caracterizaÇÃo do emissÁrio da foz do arelho e...
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R E L A T Ó R I O
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I P I M A R
CARACTERIZAÇÃO DO EMISSÁRIO DA FOZ DO ARELHO E
DA LAGOA DE ÓBIDOS
Campanha de Maio de 2006
REALATÓRIO PRELIMINAR
Coordenação: Carlos Vale, Hilda de Pablo e Patrícia Pereira
Equipa: Ana Paula Oliveira, Célia Gonçalves, Fábio Pereira, Frederico Rosa
Santos, Isabelina Santos, Joana Amado, Joana Raimundo, Luís Palma de Oliveira,
Marisa Barata, Marta Nogueira, Miguel Gaspar, Paulo Antunes, Rute Cesário,
Susana Carvalho, Vanda Franco, Vasco Branco.
Julho 2006
Índice
1 OBJECTIVO DO TRABALHO.....................................................................1 2 AMOSTRAGEM e OBSERVAÇÕES .............................................................1 3 METODOLOGIAS ANALÍTICAS.................................................................2
3.1 Coluna de água...............................................................................2 Oxigénio Dissolvido e Matéria Particulada em Suspensão...............................2 Determinação de carbono e azoto orgânico na matéria particulada em suspensão..............................................................................................2 Determinação de nutrientes ......................................................................3 Determinação de metais nas fracções dissolvida e particulada........................3 Determinação de compostos organoclorados na matéria particulada em suspensão. .............................................................................................3 Determinação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAH) na matéria particulada em suspensão ........................................................................4 3.2 Sedimentos ....................................................................................4 Determinação da matéria orgânica, carbono e azoto orgânico, fósforo total, clorofila a e feopigmentos e porosidade no sedimento...................................4 Determinação de metais...........................................................................5 Determinação de compostos orgânicos (organoclorados e PAH)......................5 3.3 Macrofauna bentónica......................................................................5 Análises laboratoriais ...............................................................................5 Análise Estatística ...................................................................................5
4 RESULTADOS.......................................................................................7 I - Lagoa de Óbidos .................................................................................7 4.1 Coluna de Água ..............................................................................7
4.1.1 Salinidade, temperatura, pH, turbidez, SST e oxigénio dissolvido......7 4.1.2 Carbono e Azoto na fracção particulada ........................................8 4.1.3 Nutrientes, clorofila-a e feopigmentos...........................................8 4.1.4 Metais nas fracções dissolvida e particulada...................................9
4.2 Sedimento ................................................................................... 10 4.2.1 Porosidade e LOI ..................................................................... 10 4.2.2 Carbono, Azoto e Fósforo.......................................................... 11 4.2.3 Níveis de metais, PCB, DDT e PAH.............................................. 11 4.2.4 Biomarcadores orgânicos de contaminação fecal .......................... 12
4.3 Discussão .................................................................................... 13 4.4 Macrofauna bentónica da lagoa ....................................................... 13 II - Zona do Emissário ........................................................................... 24 4.5 Coluna de água............................................................................. 24 CONCLUSÕES ....................................................................................... 25
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 26 ANEXO I ................................................................................................ I
1 OBJECTIVO DO TRABALHO
O presente relatório refere-se à sexta campanha de amostragem na zona do emissário submarino
da Foz do Arelho e na Lagoa de Óbidos, realizada em Maio de 2006. A caracterização ambiental
apresentada neste trabalho foi elaborada no âmbito do protocolo de colaboração entre a empresa
Águas do Oeste, o IST e o IPIMAR com vista a monitorizar a situação ambiental na zona de
descarga do emissário submarino da Foz do Arelho e Lagoa de Óbidos.
2 AMOSTRAGEM E OBSERVAÇÕES in situ
A 4 de Maio de 2006 foi realizada uma campanha de amostragem em 5 estações na Lagoa de
Óbidos e 2 estações na zona do emissário da Foz do Arelho. A Tabela 1 apresenta as coordenadas
geográficas das estações acima referidas e a Figura 1 a sua localização. As amostras de água
foram recolhidas nas 5 estações da Lagoa em duas situações de maré, próximas da baixa-mar e da
preia-mar, e na zona do emissário a três níveis da coluna de água. A Tabela 2 apresenta as
condições de maré no porto de Peniche.
Tabela 1 Coordenadas geográficas das estações de amostragem na Lagoa de Óbidos (#1 - #5) e na zona do emissário da Foz do Arelho (EMAO#1 – EMAO#2)
Estação Coordenadas
(xm)
Coordenadas
(ym)
#1 273961 105714
#2 272961 106729
#3 272089 107093
#4 271078 108336
#5 270518 106928
EMAO#1 276122 104173
EMAO#2 277121 105173
1
Figura 1. Localização das estações de amostragem na Lagoa de Óbidos e zona do emissário da Foz do Arelho a 4 de Maio de 2006
Tabela 2 Condições de maré no Porto de Peniche a 4 de Maio de 2006
Dia/Hora Altura (m)
(07:31) 2.38 Preia-Mar 04/05/06 (13:19) 1.46 Baixa-Mar
As águas superficiais foram recolhidas directamente em frascos de polipropileno a 20-30 cm de
profundidade. As amostras de fundo (zona do emissário) foram recolhidas com uma garrafa de
Niskin e colocadas em frascos de polipropileno. Paralelamente, foi também realizada a colheita de
águas em frascos de Winkler de 50 mL para determinação do oxigénio dissolvido. As
determinações de salinidade, pH, temperatura e clorofila-a na coluna de água foram realizadas in
situ, com uma sonda multiparamétrica.
Foram recolhidos sedimentos superficiais nas estações assinaladas na Figura 1. Previamente ao seu
processamento, foram medidos os valores do pH e Eh. O pH das amostras de água e sedimento foi
determinado através de um aparelho portátil digital Crison mod. 507 com controlo de temperatura,
acoplado a um eléctrodo combinado para medir o pH, Mettler-Toledo, calibrado com tampões
(4.00, 7.00 e 10.00 ± 0.02 a 20ºC). O Eh foi medido com um eléctrodo combinado com um sistema
Ag/AgCl-Platina. Os valores obtidos para o potencial redox, foram depois convertidos para os
potenciais normais de hidrogénio.
3 METODOLOGIAS ANALÍTICAS
3.1 Coluna de água
Oxigénio Dissolvido e Matéria Particulada em Suspensão
A determinação do oxigénio dissolvido nas amostras de água foi efectuada através do método de
Winkler modificado por Carrit e Carpenter (1966). Inicialmente adicionou-se à amostra Cloreto
Manganoso e Iodeto Alcalino de modo a fixar o oxigénio presente na solução. Posteriormente
procedeu-se à titulação com Tiossulfato de Sódio. O método de Winkler é aplicado numa gama de
0.06 a 90 ml l-1, nas condições ambiente, com uma precisão de 0.03 ml (Grasshoff et al. 1976). As
amostras de água foram filtradas através de membranas de policarbonato com porosidade de 0.45
µm e os filtros secos a 40 ºC até peso constante. A concentração de matéria particulada em
suspensão foi calculada como sendo a massa de partículas retidas no filtro por unidade de volume
(mg L-1).
