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COOPERAÇÃOE

PARCERIA

Antonio Oliveira Santos

Confederação Nacional do Comércio - 2004

Santos, Antonio Oliveira. Cooperação e Parceria / AntonioOliveira Santos. Rio de Janeiro; CNC, 2004p. 245

1. Comércio - Brasil. 2. Brasil - aspectoseconômicos. 3. Brasil - aspectos políticos. 4.Brasil - Aspectos Sociais. I. Título.

APRESENTAÇÃOOs temas tratados nos artigos que compõem este livro -

“Cooperação e Parceria” - são o reflexo dos problemas nacionais

mais relevantes, dos quais procuramos tratar com uma visão crítica

construtiva, dentro do contexto da cooperação e colaboração

que o setor empresarial privado vem procurando manter em suas

relações com o Governo.

O ano de 2003 foi um ano de frustrações, com queda de 0,2% do

PIB nacional, resultado certamente vinculado às atribulações do ano

2001, como a crise de energia elétrica, a retração econômica da

Argentina e a conjuntura de incertezas advinda das ações terroristas

nos Estados Unidos, assim como o segundo semestre de 2002, no plano

interno, foi afetado pelas inquietações da campanha eleitoral. Mas o

ano de 2004 marcou o início da retomada do crescimento econômico.

A firmeza com que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem

administrando a política econômica, principalmente a política fiscal,

em conformidade com os termos do Acordo firmado com o Fundo

Monetário Internacional, restituiu a confiança dos investidores,

nacionais e estrangeiros. Os resultados da balança comercial, muito

acima das previsões mais otimistas, foram altamente favorecidos pela

expansão das exportações brasileiras para os novos mercados, com

destaque para a China, a Argentina, o México e o Oriente Médio.

A inusitada expansão das exportações brasileiras produziu

um extraordinário aumento da renda do setor agrícola, com

reflexos positivos nas atividades comerciais e na produção

industrial, assim como na redução do desemprego e da melhoria

dos níveis de renda dos trabalhadores. Ao que tudo indica, o ano

de 2004 vai refletir todos esses eventos favoráveis e, possivelmente,

poderá representar o ponto de partida para um novo círculo

virtuoso de desenvolvimento sustentável.

ANTONIO OLIVEIRA SANTOS

Presidente da

Confederação Nacional do Comércio

Essa mudança positiva no rumo das atividades econômicas,

entretanto, não afasta inteiramente as preocupações derivadas

da excessiva carga tributária que pesa sobre o setor produtivo e

dos elevados juros que oneram, principalmente, as operações

de financiamento do capital de giro nas empresas. Há, entretanto,

uma grande esperança na comunidade nacional de que o

Governo, com o tempo necessário, poderá reduzir as dimensões

do Estado e orientar a política fiscal com o sentido de estimular o

crescimento econômico e a geração de emprego.

Paralelamente, o setor empresarial está empenhado em participar

ativamente, com os trabalhadores e o Governo, das transformações

exigidas pela modernização dos sistemas sindical e trabalhista. São

dignos de registro, os notáveis avanços alcançados nessas áreas. Resta

assinalar as inquietações que, vez por outra, assaltam os meios

empresariais e trabalhistas, com o anúncio de intenções manifestadas

por algumas autoridades do Governo e do Legislativo, em relação ao

Sistema S. No primeiro capítulo desta publicação, está explicita a firme

defesa com que a Confederação Nacional do Comércio, juntamente

com as demais Confederações patronais, vem realizando em favor

da preservação do Sistema e das conquistas obtidas, há quase seis

décadas, na melhoria das relações entre o capital e o trabalho.

Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2004

SUMÁRIO

O SISTEMA S

O SESC e o SENAC 11

A Vocação do Sistema S 15

POLÍTICA ECONÔMICA

Política Econômica 21

A Chave do Crescimento Econômico 25

A Salvação da Lavoura 29

A Hora e a Vez do Brasil 33

Os Rumos da Economia Nacional 37

Subsídios Agrícolas e Distorções 39

Objetividade e Subjetividade 43

Euforia 47

Enfoque Errado 49

QUESTÕES TRIBUTÁRIAS

Da Lógica Tributária 55

A COFINS e os Serviços 57

Fim do Crediário para Baixa Renda? 61

Escárnio Tributário 65

Ameaça à Vista 69

Um Salto no Escuro 73

Receita Amarga 77

A Reforma do Estado 79

O Pacote Azul 81

Violência Contra os Conselhos de Contribuinte 85

COMÉRCIO EXTERIOR

Retomada do Mercosul 91

Urgência para a Política Portuária 97

Ameaçada a Modernização dos Portos 101

ECONOMIA INFORMAL

Entraves da Burocracia - I 107

Entraves da Burocracia - II 109

Entraves da Burocracia - III 111

Entraves da Burocracia - IV 113

O Comércio Informal 115

Corrupção 119

Um Alerta sobre a Burocracia 123

PRONUNCIAMENTOS

Almoço da Diretoria com o Secretário de Relações doTrabalho, Osvaldo Martines Bargas 129

Almoço da Diretoria com o Ministro do Trabalho eEmprego, Ricardo Berzoini 135

Almoço da Diretoria com o Ministro das Comunicações,Eunício Oliveira 139

Almoço da Diretoria com o Presidente do SuperiorTribunal de Justiça, Ministro Edson Vidigal 143

92a Conferência da OIT 149

Inauguração do Centro de Convenções do SESC-DR-ES 153

Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-PR, Darci Piana 157

Almoço da Diretoria com o Presidente do Tribunalde Contas da União, Ministro Valmir Campelo 161

Posse do Presidente FECOMÉRCIO-RS, Flávio Sabbadini 167

Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-RJ, Orlando Diniz 171

Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-SC, AntonioEdmundo Pacheco 175

Almoço da Diretoria com o Presidente do TribunalSuperior do Trabalho, Ministro Vantuil Abdala 179

Inauguração do SESC-Pinheiros 185

Dia Mundial do Turismo 189

ANEXO

Parecer SESC/SENAC - CJ no 01/03 199

Dr. Cid Heráclito de Queiroz

Consultor Jurídico da Presidência

♦ O SESC e o SENAC

♦ A Vocação do Sistema S

O Sistema S

Capítulo 1

11

O SESC E O SENACJORNAL DO BRASIL - 20 DE SETEMBRO DE 2004

Disse, com toda a acuidade e objetividade, o Presidente Luís

Inácio Lula da Silva, em recente reunião, na cidade de Belo

Horizonte, que era sua determinação “defender a continuidade

do Sistema S”, reclamando por já ter ouvido vários parlamentares

proporem a sua extinção. S.Exa acrescentou: “Só poderia pensar

assim quem não conhecia por dentro os benefícios, sobretudo,

para as populações mais pobres, que fazem um curso profissional

no SENAI. Só poderia tentar acabar com uma escola dessas quem

não conhecia, quem não sabia o que significava isso”.

De fato, algumas críticas têm sido feitas ao Sistema “S”, em

razão do absoluto desconhecimento quanto à natureza, às

finalidades, aos recursos e às realizações dessas entidades e outras

que integram o Sistema.

Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, Roberto

Simonsen, João Daudt de Oliveira e outros notáveis líderes do

empresariado levaram ao Presidente Getúlio Vargas a proposta da

criação de entidades destinadas a preparar os profissionais que seriam

indispensáveis para o desenvolvimento da indústria e do comércio

nacionais, de modo a acompanhar o incremento dessas atividades

em todo o mundo. Para custear as atividades dessas entidades, o

empresariado prontificou-se a pagar, mensalmente, uma

contribuição com base nos salários dos respectivos empregados.

12

Por decretos-leis baixados pelo Presidente Eurico Gaspar

Dutra, em 1946, foi atribuído à Confederação Nacional do

Comércio (CNC) o encargo de criar o SENAC, para organizar

e administrar escolas de aprendizagem comercial, e o SESC,

para planejar e executar medidas que contribuíssem para o

bem-estar social e a melhoria do padrão de vida dos

comerciários e de suas famílias, inclusive com realizações

educativas e culturais e pesquisas sociais e econômicas. Nas

justificativas desses decretos-leis, o Presidente Dutra destacou

que o Governo decidira adotar um “modelo descentralizado”,

mediante entes privados, com o concurso das entidades

representativas das classes dos comerciantes e “recursos

proporcionados pelos empregadores”. Seguia-se, assim, a

linha de atos do Presidente Vargas, que haviam criado, em

1942, o SENAI e o SESI. Portanto, desde a origem e como

reafirmado em preceito especial da Constituição de 1988, o

SESC e o SENAC, assim como as demais entidades do “Sistema

S”, são entidades privadas, financiadas com as contribuições

do empresariado nacional.

Alguns críticos desatentos imaginam que os recursos

destinados ao SESC e ao SENAC seriam públicos pelo fato de

serem cobrados de modo compulsório e recolhidos por

intermédio do INSS. Ora, esses detalhes não alteram a natureza

dos recursos dest inados ao SESC e ao SENAC. A

compulsoriedade, por si só, não transforma em tributo as

contr ibuições do empresariado, vinculadas aquelas

entidades, da mesma forma como ocorre com as

contribuições sindicais, as contribuições ao FGTS, os seguros

obrigatórios etc. O recolhimento é efetuado por intermédio

do INSS, como sucessor dos antigos Institutos e Caixas de

Previdência, na qualidade de mero agente arrecadador, que

é remunerado pela prestação desse serviço. Em lugar do INSS,

a arrecadação poderia ser efetuada pela Caixa Econômica

13

Federal, pelo Banco do Brasil ou por um banco privado. Os

recursos em foco provêm da classe empresarial, com

destinação específ ica ao SESC e ao SENAC, sequer

transitando pelas contas do Tesouro Nacional. São, por

conseguinte, recursos de origem privada, destinados a

entidades privadas, para aplicação em realizações em favor

da classe dos comerciários, que abrange todos quantos

desempenhem funções no comércio de bens e serviços e

turismo.

Ao longo de mais de quase sessenta anos, o SESC e o

SENAC vêm realizando uma obra extraordinária, seja no que

tange ao aprendizado e à formação de profissionais para as

atividades comerciais, seja no pertinente ao bem-estar social

da classe dos comerciários. O SESC está presente em 2.200

municípios, nos quais mantém 480 ginásios e centros

desportivos, 1.300 salas de aula, 31 centros educacionais, 154

bibliotecas, 120 auditórios e 38 colônias de férias, que são

usufruídas pelos comerciários e seus familiares. Por sua vez, o

SENAC funciona em 2.000 municípios, atendendo, em 2003, a

cerca de dois milhões de alunos, orientados por quinze mil

professores especializados, afora sessenta unidades móveis e

uma balsa que opera na região amazônica. Os 13

restaurantes-escolas do SENAC são famosos, seja pela

qualidade de suas refeições, seja pelo elevado nível de seus

cozinheiros, maitres e garçons. São famosos o do Pelourinho,

em Salvador, e os da R. Marquês de Abrantes e Av. General

Justo, no Rio de Janeiro, onde milhares de jovens se preparam

para o mercado de trabalho.

Aprofundando as suas atividades, o SENAC firmou uma

parceria com o Ministério da Defesa, para o desenvolvimento

do Projeto Soldado-Cidadão , destinado aos jovens recrutas,

de modo a que, ao final do período de prestação do serviço

14

militar, estejam preparados para o desempenho de alguma

profissão.

Em tais condições, as críticas à atuação do SESC e do

SENAC são totalmente improcedentes. O empresariado

nacional continuará a financiar a atuação dessas notáveis

entidades, que vêm prestando enorme contribuição classe

dos empregados no comércio de bens e serviços e turismo.

15

A VOCAÇÃO DO SISTEMA SJORNAL DO BRASIL - 6 DE OUTUBRO DE 2004

O Sistema S não poderia receber maior consagração do que

a referência feita pelo Presidente Lula, de forma autêntica e

espontânea, na abertura da Olimpíada do Conhecimento, em

Belo Horizonte, no dia 06 de agosto passado, afirmando que “o

que melhor aconteceu em minha vida foram os 15 meses que

passei fazendo o curso de torneiro mecânico no SENAI” ! Ao

defender a continuidade do Sistema S, que inclui SESI/SENAI, SESC/

SENAC, SENAST/SENAT e SENAR, criados a partir de 1942, desde o

Governo Getúlio Vargas, o Presidente Lula condenou as propostas

cogitadas por alguns parlamentares, no sentido da extinção do

Sistema, declarando:“Só pensa assim, disse o Presidente, quem

não conhece, por dentro, seus benefícios, sobretudo para as

populações mais pobres que freqüentam seus cursos. Nós

poderíamos democratiza-lo mais e amplia-lo. Podemos fazer

ajustes. Quem sabe, um dia, tenhamos condição de fazer alguma

coisa melhor. Queira Deus que a nossa inteligência permita, um

dia, termos Centros de Formação melhores, mais eficazes e mais

capazes que o SENAI. Hoje, não temos, nem de perto. Portanto,

se não temos o que colocar no lugar, não vamos mexer no que

está funcionando e funcionando bem”.

A criação do Sistema S constitui justo orgulho das classes

produtoras, que não aceitam, de modo algum, as propostas de

profundas alterações de suas regras, sob o equivocado

16

argumento de que seus recursos teriam natureza tributária, seriam

pagos pelos consumidores e, finalmente, arrecadados pelo INSS.

Esses argumentos não encontram fundamentação jurídica, nem

correspondem à verdade histórica dos fatos.

O SENAI e o SESI (1942), na indústria, assim como o SESC/

SENAC (1946), no comércio, foram criados por iniciativa dosempresários nacionais. Suas origens remontam ao período da II

Grande Guerra, quando o Brasil se deu conta de que o mundo

estava diante de uma segunda Revolução Industrial, comandada

pelas inovações tecnológicas, que iriam requerer grandes

contingentes de mão-de-obra qualificada, inexistente no

mercado brasileiro. Impunha-se, pois, antecipar-se aos

acontecimentos e criar cursos de formação profissional,

assumindo, então, o empresariado um compromisso que deveria

caber ao Governo, mas para o qual o Governo não estava

preparado.

Essas idéias foram consagradas e consolidadas na histórica

Carta da Paz, de 1946, aprovada em memorável reunião das

classes produtoras - a I CONCLAP - realizada em Teresópolis, há

quase 60 anos.

Foram os empresários privados, sob a liderança de Roberto

Simonsen e João Daudt de Oliveira, que levaram ao Presidente

da República a proposta de criação das mencionadas entidades,

fora do contexto estatal, financiadas por contribuições dosempregadores e que, portanto, nada têm a ver com a natureza

tributária dos impostos, taxas e contribuições integrantes dos

orçamentos públicos, inclusive as que constituem as receitas do

sistema da Previdência Social. Esses recursos, por conveniência,

têm sido arrecadados pelo INSS, que recebe por esse serviço uma

comissão de 3,5%, caracterizando, claramente, sua função de

mero intermediário. Tais contribuições poderiam, inclusive, ser

17

arrecadadas diretamente ou por intermédio de uma instituição

bancária.

Resta a questão da compulsoriedade do recolhimento da

contribuição em foco, que se justifica pela grandeza e pelas

dimensões do projeto de formação profissional e de assistência

social a que se propunham os empresários. O sentido dessacompulsoriedade é exatamente o mesmo que presidiu a criaçãodas contribuições sindicais, em favor dos sindicatos dostrabalhadores e das classes patronais. Admitir que esses recursos

tenham natureza tributária não faz sentido, tanto assim que a

Constituição Federal claramente os diferenciou, conforme se vê

de seus artigos 8o e 240. Isso não exclui sua fiscalização por parte

do Governo e dos trabalhadores, que possuem representantes

nos Conselhos Fiscais, assim como nos Conselhos Nacionais e nos

Conselhos Regionais dessas entidades. Ademais, todas elas

prestam contas, regularmente, ao Tribunal de Contas da União

e, mais recentemente, todos os seus atos de gestão orçamentária,

financeira e patrimonial passaram a ser submetidos a auditorias

regulares dos órgãos de controle interno do Governo Federal.

Qualquer ingerência no Sistema S, sob o pretexto de interferir

em sua gestão, face ao montante e à natureza dos recursos que

administra, representará uma quebra dos princípios estabelecidos

nas leis que lhe deram origem, consolidados em dispositivo inserido

na Constituição Federal de 1988. É evidente que tal proposta

encerra inegável responsabilidade, eis que poderá representar a

destruição de um eficiente modelo de interação dos interesses

do capital e do trabalho, único no mundo, que vem funcionando,

exemplarmente, sem interrupção, ao longo de várias décadas,

propiciando - como é o caso do SENAI e do SENAC -, cursos de

treinamento e formação profissional, pelos quais passam,

anualmente, mais de 5 milhões de jovens desejosos de ingressar

no mercado de trabalho, além da assistência social, no campo

18

do lazer, da saúde e da educação, realizada através do SESI e

do SESC.

Estejam certos os adversários do Sistema S, muitos deles

movidos pelo ávido interesse de participar da administração dos

recursos arrecadados, que o setor privado irá defender com vigoreste sistema, eis que representa, antes de mais nada, os interesses

dos trabalhadores nacionais e uma das conquistas mais sólidas e

eficazes na construção de uma harmoniosa relação entre o

capital e o trabalho.

Capítulo 2

Política Econômica♦ Política Econômica

♦ A Chave do Crescimento Econômico

♦ A Salvação da Lavoura

♦ A Hora e a Vez do Brasil

♦ Os Rumos da Economia Nacional

♦ Subsídios Agrícolas e Distorções

♦ Objetividade e Subjetividade

♦ Euforia

♦ Enfoque Errado

21

POLÍTICA ECONÔMICAJORNAL DO COMMERCIO - 18 DE MAIO DE 2004

A condução da política econômica desenhada pelos

governos gira em torno de umas tantas variáveis como a taxa

de juros, o sinal do balanço de pagamentos, a taxa de

inflação, o superávit ou déficit das contas públicas e o

câmbio. São elas que fundamentam, através de

permutações, a moldura macroeconômica dentro da qual

os negócios da economia se processam.

Dessas variáveis macroeconômicas, duas são as que,

neste momento, chamam mais a atenção como empecilho

ao tão esperado “espetáculo do crescimento”. A taxa de

juros, cujo nível está entre os mais altos do planeta, e o

superávit primário da ordem de 4,5% do Produto Interno Bruto

(PIB), em face do compromisso assumido com o Fundo

Monetário Internacional (FMI) indispensável para garantir a

credibi l idade externa da Nação perante as f inanças

internacionais.

Em contraste, os bons resultados alcançados no balanço

de comércio pela conjugação feliz da taxa flutuante de

câmbio com a conjuntura mundial favorável aos

agronegócios fazem do setor externo uma fonte importante,

de crescimento econômico, ainda que insuficiente.

22

Para as autoridades monetárias a administração da taxa

básica de juros está vinculada ao comportamento da taxa

inflação, o que parece não fazer muito sentido, tendo em

vista a substancial diferença que existe entre essa taxa e as

taxas bancárias e do mercado de capitais. Para os

empresários, a queda da taxa básica tem outra razão de ser,

pois, em verdade a queda da taxa Selic só indiretamente

estimula a atividade econômica, na medida em que reduz

no orçamento público a quantia necessária para fazer face

ao serviço da dívida, liberando assim recursos líquidos para

invest imentos. Numa visão de médio prazo permit i r ia

recuperar, ao menos parcialmente, a capacidade

governamental de investir.

A taxa de juros que de imediato interessa ao

empresariado é a taxa na ponta do tomador, sobre a qual

incidem os custos da atividade bancária, tais como tributos

(IOF, CPMF, PIS/COFINS, CSLL) e depósitos compulsórios, o peso

da inadimplência, a falta de garantias legais para cobrir o

risco de crédito, e o próprio lucro dos bancos. Sem a redução

de alguns desses elementos que formam o “spread” bancário,

isto é, a diferença entre as taxas de captação e as taxas de

empréstimo, a queda da Selic tem pouca influência sobre a

reativação dos negócios de curto prazo.

Mais importante que a redução, ainda que substancial,

da taxa Selic, para o crescimento econômico e a pronta

reativação do nível de emprego seria a recuperação da

capacidade de investimento do Estado. Essa é a intenção

da proposta feita pelas autoridades brasileiras ao FMI, para a

adoção de um novo conceito de superávit primário, que

exclui as despesas de investimento em infra-estrutura. Afinal,

em tempos passados o investimento público era o grande

motor do crescimento econômico.

23

Contudo esse novo conceito de superávit primário, ainda que

adotado em caráter experimental, exigiria, em troca, um

remanejamento global dos orçamentos públicos. A dúvida que

persiste é se, mantido o nível de superávit primário em 4,5%,

indispensável para conter a explosão do endividamento público,

como ficaria o remanejamento de verbas que, em sua maioria,

correspondem a despesas rígidas e, portanto, de difícil redução.

Como existe óbvia complementaridade entre os

investimentos que formam a infra-estrutura econômica de um país

e os investimentos privados, orientados diretamente para a

produção de bens e prestação de serviços, é fundamental que

as decisões de investimento estejam bem articuladas, não só entre

o setor público, em seus distintos níveis de administração, como

entre este e o setor privado.

Em definitivo, as manifestações da vida econômica se

passam em nível micro, nos estabelecimentos rurais, nas

fábricas, nas lojas comerciais e nos escritórios das profissões

liberais. Isso supõe uma eficiente administração dos recursos

gerados pela reorientação orçamentária, para que os

investimentos em infra-estrutura resultem na complementaridade

almejada.

25

A CHAVE DO CRESCIMENTOECONÔMICO

JORNAL DO BRASIL - 18 DE MAIO DE 2004

Apesar de anunciado, o espetáculo do crescimento não

aconteceu. O crescimento não é somente o produto da

vontade isolada de um governante. Resulta de uma série de

fatores que, interligados, produzem um circulo virtuoso, em que

cresce a demanda de bens de consumo, em seguida de bens

de capital (investimentos), que geram renda, que gera

consumo, etc.

Um dos maiores economistas do nosso tempo, Schumpeter,

desenvolveu uma teoria segundo o qual tudo começa com

uma onda de invenções, que se transformam em inovações

(novos produtos) através de investimentos novos, que criam

empregos e geram renda, pondo em marcha o processo do

crescimento. Outro economista clássico, não menos notável,

Wicksell, colocou o processo sobre a base do crédito e da taxa

de juros. Segundo ele, quando a taxa de juros do mercado é

inferior à margem de lucro (também chamada “rendimento

marginal do capital), o investidor se anima e, no curto prazo,

utiliza capital de giro para rodar suas máquinas e, no longo

prazo, adquire novos equipamentos para ampliar sua

produção. O processo se exaure quando a margem de lucro

fica abaixo da taxa de juros, fechando o ciclo econômico.

26

O caso do Brasil, nos últimos anos, serve a todos esses

exemplos. No ano 2000, no auge das privatizações, entraram

no Brasil US$ 33,4 bilhões de dólares, investidos na ampliação

dos setores de infraestrutura, telecomunicações, energia,

transportes, diante da expectativa de expansão do mercado e

bons lucros. O PIB cresceu 4,4%. A crise de energia elétrica em

2001, o ataque terrorista aos Estados Unidos e a falência da

Argentina mudaram o rumo dos acontecimentos. Em 2002, a

campanha presidencial, o medo de uma vitória do PT e o

terrorismo eleitoral, no 2o semestre, afastaram os investidores, que

permaneceram retraídos em 2003, provocando recessão e

desemprego, com queda de -0,2% do PIB.

Chegamos a 2004, com uma interrogação sobre quais os

elementos que poderão impulsionar a economia: o crescimento

da economia americana ou a expansão da China, ambos

cercados de dúvidas e incertezas. Ao que tudo indica, como já

assinalamos anteriormente, o Governo brasileiro está apostando

na expansão do crédito para dar partida ao círculo virtuoso (o

espetáculo do crescimento), crédito diversificado para o

consumo, crédito para os investimentos, através do BNDES, do

Banco do Brasil e da Caixa Econômica, além das possibilidades

abertas pelo programa de Parceria Público-Privada (PPP). Até o

1o trimestre, nada disso aconteceu. Mas o clima de confiança

permanece, apesar dos acidentes políticos. E isso acontece

porque o crédito está irrigando a agricultura e as exportações.

Nos últimos doze meses, embora o financiamento bancário à

indústria tenha sido negativo (-0,2%), o crédito rural cresceu 28,8%%

e para pessoas físicas 18,5%. Nesse contexto, afigura-se importante

o modelo que o Governo pretende realizar, através da PPP, em

que os empresários com recursos disponíveis assumiriam a iniciativa

de grandes projetos de infraestrutura, enquanto o Governo

cobriria o risco do negócio, garantindo uma margem certa de

lucratividade. A implantação dessas operações vai depender do

27

chamado “contrato de gestão” e dos marcos regulatórios que

deverão assegurar maior grau de liberdade aos investidores

privados, além de superar os obstáculos que, sistematicamente,

estão sendo criados pelas autoridades ambientalistas, sem

qualquer preocupação com os problemas econômicos e sociais

do País.

É por aí, pela via do crédito e da regulamentação da PPP,

que podemos esperar algum crescimento do PIB, em 2004. Mas

não se pode esquecer o CUSTO BRASIL. Há muitos países

concorrendo com o Brasil na atração dos investimentos

estrangeiros, alguns com menos da metade da carga tributária

brasileira. Assim, não dá.

29

A SALVAÇÃO DA LAVOURAA GAZETA (VITÓRIA) - 25 DE MAIO DE 2004

A economia brasileira encontra-se, presentemente, numa

fase de baixa perspectiva, em que se destacam a recessão no

mercado interno, o elevado nível de desemprego e a queda do

salário real. O principal responsável por essa situação é o Estado,

que cresceu demasiadamente e, em conseqüência, impõe à

sociedade civil uma carga tributária insuportável.

O último relatório do FMI ressalta a vulnerabilidade fiscal do

Brasil. A maior parte da receita tributária é despendida com o

pagamento dos juros incidentes sobre a dívida pública e com os

quadros de pessoal dos três Poderes, das agências e demais

autarquias e fundações públicas. A dívida pública decorre,

basicamente, da política de juros altos, praticada pelo Banco

Central, para rolar a dívida, num círculo vicioso irracional.

As pessoas físicas e as médias e pequenas empresas sofrem

todo o peso da carga fiscal, da falta de crédito (o Governo

absorve todas as poupanças) e dos juros elevados. A saída para

a sobrevivência é uma espécie de reação civil à tributação

exagerada, aliada a uma burocracia infernal. Alguns deixam de

recolher os tributos, outros praticam a sonegação e outros mais

recorrem ao contrabando. As instituições financeiras e as grandes

empresas vivem num mundo à parte, realizando, de modo geral

lucros expressivos. Nesse grupo, encontram-se, também, as

30

empresas do setor agroindústria e as que se dedicam à

exportação, simplesmente porque pagam poucos impostos e juros

baixos. Disso tudo resulta que os ricos ficam cada vez mais ricos e

os pobres mais pobres.

A solução para esse problema não é fácil, porque envolveria

medidas drásticas e impopulares. Todavia, nem o Executivo, nem

o Legislativo, nem o Judiciário têm sensibilidade para adotar

medidas dessa natureza, sobretudo quando se trata de reduzir

as despesas e privilégios.

A receita, no entanto, é simples: reduzir à metade o número

de Ministérios, Secretarias e Agências; reduzir o número de

parlamentares federais e estaduais e o número de funcionários

dos respectivos gabinetes.

Nos Estados, as Assembléias Legislativas poderiam ser

reduzidas a um terço das dimensões atuais, até porque, sendo

menores, serão mais eficazes. A Constituição deveria estabelecer

um teto não só para remunerações, mas também para o número

de secretarias e outras entidades públicas.

