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I SIMBOV I Simpósio Matogrossense de bovinocultura de corte Recentes avanços no manejo nutricional de bovinos de corte confinados. Danilo Grandini 1 1 Zootecnista 1. Introdução O desenvolvimento de dietas para desempenho máximo em confinamento de bovinos de corte deverá levar em conta: o (s) requerimento (os) a que se destina o animal confinado (mercado) e a inter-relação do manejo e dieta, pois distribuir o alimento não é o mesmo que alimentar. Alimentar compreende a dieta formulada mais as operações de processamento dos grãos, mistura dos ingredientes e tipo de oferta. Sendo assim o presente trabalho tem por objetivo definir e estabelecer as inter-relações entre dietas, ingredientes, tipo animal, manejo alimentar e produto final (carcaça). 2. Confinando o animal Uma vez determinado o objetivo para terminação dos animais, ou seja peso final e nível de acabamento desejados. O passo seguinte é a estratégia para consegui-lo de forma segura e sem interrupções de fornecimento. A equação abaixo nos dá uma idéia de como os trabalhos devem ser seguidos: Ingestão x densidade energética = Energia de Manutenção + Energia de Ganho Ingestão, teremos que nos preocupar com sua efetiva realização e todos os temas relativos a sua interferência serão discutidos no próximo capítulo, pois sem ingestão não existe ganho! Densidade energética, cabe decidir sobre o tipo de dieta a ser utilizado alto grão ou alto volumoso, ou melhor dizendo alta densidade energética ou baixa densidade energética.

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Page 1: Recentes avanços no manejo nutricional de bovinos … · I SIMBOV – I Simpósio Matogrossense de bovinocultura de corte Recentes avanços no manejo nutricional de bovinos de corte

I SIMBOV – I Simpósio Matogrossense de bovinocultura de corte

Recentes avanços no manejo nutricional de bovinos de corte

confinados.

Danilo Grandini1

1 Zootecnista

1. Introdução

O desenvolvimento de dietas para desempenho máximo em

confinamento de bovinos de corte deverá levar em conta: o (s) requerimento

(os) a que se destina o animal confinado (mercado) e a inter-relação do

manejo e dieta, pois distribuir o alimento não é o mesmo que alimentar.

Alimentar compreende a dieta formulada mais as operações de processamento

dos grãos, mistura dos ingredientes e tipo de oferta. Sendo assim o presente

trabalho tem por objetivo definir e estabelecer as inter-relações entre dietas,

ingredientes, tipo animal, manejo alimentar e produto final (carcaça).

2. Confinando o animal

Uma vez determinado o objetivo para terminação dos animais, ou seja

peso final e nível de acabamento desejados. O passo seguinte é a estratégia

para consegui-lo de forma segura e sem interrupções de fornecimento. A

equação abaixo nos dá uma idéia de como os trabalhos devem ser seguidos:

Ingestão x densidade energética = Energia de Manutenção + Energia de

Ganho

Ingestão, teremos que nos preocupar com sua efetiva realização e todos os

temas relativos a sua interferência serão discutidos no próximo capítulo, pois

sem ingestão não existe ganho!

Densidade energética, cabe decidir sobre o tipo de dieta a ser utilizado alto

grão ou alto volumoso, ou melhor dizendo alta densidade energética ou baixa

densidade energética.

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I SIMBOV – I Simpósio Matogrossense de bovinocultura de corte

Energia de Manutenção + Energia de Ganho, são os requerimentos

propriamente ditos que devem ser satisfeitos pelo consumo (ingestão) e

densidade nutricional da dieta.

2.1 Consumo

Os fatores que determinam a ingestão em geral estão ligados a

demanda de nutrientes para manutenção, potencial produtivo e capacidade

gastrointestinal. Para animais criados a pasto a maior limitação para ótimos

ganhos estará ligado a capacidade física de ingestão, sendo um peso maior a

esta característica quanto pior o pasto ofertado. Para animais confinados, em

especial a fase final de engorda, a demanda fisiológica para ganho, fatores

ambientais e dietéticos exercerão um grande papel no controle do consumo.

2.1.1 Fatores fisiológicos

Peso corporal e demanda produtiva

A relação entre tamanho e consumo é tema de muito debate,

capacidade gastrointestinal é relatada com exponencial 1 enquanto ingestão

energética 0,75 em relação ao peso vivo, ou seja animais mais leves teriam

renovação ou capacidade de ingestão diária maior do que animais mais

pesados. Preston (1972) concluiu que a ingestão de bovinos de corte pode ser

definida pela equação 95g x (Peso Vivo) 0,75 . Entretanto no momento em que

aumentamos a densidade energética das dietas, principalmente na fase final

de engorda, em algum momento fatores metabólicos passam a controlar o

consumo (figura 1), o uso da concentração energética da dieta representa

assim o efeito de taxa de passagem e fatores metabólicos no controle do

apetite. Avaliações de Owens e Gill (1982), Fox e Black (1984), e Plegge et al.

(1984) indicam que o consumo por unidade de peso metabólico passa a ter

queda a partir de 350 kg de peso vivo (na mesma equivalência de estrutura

corporal), estes trabalhos sugerem uma alteração na relação de tecido

magro/tecido gorduroso, ou mesmo uma redução na taxa de ganho a partir

deste ponto (figura 2). Desta forma o consumo pode estar ligado a dois fatores:

(1) fatores que acarretam variações de consumo independentemente da

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composição corporal, (2) fatores sensíveis ao acumulo de tecido gorduroso (

insulina, ou mesmo competição por espaço gastrointestinal)

Figura 1. Ralação entre concentração energética e consumo de MS de bovinos

em crescimento (adaptado de Predicting Feed Intake of Food-Producing

Animals – NRC 1987)

Figura 2. Relação entre estágio de crescimento, peso de novilhos e consumo

quando alimentados com dieta de alta concentração energética (adaptado de

Predicting Feed Intake of Food-Producing Animals – NRC 1987)

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Estrutura corporal e categoria animal

Animais de diferente estrutura corporal e sexo, terão pesos distintos

para o mesmo grau de acabamento, portanto é de se esperar que a ingestão

de alimentos sofra também alterações relacionadas a estes pesos (tabela 3).

Desta forma é importante usar tabela de ajustes para estrutura corporal e sexo,

considerando o animal padrão como novilho angus, afim de determinar o

momento correto para troca de dieta ou ajustes de consumo (tabela 1 e 2).