Determinação de carbono e azoto orgânico na matéria particulada em suspensão
2
Os parâmetros carbono total e inorgânico, azoto total e inorgânico foram determinados em
material particulado filtrado através de filtros GF/F. Os filtros foram inicialmente calcinados a 450
ºC durante 4 horas. Os filtros foram secos a 70 ºC durante 24 horas, e pesados. Metade destas
amostras foi moída e colocada em micro cápsulas de estanho e determinado o carbono e azoto
total. A incineração das outras amostras foi realizada a 450 ºC durante 2 horas, e após pesagem e
moagem foram colocadas no mesmo tipo de cápsulas, procedendo-se à determinação de carbono e
azoto inorgânico. Foi utilizado um autoanalisador CHN de marca FISONS NA 1500, recorrendo a um
reactor de oxidação com enchimento de Óxido de crómio (III) e Óxido cobáltico/cobaltoso de prata
a 1000 ºC, e posteriormente a um reactor de redução, com enchimento de Cobre reduzido, a 600
ºC. O padrão utilizado foi a Acetanilida (C8H9NO). (Byers et al. 1978). Neste método o limite de
detecção para os dois elementos é de 0.001% e a precisão é de 0.47% para o C e de 0.22% para o
N.
Determinação de nutrientes
As amostras foram filtradas através de membranas Nuclepore (MSI) com 0.45 µm de porosidade e
conservadas no frio. Os nutrientes dissolvidos foram analisados por colorimetria num
autoanalisador TRAACS 2000: amónia-NH4+, nitritos-NO2
-, nitratos-NO3- e silicatos-Si(OH)4 com
um limite de detecção de 0.1 µmol L-1; fosfatos-PO43- com um limite de detecção de 0.01 µmol L-1.
A determinação de Azoto e Fósforo Total foi efectuada pelo método de Koroleff (1983) modificado
de acordo com ISO 11905-1:1997 (ISO - International Organization for Standardization) e baseia-
se na digestão oxidativa, em meio alcalino e a elevada temperatura, durante 90 minutos, das
formas de azoto e fósforo orgânico presentes na água, utilizando peroxodissulfato. Os compostos
de azoto são oxidados em meio alcalino enquanto que os compostos de fósforo são oxidados em
meio ácido. Posteriormente procedeu-se à sua análise por titulação colorimétrica no referido
autoanalisador.
Determinação de metais nas fracções dissolvida e particulada
Filtrou-se entre 250 e 1000 mL de água através de filtros de acetato de celulose de 0.45 µm, cerca
de 100 mL do filtrado foi acidificado para posterior determinação do mercúrio reactivo, utilizando o
método de espectrofotometria de fluorescência atómica com vapor frio. Para determinação de Ni,
Cu, Pb e Cd na fracção dissolvida recolheram-se cerca de 2.5 L de água em frascos
descontaminados com HNO3 (20%) e posteriormente com HCl (20%) onde se colocou durante 48
horas uma unidade DGT (diffusive gradient in thin film), a temperatura constante. O processo de
extracção de cada unidade DGT corresponde à difusão dos metais dissolvidos (fracção <0.45 µm)
através de uma membrana de nitrato de celulose e retenção em resina quelante. Posteriormente,
esta resina foi eluída numa solução de HNO3 e determinados os teores de metais por ICP-MS. As
partículas retidas no filtro foram mineralizadas através de uma mistura de soluções ácidas. As
concentrações de metais nas soluções obtidas foram determinadas por espectrometria de absorção
atómica à chama e por câmara de grafite (equipamento da marca Perkin-Elmer) e por ICP-MS.
Determinação de compostos organoclorados na matéria particulada em suspensão.
3
Para a análise dos compostos organoclorados na matéria particulada em suspensão, as amostras
de água foram filtradas sob pressão de azoto no local da colheita, utilizando filtros de fibra de vidro
Gelman tipo a/E de 142 mm de diâmetro. Os filtros foram lavados com hexano e mantidos na
mufla a 350 ºC durante 17 horas, pesados e guardados em folhas de alumínio. Após a filtração
passou-se água destilada e os filtros foram secos numa estufa a 40 ºC. Os organoclorados
existentes na matéria particulada em suspensão foram removidos através de uma extracção em
Soxhlet com solvente orgânico durante 16 horas. Os extractos foram sujeitos a um clean-up numa
coluna de Florisil e posteriormente tratados com ácido sulfúrico. Periodicamente foram efectuados
ensaios em branco para controlo do processo analítico. A identificação e quantificação destes
compostos foram efectuadas num cromatógrafo gás-líquido Hewlett-Packard equipado com um
detector de captura de electrões e uma coluna capilar J&W, DB5 (60m). Analisaram-se 18
congéneres de PCB (CB18, CB26, CB44, CB49, CB52, CB101, CB105, CB118, CB128, CB138,
CB149, CB151, CB153, CB170, CB180, CB183, CB187, CB194), o pp’-DDT e seus metabolitos (pp’-
DDE e pp’-DDD). Neste relatório designa-se por PCB a soma das concentrações dos congéneres de
PCB e por DDT a soma das concentrações de pp’-DDE, pp’-DDD e pp’-DDT. A quantificação dos
vários compostos foi efectuada através de soluções padrão, utilizando o método do padrão externo.
Determinação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAH) na matéria particulada em suspensão
A matéria partícula em suspensão foi extraída em Soxhlet durante 36 horas com uma mistura de
hexano/acetona (1:1), adicionando-se uma solução com compostos deuterados como padrão
interno. Os extractos depois de purificados com uma coluna de sílica/alumina (1:1) foram
injectados em modo SIM num cromatógrafo acoplado a espectrómetro de massa GCQ, com coluna
capilar J&W, DB5 (30m) e amostrador automático. A quantificação dos compostos (acenaftileno,
acenafteno, fluoreno, fenantreno, antraceno, fluoranteno, pireno, benzo[α]antraceno, criseno,
benzo[β]fluoranteno, benzo[K]fluoranteno, benzo[α]pireno, dibenzo[α,h]antraceno,
benzo[ghi]perileno, indeno[1,2,3-cd]pireno) foi efectuada através de soluções padrão com o método
do padrão interno. A validação dos resultados foi efectuada através da análise de padrões
internacionais certificados (National Research Council of Canada e United States Geological
Survey). Designa-se por PAH a soma de todos os compostos analisados.
3.2 Sedimentos
Determinação da matéria orgânica, carbono e azoto orgânico, fósforo total, clorofila a e feopigmentos e porosidade no sedimento
Para a determinação do carbono e azoto total as amostras foram secas a 60 ºC, moídas e
colocadas em micro cápsulas de estanho. Para a determinação de carbono e azoto inorgânico as
amostras já moídas foram levadas à mufla, durante 2 horas a 450 ºC. A determinação das
respectivas fracções efectuou-se num autoanalisador CHN, FISONS NA 1500, de acordo com o
procedimento anteriormente descrito (Verardo et al. 1990). Para a determinação do fósforo total
no sedimento a amostra, após 2 horas a 450 ºC, foi digerida com HCl 1N durante 15 minutos a 200
ºC. Após o complexo de fósforo inorgânico se ter formado por reacção com o reagente misto
(Molibdato de amónia, Ácido sulfúrico e Ácido ascórbico) foi determinada a sua concentração a 860
nm, no espectrofotómetro de marca SPECTRONIC GENESYS 5, (Anderson, 1976). Este método
apresenta uma precisão de 12%. O limite de detecção do método é de 0.1 mg m-3 e a precisão
0.57%. A porosidade foi determinada através dos dados de humidade e densidade do sedimento.
