projeto e construcao de sitemas de esgotamento sanitario

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  • Projetos e construo de sistemas de esgotamento sanitrio.

    Guia do profissional em treinamento Nvel 2

    Esgotamento sanitrio

  • Promoo Rede Nacional de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental ReCESA

    Realizao Ncleo Regional Nordeste NURENE

    Instituies integrantes do NURENE Universidade Federal da Bahia (lder) | Universidade Federal do Cear | Universidade Federal da Paraba | Universidade Federal de Pernambuco

    Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministrio da Cincia e Tecnologia I Fundao Nacional de Sade do Ministrio da Sade I Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministrio das Cidades

    Apoio organizacional Programa de Modernizao do Setor de Saneamento PMSS

    Comit gestor da ReCESA Comit consultivo da ReCESA

    - Ministrio das Cidades;

    - Ministrio da Cincia e Tecnologia;

    - Ministrio do Meio Ambiente;

    - Ministrio da Educao;

    - Ministrio da Integrao Nacional;

    - Ministrio da Sade;

    - Banco Nacional de Desenvolvimento

    Econmico Social (BNDES);

    - Caixa Econmica Federal (CAIXA).

    Parceiros do NURENE

    - ARCE Agncia Reguladora de Servios Pblicos Delegados do Estado do Cear - Cagece Companhia de gua e Esgoto do Cear - Cagepa Companhia de gua e Esgotos da Paraba - CEFET Cariri Centro Federal de Educao Tecnolgica do Cariri/CE - CENTEC Cariri Faculdade de Tecnologia CENTEC do Cariri/CE - Cerb Companhia de Engenharia Rural da Bahia - Compesa Companhia Pernambucana de Saneamento - Conder Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - EMASA Empresa Municipal de guas e Saneamento de Itabuna/BA - Embasa Empresa Baiana de guas e Saneamento - Emlur Empresa Municipal de Limpeza Urbana de Joo Pessoa - Emlurb / Fortaleza Empresa Municipal de Limpeza e Urbanizao de Fortaleza - Emlurb / Recife Empresa de Manuteno e Limpeza Urbana do Recife - Limpurb Empresa de Limpeza Urbana de Salvador - SAAE Servio Autnomo de gua e Esgoto do Municpio de Alagoinhas/BA - SANEAR Autarquia de Saneamento do Recife - SECTMA Secretaria de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco - SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia - SEINF Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura de Fortaleza - SEMAM / Fortaleza Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano - SEMAM / Joo Pessoa Secretaria Executiva de Meio Ambiente - SENAC / PE Servio Nacional de Aprendizagem Comercial de Pernambuco - SENAI / CE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial do Cear - SENAI / PE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco - SEPLAN Secretaria de Planejamento de Joo Pessoa - SUDEMA Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente do Estado da Paraba - UECE Universidade Estadual do Cear - UFMA Universidade Federal do Maranho - UNICAP Universidade Catlica de Pernambuco - UPE Universidade de Pernambuco

    - Associao Brasileira de Captao e Manejo de gua de Chuva ABCMAC

    - Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental ABES

    - Associao Brasileira de Recursos Hdricos ABRH

    - Associao Brasileira de Resduos Slidos e Limpeza Pblica ABLP

    - Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais AESBE

    - Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento ASSEMAE

    - Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educao Tecnolgica CONCEFET

    - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA

    - Federao de rgo para a Assistncia Social e Educacional FASE

    - Federao Nacional dos Urbanitrios FNU

    - Frum Nacional de Comits de Bacias Hidrogrficas FNCBHS

    - Frum Nacional de Pr-Reitores de Extenso das Universidades Pblicas Brasileiras

    FORPROEX

    - Frum Nacional Lixo e Cidadania LeP

    - Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental FNSA

    - Instituto Brasileiro de Administrao Municipal IBAM

    - Organizao Pan-Americana de Sade OPAS

    - Programa Nacional de Conservao de Energia PROCEL

    - Rede Brasileira de Capacitao em Recursos Hdricos Cap-Net Brasil

  • Projetos e construo de sistemas de esgotamento sanitrio.

    Guia do profissional em treinamento Nvel 2

    Esgotamento sanitrio

  • Catalogao da Fonte:

    Coordenao Geral do NURENE

    Prof. Dr. Viviana Maria Zanta

    Organizao do guia

    Professor Marco Aurlio Holanda de Castro

    Crditos

    Marco Aurlio Holanda de Castro | Andr Bezerra dos Santos

    Gustavo Paiva Weyne Rodrigues

    Mrcio Botto | Marcos Erick R. da Silva

    Suetnio Bastos Mota | Teresa Chenaud

    Almira dos Santos Frana | Claudiane Quaresma Pinto Bezerra

    Francisco de Assis Cavalcanti Bezerra | Alessandro de Arajo Bezerra

    Central de Produo de Material Didtico

    Patrcia Campos Borja | Alessandra Gomes Lopes Sampaio Silva

    Vivien Luciane Viaro | Hugo Vtor Dourado de Almeida

    Danilo Gonalves dos Santos Sobrinho

    Projeto Grfico

    Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi

    Impresso

    Fast Design

    permitida a reproduo total ou parcial desta publicao, desde que citada a fonte.

    EXX Esgotamento sanitrio: Projetos e construo de sistemas de esgotamento

    sanitrio: guia do profissional em treinamento: nvel 2 / Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (org). Salvador: ReCESA, 2008. 183p.

    Nota: Realizao do NURENE Ncleo Regional Nordeste; coordenao de

    Viviana Maria Zanta, Jos Fernando Thom Juc, Heber Pimentel Gomes e Marco Aurlio Holanda de Castro.

    1. Esgotamento sanitrio no Brasil e sua relao com a sade

    pblica. 2. Concepo dos sistemas de esgotamento sanitrio. 3. Sistemas individuais para esgotamento sanitrio 4. Sistema coletivo do tipo separador absoluto para o esgotamento sanitrio 5. Sistema condominial de esgoto sanitrio. 6. Locao e rgos acessrios da rede. 7. Materiais das tubulaes. 8. Vazes de projeto. 9. Noes de hidrulica aplicada ao esgotamento sanitrio. 10. Dimensionamento de trechos. 11. Modelos computacionais para projetos de sistemas de esgotos. 12. Noes de projeto de estao elevatria. 13. Tipos de bombas, variao de rotao e motores. 14. Mtodos construtivos de redes de esgoto. 15. Informaes cadastrais e controle operacional de redes de esgotos. 16. Interferncias com o sistema de drenagem urbana e outras redes de servios urbanos.

  • Apresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESA

    A criao do Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades no

    Governo do Presidente Luiz Incio Lula da

    Silva, em 2003, permitiu que os imensos

    desafios urbanos passassem a ser

    encarados como poltica de Estado. Nesse

    contexto, a Secretaria Nacional de Secretaria Nacional de Secretaria Nacional de Secretaria Nacional de

    Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental (SNSA) inaugurou

    um paradigma que inscreve o saneamento

    como poltica pblica, com dimenso

    urbana e ambiental, promotora de

    desenvolvimento e reduo das

    desigualdades sociais. Uma concepo de

    saneamento em que a tcnica e a

    tecnologia so colocadas a favor da

    prestao de um servio pblico e

    essencial.

    A misso da SNSA ganhou maior relevncia

    e efetividade com a agenda do saneamento

    para o quadrinio 2007-2010, haja vista a

    deciso do Governo Federal de destinar,

    dos recursos reservados ao Programa de

    Acelerao do Crescimento (PAC), 40

    bilhes de reais para investimentos em

    saneamento.

    Nesse novo cenrio, a SNSA conduz aes

    de capacitao como um dos instrumentos

    estratgicos para a modificao de

    paradigmas, o alcance de melhorias de

    desempenho e da qualidade na prestao

    dos servios e a integrao de polticas

    setoriais. O projeto de estruturao da Rede Rede Rede Rede

    de Capacitao e Extenso Tecnolgica em de Capacitao e Extenso Tecnolgica em de Capacitao e Extenso Tecnolgica em de Capacitao e Extenso Tecnolgica em

    Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental ReCESA ReCESA ReCESA ReCESA constitui

    importante iniciativa nessa direo.

    A ReCESA tem o propsito de reunir um

    conjunto de instituies e entidades com o

    objetivo de coordenar o desenvolvimento

    de propostas pedaggicas e de material

    didtico, bem como promover aes de

    intercmbio e de extenso tecnolgica que

    levem em considerao as peculiaridades

    regionais e as diferentes polticas, tcnicas

    e tecnologias visando capacitar

    profissionais para a operao, manuteno

    e gesto dos sistemas e servios de

    saneamento. Para a estruturao da ReCESA

    foram formados Ncleos Regionais e um

    Comit Gestor, em nvel nacional.

    Por fim, cabe destacar que este projeto tem

    sido bastante desafiador para todos ns:

    um grupo predominantemente formado por

    profissionais da rea de engenharia que

    compreendeu a necessidade de agregar

    outros olhares e saberes, ainda que para

    isso tenha sido necessrio "contornar todos

    os meandros do rio, antes de chegar ao seu

    curso principal".

    Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA

  • NURENENURENENURENENURENE

    O Ncleo Regional Nordeste (NURENE) tem

    por objetivo o desenvolvimento de

    atividades de capacitao de profissionais

    da rea de saneamento, em quatro estados

    da regio Nordeste do Brasil: Bahia, Cear,

    Paraba e Pernambuco.

    O NURENE coordenado pela Universidade

    Federal da Bahia (UFBA), tendo como

    instituies co-executoras a Universidade

    Federal do Cear (UFC), a Universidade

    Federal da Paraba (UFPB) e a Universidade

    Federal de Pernambuco (UFPE).

    O NURENE espera que suas atividades

    possam contribuir para a alterao do

    quadro sanitrio do Nordeste e,

    consequentemente, para a melhoria da

    qualidade de vida da populao dessa

    regio marcada pela desigualdade social.

    Coordenadores Coordenadores Coordenadores Coordenadores Institucionais do NURENEInstitucionais do NURENEInstitucionais do NURENEInstitucionais do NURENE

    Os Guias Os Guias Os Guias Os Guias

    A coletnea de materiais didticos

    produzidos pelo NURENE composta de 19

    guias que sero utilizados nas Oficinas de

    Capacitao para profissionais que atuam

    na rea de saneamento. Quatro guias

    tratam de temas transversais, quatro

    abordam o manejo das guas pluviais, trs

    esto relacionados aos sistemas de

    abastecimento de gua, trs so sobre

    esgotamento sanitrio e cinco versam sobre

    o manejo dos resduos slidos e limpeza

    pblica.

