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Profa. Simone Abdalah

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Profa. Simone Abdalah

CRONOGRAMA

Quem é o Servidor Público, seu papel e responsabilidades;Conceitos de Ética Geral; Importância da conduta Ética na Gestão dos Negócios Públicos; Perfil do Gestor na verificação e aplicação de Recursos Públicos; Cuidados no exercício das Atividades do Estado e do Governo; Execução dos trabalhos no processo de relacionamento com as atividades privadas; Atitudes e Postura Ética.

SERVIDOR PÚBLICO

Servidor Público São agentes do poder público que exercer funçõesadministrativas que cabem ao Estado e que ocupamcargos ou funções na Administração Pública.

São todas as pessoas que prestam serviço àsrepartições estatais centralizadas ou descentralizadas,mediante retribuição pecuniária (dinheiro) e sujeitos àsnormas estatutárias respectivas.

Funcionário Público x Funcionário Autárquico x Empregado Paraestatal

Funcionários públicos - são somente aqueles servidoresque exercem cargo ou função pública, criados por lei,nas repartições centralizadas da administração. Elepertence ao quadro do serviço centralizados dasentidades estatais – União, Estado –Membro,Município.

Funcionário Público x Funcionário Autárquico x Empregado Paraestatal

Funcionários autárquico - integra o serviçodescentralizados das entidades públicas. Pertence a umaentidade que tem fiscalização e tutelada pelo Estado, compatrimônio formado com recursos próprios, cujafinalidade é executar serviços que interessam acoletividade ou de natureza estatal.Ex no Brasil, Caixa Econômica, os institutos deprevidência e outros.

Funcionário Público x Funcionário Autárquico x Empregado Paraestatal

Funcionário Paraestatal – compõe o quadro de pessoaldas entidades privadas que realizam funções deinteresse público.

EX: Banco do Brasil, Banrisul – concurso, e regido pelaCLT.

O Supremo Tribunal Federal – conceitua o FuncionárioPúblico, ao decidir que:

Só se deve considerar, precisamente, FuncionárioPúblico, aquele que pertence ao quadro geral daadministração pública, que se submete aos preceitoslegais das normas e regulamentos, sujeito a processoespecial nos crimes funcionais, e, assim, conforme ahipótese, adstrito às vantagens expressas naConstituição e obrigado aos ônus desta decorrentes.

Poderá haver diversidade nas categorias defuncionários, mas para que sejam considerados comotais, deverão guardar pelo menos estas características:

Pertencer ao quadro de entidades públicas,centralizadas; Perceber retribuições dos cofres públicos esubordinar-se às normas estatutárias da AdministraçãoPública a que servem.

Significado - Origem

Vem da palavra grega ethos e significa modo de ser ou caráter;

A ética se caracteriza como a ciência que investiga a moral.

A ética está associada a valores morais que orientam ocomportamento humano em sociedade. Enquanto a moral são oscostumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cadasociedade;

ÉTICA

ÉTICA X MORAL A palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” =“relativo aos costumes”.

A moral se traduz em normas aceitas pelos indivíduosindividualmente, convicção pessoal de cada ser, sendoreconhecidas como obrigatórias por refletirem os princípios,valores e interesses dominantes na sociedade na qual estãoinseridos.

As normas morais dizem como devem agir os membros de umadeterminada sociedade.

Moral é conjunto de valores e de regras de comportamento, umcódigo de conduta, que deve ser obedecido pelo coletivo, quer sejamuma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou umaorganização.

O problema de como agir de maneira a que a sua conduta seja boa,ou seja, moralmente valiosa pertence à moral.

A ética, diferentemente, preocupa-se com problemas gerais decaráter teórico, como definir a essência da moral, sua origem, ascondições objetivas e subjetivas do ato moral e as fontes de avaliaçãomoral.

A ética e moral caminham juntos, independente dadireção, espaço e grupo.Para o exercício da atividade profissional é importanteinstigar no trabalhador, juízo crítico de seus atos paraque o mesmo possa resistir à prática profissionalnegativa comum na sociedade atual.

ÉTICA X MERCADO DE TRABALHOO trabalho é fundamental na vida das pessoas, pois através dele oindivíduo estabelece relações e interage com a sociedade e adquiristatus profissional e social.

