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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Ciências do Envelhecimento Thiago Vinicius Monteleone Revisão Sistemática sobre Intervenções Psicoterápicas com Idosos São Paulo, 2015

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Page 1: Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu · PSWQ - Penn State Worry Questionnaire QOLI - Quality of Life Inventory RIDA - Redução da Incapacidade na Doença de Alzheimer RMP -

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Ciências do Envelhecimento

Thiago Vinicius Monteleone

Revisão Sistemática sobre Intervenções

Psicoterápicas com Idosos

São Paulo, 2015

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

Mestrado em Ciências do Envelhecimento

Thiago Vinicius Monteleone

Revisão Sistemática sobre Intervenções

Psicoterápicas com Idosos

Orientadora: Prof. Drª Carla Witter

São Paulo, 2015

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências

do Envelhecimento da Universidade São

Judas Tadeu, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Saúde, Educação e

Qualidade de Vida.

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL

DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU

ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE

CITADA A FONTE.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

da Universidade São Judas Tadeu

Bibliotecária: Daiane Silva de Oliveira - CRB 8/8702

Monteleone, Thiago Vinicius

M776r Revisão sistemática sobre intervenções psicoterápicas com idosos /

Thiago Vinicius Monteleone. - São Paulo, 2015.

76 f. ; 30 cm.

Orientadora: Carla Witter.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo,

2015.

1. Gerontologia. 2. Envelhecimento. 3. Psicologia clínica. I. Witter, Carla.

II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto

Sensu em Ciências do Envelhecimento. III. Título

CDD 22 – 612.67

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Folha de Aprovação

Thiago Vinicius Monteleone

Revisão Sistemática sobre Intervenções Psicoterápicas com Idosos.

Aprovado em: ___/___/___

__________________________________

Prof.ª Dr.ª Carla Witter (Orientadora)

Banca Examinadora:

__________________________________

__________________________________

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências

do Envelhecimento da Universidade São

Judas Tadeu, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Saúde, Educação e

Qualidade de Vida.

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À minha avó,

Alvarinda Monteleone, por tudo.

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Agradecimentos

À minha orientadora, Dra. Carla Witter, por abraçar e dividir esse

trabalho desde a nossa primeira conversa. Pelo exemplo de seriedade e

profissionalismo transmitidos durante todos estes anos de convivência. Pela

companhia, incentivo e confiança transmitida, mesmo nos momentos mais

difíceis.

À Carol, por todos os papeis que exerce em minha vida: namorada,

amiga, companheira, parceira, referência, conselheira, modelo. Pela tolerância,

compreensão e apoio. OBRIGADO!

Ao amigo e professor Marcelo Buriti, não apenas pelo apoio e incentivo

no desenvolvimento desta dissertação, mas também por todo o companheirismo,

confiança e momentos vivenciados ao longo destes anos de convivência. Posso

afirmar sem medo de ser injusto com todos os outros professores que tive em

minha formação, que você foi o que mais deixou marcas em minha vida. Obrigado

por tudo!!!

À família Monteleone e seus agregados: Mário, Nina, Roberto, Rosa,

José Carlos, Paula, Luiz e Jair, por todo o carinho, apoio e incentivo. Sem

vocês, certamente, eu não estaria aqui. De forma especial agradeço à

Adriana, por tudo o que me proporcionou neste tempo em que convivemos.

Estou certo de que, quando me ensinou a ler e escrever minhas primeiras

palavras, você se tornou também responsável por tudo que conquistei após

isso. Também de forma especial agradeço à minha avó, Alvarinda

Monteleone, matriarca e personagem principal nessa família e em minha vida.

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Ao grande amigo Ivan Alves do Santos, por tantos momentos de

alegria e dificuldades partilhados em diferentes momentos de nossas vidas.

Saio da Universidade com a certeza de que além de todo o conhecimento

adquirido, também conquistei um grande AMIGO.

Ao Nicodemos, por toda a amizade e companheirismo destes anos de

convivência. Pelo incentivo, confiança e momentos vividos (e pelos bares).

Ao Túlio e à Marianna Yamaguchi, pela amizade desde a graduação e

pelo incentivo.

Aos queridos Felipe, Alessandra e Heloisa, por todo o

companheirismo, amizade e incentivo.

A todos os colegas do Laboratório de Pesquisa do Paradigma: Ao

Bernardo (Capitão), pela amizade e incentivo; À Mariana, pela cumplicidade

e apoio; à Marina, pela amizade e risos compartilhados e ao Denis, por todo o

aprendizado.

Aos alunos da USJT: Antônio, Laíse e Francine, pela amizade e

companheirismo.

À Andrieli e à Thatiany, pela amizade e por terem feito das disciplinas

do mestrado, momentos felizes e agradáveis.

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Aos professores da graduação e da pós-graduação da USJT. EM

especial à Esmeralda, Claudinha, Luís, Valéria, Aline, Lívia, Fábio e

Raphael, por todo o incentivo.

Aos professores Sonia Meyer e Denis Zamignani, por terem

contribuído no exame de qualificação e aceitarem participar da banca de

defesa da dissertação.

À CAPES, pelo apoio financeiro.

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Monteleone, T. V. (2015). Revisão Sistemática sobre Intervenções Psicoterápicas com Idosos.

Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do

Envelhecimento, Universidade São Judas Tadeu, São Paulo.

Resumo

A prática baseada em evidências é, atualmente, um dos temas mais discutidos no cenário

internacional da psicologia. Com raras exceções, há consenso de que o status da psicoterapia e

a autonomia profissional do psicólogo clínico dependem fortemente de práticas terapêuticas

que estejam solidamente embasadas em evidências empíricas. Com a população idosa não

deveria ser diferente. Apesar do aumento da procura por serviços clínicos por parte desta faixa-

etária, devido às mudanças demográficas que ocorrem mundialmente, o processo

psicoterapêutico com idosos é, ainda, pouco discutido pelos profissionais da psicologia, o que

tem produzido incertezas e pouca confiabilidade nas intervenções realizadas. A partir do

exposto, a presente pesquisa analisou os estudos de intervenções psicoterápicas em idosos,

publicados no período entre janeiro de 2004 e junho de 2015. Por meio de uma revisão

sistemática realizada nas bases de dados PsycINFO, PubMed e a Biblioteca Virtual em Saúde,

foram identificados 25 estudos cujas intervenções apresentaram resultados significativos para

queixas relacionadas a ansiedade, depressão, luto, acumulação compulsiva, insônia, doença de

Alzheimer, dor crônica e qualidade de vida. As intervenções que apresentaram resultados

significativos foram: Terapia Cognitivo-Comportamental; Terapia de Resolução de Problemas;

Terapia de Reminiscência; Terapia de Aceitação e Compromisso; Terapia Comportamental

Dialética e Terapia Funcional. Os resultados obtidos podem ter importância singular para a

atuação prática de psicoterapeutas que desenvolvam intervenções em idosos, embora haja a

necessidade de maior desenvolvimento de pesquisas que demonstrem resultados de

psicoterapia.

Palavras-chave: Psicologia Clínica; Gerontologia; Prática Baseada em Evidências.

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Monteleone, T. V. (2014). Systematic review of Psychotherapeutic interventions with elderly.

Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do

Envelhecimento, Universidade São Judas Tadeu, São Paulo.

Abstract

The evidence-based practice is currently one of the most discussed issues in international

psychology. With rare exceptions, there is consensus that the status of psychotherapy and the

professional autonomy of the clinical psychologist rely heavily on therapeutic practices that

are firmly based on solid empirical evidence. With the elderly population should be no different.

Despite the increased demand for clinical services by this age group, due to demographic

changes occurring worldwide, the psychotherapeutic process with elderly people is still, little

discussed by professionals of psychology, which has produced uncertainty and unreliability

into interventions. From the foregoing, the present study analyzed the studies of

psychotherapeutic interventions in the elderly, published between January 2004 and June

2015.Through a systematic review performed in PsycINFO, PubMed and Biblioteca Virtual em

Saúde, 25 studies were identified whose interventions showed significant results for complaints

related to anxiety, depression, grief, compulsive hoarding, insomnia, Alzheimer's disease,

chronic pain, and quality of life. Interventions that showed significant results were cognitive-

behavioral therapy; Problem-solving therapy; Reminiscence therapy; Acceptance and

Commitment Therapy; Dialectic Behavior Therapy; and Functional Therapy. The results may

have special importance for the practical application of psychotherapists to develop

interventions of the elderly, although there is a need for further development of research that

shows psychotherapy results.

Keywords: Clinical Psychology; Gerontology; Evidence-Based Practice.

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Lista de Figuras

Figura 1. Pirâmide hierárquica de evidências por tipo de estudo, nas ciências médicas 27

Figura 2. Arranjo experimental típico de um Ensaio Clínico Randomizado 29

Figura 3. Fluxo de estudos por meio da revisão sistemática. 42

Figura 4. Distribuição da frequência e frequência acumulada dos artigos analisados, por

ano de publicação. 44

Figura 5. Distribuição dos artigos analisados, conforme o delineamento experimental

utilizado. 45

Figura 6. Distribuição das instituições de afiliação dos autores dos estudos analisados e

seus respectivos países. 47

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Processo de identificação de estudos analisados por Yon e Scogin (2007) 33

Tabela 2. Distribuição dos estudos de intervenções psicoterápicas para queixas relativas à

ansiedade 49

Tabela 3. Distribuição dos estudos de intervenções psicoterápicas para queixas relativas

à depressão 51

Tabela 4. Distribuição dos estudos de intervenções psicoterápicas para outras queixas 55

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Lista de Siglas e Abreviaturas

AAQ-II - Acceptance and Action Questionnaire-II

ACT - Acceptance and commitment therapy

AFI - Aachen Functional Item Inventory

APA - American Psychological Association

B-ADL - Bayer Activities of Daily Living

BAI - Beck Anxiety Inventory

BCMDI - British Columbia Major Depression Inventory

BDI - Beck Depression Inventory

BSI - Brief Symptom Inventory

CES-D - Center for Epidemiologic Studies Depression Scale

CIRS - Clutter Image Rating Scale

CIRS-G -Cumulative Illness Rating Scale for Geriatrics

CISD - L’échelle Cognitive Inventory of Subjective Distress

CMPC - Checklist de Memória e Problemas de Comportamento

CPAQ - Chronic Pain Acceptance Questionnaire

CPVI - Chronic Pain Values Inventory

CR - Cuidados de Rotina;

DBT - Dialectical behavior therapy

DEMQOL - Quality of Life in Dementia

EBM - Evidence-based Medicine

ECR - Ensaios Clínicos Randomizados

EDS - Escala de Depressão Geriátrica

EGC - Ensino de Gerenciamento Comportamental

ERP - Ensino de Resolução de Problemas

GDS - Geriatric Depression Scale

HADS - Hospital Anxiety and Depression Scale

HARS - Hamilton Anxiety Rating Scale

HRS - Hoarding Rating Scale

HRSD - Hamilton Rating Scale for Depression

HSC-20 - The Hopkins Symptom Checklist

HSS - Hoarding Severity Scale

IBA - Inventário de Ansiedade de Beck

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IIP-PD - Inventory of Interpersonal Problems

MADRS - La Montgomery e Asberg Depression Rating Scale

MASS - Mindful Attention Awareness Scale

MCA - Montreal Cognitive Assessment

NI - Neuropsychiatric Inventory

OCI-R - Obsessive Compulsive Inventory-Revised

PASS-20 - Pain Anxiety Symptoms Scale-20

PBEP - Prática Baseada em Evidências em Psicologia

PGHSD - Pittsburgh Sleep Diary

PMT - Princípios de Mudança terapêutica

PSG - Polysomnography

PSQI - Pittsburgh Sleep Quality Index

PSWQ - Penn State Worry Questionnaire

QOLI - Quality of Life Inventory

RIDA - Redução da Incapacidade na Doença de Alzheimer

RMP - Relaxamento muscular progressivo

RPLS - Redução Progressiva do Limiar de Estresse

RS - Revisões Sistemáticas

RSES - Rosenberg Self-Esteem Scale

RSOA - Resourcefulness Scale for Older Adults

SCL-90 - Symptoms Checklist-90.

SD - Sleep Diaries

SDS - Sheehan Disability Index

SE - Sleep Efficiency

SF-36 - Self-report health survey

SIP - Sickness Impact Profile

SI-R - Savings Inventory-Revised

SOL - Sleep Onset Latency

SPR - Society for Psychotherapy Research

STAI-T - State - Trait Anxiety Inventory-Trait

TAG - Transtorno de Ansiedade Generalizada

TCC - Terapia Cognitivo-comportamental

TCS - Terapia de Compressão de Sono

TES - Tratamentos Empiricamente Sustentados

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TEV - Tratamentos Empiricamente Validados

TPB - Terapia Psicodinâmica Breve

TR - Terapia de Relaxamento

TRIG - Texas Revised Inventory of Grief

VD - Variáveis Dependentes

VI - Variáveis Independentes

WAIS-R - Working Alliance Inventory-Short Revised

WASO - Wake Time after Sleep Onset

WES - Wellness scale

WHODAS - World Health Organization Disability Assessment Schedule

WHOQOL-BREF - World Health Organization Quality of Life

Y-BOCS - Yale Brown Obsessive Compulsive Disorder Scale

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Sumário

Introdução 19

- Prática Baseada em Evidências em Psicologia: Desenvolvimento histórico 19

- Prática Baseada em Evidencias em Psicologia e Medicina Baseada em Evidências 26

- Prática Baseada em Evidências em Psicologia e Idosos 31

Objetivos 37

Método 38

- Materiais 38

- Procedimentos 40

Resultados e Discussão 42

Considerações Finais 61

Referências 63

Anexos 73

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Apresentação

Com o desenvolvimento do conceito de Prática Baseada em Evidências em Psicologia

pela American Psychological Association, a busca por resultados que demonstrassem a eficácia

de intervenções psicoterápicas passou a ser de importância fundamental para a aproximação do

desenvolvimento científico à prática clínica. Neste contexto, como forma de sistematização

destes estudos, as revisões sistemáticas, com ou sem meta-análises, têm função essencial para

o consumo das evidências encontradas.

Deste modo, o presente estudo realizou uma revisão sistemática sobre intervenções

psicoterápicas com idosos, visando a identificação de modalidades terapêuticas eficazes para o

tratamento de queixas desta população. Assim, espera-se que os resultados obtidos contribuam

para as discussões acerca da eficácia de psicoterapia em meio a comunidade científica,

ampliando o diálogo sobre intervenções psicológicas baseadas em evidência. Além disso,

espera-se que o consumo dos serviços de psicoterapia por parte da população idosa possa ser

beneficiado dos resultados do presente estudo, visto a identificação da eficácia de

procedimentos psicoterapêuticos para esta faixa-etária.

A partir do exposto, a presente pesquisa inicia sua trajetória com uma breve revisão

histórica acerca do desenvolvimento conceitual do movimento de Prática Baseada em

Evidências em Psicologia. Ainda neste capítulo, são destacadas as discussões iniciais acerca do

resultado de psicoterapias existentes na época, as influências dos pressupostos da Medicina

baseada em Evidencias, seus modelos conceituais e métodos de investigação e os principais

estudos de revisão acerca da temática com a população idosa.

Na sequência, são apresentados detalhes dos métodos do estudo, as bases de dados

utilizadas, os instrumentos que foram necessários para a revisão e os procedimentos de análise

da literatura encontrada. Ainda nesta seção, são descritos os processos de avaliação

independente por juízes.

Na seção de resultados são expostos, inicialmente os resultados de mapeamento da

literatura investigada, seguidos pelos dados obtidos acerca da eficácia das intervenções

psicoterápicas. As discussões foram realizadas à luz da literatura específica da área e são

apresentadas também nesta seção.

