qualidade total em manejo de pastagens

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69 Consultas Rápidas ANUALPEC 2008 Instituto FNP +55 11 4504-1414 www.fnp.com.br Manejo de pastagens pede qualidade total Conceitos antes aplicáveis apenas na indústria, comércio e serviços, agora precisam ser adotados nas fazendas O Brasil se tornou um grande exportador de carne bovina. O mundo conheceu o chamado boi verde, mais saudável, e comercialmente insuperável pelo sistema de produção predominante. Mas os novos consumidores são exigentes. Obrigaram a indústria frigorífica a investir em qualidade e certificar seus processos, e estes requisitos também terão que adentrar pelas porteiras. Tal obrigação demandou investimentos fundamentais para a escalada exponencial das exportações. O princípio regulador do mercado, oferta e demanda, garantiu a viabilidade econômica desses gastos para toda a cadeia de produção. Com o aumento da procura, os preços se elevaram, proporcionando melhor resultado econômico. Foi esse o primeiro benefício da qualidade total para a pecuária. Não é objetivo deste artigo discutir o embargo imposto pela União Européia no início de 2008 nem os fatos ligados a essa decisão (Sisbov, problemas sanitários, ambientais, pressão dos concorrentes europeus, etc.). O fato é que, com ou sem embargo, o consumidor de carne bovina se tornou muito mais exigente. Se o produto não tiver as características desejadas, o produtor perde mercado para a concorrência. Atualmente as qualidades procuradas já não se limitam àquelas intrínsecas à carne, como maciez, suculência, coloração, etc. O consumidor também está preocupado com o ambiente - tanto do ponto de vista ecológico quanto social - e quer saber como o sistema de produção se relaciona com o meio. Em última análise, as interações entre o sistema de produção e o ambiente social e ecológico servem como desculpa para processos de embargo. A pecuária de corte brasileira é essencialmente baseada em pastagens. Apenas 5% dos animais abatidos provêm de confinamentos. E mesmo assim, permanecem muito pouco tempo confinados, ganhando apenas 3 arrobas nessa etapa, em média. É nas pastagens, portanto, que se produz carne bovina no Brasil. E é no campo que se dão as interações entre o solo, o pasto, os animais, o homem e o ambiente (Figura 1). Tais interações tornam o sistema técnico e operacionalmente complexo. As interações entre os elementos integrantes geram o resultado final do sistema. Uma interação positiva entre solo, ambiente e pasto, por exemplo, tem como conseqüência o aumento da produção de forragem. No ambiente de qualidade total essa interação já está prevista pelo homem, outro integrante do sistema, pois só assim haverá a efetiva colheita da produção pelo integrante que faltava, o animal. O homem interage com os aspectos biológicos e ecológicos, e incorpora o resultado obtido nas interações econômicas, para garantir o sucesso de seu empreendimento. Num ambiente de qualidade total, a máquina principal é o homem. Implantar o ambiente de qualidade total no manejo de pastagens significa investir no ambiente humano. Figura 1 O ambiente genérico do sistema de produção em pastagens com seus integrantes Figura 2 O ambiente de qualidade total no manejo de pastagens Ambiente Homem Animal Pasto Solo Ambiente Homem Animal Pasto Solo H O M E M Receptor das Interações Gestor das Interações

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Page 1: Qualidade total em manejo de pastagens

69Consultas Rápidas

ANUALPEC 2008

Instituto FNP +55 11 4504-1414 www.fnp.com.br

Manejo de pastagens pede qualidade total

Conceitos antes aplicáveis apenas na indústria, comércio e serviços,agora precisam ser adotados nas fazendas

O Brasil se tornou um grande exportador de carnebovina. O mundo conheceu o chamado boi verde, maissaudável, e comercialmente insuperável pelo sistemade produção predominante. Mas os novos consumidoressão exigentes. Obrigaram a indústria frigorífica a investirem qualidade e certificar seus processos, e estesrequisitos também terão que adentrar pelas porteiras.

Tal obrigação demandou investimentos fundamentaispara a escalada exponencial das exportações. Oprincípio regulador do mercado, oferta e demanda,garantiu a viabilidade econômica desses gastos paratoda a cadeia de produção. Com o aumento da procura,os preços se elevaram, proporcionando melhorresultado econômico. Foi esse o primeiro benefício daqualidade total para a pecuária.

Não é objetivo deste artigo discutir o embargoimposto pela União Européia no início de 2008 nem osfatos ligados a essa decisão (Sisbov, problemas sanitários,ambientais, pressão dos concorrentes europeus, etc.). Ofato é que, com ou sem embargo, o consumidor de carnebovina se tornou muito mais exigente. Se o produtonão tiver as características desejadas, o produtor perdemercado para a concorrência.