O trabalhador precisa receber incentivo moral e salarial, necessitadesempenhar sua atividade com esmero estabelecendo umrelacionamento de confiança com toda a equipe.

O profissional torna-se agente de si mesmo, quando investe em seuaperfeiçoamento, traçando metas e procurando atingir os objetivosdentro dos anseios da coletividade, pois sozinho ele não prospera.

Segundo Matos, “Ser ético, hoje, não é mais uma opção. Parapessoas e organizações, é questão de sobrevivência”.

Hoje não se pode avaliar uma empresa com os padrões tangíveisde ontem, pois referenciais intangíveis, como marca, imagem,prestígio e confiabilidade, decidem a preferência e garantem acontinuidade.

ÉTICA E SOCIEDADEDesde o nascimento nos é ensinado o que é certo e errado e a partirdaí reproduzimos valores impostos pela sociedade.

Somos condicionados a agir conforme regras impostas pelasociedade, sendo recompensados quando seguimos as regras e punidosquando as infringimos.

O ser humano vive o coletivo em todas as suas ações, associado aosseus costumes e as suas manifestações culturais. A família, o trabalho, aescola, as artes, a religião etc. norteiam nossos atos morais edeterminam o cumprimento do dever.

A Ética deve ser incorporada pelos indivíduos, tendocomo princípio uma atitude diante da vida socialcotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos damoral que vigoram em nossa sociedade.Porém, a ética, tanto quanto a moral, não é umconjunto de verdades fixas e imutáveis, mesmo porque,a ética sempre se movimentou dentro de um contextohistórico.

ÉTICA E GESTÃO PÚBLICA

A Palavra da Lei

Toda lei diz o que deve dizer, toda a norma tem seus objetivos.Tanto uma quanto a outra tem suas causas e seus limites. Sairdestes limites pelo abuso, pelo desvio ou pelo excesso, mesmoque não possamos discutir a perfeição do ato e nem de suaeficácia, a questão que se propõe é de ética na execução.

Os valores éticos e as situações morais pesam nas relaçõeshumanas como também pesam nas relações jurídicas.

Direito e Moral

Os vínculos entre direito e moral nunca desaparecem, estãoligados á ordem jurídica e social, na sequencia dos fatos ,vínculos que se assemelham por motivos políticos e legais. Oque importa é saber que as leis não distinguem pessoas nasua aplicação e que os atos administrativos, via de regra,criam direitos e obrigações, estabelecem premissas damotivação à finalidade.

Fraud à LeiNos atos administrativos, como nos demais atos jurídicos,considerando a competência capaz e o objetivo lícito, a fraudeà lei quando resulta de um desvio de poder ou excessoultrapassa limites formais e apanha o autor executor ematividade subjetiva não moral adotando critérios escusos noprocesso de encaminhamento à finalidade visada.Toda a fraud tem sua medida jurídica e sobretudo social. Nãopode existir desvios, não desvirtua a intenção legal e nemcompromete o interesse público.

Má FéHá coisas contra a razão jurídica e coisas contra a razão moral. Há fatos narelação administrativa, de fundo paradoxais, mas possíveis de conhecimento e deinterpretação.

Reafirma-se: o desvio de poder é um deles, o excesso de poder outro deles.As condições legais nascem do que as leis objetivam. Ex: as contas públicas, asreceitas orçamentárias e das aplicações financeiras, dos abusos, dos desvio oudos excessos contra a ordem jurídica constitucional.Tudo isso é amoralidade administrativa, não moralidade.

Os deveres dos agentes estão descritos nos textos constitucionais e no Estatuto dos Servidores Públicos. A doutrina anota os seguintes deveres:

Dever de lealdade Dever de obediência Dever de conduta ética (de honestidade, moralidade, zelo, eficiência e eficácia).

Deveres e Responsabilidades dos Agentes Públicos

Espécies de Responsabilidade dos Agentes Públicos

Toda a pessoa que ao assumir a função ou cargo deAgente Público, estará sujeita a grande parte dasresponsabilidades por atos irregulares praticantesdentro do serviço público, ou órgão atuante.

