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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM SAÚDE E PRODUÇÃO DE RUMINANTES PEDRO LEONARDO OLSZEWSKI SÁVIO VIABILIDADE DO USO DE ADSORVENTE DE MICOTOXINA NA TERMINAÇÃO DE CORDEIROS TEXEL EM CONFINAMENTO Arapongas 2018

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM SAÚDE E PRODUÇÃO DE RUMINANTES

PEDRO LEONARDO OLSZEWSKI SÁVIO

VIABILIDADE DO USO DE ADSORVENTE DE MICOTOXINA NA

TERMINAÇÃO DE CORDEIROS TEXEL EM CONFINAMENTO

Arapongas 2018

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PEDRO LEONARDO OLSZEWSKI SÁVIO

VIABILIDADE DO USO DE ADSORVENTE DE MICOTOXINA NA

TERMINAÇÃO DE CORDEIROS TEXEL EM CONFINAMENTO

Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Produção de Ruminantes. Orientador: Prof. Dra. Fabíola Cristine de Almeida Rego Grecco

Arapongas - Paraná

2018

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Ficha catalográfica elaborada, com dados fornecidos pelo (a) autor (a)

Biblioteca UNOPAR / Arapongas - Maria Luci Juliani Grano CRB – 9/776

SÁVIO, Pedro Leonardo Olszewski

Viabilidade do uso de adsorvente de micotoxina na terminação de cordeiros Texel em

confinamento. Arapongas: UNOPAR, 2018. 50p.

Orientador: Fabíola Cristine de Almeida Rego Grecco

Dissertação (Mestrado) UNOPAR - Medicina Veterinária - Saúde e Produção de Ruminantes,

2018.

1. Medicina Veterinária - Dissertação de mestrado - Unopar. 2. Saúde e Produção de

Ruminantes. 3. Cordeiros Texel - confinamento - adsorvente de micotoxina. 4. Cordeiros

Texel - confinamento - ganho de peso. 5. Cordeiros Texel - dietas de terminação - adsorvente

de micotoxina. I. GRECCO, Fabíola Cristine de Almeida Rego. II. Titulo.

CDU: 619:636

Maria Luci Juliani Grano: CRB – 9/776

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PEDRO LEONARDO OLSZEWSKI SÁVIO

VIABILIDADE DO USO DE ADSORVENTE DE MICOTOXINA NA TERMINAÇÃO DE CORDEIROS TEXEL EM CONFINAMENTO

Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes,

área e concentração em Produção de Ruminantes como requisito parcial para a obtenção

do título de Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:

_________________________________________ Prof. Dra. Fabiola Cristine de Almeida Rego Grecco

Pitágoras UNOPAR/ Unidade Arapongas

_________________________________________ Prof. Dr. Luiz Fernando Coelho Cunha Filho

Pitágoras UNOPAR

_________________________________________ Prof. Dra. Marilice Zundt

Universidade do Oeste Paulista

Arapongas, 23 de março de 2018.

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Dedico este trabalho a minha família, aos meus

amigos e colegas de trabalho que de alguma forma

me fizeram persistir e não desistir deste título.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por iluminar meus caminhos para chegar até

aqui.

Aos meu pais, Janaina e Pedro, e minha irmã Renata. Por

serem a minha base, o pilar da minha formação e conselheiros da minha

caminhada.

A minha namorada Ana Paula Campaner Usso, por todo apoio

e paciência neste período.

À professora Fabíola Rego Grecco por toda orientação,

paciência e sabedoria em indicar o caminho certo tanto na parte prática como na

teoria.

Ao professor Filipe Castro pelo convite e incentivo à inscrição

neste mestrado e pelo auxílio na elaboração do projeto.

À Cocamar Cooperativa Agroindustrial pela confiança e suporte

em prol do meu crescimento profissional.

À Quimtia pelo fornecimento do Adsorvente Easytox e pelas

análises de presença de micotoxinas nos produtos componentes da dieta.

A todos os estagiários envolvidos nos dias do experimento, em

especial Elis Daiane Teodoro.

Aos professores doutores Luiz Fernando e Marilice Zundt por

participarem da banca, por todas as contribuições e sugestões, com certeza

serão muito bem vindas.

Ao professor Werner e demais professores do Programa de

Mestrado em Saúde e Nutrição de Ruminantes.

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O que não me mata, apenas me torna mais forte.” (Friedrich Nietzsche)

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SÁVIO, Pedro Leonardo Olszewski. Viabilidade do uso de adsorvente de micotoxina na terminação de cordeiros texel em confinamento. 2018. 40 folhas. Dissertação de Mestrado Acadêmico Saúde e Produção de Ruminantes (Mestrado Acadêmico em saúde e Produção de Ruminantes) – Universidade Norte do Paraná, Arapongas, 2018.

Resumo

O presente estudo teve por objetivo avaliar a viabilidade do uso de adsorvente em dietas de

cordeiros confinados, através de variáveis do desempenho, da carcaça, da carne de

cordeiros da raça Texel. As dietas utilizadas possuíam milho, soja, resíduo agrícola e

silagem de milho divididos em dois grupos denominados tratado e controle, obtendo ganho

de peso diário 15% maior no grupo tratado e lucro liquido total de 12,9% maior no período.

Tal adsorvente foi feito à base de betaglucanos extraídos da parede celular de

Saccharomyces cerevisae. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente

casualizado com seis repetições cada, sendo cada baia uma repetição, e cada baia

contendo dois animais. Utilizaram-se seis machos e seis fêmeas em cada tratamento,

totalizando 24 animais. O adsorvente foi utilizado no concentrado oferecido aos animais do

grupo tratado, na dose de 1,5 kg por tonelada. O período experimental foi de 38 dias e os

animais, quando atingiram média de 26,4 Kg de peso corporal, foram abatidos. O ganho de

peso diário foi superior no grupo tratado (216,23 g) em relação ao grupo controle (185,89 g).

O consumo de matéria seca (em % do peso corporal) não obteve diferença entre os

tratamentos, sendo grupo tratado (1,89%) e controle (1,78%). O perfil sanguíneo não se

mostrou diferente entre os grupos. As médias para área de olho de lombo, espessura de

gordura subcutânea e marmoreio foram 1393 mm2, 2,66 mm e 3,20 no grupo tratado e 1216

mm2, 2,6 mm e 3,25 no grupo controle, respectivamente. Os rendimentos de carcaça

biológico, quente, fria, e o índice de quebra não foram diferentes entre si, sendo as médias

de 45,3, 44,1% e 2,7%, respectivamente. As carcaças apresentaram-se semelhantes quanto

a conformação, com média de 3,95 e 3,83 para acabamento de gordura. As perdas por

descongelamento e cocção, pH da carne, EE e PB, não diferiram entre os grupos,

apresentando valores médios de 17,9, 66,2, 5,7, 3,5 e 24,0%, respectivamente. Houve efeito

de sexo para os níveis de PB e EE da carne. Conclui-se que é viável o uso de adsorvente

de micotoxinas em cordeiros confinados com uso de resíduos agroindustriais e o uso do

aditivo resulta em maior ganho de peso diário e lucro líquido médio.

Palavras-chave: aflatoxina, coproduto, desempenho, milho, silagem de milho, zearalenona.

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VIABILITY OF THE USE OF MYCOTOXIN ADSORBENT IN THE TERMINATION OF TEXEL LAMBS IN CONFINEMENT

SÁVIO, Pedro Leonardo Olszewski. Viability of the use of mycotoxin adsorbent in the termination of texel lambs in confinement. 2018. 40 pages. Academic Master’s Dissertation Health and Production of Ruminants (Academic Master in Health and Production of Ruminants) – Northem University of Paraná, Arapongas, 2018

Abstract

The objective of this study was to evaluate the viability of the use of adsorbents in confined

lamb diets, by means of performance, carcass, lamb meat of the Texel breed. The diets used

had corn, soy, agricultural residue and corn silage divided into two groups called TREATED

and CONTROL, obtaining daily weight gain 15% higher in the treated group and total net

profit fron 12.9% higher in the period. The adsorbent was made based on glucans extracted

from the cellular wall of Saccharomyces cerevisae. The experimental design used was

entirely randomized with six repetitions each, each stall being a repeat, and each bay

containing two animals. Six males and six females were used in each treatment, totaling 24

animals. The adsorbent was used in the concentrate offered to the animals of the treated

group, at a dose of 1, 5 kg per tonne. The trial period was 38 days and the animals, when

they reached an average of 26.4 Kg of body weight, were slaughtered. The daily weight gain

was higher in the TREATED group (216.23 g) in relation to the control group (185.89 g). The

consumption of dry matter (in% of body weight) did not have a difference between the

treatments, being treated group (1.89%) and control (1.78%). The blood profile showed no

difference between the groups. Mediums for rib eye area, subcutaneous fat thickness and

marbling were 1393 mm², 2.66 mm and 3.20 in the treated group and 1216 mm², 2.6 mm and

3.25 in the control group, respectively. The yields of biological, hot, cold carcasses and the

index of breakage were not different from each other, the averages of 45.3%, 44.1% and

2.7%, respectively. The carcases were similar to conformation, with an average of 3.95 and

3.83 for the finishing of fat. The defrosting and cooking losses, pH of the meat, EE and PB,

did not differ between the groups, presenting average values of 17.9, 66.2, 5.7, 3.5 and

24.0%, respectively. There was sex effect for the PB and EE levels of the meat. It is

concluded that the use of mycotoxins in confined lambs with the use of agro residues is

feasible and the use of the additive results in greater daily weight gain and average net

income.

Key words: Aflatoxin, coproduct, performance,corn, corn silage, Zearalenone.