Para a finalização do estudo, são apresentadas as considerações finais acerca dos

resultados obtidos e suas possíveis contribuições para pesquisados, terapeutas e pacientes de

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intervenções psicoterápicas. As limitações da presente revisão e as possibilidades de novas

investigações também são destacadas.

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19

Introdução

- Prática Baseada em Evidências em Psicologia: Desenvolvimento histórico

Apesar do movimento que sugere que os profissionais da psicologia devam, dentre

outras recomendações, pautar sua prática psicoterápica em evidências produzidas por estudos

com alto rigor metodológico ser relativamente recente (cerca dos últimos 20 anos), as

discussões acerca da efetividade em psicoterapia já ocorriam em meados dos anos 50. Em uma

publicação polêmica, Eysenck (1952), após revisar os estudos empíricos de psicoterapia de sua

época, concluiu que as intervenções psicoterápicas utilizadas nas produções não eram mais

efetivas para a evolução do quadro do paciente do que a simples passagem do tempo. Ainda

segundo este autor, as psicoterapias utilizadas falharam quanto à recuperação dos pacientes, já

que aproximadamente dois terços dos pacientes avaliados teriam uma evolução significativa

após dois anos do início da doença, independentemente de serem tratados por meio de

psicoterapia (Barlow, Boswell, & Thompson-Hollands, 2013; Leonardi & Meyer, 2015).

Eysenck (1952), concluiu que os dados de sua revisão não comprovavam que as

psicoterapias praticadas na época facilitavam a recuperação dos pacientes neuróticos e que esta

constatação era, notavelmente, estável de uma investigação para outra, independentemente do

tipo de paciente tratado, do nível de recuperação empregado ou do método de terapia utilizada.

Apesar dos achados e conclusões polêmicas do autor, vale salientar que ele compreendia que

os dados mencionados não necessariamente refutavam a possibilidade de eficácia terapêutica,

visto as dificuldades de comparação existentes, devido ao pouco acordo conceitual dos

psiquiatras e psicoterapeutas da época (Barlow et al., 2013).

A publicação de Eysenck (1952), causou um considerável desconforto na comunidade

de psicoterapeutas contemporâneos a ele, sendo que muitos tiveram reações contrárias aos

apontamentos do autor, mesmo com a dificuldade de refutá-los com as evidências que haviam

disponíveis, dado o precário estado desta ciência na década de 1960. Nos anos subsequentes à

publicação do referido texto, diversos debates ocorreram na literatura, sendo que bons exemplos

desses acalorados diálogos podem ser observados nas publicações de Rosenzweig (1954) e

Strupp (1963, 1964), além das respostas de Eysenck (1955, 1964) (Barlow et al., 2013).

Rosenzweig (1954), rotulou o estudo de Eysenck (1952) como tendencioso, criticando

veementemente a conceituação de neurose utilizada no estudo, as diferenciações do autor acerca

das psicoterapias psicanalíticas, ecléticas e clínicas gerais, além da dificuldade de se avaliar a

recuperação de pacientes cujos métodos de tratamento se diferem entre si. Tendo como base

essas críticas, Rosenzweig (1954), concluiu que a única dedução segura com base nos dados

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que eram existentes é que, tendo em conta a diversidade de métodos e padrões no campo da

psicoterapia, afirmações e generalizações quanto à eficácia dos tratamentos deveriam ser

evitadas. Em sua resposta, Eysenck (1955), dentre outros apontamentos, salientou que ao se

perceber que os dados discutidos, pobres como são, compunham todas as evidências disponíveis

a respeito de um método de psicoterapia praticado há mais de 50 anos em centenas de milhares

de pacientes, eles deveriam servir como estímulos para garantir o início de estudos

experimentais devidamente planejados, rigidamente controlados e cuidadosamente analisados

nesta área.

Strupp (1963, 1964), dentre suas críticas, reagiu aos dados de Eysenck (1952), expondo

que haviam observações clínicas que documentavam os benefícios da relação com um

profissional, quando pacientes estão preocupados com dificuldades que vivenciam e buscam

auxílio. Segundo o crítico, argumentar o contrário do exposto seria, simplesmente, fechar os

olhos para os fatos, já que todos sabiam que a psicoterapia era efetiva. Tal afirmação fora

intensamente criticada por Eysenck (1964), relatando, sarcasticamente, que houve um momento

em que todos sabiam que a Terra era plana (Barlow et al., 2013).

Além desses debates, muitos psicoterapeutas da época relataram que as pesquisas em

psicoterapia pouco contribuíam para a prática. Dentre eles, Carl Rogers, um dos mais

importantes teóricos de psicoterapia do período, também observou que a pesquisa clínica não

exercia nenhuma influência sobre a sua prática, podendo, portanto, ser abandonada

completamente (Barlow et al., 2013; Bergin & Strupp, 1972, Leonardi & Meyer, 2015).

Apesar dos dois tipos de reações que produziu: negar as conclusões dos dados ou

questionar a aplicação da pesquisa clínica à prática profissional, o principal legado do polêmico

estudo de Eysenck (1952), fora estimular a produção de pesquisas empíricas que

demonstrassem os resultados das psicoterapias praticadas nas décadas de 50 e 60. Com isso,

alguns estudos de revisão foram desenvolvidos nos anos subsequentes (e.g. Luborsky, Singer

& Luborsky, 1975; Smith & Glass, 1977).

Na revisão de Luborsky et al. (1975), foram analisadas 105 pesquisas que confrontaram

os efeitos de diferentes metodologias de psicoterapia, sendo elas psicanálise, terapia centrada

no paciente, psicodrama e terapia comportamental, juntamente com comparações com grupos-

controle e tratamentos farmacológicos. Como principal conclusão, os autores demonstraram

que todos os pacientes tiveram benefícios ao final do processo terapêutico, independentemente

da técnica utilizada.

De forma semelhante, o estudo de Smith e Glass (1977), forneceu evidências de que,

em média, os pacientes tratados por meio de psicoterapia tinham probabilidade de melhora de

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21

75% maior do que pacientes não tratados. Tal resultado foi produto de uma revisão de cerca de

400 estudos compostos por diferentes modalidades psicoterapêuticas. Vale salientar que não

foram observadas diferenças na eficácia entre os tipos de psicoterapia analisados, sejam terapias

comportamentais (Dessensibilização sistemática e Modificação de comportamento) ou terapias

não-comportamentais (Rogeriana, Psicodinâmica, Racional-emotiva, Análise transacional,

etc).

Como visto, os estudos de revisão indicavam que a psicoterapia era altamente efetiva e

que não existiam diferenças significativas nas diferentes modalidades de tratamento. Tais dados

atribuíram a efetividade das psicoterapias às características presentes em diversificados

processos psicoterapêuticos. Estas particularidades ficaram conhecidas como “Fatores

Comuns” e incluíam propriedades do terapeuta (e.g. acolhimento, empatia, aceitação), do

paciente (e.g. expectativas, busca pela melhora) e da relação terapêutica (e.g. transferência),

considerada uma das principais variáveis do sucesso do tratamento (Barlow et al., 2013;

DeRubeis, Brotman & Gibbons, 2005; Luborsky et a.l, 1975).

Contudo, alguns pesquisadores contemporâneos aos dados apresentados não aceitaram

os fatores comuns como principais responsáveis pelas mudanças no processo terapêutico,

atribuindo aos fatores específicos de cada modalidade psicoterapêutica o sucesso das

intervenções psicológicas. Para eles, a partir de uma queixa clínica, há uma explicação teórica

acerca da gênese do problema e, por consequência, mecanismos de mudança presente nesta

modalidade teórica. Tais mecanismos de mudança indicam, então, o procedimento

psicoterapêutico a ser utilizado e o resultado da intervenção deveria ser conferido à terapêutica

utilizada, ou seja, a um fator especifico do processo de intervenção (Barlow et al., 2013; Beutler,

1979; Kazdin & Bass, 1989).

As discussões e conflitos acerca dos atributos responsáveis pelos resultados das

psicoterapias se estenderam pelos anos que se seguiram, resultando em alguns movimentos da

American Psychological Association (APA), que se iniciaram na década de 1990. Tais

movimentos ficaram conhecidas como forças-tarefa, sendo que a primeira fora realizada no ano

de 1993 pela Divisão 12 da APA, que correspondia à área de Psicologia Clínica, com o intuito

de comprovar o papel dos fatores específicos no sucesso dos processos psicoterapêuticos.

Composta por psicólogos de diferentes abordagens teóricas, com experiência em clínica

e em pesquisa, a força-tarefa da Divisão 12 teve como objetivos: definir e identificar

tratamentos empiricamente validados (TEV); propor diretrizes de formação para futuros

terapeutas e treinamento contínuo para os profissionais em exercício; disseminar os TEV para

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os planos de saúde; e informar a população sobre a efetividade da psicoterapia (Chambless,

1993; Chambless et al., 1998).

A busca por TEV fora realizada por meio de revisões em periódicos que continham

publicações de pesquisas empíricas em psicoterapias, sendo que apenas em 1995 o relatório da

força-tarefa da Divisão 12 da APA foi publicado. O resultado continha 18 TEV e sete

tratamentos provavelmente eficazes, sendo que as intervenções que não haviam sido incluídas

nessas duas categorias deveriam ser consideradas, apenas, como experimentos (Chambless et

al., 1998).

Segundo o relatório, para um tratamento ser considerado como “empiricamente

validado” deveria existir dois ou mais ensaios clínicos randomizados conduzidos por diferentes

pesquisadores (que demonstrassem que aquele tratamento era superior a placebo ou a outras

intervenções psicoterápicas ou que era equivalente a um tratamento já estabelecido em estudos

estatisticamente significantes) e nove ou mais pesquisas com delineamento experimental de

caso único com alta qualidade metodológica (que demonstrassem que aquele tratamento era

superior a placebo ou a outros tratamentos já estabelecidos). Para um tratamento ser

considerado como “provavelmente eficaz”, o relatório apresenta que deveriam existir dois

estudos de grupo (que demonstrassem que aquele tratamento era superior a um grupo sem

tratamento) ou três ou mais pesquisas com delineamento experimental de caso único com boa

qualidade metodológica (que demonstrassem que aquele tratamento era superior a placebo ou

a outras intervenções). Vale salientar que um tratamento também era listado como

“provavelmente eficaz” quando atendia a todos os critérios para ser considerado como

empiricamente validado, mas os estudos que o sustentavam haviam sido realizados pelo mesmo

grupo de pesquisadores (Task Force on Promotion and Dissemination of Psychological

Procedures, 1995).

Algumas atualizações do relatório inicial ocorreram nos anos que se seguiram. A

primeira substituiu a expressão Tratamentos empiricamente validados (TEV) para Tratamentos

empiricamente sustentados (TES). Outras alterações foram: a organização de tratamentos por

transtornos específicos; e a inserção de novos tratamentos e algumas alterações na lista anterior,

sendo que foram considerados apenas os tratamentos cujos procedimentos estavam

padronizados em manuais de intervenção, visto que isso poderia contribuir para um melhor

delineamento de pesquisa e interpretação dos resultados (Chambless et al., 1996).

Outra atualização ocorreu em 1998, na qual uma nova lista de TES foi publicada,

relacionando 16 tratamentos empiricamente sustentados e 55 tratamentos provavelmente

eficazes, além da exclusão de dois procedimentos listados anteriormente, já que não se referiam

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23

a problemas específicos e poderiam ser empregados em uma diversidade de situações

(Chambless et al., 1998). Além disso, houve uma publicação de uma lista atualizada dos

manuais com os procedimentos dos TES (Woody & Sanderson, 1998).

Apesar do avanço e das conquistas da Força Tarefa da Divisão 12, o movimento recebeu

inúmeras críticas de profissionais e pesquisadores da época. Os julgamentos relacionavam-se

especificamente em três áreas: diagnóstico; utilização de manuais e metodologia utilizada nas

pesquisas.

A inclusão somente de pesquisas cujos participantes preenchiam os critérios

diagnósticos para alguma psicopatologia descrita no Eixo I do Manual Diagnóstico e Estatístico

de Transtornos Mentais - DSM (American Psychiatric Association, 2002) foi criticada, visto

que os diagnósticos não capturavam as particularidades que os clientes levam para o consultório

e nem os contextos em que os problemas surgem e se mantêm. Além disso, rotular um grupo

de indivíduos apenas por compartilharem algumas características não os torna semelhantes, ao

contrário, cada paciente deveria ser visto como único e, portanto, receber um tratamento

totalmente individualizado (Bohart, O’Hara & Leitner, 1998; Reed, Kihlstrom & Messer,

2006).

Com relação a utilização dos manuais de tratamento, os profissionais e pesquisadores

reagiram negativamente devido ao fato de que os manuais, por apresentam protocolos

padronizados de intervenção que devem ser seguidos fielmente pelo terapeuta frente a

problemas clínicos específicos, atrapalhariam o desenvolvimento de uma boa relação

terapêutica, ignoraria as diferenças individuais de cada cliente, não atenderia às necessidades

de clientes com múltiplos problemas e/ou diagnósticos, ameaçaria a independência,

espontaneidade e criatividade do clínico, etc (Addis, Wade & Hatgis, 1999).

Quanto ao método realizado para a avaliação dos tratamentos, a força-tarefa recebeu

três grupos de críticas por considerar os Ensaios Clínicos Randomizados (ECR)1 como o

padrão-ouro para a produção de evidências. Os estudos de grupo, basicamente quantitativos,

seriam inadequados para o campo da psicoterapia, sendo a pesquisa qualitativa a mais

conveniente; as abordagens comportamentais e cognitivas teriam levado vantagem na

avaliação, pois foram mais pesquisadas com esse tipo de método; e o fato de um tratamento ser

eficaz em condições controladas (validade interna), não garantiria que ele seria efetivo em

ambiente real (validade externa) (Chambless & Ollendick, 2001; Westen, Stirman & DeRubeis,

2006).

1 A metodologia e a utilização dos ECRs na Psicologia terão maiores descrições na próxima seção.

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Concomitantemente às críticas direcionadas ao trabalho da Divisão 12, outras divisões

da APA realizaram suas forças-tarefa, cujo intuito fora complementar as possíveis falhas na

avaliação das intervenções psicoterápicas. Em 1999, por exemplo, a Divisão 29 (Psicoterapia)

formou sua força-tarefa com o objetivo de identificar, operacionalizar e disseminar dados

acerca de relações terapêuticas empiricamente sustentadas. Assim, uma revisão de pesquisas

quantitativas e qualitativas deu origem a uma listagem de elementos da relação terapêutica e de

características do paciente que contribuiriam para o resultado do processo terapêutico

(Norcross, 2002; Wampold, 2001).

A tensão entre as forças-tarefa das diferentes divisões da APA intensificou o debate

sobre o que deveria ser empiricamente validado na pesquisa em psicoterapia – fatores comuns

ou fatores específicos. Em meio ao embate entre os defensores dos fatores comuns e os

defensores dos fatores específicos, uma força-tarefa foi constituída em 2002 pela Society for

Psychotherapy Research (SPR) em conjunto com a Divisão 12 da APA, cujo objetivo era a de

que todos os fatores envolvidos no processo psicoterápico estariam relacionados ao resultado

e, portanto, deveriam ser considerados. Para isso, diversos estudos foram revisados, levando

em conta quatro grupos de problemas clínicos: transtornos disfóricos, transtornos de ansiedade,

transtornos de personalidade e transtornos relacionados ao uso de substâncias. Essa revisão deu

origem à formulação de princípios de mudança terapêutica (PMT), que poderiam ser aplicados

em qualquer modalidade de psicoterapia, uma vez que englobavam variáveis relacionadas ao

terapeuta, paciente, relação terapêutica e técnicas extraídas da literatura empírica que foram

apresentadas sem ligação com qualquer teoria (Beutler & Johannsen, 2006; Castonguay &

Beutler, 2006a, 2006b).