    O pblico alvo do NURENE envolve

    profissionais que atuam na rea dos

    servios de saneamento e que possuem um

    grau de escolaridade que varia do semi-

    alfabetizado ao terceiro grau.

    Os guias representam um esforo do

    NURENE no sentido de abordar as temticas

    de saneamento segundo uma proposta

    pedaggica pautada no reconhecimento

    das prticas atuais e em uma reflexo

    crtica sobre essas aes para a produo

    de uma nova prtica capaz de contribuir

    para a promoo de um saneamento de

    qualidade para todos.

    Equipe da Central de ProduEquipe da Central de ProduEquipe da Central de ProduEquipe da Central de Produo de Material Didtico o de Material Didtico o de Material Didtico o de Material Didtico CPMD CPMD CPMD CPMD

  • Apresentao da rea temticaApresentao da rea temticaApresentao da rea temticaApresentao da rea temtica

    Esgotamento sanitrioEsgotamento sanitrioEsgotamento sanitrioEsgotamento sanitrio

    O tema esgoto foi dividido em duas grandes

    reas: esgotamento sanitrio e tratamento de

    esgotos. Na parte de esgotamento sanitrio,

    consideraram-se os aspectos relacionados aos

    fundamentos de projeto, operao e

    manuteno das diversas partes que compem o

    sistema, de forma a proporcionar audincia

    uma viso macro do assunto. Na parte do

    tratamento de esgotos, procurou-se, alm de

    abordar os aspectos de projeto, operao e

    manuteno de ETEs, atentar sobre a

    importncia do mesmo na questo da sade

    pblica, alm de formas de reuso de esgotos e

    lodo em irrigao. Finalmente, abordou-se o

    assunto qualidade de gua e controle de

    poluio de uma maneira simples e objetiva,

    tentando assim mostrar a enorme importncia

    do assunto aos dois pblicos alvos do NURENE.

    Conselho Editorial Conselho Editorial Conselho Editorial Conselho Editorial de Esgotamento Sanitriode Esgotamento Sanitriode Esgotamento Sanitriode Esgotamento Sanitrio

  • Sumrio

    ESGOTAMENTO SANITRIESGOTAMENTO SANITRIESGOTAMENTO SANITRIESGOTAMENTO SANITRIO NO BRASIL E SUA REO NO BRASIL E SUA REO NO BRASIL E SUA REO NO BRASIL E SUA RELALALALAO COM A SADE PBLIO COM A SADE PBLIO COM A SADE PBLIO COM A SADE PBLICACACACA................................... 10 CONDIES DE SANEAMENTO BSICO E SADE............................................................................................................ 10

    MECANISMOS DE CONTATO COM DEJETOS ................................................................................................................... 11

    DEJETOS E DOENAS .................................................................................................................................................... 13

    CONTROLE DE DOENAS VEICULADAS A PARTIR DE DEJETOS ....................................................................................... 16

    CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................................................................... 17

    CONCEPO DOS SISTEMCONCEPO DOS SISTEMCONCEPO DOS SISTEMCONCEPO DOS SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SAAS DE ESGOTAMENTO SAAS DE ESGOTAMENTO SAAS DE ESGOTAMENTO SANITRIONITRIONITRIONITRIO ........................................................................ 18 SISTEMAS INDIVIDUAISSISTEMAS INDIVIDUAISSISTEMAS INDIVIDUAISSISTEMAS INDIVIDUAIS PARA ESGOTAMENTO SA PARA ESGOTAMENTO SA PARA ESGOTAMENTO SA PARA ESGOTAMENTO SANITRIONITRIONITRIONITRIO ............................................................................. 23

    SOLUES POR VIA SECA.............................................................................................................................................. 23

    SOLUES POR VIA HDRICA......................................................................................................................................... 27

    SISTEMA COLETIVO DO SISTEMA COLETIVO DO SISTEMA COLETIVO DO SISTEMA COLETIVO DO TIPO TIPO TIPO TIPO SEPARADOR ABSOLUTO PSEPARADOR ABSOLUTO PSEPARADOR ABSOLUTO PSEPARADOR ABSOLUTO PARA O ESGOTAMENTO SAARA O ESGOTAMENTO SAARA O ESGOTAMENTO SAARA O ESGOTAMENTO SANITRIONITRIONITRIONITRIO................ 32 SISTEMA CONDOMINIAL SISTEMA CONDOMINIAL SISTEMA CONDOMINIAL SISTEMA CONDOMINIAL DE ESGOTO SANITRIODE ESGOTO SANITRIODE ESGOTO SANITRIODE ESGOTO SANITRIO.............................................................................................. 34

    SISTEMA CONDOMINIAL DE ESGOTO............................................................................................................................. 35

    LOCAO E RGOS ACELOCAO E RGOS ACELOCAO E RGOS ACELOCAO E RGOS ACESSRIOS DA REDESSRIOS DA REDESSRIOS DA REDESSRIOS DA REDE...................................................................................................... 44 RGOS ACESSRIOS DA REDE .................................................................................................................................... 44

    TRAADO DA REDE ...................................................................................................................................................... 49

    TRAADO RECOMENDADO DE UMA REDE..................................................................................................................... 53

    MATERIAIS DAS TUBULAMATERIAIS DAS TUBULAMATERIAIS DAS TUBULAMATERIAIS DAS TUBULAESESESES ................................................................................................................................. 55 TIPOS DE MATERIAIS..................................................................................................................................................... 55

    CORRUGADO DE DUPLA PAREDE EM PEAD .................................................................................................................. 59

    VAZES DE PROJETOVAZES DE PROJETOVAZES DE PROJETOVAZES DE PROJETO.................................................................................................................................................. 61 CLCULO DAS VAZES DOS ESGOTOS .......................................................................................................................... 68

    CLCULO DAS VAZES DOS COLETORES ...................................................................................................................... 70

    NOES DE HIDRULICANOES DE HIDRULICANOES DE HIDRULICANOES DE HIDRULICA APLICADA AO ESGOTAMEAPLICADA AO ESGOTAMEAPLICADA AO ESGOTAMEAPLICADA AO ESGOTAMENTO SANITRIONTO SANITRIONTO SANITRIONTO SANITRIO ......................................................... 71 ESCOAMENTO COM SUPERFCIE LIVRE OU ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES ........................................................... 72

    ESCOAMENTO RAPIDAMENTE VARIADO ........................................................................................................................ 73

    DETERMINAO DA PROFUNDIDADE CRTICA............................................................................................................... 75

    HIDRULICA DE COLETORES DE ESGOTO ...................................................................................................................... 76

    MATERIAL DO COLETOR ............................................................................................................................................... 80

    DIMENSIONAMENTO DE SEES CIRCULARES ............................................................................................................... 82

    CLCULO DA PROFUNDIDADE REAL.............................................................................................................................. 84

    TENSO TRATIVA ......................................................................................................................................................... 85

    MATERIAL DO COLETOR ............................................................................................................................................... 85

    DIMENSIONAMENTO DE TDIMENSIONAMENTO DE TDIMENSIONAMENTO DE TDIMENSIONAMENTO DE TRECHOSRECHOSRECHOSRECHOS......................................................................................................................... 86 GRADES DE BARRAS ..................................................................................................................................................... 95

  • MEDIDOR DE VAZO: CALHA PARSHALL ..................................................................................................................... 96

    MODELOS COMODELOS COMODELOS COMODELOS COMPUTACIONAIS PARA PRMPUTACIONAIS PARA PRMPUTACIONAIS PARA PRMPUTACIONAIS PARA PROJETOS DE SISTEMAS DOJETOS DE SISTEMAS DOJETOS DE SISTEMAS DOJETOS DE SISTEMAS DE ESGOTOSE ESGOTOSE ESGOTOSE ESGOTOS ............................................ 101 TRAADO DE TRECHOS DE COLETORES ...................................................................................................................... 103

    TERMINAIS DE LIMPEZA .............................................................................................................................................. 105

    POOS DE VISITA ....................................................................................................................................................... 107

    PLANILHA DE CLCULO E DIMENSIONAMENTO HIDRULICO ....................................................................................... 110

    PLANILHA DE QUANTITATIVOS................................................................................................................................... 111

    SIMULAR USANDO O SWMM ..................................................................................................................................... 112

    NOES DE PROJETO DENOES DE PROJETO DENOES DE PROJETO DENOES DE PROJETO DE ESTAO ELEVATRIA ESTAO ELEVATRIA ESTAO ELEVATRIA ESTAO ELEVATRIA ............................................................................................ 115 ESCOAMENTOS LAMINAR E TURBULENTO.................................................................................................................... 115

    FRMULAS EMPRICAS PARA O CLCULO DA PERDA DE CARGA .................................................................................. 119

    PERDAS DE CARGAS LOCALIZADAS ............................................................................................................................. 120

    TIPOS DE BOMBAS, VARTIPOS DE BOMBAS, VARTIPOS DE BOMBAS, VARTIPOS DE BOMBAS, VARIAO DE ROTAO E MIAO DE ROTAO E MIAO DE ROTAO E MIAO DE ROTAO E MOTORESOTORESOTORESOTORES ........................................................................... 129 VELOCIDADE ESPECFICA (NS).................................................................................................................................... 129

    CURVA CARACTERSTICA DE UMA TUBULAO........................................................................................................... 131

    CURVA CARACTERSTICA DE UMA BOMBA (FONTE: SILVESTRE, 1979)....................................................................... 134

    PONTO DE TRABALHO ................................................................................................................................................ 137

    SELEO DE UMA BOMBA ........................................................................................................................................... 137

    MTODOS CONSTRUTIVOSMTODOS CONSTRUTIVOSMTODOS CONSTRUTIVOSMTODOS CONSTRUTIVOS DE REDES DE ESGOTO DE REDES DE ESGOTO DE REDES DE ESGOTO DE REDES DE ESGOTO ......................................................................................... 141 SERVIOS PRELIMINARES............................................................................................................................................. 141

    SINALIZAO DA OBRA .............................................................................................................................................. 142

    LOCAO DA REDE .................................................................................................................................................... 142

