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Autoras: Profa. Mônica Cintrão Franca Ribeiro Profa. Reginandréa Gomes Vicente Profa. Eliane Silva Gabas Colaboradores: Profa. Silmara Maria Machado Prof. Nonato Assis de Miranda Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital

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  • Autoras: Profa. Mnica Cintro Franca Ribeiro Profa. Reginandra Gomes Vicente Profa. Eliane Silva Gabas Colaboradores: Profa. Silmara Maria Machado

    Prof. Nonato Assis de Miranda

    Psicologia do Desenvolvimento:

    Ciclo Vital

  • Professoras conteudistas: Mnica Cintro Franca Ribeiro / Reginandra Gomes Vicente / Eliane Silva Gabas

    Mnica Cintro Frana Ribeiro

    Graduada em psicologia pela Universidade Paulista (UNIP, 1984). Ps-graduada em psicopedagogia (1992) pela mesma universidade. Doutora e mestra em psicologia pelo Programa de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo (IPUSP), 1997 e 2003 (com bolsa Capes). Docente dos cursos de ps-graduao em Psicopedagogia, Alfabetizao e Letramento (UNIP, INPG, Unifai). Professora titular e lder de disciplinas nos cursos de Psicologia e Pedagogia para o ensino presencial e ensino a distncia (EaD) na UNIP. Supervisora de estgio no curso de psicologia na disciplina Estratgias de Interveno Psicolgica na UNIP, universidade na qual tambm desenvolve projetos de pesquisa docente e orienta pesquisas discentes. Lder do grupo de pesquisa Psicologia e Sade (UNIP/CNPq). Possui experincia na rea de psicologia, com nfase em psicologia escolar e sade, atuando principalmente nos seguintes temas: psicologia escolar, desenvolvimento humano, formao de professores, grasmo infantil e construtivismo.

    Reginandra Gomes Vicente

    Psicloga e mestra em psicologia clnica pela PUC-SP. Professora adjunta da Universidade Paulista (UNIP), lder da disciplina Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital (2003 a 2009), supervisora no Centro de Psicologia Aplicada (CPA-UNIP); especialista em mediao familiar e em situaes de violncia com formao pelo Instituto Dilogos-Bilden-Entidad/Argentina. Mediadora e supervisora do Projeto ntegra Gnero e Famlia. Membro do grupo de pesquisa Relacionamentos Interpessoais e Familiares na Contemporaneidade (UNIP), do grupo IPE (Intervenes Psicolgicas em Emergncia) e do RIMI (Rede Internacional de Mediao Interdisciplinar), como associada e docente. Em 2006/2007, consultora do PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento. Psicloga clnica.

    Eliane Silva Gabas

    Graduada em psicologia, especialista em psicopedagogia e em administrao de recursos humanos. Mestra em educao pela Unesp Marlia e doutoranda em comunicao pela Unesp Bauru. Atualmente professora adjunta na Universidade Paulista (UNIP) e na Instituio de Ensino Superior de Bauru (IESB). Possui experincia na rea de psicologia e educao, com nfase em desenvolvimento social e da personalidade, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento humano, psicologia escolar, educao, sade pblica. Com experincia tambm na rea de psicologia organizacional com nfase em gesto de pessoas.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrnico, incluindo fotocpia e gravao) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permisso escrita da Universidade Paulista.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    R484 Ribeiro, Mnica Cintro FranaPsicologia do desenvolvimento: ciclo vital. / Mnica Cintro

    Frana Ribeiro, Reginandra Gomes Vicente, Eliane Silva Gabas. - So Paulo: Editora Sol.

    156 p., il.

    Notas: este volume est publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Srie Didtica, ano XVII, n. 2-048/11, ISSN 1517-9230

    1.Psicologia 2. Desenvolvimento 3. Formao I.Ttulo

    CDU 159.9

  • Prof. Dr. Joo Carlos Di GenioReitor

    Prof. Fbio Romeu de CarvalhoVice-Reitor de Planejamento, Administrao e Finanas

    Profa. Melnia Dalla TorreVice-Reitora de Unidades Universitrias

    Prof. Dr. Yugo OkidaVice-Reitor de Ps-Graduao e Pesquisa

    Profa. Dra. Marlia Ancona-LopezVice-Reitora de Graduao

    Unip Interativa EaD

    Profa. Elisabete Brihy

    Prof. Marcelo Souza

    Profa. Melissa Larrabure

    Material Didtico EaD

    Comisso editorial: Dra. Anglica L. Carlini (UNIP) Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Ktia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valria de Carvalho (UNIP)

    Apoio: Profa. Cludia Regina Baptista EaD Profa. Betisa Malaman Comisso de Qualicao e Avaliao de Cursos

    Projeto grco: Prof. Alexandre Ponzetto

    Reviso: Leandro Freitas Tatiane Souza

  • SumrioPsicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital

    APRESENTAO ......................................................................................................................................................7INTRODUO ...........................................................................................................................................................8

    Unidade I

    1 INFLUNCIAS DO PERODO PR E PERINATAL NO DESENVOLVIMENTO ....................................111.1 Estgios do desenvolvimento pr-natal ......................................................................................111.2 Inuncia materna no desenvolvimento pr-natal ............................................................... 131.3 Inuncia paterna no desenvolvimento pr-natal ................................................................ 191.4 Aspectos psicolgicos do perodo pr-natal ............................................................................. 191.5 Nascimento e desenvolvimento do recm-nascido ............................................................... 21

    2 A CRIANA DE 0 A 2 ANOS ......................................................................................................................... 282.1 Desenvolvimento fsico-motor da criana de 0 a 2 anos .................................................... 282.2 Desenvolvimento cognitivo da criana de 0 a 2 anos .......................................................... 372.3 Desenvolvimento perceptivo da criana de 0 a 2 anos ........................................................ 422.4 Desenvolvimento da linguagem da criana de 0 a 2 anos ................................................. 422.5 Desenvolvimento psicossocial da criana de 0 a 2 anos ..................................................... 43

    Unidade II

    3 A CRIANA DE 2 A 6 ANOS ......................................................................................................................... 533.1 Desenvolvimento fsico-motor da criana de 2 a 6 anos .................................................... 533.2 Desenvolvimento cognitivo da criana de 2 a 6 anos .......................................................... 573.3 Desenvolvimento da linguagem da criana de 2 a 6 anos ................................................. 613.4 Desenvolvimento psicossocial da criana de 2 a 6 anos ..................................................... 61

    4 A CRIANA DE 7 A 11 ANOS ....................................................................................................................... 694.1 Desenvolvimento fsico-motor da criana de 7 a 11 anos .................................................. 694.2 Desenvolvimento cognitivo da criana de 7 a 11 anos ........................................................ 724.3 Desenvolvimento psicossocial da criana de 7 a 11 anos ................................................... 74

    Unidade III

    5 O DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCNCIA .......................................................................................... 835.1 Desenvolvimento fsico do adolescente de 12 a 18 anos .................................................... 835.2 Desenvolvimento cognitivo do adolescente de 12 a 18 anos ........................................... 865.3 Desenvolvimento psicossocial do adolescente de 12 a 18 anos ....................................... 88

  • 6 O DESENVOLVIMENTO DO ADULTO JOVEM (DE 20 A 40 ANOS) .................................................. 946.1 Desenvolvimento fsico do adulto jovem ................................................................................... 946.2 Desenvolvimento cognitivo do adulto jovem ........................................................................... 966.3 Desenvolvimento psicossocial do adulto jovem ...................................................................... 97

    Unidade IV

    7 O DESENVOLVIMENTO NA MEIA IDADE ............................................................................................... 1107.1 Desenvolvimento fsico na meia-idade (de 40 a 65 anos) ................................................ 1107.2 Desenvolvimento cognitivo na meia-idade (de 40 a 65 anos) ........................................ 1137.3 Desenvolvimento psicossocial na meia-idade (de 40 a 65 anos) ................................... 1147.4 A sexualidade na fase adulto-intermediria ........................................................................... 116

    8 ENVELHECIMENTO E MORTE ..................................................................................................................... 1188.1 Desenvolvimento na velhice .......................................................................................................... 1188.2 Desenvolvimento fsico na velhice ..............................................................................................1208.3 Desenvolvimento cognitivo na velhice .....................................................................................1228.4 Desenvolvimento psicossocial na velhice .................................................................................1238.5 Morte e desenvolvimento humano ............................................................................................1268.6 O processo do luto .............................................................................................................................1288.7 O luto infantil ......................................................................................................................................1318.8 A morte na concepo dos adultos ............................................................................................1328.9 A morte em vida ................................................................................................................................133

  • 7APRESENTAO

    Caros alunos,

    Antes de iniciarmos nossos estudos, vamos apresentar algumas orientaes gerais sobre o caminho que iremos percorrer juntos. Apresentaremos a disciplina Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital e, em seguida, o material que elaboramos para auxili-lo em seus estudos.

    A psicologia do desenvolvimento um ramo da psicologia que se preocupa em responder como e por que as capacidades dos indivduos vo se diferenciando ao longo da vida. Busca um entendimento sistemtico da sequncia de mudanas biolgicas, cognitivas, psicossociais e seus desdobramentos ao longo do ciclo vital. Assim, a psicologia do desenvolvimento subjacente a qualquer prtica que busca subsdios psicolgicos para a compreenso do ser humano. Alm disso, do ponto de vista pragmtico, esta matria recorrentemente alvo de arguio em concursos e processos seletivos.

    Da mesma forma, importante ressaltar que o estudo sistemtico desta disciplina pode ser til para compreenso de outras reas que, como a psicologia do desenvolvimento, descrevam fenmenos aos quais todos os seres humanos esto submetidos. Nesse sentido, ao estudar o desenvolvimento humano, o aluno se depara com explicaes para fatos vivenciados em sua prpria histria, dicultando o distanciamento necessrio para a compreenso da teoria. Dessa impossibilidade de distanciamento e familiaridade com os fatos, muitas vezes, pode decorrer uma compreenso equivocada. Portanto, para este estudo importante manter uma postura investigativa, atenta e dialgica.