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LISTA DE TABELAS

Capítulo II

Tabela 1 – Composição dos ingredientes e composição bromatológica das dietas

experimentais (%) ofertadas para cordeiros em terminação 34

Tabela 2 – Níveis de micotoxinas presentes na dieta dos cordeiros 35

Tabela 3 - Variáveis do desempenho de cordeiros confinados com a presença ou não

de adsorvente na dieta 38

Tabela 4 - Viabilidade econômica do uso de adsorvente de micotoxina em cordeiros

recebdno ou não adsorvente de micotoxina 39

Tabela 5 – Níveis bioquímicos sanguíneos de cordeiros confinados recebendo ou não adsorventes na dieta no pré abate 40 Tabela 6 – Variáveis do peso vivo e da carcaça dos cordeiros confinados recebendo ou não adsorventes na dieta no pré abate. 42 Tabela 7 – Estimativas ultrassonográficas da área de AOL (área de olho de lombo), EGS e marmoreio de cordeiros recebendo ou não adsorventes de micotoxina 43

Tabela 8 – Variáveis da carne de cordeiros recebendo ou não adsorventes de

micotoxina 44

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 15aDON Desoxinivalenol 15-MAS 15 - monoacetoxiscirpenol AFB1 Aflatoxina B1 AFB2 Aflatoxina B1 AFG1 Aflatoxina G1 AOL Área de olho de lombo ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária DAS Diacetoxiscirpenol DNA Ácido desoxirribonucleico DON-1 Deoxinivalenol EE Extrato etéreo EGS Expessura de gordura subcutânea FB1 Fumonisina B1 FB2 Fumonisina B2 FB3 Fumonisina B3 FX Fusarenona X HPLC Cromatografia líquida de alta eficiência L Luminosidade NIV Nivalenol OTA A Ocratoxina PAP Perda de água sob pressão PB Potreína bruta PCA Peso corporal de abate PCF Peso de carcaça fria PCQ Peso da carcaça quente PCV Peso corporal vazio RNA Ácido ribonucleico ZEA Zearalenona GPD Ganho de peso diário CMS Consumo de matéria seca MS Matéria seca CPV Consumo por peso vivo CA Conversão alimentar US Ultrassom CV Coeficiente de variação PDESC Perda por descongelamento

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SUMÁRIO CAPÍTULO I 14

Introdução e Fundamentação Teórica 14 Introdução 14

2 Fundamentação teórica 15 2.1 Fungos e Micotoxinas na alimentação animal 15 2.2 Principais Micotoxinas 17 2.2.1 Aflatoxinas 17 2.2.2 Fumonisinas 18 2.2.3 Ocratoxinas 19 2.2.4 Zearalenona 19 2.2.5 Tricotecenos 20 2.3 Adsorventes de micotoxinas utilizados na nutrição de ruminantes 21 3 Referências 23 4 Objetivos 29 4.1 Objetivos Gerais 29 4.2 Objetivos Específicos 29

CAPÍTULO II – Artigo Científico 30 Viabilidade de uso de adsorventes de micotoxina na terminação de cordeiros texel em confinamento 30 Resumo 31 Abstract 32 Introdução 33 Material e Métodos 34 Resultados e Discussão 37 Conclusão 45 Referências 46 Anexo 1 – Níveis de micotoxinas na dieta dos cordeiros 49

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CAPÍTULO I

Introdução e Fundamentação teórica 1 Introdução

O consumo de carne ovina no Brasil passou por mudanças de mercado. Estudos

mostraram que os consumidores com renda mais elevada impulsionaram o setor,

assim como a elevação da concorrência, a inovação, o acesso a novos produtos, a

diferenciação e a criação de nichos de mercado (FIRETTI et al., 2010; 2011a; 2011b).

O aumento na demanda gerou a busca por maior eficiência na produção por meio da

intensificação, evolução genética e carcaças de melhor qualidade. Segundo dados do

IBGE, em 2016, o rebanho efetivo de ovinos é de 18,43 milhões de cabeças, sendo

que 29,3% desse rebanho se encontra na região sul.

A produção de ruminantes de corte, em um país com alta produção agrícola

como o Brasil, torna‐se ainda mais interessante devido à alta disponibilidade de

resíduos agrícolas, que são amplamente utilizados na fase final de confinamento e

engorda. Além disso, um possível aumento na produção e consumo dos produtos da

cadeia ovina deverão ocorrer em função de alguns fatores, como o crescimento

natural da população e o crescimento de renda (MAGALHÃES et al., 2016).

A criação de ovinos, utilizando a ferramenta do confinamento, tem excelente

perspectivas de crescimento, principalmente por causa do elevado custo de terras no

Sul do Brasil, da alta incidência de verminoses, do fácil acesso ao milho e ao farelo de

soja, aproveitamento de varreduras e resíduos provindos do beneficiamento de grãos.

Apesar dos benefícios do confinamento, o processo de aceleração do ganho de

peso com alta ingestão de concentrado aumenta consequentemente a ingestão de

micotoxinas presentes nos grãos. Estas podem ser derivadas principalmente do milho,

dos resíduos mistos de origem agrícola que, frequentemente, devido à forma de

armazenamento, pode favorecer a proliferação fúngica, ou, ainda, pode ocorrer na

lavoura. Além disso, o volumoso mais usado é a silagem de milho, que durante seu

processo fermentativo, associado a altas temperaturas, também são

contaminados por micotoxinas. Esse cenário pode interferir no ganho de peso e

no desenvolvimento corporal. Para amenizar as perdas ocorridas, é sugerida a

escolha de produtos bem armazenados e produzidos de maneira a suprimir a

contaminação por micotoxinas. Porém, nem sempre é possível ter esse

controle.

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Uma opção para minimizar esse problema é o uso de adsorventes de

micotoxinas nas dietas de ruminantes, considerado a maneira mais promissora

de reduzir os efeitos das micotoxicoses (GALVANO et al. 2001). Entretanto,

poucos são os estudos científicos sobre a viabilidade biológica do uso dessa

tecnologia em ovinos.

2 Fundamentação teórica

2.1. Fungos e Micotoxinas na alimentação animal

Os fungos compreendem um grande grupo de organismos eucariontes,

classificados no reino Fungi, e o que os separam de plantas e bactérias é a presença

de quitina na parede celular (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL, 1996).

A atividade biológica dos fungos é extensamente variada. Alguns deles são

componentes desejados em certos alimentos como o queijo, fermentação de cervejas

e vinhos, assim como na obtenção de antibióticos como penicilina. Porém, certas

espécies produzem metabólitos secundários altamente tóxicos para humanos e

animais, que são as micotoxinas (PERAICA et al., 1999).

Micotoxina deriva da palavra grega “mykes” (fungo) e do latim “toxicum” (veneno,

toxina) (GOLDBLAAT, 1972; BURLLERMAN, 1979). As micotoxinas são compostos

invisíveis, inodoros, insípidos e tóxicos, considerados não essenciais para o

crescimento do fungo. Tais metabólitos são formados na fase exponencial do

crescimento, geralmente quando estão acumulados em grandes quantidades de

precursores de metabólitos primários, como aminoácidos, acetato, piruvato e outros

(SHUNDO; SILVA; SABINO, 2003; LEAL et al., 2005).

Estima-se que existam, atualmente, entre 100 a 250 mil espécies fúngicas

conhecidas, sendo que aproximadamente 200 delas são capazes de produzir toxinas

(GOMPERTZ et al., 2005).

Os metabólitos fúngicos são responsáveis por intoxicações alimentares no

homem e nos animais domésticos, isso é conhecido desde a antiguidade – séculos VII

e VIII, na França, época em que quadros patológicos caracterizados como ergotismo

ocorreram em populações que se alimentavam com pães de centeio contaminados.

No início, essa micotoxicose era chamada de “Fogo de Santo Antônio”, pois romeiros

portadores da doença se afastavam da fonte de infecção em romaria ao túmulo de

Santo Antônio de Pádua, na Itália, retornando recuperados dos sintomas da patologia

e das sensações de queimação na pele (FORGACS; CARLL, 1962).

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Nem todos os fungos toxigênicos produzem toxinas. Em estudo realizado por Pitt

(2006), constatou‐ se que 50% dos isolados de Aspergillus flavus produziram

aflatoxina; indicando que a presença de fungos no alimento não implica

necessariamente que toxinas foram produzidas. Além disso, a ausência de sinais

visíveis de fungos não garante que o alimento esteja livre de toxinas, uma vez que a

contaminação por micotoxinas no alimento é muito heterogênea, visto que os fungos

crescem de forma desuniforme, e se concentram em determinados locais,

denominados de focos fúngicos.

Segundo Maziero e Bersot (2010) afirmam que as principais micotoxinas

encontradas em alimentos são produzidas por fungos dos gêneros Fusarium,

Aspergillus, Penicillium e Claviceps, nos quais o desenvolvimento desses

microrganismos depende de fatores físico-químicos, tais como a quantidade de água

livre, substrato para o crescimento, temperatura e condições de pH.

O diagnóstico de intoxicação por micotoxinas possui considerável dificuldade

devido a diversos fatores, como falhas na amostragem do alimento contaminado,

baixas concentrações que dificultam sua detecção nos métodos analíticos e, com

frequência, o consumo do produto contaminado quando os sinais de micotoxicose são

aparentes. Além disso, as micotoxinas podem encontrar-se conjugadas com outras

substâncias, como a glicose, o que pode dificultar sua identificação em métodos

analíticos tradicionais (BERTHILLER et al. 2005; SMITH; KOROSTELEVA,2010).

Geralmente, as micotoxinas não produzem sinais clínicos aparentes nos animais

que consomem alimentos contaminados, entretanto, são responsáveis pela redução

da eficiência de produção e aumento da susceptibilidade a doenças infecciosas

(LAZZARI, 1997). Mezes, Barta e Nagy (1999), o grande potencial de aumento de

peroxidação lipídica é considerado o mais importante efeito das micotoxinas, pois

representam a primeira etapa de uma série de danos como perdas nas características

de desempenho, alterações genéticas e imunossupressão.

