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Profª Débora Mallet Pezarim de Angelo PROFICIÊNCIA EM PORTUGUÊS Organizando as orações e os períodos de nossos textos

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Profª Débora Mallet Pezarim de Angelo

PROFICIÊNCIA EM PORTUGUÊS Organizando as orações e os períodos de nossos textos

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Sumário

Organizando as orações e os períodos de nossos textos .......................................... 3

Objetivo ................................................................................................................................... 3

A organização da oração ......................................................................................................... 3

A organização do período ....................................................................................................... 5

Síntese da Unidade ....................................................................................................... 11

Bibliografia .................................................................................................................... 12

Links Youtube ............................................................................................................... 12

Links ............................................................................................................................. 13

Organizando textos com coerência e coesão ......................................................... 14

Objetivo ................................................................................................................................. 14

Coerência ............................................................................................................................... 14

Coesão .................................................................................................................................. 20

Síntese ................................................................................................................................... 23

Bibliografia ........................................................................................................... 24

Links Youtube ............................................................................................................... 24

Links ............................................................................................................................. 25

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Organizando as orações e os períodos de nossos textos

Objetivo Vamos estudar dois assuntos principais: a organização de orações e períodos. Um dos pontos que gera textos confusos (seja por falta ou excesso de informações) é o modo como construímos nossas frases e como as relacionamos. Nesse sentido, um de nossos objetivos mais importantes é apresentar estratégias que você possa utilizar para escrever frases claras, objetivas e bem articuladas, permitindo atingir melhor os objetivos na comunicação escrita.

A organização da oração Qualquer texto que produzirmos com palavras, seja na fala ou na escrita, apresentará orações mais ou menos organizadas; elas são uma das bases da comunicação e podem ser definidas como enunciados de sentido completo, que giram em torno de um verbo.

Quando nossas orações estão bem organizadas, isso significa que o enunciado ficou completo. Se, por outro lado, estão mal organizadas, é porque ficou faltando alguma palavra ou expressão para que pudéssemos compreender a mensagem.

É importante ressaltar que essas duas orações usadas nos exemplos estão descontextualizadas, servindo apenas para ilustrar. Pode ser que, em uma situação real, alguém tenha perguntado antes “Alguém foi capaz de chegar até a linha de chegada?” e a resposta tenha sido “Ninguém foi capaz” ou mesmo “Ninguém”. Devemos ter em mente, no entanto, que, na escrita, não estamos diante de nosso leitor e, portanto, não há como corrigir enganos. Por isso, quando escrevemos, é essencial construir orações com sentido completo, para que não haja dúvidas sobre a mensagem. Não podemos e não devemos contar com a boa vontade do leitor para

Eu adoro meu carro! Temos aqui uma oração: há um verbo (adoro) e compreendemos o enunciado. Isso porque a oração indicou quem adora (eu) e o que é adorado (meu carro). Agora veja:

Ninguém foi capaz.

Nesse caso, temos o verbo (foi) e sabemos que ninguém foi capaz; mas fica a pergunta: capaz de quê? Do que ninguém foi capaz? Nesse caso, o enunciado está com sentido incompleto.

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entender o texto, pois ele não está na nossa cabeça e não é obrigado a saber o que está afirmado, mesmo que sejam informações já ditas em mensagens anteriores. O leitor pode, simplesmente, não se lembrar.

Em nossa língua, a forma mais comum de construir as orações é:

Sujeito + Verbo + Complementos

Observe:

Contrato de celular pré-pago desrespeita o consumidor.

A expressão “contrato de celular pré-pago” é o sujeito, o verbo é “desrespeita”, e o complemento é “o consumidor”. A maior parte das notícias de jornal é composta nesse formato, construindo orações completas, claras e objetivas. Quanto mais temos familiaridade com a escrita, mais podemos variar essa estrutura, dependendo do objetivo de nosso texto. No entanto, se temos dificuldade em expressar nossas ideias ou temos como objetivo a clareza da mensagem, essa é a forma mais direta de escrever.

É claro que cada pessoa escreve do seu jeito. Algumas produzem o texto de uma vez (se não for muito longo), outras vão escrevendo aos poucos; algumas pensam na estrutura do que estão escrevendo, outras não pensam nisso no ato da escrita. Seja como for, em algum momento é preciso pensar naquilo que escrevemos, fazendo uma revisão.

