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1 Leis Especiais Professor Marcelo Daemon Lei de Drogas – 11.343/06 Art. 5º XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

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Leis EspeciaisProfessor Marcelo Daemon

• Lei de Drogas – 11.343/06

• Art. 5º

• XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ouanistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes edrogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, poreles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendoevitá-los, se omitirem;

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LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006.

Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários edependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e aotráfico ilícito de drogas e define crimes.

Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou osprodutos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados emlistas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.

Drogas Ilícitas

Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1o desta Lei, até que seja atualizada aterminologia da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas substânciasentorpecentes, psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MSno 344, de 12 de maio de 1998.

Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o plantio,a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam serextraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ouregulamentar, bem como o que estabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas,sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamenteritualístico-religioso.

Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos vegetaisreferidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, emlocal e prazo predeterminados, mediante fiscalização, respeitadas as ressalvassupramencionadas.

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Súmula 501 STJ: é cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que oresultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável aoréu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada acombinação de leis.

Bem Jurídico: Saúde Pública

Sujeito Passivo: Coletividade.

CAPÍTULO IIIDOS CRIMES E DAS PENAS – Usuário.

Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada oucumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público eo defensor.

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, paraconsumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ouregulamentar será submetido às seguintes penas:I - advertência sobre os efeitos das drogas;II - prestação de serviços à comunidade;III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva oucolhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produtocapaz de causar dependência física ou psíquica.

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STF RE 430105/RJ

A Turma, resolvendo questão de ordem no sentido de que o art. 28 da Lei 11.343/2006(Nova Lei de Tóxicos) não implicou abolitio criminis do delito de posse de drogas paraconsumo pessoal, então previsto no art. 16 da Lei 6.368/76, julgou prejudicado recursoextraordinário em que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro alegava aincompetência dos juizados especiais para processar e julgar conduta capitulada no art.16 da Lei 6.368/76. Considerou-se que a conduta antes descrita neste artigo continuasendo crime sob a égide da lei nova, tendo ocorrido, isto sim, uma despenalização, cujacaracterística marcante seria a exclusão de penas privativas de liberdade como sançãoprincipal ou substitutiva da infração penal. Afastou-se, também, o entendimento de parteda doutrina de que o fato, agora, constituir-se-ia infração penal sui generis, pois estaposição acarretaria sérias conseqüências, tais como a impossibilidade de a conduta serenquadrada como ato infracional, já que não seria crime nem contravenção penal, e adificuldade na definição de seu regime jurídico.

Ademais, rejeitou-se o argumento de que o art. 1º do DL 3.914/41 (Lei de Introdução aoCódigo Penal e à Lei de Contravenções Penais) seria óbice a que a novel lei criasse crimesem a imposição de pena de reclusão ou de detenção, uma vez que esse dispositivo apenasestabelece critério para a distinção entre crime e contravenção, o que não impediria quelei ordinária superveniente adotasse outros requisitos gerais de diferenciação ouescolhesse para determinado delito pena diversa da privação ou restrição da liberdade.Aduziu-se, ainda, que, embora os termos da Nova Lei de Tóxicos não sejam inequívocos,não se poderia partir da premissa de mero equívoco na colocação das infrações relativasao usuário em capítulo chamado “Dos Crimes e das Penas”. Por outro lado, salientou-se aprevisão, como regra geral, do rito processual estabelecido pela Lei 9.099/95. Por fim,tendo em conta que o art. 30 da Lei 11.343/2006 fixou em 2 anos o prazo de prescrição dapretensão punitiva e que já transcorrera tempo superior a esse período, sem qualquercausa interruptiva da prescrição, reconheceu-se a extinção da punibilidade do fato e, emconseqüência, concluiu-se pela perda de objeto do recurso extraordinário.RE 430105 QO/RJ, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 13.2.2007. (RE-430105)

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Notícias STFQuinta-feira, 20 de agosto de 2015 Relator vota pela descriminalização do porte de drogas paraconsumo próprio

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do Recurso Extraordinário(RE) 635659, com repercussão geral reconhecida, votou pela inconstitucionalidade do artigo 28 daLei de Drogas (Lei 11.343/2006), que define como crime a porte de drogas para uso pessoal.Segundo o entendimento adotado pelo ministro, a criminalização estigmatiza o usuário ecompromete medidas de prevenção e redução de danos. Destacou também que se trata de umapunição desproporcional do usuário, ineficaz no combate às drogas, além de infligir o direitoconstitucional à personalidade.