A flora ruminal desempenha um papel de desintoxicação, deixando os

ruminantes mais resistentes aos efeitos da micotoxina. Todavia, elas não são

totalmente inativadas no rúmen. A capacidade de inativação é influenciada pelo tipo de

dieta utilizada, ação de aditivos e medicamentos. Tais fatores podem alterar a

microflora ruminal e a taxa de passagem do alimento pelo trato gastrointestinal,

influenciando na disponibilidade de absorção das micotoxinas (SMITH;

KOROSTELEVA, 2010).

As micotoxinas, além de reduzir o desempenho e comprometer a saúde dos

animais de produção, são um risco para o homem, pois os produtos de origem animal

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podem conter seus resíduos a partir das rações, com possíveis danos à saúde

humana. No leite, por exemplo, é possível encontrar de 1% a 2% do nível de aflatoxina

existente na dieta (JOBIM; GONÇALVES; SANTOS, 2001). Consideramos como

principais micotoxinas as aflatoxinas, fumonisinas, zearalenona, ocratoxinas e

tricotecenos.

2.2. Principais Micotoxinas

2.2.1 Aflatoxinas

Os principais fungos produtores de aflatoxinas são: Aspergillus flavus, A.

parasiticus e A. Nomius. As de maior interesse na nutrição animal são as aflatoxinas

B1, B2, G1 e G2, classificadas de acordo com a cor da fluorescência, B (blue) ou G

(green). Dentre ela, a que apresenta maior poder toxigênico é a aflatoxina B1 (AFB1),

seguida das AFG1, AFB2 e AFG2 (CORREA, 2000; ARAUJO, 2006). Seus efeitos nos

animais podem variar de acordo com a dose, a duração da exposição, espécie, raça e

dieta, na qual, geralmente, os animais jovens são mais suscetíveis que os mais velhos

(RICHARD et al, 2003).

Cruz (2012) afirma que a flora ruminal praticamente não altera a estrutura das

aflatoxinas. Somente uma parcela inferior a 10% do total de aflatoxina ingerida pode

ser biotransformada em aflatoxicol. Contudo, o aflatoxicol ainda mantém o mesmo

poder tóxico da molécula original. Portanto, em relação às aflatoxinas, o rúmen não

oferece qualquer mecanismo de bioproteção. Logo, as aflatoxinas ingeridas passarão

junto com o bolo alimentar para o intestino, onde serão absorvidas por difusão

passiva.

As aflatoxinas, na circulação sistêmica, são distribuídas para o organismo ligadas

a componentes sanguíneos, tais como proteínas e eritrócitos plasmáticos (GALTIER,

1998). Após absorção, são metabolizadas principalmente no fígado. Todavia, esse

processo pode ocorrer no próprio local de absorção, no sangue e em outros órgãos

extra-hepáticos.

A forma ativada da AFB1 é o composto identificado como 8,9 - óxido de AFB1.

Altamente eletrofílico, este composto é capaz de reagir rapidamente, através de

ligações covalentes com sítios nucleofílicos de macromoléculas, como ácido

desoxirribonucleico (DNA), ácido ribonucleico (RNA) e proteínas (BIEHL; BUCK,

1987). Essas ligações determinam a formação de adutos, os quais representam a

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lesão bioquímica primária produzida pelas aflatoxinas (HSIEH; ATKINSON, 1991). Em

ruminantes, o efeito primário das aflatoxinas é a redução no ganho de peso e

produção de leite, além de danos ao fígado e rim (IAMANAKA; OLIVEIRA; TANIWAKI,

2010).

2.2.2 Fumonisinas

As fumonisinas são produzidas principalmente pelas espécies Fusarium

verticillioides (GELDERBOM et at., 1988) e Fusarium proliferatum (ROSS et al., 1990).

Atualmente, já foram identificados quinze análogos de fumonisinas, sendo as formas

mais importantes e presentes em quantidades significativas as fumonisinas B1 (FB1),

B2 (FB2) e B3 (FB3) (VISCONTI et al., 1995).

Fígados e rins são afetados de forma mais constante pelas fumonisinas.

Entretanto, outros órgãos podem ser afetados: hepatóxica em ratos, camundongos,

coelhos, macacos, suínos e equinos; e nefrotóxica em ratos, coelhos, suínos e

camundongos (ENONGENE et al., 2000). Segundo Gelderblom et al. (2001), a

toxicidade induzida pela fumonisina B1, no fígado, parece exercer um papel importante

durante a iniciação de tumores carcinogênicos.

Estudos mostram que é possível haver um pequeno acúmulo de fumonisinas

no fígado e rim, contudo, essas micotoxinas são muito pouco absorvidas no trato

gastrintestinal (NORRED et al., 1996; VOSS et al., 2012). As informações disponíveis

na literatura sobre ruminantes indicam que a FB1 passa pelo rúmen praticamente sem

sofrer alterações (CRUZ, 2012).

O principal efeito das fumonisinas é a indução à apoptose, um processo

especializado de morte celular, sendo parte do desenvolvimento normal dos órgãos e

manutenção tecidual, que também ocorre em resposta a estímulos ambientais.

Diversos constituintes celulares estão envolvidos nos processos apoptóticos e sua

regulação, entre eles, os esfingolipídeos (DRAGAN et al., 2001).

As fumonisinas são estruturalmente semelhantes aos precursores dos

esfingolipídeos, especialmente a esfinganina (Sa) e enfingosina (So) (FINK-

GREMMELS, 1999). Quando há presença de fumonisinas nos organismos, ocorre um

bloqueio da biossíntese dos esfingolipídeos, devido à inibição da ceramida sintase,

uma enzima essencial no processo. Em longo prazo, a inibição prolongada pode

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promover a morte celular induzida pelas bases esfingóides livres, pois se acumulam

em concentrações tóxicas (RILEY et al., 1993).

Iamanaka, Oliveira e Taniwaki (2010) mostra que o efeito primário das

fumonisinas é a redução no ganho de peso e produção de leite, além de dano ao

fígado e rim.

2.2.3 Ocratoxinas

A forma mais predominante e de maior importância na natureza é a ocratoxina

(OTA A) (PITTET, 1998). São compostos que apresentam a beta fenilanina ligada a

uma isocumarina por ligação amida (SCUSSEL, 1998). Os fungos produtores dessa

micotoxina são do gênero Aspergillus e Penicillium (PITTET, 1998; OSWEILLER,

1998).

As ocratoxinas são primariamente nefrotóxicas, com ação mutagênica e

teratogênica, sendo o fígado seu alvo secundário (SOARES, 1997). Em ruminantes, a

OTA A tem a sua atividade tóxica quase totalmente reduzida ao ser hidrolisada em a-

ocratoxina e fenilanina, no rúmen, pela ação dos protozoários. Contudo, o autor

ressaltou que a capacidade inativadora pode ser reduzida quando se promove

alterações na dieta como, por exemplo, ao utilizar concentrados em substituição de

volumoso, acarretando em alterações no pH ruminal, tornando-o mais ácido. Quanto

mais ácido o fluído ruminal, maior a possibilidade de escape da toxina do rúmen, pois

o tempo necessário para a inativação da OTA é maior. Além disso, segundo Marquart

e Frohlich (1992), a acidez do ambiente ruminal poderia facilitar a absorção direta de

OTA A do rúmen para o sangue.

Kruger (2006) mostra que alguns estudos indicam que as OTA atuam como

modulador celular e não uma toxina clássica. A inibição da síntese de proteínas é

considerada seu maior efeito tóxico, porém, existem outros efeitos como a

peroxidação de lipídios, alterações no DNA, inibição da cadeia respiratória, apoptose

celular e inibição de enzimas envolvidas no metabolismo dos rins e do fígado.

Contudo, os mecanismos de atuação ainda são pouco elucidados.

2.2.4 Zearalenona

A zearalenona (ZEA) é uma lactona que pode ser produzida por várias espécies,

Fusarium, F. Graminearum e F. Culmorum são os principais produtores, segundo

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Zinedine (2007). Essa micotoxina apresenta efeito estrogênico em animais domésticos

e sua produção é dependente das condições climáticas sazonais, mais prevalentes

nas estações frias e úmidas (DOKO et al., 1996; WHITLOW; HAGLER JUNIOR, 1999).

A ZEA é termicamente estável, mas pode ser destruída parcialmente durante a

extrusão de cereais (CASTELLS et al., 2005). Segundo Cruz (2012), em ruminantes,

cerca de 90% do total de ZEA é convertida em a-zearalenol e, em uma proporção

menor, em B-zearalenol pelos microrganismos ruminais, em especial os protozoários.

Apesar do a-zearalenol ter um poder estrogênico maior que o da zearalenona, seu

efeito tóxico é menor, pois, além de ser menos absorvido, ele é, em grande parte,

convertido em -zearalenol, no fígado, que, por sua vez, apresenta atividade tóxica

sobre as células endometriais, apesar de sua afinidade para os receptores

estrogênicos ser muito pequena.

Muitos estudos mostram que o principal alvo da toxicidade da ZEA é o sistema

reprodutivo (BOEIRA, 2012). A ação da ZEA ocorre por estímulo aos receptores

estrogênicos citoplasmáticos, aumentando a síntese proteica no aparelho reprodutor.

Consequentemente, ela estimula a secreção das células endometriais, a síntese de

proteínas uterinas e resulta em um aumento do peso do trato reprodutivo (GAUMY et

al., 2001). Ocorrem repetição de cio, diminuição da produção de leite, diminuição da

taxa de concepção e até mesmo abortamento. É comum, em casos de toxicoses, o

animal apresentar aspecto saudável e escore corporal considerado normal, porém

com baixa performance reprodutiva (WHITLOW; HAGLER JUNIOR, 1999).

2.2.5 Tricotecenos

São pertencentes a um grupo de mais de 180 micotoxinas que tem relação entre

suas estruturas, produzidas por fungos do gênero Fusarium (UENO, 1977). Esse

grupo de micotoxinas possui uma estrutura química composta de um anel com

esqueleto tetracíclico 12, 13-2, HT-2, neosolaniol, 15 - monoacetoxiscirpenol (15-MAS)

e diacetoxiscirpenol (DAS), e em tipo B, no qual está o desoxinivalenol (15aDON),

fusarenona X (FX) e o nivalenol (NIV) (SANTIN et al., 2001).