    Dessa forma, esta disciplina tem por objetivo estudar os principais processos de desenvolvimento humano do perodo pr-natal at a morte, ou seja, possibilitar ao futuro prossional a compreenso dos fenmenos e processos psicolgicos bsicos envolvidos no desenvolvimento humano, enfatizando sua continuidade durante o ciclo evolutivo e os inter-relacionamentos nas esferas fsica, cognitiva e psicossocial.

    Esperamos que voc, ao nal do curso, seja capaz de identicar e explicar os processos de mudanas sociais, cognitivas, emocionais, fsicas, perceptuais, de linguagem e moral ocorridos na infncia, adolescncia, vida adulta e velhice, bem como de reconhecer as possibilidades de aplicao de todo esse conhecimento em sua prtica prossional.

    Convidamos voc a partilhar desse desao: pensar, ao longo do curso, de que maneira a disciplina Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital poder contribuir para a construo de estratgias que possibilitem intervenes que beneciem o desenvolvimento dos sujeitos que sero atendidos por voc.

    Sendo assim, coube a ns o desao de pensar em como desenvolver de forma interessante e instigante esta disciplina para alunos em formao que iro passar por experincias prossionais, nas quais seguramente se depararo, direta ou indiretamente, com as questes do desenvolvimento humano.

    Por isso, para auxili-lo nesse processo de construo de conhecimento, elaboramos este material com textos distribudos em quatro unidades, sendo que em cada uma delas h tpicos organizados de

  • 8forma a favorecer o desenvolvimento do contedo e a ajud-lo a se localizar nas aulas e nas leituras que realizar. Ao longo dos textos, voc encontrar alguns destaques como: Saiba mais, Lembrete, Observao, com dicas e informaes que complementaro seus estudos. Voc encontrar tambm algumas situaes-problema para reexo; h ainda, ao nal de cada unidade, um resumo dos assuntos tratados. Alm disso, procuramos ilustrar com imagens, pois acreditamos que auxiliam na aprendizagem e compreenso dos contedos estudados.

    Por fim, para realizar o estudo proposto, voc deve organizar o seu tempo para ler atentamente os textos, resolver as situaes-problema que so propostas e buscar informaes complementares.

    Parabns por toda trajetria j alcanada at aqui e bom estudo!

    INTRODUO

    Exemplo de aplicao

    Antes de iniciar o estudo, sugerimos que selecione uma foto de quando voc tinha aproximadamente dez anos de idade e uma recente. Observe-as e tente fazer uma reflexo listando no que voc mudou e o que foi mantido. Como voc entende essas mudanas e continuidades? Pense agora em suas experincias pessoais e profissionais. Voc consegue identificar as mudanas ao longo do desenvolvimento dos indivduos com os quais se relacionou? Como as entende?

    Suzana solteira, tem 33 anos e j est formada em sociologia. Sua idade um detalhe cronolgico que pode levar algumas pessoas a pensarem se ela vai se casar e se estabelecer. Mas, para a psicologia do desenvolvimento, mais interessante compreender seu passado do que pensar em seu futuro. Como a maioria das pessoas, Suzana tem uma famlia que cuida dela desde que nasceu, passou por escolas e professores, teve uma vida social em sua comunidade. Enfim, relevante conhecer e compreender seus primeiros anos de vida, sua infncia, a adolescncia e seu ingresso na fase adulta. Com isso estamos em busca de respostas para as seguintes questes:

    Quais foram os padres de desenvolvimento que nortearam o ciclo vital de Suzana?

    Quais os principais fatores que inuenciaram o seu desenvolvimento?

    O que psicologia do desenvolvimento?

    A psicologia do desenvolvimento um ramo da psicologia que se preocupa em responder como e por que as capacidades dos indivduos vo se diferenciando ao longo da vida. Focaliza seus estudos nas mudanas e nas consistncias (continuidades), na universalidade e na individualidade. Busca um entendimento sistemtico da sequncia de mudanas fsicas, cognitivas, psicossociais e seus desdobramentos ao longo do ciclo vital.

  • 9Partindo do exposto, podemos armar de forma sucinta que o estudo cientco do desenvolvimento humano a rea de conhecimento da psicologia que busca compreender como e por que as pessoas se modicam, e como e por que elas permanecem as mesmas nos vrios momentos de sua vida, medida que envelhecem (BERGER, 2001, p. 3).

    O que ciclo vital?

    Estudar o ciclo vital signica admitir que o desenvolvimento humano ocorre durante a vida inteira e cada perodo inuenciado pelo que aconteceu antes e ir afetar o que vir depois. Sugere tambm que cada fase tem sua importncia, caractersticas e valores especiais.

    Nesta disciplina, o desenvolvimento humano est dividido em fases, as quais se encontram especicadas ao longo deste material. Cabe destacar que tais fases so recorrentes nas bibliograas dessa rea do conhecimento e entende-se que cada um dos perodos tem acontecimentos e tarefas desenvolvimentais caractersticas, embora seja importante lembrar que se trata de uma diviso didtica e que, por vezes, a anlise do desenvolvimento de um determinado indivduo no corresponde exatamente descrio do perodo.

    Alm dessa organizao pela cronologia, sero destacados em cada unidade de estudo, os vrios aspectos do desenvolvimento, a saber, fsico-motor, cognitivo e psicossocial. No entanto, importante que que claro que o desenvolvimento de cada um desses aspectos afeta os demais, ou seja, esto imbricados.

    Cabe ressaltar tambm que, embora o desenvolvimento seja inerente prpria condio humana, a delimitao dessa rea para estudo inter-relacionada com fatores sociais e histricos.

    At o sculo XVII, as crianas no eram vistas como qualitativamente diferentes dos adultos, eram consideradas adultos em miniaturas, menores, mais fracas e menos inteligentes (ARIS, 1978); a adolescncia no era compreendida at o incio do sculo XX como um estgio do desenvolvimento com caractersticas prprias, diferentes dos outros perodos. A gura a seguir apresenta um quadro com a pintura de crianas e adolescentes com vestimentas de adultos, conrmando a ausncia da noo de desenvolvimento mencionada.

    Figura 1 The Bavia Children

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    Portanto, uma srie de fatores sociais, econmicos, culturais possibilita a construo de uma determinada forma de se descrever e compreender a realidade. Assim, deve-se sempre lembrar que uma cincia no um dogma, por isso precisa ser lida criticamente.

    A psicologia de um modo geral e, aqui no caso, a psicologia do desenvolvimento congregam uma srie de teorias e diferentes compreenses sobre os fenmenos desenvolvimentais, muitas vezes, contraditrios entre si e sem um consenso, isso ocorre porque a psicologia est em desenvolvimento.

    A proposta da disciplina no discutir ou explanar as diferentes teorias em suas complexidades, mas sim caracterizar as principais fases do desenvolvimento ao longo do ciclo vital, articulando-as com o contexto scio-histrico e cultural em que se inserem. Muitas teorias sero apresentadas com brevidade, outras sero privilegiadas em detrimento das demais. Cumpre destacar que esse recorte tem a nalidade de viabilizar o estudo inicial da disciplina, mas no esgota o assunto, tampouco representa a nica verso possvel.

    Por m, Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital uma disciplina que frequentemente suscita nos alunos duas reaes contraditrias: encantamento ou desencantamento. A primeira justica-se na medida em que se apresenta o estudo dos processos pelos quais os seres humanos se desenvolvem ao longo do tempo, ou seja, descreve fenmenos desenvolvimentais que so muito familiares e pelos quais em algum momento o leitor se sentir representado: expe uma compreenso cientca da vida cotidiana. Por exemplo, no perodo da adolescncia, quem no se fez a seguinte pergunta: Quem sou eu? Ou, ainda, nessa mesma fase, quem no apresentou um comportamento de confrontao ou questionamento em relao aos pais ou a uma gura de autoridade?

    A psicologia do desenvolvimento busca compreender qual a origem desse padro de desenvolvimento, o porqu dessas questes aparecerem nesse perodo da vida. A aplicabilidade da teoria incide sobre seres reais, como voc, seus colegas, familiares e outros, e exatamente da decorre a segunda reao.

    O desencantamento associa-se diculdade em estabelecer a diferena entre o pensamento e o conhecimento, que fruto do senso comum e o conhecimento cientco. Por ser uma disciplina que se aproxima muito das vivncias pessoais, muitas vezes, tem-se a impresso de que muito fcil, no preciso estudar, basta partir do que j se sabe etc. Essas ideias so completamente equivocadas, muitos alunos cam muito frustrados quando percebem que achavam que sabiam muito e constatam que seu conhecimento no tem uma fundamentao terica e, portanto, insuciente para quem se prope a estudar psicologia do desenvolvimento.

    preciso se familiarizar com a linguagem cientca e com a terminologia tcnica, as dvidas relativas a signicados precisam ser sanadas com a consulta a dicionrios ou vocabulrios especcos, do contrrio a leitura torna-se invivel. Outra diculdade reside em compreender a mltipla inuncia e interdependncia do processo desenvolvimental em seu contexto.

    Assim, a reexo e a dvida investigativa devem permear o seu estudo.

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    Unidade INesta primeira Unidade, vamos estudar o incio do ciclo vital, desde a concepo, gestao e o

    momento do nascimento com o parto at o desenvolvimento vital da criana nos dois primeiros anos de vida.

