projecto celeiro da vida manual de facilitação de...

38
Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticas Agrárias e de Habilidades para a Vida Para os Facilitadores das Jffls Guião Para Facilitadores

Upload: vankien

Post on 03-Feb-2018

230 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

Projecto Celeiro da Vida

Manual de Facilitação de PráticasAgrárias e de Habilidades para a Vida

Para os Facilitadores das Jffls

Guião ParaFacilitadores

Page 2: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação
Page 3: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação
Page 4: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

2

Page 5: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

3

Projecto Celeiro da Vida

Manual de Facilitação de Práticas Agrárias e de Habilidades para a Vida

Guião para Facilitadores

Page 6: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

1

Índice:

Introdução ................................................................................................................................. 7

1.1 O Guião de Facilitadores JFFLS ............................................................................ 7

1.2 O Projecto Celeiro da Vida ..................................................................................... 7

2 Enquadramento Institucional do Programa Celeiro da Vida ......................................... 9

2.1 A Estrutura Nacional do Programa Celeiro da Vida ........................................... 9

3 Gestão das JFFLS ........................................................................................................... 11

3.1 A Equipa Técnica das JFFLS ............................................................................... 11

3.2 Quadro da Equipa Técnica das JFFLS e suas Responsabilidades .................... 12

3.3 Gestão Alimentar das JFFLS ................................................................................ 13

3.4 Procedimentos durante o Ano no Programa Celeiro da Vida ........................... 15

4 O que é a Abordagem JFFLS? ....................................................................................... 18

4.1 Temas Importantes (Transversais) do Programa ............................................... 18

4.2 Trabalhando com os Jovens (Vulneráveis) .......................................................... 19

4.3 Abordagem de aprendizagem nas JFFLS............................................................ 21

5 Como Facilitar as Escolas JFFLS ................................................................................. 23

5.1 Facilitar em vez de Ensinar ................................................................................... 23

5.2 Métodos de Facilitação nas Aulas ......................................................................... 24

6 Como Usar o Manual JFFLS ......................................................................................... 27

6.1 Organização do Manual ........................................................................................ 27

6.2 Estrutura das Sessões nas JFFLS ......................................................................... 28

7 Currículo Integrado para JFFLS de acordo com Ciclos de Culturas e Vida............... 30

Page 7: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

2

Estrutura do Manual

Guiões:

1. Guião para Facilitadores

2. Guião de Actividades Culturais

Módulo 1 – Preparação Tópicos - Agricultura Tópicos - Vida

Calendário de culturas

Introdução à Agricultura de Conservação

Desenvolver o espírito de equipa

O Ciclo de vida das plantas, dos animais e

das pessoas

Módulo 2 – Planificação Tópicos - Agricultura Tópicos - Vida

Planificação Agrícola (compassos)

Teste de germinação de sementes

AESA

Desenvolver o espírito de equipa

Planear para o futuro

Ciclo de tomada de decisões

Módulo 3 – Crescimento Saudável Tópicos - Agricultura Tópicos - Vida

Agricultura de Conservação: gestão da

fertilidade dos solos

Gestão Integrada de Pragas

Ciclo de tomada de decisões - Observação

Alimentação e nutrição

Saúde

Módulo 4 – Diversidade Tópicos - Agricultura Tópicos - Vida

Hortícolas

Ciclo de tomada de decisões –

Experimentação (composto, rotação de

culturas, cobertura morta, consociação,

compassos)

Nutrição

Raparigas e rapazes, oportunidades iguais

Estigmatização

Page 8: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

3

Módulo 5 – Preparação Tópicos - Agricultura Tópicos - Vida

Agricultura de Conservação: gestão de um

viveiro

Protecção da horta

Protecção e Confiança (protecção do HIV)

Ciclo de tomada de decisões: Analisando

Direitos da criança

Protecção de COVs

Módulo 6 – Água da Vida & Celeiros da Vida Tópicos - Agricultura Tópicos - Vida

Maneio de Água:

Técnicas de irrigação, conservação de agua

Construção de secadores e celeiros

melhorados

Ciclo de tomada de decisões: Analisando

Agua da vida o que significa

Avaliação intermédia

Preparação do Dia de Campo

Módulo 7 – Ameaças & Perdas Tópicos - Agricultura Tópicos - Vida

GIP das hortícolas

Gestão de perdas pós- colheita

Como enfrentar perdas, doenças e ameaças

na vida

Protegermo-nos contra as doenças

Módulo 8 – Transformação & Conservação Tópicos - Agricultura Tópicos - Vida

Importância da biodiversidade: recursos

naturais e género, semeando arvores.

Criação de animais de pequena espécie.

Nutrição e segurança alimentar: como

dispersar riscos

Processamento de alimentos

Preparação para a graduação

Álbuns seriados: 8A. A reprodução da Galinha

8B. Galinhas saudáveis, pessoas saudáveis

Módulo 9 – Produção Orientada para o Mercado Tópicos

Implicações de gerir um negócio

Selecção de recursos

Promoção de vendas

Controlo de qualidade

Gestão de um negócio

Poupança e crédito

Page 9: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

4

Preâmbulo A FAO, em parceria com o Governo de Moçambique, implementou e adaptou à realidade do

país, o seu programa Junior Farmer Field and Life Schools – JFFLS, no período

compreendido entre 2003 e 2011, nas Províncias de Manica e Sofala.

Em Moçambique o programa é denominado Escolas Juvenis da Machamba e da Vida ou

ainda Celeiros da Vida, sendo muitas vezes referido apenas pela sigla JFFLS. As Escolas

Juvenis da Machamba e da Vida em Moçambique promovem uma abordagem de ensino nas

áreas da agricultura e de habilidades para a vida para jovens dos 12 aos 18, de forma

inovadora, integrada e participativa, com enfoque nas relações de género. Esta abordagem

procura transferir conhecimentos e técnicas agrárias, ao mesmo tempo que contribui para a

formação integral e harmoniosa dos jovens e o desenvolvimento da sua auto-estima. A

componente de habilidades de vida aborda assuntos tais como a prevenção do HIV, direitos e

protecção da criança e nutrição. Ao adquirirem mais conhecimentos em agricultura e

habilidades de vida, os jovens, tantos rapazes como raparigas, aumentam a capacidade de

usar mais oportunidades para melhorar as suas condições de vida, minimizando assim o seu

grau de vulnerabilidade a comportamentos de risco. O programa apoia o ensino teórico

escolar pois mostra a relação que existe entre o ciclo e o processo de crescimento das plantas,

animais e seres humanos, de forma saudável e sustentável.

Ao longo da implementação das JFFLS no país, a FAO empenhou-se em desenvolver e

consolidar a capacidade dos parceiros nacionais na aplicação desta abordagem, em particular

dos Ministérios da Educação, Agricultura e da Mulher e Acção Social, aos níveis provincial e

distrital. Para o efeito, foi desenvolvido um curriculum integrado e adaptado à realidade local,

e foram realizadas diversas acções de capacitação de formadores, de facilitadores e de pontos

focais das JFFLS.

A presente publicação vem responder à necessidade de compilar e sistematizar as

experiências adquiridas e o acervo de materiais e exercícios aplicados e testados ao longo do

projecto. O pacote de aprendizagem contém orientações técnicas, pedagógicas e operacionais

destinadas aos facilitadores e gestores de uma JFFLS, sendo composto por nove módulos e

dois álbuns seriados, nos quais se inclui uma descrição dos exercícios e metodologias de

facilitação, bem como fichas técnicas de consulta para revisão e aprofundamento dos diversos

tópicos do currículo das JFFLS. Possui complementarmente um Guião de Actividades

Culturais e um Guião para Facilitadores.

Tendo em conta a rica variedade agro-ecológica, económica, cultural e social do país,

pretendemos que este pacote de ensino seja dinâmico, podendo vir a ser melhorado e revisto

de acordo com a experiência que for sendo adquirida. Desejamos igualmente que a presente

publicação contribua para o enriquecimento e complementaridade dos materiais didácticos e

técnicos de ensino disponíveis para jovens, estimulando a sua aprendizagem e o seu sentido

crítico e empreendedor.

