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PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Construindo a Educação do Campo

Autor Maria Ester Philippsen Baumann

Escola de Atuação Escola Estadual do Campo Vinícius de Moraes – EF Colégio Estadual Mal. Gaspar Dutra - EFM

Município da escola Nova Santa Rosa

Núcleo Regional de Educação Toledo

Orientador Profº. Dr. Fernando José Martins [email protected] Professor Doutor Diretor do Centro de Educação e Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE Campus de Foz do Iguaçu – PR.

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE – Campus de Foz do Iguaçu

Disciplina/Área (entrada no PDE) Gestão Escolar

Produção Didático-pedagógica Unidade Temática

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Público Alvo (indicar o grupo com o qual o professor PDE desen-volveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)

Professores da rede estadual de ensino

Localização: (identificar nome e endereço da escola de implementação)

Escola Estadual do Campo Vinícius de Moraes – EF Rua Concórdia, s/n – Alto Santa Fé – Nova Santa Rosa – PR

CEP – 85 930 000

Apresentação:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

Propor a formação dos professores, na construção coletiva da Escola do Campo em uma área rural, levá-los a uma reflexão e um estudo mais amplo sobre a educação do campo. O paradigma urbano do direito a educação não pode ser único para todas as escolas, porque no meio rural se vivem situações adversas às cidades. Há necessidades de políticas públicas educacionais focadas ao homem do campo com adaptações na sua forma de organização, adequando à realidade do campo sem perder de vista a dimensão universal do conhecimento e da educação. Espera-se a consolidação de uma escola do campo na área rural com estratégias específicas de desenvolvimento para o campo. O diálogo será uma prática primeira e permanente em todo o processo. Entende-se que esse movimento de construção da escola do campo deve ter continuidade e ser ampliado rumo a uma Educação do Campo pública e de qualidade educacional humana e política.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Educação do campo – movimento social – políticas públicas

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SUMÁRIO

1.- APRESENTAÇÃO........................................................................................................................4

2.- PROCEDIMENTO.......................................................................................................................7

3. -CONTEÚDOS DE ESTUDO.......................................................................................................7

3.1 -O QUE É EDUCAÇÃO DO CAMPO.........................................................................................8

3.1.1-Questão agrária.........................................................................................................................8

3.1.2- Necessidades dos povos do campo........................................................................................12

3.2 – LEGISLAÇÃO E EDUCAÇÃ DO CAMPO ...........................................................................15

3.3 – A ESCOLA NA EDUCAÇÃO DO CAMPO ...........................................................................18

4. – PROPOSTA DE AVALIAÇÃO ................................................................................................20

5. – REFERENCIAS .......................................................................................................................20

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ/UNIOESTE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE/2010

NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE TOLEDO

UNIDADE TEMÁTICA

Formação do Professor e Gestão Escolar na Escola do Campo

“CONSTRUINDO A EDUCAÇÃO DO CAMPO”

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad4.pdf

Professora Maria Ester Philippsen Baumann1 Professor Dr. Fernando José Martins2

1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, formada em Letras com especialização em Literatura

Brasileira e Gestão Escolar. Com 20h em sala de aula do ensino fundamental e médio no Colégio Est. Mal. Gaspar Dutra e 20h direção na Esc. Est. Vinícius de Moraes (escola do campo) 2 Professor Doutor Diretor do Centro de Educação e Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE

– Campus de Foz do Iguaçu – PR.

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1.- Apresentação

Esta Unidade Temática foi elaborada como parte das atividades desenvolvidas no Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE, ligado à Secretaria de Estado da Educação do Paraná, no

ano de 2010. O tema de estudo é “Formação do Professor e Gestão Escolar na Escola do Campo”.

Será ofertada a todos os professores do Ensino Fundamental das Escolas do Campo, bem

como aos Agentes Educacionais, da Escola Estadual do Campo Vinícius de Moraes, na forma de

convite que será feito após socializar com os mesmos as reais intenções do Programa.

Como a chamada escola do campo tem uma grande responsabilidade com o educando, sua

família e a comunidade como um todo, já que esta pode ser um veículo fundamental para a melhoria

da qualidade de vida da comunidade rural, mantendo o homem do campo no campo, percebeu-se a

necessidade de partir para uma proposta de construção de escola do campo numa escola de distrito,

área rural, em que até o momento se reproduz dinâmicas de vivências urbanas, o que leva a

educação desenvolvida na Escola Estadual do Campo Vinícius de Moraes ao desencontro das

necessidades da comunidade rural.

E é de fundamental importância que a escola participe do processo de construção da escola

do campo. Para tanto, os seus professores devem estar preparados para desenvolver uma reflexão

crítica quanto ao aspecto pedagógico das escolas do campo, bem como, elaborar propostas de

práticas educativas contextualizadas, que incluam o agricultor como agente do desenvolvimento do

lugar.

Pretende-se, através de reuniões e de grupos de estudo, fazer com que os professores e

comunidade interna e externa tenham conhecimento e se sintam atraídos pela proposta de inserção

da Escola Estadual do Campo "Vinícius de Moraes" – EF na educação do campo, fazendo

adaptações na sua forma de organização e adequando-se à realidade do campo sem perder de vista a

dimensão universal do conhecimento e da educação.

