertó (2008, p. 20), em um polo oposto aos custos diretos,

estão os custos indiretos, notabilizados pelas seguintes condições:

� São comuns a vários procedimentos e serviços.

� Não podem ser mensurados individualizadamente por item de serviço prestado.

� Tendem a apresentar maior complexidade de cálculo, impondo uma série de processos paralelos.

Exemplos: energia elétrica, seguros, depreciação, salário da equipe de

enfermagem que atende a diversos pacientes, entre outros.

2.5.3. Custos Hospitalares Variáveis

Para Beulke e Bertó (2008, p. 21) os custos variáveis podem ser

considerados como “aqueles valores que se modificam em face do volume de

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atividade: aumentando quando este cresce; contraindo-se quando o atendimento é

reduzido”.

Entre os exemplos característicos desta categoria, incluem-se: medicamentos

e materiais médicos hospitalares; consumo de gêneros alimentícios; consumo de

filmes radiológicos; valor de comissões médicas.

Nos exemplos citados, quanto maior o número de pacientes atendidos em um

período, maior tende o valor a ser gasto nessas rubricas. E vice-versa, uma retração

no grau de ocupação tende a significar a correspondente diminuição, em caráter

virtualmente linear.

2.5.4. Custos Hospitalares Semivariáveis

Os custos hospitalares semivariáveis são aqueles, segundo Martins (2000)

que:

Variam em proporções diferentes em relação ao volume de produção médica; por exemplo, o salário da enfermeira-chefe de uma área produtiva é fixo até um volume de produção médica e pode variar a partir desse volume pela demanda de mais serviços de enfermagem pelo aumento do número de pacientes. (MARTINS, 2000, p. 25).

2.5.5. Custos Hospitalares Fixos

Para Martins (2000, p. 25) os custos fixos são aqueles “que tendem a

permanecer fixos ao longo da produção médica”. Possuem as seguintes

características:

a) São fixos ao longo da produção médica.

b) São variáveis e decrescentes unitariamente.

c) A responsabilidade por sua incorrência e por variações é da alta

administração.

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74

São exemplos desse tipo de custo: os salários dos supervisores de

enfermagem, a depreciação de equipamentos e seguros.

Do mesmo modo, considerando os custos hospitalares, temos a relação

desses custos com os departamentos que compõem um hospital, bem como é feita

a determinação dos custos.

2.6. Relação dos Custos Hospitalares com os Departa mentos

Para Martins (2000, p. 26) um hospital está organizado em áreas ou

departamentos para atender aos propósitos médicos. Essa departamentalização é

também fundamental para acumulação dos custos pelos departamentos,

objetivando:

1. Controle de custo/paciente;

2. Determinação dos custos hospitalares totais;

3. Determinação do custo/paciente.

De acordo com Martins (2000, p. 26) os departamentos de um hospital se

enquadram em duas categorias: departamentos produtivos e departamentos não

produtivos ou de apoio.

Departamentos Produtivos: são aqueles pelos quais os pacientes transitam e que são geradores de receitas, tais como UTI, Centros Cirúrgicos, Radiologia e outros.

Departamentos Não Produtivos ou de Apoio: são aqueles pelos quais os pacientes não passam e que são ou não geradores de receitas, como a Farmácia, Nutrição, Manutenção, Limpeza e Administração. (MARTINS, 2000, p. 25).

2.7. Determinação dos Custos Hospitalares

Segundo Martins (2000, p.38) a determinação dos custos hospitalares por

prontuário ou ordem de produção médica:

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É sistema empregado por todos os hospitais. Na determinação do custo por ordem de produção médica, cada prontuário é um procedimento médico, no qual materiais médicos, medicamentos, taxas, salários, energia elétrica, água, são atribuídos de forma direta ou por meio de rateio.

Ainda para o autor:

O confronto dessas ordens de produção médica com as notas fiscais emitidas em nome do paciente quando da modalidade particular ou em nome do convênio ou seguro de saúde permite a determinação do lucro ou prejuízo para cada ordem de produção médica. (MARTINS, 2000, p. 25).

2.8. Ciclo Operacional

Para Beulke e Bertó (2008, p.12), em cada empresa há um meio peculiar

onde “se desenvolvem diversos fenômenos que acabam por caracterizar a geração

de custos da entidade e, por consequência, dos produtos ou serviços nela

processadas”. É o ciclo operacional.

Sumariamente, o ciclo operacional pode ser entendido como o somatório dos tempos envolvidos, desde a contratação dos fatores de produção e distribuição até o recebimento do valor transacionado, incluindo-se entre esses dois extremos, outras fases, tais como: estocagem de insumos, sua transformação em produtos ou serviços acabados, estocagem destes e sua venda. (BEULKE; BERTÓ, 2008, p.12).

Para melhor compreensão Beulke e Bertó (2008, p.13) demonstram o ciclo

operacional de uma organização hospitalar na Figura 5.

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Figura 5 − Demonstrativo do Ciclo Operacional de um a Organização Hospitalar

Fonte:Adaptado pelo Autor com base em Beulke e Bertó (2008, p. 13)

Segundo Hoji (2010, p. 9), durante o ciclo operacional ocorrem vários eventos

que caracterizam o ciclo econômico e financeiro.

O ciclo econômico inicia-se com a compra dos insumos de produção e

encerra-se com a venda do produto ou serviço. Já o ciclo financeiro tem início com a

primeira movimentação de entrada ou saída de dinheiro e finaliza-se com a última

movimentação de entrada ou saída de dinheiro.

No Anexo I são apresentadas outras definições relacionadas ao dia a dia dos

hospitais.

No capítulo que segue abordamos a caracterização da cidade de Sorocaba

para melhor entendimento do estudo, para depois adentrarmos na pesquisa

propriamente dita.

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CAPÍTULO III – PESQUISA REALIZADA COM OS HOSPITAIS GERAIS DA REGIÃO DE SOROCABA: PROCEDIMENTOS METODOLOGÍCOS, RESULTADOS, SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo apresentamos a pesquisa realizada, contemplando a

metodologia realizada, os procedimentos de coleta de dados, a organização desses

dados, a apresentação dos resultados, bem como a análise dos resultados.

3.1. Procedimentos Metodológicos de Pesquisa

Conforme mencionado na Introdução deste trabalho, a metodologia escolhida

foi aquela de abordagem tanto qualitativa quanto quantitativa.

Segundo Diehl e Tatim (2004, p. 51):

As abordagens qualitativas e quantitativas são duas estratégias diferentes pela sua sistemática e, sobretudo, pela forma de abordagem do problema que constitui o objeto do estudo. É a natureza do problema ou o seu nível de aprofundamento que determinará a escolha do método.

A pesquisa quantitativa foi escolhida para apresentar o percentual numérico e

explicar os dados coletados. A pesquisa qualitativa, por sua vez, foi escolhida para

abordar a interpretação da realidade vivenciada nos hospitais, pela análise dos

dados obtidos.

A pesquisa com esses dois tipos de abordagens é bem apresentada por

Demo (1995) e May (2004).

Para Demo (1995):

Embora metodologias alternativas facilmente se unilateralizem na qualidade política, destruindo-a em consequência, é importante lembrar que uma não é maior, nem melhor que a outra. Ambas são da mesma importância metodológica (DEMO, 1995, p.231).

Para May (2004):

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Ao avaliar esses diferentes métodos, deveríamos prestar atenção, não tanto aos métodos relativos a uma divisão quantitativo-qualitativa da pesquisa social – como se uma destas produzisse automaticamente uma verdade melhor do que a outra – mas aos seus pontos fortes e fragilidades na produção do conhecimento social. Para tanto é necessário um entendimento de seus objetivos e da prática (MAY, 2004, p.146).

Outros autores enfatizam separadamente essas abordagens de pesquisa.

A pesquisa qualitativa para Chizzotti (2001, p.79):

Parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado. O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações (CHIZZOTTI, 2001, p.79).

A pesquisa quantitativa para Richardson (1999, p.39), caracteriza-se “pelo

emprego da quantificação desde a coleta das informações até a análise final por

meio de técnicas estatísticas, independente de sua complexidade”.

Além disso:

Podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos (RICHARDSON, 1999, p.49).

Do mesmo modo, segundo Beuren (2008, p.80), “o que vai determinar o

enquadramento em um ou outro tipo de pesquisa [...] exploratória, descritiva,

explicativa [...] são os objetivos estabelecidos no trabalho”. Neste caso o

enquadramento corresponde à pesquisa descritiva.

As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Uma das suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. (GIL, 2007, p. 44).

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Para Lakatos e Marconi (2003) a pesquisa descritiva:

Procura observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenômenos (variáveis), sem que o pesquisador interfira neles ou os manipule. Este tipo de pesquisa tem como objetivo fundamental a descrição das características de determinada população ou fenômeno. Ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis, isto é, aquelas que visam estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, e outros. Procura descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com os outros, sua natureza e características (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.52).

Andrade (2008, p. 5-6) destaca que nesse tipo de pesquisa:

Os fatos são observados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles. Portanto, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não manipulados pelo pesquisador.

Segundo Gil (2007, p.44), “as pesquisas descritivas são, juntamente com as

exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados

com a atuação prática”.

Após estabelecermos a abordagem e o tipo de pesquisa, partimos para a

organização da revisão da literatura para embasar o estudo. Esse embasamento se

deu por meio de levantamentos bibliográficos, em meio eletrônico, em banco de

dissertações e teses, em periódicos e documentos, com maior ênfase no

levantamento bibliográfico.

“A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos”. (GIL, 2007, p. 64).

Diehl e Tatim (2004, p. 58) complementam:

Entre as vantagens da pesquisa bibliográfica está o fato de que os documentos constituem fonte rica e estável de dados. Como a análise dos documentos, em muitos casos, além da capacidade do pesquisador, exige apenas disponibilidade de tempo, o custo da pesquisa bibliográfica torna-se significativamente baixo quando comparado com o de outras pesquisas. Outra vantagem é não exigir contato com os sujeitos da pesquisa. É sabido que, em muitos casos, o contato com o sujeito é difícil ou até mesmo impossível, ao passo que, em outros, a informação proporcionada pelos sujeitos é prejudicada pelas circunstâncias que envolvem o contato. Entre suas limitações está a possibilidade de não representatividade e a subjetividade dos documentos.

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Geralmente, a pesquisa bibliográfica realizada sobre um tema tem a

finalidade de conhecer o estado em que se encontra atualmente o problema, quais

trabalhos já foram realizados sobre isso e o que escrevem os autores sobre o

assunto.

Com o embasamento teórico definido, o estudo segue na escolha de um tipo

de pesquisa para definir o procedimento de coleta de dados. De acordo com Beuren

(2008, p.83) “os procedimentos na pesquisa científica referem-se à maneira pela

qual se conduz o estudo e, portanto, se obtêm os dados”.

A coleta de dados, conforme apontam Marconi e Lakatos (2009, p.205), é

uma “etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e

das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta de dados previstos”.

Segundo Gil (2007, p. 65) “o elemento mais importante para a identificação de

um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados”.

Neste caso a opção feita foi pela pesquisa de campo.

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, de descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (MARCONI; LAKATOS, 2009, p. 169).

Para a realização dessa pesquisa de campo o instrumento de coleta de dados

foi o questionário de autoaplicação com questões fechadas, enviados aos

contadores das instituições pesquisadas, no caso, os hospitais gerais da região da

cidade de Sorocaba.

Segundo Diehl e Tatim (2004, p. 65):

Questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador o envia ao informante pelo correio ou por intermédio de um portador. Depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo.

Como toda técnica de coleta de dados, o questionário também apresenta

vantagens e desvantagens.

Para Diehl e Tatim (2004, p. 69) são consideradas vantagens:

Economia de tempo e de viagens; obtenção de grande número de dados; o alcance do maior número de pessoas simultaneamente; a

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abrangência de uma área geográfica mais ampla; a economia de pessoal, tanto em treinamento quanto em trabalho de campo; a obtenção de respostas mais rápidas e mais precisas; maior liberdade nas respostas, em razão do anonimato; mais segurança, pelo fato de as respostas não serem identificadas; menor risco de distorção, por não haver influência do pesquisador; mais tempo para responder e em hora mais favorável; maior uniformidade na avaliação, em virtude da natureza impessoal do instrumento; e a obtenção de respostas que, materialmente, seriam inacessíveis.

Apesar das vantagens enumeradas, Diehl e Tatim (2004) afirmam que o

questionário apresenta as seguintes limitações: percentagem pequeno de

questionários que voltam (em média os questionários expedidos pelo pesquisador

alcançam 25% de devolução); grande número de perguntas sem respostas: o fato

de não poder ser aplicado a pessoas analfabetas, a impossibilidade de ajudar o

informante em questões mal compreendidas; o fato de a dificuldade de

compreensão, por parte dos informantes, leva a uma uniformidade aparente; o fato

de a leitura de todas as perguntas, antes de ser respondidas, poder fazer com que

uma questão influencie a outra; a devolução tardia, que prejudica o calendário ou

sua utilização; o desconhecimento das circunstâncias em que foram preenchidos, o

que torna difícil o controle e a verificação; o fato de nem sempre ser o escolhido

quem responde ao questionário, o que invalida, portanto, as questões e exige um

universo mais homogêneo.

Depois de redigido o questionário, mas antes de aplicado definitivamente,

este passou por uma prova preliminar (pré-teste).

A finalidade desta prova, geralmente designada como pré-teste, é evidenciar possíveis falhas na redação do questionário, tais como: complexidade das questões, imprecisão na redação, desnecessidade das questões, constrangimentos ao informante, exaustão. (GIL, 2007, p. 137)

Para a realização do pré-teste, o instrumento de pesquisa foi submetido a 4

profissionais que trabalham nos hospitais pesquisados e que não participaram do

preenchimento do questionário final, sendo dois contadores, um gerente

administrativo e um analista.

Assim, o questionário apresentado no Apêndice II e utilizado para coleta dos

dados foi adequado às recomendações e sugestões de melhorias destes

profissionais.

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Para bem compreender como se deu a aplicação do questionário é

necessário aqui esclarecer a diferença entre população e amostra de pesquisa.

Na pesquisa científica, em que se quer conhecer as características de uma determinada população, é comum observar apenas uma amostra de seus elementos e, a partir dos resultados dessa amostra, obter valores aproximados ou estimativos, para as características de interesse. (DIEHL; TATIM, 2004, p. 63).

Os referidos autores definem população:

População ou universo é um conjunto de elementos passíveis de serem mensurados com respeito as variáveis que se pretende levantar. A população pode ser formada por pessoas, famílias, empresas, ou qualquer outro tipo de elemento, conforme os objetivos da pesquisa. Amostra é uma porção ou parcela da população convenientemente selecionada.

Num levantamento por amostragem, a seleção dos elementos que serão efetivamente observados deve ser feita mediante o emprego de uma metodologia adequada, de tal forma que os resultados permitam avaliar as características de toda a população. (DIEHL; TATIM, 2004, p. 64).

Marconi e Lakatos (2009, p.165), por sua vez, contribuem com a definição de

amostra, como sendo “uma parcela convenientemente selecionada do universo

(população); é um subconjunto do universo”.

No processo de amostragem existem duas grandes divisões: a amostragem

probabilística e amostragem não probabilística.

