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Programa de Formação e Aperfeiçoamento Teológico Central Gospel Escola Internacional de Ministros Módulo 1 / Curso 1 - FUNDAMENTOS DA FÉ Editora Central Gospel Setor de Cursos (21) 2448-1255 [email protected]

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Programa de Formação e Aperfeiçoamento Teológico Central Gospel Escola Internacional de Ministros

Módulo 1 / Curso 1 - FUNDAMENTOS DA FÉ

Editora Central Gospel Setor de Cursos (21) 2448-1255

[email protected]

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PROGRAMA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO TEOLÓGICO CENTRAL GOSPEL

1

Copyright 2013 por Editora Central Gospel Ltda.

Presidente Vice-presidente

Diretora Executiva Gerente Financeiro

Gerência editorial e de produção Coordenação acadêmica

Desenvolvimento curricular Revisão final

Silas Malafaia Silas Malafaia Filho Elba Alencar Talita Malafaia Silveira Gilmar Chaves Isaías Luís Araújo Junior Raquel A. da Silva Ferreira Jefferson Magno

1ª edição / 2013

As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas da Versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) 2009 da SBB, salvo indicação específica, e visam incentivar a leitura das Sagradas Escrituras.

Este livro está de acordo com as mudanças propostas pelo novo Acordo Ortográfico, em vigor desde janeiro de 2009.

Editora Central Gospel Ltda. Estrada do Guerenguê, 1851 – Taquara CEP: 22713-001 Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 2187-7000 www.editoracentralgospel.com

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Programa de Formação e Aperfeiçoamento Teológico Central Gospel Rio de Janeiro: 2013 150 páginas 1. Fundamentos da Fé.

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Sumário Apresentação do programa .......................................................................................................... 4

Ensino a distância ......................................................................................................................... 5

Apresentação do curso ................................................................................................................. 6

Biografia Rev. Bayless Conley ...................................................................................................... 7

Bibliografia do curso ..................................................................................................................... 8

CURSO 1 – FUNDAMENTOS DA FÉ ...................................................................................... 10

Aula 1 – A Bíblia é a Palavra de Deus ......................................................................................... 11

Aula 1 – A Trindade .................................................................................................................... 13

Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 14-27

Quão verdadeira é a Bíblia? ................................................................................................ 14

A inspiração divina .............................................................................................................. 23

A doutrina da Trindade ....................................................................................................... 25

Aula 2 – A divindade de Jesus .................................................................................................... 29

Aula 2 – A missão de Jesus ......................................................................................................... 30

Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 32-50

A divindade de Cristo .......................................................................................................... 32

Apaziguando a ira de Deus .................................................................................................. 36

Integralmente pago ............................................................................................................. 42

A doutrina fundamental da ressurreição ............................................................................ 47

Aula 3 – Salvação pela graça através da fé ................................................................................ 52

Aula 3 – O céu, o inferno e a volta de Cristo ............................................................................. 53

Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 55-69

A natureza da pena ligada à lei adâmica ............................................................................. 55

A morte espiritual ............................................................................................................... 58

Justificação pela fé: a essência da salvação ........................................................................ 60

Inferno ................................................................................................................................. 63

Ascensão ao céu .................................................................................................................. 67

Aula 4 – A pessoa e a obra do Espírito Santo ............................................................................ 71

Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 75-85

Uma pessoa ou um poder? ................................................................................................. 75

O Espírito é Deus? ............................................................................................................... 80

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A obra do Espírito Santo ..................................................................................................... 84

Aula 5 – A capacitação do Espírito ............................................................................................. 87

Aula 5 – Cura divina .................................................................................................................... 88

Aprofundamento de estudos ............................................................................................. 90-99

Capacitados pelo Espírito .................................................................................................... 90

A transbordante unção de Deus ......................................................................................... 95

Comentários sobre Mateus 8.1-17 ..................................................................................... 97

Aula 6 – Ordenanças da Igreja ................................................................................................. 101

Aprofundamento de estudos ......................................................................................... 103-118

Quatro elementos de um sacramento .............................................................................. 103

Batismo ............................................................................................................................. 107

Comentários bíblicos acerca da unção com óleo .............................................................. 110

A Ceia do Senhor ............................................................................................................... 112

Comentários bíblicos acerca da imposição de mãos ........................................................ 117

EXPECTATIVAS DE RESPOSTA ........................................................................................... 119

Apresentação ........................................................................................................................ 120

Aula 1 ................................................................................................................................ 121

Aula 2 ................................................................................................................................ 125

Aula 3 ................................................................................................................................ 131

Aula 4 ................................................................................................................................ 137

Aula 5 ................................................................................................................................ 141

Aula 6 ................................................................................................................................ 145

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Apresentação do Programa

Caro aluno, seja bem-vindo! Estamos muito felizes por sua decisão em realizar este

curso e, desde este momento inicial, nos colocamos à sua disposição para apoiar em

tudo que for necessário, para que você alcance êxito.

O Programa de Formação e Aperfeiçoamento Teológico Central Gospel tem como seu

principal objetivo contribuir para o aprofundamento do seu conhecimento de Deus, de

Jesus e do Espírito Santo, através de um estudo objetivo e sistemático da Sua Palavra.

O resultado que esperamos alcançar é o seu crescimento espiritual e capacitação

intelectual.

MÓDULO 1 PROFESSOR AULAS Fundamentos da Fé Rev. Bayless Conley 6

Vivendo Sobrenatural & Curando através dos Dons do Espírito Santo Dr. A.L. Gill 6

Panorama do Novo Testamento Dr. John Amstutz 10

Louvor e Adoração Rev. LaMar Boschman 5

Temor do Senhor Rev. John Bevere 1

MÓDULO 2 PROFESSOR AULAS

O Poder da Oração Dr. Dick Eastman 5

O Ministério de Misericórdia Rev. Buddy Bell 5

Panorama do Velho Testamento Rev.Gornold-Smith 10

A Essência do Evangelho Rev. Terry Law 5

Jesus, Aquele que Cura Hoje Rev. Bayless Conley 5

Vivendo pela Fé Rev. Bill Winston 2

MÓDULO 3 PROFESSOR AULAS

Introdução Rev. Berin Gilfillan 1

Treinamento para a igreja Dr. Stan DeKoven 3

Grupo de Comunhão Rev. Larry Stockstill 5

Evangelismo de Poder Dr. Reinhard Bonnke 5

A Integridade do Líder Dr. Jack Hayford 2

Visão de Liderança Dr. David Shibley 5

Implantando a Igreja Dr. Jim Feeney 5

Sendo Guiado pelo Espírito Santo Rev. Bayless Conley 5

Guardiões da Promessa Dr. Ed Cole 1

7 Montanhas Dr. Lance Wallnau 2

MÓDULO 4 PROFESSOR AULAS

Mentalidade do Deserto Drª. Joyce Meyer 7

Desenvolvendo Líderes Rev. Brain Houston 5

Líder do Grupo de Comunhão Pr. Billy Hornsby 1

Reconciliação Dr. A.R. Bernard 4

Evangelismo Pessoal Rev. Ray Comfort 5

Guerra Espiritual Rev. Dean Sherman 5

Autoridade e Perdão Rev. John Bevere 2

Vitória Espiritual Pra. Marilyn Hickey 3

MÓDULO 5 PROFESSOR AULAS

Conexão Cristo Dr. T.L. Osborn 7

Vivendo para Ofertar Rev. Wayne Myers 5

Ancião Bíblico Rev. Dick Benjamim 5

Alcançando a Nova Geração Pr. Willie George 7

Administrando para o Amanhã Pr. Jim Wideman 4

Ministrando para os Jovens Pr. Blaine Bartel 4

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Ensino a distância O curso que estamos realizando ocorre sob a modalidade a distância. Essa modalidade de ensino possui algumas características próprias. São pressupostos da Educação a distância:

Dedicação;

Maturidade intelectual;

Interação;

Responsabilidade. São benefícios da Educação a distância:

Possibilidade de estudar em qualquer hora e lugar;

Contato com pessoas de diversos lugares;

Aprofundamento do conteúdo apreendido;

Celeridade de processo ensino-aprendizagem. A Educação a distância é o caminho da Educação contemporânea. Cada vez mais experiências nesta área têm surgido e obtido êxito. É muito importante lembrar que, num curso EAD, somos autodidatas, ou seja, aprenderemos o tanto quanto nos empenharmos!

Todavia, estudar dessa maneira não significa estar sozinho no processo. Além dos seus

colegas de curso, você vai poder contar com o auxílio dos professores-tutores que o

acompanharão, auxiliando e tirando dúvidas.

Além das trocas realizadas com os professores, é importante que você se comunique

também com seus colegas de curso. Partilhar experiências e refletir em conjunto,

mesmo a distância, é fundamental para a construção e socialização do conhecimento.

Por fim, desejamos que Deus abençoe ricamente a sua vida por meio dessa aula!

Que o Espírito Santo, nosso Mestre por excelência, conceda-lhe o necessário

entendimento espiritual da Palavra de Deus!

Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos

ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito (Jo 14.26).

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Apresentação do Curso

O Curso Fundamentos da Fé proporciona o aprendizado das principais bases do

Cristianismo discutidas e consolidadas pela Igreja ao longo dos anos. Os temas

abordados são de suma importância para o cristão de hoje, pois as igrejas locais estão

enfrentando uma invasão de falsas doutrinas, que distorcem os verdadeiros princípios

bíblicos.

Está organizado em seis aulas, as quais são compostas de videoaulas, esboços e

aprofundamento de estudos por meio da leitura de textos e de questões para reflexão,

acompanhadas de expectativas de resposta, para a autoavaliação da aprendizagem.

CURSO FUNDAMENTOS DA FÉ

Aulas Carga horária

1. A Bíblia é a Palavra de Deus / A Trindade 5h

2. A divindade de Jesus / A missão de Jesus 6h

3. Salvação pela graça através de fé / O céu, o inferno e a volta de

Cristo

7h

4. A pessoa e a obra do Espírito Santo 5h

5. A capacitação do Espírito / Cura divina 5h

6. Ordenanças da Igreja 7h

Total 35h

Este estudo é indispensável para todo aquele que deseja ampliar seus conhecimentos

sobre as doutrinas básicas do Cristianismo e edificar sua fé sobre o único fundamento:

Cristo.

Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus

Cristo (1 Co 3.11).

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Rev. Bayless Conley Bayless Conley e sua esposa Janet são os pastores titulares da Cottonwood Church em Los Alamitos (Califórnia), com mais de 5.000 membros, onde foram feitas as gravações do currículo. A paixão de seus corações é anunciar um viver com Cristo para um mundo agonizante, o que eles estão fazendo de forma brilhante em sua comunidade local, bem como em todo o mundo através de um dinâmico programa de televisão chamado Respostas com Bayless Conley. Este curso, ministrado pelo Rev. Bayless é excelente para o cristão que quer aprofundar seus conhecimentos bíblicos, pois são ensinados, com clareza, os princípios básicos e as verdades doutrinárias fundamentais do Cristianismo. Hoje, Bayless e Janet dedicam-se ao ensino da Palavra, focando sua aplicação na vida diária. Eles acreditam no incrível potencial dado por Deus a cada ser humano e estão ajudando as pessoas a descobrir e desenvolver esse potencial em toda a sua plenitude.

Site: www.cottonwood.org

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Bibliografia

A importância de ser cheio do Espírito Santo – Silas Malafaia Quem é o Espírito Santo? Quais são as suas atribuições? O que caracteriza sua ação? O que é ser cheio do Espírito? Por que e como ser cheio?

Neste livro, essas e outras questões relevantes são discutidas, com o intuito de conscientizá-lo de que o Espírito Santo é Deus e possui todos os atributos divinos que o possibilitaram criar tudo e que capacitou Jesus e Seus discípulos com sabedoria e poder para realizar a obra que lhes foi confiada.

Autoridade Espiritual – Silas Malafaia Nesta obra, o pastor Silas Malafaia destaca a importância da obediência à autoridade espiritual, porque a obediência permite ao homem conquistar grandes vitórias, participar de experiências profundas com o Senhor, receber autoridade e dons divinos específicos para ser um instrumento de Deus.

Em contrapartida, mostra as características dos insubmissos e as consequências da desobediência à autoridade espiritual que levam à privação de vários benefícios e a severos castigos.

Autoridade para curar – Ken Blue O propósito deste livro é ajudar cristãos e congregações locais a iniciarem um ministério de cura e serem bem equipados neste ofício.

Quando a Igreja Primitiva pregava o Evangelho de Jesus Cristo, sua pregação era validada e ilustrada por sinais, geralmente curas e libertações. Essa combinação de pregação e manifestação de poder de Deus produziu efeitos marcantes. No Novo Testamento, praticamente todos os relatos de multidões que se voltaram para Deus apontam que esses dois elementos estavam presentes.

Apesar das especulações dispensacionalistas, que afirmam que o dom de cura e de milagres desapareceu com os apóstolos, esse aspecto da vida e do testemunho da Igreja não é um fenômeno exclusivo do primeiro século.

Descobrindo a Bíblia – Alex Varughese (ed.) A Bíblia desempenha um papel importante na fé e na educação cristã do homem. Praticamente todos os cristãos afirmam que a Bíblia é a Escritura inspirada e a Palavra de Deus, e pelo menos uma versão dela pode ser encontrada em cada lar cristão.

A maioria dos cristãos está familiarizada com as histórias de Adão e Eva, Noé, Abraão, José, Moisés, Samuel, Davi, Jesus, Pedro, Paulo e outras personalidades bíblicas conhecidas. Mas, apesar da popularidade da Bíblia e de sua posição sagrada na Igreja e na sociedade, há um nível alarmante de “analfabetismo bíblico” entre os cristãos hoje em dia. Uma das principais razões para essa crise é a falta de uma abordagem disciplinada na compreensão e no estudo da Bíblia.

Um objetivo importante de Descobrindo a Bíblia é ajudar os leitores a desvendar o mundo por trás dos relatos bíblicos e fornecer-lhes o conhecimento básico necessário para captar o significado e a mensagem das Escrituras.

Fundamentos da fé – James Montgomery Boice Esta obra aborda de modo sistemático, claro e objetivo a teologia cristã, proporcionando uma visão geral, abrangente e acessível. Sua análise sobre as questões atuais facilita a leitura tanto para recém-convertidos, como para pastores, mestres e estudiosos da bíblia. Por sua praticidade e fundamentação teológica, essa obra torna-se uma referência no assunto, sendo recomendada por diversos estudiosos, seminários teológicos e jornais acadêmicos dos Estados Unidos.

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Lições da Palavra de Deus: Autoridade Espiritual – Pr. Gilmar Chaves / Pr. Jefferson Magno Esta revista é a primeira do novo currículo da Editora Central Gospel para a Escola Dominical. Ele foi elaborado pensando em como tornar o processo de ensino-aprendizagem mais eficiente e dinâmico.

Nesse novo ciclo, a revista apresenta mudanças substanciais tanto na parte textual – com uma profundidade maior nos comentários – quanto no projeto gráfico, que se apresenta muito mais atrativo, estimulante e motivador.

Manual de defesa da fé - Peter Kreeft / Ronald K. Tacelli Desafios ao cristianismo são feitos por ateus, por pessoas questionadoras e por futuros cristãos. Fé e razão são conflitantes? Deus existe? A Bíblia é apenas um mito? Por que Deus permite a existência do mal? Jesus era divino? Existe vida após a morte? É possível ocorrerem milagres? Jesus ressuscitou dos mortos? O cristianismo é a única religião verdadeira?

O Manual de defesa da fé categoriza e resume os argumentos mais fortes a favor das principais doutrinas cristãs. Além disso, nele você encontrará refutações instigantes aos principais argumentos contra o Cristianismo.

Manual prático de teologia – Eduardo Joiner Pregadores, pastores, evangelistas, missionários, professores, seminaristas e estudiosos da Palavra de Deus dispõem agora de uma ferramenta prática, que reúne, de maneira clara, objetiva e sucinta, os grandes temas da teologia cristã.

Sem desconhecer os demais compêndios teológicos existentes hoje em língua portuguesa, não poderíamos deixar de afirmar que o livro do grande teólogo e professor norte-americano Eduardo Joiner continua, há mais de 100 anos, à frente das obras atualmente existentes no mercado, por seu rico conteúdo, objetividade e clareza.

Para escrevê-lo, seu autor realizou uma longa e diversificada pesquisa que envolveu, entre outras fontes e ferramentas, os melhores livros de teologia sistemática existentes na sua língua nativa, o inglês. O Manual Prático de Teologia explica, com clareza e simplicidade, os 40 mais importantes temas da teologia cristã.

O Novo Comentário Bíblico AT e NT – Earl D. Radmacher / Ronald B. Allen / H. Wayne House O Novo Comentário Bíblico AT e NT com recursos adicionais foge ao padrão convencional, pois foi desenvolvido para os leitores de todos os níveis, tanto os leigos que querem enriquecer seus conhecimentos bíblicos e culturais, como estudantes da Bíblia, professores de escola dominical, pastores e líderes eclesiásticos.

Resultado de pesquisas confiáveis e consistentes de mais de 40 renomados estudiosos da Bíblia, este comentário contém um estudo conciso da Bíblia, com considerações importantes sobre cada versículo, os personagens principais das histórias narradas, questões e temas relevantes, atuais e contextualizados. Tudo isto escrito em linguagem clara e direta. É a Palavra de Deus ao alcance de todos!

Manual de educação cristã – Gilmar Vieira Chaves O Manual de Educação Cristã é utilizado como o material de apoio ao CPEC (Curso de Preparação para Educadores Cristãos), curso que visitará todas as regiões do território brasileiro e outros países, destacando a importância da educação cristã como meio de divulgação da Palavra de Deus e crescimento espiritual do Seu povo e da Sua Igreja.

O CPEC foi idealizado para ser uma ferramenta muito útil na formação e no aperfeiçoamento de professores para o exercício criativo e inovador do magistério na Escola Dominical e em todas as atividades que envolvam a prática da educação cristã.

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AULA 1

A Bíblia é a

Palavra de Deus

A Trindade

FUNDAMENTOS

DA FÉ

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MÓDULO 1 / CURSO 1 – FUNDAMENTOS DA FÉ AULA 1 – A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS / A TRINDADE A Bíblia é a Palavra de Deus Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra (2 Tm 3.16,17). A palavra Bíblia não aparece nas Escrituras. Este termo originou-se da palavra grega biblos, nome dado à folha de papiro usada para a escrita. Um pequeno rolo de papiro era chamado biblion e bíblia era o nome dado ao conjunto destes rolos. Sendo assim, a palavra Bíblia significa coleção de pequenos livros. Com o surgimento do papel, os rolos deixaram de ser usados e a palavra biblos passou a significar livro. Ela contém sessenta e seis livros separados de várias formas literárias, tais como cartas, história, narrativas, poesia épica, canções líricas e apocalipse, mas com um só tema. Deus compilou este livro durante um período de 1500 anos – desde 1400 a.C. a 100 d.C. Os seus quarenta autores incluíram pastores de ovelhas, pescadores, guerreiros, sacerdotes, profetas, reis, um médico, um estudioso e um copeiro. A tão diversificada verdade bíblica que vem impactando cada geração e cada cultura, nação e tribo só poderia ter sido colocada em conjunto pela mão de Deus.

A Bíblia é diferente de todos os demais livros do mundo em razão da sua inspiração divina (2 Pe 1.21; Jó 32.8). Por isso, ela é chamada a Palavra de Deus. O vocábulo inspirada significa soprada para dentro, ou seja, comunicada aos escritores por Deus, por meio do seu Santo Espírito (Jo 14.26). Os escritores da Bíblia foram inspirados a escrever Sua Palavra, tocados profundamente, orientados na escolha e interpretação dos fatos (1 Co 2.13) (CHAVES, Gilmar; MAGNO, Jefferson.

Autoridade Espiritual. Revista Lições da Palavra de Deus, n.33. Rio de Janeiro: Central

Gospel, Ano 9, p.41).

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Esboço da aula 1. A Bíblia é inspirada por Deus (Jr 1.9).

A Bíblia é verdadeira, porque vem de Deus (Dt 4.2,5-14). As palavras do Antigo e do Novo Testamento foram inspiradas por Deus (2 Pe

1.20,21). 2. A Bíblia é o guia para o viver do cristão (Sl 78.5; Dt 4.40), pois:

estabelece como os homens devem viver e desfrutar a vida (1 Rs 2.3; 1 Cr 28.8; Sl 119.32);

é imprescindível para a formação do homem de Deus (Pv 2; 3.1-23);

representa a mais alta autoridade em todos os assuntos para a Igreja (Sl

119.66,98; Pv 1.7). 3. A Bíblia é o livro dos pensamentos de Deus (Is 55.7-11).

Deus e Sua Palavra são um (Jo 1.1). Deus e Sua Palavra são imutáveis (1 Pedro 1.24,25; Sl 33.10,11). A Escritura Sagrada, como a Palavra de Deus escrita, é perfeita (Sl 12.6; Sl 19.7-

10). A Palavra de Deus oferece soluções para todos os problemas da vida (Sl 111.10;

Pv 8.14). 4. A Palavra de Deus:

tem poder (Is 55.11; 1 Co 1.18; Hb 4.12); proporciona crescimento espiritual (1 Pe 2.2); forma discípulos de Jesus (Jo 8.31); faz-nos livres quando nós a conhecemos (Sl 119.45); produz fé (Rm 10.17); muda o pensamento e transforma as vidas dos que nela creem (Rm 12.1,2).

5. A Palavra de Deus fornece tudo que o cristão necessita para desenvolvimento da vida espiritual (Mt 4.4). A Palavra de Deus contém promessas para vida eterna (1 Pe 1.3,4). Deus se expressa através da Sua Palavra, trabalhando no coração e na mente

dos cristãos (1 Ts 2.13).

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A Trindade Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28.19).

A natureza divina é uma unidade de três pessoas. Mas como Deus pode ser uno e trino ao mesmo tempo? A palavra Trindade não se encontra no texto bíblico, no entanto a doutrina da Trindade está revelada de forma clara na Palavra de Deus. O nosso Deus é uno, mas também trinitário, um único Deus que se manifesta em três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo. Eles são iguais em substância, porém diferentes nas funções que exercem (CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de

Educação Cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012,

p.114,115).

Esboço da aula 6. Os cristãos creem num único Deus (1 Co 8.6; 1Tm 1.17).

“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4; Is 43.10-11; 44.8).

Há somente um Deus verdadeiro. Todos os outros deuses e ídolos são falsos (Lv 26.1; Dt 32.21).

7. Um Deus que se expressa em três pessoas distintas (2 Co 13.13).

No tempo da criação, Deus disse: “Façamos...” (Gn 1.26).

Deus refere-se a si mesmo no plural (Gn 11.6,7; Is 6.8).

A Trindade inclui: Deus, o Pai; Deus, o Filho; Deus, o Espírito Santo (Mt 28.19).

As três pessoas divinas presentes de forma distinta (Lc 3.22).

8. A Bíblia refere-se a cada uma das três pessoas da Trindade como Deus (Jd 20,21).

Deus é Deus (Êx 3.14).

Jesus é Deus (Jo 1.1,14; 14.6-11; Is 9.6).

O Espírito Santo é Deus (At 5.3,4).

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APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao desenvolvimento do seu aprendizado.

Texto 1 - Quão verdadeira é a Bíblia?

Desde o início da Igreja cristã até boa parte do século 18, a grande maioria dos cristãos de todas as denominações reconhecia que as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento eram unicamente a Palavra de Deus.

Nesses livros Deus fala. E porque Deus fala nas Escrituras – como não faz em nenhum outro lugar da mesma forma – todos os que alegavam ser cristãos reconheciam a Bíblia como uma autoridade divina trazendo a todos um conjunto de verdades objetivas que transcendem a compreensão subjetiva.

Nesses livros, os atos de salvação de Deus na história são revelados a nós para que possamos crer. E os eventos dessa história são divinamente interpretados para que homens e mulheres possam entender o evangelho e responder a ele com inteligência, tanto em pensamentos como em ações. A Bíblia é a Palavra de Deus escrita. Como a Bíblia é a Palavra de Deus, as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento têm autoridade e não falham.

A visão dos primeiros 16 séculos Há muitas declarações que substanciam a existência desta visão estimada das Escrituras nos documentos da Igreja primitiva.

Ireneu, que vivera em Lyon no início do segundo século [em Contra Heresias, II, xxvii, 1ª edição 1885], escreveu que “deveríamos estar plenamente convencidos de que as Escrituras são de fato perfeitas, uma vez que foram ditas pela Palavra de Deus e de Seu Espírito” (Roberts e Donaldson, p. 399).

Cirilo de Jerusalém, que viveu no quarto século, disse:

Nem mesmo uma declaração casual pode ser feita sem as Escrituras Sagradas; nem devemos ser levados para outro lado por meras possibilidades e artifícios do discurso […] Porque essa salvação na qual cremos não depende de argumentos ingênuos, porém da demonstração das Sagradas Escrituras. (Schaff e Wace, 1893, p. 23)

Em carta a Jerônimo, o tradutor da Vulgata Latina, Agostinho revelou:

Eu [...] acredito com firmeza que nenhum desses autores errou ao escrever qualquer coisa que fosse. Se porventura encontro algo nesses livros que pareça contrário à verdade, decido que o texto é ora corrompido, ora o tradutor não seguiu o que realmente foi dito, ou que eu falhei ao entender [...] Os livros canônicos são livres de falsidade. (Pais da Igreja, 1951, p. 392, 409)

E em seu tratado Sobre a Trindade, Agostinho advertiu:

Não se disponham a render-se a meus escritos como às Escrituras canônicas; porém nessas, quando vós tiverdes descoberto até mesmo o que vós outrora não críeis, crede sem hesitação. (Schaff, 1887, p. 56)

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A mesma posição é mantida por Lutero. Alguns consideram que a referência de Lutero à Bíblia como “o berço de Cristo” provaria que ele acreditava numa revelação na Bíblia, não numa idêntica a ela, e que ele tinha as Escrituras em menor estima do que o Cristo da qual ela falava. Para alguns, isso significaria que nem toda a Bíblia é a Palavra de Deus. Contudo, isso não é correto.

A expressão de Lutero, o berço de Cristo, ocorre no fim do terceiro parágrafo de seu Prefácio ao Antigo Testamento. E ali, como o falecido estudioso luterano J. Theodore Mueller demonstrou, Lutero estava na verdade defendendo o valor do Antigo Testamento para os cristãos. Longe de estar condenando as Escrituras, Lutero estava na verdade preocupado em “expressar sua mais reverente estima às Escrituras Sagradas, que oferecem aos homens a bênção suprema da salvação eterna em Cristo” (Cristianismo hoje, 24/10/1960, p. 11).