    INSTALAO DA REDE ........................................................................................................................................ 145

    SERVIOS COMPLEMENTARES........................................................................................................................... 157

    INFORMAES CADASTINFORMAES CADASTINFORMAES CADASTINFORMAES CADASTRAIS E CONTROLE OPERRAIS E CONTROLE OPERRAIS E CONTROLE OPERRAIS E CONTROLE OPERACIONAL DE REDES DE ACIONAL DE REDES DE ACIONAL DE REDES DE ACIONAL DE REDES DE ESGOTOSESGOTOSESGOTOSESGOTOS.............................. 159 CADASTRO TCNICO DE ESGOTO ............................................................................................................................... 159

    A IMPORTNCIA DO CADASTRO TCNICO DE ESGOTO ............................................................................................... 160

    MAPA URBANO BSICO.............................................................................................................................................. 161

    INTRODUO AO CONTROLE OPERACIONAL DE REDES COLETORAS DE ESGOTO ...................................................... 168

    INTERFERNCIAS COM OINTERFERNCIAS COM OINTERFERNCIAS COM OINTERFERNCIAS COM O SISTEMA DE DRENAGEM SISTEMA DE DRENAGEM SISTEMA DE DRENAGEM SISTEMA DE DRENAGEM URBANA E OUTRAS RED URBANA E OUTRAS RED URBANA E OUTRAS RED URBANA E OUTRAS REDES DE SERVIOS ES DE SERVIOS ES DE SERVIOS ES DE SERVIOS

    URBANOS.URBANOS.URBANOS.URBANOS................................................................................................................................................................ 172 CRESCIMENTO POPULACIONAL E SEU IMPACTO NA DRENAGEM URBANA............................................ 172

    CRESCIMENTO DA CONSTRUO CIVIL E SEU IMPACTO NO SISTEMA DE DRENAGEM................................................... 176

  • Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 10

    Esgotamento sanitrio no Brasil e sua relao com a sade

    pblica

    Autores: Suetnio Mota e Mrcio Botto

    Condies de saneamento bsico e sade

    As aes de saneamento bsico compreendem, principalmente, o

    abastecimento de gua potvel, o esgotamento sanitrio e o manejo

    adequado das guas pluviais e dos resduos slidos. Essas aes

    integradas so indispensveis para que vrias enfermidades no

    ocorram em uma comunidade.

    Muitas doenas so veiculadas a partir de fezes humanas e podem ser

    transmitidas de uma pessoa doente para uma sadia por meio da gua

    ou pelo contato com o ambiente contaminado por dejetos.

    O Brasil um pas com profunda desigualdade social, que torna um

    desafio as aes de promoo da sade. Infelizmente, ainda precrio no Brasil o atendimento

    populao por servios de saneamento bsico, especialmente o esgotamento sanitrio.

    Devido ao lanamento de efluentes de esgoto sem tratamento, com elevada carga de poluio,

    nos recursos hdricos e suas proximidades, a populao est sujeita a captar gua de poos ou

    de mananciais superficiais, imprpria sanitariamente para consumo humano. Mesmo onde os

    esgotos so tratados, os sistemas utilizados, muitas vezes, removem os slidos e a matria

    orgnica presentes, permanecendo elevadas concentraes de organismos patognicos nos

    efluentes lanados nos corpos de gua.

    De acordo com os dados levantados pelo IBGE, em 2005, somente 27% da populao do

    Nordeste e 48% da populao do Brasil contavam com esgotamento sanitrio por rede geral. A

    Figura 1 apresenta as condies de esgotamento sanitrio para cada estado do Brasil no ano de

    2000. Esgotamento sanitrio adequado nesse mapa significa a destinao dos efluentes para

    rede coletora pblica ou para fossa sptica corretamente executada.

    No obstante, o indicador que mais impressiona a falta de banheiros ou sanitrios. Uma em

    cada quatro casas na regio Nordeste no dispe de um sanitrio ou um banheiro, condio

    bsica para destinar adequadamente os resduos fecais (BOTTO, 2006).

    OBJETIVOS:

    Apresentar a realidade

    brasileira quanto

    aos dficits do

    esgotamento

    sanitrio e os

    desafios a serem

    vencidos e a

    importncia deste

    facilidade sanitria

    para a promoo da sade da populao.

  • Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA

    11

    Figura Figura Figura Figura 1111.... Domiclios sem esgotamento sanitrio adequado no Brasil. Censo 2000.

    A inexistncia de sistemas adequados para a destinao dos dejetos pode resultar no contato

    do homem com os mesmos, ocasionando a transmisso de vrias doenas.

    Muitos microrganismos patognicos esto presentes nas fezes humanas e podem alcanar

    outras pessoas por diversas maneiras, causando-lhes doenas.

    A falta de sistemas de coleta, tratamento e destinao final dos esgotos sanitrios resulta em

    formas inadequadas para sua disposio, tais como: lanamento em corpos de gua, disposio

    em terrenos, infiltrao no solo e conseqente poluio da gua subterrnea. Com isso,

    favorece-se o contato, de forma indireta, das pessoas com os dejetos, ocasionando a

    proliferao de doenas.

    Isso ressalta a necessidade da adoo de sistemas adequados para destinao dos resduos

    lquidos, especialmente a execuo de servios coletivos de coleta, tratamento e destinao

    final de esgotos domsticos.

    O destino adequado dos dejetos humanos do ponto de vista sanitrio visa, fundamentalmente,

    a evitar a poluio do solo e dos mananciais e o contato de moscas e baratas (vetores) com as

    fezes, controlando e prevenindo as doenas a eles relacionadas. Do ponto de vista econmico,

    condies adequadas de saneamento propiciam uma diminuio das despesas com o

    tratamento de doenas evitveis, reduo do custo do tratamento da gua de abastecimento,

    pela preveno da poluio dos mananciais e o controle da poluio das praias e dos locais de

    recreao, com o objetivo de promover o turismo e a preservao da fauna aqutica (FUNASA,

    2006).

    Mecanismos de contato com dejetos

    Vrias so as formas das pessoas terem contato com dejetos, como mostrado na Figura 2. As

    principais destinaes dos esgotos domsticos, tratados ou no, so os corpos de gua. O

    lanamento de esgotos na gua geralmente contribui para a ocorrncia de vrias doenas, seja

    Fonte: IBGE Estatcart (2004), sistematizad

    os

    por Bo

    tto (2006).

  • Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA

    12

    pela sua ingesto, por contato com a pele e mucosas, ou quando a mesma usada na irrigao

    ou preparao de alimentos.

    A disposio no controlada de esgotos no solo pode ser causa de doenas, adquiridas pelo

    contato das mos, dos ps ou de outras partes do corpo com o terreno contaminado.

    A falta de higiene pessoal pode levar transmisso de doenas pelo contato de pessoa a

    pessoa (mo x mo) e contaminao de alimentos por meio da manipulao feita por pessoas

    que no lavam as mos aps o uso da privada.

    As moscas e baratas encontram nos dejetos locais para reproduo e para alimentao,

    podendo causar a contaminao de alimentos e do ambiente, resultando na transmisso de

    doenas. A carne de animais que se alimentam de fezes pode, tambm, causar doenas ao ser

    humano, como, por exemplo, a tenase.

    Para que as doenas veiculadas a partir de dejetos no ocorram, necessrio evitar-se essas

    diversas vias de transmisso. Muitas doenas so evitadas com a execuo de sistemas

    adequados de coleta, tratamento e destinao para os esgotos sanitrios, seja por meio de

    solues individuais (fossas), mais indicadas para edificaes isoladas, ou seja, reas de baixa

    densidade, ou pela implantao de servios pblicos de esgotamento sanitrio, solues mais

    recomendadas para as reas urbanas.

    Alm disso, importante a educao sanitria da populao, para que, com a adoo de

    hbitos higinicos, evite a contaminao de outras pessoas, dos alimentos e do ambiente.

    Vrias doenas podem ser transmitidas a partir dos dejetos humanos, por diversos mecanismos

    de veiculao, como mostrado na Figura 2.

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    13

    Figura Figura Figura Figura 2222.... Mecanismos de transmisso de doenas a partir dos dejetos.

    Dejetos e doenas

    O Quadro 1 relaciona algumas doenas veiculadas a partir de dejetos humanos, indicando os

    seus modos de transmisso. Como se pode constatar nesse quadro, os mecanismos de

    transmisso de doenas a partir de dejetos so: gua, alimentos, mos sujas, solo, moscas e

    baratas, carne de animais doentes.

    A giardase, por exemplo, tem sua transmisso pela ingesto de cistos maduros, por meio de

    guas e alimentos poludos por fezes humanas, os quais podem ser contaminados, tambm,

    por cistos veiculados por moscas e baratas; de pessoa a pessoa, por meio de mos sujas, em

    locais de aglomerao humana e onde h m higiene das mos ao alimentar-se. Essa infeco

    com facilidade adquirida quando crianas defecam no cho e, brincando com outras crianas,

    levam as mos boca (NEVES, 2000).

    Moscas

    Baratas

    Ambiente

    Alimentos

    Ingesto

    Carne de Animais

    Dejetos de

    p essoa doente

    Ingesto

    Irrigao

    C Ontato

    Mos

    Ps descalos

    Mos

    Alimentos

    Mos

    Solo

    gua

    Fonte: Adap

    tado de Mota 2006.

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    14

    Quadro Quadro Quadro Quadro 1111.... Doenas transmitidas a partir de dejetos humanos e seus modos de transmisso.

    DOENADOENADOENADOENA MODOS DE TRANSMISSOMODOS DE TRANSMISSOMODOS DE TRANSMISSOMODOS DE TRANSMISSO

    Amebase

    Ancilostomase

    Ascaridase

    Clera

    Diarrias infecciosas

    Esquistossomose

    Febre tifide

    Febre paratifide

    Giardase

    Hepatite infecciosa

    Poliomelite

    Tenase

    Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, moscas, mos sujas

    Contato com o solo contaminado

    Ingesto de ovos contidos no solo e nos alimentos

    Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, mos sujas, moscas

    Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, mos sujas, moscas

    Contato da pele ou mucosas com gua contaminada

    Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, mos sujas

    Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, mos sujas

    Mos contaminadas por fezes contendo cistos; gua e alimentos na

    transmisso indireta

    Contaminao feco-oral; ingesto de gua e alimentos contaminados

    Indiretamente, por meio da ingesto de gua contaminada; as moscas

    podem funcionar como vetores mecnicos

    Carne de animais doentes (que se alimentaram de fezes); transferncia

    direta da mo boca; ingesto de gua ou de alimentos contaminados

    Fonte: Mota (2006)

    Moraes (2000) indica que a prevalncia de Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura maior em

    crianas moradoras de bairros sem esgotamento sanitrio.

