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IPIMAR Avenida de Brasília 1449-006 LISBOA - PORTUGAL Tel. (+351) 213027000 Fax: (+351) 8 E-mail [email protected] 21301594 R ELATÓRIO Contrato com IPIMAR CARACTERIZAÇÃO DO EMISSÁRIO DA FOZ DO ARELHO E DA LAGOA DE ÓBIDOS Relatório Semestral – Campanha de Outubro de 2005 Coordenação: Carlos Vale, Patrícia Pereira e Hilda de Pablo Equipa: Patrícia Pereira, Hilda de Pablo, Miguel Caetano, Ana Maria Ferreira, Odete Gil, Paulo Antunes, Joana Raimundo, Vasco Branco, Joana Amado, Cristina Micaelo, Pedro Brito, Rute Cesário, Marta Martins, Frederico Rosa Santos, Isabelina Santos, Vanda Franco, Marta Nogueira, Ana Paula Oliveira, Célia Gonçalves, Luís Palma de Oliveira, Susana Carvalho, Fábio Pereira, Miguel Gaspar Janeiro de 2006

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IPIMAR Avenida de Brasília

1449-006 LISBOA - PORTUGAL

Tel. (+351) 213027000 Fax: (+351) 8

E-mail [email protected] 21301594

R E L A T Ó R I O

C o n t r a t o c o m

I P I M A R

CARACTERIZAÇÃO DO EMISSÁRIO DA FOZ DO ARELHO E

DA LAGOA DE ÓBIDOS

Relatório Semestral – Campanha de Outubro de 2005

Coordenação: Carlos Vale, Patrícia Pereira e Hilda de Pablo

Equipa: Patrícia Pereira, Hilda de Pablo, Miguel Caetano, Ana Maria Ferreira, Odete Gil, Paulo Antunes, Joana Raimundo, Vasco Branco, Joana Amado, Cristina Micaelo, Pedro Brito, Rute Cesário, Marta Martins, Frederico Rosa Santos, Isabelina Santos, Vanda Franco, Marta Nogueira, Ana Paula Oliveira, Célia Gonçalves, Luís Palma de Oliveira, Susana Carvalho, Fábio Pereira, Miguel Gaspar

Janeiro de 2006

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ÍNDICE

1 OBJECTIVO DO TRABALHO ................................................................. 1

1

éni

5

rm...5

ise

4 -

1.1

4. e2.1

4.

5.1

II d

5

2 AMOSTRAGEM e OBSERVAÇÕES in situ ............................................. 1 3 METODOLOGIAS ANALÍTICAS ............................................................. 3

3. Coluna de água ............................................................................................3 Oxig o Dissolvido e Matéria Particulada em Suspensão ...............................................3 Determinação de carbono e azoto orgânico na matéria particulada em suspensão .............3 Determinação de nutrientes ......................................................................................3 Determinação de metais nas fracções dissolvida e particulada ........................................4 Determinação de compostos organoclorados na matéria particulada em suspensão. ..........4 Determinação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAH) na matéria particulada em suspensão ..............................................................................................................

3.2 Sedimentos e Ulva sp. ...................................................................................5 Dete inação da matéria orgânica, carbono e azoto orgânico, fósforo total, clorofila a e feopigmentos e porosidade no sedimento .................................................................

Determinação de metais ...........................................................................................5 Determinação de compostos orgânicos (organoclorados e PAH) ......................................6 3.3 Macrofauna bentónica....................................................................................6 Anál s laboratoriais................................................................................................6 Análise Estatística ....................................................................................................6

RESULTADOS....................................................................................... 8 I Lagoa de Óbidos..................................................................................................8 4.1 Coluna de Água ............................................................................................8

4. Salinidade, temperatura, pH e oxigénio dissolvido..........................................8 4.1.2 Carbono e Azoto na fracção particulada ........................................................8 4.1.3 Nutrientes e clorofila a ...............................................................................9 4.1.4 Metais nas fracções dissolvida e particulada ..................................................9 4.1.5 Contaminantes orgânicos na fracção particulada .......................................... 10 2 S dimento ................................................................................................. 11 4. Porosidade, LOI, pH e Eh.......................................................................... 11 4.2.2 Carbono, Azoto, Fósforo e Pigmentos ......................................................... 11 4.2.3 Níveis de metais, PCB, DDT e PAH ............................................................. 12 3 Ulva sp...................................................................................................... 12

4.4 Discussão .................................................................................................. 13 4.5 Macrofauna bentónica da lagoa ..................................................................... 13

4. Comparação entre campanhas de amostragem............................................ 16 4.5.2 Avaliação do estado ecológico do meio bentónico ......................................... 17 4.5.3 Discussão............................................................................................... 19 - Zona o Emissário............................................................................................ 20

4.6 Coluna de água .......................................................................................... 20 CONCLUSÕES .....................................................................................22

6 REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................22

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Localização das estações de amostragem na Lagoa de Óbidos e zona do emissário da

Figur

..... 16 Figur

Figur

. 19

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Coordenadas geográficas das estações de amostragem na Lagoa de Óbidos (#1 - #5)

Tabel

..8 Tabel

....9 Tabel

.....9 Tabel

0 Tabel

Tabe

Tabel..... 11

Tabel

. 11 Tabel

Tabe

. 12

Foz do Arelho a 25 de Outubro de 2005...................................................................2 a 2 Abundância relativa por estação e grupo taxonómico amostrado (Maio 2005)......... 13

Figura 3 Abundância relativa por estação e grupo taxonómico amostrado (Outubro 2005).... 15 Figura 4 Dendograma e diagrama de ordenação resultante das análises de classificação e de

ordenação com base na matriz de dados biológicos. A – referente à campanha de Outubro 2005. ..............................................................................................

a 5 Índice biótico (AMBI) calculado para cada uma das estações de amostragem em Maio (A) e em Outubro (B) de 2005. ............................................................................ 18 a 6 Percentagem relativa dos cinco grupos ecológicos para Maio (A) e Outubro (B) de 2005. I-sensível; II-indiferente; III-tolerante; IV- oportunista de segunda-ordem; V- oportunista de primeira-ordem............................................................................

e na zona do emissário da Foz do Arelho (EMAO#1 – EMAO#2) ..................................1 a 2 Condições de maré no Porto de Peniche a 25 de Outubro de 2005..........................2

Tabela 3 Dados de salinidade, temperatura, pH e oxigénio dissolvido na coluna de água da Lagoa a 25 de Outubro de 2005. ..........................................................................

a 4 Concentração de carbono (total, inorgânico, orgânico) na fracção particulada da coluna de água na Lagoa a 25 de Outubro de 2005 ...............................................

a 5 Concentrações de nutrientes (amónia, nitratos, nitritos, silicatos, fosfatos, azoto orgânico e fósforo orgânico-µM) e Clorofila-a (µg/L) na coluna de água da Lagoa de Óbidos a 25 de Outubro de 2005. ......................................................................

a 6 Concentrações de metais na fracção dissolvida da coluna de água na Lagoa a 25 de Outubro de 2005................................................................................................ 1

a 7 Concentração de metais na fracção particulada da coluna de água na Lagoa a 25 de Outubro de 2005................................................................................................ 10

la 8 Concentrações de PCB, DDT e PAH no material particulado em suspensão na Lagoa a 25 de Outubro de 2005....................................................................................... 11 a 9 Valores de porosidade, LOI e pH em sedimentos superficiais da Lagoa a 25 de Outubro de 2005...........................................................................................

a 10 Concentrações de carbono (total, orgânico e inorgânico), azoto (total, orgânico e inorgânico), Clorofila-a e feopigmentos e fósforo total em sedimentos superficiais da Lagoa a 25 de Outubro de 2005 ..........................................................................

a 11 Composição de elementos maioritários, vestigiários e níveis de PCB, DDT e PAH em sedimentos superficiais da Lagoa a 25 de Outubro de 2005 ...................................... 12

la 12 Níveis de metais maioritários e vestigiários e de organoclorados em Ulva sp. da Lagoa..............................................................................................................