Propõe-se levar os professores e toda comunidade escolar, interna e externa, a uma reflexão

e a um estudo mais amplo sobre a educação do campo, de que o campo é uma diversidade,

independente de o povo do campo estar ou não no processo de luta social. O povo do campo, como

sujeito que se reconhece como do campo, precisa de uma educação diferenciada da educação

urbana e o paradigma urbano do direito à educação não pode ser único para todas as escolas, porque

no campo se vivem situações adversas às cidades. Normas e políticas generalistas não têm

garantido os direitos nas especificidades do homem do campo. Há necessidades de políticas

educacionais focadas ao homem campesino, direcionadas ao território, à terra, à cultura e à tradição

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do campo.

A importância da educação do campo como um recurso de participação na construção e na

formação da cidadania do homem do campo é indiscutível, porém a forma de participação é objeto

de muita discussão, vez que o ambiente social, diferentemente da escola urbana, é hoje muito mais

amplo, complexo, desigual e diverso.

Diante desse quadro, é necessário trabalhar com as questões do direito e da igualdade,

promessas não cumpridas e que evidenciam a usurpação de direitos, e ampliam a desigualdade e a

descriminação do campo.

No Caderno 9 – "Conselho Escolar e a Educação do Campo", Casali, o coordenador do

Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), afirma que:

O grande desafio, na verdade, é a mudança do modelo de educação presente no campo. A escola que temos no campo não prepara as crianças nem para o mundo urbano e nem para o mundo do campo (com suas diferentes expressões culturais, de organizar a vida, de convivência). Mas sim para serem subservientes à lógica do capitalismo. (In: GRACINDO, 2006, p. 23).

O princípio da Educação do Campo não acontece na grande maioria das escolas

denominadas escolas do campo. Está apenas inserido em sua nomenclatura, obedecendo a critérios

como número de habitantes e localização geográfica.

A escola na qual atuo é localizada em um distrito, tem uma característica muito presente que

é a participação atuante da comunidade. A comunidade escolar externa é muito colaborativa em

todos os sentidos, para promover a escola, não se medem esforços. Embora sendo uma comunidade

de característica rural, pois sobrevive da agricultura familiar, nessa comunidade não há movimentos

sociais, a não ser os associados da cooperativa, outros são sócios do sindicato dos trabalhadores

rurais. Embora inconscientemente, a característica dos proprietários rurais desta comunidade está

mais focada para políticas do agronegócio.

A Escola Vinícius de Moraes, assim como (todas) as do NRE – Toledo, não é uma escola do

campo proprimente dita, ela pode ser vista como uma extenção de escola urbana. Essa escola é

apenas uma “Escola Urbana Rebaixada”, pois é a escola que, na ordem da escolha de aulas dos

professores, fica em último plano; eles assumem aulas na escola do campo somente quando não

conseguem aulas na cidade ou para completar a carga horária exigida. Já passamos pela situação,

em anos anteriores, em ter até três professores de uma mesma disciplina, quando há apenas quatro

turmas.

Isso se explica por vários motivos, a educação do campo tem se caracterizado como um

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espaço de precariedade por descasos, especialmente pela ausência de políticas públicas para as

populações que lá residem. Um dos itens negativos dessa realidade social é a ausência de estradas

apropriadas tornando o acesso muito moroso, pois as estradas, na maior parte do ano letivo, se

encontram em péssimo estado de conservação, não havendo, no entanto, nenhuma vantagem

financeira para compensar as despesas quanto ao transporte do professor urbano para a localidade

rural.

A cada início de ano letivo passamos pelas mesmas dificuldades de falta de professores

efetivos. Contratos temporários são efetuados, mas sempre com muito atraso, deixando as

disciplinas um longo período sem professor. A falta de recursos humanos é muito grande, a

demanda para serviços gerais é insuficiente, o pessoal administrativo não permanece e, quando

assume, já vem com a intenção de que, na primeira oportunidade, pede remoção para a sua cidade

de origem.

A construção efetiva da escola do campo visa enfrentar todos esses problemas. É preciso

criar uma estrutura que dê conta de projetos voltados para as especificidades do campo, com a

grande preocupação de não promover o esvaziamento de conteúdos, mas que tenham uma lógica

inclusiva, tratando nossas crianças e adolescentes com respeito e dignidade. Como a escola do

campo irá trabalhar e incorporar esses projetos, esse é o nosso grande desafio.

Neste sentido, buscaremos elencar neste material didático, os subsídios mínimos necessários

para que os professores e equipe pedagógica consigam interagir com a escola, dotando-os de

atribuições e competências, para que conheçam, entendam a sua importância e responsabilidade e

consigam contribuir com mais eficiência nas questões pedagógicas voltadas às especificidades do

campo.

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2.-Procedimento

Nesta Unidade Temática serão ofertadas cinco oficinas totalizando 30h (trinta horas) para

discutir um tema em cada encontro, a saber:

1. Apresentação das características da escola do campo.

2. O que é educação do campo.

3. Legislação e educação do campo.

4. A Escola na educação do campo.

5. Avaliação.

Ressalta-se que a oficina é uma forma utilizada para que um grupo se aproprie de um

determinado tema. É o lugar de produzir, reparar e edificar. E é nesta perspectiva que as atividades

serão desenvolvidas, considerando a sua utilização no dia-a-dia, vivenciando as atividades e

compreendendo-as com mais intensidade, diagnosticando o quanto a reflexão necessita estar

presente em todas as atitudes tanto pessoais quanto profissionais.