Nos Municípios com menos de 100 mil habitantes, a Câmara

dos Vereadores deveria funcionar seis meses por ano,

restabelecendo-se a gratuidade dos mandatos, para que

reapareçam os vereadores realmente desejosos de prestar serviço

às comunidades e não interessados em empregos com boa

remuneração e pouco trabalho. Nos Municípios com mais de 100

mil e menos de um milhão de habitantes, o Legislativo deveria ser

limitado a 15 vereadores, com subsídio limitado a 30% dos subsídios

dos deputados estaduais.

O Judiciário, federal e estadual, merece uma reforma

estrutural de profundidade, a começar pela adoção das súmulas

31

vinculantes e pela simplificação do Código de Processo, como

os próprios Juízes aconselham. Os Juizados de Pequenas Causas

têm de ser ampliados, com funcionamento dia e noite e processo

oral. Para reduzir o número da causas trabalhistas, o sistema de

mediação e arbitragem tem que ser estimulado e expandido,

com um custo menor e maior rapidez nas decisões.

Entre outras medidas, o Sistema Tributário e o Sistema

Previdenciário deveriam ser pautados pelo modelo “Super

Simples”, pelo qual todas as empresas de pequeno porte

pagariam um tributo único, de 3% a 5% sobre o capital ou o

faturamento. Bastaria, para tanto, incluir, no atual Simples, todas

as empresas, inclusive as de serviços, cujo faturamento anual não

ultrapasse a algo como um milhão e meio de reais.

Seria uma verdadeira revolução e o Presidente Lula tem todas

as qualificações para liderá-la, com a ajuda dos empresários e

dos trabalhadores. Trata-se de salvar o Brasil da mediocridade.

Enquanto há tempo.

33

A HORA E A VEZ DO BRASILJORNAL DO COMMERCIO - 6 DE JUNHO DE 2004

A economia brasileira deu um salto de produtividades, nas

últimas décadas. Aprendeu a utilizar as novas conquistas da

tecnologia, redescobriu a agricultura, aprendeu a fazer

automóveis, caminhões, geladeiras, televisores, telefones e

celulares.

De longa data, a EMBRAPA vem liderando uma revolução

na agropecuária, desenvolvendo tecnologias de primeiro mundo,

na produção de soja, de algodão, na avicultura e na pecuária,

que hoje encontram amplas possibilidades nos mercados

internacionais. Os engenheiros da PETROBRÁS descobriram novas

formas de produção em águas profundas, multiplicando a

produção e exportando tecnologia. Nossos agrônomos

aperfeiçoaram as técnicas de cultivo do eucalipto e estão

transformando as áreas devastadas das antigas florestas em

fabulosas riquezas, no interior do País, onde vão sendo construídas

fábricas de celulose e papel, com investimentos de bilhões de

dólares e geração de milhares de empregos. Essa é uma

revolução que está desabrochando e se consolidando na

conquista dos mercados internacionais.

A agroindústria brasileira ganhou índices de competitividade

que superam, de longe, os países mais avançados, como os

Estados Unidos e os europeus. O mesmo ocorre na mineração. O

34

setor privado brasileiro está demonstrando uma capacidade

extraordinária de absorver as tecnologias mais avançadas. As

pesquisas que se desenvolvem em nossas Universidades, no

campo científico, estão em compasso com os centros mais

adiantados do mundo.

Por tudo isso, é lastimável ver o atraso no campo político, que

vai transformando o Estado paquiderme num obstáculo, num

constrangimento, numa trava ao desenvolvimento econômico e

social. Da burocracia à corrupção, criou-se uma barreira que

sufoca a iniciativa privada com os juros astronômicos e a maior

carga tributária do mundo. O desemprego e o empobrecimento,

abrigados na periferia das grandes metrópoles nacionais, geraram

o narcotráfico e a violência, no confronto com a corrupção policial.

É realmente lamentável a corrupção generalizada, que a

mídia divulga a cada dia. A impunidade é sua aliada, à espera

de que o Judiciário, esclarecido, ainda possa conter o crime

organizado, as fraudes e os desvios do dinheiro público.

Igualmente lamentável é o desrespeito à ordem pública e à

propriedade privada, que vem sendo acintosamente perpetrado

pelo MST e outros grupamentos ideológicos, que agem à sombra

da omissão das autoridades federais e estaduais, com o apoio

de setores da Igreja e organizações acumpliciadas à subversão

da ordem pública. A ecologia e a sadia proteção ao meio

ambiente estão sendo desvirtuadas por forças ainda não

inteiramente identificadas, que se opõem, sistematicamente, à

iniciativa privada. Em um dos nossos Estados, chegou-se ao

absurdo de proibir a plantação de eucaliptos, em outro se proíbe

o trânsito da produção nacional em direção aos portos de

exportação e em outros estão sendo criadas dificuldades enormes

à exploração dos recursos naturais, tudo em nome de uma

proteção ambiental mal definida, colocada a serviço de uma

ideologia burra e fanática.

35

Esta é a hora e a vez do Brasil libertar-se, definitivamente, de

atrasos e de privilégios. O Presidente Lula chegou ao Governo do

País em meio a esse embate colossal: de um lado, a iniciativa

privada e a inteligência nacional desenvolvendo novas

oportunidades e abrindo caminhos para o progresso e o

desenvolvimento; de outro lado, a burocracia, a ideologia e a

corrupção construindo barreiras, minando o potencial criativo da

economia nacional.

Nossas esperanças estão depositadas na capacidade de o

Presidente convencer e mobilizar as forças políticas e a vontade

nacional. O Presidente tem repetido à Nação que “chegou ao

Governo para mudar o nosso País”. Esta é a hora e a vez do Brasil.

37

OS RUMOS DA ECONOMIANACIONAL

A GAZETA (VITÓRIA) - 8 DE JUNHO DE 2004

Como é fácil verificar, com exclusão dos bancos, o único

setor da economia nacional que apresentou resultado

excepcional em 2003 foi o das exportações, incluindo as

commodities da agroindústria. O crescimento de 21,1% das

exportações foi fundamental para evitar uma crise de sérias

proporções, mas, mesmo assim, não impediu o desempenho

negativo do PIB (-0,2%).

Afora as exportações, outros indicadores da economia

apresentaram resultados pífios: o desemprego médio acima de

12% e a queda do salário real em 5,4% indicam o estado de

fraqueza da economia nacional, incapaz de levantar vôo com

as amarras de uma taxa de juros de mais de 40% para desconto

de duplicatas (capital de giro) e uma carga fiscal insuportável,

também caminhando para 40% do PIB, duas vezes mais alta que

a dos países emergentes que conosco concorrem nos mercados

internacionais.

A economia nacional estagnou há alguns anos e, desde

então, vai se configurando a impossibilidade de voltar a crescer

às taxas tradicionais, enquanto o País estiver subjugado à

ineficiência de uma política fiscal que subtrai 40% dos recursos

38

privados, para um serviço público precário, que não atende às

exigências mínimas em setores de saúde, educação, saneamento

e segurança pública.

Cabe repetir que, no Brasil, só encontram espaço para

crescer, afora os bancos, as grandes firmas do setor agropecuário

e da exportação, porque desfrutam de crédito a juros

internacionais e tributos várias vezes menores que os das empresas

voltadas para o mercado interno.

Some-se a tudo isso uma burocracia infernal e uma crescente

corrupção, para completar um diagnóstico de mediocridade e

de incapacidade. Por maior simpatia que tenhamos pela atual

Administração, não se pode fugir à evidente dificuldade para

administrar a dívida interna em preocupante expansão, sobre a

qual incidem juros anuais correspondentes a quase 10% do PIB. A

economia brasileira pode até crescer 3%, em um ano, mas será

um “vôo de galinha”. Dificilmente, terá sustentação.

Para realizar o “espetáculo do crescimento”, o Governo terá

que promover o desmonte deste Estado paquiderme, nos três

níveis de Governo, liberar as amarras do setor privado e do

mercado interno, combater a ignorância de uma pseudo política

ambiental, que se contrapõe, sistematicamente, aos avanços da

ciência e da tecnologia, e praticar uma “política externa de

resultados”, distanciada do atavismo terceiro-mundista.

Ninguém discorda que essa é uma tarefa extremamente difícil

e impopular que, além de coragem e determinação, vai requerer

o empenho de mais de uma administração. Mas é certo que se

não começarmos esse programa, o quanto antes, estaremos

condenando o País a um futuro medíocre.

39

SUBSÍDIOS AGRÍCOLAS EDISTORÇÕES

A GAZETA (VITÓRIA) - 9 DE JULHO DE 2004

David Ricardo, um dos expoentes da corrente de

pensamento econômico da Escola Clássica Inglesa do século XIX,

com a sua teoria das vantagens comparativas, recomendava a

especialização dos países nas atividades produtivas nas quais

seriam mais eficientes, daí resultando um ganho global para todos,

através do comércio internacional. Nos dias atuais, não há nada

mais distante das vantagens comparativas de Ricardo do que os

subsídios agrícolas que os países desenvolvidos concedem aos

seus produtores.

A concessão generalizada de subsídios feita por esses

governos aos seus agricultores e pecuaristas representa uma grave

distorção do comércio mundial, que atua em detrimento dos

países menos desenvolvidos..

A União Européia gasta em subsídios à agricultura algo em

torno de US$ 50 bilhões ao ano. Nos últimos 5 anos, os Estados

Unidos concederam US$ 13 bilhões em subsídios aos produtores

de algodão e US$ 3 bilhões em créditos aos exportadores de fibras.

Na atitude dessas duas potências econômicas, face ao tema

dos subsídios, a União Européia parece, neste momento, mais

40

flexível que os Estados Unidos. Cabe lembrar que a antiga Europa

dos 15 é, hoje, a Europa dos 25, em presença de um orçamento

comunitário que estabelece que o nível dos subsídios terá de ser

mantido constante até 2013. A presença de maior número de

comensais em torno da mesma mesa será forte elemento de

pressão, para alterar a “Política Agrícola Comum”.

Talvez seja por isso que a União Européia tenha enviado à

Organização Mundial do Comércio (OMC) proposta no sentido

da eliminação completa dos subsídios às exportações agrícolas,

sob a condição que os países que subsidiam esse comércio façam

o mesmo.

Em tese, ao menos, o representante do Comércio Exterior

dos Estados Unidos, ao referir-se aos três pilares do capítulo

agrícola das negociações, defende a eliminação dos subsídios à

exportação, redução substancial e harmônica dos subsídios

internos que distorcem o comércio e maior acesso a mercados.

O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas para

o Desenvolvimento (a sigla em inglês, UNCTAD), embaixador

brasileiro Rubens Ricupero tem dúvidas quanto ao avanço do

terceiro pilar, o do acesso a mercados, que implica reduzir tarifas

e eliminar cotas que impedem a venda de produtos agrícolas

dos países menos desenvolvidos.

Para o Brasil, a questão dos subsídios agrícolas nos países

desenvolvidos e os entraves postos ao acesso a esses mercados

tem sido, há muito, um dos pontos mais críticos martelados pela

nossa diplomacia, que sempre preferiu os acordos multilaterais a

negociações bilaterais. Mas a tarefa não é nada fácil.

Na Associação de Livre Comércio das Américas (ALCA) as

negociações para a formação do bloco estão travadas entre

41

Estados Unidos e Brasil, sobretudo pela questão do acesso dos

nossos produtos agrícolas de exportação ao mercado americano.

O tema é intrincado porque há inúmeros elementos em jogo.

Por exemplo, políticos das áreas rurais francesas e do meio oeste

americano resistem a alterar o atual estado de coisas, em defesa

dos seus constituintes, sem cujo voto não se elegem ou reelegem.

Para boa parte dos países europeus, a questão da eliminação

dos subsídios está voltada para mitigar a pobreza endêmica de

países da África e não, necessariamente, para economias

emergentes como a do Brasil.

E a decisão no sentido de maior ou menor avanço para

reduzir ou eliminar a distorção do comércio, depende de enorme

complexidade técnica a lastrear as negociações.

Por essas e outras razões, os progressos no domínio do

comércio internacional de produtos agrícolas e alimentos

industrializados serão muito lentos e jamais chegarão inteiramente

ao postulado de Ricardo.

43

OBJETIVIDADE E SUBJETIVIDADEJORNAL DO BRASIL - 4 DE AGOSTO DE 2004

A propensão a investir do empresário privado está

condicionada não só a fatores objetivos, como subjetivos.

Objetivamente, o que orienta a decisão do empresário é a

taxa de retorno, associada ao conceito de custos e benefícios.

Ao empresário que tem capital próprio se oferecem,

basicamente, duas alternativas: 1) comprar títulos de renda fixa

ou variável ou 2) investir em seus próprios negócios. É lógico que

o empresário somente optará pela hipótese dois, se a taxa

esperada de retorno (lucro), for superior ao rendimento da

hipótese um. O mesmo raciocínio se aplica ao caso em que o

empresário recorre ao crédito bancário: para ser

economicamente viável, o investimento deverá oferecer taxa de

retorno superior aos juros do financiamento.

Do ponto de vista subjetivo, como diz o ministro Delfim Netto,

é preciso que o empresário entre na onda do otimismo e acredite

que a economia vai crescer, o mercado vai expandir e que o

Governo não vai atrapalhar.

Existe, neste momento, uma séria preocupação com as

vulnerabilidades da economia nacional, principalmente no que

se refere ao equilíbrio das contas públicas e à administração da

dívida pública. Houve um momento em que essa vulnerabilidade

44

vinha da área externa, representando o risco derivado da

baixa relação exportações/dívida externa. Atualmente,

apesar da forte queda no ingresso de investimentos diretos,

o saldo da balança comercial é tão fortemente positivo que

dá para cobrir todo o déficit de serviços, representado pelas

remessas de juros e dividendos, transporte marítimo, viagens

e turismo, etc.

Mas a vulnerabi l idade das contas públ icas não

desapareceu, eis que a relação dívida pública/PIB pode ser

considerada altíssima, tendo em vista o prazo médio dos

vencimentos. Por outro lado, o Banco Central vem onerando

o Tesouro Nacional com juros que não encontram

explicação, a não ser um temor exagerado em relação à

inflação. Em um julgamento impiedoso e, quem sabe, até

mesmo injusto, pode-se argüir que o Banco Central tem sido

o algoz do Tesouro Nacional, de um lado sobrecarregando

a dívida pública, de outro inibindo o crescimento econômico.

O desequilíbrio das contas públicas está sendo tratado

por um falso ajuste fiscal. Nos últimos dez anos, o Governo

vem aumentando suas dimensões, com gastos crescentes,

que têm sido cobertos, sistematicamente, pelo aumento da

carga tributária, o que é, sem dúvida, um falso ajuste fiscal.

Mas esse não é um problema novo, vem de administrações

anteriores, e poderíamos dizer que as dificuldades estão

sendo bem administradas pelo Ministério da Fazenda.

Na medida, porém, que o Estado ocupa mais espaço

do setor privado, escasseiam os investimentos, tanto no setor

privado como no público. E aí se percebe que o investidor

tradicional, o empresário criativo, está investindo pouco,

porque, objetivamente não consegue margem de retorno

para seus investimentos e, subjetivamente, não acredita no

45

futuro, não confia na capacidade do Governo para

solucionar o desequilíbrio das contas públicas, sem oprimir o

setor privado.

Infelizmente, a maior vitima desse processo são os

milhões de trabalhadores que não encontram emprego no

mercado de trabalho e se afundam na informalidade,

objetiva e subjetiva.

47

EUFORIAA GAZETA (VITÓRIA) - 24 DE SETEMBRO DE 2004

Após registrar uma estagnação do PIB nacional, com uma

taxa média de 1,5% de expansão nos anos 2001 e 2002, e a queda

de -0,2% em 2003, a economia nacional entrou em um percurso

inesperado de crescimento no corrente ano de 2004. Em princípio,

a causa primária dessa expansão está no aumento das

exportações: 21% em 2003 e 33% de janeiro a julho do corrente

ano. Vários fatores concorrem para essa expansão: o sistema de

câmbio flutuante em vigor a partir de 1999, o aumento da

produtividade na agroindústria e, fundamentalmente, a

exuberante performance da China, a recuperação da Argentina

e as crescentes vendas para o Oriente Médio e para o México. A

forte expansão das exportações impulsionou o crescimento da

economia nacional.

Paralelamente, está acontecendo uma retomada no

mercado interno que tem tudo a ver com a atual política de

crédito, caracterizada pela expansão das operações rurais, no

Banco do Brasil, do crédito industrial no BNDES e no Banco do

Nordeste, assim como da expansão das operações da Caixa

Econômica.

O maior crescimento do crédito, 15% em doze meses, contra

uma inflação da ordem de 6,8%, no período, é um fator importante

no crescimento atual, aliado ao estimulo propiciado pelas

48

facilidades de financiamento ao consumo, tal como a

consignação em folha das prestações das vendas a prazo.

Ainda assim, há dúvidas sobre a sustentabilidade desse

crescimento, face ao esgotamento dos estímulos externos, a

começar pela queda dos preços derivada da perda de vigor no

comércio com a China e o esgotamento da Argentina. Entretanto,

é fora de dúvida que o impulso inicial provocou uma retomada

dos investimentos privados e do consumo, em geral, responsáveis

pela criação de mais de um milhão de empregos, nesse período,

acompanhada de alguma melhoria na recuperação dos salários.

A recuperação da Bolsa de Valores acompanha esse movimento.

Em contraposição ao desânimo de 2003, é evidente que a

situação atual é de justificada euforia, com perspectiva de

crescimento do PIB acima de 4,0%.

Mas não é por isso que vamos nos deixar levar por uma euforia

prematura, e esquecer do trabalho duro e sério que o País tem

pela frente.

49

ENFOQUE ERRADOA TARDE (BA) - 24 DE OUTUBRO DE 2004

Há uma forte corrente entre os economistas que não acredita

na eficácia das metas da inflação. Surgida na Nova Zelândia e

adotada em outros países, inclusive o Brasil, a meta constituiria

uma responsabilidade do Banco Central em não permitir que a

inflação ultrapasse determinado limite. Se a meta não for

alcançada, a diretoria do Banco Central pode ser demitida.

A meta da inflação não é um instrumento da política

monetária e, portanto, não representa uma estratégia de ação.

A meta é apenas um indicador, a ser perseguido, utilizando-se,

para tanto, os instrumentos clássicos: a taxa de redesconto, os

depósitos compulsórios e as operações de mercado aberto (open

market). A finalidade desses instrumentos é interferir na taxa de

juros do mercado e, através da taxa de juros, afetar o

comportamento dos preços. Juros altos equivalem a consumo e

investimentos baixos, e vice-versa. Essa é a rationale da política

monetária clássica.

Acontece que, na maioria dos casos, e principalmente no

Brasil, são as despesas do Governo que constituem o fator

preponderante na demanda agregada. Como o Governo, no

caso do Brasil, gasta, sistematicamente, mais do que arrecada, é

o Governo o responsável por uma permanente pressão

inflacionária. Daí que, no nosso caso, o mais importante é a política

50

fiscal. A política monetária vem a reboque, com a finalidade

principal de financiar o déficit público, ou seja, promover a

colocação de títulos do Governo e administrar a sua

renovação.

É evidente que a taxa de juros é uma var iável

fundamental no comportamento das at iv idades

econômicas. O que se questiona, porém, é que a taxa de

juros, no caso do Brasil, sofre uma influência preponderante

da política fiscal, e não da política monetária.

Assim sendo, a fixação de metas de inflação pelo Banco

Central perde o sentido prático, embora não se possa negar

que, efetivamente, exerce um efeito psicológico, de curto

prazo, sobre os operadores do mercado.

É importante lembrar que a inflação atual é, em grande

escala, condicionada aos choques de oferta e ao sistema

de reajustes automáticos dos contratos de serviços públicos,

um velho cacoete brasileiro, que descobriu a correção

monetária e o sistema generalizado de indexação. Atrelando

aos índices de preços, os salários, os impostos, as tarifas

públicas e a taxa de câmbio, cria-se um círculo vicioso que

tende a perpetuar a inflação, qualquer que seja a política

monetária ou fiscal. Foi o que aconteceu no Brasil, a partir

dos anos 60, levando a inflação brasileira a 2.700% no ano

1993, completamente fora de controle. O sistema de

indexação (correção monetária) pode ter sido de alguma

utilidade para a política fiscal, no início do programa. Depois,

e até 1994, foi simplesmente um desastre.

A experiência brasileira, vivida em várias oportunidades

em que foram tentados sucessivos planos de estabilização,

revela que a correção monetária, em um sistema automático

51

de indexação, escapa a qualquer controle. Dessa forma, é

da maior importância pautar os reajustes pelo núcleo da

inflação, eliminando as variações extremas, e não pelos

índices plenos ou cheios. Ao que tudo indica, especialmente

no caso brasileiro, a técnica de medir a inflação pelo núcleo

dos índices de preços daria resultados práticos muito mais

efetivos do que a filigrana das metas de inflação.

Questões Tributárias

Capítulo 3

♦ Da Lógica Tributária

♦ A COFINS e os Serviços

♦ Fim do Crediário para Baixa Renda?

♦ Escárnio Tributário

♦ Ameaça à Vista

l♦ Um Salto no Escuro

♦ Receita Amarga

♦ A Reforma do Estado

♦ O Pacote Azul

♦ Violência Contra os Conselhos de Contribuinte

55

DA LÓGICA TRIBUTÁRIAA GAZETA (VITÓRIA) - 6 DE DEZEMBRO DE 2003

Disse o Relator da Reforma Tributária, na Câmara dos

Deputados, que o sentido de transferir a competência do ICMS,

da origem para o destino, está em que “afinal, o imposto é pago

pelo consumidor e, pois, deve pertencer ao Estado de destino”.

Disse, também, endossando justificativa do Executivo, que a

transferência da contribuição patronal previdenciária (INSS), da

folha de salários para o faturamento, constitui “medida importante

para combater o desemprego”. Ambas as afirmações requerem

qualificação adequada, eis que, data vênia, estão equivocadas.

A repartição dos impostos, entre os entes da Federação,

deve obedecer a critérios que nada têm a ver com o

contribuinte de fato. Se o objetivo da tributação é, basicamente,

financiar a administração pública, é lógico que deva ser

distribuída de acordo e na proporção da participação de cada

unidade administrativa. No caso do ICMS, cobrado sobre a

circulação de bens e serviços, o custo da administração pública

se divide entre os Estados, produtor e consumidor, de acordo

com os gastos relativos à segurança pública, ao asfaltamento

das vias de transportes, à iluminação pública e ao saneamento

básico, à educação dos trabalhadores, etc. É fácil entender que

todos esses custos existem tanto na origem da produção (na

saída da fábrica), como na circulação e no destino final dos

bens e serviços.

56

O que se pode argumentar, racionalmente, é que se

justificam determinadas transferências de encargos da União para

os Estados ou dos Estados para os Municípios, no contexto de

uma reestruturação que vise descentralizar as decisões e a

aplicação dos recursos tributários.

A mesma objeção se coloca em relação à proposta de

transferência da contribuição patronal previdenciária da folha

de pagamentos para o faturamento. O que inibe um maior

emprego da mão-de-obra não é a base de cálculo, mas, sim, o

ônus total de sua contratação. Qualquer empresário sabe disso

e, pois, apenas “mudar o sofá de lugar” não vai alterar nada. Ou

melhor, vai aumentar a burocracia e reduzir a eficiência

administrativa, dificultando o trabalho das empresas e o controle

e fiscalização do INSS. O que equivale a dizer que essa proposta

foi elaborada sob motivação ideológica, sem maior avaliação e

não resiste à menor análise técnica.

Essas considerações reforçam a convicção de que a

proposta de reforma tributária contida na PEC no 41-A/2003 está

imperfeita, é desaconselhável e melhor seria que se restringisse

aos pontos de maior interesse da União e dos Estados, quais sejam

a prorrogação da DRU e da CPMF, assim como a repartição da

CIDE, entre a União, os Estados e os Municípios. O restante deveria

ser reexaminado, possivelmente com a participação de uma

comissão de especialistas de reconhecida competência em

matéria tributária.

57

A COFINS E OS SERVIÇOSJORNAL DO BRASIL - 10 DE FEVEREIRO DE 2004

A Confederação Nacional do Comércio - CNC, integrada à

Ação Empresarial, apoiou, no contexto de um amplo projeto de

reforma tributária, a eliminação da cumulatividade (efeito

cascata) da Contribuição para o Financiamento da Seguridade

Social (COFINS). Nesse contexto, a Medida Provisória no 135, de

30.10.03, agora transformada na Lei no 10.833, de 29.12.03,

introduziu, na legislação fiscal, regras para eliminar a

cumulatividade da COFINS, mas, ao mesmo tempo, aumentou a

carga tributária e a burocracia fiscal. Além de elevar a alíquota

da COFINS - de 3% para 7,6% -, a lei impôs, às empresas prestadoras

de serviços - salvo algumas exceções -, um inaceitável tratamento

discriminatório.

A não-cumulatividade da COFINS funcionará,

razoavelmente, para o setor industrial, que poderá descontar

créditos correspondentes aos insumos utilizados no processo

industrial, e para o comércio atacadista e varejista, que poderá

descontar créditos correspondentes ao valor das mercadorias

adquiridas para revenda. Entretanto, a nova COFINS não se ajusta,

de modo algum, às atividades do setor de serviços, que não utiliza

insumos, nem revende mercadorias. Por essa diferença essencial,

a Constituição limitou a incidência do ICM (parte do ICMS) à

indústria e ao comércio de bens e a do ISS (outra parte do ICMS)

ao setor de serviços.

58

Não dispondo, como a indústria e o comércio atacadista

e varejista, de créditos para descontar, não ocorrerá, em

relação às empresas prestadoras de serviços, a pretendida

não-cumulatividade Na realidade, a COFINS, incidindo sobre

a receita bruta, terá a natureza de um imposto sobre a renda

bruta, ou uma espécie de um segundo imposto de renda

(IR-2), com um aumento de 153% na alíquota. Por essa razão,

a CNC defendeu, junto ao Governo e ao Congresso

Nacional, a exclusão de todo o setor de serviços - e não

apenas de algumas atividades - da nova sistemática de

incidência da COFINS, com a manutenção da alíquota de

3% sobre o faturamento.

A CNC entende, outrossim, que o art. 30 da nova lei, ao

instituir a retenção, na fonte, da COFINS, da CSLL e da

Contribuição ao PIS, descontados do preço dos serviços

pagos por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas, importa

em quádrupla discr iminação: 1o) antecipação do

pagamento, ao contrário do que foi estabelecido para os

demais contr ibuintes; 2o) imposs ibi l idade prát ica do

desconto, sequer, dos mini-créditos referentes a despesas

com energia elétr ica, aluguéis etc; 3 o) aumento da

burocracia fiscal (escrituração específica, cálculo das

retenções, preenchimento de DARF’s, deslocamento

constante de funcionários à agência bancária para efetuar

os recolhimentos; 4o) prazo exíguo para recolhimento das

contribuições retidas; e 5o) aumento de custos.

Se essas distorções não forem reparadas com brevidade,

o empresariado do setor de serviços estará sendo induzido a

ingressar no Judiciário, com uma nova onda de dezenas e

centenas de milhares de ações, com base no princípio

constitucional da igualdade tributária (art. 150, II) e em face

da violação do art. 195, § 9o (uti l ização de al íquotas

59

diferenciadas para prejudicar e não para resguardar as

atividades econômicas do setor) e do art. 150, IV, da

Constituição (utilização de tributo com efeito de confisco) e

na tributação abusiva e discriminatória de um setor da

atividade econômica. O setor de serviços exige que as

incidências tributárias se ajustem, técnica e juridicamente,

às suas características essenciais.

61

FIM DO CREDIÁRIO PARA BAIXARENDA?

