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Os desafios para disseminação da modelagem da matéria orgânica do solo no Brasil
Carlos Gustavo Tornquist DSOLOS / PPG Ciência do Solo – UFRGS Porto Alegre, RS [email protected]
Modelos de Simulação
• Definição
“ forma de síntese e integração do conhecimento naturalmente
relacionada com o estudo de sistemas.”
Smeck, Runge and Mackintosh, 1983.
• Desenvolvimento
observação e caracterização do sistema > pressuposições sobre
o funcionamento > formulações matemáticas > “tradução” em
um programa computacional > aplicações
• “Modelo é simplesmente um sinônimo pretencioso para teoria”
Philip , 1991.
APLICAÇÃO DE MODELOS DE COS
- Modelos permitem integrar
relações (empíricas) universais
e locais buscando
extrapolação “espaço-temporal”
(caráter preditivo)
loc1 loc2
loc3
loc4
Modelo desenvolvido, calibrado e validado para uma região/ecossistemas
• “ a modelagem é parte essencial e inseparável de toda a
atividade científica e intelectual.”
• “ a utilização de modelos requer capacidade de
entender a dinâmica de sistemas complexos e avaliar se as
pressuposições são corretas e completas”
• “ os modeladores devem priorizar a Ciência e não a
Matemática. A melhor matemática nunca salvará um modelo
conceitualmente incorreto!”
Silvert, 2001.
Considerações
• Modelos limitam o avanço do conhecimento se
forem aceitos como fato ou mesmo
representação da realidade, e não como fonte
de hipóteses...
• O caráter heurístico deve ser intrínseco.
• Um modelo não deve ser usado e muito
menos criticado por não fazer coisas para
as quais não foi desenvolvido!
Cuidado!
MODELOS DE SIMULAÇÃO DA DINÂMICA DA M.O.S
Exemplos:
• (DNDC) DeNitrificationSDeComposition
• (EPIC) Environmental Policy Impact Climate
• RothC
• Century/DayCent
• CQUESTR
• COMET VR
APLICAÇÃO DE MODELOS:
Century
Origem
• NREL (Laboratório Ecologia dos Recursos Naturais)
– W. Parton, D. Schimel e colaboradores – Colorado State
University, EUA;
• pesquisas sobre mudança climática (~1980) e sobre fatores (de
longo prazo) determinantes da MOS (C, N, P, S) numa mesma zona
climática.
• financiado pelo USDA – Dep Agricultura dos EUA.
Century
• Uso: avaliar impactos das alterações
(macro)ambientais e de manejo nos ecossistemas
(inclusive agroecossistemas);
• A matéria orgânica do solo é central ao modelo
porque integra os principais processos ambientais;
• Em síntese: modelo de ecossistemas que
simula os ciclos biogeoquímicos do C, N, P e S
(com o ciclo hidrológico e “vegetal”).
• abordagem combinada: mecanística e empírica
• formação da MOS / (T, PPT, nutrientes)
McGill & Cole (1981) modelo conceitual relações C:N:S:P
relativamente constantes na MOS.
• multicompartimentalidade MOS é protegida fisicamente,
quimica e bioquimicamente; resíduos vegetais têm componentes
mais recalcitrantes (Jenkinson, Campbell, Van Veen & Paul, ~1970)
compartimentos conceituais definidos pelo tempo médio de
residência (1/k);
Pressupostos
ATIVO biomassa microbiana e seus metabólitos TMR – 2 a 5 anos) LENTO química- e fisicamente (TMR – 20 a 50 anos) PASSIVO fisicamente protegida ou quimicamente resistente; (TMR – 800 a 1200 anos)
• Modelar o que é mensurável ou mensurar o modelável?