Em seu voto, o relator declarou a inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas semredução de texto, de forma a preservar a aplicação na esfera administrativa e cível das sançõesprevistas para o usuário, como advertência, prestação de serviços à comunidade ecomparecimento em curso educativo. Segundo seu entendimento, os efeitos não penais dasdisposições do artigo 28 devem continuar em vigor como medida de transição, enquanto não seestabelecem novas regras para a prevenção e combate ao uso de drogas.

• § 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juizatenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local eàs condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais epessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.

• Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridadede polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:

• I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razõesque a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e naturezada substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que sedesenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, aqualificação e os antecedentes do agente; ou

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• STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS RHC 34466 DF2012/0247691-9 (STJ)

• Data de publicação: 27/05/2013

• Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. POSSE DEDROGAS PARA CONSUMO PESSOAL (ART. 28 DA LEI 11.343 /06).PEQUENA QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA. INAPLICABILIDADEDO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. PRECEDENTES DO STJ. 1. Ajurisprudência desta Corte firmou entendimento de que o crime deposse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei n. 11.343 /06)éde perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade de drogafaz parte da própria essência do delito em questão, não lhe sendoaplicável o princípio da insignificância. 2. Recurso desprovido.

Reincidência

STJ - HABEAS CORPUS HC 297854 SP 2014/0156518-7 (STJ)

A condenação transitada em julgado pela prática do tipo penal inserto no art. 28 da Lei 11.343 /06 gera reincidência, sendo fundamento legal idôneo para agravar a pena na segunda fase da dosimetria.

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§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:

I - admoestação verbal;II - multa.

§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado.

Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor àvenda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou emdesacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mile quinhentos) dias-multa.

§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

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§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penaspoderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversãoem penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, debons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nemintegre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)

Súmula 512-STJ: A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33,§ 4º, da Lei n. 11.343/2006não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas.

STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/06/2014.

O chamado tráfico privilegiado, previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) não deve ser considerado crime de natureza hedionda.

STF. Plenário. HC 118533, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/06/2016.

Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.

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STJ - HABEAS CORPUS HC 306858 SP 2014/0266625-2 (STJ)

Data de publicação: 25/03/2015

Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSOESPECIAL. NÃO CABIMENTO. TRÁFICO DE ENTORPECENTES.REINCIDÊNCIA. CONDENAÇÃO ANTERIOR POR USO DE DROGAS.POSSIBILIDADE. AFASTAMENTO DA MINORANTE PREVISTA NO ART.33, § 4º, DA LEI 11.343/2006. PECULIARIDADES DO CASO.REINCIDÊNCIA, DIVERSIDADE, NATUREZA E QUANTIDADE DADROGA APREENDIDA. ARTIGO 33, § 2º, B, DO CP.

Diante da jurisprudência hesitante desta Corte, entende-se por bemacolher e acompanhar o entendimento uníssono do Supremo TribunalFederal, no sentido de que a simples atuação como "mula" não induzautomaticamente a conclusão de que o agente integre organizaçãocriminosa, sendo imprescindível, para tanto, prova inequívoca do seuenvolvimento, estável e permanente, com o grupo criminoso. Portanto,a exclusão da causa de diminuição prevista no § 4° do art. 33 da Lei n.11.343/2006, somente se justifica quando indicados expressamente osfatos concretos que comprovem que a “mula” integre a organizaçãocriminosa (HC 132.459, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe13/2/2017).