JORNAL DA TARDE - 7 DE JULHO DE 2004

A moeda é, como a bandeira, o hino e as armas da

República, um dos símbolos de todas as nações. Entre nós, o real

veio restabelecer a confiança do povo brasileiro na estabilidade

monetária, indispensável a toda a sociedade, sobretudo as

populações de baixa renda, que são as que mais sofrem os

nocivos efeitos da inflação, um verdadeiro tributo invisível.

O governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem

realizando um esforço na defesa da estabilidade da moeda

nacional. Paradoxalmente, medidas legislativas e administrativas

têm sido adotadas com o objetivo de reduzir a importância da

moeda nacional, substituindo-a, como meio de pagamento, por

cheque, cartões de crédito e débito, doc’s, ted’s etc.

Nesse contexto, o Congresso Nacional acaba de aprovar

Projeto de lei no 36/04, em que foi transformado a Medida

Provisória no 179, de 1/04/04, que altera a Lei 9.311, de 24/10/96,

relativa à CPMF, para criar a “conta corrente de depósito para

investimento”, cujos lançamentos a débito não sofrerão a

incidência dessa contribuição social. Esse projeto, que está sendo

submetido à sanção do Senhor Presidente da República, contém,

no entanto, nova e violenta agressão à moeda nacional, ao

62

mesmo tempo em que praticamente decreta o fim das vendas a

crédito às populações de baixa renda.

Com efeito, o arto 2o desse projeto de lei estabelece

penalidades (multas) pela inobservância das novas regras legais,

mas, em seu § 2o, prescreve, de modo obscuro, “a obrigatoriedadede crédito em conta corrente de depósito à vista do beneficiáriode valores correspondentes às seguintes operações:

“I - cobrança de créditos de qualquer natureza, direitos ou

valores, representados ou não por títulos, inclusive cheques:

II - recebimento de carnês, contas ou faturas de qualquer

natureza, bem como de quaisquer outros valores não abrangidos

no inciso I deste parágrafo.” (inciso anterior)

Tal preceito, como redigido, provocará, por certo, a

cessação das vendas do comércio varejista pelo sistema decrediário às populações de baixa renda, que não dispõem de

contas bancárias e efetuam em dinheiro o pagamento de suas

prestações.

Esse dispositivo, como é fácil ver, significa, simplesmente, o

absurdo inominável de proibir os pagamentos, em moeda

corrente, das prestações de crediário, obrigando que todas as

contas, pequenas ou grandes, sejam feitas em cheques cruzados

ou em depósito direto na conta de depósito do credor ou

vendedor. Significa, em verdade, negar o curso forçado damoeda nacional estabelecida na Constituição, o que constitui

contravenção penal punida pela artigo 43 da Lei de

Contravenções Penais.

Assim, os comerciantes, se receberem em dinheiro, as

prestações dos carnês dos crediários, sujeitar-se-ão a multas de

63

150% a 450%. Caso contrário, se não aceitarem o pagamento

em dinheiro, poderão ser tidos como contraventores.

Afora isso, o descumprimento, ainda que sem dolo, dessas e

outras normas do mencionado projeto de lei, caso venha a ser

sancionado, é punido com multas de 125%, 225%, 300% e 450%

(exclusiva das infrações às leis do imposto de renda),

verdadeiramente escorchantes e confiscatórias, sobretudo na

conjuntura atual, em que a moeda nacional se encontra

estabilizada, graças aos esforços do atual Governo, em especial

o Ministério da Fazenda e o Banco Central. O projeto não indica

a base de cálculo dessas multas. Sob o aspecto econômico,

nenhuma atividade comercial, industrial ou de serviços pode

alcançar margem de lucro que possibilite o pagamento de multas

de tal natureza. Nesse particular, o projeto de lei segue orientação

diametralmente oposta a do novo Código Civil, que reduziu de

20% para 2% a multa por atraso no pagamento de contribuições

condominais.

Por outro lado, a redução da incidência da CPMF sobre os

saques concernentes a investimentos financeiros (realizados pelas

classes mais abastadas) será socialmente injusta, na medida em

que, para o Fisco, a perda da respectiva receita será

compensada com uma receita muito maior (estimada no triplo

da perda) decorrente da utilização obrigatória de cheques ou

contas bancárias, em detrimento do uso da moeda nacional,

assim incidindo sobre a classe média e a classe de baixa renda.

Com a sanção desse projeto de lei, ganharão os investidores

do mercado financeiro (isenção de CPMF), as instituições

financeiras (maior volume de cheques e aumento das contas

bancárias) e a Receita Federal (aumento da receita da CPMF).

Sairão perdendo as populações de baixa renda e a classe

comercial.

64

Certamente, o texto aprovado escapou à devida análise

pelas assessorias dos Ministérios da área econômica e da área

social, pois não se pode acreditar que o Presidente da República

aprove medida tão absurda e nociva às populações de baixa

renda e a todo o comércio brasileiro. Em tais condições, o

empresariado comercial espera que os Srs. Ministros da área

econômica e da área social do Governo aconselhem ao

Excelentíssimo Senhor Presidente da República a aposição de veto

aos mencionados dispositivos do projeto de lei aprovado pelo

Congresso Nacional.

65

ESCÁRNIO TRIBUTÁRIOA GAZETA (VITÓRIA) - 11 DE JULHO DE 2004

Passou despercebida da população e dos homens de

negócios, uma das leis mais insensatas já submetidas e aprovadas

pelo Congresso Nacional. Uma lei que, pasmem, praticamente

proíbe o uso da moeda nacional na liquidação dos carnês de

compras a prazo ou no pagamento de quaisquer faturas ou títulos

de crédito.

Despreza, assim, o Governo, um dos símbolos da soberania

nacional, a moeda, que em muitos sentidos se equipara ao nosso

hino e à nossa bandeira.

No dia 1o de abril último, o Governo enviou ao Congresso a

Medida Provisória no 179, que, aparentemente, se destinava a

reduzir a cobrança da CPMF nas transferências entre Fundos de

Renda Fixa ou de Renda Variável. A proposta visava aliviar a carga

tributária da CPMF que incide sobre a movimentação do dinheiro

das grandes empresas ou das pessoas físicas de maior renda, que

são, em geral, os titulares desses Fundos, com capacidade de

mudar seu dinheiro de lugar, sem pagar a contribuição.

À primeira vista, a medida seria positiva para o mercado

financeiro, embora somente beneficie as novas aplicações, uma

vez que qualquer liquidação antes do vencimento, nas contas

atuais, estará sujeita a um duplo pagamento de CPMF. O que

66

ninguém percebeu, à primeira vista, foi a armadilha contida

na segunda parte da MP, em que, ardilosamente, se propôs

a proibição do uso da moeda nacional para certos

pagamentos, como, por exemplo, aqueles vinculados a

compras a prazo, realizadas no comércio. A citada MP 179

obriga sejam feitos por meio de cheque, cartão de crédito

ou depósito em conta bancária os pagamentos destinados

à liquidação das operações de crédito, tais como carnês,

contas ou faturas de qualquer natureza.

É óbvio que essa medida vai afetar, diretamente, a vida

de cerca de 40 milhões de brasileiros que não têm conta

bancária (nem cartão de crédito), porque são analfabetos,

porque são aposentados com salário mínimo, porque residem

em lugares longínquos onde não existem agências bancárias,

ou, simplesmente, porque não têm emprego, nem renda.

Segundo cálculo feito pelo IBPT - Instituto Brasileiro do

Planejamento Tributário, com esse artifício, o Governo federal

vai aumentar a arrecadação da CPMF em cerca de R$ 2,0

bilhões, por ano.

A questão fundamental, entretanto, não está somente

no artifício destinado a aumentar a carga tributária, através

da cobrança da CPMF. Está, também, na acintosa proposta

de abolir o uso da moeda nacional e restringir os pagamentos

em Real, praticando uma vilania contra as pessoas de baixa

renda, que fazem pequenas compras de roupas e objetos

domésticos, através de carnês mensais de 10 ou de 20 reais.

É impressionante a insensibilidade dos burocratas oficiais,

como impress ionante foi a falta de percepção dos

legisladores, inclusive impondo aos “contraventores” o

pagamento de multas que podem chegar a 450%, algo

nunca visto no Brasil.

67

A indigitada MP 179 acaba de ser aprovada pelo

Congresso Nacional e, como sofreu algumas emendas, vai

subir à sanção do Presidente da República. Por isso, este

artigo não se destina aos milhões de brasileiros pobres, nem

aos milhões de lojistas do Brasil. Seu objetivo é de que este

protesto chegue ao conhecimento do Presidente Lula e dos

Ministros responsáveis, para que providenciem o veto

indispensável a essa aberração transmudada em lei

tributária.

69

AMEAÇA À VISTAJORNAL DO COMMERCIO - 4 DE AGOSTO DE 2004

A União perdeu no STJ ação que determinou o pagamento

de R$ 12,3 bilhões a cerca de dois milhões de aposentados do

INSS. Afora as considerações sobre a justiça que envolve essa

medida, é lógico que faltou às autoridades do Executivo e do

Judiciário a percepção de quanto vai custar ao País essa decisão,

em um momento de sérias dificuldades do Erário nacional.

Diante do fato consumado, o Governo havia anunciado duas

providências: primeiro, elevar a contribuição patronal ao INSS de

20% para 20,6%, sobre a folha de pagamentos, durante 10 anos;

segundo, a título de compensação, seria feita a passagem de

parte dessa contribuição para o faturamento (ou receita) das

empresas. A primeira idéia foi abandonada, face aos protestos

dos empresários e congressistas. Mas a segunda continua de pé,

apoiada nas manifestações de vários representantes do Governo.

Está em curso no Senado, o PL no 166/04, do Senador Paulo Paim,

que propõe a redução da alíquota de 20% para 15% e, em

compensação, a criação de uma nova alíquota de 2,5% sobre a

receita bruta.

O empresariado privado já está saturado com esse tipo de

soluções para os problemas do Governo. Em 2001, quando o

Supremo Tribunal determinou que se pagasse R$ 40 bilhões(!) de

correção monetária do FGTS, referente aos Planos Collor e Verão,

70

seria razoável que programasse esse pagamento em 10 ou 20

anos, pela via orçamentária. Entretanto, o Governo preferiu

aumentar a contribuição empresarial de 8% para 8,5% e a multa

rescisória de 40% para 50%. Uma medida arbitrária, infelizmente

respaldada pelo Congresso Nacional.

No afã de reduzirem a asfixiante carga tributária, os

empresários intensificaram uma campanha para induzir o

Governo a extinguir a cumulatividade do PIS e da COFINS, tributos

cobrados em cascata e que oneravam o sistema produtivo,

especialmente as exportações. O Governo, com a aquiescência

do Legislativo, atendeu o pleito a seu modo, isto é, acabou com

a cumulatividade, aumentando a alíquota do PIS de 0,65% para

1,65% e da COFINS de 3,0% para 7,6%. Com isso aumentou a

arrecadação, e conseqüentemente a carga tributária, em cerca

de R$ 15 bilhões!

No Governo anterior ao atual, alguns Ministros tiveram a idéia

“brilhante” de transferir as contribuições patronais ao INSS da folha

de pagamento para a receita bruta das empresas. A idéia, que

parecia soterrada, está sendo reavivada por alguns setores do

atual Governo, na linha da proposta do Senador Paulo Paim.

A justificativa apresentada para essa transferência é

descabida e despropositada, baseada no pressuposto de que,

desonerando a folha de salários e onerando o faturamento,

empresariado privado vai ser estimulado a contratar mais

empregados com carteira assinada. É difícil imaginar que alguém

acredite que a simples transferência do sofá de lugar venha a

representar um aliciente para reduzir o desemprego (!?).

É evidente que se trata de uma solução ingênua e

completamente sem sentido, eis que qualquer um sabe que o

empresário calcula o custo do salário pelo ônus global que ele

71

representa e não apenas em função de sua base de cálculo.

Portanto, não faz sentido pensar que a oferta de emprego vai

aumentar, apenas mudando a base de incidência da

contribuição previdenciária. É o mesmo raciocínio que prevaleceu

nos casos do PIS/COFINS: cobrados pelo sistema de valor

agregado eles deveriam representar o mesmo peso tributário que

o sistema em cascata. Mas não foi o que aconteceu. O Governo,

para não correr o risco de perda, multiplicou as alíquotas por mais

de 2,5 vezes.

Ao que tudo indica, o mesmo vai acontecer com a proposta

passagem da contribuição patronal ao INSS da folha de

pagamento para a receita ou faturamento. O Governo,

certamente, vai novamente aplicar a Lei de Gerson, para “levar

vantagem em tudo”.

As experiências passadas recomendam que o empresariado

privado permaneça em guarda e se prepare para acionar toda

a força de sua representação no Congresso, visando a prevenir

novas pseudas “benevolências” do Fisco nacional.

73

UM SALTO NO ESCUROJORNAL DO COMMERCIO - 19 DE SETEMBRO DE 2004

Um dos problemas mais difíceis, no equacionamento

econômico do mercado de trabalho, é, sem dúvida, o

montante de encargos que acompanham o salário dos

trabalhadores. A princípio, estabeleceu-se sobre a folha de

pagamentos uma contribuição de 3% do empregador e 3%

do empregado, com a finalidade de financiar um sistema

de previdência social, a exemplo do que vinha acontecendo

em todo mundo. O sistema foi sendo implementado por

categorias: primeiro, a Caixa de Aposentadoria e Pensões

dos Ferroviários (1923), depois o IPASE e o Instituto de

Previdência dos Marítimos, depois o dos Bancários, e assim,

prosseguiu alargando sua cobertura, até que, em 1966, todos

esses Institutos foram fundidos no INPS - Instituto Nacional de

Previdência Social. No curso dessa evolução, a contribuição

do empregador sobre a folha de salários foi crescendo

sucess ivamente, o mesmo acontecendo com a do

trabalhador. Atualmente, essas percentagens são de 20% e

8%, respectivamente.

Há uma lógica insofismável para que a contribuição

previdenciária tenha a folha de salários como base de

cálculo, a part i r do pr incípio de que o benef íc io

previdenciário é uma complementação do próprio salário.

Outra consideração fundamental é o vínculo que deve existir,

74

necessariamente, entre o benefício e seu titular, com vistas

à sua identificação quando chegar a hora da aposentadoria

ou da pensão.

É evidente que o sistema previdenciário foi distorcido em

seus fundamentos, quando se decidiu adotar o modelo da

repartição, ao invés da capitalização. No primeiro caso, o

beneficiário recebe um valor calculado sobre a média de

suas contribuições, independentemente da disponibilidade

de recursos, enquanto no segundo as contribuições são

acumuladas em um Fundo de Investimentos, em nome de

cada assalariado, que vai receber, na aposentadoria, o

correspondente ao rendimento financeiro do Fundo e mais

uma parcela de sua restituição, com base em cálculos

atuariais. Com as mudanças na pirâmide etária, pela

extensão das expectativas de vida, o sistema previdenciário

da repart ição está fadado a desaparecer ou a ser

encampado pelo Estado, pelo menos em um nível que

assegure um padrão de vida mínimo às classes sociais de

rendas mais baixas. Como, aliás, deveria, acontecer no caso

do INSS.

O espantoso crescimento dos sistemas de previdência

complementar revela a lógica do modelo baseado na

capitalização, onde a identidade do titular é indispensável

à formação do patrimônio previdenciário. Assim sendo, foge

à racionalidade qualquer proposta de transferir a base de

cálculo da contribuição previdenciária patronal da folha de

pagamentos para o faturamento, a receita ou o lucro. O

Governo brasileiro cometerá um erro lamentável se prosseguir

nessa direção.

A justif icativa do atual Governo para propor uma

modificação nesse sentido assenta em duas premissas falsas:

75

primeira, de que simplesmente transferindo a base de cálculo

da folha de pagamentos, vai induzir o empresário a contratar

mais mão-de-obra; segunda, que essa contratação terá o

caráter formal, ou seja do empregado com carteira de

trabalho, que lhe assegurará todos os demais benefícios

sociais, de que estaria excluído na informalidade.

Por que são falsas essas premissas? Porque,

simplesmente, qualquer empresário calcula o custo da mão-

de-obra que uti l iza somando todas as parcelas que o

compõe. O fato de “mudar o sofá de lugar”, obviamente,

não vai alterar o cálculo racional do empresário. Chega-se,

então, à conclusão, de que por trás dessa proposta esteja o

objetivo simplista de aumentar a arrecadação do sistema

previdenciário oficial. Sem considerar os transtornos que

advirão dessa mudança, que poderá onerar injustamente

uns setores em benefício de outros, é evidente que qualquer

aumento da carga tributária, na conjuntura atual, vai induzir

as empresas a economizarem em mão-de-obra, o que

significa aumentar o nível de desemprego. Exatamente o

contrário do que imagina o Governo. Há muita coisa para

mudar ou reformar, no Brasil, como todo mundo sabe. Mas

intentar mudanças sem a devida aval iação de suas

conseqüências, ainda mais part indo de premissas

equivocadas, é mais grave e perigoso do que dar um salto

no escuro.

77

RECEITA AMARGAJORNAL DO COMMERCIO - 6 DE OUTUBRO DE 2004

O Ministro da Casa Civil, José Dirceu, classificou de

inaceitável a carga tr ibutária do País e disse que ela

representa um entrave para o f inanciamento dos

invest imentos. Nota 10 para o Minist ro. Entretanto,

arrematou,o País não tem como reduzir o peso dos impostos

(37% do PIB).

O aumento da carga tributária, neste ano, é evidente,

pois conforme anunciado, somente no Governo federal

haverá um aumento da arrecadação de R$ 12 bilhões, com

o que a participação de União no bolo tributário aumenta

de 23,64% do PIB para 24,85%. Esse crescimento de

arrecadação, permitiu que o Tesouro Nacional aumentasse

o superávit primário para R$ 59,0 bilhões, de janeiro a agosto,

contra R$ 49,5 bilhões, no mesmo período do ano passado.

A maior parte desse aumento se deve à arrecadação do

PIS/COFINS sobre as importações.

Menos mal, que o Ministro da Fazenda garante que todo

aumento da carga tributária será revertido às empresas,

conforme já vem acontecendo, em parte. Recentemente,

o Governo adotou o Programa Invista Já, reduzindo de 48

para 24 meses o prazo para devolução do crédito

correspondente ao PIS/COFINS, ao mesmo tempo em que

78

reduziu de 10 para 5 anos o prazo para depreciação dos

investimentos em máquinas e equipamentos. Ao todo, essas

medidas representam uma renúncia fiscal de cerca de R$ 1,7

bilhão.

Os gastos do Governo - União, Estados e Municípios - vêm

crescendo constantemente, há vários anos, e, apesar do

aumento brutal da carga tributária, não sobram mais recursos

para os investimentos sociais e de infra-estrutura. Essa

situação se deve ao fato de que, além da carga tributária,

o Governo vem se endividando sistematicamente e, hoje, a

dívida pública chegou a um nível tal que os juros representam

a maior parcela das despesas orçamentárias. Quando tudo

indicava que a primeira tarefa do novo Governo seria reduzir

os gastos públicos e, conseqüentemente, a carga tributária,

aconteceu o contrário: foram criados novos Ministérios, novas

Secretarias, novas Agências, novos Programas ditos sociais,

o que significa que as despesas correntes vão continuar

crescendo e, conseqüentemente, a carga tributária.

Existe uma solução para esse problema? É lógico que

existe e é fácil perceber, embora requeira uma ação política

extremamente difícil, corajosa e impopular. A saída é,

claramente, a redução das despesas públicas, desde a

abolição dos salários dos vereadores nas cidades de menos

de 100 mil habitantes e a redução dos gastos com os

legislativos estaduais e federal, até o fechamento de vários

ministérios e órgãos administrativos que representam uma

desnecessária superposição de funções. Todo o contrário do

que vem sendo feito.

O que se sugere, é uma receita amarga, muito amarga.

Mas necessária e talvez indispensável.

79

A REFORMA DO ESTADOA Gazeta (Vitória) - 20 de outubro de 2004

As contas do setor público, há muito tempo, estão “fazendo

água”, como diz a sabedoria popular. Foram herdadas, é

verdade, de um passado não muito distante. O atual Governo

está sufocado pelas dimensões adquiridas pelo Estado brasileiro,

que já não cabe dentro do PIB, pelas alturas que atingiu a dívida

pública e pela asfixiante carga tributária, que geram o

contrabando, a sonegação e a informalidade.

A República é formada pela união indissolúvel dos Estados,

Municípios e do Distrito Federal. São Poderes, tanto na União,

como nos Estados, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, e, nos

Municípios, o Executivo e o Legislativo, independentes e

harmônicos entre si. O ideal é que todos atuassem

harmoniosamente, submetidos aos interesses nacionais. Mas esse

ideal está sendo massacrado pelo corporativismo e a ideologia

política.

Na década de 1950 e início dos anos 60, o Estado custava à

Nação cerca de 15% do PIB. Esses 15% de carga tributária eram

suficientes para tudo, inclusive importantes programas de ação

social. Foi com esse volume de recursos que o Presidente Getúlio

Vargas governou o País, durante quase 20 anos, Juscelino

Kubitschek durante 5 anos, assim como Carlos Lacerda administrou

o Estado da Guanabara, realizando, todos eles, importantíssimas

80

obras de urbanização e saneamento e programas de saúde e

educação.

É lógico que, nessa época, o Brasil era outro, mais agrícola e

menos industrial, recém-saído de uma plutocracia que produziu

uma das maiores desigualdades de rendas individuais, em todo

o mundo. De lá para cá, as necessidades públicas aumentaram.

Com os avanços do progresso e da civilização, se fez necessário

que o Governo assumisse a responsabilidade da inclusão social

de milhões de trabalhadores excluídos dos benefícios sociais e

da Justiça. Para isso, a carga tributária foi aumentando,

sucessivamente, de 15% do PIB para 40%, a mais alta do mundo,

atualmente, apenas superada pela Suécia e Alemanha. Mas a

desigualdade permaneceu a mesma e, pelo que se vê, os serviços

públicos pioraram.

Na medida em que o Estado cresceu e ampliou suas

dimensões, baseado em discutíveis promessas sociais ou

democráticas, o setor privado encolheu. E encolhendo, reduziu

os investimentos e a capacidade de criar novos empregos. A

florescente economia brasileira, das décadas de quarenta a

setenta, perdeu impulso e cedeu lugar à estagnação ou a uma

pífia taxa de crescimento.

Das Câmaras de Vereadores até o Congresso Nacional, dos

prefeitos aos governadores, no Executivo como no Judiciário, os

gastos públicos ultrapassaram os limites do razoável e elevaram

o endividamento e a carga tributária a níveis insuportáveis. O País,

hoje, necessita de todas as reformas. E a primeira, a mais urgente

e crucial é, sem dúvida, a Reforma do Estado.

81

O PACOTE AZULJORNAL DO COMMERCIO - 17 DE OUTUBRO DE 2004

O Governo tomou algumas medidas no sentido de reduzir

a carga tributária e a burocracia fiscal, que têm massacrado os

contribuintes, pessoas físicas e jurídicas. Trata-se, portanto, de

um pacote azul, diferente de medidas anteriores, como as que

elevaram as alíquotas da COFINS, da Contribuição ao PIS/PASEP,

da CSLL, criaram a CIDE, prorrogaram a vigência da CPMF etc.

A Lei no 10.892, de 13 de julho último, já havia reduzido a

CPMF incidente sobre a movimentação bancária dos

investidores do mercado financeiro, instituindo, para esse fim, a

conta corrente de depósito para investimentos. Agora, a Medida

Provisória no 206, de 6 do corrente mês, reduziu o imposto de

renda retido na fonte, relativo aos rendimentos auferidos em

qualquer aplicação ou operação financeira de renda fixa ou

de renda variável, inclusive operações de cobertura (hedge)

realizadas por meio de swaps e outras nos mercados de

derivativos. Isentou do imposto de renda “os ganhos líquidos

auferidos por pessoas físicas em operações no mercado à vista

de ações nas bolsas de valores e em operações com ouro ativo

financeiro”, até o limite mensal de R$ 20 mil. E também isentou

do imposto de renda retido na fonte e na declaração anual

das pessoas físicas a remuneração produzida por letras

hipotecárias, certificados de recebíveis imobiliários e letras de

crédito imobiliário.

82

Afora isso, a M.P. no 206/04 elevou, a partir de outubro próximo,

o prazo para recolhimento do IPI, beneficiando, assim, todo o

setor industrial. E beneficiou as atividades portuárias, instituindo o

REPORTO - Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à

Ampliação da Estrutura Portuária, com a suspensão, até o final

de 2005, e posterior isenção, do IPI, COFINS, PIS e Imposto de

Importação para máquinas, equipamentos e outros bens, sem

similar nacional, adquiridos ou importados para integrar o ativo

imobilizado das operadoras, concessionárias e arrendatárias de

instalações portuárias.

No pacote, há, disfarçado, um pingo de maldade. A M.P.

dispõe que a Secretaria da Receita Federal dará ciência ao

contribuinte, mediante publicação no Diário Oficial, do ato de

exclusão de parcelamento. Isso em lugar da ciência pessoal ou

por via postal, com aviso de recebimento, modalidades que

passam a constituir mera faculdade do Fisco. Ora, é evidente o

cerceamento do direito de defesa do contribuinte, com violação

da garantia assegurada pelo art. 5o, LV, da Constituição.

De qualquer forma, o pacote é azul, para os investidores do

mercado financeiro e do mercado de ações e para o setor

industrial em geral, especialmente a indústria de bens de capital

e a indústria da construção civil. Todavia, não beneficia,

diretamente, o comércio de bens e serviços, que compreende

milhares de empresas e emprega milhões de trabalhadores.

Assim sendo, a Confederação Nacional do Comércio, que

representa a classe empresarial do comércio de bens e serviços,

confia em que o Governo possa, brevemente, editar um novo

pacote azul, para fazer justiça ao comércio de bens e serviços.

Esse novo pacote poderia, por exemplo prescrever a redução

da alíquota da COFINS; a exclusão da nova sistemática da COFINS

e do PIS, por força do princípio constitucional da igualdade, de

83

todo o setor de serviços, nos limites da lei; a autorização, para

inclusão, no SIMPLES, das empresas do setor de serviços; a isenção

do IPI, ICMS, ISS, COFINS, PIS e CSLL para os produtos e serviços e

respectivas receitas, consumidos pelas classes menos favorecidas;

a ampliação da faixa de enquadramento das microempresas,

hoje limitadas à irrisória cifra de dez mil reais mensais; a isenção

do IPI para materiais destinados a habitações populares. Poderia,

ainda, promover a correção da tabela do imposto de renda,

como manda a justiça fiscal, e elevar a faixa de isenção, sem

aumento de alíquotas.

Enfim, o pacote é azul para alguns. Já é um avanço.

Entretanto, a classe do comércio de bens e serviços, a classe

média em geral e as classes de baixa renda continuarão

aguardando que, noutro momento de feliz inspiração, o Governo

também lhes destine um outro pacote azul, que amenize as cores

pesadas da carga tributária e da burocracia fiscal.

85

VIOLÊNCIA CONTRA OSCONSELHOS DE CONTRIBUINTES

JORNAL DO BRASIL - 16 DE OUTUBRO DE 2004

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) tem

contribuído, ao longo de várias décadas, para o fortalecimento

dos Conselhos de Contribuintes, órgãos colegiados integrantes

do Ministério da Fazenda, que têm por finalidade julgar os recursos

interpostos das decisões proferidas pela Secretaria da Receita

Federal. De acordo com a lei, a CNC, a exemplo de outras

Confederações, tem apresentado, nas ocasiões próprias, listas

tríplices de especialistas na matéria tributária, para integrar os

referidos Conselhos, ao lado dos representantes da Fazenda

Nacional.