Júlio De Castro

Representante da FAO em Moçambique

Carol Djeddah

Oficial Sénior

Coordenadora das JFFLS

Divisão de Género, Equidade e Emprego

Rural, FAO Roma

Page 10: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

5

Agradecimentos O presente manual resulta de um processo de sete anos de testagem e revisão de abordagens, metodologias e instrumentos de aprendizagem de JFFLS em Moçambique, em que variadíssimas pessoas e instituições prestaram inestimáveis contribuições, não sendo possível aqui nomeá-las a todas. Gostaríamos, porém, de endereçar agradecimentos particulares a um grupo nuclear de pessoas e instituições, que tornaram a publicação deste manual uma realidade: Mundie Salm, a consultora da FAO que liderou e inspirou todo o processo de concepção e desenvolvimento do Manual e foi responsável pela redacção e adaptação da maior parte do respectivo texto, e que, de forma incansável, consultou e mobilizou pessoas e instituições relevantes para o enriquecimento do presente instrumento de trabalho. Carol Djeddah, Oficial Sénior da Divisão de Género, Equidade e Emprego Rural -ESW e Coordenadora Mundial de JFFLS, e Jaap van de Pol, Formador e Consultor Internacional em Farmer Field Schools, pelo apoio no desenho do currículo e do conceito de desenvolvimento de capacidades em JFFLS. Rogério Mavanga, Coordenador Nacional de JFFLS em Moçambique, que, sempre com um espírito positivo, providenciou valiosos conselhos e ideias para o conteúdo dos módulos. Felicidade Panguene, Ponto Focal do Programa em Moçambique, pelo incansável apoio técnico, motivação e elevada capacidade de harmonização e coordenação de esforços e recursos que tornaram possível a publicação do presente manual. Leonor Quinto, Consultora e Formadora de Género, que ofereceu um grande contributo para o desenvolvimento dos módulos de formação, em particular nas componentes de género e na tradução, testagem, revisão, edição e publicação do presente manual. Alves Nhaurire, oficial de Monitoria e Avaliação do Programa, pelo admirável trabalho de revisão e desenvolvimento da componente de Monitoria e Avaliação do Manual. Francisca Raposo (Técnica da DPEC Manica), Rosário Cabungaídza (Extensionista do SDAE de Gondola), Ercílio Inluma (Professor da EPC Chiurairue) e Matias Juga (Chefe dos Serviços de Extensão do SDAE de Gôndola), que grandemente contribuíram para a testagem e adaptação do manual. Toda a equipa da FAO em Moçambique pelo constante apoio técnico e operacional.

As crianças maravilhosas e os facilitadores envolvidos no projecto, pelo entusiasmo, dedicação e cooperação no desenvolvimento e testagem do manual.

Page 11: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

6

Os parceiros, em particular os Ministérios da Agricultura, da Educação e da Mulher e Acção Social pelo suporte técnico e institucional. Especiais agradecimentos a Peter Vandor e Margarida Marques, que foram a força motriz do programa JFFLS em Moçambique. Finalmente, ao Conselho Nacional de Combate ao Sida (CNCS), pelo apoio financeiro e institucional dispensado para a produção e publicação do presente manual.

Page 12: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

7

Introdução

1.1 O Guião de Facilitadores JFFLS

Este guião visa providenciar informações e orientações sobre o Programa “Celeiro da Vida”

em Moçambique para os facilitadores das Escolas de Machambas e da Vida para Jovens

(comummente conhecidas por JFFLS, a sigla da designação inglesa Junior Farmer Field and

Life Schools) e para a comunidade escolar, em geral, interessada nesta abordagem. Os

facilitadores das JFFLS são maioritariamente professores e extensionistas agrários afectos às

Escolas Primárias ou Secundárias, ou activistas dos Centros Abertos ou Organizações não

Governamentais que trabalham com jovens vulneráveis. Eles fazem parte de uma equipa

composta por outros membros do Centro ou Escola e da comunidade (mais detalhes na

Secção 3).

1.2 O Projecto Celeiro da Vida

O Projecto Celeiro da Vida iniciou a fase piloto em Novembro de 2003, na Província de

Manica, por iniciativa da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e do

Programa Mundial de Alimentação (PMA), ambas Agências das Nações Unidas, em estreita

colaboração com o Governo de Moçambique. Em 2004, conheceu a primeira expansão em 24

JFFLS em Manica e Sofala, e que incluiu maioritariamente escolas do Governo.

Presentemente, a abordagem de JFFLS tem vindo a ser expandida para mais Províncias de

Moçambique e também para outros Países, sobretudo da África e do Médio Oriente.

O Projecto baseia-se numa abordagem denominada “Junior Farmer Field and Life Schools”

(JFFLS) ou Escolas de Machambas e da Vida para Jovens. As JFFLS surgiram inicialmente

como resposta à situação de vulnerabilidade de um número crescente de crianças que se

tornaram órfãs, sobretudo em virtude do fenómeno do HIV/SIDA e outras pandemias, aliadas

à insegurança alimentar. A maioria destas crianças perdeu um ou ambos os progenitores e,

em consequência disso, deixou de usufruir da principal fonte de protecção e de transmissão

inter-geracional de conhecimentos, valores socioculturais e habilidades para a vida. Para além

disso, em muitos casos, estas crianças e jovens sofreram situações traumatizantes e têm, por

vezes, sido alvo de discriminação por parte dos seus familiares e da sociedade em geral.

Esta iniciativa visa criar um ambiente propício ao desenvolvimento da auto-confiança,

aprendizagem, partilha de conhecimentos e habilidades agrárias e de vida, para que os jovens

melhorem as suas capacidades de auto-sustento, decidam de forma mais informada sobre o

seu futuro e desempenhem simultaneamente um papel de disseminadores de boas práticas

agrárias e de vida na comunidade.

As JFFLS ou “Celeiros da Vida” não são uma iniciativa de produção ou de assistência social,

consistindo antes num programa de desenvolvimento agrário com vocação pedagógica e de

formação funcional, cujo objectivo primário é melhorar os meios de subsistência das crianças

em situação de vulnerabilidade, criando deste modo bases seguras e sustentáveis sobre o seu

futuro.

Ao longo da implementação das JFFLS viu-se a necessidade de rever a abordagem de

integrar no programa exclusivamente os jovens órfãos e mais vulneráveis, na medida em que

esta não contribuía para uma situação de integração dos mesmos no universo estudantil e

Page 13: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

8

comunitário, podendo assim contribuir para a sua discriminação. Por conseguinte, para além

deste grupo específico, abriu-se a partir de 2007, a oportunidade de outros jovens e alunos

interessados participarem no programa curricular.

Com a institucionalização do programa pelo Ministério da Educação (MINED), prevê-

se a expansão gradual desta abordagem para todos alunos das escolas primárias e

secundárias, embora com um currículo mais restrito e centrado nos tópicos de

agricultura, nutrição e empreendedorismo.

Objectivo das Escolas JFFLS

Facilitar a adopção de técnicas agrárias melhoradas e o desenvolvimento de habilidades de

vida por jovens, para alcançar....

... a segurança alimentar,

... meios de subsistência,

... maior equidade de género,

... a protecção em relação às DTS/ HIV-SIDA, e

... a protecção dos direitos da criança.

O Grupo Alvo das Escolas JFFLS

O grupo alvo das JFFLS são crianças e jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 18

anos, dentro e fora da escola. Este grupo é seleccionado no universo escolar e também entre

os jovens dos centros abertos e associações, observando a equidade do género. As JFFLS

integram anualmente grupos de aprendizagem compostos por 15 raparigas e 15 rapazes. Este

número restrito permite criar um ambiente de confiança mútua e de familiaridade entre os

jovens e uma melhor assimilação de conhecimentos.

Page 14: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

9

2 Enquadramento Institucional do Programa Celeiro da Vida

Os pioneiros do desenvolvimento e implementação da abordagem JFFLS são a FAO e o

PMA em parceria com o Governo de Moçambique, através dos Ministérios da Educação

(MINED), da Agricultura (MINAG), da Mulher e Acção Social (MMAS), da Juventude e

Desportos (MJD), e do Conselho Nacional de Combate ao SIDA (CNCS).