HC 387.077-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, por unanimidade, julgadoem 6/4/2017, DJe 17/4/2017. Quinta Turma.

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Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, imediatamente,comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vistaao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.

§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento damaterialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade dadroga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1o deste artigo não ficará impedido departicipar da elaboração do laudo definitivo.

§ 3o Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificaráa regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogasapreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo. (Incluído pelaLei nº 12.961, de 2014)

§ 4o A destruição das drogas será executada pelo delegado de políciacompetente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público eda autoridade sanitária. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)

§ 5o O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição dasdrogas referida no § 3o, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado depolícia, certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº12.961, de 2014)

Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão emflagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) diascontado da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à realizaçãodo laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3o a5o do art. 50. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)

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• STJ - HABEAS CORPUS HC 68398 BA 2006/0227211-8 (STJ)

• Data de publicação: 08/09/2009

• Ementa: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS.PRÉVIO WRIT. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. CONDENAÇÃO SEM LAUDOTOXICOLÓGICO DEFINITIVO. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. INVIABILIDADE.1. O entendimento consolidado na jurisprudência dos TribunaisSuperiores indica que a sentença condenatória prolatada sem o laudotoxicológico definitivo induz à decretação de sua nulificação e, não,à absolvição do acusado. Precedentes. 2. Ordem denegada.

STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS :AgRg no HC 316734 BA 2015/0033990-6

Data de publicação: 06/05/2015

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO QUE EXPEDIU ORDEM DE HABEASCORPUS DE OFÍCIO. TRÁFICO DE DROGAS. AUSÊNCIA DE JUNTADA DO LAUDOTOXICOLÓGICO DEFINITIVO. ABSOLVIÇÃO. PRECEDENTES. 1. Conforme o maisrecente entendimento da Sexta Turma, a ausência do laudo toxicológico definitivoimpõe não simplesmente a nulidade dos autos, com a reabertura do prazo para asua juntada ou mesmo produção, mas a absolvição do réu, considerando-se quenão ficou provada a materialidade do delito (AgRg no REsp n. 1.363.292/MG, daminha relatoria, DJe 5/2/2015; e HC n. 287.879/SC, da minha relatoria, DJe2/9/2014). 2. Agravo regimental improvido.

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RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS 110.429 MINAS GERAIS – STF 1ª Turma – 06/03/2012

A nulidade decorrente da juntada tardia do laudo de exame toxicológico nocrime de tráfico de drogas tem como pressuposto a comprovação do prejuízoao réu. ( Precedentes: HC 104.871/RN, Relator Min. Dias Toffoli, PrimeiraTurma, DJe 7/10/2011); HC 82.035/MS, Relator Min. Sydney Sanches, PrimeiraTurma, DJ 4/4/2003; HC 85.173/SP, Relator Min. Joaquim Barbosa, SegundaTurma, DJe 15/2/2005; HC 69.806/GO, Relator Min. Celso de Mello, PrimeiraTurma, DJ 4/6/1993).

Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia

Na Lei de Drogas, é prevista como crime a conduta do agente que oferte drogas, eventualmente e sem objetivo de lucro,a pessoa do seu relacionamento, para juntos a consumirem, não sendo estabelecida distinção entre a oferta dirigida a pessoa imputável ou inimputável.

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HC 248.652 – STJ – Pcp. Da Insignificância

AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA. IMPOSSIBILIDADE DERECONHECIMENTO. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. LESÃO À SAÚDE PÚBLICA.CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. 1. Os crimes de perigoabstrato são os que prescindem de comprovação da existência de situaçãoque tenha colocado em risco o bem jurídico tutelado, ou seja, não se exige aprova de perigo real, pois este é presumido pela norma, sendo suficiente apericulosidade da conduta, que é inerente à ação. 2. As condutas punidas pormeio dos delitos de perigo abstrato são as que perturbam não apenas aordem pública, mas lesionam o direito à segurança, daí porque se justifica apresunção de ofensa ao bem jurídico. 3. Não é possível a aplicação doprincípio da insignificância no tráfico de entorpecentes, por se tratar decrime de perigo abstrato, que visa a proteger a saúde pública, sendoirrelevante a pequena quantidade de droga apreendida.