Ao longo do tempo, tem sido reafirmado, publicamente, o

elevado conceito de tais órgãos fazendários, considerados, até

mesmo, como mais capacitados do que o Judiciário, para decidir

questões essencialmente técnicas, como, por exemplo, as que se

referem a valoração aduaneira, classificação de mercadorias, vistoria

aduaneira, dano ou avaria em mercadoria importada, lançamentos

contábeis, escrituração mercantil, documentação fiscal etc, nas áreas

dos impostos de importação, produtos industrializados e renda e

das contribuições sociais. Nesses colegiados, atuam os

Procuradores da Fazenda Nacional, que zelam pelo respeito à lei

e pela defesa dos interesses do Tesouro Nacional.

86

A criação, em 1979, da Câmara Superior de Recursos Fiscais,

para apreciar os recursos interpostos pelos contribuintes

inconformados com as decisões dos Conselhos de Contribuintes,

inclusive no caso de divergências entre estes, teve por finalidade,

precisamente, substituir o Ministro de Estado, no julgamento de

milhares de processos, liberando-o para o desempenho dos

relevantes encargos que lhe são próprios, na condução da

política econômico-financeira do Governo.

Desse modo, as decisões dos mencionados órgãos

colegiados expressam, na forma da lei, a posição final do

Ministério da Fazenda, nas controvérsias suscitadas entre o Fisco

e os contribuintes. Por isso mesmo, esses órgãos estão diretamente

subordinados ao Ministro de Estado. Descabe, por conseqüência,

transferir a outro órgão fazendário, ainda que conceituado, como

a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou a Secretaria da

Receita Federal, o entendimento final, na órbita administrativa,

quanto à ocorrência, ou não, de lesão ao patrimônio público,

ilegalidade, injuridicidade ou erro de fato.

Desde 1979 e, portanto, há mais de 25 anos, as decisões dos

Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos

Fiscais têm sido acatadas pelas autoridades fazendárias, servindo-

lhes como a melhor orientação na aplicação da legislação

tributária e na adoção de medidas para coibir eventuais excessos

fiscais. Por outro lado, o Ministério da Fazenda pode promover a

alteração da legislação tributária, sempre que verificar, pela

jurisprudência daqueles órgãos, a ocorrência de falhas, lacunas

ou distorções, o que, aliás, tem ocorrido freqüentemente.

Por todas essas razões, causou surpresa, à classe empresarial

do comércio de bens e serviços e aos demais contribuintes, a

decisão proferida pelo Ministro da Fazenda, aprovando o Parecer

PGFN/CRJ no 1007/2004 (pub. no Diário Oficial de 23/8/04), da

87

Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que admitiu a

possibilidade de as decisões dos Conselhos Contribuintes “serem

submetidas ao crivo do Poder Judiciário”, mediante ação de

conhecimento, mandado de segurança, ação civil pública ou

ação popular. A ação ordinária seria proposta pela União contra

a própria União, representada pelo mesmo órgão, tanto no polo

ativo, como no passivo, e o mandado de segurança seria

impetrado por uma autoridade fazendária contra ato de outra

autoridade fazendária, mediante iniciativas processuais

esdrúxulas, que, certamente, não encontrarão guarida no

Judiciário.

De qualquer forma, o inconformismo da Receita Federal com

as decisões finais dos Conselhos de Contribuintes, que lhe sejam

desfavoráveis, também pode ocorrer com as decisões finais da

Justiça, contrárias ao Fisco. Nem por isso, a Receita Federal vai

recorrer à ONU ou ao Papa. Além disso, a derrubada do

denominado “trânsito em julgado” da decisão final no processo

administrativo fiscal, a par de constituir uma violência contra os

Conselhos de Contribuintes, atinge a segurança jurídica dos

contribuintes, que ficarão expostos ao arbítrio de outros órgãos,

quanto à conveniência e oportunidade de recurso à via judicial.

Não obstante, a CNC e o empresariado do comércio de bens

e serviços confiam em que o Ministro Antonio Palocci, que tantos

e tão relevantes serviços vem prestando ao País, com invulgares

competência, firmeza e seriedade, determinará o reexame da

aludida decisão, por interessar a todos os milhões de contribuintes

brasileiros, pessoas físicas ou jurídicas, que já se encontram

sufocados pela alarmante carga tributária de 38 % do PIB e por

uma irrefreável burocracia fiscal.

Comércio Exterior

Capítulo 4

♦ Retomada do Mercosul

♦ Urgência para a Política Portuária

♦ Ameaçada a Modernização dos Portos

91

RETOMADA DO MERCOSULAPECÃO - MARÇO DE 2004

No encontro de Cúpula dos Presidentes dos países que

integram o Mercosul , real izado em Montevidéu, em

dezembro de 2003, foi ass inado um l imitado Acordo

Comercial entre o Mercosul e a Comunidade Andina

(Colômbia, Venezuela e Equador), semelhante ao acordo

assinado com o Peru, alguns meses antes.

O Pres idente Luis Inácio Lula da S i lva, com a

concordância dos demais Presidentes, afirmou tratar-se de

um “acordo histórico”. Também disse que o Mercosul tem

que pular etapas para transformar-se em verdadeiro

mercado comum.

Manifestação de intenções, dos governos anteriores,

seguiram a mesma linha de apoio, irrestrito, ao Tratado de

Assunção. No entanto, tais manifestações, ficaram muito

aquém das realidades vividas pelas nações signatárias.

Crises sucessivas atingiram os 4 países, de origem interna

e externa, obrigando-os, cada um a seu tempo, a impor

exceções ou a pedir “waivers”, para a aplicação da Tarifa

Externa Comum (TEC), de modo que, realisticamente, temos

que admitir que o nosso pretendido Mercado Comum, no

momento, não passa de uma União Aduaneira imperfeita,

92

na qual as perfurações e exceções estão prestes a desfigurá-la.

A própria Área de Livre Comércio, sofre distorções com

medidas burocráticas, e exigências não tarifárias, impostas

de acordo com as conveniências de momento, pelas

autoridades de cada um dos países, sem exceção.

As rest r ições que a Argent ina vem impondo à

importação de produtos têxteis brasileiros, sob a alegação

de que essa importação “põe em risco 400 mil empregos de

argentinos”, revelam que, na prática, os governos agem de

forma oposta ao que pregam nas reuniões de cúpula. Por

várias razões, o comércio intrazonal caiu de US$ 18,7 bilhões,

em 1997, para US$ 8,9 bilhões, em 2002. Entretanto, a partir

de 2003, chegou a cerca de US$ 10,5 bilhões, o que pode

signif icar um novo ciclo de expansão, se não houver

impedimentos burocráticos. É verdade que, o Mercosul, sofre

de um pecado de origem, que é enorme desequilíbrio do

potencial econômico dos países que o compõem. É difícil

superar essa assimetria interna, pois, de um lado, temos dois

países relativamente mais pobres e de população reduzida.

De outro lado, o parceiro que poderia, juntamente com o

Brasil, oferecer consistência e amplas possibilidades de

expansão, que é a Argentina, vive, há alguns anos, uma crise

política e econômica sem precedentes.

Em 2003, a Argentina experimentou um relativo desafogo

com o crescimento do PIB de cerca de 7%, mas ainda não

recuperou nem metade da perda de 15% do PIB registrado

nos 2 anos anteriores. Além disso, continua sem solução, o

grave problema das dívidas interna e externa desse País.

Outro fato a se destacar é que os Governos do Mercosul,

e dos parceiros sul-americanos, têm, visivelmente, avaliações

diferentes da integração regional.

93

Apesar do interesse comum em um empreendimento desse

tipo, as prioridades não são as mesmas para cada país ou grupo

de países. Daí a proliferação de iniciativas bilateralizantes

envolvendo todos os participantes do processo, inclusive o Brasil.

Diante das manifestações, enfáticas, dos Presidentes, de apoio

à recuperação do Mercosul, acreditamos que para transformar a

retórica em ações concretas haveria que adotar, uma agenda,

de curto prazo, menos ambiciosa, abrangendo, apenas, medidas

básicas. E a primeira delas seria aceitar alíquotas diferenciadas -

pelo menos temporariamente - de acordo com a densidade

econômica de cada país. Nesse caso, o primeiro passo, deveria

ser o reestudo de uma TEC, em patamares que convenham a todos,

respeitando a assimetria dos países signatários.

Por sua vez, a plena restauração da Área de Livre Comércio

implica em uma desobstrução de medidas burocráticas, de

natureza não tarifária, que estão dificultando a circulação de

bens dentro do Mercosul.

Outra medida que pode ser rapidamente implementada é

a entrada em vigor dos Tribunais de Solução de Controvérsias,

indispensável para maior segurança jurídica no processo de

integração. À falta dos mesmos, cada pendência comercial exige

a interferência de autoridades do Governo, o que atrasa os

processos de compra e venda, com prejuízos que desestimulam

iniciativas empresariais.

Outra medida que pode produzir resultados, em curto prazo,

é a revisão dos convênios de crédito recíproco, mecanismo pelo

qual os Bancos Centrais se tornam garantidores dos créditos à

exportação num sistema de câmara de compensação. Os limites

atuais são baixos, insuficientes para estimular, satisfatoriamente,

a recuperação do comércio intrazonal.

94

No que diz respeito, à tantas vezes ressaltada,

convergência macroeconômica, deve ser tratada como um

objetivo de longo prazo, dada as dificuldades intrínsecas ao

processo, e a demanda de muita coragem dos dirigentes dos

quatro países para enfrentarem as resistências internas, uma

vez que envolve questões complexas, como as padronizações

monetárias, cambiais, trabalhistas, etc. É bom lembrar que isso

só ocorreu na União Européia, onde as discrepâncias estruturais

entre os países são muito menores, após 45 anos de avanços

graduais.

A consideração mais importante, que vale não só para o

Mercosul, mas para todos os países que buscam Acordos

Comerciais, ou Tratados de Livre Comércio, é de que a

proteção aduaneira terá cada vez menos relevância. E é nesse

sentido, que atua a Organização Mundial do Comércio, mesmo

com as dificuldades que já foram enfrentadas pelo antigo GATT.

Infelizmente os países super desenvolvidos, defensores da

filosofia liberal, e, portanto, do livre comércio, continuam

praticando subsídios agrícolas e defesa, através de medidas

não tarifárias, de bens que perderam poder de competição.

Fazem-no para atender interesses setoriais, com peso político

interno, mas cometendo irracionalidade econômica, uma vez

que sua crescente prosperidade, apoia-se no desenvolvimento

tecnológico e nos novos produtos que incorporam alto valor

agregado. A verdadeira globalização econômica depende,

não só do livre e instantâneo movimento de capitais, mas da

plena liberdade de comércio, a qual, paradoxalmente, está

sendo dificultada pelos países paladinos do liberalismo.

O Mercosul e países associados, no século XXI ,

representará uma população de 280 milhões de pessoas e

um PIB de U$ 2 tr i lhões, portanto, um peso específico

95

importante. Mas isso não será suficiente, se não dermos, neste

século, passos de gigante na educação e na pesquisa, sem

o que perderemos o r itmo em relação a outras áreas

emergentes, que avançam de forma surpreendente,

sobretudo no Continente Asiático.

97

URGÊNCIA PARA A POLÍTICAPORTUÁRIA

JORNAL DO BRASIL - 1 DE ABRIL DE 2004

São tantos os problemas existentes nos portos nacionais que,

praticamente, passaram em branco duas importantes datas para

o setor: 28 de janeiro e 25 de fevereiro.

Em 28 de janeiro, registrou-se o 196o aniversário da Abertura

dos Portos às Nações Amigas, decretada pelo príncipe-regente

D. João. A partir daí, a economia do Brasil passou a crescer

celeremente, com a chegada de navios de outros países, além

de Portugal, aumentando o comércio com o exterior e a entrada

de máquinas e equipamentos.

Ao longo de várias décadas, em conseqüência de uma

legislação trabalhista equivocada e práticas portuárias

burocráticas, a operações dos portos nacionais passou a constituir

um enorme obstáculo à expansão do comércio exterior. Daí que

a Ação Empresarial, com a participação de mais de cem

empresas, empenhou-se na elaboração de um adequado

estatuto portuário, que acabou consagrado na Lei no 8.630, de

25/02/1993, conhecida como a lei de modernização dos portos.

É importante que se diga que, de fato, não há motivo para

comemorações, de vez que repetindo procedimentos passados,

98

a burocracia e o corporativismo reinstalaram-se nos portos,

neutralizando a reforma iniciada com a nova legislação. A

saudável e necessária privatização - objetivo básico da Lei - está

sendo parcialmente anulada com as crescentes intervenções

verificadas nos mais de cem terminais que passaram a processar

cerca de 90% da carga marítima do comércio exterior brasileiro.

De fato, numa espécie de reestatização do setor - contrariando

abertamente a Lei saneadora - acumularam-se diversos decretos,

resoluções e outros instrumentos oficiais, contendo descabidas

exigências, que estão atormentando a vida dos terminais

privativos e dificultando as operações do comércio exportador e

importador.

No Brasil, além do Ministério dos Transportes, nada menos de

nove Ministérios interferem, de maneira ativa ou negativa, nas

operações portuárias. No ano passado, entraram em ação mais

três orgãos: a ANTAQ - Agência Nacional de Transportes

Aquaviários (Ministério dos Transportes), a ANVISA - Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Ministério da Saúde) e a

CONPORTOS - Comissão Nacional de Segurança Pública nos

Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Ministério da Justiça). A

ANTAQ, contrariamente ao que dispõe a Lei no 8.630/93,

modificou, dificultando, as condições de arrendamento dos

terminais privativos. A Resolução da CONPORTOS sobre as ações

antiterroristas impostas pelo Estados Unidos, e que deverá entrar

em vigor a partir de julho, contém exageros inexplicáveis, que

vão dificultar os embarques de nossos produtos. Por seu turno, a

ANVISA, além das exigências na área sanitária, criou outro tipo

de ameaça ao bom andamento das operações portuárias, com

a recente greve dos fiscais em Santos.

Para centralizar e melhor defender os interesses das empresas

diretamente responsáveis pelas exportações e importações, estão

sendo organizados nos portos públicos Comitês da recém-criada

99

Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut).

Tais empresas, principalmente as da área do comércio, devem

prestigiar esses Comitês, que conferirão maior autenticidade às

reivindicações regionais, ajudando o governo a resolver os

problemas. Nos grandes portos mundiais existem essas associações

e a de Roterdã, a maior delas, possui 33 mil usuários filiados de

toda a Europa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conhece bem as

deficiências do sistema, conforme tem demonstrado em recentes

pronunciamentos e em sua visita a Santos, em 2003. Neste início

de ano, com a renovada prioridade conferida às exportações,

para sustentar o necessário crescimento econômico, a

expectativa do setor privado é de que o Governo dedique melhor

atenção à rede portuária. Essa deveria ser uma das prioridades

do novo ministro dos Transportes, que seria cristalizada com a

criação de orientação unificada para os portos.

Os empresários de todo o País já cumpriram a sua parte,

entregando ao Presidente da República proposta para a

desejada Política Portuária Nacional, consubstanciada nos

seguintes itens: transferência da administração dos portos para

os Estados; realização das obras de dragagem por conta da

União; extinção das Cias Docas; e extinção das licitações

financeiras para arrendamento de áreas.

101

AMEAÇADA A MODERNIZAÇÃODOS PORTOS

JORNAL DO BRASIL - 15 DE JANEIRO DE 2004

Em 2003, ao completar dez anos, a Lei no 8630/93, da reforma

portuária, sofreu alguns impactos que prejudicaram a sua integral

implantação. Assim, foi afetada justamente a fase final de

consolidação dessa nova abertura dos portos, com a atração

de investimentos privados e a garantia de bons serviços aos

usuários, exportadores e importadores.

Antes de comentar o retrocesso verificado, torna-se oportuno

destacar duas importantes conquistas dessa Lei, pela qual tanto

lutou o empresariado brasileiro. Em primeiro lugar, em resultado

prático comprovado, a redução do custo dos serviços, com a

movimentação de um contêiner caindo da absurda média de

US$500/600 para apenas US$ 150/200, bem perto dos melhores

níveis internacionais. Em segundo, foi a rápida criação de cerca

de 100 terminais privativos, com a metade processando cargas

de terceiros, funcionando como pequenos portos independentes,

desafogando os grandes complexos públicos.

Interrompendo o gradual processo de modernização do

setor, logo no início do ano, começou a vigorar a Resolução no

55, da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ),

expedida ainda ao apagar das luzes do governo anterior (em

102

16.12.02) e que instituiu uma série de descabidas exigências,

algumas em flagrante conflito com a Lei. Perdeu assim, a Antaq,

a oportunidade de tranqüilizar prestadores de serviços e usuários

que, representados pela Ação Empresarial (integrada pelas

principais entidades da classe no Pais), haviam se posicionado

contra a inclusão dos portos no âmbito da Agência.

Após meses de reclamações e reuniões, em outubro de 2003,

resolveu a Antaq editar nova Resolução (no126), pretensamente

reformadora, mas que confirma indevidas exigências e

intervenções, inclusive alterando dispositivos de contratos de

arrendamento firmados com os terminais privativos.. Diga-se de

passagem, que a Antaq, incorporando e ampliando as atribuições

do Ministério dos Transportes, criou enorme estrutura burocrática

compreendendo três diretorias, três superintendências, 11

coordenadorias e 22 gerências, fora as representações estaduais.

Além dos obstáculos ao funcionamento dos terminais

privados, a Resolução reguladora da Antaq consolida as licitações

financeiras, que oneram sobremaneira os custos dos serviços

portuários e também fortalece o poder das deficitárias estatais

Companhias Docas, designando-as como Autoridade Portuária.

Em conseqüência, ficaram enfraquecidos, sem funções, os

Conselhos de Autoridade Portuária (CAP), criados pela Lei, onde

estão representados empresários e trabalhadores. Ao analisar essa

resolução normativa, a Divisão Jurídica da CNC concluiu que as

autorizações concedidas aos terminais não podem ser alteradas

pela “agência reguladora, sob flagrante violação do princípio

de legalidade.

Não bastassem as dificuldades trazidas pela Antaq, também

o Ministério da Justiça entrou no circuito, instituindo a Comissão

Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias

Navegáveis - Conportos, que expediu extensa regulamentação

103

a ser cumprida nas exportações. Paralelamente, ainda no ano

passado, foram criados três grupos representativos para questões

portuárias - de onde, certamente, surgirão novas exigências - nos

Ministérios do Trabalho e dos Transportes, além de outro na própria

Casa Civil da Presidência da República.

Face a esse verdadeiro caos que ameaça voltar ao sistema

portuário, afastando os Investidores e desestimulando os

exportadores, torna-se indispensável o estabelecimento de uma

definitiva política nacional para o setor. Como contribuição a

esse objetivo e com a responsabilidade de representar, talvez, o

maior segmento entre os usuários, a CNC encaminhou à Comissão

Portos da Ação Empresarial proposta que reafirma a abertura para

privatização, estabelecida pela Lei no. 8630/93, destacando

quatro medidas, baseadas na universal orientação adotada nos

países industrializados, líderes do comércio internacional.

Em primeiro lugar, a regionalização dos portos, delegando o

controle aos Estados, que exerceriam a administração

subordinada às Secretarias de Transportes, como já ocorre, com

pleno êxito, no Paraná e Rio Grande do Sul. Com essa providência,

seria automaticamente cumprido o segundo item e antiga

reivindicação dos empresários, a extinção das deficitárias Cias.

DE Docas. Em terceiro, foi sugerida a substituição das licitações,

que só oneram as operações de exportação e importação, por

simples concorrências de projetos. Finalizando, a passagem das

despesas de dragagem - que também oneram os serviços

portuários - para responsabilidade da União. O artigo com esta

reivindicação empresarial - unanimemente adotada em outros

países - foi indevidamente vetado quando da promulgação da

Lei no 8630/93.

Esses itens foram incorporados às sugestões para formulação

da Política Portuária Nacional, entregues no último Enaex, em

104

novembro do ano passado, no Rio, pela Ação Empresarial ao

presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aliás, ciente da importância

do setor, em recente inauguração de um terminal em Santos, o

presidente declarou que “se os portos não forem eficientes,

perde-se a produtividade conquistada”.

Economia Informal

Capítulo 5

♦ Entraves da Burocracia - I

♦ Entraves da Burocracia - II

♦ Entraves da Burocracia - III

♦ Entraves da Burocracia - IV

♦ O Comércio Informal

♦ Corrupção

♦ Um Alerta sobre a Burocracia

107

ENTRAVES DA BUROCRACIA - IA GAZETA (VITÓRIA) - 13 DE FEVEREIRO DE 2004

Como é sabido, a aparição da burocracia surgiu com o

Estado Moderno e alcançou sua verdadeira dimensão com o

intervencionismo estatal e, através da regulação, com a

ingerência do poder público sobre os negócios privados.

Como braço através do qual o Estado exerce sua ação, o

que se espera e o que justifica a burocracia é a administração

competente do aparelho estatal. Mas o excesso de ingerência

pode dar lugar, e daí o sentido pejorativo atribuído à palavra,

a uma burocracia que através da manipulação do poder

busca preservar privilégios e satisfazer suas próprias aspirações,

ao invés de bem servir à cidadania. Esta é a hora em que, no

dizer de Jaime Rotstein, membro do Conselho Técnico da CNC,

a burocracia está politizada.

Mito ou realidade diz-se que o Brasil tem uma insopitável

tendência a tudo regular, como conseqüência de sua herança

histórico-cultural, vinda da Europa Mediterrânea. Excesso de

regulação que requer uma máquina burocrática de grande

porte, desdobrada pelos três poderes da República e pelos

três níveis da Federação. A relação causal entre regulação

excessiva e dimensão da máquina torna-se componente

importante dos custos operacionais, no campo das atividades

econômicas.

108

Além do custo explícito da própria dimensão da

burocracia,expressa no número de funcionários, nem sempre bem

treinados, e redundantes por força das acomodações de natureza

política, há outros custos implícitos, que se incorporam ao agregado

de custos que hoje se convencionou chamar de Custo Brasil.

Duas dessa formas de custo saltam de pronto aos olhos de

qualquer observador. A primeira corresponde ao peso e à massa de

procedimentos que fluem do emaranhado das Leis, Decretos, Portarias

e Resoluções, por vezes até conflitantes, destinados a atender toda

essa teia de regulação que passa pelo Fisco, envereda pela

previdência social e se prolonga até o meio ambiente. Uma ilustração

mais detalhada sobre o custo da regulação oficial está num inquérito

citado por Armando Castelar Pinheiro, em recente estudo de

natureza acadêmica, levado a cabo como pesquisador do IPEA.

Nesse levantamento, que engloba 75 países em distintos níveis

de desenvolvimento, foi possível concluir, ao tomar como

referência o Brasil, que:

O número de procedimentos indispensáveis para abrir uma

pequena empresa varia de um mínimo de 2 no Canadá a 20 na

Bolívia; a média mundial está em torno de 10, enquanto no Brasil

são 15 os passos necessários.

O tempo mínimo necessário para cumprir os procedimentos é

de dois dias úteis em vários países, sendo o tempo extremo, o caso de

Moçambique que requer 174 dias. O Brasil, com um tempo requerido

de 67 dias úteis, situa-se acima da média mundial de 63 dias.

O custo para cumprir todos os procedimentos varia de 0,4%

da renda per capita na Nova Zelândia a 260% na Bolívia. A média

mundial fica ao redor de 34% e, no Brasil, esse custo é de 67,4%.

109

ENTRAVES DA BUROCRACIA - IIA GAZETA (VITÓRIA) - 14 DE FEVEREIRO DE 2004

Um segundo tipo de custo está refletido no aumento da

economia informal. Não admira que com tantos passos a cumprir,

tempo de espera e gastos a realizar, essa economia, que se

desenvolve à margem da Lei e da voracidade do Fisco ganhe

corpo e espaço, no conjunto das atividades econômicas. Eis aí

um novo custo a ter em conta, de vez que, com raras exceções,

na economia submersa, o emprego é de má qualidade e

precário, tudo resultando em baixa produtividade a comprometer

o esforço produtivo da Nação. Como a burocracia compromete

o crescimento econômico, pode-se dizer, generalizando, que o

tamanho da economia informal está na razão inversa do grau

de desenvolvimento de um país.

Uma regulação abundante e estrita não garante a priori

melhor qualidade da produção, maior higidez da população e

melhor controle e prevenção das agressões ao meio ambiente.

Mas serve de pretexto para a interpretação dos dispositivos que,

resultando no impasse burocrático, abrem caminho para formas

variadas de corrupção.

Existe, certamente, uma forte correlação entre o excesso de

regulação e o peso da burocracia, a exercer domínio sobre as

decisões do setor privado. Seria desejável que tivéssemos um país

com menos regulação e, por conseqüência, menos entraves para

110

as decisões de investimento, freqüentemente procrastinadas

pelos conflitos de competência entre áreas distintas das

administrações públicas. Essa, contudo, não parece ser, como

os acontecimentos estão a demonstrar, nem a inclinação nem

a tendência dos partidos políticos que, nos últimos tempos, têm

estado no epicentro do Poder.

111

ENTRAVES DA BUROCRACIA - IIIA GAZETA (VITORIA) - 9 DE MARÇO DE 2004

É claro que nos países modernos há de haver todo um

conjunto de leis, portarias e resoluções que regulem as

atividades econômicas. Mas em nossa economia existe um

viés nesse aparelho regulatório, que nem sempre distingue,

no universo das empresas, as pequenas das grandes empresas.

As excessivas exigências burocráticas pesam sobremaneira

sobre as empresas de menor porte.

Publicado em 2003, um exaustivo inquérito do IBGE sobre

o setor - “Comércio e Serviços“ - mostra que as micro e

pequenas empresas representam 22,3% do total de empresas

do setor, entendendo-se por micro empresa a que emprega

até cinco pessoas e, por pequena empresa a que congrega

até 19 empregados. Essa conceituação é conjugada com o

nível de receita bruta anual, até o limite de R$ 1,5 milhão.

Atualmente, existem no Brasil, em números redondos, 2

milhões de micro e pequenas empresas, representando 9,7%

da população ocupada, ou sejam 7,3 milhões de pessoas.

Num país onde o emprego tornou-se a maior aspiração de

milhões de brasileiros e o desemprego constitui o problema

mais importante do Governo, sobressai a contribuição

relevante que essas empresas podem dar para manter o nível

de ocupação.

112

É lamentável, entretanto, verificar que a constante

criação de empresas de pequeno porte apresenta, em

paralelo, taxas igualmente altas de mortal idade.

Desaparecem com a mesma rapidez com que surgem.

Quando se pesquisam as causas dessa volati l idade, a

resposta pode ser encontrada na dificuldade de acesso ao

crédito, na falta de apoio técnico, no gerenciamento

inadequado e baixa qualificação profissional. Além dessas

l imitações, cabe destacar o impacto negativo da

burocracia, a forma e o número de exigências burocráticas

que precisam ser cumpridas, para que possam funcionar

legalmente as empresas de pequeno porte.

113

ENTRAVES DA BUROCRACIA - IVA GAZETA (VITÓRIA) - 10 DE MARÇO DE 2004

O prazo para abertura de uma nova empresa, até que possa

efetivamente operar, gira em torno de 90 dias e uma simples

transferência de domicílio pode levar mais de 60 dias para obter

a regularização junto aos órgãos fazendários. Esperava-se que o

novo Código Civil pudesse simplificar os procedimentos para essas

empresas, mas, infelizmente, isso não aconteceu. As dificuldades

permanecem, como permanecem os constrangimentos nas áreas

fiscal e trabalhista.

Um exemplo típico de regulação excessiva que emperra a

criação e o funcionamento de micro e pequenas empresas,

quase como uma caricatura, pode ser encontrado no caso de

um pequeno importador de vinhos. Desde 1996, os importadores

devem registrar, junto ao Ministério da Agricultura, o produtor e

os vinhos por este produzidos. Além do certificado de origem, o

importador deve fornecer ao Ministério as análises feitas no país

de origem e, não obstante, se vê obrigado a repeti-las no Brasil.