2.1 A Estrutura Nacional do Programa Celeiro da Vida

Responsabilidades das Estruturas de Base:

Subunidades Regionais:

Contribuir para o reforço da coordenação e colaboração institucional a nível da área

jurisdicional respectiva;

Coordenar, prestar apoio e assistência técnica às Escolas de Machambas e da Vida

(JFFLS) para que se insiram na área territorial da Subunidade;

Organizar e realizar encontros mensais, integrando acções de capacitação sobre temas

técnicos, de acordo com o currículo JFFLS e as necessidades de formação da equipa

de JFFLS identificadas nas reuniões mensais e ao longo das visitas de monitoria;

Participar nos encontros trimestrais de coordenação em Chimoio;

Realizar uma visita de monitoria quadrimestral às JFFLS sob jurisdição da

Subunidade;

Coordenador Nacional

Chimoio

Pontos Focais

Provinciais

“Fórum

Provincial”

Pontos Focais Nacionais

“Grupo Técnico

Central”

Coordenação Nacional

Gabinete Técnico

Chimoio

Subunidades Regionais

Escolas de Machambas e da Vida para Jovens

Coordenação Geral do

Programa

Planos, Formações,

Monitoria e Avaliação

Coordenação

Regional, M &A

Implementação

das Escolas

Page 15: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

10

Elaborar relatórios mensais e enviá-los para a Coordenação Nacional do Programa

após aprovação e homologação pelas autoridades locais de tutela;

Garantir a ligação entre as JFFLS e os pontos focais governamentais e a comunidade.

Escolas de Machambas e da Vida

Elaborar Planos de Actividades, com base no programa curricular de JFFLS;

Garantir a implementação efectiva das actividades planificadas;

Garantir o cumprimento do plano curricular;

Garantir a participação dos jovens de forma equilibrada do ponto de vista do Género;

Controlar a assiduidade de facilitadores e jovens;

Monitorar o nível de assimilação de conhecimentos pelos jovens;

Produzir relatórios mensais das actividades das JFFLS para as ZIPs, instituições de

tutela e Subunidades;

Preencher regularmente os livros de registos de facilitadores e disponibilizar o livro

de visitas de monitoria para equipas e personalidades que visitem actividades das

JFFLS e de produção escolar;

Participar nos encontros mensais organizados pela Subunidade;

Garantir uma boa ligação entre a JFFLS, a escola, o Conselho de Escola e a

Comunidade.

Responsabilidades dos Pontos Focais Nacionais, Provinciais e Distritais

Representar de forma idónea a sua Instituição junto da instituição indicada (neste

caso, FAO/JFFLS) e do PMA;

Assessorar e manter a instituição tutelar informada e actualizada sobre assuntos

relacionados com o programa Celeiro da Vida (FAO/JFFLS);

Participar e contribuir de forma activa e pontual nas sessões de trabalho, visitas de

monitoria e noutras actividades relevantes;

Servir de elo de ligação institucional entre a sua instituição e os parceiros;

Produzir relatórios de trabalho para a instituição tutelar e outras organizações

parceiras sobre acontecimentos e aspectos de interesse institucional relacionados com

as JFFLS.

Responsabilidades do Coordenador e do Gabinete Técnico na Sede das JFFLS, em

Chimoio

Coordenar as actividades e gestão dos fundos do Projecto;

Organizar e gerir as actividades de formação, nomeadamente, para os facilitadores

JFFLS e facilitadores seniores;

Prestar assessoria às Subunidades Técnicas Regionais;

Garantir a articulação e comunicação com os pontos focais e outros parceiros;

Orientar as reuniões de coordenação trimestral, anual e de consultas com parceiros;

Coordenar as actividades de monitoria e avaliação das Subunidades e das JFFLS,

incluindo as seguintes tarefas:

o Dar pareceres e seguimento às necessidades levantadas nos relatórios mensais,

trimestrais e nas visitas de monitoria das Subunidades;

o Realizar supervisões às Subunidades e Escolas com JFFLS;

o Organizar um banco de dados do Projecto;

o Elaborar relatórios trimestrais de progresso e relatórios anuais de balanço e

avaliação do desempenho.

Page 16: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

11

3 Gestão das JFFLS

Antes de descrever mais detalhadamente a metodologia e o currículo de capacitação nas

JFFLS, o presente capítulo irá debruçar-se sobre a forma de gestão e a equipa de trabalho de

uma JFFLS, procedimentos gerais e passos a serem seguidos anualmente, incluindo a gestão

alimentar e nutricional, por esta constituir uma componente importante na implementação e

sucesso das JFFLS.

Em resumo, as JFFLS são Escolas-Machambas, sem paredes, cuja educação é informal. São

geridas de forma participativa pelos participantes e facilitadores, com o objectivo primário de

aprendizagem através de um processo de descoberta e tomada de decisão. Cada Escola-

Machamba selecciona anualmente 30 jovens participantes, observando o equilíbrio de género.

Estes são subdivididos em pequenos grupos de trabalho para facilitar a gestão e divisão de

tarefas. Os jovens frequentam as sessões de JFFLS três vezes por semana: por exemplo: 2ª, 4ª

e 6ª ou 3ª, 5ª e Sábado. A sua aprendizagem obedece a uma formação intensiva com a

duração de cerca de um ano (11 meses). Cada sessão tem a duração de 2 a 3 horas,

dependendo dos temas a tratar e actividades a desenvolver, prevendo-se o máximo de 9 horas

semanais.

A chave do sucesso nas JFFLS consiste fundamentalmente numa boa liderança e uma equipa

técnica forte, dinâmica e dedicada aos objectivos do Projecto Celeiro da Vida.

3.1 A Equipa Técnica das JFFLS

A equipa técnica das JFFLS é composta por facilitadores que integram um vasto grupo de

trabalho que inclui o núcleo de coordenação, o comité de gestão comunitário, os pais e

parentes dos jovens envolvidos, assim como outras pessoas de recurso que possam assisti-los

na facilitação de tópicos especiais da vida e da agricultura. Todos estes elementos têm um

papel importante no programa e, por conseguinte, é crucial que as opiniões de cada um sejam

ouvidas e levadas em consideração. Para concretizar esta premissa, é fundamental que se

realizem encontros de informação e consulta, de forma regular a vários níveis, de modo a

manter toda a equipa actualizada sobre o desenvolvimento do programa e com vista a obter

consensos sobre as mudanças necessárias para enfrentar os desafios emergentes.

(Vide Secção 9 para mais pormenores sobre os critérios de selecção para a Equipa de

JFFLS).

Page 17: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

12

3.2 Quadro da Equipa Técnica das JFFLS e suas Responsabilidades

Composição

da Equipa Processo de

Selecção Responsabilidades

1 Responsável

da JFFLS

“Director da

Escola,

Presidente de

Associação e ou

do Centro

Aberto”

Em princípio, são

os respectivos

Responsáveis de

cada instituição/

estabelecimento

que implementam

as JFFLS

Coordenar e gerir o funcionamento da JFFLS no seu local;

Zelar pelo bom andamento das actividades, cumprimento do plano,

questões organizacionais e outros;

Garantir a participação das Crianças e Jovens nas actividades das JFFLS

Representar a JFFLS perante a Escola, a Coordenação do Programa, os

Serviços Distritais da Educação e a Comunidade;

Promover parcerias com outras JFFLS e Organizações relevantes.

1 Encarregado

dos jovens

“Mãe” ou “

Pai” dos

jovens”

Seleccionado por

consenso dos

intervenientes e

com a participação

do Conselho de

Escola

Zelar pela participação, organização, disciplina e assiduidade dos jovens;

Acompanhar os jovens nas suas actividades diárias na JFFLS e em todo o

processo de aprendizagem;

Servir de elo de ligação entre a Equipa Técnica e o Responsável da JFFLS.

1 Facilitador

de Habilidades

Agrárias.

De preferência um

Extensionista,

Técnico Agrário ou

um professor ou

activista treinados

ou com

conhecimentos

básicos nesta área.