Estudos de Harpster (1978) com novilhas encontram consumo 3%

superior em relação a diversmos novilhos, quando comparados no mesmo

estágio de crescimento. Novilhas alimentadas para o mesmo grau de

acabamento (composição de tecido gorduroso) apresentaram consumo 5% a

maior quando comparados a novilhos, segundo estudo de Klosterman e Parker

(1976).

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Tabela 1. Estrutura corporal, raças e graus de musculosidade

Tabela 2. Ajustes de consumo para composição de gordura corporal (adaptado

de Predicting Feed Intake of Food-Producing Animals – NRC 1987)

Tabela 3. Ajustes de peso para estrutura corporal equivalente (adaptado de

Predicting Feed Intake of Food-Producing Animals – NRC 1987)

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Tratamento anterior

O NRC de 1984 conclui que animais jovens que iniciaram em dieta total

após permanecer um período a pasto consumiram aproximadamente 10%

mais alimentos durante o período de ganho compensatório, do que aqueles

que iniciaram em confinamento logo após o desmame. Abdala (1986) avaliou

que o tamanho do rumem aumenta rapidamente após período de restrição

alimentar, e que o período compensatório é precedido por um aumento na

demanda de nutrientes, influindo no aumento de apetite, bem como melhor

utilização dos nutrientes. Desta forma o conhecimento do tratamento anterior é

especialmente importante para o padrão de consumo esperado. Avaliou

também que animais saídos de pastagens de boa qualidade tiveram consumo

maior do que aqueles que passaram por uma restrição severa (seca). Gill et

al., comparando performance de animais confinados com tratamento posterior

de 84 dias ou 153 dias em pastagem deverão, não encontrou diferenças para

ganho de peso, eficiência alimentar ou qualidade de carcaça, da mesma forma

Brethour (1985) não notou diferença na performance carcaça de novilhos

recriados a taxas de 1,37, 1,75 ou 2,13 animais/há, no mesmo tipo de

pastagem.

J.S. Drouillard et al. ao trabalhar com ovinos em restrição protéica

(RP) e energética (RE) por um período de 5 a 6 semanas e posterior

confinamento observou no período restritivo para RP uma perda de peso

corporal seguida de diminuição do trato gastrointestinal e fígado, para RE não

houve perda acentuada de peso corporal mas também diminuição dos orgãos

digestivos esta menor do que a restrição protéica, sendo que ambos

tratamentos mobilizaram tecidos gordurosos durante o período de restrição.

Nestes tratamentos não houve ganho compensatório no retorno a alimentação,

fato explicado pela baixa capacidade de consumo observado, principalmente

nas duas semanas subsequentes ao ingresso em confinamento. (tabelas 4 e 5)

Conclui-se que a maximização do uso do ganho compensatório exige

condições mínimas do ambiente e ruminal e capacidade de ingestão, sem a

qual a adaptação ao novo patamar dietético levará a um retardamento no

consumo desejado e a perda de uma importante ferramenta nutricional, pois o

ganho compensatório se dá a troca crescente do nível alimentar (múltiplos da

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exigência de manutenção), aproveitando-se do menor requerimento de

mantença.

Tabela 4. Peso absoluto do fígado e sistemas gastrointestinal de ovinos.

Tratamento 1 (adaptado de: Growht, body composition and visceral organ mass

and metabolism in lambs during and after metabolizable protein or net energy

restrictions)

Tabela 5. Consumo, eficiência alimentar e protéica. Experimento 2 (adaptado

de: Growht, body composition and visceral organ mass and metabolism in

lambs during and after metabolizable protein or net energy restrictions)

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Raça

As diferenças de consumo entre raças de bovinos de corte estarão em

grande parte contempladas nos ajustes para peso maduro. As variações

decorrentes serão praticamente em virtude das diferentes taxas de ganho

imprimidas ou estágio de crescimento.

A grande exceção cabe aos Holteins, por não se enquadrarem como

bovinos para produção de carne. Vários autores sugerem o consumo 8%

superior em peso metabólico (PV 0,75) quando comparados a bovinos de corte

em mesmo estágio de crescimento, porém trabalhos de Thonney et al. (1981),

Fox e Black (1984) indica que este efeito é perdido quando os animais atingem

cerca de 450 kg de PV onde o consumo relativo destes animais decresce em

taxa mais elevada a medida que deposita tecido gorduroso, comparados a

novilhos produtores de carne.

2.1.2 Fatores ambientais

Temperatura

A interferência no consumo voluntário deverá ocorrer nas temperaturas

fora dos limites entre 15 e 250 C (figura 3), e pela exposição a ventos,

tormentas e lama. As correções do consumo são realizados geralmente com

duração mensal e não pontuais (tabela 6). A característica racial terá uma peso

muito grande nas respostas ambientais dos animais, variando segundo idade,

massa muscular, espessura do pelo, gordura de cobertura e densidade

energética da dieta. A presença de lama no piquete acima entre 10cm também

o poderá ocasionar redução de consumo, sendo importante observar o

comportamento dos animais no curral principalmente nos processos de

ruminação, a permanência de muitos animais em pé entre 11:00h e 14:00h é

um indicador de estresse e fatores de ajuste de (-) 15 a 30% sobre o consumo

deve ser avaliado.

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Figura 3. Influencia da temperatura sobre o consumo voluntário de MS

(adaptado de Predicting Feed Intake of Food-Producing Animals – NRC 1987)

Tabela 6. Ajustes de consumo por fatores ambientais MS (adaptado de

Predicting Feed Intake of Food-Producing Animals – NRC 1987)

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Fotoperíodo

Aparentemente existe uma relações ótima de luz e escuro durante as 24

horas do dia, ovinos e novilhas tiveram consumo 13% superior quando tratadas

em um relação 16 horas luz e 8 horas escuro. Novilhas tratadas sob regime de

8 horas luz e 16 horas escuro, iniciaram o consumo de alimentos uma a duas

horas antes do raiar do sol, e aquelas submetidas ao regime 16 horas sol e 8

horas escuro, somente iniciaram atividade de consumo em plena luz. O

fotoperíodo parece Ter um importante efeito independente de afetar o padrão

de consumo, dias curtos estimulam a formação de tecido gorduroso e dias

longos de tecido magro.

2.1.3 Fatores dietéticos

Água

Bovinos não lactantes consumirão ao menos 3 litros de água para cada

1 kg de MS á temperatura ambiental de 4,40 C e a partir deste ponto o

consumo de água terá incremento a medida do aumento da temperatura

ambiental. O rumem contém aproximadamente 85% de água, a água em

excesso adicionada ao rumem terá pequeno efeito sobre o consumo uma vez

que é rapidamente absorvida e excretada, entretanto sua falta trará graves

conseqüências no consumo.

