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Programa de Monitorização da Lagoa de Óbidos e do Emissário Submarino da Foz do Arelho
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
INDÍCE
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................1
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA LAGOA ..........................................................................................3
3. CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA..........................................................................................5
3.1. OCUPAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DA LAGOA DE ÓBIDOS ................................................................5
3.2. CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA..............................................................................................................7
3.3. PRINCIPAIS USOS DA LAGOA........................................................................................................................9
4. CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DAS PRINCIPAIS DESCARGAS NA LAGOA DE ÓBIDOS.....................................................................................................................................12
4.1. DESCARGAS DOS PRINCIPAIS AFLUENTES..............................................................................................12
4.1.1. BREVE CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA .........................................................................................12
4.1.2. CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA .........................................................................................................14
4.2. DESCARGAS DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS E INDUSTRIAIS.......................................................19
4.2.1. BREVE CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA .........................................................................................19
4.2.2. CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA .........................................................................................................20
4.2.3. QUANTIFICAÇÃO RELATIVA DAS DESCARGAS...................................................................................21
5. CARACTERIZAÇÃO HIDRODINÂMICA DA LAGOA .........................................................................24
5.1. CIRCULAÇÃO INSTANTÂNEA E CIRCULAÇÃO RESIDUAL ........................................................................24
5.2. TEMPOS DE RESIDÊNCIA.............................................................................................................................28
6. CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE REFERÊNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA .....35
6.1. MAPAS DE CONCENTRAÇÕES ....................................................................................................................36
6.1.1. Parâmetros Físico-Químicos..................................................................................................36
6.1.2. Nutrientes e Clorofila a...........................................................................................................42
6.1.3. Parâmetros Microbiológicos ...................................................................................................46
6.2. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS AMOSTRADOS.......................................................................................48
6.2.1. Avaliação segundo o critério de Eutrofização ........................................................................48
6.2.2. Avaliação segundo o Decreto-Lei N.º236/98..........................................................................51
6.2.3. Avaliação segundo a classificação da Qualidade da Água para usos Múltiplos proposta pelo INAG (Instituto da Água) ......................................................................................................................53
7. CONCLUSÕES ....................................................................................................................................55
8. TRABALHO FUTURO .........................................................................................................................56
9. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................57
INDÍCE DE FIGURAS
FIGURA 1 – LOCALIZAÇÃO DA LAGOA DE ÓBIDOS (HTTP://GEOCID-SNIG.IGEO.PT/PORTUGUES/SATELITE.HTML). ............4 FIGURA 2 – IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS USOS E OCUPAÇÃO DOS SOLOS.
(HTTP://WWW.IGEO.PT/IGEO/PORTUGUES/PRODUTOS/CEGIG/COS.HTM). ....................................................5 FIGURA 3 – TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL POR CONCELHO, REFERENTE A 2001 (HTTP://WWW.INE.PT). ..........7 FIGURA 4 – DIMENSÃO MÉDIA DOS EDIFÍCIOS (ESQUERDA) E TAXA DE CRESCIMENTO DE ALOJAMENTOS (DIREITA) POR
FREGUESIA, REFERENTES A 2001 (HTTP://WWW.INE.PT). ...............................................................................7 FIGURA 5 – TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL POR FREGUESIA, REFERENTE A 2001 (HTTP://WWW.INE.PT)...........8 FIGURA 6 – DENSIDADE POPULACIONAL POR FREGUESIA, REFERENTE A 2001 (HTTP://WWW.INE.PT). ..........................8 FIGURA 7 – IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS USOS DA LAGOA E DAS SUAS MARGENS (ADAPTADO DE VÃO, 1991)........10 FIGURA 8 – CARACTERIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA DO TIPO DE SEDIMENTOS PRESENTES NA LAGOA (IPIMAR, 2002)...11 FIGURA 9 – IDENTIFICAÇÃO DAS SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DRENANTES PARA A LAGOA DE ÓBIDOS E DAS ESTAÇÕES
DE MONITORIZAÇÃO DO INAG PARA O RIO DA CAL (CÓDIGO 17B/03) E CONFLUÊNCIA DO RIO ARNÓIA E REAL (CÓDIGO 17B/02). ..................................................................................................................................14
FIGURA 10 – COMPARAÇÃO RELATIVA DAS DESCARGAS, EM TERMOS DE CBO5, CONSIDERANDO A SITUAÇÃO NA QUAL A ETAR DAS CR TEM TRATAMENTO PRIMÁRIO (ESQUERDA) E NA SITUAÇÃO ACTUAL COM TRATAMENTO SECUNDÁRIO (DIREITA). ...........................................................................................................................23
FIGURA 11 – COMPARAÇÃO RELATIVA DAS DESCARGAS, EM TERMOS DE SST, CONSIDERANDO A SITUAÇÃO NA QUAL A ETAR DAS CR TEM TRATAMENTO PRIMÁRIO (ESQUERDA) E NA SITUAÇÃO ACTUAL COM TRATAMENTO SECUNDÁRIO (DIREITA). ...........................................................................................................................23
FIGURA 12 – COMPARAÇÃO RELATIVA DAS DESCARGAS, EM TERMOS DE NTOTAL, CONSIDERANDO A SITUAÇÃO NA QUAL A ETAR DAS CR TEM TRATAMENTO PRIMÁRIO (ESQUERDA) E NA SITUAÇÃO ACTUAL COM TRATAMENTO SECUNDÁRIO (DIREITA) ............................................................................................................................23
FIGURA 13 - VELOCIDADES NA ZONA DA EMBOCADURA PARA UMA SITUAÇÃO DE ENCHENTE DURANTE A MARÉ-VIVA......24 FIGURA 14 - VELOCIDADES NA ZONA DA EMBOCADURA PARA UMA SITUAÇÃO VAZANTE DURANTE A MARÉ-VIVA.............25 FIGURA 15 - FLUXO RESIDUAL NAS PRINCIPAIS ZONAS DA LAGOA DE ÓBIDOS..........................................................26 FIGURA 16: FLUXO RESIDUAL NA LAGOA DE ÓBIDOS NA ZONA DA EMBOCADURA (ESQUERDA) E NO INTERIOR DA LAGOA
(DIREITA). ...............................................................................................................................................26 FIGURA 17: FLUXO RESIDUAL NA LAGOA DE ÓBIDOS NA ZONA DA EMBOCADURA (ESQUERDA) E NO INTERIOR DA LAGOA
(DIREITA). ...............................................................................................................................................27 FIGURA 18 - VARIAÇÃO DO VOLUME DE ÁGUA NO INTERIOR DA LAGOA DE ÓBIDOS DURANTE O PERÍODO DE SIMULAÇÃO.
.............................................................................................................................................................29 FIGURA 19 - DISTRIBUIÇÃO INICIAL DAS PARTÍCULAS LAGRANGEANAS NA LAGOA DE ÓBIDOS. ....................................30 FIGURA 20 - DISTRIBUIÇÃO DAS PARTÍCULAS APÓS 7 DIAS DE SIMULAÇÃO. ..............................................................31 FIGURA 21: DISTRIBUIÇÃO DAS PARTÍCULAS APÓS 15 DIAS DE SIMULAÇÃO. .............................................................31 FIGURA 22 - EVOLUÇÃO DA FRACÇÃO DE TRAÇADORES LAGRANGEANOS NO INTERIOR DA LAGOA. .............................32 FIGURA 23 – TROCAS DE ÁGUA NA LAGOA DE ÓBIDOS APÓS 10 DIAS......................................................................33 FIGURA 24 – TROCAS DE ÁGUA NA LAGOA DE ÓBIDOS APÓS 20 DIAS......................................................................34 FIGURA 25 – LOCALIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DO INAG. .........................................................................................36 FIGURA 26 – MAPAS DE PH NA LAGOA DE ÓBIDOS. ..............................................................................................37 FIGURA 27 – MAPAS DE CONCENTRAÇÃO DE OXIGÉNIO NA LAGOA DE ÓBIDOS.........................................................38 FIGURA 28 – MAPAS DE TEMPERATURA NA LAGOA DE ÓBIDOS...............................................................................39 FIGURA 29 – MAPAS DE SALINIDADE NA LAGOA DE ÓBIDOS. ..................................................................................40 FIGURA 30 – MAPAS DE CONCENTRAÇÃO DE SÓLIDOS SUSPENSOS TOTAIS NA LAGOA DE ÓBIDOS. ............................41 FIGURA 31 – MAPAS DE CONCENTRAÇÃO DE AZOTO AMONIACAL NA LAGOA DE ÓBIDOS. ...........................................43 FIGURA 32 – MAPAS DE CONCENTRAÇÃO DE NITRATO NA LAGOA DE ÓBIDOS..........................................................44 FIGURA 33 – MAPAS DE CONCENTRAÇÃO DE FOSFATO TOTAL NA LAGOA DE ÓBIDOS................................................45 FIGURA 34 – MAPAS DE CONCENTRAÇÃO DE CLOROFILA A NA LAGOA DE ÓBIDOS. ...................................................46 FIGURA 35 – MAPAS DE CONCENTRAÇÃO BACTÉRIAS COLIFORMES TERMOTOLERANTES NA LAGOA DE ÓBIDOS. ..........47 FIGURA 36 – IDENTIFICAÇÃO DAS ZONAS APRESENTADAS SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE WETZEL. ...........................50
INDÍCE DE TABELAS
TABELA 1- PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA LAGOA DE ÓBIDOS (ADAPTADO DE VÃO, 1991). ...................................3 TABELA 2 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DA REGIÃO ONDE SE LOCALIZA A LAGOA DE ÓBIDOS (VÃO,
1991). .....................................................................................................................................................4 TABELA 3 - CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS AFLUENTES DA LAGOA DE ÓBIDOS (ADAPTADO DE VÃO, 1991). ........12 TABELA 4 – VALORES CARACTERÍSTICOS DO ESCOAMENTO ANUAL (M3/S), (VÃO, 1991). .........................................12 TABELA 5 – CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA USOS MÚLTIPLOS DOS RIOS ARNÓIA E RIO DA CAL
RELATIVAMENTE AOS ANOS HIDROLÓGICOS DE 2001/2002 E 2002/2003. .....................................................16 TABELA 6 – ÁREAS CALCULADAS ATRAVÉS DO MOHIDGIS PARA CADA SUB-BACIA DRENANTE PARA A LAGOA DE
ÓBIDOS..................................................................................................................................................17 TABELA 7 - VALORES DE CAUDAIS ESTIMADOS COM BASE NA PRECIPITAÇÃO PARA OS ANOS DE 2001, 2002 E 2003
(M3/S), (VÃO, 1991). ...............................................................................................................................17 TABELA 8 – CARGAS CALCULADAS COM BASE NO CAUDAL E NA CONCENTRAÇÃO, PARA AS SUB-BACIAS MAIS
IMPORTANTES DA BACIA HIDROGRÁFICA DA LAGOA DE ÓBIDOS. ....................................................................18 TABELA 9- UNIDADES INDUSTRIAIS PRESENTES NAS SUB-BACIAS DA LAGOA DE ÓBIDOS............................................19 TABELA 10– CARGAS CALCULADAS PARA AS ETAR´S QUE VÃO LIGAR AO EMISSÁRIO SUBMARINO DA FOZ DO ARELHO,
COM EXCEPÇÃO DA ETAR DO CASALITO QUE DESCARREGA DIRECTAMENTE NA LAGOA. ..................................21 TABELA 11 – VALORES MÉDIOS ANUAIS (MG/M3) SEGUNDO WETZEL (WETZEL, 1993). .............................................48 TABELA 12 – CARACTERIZAÇÃO DA LAGOA DE ÓBIDOS COM BASE NA CLASSIFICAÇÃO PROPOSTA POR WETZEL (1993).
.............................................................................................................................................................49 TABELA 13– VALORES LIMITES DEFINIDOS PELO DL 236/98. .................................................................................51 TABELA 14 – RESULTADOS DAS ANÁLISES DE ACORDO COM A CONFORMIDADE LEGAL. .............................................52 TABELA 15 – CLASSES DE CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA
(HTTP://SNIRH.INAG.PT/SNIRH/DADOSSINTESE/QUALAGANUAL/CLASSIFICACAO.HTML)......................................53 TABELA 16 – CLASSES DE CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA USOS MÚLTIPLOS EM CADA ESTAÇÃO DE
MONITORIZAÇÃO DA LAGOA DE ÓBIDOS......................................................................................................54
RESUMO
Em Julho de 2004 deu-se início ao programa de “Monitorização da Lagoa de Óbidos e Emissário
Submarino da Foz do Arelho”, estabelecido entre as Água dos Oeste (AdO) e o Instituto Superior
Técnico (IST).
