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PROJETO DE LEI Altera a Lei nº 5.406, de 04 de Fevereiro de 2013 – Código de Controle de Posturas e de Atividades Urbanas no Município de Vila Velha,. A CÂMARA MUNICIPAL DE VILA VELHA, Estado do Espírito Santo, no uso de suas atribuições legais, D E C R E T A: Art. 1º O art. 48 da Lei nº 5.406, de 04 de Fevereiro de 2013, o Código de Controle de Posturas e de Atividades Urbanas no Município de Vila Velha, passa a vigorar acrescido dos incisos IV, V e VI, com as seguintes redações: “Art. 48 Ressalvadas as restrições previstas neste Código, os horários de funcionamento normal dos estabelecimentos comerciais, industriais e de prestação de serviços são os seguintes: [...] IV - estabelecimentos comerciais: a) atacadistas: de segunda-feira à sábado, de 10,00 às 22,00 horas; b) varejistas de gêneros alimentícios: de segunda-feira à sábado, de 06,00 às 18,00 horas, havendo tolerância até às 22,00 horas; c) outros varejistas: de segunda-feira à sábado, de 09,00 às 19,00 horas. V - estabelecimentos industriais: de segunda a sexta-feira, de 07,00 às 17,00 horas; aos sábados, de 07,00 às 12,00 horas; VI - estabelecimentos de prestação de serviços: de segunda-feira à sábado, de 09,00 às 19,00 horas.Art. 2º O art. 49 da Lei nº 5.406, de 04 de Fevereiro de 2013, o Código de Controle de Posturas e de Atividades Urbanas no Município de Vila Velha, passa a vigorar acrescido dos incisos XXII e XXIII, com as seguintes redações: “Art. 49. Não estão sujeitos aos horários de funcionamento estabelecidos no artigo anterior: [...] XXII – estabelecimentos que por sua natureza ou atribuição ou

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PROJETO DE LEI

Altera a Lei nº 5.406, de 04 de Fevereiro de 2013 – Código de Controle de Posturas e de Atividades Urbanas no Município de Vila Velha,.

A CÂMARA MUNICIPAL DE VILA VELHA, Estado do Espírito Santo, no uso de suas atribuições legais,

D E C R E T A: Art. 1º O art. 48 da Lei nº 5.406, de 04 de Fevereiro de 2013, o Código de Controle de Posturas e de Atividades Urbanas no Município de Vila Velha, passa a vigorar acrescido dos incisos IV, V e VI, com as seguintes redações:

“Art. 48 Ressalvadas as restrições previstas neste Código, os horários de funcionamento normal dos estabelecimentos comerciais, industriais e de prestação de serviços são os seguintes: [...]

IV - estabelecimentos comerciais:

a) atacadistas: de segunda-feira à sábado, de 10,00 às 22,00 horas; b) varejistas de gêneros alimentícios: de segunda-feira à sábado, de 06,00

às 18,00 horas, havendo tolerância até às 22,00 horas; c) outros varejistas: de segunda-feira à sábado, de 09,00 às 19,00 horas.

V - estabelecimentos industriais: de segunda a sexta-feira, de 07,00 às 17,00 horas; aos sábados, de 07,00 às 12,00 horas;

VI - estabelecimentos de prestação de serviços: de segunda-feira à sábado, de 09,00 às 19,00 horas.”

Art. 2º O art. 49 da Lei nº 5.406, de 04 de Fevereiro de 2013, o Código de Controle de Posturas e de Atividades Urbanas no Município de Vila Velha, passa a vigorar acrescido dos incisos XXII e XXIII, com as seguintes redações:

“Art. 49. Não estão sujeitos aos horários de funcionamento estabelecidos no artigo anterior: [...] XXII – estabelecimentos que por sua natureza ou atribuição ou

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determinação legal dependem de continuidade nos horários de suas atividades; XXIII – distritos, pólos ou aglomerações industriais e pólos comerciais, de prestação de serviços e/ou logísticos.”