4
Determinação de metais
Os sedimentos foram liofilizados, moídos em almofariz de ágata e mineralizados em solução ácida.
A determinação dos metais foi realizada como acima referido para a matéria particulada em
suspensão. Para a determinação de Hg as amostras de sedimento seco foram analisadas, sem
qualquer preparação prévia, por espectrometria de absorção atómica através de um analisador de
mercúrio da LECO, modelo AMA 254 Mercury Analyser.
Determinação de compostos orgânicos (organoclorados e PAH)
O procedimento para a determinação dos compostos orgânicos foi como o indicado para a matéria
particulada em suspensão.
Determinação de biomarcadores orgânicos de contaminação fecal
As amostras de sedimentos foram extraídas com sonda ultrasónica com metanol,
metanol:diclorometano e diclorometano, sequencialmente três vezes, durante 3 minutos (Ferreira
et al., 2001). Os compostos foram metilados e eluídos com acetato de etilo em coluna
cromatográfica de silicagel, e posteriormente sililados. A identificação e quantificação dos
biomarcadores foi efectuada por cromatografia gás-líquido acopolada à espectrometria de massa
(GC-MS).
3.3 Macrofauna bentónica
As amostras destinadas ao estudo das comunidades de macrofauna bentónica foram colhidas com
uma draga Van Veen (0.05 m2) e lavadas sobre um crivo de 0.5 mm de malha, de forma a eliminar
o sedimento mais fino. O material retido no crivo foi guardado em caixas plásticas, devidamente
etiquetadas, e conservado em formol a 4%, neutralizado com carbonato de cálcio, ao qual foi
adicionado o corante vital Rosa de Bengal.
Análises laboratoriais
As amostras de macrofauna bentónica foram lavadas em água corrente sobre um crivo com 0.5
mm de malha, de modo a eliminar a solução de formol e os sedimentos finos ainda presentes. O
material retido no crivo foi triado, separando os animais em grandes grupos taxonómicos,
posteriormente conservados em etanol a 70%. A identificação foi realizada em lupas binoculares,
sempre que possível ao nível específico.
Análise Estatística
5
A estrutura das comunidades macrobentónicas foi analisada recorrendo ao cálculo de índices
univariados (número de taxa, abundância, índices de diversidade de Shannon-Wiener, de específica
de Margalef e de equitabilidade de Pielou) e a métodos multivariados. A matriz de abundância por
6
estação amostragem foi submetida a uma transformação de log(x+1) , aplicando-se, de seguida,
uma análise de classificação e de ordenação. Nestas análises multivariadas foi, igualmente,
aplicado o coeficiente de similaridade de Bray-Curtis e o método aglomerativo das ligações médias.
A rotina SIMPER foi utilizada por forma a determinar as espécies discriminantes entre as estações
de amostragem. As análises multivariadas foram realizadas recorrendo ao programa PRIMER v5.0
(Plymouth Routines in Multivariate Ecological Research). O índice biótico desenvolvido para o meio
marinho e abreviadamente designado por AMBI (Borja et al., 2000) foi calculado com o intuito de
avaliar o estado de qualidade do ambiente bentónico na lagoa, por comparação com os
povoamentos caracterizados em anos anteriores. Este índice baseia-se na correspondência entre
cada taxon e um determinado comportamento ecológico previamente estabelecido. Estabeleceram-
se cinco comportamentos de base (sensíveis, indiferentes, tolerantes, oportunistas de segunda-
ordem e oportunistas de primeira-ordem). A alocação de cada taxon a um dos comportamentos
pré-estabelecidos é empírica, baseando-se em resultados de trabalhos anteriores ou na experiência
dos próprios autores. Este programa está disponível em http://www.azti.es.
4 RESULTADOS
Neste relatório são apresentados os dados referentes às amostras de água e sedimentos recolhidas
na campanha realizada na Lagoa e na zona do Emissário em de Maio de 2006. Apresentam-se
ainda os resultados da macrofauna bentónica relativa à presente campanha.
I - Lagoa de Óbidos
4.1 Coluna de Água
4.1.1 Salinidade, temperatura, pH, turbidez, SST e oxigénio dissolvido
A Tabela 3 apresenta os valores de salinidade, temperatura (ºC), pH, turbidez, SST (sólidos
suspensos totais) (mg/L) e oxigénio (mg/L e % de saturação) na coluna de água. No que respeita
à salinidade observaram-se valores mais baixos nas amostras colhidas durante a tarde o que está
em concordância com a situação de maré (menor volume de água). Outro aspecto relevante é a
diminuição gradual deste parâmetro de jusante para montante. Os valores encontrados na estação
do Braço da Barrosa (4) são consideravelmente mais baixos o que aponta para a entrada de água
doce nesta zona da Lagoa.
Os valores de pH foram ligeiramente mais elevados na amostragem da tarde, o que não estando
relacionado com a maré parece resultar da fotossiíntese e consequente consumo de CO2, isto é,
redução da acidificação do meio. O efeito foi mais acentuado na estação 5 (Braço do Bom Sucesso)
onde se registaram os valores mais altos.
Os parâmetros turbidez e SST fornecem uma informação indicando que a estação 1 é dominada
pelo ambiente marinho e fundos arenosos. Nas restantes estações observou-se já a influência dos
fundos vasosos da lagoa com especial destaque para a estação 4, que pelas suas características
hidrodinâmicas e forte eutrofização apresenta um acréscimo de matéria em suspensão.
Um aspecto interessante desta caracterização relaciona-se com o oxigénio dissolvido na coluna de
água. A temperatura e a luz constituem os dois parâmetros físicos que mais influenciam a
quantidade de oxigénio dissolvido. Além disto, num ecossistema dominado por macroalgas, como
se verifica nos Braços do Bom Sucesso e Barrosa, é frequente observarem-se grandes flutuações
de oxigénio da noite para o dia devido aos ciclos respiração/fotossíntese. Por conseguinte, os dados
da presente campanha corroboram estas flutuações com valores mais baixos durante a
amostragem da manhã relativamente à tarde e máximos valores a montante da Lagoa.
7
Tabela 3 Dados de salinidade, temperatura, pH e oxigénio dissolvido na coluna de água da Lagoa a 4 de Maio de 2006.