* Consumação:

1) Exportar: RHC 1477 STJ – Transposição da Fronteira ou zona aduaneira

2) Vender/Adquirir: STF HC 71.853-1 e STJ HC 8.681 – Desde o momento em que se ajustam preço e condições (quantidade e forma de entrega), independente de tradição.

3) Remeter: STJ CC 41.775 – Com a remessa, postagem.

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• Flagrante Preparado/ Súmula 145 do STF

• STJ RHC 12.685

Não obstante ter havido o reconhecimento, pelo Julgador de 1º grau, doflagrante preparado em relação à venda de entorpecentes, o mesmonão afeta a anterior aquisição para entregar a consumo a substânciaentorpecente ("trazer consigo para comércio") – modalidade que jáestava consumada por ocasião do flagrante.

* Concurso de Crimes de Tráfico*

STJ - HC 70217 / SP

Não se pode admitir a ocorrência de três delitos diversos,quando

o art. 12 da Lei 6.368/76 é malferido pela prática de apenasum

núcleo do tipo, mesmo que tal conduta tenha sidocaracterizada pelodepósito da mercadoria, na mesma ocasião, em três locaisdiferentes.

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Art. 33

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende,expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta,traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorizaçãoou em desacordo com determinação legal ou regulamentar,matéria-prima, insumo ou produto químico destinado àpreparação de drogas;

Obs.1: na lei anterior era apenas incriminada a matéria-prima;

Obs.2: lei 10.357/01

• HC 100946 GO

• EMENTA HABEAS CORPUS. CRIMES DE POSSE E GUARDA DEMAQUINÁRIO E DE ESTOCAGEM DE MATÉRIA-PRIMA DESTINADOS ÀMANUFATURA DE ENTORPECENTES (ARTS. 12, § 1º, I, e 13 DA LEI Nº6.368/76, ATUALMENTE PREVISTOS NOS ARTS. 33, § 1º, I, e 34, DA LEINº 11.343/06). CONDUTAS TÍPICAS QUE CONSTITUEM MEIONECESSÁRIO OU FASE NORMAL DE PREPARAÇÃO OU EXECUCÃO DEDELITO DE ALCANCE MAIS AMPLO (FABRICAÇÃO DE ENTORPECENTE).PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO RECONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA.

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O princípio da consunção em relação aos crimes de posse e guarda demaquinário e de estocagem de matéria-prima destinados àmanufatura de substâncias entorpecentes pode ser aplicado, uma vezque ditas condutas constituem meio necessário ou fase normal depreparação ou execução de delito de alcance mais amplo, no caso, afabricação de entorpecente.

...

No caso em exame, pelo que se vê da denúncia, tanto a posse da matéria-prima, como a dos maquinismos/objetos, visava a um fato único: a produção de entorpecente (merla) pelo paciente naquele local, para posterior comercialização da droga.

II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;

III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem apropriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ouconsente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, semautorização ou em desacordo com determinação legal ouregulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.

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Art. 33...§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)

O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, julgouprocedente a ação direta para dar ao§ 2º do artigo 33 da Lei nº 11.343/2006 interpretação conforme àConstituição, para dele excluirqualquer significado que enseje a proibição de manifestações e debatespúblicos acerca da descriminalizaçãoou legalização do uso de drogas ou de qualquer substância que leve o serhumano ao entorpecimento episódico,ou então viciado, das suas faculdades psico-físicas.

Art. 33

§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoade seu relacionamento, para juntos a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo daspenas previstas no art. 28.

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* Petrechos *

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender,distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer,ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ouqualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção outransformação de drogas, sem autorização ou em desacordo comdeterminação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200 (mile duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.

