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dezembro/2008 1 CREMERS Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul | ano VI | n o 54 | dezembro 2008 9912202042-DR/RS CREMERS Avenida Princesa Isabel, 921 Porto Alegre/RS 90620-001

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Page 1: Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do … · da Associação Psiquiátrica Americana. Cremers, informativo do Conselho Regional de Medicina do RS, está aberto

dezembro/2008 1CREMERS

Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul | ano VI | no 54 | dezembro 2008

9912202042-DR/RSCREMERS

Avenida Princesa Isabel, 921Porto Alegre/RS

90620-001

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dezembro/20082 CREMERS

é uma publicação do Conselho Regional de Me-dicina do Rio Grande do Sul – Avenida Princesa Isabel, 921 – Fone (51) 3219.7544 – Fax (51) 3217.1968 – [email protected] – www.cremers.com.br – CEP 90620-001 – Porto Alegre/RS – Conselho Editorial: Cláudio Balduíno Souto Franzen, Rogério Wolf de Aguiar, Fernando Weber da Silva Matos, Ismael Maguilnik e Isaias Levy – Redação: Viviane Schwger, Clarice Passos e Luis Felipe dos Santos – Edição: W/COMM Comunicação – Jornalista Responsável: Ilgo Wink – Mat. 2556 – Revisão: Raul Rubenich – Fotografias: W/COMM Comuni-cação, Raphael Felicio (Posse Cremers) e Lucas Casali – Projeto e Design Gráfico: Stampa Design – (51) 3023.4866 – [email protected] – www.stampadesign.com.br – Tiragem: 31.000 exemplares.

CREMERS

Notas

Presidente: Cláudio Balduíno Souto Franzen

Vice-presidente: Rogério Wolf de Aguiar

1º Secretário: Fernando Weber da Silva Matos

2º Secretário: Ismael Maguilnik

Tesoureiro: Isaias Levy

Corregedores: Régis de Freitas Porto e Joaquim José Xavier

Diretor do Departamento de Fiscalização: Antônio Celso Ayub

Coordenador da Ouvidoria: Ércio Amaro de Oliveira Filho

Coordenador das Câmaras Técnicas: Jéfferson Pedro Piva

Coodenador de Patrimônio: Iseu Milman

Conselheiros

Alberi Nascimento Grando, Antônio Celso Koehler Ayub, Céo

Paranhos de Lima, Cláudio Balduíno Souto Franzen, Dirceu Francisco

de Araújo Rodrigues, Enio Rotta, Ércio Amaro de Oliveira Filho,

Euclides Viríssimo Santos Pires, Fernando Weber Matos, Isaías Levy,

Iseu Milman, Ismael Maguilnik, Jefferson Pedro Piva, Joaquim

José Xavier, Magno José Spadari, Mário Antonio Fedrizzi, Mauro

Antônio Czepielewski, Newton Monteiro de Barros, Régis de Freitas

Porto, Rogério Wolf de Aguiar, Arthur da Motta Lima Netto, Cláudio

André Klein, Clotilde Druck Garcia, Douglas Pedroso, Isabel Helena

F. Halmenschlager, Izaias Ortiz Pinto, João Alberto Larangeira, Jorge

Luiz Fregapani, Léris Salete Bonfanti Haeffner, Luciano Bauer Gröhs,

Luiz Carlos Bodanese, Luiz Carlos Correa da Silva, Luiz Alexandre

Alegretti Borges, Maria Lúcia da Rocha Oppermann, Paulo Amaral,

Paulo Henrique Poti Homrich, Philadelpho M. Gouveia Filho,

Raul Pruinelli, Ricardo Oliva Wilhelm, Sílvio Pereira Coelho,

Tomaz Barbosa Isolan

Novo vice-presidenteO psiquiatra Rogério Wolf de Aguiar foi eleito, no dia 19 de dezembro, vice-presidente do Cremers. O conselheiro Jefferson Pedro Piva assume como novo coor-denador das Câmaras Técnicas. O Regimento Interno do Cremers preconiza que, na vacância de um cargo diretivo, o plenário do Conselho deve eleger outro nome para o posto entre os conselheiros efetivos. O vice-presidente tem a atribuição de substituir o presidente durante sua eventual ausência e auxiliá-lo em suas fun-ções, além de outros encargos definidos posteriormente pela diretoria.

CurrículoFormado pela Faculdade de Medicina da UFRGS, em

1964. Especialização em Psiquiatria (UFRGS), em 1972. Membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do CFM. Prof. Adjunto do Depto. de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS. Membro da Comissão da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) de Acompanhamento da Política Nacional de Assistência Psiquiátrica. Presidente da ABP (95-98). Ex-Presidente da Sociedade de Psiquiatria/RS. Ex-chefe do Depto. de Psiquiatria e Medicina Legal da UFRGS. Ex-Chefe do Serviço de Psiquiatria do HCPA. Membro Internacional da Associação Psiquiátrica Americana.

Cremers, informativo do Conselho Regional de Medicina do RS, está aberto à participação de toda a classe médica gaúcha, para

críticas, sugestões de pauta, artigos, divulgação de eventos e notícias de interesse da categoria. As correspondências serão

encaminhadas ao Conselho Editorial. Contatos com Assessoria de Imprensa pelo e-mail: [email protected]

Dr. Rogério

Wolf de Aguiar

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Ainda é cedo para avaliar devidamente o que vai repre-sentar para a atividade médica, a saúde e a sociedade a perda de Marco Antônio Becker.

Com seu jeito arrojado e vibrante, Becker foi um gran-de líder. Um comandante que nunca se furtou de ir para a linha de frente. Ao contrário, Becker se expunha até de-mais, comprando brigas quase sem medir conseqüências em defesa das causas em que acreditava na condição de dirigente de classe. Becker brigava mais pela medicina e pela saúde pública do que por si próprio.

Conheci Marco Antônio Becker em meados dos anos 80, na Sociedade Gaúcha de Oftalmologia, da qual foi pre-sidente-fundador. Depois, quando ele, Flávio de Agosto e eu recebemos a Comenda do Mérito Médico. Desde então fui seu companheiro em muitas batalhas e sou testemunha de sua coragem e desprendimento para enfrentar tudo que pudesse de alguma forma afetar a prática médica, tanto a má remuneração como as más condições de trabalho.

Becker enxergava adiante. Foi o primeiro a alertar para o risco da abertura indiscriminada de faculdades de medicina. Isso em 1990, quando o Brasil tinha 81 cursos (hoje, 18 anos depois, tem 176). Becker sempre defendeu que havia exces-so de médicos e que era indispensável zelar pela qualidade na formação de novos profissionais. Fundamentado nessas convicções, liderou forte campanha, ainda não igualada, que acabou impedindo a abertura de cursos de medicina em Cruz Alta e Ijuí.

A partir daí, Becker avançou em outras frentes de com-bate. Mais do que lutar pela medicina e por um atendimen-to digno e igualitário de saúde à população, Becker lutava por um mundo melhor.

Com o entusiasmo e a coragem de sempre, Becker com-bateu o registro no País de médicos formados no exterior sem a devida revalidação do diploma, conforme determina a legislação, obtendo, em tal sentido, vitórias na Justiça Federal. Da mesma forma, foi implacável com o exercício ilegal da medicina e com a intromissão de outros profissio-nais da saúde na atividade exclusivamente médica.

Na defesa da qualidade do trabalho médico e do atendi-mento digno à população, Becker liderou, de forma inédita no país, a interdição ética de hospitais, clínicas e postos de saúde que funcionavam de forma precária.

Becker tinha uma visão ampla e de vanguarda. No CFM, foi relator do Parecer 24/03, que serviu de base para a Resolução 1.752/2004, sobre a autorização ética do uso de órgãos e/ou tecidos de anencéfalos para transplante, mediante autorização prévia dos pais.

Como em tantas outras situações, estive ao lado dele no Movimento Mais Saúde para o SUS, realizado neste ano e que reuniu mais de oito mil pessoas em manifestação no centro de Porto Alegre. Os olhos de Becker brilhavam de alegria e de emoção diante daquela multidão mobilizada e ativa. Naquele momento, tenho certeza de que ele teve reforçada a sua crença – quase uma obsessão - de que o trabalho médico e a saúde um dia terão a atenção que merecem dos gestores públicos.

Pena que Marco Antônio Becker não estará ao nosso lado para nos ajudar a atingir esse objetivo. Mas nós, seus companheiros de estrada e de lutas, seguiremos mantendo acesos seus ideais, seu maior legado, buscando sempre o melhor para a medicina e a sociedade.

Essa será a maior homenagem que poderemos prestar a esse homem que deixou sua marca na história da medici-na gaúcha e brasileira. Um líder que certamente fará muita falta nesses tempos de tentativas de cercear a liberdade e a autonomia dos médicos; de ações demagógicas para abrir novas faculdades de medicina; e de manipulações políticas para dispensar de exame de reavaliação os médicos forma-dos fora do país, contrariando a legislação vigente, entre outras iniciativas que nada acrescentam à Saúde.

Particularmente, fica a eterna gratidão ao Becker, res-ponsável pela maior homenagem que já recebi: dar meu nome ao auditório principal do Cremers.

Dr. Cláudio Balduíno Souto FranzenPresidente do Cremers

Editorial

O legado deMarco Antônio Becker

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O Movimento mais Saúde para o SUS era um dos maiores orgulhos de Becker

Homenagem

Becker: trajetória de luta em defesa do trabalho médico e da saúde

fiscalização foram muito efetivas, assim como a apreciação de sindicâncias, a mobilização para impedir abertura de faculdades de medicina e as conquistas na remuneração, como a implantação da CBHPM pela Unimed Porto Alegre.

O início da luta de Marco Antônio Becker em defesa dos interesses da classe médica aconteceu em 1982, quando assumiu um cargo direti-vo no departamento de Oftalmologia da Amrigs. Fundou a sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul, foi delegado da Amrigs junto à AMB em 1989 e, nesse ano, recebeu um prêmio como Destaque Médico pela sua atua-ção. Foi eleito presidente da Amrigs em 1990, capitaneando a reestruturação administrativa e financeira da entidade. A atuação do grupo diretivo da Amrigs na época levou à vitória nas eleições

do Cremers em 1993, com 4.854 votos – mais da metade dos médicos que votaram naquela eleição.

Uma das primeiras ações de Becker como presidente do Cremers, em 1993, foi liderar a luta contra a implantação da facul-dade de medicina da Ulbra, que naquele momento não cumpria os requisitos bási-cos, com a aprovação do Conselho Nacio-nal de Saúde. Quando presidente da Amri-gs, comandou com sucesso a iniciativa de impedir a abertura de cursos de medicina nas universidades de Ijuí e Cruz Alta.

Luta contra novas faculdades Naquela época de instabilidade polí-

tica e econômica, Becker também ficou conhecido pela luta em favor da dignida-de na saúde e no trabalho médico. Em maio de 1994, protagonizou um ato públi-co no Largo Glênio Peres, entregando

Sobre as dificuldades do trabalho médico na saúde pública, sempre na linha de frente do atendimento, Becker cunhou uma de suas frases mais conhecidas:

- O médico é o pára-choque do sistema.

Foram muitas as bandeiras que Becker ergueu em sua trajetória de quase quin-ze à frente do Cremers. Na sua última gestão, em 2007-2008, as atividades de

A frase preferida de Marco Antônio Becker, quando tratava de questões relativas ao Cremers, era:Podemos pecar por tudo, mas jamais por omissão.Isso caracterizava por inteiro o estilo de Becker. Ainda que tomasse atitudes que muitos julgavamintempestivas, tinha o costume de enfrentar os problemas e não medir esforços para superar os desafiosque encontrava.

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"Cumpre a nós, sociedade civil organizada, catalisarmos os anseios de milhões de brasileiros injustiçados e partirmos para uma cruzada cívica, visando tirar a assistência pública do caos, para que nossos irmãos carentes tenham o mínimo que uma nação civilizada deve lhes proporcionar: o direito a uma vida digna".

