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Santos, Antonio Oliveira. Cooperação e Parceria / AntonioOliveira Santos. Rio de Janeiro; CNC, 2004p. 245
1. Comércio - Brasil. 2. Brasil - aspectoseconômicos. 3. Brasil - aspectos políticos. 4.Brasil - Aspectos Sociais. I. Título.
APRESENTAÇÃOOs temas tratados nos artigos que compõem este livro -
“Cooperação e Parceria” - são o reflexo dos problemas nacionais
mais relevantes, dos quais procuramos tratar com uma visão crítica
construtiva, dentro do contexto da cooperação e colaboração
que o setor empresarial privado vem procurando manter em suas
relações com o Governo.
O ano de 2003 foi um ano de frustrações, com queda de 0,2% do
PIB nacional, resultado certamente vinculado às atribulações do ano
2001, como a crise de energia elétrica, a retração econômica da
Argentina e a conjuntura de incertezas advinda das ações terroristas
nos Estados Unidos, assim como o segundo semestre de 2002, no plano
interno, foi afetado pelas inquietações da campanha eleitoral. Mas o
ano de 2004 marcou o início da retomada do crescimento econômico.
A firmeza com que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem
administrando a política econômica, principalmente a política fiscal,
em conformidade com os termos do Acordo firmado com o Fundo
Monetário Internacional, restituiu a confiança dos investidores,
nacionais e estrangeiros. Os resultados da balança comercial, muito
acima das previsões mais otimistas, foram altamente favorecidos pela
expansão das exportações brasileiras para os novos mercados, com
destaque para a China, a Argentina, o México e o Oriente Médio.
A inusitada expansão das exportações brasileiras produziu
um extraordinário aumento da renda do setor agrícola, com
reflexos positivos nas atividades comerciais e na produção
industrial, assim como na redução do desemprego e da melhoria
dos níveis de renda dos trabalhadores. Ao que tudo indica, o ano
de 2004 vai refletir todos esses eventos favoráveis e, possivelmente,
poderá representar o ponto de partida para um novo círculo
virtuoso de desenvolvimento sustentável.
ANTONIO OLIVEIRA SANTOS
Presidente da
Confederação Nacional do Comércio
Essa mudança positiva no rumo das atividades econômicas,
entretanto, não afasta inteiramente as preocupações derivadas
da excessiva carga tributária que pesa sobre o setor produtivo e
dos elevados juros que oneram, principalmente, as operações
de financiamento do capital de giro nas empresas. Há, entretanto,
uma grande esperança na comunidade nacional de que o
Governo, com o tempo necessário, poderá reduzir as dimensões
do Estado e orientar a política fiscal com o sentido de estimular o
crescimento econômico e a geração de emprego.
Paralelamente, o setor empresarial está empenhado em participar
ativamente, com os trabalhadores e o Governo, das transformações
exigidas pela modernização dos sistemas sindical e trabalhista. São
dignos de registro, os notáveis avanços alcançados nessas áreas. Resta
assinalar as inquietações que, vez por outra, assaltam os meios
empresariais e trabalhistas, com o anúncio de intenções manifestadas
por algumas autoridades do Governo e do Legislativo, em relação ao
Sistema S. No primeiro capítulo desta publicação, está explicita a firme
defesa com que a Confederação Nacional do Comércio, juntamente
com as demais Confederações patronais, vem realizando em favor
da preservação do Sistema e das conquistas obtidas, há quase seis
décadas, na melhoria das relações entre o capital e o trabalho.
Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2004
SUMÁRIO
O SISTEMA S
O SESC e o SENAC 11
A Vocação do Sistema S 15
POLÍTICA ECONÔMICA
Política Econômica 21
A Chave do Crescimento Econômico 25
A Salvação da Lavoura 29
A Hora e a Vez do Brasil 33
Os Rumos da Economia Nacional 37
Subsídios Agrícolas e Distorções 39
Objetividade e Subjetividade 43
Euforia 47
Enfoque Errado 49
QUESTÕES TRIBUTÁRIAS
Da Lógica Tributária 55
A COFINS e os Serviços 57
Fim do Crediário para Baixa Renda? 61
Escárnio Tributário 65
Ameaça à Vista 69
Um Salto no Escuro 73
Receita Amarga 77
A Reforma do Estado 79
O Pacote Azul 81
Violência Contra os Conselhos de Contribuinte 85
COMÉRCIO EXTERIOR
Retomada do Mercosul 91
Urgência para a Política Portuária 97
Ameaçada a Modernização dos Portos 101
ECONOMIA INFORMAL
Entraves da Burocracia - I 107
Entraves da Burocracia - II 109
Entraves da Burocracia - III 111
Entraves da Burocracia - IV 113
O Comércio Informal 115
Corrupção 119
Um Alerta sobre a Burocracia 123
PRONUNCIAMENTOS
Almoço da Diretoria com o Secretário de Relações doTrabalho, Osvaldo Martines Bargas 129
Almoço da Diretoria com o Ministro do Trabalho eEmprego, Ricardo Berzoini 135
Almoço da Diretoria com o Ministro das Comunicações,Eunício Oliveira 139
Almoço da Diretoria com o Presidente do SuperiorTribunal de Justiça, Ministro Edson Vidigal 143
92a Conferência da OIT 149
Inauguração do Centro de Convenções do SESC-DR-ES 153
Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-PR, Darci Piana 157
Almoço da Diretoria com o Presidente do Tribunalde Contas da União, Ministro Valmir Campelo 161
Posse do Presidente FECOMÉRCIO-RS, Flávio Sabbadini 167
Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-RJ, Orlando Diniz 171
Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-SC, AntonioEdmundo Pacheco 175
Almoço da Diretoria com o Presidente do TribunalSuperior do Trabalho, Ministro Vantuil Abdala 179
Inauguração do SESC-Pinheiros 185
Dia Mundial do Turismo 189
ANEXO
Parecer SESC/SENAC - CJ no 01/03 199
Dr. Cid Heráclito de Queiroz
Consultor Jurídico da Presidência
11
O SESC E O SENACJORNAL DO BRASIL - 20 DE SETEMBRO DE 2004
Disse, com toda a acuidade e objetividade, o Presidente Luís
Inácio Lula da Silva, em recente reunião, na cidade de Belo
Horizonte, que era sua determinação “defender a continuidade
do Sistema S”, reclamando por já ter ouvido vários parlamentares
proporem a sua extinção. S.Exa acrescentou: “Só poderia pensar
assim quem não conhecia por dentro os benefícios, sobretudo,
para as populações mais pobres, que fazem um curso profissional
no SENAI. Só poderia tentar acabar com uma escola dessas quem
não conhecia, quem não sabia o que significava isso”.
De fato, algumas críticas têm sido feitas ao Sistema “S”, em
razão do absoluto desconhecimento quanto à natureza, às
finalidades, aos recursos e às realizações dessas entidades e outras
que integram o Sistema.
Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, Roberto
Simonsen, João Daudt de Oliveira e outros notáveis líderes do
empresariado levaram ao Presidente Getúlio Vargas a proposta da
criação de entidades destinadas a preparar os profissionais que seriam
indispensáveis para o desenvolvimento da indústria e do comércio
nacionais, de modo a acompanhar o incremento dessas atividades
em todo o mundo. Para custear as atividades dessas entidades, o
empresariado prontificou-se a pagar, mensalmente, uma
contribuição com base nos salários dos respectivos empregados.
12
Por decretos-leis baixados pelo Presidente Eurico Gaspar
Dutra, em 1946, foi atribuído à Confederação Nacional do
Comércio (CNC) o encargo de criar o SENAC, para organizar
e administrar escolas de aprendizagem comercial, e o SESC,
para planejar e executar medidas que contribuíssem para o
bem-estar social e a melhoria do padrão de vida dos
comerciários e de suas famílias, inclusive com realizações
educativas e culturais e pesquisas sociais e econômicas. Nas
justificativas desses decretos-leis, o Presidente Dutra destacou
que o Governo decidira adotar um “modelo descentralizado”,
mediante entes privados, com o concurso das entidades
representativas das classes dos comerciantes e “recursos
proporcionados pelos empregadores”. Seguia-se, assim, a
linha de atos do Presidente Vargas, que haviam criado, em
1942, o SENAI e o SESI. Portanto, desde a origem e como
reafirmado em preceito especial da Constituição de 1988, o
SESC e o SENAC, assim como as demais entidades do “Sistema
S”, são entidades privadas, financiadas com as contribuições
do empresariado nacional.
Alguns críticos desatentos imaginam que os recursos
destinados ao SESC e ao SENAC seriam públicos pelo fato de
serem cobrados de modo compulsório e recolhidos por
intermédio do INSS. Ora, esses detalhes não alteram a natureza
dos recursos dest inados ao SESC e ao SENAC. A
compulsoriedade, por si só, não transforma em tributo as
contr ibuições do empresariado, vinculadas aquelas
entidades, da mesma forma como ocorre com as
contribuições sindicais, as contribuições ao FGTS, os seguros
obrigatórios etc. O recolhimento é efetuado por intermédio
do INSS, como sucessor dos antigos Institutos e Caixas de
Previdência, na qualidade de mero agente arrecadador, que
é remunerado pela prestação desse serviço. Em lugar do INSS,
a arrecadação poderia ser efetuada pela Caixa Econômica
13
Federal, pelo Banco do Brasil ou por um banco privado. Os
recursos em foco provêm da classe empresarial, com
destinação específ ica ao SESC e ao SENAC, sequer
transitando pelas contas do Tesouro Nacional. São, por
conseguinte, recursos de origem privada, destinados a
entidades privadas, para aplicação em realizações em favor
da classe dos comerciários, que abrange todos quantos
desempenhem funções no comércio de bens e serviços e
turismo.
Ao longo de mais de quase sessenta anos, o SESC e o
SENAC vêm realizando uma obra extraordinária, seja no que
tange ao aprendizado e à formação de profissionais para as
atividades comerciais, seja no pertinente ao bem-estar social
da classe dos comerciários. O SESC está presente em 2.200
municípios, nos quais mantém 480 ginásios e centros
desportivos, 1.300 salas de aula, 31 centros educacionais, 154
bibliotecas, 120 auditórios e 38 colônias de férias, que são
usufruídas pelos comerciários e seus familiares. Por sua vez, o
SENAC funciona em 2.000 municípios, atendendo, em 2003, a
cerca de dois milhões de alunos, orientados por quinze mil
professores especializados, afora sessenta unidades móveis e
uma balsa que opera na região amazônica. Os 13
restaurantes-escolas do SENAC são famosos, seja pela
qualidade de suas refeições, seja pelo elevado nível de seus
cozinheiros, maitres e garçons. São famosos o do Pelourinho,
em Salvador, e os da R. Marquês de Abrantes e Av. General
Justo, no Rio de Janeiro, onde milhares de jovens se preparam
para o mercado de trabalho.
Aprofundando as suas atividades, o SENAC firmou uma
parceria com o Ministério da Defesa, para o desenvolvimento
do Projeto Soldado-Cidadão , destinado aos jovens recrutas,
de modo a que, ao final do período de prestação do serviço
14
militar, estejam preparados para o desempenho de alguma
profissão.
Em tais condições, as críticas à atuação do SESC e do
SENAC são totalmente improcedentes. O empresariado
nacional continuará a financiar a atuação dessas notáveis
entidades, que vêm prestando enorme contribuição classe
dos empregados no comércio de bens e serviços e turismo.
15
A VOCAÇÃO DO SISTEMA SJORNAL DO BRASIL - 6 DE OUTUBRO DE 2004
O Sistema S não poderia receber maior consagração do que
a referência feita pelo Presidente Lula, de forma autêntica e
espontânea, na abertura da Olimpíada do Conhecimento, em
Belo Horizonte, no dia 06 de agosto passado, afirmando que “o
que melhor aconteceu em minha vida foram os 15 meses que
passei fazendo o curso de torneiro mecânico no SENAI” ! Ao
defender a continuidade do Sistema S, que inclui SESI/SENAI, SESC/
SENAC, SENAST/SENAT e SENAR, criados a partir de 1942, desde o
Governo Getúlio Vargas, o Presidente Lula condenou as propostas
cogitadas por alguns parlamentares, no sentido da extinção do
Sistema, declarando:“Só pensa assim, disse o Presidente, quem
não conhece, por dentro, seus benefícios, sobretudo para as
populações mais pobres que freqüentam seus cursos. Nós
poderíamos democratiza-lo mais e amplia-lo. Podemos fazer
ajustes. Quem sabe, um dia, tenhamos condição de fazer alguma
coisa melhor. Queira Deus que a nossa inteligência permita, um
dia, termos Centros de Formação melhores, mais eficazes e mais
capazes que o SENAI. Hoje, não temos, nem de perto. Portanto,
se não temos o que colocar no lugar, não vamos mexer no que
está funcionando e funcionando bem”.
A criação do Sistema S constitui justo orgulho das classes
produtoras, que não aceitam, de modo algum, as propostas de
profundas alterações de suas regras, sob o equivocado
16
argumento de que seus recursos teriam natureza tributária, seriam
pagos pelos consumidores e, finalmente, arrecadados pelo INSS.
Esses argumentos não encontram fundamentação jurídica, nem
correspondem à verdade histórica dos fatos.
O SENAI e o SESI (1942), na indústria, assim como o SESC/
SENAC (1946), no comércio, foram criados por iniciativa dosempresários nacionais. Suas origens remontam ao período da II
Grande Guerra, quando o Brasil se deu conta de que o mundo
estava diante de uma segunda Revolução Industrial, comandada
pelas inovações tecnológicas, que iriam requerer grandes
contingentes de mão-de-obra qualificada, inexistente no
mercado brasileiro. Impunha-se, pois, antecipar-se aos
acontecimentos e criar cursos de formação profissional,
assumindo, então, o empresariado um compromisso que deveria
caber ao Governo, mas para o qual o Governo não estava
preparado.
Essas idéias foram consagradas e consolidadas na histórica
Carta da Paz, de 1946, aprovada em memorável reunião das
classes produtoras - a I CONCLAP - realizada em Teresópolis, há
quase 60 anos.
Foram os empresários privados, sob a liderança de Roberto
Simonsen e João Daudt de Oliveira, que levaram ao Presidente
da República a proposta de criação das mencionadas entidades,
fora do contexto estatal, financiadas por contribuições dosempregadores e que, portanto, nada têm a ver com a natureza
tributária dos impostos, taxas e contribuições integrantes dos
orçamentos públicos, inclusive as que constituem as receitas do
sistema da Previdência Social. Esses recursos, por conveniência,
têm sido arrecadados pelo INSS, que recebe por esse serviço uma
comissão de 3,5%, caracterizando, claramente, sua função de
mero intermediário. Tais contribuições poderiam, inclusive, ser
17
arrecadadas diretamente ou por intermédio de uma instituição
bancária.
Resta a questão da compulsoriedade do recolhimento da
contribuição em foco, que se justifica pela grandeza e pelas
dimensões do projeto de formação profissional e de assistência
social a que se propunham os empresários. O sentido dessacompulsoriedade é exatamente o mesmo que presidiu a criaçãodas contribuições sindicais, em favor dos sindicatos dostrabalhadores e das classes patronais. Admitir que esses recursos
tenham natureza tributária não faz sentido, tanto assim que a
Constituição Federal claramente os diferenciou, conforme se vê
de seus artigos 8o e 240. Isso não exclui sua fiscalização por parte
do Governo e dos trabalhadores, que possuem representantes
nos Conselhos Fiscais, assim como nos Conselhos Nacionais e nos
Conselhos Regionais dessas entidades. Ademais, todas elas
prestam contas, regularmente, ao Tribunal de Contas da União
e, mais recentemente, todos os seus atos de gestão orçamentária,
financeira e patrimonial passaram a ser submetidos a auditorias
regulares dos órgãos de controle interno do Governo Federal.
Qualquer ingerência no Sistema S, sob o pretexto de interferir
em sua gestão, face ao montante e à natureza dos recursos que
administra, representará uma quebra dos princípios estabelecidos
nas leis que lhe deram origem, consolidados em dispositivo inserido
na Constituição Federal de 1988. É evidente que tal proposta
encerra inegável responsabilidade, eis que poderá representar a
destruição de um eficiente modelo de interação dos interesses
do capital e do trabalho, único no mundo, que vem funcionando,
exemplarmente, sem interrupção, ao longo de várias décadas,
propiciando - como é o caso do SENAI e do SENAC -, cursos de
treinamento e formação profissional, pelos quais passam,
anualmente, mais de 5 milhões de jovens desejosos de ingressar
no mercado de trabalho, além da assistência social, no campo
18
do lazer, da saúde e da educação, realizada através do SESI e
do SESC.
Estejam certos os adversários do Sistema S, muitos deles
movidos pelo ávido interesse de participar da administração dos
recursos arrecadados, que o setor privado irá defender com vigoreste sistema, eis que representa, antes de mais nada, os interesses
dos trabalhadores nacionais e uma das conquistas mais sólidas e
eficazes na construção de uma harmoniosa relação entre o
capital e o trabalho.
Capítulo 2
Política Econômica♦ Política Econômica
♦ A Chave do Crescimento Econômico
♦ A Salvação da Lavoura
♦ A Hora e a Vez do Brasil
♦ Os Rumos da Economia Nacional
♦ Subsídios Agrícolas e Distorções
♦ Objetividade e Subjetividade
♦ Euforia
♦ Enfoque Errado
21
POLÍTICA ECONÔMICAJORNAL DO COMMERCIO - 18 DE MAIO DE 2004
A condução da política econômica desenhada pelos
governos gira em torno de umas tantas variáveis como a taxa
de juros, o sinal do balanço de pagamentos, a taxa de
inflação, o superávit ou déficit das contas públicas e o
câmbio. São elas que fundamentam, através de
permutações, a moldura macroeconômica dentro da qual
os negócios da economia se processam.
Dessas variáveis macroeconômicas, duas são as que,
neste momento, chamam mais a atenção como empecilho
ao tão esperado “espetáculo do crescimento”. A taxa de
juros, cujo nível está entre os mais altos do planeta, e o
superávit primário da ordem de 4,5% do Produto Interno Bruto
(PIB), em face do compromisso assumido com o Fundo
Monetário Internacional (FMI) indispensável para garantir a
credibi l idade externa da Nação perante as f inanças
internacionais.
Em contraste, os bons resultados alcançados no balanço
de comércio pela conjugação feliz da taxa flutuante de
câmbio com a conjuntura mundial favorável aos
agronegócios fazem do setor externo uma fonte importante,
de crescimento econômico, ainda que insuficiente.
22
Para as autoridades monetárias a administração da taxa
básica de juros está vinculada ao comportamento da taxa
inflação, o que parece não fazer muito sentido, tendo em
vista a substancial diferença que existe entre essa taxa e as
taxas bancárias e do mercado de capitais. Para os
empresários, a queda da taxa básica tem outra razão de ser,
pois, em verdade a queda da taxa Selic só indiretamente
estimula a atividade econômica, na medida em que reduz
no orçamento público a quantia necessária para fazer face
ao serviço da dívida, liberando assim recursos líquidos para
invest imentos. Numa visão de médio prazo permit i r ia
recuperar, ao menos parcialmente, a capacidade
governamental de investir.
A taxa de juros que de imediato interessa ao
empresariado é a taxa na ponta do tomador, sobre a qual
incidem os custos da atividade bancária, tais como tributos
(IOF, CPMF, PIS/COFINS, CSLL) e depósitos compulsórios, o peso
da inadimplência, a falta de garantias legais para cobrir o
risco de crédito, e o próprio lucro dos bancos. Sem a redução
de alguns desses elementos que formam o “spread” bancário,
isto é, a diferença entre as taxas de captação e as taxas de
empréstimo, a queda da Selic tem pouca influência sobre a
reativação dos negócios de curto prazo.
Mais importante que a redução, ainda que substancial,
da taxa Selic, para o crescimento econômico e a pronta
reativação do nível de emprego seria a recuperação da
capacidade de investimento do Estado. Essa é a intenção
da proposta feita pelas autoridades brasileiras ao FMI, para a
adoção de um novo conceito de superávit primário, que
exclui as despesas de investimento em infra-estrutura. Afinal,
em tempos passados o investimento público era o grande
motor do crescimento econômico.
23
Contudo esse novo conceito de superávit primário, ainda que
adotado em caráter experimental, exigiria, em troca, um
remanejamento global dos orçamentos públicos. A dúvida que
persiste é se, mantido o nível de superávit primário em 4,5%,
indispensável para conter a explosão do endividamento público,
como ficaria o remanejamento de verbas que, em sua maioria,
correspondem a despesas rígidas e, portanto, de difícil redução.
Como existe óbvia complementaridade entre os
investimentos que formam a infra-estrutura econômica de um país
e os investimentos privados, orientados diretamente para a
produção de bens e prestação de serviços, é fundamental que
as decisões de investimento estejam bem articuladas, não só entre
o setor público, em seus distintos níveis de administração, como
entre este e o setor privado.
Em definitivo, as manifestações da vida econômica se
passam em nível micro, nos estabelecimentos rurais, nas
fábricas, nas lojas comerciais e nos escritórios das profissões
liberais. Isso supõe uma eficiente administração dos recursos
gerados pela reorientação orçamentária, para que os
investimentos em infra-estrutura resultem na complementaridade
almejada.
25
A CHAVE DO CRESCIMENTOECONÔMICO
JORNAL DO BRASIL - 18 DE MAIO DE 2004
Apesar de anunciado, o espetáculo do crescimento não
aconteceu. O crescimento não é somente o produto da
vontade isolada de um governante. Resulta de uma série de
fatores que, interligados, produzem um circulo virtuoso, em que
cresce a demanda de bens de consumo, em seguida de bens
de capital (investimentos), que geram renda, que gera
consumo, etc.
Um dos maiores economistas do nosso tempo, Schumpeter,
desenvolveu uma teoria segundo o qual tudo começa com
uma onda de invenções, que se transformam em inovações
(novos produtos) através de investimentos novos, que criam
empregos e geram renda, pondo em marcha o processo do
crescimento. Outro economista clássico, não menos notável,
Wicksell, colocou o processo sobre a base do crédito e da taxa
de juros. Segundo ele, quando a taxa de juros do mercado é
inferior à margem de lucro (também chamada “rendimento
marginal do capital), o investidor se anima e, no curto prazo,
utiliza capital de giro para rodar suas máquinas e, no longo
prazo, adquire novos equipamentos para ampliar sua
produção. O processo se exaure quando a margem de lucro
fica abaixo da taxa de juros, fechando o ciclo econômico.
26
O caso do Brasil, nos últimos anos, serve a todos esses
exemplos. No ano 2000, no auge das privatizações, entraram
no Brasil US$ 33,4 bilhões de dólares, investidos na ampliação
dos setores de infraestrutura, telecomunicações, energia,
transportes, diante da expectativa de expansão do mercado e
bons lucros. O PIB cresceu 4,4%. A crise de energia elétrica em
2001, o ataque terrorista aos Estados Unidos e a falência da
Argentina mudaram o rumo dos acontecimentos. Em 2002, a
campanha presidencial, o medo de uma vitória do PT e o
terrorismo eleitoral, no 2o semestre, afastaram os investidores, que
permaneceram retraídos em 2003, provocando recessão e
desemprego, com queda de -0,2% do PIB.
Chegamos a 2004, com uma interrogação sobre quais os
elementos que poderão impulsionar a economia: o crescimento
da economia americana ou a expansão da China, ambos
cercados de dúvidas e incertezas. Ao que tudo indica, como já
assinalamos anteriormente, o Governo brasileiro está apostando
na expansão do crédito para dar partida ao círculo virtuoso (o
espetáculo do crescimento), crédito diversificado para o
consumo, crédito para os investimentos, através do BNDES, do
Banco do Brasil e da Caixa Econômica, além das possibilidades
abertas pelo programa de Parceria Público-Privada (PPP). Até o
1o trimestre, nada disso aconteceu. Mas o clima de confiança
permanece, apesar dos acidentes políticos. E isso acontece
porque o crédito está irrigando a agricultura e as exportações.
Nos últimos doze meses, embora o financiamento bancário à
indústria tenha sido negativo (-0,2%), o crédito rural cresceu 28,8%%
e para pessoas físicas 18,5%. Nesse contexto, afigura-se importante
o modelo que o Governo pretende realizar, através da PPP, em
que os empresários com recursos disponíveis assumiriam a iniciativa
de grandes projetos de infraestrutura, enquanto o Governo
cobriria o risco do negócio, garantindo uma margem certa de
lucratividade. A implantação dessas operações vai depender do
27
chamado “contrato de gestão” e dos marcos regulatórios que
deverão assegurar maior grau de liberdade aos investidores
privados, além de superar os obstáculos que, sistematicamente,
estão sendo criados pelas autoridades ambientalistas, sem
qualquer preocupação com os problemas econômicos e sociais
do País.
É por aí, pela via do crédito e da regulamentação da PPP,
que podemos esperar algum crescimento do PIB, em 2004. Mas
não se pode esquecer o CUSTO BRASIL. Há muitos países
concorrendo com o Brasil na atração dos investimentos
estrangeiros, alguns com menos da metade da carga tributária
brasileira. Assim, não dá.
29
A SALVAÇÃO DA LAVOURAA GAZETA (VITÓRIA) - 25 DE MAIO DE 2004
A economia brasileira encontra-se, presentemente, numa
fase de baixa perspectiva, em que se destacam a recessão no
mercado interno, o elevado nível de desemprego e a queda do
salário real. O principal responsável por essa situação é o Estado,
que cresceu demasiadamente e, em conseqüência, impõe à
sociedade civil uma carga tributária insuportável.
O último relatório do FMI ressalta a vulnerabilidade fiscal do
Brasil. A maior parte da receita tributária é despendida com o
pagamento dos juros incidentes sobre a dívida pública e com os
quadros de pessoal dos três Poderes, das agências e demais
autarquias e fundações públicas. A dívida pública decorre,
basicamente, da política de juros altos, praticada pelo Banco
Central, para rolar a dívida, num círculo vicioso irracional.
As pessoas físicas e as médias e pequenas empresas sofrem
todo o peso da carga fiscal, da falta de crédito (o Governo
absorve todas as poupanças) e dos juros elevados. A saída para
a sobrevivência é uma espécie de reação civil à tributação
exagerada, aliada a uma burocracia infernal. Alguns deixam de
recolher os tributos, outros praticam a sonegação e outros mais
recorrem ao contrabando. As instituições financeiras e as grandes
empresas vivem num mundo à parte, realizando, de modo geral
lucros expressivos. Nesse grupo, encontram-se, também, as
30
empresas do setor agroindústria e as que se dedicam à
exportação, simplesmente porque pagam poucos impostos e juros
baixos. Disso tudo resulta que os ricos ficam cada vez mais ricos e
os pobres mais pobres.
A solução para esse problema não é fácil, porque envolveria
medidas drásticas e impopulares. Todavia, nem o Executivo, nem
o Legislativo, nem o Judiciário têm sensibilidade para adotar
medidas dessa natureza, sobretudo quando se trata de reduzir
as despesas e privilégios.
A receita, no entanto, é simples: reduzir à metade o número
de Ministérios, Secretarias e Agências; reduzir o número de
parlamentares federais e estaduais e o número de funcionários
dos respectivos gabinetes.
Nos Estados, as Assembléias Legislativas poderiam ser
reduzidas a um terço das dimensões atuais, até porque, sendo
menores, serão mais eficazes. A Constituição deveria estabelecer
um teto não só para remunerações, mas também para o número
de secretarias e outras entidades públicas.
Nos Municípios com menos de 100 mil habitantes, a Câmara
dos Vereadores deveria funcionar seis meses por ano,
restabelecendo-se a gratuidade dos mandatos, para que
reapareçam os vereadores realmente desejosos de prestar serviço
às comunidades e não interessados em empregos com boa
remuneração e pouco trabalho. Nos Municípios com mais de 100
mil e menos de um milhão de habitantes, o Legislativo deveria ser
limitado a 15 vereadores, com subsídio limitado a 30% dos subsídios
dos deputados estaduais.
O Judiciário, federal e estadual, merece uma reforma
estrutural de profundidade, a começar pela adoção das súmulas
31
vinculantes e pela simplificação do Código de Processo, como
os próprios Juízes aconselham. Os Juizados de Pequenas Causas
têm de ser ampliados, com funcionamento dia e noite e processo
oral. Para reduzir o número da causas trabalhistas, o sistema de
mediação e arbitragem tem que ser estimulado e expandido,
com um custo menor e maior rapidez nas decisões.
Entre outras medidas, o Sistema Tributário e o Sistema
Previdenciário deveriam ser pautados pelo modelo “Super
Simples”, pelo qual todas as empresas de pequeno porte
pagariam um tributo único, de 3% a 5% sobre o capital ou o
faturamento. Bastaria, para tanto, incluir, no atual Simples, todas
as empresas, inclusive as de serviços, cujo faturamento anual não
ultrapasse a algo como um milhão e meio de reais.
Seria uma verdadeira revolução e o Presidente Lula tem todas
as qualificações para liderá-la, com a ajuda dos empresários e
dos trabalhadores. Trata-se de salvar o Brasil da mediocridade.
Enquanto há tempo.
33
A HORA E A VEZ DO BRASILJORNAL DO COMMERCIO - 6 DE JUNHO DE 2004
A economia brasileira deu um salto de produtividades, nas
últimas décadas. Aprendeu a utilizar as novas conquistas da
tecnologia, redescobriu a agricultura, aprendeu a fazer
automóveis, caminhões, geladeiras, televisores, telefones e
celulares.
De longa data, a EMBRAPA vem liderando uma revolução
na agropecuária, desenvolvendo tecnologias de primeiro mundo,
na produção de soja, de algodão, na avicultura e na pecuária,
que hoje encontram amplas possibilidades nos mercados
internacionais. Os engenheiros da PETROBRÁS descobriram novas
formas de produção em águas profundas, multiplicando a
produção e exportando tecnologia. Nossos agrônomos
aperfeiçoaram as técnicas de cultivo do eucalipto e estão
transformando as áreas devastadas das antigas florestas em
fabulosas riquezas, no interior do País, onde vão sendo construídas
fábricas de celulose e papel, com investimentos de bilhões de
dólares e geração de milhares de empregos. Essa é uma
revolução que está desabrochando e se consolidando na
conquista dos mercados internacionais.
A agroindústria brasileira ganhou índices de competitividade
que superam, de longe, os países mais avançados, como os
Estados Unidos e os europeus. O mesmo ocorre na mineração. O
34
setor privado brasileiro está demonstrando uma capacidade
extraordinária de absorver as tecnologias mais avançadas. As
pesquisas que se desenvolvem em nossas Universidades, no
campo científico, estão em compasso com os centros mais
adiantados do mundo.
Por tudo isso, é lastimável ver o atraso no campo político, que
vai transformando o Estado paquiderme num obstáculo, num
constrangimento, numa trava ao desenvolvimento econômico e
social. Da burocracia à corrupção, criou-se uma barreira que
sufoca a iniciativa privada com os juros astronômicos e a maior
carga tributária do mundo. O desemprego e o empobrecimento,
abrigados na periferia das grandes metrópoles nacionais, geraram
o narcotráfico e a violência, no confronto com a corrupção policial.
É realmente lamentável a corrupção generalizada, que a
mídia divulga a cada dia. A impunidade é sua aliada, à espera
de que o Judiciário, esclarecido, ainda possa conter o crime
organizado, as fraudes e os desvios do dinheiro público.
Igualmente lamentável é o desrespeito à ordem pública e à
propriedade privada, que vem sendo acintosamente perpetrado
pelo MST e outros grupamentos ideológicos, que agem à sombra
da omissão das autoridades federais e estaduais, com o apoio
de setores da Igreja e organizações acumpliciadas à subversão
da ordem pública. A ecologia e a sadia proteção ao meio
ambiente estão sendo desvirtuadas por forças ainda não
inteiramente identificadas, que se opõem, sistematicamente, à
iniciativa privada. Em um dos nossos Estados, chegou-se ao
absurdo de proibir a plantação de eucaliptos, em outro se proíbe
o trânsito da produção nacional em direção aos portos de
exportação e em outros estão sendo criadas dificuldades enormes
à exploração dos recursos naturais, tudo em nome de uma
proteção ambiental mal definida, colocada a serviço de uma
ideologia burra e fanática.
35
Esta é a hora e a vez do Brasil libertar-se, definitivamente, de
atrasos e de privilégios. O Presidente Lula chegou ao Governo do
País em meio a esse embate colossal: de um lado, a iniciativa
privada e a inteligência nacional desenvolvendo novas
oportunidades e abrindo caminhos para o progresso e o
desenvolvimento; de outro lado, a burocracia, a ideologia e a
corrupção construindo barreiras, minando o potencial criativo da
economia nacional.
Nossas esperanças estão depositadas na capacidade de o
Presidente convencer e mobilizar as forças políticas e a vontade
nacional. O Presidente tem repetido à Nação que “chegou ao
Governo para mudar o nosso País”. Esta é a hora e a vez do Brasil.
37
OS RUMOS DA ECONOMIANACIONAL
A GAZETA (VITÓRIA) - 8 DE JUNHO DE 2004
Como é fácil verificar, com exclusão dos bancos, o único
setor da economia nacional que apresentou resultado
excepcional em 2003 foi o das exportações, incluindo as
commodities da agroindústria. O crescimento de 21,1% das
exportações foi fundamental para evitar uma crise de sérias
proporções, mas, mesmo assim, não impediu o desempenho
negativo do PIB (-0,2%).
Afora as exportações, outros indicadores da economia
apresentaram resultados pífios: o desemprego médio acima de
12% e a queda do salário real em 5,4% indicam o estado de
fraqueza da economia nacional, incapaz de levantar vôo com
as amarras de uma taxa de juros de mais de 40% para desconto
de duplicatas (capital de giro) e uma carga fiscal insuportável,
também caminhando para 40% do PIB, duas vezes mais alta que
a dos países emergentes que conosco concorrem nos mercados
internacionais.
