qualidade de vida qualidade ambiental sustentabilidade · relações humanas na cidade, ......

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Universidade Ibirapuera – Arquitetura e Urbanismo ESTUDOS AMBIENTAIS E SUSTENTABILIDADE Profª Mª Claudete Gebara J. Callegaro [email protected] http://claucallegaro.wordpress.com Qualidade de vida Qualidade ambiental Sustentabilidade 25.09.2015

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Universidade Ibirapuera – Arquitetura e Urbanismo

ESTUDOS AMBIENTAIS E SUSTENTABILIDADE

Profª Mª Claudete Gebara J. [email protected]

http://claucallegaro.wordpress.com

Qualidade de vidaQualidade ambiental

Sustentabilidade

25.09.2015

Mas, tratar do que é o melhor para cada pessoa

e compatibilizar com o que é o melhor para a coletividadeé algo muito complicado!

Em nossos projetos, sejam para uma única edificação,

sejam para toda uma cidade, há perguntas que não têm uma única resposta.

O que é “o melhor”?

Urbanistas e outros planejadores não cessam de tentar racionalizar as relações humanas na cidade, e isso é uma necessidade incontestável.

A discussão hoje se centra no que é melhor, especialmente sob o ponto de vista energético, da poluição, da equanimidade de direitos humanos.

Que cidade deve ser essa que permita que:

Nossos filhos sejam independentes para irem à escola sozinhos (a pé, de bicicleta, de transporte coletivo) sem enfrentar assalto, bullying (bully=valentão), cruzamentos viários inseguros...?

Não nos estafemos no trânsito entre trabalho, residência, serviços essenciais, de maneira a aproveitarmos melhor nosso tempo para o convívio sadio com amigos e família, para estudo, criação, divertimento?

Os velhos possam conviver com as demais gerações e entre si?

Que o ar nos reavive, os olhos se deliciem com a paisagem, os sentidos se agucem com novidades?

E o convívio com plantas e animais em nossa casa? Desaparecerão os cães grandes e amorosos?

E tantas outras perguntas...

http://mulherintuitiva.blogspot.com.br/

http://www.torrent.com.br/saude-e-bem-estar/alzheimer/atividade-fisica-e-convivio-social-auxiliam-idoso-com-alzheimer.php

http://www.euvoudebike.com/2011/06/bicicletas-escolares-da-houston-sao-lindas/

Estamos tentando cercar a questão e, em aulas anteriores,

foram dadas algumas “pinceladas” sobre vários assuntos:

• Relação ancestral entre Homem e Natureza, o afastamento entre ambos e o crescente esforço de com convívio para a saúde e a paz;

• Evolução do ambiente humano em função das necessidades principais e preocupações com o futuro;

• Modelos de cidade decorrentes dessa busca por equilíbrio entre necessidades humanas e capacidade do meio físico em atende-las;

• Pegadas ecológicas decorrentes dos modelos de organização humana;

• Conceitos principais de ecologia: bioma, ecossistema e outros.

O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades.

Ele contém dois conceitos chave:

1.o conceito de “necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade;2.a noção das “limitações” que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras.

Relatório “Our Common Future” (Brundtland), divulgado na United Nations Conference on Environment andDevelopment (UNCED), promovida pela ONU em 1987.

Imagens ao lado já foram identificadas no arquivo de EASU sobre Cidade e Campo: cidade jardim (alto), subúrbio residencial (centro) e cidade verticalizada (em baixo).

Os modelos não se excluem.As pessoas são diferentes!

Há público para todos.

Além disso, as cidades são mais vivas do queos modelos que se deseja impor;

são sistemas abertos de difícil controle.

O urbanismo vem testando novos modelos ao longo dos últimos 150 anos:

cidade-jardim com cinturão verde e parque central, cidade-satélite rarefeita (subúrbio),

cidade verticalizada de alta densidade...

Por outro lado, os centros aproximam, mas a aglomeração excessiva de pessoas e a poluição aumentam o estresse e as doenças psicológicas.

Será que todos viveremos bem numa cidade compacta, com espaços reduzidos, aglomeração, horários exatos, artificialismos para climatização dos ambientes?

Os bairros seriam o ideal, mesmo porque o custo dos terrenos é inferior do que nas zonas centrais...