O programa de monitorização consiste, numa fase inicial, na caracterização da situação de
referência na lagoa e na zona do emissário e realização de trabalho de campo na zona de mar e
interior da lagoa. Posteriormente, através de uma componente de modelação, procurar-se-á
quantificar a interacção entre os dois sistemas.
As campanhas de amostragem visam a avaliação e controle da qualidade do meio receptor,
complementar eventuais lacunas na informação já existente e o estudo dos processos físico-
químicos e biológicos da lagoa a diferentes escalas espaciais e temporais. Os dados adquiridos,
além de permitirem complementar os existentes, conjuntamente com uma componente de
modelação, vão permitir quantificar a interacção entre os dois sistemas (descarga do emissário e
lagoa), para posterior assimilação da informação no modelo numérico MOHID e para a
elaboração de uma base de dados em MAPSERVER.
O presente documento faz parte de uma lista de produtos que foi definida por acordo entre as
AdO e o IST, tendo como principal objectivo caracterizar a situação de referência no interior da
Lagoa. A caracterização da situação de referência na lagoa, requer o conhecimento das
principais variáveis que caracterizam o sistema e dos processos que as determinam de modo a
identificar e quantificar o ecossistema. Para tal é necessário a recolha de informação
bibliográfica sobre a lagoa, que na presença de lacunas, será complementada com o trabalho de
campo a realizar no âmbito do projecto. Estes trabalhos, de trabalho de campo tiveram início a 7
de Outubro de 2004 e compreendem a execução de 4 campanhas na coluna de água e
sedimento no interior da lagoa, cujo planeamento foi feito de modo a permitir uma caracterização
sazonal, e 4 campanhas na coluna de água e 2 no sedimento na zona do emissário. Os
relatórios que abordam as campanhas serão apresentados faseadamente após a realização de
cada campanha, sendo enviados após recepção dos dados por parte dos laboratórios
envolvidos: IST e IPIMAR.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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1. INTRODUÇÃO
A Lagoa de Óbidos integra-se no cordão litoral que vai da Nazaré a Peniche. Cobrindo uma área
de drenagem de cerca de 440 km2 recebe, de um lado, água vinda do mar e, de outro, de alguns
pequenos rios, como é o caso do Arnóia, do Cal e do Real. O caudal destes rios e ribeiros só se
torna considerável na época de Inverno, chegando mesmo a secar nalguns trechos durante o
Verão.
O canal de ligação ao oceano apresenta características de uma barra móvel com tendência para
o assoreamento. Este processo apresenta consequências ao nível da capacidade de renovação
da água na lagoa, que se tem revelado insuficiente para garantir a qualidade da água durante
alguns períodos do ano. Para limitar os aspectos negativos deste problema, revelou-se
necessário no passado, executar periodicamente trabalhos de desobstrução do canal de forma a
aumentar os fluxos de água e assim, melhorar a qualidade da água no interior.
Com o objectivo de tentar encontrar soluções para estes problemas, têm sido realizados
diferentes estudos, entre os quais, se podem referir, a título de exemplo, os trabalhos do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e do Danish Hidraulic Institute (DHI, 1997). No
entanto, dada a complexidade dos processos que condicionam a dinâmica do sistema,
nomeadamente na zona da barra, nenhum destes estudos foi completamente conclusivo no que
respeita a definição de soluções definitivas, capazes de minorar os actuais problemas da lagoa.
Outro dos problemas actuais, associado à mobilidade da barra, tem a ver com o facto do canal
que liga a lagoa ao mar se ter desviado para a zona da praia do Bom Sucesso onde existem seis
vivendas. Para minorar o risco de destruição das propriedades o Instituto Nacional da Água
(INAG) tem vindo a colocar desde 1998 milhares de sacos de plástico com areia na zona com o
objectivo de funcionarem como uma protecção temporária. Actualmente encontram-se em fase
de avaliação no LNEC projectos para obras de protecção mais definitivas desta zona.
Aliados aos problemas de assoreamento existem igualmente problemas na qualidade da água.
Os principais afluentes (Rio Arnóia e Rio da Cal) são apontados como uma das principais causas
de poluição por transportarem excessivas cargas de nutrientes e matérias sedimentáveis. Este
facto origina uma tendência para a eutrofização da lagoa que foi classificada como sensível em
relação aos critérios de eutrofização segundo o DL nº149/2004 de 22 de Junho
(http://www.inag.pt/inag2004/port/rexternas/ue/agresurb/aguasresurbzonas.html#lista).
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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Esta classificação teve como base a Directiva Relativa ao Tratamento das Águas Residuais
Urbanas, 91/271/CEE, de 21 de Maio de 1991
(http://www.inag.pt/inag2004/port/r_externas/ue/ag_res_urb/aguas_res_urb.html).
Nos braços superiores da lagoa, nomeadamente Barrosa e Bom Sucesso, o efeito de troca de
água é menos acentuado, sendo estas as zonas mais afectadas. Segundo estudos da DRALVT
(1997), estas zonas apresentavam maior concentração de algas do que no corpo central da
lagoa. Actualmente este problema ainda persiste nessas mesmas zonas referidas pela DRALVT,
tal como se pode constatar no decorrer da campanha de monitorização na lagoa cujo início
ocorreu a 7 de Outubro de 2004.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA LAGOA
A Lagoa de Óbidos é um ecossistema costeiro localizado na costa Oeste Portuguesa, junto à
Foz do Arelho, com uma orientação NW-SE (Figura 1). A Bacia hidrográfica, com 440 Km2,
recebe águas provenientes dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Cadaval, Bombarral e
Lourinhã. A comunicação com o mar é feita através de um canal com deslocamentos sazonais e
de largura variável, vulgarmente conhecido como "Aberta". As principais características da lagoa
estão resumidas na Tabela 1.
Tabela 1- Principais características da Lagoa de Óbidos (Adaptado de VÃO, 1991). Localização: Concelhos de Óbidos e de Caldas da Rainha
Sistema: Lagunar
Ligação ao mar: Estreito canal de largura variável
Número de Braços: 2: Barrosa e Bom Sucesso
Bacia hidrográfica: 440 Km2
Área: 6,9 Km2
Largura máxima: 1800 m
Comprimento máximo: 4,5 Km
Perímetro: Aproximadamente 22 Km
Profundidade média: 2 m
Profundidade máxima 5 m
Profundidade mínima 0,5 m
Afluentes:
Rio Arnóia Rio da Cal – Braço da Barrosa Vala do Ameal – Braço do Bom Sucesso Linha de água da Foz do Arelho Ribeira das Ferrarias – Poça das Ferrarias
Os vários afluentes, em conjunto com as trocas com o oceano, são determinantes para a
qualidade da água da lagoa. As características físico-químicas da água ficam assim,
condicionadas não só pela permanente ligação ao mar mas também pela qualidade da água dos
rios afluentes, cuja repercussão é maior durante a baixa-mar.
Segundo a classificação climática de Kopper, o clima é do tipo mesotérmico húmido, com
estação seca no Verão pouco quente, mas extensa. O clima temperado resulta da influência da
proximidade do mar. As estações do ano são bem delimitadas, sendo as Primaveras e os
Outonos amenos e luminosos, os Verões suavemente quentes mas prolongados e os Invernos
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chuvosos (Vão, 1991). As características climáticas da região encontram-se resumidas na
Tabela 2.
Figura 1 – Localização da Lagoa de Óbidos (http://geocid-snig.igeo.pt/Portugues/satelite.html).
O regime de ventos é caracterizado por uma frequência de calmas relativamente reduzidas,
variando entre 0% (Cabo Carvoeiro) e 34,2% (Caldas da Rainha), (VÃO, 1991). A sua velocidade
média anual é de 18 km/h, sendo os ventos do quadrante Norte predominantes ao longo de todo
o ano. No período de Novembro a Fevereiro, ocorrem com maior frequência os ventos do
quadrante Sul.
Tabela 2 - Principais características climáticas da região onde se localiza a Lagoa de Óbidos (VÃO, 1991).
Temperatura Média Anual
(ºC)
Temperatura Jul. – Ago.
(ºC)
Temperatura Dez. – Jan.
(ºC)
Pluviosidade Média Anual
(mm)
Humidade Relativa
Média do Ar (%)
Evapotranspiração Média Anual
(mm)
15 18 – 22 9 - 12 600 80 762
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3. CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA
3.1. OCUPAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DA LAGOA DE ÓBIDOS
Através da análise da cartografia, apresentada na Figura 2, constata-se que a ocupação do solo
da bacia hidrográfica da Lagoa de Óbidos incide maioritariamente em vinhas e hortícolas
(eucalipto), algumas terras ocupadas por agricultura (maioritariamente na margem Este da
Lagoa) e alguns terrenos associados a culturas agrícolas permanentes (macieira, ameixeira e
pereira). Existe ainda, uma predominância de zonas de sapal, associadas às linhas de água,
principalmente no Braço do Bom Sucesso e Barrosa, nas Poça das Ferrarias e na formação do
delta do Rio Arnóia e Real. Verifica-se ainda, que estas também ocorrem de uma forma
descontínua, ao longo da faixa entre a margem Este da Lagoa e a estrada Foz/Nadadouro.
Figura 2 – Identificação dos principais usos e ocupação dos solos. (http://www.igeo.pt/IGEO/portugues/produtos/CEGIG/COS.htm).
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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As zonas de incultos são, depois das zonas húmidas, a classe de uso do solo mais frequente,
encontrando-se associadas a estradas, áreas adjacentes a estas, e zonas de areais junto à
ligação da lagoa ao mar. As restantes áreas apresentam um padrão pontual, devido,
provavelmente, a desbastes de floresta e áreas abandonadas entre outras.
A floresta mista e a de produção, apresentam uma ocupação associada às encostas
sobranceiras à Lagoa. Verifica-se um predomínio da floresta de produção na margem Oeste da
Lagoa, enquanto que a floresta mista ocorre, principalmente, nas encostas de maior declive,
provavelmente devido à maior dificuldade, em estabelecer floresta de produção nas zonas de
maior declive. A agricultura ocorre, exclusivamente, na margem Este da lagoa, constituindo a
zona aluvionar junto à Foz do Arelho a principal mancha. Surgem ainda nas duas margens o
depósito de dragados resultantes das obras de dragagem do cordão de areia da foz. Estes
apresentam-se incultos ou com alguma vegetação instalada em processo de regeneração.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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3.2. CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA
A Lagoa de Óbidos desempenhou sempre, a nível local e regional, uma função importante,
constituindo não só um factor de rendimento e exploração económica mas, também, um marco
de referência societária. Da análise das taxas de crescimento da população por concelho,
apresentadas na Figura 3, verifica-se que de acordo com os dados preliminares dos CENSOS de
2001, o concelho das Caldas da Rainha (CR) teve um crescimento de 12.4% (face aos
resultados apresentados perante as estatísticas de 1991) o que perfaz uma população de 48563
habitantes.
Na Figura 4 está representada a dimensão média dos edifícios e taxas de crescimento de
alojamento por freguesia. Da análise desta verifica-se a freguesia de Stº. Onofre e Nossa
Senhora do Pópulo, apresenta um aumento de cerca 20% de edifícios e 28% de alojamentos,
em relação ao mesmo período referido anteriormente.
Figura 3 – Taxa de crescimento populacional por concelho, referente a 2001 (http://www.ine.pt).
Figura 4 – Dimensão média dos edifícios (esquerda) e taxa de crescimento de alojamentos
(direita) por freguesia, referentes a 2001 (http://www.ine.pt).
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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Da análise da taxa de crescimento por freguesia, Figura 5, verifica-se que no concelho de CR , a
generalidade das freguesias adjacentes à lagoa, ganharam população na década de 90, à
excepção da freguesia do Nadadouro, a qual sofreu um decréscimo da população. Cruzando
esta informação com a densidade populacional apresentada na Figura 6, verifica-se ainda que o
concelho de CR apresenta uma maior densidade populacional, sobretudo nas freguesias
contíguas com a lagoa. Este acréscimo não foi acompanhado, na totalidade, por uma fixação
permanente de residentes, sendo associado ao uso sazonal, particularmente nos períodos de
férias e fins-de-semana, durante os meses de Verão. De acordo com as estatísticas de 1981
para 1991, o número de alojamentos para uso sazonal no concelho das CR, teve uma variação
de cerca de 113% face a 77% apresentado para o concelho de Óbidos.