Operação que demora em média três semanas, repercutindo

sobre os custos de armazenagem e encurtando os prazos de

pagamento que, obviamente, continuam correndo. Mas há mais.

No caso de um mesmo vinho de mesma safra, proveniente da

mesma região e, portanto, com a mesma denominação de

origem, as exigências se repetem tantas vezes quantas forem as

partidas importadas, num mesmo ano.

114

À margem destas considerações, não se pode negar o

alcance de algumas iniciativas governamentais, no sentido de

dar um tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas,

como é o caso do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos

e Contribuições, conhecido pela sigla Simples, que permite o

pagamento unificado de uma serie de impostos e contribuições.

Muito embora sejam louváveis essas iniciativas, muitas vezes

o rigor e o preciosismo dos burocratas, em fazer cumprir a

legislação, resulta na criação de inúmeras dificuldades, para dizer

o mínimo, situação que leva o pequeno empresário ao desespero,

ante o sentimento de impotência em face dos obstáculos que

encontra em seu caminho. É o caso, por exemplo, das pequenas

empresas que operam no setor dos serviços, impedidas de aderir

ao sistema SIMPLES, por uma inexplicável intransigência das

autoridades fazendárias.

O Governo pode incrementar a atividade econômica, com

geração de emprego e renda, dispensando atenção especial

às micro e pequenas empresas, não só ampliando os limites para

a opção pelo SIMPLES e a extensão do sistema ao setor de

serviços, como ainda criando um sistema similar para reduzir a

burocracia, unificar e simplificar o registro de tais sociedades, no

comércio de bens e serviços e turismo.

115

O COMÉRCIO INFORMALJORNAL DO BRASIL - 1 DE JUNHO DE 2004

Segundo recente pesquisa realizada pela Federação das

Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) amplamente

noticiada pelo Jornal do Brasil, 59% das pessoas entrevistadas

afirmaram que compram produtos no comércio informal.

Paradoxalmente, 97,2% admitem diversas desvantagens das

compras nos camelôs, notadamente quanto à qualidade,

ilegalidade, vida útil, origem desconhecida e nocividade dos

produtos (69,8% no total).

A pesquisa não traduz fielmente os hábitos dos consumidores

cariocas, uma vez que se circunscreveu a apenas 300 pedestres,

ouvidos nas ruas do centro da Cidade do Rio de Janeiro,

justamente a área de maior concentração de camelôs. Ainda

assim, a pesquisa revela que 88,5% dos produtos vendidos pelos

camelôs são contrabandeados, falsificados ou roubados de

caminhoneiros: relógios, perfumes, acessórios, CD’s, DVD’s, fitas

de vídeo, brinquedos, óculos, produtos eletrônicos, programas de

computador e jogos eletrônicos.

Muito embora efetuada em segmento inexpressivo da

população carioca, a pesquisa confirma que o comércio informal

sobrevive e se expande graças a ações ou omissões do Governo:

ineficácia da Polícia e da Receita Federal na prevenção e

repressão ao contrabando, nas fronteiras, nos aeroportos, nas

116

áreas portuárias e nas rodovias, bem assim nas vias públicas das

grandes cidades brasileiras.

Há vários anos e como é público e notório, produtos

importados, inclusive falsificados, ingressam no país, em Foz do

Iguaçu. Sucessivas reportagens das emissoras de televisão e de

órgãos da imprensa têm flagrado a impunidade do contrabando

naquela região, seja através de centenas de sacoleiros, seja

através de caixas atiradas do alto da Ponte da Amizade para a

margem brasileira do Rio Paraná, sem que a Polícia e a Receita

organizem um serviço eficaz para fazer cessar e inibir essa prática

delituosa.

Nos aeroportos de Cumbica, Guarulhos e Galeão, centenas

de caixas de produtos eletrônicos têm sido desviadas sem que

ninguém veja. Nas áreas portuárias, containers também são

desviados e caixas atiradas dos navios ao mar, sem que os

contrabandistas sejam incomodados pelos órgãos fiscais e

policiais. Nas rodovias, de vez em quando, um ônibus, em mil, é

retido, com a apreensão de numerosas sacolas de produtos

trazidos de Puerto Stroesner, enquanto os outros 999 transitam

livremente em direção a Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, talvez

porque - como muitos afirmam - tenham pago algum “pedágio”

especial.

Nas vias públicas do Rio de Janeiro, São Paulo e de todas as

nossas grandes cidades, mercadorias contrabandeadas,

falsificadas e roubadas de caminhoneiros são comercializadas

livremente sem que os camelôs sejam incomodados pela Polícia

ou pela Receita.

Segundo a pesquisa, um terço dos entrevistados adquire

mercadorias nos camelôs, porque os preços seriam inferiores aos

do comércio regular. Ora, tais produtos não sofrem a taxação do

117

imposto de importação, do IPI e do ICMS. Os camelôs não têm

de pagar imposto de renda, COFINS, CSLL e PIS, nem contribuem

para a previdência social. A margem de lucro, protegida pelo

preço dos produtos tributados do comércio regular, permite, é

claro, a concessão de toda espécie de gratificações, propinas e

subornos.

Por outro lado, o comércio informal e ilegal dos camelôs não

pode ser confundido com o dos ambulantes autorizados a vender

pipocas, sorvetes, água de côco, roscas de polvilho, mate gelado

e similares, sobretudo nas praias e nos estádios de futebol.

Além disso, parte das populações urbanas costuma reagir

contra a fiscalização municipal, sensibilizada com a divulgada

versão de que os camelôs “estão trabalhando”, o que é melhor

do que “estar roubando”, sem perceber que as mercadorias

oferecidas são produto dos crimes de contrabando, falsificação

e roubo. No entanto, toda a sociedade reclama quanto à

ocupação das calçadas e a sujeira produzida pelos camelôs, que

enfeiam as cidades e prejudicam o turismo.

Resta às Prefeituras o árduo encargo de tentar reprimir o

comércio informal com fiscais e policiais municipais desarmados

e sem o apoio da Polícia Militar, enfrentando, já agora, a

segurança organizada e remunerada dos camelôs.

É bem verdade que camelôs são encontrados em Nova

Iorque, Paris, Moscou, Buenos Aires etc., mas a sociedade brasileira

não pode aceitar a expansão imoderada do comércio informal

em nossas cidades, que está inclusive reduzindo os níveis de

emprego e de renda, na indústria e no comércio regulares, nem,

tampouco, pode tolerar a omissão das autoridades públicas em

questão de tão significativo conteúdo econômico e alcance

social.

119

CORRUPÇÃOJORNAL DO COMMERCIO - 10 DE AGOSTO DE 2004

Quase diariamente, os meios de comunicação dão

conta de casos de corrupção em nosso País, numa dimensão

da qual não tínhamos idéia. George Moody-Stuart, cidadão

britânico, nascido nas Índias Ocidentais, num pequeno livro

sobre as prát icas i l íc i tas do comércio internacional ,

denominou esses casos de “Grand Corruption”.

Do ponto de vista da ética social, não cabe hierarquizar

o conceito de corrupção. O ato é o mesmo, seja no suborno

oferecido ao alto funcionário, para um jogo de cartas

marcadas numa concorrência pública, seja no suborno feito

ao guarda de trânsito, para fazer vista grossa ao avanço do

sinal vermelho.

O escândalo da construção da sede do Tribunal Regional

do Trabalho de São Paulo, as fraudes do INSS, os descaminhos

dos fiscais da receita no Estado do Rio, dando origem ao

neologismo “propinoduto”, as remessas ilegais de câmbio, via

BANESTADO e o caso, recentemente descoberto, das compras

superfaturadas de hemoderivados no Ministério da Saúde,

entram na escala da Grande Corrupção. É a corrupção nessa

dimensão que vem sendo denunciada, há uma década, por

uma organização fundada por um ex-funcionário graduado

do Banco Mundial, a Transparência Internacional, com sede

120

em Berlim, e que tem hoje seu foco de atenção dirigido a

133 países, com representações nacionais na maioria deles,

inclusive no Brasil.

Essa organização criou uma rede de informantes ligados a

instituições internacionais, universidades, empresas de auditoria

ou de inteligência econômica.Para conhecer como a corrupção

é percebida nos diferentes paises, indaga sobre o suborno nas

esferas pública e privada, pergunta sobre o uso da função pública

para fins particulares, desvio de fundos públicos e compra de votos

nas eleições, assim como busca identificar conflitos de interesse,

práticas de evasão fiscal, fraudes contábeis, etc... A cada ano,

por volta de setembro, divulga aos quatro ventos o resultado

síntese das respostas a essa série de indagações.

Com essas informações obtidas através de questionários, a

Transparência Internacional construiu um índice de percepção

da corrupção. Os países com pontuação igual ou maior que 9

são vistos como países com baixíssimo nível de corrupção. A

corrupção está profundamente enraizada na vida das nações,

no caso de países com pontuação abaixo de 2. Na América

Latina, a melhor pontuação pertence ao Chile com 7,5. O Brasil

aparece com pontuação 4, classificação que indica menor grau

de corrupção do que, por exemplo, a Argentina, o México ou a

Venezuela.

Como a aferição das pontuações se refere ao ano de 2002,

ainda não se conhece a pontuação que corresponderá ao Brasil,

em 2003 ou 2004. Contudo, qualquer que seja a pontuação

assinalada, não se deve estabelecer qualquer correlação com a

mudança nas administrações federal e estaduais. É preciso ter

em conta que o índice mede como a corrupção é percebida e

que as denúncias que agora afloram podem vir de

acontecimentos de tempos passados.

121

Em termos mais gerais, mas ainda ineficiente e com algumas

iniciativas de inspiração política, há um fato novo na vida brasileira

criado pela Constituição Federal de 1988: a presença do Ministério

Público, que, certamente, terá uma influência positiva na prática

da corrupção em nosso País.

O que é importante ter em mente é que a “grande

corrupção” reduz a capacidade de crescimento do País. O

dinheiro mal ganho geralmente vai parar em paraísos fiscais,

retirado, portanto, do circuito interno de rendas que movimenta

e impulsiona o consumo e o investimento. É impressionante

verificar, ademais, como a “grande corrupção” se infiltrou no seio

das grandes empresas, com ações de empregados e, até mesmo,

de diretores, que, motivados por interesses pessoais, prejudicam

as empresas a que pertencem. Vamos aguardar a próxima

divulgação do índice de Transparência Internacional.

123

UM ALERTA SOBRE ABUROCRACIA

JORNAL DO COMMERCIO - 13 DE OUTUBRO DE 2004

A burocracia forma o braço atuante do Estado em suas

relações com as pessoas físicas e jurídicas, assegurando o

funcionamento da máquina estatal. O ideal seria que esse

funcionamento pudesse fluir sem maiores entraves, mas como

na maioria dos casos, em nosso país, tal não acontece, o excesso

de regulação transforma a burocracia num obstáculo, ao invés

de um coadjuvante do processo de crescimento econômico.

Isso está perfeitamente retratado na versão mais atual do estudo

do Banco Mundial sobre a burocracia, abrangendo 145 países,

quando relaciona a ação da burocracia ao ambiente de negócios.

País considerado como uma economia emergente, por certos critérios,

o Brasil tem um aparelho burocrático comparável, na lentidão e

complexidade de suas ações, ao dos países mais pobres da África.

Assim, por exemplo, em termos de tempos médios, a

constituição de uma empresa pode demorar seis meses,

simplesmente porque de todos os países investigados é o que

requer maior número de procedimentos legais. E o encerramento

de suas atividades pode exigir dez anos. Por esses dois critérios de

tempo, estamos, no primeiro caso, em companhia de

Moçambique e no segundo, de braços dados com o Chade.

124

De um modo geral, o Judiciário é lento em quase todos os

países, mas, ainda de acordo com o Banco Mundial, uma

demanda no Brasil demora em média quase dois anos para

chegar à sentença. E na decretação da falência de uma

empresa, os credores recebem uma parte infinitesimal de seus

créditos.

A rigidez da legislação do trabalho cria um ambiente

burocrático que resulta num paradoxo: país de mão-de-obra

relativamente barata, mas de alto custo para o empresariado,

obviamente repassado aos bens finais.Como a demissão

representa em média 40 salários do empregado, não admira a

forte tendência para a informalidade no caso dos pequenos

negócios.

É curioso que, em termos quantitativos, o número de

funcionários que formam a base da estrutura do Estado brasileiro

não chega a ser absurdamente grande. Estima-se que o país gaste

2,5% do PIB com o funcionalismo. O que se coloca sobre a mesa,

isto sim, é a qualidade do serviço civil, cujas portas, agora, foram

abertas, nos escalões mais altos, a representantes do sindicalismo

operário. E é este serviço civil que tem de decidir sobre como

fazer fluir procedimentos, em face do complexo arcabouço legal,

em constante mutação, e do conflito de competência de

instituições superpostas e redundantes.

Certamente, existe um rico anedotário a respeito dos entraves

criados pela burocracia para “fazer as coisas acontecerem”. Por

exemplo, o processo para registrar no INPI a marca de um

medicamento pronto leva três anos e o da patente de cinco a

sete anos. Talvez um caso emblemático, para ficar com uma

expressão em voga, seja o do teste de uma roda de liga leve

desenvolvida localmente por uma indústria de automóveis, que

deveria ser objeto de testes na Europa. O fisco interpretou o envio

125

da remessa para testes como amostra, portanto, como se uma

exportação fosse. Tardou-se mais de um mês a resolver o impasse

e nesse ínterim perdeu-se a preferência para uso da pista de testes

da casa matriz. Por algum tempo ainda, a roda de liga leve

continuará a ser importada, à espera da homologação da roda

aqui desenvolvida.

Como a pregação do saudoso Hélio Beltrão caiu na areia

do deserto, resta esperar que o estudo do Banco Mundial, que

deixa o Brasil muito mal, possa servir para um novo despertar de

consciências, capaz de conduzir a uma burocracia que seja

eficiente e diligente, para bem servir ao país.

♦ Almoço da Diretoria com o Secretário de Relações do

Trabalho, Osvaldo Martines Bargas

♦ Almoço da Diretoria com o Ministro do Trabalho e

Emprego, Ricardo Berzoini

♦ Almoço da Diretoria com o Ministro das Comunicações,

Eunício Oliveira

♦ Almoço da Diretoria com o Presidente do Superior

Tribunal de Justiça, Ministro Edson Vidigal

♦ 92a Conferência da OIT

♦ Inauguração do Centro de Convenções do SESC-DR-ES

♦ Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-PR, Darci Piana

♦ Almoço da Diretoria com o Presidente do Tribunal de

Contas da União, Ministro Valmir Campelo

♦ Posse do Presidente FECOMÉRCIO-RS, Flávio Sabbadini

♦ Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-RJ, Orlando Diniz

♦ Posse do Presidente da FECOMÉRCIO-SC, Antonio

Edmundo Pacheco

♦ Almoço da Diretoria com o Presidente do Tribunal

Superior do Trabalho, Ministro Vantuil Abdala

♦ Inauguração do SESC-Pinheiros

♦ Dia Mundial do Turismo

Pronunciamentos

Capítulo 6

129

ALMOÇO DA DIRETORIA COM OSECRETÁRIO DE RELAÇÕES DOTRABALHO, OSVALDO MARTINESBARGAS

BRASÍLIA - 29 DE JANEIRO DE 2004

Temos o prazer de receber o meu caro amigo Osvaldo

Martines Bargas, Secretário de Relações do Trabalho do Ministério

do Trabalho e Emprego e Coordenador-Geral do Fórum Nacional

do Trabalho. Ele é amigo da legislação trabalhista, amigo dos

trabalhadores, dos empregadores e, principalmente, amigo do

emprego, que realmente é a grande tarefa colocada nas mãos

desse Ministério.

Devia estar aqui presente nosso Ministro Ricardo Berzoini,

que, infelizmente, teve de se deslocar para Minas Gerais. Creio

que todos estão a par de que houve o assassinato de três

auditores e de um funcionário do Ministério do Trabalho e

Emprego. De sorte que nosso Ministro do Trabalho Ricardo

Berzoini hoje não está presente, no entanto está muito bem

representado aqui.

Bargas é realmente o homem que simboliza para nós, hoje,

a importância do Ministério do Trabalho e Emprego.

130

Inicialmente gostaria de fazer dois pedidos ao Secretário

que está aqui presente. Sabemos que o comerciante sempre

começa pedindo alguma coisa.

Meu primeiro pedido, meu caro Bargas, é no sentido de

que transmita a Jacques Wagner, ex-Ministro do Trabalho e

Emprego, nosso reconhecimento e agradecimento pelo tipo

de relação, pelo bom entendimento que, durante o ano

passado, mantivemos com esse Ministério, em grande parte

devido ao seu trabalho.

Jacques Wagner teve a capacidade e a compreensão

de entender os objetivos dos empresários do comércio e,

naturalmente, dos outros setores.

Segundo pedido; transmita ao novo Ministro do Trabalho e

Emprego, o Dr. Ricardo Berzoini, que esta Casa está aberta ao

diálogo, ao trabalho em conjunto, que queremos realmente

trabalhar junto com o Governo, junto com o Ministério do

Trabalho e Emprego, em especial nesses dois organismos tão

atuantes, no momento, que são o Fórum Nacional do Trabalho

e, posteriormente, o Fórum do Sistema “S”, que também nos

interessa muito de perto.

Esses dois Fóruns deverão produzir uma nova legislação

sindical e uma nova legislação trabalhista.

Temos absoluta certeza da competência com que nosso

amigo Osvaldo Bargas irá coordenar os trabalhos de todos que

estão empenhados - não vou dizer luta - nesse trabalho,

profundo e árduo, em benefício de bons resultados na

legislação sindical, que deve sair em prazo mais curto, e que

possibilitará uma legislação trabalhista mais adequada, logo

em seguida.

131

Tinha eu trazido dois elementos, para não faltar com aquilo

que foi previsto.

Meu caro amigo Bargas sabe da sensibilidade do setor

comercial varejista para as questões derivadas do desemprego

e do baixo poder aquisitivo da força de trabalho.

No ano passado, segundo o IBGE, o faturamento real do

comércio sofreu uma queda de 4,5%, repetindo o desempenho

negativo dos anos anteriores. Certamente esse resultado está

vinculado à perda de 12,5% do poder aquisitivo dos salários, de

modo geral.

Existe, pois, entre todos os nossos companheiros do comércio,

uma grande ansiedade e um alto propósito de responsabilidade

no encaminhamento das questões sindicais e trabalhistas, hoje

muito em suas mãos, meu caro Bargas.

Outra questão que todos entendemos ser o grande desafio

à nossa frente consiste na retomada do crescimento econômico

e na geração de empregos.

Ninguém pode pensar em gerar empregos sem uma

retomada econômica.

É preciso, como diziam alguns Ministros anteriores, que o bolo

cresça para, depois, poder dividí-lo.

Esse, o desafio, que entendemos deva ser também do Fórum

Nacional do Trabalho, a fim de que as reformas que estamos

perseguindo tenham o cunho fundamental da modernização e

da sustentabilidade, a médio e longo prazo - e vou dizer algo

que nos parece muito importante -, preservando as boas medidas

implementadas durante os últimos 50 anos.

132

Nessa reformulação, entendemos que devemos ter todo

cuidado e não desprezar, não descartar o que de bom se

construiu durante 50 anos.

Há muito a ser modificado; precisamos modernizar. Estamos

de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, com o Bargas,

com o antigo Ministro, com o novo Ministro e com o Presidente

Lula, com quem já conversamos a respeito. Há necessidade de

modernização. No entanto, modernização não significa ignorar

o que existe para se começar a construir do zero.

Vamos aproveitar tudo que existe de bom e, naturalmente,

melhorar, implementar, para que nossa legislação seja a mais

moderna e a mais adequada às necessidades do país.

É com este sentido que desejamos nos colocar à disposição

do Ministério do Trabalho e Emprego, na continuidade dos

trabalhos que vimos realizando em parceria com o Governo do

Presidente Lula, pedindo ao ilustre representante do Ministério do

Governo, em meu nome pessoal e de meus companheiros, que

considere esta Casa do Comércio uma extensão do Ministério

do Trabalho e Emprego.

Considere-se em sua casa. Esteja sempre absolutamente à

vontade e conte conosco em tudo que for necessário.

Nossos objetivos são comuns, meu caro Secretário, queremos

mais empregos, queremos o crescimento deste país, melhor

padrão de vida, melhor futuro para nossos filhos, para nossos netos

e dotar este país de legislação atualizada.

O Brasil é um país que tem tudo. Falta alguma coisa que

vocês, certamente, em conjunto com os empresários e os

trabalhadores, irão produzir.

133

Obrigado por sua presença. Peço que transmita a todos

nossos agradecimentos e se considere, realmente, em sua casa.

Muito obrigado, Bargas. Um abraço.

135

ALMOÇO DA DIRETORIA COM OMINISTRO DO TRABALHO EEMPREGO, RICARDO BERZOINI

BRASÍLIA - 11 DE MARÇO DE 2004

Exmo. Sr. Ministro do Trabalho e Emprego Ricardo Berzoini,

caros Companheiros da Confederação Nacional do Comércio,

das Federações do Comércio, Presidentes de Sindicatos, Srs.

Empresários, minhas Senhoras, meus Senhores:

Meu caro Ministro, preparamos uma breve exposição a

respeito das ações da Confederação Nacional do Comércio,

junto ao Fórum Nacional do Trabalho, no sentido de realmente

obtermos uma nova legislação mais atualizada, no que tange

principalmente aos aspectos sindical e trabalhista.

Além disso, pretendíamos também apresentar informações

a respeito das nossas Entidades SESC e SENAC, e sua atuação

em todo o Brasil que representa realmente um grande trabalho,

em benefício da classe trabalhadora do comércio e de empresas

de serviços terceirizados também.

Acontece que fomos surpreendidos com a falta de tempo

do Ministro, que tem, dentro de 20 minutos, um compromisso com

o Presidente da República.

136

De sorte que ficará para uma próxima oportunidade a

apresentação do que está sendo feito pela Confederação

Nacional do Comércio e pelas Federações do Comércio em todo

este País.

Realmente estamos cobrindo todos os vinte e sete Estados,

mais o Distrito Federal, com apoio jurídico, com apoio empresarial,

enfim, na defesa dos interesses dos empresários do setor.

Sobre o SESC e o SENAC, quero ressaltar o seguinte: o SENAC,

Ministro, preparou, ano passado, cerca de dois milhões de

profissionais para ingresso no mercado de trabalho ou

aprimoramento de suas condições de trabalho.

O SESC, por meio de todas as suas instalações, tem cerca de

4,5 milhões de associados, aos quais são prestados todos os

serviços de assistência social, odontologia e uma série de outros

benefícios, assim como o SENAC, que por intermédio de suas

escolas fixadas em inúmeras cidades, somadas às escolas

itinerantes, as carretas-escola, correm o Brasil inteiro - inclusive no

rio Amazonas temos uma barca que faz a profissionalização

daquelas populações - promovem a formação profissional de

milhões de pessoas.

Isso, como disse há pouco, vai ficar para uma próxima

oportunidade. No entanto, não nos poderíamos furtar de lhe expor

um breve filme, a respeito do menor aprendiz, isto porque estamos

conscientes, sabemos e estamos acompanhando o trabalho do

Ministro - não só o do Ministro Berzoini, atual, como nosso Jacques

Wagner, a quem manifestamos nosso preito de amizade e

admiração, pelo trabalho que realizou, antecedendo a sua

Administração. Sabemos do interesse com que o Ministério do

Trabalho e Emprego está levando em conta o problema do

primeiro emprego.

137

Trata-se, realmente, de programa extremamente importante,

porque é por ocasião do primeiro emprego que existe a grande,

quase que revolução, na mente de cada brasileiro, de cada

jovem, menino ou menina, rapaz ou moça, quando, na verdade,

ele ingressa no mercado de trabalho.

O primeiro emprego muda a vida muito mais do que qualquer

outra ocorrência durante a vida desses jovens.

No sentido de atendermos não só os objetivos do Ministério do

Trabalho e Emprego como para cumprir a lei, o SENAC está

promovendo realmente, de forma intensa, o trabalho do menor

aprendiz, que é o modo de induzi-lo a entrar no mercado de trabalho.

De maneira que, se seu tempo permite, gostaria que

começasse a exibição do filme. No entanto, antes, Sr. Ministro,

gostaria de lhe dizer: considere esta Casa sua Casa. A

Confederação Nacional do Comércio é uma extensão do

Ministério do Trabalho e Emprego. Aqui propugnamos pelos

mesmos objetivos do Ministério. Pode contar com a nossa

colaboração, assim como temos contado sempre com a

colaboração do Ministério do Trabalho e Emprego, ao longo de

todos estes anos.

Considere-nos aqui como sua família funcional. Todos os

companheiros aqui estão de acordo com os objetivos do

Ministério do Trabalho e Emprego e estão prontos a colaborar

nesse sentido.

Assim, Ministro, muito obrigado por sua visita. Contudo, o

Ministro fica devendo voltar a esta Casa, para ouvir aquilo que

tencionávamos transmitir-lhe, informações a respeito do nosso

trabalho, em benefício deste País, que realmente cada vez mais

deve ir para a frente.

138

Naturalmente acreditamos que o Ministro possa ajudar nessa

redução da carga tributária, que está impedindo os investimentos.

Não sendo feito o investimento, não há emprego novo. De

maneira que é um círculo vicioso. Há necessidade do

engajamento de todos nós na redução da carga tributária.

Muito obrigado pela sua vinda, esperando vê-lo aqui

brevemente.

139

ALMOÇO DA DIRETORIA COM OMINISTRO DASCOMUNICAÇÕES, EUNÍCIOOLIVEIRA

BRASÍLIA - 15 DE ABRIL DE 2004

Meu caro Deputado e Ministro Eunício Oliveira, nosso Amigo,

Diretor desta Confederação, pessoa que está conosco há muito

tempo, lutando pelos mesmos objetivos, é por isso que temos o

prazer de recebê-lo hoje, aqui; meu caro Deputado Ronaldo

Caiado, também um lutador pelas causas que temos defendido,

Srs. Diretores da Confederação, Srs. Empresários, Presidentes de

Federação, minhas Senhoras, meus Senhores:

Normalmente nesses almoços que costumamos realizar às

quintas-feiras aqui, em Brasília, não toda quinta-feira, pelo menos

uma vez por mês ou de dois em dois meses, iniciamos, quando

temos um convidado ilustre, com a apresentação desse

convidado, dizendo quem é, o que foi, o que faz etc.

No caso do Eunício isso é absolutamente desnecessário,

porque Eunício é da Casa. Eunício é da Casa tanto quanto eu,

quanto todos vocês que estão aqui. No entanto, não custa

lembrar que Eunício, que se formou no Ceará, em Economia - me

140

corrija se eu estiver errado -, aqui, em Brasília, formou-se em

Administração, fundou dois sindicatos - O Sindicato de Transporte

de Valores, Asseio e Conservação, ajudou a fundar a FENAVIST,

fundou a FEBRAC, juntamente com outros amigos, foi realmente

um representante sindical nesta área, em Brasília, foi Presidente

da Federação do Comércio de Brasília, é Diretor da

Confederação Nacional do Comércio. Enfim, ele tem uma vida

sindical que começou como empresário, sindicalista e chegou a

esta Confederação. Isso na parte sindical.

Na parte empresarial, realmente Eunício é um grande

empresário. É um empresário de sucesso, um empresário

responsável, tem excelente conceito, o que nos honra muito.

Eunício é um empresário que representa o empresariado de

Brasília com muita honra, com muito orgulho para todo o

empresariado desta terra.