Em meio aos debates entre os defensores dos fatores comuns e dos fatores específicos,

e com o objetivo de aproximação entre ciência e prática, a APA iniciou, em 2005, uma força-

tarefa composta por psicólogos de diferentes abordagens, com o objetivo de desenvolver uma

concepção de prática baseada em evidências que fosse representativa das mais diversas

perspectivas teóricas, metodológicas, conceituais e práticas. Deste modo, a APA definiu o

conceito de Prática Baseada em Evidências em Psicologia (PBEP) como um processo de

tomada de decisão clínica, que ocorre por meio da integração da melhor evidência disponível

com a perícia clínica do psicoterapeuta, no contexto das características, cultura e preferências

do paciente, sendo que os três componentes da definição possuem o mesmo grau de importância

na decisão clínica (American Psychological Association, 2006).

O primeiro conceito da definição – melhor pesquisa disponível – refere-se às evidências

empíricas que demonstrem os procedimentos psicoterapêuticos e os resultados positivos, a

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depender do objetivo em questão. Tais evidências podem ser fruto de diversos tipos de

pesquisa: eficácia, efetividade, custo-benefício, epidemiológica, etc., envolvendo diferentes

metodologias: ECR, delineamentos de caso único, estudos de caso, etc (American

Psychological Association, 2006). Além do exposto, vale salientar que o conceito abrange a

existência de dados empíricos com diferentes níveis de qualidade, ficando a cargo do terapeuta

a seleção das pesquisas mais relevantes a partir do grau de compatibilidade das evidências

disponíveis com o caso em questão e do grau de confiabilidade dessas evidências, determinada

pela quantidade de pesquisas e pela qualidade metodológica das mesmas (Spencer, Detrich &

Slocum, 2012).

Com relação à perícia clínica, a APA a compreende como o repertório especializado do

psicoterapeuta, constituído por sua formação acadêmica, supervisão, experiência clínica e

estudo da literatura. Esse repertório inclui diversas competências e, em especial, a obtenção e

aplicação das melhores evidências disponíveis para cada caso particular. Dessa forma, deve

haver interação constante entre o julgamento profissional e os dados existentes (American

Psychological Association, 2006).

O terceiro componente da definição de PBEP – contexto das características, cultura e

preferências do paciente – se caracteriza pela promoção da participação ativa dos clientes nas

tomadas de decisão sobre sua própria saúde e bem-estar, uma vez que intervenções costumam

ser mais bem-sucedidas quando levam em consideração as particularidades do indivíduo

(American Psychological Association, 2006). A integração das preferências do paciente com

os outros componentes da definição de PBEP é uma tarefa complexa. Em vista disso, é

responsabilidade do terapeuta descrever os procedimentos a serem empregados, explicar sobre

seus possíveis benefícios, riscos e inconvenientes e advertir sobre intervenções alternativas

(Spencer et al., 2012).

Na prática clínica, o modelo de PBEP pode ser operacionalizado em cinco passos:

levantamento de questões clínicas; busca pelas melhores evidências empíricas, principalmente

em bancos de dados que são voltados para profissionais atuantes e não para pesquisadores e

que, por isso, reúnem apenas revisões sistemáticas da literatura empírica; apreciação crítica das

evidências encontradas; intervenção, baseada nas evidências, no repertório do terapeuta e nas

características do cliente; avaliação dos resultados da intervenção (Frueh, Ford, Elhai &

Grubaugh, 2012; Walker & London, 2007).

Como dito, o conceito de PBEP está no centro das atenções do cenário internacional da

Psicologia e constantes esforços têm sido feitos nessa direção por pesquisadores e profissionais,

com o intuito de preencher a lacuna entre ciência e prática ainda existente na psicologia clínica.

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Todavia, embora a PBEP venha sendo amplamente defendida entre pesquisadores da

psicologia, ela apresenta como limitação o fato das publicações focarem-se quase que

exclusivamente no modelo conceitual de PBEP, sem atenção ao ensino das habilidades

necessárias para sua aplicação. O contrário ocorre na medicina, visto que o desenvolvimento

de habilidades práticas ocupa 60% ou mais das publicações (Walker & London, 2007). Vale

salientar que o modelo da Medicina Baseada em Evidências teve, e ainda tem, grande

participação na conceituação e no molde de aplicação da PBEP, mesmo tendo premissas

teóricas e metodológicas questionáveis para utilização em psicoterapias.

- Prática Baseada em Evidencias em Psicologia e Medicina Baseada em Evidências

Concomitante ao desenvolvimento histórico da PBEP, o movimento denominado de

Medicina Baseada em Evidências teve sua formulação teórica e aplicação clínica, o que

influenciou fortemente - e ainda influencia - a conceituação, os estudos e a aplicação das

premissas conceituais na prática clínica dos psicólogos. De forma semelhante ao que ocorre na

psicologia, na medicina, tradicionalmente, o profissional toma suas decisões clínicas baseado

na prática que prevalece consensualmente, na experiência profissional e nas orientações de

especialistas mais experientes (Marasciulo & Nassar, 2004; Marques, 2003; Savi & Silva,

2009).

Com a Medicina Baseada em Evidências surgiu um novo paradigma de prática médica,

em que a atividade clínica passou a utilizar a interligação da experiência do profissional às

evidências disponíveis na literatura científica. Desse modo, a definição clássica deste modelo

refere-se ao uso consciente, explícito e judicioso da melhor evidência disponível, integrado com

a experiência clínica do médico e os valores e as preferências do paciente (Evidence-Based

Medicine Working Group, 1992; Marques, 2003).

Posto isso, é notória a semelhança com o conceito desenvolvido na psicologia. A

similaridade, entretanto, não se limita as postulações teóricas dos dois movimentos, visto que

as diretrizes de aplicação são praticamente idênticas, já que em ambos os modelos os passos

delineados se iniciam com a formulação de questionamentos clínicos, seguidos pela busca e

avaliação da melhor evidência científica disponível e a integração dos resultados de diferentes

pesquisas, finalizando-se pela tomada de decisão clínica (Castro, 2006; Drummond, 2004a;

Duncan, Schmidt, 2004; Frueh, Ford, Elhai & Grubaugh, 2012; McKibbon, 1998; Savi & Silva,

2009; Walker & London, 2007).

Outra formulação análoga nos dois modelos é o delineamento dos estudos que produzam

evidências científicas para as tomadas de decisão clínica. Por consequência, o padrão

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Pirâmide de Evidências da Medicina

hierárquico de avaliação do nível de evidências das pesquisas tem sido utilizado de forma

igualitária nas duas ciências, mesmo existindo diferenciações fundamentais nas práticas clínicas

de ambas as áreas.

Os desenhos de pesquisa devem obedecer a uma ordem decrescente de importância, ou

seja, um trabalho que se encontra no nível de evidência I terá maior valor científico do que um

que se encontra no nível V. Nessa perspectiva, na seleção da informação deve ser considerado

o nível de evidência em que o estudo que a produziu se encontra (Greenhalgh, 2008; Savi &

Silva, 2009). Tal hierarquia foi condensada em um molde ilustrativo conhecido como Pirâmide

de Evidências, como exposto na Figura 12.

Como níveis mais baixos na hierarquia de evidências, as pesquisas básicas in vitro e as

pesquisas básicas com experimentação em animais são utilizadas apenas quando todos os outros

níveis da pirâmide não responderem de forma adequada à questão clínica, o que os torna

praticamente inutilizados como fonte de informação para a prática médica, estando, inclusive,

abaixo de opiniões de especialistas da área em questão. Tal fato tem ocasionado suas exclusões

em algumas variações desta hierarquia de evidências (Greenhalgh, 2008; Savi & Silva, 2009).

2 Adaptada e traduzida de Suny Downstate Medical Center (2001).

Estudos Coorte

Estudos Caso-Controle

Série de casos

Relatos de Caso

Ideias, editoriais e opiniões

Pesquisas básicas com experimentação em animais

Pesquisas básicas in vitro

Figura 1. Pirâmide hierárquica de evidências por tipo de estudo, nas ciências médicas

Ensaios Clínicos

Controlados e

Randomizados

Revisões

Sistemáticas e

Meta-análises

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Os relatos de caso referem-se a estudos que descrevem a história clínica de um único

paciente. Frequentemente, os relatos de casos são reunidos, formando série de casos, na qual

histórias clínicas de mais de um paciente com alguma condição particular são relatadas para

ilustrar a aplicação e o efeito de algum procedimento específico. Apesar deste tipo de estudo

ter evidência relativamente fraca segundo a medicina, os relatos e série de casos descrevem

especificidades que poderiam ser perdidas em outras modalidades de estudo, além de serem de

fácil compreensão para profissionais não acadêmicos e pelo público leigo (Greenhalgh, 2008).

Os estudos de caso-controle representam uma ferramenta útil na avaliação de fatores de

risco para desenvolvimento de determinadas doenças. Em comparação a outros tipos de estudos,

os de caso-controle podem levar tempo relativamente curto, além de demandar poucos recursos

financeiros. No desenho metodológico de um estudo de caso-controle são estudados dois grupos

de indivíduos, sendo um grupo de pacientes com diagnóstico da doença em questão,

denominado de grupo-caso, enquanto o outro grupo de pacientes, que não possui diagnóstico,

é classificado como grupo-controle. A partir deste emparelhamento, avalia-se,

retrospectivamente, se os pacientes de cada um dos grupos foram expostos ou não à

determinada condição, ou o fator que se deseja investigar como causa da doença em questão.

Vale ressaltar que os estudos de caso-controle, geralmente, são associados à etiologia de

determinadas doenças e não ao tratamento (Greenhalgh, 2008; Schulz & Grimes, 2002;

Suzumura et at, 2006).

Em um estudo de Coorte, dois ou mais grupos de pessoas são selecionados de acordo

com as diferenças relativa à exposição com algum agente específico (e.g. toxinas;

medicamento; vacinas; etc.), e acompanhados de modo a avaliar quantas pessoas de cada grupo

desenvolveram algum tipo de doença específica ou outro desfecho. O período de

acompanhamento dos grupos, geralmente, é longo, visto que muitas doenças se desenvolvem

de forma lenta. Este tipo de estudo é comumente utilizado para determinar o prognóstico de

uma doença (Greenhalgh, 2008).

Os Ensaios Clínicos Controlados e Randomizados (ECR) consistem, basicamente, em

um tipo de estudo experimental desenvolvido em seres humanos, que visa o conhecimento do

efeito de intervenções em saúde. São estudos considerados como padrão-ouro como ferramenta

para a obtenção de evidências para a prática clínica na Medicina. Associada a esse poder,

encontra-se a simplicidade em seu desenho, quando comparado a outros tipos de estudos

(Greenhalgh, 2008; Souza, 2009).

Os ECR apresentam quatro características fundamentais. A primeira delas é a

comparação entre intervenções aplicadas à saúde de seres humanos. Uma segunda característica

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é a natureza prospectiva, ou seja, as intervenções são planejadas e padronizadas antes e a

exposição é controlada pelos pesquisadores. Outra característica refere-se ao fato de que duas

ou mais intervenções são comparadas no estudo. Por fim, a aplicação das intervenções deve ser

implementada de forma aleatória, não havendo qualquer influência no processo (Souza, 2009).

Apesar de haver variações metodológicas, nos ECR os participantes são estatisticamente

alocados em grupos de intervenção (com um tratamento medicamentoso) ou placebo (com um

tratamento placebo). Ambos os grupos são acompanhados por um período de tempo e

analisados em termos de desfechos específicos, conforme ilustra Figura 23.

Na hierarquização dos estudos científicos em saúde, pode-se dizer que os ECR são os

estudos primários de maior relevância para a prática clínica, mesmo estando classificados com

nível de evidência inferior às Revisões Sistemáticas (RS) e Meta-análises. Estes últimos, apesar

de serem classificados com o mais alto nível de evidência, são estudos secundários, ou seja,

dependem de estudos primários com qualidade singular, como os ECR, para produzirem

inferências para a prática clínica (Greenhalgh, 2008; Souza, 2009).

Uma Revisão Sistemática se caracteriza por um resumo analítico de estudos primários,

que contém uma descrição de objetivos, materiais e métodos; além de serem realizadas com um

método transparente, explícito e replicável. A avaliação dos estudos ocorre de forma crítica

com relação aos métodos utilizados, reunindo-os em uma análise estatística, denominada de

Meta-análise, quando cabível (Berwanger; Suzumura; Buehler & Oliveira, 2007; Sampaio &

Mancini, 2007).

3 Adaptado de Souza, 2009

Grupo

Experimental

(Intervenção)

Grupo Controle

(Comparação)

POPULAÇÃO

PARTICIPANTES RANDOMIZAÇÃO

O

Figura 2. Arranjo experimental típico de um Ensaio Clínico Randomizado

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O processo de elaboração de uma Revisão Sistemática se inicia com o estabelecimento

da questão clínica e de um projeto de revisão. Em seguida, é realizada uma ampla busca da

literatura com o objetivo de se identificar o maior número possível de estudos relacionados à

questão. Vale ressaltar que nas revisões que avaliam efetividade de intervenções, geralmente,

são incluídos apenas ECR. Uma vez selecionados, aplicam-se critérios para avaliação da

qualidade metodológica conforme o delineamento do estudo original. Quando há similaridade

entre os estudos, os produtos da revisão podem ser sintetizados em uma Meta-análise, que

representa a média ponderada desses resultados (Greenhalgh, 2008; Sampaio & Mancini,

2007).

Como exposto anteriormente, o uso das premissas conceituais da Medicina Baseada em

Evidências pela psicologia vem ocorrendo independentemente das singularidades que

distanciam as áreas. A conceituação genérica que ocorre nas duas ciências possibilita, de fato,

uma aplicação similar, porém, a utilização dos mesmos métodos de estudo em prol do

desenvolvimento de evidências empíricas para as decisões clínicas pode não refletir nas

melhores estratégias existentes, visto as características de cada atuação.

Outro fator importante a ser destacado é a utilização de ECR como padrão-ouro para o

desenvolvimento de intervenções psicoterápicas. A padronização de Variáveis Independentes

(VI) e a utilização de medidas de resultados sensíveis aos desfechos terapêuticos como

Variáveis Dependentes (VD) é de fácil compreensão nas ciências médicas, visto que grande

parte das VI utilizadas referem-se a fármacos ou procedimentos cirúrgicos, bem como as VD

se caracterizam, em sua maioria, por modificações biológicas. Na Psicologia, por sua vez, as

VD ainda não possuem medidas amplamente utilizadas, exceto as de auto relato, e as VI são de

difícil padronização e extremamente diferenciadas a depender da abordagem teórica. A

utilização de ECR com fraca padronização de VI e medidas de resultado pouco desenvolvidas

podem implicar em resultados de pouca generalização e transportabilidade para um ambiente

de pouco controle, como o setting clínico.

A discussão destes fatores é indispensável para o aprimoramento de métodos científicos

específicos da área, que produzam e desenvolvam evidências empíricas que possam embasar a

prática da psicologia, sobretudo em território nacional, dada a escassez de literatura. Tal fato é

um dos principais motivadores da realização do presente projeto, visto a real necessidade da

inserção de produções brasileiras no acalorado debate internacional.

Embora a literatura internacional da psicologia apresente um acalorado e extenso debate nas

últimas duas décadas, a temática da PBEP pouco foi discutida no cenário da psicologia brasileira.