Estação Hora Salinidade Temperatura
(ºC) pH
Turbidez UT
SST (mg/L)
O2 (mg/L)
O2 (% de
saturação)
10:30 36.2 15.0 8.25 0.2 15.1 8.5 105 #1
17:30 34.3 18.7 8.46 3.5 35.2 8.7 115
11:00 35.6 16.9 8.31 4.6 34.8 7.4 94 #2
18:00 35.3 18.6 8.45 4.3 35.2 8.9 117
11:30 34.7 18.2 8.55 3.5 33.8 8.1 106 #3
18:30 32.1 21.3 8.81 6.7 76.6 10.0 137
12:00 30.7 20.4 8.67 9.4 137.6 8.1 108 #4
19:00 25.9 23.4 8.82 20 169.1 10.7 145
12:30 30.6 20.3 8.91 5.0 67.7 10.6 140 #5
19:30 30.4 22.4 9.05 4.5 124.4 12.5 172
4.1.2 Carbono e Azoto na fracção particulada
As concentrações de carbono e azoto nas partículas em suspensão e a respectiva razão são
apresentadas na Tabela 4. Observa-se uma relativa invariabilidade nas proporções destes
parâmetros em todo o sistema. No entanto, é de salientar os valores mais elevados de formas
orgânicas de carbono na estação 4, representando quase a totalidade deste elemento nas
partículas em suspensão. A razão mais plausível para este resultado é a decomposição de material
de origem biológica que se concentra nesta zona da Lagoa, por razões já anteriormente citadas.
Tabela 4 Concentração de carbono (total, inorgânico, orgânico) na fracção particulada da coluna de água na Lagoa a 4 de Maio de 2006
Ctotal Cinorg Corg Ntotal Ninorg Norg Estação Hora
(%) Ct/Nt
10:30 0.20 0.11 0.09 0.028 0.012 0.016 7.1 #1
17:30 0.39 0.11 0.28 0.062 0.009 0.053 6.3
11:00 0.38 0.10 0.28 0.069 0.007 0.062 5.5 #2
18:00 0.26 0.11 0.15 0.039 0.007 0.032 6.7
11:30 0.45 0.11 0.34 0.063 0.006 0.057 7.1 #3
18:30 0.37 0.10 0.27 0.062 0.006 0.056 6.0
12:00 0.60 0.07 0.53 0.067 0.006 0.061 9.0 #4
19:00 0.58 0.12 0.46 0.098 0.013 0.085 5.9
12:30 0.29 0.10 0.19 0.033 0.005 0.028 8.8 #5
19:30 0.26 0.09 0.17 0.058 0.028 0.030 4.5
4.1.3 Nutrientes, clorofila-a e feopigmentos
8
Os dados apresentados na Tabela 5 sumariam as concentrações de nutrientes, clorofila-a e
feopigmentos na coluna de água em Maio de 2006. As formas orgânicas de Azoto e Fósforo tendem
a aumentar de jusante para montante e o efeito de maré deixa de se observar. A título
exemplificativo, a montante da estação 3 deixam de ser evidentes diferenças entre as
concentrações observadas durante o período da manhã e o da tarde. Relativamente às
concentrações totais de Azoto e Fósforo é importante ressaltar os maiores teores registados na
estação 4 durante a tarde, chegando a atingir o dobro da concentração para o fósforo. Este
incremento está directamente relacionado com o aumento das formas inorgânicas,
designadamente nitrito e nitrato no caso do Azoto e fosfato no caso do Fósforo. Estas variações
podem estar relacionadas com eventuais fontes ou mais provavelmente com processos no
sedimento e consequente remobilização para a coluna de água. Tal como observado para o Azoto e
Fósforo a sílica e os feopigmentos foram consideravelmente mais elevados na estação 4. Os
resultados de feopigmentos voltam a apontar para uma maior decomposição de material de origem
vegetal nesta estação.
Tabela 5 Concentrações de nutrientes (amónia, nitratos, nitritos, silicatos, fosfatos, azoto orgânico e fósforo orgânico-µM) e Clorofila-a (µg/L) na coluna de água da Lagoa de Óbidos a 4 de Maio de 2006.
NH4 NO3 NO2 Si(OH)4 PO43- Norg Porg Nt Pt Chl a Feop
Estação Hora µM µg L-1
10:30 19.8 2.6 0.3 3.2 0.31 0.0 0.1 22.7 0.4 1.4 <0,03 #1
17:30 5.2 1.6 0.1 4.0 0.20 23.4 0.6 30.4 0.9 2.5 2.4
11:00 10.2 0.6 0.2 5.1 0.62 18.9 0.0 29.9 0.6 1.3 2.8 #2
18:00 3.5 0.5 0.1 3.8 0.32 27.8 0.6 31.8 0.9 2.4 2.8
11:30 3.3 0.3 0.1 3.2 0.36 31.8 0.9 35.5 1.2 1.2 2.8 #3
18:30 5.3 1.2 0.1 3.3 0.44 36.4 1.9 43.0 2.4 3.3 4.6
12:00 4.6 0.1 0.1 10.8 1.89 53.9 1.1 58.7 3.0 5.5 11.8 #4
19:00 7.2 23.9 2.5 32.3 5.14 56.3 1.5 89.9 6.6 6.6 11.8
12:30 4.2 0.6 0.2 5.6 1.03 58.1 1.4 63.1 2.4 3.9 − #5
19:30 1.3 0.9 0.1 3.4 0.66 51.3 1.9 53.7 2.6 2.5 −
4.1.4 Metais nas fracções dissolvida e particulada
As tabelas seguintes sumariam as concentrações de metais nas fracções dissolvida e particulada da
coluna de água. No que respeita a fracção dissolvida os valores encontrados são baixos e
relativamente uniformes em toda a Lagoa. Contudo observam-se algumas excepções: os níveis de
Cu nas estações 1 e 2 aumentaram uma ordem de grandeza da manhã para a tarde; os níveis de
Ni duplicaram nas estações 1, 2, 4, e 5. Salienta-se, ainda uma ligeira diminuição dos teores de Cd
para montante na fracção dissolvida.
Tabela 6 Concentrações de metais na fracção dissolvida da coluna de água na Lagoa a 4 de Maio de 2006
9
Ni Cu Pb Cd Hg Estação Hora
(µg/L) (ng/L)
10:30 0.25 0.0050 0.15 12 6.7 #1
17:30 0.45 0.053 0.16 13 7.4
11:00 0.24 0.032 0.13 14 5.7 #2
18:00 0.42 0.14 0.14 12 5.3
11:30 0.29 0.11 0.15 11 10 #3
18:30 0.33 0.095 0.14 7.7 7.4
12:00 0.37 0.12 0.12 9.2 6.6 #4
19:00 0.60 0.22 0.15 7.6 5.2
12:30 0.27 0.18 0.11 6.7 2.9 #5
19:30 0.46 0.14 0.14 5.2 5.8
Os valores de metais mais tóxicos na fracção particulada apresentaram-se baixos, o que denota
uma contaminação pequena. Embora os valores absolutos possam ser influenciados pela natureza
das partículas, observaram-se variações entre as estações que contrariam as de Al o que indica a
existência de processos de precipitação ou anexação de alguns elementos à superfície das
partículas. O exemplo mais claro é do Mn que mostra um claro incremento nas estações 3, 4 e 5,
sem o correspondente incremento em Al, o que se pode interpretar como a formação de óxidos de
manganês nestas zonas. Nas estações 4 e 5 alguns elementos apresentaram níveis mais elevados
nas amostras colhidas à tarde, perto da preia-mar, o que parece estar relacionado com processos
internos associados à fotossíntese.