    Segundo Marques (2003), citando outros autores, vrios estudos mostram risco aumentado da

    diarria e parasitoses em domiclios sem disposio adequada de dejetos, seja por rede pblica

    ou fossa sptica.

    A clera uma doena que tem nos dejetos a sua origem, sendo uma infeco intestinal aguda

    causada pelo Vibrio cholerae, que uma bactria capaz de produzir uma enterotoxina que

    causa diarria. O V. cholerae penetra no organismo humano por ingesto de gua ou de

    alimentos contaminados (transmisso fecal-oral). Uma pessoa infectada elimina o V. cholerae

    nas fezes por, em mdia, 7 a 14 dias. A gua e os alimentos podem ser contaminados,

    principalmente, por fezes de pessoas infectadas, com ou sem sintomas. Nos anos de 1996 a

    2000 ocorreram 12.284 casos confirmados de clera no Brasil. A forma mais efetiva de impedir

    a instalao da clera em uma localidade a existncia de infra-estrutura de saneamento

    bsico adequada (PEDRO et al., 2007).

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    15

    Outra enfermidade veiculada a partir de dejetos a febre tifide, enfermidade infecciosa

    potencialmente grave, causada por uma bactria, a Salmonella typhi. A principal forma de

    transmisso a ingesto de gua ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou,

    menos freqentemente, com urina contendo a S. typhi. Mais raramente, pode ser transmitida

    pelo contato direto (mo-boca) com fezes, urina, secreo respiratria, vmito ou pus

    provenientes de um indivduo infectado. De 1996 a 2006 foram confirmados 12.303 casos de

    febre tifide no Brasil (CASTIEIRA et al., 2007).

    Nos pases em desenvolvimento, a doena diarrica est entre as principais causas de morbi-

    mortalidade em crianas, sendo ocasionada, predominantemente, pela transmisso feco-oral,

    veiculada por gua e alimentos contaminados por dejetos, devido falta de um adequado

    esgotamento sanitrio.

    Um estudo apresentado na Rio+10 pelo Pacific Institute of Oakland, indicou que o nmero de

    mortes em decorrncia do uso de gua de baixa qualidade pode ultrapassar o de mortes

    causadas pela pandemia global de Aids nas prximas duas dcadas. Mesmo se os atuais

    objetivos das Naes Unidas forem alcanados, ainda assim, 76 milhes de pessoas, a maioria

    crianas, podero morrer devido a doenas evitveis relacionadas com a gua, at 2020 (SADE

    & TECNOLOGIA, 2002).

    Debate

    Voc sabia...Voc sabia...Voc sabia...Voc sabia...

    A falta de acesso gua e saneamento, mata uma criana a cada 19 segundos, em

    decorrncia de diarria?

    Infeces parasitrias transmitidas pela gua ou pelas ms condies de saneamento

    atrasam a aprendizagem de 150 milhes de crianas. Em razo dessas doenas, so registradas 443 milhes de faltas escolares por ano?

    Voc j relacionava a existncia de alguma dessas

    doenas com as deficincias dos sistemas de esgotamento sanitrio? Qual delas?

    Fonte: http://w

    ww.undp.org

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    16

    Controle de doenas veiculadas a partir de dejetos

    De acordo com Heller (1997), possvel afirmar, com segurana, que intervenes em

    abastecimento de gua e em esgotamento sanitrio provocam impactos positivos em diversos

    indicadores de sade. necessrio, no entanto, o aprofundamento dessa compreenso para

    situaes particularizadas, em termos da natureza da interveno, do indicador medido, das

    caractersticas scio-econmicas e culturais da populao beneficiada e do efeito interativo das

    intervenes em saneamento e destas com outras medidas relacionadas sade.

    Heller (1997) ressalta, tambm, a grande importncia da adoo de hbitos higinicos para a

    melhoria das condies de sade, como medida complementar implantao das instalaes

    de saneamento.

    A melhor maneira de evitar o contato de pessoas com dejetos a execuo de sistemas

    adequados de coleta, tratamento e destinao final para os esgotos sanitrios. Em regies

    isoladas, podem ser usadas as fossas: fossa seca ou ecolgica, onde no h gua encanada; e

    fossa sptica, composta de tanque sptico e sumidouro, onde as privadas so providas com

    descarga de gua. Nos centros urbanos com elevada densidade demogrfica, a soluo mais

    indicada a rede coletora pblica de esgoto seguida de estao de tratamento de esgoto, onde

    o mesmo tem suas cargas poluidoras reduzidas antes de ser lanado em algum corpo receptor.

    Alm da destinao adequada dos dejetos para os esgotos sanitrios, a implantao de

    sistemas de abastecimento de gua, a proteo dos alimentos e a educao sanitria so

    medidas preventivas de extrema importncia a serem adotadas no controle de doenas

    veiculadas a partir dos dejetos (DOS SANTOS, 2008). O Quadro 2 relaciona a reduo de casos

    de doenas diarricas com intervenes realizadas na comunidade.

    Quadro Quadro Quadro Quadro 2222.... Reduo de doenas diarricas a partir de intervenes na comunidade.

    INTERVENOINTERVENOINTERVENOINTERVENO REDUO DE DOENAS DIARRICASREDUO DE DOENAS DIARRICASREDUO DE DOENAS DIARRICASREDUO DE DOENAS DIARRICAS

    Higiene (educao sanitria)

    Qualidade de gua melhorada

    Saneamento melhorado

    Quantidade de gua melhorada

    45%

    39%

    32%

    21%

    Fonte: OMS (2004)

    VocVocVocVoc sabia... sabia... sabia... sabia...

    VocVocVocVoc sabia... sabia... sabia... sabia...

    Fonte: http://w

    ww.undp.org

    VocVocVocVoc sabia... sabia... sabia... sabia...

    No mundo, as estimativas apontam para 1,1 bilho de pessoas sem acesso a

    gua limpa, sendo que, dessas, cerca de duas em cada trs vivem com menos de

    dois dlares por dia?

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    17

    ESGOTAMENTO SANITRIO

    EDUCAO SANITRIA

    Consideraes finais

    Pode-se afirmar que o controle da transmisso de doenas a partir de esgotos sanitrios

    depende, basicamente, das aes constantes do trinmio indicado na Figura 3.

    Figura Figura Figura Figura 3333.... Aes para o controle de doenas veiculadas a partir de dejetos

    Para que no ocorram doenas transmissveis por microrganismos patognicos presentes em

    esgotos sanitrios (nas fezes humanas), em uma comunidade, so indispensveis as seguintes

    aes:

    - implantao de sistema de abastecimento de gua potvel.

    - execuo de rede coletora e de estao de tratamento de esgoto sanitrio.

    - educao da populao para a adoo de hbitos de higiene pessoal e do ambiente.

    Exerccios propostos

    1. Explique a relao existente entre saneamento e sade pblica.

    2. Enumere as principais formas que um agente patognico pode chegar ao homem.

    3. Descreva as principais medidas de controle de doenas.

    4. Pesquise sobre a situao do saneamento em sua cidade, em termos de abastecimento de

    gua, esgotamento sanitrio e resduos slidos.

    ABASTECIMENTO DE GUA POTVEL

    Fonte: http://w

    ww.undp.org

    Para saber mais...Para saber mais...Para saber mais...Para saber mais...

    Maiores informaes podem ser obtidas no site: www.undp.org

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    18

    Concepo dos sistemas de esgotamento sanitrio

    Autores: Gustavo Paiva Weyne Rodrigues

    As fases de um projeto de sistema de esgotamento sanitrio

    podem ser divididas em concepo, projeto bsico e projeto

    executivo.

    A concepo do sistema de esgotamento sanitrio pode ser

    definida como o conjunto de estudos referentes ao

    estabelecimento de diretrizes, definies e parmetros

    necessrios para a caracterizao completa do sistema a ser

    projetado. nesta fase que devem ser coletados os elementos

    necessrios ao desenvolvimento dos estudos, com as

    caractersticas das possveis reas a serem esgotadas.

    Segundo Leme (1977), estes elementos so geralmente conseguidos em rgos administrativos

    locais, municipais e estaduais. Dentre os elementos mais relevantes, podem-se citar as cartas

    topogrficas, necessrias ao estudo da topografia e hidrografia da rea em questo e no

    delineamento das bacias contribuintes e possveis corpos receptores capazes de servirem como

    destino final das contribuies coletadas, bem como considerar as regies que no so

    passiveis de esgotamento e, assim, apresentar solues individuais.

    Uma srie de atividades deve ser desenvolvida para o conhecimento da localidade e das

    caractersticas da regio a ser implantado o sistema. Dessas atividades, as principais e

    necessrias para o desenvolvimento de estudos de concepo de sistemas de esgotamento

    sanitrio, so explanadas a seguir.

    Primeiramente, deve ser realizada uma caracterizao sobre a localizao, vias de acesso, infra-

    estrutura existente, cadastro dos sistemas de abastecimento de gua, esgoto, drenagem,

    telefonia, energia, gs etc.

    As condies sanitrias locais e ndices de doenas relacionadas com a gua so indicadores de

    sade da populao. Deve-se, tambm, atentar para um plano de qualidade ambiental, que

    abrange os impactos socioambientais antes e aps a implantao da obra, os planos de manejo

    de fauna e flora (caso seja necessrio) e plano ambiental de instalao do canteiro de obras.

    Ainda, na concepo, a anlise quantitativa e qualitativa no deve ser

    superestimada ou subestimada, ou seja, o sistema deve ser projetado dentro da

    realidade oramentria da localidade. A busca por solues que extrapolem o

    custo previsto para a obra pode levar desistncia por parte dos rgos

    financiadores e a conseqente revogao da execuo do projeto.

    OBJETIVOS:

    Apresentar e discutir

    contedos relacionados aos

    elementos necessrios para

    a concepo de sistemas

    de esgotamento sanitrio e

    os condicionantes tcnicos,

    sociais, econmicos e

    institucionais e do meio

    fisco natural para a adoo

    de uma alternativa tecnolgica.

