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Prof. Daniel Sica da Cunha

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Prof. Daniel Sica da Cunha

Duas formas de manifestação processual do DIPr podem aparecer:

► Aplicação direta: quando a jurisdição nacional cuida do conhecimento originário da lide.originário da lide.

► Aplicação indireta: quando a jurisdição nacional cuida de dar efetividade à decisão estrangeira (de processo que tramitou perante outra jurisdição)

CRFB/88: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I -processar e julgar, originariamente: [...] i) a homologação de sentenças processar e julgar, originariamente: [...] i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluído pela EC nº 45/2004)

CRFB/88: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: [...] X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

Carta Rogatória

► Colaboração: juízo rogante [requerente] e rogado [requerido]

Carta rogatória ativa e passiva► Carta rogatória ativa e passiva

► Quanto ao conteúdo, a carta rogatória obedecerá às normas do Juízo rogante; quanto à execução, a carta rogatória obedecerá às normas do Juízo rogado.

► Autoridades Centrais: Exemplos:

i – Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI)

ii – Secretaria de Direitos Humanos (órgão da ii – Secretaria de Direitos Humanos (órgão da Presidência da República) para as Convenções de Haia sobre Sequestro Internacional de Menores (1980) e sobre Adoção Internacional (1993)

iii – Procuradoria-Geral da República para a Convenção de Nova Iorque sobre Prestação de Alimentos (1956)

Carta Rogatória Ativa (art. 202, CPC)

► a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato ► o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do ► o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado ► a menção do ato processual, que Ihe constitui o objeto► o encerramento com a assinatura do juiz (poderá ser eletrônica)

► à falta de convenção internacional, será remetida à autoridade judiciária estrangeira, por via diplomática, depois de traduzida para a língua do estrangeira, por via diplomática, depois de traduzida para a língua do país em que há de praticar-se o ato (artigo 210, do CPC)

Carta Rogatória Passiva (Resolução nº 09/2005, do STJ)

► Art. 2º É atribuição do Presidente homologar sentenças estrangeiras e ► Art. 2º É atribuição do Presidente homologar sentenças estrangeiras e conceder exequatur a cartas rogatórias, [...].

Carta Rogatória Passiva (Resolução nº 09/2005, do STJ)

► Art. 8º A parte interessada será [...], no prazo de 15 (quinze) dias, [...] intimada para impugnar a carta [...], no prazo de 15 (quinze) dias, [...] intimada para impugnar a carta rogatória. Parágrafo único. A medida solicitada por carta rogatória poderá ser realizada sem ouvir a parte interessada quando sua intimação prévia puder resultar na ineficácia da cooperação internacional.

► Art. 9º. § 2º Havendo impugnação às cartas rogatórias decisórias, o processo poderá, por determinação do Presidente, ser distribuído para processo poderá, por determinação do Presidente, ser distribuído para julgamento pela Corte Especial.

► Art. 10 O Ministério Público terá vista dos autos nas cartas rogatórias [...] pelo prazo de dez dias, podendo impugná-las.impugná-las.

► Art. 11 Das decisões do Presidente [...] nas cartas rogatórias cabe agravo regimental.

► Art. 13 A carta rogatória, depois de concedido o exequatur, será remetida para cumprimento pelo Juízo Federal concedido o exequatur, será remetida para cumprimento pelo Juízo Federal competente.

► Art. 13. §1º No cumprimento da carta rogatória pelo Juízo Federal competente cabem embargos relativos a quaisquer atos que lhe sejam referentes, opostos no prazo de 10 (dez) dias, por qualquer interessado ou pelo Ministério Público, julgando-os o ou pelo Ministério Público, julgando-os o Presidente. §2º Da decisão que julgar os embargos, cabe agravo regimental. §3º Quando cabível, o Presidente ou o Relator do Agravo Regimental poderá ordenar diretamente o atendimento à medida solicitada.

► Art. 14. Cumprida a carta rogatória, será devolvida ao Presidente do STJ, no prazo de 10 (dez) dias, e por este remetida, em igual prazo, por meio do Ministério da Justiça ou do Ministério remetida, em igual prazo, por meio do Ministério da Justiça ou do Ministério das Relações Exteriores, à autoridade judiciária de origem.