Tabela 7 Concentração de metais na fracção particulada da coluna de água na Lagoa a 4 de Maio de 2006
Al Fe Mn Zn Cu Cr Ni Pb Cd Estação Hora
(%) (µg/g)
10:30 2.1 1.1 221 123 11 19 10 21 0.74 #1
17:30 4.8 2.3 434 121 38 94 41 71 0.51
11:00 3.3 1.8 230 107 18 36 17 27 0.16 #2
18:00 4.1 2.2 480 160 43 91 31 61 0.62
11:30 4.6 2.5 722 134 40 40 18 48 0.61 #3
18:30 2.9 1.5 551 92 29 60 22 40 0.31
12:00 3.6 1.9 573 80 21 34 15 30 0.35 #4
19:00 7.5 3.5 564 147 72 119 49 91 0.40
12:30 1.8 1.0 835 331 8.7 22 8.1 14 0.20 #5
19:30 1.5 0.9 971 147 20 42 17 27 0.30
4.2 Sedimento
4.2.1 Porosidade e LOI
Os resultados da Tabela 8 indicam maiores teores de matéria orgânica, traduzidos pelo parâmetro
LOI, nos sedimentos das estações 2, 3, 4 e 5. A porosidade varia inversamente ao LOI, com
valores mais baixos nestas estações. Contrariamente ao observado em campanhas anteriores, os
sedimentos da estação 2 mostram maiores semelhanças com os das estações localizadas a
montante da lagoa. Isto poderá indicar uma mobilidade dos sedimentos vasosos da Lagoa no
sentido da foz. Dado ter sido a presente campanha a única a apontar para esta conclusão, este
aspecto deverá ser considerado prudentemente e constatado em campanhas futuras.
Tabela 8 Valores de porosidade, LOI em sedimentos superficiais da Lagoa a 4 de Maio de 2006
Estação Porosidade LOI (%)
#1 1.00 3.3
#2 0.69 6.2
#3 0.70 5.9
#4 0.59 5.7
#5 0.61 5.4
10
4.2.2 Carbono, Azoto e Fósforo
Na tabela seguinte são apresentadas as concentrações das formas orgânicas e inorgânicas de
carbono, azoto e fósforo no sedimento superficial. Como supra-mencionado também estes
parâmetros apontam para a mobilidade dos sedimentos, dado que a estação 2 é mais semelhante
às estações 3, 4 e 5. Os sedimentos colhidos na estação 2 nas campanhas anteriores eram,
claramente, de natureza arenosa. Em contrapartida, os sedimentos de Maio de 2006 nesta estação
consistiam numa mistura de vasa e areia.
Tabela 9 Concentrações de carbono (total, orgânico e inorgânico), azoto (total, orgânico e inorgânico), Clorofila-a e feopigmentos e fósforo total em sedimentos superficiais da Lagoa a 4 de Maio de 2006
C total N total C inorg N inorg C org N org P total Estação
(%) (µgP/gDM)
#1 0.42 0.016 0.20 0.009 0.22 0.007 14.0
#2 2.30 0.146 0.53 0.047 1.77 0.099 389.5
#3 3.45 0.170 1.06 0.041 2.39 0.129 304.1
#4 3.67 0.210 1.12 0.050 2.55 0.160 596.7
#5 4.16 0.257 1.22 0.063 2.94 0.194 433.9
4.2.3 Níveis de metais, PCB, DDT e PAH
As concentrações de metais, PCB, DDT e PAH nos sedimentos da Lagoa, são apresentadas na
Tabela 10. As elevadas concentrações de Al (9.4%) comprovam que os sedimentos colhidos na
estação 2 são de natureza vasosa, tal como os das estações 3, 4 e 5.
Tabela 10 Composição de elementos maioritários, vestigiários e níveis de PCB, DDT e PAH em sedimentos superficiais da Lagoa a 4 de Maio de 2006
Estações
#1 #2 #3 #4 #5
Al 0.21 9.4 11 9.1 12
Fe 1.2 2.0 1.3 3.4 1.3
Ca 0.086 3.5 4.1 3.5 4.4
Mg
(%)
0.046 1.1 1.3 1.2 1.4
Mn (µg/g) 26 238 290 279 294
Zn 13 100 120 107 111
Cr <1.1 93 101 86 111
Co 0.84 16 18 16 20
Cu <1.4 48 72 41 68
Ni
(µg/g)
0.84 42 45 39 49
Hg (ng/g)
Pb 2.4 36 40 35 38
Cd (µg/g)
0.019 0.15 0.16 0.15 0.13
PCB 0.63 3.05 2.10 3.94 1.54
DDT (ng/g)
0.017 4.43 3.16 9.44 11.73
PAH (ng/g) - - - - -
11
4.2.4 Biomarcadores orgânicos de contaminação fecal
O colesterol e o coprostanol registaram os níveis mais elevados nas estações de
amostragem 3 e 4, apresentando valores muito baixos nas restantes estações (Figura 2).
Em particular o coprostanol é usado como biomarcador de contaminação fecal humana,
uma vez que é formado por redução bacteriana do colesterol no intestino de animais
superiores. Os sedimentos das estações 3 e 4 são, portanto, influenciados pelas
descargas de efluentes urbanos. O colesterol, embora sendo um marcador menos
específico, aponta para o mesmo padrão de distribuição. Os valores de epi-coprostanol
são baixos e relacionam-se com a ausência de efluentes tratados, dado que são
produzidos por bactérias no processo de tratamento.
0
300
600
900
1200
1 2 3 4 5
Estações de amostragem
0
500
1000
1500
2000
2500
Colesterol (ng/g)
COPROSTANOL
EPI-COPROSTANOL
COLESTANOL
EPI-COLESTANOL
COLESTEROL
Con
cent
raçã
o (n
g/g)
Figura 2 – Concentração de biomarcadores orgânicos fecais em sedimentos nas estações de amostragem (1 a 5).
Frequentemente a razão coprostanol/colesterol é usada para identificar a extensão da
contaminação dos efluentes urbanos. Esta razão foi calculada para os dados obtidos na
Lagoa (Figura 3) permitindo identificar a fonte principal de contaminação fecal (estação 4)
e a dispersão para jusante influenciando de forma considerável a zona da estação 3.
12
Figura 3 – Distribuição geográfica da razão coprostanol/colesterol nos sedimentos
4.3 Discussão
Os resultados obtidos nesta campanha estão em geral concordantes com os registados em
campanhas anteriores: as zonas mais interiores acumulam maiores quantidades de matéria
orgânica e nutrientes (em particular na estação 4); ampla variação diária dos níveis de oxigenação
e de nutrientes em resultado da abundante biomassa presente nos Braços da Barrosa e do Bom
Sucesso. No entanto, os sedimentos das estações 2 e 3 foram de natureza mais vasosa e, isso,
permitiu tirar algumas conclusões adicionais. Primeiro, mostra que existe uma exportação de
materiais finos das zonas interiores para jusante, contrariando a acção da maré que tende a reter
as partículas nas zonas mais interiores. A chuva poderá ter provocado esta deslocação. A
composição química dos sedimentos indica a presença de compostos e elementos cuja proveniência
são fontes antropogénicas situadas a montante. No caso dos biomarcadores a conclusão é mais
clara, porque aponta para uma dispersão de compostos de origem fecal, principalmente
provenientes da zona do Braço da Barrosa.