    1 INFLUNCIAS DO PERODO PR E PERINATAL NO DESENVOLVIMENTO

    A fecundao ocorre no momento em que um espermatozoide de um homem penetra em um vulo de uma mulher para formar um nico ovo ou zigoto e, ento, inicia-se o processo de reproduo celular. As mudanas que ocorrem da fertilizao ao nascimento constituem o desenvolvimento pr-natal.

    O desenvolvimento pr-natal leva em mdia 38 semanas e dividido em trs estgios: o perodo germinativo ou zigtico, perodo embrionrio e perodo fetal.

    1.1 Estgios do desenvolvimento pr-natal

    Quadro 1

    Perodos do desenvolvimento pr-natal

    Perodo germinativo ou zigtico Concepo at a segunda semana

    Perodo embrionrio Terceira oitava semana

    Perodo fetal Oitava semana at o nascimento

    O estgio ou perodo germinativo ou zigtico

    Ocorre da fecundao at aproximadamente a segunda semana. A fertilizao ocorre nas trompas uterinas.

    Figura 2 Fecundao

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    Aps a fecundao, o zigoto cresce rapidamente por meio da diviso celular. O zigoto divide-se em duas clulas, em seguida estas se convertem em quatro, depois em oito e assim sucessivamente. s vezes o zigoto se separa em dois blocos, que originam dois gmeos idnticos. Os gmeos fraternos so criados quando dois vulos so liberados e cada um fertilizado por um espermatozoide diferente. Ao mesmo tempo em que se divide e cresce, o zigoto desce pela trompa rumo ao tero.

    Antes de completar uma semana, o zigoto chega ao tero. Ele penetra na parede uterina e estabelece conexes com os vasos sanguneos da me, esse processo chamado de implantao.

    Como resultado da reproduo celular, forma-se uma esfera oca (blastocisto), cujas clulas internas logo daro origem ao embrio, enquanto as externas formaro as estruturas que sustentam, nutrem e protegem o beb.

    Lembrete

    Voc seria capaz de explicar por que o espermatozoide que determina o sexo de um beb?

    O estgio ou perodo embrionrio

    Ocorre da terceira oitava semana aproximadamente. Esse estgio comea quando a implantao est completa; nesse momento, o zigoto passa a ser chamado de embrio. No estgio embrionrio, as vrias estruturas de sustentao so formadas e todos os principais sistemas de rgos so denidos pelo menos de forma rudimentar.

    A capa externa do blastocisto transforma-se em uma membrana protetora que, com os tecidos uterinos, formar a placenta, cuja funo permitir a passagem de substncias nutritivas, agir como rgo de excreo, produzir a oxigenao fetal e, alm disso, agir como uma glndula de secreo interna produtora de hormnios. O cordo umbilical, que se forma nesse perodo, faz a comunicao entre o embrio e a placenta. Forma-se tambm o saco amnitico, que envolve e protege o embrio (GRIFFA; MORENO, 2001).

    O crescimento do embrio segue dois princpios que persistem ao longo do desenvolvimento fsico aps o nascimento: vai da cabea para baixo, que se denomina cfalo-caudal, e do tronco para as extremidades, prximo-distal. Nesse perodo, desenvolvem-se rgos e os principais sistemas corporais: respiratrio, alimentar, nervoso.

    Esse considerado um perodo crtico, quer dizer, um perodo de alta vulnerabilidade s inuncias do ambiente pr-natal. Quase todos os defeitos congnitos de desenvolvimento ocorrem durante o primeiro trimestre de gravidez. Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), trs em cada quatro abortos espontneos ocorrem no primeiro trimestre.

    Perodo crtico um perodo de tempo durante o desenvolvimento em que o organismo especialmente responsivo a um evento especco. A mesma estimulao em outros momentos do desenvolvimento tem pouco ou nenhum efeito.

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    Perodo sensvel semelhante ao perodo crtico, s que mais amplo. um perodo ideal para que ocorram alguns desenvolvimentos, porque os eventos ambientais so mais ecazes para estimular seu desenvolvimento naquele perodo.

    O estgio ou perodo fetal

    Ocorre por volta da oitava semana da gestao at o nascimento. Os rgos formados no perodo anterior agora se diferenciam e se desenvolvem em termos anatmicos e funcionais, pode-se dizer que nessa fase h os toques de acabamento, ou seja, um momento de crescimento e renamento de todos os sistemas. H o aparecimento das primeiras clulas sseas e um crescimento muito rpido, de tal forma que se torna possvel perceber os movimentos fetais.

    De acordo com a descrio anterior, pode-se perceber que o desenvolvimento pr-natal apresenta certa regularidade e previsibilidade, uma vez que as mudanas aparentemente seguem uma ordem xa com intervalos xos de tempo. No entanto, cumpre ressaltar que essa sequncia no imune s modicaes ou inuncias externas. Fatores gerais de risco podem ter efeitos sobre o desenvolvimento pr-natal, tais como: a nutrio, a idade, o estresse e a atividade fsica da me.

    1.2 Inuncia materna no desenvolvimento pr-natal

    Vejamos esses fatores gerais de risco que podem ter efeitos sobre o desenvolvimento pr-natal:

    A nutrio da me

    A me a nica fonte de nutrio da criana em desenvolvimento, por isso uma dieta balanceada fundamental. Quando uma mulher grvida no tem uma nutrio adequada, provvel que o beb nasa prematuramente e abaixo do peso. A nutrio inadequada durante os ltimos meses gestacionais pode afetar, sobretudo, o sistema nervoso, porque esse um momento de crescimento muito rpido do crebro.

    Figura 3 Mulher grvida com alimentao saudvel

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    A idade da me

    Tradicionalmente, a maternidade tardia (mes mais velhas, acima de 35 anos) ou muito cedo (mes adolescentes) tem sido apontada pela literatura (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 2004) como um fator de risco para o desenvolvimento pr-natal. Entretanto, j consenso que os riscos so grandemente reduzidos se a me goza de boa sade e recebe cuidado pr-natal adequado.

    Os riscos associados s mes mais velhas incluem a possibilidade de apresentar presso arterial alta, sangramentos, maior probabilidade de aborto, parto prematuro, crescimento fetal retardado, natimortos e anomalias cromossmicas como a sndrome de Down. Em relao aos ltimos riscos mencionados, h comprovadamente uma maior prevalncia (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 2004).

    J as mes adolescentes associavam-se ao risco de terem bebs prematuros e/ou com baixo peso ao nascimento; entretanto, h controvrsias nas pesquisas (BEE, 1996; KAIL, 2004).

    Estresse psicolgico da me

    Embora as evidncias ainda sejam insucientes (por questes ticas, s h estudos correlacionais seria antitico submeter uma mulher grvida s condies de extremo estresse para a realizao de um estudo), vrios estudos tm encontrado uma associao entre estresse psicolgico prolongado e extremo e complicaes da gravidez. Os achados mais frequentes revelam que o estresse durante a gravidez est associado a parto prematuro e a baixo peso ao nascer (HEDEGAARD; HENRIKSEN; SABROES apud COLE; COLE 2003; COOPER et al. apud KAIL, 2004; PAARLBERG et al. apud KAIL, 2004).

    Figura 4 Sade na gravidez

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    Atividade fsica

    A atividade fsica recomendada para a grvida desde que os exerccios sejam moderados e regulares. Evidentemente, devem-se considerar a condio fsica da mulher e tambm o condicionamento fsico anterior gestao. O trabalho, desde que dentro das condies de salubridade, no representa um risco especial no perodo gestacional (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).

    Fatores teratognicos: doenas, drogas e riscos ambientais.

    Fatores teratognicos so agentes ambientais que podem causar desvios no desenvolvimento e que podem conduzir a anormalidades, defeitos congnitos ou morte. Os efeitos dos fatores teratognicos, sob o desenvolvimento pr-natal, dependem do perodo crtico, da intensidade da exposio, da interao com outros fatores, hereditariedade e vulnerabilidade.

    O perodo de maior risco para os fatores teratognicos so as doze primeiras semanas gestacionais, porque nessa fase a maioria dos sistemas orgnicos se desenvolve rapidamente; assim, a ao de um fator teratognico provavelmente produz uma deformidade estrutural maior naquela parte especca do corpo.

    Os fatores teratognicos dividem-se em trs categorias: doenas, drogas e riscos ambientais.

    Doenas

    Algumas doenas contradas pela me, em um determinado momento gestacional, podem afetar o desenvolvimento pr-natal principalmente por meio de trs mecanismos: algumas doenas, principalmente os vrus, podem atacar a placenta; outras tm molculas sucientemente pequenas que atravessam os ltros placentrios; e, ainda, h outras em que a ao sobre o beb ocorre durante o nascimento, na passagem pelo canal vaginal.

    Entre as doenas de maior risco para o desenvolvimento pr-natal podem-se destacar: a rubola, a AIDS (Sndrome da Imunodeficincia Adquirida), o CMV (citomegalovrus), o herpes genital e a sfilis. Dependendo do timing da interferncia, a doena poder ou no trazer consequncias para o desenvolvimento do embrio ou feto. Por exemplo, se uma me contrair rubola no primeiro trimestre gestacional, provavelmente (50% de probabilidade) a criana apresentar retardo mental, danos nos olhos, ouvidos ou corao. O mesmo, provavelmente (8% de probabilidade), no acontecer se ela estiver no terceiro trimestre, uma vez que essas estruturas j esto formadas (GERRIG; ZIMBARDO, 2005).

    A AIDS e as doenas associadas ao vrus HIV tm como consequncia potencial: infeces frequentes, problemas neurolgicos e morte. O citomegalovrus tem como consequncias surdez, cegueira, cabea anormalmente pequena e retardo mental. O herpes genital pode ocasionar encefalite, bao dilatado, coagulao inadequada do sangue. E a sfilis pode causar danos ao sistema nervoso central, nos dentes e ossos (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 2004; GERRIG; ZIMBARDO, 2005).

