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28/03/2016 PSI Jornal Edição 121 Orientação Voluntariado: de graça não quer dizer de qualquer jeito
http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/121/frames/fr_orientacao.aspx?print=true 1/1
Orientação
Voluntariado: de graça não quer dizer de qualquer jeitoÉ prática antiga em nossa profissão a oferta de serviços voluntários a instituições, principalmente as de natureza filantrópica. Psicólogosrecémformados muitas vezes colocamse à disposição do voluntariado com objetivo diversos, como adquirir experiência, abrir espaçopara um futuro posto de trabalho ou simplesmente desenvolver uma atividade baseada em ideologias religiosas e/ou políticas. Algunsdeles consultam o Conselho para saber se podem fazer publicidade oferecendo atendimento gratuito, fazendo posteriormenteencaminhamentos para clínica/consultório próprio ou para outras instituições.
A variedade de situações verificadas mostra que o voluntariado não é uma questão simples e pode se desdobrar em inúmeras outras quemerecem diferentes respostas. Não cabe ao Conselho, em princípio, proibir o psicólogo de oferecer serviços gratuitamente, mas sim zelarpara que esses serviços sejam de qualidade e atendam aos princípios éticos da profissão. Em função disso, o psicólogo, mesmovoluntário, deve estar registado no CRP SP (e também a instituição a que preste assistência na área psicológica). Esta exigência não éapenas burocrática, mas aponta para a necessidade de reforçarmos o compromisso profissional e combater a mentalidade de que ?degraça podese fazer qualquer coisa, de qualquer jeito?. Além disso, há de se ter todo cuidado para não se estabelecer com a clientela umvínculo de gratidão e submissão que não favorece a saúde mental, particularmente nos aspectos psicossociais, e menos ainda de fazer doserviço prestado um veículo de doutrinação, seja ela qual for, o que caracterizaria infração ética (Artigo 2o, alínea e do Código de Ética).
Problema maior se coloca quando se tratam de psicólogos formados trabalhando como voluntários na rede pública. Poderíamos entenderque estes estariam amparados pela Lei do Voluntariado (No 9.608, de 18/2/98), que define o serviço voluntário como ?atividade nãoremunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenhaobjetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social ...? É uma lei que regulamenta uma atividadecada vez mais presente em nossa sociedade e amplamente discutida por este jornal em sua última edição, referente ao chamado terceirosetor e as polêmicas que suscita.
Um psicólogo voluntário se desobrigaria de qualquer vínculo trabalhista com a instituição em que presta serviço, tendo por isso plenaliberdade de ação no que diz respeito a horários, férias etc. Esse tipo de relação, contudo, pode também impedir a existência de umaatividade planejada e integrada com os outros profissionais, prejudicando a qualidade da assistência prestada. Além disso, o voluntárioestá prestando serviços no lugar de um profissional regularmente contratado para sua função, desobrigando o Estado de cumprir com seudever. Por isso mesmo, a posição do Conselho neste caso é de que o trabalho do psicólogo voluntário deve ser parte de um projeto maior,oferecido e aceito pela instância responsável pelo equipamento e/ou instituição. Reproduzindo o que diz a legislação citada, deve haverum contrato ou termo de adesão entre a entidade pública ou privada e o prestador de serviço voluntário, nele constando o objetivo e ascondições para o exercício da atividade.
As ofertas de serviços gratuitos em clínicas privadas ou consultórios, divulgadas em publicidade, ficam muito próximas das promoçõesque existem para o consumo em geral (ganhe um cartão de crédito e não pague a primeira anuidade, compre três produtos e leve um degraça etc.). Sem esquecer que no exercício das profissões liberais existe o mercado e a competição, preferimos considerar que é aqualidade de nossos serviços e o preço justo cobrado que nos garantirá clientela. Muitos ?jeitinhos? criativos, aparentemente bemintencionados, não condizem com a natureza de nossas atividades.
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