Atualmente as qualidades procuradas já não se limitamàquelas intrínsecas à carne, como maciez, suculência,coloração, etc. O consumidor também está preocupadocom o ambiente - tanto do ponto de vista ecológicoquanto social - e quer saber como o sistema de produção

se relaciona com o meio. Em última análise, as interaçõesentre o sistema de produção e o ambiente social e ecológicoservem como desculpa para processos de embargo.

A pecuária de corte brasileira é essencialmentebaseada em pastagens. Apenas 5% dos animais abatidosprovêm de confinamentos. E mesmo assim, permanecemmuito pouco tempo confinados, ganhando apenas 3arrobas nessa etapa, em média. É nas pastagens, portanto,que se produz carne bovina no Brasil. E é no campo quese dão as interações entre o solo, o pasto, os animais, ohomem e o ambiente (Figura 1). Tais interações tornamo sistema técnico e operacionalmente complexo.

As interações entre os elementos integrantes geramo resultado final do sistema. Uma interação positiva entresolo, ambiente e pasto, por exemplo, tem comoconseqüência o aumento da produção de forragem. Noambiente de qualidade total essa interação já estáprevista pelo homem, outro integrante do sistema, poissó assim haverá a efetiva colheita da produção pelointegrante que faltava, o animal.

O homem interage com os aspectos biológicos eecológicos, e incorpora o resultado obtido nas interaçõeseconômicas, para garantir o sucesso de seuempreendimento. Num ambiente de qualidade total, amáquina principal é o homem. Implantar o ambiente dequalidade total no manejo de pastagens significa investirno ambiente humano.

Figura 1 − O ambiente genérico do sistema de produção em pastagenscom seus integrantes

Figura 2 − O ambiente de qualidade total no manejo de pastagens

Ambiente

Homem

Animal

Pasto

Solo

Ambiente

Homem

Animal

Pasto

Solo

HOMEM

Receptor das Interações

Gestor das Interações

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O primeiro ser humano do processo é o executivoprincipal da organização, o líder. Ele é o responsávelpela boa comunicação, pela disciplina e pela sinergia.A boa comunicação faz com que as informações corretasestejam no local necessário no momento certo. Aqualidade total explora intensivamente a informação. Adisciplina permite estabelecer e cumprir as instruções eprocedimentos. É de grande ajuda na avaliação dosprocessos e na promoção de ações corretivas epreventivas. A sinergia resulta do espírito de equipe efaz com que a soma dos esforços movimente aorganização na direção de seus objetivos.

A necessidade de um sistema de qualidade total nomanejo de pastagens decorre da constatação de quemanejar é fundamentalmente administrar. No ambienteproposto na Figura 2, o administrador das interações é ohomem, ou o líder, de modo mais específico. Suasdecisões e atitudes interferem em todas as interações,até mesmo naquelas entre ele próprio e outras pessoas,sejam os empregados ou a sociedade como um todo.

Assumindo que manejar pastagens é administrar,concentra-se o foco das ações nos itens a gerir para queo processo ocorra. Em geral uma boa gerência produzefeitos favoráveis em termos de desempenho,durabilidade, confiabilidade, conformidade, padronizaçãoe capacidade de receber assistência técnica. Transpondoos efeitos para o ambiente de pastagem, pode-seentender melhor a necessidade da qualidade total emseu manejo.

No desempenho, por exemplo, dados científicosafirmam que se pode reduzir a idade de abate para algoem torno de 30 meses, com animais criados unicamenteem pastagens, sem maiores exigências em termos deintensificação. Como a idade média de abate no Brasilé de aproximadamente 36 meses, a redução proporcionaum ganho considerável com custos baixos, o que setraduz em melhor resultado econômico.

A durabilidade pode ser entendida por perenidadedas pastagens. No ambiente de qualidade total existemcritérios para impedir a degradação do pasto.

A confiabilidade é o que permite ao pecuarista apoiar-se em números e fatos para argumentar com oscompradores. Em outras palavras, confiabilidade é arastreabilidade do processo. É a defesa do produtor contradevaneios políticos, sanitários e comerciais.

A conformidade decorre do detalhamento dosprocessos. Isso permite, por exemplo, antecipar questõescomo a permissão ou proibição do uso de determinadoaditivo alimentar nos suplementos, bem como questõesrelativas aos aspectos sociais e ambientais.