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões,

JOÃO ARTEM (PSB) Vereador de Vila Velha

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JUSTIFICATIVA Senhor Presidente, Senhores Vereadores: Visa a presente iniciativa de restabelecer, através dos dispositivos que propostos em acréscimo, as redações respectivas aos incisos I, II e III do art. 48 e I e XXI do art. 49, que suprimidas por veto parcial do Senhor Prefeito Municipal [processo nº 002/2013] ao Autógrafo de Lei nº 3.155/2013, que consolidou todo processo de elaboração, discussão e aprovação, do novo Código de Posturas do Município de Vila Velha, iniciado pelo Projeto de Lei nº 015/2011, de 04.04.2011. Defesa feita contra o veto parcial aposto, esse foi mantido pelo Plenário, proposta então uma revisão para breve dos objetos daquele mesmo veto parcial, revisão essa que até este momento não ocorreu. A questão é que tal ausência de solução tem resultado na ausência de referências essenciais para efeito do regular exercício do poder de polícia pelo Município e para a segurança no exercício das atividades próprias dos estabelecimentos que sujeitos àquele. No sentido do que exposto antes acima, reiteramos, com pequenas adaptações, os argumentos que apresentados à consideração do Plenário desta Casa de Leis, através de parecer da Comissão de Justiça e Redação, visando a rejeição ao veto parcial aposto pelo Senhor Prefeito Municipal, a saber: CONSIDERAÇÕES GERAIS Por primeiro e significativo, cumpre-nos lembrar, que entre a recepção do inicial Projeto de Lei nº 015/2011, de 04/04/2011, até a edição do Autógrafo de Lei nº 3.155/2013, inúmeros foram os debates acerca da modernização do Código de Posturas do Município, até então consistido na Lei nº 2.012, de 08/01/1981, na busca por tratar questões urbanas da atualidade – se assim podemos considerá-las – a exigirem atenção e atuação da Administração Pública, como (a) ordenação da paisagem urbana, com a limitação da presença de equipamentos publicitários; (b) a poluição sonora, enquanto agravo à saúde dos munícipes; e (c) a segurança coletiva, pelo uso adequado de imóveis e o controle de atividades econômicas diversas; e, ao mesmo tempo, permitir a adoção de soluções compatíveis com as melhores expectativas de desenvolvimento para Vila Velha. Assim, respeitada a iniciativa do Poder Executivo e visando o interesse público, foi

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observada a prerrogativa deste Poder Legislativo dada pelo caput do art. 10 da Lei Orgânica Municipal.

“Art. 10 - Cabe à Câmara Municipal legislar sobre assuntos de interesse local, observadas as determinações e a hierarquia constitucionais, suplementar a legislação federal e estadual, e fiscalizar mediante controle externo, a administração direta, indireta ou funcional.

§ lº - O processo legislativo, exceto casos especiais dispostos nesta Lei Orgânica, somente se completa com a sanção do Prefeito Municipal.

§ 2º - Em defesa do bem comum a Câmara se pronunciará sobre qualquer assunto de interesse público.”

QUANTO AO ART. 48, INCISOS IV, V E VI Foram razões do Chefe do Executivo para aposição dos vetos: 1. “a limitação imposta para horário de funcionamento acarreta cerceamento a direitos do comércio, da indústria e dos prestadores de serviço de funcionarem no horário comercial estabelecido nacionalmente”; 2. “a proposta do legislativo fixa limites além dos habituais, ferindo, assim, as negociações coletivas privadas, as leis estaduais que tratam da matéria e ainda os acordos e convenções coletivos realizados aos cuidados da Justiça do Trabalho”; 3. “Apresenta-se, portanto, como mais adequado ao Município manter a diretriz adotada, no sentido de que cada estabelecimento possa decidir seu horário de funcionamento de acordo com critério próprio e nos termos das leis que lhe são peculiares”; (a) “[ nesse sentido ] requerendo ao Município, por meio do pagamento das devidas taxas, autorização para horário de funcionamento”; (b) “ficando a critério deste poder [ Executivo ], de acordo com a [ sua ] conveniência e a oportunidade, deferir o pedido formulado”. Pela rejeição dos vetos e a favor da presente iniciativa, por primeiro, observamos que o Chefe do Executivo não disponibilizou, juntamente com a manifestação de suas razões de seu veto aos dispositivos em questão, informações de quais seriam os horários comerciais estabelecidos nacionalmente que, na condição de “direitos do comércio, da indústria e dos prestadores de serviço” viriam a ser cerceados com as redações propostas, naquela oportunidade e nesta.

