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Projetos e construo de sistemas de esgotamento sanitrio.
Guia do profissional em treinamento Nvel 2
Esgotamento sanitrio
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Promoo Rede Nacional de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental ReCESA
Realizao Ncleo Regional Nordeste NURENE
Instituies integrantes do NURENE Universidade Federal da Bahia (lder) | Universidade Federal do Cear | Universidade Federal da Paraba | Universidade Federal de Pernambuco
Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministrio da Cincia e Tecnologia I Fundao Nacional de Sade do Ministrio da Sade I Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministrio das Cidades
Apoio organizacional Programa de Modernizao do Setor de Saneamento PMSS
Comit gestor da ReCESA Comit consultivo da ReCESA
- Ministrio das Cidades;
- Ministrio da Cincia e Tecnologia;
- Ministrio do Meio Ambiente;
- Ministrio da Educao;
- Ministrio da Integrao Nacional;
- Ministrio da Sade;
- Banco Nacional de Desenvolvimento
Econmico Social (BNDES);
- Caixa Econmica Federal (CAIXA).
Parceiros do NURENE
- ARCE Agncia Reguladora de Servios Pblicos Delegados do Estado do Cear - Cagece Companhia de gua e Esgoto do Cear - Cagepa Companhia de gua e Esgotos da Paraba - CEFET Cariri Centro Federal de Educao Tecnolgica do Cariri/CE - CENTEC Cariri Faculdade de Tecnologia CENTEC do Cariri/CE - Cerb Companhia de Engenharia Rural da Bahia - Compesa Companhia Pernambucana de Saneamento - Conder Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - EMASA Empresa Municipal de guas e Saneamento de Itabuna/BA - Embasa Empresa Baiana de guas e Saneamento - Emlur Empresa Municipal de Limpeza Urbana de Joo Pessoa - Emlurb / Fortaleza Empresa Municipal de Limpeza e Urbanizao de Fortaleza - Emlurb / Recife Empresa de Manuteno e Limpeza Urbana do Recife - Limpurb Empresa de Limpeza Urbana de Salvador - SAAE Servio Autnomo de gua e Esgoto do Municpio de Alagoinhas/BA - SANEAR Autarquia de Saneamento do Recife - SECTMA Secretaria de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco - SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia - SEINF Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura de Fortaleza - SEMAM / Fortaleza Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano - SEMAM / Joo Pessoa Secretaria Executiva de Meio Ambiente - SENAC / PE Servio Nacional de Aprendizagem Comercial de Pernambuco - SENAI / CE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial do Cear - SENAI / PE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco - SEPLAN Secretaria de Planejamento de Joo Pessoa - SUDEMA Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente do Estado da Paraba - UECE Universidade Estadual do Cear - UFMA Universidade Federal do Maranho - UNICAP Universidade Catlica de Pernambuco - UPE Universidade de Pernambuco
- Associao Brasileira de Captao e Manejo de gua de Chuva ABCMAC
- Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental ABES
- Associao Brasileira de Recursos Hdricos ABRH
- Associao Brasileira de Resduos Slidos e Limpeza Pblica ABLP
- Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais AESBE
- Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento ASSEMAE
- Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educao Tecnolgica CONCEFET
- Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA
- Federao de rgo para a Assistncia Social e Educacional FASE
- Federao Nacional dos Urbanitrios FNU
- Frum Nacional de Comits de Bacias Hidrogrficas FNCBHS
- Frum Nacional de Pr-Reitores de Extenso das Universidades Pblicas Brasileiras
FORPROEX
- Frum Nacional Lixo e Cidadania LeP
- Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental FNSA
- Instituto Brasileiro de Administrao Municipal IBAM
- Organizao Pan-Americana de Sade OPAS
- Programa Nacional de Conservao de Energia PROCEL
- Rede Brasileira de Capacitao em Recursos Hdricos Cap-Net Brasil
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Projetos e construo de sistemas de esgotamento sanitrio.
Guia do profissional em treinamento Nvel 2
Esgotamento sanitrio
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Catalogao da Fonte:
Coordenao Geral do NURENE
Prof. Dr. Viviana Maria Zanta
Organizao do guia
Professor Marco Aurlio Holanda de Castro
Crditos
Marco Aurlio Holanda de Castro | Andr Bezerra dos Santos
Gustavo Paiva Weyne Rodrigues
Mrcio Botto | Marcos Erick R. da Silva
Suetnio Bastos Mota | Teresa Chenaud
Almira dos Santos Frana | Claudiane Quaresma Pinto Bezerra
Francisco de Assis Cavalcanti Bezerra | Alessandro de Arajo Bezerra
Central de Produo de Material Didtico
Patrcia Campos Borja | Alessandra Gomes Lopes Sampaio Silva
Vivien Luciane Viaro | Hugo Vtor Dourado de Almeida
Danilo Gonalves dos Santos Sobrinho
Projeto Grfico
Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi
Impresso
Fast Design
permitida a reproduo total ou parcial desta publicao, desde que citada a fonte.
EXX Esgotamento sanitrio: Projetos e construo de sistemas de esgotamento
sanitrio: guia do profissional em treinamento: nvel 2 / Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (org). Salvador: ReCESA, 2008. 183p.
Nota: Realizao do NURENE Ncleo Regional Nordeste; coordenao de
Viviana Maria Zanta, Jos Fernando Thom Juc, Heber Pimentel Gomes e Marco Aurlio Holanda de Castro.
1. Esgotamento sanitrio no Brasil e sua relao com a sade
pblica. 2. Concepo dos sistemas de esgotamento sanitrio. 3. Sistemas individuais para esgotamento sanitrio 4. Sistema coletivo do tipo separador absoluto para o esgotamento sanitrio 5. Sistema condominial de esgoto sanitrio. 6. Locao e rgos acessrios da rede. 7. Materiais das tubulaes. 8. Vazes de projeto. 9. Noes de hidrulica aplicada ao esgotamento sanitrio. 10. Dimensionamento de trechos. 11. Modelos computacionais para projetos de sistemas de esgotos. 12. Noes de projeto de estao elevatria. 13. Tipos de bombas, variao de rotao e motores. 14. Mtodos construtivos de redes de esgoto. 15. Informaes cadastrais e controle operacional de redes de esgotos. 16. Interferncias com o sistema de drenagem urbana e outras redes de servios urbanos.
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Apresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESA
A criao do Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades no
Governo do Presidente Luiz Incio Lula da
Silva, em 2003, permitiu que os imensos
desafios urbanos passassem a ser
encarados como poltica de Estado. Nesse
contexto, a Secretaria Nacional de Secretaria Nacional de Secretaria Nacional de Secretaria Nacional de
Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental (SNSA) inaugurou
um paradigma que inscreve o saneamento
como poltica pblica, com dimenso
urbana e ambiental, promotora de
desenvolvimento e reduo das
desigualdades sociais. Uma concepo de
saneamento em que a tcnica e a
tecnologia so colocadas a favor da
prestao de um servio pblico e
essencial.
A misso da SNSA ganhou maior relevncia
e efetividade com a agenda do saneamento
para o quadrinio 2007-2010, haja vista a
deciso do Governo Federal de destinar,
dos recursos reservados ao Programa de
Acelerao do Crescimento (PAC), 40
bilhes de reais para investimentos em
saneamento.
Nesse novo cenrio, a SNSA conduz aes
de capacitao como um dos instrumentos
estratgicos para a modificao de
paradigmas, o alcance de melhorias de
desempenho e da qualidade na prestao
dos servios e a integrao de polticas
setoriais. O projeto de estruturao da Rede Rede Rede Rede
de Capacitao e Extenso Tecnolgica em de Capacitao e Extenso Tecnolgica em de Capacitao e Extenso Tecnolgica em de Capacitao e Extenso Tecnolgica em
Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental ReCESA ReCESA ReCESA ReCESA constitui
importante iniciativa nessa direo.
A ReCESA tem o propsito de reunir um
conjunto de instituies e entidades com o
objetivo de coordenar o desenvolvimento
de propostas pedaggicas e de material
didtico, bem como promover aes de
intercmbio e de extenso tecnolgica que
levem em considerao as peculiaridades
regionais e as diferentes polticas, tcnicas
e tecnologias visando capacitar
profissionais para a operao, manuteno
e gesto dos sistemas e servios de
saneamento. Para a estruturao da ReCESA
foram formados Ncleos Regionais e um
Comit Gestor, em nvel nacional.
Por fim, cabe destacar que este projeto tem
sido bastante desafiador para todos ns:
um grupo predominantemente formado por
profissionais da rea de engenharia que
compreendeu a necessidade de agregar
outros olhares e saberes, ainda que para
isso tenha sido necessrio "contornar todos
os meandros do rio, antes de chegar ao seu
curso principal".
Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA
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NURENENURENENURENENURENE
O Ncleo Regional Nordeste (NURENE) tem
por objetivo o desenvolvimento de
atividades de capacitao de profissionais
da rea de saneamento, em quatro estados
da regio Nordeste do Brasil: Bahia, Cear,
Paraba e Pernambuco.
O NURENE coordenado pela Universidade
Federal da Bahia (UFBA), tendo como
instituies co-executoras a Universidade
Federal do Cear (UFC), a Universidade
Federal da Paraba (UFPB) e a Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE).
O NURENE espera que suas atividades
possam contribuir para a alterao do
quadro sanitrio do Nordeste e,
consequentemente, para a melhoria da
qualidade de vida da populao dessa
regio marcada pela desigualdade social.
Coordenadores Coordenadores Coordenadores Coordenadores Institucionais do NURENEInstitucionais do NURENEInstitucionais do NURENEInstitucionais do NURENE
Os Guias Os Guias Os Guias Os Guias
A coletnea de materiais didticos
produzidos pelo NURENE composta de 19
guias que sero utilizados nas Oficinas de
Capacitao para profissionais que atuam
na rea de saneamento. Quatro guias
tratam de temas transversais, quatro
abordam o manejo das guas pluviais, trs
esto relacionados aos sistemas de
abastecimento de gua, trs so sobre
esgotamento sanitrio e cinco versam sobre
o manejo dos resduos slidos e limpeza
pblica.