A economia nacional estagnou há alguns anos e, desde
então, vai se configurando a impossibilidade de voltar a crescer
às taxas tradicionais, enquanto o País estiver subjugado à
ineficiência de uma política fiscal que subtrai 40% dos recursos
38
privados, para um serviço público precário, que não atende às
exigências mínimas em setores de saúde, educação, saneamento
e segurança pública.
Cabe repetir que, no Brasil, só encontram espaço para
crescer, afora os bancos, as grandes firmas do setor agropecuário
e da exportação, porque desfrutam de crédito a juros
internacionais e tributos várias vezes menores que os das empresas
voltadas para o mercado interno.
Some-se a tudo isso uma burocracia infernal e uma crescente
corrupção, para completar um diagnóstico de mediocridade e
de incapacidade. Por maior simpatia que tenhamos pela atual
Administração, não se pode fugir à evidente dificuldade para
administrar a dívida interna em preocupante expansão, sobre a
qual incidem juros anuais correspondentes a quase 10% do PIB. A
economia brasileira pode até crescer 3%, em um ano, mas será
um “vôo de galinha”. Dificilmente, terá sustentação.
Para realizar o “espetáculo do crescimento”, o Governo terá
que promover o desmonte deste Estado paquiderme, nos três
níveis de Governo, liberar as amarras do setor privado e do
mercado interno, combater a ignorância de uma pseudo política
ambiental, que se contrapõe, sistematicamente, aos avanços da
ciência e da tecnologia, e praticar uma “política externa de
resultados”, distanciada do atavismo terceiro-mundista.
Ninguém discorda que essa é uma tarefa extremamente difícil
e impopular que, além de coragem e determinação, vai requerer
o empenho de mais de uma administração. Mas é certo que se
não começarmos esse programa, o quanto antes, estaremos
condenando o País a um futuro medíocre.
39
SUBSÍDIOS AGRÍCOLAS EDISTORÇÕES
A GAZETA (VITÓRIA) - 9 DE JULHO DE 2004
David Ricardo, um dos expoentes da corrente de
pensamento econômico da Escola Clássica Inglesa do século XIX,
com a sua teoria das vantagens comparativas, recomendava a
especialização dos países nas atividades produtivas nas quais
seriam mais eficientes, daí resultando um ganho global para todos,
através do comércio internacional. Nos dias atuais, não há nada
mais distante das vantagens comparativas de Ricardo do que os
subsídios agrícolas que os países desenvolvidos concedem aos
seus produtores.
A concessão generalizada de subsídios feita por esses
governos aos seus agricultores e pecuaristas representa uma grave
distorção do comércio mundial, que atua em detrimento dos
países menos desenvolvidos..
A União Européia gasta em subsídios à agricultura algo em
torno de US$ 50 bilhões ao ano. Nos últimos 5 anos, os Estados
Unidos concederam US$ 13 bilhões em subsídios aos produtores
de algodão e US$ 3 bilhões em créditos aos exportadores de fibras.
Na atitude dessas duas potências econômicas, face ao tema
dos subsídios, a União Européia parece, neste momento, mais
40
flexível que os Estados Unidos. Cabe lembrar que a antiga Europa
dos 15 é, hoje, a Europa dos 25, em presença de um orçamento
comunitário que estabelece que o nível dos subsídios terá de ser
mantido constante até 2013. A presença de maior número de
comensais em torno da mesma mesa será forte elemento de
pressão, para alterar a “Política Agrícola Comum”.
Talvez seja por isso que a União Européia tenha enviado à
Organização Mundial do Comércio (OMC) proposta no sentido
da eliminação completa dos subsídios às exportações agrícolas,
sob a condição que os países que subsidiam esse comércio façam
o mesmo.
Em tese, ao menos, o representante do Comércio Exterior
dos Estados Unidos, ao referir-se aos três pilares do capítulo
agrícola das negociações, defende a eliminação dos subsídios à
exportação, redução substancial e harmônica dos subsídios
internos que distorcem o comércio e maior acesso a mercados.
O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (a sigla em inglês, UNCTAD), embaixador
brasileiro Rubens Ricupero tem dúvidas quanto ao avanço do
terceiro pilar, o do acesso a mercados, que implica reduzir tarifas
e eliminar cotas que impedem a venda de produtos agrícolas
dos países menos desenvolvidos.
Para o Brasil, a questão dos subsídios agrícolas nos países
desenvolvidos e os entraves postos ao acesso a esses mercados
tem sido, há muito, um dos pontos mais críticos martelados pela
nossa diplomacia, que sempre preferiu os acordos multilaterais a
negociações bilaterais. Mas a tarefa não é nada fácil.
Na Associação de Livre Comércio das Américas (ALCA) as
negociações para a formação do bloco estão travadas entre
41
Estados Unidos e Brasil, sobretudo pela questão do acesso dos
nossos produtos agrícolas de exportação ao mercado americano.
O tema é intrincado porque há inúmeros elementos em jogo.
Por exemplo, políticos das áreas rurais francesas e do meio oeste
americano resistem a alterar o atual estado de coisas, em defesa
dos seus constituintes, sem cujo voto não se elegem ou reelegem.
Para boa parte dos países europeus, a questão da eliminação
dos subsídios está voltada para mitigar a pobreza endêmica de
países da África e não, necessariamente, para economias
emergentes como a do Brasil.
E a decisão no sentido de maior ou menor avanço para
reduzir ou eliminar a distorção do comércio, depende de enorme
complexidade técnica a lastrear as negociações.
Por essas e outras razões, os progressos no domínio do
comércio internacional de produtos agrícolas e alimentos
industrializados serão muito lentos e jamais chegarão inteiramente
ao postulado de Ricardo.
43
OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADEJORNAL DO BRASIL - 4 DE AGOSTO DE 2004
A propensão a investir do empresário privado está
condicionada não só a fatores objetivos, como subjetivos.
Objetivamente, o que orienta a decisão do empresário é a
taxa de retorno, associada ao conceito de custos e benefícios.
Ao empresário que tem capital próprio se oferecem,
basicamente, duas alternativas: 1) comprar títulos de renda fixa
ou variável ou 2) investir em seus próprios negócios. É lógico que
o empresário somente optará pela hipótese dois, se a taxa
esperada de retorno (lucro), for superior ao rendimento da
hipótese um. O mesmo raciocínio se aplica ao caso em que o
empresário recorre ao crédito bancário: para ser
economicamente viável, o investimento deverá oferecer taxa de
retorno superior aos juros do financiamento.
Do ponto de vista subjetivo, como diz o ministro Delfim Netto,
é preciso que o empresário entre na onda do otimismo e acredite
que a economia vai crescer, o mercado vai expandir e que o
Governo não vai atrapalhar.
Existe, neste momento, uma séria preocupação com as
vulnerabilidades da economia nacional, principalmente no que
se refere ao equilíbrio das contas públicas e à administração da
dívida pública. Houve um momento em que essa vulnerabilidade
44
vinha da área externa, representando o risco derivado da
baixa relação exportações/dívida externa. Atualmente,
apesar da forte queda no ingresso de investimentos diretos,
o saldo da balança comercial é tão fortemente positivo que
dá para cobrir todo o déficit de serviços, representado pelas
remessas de juros e dividendos, transporte marítimo, viagens
e turismo, etc.
Mas a vulnerabi l idade das contas públ icas não
desapareceu, eis que a relação dívida pública/PIB pode ser
considerada altíssima, tendo em vista o prazo médio dos
vencimentos. Por outro lado, o Banco Central vem onerando
o Tesouro Nacional com juros que não encontram
explicação, a não ser um temor exagerado em relação à
inflação. Em um julgamento impiedoso e, quem sabe, até
mesmo injusto, pode-se argüir que o Banco Central tem sido
o algoz do Tesouro Nacional, de um lado sobrecarregando
a dívida pública, de outro inibindo o crescimento econômico.
O desequilíbrio das contas públicas está sendo tratado
por um falso ajuste fiscal. Nos últimos dez anos, o Governo
vem aumentando suas dimensões, com gastos crescentes,
que têm sido cobertos, sistematicamente, pelo aumento da
carga tributária, o que é, sem dúvida, um falso ajuste fiscal.
Mas esse não é um problema novo, vem de administrações
anteriores, e poderíamos dizer que as dificuldades estão
sendo bem administradas pelo Ministério da Fazenda.
Na medida, porém, que o Estado ocupa mais espaço
do setor privado, escasseiam os investimentos, tanto no setor
privado como no público. E aí se percebe que o investidor
tradicional, o empresário criativo, está investindo pouco,
porque, objetivamente não consegue margem de retorno
para seus investimentos e, subjetivamente, não acredita no
45
futuro, não confia na capacidade do Governo para
solucionar o desequilíbrio das contas públicas, sem oprimir o
setor privado.
Infelizmente, a maior vitima desse processo são os
milhões de trabalhadores que não encontram emprego no
mercado de trabalho e se afundam na informalidade,
objetiva e subjetiva.
47
EUFORIAA GAZETA (VITÓRIA) - 24 DE SETEMBRO DE 2004
Após registrar uma estagnação do PIB nacional, com uma
taxa média de 1,5% de expansão nos anos 2001 e 2002, e a queda
de -0,2% em 2003, a economia nacional entrou em um percurso
inesperado de crescimento no corrente ano de 2004. Em princípio,
a causa primária dessa expansão está no aumento das
exportações: 21% em 2003 e 33% de janeiro a julho do corrente
ano. Vários fatores concorrem para essa expansão: o sistema de
câmbio flutuante em vigor a partir de 1999, o aumento da
produtividade na agroindústria e, fundamentalmente, a
exuberante performance da China, a recuperação da Argentina
e as crescentes vendas para o Oriente Médio e para o México. A
forte expansão das exportações impulsionou o crescimento da
economia nacional.
Paralelamente, está acontecendo uma retomada no
mercado interno que tem tudo a ver com a atual política de
crédito, caracterizada pela expansão das operações rurais, no
Banco do Brasil, do crédito industrial no BNDES e no Banco do
Nordeste, assim como da expansão das operações da Caixa
Econômica.
O maior crescimento do crédito, 15% em doze meses, contra
uma inflação da ordem de 6,8%, no período, é um fator importante
no crescimento atual, aliado ao estimulo propiciado pelas
48
facilidades de financiamento ao consumo, tal como a
consignação em folha das prestações das vendas a prazo.
Ainda assim, há dúvidas sobre a sustentabilidade desse
crescimento, face ao esgotamento dos estímulos externos, a
começar pela queda dos preços derivada da perda de vigor no
comércio com a China e o esgotamento da Argentina. Entretanto,
é fora de dúvida que o impulso inicial provocou uma retomada
dos investimentos privados e do consumo, em geral, responsáveis
pela criação de mais de um milhão de empregos, nesse período,
acompanhada de alguma melhoria na recuperação dos salários.
A recuperação da Bolsa de Valores acompanha esse movimento.
Em contraposição ao desânimo de 2003, é evidente que a
situação atual é de justificada euforia, com perspectiva de
crescimento do PIB acima de 4,0%.
Mas não é por isso que vamos nos deixar levar por uma euforia
prematura, e esquecer do trabalho duro e sério que o País tem
pela frente.
49
ENFOQUE ERRADOA TARDE (BA) - 24 DE OUTUBRO DE 2004
Há uma forte corrente entre os economistas que não acredita
na eficácia das metas da inflação. Surgida na Nova Zelândia e
adotada em outros países, inclusive o Brasil, a meta constituiria
uma responsabilidade do Banco Central em não permitir que a
inflação ultrapasse determinado limite. Se a meta não for
alcançada, a diretoria do Banco Central pode ser demitida.
A meta da inflação não é um instrumento da política
monetária e, portanto, não representa uma estratégia de ação.
A meta é apenas um indicador, a ser perseguido, utilizando-se,
para tanto, os instrumentos clássicos: a taxa de redesconto, os
depósitos compulsórios e as operações de mercado aberto (open
market). A finalidade desses instrumentos é interferir na taxa de
juros do mercado e, através da taxa de juros, afetar o
comportamento dos preços. Juros altos equivalem a consumo e
investimentos baixos, e vice-versa. Essa é a rationale da política
monetária clássica.
Acontece que, na maioria dos casos, e principalmente no
Brasil, são as despesas do Governo que constituem o fator
preponderante na demanda agregada. Como o Governo, no
caso do Brasil, gasta, sistematicamente, mais do que arrecada, é
o Governo o responsável por uma permanente pressão
inflacionária. Daí que, no nosso caso, o mais importante é a política
50
fiscal. A política monetária vem a reboque, com a finalidade
principal de financiar o déficit público, ou seja, promover a
colocação de títulos do Governo e administrar a sua
renovação.
É evidente que a taxa de juros é uma var iável
fundamental no comportamento das at iv idades
econômicas. O que se questiona, porém, é que a taxa de
juros, no caso do Brasil, sofre uma influência preponderante
da política fiscal, e não da política monetária.
Assim sendo, a fixação de metas de inflação pelo Banco
Central perde o sentido prático, embora não se possa negar
que, efetivamente, exerce um efeito psicológico, de curto
prazo, sobre os operadores do mercado.
É importante lembrar que a inflação atual é, em grande
escala, condicionada aos choques de oferta e ao sistema
de reajustes automáticos dos contratos de serviços públicos,
um velho cacoete brasileiro, que descobriu a correção
monetária e o sistema generalizado de indexação. Atrelando
aos índices de preços, os salários, os impostos, as tarifas
públicas e a taxa de câmbio, cria-se um círculo vicioso que
tende a perpetuar a inflação, qualquer que seja a política
monetária ou fiscal. Foi o que aconteceu no Brasil, a partir
dos anos 60, levando a inflação brasileira a 2.700% no ano
1993, completamente fora de controle. O sistema de
indexação (correção monetária) pode ter sido de alguma
utilidade para a política fiscal, no início do programa. Depois,
e até 1994, foi simplesmente um desastre.
A experiência brasileira, vivida em várias oportunidades
em que foram tentados sucessivos planos de estabilização,
revela que a correção monetária, em um sistema automático
51
de indexação, escapa a qualquer controle. Dessa forma, é
da maior importância pautar os reajustes pelo núcleo da
inflação, eliminando as variações extremas, e não pelos
índices plenos ou cheios. Ao que tudo indica, especialmente
no caso brasileiro, a técnica de medir a inflação pelo núcleo
dos índices de preços daria resultados práticos muito mais
efetivos do que a filigrana das metas de inflação.
Questões Tributárias
Capítulo 3
♦ Da Lógica Tributária
♦ A COFINS e os Serviços
♦ Fim do Crediário para Baixa Renda?
♦ Escárnio Tributário
♦ Ameaça à Vista
l♦ Um Salto no Escuro
♦ Receita Amarga
♦ A Reforma do Estado
♦ O Pacote Azul
♦ Violência Contra os Conselhos de Contribuinte
55
DA LÓGICA TRIBUTÁRIAA GAZETA (VITÓRIA) - 6 DE DEZEMBRO DE 2003
Disse o Relator da Reforma Tributária, na Câmara dos
Deputados, que o sentido de transferir a competência do ICMS,
da origem para o destino, está em que “afinal, o imposto é pago
pelo consumidor e, pois, deve pertencer ao Estado de destino”.
Disse, também, endossando justificativa do Executivo, que a
transferência da contribuição patronal previdenciária (INSS), da
folha de salários para o faturamento, constitui “medida importante
para combater o desemprego”. Ambas as afirmações requerem
qualificação adequada, eis que, data vênia, estão equivocadas.
A repartição dos impostos, entre os entes da Federação,
deve obedecer a critérios que nada têm a ver com o
contribuinte de fato. Se o objetivo da tributação é, basicamente,
financiar a administração pública, é lógico que deva ser
distribuída de acordo e na proporção da participação de cada
unidade administrativa. No caso do ICMS, cobrado sobre a
circulação de bens e serviços, o custo da administração pública
se divide entre os Estados, produtor e consumidor, de acordo
com os gastos relativos à segurança pública, ao asfaltamento
das vias de transportes, à iluminação pública e ao saneamento
básico, à educação dos trabalhadores, etc. É fácil entender que
todos esses custos existem tanto na origem da produção (na
saída da fábrica), como na circulação e no destino final dos
bens e serviços.
56
O que se pode argumentar, racionalmente, é que se
justificam determinadas transferências de encargos da União para
os Estados ou dos Estados para os Municípios, no contexto de
uma reestruturação que vise descentralizar as decisões e a
aplicação dos recursos tributários.
A mesma objeção se coloca em relação à proposta de
transferência da contribuição patronal previdenciária da folha
de pagamentos para o faturamento. O que inibe um maior
emprego da mão-de-obra não é a base de cálculo, mas, sim, o
ônus total de sua contratação. Qualquer empresário sabe disso
e, pois, apenas “mudar o sofá de lugar” não vai alterar nada. Ou
melhor, vai aumentar a burocracia e reduzir a eficiência
administrativa, dificultando o trabalho das empresas e o controle
e fiscalização do INSS. O que equivale a dizer que essa proposta
foi elaborada sob motivação ideológica, sem maior avaliação e
não resiste à menor análise técnica.
Essas considerações reforçam a convicção de que a
proposta de reforma tributária contida na PEC no 41-A/2003 está
imperfeita, é desaconselhável e melhor seria que se restringisse
aos pontos de maior interesse da União e dos Estados, quais sejam
a prorrogação da DRU e da CPMF, assim como a repartição da
CIDE, entre a União, os Estados e os Municípios. O restante deveria
ser reexaminado, possivelmente com a participação de uma
comissão de especialistas de reconhecida competência em
matéria tributária.
57
A COFINS E OS SERVIÇOSJORNAL DO BRASIL - 10 DE FEVEREIRO DE 2004
A Confederação Nacional do Comércio - CNC, integrada à
Ação Empresarial, apoiou, no contexto de um amplo projeto de
reforma tributária, a eliminação da cumulatividade (efeito
cascata) da Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (COFINS). Nesse contexto, a Medida Provisória no 135, de
30.10.03, agora transformada na Lei no 10.833, de 29.12.03,
introduziu, na legislação fiscal, regras para eliminar a
cumulatividade da COFINS, mas, ao mesmo tempo, aumentou a
carga tributária e a burocracia fiscal. Além de elevar a alíquota
da COFINS - de 3% para 7,6% -, a lei impôs, às empresas prestadoras
de serviços - salvo algumas exceções -, um inaceitável tratamento
discriminatório.
A não-cumulatividade da COFINS funcionará,
razoavelmente, para o setor industrial, que poderá descontar
créditos correspondentes aos insumos utilizados no processo
industrial, e para o comércio atacadista e varejista, que poderá
descontar créditos correspondentes ao valor das mercadorias
adquiridas para revenda. Entretanto, a nova COFINS não se ajusta,
de modo algum, às atividades do setor de serviços, que não utiliza
insumos, nem revende mercadorias. Por essa diferença essencial,
a Constituição limitou a incidência do ICM (parte do ICMS) à
indústria e ao comércio de bens e a do ISS (outra parte do ICMS)
ao setor de serviços.
58
Não dispondo, como a indústria e o comércio atacadista
e varejista, de créditos para descontar, não ocorrerá, em
relação às empresas prestadoras de serviços, a pretendida
não-cumulatividade Na realidade, a COFINS, incidindo sobre
a receita bruta, terá a natureza de um imposto sobre a renda
bruta, ou uma espécie de um segundo imposto de renda
(IR-2), com um aumento de 153% na alíquota. Por essa razão,
a CNC defendeu, junto ao Governo e ao Congresso
Nacional, a exclusão de todo o setor de serviços - e não
apenas de algumas atividades - da nova sistemática de
incidência da COFINS, com a manutenção da alíquota de
3% sobre o faturamento.
A CNC entende, outrossim, que o art. 30 da nova lei, ao
instituir a retenção, na fonte, da COFINS, da CSLL e da
Contribuição ao PIS, descontados do preço dos serviços
pagos por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas, importa
em quádrupla discr iminação: 1o) antecipação do
pagamento, ao contrário do que foi estabelecido para os
demais contr ibuintes; 2o) imposs ibi l idade prát ica do
desconto, sequer, dos mini-créditos referentes a despesas
com energia elétr ica, aluguéis etc; 3 o) aumento da
burocracia fiscal (escrituração específica, cálculo das
retenções, preenchimento de DARF’s, deslocamento
constante de funcionários à agência bancária para efetuar
os recolhimentos; 4o) prazo exíguo para recolhimento das
contribuições retidas; e 5o) aumento de custos.
Se essas distorções não forem reparadas com brevidade,
o empresariado do setor de serviços estará sendo induzido a
ingressar no Judiciário, com uma nova onda de dezenas e
centenas de milhares de ações, com base no princípio
constitucional da igualdade tributária (art. 150, II) e em face
da violação do art. 195, § 9o (uti l ização de al íquotas
59
diferenciadas para prejudicar e não para resguardar as
atividades econômicas do setor) e do art. 150, IV, da
Constituição (utilização de tributo com efeito de confisco) e
na tributação abusiva e discriminatória de um setor da
atividade econômica. O setor de serviços exige que as
incidências tributárias se ajustem, técnica e juridicamente,
às suas características essenciais.
61
FIM DO CREDIÁRIO PARA BAIXARENDA?
JORNAL DA TARDE - 7 DE JULHO DE 2004
A moeda é, como a bandeira, o hino e as armas da
República, um dos símbolos de todas as nações. Entre nós, o real
veio restabelecer a confiança do povo brasileiro na estabilidade
monetária, indispensável a toda a sociedade, sobretudo as
populações de baixa renda, que são as que mais sofrem os
nocivos efeitos da inflação, um verdadeiro tributo invisível.
O governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem
realizando um esforço na defesa da estabilidade da moeda
nacional. Paradoxalmente, medidas legislativas e administrativas
têm sido adotadas com o objetivo de reduzir a importância da
moeda nacional, substituindo-a, como meio de pagamento, por
cheque, cartões de crédito e débito, doc’s, ted’s etc.
Nesse contexto, o Congresso Nacional acaba de aprovar
Projeto de lei no 36/04, em que foi transformado a Medida
Provisória no 179, de 1/04/04, que altera a Lei 9.311, de 24/10/96,
relativa à CPMF, para criar a “conta corrente de depósito para
investimento”, cujos lançamentos a débito não sofrerão a
incidência dessa contribuição social. Esse projeto, que está sendo
submetido à sanção do Senhor Presidente da República, contém,
no entanto, nova e violenta agressão à moeda nacional, ao
62
mesmo tempo em que praticamente decreta o fim das vendas a
crédito às populações de baixa renda.
Com efeito, o arto 2o desse projeto de lei estabelece
penalidades (multas) pela inobservância das novas regras legais,
mas, em seu § 2o, prescreve, de modo obscuro, “a obrigatoriedadede crédito em conta corrente de depósito à vista do beneficiáriode valores correspondentes às seguintes operações:
“I - cobrança de créditos de qualquer natureza, direitos ou
valores, representados ou não por títulos, inclusive cheques:
II - recebimento de carnês, contas ou faturas de qualquer
natureza, bem como de quaisquer outros valores não abrangidos
no inciso I deste parágrafo.” (inciso anterior)
Tal preceito, como redigido, provocará, por certo, a
cessação das vendas do comércio varejista pelo sistema decrediário às populações de baixa renda, que não dispõem de
contas bancárias e efetuam em dinheiro o pagamento de suas
prestações.
Esse dispositivo, como é fácil ver, significa, simplesmente, o
absurdo inominável de proibir os pagamentos, em moeda
corrente, das prestações de crediário, obrigando que todas as
contas, pequenas ou grandes, sejam feitas em cheques cruzados
ou em depósito direto na conta de depósito do credor ou
vendedor. Significa, em verdade, negar o curso forçado damoeda nacional estabelecida na Constituição, o que constitui
contravenção penal punida pela artigo 43 da Lei de
Contravenções Penais.
Assim, os comerciantes, se receberem em dinheiro, as
prestações dos carnês dos crediários, sujeitar-se-ão a multas de
63
150% a 450%. Caso contrário, se não aceitarem o pagamento
em dinheiro, poderão ser tidos como contraventores.
Afora isso, o descumprimento, ainda que sem dolo, dessas e
outras normas do mencionado projeto de lei, caso venha a ser
sancionado, é punido com multas de 125%, 225%, 300% e 450%
(exclusiva das infrações às leis do imposto de renda),
verdadeiramente escorchantes e confiscatórias, sobretudo na
conjuntura atual, em que a moeda nacional se encontra
estabilizada, graças aos esforços do atual Governo, em especial
o Ministério da Fazenda e o Banco Central. O projeto não indica
a base de cálculo dessas multas. Sob o aspecto econômico,
nenhuma atividade comercial, industrial ou de serviços pode
alcançar margem de lucro que possibilite o pagamento de multas
de tal natureza. Nesse particular, o projeto de lei segue orientação
diametralmente oposta a do novo Código Civil, que reduziu de
20% para 2% a multa por atraso no pagamento de contribuições
condominais.
Por outro lado, a redução da incidência da CPMF sobre os
saques concernentes a investimentos financeiros (realizados pelas
classes mais abastadas) será socialmente injusta, na medida em
que, para o Fisco, a perda da respectiva receita será
compensada com uma receita muito maior (estimada no triplo
da perda) decorrente da utilização obrigatória de cheques ou
contas bancárias, em detrimento do uso da moeda nacional,
assim incidindo sobre a classe média e a classe de baixa renda.
Com a sanção desse projeto de lei, ganharão os investidores
do mercado financeiro (isenção de CPMF), as instituições
financeiras (maior volume de cheques e aumento das contas
bancárias) e a Receita Federal (aumento da receita da CPMF).
Sairão perdendo as populações de baixa renda e a classe
comercial.
64
Certamente, o texto aprovado escapou à devida análise
pelas assessorias dos Ministérios da área econômica e da área
social, pois não se pode acreditar que o Presidente da República
aprove medida tão absurda e nociva às populações de baixa
renda e a todo o comércio brasileiro. Em tais condições, o
empresariado comercial espera que os Srs. Ministros da área
econômica e da área social do Governo aconselhem ao
Excelentíssimo Senhor Presidente da República a aposição de veto
aos mencionados dispositivos do projeto de lei aprovado pelo
Congresso Nacional.
65
ESCÁRNIO TRIBUTÁRIOA GAZETA (VITÓRIA) - 11 DE JULHO DE 2004
Passou despercebida da população e dos homens de
negócios, uma das leis mais insensatas já submetidas e aprovadas
pelo Congresso Nacional. Uma lei que, pasmem, praticamente
proíbe o uso da moeda nacional na liquidação dos carnês de
compras a prazo ou no pagamento de quaisquer faturas ou títulos
de crédito.
Despreza, assim, o Governo, um dos símbolos da soberania
nacional, a moeda, que em muitos sentidos se equipara ao nosso
hino e à nossa bandeira.
No dia 1o de abril último, o Governo enviou ao Congresso a
Medida Provisória no 179, que, aparentemente, se destinava a
reduzir a cobrança da CPMF nas transferências entre Fundos de
Renda Fixa ou de Renda Variável. A proposta visava aliviar a carga
tributária da CPMF que incide sobre a movimentação do dinheiro
das grandes empresas ou das pessoas físicas de maior renda, que
são, em geral, os titulares desses Fundos, com capacidade de
mudar seu dinheiro de lugar, sem pagar a contribuição.
À primeira vista, a medida seria positiva para o mercado
financeiro, embora somente beneficie as novas aplicações, uma
vez que qualquer liquidação antes do vencimento, nas contas
atuais, estará sujeita a um duplo pagamento de CPMF. O que
66
ninguém percebeu, à primeira vista, foi a armadilha contida
na segunda parte da MP, em que, ardilosamente, se propôs
a proibição do uso da moeda nacional para certos
pagamentos, como, por exemplo, aqueles vinculados a
compras a prazo, realizadas no comércio. A citada MP 179
obriga sejam feitos por meio de cheque, cartão de crédito
ou depósito em conta bancária os pagamentos destinados
à liquidação das operações de crédito, tais como carnês,
contas ou faturas de qualquer natureza.
É óbvio que essa medida vai afetar, diretamente, a vida
de cerca de 40 milhões de brasileiros que não têm conta
bancária (nem cartão de crédito), porque são analfabetos,
porque são aposentados com salário mínimo, porque residem
em lugares longínquos onde não existem agências bancárias,
ou, simplesmente, porque não têm emprego, nem renda.
Segundo cálculo feito pelo IBPT - Instituto Brasileiro do
Planejamento Tributário, com esse artifício, o Governo federal
vai aumentar a arrecadação da CPMF em cerca de R$ 2,0
bilhões, por ano.
A questão fundamental, entretanto, não está somente
no artifício destinado a aumentar a carga tributária, através
da cobrança da CPMF. Está, também, na acintosa proposta
de abolir o uso da moeda nacional e restringir os pagamentos
em Real, praticando uma vilania contra as pessoas de baixa
renda, que fazem pequenas compras de roupas e objetos
domésticos, através de carnês mensais de 10 ou de 20 reais.
É impressionante a insensibilidade dos burocratas oficiais,
como impress ionante foi a falta de percepção dos
legisladores, inclusive impondo aos “contraventores” o
pagamento de multas que podem chegar a 450%, algo
nunca visto no Brasil.
67
A indigitada MP 179 acaba de ser aprovada pelo
Congresso Nacional e, como sofreu algumas emendas, vai
subir à sanção do Presidente da República. Por isso, este
artigo não se destina aos milhões de brasileiros pobres, nem
aos milhões de lojistas do Brasil. Seu objetivo é de que este
protesto chegue ao conhecimento do Presidente Lula e dos
Ministros responsáveis, para que providenciem o veto
indispensável a essa aberração transmudada em lei
tributária.
69
AMEAÇA À VISTAJORNAL DO COMMERCIO - 4 DE AGOSTO DE 2004
A União perdeu no STJ ação que determinou o pagamento
de R$ 12,3 bilhões a cerca de dois milhões de aposentados do
INSS. Afora as considerações sobre a justiça que envolve essa
medida, é lógico que faltou às autoridades do Executivo e do
Judiciário a percepção de quanto vai custar ao País essa decisão,
em um momento de sérias dificuldades do Erário nacional.
Diante do fato consumado, o Governo havia anunciado duas
providências: primeiro, elevar a contribuição patronal ao INSS de
20% para 20,6%, sobre a folha de pagamentos, durante 10 anos;
segundo, a título de compensação, seria feita a passagem de
parte dessa contribuição para o faturamento (ou receita) das
empresas. A primeira idéia foi abandonada, face aos protestos
dos empresários e congressistas. Mas a segunda continua de pé,
apoiada nas manifestações de vários representantes do Governo.
Está em curso no Senado, o PL no 166/04, do Senador Paulo Paim,
que propõe a redução da alíquota de 20% para 15% e, em
compensação, a criação de uma nova alíquota de 2,5% sobre a
receita bruta.
O empresariado privado já está saturado com esse tipo de
soluções para os problemas do Governo. Em 2001, quando o
Supremo Tribunal determinou que se pagasse R$ 40 bilhões(!) de
correção monetária do FGTS, referente aos Planos Collor e Verão,
70
seria razoável que programasse esse pagamento em 10 ou 20
anos, pela via orçamentária. Entretanto, o Governo preferiu
aumentar a contribuição empresarial de 8% para 8,5% e a multa
rescisória de 40% para 50%. Uma medida arbitrária, infelizmente
respaldada pelo Congresso Nacional.
No afã de reduzirem a asfixiante carga tributária, os
empresários intensificaram uma campanha para induzir o
Governo a extinguir a cumulatividade do PIS e da COFINS, tributos
cobrados em cascata e que oneravam o sistema produtivo,
especialmente as exportações. O Governo, com a aquiescência
do Legislativo, atendeu o pleito a seu modo, isto é, acabou com
a cumulatividade, aumentando a alíquota do PIS de 0,65% para
1,65% e da COFINS de 3,0% para 7,6%. Com isso aumentou a
arrecadação, e conseqüentemente a carga tributária, em cerca
de R$ 15 bilhões!
No Governo anterior ao atual, alguns Ministros tiveram a idéia
“brilhante” de transferir as contribuições patronais ao INSS da folha
de pagamento para a receita bruta das empresas. A idéia, que
parecia soterrada, está sendo reavivada por alguns setores do
atual Governo, na linha da proposta do Senador Paulo Paim.
A justificativa apresentada para essa transferência é
descabida e despropositada, baseada no pressuposto de que,
desonerando a folha de salários e onerando o faturamento,
empresariado privado vai ser estimulado a contratar mais
empregados com carteira assinada. É difícil imaginar que alguém
acredite que a simples transferência do sofá de lugar venha a
representar um aliciente para reduzir o desemprego (!?).
É evidente que se trata de uma solução ingênua e
completamente sem sentido, eis que qualquer um sabe que o
empresário calcula o custo do salário pelo ônus global que ele
71
representa e não apenas em função de sua base de cálculo.
Portanto, não faz sentido pensar que a oferta de emprego vai
aumentar, apenas mudando a base de incidência da
contribuição previdenciária. É o mesmo raciocínio que prevaleceu
nos casos do PIS/COFINS: cobrados pelo sistema de valor
agregado eles deveriam representar o mesmo peso tributário que
o sistema em cascata. Mas não foi o que aconteceu. O Governo,
para não correr o risco de perda, multiplicou as alíquotas por mais
de 2,5 vezes.
Ao que tudo indica, o mesmo vai acontecer com a proposta
passagem da contribuição patronal ao INSS da folha de
pagamento para a receita ou faturamento. O Governo,
certamente, vai novamente aplicar a Lei de Gerson, para “levar
vantagem em tudo”.
As experiências passadas recomendam que o empresariado
privado permaneça em guarda e se prepare para acionar toda
a força de sua representação no Congresso, visando a prevenir
novas pseudas “benevolências” do Fisco nacional.