Os tipos de amostragem probabilística são: aleatória simples, sistemática,

estratificada, por conglomerado e por etapas. Já os não probabilísticos são: por

acessibilidade ou conveniência, por tipicidade ou intencional e por cotas. A amostra

utilizada neste trabalho foi a não probabilística.

Nesse tipo de amostragem não são utilizadas formas aleatórias de seleção, podendo ser feita de forma intencional, com o pesquisador se dirigindo a determinados elementos considerados típicos da população que deseja estudar. ‘Seu uso pode ser uma boa alternativa, entretanto apresenta maior limitação no que diz respeito à generalização dos resultados para todo o universo estudado’. (DIEHL; TATIM, 2004, p. 65).

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Quanto ao tipo, este trabalho se enquadra em amostragem por acessibilidade

ou por conveniência que, segundo Gil (2007) é o menos rigoroso de todos os

métodos de amostragem.

Por isso mesmo é destituída de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam de alguma forma, representar o universo (GIL, 2007, p.104).

A versão final do questionário foi composta por 22 questões fechadas,

subdivididas em grupos, as quais procuram atender aos objetivos da presente

investigação no sentido de responder às questões definidas na introdução deste

trabalho. Os grupos são: - Características do Hospital; - Estrutura da Contabilidade; -

Contabilização dos atos e fatos contábeis nos hospitais; - Contabilização dos custos;

- Informações sobre auditoria das demonstrações financeiras.

O contato com os pesquisados foi feito por e-mail, com texto explicativo sobre

as razões da pesquisa (Apêndice I), contudo. Inicialmente pesquisamos quais

cidades compunham a DRS XVI, formada por 48 municípios, foco de nossa

pesquisa. O passo seguinte foi consultar o site da CNES – Cadastro Nacional de

Estabelecimentos de Saúde, para identificação e obtenção dos nomes e respectivos

contatos (telefone ou e-mail) dos hospitais pesquisados. Depois ligamos para todos

os hospitais da nossa amostra, solicitando o e-mail dos contadores.

O envio do questionário também foi por e-mail ou por entrega direta. Da

amostra, dez hospitais gerais retornaram com a resposta do questionário. Assim,

pudemos contar com a colaboração de contadores, diretores administrativos e

gerentes administrativos desses 10 hospitais gerais, que nos permitiram avaliar o

momento que os hospitais processam o registro de suas receitas (faturamento).

Com relação à delimitação do assunto, esta pesquisa visa analisar o processo

de reconhecimento das receitas hospitalares nos hospitais qualificados como gerais,

da região de Sorocaba, do ponto de vista do registro contábil, obedecendo a normas

e práticas contábeis.

Cabe relembrar que hospital geral é aquele destinado à prestação de

atendimento nas especialidades básicas, por especialistas e/ou outras

especialidades médicas. Pode dispor de serviço de Urgência/Emergência. Deve

dispor também de SADT (Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia) de média

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complexidade, podendo ter ou não SIPAC (Sistema de Procedimentos de Alta

Complexidade).

Para Borba (1991, p. 59) um hospital geral é capacitado a assistir pacientes

de várias especialidades clínicas e cirúrgicas, podendo ser limitado a um grupo

etário (hospital infantil), a um determinado grupo da comunidade (hospital militar) ou

a finalidade específica (hospital de ensino).

A sistematização dos dados coletados e o tratamento desses dados obtidos

por meio do questionário aplicado foram convertidos em informações capazes de

auxiliar na interpretação do fenômeno em estudo.

Para a tabulação dos dados utilizou-se elementos de estatística descritiva a

partir do aplicativo Microsoft Excel®, parte integrante do pacote Office, pelo fato de

propiciar uma série de recursos que auxiliam na interpretação e tratamento

estatístico dos dados apresentados.

Após o tratamento foi realizada a análise dos dados.

Na análise, o pesquisador entra em maiores detalhes sobre os dados decorrentes do trabalho estatístico, a fim de conseguir respostas às suas indagações, e procura estabelecer as relações necessárias entre os dados obtidos e as hipóteses formuladas (MARCONI; LAKATOS, 2009, p. 152).

Com base nesses procedimentos metodológicos damos sequência

apresentando informações acerca da cidade que representa a região estudada.

3.2. Caracterização da Cidade de Sorocaba – Sede da Direção Regional de Saúde (DRS-XVI)

3.2.1. A Direção Regional de Saúde (DRS-XVI)

A Direção Regional de Saúde (DRS-XVI) tem como cidade sede Sorocaba,

cidade localizada no interior do Estado de São Paulo, polo regional de saúde

pública, formada por 48 municípios, atendendo mais de 2.000.000 de pessoas.

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Com base nos dados do CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Saúde3 existem 32 (trinta e dois) hospitais gerais nas cidades que compõem a DRS

–XVI. O Estado de São Paulo possui 765 hospitais classificados como gerais. A

cidade de São Paulo possui 158 e a cidade de Sorocaba conta com 7 hospitais

gerais.

O Quadro 7 apresenta as cidades que integram a Direção Regional de Saúde

(DRS-XVI).

DIREÇÃO REGIONAL DE SAÚDE (DRS-XVI)

Alambari Capela do Alto Itararé Riversul

Alumínio Cerquilho Itu Salto

Angatuba Cesário Lange Jumirim Salto de Pirapora

Apiaí Guapiara Mairinque São Miguel Arcanjo

Araçariguama Guareí Nova Campina São Roque

Araçoiaba da Serra Ibiúna Piedade Sarapuí

Barra do Chapéu Iperó Pilar do Sul Sorocaba

Bom Sucesso de Itararé

Itaberá Porto Feliz Tapiraí

Boituva Itaóca Quadra Taquarivaí

Buri Itapetininga Ribeira Tatuí

Capão Bonito Itapeva Ribeirão Branco Tietê

Campina do Monte Alegre

Itapirapuã Paulista Ribeirão Grande Votorantim

Quadro 7 – Cidades que Integram a Direção Regional de Saúde (DRS-XVI) Fonte: Elaborado pelo Autor com base nos dados do CNES (2011)

3 Disponível em http://www.saude.sp.gov.br/ses/institucional/departamentos-regionais-de-saude/drs-xvi-sorocaba Acesso em 25 out 2011.

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3.2.2. A Cidade de Sorocaba 4

A cidade de Sorocaba se localiza na região Sudoeste do Estado de São

Paulo, a 96 Km de distância da capital - São Paulo, limitando-se ao norte com Porto

Feliz; ao sul com Votorantim; ao leste com Mairinque; ao nordeste com Itu; ao oeste

com Araçoiaba da Serra; ao sudoeste com Salto de Pirapora e a Noroeste com

Iperó.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem 586.625

habitantes, conforme o Censo 2010 e é considerada a nona cidade mais populosa

do Estado.

POPULAÇÃO RESIDENTE

PERÍODO HOMENS MULHERES

1970 86.935 88.742

1980 133.819 136.069

1991 187.188 191.818

2000 242.787 250.681

2010 242.787 250.681

Quadro 8 – População de Sorocaba Fonte: IBGE, Censo (2010)

A população feminina, que já representava maioria na cidade no Censo de

2000, aumentou ainda mais a sua participação na sociedade, representando 51% da

população total. Trocando em números, Sorocaba tem exatamente 12.597 mulheres

a mais que os homens. Em 2000, a conta era de 7.894 mulheres a mais que os

homens. Essa predominância feminina se repete também nos dados nacionais, onde

foram identificadas quase quatro milhões de mulheres a mais. O que motiva essa

diferença, segundo o IBGE, é a grande mortalidade dos homens, em parte em

decorrência de causas externas, como a violência urbana.

4 Todos os dados relativos às informações sobre Sorocaba estão disponíveis em http://www.sorocaba SP.gov.br> . Acesso em 13 abr 2011.

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Em dez anos, Sorocaba aumentou em 18,2% o número de habitantes, o que

representou um total 93.157 novos moradores que passaram a residir na cidade. O

ritmo de crescimento do município ficou acima do índice do Brasil no período, que foi

12,3%.

A Figura 6 apresenta o gráfico da Distribuição da População por Sexo,

segundo os Grupos de Idade.

Figura 6 − Gráfico da Distribuição da População por Sexo, segundo os Grupos de

Idade Fonte: IBGE, Censo (2010)

O Censo 2010 demonstrou que embora Sorocaba se mantenha como uma

cidade predominantemente jovem houve uma evolução na faixa etária

predominante. De acordo com a pirâmide etária do município, os moradores com

idade entre 20 e 29 anos têm maior predominância, concentrando 9,2% da

população total, ou seja, 54.473 habitantes. Em 2000, a faixa etária entre 10 e 19

anos é que predominava no município, representando 9,8% do total de habitantes.

A tendência de urbanização dos municípios é outro dado que se mantém no

novo estudo do IBGE. Em Sorocaba, a área urbana concentra 98,9% da população,

numa proporção de 1.306 pessoas por quilômetro quadrado.

Sorocaba registra hoje uma diversificação econômica raramente vista em

outros municípios brasileiros. Sorocaba é a quinta cidade em desenvolvimento

econômico do Estado, com investimentos da ordem de 3,5 bilhões de dólares, com

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cinco bilhões de dólares de Produto Interno Bruto (PIB). Suas indústrias exportam

para mais de 115 países gerando impostos da ordem de 370 milhões de dólares por

ano.

Em 2006 havia em Sorocaba cerca de 1.700 indústrias instaladas, 15.300

pontos de comércio, 9.900 prestadores de serviço e 25 mil trabalhadores

autônomos. Localizada num região privilegiada, próxima a vias de acesso rodoviário

e hidroviário que a ligam aos grandes centros de consumo e levam na direção dos

demais países do Mercado Comum do Sul − MERCOSUL (Argentina, Uruguai e

Paraguai).

Sorocaba oferece atrativo adicional às empresas: uma estrutura de

qualificação de mão de obra que cobre com qualidade o nível operacional; é a 8º

cidade brasileira com maior potencial de consumo; figura na lista das 30 cidades que

mais geram empregos no Brasil.

A cidade, como já mencionado, é polo regional de saúde pública e conta com

a Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde, a primeira Faculdade de Medicina do

interior do Estado de São Paulo.

As informações que seguem referem-se à situação da saúde da cidade.

O Quadro 9 apresenta o Número de Estabelecimentos por Tipo de Convênio,

segundo o Tipo de Atendimento Prestado.

Dez/2009

Serviço Prestado SUS Particular

Plano de Saúde

Público Privado

Internação 11 14 1 7

Ambulatorial 77 373 20 257

Urgência 9 5 - 1

Diagnose e terapia 37 77 7 36

Vig. Epidemiológica e Sanitária 7

Farmácia ou Cooperativa 1 - - -

Situação da base de dados nacional em 10/04/2010.

Quadro 9 – Número de Estabelecimentos por Tipo de C onvênio

Fonte: CNES (2010)

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O Quadro 10 apresenta o Número de Estabelecimentos por Tipo de

Prestador, segundo o Tipo de Estabelecimento.

T ipo de estabelecimento Público Filantropico Privado Sindica to Tota lCentral de Regulação de Serviços de Saude 1 - - - 1 Centro de Atenção Hemoterápica e ou Hematológica - - - - - Centro de Atenção Psicossocial 5 - - - 5 Centro de Apoio a Saúde da Família - - - - - Centro de Parto Normal - - - - - Centro de Saude/Unidade Básica de Saúde 34 - - - 34 Clinica Especializada/Ambulatório Especializado 3 4 71 - 78 Consultório Isolado - - 273 - 273 Cooperativa - - - - - Farmácia Medic Excepcional e Prog Farmácia Popular 1 - - - 1 Hospital Dia - - 3 - 3 Hospital Especializado - 3 3 - 6 Hospital Geral 1 3 3 - 7 Laboratório Central de Saúde Pública - LACEN 1 - - - 1 Policlínica 1 - 25 - 26 Posto de Saúde - - - - - Pronto Socorro Especializado - - - - - Pronto Socorro Geral 2 - 1 - 3 Secretaria de Saúde 2 - - - 2 Unid Mista - atend 24h: atenção básica, intern/urg - - - - - Unidade de Atenção à Saúde Indígena - - - - - Unidade de Serviço de Apoio de Diagnose e Terapia 1 1 55 - 57 Unidade de Vigilância em Saúde 6 - - - 6 Unidade Móvel Fluvial - - - - - Unidade Móvel Pré Hospitalar - Urgência/Emergência 2 - 1 - 3 Unidade Móvel Terrestre 8 - - - 8 Tipo de estabelecimento não informado - - - - - Total 68 11 435 - 514 Fonte: CNES. Situação da base de dados nacional em 10/04/2010.Nota: Número total de estabelecimentos, prestando ou não serviços ao SUS

Número de estabelecimentos por tipo de prestador se gundo tipo de estabelecimento Dez/2009

Quadro 10 – Número de Estabelecimentos por Tipo de Prestador Fonte: CNES (2010)

O Quadro 11 apresenta o Número de Leitos de Internação existentes por Tipo

de Prestador, segundo a Especialidade.

Especialidade Privado

Existentes SUS Cirúrgicos 452 316

Clínicos 420 291

Obstétrico 133 80

Pediátrico 107 63

Outras Especialidades 1.457 1.438

Hospital/DIA 70 32

Total 2.639 2.220 Situação da base de dados nacional em 10/04/2010.

Quadro 11 – Número de Leitos de Internação existent es por Tipo de Prestador

Fonte: CNES (2010)

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O Quadro 12 mostra os Leitos de Internação por 1000 habitantes, em

dezembro de 2009.

Leitos de internação por 1.000 habitantes

Dez/2009

Leitos existentes por 1.000 habitantes 4,5

Leitos SUS por 1.000 habitantes 3,8

Situação da base de dados nacional em 10/04/2010.

Quadro 12 – Leitos de Internação por 1000 habitante s Fonte: CNES (2010)

O Quadro 13 apresenta os Recursos Humanos (vínculos), segundo as

categorias selecionadas, em dezembro de 2009.

Categoria Total Atende ao SUS

Não atende ao SUS

Prof/1.000 hab

Prof SUS/1.000

hab Médicos 4.924 3.365 1.559 8,4 5,8 Anestesista 206 142 64 0,4 0,2 Cirurgião Geral 281 263 18 0,5 0,5 Clínico Geral 873 787 86 1,5 1,3 Gineco Obstetra 434 262 172 0,7 0,4 Médico de Família 22 22 - 0,0 0,0 Pediatra 460 310 150 0,8 0,5 Psiquiatra 115 79 36 0,2 0,1 Radiologista 118 62 56 0,2 0,1 Cirurgião dentista 399 212 187 0,7 0,4 Enfermeiro 452 440 12 0,8 0,8 Fisioterapeuta 91 44 47 0,2 0,1 Fonoaudiólogo 46 20 26 0,1 0,0 Nutricionista 26 24 2 0,0 0,0 Farmacêutico 58 52 6 0,1 0,1 Assistente social 62 60 2 0,1 0,1 Psicólogo 128 75 53 0,2 0,1 Auxiliar de Enfermagem 2.145 2.114 31 3,7 3,6 Técnico de Enfermagem 133 126 7 0,2 0,2 Fonte: CNES. Situação da base de dados nacional em 10/04/2010. Nota: Se um profissional tiver vínculo com mais de um estabelecimento, ele será contado tantas vezes quantos vínculos houver.