A padronização também é resultado da implantaçãoda qualidade total. Ao trabalhar com previsibilidade,monitoramento, análise e gestão do sistema, o pecuaristapassa a conhecer as relações entre causa e efeito dos

processos e assim estabelecem padrões que geram auniformidade de produtos.

A capacidade de receber assistência técnica éextremamente ampliada com a qualidade total. Muitosprodutores, atualmente, limitam sua gestão à adoção dedeterminada técnica ou insumo. Visam, com isso,resolver um problema pontual, que julgam ser o gargalodo sistema de produção, por falta de um planejamentode visão abrangente. Mas o enfoque pontual e a carênciade análise e interpretação das informações resultam,muitas vezes, em decisões equivocadas. Nesse caso,mesmo técnicas e tecnologias corretas podem levar ainsucessos e prejuízos nas fazendas.

O ciclo PDCA no manejo de pastagens

PDCA é a sigla para Plan - Do - Check - Act, quesignificam, respectivamente, planejar, executar, avaliare agir. O ciclo PDCA é uma valiosa ferramenta da gestãoda qualidade e pode ser aplicado em qualquer atividadena organização.

Figura 3 − O ciclo PDCA

Em qualquer processo de qualidade total o primeiropasso é a conceituação de quem é o fornecedor equem é o cliente. No caso da pastagem, o pecuaristaé o fornecedor e seu primeiro cliente, o cliente interno,é o boi.

A gestão da qualidade se desdobra em três tipos deação: planejamento, controle e aprimoramento daqualidade. No planejamento identificam-se os clientese suas necessidades. A partir daí desenvolvem-seprojetos e processos capazes de atender a estas. Ocontrole da qualidade tem o objetivo de manter oprocesso operando de acordo com o que se planejou,para que atinja as metas estabelecidas. Noaprimoramento, busca-se melhorar os processos, agindode forma preventiva, e não somente corretiva. Aopromover um giro no ciclo PDCA obtém-se oaprimoramento contínuo das tarefas e a elevação do nívelde qualidade do que se faz ou se produz.

P

D C

A

“Plan” Planejar

“Do”Fazer

“Act” Agir corretivamente

“Check” Verificar

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A formatação do "P"

Trata-se do primeiro passo para a elaboração do cicloPDCA. A letra P corresponde ao planejamentoestratégico da qualidade. Suas propostas, esboçadasem documentos, têm um horizonte de 2 a 10 anos.Há vários itens a considerar, sendo o primeiro oinventário de recursos, que inclui:

• Ambiente físico − levantamento do clima (chuva,temperatura, luz), do solo (textura, relevo efertilidade), recursos hídricos e a distribuição destes;

• Recursos vegetais − levantamento das espéciesforrageiras, das culturas de grãos e das espéciesarbóreas;

• Recursos animais − levantamentos dos números deraças, categorias, pesos e estádios fisiológicos;

• Infra-estrutura − levantamento das áreas depastagens e áreas de culturas, além de cercas,bebedouros e instalações. Detalham-se as áreas depastagens como unidades individualizadas.

O segundo item é o projeto e avaliação do sistemaem termos físicos. Consiste em:

• Solo − o projeto explica os procedimentos relativosà conservação (curvas de nível, terraços, contençãode erosão, etc.) e fertilidade química;

• Volumosos − explica os procedimentos relativosàs forrageiras existentes (recuperação e renovação)e às destinadas a corte ou fenação, bem como àsáreas que serão destinadas à integração lavoura-pecuária, incluindo o formato do contrato em casode arrendamento;

• Animais − o projeto explica os procedimentosrelativos ao processo de produção das categoriasanimais, abordando metas como kg/cabeça/ano,índices de natalidade e desmame, idade de abate,épocas de estações de monta, parições e políticasde comercialização.

O terceiro item do planejamento estratégico daqualidade é a previsão de produtividade e equilíbrio deprodução e demanda de pastagens. Divide-se em:

• Volumosos − trata-se da previsão da produtividadedas áreas de integração lavoura-pecuária, dasforrageiras de corte para ensilagem ou servidas afresco (ex.: cana), bem como das leguminosas egramíneas;

• Demanda animal − é estimada conforme a categoriae os lotes, o ganho de peso, a época do ano e aeficiência de pastejo. Para a elaboração desta etapado planejamento recomenda-se a leitura do artigo"A bola de cristal dos gerentes" no Anualpec 2007.

A análise financeira e econômica é o quarto item.Consiste em levantar informações com objetivo deesboçar cenários financeiros e econômicos relativos aos

sistemas de produção. Isso permite aceitar, rejeitar ouremodelar o que virá pela frente. Em vez de chorar sobreo leite derramado, evita-se o derramamento do leite.Algumas das informações que podem ser levantadas eanalisadas são a margem bruta, a receita líquida, o fluxode caixa projetado e a taxa interna de retorno.