O próprio Lutero disse em seu Prefácio ao Antigo Testamento:

Rogo e de forma verdadeira exorto que cada Cristão piedoso não seja ofendido pela simplicidade da linguagem e das histórias que encontrará aqui no Antigo Testamento. Permita que ele não duvide que, por mais simples que possam parecer, são as próprias palavras, obras, julgamentos e atos da grande majestade, poder e sabedoria de Deus. (Plass, 1959, p. 71)

Em Aquelas doutrinas de homens que devem ser rejeitadas, Lutero afirmou:

As escrituras, embora tenham sido também escritas por homens, não são de homens nem vêm de homens, mas de Deus. (Plass, 1959, p. 63)

Em Conversa de mesa, Lutero assinalou que:

Precisamos diferenciar muito bem a Palavra de Deus da palavra de homens. A palavra do homem é um pequeno som, que ecoa pelo ar, e logo se esvai, entretanto a Palavra de Deus é maior que os céus e a terra, sim, maior que a morte e o inferno, pois faz parte do poder de Deus, e perdura para sempre. (Kerr, 1943, p. 10)

Em alguns momentos, Calvino é ainda mais direto. Comentando sobre 2 Timóteo 3.16, o reformista de Genebra afirmou:

Esse é o princípio que distingue nossa religião de todas as outras, pois sabemos que Deus falou conosco e estamos totalmente convencidos de que os profetas não falaram de si mesmos, todavia por intermédio do Espírito Santo, pronunciavam apenas aquilo que haviam sido comissionados para declarar. Todos aqueles que desejam beneficiar-se das Escrituras precisam primeiro aceitá-las como princípio estabelecido, a Lei e os ensinamentos dos profetas não são transmitidos ao bel-prazer de homens, ou elaborados a partir de doutrinas terrenas, foram escritos por homens, contudo inspiradas pelo Espírito Santo.

Devemos às Escrituras a mesma reverência que devemos a Deus, uma vez que Ele é sua única fonte e não há nada de origem humana misturado a elas. (Calvino, 1964, p. 330)

Em seus comentários de Salmos, Calvino falou da Bíblia como aquela regra certa e infalível (Sl 5.11). Em Um catecismo romano, John Wesley disse algo parecido:

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A Escritura é, por isso, regra suficiente em si mesma, e foi por homens divinamente inspirados ao mesmo tempo entregue ao mundo. (Wesley, 1872, p. 90).

Se houver erros na Bíblia, pode ser que haja milhares. Se houver falsidade nesse Livro, não veio do Deus da verdade. (Wesley, 1872, p.82)

Nos séculos 16 e 17, a glória de Cristo resplandecia em todos os cristãos, em diversos lugares, apesar das diferenças do entendimento sobre teologia ou em questões sobre a Igreja. Naquela época, os cristãos eram fiéis às verdades bíblicas. As Sagradas Escrituras eram autoridade suprema e inerrante em todos os aspectos para os seguidores de Cristo. A Palavra podia ser negligenciada e até contestada, havendo discordância sobre o que o Livro realmente ensinava, no entanto, mesmo assim, a Bíblia era aceita como a Palavra de Deus. E essa era a única regra de fé e prática infalível dos cristãos.

BOICE, James Montogomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p.62-64.

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Vocabulário Pais da Igreja Chamamos de Pais da Igreja alguns homens que viveram no período entre a segunda metade do primeiro século e o século oito, como por exemplo: Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Pápias, Policarpo, Atanásio e Agostinho. Esses homens representaram, ensinaram, defenderam e firmaram os conceitos da fé cristã, opondo-se às doutrinas heréticas que surgiram no seu tempo, e apascentaram a igreja da sua época, tornando-se ícones na história do cristianismo. De certa forma, podemos afirmar que, com os apóstolos, a Igreja deu seus primeiros passos e, com os Pais da Igreja, ela se desenvolveu. Com eles, a Igreja tornou-se uma instituição organizada, o Cânon bíblico foi estabelecido, assim como as doutrinas fundamentais da fé cristã e as primeiras formas de liturgia. Biografia Irineu Bispo de Lyon (França) foi considerado um dos Pais da Igreja e um grande defensor da ortodoxia bíblica ou Cristianismo Apostólico na Igreja Primitiva, pois combateu fortemente os falsos ensinos de grupos heréticos que se encontravam na igreja cristã da época. Nasceu em 130 d.C., na cidade de Esmirna (Ásia Menor). Ali, tornou-se discípulo de Policarpo, bispo da cidade, sendo influenciado por sua pregação. Após mudar-se para Gália (atual sul da França), residiu na cidade de Lyon, da qual tornou-se bispo. Com sua obra chamada Adversus Haereses (Contra as Heresias), combateu o gnosticismo, que teve seu início ainda no período apostólico. Morreu martirizado em Lyon, por volta do ano 200 d.C. Cirilo Nasceu na cidade de Jerusalém, por volta do ano 315. Em 345, foi ordenado sacerdote e, em 348, tornou-se o bispo da cidade, sucedendo Máximo III. Já no início de seu ministério, empenhou-se na catequese, ensino das doutrinas da igreja para aqueles que anseiam o batismo. Sua obra Catequeses é um registro escrito de suas pregações, anotadas por copistas anônimos, voltadas para a formação dos novos convertidos. Cirilo sofreu a oposição e a dura perseguição de Acácio, arcebispo de Cesareia, em função de suas diferentes posturas e posicionamentos teológicos, por isso foi exilado três vezes. Em 381, participou do Primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, no qual sua jurisdição sobre Jerusalém foi retomada. Sua morte se deu por volta do ano 387. Jerônimo Natural de Veneza e oriundo de uma família rica cristã, Jerônimo (331-420), na adolescência, foi enviado para Roma, onde estudou gramática, retórica e filosofia.

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Jerônimo é considerado o mais erudito dos Pais da Igreja, demonstrava uma grande habilidade com as línguas grega, latina e hebraica. Numa de suas viagens de estudos, visitou a Antioquia e ali permaneceu adotando uma vida monástica. Durante esse período, aprendeu hebraico, a fim de estudar as Escrituras em seu original. Em 382, tornou-se secretário de Dâmaso, bispo de Roma, que lhe deu ordem para revisar o texto bíblico da tradução latina de acordo com o original hebraico. A Bíblia em latim foi o segundo maior acontecimento na história da tradução bíblica. Estudiosos acreditam que uma versão em latim já existia em 180 d.C. No quarto século d.C., o bispo Jerônimo deu início à tarefa de traduzir a Bíblia para o latim, usando versões latinas existentes e a Septuaginta. Em 385 d.C., ele se mudou para Belém, onde passou os 14 anos seguintes traduzindo a Bíblia hebraica para o latim. Durante o sexto e o sétimo séculos, os pais da Igreja deram prioridade à obra de Jerônimo dentre outras versões latinas existentes. Embora a palavra vulgata (que significa comum) fosse um termo anteriormente aplicado às versões latinas iniciais, a tradução de Jerônimo acabou ficando conhecida como a Vulgata. Gradualmente, a Vulgata latina se tornou a Bíblia oficial da Europa ocidental durante a Idade Média (Varughese, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central

Gospel, 2012, p.371). Agostinho Filósofo, teólogo, bispo e doutor da Igreja, Agostinho nasceu no ano de 354, na cidade de Tagasta (Norte da África). Sua mãe, Mônica, era cristã e dedicou-se à formação e conversão de Agostinho à fé cristã. Ao converter-se ao catolicismo, tornou-se um bispo e combateu as heresias do seu tempo. Considerado o maior teólogo do cristianismo ocidental, converteu-se após ler Romanos 13.13,14. Apesar de ter sido criado por uma mãe religiosa, o jovem Agostinho buscou uma vida de prazeres mundanos e males. Ele nos conta o que aconteceu certo dia, quando, profundamente angustiado com o poder do mal sobre sua vida, estava sentado no jardim de seu amigo e ex-aluno Alípio. Ouvi uma voz como de menino ou menina [...] vinda de uma casa vizinha, cantando e repetindo: “Pegue e leia; pegue e leia”. [...] Então, contendo minha enxurrada de lágrimas, levantei-me, interpretando aquilo de nenhuma outra maneira a não ser uma ordem do céu para que eu abrisse o livro e lesse o primeiro capítulo que visse [...]. Então, rapidamente, retornei ao lugar onde [...] colocara o livro dos apóstolos [...]. Tomei-o, abri-o e, em silêncio, li o parágrafo que meus olhos viram primeiro: Não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências (Rm 13.13b,14). Eu não prosseguiria com a leitura, nem precisaria disso. Instantaneamente, quando a frase terminou, uma luz de segurança, por assim dizer, infundiu em meu coração, e toda a sombra de dúvida desapareceu.

Esse texto de Romanos 13.13-14 levou Agostinho à conversão aos 33 anos de idade (Varughese, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p.371).

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Em Cartago, aprendeu a retórica. Ali, se converteu ao cristianismo e foi batizado em 387. Foi ordenado sacerdote em 391 e, cinco anos depois, consagrado bispo de Hipona. Até sua morte, em 430, Agostinho dedicou sua vida à administração episcopal, aos estudos e escrita de livros, sermões e cartas. As obras mais famosas de Agostinho são: Confissões, uma autobiografia, e De Civitate Dei, conhecida como A Cidade de Deus, na qual desenvolveu a crença da Igreja como a cidade espiritual de Deus distinta da cidade material do homem. Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564) foram personagens importantes da Reforma Protestante. Ambos defenderam o retorno à interpretação histórico-literária da Bíblia. Martinho Lutero Nascido na Alemanha, restaurou a ideia do sacerdócio de todos os cristãos, defendeu fortemente a doutrina da justificação pela fé na pessoa de Cristo e da autoridade da Palavra. Em 31 de outubro de 1517, afixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, falando contra a venda de indulgências, que propunha a remissão de pecados através das obras. João Calvino Foi o fundador da Igreja Protestante na França. Em 1533, tornou público o seu afastamento do Catolicismo Romano através de um discurso escrito, considerado herético pelos religiosos da época. Sua obra mais famosa a "Instituição da Religião Cristã", concluída em 1535, lhe rendeu grande prestígio. John Wesley Wesley era o 15º filho dos 19 filhos de Samuel e Susannah Wesley. Nasceu no ano de 1703 e foi educado pela sua mãe. Em 1709, escapou de um incêndio em sua casa, passando a ser conhecido como o tição tirado do fogo. Aos 17 anos, recebeu uma bolsa para estudar na Universidade de Oxford. Em 1728, Wesley foi ordenado ao ministério, ajudando seu pai numa paróquia perto de Epworth por dois anos. Ainda em Oxford, tornou-se líder do Clube Santo, nome pelo qual era conhecido o grupo de jovens estudantes que se reuniam para estudar a Bíblia, orar e realizar obras de ação social nas prisões e entre os pobres. Os membros do grupo foram apelidados de metodistas pelos demais estudantes, devido à característica metódica de suas atividades e reuniões. Em 24 de maio de 1738, John Wesley escreveu as seguintes palavras em seu diário: À noite, fui, muito a contragosto, a uma sociedade em Aldersgate Street, onde estavam lendo o Prefácio de Lutero à Epístola aos Romanos. Aproximadamente às quinze para as nove, enquanto ele descrevia a mudança que Deus opera no coração por meio da fé em Cristo, senti meu coração estranhamente aquecido. Senti que confiava em Cristo — somente em Cristo — para a salvação, e uma segurança me foi dada de que Ele tirara todos os meus pecados, os meus próprios pecados, e de que Ele me salvara da lei do pecado e da morte.

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Estudiosos wesleyanos relacionam o início do avivamento evangélico no século 18 a essa experiência de John Wesley (Varughese, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central

Gospel, 2012, p.371). Após entrar em contato com a Igreja Morávia (originada do movimento pietista e fundada pelo Conde Nicolas Von Zinzendorf, juntamente com refugiados morávios, em 1727), cujos membros possuíam uma ampla visão missionária e exerceram grande influência em sua conversão, Wesley inicia seu ministério de pregador ao ar livre. John Wesley tinha 37 anos de idade quando começou a viajar e pregar, opondo-se veementemente às práticas e políticas imorais da sociedade inglesa.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 1. Onde os atos da salvação de Deus na história são revelados?

2. Explique como se justifica a autoridade da Bíblia como a Palavra de Deus.

3. Qual a finalidade do registro das Escrituras Sagradas?

4. Qual é o significado da expressão de Martinho Lutero “o berço de Cristo”?

5. Explique o comentário de Calvino sobre 2 Timóteo 3.16.

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6. Qual foi o posicionamento dos pais da Igreja em relação às Escrituras Sagradas?

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Texto 2 - A inspiração divina

A inspiração divina desempenhou um papel ativo no recebimento e registro da revelação pelos escritores bíblicos da antiguidade. Muito embora não possamos explicar adequadamente o método e o processo de inspiração, as Escrituras testificam que Deus teve participação ativa em seu processo de escrita (2 Tm 3.16,17; 2 Pe 1.20,21). Alguns cristãos entendem a inspiração como se o texto bíblico tivesse sido ditado por Deus aos escritores da Bíblia (teoria da inspiração ditada). Teólogos evangélicos wesleyanos reconhecem o envolvimento ativo do Espírito Santo no processo de escrita das Escrituras (teoria da inspiração dinâmica). O Espírito Santo preparou os escritores bíblicos para receber e comunicar a revelação. Os escritores bíblicos receberam entendimento especial em relação às atividades de Deus na História, as quais eles interpretaram aos olhos de suas tradições de fé e comunicaram-nas por meio da escrita. A teoria dinâmica se concentra no real envolvimento do Espírito de Deus na vida e na obra desses escritores. Uma vez que o Espírito Santo é o Agente ativo na comunicação da revelação por meio das Escrituras, precisamos submeter-nos à autoridade e à direção do Espírito para o entendimento correto da Palavra de Deus.

VARUGHESE, Alex. Descobrindo a Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p. 26

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 7. Qual a importância da doutrina da inspiração divina das Escrituras Sagradas para a

Igreja?

8. Explique a diferença entre a teoria da inspiração ditada e a teoria da inspiração

dinâmica.

9. Como o Espírito Santo agiu sobre os escritores bíblicos para levá-los a escrever os

livros da Bíblia?

10. Qual a única maneira de alcançar o entendimento correto da Palavra de Deus?

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Texto 3 – A doutrina da Trindade Deus nos revelou um pouco de Sua complexidade na doutrina da Trindade. O que sabemos sobre ela só sabemos por causa da revelação de Deus na Bíblia, e mesmo assim não a conhecemos muito bem. Na verdade, tendemos tanto a cometer erros quando lidamos com esse assunto que precisamos ser extremamente cuidadosos, para não irmos além ou interpretarmos de forma errada o que encontramos na Escritura. O primeiro ponto a ser destacado é que os cristãos creem, tanto quanto os judeus, que só há um Deus. Os cristãos também creem na Trindade, e foram de modo errôneo acusados de crer em três deuses, o que seria uma forma de politeísmo. É verdade que os cristãos veem uma pluralidade na manifestação de Deus. No entanto, isso não é politeísmo. Cristãos, assim como judeus, são monoteístas, isto é, creem em um só Deus. Sendo assim, recitamos, como o judeu:

Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Deuteronômio 6.4-9

Nessa passagem, em linguagem mais clara, está o ensinamento de que Deus é um, e que isso deve ser conhecido por Seu povo, falado por ele e ensinado a seus filhos. A mesma verdade consta no Novo Testamento, que é unicamente cristão. Lemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão um só (1 Co 8.4). Somos lembrados do fato de que há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos (Ef 4.6). Tiago declarou: Tu crês que há um só Deus? Fazes bem (Tg 2.19). Tem se argumentado que, já que os versículos 4 a 9 de Deuteronômio 6 começam com Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR, a Trindade estaria excluída. Contudo, nesse texto, a palavra para único é echad, que significa não um em isolamento, porém um em unidade. De fato, esse termo nunca é usado na Bíblia hebraica referindo-se a uma entidade singular. Ele é empregado para aludir a um cacho de uvas, por exemplo, ou para mostrar que o povo de Israel respondeu como um só povo. Após Deus ter criado uma esposa para Adão, este disse:

Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. Gênesis 2.23,24

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De novo, a palavra traduzida como uma é echad. Não se sugere que o homem e a mulher se transformariam em uma única pessoa, mas uma só carne; estariam unidos como um só. De modo semelhante, Deus é um Deus, entretanto se manifesta em três pessoas. Uma de nossas dificuldades é que não temos uma palavra adequada em nossa língua para expressar a natureza das diferentes existências dentro da Trindade. O melhor termo de que dispomos é pessoa, derivado da palavra latina persona, que significa a máscara que um ator usava quando representava um personagem num drama grego. Todavia, quando falamos em máscara, já nos desviamos do sentido que pretendemos, pois não devemos pensar nas três pessoas concernentes a Deus como uma forma pela qual Ele de vez em quando representa a si mesmo para os seres humanos. Esse erro em particular é conhecido como modalismo ou sabelianismo, originário do nome do homem que popularizou a ideia na história da Igreja em meados do terceiro século. A palavra mais usada na língua grega era homoousios, que literalmente significa um ser. No entanto, de novo, isso induz ao erro se começamos a pensar que há três seres distintos com naturezas diferentes dentro da Trindade. Calvino não gostava de nenhuma dessas palavras. Ele preferia o vocábulo subsistência. Contudo, mesmo sendo provavelmente bem escolhido, o termo não transmite muito significado à maioria dos leitores do nosso século. Na verdade, a palavra pessoa está adequada, enquanto entendemos o que queremos mostrar com ela. No discurso coloquial, a palavra denota um ser humano, portanto alguém que é um indivíduo único. Temos esse conceito em mente quando falamos de despersonalizar alguém. Todavia, esse não é o significado da palavra como é usada em teologia. O ser existe independente do corpo carnal. Podemos, por exemplo, perder um braço ou uma perna em um acidente, contudo ainda seremos a mesma pessoa com todas as marcas da personalidade. Além disso, pelo menos de acordo com o ensinamento cristão, mesmo quando morremos e nosso corpo entra em decomposição ainda somos pessoas, pois o espírito, no qual está a vida, é eterno. Então, estamos falando de um senso de existência que se expressa em conhecimento, sentimento e vontade. Assim, há três pessoas ou subsistências em Deus, cada uma com conhecimento, sentimento e vontade. Entretanto, mesmo considerando esse entendimento, saímos da percepção adequada, pois, no caso de Deus, conhecimento, sentimento e vontade de cada pessoa que compõe a Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo — são idênticos.

BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 96-98.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 11. Explique por que a doutrina da Trindade não pode ser considerada uma doutrina

politeísta.

12. Leia Gn 2.23,24 e Dt 6.4-9. O que estes textos têm em comum? Como compreendemos a Trindade a partir deles?

13. Calvino utilizava o termo subsistência para expressar a natureza trinitária de Deus. Verifique o significado dessa palavra em um dicionário e explique como tal sentido nos ajuda a entender a Trindade.

14. Há três pessoas ou subsistências em Deus, cada uma com conhecimento, sentimento e vontade. Essa declaração é uma boa definição para a doutrina da Trindade? Justifique.

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AULA 2

A divindade de

Jesus

A missão de Jesus

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MÓDULO 1 / CURSO 1 - FUNDAMENTOS DA FÉ AULA 2 – A DIVINDADE DE JESUS / A MISSÃO DE JESUS A Divindade de Jesus De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,

que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-

se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e,

achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e

morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome

que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que

estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é

o Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.5,11).

Cristologia, como o nome indica, é o estudo da vida de Cristo, com vistas a definir a Sua pessoa e a Sua obra. Com relação à Sua pessoa, procura entender a Sua divindade no que diz respeito ao papel que desempenhou desde a eternidade e o período do Antigo Testamento até a encarnação. Tenta ainda explicar a união das naturezas divina e humana naquele que era reconhecido pelos que com Ele conviveram como Filho de Deus e Filho do homem (CHAVES, Gilmar Vieira. Manual

de Educação Cristã. Rio de Janeiro: Central

Gospel, 2012, p.121).

Esboço da aula 1. A divindade de Jesus (Cl 1.17).

A pré-existência de Jesus: Ele já existia como o Filho de Deus antes de ter nascido de Maria (Pv 30.4; Mq 5.2; Mt 2.6).

Nasceu de uma virgem e é o Filho Eterno de Deus (Mt 1.18-25; Lc 1.31-35).O próprio Deus se fez carne (Jo 1.1,2,14).

Jesus chamou a si mesmo pelo nome com o qual Deus se identificava no Antigo Testamento: “Eu Sou” (Jo 8.57,58; Êx 3.13,14).

A divindade de Jesus é a verdade central do Cristianismo (Jo 8.23,24).

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A Missão de Jesus Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância (Jo 10.10b).

A Cristologia também estuda a obra de Jesus, porque a nossa salvação ou perdição depende de crermos ou não no Cristo crucificado (Jo 8.24; 1 Co 2.2). É fundamental, para quem se dedica ao ensino cristão, entender a importância da encarnação, morte e ressurreição de Cristo. Nestes tempos de antropocentrismo, mais do que nunca a doutrina de Cristo precisa ser evidenciada, pois a teologia que não for cristocêntrica não poderá declarar a plenitude dos ensinos bíblicos (CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de

Educação Cristã. Rio de Janeiro: Central

Gospel, 2012, p.121). Afinal, como humanos, nós somos totalmente incapazes de nos redimirmos. Jesus veio ao mundo resgatar a humanidade; porque, separada de Deus, encontrava-se numa situação de decadência em razão do pecado. Esta é a essência do Cristianismo: Deus alcança a humanidade por seu infinito amor e redime aos que creem por meio do sacrifício do seu único Filho.

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Esboço da aula 2. Deus criou o homem a Sua própria imagem e semelhança (Gn 1.26,27).

Ele os fez puros e santos, dando-lhes liberdade de escolha (Gn 2.15-17,25).

3. O pecado separou o homem de Deus (Is 59.2).

Adão e Eva morreram espiritualmente ao se rebelarem contra a Palavra de Deus (Gn 3).

O pecado de Adão e Eva atingiu o mundo todo. A humanidade está separada de Deus, vivendo num estado de decadência (Rm 5.12).

Cada pessoa é culpada pelo seu pecado e está sujeita ao julgamento divino (Rm 3.19,23).

4. O Plano de Salvação: Jesus veio ao mundo para dar Sua vida como sacrifício pela

humanidade, para conduzi-la de volta ao Pai (1 Co 15.21,22).

Em Cristo há perdão de pecados e salvação da morte espiritual (Mt 26.28; At 10.43; Ef 1.7-14).

Deus colocou os pecados dos homens sobre Jesus, caracterizando a morte de Cristo como morte substitutiva (2 Co 5.17-21).

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APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS

Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao desenvolvimento do seu aprendizado. Texto 1 – A Divindade de Cristo

Cristo era humano, mas também divino, e as Escrituras dão testemunho inequívoco de Sua divindade. No Antigo Testamento, as profecias messiânicas apontam para um Ser divino, como lemos em Isaías 9.6:

Um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

Nenhum ser humano poderia ser chamado assim. No Novo Testamento, temos este testemunho nos Evangelhos: No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1.1). Nas Epístolas, encontramos várias declarações da divindade de Cristo, como esta, do apóstolo Paulo: Cristo, que é o Deus que governa todos, seja louvado para sempre! Amém! (Rm 9.5, NTLH). No Livro de Apocalipse, Cristo declara a respeito de si mesmo: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Derradeiro (22.13; cf. 1.8). Além do testemunho das Escrituras, estes fatos, entre outros, evidenciam a Sua divindade: Ele recebia adoração Os judeus sabiam que só Deus podia ser adorado, conforme o prescrito nos Dez Mandamentos (Êx 20.3-5). O próprio Jesus, no episódio da tentação no deserto, declarou: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás (Lc 4.8). No entanto, Ele aceitava adoração (Jo 5.23; 9.38). Nem mesmo os anjos aceitavam adoração (Ap 19.10), e Jesus não o faria se não fosse divino. Ele era chamado Senhor Embora às vezes o termo senhor, com relação a Jesus, tenha sido empregado pelo povo apenas como forma respeitosa de tratamento, o Novo Testamento não deixa dúvidas de que Ele também era o Senhor divino, recebendo o mesmo título com o qual se designava o Iavé do Antigo Testamento. J. Rodman Williams observa:

Há o fato ainda mais impressionante de que pelo título de Senhor — como em o Senhor Jesus Cristo — há um reconhecimento implícito de que ele é idêntico a Deus, pois sob o título há a transferência para Cristo de tudo o que se diz no AT a respeito do próprio Deus como o Senhor. Cristo é conhecido no NT como o Senhor contínuo e, portanto, Deus. (Williams, 2011, p. 275)

Diante do Sinédrio, Jesus afirmou ser o Filho de Deus O próprio Cristo declarou a Sua divindade ao afirmar que era o Filho de Deus. Depois que Jesus foi preso, levaram-no ao Sinédrio, e o sumo sacerdote exigiu dele uma declaração: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. A

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resposta de Jesus foi: Tu o disseste [expressão que é uma afirmativa]; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu (Mt 26.63,64; cf. Jo 10.36). Ele perdoava pecados O povo judeu tinha a convicção de que só Deus podia perdoar pecados (Sl 103.3), e Jesus surpreendeu a todos quando, diante de um paralítico, declarou: Filho, perdoados estão os teus pecados (Mc 2.5). A reação das pessoas à Sua volta foi imediata: Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? (v. 7). Em resposta, Jesus lhes deu a prova de que precisavam:

Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, e toma o teu leito, e vai para tua casa. Marcos 2.10,11

O Novo Testamento não deixa dúvidas de que a Sua obra redentora é que nos garante o perdão dos pecados (Cl 1.13,14; Ef 2.1; Hb 10.12).

CHAVES, Gilmar Vieira. Manual de educação cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p. 125-127.

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Biografia J. Rodman Williams Dr. J. Rodman Williams (1918-2008), pastor presbiteriano, teólogo e educador, foi considerado o pai teológico do movimento de renovação carismática, do qual se originou a Teologia da Renovação. Foi ordenado pela Igreja Presbiteriana Unida (EUA) e, após dedicar-se ao ministério pastoral por alguns anos, passou a lecionar na Faculdade de Beloit (Beloit College) e no Seminário Teológico de Austin (Austin Theological Seminary). Através de pesquisas teológicas e de sua busca em oração, em 1965, Dr. Williams vivenciou uma experiência pentecostal e recebeu o batismo no Espírito Santo. A partir dessa experiência, tornou-se um personagem ativo e influente no crescimento do movimento carismático na década de 1960, chegando a assumir a presidência da Comunhão Carismática Presbiteriana Internacional (International Presbyterian Charismatic Communion). Em 1972, fundou e presidiu a Escola de Teologia Melodyland (Anaheim, Califórnia) e, em 1980, passou a fazer parte do corpo docente da Universidade Regent. Uma de suas obras mais importantes foi Teologia da Renovação (1988-1992), uma teologia sistemática completa de três volumes, a primeira publicada dentro de uma perspectiva carismática.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

15. Leia e compare: Jo 3.13-18; Jo 5.17-24,30; Jo 8.48-59. Explique a divindade e a humanidade de Cristo com base nos textos destacados.