Por isso, meu caro Ministro, que hoje estão reunidos aqui seus

amigos.

Imaginávamos tê-lo feito anteriormente, mas, por uma série

de fatos, foi sendo adiada essa reunião, mas hoje estamos todos

aqui - Presidentes de Federação, Presidentes de Sindicatos,

Diretores da Confederação, todos nós -, estamos todos aqui com

o objetivo de homenageá-lo, pela sua carreira política, pela sua

carreira sindical e pela sua carreira como empresário. Eunício

reuniu sucesso nessas três áreas.

Por isso que, para nós é uma honra muito grande recebê-lo

aqui, como Ministro, como Deputado e, principalmente, como

homem de nossa Casa.

Desejamos que Eunício tenha, à frente do Ministério das

Comunicações, muito sucesso, que traga muita paz ao setor, que

141

sabemos é conturbado, num País que está em desenvolvimento,

como o nosso, que tem uma série de tendências, tem uma série

de vontades a serem organizadas, a serem atendidas. Eunício

tem essa habilidade, tem a habilidade de conseguir juntar as

diversas correntes, para encontrar as soluções adequadas.

Meu caro Ministro, sinta-se, como sempre em sua Casa. Meus

parabéns pela condução. Aliás, devo parabéns ao nosso

Presidente da República, que teve a felicidade de escolhê-lo para

ser um de seus Ministros. Parabéns a ele. Nosso desejo é que você

seja muito feliz, porque o grande beneficiário da sua atividade,

do seu trabalho, será o povo e a sociedade brasileira.

Precisamos de homens capazes, inteligentes, e precisamos

de competência na cúpula do Governo, da qual, hoje em dia, o

meu caro Eunício faz parte.

Muito obrigado por estar aqui conosco. Sinta-se sempre nesta

Casa, e boa sorte. Um abraço.

143

ALMOÇO DA DIRETORIA COM OPRESIDENTE DO SUPERIORTRIBUNAL DE JUSTIÇA, MINISTROEDSON VIDIGAL

BRASÍLIA - 20 DE MAIO DE 2004

Exmo. Sr. Presidente do Superior Tribunal de Justiça - Ministro

Edson Vidigal; meus Caros Companheiros de Diretoria; Srs.

Consultores; Srs. Presidentes de Federações; Srs. Empresários;

minhas Senhoras, meus Senhores:

Esta é para nós uma data de muita alegria. A presença de V.

Exma. nesta Casa é motivo de orgulho e, desfrutar de sua

companhia, um privilégio.

Ao concluir o seu discurso de posse no alto cargo de

Presidente do Superior Tribunal de Justiça, V. Exma. colocou em

destaque - estas palavras são suas, Sr. Ministro:

“Minha origem é a estrada, meu destino é o futuro.

Vamos continuar seguindo juntos.”

Hoje, em nossa conversa inicial, o prezado Ministro falou sobre

144

o futuro do País, o papel dos empresários e o papel do Governo,

em especial a confiança que nós, empresários, temos na Justiça

brasileira.

É nessa caminhada, onde V. Exa. assegura que “o

compromisso primeiro da Justiça num Estado Democrático é

a Paz”, que a Confederação Nacional do Comércio e suas

Federações querem estar presentes, a fim de ajudar o País a

não cair no poço da insegurança, do medo, da apatia, da

indiferença e da leniência.

Aqui estão presentes, Sr. Ministro, os 27 Estados da

Federação, representados pelos empresários do comércio de

bens, de serviços e de turismo, que mensalmente se reúnem

para discutir e buscar soluções para as questões ligadas ao

nosso setor, visando o fortalecimento de nossos negócios e

nossas empresas, colaborando, assim, na geração de novos

empregos e no crescimento do nosso País.

O Sistema Confederação Nacional do Comércio - este é

esclarecimento para V. Exma., que não priva de nossa

intimidade aqui -, que abrange o Sesc e o Senac, tem no

vértice da pirâmide a CNC, que se dedica à defesa dos

interesses dos empresários do comércio de bens, de serviços

e de turismo, compreendendo 27 Federações Estaduais, 7

Nacionais e 900 Sindicatos - Sindicatos estes que se reúnem,

a cada dois anos, com a CNC, no Rio de Janeiro, para

discussão, atual ização e solução dos problemas que

porventura aflijam as suas bases.

Voltados para os trabalhadores, o Sesc e o Senac

dedicam-se, respectivamente, ao bem-estar social,

promovendo lazer, turismo, educação e saúde, e a formação

profissional dos nossos trabalhadores.

145

Este Sistema social envolve cerca de 40.000 empregos - são

40.000 empregos dentro do Sesc, do Senac e de nossas

Federações -, compreendendo um verdadeiro exército que se

dedica ao bem-estar dos trabalhadores do setor terciário de nossa

economia, circunstância que o credencia como único existente

em todo o Mundo.

O Sesc está presente em 2.200 municípios brasileiros, com

a manutenção de cerca de 500 ginás ios e centros

desportivos, 1.300 salas de aula, 31 centros educacionais

instalados em municípios carentes, 154 bibliotecas e 120

auditórios.

Podia também adicionar, Sr. Ministro, que o Sesc cuida

do chamado turismo social. O turismo social, para atender

aos trabalhadores do setor do comércio de bens, de serviços

e de turismo, como disse há pouco, mantém colônias de

férias, que são verdadeiros resorts, onde há 13.500 leitos.

Talvez seja das maiores cadeias hoteleiras conhecidas. Não

conheço nenhuma outra, pelo menos no nosso Hemisfério,

que tenha 13.500 le i tos, que são, em grande parte,

subvencionados e destinados aos nossos trabalhadores,

porque, sem isso, o trabalhador brasileiro não teria acesso a

esses centros de lazer, de repouso, que ele merece.

Já o Senac, somente no ano de 2003, nas suas 710

unidades operacionais, em cerca de 2.000 municípios

brasi lei ros, atendeu a cerca de 2 milhões de alunos,

orientados por 15 mil professores especializados.

Estes números impressionam, Sr. Ministro.

Gostaria que o Ministro tomasse conhecimento do que

vem a ser este Sistema que hoje V. Exma. visita.

146

Vale salientar que esse é um trabalho espontâneo que todos

nós, do Comércio, realizamos em favor da Paz Social - harmonia

almejada pela sociedade, perseguida pelo Estado Democrático

de Direito - e, como bem ressaltou V. Exma. em seu discurso de

posse: “A Justiça é um instrumento realizador da Paz. Da Paz Social”.

Bastaria esse trecho para vislumbrar qual o seu programa de

trabalho à frente do Superior Tribunal de Justiça. Mas V. Exma. vai

adiante, ao colocar em relevo na mesma peça de ascensão à

Presidência: “investir na cidadania, de modo que as pessoas mais

distantes, em seus subúrbios, grotões, favelas, sejam tocadas pelo

evangelho redentor da democracia”.

As palavras são suas, Ministro, no momento em que assumiu

a Presidência desse Tribunal.

Sr. Presidente - Ministro Edson Vidigal, meus caros

companheiros do Comércio, meus caros amigos, quando

tomamos a iniciativa de convidar V. Exma., nada mais fizemos

senão confirmar que o objetivo claro da sua gestão é o mesmo

ideal que move a todos nós.

Todos nós do Comércio partilhamos pela cartilha que foi

defendida, em seu discurso de posse e pela sua atuação à frente

desse Tribunal, e repetindo o que disse há pouco a V. Exma.,

quando aqui chegou: nós, do Comércio, que fazemos parte do

setor produtivo deste País, olhamos para a Justiça, em especial

os Supremos Tribunais, como é o Superior Tribunal de Justiça que

V. Exma. preside, como a nossa fronteira de defesa.

É lá que o comerciante, o industrial, o agricultor encontram

a defesa dos seus princípios, porque nem sempre nossos interesses

estão sendo bem defendidos por outros Poderes, sejam federais,

estaduais ou municipais.

147

É na Justiça que repousa a nossa garantia de podermos

continuar a trabalhar em benefício deste País, dando o melhor

dos nossos esforços. Esforço - como disse, Ministro - espontâneo.

Nenhum de nós está buscando interesse pessoal. Nesta sala não

há nenhuma pessoa que esteja, aqui, defendendo interesse

pessoal. Estamos defendendo o interesse da atividade produtiva

do País, que é a única forma de transformarmos este País numa

Nação ideal que desejamos para nossos filhos, para nossos netos,

para os brasileiros que virão depois de nós.

Receba, portanto, Ministro, a nossa simpatia, o nosso

agradecimento pelo trabalho que V. Exma. está realizando.

Receba a nossa colaboração. Por favor, considere esta como a

sua casa. Seja sempre muito bem-vindo.

Qualquer problema, a Confederação Nacional do Comércio

e seu Sistema estarão à sua inteira disposição, porque estamos

certos de que seus objetivos são exatamente iguais aos nossos - a

defesa dos interesses do nosso País.

Muito obrigado.

149

92a CONFERÊNCIA DA OITGENEBRA - 8 DE JUNHO DE 2004

Exmo. Senhor Ministro do Trabalho e Emprego

Ricardo Berzoini

Exmo. Senhor Embaixador

Luiz Felipe de Seixas Corrêa

Exmo. Senhor Ministro do Tribunal Superior do Trabalho

Vantuil Abdala

Exmo. Senhor Presidente da Comissão de Trabalho e Emprego

da Câmara dos Deputados

Tarcísio Zimmermann

Ilustríssima Senhora Procuradora Geral do Ministério Público

do Trabalho

Sandra Lia Simón

Ilmo. Senhor Secretário de Relações do Trabalho

150

Oswaldo Bargas

Ilmo. Senhor Delegado dos Empregadores

Thiers Fattori

Ilmo. Senhor Delegado dos Trabalhadores

João Vaccari Neto

Senhores e Senhoras Parlamentares

Meus Senhores

Minhas Senhoras

Senhor Ministro,

Para nós é motivo de muita satisfação podermos estar

reunidos para homenageá-lo, por ocasião da 92a Conferência

Internacional do Trabalho.

Em verdade, esta é rara ocasião em que encontram-se

reunidos, numa noite festiva, representantes dos empregadores,

dos trabalhadores, dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo

e do Ministério Público do Trabalho.

Nos últimos 14 anos, a Confederação Nacional do Comércio

tem proporcionado esta ocasião à bancada brasileira que aqui

comparece, o que permite o convívio dos atores sociais atuantes

no mundo do Trabalho.Por isso mesmo, o que era um simples

jantar, transformou-se em uma festa de congraçamento.

Aqui em Genebra, Senhor Ministro, comparecemos para

151

discutir os assuntos constantes da pauta desta Conferência da

OIT, dentre os quais se destaca o tema formação e

desenvolvimento de recursos humanos e a formação, cujos

objetivos, constantes do texto proposto para exame da Comissão

respectiva, estão voltados para a aprendizagem permanente,

como tal compreendendo todas as atividades de aprendizagem

realizadas ao largo da vida do trabalhador, com o fim de

desenvolver suas competências e qualificações.

Neste sentido é oportuno destacar as atividades do SENAC

(e do SENAI), voltados exatamente para o aprendizado e o

desenvolvimento das aptidões profissionais do trabalhador, cuja

excelência têm sido reconhecidas nos planos nacional e

internacional.

Senhor Ministro o ambiente é festivo e fraterno.

Vamos vivê-lo com a satisfação de tê-lo no nosso convívio.

Muito obrigado.

153

INAUGURAÇÃO DO CENTRO DECONVENÇÕES DO SESC-DR-ES

PRAIA FORMOSA - ESPÍRITO SANTO - 18 DE JUNHO DE 2004

Exmo Sr. Governador do Estado do Espírito Santo

Paulo Hartung

Meus estimados amigos e conterrâneos,

Companheiros do Sicomercio,

Prezados amigos Hamilton Rebello, Presidente da Federação

do Comércio do Estado do Espírito Santo, e Guttman Uchoa de

Mendonça, Diretor do Sesc Regional,

Devo confessar que estou profundamente emocionado com

esta inauguração do Centro de Convenções do Centro de

Turismo de Praia Formosa, um acontecimento que honra a

tradição do nosso sistema de assistência social e lazer, destinado

ao povo do Espírito Santo, e principalmente, ao turismo social,

aos comerciários do nosso Estado e seus familiares, aos nossos

visitantes.

Esse novo Centro de Recreação do Sesc é mais uma

conquista do trabalho persistente do nosso presidente Hamilton

154

Rebello, assim como da criatividade e incansável capacidade

realizadora de seu Diretor-Regional Guttman de Mendonça,

consolidando a experiência vitoriosa iniciada com o Centro de

Lazer de Guarapari.

É grande a emoção que se apodera de todos nós, e a mim

particularmente, pelo fato de estarmos contribuindo para

desenvolver em nosso Estado uma de suas mais notáveis

vocações, que é o TURISMO.

A inauguração deste Centro é, sem dúvida, um marco na

História do Estado do Espírito Santo, não só pela contribuição que

ele represente como conquista social para o operosa classe dos

comerciários, como pelo alto significado que certamente terá

no campo da atração dos turistas do nosso Estado, dos demais

Estados do Brasil e do exterior.

O Estado do Espírito Santo ganhou um extraordinário impulso

com a presença das grandes empresas que aqui se instalaram,

como a Vale do Rio Doce, a Aracruz, a Siderúrgica Tubarão, a

Samarco e tantos outros, positivamente atraídas pelas condições

excepcionais do nosso sistema portuário.

Ao lado destes significativos empreendimentos, sobressai,

cada vez mais, o potencial de atração turística de nossa terra,

da beleza natural de nossas praias, que se estendem do Norte

ao Sul do Estado, competindo com o encanto das nossas serras e

montanhas, todo o território povoado por uma gente simples e

acolhedora, no campo e nas cidades, resultado de uma das

experiências mais positivas de amalgamento da gente da terra

com os imigrantes europeus e de outros continentes.

Cada vez mais, vai se configurando a enorme riqueza

proporcionada pelas realizações na área do TURISMO, por sua

155

capacidade de gerar empregos e renda, de desenvolver

atividades de serviços nas áreas de hotelaria, da culinária, do

lazer, da pesca, da cultura, do trabalho artesanal, incluindo a

acolhedora pousada que oferecemos aos nossos visitantes no

Mosteiro Zen-Budista de Ibiraçu.

Estou seguro de que esta realização do Sesc Regional constitui

uma das mais importantes contribuições que podemos oferecer

ao nosso Estado e ao povo capixaba.

Daí a grande alegria e satisfação com que participo deste

evento, acrescidas da profunda emoção com que recebo, ao

lado de minha família, de meus amigos e companheiros, a

significativa homenagem de ter o meu nome associado a esta

magnífica realização.

Muito obrigado companheiro Hamilton, muito obrigado meu

querido amigo Guttman. Muito obrigado a todos aqui presentes.

157

POSSE DO PRESIDENTE DAFECOMÉRCIO-PR, DARCI PIANA

CURITIBA - 26 DE JUNHO DE 2004

Exmo. Senhor LUIZ CARLOS DELAZARI - nesta oportunidade

representando o Exmo. GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ,

SR. ROBERTO REQUIÃO.

Demais autoridades nominadas

Senhoras e Senhores

Meus prezados amigos Diretores da CNC e presidentes de

nossas Federações, aqui presentes,

Estimados companheiros RUBENS BRUSTOLIN e DARCI PIANA,

Devo registrar, nesta oportunidade, em meu nome e no da

Confederação Nacional do Comércio, a alegria e satisfação com

que compareço a esta cerimônia de transmissão de posse na

Federação do Comércio do Estado do Paraná.

Esta Federação do Comércio foi criada em 1948, portanto,

apenas dois anos após a criação da Confederação Nacional do

Comércio, o que significa dizer que há mais de meio século vimos

compartilhando as responsabilidades que nos incumbem, de

158

trabalhar em defesa dos interesses da classe do comércio e

desenvolver um elenco de atividades sociais, em benefício da

sociedade e, especificamente, da laboriosa classe dos

empregados do comércio.

Em 1959, foi criada, neste Estado, a Federação do

Comércio Varejista, ao lado da Federação estadual.

Durante 40 anos, conviveram as duas Federações, até que

se processou a sua fusão, em 1998, dentro da nova sistemática

de unificação decidida pela Assembléia do SICOMÉRCIO.

O presidente Rubens Brustolin vem nos acompanhando

nessa jornada, desde 1989, quando assumiu o comando desta

Federação e passou a integrar a Diretoria da CNC.

Durante todos esses anos, o companheiro Brustolin se

destacou como uma das figuras de maior projeção dentro do

nosso sistema, não só por seus dotes de caráter, mas,

principalmente, por sua extraordinária capacidade de

liderança, criatividade e espírito empreendedor.

Todos nós do Sistema Confederativo do comércio,

brasileiros e paranaenses, ficamos devendo ao companheiro

Brustolin os resultados de seu trabalho à frente da Fecomércio-

Paraná.

Esse reconhecimento nos traz, hoje, a Curitiba, a esta

cerimônia de transmissão de posse, para prestar ao querido e

amigo companheiro as homenagens da Confederação

Nacional do Comércio e de nossas Federações estaduais.

Muito obrigado, amigo Brustolin. E boa sorte, em suas novas

atividades.

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Devo também dizer, nesta oportunidade, da grande

satisfação que temos, todos nós, em participar desta cerimônia

em que o bastão de comando desta Federação é entregue ao

companheiro Darci Piana, um veterano nas hostes sindicais,

empresário de sucesso, presidente do Sindicato do Comércio

Varejista de Veículos, Peças e Acessórios para Veículos do Estado

do Paraná, desde 1995.

Vice-Presidente desta Federação, o companheiro Darci

Piana exerceu duas vezes o seu mandato, até sua elevação ao

cargo de Presidente, cuja posse hoje se realiza, para satisfação

de todos os que acompanharam sua atuação na Fecomércio,

desde 1998.

Minhas senhoras e meus senhores, prezados amigos, quero

deixar consignado, neste oportunidade, o sincero

reconhecimento da Confederação Nacional do Comércio pela

construtiva colaboração e participação do amigo e companheiro

Brustolin, ao longo dos últimos 15 anos.

Ao companheiro Darci Piana, devo manifestar a minha

satisfação pessoal e dos companheiros da CNC, por sua merecida

eleição à Presidência, assim como a confiança que depositamos

em sua capacidade de empresário e de sindicalista, para dar

continuidade aos relevantes trabalhos que vêm sendo realizados

pela Federação do Comércio do Estado do Paraná.

Meus parabéns e votos de pleno sucesso, companheiro Darci

Piana.

Muito obrigado.

161

ALMOÇO DA DIRETORIA COM OPRESIDENTE DO TRIBUNAL DECONTAS DA UNIÃO, MINISTROVALMIR CAMPELO

BRASÍLIA - 1 DE JULHO DE 2004

Companheiros de Diretoria e Presidentes de Federações,

meus caros Empresários de Brasília e de outros Estados,

minhas Senhoras, meus Senhores, Exmo. Sr. Ministro Valmir

Campelo:

Esta é a primeira vez que recebemos, nesta Casa do

Comércio, a figura ilustre do Presidente do Tribunal de Contas

da União.

Regist ro este fato, pela sua relevância, pois as

responsabilidades do nosso Sistema Confederativo, e aí

inclu ídas as inst i tu ições do Sesc e do Senac, estão

estreitamente vinculadas às responsabilidades do Tribunal de

Contas da União.

Por isso, Sr. Presidente, devo registrar, em meu nome

pessoal e dos meus companheiros, a satisfação e a honra

de recebê-lo neste almoço da nossa Diretoria.

162

Devo adiantar que aqui estão presentes Presidentes de

Federação de todos os vinte e sete Estados da União. Aliás, vinte

e seis Estados e o Distrito Federal, muito bem representado pelo

seu Presidente.

Todos os Estados do Brasil estão aqui representados, com seus

problemas, com suas programações, com tudo que pretendem

fazer, em benefício deste País.

Creio poder afirmar com convicção que o relacionamento

entre as nossas Instituições tem sido marcado, de longa data,

pelo sentido da melhor cooperação e identidade de interesses.

É constante a nossa preocupação com a legalidade e a

legitimidade dos atos praticados por nossos administradores, o

que justifica a presença permanente aqui, em nosso Sistema, de

um Conselho Fiscal atuante, respeitado e independente, do qual

participam também representantes - aliás, em maioria - do

Governo Federal.

A função fiscalizadora e controladora das operações do Sesc

e do Senac, partes integrantes do nosso Sistema, é de

fundamental importância para todos nós.

Nesse mesmo sentido, a presença do Tribunal de Contas da

União em nossas atividades diárias representa a maior garantia

de que estamos trabalhando certo, de que estamos

administrando corretamente as nossas Entidades, dentro dos

princípios constitucionais da transparência de todos os nossos atos,

da responsabilidade e da moralidade.

A fiscalização e o controle externo que o Tribunal de Contas

da União exerce sobre o Sesc e o Senac nos dão a segurança e

tranqüilidade necessárias para bem ampliar e aplicar as

163

contribuições compulsórias, pagas pelo empresariado privado,

destinadas ao serviço social e à formação profissional, vinculados

ao nosso sistema sindical.

Os trabalhadores do setor terciário, que completam a

economia do comércio, de serviços, de saúde e de turismo, são

nossos clientes, Sr. Ministro.

Esta importante reunião, Sr. Ministro, nos enseja a

oportunidade de relembrar a V. Exma. as dimensões nacionais

de nossas Entidades, às quais, através de 900 sindicatos, estão

vinculadas cerca de 4,5 a 5 milhões de empresas comerciais, de

serviços, de turismo e de saúde, que empregam mais de 14 milhões

de trabalhadores. São 14 milhões de trabalhadores deste País que

dependem, direta ou indiretamente, da ação das nossas

Entidades.

Voltados aos trabalhadores, o Sesc e o Senac dedicam-se,

respectivamente, ao bem-estar social, promovendo lazer, turismo,

educação e saúde, e, por outro lado, à formação e ao

aperfeiçoamento profissional.

O Sesc está presente em 2.200 municípios brasileiros, com o

funcionamento regular de 480 ginásios e centros desportivos, 1.300

salas de aula, 31 centros educacionais, 154 bibliotecas, 120

auditórios e muitas outras instalações que não vamos aqui

enumerar, pelo tempo que isso nos tomaria.

O Senac em suas 710 unidades, operando em 2 mil

municípios, somente no ano de 2003 atendeu a cerca de 2 milhões

de alunos, orientados por 15 mil professores especializados.

Segundo nossas pesquisas, desses 2 milhões de alunos, entre 81 e

83% voltaram ou ingressaram no mercado de trabalho mais

eficientes do que quando dele saíram, ou muitos deles obtiveram

164

o primeiro emprego, que é uma das preocupações do atual

Governo.

Em uma próxima oportunidade, gostaríamos que V. Exma.

conhecesse o trabalho admirável e pioneiro que estamos

realizando no interior do Brasil. No caso do Senac, com 60 carretas-

escola e uma balsa, que opera na Bacia Amazônica. São

verdadeiras escolas que atendem à parte de informática, turismo,

hotelaria, bem-estar, saúde. É realmente alguma coisa fantástica,

que, inclusive, tem sido copiada por outros países, como os

Estados Unidos da América. Há pouco tempo, esteve aqui a

Secretária de Estado do Trabalho, que equivale ao nosso Ministro

do Trabalho, e levou dos nossos arquivos a idéia e o projeto, para

realizar, naquele país, na periferia das grandes cidades, a mesma

coisa que estamos fazendo no interior do Brasil.

São essas dimensões nacionais, Sr. Presidente, que dão relevo

e importância ao entrosamento permanente com o Tribunal de

Contas da União, tendo por base o bem-estar da sociedade e o

interesse nacional.

O Tribunal de Contas da União e o Sistema CNC são parceiros

nessa empreitada.

Assim sendo, peço a V. Exma. que, nesta Casa do Comércio,

se sinta em sua própria casa.

Nesse sentido, Sr. Ministro, gostaria de transmitir a meus

companheiros aqui presentes um resultado da conversa que

tivemos há pouco, antes de virmos para cá.

Aqui estão presentes todos os Presidentes de Sesc e de Senac

do Brasil inteiro. Muitos deles têm tido problemas com o Tribunal

de Contas da União, não com os Ministros, mas com alguns

165

auditores, que nem sempre entenderam bem a mudança havida

em 1998, quando o Ministro Lincoln definiu que nosso Sistema não

está subordinado àquela legislação mais específica, mais rígida

da Lei 8.666/1993, que se destina, exclusivamente, às atividades

do Governo.

Em virtude dessa não adaptação tão rápida dos auditores,

muitos problemas temos tido.

Estou vendo, na cara de cada um dos meus companheiros,

problemas que eles sentiram e que estão sendo resolvidos, porque

não houve dolo. Até porque, Ministro, temos, dentro de nosso

Sistema, um Conselho Fiscal que é rígido, talvez até mais rígido

do que possa o Ministro imaginar - Representantes do Governo

Federal e Representantes de nossas Entidades.

De maneira que, sempre que existe algum possível desvio de

função, de orientação, nós detectamos e procuramos dar a

solução.

Dentro dessa conversa franca que tive a oportunidade, o

prazer e a honra de ter com o Ministro Campelo, Presidente do

Tribunal de Contas da União, chegamos a um resultado,

possibilitado pelo Ministro, de que teremos, nas próximas semanas

ou dentro de um mês ou dois, um encontro, possivelmente no Rio

de Janeiro, de todos os Presidentes de Regionais do Sesc e do

Senac, que certamente deverão estar acompanhados dos seus

Diretores Regionais, dos seus Diretores de Tesouraria, dos seus

Diretores Financeiros. Nesse entendimento, nessa conversa, que

deverá durar uns dois dias, teremos a presença do Presidente do

Tribunal de Contas da União, Ministro Valmir Campelo.

Será a oportunidade de falarmos diretamente ao Ministro,

Presidente do Tribunal de Contas da União, que certamente se

166

fará acompanhar por mais um ou dois Ministros ou quantas

pessoas da sua equipe ele levar.

Teremos dois dias para apresentar nossos problemas e mostrar

que, muitas vezes, a aparência está enganando. Muitas vezes a

interpretação de determinada atitude, da parte de um Regional,

é absolutamente defensável e correta, até porque, no voto do

Ministro Lincoln, de 1998, foi incluída a obrigatoriedade de termos

Regimentos próprios, devidamente publicados, e com o

conhecimento do Tribunal de Contas da União. Esses Regimentos

regulam nossa atividade.

De sorte que o encontro de hoje eu considero um dos pontos

altos de nossas atividades dos últimos tempos, uma vez que tive

oportunidade de trazer, aqui, o Presidente do Tribunal de Contas

da União, que vem mostrar a nova filosofia desse Tribunal, dos

novos objetivos e da inteligência nova que brota da atualidade

e da modernidade da administração pública, que, neste País,

felizmente, está melhorando muito, devido a homens como o

Ministro Campelo, aqui presente.

A todos, portanto, muito obrigado.

Muito obrigado ao Ministro, pela sua visita aqui.

167

POSSE DO PRESIDENTEFECOMÉRCIO-RS, FLÁVIOSABBADINI

PORTO ALEGRE - 8 DE JULHO DE 2004

Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul

Germano Rigotto

Exmo. Sr. Secretário de Relações do Trabalho

Oswaldo Bargas

Autoridades presentes do Executivo, Legislativo e Judiciário

Meus companheiros do Comércio,

Senhoras e Senhores

Meu Prezado amigo Flavio Sabbadini,

Recebi, com satisfação, o convite que o prezado amigo e

seus companheiros me transmitiram para participar desta

cerimônia de posse da diretoria da Federação do Comércio de

Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul.

168

Registro que é para mim uma grande alegria estar aqui, hoje,

nesta cidade de Porto Alegre, para um evento que considero

altamente significativo para a comunidade sindical do

Comércio.