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    Lembrete

    Durante a gestao pode ocorrer aborto espontneo, que consiste na expulso natural do embrio ou feto, que no consegue sobreviver fora do tero. Isso acontece, por volta do primeiro trimestre, em funo de uma gestao anormal por defeitos graves nos embries.

    Drogas

    O uso por parte da gestante de drogas lcitas e/ou ilcitas podem trazer prejuzos para o desenvolvimento pr-natal. Entre as lcitas, destaca-se o uso de medicamentos, lcool, nicotina, cafena. Como j foi dito, os riscos estaro associados ao perodo crtico ou sensvel, quantidade e frequncia do uso da substncia e da interao com outros fatores.

    Nenhuma medicao deve ser prescrita para a mulher gestante, a menos que seja essencial e orientada pelo mdico. Os efeitos do uso desse tipo de droga, muitas vezes, so sutis e visveis apenas muitos anos aps o nascimento na forma de diculdade de aprendizagem ou problemas de comportamento (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).

    Observao

    A ingesto de lcool deve ser evitada durante o perodo gestacional, o uso abusivo pode desencadear no beb a Sndrome Fetal Alcolica (SFA), cujas caractersticas so: decincias cognitivas, danos no corao, crescimento retardado, rostos deformados.

    As consequncias do uso de nicotina so um crescimento retardado, possveis danos cognitivos, baixo peso ao nascimento (inferior a dois quilos e meio), baixo rendimento escolar e baixo nvel de ateno, hiperatividade. Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), existe a correlao entre a exposio pr-natal nicotina e a sndrome da morte sbita na infncia.

    O uso de cafena est associado quase o dobro do risco de aborto, de acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006).

    Entre as drogas ilcitas, podem-se citar: a maconha, a cocana e a herona. Quanto ao uso da maconha, no foi denitivamente comprovado que o uso durante a gravidez cause decincias neonatais, mas est associado a baixo peso ao nascimento (LEE; WOODS, 1998 apud COLE; COLE, 2003).

    De acordo com a literatura (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; COLE; COLE, 2003; KAIL, 2004; GERRIG; ZIMBARDO, 2005), a cocana e a herona podem causar danos em praticamente qualquer momento durante a gravidez. Em relao primeira, h um maior risco de aborto,

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    prematuridade, baixo peso ao nascimento, problemas neurolgicos, crescimento retardado, irritabilidade nos recm-nascidos, ser menos responsivos a alertas emocional e cognitivamente. J com relao ao uso da segunda, os bebs nascem dependentes da droga e podem manifestar sndrome de abstinncia. Esse beb tem maior probabilidade de bito aps o nascimento ou de nascer prematuro, com baixo peso, vulnervel a doenas respiratrias, apresentar problemas de ajustamento social e aprendizado.

    Evidentemente, importante lembrar que os fatores teratognicos no agem isoladamente, mas sim em um contexto, que pode contar com outros tantos fatores de risco interagindo. Por exemplo, a gestante que usuria de cocana, tambm pode ser alcoolista, tabagista, estar em uma situao de estresse etc.

    Riscos ambientais

    Os riscos ambientais esto associados exposio a substncias txicas, como chumbo, mercrio, radiao e poluio de um modo geral. Esses agentes podem ser danosos ao desenvolvimento pr-natal trazendo como consequncias, por exemplo, mutaes genticas. Na dcada de 1970, a cidade de Cubato (polo industrial), identicada como a cidade mais poluda do mundo, tinha um ndice altssimo de crianas nascidas com defeitos congnitos, inclusive acefalia, devido aos agentes poluentes (HISTRIAS E LENDAS DE CUBATO..., 2011).

    Figura 5 Mulher grvida

    De acordo com o que foi discutido at aqui sobre os efeitos dos fatores teratognicos, pode-se armar: a suscetibilidade do organismo depende do momento de desenvolvimento (perodo crtico ou sensvel); cada agente teratognico atua de maneira especca e, por isso, causa um padro particular

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    de desenvolvimento anormal (por exemplo, os compostos de mercrio causam paralisia cerebral e no outro tipo de anormalidade); os organismos individuais variam na sua suscetibilidade aos teratognicos (vulnerabilidade gentica); a suscetibilidade aos agentes depende da interao com outros fatores (a idade da me, nutrio, condio uterina entre outros afetam a ao dos teratognicos sobre o embrio ou feto); quanto maior a concentrao de um agente teratognico, maior o risco (o uso de lcool um exemplo); os teratognicos que afetam adversamente o organismo em desenvolvimento podem afetar pouco ou nada a me (a rubola, por exemplo, tm efeitos temporrios na me e pode trazer sequelas graves para o beb).

    Exemplo de aplicao

    Propomos agora para voc o seguinte caso para que faa uma anlise:

    Em 2008 o jornal A Folha de So Paulo publicou a seguinte reportagem:

    A exposio ao laqu durante a gravidez pode aumentar o risco de m-formao no sistema genital-urinrio dos bebs, arma estudo do Imperial College, de Londres, publicado pela revista Environmental Health Perspectives. Os autores do estudo armam que as mulheres que so expostas aos compostos qumicos presentes no laqu correm maior risco de ter lhos com hipospdia, uma anomalia congnita que evita que o pnis se desenvolva corretamente. As crianas que sofrem desta m-formao costumam apresentar o meato urinrio (orifcio da uretra) em algum lugar da parte inferior da glande, no tronco ou na rea de unio entre o escroto e o pnis. Os pesquisadores esclarecem que o perigo no est no uso domstico do laqu, mas no caso das mulheres grvidas que esto expostas a maiores doses por razes de trabalho, como no caso das cabeleireiras e funcionrias de centros de beleza. O estudo examinou o caso de 471 mulheres que tinham tido lhos com hipospdia e de um nmero similar de mulheres com bebs sem m-formao e chegou concluso de que a exposio ao produto nas mulheres do primeiro grupo tinha dobrado os casos em relao ao do segundo (FSP, 2008).

    Fabrcio tem hipospdia, uma anomalia congnita que evita que o pnis se desenvolva corretamente. Sua me est muitssimo preocupada, principalmente porque cabeleireira h quinze anos e ouviu falar que a exposio ao laqu pode contribuir muito para esse tipo de anomalia.

    Como voc analisa essa situao? A inuncia de um fator teratognico na gestao produziu uma alterao na morfologia ou

    siologia normal do feto. No entanto, embora seja uma situao prossional especca em que as pessoas esto mais diretamente expostas a agentes qumicos, prematuro explic-la por meio de uma nica circunstncia.

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    1.3 Inuncia paterna no desenvolvimento pr-natal

    Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), diferentemente do que se acreditava at ento, o pai pode transmitir defeitos ambientalmente produzidos.

    O homem exposto ao chumbo, maconha, fumaa de cigarro, grandes quantidades de lcool, radiao, hormnio sinttico dietilestilbestrol e certos pesticidas pode produzir espermatozoides anormais; assim como os pais que possuem uma dieta pobre em vitamina C tm uma maior probabilidade de terem lhos com defeitos congnitos e vulnerveis a desenvolver certos tipos de cncer. Filhos de pais fumantes podem apresentar baixo peso ao nascimento e tm duas vezes mais chances de contrair cncer quando adultos. O uso de cocana pode predispor a defeitos congnitos.

    Alm de haver correlao entre a idade avanada do pai (acima de 40 anos) e a manifestao de doenas raras como a sndrome de Marm (deformidade da cabea e membros), nanismo e malformao ssea, entende-se que tais anomalias ocorrem porque as clulas masculinas, mais do que as femininas, sofrem mutaes, e estas aumentam com a idade paterna avanada.

    Exemplo de aplicao

    Selma casou-se com Germano, e h quinze anos esperam pela vinda de um lho. Aps inmeras tentativas de engravidar, Selma nalmente conseguiu, e, aps sete meses de gestao, ela concebeu um menino que, alm de nascer pr-termo, apresenta a sndrome de Marm. Considerando o caso de Germano e Selma apresentados anteriormente, faa uma ampla pesquisa nos meios eletrnicos, livros e revistas especializadas sobre os fatores de inuncia paterna, ou seja, o pai transmitindo defeitos ambientalmente produzidos.

    1.4 Aspectos psicolgicos do perodo pr-natal

    Resilincia um conceito originrio da fsica que signica a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado devolvida quando cessa a tenso causadora de uma formao elstica, a resistncia ao choque ( o fenmeno que garante que as pontes no se quebrem com o uso, por exemplo).

    Na psicologia, dene-se resilincia como a capacidade de pessoas, grupos ou comunidades minimizarem ou superarem os efeitos nocivos das situaes difceis e das adversidades. No decorrer do ciclo vital, da concepo morte, torna-se claro que as pessoas sempre podem se recuperar de situaes adversas. Um ambiente favorvel pode ajudar uma criana a superar efeitos de privaes ou traumas precoces.

    Algumas ocorrncias no desenvolvimento pr-natal podem produzir incapacidades ou deformidades permanentes, mas muitos transtornos associados a problemas pr-natais podem ser superados se a criana criada em um ambiente apoiador e estimulador; assim como boa parte dos riscos pr-natais pode ser minorada com cuidados pr-natais adequados.

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    Observao

    Agora que voc j leu um pouco sobre o conceito de resilincia, como percebe a sua capacidade de resilincia? Pense em suas experincias com outras pessoas. Voc percebe a resilincia dos indivduos com os quais trabalha?

    O perodo gestacional um perodo de transformaes biopsicossociais; o corpo se transforma rapidamente, h uma mudana na identidade, nos papis e no status social. Assim, um perodo de intensos sentimentos e emoes, muitas vezes contraditrios e geradores de ansiedade.