Pensando especificamente na questão das orações, uma boa estratégia para revisar nossa mensagem é observar se as orações estão completas; para tanto, observe se

Para escrever com clareza Se você deseja ser compreendido, suas frases deverão atender a um requisito fundamental: a clareza. É uma exigência para a qual não existe meio termo. Se a frase for clara, você dirá o que quis dizer; se for obscura, você provocará confusão. Enfim, toda vez que você se sentar para escrever, lembre-se: é importante escrever sentenças de breve extensão. Seja simples; utilize o ponto com frequência; corte palavras inúteis; não seja repetitivo; não use excessivamente partículas como “que”, “quando”, entre outras. Esses procedimentos ajudam você a aproximar seu texto do leitor.

CIPRO NETO, Pasquale, INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione: 1998, p. 343, adaptado.

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todas têm verbo, quem pratica a ação ou vive o processo indicado pelo verbo (sujeito), e se essa ação recai em alguém ou alguma coisa (complementos).

A maioria dos verbos apresenta sujeito, mas nem todos (os de fenômenos da natureza, como “choveu”, “amanhece”, etc. não apresentam). Da mesma forma, muitos verbos pedem complementos, mas nem todos. É preciso ter isso em mente para completar as orações de forma adequada.

Se você procurar construir suas orações dessa forma, terá mais chances de organizar textos compreensíveis para o leitor.

A organização do período

Quando escrevemos, é muito comum construirmos períodos compostos, em que duas ou mais orações aparecem associadas. Nesses casos, é ainda mais frequente a produção de textos confusos, seja pelo excesso de informações, seja por informações incompletas.

Veja:

Quando cheguei, o rapaz que costuma fazer as entregas ainda não havia trazido minhas encomendas.

Nesse exemplo, temos um período composto por três orações. Não há excesso de informações, e a mensagem está completa. As orações são:

Quando cheguei.

O rapaz ainda não havia trazido minhas encomendas.

O rapaz (substituído por “que”) costuma fazer as entregas.

Agora observe este caso:

Ele, que sempre diz o que pensa, que não se preocupa com o que os outros pensam.

Nesse outro exemplo, temos duas orações, mas deveríamos ter três. Observe: Ele + não há verbo + não há complemento. Não sabemos, portanto, o que ele fez. Sabemos que ele diz o que pensa e que não se preocupa com os outros pensam, mas ficou faltando a informação principal. O período poderia ser reescrito da seguinte forma.

Ele, que sempre diz o que pensa, sem se preocupar com a opinião dos outros, contou aos pais sobre sua viagem de dois anos.

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Frase, Oração e Período*

Frase

É o enunciado com sentido completo, capaz de fazer uma comunicação. Existem as

frases sem verbo, as chamadas frases nominais.

Exemplos:

-Atenção!

-Que frio!

As frases classificam-se em:

Declarativa: faz uma declaração. Exemplo: Gosto de roupas confortáveis.

Interrogativa: utiliza uma pergunta. Exemplo: Você vai telefonar para ele

hoje?

Exclamativa: expressa emoções. Exemplo: Vai começar tudo de novo!

Imperativa: dá uma ordem ou pedido. Exemplo: Diga tudo de uma vez.

Optativa: expressa um desejo. Exemplo: Tomara que você passe no exame!

Oração

É um tipo específico de frase, organizada em torno de um verbo ou locução verbal.

Exemplos: A fábrica produziu bem hoje.

Ele não vai reclamar da proposta.

Período

É um tipo de frase mais complexa. Pode se organizar com uma oração (período

simples) ou mais (período composto).

Exemplo de período simples: Eu disse a verdade.

Exemplo de período composto: Eu disse que ele viria.

* http://www.infoescola.com/portugues/frase-oracao-e-periodo/- Adaptado

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Para que nossos textos sejam claros, precisamos escrever períodos bem articulados. Como fazer isso? Vamos indicar alguns caminhos para que seu texto fique sintético e claro.

Una, em um mesmo período, duas orações. Una as orações, de forma coerente, conforme o exemplo.

Ela tentou sair mais cedo. Não conseguiu. Ela tentou sair mais cedo, mas não conseguiu.

Substitua orações inteiras por adjetivos.

Reescreva as frases, substituindo as orações destacadas pelos adjetivos ou expressões adjetivas correspondentes, conforme o exemplo.

Resposta que não se consegue compreender. Resposta incompreensível.

Ligue as orações com conjunções adequadas.

Ligue as orações com conjunções que estabeleçam uma ligação coerente entre as orações. Veja o exemplo.

Telefone-me........... houver algum problema. Telefone-me se houver algum problema

Evite orações e períodos ambíguos.