16. Que fatos evidenciam a divindade de Jesus?

17. Analise os textos bíblicos que fundamentam a resposta dada acima.

TEXTOS FATOS

Mt 8.2; 15.25

Mt 3.3; Mt 7.21-23

Mt 16.16,17

Mt 1.21; Lc 7.48-50; Jo 8.24; Hb 9.13-15

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Texto 2 – Apaziguando a ira de Deus

Dividir os ofícios do Senhor Jesus Cristo nas categorias de Profeta, Sacerdote e Rei é, aparentemente, uma forma vantajosa de dar conta de Seu ministério em um capítulo inteligível. A desvantagem é que isso não mostra de maneira adequada como os vários ofícios se relacionam uns com os outros nem indica qual deles é o mais importante. De acordo com a Bíblia, o propósito de Jesus era morrer em nosso lugar (Mc 10.45), o que nos leva a uma discussão mais profunda sobre o significado de Seu sacrifício. Quando a questão em análise é a morte de Cristo, torna-se ainda mais difícil, para as pessoas da sociedade atual, aceitar o que foi feito por Ele na cruz como aspecto central de Seu ministério. Os conceitos bíblicos centrais para a compreensão desse tema são propiciação e redenção, mas cada um deles é, além de difícil, ofensivo para muitos. A propiciação se relaciona ao sacrifício, por meio do qual a ira de Deus contra o pecado é aplacada. A redenção, por sua vez, refere-se à libertação de um escravo. É fácil acreditar que Deus nos salva pagando um preço por nossa redenção? Isso não nos remete às ideias medievais que retratavam Cristo como preço do resgate pago pelo Pai ao diabo? É certo afirmar que o conceito de propiciação está fora de moda? Podemos realmente acreditar que a ira influencia, de algum modo, a questão da salvação? Se a resposta for sim, como pode ser que a morte de um homem, por mais significativa que seja, possa desviar o furor divino de nós? Essas são perguntas que precisamos ter em mente quando começamos a analisar a questão da morte de Cristo. É também relevante perguntar: “o que exatamente Sua morte conquistou? E como conquistou?” Para responder essas perguntas examinaremos, neste texto, a ideia da propiciação e, no próximo, a da redenção. Propiciação: o próprio Deus aplacando Sua ira A propiciação é um conceito pouco entendido, que tem a ver com sacrifícios, visto que se refere ao que Jesus conquistou junto a Deus com Sua morte. A redenção, por sua vez, está ligada ao que Cristo conquistou em relação a nós. Ao redimir-nos, o Cordeiro nos libertou da escravidão do pecado. Por outro lado, o foco da propiciação é Deus, de modo que podemos dizer: “Por meio de Sua morte, Jesus aplacou a ira do Pai contra o pecado e, assim, tornou possível ao Senhor ser propício ao Seu povo”. Isso requer, porém, uma explicação. Em primeiro lugar, precisamos observar que o conceito da propiciação pressupõe o conceito da ira divina. Se o pecado não provoca a ira de Deus, não há necessidade de propiciá-lo, o que faz com que o significado da morte de Cristo deva, portanto, ser expresso em outras categorias.

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Esse ponto chamaria a atenção de muitos pregadores modernos que argumentariam ser precisamente por essa razão que o termo não deve ser usado ou, se for, deve receber outro significado. Alguém poderia dizer: “Conseguimos entender, como a ideia da propiciação seria adequada ao paganismo, visto que, de acordo com essa linha de pensamento, considerava-se que Deus era caprichoso, ofendia-se com facilidade e, portanto, ficava com raiva frequentemente. Mas esse não é o retrato bíblico do Senhor. De acordo com a revelação cristã, Ele não está com raiva. Em vez disso, é amoroso e cheio de graça. Não é o Pai que está separado de nós por causa do nosso pecado, mas, na verdade, somos nós que estamos separados dele. Assim, não é Ele que deve ser propiciado, mas nós mesmos”. Os que fazem esse tipo de argumentação seguem uma das duas linhas de pensamento: ou rejeitam completamente a ideia de propiciação, considerando sua presença na Bíblia como um resquício pagão de uma maneira imperfeita de pensar sobre Deus, ou então interpretam o significado da palavra grega para propiciação não como a propiciação de Cristo da ira divina, mas sim como um encobrimento ou expiação de nossa culpa pelo Seu sacrifício. Em outras palavras, eles consideram a obra voltada diretamente ao homem em vez de em direção a Deus. A influência do falecido C. H. Dodd, de Cambridge, Inglaterra, acadêmico especialista nesse conceito, fez com que a palavra propiciação fosse traduzida como expiação nos textos relevantes da versão Revised Standard Version da Bíblia (Rm 3.25; Hb 2.17; 1 Jo 2.2; 4.10). Devemos apreciar a obra daqueles que fizeram distinção entre o conceito de propiciação pagão e o cristão, visto que, biblicamente, o Senhor não é caprichoso nem se ira facilmente, não sendo, portanto, um Deus a quem devemos propiciar, a fim de mantermo-nos sob Sua boa graça. Essa visão é totalmente oposta à posição cristã, já que, de acordo com ela, o Pai é visto como um Deus de graça e amor. Entretanto, por mais solidários que possamos ser com as preocupações desses acadêmicos, não podemos ignorar a amplitude da abrangência dessa questão. Primeiro, não podemos nos atrever a esquecer do que a Bíblia afirma sobre a justa ira divina contra o pecado, de acordo com a qual este será punido ou em Cristo ou na pessoa do pecador. Podemos sentir, devido a nossos preconceitos culturais particulares, que a ira e o amor do Senhor são incompatíveis. Porém, a Bíblia ensina que Deus é justiça e amor ao mesmo tempo. Além disso, Sua ira não é apenas um pequeno e insignificante elemento que, de alguma forma, está junto ao Seu muito mais significativo e incrível amor. Na verdade, a ira divina é o maior elemento que pode ser observado nas Escrituras, desde o julgamento de Deus contra o pecado no jardim do Éden até os cataclísmicos julgamentos finais registrados em Apocalipse.

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Segundo, embora a palavra propiciação seja usada em escritos bíblicos, ela não tem a mesma conotação que assume nos escritos pagãos. Em rituais pagãos, o sacrifício era o meio pelo qual as pessoas acalmavam uma divindade ofendida. No cristianismo, nunca são as pessoas que tomam a iniciativa ou fazem o sacrifício, mas o próprio Deus que, graças ao Seu grande amor pelos pecadores, providenciou o caminho pelo qual Sua ira contra o pecado pudesse ser desviada. Além disso, Ele mesmo é o caminho – em Jesus. Essa é a verdadeira explicação do fato do Senhor nunca ser o objeto explícito da propiciação nos escritos bíblicos. Ele não é mencionado como o objeto dela porque é, também, Seu sujeito, função muito mais importante. Em outras palavras, o próprio Deus aplaca Sua ira contra o pecado para que Seu amor possa receber e salvar os pecadores. A ideia da propiciação é mais claramente observada no sistema sacrificial do Antigo Testamento, já que, por meio do mesmo, Deus ensinou o caminho pelo qual os pecadores poderiam aproximar-se dele. O pecado implica a morte, como foi assinalado anteriormente. Contudo, os sacrifícios ensinam que há uma maneira de escapar dela e de aproximar-se de Deus. Outro pode morrer no lugar do pecador. Isso pode parecer assustador, até mesmo imoral, como alguns tem injustamente afirmado, mas é isso que o sistema sacrificial ensina. Desse modo, o indivíduo israelita era instruído a realizar sacrifícios toda vez que se aproximava de Deus. A família deveria matar e consumir um animal em observância anual à Páscoa, e a nação deveria ser representada anualmente pelo sumo sacerdote no Dia da Expiação, quando o sangue da oferta seria aspergido sobre o propiciatório da arca da aliança dentro do Santo dos Santos do templo judaico. Ao final desse processo, Jesus surgiu como a oferta que tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29). A progressão é essa: um sacrifício por uma pessoa, por uma família, por uma nação, pelo mundo. O caminho para a presença de Deus está, agora, aberto a qualquer um que queira vir ao Senhor, fato simbolizado, na morte de Cristo, pelo rasgar do véu que separava o Santo dos Santos do resto do templo. BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel,

2011, p. 270-272.

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Biografia C. H. Dodd Nascido em 07 de abril de 1884, no País de Gales (Reino Unido), Charles Harold Dodd foi um teólogo protestante e um estudioso do Novo Testamento. Dodd estudou na Universidade de Oxford e, depois de formado, foi para Berlim (Alemanha), onde recebeu a influência de Adolf Harnack, teólogo alemão e historiador do Cristianismo. Ele ficou conhecido pela sua teoria chamada escatologia realizada, que trouxe uma nova perspectiva sobre as referências que Jesus fez acerca do Reino de Deus, atribuindo-lhes um significado presente, em vez de uma conotação escatológica futura. Foi ordenado ministro Congregacional, em 1912. Terminou sua carreira como professor de teologia na Universidade de Oxford (1915), Manchester (1930) e Cambridge (1935). A partir de 1950, dirigiu o grupo de tradutores da Nova Bíblia em Inglês (The New English Bible). Faleceu em 21 de setembro de 1973.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

18. Por que a questão da propiciação é um problema para a sociedade atual?

19. Com suas palavras, explique o conceito de propiciação.

20. No texto, encontramos a seguinte afirmação: A Bíblia ensina que Deus é justiça e amor ao mesmo tempo. Como podemos explicar isso?

21. Diferencie o significado do termo propiciação na cultura cristã da sua conotação no paganismo.

22. Todo israelita deveria realizar um sacrifício ao aproximar-se de Deus. Houve um sacrifício que substituiu todos, durante a observância anual da Páscoa. Que sacrifício foi esse e quem foi a oferta?

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23. Como se deu a progressão do sistema sacrificial?

24. Segundo o texto de abertura A Missão de Jesus, responda: nesses tempos de antropocentrismo, o ser humano terá alguma possibilidade de redimir a si mesmo? Escreva o que você entendeu a respeito da essência do Cristianismo.

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Texto 3 – Integralmente pago

As palavras redenção e Redentor estão entre as mais preciosas do vocabulário cristão, embora não sejam as mais usadas quando falamos do ministério de Cristo, visto que é mais comum referirmo-nos a Ele como Salvador e, muitas vezes, como Senhor. Mas essas palavras falam-nos diretamente sobre o que Jesus Cristo fez para a nossa salvação e qual foi o custo para que Ele o fizesse. No início deste século, B. B. Warfield fez um discurso para os alunos novos no qual chamava a atenção para o fato de o título Redentor transmitir uma revelação profunda. Ele escreveu assim:

A palavra Redentor não apenas expressa que recebemos a salvação de Jesus, mas também reflete nossa apreciação pelo preço que lhe custou alcançá-la para nós. Denomina, especificamente, o Cristo da cruz. Sempre que a pronunciamos, visualizamos a cruz diante de nossos olhos, e nosso coração é inundado com a preciosa lembrança de que não apenas Cristo nos deu a salvação, mas de que Ele pagou um alto preço por ela (Warfield, 1970, p. 325).

Resgatar: alforriar O estudo lexical de resgatar não nos dá um significado teológico amplo. De qualquer forma, voltamo-nos agora para as três doutrinas cruciais inerentes a ele. A primeira doutrina diz respeito ao estado original do homem que não tinha pecado. Nesse estado, o primeiro homem e a primeira mulher eram livres, com uma liberdade própria dos seres criados. Eles estavam em comunhão com Deus. Redenção significa que devemos ser comprados e levados de volta ao estado no qual estávamos antes disso. Aqui, é claro, o cristianismo contraria a opinião dominante do homem em nossos dias: a de que ele está galgando gradualmente seu caminho, a partir de um começo menos perfeito ou até mesmo impessoal. A popularidade dessa visão contemporânea reside na ausência de culpa pelo pecado cometido, que nos leva a crer que a humanidade é para ser louvada sendo, na verdade, salvadora de si mesma. Por outro lado, a visão bíblica acerca do significado da palavra redenção, assim como de outros termos, é que, de fato, decaímos de um estado melhor e, então, somos culpados, daí nossa necessidade de um Salvador. Na verdade, nossa culpa é tão grande e tão imensa nossa queda que nenhum outro, a não ser Deus, pode salvar-nos. A segunda maior doutrina relacionada à ideia bíblica de redenção é a Queda, como já foi sugerido. Existe um paralelo entre as formas pelas quais uma pessoa poderia tornar-se escrava antigamente e como, na Bíblia, alguém pode ser considerado escravo do pecado. [...] Na Antiguidade, era possível nascer escravo. Da mesma forma, está escrito que todos, desde Adão, nasceram no pecado. Davi escreveu: Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe (Sl 51.5).

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Davi não quis dizer que a mãe dele estava vivendo em pecado quando o concebeu ou que havia algo errado em relação ao ato da concepção em si. Ele quis dizer que nunca houve um momento em sua existência em que estivesse livre do pecado, visto que herdou essa natureza pecaminosa de seus pais, assim como eles a herdaram dos pais deles. Além disso, um indivíduo poderia tornar-se escravo ao ser conquistado, e a Bíblia se refere às pessoas dominadas pelo pecado. Davi escreveu sobre pecados intencionais e orou para que estes não tivessem domínio sobre ele (Sl 19.13). A última possibilidade, de tornar-se escravo por causa de dívidas, é sugerida por Romanos 6.23a, texto no qual está escrito que o salário do pecado é a morte. A expressão não significa que o pecado é recompensado, a não ser de forma irônica, mas sim que este é uma dívida que apenas a morte do pecador pode pagar. Os conceitos de um estado original perfeito e uma subsequente queda são importantes para a ideia expressa pela palavra redenção, mas ainda não representam a ideia principal. O cerne da questão está na terceira doutrina chave relacionada à redenção. Embora tenhamos caído em desesperadora escravidão por causa do pecado, e sejamos controlados por ele, como um tirano cruel, Cristo comprou nossa libertação por intermédio de Seu sangue. Ele pagou o preço para que pudéssemos ser livres. BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel,

2011, p.278, 282-283.

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Biografia Benjamin Breckinridge Warfield Pertencente a uma família rica, Benjamin Warfield nasceu em 05 de novembro de 1851, em Kentucky. Por pouco tempo serviu como pastor adjunto da Primeira Igreja Presbiteriana de Baltimore (EUA), quando tornou-se instrutor do Seminário Teológico Ocidental (Western Theological Seminary), agora chamado de Seminário Teológico de Pittsburgh (Pittsburgh Theological Seminary). Em 1879, foi ordenado sacerdote e, em 1887, nomeado para o Seminário Teológico de Princeton, onde serviu por 34 anos.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

25. Explique o conceito de redenção.

26. Qual a importância do significado das palavras redenção e Redentor para a compreensão do ministério de Cristo?

27. Por que, conforme o texto adverte, o cristianismo contraria a opinião dominante

do homem em nossos dias?

28. O que Davi quis dizer quando escreveu: Eis que em iniquidade fui formado, e em

pecado me concebeu minha mãe (Sl 51.5)?

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29. Quais doutrinas estão relacionadas à ideia bíblica de redenção? Comente cada uma delas.

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Texto 4 – A doutrina fundamental da ressurreição

O que é mais importante para a teologia cristã: a morte de Jesus Cristo ou Sua ressurreição? Não há resposta para essa pergunta. Embora a principal missão de Jesus tenha sido morrer pelos pecados da humanidade, não podemos desconsiderar a importância histórica da ressurreição como evidência para as afirmações que Ele fizera a respeito de Sua identidade como Messias e Filho de Deus. Foi apenas por causa da ressurreição que o evangelho da cruz pôde ser entendido e, então, preservado e transmitido ao longo dos séculos, até que chegasse a nós.

A importância da ressurreição é percebida desde os primeiros momentos da era cristã. De certa forma, os discípulos sempre creram em Jesus como o Cristo. Um exemplo dessa imatura, mas genuína, fé foi o testemunho de Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.16b). Entretanto, a fé dos seguidores de Jesus foi profundamente abalada pela crucificação, ao ponto de fazer com que eles, imediatamente depois da morte do Cordeiro, abandonassem tudo e retornassem para o lugar de onde tinham vindo.

O mesmo Pedro que, no Evangelho de Mateus, havia afirmado com total segurança que Jesus era o Cristo acabou negando-o três vezes na noite em que Ele foi preso, ainda antes da crucificação. Embora tivessem acreditado na pregação de Jesus, Seus discípulos não foram fortes o suficiente para continuarem crendo em Sua identidade como Messias depois de testemunharem a prisão e a morte dele. Todavia, três dias depois da ressurreição, eles tiveram a fé fortalecida, e saíram para anunciar o evangelho do Salvador que havia vencido a morte.

A morte e a ressurreição de Jesus foram o cerne da mensagem de Seus seguidores. Ele já tinha revelado aos discípulos o que aconteceria na noite da ressurreição, a fim de prepará-los por meio da Palavra:

Então, abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E dessas coisas sois vós testemunhas. Lucas 24.45-48

Mais tarde, Paulo descreveu a natureza simples da pregação apostólica, dizendo que havia transmitido aos coríntios apenas o que ele próprio havia recebido:

Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e que foi visto por Cefas e depois pelos doze. Depois, foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois, foi visto por Tiago, depois, por todos os apóstolos e, por derradeiro de todos, me apareceu também a mim, como a um abortivo. 1 Coríntios 15.3-8

Em Atos 2.27, Pedro afirmou que Davi fizera, no versículo 10 do Salmo 16, menção à ressurreição de Cristo: Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.

Outros pregadores do Novo Testamento fizeram a mesma coisa. De acordo com muitos estudiosos contemporâneos das primeiras pregações, a morte e a ressurreição

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de Cristo sempre estiveram no centro da mensagem anunciada pelos apóstolos (Dodd, The Apostolic Preaching and its Developments, p.x).

A ressurreição provou que Jesus Cristo é quem Ele alegou ser e que cumpriu o que alegou ter vindo a terra para realizar. O evangelista Reuben A. Torrey disse: “A ressurreição de Jesus Cristo é o Gibraltar das evidências cristãs, o Waterloo da infidelidade”. Ela é a base histórica sobre a qual todas as demais doutrinas cristãs estão edificadas e diante da qual todas as dúvidas devem fracassar.

Se é mesmo possível mostrar que Jesus de Nazaré ressuscitou dentre os mortos, como alegam as Escrituras, então a fé cristã se baseia sobre um fundamento sólido. Se essa doutrina se sustentar, as outras também se sustentarão. Por outro lado, se não estiver bem fundamentada, as outras acabarão perdendo credibilidade.

Dessa forma, o apóstolo Paulo escreveu:

E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. 1 Coríntios 15.14-18

BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 293-294.

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Biografia Reuben Archer Torrey Nasceu em New Jersey, no ano de 1856. Pastor, teólogo, educador, escritor e evangelista americano realizou campanhas de avivamento em vários países do mundo. Foi superintendente do Instituto Bíblico Moody, reitor do Instituto Bíblico de Los Angeles e pastor da Igreja da Porta Aberta. Participou da edição de uma série literária de doze volumes chamada The Fundamentals, que tratava dos fundamentos da fé cristã e, durante toda sua vida, escreveu mais de 40 livros. Em 1927, foi realizada sua última reunião evangelística. Torrey morreu no dia 26 de outubro de 1928, em sua casa na cidade de Asheville (Carolina do Norte).

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 30. Qual a importância da ressurreição para a história do Cristianismo?

31. Como a morte e a ressurreição de Jesus foram vistas pelos cristãos do primeiro século?

32. Que assunto tornou-se o tema central da pregação dos primeiros propagadores do Evangelho na Igreja primitiva?

33. Se Jesus não tivesse, verdadeiramente, ressuscitado, quais seriam as consequências para a fé cristã? Baseie a sua resposta no texto de 1 Coríntios 15.14-18.

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AULA 3

Salvação pela

graça através da

O céu, o inferno e

a volta de Cristo

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MÓDULO 1 / CURSO 1 - FUNDAMENTOS DA FÉ AULA 3 – SALVAÇÃO PELA GRAÇA ATRAVÉS DA FÉ / O CÉU, O INFERNO E A VOLTA DE CRISTO Salvação pela graça através da fé em Cristo Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6). De acordo com Romanos 3.19b, o mundo inteiro encontra-se culpado perante Deus. O pecado fez separação entre o homem e seu Criador, deixando-o sem condições de libertar-se. Então, Deus enviou Seu Filho para redimir os homens, resgatando e justificando todos aqueles que nele cressem (Gl 4.4,5). A fé é indispensável para que alcancemos a salvação. Em Hebreus 11.6, está escrito que não é possível agradar a Deus sem ela. Em Efésios 2.8,9, lemos: Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Em João 3.16, que usou a forma verbal crer, em vez de o substantivo fé,

podemos ler algo parecido: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (BOICE, James Montgomery.

Fundamentos de fé cristã. Rio de Janeiro: Central

Gospel, 2011, p. 354).

Esboço da aula 1. A salvação é pela graça, através da fé em Cristo Jesus (At 15.11; Rm 3.23-26).

Ninguém é suficientemente bom para ganhar a salvação (At 10).

Ouvir a Palavra de Deus gera fé (Rm 10.17; 1 Co 1.21). 2. A salvação é um dom oferecido gratuitamente (Ap 21.6).

O arrependimento antecede a fé que salva (Mc 1.15).

Arrependimento para perdão dos pecados (Lc 24.46-47; At 2.36-38). O arrependimento é uma mudança interna do coração, que resulta numa mudança externa de comportamento.

Como a salvação é recebida? (Rm 10.9-10)

Regeneração = novo nascimento. O Espírito Santo regenera o espírito do homem (Jo 3.3-5).

A pessoa que é nascida de novo torna-se membro da Igreja, denominada Corpo de Cristo (At 2.42-47).

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O Céu, O Inferno e a Volta de Cristo E, estando assentado no monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane (Mt 24.3,4). Um tema final em Mateus é a escatologia, a teologia do fim dos tempos, principalmente em relação ao retorno de Cristo. Os três Evangelhos sinóticos contêm o discurso do monte das Oliveiras (Mt 24 e 25), nomeado assim por causa do lugar onde Jesus disse essas palavras (Mt 24.3; Mc 13.3; Lc 21.7). O discurso do monte das Oliveiras é a resposta das perguntas dos discípulos em relação ao tempo da destruição do templo, da volta de Cristo, e do fim dos tempos. O discurso de Jesus abrange essas três questões. No discurso, Jesus alerta contra as ansiosas especulações a respeito do fim dos tempos. Quando Mateus escreveu esse Evangelho, as especulações relativas ao fim do mundo estavam no ar. Nesse contexto, Mateus lembra seus leitores de que Jesus disse que guerras, fome, terremotos e outros eventos cataclísmicos não são sinais da

Sua volta e do fim dos tempos (Mt 24.6). Ninguém sabe o tempo da volta de Cristo, exceto Deus (Mt 24.36). Portanto, seria inútil procurar sinais de sua proximidade. Acontecerá em breve e sem aviso (Mt 24.36-44). A Igreja está vivenciando os últimos dias (At 2.16-21; Hb 1.1,2). Não se sabe o dia nem a hora em que Cristo voltará, mas a Bíblia declara a existência do céu, do inferno e que o retorno de Jesus acontecerá (Varughese, Alex. Descobrindo a

Bíblia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012,

p.311-312).

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Esboço da aula 3. O inferno.

É um lugar de fogo e tormento (Lc 16.22-24; Ap 20.10,14).

Lá estarão aqueles que rejeitam Jesus Cristo e Sua salvação gratuita, cujos nomes não serão achados no livro da vida (Ap 15.20).

Foi preparado para o diabo e seus anjos, não para as pessoas (Mt 25.41). 4. O Céu.

É o trono de Deus (Is 66.1)

Lá estarão aqueles que receberam Jesus nos seus corações (Jo 3.16).

Habitação da família de Deus (Ef 3.14,15).

Os cristãos aguardam novos céus e nova terra (2 Pe 3.13; Ap 21.1,2). 5. A Volta de Cristo

A abençoada esperança: Jesus voltará para levar o Seu povo para o céu (1 Ts 4.16-18; 1 Co 15.51-53).

Ele julgará os homens com justiça (Ap 19.11-16).

Cristo reinará nesta terra por mil anos (Ap 20.1-4).

Deus construirá um novo céu e uma nova terra. Os cristãos viverão com Deus neste novo mundo (Ap 21.1,10,11; 21.21-27; 22.1-7).

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APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS

Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao desenvolvimento do seu aprendizado. Texto 1 – A natureza da pena ligada à lei adâmica

Pelágio ensinou que “a morte, a pena da lei adâmica, não se deve entender em seu sentido estrito e completo, como significando a morte corporal, espiritual e eterna; mas deve-se entendê-la figuradamente, como significando um estado de exposição ao desprazer divino, à expulsão do Paraíso, e uma sujeição aos males e inconveniências que serviriam de disciplinas para levar o transgressor a sentir tristeza pelo seu pecado, e evitar um segundo desvio. No entanto, o corpo de Adão, por ter sido criado naturalmente mortal, haveria de morrer ainda que nunca pecasse. Porém, sua alma não perdeu a imagem e o favor de Deus, ainda que tenha ficado de algum modo prejudicada em suas faculdades”. Uma segunda opinião é que a morte, como pena da lei, estendeu-se tanto ao corpo como à alma de Adão e Eva, significando a aniquilação completa. Uma terceira teoria ensina que o termo morte se referiu somente ao corpo de Adão e, por conseguinte, as almas dos demais seres humanos são tão puras como era a alma de Adão no Paraíso, até que se corrompem por transgressões pessoais. Todavia, a teoria que defendemos como sendo a das Escrituras Sagradas é a seguinte: Que a pena pela Queda de Adão e Eva abrange a morte espiritual, a corporal e a eterna. Devemos nos lembrar de que o castigo aqui é considerado absoluto, sem referência a qualquer provisão propiciatória; que é o castigo de uma alma vivente e não aniquilação; e que é o castigo de um espírito humano animando um corpo humano. A alma que peca é digna de morte, ou é digna de ser separada do Santo Espírito de vida. A morte do espírito separado de Deus, resultando na separação da alma do corpo, é o seu fim: é a morte eterna. JOINER, Eduardo. Manual prático de teologia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2004, p.

209-211.

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Biografia

Pelágio, monge britânico, era contemporâneo de Agostinho de Hipona e seu opositor declarado. Pelágio sustentava que a vontade, em vez de estar amarrada ao pecado, é, na verdade, neutra, de forma que em algum momento ou em alguma situação ela está livre para escolher o bem e praticá-lo. Nessa abordagem, eram definidos como pecado apenas aqueles atos deliberados e sem ligação entre si, nos quais a vontade escolhe fazer o mal, e qualquer conexão obrigatória entre pecados e a noção hereditária de pecado era esquecida. Pelágio, mais tarde, declarou: primeiro, o pecado de Adão não afetou ninguém além dele próprio; segundo, todos que nasceram depois de Adão nasceram na condição que Adão tinha antes de sua Queda, ou seja, numa posição de neutralidade em relação ao pecado; e terceiro, os seres humanos são capazes de viver livres do pecado, se assim o desejarem, e podem fazer isso mesmo sem ter consciência da obra de Cristo e da operação sobrenatural do Espírito Santo. A posição de Pelágio limitava a abrangência do pecado e conduzia, de forma inevitável, à negação da necessidade absoluta da imerecida graça de Deus para salvação. Além do mais, mesmo que o evangelho da graça de Deus seja pregado com liberdade à pessoa pecadora, o que determina em definitivo se ela será salva não é a operação sobrenatural do Espírito Santo dentro dela, mas a vontade da pessoa, que, na teoria de Pelágio, tem liberdade total para receber ou rejeitar o Salvador.

BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel,

2011, p. 180-182.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 1. O que as três primeiras teorias afirmam sobre a morte, como pena da lei adâmica?

2. Que consequências negativas tais teorias podem trazer para a compreensão da

doutrina do pecado e da salvação?