Assessorar a direcção da escola na planificação das actividades agrárias,

com base nos objectivos e currículo do programa e em estreita ligação com

as restantes actividades pedagógicas;

Capacitar os jovens em conhecimentos agro-ecológicos e habilidades de

produção, usando técnicas apropriadas e estabelecendo a sua

complementaridade com o ambiente e gestão de recursos naturais

(incluindo processos de Agricultura de Conservação, GIP e AESA);

Facilitar a emancipação dos jovens através processos de aprendizagem que

estimulem o pensamento crítico (incluindo processos de planificação,

testagem e tomada de decisões);

Estabelecer a ponte entre os temas agrários e os temas de habilidades para a

vida, de acordo com o currículo;

Apoiar o facilitador de habilidades de vida e actividades culturais na

inserção de mensagens educativas agrárias nas diversas expressões

culturais.

1 Facilitador

de Habilidades

de Vida e de

Actividades

Culturais

Podem ser

Professores/

activistas

seleccionados na

Escola ou Centro

Aberto

Capacitar os jovens em conhecimentos de vida (nutrição, saúde, higiene e

saneamento, HIV e SIDA, género, direitos dos jovens) ligando estes

assuntos aos ciclos das culturas, e usando métodos de participação para

estimular a aprendizagem e empoderamento das mesmas;

Consciencializar os jovens sobre as suas potencialidades e dos seus direitos

básicos na sociedade, na comunidade e na família, despertando a sua auto-

estima;

Apoiar em coordenação com os restantes facilitadores o processo de

aprendizagem, usando actividades culturais e recreativas com fins

pedagógicos e de desenvolvimento físico e mental (desporto, teatro, dança,

canções, dramas, etc.);

Estabelecer a ponte entre os temas de habilidades para a Vida e de

habilidades agrárias.

1 Ponto Focal

do Sector

Agrário

Extensionista/

Técnico de

agricultura indicado

pelos Serviços

Distritais de

Actividades

Económicas

(SDAE) e/ou

SDEJT

Assessorar o facilitador de habilidades agrárias em todos os aspectos de

planificação agrária, amanhos culturais e aspectos de inovação e de maior

complexidade técnica e tecnológica;

Facilitar, em coordenação com os facilitadores da JFFLS, tópicos de

agricultura, que o facilitador de habilidades agrárias tenha dificuldades em

transmitir;

Estabelecer o elo de ligação entre a JFFLS e o SDAE e solicitar o apoio

dos referidos serviços para solucionar problemas e solicitações pontuais da

JFFLS.

Page 18: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

13

3.3 Gestão Alimentar das JFFLS

O fornecimento de alimentação escolar desempenha

um papel importante no Programa JFFLS, na

medida em que permite aos jovens permanecerem

mais tempo na escola para as sessões extra-

curriculares de JFFLS e nelas participarem com

mais energia e motivação. Por outro lado, fornece

igualmente um incentivo aos respectivos

encarregados para apoiarem a permanência dos

jovens e, em especial das raparigas, em detrimento

do tempo que despenderiam em trabalhos caseiros e

produtivos no agregado familiar.

Embora seja da responsabilidade do PMA, esta componente não se insere numa perspectiva

de emergência, mas sim de desenvolvimento, criando oportunidades dentro da escola ou no

Centro Aberto para treinamento e exercitação de boas práticas de culinária e nutrição, tendo

como complemento os produtos que são produzidos nas JFFLS pelos próprios jovens durante

o processo de aprendizagem.

Por outro lado, nem todas as escolas estão contempladas pelo programa de alimentação

escolar (sendo esse, por exemplo, o caso das 30 novas escolas onde se implementa o JFFLS,

desde 2007). Esta situação tem colocado novos desafios relativamente ao nível de

participação dos jovens, sobretudo nas comunidades em que as respectivas residências ficam

distantes da escola. Nos dias em que estes participam nas sessões de JFFLS, torna-se difícil

deslocarem-se a casa para almoçar e voltar novamente à escola. Se não for fornecida uma

refeição nos três dias da semana em que têm sessões de JFFLS, os jovens são obrigados a

passar o dia completo na escola (o período de aulas e o tempo das sessões de JFFLS) sem

alimentação, sendo isso prejudicial para o seu desenvolvimento físico e intelectual e

comprometendo seriamente o respectivo desempenho e nível de assimilação de

conhecimentos nas sessões de JFFLS. Esta situação obrigou a direcção e a equipa de

facilitadores das JFFLS sem alimentação escolar a pensarem em formas criativas de

providenciar uma refeição a estes jovens. A seguir, apresentamos alguns exemplos:

Através da diversificação da produção de alimentos, no âmbito das JFFLS e do

Programa de Produção Escolar, permitindo à escola oferecer maior diversidade de

alimentos e de forma mais regular ao longo do ano (culturas de 1ª e 2ª épocas,

culturas para alimentação e de rendimento, animais de pequena espécie, fruta, etc.):

o Usar parte dos alimentos produzidos nas JFFLS e na área de produção escolar

para a preparação de refeições;

o Utilizar parcialmente as receitas efectuadas pela escola através da venda de

produtos agrários, para a compra de produtos complementares (óleo, sal, etc.)

para preparar as refeições/lanches;

Processar produtos alimentares colhidos na escola como parte integrante da

aprendizagem das JFFLS em conservação de alimentos, garantindo assim o seu

consumo por mais tempo (exemplos: produção de jam e de massa de tomate, secagem

de verduras);

Estabelecimento de parcerias com outras organizações que fornecem alimentação

escolar.

Page 19: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

14

Responsabilidades Conjuntas na Gestão

Alimentar:

Escola/Centro Aberto com JFFLS e Programa de

Alimentação Escolar

Indicar um professor/activista com

características qualificáveis e carga horária menor

para exercer as funções de Gestor de Alimentação;

Gerir e fazer o controlo do armazém dos

produtos alimentares e insumos;

Receber, distribuir os produtos e garantir a

sua confecção;

Elaborar o horário adequado para o lanche, sem afectar o decurso normal das aulas;

Garantir a higiene da cozinha e do recinto da escola;

Garantir a boa gestão e segurança dos produtos;

Elaborar relatórios mensais para ZIP/SDEJT;

Conselho de Escola:

Supervisionar e participar na construção das infra-estruturas;

Seleccionar os voluntários comunitários para apoiar as JFFLS na construção de infra-

estruturas;

Assegurar a confecção e distribuição das refeições;

Garantir a limpeza da cozinha e dos utensílios;

Designar um pai e uma mãe responsável;

Garantir a segurança dos armazéns, em coordenação com a escola.

Parceiro:

Garantir a alocação de produtos alimentares e

utensílios de refeitório e de cozinha às escolas

seleccionas, de acordo com o plano;

Transportar e distribuir os produtos alimentares

para as escolas com JFFLS;

Monitorar e Supervisionar a gestão alimentar;

Elaborar relatórios (bimensais);

Formar o pessoal seleccionado para a gestão

alimentar.

Page 20: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

15

3.4 Procedimentos durante o Ano no Programa Celeiro da Vida

Etapas seguidas durante o currículo JFFLS

1. Julho-Agosto: Treinamento de novos facilitadores (1º Módulo) em

metodologias e currículo de JFFLS1 e graduação dos jovens

2

2. Agosto-Setembro: Início do ano curricular (nos centros abertos e nas

associações)

Planificação e organização logística para a aquisição dos

insumos e factores de produção, para as JFFLS (ver detalhes

em baixo)

3. Setembro Início do currículo JFFLS (nos centros abertos e

associações). Nas escolas prevê-se rever o calendário de

forma a que este coincida com o calendário escolar.3

4. Setembro-Fevereiro: No primeiro ano de implementação de JFFLS: localização de

uma parcela de terra para efeitos de aprendizagem,

construção das infra-estruturas básicas (cozinha, armazém,

latrinas, poço, vedações, etc.).

5. Dezembro: Mês de Férias (jovens divididos em dois grupos, cada grupo

gozando 2 semanas de férias de forma alternada).

6. Fevereiro: Início do ano curricular nas Escolas .4Aquisição dos

insumos para o segundo semestre (ver detalhes em baixo).