Quadro 13 – Recursos Humanos (vínculos), segundo as Categorias Selecionadas Fonte: CNES (2010)

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O Quadro 14 apresenta o Orçamento Público para o Município de Sorocaba.

Dados e Indicadores 2006 2007 2008 2009

Despesa total com saúde por habitante (R$) 261,32 429,80 365,12 410,74

Despesa com recursos próprios porhabitante

122,39 207,10 226,42 265,61

Transferências SUS por habitante 144,43 228,30 147,03 173,15

% despesa com pessoal/despesa total 41,8 34,7 49,0 51,4

% despesa com investimentos/despesatotal

2,5 4,0 6,0 1,8

% transferências SUS/despesa total comsaúde

55,3 53,1 40,3 42,2

% de recursos próprios aplicados em saúde(EC 29)

16,9 23,8 22,3 25,6

% despesa com serv. terceiros - pessoajurídica /despesa total

46,1 0,4 35,4 36,0

Despesa total com saúde 151.063.490,36 240.325.607,70 210.422.348,71 240.003.183,23

Despesa com recursos próprios 70.749.728,57 115.799.836,12 130.488.190,98 155.200.014,44

Receita de impostos e transferênciasconstitucionais legais

419.826.800,72 486.595.751,73 586.015.786,78 606.117.182,64

Transferências SUS 83.488.543,97 127.657.140,33 84.736.071,45 101.172.246,56

Despesa com pessoal 63.120.559,02 83.393.110,09 103.123.373,62 123.437.697,41

Fonte: SIOPS. Situação da base de dados nacional em 24/05/2010.

Município: Sorocaba - SP

Quadro 14 – Orçamento Público para o Município de Sorocaba

Fonte: CNES (2010)

Considerando os dados aqui divulgados sobre a saúde do município de

Sorocaba, fica mais fácil compreendermos as respostas obtidas nos questionários

aplicados.

3.3. Resultados da Coleta de Dados pelos Questionár ios

Como já mencionado anteriormente, o contato com os participantes foi feito

por e-mail e por ele se deu o encaminhamento do questionário, sobre

Reconhecimento de Receitas nos Hospitais.

O Quadro 15 apresenta o Perfil dos Respondentes da Pesquisa.

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CARGO IDADE GÊNERO

1 Contador 64 anos Masculino

2 Contador 42 anos Masculino

3 Contador 39 anos Masculino

4 Contador 38 anos Masculino

5 Contador 37 anos Feminino

6 Contador 36 anos Masculino

7 Contador 34 anos Masculino

8 Gerente Administrativo 48 anos Masculino

9 Gerente Administrativo 45 anos Masculino

10 Diretor Administrativo 52 anos Masculino

Quadro 15 – Perfil dos Respondentes do Questionário Fonte: Elaborado pelo Autor

O questionário foi dividido em 5 grupos:

Grupo 1 = Características do Hospital

Grupo 2 = Estrutura da Contabilidade

Grupo 3 = Contabilização dos Atos e Fatos Contábeis nos Hospitais

Grupo 4 = Contabilização dos Custos

Grupo 5 = Informações sobre Auditoria das Demonstrações Contábeis

A apresentação dos resultados obtidos segue esta ordenação dos grupos.

3.3.1. Grupo 1 = Características do Hospital

Neste grupo, por meio das questões de número um a três, procuramos

verificar as seguintes características do hospital: tempo de existência, número de

leitos, fontes de receitas dos hospitais.

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Tempo Frequência Absoluta

Frequência Relativa

0 a 25 anos 1 10%

26 a 50 anos 3 30%

51 a 100 anos 4 40%

Mais de 100 anos 2 20%

Total 10 100%

Quadro 16 – Tempo de Existência do Hospital Fonte: Elaborado pelo Autor

No que se refere ao tempo de existência constatamos que 4 hospitais (40%)

têm entre 51 a 100 anos, 3 hospitais (30%) entre 26 a 50 anos, 2 hospitais (20%)

com mais de cem anos e apenas 1 hospital (10%) com até 25 anos, conforme

demonstrado no quadro 16.

Leitos Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Até 50 leitos 1 10%

De 51 a 150 leitos 7 70%

De 151 a 200 leitos 1 10%

Acima de 200 leitos 1 1%

Total 10 100%

Quadro 17 – Número de Leitos Fonte: Elaborado pelo Autor

Com relação à quantidade de leitos, 7 hospitais (70%) possuem de 51 a 150

leitos e são considerados de médio porte, 1 hospital (10%) possui entre 151 e 200

leitos, e apenas 1 hospital (10%) possui até 50 leitos. Apenas 1 hospital (10%)

possui mais de 200 leitos.

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Fonte de Receitas Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Somente SUS 1 10%

Particulares, pacotes e convênios 3 30%

SUS, particulares, pacotes e convênios 6 60%

Total 10 100%

Quadro 18 – Fonte de Receitas dos Hospitais Fonte: Elaborado pelo Autor

O quadro 18 demonstra que 6 hospitais (60%) trabalham com quatro fontes

de receitas (SUS, particulares, pacotes e convênios) enquanto 3 (30%) com

particulares, pacotes e convênios.

Destacamos que, os hospitais em geral, têm trabalhado muito pouco com a

modalidade particular, que está em extinção. Já os pacotes têm aumentado

significativamente, pois o paciente ou responsável já sabe antecipadamente o valor

do seu tratamento, considerando determinado volume de serviços. Apenas 1 (10%)

hospital atende somente ao SUS.

3.3.2. Grupo 2 = Estrutura da Contabilidade

Neste grupo, por meio das respostas das questões de quatro a seis,

procuramos obter informações relativas à estruturada da contabilidade.

Dentre as questões enumeram-se as seguintes: saber se a contabilidade é

própria, se possui contabilidade de custos e qual o perfil dos profissionais do setor

de contabilidade dos hospitais.

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Estrutura da Contabilidade Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Possui contabilidade própria 9 90%

Possui contabilidade terceirizada 1 10%

Total 10 100%

Quadro 19 – Estrutura da Contabilidade Fonte: Elaborado pelo Autor

O quadro 19 mostra que 9 (nove) hospitais (90%) possuem contabilidade

própria. Existe uma tendência nas empresas que terceirizam a contabilidade, em se

preocupar apenas com a parte fiscal. Este fato ficou evidenciando quando

contatamos os hospitais que compõem a amostra deste trabalho, para envio do

questionário e ouvimos resposta de alguns deles que não tinham qualquer acesso

às informações contábeis.

Destacamos que os escritórios de contabilidade prestam serviços de

consultoria, oferecendo serviços referentes a planejamento e análise gerencial,

cabendo aos gestores dos hospitais buscarem essas informações para melhores

tomadas de decisão.

Descrição Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Possui contabilidade de custos 3 30%

Não possui contabilidade de custos 7 70%

Total 10 100%

Quadro 20 – Contabilidade de Custos Fonte: Elaborado pelo Autor

Buscamos identificar a existência de um setor de custos nos hospitais, para

auxiliar na gestão dos custos dos procedimentos hospitalares e conforme quadro 10,

7 hospitais (70%) não possuem.

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Nos hospitais, principalmente os enquadrados como gerais, que trabalham

com uma grande variedade de serviços, conhecer os custos de cada um deles, são

fundamentais para analisar quais serviços geram margem de contribuição favorável,

pois tanto os convênios particulares como o SUS pagam pelos serviços com base

em uma tabela de preços.

Também é comum nos hospitais a exigência dos médicos sobre a utilização

de materiais médicos de determinadas marcas de sua preferência (normalmente

mais caras). Em época de grande concorrência que vivemos, a diminuição dos

custos é muito importante para manter uma organização competitiva. Se os hospitais

podem comprar materiais com menor custo e qualidade igual, não vemos razões do

porque não fazê-lo.

Formação Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Graduação em Ciências Contábeis 22 51%

Pós-graduação em Ciências Contábeis ou afins 7 16%

Somente graduação em outra área 3 7%

Com Pós-graduação em outra área 0%

Curso técnico em contabilidade 11 26%

Outros não especificados 0%

Total 43 100%

Quadro 21 – Formação Acadêmica dos Profissionais qu e Atuam na Área Fonte: Elaborado pelo Autor

No quadro 21 o objetivo foi identificar o perfil das equipes de Contabilidade

dos hospitais. Perguntamos para os profissionais responsáveis pelo departamento

de Contabilidade dos hospitais pesquisados, quantas pessoas trabalhavam no

departamento de contabilidade do hospital e qual a formação de cada uma delas.

(51%) possuem somente graduação em contabilidade, (26%) somente curso técnico

em contabilidade, (16%) Pós-Graduação e (7%) graduação em outra área.

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De uma maneira geral, os profissionais possuem formação na área.

3.3.3. Grupo 3 = Contabilização dos Atos e Fatos Co ntábeis nos Hospitais

Neste grupo, com as respostas das questões sete a dezesseis, procuramos

obter informações relativas aos atos e fatos contábeis nos hospitais. As questões

abordaram os seguintes tópicos: - a principal dificuldade para processar o

faturamento; - o momento da contabilização das receitas com pacientes internados; -

a contabilização de receitas diferidas; - a existência de um teto de contratualização

(como os hospitais registram o valores garantidos por contrato nos meses em que os

atendimentos de média complexidade não atingem o teto mensal); - como o hospital

registra os valores que não tem a possibilidade de receber (glosas); - o resultado do

último exercício social; - a existência da análise financeira; - a periodicidade que

ocorre a análise financeira e quais relatórios são utilizados para análise.

Dificuldade Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Falta de Sistema Integrado 5 30%

Desconhecimento da necessidade 0%

Falta de funcionários nas dependências do hospital 2 10%

Atraso causado pelos médicos 3 30%

Total 10 100%

Quadro 22 – Principal Dificuldade para Registrar o Faturamento pela Competência Fonte: Elaborado pelo Autor

Segundo o quadro 22, a falta de um sistema integrado para 5 hospitais (50%)

e o atraso causado pelos médicos em outros 3 hospitais (30%), representam o

principal complicador para registrar o faturamento pela competência.

Nos sistemas integrados um dado pode ser utilizado por várias áreas sem o

retrabalho de digitá-los novamente, o que agiliza o fechamento da conta hospitalar,

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sem contar na maior confiabilidade das informações, por ser uma única fonte de

dados. No caso dos atrasos causados pelos médicos, ocorre quando o mesmo

deixa de preencher o laudo médico (nele o médico relata os procedimentos

médicos), atrasando o prazo para fechamento e envio das contas.

Momento Frequência Absoluta

Frequência Relativa

No momento da alta do paciente 3 40%

No momento do envio do faturamento 7 70%

Total 10 100%

Quadro 23 – Momento da Contabilização das Receitas com Pacientes Internados Fonte: Elaborado pelo Autor

O quadro 23 evidencia o fato dos hospitais ferirem o princípio da

competência. Em 7 hospitais (70%) a receita é registrada apenas no envio do

faturamento ao convênio. Cada convênio possui um cronograma, que pode variar

entre 20 e 60 dias, além do tempo que o paciente ficará em atendimento. Outros 3

hospitais (30%) registram as receitas no momento da alta do paciente.

Percebemos ao longo dos anos que a emissão da nota fiscal era a base para

o registro das receitas, não só em hospitais, como em outras empresas.

Na alta do paciente, o hospital possui as condições estabelecidas pelo CPC

30 para reconhecer as receitas com a prestação de serviços: a receita pode ser

confiavelmente mensurada (pois todo o atendimento foi realizado e desta forma

sabe-se o preço da prestação de serviços); é provável que os benefícios

econômicos fluam para a entidade (a contrapartida do atendimento, que é o

recebimento ou compromisso de pagamento por parte do tomador do serviço) e as

despesas para a prestação de serviços foi mensurada (sabe-se a quantidade de

materiais e medicamentos, além dos honorários médicos dispensados no

atendimento).

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Momento Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Sim 1 10%

Não 9 90%

Total 10 100%

Quadro 24 – Registro da Receita Diferida, Caso o Pa ciente não tenha Recebido Alta no final do mês

Fonte: Elaborado pelo Autor

O CPC 30 destaca a questão do registro proporcional aos serviços prestados.

Na prestação de serviços hospitalares é normal um paciente com internação em um

mês e alta no mês seguinte, principalmente na virada do mês, com internação entre

os dias 28 e 30.

Apenas 01 dos 10 hospitais pesquisados procede com o registro parcial,

conforme tabela (14). Lembramos que o paciente começa a gerar custos desde o

momento de sua internação e a contabilidade deveria registrar as receitas

proporcionais a esses custos.

Teto Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Sim 5 50%

Não 4 40%

Não se aplica 1 10%

Total 10 100%

Quadro 25 – O Hospital Possui Teto para Atingir Fonte: Elaborado pelo Autor

No quadro 25 procuramos identificar os hospitais que possuem teto (meta) de

atendimentos e valores para atingir. O teto é estabelecido aos hospitais que

atendem pelo SUS.

Na Alta Complexidade, o teto refere-se à produção médica do mês,

condicionada até um determinado montante baseado no (número de procedimentos

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x preço unitário), estabelecido em contrato. O hospital receberá mensalmente a

importância referente aos serviços efetivamente prestados, de acordo com os

valores unitários de cada procedimento, previstos na Tabela do Ministério da

Saúde/SUS, para procedimentos de alta complexidade. O valor que o hospital

receberá, caso atinja o teto já está estabelecido no contrato. Caso o hospital preste

mais serviços do que ficou estabelecido em contrato, não receberá por isso.

Na Média Complexidade também existe um valor fixo que os hospitais

recebem, para atingirem o teto de atendimentos médicos do mês. A grande

diferença em relação a Alta Complexidade é que, independente do hospital atingir o

teto, o valor fixo estabelecido em contrato é recebido. Os hospitais buscam atingir o

teto, pois se a produção for sempre inferior, correm o risco de ter o valor do contrato

revisado.

Apenas os hospitais que atendem pelo SUS podem se enquadrar na condição

de atingir o teto mensal.

Valor Excedente Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Sim 2 20%

Não 3 30%

Não se aplica 5 50%

Total 10 100%

Quadro 26 – Registro do Valor Complementar da Média Complexidade Quando não Atinge o Teto no Reconhecimento das Receitas Mensai s

Fonte: Elaborado pelo Autor

O quadro 26 mostra que em cinco (5) hospitais a questão não se aplica. Dos

outros (5) cinco hospitais, (3) deles não registram a média complexidade quando

não atingem o teto. Nos atendimentos de média complexidade, a Prefeitura repassa

aos hospitais o valor estabelecido em contrato, independente do número de

atendimentos atingir a esse teto. Os hospitais que não registram o valor

complementar deixam de reconhecer parte de suas receitas, prejudicando o

levantamento do resultado econômico do hospital. O valor complementar é

garantido pelo contrato, e os hospitais deveriam registrá-lo como receitas.

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Descrição Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Sim 1 10%

Não 4 40%

Não se aplica 5 50%

Total 10 100%

Quadro 27 – Registro como Dedução de Receitas Quand o o Faturamento Ultrapassa o Teto

Fonte: Elaborado pelo Autor

O quadro 27 aponta que os 4 hospitais que precisam atingir o teto mensal,

não registram o faturamento excedente (produção maior que o teto estabelecido em

contrato). Como os hospitais trabalham com o regime de caixa, não registram todos

os atos e fatos dos atendimentos hospitalares. Para efeitos de medida de

desempenho e aplicabilidade do princípio da competência esta questão foi uma das

que mais evidenciam o não cumprimento das normas e práticas contábeis para

reconhecimento das receitas.