Becker: trajetória de luta em defesa do trabalho médico e da saúdeum manifesto ao então governador Alceu Collares. O fato se repetiu em 2008, com o Movimento Mais Saúde para o SUS, que reuniu cinco mil pessoas em passeata ao Palácio Piratini reivindicando atenção dos governos com a saúde pública.

Becker sempre sustentou que há excesso de médicos no Brasil e que por isso não existe necessidade de mais cursos. Sobre a falta de médicos nos municípios menores e mais afastados, Becker costumava repetir que a solução seria o governo criar um plano de carreira para os médicos do SUS, a exemplo do que existe para a magistratura. A idéia ganhou corpo e hoje existe um projeto tramitando no Congresso nesse sentido.

Becker nunca evitou a polêmica com as empresas de planos de saúde, enquanto estas não trabalhavam de acordo com os preceitos da ética médi-

ca e da remuneração digna. Durante anos manteve postura de cobrança, pelo cumprimento das tabelas legais e dos acordos de remuneração.

Remuneração digna aos médicosDesde então, muitas conquis-

tas aconteceram. A mais recente foi a adoção da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) pela Unimed Porto Alegre, com 10% de reajuste. A con-quista foi celebrada por Becker quando oficializada, em junho de 2008.

- Lutamos muito para que este dia chegasse. É uma conquista dos médi-cos e também uma sinalização para que as empresas privadas de planos de saúde sigam por esse caminho – comentou Becker.

Outra campanha de forte repercus-

são e que atingiu resultados positivos foi a deflagrada em defesa dos médi-cos que trabalham nos Centros de Formação de Condutores do Detran. Depois de árdua luta, com notas em jornais e entrevistas nas quais Becker alertava para a necessidade de "abrir a caixa-preta do Detran", o Cremers conseguiu que a autarquia pagasse diretamente os peritos, sem intermedia-ção dos CFCs. No começo deste ano, Becker entregou um dossiê à CPI do Detran, na Assembléia Legislativa.

Na sua última gestão, o Cremers ganhou destaque pela atuação posi-tiva e proativa, de acordo com a con-duta apaixonada e intensa de Marco Antônio Becker. No seu último discurso de posse, argumentou que o dever com os médicos era a sua principal missão, o seu "desiderato".

Marco Antônio Becker, em 1993, ao tomar posse pela primeira vez como presidente do Cremers

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dezembro/20086 CREMERS

Homenagem

"Perdemos a maior liderança do ativismo médico no Brasil. O Cremers vai sentir muito sua falta. Entretanto, ele deixou seguidores que farão o possível, apesar de não terem o mesmo carisma, para continuar a luta em defesa da classe e contra o aviltamento da profissão e a abertura de escolas médicas. Estaremos em alerta, em todos os sentidos, para evitar qualquer prejuízo à atividade mé-dica, em que a ética sempre estará em pri-meiro lugar. Becker nos deixou uma grande obra como exemplo a ser seguido."

Joaquim José Xavier,Subcorregedor do Cremers

“Não posso medir a perplexidade e a tragé-dia. Becker era uma das grandes lideranças que fazia jus à representatividade que tinha lutando pelos médicos e pela saúde da po-pulação. É uma perda irreparável.”

Maria Rita Assis Brasil,Vice-presidente do Simers

“Ele foi uma pessoa polêmica, mas genial, sincero e especial. Era bom debater com ele, seu debate era honesto e sem escusas. Estamos absolutamente traumatizados.”

Roberto D’Ávila,Primeiro vice-presidente do CFM

“Becker foi um incansável lutador pelos mé-dicos e pela medicina. É um momento de profunda tristeza pela constatação da fragili-dade da sociedade. Estamos vulneráveis, o desprezo pela vida é claro.”

Cláudio Lamachia,Presidente da OAB/RS

Uma vida dedicada à Medicina e à Saúde

Marco Antônio Becker nasceu em Lomba Grande, então distrito de Novo Hamburgo, em 5 de abril de 1948. Era especialista em Oftalmologia e mem-bro Titular do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

Delegado da Amrigs junto à AMB (1989 a 1991). Presidente-fundador da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul. Presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul – Amrigs (1991 a 1993). Foi 2º vice-presidente e 2º secretário do Conselho Federal de Medicina. Presidente do Cremers entre 1993 e 2005, e também no período de fevereiro de 2007 a setembro 2008. Ex-presidente e atual secretário geral da Confederação Médica Latino-Americana e do Caribe. Delegado do CFM em Porto Alegre.

Vereador de Novo Hamburgo pelo PDT entre 2001 e 2004. Vice-presidente da atual gestão do Cremers.

Formado pela UFRGS em 1973, especializou-se em Oftalmologia na Universidade Complutense de Madrid, de 1975 a 1976, sendo, logo após, estagiário bolsista do governo francês nos hospitais Hôtel Dieu, de Paris e Edouard Herriot, de Lyon, de outubro de 1976 a setembro de 1977. Exerceu a chefia de Serviços de Oftalmologia no Senegal e na Arábia Saudita, de outubro de 1977 a abril de 1979. Foi presidente-fundador da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul – Sorigs (1987 a 1990). Foi membro do Conselho Diretor da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre - FFFCMPA (1992 a 1995).

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Marco Antônio Becker liderou nos últimos 20 anos as principais campa-nhas pela valorização do trabalho médi-co, contra o aviltamento da nossa digna profissão. Como presidente-fundador da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul projetou seu nome entre a comunidade médica gaúcha, valo-rizando o trabalho da especialidade que abraçara, sendo eleito presidente da Amrigs. De 1991 a 1993 resgatou a Associação Médica do Rio Grande do Sul de uma profunda crise e recolocou-a na liderança associativa brasileira.

A partir de 1993, como presidente do Conselho Regional de Medicina e por mais de 10 anos no cargo, reestruturou o Cremers, retirando o aspecto unicamen-te cartorial e o inserindo no contexto da sociedade. Na defesa contra a má medi-cina e o mau atendimento, não esmo-receu nas ações, inéditas no país, de fiscalização e interdição ética do exercício profissional onde fosse necessário.

A projeção de sua figura foi além-frontei-ras, destacando-se em suas intervenções no Mercosul, na Confederação Médica Latino-Americana e do Caribe(Confemel), que presidiu da qual era o atual secretário-geral, e na Associação Médica Mundial.

Eu que estive ao lado de Becker nos últimos 17 anos, tanto na Amrigs como no Cremers, sei bem quão polêmico ele era, mas também o quanto representava sua liderança para os médicos. Neste momento em que elevamos as preces para o descanso de sua alma, digo-lhes que Marco Antônio Becker era um homem religioso, fiel em sua crença cristã.

Nunca, em nenhum momento que presenciei, discriminou alguém por

sua cor, credo ou condição social. Orgulhava-se muito da foto que regis-trou o momento em que beijou o anel do papa João Paulo II, que o recebera em audiência especial no Vaticano.

Lembro a frase que marcou o final de seu discurso de despedida da presidência do Conselho no último dia 1º de outubro, quando citou a ferrenha campanha eleito-ral para a sucessão no Cremers e na qual sofreu acusações de toda a espécie, inclu-sive atingindo sua honra pessoal.

Declarou naquele momento que na sua concepção o grande legado tanto do judaísmo como do cristianismo não era somente o do amor ao próximo, mas sim o perdão, perdão que ele estendia a todos que o haviam vilipendiado.

Becker, descanse em paz. Nós seguiremos nas lutas em prol da medi-cina e da atenção à saúde da socieda-de gaúcha e brasileira.

Dr. Isaias LevyDiretor tesoureiro

Réquiem para um líder

Um grande orgulho: encontro com o Papa João Paulo II no Vaticano

“Fomos colegas de turma na faculdade. Era um amigo, acima de tudo. A medicina brasi-leira perde um homem digno, uma grande liderança, que se preocupava com a saúde da população. O Becker era um idealista. Vou sentir a sua falta.”

Eliseu Santos,Secretário da Saúde de Porto Alegre

“Era um líder da classe médica. A grande família dos médicos gaúchos vai sentir sua falta. Defendia suas posições com ímpeto, mas sempre com ética e respeito. É uma perda irreparável para todos nós.”

Pedro Gus,Ex-secretário da Saúde de Porto Alegre

“A medicina gaúcha está de luto. Becker foi uma liderança forte no Estado e no país. Era comba-tivo, se dedicava dia e noite por seus ideais, bus-cando sempre o melhor nas questões da saúde, em especial no trabalho médico.”

Newton Cruz, Ex-presidente da Amrigse conselheiro do Cremers

“A capacidade de liderança, a rapidez de raciocínio e a arte de dominar debates são algumas das grandes qualidades que via no Becker desde os tempos de faculdade de medicina. O Becker dedicou sua vida profis-sional à defesa da medicina e da saúde da população.”

Ismael Maguilnik,Segundo-secretário do Cremers

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dezembro/20088 CREMERS

Homenagem

A partir da gestão de Marco Antônio Becker, o Cremers passou a assumir a vanguarda da luta contra a abertura de novas faculdades de medicina. Ainda como presidente da Amrigs, Becker já alertava para a proliferação de cursos de medicina no Brasil. Nesse período, bata-lhou pelo fechamento dos cursos nas uni-versidades de Ijuí e Cruz Alta, que estavam com o vestibular em andamento.

Ao assumir o Conselho, lutou por

quase três anos para que a Ulbra cum-prisse os requisitos legais e éticos para estabelecer um novo curso de medicina.

Desde o início da sua atividade, tinha como lema: “Não faltam médicos no Brasil. Faltam condições para exer-cer a medicina com dignidade e ética”.

Lutou pela implantação de um plano de carreira para os médicos do SUS, para motivar os jovens profissionais a assumir cargos no interior e suprir a

demanda de profissionais nos lugares periféricos. Também integrava a linha de frente da luta por uma educação médica qualificada.

Desde o início da sua atividade foram muitas conquistas. Além do fechamento de duas faculdades, um fato inédito no país, os critérios para implantação de novos cursos de medicina tornou-se mais rígido, com a possibilidade de descredenciamen-to dos cursos com más avaliações.

Pioneirismo na luta contra o excesso de cursos de medicina

Combate a privilégios narevalidação de diplomas

A ques-tão da reva-

lidação de diplo-mas estrangeiros

sempre foi polêmica nas atividades dos con-

selhos de medicina, devido ao pouco esclarecimento que a socie-dade tem sobre o tema. Marco Antônio Becker, que também foi presidente da Confederação Médica Latino-Americana

e do Caribe, sempre demonstrou gran-de conhecimento do assunto, sendo capaz de tomar decisões e relatar pare-ceres com base.

A polêmica que envolvia os médi-cos brasileiros formados em Cuba, na Escola Latino-Americana de Medicina, foi temperada com fortes questões ide-ológicas. Becker, quando contrário à legislação especial para esses médicos, tratou de usar argumentos coerentes, baseados em situações semelhantes.

–Os médicos cubanos não podem ser privilegiados. Se todos os formados em outros países têm de revalidar o seu diploma, por que seria diferente com os profissionais formados em Cuba ou na Bolívia? – questionava.

Durante a sua atividade no Conselho, sempre tratou de denunciar irregularida-des e manobras políticas que visavam o favorecimento aos médicos egres-sos de determinados países. Algumas vezes, recusou-se a assinar carteiras de médicos que conseguiram a inscrição sem passar por exames de revalida-ção, mas por meio de ordem judicial. Em 2007, durante a sua gestão, o Cremers emitiu parecer dizendo que o Conselho, em todo pedido de inscrição de médico estrangeiro, deve contatar a universidade onde o médico se formou para garantir a legitimidade do diploma. Isso ocorreu após a descoberta, pelo Cremers, de um diploma falso emitido na Bolívia.

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dezembro/2008 9CREMERS

“Nos últimos tempos, encontrei-me duas ve-zes com Becker. Ele tinha admiração pelos juízes e pela Ajuris e nós por ele, imensa pelo médico e líder que ele foi. Era um ide-alista dedicado à causa médica, um homem que cumpriu uma missão exemplar.”

