prof. francisco kennedy s. f. de azevedo infectologista · glicopetídeos aminoglicosídeos...
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RESISTÊNCIA BACTERIANARESISTÊNCIA BACTERIANA
Prof. Francisco Kennedy S. F. de Azevedo
Infectologista
CASO CLÍNICO
� Paciente GEA, 48 anos, sexo masculino
� Previamente hígido, DM, insulinoterapia
� Há 5 dias disúria, polaciúria e dor lombar
� Há 2 dias febre e mal-estar.
� Admitido com sepse
� Nega viagens
� Ao Ex. físico:
� PA: 90x50 mmHg FC: 110 bpm FR: 27 IRM
� REG, acianótico, taquipnéia leve
� Corado, desidratado 1+/4+� Corado, desidratado 1+/4+
� Giordano +
Diagnóstico: Pielonefrite Aguda
DM descompensada
� Conduta:
� Internação
� Hidratação
� Ceftriaxona� Ceftriaxona
� Sintomáticos
“Melhora clínica no 4ª dia de internação”
Porém, níveis elevados de glicemia!
NO 9º DIA DE INTERNAÇÃO
�Tosse produtiva, febre alta
�Dispnéia e prostração
O QUE FOI FEITO?
� Otimizado o suporte clínico
� Colhido culturas!
� Iniciado cefepime + vancomicina
PACIENTE EVOLUIU COM INSUFICIÊNCIA
RESPIRATÓRIA”
� Necessário sedação + ventilação mecânica
� Cuidados de CTI
COLHIDO LBA
� Klebsiella pneumoniae
� Resistentes: a todos antimicrobianos
� Exceto: Imipenem e Meropenem
� “Possível produtora de ESBL”
� Diag: PNM Nosocomial tardia grave
SENTRY – ANTIMICROBIAL SURVEILLANCE PROGRAM
� Avaliou a frequência e resistência de bacilos gram negativos� Total de 12811 bactérias – 44,5% são bacilos gram negativos (5704)� Janeiro 2008 a dezembro de 2010.� 10 grandes centros na América Latina
Gales, AC, and et al. Antimicrobial resistance among Gram-negative bacilli isolated from Latin America: results from SENTRY Antimicrobial Surveillance Program (Latin America, 2008-2010).
Argentina Brasil Chile México
E. Coli ESBL 18,1% 12,8% 23,8% 48,4%
Klebsiella ESBL 60,4% 49,9% 59,2% 33,3%
não-Klebsiella não-suscetível ao meropenem
8,2% 11,1% 5,0% 0,8%
Pseudomonas
não-suscetível ao meropenem
53,8% 46,7% 33,3% 28,8%
VARIAÇÃO DA SUSCETIBILIDADE DO IMIPENEM ENTRE OS
ISOLADOS DE ACINETOBACTER BAUMANNII E PSEUDOMONAS
AERUGINOSA
Organismo e
Nação
Número de isolados (% resistência) e período de
tempo
1997-1999 2003-2005 2008-2010
Pseudomonas
aeruginosa
Argentina 296 (24,1) 209 (37,8) 233 (46,4)Argentina 296 (24,1) 209 (37,8) 233 (46,4)
Brasil 311 (34,1) 274 (42) 221 (42,1)
Chile 135 (9,6) 204 (25) 175 (34,9)
Acinetobacter
spp
Argentina 110 (6,4) 70 (58,6) 172 (84,9)
Brasil 214 (12,6) 184 (16,3) 199 (71,4)
Chile 72 (0,0) 97 (6,2) 78 (50)
A RESISTÊNCIA BACTERIANA
Tem aumentado nos últimos anos e representa um representa um
problema global
PRINCIPAIS MECANISMOS DE AÇÃO DOS
ANTIMICROBIANOS
Efeitos sobre a síntese da parede celular
Inibição da síntese proteica
Outros mecanismos
Beta-lactâmicos Macrolídeos Ansamicinas(metabolismo do ácido nucleico)
Glicopetídeos Aminoglicosídeos Quinolonas(metabolismo do ácido nucleico)
Lincosamidas Inibidores do ácidofólico
Tetraciclinas Polimixinas
Oxazolidinona
Estreptogramina
COMO AS BACTÉRIAS ADQUIREM
RESISTÊNCIA?