Preservação de alimentos ensilados

Silagens com teor de MS abaixo de 30% e PH superior a 4,4 pode ser

indicativo fermentação proteolítica, formando aminas e exccesso de ácido

butírico, o que pode levar a redução no consumo.

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Proteína dietética e FDN

A falta de nitrogênio disponível no rumem para crescimento bacteriano

levará a uma queda de digestibilidade e consequente redução da taxa de

passagem, afetando desta forma o consumo. O requerimento de nitrogênio

para máximo crescimento bacteriano é definido a primeiramente pala matéria

organica digestível. Poppi e Maclennan (1995) apontam o valor de 210 gramas

de PB/KG matéria orgânica fermentável no rumem.

A digestibilidade dos alimentos que os ruminantes consomem esta

associada a cinética da sua digestão e sua passagem pelo rumem, havendo

estreita associação principalmente com a digestão de fibras, uma vez que esta

dificulta a taxa de desaparecimento de material do trato digestivo. O tempo de

retenção no aparelho digestivo é influenciado pelo nível de consumo,

características físicas da dieta e tempo de ruminação. O modelo sugere que o

consumo máximo de matéria seca digestível é afetado mais pela porção de

fibra indigestível e taxa de passagem que pelataxa de digestão de fibra. Para

vacas emlactação, o aumento de uma unidade na digestão do FDN da

forragem representou aumento de 0,17 kg na ingestão de MS e de 0,25 kg de

produção de leite.

Processamento dos alimentos

A redução das partículas e ruptura das estruturas celulares pela

moagem fina e peletização dos ingredientes fibrosos, reduz o tempo de

ruminação e aumenta a taxa de passagem e consequentemente consumo em

50%. Entretanto a digestibilidade é deprimida em 3 a 8% por cada múltipo de

mantença (referença de energia), mesmo assim a diegstibilidade da energia é

aumentada em função do aumento da formação de proprionato em detrimento

da redução de acetato.

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3. Densidade energética

As dietas de confinamento podem ser classificadas segundo a utilização

quantitativa de concentrados e volumosos, embora os critérios desta

classificação sejam muito discutidos, as dietas tipo alto concentrado (AC)

geralmente irão conter na base seca uma participação de concentrados

superior a 60% , ou oferta superior a 1,5% de concentrado sobre o peso vivo,

visto que níveis de NDT (energia) superiores a 68% passa a alterar a

composição da flora microbiana encontrada no rumem e também que a

obtenção do maior consumo relativo estaria em uma relação 60 concentrado:

40 volumoso.

A opção pela tecnologia a ser utilizada é afetada por vários fatores tais

como: conhecimento técnico, correta comparação entre preços e ingredientes,

metas de ganho de peso, grau de terminação e fundamentalmente produção e

disponibilidade de grão na região onde se confina.

Abaixo faremos a comparação entre as distintas tecnologias discorrendo os

pontos mais importantes de cada uma.

3.1.1Dieta convencional

As dietas convencionais ou de alto volumoso (AV) terão uma participação

expressiva de forragens (forrageira (alimento que possui em sua composição

FDN superior a 35%), o que do ponto de vista econômico passa a merecer

muita atenção visto sua contribuição energética na dieta. Na tabela 01

podemos verificar a participação relativa de energia fornecida pelo volumoso

em simulação com a máxima participação deste ingrediente.

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Tabela 1. Contribuição energética da forragem em simulação considerando

dieta para bovinos de corte com peso de entrada de 360 kg, saída de 480 kg,

ganho médio diário de 1,4 kg e IMS de 10 kg

Silagem de

capim

Cana-de-

açúcar

Silagem de

Sorgo

Silagem de

milho

Inclusão

(base mat.

seca)

40% 45% 48% 58%

Contribuição

de energia na

dieta ingerida

30% 38% 41% 53%

Dados: fórmulas pessoais

Conscientes da importância da forragem neste tipo de dieta, a busca

da qualidade em qualquer espécie de sua escolha é de extrema relevância,

pois é o ingrediente produzido localmente que sofre interferência direta da

experiência e qualificação do produtor. Uma vez que a digestão dos

componentes do conteúdo celular (carbohidratos não estruturais, proteína e

gordura) das plantas é relativamente alto, por volta de 85%, e o NDF (parede

celular) situa-se entre 40 a 70%, percebe-se a importância em se trabalhar com

materiais genéticos que sejam economicamente vantajosos e principalmente

operações agrícolas que permitam corte no tempo certo afim de colher o

material escolhido na fase fisiológica de maior interesse sob o ponto de vista de

digestibilidade e consequentemente valorização energética da forragem. O

tempo de retenção da fibra no rumem ou o período em que as fibras são

expostas aos processos fibrolíticos também é influenciado pelo tamanho da

partícula de ingresso, capacidade de redução da partícula (mastigação),

densidade da partícula e taxa de digestão (R.A. Zinn, L. Corona and R. A.

Ware).

Tabela 2. Classificação da qualidade da forragem (adaptado de: Forage quality

tests and interpretations)

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Classe valor

relativo (1)

FDA (2) FDN (3) Digestib. MS

(4)

Consu

mo

(% PV)

(5)

% of DM

Prime >151 <31 <40 >65 >3.0

1 151-125 31-35 40-46 62-65 3.0-2.6

2 124-103 36-40 47-53 58-61 2.5-2.3

3 102-87 41-42 54-60 56-57 2.2-2.0

4 86-75 43-45 61-65 53-55 1.9-1.8

5 <75 >45 >65 <53 <1.8

(1) valor relativo, calculado de (digest. MS/consumo voluntário)/ 1,29.

Referência 100= FDA = 41% e FDN = 53%

(2) FDA = fibra detergente ácido, e (3) FDN = fibra detergente neutro

(4) digestib. MS (%) = 88.9 - (.779 X FDA%)

(5) Consumo (% PV) = 120 / FDN foragem NDF (% of MS)

Do ponto de vista de consumo voluntário as dietas tipo AV deverão ter

uma preocupação maior quanto ao fornecimento, pois a densidade energética

da dieta é relativamente baixa e a limitação do consumo voluntário poderá

exercer uma restrição sobre ganho de peso. Neste tipo de dieta a preocupação

com maior número de tratos é importante, procurando-se estimular o consumo

através de sua várias vezes ao dia (em média 05 tratos diários são

recomendados) evitando-se também a perda da dieta pelo acúmulo não

consumido e passível de fermentação no cocho.