3. Conteúdo do estudo

O estudo está organizado em três temas acrescidos de textos para reflexão.

3.1.-O que é Educação do Campo

Diante da complexidade em conceituar a educação do campo, Teresinha de Fátima Perin,

traz o conceito que condiz com meu projeto:

O conceito de educação do campo é antes de tudo, uma discussão de camponeses e órgãos de apoio (igreja, universidades, ong’s, dentre outros) que tem a intenção de desnudar o modelo de desenvolvimento vigente e, especialmente, forjar um modelo de desenvolvimento para o campo que leve em consideração as especificidades locais (culturais), a necessidade de reforma agrária, a valorização da agricultura familiar e que sua lógica não seja o lucro, mas a humanidade. Esse modelo de desenvolvimento para o campo é também entendido pelo movimento dos camponeses como um modelo de desenvolvimento para toda sociedade. (TERESINHA, p. 01)

Um processo de produção da existência humana. O ser humano vai se modificando,

alterando aquilo que é necessário à sua sobrevivência , cria novas necessidades que passam a ser

tão fundamentais quanto as chamadas necessidades básicas à sua sobrevivência , não cria só

artefatos, instrumentos, como também desenvolve idéias (conhecimentos, valores, crenças) e

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mecanismos para sua elaboração - desenvolvimento do raciocínio e planejamento.

Com base nessas definições de educação do campo e escolas do campo, contidas nas

Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo e também no próprio

conceito de educação descrito na LDBEN 9394/96, o conceito de educação do campo supera as

significações de educação no campo ou para o campo, entendidas pelos movimentos sociais, como

uma educação que não é própria do campo, que não respeita as singularidades e nem é produzida

pelo povo a quem se destina.

Ainda, com relação ao conceito de educação no e do campo, Caldart (2008) explica que o

prefixo no é relativo ao direito que o povo tem de ser educado no lugar onde vive; já o prefixo do,

indica o direito dessa educação ser pensada do lugar e com a participação desses sujeitos,

vinculadas a cultura e as suas necessidades humanas e sociais.

A Resolução nº 2, de 28 de abril de 2008, estabeleceu as “diretrizes complementares, normas

e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas para a Educação Básica do Campo”, e

também define com clareza o que é e a quem se destina a educação do campo no artigo 1º. A

Educação do Campo compreende a Educação Básica em suas etapas de Educação Infantil, Ensino

Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional Técnica de nível médio integrada com o

Ensino Médio e destina-se ao atendimento às populações rurais em suas mais variadas formas de

produção da vida - agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos,

assentados e acampados da Reforma Agrária, quilombolas, caiçaras, indígenas e outros.

3.1.1-Questão agrária

De acordo com o professor doutor Walter Marschner, da Faculdade de Ciências Humanas da

UFGD, a Educação do Campo historicamente foi bandeira de luta dos movimentos sociais, tornou-

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se recentemente uma política pública específica para as escolas do meio rural e desdobra-se agora

também como uma proposta de desenvolvimento sensível as diferenças entre cidade e campo.

A história do campo no Brasil é marcada até hoje pela invasão e divisão de seu território

desde o período colonial. A questão agrária tem gerado confronto por interesses e por concepções

distintas de como viver e se organizar em sociedade. O MST materializa esse confronto por projetos

antagônicos, representando as mulheres e homens que são vítimas do modelo econômico

hegemônico. Organizou, se valendo da construção dos vários movimentos que o antecederam, um

projeto para construção de uma sociedade que tenha como lógica o homem. Esse projeto, como

todo projeto de sociedade, precisa da educação para dar suporte na construção de valores que sejam

coerentes com a visão da sociedade proposta.

A Educação do Campo foi construída no decorrer dos anos pelos movimentos do campo em

suas práticas de luta. Essa educação, sua ideologia e ação, se fortalecem com a organização do

MST. A Educação do Campo elaborada pelo MST traz, inserido em seu currículo, um projeto de

desenvolvimento para avançar na construção de uma sociedade para além do capital. Com a

constituição dos Fóruns Estaduais de Educação do Campo, muitos movimentos e outras

organizações que trabalham com educação no campo vieram compô-lo. Essa ampliação fortaleceu a

luta e trouxe, também, os discursos de humanização do capitalismo, influenciando nas diretrizes de

ação e de organização da Educação do Campo.

O Brasil, no passado histórico, sem uma legislação própria para a aquisição de terras, o que

vigorava era o sistema de posses. Esse sistema favorecia a todos os que conseguissem um pedaço de

terra para ocupar, gerando insatisfação dos grandes proprietários que vêem seus privilégios sendo

ameaçados. A elite dominante brasileira, que quer frear a posse de terra, é presenteada com a Lei de

Terras em 1850. Essa lei vem ao encontro de seus interesses hegemônicos, instaurando o mercado

como nova modalidade de acesso a terra. Assim, o acesso a terra fica possível apenas a quem tem

como comprá-las, inviabilizando a aquisição de terra para a grande maioria da população.

Vai se construindo no Brasil o problema agrário, com a produção de um número cada vez

maior de pessoas sem terra para plantar e viver.