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Tabela 13 Índices univariados número de taxa (S), abundância (N), riqueza específica (d), equitabilidade de Pielou (J’) e diversidade de Shannon-Wiener (H’) calculados para cada estação de amostragem na Lagoa de Óbidos em Maio de 2005. ................................ 14

Tabela 14 Índices univariados número de taxa (S), abundância (N), riqueza específica (d), equitabilidade de Pielou (J’) e diversidade de Shannon-Wiener (H’) calculados para cada estação de amostragem na Lagoa de Óbidos em Outubro de 2005. ........................... 15

Tabela 15 Taxa indicados pela rotina SIMPER como os que mais contribuíram para a dissimilaridade entre as campanhas de amostragem. .............................................. 17

Tabela 16 Características físico-químicas da coluna de água na zona do emissário (s-superfície, m-meio e f-fundo).............................................................................................. 20

Tabela 17 Concentrações de amónia, nitratos, nitritos, silicatos, fosfatos, azoto orgânico e fósforo orgânico (µM), clorofila a e feopigmentos (µg/L) na coluna de água da zona do emissário a 25 de Outubro de 2005 (s-superfície, m-meio e f-fundo) ......................... 21

Tabela 18 Concentrações de metais na coluna de água da zona do emissário a 25 de Outubro de 2005 (s-superfície, m-meio e f-fundo) .............................................................. 21

Tabela 19 Concentração de carbono (total, orgânico) e azoto (total e orgânico) na fracção particulada de água da zona do emissário a 25 de Outubro de 2005 (s-superfície, m-meio e f-fundo) ......................................................................................................... 21

Tabela 20 Lista de taxa recolhidos nas estações amostradas. ............................................. I

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1 OBJECTIVO DO TRABALHO

O presente relatório refere-se à quarta campanha de amostragem na zona do emissário

submarino da Foz do Arelho e na Lagoa de Óbidos, realizada a 25 de Outubro de 2005. A

caracterização ambiental apresentada neste trabalho foi elaborada no âmbito do protocolo de

colaboração entre a empresa Águas do Oeste, o IST e o IPIMAR com vista a monitorizar a

situação ambiental na zona de descarga do emissário submarino da Foz do Arelho e Lagoa de

Óbidos.

Este trabalho apresenta uma avaliação da qualidade da água e dos sedimentos da Lagoa e

caracterização da água na zona do emissário em Outubro de 2005, que corresponde à

primeira campanha após a entrada em funcionamento do emissário, deixando a Lagoa de ser

o meio receptor dos efluentes domésticos do concelho. Estes são os primeiros dados que

permitirão avaliar a recuperação da Lagoa e o impacto das descargas na zona costeira

adjacente à Foz do Arelho.

2 AMOSTRAGEM E OBSERVAÇÕES in situ

A 25 de Outubro de 2005 foi realizada uma campanha de amostragem em 5 estações na

Lagoa de Óbidos e 2 estações na zona do emissário da Foz do Arelho. A Tabela 1 apresenta as

coordenadas geográficas das estações acima referidas e a Figura 1 a sua localização. As

amostras de água foram recolhidas nas 5 estações da Lagoa em duas situações de maré,

próximas da baixa-mar e da preia-mar, e na zona do emissário a três níveis da coluna de

água. No interior da Lagoa procedeu-se, ainda, à recolha da macroalga Ulva sp. e de

sedimentos superficiais. A Tabela 2 apresenta as condições de maré no porto de Peniche.

Tabela 1 Coordenadas geográficas das estações de amostragem na Lagoa de Óbidos (#1 - #5) e na zona do emissário da Foz do Arelho (EMAO#1 – EMAO#2)

Estação Coordenadas

(xm) Coordenadas

(ym)

#1 273961 105714

#2 272961 106729

#3 272089 107093

#4 271078 108336

#5 270518 106928

EMAO#1 276122 104173

EMAO#2 277121 105173

1

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Figura 1 Localização das estações de amostragem na Lagoa de Óbidos e zona do emissário da Foz do Arelho a 25 de Outubro de 2005

Tabela 2 Condições de maré no Porto de Peniche a 25 de Outubro de 2005

Dia/Hora Altura (m)

(08:22) 2.63 Preia-Mar 25/10/05 (15:12) 1.59 Baixa-Mar

As águas superficiais foram recolhidas directamente em frascos de polipropileno a 20-30 cm

de profundidade. As amostras de fundo (zona do emissário) foram recolhidas com uma garrafa

de Niskin e colocadas em frascos de polipropileno. Paralelamente, foi também realizada a

colheita de águas em frascos de Winkler de 100 mL para determinação do oxigénio dissolvido.

As determinações de salinidade, pH, temperatura e clorofila-a na coluna de água foram

realizadas in situ, com uma sonda multiparamétrica.

Foram recolhidos sedimentos superficiais nas estações assinaladas na Figura 1. Previamente

ao seu processamento, foram medidos os valores do pH e Eh. O pH das amostras de água e

sedimento foi determinado através de um aparelho portátil digital Crison mod. 507 com

controlo de temperatura, acoplado a um eléctrodo combinado para medir o pH, Mettler-

Toledo, calibrado com tampões (4.00, 7.00 e 10.00 ± 0.02 a 20ºC). O Eh foi medido com um

eléctrodo combinado com um sistema Ag/AgCl-Platina. Os valores obtidos para o potencial

redox, foram depois convertidos par aos potenciais normais de hidrogénio.

2

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3 METODOLOGIAS ANALÍTICAS

3.1 Coluna de água

Oxigénio Dissolvido e Matéria Particulada em Suspensão

A determinação do oxigénio dissolvido nas amostras de água foi efectuada através do método

de Winkler modificado por Carrit e Carpenter (1966). Inicialmente adicionou-se à amostra

Cloreto Manganoso e Iodeto Alcalino de modo a fixar o oxigénio presente na solução.

Posteriormente procedeu-se à titulação com Tiossulfato de Sódio. O método de Winkler é

aplicado numa gama de 0.06 a 90 ml l-1, nas condições ambiente, com uma precisão de 0.03

ml (Grasshoff et al. 1976). As amostras de água foram filtradas através de membranas de

policarbonato com porosidade de 0.45 µm e os filtros secos a 40 ºC até peso constante. A

concentração de matéria particulada em suspensão foi calculada como sendo a massa de

partículas retidas no filtro por unidade de volume (mg L-1).

Determinação de carbono e azoto orgânico na matéria particulada em suspensão

Os parâmetros carbono total e inorgânico, azoto total e inorgânico foram determinados em

material particulado filtrado através de filtros GF/F. Os filtros foram inicialmente calcinados a

450 ºC durante 4 horas. As amostras de água filtradas foram secas a 70 ºC durante 24 horas,

e pesadas. Metade destas amostras foi moída e colocada em micro cápsulas de estanho e

determinado o carbono e azoto total. A incineração das outras amostras foi realizada a 450 ºC

durante 2 horas, e após pesagem e moagem foram colocadas no mesmo tipo de cápsulas,

procedendo-se à determinação de carbono e azoto inorgânico. Foi utilizado um autoanalisador

CHN de marca FISONS NA 1500, recorrendo a um reactor de oxidação com enchimento de

Óxido de crómio (III) e Óxido cobáltico/cobaltoso de prata a 1000 ºC, e posteriormente a um

reactor de redução, com enchimento de Cobre reduzido, a 600 ºC. O padrão utilizado foi a

Acetanilida (C8H9NO). (Byers et al. 1978). Neste método o limite de detecção para os dois

elementos é de 0.001% e a precisão é de 0.47% para o C e de 0.22% para o N.