Descrição Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Deficitário 6 60%

Superavitário 4 40%

Total 10 100%

Quadro 28 – Resultado do Hospital no Último Exercíc io Social Fonte: Elaborado pelo Autor

O quadro 28 aponta que 6 dos hospitais pesquisados (60%) são deficitários.

Principalmente nos hospitais que atendem pelo SUS, a tabela de preços não vem

sofrendo reajuste há alguns anos, e estaria defasada em pelo menos 40%.

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Momento Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Sim 10 100%

Não 0 0%

Total 10 100%

Quadro 29 – Existência de Análise Financeira Fonte: Elaborado pelo Autor

Conforme o quadro 29, todos os hospitais (100%) possuem análise financeira.

O objetivo desta questão foi investigar se os gestores dos hospitais costumam

analisar apenas informações de caixa, como entradas e saídas de recursos, ou se

utilizam indicadores como análise vertical e horizontal, índices de liquidez,

endividamento e rentabilidade, extraídos da Demonstração de Resultados do

Exercício e do Balanço Patrimonial.

Periodicidade Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Semanal 2 20%

Mensal 6 60%

Bimestral 0%

Trimestral 2 20%

Semestral 0%

Anual 0%

Total 10 100%

Quadro 30 – Periodicidade da Análise Financeira Fonte: Elaborado pelo Autor

O quadro 30 aponta que 6 dos hospitais (60%) realizam a análise financeira

mensal, 2 hospitais (20%) semanal e outros 2 (20%) trimestral.

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A análise financeira deve ser feita de forma rotineira, para tentar antecipar

situações adversas − como a falta de dinheiro em caixa, a queda na demanda, o

aumento de custos − visando gerar os maiores retornos possíveis de seus ativos.

Descrição Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Contábil 1 10%

Financeiro 3 30%

Ambos 6 60%

Total 10 100%

Quadro 31 – Relatórios Utilizados na Análise Financ eira Fonte: Elaborado pelo Autor

Em 6 hospitais pesquisados (60%), conforme quadro 31, são utilizados

relatórios contábeis e financeiros para acompanhamento dos resultados, o que

entendemos como mais adequado, pois além de indicadores de desempenho é

importante observar se os prazos acordados para pagamentos e recebimentos estão

adequados, já que é possível ter um ótimo resultado econômico. Porém, se o

dinheiro demorar muito para ser recebido, o hospital não terá liquidez e precisará

recorrer a terceiros para obter recursos.

3.3.4. Grupo 4 = Contabilização dos Custos

Neste grupo, por meio das respostas às questões de dezessete a dezenove,

procuramos obter informações relativas à contabilização dos custos.

As questões abordaram os seguintes tópicos: momento da contabilização dos

custos com materiais e medicamentos, momento da contabilização das órteses e

próteses, momento da contabilização dos honorários médicos.

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Momento Frequência Absoluta

Frequência Relativa

No requerimento do material ou medicamento 1 10%

No momento em que é utilizado no paciente 2 20%

No final do mês por motivo do fechamento do estoque contábil 7 70%

No momento da alta do paciente 0%

Total 10 100%

Quadro 32 – Momento da Contabilização dos Custos co m Materiais e Medicamentos Fonte: Elaborado pelo Autor

O quadro 32 demonstra que os hospitais não ferem o princípio da

competência no registro da utilização de materiais e medicamentos, variando

apenas os procedimentos utilizados, um contabilizando no momento do

requerimento na farmácia (almoxarifado), ou quando é utilizado no paciente, ou no

final do mês por motivo de fechamento contábil.

Momento Frequência Absoluta

Frequência Relativa

No momento do requerimento da órtese e prótese 1 10%

No momento em que é utilizado no paciente 2 20%

No final do mês por motivo do fechamento do estoque 7 70%

No momento em que a conta é encerrada 0%

No momento do Repasse do Recurso 0%

Total 10 100%

Quadro 33 – Momento da Contabilização das Órteses e Próteses Fonte: Elaborado pelo Autor

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Com relação às órteses e próteses, o quadro 33 demonstra que os hospitais

não ferem o princípio da competência na contabilização deste elemento de custo,

variando apenas os procedimentos utilizados, conforme explicação do quadro

anterior.

Momento Frequência Absoluta

Frequência Relativa

No próprio mês independente do paciente ter recebido alta 0 0%

No momento em que a conta é encerrada 3 30%

No momento do repasse do Convênio 7 70%

Total 6 100%

Quadro 34 – Momento da Contabilização dos Honorário s Médicos Fonte: Elaborado pelo Autor

Em relação aos honorários médicos, o quadro 34 demonstra que 7 hospitais

(70%) não registram dentro da sua competência, ferindo o regime da competência.

Este elemento de custo é um dos mais significativos monetariamente e o

reconhecimento se dá entre 20 e 60 dias após a prestação do serviço (fato gerador).

Em determinado momento, os gestores dos hospitais poderão apresentar o Balanço

Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício sem os valores corretos

nas contas do passivo e de custos, o que gera a divulgação de informações não

fidedignas aos usuários das informações contábeis.

3.3.5. Grupo 5 = Informações sobre Auditoria das D emonstrações Contábeis

Neste grupo, pelas respostas das questões vinte a vinte e dois, procurou-se

obter informações referentes sobre a auditoria das demonstrações financeiras nos

hospitais. As questões abordaram os seguintes tópicos: periodicidade de auditoria,

sinalização do auditor sobre o registro das receitas e se as demonstrações

financeiras já tiveram algum tipo de ressalva.

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Periodicidade Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Trimestral 2 20%

Semestral 4 40%

Anual 4 40%

Total 10 100%

Quadro 35 – Periodicidade de Auditoria Fonte: Elaborado pelo Autor

No quadro 35, podemos observar que a auditoria em 4 hospitais (40%) é

realizada apenas uma vez por ano, e em outros 4 hospitais (40%) duas vezes por

ano. Dois (20%) dos hospitais têm auditoria trimestral.

Os auditores trabalham com objetivo de assegurar que as normas e práticas

contábeis estão sendo cumpridas. Como o auditor é responsável pelo parecer final,

ele exige ao máximo o cumprimento destas normas e isso pode ajudar os

contadores dos hospitais a melhorarem os registros contábeis das receitas.

Descrição Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Sim 9 90%

Não 1 10%

Total 10 100%

Quadro 36 – Sinalização da Auditoria de Controle In terno sobre o Reconhecimento das Receitas

Fonte: Elaborado pelo Autor

O quadro 36 demonstra que em 09 dos hospitais (90%) a auditoria já sinalizou

sobre o registro das receitas pela competência.

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Parecer com Ressalva Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Sim 2 20%

Não 8 80%

Total 10 100%

Quadro 37 – Demonstrações Financeiras Auditadas com Ressalva, Causadas pelo Registro das Receitas

Fonte: Elaborado pelo Autor

Em (2) dos dez hospitais pesquisados a auditoria já emitiu parecer com

ressalvas devido a não aplicação do regime de competência no registro das receitas,

conforme quadro 37.

Basicamente existem 4 tipos de parecer, conforme informações

disponibilizadas no site intitulado Portal da Contabilidade:

Parecer sem ressalva: quando o auditor está convencido sobre todos os

aspectos relevantes da auditoria.

Parecer com ressalva: quando o auditor conclui que o efeito de qualquer

discordância ou restrição na extensão de um trabalho não é de tal magnitude que

requeira parecer adverso ou abstenção de opinião.

Parecer Adverso: quando verificar que as demonstrações contábeis estão

incorretas ou incompletas, em tal magnitude que impossibilite a emissão do parecer

com ressalva.

Parecer com Abstenção: quando houver limitação significativa na extensão de

seus exames que impossibilitem o auditor expressar opinião sobre as

demonstrações contábeis por não ter obtido comprovação suficiente para

fundamentá-la.

Tanto o parecer adverso como o com abstenção podem gerar problemas para

o hospital solicitar empréstimos, conseguir financiamentos e buscar parcerias.

Os contadores dos hospitais devem buscar com urgência sua adequação ao

reconhecimento das receitas diante das práticas contábeis, a fim de evitar

problemas no futuro.

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108

3.4. Prática Atual da Contabilização das Receitas ( na Pesquisa)

Conforme apuramos na pesquisa, o quadro 23 demonstra que 07 (70%) dos

hospitais reconhecem as receitas apenas no envio do faturamento. No quadro 24

identificamos que 09 hospitais (90%) da nossa amostra, não registram as receitas

diferidas dos pacientes que continuam internados no final do mês. Desta forma, não

aplicam o regime de competência no reconhecimento das suas receitas e sim o

regime de caixa.

O regime de caixa refere-se ao fluxo de caixa financeiro e está condicionado a

determinadas variáveis como cronogramas para envio das contas hospitalares

estabelecidos pelos convênios, capital de giro dos convênios, acordos, glosas,

tempo de permanência do paciente no hospital.

De acordo com as práticas contábeis, o profissional de contabilidade possui

critérios para realizar os registros, para evitar distorções nos relatórios, perdendo

assim a possibilidade de comparação com demonstrações de anos anteriores do

próprio hospital, com outros hospitais e outros setores, ferindo as normas e práticas

de contabilidade.

Se imaginarmos que cada hospital possui uma carteira de clientes

diferenciada, no qual cada um tem suas dificuldades e limitações financeiras, a

possibilidade de comparação se torna improvável, além de variáveis como glosas,

atraso de recebimentos, inadimplência e longos cronogramas para entrega de

contas se perderem.

Apenas 01 dos hospitais registra as receitas “diferidas”, proporcional aos

meses em que o paciente ficou internado. Por se tratar de uma atividade com um

alto custo, na análise mensal dos demonstrativos contábeis, teremos registrado

apenas os custos incorridos no atendimento, não sendo possível confrontar com as

receitas geradas.

O quadro 26 demonstra que 3 hospitais não reconhecem como receitas

mensais o valor complementar da média complexidade, quando não atingem o teto.

Lembramos que esta receita é garantida por contrato. Destacamos que em 5

hospitais esta questão não se aplica. No quadro 27 fica evidenciado que os hospitais

trabalham com o regime de caixa, pois em (4) 40% dos (5) em que a questão se

aplica, não registram como deduções de receitas, os valores que ultrapassam o teto.

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Desta forma, a receita operacional bruta não é registrada e assim deixa-se de

registrar as deduções motivadas pelo excesso de faturamento. A contabilidade deve

mensurar e registrar todos os atos e fatos que ocorrem em uma empresa, para que

através da divulgação dos demonstrativos financeiros os interessados pelas

informações possam tomar as melhores decisões. No caso do SUS, é um importante

indicador para demonstrar à prefeitura e até mesmo à população de quanto o

hospital presta serviços sem receber por eles, o que pode até ajudar numa futura

negociação de contratos.

3.5. Proposta Sugerida

Considerando todo o trabalho de pesquisa realizado e a experiência do autor

no ramo de contabilidade hospitalar, apresentamos uma proposta de contabilização

das receitas hospitalares. Não temos a menor pretensão de que seja um manual e

sim uma pequena contribuição para aprofundamento do assunto.

3.5.1. Contabilização de Receitas do SUS

Os hospitais recebem o repasse dos valores provenientes de atendimentos de

média e alta complexidade da Prefeitura, que representa o Estado. Vale destacar

que os hospitais que atendem também na modalidade SUS, se enquadram como

entidades beneficentes, e devem ofertar pelo menos 60% dos seus serviços para o

atendimento de pacientes do SUS.

Este dado é sempre informado à prefeitura. Destacamos, ainda, que esta

porcentagem de atendimentos SUS é necessária para manter a filantropia e,

consequentemente, a imunidade dos impostos, como 20% da cota patronal do INSS

sobre a folha de pagamento.

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3.5.1.1. Média Complexidade

Na média complexidade, independente do hospital atingir o teto, a prefeitura

garante o repasse do valor firmado contratualmente:

Exemplos:

a) O hospital atinge o teto. Neste caso o valor contratualizado é igual ao valor

faturado, por exemplo, R$ 100.000:

DÉBITO Contas a Receber SUS Média Complexidade

CRÉDITO Receitas Hospitalares SUS Média Complexidade R$ 100.000

b) O hospital não atinge o teto de atendimentos, mas por força de contrato, a

prefeitura repassa o valor do teto. Supondo que o valor dos atendimentos seja de R$

90.000 a prefeitura irá repassar e o valor de R$ 100.000:

DÉBITO Contas a Receber SUS Média Complexidade

CRÉDITO Receitas Hospitalares SUS Média Complexidade R$ 90.000

DÉBITOContas a Receber SUS Média Complexidade(Contrato)

CRÉDITOReceitas Hospitalares SUS Média Complexidade(Contrato)

R$ 10.000

Observamos que mesmo com o faturamento menor, o hospital deverá

registrar como receitas hospitalares, por força de contrato.

Importante destacar que apresentamos o registro em uma conta diferente do

faturamento normal, pois julgamos importante aos gestores a informação de quanto

se refere às receitas com atendimentos efetivamente prestados e cumprimento de

contrato.

Destacamos ainda que, se a incidência de não cumprimento do teto se tornar

constante, a prefeitura pode propor ao hospital uma alteração contratual.

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a) O hospital ultrapassa o teto de atendimentos, mas conforme abordado

à prefeitura paga o valor do teto de repasse. Supondo que o valor dos atendimentos

seja de R$ 110.000 e o valor repassado de R$ 100.000:

DÉBITO Contas a Receber SUS Média Complexidade R$ 100.000

R$ 10.000

CRÉDITO Receitas Hospitalares SUS Média Complexidade R$ 110.000

Dedução de Receitas Hospitalares SUS MédiaComplexidade

DÉBITO

O valor que ultrapassou o teto da contratualização (R$ 10.000) deverá ser

lançado como dedução de receitas hospitalares, pois não será recebido. A

contabilidade deverá registrar o valor real do seu faturamento (R$ 110.000), pois é

um indicativo importante, até para uma futura renegociação dos valores

contratualizados.

3.5.1.2. Alta Complexidade

Na alta complexidade, o hospital receberá a produção do mês, até o teto

estabelecido em contrato. Em alguns casos, através de acordo, o hospital poderá

até receber o valor excedente, mas vai depender de um “acordo de cavalheiros” com

a prefeitura.

Exemplos:

a) O hospital produz o que está estabelecido em contrato até o teto. Supondo

que este valor seja de R$ 200.000:

DÉBITO Contas a Receber SUS Alta Complexidade

CRÉDITO Receitas Hospitalares SUS Alta Complexidade R$ 200.000

b) O hospital não produz o teto que está estabelecido em contrato.

Considerando que o valor do teto seja de R$ 200.000 e a produção de R$

180.000:

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DÉBITO Contas a Receber SUS Alta Complexidade

CRÉDITO Receitas Hospitalares SUS Alta Complexidade R$ 180.000

Portanto o registro das receitas do mês será exatamente igual ao valor

produzido.

c) O hospital ultrapassa o teto de atendimentos, mas a prefeitura paga a

produção até o teto estabelecido em contrato. Supondo que o valor dos

atendimentos seja de R$ 210.000 e o valor repassado de R$ 200.000:

DÉBITO Contas a Receber SUS Alta Complexidade R$ 200.000

R$ 10.000

CRÉDITO Receitas Hospitalares SUS Alta Complexidade R$ 210.000

Dedução de Receitas Hospitalares SUS MédiaComplexidade

DÉBITO

Conforme abordamos anteriormente, se houver um “acordo de cavalheiros”, o

hospital poderá até receber o valor excedente, porém é uma exceção à regra e

desta forma caso não haja uma evidência concreta de que haverá o acordo, o

excedente deverá ser registrado como deduções de receitas.