Carlos Cini Marchionatti,Presidente da Ajuris

"Momentos como este, em que se perde uma figura de projeção como foi Becker junto à política médica, principalmente do RS, nos deixa uma sensação de vazio. Não resta dúvida de que ele foi, nestes últimos anos, um dos maiores, se não o maior, de-fensor da ética médica e também dos médi-cos gaúchos. Esta lacuna certamente será preenchida, mas a obra que ele nos legou é imorredoura."

Régis Porto,Corregedor do Cremers

"Becker foi um líder com uma enorme capa-cidade de ousar. Ele era capaz, inclusive, de empreender ações inéditas."

Antônio Celso Ayub,Coordenador da Comissão

de Fiscalização do Cremers

“É a perda de alguém que tão bem represen-tava a idéia do associativismo e uma lideran-ça forte que representava com grandeza a medicina gaúcha. A Amrigs, seus diretores e funcionários sentem muito a perda.”

Dirceu Rodrigues,Presidente Amrigs

Como participante ativo do movimen-to médico, Marco Antônio Becker sempre declarou a necessidade de existir uma lei para regulamentar a medicina. Em 1992, incentivou um projeto de lei que tramitava na Câmara, do deputado Pedro Canedo, de Goiás, que dizia caber ao CFM a defi-nição de Ato Médico. Quando proposta a lei do Ato Médico, em 2002, Becker lide-rou uma mobilização de âmbitos regional e nacional para debater e defender a regulamentação da profissão.

Enquanto tramitava no Senado, em 2004, o PLS 25/02 foi objeto de ampla discussão em diversos setores da sociedade. Com eventos e mobili-zações na rua, estudantes de medicina demonstraram o apoio incondicional à idéia da regulamentação.

– O projeto diz o óbvio. Coloca as coisas nos seus devidos lugares, cada profissional com as suas atribuições, respeitando o espaço do outro. Todos trabalhando juntos em defesa de um bom atendimento para a população em geral – afirmou Becker em reunião com estudantes, em 2004.

Além da mobilização nas ruas e nas universidades, Becker conseguiu aglu-tinar forças entre políticos, represen-tantes de entidades e sociedades de especialidade para manifestarem seu apoio à lei por meio de abaixo-assinado e de declarações públicas.Diante da resistência de outras categorias pro-fissionais da área da saúde, o projeto sofreu modificações e ainda está em tramitação no Senado.

Defensor intransigente da lei do Ato Médico

Becker foi um dos primeiros a alertar para a intromissão crescente de outros profissionais da saúde nas atribuições específicas dos médicos

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dezembro/200810 CREMERS

Homenagem

Becker, homem simples e médico reconhecido

O jornalista Vinicius Bossle publicou no jornal NH um artigo exaltando as qualida-des de Marco Antônio Becker, principal-mente como médico. Confira um trecho do artigo, que começa com a frase “Perde o país seu mais talentoso cirurgião de olhos, o oftalmologista Marco Antonio Becker”, e depois segue narrando a trajetória do médico até chegar no seguinte trecho:

“Com tanta titulação e experiência, e sobretudo por seu talento reconhe-cido de cirurgião, o doutor Becker era um homem simples que amava, entre outras coisas, assistir aos jogos do Internacional de bermudas, chinelos de dedo e chapéu de palha. Casado, sem filhos, vivia com sua esposa Carmen na periferia de Novo Hamburgo.

Jamais esquecerei o primeiro epi-sódio que me envolveu com Marco Antônio Becker. Ainda na década de 70, procurou-me o economista Renato Silveira, meu ex-colega de magistério na Feevale. Queria que eu lhe falasse sobre Barcelona, onde sabia que eu estivera. Teria que viajar até lá a fim de que sua esposa, paciente de grave lesão ocular, fosse operada pelo único cirurgião que seria capaz de restituir a ela sua visão perfeita. Falei-lhe de Barcelona, mas poucos dias depois o Renato voltou a me procurar, desta vez muito feliz, porque telefonara para o cirurgião espa-

nhol, e este lhe dissera que não preci-saria levar sua esposa até ele, pois em Novo Hamburgo vivia e clinicava o que tinha sido seu melhor aluno, plenamen-te capacitado para resolver o problema. Não conhecia, ainda, o doutor Becker, e fui com o Renato procurá-lo. Prontificou-se e fez a cirurgia, que restituiu a visão completa de sua esposa, e mais tarde operou minha filha, também com êxito.

A tragédia nos roubou o notável cirur-gião, ainda em pleno vigor físico e mental, e o lugar dele talvez nunca seja preenchido”.

"A tragédia nos roubou o notável cirurgião, ainda em pleno vigor

físico e mental, e o lugar dele talvez nunca seja preenchido.”

Vinicius BossleJornalista

“Ele fez muito pela medicina no Estado e no Brasil. A situação de violência que vivemos é absurda, ele foi mais uma vítima desta coisa que não devia existir e está cada vez mais próxima.”

Raul Fraga,Vereador de Porto Alegre

“Lamentamos o trágico acontecimento. É a perda de uma liderança médica não só em termos da categoria, mas como cooperado da Unimed Vale do Sinos.”Nilson May,

Presidente da Federação Unimed/RS

“Quem é da área da saúde convive com agressões o tempo todo, como testemunha ou vítima, mas nunca está preparado para uma agressão tão brutal. É preciso que to-dos (trabalhadores da saúde) atuem juntos para ter força e suportar pressões.”

Maria da Graça Piva, Presidente do Coren/RS

“A contribuição de Becker para a saúde pú-blica foi imensa. Foi uma liderança médica que sempre buscou o melhor para a socie-dade em termos de saúde. Estou profunda-mente chocada com o que houve."

Manuela D’Ávila, Deputada Federal

“Nos últimos anos, tive o privilégio de convi-ver mais de perto com Becker, que sempre se mostrou uma companhia agradável em qualquer situação. Era um homem tônico, disposto e original.”

José Luiz Gomes do Amaral, Presidente da AMB

“Mais do que a classe médica, é a so-ciedade gaúcha que perde. O Becker foi a maior liderança médica do Rio Grande do Sul, quem sabe do Brasil. Foi corajoso ao fazer a primeira inter-dição ética de um hospital, o Nossa Senhora das Graças, de Canoas. Enfrentou a justiça, que determinou a volta dos médicos ao trabalho. Os mé-dicos decidiram, em assembléia, que só retornariam quando o Conselho au-torizasse. Quer dizer, naquele momen-to pesou mais a decisão do Becker do que a da justiça, comprovando a sua enorme capacidade de liderança.”

Paulo de Argollo Mendes,Presidente da Fenam e do Simers

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dezembro/2008 11CREMERS

“Becker foi uma liderança positiva, com cor-agem excepcional para tomada de decisões. Antecipou a necessidade de limitar a criação de cursos de medicina e ao longo do tempo se caracterizou como um defensor intransi-gente dos interesses básicos do exercício da medicina.”

Telmo Bonamigo, Presidente da Academia

Sul-Rio-Grandense de Medicina

“De todas as lideranças que conheci na classe médica, o mais inteligente, con-tundente e polêmico, e ao mesmo tempo o que apresentava mais humor nas ações em defesa da medicina, foi o Becker. Ele tinha facilidade de passar de uma conversa descontraída e brincalhona para uma con-versa séria e incisiva, cobrando providên-cias e apresentando soluções para equacio-nar problemas da área da saúde. Perdemos uma grande liderança.”

Fernando Weber Matos,Primeiro-Secretário do Cremers

“O Becker era uma figura ímpar, um obstina-do na defesa da ética médica, nos enfrenta-mentos corajosos. Nos últimos anos convivi mais com ele em função de laços familiares. Posso dizer que tínhamos uma relação pes-soal de profunda amizade.”

José Fortunatti,Vice-prefeito eleito de Porto Alegre

"Becker sempre se mostrou convicto e persistente na luta em favor da profissão médica. É uma grande perda em termos de liderança médica em nível nacional."

Iseu Milman,Diretor de Patrimônio

Decisão de vanguarda sobre a polêmica questão dos fetos anencéfalos

As atividades de Marco Antônio Becker como conselheiro do CFM ganharam des-taque nacional. No ano de 2004, Becker foi relator da Resolução 1.752/2004, na qual o Conselho Federal de Medicina autorizava a doação de órgãos e tecidos de fetos anencéfalos – desde que com a prévia autorização dos pais.

A decisão do CFM é ainda hoje moti-vo de grande discussão jurídica. Becker muitas vezes participou de debates e entrevistas, nas quais era questionado a respeito dos motivos desta decisão. A resolução encontrava base nos critérios estabelecidos pelo Conselho Federal para a morte encefálica. Em artigo inti-tulado “Anencefalia e Possibilidade de Interrupção da Gravidez”, publicado na

Revista da Amrigs nº 3, vol. 51, Becker afirmou:

– Como o anencéfalo não possui cérebro, não há que se falar em possi-bilidade de vida. Manter um ser morto no ventre da mãe não encontra apoio no princípio bioético da beneficência, pois prolonga inutilmente o sofrimento mater-no, sem nenhum benefício à vida.

A resolução foi fruto de ampla dis-cussão no fórum sobre anencefalia rea-lizado no ano de 2004, sendo citada nos diversos casos que abordam esse tema nos últimos anos.

– A decisão que tomamos é uma inovação, inclusive em relação a muitos países desenvolvidos – disse Becker quando aprovada a resolução.

Confemel e Sindicato Médico do Uruguaiprestam homenagem

Em nota publicada no último dia 09 de dezembro, a Confederação Médica Latino-Americana e do Caribe (Confemel) manifestou profundo pesar pela morte de seu ex-dirigente Marco Antônio Becker. A nota da entidade, da qual Becker foi presidente (o primeiro brasileiro a presidir a entidade) e atualmente ocupava o cargo de secretário geral, pode ser vista no site da Confederação Médica Argentina (COMRA) através do link www.comra.org.ar.O Sindicato Médico do Uruguai manifestou, em nota oficial, dia 10 de dezembro, pesar e solidariedade pela morte de Marco Antônio Becker. No texto, destacam a sua importância na liderança em defesa dos interess-es dos médicos gaúchos, brasileiros e latino-americanos. “Perdemos um grande homem, que soube representar com dignidade a classe médica”, enfatiza a nota, que pode ser conferida no site www.smu.org.uy.

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dezembro/200812 CREMERS

Uma das principais virtudes de Marco Antônio Becker sempre foi a coragem para enfrentar os problemas da saúde pública, especialmente no que diz res-peito às condições de trabalho e às questões éticas dos médicos. Quando presidente do Cremers, Becker liderou, de forma pioneira, interdições do exercí-cio da medicina em hospitais, postos de saúde e clínicas que não cumpriam com os seus deveres junto à sociedade.

Em 1998, o então único hospital de Canoas, Nossa Senhora das Graças, foi interditado por falta de condições de trabalho e atendimento, com falta de material básico, estrutura ruim e ausência de equipamentos. A prefeitura reformou o hospital e possibilitou ao Cremers levantar a interdição ética. O então diretor do corpo clínico, Roberto Bidone, agradeceu a ação do Conselho. “A atitude do Cremers foi de extrema competência naquele ano. A interdição foi benéfica, pela falta de condições mínimas, especialmente estruturais”.

Um ano antes essa situação ocor-reu em Esteio, quando o hospital São Camilo foi interditado por conta de pro-blemas estruturais decorrentes de uma grave crise financeira. A diretora técni-ca do hospital na época, Vera Moeler, ressaltou a importância da atuação de Becker no Informativo Cremers de julho deste ano:

“A partir da visita de fiscalização do

Cremers, houve uma conscientização da sociedade de que o hospital deveria mudar para melhor”.