Determinação de nutrientes

No Laboratório Móvel do IPIMAR, as amostras foram filtradas através de membranas

Nuclepore (MSI) com 0.45 µm de porosidade e conservadas no frio. Os nutrientes dissolvidos

foram analisados por colorimetria num autoanalisador TRAACS 2000: amónia-NH4+, nitritos-

NO2-, nitratos-NO3

- e silicatos-Si(OH)4 com um limite de detecção de 0.1 µmol/l; fosfatos-

PO43- com um limite de detecção de 0.01 µmol/l. A determinação de Azoto e Fósforo Total foi

efectuada pelo método de Koroleff (1983) modificado de acordo com ISO 11905-1:1997 (ISO

- International Organization for Standardization) e baseia-se na digestão oxidativa, em meio

alcalino e a elevada temperatura, durante 90 minutos, das formas de azoto e fósforo orgânico

presentes na água, utilizando peroxodissulfato. Os compostos de azoto são oxidados em meio

3

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alcalino enquanto que os compostos de fósforo são oxidados em meio ácido. Posteriormente

procedeu-se à sua análise por titulação colorimétrica no referido autoanalisador.

Determinação de metais nas fracções dissolvida e particulada

Filtrou-se entre 250 e 1000 mL de água através de filtros de acetato de celulose de 0.45 µm,

cerca de 100 mL do filtrado foi acidificado para posterior determinação do mercúrio reactivo,

utilizando o método de espectrofotometria de fluorescência atómica com vapor frio. Para

determinação de Ni, Cu, Cd e Pb na fracção dissolvida recolheram-se cerca de 2.5 L de água

em frascos descontaminados com HNO3 (20%) e posteriormente com HCl (20%) onde se

colocou durante 48 horas uma unidade DGT (diffusive gradient in thin film), a temperatura

constante. O processo de extracção de cada unidade DGT corresponde à difusão dos metais

dissolvidos (fracção <0.45 µm) através de uma membrana de nitrato de celulose e retenção

em resina quelante. Posteriormente, esta resina foi eluída numa solução de HNO3 e

determinados os teores de metais por ICP-MS. As partículas retidas no filtro foram

mineralizadas através de uma mistura de soluções ácidas. As concentrações de metais nas

soluções obtidas foram determinadas por espectrometria de absorção atómica à chama e por

câmara de grafite (equipamento da marca Perkin-Elmer) e por ICP-MS.

Determinação de compostos organoclorados na matéria particulada em suspensão.

Para a análise dos compostos organoclorados na matéria particulada em suspensão, as

amostras de água foram filtradas sob pressão de azoto no local da colheita, utilizando filtros

de fibra de vidro Gelman tipo a/E de 142 mm de diâmetro. Os filtros foram lavados com

hexano e mantidos na mufla a 350 ºC durante 17 horas, pesados e guardados em folhas de

alumínio. Após a filtração passou-se água destilada e os filtros foram secos numa estufa a 40

ºC. Os organoclorados existentes na matéria particulada em suspensão foram removidos

através de uma extracção em Soxhlet com solvente orgânico durante 16 horas. Os extractos

foram sujeitos a um clean-up numa coluna de Florisil e posteriormente tratados com ácido

sulfúrico. Periodicamente foram efectuados ensaios em branco para controlo do processo

analítico. A identificação e quantificação destes compostos foram efectuadas num

cromatógrafo gás-líquido Hewlett-Packard equipado com um detector de captura de electrões

e uma coluna capilar J&W, DB5 (60m). Analisaram-se 18 congéneres de PCB (CB18, CB26,

CB44, CB49, CB52, CB101, CB105, CB118, CB128, CB138, CB149, CB151, CB153, CB170,

CB180, CB183, CB187, CB194), o pp’-DDT e seus metabolitos (pp’-DDE e pp’-DDD). Neste

relatório designa-se por PCB a soma das concentrações dos congéneres de PCB e por DDT a

soma das concentrações de pp’-DDE, pp’-DDD e pp’-DDT. A quantificação dos vários

compostos foi efectuada através de soluções padrão, utilizando o método do padrão externo.

4

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Determinação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAH) na matéria

particulada em suspensão

A matéria partícula em suspensão foi extraída em Soxhlet durante 36 horas com uma mistura

de hexano/acetona (1:1), adicionando-se uma solução com compostos deuterados como

padrão interno. Os extractos depois de purificados com uma coluna de sílica/alumina (1:1)

foram injectados em modo SIM num cromatógrafo acoplado a espectrómetro de massa GCQ,

com coluna capilar J&W, DB5 (30m) e amostrador automático. A quantificação dos compostos

(acenaftileno, acenafteno, fluoreno, fenantreno, antraceno, fluoranteno, pireno,

benzo[α]antraceno, criseno, benzo[β]fluoranteno, benzo[K]fluoranteno, benzo[α]pireno,

dibenzo[α,h]antraceno, benzo[ghi]perileno, indeno[1,2,3-cd]pireno) foi efectuada através de

soluções padrão com o método do padrão interno. A validação dos resultados foi efectuada

através da análise de padrões internacionais certificados (National Research Council of Canada

e United States Geological Survey). Designa-se por PAH a soma de todos os compostos

analisados.

3.2 Sedimentos e Ulva sp.

Determinação da matéria orgânica, carbono e azoto orgânico, fósforo total, clorofila

a e feopigmentos e porosidade no sedimento

Para a determinação do carbono e azoto total as amostras foram secas a 60 ºC, moídas e

colocadas em micro cápsulas de estanho. Para a determinação de carbono e azoto inorgânico

as amostras já moídas foram levadas à mufla, durante 2 horas a 450 ºC. A determinação das

respectivas fracções efectuou-se num autoanalisador CHN, FISONS NA 1500, de acordo com o

procedimento anteriormente descrito (Verardo et al. 1990). Para a determinação do fósforo

total no sedimento a amostra, após 2 horas a 450 ºC, foi digerida com Ácido clorídrico, HCl

1N, durante 15 minutos a 200 ºC. Após o complexo de fósforo inorgânico se ter formado por

reacção com o reagente misto (Molibdato de amónia, Ácido sulfúrico e Ácido ascórbico) foi

determinada a sua concentração a 860 nm, no espectrofotómetro de marca SPECTRONIC

GENESYS 5, (Anderson, 1976). Este método apresenta uma precisão de 12%. A concentração

de Clorofila-a e de feopigmentos nos sedimentos foi determinada numa amostra de 2 cm3 de

sedimento, através da sua extracção com acetona a 90%, durante 24 horas. Posteriormente

procedeu-se à análise por fluorometria, utilizando um fluorómetro de marca PERKIN-ELMER

(Brand, 2000), (Valiela, 1995). O limite de detecção do método é de 0.1 mg m-3 e a precisão

0.57%. A porosidade foi determinada através dos dados de humidade e densidade do

sedimento.

Determinação de metais

Os sedimentos e macroalgas foram liofilizados, moídos em almofariz de ágata e mineralizados

5

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em solução ácida. A determinação dos metais foi realizada como acima referido para a matéria

particulada em suspensão. Para a determinação de Hg as amostras de sedimento seco foram

analisadas, sem qualquer preparação prévia, por espectrometria de absorção atómica através

de um analisador de mercúrio da LECO, modelo AMA 254 Mercury Analyser.