    Mesmo em uma gravidez desejada e esperada, a me frequentemente tem sentimentos ambivalentes de aceitao e rejeio da criana, expressos em preocupaes com a sade do beb (fantasias de anomalias no beb), no medo do desenvolvimento dessa nova situao e tambm do parto, alm de ansiedade pela responsabilidade de cuidar do beb. Nessa fase, so comuns o retraimento emocional ou a regresso a um papel de maior dependncia na famlia. H a revivncia da relao com a prpria me e o desejo de ser a me perfeita, reparando o histrico relacional.

    necessrio um ajuste na relao com o cnjuge (quando a gestao ocorre dentro de um casamento ou relao estvel), pois ser preciso incluir mais um na relao e desenvolver o papel parental sem prejuzo do conjugal. Muitos conitos conjugais decorrem dessa diculdade. Alis, os ndices de episdios de violncia conjugal envolvendo mulheres grvidas so alarmantes. Ajustes tambm so necessrios na famlia extensa para aceitar o novo membro, h o realinhamento na estrutura familiar e a negociaes frente s novas funes, como a de tios, avs etc.

    medida que a gravidez avana, a presena corporal e psicolgica do beb se faz cada vez mais presente, os primeiros movimentos fetais so um marco que denotam inclusive a existncia de um ser separado, a barriga torna-se autnoma, mexe independentemente da vontade da me. Inclusive, as pessoas comeam a se relacionar com a barriga; exemplo disso, so cenas nas quais as pessoas que no so ntimas da me, sem nenhum constrangimento, acariciam a sua barriga. Segundo Brazelton e Cramer (1992) o perodo do apego primordial no qual a me identica-se com o feto. No terceiro trimestre gestacional, o ser est cada vez mais separado e real. A me e a famlia, de um modo geral, vo rotulando o beb, personicando-o e tornando-o familiar.

    Por outro lado, o pai tambm passa por um processo semelhante ao da me, s que com a desvantagem de ter menos espao para a expresso de seus sentimentos. A me grvida, no geral, tem toda a ateno e todos os privilgios, e o pai normalmente se depara com cobranas relativas a uma expectativa social e no pode falar de seus temores e ambivalncias. Ao contrrio, esperado que ele d todo apoio e suporte grvida. Frente a essa torrente de emoes, alguns homens desenvolvem a sndrome de Couvade, manifestando sintomas da gravidez e do parto, como desejos, mal-estares gastrointestinais, ganho de peso (e barriga), entre outros.

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    Assim como a me, o pai revive as experincias da infncia e o desejo de ser o pai perfeito; depara-se com a sensao de ser completo e onipotente dirimindo quaisquer dvidas em relao sua potncia/fertilidade. Aparece a ideia de continuidade da linhagem familiar. No entanto, tambm so comuns sentimentos de excluso, no qual o beb visto como um rival e, nesse caso, algumas relaes conjugais so abaladas, podem surgir relaes extraconjugais, o uso abusivo de lcool ou mesmo a diminuio da libido ou a impotncia sexual.

    1.5 Nascimento e desenvolvimento do recm-nascido

    Finalmente, o nascimento ocorre no momento em que o feto expulso ou extrado do tero. O nascimento marcado pelo momento em que o feto retirado do tero materno, tornando-se um beb. Esse momento de expulso denomina-se parto, que pode ocorrer de vrias formas: parto normal, frceps, induzido, cesariana, ccoras etc.

    Observao

    A China vive um problema srio: meninos demais! Se voc s pudesse ter um lho, iria preferir um menino ou uma menina? E se todos pensassem da mesma maneira, quais poderiam ser as consequncias?

    O processo do parto pode ser facilitado ou dificultado por fatores anatmicos, fisiolgicos e psicolgicos. A forma de realizao do parto influencia a sade fsica e mental do neonato. A possibilidade de complicaes no parto ou leses no beb pode aumentar dependendo de diversas circunstncias, como anoxia perinatal (falta temporria de oxignio), assepsia inadequada do local do parto, assistncia mdica inadequada. As drogas dadas me para reduzir a dor podem ter efeitos negativos sobre o beb, tais como: afetar a responsividade e os padres alimentares do mesmo.

    Lembrete

    Um parto pr-termo ou nascimento prematuro ocorre quando o recm-nascido nasce com menos de 37 semanas de idade gestacional. A possibilidade de sobrevivncia dos prematuros 25% mais alta no caso de meninas.

    Como problemas e complicaes no parto, cabem destacar a prematuridade (bebs nascidos antes da 37 semana), o baixo peso ao nascer (bebs que pesam abaixo de 2500 gramas) e a anoxia (falta de oxignio). Todos esses problemas podem trazer sequelas desenvolvimentais, no entanto, no se pode ignorar a capacidade de resilincia dos indivduos, como j discutido.

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    Figura 6 Momento do nascimento ou parto

    O nascimento representa uma grande revoluo psicolgica para os pais. preciso criar um novo vnculo com o beb e adquirir a capacidade de colocar-se no lugar dele a m de conseguir interpretar as suas necessidades. Os pais precisam reorganizar-se internamente, rever sua autoimagem, sua posio e ligaes familiares.

    O Teste do Pezinho (ou Teste de Guthrie) um diagnstico precoce realizado nos primeiros dias de vida do beb com o objetivo de diagnosticar doenas congnitas relacionadas a infeces e distrbios metablicos, entre eles, oligofrenia difenilpiruvnica, hipotireoidismo e fenilcetonria. O exame consiste em colher por meio de uma picada na sola do p do recm-nascido, em um ltro de papel, amostras de sangue, que so enviadas para exames laboratoriais.

    Exemplo de aplicao

    A seguir propomos uma situao-problema para que voc possa reetir sobre os assuntos tratados at aqui. Leia atentamente:

    A gravidez de Soa, 43 anos, foi pssima: Sentia dor em tudo quanto era canto, desnimo, depresso, ansiedade. Quando soube que estava grvida, Soa chorou. Depois resolveu fazer um aborto. Leo, 40 anos, o pai da criana, induziu-a a desistir por razes religiosas. Soa relata que

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    enjoou os nove meses e teve outros sintomas, como palpitaes, maior sensibilidade a tudo e fazia muito xixi. Mas afirma que o pior foi a srie de sustos que levou: o primeiro foi quando soube que poderia ter incompatibilidade de Rh, o segundo, quando contraiu rubola, no sexto ms de gestao. Ela afirma ainda que durante a gravidez fumava e parei... ginstica no consegui continuar, sentia desnimo. Engordei trinta quilos, mas no comeo, apesar do enjoo, no deixei de comer nada, comia mais doces e chocolates... continuei a beber e fumar maconha, eventualmente nos finais de semana (excerto de entrevista fictcio, elaborado com fins pedaggicos).

    A partir dessa situao-problema, responda as seguintes questes:

    Em sua opinio, o lho de Soa manifestar anemia falciforme, uma doena sangunea, s vezes fatal, gerada por fatores teratognicos?

    O ganho de peso de Soa foi o adequado? Quais so os riscos de uma gravidez aos 43 anos? Justique sua resposta, fundamentando o seu ponto de vista com argumentos.

    claro que voc respondeu que o filho de Sofia no manifestar a anemia falciforme, uma vez que essa uma doena por defeito congnito (portanto no teratognico), que tem como caracterstica eritrcitos deformados e frgeis, que podem obstruir os vasos sanguneos, privando o organismo de oxignio. Os sintomas incluem dor intensa, paralisao do crescimento, infeces frequentes, ulceraes nas pernas, clculos biliares, suscetibilidade a pneumonia e a derrame cerebral. O filho de Sofia no manifestar anemia falciforme, pois se trata de uma doena sangunea s vezes fatal, gerada por fatores congnitos. Na situao anteriormente citada, h o relato de fatores teratognicos que no so as causas da anemia falciforme.

    Sofia engordou acima do peso esperado na gestao, e isso pode ser problema tanto para ela como para o beb. O esperado seria um ganho de peso entre 11 e 15 quilos, engordando menos no incio da gravidez e mais no final. importante que a gestante coma alimentos que supram as necessidades nutricionais, sendo esta uma das influncias perinatais mais importantes. Nessa faixa etria, h um maior risco de aborto, hipertenso arterial, sangramento, morte durante a gravidez ou durante o parto; h maior probabilidade de anomalias cromossmicas e maior ndice de mortalidade infantil. No entanto, hoje a gravidez nessa faixa etria cada vez mais comum e importante o acompanhamento mdico no pr-natal. Muito bem! Voc acertou ambas as questes.

    Com relao ao desenvolvimento do recm-nascido, apesar de entre os mamferos o beb humano ser o mais imaturo e incapaz de sobreviver sem os cuidados do adulto, ainda assim, possvel armar que um beb competente quanto sua capacidade de perceber o mundo, de imitao e de comunicao. Eles so pr-programados para a sobrevivncia, bem-preparados para responder aos adultos e inuenciar seus ambientes sociais.

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    O mdico pediatra que cuida do recm-nascido o neonatologista, esse cuidado se d at o beb completar 28 dias, porque depois disso o recm-nascido passa a ser denominado lactente.

    O recm-nascido possui uma srie de habilidades, a saber:

    reexos;

    habilidades sensoriais;

    desenvolvimento fsico-motor;

    desenvolvimento cognitivo;

    habilidades sociais.

    Os reexos

    Os bebs nascem com uma srie de reexos, que podem ser denidos como respostas fsicas automticas desencadeadas involuntariamente por um estmulo especco.