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    19

    Este ltimo deve contemplar o manejo dos resduos slidos, a captao de gua para o

    abastecimento, a coleta e tratamento de esgotos no canteiro.

    Em casos de substituio e/ou ampliaes da rede, de suma importncia a anlise do sistema

    de esgotamento existente. Devem ser identificados todos os elementos constituintes para uma

    anlise precisa. As ampliaes so dimensionadas levando em conta os trechos existentes e

    suas caractersticas de projeto, como declividade, profundidade, material, etc. H de se levar

    em conta a possvel defasagem de vazo do sistema antigo por meio de ligaes clandestinas e

    obstrues na rede.

    O estudo do traado da rede s pode ser iniciado aps o levantamento topogrfico completo da

    regio. O projetista, com os dados topogrficos, pode delimitar as bacias e/ou sub-bacias

    contribuintes, possibilitando a criao de alternativas para o sistema. Em alguns casos as

    solues podem ser combinadas, ou seja, coletivas e individuais em um mesmo sistema. Nem

    sempre todas as bacias podem ser esgotadas, quer por razes de custos ou pela inexistncia

    de uma destinao final para o tratamento dos esgotos.

    Nos projetos, as solues individuais devem ser includas em pontos de difcil acesso rede

    coletora ou que podem encarecer a obra, seja por instalaes de estaes elevatrias (e seus

    respectivos consumos de energia) ou por escavaes em profundidades muito elevadas.

    Em alguns casos, quando os domiclios no possuem condies mnimas para receber rede

    coletora de esgoto ou soluo individual so previstos os projetos de melhorias sanitrias

    domiciliares que distribuem kits sanitrios contendo chuveiro, pia para lavar as mos, vaso

    sanitrio, pia de cozinha e etc.

    Faz-se necessrio consultar, para cada localidade envolvida (caso haja

    disponibilidade junto aos rgos competentes), a lei de uso e ocupao do

    solo e o plano diretor do municpio. de extrema importncia um estudo

    demogrfico para a definio de populaes (de incio e fim de plano) das

    bacias, localizando e verificando as possveis expanses da localidade, com

    o crescimento e surgimento de novos bairros, bem como examinando quais

    bairros ou setores esto no pice de sua ocupao.

    A formulao de alternativas deve ser criteriosamente analisada e justificada,

    apresentando suas unidades componentes, impactos ambientais e sociais,

    bem como o custo final de cada alternativa. Geralmente, a alternativa que

    acarreta em menores custos a escolhida, porm nem sempre a mais

    eficiente. A opo escolhida dever ter caractersticas como: menor custo,

    menor impacto ambiental e social, menores taxas de desapropriao e etc.

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    20

    O cenrio que apresenta maior custo em sistemas de esgotamento sanitrio so os projetos

    que prevem instalaes de estaes elevatrias para o recalque de esgoto de um ponto de

    cota mais baixa para outro mais elevado, seja para integrar bacias ou para levar o efluente

    estao de tratamento.

    Em relao aos aspectos culturais importante ter conhecimento de como a populao faz uso

    da gua e qual a expectativa da mesma de melhorias no quesito da sade pblica com o

    sistema de esgotos, podendo ser obtidos mediante aplicao de questionrios. importante

    sugerir concessionria do sistema o incentivo a programas de educao ambiental, combate

    ao desperdcio do uso da gua, captao de guas de chuvas, higiene sanitria, entre outros. A

    populao deve participar nos processos de seleo e implantao da soluo para o

    esgotamento sanitrio, assim, alm de conhecer o projeto e suas benfeitorias, pode apresentar

    idias e sugestes que eventualmente podem ser acatadas.

    Sempre que possvel deve-se contratar mo-de-obra local para a implantao do sistema, pois

    acarreta em gerao de empregos e rotatividade de capital. Para regies de menor porte, deve-

    se atentar para o encarregado da manuteno e operao do sistema, o qual deve ser treinado

    e qualificado. Em localidades com maiores restries oramentrias, deve-se prever se o

    faturamento pode cobrir os custos da operao/manuteno peridica do sistema e de seus

    respectivos funcionrios.

    Outro aspecto a ser avaliado so as reas onde h maior ndice de inadimplncia no pagamento

    da tarifa de gua que geralmente apresentam maior resistncia da comunidade em fazer as

    ligaes domiciliares rede coletora pblica de esgotos, j que a tarifa tende a aumentar com a

    oferta deste servio.

    Em solues individuais, como fossa-sumidouro, o usurio deve seguir as normas

    estabelecidas para a limpeza, de modo que no prejudique a eficincia do sistema e,

    conseqentemente, cause danos ao meio ambiente (pela poluio dos solos e lenol fretico) e

    sua sade.

    Geralmente, concomitantemente ao levantamento topogrfico, feito o estudo de sondagem,

    no qual se identifica o tipo de solo, para que seja identificado o tipo de escoramento a ser

    utilizado nos trechos e a possibilidade de uso de explosivos (caso haja formao rochosa ou

    afloramento de rochas em pouca profundidade de escavao).

    Outros fatores tm de ser ponderados para a implantao do sistema, tais como:

    aspectos culturais e sociais da comunidade, disponibilidade de mo-de-obra local para

    treinamento e qualificao com o objetivo de operar e manter o sistema, a disposio

    de pagamento dos usurios, condies econmicas e financeiras do prestador de

    servios, entre outros.

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    21

    Todos os critrios e parmetros de projeto devem ser considerados e justificados, sendo que,

    no caso de falta de dados para os clculos dos mesmos, deve-se seguir a NBR 9649/1986. Os

    principais parmetros so: consumo per capita, coeficientes de variao de vazo (K1, K2 e K3),

    taxa de contribuio industrial, coeficiente de retorno, taxa de infiltrao na rede e etc.

    Na concepo, o relatrio deve conter para cada alternativa o pr-dimensionamento das

    unidades do sistema, apresentando os detalhes das solues coletivas e/ou individuais, o

    estudo das bacias de contribuio, traados da rede, definio do material da rede coletora,

    memrias de clculo, definio do tipo e nvel de tratamento, alm da identificao do corpo

    receptor.

    Para o projeto executivo devem-se apresentar todas as plantas e peas grficas, bem como o

    memorial de clculo de todas as unidades da concepo.

    Conforme Sobrinho e Tsutiya (2000), os sistemas de esgotamento sanitrio devem ser

    projetados para um horizonte de projeto de 20 (vinte) anos e devem ser justificados em casos

    excepcionais. Segundo Rodrigues (2006), este perodo geralmente subdividido em etapas de

    projeto conforme a vida til das estruturas e dos equipamentos, as condies de financiamento

    da obra, a flexibilidade para futuras ampliaes do sistema, entre outros fatores

    preponderantes.

    O quadro a seguir apresenta as vantagens e desvantagens das solues individuais e coletivas e

    seus respectivos impactos socioeconmicos. Vale ressaltar que o uso das duas solues

    combinadas bastante utilizado e constitui mais um recurso para o projetista e, ainda, que

    devem ser justificadas quaisquer solues adotadas em projeto.

    Para refletir

    No municpio no qual voc atua como est o quadro de cobertura de esgotamento sanitrio?

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    22

    Quadro Quadro Quadro Quadro 3333.... Vantagens e desvantagens das solues coletivas e individuais e seus impactos socioeconmicos

    SoluoSoluoSoluoSoluo VantagensVantagensVantagensVantagens DesvantagensDesvantagensDesvantagensDesvantagens

    Individual Baixo custo de implantao

    (impacto econmico positivo);

    Menor nmero de funcionrios

    para operao e manuteno

    (impacto econmico positivo);

    Baixo custo com operao e

    manuteno (impacto econmico

    positivo).

    Menor eficincia no tratamento dos

    esgotos (impacto ambiental negativo);

    Maior risco de contaminao do solo e

    lenol fretico (impacto ambiental

    negativo);

    Menor contratao de mo-de-obra

    necessria para a implantao da obra

    (impacto socioeconmico negativo).

    Coletiva Maior eficincia no tratamento

    (impacto ambiental positivo);

    Menor risco de contaminao do

    solo e lenol fretico (impacto

    ambiental positivo);

    Maior contratao de mo-de-obra

    necessria para a implantao da

    obra (impacto socioeconmico

    positivo).

    Alto custo de implantao (impacto

    econmico negativo);

    Menor nmero de funcionrios para

    operao e manuteno (impacto

    econmico negativo);

    Alto custo com operao e manuteno

    (impacto econmico negativo).

    Necessidade de treinamento de

    funcionrios para a operao e

    manuteno do sistema (impacto

    socioeconmico neutro) *;

    * Apesar de a concessionria investir mais no treinamento do servidor, h o crescimento profissional do

    mesmo por meio de sua qualificao.

    Exerccios propostos

    1. Quais so as fases do projeto e quais os instrumentos que compem cada fase?

    2. Quais os fatores que influenciam no projeto e implantao de um projeto de rede de

    esgoto?.

    Debate

    No municpio no qual voc atua qual a soluo melhor se aplicaria ao projeto? Por qu?

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    23

    Sistemas individuais para esgotamento sanitrio

    Autores: Marcos Erick R. da Silva e Andr Bezerra dos Santos

    A ausncia, total ou parcial, de servios pblicos de esgotos sanitrios

    nas reas urbanas e rurais exige a implantao de algum meio de

    disposio dos efluentes com o objetivo de evitar a contaminao em

    especial do solo e da gua. Assim, em algumas localidades,

    principalmente em regies pouco desenvolvidas, com residncias

    isoladas, com peculiaridades topogrficas, entre outros aspectos scio-

    econmicos e culturais, nem sempre possvel a utilizao de sistemas

    de esgotamento convencional, ou seja, atravs da ligao dos esgotos

    gerados nas edificaes em uma rede coletora. Para estes casos,

    conveniente adotar solues individuais de tratamento dos excretas.

    Podem-se destacar as solues por via seca, ou seja, quando no feito uso de gua, ou por

    via hdrica, quando para afastar os excretas, faz-se uso de descarga de gua de modo

    automtico ou no. Ambas as formas sero detalhadas no presente captulo.