Salvo raras exceções, em língua portuguesa o tema vem sendo abordado paralelamente em teses e

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dissertações, além do único livro específico organizado por Melnik e Atallah (2011), o que torna

evidente a necessidade de produções que dialoguem com a literatura internacional.

Dentre as principais necessidades, estudos de aplicação com alto rigor experimental,

sobretudo com algumas populações, parecem ser indispensáveis para o desenvolvimento de

uma prática científica. Pesquisas que visem distinguir fatores comuns e específicos como

mecanismos de mudança; que dirijam seu foco para a implementação da generalização e

transportabilidade das intervenções que se mostraram eficazes em ambientes controlados; que

avaliem as características e as ações do psicólogo e do relacionamento terapêutico que

contribuem para resultados positivos; ou mesmo que se proponham a discutir e desenvolver

procedimentos terapêuticos para populações menos exploradas, como crianças e jovens em

diferentes estágios de desenvolvimento ou com idosos, parecem ser fundamentais, visto a

carência de produções nesta área.

- Prática Baseada em Evidências em Psicologia e Idosos

Em revisão recente, Monteleone e Witter (2014), analisaram os estudos que

correlacionam o conceito de PBEP com a população idosa, na base de dados da PsycINFO.

Apesar da escassez de produções (72 estudos), dentre os principais resultados destaca-se a

ascensão de estudos nos últimos três anos, sendo que as entidades promotoras, bem como os

periódicos de publicação das pesquisas concentram-se, em sua maioria, nos Estados Unidos da

América. Com relação ao tipo de pesquisa, 62% das produções eram descritivas e 38% dos

estudos eram experimentais. Vale ressaltar que grande parte dos estudos experimentais

comparava modalidades de psicoterapias com fármacos, em intervenções em demências e

outras doenças comuns à população idosa. Além disso, nos estudos descritivos, uma seção

especial publicada em 2007 pelo periódico Psychology and Aging, mostrou-se de relevância

singular para o presente projeto.

Psychology and Aging é um periódico da APA, indexado na PsycINFO, que publica

artigos originais sobre o desenvolvimento de adultos e envelhecimento. Tais produções incluem

relatos de pesquisas que podem ser dos seguintes tipos: aplicadas, bio-comportamentais,

clínicos, educacionais, experimentais, metodológicos ou psicossociais. A página oficial do

periódico pode ser acessada em http://www.apa.org/pubs/journals/pag/index.aspx.

A partir da publicação das políticas de compromisso de prática com base em evidências

de pesquisas pela APA, alguns estudos foram desenvolvidos com intuito de reunir e estabelecer

as melhores informações científicas sobre determinado tema. Especificamente com a população

idosa, o periódico Psychology and Aging propôs, em 2007, uma seção especial que reuniu

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quatro revisões sistemáticas que, somadas a um estudo anterior, visavam situar os tratamentos

mais efetivos para cinco queixas clínicas: depressão, insônia, ansiedade, sobrecarga no cuidador

e distúrbios comportamentais na demência (Scogin, 2007).

Por meio de um manual de codificação desenvolvido por Weisz e Hawley (2001), as

revisões foram desenvolvidas por equipes de peritos em cada queixa clínica. O processo foi

desenvolvido em cinco fases para cada revisão, sendo que todo o desenvolvimento dos estudos

foi monitorado e supervisionado pelas autoridades da Sociedade de Psicologia Clínica da APA

(Yon & Scogin, 2007).

Na primeira fase, o presidente da comissão, Forrest Scogin, que já havia realizado uma

revisão sistemática sobre depressão (Scogin, Galês, Hanson, Toco, & Coates, 2005), contatou

os especialistas em cada área para revisar os estudos de intervenção sobre: transtornos de

ansiedade, distúrbios comportamentais na demência, angústia no cuidador e distúrbios do sono.

Estes profissionais reuniram equipes de revisores e treinaram os membros para se

familiarizarem com o manual de codificação e com o processo de revisão (Yon & Scogin,

2007).

A segunda fase consistiu em uma revisão da literatura para identificar artigos

possivelmente relevantes. Tais estudos deveriam ter passado por um processo de revisão por

pares, sendo que cada equipe revisou toda a literatura em sua área publicada até dezembro de

2005. Para identificar potenciais estudos, os revisores de cada equipe usaram como bases para

a busca os eletrônicos: PsycINFO, Academic Search Elite, PubMed, Medline e Cochrane

Collaboration.

A equipe de revisão sobre ansiedade geriátrica identificou 77 estudos (Ayers, Sorrell,

Thorp & Wetherell, 2007). Cinquenta e sete pesquisas foram identificados pela equipe de

revisão de distúrbios comportamentais em literatura de demência (Logsdon, McCurry & Teri,

2007). A equipe de revisão de sobrecarga do cuidador considerou mais de 350 artigos

(Gallagher-Thompson & Coon, 2007). A revisão da literatura sobre insônia identificou mais de

100 estudos (McCurry, Logsdon, Teri, & Vitiello, 2007).

No terceiro passo, após a literatura ser identificada, os revisores classificaram cada

artigo com base nos critérios delineados no manual de codificação. Vários requisitos

fundamentais foram exigidos para incluir as pesquisas nos critérios para seleção: tanto entre os

grupos (com atribuição aleatória) e dentro do grupo, os estudos eram aceitáveis com um mínimo

de 30 participantes, na faixa etária apropriada (com idades de 60 anos ou mais, com exceção da

revisão sobre cuidadores); pelo menos dois estudos deveriam ter recebido o tratamento em

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questão; o tratamento deveria também, ter sido aplicado a indivíduos com o mesmo problema-

alvo e descrito minuciosamente em manuais de aplicação.

Para ser classificado como uma contribuição para uma prática com base em evidências,

os resultados deveriam indicar que o tratamento era melhor do que uma condição de controle

ou comparável com um tratamento baseado em evidências já estabelecido. O manual de

codificação estipula que um tratamento é considerado melhor do que uma condição de controle

quando pelo menos 50% das medidas de resultados que avaliam o problema alvo exibirem

significância aceitável na área (α < 0,05), entre os efeitos do tratamento em grupo.

Após a realização dos critérios de exclusão, a equipe de revisão da literatura sobre

ansiedade descartou 60 estudos; 49 pesquisas foram excluídas da análise dos distúrbios de

comportamento na literatura de demência; a equipe de revisão que estudou a sobrecarga do

cuidador eliminou 299 estudos; 89 pesquisas foram eliminadas pela equipe de revisão da

literatura sobre insônia geriátrica. Com as exclusões dos artigos que não preencheram os

critérios necessários, a amostra que compôs cada revisão pode ser observada na Tabela 1.

TABELA 1

Processo de identificação de estudos analisados por Yon e Scogin (2007)

Revisão e Equipe Estudos

Identificados

Estudos

Eliminados

Estudos

Analisados

Ansiedade (Ayers, et al., 2007) 77 60 17

Distúrbios Comportamentais na Demência (Logsdon et al.,

2007) 57 43 14

Sobrecarga no cuidador (Gallagher-Thompson & Coon, 2007) 359 299 60

Insônia (McCurry et al., 2007) 109 89 20

Na quarta fase, as decisões de codificação feitas pelos revisores independentes foram

comparadas. Quando ocorriam discrepâncias, os dados foram discutidos pela equipe de revisão,

produzindo decisões finais por meio de um consenso da maioria (Yon & Scogin, 2007). A

quinta e última fase do processo de revisão consistiu na divulgação dos resultados entre as

equipes para que, a partir de uma análise coletiva, todas as dúvidas fossem sanadas, a fim de

que as últimas decisões pudessem ser tomadas. Uma vez analisada por outros membros, cada

equipe de revisão realizou os ajustes necessários para que, na sequência, os manuscritos fossem

preparados e submetidos ao processo de revisão por pares da revista, antes da publicação.

Seguindo pela seção especial do periódico, a primeira revisão refere-se ao estudo de

Ayers et al. (2007), cujo foco fora tratamentos psicológicos para Transtorno de Ansiedade

Generalizada (TAG) ou variações da ansiedade associada a outros diagnósticos. Os estudos

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foram inclusos conforme estabelecido para a seção especial, sendo que, particularmente para

esta revisão, as pesquisas deveriam ser randomizadas e controladas, em que uma intervenção

fosse comparada com uma lista de espera, um tratamento usual, uma intervenção alternativa ou

uma condição de placebo, além de ter pelo menos uma medida de resultado objetiva.

Como resultados, a revisão classificou, por meio dos 17 estudos analisados, quatro

tratamentos baseados em evidência, sendo eles: terapia cognitivo-comportamental (nove

estudos); treinamento de relaxamento (quatro estudos); terapia cognitiva (um estudo); e terapia

de suporte (três estudos).

Na revisão de McCurry et al. (2007), cujo objetivo fora identificar tratamentos baseados em

evidências para insônia em idosos, foram identificadas duas modalidades de intervenção, por meio da

análise de 20 estudos. A primeira refere-se à terapia de restrição de sono e a segunda à Terapia cognitivo-

comportamental com multicomponentes.

O terceiro estudo da sessão especial focou na identificação de tratamentos baseados em

evidência para distúrbios comportamentais na demência. Para isso, foram utilizadas 14

pesquisas, em que duas intervenções atenderam aos critérios: “Redução Progressiva do Limiar

de Estresse” e “Terapia para Resolução de Problemas” (Logsdon, MC’Curry & Teri, 2007).

Com relação à revisão de Gallagher-Thompson e Coon (2007), os resultados sugeriram que

três métodos de intervenção atenderam aos critérios de tratamentos baseados em evidência para

sobrecarga no cuidador. A partir da análise de 60 estudos, pôde-se verificar a efetividade de

Psicoeducação para Construção de Habilidades; Aconselhamento Psicoterápico; e Intervenção com

Multicomponentes.

Pôde-se perceber uma uniformidade no método de revisão de todos os estudos, bem

como uma padronização quanto à forma de apresentação e discussão dos resultados na sessão

especial. Os procedimentos utilizados para o desenvolvimento das pesquisas consistiram em

um refinamento dos métodos empregados por Scogin et al. (2005), em uma revisão acerca da

efetividade de tratamentos psicológicos para depressão, por meio de 35 estudos analisados.

Apesar de não fazer parte diretamente da seção especial aqui discutida, os dados apresentam

relevância ímpar, visto a prevalência deste transtorno na população idosa.

Os principais resultados sugerem que Terapias Comportamentais e Terapias Cognitivo-

Comportamentais apresentaram melhora significativa, além dos ganhos serem mantidos por

maior período do que terapias psicodinâmicas breves. Somadas a essas terapêuticas, foi

observada efetividade em processo com terapias por insight; terapia de resolução de problemas;

terapia cognitiva e biblioterapia cognitiva (Scogin, et al. 2005).

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35

Ao se analisar criticamente todas as revisões apresentadas, algumas considerações se

fazem necessárias para o presente estudo. A primeira refere-se aos critérios de seleção da

amostra, já que houve um grande descarte em todos os estudos, visto que mais de 50% das

produções foram excluídas por não se adequarem aos critérios de seleção. A inclusão de estudos

cujas amostras foram constituídas apenas de grupos com o mínimo de 30 participantes teve

influência significativa no número de pesquisas analisadas, atendendo a critérios provenientes

das revisões médicas, além de não considerar especificidades de áreas da psicologia que

delineiam suas experimentações por meio de estudos com casos-único.

Outra consideração se refere à utilização de manuais para a padronização das

intervenções. Não são todas as áreas da psicologia que utilizam protocolos padronizados para

atendimento clínico, visto a pluralidade de conceitos teóricos que inviabilizam a utilização de

procedimentos uniformizados, sem a adequação para cada cliente. Ainda sobre os manuais, os

estudos de revisão pouco apresentam dados sobre o processo terapêutico, limitando-se na

maioria dos casos, à referência do protocolo.

Em última análise, observou-se que, apesar dos artigos introdutórios da seção especial

descreverem brevemente o processo de codificação, as revisões não discutiram as estatísticas

utilizadas neste processo, além de pouco apresentaram os valores que indicam evidência

favorável para as terapêuticas analisadas. Outro fator observado foi o fato da não utilização de

meta-análises como forma de avaliação do nível de evidência de cada estudo.

A inserção de estudos com sujeito-único, o desenvolvimento de medidas de resultado

específicas para a psicologia, e o desenvolvimento de estudos do processo dos tratamentos

podem ser alternativas para a ampliação e solidificação do conhecimento produzido pelas

revisões apresentadas. A utilização de pesquisas com delineamento experimental de caso-único

pode sugerir as diferenciações no processo de mudança para cada sujeito e para cada

procedimento terapêutico; o desenvolvimento de medidas específicas para a área tende a

padronizar a análise dos resultados e, somadas aos instrumentos clássicos, podem ampliar o

diálogo com as outras ciências; juntamente com a análise sobre o processo terapêutico pode

sugerir possíveis VI para estudos de aplicação, posteriores. Aliada às tais premissas, a aplicação

de métodos estatísticos de alta qualidade pode ser cabível para a obtenção dos tratamentos com

melhores resultados a partir de sua experimentação em pesquisa.

- Possíveis Variáveis para a ampliação das Revisões Sistemáticas

Estudos com sujeito-único têm sido utilizados e defendidos por diversos pesquisadores.

A principal especificidade deste desenho experimental refere-se ao participante sendo seu

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36

próprio controle, em momentos diferenciados no estudo. Deste modo, as medidas são feitas de

forma sistemática ao longo de todo o processo e não apenas em momentos pré e pós intervenção,

como tradicionalmente são feitas. (Ferster & Skinner, 1957; Hersen & Barlow, 1972; Kazdin,

1981; Oshiro, 2011, 2012; Sidman, 1960).

Neste contexto, diversas variações são utilizadas para delinear as condições dos

experimentos com caso-único (e.g. Delineamento de Reversão; Delineamento de linha de Base

Múltipla; Delineamento de Mudança de Critério; Delineamento de Sonda; Delineamento de

Retirada; etc). Os delineamentos de caso-único têm como principal característica, analisar os

participantes individualmente, tanto nas decisões relativas ao desenho experimental, quanto na

avaliação dos dados. Diferentemente dos estudos com grupos, um mesmo participante é

submetido a todas as condições do experimento e as observações e medidas são realizadas de

forma contínua no decorrer do processo (Sampaio, 2008).

Em publicação clássica sobre o tema, Kazdin (1981), discutiu a possibilidade de

concepção e condução de estudos com sujeito-único, de forma a maximizar a probabilidade de

obtenção de conclusões válidas. Para este autor, para que a validade interna dos resultados não

seja ameaçada, os estudos de sujeito-único devem conter avaliação contínua em medidas

objetivas; a queixa-alvo deve apresentar estabilidade nas medidas antes da condição

experimental; e os efeitos da intervenção devem ser imediatos e significativos. Além destes

critérios, o experimento deve ser realizado nas mesmas condições em múltiplos casos,

apresentando efeitos semelhantes.

Em consonância com Kazdin, a APA (s/d), apresenta diretrizes para os estudos de

sujeito único, para que os resultados possam ser considerados como baseados em evidência.

Para a instituição, o estudo deve conter o mínimo de duas medidas de resultados padronizadas,

bem como uma medida do processo avaliada em três condições do estudo e os resultados devem

ser apresentados utilizando-se diferença média padronizada e significância clínica, em ao

menos três participantes diferentes.