4.4 Macrofauna bentónica da lagoa
No presente trabalho foram identificados 67 taxa num total de 1420 organismos. Os taxa
identificados estão distribuídos por 12 grupos taxonómicos principais (Anexo I), dos quais os
Polychaeta (49,5%), Gastropoda (19,1%), Oligochaeta (15,7%), Bivalvia (6,3%) e Amphipoda
(3,8%), são os mais relevantes. A repartição da abundância relativa de cada grupo pelas estações
de amostragem está representada na Figura 4.
Os poliquetas dominaram claramente os povoamentos das áreas das estações 3 e 4, contribuindo,
respectivamente, com 48% e 87% da abundância total. Nas estações 1 e 2, a sua contribuição foi,
igualmente, relevante, representando mais de 20% da abundância observada (Figura 4.). Na
estação mais a jusante (1) o domínio pertenceu, contudo, ao grupo Nemertina (45%) (Figura 4.).
No que respeita ao segundo grupo mais abundante na lagoa, os gastrópodes, o seu pico de
Coprostanol/colesterol
13
abundância foi registado na estação 2 (64%), ainda que tenham, igualmente, apresentado
abundâncias relevantes nas estações 1 (18%) e 5 (31%) (Figura 4.). Os oligoquetas distribuíram-
se, preferencialmente, pelas estações 3 (32%) e 4 (5%), enquanto os bivalves foram registados
em todas as estações, ainda que com maior expressão nas estações 3 (13%) e 5 (8%). O
contributo dos anfípodes para a abundância total das estações amostradas apenas foi relevante nas
estações 2 (12%) e 5 (53%).
1 2
45%
0%33%
18%
2% 2%21%
64%
1%
12% 1%1%
32%
48%
4%
13%1%0.3% 1%1%0.5% 5%
87%
2%5% 1%
8%
31%
8%
53%
PHORONIDA NEMERTINA OLIGOCHAETA POLYCHAETAGASTROPODA BIVALVIA AMPHIPODA CUMACEAISOPODA OUTROS
3 4
Figura 4- Abundância relativa dos grupos taxonómicos principais por estação de amostragem.
5
14
0
10
20
30
40S
0
100
200
300
400
N
S N
0
2
4
6
1 2 3 4 5
Estações de amostragem
d, H
'
0
0,5
1
J'
d H' J'
A
B
Figura 5-Variação dos valores médios (±desvio-padrão) dos índices univariados número de taxa (S,
taxa/0,05m2), abundância (N, ind/0,05m2), riqueza específica (d), equitabilidade de Pielou (J’) e diversidade de Shannon-Wiener (H’) calculados para cada estação de amostragem.
O padrão da variabilidade dos índices univariados pelas estações de amostragem é apresentado na
Figura 5. Em termos de número de taxa, o pico (22,3 ± 8,5 taxa/0,05m2) observou-se na estação
3. É de salientar o reduzido número de taxa observado na estação 5 (2,7 ± 0,6 taxa/0,05m2),
substancialmente inferior aos valores observados para as restantes estações (Figura 5A). O padrão
observado para a abundância é em tudo semelhante ao anteriormente descrito para o número de
taxa, registando-se um máximo na estação 3 (209,7 ± 114,4 ind/0,05m2) e o valor mínimo na
estação 5 (4,3 ± 2,0 ind/0,05m2) (Figura 5A). Os índices de diversidade calculados (índice de
diversidade de Shannon-Wiener e de riqueza específica de Margalef) reflectem os padrões descritos
para as variáveis biológicas número de taxa e abundância, tal como se pode observar na Figura 5B.
No que respeita à equitabilidade de Pielou, em virtude da mais homogénea repartição da
abundância pelos taxa identificados, as estações 5 (J’=0,88) e 1 (J’=0,79) foram as que
B
15
apresentaram valores mais elevados, tendo sido o valor mais reduzido observado na estação 2
(J’=0,54) (Figura 5B).
Tabela 11 – Abundância relativa (Abd. rel.) e percentagem cumulativa (Cum.) em relação à abundância total para os dez taxa mais abundantes no presente estudo.
Taxa Abd. rel. Cum.Hydrobia ulvae 18,5 18,5Streblospio shrubsolii 15,6 34,1Tubificoides benedeni 14,8 48,9Notomastus latericeus 13,2 62,1Capitella spp 10,4 72,5Hediste diversicolor 3,8 76,3Nemertina 2,8 79,2Corophium acherusicum 2,2 81,3Polydora ligni 1,8 83,1Venerupis pullastra 1,5 84,6
m termos faunísticos, o gastrópode H. ulvae foi a espécie mais abundante na generalidade do E
16
estudo, sendo a única presente em todos os locais de amostragem (Tabela 11; ANEXO I). Apenas
8 dos 67 taxa amostrados contribuem com mais de 80% da abundância total registada, dos quais
fazem parte os poliquetas Streblospio shrubsolii, Notomastus latericeus, Capitella spp., Hediste
diversicolor e Polydora ligni, o oligoqueta Tubificoides benedeni, nemertes não identificados, o
anfípode Corophium acherusicum e o bivalve Venerupis pullastra.
Figura 6 - Dendrograma e diagrama de ordenação resultantes das análises de classificação e de ordenação
efectuadas à matriz de dados biológicos. A, B e C – replicados.
Da análise multivariada efectuada à matriz de dados biológicos (MDS e Cluster, Figura 6), verifica-
se que entre si, as estações amostradas apresentam dissimilaridades superiores a 70%. No
entanto, as estações 1 e 5 separam-se das restantes, sendo as estações 2 e 3 as menos
dissimilares. A rotina ANOSIM, mostrou que todas as estações de amostragem são
significativamente diferentes entre si (R=0,973; p=0,001), o que está relacionado com a diferente
composição faunística de cada local.
17
As estações 1 e 5 apresentaram valores de abundância muito reduzidos, comparativamente ao
observado nas restantes (cf. Figura 4A). No caso da estação 1, os nemertes são o taxon mais
abundante, enquanto na estação 5 foi o anfípode Corophium acherusicum (Tabela 12). No presente
estudo, 9 taxa foram identificados exclusivamente na estação 1 (Tabela 13), dos quais se
destacam os poliquetas da família Opheliidae e Orbiniidae, bem como Ophryotrocha dubia, Pisione
remota, Hesionura elongata, Saccocirrus papillocercus e Microphthalmus pseudoaberrans. Estas
espécies são características de zonas de areias limpas, com algum hidrodinamismo e reflectem,
igualmente, a influência marinha desta estação de amostragem. Relativamente à estação 5,
apenas se registou a ocorrência de uma espécie exclusiva, o poliqueta Platynereis dumerilii (Tabela
13).