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Por segundo, fácil ver que as redações das alterações propostas pela Câmara, e agora reiteradas, de forma alguma fixam “limites além dos habituais”, daí porque, entender-se que as mesmas não virão a ferir “negociações coletivas privadas, as leis estaduais que tratam da matéria e ainda os acordos e convenções coletivos realizados aos cuidados da Justiça do Trabalho”. Por terceiro, quando o Chefe do Executivo propôs “como [sendo] mais adequado ao Município”, que se mantenha “a diretriz adotada”, fez alusão às disposições do caput e do § 3º do art. 229-A, da Lei nº 3.375, de 1997, o Código Tributário Municipal, que inclusas pela Lei nº 5.217, de 2011, assim, dando a entender que: (a) equivocadamente, o autor dos vetos apostos defende as referidas disposições do art. 229-A do Código Tributário Municipal como se tais fossem aplicáveis ao estabelecimento de horário de funcionamento normal, quando aquelas se referem, de fato, ao horário de funcionamento especial; e assim, (b) mostrou-se o interesse da Administração Pública fixado na arrecadação de taxas, colocada antes do interesse público, a corresponder esse último ao exercício do poder de polícia e ao dever, especialmente da parte do Executivo, em fazer cessar os agravos à saúde, ao sossego, à segurança, como a outros interesses da coletividade, nos termos dos incisos XVIII do art. 3º e III do art. 4º da Lei Orgânica do Município. Ainda, a fixação de horário de funcionamento normal para estabelecimentos, é ato necessário para que a Administração Municipal possa definir, nos termos da legislação vigente, caso dos artigos 49, 50 e 51 da agora Lei nº 5.406, de 2013, Código de Posturas, e 228 a 230 da Lei nº 3.375, de 1997, Código Tributário Municipal, como nos processos de licenciamento e, nas suas ações fiscalizadoras, as hipóteses previstas de funcionamento não sujeito a horário pré-definido e em horário especial. Em resumo, os horários que são propostos junto ao art. 48 em questão são essencialmente referenciais, de modo algum arbitrários. QUANTO AO ART. 49, INCISOS I E XXI: Foram os dispositivos originalmente vetados:

“Art. 49. Não estão sujeitos aos horários de funcionamento [ normal ] estabelecidos no artigo anterior: I - as indústrias que por sua natureza dependem de continuidade de horário;

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[ ... ] V - barbearias, institutos e salões de beleza, cabeleireiros, clínicas de estética e massagem; [ ... ] VII - hipermercados, supermercados, mercados, minimercados, quitandas, casas de carnes, mercearias, e autoserviços; [ ... ] X - estabelecimentos de ensino, de cultura física, de diversões e congêneres; XI - shoppings centers e centros comerciais; [ ... ] XXI - pólos industriais, pólos comerciais e pólos de confecções.”