7. Fevereiro/Março: Segundo treinamento (2º Módulo) de novos Facilitadores das

JFFLS.

8. Abril-Maio: Construção ou manutenção das infra-estruturas das JFFLS

(celeiro, secador, capoeira, curral melhorados). Ver o

Módulo 6 (M6-4) e Módulo 8 (M8-4) para mais detalhes.

9. Março-Junho Troca de experiências entre escolas.

10. Abril-Maio Dia de Campo (Módulo 6- M6-6: Preparação).

11. Julho Preparação da Cerimónia de graduação (ver pág. 27).

12. Julho Selecção de novos jovens para o ano seguinte (ver pág.11).

1 Nos casos em que é a 1ª vez que implementam JFFLS.

2 Nos casos em que já tenham concluído pelo menos 1 ano curricular de JFFLS.

3 Observando o calendário agrícola: esta opção permite melhor aproveitamento de águas das chuvas para

situações de culturas de sequeiro da 1ª época e com vantagens na redução de mão-de-obra para rega sobretudo

para as escolas e Centros que não tenham sistema de rega. 4 Observando o calendário do Sistema de Educação Escolar e que focaliza mais as culturas de 2ª época com

destaque para hortícolas e algumas leguminosas. Esta opção penaliza as escolas que não tenham condições de

rega, exigindo o recurso a poços e mais mão-de-obra para rega, de acordo com a localização das fontes de água

e da dimensão das parcelas.

Page 21: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

16

Aquisição de Insumos

Os seguintes materiais escolares e factores de produção são distribuídos às JFFLS:

Primeiro Semestre (Setembro a Janeiro):

Se relevante: materiais para a construção de infra-estruturas da componente de

alimentação escolar5;

Primeira remessa de materiais escolares (cadernos, lápis, etc.) e recreativos (bolas);

Sementes para a primeira época (cereais e feijões);

Instrumentos agrícolas (enxadas, regadores, etc.);

Plantas ou mudas de árvores, capim vetiver, etc.

Segundo Semestre (Fevereiro a Julho):

Sementes e insumos para a segunda época (hortícolas);

Segunda remessa de materiais escolares e recreativos;

Contribuições para a construção das infra-estruturas das

Escolas-Machambas para Jovens;

Contribuição para a compra de animais;

Contribuições para o dia de campo (Abril-Maio) e

cerimónia de graduação (Julho/Agosto).

O programa Celeiro da Vida tem igualmente apoiado o

melhoramento das escolas, com base em pedidos pontuais e

com vista a responder a necessidades prioritárias. Alguns

exemplos de investimentos que poderão beneficiar de apoio

são:

Construção de salas de aulas adicionais através do PMA;

Abertura e reabilitação de poços através de financiamento de parceiros;

Construção de Poços Melhorados (ex: poço de corda);

Outras pequenas infra-estruturas de irrigação, tais como a reabilitação ou reparação de

canais de rega.

Graduação dos Jovens

Ao longo do currículo, a equipa de facilitadores de JFFLS avalia o nível de assimilação e de

capacidade de aplicação prática dos conhecimentos pelos jovens. A avaliação da assiduidade

e desempenho individuais são registados mensalmente no Livro do Facilitador. Ao longo do

ano curricular, os facilitadores deverão procurar superar as dificuldades de participação,

aprendizagem e comunicação eventualmente sentidas por alguns alunos, percebendo as

respectivas causas e implementando metodologias e abordagens que incentivem os mais

fracos a terem um melhor desempenho. No fim do ano curricular, a equipa de facilitadores,

decide, com base na revisão das avaliações ao longo do ano e de indicadores de progresso dos

alunos, quem estará apto para ser graduado e quem será aconselhado a continuar a participar

no programa no ano curricular seguinte. A graduação dos jovens não tem fins académicos,

nem o objectivo de passar ou reprovar, visando antes garantir que estes tenham um mínimo

de qualidade de assimilação para garantir que no futuro, ou onde quer que estejam, possam

usar os conhecimentos e habilidades básicas que adquiriram durante o processo de

aprendizagem.

5 Nos casos em que é a primeira vez que se inicia o programa JFFLS.

Page 22: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

17

Como foi referido, o objectivo será de graduar todos os jovens, devendo a equipa de

facilitadores usar metodologias e medidas necessárias ao longo do ano para uma participação

e assimilação equilibradas por todos os elementos do grupo de JFFLS.

Quem faz a avaliação?

Facilitadores da Escola JFFLS;

Se for possível, em consulta a um Facilitador

Sénior da Subunidade, que tenha realizado a monitoria

regular das actividades de JFFLS;

Se relevante, graduados da JFFLS de outros

anos que auxiliam a equipa de facilitadores.

Como fazer a avaliação?

Verificando a lista de presenças no Livro do Facilitador: os jovens deverão ter

participado em pelo menos 70% das sessões para graduarem;

Revendo os resultados das avaliações registadas no Livro do Facilitador e através de

indicadores de assimilação e progressão dos jovens (nomeadamente, os resultados de

trabalhos práticos desenvolvidos pelos jovens na machamba de aprendizagem, a

aplicação dos conhecimentos adquiridos na machamba familiar);

Os procedimentos para graduação estão descritos no Módulo 8 (Tópico M8-6).

Ano 2: Pós-graduados

No segundo ano, em função dos recursos

financeiros disponíveis, o Programa Celeiro da

Vida acompanha os graduados da seguinte

maneira:

Criando oportunidades de formação como

Facilitadores de JFFLS;

Atribuindo bolsas de estudo aos jovens-

revelação e particularmente interessados em

continuar os estudos;

Criando oportunidades de apoio para o

desenvolvimento de actividades de geração de

rendimentos (produção/comercialização agro-

pecuária);

Integrando os alunos graduados nos grupos

associativos juvenis e noutras associações que

estejam perto ou localizadas na zona de residência do jovem graduado, tais como a

“Escola na Machamba do Camponês” (FFS).

Page 23: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

18

4 O que é a Abordagem JFFLS?

4.1 Temas Importantes (Transversais) do Programa Visão de Inter-relacionamento Planta-Animal-Pessoa

Os jovens nas Escolas com JFFLS aprendem o

conceito de gestão/maneio da planta e do

animal sempre com a preocupação de os

manter de boa saúde e valorizando a

componente de prevenção. Uma vez entendido

este conceito, o jovem é estimulado a fazer

uma relação com os cuidados a ter também

com a saúde das pessoas, suas formas de

prevenção e tratamento, tomando sempre

como ponto de referência os cuidados a ter

com a planta para a manter saudável.

Se ele é capaz de ver a relevância e o valor de

manter a vida e sanidade de uma planta,

também compreende a importância de criar

condições para assegurar o crescimento são da

pessoa. E isto pode ser aplicado em relação à prevenção de doenças, infecções diversas e,

particularmente, do SIDA.

Protecção

Os facilitadores precisam de ser particularmente sensíveis à forma como lidam com os jovens

do Programa JFFLS, tendo em conta que a maioria destes vive em situações de

vulnerabilidade. As causas dessa vulnerabilidade poderão ser variadas, desde a perda ou

doença prolongada de um ou de ambos os pais, a espoliação de bens e propriedades após a

morte dos mesmos, exploração infantil e discriminação. Por conseguinte, estes jovens

precisam de ser especialmente protegidos contra a crueldade, abuso e explorações sexual e

económica. O esforço para a sua protecção começa por tratá-los com respeito, ajudá-los a

sentirem-se mais auto-confiantes e fortes, informando-os e formando-os sobre assuntos

pertinentes para o seu dia-a-dia e o seu futuro, tais como os direitos que lhes assistem e

formas de gerir eficaz e eficientemente os recursos locais para gerar fontes de subsistência e

de rendimentos.

Nas JFFLS, os jovens aprendem técnicas agrárias para adquirirem melhores conhecimentos

sobre a gestão da machamba ou horta com vista a desenvolverem, no futuro, actividades de

subsistência de forma sustentável e com sucesso. Aprendem a melhorar a sua auto-estima, a

fortalecer a sua personalidade e a descobrir as suas aptidões e interesses. Isto levará o jovem

a planear de certa forma o seu futuro, a ter uma visão das suas aspirações e dos seus projectos

e a não viver apenas o dia-a-dia. O objectivo deste processo é levá-lo a ter confiança nas suas

habilidades e, eventualmente, a assumir a consciência da sua capacidade de tomar decisões

importantes para o seu futuro.