Os Agentes Públicos podem ser responsabilizados emquatro órbitas distintas:AdministrativaCivil Criminal

Espécies de Responsabilidade dos Agentes Públicos

Da Responsabilidade Administrativa – esta modalidadetem caráter interno e se restringe o âmbito da própriaadministração, em decorrência do exercício dodenominado poder hierárquico. Os deveres dosservidores públicos estão descritos em estatutosespecíficos e seu descumprimento implicará sançõesdisciplinares, que começam com simples advertênciasatingindo o limite da demissão do serviço público oucassação de aposentadoria.

EX: No estatuto dos Servidores Públicos - Art. 177 - Sãodeveres:

:I - ser assíduo e pontual ao serviço;

II - tratar com urbanidade as partes, atendendo-as sempreferências pessoais

III - desempenhar com zelo e presteza os encargos que lhe foremincumbidos, dentro de suas atribuições;

IV - ser leal às instituições a que servir;

V - observar as normas legais e regulamentares;

VI - cumprir as ordens superiores, exceto quandomanifestamente ilegais;

VIII – atender com presteza:

a) o público em geral, prestando as informações requeridas queestiverem a seu alcance, ressalvadas as protegidas por sigilo;

b) à expedição de certidões requeridas, para defesa de direito ouesclarecimento de situações de interesse pessoal;

c) às requisições para defesa da Fazenda Pública;

IX - representar ou levar ao conhecimento da autoridade superior asirregularidades de que tiver conhecimento, no órgão em que servir,em razão das atribuições do seu cargo;

X - zelar pela economia do material que lhe for confiado e pelaconservação do patrimônio público;

XI - observar as normas de segurança e medicina do trabalhoestabelecidas, bem como o uso obrigatório dos equipamentos deproteção individual (EPI) que lhe forem confiados;

XII - providenciar para que esteja sempre em dia no seuassentamento individual, seu endereço residencial e sua declaraçãode família;

XIII - manter espírito de cooperação com os colegas de trabalho;XIV - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

Espécies de Responsabilidade dos Agentes Públicos

Da Responsabilidade Civil – consiste na obrigação dereparar dado, mediante substituição, por dinheiro, dobem da vida atingindo pela ação, comissiva ou omissiva,direta ou indireta, de quem possui o dever de prestar aobrigação, podendo a lesão sofrida pelo lesado se denatureza patrimonial ou moral.

Espécies de Responsabilidade dos Agentes Públicos

Da Responsabilidade Criminal – é a que resulta docometimento de crimes funcionais, definidos em leifederal. O agente pode praticar atos tipificados em leicomo ilícitos criminais, os quais apenas se tornampossíveis pela própria qualidade do sujeito ativo,configurando os chamados “crimes próprios”, aindaque se admita a participação de pessoas estranhas aoserviço público.

Ex: o servidor público pode ser responsabilizadoadministrativamente(responder processo administrativo,sindicância... podendo ser advertido ou até demitido) e,penalmente (responder processo crime podendo ser até preso) ecivilmente (quando vai ter um processo cível e o dano causado vaiser indenizado, o servidor vai pagar em $ pelo que fez de errado).

O agente que praticar um ato ilícito que gerar um prejuízo aoerário(dinheiro do governo) poderá vir a responder por três esferasdistintas: responsabilidade penal, Civil e Administrativa:

Na lei 8112/90 no artigo 117 apresenta o hall de proibições aoservidor público e o servidor responde administrativamente pelosilícitos administrativos com ação ou omissão que contrarie a Lei.

I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem préviaautorização do chefe imediato;

II – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,qualquer documento ou objeto da repartição;

III – recusar fé a documentos públicos;

IV – opor resistência injustificada ao andamento de documento eprocesso ou execução de serviço;

V – promover manifestação de apreço ou desapreço no recintoda repartição;

VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casosprevistos em lei, o desempenho de atribuição que seja de suaresponsabilidade ou de seu subordinado;

VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se àassociação profissional ou sindical, ou a partido político;

VIII – manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função deconfiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo graucivil;

IX – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem,em detrimento da dignidade da função pública;

X – participar de gerência ou administração de sociedadeprivada, personificada ou não personificada, salvo a participaçãonos conselhos de administração e fiscal de empresas ouentidades em que a União detenha, direta ou indiretamente,participação no capital social ou em sociedade cooperativaconstituída para prestar serviços a seus membros, e exercer ocomércio, exceto na qualidade de acionista, cotista oucomanditário;

XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartiçõespúblicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ouassistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge oucompanheiro.