...a luta pela terra é uma política que nasceu com o latifúndio. Portanto, é fundamental distinguir a luta pela terra da luta pela Reforma Agrária. Primeiro, porque a luta pela terra sempre aconteceu, com ou sem projetos de Reforma Agrária. Segundo, porque a luta pela terra é feita pelos trabalhadores e na luta pela Reforma Agrária participam diferentes instituições.(FERNANDES, 2005, pág. 17)

Durante séculos, os camponeses desenvolveram a luta pela terra sem a existência de projeto

de Reforma Agrária.

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Em 1964 foi criado O Estatuto da Terra pela lei 4.504, nos primeiros meses da ditadura

militar. Essa lei para a reforma agrária foi elaborada apenas para conter os camponeses que estavam

articulados na luta pela terra, e o medo das elites dominantes com possibilidade de uma revolução

no Brasil, inspirada na Revolução Cubana. O Estatuto estabelecia a realização da reforma agrária e

o desenvolvimento da agricultura, mas foi realizado apenas o desenvolvimento da agricultura, o

desenvolvimento empresarial da agricultura (FERNANDES 2005, pág. 17)

A história de invasão e opressão vivida por séculos em nosso país não ocorreu de forma

pacífica, mas foi marcada por resistência e luta dos índios, dos negros escravizados e dos

camponeses. Essa luta se estende até hoje com a ação dos camponeses, brancos e negros, pela terra,

pela reforma agrária e dos índios pela demarcação de suas terras.

Desse passado de lutas pela terra, vai se formando “de 1979 a 1985, no Rio Grande do Sul, o

Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que se consolidou e se territorializou desde lá até

os dias de hoje” (FERNANDES, 2000, pág. 15). Assim, começa a jornada de ações do MST,

movimento conhecido e reconhecido no mudo inteiro, tendo, no momento político atual do Brasil,

fundamental importância nas diretrizes para a reforma agrária e um outro modelo de

desenvolvimento. A essência das escola do campo, sem dúvida, surge da luta dos movimentos

sociais pela reforma agrária e pela terra.

Convém destacar alguns momentos importantes na trajetória do início da construção do

conceito de educação do campo:

1 - Em 1984, em Cascavel, Paraná, acontece o primeiro encontro do MST.

2 - Em 1985 o MST realiza seu primeiro Congresso Nacional, em Curitiba, no Paraná.

3 - Em julho de 1997 o MST, segundo Kolling (1999), promove, em parceria com diversas

entidades, como a Universidade de Brasília (UnB), o Fundo das Nações Unidas para a Infância

(UNICEF), a Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco) e Conferencia Nacional

dos Bispos do Brasil (CNBB), o I Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária (I

ENERA), em Brasília.

4 - Julho de 1998, em Luziânia (GO), a I Conferência Nacional: Por uma Educação Básica do

Campo. "Essa conferência mostrou que somente é possível trabalhar por uma educação básica do

campo se vinculada ao processo de construção de um novo projeto de desenvolvimento para o

campo e a garantia de que todo o povo tenha acesso à educação" (KOLLING, 1999).

5 - Em julho de 1998 realiza-se em Salvador o I Encontro Estadual por uma Educação Básica do

Campo.

6 - Em 1999; 2000; 2001; 2002. São realizados os I; II; III; e IV Encontros do Fórum Estadual de

Educação do Campo.

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7 - Em 1999 acontece o I encontro da Articulação Nacional em defesa da educação do campo onde

foram firmados cinco compromissos políticos:

a) Recuperação da soberania e da autonomia política.

b) Compromisso com a solidariedade para eliminação da exclusão e desigualdade social.

c) Compromisso com o desenvolvimento mediante rompimento com o capital financeiro e com a condição de economia periférica.

d) Compromisso com a sustentabilidade.

e) Democracia ampla.

8 - Em 2003 realização da Conferencia Estadual de Educação do Campo e Para Convivência com o

Semi-Árido.

9 - -Em agosto de 2004, II Conferência Nacional Por Uma Educação do Campo, Luziânia, GO.

A I Conferência Nacional em 1998 privilegiou as seguintes temáticas:

“Desenvolvimento Rural e Educação no Brasil: Desafios e Perspectivas; Situação da

Educação Rural no Brasil e na América; Política Pública em Educação no Brasil; Municipalização;

Financiamento da Educação; Política Educacional para as Escolas Indígenas. Neste encontro ainda

foram apresentadas experiências em educação infantil, ensino médio e profissionalizante, educação

de jovens e adultos e formação do magistério. Ao final da conferência foi produzido um documento-

síntese dos compromissos, desafios, propostas e ações para os educadores e educadoras do campo.

Tal processo teve o mérito de “recolocar o rural, e a educação a que ele se vincula, na agenda

política do país. (...) Para a afirmação de um processo rico e promissor de Construção da educação

básica do campo”. (Kolling,1999, apud CARVALHO, M. 2003, pág. 22).

Para pensar a educação do campo, se faz necessário entendermos o sentido da perseverança

do campesinato, e para isso é importante que se faça uma leitura histórica para a compreensão da

lógica da persistência do campesinato nos diferentes tipos de sociedades: escravocrata, feudal,

capitalista e socialista, esse processo remonta a origem da história da humanidade.