Page 24: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

19

Igualdade de Género

A igualdade de Género é uma questão extremamente importante ao longo do currículo

JFFLS. Nas zonas rurais, em particular, as raparigas e as mulheres têm menos oportunidades

de desenvolver o seu potencial. Os casamentos e partos em idades prematuras, levando ao

abandono da escola e ao fraco poder de decisão das mulheres sobre os recursos familiares e

da comunidade, são alguns dos factores que criam as desigualdades entre homens e mulheres.

Este programa cria diversas oportunidades de debater, entre os jovens e entre estes e a

Comunidade, as desigualdades de Género, e procura encontrar formas de reduzir alguns

desses desequilíbrios. Para tal, é crucial que a equipa de JFFLS e os facilitadores, em

especial, criem as condições sociais, culturais, psicológicas e físicas que permitam uma

participação activa, aberta e igual de rapazes e raparigas nos debates e nas actividades do

programa, em geral. As JFFLS poderão, assim, servir de modelo de referência, em que

rapazes e raparigas partilham tarefas de forma igual e solidária.

4.2 Trabalhando com os Jovens (Vulneráveis)

Os próximos pontos são importantes para desenvolver uma relação de confiança e

aprendizagem com os jovens, em geral, sem, no entanto, deixar de realçar que os facilitadores

deverão ter um cuidado especial em lidar com jovens em situações vulneráveis (Reveja o

tema transversal sobre a protecção na Secção 4.1).

Confiança Mútua

É muito importante que os jovens se sintam confortáveis, para poderem ter uma boa

participação no programa. Certas atitudes facilitam este processo:

Mostre aos jovens que eles poderão confiar em si e que você poderá confiar neles;

Passe tempo com eles, ouça-os atentamente, em vez de falar sobre eles, e mostre interesse

no que eles dizem, no que eles fazem, pensam ou sentem;

Permita-lhes errar (ou seja, não se ria nem os castigue pelos seus erros, antes

transformando os erros numa oportunidade de aprendizagem);

Valorize-os pelo que são e não apenas pelo que fazem;

Ensine-os a comunicar com as outras pessoas (a expressarem as suas ideias e

sentimentos).

Confidencialidade

Faça com que os jovens percebam, no início de cada sessão, que as informações e opiniões

que irão partilhar serão apenas do conhecimento do grupo e que não serão transmitidas a mais

ninguém, a não ser que este seja o desejo deles. Garanta que toda a equipa de JFFLS

comungue desta norma. No caso de procurar apoio fora do grupo JFFLS, para uma questão

relacionada com um dos jovens, peça antecipadamente a permissão deles para tal.

Histórias Pessoais

Não force ninguém a partilhar experiências pessoais se essa não for a sua vontade – porque

tal seria uma forma de violência! Se decidirem partilhar essa vivência, respeite o que dizem.

Não faça julgamentos e mostre que aprecia o facto de ter partilhado isso com o grupo. Se

mostrarem emoções fortes, mostre a sua empatia em relação a esses sentimentos, dizendo, por

exemplo: “Eu posso sentir o quanto essa experiência foi difícil para ti.”

Page 25: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

20

Se levarmos os jovens a falarem de violência, estes poderão sentir-se tristes ou zangados,

mas, por vezes, ajuda-os a sentirem-se mais fortes. Para alguns, será um alívio partilhar

segredos. Assim poderão passar a ter o apoio do grupo e pensar em novas formas de se

protegerem.

Page 26: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

21

4.3 Abordagem de aprendizagem nas JFFLS

A aprendizagem no Programa Celeiro da Vida desenvolve-se através da seguinte abordagem:

Aprender-Fazendo

O conceito central das Escolas JFFLS encontra-se descrito no quadro abaixo. Acreditamos

que as pessoas aprendem melhor se puderem praticar o que estão a aprender. Nas JFFLS, isso

significa que os jovens adquirem conhecimentos sobre agricultura trabalhando na machamba

de aprendizagem.

Aprender-Descobrindo

Relacionado com a ideia de praticar a aprendizagem para a compreender bem, motivamos os

jovens a fazerem diversas experiências na machamba. No âmbito do ciclo de tomada de

decisões, ajuda-os a tomar boas decisões na machamba e na vida social. Estimulamos os

jovens a debater ideias e os resultados das experiências, para que assim possam tomar boas

decisões.

Métodos para Facilitar a Descoberta:

Colocar questões constantemente (responder às perguntas com perguntas);

Experimentar na machamba (ver o Tópico M4-2 no Módulo 4 para mais detalhes sobre

como experimentar na machamba);

Exercícios sobre temas da vida e de agricultura para conduzir o jovem ao processo de

análise, estimulando o ciclo de tomada de decisões (ex: AESA).

SE OIÇO, ESQUEÇO

SE VEJO, RECORDO

MAS

SE FAÇO, FICA PARA

SEMPRE

O Ciclo de tomada de decisões para

o programa Celeiro da Vida:

Observação

Análise

Experiências

Análise

Discussão e tomada de decisão

Page 27: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

22

Aprender-Brincando

Aprender pode também ser divertido. Os jovens aprendem mais facilmente brincando. Por

isso, os temas especiais JFFLS são consolidados através da sua ligação com:

Jogos e exercícios;

Actividades culturais: danças, canções, teatro;

Desporto.

Cada módulo do manual de facilitação JFFLS inclui diversas ideias de como usar as

actividades culturais para ajudar a aprendizagem dos jovens. No Programa JFFLS, os

facilitadores recebem um manual de Actividades Culturais, incluindo jogos, exercícios e

métodos de formação, através do teatro, dança e canto.

Page 28: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

23

5 Como Facilitar as Escolas JFFLS

5.1 Facilitar em vez de Ensinar

No capítulo 3 falámos da composição da equipa de cada Escola JFFLS. No presente vamos

debruçar-nos sobre a abordagem de facilitação a usar pelos facilitadores nas JFFLS.

Nas JFFLS, os jovens são orientados por “facilitadores”. Estes usam métodos participativos

que se distinguem do método clássico e formal de ensino, como se descreve adiante:

Método de facilitação: Estimula o debate e a troca de ideias

Favorece a participação total – todos os alunos

assumem um papel activo

Valoriza os conhecimentos/ideias dos alunos e

introduz novas ideias

Usa métodos informais de aprendizagem

Orienta as discussões e a tomada de decisão,

sempre colocando perguntas (ver em baixo)

Método clássico de ensino: Cria poucas oportunidades de debate

Menos participação – os alunos recebem a

informação

Introduz novas ideias

Usa métodos formais de aprendizagem

Conduz/dita as ideias

É o Professor que ensina e sabe tudo

Tendo em conta os dois pontos levantados na Secção 4.3 sobre a abordagem de aprendizagem

JFFLS (ou seja, “aprender fazendo” e “aprender descobrindo”), um bom facilitador

deverá estimular constantemente as discussões entre os jovens, rapazes e raparigas, e levá-los

a descobrir as respostas. Um método importante a usar consiste em responder a uma pergunta

através de outras perguntas, até que os jovens descubram a resposta por eles mesmos. Veja na

caixa abaixo alguns exemplos de como o fazer.

Exemplo de como Colocar questões:

Como colocar questões constantemente:

Há muitas maneiras de responder a uma pergunta: quando interrogado “o que é isso?”, para muitos de nós, a

resposta natural é dar o nome do objecto. A pergunta normalmente é respondida dizendo: “Aquilo é…..” ou

“Isso é….”. O resultado dessa resposta é que o processo de aprendizagem pára por aí.

Tente não dar a resposta! A melhor maneira de responder à pergunta é fazer mais perguntas, tais como:

Onde o encontraste?

O que estavas a fazer?

Eram muitos?

Já o tinhas visto antes?

O que achas que deve ser?