Em ruminantes, a degradação através da hidrólise ou da redução enzimática dos

tricotecenos toxina T-2, HT-2, DON e DAS são variáveis. DON é quase totalmente

biotransformado pelos microrganismos do rúmen em epóxi-deoxinivalenol (DON-1),

que é uma forma quase atóxica para os ruminantes. As toxinas T-2 e DAS são

utilizadas como fonte de energia por bactérias ruminais, portanto, inativadas. Essas

toxinas são, em maioria, degradadas por protozoários, o que reduz em até 90% seus

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níveis no fluido ruminal. Porém, em todas as situações que houver uma ação

biotransformadora de um dos tricotecenos, o processo necessitará atingir a forma de

de-epoxi para que a desativação da micotoxina seja finalizada. Se qualquer resíduo

dos intermediários no processo permanecer, ele poderá ser tão ou mais tóxico que a

micotoxina original (CRUZ, 2012).

Dentre outros problemas causados pelos tricotecenos, estão: lesões das

mucosas, perda de peso, comprometimento da coordenação motora, úlceras cutâneas

e abstinência alimentar. Este último, devido a atuação dessas substâncias sobre o

transporte do triptofano na barreira hemato-encefálica, aumenta os níveis desse

aminoácido no cérebro, fazendo com que a quantidade de seretonina cerebral, um

neurotransmissor responsável pelo comportamento e o apetite, também se eleve

(CAVAN; MACDONALD; SMITH, 1988; LAZZARI, 1997).

2.3. Adsorventes de micotoxinas utilizados na nutrição de ruminantes

Na produção de carne ovina, o cordeiro é potencialmente a categoria com

melhores características de carcaça e, consequentemente, de maior aceitação pelo

consumidor. O cordeiro apresenta maior eficiência de ganho de peso e qualidade de

carcaça, principalmente nos primeiros seis meses de vida. Essas características

podem ser otimizadas pelo uso de sistemas adequados de terminação (RIBEIRO,

2005).

Em sistemas intensivos de produção, em específico o confinamento, o custo é

bastante alto comparado aos sistemas de semi-confinamento, sendo necessário

buscar produtos e co-produtos que diminuam o custo do processo sem perdas

significativas em desempenho, ou seja, buscar o equilíbrio perfeito entre custo e

benefício.

A evolução do agronegócio e o desenvolvimento dos processos de

transformação de alimentos levaram a geração de muitos resíduos, sendo que estes

são um dos principais problemas ambientais, não só no Brasil, mas do mundo como

um todo (GIORDANO, 2000). Esses resíduos gerados, quando não recebem destino

adequado, tornam‐se um problema ambiental. Sendo que muitos deles, como casca

de soja, quirera de milho, sabugo de milho, cevada, polpa cítrica, casca de trigo e

casca de café podem ser usados na alimentação de ruminante.

Além da possível contaminação direta, os maiores impactos provocados por

resíduos sólidos orgânicos são decorrentes da fermentação do material durante o

armazenamento, ocorrendo a possibilidade de formação de ácidos orgânicos com

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geração de maus odores e diminuição do oxigênio dissolvido em águas superficiais.

Esse material orgânico é habitat para a proliferação de micro (bactérias, fungos, vírus,

protozoários) e macro vetores (moscas, mosquitos, baratas e ratos) (MATOS, 2005).

No Brasil, as pesquisas sobre a qualidade dos alimentos destinados ao consumo

animal vêm demonstrando, cada vez mais, os problemas causados pelas micotoxinas

(FONSECA et al., 2000; MATTOS et al., 2005; MACHADO et al., 2006; SMITH 2012).

O clima tropical e subtropical de certas regiões brasileiras é adequado ao

desenvolvimento de fungos e, consequentemente, à produção das micotoxinas.

Existem inúmeras formas de prevenir a contaminação por fungos e micotoxinas,

porém nem todas são viáveis. A maneira mais prática de impedir a contaminação dos

animais por micotoxina é inibir o desenvolvimento de fungos nos alimentos que são

fornecidos, controlando a proliferação com controle da umidade no armazenamento de

fenos e grãos, utilizando aditivos que controlam a proliferação de fungos e utilização

de plantas geneticamente resistentes ao ataque desses microrganismos (MALLMANN

et al., 2006).A abordagem dietética mais eficaz segundo Galvano et al. (2001) é a

adição de adsorventes de micotoxinas em dietas contaminadas. O efeito é relativo,

pois dependem da especificidade e do mecanismo do processo de adsorção. Além

disso, as características das micotoxinas, como forma, tamanho e solubilidade,

também influenciam na eficácia dos adsorventes (HUWING et al., 2001).

O carvão ativado é utilizado como adsorvente em casos de envenenamento. Há

alguns benefícios da utilização de carvão ativado como adsorventes, prevenindo a

absorção e especialmente a recirculação enterohepática das micotoxinas (RAMOS et

al., 1997). Para Solfrizzo et al. (2001), a capacidade do carvão ativado de adsorver

fumonisina B1 em soluções aquosas In Vitro foi demonstrada. Contudo, em

experimento in vivo, não foi efetiva. Huwing et al. (2001) afirmaram que o carvão

ativado demonstrou pouco ou até nenhum efeito contra as micotoxinas, devido a sua

extensibilidade, podendo conter até mesmo alguns nutrientes da dieta.

As argilas cauliníticas também podem ser usadas como adsorventes. Devido as

suas características estruturais, apresentam maior espectro de adsorção de

micotoxinas, tais como a ocratoxina, T2, DON, fumonisina e zearalenona, que são

bipolares. A aflatoxina pode ser mais eficientemente adsorvida por argila polar devido

a sua carga positiva, bem como bentonitas, montmorilonitas e zeolitas (FASSANI;

BRITO, 2004). Logo, adsorventes inorgânicos também podem adsorver alguns

nutrientes da dieta. Estudos relatam que a adição de 0,5% a 1% de aluminosilicato de

cálcio e sódio hidratado em dietas de aves não prejudica a utilização da riboflavina,

vitamina A ou manganês. Entretanto, existe uma redução na utilização da riboflavina,

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vitamina A ou manganês. Em contrapartida, existe uma redução na utilização do zinco

na presença de 1% desse adsorvente (CHUNG; ERDMAN; BAKER, 1990).Os

adsorventes orgânicos são derivados da parede celular de Saccharomices cerevisae

ou de fibras de plantas como casca de aveia, farelo de trigo e alfafa. A utilização de

leveduras como adsorvente é mais eficiente, pois não são tóxicas, possuem boa área

de superfície, boa especificidade e necessitam de uma baixa inclusão na dieta para

um bom efeito adsorvente.

As interações estabelecidas entre adsorvente orgânico à base de parede celular

de S. cerevisiae e as micotoxinas foram descritas há uma década (YIANNIKOURS et

al., 2004). Esse mesmo trabalho constatou que os principais responsáveis pelo

processo de adsorção são as frações de B-D-glucanos da parede celular. A

capacidade de adsorção deve-se, portanto, a sua estrutura conformacional, que

permite a formação de ligações não covalentes (ligações de hidrogênio e forças de

Van der Walls) entre os grupos hidroxila presentes e os grupos hidroxilo, cetona e

lactona das micotoxinas (JOUANY, 2007). Diversos estudos realizados com

zearalenona demonstram que, além das ligações estabelecidas, também há

complementariedade geométrica que estabiliza o complexo adsorvente-micotoxina,

tornando-o estável ao longo do trato gastrointestinal (DIAZ; SMITH, 2010).

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4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVOS GERAIS

O objetivo geral desta pesquisa foi testar a viabilidade bioeconômica do uso de

adsorvente de micotoxinas em dieta de cordeiros confinados.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar os efeitos do uso de adsorvente de micotoxinas nos seguintes parâmetros;

Determinar o ganho de peso; conversão alimentar e peso de abate;

Definir a viabilidade econômica;

Avaliar os exames bioquímicos sanguíneos;

Determinar as características quantitativas e qualitativas da carcaça;

Avaliar a qualidade da carne;

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CAPÍTULO II - Artigo Científico

VIABILIDADE DO USO DE ADSORVENTE DE MICOTOXINA NA TERMINAÇÃO DE

CORDEIROS TEXEL EM CONFINAMENTO

Normas da revista: Semina Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina (UEL) – Londrina, Paraná.