3.5.2. Convênios Particulares

Na contabilização de receitas com convênios particulares a contabilidade

deverá registrar como receitas o valor de todos os atendimentos no mês, sejam eles

parciais (pacientes que permanecem recebendo atendimento) ou totais (pacientes

que já tiveram a conta encerrada, por alta ou óbito).

Exemplos:

a) Considerando o fechamento parcial de uma conta hospitalar, de um

determinado paciente, que possui um convênio (APAS, Intermédica, Unimed, etc.)

que dá entrada no hospital no dia 25 de janeiro e recebe a alta no dia 03 de

fevereiro. Considerando que o valor da conta em janeiro (do dia 25 ao dia 31) seja

de R$ 10.000, os lançamentos contábeis seriam:

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DÉBITO Contas a Receber Convênios R$ 10.000

CRÉDITO Receitas Hospitalares Convênios R$ 10.000

No histórico deverá ser registrado que se trata de uma conta com fechamento

parcial.

No dia 03 de fevereiro, devido à alta do paciente, é fechada a conta total e

assim a contabilidade procede com os lançamentos complementares para

reconhecimento da receita. Supondo que o valor da conta referente a fevereiro (do

dia 01 ao dia 03) seja de R$ 3.000:

DÉBITO Contas a Receber Convênios R$ 3.000

CRÉDITO Receitas Hospitalares Convênios R$ 3.000

No histórico deverá ser registrado de que se trata de um lançamento

complementar, de uma conta que teve a internação de um paciente em um mês e a

alta no mês seguinte.

Destacamos que se o paciente permanecer internado por um longo período,

com vários meses de internação, a contabilidade deverá proceder com o registro

parcial todos os meses.

3.5.3. Pacientes Particulares

Seguem o mesmo raciocínio dos convênios. A contabilidade deverá registrar

o valor da conta sem nenhum desconto, considerando as contas com fechamento

parcial ou total.

Exemplos:

a) Considerando o fechamento parcial de uma conta hospitalar, de um

determinado paciente que dá entrada no hospital no dia 25 de janeiro e recebe a alta

no dia 03 de fevereiro. Considerando que o valor da conta em janeiro (do dia 25 ao

dia 31) seja de R$ 10.000, os lançamentos contábeis seriam:

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DÉBITO Contas a Receber Pacientes Particulares R$ 10.000

CRÉDITO Receitas Hospitalares Pacientes Particulares R$ 10.000

No histórico deverá ser registrado de que se trata de uma conta com

fechamento parcial.

No dia 03 de fevereiro, devido à alta do paciente, é fechada a conta total e

assim a contabilidade procede com os lançamentos complementares para

reconhecimento da receita. Supondo que o valor da conta referente a fevereiro (do

dia 01 ao dia 03) seja de R$ 3.000:

DÉBITO Contas a Receber Pacientes Particulares R$ 3.000

CRÉDITO Receitas Hospitalares Pacientes Particulares R$ 3.000

No histórico deverá ser registrado de que se trata de um lançamento

complementar, de uma conta que teve a internação de um paciente em um mês e a

alta no outro mês.

Destacamos que se o paciente permanecer internado por um longo período,

com vários meses de internação, a contabilidade deverá proceder com o registro

parcial todos os meses.

3.5.4. Pacotes Hospitalares

Quando as receitas forem provenientes de pacotes, o hospital já sabe

antecipadamente qual será o valor da receita daquele atendimento. È fundamental

um apurado controle dos custos, para estabelecer o preço dos pacotes, caso

contrário o as entradas de recursos não serão suficientes para cobrir os custos.

A Contabilidade deverá apurar o valor da receita diferida, quando o paciente

virar o mês.

Exemplos:

a) Considerando o fechamento parcial de uma conta hospitalar, de um

determinado paciente que dá entrada no hospital no dia 25 de janeiro e recebe a alta

no dia 03 de fevereiro. Considerando que o valor da conta em janeiro (do dia 25 ao

dia 31) seja de R$ 10.000, os lançamentos contábeis seriam:

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DÉBITO Contas a Receber Pacotes Hospitalares R$ 10.000

CRÉDITO Receitas Pacotes Hospitalares R$ 10.000

No histórico deverá ser registrado de que se trata de uma conta com

fechamento parcial.

No dia 03 de fevereiro, devido à alta do paciente, é fechada a conta total e

assim a contabilidade procede com os lançamentos complementares para

reconhecimento da receita. Supondo que o valor da conta referente a fevereiro (do

dia 01 ao dia 03) seja de R$ 3.000:

DÉBITO Contas a Receber Pacotes Hospitalares R$ 3.000

CRÉDITO Receitas Pacotes Hospitalares R$ 3.000

No histórico deverá ser registrado de que se trata de um lançamento

complementar, de uma conta que teve a internação de um paciente em um mês e a

alta no outro mês.

Destacamos que se o paciente permanecer internado por um longo período,

com vários meses de internação, a contabilidade deverá proceder com o registro

parcial todos os meses.

3.5.5. Glosas Hospitalares

Existem duas categorias de glosas, devidas ou contratuais, e indevidas.

3.5.5.1. Glosas Devidas ou Contratuais

Na glosa devida, constata-se, após conferência da conta, que o hospital não

poderia ter utilizado determinado material, ou algum procedimento necessário para o

atendimento, não estava previsto para aquele tipo de procedimento médico.

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O hospital não possui a prerrogativa de não utilizar material ou procedimentos

que não estavam previamente aprovados, pois se não fazê-lo, pode prejudicar a

saúde de uma pessoa. Neste caso, confirmada a glosa, o registro contábil será:

DÉBITO Deduções de Receitas Hospitalares (Glosas )

CRÉDITO Contas a Receber

A contabilização das glosas integra o grupo de deduções de receitas. O

lançamento diminui o valor de contas a receber e impacta na demonstração do

resultado do exercício do hospital. No caso a conta de contas a receber deverá

corresponder com o tipo de receita que sofreu uma glosa: SUS média complexidade,

SUS alta complexidade, Convênios Particulares, Pacientes Particulares/Pacote.

3.5.5.2. Glosas Indevidas

Quando se tratam de glosas indevidas, a prefeitura no caso do SUS, o

convênio ou o paciente particular/pacote, rejeitam a conta por não concordarem com

algum item que compõe a fatura (materiais, medicamentos, honorários) e pedem

para o hospital proceder com a correção ou justificativa da conta, para efetuarem o

pagamento posteriormente. No caso de glosas indevidas não será necessário

proceder com nenhum lançamento contábil de dedução de receitas hospitalares, a

não ser que ela se transforme em glosa devida, ou, se partes não chegarem a um

acordo. Desta forma, torna-se necessário o registro contábil demonstrado nas glosas

devidas.

3.5.6. Impostos sob o Faturamento Hospitalar

Os hospitais gerais, foco de nossa pesquisa, basicamente são empresas

privadas ou entidades beneficentes sem fins lucrativos.

Os hospitais enquadrados como entidades beneficentes são sem fins

lucrativos, possuem imunidade tributária, conforme artigo 150, inciso VI, c., da

Constituição Federal.

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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (...).

Os hospitais privados da pesquisa em questão se enquadram no regime de

tributação lucro presumido, em que há incidência da Contribuição para

Financiamento da Seguridade Social − COFINS (0,65%) e do Programa de

Integração Social - PIS (3%).

Cabe ressaltar que tributação lucro presumido é uma forma de tributação

simplificada para determinação da base de cálculo do Imposto de Renda (IR) e da

Contribuição Social Sobre o Lucro (CSLL) das pessoas jurídicas que não estiverem

obrigadas a apuração com base no lucro Real.

Na prestação de serviços, também há incidência do Imposto sobre Serviço de

Qualquer Natureza (ISSQN). Os hospitais que atendem pelo SUS conseguem junto

a Prefeitura a isenção deste imposto. A alíquota é de 5%.

3.5.6.1. COFINS – Contribuição para Financiamento d a Seguridade Social

“A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS foi

criada pelo governo federal com a finalidade de angariar recursos para aplicação na

área social”. (MARION; IUDÍCIBUS, 2010, p. 95).

A base de cálculo da contribuição é o faturamento mensal, assim considerada

a receita bruta das vendas de mercadorias e serviços de qualquer natureza,

excluídos os valores relativos: às vendas canceladas, às devoluções de clientes e

aos descontos concedidos incondicionalmente a qualquer título.

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118

3.5.6.2. PIS – Programa de Integração Social

“O Programa de Integração Social (PIS) visa proporcionar a participação dos

trabalhadores no lucro das empresas, na forma de poupança individual”. (MARION;

IUDÍCIBUS, 2010, p. 95).

Assim como no cálculo da COFINS, as vendas canceladas não integram o

cálculo do PIS.

3.5.6.3. ISSQN – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

O imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza “é um tributo de competência

dos municípios, que incide sobre os serviços prestados pelas empresas – pessoas

jurídicas – ou pelos profissionais autônomos, desde que o fato gerador do serviço já

não seja de competência tributária do Estado ou da União”. (OLIVEIRA et. al., 2011,

p. 104).

A base de cálculo é o preço do serviço. “Considera-se preço do serviço à

receita bruta a ele correspondente, sem nenhuma dedução, excetuados os

descontos ou abatimentos concedidos independente de qualquer condição”.

(OLIVEIRA et. al., 2011, p. 107).

3.6. Comparação do Modelo Sugerido com o Praticado

O regime de competência consiste em reconhecer as operações contábeis no

momento de sua geração, não importando se isso está implicando saída ou entrada

de dinheiro. Pela adoção deste regime será possível medir o resultado econômico

de um determinado período (mensal, semestral anual), por meio de fatos contábeis

coerentes e com a realidade das operações.

Neste sentido, o modelo sugerido uniformiza os registros contábeis e

demonstra o valor real do faturamento dos hospitais.

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Se o princípio básico da contabilidade é o registro simultâneo das receitas

com os custos e despesas que foram necessários para gerá-las, o modelo proposto

evidencia com maior precisão os registros das receitas hospitalares.

Geralmente a contabilidade possui 4 (quatro) informações diferentes dentro

de um mês, sobre as receitas hospitalares:

� Faturamento do mês (valor que deverá ser registrado pela contabilidade).

� Apresentação do mês (contas que foram apresentadas aos tomadores de

serviços para recebimento, conforme cronograma).

� Recebimento do mês.

� Glosas.

A partir do registro do faturamento por competência, a contabilidade utiliza as

demais informações para acompanhar e baixar sua conta de valores a receber (no

ativo), como valores recebidos ou glosas.

O ciclo operacional nos hospitais possui prazos diferenciados e variam

conforme o cronograma estabelecido no contrato com o prestador de serviço e a

finalização do atendimento, com a saída do paciente por alta ou óbito. Cada

convênio possui um cronograma para apresentação das contas hospitalares, que

poderá variar entre 20 e 60 dias da saída do paciente. No SUS, a Prefeitura

estabelece o 5.º dia útil do mês subsequente à saída do paciente, para os pacientes

que possuem AIH - Autorização de Internação Hospitalar, liberada pelo gestor.

O ciclo operacional de um hospital segue descrito com o objetivo de apurar o

ciclo financeiro:

a) Recepção dos Pacientes:

Todos pacientes que chegam às dependências do hospital para internação

são referenciados, isto é, encaminhados pela rede municipal de saúde, sistema

regional, consultórios dos médicos do corpo clínico ou por encaminhamento

ambulatorial. Do contrário, são internados por demanda espontânea, apenas para a

especialidade de Obstetrícia e casos de urgência/emergência reinternação ou

clínicos dos serviços locados no hospital.

A recepção somente realiza uma Internação Cirúrgica caso o paciente tenha

pré-agendado a cirurgia, tanto para pacientes SUS, Convênios, Pacotes e

Particulares, ou nos casos de urgência/emergência por meio de prévia autorização

da enfermagem.

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Se o paciente for eletivo e de Convênio, deve chegar às dependências do

Hospital com documentos pessoais, o pedido do médico e as guias de convênio,

para procedimento de internação. Em caso particular faz-se necessária a

apresentação de documentos pessoais. Devido ao fato do paciente ser SUS, ele

deve realizar antecipadamente um pré-cadastro. É preciso verificar toda a

documentação necessária para a internação. O Hospital só realiza a solicitação da

AIH após a saída do paciente, quando todos os documentos são enviados ao

GESTOR para auditoria pós-atendimento.

Após o atendimento o paciente aguarda na recepção o momento para ser

chamado para a cirurgia, conforme o horário agendado. Logo após ser chamada, a

enfermagem, com o prontuário do paciente em mãos, deve acompanhá-lo até a

acomodação de destino, onde o paciente aguardará o momento de ser levado para

a realização do ato cirúrgico ou para início ao tratamento clínico.

b) Atendimento:

Com a prescrição médica, o auxiliar de enfermagem deverá solicitar à

farmácia, os materiais e medicamentos ao paciente. Na prescrição devem ser

informados os cuidados e procedimentos com o paciente; no caso de medicamentos

faz-se necessário informar a via e a frequência de aplicação.

O paciente internado que necessitar de realização do exame deverá ter seu

pedido entregue à enfermagem pelo médico, solicitando o exame para o setor

responsável. A partir daí será providenciada a coleta do material ou a remoção do

paciente para o setor, conforme a característica do exame a ser realizado.

O registro de todas as movimentações de materiais e medicamentos do ato

cirúrgico − assim como os procedimentos realizados − deverá ser registrado nos

Relatórios de Informações Cirúrgicas / Folha de Sala.

Este é um dos itens mais difíceis de mensuração prévia, pois depende do

tempo de recuperação que o organismo de cada pessoa possui.

c) Controlar a saída do paciente internado nas depe ndências do

hospital:

O médico preenche, assina e carimba o aviso de alta. No caso de ausência

do médico, a enfermagem deve realizar esses procedimentos. O médico não deverá

autorizar uma alta sem informar o motivo. Todos os setores devem verificar se

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121

possuem pendências para o paciente. Os setores (Farmácia, Almoxarifado,

Tesouraria) receberão um comunicado de alta do paciente. Somente após todos os

setores envolvidos em receber o a comunicação do processo de alta terem

confirmado é que de fato o paciente poderá ter alta efetiva. Após a alta do paciente o

leito será liberado.

d) Faturamento – Elaboração de AIH/SUS:

As AIH’s devem ser corretamente preenchidas, de forma clara e precisa,

observando-se todas as instruções de preenchimento e as normas existentes;

A área de Faturamento deve conferir se o preenchimento do laudo está

completo e se as informações são compatíveis com a tabela SUS como: idade do

paciente x faixa etária permitida para o procedimento; material x quantidade máxima

permitida, procedimento x material de órtese e prótese; conferir se os materiais

utilizados foram digitados no sistema e conciliar com os pedidos médicos.