Mas, o que aconteceria com a Terra, se todas as pessoas resolvessem se estabelecer em bairros verdes?

https://en.wikipedia.org/wiki/Favela

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/a-europa-vista-do-ceu/

http://dicassobresaude.com/os-

perigos-da-poluicao-

sonora-para-nossa-saude-

segundo-a-oms/

http://casaeimoveis.uol.com.br/tire-suas-duvidas/leis-e-direitos/qual-e-a-importancia-de-participar-das-reunioes-de-condominio.jhtm

Morar no subúrbio pode ser bom para a família, mas desgastante para os adultos que trabalham nas zonas centrais.

Como aproximar residência, trabalho, escola, comércio, serviços de saúde, lazer...?

Neste caso, morar no centro seria melhor, embora não se tenha toda a liberdade de espaço, de horário para fazer as coisas, sendo mais rígidas as regras de convivência.

Além disso, como garantir que o trabalho desejado seja exatamente naquele centro da moradia?

http://www.alphavillefm.com/noticias/1796.html

https://tiacarmela.wordpress.com/tag/metro/

http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/planeta-urgente/lugar-de-crianca-brincar-e-na-rua/

http://iphotochannel.com.br/serie-fotografica-retrata-

a-italia-dos-anos-80/

http://territoriodobrincar.com.br/brincadeiras/brincadeiras-

da-rua-santa-teresinha-parte-i/

http://grupomeme.blogspot.com.br/2011/10/apresentacao-da-palhaca-palitolina.html

http://blogfail2010.blogspot.com.br/2011/01/coisas-que-

aprendemos-andando-de-onibus.html

Expansão urbana em São Paulo (esquerda) e em Mumbai, na Índia (à direita), devido ao espraiamento da cidade e esvaziamento do centro por falta de políticas

habitacionais e de adequação tecnológica.

http://www.favelization.com/2009/05/em-construcao-sao-paulo-e-mumbai_16.html

O espraiamento sem planejamento e sem aplicação de tecnologias adequadas devasta o ambiente natural, que por sua vez é essencial para a obtenção de insumos para a vida

de cada cidadão e para todo o ecossistema urbano.

MILLER E SPOOLMAN, 2012, p.13

Bioma: Conjunto de ecossistemas terrestres caracterizados por tipos fisionômicos semelhantes de vegetação.

Ecossistema: É a comunidade total de organismos, junto com o ambiente físico e químico no qual vivem. O ecossistema é composto por• seres vivos (biocenose: flora, fauna, microbios), • meio físico (biótopo: solo, águas, ar, luz solar).

Ecossistema urbano:

• forte presença de atividade humana;

• transformação do ambiente natural;

• produção e consumo constantes;

• fluxos intensos (pessoas, energia, recursos econômicos, relações sociais).

Classificação de biomas de Walter.

Classificação de biomas no Brasil, segundo o IBGE.Ecossistema.

O conforto com baixo consumo de insumos (materiais, energia) é possível,

quando as ações humanas se compatibilizam com as características do meio natural (bioma, ecossistema, clima).

Imagens referenciadas em arquivos de aulas anteriores.

O que é qualidade de vida?

O que é qualidade ambiental?

Retornando à questão inicial,

como saber “o que é o melhor” em cada caso,

de modo a orientarmos nossos projetos?

Para se avaliar se um projeto foi bem sucedido, há necessidade de se determinar parâmetrospara comparação do antes e do depois do que se propôs.

Desse modo, torna-se possível orientar, gerir, avaliar, corrigir projetos particulares e políticas públicas.

Com isso, pode-se melhorar as propostas futuras, para que se propicieboa qualidade de vida para os usuários hoje,garantindo boa qualidade ambiental sempre.

Parâmetro (do grego) = pará (ao lado)

+métron (medida)

Parâmetros funcionam como uma “baliza”.

Dada uma variável, nós próprios determinamos os limites do razoável e do possível, para

aquele lugar, naquela época.Fora desses limites, os resultados são avaliados como inaceitáveis ou inviáveis, para aquele lugar e

naquela época.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), p. ex., é um indicador composto de variáveis como: expectativa de vida

ao nascer, educação, PIB per capita.