Por meio deste desenho experimental, investigações sobre aspectos de uma modalidade

de psicoterapia que resultem em mudança podem ser realizadas, de modo a observar parcelas

do resultado global e elucidar aspectos da relação terapêutica que propiciaram a mudança

observada. Neste sentido, a variação intra-sujeito presente nos estudos de sujeito único é

fundamental para pesquisas em psicoterapia (Oshiro, 2011).

Outra possível contribuição para as revisões já discutidas é a utilização de técnicas

estatísticas para a combinação dos diferentes resultados encontrados. A utilização de meta-

análises integra e refina os efeitos de diversas intervenções, de modo a sugerirem quais

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37

procedimentos produziram maior significância estatística. Na psicologia, as revisões

Sistemáticas que utilizam meta-análises são pouco frequentes, sendo que grande parte dos

estudos existentes foram conduzidos por equipes da Colaboração Cochrane (Cochrane

Colaboration: http://www.cochrane.org), instituição esta que é mundialmente conhecida por

produzir RS, com ou sem meta-análises, nas mais diversas modalidades de intervenção em

saúde (Atallah & Puga, 2011; Melnik & Atallah, 2011).

A inserção de métodos quantitativos que combinem e analisem os resultados das

intervenções com idosos pode sugerir possíveis intervenções que se destaquem do quórum

analisado, pode possibilitar a identificação de VI primordiais para estudos de aplicação

subsequentes, com alto rigor metodológico. Além dos ganhos acadêmicos, tal processo pode

embasar intervenções clínicas em ambiente profissional, visto o aumento da demanda desta

população para os serviços de psicoterapia.

Com o exposto, o presente estudo se propôs a desenvolver uma Revisão Sistemática da

literatura acerca de intervenções psicoterápicas com idosos, baseando-se no modelo de revisão

realizado nos estudos discutidos, somando ao método as variáveis que podem contribuir com o

conhecimento produzido, conforme apresentado. Tal revisão foi realizada, em sua maioria, com

estudos subsequentes aos já revisados pela Psychology and Aging, de acordo com os seguintes

objetivos:

Objetivo Geral

Analisar os estudos de intervenções psicoterápicas em idosos, publicados no período

entre janeiro de 2004 e junho de 2015.

Objetivos Específicos

Verificar a distribuição de publicações no decorrer dos anos;

Analisar o delineamento experimental utilizado nos estudos;

Levantar as instituições envolvidas nas publicações;

Constatar os países de realização das pesquisas;

Analisar a amostra das pesquisas;

Verificar as condições experimentais das intervenções;

Analisar as intervenções realizadas;

Verificar a duração da intervenção;

Verificar as medidas de resultado utilizadas nos estudos; e

Analisar as conclusões das pesquisas.

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38

Método

- Materiais

Foram utilizados como fontes de informação para a presente revisão estudos de

intervenções psicoterápicas em idosos, publicados no período entre janeiro de 2004 e junho de

2015, em periódicos indexados pelas bases de dados PsycINFO, PubMed e Biblioteca Virtual

em Saúde (BVS).

A PsycINFO (www.psycnet.apa.org) é uma base de dados da APA, composta pela

indexação expansiva de mais de 3 milhões de pesquisas publicadas após avaliação por pares.

A literatura está relacionada às ciências do comportamento e saúde mental, tornando a base

uma ferramenta para pesquisa acadêmica em uma série de disciplinas.

A PubMed (www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) é um banco de dados desenvolvido pelo

National Center for Biotechnology Information (NCBI) e mantido pela National Library of

Medicine. O banco de dados compreende mais de 24 milhões de estudos da literatura biomédica.

A BVS (www.bireme.br/) é uma plataforma de indexação do Centro Latino-Americano

e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, também conhecido pelo seu nome original

Biblioteca Regional de Medicina (BIREME). A base indexa os estudos de diversas banco de

dados nacionais e internacionais, considerada como referência na comunidade científica latino-

americana.

Critérios de inclusão dos estudos

- Tipos de estudos

Estudos elegíveis para inclusão foram: Ensaios Clínicos Controlados e Randomizados;

Ensaios Clínicos Controlados Quase-randomizado (onde a alocação foi realizada por algum

outro método não-aleatório de seleção); Estudos de Grupo-Controle e Estudos de Caso-único.

- Tipos de intervenções

Os estudos deveriam utilizar como intervenção experimental alguma modalidade de

terapia psicológica, com qualquer duração, ou utilizar técnicas de intervenções psicológicas

comuns à variadas modalidades de terapia (i.e. dessensibilização sistemática; técnicas de

relaxamento; etc). As modalidades terapêuticas poderiam ser combinadas entre si ou com

tratamentos farmacológicos, desde que o foco do estudo fosse a intervenção psicológica.

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39

- Participantes

A pesquisa deveria ter sido realizada com participantes que tinham 60 anos completos

ou mais - quando o desenho do estudo se estabelecesse em caso-único - ou com média de idades

de 60 anos ou mais - quando o estudo apresentasse grupos ou comparações de grupos como

amostra.

- Comparações

Os estudos deveriam apresentar condições de comparação com ausência de intervenção,

lista de espera ou tratamento usual. Ambas as possibilidades poderiam ser utilizadas entre os

grupos comparados ou em momentos diferentes no processo terapêutico, quando nos estudos

de caso-único.

- Tipos de Medidas de Resultados

Os estudos deveriam utilizar ao menos um instrumento de medida de resultado objetiva,

padronizada ou não, cuja avaliação fosse direcionada às alterações nas classes

comportamentais-alvo da intervenção. Os estudos poderiam, também, utilizar instrumentos de

medida de resultados cuja avaliação contemplasse outros aspectos da vida do paciente (i.e.

qualidade de vida, bem-estar, etc) ou aspectos da relação terapêutica.

Critérios de exclusão dos estudos

Foram excluídos os estudos que apresentaram comparações de psicoterapia como

controle para a utilização de fármacos ou qualquer outra modalidade de intervenção; estudos

que não descreveram claramente a queixa anterior ao processo terapêutico; que não

apresentaram, ao menos, duas medidas do resultado do mesmo instrumento, anterior e posterior

à intervenção; que não apresentaram os escores das medidas de resultado e estudos cujos textos

completos não foram acessíveis por meio das bases de dados ou mesmo por comunicação

eletrônica com os autores.

Também foram utilizados como materiais um Roteiro para Inclusão dos Estudos (Anexo

1) e uma Ficha de Extração dos Dados (Anexo 2), contendo um roteiro para a coleta das

informações necessárias de cada estudo. Os dados foram tabulados e sintetizados em uma

planilha eletrônica no Software Microsoft Office Excel 2015.

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40

- Procedimentos

- Estratégia de Busca

A estratégia de busca dos potenciais estudos variou de acordo com o sistema de pesquisa

de cada base de dados. Contudo, em ambas as buscas foram utilizadas duas listas de descritores

a partir dos termos “Psicoterapia” (Psicoterapia; Tratamento Psicológico; Intervenção

Psicológica e Saúde Mental), e “Idosos” (Idosos; Envelhecimento; Velhos e Terceira Idade),

nos idiomas inglês (PsicINFO e Pubmed) e português (BVS). Os descritores deveriam aparecer

combinados ou não no título, no resumo ou nas palavras-chave dos estudos.

- Seleção dos Estudos

Após a busca dos potencias estudos nas bases de dados, os resumos de todos os artigos

foram lidos por dois avaliadores de forma independente, que deram seu parecer sobre a inclusão

ou não da pesquisa na revisão, de acordo com os critérios supracitados. Divergências deveriam

ser julgadas por um terceiro avaliador independente.

Nos casos em que o resumo não apresentou dados suficientes para a emissão do parecer,

os estudos foram avaliados por meio da leitura de seus textos completos. Para evitar a

duplicação de dados, quando foram encontradas publicações diferentes, mas realizadas pelos

mesmos autores ou grupos de pesquisa, sem a declaração explícita de que as amostras eram

distintas, optou-se por considerar apenas os dados do estudo mais recente ou com informações

mais completas.

-Tabulação e Organização dos Dados

Após a definição dos estudos a serem utilizados, dois avaliadores independentes

realizaram a leitura do texto completo de cada artigo e preencheram uma planilha eletrônica

estruturada, de acordo com as informações contidas na Ficha de extração dos dados. Casos de

divergência deveriam ser julgadas por um terceiro avaliador independente.

Após a planilha ser totalmente preenchida, os dados foram divididos de acordo com a

queixa dos participantes e das modalidades de intervenção para a montagem das figuras e

tabelas de apresentação, sendo que os dados serão apresentados em duas sessões diferenciadas.

A primeira será relativa aos objetivos iniciais do presente projeto (distribuição de publicações

no decorrer dos anos; instituições envolvidas; países de realização dos estudos e o delineamento

dos estudos), como forma de mapeamento da área. Para tal, as análises foram quantitativas, por

meio de estatística descritiva oportuna aos dados coletados.

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A segunda sessão de resultados consistirá na apresentação da avaliação da efetividade

das intervenções psicológicas. Nesta sessão, serão apresentados os dados relativos aos demais

objetivos do presente estudo, de forma individualizada para cada artigo analisado.

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42

Resultados e Discussão

A busca nas bases de dados resultou, inicialmente, no total de 527 registros de potenciais

estudos e, com a remoção das duplicatas, permaneceram 475 referências que tinham

possibilidade de serem selecionadas. Após o filtro pelos critérios de inclusão e a leitura das

versões completas dos artigos das pesquisas, 25 estudos foram incluídos para a presente

pesquisa, conforme sintetiza a Figura 3.

Período de tempo: 2004-junho/2015 (Fechamento do Banco de dados: 1 de julho de 2015).

120 registros identificados na PsycInfo.

Chave de busca: Index Terms: {Elderly} OR {Aging} OR {Older Adults} OR {Third Age} AND Index

Terms: {Psychotherapy} OR {Psychological Treatment} OR {Psychological Intervention}.

329 registros identificados na Pubmed

Chave de busca: (((((Elderly[Title/Abstract] OR Aging[Title/Abstract]) OR Older

Adults[Title/Abstract]) OR Third Age[Title/Abstract]))) AND (((Psychotherapy[Title/Abstract])

OR Psychological Treatment[Title/Abstract]) OR Psychological Intervention[Title/Abstract]).

78 Registros identificados na BVS

Chave de busca: (tw:(psicoterapia)) OR (tw:(tratamento psicológico)) OR (tw:(intervenção

psicológica)) OR (tw:(saúde mental)) AND (tw:(idosos)) OR (tw:(envelhecimento)) OR

(tw:(velhos)) OR (tw:(terceira idade)).

Total = 527 registros.

397 eliminados; Motivos: estudos

descritivos, revisões sistemáticas,

estudos teóricos, temática,

controle experimental,

intervenções farmacológicas.

78 estudos completos analisados 53 eliminados; Motivos: Controle

experimental, Ausência de

medidas de resultado,

intervenções não psicoterápicas,

conclusões subjetivas, ausência

das versões completas dos artigos.

25 estudos incluídos

475 registros após remoção das duplicadas

Figura 3. Fluxo de estudos por meio da revisão sistemática.

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De forma semelhante às revisões sistemáticas sobre intervenções psicoterápicas com

idosos do periódico Psychology and Aging, grande parte dos estudos encontrados nas buscas

pelas bases de dados foram excluídos. Um dos principais fatores que produziram essas

exclusões foi o fato de que cerca de 60% dos registros encontrados referiam-se a pesquisas

teóricas ou descritivas. Além disso, muito dos relatos de pesquisas que realizavam intervenções

psicoterápicas não apresentavam medidas de resultado objetivas ou expunham conclusões

subjetivas sobre os desfechos das intervenções, o que inviabilizaria análises precisas sobre os

resultados de tais processos.

Por outro lado, a eliminação de 498 referências na presente revisão, demonstra um

aumento considerável na produção científica acerca de psicoterapia com idosos na última

década. Se comparados o número de pesquisas encontradas no presente estudo com os

resultados das revisões da Psychology and Aging, pode-se perceber a superioridade numérica

da presente revisão com relação à todas as outras, visto que o estudo que obteve o maior número

de pesquisas encontradas a partir de sua busca foi o de Gallagher-Thompson e Coon (2007),

cujo levantamento resultou em 359 estudos sobre intervenções psicológicas para sobrecarga no

cuidador de idosos. Vale salientar que nas revisões da Psychology and Aging não havia

limitadores temporais, sendo os produtos das buscas os reflexos da história completa do estado

da arte sobre cada temática.

O aumento de estudos acerca de intervenções psicológicas para idosos acontece de

forma integrada à ampliação científica que vem ocorrendo sobre essa população nas últimas

décadas, sobretudo nas áreas de saúde. A elevação da expectativa de vida somada à maior

incidência de doenças crônicas não transmissíveis resultam em um maior consumo de serviços

de saúde pelos idosos, o que tem modificado consideravelmente a prática dos profissionais

envolvidos e a produção do conhecimento e das tecnologias de intervenção específicas para

essa população (Nasri, 2008).

Embora haja um aumento no número de produções acerca de psicoterapia para idosos

na última década, conforme citado anteriormente, com relação às pesquisas que atendiam todos

os critérios pré-estabelecidos para serem incluídas na presente revisão, observa-se um número

limitado de estudos indexados em três das principais bases de dados mundiais de saúde. Além

da pequena quantidade de pesquisas em psicoterapia com idosos que apresentaram alta

qualidade metodológica, não houve variação do número de publicações após a publicação das

diretrizes sobre as Práticas Baseadas em Evidências em Psicologia, em 2006, conforme

demonstra a Figura 4.

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A Figura 4 apresenta a distribuição das publicações no decorrer dos anos e, também, o

número acumulado de estudos na última década. Pode-se perceber que, mesmo com a

publicação das diretrizes sobre as Práticas Baseadas em Evidências em Psicologia, não houve

um aumento no número de publicações deste tipo de pesquisa nos anos subsequentes.

Um fator que pode ter influenciado nessa baixa frequência de publicações é a

complexidade metodológica envolvida em uma pesquisa em psicoterapia. Desde Eysenck

(1952), as definições sobre os melhores métodos de pesquisa em psicologia clínica vêm sendo

amplamente debatidas, sendo que as discussões transitam sobre quais são as melhores variáveis

dependentes e independentes para os estudos, o período necessário para a obtenção de

resultados cofiáveis e as melhores formas de delinear as pesquisas clínicas (Barkham et al.

2008; Krause & Lutz, 2009; Norcross, 2011; Shean, 2014; Strupp, 1963; Stiles, 2013; Stiles,

Honos-Webb, & Surko, 1998). Tais indefinições dificultam o processo de pesquisa em

psicoterapia, tornando-as mais raras e heterogêneas e, somados estes fatores aos critérios de

inclusão e exclusão estabelecidos na presente revisão, resultou em uma amostra com um

número reduzido de estudos.

A predileção por ensaios clínicos randomizados por parte de grandes agencias de

pesquisa como padrão-ouro para a produção de evidências de eficácia de intervenções em saúde

é outro fator que pode limitar o desenvolvimento de estudos clínicos em psicologia, devido a

sua complexidade e alto custo. Tendo isso em vista, para a presente revisão optou-se por

selecionar, também, estudos de grupo-controle que não tinham randomizações para alocação

dos participantes e intervenções com controle experimental inferiores ao utilizado comumente

1 0

3 2 2 2 34

3 3

11

2 2

57

911

14

18

21

24 25

0

5

10

15

20

25

30

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Pu

blic

açõ

es

Anos

Frequência Frequência Acumulada

PBEP

Figura 4. Distribuição da frequência e frequência acumulada dos artigos analisados, por ano de publicação.