CARTA ROGATÓRIA - CITAÇÃO - AÇÃO DE COBRANÇA DE DÍVIDA DE JOGO CONTRAÍDA NO EXTERIOR - EXEQUATUR –POSSIBILIDADE. - Não ofende a soberania do Brasil ou a ordem pública conceder exequaturpara citar alguém a se defender contra cobrança de dívida de jogo contraída e cobrança de dívida de jogo contraída e exigida em Estado estrangeiro, onde tais pretensões são lícitas. (AgRg na CR 3.198/US, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, CORTE ESPECIAL, julgado em 30/06/2008, DJe11/09/2008)

AGRAVO REGIMENTAL. CARTA ROGATÓRIA. EXEQUATUR CONCEDIDO. IMPUGNAÇÃO REJEITADA. QUESTÕES DE MÉRITO. APRECIAÇÃO PELA JUSTIÇA ROGANTE. Observados os critérios objetivos e não atentando o pedido contra a ordem pública e a soberania nacional, concede-se o exequatur para inquirição de testemunha em o exequatur para inquirição de testemunha em processo criminal de competência da justiça estrangeira. Questões de mérito não comportam apreciação em sede de carta rogatória, ficando o exame a cargo da justiça rogante. Agravo regimental não provido. (AgRg na CR .733/IT, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/12/2005, DJ 10/04/2006, p. 106)

AGRAVO REGIMENTAL NA CARTA ROGATÓRIA. EXEQUATUR. PEDIDO TRANSMITIDO POR MINISTÉRIO PÚBLICO ESTRANGEIRO. LEGITIMIDADE. IDENTIFICAÇÃO DE USUÁRIO DE COMPUTADOR. INEXISTÊNCIA DE SIGILO DE DADOS. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.I - Não ofende a ordem jurídica nacional a concessão de exequatur às cartas rogatórias originadas de autoridade estrangeira competente de acordo com a legislação local, mesmo que não integrada ao Judiciário, se transmitidas via estrangeira competente de acordo com a legislação local, mesmo que não integrada ao Judiciário, se transmitidas via diplomática ou pelas autoridades centrais e em respeito aos tratados de cooperação jurídica internacionais. (Precedente do STF) II - A simples identificação de usuário do computador através do qual foi praticado crime não afronta o sigilo constitucional de dados (art. 5º, inc. XII, da CF). (Precedentes) Agravo regimental desprovido.(AgRg na CR5.694/EX, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 17/04/2013, DJe 02/05/2013)

Auxílio Direto

► Resolução nº 09/2005, do STJ: Art. 7º [...] Parágrafo único. Os pedidos de cooperação jurídica internacional que tiverem por objeto atos que não cooperação jurídica internacional que tiverem por objeto atos que não ensejem juízo de delibação pelo STJ, ainda que denominados como carta rogatória, serão encaminhados ou devolvidos ao Ministério da Justiça para as providências necessárias ao cumprimento por auxílio direto.

Homologação de sentença estrangeira

A sentença estrangeira não terá eficácia no Brasil sem a prévia homologação.eficácia no Brasil sem a prévia homologação.

Serão homologados os provimentos não-judiciais que, pela lei brasileira, teriam natureza de sentença.

“HOMOLOGAÇÃO. DIVÓRCIO. JAPÃO. Trata-se da homologação de “sentença de divórcio em comum acordo” proferida na cidade de Okazaki, província de Aichi, Japão. A Corte Especial, por maioria, entendeu que é possível homologar pedido de divórcio consensual realizado no Japão e dirigido à autoridade administrativa Japão e dirigido à autoridade administrativa competente para tal mister. No caso, não há sentença, mas certidão de deferimento de registro de divórcio, passível de homologação deste Superior Tribunal. Precedente citado: AgRg na SE 456-EX, DJ 5/2/2007.” (Superior Tribunal de Justiça. SEC 4403-EX, Corte Especial, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgamento em 01/8/2011)

Juízo de delibação (ou juízo delibatório)

► Requisitos formais: I - haver sido proferida por autoridade competente; II -terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia; III - ter legalmente verificado a revelia; III - ter transitado em julgado; IV - estar autenticada pelo cônsul brasileiro; V - estar acompanhada de tradução por tradutor oficial/juramentado no Brasil.