O pblico alvo do NURENE envolve
profissionais que atuam na rea dos
servios de saneamento e que possuem um
grau de escolaridade que varia do semi-
alfabetizado ao terceiro grau.
Os guias representam um esforo do
NURENE no sentido de abordar as temticas
de saneamento segundo uma proposta
pedaggica pautada no reconhecimento
das prticas atuais e em uma reflexo
crtica sobre essas aes para a produo
de uma nova prtica capaz de contribuir
para a promoo de um saneamento de
qualidade para todos.
Equipe da Central de ProduEquipe da Central de ProduEquipe da Central de ProduEquipe da Central de Produo de Material Didtico o de Material Didtico o de Material Didtico o de Material Didtico CPMD CPMD CPMD CPMD
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Apresentao da rea temticaApresentao da rea temticaApresentao da rea temticaApresentao da rea temtica
Esgotamento sanitrioEsgotamento sanitrioEsgotamento sanitrioEsgotamento sanitrio
O tema esgoto foi dividido em duas grandes
reas: esgotamento sanitrio e tratamento de
esgotos. Na parte de esgotamento sanitrio,
consideraram-se os aspectos relacionados aos
fundamentos de projeto, operao e
manuteno das diversas partes que compem o
sistema, de forma a proporcionar audincia
uma viso macro do assunto. Na parte do
tratamento de esgotos, procurou-se, alm de
abordar os aspectos de projeto, operao e
manuteno de ETEs, atentar sobre a
importncia do mesmo na questo da sade
pblica, alm de formas de reuso de esgotos e
lodo em irrigao. Finalmente, abordou-se o
assunto qualidade de gua e controle de
poluio de uma maneira simples e objetiva,
tentando assim mostrar a enorme importncia
do assunto aos dois pblicos alvos do NURENE.
Conselho Editorial Conselho Editorial Conselho Editorial Conselho Editorial de Esgotamento Sanitriode Esgotamento Sanitriode Esgotamento Sanitriode Esgotamento Sanitrio
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Sumrio
ESGOTAMENTO SANITRIESGOTAMENTO SANITRIESGOTAMENTO SANITRIESGOTAMENTO SANITRIO NO BRASIL E SUA REO NO BRASIL E SUA REO NO BRASIL E SUA REO NO BRASIL E SUA RELALALALAO COM A SADE PBLIO COM A SADE PBLIO COM A SADE PBLIO COM A SADE PBLICACACACA................................... 10 CONDIES DE SANEAMENTO BSICO E SADE............................................................................................................ 10
MECANISMOS DE CONTATO COM DEJETOS ................................................................................................................... 11
DEJETOS E DOENAS .................................................................................................................................................... 13
CONTROLE DE DOENAS VEICULADAS A PARTIR DE DEJETOS ....................................................................................... 16
CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................................................................... 17
CONCEPO DOS SISTEMCONCEPO DOS SISTEMCONCEPO DOS SISTEMCONCEPO DOS SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SAAS DE ESGOTAMENTO SAAS DE ESGOTAMENTO SAAS DE ESGOTAMENTO SANITRIONITRIONITRIONITRIO ........................................................................ 18 SISTEMAS INDIVIDUAISSISTEMAS INDIVIDUAISSISTEMAS INDIVIDUAISSISTEMAS INDIVIDUAIS PARA ESGOTAMENTO SA PARA ESGOTAMENTO SA PARA ESGOTAMENTO SA PARA ESGOTAMENTO SANITRIONITRIONITRIONITRIO ............................................................................. 23
SOLUES POR VIA SECA.............................................................................................................................................. 23
SOLUES POR VIA HDRICA......................................................................................................................................... 27
SISTEMA COLETIVO DO SISTEMA COLETIVO DO SISTEMA COLETIVO DO SISTEMA COLETIVO DO TIPO TIPO TIPO TIPO SEPARADOR ABSOLUTO PSEPARADOR ABSOLUTO PSEPARADOR ABSOLUTO PSEPARADOR ABSOLUTO PARA O ESGOTAMENTO SAARA O ESGOTAMENTO SAARA O ESGOTAMENTO SAARA O ESGOTAMENTO SANITRIONITRIONITRIONITRIO................ 32 SISTEMA CONDOMINIAL SISTEMA CONDOMINIAL SISTEMA CONDOMINIAL SISTEMA CONDOMINIAL DE ESGOTO SANITRIODE ESGOTO SANITRIODE ESGOTO SANITRIODE ESGOTO SANITRIO.............................................................................................. 34
SISTEMA CONDOMINIAL DE ESGOTO............................................................................................................................. 35
LOCAO E RGOS ACELOCAO E RGOS ACELOCAO E RGOS ACELOCAO E RGOS ACESSRIOS DA REDESSRIOS DA REDESSRIOS DA REDESSRIOS DA REDE...................................................................................................... 44 RGOS ACESSRIOS DA REDE .................................................................................................................................... 44
TRAADO DA REDE ...................................................................................................................................................... 49
TRAADO RECOMENDADO DE UMA REDE..................................................................................................................... 53
MATERIAIS DAS TUBULAMATERIAIS DAS TUBULAMATERIAIS DAS TUBULAMATERIAIS DAS TUBULAESESESES ................................................................................................................................. 55 TIPOS DE MATERIAIS..................................................................................................................................................... 55
CORRUGADO DE DUPLA PAREDE EM PEAD .................................................................................................................. 59
VAZES DE PROJETOVAZES DE PROJETOVAZES DE PROJETOVAZES DE PROJETO.................................................................................................................................................. 61 CLCULO DAS VAZES DOS ESGOTOS .......................................................................................................................... 68
CLCULO DAS VAZES DOS COLETORES ...................................................................................................................... 70
NOES DE HIDRULICANOES DE HIDRULICANOES DE HIDRULICANOES DE HIDRULICA APLICADA AO ESGOTAMEAPLICADA AO ESGOTAMEAPLICADA AO ESGOTAMEAPLICADA AO ESGOTAMENTO SANITRIONTO SANITRIONTO SANITRIONTO SANITRIO ......................................................... 71 ESCOAMENTO COM SUPERFCIE LIVRE OU ESCOAMENTO EM CONDUTOS LIVRES ........................................................... 72
ESCOAMENTO RAPIDAMENTE VARIADO ........................................................................................................................ 73
DETERMINAO DA PROFUNDIDADE CRTICA............................................................................................................... 75
HIDRULICA DE COLETORES DE ESGOTO ...................................................................................................................... 76
MATERIAL DO COLETOR ............................................................................................................................................... 80
DIMENSIONAMENTO DE SEES CIRCULARES ............................................................................................................... 82
CLCULO DA PROFUNDIDADE REAL.............................................................................................................................. 84
TENSO TRATIVA ......................................................................................................................................................... 85
MATERIAL DO COLETOR ............................................................................................................................................... 85
DIMENSIONAMENTO DE TDIMENSIONAMENTO DE TDIMENSIONAMENTO DE TDIMENSIONAMENTO DE TRECHOSRECHOSRECHOSRECHOS......................................................................................................................... 86 GRADES DE BARRAS ..................................................................................................................................................... 95
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MEDIDOR DE VAZO: CALHA PARSHALL ..................................................................................................................... 96
MODELOS COMODELOS COMODELOS COMODELOS COMPUTACIONAIS PARA PRMPUTACIONAIS PARA PRMPUTACIONAIS PARA PRMPUTACIONAIS PARA PROJETOS DE SISTEMAS DOJETOS DE SISTEMAS DOJETOS DE SISTEMAS DOJETOS DE SISTEMAS DE ESGOTOSE ESGOTOSE ESGOTOSE ESGOTOS ............................................ 101 TRAADO DE TRECHOS DE COLETORES ...................................................................................................................... 103
TERMINAIS DE LIMPEZA .............................................................................................................................................. 105
POOS DE VISITA ....................................................................................................................................................... 107
PLANILHA DE CLCULO E DIMENSIONAMENTO HIDRULICO ....................................................................................... 110
PLANILHA DE QUANTITATIVOS................................................................................................................................... 111
SIMULAR USANDO O SWMM ..................................................................................................................................... 112
NOES DE PROJETO DENOES DE PROJETO DENOES DE PROJETO DENOES DE PROJETO DE ESTAO ELEVATRIA ESTAO ELEVATRIA ESTAO ELEVATRIA ESTAO ELEVATRIA ............................................................................................ 115 ESCOAMENTOS LAMINAR E TURBULENTO.................................................................................................................... 115
FRMULAS EMPRICAS PARA O CLCULO DA PERDA DE CARGA .................................................................................. 119
PERDAS DE CARGAS LOCALIZADAS ............................................................................................................................. 120
TIPOS DE BOMBAS, VARTIPOS DE BOMBAS, VARTIPOS DE BOMBAS, VARTIPOS DE BOMBAS, VARIAO DE ROTAO E MIAO DE ROTAO E MIAO DE ROTAO E MIAO DE ROTAO E MOTORESOTORESOTORESOTORES ........................................................................... 129 VELOCIDADE ESPECFICA (NS).................................................................................................................................... 129
CURVA CARACTERSTICA DE UMA TUBULAO........................................................................................................... 131
CURVA CARACTERSTICA DE UMA BOMBA (FONTE: SILVESTRE, 1979)....................................................................... 134
PONTO DE TRABALHO ................................................................................................................................................ 137
SELEO DE UMA BOMBA ........................................................................................................................................... 137
MTODOS CONSTRUTIVOSMTODOS CONSTRUTIVOSMTODOS CONSTRUTIVOSMTODOS CONSTRUTIVOS DE REDES DE ESGOTO DE REDES DE ESGOTO DE REDES DE ESGOTO DE REDES DE ESGOTO ......................................................................................... 141 SERVIOS PRELIMINARES............................................................................................................................................. 141
SINALIZAO DA OBRA .............................................................................................................................................. 142
LOCAO DA REDE .................................................................................................................................................... 142
INSTALAO DA REDE ........................................................................................................................................ 145
SERVIOS COMPLEMENTARES........................................................................................................................... 157
INFORMAES CADASTINFORMAES CADASTINFORMAES CADASTINFORMAES CADASTRAIS E CONTROLE OPERRAIS E CONTROLE OPERRAIS E CONTROLE OPERRAIS E CONTROLE OPERACIONAL DE REDES DE ACIONAL DE REDES DE ACIONAL DE REDES DE ACIONAL DE REDES DE ESGOTOSESGOTOSESGOTOSESGOTOS.............................. 159 CADASTRO TCNICO DE ESGOTO ............................................................................................................................... 159
A IMPORTNCIA DO CADASTRO TCNICO DE ESGOTO ............................................................................................... 160
MAPA URBANO BSICO.............................................................................................................................................. 161
INTRODUO AO CONTROLE OPERACIONAL DE REDES COLETORAS DE ESGOTO ...................................................... 168
INTERFERNCIAS COM OINTERFERNCIAS COM OINTERFERNCIAS COM OINTERFERNCIAS COM O SISTEMA DE DRENAGEM SISTEMA DE DRENAGEM SISTEMA DE DRENAGEM SISTEMA DE DRENAGEM URBANA E OUTRAS RED URBANA E OUTRAS RED URBANA E OUTRAS RED URBANA E OUTRAS REDES DE SERVIOS ES DE SERVIOS ES DE SERVIOS ES DE SERVIOS
URBANOS.URBANOS.URBANOS.URBANOS................................................................................................................................................................ 172 CRESCIMENTO POPULACIONAL E SEU IMPACTO NA DRENAGEM URBANA............................................ 172
CRESCIMENTO DA CONSTRUO CIVIL E SEU IMPACTO NO SISTEMA DE DRENAGEM................................................... 176
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Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA 10
Esgotamento sanitrio no Brasil e sua relao com a sade
pblica
Autores: Suetnio Mota e Mrcio Botto
Condies de saneamento bsico e sade
As aes de saneamento bsico compreendem, principalmente, o
abastecimento de gua potvel, o esgotamento sanitrio e o manejo
adequado das guas pluviais e dos resduos slidos. Essas aes
integradas so indispensveis para que vrias enfermidades no
ocorram em uma comunidade.