73
UM SALTO NO ESCUROJORNAL DO COMMERCIO - 19 DE SETEMBRO DE 2004
Um dos problemas mais difíceis, no equacionamento
econômico do mercado de trabalho, é, sem dúvida, o
montante de encargos que acompanham o salário dos
trabalhadores. A princípio, estabeleceu-se sobre a folha de
pagamentos uma contribuição de 3% do empregador e 3%
do empregado, com a finalidade de financiar um sistema
de previdência social, a exemplo do que vinha acontecendo
em todo mundo. O sistema foi sendo implementado por
categorias: primeiro, a Caixa de Aposentadoria e Pensões
dos Ferroviários (1923), depois o IPASE e o Instituto de
Previdência dos Marítimos, depois o dos Bancários, e assim,
prosseguiu alargando sua cobertura, até que, em 1966, todos
esses Institutos foram fundidos no INPS - Instituto Nacional de
Previdência Social. No curso dessa evolução, a contribuição
do empregador sobre a folha de salários foi crescendo
sucess ivamente, o mesmo acontecendo com a do
trabalhador. Atualmente, essas percentagens são de 20% e
8%, respectivamente.
Há uma lógica insofismável para que a contribuição
previdenciária tenha a folha de salários como base de
cálculo, a part i r do pr incípio de que o benef íc io
previdenciário é uma complementação do próprio salário.
Outra consideração fundamental é o vínculo que deve existir,
74
necessariamente, entre o benefício e seu titular, com vistas
à sua identificação quando chegar a hora da aposentadoria
ou da pensão.
É evidente que o sistema previdenciário foi distorcido em
seus fundamentos, quando se decidiu adotar o modelo da
repartição, ao invés da capitalização. No primeiro caso, o
beneficiário recebe um valor calculado sobre a média de
suas contribuições, independentemente da disponibilidade
de recursos, enquanto no segundo as contribuições são
acumuladas em um Fundo de Investimentos, em nome de
cada assalariado, que vai receber, na aposentadoria, o
correspondente ao rendimento financeiro do Fundo e mais
uma parcela de sua restituição, com base em cálculos
atuariais. Com as mudanças na pirâmide etária, pela
extensão das expectativas de vida, o sistema previdenciário
da repart ição está fadado a desaparecer ou a ser
encampado pelo Estado, pelo menos em um nível que
assegure um padrão de vida mínimo às classes sociais de
rendas mais baixas. Como, aliás, deveria, acontecer no caso
do INSS.
O espantoso crescimento dos sistemas de previdência
complementar revela a lógica do modelo baseado na
capitalização, onde a identidade do titular é indispensável
à formação do patrimônio previdenciário. Assim sendo, foge
à racionalidade qualquer proposta de transferir a base de
cálculo da contribuição previdenciária patronal da folha de
pagamentos para o faturamento, a receita ou o lucro. O
Governo brasileiro cometerá um erro lamentável se prosseguir
nessa direção.
A justif icativa do atual Governo para propor uma
modificação nesse sentido assenta em duas premissas falsas:
75
primeira, de que simplesmente transferindo a base de cálculo
da folha de pagamentos, vai induzir o empresário a contratar
mais mão-de-obra; segunda, que essa contratação terá o
caráter formal, ou seja do empregado com carteira de
trabalho, que lhe assegurará todos os demais benefícios
sociais, de que estaria excluído na informalidade.
Por que são falsas essas premissas? Porque,
simplesmente, qualquer empresário calcula o custo da mão-
de-obra que uti l iza somando todas as parcelas que o
compõe. O fato de “mudar o sofá de lugar”, obviamente,
não vai alterar o cálculo racional do empresário. Chega-se,
então, à conclusão, de que por trás dessa proposta esteja o
objetivo simplista de aumentar a arrecadação do sistema
previdenciário oficial. Sem considerar os transtornos que
advirão dessa mudança, que poderá onerar injustamente
uns setores em benefício de outros, é evidente que qualquer
aumento da carga tributária, na conjuntura atual, vai induzir
as empresas a economizarem em mão-de-obra, o que
significa aumentar o nível de desemprego. Exatamente o
contrário do que imagina o Governo. Há muita coisa para
mudar ou reformar, no Brasil, como todo mundo sabe. Mas
intentar mudanças sem a devida aval iação de suas
conseqüências, ainda mais part indo de premissas
equivocadas, é mais grave e perigoso do que dar um salto
no escuro.
77
RECEITA AMARGAJORNAL DO COMMERCIO - 6 DE OUTUBRO DE 2004
O Ministro da Casa Civil, José Dirceu, classificou de
inaceitável a carga tr ibutária do País e disse que ela
representa um entrave para o f inanciamento dos
invest imentos. Nota 10 para o Minist ro. Entretanto,
arrematou,o País não tem como reduzir o peso dos impostos
(37% do PIB).
O aumento da carga tributária, neste ano, é evidente,
pois conforme anunciado, somente no Governo federal
haverá um aumento da arrecadação de R$ 12 bilhões, com
o que a participação de União no bolo tributário aumenta
de 23,64% do PIB para 24,85%. Esse crescimento de
arrecadação, permitiu que o Tesouro Nacional aumentasse
o superávit primário para R$ 59,0 bilhões, de janeiro a agosto,
contra R$ 49,5 bilhões, no mesmo período do ano passado.
A maior parte desse aumento se deve à arrecadação do
PIS/COFINS sobre as importações.
Menos mal, que o Ministro da Fazenda garante que todo
aumento da carga tributária será revertido às empresas,
conforme já vem acontecendo, em parte. Recentemente,
o Governo adotou o Programa Invista Já, reduzindo de 48
para 24 meses o prazo para devolução do crédito
correspondente ao PIS/COFINS, ao mesmo tempo em que
78
reduziu de 10 para 5 anos o prazo para depreciação dos
investimentos em máquinas e equipamentos. Ao todo, essas
medidas representam uma renúncia fiscal de cerca de R$ 1,7
bilhão.
Os gastos do Governo - União, Estados e Municípios - vêm
crescendo constantemente, há vários anos, e, apesar do
aumento brutal da carga tributária, não sobram mais recursos
para os investimentos sociais e de infra-estrutura. Essa
situação se deve ao fato de que, além da carga tributária,
o Governo vem se endividando sistematicamente e, hoje, a
dívida pública chegou a um nível tal que os juros representam
a maior parcela das despesas orçamentárias. Quando tudo
indicava que a primeira tarefa do novo Governo seria reduzir
os gastos públicos e, conseqüentemente, a carga tributária,
aconteceu o contrário: foram criados novos Ministérios, novas
Secretarias, novas Agências, novos Programas ditos sociais,
o que significa que as despesas correntes vão continuar
crescendo e, conseqüentemente, a carga tributária.
Existe uma solução para esse problema? É lógico que
existe e é fácil perceber, embora requeira uma ação política
extremamente difícil, corajosa e impopular. A saída é,
claramente, a redução das despesas públicas, desde a
abolição dos salários dos vereadores nas cidades de menos
de 100 mil habitantes e a redução dos gastos com os
legislativos estaduais e federal, até o fechamento de vários
ministérios e órgãos administrativos que representam uma
desnecessária superposição de funções. Todo o contrário do
que vem sendo feito.
O que se sugere, é uma receita amarga, muito amarga.
Mas necessária e talvez indispensável.
79
A REFORMA DO ESTADOA Gazeta (Vitória) - 20 de outubro de 2004
As contas do setor público, há muito tempo, estão “fazendo
água”, como diz a sabedoria popular. Foram herdadas, é
verdade, de um passado não muito distante. O atual Governo
está sufocado pelas dimensões adquiridas pelo Estado brasileiro,
que já não cabe dentro do PIB, pelas alturas que atingiu a dívida
pública e pela asfixiante carga tributária, que geram o
contrabando, a sonegação e a informalidade.
A República é formada pela união indissolúvel dos Estados,
Municípios e do Distrito Federal. São Poderes, tanto na União,
como nos Estados, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, e, nos
Municípios, o Executivo e o Legislativo, independentes e
harmônicos entre si. O ideal é que todos atuassem
harmoniosamente, submetidos aos interesses nacionais. Mas esse
ideal está sendo massacrado pelo corporativismo e a ideologia
política.
Na década de 1950 e início dos anos 60, o Estado custava à
Nação cerca de 15% do PIB. Esses 15% de carga tributária eram
suficientes para tudo, inclusive importantes programas de ação
social. Foi com esse volume de recursos que o Presidente Getúlio
Vargas governou o País, durante quase 20 anos, Juscelino
Kubitschek durante 5 anos, assim como Carlos Lacerda administrou
o Estado da Guanabara, realizando, todos eles, importantíssimas
80
obras de urbanização e saneamento e programas de saúde e
educação.
É lógico que, nessa época, o Brasil era outro, mais agrícola e
menos industrial, recém-saído de uma plutocracia que produziu
uma das maiores desigualdades de rendas individuais, em todo
o mundo. De lá para cá, as necessidades públicas aumentaram.
Com os avanços do progresso e da civilização, se fez necessário
que o Governo assumisse a responsabilidade da inclusão social
de milhões de trabalhadores excluídos dos benefícios sociais e
da Justiça. Para isso, a carga tributária foi aumentando,
sucessivamente, de 15% do PIB para 40%, a mais alta do mundo,
atualmente, apenas superada pela Suécia e Alemanha. Mas a
desigualdade permaneceu a mesma e, pelo que se vê, os serviços
públicos pioraram.
Na medida em que o Estado cresceu e ampliou suas
dimensões, baseado em discutíveis promessas sociais ou
democráticas, o setor privado encolheu. E encolhendo, reduziu
os investimentos e a capacidade de criar novos empregos. A
florescente economia brasileira, das décadas de quarenta a
setenta, perdeu impulso e cedeu lugar à estagnação ou a uma
pífia taxa de crescimento.
Das Câmaras de Vereadores até o Congresso Nacional, dos
prefeitos aos governadores, no Executivo como no Judiciário, os
gastos públicos ultrapassaram os limites do razoável e elevaram
o endividamento e a carga tributária a níveis insuportáveis. O País,
hoje, necessita de todas as reformas. E a primeira, a mais urgente
e crucial é, sem dúvida, a Reforma do Estado.
81
O PACOTE AZULJORNAL DO COMMERCIO - 17 DE OUTUBRO DE 2004
O Governo tomou algumas medidas no sentido de reduzir
a carga tributária e a burocracia fiscal, que têm massacrado os
contribuintes, pessoas físicas e jurídicas. Trata-se, portanto, de
um pacote azul, diferente de medidas anteriores, como as que
elevaram as alíquotas da COFINS, da Contribuição ao PIS/PASEP,
da CSLL, criaram a CIDE, prorrogaram a vigência da CPMF etc.
A Lei no 10.892, de 13 de julho último, já havia reduzido a
CPMF incidente sobre a movimentação bancária dos
investidores do mercado financeiro, instituindo, para esse fim, a
conta corrente de depósito para investimentos. Agora, a Medida
Provisória no 206, de 6 do corrente mês, reduziu o imposto de
renda retido na fonte, relativo aos rendimentos auferidos em
qualquer aplicação ou operação financeira de renda fixa ou
de renda variável, inclusive operações de cobertura (hedge)
realizadas por meio de swaps e outras nos mercados de
derivativos. Isentou do imposto de renda “os ganhos líquidos
auferidos por pessoas físicas em operações no mercado à vista
de ações nas bolsas de valores e em operações com ouro ativo
financeiro”, até o limite mensal de R$ 20 mil. E também isentou
do imposto de renda retido na fonte e na declaração anual
das pessoas físicas a remuneração produzida por letras
hipotecárias, certificados de recebíveis imobiliários e letras de
crédito imobiliário.
82
Afora isso, a M.P. no 206/04 elevou, a partir de outubro próximo,
o prazo para recolhimento do IPI, beneficiando, assim, todo o
setor industrial. E beneficiou as atividades portuárias, instituindo o
REPORTO - Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à
Ampliação da Estrutura Portuária, com a suspensão, até o final
de 2005, e posterior isenção, do IPI, COFINS, PIS e Imposto de
Importação para máquinas, equipamentos e outros bens, sem
similar nacional, adquiridos ou importados para integrar o ativo
imobilizado das operadoras, concessionárias e arrendatárias de
instalações portuárias.
No pacote, há, disfarçado, um pingo de maldade. A M.P.
dispõe que a Secretaria da Receita Federal dará ciência ao
contribuinte, mediante publicação no Diário Oficial, do ato de
exclusão de parcelamento. Isso em lugar da ciência pessoal ou
por via postal, com aviso de recebimento, modalidades que
passam a constituir mera faculdade do Fisco. Ora, é evidente o
cerceamento do direito de defesa do contribuinte, com violação
da garantia assegurada pelo art. 5o, LV, da Constituição.
De qualquer forma, o pacote é azul, para os investidores do
mercado financeiro e do mercado de ações e para o setor
industrial em geral, especialmente a indústria de bens de capital
e a indústria da construção civil. Todavia, não beneficia,
diretamente, o comércio de bens e serviços, que compreende
milhares de empresas e emprega milhões de trabalhadores.
Assim sendo, a Confederação Nacional do Comércio, que
representa a classe empresarial do comércio de bens e serviços,
confia em que o Governo possa, brevemente, editar um novo
pacote azul, para fazer justiça ao comércio de bens e serviços.
Esse novo pacote poderia, por exemplo prescrever a redução
da alíquota da COFINS; a exclusão da nova sistemática da COFINS
e do PIS, por força do princípio constitucional da igualdade, de
83
todo o setor de serviços, nos limites da lei; a autorização, para
inclusão, no SIMPLES, das empresas do setor de serviços; a isenção
do IPI, ICMS, ISS, COFINS, PIS e CSLL para os produtos e serviços e
respectivas receitas, consumidos pelas classes menos favorecidas;
a ampliação da faixa de enquadramento das microempresas,
hoje limitadas à irrisória cifra de dez mil reais mensais; a isenção
do IPI para materiais destinados a habitações populares. Poderia,
ainda, promover a correção da tabela do imposto de renda,
como manda a justiça fiscal, e elevar a faixa de isenção, sem
aumento de alíquotas.
Enfim, o pacote é azul para alguns. Já é um avanço.
Entretanto, a classe do comércio de bens e serviços, a classe
média em geral e as classes de baixa renda continuarão
aguardando que, noutro momento de feliz inspiração, o Governo
também lhes destine um outro pacote azul, que amenize as cores
pesadas da carga tributária e da burocracia fiscal.
85
VIOLÊNCIA CONTRA OSCONSELHOS DE CONTRIBUINTES
JORNAL DO BRASIL - 16 DE OUTUBRO DE 2004
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) tem
contribuído, ao longo de várias décadas, para o fortalecimento
dos Conselhos de Contribuintes, órgãos colegiados integrantes
do Ministério da Fazenda, que têm por finalidade julgar os recursos
interpostos das decisões proferidas pela Secretaria da Receita
Federal. De acordo com a lei, a CNC, a exemplo de outras
Confederações, tem apresentado, nas ocasiões próprias, listas
tríplices de especialistas na matéria tributária, para integrar os
referidos Conselhos, ao lado dos representantes da Fazenda
Nacional.
Ao longo do tempo, tem sido reafirmado, publicamente, o
elevado conceito de tais órgãos fazendários, considerados, até
mesmo, como mais capacitados do que o Judiciário, para decidir
questões essencialmente técnicas, como, por exemplo, as que se
referem a valoração aduaneira, classificação de mercadorias, vistoria
aduaneira, dano ou avaria em mercadoria importada, lançamentos
contábeis, escrituração mercantil, documentação fiscal etc, nas áreas
dos impostos de importação, produtos industrializados e renda e
das contribuições sociais. Nesses colegiados, atuam os
Procuradores da Fazenda Nacional, que zelam pelo respeito à lei
e pela defesa dos interesses do Tesouro Nacional.
86
A criação, em 1979, da Câmara Superior de Recursos Fiscais,
para apreciar os recursos interpostos pelos contribuintes
inconformados com as decisões dos Conselhos de Contribuintes,
inclusive no caso de divergências entre estes, teve por finalidade,
precisamente, substituir o Ministro de Estado, no julgamento de
milhares de processos, liberando-o para o desempenho dos
relevantes encargos que lhe são próprios, na condução da
política econômico-financeira do Governo.
Desse modo, as decisões dos mencionados órgãos
colegiados expressam, na forma da lei, a posição final do
Ministério da Fazenda, nas controvérsias suscitadas entre o Fisco
e os contribuintes. Por isso mesmo, esses órgãos estão diretamente
subordinados ao Ministro de Estado. Descabe, por conseqüência,
transferir a outro órgão fazendário, ainda que conceituado, como
a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou a Secretaria da
Receita Federal, o entendimento final, na órbita administrativa,
quanto à ocorrência, ou não, de lesão ao patrimônio público,
ilegalidade, injuridicidade ou erro de fato.
Desde 1979 e, portanto, há mais de 25 anos, as decisões dos
Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos
Fiscais têm sido acatadas pelas autoridades fazendárias, servindo-
lhes como a melhor orientação na aplicação da legislação
tributária e na adoção de medidas para coibir eventuais excessos
fiscais. Por outro lado, o Ministério da Fazenda pode promover a
alteração da legislação tributária, sempre que verificar, pela
jurisprudência daqueles órgãos, a ocorrência de falhas, lacunas
ou distorções, o que, aliás, tem ocorrido freqüentemente.
Por todas essas razões, causou surpresa, à classe empresarial
do comércio de bens e serviços e aos demais contribuintes, a
decisão proferida pelo Ministro da Fazenda, aprovando o Parecer
PGFN/CRJ no 1007/2004 (pub. no Diário Oficial de 23/8/04), da
87
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que admitiu a
possibilidade de as decisões dos Conselhos Contribuintes “serem
submetidas ao crivo do Poder Judiciário”, mediante ação de
conhecimento, mandado de segurança, ação civil pública ou
ação popular. A ação ordinária seria proposta pela União contra
a própria União, representada pelo mesmo órgão, tanto no polo
ativo, como no passivo, e o mandado de segurança seria
impetrado por uma autoridade fazendária contra ato de outra
autoridade fazendária, mediante iniciativas processuais
esdrúxulas, que, certamente, não encontrarão guarida no
Judiciário.
De qualquer forma, o inconformismo da Receita Federal com
as decisões finais dos Conselhos de Contribuintes, que lhe sejam
desfavoráveis, também pode ocorrer com as decisões finais da
Justiça, contrárias ao Fisco. Nem por isso, a Receita Federal vai
recorrer à ONU ou ao Papa. Além disso, a derrubada do
denominado “trânsito em julgado” da decisão final no processo
administrativo fiscal, a par de constituir uma violência contra os
Conselhos de Contribuintes, atinge a segurança jurídica dos
contribuintes, que ficarão expostos ao arbítrio de outros órgãos,
quanto à conveniência e oportunidade de recurso à via judicial.
Não obstante, a CNC e o empresariado do comércio de bens
e serviços confiam em que o Ministro Antonio Palocci, que tantos
e tão relevantes serviços vem prestando ao País, com invulgares
competência, firmeza e seriedade, determinará o reexame da
aludida decisão, por interessar a todos os milhões de contribuintes
brasileiros, pessoas físicas ou jurídicas, que já se encontram
sufocados pela alarmante carga tributária de 38 % do PIB e por
uma irrefreável burocracia fiscal.
Comércio Exterior
Capítulo 4
♦ Retomada do Mercosul
♦ Urgência para a Política Portuária
♦ Ameaçada a Modernização dos Portos
91
RETOMADA DO MERCOSULAPECÃO - MARÇO DE 2004
No encontro de Cúpula dos Presidentes dos países que
integram o Mercosul , real izado em Montevidéu, em
dezembro de 2003, foi ass inado um l imitado Acordo
Comercial entre o Mercosul e a Comunidade Andina
(Colômbia, Venezuela e Equador), semelhante ao acordo
assinado com o Peru, alguns meses antes.
O Pres idente Luis Inácio Lula da S i lva, com a
concordância dos demais Presidentes, afirmou tratar-se de
um “acordo histórico”. Também disse que o Mercosul tem
que pular etapas para transformar-se em verdadeiro
mercado comum.
Manifestação de intenções, dos governos anteriores,
seguiram a mesma linha de apoio, irrestrito, ao Tratado de
Assunção. No entanto, tais manifestações, ficaram muito
aquém das realidades vividas pelas nações signatárias.
Crises sucessivas atingiram os 4 países, de origem interna
e externa, obrigando-os, cada um a seu tempo, a impor
exceções ou a pedir “waivers”, para a aplicação da Tarifa
Externa Comum (TEC), de modo que, realisticamente, temos
que admitir que o nosso pretendido Mercado Comum, no
momento, não passa de uma União Aduaneira imperfeita,
92
na qual as perfurações e exceções estão prestes a desfigurá-la.
A própria Área de Livre Comércio, sofre distorções com
medidas burocráticas, e exigências não tarifárias, impostas
de acordo com as conveniências de momento, pelas
autoridades de cada um dos países, sem exceção.
As rest r ições que a Argent ina vem impondo à
importação de produtos têxteis brasileiros, sob a alegação
de que essa importação “põe em risco 400 mil empregos de
argentinos”, revelam que, na prática, os governos agem de
forma oposta ao que pregam nas reuniões de cúpula. Por
várias razões, o comércio intrazonal caiu de US$ 18,7 bilhões,
em 1997, para US$ 8,9 bilhões, em 2002. Entretanto, a partir
de 2003, chegou a cerca de US$ 10,5 bilhões, o que pode
signif icar um novo ciclo de expansão, se não houver
impedimentos burocráticos. É verdade que, o Mercosul, sofre
de um pecado de origem, que é enorme desequilíbrio do
potencial econômico dos países que o compõem. É difícil
superar essa assimetria interna, pois, de um lado, temos dois
países relativamente mais pobres e de população reduzida.
De outro lado, o parceiro que poderia, juntamente com o
Brasil, oferecer consistência e amplas possibilidades de
expansão, que é a Argentina, vive, há alguns anos, uma crise
política e econômica sem precedentes.
Em 2003, a Argentina experimentou um relativo desafogo
com o crescimento do PIB de cerca de 7%, mas ainda não
recuperou nem metade da perda de 15% do PIB registrado
nos 2 anos anteriores. Além disso, continua sem solução, o
grave problema das dívidas interna e externa desse País.
Outro fato a se destacar é que os Governos do Mercosul,
e dos parceiros sul-americanos, têm, visivelmente, avaliações
diferentes da integração regional.
93
Apesar do interesse comum em um empreendimento desse
tipo, as prioridades não são as mesmas para cada país ou grupo
de países. Daí a proliferação de iniciativas bilateralizantes
envolvendo todos os participantes do processo, inclusive o Brasil.
Diante das manifestações, enfáticas, dos Presidentes, de apoio
à recuperação do Mercosul, acreditamos que para transformar a
retórica em ações concretas haveria que adotar, uma agenda,
de curto prazo, menos ambiciosa, abrangendo, apenas, medidas
básicas. E a primeira delas seria aceitar alíquotas diferenciadas -
pelo menos temporariamente - de acordo com a densidade
econômica de cada país. Nesse caso, o primeiro passo, deveria
ser o reestudo de uma TEC, em patamares que convenham a todos,
respeitando a assimetria dos países signatários.
Por sua vez, a plena restauração da Área de Livre Comércio
implica em uma desobstrução de medidas burocráticas, de
natureza não tarifária, que estão dificultando a circulação de
bens dentro do Mercosul.
Outra medida que pode ser rapidamente implementada é
a entrada em vigor dos Tribunais de Solução de Controvérsias,
indispensável para maior segurança jurídica no processo de
integração. À falta dos mesmos, cada pendência comercial exige
a interferência de autoridades do Governo, o que atrasa os
processos de compra e venda, com prejuízos que desestimulam
iniciativas empresariais.
Outra medida que pode produzir resultados, em curto prazo,
é a revisão dos convênios de crédito recíproco, mecanismo pelo
qual os Bancos Centrais se tornam garantidores dos créditos à
exportação num sistema de câmara de compensação. Os limites
atuais são baixos, insuficientes para estimular, satisfatoriamente,
a recuperação do comércio intrazonal.
94
No que diz respeito, à tantas vezes ressaltada,
convergência macroeconômica, deve ser tratada como um
objetivo de longo prazo, dada as dificuldades intrínsecas ao
processo, e a demanda de muita coragem dos dirigentes dos
quatro países para enfrentarem as resistências internas, uma
vez que envolve questões complexas, como as padronizações
monetárias, cambiais, trabalhistas, etc. É bom lembrar que isso
só ocorreu na União Européia, onde as discrepâncias estruturais
entre os países são muito menores, após 45 anos de avanços
graduais.
A consideração mais importante, que vale não só para o
Mercosul, mas para todos os países que buscam Acordos
Comerciais, ou Tratados de Livre Comércio, é de que a
proteção aduaneira terá cada vez menos relevância. E é nesse
sentido, que atua a Organização Mundial do Comércio, mesmo
com as dificuldades que já foram enfrentadas pelo antigo GATT.
Infelizmente os países super desenvolvidos, defensores da
filosofia liberal, e, portanto, do livre comércio, continuam
praticando subsídios agrícolas e defesa, através de medidas
não tarifárias, de bens que perderam poder de competição.
Fazem-no para atender interesses setoriais, com peso político
interno, mas cometendo irracionalidade econômica, uma vez
que sua crescente prosperidade, apoia-se no desenvolvimento
tecnológico e nos novos produtos que incorporam alto valor
agregado. A verdadeira globalização econômica depende,
não só do livre e instantâneo movimento de capitais, mas da
plena liberdade de comércio, a qual, paradoxalmente, está
sendo dificultada pelos países paladinos do liberalismo.
O Mercosul e países associados, no século XXI ,
representará uma população de 280 milhões de pessoas e
um PIB de U$ 2 tr i lhões, portanto, um peso específico
95
importante. Mas isso não será suficiente, se não dermos, neste
século, passos de gigante na educação e na pesquisa, sem
o que perderemos o r itmo em relação a outras áreas
emergentes, que avançam de forma surpreendente,
sobretudo no Continente Asiático.
97
URGÊNCIA PARA A POLÍTICAPORTUÁRIA
JORNAL DO BRASIL - 1 DE ABRIL DE 2004
São tantos os problemas existentes nos portos nacionais que,
praticamente, passaram em branco duas importantes datas para
o setor: 28 de janeiro e 25 de fevereiro.
Em 28 de janeiro, registrou-se o 196o aniversário da Abertura
dos Portos às Nações Amigas, decretada pelo príncipe-regente
D. João. A partir daí, a economia do Brasil passou a crescer
celeremente, com a chegada de navios de outros países, além
de Portugal, aumentando o comércio com o exterior e a entrada
de máquinas e equipamentos.
Ao longo de várias décadas, em conseqüência de uma
legislação trabalhista equivocada e práticas portuárias
burocráticas, a operações dos portos nacionais passou a constituir
um enorme obstáculo à expansão do comércio exterior. Daí que
a Ação Empresarial, com a participação de mais de cem
empresas, empenhou-se na elaboração de um adequado
estatuto portuário, que acabou consagrado na Lei no 8.630, de
25/02/1993, conhecida como a lei de modernização dos portos.
É importante que se diga que, de fato, não há motivo para
comemorações, de vez que repetindo procedimentos passados,
98
a burocracia e o corporativismo reinstalaram-se nos portos,
neutralizando a reforma iniciada com a nova legislação. A
saudável e necessária privatização - objetivo básico da Lei - está
sendo parcialmente anulada com as crescentes intervenções
verificadas nos mais de cem terminais que passaram a processar
cerca de 90% da carga marítima do comércio exterior brasileiro.
De fato, numa espécie de reestatização do setor - contrariando
abertamente a Lei saneadora - acumularam-se diversos decretos,
resoluções e outros instrumentos oficiais, contendo descabidas
exigências, que estão atormentando a vida dos terminais
privativos e dificultando as operações do comércio exportador e
importador.
No Brasil, além do Ministério dos Transportes, nada menos de
nove Ministérios interferem, de maneira ativa ou negativa, nas
operações portuárias. No ano passado, entraram em ação mais
três orgãos: a ANTAQ - Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Ministério dos Transportes), a ANVISA - Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Ministério da Saúde) e a
CONPORTOS - Comissão Nacional de Segurança Pública nos
Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Ministério da Justiça). A
ANTAQ, contrariamente ao que dispõe a Lei no 8.630/93,
modificou, dificultando, as condições de arrendamento dos
terminais privativos. A Resolução da CONPORTOS sobre as ações
antiterroristas impostas pelo Estados Unidos, e que deverá entrar
em vigor a partir de julho, contém exageros inexplicáveis, que
vão dificultar os embarques de nossos produtos. Por seu turno, a
ANVISA, além das exigências na área sanitária, criou outro tipo
de ameaça ao bom andamento das operações portuárias, com
a recente greve dos fiscais em Santos.
Para centralizar e melhor defender os interesses das empresas
diretamente responsáveis pelas exportações e importações, estão
sendo organizados nos portos públicos Comitês da recém-criada
99
Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut).
Tais empresas, principalmente as da área do comércio, devem
prestigiar esses Comitês, que conferirão maior autenticidade às
reivindicações regionais, ajudando o governo a resolver os
problemas. Nos grandes portos mundiais existem essas associações
e a de Roterdã, a maior delas, possui 33 mil usuários filiados de
toda a Europa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conhece bem as
deficiências do sistema, conforme tem demonstrado em recentes
pronunciamentos e em sua visita a Santos, em 2003. Neste início
de ano, com a renovada prioridade conferida às exportações,
para sustentar o necessário crescimento econômico, a
expectativa do setor privado é de que o Governo dedique melhor
atenção à rede portuária. Essa deveria ser uma das prioridades
do novo ministro dos Transportes, que seria cristalizada com a
criação de orientação unificada para os portos.
Os empresários de todo o País já cumpriram a sua parte,
entregando ao Presidente da República proposta para a
desejada Política Portuária Nacional, consubstanciada nos
seguintes itens: transferência da administração dos portos para
os Estados; realização das obras de dragagem por conta da
União; extinção das Cias Docas; e extinção das licitações
financeiras para arrendamento de áreas.
101
AMEAÇADA A MODERNIZAÇÃODOS PORTOS
JORNAL DO BRASIL - 15 DE JANEIRO DE 2004
Em 2003, ao completar dez anos, a Lei no 8630/93, da reforma
portuária, sofreu alguns impactos que prejudicaram a sua integral
implantação. Assim, foi afetada justamente a fase final de
consolidação dessa nova abertura dos portos, com a atração
de investimentos privados e a garantia de bons serviços aos
usuários, exportadores e importadores.
Antes de comentar o retrocesso verificado, torna-se oportuno
destacar duas importantes conquistas dessa Lei, pela qual tanto
lutou o empresariado brasileiro. Em primeiro lugar, em resultado
prático comprovado, a redução do custo dos serviços, com a
movimentação de um contêiner caindo da absurda média de
US$500/600 para apenas US$ 150/200, bem perto dos melhores
níveis internacionais. Em segundo, foi a rápida criação de cerca
de 100 terminais privativos, com a metade processando cargas
de terceiros, funcionando como pequenos portos independentes,
desafogando os grandes complexos públicos.
Interrompendo o gradual processo de modernização do
setor, logo no início do ano, começou a vigorar a Resolução no
55, da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ),
expedida ainda ao apagar das luzes do governo anterior (em
102
16.12.02) e que instituiu uma série de descabidas exigências,
algumas em flagrante conflito com a Lei. Perdeu assim, a Antaq,
a oportunidade de tranqüilizar prestadores de serviços e usuários
que, representados pela Ação Empresarial (integrada pelas
principais entidades da classe no Pais), haviam se posicionado
contra a inclusão dos portos no âmbito da Agência.
Após meses de reclamações e reuniões, em outubro de 2003,
resolveu a Antaq editar nova Resolução (no126), pretensamente
reformadora, mas que confirma indevidas exigências e
intervenções, inclusive alterando dispositivos de contratos de
arrendamento firmados com os terminais privativos.. Diga-se de
passagem, que a Antaq, incorporando e ampliando as atribuições
do Ministério dos Transportes, criou enorme estrutura burocrática
compreendendo três diretorias, três superintendências, 11
coordenadorias e 22 gerências, fora as representações estaduais.
Além dos obstáculos ao funcionamento dos terminais
privados, a Resolução reguladora da Antaq consolida as licitações
financeiras, que oneram sobremaneira os custos dos serviços
portuários e também fortalece o poder das deficitárias estatais
Companhias Docas, designando-as como Autoridade Portuária.
Em conseqüência, ficaram enfraquecidos, sem funções, os
Conselhos de Autoridade Portuária (CAP), criados pela Lei, onde
estão representados empresários e trabalhadores. Ao analisar essa
resolução normativa, a Divisão Jurídica da CNC concluiu que as
autorizações concedidas aos terminais não podem ser alteradas
pela “agência reguladora, sob flagrante violação do princípio
de legalidade.
Não bastassem as dificuldades trazidas pela Antaq, também
o Ministério da Justiça entrou no circuito, instituindo a Comissão
Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias
Navegáveis - Conportos, que expediu extensa regulamentação
103
a ser cumprida nas exportações. Paralelamente, ainda no ano
passado, foram criados três grupos representativos para questões
portuárias - de onde, certamente, surgirão novas exigências - nos
Ministérios do Trabalho e dos Transportes, além de outro na própria
Casa Civil da Presidência da República.
Face a esse verdadeiro caos que ameaça voltar ao sistema
portuário, afastando os Investidores e desestimulando os
exportadores, torna-se indispensável o estabelecimento de uma
definitiva política nacional para o setor. Como contribuição a
esse objetivo e com a responsabilidade de representar, talvez, o
maior segmento entre os usuários, a CNC encaminhou à Comissão
Portos da Ação Empresarial proposta que reafirma a abertura para
privatização, estabelecida pela Lei no. 8630/93, destacando
quatro medidas, baseadas na universal orientação adotada nos
países industrializados, líderes do comércio internacional.