3. Explique a teoria defendida como a interpretação adequada às Escrituras Sagradas.

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Texto 2 – A morte espiritual

Significa a retirada do Espírito Santo como vínculo entre a alma vivente e Deus. Os espíritos, quer de anjos, quer de homens, pela retirada do Espírito Santo, são separados da comunhão com Deus, retendo os elementos naturais, mas sem refletir mais a sua santidade. No lugar do Espírito Divino, o eu torna-se o princípio norteador e o regente da vida. O mistério da origem do pecado estava na separação do livre espírito de Deus e a aspiração de tornar-se seu próprio deus. O mistério está agora revelado: o espírito do homem, sem o Espírito de Deus, está entregue ao Eu. Quer entre anjos, quer entre homens, todas as formas de vida e de atividade do eu, ou do ego, significam a morte da alma. Portanto, veremos mais adiante que o processo de anulação dessa morte é a volta do espírito de vida em Cristo Jesus: “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24). “Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo aborrece a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (Jo 12.25). Tais passagens apontam, em princípio, que o viver para si é morte inevitável e total. Segundo a constituição original do homem — em sua aliança inocente com as categorias dos sentidos — a carne estava sujeita ao espírito humano, o qual estava governado pelo Espírito Divino. O castigo pelo pecado é a perda que o homem sofre desse domínio, quer sobre o mundo ao redor de si, quer sobre a sua própria natureza física. Por isso, a carne dá o seu próprio nome ao pecado como manifestado no homem e neste mundo. Porém, a restauração que o Espírito Santo realiza na natureza humana a restitui outra vez à espiritualidade: “Porque a inclinação da carne é a morte, mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (Rm 8.6). Esse Espírito, que faz do coração um templo interior e de toda a natureza um templo exterior, ausentando-se, leva o homem a entregar-se à idolatria, à degradação moral. O homem foi criado para render culto, e seu instinto, mesmo quando pervertido, é o de uma criatura prostrando-se diante de alguma coisa acima de si. Por isso, essa idolatria é também impiedade; esse termo significa aquilo que não é piedoso, ou apartado da santa natureza de Deus. O pecado torna-se também um princípio regente com a capacidade de um desenvolvimento quase infinito. Essa capacidade origina-se no fato de que os elementos da natureza humana foram construídos a fim de assegurar-lhe progresso ilimitado: se não de glória em glória, então de vergonha em vergonha. Há no mal um terrível poder de propagar-se e, assim, desenvolver-se em maior impiedade (2 Tm 2.16). Isto é o que dá origem à infinita variedade de transgressões, desde o desvio particular conhecido só por Deus, até o pecado contra o Espírito Santo. Finalmente, devemos nos lembrar de que qualquer que seja o pecado, é um acidente de uma natureza que em si mesma não foi mudada. Significa a separação de Deus. Porém, quando a alma sai de Sua presença nas suas peregrinações leva consigo a imagem divina cujas características naturais não serão prejudicadas pela introdução de nenhuma nova faculdade criada pelo mal. Não se introduz nada de novo nas fibras do nosso ser.

JOINER, Eduardo. Manual prático de teologia. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2004, p. 211-214.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 4. Defina morte espiritual.

5. No lugar do Espírito Divino, o eu torna-se o princípio norteador e o regente da vida.

Explique essa afirmação.

6. Leia Jo 5.24 e responda. Como se dá o processo de renascimento espiritual?

7. Que resultados podem ser vistos na humanidade em função do seu rompimento

com o Espírito Santo de Deus?

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Texto 3 – Justificação pela fé: a essência da salvação

Martinho Lutero, que, devido às suas considerações acerca da justificação, deu início à Reforma Protestante no século 16, escreveu o seguinte:

Quando nosso conhecimento sobre a justificação foi questionado, tudo o mais o foi também. [...] A justificação é a essência que dá origem a todas as outras doutrinas. Ela gera, nutre, edifica, preserva e defende a Igreja de Deus e, sem ela, a Igreja do Senhor não pode existir. [...] Ela está acima de qualquer outra doutrina. (Plass, 1959, p. 702-4, 715)

João Calvino, que seguiu Lutero no início do desenvolvimento da Reforma, defendia o mesmo que ele, referindo-se à justificação como a essência da religião. Thomas Watson, por sua vez, fez a seguinte observação:

A justificação é a essência e o pilar do cristianismo, e os erros cometidos no que tange a esse tema são muito perigosos. É como um defeito em uma fundação. A justificação de Cristo é a fonte de água viva. Deixar o veneno das falsas doutrinas contaminar essa fonte é uma atitude condenável. (Watson, 1970, p. 226)

Essas declarações não são exageradas, mas sim realistas, pois a justificação pela fé é a resposta do Senhor para a mais básica de todas as perguntas referentes à religião: como pode uma pessoa justificar-se diante de Deus? Segundo a Bíblia, não podemos justificar a nós mesmos. Esta é a doutrina do pecado. Rebelamo-nos contra Deus e, se estamos contra Ele, não há justificação para nós. Somos todos transgressores e destituídos [estamos] da glória de Deus (Rm 3.23). De acordo com a doutrina da justificação, somente por intermédio da obra de Cristo, recebida pela fé, é possível que nos justifiquemos diante de Deus:

A justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; [...] sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Romanos 3.22-24

Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei. Romanos 3.28

Mas, àquele que não pratica, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Romanos 4.5

Como podemos ver, a justificação é obra divina. Sabendo disso, Paulo afirmou: É Deus quem os justifica. Quem os condenará? (Rm 8.33b,34a).

BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel,

2011, p. 360-361.

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Biografia Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564) foram personagens importantes da Reforma Protestante. Ambos defenderam o retorno à interpretação histórico-literária da Bíblia. Martinho Lutero Nascido na Alemanha, restaurou a ideia do sacerdócio de todos os cristãos, defendeu fortemente a doutrina da justificação pela fé na pessoa de Cristo e da autoridade da Palavra. Em 31 de outubro de 1517, afixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, falando contra a venda de indulgências, que propunha a remissão de pecados através das obras. João Calvino Foi o fundador da Igreja Protestante na França. Em 1533, tornou público o seu afastamento do Catolicismo Romano através de um discurso escrito, considerado herético pelos religiosos da época. Sua obra mais famosa a "Instituição da Religião Cristã", concluída em 1535, lhe rendeu grande prestígio.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 8. Analise os textos de Hebreus 11.6, Efésios 2.8,9 e João 3.16, em seguida, responda:

qual é o elemento indispensável para que alcancemos a salvação?

9. Por que, segundo os reformadores da igreja, a compreensão correta da doutrina da justificação é essencial para a fé cristã?

10. Analise os textos bíblicos: Sl 51.5; Isaías 59.2-16; Romanos 6.23; Romanos 7.7-25; Colossenses 1.28; 2.13,14. Em seguida, relacione a doutrina do pecado à doutrina da justificação.

11. Leia Efésios 2.8-10, Mateus 5.20, Lucas 6.46-49 e Tiago 2.14-26. Baseado nas referências, faça um paralelo entre a justificação pela fé e o papel das obras na vida do cristão.

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Texto 4 – Inferno

Definindo a doutrina do inferno A revelação divina dá muito menos informação sobre o inferno do que sobre o céu. Isso é o que seria esperado racionalmente, pelo menos por duas razões: Em primeiro lugar, o inferno é essencialmente a ausência de céu; lugar de trevas exteriores. As trevas são definidas apenas negativamente, como ausência de luz. Mas a luz não é a ausência de trevas. O mal é a privação do bem, mas o bem não é a privação do mal. Se você crer que o bem e o mal se relacionam entre si, então não pode crer no Deus da Bíblia, porque esse Deus é perfeitamente bom e independente de todo mal. Em segundo lugar, fomos concebidos para o céu, não para o inferno. Três coisas que o inferno é Os teólogos cristãos têm descrito tradicionalmente o inferno sob três aspectos: castigo, sofrimento e privação. O inferno é castigo Um castigo pode ser uma pena decorrente de uma lei positiva ou de uma lei natural. A lei positiva existe pela vontade de quem a propôs e poderia ser diferente. As penas decorrentes foram escolhidas por quem estabeleceu a lei. Essas penas são mutáveis, podem ser corretas e razoáveis, mas não necessárias. “Se você pegar esse doce, vou bater em sua mão”; “se você dirigir a cem por hora, tiraremos sua licença” são exemplos de penas de leis positivas. Já a lei natural é um enunciado de uma verdade científica, que para ser reconhecida como tal deve ter certas características de generalidade e abrangência, tendo um aspecto prático. As penas da lei natural são intrínsecas, e não extrínsecas; são necessárias, e não dispensáveis. “Se você comer esse doce antes do jantar, perderá o apetite”; “se você dirigir a cem por hora, arriscará sua vida”; “se você saltar do penhasco, morrerá”; “se você for um homossexual ou um promíscuo, pode pegar AIDS”, são exemplos de penas de leis naturais.

Na ética da lei natural, a virtude é sua própria recompensa, e o vício é seu próprio castigo. A virtude é para a alma o que a saúde é para o corpo. Tem suas estruturas intrínsecas, necessárias e imutáveis, tanto que todas as boas ações acarretam bem tanto para o executante como para o beneficiário; e todas as más ações prejudicam o executante e a vítima. Analise a ordem de Deus a Adão e Eva para não comerem o fruto proibido. Este é um exemplo de lei positiva. Se eles desobedecessem a Deus, seriam punidos com a morte. Se fosse uma lei natural, a pena, a morte, seria decorrente da mera ingestão do fruto proibido [se este fosse venenoso], não da desobediência à vontade de Deus.

Mas não entendemos o castigo do inferno como pena decorrente de uma lei positiva, pois não cremos ser algo que Deus poderia ter estabelecido de forma diferente. O castigo do inferno é inevitável pela lei natural, pois qualquer alma humana que recuse livremente a única Fonte de toda vida e júbilo encontra a morte e a miséria como suas penas inevitáveis.

O inferno é sofrimento Considerando que Deus — a quem escolhemos abrir a porta para amar e obedecer — é, na realidade, a única Fonte de todo júbilo, nossa recusa a esse Deus deve necessariamente ser triste e dolorosa. Então, o inferno deve ter o aspecto de sofrimento bem como o de castigo. Se Deus é alegria e gozo, o inferno tem de ser tristeza e sofrimento.

Assim como o castigo, o sofrimento pode ser externo ou interno. O interno deve ser pior do que o externo, assim como a alegria interna e espiritual excede qualquer prazer físico.

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Portanto, a velha questão de existir ou não fogo no sentido físico no inferno é um ponto controverso e inútil.

Quando a alma está sofrendo (em desespero), a pessoa pode bater a cabeça contra a parede. Por quê? Porque a dor física não é tão ruim quanto à espiritual, e a distrai da pior dor: a espiritual. Provavelmente foi porque entendeu esse princípio que Catarina de Gênova disse que achava que não havia fogo no inferno, porque, se existisse, não seria o pior inferno concebível, pois o fogo é um bem criado por Deus. Então, se rejeitarmos o quadro rude e velho do inferno como uma câmara de tortura física, acabamos concebendo-o de modo mais horrível e insuportável.

O inferno é privação O terceiro aspecto do inferno é a privação de Deus. Isso não significa que Deus nos excluiu, mas que nós o excluímos e que nos privamos de Deus por nossa própria opção. Esse aspecto do inferno é a causa dos outros dois. Somente porque o inferno é a privação da Fonte única de toda a alegria é que o inferno é doloroso. Pelo inferno ser a privação do único e verdadeiro Deus, o castigo é inevitável e justo para a loucura de recusá-lo como Senhor. O desejo de ser feliz sem Deus está fadado ao fracasso, ao sofrimento e ao castigo inevitável, porque Deus não está entre as muitas fontes de alegria, mas é a única Fonte suprema de toda alegria. A privação da Causa suprema deve significar privação de todos os seus efeitos.

Não é uma ideia muito popular que Deus detenha o monopólio da vida. Contudo, essa ideia deriva de uma muito mais popular: a de que Deus é o Criador. Se tudo foi criado por Deus, não pode existir qualquer fonte de bem ou de alegria que não seja Deus ou que não tenha sua fonte em Deus.

Tudo no mundo que nos dá alegria é como raio do sol divino. Por mais perversas ou pervertidas, todas as alegrias são reflexos de Deus. Portanto, a privação de Deus é a privação não apenas de alguma alegria, mas de toda a alegria. De todos os aspectos do inferno, esse é o mais terrível. Você pode imaginá-lo, meditando sobre essa citação de C. S. Lewis:

Em toda a sua vida, um êxtase inatingível tem pairado um pouco além do alcance de sua consciência. Perto está o dia em que você despertará para descobrir, além de toda a esperança, que você havia atingido o céu ou então que ele estava ao seu alcance, e você o perdeu para sempre. (Lewis, O Problema do Sofrimento, cap.10, Céu).

KREEFT, Peter; TACELLI, Ronald K. Manual de Defesa da Fé. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 444, 456-460.

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Biografia

Catarina de Gênova Nasceu em 1447 e pertencia a uma celebre família católica da cidade, da qual saíram nove cardeais e dois arcebispos. Aos 13 anos, quis consagrar-se a Deus, servindo em um convento, mas foi impedida devido a sua idade. Em 1482, Catarina entrou na Sociedade da Misericórdia de Gênova, que tinha por objetivo o socorro os pobres. Considerada uma Santa da Igreja Católica, faleceu aos 63 anos, no dia 15 de setembro de 1510, e foi sepultada na capela do Hospital. Em 1694, seu corpo foi colocado num relicário de prata e cristal, sob o altar-mor da igreja erigida em sua honra no bairro de Portoria, em Gênova.

C. S. Lewis

Clive Staples Lewis, nascido na Irlanda em 1898, foi um professor universitário, teólogo anglicano, poeta e escritor irlandês. Destacou-se pelo seu trabalho acadêmico sobre literatura medieval e pela apologética cristã que desenvolveu através de várias obras e palestras. Após ter passado anos considerando-se um ateu convicto, retornou a fé em 1930. C.S. Lewis teve suas palestras transmitidas pela rádio, durante a Segunda Guerra Mundial, e por seus escritos, sendo chamado de "apóstolo dos céticos". Morreu em 22 de novembro de 1963.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 12. Um castigo pode ser uma pena decorrente de uma lei positiva ou de uma lei

natural. Diferencie essas leis.

13. Faça uma análise da ordem de Deus dada a Adão e Eva em Gênesis 2.16,17. A

partir da análise do texto, a que tipo de lei ela se refere? Explique.

14. Não entendemos o castigo do inferno como pena decorrente de uma lei positiva.

Explique.

15. Pode-se descrever o inferno sob três aspectos: castigo, sofrimento e privação.

Explique cada um deles.

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Texto 5 – Ascensão ao céu

A primeira ideia sugerida pela ascensão de Jesus é a de que o céu é um lugar real, embora isso não signifique que seja possível descrevê-lo adequadamente, mesmo com a ajuda de vários símbolos bíblicos. Em Apocalipse, por exemplo, está escrito que os salvos viverão numa cidade de alicerces sólidos, com ruas de ouro, na qual a luz nunca deixará de brilhar. Contudo, o céu não é necessariamente uma cidade, sendo essa linguagem, muitas vezes, simbólica. A palavra cidade nos remete ao conceito de um lugar ao qual pertencemos, um lar. A menção aos alicerces transmite a ideia de permanência. O ouro nos remete àquilo que é precioso, e luz lembra a presença eterna e prazerosa de Deus. Contudo, ao reconhecermos esse simbolismo, não pretendemos cometer o erro de supor que o céu não seja, portanto, um lugar de verdade, com uma localização talvez tão real como a de Nova Iorque ou a de Londres, por exemplo. Os explícitos ensinamentos de Cristo, bem como Sua ascensão, destinam-se a ensinar essa realidade. Algumas pessoas afirmam que, como Deus é espírito, ou seja, sem forma corporal, o céu deve ser entendido apenas como algo espiritual. Todavia, essa suposta imaterialidade, segundo a qual o céu estaria em todos os lugares e em lugar nenhum, não condiz com o que está escrito na Bíblia. Reconhecemos as limitações de falar sobre algo completamente além de nossa experiência atual, mas, ao mesmo tempo, notamos que, embora Deus Pai não tenha uma forma concreta e visível, a segunda pessoa da Trindade teve. [Um dia, ao vir a terra] Jesus se tornou homem e [mesmo após Sua glorificação] continuará com Sua humanidade por toda a eternidade. Embora bem diferente do que estamos acostumados, nós também teremos um corpo glorificado após a nossa ressurreição. Esse corpo será como o corpo ressurreto de Cristo, capaz de atravessar portas fechadas, por exemplo. Ainda assim, será um corpo de verdade e, independente das características misteriosas que assuma, deverá ocupar um espaço. O céu é o lugar para onde irão os salvos. A segunda ideia sugerida é a que conecta a ascensão de Cristo à Sua obra atual, como Ele próprio ensinou. Um aspecto desta é o envio do Espírito Santo, que deveríamos compreender não apenas como algo ocorrido no passado, no Dia de Pentecostes, mas também como uma ação contínua que visa cumprir o propósito do Senhor neste mundo. Disse Jesus: Vos convêm que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei (Jo 16.7). Outro aspecto relevante é a intercessão de Cristo em favor de Seu povo, responsável por ressaltar Seu caráter intercessor como Sumo Sacerdote celestial.

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Além disso, pensar na atual obra de Cristo nos faz lembrar de Sua promessa aos discípulos, segundo a qual Ele estava indo para junto do Pai a fim de preparar um lugar para eles (Jo 14.2,3). Apesar de não sabermos o que Jesus está fazendo a esse respeito, visto que não podemos visualizar o que acontece no céu, sabemos que, de alguma forma, Ele está preparando um lugar na eternidade para nós. Isso nos assegura o interesse atual do Senhor para conosco, bem como Sua atividade em nosso favor.

BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 311-312.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO 16. Explique de que maneira a ascensão de Jesus está relacionada à ideia da existência

do céu.

17. Em Apocalipse 21-22.5, vemos a descrição bíblica sobre o céu. Escreva o significado

dos símbolos destacados pelo texto.

18. Por que a teoria da imaterialidade do céu não condiz com as Escrituras?

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AULA 4

A pessoa e a

obra do Espírito

Santo

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MÓDULO 1 / CURSO 1 - FUNDAMENTOS DA FÉ AULA 4 – A PESSOA E A OBRA DO ESPÍRITO SANTO

A pessoa do Espírito Santo Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito (Jo 14.26). Por que devemos ser cheios do Espírito Santo? O que isto significa e implica? Quais as consequências na vida do cristão de ser cheio do Espírito? E de não ser cheio? Quem é o Espírito Santo e quais as Suas atribuições? O Espírito Santo é o Espírito de Deus, que lhe possibilitou criar os céus e a terra, bem como tudo o que neles há (Gn 1-2) e dar a vida ao homem, ao soprar o fôlego divino em suas narinas (Gn 2.7). O Espírito Santo é o próprio Deus, visto que Deus é Espírito (Jo 4.24). E como Deus, o Espírito possui os mesmos atributos divinos: imortalidade e eternidade (Hb 9.14), onipresença (Sl 139.7-10), onipotência (Lc 1.35) e onisciência (1 Co 2.10,11), e tem personalidade, vontade, sentimentos, pensamentos (Rm 8.27; 1 Co 12.11; Ef 4.30), podendo relacionar-se pessoalmente com o ser humano, ficar alegre por causa da nossa fidelidade a Ele, ou triste e irado, por causa de nossos pecados (At 5.3; Mt 12.31,32). O Espírito Santo é o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor que revestiu Jesus do poder e da autoridade do Pai celestial para cumprir Sua missão salvífica, libertando

os cativos e oprimidos, sarando os enfermos e anunciando com sinais, prodígios e milagres a Salvação e o Reino de Deus entre os homens (Is 11.2; Is 61) (MALAFAIA, Silas. A importância

de ser cheio do Espírito Santo. Rio de Janeiro;

Central Gospel, 2009, p.9,10).

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Esboço da aula 1. A pessoa do Espírito Santo

O Espírito Santo é uma pessoa divina (Jo 14.15-18,26). O texto bíblico utiliza ele e nunca isto ou isso (Jo 16.13,14). Jesus e os escritores do Novo Testamento referem-se ao Espírito Santo como

uma pessoa (Mc 3.29; 13.11; At 1.2).

2. Jesus prometeu mandar o Espírito Santo para estar conosco e para fazer a obra de Cristo (Jo 16.7). Ele prometeu que viria até nós através do Espírito Santo, o qual iria representá-

lo e operaria em Seu lugar (At 2.33). Na Sua última mensagem aos discípulos antes da Sua crucificação, Jesus

ensinou a respeito da vinda do Espírito Santo e do Seu ministério (Jo 16.8-16): O Espírito Santo virá convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo

(v.8-11). O Espírito Santo guiará os cristãos em toda a verdade e lhes mostrará as

coisas que hão de vir (v.13). O Espírito Santo anunciará a sabedoria de Deus ao coração dos homens

(v.14,15).

3. Jesus prometeu que o Espírito Santo habitaria com os Seus discípulos e estaria dentro deles (Jo 14.17). O Espírito Santo faz com que uma pessoa nasça de novo. Ninguém pode ser

salvo sem que o Espírito Santo viva nele (Jo 3.5-8). Jesus não se referiu somente ao novo nascimento através dessa promessa, mas

também ao Batismo do Espírito Santo ou ser cheio do Espírito Santo (Ez 36.26,27).

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A obra do Espírito Santo E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita (Rm 8.11). Entre as atribuições do Espírito estão a de criar, inspirar, consolar e orientar. Daí as designações do Espírito como Conselheiro, Consolador e Paracleto (aquele que está ao lado de, assistindo, ajudando, representando alguém). Deus, em cumprimento à Sua promessa em Joel 2.28,29, enviou Seu Espírito para habitar em cada pessoa que aceitou Cristo como seu Salvador e Senhor (At 1.8; 2.1-11).

É pela ação do Espírito Santo que o homem é convencido de pecado, de justiça e de juízo (Jo 16.8), arrepende-se e é santificado (2 Co 7.1), produzindo o fruto do Espírito — que é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl 5.22,23 ARA) e recebendo dons espirituais e ministeriais, para o crescimento e a edificação dos membros do Corpo de Cristo (1 Co 12; Ef 4.11-13). O Espírito Santo é o agente responsável pelo novo nascimento, o nascimento espiritual, a regeneração do ser humano, a transformação deste em nova criatura feita à imagem e semelhança de Cristo, para tornar-se, como Ele, um filho de Deus (ver Jo 3.5; Tt 3.5). Em outras palavras, é o Espírito Santo quem inspira, aconselha, dirige e consola o cristão. É Ele quem deve operar em nós tanto o querer como o efetuar segundo a boa vontade de Deus (Fp 2.13).

Foi pela ação e inspiração do Espírito Santo que os profetas veterotestamentários falaram e agiram, revelando aos homens a mensagem e a vontade de Deus, bem como é pela orientação do Espírito que a Igreja de Jesus age e anuncia o Evangelho (MALAFAIA, Silas. A importância de ser cheio do Espírito Santo. Rio de Janeiro; Central Gospel, 2009,

p.10,11).

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Esboço da aula 4. Batismo no Espírito Santo

O batismo no Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação, que é disponível a todo cristão (At 2.38).

5. Jesus ensinou a respeito de duas obras do Espírito Santo: Salvação (Jo 4.13,14).

A obra do Espírito Santo na salvação é como um poço de água. Ele sustém a vida. Ele vive em nós, sempre presente como um reservatório

de ajuda. Batismo do Espírito Santo (Jo 7.37-39; Jo 1.29,32,33).

Jesus prometeu uma experiência que viria depois da sua ressurreição e ascensão. Ele comparou isso a rios de água viva. Isso é um poder sobrenatural do Espírito, jorrando na vida dos cristãos.

Jesus tira o pecado do mundo e batiza com o Espírito Santo. Aquele que tiver sede pode ser cheio com ambas: águas do poço e as águas

dos rios (Is 44.3).

6. Jesus prometeu o Batismo do Espírito (At 1.4,5). Deus cumpriu essa promessa no dia de Pentecostes. Ele veio habitar em Seus

discípulos através do Espírito Santo, cuja evidência física inicial foi falar em outras línguas (At 2.1-4).

7. Cinco exemplos do Batismo do Espírito no livro de Atos: Pentecostes (At 2.1-4). A casa de Cornélio (At 10.44-46). Os discípulos em Éfeso (At 19.1,2,6). Samaritanos (At 8.5,12,14-17). A conversão de Saulo (At 9.17,18; 1 Co 14.18).

8. Por que falar em línguas?

As línguas demonstram o enchimento do Espírito Santo (Mc 16.17?). Quem fala em outras línguas fala com Deus (1 Co 14.2). Ao falar em línguas, o cristão edifica a si mesmo com poder (1 Co 14.4,14; Rm

8.26).

9. Outras finalidades do enchimento do Espírito: Poder para testemunhar (At 1.8). Coragem (At 4.8-13). Cantar e dar graças (Ef 5.18,19).

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APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao desenvolvimento do seu aprendizado. Texto 1 – Uma pessoa ou um poder?

Esse tema deve ser discutido tomando-se como base a natureza do Espírito Santo. A primeira pergunta é: “Seria Ele uma pessoa cuja obra é salvar-nos e santificar-nos, ou um poder que devemos usar a nosso favor?”. Se o considerarmos um poder misterioso, poderemos perguntar-nos: “Como posso ter mais do Espírito Santo?”. Se o considerarmos uma pessoa, a pergunta mudará: “Como o Espírito Santo pode ter mais de mim?”. O primeiro pensamento não é bíblico, e o segundo, por sua vez, é neotestamentário. Sobre isso, Reuben A. Torrey observou o seguinte:

O conceito que sustenta que o Espírito Santo é um poder ou uma influência divina da qual devemos, de alguma forma, usufruir leva à autoexaltação e à autossuficiência. Quem pensa isso sobre o Espírito Santo e que, ao mesmo tempo, imagina que o recebeu enche-se de “orgulho espiritual”, como se pertencesse a uma ordem superior de cristãos, e diz: “Sou uma pessoa do Espírito Santo!”. Porém, se virmos o Espírito Santo como uma pessoa divina de infinita majestade, glória, santidade e poder, que se humilhou vindo fazer morada em nosso coração, tomando e usando nossa vida, Ele nos porá no pó da terra e lá nos manterá. Não há coisa mais humilhante que uma pessoa de divina majestade vir habitar em meu coração, dispondo-se a fazer uso até mesmo de mim. (Torrey, 1970, p. 8,9)

Essa distinção é ilustrada nas páginas do Novo Testamento. Por um lado, há o caso do mágico Simão, cuja história pode ser lida em Atos 8.9-24. [...] Simão sabia pouquíssimo acerca do cristianismo. Logo, quando viu os milagres realizados, ficou maravilhado. Achou até que o Espírito Santo era um poder que podia ser comprado. Mais tarde, quando Pedro e João foram inspecionar a obra em Samaria, foram usados por Deus para batizar no Espírito Santo. Simão ofereceu dinheiro aos discípulos para que pudesse ter o mesmo poder (At 8.19). [...] Podemos encontrar um exemplo contrastante no início da obra missionária que envolveu Paulo e Barnabé, quando, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado (At 13.2). No primeiro exemplo, um indivíduo quis usar a Deus. No segundo, Deus usou dois indivíduos. No entanto, é possível questionar: “Não existem passagens e, até mesmo, seções inteiras da Bíblia em que a personalidade distinta do Espírito Santo não está evidente?”. Esse é o caso do Antigo Testamento, no qual são mencionados certos indivíduos a quem o Espírito do SENHOR [Deus] revestiu (Jz 6.34; 2 Cr 24.20), da

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mesma forma que, frequentemente, o Espírito de Deus é entendido como em Gênesis 1.2b: E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Essas passagens dão a entender que o Espírito Santo tem uma personalidade distinta. Entretanto, devemos admitir que, no Antigo Testamento, há pouco espaço para os que defendiam a ideia de que o Espírito Santo fosse uma pessoa da Trindade divina. No Novo Testamento, por sua vez, o Espírito Santo é revelado, de fato, como uma pessoa da Trindade, totalmente equiparado ao Pai e ao Filho, mas diferente deles. Isso não implica a existência de três deuses. Há três pessoas, mas, de uma forma que vai além de nossa plena compreensão, essas três formam um só Deus. Uma pessoa é definida por seu conhecimento, seus sentimentos e sua vontade, e é exatamente isso o que é dito a respeito do Espírito Santo. Em João 14.16-18, Jesus disse:

E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.