XII – receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquerespécie, em razão de suas atribuições;

XIII – aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;

XIV – praticar usura sob qualquer de suas formas;

XV – proceder de forma desidiosa;

XVI – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição emserviços ou atividades particulares;

XVII – cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo queocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;

XVIII – exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com oexercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;

XIX – recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quandosolicitado.”

Os servidores público também sofrem penalidades disciplinares e estão elencadasno artigo 127, sendo diferenciadas pela gravidade atribuída a cada ato levando emconsideração as atenuantes e as agravantes além do antecedente funcional.São elas:

Advertência- como transcreve o artigo 129 da referida Lei, estáserá aplicada por escrito, nos casos de violação dos incisos I a VIIIe XIX do artigo 117 e na inobservância de algum dever funcionalestipulado na lei, regulamentação ou norma interna que não sejaconsiderado penalidade mais grave.

A suspensão ocorre no caso de reincidência, em faltas já punidascom advertência, não podendo exceder o prazo de 90 dias. Aspenalidades de advertência terá seu registro cancelado após 3anos e o de suspensão após 5 anos.

A penalidade de demissão será aplicada nos casos elencados noartigo 132 da Lei 8112/90. Será aplicada pelo Presidente daRepública, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dostribunais Federais e pelo Procurador Geral da República.

A Demissão será aplicada nos seguintes casos:

I – crime contra a administração pública;

II – abandono de cargo;

III – inassiduidade habitual;

IV – improbidade administrativa;

V – incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;

VI – insubordinação grave em serviço;

VII – ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;

VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos;

IX – revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo;X – lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;

XI – corrupção;

XII – acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;

XIII – transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117”

Conduta Ética na Gestão PúblicaPrincípios

São todas diretrizes, preposições de um sistema. Assim comoexemplo as normas que compõe o direito administrativo, normasque devem ser estruturadas, interpretadas e compreendidas.

Os princípios Gerais da administração são regidos pelaconstituição e os administrativos que veremos adiante são osdesdobramentos de cada órgão.

“ Quebrar um princípio é mais grave que transgredir uma lei, namedida em que o princípio traz consigo todo o conjunto deproposições diretivas de um sistema. “

Dentre os Princípios Gerais, que fazem parte do sistema daAdministração Pública, veremos cada um e suaspeculiaridades.

1. Princípio da Legalidade – significa que todo o administradorpúblico, na execução de sua atividade, esta sujeito a manter-sedentro dos processos legais. Na administração pública não háliberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o que a leiautoriza – legalidade restrita. A Administração Pública é,portanto, serva da lei.

2. Princípio da impessoalidade – nos atos do exercício público aadministração não pode prejudicar e nem beneficiardeterminadas pessoas, uma vez que é o interesse público oelemento norteador da Administração Pública.

3. Princípio da moralidade ou princípio da probidade administrativa(procedimento honesto dos funcionários que integram ou realizam a gestão derepartições públicas) – Todo o ser humano, como agenteadministrativo, dotado de capacidade para atuar, deve saberdistinguir o bem do mal, o honesto do desonesto e não poderádesprezar o elemento ético de sua conduta.

Maria Sylvia Zanella, 2005, diz que sempre que se verificar que ocomportamento da Administração ou mesmo do administrado quecom ela mantenha relações jurídicas, embora de acordo com a lei,ofenda a moral, os costumes, as regras da boa administração, ajustiça, a idéia de honestidade, estaremos perante uma ofensa aoprincípio da moralidade.

4. Princípio da publicidade – é a divulgação oficial do ato paraconhecimento público e início de seus efeitos externos.Não necessariamente a divulgação deva ocorrer através de umDiário Oficial ou publicação na imprensa. Como exemplo temos acarta convite, cuja publicidade importa a afixação do instrumentoconvocatório no mural do órgão licitante.

A publicidade é requisito de eficácia de qualquer atoadministrativo, assegurando seus efeitos externos de modo apropiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretose pelo povo em geral. A publicidade abrange toda a atuaçãoestatal, propiciando o conhecimento dos atos já concluídos, comotambém daqueles em formação. Publicidade implicatransparência.