Ao ingressar no rumem as partículas poderão sair pela associação de

dois fatores: digestão da matéria orgânica (61 a 85%) e redução de partículas

ao tamanho de 1,18 mm. Sendo assim a associação de alimentos terá grande

influência na digestibilidade, consumo e perfil final de ácidos graxos voláteis.

Tomando como base o nível de fibra da dieta e sua influencia na taxa

de passagem (%/h), a tabela 3 abaixo propõe a relação entre participação de

concentrado e taxa de passagem das fração líquida, concentrado e volumoso,

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sugerindo que a inclusão de concentrado estaria mais adequada para as

faixas que variam de 20 a 80 % de concentrado. _

Tabela 3. Proporção de concentrado na dieta e sua relação com taxa de

passagem (%/h)

_______taxa de passagem, %/hr______

% [ ] / MS dieta Volume, l Líquida Concentrado Foragem

< 20 51.9 8.4 5.0 3.1

20 – 50 50.9 8.0 6.9 3.7

50 – 80 54.7 6.7 3.4 3.5

> 80 39.2 5.2 3.1 2.9

Trabalhando com novilhos mestiços castrados Simental/Nelore

suplementados com níveis de concentrados de 25, 37,5,50,62,5 e 75% ,

Valadares S.C. et al. (2000) encontrou taxas de passagem de 5.2, 5.2, 5.5, 5.5

e 4.2 %/hora respectivamente, concluindo que máxima eficiência microbiana

ocorreu por volta de 52 a 60% de concentrado/ kgMS. (tabela 4)

Tabela 4.

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Neste tipo de dieta as formulações geralmente estão limitadas a 1,4 kg

animal/dia, levando a um período maior de permanência no cocho e muitas

vezes limitando o chamado giro de animais, ou capacidade de utilização da

estrutura de confinamento por uma quantidade maior de animais no período

estival do ano (seca).

3.1.2Dieta alto concentrado

As dietas tipo AC passaram a ter uma maior aceitação no país após 2001

pelo aumento da produção agrícola (figura 1) e conseqüente oferta de

resíduos ou mesmo disponibilidade constante de ingredientes mais nobres.

Figura 1. Produção brasileira de milho e soja (IBGE)

Este tipo de dieta terá uma participação expressiva de grãos e/ou seus

subprodutos, exigindo do produtor uma melhor compreensão do

comportamento de preços, fluxo da exportação e política cambial, que

resultarão em compra, acordos comerciais e estoques estratégicos (figura 2).

0

10.000.000

20.000.000

30.000.000

40.000.000

50.000.000

60.000.000

ton.

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

milho

soja

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Figura 2. Valor da saca de milho (R$/60 kg) da região da Alta Mogiana –

SP entre 2002 e 2007, nos meses de janeiro a dezembro. (fonte: Intituto de

Econonia Agrícola)

A qualidade do volumoso é de menor relevância devido a baixa

contribuição energética que confere a dieta, isto devido a pouca quantidade

que normalmente é utilizado. Na tabela 05 podemos verificar a participação

relativa de energia fornecida pelo volumoso na simulação de inclusão deste

ingrediente.

0

5

10

15

20

25

30

2002 2003 2004 2005 2006 2007

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

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Tabela 5. Contribuição energética da forragem em simulação considerando

dieta para bovinos de corte com peso de entrada de 360 kg, saída de 480 kg,

ganho médio diário de 1,6 kg e IMS de 9,5kg

Silagem de

capim

Cana-de-açúcar Silagem de

Sorgo

Silagem

de milho

Inclusão

(base mat.

seca)

15% 17% 18%

33%

Contribuição

de energia

na dieta

ingerida

11% 13% 14% 28%

Dados: fórmulas pessoais

Nas dietas tipo AG, o que importa é a conversão alimentar ou seja a

quantidade de alimentos ingerido para se gerar carcassa ou ganho de peso

vivo. Uma vez que a densidade energética é determinada pela proporção direta

do uso de grãos, o plano nutricional recai na determinação do ponto econômico

ótimo entre consumo/energia da dieta e preço dos ingredientes. Na figura 03

podemos observar o efeito da quantidade de alimentos definidos para o mesmo

ganho de peso, e compreender ,melhor o conceito de eficiência alimentar, em

um plano nutricional.

Figura 03. Definição de diferentes dietas para o mesmo ganho de peso

1 2 3

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A quantidade de alimento dos planos nutricionais, neste caso são, 20 kg,

15 kg e 10 kg, respectivamente para as fotos 1, 2 e 3. Uma clara visão do

efeito da densidade energértica, consumo e conversão A opção de uso das

fórmulas acima será baseado no resultado econômico final e não custos por kg

de dieta isolados do consumo total.

Trabalho de George W. Jesse,G.B. Thompson, J.L.Clark, H.B Hedrick e

K.G. Weimer observando a formação dos tecidos corporais (proteína, gordura,

água e cinzas) sob. diferentes planos de alimentação para novilhos da raça

Hereford, e utilizando dietas tradicionais ou de alto concentrado (+

energéticas), na proporção de volumoso (silagem de milho):concentrado na

relação 70:30, 50:50, 30:70, 20:80, para bovinos com ingresso no confinamento

aos 277 kg e abates com 341, 454 e 545 kg peso vivo, não encontrou

diferenças quanto a composição corporal para abate nas mesmas faixas de.

Encontrando sim diferenças marcantes de nível de acabamento com % de

gordura na carcaça de 21.21, 31.74 e 38.11, para abates com 341, 454 e 545

kg de peso vivo respectivamente (tabela 6). No entanto R.L.Walderman,

W.J.Tyler e V.H.Brungardt ao comparar o efeito da oferta de dieta de alta

energia (H) e a mesma dieta com restrição de 60 a 70 % da oferta (M), com

bezerros da raça Holstein com inicio do tratamento ao desmame e abate aos

91, 277, 341, 455 e 590 kg de peso vivo, chegou a resultados diferentes

quanto aos mesmos tecidos analisados, sendo que para % gordura achou

discrepância de 10,2 (H) e 4,8 (M) aos 91 kg de peso vivo, 16 (H) e 13,3 (M)

aos 277 kg de peso vivo, 27,8(H) e 21,5 (M) aos 341 kg de peso vivo, 35,6 (H)

e 28,6 (M) para 455 kg de peso vivo e 40,2 (H) e 32,2 (M) para 590 kg de peso

vivo (tabela 7). A diferença medida em dias para que os pesos vivos (kg) dos

tratamentos (H) e (M) se equiparassem foram de 3.23, 30.57, 90.60, 166,87 e

117,13 dias, para 91, 277, 341, 455 e 590 kg de peso vivo respectivamente.