Figura 5 – Taxa de crescimento populacional por freguesia, referente a 2001 (http://www.ine.pt).
Figura 6 – Densidade Populacional por freguesia, referente a 2001 (http://www.ine.pt).
Este acréscimo sazonal junto da lagoa tem tendência para se acentuar num futuro próximo,
recorrendo-se para tal, a novas construções hoteleiras e outras unidades de alojamento, que
poderão vir a ser instaladas nalgumas das zonas de eucalipto ainda existentes nas proximidades
das margens da lagoa. Assim, qualquer intervenção humana e técnica no sistema lagunar
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deverá ter consideração a magnitude e significância dos impactes sociais estimados, de forma
directa ou indirecta.
3.3. PRINCIPAIS USOS DA LAGOA
Desde há muito tempo que, devido às suas características, a Lagoa de Óbidos é usada como
zona de lazer e recreio, nomeadamente para a prática de desportos náuticos (banhos, remo e
vela) (DRALVT, 1997). Além do interesse turístico, a lagoa tem também, grande importância
para a reprodução e recria de bivalves e espécies piscícolas com interesse económico
(Sampayo, 1988). Em 1986 a lagoa suportava ainda uma comunidade de 300 pescadores
(Peneda, 1986), que se dedicava à exploração de populações naturais de bivalves, amêijoa e
berbigão, mas também à pesca, sobretudo de tainha e enguia. A utilização da lagoa acentuou-se
nos últimos tempos, fazendo com que as localidades de Nadadouro, foz do Arelho (ambas do
concelho de Caldas da Rainha) e Vau (no concelho de Óbidos) reforçassem a sua dependência
económica em relação à Lagoa (ICTM, 1994).
Muito embora a lagoa apresente fortes potencialidades turísticas, as infra-estruturas existentes
são de pouco relevo. Na margem norte, junto ao Cais da Foz do Arelho, existe um hotel com
capacidade para 83 hóspedes e as instalações do INATEL com capacidade para 800 pessoas,
ocupadas sobretudo no Verão. A montante do Cais da Foz do Arelho, existe um parque de
campismo com capacidade de 500 pessoas. De acordo com a CESL (1985), ocorria em certos
períodos, uma ocupação de 2000 a 3000 pessoas, as quais praticavam em grande parte, turismo
selvagem nos terrenos que ladeiam a lagoa.
A margem esquerda foi urbanizada, sendo a responsável pela urbanização a empresa imobiliária
Turisbel. Actualmente, a construção de um campo de golfe de nove buracos instalado próximo
da Lagoa de Óbidos, é a nova aposta turística da região Oeste. Será assim criada uma nova
zona de lazer, que poderá surgir como uma alternativa saudável ao chamado turismo tradicional
(praia). O Campo de Golfe, Pérola da Lagoa Country Club, localiza-se no braço superior da
Lagoa de Óbidos (concelho de Óbidos) e desenvolver-se-á numa área de 509.000 m2 a Oeste da
Lagoa, a Norte da Poça das Ferrarias e a Sul da urbanização do Casalinho. A criação desta
infra-estrutura, por um lado permitirá uma nova zona de lazer, importante para o
desenvolvimento económico e social da lagoa, mas por outro, implicará uma forte pressão na
zona mais a montante da lagoa, podendo, de algum, modo contribuir para o agravamento da
situação na envolvente do Braço da Barrosa e Bom Sucesso. A Figura 7 representa os principais
usos da Lagoa e das suas margens.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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Figura 7 – Identificação dos principais usos da Lagoa e das suas margens (Adaptado de Vão,
1991).
A lagoa como zona estuarina, tem uma estratificação relativa de habitats, estando os
povoamentos bentónicos distribuídos do seguinte modo: povoamento marinho, povoamento
lagunar e ecótono. O povoamento marinho localiza-se nas areias grosseiras limpas e instáveis
da embocadura, ocupando cerca de 4% dos fundos da lagoa e caracteriza-se pela pobreza de
espécies e de indivíduos. O povoamento lagunar distribui-se a montante nos fundos de vasa
pura do centro da Lagoa, braços interiores e no banco intertidal. O povoamento de transição
entre o meio marinho e o meio lagunar, distribui-se nas areias médias da margem norte do canal
de ligação ao mar, e ocupa 11% dos fundos lagunares (IPMAR, 2002).
Esta distribuição é feita com base no tipo de fundo presente na lagoa. A Figura 8, mostra a
distribuição granulométrica de sedimentos na lagoa. A classificação granulométrica é feita com
base nos diâmetros dos sedimentos, sendo dividida em, sedimentos coesivos (D <63 µm) e não
coesivos (D >63 µm). Os sedimentos não coesivos incluem as areias e os coesivos incluem os
lodos e os lodos arenosos. Da análise da figura verifica-se que a distribuição varia de lodo na
zona de montante (braços da Barrosa e Bom Sucesso), a areia na zona de jusante (proximidade
da barra).
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
11/57
Figura 8 – Caracterização granulométrica do tipo de sedimentos presentes na lagoa (IPIMAR,
2002).
O número de espécies de moluscos distribui-se segundo um gradiente crescente de jusante para
montante, sendo do ponto de vista qualitativo, os bivalves o grupo dominante. Salientam-se as
espécies exploradas comercialmente, berbigão, amêijoa boa, amêijoa cão, e amêijoa branca. A
amêijoa branca distribui-se nas areias grosseiras da embocadura; as outras espécies distribuem-
se preferencialmente no canal que ladeia o banco de areia principal. Em paralelo com este
trabalho, está a ser efectuado um levantamento píscicola para a lagoa, o qual será apresentado
e entregue posteriormente sob a forma de um relatório.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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4. CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA E QUALITATIVA DAS PRINCIPAIS DESCARGAS NA LAGOA DE ÓBIDOS
4.1. DESCARGAS DOS PRINCIPAIS AFLUENTES
4.1.1. BREVE CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA
Os principais afluentes à lagoa, com uma área de drenagem igual a 440 Km2 e com um
perímetro de 109 km, são o Rio da Cal (Braço da Barrosa), Rio Arnóia, Vala do Ameal (Braço de
Bom Sucesso), Ribeira das Ferrarias (Poço das Ferrarias) e a linha de água que desagua na Foz
do Arelho. A Tabela 3 apresenta as características dos principais afluentes. O Rio da Cal conflui
no Braço da Barrosa. Por sua vez o Rio Arnóia recebe o Rio Real a cerca de 2 Km a montante
da Lagoa de Óbidos. A Vala do Ameal conflui no Braço do Bom Sucesso. A Figura 9,
apresentada na secção 4.1.2, mostra as principais sub-bacias drenantes para a Lagoa de
Óbidos.
Tabela 3 - Características dos principais afluentes da Lagoa de Óbidos (Adaptado de VÃO, 1991).
Área de bacia Linha de água
(Km2) % Comprimento (Km)
Rio da Cal Rio Arnóia Rio Real Vala do Ameal
20.6 127.6 246.9 21.6
4.9 30.6 59.2 5.2
8.8 30.1 30.0 4.5
Os Rios Real, Arnóia e Cal só apresentam caudais significativos no Inverno, chegando a registar
cheias em anos de maior pluviosidade. Nos meses estivais, em regra, a grande maioria das
linhas de água seca e o caudal das restantes é quase exclusivamente constituído por águas
residuais. Na Tabela 4 apresentam-se os valores característicos de escoamentos anuais
referentes a diferentes tipos de ano hidrológico para os cursos de água referidos.
Tabela 4 – Valores característicos do escoamento anual (m3/s), (VÃO, 1991).
Bacia Hidrográfica Muito Seco Seco Médio Húmido Muito Húmido
Rio Cal 0.005 0.072 0.143 0.215 0.282 Rio Arnóia 0.066 0.517 0.991 1.464 1.916 Rio Real 0.178 1.045 1.954 2.863 3.730
Vala do Ameal 0.000 0.036 0.079 0.124 0.166
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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A precipitação observada na bacia hidrográfica da Lagoa de Óbidos é normalmente escassa
durante longos períodos do ano e, mesmo quando ocorre em quantidades significativas, o
escoamento subsequente é geralmente mínimo quando comparado com o volume de água do
mar trocado com a lagoa em cada ciclo de maré. O Oceano Atlântico é assim o principal e
grande responsável pela renovação de água na lagoa, que é substancialmente afectada pela
barreira de areia junto à comunicação com o mar (Vão, 1991).
O transporte sólido observado é reflexo do efeito erosivo na bacia hidrográfica. Esta acção é
evidente na época invernosa, altura em que a drenagem de águas pluviais da bacia originam
caudais turbulentos carregados de elevado teor de sólidos em suspensão. Os sedimentos
afluentes de origem continental são, em regra, muito finos (argila e silte) (Vão, 1991). A contínua
sedimentação dos sólidos transportados pelos cursos de água diminui a profundidade da lagoa
e, aumenta a possibilidade da sua colonização por plantas superiores.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
14/57
4.1.2. CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA
A caracterização qualitativa dos principais afluentes foi efectuada tendo como base, a
informação proveniente do INAG (www.snirgh.inag.pt), que possui estações de monitorização
nas principais linhas de água, ou seja, no Rio da Cal e na confluência do Rio Arnóia e do Rio
Real. A monitorização destas linhas de água permite identificar o impacte das descargas das
várias fontes pontuais presentes na bacia hidrográfica da Lagoa de Óbidos. Os valores de
concentração foram medidos na estação 17B/03 para o Rio da Cal e 17B/02 na confluência do
Rio Arnóia e Rio Real, inseridas na rede de qualidade (Figura 9).
Figura 9 – Identificação das sub-bacias hidrográficas drenantes para a Lagoa de Óbidos e das estações de monitorização do INAG para o Rio da Cal (Código 17B/03) e confluência do Rio
Arnóia e Real (Código 17B/02).
Segundo CESL (1981), o Rio Arnóia transportava, logo desde o início do seu percurso, uma
carga poluente apreciável essencialmente devido ao vasto número de pecuárias e matadouros
fixados perto do troço inicial. Para jusante, e após a descarga dos esgotos de Óbidos, verificava-
se alguma melhoria e recuperação da qualidade da água do rio até montante da entrada do Rio
Real.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
15/57
A jusante da entrada das águas do Rio Real observava-se uma degradação muito significativa,
aumentando consideravelmente os teores de Sólidos Suspensos Totais (SST), azoto e fosfatos,
enquanto que o teor de Oxigénio Dissolvido (OD) baixava significativamente. Segundo o estudo
da CESL (1981), os elevados teores de SST, eram indicadores de presença de esgotos
domésticos devido ás descargas das ETAR´s de Figueiroa, Alguber, Painho e A-dos-Francos,
enquanto que os elevados teores de azoto foram atribuídos à componente industrial,
nomeadamente devido à presença de pecuárias.
De acordo com Vão (1991), o qual realizou algumas determinações analíticas no local de Ponte
de Óbidos, continuavam a observar-se elevados teores de SST, teores de OD relativamente
baixos e valores de CBO5 (Carência Bioquímica de Oxigénio) muito elevados, sobretudo em
Maio, levando a considerá-lo, nesse período, como um esgoto diluído. Os nutrientes e coliformes
apresentavam também concentrações muito elevadas. Nos estudos feitos pela DRARN/LVT
(actuais CCDRS) em 1993/94, verificava-se uma melhoria nos valores de coliformes fecais e
totais, CBO5 e OD, mas os nutrientes e SST continuavam elevados.
No Anexo B.3, Quadro 6 apresentam-se os valores observados para alguns parâmetros de
qualidade da água na zona de confluência entre o Rio Arnóia e o Rio Real os quais permitem, de
um modo geral, avaliar a carga poluente que aflui à lagoa. Com base nos valores apresentados é
possível retirar algumas conclusões importantes sobre a qualidade da água, fazendo-se
referência à elevada concentração de nutrientes (essencialmente amónia e nitratos) e SST
sendo os valores mais elevados atingidos nos meses de Inverno. Em relação aos valores de
CBO5 e OD verifica-se que estes não apresentam valores muito elevados, estando os valores de
OD bastantes próximos dos valores de saturação, confirmando as observações realizadas no
estudo da CESL em 1981 e da DRARN/LVT em 1993/94
As concentrações medidas no Rio da Cal, encontram-se apresentadas no Quadro 7 do Anexo
B.4. A análise destes valores permite concluir que este rio, apresenta uma elevada concentração
de SST, nutrientes (particularmente amónia e nitrato) e coliformes fecais. Os índices de CBO5,
são elevados enquanto que os valores de OD são muito baixos. Na maioria dos registos, os
teores de oxigénio dissolvido são inferiores a 75% do valor de saturação. Este Rio caracteriza-se
por um elevado nível de poluição da água, com valores de OD e CBO5 impeditivos de qualquer
vida piscícola. Segundo o mesmo estudo apontado para o Rio Arnóia (CESL, 1981), a qualidade
da água do Rio da Cal é agravada pela recepção dos esgotos do concelho das CR, estando o
aumento de SST associados à descarga das águas residuais da fábrica de cerâmica SECLA,
nas CR (CESL, 1981 e 1985).