5. Princípio da eficiência – através da Emenda Constitucional19/98, denominada Reforma Administrativa, tornou expresso maisum princípio a ser observado pela Administração Pública: oprincípio da eficiência.“ (...) incorporar a dimensão de eficiência na administraçãopública

“ (...) incorporar a dimensão de eficiência na administração pública:o aparelho de estado deverá se revelar apto a gerar maisbenefícios, na forma de prestação de serviço à sociedade, comrecursos disponíveis, em respeito ao cidadão contribuinte eenfatizar a qualidade e desempenho nos serviços públicos: aassimilação, pelo serviço público, da centralidade do cidadão eda importância da contínua superação de metasdesempenhadas, conjugada com a retirada de controles eobstruções legais desnecessárias , repercutirá na melhoria dosserviços públicos.

No nosso entender a eficiência resume-se na obrigatoriedade deque as atividades administrativas sejam pautadas pela organização,celeridade e qualidade, com vistas à melhoria dos serviços públicos.

Princípios Administrativos

Além dos Princípios Gerais constitucionais aplicáveis àAdministração Pública, temos ainda os princípios típicos do direitoadministrativo (os desdobramentos de cada órgão)

1. Princípio da continuidade do serviço público – tendo em vistaque o estado desempenha funções essenciais, é certo asseverarque o serviço público não pode parar.

2. Princípio da hierarquia – os órgãos da administração sãoestruturados de modo a existir uma relação de infra-ordenação esubordinação. Desse princípio resultam outros poderes, dentre osquais vale salientar o poder da disciplina, de avocar, delegar,fiscalizar e de dar ordens.

3. Princípio da auto-executoriedade – é um dos princípios quetem o poder de interditar qualquer órgão que estejadesenvolvendo atividades fora da legalidade. A administraçãoentretanto, cabe fazê-lo não para todos os seus atos, mas aparaaqueles que por sua própria natureza, normalmente no campo doexercício do seu chamado poder de polícia, que implique aurgência do cumprimento desses atos, torna legítima a atuaçãoadministrativa, no sentido de auto-executar suas pretensões.Ex: quando constatado que um estabelecimento está a venderalimentos fora das condições de higiene exigidas, entre outraspenalidade, pode a Administração chegar a interditá-lo

4. Princípio da especialidade – o princípio em questão é aplicávelàs autarquias, posto que, como antes da Administração Públicaindireta, e, portanto, fruto de uma descentralizaçãoadministrativa, recebem, em razão da lei, uma competênciaespecífica, não podendo o administrador se afastar dos objetivosdeterminados em sua lei criadora. Não vemos óbices para aaplicação do princípio da especialidade às economias mistas eempresas públicas.

5. Princípio da motivação – toda a administração esta obrigada a exporos fundamentos fáticos e de direito de suas decisões. A suaobrigatoriedade se justifica em qualquer ato administrativo, seja ele deregramento vinculado ou discricionário, de modo a permitir o controleda legalidade dos atos, salvo se a lei expressamente dispensar anecessidade de motivação.

6. Princípio da presunção de legitimidade ou veracidade do atoadministrativo – se a administração pública deve se submeter à lei,presume-se, até prova em contrário , que todos os seus atos sejamverdadeiros, praticados de acordo com a lei.

7. Princípio da autotutela – além de controlar, em situações extremas, os atosdas suas entidades descentralizadas, a Administração Pública, com relação a simesma, realiza o que se chama de autotutela (A autotutela é o poderda administração de corrigir os seus atos, revogando os irregulares ouinoportunos e anulando os ilegais, respeitados os direitos adquiridos eindenizados os prejudicados se for o caso).

8. Princípio da razoabilidade – a Administração deve obedecer à lei e só fazeruso das prerrogativas que lhe são conferidas na estrita medida do necessário.Assim, sempre deve haver uma razoabilidade, adequação e proporcionalidadeentre as causas que estão ditando o ato e as medidas que vão ser tomadas.

EX: diante de um grande tumulto, que pode ser combatido com asimples força policial, utilizar instrumentos como tiro demetralhadora ou coisa do gênero, fogem aos critérios darazoabilidade necessários para manter a segurança.