Muitas vezes, um trecho pode gerar mais de uma interpretação, o que é um “desastre” do ponto de vista textual. Observe:

Cuidado com o excesso de “que” Muitas vezes, escrevemos períodos demasiadamente longos e acabamos inserindo dentro deles uma série de orações introduzidas pela partícula “que”. Construímos, desse modo, períodos confusos e, em alguns casos, incompletos.

Veja um exemplo:

Vários cientistas dizem que a clonagem humana, que é um avanço científico inevitável, tem que ser explorada de maneira que a dignidade das pessoas seja respeitada.

Esse período ficaria mais claro da seguinte forma:

Segundo vários cientistas, a clonagem humana (um avanço científico inevitável) deve ser explorada sem que a dignidade das pessoas seja prejudicada.

http://www.mundovestibular.com.br/articles/107/2/Dissertacao---Dicas-Importantes/Paacutegina2.html -Adaptado

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Encontrei meus amigos passeando no parque. Nesse caso, não sabemos quem estava passeando: eu ou meus amigos?

Transforme períodos compostos em períodos simples.

Sempre que possível, reescreva as frases, transformando os períodos compostos em períodos simples. Observe os exemplos:

Acho que a reforma da casa é urgente. Acho urgente a reforma da casa.

O diretor acha que a compra desses livros é importante. O diretor acha importante a compra desses livros.

Escreva períodos curtos.

Use, sempre que possível, períodos simples (com apenas uma oração) ou períodos compostos com até três orações. Assim é mais provável conseguir clareza e objetividade. Veja:

Governo exonera mais três funcionários dos Transportes -Período simples. O governo federal, que já está envolvido em outros escândalos, enfrenta mais este: o Ministério dos Transportes está afundando na corrupção - Período composto por três orações.

Atenção à pontuação.

Com relação à pontuação, vamos destacar dois pontos principais:

Não devemos separar o sujeito do verbo e o verbo dos complementos por vírgulas. Se quisermos colocar alguma informação acessória (seja uma palavra, uma expressão ou uma oração inteira), ela deverá ficar isolada por vírgulas. Veja:

Ele, aquele seu primo, veio aqui te procurar. João, que não é bobo, chegou antes dos outros.

As pontuações que encerram os períodos simples e composto são: o ponto, a interrogação e a exclamação. Portanto, se seu parágrafo é longo e apresenta pouco essas pontuações, significa que seu período está muito longo, cheio de informações e com grande probabilidade de estar também confuso.

Revise o texto. Nesta unidade, apontamos várias estratégias para a produção de períodos claros e objetivos. Use-as para revisar seu texto e reelaborá-lo sempre que necessário (há um quadro com “Dicas para elaboração de períodos claros e objetivos” nesta unidade).

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Os períodos e as vírgulas¹ Vírgula – Período simples Quando se trata de separar termos de uma mesma oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:

1. Para isolar adjuntos adverbiais deslocados: Ex. A maioria dos alunos, durante as férias, viajam.

2. Para isolar os objetos pleonásticos: Ex. Os meus amigos, sempre os respeito.

3. Para isolar o aposto explicativo: Ex. Londrina, a terceira cidade do Sul do Brasil, é muito agradável.

4. Para isolar o vocativo: Ex. Alberto, traga minhas coisas pra cá!

5. Para separar elementos coordenados: Ex. As crianças, os pais, os professores e os diretores irão à festa.

6. Para indicar a elipse do verbo: Ex. Ela prefere filmes românticos; o namorado, de aventura. (o namorado prefere filmes de aventura)

7. Para separar, nas datas, o lugar: Ex. Londrina, 20 de novembro de 1996.

8. Para isolar conjunção coordenativa intercalada: Ex. Os candidatos, porém, não respeitaram a lei.

9. Para isolar as expressões explicativas isto é, a saber, melhor dizendo, quer dizer... Ex. Irei para Águas de Santa Brárbara, melhor dizendo, Bárbara.

Vírgula – Período composto

Período composto por coordenação:

1. As orações coordenadas devem sempre ser separadas por vírgula.

Ex. Todos gostam de seus projetos, no entanto não há verbas para viabilizá-

los.

Nota: as orações coordenadas aditivas iniciadas pela conjunção e só terão vírgula

quando os sujeitos forem diferentes ou quando o e aparecer repetido.

Ex. Ela irá no primeiro avião, e seus filhos, no próximo.

Ele gritava, e pulava, e gesticulava como um louco.

Período composto por subordinação:

1. Orações subordinadas substantivas: não se separam por vírgula.

Ex. É evidente que o culpado é o mordomo.