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
16/57
A informação cruzada dos estudos e monitorização efectuadas em anos posteriores,
relativamente à monitorização efectuada pelo INAG em 2001/2002 e 2002/2003, permite concluir
que a qualidade da água da bacia drenada pelos Rios Arnóia e Rio Real, tem mostrado uma
melhoria significativa, em relação a alguns parâmetros (coliformes e OD), embora continue a
apresentar elevados teores de nutrientes e sólidos suspensos totais. No caso do Rio da Cal, não
se tem verificado uma melhoria significativa da qualidade da água, embora se espere, que com o
novo tratamento aplicado na ETAR das Caldas da Rainha, parte destes parâmetros,
particularmente em termos de azoto total e CBO5, tenham uma melhoria considerável.
Estas conclusões vêm de encontro com o publicado no Plano de Bacia das Ribeiras do Oeste
(http://www.drarn-lvt.pt/download/pbhro/18201md.htm), que considera os cursos de água citados
anteriormente extremamente poluídos em termos de qualidade para usos múltiplos (classificação
da Equipa de Projecto do Plano Nacional de Água, EPPNA) com base em nove parâmetros
apresentados na Tabela 8 do Anexo B.4. Esta classificação foi também aplicada para os anos
hidrológicos considerados, ou seja 2001/2002 e 2002/2003, tendo como base as concentrações
apresentadas na Tabela 6 e Tabela 7 do Anexo B, as quais foram comparadas com os valores
referidos por lei apresentados na Tabela 10 do Anexo B.5. Através desta análise, verificou-se
que persistem as mesmas conclusões apresentadas no Plano de Bacia das Ribeiras do Oeste. O
resultado desta análise encontra-se apresentado na Tabela 5.
Tabela 5 – Classificação da Qualidade da água para usos múltiplos dos Rios Arnóia e Rio da Cal relativamente aos anos hidrológicos de 2001/2002 e 2002/2003.
Classificação por Parâmetro Curso de
Água Estação de
Medição Temp. SST CBO5 OD NO3 CF NH4
Classificação Global
Rio Arnóia Confluência do Rio Arnóia e Rio Real 18 271 5.5 87 5.3 43800 2.3
2001/2002 Rio da Cal Rio da Cal 19 202 85 35 7 9.2x106 30
Rio Arnóia Confluência do Rio Arnóia e Rio Real 18 237 6.3 85 5.5 12700 1.2
2002/2003 Rio da Cal Rio da Cal 19 133 82 31 3.0 9.2x106 31
A rede hidrométrica é responsável pela medição dos caudais na bacia da lagoa, não tendo, no
entanto, dados disponíveis para os mesmos períodos apresentados para as concentrações pela
rede qualidade. Assim, e tendo em mente quantificar as descargas dos principais afluentes à
lagoa para o mesmo período de dados, na ausência de valores de caudal, recorreu-se a uma
relação entre a precipitação média e área da bacia drenante, considerando um runoff de 33%. A
precipitação foi medida na estação de Óbidos (17C/07), cuja localização se encontra na Figura 9.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
17/57
A área de cada sub-bacia foi calculada através do MohidGIS, software desenvolvido no
MARETEC/IST (Braunschweig et. al., 2004), sendo os respectivos valores apresentados na
Tabela 6. Os valores obtidos pelo MohidGis foram comparados com os valores referenciados na
literatura (Tabela 3), permitindo concluir que estes são bastantes realistas (Tabela 6). É de notar
que a estação da rede de qualidade fica na confluência do Rio Arnóia com o Rio Real, optando-
se por considerar que a bacia que drena para a Lagoa representa estas duas linhas de água.
Com base nisso, todos os cálculos efectuados serão sempre referidos em termos da sub-bacia
do Rio Arnóia e do Rio Real.
Tabela 6 – Áreas calculadas através do MOHIDGIS para cada sub-bacia drenante para a Lagoa de Óbidos.
Linha de Água Área (km2)
Rio Arnóia e Real 384.0
Rio da Cal 20.5
Vala do Ameal 9.7
Com base na precipitação média de cada sub-bacia drenante para a Lagoa de Óbidos e valores
representativos da sua área, foi possível estimar os caudais diários dos principais afluentes. Na
Tabela 4 e Tabela 5 do Anexo B.1 são apresentados os valores médios mensais para a sub-
bacia do Rio Arnóia e do Rio Real e do Rio da Cal, respectivamente. A sua variação sazonal e
interanual, pode ser observada no Anexo B.2, através da Figura 1, a qual representa os caudais
diários estimados apresentando-se na Figura 2 respectivos valores médios mensais.
Com base nestes resultados verifica-se que os maiores valores de caudal se encontram
associados aos períodos de Inverno e são referentes ao ano de 2001, uma vez que este foi um
ano mais chuvoso que 2002 e 2003. Os valores médios anuais são apresentados na Tabela 7.
Estes foram obtidos com base nos caudais mensais para os diferentes anos e posteriormente
comparados com os valores característicos referidos na literatura (ver Tabela 4), verificando-se
que de facto o ano de 2001, tal como referido anteriormente e constatado pelos valores
característicos, representa um ano húmido e os anos de 2002 e 2003 representam um ano
médio.
Tabela 7 - Valores de caudais estimados com base na precipitação para os anos de 2001, 2002 e 2003 (m3/s), (Vão, 1991).
Caudal (m3/s)
Ano Bacia do Rio Arnoia e Real Bacia do Rio da Cal
2001 4.06 0.22
2002 2.58 0.14
2003 2.49 0.13
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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As concentrações medidas através da monitorização do INAG e os caudais estimados a partir da
precipitação, possibilitaram o cálculo das cargas para os diferentes anos em termos de Azoto
Total (NTotal), SST, Fósforo Total (PTotal) e CBO5 em toneladas por ano para os principais
afluentes, Rio Arnoia e Rio Real, e Rio da Cal. Em relação à linha de água da Vala do Ameal,
não foi possível quantificar as respectivas cargas uma vez que o INAG não possui nenhuma
estação de monitorização representativa. Contudo, a área drenada por esta sub-bacia (Vala do
Ameal), pode considerar-se desprezável quando comparada com a área drenada pelas sub-
bacias mais importantes, Rio Arnoia e Real, e Rio da Cal. As cargas calculadas, para os dados
existentes, estão apresentadas na Tabela 8. Da análise destes valores verifica-se, tal como
referido anteriormente, que no ano de 2001 os valores das cargas são superiores face aos anos
2002 e 2003.
Tabela 8 – Cargas calculadas com base no caudal e na concentração, para as sub-bacias mais importantes da bacia hidrográfica da Lagoa de Óbidos. 1
Sub-Bacia Ano 2001 (ton/ano) Ano 2002 (ton/ano) Ano 2003 (ton/ano)
NTotal PTotal SST CBO5 NTotal PTotal SST CBO5 NTotal PTotal SST CBO5
Arnóia e Real 895 147 69092 757 584 59 9875 540 423 72 22469 568
Cal 188 35 2068 589 116 16 526 281 107 12 367 271
1 As cargas apresentadas já têm incluído valor da descarga das ETAR´s, representando assim, a descarga total de cada uma das sub-bacias na Lagoa de Óbidos.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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4.2. DESCARGAS DE ÁGUAS RESIDUAIS DOMÉSTICAS E INDUSTRIAIS
4.2.1. BREVE CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA
A elevada poluição dos principais rios afluentes, deve-se ao facto de constituírem o principal
meio receptor de águas residuais domésticas e de grande parte das águas residuais das
indústrias localizadas nas respectivas sub-bacias. Consequentemente, transportam até à lagoa
uma elevada carga poluente, constituindo a sua principal fonte de nutrientes. Na Tabela 9, estão
apresentadas as principais unidades industriais, número e tipo, presentes nas sub-bacias dos
principais afluentes. Da análise deste quadro constata-se que as pecuárias e as destilarias são
dominantes quando comparadas com as restantes indústrias. Em relação às indústrias de abate,
embora presentes em número menor, produzem em períodos muito curtos efluentes de alta
concentração de substâncias orgânicas.
Tabela 9- Unidades industriais presentes nas sub-bacias da Lagoa de Óbidos. Sub - bacia
Real Arnóia Cal Pecuária 24 23 - Produção de vinho 5 - - Destilarias 14 9 - Matadouros 3 4 - Artigos de cimento 2 - - Secagem de bagaço 1 - - Estação de serviço 1 - 1 Cerâmica - - 1 Sabões - - 1
UNIDADES INDUSTRIAIS
Artigos de plástico - - 1
As principais ETAR´s que descarregam para a Bacia do Rio Arnóia e Rio Real são Painho,
Algúber, A-dos-Negros, Gaeiras, Carregal, Óbidos, Casais da Areia, Quinta do Carvalhedo,
Sancheira, A-dos-Francos, Casal Camarão, Rostos, Vidais, Casal dos Camarnais, Azambujeira
dos Carros, Estorninho, Amoreira e Vau.
As ETAR´s de Amoreira, Vau, A-dos-Negros, Quinta do Carvalhedo e Casais da Areia são
responsabilidade da Câmara Municipal de Óbidos (http://www.cm-obidos.pt/). As ETAR´s a ser
exploradas neste momento pelas Águas do Oeste
(http://www.markelink.com/directorios/Amb2004/ag-oeste-ft.htm) são Painho, Algúber, Gaeiras,
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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Carregal e Óbidos. As restantes ETAR´s são responsabilidade do SMAS das Caldas da Rainha
(http://www.smas-caldas-rainha.pt/).
A principal ETAR a descarregar para a bacia hidrográfica do Rio da Cal é a de Caldas da
Rainha. Esta ETAR tem Tratamento Secundário com Remoção de Azoto a funcionar desde Julho
de 2004, tendo estado anteriormente a descarregar durante aproximadamente 2 anos para o Rio
da Cal (Braço da Barrosa) com o equivalente a Tratamento Primário. De acordo com este tipo de
tratamento os parâmetros que irão sofrer alterações significativas, são essencialmente em
termos de azoto total e CBO5. Em termos de azoto total, a maior evidência será em termos de
nitrato, uma vez que considera uma remoção de cerca de 85%. Em relação ao CBO5, a remoção
será de 90%. De qualquer modo, a eficiência dos diferentes tipos tratamento é apresentada na
Tabela 2 do Anexo A, podendo ser consultada com mais detalhe.
A linha de água da Foz do Arelho, recebe as descargas da ETAR da Foz do Arelho
(responsabilidade dos SMAS das Caldas da Rainha). Esta tem tratamento secundário mas
estará subdimensionada para épocas como o Verão, cuja população flutuante tem um peso
significativo.
A única ETAR que descarrega directamente para a Lagoa é a ETAR do Casalito (actualmente a
ser explorada pelas Águas do Oeste). Com excepção da ETAR do Casalito, todas as ETAR´s
mencionadas anteriormente vão ligar ao emissário submarino.
4.2.2. CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA
As cargas das ETAR´s da sub-bacia do Rio Arnóia e Rio Real, foram calculadas com base nas
tabelas típicas assumidas por capitação (Tabela 1 do Anexo A), (população servida e indústrias)
(Tabela 3 do Anexo A) e considerando o respectivo tratamento à saída da ETAR (Tabela 2 do
Anexo A).
Os dados da Tabela 3, apresentado no Anexo A, (indústrias e população servida por cada
ETAR), foram facultados pelas Águas do Oeste. No caso da ETAR da Foz do Arelho, as cargas
apresentadas são as medidas efectivamente à saída da ETAR. Para a ETAR de Caldas da
Rainha, ainda não foi disponibilizada a informação sobre a população servida e caudal medido à
saída da ETAR, esperando-se que esta informação venha a estar disponível brevemente. Nesta
fase, o valor das cargas produzidas por esta ETAR foi estimado através de dados
disponibilizados em estudos anteriores. O valor das cargas calculadas foi confirmado através dos
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
21/57
dados que foram facultados pelos SMAS das Caldas da Rainha, sendo os valores calculados
bastante realistas.