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45

em ensaios clínicos randomizados, mas que poderiam indicar dados preciosos para a prática

psicoterápica com a população idosa. De forma semelhante, optou-se também por incluir

estudos com delineamento de caso-único, visto que nestas investigações pode-se observar

parcelas do resultado global e elucidar aspectos da relação terapêutica que propiciaram a

mudança observada.

Apesar de dificultar a comparação dos resultados devido à heterogeneidade dos estudos,

a utilização de variados arranjos experimentais na presente revisão ampliou a quantidade de

produções analisadas, além de proporcionar possibilidades de interpretações diferenciadas dos

resultados das intervenções psicoterápicas. A distribuição quantitativa dos arranjos

experimentais pode ser observada na Figura 5.

Na Figura 5 é possível observar que grande parte da amostra foi composta por estudos

de grupo-controle, seguidos pelos ECR e pelos estudos de caso-único. Estes dados demonstram

que, apesar dos ECR serem considerados padrão-ouro para estudos de eficácia de tratamentos,

existem uma série de outros pesquisadores delineando investigações de outras formas, em busca

de resultados de intervenções psicoterápicas.

De fato, a utilização de ECR para a avaliação da eficácia da psicoterapia tem um bom

funcionamento para modalidades psicoterapêuticas que podem ser padronizadas em manuais e

aplicadas, essencialmente, da mesma maneira em todos os pacientes que compartilham um

determinado diagnóstico e os critérios de resultados podem ser aplicáveis em todos os

participantes do estudo. Entretanto, as condições para delinear ECR podem limitar a gama de

motivações que levam a população a buscar por serviços psicoterápicos, apenas às queixas

12

8

5

0

2

4

6

8

10

12

14

Estudos de Grupo-Controle Ensaios Clínicos Randomizados Estudos de Caso-único

Fre

qu

ênci

a

Figura 5. Distribuição dos artigos analisados, conforme o delineamento experimental utilizado.

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sintomatológicas padronizadas em manuais estatísticos, não incluindo modalidades terapêuticas

que realizam estudos com outros arranjos experimentais (Barlow & Carl, 2013; Kim, Wampold

& Bolt, 2006; Shean, 2014).

Os rigorosos critérios de alocação dos participantes e o rígido controle das variáveis

dependentes e independentes são características fundamentais dos ECR. Tais fatores,

entretanto, produzem uma maior validade interna em detrimento da validade externa, podendo,

por vezes, tornar os ECR ambientes artificiais para a pesquisa em psicoterapia. Os estudos com

grupo-controle, por sua vez, não possuem as características destacadas nos ECR, o que pode os

aproximar da prática clínica em contexto natural.

Como forma alternativa para pesquisas em psicoterapia, os delineamentos

experimentais de caso-único apresentam uma proposta de investigação diferenciada, que

possibilita a manipulação de variáveis e a mensuração de seus efeitos, tendo como comparação

o mesmo participante em momentos distintos do estudo. Com este desenho experimental,

investigações sobre aspectos específicos de uma modalidade de psicoterapia que resultem em

mudança podem ser realizadas, de modo a observar parcelas do resultado global e elucidar quais

aspectos da relação terapêutica que propiciaram a mudança. (Kratochwill et al., 2013; Oshiro,

2011, Smith; 2012).

Mesmo impossibilitando comparações entre os estudos, a inclusão de arranjos

experimentais entre-grupos e de caso-único na presente revisão, possibilitou uma visão global

sobre a obtenção de resultados em psicoterapia e alguns indicativos dos efeitos de determinadas

intervenções sobre classes de comportamento específicas, por meio da análise do processo

terapêutico. Deste modo, compreende-se no presente estudo que atribuir uma hierarquia de

importância para métodos de pesquisa em psicoterapia pode ser uma escolha que limita a

obtenção de resultados importantes para o desenvolvimento científico da prestação de serviço

em psicoterapia. A predileção por ECR deveria ser utilizada apenas quando a proposta da

investigação fosse avaliar o efeito de determinada intervenção psicoterápica em uma

porcentagem populacional. Por outro lado, para se verificar aspectos específicos de determinada

modalidade psicoterápica, em função do desenvolvimento metodológico da intervenção no

processo terapêutico, os arranjos experimentais intra-sujeitos deveriam ser privilegiados. Em

suma, a escolha pelo delineamento experimental a ser utilizado em psicoterapia deveria atender

aos objetivos do estudo em questão e não em função de critérios que atendam a interesses

outros.

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Figura 6. Distribuição das instituições de afiliação dos autores dos estudos analisados e seus respectivos países.

35

2

2

2

2

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A Figura 6 apresenta a distribuição de instituições as quais os autores dos estudos

analisados eram afiliados, bem como seus países. Pôde-se perceber, inicialmente, uma maior

concentração de instituições localizadas nos Estados Unidos e algumas localizadas em países

da Europa, Ásia e Oceania.

Segundo a Central Intelligence Agency (2014), estima-se que, no ano de 2014,

aproximadamente 616 milhões de pessoas do território mundial tinham idade igual ou superior

a 65 anos. Tal indicativo representa 8,49% da população mundial, apesar de haver grande

variação populacional entre os países.

Com exceção do Irã, cuja população idosa representa 5,28% dos habitantes, em todos

os outros países relacionados aos estudos aqui analisados, a população idosa representa uma

porcentagem acima da distribuição mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de

14,88% da população tem idade acima de 65 anos, assim como a Espanha, com 17,75%, França

18,74%, Reino Unido, com 17,73%, Alemanha, com 21,45%, Holanda, com 17,97, Portugal,

com 18,89% e Austrália, com 15,47% (Central Intelligence Agency, 2014).

Com as modificações demográficas que estão acontecendo em nível mundial e, mais

especificamente, com o envelhecimento populacional que ocorre em diversos países, a

população idosa passou a ter maior foco nas investigações acerca da estrutura de atendimento

em áreas referenciadas, como educação, saúde, habitação, segurança, alimentação, trabalho e

lazer (Pfützenreuter & Alvim, 2015; Silva, Silva, Rodrigues & Miyazawa, 2015; Silva &

Herzog, 2015). Com relação às intervenções psicoterápicas com essa população, a Figura 6

demonstra que as investigações que se propunham a validar empiricamente alguma modalidade

de intervenção foram realizadas em países que já possuem populações com percentual alto de

pessoas mais velhas.

Apesar do interesse por essa parcela da população por parte dos pesquisadores em

psicoterapia ser recente, a busca por estes serviços nesta faixa etária, historicamente, gerou

discussões entre autores, visto que alguns julgavam os idosos como pessoas mais rígidas,

considerando pouco proveitosa a psicoterapia nessa idade e outros acreditavam que a

psicoterapia poderia ter um papel fundamental na vida dos idosos, oportunizando possibilidades

de prazer e criação através da ressignificação do envelhecimento (Ferreira & Falcão, 2006;

Couto, Pratti, Falcão & Koller, 2008; Py & Scharfstein, 2001; Silva & Herzog, 2015). Deste

modo, a análise dos resultados de determinadas modalidades de intervenção psicoterápica pode

maximizar a atuação dos profissionais com essa faixa-etária, além de possibilitar a

generalização de aspectos críticos identificados nas pesquisas controladas para a prática clínica.

Page 49: Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu · PSWQ - Penn State Worry Questionnaire QOLI - Quality of Life Inventory RIDA - Redução da Incapacidade na Doença de Alzheimer RMP -

49

Com relação às 25 pesquisas analisadas, quatro estudos propunham intervenções para

queixas relacionadas à ansiedade em idosos. Destas pesquisas, duas utilizaram como

intervenção a Terapia Cognitivo-Comportamental e os outros dois utilizaram, respectivamente,

a Terapia para Resolução de Problemas e Exposição com Prevenção de Respostas, conforme

apresentados na Tabela 2.

Tabela 2

Distribuição dos estudos de intervenções psicoterápicas para queixas relativas à ansiedade

Autor Queixa Amostra Condições Duração do

tratamento

Medida

de

resultado

Conclusão

Jones et al.

(2012) TOC

n = 1;

média de

idade =

80.

Cond.1 =

Exposição com

prevenção de

respostas

14 sessões

Y-

BOCS;

OCI-R

Redução de 65%

nos escores da Y-

BOCS e de 45%

nos Escores da

OCI-R

Bradford,

et al.

(2011)

TAG

n = 76;

média de

idade =

67,4

C1: TCC (n=45)

C2: Cuidados

Usuais (n=31).

10 sessões PSWQ

TCC apresentou

resultados

superiores aos

cuidados usuais,

com p = 0,007.

Wetherell,

et al.

(2011)

TAG

n = 10;

média de

idade =

68,6

C1 Medicação

(12 semanas);

C2 TCC (16

sessões)

16 sessões HARS;

PSWQ

Redução em ambas

as fases dos escores

nas medidas

(medicação e TCC),

com p<0,05.

Veer-

Tazelaar, et

al. (2009)

Ansiedade

n = 138;

média de

idade =

81,8

C1 = Terapia de

resolução de

problemas

(n=62); C2 =

Tratamento

Comum (n=76)

7 sessões CES-D

Terapia de

Resolução de

problemas

apresentou

resultados

superiores ao

tratamento comum,

com p<0,001.

Nota: Y-BOCS = Yale Brown Obsessive Compulsive Disorder Scale; OCI-R = Obsessive Compulsive Inventory-Revised; TCC

= Terapia Cognitivo-Comportamental; PSWQ = Penn State Worry Questionnaire; HARS = Hamilton Anxiety Rating Scale;

CES-D = Center for Epidemiologic Studies Depression Scale.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) baseia-se na hipótese de vulnerabilidade

cognitiva como um indicativo de transtorno emocional. Segundo este modelo, há sempre um

processamento cognitivo e uma avaliação de eventos internos e externos que podem afetar a

resposta à eventos. Além disso, esta modalidade terapêutica defende que a atividade cognitiva

pode ser monitorada, avaliada e medida, e que a mudança de comportamento pode ser

mensurada por essas avaliações cognitivas (Knapp & Beck, 2008; O’Donohue & Fisher, 2009)

Protocolos típicos de TCC para queixas relativas à ansiedade incluem a educação sobre

os sintomas, automonitorização, treinamento de relaxamento, exposição a eventos,

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50

dessensibilização sistemática, e reestruturação cognitiva (Bradford et al., 2011; Hofmann,

Sawyer, Korte & Smits, 2009; Wetherell et al., 2011).

A Terapia de resolução de problemas é uma modalidade de intervenção clínica, com

base na terapia cognitivo-comportamental, que se concentra na formação de atitudes e

habilidades para a resolução problemas. Indicada para uma gama de queixas, a terapia de

resolução de problemas utiliza exposições cognitivas e reavaliação de crenças para diminuir a

natureza ameaçadora das situações, levando a melhorias significativas nos quadros observados

(Ladouceur, Dugas, Freeston, Gagnon, & Thibodeau, 2000; D'Zurilla & Goldfried, 1971;

D’Zurilla & Nezu, 2010).

A Exposição com prevenção de resposta é um procedimento clínico empiricamente

validado para o tratamento de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (Foa & Wilson, 2001;

Franklin, Abramowitz, Kozak, Levitt & Foa, 2000). Comumente utilizada pelas Terapias

Comportamentais e terapias cognitivos-Comportamentais, a exposição com prevenção de

respostas é uma técnica em que o paciente é exposto ao estímulo eliciador do desconforto

enquanto todas as respostas de fuga ou esquiva são impedidas, até que a resposta emocional

seja atenuada (Franklin et al., 2000; Sampaio & Roncati, 2012).

Pôde-se perceber que, de forma semelhante à revisão sobre tratamentos psicológicos

para ansiedade em pessoas idosas (Ayers et al., 2007), todas as intervenções que apresentaram

resultados significativos para essa queixa têm bases nas terapias cognitivas ou cognitivo-

comportamentais. Outro aspecto semelhante refere-se à disparidade entre as médias de idade

dos participantes nos estudos, variando entre 67,4 a 84 anos.

A notória diferença entre o número de participantes de cada estudo refere-se ao desenho

experimental utilizado em cada intervenção. Nas pesquisas de Jones et al. (2012) e Wetherell

et al. (2011), em que participaram um e 10 voluntários, respectivamente, a estratégia

experimental utilizada foi o delineamento de caso-único. Já nos estudos de Bradford et al.

(2011), Thorp et al. (2009) e Veer-Tazelaar et al. (2009), em que participaram 76, 31 e 138

voluntários, respectivamente, houveram comparações entre grupos com condições

experimentais distintas.

Com relação a duração do tratamento, não houve concordância entre o número de

sessões necessárias para a aplicação das intervenções, visto que elas oscilaram entre 7 e 14

encontros. Esta falta de concordância aconteceu, também, nas medidas de resultado utilizadas,

já que apenas a Hamilton Anxiety Rating Scale (Hamilton, 1959) e o Penn State Worry

Questionnaire (Meyer, Miller, Metzger, & Borkovec, 1990) foram utilizadas em mais de um

estudo.

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51

Sobre as conclusões dos estudos, pôde-se perceber que, em todos as pesquisas,

ocorreram reduções nos escores das medidas de resultados utilizadas e essas reduções referiam-

se a melhoras nos quadros das queixas apresentadas pelos participantes. Vale salientar que, com

exceção do estudo de Jones et al. (2012), nas demais pesquisas houveram análises estatísticas

inferenciais para sintetizar e avaliar o efeito das intervenções entre suas condições

experimentais e todas atestaram diferenças estatisticamente significantes favoráveis às

intervenções psicológicas utilizadas.

Além dos estudos que propunham intervenção para ansiedade, 13 pesquisas utilizaram

intervenções para queixas relacionadas à depressão. Nestes estudos as intervenções utilizadas

foram: Terapia Cognitivo-Comportamental, Terapia Cognitiva, Terapia para Resolução de

Problemas (já descritas anteriormente), Terapia Comportamental Dialética, Terapia de

Reminiscência, Terapia de Aceitação e Compromisso, conforme apresentados na Tabela 3.

Tabela 3

Distribuição dos estudos de intervenções psicoterápicas para queixas relativas à depressão

Autor Queixa Amostra Condições Duração do

tratamento

Medida de

resultado Conclusão

Gonzalez,

et al.

(2015)

Depressão

n=42;

Média de

idade

=80,29

C1 Terapia de

Reminiscência

(n=23); C2

Lista de espera

(n=19)

10 sessões RSES;

CES-D.

Tratamento foi

eficaz na redução

da sintomatologia

depressiva, com p

= 0,015.

Choi, et al.

(2014) Depressão

n=158;

Média de

idade

=64,80

C1: Terapia de

Resolução de

Problemas

(n=63); C2

Tele-Terapia de

Resolução de

Problemas

(n=56); C3:

Cuidados

comuns (n=39)

6 Sessões HRSD;

WHODAS

Tratamentos

foram eficazes na

redução da

sintomatologia

depressiva.

Karlin et

al. (2013) Depressão n = 746;

C1: ACT para

Idosos

[>65(n=76)];

C2: ACT para

“Jovens”

[<65(n=655)].

14 sessões

BDI;

WHOQOL-

BREF;

WAIS-R

Tratamento eficaz

e equivalente para

os dois grupos.

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52

Tabela 3

(Continuação)

Autor Queixa Amostra Condições Duração do

tratamento

Medida de

resultado Conclusão

Choi, et al.

(2013) Depressão

n=34,

Média

de idade

=65,21

C1 Terapia para

resolução de

Problemas

(n=34), C2 Tele-

Terapia de

Resolução de

Problemas

(n=34), C3

Grupo Controle

12 sessões HRSD;

RSOA.

Tratamentos foram

eficaz e

equivalentes.

Maillard,

et al.