Determinação de compostos orgânicos (organoclorados e PAH)

O procedimento para a determinação dos compostos orgânicos foi como o indicado para a

matéria particulada em suspensão.

3.3 Macrofauna bentónica

As amostras destinadas ao estudo das comunidades de macrofauna bentónica foram colhidas

com uma draga Van Veen (0.05 m2) e lavadas sobre um crivo de 0.5 mm de malha, de forma

a eliminar o sedimento mais fino. O material retido no crivo foi guardado em caixas plásticas,

devidamente etiquetadas, e conservado em formol a 4%, neutralizado com carbonato de

cálcio, ao qual foi adicionado o corante vital Rosa de Bengal.

Análises laboratoriais

As amostras de macrofauna bentónica foram lavadas em água corrente sobre um crivo com

0.5 mm de malha, de modo a eliminar a solução de formol e os sedimentos finos ainda

presentes. O material retido no crivo foi triado, separando os animais em grandes grupos

taxonómicos, posteriormente conservados em etanol a 70%. A identificação foi realizada em

lupas binoculares, sempre que possível ao nível específico.

Análise Estatística

A estrutura das comunidades macrobentónicas foi analisada recorrendo ao cálculo de índices

univariados (número de taxa, abundância, índices de diversidade de Shannon-Wiener, de

específica de Margalef e de equitabilidade de Pielou) e a métodos multivariados. A matriz de

abundância por estação amostragem foi submetida a uma transformação de raíz quadrada,

aplicando-se, de seguida, uma análise de classificação e de ordenação. Nestas análises

multivariadas foi, igualmente, aplicado o coeficiente de similaridade de Bray-Curtis e o método

aglomerativo das ligações médias. A rotina SIMPER foi utilizada de forma a determinar as

espécies discriminantes entre as estações amostradas nas duas campanhas de amostragem e

os dois períodos de amostragem. As análises multivariadas foram realizadas recorrendo ao

programa PRIMER v5.0 (Plymouth Routines in Multivariate Ecological Research). O índice

biótico desenvolvido para o meio marinho e abreviadamente designado por AMBI (Borja et al.,

2000) foi calculado com o intuito de avaliar o estado de qualidade do ambiente bentónico na

6

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lagoa. Este índice baseia-se na correspondência entre cada taxa e um determinado

comportamento ecológico previamente estabelecido. Estabeleceram-se cinco comportamentos

de base (sensíveis, indiferentes, tolerantes, oportunistas de segunda-ordem e oportunistas de

primeira-ordem). A alocação de cada taxa a um dos comportamentos pre-estabelecidos é

empírica, baseando-se em resultados de trabalhos anteriores ou na experiência dos próprios

autores. Este programa está disponível em http://www.azti.es.

7

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4 RESULTADOS

Neste relatório são apresentados os dados referentes às amostras de água e sedimentos e

Ulva sp. recolhidos na campanha realizada na Lagoa e na zona do Emissário a 25 de Outubro

de 2005. Apresentam-se ainda os resultados da macrofauna bentónica relativa à presente

campanha e à realizada em Maio de 2005 (não incluída no relatório anterior).

I - Lagoa de Óbidos

4.1 Coluna de Água

4.1.1 Salinidade, temperatura, pH e oxigénio dissolvido

Os valores destas medições são apresentados na Tabela 3 e apontam para os seguintes

aspectos: boa oxigenação em toda a Lagoa no período diurno, salinidades inferiores à água do

mar indicando mistura com água doce com maior incidência na estação 4, flutuação na

temperatura de 1 a 2 ºC entre a manhã e a tarde, e valores de pH próximos da água do mar.

Tabela 3 Dados de salinidade, temperatura, pH e oxigénio dissolvido na coluna de água da Lagoa a 25 de Outubro de 2005.

Estação Hora Salinidade Temperatura

(ºC) pH

O2 (mg/L)

O2 (% de

saturação)

9:30 35.8 18.1 8.18 7.7 101 #1

17:00 35.2 19.1 - 7.8 103

9:40 35.7 18.0 8.20 7.7 100 #2

17:10 35.3 19.3 8.41 - -

9:50 35.1 17.9 8.24 7.5 97 #3

17:20 35.4 18.9 8.04 7.7 103

10:20 34.5 18.6 8.38 7.2 95 #4

16:10 33.0 20.3 7.92 7.0 94

11:00 35.3 18.1 8.27 7.4 97 #5

16:50 35.1 19.3 8.87 7.3 98

4.1.2 Carbono e Azoto na fracção particulada

As concentrações de carbono e azoto nas partículas em suspensão e a respectiva razão são

apresentadas na Tabela 4. Salienta-se que as razões C/N nas estações 4 e 5 são, em geral, o

dobro das obtidas nas restantes estações. As partículas da estação 4 apresentam a maior

percentagem de carbono e azoto orgânicos.

8

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Tabela 4 Concentração de carbono (total, inorgânico, orgânico) na fracção particulada da coluna de água na Lagoa a 25 de Outubro de 2005

Ctotal Cinorg Corg Ntotal Ninorg Norg Estação Hora

(%) Ct/Nt

9:30 0.13 0.05 0.08 0.050 0.030 0.020 2.6 #1

17:20 0.10 0.06 0.04 0.020 0.005 0.015 5.0

9:40 0.17 0.05 0.12 0.040 0.020 0.020 4.3 #2

17:10 0.13 0.07 0.06 0.020 0.006 0.014 6.5

9:50 0.10 0.06 0.04 0.020 0.005 0.015 5.0 #3

17:20 0.10 0.06 0.04 0.010 0.002 0.008 10

10:20 0.12 0.05 0.07 0.010 0.003 0.007 12 #4

16:10 0.24 0.07 0.17 0.020 0.004 0.016 12

11:00 0.14 0.05 0.09 0.030 0.004 0.026 4.7 #5

16:50 0.16 0.07 0.09 0.010 0.005 0.005 16

4.1.3 Nutrientes e clorofila a

Os dados apresentados na Tabela 5 apontam para um grande incremento de formas de azoto,

fósforo e de sílica na estação 4, onde houve durante décadas descargas de efluentes urbanos.

Esta maior disponibilidade reflecte-se também num incremento em clorofila a em baixa-mar.

Tabela 5 Concentrações de nutrientes (amónia, nitratos, nitritos, silicatos, fosfatos, azoto orgânico e fósforo orgânico-µM) e Clorofila-a (µg/L) na coluna de água da Lagoa de Óbidos a 25 de Outubro de 2005.

NH4 NO3 NO2 Si(OH)4 PO43- Norg Porg Clor a

Estação Hora (µM) (µg/L)

9:30 14.1 1.5 0.2 12.8 0.26 0.5 <0.1 6.6 #1

17:00 18.4 1.4 0.4 6.1 1.11 1.2 0.4 6.2

9:40 13.1 0.7 0.1 11.8 0.23 3.4 0.1 6.5 #2

17:10 18.7 0.6 0.3 16.3 0.15 5.6 1.1 6.7

9:50 24.7 1.2 0.6 15.2 1.65 1.9 0.4 3.4 #3

17:20 16.0 1.6 0.4 21.4 1.09 7.8 0.2 7.9

10:20 44.3 3.3 1.8 20.8 4.24 <0.1 1.3 2.9 #4

16:10 53.1 10.4 2.9 29.1 7.30 46.3 1.9 12

11:00 21.1 1.6 0.7 19.2 1.57 4.8 0.5 5.4 #5

16:50 20.0 0.9 0.4 12.6 2.14 9.7 0.6 7.8

4.1.4 Metais nas fracções dissolvida e particulada

As concentrações de metais nas fracções dissolvida e particulada são apresentadas nas

Tabelas 6 e 7. Apenas o Cu e Cd apresentam níveis mais elevados na fracção dissolvida das

amostras recolhidas na estação 4.