Não foi diferente a situação no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul, nove anos depois. O maior pronto-atendimento do Rio Grande do Sul apresentava pés-simas condições estruturais e graves falhas em questões éticas, como a per-manência de pacientes por longo tempo na ala psiquiátrica e a falta de um diretor clínico. Numa atitude de grande cora-gem, Marco Antônio Becker decidiu pro-por a interdição do local, o que foi aceito pela plenária do Conselho. Mesmo com as invasões de moradores da região e pressões de gestores, Becker não cedeu até a prefeitura tomar uma atitu-de. O chamado “Postão da Cruzeiro” foi completamente reformado e as relações de trabalho mudaram para melhor, com a eleição de um diretor clínico pelos médicos do posto.

Na última gestão, também recebeu destaque a interdição da Associação Internacional de Medicina Estética (Asime). A clínica, que funcionava tam-bém como um curso de pós-graduação (sem registro no Cremers) realizava pro-cedimentos cirúrgicos incompatíveis com o seu alvará e autorizava a publicidade em seus domínios, entre outras falhas éti-cas. O estabelecimento foi fechado com o apoio da Vigilância Sanitária.

Atualmente, mantém-se em vigor a

Homenagem

interdição ética do exercício da medici-na no Hospital de Caridade de Taquara, onde os médicos que lá trabalhavam denunciaram sobrecarga de trabalho, atraso na remuneração e falta de alvará de saúde. O presidente Marco Antônio Becker liderou a interdição no início desse ano.

Outras interdições lideradas por Becker aconteceram nos hospi-tais de Xangri-lá e Campo Bom; no

Sem medo de tomar medidas drásticas para garantir qualidade na Saúde

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dezembro/2008 13CREMERS

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Em defesa dos médicos peritos do INSS

Durante a gestão de Marco Antônio Becker como presidente, uma das prin-cipais ações do Conselho Regional de Medicina foi a luta em defesa do traba-lho dos médicos peritos do INSS. As recorrentes agressões e o desrespeito ao trabalho levaram o Cremers a rea-lizar vistorias nas agências do INSS de Cachoeirinha, Campo Bom, São Leopoldo e do bairro Partenon, em Porto Alegre. Nesses locais ocorreram casos de agressões físicas e emocionais con-tra os profissionais da medicina.

Na agência de Cachoeirinha, após denúncias de agressões verbais e físicas contra os médicos, na fiscalização foi

constatada falta de condições de segu-rança para realização das perícias. Na agência Partenon de Porto Alegre ocor-reu uma manifestação do Sindibancários contra os peritos, com a utilização de atores. Em Campo Bom, um médico foi ferido com faca por um segurado, que foi preso em flagrante. Em São Leopoldo também ocorreram vários casos de agressão contra médicos.

Graças à atuação do Cremers, ocorre-ram melhorias nas condições de trabalho dos médicos peritos. Em algumas agên-cias, foram instaladas portas com detecto-res de metais, contratados mais seguran-ças e instalados sinalizadores sonoros.

Optometria: contra oexercício ilegal da Medicina

Uma das suas principais lutas de Marco Antônio Becker era evitar que optometristas realizassem atos médicos, sustentando que esses não têm forma-ção adequada para exercer a medicina. Nos anos 90, Becker ajudou a impedir a criação do curso de optometria da Ulbra, evitando a entrada de um grande núme-ro destes profissionais no mercado. Em 2001, durante um dos mandatos de Becker, o Cremers conseguiu uma deci-são judicial que impedia as óticas do Rio Grande do Sul de realizarem adaptação de lentes de contato, o que foi conside-

rado exercício ilegal da medicina.Em 2004, três clínicas de optometria

foram fechadas por decisão judicial no Rio Grande do Sul. Na época, Marco Antônio Becker assinou seguidas mani-festações públicas do Conselho denun-ciando o exercício ilegal da medicina por parte desses profissionais.

– Vamos continuar fazendo campa-nha institucional de alerta às autorida-des e de esclarecimento ao público, que tem o direito de receber atendimen-to de especialistas e não de leigos em medicina – declarou Becker na época.

Presidente Vargas, de Sapucaia do Sul, na Unidade de Saúde Maria da Conceição; e na clínica Línea, em Caxias do Sul, onde ocorreu a morte de uma paciente após uma cirurgia de lipoaspiração.

Sem medo de tomar medidas drásticas para garantir qualidade na Saúde

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dezembro/200814 CREMERS

Homenagem

Emoção na despedida do grande líder médico

A despedida de Marco Antônio Becker foi marcada pela emoção. Os pais do dirigente do Cremers, Germano e Ilse Becker, a esposa Carmem, fami-liares, colegas, amigos, autoridades e funcionários da entidade compareceram ao Conselho para o velório de adeus ao médico que dedicou grande parte de sua vida a lutar por uma “medicina efi-ciente, ética e igualitária”, frase que criou para definir a atuação do Cremers e que demonstrava sua preocupação em estender à população um atendimento digno de saúde.

Durante todo o dia centenas de pes-soas estiveram no Cremers para prestar solidariedade aos familiares e despedir-

se do médico. Entre as autoridades que compareceram estavam o secre-tário estadual da Saúde Osmar Terra; o secretário municipal da Saúde Eliseu Santos; os deputados federais Germano Bonow e Manuela D’Ávila; o presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Simers, Paulo Argollo; o presidente da AMB, José Luíz Gomes do Amaral; o presidente da Amrigs, Dirceu Rodrigues; os vice-presidentes do CFM, Roberto D’Ávila e Gérson Zafalon; o presidente da OAB/RS, Carlos Lamachia; e o pre-sidente da Ajuris, Carlos Marchionatti, além de dirigentes de outras entidades de classe, como os Conselhos Regionais de Odontologia e de Enfermagem.

Dezenas de coroas de flores foram entregues, inclusive uma enviada pelos servidores do Pronto-Atendimento Cruzeiro do Sul. No ano passado, o Cremers interditou o exercício da medi-cina no local, retomando as atividades depois em condições muito melhores, tanto para o trabalho médico como para o atendimento à população, que sempre foi o grande objetivo de Becker como médico e líder da classe.

O clima de emoção aumentou no final do velório, quando o tesoureiro do Cremers, Isaías Levy, proferiu as palavras de adeus a Marco Antônio Becker, lideran-ça médica que gravou seu nome na histó-ria da medicina gaúcha e brasileira.

Um grande número de pessoas compareceu ao Cremers para prestar a última homenagem ao Dr. Marco Antônio Becker

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dezembro/2008 15CREMERS

“Foi um líder, um homem dedicado ao Con-selho e às causas da medicina. Era irascível e intransigente na defesa dos médicos e da saúde. Merecedor de nossa mais profunda admiração.”

Ércio Amaro de Oliveira Filho,Coordenador da Ouvidoria do Cremers

“O Dr. Becker se destacou no Conselho desde o princípio, com uma participação firme e notabilizando-se pela presença constante na defesa de médicos acusados, inicialmente, por omissão de socorro em situações discutíveis, sofrendo, por isso, pressões da opinião pública. Estas situações de defesa justa dos médicos foram alguns de seus momentos mais brilhantes.”

Rogério Aguiar,Coordenador das Câmaras Técnicas

“Acima de tudo eu era amigo do Becker. Conversávamos muito sobre questões pes-soais, sobre a vida, a medicina, doenças e tudo mais. Em vida o Becker sempre soube que eu o admirava como liderança médica e como ser humano. Vou sentir a sua falta.”

Gérson Zafalon,Vice-presidente do CFM

"A morte do Dr. Marco Antônio Becker é uma perda irreparável para a categoria médica, pois tratava-se de uma liderança incon-testável e que, na defesa de uma medicina ética, digna e igualitária, não hesitava em en-frentar qualquer força política ou econômica. Sob seu comando o Cremers tornou-se uma das instituições de maior respeito e credibili-dade junto à opinião pública."

Marcos Costa,Gerente do Cremers

Missa de sétimo dia

No CFM, cerimônia religiosaem memória de Becker

No dia 11 de dezembro, houve uma celebração católica na Catedral Metropolitana em memória do vice-presidente do Cremers Marco Antônio Becker devido aos sete dias de seu fale-cimento. A missa, celebrada pelo arce-bispo emérito Dom Altamiro Rossato, abordou a certeza da morte e a impor-tância das boas obras realizadas em vida. A celebração contou com a pre-sença da família de Becker, diretores

e conselheiros do Cremers e de auto-ridades como o prefeito José Fogaça, o secretário municipal da Saúde Eliseu Santos, o presidente da Amrigs Dirceu Rodrigues, a vice-presidente do Simers Maria Rita de Assis Brasil.

No dia 13, foi realizada missa em Lomba Grande, Novo Hamburgo, na Igreja Católica São José, com grande presença de familiares, colegas e amigos de Becker, nascido na região.

Os conselheiros e funcionários do CFM se reuniram no auditório da entidade no dia 11 de dezembro para celebrar missa de sétimo dia em memória do conselheiro Marco Antônio Becker. A celebra-ção foi realizada pelo capelão militar Frei Gilberto e contou com um discurso emocionado do presidente do Conselho, Édson de Oliveira Andrade, que ressaltou as qualidades e a contribuição de Becker em defesa da ética na medicina e da melhoria da assistência à saú-de da população carente.

Arcebispo emérito Dom Altamiro Rossato celebrou missa na Catedral Metropolitana

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dezembro/200816 CREMERS

Participação

Encontro para ampliar integração com o Interior

Nos dias 21 e 22 de novembro, dire-tores, conselheiros e delegados seccio-nais do Cremers estiveram reunidos para debater aspectos funcionais da entidade e suas principais atribuições na defesa do exercício ético da medicina. Houve uma significativa interação entre dirigen-tes e delegados, buscando o esclareci-mento de assuntos relacionados também ao cotidiano da atividade médica.

O presidente Cláudio Balduíno Souto Franzen abriu o evento falan-do sobre a estrutura e as funções do Conselho, apontando a legisla-ção que o rege, lembrando que as Delegacias Seccionais são uma repre-sentação do Conselho Regional em áreas do Estado. “Hoje necessitamos de uma reestruturação da divisão das delegacias devido ao crescimento de algumas cidades. Vamos, cada vez mais, ampliar a integração da diretoria com as Delegacias Seccionais." O pri-meiro-secretário Fernando Weber Matos repassou a atuação de órgãos como a

Secretaria Operacional (SO), que possui função cartorial; a Secretaria de Assuntos Técnicos (SAT), onde são tratados os pro-cessos e sindicâncias; as comissões de Fiscalização e de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame), que mantêm vigilân-cia sobre a atividade médica; a Ouvidoria, canal de comunicação entre médicos, população e o Conselho; e Câmaras Técnicas, que auxiliam a diretoria por meio de pareceres.

Matos também falou sobre a revalida-ção do diploma estrangeiro: “O Cremers, no sentido de ter absoluta certeza de que esse médico formado no exterior o fez de maneira correta, exige uma com-provação da faculdade formadora, com-provação de oficialidade do curso pelo ministério de educação do país e a com-provação da faculdade de medicina bra-sileira em que o título foi revalidado. Tais exigências se dão por vários problemas

que ocorriam com diplomas falsificados ou com problemas de revalidação”.

Ismael Maguilnik, segundo-secretá-rio e representante do Conselho na Comissão Nacional de Residência Médica, apresentou as funções da Secretaria de Assuntos Técnicos, da qual é coordenador. A SAT recebe todas as denúncias e solicitações de pare-ceres. As denúncias são repassadas aos corregedores que avaliam como será prosseguida a apuração. Já os pareceres são solicitados aos conselhei-ros, baseado nos manuais, à assessoria jurídica ou às câmaras técnicas. Além disso, Maguilnik ressaltou a atuação do Conselho na luta contra o diploma de bacharel em medicina.

Como corregedor, Régis de Freitas Porto é quem trata de toda a parte de denúncias, sindicâncias e processos que correm dentro do Conselho. “Nos

Diretoria do Cremers

quer intensificar

ações em conjunto

com as delegacias

seccionais, reforçando

a atuação nos

municípios.