2. Orações subordinadas adjetivas: só a explicativa é separada por vírgula.

Ex. Londrina, que é a terceira cidade do Sul do Brasil, muito agradável.

3. Orações subordinadas adverbiais: sempre se separam por vírgula.

Ex. Assim que chegarem as encomendas, começaremos a trabalhar.

¹http://www.dsconcursos.com.br/index.php?view=article&catid=43%3Aportugues&id=242%3Apontuacao&forma

t=pdf&option=com_content&Itemid=88 -Adaptado

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Síntese Estudamos a organização de orações e períodos. Uma oração, como vimos, é um enunciado de sentido completo, que gira em torno de um verbo; já o período pode ser simples (composto por uma só oração) ou composto (por duas ou mais orações relacionadas).

É muito importante escrevermos nossas orações e períodos com clareza e objetividade, pois assim temos maior probabilidade de escrever textos compreensíveis para nossos leitores.

Para ter clareza e objetividade nas frases, devemos produzir orações e períodos curtos, dispensando informações desnecessárias. Além disso, devemos usar preferencialmente a estrutura sujeito + verbo + complemento. Essa é a construção mais clara de nossa língua.

Dicas para elaboração de períodos claros

e objetivos

Construa orações completas, com sujeito, verbo e complementos.

Corte palavras inúteis.

Não seja repetitivo.

Una, em um mesmo período, duas orações.

Não use excessivamente partículas como “que”.

Substitua orações inteiras por adjetivos.

Ligue as orações com conjunções adequadas.

Evite orações e períodos ambíguos.

Transforme períodos compostos em períodos simples.

Escreva períodos curtos.

Atenção à pontuação.

Utilize o ponto com frequência.

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Devemos levar em conta ainda outros aspectos:

Não devemos ser repetitivos: observe se não está escrevendo a mesma coisa mais de uma vez, com outras palavras.

Unir, em um mesmo período, duas orações: sempre que possível, devemos unir orações, o que, fatalmente, cortará algumas palavras e enxugará o texto.

Não usar excessivamente partículas como “que”: cada vez que escrevemos um “que”, estamos introduzindo uma nova oração no período, o que pode geram um parágrafo sobrecarregado de informações ou incompleto.

Desse modo, podemos garantir um texto mais claro e objetivo do ponto de vista da organização de nossas orações e períodos.

Organizando textos com coerência e coesão

Objetivo Trabalhar dois temas muito importantes na produção de textos: a coerência e a

coesão. De modo geral, podemos dizer que a coerência diz respeito à harmonia entre

as partes de um texto e sua adequação ao contexto em que foi produzido (se a

pessoa que produz faz aquilo que foi solicitado). A coesão, por sua vez, é o conjunto

de mecanismos que amarra as partes do texto, como um tecido costurado, para que

as ideias fiquem bem claras para o leitor. Nesse contexto, os objetivos centrais são

aprender a desenvolver narrativas e opiniões de forma coerente e conhecer alguns

mecanismos de coesão textual, para empregá-los nos textos que escrevemos.

Coerência É importante que os textos sejam coerentes. Mas como sabemos se o que

escrevemos tem coerência ou não? Para tentarmos responder a essa pergunta, leia o

texto a seguir.

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No texto que você acabou de ler, temos um problema de coerência, pois há uma mudança repentina de assunto. Como vimos, a história ficou incoerente a partir do momento em que a narradora muda radicalmente o assunto. Ela estava falando da viagem com o namorado, detalhando os preparativos e, de repente, do nada, começou a falar mal da mãe dele. O problema é: não há nenhuma relação clara no texto entre a viagem deles e a mãe do rapaz. Por isso afirmamos que o texto ficou incoerente. Para que possamos escrever uma história coerente, é preciso que os fatos que narramos estejam em uma sequência. Acontece uma coisa “a”, que tem como consequência uma coisa “b” e assim até o final da história. Vamos ler uma narrativa e observar sua sequência para entender melhor

“Aquela era a viagem de nossos sonhos...”

Nossa viagem estava programada há meses. O local, a data, os gastos, a

hospedagem, enfim, tudo o que era necessário para as férias de nossos sonhos.

Eu e meu namorado estamos muito felizes, curtindo a tranquilidade do campo,

o barulho dos passarinhos... A mãe dele é uma chata! Fica sempre “de olho

gordo” em tudo! Como é que eu aguento essa mulher, meu Deus! Sou uma

moça moderna! Só com muito amor mesmo!

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Vejamos outro texto.