9. Princípio da indisponibilidade do interesse público - CelsoAntonio Bandeira de Mello, 2004 (Advogado, Escritor, Professor..)iniciou sua carreira como funcionário público, ensina que, “sendointeresses qualificados como próprios da coletividade – internosao setor público – não se encontram à livre disposição de quemquer que seja, por inapropriáveis”.

Tendo em vista que não é lícito à Administração dispor livremente dointeresse público, os poderes a ela atribuídos devem ser exercitados.Esses poderes possuem um caráter de dever. Na realidade, e para ser maispreciso, esses poderes são atribuídos à Administração por força de lei, epossuem um caráter de dever/poder.

10. Princípio da supremacia do interesse público – a administração existepara a realização dos fins previstos na lei, cujo interesse representaconveniências e necessidades da própria sociedade, e não conveniênciasou necessidades privadas. Assim, havendo conflito entre o coletivo e oindividual, reconhece-se a predominância do primeiro.

As leis administrativas exprimem a posição de superioridade dopúblico sobre o particular, conferindo à Administração Pública umasérie de privilégios não concedidos aos particulares. Entretanto, asupremacia do interesse coletivo tem de ser exercida com respeitoaos interesses individuais.

QUADRO SINÓPTICO

Princípios Constitucionais da Administração Pública

Legalidade Só pode fazer o que esta na lei

ImpessoalidadeAusência de privilégios e prejuízos/Administração Pública não tem rosto

Moralidade Padrões de ética e de honestidade

Publicidade Tudo é públicoEficiência Organização, celeridade e

qualidade

QUADRO SINÓPTICOPrincípios Tipicamente Administrativos

Continuidade do Serviço Público O serviço público não pode parar

Hierarquia Ordenação e subordinação

Auto-executoriedade Pode executar os atos sem o socorro do judiciário

Especialidade Competência específica

Motivação Exposição dos condicionantes fáticos e de direito autorizadores do ato administrativo

Presunção de veracidade ou veracidade Presumem-se legais os atos administrativos

Autotutela A administração pode anular ou revogar seus atos

Razoabilidade/proporcionalidade Os atos devem ser razoáveis de modo que os meios empregados sejam proporcionais á finalidade desejada

Indisponibilidade do Interesse Público Dever/Poder de exercitar os poderes adm.

Supremacia do interesse público O interesse público sobrepuja o particular

Perfil do Gestor na Verificação e Aplicação de Recursos Públicos

Poderes e Deveres do Gestor Público

Todo o Gestor Público assim como seus agentes subordinados ,tem grandes responsabilidades e deveres, uns mais que os outros eo poder de decisão para algumas situações, dependendo dasituação e nível hierárquico que cada pessoa ocupa.O Estado exerce um conjunto de poderes que têm efeito sobre asociedade civil e outro que tem efeito sobre a AdministraçãoPública. Compõem o primeiro o poder de polícia e o poderdiscricionário, e o segundo, o poder hierárquico e o poderdisciplinar.

Poder Hierárquicoé aquele de que dispõe o titular do Poder Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes. Tem o poder de reorganizar a Administração Pública de acordo com o que cada governo julgar ser a estrutura mais conveniente para:

a sua forma particular de administrar, que pode ser centralizada, descentralizada, participativa etc.; acomodar os diferentes integrantes da sua equipe de governo, como partidos e outros grupos de apoio;considerados relevantes e necessários à sua gestão; e atingir os objetivos propostos.

Poder Disciplinar

Destina-se a punir as infrações funcionais cometidas pelos servidorese demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos da Administração.

Visa garantir, por meio da coerção – que vai da advertência àdemissão – que os servidores da Administração Pública mantenhamuma conduta compatível com os interesses do Estado, isto é, com ointeresse público.

Poder Polícia

É exercido sobre todas as atividades particulares que afetam oupossam afetar os interesses coletivos, colocando em risco a segurançados cidadãos ou a segurança nacional. Através do exercício dessepoder, a Administração Pública regulamenta, controla ou contém asatividades dos particulares.A esfera de exercício do poder de polícia é delimitada, por um lado,pelo interesse social na intervenção do Estado em determinada áreae, por outro, pelos direitos fundamentais do indivíduo asseguradospela Constituição.

