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DO EMPRENDIMENTO
Razão Social: Indústria de Couros São Sebastião Ltda
CNPJ: 16.780.033/0001-31
Endereço: Av. Presidente Tancredo Neves, nº 114, Centro
Cidade: São Gonçalo do Pará – Minas Gerais
Processo Copam nº: 00250/1989/007/2010
Tipo de Atividade: Curtimento e outras preparações de couros e peles.
Figura 1 – Imagem aérea da Indústria de Couros São Sebastião Ltda. (Fonte: Google erth)
- Indústria de Couros São Sebastião
- Área de abrangência do Empreendimento
Proprietários:
Carlos Rômulo da Silva
Luiz de Oliveira Silva
Aurenice Jaqueline da Silva
Ione de Oliveira Silva Vieira
Maria Elisa da Silva
A Indústria de Couros São Sebastião Ltda opera desde setembro de 1972 no município
de São Gonçalo do Pará – MG, em zona urbana, às margens do córrego do Pinto. O
número total de funcionários da empresa é 64, trabalhando 9 horas/dia.
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A atividade da empresa é o curtimento de couros a partir de peles salgadas. Sua
capacidade máxima de produção é de 250 unidades de couro/dia, sendo que nos últimos
dois anos tem curtido 200 couros/dia.
A água consumida no processo industrial é proveniente de dois poços tubulares
outorgados e localizados na área da empresa. A água utilizada para consumo humano é
fornecida pela COPASA.
A energia elétrica utilizada na empresa é fornecida pela CEMIG. E também, é fornecida
pela caldeira utilizada pelo processo produtivo, tem capacidade nominal de 3.000 kg de
vapor/hora e utiliza lenha de vários fornecedores. Possuindo Certificado de registro do
IEF.
A matéria prima utilizada é o couro salgado. Os principais insumos utilizados são:
Ácido fórmico, ácido sulfúrico, alvejantes, enzima, cal, depilante, sulfato de amônio,
cloreto de sódio, Taninos Sintético e Natural, Corantes, Laca, Thinner, Óleos. Os
produtos finais são: couro acabado, couro semi-acabado e couro wet blue.
O curtume, após receber as peles salgadas, realiza os seguintes processos: Pré-lavagem;
Pré-descarne; Remolho; Caleiro; Descarne; Divisão; Desencalagem e Purga; Lavagem;
Piquelagem; Curtimento; Enxugamento; Rebaixamento; Neutralização; Lavagem;
Recurtimento; Tingimento; Engraxe; Secagem; Amaciamento; Tooglin; Lixamento;
Desempoeiramento; Pintura; Medição.
O empreendimento encontra-se instalado em zona urbana, sendo dispensado desta
forma da averbação da área referente à reserva legal.
Não haverá supressão de vegetação decorrente da continuidade da operação do
empreendimento, de forma que a referida autorização também não será necessária.
Em vistoria realizada no empreendimento, foi constatado que o mesmo está intervindo
nas Áreas de Preservação Permanente do Córrego do Pinto e das nascentes presentes na
área. Ressalta-se que a empresa encontra-se instalada no local desde 1972, portanto
anteriormente a Lei nº. 14.309, de 19 de junho de 2002, tratando-se de ocupação
antrópica consolidada.
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Dentre os impactos ambientais negativos decorrentes do curtimento das peles, salienta-
se a geração de efluentes líquidos – com alta carga orgânica e cromo – e de resíduos
sólidos contendo cromo.
Os efluentes líquidos industriais e sanitários – da ordem de 100 m³/dia – são tratados em
um sistema de lodos ativados, precedido por oxidação de sulfetos e recirculação do
cromo. O efluente líquido sanitário passa anteriormente por uma fossa séptica ao seu
envio à ETEI.
As emissões atmosféricas geradas no empreendimento são materiais particulados
provenientes da chaminé da caldeira, pó de couro, pó de couro gerado na lixadeira e
gases gerados na cabine de pintura. Todos com sistema de controle.