Se o Espírito fosse apenas um poder, essa promessa seria apenas uma compensação de Jesus: “Eu vou embora, mas deixarei algo para compensar Minha ausência”. Todavia, o Espírito não é apenas um poder, mas uma pessoa divina, que tem personalidade e conhece nossas necessidades. Ele é provido tanto de sentimentos, pois se identifica conosco em nossos problemas, como de vontade própria, visto que decide consolar-nos em cumprimento à promessa do Senhor. [...] Os dons do Espírito Santo se distinguem do próprio, o que implica o fato de Ele não ser apenas um poder por trás desses notáveis dons. Estes são seis argumentos que mostram que o Espírito Santo é uma pessoa. Contudo, o problema para muitos de nós não é bem a doutrina do Espírito, mas o que decidimos crer a respeito dela. Teoricamente, muitos creem que Ele é a terceira pessoa da Trindade. Mas será que realmente pensamos nele dessa forma? Será que pensamos nele de qualquer outra forma? BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel,

2011, p. 322-324.

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Biografia Reuben Archer Torrey Nasceu em New Jersey, no ano de 1856. Pastor, teólogo, educador, escritor e evangelista americano realizou campanhas de avivamento em vários países do mundo. Foi superintendente do Instituto Bíblico Moody, reitor do Instituto Bíblico de Los Angeles e pastor da Igreja da Porta Aberta. Participou da edição de uma série literária de doze volumes chamada The Fundamentals, que tratava dos fundamentos da fé cristã e, durante toda sua vida, escreveu mais de 40 livros. Em 1927, foi realizada sua última reunião evangelística. Torrey morreu no dia 26 de outubro de 1928, em sua casa na cidade de Asheville (Carolina do Norte).

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

1. Explique a afirmação de Reuben Torrey de que a ideia do Espírito Santo como um poder gera no coração do homem um comportamento pecaminoso.

2. Analise os fatos narrados em Atos 8.9-24; 13.1-4. Depois, escreva sobre a postura

dos personagens em relação ao Espírito Santo e suas consequências.

3. No Antigo Testamento, encontramos passagens nas quais o Espírito Santo tem uma

personalidade distinta. Porém, no Novo Testamento, Ele é revelado como uma pessoa da Trindade. De que maneira essa revelação pode ser vista?

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4. Segundo o texto de abertura A obra do Espírito Santo, responda: entre as atribuições do Espírito Santo, o que Ele realiza quando atua como Paracleto?

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Texto 2 – O Espírito é Deus?

Insistimos no fato de o Espírito Santo ser uma pessoa divina. Pois bem, Ele é divino no sentido de ser de Deus ou de ser o próprio Deus? Uma das mais claras indicações da plena divindade do Espírito Santo está nas palavras de Jesus, quando Ele prometeu enviá-lo aos Seus discípulos como outro Consolador (Jo 14.16). Essa palavra outro em grego (texto original) pode ser traduzida de duas maneiras: allos, que significa outro como o primeiro, ou heteros, que significa totalmente diferente. Como é a palavra allos, e não a heteros, que aparece no texto, Jesus quis afirmar que mandaria aos discípulos uma pessoa igual a Ele, ou seja, plenamente divina. Quem foi o primeiro Consolador? Jesus, pois fortaleceu e aconselhou os discípulos durante os anos de Seu ministério entre eles. Como Jesus iria deixá-los, em Seu lugar ficaria um Consolador, igual a Ele, outra pessoa divina que, dessa vez, estaria no interior de quem estivesse em Cristo. Essa não é a única prova dessa importante doutrina. A divindade do Espírito Santo pode ser evidenciada nas seguintes categorias:

1. As qualidades divinas do Espírito Santo. O próprio termo Espírito Santo já fala por si, pois o termo Santo designa a essência da natureza de Deus. Ele é o Pai Santo (Jo 17.11) e Jesus é o Cristo, o Filho de Deus (Jo 6.69), o Santo de Deus (Mc 1.24). O Espírito Santo é também onisciente (Jo 16.12,13; 1 Co 2.10,11), onipotente (Lc 1.35) e onipresente (Sl 139.7-10).

2. As obras de Deus atribuídas ao Espírito Santo. O Espírito participou da obra da criação (Jó 33.4) e inspirou homens santos de Deus para que escrevessem a Bíblia (2 Pe 1.21). Além disso, Ele promove o novo nascimento (Jo 3.6), bem como a ressurreição (Rm 8.11).

3. A igualdade do Espírito Santo com o Deus Pai e o Deus Filho. As bênçãos e as fórmulas acima citadas são exemplos disso. 4. O nome de Deus associado ao Espírito indiretamente. O exemplo mais claro disso está em Atos 5.3,4, texto segundo o qual Pedro disse a Ananias:

Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? […] Não mentiste aos homens, mas a Deus.

Outros exemplos são as passagens do Antigo Testamento citadas no Novo nas quais Deus ou o Espírito está afirmando algo. Em Isaías 6.8, por exemplo, está escrito:

Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.

Em Atos 28.25b, por sua vez, essa passagem de Isaías é citada:

Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías.

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Já tentei mostrar como é importante sabermos, na prática, por que o Espírito Santo é uma pessoa. Agora, pergunto: É importante sabermos que Ele é também Deus? Sim, pois se soubermos disso e, constantemente, reconhecermos Sua divindade, seremos capazes de confiar em Sua obra.

J. I. Packer, em Knowing God [Conhecendo a Deus], pergunta:

Será que honramos o Espírito Santo, reconhecendo e confiando em Sua obra, ou o menosprezamos, ignoramos e desonramos – não só a Ele, mas também ao Senhor que o enviou? Será que reconhecemos por meio da fé a autoridade da Bíblia – do profético Antigo Testamento e do apostólico Novo Testamento que Ele inspirou? Será que lemos e ouvimos com a reverência e a receptividade que são devidas à Palavra de Deus? Se não, desonramos o Espírito Santo. Será que aplicamos a autoridade da Bíblia em nossa vida e vivemos por ela, sem nos importarmos com o que os outros dizem contra, reconhecendo que a Palavra de Deus é a verdade e que o Senhor irá cumprir tudo o que prometeu nela? Se não, desonramos o Espírito Santo, que nos deu a Bíblia. Será que nos lembramos de que o testemunho do Espírito Santo autentica o nosso? Será que olhamos para Ele? Será que confiamos nele como Paulo, que renegou a inteligência humana? Se não, desonramos o Espírito Santo. Será que podemos duvidar de que a “improdutividade” da vida da Igreja que se tem hoje seja juízo de Deus sobre nós em função de desonrarmos o Espírito Santo? Nesse caso, que esperança podemos ter diante desse juízo, se não aprendermos a honrar o Espírito em nosso pensar, em nosso orar e em nossa prática? (Packer, 1973, p. 63)

A personalidade e a divindade do Espírito Santo são ensinos práticos, pois é pela ação desse ser divino que o evangelho da salvação de Jesus Cristo pode alcançar-nos e transformar nossa vida. Ele é o segredo da religião vital e verdadeira. BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel,

2011, p. 324-326.

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Biografia James Ian Packer Nasceu em 1926. Distinto teólogo anglicano, doutor em filosofia, professor de teologia e autor de mais de 50 livros cristãos, que venderam mais de três milhões de exemplares. Foi editor da revista Christianity Today (Cristianismo Hoje) e membro do comitê de novas traduções da Bíblia.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

5. Uma das mais claras indicações da plena divindade do Espírito Santo está nas palavras de Jesus, quando Ele prometeu enviá-lo aos Seus discípulos como outro Consolador. De que maneira o sentido da palavra allos, no texto de João 14.16, ajuda-nos a compreender a divindade do Espírito Santo?

6. Que aspectos, segundo o texto, evidenciam a doutrina da divindade do Espírito

Santo?

7. Qual a importância de sabermos que o Espírito Santo é Deus?

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Texto 3 – A obra do Espírito Santo

Ao conhecermos alguém, geralmente perguntamos: “Quem é você?” e “O que você faz?”; a pessoa, então, responde algo como: “Sou Fulano, sou professor”. Ou ainda: “Sou Sicrano, trabalho para uma companhia aérea”. Pois bem, podemos fazer as mesmas perguntas acerca do Espírito Santo. O Espírito Santo é uma pessoa divina com os mesmos atributos do Pai e do Filho. Neste texto, analisaremos o que Ele faz. Glorificar a Cristo Ao questionarmos a função do Espírito Santo, percebemos que não é fácil definir o que Ele realmente faz, pois, se Ele é Deus, então faz tudo o que o Pai e o Filho fazem. Assim, repito o que afirmei, ao sugerir o modo como devemos lidar com a doutrina da Trindade. Podemos dizer que o Espírito Santo: (1) participou da criação do universo (Gn 1.2); (2) inspirou a composição da Bíblia (2 Pe 1.21); (3) direcionou o ministério terreno do Senhor Jesus Cristo (Lc 4.18); (4) dá vida espiritual ao povo de Deus (Jo 3.6); e (5) chama e guia a Igreja (At 13.2; 16.6,7; 20.28). Contudo, em várias partes da Bíblia, a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo é registrada de maneira individual. Por exemplo: o Pai participa mais da obra da criação, e o Filho participa mais da redenção da espécie humana. Qual seria a principal obra do Espírito Santo? Alguns afirmam que é a santificação dos cristãos ou a inspiração da composição da Bíblia, enquanto outros destacam Seu papel na concessão dos dons espirituais à Igreja ou na indução de não cristãos à aceitação de Cristo. Entretanto, apesar de o Espírito Santo fazer tudo isso, essas não são as melhores respostas para a pergunta, visto que a mais adequada definição de Sua obra encontra-se em João 16.13,14, bem como em passagens relacionadas a ela, como podemos ler abaixo, nas palavras do próprio Cristo:

Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.

Em João 15.26, o Senhor declara:

Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim.

A principal obra do Espírito Santo é levar-nos a glorificar a Cristo. Todas as outras obras giram em torno dessa. Ora, se Ele não fala de si mesmo, mas de Jesus, podemos concluir que qualquer ênfase dada à pessoa e à obra do Espírito que não aponte para Cristo não pode ser vinda do Espírito de Deus. Na verdade, é obra de outro espírito, o do anticristo, cuja obra é fazer com que a humanidade tire o foco de sua atenção de Jesus (1 Jo 4.2,3). BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p.

327-328.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

8. A partir da afirmação bíblica de que o Espírito Santo é uma pessoa da Trindade, analise os textos bíblicos e aponte de que obras Ele participou, na História, ou que continua a realizar na Igreja.

TEXTO BÍBLICO OBRAS

Gênesis 2.7

Neemias 9.20a; 1 Coríntios 2.13

2 Samuel 23.2; 2 Timóteo 3.16

Atos 10.38

Tito 3.5,6

Gálatas 4.4-7; Romanos 8.14-17

Atos 16.6,7

Romanos 1.4

1 Coríntios 12.8-10; Atos 21.11

Gálatas 5.22

9. De acordo com o texto, qual a principal obra do Espírito Santo? Que tipo de ensino

escatológico esta definição nos traz?

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AULA 5

A capacitação do

Espírito

Cura divina

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MÓDULO 1 / CURSO 1 – FUNDAMENTOS DA FÉ AULA 5 – CURA DIVINA A capacitação do Espírito E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça (At 4.33). Tanto no Antigo como no Novo Testamento, havia alguém fundamental e sobrenatural que assegurava às autoridades espirituais o poder e a graça para presidirem sobre outros, falando e agindo em nome de Deus: o Espírito Santo. A diferença entre as duas alianças é que, na antiga, apenas algumas pessoas (juízes, sacerdotes, profetas, reis) recebiam o dom do Espírito para exercerem suas funções; mas, na segunda, a partir do Dia de Pentecostes (At 2), todos os crentes receberam o Espírito Santo, em cumprimento à profecia em Joel 2.28-32, estando aptos a obedecer a Cristo e aos Seus mandamentos, anunciar o evangelho e exercer a sua função no Corpo de Cristo

Autoridade espiritual na Igreja hoje O Senhor não derramou Seu Espírito sobre os cristãos em vão. Entre os propósitos que Ele tinha em mente ao conceder o Espírito Santo aos crentes e dar-lhes autoridade espiritual, destacamos: a pregação do evangelho com poder e graça, a edificação da Igreja e o crescimento espiritual de cada cristão, que deve chegar à estatura de varão perfeito, como Cristo (MALAFAIA, Silas. Autoridade Espiritual. Rio de

Janeiro: Central Gospel, 2008, p. 19,20).

Esboço da aula 1. O Espírito Santo é concedido aos crentes para que tenham poder divino e sobrenatural (At 1.4,5,8).

Deus comunica-se com o espírito do homem (Pv 20.27; Rm 8.16).

O Espírito Santo intercede pelo cristão (Rm 8.26).

Ele é quem outorga poder aos cristãos para a realização de sinais e milagres (At 2.43).

As pessoas recebem o Espírito Santo através de imposição de mãos (At 8.17; 19.6); súplicas (Lc 11.9-13).

2. Encher-se do Espírito é um processo contínuo (Ef 5.18).

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Cura divina E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios, e para curarem enfermidades. E enviou-os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos (Lc 9.1,2). A autoridade dos seguidores de Jesus Desde o início, Deus planejou que os seres humanos tivessem autoridade sobre o mundo (Gn 1.28). As linhas de autoridade que foram quebradas por causa da desobediência de Adão foram restabelecidas pelo segundo Adão, Jesus Cristo (Mt 28.18). Cristo deu essa autoridade à Sua igreja (Mt 19,20b). [...] As linhas de verdadeira autoridade foram não apenas restabelecidas por Cristo como também estendidas por Ele por intermédio da Igreja. O governo do Criador, o Reino de Deus, foi estabelecido por Jesus e estendido àqueles que creem e obedecem-lhe. [...] Quando obedecemos a Cristo como Ele obedeceu ao Pai, a autoridade que Jesus exerceu será também evidente em nosso ministério. [...] Jesus nos prometeu autoridade sobre as enfermidades e as forças demoníacas. Ele nos assegurou que o poder que respalda essa autoridade será providenciado. Contudo, em João 15, vemos que essas promessas e

garantias são condicionais. Exercemos autoridade apenas se obedecermos a Deus (BLUE, Ken. Autoridade para curar. Rio

de Janeiro: Central Gospel, 2008, p. 204-206).

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Esboço da aula 4. Deus revela a Si mesmo como médico (Êx 15.23-26).

Jeová Rapha = Senhor que te cura (v.26).

O Senhor não muda (Ml 3.6).

A vontade de Deus para Seus filhos é de tirar a enfermidade do meio deles (Êx 23.25,26).

5. Deus cura o corpo como também a alma (Sl 103.1-3).

Dois benefícios do SENHOR: perdão; curas.

6. Jesus revelou-se como Deus, o Médico, através do Seu ministério (Mt 9.12).

Jesus é a vontade de Deus revelada (Jo 14.7-9).

Ele revelou a vontade e a natureza de Deus através da Sua vida: desejando curar (Mt 8.1-3). demonstrando compaixão pelos doentes através da cura (Mt 12.14, 15; Mt

14.35,36; Mt 14.13,14); curando todos os tipos de doenças (Mt 15.30,31);

7. A Sua vontade é a mesma nos dias de hoje? A Bíblia diz que: Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hb 13.8). 8. Jesus nomeou pessoas para o ajudarem neste ministério.

Os doze discípulos (Mt 9.37,38; 10.1).

Os setenta (Lc 10.1,8,9).

Todos os crentes (Mc 16.15-18). 9. A Igreja segue as instruções de Jesus para curar.

Em todo o livro de Atos, lemos a respeito de Deus curando pessoas (Ex.: At 3.1-8; 5.14-16; 8.5-7; 9.17,18; 14.8-10).

Os apóstolos ensinaram o povo a curar (Tg 5.14-16). 10. Cura divina é parte da obra redentora de Cristo.

Os profetas haviam profetizado a respeito de curas físicas e espirituais por Jesus Cristo (Is 53.1-5).

Os evangelhos relatam como Jesus cumpriu essas profecias (Mt 8.16,17). Cristo veio morrer pelos nossos pecados e sofrer pela nossa cura (1 Pe 2.24).

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APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao desenvolvimento do seu aprendizado. Texto 1 – Capacitados pelo Espírito

Uma característica exclusiva da Igreja do Novo Testamento é que ela foi gerada e recebeu o poder do Espírito Santo. Embora o Senhor Jesus seja o alicerce da Igreja, esta não veio à existência imediatamente após a Sua morte, ressurreição e ascensão, mas, sim, no Dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os discípulos com poder e provocou muitas conversões na primeira pregação pública sobre Cristo. O Senhor preparou os discípulos para essa vinda do Espírito Santo ao ordenar que eles ficassem em Jerusalém até aquele momento. Só depois deviam partir como Suas testemunhas.

Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At 1.8).

O Espírito Santo faz três coisas pela Igreja em todas as épocas e em todos os lugares. Primeira, como o versículo citado declara, Ele deu virtude, ou poder, a ela para cumprir o mandado de Cristo e ser eficiente ao cumpri-lo. Esse é o combustível da missão dada por Cristo. Ele estava dizendo aos discípulos que deviam ser Suas testemunhas por todo o mundo, começando por Jerusalém, porém não seriam capazes de fazer isso antes de o Espírito Santo descer sobre eles para enchê-los com palavras de poder. Quando Pedro pregou durante o Pentecostes, três mil pessoas creram no evangelho. Então, elas ingressaram na comunhão da Igreja e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações (At 2.42). Na pregação seguinte de Pedro, quase cinco mil creram (At 4.4). Foi uma resposta fenomenal para qualquer época ou lugar do cristianismo, mas, particularmente, para uma cidade que, pouco tempo antes, havia rejeitado Jesus. Somente dois meses antes, tinham ferido e matado o Filho de Deus, mas, por ocasião da pregação de Pedro, converteram-se a Jesus em números estrondosos. O que fez a diferença? Com certeza, não foi simplesmente aquela pregação, ou teríamos de concluir que Pedro era um pregador melhor do que Jesus. A diferença foi que o Espírito Santo falou por intermédio de Pedro e mudou o coração de seus ouvintes. O mesmo acontece hoje. Nós pregamos a respeito de Cristo e testemunhamos dele, mas não podemos mudar o interior das pessoas; apenas o Espírito Santo pode fazê-lo, e Ele faz isso. Segunda, o Espírito Santo foi enviado para desenvolver o caráter do Senhor Jesus Cristo em Seu povo. Não somos iguais a Ele naturalmente, mas devemos tornar-nos como Ele quando o Espírito de Cristo nos transformar em Sua imagem.

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Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor (2 Co 3.18).

Terceira, por intermédio do Espírito Santo, o Cristo ressurreto está com Seu povo para encorajá-lo e direcioná-lo durante esta dispensação. O Senhor falou disso antes mesmo de Sua crucificação:

E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós (Jo 14.16,17).

Por causa da vinda do Espírito Santo, Jesus pôde dizer: E eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos (Mt 28.20b), e: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize (Jo 14.27). A Igreja de Cristo existe para ser uma realidade espiritual na qual os diferentes dons do Espírito Santo sejam vistos. Essa realidade deveria vigorar na Igreja organizada ou visível. Esta não é idêntica à Igreja espiritual e, muitas vezes, falha em mostrar tais dons. No entanto, os dons deveriam ser vistos onde quer que cristãos verdadeiros se reunissem em nome de Jesus— o mundo deveria poder reconhecer que há alguma virtude espiritual envolvendo os cristãos. Francis Schaeffer escreveu:

Estas são as coisas que o mundo deveria ver quando olha para a Igreja —algo que ele não consegue explicar [...]. A Igreja do Senhor Jesus Cristo deveria estar funcionando momento a momento em um plano sobrenatural. Esta é a Igreja vivendo pela fé, e não na infidelidade. Esta é a Igreja vivendo, na prática, sob a liderança de Cristo, em vez de pensar em Cristo como alguém distante, empenhado na construção da Igreja invisível, enquanto nós construímos o que está à mão com a nossa própria sabedoria e nosso poder (Schaeffer, 1971, p. 172,174).

BOICE, James Montgomery. Fundamentos de fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 496-498.

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Biografia Francis A. Schaeffer Nascido na Pensilvânia, em 30 de janeiro de 1912, Schaeffer é considerado um ícone do cristianismo no século 20. Filósofo, teólogo e pastor presbiteriano destacou-se por sua postura conservadora e apologética, defendendo a Palavra de Deus como absoluta em oposição ao modernismo teológico. A ele é creditado o retorno dos evangélicos ao ativismo político nos anos 70-80. Fundou, em 1955, juntamente com sua esposa Edith Schaeffer, uma comunidade religiosa chamada L’Abri Fellowship, onde questões sociais, religiosas e espirituais eram discutidas entre pessoas de diferentes grupos e tribos sociais. Em 15 de maio de 1984, faleceu de câncer.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

1. De acordo com o texto de abertura A capacitação do Espírito, tanto no Antigo como no Novo Testamento, há alguém que assegura o poder e a graça que garantem às autoridades espirituais presidirem sobre os outros. Quem é esse alguém e o que diferencia sua atuação nas pessoas da Antiga e da Nova Aliança?

2. Explique como ocorreu o surgimento da Igreja?

3. De que maneira a capacitação pelo Espírito foi confirmada no início da Igreja?

4. Leia 2 Coríntios 3.18 e responda. O Espírito Santo capacita a Igreja de Cristo para

testemunhar, porém Ele também atua na vida de cada cristão em particular. Como isso acontece?

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5. Explique a forma de atuação do Espírito Santo na relação de Cristo com o Seu povo? De que forma a igreja visível manifesta essa realidade espiritual?

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Texto 2 – A transbordante unção de Deus

É a transbordante unção do Espírito Santo que despedaça todo jugo e remove os fardos (Is 10.27). Foi pela unção do Espírito que Jesus curou os enfermos e expulsou os demônios (At 10.38). Por causa dessa unção, os espíritos malignos estremecem, pois são subjugados pelo poder do Altíssimo. Quando essa unção começa a fluir, todas as artimanhas e cadeias de Satanás são destroçadas. Todo o plano do inimigo contra a minha e a sua vida é frustrado. Afinal, nosso Deus e Seu poder continuam os mesmos, ontem, hoje e eternamente. Claro que, quando falamos de unção, não nos referimos a um entusiasmo que é comum sentirmos num momento específico de louvor, adoração ou oração. Referimo-nos à real presença do Espírito Santo em nosso coração e na igreja; presença que nos contagia com uma paz inexplicável, um amor muito grande, uma alegria incondicional, uma chama ardente que nos impulsiona a vencer no poder do Senhor os desafios que se interpõem em nossa caminhada. Trata-se de uma unção que só pode ser vivida por aquele que se entrega à liderança do Espírito Santo, pois Ele é a fonte desse poder. Sendo assim, não adianta dizer que é cheio do Espírito e falar em línguas estranhas o tempo todo, mas não ter um comportamento condizente; não ter o fruto do Espírito em sua vida, o caráter de Deus. Dons ou frutos? Precisamos desmistificar essa ideia, comum no meio pentecostal, de que a pessoa cheia do Espírito é aquela que apenas fala em línguas estranhas, profetiza e exibe outros dons espirituais, pois isso tem prejudicado o amadurecimento espiritual dos servos do Senhor. O problema é que há maior ênfase nos talentos e no poder pentecostal do que no caráter e no fruto que a pessoa produz. Contudo, ambos devem estar ligados. Jesus advertiu que cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto (Lc 6.44). Então, não adianta afirmar que é cheio do Espírito nem falar em línguas estranhas dentro da igreja se fora dela a pessoa não dá bom testemunho; se ela maltrata os outros, passa cheques sem fundos, mente, odeia, usa meios escusos para ganhar dinheiro e para galgar patamares maiores; se é infiel a Deus e aos Seus mandamentos. O que vai atestar se uma pessoa é cheia do Espírito Santo é o caráter dela e os frutos que produz! Então, não basta ter sido batizado com o Espírito. É preciso cultivar a presença do Senhor em nós!

MALAFAIA, Silas. A importância de ser cheio do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2009, p.32-34.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

5. Analise os textos e identifique as diferentes funções da unção do Espírito Santo.

TEXTOS BÍBLICOS FUNÇÕES

Isaías 10.27

Atos 10.38

Levítico 8.12; Salmo 89.20

1 João 2.20,27

6. De acordo com o texto, qual o significado do termo unção no Novo Testamento?

7. Leia Romanos 12.4-8; 1 Coríntios 12.4-11; 14.1-5,12; Ef 4.11-16. Qual a relevância

dos dons espirituais?

8. Segundo Gálatas 5.16-26, de que maneira o fruto do Espírito se aplica na vida do

cristão?

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Texto 3 – Comentários sobre Mateus 8.1-17

8.1 - Em Mateus 8.1-17, temos o registro de três milagres. Sua ligação com o Sermão do Monte é óbvia. O Rei, tendo apresentado Seu programa de governo — o Manifesto do Reino —, demonstra agora o poder para realizar o que havia dito. Sempre ouvimos grandes e maravilhosas promessas de muitos políticos que estão no poder, mas então pensamos: “Será que eles vão fazer isso mesmo?” Mas o Rei Jesus mostrou com milagres o poder de realizar o que estava em Seus planos. Esses milagres estão divididos em três grupos e apresentam duas discussões sobre o discipulado. Todos eles confirmaram o Senhor Jesus como Messias e Rei. Os três primeiros milagres são de cura (Mt 8.1-17). Curar um leproso era um ótimo começo, pois não havia registro de nenhum israelita leproso que tivesse sido curado em toda a história da nação, a não ser Miriã (Nm 12.10-15). 8.2,3 — Antes desse milagre, o único caso de um israelita curado de lepra foi o de Miriã, registrado em Nm 12.10-15. A frase se quiseres é importante porque demonstra fé genuína. Mas isso não significa necessariamente que, se alguém crer, Deus fará alguma coisa. Mas Ele pode fazer (Dn 3.17,18). Normalmente, tocar um leproso era algo que, pela Lei, tornava alguém imundo (Lv 14.45,46; Nm 5.2,3; Dt 24.8). Nessa ocasião, Jesus tocou o leproso, e este foi purificado. 8.4 — Olha, não o digas a alguém. Talvez Jesus tenha dito isso ao leproso para que ele, em cumprimento à Lei, dissesse às pessoas que havia sido curado. Vai, mostra-te ao sacerdote. A ordem de Jesus não eximia o leproso da sua responsabilidade de acordo com Lei. O ex-leproso teria de viajar dos arredores do mar da Galiléia até Jerusalém para ali oferecer o sacrifício requerido por Moisés (Lv 14.4-32). No entanto, a intenção de Cristo em dar-lhe essa ordem não era apenas obedecer à Lei de Moisés, mas também testificar junto às autoridades religiosas em Jerusalém que o Messias havia chegado. Jesus também mandou que o homem não dissesse nada porque não queria que os judeus agissem de forma precipitada e preconceituosa, tendo uma opinião errada do Messias e de Seu Reino (Jo 6.14,15). 8.5-9 — No Novo Testamento, os centuriões (oficiais que tinham ao seu comando cem soldados) sempre são vistos com bons olhos. Esses soldados eram como os sargentos hoje em dia. A resposta que o centurião deu a Jesus indica que o romano entendia muito bem o que é autoridade. 8.10 — Maravilhou-se Jesus. Somente uma vez as Escrituras dizem que Jesus se maravilhou: quando os moradores de sua cidade o rejeitaram (Mc 6.6). Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Esse elogio à fé do centurião gentio foi uma forte repreensão aos judeus. Os israelitas achavam que teriam prioridade no Reino (Is 45.14; Zc 8.23; Rm 9.3-5; Ef 2.11,12). Mas Jesus deixa bem claro que apenas ser um descendente de Abraão não garante a entrada no Seu Reino. 8.11 — Assentar-se literalmente significa reclinar-se, como se estivesse à mesa para um banquete. A vinda do Reino geralmente é retratada como uma festa, em especial uma festa de casamento (Mt 22.1-14; Is 25.6; Ap 19.7-10).