As cargas para cada uma das ETAR´s encontram-se apresentadas no Tabela 10. Neste quadro
são apresentados os valores de caudal para cada ETAR, bem como as cargas em termos de
CBO5, NTotal e SST. Nesta tabela também consta a linha de água para onde descarrega cada
uma das ETAR´s caracterizada. Da análise do quadro apresentado constata-se que a ETAR das
Caldas da Rainha apresenta face ás restantes o maior valor de caudal e por conseguinte de
cargas, uma vez que a população servida é em maior número.
Tabela 10– Cargas calculadas para as ETAR´s que vão ligar ao emissário submarino da Foz do Arelho, com excepção da ETAR do Casalito que descarrega directamente na lagoa.
Nome Caudal(m3/s) CBO5 (ton/ano) SST (ton/ano) Ntotal (ton/ano) Sub -Bacia
Painho 0.0025 2.84 6.45 5.58 Rio Arnóia Algúber 0.0031 3.51 7.96 6.90 Rio Arnóia
A-dos-Negros 0.0027 2.70 6.13 5.43 Rio Arnóia Gaeiras 0.0047 4.76 10.80 7.68 Rio Arnóia Carregal 0.0027 2.68 6.08 5.43 Rio Arnóia Óbidos 0.0079 7.72 17.51 15.64 Rio Arnóia
Casais da Areia 0.0003 0.27 0.62 0.55 Rio Arnóia Quinta do Carvalhedo 0.0003 0.29 0.65 0.58 Rio Arnóia
Sancheira 0.0012 1.13 2.57 2.29 Rio Arnóia A-dos-Francos 0.0034 3.67 8.33 7.29 Rio Arnóia Casal Camarão 0.0001 0.15 0.35 0.30 Rio Arnóia
Rostos 0.0026 2.77 6.28 5.50 Rio Arnóia Vidais 0.0076 7.96 18.05 15.85 Rio Arnóia
Casal dos Camarnais 0.0004 0.37 0.84 0.76 Rio Real Azambujeira dos Carros 0.0009 1.05 2.38 2.06 Rio Real
Estorninho 0.0008 0.90 2.05 1.79 Rio Real Amoreira 0.0049 7.75 17.57 14.27 Rio Real
Vau 0.0013 2.39 5.42 3.78 Rio Real Casalito 0.0016 1.50 3.40 3.56 Lagoa
Foz do Arelho 0.0023 1.25 2.21 4.27 Foz do ArelhoCaldas da Rainha 0.0595 225.03 212.61 76.84 Rio da Cal
4.2.3. QUANTIFICAÇÃO RELATIVA DAS DESCARGAS
Com base nos cálculos apresentados anteriormente (cargas das ETAR´s e rios principais) é
possível quantificar a importância relativa de cada componente face à carga total que entra na
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
22/57
lagoa. Os resultados resumidos nas Figura 10 à Figura 12 permitem quantificar a contribuição
em termos de percentagem de cada uma das descargas pontuais, ou seja ETAR´s, face ao input
total por parte de cada sub-bacia na Lagoa de Óbidos. Estes valores apenas quantificam as
fontes pontuais, ou seja esgotos domésticos e indústria servida, sendo a percentagem restante
atribuída à poluição difusa, associada a várias origens.
No lado esquerdo destas figuras está representada a legenda que identifica cada uma das
ETAR´s com a cor respectiva. Assim face ao que foi descrito anteriormente, consideraram-se
duas situações distintas para representar os resultados, ou seja, considerando a altura que
ETAR das CR tinha Tratamento Primário (imagem apresentada à esquerda) e considerando a
situação actual que passa pelo facto da mesma ETAR ter Tratamento Secundário com Remoção
de Azoto (imagem apresentada à direita).
Da análise destas figuras pode-se concluir que a sub-bacia do Rio Arnóia e do Rio Real,
representam a maior componente de azoto total, SST e CBO5 na Lagoa de Óbidos. As ETAR´s
que descarregam para a sub-bacia do Rio Arnóia e Rio real, têm um peso pouco significativo,
sendo a maior contribuição em relação ás cargas de azoto total atribuída à ETAR de Óbidos,
Vidais e Amoreira com cerca de 2%.
Em relação à sub-bacia do Rio Real verifica-se que a ETAR das Caldas da Rainha, na situação
que se considerava Tratamento Primário, tem um peso importante, particularmente em termos
de azoto total e CBO5. Se reparamos para a situação com o tratamento actual, verifica-se que de
facto é importante ter um tratamento eficiente, uma vez que se nota uma diminuição bastante
significativa. Assim, em termos de azoto total a contribuição relativa passa de 9% para 5%,
enquanto que no caso do CBO5, passa de 16% para 2%. Em termos de SST, a diferença não foi
tão significativa, uma vez que para o Tratamento Primário a remoção era de 50% e para o
Tratamento Secundário a remoção é de 85%.
Os resultados discutidos anteriormente, são sem dúvida bastante interessantes, uma vez que na
descrição da qualidade da água dos principais afluentes, nomeadamente do Rio da Cal, foram
referidos estes três parâmetros descritos anteriormente. Uma conclusão importante a tirar deste
resultado, reside no facto de o tratamento aplicado à saída das ETAR´s pode ser em parte,
determinante na qualidade da água do meio receptor, ou seja, os principais cursos de água.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
23/57
Figura 10 – Comparação relativa das descargas, em termos de CBO5, considerando a situação na qual a ETAR das CR tem Tratamento Primário (esquerda) e na situação actual com
Tratamento Secundário (direita).
Figura 11 – Comparação relativa das descargas, em termos de SST, considerando a situação na qual a ETAR das CR tem Tratamento Primário (esquerda) e na situação actual com Tratamento
Secundário (direita).
Figura 12 – Comparação relativa das descargas, em termos de NTotal, considerando a situação na qual a ETAR das CR tem Tratamento Primário (esquerda) e na situação actual com
Tratamento Secundário (direita)
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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5. CARACTERIZAÇÃO HIDRODINÂMICA DA LAGOA
5.1. CIRCULAÇÃO INSTANTÂNEA E CIRCULAÇÃO RESIDUAL
A caracterização hidrodinâmica foi realizada através da aplicação do modelo hidrodinâmico
MOHID. A implementação e calibração do modelo hidrodinâmico é apresentada no Anexo C. Os
dados necessários para efectuar a calibração foram obtidos através do projecto de monitorização
do IH (2002). Com o modelo devidamente calibrado foram feitas simulações que permitem
caracterizar a hidrodinâmica na Lagoa de Óbidos.
Na Figura 13 e Figura 14 estão representados os mapas das velocidades referentes a um
período de simulação ao longo de 30 dias. A Figura 13 representa uma situação de maré-viva
em enchente e a Figura 14 em vazante. Da análise destas figuras uma das primeiras conclusões
que se pode tirar, é que a zona da Barra é aquela que apresenta velocidades mais acentuadas
especialmente em situação de enchente. No canal de comunicação da lagoa com o mar são
atingidas velocidades com cerca de 1.5 m/s.
Figura 13 - Velocidades na zona da embocadura para uma situação de enchente durante a
maré-viva.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
25/57
Figura 14 - Velocidades na zona da embocadura para uma situação vazante durante a maré-
viva.
As figuras seguintes, representam a circulação residual obtida após 30 dias de simulação. A
circulação residual é calculada como uma integração das propriedades instantâneas durante o
período de simulação representando a média das intensidades e sentidos calculados em cada
célula da malha. Através da análise da circulação no interior da lagoa, é possível uma melhor
compreensão sobre os processos de transporte.
A Figura 15, representa o fluxo residual, encontrando-se nela assinaladas as zonas às quais
dizem respeito as ampliações representadas nas restantes figuras. Da análise desta figura é
possível visualizar que a maior parte da água flúi ao longo da margem norte da lagoa, existindo
no entanto um vórtice bastante demarcado no interior. Na Figura 16 encontra-se representada
uma ampliação da embocadura e na Figura 17 a parte do corpo central da lagoa.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
26/57
Figura 15 - Fluxo residual nas principais zonas da Lagoa de Óbidos.
Figura 16: Fluxo residual na Lagoa de Óbidos na zona da embocadura (esquerda) e no interior
da lagoa (direita).
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
27/57
Figura 17: Fluxo residual na Lagoa de Óbidos na zona da embocadura (esquerda) e no interior
da lagoa (direita).
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
28/57
5.2. TEMPOS DE RESIDÊNCIA
O tempo de residência da água no interior da lagoa é um importante indicador para a
compreensão global do sistema. De acordo com a descrição em ‘Technical Guidance Manual for
Nutrient Criteria’ (http://www.epa.gov/), existem diversas formas de definir o tempo de residência.
Em geral pretende-se determinar quanto tempo a água permanece no interior da lagoa, ou seja,
o seu tempo de renovação. O tempo de residência torna-se um factor importante no que diz
respeito à disponibilidade de nutrientes, uma vez que grande parte dos nutrientes têm origem
externa, através dos rios ou descargas de águas residuais domésticas e industriais.
Quando o tempo de residência é muito baixo, embora a disponibilidade de nutrientes possa não
ser reduzida, o facto de estes passarem um período de tempo reduzido no interior do sistema,
pode ser um importante factor limitativo da produção primária. Nestas condições, apesar de não
existir realmente uma falta de nutrientes, estes não são consumidos simplesmente porque não
passam tempo suficiente na água para permitir que sejam desencadeados os processos de
produção primária. Assim, considera-se que os sistemas com tempos de residência baixos,
apresentam importantes exportações de nutrientes e blooms de algas menos frequentes.
Contrariamente, se o tempo de residência for elevado, os nutrientes permanecem o necessário e
suficiente para desencadear a produção primária.
O tempo de residência da lagoa foi determinado recorrendo ao Módulo de Transporte
Lagrangeano do sistema MOHID, que permite utilizar o conceito de traçador lagrangeano, com a
finalidade de “marcar” a água no interior da lagoa. Na fronteira aberta considerou-se a existência
de maré, e nas fronteiras laterais fechadas as descargas de água doce no interior da lagoa, ou
seja, Rio Arnóia e Rio da Cal. A simulação parte de uma distribuição de traçadores que preenche
todo o volume da lagoa, sendo feita para um período de 30 dias. Para esta simulação dividiu-se
a lagoa em 5 caixas distintas. O volume de partículas em cada caixa corresponde, no instante
inicial, ao volume de água da respectiva caixa, pelo que no total, o volume de partículas
representa o volume total da lagoa.
O volume total da lagoa varia ao longo do tempo, devido não só às oscilações diárias de maré,
mas também à existência do ciclo maré viva-morta. A Figura 18 representa a variação de volume
de água no interior da lagoa ao longo do período de simulação. O prisma de maré, volume entre
a maré-cheia e vazia, é 1.4×107 m3 e 0.8×107 m3 em maré morta e 1.8×107 m3 e 0.8×107 m3 em
maré viva, sendo o volume médio da lagoa cerca de 1.3×107 m3. A contribuição média diária, das
descargas de água doce, no interior da Lagoa totaliza cerca de 2.6×105 m3 nos meses de Inverno
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
29/57
e 8.6×103 m3 nos meses de Verão, o que significa que, na Lagoa de Óbidos, as trocas de água
com o mar assumem uma importância maior, relativamente às trocas com a terra.
0.0E+00
2.0E+06
4.0E+06
6.0E+06
8.0E+06
1.0E+07
1.2E+07
1.4E+07
1.6E+07
1.8E+07
2.0E+07
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32
Tempo (Dias)
Volu
me
(m3 )
Figura 18 - Variação do volume de água no interior da Lagoa de Óbidos durante o período de
simulação.
Na Figura 19, apresenta-se a distribuição inicial de traçadores no interior da lagoa. Cada uma
das caixas de integração possui uma coloração distinta, o que permite distinguir a origem dos
traçadores ao longo da simulação. Do lado esquerdo da figura encontra-se a respectiva legenda
com a cor e o número da caixa. Cada traçador tem associada a sua posição, ou seja, a caixa em
que se encontra em cada instante, mas também a sua caixa de origem. Com este tipo de
informação é possível determinar, em cada instante, o volume de traçadores que se encontram
no interior da lagoa e as proporções relativas das contribuições das várias origens.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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Figura 19 - Distribuição inicial das partículas lagrangeanas na Lagoa de Óbidos.