(Cambardella e Elliot, 1996)
>>> Depende do objetivo:
– enteder processos & mecanismos (ciência básica);
– monitoramento e predições
(Paustian, K, 2008)
Desafios dos modelos de MOS
• Incorporar avanços recentes:
– Saturação de C;
– Frações mais recalcitrantes (black char)
Fluxograma Geral do Modelo Century
Parton et al., 1987
Century – Aplicãção em Ibirubá, RS
Tornquist et al, 2009
DayCent - Gases
Del Grosso et al. 2001.
Century +
Del Grosso et al, 2002
Schenato, UFRGS, 2013
DayCent - Gases de N
0255075
100125150175 SIMULADO
OBSERVADO
0255075
100125150175
N2
O,
gN
ha
-1 d
ia-1
020406080
100120
1/10
/09
1/12
/09
1/2/
10
1/4/
10
1/6/
10
1/8/
10
1/10
/10
1/12
/10
1/2/
11
1/4/
11
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11
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/11
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/11
1/2/
12
1/4/
12
1/6/
12
1/8/
12
1/10
/12
1/12
/12
020406080
100120
Te
mp
era
tura
, °C
0102030
Pre
cip
ita
çã
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mm0
255075100
a
b
c
d
DayCent – Aplicação EEA/UFRGS
Schenato, 2013
Emissão cumulativa de N2O em três anos agrícolas nos tratamentos PCAM (a), PCVM (b), PDAM (c) e PDVM (d).
a
2009/2010 2010/2011 2011/2012
N2
O,
gN
ha
-1
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
SIMULADO
OBSERVADO
c
2009/2010 2010/2011 2011/2012
N2
O,
gN
ha
-1
0
1000
2000
3000
4000
5000
b
2009/2010 2010/2011 2011/2012
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
d
2009/2010 2010/2011 2011/2012
0
1000
2000
3000
4000
5000
Desafios para a Ciência do Solo no Brasil
• Van Der Lier (2011) discutiu a modelagem no Brasil na visão da Física do Solo, mas suas conclusões se aplicam à Ciência do Solo de uma maneira geral:
- temos pouca preocupação com desenvolvimento de modelos formais (mecanísticos);
- a maior parte dos trabalhos possui caráter descritivo ou empírico, subutilizando recursos matemáticos e a fundamentação biofísica existente, impedindo o desenvolvimento de modelos ou utilização dos já existentes.
Enfrentando o desafio
1. Divulgação mais ampla da utilização da ferramenta “modelagem”
Como exemplo, podemos identificar amplo reconhecimento da
sociedade para a modelagem climatológica/meteorológica.
Todos os dias podemos ver na imprensa falada e escrita o
resultado de previsões de curto prazo (meteorológicas) e,
ocasionalmente, previsões de mais longo prazo (climatológicas).
Exemplo de usos da modelagem
Iowa Daily Erosion Project (2013), que disponibiliza na Internet estimativas diárias de precipitação, enxurrada e erosão potencial.
Disponibilizando a Modelagem
Comet VR
(internet) CO2
Century
Active
SOM
Slow
SOM
Passive
SOM
Residues
Plant
Growth CO2
CO2 CO2
CO2
CO2 CO2
Experimentos Longo Prazo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Griffin
Griffin
Hor
sesh
oe B
end
Ken
tuck
y
Ken
tuck
y
W. L
afay
ette
S. C
harle
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Hoy
tevil
le
Hoy
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Hoy
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le
Man
hatta
n
Woo
ster
Woo
ster
Woo
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Woo
ster
KBS
Akr
on
Sidne
y
No-tillage
Conventional tillage
Análise de Incerteza
Dados
Espacializados
Levantamento
de solos
CURRENT LAND USE INFORMATION FROM LOCAL KNOWLEDGE (SHEET A)
STATE INDIANA COUNTY BLACKFORD
FOR INDICATED SOILS ON MAP DETERMINE:
MUID (STATSGO ASSOCIATION) IN004 IN005 IN029 IN032
LAND USE INFORMATION
72.9 90.7 74 83.4
CLASS I & II
CLASS III & IV
CLASS V & VI
FOREST OR TREES 10.9 0.9 17.5 11.9
GRASS LANDS 14 7.7 8.5 3.1
WATER / WETLANDS 0.1 0.6 0 1.7
URBAN / OTHER 2 0.05 0 0
TOTAL 99.9% 100.0% 100.0% 100.1% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0%
LANDSCAPE DESCRIPTION
FLAT
ROLLING HILLS
STEEP HILLS
FLOOD PLAIN
OTHER
TOTAL 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0%
TOTAL CROPLAND: % OF THIS SOIL IDENTIFIED AS CROPLAND . THE SUM OF LAND CAPABILITY CLASS I & II, III & IV, AND V & VI MUST ADD TO THIS %.