Faz pouco mais de três anos que se procedeu no Rio Grande

do Sul a fusão das Federações do Comércio e de Serviços, da

qual resultou esta Fecomércio-RS, que, desde o primeiro

momento, esteve sob o comando de Flavio Sabbadini.

O Estado do Rio Grande do Sul tem uma longa tradição na

organização da classe comercial, principalmente a partir das

cinco Federações criadas de 1945 a 1988, consolidadas, hoje,

em uma só Entidade, conforme decisão do - SICOMÉRCIO,

realizado em 1997, no Rio de Janeiro.

Desde o início de suas atividades, em 2001, a nova

Federação do Rio Grande do Sul, experimentou um sólido

desenvolvimento, não só de suas atividades tipicamente

sindicais, como, também, nas áreas de atuação do SESC e do

SENAC, com excelentes realizações.

Pelo que realizou em seu primeiro mandato, Flavio Sabbadini

credenciou-se, no meio da comunidade comercial gaúcha,

como administrador experiente, criterioso e progressista.

Sua reeleição, assim como de seus companheiros de

Diretoria, representa, com justiça, a consagração da classe

empresarial do comércio e o reconhecimento do trabalho sério

e dedicado que vem sendo executado pela Fecomércio.

Devo acrescentar, e o faço com o sentido de justo

agradecimento da CNC, a positiva contribuição que o

companheiro Sabbadini nos tem dado, e a toda classe

169

empresarial do País, através de sua participação no Fórum

Nacional do Trabalho, com destacada contribuição e

liderança.

É importante que seja registrada a sua eficaz participação

nos debates travados no âmbito do Fórum Nacional, tendo sido

inclusive decisiva, para que se chegasse a um resultado de

consenso, entre os representantes do Governo, das classes

empresariais e dos trabalhadores.

A conclusão dos trabalhos do Fórum Nacional, no que tange

a nova estrutura sindical, representa uma nova dimensão do

sindicalismo brasileiro, instrumento da maior importância para o

harmonioso convívio do capital e do trabalho, em favor do

desenvolvimento econômico e social do País.

Desejo, pois, nesta oportunidade, prezado Presidente,

agradecer e reafirmar a sua contribuição em todas as fases de

debates do Fórum Nacional do Trabalho, assim como registro sua

destacada participação como Diretor de nossa Confederação

Nacional do Comércio.

Por tudo isso, meu caro Sabbadini, quero felicitá-lo e a seus

companheiros de Diretoria e dizer da satisfação e alegria com

que, em meu nome pessoal e da CNC, compareço a esta

cerimônia.

Meus parabéns e muito obrigado.

171

POSSE DO PRESIDENTE DAFECOMÉRCIO-RJ, ORLANDODINIZ

RIO DE JANEIRO - 28 DE JULHO DE 2004

Exma. Sra. Governadora do Estado do Rio de Janeiro, Rosinha

Garotinho

Autoridades presentes, do Executivo, do Legislativo e do

Judiciário

Senhores Diretores da Fecomércio-RJ, do SESC e do SENAC

Senhoras e Senhores,

Meu estimado amigo e leal companheiro Orlando Diniz,

Em meu nome pessoal e de toda a Diretoria da

Confederação Nacional do Comércio, registro a satisfação e a

honra de participar desta cerimônia de posse da Diretoria da

Federação do Comércio do Rio de Janeiro.

Esta é a terceira reeleição de Orlando Diniz, à frente da

Federação desde 1998, quando deixou a presidência da

Federação do Comércio Varejista para comandar a nova

172

Federação do Comércio, resultado da compactação das quatro

Federações que, anteriormente, compunham o sistema sindical

patronal do Estado do Rio de Janeiro, nas áreas atacadista,

varejista, turismo e hospitalidade e saúde.

A presença de Orlando Diniz à frente desta nova Federação,

há seis anos, evidencia sua capacidade de liderança e a

admiração e respeito que angariou nos meios empresariais deste

Estado.

Todos aqui presentes conhecem Orlando Diniz e, certamente,

seria dispensável fazer alguma referência à sua vida acadêmica,

formado em Advocacia, pela Universidade Cândido Mendes, em

1986, e à sua carreira como empresário de sucesso, que desde a

presidência do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes do

Município do Rio de Janeiro, vem demonstrando sua nítida

vocação sindicalista.

A Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro, que

iniciou uma nova fase em 1998, sob o comando de Orlando Diniz,

compreende, atualmente, um universo de 61 Sindicatos, aos quais

estão associados 230 mil empresas, com um milhão e 200 mil

empregados. Ao lado da presidência da Fecomércio, Orlando

Diniz é, também, o presidente dos Conselhos Regionais do SENAC

e do SESC, as duas entidades operacionais que completam o

quadro de atividades do nosso Sistema Sindical do Comércio.

No Brasil, como um todo, a cada ano, passam pelos cursos

profissionalizantes do SENAC nada menos do que 2 milhões de

jovens, preparando-se para o mercado de trabalho.

Paralelamente, nos Centros de Atividades do SESC estão

matriculados mais de 4 milhões de usuários, representados pelos

comerciários e seus familiares. No Estado do Rio de Janeiro, o

173

SENAC regional desenvolve, hoje, mais de 2000 cursos, em 16

campos do conhecimento, que vão desde a preparação de

profissionais nas áreas de secretaria, hotelaria, turismo, saúde e

da moda e beleza, até o ensino da informática em todos os

níveis, além de um Hotel Escola e restaurantes escolas.

Ao mesmo tempo, o SESC regional já possui, no Estado, 21

unidades, sendo uma Unidade Móvel de Cinema, e 4 carretas

odontológicas. Esse conjunto serve a cerca de 850 mil usuários

registrados, com acentuada atividade esportiva, de

alfabetização e serviços de creche.

Meu caro Orlando Diniz,

Constitui um motivo de orgulho para todos nós, do

Comércio, o trabalho que vem sendo realizado pelo SESC

regional, através dos Programas MESA BRASIL e Banco de

Alimentos, importantes parceiros do Programa FOME ZERO, em

boa hora concebido pelo Presidente Lula.

Esses Programas, desenvolvidos sob o comando de Orlando

Diniz, estão servindo de parâmetro para iniciativas semelhantes,

em outros Estados do Brasil.

A presença da Governadora Rosinha Garotinho nos permite

registrar a construtiva parceria que vem sendo realizada com o

Governo do Estado do Rio, em campos diversos, inclusive através

do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Desenvolvimento,

responsável, entre outras atividades, pelo completo

mapeamento dos Centros Comerciais do Estado, identificando

suas vocações e potencialidades, instrumento da maior

importância para a campanha de interiorização das nossas

atividades sociais, principalmente nas regiões menos

desenvolvidas do Norte e Nordeste do Estado do Rio.

174

Como disse o presidente Orlando Diniz, esta Casa é um

importante Fórum de debates, entre representantes do Governo,

dos empresários e dos trabalhadores, incluindo as atividades da

recém criada Câmara Estratégica, com a participação de

destacadas personalidades nacionais, cujo objetivo é o de

identificar e indicar soluções para os grandes problemas do Estado.

Meu estimado amigo Orlando Diniz, ilustre companheiro na

Vice-Presidência da Confederação Nacional do Comércio, repito

que é para mim um motivo de grande alegria e satisfação

participar desta cerimônia de sua posse e de seus companheiros

na Diretoria da Fecomércio-RJ.

Muitas felicidades e votos de continuado sucesso.

Muito obrigado.

175

POSSE DO PRESIDENTE DAFECOMÉRCIO-SC, ANTONIOEDMUNDO PACHECO

FLORIANÓPOLIS - 10 DE AGOSTO DE 2004

Exmo Sr.Governador do Estado de Santa Catarina

Luiz Henrique da Silveira

Exma. Sra. Prefeita

Ângela Amin

Autoridades presentes, do Executivo, do Legislativo e do

Judiciário

Senhores Diretores da Fecomércio-SC, do SESC e do SENAC

Senhoras e Senhores

Prezado amigo e companheiro Antonio Edmundo Pacheco,

Em nome da Confederação Nacional do Comércio, gostaria

de lhe dizer, antes de mais nada, que é uma grande satisfação

para mim, pessoalmente, representar a grande comunidade do

176

comércio brasileiro nesta significativa cerimônia de posse da

Diretoria da Fecomércio-Santa Catarina.

Todos nós sabemos, meu caro Pacheco, do sucesso de sua

carreira como empresário e de sua vocação sindicalista, exercida

com o mais elevado espírito público, quando assumiu a Vice-

Presidência da Federação do Comércio do Estado de Santa

Catarina, simultaneamente com a Presidência do Sindicato do

Comércio Varejista de Blumenau.

Ao longo desses anos, pudemos acompanhar a sua atuação

como líder empresarial e sindical que, pela consagração de seus

companheiros, o conduziu à Presidência da Federação e, tendo

em seguida, assumido o cargo de membro efetivo da Diretoria

da Confederação Nacional do Comércio.

Devo ressaltar, também, a sua eficiente atuação como

representante desta Confederação Nacional do Comércio, junto

ao Foro Consultivo Econômico-Social do Mercosul, função que

desempenha com brilhantismo desde o ano de 2000, incumbido

da difícil tarefa de, junto a representantes dos demais segmentos

da sociedade civil, defender e compatibilizar os interesses do

empresariado nacional do comércio.

Sob seu comando, as atividades do SESC e do SENAC no

Estado de Santa Catarina constituem um orgulho para todos nós

e um exemplo que servirá de estímulo a todos os companheiros

do Sistema. Funcionam no Estado, hoje, 13 Unidades do SENAC,

abrigando mais de 3.500 estudantes.

Nesses Centros de Formação Profissional, em salas

especializadas, desenvolvem-se importantes atividades nas áreas

de informática, moda e beleza, turismo, laboratórios de saúde,

hotelaria e outros, com mais de 700 professores.

177

A esse conjunto se somam duas unidades móveis, uma de

informática e outra de hotelaria, além de uma terceira, de saúde,

que entrará em operação ainda neste mês.

A atuação do SESC, igualmente exemplar, compreende

Centros de Atividades, Colônias de Férias e Hospedagem, além

de 3 unidades do SESC-LER, sendo uma em fase de construção.

Ao todo, registra-se um total de 65 mil comerciários

matriculados.

Por tudo isso, prezado companheiro Pacheco, justifica-se,

hoje, a consagração de sua liderança, reconduzido à presidência

da Fecomércio deste Estado, e é, pois, com o maior prazer e

satisfação que trago aqui, nesta solenidade, a saudação de

nossos companheiros da CNC.

Nós desejamos, meu caro Pacheco, a você e a seus colegas

de Diretoria, um continuado sucesso em suas atividades, à frente

da Fecomércio, do SESC e do SENAC de Santa Catarina.

Meus parabéns e muito obrigado.

179

ALMOÇO DA DIRETORIA COM OPRESIDENTE DO TRIBUNALSUPERIOR DO TRABALHO,MINISTRO VANTUIL ABDALA

BRASÍLIA - 26 DE AGOSTO DE 2004

Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal Superior do

Trabalho, Ministro Vantuil Abdala, por quem temos grande

admiração, meus caros companheiros de Diretoria, senhores

Pres identes de Federações do Comércio, senhores

Empresários, minhas senhoras, meus senhores, meus caros

amigos, consultores e todos aqui presentes.

Sr . Minist ro, esta reunião se reveste de grande

importância pela oportunidade que dá aos empresários do

comércio de trocar idéias com o Presidente do órgão

máximo que disciplina as relações entre trabalhadores e

empregadores.

E, neste contexto, creio eu poder afirmar com toda

convicção, meu caro Ministro, que o relacionamento entre

esses dois atores sociais, trabalhadores e empregadores, tem

sido marcado, de longa data, pelo sentido da melhor

cooperação e sincronia dos nossos interesses.

180

É importante registrar que há mais de trinta anos começou

V.Exa. sua carreira de Juiz do Trabalho, tendo se destacado

ao longo de sua trajetória pela competência e notável

conhecimento jurídico, alcançando, hoje, o topo mais alto, o

de Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, o que lhe

confere uma experiência realmente invulgar.

Manifestamos o prazer de compartilhar de sua companhia

e hoje estão presentes os 27 Estados do Brasil, representados

pelos empresários do comércio de bens, de serviços e de

turismo, que, mensalmente, reúnem-se para discutir e buscar

soluções para as questões ligadas ao nosso setor, visando o

fortalecimento de nossos negócios, de nossas empresas,

colaborando, assim, na geração de novos empregos e no

crescimento de nosso País.

O Sistema Confederação Nacional do Comércio, que

abrange o SESC e o SENAC, tem no seu vértice da pirâmide a

CNC, que se dedica à defesa dos interesses dos empresários

do comércio de bens, de serviços, de turismo e também

saúde.

Compreendemos 27 Federações Estaduais e 7 Federações

Nacionais. São 900 Sindicatos. Estes, reúnem-se a cada dois

anos, no Rio de Janeiro, para discussão, atualização e solução

dos problemas que porventura aflijam as suas bases.

Essa importante reunião nos enseja a oportunidade de

relembrar a V.Exa. as dimensões nacionais de nossas entidades,

às quais, por meio de 900 Sindicatos, estão vinculadas cerca

de 5 milhões de empresas comerciais, de serviços e de turismo,

que empregam cerca de 20 milhões de trabalhadores. Será,

certamente, a maior força de trabalho do nosso País, aquela

que abrangida no setor terciário de comércio e serviços.

181

Voltados para os trabalhadores, o SESC e o SENAC se

dedicam, respectivamente, ao bem-estar social, promovendo

lazer, turismo, educação e saúde e também a formação e o

aperfeiçoamento profissional. O SESC está presente em 2.200

municípios brasileiros, com funcionamento regular de quase 500

ginásios, centros desportivos, 1.300 salas de aula, 31 centros

educacionais, 154 bibliotecas, 120 auditórios. Isso como resumo,

para não dizer tudo o que o SESC possui, nos Estados de nossa

Federação.

O SENAC tem 710 unidades, operando em cerca de 2.000

municípios. Somente no ano de 2003, atendemos a cerca de 2

milhões de alunos, orientados por 15 mil profissionais

especializados, e, segundo as estatísticas levantadas, 82% desses

alunos ingressaram ou voltaram ao mercado de trabalho.

Em uma próxima oportunidade, gostaríamos que V. Exa.

conhecesse o trabalho admirável e pioneiro que vimos realizando

no interior do Brasil, com 60 unidades móveis e uma balsa que

opera na Bacia Amazônica, que são verdadeiras e completas

escolas itinerantes, correndo o Brasil inteiro, levando o ensino e a

profissionalização a municípios e a cidades onde realmente não

há outras condições e outro atendimento a não ser esse que

estamos fazendo.

Esse é um trabalho espontâneo e desinteressado que nós,

do comércio, realizamos em favor da paz social, desejo

perseguido pela sociedade, como, aliás, V. Exa. vem colocando

em relevo, em todas as suas manifestações.

Essa a razão maior, Sr. Presidente, de proclamarmos, com

firmeza, que o Tribunal Superior do Trabalho e o Sistema CNC são

efetivamente parceiros, por um Brasil no lugar de destaque que

lhe cabe no concerto das nações.

182

Essa parceria nos permite pedir a V. Exa. que desta Casa

do Comércio faça realmente o prolongamento de sua própria

casa.

Eu gostaria de dizer, meus caros amigos, que o Ministro aqui

presente está levando para o TST uma conduta, um sentido, uma

filosofia de mais democracia nas relações entre os trabalhadores

e os empregadores. É o órgão máximo que pode regular as

nossas relações. E, como eu dizia há pouco ao Ministro, as nossas

empresas dependem, basicamente, de capital, de legislação

e do seu pessoal. São os parceiros que realmente fazem as nossas

empresas funcionarem. E as nossas relações, capital e trabalho,

precisam ser democráticas, elas têm que evoluir ao longo do

tempo.

E isso, com muito prazer digo aos nossos companheiros,

estamos sentindo na gestão do Ministro Vantuil Abdala. Ele está

trazendo essa democracia, essa consciência, essa forma de

conciliar interesses aparentemente diversos, mas sempre

coincidentes no objetivo de chegar a lugares que interessem

ao País, à empresa e ao bem-estar do nosso trabalhador.

O Ministro já disse estar absolutamente de acordo em

responder perguntas que possam ser formuladas por

representantes de confederações de empresários, desde que,

naturalmente, sejam perguntas específicas. As perguntas

poderão ser feitas porque o Ministro espontaneamente se

colocou à disposição para as respostas.

Ao agradecer a presença do Ministro reitero que ele faça

desta Casa a extensão da sua casa, do seu Tribunal, que conte

com o nosso Departamento Técnico, com todos os Presidentes

das Federações, Presidentes dos Sindicatos, que o Ministro se

sinta aqui como parte integrante da nossa Confederação.

183

Como acabei de dizer ao Ministro, estamos nos aproximando

bastante dos trabalhadores. Temos interesse em que haja uma

unidade, um perfeito entendimento entre trabalhadores e

empregadores. E ninguém melhor que o Ministro Vantuil Abdala

para capitanear esse tipo de relação.

Meu caro Presidente, a palavra é sua, o microfone é seu, o

auditório está à sua inteira disposição. Aos senhores todos, muito

obrigado.

185

INAUGURAÇÃO DO SESC-PINHEIROS

SÃO PAULO - 18 DE SETEMBRO DE 2004

Exmo. Sr. Ministro da Cultura, Gilberto Gil

Exmo. Sr. Vice-Governador do Estado de São Paulo, Cláudio

Lombo

Exmo. Sr. Secretário de Estado da Juventude, Esporte e Lazer,

Lars Grael

Exma Sra. Prefeita de São Paulo, Marta Suplicy

Exmo. Sr. Secretário Municipal de Esportes, Júlio Figueira

Sr. Presidente da Administração do SESC no Estado de São

Paulo, minhas senhoras e meus senhores.

É com grande satisfação que participo deste ato de

inauguração de mais uma unidade operacional do SESC, no

Estado de São Paulo.

O que aqui vemos é mais do que uma bela estrutura

arquitetônica voltada para atender com qualidade os

comerciários, seus dependentes e a comunidade em geral.

186

O que se manifesta nesta construção é também a

importância percebida pelo empresariado do comércio de

bens e serviços de como se deve dar o atendimento àqueles

que com ele colaboram no esforço de tornar o país uma

sociedade desenvolvida e de oportunidades para todos. Ao

oferecer este Centro de Atividades à sua clientela, dotado

de excelência arquitetônica e equipamentos e espaços de

primeira linha, o empresariado manifesta de forma clara e

incisiva que os beneficiários dos serviços que aqui serão

ofertados, são vistos como parceiros necessários para esta

sociedade melhor que desejamos para todos.

À luta de classe que afasta os homens e semeia conflitos,

o empresariado do comércio de bens e serviços propõe e

faz real a paz social que aproxima os homens e os leva a

uma ação de cooperação e solidariedade que harmoniza

capital e trabalho, fazendo com que cada um, em sua

especificidade, contribua para uma sociedade de bem-estar

social para todos.

Este Centro de Atividades que ora se inaugura, honra e

dignifica o empresariado que o mantém e o administra,

como honra e dignifica a sua clientela e a comunidade que

se beneficiará do uso dos serviços que aqui serão ofertados.

Pois aqui não se fará favor ou filantropia. Aqui, como em

todos os Centros de Atividades do SESC, espalhados por

todo o Brasi l , existe retr ibuição e reconhecimento da

importância do trabalhador, em sua ação conjunta com o

empresariado, na construção de uma sociedade mais

desenvolvida.

Compreendemos, também, que atender com respeito

e valor ização a sua cl ientela, é contr ibui r para o

desenvolvimento de uma consciência cidadã responsável.

187

Temos certeza de que a Administração Regional do SESC

em São Paulo irá implementar com engenho e arte os serviços

que serão oferecidos à clientela, aqui no Centro de Atividades

de Pinheiros, a exemplo do que ocorre nas demais unidades

operacionais sediadas neste Estado.

Cada unidade nova, como a que agora se inaugura, é

resposta ao desafio de atender mais e melhor nossa clientela e

a comunidade em geral. O funcionamento de um novo Centro

de Atividades gera um novo e permanente desafio. O desafio

de administrar recursos com muita eficiência e responsabilidade,

otimizando o que é arrecadado, buscando a sustentabilidade

do novo Centro de Atividades e dos já existentes.

Os 58 anos da trajetória do SESC, no campo do bem-estar

social, demonstram que o compromisso assumido pelos seus

fundadores tornou-se uma realidade. As 4 milhões e quinhentas

mil pessoas atendidas pelo SESC, no ano de 2003, é manifestação

da importância dos serviços de nossa Entidade para a clientela

e, como decorrência, demonstração do nosso bom administrar.

Este momento, em que se inaugura o Centro de Atividades

de Pinheiros, é um momento de júbilo e de satisfação para todos

nós empresários do comércio de bens e serviços. Júbilo e

satisfação pelo dever mais uma vez cumprido com aqueles que,

no passado, propuseram ao Estado delegar-lhes a

responsabilidade social de atenderem, em suas necessidades,

os trabalhadores do comércio e seus dependentes.

Por tudo isso, quero parabenizar o Presidente do Sesc de

São Paulo, meu companheiro e amigo Abram Szajman, pelo

excelente trabalho que vem realizando no comando desse

regional, reflexo de sua capacidade empreendedora e sólida

liderança.

188

Parabenizo, também, o Diretor Regional, Danilo Miranda, que

vem conduzindo, de forma competente, esta dedicada e

eficiente equipe, bem como os trabalhadores do comércio, que,

a partir de hoje, passam a contar com mais este fabuloso

empreendimento do Sesc/SP.

A todos meus parabéns e muito obrigado

189

DIA MUNDIAL DO TURISMOANHEMBI - SÃO PAULO - 27 DE SETEMBRO DE 2004

Exmo. Sr. Walfrido dos Mares Guia (Ministro de Estado do

Turismo)

Exmo Sr. Agnelo Santos Queiroz Filho (Ministro do Esporte)

Exmo. Sr. Senador Leonel Pavan (Presidente da Subcomissão

de Turismo do Senado)

Exmo. Sr. Deputado José Militão (Presidente da Comissão de

Turismo da Câmara dos Deputados)

Exmo. Sr. Deputado Alex Canziani (Presidente da Frente

Parlamentar do Turismo)

Ilmo. Sr. Márcio Favila (Secretário Executivo do Ministério de

Turismo)

Ilmo. Sr. Milton Zuanazzi (Secretário de Políticas de

Turismo)

Ilmo. Sr. Eduardo Sanovicz (Presidente da Embratur)

Ilmo. Sr. Carlos Gutiérrez (Representante Regional da OMT

para as Américas)

190

Ilmo. Sr. Ricardo Teixeira (Presidente da Confederação

Brasileira de Futebol)

Ilmo. Sr. Marco Antonio Castelo Branco (Representante do

Governo do Estado de SP)

Ilmo. Sr. Celso Marcondes (Representantes da Prefeitura de

SP e Presidente do Anhembi)

Ilma. Sra. Kátia Castro (Presidente da Equipotel)

Ilmos. Srs. Secretários do Setor de Turismo

Meu Caro Norton Lenhart (companheiro de Diretoria e

Presidente da Câmara Empresarial de Turismo de Turismo da CNC)

Meu Prezado Oswaldo Trigueiros (Presidente do Conselho de

Turismo da CNC)

Senhores Diretores Gerais do Sesc e Senac (Departamento

Nacional)

Senhores Empresários do Setor de Turismo

Senhores Homenageados

Minhas senhoras e meus senhores

Desejo agradecer, sensibilizado, o convite para que o

empresariado do comércio de bens, serviços e turismo esteja

representado nesta expressiva cerim6nia de comemoração do

Dia Mundial do Turismo.

Esta homenagem que está sendo prestada é recebida em

191

nome da Confederação Nacional do Comércio, e nós a

recebemos em nome de todos os nossos associados e de todos

os que compõem o Sistema CNC/SESC/SENAC.

Destaco, em especial, neste momento, o papel dos

empresários do comércio de bens e serviços que compõem a

Cadeia Produtiva do Turismo no Brasil: estes empresários,

abrigados na Câmara Empresarial do Turismo da CNC, podem

buscar hoje de forma integrada soluções efetivas para o

desenvolvimento do setor em nosso Pais.

Importa lembrar que em todo o mundo, o Turismo - atividade

econômica que mais cresce no Brasil e no mundo - só alcançou

seu desenvolvimento pleno com a total integração dos

empresários do setor, com a imprescindível participando do

Governo e do Legislativo, na definição de políticas públicas claras,

no investimento em infra-estrutura e no estabelecimento de uma

legislação capaz de estimular o seu desenvolvimento.

Vale, aí, ressaltar a sensibilidade política do Presidente Luiz

Inácio Lula da Silva, que, respondendo a antigos anseios do Setor,

criou o Ministério do Turismo. E, mais do que isso destinou para a

pasta, um empresário, um homem dinâmico que teve a coragem

de lançar desafios de crescimento ao setor e obteve uníssona e

positiva resposta do empresariado nacional.

Nesta oportunidade quero parabenizar o ilustre Ministro

Walfrido dos Mares Guia pela confiança depositada na

integração entre o Público e o Privado. Graças a essa visão de

futuro, o Ministério e o Sistema CNC-Sesc-Senac, e mais

recentemente, a ABAV e o Sebrae, estilo tomando realidade o

programa de regionalização do Turismo, o chamado “Programa

Roteiros do Brasil”, uma nova proposta de gestão do turismo

calcada na descentralização e na integração.

192

Neste trabalho de integração de esforços de toda a

sociedade em prol do Turismo, não se pode deixar de ressaltar o

papel fundamental do Legislativo, responsável pela elaboração

de regulamentações capazes de fomentar o desenvolvimento

setorial.

O Sistema CNC-Sesc-Senac orgulha-se de ser parceiro da

Subcomissão de Turismo do Senado, da Comissão de Turismo e

Desporto da Câmara dos Deputados e da Frente Parlamentar

do Turismo, em um conjunto de ações propostas no acordo de

parceria “Turismo Brasil”. Entre elas, a realização do Cbratur - o

Congresso Brasileiro da Atividade Turística.

Estamos também presentes no Conselho Nacional de Turismo

e nas diversas Câmaras Temáticas focadas na definição de

políticas públicas para o setor.

Na verdade, fala-se, hoje, com muita freqüência num pacto

entre Empresariado e Governo. Mas para nós, empresários do

Comércio de Bens e Serviços e Turismo, este caminho não é novo.

Ele começou a ser tragado em 1946, quando da criação do

Serviço Social do Comércio - SESC e do Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial - SENAC. Duas entidades, que ao longo

de quase seis décadas de atividades, já atenderam a milhões de

trabalhadores brasileiros, sempre em sintonia com as políticas

públicas voltadas ao desenvolvimento social, educacional e

humano.

Vale destacar o trabalho pioneiro desenvolvido pelo SESC

na democratização do acesso ao produto turístico que se traduz

no chamado “Turismo Social”. Trinta, e oito meios de hospedagem

do SESC, com cerca de 14 mil leitos e quase 4 mil unidades

habitacionais em 20 estados, apóiam essa forma de turismo no

país. Forma esta que conjuga lazer, cultura, educação e saúde

193

Calcado nos conceitos do turismo sustentável, a Entidade

mantém diversos projetos, com destaque para a Estância Ecológica

SESC Pantanal, um centro de referência em ecoturismo e hotelaria

verde.