A composição dos tecidos no momento do abate terá uma relevância

muito grande quanto ao rendimento de carcaça, que por si é um dos atributos

econômicos de maior peso visto sua correlação com peso de abate e

qualidade da mesma. Revisão de 552 trabalhos científicos realizados F.H.

Owens e B. A. Gardner (figura 4), sobre os diversos fatores que interferem na

qualidade e composição da carcaça, mostraram que os fatores que mais

interferiram positivamente no rendimento foram: maior peso a entrada (292 vs.

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359 kg peso vivo), maior tempo de confinamento (112 vs. 171 dias) e dietas

mais protéicas (11,3 vs. 13,4% proteína bruta na MS). Avaliando nível

energético, as dietas próximas a 90% de concentrado foram mais benéficas

(81,2 vs. 90,9 % de [ ] na MS), sendo que os teores de extrato etéreo ao redor

de 4,4% também estão relacionados a melhoria do rendimento. O rendimento

geralmente é atribuído a gordura de cobertura presente na carcaça, entretanto

sua correlação com área de contrafilé é ainda maior (tabela 8), desta forma

tanto massa muscular quanto adiposa são importantes para a característica do

rendimento.

Podemos concluir que na fase final de engorda dietas de alto teor de

concentrado são extremamente benéficas na velocidade de terminação,

entretanto o aumento do número de dias confinados sob dietas tradicionais

provavelmente produzirá o mesmo efeito no nível de acabamento, respeitado o

peso ótimo de abate. O uso de dietas de alto concentrado na garantia da

obtenção da carcaça de melhor acabamento se dará ao trabalhar-se com

animais jovens. Importante lembrar que a gordura de acabamento é um dos

atributos da carcaça, não representando por si só a qualidade da carcaça, a

esta característica deverá ser somada gordura intramuscular e tipo de colágeno

(decorrente da taxa de ganho), altamente favorecidas pelas deitas tipo alto

concentrado.

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Tabela 6. Efeito da energia e ponto de abate na composição da carcaça de

bovinos (adaptado de : Effetcs of ration energy and slaughter wheight on

composition of empty body and carcass gain of beef cattle)

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Tabela 7. Efeito do regime alimentar sobre composição de carcaça de

bovinos (adaptado de: Change in the carcass composition of holstein steer

associated with ration energy levels and growth)

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Figura 4. Respostas do rendimento de carcaça (%) sob vários sistemas de

manejo e fatores dietéticos. (adaptado de: A review of the impact of feedlot

management and nutrition on carcass measurements of feelot cattle)

Do ponto de vista de consumo voluntário, as dietas tipo AG não trarão

desafios quanto a capacidade do animal em ingerir a quantidade de alimento

da dieta formulada, facilitando a obtenção dos resultados pretendidos. Sua

oferta normalmente é feita em dois a três tratos diários e o risco recai no

controle da oferta de alimentos, principalmente se a dieta AG for de alto

potencial de fermentação ruminal (grande quantidade de milho/sorgo e baixo

em casca de soja/polpa cítrica). O uso de balanças no caminhão distribuidor é

de excelente valia.

Neste tipo de dieta as formulações são para 1,6 kg animal/dia, levando a

um período menor de permanência no cocho, facilitando o giro de animais, ou

capacidade de utilização da estrutura de confinamento por uma quantidade

maior de animais.

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3.1.3 Dieta alta energia

A maior eficiência no uso de dietas de alta energia, pode ser explica

principalmente por dois fatores:

(1) a energia de ganho e manutenção tem em suas equações o coeficiente

de metabolizabilidade como indicativo de eficiência no uso (aproveitamento) da

energia ingerida, e este em especial é vinculado a concentração energética,

sendo assim quanto maior a concentração energética da dieta mais eficiente

ela é, e por conseguinte menor a ingestão necessária para o mesmo ganho

(figura 5), podendo ser observado eficiência no uso da energia de

aproximadamente 10% quando comparado dieta de 10,5 MJ EM/kg MS com a

de 12,3 MJ EM/kg MS.

Figura 5. Efeito da densidade energética e eficiência alimentar da MS em

simulação para bovinos com PV inicial e final de 360 e 510 kg respectivamente

e GMD de 1,5 kg (simulação do autor)

9,5

10

10,5

11

11,5

12

12,5

EM MJ

8,5 9

9,5 10

10,5 11

KG MS

[ ] EM MJ

98

100102104

106108110

112114116

118

EM MJ

8,5 9 9,5 10 10,5 11

KG MS

Total EMingerido

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(2) a inversão na proporção acetato : propionato, que em dietas tradicionais

situa-se na relação 3:1 e em dietas de alta energia na relação 1:1.

Experimentos conduzido por T.S. Rumsay, P.ª Putnam,J. Bond e R.R.Oltjen,

avaliando a influência do nível de oferta e tipo de dieta (volumoso versus alta

energia) sobre os parâmetros de PH e acidos graxos voláteis, verificaram que

a alteração do nível de oferta (IMS) de dietas de alta energia influenciam

sobremaneira a relação dos ácidos c2 (acético) e c3 (propiônico), e em muito

menor importância aqueles sob efeito de dieta de volumoso (tabela 8). Esta

observação é de suma importância considerando que a rotina de fornecimento

deve ser muito bem observada em dietas tipo alta energia.

A gliconeogenese para bovinos de corte é cada vez mais revisada e

conclui-se que tem praticamente a mesma escala de importância que para

monogástricos. A maior parte (40 a 70%) do carbono precursor da

gliconeogenese dos ruminates é derivado do ácido propiônico e aminoácidos

glicogênicos, menos da 10% da glicose total necessária é absorvida vita trato

intestinal, sendo assim os produtos finais da fermentação ruminal são de

extrema relevância.