    Destacam-se os reexos adaptativos reexo de sugar e engolir, retraimento diante de um estmulo doloroso, abertura e fechamento da pupila do olho com as variaes de luz, entre outros e os reexos primitivos, controlados pelas partes mais primitivas do crebro, a medula e o mesencfalo, dos quais se podem citar:

    o reexo de moro ou do susto (quando h um barulho alto ou o beb assustado, por exemplo, por meio da simulao de deix-lo cair, ele estica os braos e arqueia as costas e depois junta os braos com se estivesse agarrando algo);

    o reexo de Babinski (quando a planta do p do beb tocada, os dedos dos ps se abrem e depois se curvam);

    o reexo de agarrar (quando um dedo ou algum outro objeto pressionado contra a palma da mo do beb, seus dedos se fecham em torno dele);

    o reexo do passo (quando o beb segurado em posio ereta, realiza movimentos rtmicos com as pernas);

    entre outros.

    Outros reexos humanos iniciais so:

    reexo tnico-cervical (deita-se o beb de costas, e ele vira a cabea, o brao e a perna para o mesmo lado e exiona os membros opostos);

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    reexo de Babkin (acariciando as duas palmas das mos do beb ao mesmo tempo, ele abre a boca, fecha os olhos e inclina a cabea para frente);

    reexo da suco (toca-se a bochecha ou o lbio superior do beb, ele vira a cabea, abre a boca e inicia movimentos de suco);

    reexo da marcha (se segura o beb por baixo dos braos com ps nus tocando a superfcie plana, e ele faz movimentos semelhantes aos do caminhar);

    reexo da natao (o beb colocado na gua com o rosto voltado para baixo, e ele faz movimentos de natao coordenados).

    Os reexos primitivos desaparecem no curso desenvolvimental medida que so substitudos pelas funes cerebrais mais complexas. A presena dos reexos no nascimento e o posterior desaparecimento so sinais bsicos de desenvolvimento neurolgico normal.

    Habilidades sensoriais

    No que diz respeito s habilidades sensoriais, o recm-nascido dispe de todas as capacidades sensoriais bsicas no nascimento, embora haja diferena nos nveis de desenvolvimento entre cada uma das habilidades (audio, viso, paladar, olfato e tato).

    Quadro 1

    Capacidades sensoriais bsicas do recm-nascido no nascimento

    Audio

    Viso

    Paladar

    Olfato

    Tato

    Audio

    Os bebs so capazes de ouvir mesmo antes do nascimento. Os recm-nascidos preferem ouvir a voz de sua me s de outras mulheres (DE CASPER; FIFER, 1980 apud COLE; COLE, 2003).

    Os bebs conseguem distinguir o som da voz humana de outros tipos de sons e parecem preferi-lo (WERKER; TEE, 1999 apud COLE; COLE, 2003). Desde o nascimento, os bebs reagem aos sons e podem localizar pelo menos a sua direo aproximada, mas a sua acuidade auditiva melhorar at a adolescncia (WERNER; BOSS, 1993 apud COLE; COLE, 2003).

    Viso

    Os elementos anatmicos bsicos do sistema visual esto presentes no nascimento, mas no ainda plenamente desenvolvidos. As lentes do olho e as clulas da retina apresentam-se imaturas e

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    os movimentos dos olhos so descoordenados; assim, a viso do beb indistinta, costuma-se dizer que ele mope (MARTIN, 1998 apud COLE; COLE, 2003). Apesar de sua acuidade visual no ser boa, os bebs enxergam e discriminam vrias cores (BEE, 1996). interessante notar que os bebs podem focar muito bem a uma distncia entre 20 e 25 centmetros (MARTIN, 1998 apud COLE; COLE, 2003), aproximadamente a distncia entre os olhos deste e o rosto de quem o amamenta.

    Figura 7 Me e beb

    Paladar

    Os recm-nascidos tm o sentido do paladar bem desenvolvido ao nascimento. Respondem diferentemente aos quatro sabores bsicos: doce, azedo, amargo e salgado; eles preferem os gostos doces (CROOK, 1987 in COLE; COLE, 2003).

    Olfato

    Os neonatos tm tambm o sentido do olfato bem desenvolvido. Segundo pesquisas (CERNOCH; PORTER, 1985 apud BEE, 1996), os bebs de uma semana de idade podem perceber a diferena entre o cheiro da me e de outras mulheres, embora esse dado seja conrmado apenas entre os bebs amamentados no seio da me.

    Tato

    Os recm-nascidos mostram que sentem toques e so sensveis s mudanas na temperatura movimentando-se, como, por exemplo, afastando a parte tocada ou tornando-se mais ativo se h repentina queda na temperatura (FIELD, 1990 apud COLE; COLE, 2003).

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    O desenvolvimento fsico-motor do recm-nascido

    Quanto ao desenvolvimento fsico-motor do recm-nascido, importante salientar que recm-nascido no dispe de muitas habilidades motoras, seu desenvolvimento atender ao princpio cfalo-caudal e prximo-distal. Sendo assim, quando nasce, ele no consegue segurar a cabea ou coordenar o olhar. Um beb a termo pesa cerca de 3000/3500 gramas e tem cerca de cinquenta centmetros. O corpo desproporcional, pois a cabea representa um quarto da altura total. O desenvolvimento motor diz respeito ao desenvolvimento do movimento, descreve as mudanas na capacidade do indivduo de realizar atividades fsicas, como sentar, andar, correr, saltar etc. Essas habilidades surgiro muito gradualmente ao longo do desenvolvimento.

    Figura 8 Beb recm-nascido

    O desenvolvimento cognitivo do recm-nascido

    O desenvolvimento cognitivo diz respeito forma como os indivduos conhecem, como adquirem conhecimento.

    A capacidade dos bebs de aprenderem a partir da experincia est presente desde os primeiros dias de vida. Basta se observar as primeiras mamadas em relao s subsequentes, em poucos dias os reflexos de suco e deglutio que a princpio so descoordenados e, no geral, tornam a situao de amamentao catica transformam-se em comportamentos qualitativamente diferentes, que se desenvolvem por meio da reorganizao dos vrios reflexos e, assim, o beb ajusta-se me.

    Algumas evidncias indicam que os bebs pequenos podem exibir alguns tipos de imitao, tais como a protruso da lngua, a extenso do lbio e a abertura da boca (MOURA, 2004), mas parece improvvel que a imitao seja um importante mecanismo da aprendizagem nos primeiros meses de vida.

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    Ser discutido a seguir, no subttulo, o desenvolvimento cognitivo da criana de 0 a 2 anos, a maneira pela qual os fatores biolgicos e ambientais contribuem para a mudana desenvolvimental inicial.

    Habilidades sociais

    Os bebs recm-nascidos so extremamente hbeis em atrair e manter a ateno dos adultos. Eles nascem com capacidades que os predispem troca com seus cuidadores. Essas capacidades fazem parte de programas abertos, geneticamente determinados, mas sensveis ao ambiente, que o preparam para adquirir informaes por intermdio de trocas sociais precoces (MOURA, 2004).

    A capacidade de atrair a ateno dos adultos ligada inclusive sua prpria aparncia atraente e agradvel, que desencadeiam respostas de cuidado parental. O choro tambm altamente eciente. Quem imune a um rostinho de beb ou ao seu choro?

    Saiba mais

    Leia o texto Evidncias sobre caractersticas de bebs recm-nascidos: um convite a reexes tericas e analise a perspectiva do desenvolvimento humano na atualidade (MOURA; RIBAS apud MOURA, 2004).

    2 A CRIANA DE 0 A 2 ANOS

    Algumas particularidades dos recm-nascidos foram discutidas no captulo anterior, agora sero abordadas as caractersticas bsicas do desenvolvimento da criana de zero a dois anos, destacando-se os processos centrais dessa fase do ciclo vital.

    2.1 Desenvolvimento fsico-motor da criana de 0 a 2 anos

    Geralmente, mais do que os homens, as mulheres costumam mudar os cabelos, o modo de se vestir, ganham ou perdem peso. No entanto, apesar de tais mudanas, possvel reconhec-las aps um perodo sem v-las. Entretanto, se cuidssemos 24 horas por dia de um beb durante o primeiro ms e s voltssemos a reencontr-lo um ano depois, provavelmente no o reconheceramos. Isso porque as mudanas que ocorrem nos primeiros anos so drsticas, ou seja, as foras do crescimento e do desenvolvimento, nesse perodo, so muito poderosas.

    O desenvolvimento composto de uma srie de fatores inter-relacionados com os demais aspectos desenvolvimentais: fsicos, cognitivos e psicossociais. Considerando as habilidades de percepo, pode-se armar que se desenvolvem rapidamente nos primeiros dois anos de vida, permitindo criana aprender e explorar o ambiente.

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    Os bebs diferem na velocidade ou ecincia dos processos perceptivos, como, por exemplo, na habituao a estmulos repetidos. Essas variaes esto correlacionadas a medidas posteriores de inteligncia e da linguagem.

    Quanto s habilidades motoras, pode-se armar que so desenvolvidas em uma sequncia, geralmente consideradas como geneticamente programada, evoluindo das simples para as complexas, de acordo com o princpio cfalo-caudal e prximo-distal. No entanto, pesquisas recentes indicam que se trata de um processo contnuo, dinmico e multifatorial de interao entre o beb e o ambiente.

    Resumidamente, o desenvolvimento motor ocorre da seguinte forma:

    de reexos simples para os mais deliberados (complexos);

    da cabea para os artelhos e do interior para o exterior;

    contnua, dinmica e multifatorial (interao beb e o meio).

    O marco inicial do desenvolvimento motor :

    1 erguer a cabea (por volta dos 4 meses);

    2 engatinhar pelo cho (9/10 meses);

    3 caminhar (12 meses).

    Ainda no que diz respeito s novas habilidades motoras, percebe-se que elas interferem, ou seja, acabam por determinar a forma pela qual a criana conhece e se relaciona com o mundo. Uma criana que engatinha ou anda, explora ativamente o seu ambiente, tentando conhec-lo em detalhes, tenta pegar tudo o que est em seu campo visual, as tomadas so um alvo, os objetos sob uma mesa de centro de sala tambm, inclusive aqueles que so relquias de famlia, tudo isso trar implicaes, provocando alteraes no relacionamento dos cuidadores com as crianas, como, por exemplo, as crianas passam a ouvir uma srie de nos. Esse exemplo cotidiano nos ajuda a dimensionar como os diferentes aspectos desenvolvimentais so inter-relacionados de forma imbricada.