Desde o século XIX, surgiram diversas teorias a respeito da existência e das perspectivas do

campesinato no capitalismo. Dessas teorias desenvolvidas constituiu-se três distintos modelos de

interpretação do campesinato ou paradigmas: fim do campesinato; fim do fim do campesinato e

metamorfose do campesinato.(CADERNOS TEMÁTICOS – Educação do Campo- p.15)

Conforme Bernardo Mançano Fernandes, “o paradigma da metamorfose do campesinato

surgiu na última década do século XX . Acredita no fim do campesinato mas não no fim do trabalho

familiar na agricultura.” Camponês é tido como atrasado e o agricultor familiar como moderno, essa

transformação de sujeito camponês em sujeito agricultor familiar sugere também uma mudança

ideológica. De camponês para agricultor familiar perde a sua história de resistência, e se torna

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sujeito conformado com o processo de diferenciação que passa a ser um processo natural do

capitalismo “O paradigma da metamorfose do campesinato tem como fundamento o capitalismo

agrário”. (FERNANDES, 2000).

3.1.2-Necessidades dos povos do campo

Como já vimos anteriormente, em 1998 aconteceu a I Conferência Nacional de Educação do

Campo e, em decorrência deste evento, criou-se então o "Movimento por uma Educação Básica do

Campo", envolvendo grupos organizados, pesquisadores e algumas instâncias governamentais do

país, numa articulação que contribuísse para o melhoramento do ensino das séries iniciais do ensino

fundamental. Na ocasião, a expressão "educação do campo" apresentava uma nova conotação.

Caldart (2004, p.1) afirma, em seus estudos, “[...] ser esse o momento do batismo coletivo de um

novo jeito de lutar e pensar a educação para o povo brasileiro que vive e trabalha no e do campo”.

Líderes de movimentos sociais, educadores, políticos, simpatizantes e outros estudiosos

dedicaram grande parte de seu tempo estudando as mais diversas formas de participação popular

nas decisões de interesse coletivo do homem do campo.

Algumas reflexões sobre a Educação do Campo a partir de uma concepção comprometida

com as especificidades do campo, indicando também as Diretrizes Operacionais para a Educação

Básica nas Escolas do Campo, se fazem necessárias nas escolas inseridas na política educacional da

escola do campo.

A Diretriz Curricular da Educação do Campo deve ser observada, pois ela é um conteúdo

para a gestão de Políticas Públicas Educacionais. Seu texto, conectado às Diretrizes Nacionais,

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reformula a concepção de campo para além do perímetro rural e leva em consideração as

especificidades de cada povo:

[...] essa compreensão de campo vai além de uma definição jurídica. Configura um conceito político ao considerar as particularidades dos sujeitos e não apenas sua localização espacial e geográfica. A perspectiva da educação do campo se articula a um projeto político e econômico de desenvolvimento local e sustentável, a partir da perspectiva dos interesses dos povos que nele vivem. (PARANÁ, 2006, p. 22).

Identificar pessoas que vivem no/do campo sem terra e sem as condições de sobrevivência,

num país continental como o Brasil, faz transparecer a fragilidade e equívocos das políticas

fundiárias historicamente desenvolvidas pelo poder público e reforça a ideia de que “[...] não há

possibilidade de construção de justiça social no Brasil sem efetuarmos profunda e radical mudança

no acesso a dois bens fundamentais: terra e educação” (MOLINA, 2006, p. 7).

Essas políticas fundiárias mantêm as grandes diferenças econômicas também encontradas no

meio urbano, dado que o sistema capitalista usa a mesma lógica em ambos os locais. A reforma

agrária, essa mudança almejada na estrutura política e social do país, por muitas vezes prometida

mas nunca é executada a contento. Por isso o campo sofre ainda mais, por ser constantemente

esquecido nas demais políticas sociais. De acordo com Arroyo; Caldart; Molina:

A escola do campo e seus profissionais não se afirmarão se o projeto político for expulsar os povos do campo, expandir o agronegócio, acabar com a agricultura familiar. Sem gente não serão necessários educação, escolas, profissionais qualificados. (ARROYO; CALDART; MOLINA, p. 174).

Somente “A partir dos anos 90, os povos organizados do campo conseguem agendar na

esfera pública a questão da educação do campo como uma questão de interesse nacional ou, pelo

menos, se fazem ouvir como sujeitos de direito” (BRASIL. MEC/SECAD, 2007, p. 22).

Como a educação em nosso país é pensada no paradigma urbano, o sistema escolar segue os

moldes da educação urbana, idealizando a cidade como espaço de excelência, e essa idealização é

que corresponde à visão negativa do campo. Assim, o que é feito na maioria das vezes é a adaptação

das condições do campo à educação escolar, aos currículos e à formação dos profissionais pensados

no paradigma urbano. Arroyo; Caldart; Molina lembram:

Em algum currículo escolar está o programa da luta pela reforma agrária? A luta pela terra, o desemprego? Temos ouvido de jovens das periferias das cidades: vocês, professores, nos explicam coisas lindas, mas vocês não explicam porque nossos pais estão desempregados, porque temos que morar nessa imundície das favelas, porque nossas colegas têm que se prostituir ou entrar no crime ou na droga para sobreviver, porque entre os mortos de cada fim de semana 65% são jovens e adolescentes populares; isso vocês não nos explicam... (ARROYO; CALDART; MOLINA, 2006).

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A educação no meio rural brasileiro foi tratada com descaso pelos governos que se

constituíram enquanto força hegemônica na sociedade, se retornarmos ao passado escolar, vemos

que a escola possibilitada para o campo, era, quando muito, a educação das primeiras letras,

alfabetizar-se e dominar as séries iniciais era o suficiente para a população do campo. Não se pode

negar uma dura realidade de exclusão ao meio rural, ler pensar e refletir, não tinha nenhuma

utilidade e serventia para os camponeses. A educação foi vista como um processo desnecessário na

vida desses povos, o acesso ao mundo do conhecimento e do saber era negado.