Reunião contribuiu para estreitar a relação da diretoria com delegacias seccionais

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dezembro/2008 17CREMERS

Encontro para ampliar integração com o Interior

Foto grande do Becker com cartaz

últimos tempos houve um aumento no número de denúncias e julgamen-tos dentro do Conselho. As denúncias podem chegar pelo Correio, pesso-almente ou por meio das Delegacias Seccionais”, esclareceu. Trabalha em conjunto com o subcorregedor Joaquim José Xavier, que explicou que “sempre que chega uma denúncia no Conselho tem de haver a abertura de uma sindi-cância. Esse é o lado mais rápido da corregedoria. Toda denúncia protoco-lada leva à abertura de um processo ou ao seu arquivamento. O corregedor cuida dos processos e o sub-correge-dor das sindicâncias”.

O coordenador de patrimônio Iseu Milman falou sobre suas atribuições: “O patrimônio tem como objetivo acompa-nhar a preservação dos bens do Conselho. Aquisições e alienações, veículos, seguros, área de conservação e manutenção, área de informática, comunicações, telefonia, vigilância e tudo que diz respeito à estru-tura física e funcionamento do Cremers pertence a este setor”.

O tesoureiro do Cremers, Isaias Levy, apresentou um panorama das questões relativas à ordenação das despesas do Conselho. Também ressaltou que o valor destinado à publicidade foi dimi-nuído, sendo realocado para reuniões de delegacias, câmaras de julgamento, plenárias e câmaras de sindicância. “Um dos objetivos dessa mudança é promo-ver uma maior integração entre Porto Alegre e o Interior, chamando delegados e conselheiros de fora da capital a parti-cipar desses encontros.”

Dr. Marco Antônio Becker em seu último ato em defesa do trabalho médico e da saúde

Anvisa incentivaexercício ilegal da medicina

DENÚNCIA!!!

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou em outubro a campanha “Informação é o melhor remédio”, na qual afirma que remédi-os devem ser indicados pelo médico ou farmacêutico. Na sessão plenária do CFM realizada no dia 14 de novembro, Marco Antônio Becker, tam-bém conselheiro federal naquela data, manifestou-se contra a campan-ha de forma veemente na presença do presidente da Anvisa:“Não é possível que a Anvisa, agência que deveria zelar pela qualidade dos medicamentos, bem como o controle das receitas (prescrição médica), esteja incitando o exercício ilegal da medicina quando faz publicidade em todo o Brasil, através de cartazes e mídia, dizendo que tanto o médico quanto o farmacêutico podem indicar medica-mentos. A Agência presta um desserviço à saúde pública”.Na reunião com os delegados gaúchos, dias 21 e 22 de novembro, Becker voltou a fazer a denúncia. Ele propôs que as entidades médi-cas entrem na Justiça contra a Anvisa por incitamento ao exercício ilegal da medicina, tipificado no artigo 282 do Código Penal.

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dezembro/200818 CREMERS dezembro/200818 CREMERS

Delegacias

Codame atenta aosdesvios éticos na publicidade

Recadastramento Geral dos Médicos

O presidente da Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame), Alberi Grando, iniciou sua explanação enfatizando que “qual-quer médico pode fazer qualquer procedimento, só não pode anunciar que possui uma especialidade se não a tiver”, deixando claro que nesse caso seria uma propaganda engano-sa, passível de penalização.

De acordo com Grando, são três as atividades médicas desvinculadas de qualquer especialidade: auditoria, perícia e administração hospitalar.

O presidente destacou ainda que a chamada Medicina Estética, não reco-nhecida pelo CFM, tem sido a causa de

maior demanda na Codame. “O pessoal tem abusado, mas nós estamos atentos aos desvios éticos”, alertou, explicando que as informações sobre publicida-de médica são obtidas por meio de pesquisas na mídia e também com denúncias. Outra especialidade que não é reconhecida pelo CFM é a Medicina Ortomolecular, que não pode ser anun-ciada pelo profissional médico.

“A maioria dos casos se resolve com uma conversa. Nosso trabalho é muito mais educativo que punitivo”, enfatizou Grando. O presidente do Cremers, Cláudio Franzen, participou do painel e observou que “existe um fronteira tênue entre o que é ético e o

que não é”.Contatos pelo e-mail :

[email protected] ou pelo fone 3219-7544, ramal 240.

Dr. Alberi Grando

O recadastramento dos médicos foi tema da exposição realizada pelo 1º Secretário Fernando Weber Matos com o chefe do setor de Informática do Cremers, Paulo Sobrinho. Matos des-tacou a importância da iniciativa para preservar, além do próprio profissional, a população em geral.

“Um dos problemas mais graves é a questão da falsificação de carteira do médico, que hoje é adulterada com faci-lidade por criminosos, com a intenção de praticar o exercício ilegal da profissão. Em São Paulo o problema ficou tão sério que o Cremesp teve de tomar providências,

como a confecção de uma nova carteira, nos moldes da que tem a OAB, feita na Casa da Moeda. O documento dá mais tranqüilidade, porque não pode ser usado por outra pessoa. Agora, com o recadas-tramento que se inicia, o CFM vai fazer um censo oficial da classe médica e elaborar uma nova carteira, sem qualquer custo ao médico. É um documento que dará mais segurança ao médico e também à socie-dade como um todo”, enfatizou Matos.

O recadastramento nacional aten-de o estabelecido pela Resolução CFM 1.827/2007. O prazo final é 11 de maio de 2010.Dr. Fernando Mattos

O recadastramento pode ser feito no site do Cremers (www.cremers.org.br).

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dezembro/2008 19CREMERS dezembro/2008 19CREMERS

Sindicâncias e Delegacias Seccionais

O vice-presidente Rogério Wolf de Aguiar, então coordenador das Câmaras Técnicas do Cremers, explicou que as 43 CTs têm como principal atribuição o caráter normativo, emitindo pareceres sobre assuntos específicos de cada área. As consultas podem ser externas ou inter-nas. “As Câmaras são formadas por cinco integrantes indicados pelas sociedades de especialidade e que passam pela apro-vação do plenário. São, portanto, nomes dos mais respeitados e conceituados”, destacou Aguiar, informando que anual-mente são elaborados 90 pareceres, que já resultaram em duas publicações.

O presidente Cláudio Franzen deu como exemplo da importância das CTs um parecer que acabou resultando no recuo da Unimed de São Leopoldo, que havia proibido reconsulta em um prazo

inferior a 15 dias. “Uma determinação de operadora de plano de saúde não pode ferir a autonomia médica”, disse Franzen.

O conselheiro Alexandre Borges se manifestou dizendo que “as Câmaras Técnicas têm grande credibilidade junto à comunidade médica”.

O tesoureiro Isaías Levy relatou que, em uma reunião na Ajuris, colocou à disposição dos juízes o trabalho das CTs, que podem ser muito úteis como fonte de consulta para auxiliar em questões judiciais da área da saúde. “A proposta foi muito bem recebida”, comentou Levy.

Ao encerrar, Rogério Aguiar salien-tou que as CTs sempre se pronunciam em tese, no sentido geral, cabendo ao relator do PEP aplicar a conclu-são em algum caso específico. “As Câmaras Técnicas têm, acima de tudo,

viés ético”, reforçou.Contatos: [email protected] ou pelo

fone 3219-7544, ramal 247.

Dr. Rogério Wolf de Aguiar

Dr. Régis Porto

Atribuições das Câmaras Técnicas

O corregedor Régis Porto fez um minucioso relato sobre como ocorrem as sindicâncias e os Processos Ético-Profissionais no Cremers, frisando que as investigações muitas vezes podem ser feitas nas delegacias seccionais. “O delegado entra em contato com o médico denunciado e busca saber o que ele tem a dizer. Dependendo do caso, requisita o prontuário. É comum a lide entre colegas. Nesse caso, é acon-selhável chamar os envolvidos e ver se é possível chegar a um entendimento. É melhor buscar a harmonização do que abrir um processo. Havendo um acordo, é assinado um termo em que

eles se comprometem a se respeitar eticamente”.

O presidente Cláudio Franzen inter-veio para apontar que a função do dele-gado pode ser também ativa. “Não é só esperar por denúncia ou reclamação. É importante reunir-se com diretores técnicos e clínicos, com a comissão de ética de hospitais, conversar, se informar. O delegado pode ser mais proativo, mais atuante na transmissão de conceitos éticos”.

Porto finalizou informando que cerca de 15% das sindicâncias apreciadas - em média, 30 por mês - resultam na abertura de PEPs.

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dezembro/200820 CREMERS

Delegacias

Entusiasmo e determinação

O Delegado de Santa Cruz do Sul, Gilberto Neumann Cano, pediatra formado pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) em 1971, é também auditor e advogado. Ele assumiu determinado a “fazer o Conselho ficar ainda mais conhecido na região”, destacando a impor-tância do trabalho do Cremers.

O ortopedista Ricardo Lopes, Delegado de São Leopoldo, formado pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) em 1982, disse que o encontro serviria para que ele pudesse “entender exatamente o que é o Conselho e o que ele repre-senta para os médicos”,o que acabou ocorrendo.

Já o Delegado de Novo Hamburgo , Gilberto Luiz de Mesquita, otorrinolaringologista formado pela Universidade Católica de Pelotas (UCPEL) em 1977, tem uma idéia firmada sobre a sua atribuição: “A delegacia deve ter uma função faci-litadora para o Cremers, resolvendo especialmente as coisas mais simples”.

Anestesista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1982, Glênio Boelter vai comandar a Delegacia de Uruguaiana. Também especialista em acupun-tura, Boelter espera aproveitar sua experiência de dez anos como Delegado com o objetivo de “conseguir o empenho de todos em fazer respeitar a medicina, para que o exercício seja feito de maneira adequada à população”.

O Delegado de Cruz Alta, Eduardo Pinto de Campos, nefrologista formado pela UFSM em 1995, está decidido a “defender a ética, a qualidade do trabalho médico e a zelar pelo nome da medicina”.

Cirurgião-geral e urologista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 1986, Carlos Benedetti, Delegado de Santa Rosa, exerceu a função entre 1994 e 1998. Ele quer usar a sua experiência no cargo para “defen-der a classe médica com base no Código de Ética”.

Novos Delegados Seccionais participam do primeiro encontro com a diretoria motivados e interessadosO encontro realizado no Cremers, dias 21 e 22 de novembro, foi uma boa oportunidade para que os novos Delegados

Seccionais se integrassem aos que permaneceram na função nos diversos municípios do Interior e também aos dirigentes do Conselho. Mas o evento serviu principalmente para que conhecessem melhor a estrutura e as atribuições da entidade.

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dezembro/2008 21CREMERS

Participação

Revisão do Código de Ética Médica

Foi prorrogado o prazo para médicos e entidades orga-nizadas da sociedade civil contribuírem com a revisão do Código de Ética Médica (CEM). O prazo para envio de pro-postas foi estendido até 28 de fevereiro.

Muitas propostas recebidas já foram analisadas ou encaminha-das para discussão na II Conferência Nacional de Ética Médica, que ocorreu em São Paulo nos dias 16 e 17 de dezembro. O Cremers esteve representado no encontro pelo presidente, Cláudio Franzen, e o coordenador da Fiscalização, Antônio Celso Ayub.

A previsão é que as sugestões recebidas contribuam para o anteprojeto do novo CEM, documento com diretrizes básicas do projeto definitivo. Ainda é possível sugerir a inclusão de novos artigos, alteração ou exclusão de artigos existentes.

O Cremers está distribuindo cartazes por todo Estado para divulgar a campanha de Revisão do Código de Ética Médica. Para participar é necessário cadastrar-se no site www.cfm.org.br ou www.portalmedico.org.br/modificacaocem.

As propostas dos médi-cos e das entidades de repre-sentação estadual serão submetidas à apreciação das Comissões Estaduais, enquanto as propostas das entidades de representação nacional serão enviadas à Comissão Nacional de Revisão do CEM.

O Delegado de Alegrete, o ginecologista e obstetra Cláudio Luiz Morsch, for-mado pela UFSM em 1974, já foi primeiro-secretário da Delegacia. Ele tem a expec-tativa de que ocorra na atual gestão “uma maior interação com as delegacias”.