Em primeiro lugar, a regionalização dos portos, delegando o
controle aos Estados, que exerceriam a administração
subordinada às Secretarias de Transportes, como já ocorre, com
pleno êxito, no Paraná e Rio Grande do Sul. Com essa providência,
seria automaticamente cumprido o segundo item e antiga
reivindicação dos empresários, a extinção das deficitárias Cias.
DE Docas. Em terceiro, foi sugerida a substituição das licitações,
que só oneram as operações de exportação e importação, por
simples concorrências de projetos. Finalizando, a passagem das
despesas de dragagem - que também oneram os serviços
portuários - para responsabilidade da União. O artigo com esta
reivindicação empresarial - unanimemente adotada em outros
países - foi indevidamente vetado quando da promulgação da
Lei no 8630/93.
Esses itens foram incorporados às sugestões para formulação
da Política Portuária Nacional, entregues no último Enaex, em
104
novembro do ano passado, no Rio, pela Ação Empresarial ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aliás, ciente da importância
do setor, em recente inauguração de um terminal em Santos, o
presidente declarou que “se os portos não forem eficientes,
perde-se a produtividade conquistada”.
Economia Informal
Capítulo 5
♦ Entraves da Burocracia - I
♦ Entraves da Burocracia - II
♦ Entraves da Burocracia - III
♦ Entraves da Burocracia - IV
♦ O Comércio Informal
♦ Corrupção
♦ Um Alerta sobre a Burocracia
107
ENTRAVES DA BUROCRACIA - IA GAZETA (VITÓRIA) - 13 DE FEVEREIRO DE 2004
Como é sabido, a aparição da burocracia surgiu com o
Estado Moderno e alcançou sua verdadeira dimensão com o
intervencionismo estatal e, através da regulação, com a
ingerência do poder público sobre os negócios privados.
Como braço através do qual o Estado exerce sua ação, o
que se espera e o que justifica a burocracia é a administração
competente do aparelho estatal. Mas o excesso de ingerência
pode dar lugar, e daí o sentido pejorativo atribuído à palavra,
a uma burocracia que através da manipulação do poder
busca preservar privilégios e satisfazer suas próprias aspirações,
ao invés de bem servir à cidadania. Esta é a hora em que, no
dizer de Jaime Rotstein, membro do Conselho Técnico da CNC,
a burocracia está politizada.
Mito ou realidade diz-se que o Brasil tem uma insopitável
tendência a tudo regular, como conseqüência de sua herança
histórico-cultural, vinda da Europa Mediterrânea. Excesso de
regulação que requer uma máquina burocrática de grande
porte, desdobrada pelos três poderes da República e pelos
três níveis da Federação. A relação causal entre regulação
excessiva e dimensão da máquina torna-se componente
importante dos custos operacionais, no campo das atividades
econômicas.
108
Além do custo explícito da própria dimensão da
burocracia,expressa no número de funcionários, nem sempre bem
treinados, e redundantes por força das acomodações de natureza
política, há outros custos implícitos, que se incorporam ao agregado
de custos que hoje se convencionou chamar de Custo Brasil.
Duas dessa formas de custo saltam de pronto aos olhos de
qualquer observador. A primeira corresponde ao peso e à massa de
procedimentos que fluem do emaranhado das Leis, Decretos, Portarias
e Resoluções, por vezes até conflitantes, destinados a atender toda
essa teia de regulação que passa pelo Fisco, envereda pela
previdência social e se prolonga até o meio ambiente. Uma ilustração
mais detalhada sobre o custo da regulação oficial está num inquérito
citado por Armando Castelar Pinheiro, em recente estudo de
natureza acadêmica, levado a cabo como pesquisador do IPEA.
Nesse levantamento, que engloba 75 países em distintos níveis
de desenvolvimento, foi possível concluir, ao tomar como
referência o Brasil, que:
O número de procedimentos indispensáveis para abrir uma
pequena empresa varia de um mínimo de 2 no Canadá a 20 na
Bolívia; a média mundial está em torno de 10, enquanto no Brasil
são 15 os passos necessários.
O tempo mínimo necessário para cumprir os procedimentos é
de dois dias úteis em vários países, sendo o tempo extremo, o caso de
Moçambique que requer 174 dias. O Brasil, com um tempo requerido
de 67 dias úteis, situa-se acima da média mundial de 63 dias.
O custo para cumprir todos os procedimentos varia de 0,4%
da renda per capita na Nova Zelândia a 260% na Bolívia. A média
mundial fica ao redor de 34% e, no Brasil, esse custo é de 67,4%.
109
ENTRAVES DA BUROCRACIA - IIA GAZETA (VITÓRIA) - 14 DE FEVEREIRO DE 2004
Um segundo tipo de custo está refletido no aumento da
economia informal. Não admira que com tantos passos a cumprir,
tempo de espera e gastos a realizar, essa economia, que se
desenvolve à margem da Lei e da voracidade do Fisco ganhe
corpo e espaço, no conjunto das atividades econômicas. Eis aí
um novo custo a ter em conta, de vez que, com raras exceções,
na economia submersa, o emprego é de má qualidade e
precário, tudo resultando em baixa produtividade a comprometer
o esforço produtivo da Nação. Como a burocracia compromete
o crescimento econômico, pode-se dizer, generalizando, que o
tamanho da economia informal está na razão inversa do grau
de desenvolvimento de um país.
Uma regulação abundante e estrita não garante a priori
melhor qualidade da produção, maior higidez da população e
melhor controle e prevenção das agressões ao meio ambiente.
Mas serve de pretexto para a interpretação dos dispositivos que,
resultando no impasse burocrático, abrem caminho para formas
variadas de corrupção.
Existe, certamente, uma forte correlação entre o excesso de
regulação e o peso da burocracia, a exercer domínio sobre as
decisões do setor privado. Seria desejável que tivéssemos um país
com menos regulação e, por conseqüência, menos entraves para
110
as decisões de investimento, freqüentemente procrastinadas
pelos conflitos de competência entre áreas distintas das
administrações públicas. Essa, contudo, não parece ser, como
os acontecimentos estão a demonstrar, nem a inclinação nem
a tendência dos partidos políticos que, nos últimos tempos, têm
estado no epicentro do Poder.
111
ENTRAVES DA BUROCRACIA - IIIA GAZETA (VITORIA) - 9 DE MARÇO DE 2004
É claro que nos países modernos há de haver todo um
conjunto de leis, portarias e resoluções que regulem as
atividades econômicas. Mas em nossa economia existe um
viés nesse aparelho regulatório, que nem sempre distingue,
no universo das empresas, as pequenas das grandes empresas.
As excessivas exigências burocráticas pesam sobremaneira
sobre as empresas de menor porte.
Publicado em 2003, um exaustivo inquérito do IBGE sobre
o setor - “Comércio e Serviços“ - mostra que as micro e
pequenas empresas representam 22,3% do total de empresas
do setor, entendendo-se por micro empresa a que emprega
até cinco pessoas e, por pequena empresa a que congrega
até 19 empregados. Essa conceituação é conjugada com o
nível de receita bruta anual, até o limite de R$ 1,5 milhão.
Atualmente, existem no Brasil, em números redondos, 2
milhões de micro e pequenas empresas, representando 9,7%
da população ocupada, ou sejam 7,3 milhões de pessoas.
Num país onde o emprego tornou-se a maior aspiração de
milhões de brasileiros e o desemprego constitui o problema
mais importante do Governo, sobressai a contribuição
relevante que essas empresas podem dar para manter o nível
de ocupação.
112
É lamentável, entretanto, verificar que a constante
criação de empresas de pequeno porte apresenta, em
paralelo, taxas igualmente altas de mortal idade.
Desaparecem com a mesma rapidez com que surgem.
Quando se pesquisam as causas dessa volati l idade, a
resposta pode ser encontrada na dificuldade de acesso ao
crédito, na falta de apoio técnico, no gerenciamento
inadequado e baixa qualificação profissional. Além dessas
l imitações, cabe destacar o impacto negativo da
burocracia, a forma e o número de exigências burocráticas
que precisam ser cumpridas, para que possam funcionar
legalmente as empresas de pequeno porte.
113
ENTRAVES DA BUROCRACIA - IVA GAZETA (VITÓRIA) - 10 DE MARÇO DE 2004
O prazo para abertura de uma nova empresa, até que possa
efetivamente operar, gira em torno de 90 dias e uma simples
transferência de domicílio pode levar mais de 60 dias para obter
a regularização junto aos órgãos fazendários. Esperava-se que o
novo Código Civil pudesse simplificar os procedimentos para essas
empresas, mas, infelizmente, isso não aconteceu. As dificuldades
permanecem, como permanecem os constrangimentos nas áreas
fiscal e trabalhista.
Um exemplo típico de regulação excessiva que emperra a
criação e o funcionamento de micro e pequenas empresas,
quase como uma caricatura, pode ser encontrado no caso de
um pequeno importador de vinhos. Desde 1996, os importadores
devem registrar, junto ao Ministério da Agricultura, o produtor e
os vinhos por este produzidos. Além do certificado de origem, o
importador deve fornecer ao Ministério as análises feitas no país
de origem e, não obstante, se vê obrigado a repeti-las no Brasil.
Operação que demora em média três semanas, repercutindo
sobre os custos de armazenagem e encurtando os prazos de
pagamento que, obviamente, continuam correndo. Mas há mais.
No caso de um mesmo vinho de mesma safra, proveniente da
mesma região e, portanto, com a mesma denominação de
origem, as exigências se repetem tantas vezes quantas forem as
partidas importadas, num mesmo ano.
114
À margem destas considerações, não se pode negar o
alcance de algumas iniciativas governamentais, no sentido de
dar um tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas,
como é o caso do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos
e Contribuições, conhecido pela sigla Simples, que permite o
pagamento unificado de uma serie de impostos e contribuições.
Muito embora sejam louváveis essas iniciativas, muitas vezes
o rigor e o preciosismo dos burocratas, em fazer cumprir a
legislação, resulta na criação de inúmeras dificuldades, para dizer
o mínimo, situação que leva o pequeno empresário ao desespero,
ante o sentimento de impotência em face dos obstáculos que
encontra em seu caminho. É o caso, por exemplo, das pequenas
empresas que operam no setor dos serviços, impedidas de aderir
ao sistema SIMPLES, por uma inexplicável intransigência das
autoridades fazendárias.
O Governo pode incrementar a atividade econômica, com
geração de emprego e renda, dispensando atenção especial
às micro e pequenas empresas, não só ampliando os limites para
a opção pelo SIMPLES e a extensão do sistema ao setor de
serviços, como ainda criando um sistema similar para reduzir a
burocracia, unificar e simplificar o registro de tais sociedades, no
comércio de bens e serviços e turismo.
115
O COMÉRCIO INFORMALJORNAL DO BRASIL - 1 DE JUNHO DE 2004
Segundo recente pesquisa realizada pela Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) amplamente
noticiada pelo Jornal do Brasil, 59% das pessoas entrevistadas
afirmaram que compram produtos no comércio informal.
Paradoxalmente, 97,2% admitem diversas desvantagens das
compras nos camelôs, notadamente quanto à qualidade,
ilegalidade, vida útil, origem desconhecida e nocividade dos
produtos (69,8% no total).
A pesquisa não traduz fielmente os hábitos dos consumidores
cariocas, uma vez que se circunscreveu a apenas 300 pedestres,
ouvidos nas ruas do centro da Cidade do Rio de Janeiro,
justamente a área de maior concentração de camelôs. Ainda
assim, a pesquisa revela que 88,5% dos produtos vendidos pelos
camelôs são contrabandeados, falsificados ou roubados de
caminhoneiros: relógios, perfumes, acessórios, CD’s, DVD’s, fitas
de vídeo, brinquedos, óculos, produtos eletrônicos, programas de
computador e jogos eletrônicos.
Muito embora efetuada em segmento inexpressivo da
população carioca, a pesquisa confirma que o comércio informal
sobrevive e se expande graças a ações ou omissões do Governo:
ineficácia da Polícia e da Receita Federal na prevenção e
repressão ao contrabando, nas fronteiras, nos aeroportos, nas
116
áreas portuárias e nas rodovias, bem assim nas vias públicas das
grandes cidades brasileiras.
Há vários anos e como é público e notório, produtos
importados, inclusive falsificados, ingressam no país, em Foz do
Iguaçu. Sucessivas reportagens das emissoras de televisão e de
órgãos da imprensa têm flagrado a impunidade do contrabando
naquela região, seja através de centenas de sacoleiros, seja
através de caixas atiradas do alto da Ponte da Amizade para a
margem brasileira do Rio Paraná, sem que a Polícia e a Receita
organizem um serviço eficaz para fazer cessar e inibir essa prática
delituosa.
Nos aeroportos de Cumbica, Guarulhos e Galeão, centenas
de caixas de produtos eletrônicos têm sido desviadas sem que
ninguém veja. Nas áreas portuárias, containers também são
desviados e caixas atiradas dos navios ao mar, sem que os
contrabandistas sejam incomodados pelos órgãos fiscais e
policiais. Nas rodovias, de vez em quando, um ônibus, em mil, é
retido, com a apreensão de numerosas sacolas de produtos
trazidos de Puerto Stroesner, enquanto os outros 999 transitam
livremente em direção a Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, talvez
porque - como muitos afirmam - tenham pago algum “pedágio”
especial.
Nas vias públicas do Rio de Janeiro, São Paulo e de todas as
nossas grandes cidades, mercadorias contrabandeadas,
falsificadas e roubadas de caminhoneiros são comercializadas
livremente sem que os camelôs sejam incomodados pela Polícia
ou pela Receita.
Segundo a pesquisa, um terço dos entrevistados adquire
mercadorias nos camelôs, porque os preços seriam inferiores aos
do comércio regular. Ora, tais produtos não sofrem a taxação do
117
imposto de importação, do IPI e do ICMS. Os camelôs não têm
de pagar imposto de renda, COFINS, CSLL e PIS, nem contribuem
para a previdência social. A margem de lucro, protegida pelo
preço dos produtos tributados do comércio regular, permite, é
claro, a concessão de toda espécie de gratificações, propinas e
subornos.
Por outro lado, o comércio informal e ilegal dos camelôs não
pode ser confundido com o dos ambulantes autorizados a vender
pipocas, sorvetes, água de côco, roscas de polvilho, mate gelado
e similares, sobretudo nas praias e nos estádios de futebol.
Além disso, parte das populações urbanas costuma reagir
contra a fiscalização municipal, sensibilizada com a divulgada
versão de que os camelôs “estão trabalhando”, o que é melhor
do que “estar roubando”, sem perceber que as mercadorias
oferecidas são produto dos crimes de contrabando, falsificação
e roubo. No entanto, toda a sociedade reclama quanto à
ocupação das calçadas e a sujeira produzida pelos camelôs, que
enfeiam as cidades e prejudicam o turismo.
Resta às Prefeituras o árduo encargo de tentar reprimir o
comércio informal com fiscais e policiais municipais desarmados
e sem o apoio da Polícia Militar, enfrentando, já agora, a
segurança organizada e remunerada dos camelôs.
É bem verdade que camelôs são encontrados em Nova
Iorque, Paris, Moscou, Buenos Aires etc., mas a sociedade brasileira
não pode aceitar a expansão imoderada do comércio informal
em nossas cidades, que está inclusive reduzindo os níveis de
emprego e de renda, na indústria e no comércio regulares, nem,
tampouco, pode tolerar a omissão das autoridades públicas em
questão de tão significativo conteúdo econômico e alcance
social.
119
CORRUPÇÃOJORNAL DO COMMERCIO - 10 DE AGOSTO DE 2004
Quase diariamente, os meios de comunicação dão
conta de casos de corrupção em nosso País, numa dimensão
da qual não tínhamos idéia. George Moody-Stuart, cidadão
britânico, nascido nas Índias Ocidentais, num pequeno livro
sobre as prát icas i l íc i tas do comércio internacional ,
denominou esses casos de “Grand Corruption”.
Do ponto de vista da ética social, não cabe hierarquizar
o conceito de corrupção. O ato é o mesmo, seja no suborno
oferecido ao alto funcionário, para um jogo de cartas
marcadas numa concorrência pública, seja no suborno feito
ao guarda de trânsito, para fazer vista grossa ao avanço do
sinal vermelho.
O escândalo da construção da sede do Tribunal Regional
do Trabalho de São Paulo, as fraudes do INSS, os descaminhos
dos fiscais da receita no Estado do Rio, dando origem ao
neologismo “propinoduto”, as remessas ilegais de câmbio, via
BANESTADO e o caso, recentemente descoberto, das compras
superfaturadas de hemoderivados no Ministério da Saúde,
entram na escala da Grande Corrupção. É a corrupção nessa
dimensão que vem sendo denunciada, há uma década, por
uma organização fundada por um ex-funcionário graduado
do Banco Mundial, a Transparência Internacional, com sede
120
em Berlim, e que tem hoje seu foco de atenção dirigido a
133 países, com representações nacionais na maioria deles,
inclusive no Brasil.
Essa organização criou uma rede de informantes ligados a
instituições internacionais, universidades, empresas de auditoria
ou de inteligência econômica.Para conhecer como a corrupção
é percebida nos diferentes paises, indaga sobre o suborno nas
esferas pública e privada, pergunta sobre o uso da função pública
para fins particulares, desvio de fundos públicos e compra de votos
nas eleições, assim como busca identificar conflitos de interesse,
práticas de evasão fiscal, fraudes contábeis, etc... A cada ano,
por volta de setembro, divulga aos quatro ventos o resultado
síntese das respostas a essa série de indagações.
Com essas informações obtidas através de questionários, a
Transparência Internacional construiu um índice de percepção
da corrupção. Os países com pontuação igual ou maior que 9
são vistos como países com baixíssimo nível de corrupção. A
corrupção está profundamente enraizada na vida das nações,
no caso de países com pontuação abaixo de 2. Na América
Latina, a melhor pontuação pertence ao Chile com 7,5. O Brasil
aparece com pontuação 4, classificação que indica menor grau
de corrupção do que, por exemplo, a Argentina, o México ou a
Venezuela.
Como a aferição das pontuações se refere ao ano de 2002,
ainda não se conhece a pontuação que corresponderá ao Brasil,
em 2003 ou 2004. Contudo, qualquer que seja a pontuação
assinalada, não se deve estabelecer qualquer correlação com a
mudança nas administrações federal e estaduais. É preciso ter
em conta que o índice mede como a corrupção é percebida e
que as denúncias que agora afloram podem vir de
acontecimentos de tempos passados.
121
Em termos mais gerais, mas ainda ineficiente e com algumas
iniciativas de inspiração política, há um fato novo na vida brasileira
criado pela Constituição Federal de 1988: a presença do Ministério
Público, que, certamente, terá uma influência positiva na prática
da corrupção em nosso País.
O que é importante ter em mente é que a “grande
corrupção” reduz a capacidade de crescimento do País. O
dinheiro mal ganho geralmente vai parar em paraísos fiscais,
retirado, portanto, do circuito interno de rendas que movimenta
e impulsiona o consumo e o investimento. É impressionante
verificar, ademais, como a “grande corrupção” se infiltrou no seio
das grandes empresas, com ações de empregados e, até mesmo,
de diretores, que, motivados por interesses pessoais, prejudicam
as empresas a que pertencem. Vamos aguardar a próxima
divulgação do índice de Transparência Internacional.
123
UM ALERTA SOBRE ABUROCRACIA
JORNAL DO COMMERCIO - 13 DE OUTUBRO DE 2004
A burocracia forma o braço atuante do Estado em suas
relações com as pessoas físicas e jurídicas, assegurando o
funcionamento da máquina estatal. O ideal seria que esse
funcionamento pudesse fluir sem maiores entraves, mas como
na maioria dos casos, em nosso país, tal não acontece, o excesso
de regulação transforma a burocracia num obstáculo, ao invés
de um coadjuvante do processo de crescimento econômico.
Isso está perfeitamente retratado na versão mais atual do estudo
do Banco Mundial sobre a burocracia, abrangendo 145 países,
quando relaciona a ação da burocracia ao ambiente de negócios.
País considerado como uma economia emergente, por certos critérios,
o Brasil tem um aparelho burocrático comparável, na lentidão e
complexidade de suas ações, ao dos países mais pobres da África.
Assim, por exemplo, em termos de tempos médios, a
constituição de uma empresa pode demorar seis meses,
simplesmente porque de todos os países investigados é o que
requer maior número de procedimentos legais. E o encerramento
de suas atividades pode exigir dez anos. Por esses dois critérios de
tempo, estamos, no primeiro caso, em companhia de
Moçambique e no segundo, de braços dados com o Chade.
124
De um modo geral, o Judiciário é lento em quase todos os
países, mas, ainda de acordo com o Banco Mundial, uma
demanda no Brasil demora em média quase dois anos para
chegar à sentença. E na decretação da falência de uma
empresa, os credores recebem uma parte infinitesimal de seus
créditos.
A rigidez da legislação do trabalho cria um ambiente
burocrático que resulta num paradoxo: país de mão-de-obra
relativamente barata, mas de alto custo para o empresariado,
obviamente repassado aos bens finais.Como a demissão
representa em média 40 salários do empregado, não admira a
forte tendência para a informalidade no caso dos pequenos
negócios.
É curioso que, em termos quantitativos, o número de
funcionários que formam a base da estrutura do Estado brasileiro
não chega a ser absurdamente grande. Estima-se que o país gaste
2,5% do PIB com o funcionalismo. O que se coloca sobre a mesa,
isto sim, é a qualidade do serviço civil, cujas portas, agora, foram
abertas, nos escalões mais altos, a representantes do sindicalismo
operário. E é este serviço civil que tem de decidir sobre como
fazer fluir procedimentos, em face do complexo arcabouço legal,
em constante mutação, e do conflito de competência de
instituições superpostas e redundantes.
Certamente, existe um rico anedotário a respeito dos entraves
criados pela burocracia para “fazer as coisas acontecerem”. Por
exemplo, o processo para registrar no INPI a marca de um
medicamento pronto leva três anos e o da patente de cinco a
sete anos. Talvez um caso emblemático, para ficar com uma
expressão em voga, seja o do teste de uma roda de liga leve
desenvolvida localmente por uma indústria de automóveis, que
deveria ser objeto de testes na Europa. O fisco interpretou o envio
125
da remessa para testes como amostra, portanto, como se uma
exportação fosse. Tardou-se mais de um mês a resolver o impasse
e nesse ínterim perdeu-se a preferência para uso da pista de testes
da casa matriz. Por algum tempo ainda, a roda de liga leve
continuará a ser importada, à espera da homologação da roda
aqui desenvolvida.
Como a pregação do saudoso Hélio Beltrão caiu na areia
do deserto, resta esperar que o estudo do Banco Mundial, que
deixa o Brasil muito mal, possa servir para um novo despertar de
consciências, capaz de conduzir a uma burocracia que seja
eficiente e diligente, para bem servir ao país.
♦ Almoço da Diretoria com o Secretário de Relações do
Trabalho, Osvaldo Martines Bargas
♦ Almoço da Diretoria com o Ministro do Trabalho e
Emprego, Ricardo Berzoini
♦ Almoço da Diretoria com o Ministro das Comunicações,
Eunício Oliveira
♦ Almoço da Diretoria com o Presidente do Superior
Tribunal de Justiça, Ministro Edson Vidigal
♦ 92a Conferência da OIT
♦ Inauguração do Centro de Convenções do SESC-DR-ES
♦ Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-PR, Darci Piana
♦ Almoço da Diretoria com o Presidente do Tribunal de
Contas da União, Ministro Valmir Campelo
♦ Posse do Presidente FECOMÉRCIO-RS, Flávio Sabbadini
♦ Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-RJ, Orlando Diniz
♦ Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-SC, Antonio
Edmundo Pacheco
♦ Almoço da Diretoria com o Presidente do Tribunal
Superior do Trabalho, Ministro Vantuil Abdala
♦ Inauguração do SESC-Pinheiros
♦ Dia Mundial do Turismo
Pronunciamentos
Capítulo 6
129
ALMOÇO DA DIRETORIA COM OSECRETÁRIO DE RELAÇÕES DOTRABALHO, OSVALDO MARTINESBARGAS
BRASÍLIA - 29 DE JANEIRO DE 2004
Temos o prazer de receber o meu caro amigo Osvaldo
Martines Bargas, Secretário de Relações do Trabalho do Ministério
do Trabalho e Emprego e Coordenador-Geral do Fórum Nacional
do Trabalho. Ele é amigo da legislação trabalhista, amigo dos
trabalhadores, dos empregadores e, principalmente, amigo do
emprego, que realmente é a grande tarefa colocada nas mãos
desse Ministério.
Devia estar aqui presente nosso Ministro Ricardo Berzoini,
que, infelizmente, teve de se deslocar para Minas Gerais. Creio
que todos estão a par de que houve o assassinato de três
auditores e de um funcionário do Ministério do Trabalho e
Emprego. De sorte que nosso Ministro do Trabalho Ricardo
Berzoini hoje não está presente, no entanto está muito bem
representado aqui.
Bargas é realmente o homem que simboliza para nós, hoje,
a importância do Ministério do Trabalho e Emprego.
130
Inicialmente gostaria de fazer dois pedidos ao Secretário
que está aqui presente. Sabemos que o comerciante sempre
começa pedindo alguma coisa.
Meu primeiro pedido, meu caro Bargas, é no sentido de
que transmita a Jacques Wagner, ex-Ministro do Trabalho e
Emprego, nosso reconhecimento e agradecimento pelo tipo
de relação, pelo bom entendimento que, durante o ano
passado, mantivemos com esse Ministério, em grande parte
devido ao seu trabalho.
Jacques Wagner teve a capacidade e a compreensão
de entender os objetivos dos empresários do comércio e,
naturalmente, dos outros setores.
Segundo pedido; transmita ao novo Ministro do Trabalho e
Emprego, o Dr. Ricardo Berzoini, que esta Casa está aberta ao
diálogo, ao trabalho em conjunto, que queremos realmente
trabalhar junto com o Governo, junto com o Ministério do
Trabalho e Emprego, em especial nesses dois organismos tão
atuantes, no momento, que são o Fórum Nacional do Trabalho
e, posteriormente, o Fórum do Sistema “S”, que também nos
interessa muito de perto.
Esses dois Fóruns deverão produzir uma nova legislação
sindical e uma nova legislação trabalhista.
Temos absoluta certeza da competência com que nosso
amigo Osvaldo Bargas irá coordenar os trabalhos de todos que
estão empenhados - não vou dizer luta - nesse trabalho,
profundo e árduo, em benefício de bons resultados na
legislação sindical, que deve sair em prazo mais curto, e que
possibilitará uma legislação trabalhista mais adequada, logo
em seguida.
131
Tinha eu trazido dois elementos, para não faltar com aquilo
que foi previsto.
Meu caro amigo Bargas sabe da sensibilidade do setor
comercial varejista para as questões derivadas do desemprego
e do baixo poder aquisitivo da força de trabalho.
No ano passado, segundo o IBGE, o faturamento real do
comércio sofreu uma queda de 4,5%, repetindo o desempenho
negativo dos anos anteriores. Certamente esse resultado está
vinculado à perda de 12,5% do poder aquisitivo dos salários, de
modo geral.
Existe, pois, entre todos os nossos companheiros do comércio,
uma grande ansiedade e um alto propósito de responsabilidade
no encaminhamento das questões sindicais e trabalhistas, hoje
muito em suas mãos, meu caro Bargas.
Outra questão que todos entendemos ser o grande desafio
à nossa frente consiste na retomada do crescimento econômico
e na geração de empregos.
Ninguém pode pensar em gerar empregos sem uma
retomada econômica.
É preciso, como diziam alguns Ministros anteriores, que o bolo
cresça para, depois, poder dividí-lo.
Esse, o desafio, que entendemos deva ser também do Fórum
Nacional do Trabalho, a fim de que as reformas que estamos
perseguindo tenham o cunho fundamental da modernização e
da sustentabilidade, a médio e longo prazo - e vou dizer algo
que nos parece muito importante -, preservando as boas medidas
implementadas durante os últimos 50 anos.
132
Nessa reformulação, entendemos que devemos ter todo
cuidado e não desprezar, não descartar o que de bom se
construiu durante 50 anos.
Há muito a ser modificado; precisamos modernizar. Estamos
de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, com o Bargas,
com o antigo Ministro, com o novo Ministro e com o Presidente
Lula, com quem já conversamos a respeito. Há necessidade de
modernização. No entanto, modernização não significa ignorar
o que existe para se começar a construir do zero.
Vamos aproveitar tudo que existe de bom e, naturalmente,
melhorar, implementar, para que nossa legislação seja a mais
moderna e a mais adequada às necessidades do país.
É com este sentido que desejamos nos colocar à disposição
do Ministério do Trabalho e Emprego, na continuidade dos
trabalhos que vimos realizando em parceria com o Governo do
Presidente Lula, pedindo ao ilustre representante do Ministério do
Governo, em meu nome pessoal e de meus companheiros, que
considere esta Casa do Comércio uma extensão do Ministério
do Trabalho e Emprego.
Considere-se em sua casa. Esteja sempre absolutamente à
vontade e conte conosco em tudo que for necessário.
Nossos objetivos são comuns, meu caro Secretário, queremos
mais empregos, queremos o crescimento deste país, melhor
padrão de vida, melhor futuro para nossos filhos, para nossos netos
e dotar este país de legislação atualizada.
O Brasil é um país que tem tudo. Falta alguma coisa que
vocês, certamente, em conjunto com os empresários e os
trabalhadores, irão produzir.
133
Obrigado por sua presença. Peço que transmita a todos
nossos agradecimentos e se considere, realmente, em sua casa.
Muito obrigado, Bargas. Um abraço.
135
ALMOÇO DA DIRETORIA COM OMINISTRO DO TRABALHO EEMPREGO, RICARDO BERZOINI
BRASÍLIA - 11 DE MARÇO DE 2004
Exmo. Sr. Ministro do Trabalho e Emprego Ricardo Berzoini,
caros Companheiros da Confederação Nacional do Comércio,
das Federações do Comércio, Presidentes de Sindicatos, Srs.
Empresários, minhas Senhoras, meus Senhores:
Meu caro Ministro, preparamos uma breve exposição a
respeito das ações da Confederação Nacional do Comércio,
junto ao Fórum Nacional do Trabalho, no sentido de realmente
obtermos uma nova legislação mais atualizada, no que tange
principalmente aos aspectos sindical e trabalhista.
Além disso, pretendíamos também apresentar informações
a respeito das nossas Entidades SESC e SENAC, e sua atuação
em todo o Brasil que representa realmente um grande trabalho,
em benefício da classe trabalhadora do comércio e de empresas
de serviços terceirizados também.
Acontece que fomos surpreendidos com a falta de tempo
do Ministro, que tem, dentro de 20 minutos, um compromisso com
o Presidente da República.
136
De sorte que ficará para uma próxima oportunidade a
apresentação do que está sendo feito pela Confederação
Nacional do Comércio e pelas Federações do Comércio em todo
este País.
Realmente estamos cobrindo todos os vinte e sete Estados,
mais o Distrito Federal, com apoio jurídico, com apoio empresarial,
enfim, na defesa dos interesses dos empresários do setor.
Sobre o SESC e o SENAC, quero ressaltar o seguinte: o SENAC,
Ministro, preparou, ano passado, cerca de dois milhões de
profissionais para ingresso no mercado de trabalho ou
aprimoramento de suas condições de trabalho.
O SESC, por meio de todas as suas instalações, tem cerca de
4,5 milhões de associados, aos quais são prestados todos os
serviços de assistência social, odontologia e uma série de outros
benefícios, assim como o SENAC, que por intermédio de suas
escolas fixadas em inúmeras cidades, somadas às escolas
itinerantes, as carretas-escola, correm o Brasil inteiro - inclusive no
rio Amazonas temos uma barca que faz a profissionalização
daquelas populações - promovem a formação profissional de
milhões de pessoas.
Isso, como disse há pouco, vai ficar para uma próxima
oportunidade. No entanto, não nos poderíamos furtar de lhe expor
um breve filme, a respeito do menor aprendiz, isto porque estamos
conscientes, sabemos e estamos acompanhando o trabalho do
Ministro - não só o do Ministro Berzoini, atual, como nosso Jacques
Wagner, a quem manifestamos nosso preito de amizade e
admiração, pelo trabalho que realizou, antecedendo a sua
Administração. Sabemos do interesse com que o Ministério do
Trabalho e Emprego está levando em conta o problema do
primeiro emprego.
137
Trata-se, realmente, de programa extremamente importante,
porque é por ocasião do primeiro emprego que existe a grande,
quase que revolução, na mente de cada brasileiro, de cada
jovem, menino ou menina, rapaz ou moça, quando, na verdade,
ele ingressa no mercado de trabalho.
O primeiro emprego muda a vida muito mais do que qualquer
outra ocorrência durante a vida desses jovens.
No sentido de atendermos não só os objetivos do Ministério do
Trabalho e Emprego como para cumprir a lei, o SENAC está
promovendo realmente, de forma intensa, o trabalho do menor
aprendiz, que é o modo de induzi-lo a entrar no mercado de trabalho.
De maneira que, se seu tempo permite, gostaria que
começasse a exibição do filme. No entanto, antes, Sr. Ministro,
gostaria de lhe dizer: considere esta Casa sua Casa. A
Confederação Nacional do Comércio é uma extensão do
Ministério do Trabalho e Emprego. Aqui propugnamos pelos
mesmos objetivos do Ministério. Pode contar com a nossa
colaboração, assim como temos contado sempre com a
colaboração do Ministério do Trabalho e Emprego, ao longo de
todos estes anos.
Considere-nos aqui como sua família funcional. Todos os
companheiros aqui estão de acordo com os objetivos do
Ministério do Trabalho e Emprego e estão prontos a colaborar
nesse sentido.
Assim, Ministro, muito obrigado por sua visita. Contudo, o
Ministro fica devendo voltar a esta Casa, para ouvir aquilo que
tencionávamos transmitir-lhe, informações a respeito do nosso
trabalho, em benefício deste País, que realmente cada vez mais
deve ir para a frente.