9

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Tabela 6 Concentrações de metais na fracção dissolvida da coluna de água na Lagoa a 25 de Outubro de 2005

Ni Cu Pb Cd Hg Estação Hora

(µg/L) (ng/L)

9:30 0.48 0.17 0.065 6.9 <0.6 #1

17:00 1.6 0.14 0.076 4.9 6.2

9:40 0.33 0.11 0.10 9.1 8.8 #2

17:10 0.25 0.17 0.17 5.1 4.4

9:50 0.37 0.10 0.11 10 9.6 #3

17:20 0.26 0.14 0.16 - 3.1

10:20 - 0.61 0.12 17 9.8 #4

16:10 0.35 0.29 0.088 19 1.8

11:00 0.32 0.16 0.078 9.0 6.0 #5

16:50 0.30 0.22 0.11 6.1 5.4

Os teores de Mn nas estações mais interiores da Lagoa variam entre a manhã e a tarde,

provavelmente reflectindo a conjugação dos ciclos de maré e fotossíntese/respiração. Os

restantes elementos apresentam uma flutuação menos marcada com excepção do Zn que

mostra níveis mais elevados na estação 4.

Tabela 7 Concentração de metais na fracção particulada da coluna de água na Lagoa a 25 de Outubro de 2005

Al Fe Mn Zn Cu Cr Ni Pb Cd Estação Hora

(%) (µg/g)

9:30 2.7 0.89 199 53 16 25 13 14 0.33 #1

17:00 3.7 2.4 244 61 34 92 43 25 0.069

9:40 1.8 0.51 181 52 9.0 14 10 10 0.20 #2

17:10 2.4 1.8 337 63 26 26 16 23 0.037

9:50 3.4 2.6 1174 55 54 51 21 55 0.60 #3

17:20 4.4 2.9 784 69 36 32 25 30 0.82

10:20 4.6 3.4 865 97 54 62 26 29 0.043 #4

16:10 4.7 3.2 337 210 44 54 23 31 0.15

11:00 3.7 2.8 800 56 42 44 22 25 0.078 #5

16:50 1.0 1.0 243 99 16 16 9.3 7.1 0.009

4.1.5 Contaminantes orgânicos na fracção particulada

A Tabela 8 apresenta as concentrações dos contaminantes orgânicos (PCB, DDT e PAH) na

fracção particulada. De uma forma geral os teores de PCB e DDT foram superiores em preia-

mar. Os valores maiores de PAH foram encontrados na estação 5.

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Tabela 8 Concentrações de PCB, DDT e PAH no material particulado em suspensão na Lagoa a 25 de Outubro de 2005

PCB DDT PAH Estação Hora (ng/g)

BM 1.4 1.57 #4

PM 5.5 1.17 3429

BM 2.6 1.40 #5

PM 6.3 4.41 5195

4.2 Sedimento

4.2.1 Porosidade, LOI, pH e Eh

Os resultados da Tabela 9 mostram maiores teores de matéria orgânica nos sedimentos das

estações 3, 4 e 5 que, também apresentam maior porosidade. Os sedimentos das estações 4 e

5 são claramente mais redutores reflectindo maior acumulação de matéria orgânica em

decomposição.

Tabela 9 Valores de porosidade, LOI e pH em sedimentos superficiais da Lagoa a 25 de Outubro de 2005

Estação Porosidade LOI (%)

pH Eh

#1 0.33 0.45 8.5 50

#2 0.31 2.8 8.5 33

#3 0.82 13 8.7 70

#4 0.84 10 8.4 -130

#5 0.81 8.8 8.5 -215

4.2.2 Carbono, Azoto, Fósforo e Pigmentos

Na Tabela 10 são apresentadas as concentrações das formas de carbono, azoto e fósforo no

sedimento superficial. As maiores concentrações destes elementos encontram-se nas estações

4 e 5, assim como de Clorofila-a e pigmentos.

Tabela 10 Concentrações de carbono (total, orgânico e inorgânico), azoto (total, orgânico e inorgânico), Clorofila-a e feopigmentos e fósforo total em sedimentos superficiais da Lagoa a 25 de Outubro de 2005

C total N total C inorg N inorg C org N org Clor a Feop P total Estação

(%) (µg/g) (µgP/gDM)

#1 0.25 0.014 0.09 0.002 0.16 0.012 0.2 0.1 17.9

#2 0.27 0.014 0.10 0.005 0.17 0.009 0.6 0.5 30.1

#3 0.72 0.042 0.17 0.006 0.55 0.036 1.3 3.9 641.1

#4 1.4 0.165 0.25 0.027 1.1 0.138 2.9 6.1 618.1

#5 1.8 0.195 0.28 0.031 1.5 0.164 8.9 44.0 541.6

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4.2.3 Níveis de metais, PCB, DDT e PAH

As concentrações de metais, PCB, DDT e PAH nos sedimentos da Lagoa, são apresentadas na

Tabela 11. Os teores de metais maioritários e vestiários, foram de modo geral baixos. As

concentrações mais elevadas de todos os elementos, com excepção do Ca, foram observadas

nas estações 3, 4 e 5, o que evidencia mais uma vez a natureza vasosa destas amostras e as

diferenças, em relação à granulometria, com as estações mais exteriores da Lagoa. Os

compostos orgânicos, PCB, DDT e PAH, apresentaram os níveis mais elevados também nestas

estações.

Tabela 11 Composição de elementos maioritários, vestigiários e níveis de PCB, DDT e PAH em sedimentos superficiais da Lagoa a 25 de Outubro de 2005

Estações

#1 #2 #3 #4 #5

Al 0.23 0.41 11 12 10

Fe 0.096 0.11 4.6 5.0 4.3

Ca 1.3 5.0 2.5 1.4 2.2

Mg

(%)

0.058 0.088 1.1 1.4 1.1

Mn (µg/g) 39 39 298 300 286

Zn <9.8 14 125 144 121

Cr 1.2 1.9 83 89 87

As 1.5 1.2 18 14 17

Co 0.30 0.36 12 15 15

Cu 0.38 1.1 40 56 52

Ni

(µg/g)

0.58 1.0 33 35 35

Hg (ng/g) 3.5 <2.4 48 47 42

Pb 2.2 5.0 35 39 35

Cd (µg/g)

0.015 0.021 0.15 0.19 0.17

PCB <0.10 0.76 0.27 1.3 0.91

DDT (ng/g)

0.32 2.8 0.60 9.4 5.1

PAH (ng/g) 130 156 645 728 602

4.3 Ulva sp.

As amostras de Ulva sp. colhidas na estação 4 registaram teores de Fe, Cu, Cd, Pb e PCB e

DDT mais elevados. Os restantes metais analisados, Mg e Zn, não apresentaram diferenças

significativas entre pontos de amostragem (Tabela 12).

Tabela 12 Níveis de metais maioritários e vestigiários e de organoclorados em Ulva sp. da Lagoa

Mg Fe Zn Cu Cd Pb PCB DDT Estação

(mg/g) (µg/g) (ng/g)

#3 23 0.50 20 5.2 0.15 0.77 1.1 0.29

#4 20 1.5 34 12 0.34 3.1 2.9 2.3

#5 31 0.60 38 4.6 0.081 0.87 1.8 1.2

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4.4 Discussão

Os resultados obtidos nesta campanha apontam para maiores concentrações de elementos

biologicamente activos, biomassa fitoplanctónica, pigmentos e contaminantes nas estações

interiores da lagoa (4 e 5). Como seria expectável não se observaram, ainda, alterações no

ciclo destes elementos resultantes da redução ou eliminação das emissões no Braço da

Barrosa, onde se situa a estação 4.