REsp 1.196.334-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/9/2013 – Quinta Turma STJ

DIREITO PENAL. ABSORÇÃO DO CRIME DE POSSE DE MAQUINÁRIO PELO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS.

Responderá apenas pelo crime de tráfico de drogas – e não pelo mencionado crime em concurso com o de posse de objetos e maquinário para a fabricação de drogas, previsto no art. 34 da Lei 11.343/2006 – o agente que, além de preparar para venda certa quantidade de drogas ilícitas em sua residência, mantiver, no mesmo local, uma balança de precisão e um alicate de unha utilizados na preparação das substâncias. De fato, o tráfico de maquinário visa proteger a saúde pública, ameaçada com a possibilidade de a droga ser produzida, ou seja, tipifica-se conduta que pode ser considerada como mero ato preparatório. Portanto, a prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei de Drogas absorve o delito capitulado no art. 34 da mesma lei, desde que não fique caracterizada a existência de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta.

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AgRg no AREsp 303.213-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/10/2013. Quinta Turma STJ

Responderá pelo crime de tráfico de drogas – art. 33 da Lei 11.343/2006 – emconcurso com o crime de posse de objetos e maquinário para a fabricação dedrogas – art. 34 da Lei 11.343/2006 – o agente que, além de ter em depósitocerta quantidade de drogas ilícitas em sua residência para fins de mercancia,possuir, no mesmo local e em grande escala, objetos, maquinário e utensíliosque constituam laboratório utilizado para a produção, preparo, fabricação etransformação de drogas ilícitas em grandes quantidades. Nessa situação, ascircunstâncias fáticas demonstram verdadeira autonomia das condutas einviabilizam a incidência do princípio da consunção. Sabe-se que o referidoprincípio tem aplicabilidade quando um dos crimes for o meio normal para apreparação, execução ou mero exaurimento do delito visado pelo agente,situação que fará com que este absorva aquele outro delito, desde que nãoofendam bens jurídicos distintos.

* Associação para o Tráfico*

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta Lei.

Obs.: polêmica em relação ao art. 18, III da lei 6.368/76

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HABEAS CORPUS Nº 137.471 - MS STJ

Para a caracterização do crime de associação para o tráfico, éimprescindível o dolo de se associar com estabilidade e permanência,sendo que a reunião ocasional de duas ou mais pessoas não sesubsume ao tipo do artigo 35 da Lei 11.343/2006. Doutrina.Precedentes.

STF - HABEAS CORPUS : HC 98340 MG

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO EMFLAGRANTE. RELAXAMENTO. CRIME HEDIONDO. LIBERDADE PROVISÓRIA.INADMISSIBILIDADE. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL. DELITOS INAFIANÇÁVEIS.ART. 5º, XLIII, DA CF. ORDEM DENEGADA.

I - Os crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico são de natureza permanente. O agente encontra-se em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.

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* Associação para tráfico e outros crimes *

STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1098121 RJ DJe 27/09/2010 – Quinta Turma

PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO TRIPLAMENTEQUALIFICADO. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. FORMAÇÃO DE QUADRILHA.QUESITAÇÃO. NULIDADE. REITERAÇÃO DE PEDIDO. MATÉRIA JÁ APRECIADA POR ESTACORTE. PROVA EMPRESTADA NÃO UTILIZADA. NULIDADE INOCORRENTE. INÉPCIA DADENÚNCIA. SÚMULA 284/STF. PROVAS. EXAME. SÚMULA 07 DESTA CORTE.CONDENAÇÃO. QUADRILHA E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. POSSIBILIDADE. VÍNCULOASSOCIATIVO. VERIFICAÇÃO. SÚMULA 07/STJ.

Afirmado pelo e. Tribunal de origem que o recorrente se associou, de forma estável epermanente, para cometer diversos crimes, dentre eles tráfico internacional deentorpecentes, afigura-se escorreita a condenação, tanto pelo crime previsto no art.288 do CP, quanto pelo delito de associação previsto na legislação de tóxicos.