“Um amigo nosso, comandante da VASP, conta-me a estranha mensagem recebida

por um piloto americano durante uma aterrissagem.

O avião da companhia norte-americana sobrevoava a Bahia, a caminho do Rio,

quando um defeito no motor obrigou o piloto a providenciar uma aterrissagem no

aeroporto mais próximo possível.

Na Bahia, justamente na pequena cidade de Barreiras, existe uma pista de

emergência (se é que se pode chamar aquilo de pista) para os aviões das linhas

internacionais. Raramente é usada, mas era a mais próxima da rota do avião. Assim,

o piloto não teve dúvidas. A situação dele estava muito mais pra urubu do que pra

colibri. 0 negócio era mesmo se mandar para Barreiras.

Pediu pouso durante certo tempo, dirigindo-se à Rádio local em inglês. A resposta

demorou um pouco, mas acabou vindo. Alguém, com forte sotaque nordestino,

falando um inglês arrevesado e misturado com palavras em português, respondia que

estava ouvindo e aconselhava o comandante a procurar outro local para

aterrissagem.

Há dias estava chovendo em Barreiras e a pista se achava em péssimo estado.

O piloto, sem outra alternativa, insistiu em pousar assim mesmo, e tornou a pedir

instruções, ouvindo-se lá a voz a dizer que estava bem, mas que não se

responsabilizava pelo que desse e viesse.

Acontece porém que isso foi dito com outras palavras, ainda num misto de português

e inglês. Assim:

—Ok. You land. But se der bode, I'il take my body out.”

Fonte: http://www.releituras.com/spontepreta_mensagem.asp

Os fatos principais da história são:

Um piloto norte-americano está com problemas no avião e precisa pousar.

Ele está sobre a cidade de Barreiras, na Bahia, onde há uma pista em péssimo

estado.

Ele pede pouso em inglês; alguém responde, em um inglês misturado ao

português, aconselhando o piloto a pousar em outro lugar, pois a pista está

péssima.

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O piloto insiste, pedindo instruções.

A pessoa responde, dizendo, novamente em um inglês misturado com

português, que não se responsabiliza pelo que ocorrer.

Veja que, porque o piloto fez o pedido de aterrissagem, o rapaz do aeroporto deu o

conselho; mas, como não havia opção, o piloto insistiu, o que gerou a permissão para

pouso, mesmo sem a conivência do funcionário do aeroporto de Barreiras. Assim, em

uma história, uma ação gera outra como sua consequência, até o final do texto.

Estrutura da narrativa²

Narrar é contar um fato, e, como todo fato ocorre em determinado tempo, em toda

narração há sempre um começo, um meio e um fim. São requisitos básicos para que

a narração esteja completa.

Sendo assim, começaremos por expor os elementos que formam a estrutura da

narrativa:

TEMPO: O intervalo de tempo em que o(s) fato(s) ocorre(m).

ESPAÇO: O espaço é imprescindível e deve ser esclarecido logo no início da narrativa,

pois assim o leitor poderá localizar a ação e imaginá-la com maior facilidade.

ENREDO: É o fato em si. Aquilo que ocorreu e que está sendo narrado. Deve ter um

começo, um meio e um fim.

PERSONAGENS: São os indivíduos que participaram do acontecimento e que estão

sendo citados pelo narrador.

NARRADOR: É quem conta o fato.

² Adaptado de: http://www.infoescola.com/redacao/narracao/

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Além das histórias, outro tipo de texto muito comum em nosso dia a dia são os

opinativos, aqueles em que expressamos nosso ponto de vista sobre algum assunto.

Aí também é preciso ter coerência!

Para que possamos escrever um texto de opinião com coerência, algumas estratégias

são necessárias:

Não fugir ao tema proposto: é fundamental tratar do assunto proposto. Se, por

exemplo, alguém nos pede para opinar sobre a questão do trânsito, não devemos sair

desse tema e fugir para discussões paralelas como “poluição” e “aumento na

quantidade de acidentes de carro”, mesmo sabendo que há relação entre esses

assuntos.

Apresentar uma opinião sobre o tema: quando nos é solicitado dar uma opinião, não

devemos, em um texto breve, apontar para várias direções, mas, sim, destacar

apenas um ponto de vista. Em nosso exemplo, se defendermos que o trânsito é o

maior problema das grandes cidades, essa é a opinião que devemos defender do

início ao fim do texto, mesmo sabendo que há outras formas de falar do assunto.

Dicas para produzir uma narração bem feita Para fazer uma boa narrativa, é necessário que na organização do texto

você faça alguns questionamentos: o que aconteceu? (enredo), quando

aconteceu? (tempo), onde aconteceu? (espaço), com quem aconteceu?