O quinto item é a avaliação do impacto ambiental.Trata-se de prever os procedimentos relativos aos efeitosda atividade sobre o ambiente, como compactação eerosão do solo, preservação de reservas florestais,nascentes e áreas de preservação permanente ebiodiversidade.

A formatação do "D"

Trata-se do planejamento tático da qualidade,esboçado em documentos e fluxogramas, com umhorizonte de alguns meses a 2 anos. "Do" correspondeà ação, e se divide em três itens, o primeiro dos quaisé o estabelecimento de critérios e cronogramas demanutenção e controle de fatores desfavoráveis àprodução. Refere-se ao solo, às pastagens, aos animaise à infra-estrutura:

• Solo − estabelecem-se critérios técnicospreventivos com respeito à fertilidade e àcontenção de erosões, bem como os cronogramasideais para o sucesso das intervenções;

• Pastagem − trata-se de definir os critérios técnicosque permitem evitar a degradação e as pragas, eelaborar os cronogramas ideais para que as açõessejam bem-sucedidas;

• Animal − definem-se os critérios técnicospreventivos que se referem a doenças, ecto eendoparasitos, e os cronogramas ideais para que asvacinações e aplicações de medicamentosproduzam o efeito desejado;

• Infra-estrutura − trata-se de dimensionar eestabelecer a necessidade de manutenção dasestradas, cercas e instalações (curral, troncos, etc.),bem como os cronogramas de manutenção ideais.

O segundo item do planejamento tático é a análiseda demanda de forragem e suplementos. Consiste emtrês elementos de estudo: pastagem, animal, e a relaçãoentre a pastagem e o animal.

Pastagem:

• Alocação para área de pastejo − Aqui se entende aimportância de considerar cada área de pastagemcomo uma unidade independente, pois é precisoconhecer as dimensões da área, a capacidade desuporte e a qualidade dos bebedouros naturais eartificiais, além da localização destes no ambientepastoril. Com tais informações pode-se prever comose dará a ocupação das áreas de pastagem pelas

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categorias ou lotes, num horizonte geralmentelimitado ao ano agrícola.

• Formatação dos métodos de pastejo − Mais umavez, graças à individualização das áreas depastagem, pode-se prever como cada uma destasserá utilizada, se em pastejo rotacionado ou empastejo contínuo.

• Diferimento (vedação de pastagens) − O uso dessatecnologia exige as previsões anteriores, pois nãose pode alocar áreas para diferimento sem planejarsua necessidade para todos os períodos. Quando odiferimento for possível, faz-se a previsão dasépocas ideais de vedação, segundo as exigênciasem termos de quantidade e qualidade de forragemda categoria ou lote que irá ocupar o pasto.

• Alocação de áreas para capineiras, conservação eagricultura − Tendo em mãos o plano de utilizaçãode áreas de pastagens pode-se prever a necessidadede suplementação volumosa (capineiras e silagens)para equilibrar o balanço entre demanda e produçãode forragem. Também se pode reconhecer as áreasque ficarão subutilizadas, as quais podem serarrendadas ou destinadas a atividades agrícolas.

Relação pastagem-animal:

• Ajuste da taxa de lotação − Como se disse em"previsão de produtividade e equilíbrio deprodução e demanda de pastagens", juntamentecom a alocação das categorias e lotes, faz-se aprevisão e o monitoramento do planejado. Oprocesso é conhecido cientificamente como"mensuração de massa de forragem". Define-secomo a massa total de forragem acima de uma alturaespecífica por unidade de área do solo. Usa-se ométodo do quadrado, comumente aplicado emvárias fazendas. O planejamento da mensuraçãodefine em que épocas e áreas a atividade seráexecutada, de acordo com as condiçõesencontradas.

• Ajuste do consumo e das formas de suplementação− O plano de ocupação pelas categorias ou lotespermite prever o consumo de suplementosminerais e a necessidade de utilizar suplementosprotéicos e energéticos conforme a época e osistema de produção.

Animal:

• Épocas de compra e venda de animais − A entradae a saída de animais na propriedade têm de atenderprioritariamente ao balanço entre a produção e ademanda de pasto. As circunstâncias de mercadovêm em segundo lugar.

• Épocas de parição e desmame − As ocasiões dessesfatos têm de ser previstas, para que se reservem asáreas de pastagens ideais.