Muitas doenas so veiculadas a partir de fezes humanas e podem ser
transmitidas de uma pessoa doente para uma sadia por meio da gua
ou pelo contato com o ambiente contaminado por dejetos.
O Brasil um pas com profunda desigualdade social, que torna um
desafio as aes de promoo da sade. Infelizmente, ainda precrio no Brasil o atendimento
populao por servios de saneamento bsico, especialmente o esgotamento sanitrio.
Devido ao lanamento de efluentes de esgoto sem tratamento, com elevada carga de poluio,
nos recursos hdricos e suas proximidades, a populao est sujeita a captar gua de poos ou
de mananciais superficiais, imprpria sanitariamente para consumo humano. Mesmo onde os
esgotos so tratados, os sistemas utilizados, muitas vezes, removem os slidos e a matria
orgnica presentes, permanecendo elevadas concentraes de organismos patognicos nos
efluentes lanados nos corpos de gua.
De acordo com os dados levantados pelo IBGE, em 2005, somente 27% da populao do
Nordeste e 48% da populao do Brasil contavam com esgotamento sanitrio por rede geral. A
Figura 1 apresenta as condies de esgotamento sanitrio para cada estado do Brasil no ano de
2000. Esgotamento sanitrio adequado nesse mapa significa a destinao dos efluentes para
rede coletora pblica ou para fossa sptica corretamente executada.
No obstante, o indicador que mais impressiona a falta de banheiros ou sanitrios. Uma em
cada quatro casas na regio Nordeste no dispe de um sanitrio ou um banheiro, condio
bsica para destinar adequadamente os resduos fecais (BOTTO, 2006).
OBJETIVOS:
Apresentar a realidade
brasileira quanto
aos dficits do
esgotamento
sanitrio e os
desafios a serem
vencidos e a
importncia deste
facilidade sanitria
para a promoo da sade da populao.
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Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA
11
Figura Figura Figura Figura 1111.... Domiclios sem esgotamento sanitrio adequado no Brasil. Censo 2000.
A inexistncia de sistemas adequados para a destinao dos dejetos pode resultar no contato
do homem com os mesmos, ocasionando a transmisso de vrias doenas.
Muitos microrganismos patognicos esto presentes nas fezes humanas e podem alcanar
outras pessoas por diversas maneiras, causando-lhes doenas.
A falta de sistemas de coleta, tratamento e destinao final dos esgotos sanitrios resulta em
formas inadequadas para sua disposio, tais como: lanamento em corpos de gua, disposio
em terrenos, infiltrao no solo e conseqente poluio da gua subterrnea. Com isso,
favorece-se o contato, de forma indireta, das pessoas com os dejetos, ocasionando a
proliferao de doenas.
Isso ressalta a necessidade da adoo de sistemas adequados para destinao dos resduos
lquidos, especialmente a execuo de servios coletivos de coleta, tratamento e destinao
final de esgotos domsticos.
O destino adequado dos dejetos humanos do ponto de vista sanitrio visa, fundamentalmente,
a evitar a poluio do solo e dos mananciais e o contato de moscas e baratas (vetores) com as
fezes, controlando e prevenindo as doenas a eles relacionadas. Do ponto de vista econmico,
condies adequadas de saneamento propiciam uma diminuio das despesas com o
tratamento de doenas evitveis, reduo do custo do tratamento da gua de abastecimento,
pela preveno da poluio dos mananciais e o controle da poluio das praias e dos locais de
recreao, com o objetivo de promover o turismo e a preservao da fauna aqutica (FUNASA,
2006).
Mecanismos de contato com dejetos
Vrias so as formas das pessoas terem contato com dejetos, como mostrado na Figura 2. As
principais destinaes dos esgotos domsticos, tratados ou no, so os corpos de gua. O
lanamento de esgotos na gua geralmente contribui para a ocorrncia de vrias doenas, seja
Fonte: IBGE Estatcart (2004), sistematizad
os
por Bo
tto (2006).
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Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA
12
pela sua ingesto, por contato com a pele e mucosas, ou quando a mesma usada na irrigao
ou preparao de alimentos.
A disposio no controlada de esgotos no solo pode ser causa de doenas, adquiridas pelo
contato das mos, dos ps ou de outras partes do corpo com o terreno contaminado.
A falta de higiene pessoal pode levar transmisso de doenas pelo contato de pessoa a
pessoa (mo x mo) e contaminao de alimentos por meio da manipulao feita por pessoas
que no lavam as mos aps o uso da privada.
As moscas e baratas encontram nos dejetos locais para reproduo e para alimentao,
podendo causar a contaminao de alimentos e do ambiente, resultando na transmisso de
doenas. A carne de animais que se alimentam de fezes pode, tambm, causar doenas ao ser
humano, como, por exemplo, a tenase.
Para que as doenas veiculadas a partir de dejetos no ocorram, necessrio evitar-se essas
diversas vias de transmisso. Muitas doenas so evitadas com a execuo de sistemas
adequados de coleta, tratamento e destinao para os esgotos sanitrios, seja por meio de
solues individuais (fossas), mais indicadas para edificaes isoladas, ou seja, reas de baixa
densidade, ou pela implantao de servios pblicos de esgotamento sanitrio, solues mais
recomendadas para as reas urbanas.
Alm disso, importante a educao sanitria da populao, para que, com a adoo de
hbitos higinicos, evite a contaminao de outras pessoas, dos alimentos e do ambiente.
Vrias doenas podem ser transmitidas a partir dos dejetos humanos, por diversos mecanismos
de veiculao, como mostrado na Figura 2.
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Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA
13
Figura Figura Figura Figura 2222.... Mecanismos de transmisso de doenas a partir dos dejetos.
Dejetos e doenas
O Quadro 1 relaciona algumas doenas veiculadas a partir de dejetos humanos, indicando os
seus modos de transmisso. Como se pode constatar nesse quadro, os mecanismos de
transmisso de doenas a partir de dejetos so: gua, alimentos, mos sujas, solo, moscas e
baratas, carne de animais doentes.
A giardase, por exemplo, tem sua transmisso pela ingesto de cistos maduros, por meio de
guas e alimentos poludos por fezes humanas, os quais podem ser contaminados, tambm,
por cistos veiculados por moscas e baratas; de pessoa a pessoa, por meio de mos sujas, em
locais de aglomerao humana e onde h m higiene das mos ao alimentar-se. Essa infeco
com facilidade adquirida quando crianas defecam no cho e, brincando com outras crianas,
levam as mos boca (NEVES, 2000).
Moscas
Baratas
Ambiente
Alimentos
Ingesto
Carne de Animais
Dejetos de
p essoa doente
Ingesto
Irrigao
C Ontato
Mos
Ps descalos
Mos
Alimentos
Mos
Solo
gua
Fonte: Adap
tado de Mota 2006.
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Guia do profissional em treinamento ReCESAReCESAReCESAReCESA
14
Quadro Quadro Quadro Quadro 1111.... Doenas transmitidas a partir de dejetos humanos e seus modos de transmisso.
DOENADOENADOENADOENA MODOS DE TRANSMISSOMODOS DE TRANSMISSOMODOS DE TRANSMISSOMODOS DE TRANSMISSO
Amebase
Ancilostomase
Ascaridase
Clera
Diarrias infecciosas
Esquistossomose
Febre tifide
Febre paratifide
Giardase
Hepatite infecciosa
Poliomelite
Tenase
Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, moscas, mos sujas
Contato com o solo contaminado
Ingesto de ovos contidos no solo e nos alimentos
Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, mos sujas, moscas
Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, mos sujas, moscas
Contato da pele ou mucosas com gua contaminada
Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, mos sujas
Ingesto de gua ou de alimentos contaminados, mos sujas
Mos contaminadas por fezes contendo cistos; gua e alimentos na
transmisso indireta
Contaminao feco-oral; ingesto de gua e alimentos contaminados
Indiretamente, por meio da ingesto de gua contaminada; as moscas
podem funcionar como vetores mecnicos
Carne de animais doentes (que se alimentaram de fezes); transferncia
direta da mo boca; ingesto de gua ou de alimentos contaminados
Fonte: Mota (2006)
Moraes (2000) indica que a prevalncia de Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura maior em
crianas moradoras de bairros sem esgotamento sanitrio.