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VIABILIDADE DO USO DE ADSORVENTE DE MICOTOXINA NA TERMINAÇÃO DE 1

CORDEIROS TEXEL EM CONFINAMENTO 2

SÁVIO, Pedro Leonardo Olszewski. Viabilidade do uso de adsorvente de micotoxina na 3 terminação de cordeiros texel em confinamento. 2018. 40 folhas. Dissertação de Mestrado 4 Acadêmico Saúde e Produção de Ruminantes (Mestrado Acadêmico em saúde e Produção 5 de Ruminantes) – Universidade Norte do Paraná, Arapongas, 2018. 6 7

Resumo 8 9

O presente estudo teve por objetivo avaliar a viabilidade do uso de adsorvente em dietas de 10

cordeiros confinados, através de variáveis do desempenho, da carcaça, da carne de 11

cordeiros da raça Texel. As dietas utilizadas possuíam milho, soja, resíduo agrícola e 12

silagem de milho divididos em dois grupos denominados tratado e controle, obtendo ganho 13

de peso diário 15% maior no grupo tratado e lucro liquido total de 12,9% maior no período. 14

Tal adsorvente foi feito à base de betaglucanos extraídos da parede celular de 15

Saccharomyces cerevisae. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente 16

casualizado com seis repetições cada, sendo cada baia uma repetição, e cada baia 17

contendo dois animais. Utilizaram-se seis machos e seis fêmeas em cada tratamento, 18

totalizando 24 animais. O adsorvente foi utilizado no concentrado oferecido aos animais do 19

grupo tratado, na dose de 1,5 kg por tonelada. O período experimental foi de 38 dias e os 20

animais, quando atingiram média de 26,4 Kg de peso corporal, foram abatidos. O ganho de 21

peso diário foi superior no grupo tratado (216,23 g) em relação ao grupo controle (185,89 g). 22

O consumo de matéria seca (em % do peso corporal) não obteve diferença entre os 23

tratamentos, sendo grupo tratado (1,89%) e controle (1,78%). O perfil sanguíneo não se 24

mostrou diferente entre os grupos. As médias para área de olho de lombo, espessura de 25

gordura subcutânea e marmoreio foram 1393 mm2, 2,66 mm e 3,20 no grupo tratado e 1216 26

mm2, 2,6 mm e 3,25 no grupo controle, respectivamente. Os rendimentos de carcaça 27

biológico, quente, fria, e o índice de quebra não foram diferentes entre si, sendo as médias 28

de 45,3, 44,1% e 2,7%, respectivamente. As carcaças apresentaram-se semelhantes quanto 29

a conformação, com média de 3,95 e 3,83 para acabamento de gordura. As perdas por 30

descongelamento e cocção, pH da carne, EE e PB, não diferiram entre os grupos, 31

apresentando valores médios de 17,9, 66,2, 5,7, 3,5 e 24,0%, respectivamente. Houve efeito 32

de sexo para os níveis de PB e EE da carne. Conclui-se que é viável o uso de adsorvente 33

de micotoxinas em cordeiros confinados com uso de resíduos agroindustriais e o uso do 34

aditivo resulta em maior ganho de peso diário e lucro líquido médio. 35

Palavras-chave: aflatoxina, coproduto, desempenho, milho, silagem de milho, zearalenona.36

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VIABILITY OF THE USE OF MYCOTOXIN ADSORBENT IN THE TERMINATION OF 37 TEXEL LAMBS IN CONFINEMENT 38

39 SÁVIO, Pedro Leonardo Olszewski. Viability of the use of mycotoxin adsorbent in the 40 termination of texel lambs in confinement. 2018. 40 pages. Academic Master’s 41 Dissertation Health and Production of Ruminants (Academic Master in Health and 42 Production of Ruminants) – Northem University of Paraná, Arapongas, 2018 43

44

Abstract 45

The objective of this study was to evaluate the viability of the use of adsorbents in 46

confined lamb diets, by means of performance, carcass, lamb meat of the Texel breed. 47

The diets used had corn, soy, agricultural residue and corn silage divided into two 48

groups called TREATED and CONTROL, obtaining daily weight gain 15% higher in the 49

treated group and total net profit fron 12.9% higher in the period. The adsorbent was 50

made based on glucans extracted from the cellular wall of Saccharomyces cerevisae. 51

The experimental design used was entirely randomized with six repetitions each, each 52

stall being a repeat, and each bay containing two animals. Six males and six females 53

were used in each treatment, totaling 24 animals. The adsorbent was used in the 54

concentrate offered to the animals of the treated group, at a dose of 1, 5 kg per tonne. 55

The trial period was 38 days and the animals, when they reached an average of 26.4 56

Kg of body weight, were slaughtered. The daily weight gain was higher in the 57

TREATED group (216.23 g) in relation to the control group (185.89 g). The 58

consumption of dry matter (in% of body weight) did not have a difference between the 59

treatments, being treated group (1.89%) and control (1.78%). The blood profile showed 60

no difference between the groups. Mediums for rib eye area, subcutaneous fat 61

thickness and marbling were 1393 mm², 2.66 mm and 3.20 in the treated group and 62

1216 mm², 2.6 mm and 3.25 in the control group, respectively. The yields of biological, 63

hot, cold carcasses and the index of breakage were not different from each other, the 64

averages of 45.3%, 44.1% and 2.7%, respectively. The carcases were similar to 65

conformation, with an average of 3.95 and 3.83 for the finishing of fat. The defrosting 66

and cooking losses, pH of the meat, EE and PB, did not differ between the groups, 67

presenting average values of 17.9, 66.2, 5.7, 3.5 and 24.0%, respectively. There was 68

sex effect for the PB and EE levels of the meat. It is concluded that the use of 69

mycotoxins in confined lambs with the use of agro residues is feasible and the use of 70

the additive results in greater daily weight gain and average net income. 71

72

Key words: Aflatoxin, coproduct, corn, corn silage, coproduct, performance, 73 Zearalenone. 74 75 76

77

78

79

80

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Introdução 81

82 A produção de ruminantes de corte, em um país com alta produção agrícola 83

como o Brasil, torna-se ainda mais interessante devido a alta disponibilidade de 84

resíduos agrícolas, que são amplamente utilizados na fase final de confinamento e 85

engorda. Além disso, um possível aumento na produção e consumo dos produtos da 86

cadeia ovina deverão ocorrer em função de alguns fatores, como crescimento natural 87

da população e o crescimento de renda (MADRUGA et al., 2005). 88

Estudos mostram que o consumo de carne ovina vem passando por 89

mudanças que caracterizam impulsionamento no setor pelos consumidores de maior 90

poder aquisitivo. Da mesma forma intensificou a concorrência, gerando inovação, 91

acesso a novos produtos, a diferenciação e a criação de nichos de mercado (FIRETTI 92

et al. 2011). 93

A criação extensiva dos rebanhos no Brasil não consegue atender a demanda 94

dos grandes centros urbanos, o que leva a importações da carne de cordeiros de 95

outros países, como Uruguai e Argentina. Neste contexto, considera-se que existe 96

espaço no mercado nacional para a intensificação da produção, buscando maior 97

tecnificação e competitividade aos criatórios para atendimento das exigências 98

quantitativas e qualitativas do mercado, juntamente com resultados lucrativos (NUNES 99

et al., 2007). 100

Recentemente muitas pesquisas tem sido realizadas em todo o mundo 101

mostrando que a contaminação por micotoxinas em resíduos agrícolas e alimentos 102

destinados ao consumo animal é de 30 a 100% das amostras (MARIN 2013; 103

RODRIGUES 2012; STREIT 2013). As grandes barreiras para obter maior aceitação 104

do uso de coprodutos na alimentação animal é a alta variabilidade na composição de 105

nutrientes e a frequente presença de micotoxinas. Entretanto a inclusão destas 106

matérias primas tem forte impacto no custo da dieta total dos confinamentos, o que 107

aumenta a rentabilidade e competitividade dos produtores (PINOTTI. 2011). Muitos 108

coprodutos são vulgarmente denominados nas fábricas de ração como resíduo 109

agrícola, e comumente chamado pelos produtores de “misturão”. 110

Uma opção para minimizar esse problema é o uso de adsorventes de 111

micotoxina nas dietas de ruminantes, considerando a maneira mais promissora de 112

reduzir os efeitos das micotoxicoses (GALVANO et al. 2001). Em cordeiros texel 113

confinados, não há estudos científicos que mostrando a viabilidade bioeconômica do 114

uso de adsorvente de micotoxinas (extraídos de Sccharomyces cerevisae), tornando 115

esta pesquisa pioneira no seguimento. 116

117

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118

Material e Métodos 119

O experimento foi realizado na Universidade Norte do Paraná, Campus de 120

Arapongas, Paraná. Foram utilizados 24 cordeiros da raça Texel, sendo 12 machos e 12 121

fêmeas, com peso médio de 18,6 kg ± 1,6. Os animais foram alojados em 12 baias, 2 122

animais de mesmo sexo por baia, sendo cada baia a unidade experimental. O delineamento 123

experimental utilizado foi inteiramente casualizado com dois tratamentos: Grupo TRATADO 124

(com adsorvente de micotoxinas) ou Grupo CONTROLE (sem adsorvente) e seis 125

repetições cada, sendo que cada baia representa uma repetição. 126

As rações foram compostas por 30% de silagem de milho e 70% de concentrado na 127

matéria seca, sendo o concentrado (composto por milho moído, farelo de soja, resíduo misto 128

agrícola, calcário calcítico, óleo de soja e mistura mineral), conforme composição na Tabela 129

1. As dietas foram elaboradas para atenderem às exigências de cordeiros de maturidade 130

precoce, para ganhos de 250g por dia. O adsorvente, com princípio ativo de betaglucanos, 131

extraídos da parede de levedura de Sccharomyces cerevisae, em conjunto com bentonitas, 132

foi utilizado no concentrado, do grupo com adsorvente, na dose de 1,5 kg por tonelada. 133

Tabela 1 – Composição dos ingredientes e composição bromatológica das dietas 134

experimentais (%) ofertadas para cordeiros em terminação 135

Ingredientes (%) TRATADO CONTROLE

Milho moído 29,35 29,35

Farelo de Soja 24,18 24,2

Resíduo Misto 9,7 9,7

Silagem 30,0 30

Sal mineral 0,98 0,98

Calcário calcitico 0,58 0,58

Bicarbonato de sódio 0,99 0,99

Óleo vegetal 4,13 4,13

Adsorvente 0,15 0

Composição bromatológica

Matéria Seca 41,85 45,52

Matéria Mineral 5,18 5,29

Proteína Bruta 17,69 19,20

Extrato Etéreo 3,49 3,61

Fibra em Detergente Neutro 38,27 36,51

Fibra em Detergente Ácido 20,07 21,57

Lignina 6,69 4,71

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*Nutrientes Digestíveis Totais 70,40 71,00

Capelle et al (2001) 136 137

Os alimentos (dieta total e ingredientes isolados) de ambos os tratamentos foram 138

analisadas, quanto à composição em micotoxinas, pelo laboratório Samitec (Soluções 139

Analíticas Microbiológicas e Tecnológicas Ltda). A dieta total foi coletada a cada 15 dias 140

realizado 3 análises, onde o resultado apresentado na tabela 2 mostra a média destas 3 141

análises. A separação dos compostos foi feita por cromatografia líquida de alta eficiência 142