A Lei Federal nº 5692/1971 não se fez cumprir, pois, enquanto era obrigatório cursar

primeiro grau para a população em geral, para a população do campo era permitido a não

obrigatoriedade , uma forma de exclusão, porém eram acostumados a viver com essa exclusão

inconsciente, a aceitar, assim como fazer parte, os pais concordavam e incentivavam que era

suficiente estudar até a quarta série. Culturalmente aceitava-se sem questionar. Assim, trabalhar na

roça, criar cultura a partir do manejo da terra, da lida campesina, era a única condição.

A partir da organização da luta pela terra, começa-se a perceber que a escola é um direito

que foi negado para os povos do campo. Começa-se então a perceber que a educação não se dá só

na escola, pois, da forma como a escola trabalhava era distante, ela negava o conhecimento

construído no próprio campo, era um conhecimento distante, alheio, sem significado para a criança

do campo. Conforme Sônia Fátima Schwendler, mestre em extensão rural, a ideia presente era que

se a criança estudar era para sair do campo. Para poder se formar, em consequência tinha que ir para

outro lugar para trabalhar. Caso contrário se dizia: “A criança estudou e vai voltar para o campo?” A

ideia era, e continua sendo, de que quem vive no campo não precisa de escolarização, de estudo. É

pela luta do trabalhador do campo que começa a mudar essa concepção. A origem da ideia da escola

do campo está na luta dos movimentos sociais:

Além de conviverem, muitas vezes, com o preconceito por serem do campo, cria-se e se reforça nos educandos a ideia de que a cidade é lugar do moderno e o campo do atraso, de uma cultura inferior ultrapassada. O campo é esvaziado de sentido, a cidade e a escola da cidade são vistas como espaços que oferecem mais opções de lazer, de aprendizagem, possuem mais infra-estrutura e são mais valorizadas no imaginário popular. (SCHWENDLER, 2005, p. 42).

O que temos atualmente são propostas com uma mesma finalidade, conteúdos iguais

para todos, que habilitam as crianças do meio rural ou urbano para experiências modernas da

produção e do mercado. Com o Projeto de Educação do Campo, esse paradigma deverá ser

rompido, criando projetos voltados para o campo exclusivamente.

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Diante desses fatos, será realizado, portanto, um trabalho voltado especificamente para a

construção da Escola do Campo, e para tal, apresenta-se aos grupos de estudo formados pelos

professores e equipe pedagógica os documentos que norteiam a Educação do Campo nas escolas

públicas, e que prevêem as políticas públicas voltadas à Educação do Campo. Com a apresentação

do projeto de intervenção, elaborado para a comunidade escolar, o grupo de estudo já definido e um

cronograma preestabelecido em assembléia realizada, passa-se, então, a sugerir leituras e a estudar

documentos.

3.2-Legislação e Escola do Campo

Por décadas, pouco se olhou para as carências do ensino no campo, como a falta de

infraestrutura das escolas e o currículo que não levava em conta as necessidades específicas dos

alunos das escolas do campo. Nos últimos 25 anos, na legislação, isso mudou. No ano passado, o

decreto 7.352 transformou o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) em

política pública. Assegurando o comprometimento de governos futuros com a criação de cursos de

Pedagogia e de especialização específicos para professores das escolas do campo.

Durante anos, o ensino apenas preparou os estudantes para trabalhar nas cidades. Os

movimentos populares dos anos 1980, como o dos Trabalhadores Sem Terra (MST), pediram

mudanças. Uma das principais conquistas foi a inclusão do tema na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB), em 1996. Há também preocupação com os âmbitos pedagógico e

político, como as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo e as

diretrizes complementares. Em 2004, o MEC criou a Secretaria de Educação Continuada,

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Alfabetização e Diversidade (Secad), que tem entre suas atribuições a de gerenciar diversos

programas voltados à melhoria das condições de ensino no meio rural. Uma iniciativa é o Programa

de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo), que tem como

objetivo investir na formação em serviço de professores dos anos finais do Ensino Fundamental -

principalmente os que têm o Ensino Médio e não frequentam uma universidade. A Educação no

campo precisa valorizar a realidade de quem vive e trabalha na terra, precisa fortalecer o vínculo do

professor com a escola.

O movimento do campo no Brasil tem conseguido se articular colocando suas necessidades,

exigindo ações do Estado e exercendo influência nas orientações das políticas públicas para o

campo. Consideramos o grande salto do movimento do campo brasileiro, que é o reconhecimento

da educação como fator fundamental no processo de emancipação e superação da barbárie vivida no

campo, e a clareza de que uma proposta de educação do campo tem, necessariamente, que incluir a

discussão do modelo de desenvolvimento a que estamos submetidos, que passa despercebido no dia

a dia das escolas, para que ele deixe de parecer normal e seja entendido como uma escolha que

provoca efeitos diretos na continuidade e possibilidade de vida no campo.

Conforme Maria do Socorro Silva, (2004) em nosso país a educação do campo perpassou e

ainda perpassa momentos difíceis.