Segundo Marques (2003), citando outros autores, vrios estudos mostram risco aumentado da
diarria e parasitoses em domiclios sem disposio adequada de dejetos, seja por rede pblica
ou fossa sptica.
A clera uma doena que tem nos dejetos a sua origem, sendo uma infeco intestinal aguda
causada pelo Vibrio cholerae, que uma bactria capaz de produzir uma enterotoxina que
causa diarria. O V. cholerae penetra no organismo humano por ingesto de gua ou de
alimentos contaminados (transmisso fecal-oral). Uma pessoa infectada elimina o V. cholerae
nas fezes por, em mdia, 7 a 14 dias. A gua e os alimentos podem ser contaminados,
principalmente, por fezes de pessoas infectadas, com ou sem sintomas. Nos anos de 1996 a
2000 ocorreram 12.284 casos confirmados de clera no Brasil. A forma mais efetiva de impedir
a instalao da clera em uma localidade a existncia de infra-estrutura de saneamento
bsico adequada (PEDRO et al., 2007).
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15
Outra enfermidade veiculada a partir de dejetos a febre tifide, enfermidade infecciosa
potencialmente grave, causada por uma bactria, a Salmonella typhi. A principal forma de
transmisso a ingesto de gua ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou,
menos freqentemente, com urina contendo a S. typhi. Mais raramente, pode ser transmitida
pelo contato direto (mo-boca) com fezes, urina, secreo respiratria, vmito ou pus
provenientes de um indivduo infectado. De 1996 a 2006 foram confirmados 12.303 casos de
febre tifide no Brasil (CASTIEIRA et al., 2007).
Nos pases em desenvolvimento, a doena diarrica est entre as principais causas de morbi-
mortalidade em crianas, sendo ocasionada, predominantemente, pela transmisso feco-oral,
veiculada por gua e alimentos contaminados por dejetos, devido falta de um adequado
esgotamento sanitrio.
Um estudo apresentado na Rio+10 pelo Pacific Institute of Oakland, indicou que o nmero de
mortes em decorrncia do uso de gua de baixa qualidade pode ultrapassar o de mortes
causadas pela pandemia global de Aids nas prximas duas dcadas. Mesmo se os atuais
objetivos das Naes Unidas forem alcanados, ainda assim, 76 milhes de pessoas, a maioria
crianas, podero morrer devido a doenas evitveis relacionadas com a gua, at 2020 (SADE
& TECNOLOGIA, 2002).
Debate
Voc sabia...Voc sabia...Voc sabia...Voc sabia...
A falta de acesso gua e saneamento, mata uma criana a cada 19 segundos, em
decorrncia de diarria?
Infeces parasitrias transmitidas pela gua ou pelas ms condies de saneamento
atrasam a aprendizagem de 150 milhes de crianas. Em razo dessas doenas, so registradas 443 milhes de faltas escolares por ano?
Voc j relacionava a existncia de alguma dessas
doenas com as deficincias dos sistemas de esgotamento sanitrio? Qual delas?
Fonte: http://w
ww.undp.org
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Controle de doenas veiculadas a partir de dejetos
De acordo com Heller (1997), possvel afirmar, com segurana, que intervenes em
abastecimento de gua e em esgotamento sanitrio provocam impactos positivos em diversos
indicadores de sade. necessrio, no entanto, o aprofundamento dessa compreenso para
situaes particularizadas, em termos da natureza da interveno, do indicador medido, das
caractersticas scio-econmicas e culturais da populao beneficiada e do efeito interativo das
intervenes em saneamento e destas com outras medidas relacionadas sade.
Heller (1997) ressalta, tambm, a grande importncia da adoo de hbitos higinicos para a
melhoria das condies de sade, como medida complementar implantao das instalaes
de saneamento.
A melhor maneira de evitar o contato de pessoas com dejetos a execuo de sistemas
adequados de coleta, tratamento e destinao final para os esgotos sanitrios. Em regies
isoladas, podem ser usadas as fossas: fossa seca ou ecolgica, onde no h gua encanada; e
fossa sptica, composta de tanque sptico e sumidouro, onde as privadas so providas com
descarga de gua. Nos centros urbanos com elevada densidade demogrfica, a soluo mais
indicada a rede coletora pblica de esgoto seguida de estao de tratamento de esgoto, onde
o mesmo tem suas cargas poluidoras reduzidas antes de ser lanado em algum corpo receptor.
Alm da destinao adequada dos dejetos para os esgotos sanitrios, a implantao de
sistemas de abastecimento de gua, a proteo dos alimentos e a educao sanitria so
medidas preventivas de extrema importncia a serem adotadas no controle de doenas
veiculadas a partir dos dejetos (DOS SANTOS, 2008). O Quadro 2 relaciona a reduo de casos
de doenas diarricas com intervenes realizadas na comunidade.
Quadro Quadro Quadro Quadro 2222.... Reduo de doenas diarricas a partir de intervenes na comunidade.
INTERVENOINTERVENOINTERVENOINTERVENO REDUO DE DOENAS DIARRICASREDUO DE DOENAS DIARRICASREDUO DE DOENAS DIARRICASREDUO DE DOENAS DIARRICAS
Higiene (educao sanitria)
Qualidade de gua melhorada
Saneamento melhorado
Quantidade de gua melhorada
45%
39%
32%
21%
Fonte: OMS (2004)
VocVocVocVoc sabia... sabia... sabia... sabia...
VocVocVocVoc sabia... sabia... sabia... sabia...
Fonte: http://w
ww.undp.org
VocVocVocVoc sabia... sabia... sabia... sabia...
No mundo, as estimativas apontam para 1,1 bilho de pessoas sem acesso a
gua limpa, sendo que, dessas, cerca de duas em cada trs vivem com menos de
dois dlares por dia?
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17
ESGOTAMENTO SANITRIO
EDUCAO SANITRIA
Consideraes finais
Pode-se afirmar que o controle da transmisso de doenas a partir de esgotos sanitrios
depende, basicamente, das aes constantes do trinmio indicado na Figura 3.
Figura Figura Figura Figura 3333.... Aes para o controle de doenas veiculadas a partir de dejetos
Para que no ocorram doenas transmissveis por microrganismos patognicos presentes em
esgotos sanitrios (nas fezes humanas), em uma comunidade, so indispensveis as seguintes
aes:
- implantao de sistema de abastecimento de gua potvel.
- execuo de rede coletora e de estao de tratamento de esgoto sanitrio.
- educao da populao para a adoo de hbitos de higiene pessoal e do ambiente.
Exerccios propostos
1. Explique a relao existente entre saneamento e sade pblica.
2. Enumere as principais formas que um agente patognico pode chegar ao homem.
3. Descreva as principais medidas de controle de doenas.
4. Pesquise sobre a situao do saneamento em sua cidade, em termos de abastecimento de
gua, esgotamento sanitrio e resduos slidos.
ABASTECIMENTO DE GUA POTVEL
Fonte: http://w
ww.undp.org
Para saber mais...Para saber mais...Para saber mais...Para saber mais...
Maiores informaes podem ser obtidas no site: www.undp.org
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Concepo dos sistemas de esgotamento sanitrio
Autores: Gustavo Paiva Weyne Rodrigues
As fases de um projeto de sistema de esgotamento sanitrio
podem ser divididas em concepo, projeto bsico e projeto
executivo.
A concepo do sistema de esgotamento sanitrio pode ser
definida como o conjunto de estudos referentes ao
estabelecimento de diretrizes, definies e parmetros
necessrios para a caracterizao completa do sistema a ser
projetado. nesta fase que devem ser coletados os elementos
necessrios ao desenvolvimento dos estudos, com as
caractersticas das possveis reas a serem esgotadas.
Segundo Leme (1977), estes elementos so geralmente conseguidos em rgos administrativos
locais, municipais e estaduais. Dentre os elementos mais relevantes, podem-se citar as cartas
topogrficas, necessrias ao estudo da topografia e hidrografia da rea em questo e no
delineamento das bacias contribuintes e possveis corpos receptores capazes de servirem como
destino final das contribuies coletadas, bem como considerar as regies que no so
passiveis de esgotamento e, assim, apresentar solues individuais.
Uma srie de atividades deve ser desenvolvida para o conhecimento da localidade e das
caractersticas da regio a ser implantado o sistema. Dessas atividades, as principais e
necessrias para o desenvolvimento de estudos de concepo de sistemas de esgotamento
sanitrio, so explanadas a seguir.
Primeiramente, deve ser realizada uma caracterizao sobre a localizao, vias de acesso, infra-
estrutura existente, cadastro dos sistemas de abastecimento de gua, esgoto, drenagem,
telefonia, energia, gs etc.
As condies sanitrias locais e ndices de doenas relacionadas com a gua so indicadores de
sade da populao. Deve-se, tambm, atentar para um plano de qualidade ambiental, que
abrange os impactos socioambientais antes e aps a implantao da obra, os planos de manejo
de fauna e flora (caso seja necessrio) e plano ambiental de instalao do canteiro de obras.
Ainda, na concepo, a anlise quantitativa e qualitativa no deve ser
superestimada ou subestimada, ou seja, o sistema deve ser projetado dentro da
realidade oramentria da localidade. A busca por solues que extrapolem o
custo previsto para a obra pode levar desistncia por parte dos rgos
financiadores e a conseqente revogao da execuo do projeto.