Os principais resíduos sólidos industriais gerados são: aparas caleadas, serragem da
rebaixadeira, carnaça, aparas curtidas, pó da lixadeira, lodo primário da ETE e cinzas da
caldeira. Os resíduos perigosos são armazenados em galpão fechado, coberto e com piso
em concreto, até que seja acumulada quantidade suficiente para o envio para as
empresas responsáveis pela destinação final.
Os ruídos são gerados pelos equipamentos instalados na empresa, no momento de sua
operação. Os ruídos são monitorados conforme exigido no processo em vigor.
Como medida compensatória e proposta de um Plano Técnico de Reconstituição de
Flora, a Indústria de Couros São Sebastião Ltda sugere reconstituir a mata ciliar na
Lagoa da Bagagem. A Lagoa da Bagagem é a cabeceira do córrego do Pinto, Córrego
que corta a cidade de São Gonçalo do Pará. O Córrego do Pinto em toda sua extensão
não possui mata ciliar, e a sua cabeceira, a Lagoa da bagagem também não. Portanto
propomos essa medida compensatória e um PTRF, visando preocupação e cuidado com
o meio ambiente, com o Córrego do Pinto e sua cabeceira e com a preservação desta
área possivelmente reflorestada.
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DO MUNICÍPIO
A cidade de São Gonçalo do Pará se localiza no centro-oeste do estado de Minas Gerais,
micro-região de Divinópolis. Divisa territorial com Divinópolis, Nova Serrana, Carmo
do Cajuru, Igaratinga e Conceição do Pará. Localizado a 10 km da BR 262 e a 12 km da
MG 050. Segundo censo realizado pelo IBGE em 2010, a cidade possui população de
10.398 habitantes, sendo 76,59% população urbana e 23,41% população rural. Possui
assim, densidade demográfica de 38,5 habitantes por Km². Altitude média de 735 m
acima do nível do mar. Clima tropical de altitude. Temperatura média anual de 22 Cº.
Índice pluviométrico anual de 1500 mm. Relevo semimontanhoso, sendo 30% da
topografia plana, 60% ondulada e 10% montanhosa. Sua flora é predominantemente
Cerrado, sendo caracterizada pela existência de um estrato arbustivo com árvores
espaçadas, retorcidas, cascas grossas e raízes profundas. Há ainda um estrato erbáceo-
graminoso. O campo cerrado encontra-se, em grande parte, degradado pela atividade
pastoril. Ao longo de alguns córregos e em trechos às margens do Rio Pará, Rio São
João e no Ribeirão dos Morais, há formação de matas de galeria. A hidrografia do
município é relativamente rica, banhado pelos rios Pará e São João. Ambos fazem parte
da Bacia do Rio São Francisco. A população sangonçalense é abastecida com a água
tratada oriunda do Ribeirão dos Morais. No perímetro urbano há a Lagoa da Bagagem e
a Lagoa da Biquinha. O Córrego da Biquinha deságua no Córrego do Pinto que por sua
vez deságua Rio Pará.
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DO PTRF
Tendo em vista os aspectos do município e tendo conhecimento de algumas de suas
necessidades, nós da Indústria de Couros São Sebastião Ltda sugerimos como medida
compensatória e proposta de um Plano Técnico de Reconstituição de Flora, reconstituir
a mata ciliar na Lagoa da Bagagem ou de parte do Córrego do Pinto. A Lagoa da
Bagagem é a cabeceira do córrego do Pinto, Córrego que corta a cidade de São Gonçalo
do Pará. O Córrego do Pinto em toda sua extensão não possui mata ciliar, e a sua
cabeceira, a Lagoa da bagagem também não. Portanto propomos essa medida
compensatória e um PTRF, visando preocupação e cuidado com o meio ambiente, com
o Córrego do Pinto e sua cabeceira e com a preservação desta área possivelmente
reflorestada.