(2012)

Depressão n=20

C1 Terapia de

Reminiscência

(n=10) Cuidados

comuns (n=10)

5 sessões

MADRS;

CISD;

WES;

Tratamento

superior em 13 dos

15 domínios

avaliados pelas

medidas.

Karimi, et

al. (2010) Depressão

n=29;

Média

de idade

=70,5

C1: Terapia de

Reminiscência

Integrativa

(n=10); C2:

Terapia de

Reminiscência

Instrumental

(n=9); C3 Grupo

Controle (n=10)

6 Sessões GDS

Terapia de

Reminiscência

Integrativa

apresentou

resultados

superiores aos

demais grupos.

Pot, et al.

(2010) Depressão

n=171;

Média

de idade

=64,3

C1 Terapia de

Reminiscência

(n=83); C2

Grupo Controle

(n=88)

12 Sessões CES-D

Grupo experimental

relatou menos

sintomas

depressivos e maior

nível de controle

sobre a vida.

Afonso, et

al. (2009) Depressão

n=90,

Média

de idade

=76

C1 Terapia de

Reminiscência

(n=30); C2

Grupo Controle-

Placebo (n=30);

C3 Grupo

Controle (n=30)

5 sessões CES-D

Tratamento foi

eficaz na redução

da sintomatologia

depressiva, com p <

0,01.

Arean, et

al. (2008) Depressão

n=433,

Média

de idade

=70,6

C1 Terapia de

Resolução de

Problemas (n=

269);

Psicoterapia de

base comunitária

(n=164)

24 meses

HSC-20;

HRSD;

BDI.

Terapia de

Resolução de

Problemas foi

eficaz na redução

da sintomatologia

depressiva, com

p<0,01.

Gum, et al.

(2007) Depressão

n=67;

Média

de idade

=64,11

TCC

(n=67); 30 sessões

HRSD;

SF-36

Tratamento foi

eficaz na redução

da sintomatologia

depressiva, com p =

0,01

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53

Tabela 3

(Continuação)

Autor Queixa Amostra Condições Duração do

tratamento

Medida de

resultado Conclusão

Lynch, et

al. (2007) Depressão

n=65;

Média de

idade =

60,92

C1 Medicação

(8 semanas); C2

DBT +

Medicação (24

sessões)

16 sessões HRSD;

IIP-PD

TCD +

medicação

resultaram em

maiores

reduções da

sintomatologia

depressiva

Areán, et

al. (2005) Depressão

n = 67;

Média de

idade =

65,3

C1 TCC em

Grupo (n=18);

C2

Gerenciamento

de Caso Clínico

(n = 26); C3

Ambos (n=23)

18 sessões HRSD; SF-

36

Ambas as

condições

resultaram em

reduções

similares da

sintomatologia

depressiva.

Floyd, et

al. (2004) Depressão

n=42;

Média de

idade =68

C1 TCC (n=16);

C2 Biblioterapia

(n=16);

Tratamento

Tardio (controle;

n=10)

12 sessões

(C1); 4

Sessões (C2)

HRSD;

GDS; BSI

TCC

apresentou

maiores

reduções da

sintomatologia

depressiva.

Nota: RSES = Rosenberg Self-Esteem Scale; CES-D = Center for Epidemiologic Studies Depression Scale; HRSD = Hamilton

Rating Scale for Depression; WHODAS = World Health Organization Disability Assessment Schedule; ACT = Terapia de

Aceitação e Compromisso; BDI = Beck Depression Inventory; WHOQOL-BREF = World Health Organization Quality of Life;

WAIS-R = Working Alliance Inventory-Short Revised; RSOA = Resourcefulness Scale for Older Adults; MADRS = La

Montgomery e Asberg Depression Rating Scale; CISD = L’échelle Cognitive Inventory of Subjective Distress; WES = Wellness

scale; GDS = Geriatric Depression Scale; HSC-20 = The Hopkins Symptom Checklist; TCC = Terapia Cognitivo-

Comportamental; SF-36 = self-report health survey; DBT = Terapia Comportamental Dialética; IIP-PD = Inventory of

Interpersonal Problems; BSI = Brief Symptom Inventory.

Nos estudos cujas intervenções foram realizadas em idosos com sintomatologia

depressiva, as Terapias Cognitivo-Comportamental e de Resolução de Problemas, novamente,

demonstraram eficácia com relação às condições de comparação. Especificamente nos estudos

de Choi et al. (2013) e Choi et al. (2014), a terapia de resolução de problemas foi utilizada de

forma presencial e, também, à distância, por meio de videoconferências, demonstrando

equivalência dos resultados, a despeito do método de intervenção.

A intervenção mais utilizada para sintomas depressivos, dentre os estudos analisados,

foi a Terapia de Reminiscência, observada nos estudos de Gonzalez et al. (2015), Maillard et

al. (2012), Karimi et al. (2010), Pot et al. (2010) e Afonso et al. (2009). A reminiscência, como

estratégia de intervenção, consiste num processo de recuperação de experiências pessoais, que

são utilizadas para fins terapêuticos. Especificamente para a população idosa, essa técnica de

intervenção é utilizada para promover auto aceitação e bem-estar, por meio de distintas formas

de aplicação. Neste método, há estimulação das funções sociais (comunicação, ensino,

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54

informação) através da recuperação de acontecimentos autobiográficos; descrição abrangente e

avaliativa dos principais acontecimentos do ciclo de vida e redução dos efeitos potencialmente

negativos da reminiscência (amargura, tédio), aliviando a sintomatologia depressiva (Pinquart,

& Forstmeier, 2012; Westerhof, Bohlmeijer, & Webster, 2010). Dentre os procedimentos de

aplicação a Terapia de Reminiscência, destaca-se a reminiscência integrativa, cujo processo

visa promover aceitação de si e dos outros, resolução de conflitos, senso de significado,

autoestima e a integração do presente e passado e a Reminiscência Instrumental, cujo processo

envolve lembranças do passado e atividades dirigidas a objetivos, recordando o modo de

resolução das dificuldades vividas, utilizando-se da experiência vivida para solucionar os

problemas atuais (Karimi et al. 2010).

O estudo de Karlin et al. (2013), demonstrou resultados significativos e equivalentes da

Terapia de Aceitação e Compromisso (Acceptance and Commitment Therapy – ACT), para

idosos e pessoas mais jovens. Essa modalidade terapêutica propõe um conjunto de princípios

integrados para compreender o funcionamento humano, do comportamento saudável à

psicopatologia. Por meio desses princípios, a ACT tem como objetivo a flexibilização da função

dos processos cognitivos, além de aumentar o contato com as consequências dos

comportamentos, orientados por uma vida por valores. Para a ACT, a inflexibilidade

psicológica caracteriza o comportamento controlado, principalmente, por classes verbais e

pouco guiado por valores. Neste sentido, o modelo unificado de mudança da ACT é

denominado de flexibilidade psicológica, sendo ele caracterizado pela habilidade de estar em

contato com o momento presente e manter ou mudar o comportamento em função dos valores

escolhidos (Hayes, Luoma, Bond, Masuda & Lillis, 2006; Hayes, Levin, Plumb-Vilardaga, &

Villatte, 2013; Karlin et al., 2013).

Com relação ao estudo de Lynch et al. (2007), pôde-se observar reduções significativas

da sintomatologia depressiva com a combinação de Terapia Comportamental Dialética e

medicação. Desenvolvida por Marsha Linehan, a Terapia Comportamental Dialética é uma

técnica psicoterápica que se utiliza de premissas e estratégias da Terapia Comportamental

Cognitiva (TCC) e treinamento de habilidades emocionais e sociais, tendo como objetivo a

promoção da eficácia interpessoal, regulação emocional, tolerância a estresses e autocontrole.

Neste modelo, a intervenção é planejada de acordo com as habilidades emocionais e sociais do

cliente. Deste modo, o terapeuta deve promover a identificação e aceitação de suas dificuldades

emocionais, diminuindo os efeitos negativos do estresse e promovendo a necessidade de

mudança (Lynch et al., 2007).

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Assim como nos estudos sobre intervenções para queixas de ansiedade, houve uma

disparidade entre o número de participantes de cada estudo, fruto do arranjo experimental de

cada pesquisa, e das médias de idade dos participantes, variando aqui entre 60,92 e 80,29 anos.

A duração da intervenção se mostrou, também, variável entre os estudos, sendo que o número

mínimo foi de 5 sessões e o máximo foi de 30 sessões.

Com relação às medidas de resultado utilizadas, diferentemente das intervenções para

queixas relacionadas à ansiedade, nos estudos aqui analisados a Hamilton Rating Scale for

Depression (Hamilton, 1967) foi utilizada em mais de 50 % dos estudos, seguida pela Center

for Epidemiologic Studies Depression Scale (Radloff, 1977), que foi utilizada em três

pesquisas, o que demonstra maior concordância entre os autores, acerca dos instrumentos para

mensuração dos resultados das intervenções.

Sobre os demais estudos analisados, duas pesquisas propunham intervenções

psicológicas para Acumulação Compulsiva e duas para Insônia, além de estudos com

intervenções para Luto, Demência, Dor Crônica e para Qualidade de Vida. Com relação às

intervenções utilizadas, a Terapia Cognitivo-Comportamental foi utilizada em grande parte dos

estudos, além da Terapia de Aceitação e Compromisso e da Terapia Funcional, conforme

apresentados na Tabela 4.

Tabela 4

Distribuição dos estudos de intervenções psicoterápicas para outras queixas

Autor Queixa Amostra Condições Duração do

tratamento

Medida de

resultado Conclusão

Ploff, et al.

(2014) Luto

n=38,

Média de

idade =72

C1 Terapia

Funcional

(n=18), Grupo

Controle (n=20)

10 sessões

HRSD;

TRIG;

PGHSD;

PSQI

Tratamento foi

eficaz na

redução da

sintomatologia

da queixa.

Ayers, et

al. (2014)

Acumulação

Compulsiva

n=11;

Média de

idade =66

C1: TCC (n=11) 24 sessões

MCA; HRS;

CIRS;

HADS

Alterações

significativas

em todas as

medidas, com

p < 0,001

Lichstein,

et al.

(2013)

Insônia

n=70;

Média de

idade

=63,4

C1: TCC

(n=24); C2:

Medicação

(n=23); C3:

Placebo (23

8 sessões PSG; SD.

TCC e

Medicação

apresentaram

resultados

equivalentes.

Kruz, et al.

(2012)

Doença de

Alzheimer

n=201;

Média de

idade =

73,5

C1: TCC

(n=100); C2:

Tratamento

médico comum

(n=101).

12 sessões

B-ADL,

AFI;

DEMQOL;

GDS; NI;

BDI.

Alterações

significativas

em todas as

medidas, exceto

na B-ADL.

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56

Tabela 4

(Continuação)

Autor Queixa Amostra Condições Duração do

tratamento

Medida de

resultado Conclusão

McCracken

et al.

(2012)

Dor

Crônica

n = 40;

Média de

idade =

64,3.

Cond.1 =

Terapia de

Aceitação e

Compromisso

18 sessões

CPAQ;

AAQ-II;

BCMDI;

PASS-20;

MAAS;

CPVI; SIP

Alterações

significativas

em todas as

medidas.

Ayers, et

al. (2011)

Acumulação

Compulsiva

n=12;

Média de

idade

=73,66

C1: TCC

(n=12) 26 sessões

HRS; SI-R;

HSS; CIR;

SDS; BAI;

BDI

Alterações

significativas

em HSR e BDI,

com p < 0,01.

Soeffinga,

et al.

(2008)

Insônia

n=47;

Média de

idade =

64,1.

C1 TCC (n=20);

C2 Grupo

Controle (n=27)

8 sessões

SOL;

WASO; SD;

SE.

Tratamento

eficaz, com p <

0,05.

Scogin, et

al. (2007)

Qualidade

de Vida

n=101;

Média de

idade

=75,4.

C1 TCC (n=51);

Condição de

Suporte Mínimo

(n=50)

20 sessões QOLI; SCL-

90.

TCC eficaz na

melhoria da

Qualidade de

Vida.

Nota: HRSD = Hamilton Rating Scale for Depression; TRIG = Texas Revised Inventory of Grief; PGHSD = Pittsburgh Sleep

Diary; PSQI = Pittsburgh Sleep Quality Index; TCC = Terapia Cognitivo-Comportamental; MCA = Montreal Cognitive

Assessment; HRS = Hoarding Rating Scale; CIRS = Clutter Image Rating Scale; HADS = Hospital Anxiety and Depression

Scale; PSG = Polysomnography; SD = Sleep Diaries; B-ADL = Bayer Activities of Daily Living; AFI = Aachen Functional

Item Inventory; DEMQOL = Quality of Life in Dementia; GDS = Geriatric Depression Scale; NI = Neuropsychiatric

Inventory; BDI = Beck Depression Inventory; CPAQ = Chronic Pain Acceptance Questionnaire; AAQ-II = Acceptance and

Action Questionnaire-II; BCMDI = British Columbia Major Depression Inventory; PASS-20 = Pain Anxiety Symptoms Scale-

20; MASS = Mindful Attention Awareness Scale; CPVI = Chronic Pain Values Inventory; SIP = Sickness Impact Profile; SI-

R = Savings Inventory-Revised; HSS = Hoarding Severity Scale; SDS = Sheehan Disability Index; BAI = Beck Anxiety

Inventory; SOL = Sleep Onset Latency; WASO = Wake Time after Sleep Onset; SE = Sleep Efficiency; QOLI = Quality of Life

Inventory; SCL-90 = Symptoms Checklist-90.

Conforme observado na Tabela 4, dos oito estudos analisados, seis apresentaram

resultados significativos da Terapia Cognitivo-Comportamental para Acumulação Compulsiva,

(Ayers et al., 2014; Ayers et al., 2011), para Insônia (Lichstein et al., 2013; Soeffinga, et al.,

2008), para alterações comportamentais na doença de Alzheimer (Kruz et al. 2012) e para

melhorias na qualidade de vida de idosos (Scogin et al., 2007). Além desta modalidade de

intervenção, pôde-se observar resultados significativos da Terapia de Aceitação e Compromisso

para Dor Crônica (McCracken et al., 2012) e de Terapia Funcional para Luto (Ploff, 2014).

A Terapia Funcional tem base na Terapia Social de Rhythm, envolvendo etapas rumo a

um estilo de vida mais regular e ativo. Nessa modalidade terapêutica, terapeuta e participante

definem metas para aumentar os eventos positivos e a regularidade com que esses eventos são

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57

realizados, bem como a implementação de práticas de sono saudável (Frank et al.,1995; Ploff,

2014).

Com relação à amostra dos estudos, novamente observa-se uma discrepância entre o

número de participantes que compuseram cada pesquisa (entre 11 e 201 voluntários) e sobre

suas médias de idade (entre 64,3 e 75,4 anos). Outra disparidade refere-se ao número de sessões

utilizado em cada estudo, variando entre 8 e 26 sessões. Sobre as medidas de resultado

utilizadas, apesar da variedade de instrumentos de medida incluídos na Tabela 4, se observados

em função do foco de intervenção dos estudos pode-se perceber algumas repetições como o

Hoarding Rating Scale (Tolin, Frost, & Steketee, 2010), nos estudos de Ayers et al. (2014) e

Ayers et al. (2011), e o Sleep Diaries, nos estudos de Soeffinga et al. (2008) Lichstein et al.

(2013).

Como pôde-se observar, a Terapia Cognitivo-Comportamental, ou as terapias com

outras denominações, mas com as mesmas bases conceituais, foram utilizadas em grande

número dos estudos analisados, apresentando resultados significativos em suas intervenções.