Para cada variável são definidos parâmetros e dessa composição decorre a classificação utilizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), para

orientação dos países, desenvolvimento de projetos e gerenciamento de fundos de investimento com vistas à

sustentabilidade.

O inter-relacionamento de parâmetros visando um fim específico gera indicadores, que simplificam o processo de informação para o usuário final do sistema de avaliação.

Que parâmetros usar para definir o que é QUALIDADE DE VIDA?

•Os desejos de alguns podem não ser os de outros.

•Só se deseja o que se conhece ou se sabe que existe.

•No caso do conforto, assim que conquistado o atendimento a

nossas necessidades vitais, já se almeja por algo mais prazeroso...

•As necessidades humanas não têm fim.

Ribeiro e Vargas (2004) elencam o que vários estudiosos consideram para a conceituação de qualidade de vida.

É fácil perceber que as descobertas de cada década inspiram novas conexões do pensamento; isto, aparentemente cria contradições, mas de fato se complementam mostrando novas facetas da mesma problemática.

Por exemplo:

• Maslow (1954) se concentra nas necessidades humanas individuais (Pirâmide Motivacional: fisiologia, segurança, pertinência, estima, autorrealização).

• Lynch (1960), na formação de um quadro mental com as expectativas individuais; para tanto, considera que a morfologia do sítio / desenho urbano (ponto, linha, referenciais, marcos, etc.) auxilie na organização mental, de modo a facilitar a formação de um juízo de valor que oriente as ações individuais.

• Wilheim e Déak (1970) consideram a materialidade segundo nossa atual estrutura social e política (renda, emprego, posses, habitação).

• Belgiojoso (1988) se preocupa com atividades e diversidade (estímulos, mensagens, informação, significado).

O fato é que somos complexos e vivemos de modo complexo.

O modo como usamos a cidade modifica nossa percepção: automóvel, a pé, de trem... a passeio, a trabalho, com a família...

Um lugar de múltiplas atividades é diferente daquele que tem apenas um tipo de atividade.

O público que utiliza um determinado tipo de lugar é diferente do de outro.

Numa época precisamos de algo distinto do que noutra.

http://www.clmais.com.br/informacao/8650/cal%C3%A7adas-danificadas-no-conta-dinheiro

https://www.google.com.br/search?q=bicicleta&espv=2&biw=804&bih=601&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAcQ_AUoAmoVChMIl_y_grWXyAIVRo6QCh1G9Qx2#tbm=isch&q=ciclofaixa&imgrc=3u2TiLDucY2NBM%3A

https://www.google.com.br/search?q=bicicleta&espv=2&biw=804&bih=601&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAcQ_AUoAmoVChMIl_y_grWXyAIVRo6QCh1G9Qx2#tbm=isch&q=ponto+de+%C3%B4nibus+lotado&imgdii=hVfAuT77Bvh87M%3A%3BhVfAuT77Bvh87M%3A%3Bog7clW5J-uvrOM%3A&imgrc=hVfAuT77Bvh87M%3A

Imagens referenciadas em arquivos de CAEA e EASU anteriores

“Qualidade de Vida” é, pois, um conceito ainda não completamente constituído.

Sabe-se, apenas, que ele se refere às necessidades individuais, de foro íntimo.

A definição do que é “bom” depende de para quem, para quê, aonde, quando.

A definição da “qualidade de vida” desejada deve ser feita para cada projeto, para cada plano.

A escolha de parâmetros para a avaliação dependerá dessa análise.

Sobre a multiplicidade de definições de Qualidade de Vida, consulte também: http://each.uspnet.usp.br/edicoes-each/qualidade_vida.pdf

O QUE É QUALIDADE AMBIENTAL (URBANA)?

Entendemos por qualidade ambiental as condições ótimas que regem o

comportamento do espaço habitável em termos de conforto, associadas aos

aspectos

ecológico, biológico, econômico-produtivo, sociocultural, tipológico,tecnológico e estético

em suas dimensões espaciais.

Desta maneira, a qualidade ambiental urbana é, por extensão, produto da interação dessas variáveis para a conformação de um habitat saudável, confortável e capaz de satisfazer os requisitos básicos de sustentabilidade da vida humana individual e em interação social dentro do meio urbano.

(LUENGO , 1998)

Tem a ver com Qualidade de Vida

e portanto o conceito não é

absoluto.

A qualidade do meio ambiente é julgada mediante valores da sociedade:

•história do lugar,

•quadro socioeconômico da população,

•quadro cultural da população,

•aspectos físicos do território,

•recursos disponíveis,

•elementos poluentes,

•outros valores objetivos e subjetivos.

(RIBEIRO e VARGAS, 2004)

INDICADORES DE QUALIDADE AMBIENTAL

Os indicadores de qualidade ambiental urbana são um instrumento de gestão e visam avaliar

•a disponibilidade de

estrutura,

infraestrutura,

equipamentos,

serviços urbanos de uma determinada localidade;

•o acesso a isso tudo pela população;

•a satisfação das necessidades da população;

•o aumento de seu bem-estar.

Tem a ver com Qualidade de Vida e

portanto não há parâmetros absolutos.

A determinação da qualidade ambiental depende, pois, de indicadores confiáveis, que representem o total do universo de itens que compõem o ambiente a ser avaliado.

A avaliação da qualidade ambiental pode ser feita com base em 3 grandes grupos de aspectos:

•físico-naturais,

•urbano-arquitetônicos,

•socioculturais.

Que componentes do ecossistema urbano eleger como indicadores?

Que metodologias de quantificação e sistematização de dados adotar?

Universo estatístico ou população: conjunto

de elementos em estudo.

Os instrumentos e métodos das políticas ambientais podem estar

ligados

ao mercado ou

ao poder público.

As formas de gestão pública do ambiente urbano podem ter caráter:

emergencial (atuação impositiva, correção),

preventivo (orientação, monitoramento),

proativo (incentivos, conscientização).

INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL

(RIBEIRO et.al, 1998).

INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL PÚBLICA

Instrumentos TRADICIONAIS de gestão ambiental pública urbana:

Normativos: legislação de uso e ocupação do solo, regulamentação de padrões (de poluentes, p. ex.);

De fiscalização e controle para que as normas sejam aplicadas;

Preventivos: delimitação de territórios para atividades específicas (parques, zona industrial, p.ex.), avaliação de impacto ambiental e de riscos, licenciamento ambiental;

Corretivos: intervenções diretas de saneamento, arborização, manutenção e complementação da estrutura e da infraestrutura implantada.

DIFICULDADES PARA EFETIVAÇÃO:

•escassez de recursos financeiros, humanos e técnicos,

•grupos sociais e indivíduos não colaborativos, seja por interesses antagônicos aos do gestor público, seja por ignorância.

NOVOS instrumentos de gestão ambiental urbana complementares, a serem integrados aos instrumentos tradicionais:

Educação

Comunicação

Marketing

Negociação

EXPECTATIVAS:•levar ao povo o conceito de desenvolvimento sustentável ;

•transformar a gestão ambiental em prática de administração de ecossistemas humanos.

REFERÊNCIAS PRINCIPAIS

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA, 2004.

COUTINHO, Leopoldo Magno. O conceito de bioma. Acta Botanica Brasilica, versão on line, vol. 20, nº 1. São Paulo, Jan/Mar 2006. Acessível em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33062006000100002

LUENGO, Gerardo. Elementos para la definición y evaluación de la calidad ambiental urbana. Una propuesta teórico-metodológica. Anais do IV Seminário Latinoamericano de Calidad de Vida Urbana. Tandil(Argentina), 8 a 11 de setembro de 1998. Acessível em http://www.perfilciutat.net/fitxers/IVSL_A4.pdf.

MILLER, G. Tyler; SPOOLMAN, Scott E. Ecologia e Sustentabilidade. 6ª edição norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

RIBEIRO, Helena; VARGAS, Heliana Comin (organizadoras). Novos Instrumentos de Gestão Ambiental Urbana. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

RIBEIRO, Maurício Andres (et al). Município e meio ambiente. Belo Horizonte: Fundação Estadual do meio Ambiente, 1998. In www.rc.unesp.br/igce/ceurb/qualidade ambiental urbana.htm.

http://each.uspnet.usp.br/edicoes-each/qualidade_vida.pdf