Na mesma linha, o Delegado de São Borja, Luiz Roque Ferrão, ginecologis-ta e obstetra formado pela UFSM em 1974, “espera mais atenção ao Interior, como foi prometido na campanha”.

Ginecologista e obstetra formada pela UFCSPA em 1979, Tânia Mota, Delegada de Santana do Livramento, afirma que “é necessária união e atenção às modifi-cações do trabalho médico". O Delegado de Santa Maria, Floriano Soeiro de Souza Neto, ginecologista e obste-tra formado pela UFSM em 1985, diz que será “bastante atuante na cidade e na região, especialmente no combate ao exercício ilegal da profissão”.

O Delegado de Erechim, Paulo César Rodrigues Martins é cirurgião vascular e médico do trabalho for-mado pela UFSM em 1981. Martins tem muito clara a sua missão: “Os delegados são fiscalizadores do traba-lho médico, devem defender a ética, combater o exercício ilegal e ser comunicadores do CRM na região”.

Cremers está divulgando a campanhaatravés do rádio e também com cartazes,que são distribuídos em todo o Estado.

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dezembro/200822 CREMERS

Comunicação

Ouvidoria, canal de comunicação com a sociedade

O coordenador da Ouvidoria, Ércio Amaro de Oliveira Filho, em sua explanação no encontro de delegados seccionais do Conselho Regional de Medicina, começou apresentando os conselheiros que trabalham a seu lado no setor: as doutoras Céo Paranhos de Lima e Maria Lúcia da Rocha Oppermann.

Segundo o dr. Ércio, as atribuições dos ouvidores são rece-ber manifestações de envolvidos direta ou indiretamente no exercício da medicina acerca de questões éticas pertinentes ou em relação ao funcionamento do Conselho, viabilizando orien-tações e respostas de forma rápida dentro dos meios ao seu alcance, ou fazendo encaminhamento ao setor competente.

Hoje, a Ouvidoria é a maior porta de entrada do Conselho de contato rápido, tanto dos médicos e delegados seccionais quanto do público leigo. Deve ser ressaltado que a Ouvidoria não tem poder deliberativo, pois as orientações repassadas são baseadas em fatos ou decisões que já existem dentro do Conselho. As solicitações recebidas são conduzidas ao primei-ro-secretário, que faz o encaminhamento ao órgão competente dentro da estrutura da entidade.

O trabalho da Ouvidoria tem sido crescente nos últimos anos. Em 2003 foram 220 consultas, e em 2004 já eram 1790. Neste ano, até o mês de outubro, foram 1.945 consultas.

As solicitações são recebidas por e-mail, telefone e pesso-almente. Os assuntos são variados. Consultas sobre laudos, atestados e perícias médicas são as mais freqüentes. Também são recebidas muitas denúncias contra o exercício ilegal da medicina. Por exemplo, foi recebida uma dúvida sobre como encaminhar a situação de uma cidade que tinha dois médicos argentinos contratados pela prefeitura trabalhando em um PSF, sem registro no Conselho.

Até há algum tempo, o Conselho tinha a postura de solici-tar ao candidato a denunciando que levasse a questão à polí-cia , a quem cabe a coerção do exercício ilegal da medicina. Por decisão da diretoria atual, a Ouvidoria está recebendo

Nova conselheira integra a Ouvidoria

A ginecologista e obstetra Maria Lúcia da Rocha Oppermann atua desde 2003 no Cremers, tendo já trabalhado na Codame e na Comissão de Lides. Atualmente na Ouvidoria, a conselheira afirma que a nova função é profundamente interes-sante no sentido de ampliar o conheci-mento médico não apenas no viés cientí-fico, mas principalmente nos aspectos éticos e jurídicos. “O contato com a re-alidade dos médicos que estão vivendo a situação naquele momento é estimulante. Eles se sentem apoiados com as referên-cias que fornecemos, por meio de infor-mações e pareceres", comenta.

Dr. Ércio Amaro

de Oliveira Filho

a denúncia e as encaminhando. Muitas das denúncias que eventualmente entrariam contra médicos, não prosseguem após uma conversa esclarecedora com a Ouvidoria.

O horário da Ouvidoria é das 9h às 18h. Contatos com os próprios ouvidores ou com a secretária Elisabete podem ser feitos pelo telefone 3219.7544, ramal 242. Ou pelo e-mail [email protected].

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dezembro/2008 23CREMERS

Painel

Fiscalização do Cremers com respaldo da Brigada Militar

Cremers obtém liminar contra a TISS

A ação de uma patrulha da Brigada Militar assegurou que o Cremers cumprisse a sua missão de fiscalizar um curso de pós-graduação em dermatologia, na rua João Guimarães, no dia 6 de outubro. A nova inspeção ao estabelecimento interditado em 2007, realizada pelos médicos fiscais Drs. Mario Osanai e Paulo Contu, pro-vocou reação da gerente administrativa do Instituto Brasileiro de Ensino (Isbrae, ex-Asime), que expulsou os fiscais, chamando a Brigada Militar.

Ao saber das razões pelas quais o Cremers realizava a fis-calização, o responsável pela patrulha, composta por ou-tros três soldados da BM, não só proporcionou garantias para que os médicos fiscais concluíssem o seu trabalho, como também registrou boletim de ocorrência identifi-cando os funcionários que tentaram impedir a ação do Cremers. A Polícia Federal foi informada e colocou-se à disposição para agir caso necessário.O presidente da Comissão de Fiscalização do Cremers, Dr. Antônio Celso Ayub, comentou que “o Cremers tem por dever legal a fiscalização do exercício da medicina nas mais diferentes circunstâncias”. A respeito desse epi-sódio em que houve resistência à vistoria, destacou: “Na tentativa de obstruir esse trabalho, a administração do estabelecimento, que já estava interditado, apelou para a intervenção policial, o que não impediu a fiscalização. Há, ainda, o agravante do desacato a que foram submetidos os médicos fiscais no exercício de sua atividade”.

Os médicos fiscais Drs. Mário Osanai e Paulo Contu

A Justiça Federal concedeu uma liminar, no dia 19 de dezembro, após ajuizamento de ação ordinária pelo Cremers, suspendendo a obrigatorie-dade do preenchimento eletrônico da TISS. A ação com pedido de antecipa-ção de tutela contra a Agência Nacional de Saúde Suplementar havia sido ajui-zada na véspera.

A determinação da ANS impõe aos médicos uma conduta profissional que não está prevista em lei – aquisição de equipamento para a transferência ele-trônica de dados – e fere a ética médica ao facilitar a violação do sigilo médico.

O Cremers tomou esta medida para evitar que a ANS e as operadoras de planos de saúde apliquem sanções,

multas ou deixem de pagar os médi-cos que não implantarem o sistema no prazo estipulado (31 de dezembro), permitindo que continuem a receber

seus honorários mediante o preenchi-mento das guias de papel.

No dia 22, o Cremers publicou nota oficial nos jornais sobre a decisão.

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dezembro/200824 CREMERS

Diante de consulta formulada pelo presidente Cláudio Balduino Souto Franzen sobre a exigência de contra-tação de seguro de responsabilidade civil pelo profissional médico que busca credenciamento em plano de saúde, a Assessoria Jurídica do Cremers emitiu o Parecer CJ 119/2008.

De acordo com o parecer, elaborado pela advogada Carla Bello Fialho Cirne Lima, a “situação posta em análise traz à tela a questão de legalidade/eticidade em tal exigência”, remeten-do para um texto datado de 2003, no qual a “Associação Médica Brasileira (AMB) , juntamente com o Conselho Federal de Medicina, a Federação Nacional dos Médicos e a Confederação Médica

Brasileira, posicionou-se contrariamen-te à contratação de seguro de respon-sabilidade civil por parte dos profissio-nais da área médica"”.

No tocante à obrigatoriedade de contratação do seguro como exigên-cia para credenciamento em plano de saúde, o parecer destaca: “...não há amparo legal para a exigência. E a Constituição Federal de 1988 determina que cabe à lei, e somente a ela, limitar o livre exercício profissional do médico”.

Impõe a Carta Magna, em seu art. 5º, inc. XIII:

– É livre o exercício de qualquer tra-balho, ofício ou profissão, aten-didas as qualificações profissio-

nais que a lei estabelecer.A profissão de médico está

regulamentada pela Lei 3.268/56 e pelo Decreto 44.045/57, que

regram os Conselhos Federal e Estaduais de Medicina.

O profissional, para poder exercer a medi-

cina, deve ter sido diplo-mado em instituição de ensino reconhecida pelo

Ministério da Educação e estar regularmente inscrito no respec-

tivo Conselho Regional de

Medicina

do estado onde pretenda atuar.Essas são as qualificações que a lei

estabelece, nenhuma outra. Não cabe a um plano de saúde impor restrições ao exercício do profissional além daquelas que a lei determina. Tal exigência torna-se, pois, inconstitucional por ferir um direito fundamental do médico.

A exigência do seguro impõe uma limitação que a lei não estabeleceu. E a imposição de um custo não previsto para o exercício da medicina torna-se uma discriminação arbitrária, tratando igualmente os desiguais, o que viola o Princípio da Igualdade.

Essa discriminação viola, ainda, o Código de Ética Médica, Resolução CFM 1256/88, que determina como direito do médico:

Art. 20 – Exercer a Medicina sem ser discriminado por questões de religião, raça, sexo, nacionalidade, cor, opção sexual, idade, condição social, opinião política ou de qualquer outra natureza.

Diante do exposto, opino ser incons-titucional, por violação do livre exercí-cio profissional, garantido pelo inc. XIII do art. 5º da CF/88, e do Princípio da Igualdade, da mesma forma previsto no art. 5º da CF/88, bem como do art. 20 do Código de Ética Médica, Resolução CFM 1.246/88, a imposição, aos médicos que pretendam se credenciar a planos de saúde, da exigência de contratação de seguro de responsabilidade civil.

Plano de saúde não pode obrigar médico a contratar seguro paraobter credenciamento

Trabalho Médico

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dezembro/2008 25CREMERS

O IPE-Saúde já implantou o sistema de autorização on line para todos os procedimentos que têm cobertura pelo plano de saúde estatal. Na etapa final, a partir de 2 de janeiro de 2009, os creden-ciados deverão instalar a leitora do cartão magnético(PIN-PAD) em todos os locais onde serão prestados atendimentos aos usuários do Ipergs.

As decisões a respeito foram adota-das conjuntamente pelos integrantes do Grupo Paritário do IPE-Saúde, do qual é partícipe o Cremers, com a direção médica do Ipergs no último dia 17 de dezembro. O Conselho estava represen-tado na reunião pelo Diretor Tesoureiro Isaias Levy.

Para a implantação é necessário que se cumpram os seguintes requisitos:

1. Equipamentos:1.1- computador (obrigatório), com

a seguinte especificação mínima: PC Pentium IV equivalente ou superior, sistema operacional Windows XP, 2000, 2003 ou Vista (exceto Windows XP Starter edition – Visa Starter ou Versões do Vista em 64 bits), 512 MB de memória RAM para XP, 200, 2003 e 1 Gb para versões Vista, 80 MB livres no HD.

1.2 – Impressora (opcional) – A impressão do comprovante é opcio-nal, uma vez que as informações da autorização são impressas na tela do computador. O sistema permite o uso de impressoras matriciais, jato de tinta ou laser, que podem ser instaladas nas portas LPT1, Serial (COM) ou USB.

1.3 – Programa IPE-Saúde (obrigatório) – Desenvolvido pela Procergs e Banrisul. Será cedido gratuitamente, sem custo men-sal, sendo instalado no local de trabalho do

credenciado por técnicos do Banrisul.1.4 – PIN-PAD (obrigatório) – permite

a leitura da tarja magnética do cartão IPE-Saúde e demais cartões de crédito e de bancos.

1.5 – Conexão Internet (obrigatório) – É obrigatória a conexão de banda larga para Internet.