(HPLC) com detecção por espectrometria de massas sequencial (MS/MS). As amostras 143

avaliadas estavam acima dos limites de quantificação para as micotoxinas: Aflatoxina 144

B1(AFB1), Fumonisina (FB1, FB2), Zearalenona (Zea) e Desoxinivalenol (DON) conforme 145

na Tabela 2. A análise completa das micotoxinas na dieta estão no Anexo 1. 146

Tabela 2 - Níveis de micotoxinas presentes na dieta dos cordeiros. 147

DIETA DT MILHO RES. SIL. LIMITES ANVISA 2011

AFB1 1,3*

1,4*

>20

FB1 1466,6* 3330,2* 5292*

>200

FB2 506,7* 1140,8* 1738,6*

>200

ZEA 79,46*

168,5* 53,6* >1000

DON 66,6*

342*

>3000 *Aflatoxina B1 (AFB1); *Desoxinivalenol (DON); *Fumonisina B1,B2 (FB1, FB2); *Zearalenona (ZEA) *μg/kg *Dieta Tota (DT) 148 Resíduo Misto (RES.) Silagem de Milho (SIL) 149

150

A oferta de alimentos foi regulada através do controle de sobras no cocho, mantidas 151

em aproximadamente 15% do total ofertado. 152

Para monitorar o desempenho, os animais foram pesados semanalmente e um dia 153

antes do abate, permitindo, assim, calcular o seu ganho de peso diário e total. No dia 154

anterior ao abate, foram submetidos a jejum de dieta sólida por 16 horas. 155

Foram avaliados também o perfil metabólico sanguíneo dos animais (níveis séricos 156

de glicose, creatinina, uréia, AST, triglicérides, colesterol e gama GT PP). Para isso, foram 157

coletadas amostras de sangue no dia zero do experimento, após o período de adaptação e 158

antes do abate. O sangue foi coletado por punção da veia jugular, usando tubos vacutainer 159

com heparina. As amostras de sangue foram centrifugadas (2500 rpm durante 15min), 160

sendo o plasma retirado e armazenado em tubos ependorf de 1 ml, congeladas a -20C°, 161

para posteriores análises. 162

Os animais foram abatidos com peso vivo médio de 26,4 kg ± 2.2 após 38 dias 163

de confinamento. No dia anterior ao abate, foram feitas mensurações da carcaça in 164

vivo, via ultrassonografia SonoScape S6vet, em tempo real, pelo lado direito do 165

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animal. Para tanto, executou-se a tricotomia da região entre a décima segunda e 166

décima terceira vértebras torácicas, previamente. Foram mensuradas a área de olho 167

de lombo (AOL) com transdutor convexo multifrequencial à frequência de 5 MHz, e a 168

espessura de gordura subcutânea (EGS) e marmoreio com transdutor linear 169

multifrequencial, com frequência de 10MHZ. Estimou-se a taxa de marmoreio de forma 170

subjetiva, utilizando padrões fotográficos (AMSA, 2001), nos quais foram atribuídas 171

notas entre 1 a 10 (1 = traços de marmoreio e 10 = marmoreio abundante). Os animais 172

foram transportados pelo Frigorífico Salas (Rolândia, PR) um dia antes do abate e 173

permaneceram em jejum de sólidos por 16 horas. 174

Previamente ao abate, os animais foram pesados para obtenção do peso 175

corporal ao abate (PCA), insensibilizados por eletronarcose e, posteriormente, foram 176

abatidos por secção das veias jugulares e das artérias carótidas. Em seguida, o trato 177

gastrintestinal foi retirado, pesado e esvaziado para obtenção do peso corporal vazio 178

(PCV = PCA - conteúdo gastrintestinal), com o objetivo de calcular o rendimento 179

verdadeiro ou biológico (RV), que é a relação entre o peso da carcaça quente e o peso 180

corporal vazio (SANUDO E SIERRA, 1986). 181

Pés, cabeça e componentes internos foram removidos; então a carcaça foi 182

pesada, obtendo o peso da carcaça quente (PCQ). Após o abate, as carcaças foram 183

transportadas para uma câmara fria a 4°C durante 24 horas. Após o período de 184

resfriamento, as carcaças foram pesadas para obter o peso da carcaça fria (PCF). 185

Após o resfriamento de 24 horas, uma porção do músculo Longissimus dorsi foi 186

removida, acondicionada em isopor e encaminhada ao laboratório de bromatologia da 187

UNOPAR para as análises da carne. Esta foi cortada em dois bifes, um para cor, pH e 188

perda de água sob pressão (PAP), e um bife foi congelado para posterior análise da 189

composição química. 190

A cor, o pH, o marmoreio e a perda de água sob pressão foram determinados no 191

mesmo dia, logo após a amostragem (24h após o abate). A PAP foi realizada pelo 192

método de aplicação de pressão e o uso de papel de filtro (CAÑEQUE; SAÑUDO, 193

2000). 194

A leitura do pH da carne foi realizada no músculo Longissimus dorsi com a ajuda 195

de um medidor de pH digital portátil, TESTO® 205, com eletrodo de inserção (Testo 196

AG Germany). O aparelho foi calibrado com solução tampão de pH 4,00 e 7,00 e a 197

limpeza do eletrodo foi realizada com água destilada a cada leitura. A cor da carne foi 198

mensurada usando o colorímetro portátil KONICA MINOLTA, color reader CR-10 199

(Tokyo, Japão), com iluminante D65 e 10° no ângulo de inclinação para avaliação dos 200

componentes L* (luminosidade), a* (componente vermelho-verde) e b* (componente 201

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amarelo-azul), os quais foram expressos pelo sistema de cor CIELAB. Foram 202

efetuadas medidas em três pontos de cada amostra de carne. 203

Para avaliar a viabilidade econômica da dieta foram considerados os custos 204

aplicados no ano de 2016 (período experimental): milho moído (0,6 R$/kg); farelo de 205

soja (1,18 R$/kg); coprotudo (0,40 R$/kg); silagem (200 R$/tonelada, 0,20R$/ kg MN; 206

0,66 R$/kg MS); sal mineral (1,7 R$/kg); calcário calcitico (0,08 R$/kg); bicarbonato de 207

sódio (1,96R$/kg), óleo vegetal (2,37 R$/litro) e adsorvente (11,20 R$/kg). O valor do 208

cordeiro vivo (aquisição do cordeiro) foi 8,00 R$ por kg de peso vivo, e a venda da 209

carcaça foi 23,00 R$/ kg de carcaça. 210

Os dados foram submetidos aos testes de Bartlet e de Shapiro-Wilk. Em seguida, 211

foram submetidos à análise de variância, executadas com auxílio do Software R, 212

aceitando nível de significância 5%. 213

214

Resultados e Discussão 215

216

Para as variáveis de desempenho dos animais (Tabela 3), não houve efeito do uso de 217

adsorvente sobre o consumo de matéria seca (por dia, em % do peso vivo). Entretanto, o 218

ganho de peso diário foi superior (P<0,05) para os animais que receberam o adsorvente 219

(216g) em relação aos que não receberam (185g) (P>0,05). (Tabela 1) e o lucro líquido 220

12,9% maior no grupo tratado (Tabela 4). 221

O grupo que recebeu adsorvente na dieta ganhou 15% a mais de peso por dia, 222

consumindo a mesma quantidade em matéria seca (p>0,05), o que indica uma possível 223

vantagem econômica ao produtor no final de um período de confinamento. Isso sugere que 224

as micotoxinas, comprovadamente presentes nos alimentos da dieta (Tabela 2), mesmo que 225

em doses permitidas pela ANVISA, podem trazer toxicidades e consequências ruminais. 226

Qualquer fator que interfira diretamente nessa flora irá impactar no desempenho dos 227

animais, assim como observou-se menor ganho de peso dos animais que não receberam o 228

adsorvente na dieta. Estudos comprovam que os ruminantes tem maior tolerância a 229

alimentação contaminada por micotoxinas em relação a monogástricos. Boa parte dessa 230

resistência superior está ligada a capacidade da microflora ruminal para degradar as 231

micotoxinas, transformando – as em substâncias menos potentes intermediárias (HUSSEIN 232

E BRASEL, 2001; FINK-GREMMELS, 2008). Porém Keissling et al (1984) mostrou que 233

ovelhas alimentadas com alto grão, perderam em 20% a capacidade de degradação das 234

micotoxinas por exemplo. Ou seja, existem situações (como elevada ingestão de 235

concentrados) em que a capacidade de biodegradação das micotoxinas pelo rúmen pode 236

ser diminuída. Não obstante, a biodegradação da Zearalenona, por exemplo, pode aumentar 237

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a toxicidade de uma micotoxina como observado por Marczuk et al (2012), em que o 238

Zearalenol, metabólito da biotranformação da Zearalenona tem maior afinidade pelos 239

receptores de estrogênio intensificando os efeitos negativos causados por ela. 240

O menor ganho de peso diário no grupo controle possivelmente seja, também, em 241

função da contaminação dos alimentos pela fumonisina B1, que leva a aumentos na 242

concentração de amônia ruminal e reduz o fluxo de proteína microbiana no intestino delgado 243

(DANICKE et al, 2005). Além disso já foi relatado diminuições acentuadas na motilidade do 244

rúmen e aumentos no volume do líquido ruminal (Froetschel et al., 1986). 245

246

Tabela 3 - Variáveis do desempenho de cordeiros confinados com a presença ou não 247

de adsorvente na dieta 248

Variáveis Trat Femea Macho Media P (trat) P sexo P(trat*sex) cv

GPD TRAT 210,6 221,7 216,2a 0,05 0,65 0,77 13,62

CONT 184,6 187,1 185,8b

Média 197,6 204,4 201,0

CMS TRAT 1,94 1,83 1,89 0,28 0,25 0,39 8,88

(kg MS) CONT 1,83 1,73 1,78

Média 1,885 1,78 1,835

CPV (% PV) TRAT 4,27 4,02 4,14 0,33 0,21 0,46 3,95

CONT 4,08 4,02 4,05

Média 4,175 4,02 4,095

CA TRAT 4,55 3,92 4,3 0,36 0,86 0,84 13,91

CONT 4,78 5 4,74

média 4,665 4,46 4,52

Letras diferentes na linha diferem estatisticamente (p<0,05). *Ganho de Peso Diário (GPD); Consumo de 249 Matéria Seca (CMS); Consumo por Peso Vivo (CPV); Conversão Alimentar (CA), Grupo tratado (TRAT); Grupo controle 250