O terceiro item do planejamento tático é a análisefinanceira. Tendo em mãos os dois itens anteriores,pode-se levantar dados financeiros, como contas areceber, fluxo de caixa projetado, controle de custose estoques.

A formatação do "C"

A letra C (de check - avaliar) corresponde aoplanejamento operacional da qualidade. Suas propostas,esboçadas em documentos, fluxogramas e registros, têmum horizonte de dias ou meses. Define-se, nesta etapa,em que momento se dará o ponto de convergência, aoqual toda a equipe afluirá. Trata-se da fase em que anecessidade de definir atribuições e responsabilidadestem a máxima importância. O treinamento constante éo único caminho viável.

Uma sugestão prática para a atribuição de tarefas noprocesso operacional a realizar é responder a seisperguntas:

• O quê? − descrição do processo;

• Quem? − atribuição de responsabilidades;

• Quando? − momento da ação;

• Onde? − local ou ponto de interferência noprocesso;

• Por quê? − justificativa do processo;

• Como? − treinamento dos responsáveis.

Manejo das pastagens e do rebanho:

• Solo − detalhamento do processo e das formas deregistro da atividade de adubação, bem comoescolha dos implementos a utilizar;

• Pastagem − detalhamento do processo, formas deregistro e definição de critérios de entrada e saídade animais no pasto (por exemplo, pela altura docapim), utilização de pastos recém-formados,lotações efetivas e tratos culturais (como controlede invasoras) de cada piquete;

• Animal − detalhamento do processo, formas deregistro e definição de critérios de pesagens,remanejamento de lotes, descarte de animais,suplementação e arraçoamento.

Plano de atividades:

• Mão-de-obra − análise e atribuição deresponsabilidades, formação de grupos detrabalho, controle de horas e cobertura de faltas;

• Infra-estrutura − planejamento e operacionalizaçãode uso de estradas, instalações e máquinas;

• Finanças − planejamento de pagamentos, saques,empréstimos, cobranças e retiradas.

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A formatação do "A"

A letra A do ciclo PDCA consiste na análise dosregistros e documentos para a ação corretiva dosplanejamentos propostos. É a etapa em que todos osplanejamentos se tornam flexíveis, podendo ser ajustadosde acordo com sua efetividade técnica, operacional,social e financeira. Os saltos nos níveis de qualidade(Figura 4) se tornam claros nesta etapa, com os númerostraduzindo os fatos. É também neste momento do cicloque se exprime a capacidade de receber assistênciatécnica (Figura 5).

Figura 4 − Aprimoramento contínuo da qualidade. (adaptado de Cerqueira;1994)

Para saber mais

Geraldo Martha Jr. et al. Sistemas de produção animalem pastejo: um enfoque no negócio. EmbrapaCerrados, 2002.

Jorge Pedreira de Cerqueira. ISO 9000, no ambienteda qualidade total. Imagem Ed., 1994.

Figura 5 − Papel dos sistemas de apoio à decisão (capacidade de receberassistência técnica) num sistema de qualidade (adaptado de MarthaJunior, Geraldo B; 2002).

Com as mudanças que se impõem sobre a pecuáriabrasileira, é cada vez mais necessário tornar os processosprevisíveis, bem como monitorá-los, analisá-los eadministrá-los nos sistemas de produção em pastagens.Felizmente, isso pode ser realizado.

O potencial de qualificação da mão-de-obra dasempresas pecuárias não constitui impedimento. Aocontrário, é mais um forte motivo para implantação dagestão de qualidade total. O sistema aqui descritopromove o espírito de equipe. Na maior parte dasempresas pecuárias do Brasil, os empregados residemnas fazendas. Por isso a qualidade é ainda maisimportante do que nos segmentos em que isso não ocorre.A qualidade tem como foco o homem comprometido eeficiente. No caso da pecuária, reduz a rotatividade demão-de-obra, permitindo seu constante aperfeiçoamento,e pode até contribuir para a redução do êxodo rural.

Josmar Almeida Junior,zootecnista,www.tecnopasto.com,

MSc. Supervisor técnico da CONNAN - Cia. Nacional deNutrição Animal - Manafós

Fábio Cortez Leite de Oliveira,zootecnista, [email protected],

MSc. Assessor da Estância Y Poti Dep. de Concepción, Paraguay

Nível de Qualidade

0

1

1

2

3

A P

C DA P

A P

A P

C D

C D

C D

Base de dados

Base de dados local

Informação e conhecimento/ Apoio à tomada de decisão

(consultorias, assessorias)

Diagnóstico

Previsão dos resultados das alternativas

Escolha entre as alternativas

Implementação

Base de dados local