2. Aquisição do Pin-Pad: dentre os orçamentos feitos para aquisição do equi-pamento o que alcançou menor preço foi a marca Ingenico 13070 (Serial ou USB), ao custo de R$ 415,00 cada, acrescido do valor do Sedex. Faturamento direto para o credenciado em uma única parcela com data de vencimento 15 dias após a data do despacho, com garantia de 24 meses em caso de defeito, podendo ser financia-do em até 24 parcelas pelo Banrisul. Os credenciados deverão se dirigir a qualquer agência do banco estatal, para adquirir o PIN-PAD. Deverão aguardar a instalação pelos técnicos do Banrisul devidamente identificados. As leitoras eletrônicas permi-tem também o uso por cartões de crédito das principais operadoras.

Apesar da não obrigatoriedade, a instalação do PIN-PAD deverá trazer vantagens na agilização de autorizações e no faturamento on line das consultas, e com isso melhorando os prazos de pagamento das faturas do IPE-Saúde.

A instalação do equipamento em toda a rede credenciada se dará em 120 dias a partir de 2 de janeiro de 2009, conforme ajustado com as entidades que compõem o Grupo Paritário ou seja: Cremers, Simers, Amrigs, Fehosul, Federação das Santas Casas e Associação dos Hospitais do RS. Todos os credenciados receberão comuni-cado da Diretoria de Saúde do Ipergs.

IPE - Saúde implanta o Pin-Pad

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dezembro/200826 CREMERS

Integração

Nutrição em debate no Encontro dos Jubilados

Videoconferência sobre o prontuário

O último encontro dos médicos jubi-lados em 2008, realizado ao final de novembro no Cremers, contou com palestra do endocrinologista Luiz Varo Duarte, que abordou a nutrição por meio da máxima "Coma de tudo sem comer tudo". Ao iniciar sua participa-ção, Varo lembrou, com forte emoção, alguns episódios de sua vida docente. "O maior galardão que já recebi foi ser paraninfo cinco vezes", afirmou, para em seguida reiterar que não tinha a pre-tensão de ensinar um público composto por médicos com extensa carreira, mas apenas provocá-los intelectualmente.

O especialista defende a idéia de que "o peso não é importante, mas sim a medida das gorduras" no tratamento da obesidade. Segundo o médico, tratados internacionais definem a doença como um acúmulo excessivo de gordura no corpo, o que explica sua idéia de que pessoas magras podem apresentar sintomas de obesidade. "Emagrecer é perder gordura, e não peso. A prevenção da obesidade se dá unicamente pela educação e pelo conhecimento das bases alimentares."

Falou, ainda, sobre a pirâmide ali-mentar, o equilíbrio entre os grupos de alimentos e a importância da nutrição

correta para qualidade de vida que alguém pode esperar nos anos mais avançados. "A grande verdade é que, apesar de todos os esforços dos profis-sionais da saúde, os resultados só vêm com a mudança de comportamento dos pacientes."

Os encontros que reúnem os médi-cos jubilados são realizados em con-junto pelo Cremers e pela Amrigs. A coordenação é do diretor da Amrigs, Paulo Marroni.

O programa de videoconferências teve continuidade em 10 de dezembro, com transmissão diretamente da Amrigs, parceira do Cremers no projeto que leva infor-mações e ensino médico continuado a médicos do inte-rior. O segundo-secretário do Cremers, Ismael Maguilnik, abriu as atividades cumprimentando os presentes no auditório da Associação Médica do Planalto (Ameplan), em Passo Fundo. O presidente da Ameplan, José Emílio Mendes Lima, coordenou as atividades em Passo Fundo.

O primeiro-secretário do Cremers, Fernando Weber Matos, foi o palestrante e abordou as principais dúvidas sobre o preenchimento das folhas mais importantes do prontuário. “O prontuário bem feito facilita o atendi-mento ao paciente e também é uma garantia para o médico”, esclareceu, lembrando que a defesa de médi-cos processados nas searas ética, cível e criminal pode ser facilitada diante de um prontuário corretamente preenchido. “É importantíssimo detalhar ao máximo todos os procedimentos para que futuras consultas ao documento esclareçam qualquer dúvida."

Drs. Ismael Maguilnik e Fernando Matos

Dr. Luiz Varo Duarte

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dezembro/2008 27CREMERS

Homenagem

No dia 15 de dezembro, no auditório da Amrigs, foi realizada a tradicional homenagem de 50 anos de formatura da faculdade de medicina da UFRGS. O Jubileu de Ouro reuniu cerca de trinta médicos, que receberam placas come-morativas e livros.

O presidente do Cremers Cláudio Franzen ressaltou que meio século, na verdade, passa rápido. “Antigamente, a imagem do professor fazia com que crescêssemos depois da formatura. Vocês foram parâmetros para a minha geração, queira Deus que eu consiga chegar lá”, declarou. A mesa da cerimô-nia foi composta, também, pelo diretor da Amrigs Jorge Utaliz Silveira,pelo diretor do Simers Nauro Aguiar e pelo diretor do curso de Medicina da UFRGS, Mauro Antônio Czepielewski.

O cardiologista Aloyzio Achutti, em

Ocorreu, no dia 28 de novembro, a posse dos quatro novos acadêmicos da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina. A cerimônia, realizada no Salão Nobre do Hotel Plaza São Rafael, empossou os médicos Dr. Paulo Dor-nelles Picon, Dr. Luiz Carlos Correa da Silva, Dr. Cláudio Augusto Marroni e Dr. Waldir Veiga Pereira.

Dr. Telmo Bonamigo, presidente da Academia, relembrou no discurso de abertura da solenidade o que funda-dor da entidade, Dr. Fernando Pombo Dornelles, falou na primeira sessão festiva da Academia. Participaram da cerimônia representantes do Cremers, do Simers e da Amrigs. Também, foi entregue na solenidade o diploma de Membro Emérito ao Acadêmico José Carlos Costa Gama.

Jubileu de Ouro

Posse na Academia

Homenagem na Amrigs pelos cinqüenta anos de formatura da ATM 1958 da UFRGS

Corpo Acadêmico da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina

nome da turma, falou sobre as mudan-ças do mundo nos últimos cinqüenta anos: “Se observarmos o mundo em

transformação, veremos que somos muito felizes por estar aqui hoje, dispos-tos a continuar e a seguir em frente”.

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dezembro/200828 CREMERS

Orientação

A paciente ‘X’ recorre ao CFM con-tra o arquivamento de sua denúncia por CRM contra a dra. ‘A’, que, na função de médica auditora do plano de saúde ‘Y’, considerou sua doença preexistente ao ingresso no plano ‘Z’, após ter acesso ao seu prontuário em entidade onde havia sido tratada. Diante disso, divulgou a existência da doença ao novo plano, ‘Z’, que, em decorrência, negou o tratamento à denunciante.

O relator do Conselho Regional do Estado onde ocorreu o fato con-cluiu que o único deslize ético da dra. ‘A’ foi haver assinalado no verso do relatório do médico assistente um ‘não autorizado’, contrariando o arti-go 8º da Resolução CFM 1.614/01. De acordo com o relator, não foi esse documento que fundamentou a deci-são da administração do plano de saúde ‘Z’, e sim o relatório da audito-ria médica eticamente correto.

Em seu recurso ao CFM, a denun-ciante informa ter recorrido à justiça, que determinou a realização da cirur-gia, contrariando decisão do plano ‘Z’. O procedimento realizado comprovou a não existência de vínculo com a pato-logia anterior à adesão ao plano ‘Z’.

A denunciante afirma que a condu-ta da denunciada ofendeu o CFM pela elaboração e utilização de laudo sem realização de exame ou mesmo coleta

de anamnese clínica, bem como pela negativa de pleno uso de direitos con-tratuais devidos à recorrente.

A denunciada, dra. ‘A’, se defende dizendo que a recorrente contratou o plano de saúde ‘Z’ omitindo, na sua declaração de saúde, a informação de que havia sido submetida à cirur-gia e quimioterapia decorrente de um câncer quatro anos antes. A recorren-te teve diagnóstico de câncer ductal infiltrante, tendo se submetido à qui-mioterapia, segundo seu prontuário. Quatro anos após, a recorrente reini-ciou o tratamento de quimioterapia, já com metástase óssea, com amparo do plano ‘Z’. Cinco meses depois, a paciente foi internada, com diagnós-tico de câncer de mama metástica avançado e quadro de pneumonia.

Diante do exposto, conclui a Dra. ‘A’, a paciente tentou ludibriar o novo plano afirmando que não era portadora das patologias elencadas na declaração, inclusive câncer. A Dra. ‘A’ salienta que agiu dentro das atri-buições regulares de sua atividade, tendo informado ao plano a existência de cobertura parcial temporária.

O Conselheiro relator do CFM, depois de analisar o processo, obser-vou que o plano ‘Z’ tinha conheci-mento, conforme depoimento da pró-pria médica, da patologia da usuária antes que ela ingressasse no plano,

pois inclusive assumiu o tratamen-to de quimioterapia a que ela se submeteu. “O fato de a paciente ter sido acometida de cancêr de mama com metástase óssea não afasta a possibilidade de ser acometida de outras patologias que exijam pronto atendimento médico. O caso vertente comprova a tese posto que o exame anatomopatológico não evidenciou metástase, mas sim osteoporose que determinou as fraturas de T5 e T6”, destacou o relator, acrescentando que “os sintomas apresentados pela paciente indicavam a necessidade de intervenção imediata face ao risco de compressão medular com conse-qüente paraplegia” e que “a negativa de realização de biopsia não tem qualquer justificativa ética”.

O relator diz ainda: “Não cabe ao auditor autorizar ou negar a realização de um procedimento por médico devi-damente habilitado. Cabe ao plano, se entender indevido o procedimento, acionar o paciente para se ressarcir dos valores eventualmente despendi-dos, jamais impedir a realização de um procedimento que a critério médico se faz necessário, ainda mais se houver urgência na intervenção”.

Por fim, conclui pela abertura de PEP por indício de transgressão dos artigos 102 e 121 do Código de Ética Médica.

Processo Ético-Profissional: análise de casos julgados

Denúncia contra auditora de plano de saúde

Neste espaço, são relatados casos de PEPs que foram instaurados – e concluídos – no CFM para informar e dar subsídios aos médicos sobre situações que podem levar o profissional a incorrer em infração ética.

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dezembro/2008 29CREMERS

Ulbra: audiência na AssembléiaO Cremers participou no dia 17 de dezembro de audi-

ência pública na Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, que debateu o estado dos hospitais da Ulbra. A crise financeira da entidade e seus desdobra-mentos na área da saúde e educação motivaram a criação de uma frente parlamentar na Assembléia Legislativa.

O Cremers esteve representado pelo diretor Iseu Milman, que destacou a atuação do Conselho: “O Cremers vem acompanhando a situação dos hospitais através da Comissão de Fiscalização, que constatou não haver, até o momento, motivos para interdição ética do trabalho médi-co. Entretanto, o Cremers continua atento, monitorando os hospitais, visando sempre resguardar o trabalho médi-co e as condições de atendimento da população".

Participaram da audiência o Sindisaúde, Sindicato dos Hospitais Filantrópicos e Santas Casas do RS, Simers, Sindicato dos Enfermeiros do RS, Federação dos

Empregados em Estabelecimentos de Saúde no RS e os deputados que compõem a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, presidida pelo deputado Pedro Westphalen.

Os diretores do Cremers estiveram em audiência com o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e com o secretário municipal da Saúde, Eliseu Santos, no dia 10 de dezembro.

Durante a reunião, foi abordada a sobrecarga de atendi-mentos no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) e também as dificuldades do Hospital Independência da Ulbra, referência em traumato-ortopedia.

Os problemas com os leitos psiquiátricos no Pronto Atendimento da Vila Cruzeiro do Sul (PACS), que está voltando à situação apresentada antes da intervenção do Cremers em 2007, também foram debatidos. A Prefeitura informou que encaminhou um projeto ao Ministério da Saúde para mais recursos ao HPS e, ainda, que estão sendo feitos convênios com hospitais gerais para disponibi-lizar leitos psiquiátricos.