Para o Brasil, que foi colônia de exploração durante mais de 300 anos, o desenvolvimento de um sistema educacional não era considerado prioridade. Assim, as pessoas que exerciam as atividades agrícolas, ou seja, escravos – índios e negros africanos – e os colonos imigrantes, encontravam-se em situação de desvantagem, não podiam esperar políticas educacionais, pois não se considerava necessário saber ler e escrever para trabalhar com a terra. A escola brasileira, desde o seu início até o século XX, serviu e serve para atender as elites, sendo inacessível para grande parte da população rural (SILVA, 2004, p.1).

Com relação à educação dos povos do campo, a LDBEN 9394/96 foi promissora. O artigo

28 que se refere especificamente à oferta da educação para a população rural, prevendo currículos e

metodologias apropriadas aos interesses dos alunos da zona rural; organização escolar própria, com

adequação do calendário escolar as condições climáticas e fases do ciclo agrícola e adequação à

natureza do trabalho da zona rural. Também se torna possível visualizar alguma flexibilidade e

autonomia em outros artigos dessa lei, que podem e devem ser utilizados pelos gestores

educacionais e escolares para a proposição de políticas educacionais para os povos do campo.

O artigo 12, ao trazer os encargos dos sistemas de ensino, afirma que os mesmos devem-se

articular-se com as famílias e a comunidade para criar processos de integração entre sociedade e

escola.

No que se refere aos docentes, nossa atual LDBEN 9394/96 define que estes, entre outros

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encargos, devem colaborar com atividades que articulem escola, família e sociedade.

O artigo 23, parágrafo 2°, faz referência ao calendário escolar que deve ser adequado as

peculiaridades locais, climáticas e econômicas, mas sem reduzir o número de horas letivas.

O artigo 26, referente ao currículo, abriu espaço para que as diferenças locais

complementem a base nacional comum a todos os estabelecimentos de ensino.

Para que essa conjectura se efetive na prática, se fazem necessárias posturas de trabalho

conjunto com a comunidade, como desafios que devem ser encarados para o enriquecimento da

gestão dos sistemas de ensino e do trabalho docente. Essa autonomia delegada à organização da

educação escolar possibilitou que os sujeitos sociais do campo, que tiveram seu direito à educação

negligenciado por muito tempo, passassem a ter a oportunidade de requerer políticas educacionais

específicas a sua cultura, a seu trabalho e as suas lutas. Lutas que têm vários objetivos: terra, saúde,

respeito, dignidade, valorização dos produtos – alimentos que estão em nossa mesa todos os dias – e

também educação de qualidade, educação no e do campo.

E foi através dessas lutas que nasceram dentro dos movimentos sociais do campo, mais

especificamente nos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST),

escolas que buscavam imprimir uma metodologia diferenciada e condizente com os anseios das

lutas dos povos do campo, as escolas itinerantes, uma busca de uma educação que humaniza a partir

do saber comunitário e que, ao institucionalizar-se, torna-se utilitarista.

Essa luta por uma educação do e no campo e não apenas para o campo nascida dos e nos

movimentos sociais do campo tomou contorno nacional e gerou o que Antônio Munarim (2008)

nomeou de Movimento Nacional de Educação do Campo. O autor salienta que:

a experiência acumulada pelo Movimento Sem Terra (MST) com as escolas de assentamentos e acampamentos, bem como a própria existência do MST como movimento pela terra e por direitos correlatos, pode ser entendida como um processo histórico mais amplo de onde deriva o nascente Movimento de Educação do Campo. (MUNARIM, 2008, p. 59).

Não se pode negar que a assência da educação do campo surge da luta dos movimentos

socias pela reforma agrária e pela terra.

O 1° Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária (1° ENERA)

realizado em julho de 1997 pode ser considerado como ponto de partida e ponto de chegada desse

movimento, pois retrata que já havia um caminho trilhado. Esse 1º Encontro instigou a organização

da “I Conferência Nacional: por uma educação básica do campo”, que ocorreu em julho de 1998.

Nesse evento, os sujeitos do campo almejavam e lutavam por uma “educação, no sentido amplo do

processo de formação humana, que constrói referências culturais e políticas para a intervenção das

pessoas e dos sujeitos sociais na realidade, visando uma humanidade mais plena e feliz”

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(KOLLING et al., 1999).

Em 2002, a aprovação, pelo Conselho Nacional de Educação, da Resolução nº1 de 3 de

abril, que instituiu as Diretrizes Operacionais da Educação Básica nas Escolas do Campo,

representou uma conquista política importante para Movimento Nacional de Educação do Campo.

No texto dessas Diretrizes, o Parágrafo Único do artigo 2º, demarcou com clareza a

concepção de escola do campo defendida pelos sujeitos sociais que se atrelam a mesma. Sua

identidade é definida pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na

temporalidade e saberes próprios dos estudantes.

A Resolução CNE/CEB nº. 2, de 28 de abril de 2008 estabelece diretrizes complementares,

normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação

Básica do Campo.

E ainda temos as Diretrizes do Estado do Paraná, referência em educação do campo, uma lei

de operacionalização da educação composta por um conjunto de princípios e procedimentos para

serem observados nos projetos das instituições que integram os diversos sistemas de ensino e que

visam adequar o projeto nas Escolas do Campo nos diferentes níveis e modalidades as leis da

educação. Discute os eixos temáticos e alternativas metodológicas do ensino campesino.