OBJETIVOS:
Apresentar e discutir
contedos relacionados aos
elementos necessrios para
a concepo de sistemas
de esgotamento sanitrio e
os condicionantes tcnicos,
sociais, econmicos e
institucionais e do meio
fisco natural para a adoo
de uma alternativa tecnolgica.
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Este ltimo deve contemplar o manejo dos resduos slidos, a captao de gua para o
abastecimento, a coleta e tratamento de esgotos no canteiro.
Em casos de substituio e/ou ampliaes da rede, de suma importncia a anlise do sistema
de esgotamento existente. Devem ser identificados todos os elementos constituintes para uma
anlise precisa. As ampliaes so dimensionadas levando em conta os trechos existentes e
suas caractersticas de projeto, como declividade, profundidade, material, etc. H de se levar
em conta a possvel defasagem de vazo do sistema antigo por meio de ligaes clandestinas e
obstrues na rede.
O estudo do traado da rede s pode ser iniciado aps o levantamento topogrfico completo da
regio. O projetista, com os dados topogrficos, pode delimitar as bacias e/ou sub-bacias
contribuintes, possibilitando a criao de alternativas para o sistema. Em alguns casos as
solues podem ser combinadas, ou seja, coletivas e individuais em um mesmo sistema. Nem
sempre todas as bacias podem ser esgotadas, quer por razes de custos ou pela inexistncia
de uma destinao final para o tratamento dos esgotos.
Nos projetos, as solues individuais devem ser includas em pontos de difcil acesso rede
coletora ou que podem encarecer a obra, seja por instalaes de estaes elevatrias (e seus
respectivos consumos de energia) ou por escavaes em profundidades muito elevadas.
Em alguns casos, quando os domiclios no possuem condies mnimas para receber rede
coletora de esgoto ou soluo individual so previstos os projetos de melhorias sanitrias
domiciliares que distribuem kits sanitrios contendo chuveiro, pia para lavar as mos, vaso
sanitrio, pia de cozinha e etc.
Faz-se necessrio consultar, para cada localidade envolvida (caso haja
disponibilidade junto aos rgos competentes), a lei de uso e ocupao do
solo e o plano diretor do municpio. de extrema importncia um estudo
demogrfico para a definio de populaes (de incio e fim de plano) das
bacias, localizando e verificando as possveis expanses da localidade, com
o crescimento e surgimento de novos bairros, bem como examinando quais
bairros ou setores esto no pice de sua ocupao.
A formulao de alternativas deve ser criteriosamente analisada e justificada,
apresentando suas unidades componentes, impactos ambientais e sociais,
bem como o custo final de cada alternativa. Geralmente, a alternativa que
acarreta em menores custos a escolhida, porm nem sempre a mais
eficiente. A opo escolhida dever ter caractersticas como: menor custo,
menor impacto ambiental e social, menores taxas de desapropriao e etc.
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O cenrio que apresenta maior custo em sistemas de esgotamento sanitrio so os projetos
que prevem instalaes de estaes elevatrias para o recalque de esgoto de um ponto de
cota mais baixa para outro mais elevado, seja para integrar bacias ou para levar o efluente
estao de tratamento.
Em relao aos aspectos culturais importante ter conhecimento de como a populao faz uso
da gua e qual a expectativa da mesma de melhorias no quesito da sade pblica com o
sistema de esgotos, podendo ser obtidos mediante aplicao de questionrios. importante
sugerir concessionria do sistema o incentivo a programas de educao ambiental, combate
ao desperdcio do uso da gua, captao de guas de chuvas, higiene sanitria, entre outros. A
populao deve participar nos processos de seleo e implantao da soluo para o
esgotamento sanitrio, assim, alm de conhecer o projeto e suas benfeitorias, pode apresentar
idias e sugestes que eventualmente podem ser acatadas.
Sempre que possvel deve-se contratar mo-de-obra local para a implantao do sistema, pois
acarreta em gerao de empregos e rotatividade de capital. Para regies de menor porte, deve-
se atentar para o encarregado da manuteno e operao do sistema, o qual deve ser treinado
e qualificado. Em localidades com maiores restries oramentrias, deve-se prever se o
faturamento pode cobrir os custos da operao/manuteno peridica do sistema e de seus
respectivos funcionrios.
Outro aspecto a ser avaliado so as reas onde h maior ndice de inadimplncia no pagamento
da tarifa de gua que geralmente apresentam maior resistncia da comunidade em fazer as
ligaes domiciliares rede coletora pblica de esgotos, j que a tarifa tende a aumentar com a
oferta deste servio.
Em solues individuais, como fossa-sumidouro, o usurio deve seguir as normas
estabelecidas para a limpeza, de modo que no prejudique a eficincia do sistema e,
conseqentemente, cause danos ao meio ambiente (pela poluio dos solos e lenol fretico) e
sua sade.
Geralmente, concomitantemente ao levantamento topogrfico, feito o estudo de sondagem,
no qual se identifica o tipo de solo, para que seja identificado o tipo de escoramento a ser
utilizado nos trechos e a possibilidade de uso de explosivos (caso haja formao rochosa ou
afloramento de rochas em pouca profundidade de escavao).
Outros fatores tm de ser ponderados para a implantao do sistema, tais como:
aspectos culturais e sociais da comunidade, disponibilidade de mo-de-obra local para
treinamento e qualificao com o objetivo de operar e manter o sistema, a disposio
de pagamento dos usurios, condies econmicas e financeiras do prestador de
servios, entre outros.
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Todos os critrios e parmetros de projeto devem ser considerados e justificados, sendo que,
no caso de falta de dados para os clculos dos mesmos, deve-se seguir a NBR 9649/1986. Os
principais parmetros so: consumo per capita, coeficientes de variao de vazo (K1, K2 e K3),
taxa de contribuio industrial, coeficiente de retorno, taxa de infiltrao na rede e etc.
Na concepo, o relatrio deve conter para cada alternativa o pr-dimensionamento das
unidades do sistema, apresentando os detalhes das solues coletivas e/ou individuais, o
estudo das bacias de contribuio, traados da rede, definio do material da rede coletora,
memrias de clculo, definio do tipo e nvel de tratamento, alm da identificao do corpo
receptor.
Para o projeto executivo devem-se apresentar todas as plantas e peas grficas, bem como o
memorial de clculo de todas as unidades da concepo.
Conforme Sobrinho e Tsutiya (2000), os sistemas de esgotamento sanitrio devem ser
projetados para um horizonte de projeto de 20 (vinte) anos e devem ser justificados em casos
excepcionais. Segundo Rodrigues (2006), este perodo geralmente subdividido em etapas de
projeto conforme a vida til das estruturas e dos equipamentos, as condies de financiamento
da obra, a flexibilidade para futuras ampliaes do sistema, entre outros fatores
preponderantes.
O quadro a seguir apresenta as vantagens e desvantagens das solues individuais e coletivas e
seus respectivos impactos socioeconmicos. Vale ressaltar que o uso das duas solues
combinadas bastante utilizado e constitui mais um recurso para o projetista e, ainda, que
devem ser justificadas quaisquer solues adotadas em projeto.
Para refletir
No municpio no qual voc atua como est o quadro de cobertura de esgotamento sanitrio?
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Quadro Quadro Quadro Quadro 3333.... Vantagens e desvantagens das solues coletivas e individuais e seus impactos socioeconmicos
SoluoSoluoSoluoSoluo VantagensVantagensVantagensVantagens DesvantagensDesvantagensDesvantagensDesvantagens
Individual Baixo custo de implantao
(impacto econmico positivo);
Menor nmero de funcionrios
para operao e manuteno
(impacto econmico positivo);
Baixo custo com operao e
manuteno (impacto econmico
positivo).
Menor eficincia no tratamento dos
esgotos (impacto ambiental negativo);
Maior risco de contaminao do solo e
lenol fretico (impacto ambiental
negativo);
Menor contratao de mo-de-obra
necessria para a implantao da obra
(impacto socioeconmico negativo).
Coletiva Maior eficincia no tratamento
(impacto ambiental positivo);
Menor risco de contaminao do
solo e lenol fretico (impacto
ambiental positivo);
Maior contratao de mo-de-obra
necessria para a implantao da
obra (impacto socioeconmico
positivo).
Alto custo de implantao (impacto
econmico negativo);
Menor nmero de funcionrios para
operao e manuteno (impacto
econmico negativo);
Alto custo com operao e manuteno
(impacto econmico negativo).
Necessidade de treinamento de
funcionrios para a operao e
manuteno do sistema (impacto
socioeconmico neutro) *;
* Apesar de a concessionria investir mais no treinamento do servidor, h o crescimento profissional do
mesmo por meio de sua qualificao.
Exerccios propostos
1. Quais so as fases do projeto e quais os instrumentos que compem cada fase?
2. Quais os fatores que influenciam no projeto e implantao de um projeto de rede de
esgoto?.
Debate
No municpio no qual voc atua qual a soluo melhor se aplicaria ao projeto? Por qu?
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Sistemas individuais para esgotamento sanitrio
Autores: Marcos Erick R. da Silva e Andr Bezerra dos Santos
A ausncia, total ou parcial, de servios pblicos de esgotos sanitrios
nas reas urbanas e rurais exige a implantao de algum meio de
disposio dos efluentes com o objetivo de evitar a contaminao em
especial do solo e da gua. Assim, em algumas localidades,
principalmente em regies pouco desenvolvidas, com residncias
isoladas, com peculiaridades topogrficas, entre outros aspectos scio-
econmicos e culturais, nem sempre possvel a utilizao de sistemas
de esgotamento convencional, ou seja, atravs da ligao dos esgotos
gerados nas edificaes em uma rede coletora. Para estes casos,
conveniente adotar solues individuais de tratamento dos excretas.
Podem-se destacar as solues por via seca, ou seja, quando no feito uso de gua, ou por
via hdrica, quando para afastar os excretas, faz-se uso de descarga de gua de modo
automtico ou no. Ambas as formas sero detalhadas no presente captulo.