(personagens), como aconteceu? (trama, clímax, desenlace).

Após fazer essas perguntas e respondê-las, pode-se iniciar a redação da

narrativa, onde são incluídos todos esses itens mencionados acima. Para

uma redação escolar, o melhor é que se distribuam as informações dessa

forma:

Introdução: Com quem aconteceu? Quando aconteceu? Onde aconteceu?

Desenvolvimento: O que aconteceu? Como aconteceu? Por que

aconteceu?

Conclusão: Qual a consequência desse acontecimento?

http://www.infoescola.com/redacao/narracao/ -Adaptado

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Defender apenas essa opinião: defender uma opinião é dar argumentos, motivos

que nos levam a pensar da forma como pensamos, e não apresentar outros pontos

de vista sobre o assunto. Retomando nosso exemplo, podemos argumentar que o

trânsito é o maior problema de uma grande cidade uma vez que, em muitos dias, ele

simplesmente para, o que gera prejuízos a todos, de toda ordem.

Chegar a uma conclusão que reafirme nossa opinião: a conclusão é o momento em

que fechamos o raciocínio, reafirmando o que pensamos e, muitas vezes, propondo

alguma forma de intervenção no assunto. No caso do trânsito, podemos terminar

sugerindo que resolver esse problema é um dever de todos, indivíduos e instituições,

e que medidas diversas precisam ser tomadas, desde incentivos a empresas que

estimularem o trabalho em casa, horários alternados de trabalho, investimento

público e privado em transportes coletivos, etc.

Dicas para um bom texto de opinião

Segue abaixo uma síntese das sete dicas do grande escritor Stephen Kanitz para

argumentar bem:

1.Sempre escreva tendo uma nítida imagem da pessoa para quem está

escrevendo.

2. Querer se exibir nem fica bem. Resumindo, não caia nessa tentação, leitores

odeiam ser chamados de burros. Leitores querem sair da leitura mais inteligentes

do que antes, querem entender o que você quis dizer.

3. Releia e reescreva os seus artigos quantas vezes forem necessárias.

4. Você normalmente quer convencer alguém que tem uma convicção contrária à

sua. Se você quer mudar o mundo, terá que começar convencendo os

conservadores a mudar.

5. Cada ideia tem de ser repetida duas ou mais vezes. Na primeira vez você explica

de um jeito, na segunda você explica de outro. Informação é redundância. Você

tem que dar mais informação do que o estritamente necessário.

6. Se você quer convencer alguém de alguma coisa, o melhor é deixá-lo chegar à

conclusão sozinho, em vez de você impor a sua.

7. É preciso ser conciso, direto e achar soluções mais curtas. Escreva um texto de

quatro páginas, depois, reduza a duas e, mais adiante, a uma. Assim, você

aprende a tirar as “linguiças” e redundâncias.

http://www.kanitz.com.br/impublicaveis/como_escrever_um_artigo.asp Adaptado

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Agora que vimos como organizar histórias e opiniões de forma coerente, vamos falar um pouco sobre coesão. De forma bem simples, podemos dizer que um texto coeso é aquele que apresenta suas partes amarradas. É como se fosse uma roupa: para que as mangas fiquem juntas com o corpo de uma camisa, é preciso costurar uma parte com a outra.

Coesão Agora que vimos como organizar histórias e opiniões de forma coerente, vamos falar um pouco sobre coesão. De forma bem simples, podemos dizer que um texto coeso é aquele que apresenta suas partes amarradas. É como se fosse uma roupa: para que as mangas fiquem juntas com o corpo de uma camisa, é preciso costurar uma parte com a outra. Mas como isso acontece em um texto? Quem faz o papel da linha? A resposta é: palavras ou expressões! Podemos concluir, então, que, em um texto, normalmente há palavras ou expressões que estão ali para articular as frases e parágrafos. São elas que garantem a coesão do texto!

Curiosidade Origem da palavra texto

Textum é o particípio do verbo latino texere, que significa tecer. Tecer um

texto, portanto, exige o entrelaçamento de palavras e frases, a costura de

períodos e parágrafos. Nesse trabalho de tecelão, o redator aplica diversos

recursos e estratégias, criando um produto cujos aspectos formais, quando

bem articulados, adquirem por si mesmos um significado. Uma das maneiras

de se definir estilo é essa - a capacidade do produtor de textos de imprimir em

sua obra o talento individual e as marcas de sua arte e sua técnica.

http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/ingredientes-texto-suave-427353.shtml

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A coesão textual é feita de dois jeitos principais. Vamos ver primeiro a coesão que se faz por retomada ou antecipação de uma informação.