As Figura 20 e Figura 21, representam a distribuição de traçadores após 7 e 15 dias de
simulação, respectivamente. Verifica-se que o número de traçadores no interior da lagoa diminui
gradualmente ao longo da simulação. Após 7 dias cerca de 70% dos traçadores permanece
ainda no interior da lagoa mas decorridos 15 dias este valor é reduzido para 20%.
A zona dos braços e, em geral a zona central da lagoa, é caracterizada por uma mistura
completa dos traçadores das várias regiões, sugerindo que o tempo de residência nas caixas
localizadas nestas zonas será maior do que nas caixas próximas da Barra. Atendendo à
descrição da circulação transiente e residual (discutidas anteriormente), o efeito dos vórtices de
pequenas dimensões no interior da lagoa e na zona dos braços, proporcionam em geral um
tempo de residência mais longo dos traçadores no seu interior e uma mistura rápida das várias
origens. As figuras permitem ainda distinguir que, alguns traçadores de cor castanha e laranja
(Caixa 4 e Caixa 5, respectivamente), após 7 e 15 dias permanecem ainda na sua caixa de
origem, o que significa que se trata de uma zona onde o tempo de residência da água é bastante
elevado relativamente a outras.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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Figura 20 - Distribuição das partículas após 7 dias de simulação.
Figura 21: Distribuição das partículas após 15 dias de simulação.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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A Figura 22 representa a fracção de traçadores no interior da lagoa ao longo do período de
simulação, ou seja, a razão entre o número de traçadores lagrangeanos existentes no interior da
Lagoa de Óbidos e o volume total.
A relação entre a quantidade de traçadores no interior da lagoa e a quantidade inicial, diminui ao
longo do tempo devido à renovação da água imposta pelo efeito da maré que, tal como foi dito
anteriormente, é muito mais importante na circulação do que as descargas dos afluentes.
Considerando o tempo de residência como sendo o tempo necessário para que 80% da água
(que inicialmente se encontrava no seu interior) tenha sido renovada, pode-se considerar que na
Lagoa de Óbidos o tempo de residência médio é cerca de 10 dias.
Volume Traçadores / Volume estuário
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 30.0 32.0
Tempo (Dias)
Figura 22 - Evolução da fracção de traçadores lagrangeanos no interior da Lagoa.
Os 10 dias de tempo de residência é um valor global da Lagoa de Óbidos, mas é possível,
seguindo esta mesma metodologia, determinar o tempo de residência de cada uma das áreas
definidas anteriormente como as caixas de integração. No entanto, talvez mais importante do
que conhecer o tempo de residência de cada zona da lagoa, é poder identificar as origens da
água que se encontra em determinada zona, ou seja conhecer de que forma é que a água vinda
do exterior, rios ou mar, contribui para o volume presente em cada zona.
As Figura 23 e Figura 24, representam as trocas de água para 10 e 20 dias, respectivamente. Os
gráficos apresentados em forma de queijo, mostram todas as contribuições de água na lagoa. A
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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cor branca representa a água vinda do exterior, rios ou mar, enquanto que as outras
representam as cores da respectiva caixa que lhes está associada.
Da análise destas figuras verifica-se que a maior parte da água permanece na sua caixa de
origem, excepto para as caixas 1 e 3, uma vez que estas são as zonas da lagoa que têm tempos
de residência da água menores. Estas caixas encontram-se localizadas na zona próxima da
embocadura, possuindo contribuição de praticamente todas as origens e uma vez que se
encontram perto da barra são muito influenciadas pelas trocas com o oceano, devido aos efeitos
da maré. As caixas mais para montante apresentam uma renovação de água menor.
Após 20 dias de simulação a contribuição relativa de água vindo do exterior (rios ou mar) é, em
todas as caixas, superior a 60%, com excepção da caixa 4 (Braço do Bom Sucesso), que
apresenta ainda uma enorme concentração de partículas da sua própria caixa. Nesta caixa as
trocas de água são bastante mais reduzidas, e por conseguinte as partículas apresentam um
tempo de residência na ordem dos 26 dias. No Braço da Barrosa o tempo de residência é menor,
embora também seja no entanto, suficiente para desencadear a produção primária (~10 dias).
Em contrapartida as caixas na zona de montante têm tempos de residência na ordem dos 2 dias.
Figura 23 – Trocas de água na Lagoa de Óbidos após 10 dias.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
34/57
Figura 24 – Trocas de água na Lagoa de Óbidos após 20 dias.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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6. CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE REFERÊNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA
A Directiva específica, que aprova as normas de qualidade da água, é a 80/7781CEE, que foi
transferida para a legislação nacional através do Decreto-Lei nº 74/90, posteriormente revogado
pelo DL n.º 236/98 de 1 de Agosto. Este último estabelece normas, critérios e objectivos de
qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade da água em
função dos seus principais usos. Segundo estas normas, os principais parâmetros indicadores
da qualidade da água são agrupados por parâmetros físico-químicos, nutrientes e parâmetros
biológicos e microbiológicos.
Neste estudo os parâmetros físico-químicos apresentados são a salinidade, a temperatura, o pH,
o oxigénio dissolvido e os sólidos suspensos totais. Os nutrientes apresentados são o nitrato, o
azoto amoniacal e o fósforo total. Em relação aos parâmetros biológicos apresenta-se a clorofila
a. As bactérias coliformes termotolerantes, representam os parâmetros microbiológicos. É de
notar que a nomenclatura para os parâmetros microbiológicos foi recentemente alterada, sendo
que, o parâmetro coliforme fecal, passou a ser designado por bactérias coliformes
termotolerantes.
Os dados que permitem caracterizar a situação de referência da qualidade da água na lagoa,
serão essencialmente os dados obtidos pelo programa de monitorização do INAG, que possui
um vasto conjunto de estações no interior da lagoa. As estações de amostragem, para as quais
foram avaliados os parâmetros de qualidade da água, encontram-se representadas na Figura 25.
Em relação às concentrações de clorofila a, apenas existem registos para uma das estações de
monitorização (Seixo). Esta lacuna, irá ser corrigida através das campanhas de monitorização
que começaram em 7 de Outubro de 2004.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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LO1 Pedra Furada LO2 Seixo LO3 Poça das Ferrarias LO4 Ponta Branca LO5 Bico dos Corvos LO6 Quinta do Barroso
Figura 25 – Localização das Estações do INAG.
6.1. MAPAS DE CONCENTRAÇÕES
Neste capítulo pretende-se apresentar a distribuição espacial da concentração das propriedades
na Lagoa de Óbidos. Os mapas de concentração são apresentados para as diferentes estações
do ano, uma vez que se pretende caracterizar também a variação sazonal de algumas
propriedades. Tal como já foi referido anteriormente, os mapas de concentrações das diferentes
propriedades estão agrupados de acordo com as suas características físico-químicas, biológicas
e microbiológicas.
No canto superior esquerdo das figuras estão representadas as várias classes de acordo com a
variação da concentração na Lagoa de Óbidos, sendo esta representada por pontos de
tamanhos diferentes, que aumentam de acordo com as respectivas gamas de valores.
6.1.1. Parâmetros Físico-Químicos
6.1.1.1. pH
O pH da água representa uma medida da sua acidez ou da sua alcalinidade. A importância do
pH prende-se essencialmente com a sua influência no ciclo do carbonato de cálcio e parâmetros
associados: anidrido carbónico, dureza, alcalinidade, magnésio. A partir do pH da água é
possível determinar a solubilidade e disponibilidade biológica dos nutrientes (fósforo, azoto e
carbono) e metais pesados (Chumbo, Cádmio entre outros).
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
37/57
Os níveis de pH aceitáveis variam entre 6.5 e 8.5, enquanto que os níveis considerados óptimos
variam entre 7.0 e 8.0. Os mapas de pH para a Lagoa de Óbidos encontram-se representados
Figura 26. Da análise da figura, verifica-se que o valor de pH é mais ou menos uniforme em toda
a lagoa, e que a gama de valores se encontra dentro dos limites considerados óptimos.
Primavera Verão
Outono Inverno
Figura 26 – Mapas de pH na Lagoa de Óbidos.
6.1.1.2. Oxigénio Dissolvido
O oxigénio dissolvido detém um papel importante nos ecossistemas marinhos, participando em
muitas reacções químicas e biológicas que constituem a dinâmica do ecossistema. O oxigénio
dissolvido na água é continuamente consumido na respiração, tanto das plantas como dos
animais. Por outro lado é produzido pelas plantas através da fotossíntese durante os períodos de
luz, ou seja ao longo do dia. A respectiva concentração é variável com a temperatura, a
salinidade e a pressão parcial do gás na atmosfera.
Geralmente, os níveis aceitáveis de oxigénio situam-se entre 7-8 mg/l, sendo os níveis óptimos
considerados por volta dos 9 mg/l. A diminuição acentuada dos níveis de oxigénio é um dos
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
38/57
principais indicadores de Eutrofização. Esta diminuição pode ser causada normalmente por dois
motivos: (i) excesso de algas e/ou (ii) excesso de matéria orgânica. No primeiro caso, apesar das
algas serem produtoras de oxigénio durante o dia, durante a noite representam mais um dos
elementos consumidores podendo por isso, levar a situações de anoxia matinal. No segundo
caso, a diminuição do oxigénio dá-se devido ao consumo que alimenta a actividade microbiana
de mineralização da matéria orgânica. A concentração de oxigénio dissolvido na Lagoa de
Óbidos encontra-se apresentada na Figura 27.
Embora resultados anteriores (ICTM, 1994), demonstrassem não existir problemas de oxigénio
na lagoa junto do Braço da Barrosa, actualmente essa zona já apresenta graves problemas no
que respeita a este aspecto como se pode confirmar a partir das concentrações apresentadas na
Figura 27 onde se pode observar que a gama de valores se situa entre os 0 e 4 mg/L. Esta
depleção pode estar associada ao excesso matéria orgânica (devido ao crescimento excessivo
de algas). Com excepção desta zona, as concentrações apresentam valores muito próximos dos
valores de saturação.
Primavera Verão
Outono Inverno
Figura 27 – Mapas de concentração de oxigénio na Lagoa de Óbidos.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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6.1.1.3. Temperatura
Os mapas de temperatura estão apresentados na Figura 28. Através da análise dos mapas para
as diferentes estações do ano verifica-se uma vincada variação sazonal, sendo os valores mais
elevados atingidos na estação de Verão. Nesta altura o período de radiação solar é mais longo e
intenso quando comparado com a época de Inverno, permitindo assim um aquecimento mais
rápido das camadas superficiais. Durante o Verão são atingidos valores na ordem dos 20 a 22 ºC
enquanto que no Inverno os valores de temperatura se situam entre os 12 e os 14 ºC.
Primavera
Verão
Outono
Inverno
Figura 28 – Mapas de temperatura na Lagoa de Óbidos.
6.1.1.4. Salinidade
A salinidade é um parâmetro de grande relevância. Uma vez que não é afectada por nenhum
tipo de processo para além do transporte e mistura representa um excelente indicador dos
processos de transporte. Os valores de salinidade na lagoa dependem do balanço entre caudal
das fontes de água doce e maré. Da análise da Figura 29, verifica-se a distribuição de salinidade
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
40/57
é praticamente homogénea, o que era de esperar, uma vez que os rios afluentes à lagoa, tal
como se verificou através da caracterização hidrodinâmica na Secção 5, têm um caudal
desprezável face ao prisma de maré.
Primavera Verão
Outono Inverno
Figura 29 – Mapas de salinidade na Lagoa de Óbidos.
6.1.1.5. Sólidos Suspensos Totais (SST)
Os SST representam a matéria particulada em suspensão na água. Estes têm uma grande
relevância em termos de produção primária uma vez que condicionam a disponibilidade de luz, a
qual depende da turbidez, ou seja, da concentração de SST bem como de outros componentes
orgânicos que existem em suspensão.
Na Figura 30 estão apresentadas as concentrações de SST. Da análise desta figura pode
concluir-se que as concentrações diminuem de montante para jusante. Os valores mais elevados
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
41/57
são atingidos no Inverno, e próximo das descargas dos rios, devido à ocorrência de cheias que
caracterizam esta época do ano.
Na sequência da campanha que ocorreu na lagoa verificou-se também que a turbidez da água
diminui de montante para jusante, sendo os braços as zonas mais turvas, o que está de encontro
com distribuição apresentada para os SST. Em qualquer dos casos a concentração de SST não
deverá condicionar a passagem da luz, uma vez que a lagoa é caracterizada por baixas
profundidades, sendo a produção primária limitada pelos nutrientes disponíveis e respectivo
tempo de residência na água.