CLASS I & II: % OF THIS SOIL THAT IS CLASS I & II CROPLAND.
CLASS III & IV: % OF THIS SOIL THAT IS CLASS III & IV CROPLAND.
CLASS V & VI: % OF THIS SOIL THAT IS CLASS V & VI CROPLAND.
FOREST OR TREES: % OF THIS SOIL IDENTIFIED AS FOREST OR TREES.
GRASS LANDS: % OF THIS SOIL IDENTIFIED AS GRASS LANDS.
WATER / WETLANDS: % OF THIS SOIL IDENTIFIED AS WETLANDS.
URBAN / OTHER LANDS: % OF THIS SOIL IDENTIFIED AS OTHER LANDS INCLUDING URBAN LANDS, DEVELOPED LANDS, ABANDONED LANDS.
LANDSCAPE DESCRIPTION: % OF THIS SOIL IN EACH LANDSCAPE DESCRIPTION.
CARBON SEQUESTRATION RURAL APPRAISAL
TOTAL CROPLAND
Resultados (laudo)
Por que na Ciência do Solo brasileira não temos esta repercussão?
• não há grande preocupação e determinação em levar os
resultados de projetos de modelagem aos usuários finais, que
poderiam ser diferentes órgãos do Estado ou mesmo setor
privado;
• Assim, muitas vezes o exercício de modelagem acaba sendo
mais uma exercício intelectual, ou de formação de pós-
graduando, que certamente poderá se constituir em material
“publicável”, mas ainda assim muito distante de quem poderia
se beneficiar do trabalho localmente.
O “perfil” do modelador requer:
- ter uma boa formação agronômica (fisiologia vegetal, pedologia, microbiologia, física e química do solo). Alunos com formação diversa
[biólogos, engenheiros ambientais, etc. vão ter um caminho mais árduo, pois necessariamente deverão adquirir conhecimentos fundamentais da Ciência do Solo. Porém a formação dos biólogos e engenheiros ambientais, podem contribuir de forma significativa para os projetos de pesquisa que envolvam modelagem]
- conhecimento (e capacidade ou predisposição para
aprofundamento) em Matemática e Informática;
2. Atrair/formar uma (nova) geração de modeladores:
Enfrentando o desafio
Uma das formas mais eficazes de se aprender a modelar é trocar informação e idealmente ter um tutor com experiência no modelo e aplicação que buscamos. A Internet facilita em muito esta colaboração, de forma que alguns modelos mais populares como SWAT e DSSAT tem “comunidades”, fóruns permanentes, e, obviamente, encontros periódicos quando a Internet deixa de resolver os problemas.
3. Integração desenvolvedores de modelos e grupos de colaboração (“comunidades”)
Enfrentando o desafio
Conclusões
•No contexto científico e ambiental atual, a utilização de modelos e suas interligações deverão seguir tendo lugar destacado;
• A sociedade de maneira geral e especialmente a comunidade científica brasileira poderiam se beneficiar da expansão de projetos de pesquisa em modelagem; •Tanto mais quando esses projetos buscarem aspectos aplicados, respondendo aos desafios ambientais e agrícolas do país.