(CONT). 251

Os valores de consumo de matéria seca por dia e em % do peso vivo, dos 252

animais com adsorvente, foram de 1,89kg e 4,14%, enquanto dos animais sem 253

adsorvente foram 1,78kg e 4,05%. Ambos os grupos apresentaram consumo acima 254

das recomendações do NRC (2001), que seriam de consumo de 600g por dia de 255

matéria seca e 3% do peso vivo. 256

A conversão alimentar dos grupos com e sem adsorvente foram em média 4,3 e 257

4,7, respectivamente. Esses valores podem ser considerados normais para cordeiros 258

com aproximadamente dois meses de idade e foram melhores que os encontrados por 259

Véras et al. (2005), que avaliaram o desempenho de ovinos utilizando farelo de palma 260

em substituição ao milho, encontrando resultados de 5,71 até 10,07. Já Carvalho et al 261

(2005), trabalhando com 50% da dieta total de silagem de milho e substituição do 262

alimento concentrado por resíduo úmido de cervejaria nas proporções de 0%, 33%, 263

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66% e 100%, conseguiu um resultado médio de 3,46, sendo inferior ao presente 264

estudo. 265

O uso de adsorvente de micotoxinas se mostrou economicamente viável (Tabela 266

3). O custo por kilograma de MS foram muito semelhantes nas dietas com e sem 267

adsorvente. Conforme os dados de desempenho, os animais tiveram consumo 268

semelhantes e ganho de peso superior nos animais do grupo tratado em 1,2 kg no 269

período todo, o que representa 15% a mais. Essa diferença no ganho de peso 270

proporcionou lucro liquido de 11,3% a mais no grupo tratado. 271

Tabela 4 – Viabilidade econômica do uso de adsorvente de micotoxina em cordeiros 272

recebdno ou não adsorvente de micotoxina 273

Variáveis TRATADO CONTROLE

Consumo /dia 1,89 1,78

Ganho peso /dia 0,216a 0,185b

Consumo total (kg MS) 71,82 67,64

Ganho peso total kg PV 8,208 7,03

Peso inicial do cordeiro (kg PV) 18,6 18,4

Peso final (kg PV) 27,1 25,73

Rendimento carcaça (%) 44 44,1

Carcaça (kg) 11,92 11,35

Custos (R$) TRATADO CONTROLE

Custo dieta R$/kg MS 0,84 0,83

Custo dieta consumida R$ ou U$ 60,33 56,14

Receita carcaça (23 R$/kg) 274,25 260,98

Valor do animal (8,0 R$/kg PV) 148,80 147,20

Custo total (animal e dieta) 209,13 203,34

Lucro líquido 65,12 57,64

Custos (U$) TRATADO CONTROLE

Custo dieta U$/kg MS 0,251 0,246

Custo dieta consumida U$ 18,04 16,65

Receita carcaça (6,8U$/kg) 81,14 77,21

Valor do animal (2,36 U$/kg PV) 44,02 43,55

Custo total (animal e dieta) 62,06 60,20

Lucro líquido 19,08 17,01 274

275

Os níveis bioquímicos sanguíneos dos animais pré abate (Tabela 5) não 276

apresentaram alterações marcantes dentre os animais que receberam as dietas com e 277

sem adsorvente (p>0,05). Também não houve diferença entre os níveis observados no 278

período de adaptação (anexo1) com os valores encontrados pré abate. 279

280

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Tabela 5 - Níveis bioquímicos sanguíneos de cordeiros confinados recebendo ou não 281

adsorventes na dieta no pré abate 282

Variáveis Tratamentos

Sanguíneas TRATADO CONTROLE p Valores referencia**

Glicose 98,16 ±15,14 102,4 ± 14,13 NS 50,0 – 80,0 mg/dL

Uréia 59,6 ± 7,81 65,0 ± 9,85 NS 17,2 - 42,8 mg/dL

Creatinina 1,0 ± 0,11 1,18 ± 0,12 NS 1,2 - 1,9 mg/dL

AST 110,8±34,06 109,1±35,17 NS 0 – 90 UI/L **

Triglicerideos 20,9 ± 7,02 22,3 ± 6,07 NS 9,0 – 50,0 mg/dL

Colesterol 47,5 ± 11,24 45,9 ± 9,63 NS 52,0 – 76,0 mg/dL

GAMAGT 71,7 ± 15,67 64,58 ±18,61 NS 20,0 – 52,0 UI/L

*LOPES; BIONDO; SANTOS (2007); *JAIN (1993) 283

284

No período pré abate (Tabela 5), a glicose, a ureia e o GAMAGT apresentaram 285

valores acima dos valores de referência citados por Lopes, Biondo e Santos (2007), 286

enquanto a creatinina, AST e triglicerídeos ficaram dentro do intervalo referenciados pelos 287

autores; e o colesterol estava abaixo do limite de referência. A enzima AST apresentou 288

resultado superior a referência citada por Jain (1993). 289

290

Os valores de uréia sanguínea estão acimas da referência (17,2 a 42,8 mg/dL). 291

Segundo Wilson et al (1998) elevadas concentrações sanguíneas de uréia estão 292

relacionados a períodos de alta disponibilidade ruminal de nitrogênio. É importante ressaltar 293

que coprodutos podem apresentar baixo teor de energia, este fator associado a alta 294

disponibilidade de proteína faz com que o crescimento microbiano não esteja sincronizado 295

com a degradação mais rápida da proteína (RUSSEL et al., 1991). A amônia que é oriunda 296

principalmente da fermentação do alimento no rúmen, da autólise de células e da uréia 297

reciclada e dietética vai ao fígado por meio da circulação sanguínea onde entra no ciclo da 298

uréia (VISEK, 1979). O possível desiquiilibrio levou a sobrecarga hepática aumentando os 299

valores de AST e GAMAGT do animais testados. 300

As variáveis do peso vivo e rendimentos de carcaça (Tabela 5) dos cordeiros não 301

sofreram alterações em função do tratamento (p>0,05), do sexo (p>0,05) e interação entre 302

tratamento e sexo (p>0,05). 303

O peso inicial dos cordeiros semelhante entre os tratamentos e também entre 304

machos e fêmeas, demonstra a homogeneidade do lote utilizado na pesquisa. O peso final 305

dos animais com e sem adsorvente não variaram entre si, apesar da significativa diferença 306

de ganho de peso apresentada (Tabela 4). 307

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O grupo tratado obteve média para acabamento de 4,08, e o grupo controle foi 308

classificado com média 3,58, não indicando diferença significativa entre os tratamentos 309

(p>0,5). O grau de acabamento médio entre os tratamentos de 3,8, apesar de ser um escore 310

subjetivo, indica que as carcaças terão uma proteção eficiente contra os efeitos do 311

resfriamento na câmara fria, pois a cobertura de gordura as protege do rápido resfriamento, 312

influenciando na maciez e qualidade da carne (OSÓRIO et al, 2014). 313

O uso de adsorvente de micotoxina não interferiu na conformação das carcaças, 314

sendo que os dois grupos tiveram média de 3,95 Carvalho et al (2017) utilizando resíduos 315

da agroindústria (resíduo úmido de cervejaria) em substituição à silagem de sorgo que 316

obteve resultado de 3,03. 317

Os rendimentos de carcaça (Tabela 6) quente, fria e verdadeiro não se 318

diferenciaram entre os tratamentos (p>0,05). Isso já era esperado, uma vez que as dietas 319

foram semelhantes, com relação a proporção de volumoso e concentrado. Segundo ARC 320

(1980), o rendimento de carcaça é dependente da quantidade de conteúdo gastrointestinal 321

do animal e diretamente influenciado pela relação volumoso e concentrado dos animais, 322

considerando que os dois grupos receberam a mesma proporção, ambos resultados não 323

diferiram entre si. Carvalho et al (2015) encontraram rendimento de carcaça fria de 43,23% 324

em cordeiros Texel, utilizando 33,5% de casca de soja em substituição a silagem de sorgo, 325

abatido com 27kg de peso vivo. Resultado próximo aos 44,11% encontrados no presente 326

experimento. 327

Em revisão feita com cordeiros de maturidade precoce de várias raças, observou-se 328

variação de 1,2 a 6,63% no índice de quebra da carcaça (SILVA, SOBRINHO, 2008). Os 329

valores médios da presente pesquisa foram abaixo de 3% (Tabela 6), indicando carcaças 330

bem protegidas, uma vez que o principal fator que interfere nessa variável é o teor de 331

gordura existente na carcaça. 332

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Tabela 6 – Variáveis do peso vivo e da carcaça dos cordeiros confinados recebendo ou não 333 adsorventes na dieta no pré abate. 334

Trat Fêmea Macho Média

p (Trat) p (sexo) p (T* sex)

CV (%)