Page 29: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

24

Exemplo de como colocar as questões:

Numa sessão de AESA e na identificação de um inimigo natural:

Quando os alunos dirigem uma pergunta ao facilitador, este deverá evitar as respostas

que enfatizam a simples identificação do inimigo natural. Pelo contrário, ele procurará

responder com uma pergunta para levar o jovem a encontrar a resposta por si mesmo: “Esse insecto alimenta-se de plantas?”

“É um insecto nocivo ou só quando aparece em grande número?”

“Existem muitos organismos que comem esses insectos, incluindo aranhas e parasitas?”

OU “Essa aranha que come insectos é um amigo?”

“É chamada caçadora porque se movimenta na machamba à procura de insectos.”

OU outras respostas que apenas dão informação biológica/ecológica.

5.2 Métodos de Facilitação nas Aulas

1. A base da metodologia consiste no Trabalho Prático e

Experiências na machamba de aprendizagem.

2. Use frequentemente o método de Chuva de Ideias para

estimular os jovens a contribuírem com as suas ideias.

De forma a motivar a participação de rapazes e raparigas,

introduza o tópico através da observação ou experiências

na machamba, teatro, exposição de uma experiência passada por um(a) aluno(a) ou

trabalhos em grupo, leitura de uma história real ou fictícia relacionada com o

assunto, de forma a despertar reacções, sentimentos e a desencadear opiniões.

Para certos tópicos mais sensíveis (HIV e SIDA, etc.), pode-se dividir os alunos em

grupos, por sexo, para estimular a participação das meninas e solicitar as

contribuições dos grupos posteriormente, sob forma de chuva de ideias.

As etapas da chuva de ideias:

Introduzir o assunto e estimular a observação

e a provocação de sentimentos (jogos, teatro,

experiências na machamba, etc.);

Formular as questões;

Estimular as respostas (se obtiver poucas

reacções do grupo, pode, por exemplo, introduzir outra

actividade, como contar uma história, ou pedir que

partilhem em grupos histórias e acontecimentos

relacionados com o tópico)

Fazer uma lista de todas as respostas;

Discutir e analisar as opiniões;

Fazer um resumo (privilegie a elaboração do

resumo pelos jovens, usando diversos jogos previstos em “Resumo e Avaliação”

dos módulos do Manual).

3. Intercale Trabalho em Grupos e discussões Plenárias de forma a manter a

concentração/ atenção dos jovens

Page 30: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

25

Trabalho em grupos:

Esta metodologia de facilitação é muito eficaz. Durante as práticas na machamba e

também nas aulas sobre tópicos especiais, o grupo ajuda muito no processo de

aprendizagem e optimiza a participação de cada jovem, em especial dos mais

tímidos e que dificilmente participam no plenário. Desde o primeiro dia, os jovens

são divididos em grupos, que se mantêm até ao fim do programa, criando assim um

ambiente de familiaridade entre os seus membros.

Considerações a ter na divisão dos grupos:

Equilíbrio de idades;

Equilíbrio de género;

Misturar jovens com mais capacidades (escrita, leitura e outras) com jovens

com menos capacidades;

Ver várias ideias para dividir os jovens em grupos no Guião de Actividades

Culturais (pág.12).

As etapas para facilitar o trabalho em grupos:

Introduzir o assunto;

Formular claramente as questões/explicar bem as tarefas dos grupos;

Explicar que se deve atribuir diversas

tarefas aos membros do grupo (chefe do

grupo que estimula a participação de

todos e garante que a discussão não se

desvia muito do assunto principal; relator,

jovem que regista as contribuições e

apresentador);

Fixar um tempo (como os jovens não têm

relógio, o facilitador deverá ir informando

sobre o tempo que falta para terminar o

trabalho);

Formar pequenos grupos. Na abordagem de JFFLS os grupos são formados no

início do ano curricular e mantêm-se os mesmos até ao fim. No entanto,

poder-se-á, pontualmente, promover maior intercâmbio entre os jovens e

quebrar a rotina, criando novos grupos;

Assistir os grupos e verificar se todos os membros (rapazes e raparigas) estão

a participar nas discussões;

Pedir aos grupos para apresentarem as conclusões/resultados do trabalho;

Discutir e analisar as apresentações;

Fazer um resumo das principais contribuições.

Plenário:

Em grupos de jovens com alguma dificuldade de expressão oral, falta de auto-

confiança e timidez, deve-se reduzir as sessões plenárias ao tempo mínimo necessário

para introduzir ou concluir um tópico (cerca de 3 min. no máximo). Geralmente, a

participação em plenário deste tipo de grupo-alvo é muito fraca.

Os jovens têm de aprender habilidades de apresentação e discussão em plenário. Por

exemplo, depois de trabalharem em grupos, apresentam os seus resultados no plenário para

Page 31: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

26

discussão. É muito importante que todos os membros do grupo tenham a oportunidade de

fazer uma apresentação em plenário, alternadamente. No entanto, em relação aos jovens mais

tímidos, é necessário dar um certo tempo para que estes se sintam mais confiantes para o

fazer.

Depois de cada apresentação, estimule-os a baterem as palmas (peça aos jovens para

mostrarem diversas maneiras de bater as palmas. Exs.:”CV, pam, pam, pam”,” ,1,2,3,4,5,6,

yes!” Ou”Pam, pam, pam, fogo!”

4. Actividades Culturais

Os jovens contribuem com muitas ideias e

opiniões quando estão estimulados e a realizar

actividades que os motivam e interessam, tais

como quando realizam trabalhos práticos, jogos,

teatro e concursos.

Uma maneira de aprender-brincando é usar

actividades culturais, como teatro, simulações,

canções e jogos para elaborar e aprender

conceitos e práticas (Para mais detalhes, veja o

Guião de Actividades Culturais).

Nota: Se os jovens tiverem dificuldades de

escrita, use meios alternativos para registar as ideias e conclusões:

Peça aos jovens para representarem o que sabem sobre um determinado assunto ou as

conclusões do trabalho em grupo, através de desenhos e/ou símbolos;

Convide os jovens a representarem através de canções, mímica e teatro os seus pontos de

vista sobre um determinado assunto.

Page 32: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

27

6 Como Usar o Manual JFFLS

O manual segue o currículo de JFFLS, para guiar os facilitadores a cobrir todos os temas

técnicos indicados. Este está dividido em módulos, cada um com aulas de facilitação sobre os

temas agrários e da vida social. Para cobrir todos os temas contidos no currículo das JFFLS é

necessário realizar sessões, três (3) vezes por semana, num período de onze (11) meses. As

aulas estão programadas para uma duração de 2-3 horas cada.

6.1 Organização do Manual

O Código

Cada aula tem um código, indicando um dos tópicos especiais no currículo JFFLS. Este

código segue a seguinte lógica:

M#-# (M = Módulo; M# = Módulo nᵒ # - o número real do módulo, seguindo o

currículo):

Módulo 1 = Preparação

Módulo 2 = Planificação

Módulo 3 = Crescimento Saudável Módulo 4 = Diversidade Módulo 5 = Protecção Módulo 6 = Água da Vida e Celeiros da Vida Módulo 7 = Perdas e Ameaças Módulo 8 = Transformação e Conservação Módulo 9 = Produção Orientada para o Mercado

O Segundo # (ex.: M1-#) é o número do tópico, segundo a lógica do currículo (cada

tópico tem o seu próprio número).

A estrutura da Sessão

O manual descreve para cada sessão:

Objectivo (s): O que queremos alcançar através da sessão.

Duração: Aproximadamente quanto tempo leva.

Materiais: Que materiais precisamos de preparar para a sessão.

Passos: Que passos temos de seguir durante a sessão. Inclui passos sugeridos, com

actividades práticas e também actividades culturais.

Fichas de Apoio: Para preparar a sessão, o facilitador poderá obter informação mais

detalhada sobre um determinado tema, para apoiar o processo de facilitação. Às

vezes, são igualmente sugeridos exercícios do Guião de Actividades Culturais.

De qualquer maneira, o facilitador pode incluir outras actividades culturais para

revitalizar a aula, apoiar o processo de aprendizagem, etc.