Tabela 8. Efeito da dieta e nível de oferta (% MS PV) sobre o PH e acidos

graxos voláteis. (adaptado de: Influence of level and type of diet on ruminal PH

and VFA, respiratory rate and EKG patterns of steers)

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Na busca do limite máximo do uso da energia em dietas de final de

engorda, ou seja, melhor densidade energética para ganho de peso e eficiência

alimentar, C.R. Krehbiel et. al., avaliando resultados de 49 experimentos,

chegaram ao valor de 3.16 (aproximadamente 80% NDT) e 3,45 Mcal EM/kg

MS (aproximadamente 88% NDT), para ganho de peso e conversão

(ganho/ingestão) respectivamente (figuras 6, 7 e 8). Sendo que para obtenção

da máxima eficiência de conversão os níveis energéticos somente serão

atendidos via tratamento a vapor dos grãos para maior aproveitamento de seus

nutrientes ou do uso de silagem de grão úmido. Avaliaram ainda que o ponto

de máxima conversão provou ser o mesmo da melhor composição de tecidos,

rendimento industrial e cortes de valores desejados comercialmente.

Figura 6. Relação entre densidade energética (Mcal EM/kg MS) e ganho de

peso (kg), sendo a energia calculada por uso da tabela de ingredientes do NRC

1996. (adaptado de: An upper limit for caloric density of finishing diets)

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Figura 6. Relação entre densidade energética (Mcal EM/kg MS) e conversão

(kg peso ganho/kg MS ingerido), sendo a energia tomada por valores de tabela

citados em literatura (Owens e Zinn). (adaptado de: An upper limit for caloric

density of finishing diets)

4. Estratégias para taxas de crescimento

Rotineiramente para a fase final de terminação, animais com peso vivo

superior a 350 kg (fazer as condições para estrutura corporal, raças e sexo), é

feira uma única dieta ou se necessário duas ou mais cuja única função é a de

adaptação a dieta final, entretanto duas dietas podem ocorrer por uma questão

de busca de ganhos iniciais menores e subsequente dieta mais energética a

fim de obter um peso de abate a uma data pré determinada, geralmente mais

longa. De qualquer forma quando o período de confinamento ultrapassa a 100

- 120 dias ou mesmo a idade de ingresso for menor do que 350 kg, a

programação de diferentes taxas de ganho (ou seja dietas) pode se fazer

necessário. F.S. Loerch e F.L. Fluharty (1982), trabalhando com diferentes

taxas de ganho para novilhos cruzados (Continental x Britânico) com peso de

ingresso aos 300 kg e abate programado para 540 kg, procuraram a avaliar

performance e características de carcaça sob o efeito de taxas fixas e máximas

de ganho (ad libitum) e diferentes programas nutricionais que podem ser

visualizados na tabela 1 abaixo.

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Tabela 1. Taxas de ganho e fases do experimento

Sistema de terminação

Ganho

crescente

Ganho

decrescente

Ganho

constante

Ganho

máximo

Período Ganho previsto (kg/dia)

1

(300 – 397 kg

peso vivo)

1,13 Máximo 1,36 Máximo

2

(397 – 488 kg

peso vivo)

1,36 1,36 1,36 Máximo

3

(488 – 540 kg

peso vivo)

Máximo 1,13 1,36 Máximo

A conclusão a que chegaram os autores foi de que restrição inicial (70

dias) precedida de maiores taxas de ganho nos últimos 100 dias não interferiu

na performance dos animais (tabela 2 e 3) quando comparados com os

tratamentos para ganhos máximos desde o início e que programa de

alimentação com taxas de ganho escalonadas e crescentes melhoraram a

conversão, originando uma economia de 109 kg de MS/animal no período

quando comparado aos animais alimentados a vontade. Desta forma conclui-

se que aproveitar o efeito do ganho compensatório entre fases de crescimento

ou mesmo dentro de uma mesma fase de crescimento ou terminação é uma

importante ferramenta nutricional, desde que exista tempo de permanência

para exercita-la. Ao contrário, confinamentos de curta duração, permanência

abaixo de 80 - 100 dias, devem tentar imprimir maiores taxas de ganho e

buscar maximizar consumo de MS.

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Tabela 2. Efeito da taxa de ganho crescente e decrescente na performance de

bovinos confinados. Experimento 2 (adaptado de: Effects of programming

intake on performance and carcass characteristics of feedlot cattle)

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Tabela 3. Efeito da taxa de ganho crescente e decrescente na carcaça de

bovinos confinados. Experimento 2 (adaptado de: Effects of programming

intake on performance and carcass characteristics of feedlot cattle)

5. Programação da oferta de alimentos (leitura de cocho)

Pela literatura norte americana até a década de 70 as discussões sobre

manejo de cocho eram principalmente quanto a freqüência de oferta, na

década de 80 a restrição da quantidade a ser ofertada passou a ser melhor

estudada e na década de 90, a variabilidade do consumo individual foi

adicionado a discussão. Naquele país, no decorrer destas discussões mais e

mais dados passaram a ser computados e constantemente avaliados e ações

tomadas, pois “não se melhora o que não se mede” , e talvez esta seja a

melhor contribuição para evolução da tecnologia de confinamento de bovinos

de corte entre os países produtores.

É geralmente reconhecido que a oferta errática de alimentos são

indesejáveis, especialmente em dietas tipo alto concentrado e alta energia,

entretanto seus limites ainda são questionados. Galeyan et. al. (1972),

encontrou queda de 7% na eficiência de ganho quando as variações de

consumo foram ao redor de 20% /dia, mas não observou diferenças quando as

variações foram realizadas semanalmente. Zin (1994) não encontrou

diferenças quando nas mesmas variações diárias do trabalho citado

anteriormente, entretanto ambos trabalhos trabalhavam com restrição de

oferta, de forma que Galeyan ao nível de GMD de 1,45 kg e Zinn 1,09 kg, desta

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forma os animais submetidos a um maior ganho recebiam uma quantidade de

alimento capaz que trazer maior desordem metabólica e consequentemente

prejuízo em ganho. Outro ponto é que as variações provocadas foram

sistemáticas, ou seja programadas para ocorrerem na mesma hora e

seqüência, desta forma existe uma pré disposição dos animais para adaptação

a este manejo. De qualquer forma o importante é ter claro a importância do

controle da variação de consumo dentro do mesmo lote, Hicks et. al (1989)

notou que 7 a 18% dos indivíduos do mesmo lote não visitam o cocho em um

período de 24 horas, provavelmente por uma sobrecarga alimentar. Restrição

alimentar, oferta programada e consistente dia a dia podem ser mecanismos

para redução de problemas potencias.