Peso Inicial TRAT 18,68 18,65 18,66

CONT 18,93 18,03 18,48

Média 18,8 18,34 18,57 0,79 0,51 0,54 8,89

Peso TRAT 26,9 27,3 27,1

Final CONT 26,13 25,33 25,73

média 26,51 26,31 26,41 0,158 0,832 0,527 8,57

Acab. TRAT 4,33 3,83 4,08

CONT 3,5 3,66 3,58

média 3,915 3,745 3,83 0,11 0,58 0,28 19,86

Confor TRAT 3,83 3,66 3,75 0,31 0,84 0,84 24,11

CONT 4,16 4,16 4,16

média 3,995 3,91 3,955

PCF TRAT 11,85 12,08 11,97 0,35 0,75 0,5 12,25

CONT 11,7 11,1 11,4

média 11,775 11,59 11,68

PCQ TRAT 12,2 12,44 12,32 0,32 0,77 0,51 12,10

CONT 11,99 11,4 11,7

média 12,095 11,92 12,01

RCQ TRAT 45,36 45,36 45,36 1,00 0,66 0,67 4,99

CONT 45,78 44,93 45,35

média 45,57 45,14 45,36

RCF TRAT 44,05 44,03 44,04 0,87 0,62 0,63 5,07

CONT 44,66 43,72 44,19

média 44,35 43,87 44,11

RCV TRAT 50,14 51,02 50,58 0,36 0,79 0,6 5,19

CONT 51,74 51,45 51,6

média 50,94 51,23 51,09

PR TRAT 2,89 2,91 2,90 0,34 0,32 0,95 21,71

CONT 2,45 2,68 2,50

média 2,67 2,79 2,73 *Acabamento (Acab.); Conformação (Confor.); Peso de Carcaça Fria (PCF); Peso de Carcaça Quente (PCQ); 335 Rendimento de Carcaça Quente (RCQ); Rendimento de Carcaça Fria (RCF); Rendimento de Carcaça 336 Verdadeiro (RCV); Perda por Resfriamento (PR). Grupo Tratado (TRAT); Grupo Controle (CONT). 337 338

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A AOL (Tabela 7) não apresentou diferença significativa, e os valores foram de 339

13,93 e 12,16cm², com adsorvente e sem adsorvente, respectivamente. As medidas 340

observadas no grupo tratado foram superiores às encontradas por Lima et al (2013), 341

utilizando 60% de alto grão e 40% de feno de aveia em cordeiros Texel. No mesmo artigo, 342

na dieta 100% alto grão, identificaram marmoreio de 2,75, também inferiores aos 3,30 e 3,25 343

observados nos grupos com e sem adsorvente, respectivamente. 344

345

Tabela 7 – Estimativas ultrassonográficas da área de AOL (área de olho de lombo), EGS e 346 marmoreio de cordeiros recebendo ou não adsorventes de micotoxina 347

Trat Fêmea Macho Media P (trat) P sexo P(trat*sex) cv

AOL TRAT 1495 1291 1393 0,2 0,08 0,75 26,55

CONT 1362 1071 1216 média 2176 1716 1304,5 Marmoreio TRAT 3,16 3,25 3,20 0,88 0,66 0,88 20,40

CONT 3,16 3,33 3,25 média 3,16 3,29 3,22 EGS TRAT 2,44 2,87 2,66 0,81 0,91 0,1 22,62

CONT 2,79 2,41 2,6 média 2,615 2,64 2,63

*Área de olho de lombo (AOL); Espessura de gordura subcutânea (EGS); Grupo tratado (TRAT); Grupo controle (CONT).

348

Os valores foram estimados apenas via ultrassonografia (US), pois segundo Costa 349

e Cartaxo (2008), existe correlação positiva entre as medidas de US e na carcaça, sendo 350

para AOL de 0,75, e para EGS de 0,45. 351

Não foi observado diferenças significativas (p>0,05) entre o marmoreio (3,20 352

e 3,25) EGS (2,66 e 2,60) dos grupos tratado e controle, respectivamente. Giongo et al 353

(2016) obtiveram resultado médio de EGS de 1,4 em cordeiros Texel menores que 12 354

meses, porém, em regime de pasto. Isso demonstra que o sistema de confinamento pode 355

produzir maior EGS possivelmente em resposta a maiores teores de energia na dieta. 356

Segundo Pethick et al (2005), a gordura de marmoreio em ruminantes em geral e de 357

aparecimento tardio nos animais, justificando portanto os baixos escores de marmoreio 358

apresentados em tais animais. Além disso, a carne de cordeiro normalmente não apresenta 359

escores elevados de marmoreio na carne. 360

As variáveis qualitativas da carne estão descritas na Tabela 8. A proteína bruta e o 361

extrato etéreo da carne tiveram efeito de sexo apenas (p<0,05). A PB dos machos foi de 362

24,86% e foi superior a das fêmeas (23,18%); enquanto o extrato etéreo destas (4,28%) foi 363

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superior ao dos machos (2,8%). A maior precocidade das fêmeas pode justificar o aumento 364

de EE em relação aos machos e diminuição de PB (Vergara et al. ,1999).. 365

366

Tabela 8 – Variáveis da carne de cordeiros recebendo ou não adsorventes de micotoxina. 367

Variáveis Trat Fêmea Macho Media P (trat) P sexo P(trat*sex) CV (%)

umidade TRAT 67,75 68,91 68,33 0,19 0,87 0,59 5,77

CONT 70,87 70,23 70,55

média 69,31 69,57 69,44

PB TRAT 24,45 22,25 23,35 0,44 0,03 0,33 18,37

CONT 21,91 27,47 24,69

média 23,18B 24,86A 24,02

EE TRAT 4,51 2,82 3,66 0.81 0,04 0,63 40,89

CONT 4,05 2,98 3,52

média 4,28ª 2,9B 3,59

PDESC TRAT 17,38 18,72 18,05 0.89 0,3 0,68 27,01

CONT 16,24 19,3 17,77

média 16,81 19,01 17,91

PERDA COCÇÃO TRAT 60,57 67,4 63,98 0,16 0,41 0,19 11,78

CONT 69,3 67,76 68,53

média 64,93 67,58 66,25

PH CARNE TRAT 5,6 5,68 5,64 0,14 0,78 0,58 8,57

CONT 5,81 5,78 5,79

média 5,705 5,73 5,715

L* TRAT 52,75 55,16 53,96 0,61 0,01 0,33 6,60

CONT 52,13 57,1 53,61

média 52,44 56,13 53,785

TRAT 12,97b 12,49b 12,73 0,59 0,005 0,02 20,07

A* CONT 14,58a 10c 12,29

média 13,77 11,24B 12,51

B* TRAT 10,33 10,95 10,64 0,45 0,86 0,16 11,51

CONT 10,66 9,86 10,26

média 10,495 10,405 10,45 *Luminosidade (L); Componente vermelho-verde (A); Componente Amarelo Azul (B); Proteína Bruta (PB); Extrato 368 Etéreo (EE); Perda por descongelamento (PDESC). Letras maiúsculas diferentes seguidas na coluna diferem 369 estatisticamente (p<0,05) 370

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45

Os parâmetros de cor da carne L* e A* tiveram efeito de sexo, e a variável A 371

teve interação entre tratamento e sexo. Segundo Vergara et al. (1999), a coloração da 372

carcaça pode ser diferente entre fêmeas e machos, sendo que fêmeas podem 373

apresentar carne mais escura e um pouco mais suculentas que os machos, devido a 374

maior precocidade e ao grau de acabamento. 375

Não houve diferença significativa para as medidas de pH entre os 376

tratamentos (p>0,05), a média entre os dois grupos foi 5,71, dentro dos padrões 377

adequados de 5,4 a 5,8 (LAWRIE, 2005; RAMOS E GOMIDE, 2007) para a carne 378

ovina. PDESC e perda por cocção também não apresentaram efeitos de tratamento, 379

sexo e interação (p>0,05). 380

Giongo et al (2016) avaliando cordeiros texel de diferentes idades terminados 381

a pasto encontrou resultado médio de pH de 6,01 também com 24 horas de 382

resfriamento. Lima et al 2013 estudando cordeiros Texel terminados com dieta 100% 383

no sistema de grão inteiro obteve pH igual a 5,48 e perda por cocção, semelhantes 384

aos do presente estudo. 385

386

Conclusão 387 388

O uso do adsorvente de micotoxinas no confinamento de cordeiros Texel com 389

dietas usando resíduos da agroindústria aumenta o ganho de peso diário dos animais 390

e não altera as caracteristicas da carcaça e da carne, sendo econômica e 391

biologicamente viável. 392

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49

Anexo 1 530

Tabela 8 – Níveis de micotoxinas presentes na dieta dos cordeiros. 531

*15-Ac Desoxinivalenol (15 DON); *3-AcDesoxinivalenol (3 DON); *Aflatoxina 532

B1,B2,G1,G2 (AFB1,AFB2, AFG1, AFG2); *Desoxinivalenol (DON); *Fumonisina 533

B1,B2 (FB1, FB2); *Fusarenon (FX); *Ocratoxina A (OTA); *Toxina HT2,9 (HT-2); 534

*Toxina T2 (T-2). 535

TIPO DA

DIETA

DIETA

TOTAL

PERÍODO

1

DIETA

TOTAL

PERÍODO

2

DIETA

TOTAL

PERÍODO 3

SOJA MILHO RESÍDUO SILAGEM

AFB1 1,3 μg/kg (ppb)

1,3 μg/kg (ppb)

1,3 μg/kg (ppb)

<LQ <LQ 1,4 μg/kg (ppb)

<LQ

AFB2 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

AFG1 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

AFG2 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

FB1 1005,6 μg/kg (ppb)

1076,3 μg/kg (ppb)

2318 μg/kg (ppb)

<LQ 3330,2 μg/kg (ppb)

5292 μg/kg (ppb)

<LQ

FB2 366 μg/kg (ppb)

401,4 μg/kg (ppb)

752,7 μg/kg (ppb)

<LQ 1140,8 μg/kg (ppb)

1738,6 μg/kg (ppb)

<LQ

ZEA 101,4 μg/kg (ppb)

97,4 μg/kg (ppb)

39,6 μg/kg (ppb)

<LQ <LQ 168,5 μg/kg (ppb)

53,6 μg/kg (ppb)

DON <LQ 200 μg/kg (ppb)

<LQ <LQ <LQ 342 μg/kg (ppb)

<LQ

OTA <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

15 DON <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

3DON <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

FX <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

HT-2 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ

T-2 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