Os facilitadores devem fazer ligações entre a agricultura e a vida dos animais e das

pessoas em cada sessão, para que os jovens compreendam bem este conceito.

Page 33: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

28

6.2 Estrutura das Sessões nas JFFLS

O Currículo JFFLS

Veja o Currículo JFFLS, nas páginas 20-22.

A lógica do Currículo

O currículo JFFLS baseia-se no ciclo agrícola local, ao longo de 11 meses (de

Setembro a Agosto Cada módulo está dividido em temas principais (veja a 1ª

coluna à esquerda do currículo).

Cada módulo tem actividades práticas na machamba de aprendizagem (2ª

coluna do currículo) e também tópicos especiais sobre agricultura e vida social

(3ª e 4ª colunas), que estão ligados ao tema principal.

A Machamba de Aprendizagem

A área para agricultura nas Escolas

JFFLS é pequena (800-1000 m²),

visto que esta serve sobretudo para

aprendizagem e não para produção.

Mesmo assim, haverá um celeiro

para ensinar aos alunos boas

práticas de armazenagem e

conservação.

Pela sua estrutura, as machambas

possibilitam que os jovens

aprendam as estratégias de

segurança alimentar e nutricional,

tomem decisões coerentes e giram

o tempo, a curto e longo prazos.

Na machamba cultivam-se:

Cereais, normalmente os cultivados na zona em que a JFFLS está inserida, e

outras culturas adequadas à zona agro-ecológica, para assegurar a alimentação

básica;

Uma horta nutricional (couve, tomate, alface, etc.) para um crescimento

saudável;

Culturas de médio e longo prazo, como batata-doce de polpa alaranjada,

mandioca, fruteiras (mangueira, laranjeira, papaieira, ananaseiro), para a

introdução à planificação e como investimento futuro;

Um espaço pequeno para espécies indígenas, bem como para plantas medicinais

(batata africana, funcho, aloé vera), para os cuidados de saúde;

Agro-florestamento para providenciar madeira que possa contribuir para os

meios de sustento a longo prazo e para a gestão dos recursos naturais;

Adicionalmente, criam-se animais.

Page 34: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

29

Tópicos Agrícolas Especiais

Durante o ciclo vegetativo, os jovens observam o estado e o desenvolvimento das

culturas e das pragas presentes, através do processo metodológico denominado

“Análise de Agro-sistemas” (AESA) do cultivo e do cuidado dos animais (tempo

para a sementeira de cada cultura, doenças animais, tratamentos, etc.). Com base nas

observações, decide-se quais as actividades necessárias para o bom

desenvolvimento das culturas.

O currículo das JFFLS dá particular atenção à Nutrição e ao Género, onde os

facilitadores ajudam os jovens a perceberem melhor a sua importância. Os

facilitadores são treinados nas duas componentes de ensino. A partir do segundo

ano, alguns alunos graduados das JFFLS que se destacaram, recebem formação

adicional, de modo a que possam contribuir para a formação dos novos alunos.

Tópicos Especiais de Habilidades da Vida

O ciclo de trabalho na agricultura serve também como ponto de partida para discutir

assuntos sociais e culturais de importância para a vida dos jovens. Estes são

explorados através de várias expressões culturais e artísticas, tais como o desenho, o

canto, a dança e o teatro. O facilitador cultural orienta estas actividades, que ao

mesmo tempo servem para introduzir assuntos como género, saúde e HIV e SIDA.

Page 35: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

30

7 Currículo Integrado para JFFLS de acordo com Ciclos de Culturas e Vida

Mês/

Tema principal

Actividades Machamba de

Aprendizagem

Tópicos Especiais – Agricultura

Tópicos Especiais – Vida

SETEMBRO

Preparação

Preparar a machamba

Selecção dos tipos de cultura

Esboço/Plano da machamba de

aprendizagem

Preparação da terra

Usar o pé de galinha/bi-pé

Calendário de culturas

Introdução à Agricultura de

Conservação (AC): preparação

da terra

Formar um espírito de equipa

Os ciclos de vida das plantas, dos

animais e das pessoas

OUTUBRO

Planificação

Semear ou plantar as 1as

culturas

Planificação agrícola

Importância dos compassos

Teste de germinação das

sementes

Introdução à AESA

Formar um espírito de equipa

(continuação)

Planificar para o futuro

Introdução ao ciclo de tomada de

decisões

NOVEMBRO

Crescimento

saudável

Manter uma cultura saudável

Sachar e desbastar

IPM ou Gestão Integrada de Pestes

(GIP)

Iniciar: exercícios semanais de

AESA

AC: Gestão da fertilidade do

solo

Introdução aos princípios de

Gestão Integrada de Pestes

(GIP)

Tomar decisões: observando

Nutrição: alimentação

Saúde: higiene, saneamento do meio

Introdução HIV e SIDA

Espírito de equipa (continuação)

DEZEMBRO Férias: 2 semanas

Consolidar os temas de Novembro

AESA

JANEIRO

Diversidade

Preparar as 2as

Culturas:

AESA

Selecção de tipos de culturas

Esboço/plano da machamba de

aprendizagem

Horticultura: selecção de

culturas da 2ª época

Tomar decisões:

Experimentando

Nutrição: diversidade na dieta

Raparigas e rapazes: oportunidades

iguais

o Alimentação e Género

Page 36: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

31

Preparação da terra

Selecção de terra segura, com

acesso à água

o Seis ideias diferentes para

experiencias com métodos

de AC.

o Diversidade de valores

Diversidade humana: enfrentar a

estigmatização na vida

FEVEREIRO

Protecção

Horticultura:

AESA

Vedar o terreno

Estabelecimento do viveiro

Gestão do viveiro

Protecção da horta

Protecção e confiança:

Exercícios de confiança

Prevenção do HIV e SIDA

Tomar decisões: analisando

Direitos da criança

MARÇO

Água da Vida

&

Celeiros da Vida

Importância da água

Colheita das 1as

culturas: AESA

Construção do secador e do celeiro

Gestão da água nas culturas

Técnicas de irrigação

Conservação de água

Secador e celeiro melhorados

Tomar decisões: decidindo

Água da Vida: o que significa isto?

Celeiro da Vida: reflexão sobre o que

aprenderam até agora – uma

Avaliação Intermédia

Preparando para o “Dia de Campo”

ABRIL

Ameaças &

Perdas

Gestão integrada de pestes nas

hortícolas:

AESA

Secar e guardar a colheita

GIP das hortícolas e outras

culturas

Gestão de perdas pós-colheita:

Gerir perdas pós-colheita

Conservação de grãos e

sementes

Como enfrentar e gerir ameaças,

doenças e perdas na vida.

Proteger-nos contra as doenças:

O que é a doença

Lidando com o impacto de HIV e

SIDA

Importância das plantas medicinais

Page 37: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação

32

MAIO, JUNHO,

JULHO

Transformação

& Conservação

Agro-processamento: Conservação

dos alimentos

Animais de pequena espécie:

AESA

Criação dos animais – planificar e

seleccionar os animais

Construir capoeiras e currais

melhorados

Actividades pós-colheita: Processar

os alimentos

Preparar para a graduação

Importância da biodiversidade

e dos recursos naturais:

Protecção dos recursos

naturais

Género e recursos naturais

Plantando árvores

Criação de animais de pequena

espécie:

Criação de caprinos

Criação de galinhas e

outras aves

Piscicultura

Continuação das discussões de Abril

Boa nutrição ao longo do ano:

Segurança Alimentar e como dispersar

riscos

Processamento dos alimentos:

cozinhando juntos (rapazes e

raparigas)

Módulo sobre a produção orientada

para o mercado

Produção orientada para o mercado:

o Implicações de gerir um negócio

o Selecção de recursos

o Promoção de vendas

o Controlo de qualidade

o Gestão de um negócio

o Poupança e crédito

AGOSTO

Pausa de 2

semanas

Avaliação & Graduação

ToT para novos facilitadores

Page 38: Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação de Práticascoin.fao.org/.../7/13449340829800/guio_de_facilitadores_final.pdf · Projecto Celeiro da Vida Manual de Facilitação