Nas pesquisas que tiveram como foco queixas relacionadas à Ansiedade, por exemplo, as

intervenções que apresentaram bons resultados eram baseadas na Terapia Cognitivo-

Comportamental. Estes dados corroboram os achados de Ayers (2007), na revisão da

Psychology and Aging, que obteve resultados significativos para ansiedade em idosos para

Terapia Cognitivo-Comportamental, Terapia Cognitiva e Treino de Relaxamento, sendo que

este último é comumente utilizado nas intervenções anteriores. De forma semelhando, no estudo

de Cuijpers et al., (2014), que avaliou tratamentos psicológicos para Transtorno de Ansiedade

Generalizada, dos 41 estudos analisados, 37 intervenções tinham bases cognitivos-

comportamentais.

Sobre as intervenções para queixas relacionadas à depressão, apesar da superioridade

numérica das Terapias Cognitivos-Comportamentais, a Terapia de Reminiscência foi utilizada

em cinco dos 13 estudos, apresentando resultados significativos. Tais dados de assemelham aos

resultados da revisão de Scogin, Welsh, Hanson, Stump e Coates (2005), que também observou

resultados significativos da Terapia de Reminiscência para idosos deprimidos, além da

superioridade numérica das Terapias Cognitivo-Comportamentais. Já na revisão de Cuijpers,

Straten e Andersson (2008), cujo objetivo fora comparar os resultados de tratamentos

psicológicos para depressão em adultos, a superioridade numérica e de efetividade das Terapias

Cognitivos-Comportamentais se mantêm, entretanto, não há registros dos resultados para a

Terapia de Reminiscência.

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Ainda que o termo “Terapia Cognitivo-Comportamental” pareça se referir a um

determinado tipo específico de intervenção, sua construção histórica e utilização prática

denotam a integração de variados procedimentos comportamentais, de bases skinnerianas ou

não, e ênfases em aspectos cognitivos como mediação em comportamentos de outras ordens,

resultando em diversas formas de intervenção e protocolos de atuação. Entretanto,

especificamente em alguns dos estudos aqui analisados, as descrições das intervenções não

contemplam estas premissas da Terapia Cognitivo-Comportamental, mantendo-se, contudo,

essa nomenclatura, aparentemente, em função de interesses outros.

O resultado de intervenções psicoterápicas deve, necessariamente, estar relacionado a

modificação de padrões comportamentais e, por consequência, do sofrimento envolvido;

alteração de condições físicas (e.g. dor, pressão arterial); melhora na qualidade de vida; dentre

outros aspectos. Neste sentido, os efeitos de uma determinada intervenção dependerão,

impreterivelmente, da interação de variáveis relacionadas ao paciente (e.g. quadro

psicopatológico, sua história de vida e clínica pregressa, a presença de rede de apoio social e

afetiva e a motivação para o processo de mudança), ao terapeuta (e.g. conhecimento técnico,

experiência clínica e seu estilo pessoal), e a relação estabelecida entre eles (Habigzang &

Koller, 2006; Peuker, Habigzang, Koller & Araujo, 2009; Roth & Fonagy, 2005).

Dadas estas características, a mensuração dos resultados de psicoterapias torna-se uma

tarefa árdua. Inicialmente, a própria definição do que se entende por resultados é variável, já

que, por vezes, este é considerado apenas quando está relacionado à diminuição de sintomas de

algum transtorno psiquiátrico. Em outros contextos, medidas de satisfação do paciente ou de

qualidade de vida são consideradas, ou mesmo, todos estes aspectos combinados são tidos como

indicadores de resultados de intervenções psicoterápicas. Outra questão importante sobre o

resultado de psicoterapias refere-se a quem deveria mensurá-lo: o terapeuta, responsável pela

avaliação e intervenção no caso? O paciente, por ser quem vivencia as mudanças? Ou mesmo

um terceiro que, por não estar imerso nas relações, poderia avaliar os efeitos da intervenção

isento de vieses (Lambert, 2013; Miller, Hubble, Chow & Seidel, 2013, Zamignani, 2008)?

Em todas essas possibilidades pode-se deparar com obstáculos. Questões relacionadas

ao pouco envolvimento do observador externo no processo terapêutico, afirmação do bom

resultado por parte do terapeuta, ou mesmo, os efeitos da fidedignidade do relato verbal do

paciente podem dificultar a avaliação do resultado terapêutico. Uma possível solução seria a

combinação de todas estas possibilidades (Zamignani, 2008).

Mesmo com discussões advindas desde a década de 1950, os problemas com as medidas

de resultado de psicoterapia se mantêm. Entretanto, há algumas décadas, houve uma predileção

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pelo uso de medidas de resultado objetivas padronizadas em instrumentos, geralmente, de auto

relato, para o uso em pesquisas clínicas (Miller, Hubble, Chow & Seidel, 2013). O uso destes

instrumentos se pauta na possibilidade de identificação das variáveis que podem estar atreladas

ao sucesso e/ou fracasso do tratamento psicoterápico, já que informações acerca de sintomas

específicos podem ser comparadas entre indivíduos de forma fidedigna, podendo ser analisados

pelo terapeuta ou por juízes independentes, possibilitando a identificação de fatores valiosos e

que possam ser generalizados (Peuker et al., 2009).

Com o aumento do uso de medidas objetivas para a mensuração de resultados

psicoterápicos, houve o desenvolvimento de inúmeros instrumentos e formas de avaliação

destes resultados. Especificamente nos estudos aqui analisados foram encontradas 51 medidas

diferenciadas, sendo os instrumentos baseados nos sintomas de um determinado quadro

patológico, na intervenção realizada, ou mesmo, em questões gerais da vida do paciente.

Contudo, apesar do grande volume de medidas encontradas, poucas repetições destes

instrumentos ocorreram entre os estudos, demonstrando que, apesar de avaliarem a eficácia das

intervenções testadas, as medidas usadas nos estudos aqui analisados pouco permitiriam

comparações entre o resultado de diferentes intervenções.

Ainda que a pluralidade de medidas encontradas não possibilite comparações entre os

estudos e demonstrem a necessidade de aprimoramento e desenvolvimento de instrumentos que

sejam sensíveis a mudanças em diferentes modalidades terapêuticas e em queixas diversas, elas,

como são, atestaram a eficácia de Terapia Cognitivo-Comportamental, Terapia para Resolução

de Problemas e Exposição com Prevenção de Respostas para queixas relacionadas à ansiedade;

Terapia Cognitivo-Comportamental, Terapia Cognitiva, Terapia para Resolução de Problemas,

Terapia Comportamental Dialética, Terapia de Reminiscência e Terapia de Aceitação e

Compromisso para queixas relacionadas à depressão; Terapia Funcional para Luto; Terapia

Cognitivo-Comportamental para Acumulação Compulsiva; Terapia Cognitivo-

Comportamental para Insônia; Terapia Cognitivo-Comportamental para Doença de Alzheimer;

Terapia Cognitivo-Comportamental para Qualidade de Vida; e Terapia de Aceitação e

Compromisso para Dor Crônica.

Estes dados não necessariamente excluem a possibilidade de eficácia de outras

modalidades terapêuticas para as queixas apresentadas. Contudo, eles representam o atual

estado do desenvolvimento científico sobre intervenções psicoterápicas com idosos. Talvez,

com critérios de aplicação e medidas mais flexíveis, outras intervenções despontassem como

eficazes em diversas queixas, porém, justificar a ausência de determinadas modalidades

terapêuticas pelos elevados critérios metodológicos seria, novamente, uma tentativa de

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legitimação do distanciamento “existente” entre a atuação prática e a aplicação experimental,

de forma análoga às respostas dadas a Heysenk, em 1952. O fato aqui evidenciado é que, mesmo

após 60 anos do início das discussões e movimentações científicas desencadeados, em parte,

pelo referido autor, algumas das modalidades terapêuticas amplamente aplicadas ainda não

apresentam estudos que atestem sua eficácia, o que não deveria acontecer.

Ainda sobre a proximidade da pesquisa em psicoterapia e as práticas clínicas, embora a

pesquisa de resultados forneça importantes dados para implicações práticas, ainda existe uma

defasagem no consumo destes produtos para delinear ou atualizar a prática psicoterápica.

Muitas vezes, os dados obtidos através das pesquisas clínicas sobre eficácia não oferecem

alternativas para a resolução de impasses e dilemas clínicos característicos da psicoterapia,

independentemente do transtorno que está sendo tratado (Dobson, 2001; Peuker et al., 2009).

Neste sentido, as terapias padronizadas que foram testadas e indicaram eficácia com

determinada queixa, necessitariam ser avaliadas em mais de um contexto (e.g. centros de

atenção primária, clínicas ambulatoriais, centros comunitários de saúde mental, etc), ou com

variações metodológicas, para que, dessa forma, estes estudos pudessem fornecer subsídios

mais precisos sobre os efeitos do tratamento, uma vez que seriam aplicados em contextos mais

próximos da prática real.

É de fundamental importância, portanto, que a atuação psicoterápica esteja

correlacionada ao desenvolvimento científico e seja sustentada por uma teoria que seja

fundamentada por evidências científicas, já que a desconsideração destes achados pode implicar

em sérias questões éticas (Dobson, 2001). Do mesmo modo, é igualmente importante que os

métodos e resultados científicos não se distanciem da realidade clínica, havendo então, o real

estabelecimento da integração entre teoria e prática. Para tal, sugere-se aqui que o paradigma

de pesquisa adotado atualmente em psicoterapia deva ser ampliado, para que essa distância

entre pesquisa e prática psicoterápica seja diminuída. Este novo paradigma deve esclarecer os

diversos processos de mudança e, também, o efeito das intervenções em contextos e populações

distintas, levando em consideração em seu desenho experimental todas as peculiaridades

metodológicas de uma intervenção psicoterápica. Além dessa ampliação, a formação dos novos

terapeutas tem papel singular na real aproximação entre pesquisa e prática em psicoterapia.

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Considerações Finais

O presente estudo teve como objetivo analisar os estudos de intervenções psicoterápicas

em idosos publicados na última década. Após o processo de revisão sistemática da literatura

pôde-se identificar eficácia das seguintes modalidades de intervenção psicológicas: Terapia

Cognitivo-Comportamental, Terapia para Resolução de Problemas e Exposição com Prevenção

de Respostas para queixas relacionadas à ansiedade; Terapia Cognitivo-Comportamental,

Terapia Cognitiva, Terapia para Resolução de Problemas, Terapia Comportamental Dialética,

Terapia de Reminiscência e Terapia de Aceitação e Compromisso para queixas relacionadas à

depressão; Terapia Funcional para Luto; Terapia Cognitivo-Comportamental para Acumulação

Compulsiva; Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia; Terapia Cognitivo-

Comportamental para Doença de Alzheimer; Terapia Cognitivo-Comportamental para

Qualidade de Vida; e Terapia de Aceitação e Compromisso para Dor Crônica.

Os dados obtidos corroboram os resultados de revisões anteriores e adicionam algumas

modalidades terapêuticas como tratamentos possivelmente eficazes às possibilidades de

intervenções psicológicas para a população idosa, tais como a Terapia de Aceitação e

Compromisso, Terapia Comportamental Dialética e Terapia Funcional, modalidades estas não

encontradas em estudos precedentes. Apesar destas modalidades terapêuticas terem sua eficácia

atestada na presente revisão, os estudos que sustentam esta conclusão são escassos, o que evoca

a necessidade de novas intervenções.

Embora os resultados obtidos possam ser de importância singular para a atuação prática

de psicoterapeutas que desenvolvam intervenções em idosos, pôde-se perceber que as medidas

de resultado utilizadas foram demasiadamente heterogêneas, o que, somado a outras

disparidades observadas nos estudos avaliados, impossibilitou análises do efeito e de

comparações entre as intervenções. Apesar disso, a demonstração da eficácia de intervenções

psicoterápicas para idosos pode ter valor tanto para profissionais, como já dito, quanto para os

próprios pacientes, em vista do aumento da procura destes serviços por este público.

Um fator importante refere-se ao fato de que os dados aqui apresentados refletem a

realidade dos estudos de intervenções publicados em apenas três base de dados e, apesar de

serem importantes fontes de informação, podem não abranger outros estudos indexados por

bases outras, o que poderia modificar as conclusões aqui definidas. Outra limitação observada

na presente revisão foi a escassez de estudos e a ausência de outras modalidades de psicoterapia,

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demonstrando a necessidade de maior desenvolvimento científico acerca desta temática, além

da precisão de maior integração com a prática clínica.

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73

Anexos

Anexo 1 - Roteiro para Inclusão dos Estudos

- Procedimentos para avaliação

Para o preenchimento deste Roteiro acesse o arquivo correspondente ao resumo do

artigo e preencha as informações requeridas. Caso haja negativas em relação a algum dos itens,

justifique o motivo pelo qual o estudo não preenche o critério em questão no espaço

correspondente. Para a decisão final, o estudo deverá ser incluído apenas se atender a TODOS

os itens.

Se as informações presentes nos resumos de cada estudo não forem suficientes, indique

nos itens em que isso ocorreu e, na decisão final, indique “Informações Insuficientes”. Após o

preenchimento de todas as informações e da decisão de inclusão, salve este arquivo com o título

correspondente ao número de identificação do resumo analisado.

___________________________________________________________________________

Número de Identificação: _____

Título do Estudo:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

- Tipos de estudo

O estudo refere-se a um destes desenhos experimentais: Ensaio Clínico Controlado e

Randomizado; Ensaios Clínicos Controlados Quase-randomizado (onde a alocação foi

realizada por algum outro método não-aleatório de seleção); Estudos de Grupo-Controle; ou

Estudos de Caso-único?

Sim ( ).

Não ( ) Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

- Tipos de intervenções

O estudo utiliza como intervenção alguma modalidade de terapia psicológica com

qualquer duração ou utiliza técnicas de intervenções psicológicas comuns à variadas

modalidades de terapia?

Sim ( )

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74

Não ( ) Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

- Participantes

A pesquisa foi realizada com participantes que tinham 60 anos completos ou mais ou

com média de idades de 60 anos ou mais?

Sim ( )

Não ( ) Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

- Condições de Comparação

O estudo apresenta como condições de comparação: ausência de intervenção, lista de

espera ou tratamento usual?

Sim ( )

Não ( ) Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

- Tipos de Medidas de Resultados

O estudo utiliza, ao menos, um instrumento de medida de resultado objetiva, cuja

avaliação é direcionada às alterações nas classes comportamentais-alvo da intervenção; ou

utiliza instrumentos de medida de resultados cuja avaliação contemple outros aspectos da vida

do paciente (i.e. qualidade de vida, bem-estar, etc) ou aspectos da relação terapêutica?

Sim ( )

Não ( ) Justifique:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

- Decisão de Inclusão

Inclusão ( ) Exclusão ( ) Informações Insuficientes ( )

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75

Anexo 2 – Ficha de Extração dos Dados

- Procedimentos para a extração

Para a extração dos dados acesse o arquivo correspondente ao artigo e preencha as

informações requeridas. Caso as informações presentes no artigo não forem suficientes, indique

nos itens em que isso ocorreu e, também, no item “observações”. Após o preenchimento de

todas os dados, salve este arquivo com o título correspondente ao número de identificação do

artigo analisado.

___________________________________________________________________________

Número de Identificação: _____

Título do Estudo:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Base de Dados:

________________________________

Periódico:

________________________________

Autores:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Ano:

________

Instituições de afiliação:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

País:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Queixa:

___________________________________________________________________________

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Amostra:

________________________________

Idades:

________________________________

Intervenção:

___________________________________________________________________________

Condições experimentais:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Duração da intervenção:

________________________________

Medidas de Resultado:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Desfecho da intervenção:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Referência:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Observações:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________