Por sua vez, foram razões dos vetos que: 1. “Tais atividades, por sua natureza e volume, exigem que o Município mantenha estrutura administrativa de serviços essenciais ao perfeito estado de funcionamento do local de movimento de pessoas”; e, 2. “[...] impõe a designação de serviços de trânsito, de limpeza pública, eis que tais atividades geram uma quantidade significativa de resíduos (interno e externo), bem como a necessidade de fiscalização por todo o horário liberado”; 3. “A manutenção de tais serviços onera este [ao] Poder Executivo [...] já que a alteração introduzida pela Câmara elevará as despesas [...] com o custeio de serviços públicos durante o período de funcionamento, que ficará à livre escolha de tais empresas”; 4. e, assim sendo, “a liberação de horários para as atividades descritas nos incisos, I, V, VII e X ofende a harmonia entre os Poderes constituídos”; 5. “Especificamente com relação às indústrias, liberadas de limitação de horário no inciso I, importa ressaltar que a liberação condiciona-se à avaliação, feita caso a caso quanto à necessidade de manutenção da liberalidade, e ao pagamento de taxa”; 6. “Em relação aos incisos XI e XXI [...] a liberação em tais aglomerados, acarretará a liberação para outras atividades que ali se desenvolvem e que estão limitadas tanto pelo art. 48 como pelas normas gerais que regulam a matéria. Exemplificando, o comércio varejista está sujeito a horário de funcionamento pelas normas estaduais, CLT e convenções coletivas. Se tal atividade estiver localizada dentro de um pólo de confecções, dois regramentos incidirão à hipótese: um que

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limita horário e outro que não limita. Certamente ocorrerá dissenso na aplicação da norma, causando embaraço aos serviços de fiscalização do próprio Município”; 7. Na “[...] Lei nº 2.012/1981, Código de Posturas [...] [havia] previsão de recolhimento de taxa para que cada estabelecimento dessa natureza possa requerer horário especial de funcionamento. Assim, uma vez liberado o horário de funcionamento como proposto [...] ocorrerá perda de receita, o que é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu art. 14 [...]; [essa] lei regula que para a renúncia de receita já prevista, deve ser comprovado que se realizou estimativa do impacto orçamentário, senão vejamos:

“Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

§ 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.

§ 3º O disposto neste artigo não se aplica:

I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º;

II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.””

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Aqui, do mesmo modo que no caso anterior, entendemos deve-se desconsiderar, de pronto, as possibilidades alegadas pelo Chefe do Poder Executivo, em vista da definição de estabelecimentos a serem dispensados da regulação de horários de funcionamento: (a) de aumento de despesas com execução de serviços públicos, por conta da natureza e do volume das atividades envolvidas; e, (b) elevação das despesas do Poder Executivo sobre o Orçamento Municipal corrente. No primeiro caso, à parte a natureza respectiva, o volume daquelas atividades abrangidas é regulado pela demanda e pela concorrência; e, as infraestruturas a serem disponibilizadas para execução dos serviços públicos e para as ações de fiscalização regulares devem estar sempre dimensionadas em consonância com as responsabilidades estabelecidas no próprio Código de Posturas, assim como nos Códigos Municipais de Edificações Gerais [Lei nº 1.674, de 1977], de Limpeza Urbana [Lei nº 2.915, de 1994]; de Meio Ambiente [Lei nº 4.999, de 2010]; e, em especial, no Plano Diretor Municipal [Lei nº 4.575, de 2007], além de outras legislações incidentes. No segundo caso, certo que seja vedada a realização de despesas não previstas no Orçamento Anual corrente, o mesmo não se dá para com a instituição de novas e futuras despesas, cabendo, para relevância a esse entendimento e seus efeitos, lembrar o que o art. 131 e seus incisos I e II da Lei Orgânica Municipal, em salvaguarda em favor do Chefe do Poder Executivo, assim estabelecem: “Art. 131 – É vedado:

I – início de programa ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

II – realização de despesas ou assunção de obrigações diretas que excedam aos créditos orçamentários ou adicionais;