138
Naturalmente acreditamos que o Ministro possa ajudar nessa
redução da carga tributária, que está impedindo os investimentos.
Não sendo feito o investimento, não há emprego novo. De
maneira que é um círculo vicioso. Há necessidade do
engajamento de todos nós na redução da carga tributária.
Muito obrigado pela sua vinda, esperando vê-lo aqui
brevemente.
139
ALMOÇO DA DIRETORIA COM OMINISTRO DASCOMUNICAÇÕES, EUNÍCIOOLIVEIRA
BRASÍLIA - 15 DE ABRIL DE 2004
Meu caro Deputado e Ministro Eunício Oliveira, nosso Amigo,
Diretor desta Confederação, pessoa que está conosco há muito
tempo, lutando pelos mesmos objetivos, é por isso que temos o
prazer de recebê-lo hoje, aqui; meu caro Deputado Ronaldo
Caiado, também um lutador pelas causas que temos defendido,
Srs. Diretores da Confederação, Srs. Empresários, Presidentes de
Federação, minhas Senhoras, meus Senhores:
Normalmente nesses almoços que costumamos realizar às
quintas-feiras aqui, em Brasília, não toda quinta-feira, pelo menos
uma vez por mês ou de dois em dois meses, iniciamos, quando
temos um convidado ilustre, com a apresentação desse
convidado, dizendo quem é, o que foi, o que faz etc.
No caso do Eunício isso é absolutamente desnecessário,
porque Eunício é da Casa. Eunício é da Casa tanto quanto eu,
quanto todos vocês que estão aqui. No entanto, não custa
lembrar que Eunício, que se formou no Ceará, em Economia - me
140
corrija se eu estiver errado -, aqui, em Brasília, formou-se em
Administração, fundou dois sindicatos - O Sindicato de Transporte
de Valores, Asseio e Conservação, ajudou a fundar a FENAVIST,
fundou a FEBRAC, juntamente com outros amigos, foi realmente
um representante sindical nesta área, em Brasília, foi Presidente
da Federação do Comércio de Brasília, é Diretor da
Confederação Nacional do Comércio. Enfim, ele tem uma vida
sindical que começou como empresário, sindicalista e chegou a
esta Confederação. Isso na parte sindical.
Na parte empresarial, realmente Eunício é um grande
empresário. É um empresário de sucesso, um empresário
responsável, tem excelente conceito, o que nos honra muito.
Eunício é um empresário que representa o empresariado de
Brasília com muita honra, com muito orgulho para todo o
empresariado desta terra.
Por isso, meu caro Ministro, que hoje estão reunidos aqui seus
amigos.
Imaginávamos tê-lo feito anteriormente, mas, por uma série
de fatos, foi sendo adiada essa reunião, mas hoje estamos todos
aqui - Presidentes de Federação, Presidentes de Sindicatos,
Diretores da Confederação, todos nós -, estamos todos aqui com
o objetivo de homenageá-lo, pela sua carreira política, pela sua
carreira sindical e pela sua carreira como empresário. Eunício
reuniu sucesso nessas três áreas.
Por isso que, para nós é uma honra muito grande recebê-lo
aqui, como Ministro, como Deputado e, principalmente, como
homem de nossa Casa.
Desejamos que Eunício tenha, à frente do Ministério das
Comunicações, muito sucesso, que traga muita paz ao setor, que
141
sabemos é conturbado, num País que está em desenvolvimento,
como o nosso, que tem uma série de tendências, tem uma série
de vontades a serem organizadas, a serem atendidas. Eunício
tem essa habilidade, tem a habilidade de conseguir juntar as
diversas correntes, para encontrar as soluções adequadas.
Meu caro Ministro, sinta-se, como sempre em sua Casa. Meus
parabéns pela condução. Aliás, devo parabéns ao nosso
Presidente da República, que teve a felicidade de escolhê-lo para
ser um de seus Ministros. Parabéns a ele. Nosso desejo é que você
seja muito feliz, porque o grande beneficiário da sua atividade,
do seu trabalho, será o povo e a sociedade brasileira.
Precisamos de homens capazes, inteligentes, e precisamos
de competência na cúpula do Governo, da qual, hoje em dia, o
meu caro Eunício faz parte.
Muito obrigado por estar aqui conosco. Sinta-se sempre nesta
Casa, e boa sorte. Um abraço.
143
ALMOÇO DA DIRETORIA COM OPRESIDENTE DO SUPERIORTRIBUNAL DE JUSTIÇA, MINISTROEDSON VIDIGAL
BRASÍLIA - 20 DE MAIO DE 2004
Exmo. Sr. Presidente do Superior Tribunal de Justiça - Ministro
Edson Vidigal; meus Caros Companheiros de Diretoria; Srs.
Consultores; Srs. Presidentes de Federações; Srs. Empresários;
minhas Senhoras, meus Senhores:
Esta é para nós uma data de muita alegria. A presença de V.
Exma. nesta Casa é motivo de orgulho e, desfrutar de sua
companhia, um privilégio.
Ao concluir o seu discurso de posse no alto cargo de
Presidente do Superior Tribunal de Justiça, V. Exma. colocou em
destaque - estas palavras são suas, Sr. Ministro:
“Minha origem é a estrada, meu destino é o futuro.
Vamos continuar seguindo juntos.”
Hoje, em nossa conversa inicial, o prezado Ministro falou sobre
144
o futuro do País, o papel dos empresários e o papel do Governo,
em especial a confiança que nós, empresários, temos na Justiça
brasileira.
É nessa caminhada, onde V. Exa. assegura que “o
compromisso primeiro da Justiça num Estado Democrático é
a Paz”, que a Confederação Nacional do Comércio e suas
Federações querem estar presentes, a fim de ajudar o País a
não cair no poço da insegurança, do medo, da apatia, da
indiferença e da leniência.
Aqui estão presentes, Sr. Ministro, os 27 Estados da
Federação, representados pelos empresários do comércio de
bens, de serviços e de turismo, que mensalmente se reúnem
para discutir e buscar soluções para as questões ligadas ao
nosso setor, visando o fortalecimento de nossos negócios e
nossas empresas, colaborando, assim, na geração de novos
empregos e no crescimento do nosso País.
O Sistema Confederação Nacional do Comércio - este é
esclarecimento para V. Exma., que não priva de nossa
intimidade aqui -, que abrange o Sesc e o Senac, tem no
vértice da pirâmide a CNC, que se dedica à defesa dos
interesses dos empresários do comércio de bens, de serviços
e de turismo, compreendendo 27 Federações Estaduais, 7
Nacionais e 900 Sindicatos - Sindicatos estes que se reúnem,
a cada dois anos, com a CNC, no Rio de Janeiro, para
discussão, atual ização e solução dos problemas que
porventura aflijam as suas bases.
Voltados para os trabalhadores, o Sesc e o Senac
dedicam-se, respectivamente, ao bem-estar social,
promovendo lazer, turismo, educação e saúde, e a formação
profissional dos nossos trabalhadores.
145
Este Sistema social envolve cerca de 40.000 empregos - são
40.000 empregos dentro do Sesc, do Senac e de nossas
Federações -, compreendendo um verdadeiro exército que se
dedica ao bem-estar dos trabalhadores do setor terciário de nossa
economia, circunstância que o credencia como único existente
em todo o Mundo.
O Sesc está presente em 2.200 municípios brasileiros, com
a manutenção de cerca de 500 ginás ios e centros
desportivos, 1.300 salas de aula, 31 centros educacionais
instalados em municípios carentes, 154 bibliotecas e 120
auditórios.
Podia também adicionar, Sr. Ministro, que o Sesc cuida
do chamado turismo social. O turismo social, para atender
aos trabalhadores do setor do comércio de bens, de serviços
e de turismo, como disse há pouco, mantém colônias de
férias, que são verdadeiros resorts, onde há 13.500 leitos.
Talvez seja das maiores cadeias hoteleiras conhecidas. Não
conheço nenhuma outra, pelo menos no nosso Hemisfério,
que tenha 13.500 le i tos, que são, em grande parte,
subvencionados e destinados aos nossos trabalhadores,
porque, sem isso, o trabalhador brasileiro não teria acesso a
esses centros de lazer, de repouso, que ele merece.
Já o Senac, somente no ano de 2003, nas suas 710
unidades operacionais, em cerca de 2.000 municípios
brasi lei ros, atendeu a cerca de 2 milhões de alunos,
orientados por 15 mil professores especializados.
Estes números impressionam, Sr. Ministro.
Gostaria que o Ministro tomasse conhecimento do que
vem a ser este Sistema que hoje V. Exma. visita.
146
Vale salientar que esse é um trabalho espontâneo que todos
nós, do Comércio, realizamos em favor da Paz Social - harmonia
almejada pela sociedade, perseguida pelo Estado Democrático
de Direito - e, como bem ressaltou V. Exma. em seu discurso de
posse: “A Justiça é um instrumento realizador da Paz. Da Paz Social”.
Bastaria esse trecho para vislumbrar qual o seu programa de
trabalho à frente do Superior Tribunal de Justiça. Mas V. Exma. vai
adiante, ao colocar em relevo na mesma peça de ascensão à
Presidência: “investir na cidadania, de modo que as pessoas mais
distantes, em seus subúrbios, grotões, favelas, sejam tocadas pelo
evangelho redentor da democracia”.
As palavras são suas, Ministro, no momento em que assumiu
a Presidência desse Tribunal.
Sr. Presidente - Ministro Edson Vidigal, meus caros
companheiros do Comércio, meus caros amigos, quando
tomamos a iniciativa de convidar V. Exma., nada mais fizemos
senão confirmar que o objetivo claro da sua gestão é o mesmo
ideal que move a todos nós.
Todos nós do Comércio partilhamos pela cartilha que foi
defendida, em seu discurso de posse e pela sua atuação à frente
desse Tribunal, e repetindo o que disse há pouco a V. Exma.,
quando aqui chegou: nós, do Comércio, que fazemos parte do
setor produtivo deste País, olhamos para a Justiça, em especial
os Supremos Tribunais, como é o Superior Tribunal de Justiça que
V. Exma. preside, como a nossa fronteira de defesa.
É lá que o comerciante, o industrial, o agricultor encontram
a defesa dos seus princípios, porque nem sempre nossos interesses
estão sendo bem defendidos por outros Poderes, sejam federais,
estaduais ou municipais.
147
É na Justiça que repousa a nossa garantia de podermos
continuar a trabalhar em benefício deste País, dando o melhor
dos nossos esforços. Esforço - como disse, Ministro - espontâneo.
Nenhum de nós está buscando interesse pessoal. Nesta sala não
há nenhuma pessoa que esteja, aqui, defendendo interesse
pessoal. Estamos defendendo o interesse da atividade produtiva
do País, que é a única forma de transformarmos este País numa
Nação ideal que desejamos para nossos filhos, para nossos netos,
para os brasileiros que virão depois de nós.
Receba, portanto, Ministro, a nossa simpatia, o nosso
agradecimento pelo trabalho que V. Exma. está realizando.
Receba a nossa colaboração. Por favor, considere esta como a
sua casa. Seja sempre muito bem-vindo.
Qualquer problema, a Confederação Nacional do Comércio
e seu Sistema estarão à sua inteira disposição, porque estamos
certos de que seus objetivos são exatamente iguais aos nossos - a
defesa dos interesses do nosso País.
Muito obrigado.
149
92a CONFERÊNCIA DA OITGENEBRA - 8 DE JUNHO DE 2004
Exmo. Senhor Ministro do Trabalho e Emprego
Ricardo Berzoini
Exmo. Senhor Embaixador
Luiz Felipe de Seixas Corrêa
Exmo. Senhor Ministro do Tribunal Superior do Trabalho
Vantuil Abdala
Exmo. Senhor Presidente da Comissão de Trabalho e Emprego
da Câmara dos Deputados
Tarcísio Zimmermann
Ilustríssima Senhora Procuradora Geral do Ministério Público
do Trabalho
Sandra Lia Simón
Ilmo. Senhor Secretário de Relações do Trabalho
150
Oswaldo Bargas
Ilmo. Senhor Delegado dos Empregadores
Thiers Fattori
Ilmo. Senhor Delegado dos Trabalhadores
João Vaccari Neto
Senhores e Senhoras Parlamentares
Meus Senhores
Minhas Senhoras
Senhor Ministro,
Para nós é motivo de muita satisfação podermos estar
reunidos para homenageá-lo, por ocasião da 92a Conferência
Internacional do Trabalho.
Em verdade, esta é rara ocasião em que encontram-se
reunidos, numa noite festiva, representantes dos empregadores,
dos trabalhadores, dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo
e do Ministério Público do Trabalho.
Nos últimos 14 anos, a Confederação Nacional do Comércio
tem proporcionado esta ocasião à bancada brasileira que aqui
comparece, o que permite o convívio dos atores sociais atuantes
no mundo do Trabalho.Por isso mesmo, o que era um simples
jantar, transformou-se em uma festa de congraçamento.
Aqui em Genebra, Senhor Ministro, comparecemos para
151
discutir os assuntos constantes da pauta desta Conferência da
OIT, dentre os quais se destaca o tema formação e
desenvolvimento de recursos humanos e a formação, cujos
objetivos, constantes do texto proposto para exame da Comissão
respectiva, estão voltados para a aprendizagem permanente,
como tal compreendendo todas as atividades de aprendizagem
realizadas ao largo da vida do trabalhador, com o fim de
desenvolver suas competências e qualificações.
Neste sentido é oportuno destacar as atividades do SENAC
(e do SENAI), voltados exatamente para o aprendizado e o
desenvolvimento das aptidões profissionais do trabalhador, cuja
excelência têm sido reconhecidas nos planos nacional e
internacional.
Senhor Ministro o ambiente é festivo e fraterno.
Vamos vivê-lo com a satisfação de tê-lo no nosso convívio.
Muito obrigado.
153
INAUGURAÇÃO DO CENTRO DECONVENÇÕES DO SESC-DR-ES
PRAIA FORMOSA - ESPÍRITO SANTO - 18 DE JUNHO DE 2004
Exmo Sr. Governador do Estado do Espírito Santo
Paulo Hartung
Meus estimados amigos e conterrâneos,
Companheiros do Sicomercio,
Prezados amigos Hamilton Rebello, Presidente da Federação
do Comércio do Estado do Espírito Santo, e Guttman Uchoa de
Mendonça, Diretor do Sesc Regional,
Devo confessar que estou profundamente emocionado com
esta inauguração do Centro de Convenções do Centro de
Turismo de Praia Formosa, um acontecimento que honra a
tradição do nosso sistema de assistência social e lazer, destinado
ao povo do Espírito Santo, e principalmente, ao turismo social,
aos comerciários do nosso Estado e seus familiares, aos nossos
visitantes.
Esse novo Centro de Recreação do Sesc é mais uma
conquista do trabalho persistente do nosso presidente Hamilton
154
Rebello, assim como da criatividade e incansável capacidade
realizadora de seu Diretor-Regional Guttman de Mendonça,
consolidando a experiência vitoriosa iniciada com o Centro de
Lazer de Guarapari.
É grande a emoção que se apodera de todos nós, e a mim
particularmente, pelo fato de estarmos contribuindo para
desenvolver em nosso Estado uma de suas mais notáveis
vocações, que é o TURISMO.
A inauguração deste Centro é, sem dúvida, um marco na
História do Estado do Espírito Santo, não só pela contribuição que
ele represente como conquista social para o operosa classe dos
comerciários, como pelo alto significado que certamente terá
no campo da atração dos turistas do nosso Estado, dos demais
Estados do Brasil e do exterior.
O Estado do Espírito Santo ganhou um extraordinário impulso
com a presença das grandes empresas que aqui se instalaram,
como a Vale do Rio Doce, a Aracruz, a Siderúrgica Tubarão, a
Samarco e tantos outros, positivamente atraídas pelas condições
excepcionais do nosso sistema portuário.
Ao lado destes significativos empreendimentos, sobressai,
cada vez mais, o potencial de atração turística de nossa terra,
da beleza natural de nossas praias, que se estendem do Norte
ao Sul do Estado, competindo com o encanto das nossas serras e
montanhas, todo o território povoado por uma gente simples e
acolhedora, no campo e nas cidades, resultado de uma das
experiências mais positivas de amalgamento da gente da terra
com os imigrantes europeus e de outros continentes.
Cada vez mais, vai se configurando a enorme riqueza
proporcionada pelas realizações na área do TURISMO, por sua
155
capacidade de gerar empregos e renda, de desenvolver
atividades de serviços nas áreas de hotelaria, da culinária, do
lazer, da pesca, da cultura, do trabalho artesanal, incluindo a
acolhedora pousada que oferecemos aos nossos visitantes no
Mosteiro Zen-Budista de Ibiraçu.
Estou seguro de que esta realização do Sesc Regional constitui
uma das mais importantes contribuições que podemos oferecer
ao nosso Estado e ao povo capixaba.
Daí a grande alegria e satisfação com que participo deste
evento, acrescidas da profunda emoção com que recebo, ao
lado de minha família, de meus amigos e companheiros, a
significativa homenagem de ter o meu nome associado a esta
magnífica realização.
Muito obrigado companheiro Hamilton, muito obrigado meu
querido amigo Guttman. Muito obrigado a todos aqui presentes.
157
POSSE DO PRESIDENTE DAFECOMÉRCIO-PR, DARCI PIANA
CURITIBA - 26 DE JUNHO DE 2004
Exmo. Senhor LUIZ CARLOS DELAZARI - nesta oportunidade
representando o Exmo. GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ,
SR. ROBERTO REQUIÃO.
Demais autoridades nominadas
Senhoras e Senhores
Meus prezados amigos Diretores da CNC e presidentes de
nossas Federações, aqui presentes,
Estimados companheiros RUBENS BRUSTOLIN e DARCI PIANA,
Devo registrar, nesta oportunidade, em meu nome e no da
Confederação Nacional do Comércio, a alegria e satisfação com
que compareço a esta cerimônia de transmissão de posse na
Federação do Comércio do Estado do Paraná.
Esta Federação do Comércio foi criada em 1948, portanto,
apenas dois anos após a criação da Confederação Nacional do
Comércio, o que significa dizer que há mais de meio século vimos
compartilhando as responsabilidades que nos incumbem, de
158
trabalhar em defesa dos interesses da classe do comércio e
desenvolver um elenco de atividades sociais, em benefício da
sociedade e, especificamente, da laboriosa classe dos
empregados do comércio.
Em 1959, foi criada, neste Estado, a Federação do
Comércio Varejista, ao lado da Federação estadual.
Durante 40 anos, conviveram as duas Federações, até que
se processou a sua fusão, em 1998, dentro da nova sistemática
de unificação decidida pela Assembléia do SICOMÉRCIO.
O presidente Rubens Brustolin vem nos acompanhando
nessa jornada, desde 1989, quando assumiu o comando desta
Federação e passou a integrar a Diretoria da CNC.
Durante todos esses anos, o companheiro Brustolin se
destacou como uma das figuras de maior projeção dentro do
nosso sistema, não só por seus dotes de caráter, mas,
principalmente, por sua extraordinária capacidade de
liderança, criatividade e espírito empreendedor.
Todos nós do Sistema Confederativo do comércio,
brasileiros e paranaenses, ficamos devendo ao companheiro
Brustolin os resultados de seu trabalho à frente da Fecomércio-
Paraná.
Esse reconhecimento nos traz, hoje, a Curitiba, a esta
cerimônia de transmissão de posse, para prestar ao querido e
amigo companheiro as homenagens da Confederação
Nacional do Comércio e de nossas Federações estaduais.
Muito obrigado, amigo Brustolin. E boa sorte, em suas novas
atividades.
159
Devo também dizer, nesta oportunidade, da grande
satisfação que temos, todos nós, em participar desta cerimônia
em que o bastão de comando desta Federação é entregue ao
companheiro Darci Piana, um veterano nas hostes sindicais,
empresário de sucesso, presidente do Sindicato do Comércio
Varejista de Veículos, Peças e Acessórios para Veículos do Estado
do Paraná, desde 1995.
Vice-Presidente desta Federação, o companheiro Darci
Piana exerceu duas vezes o seu mandato, até sua elevação ao
cargo de Presidente, cuja posse hoje se realiza, para satisfação
de todos os que acompanharam sua atuação na Fecomércio,
desde 1998.
Minhas senhoras e meus senhores, prezados amigos, quero
deixar consignado, neste oportunidade, o sincero
reconhecimento da Confederação Nacional do Comércio pela
construtiva colaboração e participação do amigo e companheiro
Brustolin, ao longo dos últimos 15 anos.
Ao companheiro Darci Piana, devo manifestar a minha
satisfação pessoal e dos companheiros da CNC, por sua merecida
eleição à Presidência, assim como a confiança que depositamos
em sua capacidade de empresário e de sindicalista, para dar
continuidade aos relevantes trabalhos que vêm sendo realizados
pela Federação do Comércio do Estado do Paraná.
Meus parabéns e votos de pleno sucesso, companheiro Darci
Piana.
Muito obrigado.
161
ALMOÇO DA DIRETORIA COM OPRESIDENTE DO TRIBUNAL DECONTAS DA UNIÃO, MINISTROVALMIR CAMPELO
BRASÍLIA - 1 DE JULHO DE 2004
Companheiros de Diretoria e Presidentes de Federações,
meus caros Empresários de Brasília e de outros Estados,
minhas Senhoras, meus Senhores, Exmo. Sr. Ministro Valmir
Campelo:
Esta é a primeira vez que recebemos, nesta Casa do
Comércio, a figura ilustre do Presidente do Tribunal de Contas
da União.
Regist ro este fato, pela sua relevância, pois as
responsabilidades do nosso Sistema Confederativo, e aí
inclu ídas as inst i tu ições do Sesc e do Senac, estão
estreitamente vinculadas às responsabilidades do Tribunal de
Contas da União.
Por isso, Sr. Presidente, devo registrar, em meu nome
pessoal e dos meus companheiros, a satisfação e a honra
de recebê-lo neste almoço da nossa Diretoria.
162
Devo adiantar que aqui estão presentes Presidentes de
Federação de todos os vinte e sete Estados da União. Aliás, vinte
e seis Estados e o Distrito Federal, muito bem representado pelo
seu Presidente.
Todos os Estados do Brasil estão aqui representados, com seus
problemas, com suas programações, com tudo que pretendem
fazer, em benefício deste País.
Creio poder afirmar com convicção que o relacionamento
entre as nossas Instituições tem sido marcado, de longa data,
pelo sentido da melhor cooperação e identidade de interesses.
É constante a nossa preocupação com a legalidade e a
legitimidade dos atos praticados por nossos administradores, o
que justifica a presença permanente aqui, em nosso Sistema, de
um Conselho Fiscal atuante, respeitado e independente, do qual
participam também representantes - aliás, em maioria - do
Governo Federal.
A função fiscalizadora e controladora das operações do Sesc
e do Senac, partes integrantes do nosso Sistema, é de
fundamental importância para todos nós.
Nesse mesmo sentido, a presença do Tribunal de Contas da
União em nossas atividades diárias representa a maior garantia
de que estamos trabalhando certo, de que estamos
administrando corretamente as nossas Entidades, dentro dos
princípios constitucionais da transparência de todos os nossos atos,
da responsabilidade e da moralidade.
A fiscalização e o controle externo que o Tribunal de Contas
da União exerce sobre o Sesc e o Senac nos dão a segurança e
tranqüilidade necessárias para bem ampliar e aplicar as
163
contribuições compulsórias, pagas pelo empresariado privado,
destinadas ao serviço social e à formação profissional, vinculados
ao nosso sistema sindical.
Os trabalhadores do setor terciário, que completam a
economia do comércio, de serviços, de saúde e de turismo, são
nossos clientes, Sr. Ministro.
Esta importante reunião, Sr. Ministro, nos enseja a
oportunidade de relembrar a V. Exma. as dimensões nacionais
de nossas Entidades, às quais, através de 900 sindicatos, estão
vinculadas cerca de 4,5 a 5 milhões de empresas comerciais, de
serviços, de turismo e de saúde, que empregam mais de 14 milhões
de trabalhadores. São 14 milhões de trabalhadores deste País que
dependem, direta ou indiretamente, da ação das nossas
Entidades.
Voltados aos trabalhadores, o Sesc e o Senac dedicam-se,
respectivamente, ao bem-estar social, promovendo lazer, turismo,
educação e saúde, e, por outro lado, à formação e ao
aperfeiçoamento profissional.
O Sesc está presente em 2.200 municípios brasileiros, com o
funcionamento regular de 480 ginásios e centros desportivos, 1.300
salas de aula, 31 centros educacionais, 154 bibliotecas, 120
auditórios e muitas outras instalações que não vamos aqui
enumerar, pelo tempo que isso nos tomaria.
O Senac em suas 710 unidades, operando em 2 mil
municípios, somente no ano de 2003 atendeu a cerca de 2 milhões
de alunos, orientados por 15 mil professores especializados.
Segundo nossas pesquisas, desses 2 milhões de alunos, entre 81 e
83% voltaram ou ingressaram no mercado de trabalho mais
eficientes do que quando dele saíram, ou muitos deles obtiveram
164
o primeiro emprego, que é uma das preocupações do atual
Governo.
Em uma próxima oportunidade, gostaríamos que V. Exma.
conhecesse o trabalho admirável e pioneiro que estamos
realizando no interior do Brasil. No caso do Senac, com 60 carretas-
escola e uma balsa, que opera na Bacia Amazônica. São
verdadeiras escolas que atendem à parte de informática, turismo,
hotelaria, bem-estar, saúde. É realmente alguma coisa fantástica,
que, inclusive, tem sido copiada por outros países, como os
Estados Unidos da América. Há pouco tempo, esteve aqui a
Secretária de Estado do Trabalho, que equivale ao nosso Ministro
do Trabalho, e levou dos nossos arquivos a idéia e o projeto, para
realizar, naquele país, na periferia das grandes cidades, a mesma
coisa que estamos fazendo no interior do Brasil.
São essas dimensões nacionais, Sr. Presidente, que dão relevo
e importância ao entrosamento permanente com o Tribunal de
Contas da União, tendo por base o bem-estar da sociedade e o
interesse nacional.
O Tribunal de Contas da União e o Sistema CNC são parceiros
nessa empreitada.
Assim sendo, peço a V. Exma. que, nesta Casa do Comércio,
se sinta em sua própria casa.
Nesse sentido, Sr. Ministro, gostaria de transmitir a meus
companheiros aqui presentes um resultado da conversa que
tivemos há pouco, antes de virmos para cá.
Aqui estão presentes todos os Presidentes de Sesc e de Senac
do Brasil inteiro. Muitos deles têm tido problemas com o Tribunal
de Contas da União, não com os Ministros, mas com alguns
165
auditores, que nem sempre entenderam bem a mudança havida
em 1998, quando o Ministro Lincoln definiu que nosso Sistema não
está subordinado àquela legislação mais específica, mais rígida
da Lei 8.666/1993, que se destina, exclusivamente, às atividades
do Governo.
Em virtude dessa não adaptação tão rápida dos auditores,
muitos problemas temos tido.
Estou vendo, na cara de cada um dos meus companheiros,
problemas que eles sentiram e que estão sendo resolvidos, porque
não houve dolo. Até porque, Ministro, temos, dentro de nosso
Sistema, um Conselho Fiscal que é rígido, talvez até mais rígido
do que possa o Ministro imaginar - Representantes do Governo
Federal e Representantes de nossas Entidades.
De maneira que, sempre que existe algum possível desvio de
função, de orientação, nós detectamos e procuramos dar a
solução.
Dentro dessa conversa franca que tive a oportunidade, o
prazer e a honra de ter com o Ministro Campelo, Presidente do
Tribunal de Contas da União, chegamos a um resultado,
possibilitado pelo Ministro, de que teremos, nas próximas semanas
ou dentro de um mês ou dois, um encontro, possivelmente no Rio
de Janeiro, de todos os Presidentes de Regionais do Sesc e do
Senac, que certamente deverão estar acompanhados dos seus
Diretores Regionais, dos seus Diretores de Tesouraria, dos seus
Diretores Financeiros. Nesse entendimento, nessa conversa, que
deverá durar uns dois dias, teremos a presença do Presidente do
Tribunal de Contas da União, Ministro Valmir Campelo.
Será a oportunidade de falarmos diretamente ao Ministro,
Presidente do Tribunal de Contas da União, que certamente se
166
fará acompanhar por mais um ou dois Ministros ou quantas
pessoas da sua equipe ele levar.
Teremos dois dias para apresentar nossos problemas e mostrar
que, muitas vezes, a aparência está enganando. Muitas vezes a
interpretação de determinada atitude, da parte de um Regional,
é absolutamente defensável e correta, até porque, no voto do
Ministro Lincoln, de 1998, foi incluída a obrigatoriedade de termos
Regimentos próprios, devidamente publicados, e com o
conhecimento do Tribunal de Contas da União. Esses Regimentos
regulam nossa atividade.
De sorte que o encontro de hoje eu considero um dos pontos
altos de nossas atividades dos últimos tempos, uma vez que tive
oportunidade de trazer, aqui, o Presidente do Tribunal de Contas
da União, que vem mostrar a nova filosofia desse Tribunal, dos
novos objetivos e da inteligência nova que brota da atualidade
e da modernidade da administração pública, que, neste País,
felizmente, está melhorando muito, devido a homens como o
Ministro Campelo, aqui presente.
A todos, portanto, muito obrigado.
Muito obrigado ao Ministro, pela sua visita aqui.
167
POSSE DO PRESIDENTEFECOMÉRCIO-RS, FLÁVIOSABBADINI
PORTO ALEGRE - 8 DE JULHO DE 2004
Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul
Germano Rigotto
Exmo. Sr. Secretário de Relações do Trabalho
Oswaldo Bargas
Autoridades presentes do Executivo, Legislativo e Judiciário
Meus companheiros do Comércio,
Senhoras e Senhores
Meu Prezado amigo Flavio Sabbadini,
Recebi, com satisfação, o convite que o prezado amigo e
seus companheiros me transmitiram para participar desta
cerimônia de posse da diretoria da Federação do Comércio de
Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul.
168
Registro que é para mim uma grande alegria estar aqui, hoje,
nesta cidade de Porto Alegre, para um evento que considero
altamente significativo para a comunidade sindical do
Comércio.
Faz pouco mais de três anos que se procedeu no Rio Grande
do Sul a fusão das Federações do Comércio e de Serviços, da
qual resultou esta Fecomércio-RS, que, desde o primeiro
momento, esteve sob o comando de Flavio Sabbadini.
O Estado do Rio Grande do Sul tem uma longa tradição na
organização da classe comercial, principalmente a partir das
cinco Federações criadas de 1945 a 1988, consolidadas, hoje,
em uma só Entidade, conforme decisão do - SICOMÉRCIO,
realizado em 1997, no Rio de Janeiro.
Desde o início de suas atividades, em 2001, a nova
Federação do Rio Grande do Sul, experimentou um sólido
desenvolvimento, não só de suas atividades tipicamente
sindicais, como, também, nas áreas de atuação do SESC e do
SENAC, com excelentes realizações.
Pelo que realizou em seu primeiro mandato, Flavio Sabbadini
credenciou-se, no meio da comunidade comercial gaúcha,
como administrador experiente, criterioso e progressista.
Sua reeleição, assim como de seus companheiros de
Diretoria, representa, com justiça, a consagração da classe
empresarial do comércio e o reconhecimento do trabalho sério
e dedicado que vem sendo executado pela Fecomércio.
Devo acrescentar, e o faço com o sentido de justo
agradecimento da CNC, a positiva contribuição que o
companheiro Sabbadini nos tem dado, e a toda classe
169
empresarial do País, através de sua participação no Fórum
Nacional do Trabalho, com destacada contribuição e
liderança.
É importante que seja registrada a sua eficaz participação
nos debates travados no âmbito do Fórum Nacional, tendo sido
inclusive decisiva, para que se chegasse a um resultado de
consenso, entre os representantes do Governo, das classes
empresariais e dos trabalhadores.
A conclusão dos trabalhos do Fórum Nacional, no que tange
a nova estrutura sindical, representa uma nova dimensão do
sindicalismo brasileiro, instrumento da maior importância para o
harmonioso convívio do capital e do trabalho, em favor do
desenvolvimento econômico e social do País.
Desejo, pois, nesta oportunidade, prezado Presidente,
agradecer e reafirmar a sua contribuição em todas as fases de
debates do Fórum Nacional do Trabalho, assim como registro sua
destacada participação como Diretor de nossa Confederação
Nacional do Comércio.
Por tudo isso, meu caro Sabbadini, quero felicitá-lo e a seus
companheiros de Diretoria e dizer da satisfação e alegria com
que, em meu nome pessoal e da CNC, compareço a esta
cerimônia.
Meus parabéns e muito obrigado.
171
POSSE DO PRESIDENTE DAFECOMÉRCIO-RJ, ORLANDODINIZ
RIO DE JANEIRO - 28 DE JULHO DE 2004
Exma. Sra. Governadora do Estado do Rio de Janeiro, Rosinha
Garotinho
Autoridades presentes, do Executivo, do Legislativo e do
Judiciário
Senhores Diretores da Fecomércio-RJ, do SESC e do SENAC
Senhoras e Senhores,
Meu estimado amigo e leal companheiro Orlando Diniz,
Em meu nome pessoal e de toda a Diretoria da
Confederação Nacional do Comércio, registro a satisfação e a
honra de participar desta cerimônia de posse da Diretoria da
Federação do Comércio do Rio de Janeiro.
Esta é a terceira reeleição de Orlando Diniz, à frente da
Federação desde 1998, quando deixou a presidência da
Federação do Comércio Varejista para comandar a nova
172
Federação do Comércio, resultado da compactação das quatro
Federações que, anteriormente, compunham o sistema sindical
patronal do Estado do Rio de Janeiro, nas áreas atacadista,
varejista, turismo e hospitalidade e saúde.
A presença de Orlando Diniz à frente desta nova Federação,
há seis anos, evidencia sua capacidade de liderança e a
admiração e respeito que angariou nos meios empresariais deste
Estado.