O maior número de taxa exclusivos foi observado na estação 3 (28 taxa), tendo sido Venerupis
pullastra, Musculus marmoratus, Abra alba, Pomatoceros lamarcki, Abra ovata e Phoronida indet.
os que apresentaram abundâncias mais elevadas (Tabela 13). Os povoamentos faunísticos desta
estação de amostragem foram dominados pelo oligochaeta Tubificoides benedeni e pelos poliquetas
Notomastus latericeus e Capitella spp. (Tabela 12). No que respeita à estação 2, Corophium
insidiosum, Microdeutopus gryllotalpa, Calyptraea chinensis, Gussonea pfeifferi, Iphinoe serrata e
Spio decoratus foram identificados exclusivamente neste local (Tabela 13), ainda que a espécie
dominante nesta estação de amostragem tenha sido o gastrópode Hydrobia ulvae (Tabela 12). Na
estação 4, três das dez espécies mais abundantes neste período de amostragem foram apenas
observadas nesta estação (Streblospio shrubsolii, Hediste diversicolor e Polydora ligni), sendo,
como tal, também as espécies dominantes (Tabela 12 e Tabela 13).
Tabela 12 -Taxa característicos de cada estação de amostragem.
1 2 3 4 5
Nemertina
(8,7)
Hydrobia
ulvae (3,3)
H. ulvae (74,0)
Capitella spp. (19,3)
Notomastus
latericeus (5,0)
Corophium
acherusicum (9,3)
Tubificoides
benedeni (65,7)
Notomastus
latericeus (57,3)
Capitella spp. (30,0)
Venerupis pullastra
(7,3)
Streblospio
shrubsolii (73,7)
Hediste diversicolor
(18,0)
H. ulvae (1,3)
C. acherusicum
(2,0)
Tabela 13-Taxa exclusivos de cada estação de amostragem.
1 2 3 4 5Opheliidae spA Corophium insidiosum Venerupis pullastra Streblospio shrubsolii Platynereis dumeriliiOphryotrocha dubia Microdeutopus gryllotalpa Musculus marmoratus Nereis diversicolorPisione remota Calyptraea chinensis Abra alba Polydora ligniHesionura elongata Gussonea pfeifferi Pomatoceros lamarcki Cyathura carinataSaccocirrus papillocercus Iphinoe serrata Abra ovata Alkmaria romijniAnthozoa indet Spio decoratus Phoronida indet Eteone pictaMicrophthalmus pseudoaberrans Cerastoderma cf edule Malacoceros fuliginosusOpheliidae spB Loripes lucinalisOrbiniidae indet Scrobicularia plana
Abra nitidaAscidiaceaNassarius reticulatusPomatoceros sppLeptosynapta inhaerensMytilus galloprovincialisPholoe synophthalmicaBittium sppEuclymene palermitanaNassarius incrassatusNereidae indetNudibranchiataParvicardium exiguumParvicardium pappilosumParvicardium scabrumPolydora sppPomatoceros triqueterPseudopolydora antennataRissoa spp
18
Avaliação do estado ecológico do meio bentónico
A avaliação do estado ecológico da lagoa foi realizada com base nos povoamentos bentónicos,
através do cálculo do índice biótico marinho (AMBI) para cada uma das estações de amostragem.
Este índice tem por base a sensibilidade dos taxa identificados em relação ao teor em matéria
orgânica no sedimento. Os resultados obtidos mostraram que, de uma forma geral, os
povoamentos da lagoa foram dominados por taxa tolerantes ao enriquecimento orgânico (grupo
III) (Figura 7). No que respeita às espécies sensíveis, a maior percentagem foi observada na
estação 1 (21%), seguida das estações 5 (11,1%) e 3 (10,1%) (Figura 7). Apenas a estação 3
apresentou o domínio de taxas caracterizados por oportunistas de primeira-ordem (V) (Figura 7).
No que respeita aos valores de AMBI na presente amostragem, estes foram mais elevados nas
estações 2, 3 e 4, com um pico na estação 3, como resultado da elevada percentagem de taxa
oportunistas de primeira-ordem (Figura 8). Todas estas estações foram caracterizadas como
moderadamente perturbadas, enquanto as estações 1 e 5 apresentaram valores que apontam para
uma situação de perturbação ligeira (Figura 8). Por comparação com os resultados obtidos na
campanha anterior (Janeiro de 2006), verifica-se que a maior diferença foi observada na estação 5,
passando de uma situação de moderadamente perturbada para ligeiramente perturbada (Figura 8).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1 2 3 4 5
Estações de amostragem
I II III IV V
Figura 7-Percentagem relativa dos cinco grupos ecológicos nas estações amostradas. I-sensível; II-indiferente; III-tolerante; IV- oportunista de segunda-ordem; V- oportunista de primeira-ordem.
19
Figura 8-Variação do índice biótico AMBI nas cinco estações de amostragem em Janeiro e Maio de 2006.
De uma forma geral, da análise comparativa das abundâncias das nove espécies mais abundantes
na presente campanha de amostragem em relação ao observado em Janeiro deste ano, verificou-
se que a maioria das espécies registaram uma diminuição da abundância, associada em alguns
casos à redução da sua área de distribuição (Streblospio shrubsolii, Capitella spp., Nemertina,
Corophium acherusicum) (Figura 9). Por oposição, Hediste diversicolor triplicou a abundância na
sua área de distribuição preferencial (estação 4), enquanto Notomastus latericeus praticamente
duplicou a abundância na estação 3 (Figura 9).
DISCUSSÃO
20
Os resultados observados na presente campanha de amostragem permitiram identificar a
generalidade dos povoamentos já anteriormente descritos para a Lagoa de Óbidos. A maior
alteração verificou-se na estação 5, que segundo a aplicação do índice biótico AMBI, passaria de
moderadamente perturbada a pouco perturbada. Este resultado que, aparentemente, indicaria uma
melhoria das condições ambientais da lagoa é resultante do reduzido número de indivíduos aqui
observados. Atendendo a que as poucas espécies identificadas não são características de grupos
ecológicos associados a perturbação, registou-se uma alteração no índice utilizado. Por esta razão,
nunca se deve recorrer à aplicação de apenas um índice, mas à conjugação de resultados
fornecidos por diferentes técnicas. É de salientar que o desaparecimento de um grande número de
taxa, como ocorreu nesta estação, poderá ser preocupante, caso em campanhas futuras este
resultado se repita. Com efeito, esta estação apresentou na campanha realizada anteriormente, 21
taxa num total de 770 indivíduos, tendo sido, inclusive, a segunda estação com maior abundância
média. Em Maio de 2006, quer o número de taxa (6 taxa), quer a abundância (13 ind.) baixaram
drasticamente. Os povoamentos macrobentónicos são altamente influenciados pela sazonalidade,
pelo que só em campanhas futuras se poderá avaliar de uma forma mais sustentada a ocorrência
de alterações tão drásticas nesta zona da lagoa. No caso deste resultado se repetir em próximas
amostragens, esta alteração deverá ser reavaliada, na medida em que, de uma forma geral, o
desaparecimento ou a redução drástica do número de espécies poderá estar relacionada com
fontes de perturbação.
Figura 9-Comparação das abundâncias totais observadas em Janeiro e Maio de 2006 para os taxa mais
abundantes na presente amostragem.
21
Figura 9 -Comparação das abundâncias totais observadas em Janeiro e Maio de 2006 para os taxa mais
abundantes na presente amostragem. (Continuação)
22
Figura 9 -Comparação das abundâncias totais observadas em Janeiro e Maio de 2006 para os taxa mais
abundantes na presente amostragem. (Continuação)
23
II - Zona do Emissário
4.5 Coluna de água
A Tabela 14 apresenta as características físico-químicas da coluna de água nas estações 1 e 2 do
emissário da Foz de Arelho. Observou-se uma salinidade significativamente mais baixa do que a
característica das águas oceânicas, o que pode ser indicativo de uma mistura com água doce.