Solues por via seca
Todos os tipos de privada includas neste tipo de soluo so variantes da privada com fossa
seca que tem encontrado vasta aplicao em pases em desenvolvimento, inclusive no Brasil,
em programas de saneamento bsico. Em geral, esses sistemas so mais adequados para
regies desprovidas de sistemas de abastecimento de gua, em particular em residncias que
no dispem de instalaes sanitrias (JORDO e PESSA, 2005).
Fossa SecaFossa SecaFossa SecaFossa Seca
Constitui-se de uma escavao feita no terreno, com ou sem revestimento, a depender da
coeso do solo, de uma laje de tampa com um orifcio que serve de piso, e de uma casinha para
sua proteo e abrigo do usurio (Figura 4), sendo recomendado tambm contra problemas de
odores, um sistema de ventilao, constitudo por um tubo localizado na parte interna da
casinha, junto parede, com a extremidade superior acima do telhado (Figura 4). Esse
dispositivo destinado a receber somente as excretas, ou seja, no h utilizao alguma de
gua. As fezes retidas no seu interior se decompem ao longo do tempo pelo processo de
digesto anaerbia (FUNASA, 2006).
Uma caracterstica fundamental da fossa seca (e da vem o seu nome) que ela
no deve receber gua de descargas, de banhos, de lavagem, de enxurrada ou
mesmo gua do solo quando o nvel da gua subterrnea for muito alto. Os
principais problemas durante o seu uso so a gerao de odor e a proliferao
de insetos, particularmente, a mosca.
OBJETIVOS:
Apresentar e discutir
as solues
individuais, com e
sem transporte
hdrico, para o
destino dos
esgotos domsticos..
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Localizao
Dimensionamento
Figura Figura Figura Figura 4444.... Esquema em corte de uma fossa seca.
(a) Fossa seca convencional (b) Fossa seca ventilada
Fonte: FU
NASA
(2006).
A localizao das fossas secas exige ateno especial devido ao processo de
infiltrao no solo. Assim, devero ser instaladas, preferencialmente, em
locais planos, secos, livres de enchentes e de fcil acesso aos usurios.
Distantes de poos e fontes e em cota inferior a mananciais, a fim de evitar a
contaminao. A distncia varia com o tipo de solo e deve ser determinada
localmente. Recomenda-se afastamento de pelo menos 1,5m do excreta em
relao ao lenol fretico, e de 15 metros em relao a um poo, o qual deve se situar a montante da privada higinica (JORDO e PESSA, 2005).
Dever ser levado em considerao o tempo de vida til da mesma e as
tcnicas de construo. Algumas dimenses indicadas para a maioria
das reas rurais so: abertura circular com 90 cm de dimetro, ou
quadrada com 80 cm de lado; profundidade variando com as
caractersticas do solo, o nvel de gua do lenol fretico, etc., recomendando-se valores em torno de 2,5m (FUNASA, 2006).
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Manuteno
A limpeza primordial para um programa em que se busca a eliminao de focos favorveis
transmisso de doenas. Pisos sujos por fezes e urina, ou o que pior, a cova praticamente
cheia e ainda em uso, constituem pontos de atrao de moscas e roedores, provveis focos de
contaminao. Deve-se lembrar que muitas vezes essas privadas vo ser instaladas em reas
onde antes era hbito defecar no terreno, sem maiores cuidados de asseio e de limpeza,
cabendo, portanto, um trabalho prvio de educao sanitria em relao ao uso e manuteno
da privada, e conscientizao dos moradores em relao aos benefcios sanitrios e de sade
pblica (JORDO e PESSA, 2005).
Vantagens e Desvantagens: diante da aplicao da fossa seca como destino e tratamento de
esgotos domsticos podem-se citar as seguintes vantagens (FUNASA, 2006):
Baixo custo;
Simples operao e manuteno;
No consome gua;
Risco mnimo sade;
Recomendada para reas de baixa e mdia densidade;
Aplicada a tipos variados de terrenos;
Permite o uso de diversos materiais de construo.
Entre as desvantagens destacam-se:
Imprpria para reas de alta densidade;
Podem poluir o solo;
Requer soluo para outras guas servidas.
Na fossa seca so lanados apenas os dejetos e o papel de limpeza do usurio.
Entretanto, se ocorrer mau cheiro, recomenda-se empregar pequenas pores de
sais alcalinizantes, como sais de sdio, clcio e potssio, sendo comum o uso de
cal ou cinza. conveniente que o recinto seja mantido em penumbra para evitar a
presena de moscas. Assim, a porta da casinha dever permanecer fechada e a
ventilao deve ser feita atravs de pequenas aberturas no topo das paredes. Se,
eventualmente, surgir gua na fossa, propiciando a proliferao de mosquitos
aconselha-se utilizar derivados de petrleo, sendo mais comum o uso de
querosene e de leo queimado (FUNASA, 2006).
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Fossa seca estanqueFossa seca estanqueFossa seca estanqueFossa seca estanque
Consta de um tanque destinado a receber os dejetos, diretamente, sem descarga de gua, em
condies idnticas s da privada de fossa seca. Apresenta como principal caracterstica o fato
de ser totalmente impermeabilizada, sendo, portanto uma soluo indicada para zonas de
lenol fretico muito superficial, evitando assim o perigo de poluio de poos dos quais
retirada a gua para abastecimento humano (FUNASA, 2006).
Fossa Seca de FermentaoFossa Seca de FermentaoFossa Seca de FermentaoFossa Seca de Fermentao
composta essencialmente de duas cmaras unidas e independentes destinadas a receber os
dejetos, assim como nas privadas de fossa seca (Figura 5).
Figura Figura Figura Figura 5555.... Esquema em planta e corte da fossa seca de fermentao.
De acordo com o tipo de solo, podero ser tanques enterrados, semi-enterrados, ou totalmente
construdos na superfcie do terreno.
Quanto ao funcionamento, basicamente, utiliza-se apenas uma das cmaras at esgotar sua
capacidade, em geral para uma famlia de seis pessoas, a cmara ficar cheia em um ano, isola-
se esta cmara vedando a respectiva tampa, passando a utilizar a segunda cmara. Nesse
perodo o material acumulado na primeira sofrer fermentao natural. Quando a segunda
cmara atingir sua capacidade mxima, o material contido na primeira j estar mineralizado,
podendo ser removido e utilizado como fertilizante na agricultura, e a mesma poder ser
utilizada novamente. Assim, sempre que uma cmara estiver sendo utilizada a outra estar em
repouso. Ressalta-se, que na operao de limpeza das cmaras, conveniente deixar uma
pequena poro do material j fermentado, a fim de auxiliar o reincio do processo de
fermentao (FUNASA, 2006).
Fonte: Funasa (2006).
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Solues por via hdrica
A fossa spticaA fossa spticaA fossa spticaA fossa sptica
O tanque sptico, mais conhecido como fossa sptica (Figura 6), vem sendo utilizado h pouco
mais de 100 anos. Foi a primeira unidade inventada para o tratamento de esgotos e at hoje a
mais extensivamente empregada. Pode ser definida como uma cmara convenientemente
construda para reter os esgotos sanitrios por um perodo de tempo criteriosamente
estabelecido, de modo a permitir a sedimentao dos slidos e a reteno do material graxo
presente no esgoto, transformando-os bioquimicamente em substncias e compostos mais
simples e estveis (CAMPOS, 1999).
Figura Figura Figura Figura 6666.... Tanque sptico de cmara nica preconizado pela NBR 7.229 (ABNT, 1993).
Geralmente apresenta-se como um tanque com paredes verticais de alvenaria revestida ou em
concreto, apoiadas sobre uma laje de concreto simples, provido de cobertura de lajotas
removveis normalmente em concreto armado, e tendo uma ou duas cmaras. Tem,
normalmente, forma cilndrica (anis pr-moldados de concreto ou alvenaria de tijolos) ou
prismtica retangular (forma de caixa de sapato).
No Brasil, uma soluo bastante disseminada entre a populao, servindo tanto a residncias
com poucos moradores como a prdios mais complexos como escolas e outros (FUNASA,
2006). O tanque sptico recebe as guas residurias provenientes de atividades to distintas
como: descarga sanitria, despejos de lavatrios, guas do asseio corporal, de lavagem de
roupas e provenientes da cozinha, sendo este recebimento feito de modo contnuo. Portanto, a
entrada dessas guas corresponder sada de idntica quantidade de esgoto tratado.
h: profundidade til do tanque H: profundidade interna total do tanque
Fonte: Chernicharo (2007).
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Funcionamento (Figura 7):
Reteno: o esgoto retido na fossa por um perodo estabelecido, que pode variar de
12 a 24 horas, dependendo das contribuies afluentes;
Decantao: simultaneamente fase de reteno, processa-se a sedimentao de 60 a
70% dos slidos em suspenso contidos nos esgotos e a subseqente formao de lodo.
Parte dos slidos no decantados como leos, graxas, gorduras e outros materiais
misturados com gases e retidos na superfcie livre do lquido, formaro uma camada de
escuma no interior do tanque;
Digesto: tanto o lodo quanto a escuma sofrem a ao principalmente dos
microrganismos anaerbios (j que a concentrao de oxignio dissolvido muito
baixa) de forma a remover parte dos poluentes presentes no esgoto bruto;
Reduo do volume: na digesto anaerbia, acontece a hidrlise dos slidos volteis que
se sedimentam, gerando como produtos gases e lquidos. Como conseqncia, h
acentuada reduo de volume dos slidos retidos e digeridos, que adquirem
caractersticas estveis capazes de permitir que o efluente lquido do tanque sptico
possa ser lanado em melhores condies de segurana do que as do esgoto bruto.
Entretanto, os efluentes de tanques spticos ainda no apresentam condies propcias
para descarte sem comprometer a qualidade da gua subterrnea (FUNASA, 2006).
Figura Figura Figura Figura 7777.... Funcionamento geral de um tanque sptico.
Os tanques spticos podem ser constitudos em cmara nica, em cmaras em srie ou em
cmaras sobrepostas, conforme mostrado nas Figuras 8, 9 e 10, e podem ter forma cilndrica
ou prismtica retangular.