Abaixo fotos da Lagoa da Bagagem e do início do Córrego do Pinto.
Coordenada geográfica: S: -20º 01’ 59,4” HO:-44º 35’ 26,8”
Figura 2: Foto da extremidade esquerda da Lagoa. Detalhe para a presença de animais com acesso livre à Lagoa
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Figura 3 – Foto da extremidade esquerda da Lagoa e parte central. Detalhe da presença de lixo da frente da Lagoa.
Figura 4 – Foto do centro da Lagoa. Detalhe, a Lagoa está na beira da rua. Circulado em vermelho, está à saída de água da Lagoa para o Córrego do Pinto.
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Figura 5 – Contorno da Lagoa. Vista Central.
Figura 6 – Foto mostrando o centro da Lagoa e parte da extremidade Direita.
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Figura 7 – Extremidade direita da Lagoa. Mostrando a frente da mesma.
Figura 8 – Detalhe da saída de água da Lagoa para o Córrego do Pinto.
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Figura 9 – Vista da água da Lagoa da Bagagem desaguando do outro lado da rua, dando origem ao Córrego do Pinto. Detalhe da foto para inexistência da mata ciliar e presença de lixo.
Figura 10 – Vista do Córrego do Pinto no seu início. Assim que a água da Lagoa da Bagagem começa a cair. Seta vermelha indicando presença de animal no Córrego. Círculo vermelho na presença de lixo e círculo azul destacando marca de pisoteamento por animais.
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DAS MATAS CILIARES
As matas ciliares apresentam uma heterogeneidade florística elevada por ocuparem
diferentes ambientes ao longo das margens dos rios. A grande variação de fatores
ecológicos nas margens dos cursos d’água resulta em uma vegetação arbustivo-arbórea
adaptada a tais variações. Via de regra, recomenda-se adotar os seguintes critérios
básicos na seleção de espécies para recuperação de matas ciliares: plantar espécies
nativas com ocorrência em matas ciliares da região; plantar o maior número possível de
espécies para gerar alta diversidade; utilizar combinações de espécies pioneiras de
rápido crescimento junto com espécies não pioneiras (secundárias tardias e climáticas);
plantar espécies atrativas à fauna; respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo,
isto é, plantar espécies adaptadas a cada condição de umidade do solo. Na escolha de
espécies a serem plantadas em áreas ciliares é imprescindível levar em consideração a
variação de umidade do solo nas margens dos cursos d'água. Para as áreas
permanentemente encharcadas, recomendam-se espécies adaptadas a estes ambientes,
como aquelas típicas de florestas de brejo. Para os diques, são indicadas espécies com
capacidade de sobrevivência em condições de inundações temporárias. Já para as áreas
livres de inundação, como as mais altas do terreno e as marginais ao curso d'água,
porém compondo barrancos elevados, recomendam-se espécies adaptadas a solos bem
drenados.
A escolha de espécies nativas regionais é importante porque tais espécies já estão
adaptadas às condições ecológicas locais. Por exemplo, o plantio de uma espécie típica
de matas ciliares do norte do País em uma área ciliar do sul, pode ser um fracasso por
causa de problemas de adaptação climática. Além disso, no planejamento da
recuperação deve-se considerar também a relação da vegetação com a fauna, que atuará
como dispersora de sementes, contribuindo com a própria regeneração natural. Espécies
regionais, com frutos comestíveis pela fauna, ajudarão a recuperar as funções ecológicas
da floresta, inclusive na alimentação de peixes.
Recomenda-se utilizar um grande número de espécies para gerar diversidade florística,
imitando, assim, uma floresta ciliar nativa. Florestas com maior diversidade apresentam
maior capacidade de recuperação de possíveis distúrbios, melhor ciclagem de nutrientes,
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maior atratividade à fauna, maior proteção ao solo de processos erosivos e maior
resistência às pragas e doenças.