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8.12,13 — Os filhos do Reino são os judeus que receberam a aliança e as promessas e que seriam herdeiros do Reino. A ideia de que os gentios teriam lugar no Reino vindouro era algo impensável para os judeus. Trevas exteriores significam a escuridão do lado de fora e se referem à experiência daqueles que não resistiram até o fim, e, por isso, não herdaram o Reino (Mt 22.13; Rm 8.17; 2 Tm 2.12,13; 2 Jo 8; Ap 3.11). Viver com Cristo no céu é uma dádiva (Jo 3.16; Rm 4.1-8; 6.23) recebida de graça. Mas reinar com Cristo é um prêmio conseguido só com muito esforço (compare com 1 Co 9.24-27; Ap 22.12). 8.14-17 — Essa intensa manifestação de curas antecipou as curas futuras que aconteceriam na época do Reino. O versículo 17 é uma citação de Isaías 53.4. A morte de Cristo na cruz tornou possível a cura dos filhos de Deus no Reino messiânico que viria e subsistirá por toda a eternidade. Os milagres subsequentes em Mateus 8.1-17 são muito importantes. Primeiro o Senhor Jesus se revelou a Israel em Seu ministério terreno. Mas, como foi rejeitado, Ele exerceu Seu ministério junto aos gentios (Mt 8.5-13). Posteriormente Ele virá para os filhos de Israel e os restaurará como o Messias e Redentor que lhes foi prometido. 8.17 — Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças. De que maneira Jesus levou nossas doenças e enfermidades? Ele com certeza não transferiu para Si mesmo a enfermidade de alguém quando o curou. O texto de Isaías sobre o Messias pode ter dois significados. Cristo tomou sobre si nossas enfermidades no sentido de compadecer-se de nossas fraquezas. Várias vezes vemos escrito que Jesus curava porque tinha compaixão das pessoas (Mt 9.36; 14.14; 20.34; Mc 1.41; 5.19; compare com Mc 6.34; Lc 7.13). Ele também levou nossas doenças na cruz por meio de Seu sofrimento vicário pelo pecado. As doenças em si são resultado da queda, e o fato de sermos pecadores trouxe a maldição à nossa vida. Veja que Isaías 53.4,5 se reporta a essas duas dimensões.

RADMACHER, Earl D.; ALLEN, Ronald B.; HOUSE, H. Wayne (ed.). O Novo Comentário Bíblico. 2 Vol. NT. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, p.32-34.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

9. Qual a relação existente entre os registros de Mateus 8 e o Sermão do Monte?

10. Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo (Mt 8.2). Tendo o texto como base,

escreva sobre o significado da frase se quiseres.

11. Ao dizer “Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé”, que

mensagem Jesus quis passar para os judeus?

12. Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças. De acordo

com o texto, de que maneira isso aconteceu?

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AULA 6

Ordenanças da

Igreja

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MÓDULO 1 / CURSO 1 – FUNDAMENTOS DA FÉ AULA 6 – ORDENANÇAS DA IGREJA O que é uma ordenança? Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele (Jo 14.21). Tem havido muitos debates na Igreja a respeito das ordenanças – a sua quantidade, por exemplo, e se uma forma particular de ministração delas é necessária para a existência de uma Igreja verdadeira. Em grau maior ou menor, entretanto, quase todos os cristãos admitem que há ordenanças instituídas por Jesus, as quais devem ter seu lugar na adoração ou no culto comum do povo de Deus. A palavra sacramento [ou ordenança] (assim como a palavra Trindade) não é encontrada na Bíblia. Esse termo ingressou na Teologia por meio da Vulgata Latina, na qual é costumeiramente usado para traduzir o vocábulo grego mysterion. Sacramento identifica aquelas ordenanças (práticas) às quais o Senhor conferiu significância especial (BOICE, James Montgomery.

Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro:

Central Gospel, 2011, p. 516). Uma ordenança é uma prática prescrita, como um rito religioso. Jesus deu ordenanças para a igreja, não como rituais ou normas, mas como métodos para ajudar-nos a agir com fé. Cada ordenança é uma demonstração física da graça espiritual.

Esboço da aula 1. Batismo nas águas

O batismo foi ordenado aos cristãos por Jesus e pelos apóstolos (Mt 28.18-20; Mc 16.15,16; At 2.38). Aqueles que creem em Jesus Cristo devem preocupar-se em obedecer aos

Seus mandamentos (Jo 14.15,21).

Batismo é para aqueles que creem (At 8.5,12,35-38). O ato de crer antecede o batismo (v.12). O batismo nas águas é a demonstração externa de uma fé interna (vs.35-

38).

No batismo, o crente identifica-se com Cristo (Rm 6.3-11). O batismo é a representação do que Jesus fez por meio da Sua morte e

ressurreição. É a declaração pública de que se é uma nova criatura em Cristo (vs.4,5).

A prática do batismo simboliza a morte do cristão para o pecado e a sua ressurreição para uma nova vida no poder do Espírito (v.6-11).

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Imersão em águas (Cl 2.12). A palavra grega usada no Novo Testamento para batismo (gr. baptizo)

significa debaixo ou imerso (Mc 1.4). O batismo é símbolo de um sepultamento, logo, a pessoa deve ser imersa

completamente. O batismo é uma declaração pessoal da fé em Cristo, por isso o batismo

infantil não é praticado no meio evangélico.

2. Unção com óleo

Os discípulos de Jesus ungiram os doentes com óleo e os curaram (Mc 6.12,13).

O óleo simboliza a obra do Espírito Santo na cura (Tg 5.14). dedicação e consagração a Deus (Êx 29.7; Lv 8.10; Lc 7.46).

Os anciãos da igreja ungiam os doentes e, por meio da oração da fé, esses eram curados (Tg 5.15).

3. A Ceia do Senhor (1 Co 11.23-30)

A Ceia demonstra a fé do cristão no sacrifício de Jesus, pois proclama o que o Senhor fez através da Sua morte (vs.24,25) e anuncia a morte do Senhor até que Ele venha (v.26).

O pão representa o Seu corpo, que foi partido para justificação e cura (1 Pe 2.24; Is 53.5).

O vinho representa o sangue de Cristo, que foi derramado para limpar do pecado e trazer salvação (Ef 2.13; Hb 9.14; Ap 1.5b).

A Ceia une a Igreja, o Corpo de Cristo (1 Co 10.16,17). O pão também representa o Corpo de Cristo (v.16). O Corpo de Cristo é um, embora inclua pessoas de diferentes culturas,

línguas, tribos e nações (v.17). A frequência com que a Ceia deve ser realizada não é determinada na

Bíblia, porém, todas as vezes que essa ordenança for celebrada, deve-se honrar a Cristo, lembrando a Sua morte e anunciando Sua volta (1 Co 11.24-26).

4. Imposição de mãos

É considerada um dos fundamentos da doutrina de Cristo (Hb 6.1,2).

A Bíblia dá cinco razões para a imposição de mãos: cura (Lc 4.40; Mc 16.17,18); recebimento do Espírito Santo (At 8.14-17; At 19.1,2,6); conceder um cargo a alguém ou separar para uma obra específica (At 6.2-

6); consagrar ao ministério (At 6.6; 13.3; 1 Tm 4.14).

Dons podem ser concedidos para o ministério através da imposição de mãos, de acordo com a vontade do Espírito Santo (1 Co 12.11).

Quando impomos as mãos sobre alguém para ordenar, estamos apenas confirmando a chamada de Deus, e não a criando. Se uma pessoa não estiver demonstrando tal chamada para o ministério na sua vida, é improdutivo impor as mãos sobre ela e ordená-la (At 13.2,3).

Para conceder bênçãos (Mc 10.13-16).

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APROFUNDAMENTOS DE ESTUDOS Leia, com atenção, o texto e responda às questões propostas, as quais visam ao desenvolvimento do seu aprendizado. Texto 1 – Quatro elementos de um sacramento

De que maneira a Bíblia apresenta as diferenças entre determinadas práticas e os sacramentos da Igreja, tais como a leitura das Escrituras ou as orações, os quais não são sacramentais? O que constitui um sacramento? Entendo que há quatro elementos:

1. Os sacramentos são ordenanças divinas instituídas pelo próprio Jesus. Nesse sentido, eles são similares às outras ordenanças que também fazem parte da devoção da Igreja, como a oração, por exemplo. Jesus nos recomendou orar. Os sacramentos, porém, diferem das coisas que podemos fazer, mas que não são ordenanças.

Nós cantamos quando estamos reunidos e temos precedentes para isso, inclusive o exemplo de Jesus e Seus discípulos (Mc 14.26). No entanto, cantar hinos de louvor não é especificamente um mandado pelo Senhor e, por isso, entra na categoria daquelas práticas permissíveis e, até mesmo, boas, mas não obrigatórias.

Os sacramentos ou ordenanças, sim, são obrigatórios: a Ceia do Senhor foi instituída por Jesus na noite em que Ele foi traído, e o batismo foi estabelecido pouco antes de Sua subida aos céus.

2. Os sacramentos são ordenanças em que elementos materiais são utilizados como símbolos visíveis da bênção de Deus.

No batismo, o símbolo é a água. Na Ceia do Senhor, há dois símbolos: o pão, que significa o corpo do Senhor Jesus Cristo partido por nós, e o vinho, que simboliza Seu sangue derramado.

Essa característica é importante na compreensão da natureza de um sacramento, pois ela separa o batismo e a Santa Ceia das outras práticas, as quais são boas, mas não sacramentais, uma vez que não utilizam um elemento material como símbolo.

O elemento material diferencia o sacramento da realidade que ele representa. Um símbolo é um objeto visível que aponta para uma realidade diferente [espiritual] e mais significante do que ele próprio.

Uma placa onde está escrito Nova Iorque aponta para Nova Iorque. Um cartaz onde se lê Beba Coca-Cola atrai a nossa atenção para essa bebida. De forma análoga, o sacramento do batismo aponta para a nossa identificação com Cristo em Sua morte. A Ceia do Senhor remete para a realidade de nossa comunhão com Ele. No caso dos sacramentos, o símbolo é secundário, exterior e visível. A realidade é primária, interior e invisível.

É bom ressaltar, no entanto, que nem o batismo nem a Ceia do Senhor fazem de alguém um cristão ou mantêm alguém como tal. Na verdade, não nos tornamos cristãos sendo batizados, nem permanecemos cristãos ao participarmos da comunhão periodicamente. Esses símbolos simplesmente indicam alguma coisa que aconteceu ou está ocorrendo interna e invisivelmente.

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Um símbolo indica propriedade, e os sacramentos ou ordenanças fazem isso também, particularmente o batismo. Este mostra ao mundo e a nós mesmos que não temos mais a nossa posse, mas fomos comprados por um preço e, agora, pertencemos a Jesus.

Essa verdade foi um grande estímulo para Martinho Lutero, que passou por muitas tentações sem dúvida por causa do estresse de estar na liderança da Reforma durante 28 anos. Nesses períodos de crise, ele chegou a questionar a própria Reforma, questionou sua fé e, até mesmo, o valor da obra do Senhor Jesus em seu favor.

Conta-se que, nesses dias maus, Lutero tinha sempre escritas em giz sobre sua mesa as seguintes palavras: Baptizatus sum! (Eu fui batizado!). Isso lhe dava confiança no fato de que ele realmente era de Cristo e tinha-se identificado com Ele em Sua morte e ressurreição.

3. Os sacramentos ou ordenanças são veículos de graça para alguém que os compartilha com retidão.

Ao afirmar isso, precisamos ser cuidadosos para deixar bem claro que não estamos atribuindo algum poder mágico ao batismo ou à cerimônia da Santa Ceia, como se a graça fosse automaticamente dispensada junto com os elementos materiais. Esse equívoco, o qual diz respeito tanto ao sacramento quanto à graça, levou ao abuso dos sacramentos pela Igreja Católica e chegou a alcançar alguns grupos emergentes da Reforma. Nesses casos, o sacramento tomou o lugar da fé como meio de salvação.

Dizer que os sacramentos não são mágicos ou mecânicos, entretanto, não quer dizer que não tenham valor. Deus escolheu usá-los para encorajar e fortalecer a fé dos crentes. Assim sendo, os sacramentos não só pressupõem o reconhecimento da graça do Senhor por alguém que compartilha deles, mas também fortalecem a fé ao lembrarem ao cristão o que significam e a fidelidade de quem os instituiu.

4. Os sacramentos são selos, autenticações ou confirmações da graça que eles significam.

Em nossos dias, o uso de selos é cada vez menos frequente, mas os exemplos que temos sustentam essa ideia.

O selo dos Estados Unidos da América aparece em um passaporte. Ele é estampado no papel de forma para que o documento não possa ser falsificado, validando o passaporte e mostrando que seu possuidor é um cidadão dos Estados Unidos.

Outros documentos são autenticados por um tabelião público, cujo selo é a confirmação do juramento feito.

Esses sacramentos [a Ceia e o batismo] são o selo de Deus sobre o atestado de que somos Seus filhos e estamos em comunhão com Ele. BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel,

2011, p. 516-518.

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Biografia Martinho Lutero (1483-1546) Nascido na Alemanha, foi um personagem importante da Reforma Protestante. Restaurou a ideia do sacerdócio de todos os cristãos, defendeu fortemente a doutrina da justificação pela fé na pessoa de Cristo e da autoridade da Palavra. Em 31 de outubro de 1517, afixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, falando contra a venda de indulgências, que propunha a remissão de pecados através das obras.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

1. O que diferencia as práticas comuns da Igreja dos seus sacramentos?

2. Que aspetos caracterizam um sacramento?

3. Explique a ideia de propriedade contida nos sacramentos.

4. É correto afirmar que os elementos ou símbolos dos sacramentos possuem em si

mesmos algum tipo de poder? Justifique sua resposta.

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Texto 2 – Batismo

O primeiro dos dois sacramentos [ou ordenanças] instituídos por Jesus é o batismo.

E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt 28.18-20)

Está claro, por esses versículos, que o batismo é um “sacramento iniciatório”, pertencente à tarefa de fazer discípulos. O texto bíblico fala da autoridade ou do senhorio de Cristo e da pessoa batizada como alguém que reconhece Jesus e o professa.

Algumas dificuldades apareceram no trato desse tema, como demonstra a controvérsia que o cerca.

Um bom início para nossos propósitos atuais pode ser o reconhecimento de que há duas palavras intimamente relacionadas a batismo no Novo Testamento, as quais não têm necessariamente o mesmo significado. A primeira, bapto, significa mergulhar ou imergir. A segunda, baptizo, pode até significar imergir, mas ela aparece também com vários outros sentidos que levam a um entendimento adequado do que as passagens que trazem essa palavra querem expressar.

Na Bíblia, baptizo tem sido geralmente transliterada para apresentar o termo batismo. Quando uma palavra é traduzida, com frequência, pode indicar uma multiplicidade de significados. Assim, se o termo baptizo tivesse uma tradução fácil, uma palavra óbvia teria sido usada para traduzi-la. Se baptizo significasse apenas imergir, então imergir seria o vocábulo utilizado. Falaríamos de “João, o Imersor” ou recitaríamos: Ide, e fazei discípulos de todas as nações, “imergindo-os” em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. No entanto esse não é o caso. Devemos, portanto, ir além do significado literal da palavra batismo, como imersão, para alcançarmos um sentido metafórico mais importante do termo.

Sobre isso obtemos ajuda da literatura grega clássica. Os gregos usaram a palavra baptizo desde o ano 400 a.C. até o segundo século depois de Cristo. Em seus escritos, esse termo sempre apontava para uma mudança ou, como podemos apropriadamente dizer, uma mudança de identidade por algum meio.

Dessa forma, para dar alguns exemplos, ela pode referir-se a uma mudança ocorrida pela imersão de um objeto em um líquido, como no caso da roupa tingida; por se beber muito vinho e ficar bêbado, ou por um excesso de esforço e outras causas.

De todos os textos que podem ser citados da antiguidade, o que nos dá mais clareza sobre esse tema é um do médico e poeta grego Nicander, o qual viveu em torno de 200 a.C. Em uma receita para fazer conserva, ele usou ambas as palavras. Nicander disse que o vegetal deveria, primeiro, ser mergulhado (bapto) em água fervente e, só então, batizado (baptizo) na solução de vinagre. Ambos tinham a ver com imergir o vegetal na solução. Mas o primeiro ato era temporário, enquanto o outro, a operação de batizar o vegetal, produzia uma mudança permanente. Poderíamos dizer que o batismo tinha identificado o vegetal com a salmoura.

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Esse sentido da palavra está claro em muitos textos, tanto do Antigo como do Novo Testamento. Por isso, em Isaías 21.4, em uma tradução literal da Septuaginta, lemos: “O meu coração me turba, a desordem me batiza”. O escritor foi mudado de um estado de confiança tranquila em Deus para um estado de temor ao experimentar grande perversidade e saber que terríveis juízos se seguiriam.

Semelhantemente, Gálatas 3.27 diz: Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo — os cristãos na Galácia haviam sido identificados com Jesus.

O fato de a palavra baptizo poder ser usada metaforicamente não significa que ela deva ser utilizada dessa maneira em passagens bíblicas que tratem do sacramento do batismo. Isso quer dizer, na realidade, que tais passagens requerem, acima de tudo, um significado metafórico, porque somente um entendimento do batismo como identificação com Cristo dá sentido a elas.

Um exemplo desses textos é o em Marcos 16.16: Quem crer e for batizado [baptizo] será salvo. As pessoas têm lido esse trecho e tirado a falsa conclusão de que, a não ser que uma pessoa seja batizada (ou imersa) na água, ela poderá ser salva. Deveríamos saber que tal conclusão é equivocada por causa do ensinamento do restante das Escrituras sobre a maneira como alguém é salvo: exclusivamente pela graça mediante a fé em Cristo. Se batismo fosse exigência para salvação, então o malfeitor crucificado ao lado de Jesus estaria em apuros.

Somente quando abandonamos a ideia de que o versículo 16 de Marcos 16 refere-se à imersão em água e começamos a pensar na identificação do crente com Cristo, a declaração de Jesus sobre o batismo torna-se clara. Reconhecemos, então, que o Filho de Deus estava convidando os homens para uma crença racional nele, seguida de um compromisso pessoal: “Quem crer em mim e está identificado comigo será salvo”.

Outra passagem bíblica iluminada pelo significado metafórico da palavra baptizo é 1 Coríntios 10.1,2:

Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar, e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar.

Esse trecho da carta de Paulo é especialmente relevante para o entendimento do batismo, uma vez que Israel não esteve submerso nem no mar nem na nuvem. A nuvem estava atrás deles, separando-os dos egípcios perseguidores. Os egípcios, sim, é que foram submersos no mar e se afogaram. O sentido nesse texto é uma mudança de identidade. Antes de cruzarem o mar Vermelho, os hebreus estavam em rebelião contra Moisés [e Deus, a quem ele representava]. A atitude original deles mudou para uma atitude de obediência e júbilo depois da travessia do mar.

BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 518-520.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

5. Por que podemos considerar o batismo como um sacramento iniciatório?

6. Existem algumas controvérsias envolvendo o significado da palavra batismo.

Explique as duas formas de compreensão do termo expostas no texto.

7. Leia Gálatas 3.27; Marcos 16.16. Qual a relevância do significado metafórico da

palavra batismo na compreensão desses dois textos?

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Texto 3 – Comentários bíblicos acerca da unção com óleo

Tiago 5.14 — Literalmente, o termo grego traduzido por presbíteros referia-se àqueles de idade avançada (1 Tm 5.1). No entanto, a palavra também se referia àqueles que ocupavam posições de autoridade na comunidade ou em uma congregação local. Como oficiais da igreja, os presbíteros eram responsáveis pela supervisão pastoral e liderança espiritual. O termo é usado alternadamente como bispo no Novo Testamento (1 Tm 3.1 [NVI]; 5.17; Tt 1.5-9).

Ungindo-o com azeite pode referir-se ao tratamento medicinal (Lc 10.34). Contudo, nessa passagem, é muito provável que se refira ao poder de cura do Espírito Santo, pois Tiago 5.15 fala que a oração salva a pessoa. Em todo caso, não há indicação alguma de que chamar os presbíteros seria uma atitude que excluiria a medicação ou a consulta a um médico. Ungindo-o com azeite podia ser um procedimento medicinal (Lc 10.34), mas, nessa passagem, simboliza, sem dúvida, o Espírito Santo, porque não é o azeite que cura, mas sim a oração (v. 15).

5.15 — Tiago obviamente não vê a oração e o azeite, ou somente o azeite, como um sacramento, mas atribui a cura em si à oração da fé. A linguagem parece aplicar-se a todo caso de doença, mas a conexão implica que o

doente mencionado, além de sua doença física, também estava sofrendo espiritualmente. A Bíblia ensina que a doença pode ser consequência do pecado (Mt 9.2). Nesses casos, a confissão de pecados é um pré-requisito para pôr fim a uma doença conforme a prescrição feita aqui por Tiago, no versículo 16.

Orar para que as pessoas fiquem boas não deveria ter como objetivo que elas fossem restauradas ao seu velho estilo de vida, mas que seus pecados fossem perdoados e a sua vida consagrada ao serviço de Deus.

A oração da fé. Se o cristão é curado por meio de remédios ou de um milagre, toda cura, por fim, vem do Senhor. É por isso que sempre se devem fazer orações pelos doentes (veja uma atitude imprópria com relação à oração em 4.3).

RADMACHER, Earl D.; ALLEN, Ronald B.; HOUSE, H. Wayne (ed.). O Novo Comentário Bíblico. 2 Vol. NT. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, p. 682-683.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

8. A unção com azeite ou óleo era muito utilizada para efeitos medicinais (Lc 10.34). Leia o texto de Tiago 5.14,15 e responda: O que diferencia a unção espiritual da unção medicinal?

9. A Bíblia ensina que a doença pode ser consequência do pecado (Mt 9.2). Neste

caso, qual deve ser o procedimento do cristão de acordo com Tiago 5.16?

10. Leia os textos de Mateus 9.1-8; Lucas 13.10-17; João 9.1-7. Escreva um comentário

sobre os diferentes posicionamentos bíblicos acerca das doenças.

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Texto 4 – A Ceia do Senhor

A Ceia do Senhor possui, assim como o batismo, todos os elementos de um sacramento, porém se distingue do batismo, já que este é um rito iniciatório (o qual testifica a identificação primária com Cristo, sem a qual ninguém pode ser um cristão). A Santa Ceia é um sacramento contínuo, instituído para ser observado repetidas vezes (todas as vezes que comerdes e beberdes) durante toda a caminhada cristã. Essa característica da santa ceia é vista em seu significado passado, presente e futuro.

O significado memorial da Ceia do Senhor fica claro pelo termo em memória. A última Ceia do Senhor com os discípulos remete à Sua morte. Recordamos, em primeiro lugar, a Sua expiação substitutiva: o pão repartido representa o corpo do Senhor partido por nós, e o vinho, Seu sangue derramado em nosso favor.

A expiação tem a ver com o requisito da nossa reconciliação com Deus, e o termo substitutiva indica que tal reconciliação foi obtida pela morte de outra pessoa em nosso lugar.

Essa morte substitutiva não é simplesmente física, mas também espiritual.

Morte é separação. A morte física significa que a alma e o espírito estão separados do corpo, e a espiritual, que a alma e o espírito estão separados de Deus. Merecemos tal separação como consequência do nosso pecado, mas Jesus se tornou nosso substituto ao entregar-se à morte física e espiritual em nosso lugar.

Nós também recordamos de alguma coisa que Jesus sugeriu quando falou do vinho como o sangue do Novo Testamento (Mc 14.24) e do Novo Testamento no meu sangue [de Jesus] (1 Co 11.25) e olhamos para aquela vitória, sobre a qual Deus estabeleceu uma nova aliança de salvação com Seu povo redimido.

Uma aliança [ou testamento] é uma promessa confirmada por um juramento ou uma assinatura. Logo, quando Jesus falou da taça como celebração de uma nova aliança, Ele apontava para as promessas de salvação que Deus fez a nós sobre o fundamento da morte do Seu Cordeiro. Essa salvação chega a nós somente pela graça.

[...]

A Ceia do Senhor tem um significado presente. Em primeiro lugar, o sacramento é uma cerimônia na qual tomamos parte repetidamente, sempre nos lembrando da morte do Senhor até que Ele volte. Em segundo, é uma ocasião para examinarmos nossa vida sob a luz de nossa de fé na morte de Cristo. Paulo recomendou:

Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor (1 Co 11.28,29).

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No âmago do significado presente da Santa Ceia, está a nossa comunhão com Cristo, por isso o termo culto de comunhão. Quando se propõe a participar desse culto, o cristão o faz para se encontrar com Cristo e ter comunhão com Ele, a Seu convite. O exame acontece porque é hipocrisia fingir que se está em comunhão com o Santo, enquanto, na verdade, alimentam-se pecados conscientes no coração.

A maneira pela qual Jesus está presente na comunhão é uma questão que tem dividido a Igreja cristã. Há três teorias acerca disso.

Primeira, Jesus não está presente de verdade — pelo menos, não mais do que Ele está presente todo o tempo em tudo. Para os que sustentam essa visão, a Ceia do Senhor tem apenas um caráter memorial; é apenas uma lembrança da morte de Cristo.

A segunda é a visão da Igreja Católica. Nela, o corpo e o sangue de Jesus estariam literalmente presentes sob a aparência de pão e vinho. Antes da missa, os elementos seriam simplesmente pão e vinho, mas, durante a cerimônia, pela consagração, eles seriam transformados. Embora os fiéis percebam apenas o pão e o vinho, eles, na verdade, mastigariam e beberiam o corpo e o sangue de Jesus. Esse “milagre” foi chamado de transubstanciação.

A terceira é a visão de João Calvino e outros reformadores, segundo a qual Cristo está presente no culto de comunhão, mas apenas espiritualmente, e não fisicamente. Calvino chamou isso de a presença real, para indicar que uma presença espiritual é, sob todos os aspectos, tão real quanto uma física.