Primavera Verão
Outono Inverno
Figura 30 – Mapas de concentração de sólidos suspensos totais na Lagoa de Óbidos.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
42/57
6.1.2. Nutrientes e Clorofila a
6.1.2.1. Azoto Amoniacal e Azoto Inorgânico (Nitrato)
A Figura 31, representa o mapa de concentrações de amónia enquanto que na Figura 32, está
representado o nitrato. Num sistema natural, os produtores primários consomem principalmente
as formas amoniacais (amónia) e as inorgânicas (nitrato). No caso da Lagoa de Óbidos, as
fontes acrescidas de nutrientes na forma inorgânica e amoniacal, podem levar ao aparecimento
de sintomas nocivos para o sistema, como falta de oxigénio, blooms de algas e mudanças de
espécies.
Da análise da Figura 31, verifica-se que as concentrações de amónia diminuem de montante
para jusante, sendo as maiores concentrações registadas na proximidade das descargas dos
rios, nomeadamente no Braço da Barrosa. Neste Braço aflui o Rio da Cal, o qual por sua vez
recebe as descargas da água residuais das Caldas da Rainha. Esta ETAR, tal como referido no
Capítulo 4.1.2, recebe esgotos de um número considerável de habitantes e também da Indústria
de Cerâmica. Como se verificou através da quantificação relativa das descargas, a ETAR de
Caldas da Rainha representava, antes da entrada em funcionamento com tratamento
secundário, uma fonte importante em termos de azoto total para a Lagoa de Óbidos.
Eventualmente, através das medições efectuadas na lagoa a partir de Outubro de 2004, poderão
ser discutidas as novas concentrações e verificar se existe alguma relação com o tratamento
considerado actualmente.
Os mapas de concentração de nitrato estão apresentados na Figura 32. Da análise desta figura
verifica-se que no Inverno são registados os maiores valores de nitrato, o qual poderá estar
associado ao facto de nesta altura as descargas dos rios serem caracterizadas por valores mais
elevados de caudal. Verifica-se ainda que concentração de nitrato não apresenta o padrão típico
da variação da concentração para jusante, uma vez que esta é influenciada pela concentração
de nitrato presente na água do mar devido ás trocas de água com o mar.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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Primavera Verão
Outono Inverno
Figura 31 – Mapas de concentração de azoto amoniacal na Lagoa de Óbidos.
Primavera Verão
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
44/57
Outono Inverno
Figura 32 – Mapas de concentração de Nitrato na Lagoa de Óbidos.
6.1.2.2. Fósforo Total
Na Figura 33, estão apresentadas as concentrações de fósforo total na Lagoa de Óbidos. A
concentração diminui de montante para jusante, sendo a maior concentração registada no Braço
da Barrosa. Este facto pode estar associado aos campos de agricultura existentes ao longo da
margem Este da lagoa. A principal mancha de terrenos agrícolas ocorre na zona junto à Foz do
Arelho e Braço da Barrosa tal como se constatou na Secção 3.1 através da análise do uso e
ocupação de solo da Bacia Hidrográfica da Lagoa de Óbidos. Os adubos e fertilizantes usados
na agricultura contêm grandes concentrações de fósforo. Os fertilizantes utilizados pela
agricultura em escala crescente são arrastados, em parte, pelas águas de escorrência e assim
lançados na lagoa.
Primavera Verão
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
45/57
Outono Inverno
Figura 33 – Mapas de concentração de fosfato total na Lagoa de Óbidos.
6.1.2.3. Clorofila a
A concentração de clorofila, que representa a actividade do fitoplâncton, pode ser bastante
variável dentro da lagoa e ao longo do ano. O desenvolvimento do fitoplâncton é limitado pela
temperatura, nutrientes e luz. A quantidade de luz na água está associada a vários ciclos: ciclo
sazonal de intensidade luminosa (Inverno/Verão), ciclo diário (Dia/Noite), ciclo Maré Viva/Morta,
Cheia/Vazia que afecta a turbidez e ainda, a ocorrência de fenómenos ocasionais como cheias,
secas e blooms de algas. Em termos de transporte verifica-se que as maiores concentrações de
clorofila estão, normalmente, associadas a áreas com maiores tempos de residência da água.
A Figura 34 representa a concentração de clorofila a para a única estação (Seixo) onde existem
registos de valores. Com o registo apenas de uma estação é muito difícil caracterizar a variação
espacial deste parâmetro, pelo que esta lacuna será preenchida com os resultados da
monitorização na lagoa a decorrer desde Outubro. Com base neste registo, apenas se pode
dizer que o valor mais elevado ocorreu na Primavera, o qual poderá estar associado, tal como foi
dito anteriormente, à variação sazonal da intensidade luminosa. No entanto a confirmação
destas conclusões deverá ser confirmada por adição de novos dados.
No decorrer das campanhas de monitorização da lagoa verificou-se o Braço da Barrosa
apresentava uma enorme quantidade de algas. Esta constatação vai ao encontro do registo da
concentração de oxigénio, uma vez que o crescimento excessivo das algas pode levar a uma
depleção de oxigénio. Por outro lado, também as maiores concentrações de nutrientes se
registam no Braço da Barrosa, o qual tem associado um tempo de residência elevado (~10 dias).
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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No caso do Braço do Bom Sucesso, embora apresente tempos de residência mais elevados (na
ordem dos 26 dias) não apresenta as concentrações de nutrientes em excesso (tal como se
verifica através dos mapas de concentração), nem níveis baixos de oxigénio, apresentando,
antes pelo contrário, valores de acordo com as gamas consideradas aceitáveis.
Primavera Verão
Outono Inverno
Figura 34 – Mapas de concentração de clorofila a na Lagoa de Óbidos.
6.1.3. Parâmetros Microbiológicos
As bactérias do grupo coliforme são utilizadas como indicador biológico da contaminação fecal. A
contaminação das águas por fezes humanas e/ou animais pode ser detectada pela presença de
bactérias deste grupo. Assim, a determinação da concentração de coliformes assume
importância como parâmetro indicador da qualidade da água.
Na Figura 35, estão representados os mapas de concentração de bactérias coliformes
termotolerantes. As concentrações estão representadas em forma de gráficos de barras, estando
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
47/57
a escala representada no canto inferior direito da figura. É de referir que as concentrações foram
representadas em escala logarítmica para permitir uma melhor visualização das zonas onde
existem baixas concentrações.
Da análise da figura, verifica-se que as maiores concentrações de bactérias coliformes
termotolerantes se registam no Braço da Barrosa podendo estar associadas aos esgotos
provenientes da ETAR das Caldas da Rainha. É de salientar também, que na estação da
embocadura (Pedra Furada), os valores registados para o Verão são superiores aos
apresentados para as outras épocas do ano, estando associados à variação sazonal de
população que caracteriza esta zona durante este período.
A concentração de bactérias coliformes termotolerantes nas duas estações de montante, Seixo e
Bico dos Corvos, é superior aos registos apresentados para as outras épocas do ano, podendo
estar associada aos períodos de cheias que caracterizam o Inverno.
Primavera Verão
Outono Inverno
Figura 35 – Mapas de concentração bactérias coliformes termotolerantes na Lagoa de Óbidos.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
48/57
6.2. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS AMOSTRADOS
Existem na literatura várias metodologias para a avaliação da qualidade da água, nas quais são
sugeridas, ou impostas, amostragens para determinados parâmetros que se consideram
fundamentais na classificação das águas relativamente aos seus possíveis usos. No caso do da
Lagoa de Óbidos o interesse recai nos documentos referentes às imposições legais em termos
de descargas de efluentes e ainda em documentos relativos ao fenómeno de eutrofização. Desta
forma, consideram-se importantes por um lado as imposições vigentes no Decreto-Lei N.º236/98
de 1 de Agosto, em particular os tópicos relativos a águas para suporte de vida aquícola e, por
outro lado, as metodologias sugeridas quer pelo INAG (Instituto da Água) para a Classificação da
Qualidade da Água para usos Múltiplos.
6.2.1. Avaliação segundo o critério de Eutrofização
De acordo com alguns autores, foram estipulados valores típicos de concentrações para alguns
parâmetros, os quais permitem a caracterização dos ecossistemas como Oligotróficos,
Mesotróficos e Eutróficos. Um sistema Eutrófico, tal como o próprio nome sugere, é um sistema
eutrofizado, ou seja, apresenta concentrações de nutrientes e algas em excesso. Os sistemas
Oligotróficos são sistemas pobres e pouco produtivos, que, ao contrário dos Mesotróficos são
sistemas produtivos. Por exemplo, Wetzel (1993) considera três estados tróficos diferentes,
enquanto que a OCDE (http://www.oecd.org/home/), considera 5, incluindo além das classes
mencionadas anteriormente uma classe Ultra-Oligotrófica e Hiper-Eutrófica. De seguida são
apresentados os valores típicos de acordo com Wetzel. Em Portugal, o INAG não tem definido
um critério de classificação objectivo para águas costeiras, pelo que se opta por aplicar a
classificação referida por Wetzel (1993).
Tabela 11 – Valores médios anuais (mg/m3) segundo Wetzel (Wetzel, 1993). Parâmetros Oligotrófico Mesotrófico Eutrófico
Fósforo total <17.35 17.35 - 55.5 >55.5 Azoto total <707 707 - 1314 >1314 Clorofila a <3.2 3.2 - 9.5 >9.5
Seria de todo interessante aplicar esta classificações a certas zonas da lagoa, nomeadamente
em cada um dos braços, corpo central e perto da comunicação da lagoa com o mar, permitindo
assim caracterizar o estado trófico da lagoa de acordo com a variação espacial das
propriedades. Assim, com base nos valores apresentados nos mapas de concentrações,
calcularam-se os valores médios anuais de azoto total, fósforo total, clorofila a e OD. Estes
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valores foram comparados com os referidos por Wetzel (1993) permitindo assim, fazer a
caracterização da lagoa de acordo com a distribuição das estações apresentadas.
Esta abordagem seria ainda mais completa, se existissem dados de clorofila a para todas as
estações de monitorização analisadas. De qualquer modo, esta classificação poderá ser feita de
novo, aquando o preenchimento das lacunas com os dados de campo obtidos no âmbito do
projecto de monitorização com as Águas do Oeste. O resultado segundo a classificação de
Wetzel está apresentado na Tabela 12.
Da análise da Tabela 12, verifica-se que, através das concentrações apresentadas a zona da
barra e todo o corpo central é classificada como oligotrófica, a zona do Braço do Bom Sucesso e
Poça das Ferraria, são classificadas como sendo mesotróficas, sendo assim consideradas como
zonas produtivas e a zona do delta do Rio Arnóia e Braço da Barrosa como sendo zonas
eutrofizadas. Deve, também referir-se, que as zonas que actualmente estão apontadas como
sendo as mais problemáticas, foram classificadas como estando eutrofizadas segundo Wetzel e
também segundo a classificação adoptada pelo INAG.
Tabela 12 – Caracterização da Lagoa de Óbidos com base na classificação proposta por Wetzel (1993).
Parâmetros (mg/m3)
Pedra Furada Seixo Poça das
Ferrarias Ponta
Branca Bico dos Corvos
Quinta do Barrosso
Azoto Total 808.8 1030.0 1114.0 1278.9 2345.7 3998.6 Fósforo Total 12.3 24.7 23.3 42.6 68.5 85.6
Clorofila a - 3.2 - - - -
Para uma melhor visualização, os resultados discutidos anteriormente, encontram-se
identificados na Figura 36. No corpo central da lagoa não existe nenhuma estação de
monitorização uma vez que a estação de Pedra Furada se localiza mais perto da barra. De
qualquer modo pode-se considerar que todo o corpo central tem uma distribuição de
concentrações semelhantes ás verificadas em Pedra Furada, uma vez que os tempos de
residência na zona da barra e corpo central são semelhantes, tal como se verificou através da
caracterização hidrodinâmica da lagoa na secção 5. Esta afirmação pode ser confirmada através
dos resultados das campanhas a decorrer na lagoa uma vez que segundo o Programa de
Monitorização apresentado ás Águas do Oeste apresenta-se um ponto para monitorizar nesta
zona mais central.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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Figura 36 – Identificação das zonas apresentadas segundo a classificação de Wetzel.