    Nos primeiros 24 meses de vida, os avanos fsico-motores so impressionantes. Imagine um beb recm-nascido que no consegue nem mesmo suportar a prpria cabea e a criana de dois anos que capaz de correr. Pense em quantas habilidades intermedirias so necessrias para esse salto desenvolvimental.

    O desenvolvimento fsico marcado por um processo maturacional que vai gradativamente fazendo com que a criana adquira novas possibilidades. Quando o sistema nervoso central, os msculos e os ossos esto sucientemente maduros e o ambiente oferece oportunidades adequadas, os bebs no param de surpreender os adultos com as novas habilidades.

    As habilidades motoras so desenvolvidas em uma sequncia, a qual geralmente considerada como geneticamente programada. As habilidades evoluem das simples para as complexas e de acordo com

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    o princpio cfalo-caudal e prximo-distal, como j mencionado anteriormente. No entanto, pesquisas recentes (THELEN, 1995 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006) indicam que se trata de um processo contnuo, dinmico e multifatorial de interao entre o beb e o ambiente.

    A maturao sozinha no pode explicar adequadamente tais observaes [...], o beb e ambiente formam um sistema interligado, e o desenvolvimento tem causas interativas (THELEN, 1995 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006, p. 117).

    Nas situaes cotidianas, a interao ambiental pode ser facilmente evidenciada por meio de um bate-papo com mulheres, hoje, na faixa dos 60-70 anos. Elas certamente vo relatar que os bebs de hoje so muito mais espertos do que os de seu tempo e contaro que antes os bebs nasciam e cavam na penumbra por pelo menos sete dias, demoravam a abrir os olhos; havia o costume de enfaixar todo o corpo dos bebs e, assim, eles demoravam mais para desenvolver os movimentos etc. Assim, pode-se armar que fatores ambientais, inclusive padres culturais, podem afetar o ritmo de desenvolvimento motor.

    O desenvolvimento pode ser visto enquanto uma srie de adaptaes imediatas s condies presentes, bem como enquanto um processo cumulativo no qual estgios sucessivos esto calcados sobre estgios anteriores (KAPLAN; DOVE, 1987 in PAPALIA; OLDS, FELDMAN 2006).

    A seguir, sero descritas as principais conquistas motoras (GESELL, 2000) ao longo dos dois primeiros anos de vida:

    Figura 9 Beb em posio prona, deitado de bruos

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    1 ms

    Se removido o suporte da cabea, esta pender para um dos lados (ao sentar o beb, a cabea cair para trs).

    Quando em posio supina deitado de costas , o beb dobrar os braos sobre o trax.

    Quando em posio prona deitado de bruos , ele elevar o tronco e virar a cabea para libertar o nariz.

    Quando em posio supina deitado de costas , se mostramos um objeto atraente, ele o seguir at a linha mdia.

    Quando a palma da mo for tocada, o beb a fechar e segurar o objeto.

    2 meses

    Quando seguro verticalmente, o beb sustentar a cabea momentaneamente.

    Quando em posio prona, o beb levantar a cabea de uma superfcie plana e a sustentar por segundos (quando puxado para a posio sentada, a cabea pende bastante, mas no completamente).

    Os olhos seguiro um objeto que se move horizontalmente, pelo menos at a linha mdia, com o foco melhorado.

    Olha xamente rostos prximos a ele.

    Segura momentaneamente um chocalho, quando este for colocado em sua mo.

    Presena da ao reexa quando o agarra.

    3 meses

    Em posio sentada, o beb car com a cabea ereta, sem oscilar, por cinco segundos suas costas permanecem uniformemente arredondadas.

    Em posio prona, aparece um movimento de alternao de pernas e braos, bastante elementar, quando puxado para a posio sentada, a cabea pende um pouco.

    Em posio prona, levanta o trax 5 cm da superfcie.

    Os olhos seguem continuamente uma argola pendurada em um barbante, medida que esta se movimenta em crculos (180 graus de deslocamento).

    Quando se coloca um objeto na mo do beb, ele o segurar frente dos olhos, tentar mord-lo ou bater nele, normalmente utilizando ambas as mos.

    4 meses

    A cabea se mantm rme quando a criana segura na posio ereta.

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    Quando na posio supina, virar para o lado. Os braos fazem movimentos de natao.

    A posio sentada a preferida (com apoio). A curvatura das costas limita-se regio lombar.

    A criana comea a alcanar os objetos que v (coordenao ocular-motora) e a lev-los boca.

    Olha e brinca com os dedos, uma mo segura a outra.

    5 meses

    Quando seguro em p, consegue erguer momentaneamente um dos ps.

    Apoiando-se nos dedos de algum, quando deitado, capaz de se puxar para a posio sentada, j no pende.

    Quando em posio prona, ao levantar a cabea, o maior peso est nos antebraos.

    Quando balanamos um objeto sua frente, ele o puxa em sua direo.

    Consegue segurar um cubo, precariamente.

    6 meses

    Quando em posio prona, toda a parte superior do abdmen ca acima superfcie (o beb apoia-se nas mos com os braos estendidos).

    Ele tem controle da cabea em todas as posies, deitando de costas, levanta a cabea espontaneamente.

    Quando em p, seu peso maior repousa nos ps.

    Quando em posio prona, empurra-se mais com as mos do que com os ps, movimentando-se para trs.

    Mantm a mo estendida em direo a um objeto, durante diversos segundos, tentando agarr-lo e, se est ao seu alcance, agarra-o com facilidade.

    capaz de agarrar um cordo, com presso palmar, passa objetos de uma mo para a outra.

    Senta-se no cho com as mos para frente para se apoiar.

    Vira-se da posio de bruos para a de costas.

    7 meses

    Quando em posio prona, consegue levantar o trax usando somente uma das mos.

    Quando seguro de p, pula com prazer.

    capaz de car sentado no cho por alguns momentos sem se apoiar.

    Balana-se sobre as mos e os joelhos (engatinhar 1).

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    capaz de tirar um objeto de dentro do outro (um cubo de dentro de uma caneca, por exemplo).

    O beb pega objetos com o polegar e os dedos em completa posio, sem o uso da palma das mos.

    Come bolacha sozinho.

    8 meses

    Movimenta-se para frente e para trs, sobre as mos e os joelhos, os quais trabalham juntos (engatinhar 2).

    capaz de sentar-se sozinho, sem apoio.

    Ele capaz de segurar uma bolinha com os dedos permanecendo apoiado na mesa.

    Se um objeto colocado sobre a mesa, ela o pega e bate-o.

    Figura 10 Beb sentado

    9 meses

    Levanta-se da posio prona para a sentada e vice-versa.

    Na posio sentada, desliza pelo cho.

    Quando sentado, o beb se inclina para frente, consegue recuperar o equilbrio.

    As mos e os joelhos estabelecem movimentos alternativos (engatinhar 3).

    A criana capaz de tocar um sino, imitando algum.

    Apoiado na grade, sustenta todo seu peso.

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    Figura 11 Beb engatinhando

    10 meses

    Puxa-se para car em p e mover-se nessa posio, segurando na moblia ou na mo de algum.

    Fica em p sem apoio, vrios segundos.

    Engatinha bem e consegue passar sobre obstculos baixos.

    Rola uma bola, quando sentado.

    Soltar os objetos bruscamente, os dedos abrem-se para soltar.

    Quando um cubo dado para o beb e depois outro, ele normalmente bate um contra o outro, quando um terceiro colocado sua frente, ele tenta pag-lo.

    Quando uma bolinha oferecida ao beb, ele aproxima o indicador do objeto fazendo oposio polegar-indicador em uma preenso em pina.

    11 meses

    Quando de p, com apoio, consegue levantar um dos ps.

    Eleva-se posio de p (com apoio).

    Consegue colocar um objeto pequeno dentro de um maior (primeira evidncia de que j pode soltar).

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    Pula agarrado a grades.

    Permanece de p, sem apoio.

    Engatinha (plantgrado) com apenas ps e mos no cho (urso).

    12 meses

    Quando sentado, capaz de se virar.

    Anda segurando por uma das mos.

    Tenta fazer construes colocando os cubos um sobre o outro.

    Em seguida a uma demonstrao, consegue fazer algum tipo de marca de lpis sobre um papel.

    Pina na.

    14 meses

    capaz de andar sozinho trs metros de forma normal, com alterao equidistante dos ps.

    Quando anda, capaz de parar, recuperar o equilbrio e comear a andar novamente.

    A nica forma que a criana consegue para sair da posio de p para a sentada deixando-se cair.

    capaz de segurar, tirar e recolocar encaixes simples no tabuleiro (dando-se o tabuleiro com as formas dentro).

    16 meses

    Anda bem, com alterao equidistante dos ps, cai raramente.

    capaz de subir escadas, de gatinhas.

    Abaixa-se e volta posio em p depois de curvar-se.

    Depois de um exemplo, capaz de colocar um cubo sobre outro (torre 2).

    Depois de uma demonstrao, o beb rabiscar um papel com um lpis com a mo fechada.

    Pode alimentar-se sozinho, beber em um copo.

    18 meses

    capaz de arremessar um objeto independentemente do estilo e da direo.

    O andar harmnico, embora parar quando corre ainda seja difcil.

    Corre desajeitadamente (parece incapaz de dobrar os joelhos).

    Puxa brinquedos de rodas.

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    No capaz de chutar uma bola, d um passo em direo a ela, entretanto, na hora de chutar, erra o alvo.

    Faz torre de trs cubos.