Em áreas ciliares próximas a outras florestas nativas, e quando não se tem
disponibilidade de mudas de muitas espécies, plantios mais homogêneos podem ser
realizados. Nestas situações, deve ocorrer um enriquecimento natural da área
recuperada, pela entrada de sementes vindas das florestas próximas. Entretanto,
salienta-se que o aumento da diversidade nestes plantios homogêneos tende a ser muito
lento, podendo ser necessários posteriores plantios de enriquecimento ou até a
introdução de sementes.
A combinação de espécies de diferentes grupos ecológicos ou categorias sucessionais é
extremamente importante nos projetos de recuperação. As florestas são formadas
através do processo denominado de sucessão secundária, onde grupos de espécies
adaptadas a condições de maior luminosidade colonizam as áreas abertas, e crescem
rapidamente, fornecendo o sombreamento necessário para o estabelecimento de espécies
mais tardias na sucessão. Várias classificações das espécies em grupos ecológicos têm
sido propostas na literatura especializada, sendo mais empregada a classificação em
quatro grupos distintos: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e climáticas.
A tolerância das espécies ao sombreamento aumenta das pioneiras e climáticas. Para
facilitar o entendimento das exigências das espécies quanto aos níveis de luz, adotaram-
se apenas dois grupos: pioneiras e não-pioneiras. O grupo das pioneiras é representado
por espécies pioneiras e secundárias iniciais, que devem ser plantadas de maneira a
fornecer sombra para as espécies não pioneiras, ou seja, as secundárias tardias e as
climáticas.
As matas ciliares exercem importante papel na proteção dos cursos d'água contra o
assoreamento e a contaminação com defensivos agrícolas, além de, em muitos casos, se
constituírem nos únicos remanescentes florestais das propriedades rurais sendo,
portanto, essenciais para a conservação da fauna. Estas peculiaridades conferem às
matas ciliares um grande aparato de leis, decretos e resoluções visando sua preservação.
O novo Código Florestal (Lei n.° 4.777/65) desde 1965 inclui as matas ciliares na
categoria de áreas de preservação permanente. Assim toda a vegetação natural (arbórea
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ou não) presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de
reservatórios deve ser preservada.
De acordo com o artigo 2° desta lei, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada
está relacionada com a largura do curso d'água. A tabela apresenta as dimensões das
faixas de mata ciliar em relação à largura dos rios, lagos, etc.
Situação Largura Mínima da Faixa
Rios com menos de 10 m de largura 30 m em cada margem
Rios com 10 a 50 m de largura 50 m em cada margem
Rios com 50 a 200 m de largura 100 m em cada margem
Rios com 200 a 600 m de largura 200 m em cada margem
Rios com largura superior a 600 m 500 m em cada margem
Nascentes Raio de 50 m
Lagos ou reservatórios em áreas urbanas
30 m ao redor do espelho d'água
Lagos ou reservatórios em zona rural, com área menor que 20 ha
50 m ao redor do espelho d'água
Lagos ou reservatórios em zona rural, com área igual ou superior a 20 ha
100 m ao redor do espelho d'água
Represas de hidrelétricas 100 m ao redor do espelho d'água
Tabela 1 - Dimensões das faixas de mata ciliar em relação à largura dos rios, lagos.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
http://www.arvoresbrasil.com.br/?pg=reflorestamento_mata_ciliar – Acessado em
26/07/2012.
http://www.arvoresbrasil.com.br/?pg=reflorestamento_mata_ciliar_tecnicas – Acessado
em 26/07/2012.
http://www.saogoncalodopara.mg.gov.br/portal2/cidade - Acessado em 25/07/2012.
Indústria de Couros São Sebastião Ltda – Arquivos internos.
Martins Sebastião Venâncio. Recuperação de matas ciliares. Editora Aprenda Fácil.
Viçosa - MG, 2001.
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