Após a conferência dos laudos estes devem ser assinados pelo Diretor

Técnico; é gerado um arquivo com as informações sobre o laudo para que o hospital

consiga junto à prefeitura os números das AIH’s. Após o envio desse arquivo, a

prefeitura emite um relatório informando o Número da AIH de cada laudo/paciente;

Com o número da AIH já gerada pela Prefeitura, a área de Faturamento

confere a digitação dos gastos dos Centros Cirúrgicos e seções (material médico,

OPM (Órteses e Próteses e Materiais Especiais), honorários, etc.) e anexa a AIH na

conta, quando está retorna da Prefeitura. Também confere se o procedimento

realizado está compatível com o procedimento autorizado na AIH, bem como as

Órteses e Próteses (notas fiscais).

e) Faturamento – Contas Particulares, Pacote e Conv ênios:

Após a alta do paciente, o setor de faturamento realiza as correções de

estorno ou inclusão. Caso haja algum item que o convênio não cubra, o mesmo

deverá ser transferido para os gastos particulares do paciente. Os hospitais tentam

receber este valor, porém se o convênio não autorizou previamente, antes da

realização do procedimento ou posteriormente, em caso de gastos não previstos, as

chances de recebimento são pequenas.

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122

O Quadro 38 apresenta o cálculo do ciclo operacional.

ITEM PRAZO

Compra de Materiais e Medicamentos Pagamento entre 30 e 60 dias para pagamento

Recepção do Paciente 1 hora

Pagamento de Funcionários 30 dias

Atendimento/Permanência Prazo variável, pois depende do tempo de recuperação do paciente.

Fechamento da Conta Em média três dias

Faturamento Entre 20 e 60 dias

Recebimento 30 dias após o envio do faturamento

Quadro 38 – Cálculo do Ciclo Operacional Fonte: Elaborado pelo Autor

Considerando os prazos, o ciclo operacional ficará como mostra a Figura 7.

Figura 7 − Ciclo Operacional e Financeiro dos Hospi tais Fonte: Elaborado pelo Autor

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Conforme Figura 7, considerando um paciente que foi internado no primeiro

dia do mês, com a conta sendo faturada no dia 30, o ciclo operacional teria em

média, 90 dias e o ciclo financeiro 70 dias.

Os hospitais começam a desembolsar recursos no dia 20, com o

adiantamento salarial (vale), sendo que os recursos são recebidos entre 60 e 90

dias. Portanto, seu ciclo financeiro é negativo, o que os obriga a manter

determinados níveis de capital de giro ou recorrer a recursos de terceiros.

Nos atendimentos via SUS e Convênios existem regras contratuais que

estabelecem prazos de envio e recebimento do faturamento.

Nas modalidades de atendimentos particulares e pacote, é possível o

recebimento de adiantamento financeiro, antes da prestação dos serviços, pois

nestas condições o hospital poderá impor regras diferenciadas, já que a negociação

ocorre diretamente com seu cliente, ou responsável, porém essas modalidades de

atendimento representam, muitas vezes, uma pequena porcentagem do

faturamento. Desta forma o ciclo financeiro continuaria negativo.

Todos os ramos de atividade possuem as suas especificidades. Os hospitais

não são diferentes, porém, as normas e práticas contábeis podem e devem ser

aplicadas a qualquer negócio, na mensuração do resultado econômico e

levantamento do balanço patrimonial.

Com a internacionalização da contabilidade, o contador tem ainda mais

autonomia para exercer o julgamento sobre os atos e fatos contábeis. Diante do

exposto acreditamos que, com base nesse esboço de projeto, há a possibilidade do

reconhecimento das receitas por competência nos hospitais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prestação de serviços vem crescendo intensamente nos últimos anos,

levando os profissionais de contabilidade à necessidade de conhecimento e

adaptação de novos conceitos.

Os hospitais são prestadores de serviços que possuem grande complexidade,

devido à quantidade e tipo de serviços oferecidos (salvar vidas). Movimenta grande

montante de recursos financeiros que precisam ser bem administrados, para que

possam oferecer serviços de qualidade, sem perder a capacidade de gerar

resultados econômico-financeiros.

A Contabilidade Hospitalar é um ramo da contabilidade ainda pouco

abordado, que se reveste de particularidades, como a Contabilidade Comercial,

Industrial, Bancária, Rural, etc.

Conforme abordamos neste estudo as receitas e sua correta mensuração e

reconhecimento representa um elemento significativo e de relevância à apuração do

resultado econômico.

Como objetivo a intenção foi conhecer o momento do registro das receitas

nos hospitais da região de Sorocaba-SP. Para isso buscamos identificar quais as

características dos hospitais, a estrutura da contabilidade, a contabilização dos atos

e fatos contábeis nos hospitais, a contabilização dos custos, bem como as

informações sobre a auditoria das demonstrações contábeis.

Por meio da aplicação de um questionário foram obtidas respostas que

possibilitaram reconhecer um pouco deste universo, a seguir especificadas:

a) Características do Hospital

Observamos que os hospitais gerais da região de Sorocaba, na sua maioria,

sete (07) possuem menos de 100 anos, se qualificando basicamente como hospitais

de médio porte (70%), sendo que seis (6) hospitais possuem quatro (4) fontes de

receitas (SUS, particulares, pacotes e convênios), três (3) hospitais possuem três (3)

fontes de receitas (particulares, pacotes e convênios) e um único (01) hospital

possui somente receitas do SUS.

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b) Estrutura da Contabilidade

Do mesmo modo, observamos que 9 hospitais possuem contabilidade própria

o que já é um grande passo para a melhoria dos processos e registros contábeis.

Em sua maioria, os hospitais (7) não possuem contabilidade de custos, o que

consideramos um ponto negativo, pois a área de custos é fundamental para fornecer

informações para a tomada de decisões, como margem de contribuição, ponto de

equilíbrio, formação do preço de venda dos serviços, além do controle e análise das

variações que são desviadas dos padrões estabelecidos.

Com relação aos profissionais que atuam no departamento de Contabilidade

dos hospitais do grupo estudado, estes possuem a seguinte formação: 51% com

graduação em Ciências Contábeis; 26% com curso técnico; 16% com pós-

graduação em Contabilidade ou afins e 7% com graduação em outra área. Os

profissionais que atuam na área de contabilidade hospitalar apresentam uma boa

qualificação.

c) Contabilização dos Atos e Fatos Contábeis nos Ho spitais

Verificamos que sete (7) dos dez (10) hospitais não aplicam o regime de

competência no registro do seu faturamento, conforme quadro 23, pois apenas no

envio do faturamento é que reconhecem as receitas. Apenas (1) dos hospitais

pesquisados registra de forma diferida as receitas. Como podemos observar através

do quadro 22, para três (5) hospitais a falta de um sistema integrado é o que gera a

maior dificuldade para o registro das receitas.

Ressaltamos que sistema integrado é aquele que não precisa de interface

para inserir dados de um sistema para outro. A informação é única e os dados

digitados no setor de origem são utilizados por todas às áreas. Em sistemas

isolados, perde-se muito tempo com a digitação de dados, o que acaba dificultando

o processo de análise e qualificação das informações.

Em outros três (3) hospitais, o atraso causado pelos médicos é a principal

dificuldade no registro das receitas, pois sem as informações que eles registram na

folha de sala (relatório que é utilizado para apontar os gastos de um paciente em um

procedimento hospitalar) não é possível fechar a conta hospitalar.

Se nos reportarmos ao quadro 28 será possível verificar que seis (6) hospitais

aparecem como deficitários no último exercício social.

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Este grupo de questões deixa evidente a falta de padronização e utilização do

regime de competência.

d) Contabilização dos Custos

Com relação ao registro dos custos observamos que o único problema está

relacionado com os honorários médicos. Em sete (07) hospitais o registro é feito

apenas no momento do repasse do Convênio que, segundo informações, também

se deve à falta de um sistema integrado.

Destacamos que este item possui valor bastante representativo, o que acaba

afetando os demonstrativos contábeis, sem o seu reconhecimento temporal.

e) Informações sobre Auditoria das Demonstrações Co ntábeis.

A auditoria já sinalizou em nove (09) hospitais sobre a necessidade do

registro pela competência. Em dois (02) hospitais as demonstrações financeiras já

tiveram parecer com ressalvas, estas causadas pelo registro das receitas. Os

hospitais devem rever seus critérios de reconhecimento e agilizar a questão do

registro pela competência, uma vez que alertas já foram dados e, com isso, podem

ter problemas com seus demonstrativos financeiros futuramente.

Como Vantagens do Método Proposto compreendemos que este busca o

reconhecimento tempestivo das receitas, baseado nas normas e práticas atuais de

contabilidade, possibilitando a apuração correta do patrimônio e do resultado do

exercício dos hospitais.

Mostramos com a contabilização sugerida, o registro de relevantes

indicadores de eficiência, como glosas, abatimentos e contas a receber, além de

possibilitar a comparação dos dados e uniformização dos registros.

A não observância do Regime da Competência − principalmente no tocante

ao reconhecimento simultâneo das receitas e os sacrifícios para gerá-las (custos e

despesas) − prejudica a análise das demonstrações financeiras, pois uma das

regras de aplicação geral, que dá uniformidade aos registros contábeis, não está

sendo respeitada.

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SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

A presente pesquisa objetivou contribuir para a melhoria da qualidade dos

registros contábeis dos hospitais, sem pretender, contudo, esgotar o assunto, tendo

em vista a complexidade e amplitude do mesmo.

Com fundamento na revisão da literatura desenvolvida neste trabalho e na

análise dos dados da pesquisa de campo, propomos algumas sugestões para a

realização de futuras pesquisas.

a) Analisar o momento de reconhecimento das receitas nos hospitais gerais

do Estado de São Paulo e do Brasil.

b) Analisar o impacto do faturamento por competência nas demonstrações

contábeis publicadas.

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APÊNDICES

APÊNDICE I – E-MAIL DE ENCAMINHAMENTO DO QUESTIONÁR IO

QUESTIONÁRIO SOBRE A VERIFICAÇÃO DO REGISTRO DAS RE CEITAS

HOSPITALARES

Prezado (a) Contador (a), Estou realizando, para efeito de conclusão do curso de Mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, uma pesquisa para avaliar o momento que os hospitais processam o registro de suas receitas (faturamento), sob a orientação do Livre Docente Professor Doutor José Carlos Marion. Para tanto, gostaria de contar com a colaboração do Senhor, no sentido de responder ao questionário em anexo. Não é necessária a identificação pessoal, uma vez que estou interessado no resultado do conjunto estatístico dos hospitais. Os dados obtidos serão tratados de forma sigilosa e usados, única e exclusivamente, para a pesquisa acadêmica. Após a defesa da dissertação, se assim o (a) Sr (a) concordar e informar e-mail para contato será enviada uma cópia do trabalho, para ficar ciente de quanto foi importante e fundamental a sua colaboração, bem como para tomar conhecimento dos resultados obtidos. Agradeço antecipadamente sua valiosa contribuição e coloco-me à disposição para dirimir quaisquer dúvidas. Atenciosamente, Wilson Xavier da Silva Mestrando em Ciências Contábeis e Atuariais Livre Docente Professor Doutor José Carlos Marion Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP Professor Orientador

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APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO SOBRE RECONHECIMENTO DE RECEITAS NOS HOSPITAIS

Grupo 1 – CARACTERÍSTICAS DO HOSPITAL

1) Tempo de existência do Hospital?

(a) 0 a 25 anos (b) 26 a 50 anos (c) 51 a 100 anos (d) mais de 100 anos

2) Número de Leitos

(a) 01 a 50 leitos (b) 51 a 150 leitos (c) 151 a 200 leitos (d) acima de 200 leitos

3) Fonte de Receita do Hospital

(a) Somente SUS (b) Particulares, Pacotes e Convênios (c) SUS, Particulares, Pacotes e Convênios

Grupo 2 – ESTRUTURA DA CONTABILIDADE 4) Estrutura da Contabilidade

(a) Própria (b) Terceirizada

5) Possui Contabilidade de Custos

(a) Sim (b) Não

6) Formação Acadêmica dos profissionais que trabalham no setor de contabilidade dos hospitais.

(a) Somente graduação em Ciências Contábeis (b) Com Pós - graduação em Ciências Contábeis ou afins (c) Somente graduação em outra área (d) Com Pós - graduação em outra área (e) Somente com curso técnico em contabilidade (f) Outros não especificados

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Grupo 3 – CONTABILIZAÇÃO DOS ATOS E FATOS CONTÁBEIS NOS HOSPITAIS 7) Qual a principal dificuldade para processar o faturamento pela competência?

(a) Falta de Sistema Integrado (b) Desconhecimento da necessidade de registro pela competência (c) Falta de funcionários na dependência do hospital (d) Atraso causado pelos médicos

8) Momento da contabilização das receitas com pacientes internados

(a) Na alta do paciente (b) No envio do faturamento ao convênio

09) Quando um paciente é internado em um mês para realizar um tratamento e só recebe alta no mês seguinte, a Contabilidade registra a receita proporcional aos períodos?

(a) Sim (b) Não

10) O hospital possui um teto de contratualização para atingir mensalmente? (a) Sim (b) Não © Não se aplica

11) Se o hospital não atinge o teto do valor contratualizado de faturamento da média complexidade, a contabilidade reconhece e registra o valor complementar (até o teto) garantido por força de contrato?

(a) Sim (b) Não © Não se aplica

12) Quando o hospital ultrapassa o teto do faturamento, a contabilidade registra como dedução de receitas?

(a) Sim (b) Não © Não se aplica

13) No último exercício social hospital foi superavitário?

(a) Superavitário (b) Deficitário

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14) Existe análise financeira?

(a) Sim (b) Não

15) Qual a periodicidade?

(a) Semanal (b) Mensal (c) Bimestral (d) Trimestral (e) Semestral (f) Anual

16) Quais relatórios são utilizados para análise financeira?

(a) Contábil (b) Financeiro (c) Ambos

Grupo 4 – CONTABILIZAÇÃO DOS CUSTOS 17) Momento da contabilização dos custos com materiais e medicamentos utilizados em pacientes internados?

(a) No momento do requerimento do material ou medicamento (b) No momento em que é utilizado no paciente (c) No final do mês por motivo de fechamento do estoque contábil (d) No momento da alta do paciente

18) Momento da contabilização das órteses e próteses utilizados nos pacientes internados?

(a) No momento do requerimento da órteses e próteses (b) No momento em que é utilizado no paciente (c) No final do mês por motivo de fechamento do estoque contábil (d) No momento em que a conta é encerrada (e) No momento do repasse do recurso

19) Contabilização do passivo com honorários médicos

(a) No próprio mês independente do paciente ter recebido alta (b) No momento em que a conta é encerrada (c) No momento do convênio

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Grupo 5 – INFORMAÇÕES SOBRE AUDITORIA DAS DEMONSTRA ÇÕES CONTÁBEIS. 20) Qual a periodicidade de auditoria no hospital?

(a) Trimestral (b) Semestral (c) Anual

21) O auditor já sinalizou na auditoria de controle interno sobre o registro das receitas pela competência?

(a) Sim (b) Não

22) As demonstrações financeiras auditadas já tiveram parecer com ressalva causado pelo registro das receitas?

(a) Sim (b) Não

Encerramento Muito obrigado pela colaboração.