5.1 Maior o consumo maior o ganho?

Considerando correto o conceito que uma quantidade de energia

constante é necessária para a exigência básica de manutenção do animal,

tudo que estiver sendo ingerido acima disto, deverá ser depositado como

massa corporal e gordura. Baseado neste princípio, a lógica nos leva a crer

que quanto maior o consumo maior, maior ganho. De fato, o “princípio da

ingestão máxima” é verdadeiro, mas segue a lei dos rendimentos

decrescentes, ou seja menos que proporcional ao alimento ingerido. Após certo

patamar dito ótimo, o maior consumo traduz maior ganho, entretanto

relativamente menor do que o consumido, isto devido a própria limitação

biológica do animal em aproveitar o excesso de alimento disponível. Trabalhos

avaliando efeito da restrição alimentar de 10 a 20% sobre o GPD e eficiência

alimentar realizados no OARCD Beef Center (Ohio State University), para

bovinos com previsão de abates de 517 kg com dietas altamente energéticas

(>85% de concentrado na IMS), encontraram diferença de GPD de 90 gramas

para os animais alimentados a vontade frente a cada restrição de 10% de

consumo, entretanto economia de 50 a 125 kg de MS para os animais

restritos, ou seja o consumo ótimo nos leva a ganhos maiores mas a restrição

nos levou a eficiência máxima. Isto deve ser levado em consideração

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principalmente quando o custo dos alimentos estão em alta e alternativas são

solicitadas.

A opção do princípio da restrição alimentar ou do máximo consumo deve

levar em consideração o tipo de dieta formulada: alta energia vrs. baixa

energia.

Dietas com alta energia levam a limitação de consumo por mecanismo

químico, ou seja uma satisfação energética das exigências requeridas. Uma

vez que a obtenção de consumos ótimos não é problema para este tipo de

dieta, a restrição alimentar poder ser uma ferramenta poderosa para

maximização da resposta biológica, Fred Owens (1994) sugere que em uma

dieta altamente energéticas talvez fosse interessante realizar um menor

número de tratos (ou 1 só), a fim de não incentivarmos a máxima ingestão. Por

sua vez dietas de baixa energia (proporção de volumosos acima de 55%),

atinge a limitação de consumo por mecanismos físicos, através da distensão

ruminal (preenchimento). Desta forma dietas desta natureza dificultam a

obtenção de consumos ótimos e um programa de restrição pode comprometer

totalmente o GPD pretendido, afetando desta forma a eficiência alimentar.

Interessante que para seleção de animais, no caso de dietas ricas em

concentrados, podemos selecionar os animais com o critério de alta taxa de

ganho e eficiência, mas no caso das dietas com menor concentração

energética (dietas com volumosos em boa quantidade), devemos selecionar os

animais com base na maior ingestão possível. Isto é mais verdade quanto pior

forem os volumosos utilizados no segundo caso.

Algumas das razões para que a eficiência alimentar seja aumentada em

um esquema de ingestão limitada, de dietas alta energia, são:

aumento geral da digestibilidade: com menor ingestão, a taxa de passagem

é menor e a digestibilidade usualmente aumenta. Em altas ingestões de

alimentos, particularmente com poucos grãos processados (ex: milho

laminado), há grandes excreções de grão no esterco;

diminuição da seleção dos alimentos misturados (dieta total): com isto a

tendência é que todos os bocados tenham a mesma característica nutricional e

podem ser mastigados minuciosamente antes da ingestão, fatores que

aumentariam a eficiência ruminal;

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diminuição dos requerimentos de mantença devido a diminuição do tamanho

de órgãos que demandam muita energia , como fígado e trato digestivo

De forma geral, os princípios devem ser adequados para a realidade de

cada planejamento nutricional, levando-se em conta tipo de dieta formulada e

consumo dos nutrientes formulados, e expectativa de lucro esperado, dados as

variáveis de mercado (preço de venda e insumos).

5.2 Número de tratos diários?

A princípio, para esta resposta duas perguntas devem ser respondidas:

- Tipo e quantidade de equipamentos?

- tipo de dieta, alto volumoso ou alto concentrado?

Na prática, a logística e estabilidade do alimento são os fatores que

realmente ditam quantos tratos devemos fornecer

Dietas tipo alto concentrado, traduzem uma quantidade reduzida de

alimentos para consumo, geralmente não superior a 3% (MO) do PV, e via de

regra de baixa fermentação por possuir pouca umidade, facilitando as

operações para sua distribuição. Neste caso a distribuição do alimento poderia

ser feito até uma vez ao dia, entretanto observa-se, por questões logísticas que

duas a três vezes ao dia são as consideradas mais adequadas.

Dietas tipo alto volumoso representam uma quantidade de alimento

muito alta a ser fornecida, geralmente 5% (MO) do PV, por este fato tendem a

ter maior umidade e consequentemente maior facilidade de fermentação, o uso

de silagens com teores de matéria seca menores do que 30% é um atenuante

pois o potencial de instabilidade no cocho é aumentado assim como de uma

fermentação tipo butírica, recomendando-se um maior número de tratos por

dia. Na literatura indica-se ao menos dois tratos diários entretanto encontra-se

facilmente cinco tratos diários, muitos decorrentes das limitações operacionais.

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Animais confinados com acesso irrestrito ao cocho vão tender a ter os

picos de ingestão próximos ao inicio do dia e perto do por do sol, horários estes

muito próximos ao encontrado no ambiente natural quando a pasto.

Apesar de existir a tendência de os animais irem ao cocho por um

estímulo externo (caminhão de trato, limpeza de cocho...), os animais

geralmente ficam condicionados a ingerir alimentos em determinadas horas do

dia. Isto significa que o trato deve ser sempre passado nos mesmos horários e

esta regularidade de fornecimento é fator imperativo para altas performances

de GPD. Algumas regras definem como o tempo de 1:30h com o máximo entre

o início e o término de um determinado horário de trato, estabelecendo assim

um critério para evitar queda de consumo para os últimos lotes tratados

evitando uma maior ansiedade e fornecimento da dieta em horários

indesejados. Tratos irregulares ,tendem a promover um consumo muito rápido

do alimento ocasionando acidose sub-clínica e variações de GPD dentro do

próprio lote (maior número de refugos). Tratos entre 11:00h e 13:00h, que

corresponde ao horário mais quente do dia, também são desaconselhados pois

a estas horas o animal procura evitar o consumo que trará conquência no

aumento da temperatura corporal pelos processos de fermentação da ingesta.