    Solues por via seca

    Todos os tipos de privada includas neste tipo de soluo so variantes da privada com fossa

    seca que tem encontrado vasta aplicao em pases em desenvolvimento, inclusive no Brasil,

    em programas de saneamento bsico. Em geral, esses sistemas so mais adequados para

    regies desprovidas de sistemas de abastecimento de gua, em particular em residncias que

    no dispem de instalaes sanitrias (JORDO e PESSA, 2005).

    Fossa SecaFossa SecaFossa SecaFossa Seca

    Constitui-se de uma escavao feita no terreno, com ou sem revestimento, a depender da

    coeso do solo, de uma laje de tampa com um orifcio que serve de piso, e de uma casinha para

    sua proteo e abrigo do usurio (Figura 4), sendo recomendado tambm contra problemas de

    odores, um sistema de ventilao, constitudo por um tubo localizado na parte interna da

    casinha, junto parede, com a extremidade superior acima do telhado (Figura 4). Esse

    dispositivo destinado a receber somente as excretas, ou seja, no h utilizao alguma de

    gua. As fezes retidas no seu interior se decompem ao longo do tempo pelo processo de

    digesto anaerbia (FUNASA, 2006).

    Uma caracterstica fundamental da fossa seca (e da vem o seu nome) que ela

    no deve receber gua de descargas, de banhos, de lavagem, de enxurrada ou

    mesmo gua do solo quando o nvel da gua subterrnea for muito alto. Os

    principais problemas durante o seu uso so a gerao de odor e a proliferao

    de insetos, particularmente, a mosca.

    OBJETIVOS:

    Apresentar e discutir

    as solues

    individuais, com e

    sem transporte

    hdrico, para o

    destino dos

    esgotos domsticos..

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    24

    Localizao

    Dimensionamento

    Figura Figura Figura Figura 4444.... Esquema em corte de uma fossa seca.

    (a) Fossa seca convencional (b) Fossa seca ventilada

    Fonte: FU

    NASA

    (2006).

    A localizao das fossas secas exige ateno especial devido ao processo de

    infiltrao no solo. Assim, devero ser instaladas, preferencialmente, em

    locais planos, secos, livres de enchentes e de fcil acesso aos usurios.

    Distantes de poos e fontes e em cota inferior a mananciais, a fim de evitar a

    contaminao. A distncia varia com o tipo de solo e deve ser determinada

    localmente. Recomenda-se afastamento de pelo menos 1,5m do excreta em

    relao ao lenol fretico, e de 15 metros em relao a um poo, o qual deve se situar a montante da privada higinica (JORDO e PESSA, 2005).

    Dever ser levado em considerao o tempo de vida til da mesma e as

    tcnicas de construo. Algumas dimenses indicadas para a maioria

    das reas rurais so: abertura circular com 90 cm de dimetro, ou

    quadrada com 80 cm de lado; profundidade variando com as

    caractersticas do solo, o nvel de gua do lenol fretico, etc., recomendando-se valores em torno de 2,5m (FUNASA, 2006).

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    25

    Manuteno

    A limpeza primordial para um programa em que se busca a eliminao de focos favorveis

    transmisso de doenas. Pisos sujos por fezes e urina, ou o que pior, a cova praticamente

    cheia e ainda em uso, constituem pontos de atrao de moscas e roedores, provveis focos de

    contaminao. Deve-se lembrar que muitas vezes essas privadas vo ser instaladas em reas

    onde antes era hbito defecar no terreno, sem maiores cuidados de asseio e de limpeza,

    cabendo, portanto, um trabalho prvio de educao sanitria em relao ao uso e manuteno

    da privada, e conscientizao dos moradores em relao aos benefcios sanitrios e de sade

    pblica (JORDO e PESSA, 2005).

    Vantagens e Desvantagens: diante da aplicao da fossa seca como destino e tratamento de

    esgotos domsticos podem-se citar as seguintes vantagens (FUNASA, 2006):

    Baixo custo;

    Simples operao e manuteno;

    No consome gua;

    Risco mnimo sade;

    Recomendada para reas de baixa e mdia densidade;

    Aplicada a tipos variados de terrenos;

    Permite o uso de diversos materiais de construo.

    Entre as desvantagens destacam-se:

    Imprpria para reas de alta densidade;

    Podem poluir o solo;

    Requer soluo para outras guas servidas.

    Na fossa seca so lanados apenas os dejetos e o papel de limpeza do usurio.

    Entretanto, se ocorrer mau cheiro, recomenda-se empregar pequenas pores de

    sais alcalinizantes, como sais de sdio, clcio e potssio, sendo comum o uso de

    cal ou cinza. conveniente que o recinto seja mantido em penumbra para evitar a

    presena de moscas. Assim, a porta da casinha dever permanecer fechada e a

    ventilao deve ser feita atravs de pequenas aberturas no topo das paredes. Se,

    eventualmente, surgir gua na fossa, propiciando a proliferao de mosquitos

    aconselha-se utilizar derivados de petrleo, sendo mais comum o uso de

    querosene e de leo queimado (FUNASA, 2006).

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    26

    Fossa seca estanqueFossa seca estanqueFossa seca estanqueFossa seca estanque

    Consta de um tanque destinado a receber os dejetos, diretamente, sem descarga de gua, em

    condies idnticas s da privada de fossa seca. Apresenta como principal caracterstica o fato

    de ser totalmente impermeabilizada, sendo, portanto uma soluo indicada para zonas de

    lenol fretico muito superficial, evitando assim o perigo de poluio de poos dos quais

    retirada a gua para abastecimento humano (FUNASA, 2006).

    Fossa Seca de FermentaoFossa Seca de FermentaoFossa Seca de FermentaoFossa Seca de Fermentao

    composta essencialmente de duas cmaras unidas e independentes destinadas a receber os

    dejetos, assim como nas privadas de fossa seca (Figura 5).

    Figura Figura Figura Figura 5555.... Esquema em planta e corte da fossa seca de fermentao.

    De acordo com o tipo de solo, podero ser tanques enterrados, semi-enterrados, ou totalmente

    construdos na superfcie do terreno.

    Quanto ao funcionamento, basicamente, utiliza-se apenas uma das cmaras at esgotar sua

    capacidade, em geral para uma famlia de seis pessoas, a cmara ficar cheia em um ano, isola-

    se esta cmara vedando a respectiva tampa, passando a utilizar a segunda cmara. Nesse

    perodo o material acumulado na primeira sofrer fermentao natural. Quando a segunda

    cmara atingir sua capacidade mxima, o material contido na primeira j estar mineralizado,

    podendo ser removido e utilizado como fertilizante na agricultura, e a mesma poder ser

    utilizada novamente. Assim, sempre que uma cmara estiver sendo utilizada a outra estar em

    repouso. Ressalta-se, que na operao de limpeza das cmaras, conveniente deixar uma

    pequena poro do material j fermentado, a fim de auxiliar o reincio do processo de

    fermentao (FUNASA, 2006).

    Fonte: Funasa (2006).

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    27

    Solues por via hdrica

    A fossa spticaA fossa spticaA fossa spticaA fossa sptica

    O tanque sptico, mais conhecido como fossa sptica (Figura 6), vem sendo utilizado h pouco

    mais de 100 anos. Foi a primeira unidade inventada para o tratamento de esgotos e at hoje a

    mais extensivamente empregada. Pode ser definida como uma cmara convenientemente

    construda para reter os esgotos sanitrios por um perodo de tempo criteriosamente

    estabelecido, de modo a permitir a sedimentao dos slidos e a reteno do material graxo

    presente no esgoto, transformando-os bioquimicamente em substncias e compostos mais

    simples e estveis (CAMPOS, 1999).

    Figura Figura Figura Figura 6666.... Tanque sptico de cmara nica preconizado pela NBR 7.229 (ABNT, 1993).

    Geralmente apresenta-se como um tanque com paredes verticais de alvenaria revestida ou em

    concreto, apoiadas sobre uma laje de concreto simples, provido de cobertura de lajotas

    removveis normalmente em concreto armado, e tendo uma ou duas cmaras. Tem,

    normalmente, forma cilndrica (anis pr-moldados de concreto ou alvenaria de tijolos) ou

    prismtica retangular (forma de caixa de sapato).

    No Brasil, uma soluo bastante disseminada entre a populao, servindo tanto a residncias

    com poucos moradores como a prdios mais complexos como escolas e outros (FUNASA,

    2006). O tanque sptico recebe as guas residurias provenientes de atividades to distintas

    como: descarga sanitria, despejos de lavatrios, guas do asseio corporal, de lavagem de

    roupas e provenientes da cozinha, sendo este recebimento feito de modo contnuo. Portanto, a

    entrada dessas guas corresponder sada de idntica quantidade de esgoto tratado.

    h: profundidade til do tanque H: profundidade interna total do tanque

    Fonte: Chernicharo (2007).

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    28

    Funcionamento (Figura 7):

    Reteno: o esgoto retido na fossa por um perodo estabelecido, que pode variar de

    12 a 24 horas, dependendo das contribuies afluentes;

    Decantao: simultaneamente fase de reteno, processa-se a sedimentao de 60 a

    70% dos slidos em suspenso contidos nos esgotos e a subseqente formao de lodo.

    Parte dos slidos no decantados como leos, graxas, gorduras e outros materiais

    misturados com gases e retidos na superfcie livre do lquido, formaro uma camada de

    escuma no interior do tanque;

    Digesto: tanto o lodo quanto a escuma sofrem a ao principalmente dos

    microrganismos anaerbios (j que a concentrao de oxignio dissolvido muito

    baixa) de forma a remover parte dos poluentes presentes no esgoto bruto;

    Reduo do volume: na digesto anaerbia, acontece a hidrlise dos slidos volteis que

    se sedimentam, gerando como produtos gases e lquidos. Como conseqncia, h

    acentuada reduo de volume dos slidos retidos e digeridos, que adquirem

    caractersticas estveis capazes de permitir que o efluente lquido do tanque sptico

    possa ser lanado em melhores condies de segurana do que as do esgoto bruto.

    Entretanto, os efluentes de tanques spticos ainda no apresentam condies propcias

    para descarte sem comprometer a qualidade da gua subterrnea (FUNASA, 2006).

    Figura Figura Figura Figura 7777.... Funcionamento geral de um tanque sptico.

    Os tanques spticos podem ser constitudos em cmara nica, em cmaras em srie ou em

    cmaras sobrepostas, conforme mostrado nas Figuras 8, 9 e 10, e podem ter forma cilndrica

    ou prismtica retangular.