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ANEXO

ANEXO I – TERMOS HOSPITALARES DE ACORDO COM A PADRONIZAÇÃO DA NOMENCLATURA DO CENSO HOSPITALAR

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Assistência à Saúde Departamento de Sistemas e Redes Assistenciais

PADRONIZAÇÃO DA NOMENCLATURA DO CENSO HOSPITALAR

Série A. Normas e Manuais Técnicos

2.a edição revista

Brasília – DF 2002

2002. Ministério da Saúde. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Série A. Normas e Manuais Técnicos Tiragem: 1.a Edição. Previsão de 10.000 exemplares, execução de 2.000 exemplares – Maio 2002. 2.a Edição revista – 8.000 exemplares – Junho 2002. Barjas Negri Ministro de Estado da Saúde Renilson Rehem de Souza Secretário de Assistência à Saúde Alberto Beltrame Diretor do Departamento de Sistemas e Redes Assistenciais Jorge Raimundo Nahas Coordenação-Geral da Coordenação de Gestão Hospitalar Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Assistência à Saúde Departamento de Sistemas e Redes Assistenciais Coordenação-Geral de Gestão Hospitalar Esplanada dos Ministérios, bloco G, 9.° andar, sala 915 CEP: 70058-900, Brasília – DF Tel.: (61) 315 2162 Colaboradores: Elfa Maria Gomes Meinecke Eloíza Andrade de Almeida Rodrigues Lícia Galindo Ronald de Almeida Cardoso Rodrigo Rodrigues Miranda Consultoria Técnica: Mônica Silva Monteiro de Castro

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SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE (SAS) Portaria n.° 312 de 30 de abril de 2002* O Secretário de Assistência à Saúde, no uso de suas atribuições, Considerando o crescente uso de parâmetros de assistência e cobertura no planejamento das ações do Sistema Único de Saúde (SUS); Considerando a necessidade de obtenção de dados confiáveis sobre a disponibilidade e utilização de leitos hospitalares em todo o País; Considerando a importância do censo hospitalar diário como fonte primária destes dados e para a obtenção de indicadores correlatos; Considerando que a variedade de termos utilizados para designação de situações comuns a todos os hospitais e a não uniformização da nomenclatura usada nos censos dificultam a formulação das pesquisas, a interpretação das informações geradas e a realização de estudos comparativos entre os diversos serviços existentes no País; Considerando a desejável padronização das definições/nomenclaturas a serem utilizadas na realização dos censos hospitalares, e Considerando a Consulta Pública n.° 04, de 17 de se tembro de 2001, e as contribuições recebidas nesta consulta, resolve: Art. 1.° - Estabelecer, para utilização nos hospita is integrantes do Sistema Único de Saúde, a Padronização da Nomenclatura do Censo Hospitalar constante do Anexo desta Portaria. Parágrafo Único – a Nomenclatura ora padronizada bem como os conceitos nela definidos devem ser utilizados pelos hospitais integrantes do Sistema Único de Saúde na elaboração de seus respectivos Censos Hospitalares e na apresentação de dados estatísticos ao Ministério da Saúde. Art. 2.° - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

RENILSON REHEM DE SOUZA __________________________________

*Publicado no DOU de 2 de maio de 2002.

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1. INTRODUÇÃO As estatísticas hospitalares são fundamentais para as atividades de planejamento e avaliação da utilização de serviços de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Estas estatísticas, no entanto, podem ser distorcidas em virtude da variedade de definições/nomenclaturas utilizadas pelos diversos hospitais integrantes do SUS e que são empregadas ao se preencher o censo hospitalar. A não unificação da nomenclatura utilizada dificulta a formulação das pesquisas, a interpretação das informações geradas e a realização de estudos comparativos entre os diversos serviços existentes no País. O presente documento é fruto de trabalho desenvolvido pela Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde, através da Coordenação de Gestão Hospitalar do Departamento de Sistemas e Redes Assistenciais, e tem como objetivo padronizar a linguagem utilizada na confecção de censos hospitalares no âmbito do Sistema Único de Saúde, em todo o País. Vários hospitais brasileiros desenvolveram, isoladamente, esforços no sentido de adotar sua nomenclatura padrão – para uso interno – a ser empregada na confecção de seus respectivos censos hospitalares. Na formulação deste trabalho, estas experiências foram levadas em conta, assim como experiências anteriores do próprio Ministério da Saúde sobre o assunto, o Glossário de Termos Comuns nos Serviços de Saúde do MERCOSUL, o Glossário para Produção de Estatísticas em Saúde do Ministério da Saúde de Portugal e outras referências disponíveis sobre censo hospitalar. Uma versão inicial desta padronização foi submetida à Consulta Pública n.° 04, de 17 de setembro de 2001, durante 60 dias, que teve como objetivo promover uma ampla discussão do tema, possibilitando a participação dos gestores do SUS, hospitais, profissionais de saúde e demais interessados no assunto, na elaboração do texto final desta padronização. A versão final levou em conta as sugestões encaminhadas por diversos hospitais e instituições de saúde brasileiras. Temos a expectativa de que as definições apresentadas auxiliem na formulação de indicadores a serem utilizados por diversos setores do hospital, por entendermos que a análise de dados resultantes de indicadores claramente definidos é uma poderosa ferramenta de gestão. 2 GLOSSÁRIO DE TERMOS HOSPITALARES 2.1. MOVIMENTO DE PACIENTES 2.1.1 Observação hospitalar Pacientes que permanecem no hospital sob supervisão médica e/ ou de enfermagem, para fins diagnósticos ou terapêuticos, por período inferior a 24 horas.

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Termos relacionados: internação hospitalar. Notas técnicas: o limite de 24 horas é o limite máximo para a observação hospitalar. Idealmente um paciente deve permanecer em observação apenas pelo tempo necessário, por exemplo, para que seja observado o efeito de um tratamento ou seja tomada uma decisão sob a internação ou não do mesmo. Os leitos de observação em geral oferecem menos condições de conforto e privacidade para os paciente e por razões humanitárias deve-se manter o período de observação restrito ao necessário para a segurança do paciente e para a tomada da decisão clínica. 2.1.2 Internação hospitalar Pacientes que são admitidos para ocupar um leito hospitalar por um período igual ou maior a 24 horas. Termos equivalentes: admissão hospitalar. Termos relacionados: observação hospitalar. Notas técnicas (1): todos os casos de óbito ocorridos dentro do hospital devem ser considerados internações hospitalares, mesmo que a duração da internação tenha sido menor do que 24 horas. Notas técnicas (2): os pacientes que têm grandes chances de permanecerem dentro do hospital por menos de 24 horas devem ocupar leitos de observação, de forma a evitar a contabilização indevida de pacientes-dia no censo hospitalar diário. 2.1.3 Censo hospitalar diário É a contagem e o registro, a cada dia hospitalar, do número de leitos ocupados e vagos nas unidades de internação e serviços do hospital. Termos relacionados: dia hospitalar Notas técnicas (1): deve-se levar em consideração os leitos bloqueados e os leitos extras, bem como a contagem e o registro do número de internações, altas, óbitos, transferências internas e externas, evasões e desistência do tratamento ocorridos nas 24 horas relativas ao censo. Para efeito de censo, as unidades de tratamento intensivo (UTI) devem ser consideradas unidades de internação. Notas técnicas (2): considerando-se a realidade de muitos hospitais brasileiros, em que muitos pacientes iniciam o período de internação na unidade de emergência, às vezes lá permanecendo internados por vários dias, as unidades de emergência também devem realizar censos hospitalares. 2.1.4 Entrada É a entrada do paciente na unidade de internação, por internação, incluindo as transferências externas, ou por transferência interna. Termos relacionados: internação, transferência interna transferência externa.

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2.1.5 Saída É a saída do paciente da unidade de internação por alta (curado, melhorado ou inalterado), evasão, desistência do tratamento, transferência interna, transferência externa ou óbito. As transferências internas não são consideradas saídas para os cálculos das estatísticas hospitalares. Termos equivalentes: egresso hospitalar, paciente egresso. Termos relacionados: alta, evasão, desistência do tratamento, transferência interna, transferência externa, óbito hospitalar, óbito institucional. Notas técnicas: as saídas por alta ou transferência são consideradas saídas com parecer médico favorável e as saídas por evasão ou desistência do tratamento são consideradas saídas com parecer médico desfavorável. 2.1.6 Alta Ato médico que determina a finalização da modalidade de assistência que vinha sendo prestada ao paciente, ou seja, a finalização da internação hospitalar. O paciente pode receber alta curado, melhorado ou com seu estado de saúde inalterado. O paciente poderá, caso necessário, passar a receber outra modalidade de assistência, seja no mesmo estabelecimento, em outro ou no próprio domicílio. Termos relacionados: saída. 2.1.7 Evasão É a saída do paciente do hospital sem autorização médica e sem comunicação da saída ao setor em que o paciente estava internado. Termos relacionados: saída. 2.1.8 Desistência do tratamento É a saída do paciente do hospital sem autorização médica, porém com comunicação da saída ao setor em que o paciente estava internado, motivada pela decisão do paciente ou de seu responsável de encerrar a modalidade de assistência que vinha sendo prestada ao paciente. Termos equivalentes: alta a pedido. Termos relacionados: saída. Notas técnicas: alta a pedido foi considerada sinônimo de desistência do tratamento, tendo em vista que, visando a melhor utilização dos recursos hospitalares, todo paciente que se encontra internado em hospital deve estar internado por alguma condição médica que exija tratamento ou observação hospitalar. Logo, se o paciente pede alta, ele está desistindo do tratamento proposto para a condição médica que motivou a internação.

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2.1.9 Transferência interna Mudança de um paciente de uma unidade de internação para outra dentro do mesmo hospital. O paciente não recebe alta e não é realizada nova internação, ou seja, toda a permanência de um paciente dentro de um hospital corresponde a uma única internação. Termos relacionados: saída, transferência externa. Notas técnicas: as transferências internas não são consideradas saídas para o cálculo das estatísticas hospitalares, de forma a evitar a contabilização da saída de um mesmo paciente duas vezes. 2.1.10 Transferência externa Mudança de um paciente de um hospital para outro. Termos relacionados: saída, transferência interna. 2.1.11 Óbito hospitalar É aquele que ocorre após o paciente ter dado entrada no hospital, independente do fato dos procedimentos administrativos relacionados à internação já terem sido realizados ou não. Termos relacionados: saída, óbito institucional. Notas técnicas: os óbitos de pessoas que chegam mortas ao hospital não são considerados óbitos hospitalares. 2.1.12 Óbito institucional É aquele que ocorre após decorridas pelo menos 24 horas do início da admissão hospitalar do paciente. Exclui os óbitos ocorridos nas primeiras 24 horas de internação hospitalar. Termos relacionados: saída, óbito hospitalar. Notas técnicas: em decorrência do aumento da resolutividade dos procedimentos hospitalares sobre o paciente, considera-se 24 horas tempo suficiente para que a ação terapêutica e consequente responsabilidade do hospital seja efetivada. 2.1.13 Hospital-dia Unidade hospitalar onde os pacientes recebem cuidados de saúde de forma programada, permanecendo durante o dia sob cuidados médicos e não requerendo estadia durante a noite. Notas técnicas: não confundir os leitos de hospital-dia, que são leitos hospitalares de observação, com a unidade de medida leitos/dia. 2.1.14 Reinternação É a internação de um paciente num hospital dentro de um período de tempo definido após a alta deste paciente do mesmo hospital.

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Notas técnicas: a definição do período de tempo dentro do qual uma nova internação é chamada de reinternação pode variar dependendo do objetivo com que esse evento é medido. 2.2 CLASSIFICAÇÃO DE LEITOS 2.2.1 Leito hospitalar de internação É a cama numerada e identificada destinada à internação de um paciente dentro de um hospital, localizada em um quarto ou enfermaria, que se constitui no endereço exclusivo de um paciente durante sua estadia no hospital e que está vinculada a uma unidade de internação ou serviço. Termos equivalentes: leito. Termos relacionados: leito hospitalar de observação, leito auxiliar reversível, leito planejado, leito instalado, leito desativado, leito operacional,leito bloqueado, leito ocupado, leito vago, leito extra, leito de isolamento,leito de isolamento reverso, leito de pré-parto, leito de recuperação pós-cirúrgica e pós-anestésica, leito de unidade de tratamento intensivo (UTI), leito de unidade de tratamento semi-intensivo, leito especializado, leito indiferenciado, leito de longa permanência, alojamento conjunto, berço de recém-nascido em alojamento conjunto, leito de berçário para recém nascido sadio, leito de observação em berçário, leito de internação em berçário, leito infantil. Notas técnicas (1): não devem ser considerados leitos hospitalares de internação os leitos de observação, incluindo os leitos de pré-parto e os leitos de recuperação pós-anestésica, os berços de alojamento conjunto, os leitos de berçário para recém-nascidos sadios, as camas destinadas a acompanhantes e funcionários do hospital e os leitos de serviços diagnósticos. Em situações excepcionais, um leito hospitalar de observação ou uma maca podem corresponder a um leito hospitalar de internação. Notas técnicas (2): os leitos de tratamento intensivo e semi-intensivo correspondem a uma parcela importante e crescente dos leitos hospitalares e grande volume de recursos é destinado a esses leitos. Não é mais uma prática viável ou recomendável o bloqueio de um leito de internação para um paciente internado em leito de tratamento intensivo ou semi-intensivo. Por essas razões, os leitos de tratamento intensivo e semi-intensivo devem ser considerados leitos hospitalares de internação. 2.2.2 Leito hospitalar de observação É o leito destinado a paciente sob supervisão médica e/ou de enfermagem, para fins diagnósticos ou terapêuticos, por período inferior a 24 horas. Os leitos de hospital-dia são leitos hospitalares de observação Termos equivalentes: leito auxiliar. Termos relacionados: leito auxiliar reversível, leito de hospital-dia. Notas técnicas: o leito de observação ou auxiliar não deve ser considerado leito hospitalar de internação, exceto quando ele estiver sendo utilizado como leito extra

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para internação ou quando o paciente permanecer nesse leito por mais de 24 horas por qualquer razão. 2.2.3 Leito de observação reversível É o leito hospitalar de observação que pode ser revertido para um leito de internação em caso de necessidade. Termos equivalentes: leito auxiliar reversível. Notas técnicas: a definição de leito de observação reversível implica que já exista por parte do hospital uma estratégia para a reversibilidade desse leito em caso de necessidade, como por exemplo a forma de realocação de recursos humanos e de disponibilidade de recursos materiais. 2.2.4 Leito planejado É todo o leito previsto para existir em um hospital, levando-se em conta a área física destinada à internação e de acordo com a legislação em vigor, mesmo que esse leito esteja desativado por qualquer razão. Termos equivalentes: leito institucional, leito total. Termos relacionados: capacidade hospitalar planejada, leito instalado. 2.2.5 Leito instalado É o leito habitualmente utilizado para internação, mesmo que ele eventualmente não possa ser utilizado por certo período, por qualquer razão. Termos equivalentes: leito permanente, leito fixo, leito ativo. Termos relacionados: capacidade hospitalar instalada, leito planejado, leito desativado, leito operacional. Notas técnicas: o leito instalado deve corresponder ao leito informado no cadastro do hospital junto ao Ministério da Saúde. 2.2.6 Leito desativado É o leito que nunca foi ativado ou que deixa de fazer parte da capacidade instalada do hospital por alguma razão de caráter mais permanente como, por exemplo, o fechamento de uma unidade do hospital. Termos equivalentes: leito desinstalado. Termos relacionados: leito planejado, leito instalado. Notas técnicas (1): o leito bloqueado por motivos transitórios (características de outros pacientes que ocupam o mesmo quarto ou enfermaria, manutenção predial ou de mobiliário, falta transitória de pessoal) não deve ser considerado leito desativado e sim leito bloqueado, porque voltará a ser leito disponível tão logo se resolva o problema que deu origem ao bloqueio.