� Resistência Intrínseca
� Característica natural
� Delimita o espectro de atividade dos
antimicrobianos
RESISTÊNCIA INTRÍNSECA
Gênero ou Espécie Resistência aos antimicrobianos
Enterobactérias Clindamicina, glicopeptídeos, linezolida, macrolídeos, penicilina G
Citrobacter freundii e Enterobacter spp
Ampicilina, amoxa/clavulanato, cefalosporinas de 1ª e 2ª geração
Serratia marcescens Ampicilina, amoxa/clavulanato, cefalosporinas de 1ª e 2ª geração; cefalosporinas de 1ª e 2ª geração; colistina
Proteus mirabilis Polimixina, nitrofurantoína e tetraciclina
Providencia stuartii Ampicilina, amoxa/clavulanato, cefalosporinas de 1ª e 2ª geração; colistina; gentamicina, nitrofurantoína.
Salmonella spp Cefalosporinas de 1ª e 2ª geração; aminoglicosídeos
� Resistência Adquirida
� Mecanismos genéticos
� Mutação (cromossômica)
� Aquisição de plasmídeos
� Erros no processo de replicação
� Transferida a futuras gerações
TRANSFERÊNCIA DE DNA
� Conjugação
� Contato entre as células
� Transferência de genes através de plasmídeos
� Transdução
� Transferência dos genes de resistência
� Por um vírus (bacteriófago)
� Transposição
� De um plasmídeo a outro
� De um cromossomo a outro
� Por transposon
PRINCIPAIS MECANISMOS DE RESISTÊNCIA
� Produção de beta-lactamase
� Inativação enzimática
� Alteração da permeabilidade da membrana
(alteração na expressão dos canais de porina)
� Efluxo ativo de antibióticos
� Alteração do Sítio de Ligação do Antibiótico
AÇÃO DAS BETALACTAMASES
� Enzimas que catalizam
� Hidrólise de amidos, amidinas
� Separando a base do substrato
� “+ 260 tipos de beta-lactamases”
ORIGEM DA NOMENCLATURA
� TEM
� Paciente grega Temoriana
� TEM-1
� SHV
� Contém variável sulfidrila (Sulphydryl Variable)
CLASSIFICAÇÃO DAS BETALACTAMASES
� 1989 – classificação de Bush� Baseada em características funcionais
Características
Grupo 1 Não são inibidas pelo ácido clavulânico
EDTA: ácido etilenodiaminotetracético
Grupo 1 Não são inibidas pelo ácido clavulânico
Grupo 2 Geralmente inibidas pelo ácido clavulânico
Grupo 3 Metalo-beta-lactamases não inibidas pelo ácido clavulânico e inibidas pelo EDTA
Grupo 4 Não são inibidas pelo ácido clavulânico
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO AMBLER
� Classe A, C e D
� Serinas beta-lactamases
� Rompem o anel beta-lactâmico
� Mecanismo de hidrólise
� Classe B
� Utilizam íons zinco
� Romper o anel beta-lactâmico
ESQUEMA PROPOSTO POR BUSH, JACOBY E
MEDEIROS
Grupo Classe Molecular
Substrato Inibição pelo Ac. clavulânico
Enzimas representantes
1 C cefalosporinas Não Enzimas AmpC
2a A Penicilinas Sim Penicilinases de gram +
2b A Penicilinas e Sim TEM-1, TEM-2, 2b A Penicilinas e cefalosporinas
Sim TEM-1, TEM-2, SHV-1
2be A Penicilinas e cefalosporinas
Sim TEM-3 a TEM-26;Klebsiella oxytoca; SHV-2
2br A Penicilinas Sim/não TEM-30 a TEM-36
2c A PenicilinasCarbenicilina
Sim PSE-1, PSE-3, PSE-4
2d D PenicilinasCloxacilina
Sim/não OXA-1 a OXA-11, PSE-2
Grupo Classe Molecular
Substrato Inibição pelo Ac. clavulânico
Enzimas representantes
2e A Cefalosporinas Sim Cefalosporinasesinduzíveis de Proteus vulgaris
2f A Penicilinas, Cefalosporinas,Carbapenêmicos
Sim NMC-A de Enterobacter
cloacae, Sme-1 de Serratia
marcescens
BUSH K ET AL. A FUNCTIONAL CLASSIFICATION SCHEME FOR BETA-LACTAMASES AND ITS
CORRELATION WITH MOLECULAR STRUCTURE. ANTIMICROB AGENTS CHEMOTHER 1995:1211-1233.