Tabela 14 Características físico-químicas da coluna de água na zona do emissário (s-superfície, m-meio e f-fundo)
Estação Hora Salinidade T (ºC)
# 1 s 11:25 34.4 15.6
# 1 m 11:30 34.8 14.6
#1 f 11:35 34.8 14.5
# 2 s 10:25 34.7 14.2
# 2 m 10:30 34.8 14.2
# 2 f 10:35 34.9 13.9
Os valores dos nutrientes na zona do emissário são apresentados na Tabela 15. Estes valores são
próximos dos registados nas estações jusantes da Lagoa. Quando se compara com as
características dos Braços interiores as diferenças são muito acentuadas. As diferenças mais
acentuadas são nos níveis de amónia, claramente mais elevados no interior da Lagoa, e nos de
nitrato mais elevados na zona do emissário.
Tabela 15 Concentrações de amónia, nitratos, nitritos, silicatos, fosfatos, azoto orgânico e fósforo orgânico (µM), clorofila-a e feopigmentos (µg/L) na coluna de água da zona do emissário (s-superfície, m-meio e f-
fundo)
NH4 NO3 NO2 Si(OH)4 PO43- Norg Porg Nt Pt Chl a Feop
Estação Hora µM µg L-1
# 1 s 11:25 2.1 7.6 0.7 4.4 0.27 8.2 0.5 18.7 0.8 0.7 <0.03
# 1 m 11:30 3.3 9.2 0.5 5.2 0.45 11.9 0.4 25.0 0.8 0.3 <0.03
#1 f 11:35 2.4 9.8 0.5 5.9 0.42 7.8 0.3 20.4 0.7 0.2 <0.03
# 2 s 10:25 3.1 8.2 0.5 4.4 0.30 7.0 0.4 18.9 0.7 0.7 <0.03
# 2 m 10:30 1.5 10.1 0.5 4.8 0.42 6.8 0.3 18.9 0.8 0.6 <0.03
# 2 f 10:35 2.2 12.9 0.5 6.4 0.48 0.7 0.2 16.4 0.7 0.2 <0.03
A Tabela 16 mostra as concentrações de metais na coluna de água. Apesar da pouca
representatividade desta amostragem observa-se um incremento geral dos contaminantes
metálicos dissolvidos na estação 2 na profundidade intermédia.
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Tabela 16 Concentrações de metais na coluna de água da zona do emissário (s-superfície, m-meio e f-fundo)
Ni Cu Pb Cd Estação Hora
(µg/L) (ng/L)
# 1 s 11:25 - 0.11 0.29 29
# 1 m 11:30 0.67 0.26 0.50 31
#1 f 11:35 0.43 0.24 0.29 17
# 2 s 10:25 0.46 - - 10
# 2 m 10:30 0.39 0.23 0.35 63
# 2 f 10:35 0.36 0.18 0.23 13
A Tabela 17 apresenta os valores de carbono e azoto (total e orgânico) na matéria particulada em
suspensão da zona do emissário. Para todos os parâmetros analisados, as concentrações
apresentaram-se idênticas em ambas estações e diminuíram gradualmente com a profundidade.
Tabela 17 Concentração de carbono (total, orgânico) e azoto (total e orgânico) na fracção particulada de água da zona do emissário (s-superfície, m-meio e f-fundo)
Ctotal Ntotal Corg Norg Estação Hora
(%)
# 1 s 11:25 0.26 0.032 0.18 0.025
# 1 m 11:30 0.19 0.023 0.11 0.017
#1 f 11:35 0.12 0.012 0.04 0.009
# 2 s 10:25 0.27 0.035 0.20 0.030
# 2 m 10:30 0.18 0.022 0.11 0.020
# 2 f 10:35 0.15 0.018 0.07 0.014
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos nesta campanha estão em geral concordantes com os registados em
campanhas anteriores:
• As zonas mais interiores da Lagoa acumulam maiores quantidades de matéria orgânica e
nutrientes,
• Ampla variação diária dos níveis de oxigenação e de nutrientes em resultado da abundante
biomassa presente nos Braços da Barrosa e do Bom Sucesso;
• Evidência de dispersão de material de origem fecal para jusante até á estação 2;
• Alteração de povoamentos bentónicos na estação 5, que segundo a aplicação do índice
biótico AMBI, passaria de moderadamente perturbada a pouco perturbada, mas estes
povoamentos são altamente influenciados pela sazonalidade só em campanhas futuras se
poderá avaliar de uma forma mais sustentada a ocorrência de alterações tão drásticas
nesta zona da lagoa;
• Dados pouco conclusivos sobre a zona do Emissário.
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ANEXO I
Lista de taxa recolhidos nas estações amostradas.
1A 1B 1C 2A 2B 2C 3A 3B 3C 4A 4B 4C 5A 5B 5CCNIDARIA Anthozoa xNEMERTINA x x x x x x x x xANNELIDAPOLYCHAETAAlkmaria romijni xCapitella spp x x x x x xCirratulidae spp x x xEteone picta xEuclymene palermitana xHesionura elongata xHeteromastus filiformis x x x x x xMalacoceros fuliginosus xMicrophthalmus pseudoaberrans xNephtys spp x x xHediste diversicolor x x xNereidae xNotomastus latericeus x x x x x x xOpheliidae spA x xOpheliidae spB xOphryotrocha dubia x xOrbiniidae xPholoe synophthalmica xPisione remota x xPlatynereis dumerilii xPolydora ligni x xPolydora spp xPomatoceros lamarcki x xPomatoceros triqueter xPomatoceros spp xPseudopolydora antennata xSpio decoratus xStreblospio shrubsolii x x xARCHIANNELIDASaccocirrus papillocercus x xOLIGOCHAETATubificidae x x x xTubificoides benedeni x x x x xARTHROPODACRUSTACEAAMPHIPODACorophium acherusicum x x x x x x x xCorophium insidiosum x xGammarus insensibilis x xMicrodeutopus gryllotalpa x xCUMACEAIphinoe serrata xIphinoe tenella x x xIphinoe spp x xISOPODACyathura carinata x xMOLLUSCAGASTROPODABittium reticulatum x Calyptraea chinensis x xGussonea pfeifferi xHydrobia ulvae x x x x x x x x x x x x xNassarius incrassatus xNassarius reticulatus xNudibranchiata xRissoa spp x
x
I
Lista de taxa recolhidos nas estações amostradas (continuação). 1A 1B 1C 2A 2B 2C 3A 3B 3C 4A 4B 4C 5A 5B 5C
BIVALVIAAbra alba x xAbra nitida xAbra ovata xAbra spp x x xCerastoderma cf edule x x x x xLoripes lucinalis xMusculus costulatus x xMusculus marmoratus x xMytilus galloprovincialis xParvicardium exiguum xParvicardium ovale x x xParvicardium pappilosum xParvicardium scabrum xScrobicularia plana x xVenerupis pullastra x x xECHINODERMATALeptosynapta inhaerens xPHORONIDAPhoronida x xUROCHORDATAAscidiacea
II