Todos aqui presentes conhecem Orlando Diniz e, certamente,
seria dispensável fazer alguma referência à sua vida acadêmica,
formado em Advocacia, pela Universidade Cândido Mendes, em
1986, e à sua carreira como empresário de sucesso, que desde a
presidência do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes do
Município do Rio de Janeiro, vem demonstrando sua nítida
vocação sindicalista.
A Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro, que
iniciou uma nova fase em 1998, sob o comando de Orlando Diniz,
compreende, atualmente, um universo de 61 Sindicatos, aos quais
estão associados 230 mil empresas, com um milhão e 200 mil
empregados. Ao lado da presidência da Fecomércio, Orlando
Diniz é, também, o presidente dos Conselhos Regionais do SENAC
e do SESC, as duas entidades operacionais que completam o
quadro de atividades do nosso Sistema Sindical do Comércio.
No Brasil, como um todo, a cada ano, passam pelos cursos
profissionalizantes do SENAC nada menos do que 2 milhões de
jovens, preparando-se para o mercado de trabalho.
Paralelamente, nos Centros de Atividades do SESC estão
matriculados mais de 4 milhões de usuários, representados pelos
comerciários e seus familiares. No Estado do Rio de Janeiro, o
173
SENAC regional desenvolve, hoje, mais de 2000 cursos, em 16
campos do conhecimento, que vão desde a preparação de
profissionais nas áreas de secretaria, hotelaria, turismo, saúde e
da moda e beleza, até o ensino da informática em todos os
níveis, além de um Hotel Escola e restaurantes escolas.
Ao mesmo tempo, o SESC regional já possui, no Estado, 21
unidades, sendo uma Unidade Móvel de Cinema, e 4 carretas
odontológicas. Esse conjunto serve a cerca de 850 mil usuários
registrados, com acentuada atividade esportiva, de
alfabetização e serviços de creche.
Meu caro Orlando Diniz,
Constitui um motivo de orgulho para todos nós, do
Comércio, o trabalho que vem sendo realizado pelo SESC
regional, através dos Programas MESA BRASIL e Banco de
Alimentos, importantes parceiros do Programa FOME ZERO, em
boa hora concebido pelo Presidente Lula.
Esses Programas, desenvolvidos sob o comando de Orlando
Diniz, estão servindo de parâmetro para iniciativas semelhantes,
em outros Estados do Brasil.
A presença da Governadora Rosinha Garotinho nos permite
registrar a construtiva parceria que vem sendo realizada com o
Governo do Estado do Rio, em campos diversos, inclusive através
do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Desenvolvimento,
responsável, entre outras atividades, pelo completo
mapeamento dos Centros Comerciais do Estado, identificando
suas vocações e potencialidades, instrumento da maior
importância para a campanha de interiorização das nossas
atividades sociais, principalmente nas regiões menos
desenvolvidas do Norte e Nordeste do Estado do Rio.
174
Como disse o presidente Orlando Diniz, esta Casa é um
importante Fórum de debates, entre representantes do Governo,
dos empresários e dos trabalhadores, incluindo as atividades da
recém criada Câmara Estratégica, com a participação de
destacadas personalidades nacionais, cujo objetivo é o de
identificar e indicar soluções para os grandes problemas do Estado.
Meu estimado amigo Orlando Diniz, ilustre companheiro na
Vice-Presidência da Confederação Nacional do Comércio, repito
que é para mim um motivo de grande alegria e satisfação
participar desta cerimônia de sua posse e de seus companheiros
na Diretoria da Fecomércio-RJ.
Muitas felicidades e votos de continuado sucesso.
Muito obrigado.
175
POSSE DO PRESIDENTE DAFECOMÉRCIO-SC, ANTONIOEDMUNDO PACHECO
FLORIANÓPOLIS - 10 DE AGOSTO DE 2004
Exmo Sr.Governador do Estado de Santa Catarina
Luiz Henrique da Silveira
Exma. Sra. Prefeita
Ângela Amin
Autoridades presentes, do Executivo, do Legislativo e do
Judiciário
Senhores Diretores da Fecomércio-SC, do SESC e do SENAC
Senhoras e Senhores
Prezado amigo e companheiro Antonio Edmundo Pacheco,
Em nome da Confederação Nacional do Comércio, gostaria
de lhe dizer, antes de mais nada, que é uma grande satisfação
para mim, pessoalmente, representar a grande comunidade do
176
comércio brasileiro nesta significativa cerimônia de posse da
Diretoria da Fecomércio-Santa Catarina.
Todos nós sabemos, meu caro Pacheco, do sucesso de sua
carreira como empresário e de sua vocação sindicalista, exercida
com o mais elevado espírito público, quando assumiu a Vice-
Presidência da Federação do Comércio do Estado de Santa
Catarina, simultaneamente com a Presidência do Sindicato do
Comércio Varejista de Blumenau.
Ao longo desses anos, pudemos acompanhar a sua atuação
como líder empresarial e sindical que, pela consagração de seus
companheiros, o conduziu à Presidência da Federação e, tendo
em seguida, assumido o cargo de membro efetivo da Diretoria
da Confederação Nacional do Comércio.
Devo ressaltar, também, a sua eficiente atuação como
representante desta Confederação Nacional do Comércio, junto
ao Foro Consultivo Econômico-Social do Mercosul, função que
desempenha com brilhantismo desde o ano de 2000, incumbido
da difícil tarefa de, junto a representantes dos demais segmentos
da sociedade civil, defender e compatibilizar os interesses do
empresariado nacional do comércio.
Sob seu comando, as atividades do SESC e do SENAC no
Estado de Santa Catarina constituem um orgulho para todos nós
e um exemplo que servirá de estímulo a todos os companheiros
do Sistema. Funcionam no Estado, hoje, 13 Unidades do SENAC,
abrigando mais de 3.500 estudantes.
Nesses Centros de Formação Profissional, em salas
especializadas, desenvolvem-se importantes atividades nas áreas
de informática, moda e beleza, turismo, laboratórios de saúde,
hotelaria e outros, com mais de 700 professores.
177
A esse conjunto se somam duas unidades móveis, uma de
informática e outra de hotelaria, além de uma terceira, de saúde,
que entrará em operação ainda neste mês.
A atuação do SESC, igualmente exemplar, compreende
Centros de Atividades, Colônias de Férias e Hospedagem, além
de 3 unidades do SESC-LER, sendo uma em fase de construção.
Ao todo, registra-se um total de 65 mil comerciários
matriculados.
Por tudo isso, prezado companheiro Pacheco, justifica-se,
hoje, a consagração de sua liderança, reconduzido à presidência
da Fecomércio deste Estado, e é, pois, com o maior prazer e
satisfação que trago aqui, nesta solenidade, a saudação de
nossos companheiros da CNC.
Nós desejamos, meu caro Pacheco, a você e a seus colegas
de Diretoria, um continuado sucesso em suas atividades, à frente
da Fecomércio, do SESC e do SENAC de Santa Catarina.
Meus parabéns e muito obrigado.
179
ALMOÇO DA DIRETORIA COM OPRESIDENTE DO TRIBUNALSUPERIOR DO TRABALHO,MINISTRO VANTUIL ABDALA
BRASÍLIA - 26 DE AGOSTO DE 2004
Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal Superior do
Trabalho, Ministro Vantuil Abdala, por quem temos grande
admiração, meus caros companheiros de Diretoria, senhores
Pres identes de Federações do Comércio, senhores
Empresários, minhas senhoras, meus senhores, meus caros
amigos, consultores e todos aqui presentes.
Sr . Minist ro, esta reunião se reveste de grande
importância pela oportunidade que dá aos empresários do
comércio de trocar idéias com o Presidente do órgão
máximo que disciplina as relações entre trabalhadores e
empregadores.
E, neste contexto, creio eu poder afirmar com toda
convicção, meu caro Ministro, que o relacionamento entre
esses dois atores sociais, trabalhadores e empregadores, tem
sido marcado, de longa data, pelo sentido da melhor
cooperação e sincronia dos nossos interesses.
180
É importante registrar que há mais de trinta anos começou
V.Exa. sua carreira de Juiz do Trabalho, tendo se destacado
ao longo de sua trajetória pela competência e notável
conhecimento jurídico, alcançando, hoje, o topo mais alto, o
de Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, o que lhe
confere uma experiência realmente invulgar.
Manifestamos o prazer de compartilhar de sua companhia
e hoje estão presentes os 27 Estados do Brasil, representados
pelos empresários do comércio de bens, de serviços e de
turismo, que, mensalmente, reúnem-se para discutir e buscar
soluções para as questões ligadas ao nosso setor, visando o
fortalecimento de nossos negócios, de nossas empresas,
colaborando, assim, na geração de novos empregos e no
crescimento de nosso País.
O Sistema Confederação Nacional do Comércio, que
abrange o SESC e o SENAC, tem no seu vértice da pirâmide a
CNC, que se dedica à defesa dos interesses dos empresários
do comércio de bens, de serviços, de turismo e também
saúde.
Compreendemos 27 Federações Estaduais e 7 Federações
Nacionais. São 900 Sindicatos. Estes, reúnem-se a cada dois
anos, no Rio de Janeiro, para discussão, atualização e solução
dos problemas que porventura aflijam as suas bases.
Essa importante reunião nos enseja a oportunidade de
relembrar a V.Exa. as dimensões nacionais de nossas entidades,
às quais, por meio de 900 Sindicatos, estão vinculadas cerca
de 5 milhões de empresas comerciais, de serviços e de turismo,
que empregam cerca de 20 milhões de trabalhadores. Será,
certamente, a maior força de trabalho do nosso País, aquela
que abrangida no setor terciário de comércio e serviços.
181
Voltados para os trabalhadores, o SESC e o SENAC se
dedicam, respectivamente, ao bem-estar social, promovendo
lazer, turismo, educação e saúde e também a formação e o
aperfeiçoamento profissional. O SESC está presente em 2.200
municípios brasileiros, com funcionamento regular de quase 500
ginásios, centros desportivos, 1.300 salas de aula, 31 centros
educacionais, 154 bibliotecas, 120 auditórios. Isso como resumo,
para não dizer tudo o que o SESC possui, nos Estados de nossa
Federação.
O SENAC tem 710 unidades, operando em cerca de 2.000
municípios. Somente no ano de 2003, atendemos a cerca de 2
milhões de alunos, orientados por 15 mil profissionais
especializados, e, segundo as estatísticas levantadas, 82% desses
alunos ingressaram ou voltaram ao mercado de trabalho.
Em uma próxima oportunidade, gostaríamos que V. Exa.
conhecesse o trabalho admirável e pioneiro que vimos realizando
no interior do Brasil, com 60 unidades móveis e uma balsa que
opera na Bacia Amazônica, que são verdadeiras e completas
escolas itinerantes, correndo o Brasil inteiro, levando o ensino e a
profissionalização a municípios e a cidades onde realmente não
há outras condições e outro atendimento a não ser esse que
estamos fazendo.
Esse é um trabalho espontâneo e desinteressado que nós,
do comércio, realizamos em favor da paz social, desejo
perseguido pela sociedade, como, aliás, V. Exa. vem colocando
em relevo, em todas as suas manifestações.
Essa a razão maior, Sr. Presidente, de proclamarmos, com
firmeza, que o Tribunal Superior do Trabalho e o Sistema CNC são
efetivamente parceiros, por um Brasil no lugar de destaque que
lhe cabe no concerto das nações.
182
Essa parceria nos permite pedir a V. Exa. que desta Casa
do Comércio faça realmente o prolongamento de sua própria
casa.
Eu gostaria de dizer, meus caros amigos, que o Ministro aqui
presente está levando para o TST uma conduta, um sentido, uma
filosofia de mais democracia nas relações entre os trabalhadores
e os empregadores. É o órgão máximo que pode regular as
nossas relações. E, como eu dizia há pouco ao Ministro, as nossas
empresas dependem, basicamente, de capital, de legislação
e do seu pessoal. São os parceiros que realmente fazem as nossas
empresas funcionarem. E as nossas relações, capital e trabalho,
precisam ser democráticas, elas têm que evoluir ao longo do
tempo.
E isso, com muito prazer digo aos nossos companheiros,
estamos sentindo na gestão do Ministro Vantuil Abdala. Ele está
trazendo essa democracia, essa consciência, essa forma de
conciliar interesses aparentemente diversos, mas sempre
coincidentes no objetivo de chegar a lugares que interessem
ao País, à empresa e ao bem-estar do nosso trabalhador.
O Ministro já disse estar absolutamente de acordo em
responder perguntas que possam ser formuladas por
representantes de confederações de empresários, desde que,
naturalmente, sejam perguntas específicas. As perguntas
poderão ser feitas porque o Ministro espontaneamente se
colocou à disposição para as respostas.
Ao agradecer a presença do Ministro reitero que ele faça
desta Casa a extensão da sua casa, do seu Tribunal, que conte
com o nosso Departamento Técnico, com todos os Presidentes
das Federações, Presidentes dos Sindicatos, que o Ministro se
sinta aqui como parte integrante da nossa Confederação.
183
Como acabei de dizer ao Ministro, estamos nos aproximando
bastante dos trabalhadores. Temos interesse em que haja uma
unidade, um perfeito entendimento entre trabalhadores e
empregadores. E ninguém melhor que o Ministro Vantuil Abdala
para capitanear esse tipo de relação.
Meu caro Presidente, a palavra é sua, o microfone é seu, o
auditório está à sua inteira disposição. Aos senhores todos, muito
obrigado.
185
INAUGURAÇÃO DO SESC-PINHEIROS
SÃO PAULO - 18 DE SETEMBRO DE 2004
Exmo. Sr. Ministro da Cultura, Gilberto Gil
Exmo. Sr. Vice-Governador do Estado de São Paulo, Cláudio
Lombo
Exmo. Sr. Secretário de Estado da Juventude, Esporte e Lazer,
Lars Grael
Exma Sra. Prefeita de São Paulo, Marta Suplicy
Exmo. Sr. Secretário Municipal de Esportes, Júlio Figueira
Sr. Presidente da Administração do SESC no Estado de São
Paulo, minhas senhoras e meus senhores.
É com grande satisfação que participo deste ato de
inauguração de mais uma unidade operacional do SESC, no
Estado de São Paulo.
O que aqui vemos é mais do que uma bela estrutura
arquitetônica voltada para atender com qualidade os
comerciários, seus dependentes e a comunidade em geral.
186
O que se manifesta nesta construção é também a
importância percebida pelo empresariado do comércio de
bens e serviços de como se deve dar o atendimento àqueles
que com ele colaboram no esforço de tornar o país uma
sociedade desenvolvida e de oportunidades para todos. Ao
oferecer este Centro de Atividades à sua clientela, dotado
de excelência arquitetônica e equipamentos e espaços de
primeira linha, o empresariado manifesta de forma clara e
incisiva que os beneficiários dos serviços que aqui serão
ofertados, são vistos como parceiros necessários para esta
sociedade melhor que desejamos para todos.
À luta de classe que afasta os homens e semeia conflitos,
o empresariado do comércio de bens e serviços propõe e
faz real a paz social que aproxima os homens e os leva a
uma ação de cooperação e solidariedade que harmoniza
capital e trabalho, fazendo com que cada um, em sua
especificidade, contribua para uma sociedade de bem-estar
social para todos.
Este Centro de Atividades que ora se inaugura, honra e
dignifica o empresariado que o mantém e o administra,
como honra e dignifica a sua clientela e a comunidade que
se beneficiará do uso dos serviços que aqui serão ofertados.
Pois aqui não se fará favor ou filantropia. Aqui, como em
todos os Centros de Atividades do SESC, espalhados por
todo o Brasi l , existe retr ibuição e reconhecimento da
importância do trabalhador, em sua ação conjunta com o
empresariado, na construção de uma sociedade mais
desenvolvida.
Compreendemos, também, que atender com respeito
e valor ização a sua cl ientela, é contr ibui r para o
desenvolvimento de uma consciência cidadã responsável.
187
Temos certeza de que a Administração Regional do SESC
em São Paulo irá implementar com engenho e arte os serviços
que serão oferecidos à clientela, aqui no Centro de Atividades
de Pinheiros, a exemplo do que ocorre nas demais unidades
operacionais sediadas neste Estado.
Cada unidade nova, como a que agora se inaugura, é
resposta ao desafio de atender mais e melhor nossa clientela e
a comunidade em geral. O funcionamento de um novo Centro
de Atividades gera um novo e permanente desafio. O desafio
de administrar recursos com muita eficiência e responsabilidade,
otimizando o que é arrecadado, buscando a sustentabilidade
do novo Centro de Atividades e dos já existentes.
Os 58 anos da trajetória do SESC, no campo do bem-estar
social, demonstram que o compromisso assumido pelos seus
fundadores tornou-se uma realidade. As 4 milhões e quinhentas
mil pessoas atendidas pelo SESC, no ano de 2003, é manifestação
da importância dos serviços de nossa Entidade para a clientela
e, como decorrência, demonstração do nosso bom administrar.
Este momento, em que se inaugura o Centro de Atividades
de Pinheiros, é um momento de júbilo e de satisfação para todos
nós empresários do comércio de bens e serviços. Júbilo e
satisfação pelo dever mais uma vez cumprido com aqueles que,
no passado, propuseram ao Estado delegar-lhes a
responsabilidade social de atenderem, em suas necessidades,
os trabalhadores do comércio e seus dependentes.
Por tudo isso, quero parabenizar o Presidente do Sesc de
São Paulo, meu companheiro e amigo Abram Szajman, pelo
excelente trabalho que vem realizando no comando desse
regional, reflexo de sua capacidade empreendedora e sólida
liderança.
188
Parabenizo, também, o Diretor Regional, Danilo Miranda, que
vem conduzindo, de forma competente, esta dedicada e
eficiente equipe, bem como os trabalhadores do comércio, que,
a partir de hoje, passam a contar com mais este fabuloso
empreendimento do Sesc/SP.
A todos meus parabéns e muito obrigado
189
DIA MUNDIAL DO TURISMOANHEMBI - SÃO PAULO - 27 DE SETEMBRO DE 2004
Exmo. Sr. Walfrido dos Mares Guia (Ministro de Estado do
Turismo)
Exmo Sr. Agnelo Santos Queiroz Filho (Ministro do Esporte)
Exmo. Sr. Senador Leonel Pavan (Presidente da Subcomissão
de Turismo do Senado)
Exmo. Sr. Deputado José Militão (Presidente da Comissão de
Turismo da Câmara dos Deputados)
Exmo. Sr. Deputado Alex Canziani (Presidente da Frente
Parlamentar do Turismo)
Ilmo. Sr. Márcio Favila (Secretário Executivo do Ministério de
Turismo)
Ilmo. Sr. Milton Zuanazzi (Secretário de Políticas de
Turismo)
Ilmo. Sr. Eduardo Sanovicz (Presidente da Embratur)
Ilmo. Sr. Carlos Gutiérrez (Representante Regional da OMT
para as Américas)
190
Ilmo. Sr. Ricardo Teixeira (Presidente da Confederação
Brasileira de Futebol)
Ilmo. Sr. Marco Antonio Castelo Branco (Representante do
Governo do Estado de SP)
Ilmo. Sr. Celso Marcondes (Representantes da Prefeitura de
SP e Presidente do Anhembi)
Ilma. Sra. Kátia Castro (Presidente da Equipotel)
Ilmos. Srs. Secretários do Setor de Turismo
Meu Caro Norton Lenhart (companheiro de Diretoria e
Presidente da Câmara Empresarial de Turismo de Turismo da CNC)
Meu Prezado Oswaldo Trigueiros (Presidente do Conselho de
Turismo da CNC)
Senhores Diretores Gerais do Sesc e Senac (Departamento
Nacional)
Senhores Empresários do Setor de Turismo
Senhores Homenageados
Minhas senhoras e meus senhores
Desejo agradecer, sensibilizado, o convite para que o
empresariado do comércio de bens, serviços e turismo esteja
representado nesta expressiva cerim6nia de comemoração do
Dia Mundial do Turismo.
Esta homenagem que está sendo prestada é recebida em
191
nome da Confederação Nacional do Comércio, e nós a
recebemos em nome de todos os nossos associados e de todos
os que compõem o Sistema CNC/SESC/SENAC.
Destaco, em especial, neste momento, o papel dos
empresários do comércio de bens e serviços que compõem a
Cadeia Produtiva do Turismo no Brasil: estes empresários,
abrigados na Câmara Empresarial do Turismo da CNC, podem
buscar hoje de forma integrada soluções efetivas para o
desenvolvimento do setor em nosso Pais.
Importa lembrar que em todo o mundo, o Turismo - atividade
econômica que mais cresce no Brasil e no mundo - só alcançou
seu desenvolvimento pleno com a total integração dos
empresários do setor, com a imprescindível participando do
Governo e do Legislativo, na definição de políticas públicas claras,
no investimento em infra-estrutura e no estabelecimento de uma
legislação capaz de estimular o seu desenvolvimento.
Vale, aí, ressaltar a sensibilidade política do Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que, respondendo a antigos anseios do Setor,
criou o Ministério do Turismo. E, mais do que isso destinou para a
pasta, um empresário, um homem dinâmico que teve a coragem
de lançar desafios de crescimento ao setor e obteve uníssona e
positiva resposta do empresariado nacional.
Nesta oportunidade quero parabenizar o ilustre Ministro
Walfrido dos Mares Guia pela confiança depositada na
integração entre o Público e o Privado. Graças a essa visão de
futuro, o Ministério e o Sistema CNC-Sesc-Senac, e mais
recentemente, a ABAV e o Sebrae, estilo tomando realidade o
programa de regionalização do Turismo, o chamado “Programa
Roteiros do Brasil”, uma nova proposta de gestão do turismo
calcada na descentralização e na integração.
192
Neste trabalho de integração de esforços de toda a
sociedade em prol do Turismo, não se pode deixar de ressaltar o
papel fundamental do Legislativo, responsável pela elaboração
de regulamentações capazes de fomentar o desenvolvimento
setorial.
O Sistema CNC-Sesc-Senac orgulha-se de ser parceiro da
Subcomissão de Turismo do Senado, da Comissão de Turismo e
Desporto da Câmara dos Deputados e da Frente Parlamentar
do Turismo, em um conjunto de ações propostas no acordo de
parceria “Turismo Brasil”. Entre elas, a realização do Cbratur - o
Congresso Brasileiro da Atividade Turística.
Estamos também presentes no Conselho Nacional de Turismo
e nas diversas Câmaras Temáticas focadas na definição de
políticas públicas para o setor.
Na verdade, fala-se, hoje, com muita freqüência num pacto
entre Empresariado e Governo. Mas para nós, empresários do
Comércio de Bens e Serviços e Turismo, este caminho não é novo.
Ele começou a ser tragado em 1946, quando da criação do
Serviço Social do Comércio - SESC e do Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial - SENAC. Duas entidades, que ao longo
de quase seis décadas de atividades, já atenderam a milhões de
trabalhadores brasileiros, sempre em sintonia com as políticas
públicas voltadas ao desenvolvimento social, educacional e
humano.
Vale destacar o trabalho pioneiro desenvolvido pelo SESC
na democratização do acesso ao produto turístico que se traduz
no chamado “Turismo Social”. Trinta, e oito meios de hospedagem
do SESC, com cerca de 14 mil leitos e quase 4 mil unidades
habitacionais em 20 estados, apóiam essa forma de turismo no
país. Forma esta que conjuga lazer, cultura, educação e saúde
193
Calcado nos conceitos do turismo sustentável, a Entidade
mantém diversos projetos, com destaque para a Estância Ecológica
SESC Pantanal, um centro de referência em ecoturismo e hotelaria
verde.
No caso do SENAC, (referência em Educação Profissional no
Brasil) a Instituição prepare, somente para Área de Turismo e
Hotelaria, a cada ano, mais de 100 mil profissionais, contando para
isso com uma infra-estrutura educacional de ponta formada por
cinco hoteís-escola, 13 restaurantes-escola, 10 lanchonetes-escola
e 16 centros especializados em Turismo e Hospitalidade, além de 16
carretas-escola e 1 balsa-escola que levam a capacitação
profissional em Turismo aos mais distantes pontos do País. Ainda em
outros mais de 200 centros de educação profissional polivalentes, o
Senac oferece mais de 280 diferentes programações de cursos em
nível básico, técnico e tecnológico para o Setor. As editoras do
SENAC, comprometidas com missão institucional de produzir e
difundir conhecimentos para o mundo do trabalho, já produziram.
cerca de 200 títulos para a área de Turismo e Hotelaria, entre livros,
softwares e vídeos.
Prezados companheiros, meus senhores, minhas senhoras,
prezado Ministro Mares Guia,
A Confederação Nacional do Comércio, em nome de toda a
classe dos empresários do Comércio do Brasil, recebe esta
homenagem como um justo incentivo, para que prossigamos no
trabalho construtivo que vimos realizando há quase 60 anos,
buscando por todos os meios, em particular pela promoção do
turismo nacional, emprestar nossa contribuição ao desenvolvimento
sustentável da economia brasileira e de promover uma permanente
melhoria social, em benefício dos nossos trabalhadores.
Muito obrigado.
199
SESC e SENAC; natureza jurídica.
Contribuições ao “Sistema S”; natureza.
Competência do Tribunal de Contas, no que se refere à
prestação anual de contas dos administradores e demais
responsáveis do SESC e SENAC.
Competência dos órgãos do Sistema de Controle Interno do
Poder Executivo Federal, relativa à comprovação da legalidade
e da aplicação de recursos públicos por entidades de direito
privado.
Procedimento licitatório, no âmbito do SESC e do SENAC;
legislação aplicável.
Decretos nos 3.589 (Sistema de Contabilidade Federal), 3.590
(Sistema de Administração Financeira Federal) e 3.591 (Sistema
de Controle Interno do Poder Executivo Federal), todos de
6/9/00; alcance; normas dirigidas às entidades e órgãos
públicos, que não se estendem ao SESC e ao SENAC.
Criação, no SESC e no SENAC, de unidades de auditoria
interna; nova redação dada ao art. 15 do Decreto no 3.591/00;
inexistência de obrigação legal; conveniência da criação dessas
unidades; modificação dos Regimentos do SESC e do SENAC.
Rol de responsáveis; apresentação de cópia da declaração
de rendimentos e de bens.
Requisição, pela Secretaria Federal de Controle Interno, de
documentos inadequados à natureza privada do SESC e SENAC;
esclarecimentos que devem ser prestados aquele órgão público.
200
Instruções Normativas do TCU e da SFCI; aplicação ao SESC
e ao SENAC.
I
A CONSULTA
O Sr. Presidente da Confederação Nacional do Comércio
(CNC), atendendo a sugestão do então Diretor-Geral do SERVIÇO
SOCIAL DO COMÉRCIO - SESC, Dr. Albucacis de Castro Pereira,
solicitou a manifestação desta Consultoria Jurídica, a respeito do
modo pelo qual aquela entidade vem sendo fiscalizada pela
Secretaria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União e
pela Secretaria de Controle Interno da Controladoria-Geral da
União.
2.Noutro expediente, o Sr. Presidente encaminhou, a esta
Consultoria, em 24 de março último, cópia de Notificação
enviada, ao Sr. Diretor-Geral do SESC, pela Secretaria de Controle
Externo do Tribunal de Contas da União, com a qual comunicou
haver julgado como regulares as contas da Administração
Regional daquela entidade no Distrito Federal, mas com a
determinação à Administração Nacional, para que “reoriente as
administrações regionais do SESC a incluir, nos futuros rol de
responsáveis, os dados referentes aos membros dos respectivos
conselhos regionais, em razão do determinado no § 4o do artigo
10 da IN TCU no 12/96.
3.Por sua vez, o Sr. Diretor-Geral do SERVIÇO NACIONAL DE
APRENDIZAGEM COMERCIAL - SENAC, Dr. Sidney da Silva Cunha,
conforme expediente de maio último, solicitou a nossa
manifestação a respeito da exigência formulada pela Secretaria
Federal de Controle Interno e órgãos técnicos do Tribunal de
Contas da União, no sentido da inclusão, no denominado “rol de
201
responsáveis” integrado às Prestações de Contas dessa entidade,
dos nomes dos membros dos seus Conselhos Nacional, Regional
e Fiscal.
4.Por outro lado, no Relatório de Auditoria de Avaliação de
Gestão procedida, em abril último, na Administração Nacional
do SESC, recebido naquela entidade em 29 de abril próximo
passado, a Controladoria-Geral da União no Estado do Rio de
Janeiro, revendo entendimento anterior, recomendou a
“apresentação da declaração de bens e rendas dos membros
dos Conselhos Nacional e Fiscal”.
II
A MANIFESTAÇÃO DA ASSESSORIA JURÍDICA DO SESC
5.A par de cópias da legislação pertinente à matéria e de
manifestações da Secretaria de Controle Interno, a consulta da
Direção-Geral do SESC veio instruída com longo e fundamentado
Parecer, datado de 5/9/02, do digno Assessor Jurídico da
Direção-Geral do Departamento Nacional do SESC, Dr. Jorge
Cézar Moreira Lanna, posteriormente aditado por Pareceres de
4/11/02 e 28/5/03.
6.No Parecer emitido em 5/9/02, o referido Assessor Jurídico
examinou detidamente a matéria, destacando, em síntese, que:
1o) “as exigências da Secretaria Federal de Controle Interno
não se aplicam ao SESC”;
2o) o Decreto no 3.591, de 6/9/00, que “dispõe sobre o Sistema
de Controle Interno do Poder Executivo Federal”, não é aplicável
ao SESC, que tem o seu próprio sistema de controle interno, cuja
competência é atribuída, ao Conselho Fiscal, como prescreve o
202
Regulamento dessa entidade, aprovado pelo Decreto no 61.836,
de 5/12/97 (art. 20) e que ao citado “órgão de fiscalização
financeira e orçamentária do SESC foi atribuída competência
regulamentar e regimental para o desempenho de suas
atividades de Auditoria Interna, não sendo cabível a existência
de outro órgão para desempenhar funções idênticas”;
3o) o SESC não está sujeito aos “estritos procedimentos da Lei
no 8.666/93” (Lei das Licitações) e sim a regulamentos próprios;
4o) o SESC “é uma instituição de assistência social, sem fins
lucrativos, vinculada ao sistema sindical, integrante dos serviços
sociais autônomos, que são entes de cooperação com o serviço
público, caracterizado como entidade paraestatal, com
personalidade jurídica de direito privado”;
5o) o art. 15 do Decreto no 3.591, de 2000, extrapola o
conteúdo e o alcance da Lei no 10.380, de 6/2/01, a qual “não
faz nenhuma referência direta aos serviços sociais autônomos”;
6o) não se aplicam ao SESC o Sistema de Administração
Financeira Federal e o Sistema de Contabilidade Federal, de que
tratam os Decretos ns. 3.589 e 3.590, ambos de 6/9/2000, como a
ele também não se aplica o Decreto no 3.591, da mesma data,
que dispõe sobre o Sistema de Controle Interno do Executivo
Federal;
7o) a Instrução Normativa SFC/MT no 02, de 20/12/00, da
Secretaria Federal de Controle Interno, que estabelece normas
sobre tomadas de contas dos gestores de recursos públicos e
rol de responsáveis, não se aplica ao SESC, e “o Tribunal de
Contas, por intermédio de atos normativos infralegais extrapolou
os termos da lei ampliando o conceito de responsáveis em suas
exigências”;
203
8o) a Instrução Normativa no 12, de 24/4/96, do Tribunal
de Contas da União, que manda incluir , no “rol dos
responsáveis”, os membros do Conselho Nacional e do
Conselho Fiscal teria extrapolado os termos do art. 5o, inciso
V, da Lei no 8.443 de 16/7/92;
9o) as contas do SESC submetem-se ao Tribunal de Contas
da União, nos termos do disposto no art. 70, parágrafo único, da
Constituição, e dos arts. 36 e 38 do Regulamento daquela
entidade, aprovado pelo Decreto no 61.836, de 3/12/67;
10o) em face do disposto no art. 74 da Constituição, “à
Secretaria Federal de Controle Interno foi atribuída a função de,
nos estritos limites de lei, atuar como colaborador do órgão de
controle externo”;
11o) “aplica-se o art. 104 da Lei 8.443/92” à exigência de
apresentação de declaração de rendimentos e de bens “aos
membros dos colegiados” do SESC e do SENAC;
12o) “carece de fundamento legal a atuação da SFCI
[Secretaria Federal de Controle Interno] em relação ao SESC,
especialmente quanto às exigências incabíveis à Entidade”,
como as que enumera: a) “cópia do documento relativo ao
estudo para criação da unidade de Auditoria Interna, conforme
determina o Decreto no 3.591, de 6/9/00”; b) “Fluxo de recursos
do Tesouro; Consistência na Programação das Fontes de Receita e
na Programação das Despesas”; c) “Gestão de Recursos Humanos:
pessoal efetivo e atuação disciplinar”; d) “Gestão Operacional:
Prioridades e Diretrizes da Gestão; Vinculabilidade com as Políticas
Públicas; Metas Operacionais de Gestão”; e) “Gestão de Suprimentos
de Bens e Serviços: contratos e comprovantes de que os contratados
não se encontravam em débito para com a seguridade social, quando
da celebração dos respectivos termos, art.195, § 3o, da C.F.” .
204
7.Nos expedientes encaminhados a esta Consultoria, não há
referência a providências administrativas ou judiciais adotadas
pelo SESC ou pelo SENAC, em relação às questões acima
relacionadas, nem consta tenha sido apresentado pedido de
reconsideração ou embargos de declaração quanto a decisões
proferidas, em processos de julgamento de contas daquelas
entidades, pelo Tribunal de Contas da União.