O poder de polícia possui alguns atributos que lhe conferemefetividade. São eles:

Discricionariedade: só cabe ao Estado determinar a oportunidade e a conveniência de exercê-lo.

Autoexecutoriedade: a decisão, para ser executada, não requer a intervenção do Judiciário.

Coercibilidade: é o respaldo da força para as medidas adotadas pela Administração.

Preventivamente, o poder de política exerce-se por meio de ordens,proibições, ratificações e restrições; e posteriormente pela aplicaçãode multas, interdição de atividades, fechamento de estabelecimentos,embargo administrativo de obras, demolição de construçõesirregulares, destruição de objetos etc.

A Discricionariedade é a liberdade de ação administrativa dentro doslimites estabelecidos pela lei e, portanto, não se confunde com aarbitrariedade.

EX: uma delegacia de ensino exerce poder discricionário ao decidir os critérios de seleção dos estabelecimentos de ensino a serem inspecionados (os que têm maior número de alunos; os que consomem mais recursos ou os que têm pior desempenho); o momento de realização das inspeções (no início, durante ou no fim do período letivo); e o objeto da inspeção (o cumprimento do programa de ensino, a frequência dos professores, a conservação e uso dos equipamentos, a forma de gestão escolar etc.).

Como a Administração Pública só age por intermédio de seusservidores, conclui-se, logicamente, que são estes que, de fato,exercem os poderes de polícia e discricionário do Estado. Investidosdesses poderes, os agentes públicos encontram-se igualmentesubmetidos a alguns deveres, sem os quais seus poderes seriamabusivos, tais como:

o dever de agir; o dever de prestar contas; o dever de eficiência; e o dever de probidade.

O Dever de Agir - O dever de agir do servidor público é derivado dadicotomia Direito Público/Direito Privado e é consoante com oprincípio da legalidade. Portanto, agir quando a lei determina não éuma prerrogativa do servidor, mas sua obrigação. Da mesma forma,protelar ou usar de delongas para agir constitui procrastinação, atoexpressamente vetado ao servidor público federal pelo seu código deética.

Dever de Prestar Contas - Não basta ao servidor agir, conformemandam a lei, os regulamentos e os superiores hierárquicos aos quaisele se encontra submetido, mas étambém necessário que o agentepúblico se responsabilize por seus atos e que estes sejampublicamente sustentáveis.

O servidor tem o dever de prestar contas a diferentes autoridadese em diversos níveis:

ao seu chefe imediato, que, por sua vez, é o responsável pelosatos dos seus subordinados perante os seus superiores;

aos órgãos de controle instituídos, comocorregedorias,controladorias internas, tribunal de contas eJudiciário; e ao público em geral, constituído pelo conjunto de cidadãos que,direta ou indiretamente, sofrem os efeitos da AdministraçãoPública e pagam os tributos com que as atividades do Estado sãomantidas.

O Dever de EficiênciaA eficiência, termo nascido no campo daeconomia de mercado, chegaria assim ao Estado fazendo o percursocontrário do termo administração, que, nascido no Estado,designando os procedimentos de ação do poder público,posteriormente ganharia o mercado com a denominaçãoadministração de empresas. Atualmente, não mais se contesta quea eficiência seja um princípio de interesse público tão importantequanto são os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidadee publicidade.

O Dever de Probidade

O dever de probidade moralidade, definido na legislação pelo seuoposto, que é a improbidade administrativa, extensamente tratadapela Lei nº 8.429, de 02 de junho de 1992, que é aplicável a todos osagentes públicos, servidores ou não, de todos os poderes e de todasas esferas da federação.Constitui improbidade administrativa uma série de atos queimportam em enriquecimento ilícito, causam prejuízo ao erário eatentam contra os princípios da Administração Pública.Não cabe aqui listarmos as situações que configuram improbidadeadministrativa, uma vez que, como exigem os princípios dalegalidade e publicidade, a legislação é suficientemente clara arespeito e disponível a todos.

Bibliografia

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MATOS, Francisco Gomes de. Ética Empresarial e Responsabilidade Social. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/producao_academica/etica_e_responsabilidade_social_1/578

PIRES, Antonio Cecílio Moreira – Direito Administrativo. São Paulo, Editora Lições do direito para exame da OAB, 2007.

SROUR, Robert Henry. Ética Empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 2000.