Lodo em Digesto Lodo Digerido
Sada Entrada
Esgoto Bruto
Efluente
Partculas pesadas
Desprendimento de Gases
Acumulao de Escuma (frao emersa)
Acumulao de Escuma (frao submersa)
Nvel de gua
Fonte: FU
NASA
(2006).
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Figura Figura Figura Figura 8888.... Tanque sptico de cmara nica (corte longitudinal).
Figura Figura Figura Figura 9999.... Tanque sptico de cmaras em srie (corte longitudinal).
Figura Figura Figura Figura 10101010.... Tanque sptico de cmaras sobrepostas (corte transversal).
Lodo
Escuma
Afluente
Efluente
Afluente
Lodo
Efluente Escuma
Lodo
Afluente
Fonte: Cam
pos (1999).
Fonte: Cam
pos (1999).
Fonte: Cam
pos (1999).
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Os de cmaras em srie geralmente constituem um nico tanque coberto, dividido por uma
parede interna vazada (fenda horizontal), formando duas cmaras em srie no fluxo horizontal.
A primeira cmara o principal reator biolgico, j que recebe a maior quantidade de lodo, ou
seja, os slidos de mais fcil decantao. Alm da remoo dos slidos em suspenso, h
tambm uma significativa remoo da matria orgnica dissolvida nos esgotos. Nessa fase, h
uma considervel gerao de gases devido decomposio anaerbia do lodo. A segunda
cmara formar pouco lodo, mas servir como polimento do esgoto por permitir uma
sedimentao mais tranqila dos slidos suspensos remanescentes, devido menor
interferncia das bolhas dos gases gerados. Esse tipo de fossa sptica proporciona uma
eficincia global maior do que uma nica cmara de igual volume.
Os tanques de cmaras sobrepostas possuem divises internas de forma a constituir duas
cmaras dispostas verticalmente. Placas inclinadas so dispostas no interior do tanque com a
funo de separar as fases, slidolquidogs. Esse dispositivo permite a passagem do lodo
sedimentado da cmara superior para a inferior e desvia os gases produzidos na cmara
inferior, de modo que na cmara superior ocorra a sedimentao de slidos sem a interferncia
das bolhas de gases ascendentes, resultantes da digesto do lodo que se acumula na cmara
inferior, propiciando maior eficincia de sedimentao (CAMPOS, 1999).
importante a observao de que os tanques de cmara nica, cmaras em srie e cmaras
sobrepostas so funcionalmente diferentes. Nos de cmara nica, todos os fenmenos ocorrem
num nico ambiente. Nos de cmaras em srie, embora ocorra decantao e digesto nas duas
cmaras, a primeira favorece a digesto e a segunda a sedimentao, seqencialmente. Nos de
cmaras sobrepostas, a cmara superior, que a primeira e tambm a ltima em relao ao
fluxo, favorece apenas a decantao e a cmara inferior funciona como digestor e acumulador
de resduos (CAMPOS, 1999).
Voc sabia...Voc sabia...Voc sabia...Voc sabia...
Os tanques spticos so utilizados h mais de cem anos e representam
atualmente uma das principais unidades de tratamento de esgotos, dada a
sua aplicabilidade generalizada.
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Debate
Aplicabilidade e VantagensAplicabilidade e VantagensAplicabilidade e VantagensAplicabilidade e Vantagens
As fossas spticas so indicadas para zonas urbanas ou rurais de baixa densidade
populacional e que apresentam um solo com boa capacidade de absoro.
Embora comumente aplicados para pequenas vazes, os tanques spticos podem ser
indicados para tratar vazes mdias e elevadas, principalmente quando construdos em
mdulos.
uma tecnologia simples, compacta e de baixo custo. Contudo, apresenta baixa
eficincia, principalmente na remoo de nutrientes e de patognicos, produzindo um
efluente que deve ser encaminhado a um ps-tratamento (CAMPOS, 1999).
Portanto, as grandes vantagens das fossas spticas em comparao a todas as outras
opes de tratamento de esgotos, esto na construo e operao extremamente
simples, alm dos baixos custos.
Para tanques spticos, projetados e operados racionalmente, pode-se obter redues de
slidos em suspenso em torno de 50% e eficincias de remoo de DBO em cerca de
30%, ambos decaindo com a falta de limpeza regular da fossa (JORDO e PESSOA, 2005).
Quando se deve aplicar as fossas spticas por via seca e por via hdrica?
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Sistema coletivo do tipo separador absoluto para o
esgotamento sanitrio
Autores: Gustavo Paiva Weyne Rodrigues
Os sistemas coletivos podem ser divididos em dois: parcial e absoluto. O
primeiro recebe uma parcela das guas de chuva provenientes de telhados
e ptios das edificaes e o segundo, tem suas tubulaes separadas, ou
seja, uma exclusiva para a coleta de esgotos e outra para transportar as
guas de chuva. No Brasil, comumente, utiliza-se o sistema separador
absoluto.
Araujo (2003) cita que o conceito de separao absoluta relativo, pois a prpria definio de
esgoto sanitrio, contida na NBR-9648/1986 da ABNT, j inclui as guas de infiltrao e pluvial.
Ainda segundo Araujo (2003), tambm no esto definitivamente excludas guas pluviais
cadas em reas internas aos domiclios ou guas subterrneas que porventura surgem nos
terrenos e que, por falta de fiscalizao, so acrescidas ao esgoto por mera comodidade dos
moradores. A participao dessas contribuies no clculo das vazes fica por contra da
parcela de contribuio pluvial.
A utilizao do sistema separador pode ser justificada pelos seguintes fatores, segundo
Azevedo Netto (1998) e Alem Sobrinho e Tsutiya (2000):
Menores custos, pelo fato de empregar tubos mais baratos, de fcil obteno e de
fabricao industrial (tubos de PVC e derivados, manilhas etc.), facilitando a execuo
e reduzindo custos e prazos de construo,
Dentro de um planejamento integrado possvel a execuo das obras por etapas,
construindo e estendendo-se primeiramente a rede de maior importncia para a
localidade, com investimento inicial menor,
As condies para o tratamento do esgoto so melhoradas, evitando-se a poluio
das guas receptoras por ocasio das extra vazes que se verificam nos perodos de
chuvas intensas,
No se condiciona e nem obriga a pavimentao das vias pblicas,
Reduz a extenso das tubulaes de grande dimetro em uma localidade; pelo fato de
no exigir a construo de galerias em todas as ruas.
De acordo com ABNT (1986), o sistema de esgoto sanitrio separador
o conjunto de condutos, instalaes e equipamentos destinados a
coletar, transportar, condicionar e encaminhar, somente esgoto
sanitrio, a uma disposio final conveniente, de modo contnuo e
higienicamente seguro.
OBJETIVOS:
Apresentar e discutir
os tipos de
sistemas coletivos
(unitrio e
vantagens e
desvantagens e as
partes que
compe um
sistema de esgoto)..
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O que bastante evidente no Brasil, notadamente nos municpios de menor porte, que o
controle para se evitar que as guas pluviais (principalmente as provenientes dos telhados e
ptios dos domiclios esgotados) sejam encaminhadas junto com o esgoto sanitrio, o que
poder acarretar num sistema ineficiente. Geralmente nessas localidades o sistema de
drenagem inexistente, ineficiente ou ultrapassado. O quadro 4 apresenta as caractersticas
que diferenciam o sistema separador parcial e absoluto.
QuadroQuadroQuadroQuadro 4444. . . . Caractersticas dos sistemas separadores de esgoto sanitrio.
Sistema separadorSistema separadorSistema separadorSistema separador CaractersticaCaractersticaCaractersticaCaracterstica
Absoluto Tem suas tubulaes separadas, ou seja, uma exclusiva para a
coleta de esgotos e outra para transportar as guas de chuva.
Parcial Recebe uma parcela das guas de chuva provenientes de
telhados e ptios das edificaes.
Os custos com a rede coletora contemplam:
Locao e cadastro em meio magntico da rede,
Aquisio, transporte e assentamento das tubulaes,
Sinalizaes, segurana e travessia,
Movimento de terra (escavao, reaterro e bota-fora),
Escoramento das valas,
Aquisio e/ou execuo de rgos acessrios da rede.
Para um melhor entendimento: uma estao elevatria de esgotos requer os seguintes fatores
que encarecem a obra:
Tratamento preliminar situado a montante da casa de bombas,
Aquisio de conjuntos moto-bomba e equipamentos hidromecnicos,
Projeto de instalao eltrica da EE,
Treinamento de pessoal para operao e manuteno,
Dispndio com energia eltrica (aps implantao do sistema).
importante salientar que quanto mais complexo o sistema, mais caro torna-se a
obra. A instalao de elevatrias de esgotos e escavao em profundidades
elevadas so as etapas mais onerosas de uma obra de rede de esgotos.
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Sistema Condominial de Esgoto Sanitrio
Autores: Teresa Chenaud
Introduo
O sistema condominial de esgoto sanitrio faz parte da denominada
Tecnologia Apropriada-TA.
O SCE assim denominado porque a idia bsica de sua implantao a da formao de um
condomnio na quadra urbana, envolvendo um conjunto de usurios interligados por uma rede
de tubulaes de dimetro compatvel com o volume de esgoto produzido pela quadra (ramal-
condomnio) ou rede condominial de esgoto (RCE), dispostas a pequenas profundidades no
interior dos lotes. A concepo do SCE, segundo MELO (1994), baseada em princpios como o
de participao, pacto comunitrio, descentralizao tcnica e administrativa, gradualismo,
universalidade e equidade. Esses princpios remetem idia de busca de maior cobertura em
esgotamento sanitrio, de eficcia tcnica e organizacional, alm da construo de estratgias
para ampliao da participao social no processo de implementao e de manuteno dos
servios.