    Rabisca espontaneamente (garatujas), os rabiscos tendem a ser circulares.

    Vira pginas de um livro, diversas pginas de cada vez.

    Imita traos.

    Controla a colher.

    21 meses

    Chuta uma bola (sem direo).

    capaz de descer deliberadamente de uma cadeira.

    Destampa uma caixa em forma de paraleleppedo.

    Desembrulha uma bala ou tira a casca de uma banana.

    Faz torre de 5-6 cubos.

    Figura 12 Criana andando sozinha

    24 meses

    Atira um objeto por cima do outro (lanamento).

    Recolhe objetos do cho sem cair (agachado).

    Corre mais do que anda.

    Anda para trs.

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    Sobe e desce escada sozinho, colocando os dois ps em cada degrau.

    Faz torre de 6-7 cubos.

    Vira uma pgina de livro de cada vez.

    capaz de fazer dobras identicveis, seguindo um modelo adulto.

    Desembrulha embalagens.

    2.2 Desenvolvimento cognitivo da criana de 0 a 2 anos

    Laura tem trs meses. Ao seu redor, imagens, sons, cheiros e sensaes fsicas novas e em constante mudana como que rodopiam sua volta. Ela precisa entender tudo isso, interligando cheiros com imagens visuais, sabores com sensaes, percepes de objetos, pessoas e at mesmo as partes de seu prprio corpo, percebendo quais delas permanecem as mesmas e quais se modicam, em qual sequncia e outras coisas mais.

    Para discutir a questo do desenvolvimento cognitivo, parece interessante iniciar falando um pouco sobre o que cognio. A cognio o pensamento em sentido mais amplo. Envolve inteligncia e aprendizagem, memria e linguagem, fatos e conceitos, percepo e pressupostos. Bebs nascem com a capacidade de aprender a partir de suas experincias sensoriais, ou seja, daquilo que eles podem ver, ouvir, cheirar, degustar ou tocar, alm de terem certa capacidade de lembrar o que aprenderam. Sendo assim, eles podem aprender por condicionamento, habituao ou imitao, coordenando as informaes sensoriais. O beb costuma car mais atento aos estmulos novos do que aos familiares; tambm repetem comportamentos que lhes so agradveis; tendem a repetir uma ao aprendida anteriormente quando se lembram do seu contedo.

    O beb nasce com ferramentas bsicas para a construo do conhecimento, sendo um ser ativo no seu desenvolvimento, naturalmente curioso, engajado na explorao do meio, buscando o entendimento, o conhecimento do mundo e buscando adaptar-se a ele.

    Na psicologia h diferentes abordagens que estudam o desenvolvimento humano. No aspecto cognitivo podem-se destacar quatro principais abordagens, a saber, da aprendizagem, psicomtrica, de processamento de informaes e a piagetiana.

    As teorias da aprendizagem estudam a mecnica bsica da aprendizagem. Preocupam-se em como o comportamento muda em resposta experincia. Os bebs nascem com muitos mecanismos que lhes permitem aprender a partir das experincias ambientais. Essa aprendizagem pode assumir vrias formas, tais como a habituao, o condicionamento clssico, o condicionamento operante e a imitao.

    Resumidamente, ser denido cada um desses conceitos sem, no entanto, serem explorados na sua complexidade, j que a proposta apenas ressaltar as diferentes compreenses sobre o desenvolvimento humano.

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    A habituao a diminuio de resposta a um estmulo que se torna familiar. Quando um indivduo exposto a um estmulo forte ou desconhecido, ele apresenta reaes como sobressalto, xar os olhos no estmulo, alterao na taxa de batimentos cardacos etc.; quando ocorre a habituao, o indivduo deixa de reagir dessa forma. Por exemplo, se um beb colocado em um local onde tem um relgio que soa a cada hora, ele poder se sobressaltar; entretanto, se ele for continuamente exposto a essa situao, ocorrer habituao.

    No condicionamento clssico, um estmulo neutro provoca uma resposta originalmente produzida por outro estmulo. Por exemplo, os bebs sugam, por reexo, gua com acar quando colocada em sua boca com um conta-gotas; se um som, repetidas vezes preceder a gota de gua com acar, os bebs iro sugar quando ouvirem o som (LIPSITT, 1990 apud KAIL, 2004); e assim ocorre com inmeras situaes cotidianas do beb, em que um estmulo neutro, como uma msica, um som, um jeito especco de chamar o beb, eliciam a mesma reao que um estmulo especco, como a amamentao ou a hora do banho, ou ainda, a hora de passear ao sol. Nesse caso, diz-se que o beb foi condicionado ao estmulo.

    O condicionamento operante se refere relao entre as consequncias do comportamento e a probabilidade de que este ocorra novamente. Skinner (1904-1990) adotou o termo reforo para designar qualquer evento que aumente a frequncia de um comportamento.

    Uma resposta deve ser dada para que depois surja o reforo, que, por sua vez, torna mais provvel nova ocorrncia do comportamento. A resposta foi instrumental para que o reforo surgisse. Assim, por exemplo, se um beb sorri e em resposta os adultos sorriem e abraam-no etc., essa consequncia agradvel torna mais provvel que o beb sorria mais vezes. Por outro lado, se o beb se aproxima da escada e todos gritam e cam zangados, essa consequncia desagradvel tornar menos provvel que esse comportamento persista.

    A aprendizagem tambm ocorre via imitao, ou seja, o beb aprende observando o comportamento das pessoas que o rodeiam. Como j discutido, h pesquisas que indicam que os recm-nascidos apresentam capacidade de imitao de alguns comportamentos e, ao longo do primeiro ano de vida, os bebs so capazes de imitar uma srie crescente de comportamentos.

    A abordagem psicomtrica tem como propsito medir as diferenas individuais em termos de quantidade de inteligncia. Quanto mais alto o escore de uma pessoa em um teste de inteligncia (QI = quociente de inteligncia), mais inteligente presume-se que ela seja.

    Os testes psicomtricos aplicados em bebs enfatizam as habilidades motoras e sensoriais. Geralmente so fracos na previso de inteligncia posterior na infncia e na idade adulta. Existe uma correlao entre o desempenho cognitivo de uma criana e as interaes ambientais; se a criana est inserida em um ambiente responsivo, favorecedor, ela tende a ter bons resultados nos testes de inteligncia; por outro lado, se a criana est em um ambiente pouco responsivo, desfavorvel ao desenvolvimento a chance de bons resultados nos testes diminui (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 2004).

    A abordagem do processamento de informaes estuda os processos envolvidos na percepo e no processamento da informao, centra-se nas diferenas individuais quanto ao modo como os

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    PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL

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    indivduos usam sua inteligncia, como manipulam smbolos e o que fazem com as informaes que percebem.

    A teoria do processamento de informao surgiu na dcada de 1960 e agora uma das principais abordagens do desenvolvimento cognitivo (KAIL; BISANZ, 1992 apud KAIL, 2004). A meta descobrir o que os bebs, as crianas e os adultos fazem com a informao desde o momento em que a recebem at sua utilizao.

    Os indicadores da ecincia do processamento de informao em bebs incluem a rapidez de habituao e desabituao, preferncia visual pelo novo e transferncia intermodal. Tais avaliaes tendem a prever a inteligncia posterior. A capacidade de processar informaes inuenciada pela responsividade de adultos signicativos para a criana.

    E, por ltimo, ser apresentada a abordagem piagetiana. Jean Piaget (1896-1980), epistemlogo suo, produziu uma das mais importantes teorias sobre o desenvolvimento cognitivo, um trabalho pioneiro que modelou o pensamento de vrias geraes de psiclogos desenvolvimentais.

    Tamanha importncia justica o estudo da teoria piagetiana em destaque uma disciplina especca, psicologia construtivista; aqui, entretanto, o estudo estar restrito formao da inteligncia no marco da atividade sensrio-motora de resposta ao mundo (0 a 2 anos).

    Jean Piaget (1967) considerava que o beb nasce com ferramentas bsicas para a construo do conhecimento, os invariantes funcionais adaptao e organizao. Admitia uma organizao biolgica inicial, que inclui um conjunto de reexos que se transformar pela interao do beb no mundo. Piaget considerava a criana como um ser ativo no seu desenvolvimento, um pequeno cientista, naturalmente curioso, engajado na explorao do meio, buscando o conhecimento do mundo e adaptar-se a ele.

    De acordo com Piaget (1967), o desenvolvimento cognitivo marcado por estdios, cada um desses caracterizado por uma forma distinta de pensar a respeito do mundo e de compreend-lo. As idades indicadas so sempre aproximadas, h variaes individuais de acordo com habilidades e experincia. A criana de zero a dois anos est no estdio sensrio-motor, a criana representa o mundo pelas aes e baseia seus julgamentos nas sensaes e percepes.

    Piaget divide esse perodo em seis subestdios, cujas principais caractersticas esto resumidas a seguir:

    Sensrio-motor seis subestdios (Piaget)

    1 subestdio (exerccio dos reexos 0 a 1 ms).

    2 subestdio (primeiros hbitos adquiridos ou reaes circulares primrias 1 a 4 meses).

    3 subestdio (intencionalidade diviso meio-m 4 a 8 meses).

    4 subestdio (hierarquia de esquemas secundrios 8 a 12 meses).

    5 subestdio (explorao ativa 12 a 18 meses).

    6 subestdio (aparecimento da imagem mental/inveno 18 a 24 meses).

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    1 subestdio (exerccio dos reexos 0 a 1 ms)

    Os comportamentos globais da criana esto determinados hereditariamente e apresentam-se sob a forma de esquemas reexos.

    2 subestdio (primeiros hbitos adquiridos ou reaes circulares primrias 1 a 4 meses)

    Comeam a aparecer as primeiras adaptaes adquiridas. A aquisio de habilidades depende da repetio de