    Lodo em Digesto Lodo Digerido

    Sada Entrada

    Esgoto Bruto

    Efluente

    Partculas pesadas

    Desprendimento de Gases

    Acumulao de Escuma (frao emersa)

    Acumulao de Escuma (frao submersa)

    Nvel de gua

    Fonte: FU

    NASA

    (2006).

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    29

    Figura Figura Figura Figura 8888.... Tanque sptico de cmara nica (corte longitudinal).

    Figura Figura Figura Figura 9999.... Tanque sptico de cmaras em srie (corte longitudinal).

    Figura Figura Figura Figura 10101010.... Tanque sptico de cmaras sobrepostas (corte transversal).

    Lodo

    Escuma

    Afluente

    Efluente

    Afluente

    Lodo

    Efluente Escuma

    Lodo

    Afluente

    Fonte: Cam

    pos (1999).

    Fonte: Cam

    pos (1999).

    Fonte: Cam

    pos (1999).

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    30

    Os de cmaras em srie geralmente constituem um nico tanque coberto, dividido por uma

    parede interna vazada (fenda horizontal), formando duas cmaras em srie no fluxo horizontal.

    A primeira cmara o principal reator biolgico, j que recebe a maior quantidade de lodo, ou

    seja, os slidos de mais fcil decantao. Alm da remoo dos slidos em suspenso, h

    tambm uma significativa remoo da matria orgnica dissolvida nos esgotos. Nessa fase, h

    uma considervel gerao de gases devido decomposio anaerbia do lodo. A segunda

    cmara formar pouco lodo, mas servir como polimento do esgoto por permitir uma

    sedimentao mais tranqila dos slidos suspensos remanescentes, devido menor

    interferncia das bolhas dos gases gerados. Esse tipo de fossa sptica proporciona uma

    eficincia global maior do que uma nica cmara de igual volume.

    Os tanques de cmaras sobrepostas possuem divises internas de forma a constituir duas

    cmaras dispostas verticalmente. Placas inclinadas so dispostas no interior do tanque com a

    funo de separar as fases, slidolquidogs. Esse dispositivo permite a passagem do lodo

    sedimentado da cmara superior para a inferior e desvia os gases produzidos na cmara

    inferior, de modo que na cmara superior ocorra a sedimentao de slidos sem a interferncia

    das bolhas de gases ascendentes, resultantes da digesto do lodo que se acumula na cmara

    inferior, propiciando maior eficincia de sedimentao (CAMPOS, 1999).

    importante a observao de que os tanques de cmara nica, cmaras em srie e cmaras

    sobrepostas so funcionalmente diferentes. Nos de cmara nica, todos os fenmenos ocorrem

    num nico ambiente. Nos de cmaras em srie, embora ocorra decantao e digesto nas duas

    cmaras, a primeira favorece a digesto e a segunda a sedimentao, seqencialmente. Nos de

    cmaras sobrepostas, a cmara superior, que a primeira e tambm a ltima em relao ao

    fluxo, favorece apenas a decantao e a cmara inferior funciona como digestor e acumulador

    de resduos (CAMPOS, 1999).

    Voc sabia...Voc sabia...Voc sabia...Voc sabia...

    Os tanques spticos so utilizados h mais de cem anos e representam

    atualmente uma das principais unidades de tratamento de esgotos, dada a

    sua aplicabilidade generalizada.

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    31

    Debate

    Aplicabilidade e VantagensAplicabilidade e VantagensAplicabilidade e VantagensAplicabilidade e Vantagens

    As fossas spticas so indicadas para zonas urbanas ou rurais de baixa densidade

    populacional e que apresentam um solo com boa capacidade de absoro.

    Embora comumente aplicados para pequenas vazes, os tanques spticos podem ser

    indicados para tratar vazes mdias e elevadas, principalmente quando construdos em

    mdulos.

    uma tecnologia simples, compacta e de baixo custo. Contudo, apresenta baixa

    eficincia, principalmente na remoo de nutrientes e de patognicos, produzindo um

    efluente que deve ser encaminhado a um ps-tratamento (CAMPOS, 1999).

    Portanto, as grandes vantagens das fossas spticas em comparao a todas as outras

    opes de tratamento de esgotos, esto na construo e operao extremamente

    simples, alm dos baixos custos.

    Para tanques spticos, projetados e operados racionalmente, pode-se obter redues de

    slidos em suspenso em torno de 50% e eficincias de remoo de DBO em cerca de

    30%, ambos decaindo com a falta de limpeza regular da fossa (JORDO e PESSOA, 2005).

    Quando se deve aplicar as fossas spticas por via seca e por via hdrica?

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    32

    Sistema coletivo do tipo separador absoluto para o

    esgotamento sanitrio

    Autores: Gustavo Paiva Weyne Rodrigues

    Os sistemas coletivos podem ser divididos em dois: parcial e absoluto. O

    primeiro recebe uma parcela das guas de chuva provenientes de telhados

    e ptios das edificaes e o segundo, tem suas tubulaes separadas, ou

    seja, uma exclusiva para a coleta de esgotos e outra para transportar as

    guas de chuva. No Brasil, comumente, utiliza-se o sistema separador

    absoluto.

    Araujo (2003) cita que o conceito de separao absoluta relativo, pois a prpria definio de

    esgoto sanitrio, contida na NBR-9648/1986 da ABNT, j inclui as guas de infiltrao e pluvial.

    Ainda segundo Araujo (2003), tambm no esto definitivamente excludas guas pluviais

    cadas em reas internas aos domiclios ou guas subterrneas que porventura surgem nos

    terrenos e que, por falta de fiscalizao, so acrescidas ao esgoto por mera comodidade dos

    moradores. A participao dessas contribuies no clculo das vazes fica por contra da

    parcela de contribuio pluvial.

    A utilizao do sistema separador pode ser justificada pelos seguintes fatores, segundo

    Azevedo Netto (1998) e Alem Sobrinho e Tsutiya (2000):

    Menores custos, pelo fato de empregar tubos mais baratos, de fcil obteno e de

    fabricao industrial (tubos de PVC e derivados, manilhas etc.), facilitando a execuo

    e reduzindo custos e prazos de construo,

    Dentro de um planejamento integrado possvel a execuo das obras por etapas,

    construindo e estendendo-se primeiramente a rede de maior importncia para a

    localidade, com investimento inicial menor,

    As condies para o tratamento do esgoto so melhoradas, evitando-se a poluio

    das guas receptoras por ocasio das extra vazes que se verificam nos perodos de

    chuvas intensas,

    No se condiciona e nem obriga a pavimentao das vias pblicas,

    Reduz a extenso das tubulaes de grande dimetro em uma localidade; pelo fato de

    no exigir a construo de galerias em todas as ruas.

    De acordo com ABNT (1986), o sistema de esgoto sanitrio separador

    o conjunto de condutos, instalaes e equipamentos destinados a

    coletar, transportar, condicionar e encaminhar, somente esgoto

    sanitrio, a uma disposio final conveniente, de modo contnuo e

    higienicamente seguro.

    OBJETIVOS:

    Apresentar e discutir

    os tipos de

    sistemas coletivos

    (unitrio e

    vantagens e

    desvantagens e as

    partes que

    compe um

    sistema de esgoto)..

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    33

    O que bastante evidente no Brasil, notadamente nos municpios de menor porte, que o

    controle para se evitar que as guas pluviais (principalmente as provenientes dos telhados e

    ptios dos domiclios esgotados) sejam encaminhadas junto com o esgoto sanitrio, o que

    poder acarretar num sistema ineficiente. Geralmente nessas localidades o sistema de

    drenagem inexistente, ineficiente ou ultrapassado. O quadro 4 apresenta as caractersticas

    que diferenciam o sistema separador parcial e absoluto.

    QuadroQuadroQuadroQuadro 4444. . . . Caractersticas dos sistemas separadores de esgoto sanitrio.

    Sistema separadorSistema separadorSistema separadorSistema separador CaractersticaCaractersticaCaractersticaCaracterstica

    Absoluto Tem suas tubulaes separadas, ou seja, uma exclusiva para a

    coleta de esgotos e outra para transportar as guas de chuva.

    Parcial Recebe uma parcela das guas de chuva provenientes de

    telhados e ptios das edificaes.

    Os custos com a rede coletora contemplam:

    Locao e cadastro em meio magntico da rede,

    Aquisio, transporte e assentamento das tubulaes,

    Sinalizaes, segurana e travessia,

    Movimento de terra (escavao, reaterro e bota-fora),

    Escoramento das valas,

    Aquisio e/ou execuo de rgos acessrios da rede.

    Para um melhor entendimento: uma estao elevatria de esgotos requer os seguintes fatores

    que encarecem a obra:

    Tratamento preliminar situado a montante da casa de bombas,

    Aquisio de conjuntos moto-bomba e equipamentos hidromecnicos,

    Projeto de instalao eltrica da EE,

    Treinamento de pessoal para operao e manuteno,

    Dispndio com energia eltrica (aps implantao do sistema).

    importante salientar que quanto mais complexo o sistema, mais caro torna-se a

    obra. A instalao de elevatrias de esgotos e escavao em profundidades

    elevadas so as etapas mais onerosas de uma obra de rede de esgotos.

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    34

    Sistema Condominial de Esgoto Sanitrio

    Autores: Teresa Chenaud

    Introduo

    O sistema condominial de esgoto sanitrio faz parte da denominada

    Tecnologia Apropriada-TA.

    O SCE assim denominado porque a idia bsica de sua implantao a da formao de um

    condomnio na quadra urbana, envolvendo um conjunto de usurios interligados por uma rede

    de tubulaes de dimetro compatvel com o volume de esgoto produzido pela quadra (ramal-

    condomnio) ou rede condominial de esgoto (RCE), dispostas a pequenas profundidades no

    interior dos lotes. A concepo do SCE, segundo MELO (1994), baseada em princpios como o

    de participao, pacto comunitrio, descentralizao tcnica e administrativa, gradualismo,

    universalidade e equidade. Esses princpios remetem idia de busca de maior cobertura em

    esgotamento sanitrio, de eficcia tcnica e organizacional, alm da construo de estratgias

    para ampliao da participao social no processo de implementao e de manuteno dos

    servios.