4.5 Macrofauna bentónica da lagoa

Maio 2005 Neste período de amostragem foram encontrados 759 indivíduos, pertencentes a 55 taxa

repartidos por 10 grupos taxonómicos principais (Polychaeta, Oligochaeta, Nemertea,

Gastropoda, Bivalvia, Amphipoda, Decapoda, Isopoda, Pycnogonida e Echinodermata). Os

polychaeta dominaram claramente nas estações 2, 3 e 4, enquanto na estação 5 o grupo

dominante foi o dos anfípodes e na estação 1 os nemertes co-dominaram juntamente com os

polychaetas (Figura 2). A lista dos taxa inventariados, bem com as suas respectivas

abundâncias por estação de amostragem, é apresentada na Tabela 20 do ANEXO I. Em termos

específicos, os polychaetas Notomastus latericeus, Mediomastus fragilis, Euclymene

palermitana e Streblospio shrubsolii, o bivalve Venerupis pullastra, e o gastrópode Hydrobia

ulvae foram as espécies mais abundantes, perfazendo 50.9% da abundância total.

0%

25%

50%

75%

100%

1 2 3 4 5Estações de amostragem

NEMERTEA GASTROPODA BIVALVIA POLYCHAETAOLIGOCHAETA AMPHIPODA DECAPODA ISOPODAPYCNOGONIDA ECHINODERMATA

Figura 2 Abundância relativa por estação e grupo taxonómico amostrado (Maio 2005).

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Na Tabela 13 apresentam-se os índices univariados número de taxa (S), abundância (N),

riqueza específica (d), equitabilidade de Pielou (J’) e diversidade de Shannon-Wiener (H’)

calculados para as estações amostradas na Lagoa de Óbidos em Maio 2005. O número taxa

por estação variou entre 6 (estação 1) e 36 taxa (estação 2), enquanto a abundância por

estação variou entre 39 (estação 3) e 450 indivíduos (estação 2). No que respeita aos índices

de diversidade e de equitabilidade calculados, a equitabilidade variou menos nas estações

amostradas, comparativamente à diversidade (Tabela 13). O valor mais elevado de J’ foi

observado na estação 5 (0,82), apresentando as estações 3 e 4 (0.80) valores igualmente

elevados. As estações 1 e 2, ainda que com valores mais baixos, apresentaram um valor de

0.72 (Tabela 13). Relativamente à diversidade, os valores máximos foram observados na

estação 2, quer para riqueza específica (5.73), quer para o índice de Shannon-Wiener (3.71)

(Tabela 14). Valores relativamente elevados foram observados para as estações 3, 4 e 5, em

oposição à estação 1, na qual foram observados valores bastante inferiores (Tabela 13).

Tabela 13 Índices univariados número de taxa (S), abundância (N), riqueza específica (d), equitabilidade de Pielou (J’) e diversidade de Shannon-Wiener (H’) calculados para cada estação de amostragem na

Lagoa de Óbidos em Maio de 2005.

Estações S N d J’ H’

1 6 41 1.35 0.72 1.86

2 36 450 5.73 0.72 3.71

3 12 39 3.00 0.80 2.87

4 13 102 2.59 0.80 2.94

5 14 127 2.68 0.82 3.13

Outubro 2005 Neste período de amostragem foram inventariados 67 taxa perfazendo 1233 indivíduos

distribuídos pelos seguintes grupos principais: Polychaeta, Oligochaeta, Gastropoda, Bivalvia,

Nemertea, Amphipoda, Isopoda, Echinodermata e Phoronida (Figura 3). Indivíduos dos grupos

Pycnogonida, Archiannelida, Diptera e Chaetognatha foram igualmente amostrados, ainda que

com menor expressão, tendo sido agrupados segundo a designação de “Outros” (Figura 3). A

lista dos taxa inventariados, bem com as suas respectivas abundâncias por estação de

amostragem, é apresentada na Tabela 20 do Anexo 1.

O anfípode Corophium acherusicum foi a espécie mais abundante nesta campanha de

amostragem, particularmente nas estações 3 e 4. O poliqueta Mediomastus fragilis, os

oligochaetas, os nemertes e o anfípode Gammarus insensibilis foram igualmente dominantes

em Outubro, perfazendo na sua totalidade 56.6% da abundância total. O poliqueta, os

oligoquetas e os nemertes dominaram nas estações 1 e 2, enquanto Gammarus insensibilis, à

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semelhança do verificado para a espécie mais abundante (Corophium acherusicum)

apresentou os valores mais elevados de abundância nas estações 3 e 4 (Tabela 20).

0%

25%

50%

75%

100%

1 2 3 4 5Estações de amostragem

NEMERTEA GASTROPODA BIVALVIA POLYCHAETAOLIGOCHAETA AMPHIPODA ISOPODA ECHINODERMATAPHORONIDA OUTROS

Figura 3 Abundância relativa por estação e grupo taxonómico amostrado (Outubro 2005).

Os índices univariados número de taxa (S), abundância (N), riqueza específica (d),

equitabilidade de Pielou (J’) e diversidade de Shannon-Wiener (H’) calculados para as estações

amostradas na Lagoa de Óbidos em Outubro 2005 estão apresentados na Tabela 14. Neste

período de amostragem, os valores mais elevados de número de taxa e abundância foram

registados na estação 2, respectivamente 37 e 694. Em oposição, a estação 4 apresentou o

valor mais baixo de número de taxa (12), enquanto o valor mais reduzido de abundância foi

obtido na estação 5 (40, Tabela 14). Nesta estação foi, contudo, observado o valor mais

elevado de equitabilidade (0.85), enquanto na estação 3 se registou um valor bastante inferior

(0.49). Os índices de diversidade apresentaram um máximo na estação 2, tendo o valor

mínimo sido obtido na estação 4 para a riqueza específica e na estação 3, no que respeita ao

índice de diversidade de Shannon-Wiener (Tabela 14).

Tabela 14 Índices univariados número de taxa (S), abundância (N), riqueza específica (d), equitabilidade

de Pielou (J’) e diversidade de Shannon-Wiener (H’) calculados para cada estação de amostragem na Lagoa de Óbidos em Outubro de 2005.

Estações S N d J’ H’

1 14 79 2.98 0.70 2.68

2 37 6.94 5.50 0.69 3.60

3 17 2.85 2.83 0.49 2.00

4 12 1.35 2.24 0.67 2.40

5 14 40 3.52 0.85 3.24

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4.5.1 Comparação entre campanhas de amostragem

Da análise da Figura 4 observou-se que em ambas as campanhas de amostragem a estação 1

se destaca das restantes estações, em função da exclusividade dos taxa Ophellidae ind.,

Pisione remota (em Maio), Ophryotrocha dubia, Sigambra tentaculata, Saccocirrus

papillocercus, Nephtys cirrosa e Ophellidae ind., em Outubro de 2005. Os nemertes, apesar de

não exclusivos, apresentaram abundância relativamente elevada nesta estação em ambos os

períodos (Tabela 20). A estação 2, ainda que mais semelhante às restantes estações de

amostragem, individualiza-se das restantes pela quase ausência de anfípodes, pelos valores

elevados de diversidade, observando-se igualmente os valores máximos de abundância para a

maior parte dos taxa. Nas estações 3, 4 e 5 assistiu-se a um aumento generalizado dos

anfípodes, particularmente visível em Outubro (Tabela 20).