III
A NATUREZA DO SESC E DO SENAC
8.A respeito de algumas dessas questões, já tivemos o ensejo
de nos manifestarmos, em pareceres anteriores. No tocante à
natureza do SESC e do SENAC, emitimos, em 31/5/96, por
solicitação desta Confederação, um parecer, do qual vale
transcrever os seguintes itens:
“a) os antecedentes
3. A formação profissional, em nosso País, ditada, inicialmente,
pelas necessidades de nossos arsenais militares, ganhou forte
impulso graças à visão dos estadistas que promoveram, por razões
precipuamente sociais, a criação de liceus e escolas
profissionalizantes, em etapa prévia ao nosso desenvolvimento
industrial.
4. Em excelente síntese histórica, Roberto Carlos Régnier Netto
e Oliver Gomes da Cunha destacam que “embora, na maioria
dos países desenvolvidos, a formação profissional tivesse tido seu
despertar com o desenvolvimento industrial, no País, outras
circunstâncias a ditaram”, e discorrem sobre a longa evolução,
no Brasil, da aprendizagem profissional, remontando aos
primórdios do Século XIX, com os aprendizes do Arsenal de Guerra,
205
e aos meados desse mesmo Século, com os aprendizes dos
Arsenais de Marinha e os Liceus de Artes e Ofícios, passando pela
criação, em 1909, no Governo Nilo Peçanha, das Escolas de
Aprendizes e Artífices, e, na década de 1930, durante o Governo
Getúlio Vargas, das Escolas Técnicas, para chegar à Constituição
de 1937 (in “Formando Profissionais para Comércio e Serviços”,
SENAC, Rio, 1987).
5. A Carta de 1937 (Estado Novo), ao tratar da “Educação
e da Cultura”, estabeleceu, no seu art. 129, que “o ensino
pré-vocacional e profissional destinado às classes menos
favorecidas é, em matéria de educação, o primeiro dever
do Estado” e que “é dever das indústrias e dos sindicatos
econômicos criar, na esfera de sua especialidade, escolas de
aprendizes destinadas aos filhos de seus operários ou de seus
associados”, dispondo, ainda, que “a lei regulará o
cumprimento desse dever e os poderes que caberão ao
Estado sobre essas escolas, bem como os auxílios, facilidades
e subsídios a lhes serem concedidos pelo poder público”.
6. Na esteira da Constituição de 1937, o Presidente Getúlio
Vargas expediu o Decreto-lei no 1.238, de 2/5/39, prescrevendo,
para todos os estabelecimentos industriais, comerciais e
assemelhados, “em que trabalhem mais de quinhentos
empregados”, não só a instalação de refeitórios, como também
a manutenção de “cursos de aperfeiçoamento profissional, para
adultos e menores”, verdadeira semente de toda a sistemática
que se formou desde então.
b) a criação da CNC, do SENAI e do SENAC
7. A CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO (CNC) foi
fundada em 4 de setembro de 1945, por oito federações
patronais, e reconhecida pelo Decreto no 20.068, de 30/11/45,
206
baixado pelo então Presidente José Linhares, tendo por
finalidade orientar, coordenar, proteger e defender todas as
atividades do comércio, em íntima harmonia com os superiores
interesses do País. A essa época, já funcionava a
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA (CNI), criada em
1938.
8. No dia 10 de janeiro de 1946, tomou posse a primeira
diretoria da CNC, em sessão solene realizada no Teatro Municipal
do Rio de Janeiro. Nesse mesmo dia, o Presidente da República
baixou os Decretos-leis no 8.621 e 8.622, o primeiro para dispor
sobre a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (SENAC) e o segundo para dispor sobre a
“aprendizagem dos comerciários”.
9. O citado Decreto-lei no 8.621, de 10/1/46, adotando, com
rara inspiração, modelo descentralizante e privatista, atribuiu à
CNC, em seu art. 1o, “o encargo de organizar e administrar, no
território nacional, escolas de aprendizagem comercial”,
preceituando, para esse fim, no seu art. 2o, que a mencionada
entidade “criará e organizará o Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC)”, ficando, como disposto no
art. 9o, “investida da necessária delegação de poder público
para elaborar e expedir o regulamento do SENAC e as instruções
necessárias ao funcionamento dos seus serviços”. Seguia-se,
desse modo, o modelo anteriormente adotado para a criação
do SENAI.
10. De fato, o Decreto-lei no 4.048, de 22/1/42, baixado pelo
Presidente Getúlio Vargas, havia criado o Serviço Nacional de
Aprendizagem dos Industriários, para “organizar e administrar,
em todo o País, escolas de aprendizagem para os industriários”
(art. 2o), atribuindo à CNI o encargo de organizar e dirigir a nova
entidade (art. 3o).
207
11. No mesmo mês, o Decreto-lei no 4.073, de 30/1/42 (Lei
Orgânica de Ensino Industrial), estabeleceu “as bases de
organização e de regime de ensino industrial, que é o ramo de
ensino, de grau secundário, destinado à preparação profissional
dos trabalhadores da indústria e das atividades artesanais e ainda
dos trabalhadores dos transportes, das comunicações e da
pesca”(art. 1o).
12. Ainda no mesmo ano, pelo Decreto-lei no 4.936, de
7/11/42, a referida entidade passou a denominar-se Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial, mantida a sigla SENAI,
sendo ampliado o respectivo “âmbito de ação”.
c)a criação do SESC e do SESI
13. A criação do SESI e do SESC seguiu modelo semelhante.
O Decreto-lei no 9.043, de 25/6/46, em seu art. 1o, atribuiu à CNI “o
encargo de criar o Serviço Social da Indústria (SESI), com a
finalidade de estudar, planejar e executar, direta ou
indiretamente, medidas que contribuam para o bem-estar social
dos trabalhadores na indústria e nas atividades assemelhadas,
concorrendo para a melhoria do padrão geral de vida no País,
e, bem assim, para o aperfeiçoamento moral e cívico e o
desenvolvimento do espírito de solidariedade entre as classes”
(caput), tendo em vista, especialmente, “providências no sentido
da defesa dos salários reais do trabalhador (melhoria das
condições de habitação, nutrição e higiene), a assistência em
relação aos problemas domésticos decorrentes da dificuldade
de vida, as pesquisas sociais-econômicas e atividades educativas
e culturais, visando a valorização do homem e os incentivos à
atividade produtora” (art. 1o).
14. É interessante destacar que, ao baixar o citado
Decreto-lei, o Presidente da República, então o Gen. Eurico
208
Gaspar Dutra, fez constar do preâmbulo desse diploma legal,
sob a forma de “considerandos”, os motivos que levaram o
Governo a adotar o modelo descentralizado para a prestação
de serviço público, mediante delegação a um ente privado, entre
eles os de que a CNI, “como entidade representativa dos
interesses das atividades produtoras, em todo o País, oferece o
seu concurso para essa obra [a cooperação entre as classes e a
promoção do bem-estar dos trabalhadores e de suas famílias],
dispondo-se a organizar, com recursos auferidos dos
empregadores, um serviço próprio, destinado a proporcionar
assistência social e melhores condições de habitação, nutrição,
higiene dos trabalhadores e, bem assim, desenvolver o esforço
de solidariedade entre empregados e empregadores” e, ainda,
que “os resultados das experiências já realizadas com o
aproveitamento da cooperação das entidades de classe em
empreendimentos de interesse coletivo, em outro campo de
atividade, como o Serviço de Aprendizagem Industrial, são de
molde a recomendar a atribuição à Confederação Nacional da
Indústria dos encargos acima referidos”.
15. Logo depois, o Decreto-lei no 9.853, de 13/9/46, em seu
art. 1o, utilizando linguagem análoga, atribuiu à Confederação
Nacional do Comércio “o encargo de criar o SERVIÇO SOCIAL
DO COMÉRCIO (SESC), com a finalidade de planejar e
executar, direta ou indiretamente, medidas que contribuam
para o bem-estar social e a melhoria do padrão de vida dos
comerciários e suas famílias, e, bem assim, para o
aperfeiçoamento moral e cívico da coletividade” (caput), tendo
em vista, especialmente “a assistência em relação aos problemas
domésticos (nutrição, habitação, vestuário, saúde, educação e
transporte); providências no sentido da defesa do salário real dos
comerciários; incentivo à atividade produtora; realizações
educativas e culturais, visando a valorização do homem;
pesquisas sociais e econômicas” (art. 1o).
209
16. Completava-se, desse modo, o modelo inovador de
descentralização, mediante a delegação, às confederações da
classe empresarial, dos poderes necessários para a organização,
implementação e manutenção das entidades privadas
destinadas à prestação de serviços de interesse da classe dos
trabalhadores, nas áreas da indústria e do comércio e
assemelhadas.
d) a natureza
17. O SENAC, o SENAI, o SESC e o SESI são entidades dotadas
de personalidade jurídica de direito privado e destinatárias de
delegação outorgada, mediante lei, pelo Poder Público, para a
execução de atividades de relevante interesse social, nas áreas
de formação profissional e dos serviços sociais.
18. Segundo DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO, são
entidades paraestatais as “pessoas jurídicas de Direito Privado,
que desempenham por delegação legal atribuições de índole
executiva no campo das atividades sociais e econômicas do
Estado” (in “Curso de Direito Administrativo”, vol. 2o, Ed. Borsoi,
Rio, 1971, pág. 22).
19.”As entidades paraestatais - preleciona JOSÉ CRETELA JR.
- são pessoas privadas e inconfundíveis com as autarquias, porque
não desempenham serviços públicos. Em conseqüência, regulam-
se nos termos da legislação privada, embora se beneficiem de
algumas regras especiais ditadas pelo poder público em proveito
do interesse social que reveste sua atividade. É fundamental notar
que se especificam, precisamente, pela circunstância de haver
o Estado colocado a serviço delas seu poder de império. Assim,
instituem tributos em seu favor, cuja cobrança é feita por elas
mesmas, não obstante serem pessoas privadas” (in “Dicionário
de Direito Administrativo”, Forense, Rio, 1978, pág. 376).
210
20. Por conseguinte, o SENAC, o SENAI, o SESC e o SESI são,
consoante a melhor doutrina, entidades paraestatais, constituídas
com a finalidade de exercer, por delegação legal do Poder
Público, atividades de interesse social.”
IV
A NATUREZA DAS CONTRIBUIÇÕES AO SESC E AO SENAC
9.No mencionado Parecer de 31/5/96, tivemos a
oportunidade de discorrer sobre as chamadas “Contribuições ao
SESC e ao SENAC”, nos seguintes termos:
“a) a instituição
21. Em função das relevantes razões de ordem social, que
orientaram a criação do SENAC, SENAI, SESC e SESI, o legislador
tratou de estabelecer, nos próprios diplomas legais que os
instituíram, as fontes de recursos para o custeio das suas atividades.
22. “Para o custeio dos encargos do SENAC - dispôs o art. 4o
do Decreto-lei no 8.621/46 -, os estabelecimentos comerciais cujas
atividades, de acordo com o quadro a que se refere o art. 577
da Consolidação das Leis do Trabalho, estiverem enquadradas
nas Federações e Sindicatos coordenados pela Confederação
Nacional do Comércio, ficam obrigados ao pagamento mensal
de uma contribuição equivalente a um por cento da
remuneração paga à totalidade de seus empregados” (caput),
montante esse que “será o mesmo que servir de base à incidência
da contribuição de previdência social, devida à respectiva
instituição de aposentadorias e pensões” (§ 1o).
23. “A arrecadação das contribuições - estabeleceu o § 2o
do art. 4o - será feita pelas instituições de aposentadoria e pensões
211
e o seu produto será posto à disposição do SENAC, para
aplicação proporcional nas diferentes unidades do País, de
acordo com a correspondente arrecadação, deduzida a
cota necessária às despesas de caráter geral”.
24. Por conseguinte, adotava-se, em relação ao SENAC,
fonte de custeio também semelhante a que havia sido
estabelecida, com pleno êxito, no respeitante ao SENAI.
25. Com efeito, o já mencionado Decreto-lei no 4.048/42,
em seu art. 4o, obrigou “os estabelecimentos industriais das
modalidades de indústrias enquadradas na Confederação
Nacional das Indústr ias” ao “pagamento de uma
contribuição mensal para montagem e custeio das escolas
de aprendizagem” (caput), fixada no valor de “dois mil réis,
por operário e por mês” (§ 1o), acrescida de 20% (vinte por
cento) para os “estabelecimentos com mais de quinhentos
empregados” (art. 6o, caput), atribuindo, ao Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Industriários, os encargos
relativos à respectiva arrecadação (§ 2o).
26. O “sistema de cobrança da contribuição devida ao
SENAI” foi modificado pelo Decreto-lei no 6.246, de 5/2/44. A
contribuição passou a ser “arrecadada na base de um por
cento sobre o montante da remuneração paga pelos
estabelecimentos contribuintes a todos os seus empregados”
(art. 1o). A base de cálculo dessa contribuição (montante
da remuneração) foi fixada como aquela sobre a qual “deva
ser estabelecida a contribuição de previdência ou caixa de
aposentadoria e pensões, a que o contribuinte esteja filiado”
(art. 1o, § 1o), sendo a expressão “empregado” definida como
“todo e qualquer servidor de um estabelecimento, sejam
quais forem as suas funções ou categoria” (art. 1o, § 3o).
212
27. No que tange ao custeio dos encargos afetos ao SESI, o
Decreto-lei no 9.043, de 25/6/46, em seu art. 3o, obrigou “os
estabelecimentos industriais enquadrados na Confederação
Nacional da Indústria, bem como aqueles referentes aos
transportes, às comunicações e à pesca”, ao “pagamento de
uma contribuição mensal ao Serviço Social da Indústria para a
realização de seus fins”(caput), no valor de “dois por cento (2%)
sobre o montante da remuneração paga pelos estabelecimentos
contribuintes a todos os seus empregados”, tendo por base de
cálculo o montante “sobre o qual deva ser estabelecida a
contribuição de previdência devida ao instituto de previdência
ou caixa de aposentadoria e pensões, a que o contribuinte esteja
filiado” (§ 1o).
28. Relativamente ao custeio dos encargos do SESC, o art. 3o
do citado Decreto-lei no 9.853, de 13/9/46, obrigou “os
estabelecimentos comerciais enquadrados nas atividades
sindicais subordinadas à Confederação Nacional do Comércio”,
bem assim os demais empregadores que possuíssem empregados
segurados no IAPC, “ao pagamento de uma contribuição
mensal” (caput), no valor de “2% (dois por cento) sobre o
montante da remuneração paga aos empregados”, tendo por
base de cálculo “a importância sobre a qual deva ser calculada
a quota de previdência pertinente a instituição de aposentadoria
e pensões à qual o contribuinte esteja filiado” (§ 1o) e cabendo a
respectiva arrecadação às “instituições de previdência social a
que estiverem vinculados os empregados, juntamente com as
contribuições que lhe forem devidas”
(§ 2o).
29. Posteriormente, algumas alterações na sistemática de
arrecadação das contribuições em tela foram introduzidas por
diplomas legais supervenientes.
213
30.Pelo Decreto-lei no 1.861, de 25/2/81, as citadas
contribuições passaram a constituir “receitas do Fundo de
Previdência e Assistência Social, incidindo sobre o limite máximo
de exigência das contribuições previdenciárias, mantidas as
mesmas alíquotas e contribuintes” (art. 1o).
31. Um mês depois, a redação desse dispositivo foi modificada
pelo Decreto-lei no 1.867, de 25/3/81, para excluir a vinculação
da receita daquelas contribuições ao mencionado Fundo,
restabelecendo-se, assim, o vínculo com o SENAI, SENAC, SESI e
SESC.
32. O limite estabelecido no mesmo dispositivo foi revogado,
mais tarde, pelo Decreto-lei no 2.318, de 30/12/86, o qual, de modo
expresso, manteve a “cobrança, fiscalização, arrecadação e
repasse às entidades beneficiárias das contribuições”.
33. Portanto, desde a criação do SENAI, SENAC, SESC e
SESI, o custeio das atividades afetas a essas entidades - de
interesse dos comerciários, industriários e assemelhados - foi
imputado, exclusivamente à classe empresarial da indústria e
do comércio, mediante uma contribuição, de caráter
compulsório, no total de 3% (três por cento), incidente sobre a
folha de salários de cada empresa, sendo 2% (dois por cento)
para o SESC ou o SESI e 1% (um por cento) para o SENAC ou o
SENAI, conforme o caso.
b) a natureza
34. As contribuições ao SESC, SENAC, SESI e SENAI não
constituem qualquer uma das espécies do gênero tributo -
impostos, taxas e contribuições de melhoria - e, assim, não
integram o Sistema Tributário Nacional, de que tratam o art. 145
da Constituição e o art. 50 do Código Tributário Nacional.
214
35. Também não constituem modalidade das contribuições
sociais enumeradas, taxativamente, pelo art. 195 da Carta de
1988 dos empregadores, dos trabalhadores e sobre a receita
de concursos e prognósticos - e que se destinam a custear as
despesas com a previdência social, a assistência à saúde e a
assistência social.
36. Inobstante o caráter compulsório e a incidência sobre
o mesmo sujeito passivo - o empregador - e a mesma base de
cálculo - a folha de salários - das contribuições sociais, a
contribuição em foco constitui figura diversa, em razão de sua
destinação específica: “às entidades privadas de serviço social
e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical”,
como expressamente prescrito pelo art. 240 da Constituição.
37. As contribuições ao SESC, SENAC, SESI e SENAI, dadas
as suas finalidades, têm a natureza das contribuições sociais,
mas de características especiais, seja por sua autonomia em
relação ao Sistema Tributário Nacional e ao Sistema de
Seguridade Social, como estruturados pela Constituição, seja
porque a respectiva receita não constitui entrada do Tesouro
Nacional, sendo vinculada tanto a determinadas entidades,
como a determinadas despesas.
38. Integram, assim, a chamada parafiscalidade, cuja
teoria, na lição de EMANUELLE MORSELLI, “baseia-se na
distribuição das necessidades públicas fundamentais em
complementares”, aquelas correspondendo “às finalidades
do Estado, de natureza essencialmente política (defesa
externa e interna, justiça etc)” e estas correspondendo “às
finalidades sociais e econômicas”, no atendimento de
“necessidades de grupos profissionais econômicos e de grupos
sociais” (in “Le Finanze degii Enti Publicci non Territoriali”,
Padova, 1943 pág. 24).
215
39. “Na melhor doutrina - destaca ALIOMAR BALEEIRO - o
neologismo parafiscal, introduzido na linguagem financeira da
França pelo inventário Schuman e cedo copiado no Brasil, designa
tributos que, às vezes, são taxas e, outras vezes, impostos. Não
raro apresentam formas híbridas de imposto e taxa. Mas de
específico tem só a delegação às entidades beneficiadas com
a arrecadação. Logo, devem ser classificadas em caso concreto,
segundo critérios clássicos esposados pela Constituição” (in
“Direito Tributário Brasileiro”, Forense, Rio, 1983, pág. 38).
40. Em precisa síntese, o ilustre prof. BERNARDO RIBEIRO DE
MORAES assim justifica a parafiscalidade: “o Estado, na mais
moderna organização, como resultado de um conjunto de novos
fins e de novas necessidades públicas, é obrigado a manter dois
sistemas de finanças públicas típicas, o fiscal (com seu fim político)
e o parafiscal (com o seu fim econômico e social)” (in
“Compêndio de Direito Tributário”, Forense, Rio, 1984, pág. 322).
41. Na mesma linha, observa THEMÍSTOCLES CAVALCÂNTI que
“a parafiscalidade constitui um sistema fiscal paralelo ao sistema
geral, mas com particularidades próprias, inclusive quanto à sua
forma de incidência” (in “Tratado de Direito Administrativo”, vol.
1, Liv. Freitas Bastos, Rio, 1960, pág. 172).
42. Em resumo, pois, as contribuições ao SENAC, SENAI, SESC
e SESI constituem espécies do gênero contribuição, têm a
natureza das contribuições sociais, mas de configuração especial
e existência autônoma, em relação ao Sistema de Seguridade
Social e ao Sistema Tributário Nacional, como constitucionalmente
organizados, e integram o campo mais abrangente da
parafiscalidade.
c) a base constitucional
216
43. O SENAI e a respectiva contribuição foram criados em
1942 e o SENAC, o SESC e o SESI e as respectivas contribuições
foram criados em 1946, ainda na vigência da Carta de 1937,
mediante decretos-leis baixados na forma do art. 180, que atribuiu
competência ao Presidente da República para expedi-los, e com
fundamento no art. 129, que prescreveu o dever do Estado quanto
à criação e manutenção do ensino profissional destinado às
classes menos favorecidas e, juntamente com as indústrias e os
sindicatos econômicos, quanto a escolas de aprendizes.
44. Essa legislação foi recepcionada pelas Constituições
posteriormente promulgadas, dada a compatibilidade dos
preceitos dos decretos-leis supracitados com as novas disposições
constitucionais.
45. A Constituição de 1946, em seu art. 141, § 1o, dispõe sobre
o princípio da legalidade, que figurava nos Estatutos Políticos do
Império (art. 179, § 1o), de 1891 (art. 72, § 1o) e de 1934 (art. 113, 2)
e havia sido omitido na Carta do Estado Novo (1937).
46. Segundo tal princípio, pela redação da Carta de
1946, “ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude da lei” e, assim, “qualquer
regra que crie dever de ação positiva (fazer) ou negativa
(deixar de fazer) tem de ser - conforme o magistério do
ins igne PONTES DE MIRANDA - regra de le i , com as
formalidades que a Constituição exige” (in “Comentários à
Constituição de 1946”, Tomo IV, Ed. Borsoi, Rio, 1960, pág.
321).
47. Com pequenas e i r re levantes modif icações
redacionais, tal princípio foi reproduzido na Constituição de
1967 (art. 150, § 2o), na Emenda no 1, de 1969 (art. 153, § 2o),
e na Carta de 1988 (art. 5o, inciso II).
217
48. Com fulcro nesse princípio da legalidade ou da reserva
legal, o Poder Público, ao longo do tempo e mediante lei, impôs,
às pessoas naturais e jurídicas, numerosas obrigações de caráter
pecuniário.
49. Além disso, a Emenda no 1 de 1969, no seu art. 21, § 2o,
inciso I, facultou à União a criação de contribuições “tendo em
vista intervenção no domínio econômico e o interesse da
previdência social ou de categorias profissionais”, redação essa
que, pela Emenda no 8, de 1977, passou a ser a seguinte:
“contribuições, observada a faculdade prevista no item I deste
artigo [faculdade de o Poder Executivo alterar alíquotas e bases
de cálculo, nas condições e limites estabelecidos em lei], tendo
em vista intervenção no domínio econômico ou o interesse de
categorias profissionais e para atender diretamente à parte da
União no custeio dos encargos da previdência social”.
50. Finalmente, a Constituição de 1988, no seu art. 149, veio
preceituar que “compete exclusivamente à União instituir
contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e
de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas ...”.
51. A mesma Carta, em suas Disposições Gerais, tratou, pela
primeira vez, em nível constitucional, das contribuições ao SENAC,
SENAI, SESC e SESI, dispondo, no seu art. 240, que: “ficam
ressalvadas do disposto no art. 195 [que enumera as contribuições
sociais destinadas ao financiamento da seguridade social] as
atuais contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha
de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e
de formação profissional vinculadas ao sistema sindical”.
10. Como evidenciado no parecer supratranscrito, as
contribuições compulsórias ao SENAC, SENAI, SESC e SESI foram
218
criadas regularmente em lei, ou seja, mediante decretos-leis
expedidos com lastro em disposições do Estatuto Político de 1937
e recepcionados pelas Cartas de 1946 e 1967 e Emenda no 1, de
1969, merecendo, afinal, tratamento expresso na Constituição de
1988.”
V
A EXEGESE DO ART. 240 DA CONSTITUIÇÃO
11. Ainda no parecer já mencionado, revela-se oportuna a
transcrição das considerações que desenvolvemos sobre os fins
colimados pelo art. 240 da Constituição:
“58.Por um lado, ressalvar - na acepção de excluir, excetuar,
resguardar, por a salvo - do art. 195 as contribuições em apreço,
excluindo-as, conseqüentemente, do rol das fontes de
financiamento da seguridade social e destinando-as, de maneira
expressa, ao custeio das “entidades privadas de serviço social e
de formação profissional vinculadas ao sistema sindical”, como
previsto na legislação preexistente.
59. Por outro lado, o mencionado dispositivo também teve
por finalidade dar respaldo constitucional, claro e direto, à
legislação ordinária que criou e regulou as contribuições em tela,
numa espécie de recepção expressa, para afastar dúvidas e
controvérsias que pudessem surgir em torno da matéria,
notadamente por parte do numeroso e conceituado grupo de
tributaristas pátrios, para os quais toda imposição pecuniária de
caráter compulsório constituiria tributo - e, assim, deveria se
enquadrar nas espécies elencadas pela Lei Maior.
60. Se assim não fosse, logo surgiriam teses no sentido de
considerar inconstitucionais as contribuições em questão, por não
219
integradas ao Sistema Tributário Nacional, nem ao Sistema de
Seguridade Social.
61. Portanto, em boa hora, o legislador constituinte fez incluir,
em nossa nova Carta, o preceito do art. 240, que deu adequada
base à legislação ordinária concernente às contribuições
compulsórias ao SENAC, SENAI, SESC e SESI e as excluiu do Sistema
de Seguridade Social, permitindo, assim, a manutenção de uma
sistemática montada há meio século, com expressivo proveito
para os trabalhadores das classes dos industriários e comerciários
e para todo o setor industrial e comercial de nosso País.”
VI
A COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
E DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE INTERNO
12.No que se refere à competência do Tribunal de Contas
da União, para apreciar e julgar as contas prestadas pelos
responsáveis do SESC e do SENAC, e dos órgãos de controle
interno, para comprovar a legalidade e avaliar os resultados da
aplicação dos recursos provenientes das contribuições de que
trata o art. 240 da Constituição, tivemos a oportunidade de emitir
parecer, em 18/7/02, o qual mereceu a honrosa aprovação do
Sr. Presidente desta Confederação.
13.Por interessar às questões ora suscitadas, transcrevemos
os itens 3 a 6, 8 e 9, verbis:
“3.A Constituição Federal, no seu art. 70, parágrafo único,
com a redação dada pela Emenda Constitucional no 19, de
4/6/98, preceitua que “prestará contas qualquer pessoa física
ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
220
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.”
4.No seu art. 74, a nossa Carta dispõe sobre o sistema de
controle interno dos três Poderes, tendo por finalidade, inclusive,
“comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
eficácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito
privado”.
5.Por sua vez, a Lei no 10.180, de 6/2/01, que “organiza e
disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal,
de Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal
e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e dá outras
providências”, preceitua, em seus arts. 20, inciso II, 24, incisos VI e
VII, e 26, caput:
“Art. 20. O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo
Federal tem as seguintes finalidades:
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial nos órgãos e nas entidades da Administração Pública
Federal, bem como da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado;
Art. 24. Compete aos órgãos e às unidades do Sistema de
Controle Interno do Poder Executivo Federal:
VI - realizar auditoria sobre a gestão dos recursos públicos
federais sob a responsabilidade de órgãos e entidades públicos
e privados;
221
VII - apurar os atos ou fatos inquinados de ilegais ou irregulares,
praticados por agentes públicos ou privados, na utilização de
recursos públicos federais e, quando for o caso, comunicar à
unidade responsável pela contabilidade para as providências
cabíveis;
Art. 26. Nenhum processo, documento ou informação poderá
ser sonegado aos servidores dos Sistemas de Contabilidade
Federal e de Controle Interno do Poder Executivo federal, no
exercício das atribuições inerentes às atividades de registros
contábeis, de auditoria, fiscalização e avaliação de gestão.” (o
negrito não é do texto legal)
6.Dada a natureza parafiscal e a compulsoriedade das
contribuições dos empregadores sobre a folha de salários,
destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação
profissional, como preceitua o art. 240 da Constituição de 1988,
incumbe, ao órgão competente do sistema de controle interno
do Poder Executivo federal, nos termos do disposto nas disposições
constitucionais e legais acima transcritas, comprovar a legalidade
e avaliar os resultados da aplicação dos recursos provenientes
da receita das referidas imposições pecuniárias.”
“8.Afora isso, a Lei no 8.443, de 16/7/92, que “dispõe sobre a
Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União e dá outras
providências”, dispõe, nos seus arts. 5o, inciso V, 6o, 7o, caput, e 9o:
“Art. 5o. A jurisdição do Tribunal abrange:
V - os responsáveis por entidades dotadas de personalidade
jurídica de direito privado que recebam contribuições parafiscais
e prestem serviço de interesse público ou social;
Art. 6o. Estão sujeitas à tomada de contas e, ressalvado o
222
disposto no inciso XXXV do art. 5o da Constituição Federal, só por
decisão do Tribunal de Contas da União podem ser liberadas
dessa responsabilidade as pessoas indicadas nos incisos I a VI do
art. 5o desta lei.
Art. 7o. As contas dos administradores e responsáveis a que
se refere o artigo anterior serão anualmente submetidas a
julgamento do Tribunal, sob forma de tomada ou prestação de
contas, organizadas de acordo com normas estabelecidas em
instrução normativa.
Art. 9o. Integrarão a tomada ou prestação de contas, inclusive
a tomada de contas especial, dentre outros elementos
estabelecidos no regimento interno, os seguintes:
III - relatório e certificado de auditoria, com o parecer do dirigente
do órgão de controle interno, que consignará qualquer irregularidade
ou ilegalidade constatada, indicando as medidas adotadas para
corrigir as faltas encontradas; (o negrito não é do texto legal).
9.Essas disposições legais demonstram que as prestações de
contas dos dirigentes regionais do SENAC e do SESC, a serem
apreciadas pelo Tribunal de Contas da União, devem estar
acompanhadas de parecer do órgão de controle interno, o qual,
por isso mesmo, tem de proceder à competente auditoria, a fim
de poder comprovar a legalidade e avaliar os resultados da
aplicação dos recursos provenientes das contribuições de que
trata o art. 240 da Constituição.”
14.É relevante acentuar, neste passo, a alteração introduzida,
pela Emenda Constitucional no 19, de 4/6/98, à redação do
parágrafo único do art. 70 da Constituição, ou seja, a inclusão
do adjetivo “privado”, após “pública”, para qualificar a pessoa
jurídica obrigada à prestação de contas:
223
“Art. 70
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,
gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária” (o negrito não é do texto
constitucional).
15.Por conseguinte, entidades privadas com a natureza do
SESC e do SENAC, que aplicam recursos de natureza parafiscal,
provenientes de contribuições cobradas compulsoriamente, estão
submetidas, ex vi da Emenda Constitucional no 19, de 4/6/98, à
jurisdição do Tribunal de Contas da União. Os “administradores e
responsáveis” dessas entidades têm de prestar contas,
anualmente, àquele Tribunal e a prestação de contas deve ser
instruída com o parecer do órgão de controle interno, que terá
de “comprovar a legalidade” e “avaliar os resultados” da
aplicação dos recursos provenientes das contribuições
compulsórias, realizando, para esse fim, as competentes
auditorias.
16.A avaliação dos resultados será procedida na linha do
que preceitua o art. 183 do Decreto-lei no 200, de 25/2/67: “as
entidades e organizações em geral, dotadas de personalidade
jurídica de direito privado, que recebem contribuições parafiscais
e prestem serviços de interesse público ou social, estão sujeitas à
fiscalização do Estado nos termos e condições estabelecidas na
legislação pertinente a cada uma.” No caso do SESC e do SENAC,
a avaliação dos resultados será feita, naturalmente, à luz dos
respectivos orçamentos anuais, diretrizes gerais de ação e
finalidades, conforme dispõem os Regulamentos dessas entidades
(Decreto no 61.836, de 5/12/67, arts. 1o e 14, alíneas “a” e “c”, e
Decreto no 61.843, de 5/12/67, arts. 1o e 14, alíneas “a” e “c”).
224
VII
O PROCEDIMENTO LICITATÓRIO
17.No citado parecer, discorremos, também, sobre o
procedimento licitatório a ser observado pelo SESC e pelo
SENAC, nos seguintes termos:
“17.No caso de entidades de direito privado, como o
SENAC e o SESC, o procedimento tem de ser adaptado, pelos
respectivos regulamentos de licitação, como efetivamente
ocorreu, às peculiaridades dessas entidades, porém sem violar
a essência do escopo da Constituição e da lei.”
“31.O Egrégio Tribunal de Contas da União, pela Decisão
no 907/97, de 11/12/97 (pub. no D.O. de 26/12/97), adotando
circunstanciado e fundamentado Voto do Relator, o ilustre
Ministro LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA, decidiu que “... por
não estarem incluídos na lista de entidades enumeradas no
parágrafo único do art. 1o da Lei no 8.666/93, os serviços sociais
autônomos não estão sujeitos à observância dos estritos
procedimentos da referida lei, e sim aos seus regulamentos
próprios devidamente publicados.
32.Por esse motivo, as entidades do denominado “Sistema
S” desenvolveram contatos junto àquela Corte de Contas, no
sentido da prévia aprovação de uma minuta comum de
regulamento de licitações e contratos, ajustada aos princípios
básicos da Lei no 8.666, de 1993. Dessa iniciativa resultou a
Decisão no 461/98, de 22/7/98 (pub. no D.O. de 7/8/98), do
Plenário do Tribunal de Contas, que, acolhendo o Voto do
Relator, o ilustre Ministro LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA,
decidiu :
225
“8.1 - receber a presente minuta de Regulamento de
Licitações e Contratos das entidades integrantes do Sistema “S”,
mencionadas no item 4 supra, tendo em vista a Decisão Plenária/
TCU no 907/97, prolatada na Sessão de 11/12/97, que concluiu
que os Serviços Sociais Autônomos não estão sujeitos à
observância aos estritos procedimentos estabelecidos na Lei no
8.666/93, e sim aos seus regulamentos próprios devidamente
publicados, consubstanciados nos princípios gerais do processo
licitatório;
8.2 - informar à Confederação Nacional da Indústria que:
8.2.1. cabe aos próprios órgãos do Sistema “S” aprovar os
regulamentos internos de suas unidades;
8.2.2 este Pretório, ao julgar as contas e ao proceder à
fiscalização financeira das entidades do Sistema “S”,
pronunciar-se-á quanto ao cumprimento dos regulamentos em
vigor, relativamente a licitações e contratos, bem como à
pertinência desses regulamentos em relação à Decisão/
Plenário/TCU no 907/97, prolatada na Sessão de 11/12/97; e
8.3 - arquivar o presente processo.”