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6.2.2. Avaliação segundo o Decreto-Lei N.º236/98
Esta análise teve como base o D.L. n.º 236/98 de 1 de Agosto (www.diramb.gov.pt), que
estabelece normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio
aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos. O presente
diploma define os requisitos para utilização das águas com os seguintes fins: águas para
consumo humano; águas para suporte da vida aquícola; águas balneares e águas de rega.
A água da Lagoa de Óbidos é utilizada apenas para fins de suporte de vida conquícola (Anexo
XIII) e para actividades de recreio e lazer (Anexo XV). No entanto, neste capítulo apenas será
efectuada uma análise relativamente aos critérios estabelecidos para a vida conquícola, porque
para analisar a qualidade da água balnear é necessário uma amostragem quinzenal, durante o
período balnear, de 1 Junho a 30 de Setembro.
Tabela 13– Valores limites definidos pelo DL 236/98. Parâmetro Anexo XIII Parâmetro VMR VMA
Coliformes fecais (NMP/100ml) <=300 Coliformes totais (NMP/100ml) Crómio (mg/l) Enterovirus (PFU/10l) Oxigénio dissolvido (% saturação) >=80 >=70 pH (escala de Sorensen) 7 a 9 7 a 9 Salinidade 12-38 40 Salmonelas (/ 1l) Tranparência (m)
Em conformidade com a norma de qualidade para águas conquícolas as amostras devem ser
colhidas com a frequência mínima prevista no anexo XIV, num mesmo local de colheita e
durante um período de 12 meses, e respeitar os valores fixados na referida norma da seguinte
forma: para 100% das amostras, no que se refere aos parâmetros organo-halogenados, metais e
bio-toxinas marinhas; para 95% das amostras, no que diz respeito aos parâmetros salinidade e
oxigénio dissolvido e para 75% das amostras, no que se refere aos restantes parâmetros que
figuram no anexo XIII. Os valores limites referidos por lei estão apresentados na Tabela 13.
Desta forma, e de acordo com os Anexos XIII (águas para suporte da vida conquícola), foram
analisados os diferentes parâmetros por estes pré-estabelecidos. Os organo-halogenados,
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metais e bio-toxinas, não foram analisados porque não existem registos de valores referentes a
estes parâmetros.
De seguida, apresentam-se na Tabela 14, os resultados da análise efectuada para cada estação,
de acordo com a conformidade legal. Da análise deste quadro, conclui-se que em relação ao pH
e salinidade 100% dos valores das amostras estão dentro dos valores limites referidos por lei.
A zona próxima da barra, caracterizada pela estação de Pedra Furada, apresenta valores de
oxigénio dentro do limite legal embora em relação aos coliformes os valores sejam 10% abaixo
do limite considerado legal. No entanto, e porque esta zona se encontra afastada das fontes de
poluição, seria de esperar que os valores de bactérias coliformes termotolerantes, estivesse
dentro do limite legal.
Este resultado pode estar relacionado com a variação sazonal da população que caracteriza esta
zona da Foz do Arelho, tal como foi referido na análise das concentrações de bactérias
coliformes termotolerantes.
A zona do Braço da Barrosa (estação Quinta do Barroso) e delta do Rio Arnóia (estação Bico
dos Corvos), são as zonas mais problemáticas. Os valores referentes ao oxigénio e bactérias
coliformes termotolerantes encontram-se bastante abaixo do limite legal nomeadamente no
Braço da Barrosa. Na zona do Braço do Bom Sucesso (estação de Ponta Branca) verifica-se um
resultado particularmente interessante, ou seja, os valores de bactérias coliformes
termotolerantes encontram-se dentro dos valores legais. Recordando a identificação dos
principais usos da lagoa e sua distribuição, verifica-se que as zonas do Braço do Bom Sucesso e
Poças das Ferrarias representam as áreas as principais da pesca e apanha de moluscos. Este
resultado vem de encontro ás indicações retiradas durante o trabalho de campo através do
diálogo com os pescadores locais.
Tabela 14 – Resultados das análises de acordo com a conformidade legal.
Estação Bactérias Coliformes Termotolerantes
Oxigénio Dissolvido pH Salinidade
Pedra Furada 61% 100% 100% 100% Seixo 58% 83% 100% 100%
Poça das Ferrarias 67% 73% 100% 100% Ponta Branca 78% 64% 100% 100%
Bico dos Corvos 38% 44% 100% 100% Quinta do Barroso 0% 9% 100% 100%
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6.2.3. Avaliação segundo a classificação da Qualidade da Água para usos Múltiplos proposta pelo INAG (Instituto da Água)
A classificação da qualidade da água para usos múltiplos permite obter informação sobre os
usos que potencialmente podem ser considerar na massa de água classificada. Assim, são
consideradas cinco classes distintas, as quais se apresentam diferenciadas na Tabela 15.
Tabela 15 – Classes de classificação da Qualidade da Água (http://snirh.inag.pt/snirh/dadossintese/qualaganual/classificacao.html)
Classe A – Sem Poluição Águas consideradas como isentas de poluição, aptas a satisfazer potencialmente as utilizações mais exigentes em termos de qualidade
Classe B – Fracamente Poluído Águas com qualidade ligeiramente inferior à classe A, mas podendo também satisfazer potencialmente todas as utilizações
Classe C – Poluído Águas com qualidade "aceitável", suficiente para irrigação, para usos industriais e produção de água potável após tratamento rigoroso. Permite a existência de vida piscícola (espécies menos exigentes) mas com reprodução aleatória; apta para recreio sem contacto directo
Classe D – Muito Poluído Águas com qualidade "medíocre", apenas potencialmente aptas para irrigação, arrefecimento e navegação. A vida piscícola pode subsistir, mas de forma aleatória
Classe E – Extremamente Poluído
Águas ultrapassando o valor máximo da Classe D para um ou mais parâmetros. São consideradas como inadequadas para a maioria dos usos e podem ser uma ameaça para a saúde pública e ambiental
Com base nos valores obtidos pela monitorização do INAG, foi construída uma tabela para cada
estação de medição, permitindo assim classificar as principais zonas da Lagoa de Óbidos,
nomeadamente a zona dos braços, corpo central e zona da Barra. A Tabela 16 representa a
classificação para cada parâmetro face aos valores apresentados para cada estação de
monitorização. Encontra-se também apresentada a classificação global para cada estação de
monitorização.
Da análise da Tabela 16, verifica-se que de facto, tal como já foi referido anteriormente, as zonas
mais problemáticas são o Braço da Barrosa e o delta do Rio Arnóia. O Braço da Barrosa
apresenta-se extremamente poluído, sendo a qualidade da sua água considerada inadequada
para a maioria dos usos. A zona do delta do Rio Arnóia, foi classificada como sendo poluída,
sendo a sua água considerada com qualidade "aceitável", suficiente para irrigação, para usos
industriais e produção de água potável após tratamento rigoroso. A vida piscícola, mas com
reprodução aleatória é permitida neste tipo de águas. Em relação ao corpo central, possui uma
qualidade ligeiramente inferior à classe A, embora podendo eventualmente satisfazer
praticamente todas as utilizações. A zona da Barra (Pedra Furada) e do Braço da Barrosa
(estação de Ponta Branca) possuem uma qualidade da água entre a classe A e B, permitindo
assim satisfazer as necessidades mais exigentes em termos de qualidade.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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Tabela 16 – Classes de classificação da qualidade da água para usos múltiplos em cada estação de monitorização da Lagoa de Óbidos.
Classificação por Parâmetro Estação de Medição pH SST OD (%) NH4 NO3 P2O5 CF
Classificação Global2
Pedra Furada 7.8 28 94 0.19 2.0 0.18 1224 Classe A Classe B
Seixo 7.8 36 76 0.40 2.1 0.19 1977 Classe B
Poça das Ferrarias 7.9 26 77 0.15 1.4 0.24 2000 Classe B
Ponta Branca 7.8 23 74 0.20 2.4 0.28 1735 Classe A Classe B
Bico dos Corvos 7.9 57 62 1.10 2.0 0.48 16038 Classe C
Quinta do Barroso 7.6 42 33 3.30 2.0 1.5 136062 Classe E
2 A classificação global é feita tendo como base a incidência da mesma classe em pelo menos 2 parâmetros. A classe E, é atribuída sempre que o valor máximo da classe D seja ultrapassado para um ou mais parâmetros.
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7. CONCLUSÕES
Em termos de hidrodinâmica a maré é a principal responsável, pela renovação da água no
interior da Lagoa de Óbidos. No entanto, em termos de qualidade da água, as descargas dos
principais rios afluentes, Cal e Arnóia, são determinantes por constituírem a principal fonte de
nutrientes da lagoa. Em resultado destes factores a comunicação da lagoa com o mar é vital pois
permite a renovação cíclica da água e por conseguinte uma melhoria substancial na qualidade
da água.
A caracterização da lagoa em termos hidrodinâmicos e avaliação da qualidade da água, permite
concluir que os processos ecológicos estão dependentes do comportamento físico do sistema
em causa, nomeadamente da circulação da água e dos tempos de residência. Se por um lado a
comunicação da lagoa com o mar é de extrema importância, por outro lado a qualidade dos
principais afluentes à lagoa, Rio Arnóia e Rio da Cal, é também determinante na qualidade da
água da lagoa, uma vez que a produção primária é limitada pela disponibilidade dos nutrientes.
Espera-se que após o funcionamento da ETAR das Caldas da Rainha com o novo tipo de
tratamento, a qualidade da água na sub-bacia do Rio da Cal, apresente uma melhoria bastante
significativa, principalmente em termos de azoto total e CBO5.
As zonas de montante, Braço da Barrosa e Bom Sucesso, apresentam tempos de residência
elevados, 10 e 26 dias respectivamente, e velocidades baixas, criando condições para a
deposição de sedimentos finos. A zona mais problemática é o Braço da Barrosa, que apresenta
quantidades consideráveis de nutrientes (amónia, nitrato e fósforo) e índices muito baixos de
oxigénio, situados na ordem dos 4 mg/L, evidenciando as características conhecidas em relação
ao processo de eutrofização. Em termos de contaminação fecal esta é também a zona mais
problemática, apresentando elevadas concentrações de bactérias coliformes termotolerantes.
O Braço do Bom Sucesso não apresenta actualmente problemas em relação à concentração de
nutrientes e oxigénio. No entanto pode sofrer um agravamento das condições actuais se não
forem tomadas medidas adequadas. Uma das medidas a tomar deve passar por tentar encontrar
uma solução que permita maior circulação e renovação de água nesta zona, permitindo assim
como que uma “lavagem” dos poluentes descarregados pelos principais rios. Esta zona deve ser
preservada, pois constitui um factor de rendimento e exploração económica para as localidades
de Nadadouro e Foz do Arelho, uma vez que é uma zona importante para a pesca e apanha de
moluscos.
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8. TRABALHO FUTURO
O modelo de qualidade da água na Lagoa de Óbidos já está implementado, pretendendo-se,
através da sua aplicação na lagoa, perceber a importância relativa das descargas das águas
residuais que vão ligar ao emissário submarino. Neste momento já se procedeu à elaboração de
um relatório, face aos resultados obtidos.
Os estudos para a caracterização da situação de referência na zona do emissário já estão
também a decorrer, sendo apresentados e descritos no próximo relatório. A recolha de
informação bibliográfica para a zona de descarga do emissário submarino já foi efectuada. Essa
informação revela-se ainda insuficiente, uma vez que existem poucos estudos nessa zona da
Costa Portuguesa. Neste momento já foi realizada uma campanha na zona do emissário,
esperando-se pelos resultados das análises por parte do laboratório para poder de algum modo
completar algumas lacunas. Os dados recolhidos até ao momento, são provenientes do
Programa de Monitorização do Instituto Hidrográfico (IH) cujo início ocorreu em 2000. Com base
nos dados existentes até à data, está a ser estruturado um modelo conceptual que visa
caracterizar a zona de descarga e identificar as principais fontes de variabilidade na zona de
descarga.
Em paralelo continuam a decorrer as campanhas na zona do emissário e Lagoa de Óbidos,
estando a próxima agendada para Janeiro de 2005. Os resultados das campanhas, tal como já
foi referido anteriormente, juntamente com uma componente de modelação, serão objecto de
pequenos relatórios que abordam o planeamento das campanhas e a comparação dos dias das
campanhas com resultados do modelo. O relatório das primeiras campanhas será produzido logo
que se tenham os resultados de análises dos laboratórios.
CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: QUALIDADE DA ÁGUA DA LAGOA DE ÓBIDOS
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9. BIBLIOGRAFIA
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