3.3.-A Escola na Educação do Campo

Diferentemente de entender o campo como espaço apenas de produção agrícola, ele deve ser

também um espaço de vida.

O profissional da educação do campo está diante de um grande desafio que é a mudança do

modelo de educação presente no campo, que na atual conjuntura prepara para serem bajuladores à

lógica do capitalismo, para as regras do agronegócio, necessita levar em consideração uma série de

aspectos do mundo rural que influenciam a vida da sociedade campesina como o sentido do tempo,

a sazonalidade, a migração e a própria história do movimento social do campo.

O professor deve estar preparado para trabalhar com os alunos da zona rural, ou vindo do

campo para estudar na cidade. Para planejar suas aulas, o professor deve levar em conta a cultura

desses alunos. É preciso considerar as características e necessidades próprias do estudante

campesino, dado seu espaço cultural.

Na DCE – (Diretório Central dos Estudantes. Tem o papel de organizar suas lutas) Educação

do Campo consta que: valorizar a cultura dos povos significa criar vínculos com a comunidade e

gerar um sentimento de pertença ao lugar e ao grupo social. Isso possibilita criar uma identidade

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socio cultural que leva o aluno compreender o mundo e transformá-lo. (DCE – Educação do

Campo, 2006, p.33).

A Educação do Campo é parte essencial do desenvolvimento territorial, que se configura

como espaço que reúne, como moradia, trabalho, educação, conforto, dignidade.

Precisa-se buscar avançar na compreensão das políticas públicas para a Educação do

Campo, identificar os principais caminhos feitos pelas Diretrizes Operacionais para Educação nas

escolas do campo. A necessidade de um calendário específico para preservação das singularidades

da escola do campo. Em época de safra a família necessita de mão-de-obra do filho(a) estudante.

“Os tempos camponeses são diferentes do tempos urbanos” (MARTINS, 2008).

Consequentemente o educador que atua no campo deveria estar lotado somente numa escola,

deveria poder contar com concurso específico para a escola do campo, com o incentivo ao vínculo

permanente, dedicação exclusiva gratificada, a exemplo do ensino superior, caso contrário não tem

como haver compatibilidade de calendário/horário.

Conforme Fernando J. Martins,

“Há, nesse sentido, iniciativas como a pedagogia da alternância e do trabalho como princípio educativo que visa a vincular os tempos educativos com as necessidades da educação do campo . (...) São situações possíveis. (...) A escola do campo é, por si, um “laboratório”, não no sentido da ciência experimental, mas no sentido de práxis. (...) em vez de sacrificar os tempos educativo-cogniscitivos com atividades “extra-escolares”, a ampliação dos tempos escolares, incorporando tais atividades na dinâmica escolar, pode contribuir para a superação do caráter assistencialista que têm assumido tais atividades, tornando-as realmente formativas.”(MARTINS, 2008, p.93-106).

O que se faz fundamental é inserir o campo como elemento articulador do trabalho. Contar

com disciplina específica no currículo. E para que o PPP esteja de acordo com o projeto da escola

do campo todos precisam estar envolvidos, comunidade interna e externa. E para que isso se efetive

tem que haver condições materiais e de trabalho proporcionado pela equipe pedagógica; e na

maioria das vezes essa equipe não existe pela falta de demanda nas escolas consideradas de

pequeno porte, para contratar pessoal.

O PPP deve dar atenção especial às necessidades básicas de aprendizagem do estudante

residente no campo. Deve ser como um instrumento de inserção na comunidade e ação

democratizadora. Faz-se necessário construir estratégias de aproximação da comunidade com a

escola. Ações integrantes e desafiadoras para a consolidação da educação do campo, como: Semana

camponesa (feira cultural/ ciências/ artesanato/ plantas medicinais - pastoral da saúde/ culinária/

festas típicas), assim como questionários que envolvam a comunidade externa e interna.

É preciso entender a realidade, onde estão as crianças, os adolescentes e os jovens e quais

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seus anseios com o processo educacional para suas vidas. O trabalho é extremamente educativo, a

escola deve estar articulada ao projeto da comunidade. Caldart (2004, p. 23) nos lembra da

necessidade de educar os povos do campo a partir das diferentes identidades. Ou seja, sem qualquer

recusa de contaminação do quotidiano destes sujeitos.

Cabem, por fim, algumas indagações: onde, quando e com quem essas crianças, esses

jovens, irão aprender a ser camponeses se, como nos lembra Gohn (1997, p. 137), estes

ensinamentos (“técnicas e procedimentos agrícolas”) devem começar “desde a tenra idade [...]”?

Onde “[...] toda a alfabetização tem como exemplo a realidade imediata que vivenciam”?

4.-Proposta de avaliação

É o momento de fechamento de um processo que busca avaliar o alcance dos objetivos

estabelecidos nesta unidade temática que inclui uma série de aspectos como a análise do seu

envolvimento – participação – com o trabalho por parte dos professores participantes, as discussões

por eles levantadas, a apresentação de propostas para melhorias no ambiente escolar rural com a

construção efetiva da escola do campo. É preciso um comprometimento dos envolvidos no

processo, criar uma estrutura que dê conta de projetos voltados para as especificidades do campo,

sempre com a grande preocupação de não promover o esvaziamento de conteúdos, mas com uma

lógica inclusiva, tratando nossas crianças e adolescentes com respeito e dignidade. Bem como a

frequência dos mesmos neste curso de extensão.

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