33.Na conformidade dessa decisão do Tribunal de Contas, o
SESC e o SENAC aprovaram os respectivos Regulamentos de
Licitações e Contratos. O do SESC foi aprovado pela Resolução
no 949/98, de 26/8/98, posteriormente substituído pelo
Regulamento aprovado pela Resolução no 1012/01, de 25/9/01,
ambas do Conselho Nacional do Serviço Social do Comércio. O
do SENAC foi aprovado pela Resolução no 747/98, de 26/8/98,
posteriormente substituído pelo Regulamento aprovado pela
Resolução no 801, de 2001, de 19/9/01, ambas do Conselho
Nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.”
226
18.Portanto, o SESC e o SENAC, nas contratações relativas a
obras, serviços, compras, alienações e locações, devem observar,
estritamente, as normas de seus Regulamentos de Licitações e
Contratos.
VIII
OUTRAS QUESTÕES RELEVANTES
19.Como acima indicado, já tivemos a oportunidade de fixar
o nosso entendimento quanto às questões centrais relacionadas
à natureza do SESC e do SENAC e das Contribuições a eles
recolhidas e de que trata o art. 240 da Constituição.
20.De outro lado e conforme o entendimento desenvolvido
no parecer datado de 18/7/02, aprovado pelo Sr. Presidente desta
Confederação:
1o) compete ao Tribunal de Contas da União, ex vi do art.70,
parágrafo único, da Constituição, e dos arts. 5o, inciso V, 6o e 7o
da Lei no 8.443, de 16/7/92, apreciar e julgar as contas dos
“administradores e responsáveis” do SESC e do SENAC;
2o) cabe aos órgãos competentes do Sistema de Controle
Interno do Poder Executivo Federal, ex vi do disposto no art.
74 da Constituição e arts. 20, inciso II, e 24, incisos VI e VII, da
Lei no 10.180, de 6/2/01, “comprovar a legalidade” da
“aplicação dos recursos” geridos pelo SESC e pelo SENAC,
incumbindo-lhe, para esse fim, “realizar auditoria”.
21. Restariam, assim, a ser examinadas as demais
questões - relevantes - referidas na manifestação do Sr.
Assessor Jur ídico da Direção-Geral do Departamento
Nacional do SESC.
227
a) Exigências da Secretaria Federal de Controle Interno
22. As exigências da Secretaria Federal de Controle
Interno devem ser examinadas, caso a caso. Se procedentes,
deverão ser atendidas. Se consideradas exorbitantes, caberá
a formulação dos devidos esclarecimentos ou justificativas,
mediante ofício circunstanciado dirigido àquele órgão,
conforme orientação constante do Ofício 459/2003/GAB/
CGU-RJ/CGU-PR, do Sr. Chefe da Controladoria-Geral da
União no Estado do Rio de Janeiro.
23. Muitas dessas questões têm sido resolvidas, ao que se
informa, graças a reuniões realizadas por um grupo informal,
constituído por representantes do SESC, SENAC e demais
entidades do chamado “Sistema S” e da Secretaria Federal de
Controle Interno, da Controladoria-Geral da União.
24.Por esse excelente canal de entendimento, mercê da
competência e dedicação dos integrantes do grupo, foram
encontradas soluções para diversas pendências e colhidos
relevantes esclarecimentos para a adoção de procedimentos
padronizados, visando aperfeiçoar a atuação das entidades do
“Sistema S” e cooperar com as atividades de auditoria afetas à
CGU. Esse instrumento de articulação de esforços e cooperação
recíproca merece amplo apoio das Direções Gerais do SESC e
do SENAC.
25.De qualquer sorte, a Secretaria Federal de Controle
Interno dispõe de competência, ex vi dos supratranscritos
arts. 20, inciso II, 24, incisos VI e VII, e 26 da Lei no 10.180/01,
para realizar auditoria sobre a gestão dos recursos do SESC
e do SENAC provenientes das contribuições compulsórias,
inclusive requisitando informações, dados ou documentos
pertinentes à gestão financeira dessas entidades.
228
b) O alcance dos Decretos ns. 3.589/00, 3.590/00 e 3.591/00
26.Os Decretos ns. 3.589, 3.590 e 3.591, todos de 6/9/00, que
dispõem, respectivamente, sobre o Sistema de Contabilidade
Federal, o Sistema de Administração Financeira Federal e o
Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal
compõem-se de normas dirigidas aos órgãos e entidades da
Administração Pública Federal, não vinculando os procedimentos
de entidades privadas, como o SESC e o SENAC.
27.De acordo com as normas dos citados Decretos, o
Sistema de Contabilidade Federal “visa a proporcionar
instrumentos para registro dos atos e fatos relacionados à
administração orçamentária, financeira e patrimonial da
União”, o Sistema de Administração Financeira “visa ao
equilíbrio econômico e financeiro do Governo Federal, dentro
dos limites da receita e despesa públicas” e o Sistema de
Controle Interno do Poder Executivo “visa à avaliação da
ação governamental e da gestão dos administradores
públicos federais, com as finalidades, atividades, organização,
estrutura e competência estabelecidas”.
28.Os preceitos dos três citados Decretos têm como
destinatários os órgãos públicos, não obrigando o SESC e o SENAC,
que não integram a Administração Pública, revestindo
personalidade jurídica de direito privado.
c) O art. 15 do Decreto no 3.591/00
29.O Decreto no 3.591/00, modificado pelos Decretos ns. 4.304,
de 16/7/02, e 4.440, de 25/10/02, organiza e disciplina o
funcionamento da Secretaria de Controle Interno, no âmbito do
Poder Executivo Federal, dispondo sobre os órgãos do controle
interno e a respectiva competência.
229
30.É bem verdade que o Decreto no 3.591/00 dispõe que: a)
o Sistema de Controle Interno tem, entre outras finalidades, a de
“comprovar a legalidade e avaliar os resultados” da “aplicação
de recursos públicos por entidades de direito privado” (art. 2o,
inciso II); b) “a auditoria visa a avaliar ... a aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado” (art. 4o, § 1o); e c)
compete à Secretaria Federal de Controle Interno, entre outras
atribuições, “realizar auditorias sobre a gestão dos recursos
públicos federais sob a responsabilidade de órgãos e entidades
públicos e privados...” (art. 11, inciso XXII). Todavia, essas normas
têm por escopo orientar a atuação dos órgãos competentes do
Sistema, na conformidade das disposições, antes transcritas, dos
arts. 20, inciso II, 24, incisos VI e VII, e 26 da Lei no 10.180, de 6/2/01.
31.Já o caput do art. 15 desse Decreto merece exame
especial. Em sua redação original, o dispositivo dirigia-se, apenas,
a entidades e órgãos públicos, nos seguintes termos:
“Art. 15 A unidade de auditoria interna das entidades da
Administração Pública Federal indireta e dos serviços sociais
autônomos sujeita-se à orientação normativa e supervisão técnica
do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal,
prestando apoio aos órgãos e às unidades que o integram.”
32.Esse dispositivo foi, inicialmente, modificado pelo Decreto
no 4.304, de 16/7/02, que lhe deu a seguinte redação:
“Art. 15 As unidades de auditoria interna das entidades da
Administração Pública Federal indireta vinculadas aos Ministérios
e aos órgãos da Presidência da República e os dos serviços sociais
autônomos ficam sujeitas à orientação normativa e supervisão
técnica do Órgão Central e dos órgãos setoriais do Sistema de
Controle Interno do Poder Executivo Federal, em suas respectivas
áreas de jurisdição.” (o negrito não é do texto do Decreto)
230
33.Com tal redação, o dispositivo tornou-se flagrantemente
ilegal, pois pretendia submeter, à supervisão técnica de um órgão
público, unidades da estrutura de entidades privadas.
34. Logo, no entanto, o erro foi corrigido, pelo Decreto no
4.440, de 25/10/02, que restabeleceu a redação original do caput
do art. 15 (sem qualquer referência aos “serviços sociais
autônomos”), mas lhe acrescentou os §§ 8o e 9o, com a seguinte
redação:
“§ 8o O Órgão Central do Sistema de Controle Interno do
Poder Executivo Federal poderá recomendar aos serviços sociais
autônomos as providências necessárias à organização da
respectiva unidade de controle interno, assim como firmar termo
de cooperação técnica, objetivando o fortalecimento da gestão
e a racionalização das ações de controle.
§ 9o A Secretaria Federal de Controle Interno poderá utilizar
os serviços das unidades de auditoria interna dos serviços sociais
autônomos, que atenderem aos padrões e requisitos técnicos e
operacionais necessários à consecução dos objetivos do Sistema
de Controle Interno.” (os grifos não são do Decreto)
35.A redação desses dois parágrafos do art. 15 do Decreto
no 3.591/00 decorreu de amplos entendimentos e, mesmo, de
consenso entre representantes não só do SESC e do SENAC, como
também do SESI e do SENAI, e autoridades governamentais,
conforme esclarece o Sr. Assessor Jurídico do SESC, em Relatório
datado de 28 de maio último, verbis:
“O novo texto do Decreto 4.440/02 é resultante do consenso
entre os participantes do Grupo de Trabalho dos “S”, objeto que
foi de longas tratativas junto à Controladoria Geral da União,
iniciadas após ofício das Entidades à Presidência da República,
231
ponderando sobre a inadequação jurídica do Decreto 3.591/00
em relação aos serviços sociais autônomos.” (os grifos não do
original)
36.Diante desses esclarecimentos, revela-se ultrapassada a
controvérsia em torno da questão, cabendo às Direções-Gerais
do SESC e do SENAC providenciar a criação das unidades de
auditoria interna, mediante alteração dos respectivos
Regulamentos, por decreto do Poder Executivo Federal, ou de
seus Regimentos, por resoluções do Conselho de Representantes
da CNC e Conselhos Nacionais daquelas entidades.
37.Neste último modo, mais prático, caberá a inclusão, no
art. 5o, inciso I, dos Regimentos, de uma alínea “d”, com a seguinte
redação: “d) Auditoria Interna”, bem assim o acréscimo de um
artigo, com as atribuições da nova unidade.
38.Na realidade, as atividades de auditoria interna, que já
vêm sendo desenvolvidas no SESC e no SENAC, por competentes
profissionais, passariam a constituir unidades da estrutura das
Administrações Nacionais daquelas entidades.
39.Os Conselhos Fiscais são órgãos colegiados de fiscalização
financeira, que, basicamente, examinam e emitem pareceres
sobre propostas orçamentárias, balancetes periódicos,
demonstrações financeiras e prestações de contas anuais.
Funcionam quando reunidos os seus membros em sessões,
podendo, para bem exercer suas atribuições, requisitar dados,
documentos e informações aos diversos órgãos das entidades.
40.Diferentemente disso, as auditorias são exercidas por
profissionais (contadores) legalmente habilitados e registrados no
competente Conselho Regional de Contabilidade, envolvendo
o exame dos elementos constantes dos balanços e das
232
prestações de contas, desde a origem fática de cada um, a
comprovação da exatidão dos dados do balanço patrimonial,
os referentes às disponibilidades de caixa, dos investimentos e
dos estoques etc., de modo a emitir certificados ou pareceres
quanto à exação daqueles documentos.
41.As auditorias abrangem, por exemplo, a verificação
física dos estoques, dos instrumentos contratuais, das contas a
receber, bem assim a chamada “circularização”, ou seja, a
coleta de informações junto a terceiros, para confirmar os
dados dos balanços e das prestações de contas.
42.“Auditoria - na lição do prof. JOSÉ HERNANDEZ PEREZ
JÚNIOR, da Universidade Mackenzie -, pode ser definida como
o levantamento, o estudo e a avaliação sistemática de
transações, procedimentos, rotinas e demonstrações contábeis
de uma entidade, com o objetivo de fornecer a seus usuários
uma opinião imparcial e fundamentada em normas e princípios
sobre sua adequação” (in “Auditoria de Demonstrações
Contábeis”, Atlas, 2a ed., S. Paulo, 1998, pág. 13).
43.A rigor, inexistem controvérsias sobre as atividades
próprias dos conselhos fiscais e das auditorias internas e
externas.
d) A Instrução Normativa no 12, de 24/4/96, do Tribunal de
Contas da União, a prestação de contas e o rol de responsáveis
44.A Instrução Normativa no 12, de 24/4/96, do Tribunal
de Contas da União, que “estabelece normas de
organização, apresentação de tomadas e prestações de
contas e rol de responsáveis e dá outras providências”, foi
expedida com fundamento nos arts. 3o e 7o da já citada Lei
no 8.443, de 16/7/02, segundo os quais:
233
“Art. 3o Ao Tribunal de Contas, no âmbito de sua competência
e jurisdição, assiste o poder regulamentar, podendo, em
conseqüência, expedir atos e instruções normativas sobre matéria
de suas atribuições e sobre a organização dos processos que lhe
devam ser submetidos, obrigando ao seu cumprimento sob pena
de responsabilidade.”
“Art. 7o As contas dos administradores e responsáveis a que
se refere o artigo anterior serão anualmente submetidas a
julgamento do Tribunal, sob forma de tomada ou prestação de
contas, organizadas de acordo com normas estabelecidas em
instrução normativa”. (os grifos não são dos textos legais)
45.Trata-se, portanto, de ato baixado pelo E. Tribunal de
Contas, no exercício de competência que, expressamente, lhe
foi atribuída pela Lei e que disciplina matéria de sua expressa
competência constitucional (C.F., arts.70 e 71), ou seja, as
tomadas e prestações de contas, impondo-se seu integral
acatamento pelo SESC e pelo SENAC.
46.A questão suscitada pelo SESC diz respeito, em verdade,
ao alcance do art. 10 da mencionada Instrução Normativa, que
relaciona, exemplificadamente, as diversas espécies do gênero
“administrador”, que se enquadram no conceito constitucional
(C.F., art. 71, inciso II) e legal (Lei no 8.443, de 16/7/92, arts. 1o,
inciso I, 5o, inciso V, e 7o).
47.Note-se que o art. 5o, inciso V, da Lei no 8.443/92, preceitua
que “a jurisdição do Tribunal abrange”, entre outros, “os
responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de
direito privado que recebam contribuições parafiscais e prestem
serviço de interesse público ou social”.
48.Ao se referir a “administradores e demais responsáveis por
234
dinheiros, bens e valores públicos”, a norma do art. 71, inciso II,
da Constituição, tem por destinatários todos quantos pratiquem
qualquer ato que importe, de modo direto ou indireto, no
emprego de recursos públicos, ou, nos precisos termos do
parágrafo único do art. 70 de nossa Carta, quem “utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ...”.
49.Sem qualquer dúvida, o SESC e o SENAC, embora não
arrecadem (a arrecadação cabe ao INSS), utilizam, guardam,
gerenciam e administram recursos considerados como
públicos. Resta, conseqüentemente, fixar, com precisão, quais
os órgãos ou dirigentes responsáveis pelo desempenho desses
encargos.
50.A enumeração constante da IN no 12/96, do TCU, não
esgota a relação de administradores responsáveis obrigados
à prestação de contas, mas, de outro lado, não envolve
quem, inobstante a denominação do cargo ou função de
que seja t i tu lar , não prat ique ato que importe na
arrecadação, utilização, guarda, gerência ou administração
de recursos públicos. Daí a cláusula “quando cabíveis”,
constante do caput do art. 10 daquela Instrução.
51.No que se refere ao SESC e ao SENAC, o art. 5o, inciso V,
da Lei
no 8.443, de 16/7/92, dispõe, com toda a clareza, que:
“Art. 5o A jurisdição do Tribunal abrange:
V - os responsáveis por entidades dotadas de personalidade
jurídica de direito privado que recebam contribuições
parafiscais e prestem serviço de interesse público ou social.”
235
52.Em face dessas normas constitucionais, legais e normativas,
a identificação dos administradores responsáveis pelo SESC e pelo
SENAC sujeitos à inclusão no rol de responsáveis integrante da
prestação de contas deve ser encontrada nos respectivos
regulamentos, ao disciplinarem a utilização dos recursos
provenientes das contribuições compulsórias.
53.Ora, tanto o Regulamento do SESC (art. 38) como o do
SENAC
(art. 38) dispõem que as respectivas Administrações Nacionais
e Regionais têm a obrigação de apresentar “suas prestações de
contas relativas à gestão econômico-financeira do exercício
anterior”, cabendo aos Departamentos Nacionais (art. 17, alínea
“s”) e Regionais (art. 26, alínea “f”) prepará-las e submetê-las ao
Conselho Fiscal e ao Conselho Nacional ou aos Conselhos
Regionais, conforme o caso, cabendo a estes aprová-las (ou,
naturalmente, mandar refazê-las).
54.Ambos os Regulamentos (art. 12) estabelecem que as
Administrações Nacionais compreendem o Conselho Nacional
(órgão deliberativo), o Departamento Nacional (órgão executivo)
e o Conselho Fiscal (órgão de fiscalização financeira); e as
Administrações Regionais compreendem o Conselho Regional
(órgão deliberativo) e o Departamento Regional (órgão
executivo).
55.Os Conselhos Nacionais e Regionais, muito embora
constituam órgãos colegiados deliberativos, não praticam, strictu
sensu, atos de gestão financeira. Não praticam, diretamente, atos
que importem na utilização, guarda, gerência ou administração
dos recursos do SESC e do SENAC.
56.Esses colegiados, segundo os respectivos Regulamentos e
236
Regimentos, aprovam os orçamentos e suas alterações e
suplementações (sujeitos à aprovação final do Presidente da
República ou do Ministro de Estado a quem for delegada
competência para a prática desse ato), bem assim balanços e
prestações de contas, autorizam convênios, acordos e operações
imobiliárias etc., mas não realizam licitações, nem as dispensam,
não celebram contratos, não admitem empregados, não
ordenam despesas, não emitem cheques, não efetivam
aplicações das disponibilidades financeiras, não movimentam
contas bancárias.
57.Enquanto isso, aos Pres identes dos Conselhos
Nacionais do SESC e do SENAC e aos Presidentes dos
Conselhos Regionais compete: super intender a
administração dessas entidades; admitir servidores; contratar
locação de serviços dentro das dotações do orçamento;
abrir contas bancárias; movimentar fundos; assinar cheques;
autorizar a distribuição das despesas votadas em verbas
globais ; assumir , at iva e pass ivamente, encargos e
obrigações; encaminhar ao Tribunal de Contas a prestação
de contas etc. (Regulamento, art. 28, incisos I e II).
58.Tendo examinado detidamente a questão em foco,
a Assessora do Departamento Nacional do SENAC, Dra. Maria
Elizabeth Martins Ribeiro, lembra que o Conselho Nacional
“se reúne, via de regra, três vezes por ano”, que “90% de sua
competência é de natureza normativa ou legislativa” e que
“os 10% residuais são de atribuições relativas à fiscalização”.
Acrescenta, ainda, que “a função e os atos do Conselho
não são de administração e sim de fiscalização das ações
do órgão executivo, ou seja, os departamentos nacional e
regionais”, concluindo que “membro do conselho não exerce
a função de administrador ou dirigente e, por conseguinte,
não podem ser considerados como tal.”
237
59.Em suma, os membros dos Conselhos Nacionais e Regionais
do SESC e do SENAC não exercem as atribuições a que se refere
o parágrafo único do art. 70, da Constituição, e, desse modo,
não têm a qualidade de administradores ou de qualquer outra
função que importe em responsabilidade pela utilização, guarda,
gerência ou administração de recursos públicos.
60.Por conseqüência, não se enquadram na figura dos
“administradores e demais responsáveis”, de que tratam o art. 5o,
inciso V, da Lei no 8.443/92 e a Instrução Normativa no 12/96, do
TCU, descabendo, portanto, incluí-los no rol de responsáveis, que
devem integrar as prestações anuais de contas do SESC e do
SENAC.
61.Nessas condições, caberia aos Srs. Diretores-Gerais do SESC
e do SENAC prestar à SFCI os esclarecimentos pertinentes e
diligenciar junto a esse órgão, no sentido de aclarar,
adequadamente, a matéria.
e) A Instrução Normativa no 02, de 20/12/00 da
Secretaria Federal de Controle Interno
62.A Instrução Normativa no 02, de 20/12/00, da Secretaria
Federal de Controle Interno, expedida com base nos dispositivos
legais e regulamentares que menciona, “estabelece normas de
organização e apresentação das tomadas e prestações de
contas dos gestores de recursos públicos e rol de responsáveis do
Poder Executivo Federal”, abrangendo, conforme dispõe, em seu
art. 5o, § 4o, “as prestações de contas dos órgãos e entidades
que arrecadem ou gerenciem contribuições parafiscais...”.
63.O objetivo da IN no 02, de 20/12/00, da SFCI, é o de facilitar
a elaboração das prestações anuais de contas dos
238
administradores e demais responsáveis dos órgãos e entidades
indicados em lei. A aplicação de suas normas ao SESC e ao
SENAC decorre, evidentemente, da obrigação legal dessas
entidades quanto à prestação de contas relativas aos recursos
provenientes das contribuições compulsórias.
f) A apresentação de declaração de rendimentos e de
bens
64.No pertinente à exigência da SFCI relativa à
apresentação, pelos membros dos Conselhos Nacionais e
Regionais do SESC e do SENAC, tanto o Sr. Assessor Jurídico da
Direção-Geral do SESC, no Parecer de 28/5/03, como a
Assessora Técnica do SENAC, Dra. Maria Elizabeth Martins
Ribeiro, entendem que a exigência encontra amparo no arts.
1o e 4o da Lei no 8.730, de 10/11/93, e no art. 104 da Lei no 8.443,
de 16/7/92 (Lei Orgânica do Tribunal de Contas).
65.A exigência, segundo esses pareceres, poderia ser
atendida na forma indicada no documento “Procedimentos
de Auditoria Externa - Âmbito de Atuação: Serviços Sociais
Autônomos”, item 1.4.10.5, isto é, mediante a apresentação,
apenas, do “recibo que comprove a entrega da declaração
de bens e renda - SRF”.
66.Não obstante a solução encontrada, cumpre-nos
ponderar que a exigência constante do art. 4o da Lei no 8.730/93
- juntada à prestação de contas de cópia da declaração
de rendimentos e bens - viola as garantias constitucionais
da inviolabilidade da vida privada e do sigilo de dados (CF,
art. 5o, incisos X e XII), matéria que tivemos a oportunidade
de desenvolver em palestra proferida no Conselho Técnico
desta Confederação (in “Carta Mensal” no 478, vol. IV, de
janeiro de 1995).
239
67.O inciso XII do art. 5o da C.F. admite a quebra do sigilo de
dados, mas, apenas, “por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal.”
68. Além disso, o art. 145, § 1o, in fine, da Constituição, faculta,
tão-somente à administração tributária, “identificar, respeitados
os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas dos contribuintes.”
69.Talvez por isso, o art. 104 da Lei no 8.443/92 tenha dado novo
tratamento à matéria para restringir a obrigação em tela à remessa,
ao Tribunal de Contas da União, de “cópia das suas declarações
de rendimentos e bens”, mas, tão-somente, “por solicitação do
Plenário ou de suas Câmaras”, norma essa que, desse modo,
derrogou a disposição anterior, da Lei no 8.730/93, quanto à juntada
desse documento à prestação de contas, que tramita por diversos
órgãos e é manuseada por numerosos servidores, ensejando não só
a violação das garantias constitucionais, mas também o
enquadramento de todos eles nas prescrições da lei penal, na
hipótese de ocorrer algum “vazamento” de dados constantes de
tais declarações.
70.Em tais condições, a forma encontrada pela SCFI, para dar
cumprimento à exigência legal, ou seja, a juntada às prestações de
contas do comprovante da entrega da declaração à Secretaria
da Receita Federal, atende aos objetivos da legislação, respeita as
garantias constitucionais e protege os próprios servidores dos órgãos
do Sistema de Controle Interno e do Tribunal de Contas da União.
71.Assim, se novas exigências vierem a ser formuladas aos
dirigentes e conselheiros do SESC e do SENAC, deverão ser oferecidas
as devidas informações e ponderações, cabendo, se persistirem, o
recurso à via judicial.
240
g) As exigências feitas ao SESC e consideradas “incabíveis”
72.Consoante o Parecer da digna Assessoria Jurídica do SESC,
foi exigida, àquela entidade, a apresentação dos seguintes
documentos:
a) “cópia do documento relativo ao estudo para criação
da unidade de Auditoria Interna, conforme determina o Decreto
no 3.591, de 6/9/00”; b) “Fluxo de recursos do Tesouro;
Consistência na Programação das Fontes de Receita e na
Programação das Despesas”; c) “Gestão de Recursos Humanos:
pessoal efetivo e atuação disciplinar; d) Gestão Operacional:
Prioridades e Diretrizes da Gestão; Vinculabilidade com as
Políticas Públicas; Metas Operacionais de Gestão”; e) Gestão
de Suprimentos de Bens e Serviços: contratos e comprovantes
de que os contratados não se encontravam em débito para
com a seguridade social, quando da celebração dos respectivos
termos, art.195, § 3o, da C.F.
73.No que tange à “cópia de documento relativo ao estudo
para criação da unidade de Auditoria Interna, conforme
determina o Decreto no 3.591/00”, parece tratar-se de solicitação
anterior à expedição do Decreto no 4.440, de 25/10/02, que deu
novo tratamento à matéria.
74.De qualquer forma, cabe ao SESC informar que os estudos
pertinentes estão sendo realizados em torno da matéria, a qual
depende de decisão superior, isto é, do respectivo Conselho
Nacional, competente para introduzir alterações no Regimento
dessa entidade.
75.Quanto às demais exigências, é fácil notar que se trata
de equívocos, porquanto dizem respeito a documentos próprios
de órgãos públicos, mas inexistentes em entidades privadas,
241
cabendo ao SESC apresentar as devidas ponderações.
IX
AS CONCLUSÕES
76.Em face do exposto, conclui-se, resumidamente, que:
1o) o SESC e o SENAC são pessoas jurídicas de direito privado,
definidas, na doutrina, como entidades paraestatais, constituídas
com a finalidade de exercer atividades de interesse social, nas
áreas da formação profissional e dos serviços sociais, em benefício
dos empregados no comércio de bens e serviços;
2o) as contribuições ao SESC e ao SENAC não são tributos em
sentido técnico, mas constituem espécies do gênero contribuição,
têm a natureza das contribuições sociais, mas de configuração
especial e existência autônoma, em relação ao Sistema de
Seguridade Social e ao Sistema Tributário Nacional, como
constitucionalmente organizados, e integram o campo mais
abrangente da parafiscalidade, destinando-se ao financiamento
dos serviços sociais autônomos;
3o) o art. 240 da Constituição deu adequada base à
legislação ordinária concernente às contribuições compulsórias
ao SESC, SENAC, SESI e SENAI e as excluiu do Sistema de
Seguridade Social, permitindo, assim, a manutenção de uma
sistemática montada há mais de meio século, com expressivo
proveito para os trabalhadores das classes dos comerciários e
dos industriários e para todo o setor comercial e industrial de nosso
País;
4o) o SESC e o SENAC estão sujeitos, ex vi do disposto no art.
70, parágrafo único, da Constituição, com a redação dada pela
242
Emenda Constitucional no 19, de 4/6/98, à jurisdição do
Tribunal de Contas da União;
5o) compete ao Tribunal de Contas da União, ex vi do citado
dispositivo constitucional e dos arts. 5o, inciso V, 6o e 7o da Lei no
8.443, de 16/7/92, apreciar e julgar as contas dos “administradores
e responsáveis do SESC e do SENAC”;
6o) cabe aos órgãos competentes do Sistema de Controle
Interno do Poder Executivo federal, ex vi do disposto no art. 74 da
Constituição e arts. 20, inciso II, e 24, incisos VI e VII, da Lei no 10.180,
de 6/2/01, “comprovar a legalidade” e “avaliar os resultados” (à
luz das diretrizes gerais de ação e dos orçamentos anuais) da
“aplicação dos recursos” geridos pelo SESC e SENAC, incumbindo
aquele órgão público, para tal fim, “realizar auditoria”;
7o) nas contratações relativas a obras, serviços, compras,
alienações e locações, o SESC e o SENAC devem observar,
estritamente, as normas de seus Regulamentos de Licitações e
Contratos;
8o) as exigências da Secretaria Federal de Controle Interno
devem ser examinadas, caso a caso; se procedentes, deverão
ser atendidas; se consideradas exorbitantes, caberá a
formulação dos devidos esclarecimentos ou justificativas,
mediante ofício circunstanciado dirigido àquele órgão,
conforme orientação constante do Ofício 459/2003/GAB/
CGU-RJ/CGU-PR, do Sr. Chefe da Controladoria-Geral da
União no Estado do Rio de Janeiro;
9o) muitas dessas questões têm sido resolvidas por um grupo
informal de representantes das entidades do “Sistema S” e da
SFCI, sistemática essa que merece amplo apoio das Direções-
Gerais do SESC e do SENAC:
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10o) a Secretaria Federal de Controle Interno dispõe de
competência, ex vi dos supratranscritos arts. 20, inciso II, 24, incisos
VI e VII, e 26 da Lei no 10.180/01, para realizar auditoria sobre a
gestão dos recursos do SESC e do SENAC provenientes das
contribuições compulsórias, inclusive requisitando informações,
dados ou documentos pertinentes à gestão financeira dessas
entidades;
11o) os preceitos dos Decretos ns. 3.589/00 (Sistema de
Contabilidade Federal), 3.590/00 (Sistema de Administração
Financeira Federal) e 3.591/00 (Sistema de Controle Interno) têm
como destinatários os órgãos públicos, não obrigando o SESC e o
SENAC, que não integram a Administração Pública e têm
personalidade jurídica de direito privado;
12o) a nova redação dada ao caput e a inclusão de dois
parágrafos no art. 15 do Decreto no 3.591/00 decorreu, ao que se
informa, de amplos entendimentos e, mesmo, de consenso entre
representantes do SESC, do SENAC, do SESI e do SENAI e
autoridades governamentais e, assim, revela-se ultrapassada a
controvérsia em torno da questão;
13o) cabe às Direções-Gerais do SESC e do SENAC
providenciar a criação das unidades de auditoria interna,
mediante alteração dos respectivos Regulamentos, por decreto
do Poder Executivo Federal, ou Regimentos, por resoluções do
Conselho de Representantes da CNC e Conselhos Nacionais
daquelas entidades;
14o) a Instrução Normativa no 12, de 24/4/96, do Tribunal de
Contas da União foi expedida no exercício de competência que
lhe foi atribuída por lei e disciplina matéria de sua expressa
competência constitucional, impondo-se seu total acatamento
pelo SESC e pelo SENAC;
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15o) a enumeração constante da IN no 12/96, do TCU, não
esgota a relação de administradores responsáveis obrigados à
prestação de contas, mas, de outro lado, não envolve quem,
inobstante a denominação do cargo ou função de que seja
titular, não pratique ato que importe na utilização, guarda,
gerência ou administração de recursos públicos; daí a cláusula
“quando cabíveis”, constante do caput do art. 10 daquela
Instrução;
16o) a identificação dos administradores responsáveis do SESC
e do SENAC sujeitos à inclusão no rol de responsáveis integrante
da prestação de contas deve ser encontrada nos respectivos
regulamentos, ao disciplinarem a utilização dos recursos
provenientes das contribuições compulsórias;
17o) os membros dos Conselhos Nacionais e Regionais do SESC
e do SENAC não exercem as atribuições a que se refere o
parágrafo único do
art. 70, da Constituição, e, desse modo, não têm a qualidade
de administradores, nem exercem qualquer outra função que
importe em responsabilidade pela utilização, guarda, gerência
ou administração de recursos públicos, e, por conseqüência, não
se enquadram na figura dos “administradores e demais
responsáveis”, de que tratam o art. 5o, inciso V, da Lei no 8.443/92
e a Instrução Normativa no 12/96, do TCU, descabendo, portanto,
incluí-los no rol de responsáveis, que devem integrar as prestações
anuais de contas do SESC e do SENAC;
18o) a exigência da SFCI relativa à apresentação de cópia
de declaração de rendimentos e bens, pelos membros dos
Conselhos Nacionais e Regionais do SESC e do SENAC, encontra
amparo no art. 1o da Lei no 8.730, de 10/11/93, e no art. 104 da Lei
no 8.443, de 16/7/92 (Lei Orgânica do Tribunal de Contas) e poderia
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ser atendida na forma indicada no documento “Procedimentos
de Auditoria Externa - Âmbito de Atuação: Serviços Sociais
Autônomo”, item 1.4.10.5, isto é, mediante a apresentação,
apenas, do “recibo que comprove a entrega da declaração de
bens e renda - SRF”;
19o) o art. 104 da Lei no 8.443/92 deu novo tratamento a essa
matéria, para restringir a obrigação em tela à remessa, ao Tribunal
de Contas da União, de “cópia das suas declarações de
rendimentos e bens”, mas, tão-somente, “por solicitação do
Plenário ou de suas Câmaras”, norma essa que derrogou a
disposição anterior, da Lei no 8.730/93, quanto à juntada do citado
documento à prestação de contas, que tramita por diversos
órgãos e é manuseada por numerosos servidores, ensejando não
só a violação das garantias constitucionais, mas também o
enquadramento de todos eles nas prescrições da lei penal, na
hipótese de ocorrer algum “vazamento” de dados constantes
de tais declarações;
20o) as demais exigências da SFCI podem ser objeto de
esclarecimentos a serem prestados àquele órgão pelo SESC e
pelo SENAC.
É o nosso parecer,
S.M.J.
À consideração do Senhor Presidente.
Rio de Janeiro, 09 de julho de 2003.
CID HERACLITO DE QUEIROZ
Consultor Jurídico da Presidência da CNC