Cabe chamar ateno para os termos tecnologia e tcnica que esto sendo aqui muito
utilizados. Assim, conforme afirma Ennes (1989, p. 14), a tecnologia compreendida como [...]
um conjunto de princpios, configurado por conhecimentos cientficos que se aplicam a um
determinado ramo de atividade. Por sua vez, segundo o mesmo autor, a [...] tcnica o
conjunto de processos que possibilita materializar a tecnologia (ENNES, 1989, p. 14).
O termo Tecnologia Apropriada indica a possibilidade de adaptao da
tecnologia ao meio no qual se adota em termos fsico-ambientais,
culturais e sociais. Indica ainda uma busca do respeito e confiana dos
membros da comunidade na qual se instala, no seu potencial e
capacidade de ao e participao que so pr-condies para uma
melhoria da condio de vida sanitria e ambiental local
(KLIGERMAN,1995).
O SCE compe-se de dois elementos bsicos: um de ordem tecnolgica, que diz respeito
concepo tcnica da alternativa, e outro relativo a sua gesto, baseada na ao descentralizada e participativa. a reunio desses elementos que confere identidade a esse sistema.
OBJETIVOS:
Apresentar
conhecimentos
sobre sistemas
Condominiais de esgoto.
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Neste texto, inicialmente, sero apresentadas as origens do SCE, sua concepo tcnica e
algumas de suas principais caractersticas, com destaque para quela referente a participao
popular, em todas as etapas de sua adoo. Aps, sero mostrados os parmetros de projeto
que, como ser observado, pouco se diferenciam dos da concepo convencional, adotados na
maior parte dos projetos de esgoto sanitrio. Por fim, tm-se a concluso, seguida das
referencias bibliogrficas aqui utilizadas.
Sistema condominial de esgoto
Nas ltimas dcadas tem havido um interesse crescente no sentido de adotar tecnologias
apropriadas TA, para o esgotamento sanitrio, com destaque para o SCE. Esse interesse
justificado tanto pelo menor custo de implantao dessa alternativa tecnolgica, quanto pelos
questionamentos relativos adequao tcnica da tecnologia convencional frente s diferentes
realidades dos contextos urbanos e rurais brasileiros. Ou seja, o SCE, em razo da sua
flexibilidade tcnica, se adequa as mais diferentes situaes fsicas onde ser implantado.
Conforme a ilustrao comparativa a seguir, pode-se observar que o desenho das RCE em uma
quadra urbana mostra-se mais adequado e econmico do que a opo convencional, podendo
ser adotado, em funo da topografia existente, em trs formas de disposio das redes (ramal
de jardim; ramal de fundo de lote; ramal de passeio) nos mais diferentes contextos urbanos.
Assim, independentemente das caractersticas socioeconmicas e fsicas locais, ao percorrer as
menores dimenses do lote, ao adotar esse modelo tm-se uma reduo significativa na
quantidade de tubulaes com a conseqente implicao nos custos, contribuindo para o
atendimento ao princpio da eqidade, to necessrio e importante a este tipo de servio
pblico.
Voc sabia....Voc sabia....Voc sabia....Voc sabia....
Como exemplos de tecnologias apropriadas para o esgotamento sanitrio, citam-se o Sistema
Simplificado de Esgoto, do Prof. Jos M. Azevedo Netto (AZEVEDO NETTO, 1992), o Sistema No
Convencional de Esgotamento Sanitrio a Custo Reduzido para Pequenas Comunidades e reas
Perifricas, do Prof. Eliasz Szachna Cynamon (CYNAMON, 1986) e, principalmente pela grande
aplicao e utilizao, os Sistemas de Esgotamento Sanitrio tipo Condominial ou simplesmente
Sistema Condominial de Esgoto - SCE (MELO, 1994). Nesse texto ser tratado apenas do Sistema
Condominial de Esgoto.
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Figura Figura Figura Figura 11111111.... Representaes grficas: sistema convencional e condominial.
Cabe salientar que o Sistema Condominial de Esgoto formado por trs partes: os ramais
condominiais, coletivos ou multifamiliares (redes condominiais), os coletores pblicos e as
unidades de tratamento. Para efeito deste trabalho ser dado destaque s redes coletoras
formadas pelos ramais ou redes condominiais.
OrigemOrigemOrigemOrigem
Apesar das experincias com sistemas de esgotamento sanitrio tipo condominial terem se
difundido no Brasil a partir dos anos 80, a idia remonta ao ano de 1903, quando o engenheiro
sanitarista Saturnino de Brito desenvolvia estudos na busca de solues para os esgotos da
cidade de Santos, que mais tarde integraria o plano de saneamento, melhoramentos e
ampliao daquela cidade. Saturnino de Brito nesse seu plano, apresenta inovaes nessa poca
em relao coleta de esgotos das edificaes existentes ao propor os denominados por ele de
quarteires salubres atravessados por vielas sanitrias e ruas particulares, com ou sem
parques interiores gramados e arborizados (ANDRADE, 1991), ou seja, a concepo do SCE.
Nas pequenas cidades de Currais Novos e Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, por volta de
1950, atravs de iniciativas de saneamento municipal, [....] foi desenvolvido um sistema de
coleta comum de esgotos de pouca profundidade e pequena declividade que passava entre os
lotes dos moradores antes de alcanar a rua a base essencial do sistema tipo condominial
(WATSON, 1994).
Fonte: Nazareth (1998).
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Embora se conhea esses exemplos, a verdade que s a partir de 1983, atravs do
engenheiro Jos Carlos Rodrigues de Melo e sua equipe, formada por engenheiros com
destaque para o professor Andrade Neto, inicia-se no Brasil a disseminao de experincias
com sistemas de esgotamento sanitrio do tipo condominial. O processo de democratizao
pelo qual o pas atravessava nos anos 80 parecia propcio para a introduo de experincias
participativas. Assim, foi em Natal, capital do Rio Grande do Norte, que Melo, sistematizador e
disseminador do sistema, realizou a primeira experincia do sistema tipo condominial em
grande escala, que passou a servir como base para os modelos de quase todos os projetos
condominiais subseqentes.
O modelo de sistema de esgotamento sanitrio adotado at ento, denominado de sistema
convencional ou clssico, foi introduzido numa poca (1879) em que nem se pensava em
participao da populao. Esse sistema, por ter origem nos Estados Unidos, vinha se
mostrando inexeqvel como soluo abrangente, para a realidade brasileira, em funo dos
altos recursos necessrios para sua implantao, alm de no haver ateno quanto
diversidade territorial e de situaes existentes no nosso Pas. Desse modo, a tcnica disponvel
privilegiava, principalmente, as reas das cidades de ordenamento regular (quadras bem
definidas), dificultando ou mesmo impedindo o atendimento daquelas reas de assentamentos
espontneos, como as favelas, por exemplo, habitadas por populaes, na sua maioria, de
baixa renda.
A partir desse raciocnio, possvel afirmar que o sistema de esgotamento sanitrio do tipo
condominial vem permitir, em funo de uma tecnologia que se adapta s convenincias scio-
culturais e econmicas, o acesso a esse fundamental servio pblico a uma grande parcela da
populao antes no atendida, contribuindo para minimizar a carncia de servios de esgoto
sanitrio e tendo como conseqncia significativos impactos na sade dos indivduos e na
melhoria da salubridade ambiental.
O sucesso dessa concepo vem se dando ainda devido ao seu alto ndice de ligaes
efetivadas (eficcia sanitria), ao seu baixo custo de implantao e manuteno e a idia de
continuidade nos servios, gradualismo, para acompanhar o crescimento da demanda, com o
aumento da populao.
Condomnio significa domnio comum, ou seja, que pertence a todos e no a uma pessoa
individualmente, o que indica, principalmente no caso dos sistemas condominiais, a
necessidade de parceria de todos os envolvidos no processo de sua implementao. Assim
sendo, o sistema de esgotamento sanitrio do tipo condominial [...] se apia
fundamentalmente na combinao da participao comunitria com a tecnologia apropriada,
mostrando-se capaz de enfrentar o desafio do atendimento pleno da populao (MELO,1994).
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ConcepoConcepoConcepoConcepo
A proposta do modelo condominial, em termos tcnicos, reafirma a opo tecnolgica adotada
quando da concepo dos projetos de redes coletoras de esgoto regulamentada pelas normas
NBR 9.649, Projetos de Redes Coletoras de Esgoto Sanitrio de 1986.
A concepo tcnica que compe a estrutura do modelo, de acordo com Melo (1994), se realiza
atravs de trs tcnicas de sucessivos nveis de abrangncia:
Os condomnioscondomnioscondomnioscondomnios: que constituem a nova unidade de coleta formada pelo ramal
condominial, composto de uma rede de tubulaes interna s quadras que pode ser
localizada nos passeios, nos fundos dos lotes ou nos jardins como visto na ilustrao
acima. Esse ramal coleta os esgotos das unidades domiciliares que integram o
condomnio, conduzindo os esgotos para a rede bsica, antes passando por uma caixa
de inspeo, onde sero feitas a manuteno e desobstruo da rede de
responsabilidade do condomnio. A reduo de custo comea nesse ramal, pois tem
menor extenso que os ramais individuais do sistema convencional, pelo fato dele
atravessar os lotes pelas suas menores dimenses obedecendo topografia
(aprofundamento mnimo), demandando uma menor rede externa de coleta e reunio
dos esgotos. A formao do condomnio feita por meio de pacto firmado entre
vizinhos e entre estes e as instituies ou organismos envolvidos com os servios. A
participao conjunta, desses diferentes atores, que possibilita o assentamento dos
ramais condominiais em lotes particulares;
Os micromicromicromicro----sistemassistemassistemassistemas: so as pequenas bacias de drenagem compostas de uma ou da
combinao de mais de uma unidade de tratamento de baixo custo e operao simples,
podendo ser tanques spticos multifamiliares, lagoas de estabilizao, wetlands, etc.
Nesse caso h uma desconcentrao do processamento final, eliminando as estruturas
de transporte na transposio de bacias, com utilizao de elevatrias, emissrios, etc.,
que tm custos elevados. Essas unidades de tratamento, em cada caso, de