marcescens
3 B Maioria dos betalactâmicos, incluindo carbapenêmicos
Não L1 de Stenotrophomonas
maltophilia, CcrAde Bacterioides
fragilis
4 Não determinada
Penicilinas Não Penicilinase de Burkholderia
cepacia
BETA-LACTAMASES AMPC
� Produzidas pelos gêneros:
� Citrobacter, Enterobacter
� Serratia, Morganella
� E isolados de Proteus vulgaris
� Codificadas pelo gene ampC
� “Hidrólise de cefalosporinas”
� Ceftazidima e ceftriaxona
ESBL
� Mais em pacientes hospitalizados
� K. pneumoniae, E. coli
� Providencia stuartii, Citrobacter freundii
� Serratia marcescens
� “hidrolia penicilinas, cefalosporinas e
monobactans”
� Mantém sensibilidade aos carbapenêmicos
CARBAPENEMASE - KPC
� 1° caso em 1996 – Carolina do Norte
� Klebsiella pneumoniae produtora de KPC
� 2001 – surto região de Nova York
� 2006 – 1° caso na Colômbia
� 2006/07 – Recife e Rio de Janeiro
� “Resistência a todos os betalactâmicos”
� Incluindo carbapenêmicos
COMO É CONFIRMADO?
�Com teste de hodge positivo
�Confirmado por PCR Confirmado por PCR
BACTÉRIAS PRODUTORAS DE
CARBAPENEMASE
1. Klebsiella pneumoniae
2. Escherichia coli
3. Serratia marcecens
4. Enterobacter aerogenes4. Enterobacter aerogenes
5. Enterobacter cloacae
6. Morganella morganii
7. Proteus mirabilis
8. Citrobacter amalonaticus
9. Salmonella Scharzengrund
RESISTÊNCIA AOS CARBAPENÊMICOS! O QUÊ PODE SER?
� K. pneumoniae
� Produção de ESBLs� Perda de proteína de membrana externa
(porinas)Ou Ou � K. pneumoniae
� Produção de KPCOu� K. pneumoniae
� Produção de metalobetalactamases
BGN NÃO-FERMENTADORES
� Alta resistência aos carbapenêmicos:
1. Metalo-betalactamases
2. Perda de porina
3. Bomba de efluxo3. Bomba de efluxo
� Ex: B. cepacia
� Intrinsicamente resistente aos betalactâmicos
� Exceto carbapenêmicos
� Perda de porina
� Inativação enzimática
� Bomba de efluxo
BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS
� Resistência do S. aureus à penicilina
� 1950
� Gene blaZ
� Resistência à oxacilina
� Alteração das PBPs
� “Sítio de ação dos beta-lactâmicos”
� Presença da PBP2 a e PBP2’
� Gene mecA
� ORSA ou MRSA
� BORSA
� Borderline oxacillin-resistant S. aureus
� Hiperprodução de beta-lactamases� Hiperprodução de beta-lactamases
� VISA
� VRSA
� Aquisição do gene vanA do E. faecalis pelo S.
aureus
VISA E VRSA
� Aumento da produção de monômeros de mureína
� Precursores do peptídeoglicano
� “parede celular espessa”
� Maior quantidade de resíduos livres de D-alanil-
D-alanina liberados para o meio extra-celular
� Elevada atividade autolítica
ENTEROCOCCUS SPP
� Resistência Intrínseca
� Cefalosporinas (PBP5)
� Beta-lactamases
� Resistência adquirida
� Aminoglicosídeos (enzima modificadora da droga)
� exceto se sinergismo com penicilina
VRE
� Genes vanA e vanB
� Produção de D-alanina-D-lactato
� Gene vanC
� Produção de D-alanina-D-Ser
� Diminuindo afinidade da vancomicina
� 1989 – 0,3%
� 1996 – primeiro caso no Brasil
� 25,9% - atualmente nas UTIs
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
� Manual de Microbiologia Clínica para o Controle
de Infecção em Serviços de Saúde. ANVISA
� Flávia Rossi. Resistência Bacteriana,
Interpretando o antibiograma. 2005
OBRIGADO!!!