1

1A

3 2

2A

4

5A 3A

5

4A

100

80

60

40

20

0

Sim

ilarid

ade

1

2

34

51A

2A

3A

4A 5A

Stress: 0.1

Figura 4 Dendograma e diagrama de ordenação resultante das análises de classificação e de ordenação

com base na matriz de dados biológicos. A – referente à campanha de Outubro 2005.

Na Tabela 15 apresentam-se os taxa apontados pela rotina SIMPER como os que mais

contribuiram para a dissimilaridade entre os dois períodos de amostragem. De uma forma

16

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geral, os anfípodes (Corophium acherusicum e Gammarus insensibilis) aumentaram

substancialmente a sua abundância média de Maio para Outubro, tal como o poliqueta

Mediomastus fragilis, os nemertes e os oligoquetas. Dos dez taxa que mais contribuem para a

dissimilaridade entre os períodos de amostragem, apenas Streblospio shrubsolii diminuiu

consideravelmente a sua abundância (Tabela 15).

Tabela 15 Taxa indicados pela rotina SIMPER como os que mais contribuíram para a dissimilaridade entre as campanhas de amostragem.

Maio OutubroTaxa N N Cum.%Corophium acherusicum 5,6 44,6 15,84Mediomastus fragilis 17,8 32,2 23,10Nemertea ind. 5,4 20,2 30,29Gammarus insensibilis 1,0 19,8 36,89Notomastus latericeus 19,6 18,6 43,15Tubificidae ind. 4,4 22,6 47,97Euclymene palermitana 15,6 12,2 52,75Streblospio shrubsolii 7,4 0,2 56,24Tubificoides benedeni 4,2 2,4 59,30Capitella spp. 4,4 6,6 62,06Ophryotrocha dubia 0,0 4,2 64,80Cirratulidae ind. 4,2 13,6 67,41Corophium spp. 6,0 0,4 69,90Hydrobia ulvae 7,8 5,2 72,23Opheliidae ind. 3,0 0,4 74,42Microdeutopus gryllotalpa 0,8 4,4 76,39Venerupis pullastra 9,0 2,0 78,18Abra spp. 0,0 1,4 79,44Heteromastus filiformis 2,8 1,2 80,69Nereis diversicolor 2,6 0,0 81,89Pseudopolydora antennata 2,8 0,2 82,87Cerastoderma cf lamarcki 4,0 0,2 83,74Pisione remota 1,2 0,0 84,57Polydora ligni 1,6 0,0 85,31Corophium sextonae 0,0 2,6 86,04Tellina tenuis 2,2 1,2 86,73Erichtonius cf punctatus 0,0 1,4 87,40Sigambra tentaculata 0,0 1,0 88,05Abra alba 3,0 0,0 88,58Saccocirrus papillocercus 0,0 0,8 89,11Desdemona ornata 1,0 0,2 89,63Cerastoderma cf edule 0,4 1,0 90,14

4.5.2 Avaliação do estado ecológico do meio bentónico

O cálculo do índice biótico marinho (AMBI) para cada uma das estações de amostragem nos

dois períodos de tempo analisados está representado na Figura 5. Este índice proporciona uma

17

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avaliação da qualidade do ambiente bentónico. Verifica-se que na maioria das estações e em

ambos os períodos de amostragem, apresenta, de acordo com este índice, estados de

perturbação ligeira (estações 1, 2 e 3 de Maio; 1, 2, 3 e 4 de Outubro). Apenas as estações

mais a montante denotaram estados mais elevados de perturbação ambiental, ainda que os

valores não possam ser considerados preocupantes.

A

0

1

2

3

4

5

6

7

1 2 3 4 5

Estações de amostragem

AMBI

.

B

Figura 5 Índice biótico (AMBI) calculado para cada uma das estações de amostragem em Maio (A) e em Outubro (B) de 2005.

Os resultados obtidos reflectem a percentagem relativa dos diferentes comportamentos

ecológicos dos taxa analisados em relação à perturbação ambiental em cada estação de

amostragem. Com efeito, tal como é visível na Figura 6, na campanha de Maio, os valores de

AMBI mais elevados resultam da conjugação da menor percentagem de taxa sensíveis à

perturbação e do aumento da percentagem de oportunistas de primeira-ordem,

comparativamente às restantes estações (Figura 6). Em Outubro, a estação 5, ainda que

apresente percentagens semelhantes de taxa sensíveis, destaca-se pelos valores

relativamente elevados de oportunistas de primeira-ordem (Figura 6).

18

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0%

25%

50%

75%

100%

1 2 3 4 5

I II III IV V

A

0%

25%

50%

75%

100%

1 2 3 4 5

Estações de amostragem

I II III IV V

B

Figura 6 Percentagem relativa dos cinco grupos ecológicos para Maio (A) e Outubro (B) de 2005. I-sensível; II-indiferente; III-tolerante; IV- oportunista de segunda-ordem; V- oportunista de primeira-

ordem.

4.5.3 Discussão

De uma forma geral, quer o número de taxa, quer a abundância aumentaram de Maio para

Outubro de 2005. O mesmo padrão foi observado no que respeita aos taxa mais abundantes

indicados como os que mais contribuiram para a dissimilaridade entre os períodos de

amostragem. O incremento dos anfípodes em geral e em particular de Corophium acherusicum

e Gammarus insensibilis de Maio para Outubro foi a diferença mais notória, provavelmente

devido ao aumento das algas (Ulva spp.). Estas alterações deverão reflectir o efeito da

sazonalidade nos povoamentos bentónicos, observado em sistemas costeiros semelhantes

19

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(e.g. Arias & Drake, 1994).

No que respeita à distribuição espacial na Lagoa de Óbidos verifica-se que a estação 1,

localizada mais a juzante é a mais distinta em termos faunísticos, reflectindo a maior

influência marinha. Na estação 2 atingiu-se o pico de diversidade o que corrobora resultados

anteriores que identificaram esta zona como o ecótono da lagoa (Quintino et al., 1989;

Carvalho et al., 2005). A estação 3, do ponto de vista faunístico, aparenta estabelecer uma

transição entre a zona mais a montante e a zona central (estação 2), associando-se a esta na

campanha de Maio e às restantes (estações 4 e 5) na campanha de Outubro.

II - Zona do Emissário

4.6 Coluna de água

Os parâmetros físico-químicos para a coluna de água na zona do emissário são apresentados

na Tabela 16. Os valores de salinidade foram inferiores aos registados em campanhas

anteriores (valores entre 35 e 36), sugerindo mistura com água doce proveniente do

emissário. Os valores de pH registados mantiveram-se praticamente invariáveis para as

diferentes profundidades e pontos de amostragem.

Tabela 16 Características físico-químicas da coluna de água na zona do emissário (s-superfície, m-meio e f-fundo)

Estação Hora Salinidade pH

# 1 s 10:00 34.2 7.85

# 1 m 10:10 34.6 7.88

#1 f 10:20 34.9 7.92

# 2 s 10:50 34.6 7.93

# 2 m 11:00 34.7 7.65

# 2 f 11:10 34.6 7.69

A Tabela 17 apresenta as concentrações dos nutrientes e Clorofila-a na zona do emissário.

Com excepção da amónia, e consequentemente do azoto orgânico, os valores dos restantes

nutrientes foram semelhantes aos obtidos nas estações 1 e 2 da lagoa. Na zona do emissário

registaram-se teores de Clorofila-a superiores aos observados no interior da lagoa.