* Pluralidade de ações penais: STF HC 73.593

* Financiamento ou Custeio*

Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.

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STJ REsp 1290296 PR

RECURSO ESPECIAL. PENAL. TRÁFICO IL´CIITO DE DROGAS. ART. 33, CAPUT, DA LEI Nº 11.343/2006. FINANCIAMENTO PARA O TRÁFICO. INCIDÊNCIA DA CAUSA DE AUMENTO DO ART. 40, INCISO VII, DA MESMA LEI. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO, EM CONCURSO MATERIAL, PELA PRÁTICA DOS CRIMES DO ART. 33, CAPUT, E DO ART. 36 DA LEI DE DROGAS.

1. O financiamento ou custeio ao tráfico ilícito de drogas (art. 36 da Lei nº 11.343/2006)é delito autônomo aplicável ao agente que não tem participação direta na execução do tráfico, limitando-se a fornecer os recursos necessários para subsidiar a mercancia.

2. Na hipótese de autofinanciamento para o tráfico ilícito de drogas não há falar em concurso material entre os crimes de tráfico e de financiamento ao tráfico, devendo ser o agente condenado pela pena do artigo 33, caput, com a causa de aumento de pena do artigo 40, inciso VII, da Lei de Drogas.

Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.

STF HC 106155 RJ

1. A conduta do “fogueteiro do tráfico”, antes tipificada no art. 12, § 2º, da Lei 6.368/76,encontra correspondente no art. 37 da Lei que a revogou, a Lei 11.343/06, não cabendo falarem abolitio criminis.

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2. O informante, na sistemática anterior, era penalmente responsável comocoautor ou partícipe do crime para o qual colaborava, em sintonia com a teoriamonística do art. 29 do Código Penal: “Quem, de qualquer modo, concorre para ocrime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.

3. A nova Lei de Entorpecentes abandonou a teoria monística, ao tipificar no art.37, como autônoma, a conduta do colaborador, aludindo ao informante (o“fogueteiro”, sem dúvida, é informante), e cominou, em seu preceito secundário,pena de 2 (dois) a 6 (seis) anos de reclusão, e o pagamento de 300 (trezentos) a700 (setecentos) dias-multa, que é inferior à pena cominada no art. 12 da Lei6.368/76, expressando a mens lege que a conduta a ser punida mais severamenteé a do verdadeiro traficante, e não as periféricas.

5. Reconhecida a dupla tipicidade, é imperioso que se faça a dosimetria da pena tendo como parâmetro o quantum cominado abstratamente no preceito secundário do art. 37 da Lei 11.343/06, de 2 (dois) a 6 (seis) anos de reclusão, lex mitior retroativa por força do art. 5º, XL, da Constituição Federal, e não a pena in abstrato cominada no art. 12 da Lei 6.368/76, de 3 (três) a 15 (quinze) anos de reclusão.

STJ HC 224849

2. DELITO DE COLABORAÇÃO COMO INFORMANTE. ART. 37 DA LEI Nº 11.343/2006. PRESSUPOSIÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE QUALQUER OUTRO ENVOLVIMENTO COM O GRUPO, ASSOCIAÇÃO OU ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. MANUTENÇÃO DE VÍNCULO. DIVISÃO DE TAREFAS. FUNÇÃO INTERNA DE SENTINELA, FOGUETEIRO OU INFORMANTE. CONFIGURAÇÃO DE TIPO PENAL MAIS ABRANGENTE. TRÁFICO OU ASSOCIAÇÃO.

3. CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO E DE COLABORAÇÃO COM A ASSOCIAÇÃO. ARTS. 35 E 37 DA LEI Nº 11.343/2006. AGENTE QUE EXERCE FUNÇÃO DE INFORMANTE DENTRO DA ASSOCIAÇÃO DA QUAL PARTICIPA. CONCURSO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE. DUPLA APENAÇÃO INDEVIDA. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE.