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Page 1: pulsar 23 v2 - nfist01.tecnico.ulisboa.ptnfist01.tecnico.ulisboa.pt/wp-content/pulsar/edicoes_anteriores/... · Com tudo isto passaram 2 dias e já é quinta-feira, noite de festa!

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Apoios:

Esta edição da Pulsar tem o apoio de:

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Í N D I C EPulsar é uma publicação do NFIST de distribuiçãogratuita.

Tiragem: 1700 exemplares

Site: http://pulsar.nfist.ist.utl.ptMorada: Instituto Superior Técnico, Edifício Ciência,

Piso 2 - Secretaria de Física. Av. Rovisco Pais, 1096 LISBOA Codex

Telefone: 218419075Fax: 218419013e-mail: [email protected]

DIRECÇÃO:Ricardo Figueira

COORDENAÇÃO:Raquel Pinto

GABINETE DE IMAGEM:Gonçalo Pereira - MontagemPedro Miguel Cruz - Capa

GABINETE DE ARTIGOS:Francisco BurnayJoão CardosoJoão Mendes LopesMaria João RosaRaquel Pinto

SECÇÃO CULTURAL:João Mendes LopesJoão Seco

FICHA TÉCNICA

Editorial 33333

Secção de Instantâneos 44444 As novidades do mundo científico

Local Diário de um caloiro da LEFT 55555

NFIST

O NFIST na Festa do Avante 66666

Circo da Física 77777

Entrevista

ao Engenheiro Paulo Silva 88888

Comemorações dos 20 Anos da LEFT Left: O Começo 1 1 1 1 111111

Os 10 primeiros Licenciados 1111122222

elab: um laboratório inovador 1 1 1 1 1444442ª Escola de Astrofísica e Gravitação 1 1 1 1 166666

Astromodelismo 20 20 20 20 20

Prémio António da Silveira 22 22 22 22 22

Secção Cultural 23 23 23 23 23

ED

ITO

RIA

L

A VIII Semana da Física está aí e com ela uma novaPulsar. À semelhança da exposição, que tem vindo aatrair milhares de alunos do ensino secundário aoInstituto Superior Técnico para ficarem a saber umpouco mais sobre Física, também esta edição daPulsar se vai debruçar sobre as Comemorações doVigésimo Aniversário da Licenciatura em EngenhariaFísica Tecnológica (LEFT). O objectivo é simples:descobrir um pouco mais sobre o percurso que osprimeiros licenciados da LEFT fizeram ao longo destasduas décadas.

Num período em que se fala, cada vez maisinsistentemente, da crise no ensino da Física, éimportante fazer ver à sociedade em geral que existeum grupo de estudantes, cientistas e engenheirosnacionais que se dedicam ao estudo, desenvolvimentoe aplicação desta disciplina e que têm vindo a alcançarum sucesso assinalável. No entanto, apesar dopanorama negro, é reconfortante ver que aindaexistem uns quantos corajosos que ingressam nestavida de trabalho e sacrifício por forma a que ao fim dealguns anos possam dizer que compreendem um

bocadinho melhor (ou desconhecem um poucomenos???) o Universo. Foi um destes corajososalunos do primeiro ano que desafiámos para noscontar a experiência de entrar na LEFT.

Na busca incessante pelo saber que, supostamente,“não ocupa lugar”, surgem iniciativas como a II Escolade Verão de Astrofísica para a qual a Pulsar seencarregou de enviar um “repórter” para acompanharde perto e posteriormente testemunhar esta iniciativapromovida pelo CENTRA que contou com aparticipação de estudantes de todo o país e que sedeslocaram até ao IST – Alameda vindos de todo opaís.

É para evitar que qualquer pessoa que queira saberum pouco mais sobre Física tenha de percorrergrandes distâncias para o fazer, que surge um projectocomo o e-lab que promete tornar as experiênciasbasilares do conhecimento científico acessíveis aqualquer pessoa com uma ligação à Internet e umcomputador.

Para além destes temas, há muito mais para lernesta edição da Pulsar. Espero que gostem!

Ricardo Figueira

EditorialEditorialEditorialEditorialEditorial

Ondas-Fonte Inesgotável de Energia 1 1 1 1 188888

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INS

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NTÂ

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SDome C – melhor localDome C – melhor localDome C – melhor localDome C – melhor localDome C – melhor localde observação terrestede observação terrestede observação terrestede observação terrestede observação terreste

Nova descoberta sugere que a região central daplanície Antárctica (Dome C) é o melhor local na Terrapara observar as estrelas, e pode ser uma opção melhordo que o espaço para os novos telescópios, desenhadospara procurar vestígios de vida noutros planetas.

Entre as vantagens em contruir um observatório nestelocal destacam-se o facto de ser extremamente barato epoder ser actualizado regularmente.

http://www.phys.unsw.edu.au/nature/

ESA verifica o primeiro satéliteESA verifica o primeiro satéliteESA verifica o primeiro satéliteESA verifica o primeiro satéliteESA verifica o primeiro satéliteexperimental do sistema Galileoexperimental do sistema Galileoexperimental do sistema Galileoexperimental do sistema Galileoexperimental do sistema Galileo

O modelo estrutural dos dois primeiros satélitesexperimentais da constelação Galileo está actualmente aser testado pela Agência Espacial Europeia, com oobjectivo de orbitar de modo a assegurar as frequênciasatribuídas a este mesmo projecto, medir a radiaçãoambiente e ainda fornecer informações indispensáveispara o desenvolvimento desta constelação.

http://www.esa.int/esaNA/GGGMX650NDC_index_0.html

Missão WISEMissão WISEMissão WISEMissão WISEMissão WISEFoi aprovada uma nova missão da NASA (Wide-field

Infrared Survey Explorer) que poderá detectar as Anãs--Castanhas (estrelas próximas do Sistema Solar queainda não foram descobertas por serem muito pequenase “frias”) e colisões de galáxias, graças ao varrimentointegral do céu no infravermelho.

http://ds9.ssl.berkeley.edu/wise/

Tempestade CósmicaTempestade CósmicaTempestade CósmicaTempestade CósmicaTempestade CósmicaFoi observada uma violenta colisão entre dois enxames

de galáxias próximas por uma equipa internacional decientistas da ESA, com a ajuda do telescópio XMN-Newton.O choque deu-se com duas frentes metereológicas dealta-pressão, criando condições para a criação de“furacões”, atirando, desta forma, galáxias para longe doseu percurso.

http://www.cosmovisions.com/Abell754.htm

LOFAR já está a ser construídoLOFAR já está a ser construídoLOFAR já está a ser construídoLOFAR já está a ser construídoLOFAR já está a ser construídoO LOFAR mede 350 km, não tem partes móveis e é “a

menina dos olhos” dos radioastrónomos. Este rádio--telescópio pode ser apontado em muitas direcções aomesmo tempo podendo tirar fotos, quase interruptamente,a todo o céu; está a ser contruído na Holanda e vai serconstituído por 15000 pequenas antenas de rádio ligadaspor fibra óptica a um supercomputador.

http://www.lofar.org/

Mais duas luas para SaturnoMais duas luas para SaturnoMais duas luas para SaturnoMais duas luas para SaturnoMais duas luas para SaturnoA sonda Cassini descobriu duas novas e pequenas luas

em Saturno. A S/2004 S1 e a S/2004 S2 encontram-seentre Mimas e Encelado, e têm cerca de 3 quilómetros.Na realidade, a S/2004 S1 pode ser o S/1981 S14 avistadopela sonda da Nasa Voyager.

http://saturn.jpl.nasa.gov

Asteróide ToutatisAsteróide ToutatisAsteróide ToutatisAsteróide ToutatisAsteróide Toutatisaproximou-se da Terraaproximou-se da Terraaproximou-se da Terraaproximou-se da Terraaproximou-se da Terra

No passado mês de Setembro, dia 29, o asteróideToutais fez a maior aproximação do planeta Terra desde1353, passando a cerca de 1 550 000 km (cerca de 4vezes a distância à Lua).

Em 2562, o asteróide de grandes dimensões voltará aaproximar-se de nós.

http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2004/

Cinquentenário do CERNCinquentenário do CERNCinquentenário do CERNCinquentenário do CERNCinquentenário do CERNNo âmbito do cinquentenário do CERN, o LIP está a

organizar um conjunto de palestras para o público,nomeadamente jovens estudantes do secundário ou dafaculdade, assim como professores do secundário oucuriosos em geral. As palestras realizar-se-ão no IST entreNovembro e Dezembro.

A inspiração dessas palestras baseia-se nas páginasda web do CERN:

“The historical milestones in 50 years of science”:http://intranet.cern.ch/Chronological/2004/CERN50/

50ansSciences/1954_en.html(v. p.: http://www.lip.pt/~bordalo/cern50/hm1954.htm),É necessário ter em conta que os físicos

experimentalistas de partículas portuguesesparticiparam(rão) em cerca de metade desses marcos(1968, 1976, 1989, 1990, 1999, 2000, 2007).

As palestras estão divididas em 4 sessões de 1 hora eterão o título geral de:

“50 Anos do CERN -Participação portuguesanos marcos históricos doCERN”.

Para mais informaçõesdevem contactar a Prof.ªPaula Bordalo no LIP.

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LO

CA

LO dia é o décimo quarto no nono mês do duomilésimo

quarto ano da graça de nosso senhor.E há um certo frio, um tiritar. Há um certo céu plúmbeo e

opressivo que agoira males indizíveis. Nada é coincidêncianesta sequência de presságios. E há um quê de titubearem todo o movimento.

Este é o cenário do preâmbulo para a nossa condenação.O IST a dez, nove, oito, sete, seis passos. Este é o pontode não retorno.

Ainda podes desistir. Pensa bem.Como queiras, eu avisei.Senhores e senhoras, ladies and germs, please fasten

your seatbelts - this will be one hell of a ride. Bem-vindosà LEFT!

Uma, duas, três, quatro, cinco horas depois e asmatrículas são favas contadas. E depois tentar – só tentar!- conhecer o IST, o NFIST e toda a gente com quem vamospartilhar, pelo menos, os próximos cinco anos.

Segunda-feira. Segunda aula: Física Experimental. Trêsseguranças na sala de aulae nós, “hum?”. Um professorcompletamente surreal enós, “o quê?”. Uma apoplexiafulminante, o prof. no chão,e é o auge, toda a gente arir! Os veteranos a entrar e arir connosco – “aula de praxe,pessoal!”. Mas desengane-se quem julgou que era finda a brincadeira: uma professorarussa, piões e paraquedistas de plástico em miniatura...Sim, mais uma aula à guisa de praxe. Agora sim, fomosapanhados desprevenidos – já nem queríamos acreditarque não havia nenhuma professora Anna Mourovna, queo sotaque refinadíssimo era, isso sim, um sofisticado logro.

Por esta altura eram já horas de almoçar e o localescolhido foi a (muitojustamente) aviltadacantina da AEIST.Dissabores culináriosà parte, estávamosprontos para umFotoPaper por Lisboae arredores. Claro quenão chegámos aconhecer metade doque podíamos, muitomenos ainda do que

queríamos, mas todos se tiveram por contentes.

Com tudo isto passaram 2 dias e já é quinta-feira, noitede festa! Por infelicidade, a má fama da zona adjacenteao IST concretizou-se nesta noite de tertúlia e na pessoade uma colega: um assalto violento que, por sorte, nãoteve consequências mais graves. Serviu para nos avisar,suponho.

Já não era cedo quandoos Pentaquark abriram ashostilidades; confesso queme faltam superlativos quefaçam jus a este portento dequinteto jazz-rock-punk-metal-grunge-e-eu-sei-lá--mais-o-quê. Entre aKarma Police e A Minha

Casinha ia-se convivendo,com algum mosh pelo meioe muita cerveja pelo chão.Mas o que é bom durapouco e, depois deapresentados os caloirosum a um, deu-se porterminada a sessão.

Por esta altura ainda nem toda a gente se conhece.Provavelmente são menos os nomes que sei do que osque desconheço. De certo ainda não me oriento bem nocampus e com algum azar perco-me nos corredoreslabirínticos de um qualquer pavilhão. Mas hoje, duassemanas passadas desde o dia das matrículas, aindanão se esgotaram todas as maquinações dos veteranospara nos ambientar a esta nova realidade – o IST, a LEFTe a grande parte da nossa vida que lhes vamos dedicar.

Diário de um caloiro da LEFTpor Daniel Mendes 1º ano

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NFIS

TDe certo já ouviram a expressão “O NFIST não pára!”...

Duvidam? Ainda as férias tinham algo para dar e já oscolaboradores do NFIST se encontravam prontos parafazer aquilo que tanto gostam... divulgar a Física! Destavez o objectivo encontrava-se do outro lado do Tejo, na jáfamosa Quinta da Atalaia. Foram três dias de árduotrabalho mas também de muita diversão: estamos a falar,evidentemente, da presença do NFIST na Festa do Avantenos dias 3, 4 e 5 de Setembro. No “Espaço da Astronomiae das Experiências de Física”, espaço quase totalmentedestinado ao NFIST, estavam disponíveis muitasexperiências do Circo, o telescópio da Astro e ainda otelescópio do Professor Máximo Ferreira, que mais umavez nos acompanhou nesta nossa missão de divulgaçãoda Ciência, em geral, e da Física, em particular.

Apesar da imen-sidão do recinto daFesta e da qualidadeda maioria dosespaços (como oPavilhão Central ou aCidade da Juventude),a zona preferida doscolaboradores era,obviamente, a enormetenda do Circo que, para além de ser o local ondemontámos toda a exposição, acabou por também nosservir de “acampamento”... Na sexta-feira, quandochegámos ao recinto começámos logo a trabalhar,preparando de imediato toda a exposição e abrindo-a aopúblico o mais depressa possível, e esquecemo-nos demontar as tendas onde iriamos dormir. Quando chegoua hora de fecharmos, a única opção viável foi mesmo a“arrecadação” do nosso espaço. Inicialmente atépareceu bastante divertido dormir no local de trabalho,mas só até sabermos que o nosso segurança era umlindo e carinhoso dobberman...

Temos de confes-sar que após oprimeiro dia, ao fimde um interminávelfluxo “camaradavem, camarada vai”,quando muitos denós já nem sequertinham voz devido àsinúmeras horasseguidas de

explicações, pensámos: “Amanhã vai estar mais calmo.Já todos viram e ouviram o que aqui existe.”. Enganámo-nos, (in)felizmente enganámo-nos... No segundo diaabrimos as portas da tenda ainda mais cedo e, de facto,mesmo antes de aberto o espaço, já havia procura dotelescópio, de uma experiência que ficou por explicar navéspera, do Cosmos de Carl Sagan que ficou a meio... Éespantoso e extremamente gratificante, ver que, apesarde estarmos numa Festa conhecida pela diversão, pelosconcertos e pelas barraquinhas de bebida, continuam aexistir pessoas interessadas em Ciência. E é ainda maisextraordinário ver que no meio do nosso imenso públicoencontramos pessoas de todas as idades, de todas asclasses sociais, com níveis de formação completamentedistintos, mas igualmente interessadas naquilo quetínhamos para lhes mostrar. Numa época em que as

facilidades, ocomodismo e aapatia tomaram contade muitos da nossageração é fantásticoobservar um públicoatento, informado,com ideias paradiscutir e disposto aaprender... E isso é o

que torna o nosso trabalho tão gratificante!Mas apesar de tudo (da humidade que não

ajudava ao bom funcionamento do Van Der Graff, do calorque se fazia sentir na tenda, dos palpites de váriosapreciadores de ficção científica...), alguns ainda tinhamforças para a festa, para escapar e ver um concerto, paratomar uma boa refeição em qualquer uma dasbarraquinhas disponíveis, para conviver com asdiferentes pessoas que por ali andavam...

Quando chegou o último dia da festa, mesmoextremamente cansados como estávamos todos,continuámos o nosso trabalho, apoiados ora pelos pãescom chouriço da padaria de Leiria e pela carrinha daDelta, ora pela mais recente inovação do NFIST - cartazescriados por alguns colaboradores destinados aauxiliaram a explicação dos fenómenos físicos por detrásde algumas das experiências do Circo.

Escolhas partidárias àparte, o ambiente que seviveu era bastanteagradável e o balançofinal foi extremamentepositivo. Também maisnão seria de esperarquando um grupo depessoas se junta pelamesma causa. E é por oNFIST ser feito de pessoas como estas, empenhadasna sua “missão” de divulgação científica, queacreditamos na continuidade do nosso Núcleo, querenquanto dinamizador de projectos já existentes, quercomo sede de projectos ainda mais inovadores.

Por fim, restam-nos os agradecimentos: ao ProfessorMáximo Ferreira, pela preciosa ajuda na área daAstronomia; à Sílvia Silva, da organização da Festa doAvante; a todos os colaboradores que acompanharam oCirco e a Astro, em especial aqueles que se estrearamnestas “andanças”; a todos os que nos visitaram e nosderam, directa ou indirectamente, ânimo para os projectosque se seguem; a quem colabora no Núcleo e não pôdeestar presente na Festa; a quem acredita no nossofuncionamento e nos apoia em todas as nossasactividades; e por fim um agradecimento muito especialaos nossos colegas quedesde sempre acom-panharam o NFIST, e queesperamos continuar a vernas actividades do Núcleocom o seu novo estatutode Engenheiros.

O NFIST na Festa do AvanteO NFIST na Festa do AvanteO NFIST na Festa do AvanteO NFIST na Festa do AvanteO NFIST na Festa do Avante

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NFIS

TOlá meninos e meninas!

O “Circo da Física” está de volta nesta nova edição daPulsar para vos mostrar mais uma experiência que podemrealizar em casa.

Agora que toda a direcção do Circo está no segundoano, inspirámo-nos na cadeira de Termodinâmica para vostrazer uma experiência sobre “Processos de Transferênciade Calor”.

Divirtam-se!

A transmissão de calor ocorre aquando da passagemde energia térmica de um local para outro (ou de um corpopara o outro, ou de uma parte para outra do mesmo corpo).A transmissão pode processar-se através de condução,convecção e irradiação.

Para esta experiência é apenas necessário explicar acondução...

Este processo de transmissão de calor, em que a energiapassa de um local para outro, ocorre através das partículasque separam este mesmos locais. Na região mais quenteas partículas têm mais energia, logo vibram com maisintensidade, ao vibrarem transmitem esta energia para aspartículas vizinhas e assim sucessivamente. Desta forma,a condução não pode ocorrer no vácuo porque énecessário um meio material de propagação.

A expressão do fluxo de calor é dada por Ö = (c * A * “T)/ L, em que ”c” é o coeficiente de condução térmica; estevalor é grande para bons condutores como o metal epequeno para maus condutores como a madeira.

Agora que já temos noções básicas de condução, vamosconstruir um barco...

O material necessário é o seguinte:- uma garrafa plástica de água (33cl);- uma tesoura;- um tubo de cobre com cerca de 30 cm de comprimento;- uma vela (das redondas pequeninas);- cola ou silicone;

Começamos por cortar a garrafa longitudinalmente pelomeio com a ajuda da tesoura (o gargalo da garrafa tambémpode ser cortado, embora não seja necessário). O nossobarquinho vai funcionar com um tubo de cobre macio quetemos de dobrar em duas espiras (as espiras devem serfeitas no meio do tubo para que as pontas do mesmotenham o mesmo comprimento) como mostra a figura:

Voltando à garrafa, é necessário fazer dois furos no fundojá cortado em que forçaremos as duas extremidades dotubo a passar; para haver boa retenção de água aplicamossilicone à volta dos furos.

Montagem final:A garrafa cortada ao meio deve ser deitada, do lado do

gargalo aplica-se a vela com a ajuda do silicone; depois

temos o tubo com as espiras já com as extremidades forado barquinho através dos furos já feitos. Neste momentoé necessário encher o tubo com água, ou com um contagotas ou com a ajuda da palhinha, neste último caso,coloca-se uma extremidade dentro de água e a palhinhana outra extremidade (vedando-se com os dedos) de modoa sugar e a água entrar no tubo.

O barco está pronto para ser posto na água, a vela é

acesa e quando o tubo de cobre estiver suficientementequente para aquecer a água que contem, o barco começaa andar, inicialmente dará um “solavanco” mas depois vaiandar suavemente.

Este é o esquema dos barcos que se vendem com estefuncionamento... (a caldeira são as duas espiras quefizemos)

Até aqui tudo bem, a vela aquece o cobre, a água entra

em ebulição e o vapor formado obriga a água a sair pelostubos fazendo com que o barco ande para a frente. Deacordo com esta explicação, o barco deveria parar quandose esgotasse a água no tubo, mas o que acontece é queos tubos aspiram mais água e o processo repete-se!!!!

Então vamos perceber porque é que a água é aspiradae porque é que quando isso acontece o barco não percorrea mesma distância mas no sentido contrário?

1º - o calor transferido pela vela converte parte da águaem vapor; a pressão exercida por esse vapor desenvolveforças sobre a superfície da água que resta no tubo eimpulsiona as colunas de água pelo mesmo fazendo-asemergir, juntamente com o vapor, em jacto pela traseirado nosso barco. Quando água e vapor saem do tubo, partedo vapor restante condensa-se na parte do tubo que estámais fria, e contrai, diminuindo a pressão, logo aspira águafria para dentro do tubo fazendo com que o ciclo recomece.

2º - quando a água é aspirada, entra segundo todas asdirecções o que juntamente com a assimetria na emissãodo jacto para trás resulta numa propulsão para a frente.

Vamos pensar na nossa respiração, se pusermos a mãoà frente do nariz e expirarmos, sentimos o jacto de ar asair, mas se inspirarmos não sentimos, ou seja, naexpiração o ar sai numa direcção, na inspiração o ar é“sugado” de todas as direcções; é isto que se passa como nosso barco.

Agora que já somos “cromos” em condução, mãos aotrabalho!

Circo da FísicaCirco da FísicaCirco da FísicaCirco da FísicaCirco da Física

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ENTREVISTA AO ENGENHEIRO PAULO SILVAENTREVISTA AO ENGENHEIRO PAULO SILVAENTREVISTA AO ENGENHEIRO PAULO SILVAENTREVISTA AO ENGENHEIRO PAULO SILVAENTREVISTA AO ENGENHEIRO PAULO SILVApor Joana Loureiro

Foi com simpatia que o Engenheiro Paulo Silva e alguns ex-colegas da LEFT me receberam na RENOVA,num peculiar gabinete, de onde sobressai um enorme quadro de ardósia, em que são visíveis a equação deSchrödinger e as equações de Maxwell! Seguiu-se uma agradável conversa, que desde o início misturou apaixão pela Física e o mundo dos negócios.

O Engenheiro Paulo Silva formou-se em Engenharia Física, na Escola Politécnica Federal de Lausanne,na Suíça (uma vez que, na altura, não havia este curso em Portugal), tendo terminado o curso em 1983.

Trabalha para a RENOVA há 20 anos e, até chegar ao actual cargo de Presidente do Conselho deAdministração, que ocupa há já 10 anos, desempenhou diversas funções dentro da empresa: foi assistente dedirector da transformação de papel, director de transformação, director de produção, tendo depois começado aocupar-se das áreas comerciais e administrativas.

Enquanto estudante, o que o levou a optar pelocurso de Engenharia Física?

Enquanto estudante do Liceu, diria que foi uma procurado absoluto, de compreender o mundo. Foi essa procuraque me serviu de referência e de motivação, foi o querercompreender o infinitamente grande e o infinitamentepequenino. Esta enorme vontade de conhecer vem desdesempre e desde muito cedo que fiquei fascinado com amatemática e com a física.

O curso correspondeu às suas expectativas, oudurante o mesmo sentiu algumas dúvidas sobrea sua vocação ou sobre a estrutura do própriocurso?

Eu fui para a Suíça com 17 anos e eu tinha estado emPortugal na altura do 25 Abril, pelo que a mudança deentrar para uma Universidade com um elevado rigor foium choque muito grande. Enquanto que em Portugal setinha um ensino que tentava nivelar as pessoas pelo nívelmédio, eu, de repente, choquei com um ensino de elevadaexigência e encontrava-me no meio dos melhores. Porisso foi logo uma mudança brutal. Durante o curso, cedome apercebi que gostava muito da física teórica, emboraestivesse em Engenharia. Gostava de física das partículas,apesar de não gostar do nome “física das partículas”(risos), gostaria de lhe chamar “física dos princípios”! Poroutro lado, para mim, a física quântica foi uma das minhasgrandes paixões, ou seja, durante o meu curso fui-meafastando da engenharia e fui mais para a física teóricapelo gosto de conhecer, de compreender. De facto, a físicaquântica ainda hoje me apaixona!

Ao longo do curso quais eram as suasexpectativas profissionais, no que é que seimaginava a trabalhar?

Investigação, investigação e investigação! Talvez fazerum Doutoramento (risos)! Como a minha vida foi diferente!A vida, às vezes, dá uma volta que não é aquela que umapessoa espera. Quando eu acabei o curso queria vir paraPortugal, era um desejo mais forte por razões pessoais, ena altura não havia física no Técnico. Foi então que fui àFaculdade de Ciências ver o que se fazia de investigaçãona área de física em Portugal. Foi de tal maneiradecepcionante que achei que era melhor passar para aindústria! Mas enganei-me, afinal também haviapossibilidade de fazer boa investigação em Portugal.

Fale-nos um pouco do seu percurso atéconseguir o seu 1º emprego (oportunidades queforam surgindo, dificuldades, opções que acaboupor fazer, etc.).

Antes de ter o meu primeiro emprego passei por trêsmeses complicados. Não foi tanto as dificuldades de terou não ter um emprego, era só dentro da minha cabeça,pois foi uma mudança radical ter decidido ir para aindústria, tendo passado uma vida inteira a julgar que meiria dedicar à investigação em física teórica. Não foi mesmonada fácil, não em relação aos outros, foi em relação amim, comecei a achar que todos os colegas engenheirosque eu conhecia, que não físicos, não tinham muitasdúvidas quanto aos seus interesses na indústria, unsqueriam construir o melhor carro ou o mais rápido, e nadadisso tinha a ver com os meus interesses nem com osdos meus colegas físicos. Mas era este o mundo “real”, eo aterrar no mundo real, onde se andava de fato e gravatae em que os objectivos de vida eram ter um BMW, um jipee um cavalo e uma casa no campo, não tinham nada aver com a minha vida e isso foi a parte mais difícil.

Depois surgiu a oportunidade de começar a trabalharna RENOVA e aceitei, sendo que, de início, tinha muitasdúvidas e achava-me tolo e idiota. Todo o meu curso metinha ensinado a questionar e a duvidar e talvez o trabalhode um engenheiro não fosse bem assim.

O que me levou a vir para a RENOVA foi o facto de haveruma ligação familiar com a empresa, pois o meu avô foium dos accionistas, apesar de nunca ninguém da minhafamília ter trabalhado na RENOVA, e surgiu então oconvite. A RENOVA era uma empresa grande e umaempresa onde eu achei que tinha a possibilidade de,estando em Portugal, ter um contacto com técnicosestrangeiros todos os dias, e isso era positivo. Esteaspecto internacional de estar a ver pessoas de todo omundo, todos os dias, para mim era um desafio que erainteressante e resolvi experimentar!E

NTR

EV

ISTA

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EN

TR

EV

ISTA

Uma vez inserido no mundo do trabalho, sentiuque o seu curso o tinha preparado para fazer facea essa nova realidade?

Eu acho que sim, porque tinha-me ensinado a duvidar,a pensar, a pôr as coisas em causa, a conhecer o mundo,a ter vontade de aprender e, por outro lado, tinha-me dadouma capacidade de trabalho espectacular e um granderigor de raciocínio. No entanto, não me tinha ensinado atrabalhar com pessoas, coisa em que eu me achava nulo,e se calhar aquilo em que eu tive mais prazer em trabalharfoi com pessoas, quando mais tarde descobri a gestão. Aífaço uma crítica em relação ao curso que fiz.

Nos primeiros tempos na Renova, cada dia era quasecomo um trabalho prático de física como os que fazia naUniversidade, em que me diziam, por exemplo, quemedisse a constante de Boltzmann e eu sabia que tinha8h para me preparar, ir para a biblioteca e aprender o queera a constante de Boltzmann para que pudesse estarpreparado quando chegasse ao laboratório. Na RENOVApassava-se o mesmo. Quando eu chegava ao laboratórioe me deparava com um problema diferente todos os dias,em que não sabia o que ia fazer, tinha de ir pesquisar noslivros, informar-me junto de algumas pessoas, pegar notelefone. Sentia-me nas aulas práticas de física.

Alguma vez se arrependeu de ter optado pelaárea da Engenharia Física ou, pelo contrário, achaque foi uma formação com um peso significativona sua vida pessoal e profissional?

Voltaria a fazer o mesmo curso! Teve um peso muitogrande na minha vida pessoal e profissional…em momentoalgum me arrependi. Se me perguntar se, por alguminstante, me arrependi de entrar para a indústria, eu diriaque sim, agora do curso que fiz não. Eu quero é maisfísicos à minha volta!

Apesar de exercer funções na área empresarial,sente que aplicou/aplica os conhecimentosadquiridos ao longo da sua formação académica?

É uma pergunta difícil. O meu curso foi cinco anos e jáestou aqui há 20 anos, o tempo académico começa a sermuito pouco na minha vida, uma vez que não façoinvestigação…mas do ponto de vista da metodologia, derigor, de raciocínio, a minha formação académica ajuda emuito. Eu acho que os físicos gostam de conceptualizaras coisas, de encontrar princípios que possam explicar ascoisas e eu acho isso extremamente importante na minhavida. Ser-se curioso, tentar perceber o mundo, medi-lo,ter noção das dimensões, é importante para o dia a dia.Eu, hoje em dia, tento pegar num assunto que sejaposterior à altura em que me formei e já sinto que estánum mundo à parte, por exemplo, no outro dia quis estudara Teoria das Super Cordas e não consegui avançar muitonos livros que comprei, o que me custa muito…gostavade entrar nesse mundo outra vez.

Eu tenho sempre, aqui, no meu gabinete, as Equaçõesde Schrödinger e as Equações de Maxwell, porque achoque são obras-primas, apesar de não as usar no meu diaa dia, infelizmente (risos). Ainda hoje eu me obrigo a umadisciplina férrea que é estudar física. É um prazer queninguém me pode tirar. Eu tenho pena que a maioria daHumanidade não tenha capacidade de perceber o poderque é a equação de Schrödinger.

Fale-nos um pouco do seu percurso na empresaonde actualmente trabalha, a RENOVA.

Eu acho que gostei de todas as funções quedesempenhei na RENOVA. Eu costumo dizer que o meurecreio é o Marketing. Eu gosto muito das coisas que estãoligadas à inovação e a física ajudou-me, por exemplo, ater físicos a trabalhar comigo e gostava de ter mais físicosna RENOVA (risos).

Há outros Engenheiros Físicos a trabalhar naRenova?

Temos quatro engenheiros físicos a trabalhar connosco.Mas como já lhe disse, gostava de ter mais!

Quando admitem Engenheiros Físicos, quais asexpectativas que têm em relação ao seudesempenho?

Inteligência. São criativos, inteligentes, com umacapacidade muito grande de, ao mesmo tempo, imaginare matematizar, são duas coisas em que eu acho que osfísicos são muito bons. E depois há físicos com interessescompletamente diferentes…uns gostam de jogos deestratégias, outros já gostam de astronomia e isso tambémé interessante para uma empresa.

Quais poderão ser as funções de um EngenheiroFísico dentro de uma empresa como a RENOVA?

Pode estar ligado à inovação, pode estar ligado aomarketing, pode estar ligado à gestão, à administração(risos) …pode ser tudo, fazendo uma boa universidade etendo vontade, pode desempenhar qualquer função.

Quais os conselhos que pode dar a umestudante de Engenharia Física?

Eu, no outro dia, falei com um grupo de portuguesesque fazem parte de uma associação que está em Aveiro.Estão a estudar nos Estados Unidos em Pós-Graduaçõese estavam cheios de dúvidas, e isto porque eram pessoasinteligentes e a dúvida está ligada à inteligência. Quantomais lúcida é uma pessoa mais infeliz é. O que vos possodizer é que duvidar é normal e é bom, é talvez o aspectomais positivo que posso deixar aos estudantes de física.Não se deve ter muitas certezas sobre as coisas, pois omundo é muito mais complexo do que parece. Digo-vosque são privilegiados, pois vão ter mais hipóteses de

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escolha quer sigam uma vida mais académica ou umavida mais ligada à indústria, ao contrário da maioria dosalunos que só têm uma via e que são mais felizes porquetêm de fazer menos escolhas, mas acreditem que é bempior terem menos escolhas! Em relação a mim, eu tenteisempre fazer aquilo que me deu mais prazer. Imaginava--me a passar a vida inteira a tentar resumir todas ascoisas numa equação única e não foi no que trabalhei!As coisas não são irreversíveis…devem ter prazer emaprender e fazer aquilo que gostam enquanto têm aidade que têm. Tenham sempre em mente que é possívelmudar e eu ficaria preocupado se não tivessem dúvidas,seria sinal que algo de errado se passava. Façam o quegostam e sem angústia!

Que conselhos daria a um recém-licenciado emEngenharia Física?

Mais uma vez diria para fazer o que gosta! Se acha quedeve continuar numa carreira académica, então lute muitopara alcançar a vida académica; se, por outro lado, achaque deve mudar, então lute, mas trabalhe, procure, poisas coisas não caem do céu aos trambolhões. E eu sei quevocês são capazes, até porque acredito que os cursosantigamente eram muito mais fáceis, havia algumas noitesmal dormidas mas as coisas agora também não são nadafáceis!

Até que ponto lhe parece importante enecessária uma formação pós-licenciatura (MBA,Mestrado, Doutoramento) para um jovemlicenciado que opte por uma área que não a deinvestigação?

Eu acho que a formação é sempre importante, mas achoque em Portugal se criou uma certa necessidade de fazerPós-graduações, e para quem não quer seguir a carreiraacadémica pode não ser muito importante. Ou seja, paramim é um pouco irrelevante. Agora estou a falar comouma pessoa que quer recrutar pessoas e aí acho que nolimite pode mesmo ser negativo. Acho que é preferívelfazer coisas e não ficar a vida inteira a investir emformações, doutoramentos, pois podem cair num certoerro, já que a vida numa indústria é um bocadinho diferenteda vida académica. São precisos resultados num curtoespaço de tempo e, por vezes, não são essas formaçõesque nos dão essa capacidade. Mas não quero dizer comisto que a formação não seja boa, só não acho que sejaessencial. Se tiver de escolher entre um aluno licenciadoem Engenharia Física no IST com média de 20 e um alunocom um Doutoramento numa universidade nova commédia de 14, para mim a escolha está feita.

Acha que há em Portugal oportunidades detrabalho para Engenheiros Físicos?

Há! Eu ofereço lugares. Acho que, agora, o curso deEngenharia Física é bastante mais reconhecido do queaquilo que foi. Quando eu decidi fazer Engenharia Física,se calhar a maioria das pessoas não sabia o que era, nãoera química nem electricidade. E hoje em dia isso já nãoé bem assim, apesar de agora se chamar EngenhariaFísica Tecnológica (eu não percebo o que está aí a fazero “tecnológica”, acho completamente redundante, euchamava-lhe só física!). Por outro lado, não percebo porque é que não são reconhecidos pela Ordem dos

Engenheiros. Acho, isso sim, que os EngenheirosFísicos deveriam fazer o favor de deixar a Ordem dosEngenheiros acreditá-los (risos)!

Qual a sua opinião sobre os Engº Físicosformados pelo IST?

Eu conheço dois ou três que trabalham comigo, nãoconheço mais, mas eles são tão diferentes uns dos outrosque não sei se há uma “marca” de engenheiros físicos doTécnico. São inteligentes e senti o mesmo rigor que tivena minha formação. São pessoas com quem se tem umrelacionamento muito fácil, pela maneira de pensar, defalar, temos uma linguagem comum, entendemo-nos muitobem, há uma maneira de dizer as coisas que nos permitecomunicar muito facilmente e, por vezes, com outrosengenheiros não se passa o mesmo. O facto dematematizarem facilmente os problemas, permite criaruma certa cumplicidade, um certo código. Eu, por exemplo,tenho muitas dificuldades quando tenho de falar compessoas ligadas às Ciências Sociais, é outro códigocompletamente distinto!

Pelo contacto que tem com engenheiros físicos,acha que o curso de Engenharia Física deveriaabordar outros temas que seriam importantespara o mundo empresarial, ou essa aprendizagempode ser feita uma vez inseridos na indústria?

Acho que não tenho nada a apontar, não notei nada.Também não conheço muito bem a componente curriculardo curso, mas vendo os resultados não tenho nada acriticar, a não ser uma coisa. No meu tempo, nós tínhamosmuitos exames orais, ou seja, ensinavam-nos muito a falar,a apresentar coisas, talvez tenha notado no Técnico umafalta de preparação oral. No princípio, notei talvez umacerta timidez das pessoas em falarem em público, maspode ser característica dos que trabalham aqui e não dotécnico.

A equipa da Pulsar agradece aoEngenheiro Paulo Silva a sua

disponibilidade e simpatia.

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A LEFT, em minha opinião, nasceu de uma tentativa doDepartamento de Física resolver dois problemas. Porum lado, responder ao “ataque” dos outrosdepartamentos do IST que achavam que havia física amais; por outro, a percepção que havia alunos que nãoficavam satisfeitos com as perspectivas abertas com assaídas profissionais oferecidas com as licenciaturastradicionais do IST. A partir daí, foi a aventura!

Tanto quanto me lembro, a licenciatura começou a ser“cozinhada” em Janeiro de 1981, passando a serdiscutida no departamento a partir de meados desseano. A discussão durou algum tempo: embora a maioriaestivesse de acordo com a ideia, havia alguns medos.Por exemplo: não estaremos a ser levados pelos outrosdepartamentos que o que querem é tirar-nos as cadeirasem troca duma inexistente licenciatura? Ou ainda: senós damos uma licenciatura em física, não passará afaculdade de ciências também a querer dar licenciaturasem engenharia? Vendo à distancia estes problemas são,no mínimo, ridículos. Julgo que a LEFT respondeu damelhor maneira aos dois problemas que se punham aodepartamento. Com a LEFT o departamento ganhouprestígio e peso na escola.

Uma das ideias, que se revelou brilhante, foi a decomeçar a LEFT não a partir do primeiro ano, mas apartir do terceiro, com alunos vindos de qualquerlicenciatura. Isso permitiu a desnatação dos melhorescursos do IST, em particular Electricidade e Química. Oprimeiro curso foi excelente, mas, o que ainda é maisdifícil, os que se seguiram, também o foram.

Desde sempre se colocou a questão de saber se erammesmo engenheiros. Ou, o que é isso da Engenharia emFísica Tecnológica? Num país conservador, as coisas boassão aquelas que já existiam antes. É (ainda) assim emPortugal. E portanto não é de admirar que, numa umaOrdem dos Engenheiros cheia de licenciaturas que sãoverdadeiras e estimáveis relíquias, haja dificuldade ementender uma licenciatura que está na margem entre aciência e a tecnologia, e que só se interessa, no essencial,com o futuro. A seu (dela) tempo a Ordem há-de entender...

Julgo que o que faz falta é trazer mais gente, criar umaestrutura de apoio e de defesa da Engenharia FísicaTecnológica, juntando os antigos alunos e avançando comuma rede de cumplicidades e de interesses em que hajacapacidade, inclusivamente financeira, para explicar opapel inovador que a Engenharia Física Tecnológica temna sociedade portuguesa.

LEFT: o começo...2

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por Jorge Dias de Deus

http://galileu.fisica.ist.utl.pt/20anos_left.htm

18 de Outubro 2004, 10h, Salão Nobre do ISTSESSÃO SOLENE INAUGURAL

http://galileu.fisica.ist.utl.pt/Sessao_20anos.htm

Actos Solenes:- Alocução do Presidente do Departamento de Física- Atribuição do título de Sócio Honorífico do Núcleo de

Física do IST ao Professor Lopes da Silva- Assinatura de protocolo IST/DF – Fundação Calouste

Gulbenkian, relativo ao Prémio Professor António daSilveira

http://galileu.fisica.ist.utl.pt/premioProfSilveira.htm

- Assinatura de protocolo IST/DF – Banco Barclays,relativo ao Prémio Barclays para o Melhor Licenciado daLEFT

http://galileu.fisica.ist.utl.pt/Premios_left.htm

- Entrega de Prémios a alunos- Entrega ao IST de parte do espólio bibliográfico do

Professor António da Silveira

Durante o ano lectivo 2004/2005:SEMINÁRIOS LEFT – 20 ANOS4 sessões com 3 seminários por sessão, distribuídas

da seguinte forma:- 2 sessões com participação de empresários /

engenheiros exteriores ao DF

- 2 sessões com participação de ex-alunos da LEFT:empresários / cientistas

NOVA SEPARATA DE DIVULGAÇÃO DA LEFTActualização dos conteúdos da actual separata,

incluindo um curto historial da LEFT, informações sobreos seus antigos alunos e uma referência à nova estruturacurricular da licenciatura após criação dos ramos deFísica e de Tecnologia.

REDE DE LICENCIADOS DA LEFThttp://galileu.fisica.ist.utl.pt/rede_left.htm

Objectivo: promover uma aproximação entre alicenciatura e os seus antigos alunos, permitindo umreforço do contacto entre o DF e o tecido empresarial, deprodução e de I&D.

No final do ano lectivo 2004/2005ALMOÇO CONVÍVIO (Alunos da LEFT, Ex-alunos da

LEFT e Professores do DF)

Programa das Comemorações dos 20 anos da LEFT

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os 10 primeiros licenciados da LEFTos 10 primeiros licenciados da LEFTos 10 primeiros licenciados da LEFTos 10 primeiros licenciados da LEFTos 10 primeiros licenciados da LEFT

No âmbito das Comemorações dos 20 anos daLEFT, a Pulsar decidiu procurar os 10 primeiroslicenciados deste curso. De Portugal até à Bélgica,da Física à Gestão Empresarial, encontrámos 10pessoas muito distintas mas com uma paixãocomum: a Física.

No entanto, devido ao extenso tamanho de todasas entrevistas que realizámos, optámos porseleccionar apenas as respostas que nospareceram mais relevantes. As entrevistas podemser consultadas na íntegra em:

http://pulsar.nfist.ist.utl.pt

Quem são?

António Ferraz - Dep. de Física do ISTFernando Barão - Dep. de Física do ISTJoão Bizarro - Dep. de Física do ISTLuís Lemos Alves - Dep. de Física do ISTLuís Melo - Dep. de Física do ISTPaulo Fonte - LIP CoimbraPedro Resende - Dep. de Matemática do ISTPedro Sebastião - Dep. de Física do ISTRui Ferreira - IBM BélgicaRui Pires - Fac. de Ciências da UCP

Como descobriu a LEFT e porque escolheu mudar paraeste curso?

O gosto da Física e a percepção de que era naengenharia uma ciência fundamental.

Quais considera terem sido as maiores dificuldadesque a LEFT enfrentou nos seus primeiros anos?Entretanto foram ultrapassadas?

A LEFT dos primeiros foi feita com uma dezena e meiade alunos, motivados...as dificuldades eram as matérias!Algumas delas eventualmente a ultrapassar...

Fernando Barão

Quais considera terem sido as maiores dificuldadesque a LEFT enfrentou nos seus primeiros anos?Entretanto foram ultrapassadas?

A LEFT começou por ser uma “semi-licenciatura”, quese iniciava no 3º ano do IST com alunos provenientesdos restantes cursos da Escola. Esse quadro deexistência justificou-se durante alguns (poucos) anos,logo após o arranque da LEFT, durante um período detransição para a total maturidade da licenciatura. Essasituação criou dificuldades na captação de alunos,decorrentes das limitações na divulgação quer internaquer externa da LEFT, e acabou por quase comprometera continuidade do projecto.Este foi seguramente oprimeiro grande problema que a LEFT teve que enfrentar,e que felizmente se ultrapassou com o alargamento docurriculum da licenciatura aos dois primeiros anoscurriculares.

Outra dificuldade que acompanhou a licenciatura desdea sua criação foi a da clarificação dos seus objectivos, oque rapidamente se reflectiu numa incapacidade dedefinição do público alvo a que se destina.Sem quereraqui analisar os motivos que conduziram a esta falta detransparência, é um facto que ela gerou algumainsatisfação em muitos dos alunos que ingressaram naLEFT ao longo destes 20 anos. Para paliar esteproblema, a LEFT foi modificando o seu plano deestudos, saltando de reforma curricular em reformacurricular, oscilando entre uma oferta de cariz maistecnológico e uma formação de ponta em matériasteóricas. Esta estratégia de modificações curricularesem tempo (quase) real viria a revelar-se pouco duradoirae eficaz, e acabaria por contribuir para uma maiordescaracterização dos conteúdos da licenciatura.

Na minha opinião, o primeiro passo sério no sentidode resolver este problema só muito recentemente foidado, com a criação na LEFT de dois ramos (de Física ede Tecnologia), a partir do seu 4º ano curricular. Noentanto, o problema da clarificação da missão da LEFTnão está ainda totalmente ultrapassado, devendo agoraprosseguir-se o trabalho ao nível da divulgação (internae externa) da licenciatura, da consolidação.

Luís Lemos Alves

Qual foi o seu projecto de fim de curso? Após concluir alicenciatura ficou a trabalhar nessa mesma área?

Fui para o CERN com uma bolsa de Estudante Técnicodo próprio CERN (fomos seis do LEFT, incluindo o RuiFerreira). Fiz algum R&D em novas ideias (hoje reconheçoque eram um bocado mirabolantes) para detectores deseguimento de trajectórias baseados em líquidosfotocrómicos (que mudam de cor com a radiação). Estiveainda 5 semanas na Universidade René Descartes, emParis, no âmbito desse projecto. Enquanto investigadorcontinuo de facto a trabalhar em detectores, mas agoragasosos.

Paulo Fonte

O curso correspondeu às suas expectativas? Essencialmente sim. Eu sempre tive vocação para

Físico e de facto gostei de aprender Física a sério. Sóacho que no Curso se identificou demasiado a Físicacom a Física Teórica, enquanto eu sou umexperimentalista por vocação.

Quais considera terem sido as maiores dificuldadesque a LEFT enfrentou nos seus primeiros anos?Entretanto foram ultrapassadas?

Sobretudo falta de meios laboratoriais. Nestemomento parece-me melhor deste ponto de vista, masnão tenho a certeza de a preparação dos alunos tambémser melhor (se calhar porque há o dobro dos alunos...).

Luís Melo

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A LEFT

Quais considera terem sido as maiores dificuldadesque a LEFT enfrentou nos seus primeiros anos?Entretanto foram ultrapassadas?

Um ou outro professor que não se adaptaram ao novoespírito da Licenciatura ... Tais dificuldades foramultrapassadas, mas creio que a estrutura inicial da LEFTera superior à actual ...

João Bizarro

Quais considera terem sido as maiores dificuldadesque a LEFT enfrentou nos seus primeiros anos?Entretanto foram ultrapassadas?

A LEFT partiu do nada, enfrentando os desafios típicosassociados ao lançamento de uma nova licentiatura ede um novo programa. Não sei se entretanto foramultrapassados. Um aspecto importante da LEFT é oalinhamento do curso com as necessidades do mercadode trabalho de hoje, exterior ao meio universitário. Emparticular, no domínio de gestão de empresas nas áreasde novas tecnologias, incluindo as tecnologias deinformação.

O curso correspondeu às suas expectativas?Penso que o curso respondeu às minhas expectativas

de carreira universitária da altura. Agora, em retrospectiva,penso que o curso responde em parte às necessidadesdo mercado de trabalho moderno.

Rui Ferreira

Quais considera terem sido as maiores dificuldadesque a LEFT enfrentou nos seus primeiros anos?Entretanto foram ultrapassadas?

Algumas dificuldades foram mesmo do início e até aludia elas a propósito do ponto 3. A maior dificuldade daLEFT foi sempre, do meu ponto de vista, conseguirtransmitir uma ideia clara do que se pretendia ser o “perfildo engenheiro físico” e, consequentemente, o papel queum licenciado em engenharia física deveria vir a ter noplano profissional. Por um lado pretendia-se que a LEFTfosse um bom curso de física, mas por outro, um cursoque munisse os seus licenciados de uma bagagemprática capaz de lhes permitir resolver problemas nasmais variadas circunstâncias. Metaforicamente aimagem seria a de jovens Feynmans (ou McGyvers)singrando na indústria ao resolver problemas detecnologia de ponta não cobertos pelas engenhariasclássicas. Infelizmente esta ideia, certamente pelomenos de início, teve tendência para falhar na prática, namedida em que tanto quanto pude perceber, oslicenciados da LEFT quase nunca encetaram umaactividade que encaixasse neste perfil. Um exemplo quegosto de citar é o do meu colega Rui Pádua, que fundouuma empresa muito interessante e foi, diria eu, o únicoverdadeiro “engenheiro físico” da LEFT do meu tempo.Foi a chamada excepção que confirma a regra, pois emgrande parte os licenciados do meu ano foram absorvidospela própria universidade. Uns anos mais tarde vim aparticipar num grande jantar de licenciados da LEFT epude constatar que em grande medida eles estavam atrabalhar em assuntos em nada relacionados com aformação específica que haviam tido no IST, por exemplofazendo consultadoria em empresas. Actualmente tenhoestado mais desligado deste assunto e por isso nãoposso afirmar que a situação não esteja a mudar. Mas,independentemente disso, é obviamente justo mencionarque tais problemas, que afectam outras licenciaturasem física, matemática e não só, se devem em muitogrande parte à enorme incapacidade da indústriaportuguesa em absorver licenciados deste tipo, visto quepouca investigação é feita, ainda hoje, na nossa indústria.Este é um problema de fundo que carece ser resolvido epara o qual licenciaturas como a LEFT podem e devemter um papel importante.

Pedro Resende

Acha que a LEFT foi preponderante para o seu futuroprofissional?

Enquanto professor, obviamente. Enquantoengenheiro, poderia ter seguido eng. electrotécnia eestaria a trabalhar numa empresa. Penso que nessecaso não teria seguido a carreia académica. Enquantoengenheiro LEFT, diria que sim uma vez que tive mesmocom um “pé” (eu diria mesmo o “corpo todo”) dentrodesse tipo de actividade.

Pedro Sebastião

Como descobriu a LEFT e porque escolheu mudar paraeste curso?

Descobri a LEFT porque já estava no Técnico e fui alunode alguns dos professores que a criaram. Mudei porquejá me interessava muito pela Física e pela investigaçãocientífica em geral e agradou-me bastante o formato e oconteúdo inovador do novo curso.

O curso correspondeu às suas expectativas?O curso correspondeu perfeitamente às minhas

expectativas da altura. Certamente que houve bastantesproblemas e limitações, que devem ser vistas à luz dascondicionantes de ter sido a primeira “fornada”. O mesmojá não posso dizer quanto àquilo em que o curso setransformou.

Rui Pires

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O elab é um novo conceito de laboratórios interactivosreais controlados remotamente através da Internet. Tendosido implementado no decorrer de 2001 a 2004 no IST,atingiu em 2004 a completa operacionalidade,começando a servir disciplinas de física básica doInstituto Superior Técnico como ‘Física Experimental’ e‘Termodinâmica e Estrutura da Matéria’. Actualmente estáaberto a toda a comunidade escolar, com um conjuntosignificativo de experiências disponíveis quer de grauuniversitário quer do secundário. É interessante notarque a generalidade das experiências têm um protocoloexperimental proposto de nível básico mas também houvea preocupação de separar as matérias mais difíceis numprotocolo avançado. Deste modo uma experiência podeservir vários graus de ensino.

Ao vivoPara além do facto das experiências serem reais, ou

seja estarem a acontecer à vista dos internautas a elasligados através da transmissão de vídeo em directo, outrofacto que pretendemos realçar é essas pessoaspoderem comunicar entre elas através de um “chat”integrado na própria plataforma. Ou seja, as experiênciaspodem ser realizadas por um grupo de alunos quemantêm o contacto entre si podendo estar em pontosdistintos do planeta ou um professor poderá demonstraruma experiência para uma comunidade de seus alunosque se encontrem ligados através da Internet.

TecnologiaSe bem que seja

necessário um “down-load” algo moroso(cerca de 6Mbytes) aplataforma escolhidapelos autores do elabdemonstra ser bas-tante potente: por umlado as actualizaçõesque surjam do soft-ware de suporte àsvárias experiênciassão automáticas etransparentes para outilizador; por outro éexecutado numa JAVAVirtual Machine cor-rendo em qualquersistema operativo apartir dum qualquer

“browser”, o que deve agradar bastante aos utilizadoresde Linux e de Macintosh. Isto fica-se a dever ao empregoda tecnologia baseada no JAVA Web Start da Sun. Aliás aSUN distingue no seu portal (www.sun.com) o IST e aempresa portuguesa Linkare que colaborou narealização do software, como um exemplo bemconseguido do emprego da sua tecnologia!

24x7x52 horas/anoEstando as experiências disponíveis em permanência

24 horas por dia, sete dias por semana, o portal facultaaos alunos uma maior liberdade de escolherem a datada execução das experiências. A figura 1 demonstra autilização diária das experiências, com uma grande partedas experiências a serem realizadas num períodonocturno (20h-8h), sendo de salientar a fraca utilizaçãono período da manhã. Em termos semanais saliente-sea razoável utilização ao fim-de-semana (15% dosacessos).

Certamente o que irá desequilibrar este histogramaserá a introdução para breve de um telescópio deobservação astronómica que logicamente irá incrementara utilização nocturna do elab…

Transporte da informaçãoEnquanto são executadas as experiências, cada

utilizador obtém automaticamente os seus dados numatabela (que por vezes são imagens!) e os gráficos maissignificativos, pré-seleccionados na árvore dolaboratório. Com um simples “clic” consegue-se importaros dados para a área de transferência do sistemaoperativo (“Clipboard”) e deste modo passá-los paraqualquer outra aplicação onde se poderá realizar oprocessamento dos dados, como seja ajustes a funçõesteóricas ou sujeitá-los a outros cálculos numéricos.

Apesar dos protocolos experimentais forneceremalgumas “pistas” teóricas, grande parte deste trabalhode pós-processamento exige alguma pesquisa emlições do próprio portal ou na Internet sobre a matéria aquem queira elaborar um estudo mais exaustivo comtoda a informação colhida.

As experiências disponíveisA generalidade das experiências do elab são de física,

embora algumas entronquem em matérias abordadasna química (por exemplo a lei de Boyle-Mariotte) ou namatemática (Probabilidades e Estatística – lançamentode dados). Até existe um robot programável remotamentecom uma interface semelhante à do Lego MindStrom.

elab: um laboratório inovadorelab: um laboratório inovadorelab: um laboratório inovadorelab: um laboratório inovadorelab: um laboratório inovadorpor Professor João Matos

www.e-escola.utl.ptwww.e-escola.utl.ptwww.e-escola.utl.ptwww.e-escola.utl.ptwww.e-escola.utl.pt

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Mas o que se repara neste laboratório é facto de grandeparte das experiências serem realizadas com materialreciclado de tecnologia moderna como seja aexperiência da conservação do momento de inércia,realizada com um disco duro dum PC. Os motores esensores utilizados na generalidade das experiênciasresultam de mecanismos das antigas impressoras deagulhas, há sistemas ópticos adoptados de CD-ROMse muita imaginação dos alunos da licenciatura emengenharia física que foram colaborando com esteprojecto. É interessante notar que alguns destestrabalhos são projectos finais de curso deles.

Não vale a pena listar exaustivamente as experiências,basta aceder ao site, mas importa referir que a maioriadelas pode ser executada em escassos segundos, sebem que outras sejam morosas devido ao fenómenofísico em jogo (por exemplo a propagação do calor). Istodemonstra que o tempodispendido noslaboratórios não é tanto aobtenção dos dados massobretudo montar aexperiência e a recolhamanual dos dadosexperimentais.

Boas experiências.

e-escola.utl

O Portal das Ciências Básicas e-escola.utl é umrepositório de conteúdos dirigido para alunos, professorse cidadãos que pretendam estudar várias matérias,nomeadamente Física, Química, Matemática e Biologia. Emprodução desde o ano de 2000, o portal pretende emprimeiro lugar suprir diversas lacunas de formação pré--universitária e, desta forma, proporcionar as condiçõesde sucesso escolar nos primeiros nos da universidade. Éum complemento ao ensino tradicional permitindo, porexemplo, que estudantes com mais dificuldades possamaprender a um ritmo próprio em casa e, também, permitindoque estudantes mais dotados e insatisfeitos com o queaprendem possam satisfazer a sua curiosidade. Éimportante referir também o facto de os conteúdosdisponibilizados em portal serem úteis para estudantescom necessidades especiais.

É ainda de utilidade também nos países de línguaportuguesa que tenham um sistema de ensinoestruturalmente semelhante ao sistema português como éo caso dos países africanos de língua portuguesa e deTimor, sendo também de adaptação relativamente simplesao caso do Brasil.

Por último refira-se que os seus conteúdos poderão serempregues pela generalidade dos agentes formativos comoforma de melhorar a atractividade de matérias e aulas,uma vez que as suas lições dispõem de elementosmultimédia, eficazes na transmissão de ideias e raciocíniosmais elaborados.

Uma experiência pedagógica

Achou o elab motivador?”ideia bastante oportuna””superou as expectativas””perspectiva nova do trabalho de laboratório””representa um passo em frente no ensino de cadeiras

fundamentalmente práticas”

Como compara o elab aos laboratórios“clássicos”?

“acaba por ser mais prático devido ao facto de se poderrealizar os trabalhos a partir de casa”

”inovador””bastante cómodo”

Teve dificuldades na utilização da interfacegráfica? Quais?

”mínimo de espírito explorador e consegue-se tudo””está muito bem conseguida”“tudo bastante claro”

Teve dificuldades no cumprimento/execução doprotocolo experimental proposto ou na obtençãodo controlo da experiência?

“quando estava tudo a funcionar normalmente, estavaeficiente e rápido”

”ultrapassadas algumas dificuldades iniciais, conseguirealizar a experiência sem dificuldades”

Acha oportuno o elab numa cadeira como FEX?E noutra cadeira do seu curso?

“penso que é uma grande ideia””outras cadeiras também seria agradável realizar

experiências e outros trabalhos desta maneira”

Gostaria de ter realizado mais experiências viaWWW?

”Gostava, apesar de achar que a componente dolaboratório clássico é bastante importante”

O que melhoraria no elab?“melhoraria o vídeo de acompanhamento “”o aspecto gráfico””adicionar-lhe mais funcionalidades””por vezes quando há várias pessoas a fazer mesma

experiência ao mesmo tempo, torna-se demorado””a estabilidade do sistema”

Teve entusiasmo em realizar a experiência ou“deixou para o fim” das suas tarefas académicas?

“alguma curiosidade na execução da mesma uma vezque era a primeira vez que fazia uma experiência viaInternet”

”Devo confessar que deixei para o fim, pois a principionão estava com grande entusiasmo, talvez por nunca terfeito uma experiência via www. Mas depois disso fi-la comentusiasmo”

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Durante o Verão, muitas universidades realizam cursosintensivos de um determinado tema para apresentaremos trabalhos de investigação que têm vindo a desenvolverou darem a oportunidade aos estudantes deaprofundarem os seus conhecimentos dentro da área.Nos passados dias 2 a 7 de Setembro de 2004, oreconhecido centro de investigação CENTRA (CentroMultidisciplinar de Astrofísica), dentro deste espírito,realizou no Instituto Superior Técnico a 2ª Escola deAstrofísica e Gravitação (EAG).

A EAG destinava-se a estudantes universitários deFísica, Matemática ou Engenharia, a professores doEnsino Secundário de Física ou Matemática e a alunosdo 12º que frequentassem estas mesmas disciplinascom excelente aproveitamento. Como o número deinscrições foi muito elevado, foi necessário efectuar-seuma criteriosa selecção para que fosse assegurado obom funcionamento das palestras e das observaçõesastronómicas. Foram seleccionados dois alunos do 12º(um dos quais novo caloiro de LEFT), três professoresdo Secundário e vinte e seis alunos universitários quevieram de todos os cantos do país (Faculdade deCiências de Lisboa, do Porto e do Minho e, claro, doInstituto Superior Técnico).

A duração da escola foide cinco dias com seishoras diárias de cursos,fora as observaçõesastronómicas à noite. Aspalestras foram dadas noEdifício Ciência no IST eas observações astro-nómicas realizaram-se noIGeoE (Instituto Geográfico do Exército).

As palestras foram dadas por professoresinvestigadores no CENTRA mas também por professoresconvidados de outras universidades em Portugal e noestrangeiro, tendo abordado vários temas dentro daAstrofísica e da Cosmologia. Nos primeiros três diasrealizaram-se os cursos tendo estes a duração de trêshoras. Os cursos leccionados foram: “Astrofísica doSistema Solar” dado pela Professora Daniela Lazzaro,“Astrofísica Estelar” dado pelo Professor Antares Kleber,

“Astronomia Extragaláctica” dado pelo professorDomingos Barbosa, “Cosmologia Observacional eTeórica” dado pelo Professor Alfredo Barbosa Henriques,“Interacções Fundamentais no Universo” dado peloProfessor Jorge Dias de Deus e por fim “GravitaçãoNewtoniana, Relatividade Geral e Teoria de Cordas” dadopelo Professor José Sande Lemos. Todos estesprofessores são investigadores do CENTRA à excepçãodos dois primeiros que trabalham no ObservatórioNacional do Rio de Janeiro. À noite realizou-se o cursode “Astronomia Observacional” no IGeoE, dado pelaprofessora Ana Mourão que chegou a durar até às trêsda manhã.

Os últimos dois dias ficaram reservados para os cursosavançados “Princípios Variacionais em Física eAstrofísica”, dado pelo Professor Takeshi Kodama daUniversidade Federal do Rio de Janeiro, “CosmologiaQuântica”, dado pelo professor Carlos Herdeiro daFaculdade de Ciências do Porto e para os mini-cursos“O Sol e a sua Estrutura”, dado pelo Professor IlídioLopes, “Astrofísica Relativista”, dado pelo Doutor VítorCardoso e “Buracos Negros”, dado pelo Doutor ÓscarDias sendo estes últimos investigadores do CENTRA.Realizaram-se ainda duas palestras, uma sobre “Teoriadas Máquinas do Tempo”, uma outra “A Física dos Filmesde Ficção Científica” e ainda um Curso Especial sobre“Exobiologia: A Vida no exterior da Terra” dado peloProfessor Manuel Paiva da Universidade Livre deBruxelas. Todos os cursos foram dados com o máximorigor científico e dotados de uma excelente qualidade noque toca ao conteúdo e à forma.

É importante ainda salientar o bom ambiente com quese realizou a EAG que abrangeu quer os participantesquer os oradores. Foi uma experiência fantástica quepenso que muito contribuiu para a minha formaçãocientífica e que me deu a conhecer colegas de outrasuniversidades com interesses semelhantes aos meus.

Se temas como Astrofísicae Cosmologia te interessam,não percas a oportunidade departicipares na próxima EAGa realizar-se em 2006.

Em 1916, quando o astrofísico alemão KarlSchwarzschild resolveu as equações da Relatividade Geralde Einstein aplicadas aos campos gravitacionais deestrelas perfeitamente esféricas e sem rotação, descobriuaquilo a que chamou de singularidade. Esta singularidadeconsiste numa região em que a curvatura do Espaço-Tempo é infinita. Mais tarde, em meados dos anos 60’s,John Wheeler deu o nome bem mais apelativo de BuracoNegro a uma singularidade e o seu horizonte de eventos.Mas em que consiste um Buraco Negro???

O que é um Buraco Negro?Para compreender o que é um Buraco Negro, vamos

primeiro ver o seu conceito segundo a mecânica

Newtoniana. Bem, consideremos um pequeno corpo demassa mC num campo gravitacional de uma grande massaMS. Existe um conceito chamado de velocidade de escape,que nos dá a velocidade mínima que um corpo tem de terpara se conseguir libertar do campo gravítico de outro.Para tal consideremos a energia do sistema:

Como o nosso objectivo é calcular a velocidade mínima,vamos igualar a energia do sistema no infinito a zero(energia potencial é nula pois e energia cinéticanula pois velocidade do corpo = 0). Pela conservação de

energia: 00 =+==∞ UTEE ;

donde vem que inicialmente a velocidade tinha de ser:

2ª Escol2ª Escol2ª Escol2ª Escol2ª Escola de Astrofísica e Gra de Astrofísica e Gra de Astrofísica e Gra de Astrofísica e Gra de Astrofísica e Graaaaavitvitvitvitvitaçãoaçãoaçãoaçãoação

Buracos Negros

por Tiago Marques, 2º ano

2

21

escC vmT ⋅⋅=r

mMGU CS ⋅⋅

−=

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17

rMG

v Sesc

⋅⋅=⇒

2

Vamos agora considerar a velocidade de escape avelocidade da luz e resolver em ordem ao r;

2

2c

MGr S⋅⋅=

Esta equação dá-nos o raio crítico (raiode Schwarzschild), noqual tinha de estarconcentrada umamassa MS para quequalquer corpo que se aproximasse deste não seconseguisse libertar do seu campo gravitacional, qualquerque fosse a sua velocidade (velocidade esta inferior a c,obviamente). Por outras palavras, para que um corpo coma massa do Sol apresentasse esta característica a suamassa teria de se encontrar numa esfera de um raio nãosuperior a 3 Km. Esta definição de Buraco Negro é válidana mecânica Newtoniana, embora em Relatividade Geralo conceito seja um pouco mais complicado.

A Relatividade Geral de Einstein descreve a gravidadenão como uma força, mas como a curvatura do Espaço-Tempo causada pela presença de matéria. Se estacurvatura não for muito acentuada, as leis da gravidadede Newton descrevem com bastante exactidão a maioriado que é observado. No entanto, corpos muito massivose muito densos, em Relatividade Geral, podem gerar umagravidade tal, que nem a luz consiga escapar. O “r”calculado anteriormente designa-se, então, horizonte deeventos e dá-nos a separação entre o Buraco Negro e oseu exterior. Ele não indica que a matéria que constitui oBuraco Negro ocupa todo aquele espaço. Ele indica asuperfície que, uma vez em contacto com ela, se tornaimpossível sair do Buraco Negro.

Como se forma um Buraco Negro?A formação de um Buraco Negro fica a dever-se ao

colapso gravitacional de uma estrela. Durante todo operíodo de vida de uma estrela, dá-se um jogo de forçasno seu interior. Por um lado, temos a energia resultantedas reacções termonucleares no seu interior que “querem”expandir a estrela, enquanto a opor-se a este efeito existeuma grande força gravítica que a “tenta” comprimir. Diz--se que uma estrela está em equilíbrio estático quandoestas forças se compensam perfeitamente. Mas há medidaque a estrela envelhece, ela vai começando a perder ocombustível das reacções termonucleares, (H1 e H2)compactando-se progressivamente, devido à gravidade.

Dependendo da massa da estrela, vamos ter trêspossíveis soluções. Se a estrela tiver uma massa menorque 1,4 vezes a massa solar (este limite foi descoberto noanos 20 pelo astrofísico Subrahmanyan Chandrasekhare deu-lhe o prémio Nobel em 1983), ao esgotar-se o seucombustível, a estrela vai arrefecer e sofrer um colapsogravitacional, até chegar a um ponto onde os electrõesresistem à compressão, ao exercerem uma pressão quese opõe à gravidade. A este objecto celeste dá-se o nomede Anã Branca. Se, por sua vez, a estrela tiver uma massasuperior a 1,4 vezes a massa solar, dá-se uma explosãoimensa de energia e matéria chamada supernova. Nocentro da explosão fica uma grande quantidade de matériaque continua a sofrer um colapso gravitacional. Se essamatéria for menor que três vezes a massa do sol, os

electrões e os protões vão se combinar originandoneutrões que degeneram por não terem espaço para semoverem, ficando muitíssimo contraídos. A contracçãopára, formando-se uma Estrela de Neutrões. Esta estrelade neutrões é um objecto tão denso que uma colher dechá dos seus neutrões pesaria 100 milhões de toneladas(1x1011 kg)! Se, por sua vez, a matéria no centro dasupernova for maior que 3massas solares, o colapsogravitacional é tão grandeque a estrela ultrapassa o talraio de Schwarzschild, dandoorigem a um buraco negro.

Detectar Buracos NegrosA detecção de Buracos Negros isolados é uma tarefa

bastante complicada (procurar no espaço objectos desilhueta negra com raios de poucos km). No entanto, existea possibilidade de Buracos Negros serem formados emsistemas binários de estrelas. Neste caso, teremos os doiscorpos a orbitarem em torno do centro de massa, de acordocom a seguinte equação:

24πG

(massa da estrela + massa do Segundo Corpo) = 2

3

Td

Determinando a massa da estrela através da sualuminosidade e raio e medindo a distância entre os doiscorpos e o período de translação, poder-se-à determinara massa do segundo corpo e verificar se se trata de umaAnã Branca, de uma Estrela de Neutrões ou de umBuraco Negro. Outra forma dedetectar um Buraco Negro numsistema binário como o descritoé através da detecção de raios-X.Se o Buraco Negro se encontrardemasiado próximo da estrela,ele pode começar a sugar amatéria desta, formando-se um disco de acreção emseu redor. Este disco encontra-se em rotação e as suaspartículas vão sofrer uma fricção entre elas, aquecendo--as. Este aquecimento varia conforme a distância aoBuraco Negro, formando-se assim um espectro deemissão. Perto do horizonte de eventos o disco vai estartão quente que vai emitir em raios-X, o que é raro nanossa Galáxia.

ConclusãoMas porquê estudar Buracos Negros? Qual a sua

importância? Pode o leitor estar neste preciso momento apensar. Pois bem, os Buracos Negros são objectosfascinantes do ponto de vista da Relatividade Geral e sevier a ser descoberto algum, é a derradeira prova de queEinstein não estava aluado quando falou em curvatura doEspaço-Tempo. Como se isso não bastasse, os BuracosNegros são a nossa melhor aposta para a detecção dastão pretendidas ondas gravitacionais. Só eles é que serãocapazes de produzir ondas gravitacionais que o homempossa detectar nos próximos dez anos.

Será que existem mesmo, ou não serão nada mais queobjectos meramente teóricos? Recentes descobertasindicam que no interior da nossa Galáxia se encontra umagrande quantidade de matéria que não é visível. Umaquantidade tão grande e tão densa que se pensa tratar--se de um Buraco Negro.Qualquer comentário, dúvida ou correcção é bem-vindopara: [email protected]

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As ondas oceânicas são geradas pelo vento sobre asuperfície da água e conseguem percorrer grandesdistâncias sem perdas significativas da sua energia, peloque constituem um meio de transporte de energia eficienteao longo de milhares quilómetros.

Como toda a sua energia está concentrada nasuperfície da água (a menos de 50 metros deprofundidade), então podemos também afirmar que éuma fonte de energia altamente concentrada e,convenientemente, as variações sazonais da potênciadas ondas acompanham a variação do consumo deelectricidade na Europa Ocidental. Por isso, os paíseseuropeus mais promissores para o aproveitamento daenergia das ondas são o Reino Unido, Irlanda, França,Espanha, Portugal e Noruega.

Por exemplo no Reino Unido existe energia suficientena sua costa para abastecer 3 vezes o consumo actual dopaís. Estima-se que a fracção dessa energia que é viávelde ser recuperada pelos recursos renováveis é de cercade 87 TWh por ano, ou seja, 25% da procura de energiado Reino Unido.

Coloca-se agora a questão: Como se consegueextrair eficientemente a energia de uma onda?

Mecanismos de extracção de energia offshoreAWS – Arquimedes Wave Swing

Este é o único sistema que ficatotalmente submerso e tem umaconstrução muito simples, como serepresenta na figura à direita.

É composto por 2 cilindros, o dodentro está fixo ao solo enquanto queo exterior (o flutuante) move-se parabaixo e para cima de acordo com aspressões na água provocadas pelasondas. Os magnetos estão fixos aocilindro flutuante e induzem correnteno cilindro interior quando se dá omovimento vertical.

O interior do AWS está cheio de ar que fica pressurizadoquando o cilindro exterior vem para baixo, o que provocauma força de reacção que o obrigada a voltar para cima.Se a quantidade de ar no interior fôr escolhidaconvenientemente o movimento do cilindro pode seramplificado até 3 vezes a elevação da onda. Essaamplificação é conseguida devido a efeitos de balanço(swing) se a pressão do ar conseguir empurrar o cilindrono momento certo em que este é também “puxado” pelaelevação da onda.

Em Portugal, foi instalado um mecanismo AWS de testeno porto de Leixões (ver foto abaixo):

Na tabela seguinte apresentam-se algumasespecificações técnicas destas máquinas:

Este tipo de sistemas de conversão da energia dasondas tem vantagens significativas porque consegue terum bom aproveitamento da variação da energia potencial,e não causa impacto visual visto que é instalado debaixode água. Existem já projectos para construir uma matrizde AWS perto da costa Portuguesa e do Reino Unido,usando uma configuração como indicada na figuraabaixo:

A desvantagem deste tipo de infra-estruturas é que sópode ser montada em zonas marítimas de baixaprofundidade, nas quais não poderá também havercirculação de barcos.

Wave DragonA ideia base deste tipo de sistemas é usar os já

conhecidos e bem testados princípios das centraishidroeléctricas, mas numa plataforma no meio do mar(offshore).

As ondas que vêm do oceano são elevadas até ao topode um reservatório acima da superfície marítima, no centrodo qual a água depois desce, passando por um certonúmero de turbinas, até atingir novamente o nível do mar.

Apesar do princípio de funcionamento ser muito simples,estes sistemas estão ainda a ser optimizados de modoa garantir o máximo de overtopping sem perdas, anularas reflexões das ondas incidentes, refinar a resposta

AWS pilotplant - Porto deLeixões

Rampa de uma WaveDragon desenhada para

minimizar a perda deenergia no overtopping

Ondas - Fonte Inesgotável de Energiapor Manuel Mendes 5ºano

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hidráulica, diminuir os custos de construção emanutenção…

A Wave Dragon está equipada com uma série deturbinas individualmente ligadas e desligadas de modoa produzir electricidade o mais linearmente possível. UmaWave Dragon típica, desenhada para uma zona marítimade 24 KW/m, está normalmente equipada com 16turbinas. Na foto à esquerda está uma turbina Kaplandesenvolvida especialmente para este tipo de sistemas.

As principais precauções que temos de ter com estasinstalações prendem-secom o facto de que todosos mecanismos têm deser estudados parasuportar climas violentose ondas de extremaintensidade, que podemsurgir a qualquermomento em dias detempestade, mesmo nas regiões marítimas maisamenas.

A energia potencial das ondas difere bastante para asdiversas zonas do globo. Normalmente essa energia émedida em KW por metro de onda. Uma unidade WaveDragon produz por ano uma electricidade de tipicamente12 GWh para climas com ondas médias de 24 KW/m.Para zonas de ondas mais energéticas temos:

·Num clima de ondas a 36kW/m = 20 GWh/year·Num clima de ondas a 48kW/m = 35 GWh/year·Num clima de ondas a 60kW/m = 43 GWh/year·Acima de 60kW/m = nunca chegou a ser calculado

porque as condições são tão violentas que é quaseimpossível fazer-se um estudo adequado.

PelanisTrata-se de uma estrutura articulada semi-submersa

composta por secções cilíndricas ligadas por juntasflexíveis. O movimento induzido destas juntas é seguradoresistivamente por bombas hidráulicas que, com isso,bombeiam óleo a alta pressão através de motoreshidráulicos. Esses motores hidráulicos fazem mover osgeradores eléctricos e, assim, produz-se electricidade. Aenergia proveniente das várias juntas é conduzida atravésde um único cabo umbilical até uma junção marítima.Vários destes dispositivos podem ser ligados uns aosoutros e conectados à costa por um único cabo marítimo.

Os Pelanis devem estar dispostos de forma a ficaremperpendiculares às frentes de onda (como se pode verna figura acima) para maximizar a potência extraída. Paraisso, é importante que eles possuam não só um sistemade lemes, que fixe a sua orientação óptima, mas tambémancoradouros apropriados que permitam prender aestrutura no local pretendido e, ao mesmo tempo,permitir que ela oscile convenientemente.

O sistema de anco-radouros é, por isso,bastante importante edeve ser constituído poruma combinação debóias e pesos que evitema ruptura dos cabos deligação e mantenham afolga suficiente para

permitir o balanço vertical da máquina com as ondas.Foi construído um pro-tótipo de um agregado de

Pelanis, com 120 m de comprimento e 3,5 m de diâmetro,que contém 3 módulos de conversão de potência, cadaum contendo o seu gerador hidro-eléctrico individual,produzindo-se no total 750 KW.

Existem projectos para se construir as designadas

“quintas de Pelanis” cujo padrão de rede mais eficaz foiestudado com a seguinte forma:

Idealmente estes dispositivos devem ser instaladosem águas de 50-60 m de profundidade (normalmente a5-10 Km da costa).

Considerações Finais:Vamos agora comparar as potência extraídas por estes

3 tipos de mecanismos. Temos então um cilindro AWSigual ao PilotPlant, uma central típica AWS e um tuboPelanis com 40 m de comprimento e 3,5 m de diâmetro.Consideremos que os três estão instalados a cerca de 7km da costa Portuguesa e em condições normais defuncionamento, com ondas de 24 KW/m. Logo,

Da tabela vemos que o sistema que produz mais

electricidade é o Wave Dragon, o que seria de esperarporque este é o único que aproveita não só a energiapotencial das ondas como também parte da sua energiacinética (aproveitando-a para fazer o overtopping). Osoutros 2 dispositivos, AWS e Pelanis, apenas estãodesenhados para aproveitar a variação da energiapotencial que as ondas provocam.

No entanto, apesar disso, o Wave Dragon não pareceser o mais rentável porque trata-se de uma autênticacentral marítima e, por isso, ao preço de um WaveDragon podemos certamente comprar alguns AWS e,com isso, produzir ainda mais energia por um custo maisreduzido. Pelo que a solução AWS é, hoje em dia, a quese considera mais viável e para a qual os projectos estãomais virados.

Para o caso de Portugal, precisaríamos de 4533máquinas AWS instaladas na costa para satisfazer todoo consumo eléctrico nacional. No entanto, se por exemplofossem instaladas 2 redes de 24 AWS, tais como aquelaapresentada na figura acima, então só essas 2 redesproduziriam cerca de 1,1% da electricidade consumidano país.

Conclui-se assim que a energia das ondas pode, sefôr bem explorada, ser um complemento importante àsoutras fontes de energias renováveis, principalmenteporque os valores máximos de produção desta energiasão atingidos nas alturas onde há maior consumo (inverno)por parte da população, visto que é nesses períodos queas ondas são mais energéticas.

Referências: http://www.wave-energy-centre.org/

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ASTROMODELISMOO astromodelismo, também conhecido como

espaçomodelismo, Model Rocketry ou simplesmenteRocketry, pode ser considerado um hobby, um desporto,um passatempo ou uma ferramenta educacional.

Na verdade, agrega um pouco de cada um destesaspectos e a sua prática abrange as mais diversas áreasda ciência e tecnologia modernas. É uma actividadesegura, fácil e financeiramente acessível, que contaactualmente com milhares de praticantes.

Certos países aproveitam o astromodelismo como umaferramenta educativa muito importante no ensino daFísica, Matemática, entre outras áreas curriculares.

A origem do Astromodelismo

O Astromodelismo surgiu nos Estados Unidos em1957 como resultado da combinação das já conhecidastécnicas de aeromodelismo, da antiga arte da pirotecniae da moderna tecnologia de foguetes. Embora todosestes elementos existissem separadamente há maisde uma década, só então puderam ser combinadas comsucesso através da associação de duas pessoas comhabilidades e conhecimentos singulares, Stine e Carlisle.

Os astromodelos e, talvez mais importante do que isso,os motores de foguete para modelos, foram desenvolvidosem 1954 por Orville Carlisle, um experiente pirotécnico, eseu irmão Robert, um aeromodelista. Originalmente,projectaram foguetes e motores para ilustrar as palestrasde Robert sobre os princípios do voo propulsivo porfoguete. Foi nesta época que Orville leu artigos escritospor George Harry Stine na revista Mecânica Popular,relatando os problemas de segurança experimentados porjovens tentando fabricar os seus próprios motores foguete.

Durante o final da década de 50, muitas pessoas foramlevadas pela ideia de viagens espaciais e tentaramconstruir os seus próprios foguetes, da mesma forma comoa tomada dos céus por aviões em décadas passadas haviaestimulado em muito o sonho de fabricar o seu próprioaeromodelo. Infelizmente, desenvolver e construir umfoguete que funcionasse não era tão simples ou seguroquanto o caso de aviões. A maioria tentou construir osseus modelos com a total ausência de partes metálicas emisturou perigosos produtos químicos para produzirpropelentes. Os resultados foram desastrosos e a maiorparte destes foguetes explodiu. A ocorrência de acidenteslevou ao surgimento de alguns opositores que tentaramtornar a actividade ilegal ou, pelo menos, restringir adisponibilidade dos produtos químicos utilizados. Orvillepercebeu que os seus projectos poderiam resolver estesproblemas e enviou amostras de foguetes e motores paraG. Harry Stine em Janeiro de 1957. Stine, um engenheiroe oficial de segurança do campo de testes de mísseis deWhite Sands, EUA, testou os modelos e foi responsávelpelo aperfeiçoamento final através da adição de elementosda tecnologia aeroespacial. Assim foi o início doAstromodelismo como conhecemos nos dias de hoje.

ESPAÇOMODELOS

Espaçomodelos são modelos em escala reduzida defoguetes, aviões e outros tipos de veículos que podemser efectivamente lançados, utilizando propulsão pormotores foguete. Ao invés de motores a combustão oueléctricos, emprega-se uma carga pirotécnica queimpulsiona verticalmente o modelo através da queima depropelente sólido.

Astromodelo (foguete) típico

A figura a seguir apresenta a concepção típica de umastromodelo:

(fonte; curso de espaçomodelismo)

· Ogiva :Geralmente confeccionada em madeira balsa ou

plástico, ajuda a direccionar suavemente o fluxo de ar aoredor do foguete.

· Secção de carga útil:Espaço destinado a equipamentos electrónicos,

câmeras, ou quaisquer outras cargas permitidas peloCódigo de Segurança.

· Corpo :Tubo geralmente feito de papel/plástico ou qualquer outro

material deformável, constitui-se na estrutura básica a qualtodas as outras partes são fixadas.

· Sistema de recuperação:Um pára-quedas, fita streamer ou qualquer outro material

que irá assegurar o retorno seguro do astromodelo.

· Tubo guia:Pequeno tubo fixado na lateral do astromodelo que,

encaixado na vareta da base de lançamento, serve de guiae ajuda a manter o astromodelo estável nos primeirosmomentos do voo.

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· Protector térmico:Evita que os gases a alta temperatura libertados pelo

motor foguete danifiquem o sistema de recuperação.

· Aletas:Geralmente construídas em madeira balsa ou plástico e

localizadas na parte posterior do foguete, são as estruturasque mantêm o astromodelo numa trajectória recta duranteo voo.

· Suporte do motor: Assegura a fixação do motor foguete.

Voo típico de astromodelos

As alturas atingidas normalmente não ultrapassam os1000 metros e um voo típico compreende as seguintesfases:

Segurança de astromodelos

Desde o início com Stine e Carlisle, o Astromodelismotem sido um dos hobbies mais seguros disponíveis tantopara jovens como para adultos. Um astromodelo deveapresentar todas as características abaixo:

· Na sua construção, de vem ser empregues apenasmateriais leves tais como papelão (tubo), madeira balsa(aletas, secções de transição e ogivas) e plástico (aletas,ogivas e secções diversas). Um mínimo de materialmetálico é permitido em cargas úteis sob a forma decomponentes electrónicos ou outros dispositivos menores.Metais não podem ser utilizados em partes estruturais.

· Os motores foguete devem utilizar propelente sólidoindustrializado, pré carregado, não metálico, descartável,que será reposto a cada lançamento. Isto elimina os riscosde manusear produtos químicos perigosos.

· A quantidade de propelente sólido contido nos motoresfoguete não deve exceder 125 g e o peso total do modelodeve ser, no máximo, 1.500 g.

· O motor foguete deve ser accionado electricamente ea uma distância mínima de 5 metros, utilizando umafonte eléctrica e um sistema de controle com dispositivosde segurança que evitem a ignição involuntária dopropulsor.

· Devem conter um ou mais sistemas de recuperaçãoque garantam o seu retorno suave e seguro ao solo. Assim,o modelo poderá ser lançado repetidas vezes através dasubstituição do motor foguete e recolocação do dispositivode recuperação.

· O astromodelo deve conter no máximo três estágios,pois os estágios finais podem sofrer desvios e seguir umatrajectória horizontal ou até mesmo descendente, aindana fase propulsora.

Em 1957 Stine fundou a NAR - National Association ofRocketry, a associação Norte Americana que congregaos astromodelistas, e uma das suas primeiras medidasfoi elaborar e divulgar um Código de Segurança,relacionando 14 normas a serem seguidas para a práticasegura do Astromodelismo.

Aplicações típicas de astromodelos

Os astromodelos podem ser empregues tanto comfinalidade puramente recreativa

(principalmente nos EUA) como para pesquisaseducativas em escolas e universidades, fotografia aérea,em experiências científicas profissionais e em actividadescomerciais (filmes,artes industriais).

A aplicação mais nobre do astromodelismo é, semdúvida, a de material de suporte às actividadeseducacionais. Por detrás do lançamento de tais engenhosestão envolvidos conceitos de física, química, matemática,electricidade e até mesmo de electrónica e designindustrial.

Assim, teorias normalmente ensinadas nas escolaspodem ser melhor compreendidas e assimiladas.

Bibliografia; Miraglia José “Curso de Espaçomodelismo”

OS CAÇAS

MORADA: Estrada do Telhal – Antiga Escola Primária Casal da Mata

2725-199 Mem MartinsCONTACTOS:Sede: Telef: 21 916 70 81 Fax: 21 916 70 81e-mail: [email protected]

DIRECTOR PEDAGÓGICO:Carlos Filipe; Telem. 91 785 88 14

(Fonte; curso de espçaomodelismo)

a) Fase propulsada;

b) Fase não propulsada ascendente,com libertação de fumo para permitirrastreamento óptico e, ao mesmotempo, a temporização pirotécnica paraactivar a carga de ejecção do pára--quedas;

c) Fase de queda livre(a menorpossível);

d) Ejecção do pára-quedas (ou dequalquer outro dispositivo derecuperação), preferencialmente logoapós o apogeu;

e) Fase descendente comsustentação, até o impacto no solo.

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PRÉMIO PROFESSOR ANTÓNIO DA SILVEIRAPRÉMIO PROFESSOR ANTÓNIO DA SILVEIRAPRÉMIO PROFESSOR ANTÓNIO DA SILVEIRAPRÉMIO PROFESSOR ANTÓNIO DA SILVEIRAPRÉMIO PROFESSOR ANTÓNIO DA SILVEIRA

António da Silveira – Percurso

1929 – Licenciou-se em Engenharia Química – IST.

1929-1932 – Estagiou sob a orientação de Paul Langevin noLaboratoire de Physique Experimentale do Collège de France.

1933-1974 – Leccionou no IST onde foi Professor Catedráticode Física Geral, Física Complementar e Mecânica Quântica eFísica Nuclear.

1949-1956 – Regeu cursos de Física Teórica na Faculdade deCiências da Universidade de Lisboa.

1952 – Foi eleito membro efectivo da Academia das Ciênciasde Lisboa.

1964-1967 - Presidente do Instituto de Alta Cultura.

1967-1974-Presidente do Instituto de Física Matemática(actualmente Complexo Interdisciplinar da Universidade deLisboa), que criou.

Como já foi noticiado em edições anteriores da Pulsar,o Instituto Superior Técnico instituiu, recentemente, oPrémio Professor António da Silveira, tendo a suapromoção resultado de uma iniciativa do Departamentode Física em colaboração com a Fundação CalousteGulbenkian.

O Prémio é dirigido a alunos finalistas de umalicenciatura universitária que realizem, no presente anolectivo, um trabalho final de curso em Física Experimentalsob a orientação de um Professor do IST, e o seu valorconsistirá num diploma e num prémio pecuniário, naforma de dez bolsas mensais no valor de 600 Euroscada.

A sessão pública onde será entregue o Prémio realizar--se-á no presente mês.

Este Prémio tem associado o nome de umapersonalidade ligada desde sempre ao Instituto SuperiorTécnico, o Professor António da Silveira que, durante todoo seu percurso, procurou sempre fomentar o estudo e ointeresse pela Física Experimental, à qual dedicou boaparte da sua vida.

Com o objectivo de dar a conhecer um pouco melhor otrabalho desta personalidade incontornável do mundo daFísica, apresenta-se de seguida uma breve biografia destecientista, na qual se dá especial destaque à sua actividade

científica e aos trabalhos relevantes no domínio da Física.A actividade científica do Prof. Silveira foi abundante,

tendo-se repartido por diferentes domínios da FísicaTeórica e Experimental (como a teoria doelectromagnetismo e o efeito de Raman em soluções deelectrólitos), sendo os seus resultados publicados emdiversas revistas, das quais se destacam: “ComptesRendues de l’Académie des Sciencies” (Paris), “Journalof Chemical Physics”, Molecular Physics”, PhilophicalMagazine”, “Revista da Faculdade de Ciências de Lisboa”,“Gazeta de Física”. Publicou cerca de 30 trabalhos, quasesempre sozinho, entre 1930 e 1965 e ainda inúmeros livros,alguns deles recentemente reeditados.

Os resultados experimentais do Prof. Silveira serviramde tema à tese de Michel Magat intitulada: “Recherchessur le spectre Raman et la constitution d l’eau liquide”,publicada em 1936, no tomo 6 dos “Annales de Physique”(págs. 108-193) e defendida na Universidade de Paris.

Numa comunicação lida à Academia das Ciências deAmesterdão, em Março de 1974, o Prof. J. A. Prins, célebrecientista holandês, indicava-se a ele próprio e a A. Silveiracomo os investigadores que estimularam o planeamentoduma longa série de trabalhos sobre a difracção de raiosX em soluções aquosas concentradas de sais inorgânicasde catiões metálicos.

Estes são alguns exemplos que visam mostrar queAntónio da Silveira deu realmente um contributo notávelno domínio da Física Experimental. Desta forma,compreende-se que só o seu nome poderia estarassociado a um prémio que pretende valorizar jovensfinalistas universitários que, tal como ele, tenham a paixãopelo estudo experimental da Física.

Para finalizar, salienta-se que a actividade do Prof.Silveira não se circunscreveu apenas ao estudo de temascientíficos, pois tratou igualmente de assuntos de caráctercultural e histórico-biográfico. Alguns exemplos são asconferências que realizou na Academia de Ciências, como“O Elogio Histórico de L.A. Rebelo da Silva” ou“Recordando António Sérgio”.

Para mais informações sobre o Prémio Prof. Antónioda Silveira consultar: www.fisica.ist.utl.pt

Agradecimento: Professor AlvesMarques que disponibilizou toda ainformação biográfica do ProfessorSilveira.

por Filipa Viola LEBM

António da Silveira (1904 -1985)

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Enigma (“25 elefantes se baloiçavam...”)25 elefantes encontram-se em fila num arena de circo, e cada um deles pesa um número inteiro de kilogramas.

Se a soma do peso de qualquer um dos elefantes (excepto o mais à direita de todos) com metade do peso do seuvizinho da direita for 6 toneladas, qual o peso de cada um dos elefantes?

Aqui encontram-se escondidos alguns físicos famosos (e alguns não tão famosos…) . Descobre--os!

Piadas secantesTwo atoms were crossing the street:

-”Hey man, I think I lost an electron!!!”-”Are you sure?”-”Yes, I’m positive!”

Heisenberg vai a conduzir na Avenida da Républicaquando subitamente um carro da BT o manda parar. O bófiapergunta “O senhor por acaso faz a mínima ideia davelocidade a que ia?”, ao que Heisenberg responde “Não,mas sei exactamente onde estou!”.

P: Qual é o som de um electrão ao cair numa superfície metálica?R: “PLANCK!!!”

E ainda mais secanteOs maiores físicos de todos os tempos resolveram jogar às escondidas. Ficou decidido que seria o Einstein a

contar. Ele assim fez e, enquanto todos se escondiam, Newton pegou em 4 pedaços de madeira de um metro cadae, fazendo com eles um quadrado mesmo atrás de Einstein, colocou-se lá dentro, emitindo pequenas risadasmudas. Ora, quando Einstein acaba de contar, vira-se para trás e exclama: “1, 2, 3, Newton não salva ninguém!”.Newton olha para o quadrado onde está e diz, abanando um dedo: “Nah nah nah! Eu sou o Newton por metroquadrado… Sou o Pascal!!”

Sopa de letras

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24por Pedro Roxo Nogueira & Nuno Madeira