    Cabe chamar ateno para os termos tecnologia e tcnica que esto sendo aqui muito

    utilizados. Assim, conforme afirma Ennes (1989, p. 14), a tecnologia compreendida como [...]

    um conjunto de princpios, configurado por conhecimentos cientficos que se aplicam a um

    determinado ramo de atividade. Por sua vez, segundo o mesmo autor, a [...] tcnica o

    conjunto de processos que possibilita materializar a tecnologia (ENNES, 1989, p. 14).

    O termo Tecnologia Apropriada indica a possibilidade de adaptao da

    tecnologia ao meio no qual se adota em termos fsico-ambientais,

    culturais e sociais. Indica ainda uma busca do respeito e confiana dos

    membros da comunidade na qual se instala, no seu potencial e

    capacidade de ao e participao que so pr-condies para uma

    melhoria da condio de vida sanitria e ambiental local

    (KLIGERMAN,1995).

    O SCE compe-se de dois elementos bsicos: um de ordem tecnolgica, que diz respeito

    concepo tcnica da alternativa, e outro relativo a sua gesto, baseada na ao descentralizada e participativa. a reunio desses elementos que confere identidade a esse sistema.

    OBJETIVOS:

    Apresentar

    conhecimentos

    sobre sistemas

    Condominiais de esgoto.

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    35

    Neste texto, inicialmente, sero apresentadas as origens do SCE, sua concepo tcnica e

    algumas de suas principais caractersticas, com destaque para quela referente a participao

    popular, em todas as etapas de sua adoo. Aps, sero mostrados os parmetros de projeto

    que, como ser observado, pouco se diferenciam dos da concepo convencional, adotados na

    maior parte dos projetos de esgoto sanitrio. Por fim, tm-se a concluso, seguida das

    referencias bibliogrficas aqui utilizadas.

    Sistema condominial de esgoto

    Nas ltimas dcadas tem havido um interesse crescente no sentido de adotar tecnologias

    apropriadas TA, para o esgotamento sanitrio, com destaque para o SCE. Esse interesse

    justificado tanto pelo menor custo de implantao dessa alternativa tecnolgica, quanto pelos

    questionamentos relativos adequao tcnica da tecnologia convencional frente s diferentes

    realidades dos contextos urbanos e rurais brasileiros. Ou seja, o SCE, em razo da sua

    flexibilidade tcnica, se adequa as mais diferentes situaes fsicas onde ser implantado.

    Conforme a ilustrao comparativa a seguir, pode-se observar que o desenho das RCE em uma

    quadra urbana mostra-se mais adequado e econmico do que a opo convencional, podendo

    ser adotado, em funo da topografia existente, em trs formas de disposio das redes (ramal

    de jardim; ramal de fundo de lote; ramal de passeio) nos mais diferentes contextos urbanos.

    Assim, independentemente das caractersticas socioeconmicas e fsicas locais, ao percorrer as

    menores dimenses do lote, ao adotar esse modelo tm-se uma reduo significativa na

    quantidade de tubulaes com a conseqente implicao nos custos, contribuindo para o

    atendimento ao princpio da eqidade, to necessrio e importante a este tipo de servio

    pblico.

    Voc sabia....Voc sabia....Voc sabia....Voc sabia....

    Como exemplos de tecnologias apropriadas para o esgotamento sanitrio, citam-se o Sistema

    Simplificado de Esgoto, do Prof. Jos M. Azevedo Netto (AZEVEDO NETTO, 1992), o Sistema No

    Convencional de Esgotamento Sanitrio a Custo Reduzido para Pequenas Comunidades e reas

    Perifricas, do Prof. Eliasz Szachna Cynamon (CYNAMON, 1986) e, principalmente pela grande

    aplicao e utilizao, os Sistemas de Esgotamento Sanitrio tipo Condominial ou simplesmente

    Sistema Condominial de Esgoto - SCE (MELO, 1994). Nesse texto ser tratado apenas do Sistema

    Condominial de Esgoto.

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    36

    Figura Figura Figura Figura 11111111.... Representaes grficas: sistema convencional e condominial.

    Cabe salientar que o Sistema Condominial de Esgoto formado por trs partes: os ramais

    condominiais, coletivos ou multifamiliares (redes condominiais), os coletores pblicos e as

    unidades de tratamento. Para efeito deste trabalho ser dado destaque s redes coletoras

    formadas pelos ramais ou redes condominiais.

    OrigemOrigemOrigemOrigem

    Apesar das experincias com sistemas de esgotamento sanitrio tipo condominial terem se

    difundido no Brasil a partir dos anos 80, a idia remonta ao ano de 1903, quando o engenheiro

    sanitarista Saturnino de Brito desenvolvia estudos na busca de solues para os esgotos da

    cidade de Santos, que mais tarde integraria o plano de saneamento, melhoramentos e

    ampliao daquela cidade. Saturnino de Brito nesse seu plano, apresenta inovaes nessa poca

    em relao coleta de esgotos das edificaes existentes ao propor os denominados por ele de

    quarteires salubres atravessados por vielas sanitrias e ruas particulares, com ou sem

    parques interiores gramados e arborizados (ANDRADE, 1991), ou seja, a concepo do SCE.

    Nas pequenas cidades de Currais Novos e Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, por volta de

    1950, atravs de iniciativas de saneamento municipal, [....] foi desenvolvido um sistema de

    coleta comum de esgotos de pouca profundidade e pequena declividade que passava entre os

    lotes dos moradores antes de alcanar a rua a base essencial do sistema tipo condominial

    (WATSON, 1994).

    Fonte: Nazareth (1998).

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    37

    Embora se conhea esses exemplos, a verdade que s a partir de 1983, atravs do

    engenheiro Jos Carlos Rodrigues de Melo e sua equipe, formada por engenheiros com

    destaque para o professor Andrade Neto, inicia-se no Brasil a disseminao de experincias

    com sistemas de esgotamento sanitrio do tipo condominial. O processo de democratizao

    pelo qual o pas atravessava nos anos 80 parecia propcio para a introduo de experincias

    participativas. Assim, foi em Natal, capital do Rio Grande do Norte, que Melo, sistematizador e

    disseminador do sistema, realizou a primeira experincia do sistema tipo condominial em

    grande escala, que passou a servir como base para os modelos de quase todos os projetos

    condominiais subseqentes.

    O modelo de sistema de esgotamento sanitrio adotado at ento, denominado de sistema

    convencional ou clssico, foi introduzido numa poca (1879) em que nem se pensava em

    participao da populao. Esse sistema, por ter origem nos Estados Unidos, vinha se

    mostrando inexeqvel como soluo abrangente, para a realidade brasileira, em funo dos

    altos recursos necessrios para sua implantao, alm de no haver ateno quanto

    diversidade territorial e de situaes existentes no nosso Pas. Desse modo, a tcnica disponvel

    privilegiava, principalmente, as reas das cidades de ordenamento regular (quadras bem

    definidas), dificultando ou mesmo impedindo o atendimento daquelas reas de assentamentos

    espontneos, como as favelas, por exemplo, habitadas por populaes, na sua maioria, de

    baixa renda.

    A partir desse raciocnio, possvel afirmar que o sistema de esgotamento sanitrio do tipo

    condominial vem permitir, em funo de uma tecnologia que se adapta s convenincias scio-

    culturais e econmicas, o acesso a esse fundamental servio pblico a uma grande parcela da

    populao antes no atendida, contribuindo para minimizar a carncia de servios de esgoto

    sanitrio e tendo como conseqncia significativos impactos na sade dos indivduos e na

    melhoria da salubridade ambiental.

    O sucesso dessa concepo vem se dando ainda devido ao seu alto ndice de ligaes

    efetivadas (eficcia sanitria), ao seu baixo custo de implantao e manuteno e a idia de

    continuidade nos servios, gradualismo, para acompanhar o crescimento da demanda, com o

    aumento da populao.

    Condomnio significa domnio comum, ou seja, que pertence a todos e no a uma pessoa

    individualmente, o que indica, principalmente no caso dos sistemas condominiais, a

    necessidade de parceria de todos os envolvidos no processo de sua implementao. Assim

    sendo, o sistema de esgotamento sanitrio do tipo condominial [...] se apia

    fundamentalmente na combinao da participao comunitria com a tecnologia apropriada,

    mostrando-se capaz de enfrentar o desafio do atendimento pleno da populao (MELO,1994).

  • Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA

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    ConcepoConcepoConcepoConcepo

    A proposta do modelo condominial, em termos tcnicos, reafirma a opo tecnolgica adotada

    quando da concepo dos projetos de redes coletoras de esgoto regulamentada pelas normas

    NBR 9.649, Projetos de Redes Coletoras de Esgoto Sanitrio de 1986.

    A concepo tcnica que compe a estrutura do modelo, de acordo com Melo (1994), se realiza

    atravs de trs tcnicas de sucessivos nveis de abrangncia:

    Os condomnioscondomnioscondomnioscondomnios: que constituem a nova unidade de coleta formada pelo ramal

    condominial, composto de uma rede de tubulaes interna s quadras que pode ser

    localizada nos passeios, nos fundos dos lotes ou nos jardins como visto na ilustrao

    acima. Esse ramal coleta os esgotos das unidades domiciliares que integram o

    condomnio, conduzindo os esgotos para a rede bsica, antes passando por uma caixa

    de inspeo, onde sero feitas a manuteno e desobstruo da rede de

    responsabilidade do condomnio. A reduo de custo comea nesse ramal, pois tem

    menor extenso que os ramais individuais do sistema convencional, pelo fato dele

    atravessar os lotes pelas suas menores dimenses obedecendo topografia

    (aprofundamento mnimo), demandando uma menor rede externa de coleta e reunio

    dos esgotos. A formao do condomnio feita por meio de pacto firmado entre

    vizinhos e entre estes e as instituies ou organismos envolvidos com os servios. A

    participao conjunta, desses diferentes atores, que possibilita o assentamento dos

    ramais condominiais em lotes particulares;

    Os micromicromicromicro----sistemassistemassistemassistemas: so as pequenas bacias de drenagem compostas de uma ou da

    combinao de mais de uma unidade de tratamento de baixo custo e operao simples,

    podendo ser tanques spticos multifamiliares, lagoas de estabilizao, wetlands, etc.

    Nesse caso h uma desconcentrao do processamento final, eliminando as estruturas

    de transporte na transposio de bacias, com utilizao de elevatrias, emissrios, etc.,

    que tm custos elevados. Essas unidades de tratamento, em cada caso, de