[ ... ]” Tratando “especificamente” dos vetados incisos I, XI e XXI, o Chefe do Executivo voltou a defender que a definição de horários, em função da cobrança da Taxa de Licença para Funcionamento em Horário Especial, se desse, a princípio, sob sua discricionariedade, e não sob aquela fórmula que propugnada pelos Vereadores, ressaltada a competência desta Câmara em dispor sobre quaisquer assuntos de interesse público, nos termos dos artigos 10 e 11 da Lei Orgânica. Ainda, quanto às atividades abrangidas pelos dispositivos ora em questão, tais estão sujeitas a incidência de outras condições superiores aos limites de horários que previstas nas legislações referidas antes acima. E, quanto à possibilidade, sugerida pelo autor dos vetos, antes acima, de ocorrer a

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incidência de dois regramentos sobre os horários de funcionamento das atividades abrangidas, e isso vir então a causar um “embaraço aos serviços de fiscalização do próprio Município”, as soluções são óbvias e recorrentes: (a) quando o que aplicável à atividade específica diferir do que aplicável à área em que aquela for desenvolvida [shopping centers, centros comerciais, pólos industriais, pólos comerciais e pólos de confecções], evidente, incidirá esse último, porquanto mais abrangente; e, (b) quanto à pretensa divergência da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), das convenções coletivas de trabalho, das normas federais e estaduais, para com as normas municipais, as primeiras devem ser respeitadas, seja subjetiva ou subsidiariamente, sob o que dispõem, em especial, o art. 134 da Lei Orgânica e o inciso XXXVI do art. 5º da Constituição Federal, a ressalvar que os conflitos potenciais nesses casos são mediados por outras instâncias de fiscalização; enquanto as últimas do mesmo conjunto, a princípio, prevalecem sobre as normas municipais por hierarquia, mas não quanto ao estabelecimento de horários de funcionamento de estabelecimentos comerciais, que se incluem no âmbito do poder do Município para legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar, no que couber, a legislação federal e estadual, como confirmado por entendimentos do Supremo Tribunal Federal1, nos excertos abaixo e a seguir:

“É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.” (Súmula 645)

"Resolução 12.000-001, do Secretário de Segurança do Estado do Piauí (...). Aparência de ofensa aos arts. 30, I, e 24, V e VI, da CF. Usurpação de competências legislativas do Município e da União (...). Aparenta inconstitucionalidade a resolução de autoridade estadual que, sob pretexto do exercício do poder de polícia, discipline horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais, matéria de consumo e assuntos análogos." (ADI 3.731-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 29-8-2007, Plenário, DJ de 11-10-2007.) No mesmo sentido: ADI 3.691, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 29-8-2007, Plenário, DJE de 9-5-2008. "Os Municípios têm autonomia para regular o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais válidas, pois a Constituição lhes confere competência para legislar sobre assuntos de interesse local." (AI 622.405-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 22-5-2007, Segunda Turma, DJ de 15-6-2007.) No mesmo sentido: AI 729.307-ED, Rel. Min. Cármen

1 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A Constituição e o Supremo. Item 31 de 355. em: <http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?item=446>. acesso em 20.02.2013.

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Lúcia, julgamento em 27-10-2009, Primeira Turma, DJE de 4-12-2009; RE 189.170, Rel. p/ o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 1º-2-2001, Plenário, DJ de 8-8-2003; RE 321.796-AgR, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 8-10-2002, Primeira Turma, DJ de 29-11-2002;RE 237.965-AgR, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 10-2-2000, Plenário, DJ de 31-3-2000; RE 182.976, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 12-12-1997, Segunda Turma, DJ de 27-2-1998. Vide: ADI 3.731-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 29-8-2007, Plenário, DJ de 11-10-2007.