Leia o fragmento.

“Ao acordar, disse para a mulher:

—Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.

—Explique isso ao homem —ponderou a mulher.

—Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar —amanhã eu pago”

Quem é “ele”? O termo “ele” é dos elementos de coesão do texto, pois retoma uma informação já dita antes (ele é “o sujeito com a conta”).

O outro tipo comum de coesão é composto por palavras que ligam as partes do texto, mas não retomam nem antecipam informações. Nesse caso, não há retomada nem antecipação de nenhuma informação, mas esses termos servem para articular as partes do texto. Veja um exemplo.

Observe os termos ou expressões em destaque no fragmento. Eles possibilitam esse tipo de coesão.

O Parágrafo (Grego: Para = perto, ao lado / grafo = escrevo)

Você sabia que os textos em prosa (narrativos, descritivos ou dissertativos), são

formados, geralmente, por uma ou mais unidades menores chamadas de parágrafo?

Indica-se o parágrafo em um texto, seja ele impresso ou manuscrito, por um pequeno

recuo de sua primeira linha em relação à margem esquerda da folha. Inicia-se com

letra maiúscula e com o espaçamento em branco entre o anterior e o seguinte. Do

ponto de vista linguístico o parágrafo deve conter uma ideia central, as quais se

agregam outras, secundárias, ligadas entre si e relacionadas à ideia central.

http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/981073

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Coesão referencial

Alcançamos a coesão referencial utilizando expressões que retomam ou antecipam nossas

ideias, por meio de termos como ele, isso, esta, ou sinônimos (também chamada de coesão

lexical), como vemos no exemplo:

O presidente do Palmeiras, Silvano Eustáquio, afirmou que o time tem todas as condições

para ganhar o campeonato. Segundo o dirigente, com Miudinho na zaga, o gol palmeirense

será impenetrável. Na opinião do cartola, a torcida só terá motivos de alegria.

Coesão sequencial

Trata-se de estabelecer relações lógicas entre as ideias do texto. Para tanto, utilizamos os

chamados conectivos (principalmente preposições e conjunções). Alguns exemplos: por isso,

logo, portanto, desde que, para que, para que, assim, etc.

³ http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/coesao-textual.jhtm - Adaptado

Ao acordar, viu aos pés da cama o monte de uns trinta centímetros de altura.

A orelha crescera e se enrolara como cobra. Tentou se levantar. Difícil.

Precisava segurar as orelhas enroladas. Pesavam. Ficou na cama. E sentia a

orelha crescendo, com uma cosquinha. O sangue correndo para lá, os nervos,

músculos, a pele se formando, rápido. Às quatro da tarde, toda a cama tinha

sido tomada pela orelha. O escriturário sentia fome, sede. Às dez da noite, sua

barriga roncava. A orelha tinha caído para fora da cama. Dormiu.

Acordou no meio da noite com o barulhinho da orelha crescendo. Dormiu de

novo e quando acordou na manhã seguinte, o quarto se enchera com a

orelha. Ela estava em cima do guarda-roupa, embaixo da cama, na pia. E

forçava a porta. Ao meio-dia, a orelha derrubou a porta, saiu pelo corredor.

Duas horas mais tarde, encheu o corredor. Inundou a casa. Os hóspedes

fugiram para a rua. Chamaram a polícia, o corpo de bombeiros. A orelha saiu

para o quintal. Para a rua.

http://www.releituras.com/ilbrandao_orelha.asp

Lembre-se – Dois tipos principais de coesão³

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Síntese da Unidade

Nesta unidade, foram estudados dois assuntos principais: a coerência e a coesão textuais. Vimos que, para garantir a construção de um texto coerente, é preciso que mantenhamos o assunto que vem sendo tratado no texto, não fazendo mudanças bruscas.

Se estamos contanto uma história, cada fato que aparece deve ser a consequência de um fato anterior; se, em outros contextos, estamos elaborando um ponto de vista, é necessário definir nossa opinião e sustentá-la, apresentando motivos que nos levam a pensar daquela maneira. Devemos, ainda, chegar a uma conclusão coerente com o raciocínio que desenvolvemos ao longo do texto.

Com relação à coesão, compreendemos que é composta pelo conjunto de mecanismos (palavras ou expressões) que mantém vivas as ideias ou fatos que estão sendo desenvolvidos no texto. É importante perceber que esses recursos auxiliam o leitor a entender a mensagem, uma vez que relacionam as informações já ditas com as novas, que vão aparecendo ao longo da escrita.