O que pensar dessas três teorias? De início, devemos dizer que não pode haver querelas com a teoria memorial, uma vez que é verdadeira até onde termina. A única questão é se há mais do que uma simples lembrança no sacramento da ceia.

A divisão verdadeira está entre a visão da maioria dos reformadores e a doutrina católica. Aqueles que acreditam em uma presença física e literal (e Lutero era um, ainda que não aceitasse a teoria da transubstanciação), argumentam a partir de uma interpretação literal das palavras de Jesus: Tomai, comei, isto é o meu corpo (Mc 14.22b).

Entretanto, isso não resolve a questão, porque expressões como essas aparecem na Bíblia frequentemente, com significados obviamente figurativos ou representativos. Por exemplo: as sete vacas formosas [gordas] são sete anos (Gn 41.26a); tu és a cabeça de ouro (Dn 2.38c); o campo é o mundo (Mt 13.38a); a pedra era Cristo (1 Co 10.4c); e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas (Ap 1.20c); Eu sou a porta das ovelhas (Jo 10.7); Eu sou a videira verdadeira (Jo 15.1a).

O fato de Jesus estar usando linguagem figurativa [na Ceia], e não realizando um milagre de transubstanciação, deveria estar evidente porque Seu corpo estava ali, presente, com Seus discípulos quando Ele falou aquelas palavras. Hoje, Seu corpo ressuscitado está no céu.

Uma razão para enxergar a presença de Cristo no sacramento como espiritual é que esse é o sentido que todas as outras promessas da presença dele conosco devem assumir neste tempo da Igreja.

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Alguns versículos bem conhecidos de João 6 também falam da fé em Jesus e de um alimento espiritual nele, embora não tratem literalmente da Ceia do Senhor, já que o sacramento não havia sido ainda instituído.

Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último Dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida (Jo 6.53-55).

Se queremos sinônimos para comer e beber, nós os encontramos em João 6 em conceitos tão diferentes quanto crer (v. 29,35,47), vir (v. 35), ver (v. 40), ouvir e aprender de (v. 45). Todos indicam uma resposta a Jesus. Os termos comer e beber enfatizam que, pela fé, esse alimento tem de ser tão real quanto se alimentar literalmente.

O terceiro significado da Santa Ceia é futuro. Paulo disse: Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha (1 Co 11.26).

O Senhor havia sugerido a mesma coisa quando falou aos discípulos que comiam a última refeição com Ele: Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide, até àquele Dia em que o beber novo, no Reino de Deus (Mc 14.25).

Falamos da presença real de Jesus no culto como nós a conhecemos atualmente, desejamos dar uma resposta amorosa a Ele e servir-lhe. No entanto, admitimos prontamente que, por vezes, isso é difícil para nós e que temos a sensação de que o Senhor não está presente. Seja por causa do pecado, da fadiga ou simplesmente da falta de fé, Cristo parece estar longe.

Embora continuemos na vida cristã, participando dos cultos, ansiamos por aquele dia em que o veremos face a face e seremos semelhantes a Ele (1 Jo 3.2). O culto de santa ceia é uma lembrança deste dia. É o anúncio das grandes bodas do Cordeiro, o encorajamento para a fé e o estímulo para um nível mais elevado de santidade.

BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 521-524.

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Biografia João Calvino Foi o fundador da Igreja Protestante na França. Em 1533, tornou público o seu afastamento do Catolicismo Romano através de um discurso escrito, considerado herético pelos religiosos da época. Sua obra mais famosa, a Instituição da Religião Cristã, concluída em 1535, lhe rendeu grande prestígio.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

11. A Ceia do Senhor e o batismo são ordenanças instituídas por Jesus para a observação da Igreja. Em que aspectos a Ceia e o batismo se diferenciam?

12. Além de ser contínua, a Ceia do Senhor assume um significado passado, presente e

futuro. Escreva sobre cada um deles.

13. Explique as três teorias acerca da presença de Jesus na comunhão da Ceia.

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Texto 5 – Comentários bíblicos acerca da imposição de mãos

Atos 6.6 — Os apóstolos não impuseram as mãos para os homens receberem o Espírito Santo, porque os sete eleitos já estavam cheios do Espírito Santo (v. 3, 5). Em vez disso, os apóstolos conferiram a eles a responsabilidade de levar a cabo aquele ministério. A imposição de mãos era uma tradição muito importante que remontava aos dias de Moisés (Nm 27.15-23) e identificava as pessoas e os ministérios que elas deveriam exercer.

Atos 8.17 — Então, lhes impuseram as mãos. Uma prática comum na Igreja primitiva (At 13.1-3; 1 Tm 4.14). Nesse caso, a imposição de mãos está claramente relacionada à oração para o que aos samaritanos recebessem o Espírito Santo.

Atos 13.3 — A imposição de mãos era a forma pela qual a Igreja primitiva reconhecia e confirmava a missão de alguém chamado por Deus.

Atos 19.6,7 — Impondo-lhes [...] as mãos. O Espírito Santo foi recebido por imposição de mãos em Atos 10.44-48. Ao impor suas mãos aqui, Paulo estava mostrando sua autoridade apostólica. Ele também estava confirmando a união da nova Igreja em Éfeso com a Igreja de Jerusalém, cujos membros também tinham recebido o poder do Espírito Santo e falavam em línguas (At

2.4,11). Esse falar em línguas era um sinal para todos de que eles faziam parte do Corpo de Cristo (1 Co 14.22).

1 Timóteo 4.14 — Paulo incentiva Timóteo a ser diligente. O dom é a dádiva espiritual que Timóteo recebeu de Cristo (Ef 4.7,8) por profecia. O dom de Timóteo foi dado por meio de uma mensagem profética (1 Tm 1.18) e com a imposição das mãos, provavelmente em Listra (At 16.1). A imposição de mãos significava a comissão, com o reconhecimento por parte de Paulo da obra de Deus na vida de Timóteo (2 Tm 1.6).

Hebreus 6.1,2 — O autor insiste em que os leitores de sua carta deixem o que é primário e prossigam até a perfeição, no sentido de maturidade. Ele lista então seis pontos doutrinários, que chama de os rudimentos da doutrina de Cristo (os primeiros rudimentos, em Hb 5.12), e a imposição das mãos é um deles (v.2).

RADMACHER, Earl D.; ALLEN, Ronald B.; HOUSE, H. Wayne (ed.). O Novo Comentário Bíblico. 2 Vol. NT. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, p. 306, 313, 327, 340, 597, 648.

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QUESTÕES PARA REFLEXÃO DO TEXTO

14. Nestas passagens do Antigo Testamento, qual a função da imposição de mãos?

TEXTO SIGNIFICADO

Gênesis 48.8-16

Levítico 1.4

Números 27.18-23

Deuteronômio 34.9

2 Reis 13.14-17

15. Diferencie o ato de impor as mãos relatado no texto de Atos 6.1-7 do encontrado

em Atos 13.1-3.

16. Em Éfeso, Paulo encontrou discípulos que não tinham recebido o Espírito Santo (At 19.1-7). Ao impor-lhes as mãos, o Espírito veio sobre eles e começaram a falar em línguas e a profetizar. De acordo com o texto, quais os significados desse ato de Paulo?

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EXPECTATIVAS

DE

RESPOSTA

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Apresentação

Querido aluno, neste documento, você encontrará as expectativas de respostas do

curso Fundamentos da Fé.

Só leia as expectativas de respostas após o final de cada aula.

A estratégia de aprendizagem deste curso está firmada no estudo dirigido do material

didático, com a leitura dos textos e respostas às questões propostas, além das

discussões na sala de aula online.

Primeiramente, você deve assistir à aula online ou no DVD que recebeu. Ao assistir à

aula, tenha em mãos o material didático e um caderno para fazer anotações e dúvidas.

Depois, na sala de aula online, escreva seus comentários nos fóruns de discussão.

Poderá também registrar seus comentários para os colegas e suas dúvidas para o

professor-tutor, que acompanhará cada aula e as responderá.

Passo a passo 1º) Assista à aula online ou no DVD.

2º) Acompanhe a aula no material didático.

3º) Leia os textos e faça os exercícios propostos.

4º) Confira as expectativas de respostas neste arquivo.

5º) Na sala de aula online, converse com o professor e com os demais alunos. Exponha

suas dúvidas e opiniões quanto ao que estudou.

Compartilhe o conhecimento!!!

Dessa forma, todos aprenderão muito mais...

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EXPECTATIVAS

DE

RESPOSTA

AULA 1

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.1 – A Bíblia é a Palavra de Deus / A Trindade

Texto 1 - Quão verdadeira é a Bíblia?

1. Onde os atos da salvação de Deus na história são revelados? Nos livros da Bíblia, que juntos formam as Escrituras Sagradas, a verdadeira Palavra de Deus, composta pelo Antigo e Novo Testamento. 2. Explique como se justifica a autoridade da Bíblia como a Palavra de Deus. A autoridade da Bíblia como a Palavra de Deus deriva da expressão direta de Deus aos que nele creem por meio da sua Palavra. 3. Qual a finalidade do registro das Escrituras Sagradas? Deus preparou as Escrituras Sagradas a fim de que os homens pudessem conhecê-lo e nele crer. 4. Qual é o significado da expressão de Martinho Lutero “o berço de Cristo”? Com a expressão “o berço de Cristo”, Lutero defendeu o valor do Antigo Testamento para os cristãos e buscou expressar sua mais reverente estima às Escrituras Sagradas, que oferecem aos homens a bênção suprema da salvação eterna em Cristo. 5. Explique o comentário de Calvino sobre 2 Timóteo 3.16. João Calvino demonstra o princípio que distingue a religião cristã de todas as demais: a certeza de que a Bíblia é a perfeita Palavra de Deus, pois os profetas não falaram de si mesmos, todavia por intermédio do Espírito Santo. 6. Qual foi o posicionamento dos pais da Igreja em relação às Escrituras Sagradas? Os pais da Igreja demonstraram total aceitação quanto à veracidade das Escrituras Sagradas como a santa Palavra de Deus. Nos séculos 16 e 17, a glória de Cristo resplandecia em todos os cristãos, em diversos lugares, apesar das diferenças do entendimento sobre teologia ou em questões sobre a Igreja. Naquela época, os cristãos eram fiéis às verdades bíblicas. As Sagradas Escrituras eram autoridade suprema e inerrante em todos os aspectos para os seguidores de Cristo.

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.1 – A Bíblia é a Palavra de Deus / A Trindade

Texto 2 – A inspiração divina

7. Qual a importância da doutrina da inspiração divina das Escrituras Sagradas para a

Igreja? A inspiração divina das Escrituras Sagradas assegura à Igreja que a Bíblia é a verdadeira Palavra de Deus. 8. Explique a diferença entre a teoria da inspiração ditada e a teoria da inspiração

dinâmica. Segundo a teoria da inspiração ditada, o texto bíblico teria sido ditado por Deus aos escritores da Bíblia. Segundo a teoria da inspiração dinâmica, o texto bíblico teria sido ditado por Deus aos escritores da Bíblia. 9. Como o Espírito Santo agiu sobre os escritores bíblicos para levá-los a escrever os

livros da Bíblia? O Espírito Santo agiu de forma direta sobre os escritores bíblicos, capacitando-os para receber, compreender e comunicar a revelação divina, segundo as suas tradições de fé e sua compreensão de mundo. 10. Qual a única maneira de alcançar o entendimento correto da Palavra de Deus? Para alcançar o entendimento correto da Palavra de Deus, precisamos submeter-nos à

autoridade e à direção do Espírito Santo.

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.1 – A Bíblia é a Palavra de Deus / A Trindade

Texto 3 – A doutrina da Trindade

11. Explique por que a doutrina da Trindade não pode ser considerada uma doutrina

politeísta. O termo Trindade foi pensado para representar a pluralidade do ser de Deus. Ele é um único Deus que se manifesta em três pessoas distintas em completa unidade e harmonia; e, por isso, estas se fazem uma só pessoa por terem conhecimento, sentimento e vontade idênticos. 12. Leia Gn 2.23,24 e Dt 6.4-9. O que estes textos têm em comum? Como

compreendemos a Trindade a partir deles? Ambos os textos apresentam no original a palavra hebraica echad, significando único ou uma pessoa em unidade, não uma entidade isolada. No matrimônio, vemos a união de duas personalidades diferentes que se tornam uma só carne. Porém, essa analogia mostra-se imperfeita diante da unidade do ser divino, pois as três pessoas da Trindade são idênticas entre si. No entanto, é possível compreender a doutrina da Trindade a partir da declaração do próprio Deus a Seu respeito, como um ser plural e uno ao mesmo tempo. 13. Calvino utilizava o termo subsistência para expressar a natureza trinitária de Deus.

Verifique o significado dessa palavra em um dicionário e explique como tal sentido nos ajuda a entender a Trindade.

Subsistência “é o estado ou qualidade do que subsiste; característica do que se mantém; conservação; permanência” (Dicionário Aulete). Deus é autossuficiente, não precisa de nada nem de ninguém para existir. Este termo esclarece a ideia de Trindade, quando nos ajuda a entender que há três pessoas plenamente distintas subsistindo num único ser. 14. Há três pessoas ou subsistências em Deus, cada uma com conhecimento,

sentimento e vontade. Você considera essa declaração uma boa definição para a Trindade?

Não. O termo pessoa faz referência a um ser que existe e distingue-se dos demais pelo seu conhecimento, sentimento e vontade, porém as três pessoas da Trindade possuem conhecimento, sentimento e vontade idênticos. Sendo assim, o termo pessoa torna-se inadequado e qualquer tentativa humana de definir a Trindade estará aquém do seu real significado.

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EXPECTATIVAS

DE

RESPOSTA

AULA 2

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.2 – A Divindade de Jesus / A Missão de Jesus

Texto 1 – A Divindade de Cristo

1. Leia e compare: Jo 3.13-18; Jo 5.17-24,30; Jo 8.48-59. Explique a divindade e a

humanidade de Cristo com base nos textos destacados. Ao mesmo tempo em que Cristo se apresenta como um ser divino, eterno, o Filho de Deus e o Messias prometido que viria e traria salvação para todos os homens através da crença nele; na sua humanidade, submete-se a vontade do Pai e o obedece, buscando através de Seus feitos glorificar o Deus Pai e não a si mesmo. 2. Que fatos evidenciam a divindade de Jesus?

Jesus receber adoração, pois, na religião judaica, só Deus poderia ser adorado;

Ele era chamado Senhor, título usado para designar o próprio Deus no Antigo Testamento;

Ele mesmo afirmou ser o Filho de Deus;

Demonstrou que tinha poder para perdoar pecados.

3. Analise os textos bíblicos que fundamentam a resposta dada acima.

TEXTOS FATOS Mt 8.2; 15.25 Recebia adoração

Mt 3.3; Mt 7.21-23 Chamado Senhor

Mt 16.16,17 Filho de Deus

Mt 1.21; Lc 7.48-50; Jo 8.24; Hb 9.13-15 Poder para perdoar pecados

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.2 – A Divindade de Jesus / A Missão de Jesus

Texto 2 – Apaziguando a ira de Deus

4. Por que a questão da propiciação é um problema para a sociedade atual?

A sociedade atual considera a questão da propiciação como um ato retrógrado e ofensivo por envolver a necessidade de um sacrifício. Pensar que um Deus de amor exige a morte de um indivíduo inocente para aplacar a Sua ira soa de maneira contraditória, desumana e cruel. Entretanto, a Bíblia ensina que Deus possui esses dois atributos de maneira harmônica em si. 5. Com suas palavras, explique o conceito de propiciação. A propiciação obrigatoriamente envolve um ato de sacrifício e de substituição. No Antigo Testamento, era simbolizada através do sistema sacrificial, no qual a morte de um animal considerado inocente substituía a morte do pecador. Uma vida era dada no lugar da outra. Porém, esse sistema não era perfeito, pois deveria ser repetido várias vezes. Em Cristo, esse sacrifício foi realizado uma única vez e eternamente. A propiciação refere-se a uma relação restrita entre Deus e Jesus, pois nenhuma criatura seria capaz de realizar este ato com perfeição. Como afirma o autor, o foco da propiciação é Deus. 6. No texto, encontramos a seguinte afirmação: A Bíblia ensina que Deus é ira e amor

ao mesmo tempo. Como podemos explicar isso? A Bíblia ensina que Deus se ira contra o pecado, pois este se opõe a Sua santidade e perfeição. Deus é amor, santo e justo ao mesmo tempo. Negar essa verdade gera uma visão fragmentada do ser divino, na qual um dos seus atributos sobrepõe o outro. 7. Diferencie o significado do termo propiciação na cultura cristã da sua conotação no

paganismo. A conotação bíblica da palavra propiciação é completamente oposta ao significado pagão. No paganismo, a iniciativa de aplacar a ira divina vem do homem; no Cristianismo, essa iniciativa vem do próprio Deus como demonstração do Seu grande amor. Deus estava presente como o sujeito da ação realizada por Jesus na cruz, satisfazendo a Sua própria necessidade de justiça. 8. Todo israelita deveria realizar um sacrifício ao aproximar-se de Deus. Houve um

sacrifício que substituiu todos, durante a observância anual Páscoa. Que sacrifício foi esse e quem foi a oferta?

Em cumprimento a Lei do Antigo Testamento, que determina a morte como o preço do pecado (Gn 2.17; Rm 6.23a), Jesus foi ofertado a Deus como sacrifício substitutivo e definitivo, morrendo no lugar de toda humanidade e restaurando-a a uma vida de comunhão com Deus através do Seu sangue (Rm 5.18,19; 1 Jo 1.7b).

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9. Como se deu a progressão do sistema sacrificial? O sistema sacrificial iniciou-se pelo sacrifício feito por uma pessoa, exemplificado em

Adão e Eva, quando Deus mata um animal para fazer-lhes vestes (Gn 3.21); depois, por

uma família, retratado na história de Abraão (Gn 15.9-21; 22.1-18); em seguida, por

uma nação, por meio do sistema sacrificial instituído por lei a Israel (Lv 1-7); e, por fim,

pelo mundo, através do sacrifício feito por Cristo Jesus na cruz (Mt 27.51-54).

10. Segundo o texto de abertura A Missão de Jesus, responda: nesses tempos de

antropocentrismo, o ser humano terá alguma possibilidade de redimir a si mesmo?

Escreva o que você entendeu a respeito da essência do Cristianismo.

O homem jamais terá condições de redimir a si mesmo, pois o pecado o fez escravo

(Rm 7.14b), por isso foi necessário que Cristo viesse ao mundo como homem, para

vencer o pecado na carne (8.3) e, consequentemente, a morte. Esta iniciativa divina,

prova do incondicional amor de Deus (1 Jo 4.9,10), saciou a justiça divina e possibilitou

a redenção da humanidade.

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.2 – A Divindade de Jesus / A Missão de Jesus

Texto 3 – Integralmente pago

11. Explique o conceito de redenção. A redenção refere-se ao que Cristo conquistou, em relação ao homem, através da Sua morte substitutiva: a libertação do poder escravizador do pecado e a restauração do homem a sua condição inicial de comunhão com Deus.

12. Qual a importância do significado das palavras redenção e Redentor para a compreensão do ministério de Cristo?

Essas palavras lembram-nos do que Jesus efetivamente fez para salvar a humanidade e do preço pago por Ele para resgatar todo aquele que nele crê. Segundo Warfield, quando pronunciamos estas palavras demonstramos apreciação pelo ato custoso de Jesus e visualizamos de maneira especial e reverente o Cristo da cruz. 13. Por que, conforme o texto adverte, o cristianismo contraria a opinião dominante

do homem em nossos dias? As verdades bíblicas caminham na contramão das ideologias mundanas. Enquanto o mundo isenta o homem da culpa pelo pecado, defendendo a ideia de que ele evolui pelos seus próprios méritos e busca pela perfeição; a Bíblia diz que o ser humano decaiu de um estado de pureza para um estado de pecaminosidade, fazendo-o culpado diante de Deus, o Criador. A culpa torna o homem incapaz de salvar-se sozinho, por isso, a necessidade de um Salvador. 14. O que Davi quis dizer quando escreveu: Eis que em iniquidade fui formado, e em

pecado me concebeu minha mãe (Sl 51.5)? Ao fazer esta afirmação, Davi estava reconhecendo sua natureza pecaminosa herdada de Adão, pois em nenhum momento da nossa existência estamos livres da influência do pecado. O pecado pode ser comparado a uma herança genética, transferida à raça humana pelo primeiro homem e mulher, dos quais descende toda humanidade. 15. Quais doutrinas estão relacionadas à ideia bíblica de redenção? Comente cada uma

delas.

A doutrina do estado original do homem, criado sem pecado, na qual o ser humano era livre e vivia em comunhão com Deus.

A doutrina da queda, que retrata o momento que o homem torna-se escravo do pecado, passando a ser dominado por ele.

A doutrina da libertação, através da qual o preço do pecado foi pago e todo aquele

que crê no sacrifício de Jesus será salvo.

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.2 – A Divindade de Jesus / A Missão de Jesus

Texto 4 – A doutrina fundamental da ressurreição

16. Qual a importância da ressurreição para a história do Cristianismo?

A ressurreição é a confirmação da identidade de Cristo como Messias e Filho de Deus. Através desse acontecimento histórico, Jesus mostrou que verdadeiramente Ele é Deus. A ressurreição possibilitou a compreensão e a proclamação da mensagem do Evangelho por milhares de gerações até os dias de hoje.

17. Como a morte e a ressurreição de Jesus foram vistas pelos cristãos do primeiro século?

Apesar de terem crido em Cristo como o Messias, com Sua morte, os discípulos tiveram a fé abalada e retornaram para suas práticas anteriores, pois, segundo as Escrituras, o Messias prometido deveria ter um reino eterno (Dn 7.14,27). Os discípulos não demonstraram fé madura para continuar crendo na identidade de Jesus após Sua prisão e crucificação. No entanto, apenas três dias depois desses acontecimentos tiveram a fé fortalecida e tornaram-se testemunhas tão fiéis a ponto de morrer por aquele que venceu a morte. 18. Que assunto tornou-se o tema central da pregação dos primeiros propagadores do

Evangelho na Igreja primitiva? A morte e a ressurreição de Jesus foram o centro da pregação dos apóstolos e dos primeiros cristãos.

19. Se Jesus não tivesse, verdadeiramente, ressuscitado, quais seriam as consequências para a fé cristã? Baseie a sua resposta no texto de 1 Coríntios 15.14-18.

Se Cristo de fato não tivesse ressurgido dentre os mortos, todo o fundamento da fé

cristã seria abalado e, consequentemente, todas as suas doutrinas seriam

questionáveis. Segundo o apóstolo Paulo, se Cristo não houvesse ressuscitado, a fé

cristã e sua pregação seriam vãs, Seus discípulos seriam falsas testemunhas, e os

cristãos continuariam mortos em seus pecados.

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EXPECTATIVAS

DE

RESPOSTA

AULA 3

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.3 – Salvação pela graça através da fé / O Céu, o Inferno e a Volta de Cristo

Texto 1 – A natureza da pena ligada à lei adâmica

1. O que as três primeiras teorias afirmam sobre a morte, como pena da lei adâmica?

Primeira teoria - afirma que a morte deve ser entendida figuradamente, significando um estado não absoluto diante do desagrado de Deus e de sujeição às consequências decorrentes de suas atitudes pecaminosas, o que serviria de disciplina para o transgressor, visando seu arrependimento. Nessa, a alma do homem não perde a imagem e o favor de Deus.

Segunda teoria - a morte assume o significado de aniquilação completa, estendendo-se tanto ao corpo quanto a alma do ser humano.

Terceira teoria - defende a ideia de que a morte atingiu apenas o corpo de Adão, sendo assim, a alma de todos os homens nasce pura, sem pecado.

2. Que consequências negativas tais teorias podem trazer para a compreensão da

doutrina do pecado e da salvação? Essas teorias distorcem alguns ensinos bíblicos a respeito do pecado e, consequentemente, a respeito da salvação:

Ao dizer que a morte deve ser interpretada de modo figurado, servindo de disciplina para o transgressor, a morte redentora de Cristo faz-se vã.

Quando a morte assume o significado de aniquilação completa anula-se toda e qualquer possibilidade de resgate.

Ao defender que a morte afetou apenas o corpo do homem, contradiz-se a afirmação das Escrituras: Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe (Sl 51.5).

3. Explique a teoria defendida como a interpretação adequada às Escrituras Sagradas. Segundo as Escrituras, a pena pelo pecado de Adão e Eva atingiu o homem em sua

totalidade: espírito, alma e corpo. A alma que pecar, essa morrerá (Ez 18.4). Esse

castigo é absoluto sobre a alma vivente e o espírito humano. A separação de Deus,

morte espiritual, resulta na separação da alma do corpo, morte corporal, que culmina

na morte eterna.

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.3 – Salvação pela graça através da fé / O Céu, o Inferno e a Volta de Cristo

Texto 2 – A morte espiritual

4. Defina morte espiritual. Morte espiritual é a quebra de vínculo entre o Espírito Santo de Deus e o espírito de toda alma vivente. Em função da queda, os espíritos foram separados da comunhão com seu Criador, refletindo uma imagem e semelhança distorcida de Deus. 5. No lugar do Espírito Divino, o eu torna-se o princípio norteador e o regente da vida.

Explique essa afirmação. A tentação sugerida por Satanás aos seres viventes consistia na recusa do domínio do Espírito Santo e na ambição de tornar-se como Deus: autossuficiente, independente e sabedor de todas as coisas. Ao conceber o pecado, o homem torna-se o seu próprio deus, governado pelo eu. O espírito do homem, sem o Espírito de Deus, está entregue a si mesmo e, segundo o autor, todas as formas de vida e de atividade do eu, ou do ego, significam a morte da alma. 6. Leia Jo 5.24 e responda. Como se dá o processo de renascimento espiritual? O renascimento espiritual só é possível por meio da vida obtida em Cristo Jesus. Ao ouvir a Palavra, a fé em Deus e no Seu Filho é gerada. Essa fé dá acesso à vida eterna pela graça, pois o Espírito Santo volta a habitar no homem, restaurando sua natureza e exercendo domínio sobre sua existência, fazendo-o desfrutar da vida que há em Cristo. 7. Que resultados podem ser vistos na humanidade em função do seu rompimento

com o Espírito Santo de Deus?

A humanidade encontra-se num estado de decadência espiritual. Sob o seu próprio

domínio, o pecado torna-se um princípio regente da humanidade, sujeitando o homem

a todo tipo de prática impiedosa e abominável a Deus, como por exemplo, a idolatria e

a degradação moral.

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134

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.3 – Salvação pela graça através da fé / O Céu, o Inferno e a Volta de Cristo

Texto 3 – Justificação pela fé: a essência da salvação

8. Analise os textos de Hebreus 11.6, Efésios 2.8,9 e João 3.16, em seguida, responda: qual é o elemento indispensável para que alcancemos a salvação?

A fé em Cristo Jesus. 9. Por que, segundo os reformadores da igreja, a compreensão correta da doutrina da

justificação é essencial para a fé cristã? A doutrina da justificação pela fé é a essência do plano de Deus para salvar a humanidade e de todas as demais doutrinas bíblicas. Sem ela, o homem não teria defesa diante de Deus, não haveria expiação, redenção, salvação, ou seja, a Igreja não existiria. 10. Analise os textos bíblicos: Sl 51.5; Isaías 59.2-16; Romanos 6.23; Romanos 7.7-25;

Colossenses 1.28; 2.13,14. Em seguida, relacione a doutrina do pecado à doutrina da justificação.