20

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Tabela 17 Concentrações de amónia, nitratos, nitritos, silicatos, fosfatos, azoto orgânico e fósforo orgânico (µM), clorofila a e feopigmentos (µg/L) na coluna de água da zona do emissário a 25 de Outubro de 2005

(s-superfície, m-meio e f-fundo)

NH4 NO3 NO2 Si(OH)2 PO43- Norg Porg Clor a

Estação (µM) (µg/L)

# 1 s 3.5 1.2 0.2 13.4 0.24 6.8 0.2 10.0

# 1 m 1.2 0.4 0.1 10.7 0.14 9.3 0.1 10.7

#1 f 2.1 0.6 0.1 17.3 0.17 13.7 0.2 12.4

# 2 s 2.0 0.3 0.1 12.2 0.18 7.5 0.2 13.8

# 2 m 1.7 0.7 0.2 - 0.22 7.4 0.1 13.6

# 2 f 1.9 0.6 0.1 11.5 0.19 7.8 0.2 11.0

Tal como para os nutrientes, as concentrações de metais na coluna de água da zona do

emissário (Tabela 18) apresentam valores semelhantes aos registados nas duas estações mais

a jusante da lagoa de Óbidos.

Tabela 18 Concentrações de metais na coluna de água da zona do emissário a 25 de Outubro de 2005 (s-superfície, m-meio e f-fundo)

Ni Cu Pb Cd Estação Hora

(µg/L) (ng/L)

# 1 s 10:00 0.30 0.17 0.35 5.7

# 1 m 10:10 - 0.37 0.16 6.6

#1 f 10:20 0.30 0.32 0.21 5.2

# 2 s 10:50 0.36 0.33 0.22 4.5

# 2 m 11:00 0.28 0.14 0.13 3.8

# 2 f 11:10 0.25 0.11 0.07 1.5

A Tabela 19 apresenta os valores de carbono (total e orgânico) e azoto (total e orgânico) na

matéria particulada em suspensão da zona do emissário. Os teores indicam que para as duas

estações as concentrações mais elevadas foram registadas à superfície da coluna de água; na

estação 1 observou-se ainda uma diminuição gradual com a profundidade.

Tabela 19 Concentração de carbono (total, orgânico) e azoto (total e orgânico) na fracção particulada de água da zona do emissário a 25 de Outubro de 2005 (s-superfície, m-meio e f-fundo)

Ctotal Ntotal Corg Norg Estação Hora

(%)

# 1 s 10:00 0.21 0.030 0.15 0.028

# 1 m 10:10 0.17 0.020 0.12 0.017

#1 f 10:20 0.11 0.010 0.04 0.007

# 2 s 10:50 0.22 0.030 0.15 0.027

# 2 m 11:00 0.16 0.020 0.10 0.016

# 2 f 11:10 0.18 0.030 0.11 0.027

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5 CONCLUSÕES

Na presente campanha os resultados obtidos nos três compartimentos estudados (coluna

de água, sedimento e Ulva sp.) continuam a apontar par uma reduzida contaminação por

metais e poluentes orgânicos. Apesar da Lagoa ter deixado de receber uma elevada carga

de efluentes urbanos desta região, continua a observar-se uma elevada concentração de

nutrientes na coluna de água, em particular no Braço da Barrosa.

Tal como observado em campanhas anteriores, a distribuição espacial das variáveis

químicas e biológicas e da estrutura dos povoamentos macrobentónicos na Lagoa

continuam a reflectir a influência da carga orgânica resultante dos sistemas de esgoto que

existiam neste ecossistema.

Com base nos resultados bentónicos as duas estações que apresentaram valores

indicadores de maior perturbação localizam-se mais a montante, onde se fazia sentir de

uma forma mais relevante os efeitos da carga orgânica. Apenas a estação 5 foi

considerada moderadamente poluída nas duas campanhas de amostragem, tendo a

estação 4 obtido a mesma classificação apenas em Maio.

6 REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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1449-006 LISBOA - PORTUGAL Tel. (+351) 213027000 Fax: (+351) 213015948

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Tabela 20 Lista de taxa recolhidos nas estações amostradas.

Taxa 1 2 3 4 5 1A 2A 3A 4A 5ACNIDARIA ANTHOZOAAnthozoa ind. 3NEMERTEA 17 10 32 61 1 7MOLLUSCAPOLYPLACOPHORAGASTROPODAAkera bullata 2Calyptraea chinensis 2 2 7Gastropoda ind. 1Hydrobia ulvae 32 6 1 14 12Nassarius reticulatus 3 3Natica alderi 1Retusa truncatula 1Ringicula auriculata 1Rissoa sp. 2 1BIVALVIAAbra alba 15Abra spp. 7Abra ovata 3Bivalvia ind. 2Bivalvia juv. 1Cerastoderma cf edule 1 1 3 2Cerastoderma cf lamarcki 20 1Corbula gibba 2Loripes lucinalis 2 1Modiolus spp. 1Mysella bidentata 1Mytilus sp. 1Parvicardium exiguum 1Spisula sp. 1Tellina donacina 3Tellina fabula 2Tellina tenuis 11 2 4Thracia papyracea 3Turtonia minuta 1 2Venerupis pullastra 45 10ANNELIDAPOLYCHAETAAonides cf paucibranchiata 1Armandia cirrosa 2Capitella spp. 2 9 11 18 12 3cf Capitomastus sp. 1 4Cirratulidae ind. 18 2 1 67 1Desdemona ornata 5 1Eteone sp. 1Euclymene palermitana 69 9 61Exogone cf parahomoseta mediterrania 8Glycera cf alba 4Heteromastus filiformis 2 5 7 4 1Opheliidae ind. 15 2Malacoceros ciliata 8

1

Malacoceros fuliginosus 1 2

31-05-2005 25-10-2005

I

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Tabela 20 (continuação).

Taxa 1 2 3 4 5 1A 2A 3A 4A 5AMaldanidae ind. 1Mediomastus fragilis 81 2 3 3 1 160Nephtys cirrosa 2Nephtys cf hombergii 5 1Nereis diversicolor 13Notomastus latericeus 88 10 1 92Ophryotrocha dubia 21Owenia fusiformis 4Parapionosyllis brevicirra 14Pisione remota 6Platynereis dumerilii 3Polydora ligni 8Prionospio sp. 2Pseudopolydora antennata 4 10 1Scoloplos armiger 11Schistomeringos caeca 2 9Schistomeringos spp. 2Sigambra tentaculata 5Sige fusigera 7Spio decoratus 2 1 2Spiophanes bombyx 6Spirorbidae indet 1Streblospio shrubsolii 37 1Syllidia armata 1 7ARCHIANNELIDASaccocirrus papillocercus 4OLIGOCHAETATubificidae 16 6 1 111 1Tubificoides benedeni 21 2 10ARTHROPODACRUSTACEAAMPHIPODACaprella acanthifera 1Corophium acherusicum 28 158 64 1Corophium insidiosum 2Corophium sextonae 13Corophium spp. 1 1 28 2Erichtonius cf punctatus 7Gammarus insensibilis 5 76 23Melita palmata 2 2 1Microdeutopus gryllotalpa 1 1 2 2 1 17DECAPODABRACHYURAPachygrapsus marmoratus 1DIPTERA (larvas)Chironomidae 3ISOPODACyathura carinata 2 1Sphaeroma monodi 1 1PYCNOGONIDAAchelia longipes 1ChaetognathaChaetognatha ind. 2

31-05-2005 25-10-2005

2

II

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Tabela 20. (continuação).

Taxa 1 2 3 4 5 1A 2A 3A 4A 5AECHINODERMATAAmphipholis squamata 3Amphiura spp. 1Leptosynapta inhaerens 1 1PHORONIDAPhoronida ind. 1 1

31-05-2005 25-10-2005

III