Quanto a suposta “renúncia de receita”, em contrário às disposições do art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), como por conta da propugnada liberação de horário de funcionamento normal para as atividades abrangidas pelos vetados incisos VII [hipermercados, supermercados, mercados, mini-mercados, quitandas, casas de carnes, mercearias e auto-serviços], XI e XXI, se verifica também uma interpretação equivocada da parte do Chefe do Executivo, a considerar que: (a) a LRF não veda a renúncia de receita nas suas várias formas [art. 14, § 1º], e menos ainda, a “perda de receita”, que acontece, geralmente, por fatos alheios à Administração Pública ou à legislação municipal, ou seja, por conta de crises econômicas, questões estruturais ou ausência de infraestrutura, guerra fiscal entre municípios e estados, situações particulares das empresas ou setores empresariais, e não menos de casos de força maior, como as catástrofes naturais; (b) coerente ao princípio da previsão, estabelece sim a LRF, no caput de seu art. 14, o pré-requisito da demonstração dos impactos que conseqüentes à “concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita”; (c) mas, associando tal mesmo pré-requisito a duas alternativas cuja observação determina o início da vigência do benefício e renúncia da receita, em favor da preservação do Orçamento Anual e do planejamento corrente; (d) assim, sob o inciso I daquele dispositivo [caput do art. 14 da LRF], o início da vigência da concessão do benefício tributário, renúncia de receita, se dá a partir do exercício financeiro subsequente ao de sua proposição; e, (e) e, sob o inciso II daquele mesmo, em vista da concomitante implementação de compensações que levem à recomposição das receitas, no mesmo exercício em que se der a proposição da concessão do benefício tributário. Vale observar também que o autor dos vetos, para dar substância às suas razões, se referiu até aos horários dados pelo art. 48, os quais fez serem suprimidos,

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assim como fez evocar o art. 187 da Lei nº 2.012, de 1981, o Código de Posturas revogado, para relembrar que “já há previsão de recolhimento de taxa para que cada estabelecimento dessa natureza [os que abrangidos pelos vetados incisos XI e XXI do art. 49] possa requerer horário especial de funcionamento”. Por fim, fato é que, quanto à alegada renúncia de receita decorrente da liberação de horários de funcionamento, por conta do não recolhimento de Taxa de Licença para Funcionamento em Horário Especial, não procedeu o Chefe do Executivo, mesmo tendo oportunidade, recursos e meios, com dados reais ou estimativos, qualquer demonstração da relevância da receita, a ser, em hipótese, renunciada. Outrossim, por revisão de nossas posições, buscamos restabelecer ao art. 49 do Código de Posturas apenas os incisos I e XXI, reconstituídos incisos XXII e XXIII, os quais indicavam tratar, a priori, de atividades industriais, exceção ao caso de “pólo comercial”, que se depreende, fazia considerar o Pólo Comercial da Glória, em suas atividades de distribuição e vendas por atacado, mais do que de comércio varejista ou de prestação de serviços. Assim, propomos para os dispositivos cujos efeitos se pretende ver restabelecidos novas redações: ao inciso XXII, para considerar outros “estabelecimentos que por sua natureza ou atribuição ou determinação legal”, em outros ramos de atividade ou para o benefício da população, “dependam de funcionamento contínuo”; e, ao inciso XXIII, por sua vez, as diferentes caracterizações entre distritos, pólos e aglomerações industriais [cf. Almeida, 2006]2, as quais passíveis de coexistência no território do Município, assim como também os pólos comerciais, de prestação de serviços e/ou logísticos. Espera este Mandato que sob a melhor consideração de Vossas Excelências para com a presente iniciativa, esse Poder Legislativo, possa dar mais uma importante contribuição para o desenvolvimento social e econômico de Vila Velha. Sala das Sessões, JOÃO ARTEM (PSB) Vereador de Vila Velha

2 ALMEIDA, Rodrigo Ferraz de. Visão dos empresários sobre governança e desenvolvimento dos arranjos

produtivos locais (APLs) de móveis e de confecções de Ubá e região (Minas Gerais). Universidade Estácio

de Sá, Rio de Janeiro, 2006. Dissertação de Mestrado. 175 p. em <http//:www.portal.estacio.br/.../

dissertação%20-%20rodrigo%20ferraz%20de%20alm> acesso em 24.12.2013