De acordo com a doutrina do pecado, o homem não pode justificar a si mesmo, pois sua desobediência à lei divina configurou rebelião contra Deus, declarando-o inimigo dele (Is 59.2-16). O ser humano passou a ser concebido em pecado (Sl 51.5), sua natureza tornou-se inclinada para o mau e, por isso, não é capaz de libertar-se sozinho desta escravidão (Rm 7.7-25). A doutrina da justificação parte do princípio que o advento da queda gerou uma dívida diante de Deus, que deveria ser paga com a morte em sacrifício perfeito (Rm 6.23). Então, Deus possibilitou a justificação da humanidade através da oferta voluntária e do sacrifício do Seu Filho (Cl 2.13,14). Assim, todo homem que crê em Jesus pode ser apresentado perfeito diante dele (Cl 1.28). 11. Leia Efésios 2.8-10, Mateus 5.20, Lucas 6.46-49 e Tiago 2.14-26. Baseado nas

referências, faça um paralelo entre a justificação pela fé e o papel das obras na vida do cristão.

Em Efésios, o apóstolo Paulo deixa claro que a salvação é pela graça por meio da fé,

não pelas obras. Porém, no v. 10, ele declara que fomos criados em Cristo Jesus para

as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Tais passagens não

se contradizem, mas nos ensinam que todo salvo realiza boas obras, demonstrando

uma transformação genuína em seu comportamento. A respeito disso, Jesus ainda nos

adverte, dizendo que as obras do cristão devem exceder as obras dos que se dizem

religiosos (Mt 5.20). Conclui-se, então, que as obras são fruto da regeneração do

homem, do seu novo nascimento, evidenciando a sua justificação (Lc 6.46-49; Tg 2.14-

26).

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135

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.3 – Salvação pela graça através da fé / O Céu, o Inferno e a Volta de Cristo

Texto 4 – Inferno

12. Um castigo pode ser uma pena decorrente de uma lei positiva ou de uma lei

natural. Diferencie essas leis. A lei positiva existe porque alguém a propôs; suas penas são estabelecidas por quem a elaborou, podendo ser corretas, mas não necessárias. Tal lei é passível de mudanças. Já a lei natural é intrínseca ao ser sobre o qual atua, sendo indispensável e imutável. Como afirma o texto, a virtude é sua própria recompensa, e o vício é seu próprio castigo. 13. Faça uma analise da ordem de Deus dada a Adão e Eva em Gênesis 2.16,17. A

partir da análise do texto, a que tipo de lei ela se refere? Explique. A ordem de Deus a Adão e Eva é um exemplo de lei positiva, pois o castigo ou o juízo não foi vivenciado no ato em que a transgressão foi cometida. 14. Não entendemos o castigo do inferno como pena decorrente de uma lei positiva.

Explique. O castigo do inferno não pode ser considerado uma lei positiva pelo fato de não poder ser modificado; ele é inevitável para todo aquele que recusa a única fonte de vida e alegria, por isso é considerado uma lei natural. 15. Pode-se descrever o inferno sob três aspectos: castigo, sofrimento e privação.

Explique cada um deles.

Castigo – o castigo do inferno é considerado uma lei natural, pois, não pode ser modificada; qualquer ser humano que recuse livremente a única fonte de vida e salvação estará automaticamente escolhendo a condenação e a morte espiritual.

Sofrimento – considerando Deus a única fonte de alegria, rejeitá-lo e viver eternamente sem a Sua presença deve, necessariamente, trazer tristeza e sofrimento.

Privação – Esse aspecto é a causa dos dois anteriores. Quando o homem decidiu desobedecer a Deus para viver segundo sua própria vontade, excluiu Deus de sua vida. O inferno é a privação da presença de Deus e, consequentemente, de toda a alegria, por isso, é doloroso e um castigo.

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136

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.3 – Salvação pela graça através da fé / O Céu, o Inferno e a Volta de Cristo

Texto 5 – Ascensão ao céu

16. Explique de que maneira a ascensão de Jesus está relacionada à ideia da existência

do céu. A ascensão de Jesus evidencia e comprova a existência do céu e confirma que esse é um lugar específico dentro da criação de Deus, apesar de não podermos descrevê-lo exatamente como ele é, pois a linguagem bíblica a esse respeito é simbólica em sua maioria. 17. Em Apocalipse 21-22.5, vemos a descrição bíblica sobre o céu. Escreva o significado

dos símbolos destacados pelo texto.

A palavra cidade nos remete à ideia de pertencimento, um lugar do qual fazemos parte, um lar.

Os alicerces transmitem a ideia de permanência, continuidade; um lugar que não está sujeito à mudança ou desgaste.

O ouro nos remete àquilo que é precioso, que tem muito valor.

A luz simboliza a presença Deus, que ilumina toda a cidade. 18. Por que a teoria da imaterialidade do céu não condiz com as Escrituras? O fato de Deus ser espírito, sem forma corpórea, não significa que o céu seja um lugar imaterial. Apesar do Deus Pai não possuir uma forma concreta e visível, o Deus Filho assumiu uma forma humana ao descer na terra, que mesmo após Sua ressurreição e glorificação permaneceu. Além disso, os seres humanos, em corpo glorificado semelhante ao de Cristo, também habitarão esse lugar. Logo, esses corpos deverão ter um espaço para ocupar.

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EXPECTATIVAS

DE

RESPOSTA

AULA 4

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138

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.4 – A pessoa e a obra do Espírito Santo

Texto 1 – Uma pessoa ou um poder?

1. Explique a afirmação de Reuben Torrey de que a ideia do Espírito Santo como um

poder gera no coração do homem um comportamento pecaminoso. Se o Espírito Santo for considerado um poder que está à disposição do homem, Sua relação com o ser humano será de sujeição, não de domínio. Tal visão leva-nos ao orgulho, à autoexaltação e à autossuficiência. 2. Analise os fatos narrados em Atos 8.9-24; 13.1-4. Depois, escreva sobre a postura

dos personagens em relação ao Espírito Santo e suas consequências.

Em Atos 8.5-24, vemos o mágico Simão se converter ao Senhor através da pregação de Filipe, em Samaria (v.13). Porém, devido a sua falta de conhecimento, deixou-se seduzir pelo poder manifesto na atuação dos apóstolos Pedro e João, oferecendo-lhes dinheiro para obtê-lo e usá-lo para seu próprio destaque. Em decorrência disso, Pedro o repreendeu e advertiu para que se arrependesse, pois o coração dele não foi considerado reto diante de Deus e estava envolto num laço de iniquidade.

Em Atos 13.1-4, vemos um exemplo contrário: Paulo e Barnabé sendo separados pela igreja de Antioquia a pedido do Espírito Santo, após um período de serviço e jejum por parte da igreja. Como consequência da submissão e obediência deles, deu-se início à obra missionária em todo o mundo conhecido daquela época, acompanhada de prodígios e maravilhas.

3. No Antigo Testamento, encontramos passagens nas quais o Espírito Santo tem uma

personalidade distinta. Porém, no Novo Testamento, Ele é revelado como uma pessoa da Trindade. De que maneira essa revelação pode ser vista?

No Novo Testamento, o Espírito Santo manifesta-se como uma pessoa, pois possui personalidade, conhecimento, sentimentos e vontade. Quando Jesus promete o Consolador, Ele não está se referindo a um poder compensatório, pois o objetivo de Seu envio é o de consolar-nos e não nos deixar órfãos. O Espírito se identifica conosco, conhece todas as nossas necessidades e nos ajuda em nossas fraquezas. Além disso, distribui dons para a capacitação e edificação da Igreja, o que elimina a ideia dele ser apenas um poder. 4. Segundo o texto de abertura A obra do Espírito Santo, responda: entre as

atribuições do Espírito Santo, o que Ele realiza quando atua como Paracleto? Como Paracleto Ele está ao nosso lado, nos assistindo, ajudando, protegendo e representando diante de Deus, como um mentor, intercessor e advogado.

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139

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.4 – A pessoa e a obra do Espírito Santo

Texto 2 – O Espírito é Deus?

5. Uma das mais claras indicações da plena divindade do Espírito Santo está nas palavras de Jesus, quando Ele prometeu enviá-lo aos Seus discípulos como outro Consolador. De que maneira o sentido da palavra allos, no texto de João 14.16, ajuda-nos a compreender a divindade do Espírito Santo?

A palavra outro traduz os termos gregos allos ou heteros. O termo allos assume o significado de outro como sendo igual ao primeiro; e, heteros, significa totalmente diferente. Sendo a palavra grega allos a que é utilizada no texto de Jo 14.16, Jesus, ao fazer a promessa do Consolador, declarou-o como uma pessoa igual a Ele, plenamente divina. 6. Que aspectos, segundo o texto, evidenciam a doutrina da divindade do Espírito

Santo?

O termo Espírito Santo atribui ao Espírito uma qualidade do próprio Deus (Jo 17.11; Jo 6.69; Mc 1.24). Além disso, há textos bíblicos que atribuem ao Espírito Santo características exclusivas de Deus: onisciência (Jo 16.12,13; 1 Co 2.10,11), onipotência (Lc 1.35) e onipresença (Sl 139.7-10).

O Espírito Santo participou ativamente das obras de Deus: na criação (Jó 33.4), na inspiração das Escrituras (2 Pe 1.21), na restauração do homem através do novo nascimento (Jo 3.6) e na ressurreição (Rm 8.11).

A igualdade do Espírito Santo com as duas outras pessoas da trindade (Jo 14.15-18,26).

A associação do nome de Deus ao Espírito Santo, como no exemplo de Atos 5.3,4. Passagens do Novo Testamento que fazem referência a textos do Antigo, nas quais

Deus e o Espírito são considerados a mesma pessoa (Is 6.8; At 28.25b).

7. Qual a importância de sabermos que o Espírito Santo é Deus?

Quando reconhecemos a divindade do Espírito Santo tributamos a Ele todo louvor, glória e honra que lhe são devidos. Essa consciência gera em nós confiança em Suas obras e nos guarda do perigo de desonrá-lo.

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140

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.4 – A pessoa e a obra do Espírito Santo

Texto 3 – A obra do Espírito Santo

8. A partir da afirmação bíblica de que o Espírito Santo é uma pessoa da Trindade,

analise os textos bíblicos e aponte de que obras Ele participou, na História, ou que continua a realizar na Igreja.

TEXTO BÍBLICO OBRAS

Gênesis 2.7 Criação

Neemias 9.20a; 1 Coríntios 2.13 Ensino da Palavra

2 Samuel 23.2; 2 Timóteo 3.16 Inspiração das Escrituras

Atos 10.38 Ministério terreno de Jesus

Tito 3.5,6 Novo nascimento do cristão; regeneração

Gálatas 4.4-7; Romanos 8.14-17 Filiação divina

Atos 16.6,7 Chamado e direcionamento da Igreja

Romanos 1.4 Santificação

1 Coríntios 12.8-10; Atos 21.11 Dons Espirituais

Gálatas 5.22 Fruto do Espírito

9. De acordo com o texto, qual a principal obra do Espírito Santo? Que tipo de ensino

escatológico esta definição nos traz? A principal obra do Espírito Santo, segundo o texto, é glorificar a Cristo. Todas as demais obras partem dessa premissa. Por isso, o Espírito não fala de Si mesmo, mas testifica sobre a pessoa e o ministério de Cristo. Sendo assim, nestes últimos dias, devemos estar atentos, pois qualquer referência feita à pessoa e à obra do Espírito Santo que não aponte para Cristo, na verdade, é obra do espírito do anticristo, que já está atuando no mundo.

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141

EXPECTATIVAS

DE

RESPOSTA

AULA 5

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142

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.5 – Cura Divina

Texto 1 – Capacitados pelo Espírito

1. De acordo com o texto de abertura A capacitação do Espírito, tanto no Antigo como no

Novo Testamento, há alguém que assegura o poder e a graça que garantem às autoridades espirituais presidirem sobre os outros. Quem é esse alguém e o que diferencia sua atuação nas pessoas da Antiga e da Nova Aliança?

A pessoa que concede poder e graça às autoridades espirituais é o Espírito Santo. Na Antiga Aliança, a capacitação do Espírito não era dada a todos; apenas algumas pessoas que tinham uma missão ou função específica, como juízes, profetas, sacerdotes e reis, recebiam a unção. Porém, na Nova Aliança, especificamente no Dia de Pentecostes, o dom do Espírito Santo foi derramado sobre todos os cristãos, em cumprimento a profecia de Joel 2.28-32. 2. Explique como ocorreu o surgimento da Igreja? Em obediência a ordem de Jesus, os discípulos estavam reunidos em Jerusalém perseverando em oração e súplicas (At 1.14), aguardando o envio do Consolador prometido. Ao cumprir-se o Dia de Pentecostes (At 2.1), o Espírito Santo desceu sobre os discípulos, capacitando-os com poder divino e sobrenatural para testemunhar acerca de Cristo em todo o mundo. 3. De que maneira a capacitação pelo Espírito foi confirmada no início da Igreja? Logo após os discípulos terem recebido o Espírito Santo, o apóstolo Pedro levantou-se e fez um discurso que conquistou três mil pessoas para o Evangelho (At 2.41). Em sua segunda pregação, muitos dos que ouviam a Palavra creram e o número de novos cristãos foi de quase cinco mil (At 4.4). Tais resultados não poderiam ser alcançados sem a atuação sobrenatural do Espírito Santo, convencendo cada indivíduo a crer na verdade do Evangelho de Cristo. 4. Leia 2 Coríntios 3.18 e responda. O Espírito Santo capacita a Igreja de Cristo para

testemunhar, porém Ele também atua na vida de cada cristão em particular. Como isso acontece?

O Espírito Santo também foi enviado com o propósito de desenvolver o caráter de Cristo em nós. Em Ezequiel 36.27, está escrito: E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis. O Espírito Santo é quem restaura em nós a imagem e semelhança de Deus, nos faz andar em Seus caminhos e aperfeiçoa-nos, para refletirmos a glória do Senhor com perfeição (Pv 4.18). 5. Explique a forma de atuação do Espírito Santo na relação de Cristo com o Seu povo? De

que forma a igreja visível manifesta essa realidade espiritual? Cristo faz-se presente no meio do Seu povo por meio do Espírito Santo, encorajando-o e direcionando-o (Mt 28.20b). Após Sua ascensão, Jesus continuava cooperando com os discípulos, confirmando a pregação desses com os sinais que a acompanhavam (Mc 16.20). A igreja visível manifesta essa realidade através dos dons espirituais que lhe são concedidos por Deus, através do Seu Espírito. Porém, muitas vezes a igreja organizada falha em sua missão. Os dons do Espírito devem ser vistos onde quer que cristãos verdadeiros se reúnam e o mundo precisa testemunhar a atuação do sobrenatural na vida da igreja.

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143

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.5 – Cura Divina

Texto 2 – A transbordante unção de Deus

6. Analise os textos e identifique as diferentes funções da unção do Espírito Santo.

TEXTOS BÍBLICOS FUNÇÕES

Isaías 10.27 Quebra do jugo da servidão; libertação.

Atos 10.38 Cura e libertação espiritual.

Levítico 8.12; Salmo 89.20 Santificação; separação; consagração.

1 João 2.20,27 Dar sabedoria; ensino.

7. De acordo com o texto, qual o significado do termo unção no Novo Testamento? No Novo Testamento a unção refere-se à presença do Espírito Santo no coração de cada cristão, capacitando-o a agir com poder, a desenvolver o fruto do Espírito e a refletir o caráter de Deus. Essa unção só pode ser vivida por aqueles que se submetem a Sua liderança. 8. Leia Romanos 12.4-8; 1 Coríntios 12.4-11; 14.1-5,12; Ef 4.11-16. Qual a relevância

dos dons espirituais? Os dons espirituais são dados à igreja para a sua edificação, aperfeiçoamento e capacitação ministerial, o que a levará à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus e à maturidade espiritual. Os dons espirituais são dados à igreja pela graça de Deus. 9. Segundo Gálatas 5.16-26, de que maneira o fruto do Espírito se aplica na vida do

cristão? O fruto do Espírito é gerado na vida de cada cristão em particular, que vive em Espírito

e nega as obras da carne diariamente. Esse, diferentemente dos dons espirituais,

depende de um esforço humano para ser desenvolvido. O fruto do Espírito é a

evidência de uma vida regenerada e cheia do Espírito Santo de Deus.

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144

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.5 – Cura Divina

Texto 3 – Comentários sobre Mateus 8.1-17

10. Qual a relação existente entre os registros de Mateus 8 e o Sermão do Monte? No Sermão do Monte Jesus Cristo apresenta o Manifesto do Reino, falando ao povo sobre o estilo de vida dos verdadeiros filhos de Deus. Em Mateus 8, Jesus mostra através da realização de milagres, que tinha poder para fazer tudo aquilo que havia falado, confirmando-o como Messias e Rei prometido. 11. Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo (Mt 8.2). Tendo o texto como base,

escreva sobre o significado da frase se quiseres. Ao declarar para Jesus “Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo”, o leproso estava dando uma demonstração de fé genuína, humilhação e submissão à vontade de Deus. Porém, isso não significa que Jesus precisa de alguma demonstração de fé para atuar ou que Ele sempre atua quando há uma demonstração de fé. 12. Ao dizer “Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé”, que

mensagem Jesus quis passar para os judeus? Essa palavra foi direcionada aos judeus como uma repreensão, pois esses acreditavam que, por serem descendentes de Abraão, teriam prioridade no Reino de Deus. Mas, Jesus deixa claro que ser um descendente de Abraão não era suficiente para herdar o Reino, pois, para isso, era necessário ter fé no Filho de Deus. Cristo veio primeiramente para os judeus, porém foi rejeitado, passando a exercer Seu ministério entre os gentios. 13. Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças. De acordo

com o texto, de que maneira isso aconteceu? O texto messiânico de Isaías pode ser compreendido de duas maneiras:

Cristo tomando sobre si nossas enfermidades no sentido de compadecer-se de nossas fraquezas (Mt 9.36; 14.14; 20.34; Mc 1.41; 5.19).

Cristo levando nossas doenças na cruz, por meio do Seu sacrifício por nossos pecados, pois as doenças são uma das consequências da queda do homem (Is 53.4,5).

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145

EXPECTATIVAS

DE

RESPOSTA

AULA 6

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146

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.6 – Ordenanças da Igreja

Texto 1 – Quatro elementos de um sacramento

1. O que diferencia as práticas comuns da Igreja dos seus sacramentos? A Igreja observa diferentes práticas essenciais para o seu desenvolvimento espiritual, tais como: orar, jejuar, meditar nas Escrituras, cantar, etc. Porém, essas práticas não são consideradas sacramentos por não se enquadrarem em todos os aspectos que os caracterizam ou por não serem obrigatórias, ou seja, um mandamento. 2. Que aspetos caracterizam um sacramento?

Os sacramentos são ordenanças instituídas pelo próprio Jesus. Nesse ponto, assemelham-se as demais práticas de devoção da igreja, porém, os sacramentos são obrigatórios.

Nos sacramentos são utilizados elementos materiais como símbolos visíveis da bênção de Deus (Ex.: água, pão, vinho, óleo). O elemento material é um símbolo, um objeto visível, que aponta uma realidade invisível e espiritual.

As ordenanças levam o cristão a reconhecer a graça do Senhor e a fortalecer-se na sua fé, lembrando-o do significado delas e da fidelidade de Cristo.

Os sacramentos são confirmações da graça que eles significam. Esses atestam que somos filhos de Deus e que estamos em comunhão com Ele.

3. Explique a ideia de propriedade contida nos sacramentos. Os sacramentos são uma demonstração pública de que os cristãos não pertencem a si mesmos, mas a Cristo, que os comprou por um alto preço. As ordenanças geram em nós o sentimento de pertencimento e nos dão a certeza da comunhão que temos com Jesus, pois nos identificamos com Ele em Sua morte e ressurreição. 4. É correto afirmar que os elementos ou símbolos dos sacramentos possuem em si

mesmos algum tipo de poder? Justifique sua resposta. Não. Ao afirmar que os sacramentos são veículos de graça para aqueles que deles participam, não quer dizer que esses possuam em si mesmos algum poder sobrenatural, como se a graça fosse dispensada de maneira automática; pois, se assim fosse, estaríamos atribuindo aos sacramentos poder para perdoar pecados e salvar. As ordenanças possuem valor e transmitem a graça ao encorajar e fortalecer o cristão em sua fé, lembrando-lhes dos seus significados e da fidelidade de quem as instituiu.

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147

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.6 – Ordenanças da Igreja

Texto 2 – Batismo

5. Por que podemos considerar o batismo como um sacramento iniciatório? O batismo é o sacramento que acompanha a tarefa de fazer discípulos, o que justifica essa característica de iniciação. Todo aquele que crê em Jesus, reconhecendo Sua autoridade e senhorio deve ser batizado como demonstração pública da sua fé. 6. Existem algumas controvérsias envolvendo o significado da palavra batismo.

Explique as duas formas de compreensão do termo expostas no texto. Há duas palavras traduzidas por batismo no Novo Testamento, porém essas não possuem necessariamente o mesmo significado.

A palavra bapto significa mergulhar ou imergir.

A palavra baptizo pode significar imergir, porém ela é utilizada em alguns textos em seu sentido metafórico. Neste último caso, demonstra uma mudança de estado, uma transformação na identidade daquele ou daquilo que está sendo imerso em alguma substância.

7. Leia Gálatas 3.27; Marcos 16.16. Qual a relevância do significado metafórico da

palavra batismo na compreensão desses dois textos? O significado metafórico do termo leva-nos a compreender o que verdadeiramente é importante no ato do batismo: a identificação do crente com Cristo, gerando transformação pessoal e interior, ou seja, uma nova identidade em Jesus.

Em Gálatas 3.27, fica clara a relação do batismo com a identificação do cristão com Jesus. Ao se batizar, o crente recebe uma veste nova, pois ele se despe do velho homem e se reveste do novo homem em Cristo, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade (Ef 4.22-24).

Em Marcos 16.16, a compreensão metafórica do termo exclui uma compreensão errada de que as pessoas que não forem batizadas (imersas na água) não serão salvas. Nesse caso, a palavra batizado está fazendo referência à identificação que o indivíduo deve ter com Cristo para a salvação, não ao ato de ser imerso em água.

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148

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.6 – Ordenanças da Igreja

Texto 3 – Comentários bíblicos acerca da unção com óleo

8. A unção com azeite ou óleo era muito utilizada para efeitos medicinais (Lc 10.34).

Leia o texto de Tiago 5.14,15 e responda: O que diferencia a unção espiritual da unção medicinal?

A unção espiritual não funciona como um ato mecânico de um procedimento médico. Sua ministração é acompanhada por atos espirituais: oração e fé. A unção, acompanhada da oração da fé, não tem por objetivo unicamente curar o doente, mas também produzir salvação pelo poder do Espírito Santo, que é a cura espiritual. 9. A Bíblia ensina que a doença pode ser consequência do pecado (Mt 9.2). Neste

caso, qual deve ser o procedimento do cristão de acordo com Tiago 5.16? O apóstolo Tiago nos instrui a confessar nossos pecados e culpas uns aos outros e a orar uns pelos outros, para que haja cura através da confissão e da oração, pois a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. 10. Leia os textos de Mateus 9.1-8; Lucas 13.10-17; João 9.1-7. Escreva um comentário

sobre os diferentes posicionamentos bíblicos acerca das doenças. Como cristãos, não podemos incorrer no erro de achar que todos os doentes estão em pecado. A doença pode ser consequência do pecado (Mt 9.1-8), mas não o é sempre. Algumas doenças são consequências de opressão espiritual, que causam algum tipo de sofrimento físico (Lc 13.10-17). Já outras ocorrem única e exclusivamente para manifestar as obras do Senhor (Jo 9.1-7).

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EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.6 – Ordenanças da Igreja

Texto 4 – A Ceia do Senhor

11. A Ceia do Senhor e o batismo são ordenanças instituídas por Jesus para a

observação da Igreja. Em que aspectos a Ceia e o batismo se diferenciam? Enquanto o batismo é praticado uma única vez, caracterizando uma iniciação e identificação daqueles que estão aderindo à fé em Cristo; a Ceia do Senhor é praticada continuamente durante toda a caminhada cristã. 12. Além de ser contínua, a Ceia do Senhor assume um significado passado, presente e

futuro. Escreva sobre cada um deles.

Passado – a Ceia é realizada em memória a morte de Cristo pela humanidade. Recorda-se Sua expiação substitutiva, ou seja, Sua morte em lugar do pecador, a fim de reconciliá-lo com Deus; e a nova aliança de salvação que foi estabelecida com Seu povo, através do Seu sacrifício.

Presente – o significado presente da Ceia refere-se ao autoexame que cada cristão deve fazer de si mesmo, à luz da fé na morte de Cristo, e à comunhão que o cristão tem com Ele no momento em que este sacramento é realizado.

Futuro – diz respeito à espera e à expectativa da Igreja pela volta do Senhor. A Ceia simboliza o evento futuro das bodas do Cordeiro.

13. Explique as três teorias acerca da presença de Jesus na comunhão da Ceia.

A primeira teoria defende a ideia de que Cristo não se faz presente de maneira concreta nem espiritual. A Ceia é apenas um ato memorial, uma lembrança da morte de Cristo.

A segunda é a visão da Igreja Católica, na qual o pão e o vinho, no momento da Ceia, se transformam em corpo e sangue de Cristo verdadeiramente. Esse “milagre” foi chamado de transubstanciação.

A terceira teoria é a visão dos reformadores, segundo a qual Cristo está espiritualmente presente na celebração da Ceia espiritualmente. Calvino chamou isso de a presença real, para indicar que a presença espiritual de Cristo é tão real quanto a presença física.

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150

EXPECTATIVA DE RESPOSTA

Aula 1.6 – Ordenanças da Igreja

Texto 5 – Comentários bíblicos acerca da imposição de mãos

14. Nestas passagens do Antigo Testamento, qual a função da imposição de mãos?

TEXTO SIGNIFICADO

Gênesis 48.8-16 Conferir bênçãos espirituais.

Levítico 1.4 Apresentar o holocausto ao Senhor.

Números 27.18-23 Comissionar alguém e atribuir-lhe autoridade.

Deuteronômio 34.9 Dar sabedoria.

2 Reis 13.14-17 Capacitar alguém para realizar uma tarefa.

15. Diferencie o ato de impor as mãos relatado no texto de Atos 6.1-7 do encontrado

em Atos 13.1-3. Em Atos 6, os apóstolos impuseram suas mãos sobre sete discípulos - homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria (v.3) -, a fim de designá-los para um serviço específico. Já em Atos 13, a iniciativa de separar Paulo e Barnabé para a obra missionária é do próprio Espírito, logo, a imposição das mãos foi um ato de reconhecimento desse chamado por parte da igreja de Antioquia.

16. Em Éfeso, Paulo encontrou discípulos que não tinham recebido o Espírito Santo (At 19.1-7). Ao impor-lhes as mãos, o Espírito veio sobre eles e começaram a falar em línguas e a profetizar. De acordo com o texto, quais os significados desse ato de Paulo?

Através desse ato, Paulo demonstrou sua autoridade apostólica, confirmou a união da

Igreja em Éfeso com a Igreja que já existia em Jerusalém e, os sinais de falar em línguas

e profetizar, atestaram para os próprios efésios que eles verdadeiramente faziam

parte do Corpo de Cristo.