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Notas técnicas (2): se o hospital não tem condição de manter certo número de leitos em funcionamento, esses leitos devem ser desativados, e essa informação deve ser atualizada no cadastro do hospital junto ao Ministério da Saúde. 2.2.7 Leito operacional É o leito em utilização e o leito passível de ser utilizado no momento do censo, ainda que esteja desocupado. Termos equivalentes: leito disponível. Termos relacionados: capacidade hospitalar operacional, leito instalado, leito desativado, leito bloqueado. Notas técnicas: inclui o leito extra que estiver sendo utilizado. 2.2.8 Leito bloqueado É o leito que, habitualmente, é utilizado para internação, mas que no momento em que é realizado o censo não pode ser utilizado por qualquer razão (características de outros pacientes que ocupam o mesmo quarto ou enfermaria, manutenção predial ou de mobiliário, falta transitória de pessoal). Termos equivalentes: leito indisponível, leito interditado. Termos relacionados: leito operacional. Notas técnicas: a falta de roupa de cama limpa não deve ser considerada motivo de bloqueio de leito. 2.2.9 Leito ocupado É o leito que está sendo utilizado por um paciente. Termos relacionados: leito vago. Notas técnicas (1): se um paciente está internado em um leito, porém se encontra temporariamente fora do mesmo, por exemplo para a realização de um exame ou procedimento cirúrgico, o leito é considerado ocupado, desde que o paciente vá retornar para aquele leito após o término do procedimento. Notas técnicas (2): um leito é considerado ocupado até a saída efetiva do paciente deste leito. 2.2.10 Leito vago É o leito que está em condições de ser ocupado, mas que não está sendo utilizado por um paciente no momento do censo. Termos equivalentes: leito desocupado, leito disponível. Termos relacionados: leito ocupado. Notas técnicas: o leito extra desocupado não é considerado leito vago.

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2.2.11 Leito extra Cama ou maca que não são habitualmente utilizados para internação, mas que por qualquer razão são ativados, seja em áreas que habitualmente não seriam destinadas à internação, seja em áreas que passam a comportar mais leitos do que normalmente comportam, mesmo que esses leitos sejam disponibilizados em condições diferentes das habituais. Termos relacionados: capacidade hospitalar de emergência, capacidade hospitalar operacional. Notas técnicas: a utilização de leito extra implica que a capacidade operacional da unidade em que se localiza o leito extra está sendo aumentada. 2.2.12 Leito de isolamento É o leito de internação instalado em ambiente dotado de barreiras contra contaminação e destinado à internação de paciente suspeito ou portador de doenças transmissíveis. Termos relacionados: leito de isolamento reverso. 2.2.13 Leito de isolamento reverso É o leito de internação instalado em ambiente dotado de barreiras contra contaminação e destinado à proteção de paciente altamente susceptível a infecções, como os imuno-deprimidos e grandes queimados. Termos relacionados: leito de isolamento. 2.2.14 Leito de pré-parto É o leito auxiliar localizado nas salas de pré-parto e que é utilizado pela paciente durante o trabalho de parto até o momento da realização do parto. 2.2.15 Leito de recuperação pós-cirúrgica e pós-ane stésica É o leito auxiliar destinado à prestação de cuidados pós-anestésicos ou pós-cirúrgicos imediatos a paciente egresso do bloco cirúrgico e que é utilizado por esse paciente até que ele tenha condições de ser liberado para o leito de internação. 2.2.16 Leito de unidade de tratamento intensivo (UT I) Leito destinado ao tratamento de paciente grave e de risco que exija assistência médica e de enfermagem ininterruptas, além de equipamentos e recursos humanos especializados. Termos relacionados: leito de unidade de tratamento semi-intensivo. 2.2.17 Leito de unidade de tratamento semi-intensiv o Leito destinado à internação de paciente que não necessita de cuidados intensivos, mas que ainda requer atenção especial diferenciada da adotada na unidade de internação. Termos relacionados: leito de unidade de tratamento intensivo.

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2.2.18 Leito especializado Leito hospitalar destinado a acomodar paciente de determinada especialidade médica. Termos relacionados: leito indiferenciado. 2.2.19 Leito indiferenciado Leito hospitalar destinado a acomodar paciente de qualquer especialidade médica. Termos equivalentes: leito não especializado. Termos relacionados: leito especializado. 2.2.20 Leito de longa permanência É o leito hospitalar cuja duração média de internação é maior ou igual a 30 (trinta) dias. Notas técnicas: a definição de leito de curta permanência como aquele em que a média de internação é menor que 30 dias foi excluída por acreditarmos que tal definição estaria em desacordo com as políticas de redução de média de permanência definidas pelo Ministério da Saúde. 2.2.21 Alojamento conjunto Modalidade de acomodação em que o recém-nascido sadio permanece alojado em berço contíguo ao leito da mãe, 24 horas por dia, até a saída da mãe do hospital. Termos relacionados: berço de recém-nascido em alojamento conjunto, leito de observação em berçário. 2.2.22 Berço de recém-nascido em alojamento conjunt o Berço destinado ao recém-nascido sadio em regime de alojamento conjunto e localizado junto ao leito da mãe. Termos relacionados: alojamento conjunto, leito de berçário para recém-nascido sadio. Notas técnicas: não são contabilizados como leitos hospitalares de internação. 2.2.23 Leito de berçário para recém-nascido sadio Berço destinado ao recém-nascido sadio e localizado em berçário, longe do leito da mãe. Termos relacionados: alojamento conjunto, berço de recém-nascido em alojamento conjunto. Notas técnicas: não é contabilizado como leito hospitalar de internação. 2.2.24 Leito de observação em berçário Berço auxiliar para observação das primeiras horas de vida do recém-nascido, por um período máximo de 24 horas, até que ele seja liberado para o berço do

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alojamento conjunto ou leito de berçário para recém-nascido sadio ou então internado em um leito de internação em berçário. Termos relacionados: alojamento conjunto, berço de recém-nascido em alojamento conjunto, leito de berçário para recém-nascido sadio, leito de internação em berçário. Notas técnicas: a partir de 24 horas de permanência do recém-nascido em berço que não seja o berço de recém-nascido em alojamento conjunto ou o leito de berçário para recém-nascido sadio, esse berço deve ser considerado um leito extra de internação em berçário. 2.2.25 Leito de internação em berçário Berço destinado a alojar recém-nascidos prematuros ou que apresentem patologias que necessitem de tratamento hospitalar. Termos relacionados: leito de observação em berçário. Notas técnicas: a situação do recém-nascido é uma situação singular dentre os pacientes de um hospital. O recém-nascido normal não é formalmente internado e portanto não é formalmente um paciente hospitalar. Por outro lado, o recém-nascido patológico é internado e às vezes passa um longo período dentro do hospital. As normas específicas de internação de recém-nascidos podem variar de hospital para hospital. 2.2.26 Leito infantil Leito de internação destinado à internação de crianças enfermas,até o limite de idade definido pelo hospital. Notas técnicas: o limite de idade para internação em leitos infantis pode variar de hospital para hospital. 2.3 MEDIDAS HOSPITALARES 2.3.1 Dia hospitalar É o período de 24 horas compreendido entre dois censos hospitalares consecutivos. Termos relacionados: censo hospitalar diário. Notas técnicas: em um hospital específico, o horário de fechamento do censo deve ser o mesmo todos os dias e em todas as unidades do hospital, embora o horário de fechamento do censo possa variar de hospital para hospital. Para garantir maior confiabilidade do censo, os hospitais devem fechar o censo hospitalar diário no horário que for mais adequado para as rotinas do hospital, desde que respeitando rigorosamente o mesmo horário de fechamento todos os dias para aquele hospital. 2.3.2 Leito/dia Unidade de medida que representa a disponibilidade de um leito hospitalar de internação por um dia hospitalar.

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Termos relacionados: leito hospitalar de internação, dia hospitalar. Notas técnicas: os leitos/dia correspondem aos leitos operacionais ou disponíveis, aí incluídos os leitos extras com pacientes internados, o que significa que o número de leitos/dia pode variar de um dia para outro de acordo com o bloqueio e desbloqueio de leitos e com a utilização de leitos extras. Variação gramatical: leitos/dia. 2.3.3 Paciente/dia Unidade de medida que representa a assistência prestada a um paciente internado durante um dia hospitalar. Notas técnicas: o dia da saída só será computado se a saída do paciente ocorrer no mesmo dia da internação. Variação gramatical: pacientes/dia. 2.3.4 Leito/hora Unidade de medida que representa a disponibilidade de um leito hospitalar de observação por uma hora. Variação gramatical: leitos/hora. 2.3.5 Paciente/hora Unidade de medida que representa a assistência prestada a um paciente em observação durante uma hora. Variação gramatical: pacientes/hora. Notas técnicas: as definições de leito/hora e paciente/hora foram incluídas para permitir avaliações da utilização dos leitos hospitalares de observação ou auxiliares em hospitais que tenham um volume considerável de atendimentos prestados nesse tipo de leito e que queiram fazer esse tipo de avaliação. 2.3.6 Capacidade hospitalar planejada É a capacidade total de leitos do hospital, levando-se em conta a área física destinada à internação e de acordo com a legislação em vigor, mesmo que parte destes leitos esteja desativada por qualquer razão. Termos equivalentes: capacidade hospitalar institucional, capacidade hospitalar total. Termos relacionados: leito planejado, capacidade hospitalar instalada, capacidade hospitalar operacional.

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2.3.7 Capacidade hospitalar instalada É a capacidade dos leitos que são habitualmente utilizados para internação, mesmo que alguns deles eventualmente não possam ser utilizados por certo período, por qualquer razão. Termos relacionados: leito instalado, capacidade hospitalar planejada, capacidade hospitalar operacional. Notas técnicas: a capacidade hospitalar instalada deve corresponder ao número de leitos informados no cadastro do hospital junto ao Ministério da Saúde. 2.3.8 Capacidade hospitalar operacional É a capacidade dos leitos em utilização e dos leitos passíveis de serem utilizados no momento do censo, ainda que estejam desocupados. Termos relacionados: leito operacional, capacidade hospitalar planejada, capacidade hospitalar operacional. Notas técnicas (1): os leitos extras desocupados não fazem parte da capacidade hospitalar operacional. Notas técnicas (2): as capacidades hospitalares auxiliares institucional, instalada e operacional podem ser definidas à semelhança das definições anteriores, quando for do interesse do hospital analisar essas informações para os leitos hospitalares de observação ou auxiliares. 2.3.9 Capacidade hospitalar de emergência Somatória dos leitos que podem ser disponibilizados dentro de um hospital, em circunstâncias anormais ou de calamidade pública. Termos relacionados: leito extra, capacidade hospitalar instalada, leito instalado. Notas técnicas: esta medida corresponde à soma da capacidade instalada e do número de leitos extras que podem ser instalados, aí incluídos os leitos auxiliares reversíveis. 3 INDICADORES HOSPITALARES 3.1 MÉDIA DE PACIENTES/DIA Relação entre o número de pacientes/dia e o número de dias, em determinado período. Representa o número médio de pacientes em um hospital. Termos equivalentes: censo médio diário. 3.2 MÉDIA DE PERMANÊNCIA Relação entre o total de pacientes/dia e o total de pacientes que tiveram saída do hospital em determinado período, incluindo os óbitos. Representa o tempo médio em dias que os pacientes ficaram internados no hospital.

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Termos equivalentes: duração média da internação. Notas técnicas (1): esta fórmula só deve ser usada para hospitais com internações de curta permanência. Para hospitais de longa permanência deve-se utilizar no numerador a somatória dos dias de internação de cada paciente que teve alta ou foi a óbito. O cálculo da média deve ser realizado para períodos maiores, uma vez que existe o risco de que a média de permanência seja maior que o período adotado. Por outro lado, existe também a tendência de se utilizar a mediana que, ao invés da média, não é influenciada por valores aberrantes. Notas técnicas (2): o cálculo de algumas estatísticas hospitalares, como a média de permanência, é afetado pela forma de tratamento das transferências internas no censo hospitalar. No caso da média de permanência para cada unidade hospitalar, para evitar a duplicação da internação ou a divisão da permanência do paciente, toda a permanência da internação deve ser atribuída à unidade da qual o paciente teve alta. Nessa situação, um grande viés é introduzido nas estatísticas de unidades que têm grande volume de pacientes transferidos, como é caso do CTI. Para essas unidades, as estatísticas devem ser feitas separadamente, incluindo todos os pacientes que passaram pela unidade. 3.3 TAXA DE OCUPAÇÃO HOSPITALAR Relação percentual entre o número de pacientes/dia e o número de leitos/dia em determinado período, porém considerando-se para o cálculo dos leitos/dia no denominador os leitos instalados e constantes do cadastro do hospital, incluindo os leitos bloqueados e excluindo os leitos extras. Termos equivalentes: taxa de ocupação hospitalar instalada, percentagem de ocupação. Notas técnicas: caso o hospital faça uso constante de leitos extras, a taxa de ocupação hospitalar estará acima de 100%, o que é uma informação importante do ponto de vista gerencial. 3.4 TAXA DE OCUPAÇÃO OPERACIONAL Relação percentual entre o número de pacientes/dia e o número de leitos/dia em determinado período. 3.5 TAXA DE OCUPAÇÃO PLANEJADA Relação percentual entre o número de pacientes/dia e o número de leitos/dia em determinado período, porém considerando-se para o cálculo dos leitos/dia no denominador todos os leitos planejados no hospital, inclusive os não instalados ou desativados.

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Notas técnicas (1): considerando-se a realidade de diversos hospitais brasileiros, a inclusão das taxas de ocupação operacional e planejada, além da taxa de ocupação hospitalar habitual, permitirá comparações mais acuradas entre as taxas de ocupação de diferentes hospitais e entre taxas de ocupação de diferentes unidades de um hospital. Notas técnicas (2): nos hospitais que estão com todos os leitos planejados em funcionamento e que não fazem uso de leitos extras nem tenham leitos bloqueados, as três taxas de ocupação serão equivalentes. 3.6 TAXA DE MORTALIDADE HOSPITALAR Relação percentual entre o número de óbitos ocorridos em pacientes internados e o número de pacientes que tiveram saída do hospital, em determinado período. Mede a proporção dos pacientes que morreram durante a internação hospitalar. Termos equivalentes: coeficiente de mortalidade hospitalar. 3.7 TAXA DE MORTALIDADE INSTITUCIONAL Relação percentual entre o número de óbitos que ocorrem após decorridas pelo menos 24 horas do início da admissão hospitalar do paciente e o número de pacientes que tiveram saída do hospital em determinado período. Mede a mortalidade ocorrida após as primeiras 24 horas da admissão hospitalar. Termos equivalentes: coeficiente específico de mortalidade hospitalar. Notas técnicas: em decorrência do aumento da resolutividade dos procedimentos hospitalares sobre o paciente, considera-se 24 horas tempo suficiente para que a ação terapêutica e consequente responsabilidade do hospital seja efetivada.