75.3 Evitando distúrbios metabólicos

A ferramenta de leitura de cocho e fornecimento ajustado de alimentos

vem de encontro a esta necessidade, e basicamente é ferramenta obrigatória

para dietas tipo alta energia. Ao se alterar uma dieta com 20 a 30% de

volumoso para outra de menos de 10% de volumoso, tiramos do animal a

habilidade natural para controle do PH ruminal e de certa forma assumimos

esta responsabilidade.

A leitura de cocho possui um sistema de notas, onde a premissa básica

é limitar o incremento diário de ingestão diária de alimentos a no máximos

10%, evitando assim flutuações no consumo decorrentes da super oferta de

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alimentos com alto poder de fermentação no rúmen e consequentemente

reduções bruscas no PH.

As notas atribuídas ao cocho geralmente são:

- Zero, sem alimentos remanescentes, ou restos que não representam

a dieta (figura 1)

- ½, presença esparsa de comida no cocho e fundo do mesmo bem

visível (figua 2)

- 1, camada fina de alimentos praticamente em toda linha de cocho

(figura 3)

- 2, 25 a 50% do alimento remanescente (figura 4)

- 3, superfície do alimento tocada, entretanto com mais de 50%

remanescente

- 4, alimento virtualmente intocado

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Figura 1. Cocho nota Zero (referencia: dados do autor)

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Figura 2. Cocho nota 1/2 (referencia: dados do autor)

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Figura 3. Cocho nota 1 (referencia: dados do autor)

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Figura 4. Cocho nota 2 (referencia: dados do autor)

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Existem grandes variações quanto a quantidade de alimento a ser

aumentada ou diminuída a cada nota, bem como a prevalência de notas iguais

durante mais de um dia para tomada de decisão e também o número de

observações durante o dia. Não existindo certo ou errado e sim a interpretação

pessoal do responsável pelo manejo, observadas a premissa básica do não

incremento de mais de 5 a 10% no fornecimento de alimentos, quando os

animais procurarem por um maior consumo.

Este sistema, mesmo desenhado para dietas de alta energia tem se

mostrado altamente interessante para dietas de alto concentrado e ou alto

volumoso utilizados no Brasil. A razão simples é o controle da oferta reduzindo

desperdícios e predição de ganhos. Na figura 05, encontra-se trabalho de

implantação deste sistema avaliando a flutuação de consumo observada em

nos dois sistemas.

Figura 5. Implantação do sistema de fornecimento de dieta via leitura de cocho

vrs. a vontade sem leitura de cocho, em confinamento comercial de SP, em

dieta tipo 70% grão:30% concentrado.

Referência: dados do autor

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

curral 40

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

variação %

dias amostrados

OFERTA ad libitum sem controle de oferta19 de fevereiro a 12 de março curral 24

curral 40

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

curral 41

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

variação %

dias amostrados

OFERTA ad libitum com controle da oferta06 de fevereiro a 05 de março

curral 17

curral 41

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I SIMBOV – I Simpósio Matogrossense de bovinocultura de corte

5.4 Como ter certeza do correto manejo da oferta de alimentos?

Medindo! Não existe maneira mais segura do que a mensuração do

consumo e comparação com o planejamento nutriconal desenhado. A

utilização de programas específicos ou mesmo planilhas eletrônicas são

insubstituíveis.

Sendo a alimentação responsável por 80 a 90% do custo de produção

de animais confinados, torna-se imperativo o melhor controle desta informação.

A ausência de dados para adoção de melhorias ou mesmo para conferir seus

progressos, nada mais é do que um palpite. A adoção de ferramentas que

permite avaliar eficiência deixa de ser opcional e torna-se parte integral do

sistema de produção.

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I SIMBOV – I Simpósio Matogrossense de bovinocultura de corte

8. Literatura Consultada

Anualpec 2006, FNP

B.W. McBride and J.M. Kelly, Energy cost of absortion and metabolism in the ruminant gastrointestinal tract and liver: a review

C.R. Krehbiel et. al., An upper limit for caloric density of finishing diets

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F.H. Owens e B. A. Gardner, A review of the impact of feedlot management and nutrition on carcass measurements of feelot cattle.

F.N.Owens, P. Dubeskiand C.F.Hanson, Growth and development of ruminants – California Animal Nutrition Conference 1993

Felício, P.E., Perspectivas para tipificação de carcaça no Brasil – I Simpósio internacional sobre tendências e perspectivas da cadeia produtiva de carne bovina (SIMPOCARNE 1999)

George W. Jesse,G.B. Thompson, J.L.Clark, H.B Hedrick e K.G. Weimer, Effetcs of ration energy and slaughter wheight on composition of empty body and carcass gain of beef cattle

Indicadores IBGE – Estatísticas da produção pecuária (dez – 2007)

J.G. Linn and N.P. Martin . Forage quality tests and interpretations (1999)

J.S. Drouillard and G.L.Gill, Effects of previous grazing nutrition and management on feedlot performance cattle

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Nutrição de Ruminantes, FUNEP 2006

Pineda N.R., Influencia do Zebu na produção de carne no Brasil, III Simpósio nacional de melhoramento animal

por T.S. Rumsay, P.ª Putnam,J. Bond e R.R.Oltjen, Influence of level and type of diet on ruminal PH and VFA, respiratory rate and EKG patterns of steers

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R.A. Zinn, L. Corona and R. A. Ware, Forrage quality: impacts on cattle performance and economics

NRC 1996

R.L.Walderman, W.J.Tyler e V.H.Brungardt, Influence of level and type of diet on ruminal PH and VFA, respiratory rate and EKG patterns of steers

Valadares S.C. et al. (2000), Níveis de concentrado em dietas de novilhos mestiços F1 Smental x Nelore. Balanço nitrogenado, eficiência microbiana e parâmentros ruminais.

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J.A. Freitas et. al. Composição corporal e exigência de energia de manutença em bovinos Nelores, puros mestiços, em confinamento (2006)

G.L. Minish and D.G Fox, Beef cattle production and management (1982)

F.S. Loerch e F.L. Fluharty (1982), Effects of programming intake on performance and carcass characteristics of feedlot cattle

Robbi H. Pritchard, Bunk Management – Observation from research

Feedlot Management Primer, Ohio State University

Predicting Feed Intake of Food-Producing Animals, NRC

Feedbunk Management, Dan Loy Extension - Beef Specialist, Iowa State University

Acidosis And Feedbunk Management Of Feedlots Cattle, Robbi H. Prichard, South Dakota State University

Manejo de Cocho é Verdadeira Arte, DBO junho 2006