Estiveram presentes o presidente do Cremers, Cláudio Franzen, o primeiro-secretário Fernando Matos, o segundo-secretário Ismael Maguilnik, o tesoureiro Isaias Levy, o subcorregedor Joaquim José Xavier, o coordenador da Comissão de Fiscalização Antônio Celso Ayub e o coor-denador de patrimônio Iseu Milman, além do gerente de Regulação de Serviços da Secretaria Municipal de Saúde, Luiz Eurico Vallandro.

Diretor Iseu Milman representou o Cremers no encontro, no qual destacou a atuação do Conselho no caso Ulbra

Diretoria do Cremers em reunião com o prefeito José Fogaça e o secretário da Saúde Eliseu Santos no dia 10 de dezembro

Cremers se reúne com prefeito Fogaça

Atuação

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dezembro/200830 CREMERS

Legislação

Perícia é ato privativo do médico

A Assessoria Jurídica do CFM emitiu parecer enfatizando

que “compete ao médico o direito e o dever de rea-

lizar o diagnóstico de doenças, bem como a prescrição de medi-

camentos”. O parecer contido no Despacho Sejur 557/08 vem em resposta ao expediente encaminhado à entidade pelo Cremers, notificando a existência de cursos de perícias e a admissão pelo Poder Ju-diciário de perícias feitas

por fisioterapeutas.O parecer remete ao

Decreto 20.931/1932 e à Resolução CFM 1.627/2000, e estabe-lece que, entre outros atos privativos dos médicos, está a “re-alização de perícias

administrativas, cíveis ou penais em sua área

de competência”.

Fica evidente, portanto, conforme frisa o parecer, que “a realização de perícias é ato eminentemente médi-co, na medida em que parte necessa-riamente da análise do paciente para se chegar a uma conclusão sobre a sua saúde, atestando-a”.

O documento destaca, também, a Resolução CFM 1.448/98, que dispõe sobre "normas específicas para mé-dicos que atendam o trabalhador”.

A partir dessa Resolução, o pa-recer conclui que “não há dúvidas de que a realização de perícias por profissionais não médicos, salvo a exceção do odontólogo, constitui verdadeira negativa de vigência do inciso III dos artigos 1º e 196 da Carta Magna e da força normativa da Constituição Federal”.

Recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que teve como relator o ministro Celso de Mello, observa o seguinte:

“O direito à saúde – além de qualifi-car-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas – representa conseqüência indissociável do direito

à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua aten-ção no plano da organização federa-tiva brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em gra-ve comportamento inconstitucional”.

O documento do Sejur/CFM des-taca que “o Decreto-Lei 938/69 não autoriza os fisioterapeutas a realiza-rem atos médicos, tais como diag-nóstico e a definição de um trata-mentos”.

E acrescenta: “Ora, a realização de perícias sobre o estado de saúde de pessoas pelo fisioterapeuta con-traria todo o ordenamento jurídico vigente, visto que a lei supracitada não autoriza o referido profissional a realizar o diagnóstico de doenças”.

O parecer diz ainda que cursos de perícia, referidos pelo Cremers, “constituem verdadeira ofensa à Carta Magna, na medida em que estão permitindo o aviltamento da saúde e a extrapolação dos limites insculpidos no Dec. Lei 938/69”.

Cobrança de multa por ausência na votaçãoO Cremers informa que, por determi-

nação legal (Lei 3268/57) e Resolução do CFM (1837/2008) é obrigatória a par-ticipação nas eleições para a renovação do corpo de Conselheiros, devendo ser aplicada multa de R$ 45,54 àqueles que não cumprirem com o dever de votar. Os médicos identificados pelo

setor de Informática do Cremers como não votantes receberam boleto de cobrança.

Na época da votação ocorreu a greve dos Correios, que resultou em inúmeros transtornos, inclusive a não chegada de envelopes de votação à sede do Correio Central até às 17h do dia 15 de agosto

de 2008, data limite estabelecida pela Resolução do CFM ().

Aos médicos que receberam a cobrança, o Cremers esclarece que basta encaminhar a justificativa da não votação ou a informação de que votou, mas o voto não chegou em tempo hábil, para que o débito seja anulado.

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dezembro/2008 31CREMERS

R. Vasco Alves, 431/402

R. General Neto, 161/204

R. Pinheiro Machado, 1020/104 | [email protected]

R. Júlio de Castilhos, 235

Av. Pátria, 823/202

R. Bento Gonçalves, 1759/702 | [email protected]

R. Venâncio Aires, 614 salas 45 e 46 | CEP 98005-020 | [email protected]

Av. 15 de Novembro, 78/305 | [email protected]

R. Siqueira Couto, 93/406 | [email protected]

R. Fialho de Vargas, 323/304 | [email protected]

R. Joaquim Pedro Soares, 500/sl. 55/56 | [email protected]

R. Barão do Rio Branco, 261/08-9

R. César Westphalen, 195

R. Bento Gonçalves, 190/207 | [email protected]

R. General Osório, 754/602 | [email protected]

R. Zalony, 160/403 | [email protected]

R. Tamandaré, 110/103 - Centro |CEP 96825-140

Av. Pres. Vargas, 2135/503 | [email protected]

R. Fernando Ferrari, 281/803 | CEP 98900-000 | [email protected]

R. 13 de Maio, 410/501 | [email protected]

R. Três de Outubro, 256/202 | [email protected]

Av. Presidente Vargas, 1440, São Borja | CEP 97670-000

R. Jonathas Abbot, 636

R. Salgado Filho, 435

R. São Pedro, 1050 | CEP 93010-260

R. Bento Gonçalves, 222 | CEP 98600-000

R. Dr. Domingos de Almeida, 3.801 | [email protected]

(55) 3422.4179

(53) 3242.8060

(51) 3723.3233

(51) 3671.3191

(54) 3330.1049

(54) 3221.4072

(55) 3324.2800

(54) 3321.0568

(55) 3332.6130

(51) 3714.1148

(51) 3581.1924

(51) 3663.2755

(55) 3742.1503

(54) 3311.8799

(53) 3227.1363

(53) 3232.9855

(51) 3715.3810

(55) 3221.5284

(55) 3512.8297

(55) 3242.2434

(55) 3313.4303

(55) 3431.3185

(55) 3232.2713

(51) 3651.1361

(51) 3572.0399

(55) 3522.2324

(55) 3411.2161

Dr. Cláudio Luiz Morsch

Dr. Airton Torres de Lacerda

Dr. Osmar Fernando Tesch

Dr. Vitor Hugo da Silveira Ferrão

Dr. Airton Luis Fiebig

Dr. Alexandre Ernesto Gobbato

Dr. Eduardo Pinto de Campos

Dr. Paulo César Rodrigues Martins

Dra. Miréia Simões Pires Wayhs

Dr. Fernando José Sartori Bertoglio

Dr. Gilberto Luiz de Mesquita

Dr. Ângelo Mazon Netto

Dr. Áttila Sarlo Maia Júnior

Dr. Alberto Villarroel Torrico

Dr. Victor Hugo Pereira Coelho

Dr. Job José Teixeira Gomes

Dr. Gilberto Neumann Cano

Dr. Floriano Soeiro de Souza Neto

Dr. Carlos Alberto Benedetti

Dra. Tânia Regina da Fontoura Mota

Dr. Edson Luiz Maluta

Dr. Luiz Roque Lucho Ferrão

Dr. Clóvis Renato Friedrich

Dra. Lori Nídia Schmitt

Dr. Ricardo Lopes

Dr. Dary Pretto Filho

Dr. Glênio Dressler Boelter

Alegrete

Bagé

Cachoeira do Sul

Camaquã

Carazinho

Caxias do Sul

Cruz Alta

Erechim

Ijuí

Lajeado

Novo Hamburgo

Osório

Palmeira das Missões

Passo Fundo

Pelotas

Rio Grande

Santa Cruz do Sul

Santa Maria

Santa Rosa

Santana do Livramento

Santo Ângelo

São Borja

São Gabriel

São Jerônimo

São Leopoldo

Três Passos

Uruguaiana

Delegacias Seccionais

Fórum no Alto TaquariO 1º Fórum de Atendimento

em Saúde realizado em Lajeado, em 27 de novembro, reuniu repre-sentantes da classe médica, do Ministério Público, do Legislativo, dos hospitais e dos gestores públi-cos. O presidente do Cremers, Cláudio Franzen, palestrou sobre o tema Responsabilidade dos Atos Médicos. O corregedor Régis Porto

também participou do evento.O encontro foi aberto pelo pre-

sidente do Hospital Bruno Born, Ernany Vicente Bender Jr., pro-motor do encontro ao lado do Ministério Público e da Associação dos Municípios do Vale do Taquari. Entre os participantes estavam os deputados federais Darcísio Perondi e Ênio Bacci.

Drs. Claudio Franzen, Vanderlei Moresco, Fernando Becker e Francisco Ferrer

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Page 32: Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do … · da Associação Psiquiátrica Americana. Cremers, informativo do Conselho Regional de Medicina do RS, está aberto

dezembro/200832 CREMERS

Mobilização

Ministério da Educação envia ofício aoCremers esclarecendo sobre a emissão de diplomas pelasfaculdades de medicina.

Depois da forte mobilização das entidades médicas gaúchas, que se juntaram ao protesto dos estudantes dos cursos de medicina do Estado, o Ministério da Educação se manifestou a respeito do diploma de ‘bacharel em medicina’, que vinha sendo emitido por algumas faculdades, entre elas a UFRGS, UFSM e UFCSPA.

Em novembro a Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura (MEC) enviou um ofício ao pre-sidente do Cremers, Cláudio Franzen, prestando esclarecimentos sobre a

questão do bacharelado em medicina. Ao ofício, referente à terminologia a ser utilizada no diploma dos concluintes do curso de graduação em medicina, foi anexada cópia do despacho da Consultoria Jurídica do MEC, informan-do que a portaria 251 de 16 de junho de 2006 – que especificava a modalidade do curso oferecido; no caso da medici-na, o bacharelado – “não possui caráter normativo nem disciplina ou trata da forma de expedição do diploma pelas instituições de ensino superior”.

O despacho diz também que o MEC

“não disciplinou que os diplomas de médico passem a ser expedidos como de bacharel em medicina. A inclusão do termo ‘bacharel’ após o nome do curso tem a função apenas de explicitar o grau acadêmico e a modalidade em que o curso foi oferecido, sem modificar em nada os procedimentos de expedição de diplomas pelas instituições”.

Os médicos que receberam diplo-mas com o título de bacharel devem procurar suas faculdades para solicitar uma segunda via do documento com o título corrigido.

"Todos os novos diplomas emitidos pelas faculdades de medicina já trazem a denominação Médico", relata o 1º Secretário Fernando Matos

MEC restabelece o diploma de Médico

A inscrição de médicos recém-formados no Conselho Regional de Medicina/RS deve ser feita na sede da entidade, na Avenida Princesa Isabel, 921, das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira. São necessários os seguintes documentos:

1. Diploma original.2 . Cópia autenticada do diploma.3 . Três (03) fotos 3x4 (colorida, fundo branco ou cinza-claro, sem qualquer tipo de mancha, alteração, retoque, perfuração, deformação ou correção. Não serão aceitas fotografias onde o portador utiliza óculos, bonés, gorros, chapéus, ou qualquer outro acessório que cubra parte do resto ou da cabeça).4. Xerox da carteira de identidade civil (não serão aceitas carteiras de habilitação).5. Xerox do CPF.6. Xerox do Título de Eleitor e comprovação de quitação

com a justiça eleitoral. 7. Xerox do documento militar e comprovação que está quite com o serviço militar ou que deverá apresentar-se em data estipulada pelo Exército.8. Saber grupo sanguíneo e fator de RH.9. Pagamento da anuidade que poderá ser efetuado direta-mente no Caixa do Cremers (cheque ou dinheiro).10. Xerox da certidão de comprovação do estado civil caso seja diferente de solteiro (a).11. O médico deverá comparecer pessoalmente munido de todos os documentos listados.

Inscrição no Cremers