► Exame da ordem pública (artigo 17, da LINDB)

“Sentença estrangeira. [...] O sistema de controle limitado que é instituído pelo direito brasileiro em tema de homologação de sentença estrangeira não permite que o Supremo Tribunal Federal, atuando como tribunal do foro, no que se refere ao ato sentencial formado no exterior, ao exame da matéria ou a apreciação de questões pertinentes ao meritum ou a apreciação de questões pertinentes ao meritum causae, ressalvada, tão-somente, para efeito do juízo de delibação que lhe compete, a análise dos aspectos concernentes à soberania nacional, à ordem pública e aos bons costumes. Não se discute, no processo de homologação, a relação de direito material subjacente à sentença estrangeira homologanda. [...] Precedentes”. (Supremo Tribunal Federal. SEC nº 4738, Tribunal Pleno, Relator Ministro Celso de Mello, DJ 07/04/1995)

“HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. INVENTÁRIO E PARTILHA. RENÚNCIA DE HERDEIRA. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA AUTORIDADE JUDICIAL BRASILEIRA. PRECEDENTE. 1. A jurisprudência desta Corte e do STF autoriza a homologação de sentença estrangeira que, decretando o divórcio, convalida estrangeira que, decretando o divórcio, convalida acordo celebrado pelos ex-cônjuges quanto à partilha de bens situados no Brasil, assim como na hipótese em que a decisão alienígena cumpre a vontade última manifestada pelo de cujus e transmite bens também localizados no território nacional à pessoa indicada no testamento. [...]” (Superior Tribunal de Justiça. SEC nº 3532/EX, Corte Especial, Relator Ministro Castro Meira, DJe 01/08/2011).

“SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. CITAÇÃO EDITALÍCIA E POSTAL.HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. 1. Em obséquio dos princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, a citação das pessoas domiciliadas no Brasil para responder a processo em trâmite no exterior deve se dar por meio do em trâmite no exterior deve se dar por meio do procedimento judicialiforme da carta rogatória, sendo imprestável, para tanto, a comunicação realizada por meio de edital ou de serviço postal. 2. Pedido de homologação de sentença estrangeira indeferido.” (Superior Tribunal de Justiça. SEC nº 477/US, Corte Especial, Relator Ministro Hamilton Carvalhido, julgado em 12/11/2009, DJe 26/11/2009)

“SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO. HOMOLOGAÇÃO. DEFERIMENTO. O trânsito em julgado da sentença homologanda pode ser verificado por meio do carimbo com a inscrição filed, ali constante e devidamente traduzido, a comprovar que ela se encontra arquivada no Tribunal competente. 2. arquivada no Tribunal competente. 2. Comprovada a tentativa de localização do requerido, foi efetuada a sua citação por edital. Além disso, não havendo bens a partilhar, nem filhos em comum, cabível o deferimento do pedido. 3. Homologação concedida.” (Superior Tribunal de Justiça. SEC nº 5.104/EX, Corte Especial, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJe 03/06/2011)

Atenção:

► Lei 9.307/96 (arts. 37 a 39) e Convenção de Nova Iorque sobre Reconhecimento e Execução de Sentença Arbitral Estrangeira (1958) (Decreto nº 4.311/2002)(1958) (Decreto nº 4.311/2002)

Atenção:

► As decisões estrangeiras podem ser homologadas parcialmente.

► Admite-se tutela de urgência nos ► Admite-se tutela de urgência nos procedimentos de homologação de sentenças estrangeiras.

Procedimento (Resolução nº 09/2005, do STJ)

► Art. 8º A parte interessada será citadapara, no prazo de 15 (quinze) dias, contestar o pedido de homologação de contestar o pedido de homologação de sentença estrangeira [...].

► Art. 9º Na homologação de sentença estrangeira e na carta rogatória, a defesa somente poderá versar sobre autenticidade dos documentos, inteligência da decisão e observância dos requisitos [...]

Procedimento (Resolução nº 09/2005, do STJ)

► Art. 9º. § 1º Havendo contestação à homologação de sentença estrangeira, o processo será distribuído para julgamento processo será distribuído para julgamento pela Corte Especial, [...].

► Art. 10 O Ministério Público terá vista dos autos nas [...] homologações de sentenças estrangeiras, pelo prazo de dez dias, podendo impugná-las..

Procedimento (Resolução nº 09/2005, do STJ)

► Art. 11 Das decisões do Presidente na homologação de sentença estrangeira [...] cabe agravo regimental.cabe agravo regimental.

► Art. 12 A sentença estrangeira homologada será executada por carta de sentença, no Juízo Federal competente.