Há dois tipos muito comuns de coesão: a primeira é a que se faz por meio de retomadas ou antecipações. Nesse caso, palavras como pronomes ou sinônimos retomam ou antecipam outros, mantendo viva a informação para o leitor. Já o segundo tipo de coesão se dá por meio de palavras ou expressões que não retomam ou antecipam nada, mas estabelecem a ponte entre as informações do texto. É o caso de conjunções como “portanto”, “assim”, “mas”, “pois”, entre muitas outras, e expressões como “naquele dia”, “de repente”, etc.

Para que possamos escrever textos com coerência e coesão, é necessário estar atento a essas informações. Tomando esses cuidados, temos muito mais chances de obter sucesso com nossas mensagens.

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Bibliografia ABREU, Antonio Suarez. Gramática mínima para o domínio da língua padrão. São Paulo: Ateliê Editorial, 2006.

CIPRO NETO, Pasquale, INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione: 1998.

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2006.

FIORIN, José Luis; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2007.

GARCIA, OthonMoacir. Comunicação em prosa moderna.Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.

TUFANO, Douglas. Estudos de redação. São Paulo: Moderna, 1996.

Links Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=FqC4W0WCVAA&feature=related

Aqui você encontra explicações didáticas sobre período simples e composto.

http://www.youtube.com/watch?v=0ie17PWK0lk&feature=relmfu – Aqui você encontra explicações de como evitar vícios de linguagem, como queísmo, intromissão, etc.

http://www.youtube.com/watch?v=YYezwvE_XfE&playnext=1&list=PL0DC2843497C353C9 – Aqui você encontra explicações didáticas sobre período simples e composto, mostrando exemplos práticos.

http://www.youtube.com/watch?v=7qY5ZZdT6hE&feature=related – Aqui você encontra explicações didáticas sobre frases e suas classificações (interrogativa, imperativa, etc.).

http://www.youtube.com/watch?v=EaSIaTP1bNw&feature=related – Aqui você encontra algumas explicações sobre o básico para a organização das orações e os termos acessórios.

http://www.youtube.com/watch?v=kJ6RXKgD-h4&feature=related – Aqui você encontra explicações didáticas sobre coerência e coesão textuais.

http://www.youtube.com/watch?v=ugmt14CDwYU&feature=related - Aqui você encontra explicações didáticas sobre coerência textual.

http://www.youtube.com/watch?v=wzGQh2PyNh0&feature=related - Aqui você encontra explicações didáticas sobre coesão textual.

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http://www.youtube.com/watch?v=wmDQamQb0xA - Aqui você encontra explicações didáticas detalhadas de como conseguir produzir textos coerentes e coesos.

http://www.youtube.com/watch?v=x5l_g2yC1TM – Aqui você encontra um vídeo de alunos do curso de Letras da Universidade Anhembi Morumbi, explicando um pouco mais sobre a coesão e a coerência textuais.

Links: http://www.profaugusto.com.br/index.php?option=content&task=view&id=118 Aqui você encontra atividades de coerência e coesão textual, em forma de testes, com gabarito.

http://www.portuguesconcurso.com/2009/10/exercicios-de-coesao-textual.html Aqui você encontra atividades de coesão textual, em forma de testes, com gabarito.

http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u13.jhtm - Aqui você encontra mais explicações e exemplos de como conseguir a coesão textual.

http://www.infoescola.com/redacao/coerencia-textual/exercicios/ - Aqui você encontra atividades de coerência e coesão textual, em forma de testes, com gabarito.

http://conhecimentopratico.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/16/artigo181085-1.asp - Aqui você encontra mais explicações sobre como organizamos um texto com coerência e coesão.

http://www.momentocerto.com.br/exercicios-de-portugues/tipos-de-frases/ - Aqui você encontra exercícios sobre frases.

http://www.colegiomisericordia.com.br/images/materialdeestudo/exerciciosegabaritos/9ANO/PORTUGU%C3%8AS.pdf - Aqui você encontra diversas atividades com períodos.

http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint1.php - Aqui você encontra muitas explicações didáticas sobre frase, oração e período.

http://exerciciosestruturais.blogspot.com/2010/12/eliminando-que-transformacao-de-periodo.html - Aqui você encontra atividades de transformação de período composto em simples.

http://www.alunosonline.com.br/portugues/o-periodo-composto-por-subordinacao-uso-virgula.html - Aqui você encontra explicações sobre o uso da vírgula no período composto.