No caso do SENAC, (referência em Educação Profissional no

Brasil) a Instituição prepare, somente para Área de Turismo e

Hotelaria, a cada ano, mais de 100 mil profissionais, contando para

isso com uma infra-estrutura educacional de ponta formada por

cinco hoteís-escola, 13 restaurantes-escola, 10 lanchonetes-escola

e 16 centros especializados em Turismo e Hospitalidade, além de 16

carretas-escola e 1 balsa-escola que levam a capacitação

profissional em Turismo aos mais distantes pontos do País. Ainda em

outros mais de 200 centros de educação profissional polivalentes, o

Senac oferece mais de 280 diferentes programações de cursos em

nível básico, técnico e tecnológico para o Setor. As editoras do

SENAC, comprometidas com missão institucional de produzir e

difundir conhecimentos para o mundo do trabalho, já produziram.

cerca de 200 títulos para a área de Turismo e Hotelaria, entre livros,

softwares e vídeos.

Prezados companheiros, meus senhores, minhas senhoras,

prezado Ministro Mares Guia,

A Confederação Nacional do Comércio, em nome de toda a

classe dos empresários do Comércio do Brasil, recebe esta

homenagem como um justo incentivo, para que prossigamos no

trabalho construtivo que vimos realizando há quase 60 anos,

buscando por todos os meios, em particular pela promoção do

turismo nacional, emprestar nossa contribuição ao desenvolvimento

sustentável da economia brasileira e de promover uma permanente

melhoria social, em benefício dos nossos trabalhadores.

Muito obrigado.

ANEXO

Parecer SESC/SENAC - CJ no 01/03Dr. Cid Heráclito de Queiroz

Consultor Jurídico da Presidência

199

SESC e SENAC; natureza jurídica.

Contribuições ao “Sistema S”; natureza.

Competência do Tribunal de Contas, no que se refere à

prestação anual de contas dos administradores e demais

responsáveis do SESC e SENAC.

Competência dos órgãos do Sistema de Controle Interno do

Poder Executivo Federal, relativa à comprovação da legalidade

e da aplicação de recursos públicos por entidades de direito

privado.

Procedimento licitatório, no âmbito do SESC e do SENAC;

legislação aplicável.

Decretos nos 3.589 (Sistema de Contabilidade Federal), 3.590

(Sistema de Administração Financeira Federal) e 3.591 (Sistema

de Controle Interno do Poder Executivo Federal), todos de

6/9/00; alcance; normas dirigidas às entidades e órgãos

públicos, que não se estendem ao SESC e ao SENAC.

Criação, no SESC e no SENAC, de unidades de auditoria

interna; nova redação dada ao art. 15 do Decreto no 3.591/00;

inexistência de obrigação legal; conveniência da criação dessas

unidades; modificação dos Regimentos do SESC e do SENAC.

Rol de responsáveis; apresentação de cópia da declaração

de rendimentos e de bens.

Requisição, pela Secretaria Federal de Controle Interno, de

documentos inadequados à natureza privada do SESC e SENAC;

esclarecimentos que devem ser prestados aquele órgão público.

200

Instruções Normativas do TCU e da SFCI; aplicação ao SESC

e ao SENAC.

I

A CONSULTA

O Sr. Presidente da Confederação Nacional do Comércio

(CNC), atendendo a sugestão do então Diretor-Geral do SERVIÇO

SOCIAL DO COMÉRCIO - SESC, Dr. Albucacis de Castro Pereira,

solicitou a manifestação desta Consultoria Jurídica, a respeito do

modo pelo qual aquela entidade vem sendo fiscalizada pela

Secretaria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União e

pela Secretaria de Controle Interno da Controladoria-Geral da

União.

2.Noutro expediente, o Sr. Presidente encaminhou, a esta

Consultoria, em 24 de março último, cópia de Notificação

enviada, ao Sr. Diretor-Geral do SESC, pela Secretaria de Controle

Externo do Tribunal de Contas da União, com a qual comunicou

haver julgado como regulares as contas da Administração

Regional daquela entidade no Distrito Federal, mas com a

determinação à Administração Nacional, para que “reoriente as

administrações regionais do SESC a incluir, nos futuros rol de

responsáveis, os dados referentes aos membros dos respectivos

conselhos regionais, em razão do determinado no § 4o do artigo

10 da IN TCU no 12/96.

3.Por sua vez, o Sr. Diretor-Geral do SERVIÇO NACIONAL DE

APRENDIZAGEM COMERCIAL - SENAC, Dr. Sidney da Silva Cunha,

conforme expediente de maio último, solicitou a nossa

manifestação a respeito da exigência formulada pela Secretaria

Federal de Controle Interno e órgãos técnicos do Tribunal de

Contas da União, no sentido da inclusão, no denominado “rol de

201

responsáveis” integrado às Prestações de Contas dessa entidade,

dos nomes dos membros dos seus Conselhos Nacional, Regional

e Fiscal.

4.Por outro lado, no Relatório de Auditoria de Avaliação de

Gestão procedida, em abril último, na Administração Nacional

do SESC, recebido naquela entidade em 29 de abril próximo

passado, a Controladoria-Geral da União no Estado do Rio de

Janeiro, revendo entendimento anterior, recomendou a

“apresentação da declaração de bens e rendas dos membros

dos Conselhos Nacional e Fiscal”.

II

A MANIFESTAÇÃO DA ASSESSORIA JURÍDICA DO SESC

5.A par de cópias da legislação pertinente à matéria e de

manifestações da Secretaria de Controle Interno, a consulta da

Direção-Geral do SESC veio instruída com longo e fundamentado

Parecer, datado de 5/9/02, do digno Assessor Jurídico da

Direção-Geral do Departamento Nacional do SESC, Dr. Jorge

Cézar Moreira Lanna, posteriormente aditado por Pareceres de

4/11/02 e 28/5/03.

6.No Parecer emitido em 5/9/02, o referido Assessor Jurídico

examinou detidamente a matéria, destacando, em síntese, que:

1o) “as exigências da Secretaria Federal de Controle Interno

não se aplicam ao SESC”;

2o) o Decreto no 3.591, de 6/9/00, que “dispõe sobre o Sistema

de Controle Interno do Poder Executivo Federal”, não é aplicável

ao SESC, que tem o seu próprio sistema de controle interno, cuja

competência é atribuída, ao Conselho Fiscal, como prescreve o

202

Regulamento dessa entidade, aprovado pelo Decreto no 61.836,

de 5/12/97 (art. 20) e que ao citado “órgão de fiscalização

financeira e orçamentária do SESC foi atribuída competência

regulamentar e regimental para o desempenho de suas

atividades de Auditoria Interna, não sendo cabível a existência

de outro órgão para desempenhar funções idênticas”;

3o) o SESC não está sujeito aos “estritos procedimentos da Lei

no 8.666/93” (Lei das Licitações) e sim a regulamentos próprios;

4o) o SESC “é uma instituição de assistência social, sem fins

lucrativos, vinculada ao sistema sindical, integrante dos serviços

sociais autônomos, que são entes de cooperação com o serviço

público, caracterizado como entidade paraestatal, com

personalidade jurídica de direito privado”;

5o) o art. 15 do Decreto no 3.591, de 2000, extrapola o

conteúdo e o alcance da Lei no 10.380, de 6/2/01, a qual “não

faz nenhuma referência direta aos serviços sociais autônomos”;

6o) não se aplicam ao SESC o Sistema de Administração

Financeira Federal e o Sistema de Contabilidade Federal, de que

tratam os Decretos ns. 3.589 e 3.590, ambos de 6/9/2000, como a

ele também não se aplica o Decreto no 3.591, da mesma data,

que dispõe sobre o Sistema de Controle Interno do Executivo

Federal;

7o) a Instrução Normativa SFC/MT no 02, de 20/12/00, da

Secretaria Federal de Controle Interno, que estabelece normas

sobre tomadas de contas dos gestores de recursos públicos e

rol de responsáveis, não se aplica ao SESC, e “o Tribunal de

Contas, por intermédio de atos normativos infralegais extrapolou

os termos da lei ampliando o conceito de responsáveis em suas

exigências”;

203

8o) a Instrução Normativa no 12, de 24/4/96, do Tribunal

de Contas da União, que manda incluir , no “rol dos

responsáveis”, os membros do Conselho Nacional e do

Conselho Fiscal teria extrapolado os termos do art. 5o, inciso

V, da Lei no 8.443 de 16/7/92;

9o) as contas do SESC submetem-se ao Tribunal de Contas

da União, nos termos do disposto no art. 70, parágrafo único, da

Constituição, e dos arts. 36 e 38 do Regulamento daquela

entidade, aprovado pelo Decreto no 61.836, de 3/12/67;

10o) em face do disposto no art. 74 da Constituição, “à

Secretaria Federal de Controle Interno foi atribuída a função de,

nos estritos limites de lei, atuar como colaborador do órgão de

controle externo”;

11o) “aplica-se o art. 104 da Lei 8.443/92” à exigência de

apresentação de declaração de rendimentos e de bens “aos

membros dos colegiados” do SESC e do SENAC;

12o) “carece de fundamento legal a atuação da SFCI

[Secretaria Federal de Controle Interno] em relação ao SESC,

especialmente quanto às exigências incabíveis à Entidade”,

como as que enumera: a) “cópia do documento relativo ao

estudo para criação da unidade de Auditoria Interna, conforme

determina o Decreto no 3.591, de 6/9/00”; b) “Fluxo de recursos

do Tesouro; Consistência na Programação das Fontes de Receita e

na Programação das Despesas”; c) “Gestão de Recursos Humanos:

pessoal efetivo e atuação disciplinar”; d) “Gestão Operacional:

Prioridades e Diretrizes da Gestão; Vinculabilidade com as Políticas

Públicas; Metas Operacionais de Gestão”; e) “Gestão de Suprimentos

de Bens e Serviços: contratos e comprovantes de que os contratados

não se encontravam em débito para com a seguridade social, quando

da celebração dos respectivos termos, art.195, § 3o, da C.F.” .

204

7.Nos expedientes encaminhados a esta Consultoria, não há

referência a providências administrativas ou judiciais adotadas

pelo SESC ou pelo SENAC, em relação às questões acima

relacionadas, nem consta tenha sido apresentado pedido de

reconsideração ou embargos de declaração quanto a decisões

proferidas, em processos de julgamento de contas daquelas

entidades, pelo Tribunal de Contas da União.

III

A NATUREZA DO SESC E DO SENAC

8.A respeito de algumas dessas questões, já tivemos o ensejo

de nos manifestarmos, em pareceres anteriores. No tocante à

natureza do SESC e do SENAC, emitimos, em 31/5/96, por

solicitação desta Confederação, um parecer, do qual vale

transcrever os seguintes itens:

“a) os antecedentes

3. A formação profissional, em nosso País, ditada, inicialmente,

pelas necessidades de nossos arsenais militares, ganhou forte

impulso graças à visão dos estadistas que promoveram, por razões

precipuamente sociais, a criação de liceus e escolas

profissionalizantes, em etapa prévia ao nosso desenvolvimento

industrial.

4. Em excelente síntese histórica, Roberto Carlos Régnier Netto

e Oliver Gomes da Cunha destacam que “embora, na maioria

dos países desenvolvidos, a formação profissional tivesse tido seu

despertar com o desenvolvimento industrial, no País, outras

circunstâncias a ditaram”, e discorrem sobre a longa evolução,

no Brasil, da aprendizagem profissional, remontando aos

primórdios do Século XIX, com os aprendizes do Arsenal de Guerra,

205

e aos meados desse mesmo Século, com os aprendizes dos

Arsenais de Marinha e os Liceus de Artes e Ofícios, passando pela

criação, em 1909, no Governo Nilo Peçanha, das Escolas de

Aprendizes e Artífices, e, na década de 1930, durante o Governo

Getúlio Vargas, das Escolas Técnicas, para chegar à Constituição

de 1937 (in “Formando Profissionais para Comércio e Serviços”,

SENAC, Rio, 1987).

5. A Carta de 1937 (Estado Novo), ao tratar da “Educação

e da Cultura”, estabeleceu, no seu art. 129, que “o ensino

pré-vocacional e profissional destinado às classes menos

favorecidas é, em matéria de educação, o primeiro dever

do Estado” e que “é dever das indústrias e dos sindicatos

econômicos criar, na esfera de sua especialidade, escolas de

aprendizes destinadas aos filhos de seus operários ou de seus

associados”, dispondo, ainda, que “a lei regulará o

cumprimento desse dever e os poderes que caberão ao

Estado sobre essas escolas, bem como os auxílios, facilidades

e subsídios a lhes serem concedidos pelo poder público”.

6. Na esteira da Constituição de 1937, o Presidente Getúlio

Vargas expediu o Decreto-lei no 1.238, de 2/5/39, prescrevendo,

para todos os estabelecimentos industriais, comerciais e

assemelhados, “em que trabalhem mais de quinhentos

empregados”, não só a instalação de refeitórios, como também

a manutenção de “cursos de aperfeiçoamento profissional, para

adultos e menores”, verdadeira semente de toda a sistemática

que se formou desde então.

b) a criação da CNC, do SENAI e do SENAC

7. A CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO (CNC) foi

fundada em 4 de setembro de 1945, por oito federações

patronais, e reconhecida pelo Decreto no 20.068, de 30/11/45,

206

baixado pelo então Presidente José Linhares, tendo por

finalidade orientar, coordenar, proteger e defender todas as

atividades do comércio, em íntima harmonia com os superiores

interesses do País. A essa época, já funcionava a

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA (CNI), criada em

1938.

8. No dia 10 de janeiro de 1946, tomou posse a primeira

diretoria da CNC, em sessão solene realizada no Teatro Municipal

do Rio de Janeiro. Nesse mesmo dia, o Presidente da República

baixou os Decretos-leis no 8.621 e 8.622, o primeiro para dispor

sobre a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem

Comercial (SENAC) e o segundo para dispor sobre a

“aprendizagem dos comerciários”.

9. O citado Decreto-lei no 8.621, de 10/1/46, adotando, com

rara inspiração, modelo descentralizante e privatista, atribuiu à

CNC, em seu art. 1o, “o encargo de organizar e administrar, no

território nacional, escolas de aprendizagem comercial”,

preceituando, para esse fim, no seu art. 2o, que a mencionada

entidade “criará e organizará o Serviço Nacional de

Aprendizagem Comercial (SENAC)”, ficando, como disposto no

art. 9o, “investida da necessária delegação de poder público

para elaborar e expedir o regulamento do SENAC e as instruções

necessárias ao funcionamento dos seus serviços”. Seguia-se,

desse modo, o modelo anteriormente adotado para a criação

do SENAI.

10. De fato, o Decreto-lei no 4.048, de 22/1/42, baixado pelo

Presidente Getúlio Vargas, havia criado o Serviço Nacional de

Aprendizagem dos Industriários, para “organizar e administrar,

em todo o País, escolas de aprendizagem para os industriários”

(art. 2o), atribuindo à CNI o encargo de organizar e dirigir a nova

entidade (art. 3o).

207

11. No mesmo mês, o Decreto-lei no 4.073, de 30/1/42 (Lei

Orgânica de Ensino Industrial), estabeleceu “as bases de

organização e de regime de ensino industrial, que é o ramo de

ensino, de grau secundário, destinado à preparação profissional

dos trabalhadores da indústria e das atividades artesanais e ainda

dos trabalhadores dos transportes, das comunicações e da

pesca”(art. 1o).

12. Ainda no mesmo ano, pelo Decreto-lei no 4.936, de

7/11/42, a referida entidade passou a denominar-se Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial, mantida a sigla SENAI,

sendo ampliado o respectivo “âmbito de ação”.

c)a criação do SESC e do SESI

13. A criação do SESI e do SESC seguiu modelo semelhante.

O Decreto-lei no 9.043, de 25/6/46, em seu art. 1o, atribuiu à CNI “o

encargo de criar o Serviço Social da Indústria (SESI), com a

finalidade de estudar, planejar e executar, direta ou

indiretamente, medidas que contribuam para o bem-estar social

dos trabalhadores na indústria e nas atividades assemelhadas,

concorrendo para a melhoria do padrão geral de vida no País,

e, bem assim, para o aperfeiçoamento moral e cívico e o

desenvolvimento do espírito de solidariedade entre as classes”

(caput), tendo em vista, especialmente, “providências no sentido

da defesa dos salários reais do trabalhador (melhoria das

condições de habitação, nutrição e higiene), a assistência em

relação aos problemas domésticos decorrentes da dificuldade

de vida, as pesquisas sociais-econômicas e atividades educativas

e culturais, visando a valorização do homem e os incentivos à

atividade produtora” (art. 1o).

14. É interessante destacar que, ao baixar o citado

Decreto-lei, o Presidente da República, então o Gen. Eurico

208

Gaspar Dutra, fez constar do preâmbulo desse diploma legal,

sob a forma de “considerandos”, os motivos que levaram o

Governo a adotar o modelo descentralizado para a prestação

de serviço público, mediante delegação a um ente privado, entre

eles os de que a CNI, “como entidade representativa dos

interesses das atividades produtoras, em todo o País, oferece o

seu concurso para essa obra [a cooperação entre as classes e a

promoção do bem-estar dos trabalhadores e de suas famílias],

dispondo-se a organizar, com recursos auferidos dos

empregadores, um serviço próprio, destinado a proporcionar

assistência social e melhores condições de habitação, nutrição,

higiene dos trabalhadores e, bem assim, desenvolver o esforço

de solidariedade entre empregados e empregadores” e, ainda,

que “os resultados das experiências já realizadas com o

aproveitamento da cooperação das entidades de classe em

empreendimentos de interesse coletivo, em outro campo de

atividade, como o Serviço de Aprendizagem Industrial, são de

molde a recomendar a atribuição à Confederação Nacional da

Indústria dos encargos acima referidos”.

15. Logo depois, o Decreto-lei no 9.853, de 13/9/46, em seu

art. 1o, utilizando linguagem análoga, atribuiu à Confederação

Nacional do Comércio “o encargo de criar o SERVIÇO SOCIAL

DO COMÉRCIO (SESC), com a finalidade de planejar e

executar, direta ou indiretamente, medidas que contribuam

para o bem-estar social e a melhoria do padrão de vida dos

comerciários e suas famílias, e, bem assim, para o

aperfeiçoamento moral e cívico da coletividade” (caput), tendo

em vista, especialmente “a assistência em relação aos problemas

domésticos (nutrição, habitação, vestuário, saúde, educação e

transporte); providências no sentido da defesa do salário real dos

comerciários; incentivo à atividade produtora; realizações

educativas e culturais, visando a valorização do homem;

pesquisas sociais e econômicas” (art. 1o).

209

16. Completava-se, desse modo, o modelo inovador de

descentralização, mediante a delegação, às confederações da

classe empresarial, dos poderes necessários para a organização,

implementação e manutenção das entidades privadas

destinadas à prestação de serviços de interesse da classe dos

trabalhadores, nas áreas da indústria e do comércio e

assemelhadas.

d) a natureza

17. O SENAC, o SENAI, o SESC e o SESI são entidades dotadas

de personalidade jurídica de direito privado e destinatárias de

delegação outorgada, mediante lei, pelo Poder Público, para a

execução de atividades de relevante interesse social, nas áreas

de formação profissional e dos serviços sociais.

18. Segundo DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO, são

entidades paraestatais as “pessoas jurídicas de Direito Privado,

que desempenham por delegação legal atribuições de índole

executiva no campo das atividades sociais e econômicas do

Estado” (in “Curso de Direito Administrativo”, vol. 2o, Ed. Borsoi,

Rio, 1971, pág. 22).

19.”As entidades paraestatais - preleciona JOSÉ CRETELA JR.

- são pessoas privadas e inconfundíveis com as autarquias, porque

não desempenham serviços públicos. Em conseqüência, regulam-

se nos termos da legislação privada, embora se beneficiem de

algumas regras especiais ditadas pelo poder público em proveito

do interesse social que reveste sua atividade. É fundamental notar

que se especificam, precisamente, pela circunstância de haver

o Estado colocado a serviço delas seu poder de império. Assim,

instituem tributos em seu favor, cuja cobrança é feita por elas

mesmas, não obstante serem pessoas privadas” (in “Dicionário

de Direito Administrativo”, Forense, Rio, 1978, pág. 376).

210

20. Por conseguinte, o SENAC, o SENAI, o SESC e o SESI são,

consoante a melhor doutrina, entidades paraestatais, constituídas

com a finalidade de exercer, por delegação legal do Poder

Público, atividades de interesse social.”

IV

A NATUREZA DAS CONTRIBUIÇÕES AO SESC E AO SENAC

9.No mencionado Parecer de 31/5/96, tivemos a

oportunidade de discorrer sobre as chamadas “Contribuições ao

SESC e ao SENAC”, nos seguintes termos:

“a) a instituição

21. Em função das relevantes razões de ordem social, que

orientaram a criação do SENAC, SENAI, SESC e SESI, o legislador

tratou de estabelecer, nos próprios diplomas legais que os

instituíram, as fontes de recursos para o custeio das suas atividades.

22. “Para o custeio dos encargos do SENAC - dispôs o art. 4o

do Decreto-lei no 8.621/46 -, os estabelecimentos comerciais cujas

atividades, de acordo com o quadro a que se refere o art. 577

da Consolidação das Leis do Trabalho, estiverem enquadradas

nas Federações e Sindicatos coordenados pela Confederação

Nacional do Comércio, ficam obrigados ao pagamento mensal

de uma contribuição equivalente a um por cento da

remuneração paga à totalidade de seus empregados” (caput),

montante esse que “será o mesmo que servir de base à incidência

da contribuição de previdência social, devida à respectiva

instituição de aposentadorias e pensões” (§ 1o).

23. “A arrecadação das contribuições - estabeleceu o § 2o

do art. 4o - será feita pelas instituições de aposentadoria e pensões

211

e o seu produto será posto à disposição do SENAC, para

aplicação proporcional nas diferentes unidades do País, de

acordo com a correspondente arrecadação, deduzida a

cota necessária às despesas de caráter geral”.

24. Por conseguinte, adotava-se, em relação ao SENAC,

fonte de custeio também semelhante a que havia sido

estabelecida, com pleno êxito, no respeitante ao SENAI.

25. Com efeito, o já mencionado Decreto-lei no 4.048/42,

em seu art. 4o, obrigou “os estabelecimentos industriais das

modalidades de indústrias enquadradas na Confederação

Nacional das Indústr ias” ao “pagamento de uma

contribuição mensal para montagem e custeio das escolas

de aprendizagem” (caput), fixada no valor de “dois mil réis,

por operário e por mês” (§ 1o), acrescida de 20% (vinte por

cento) para os “estabelecimentos com mais de quinhentos

empregados” (art. 6o, caput), atribuindo, ao Instituto de

Aposentadoria e Pensões dos Industriários, os encargos

relativos à respectiva arrecadação (§ 2o).

26. O “sistema de cobrança da contribuição devida ao

SENAI” foi modificado pelo Decreto-lei no 6.246, de 5/2/44. A

contribuição passou a ser “arrecadada na base de um por

cento sobre o montante da remuneração paga pelos

estabelecimentos contribuintes a todos os seus empregados”

(art. 1o). A base de cálculo dessa contribuição (montante

da remuneração) foi fixada como aquela sobre a qual “deva

ser estabelecida a contribuição de previdência ou caixa de

aposentadoria e pensões, a que o contribuinte esteja filiado”

(art. 1o, § 1o), sendo a expressão “empregado” definida como

“todo e qualquer servidor de um estabelecimento, sejam

quais forem as suas funções ou categoria” (art. 1o, § 3o).

212

27. No que tange ao custeio dos encargos afetos ao SESI, o

Decreto-lei no 9.043, de 25/6/46, em seu art. 3o, obrigou “os

estabelecimentos industriais enquadrados na Confederação

Nacional da Indústria, bem como aqueles referentes aos

transportes, às comunicações e à pesca”, ao “pagamento de

uma contribuição mensal ao Serviço Social da Indústria para a

realização de seus fins”(caput), no valor de “dois por cento (2%)

sobre o montante da remuneração paga pelos estabelecimentos

contribuintes a todos os seus empregados”, tendo por base de

cálculo o montante “sobre o qual deva ser estabelecida a

contribuição de previdência devida ao instituto de previdência

ou caixa de aposentadoria e pensões, a que o contribuinte esteja

filiado” (§ 1o).

28. Relativamente ao custeio dos encargos do SESC, o art. 3o

do citado Decreto-lei no 9.853, de 13/9/46, obrigou “os

estabelecimentos comerciais enquadrados nas atividades

sindicais subordinadas à Confederação Nacional do Comércio”,

bem assim os demais empregadores que possuíssem empregados

segurados no IAPC, “ao pagamento de uma contribuição

mensal” (caput), no valor de “2% (dois por cento) sobre o

montante da remuneração paga aos empregados”, tendo por

base de cálculo “a importância sobre a qual deva ser calculada

a quota de previdência pertinente a instituição de aposentadoria

e pensões à qual o contribuinte esteja filiado” (§ 1o) e cabendo a

respectiva arrecadação às “instituições de previdência social a

que estiverem vinculados os empregados, juntamente com as

contribuições que lhe forem devidas”

(§ 2o).

29. Posteriormente, algumas alterações na sistemática de

arrecadação das contribuições em tela foram introduzidas por

diplomas legais supervenientes.

213

30.Pelo Decreto-lei no 1.861, de 25/2/81, as citadas

contribuições passaram a constituir “receitas do Fundo de

Previdência e Assistência Social, incidindo sobre o limite máximo

de exigência das contribuições previdenciárias, mantidas as

mesmas alíquotas e contribuintes” (art. 1o).

31. Um mês depois, a redação desse dispositivo foi modificada

pelo Decreto-lei no 1.867, de 25/3/81, para excluir a vinculação

da receita daquelas contribuições ao mencionado Fundo,

restabelecendo-se, assim, o vínculo com o SENAI, SENAC, SESI e

SESC.

32. O limite estabelecido no mesmo dispositivo foi revogado,

mais tarde, pelo Decreto-lei no 2.318, de 30/12/86, o qual, de modo

expresso, manteve a “cobrança, fiscalização, arrecadação e

repasse às entidades beneficiárias das contribuições”.

33. Portanto, desde a criação do SENAI, SENAC, SESC e

SESI, o custeio das atividades afetas a essas entidades - de

interesse dos comerciários, industriários e assemelhados - foi

imputado, exclusivamente à classe empresarial da indústria e

do comércio, mediante uma contribuição, de caráter

compulsório, no total de 3% (três por cento), incidente sobre a

folha de salários de cada empresa, sendo 2% (dois por cento)

para o SESC ou o SESI e 1% (um por cento) para o SENAC ou o

SENAI, conforme o caso.

b) a natureza

34. As contribuições ao SESC, SENAC, SESI e SENAI não

constituem qualquer uma das espécies do gênero tributo -

impostos, taxas e contribuições de melhoria - e, assim, não

integram o Sistema Tributário Nacional, de que tratam o art. 145

da Constituição e o art. 50 do Código Tributário Nacional.

214

35. Também não constituem modalidade das contribuições

sociais enumeradas, taxativamente, pelo art. 195 da Carta de

1988 dos empregadores, dos trabalhadores e sobre a receita

de concursos e prognósticos - e que se destinam a custear as

despesas com a previdência social, a assistência à saúde e a

assistência social.

36. Inobstante o caráter compulsório e a incidência sobre

o mesmo sujeito passivo - o empregador - e a mesma base de

cálculo - a folha de salários - das contribuições sociais, a

contribuição em foco constitui figura diversa, em razão de sua

destinação específica: “às entidades privadas de serviço social

e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical”,

como expressamente prescrito pelo art. 240 da Constituição.

37. As contribuições ao SESC, SENAC, SESI e SENAI, dadas

as suas finalidades, têm a natureza das contribuições sociais,

mas de características especiais, seja por sua autonomia em

relação ao Sistema Tributário Nacional e ao Sistema de

Seguridade Social, como estruturados pela Constituição, seja

porque a respectiva receita não constitui entrada do Tesouro

Nacional, sendo vinculada tanto a determinadas entidades,

como a determinadas despesas.

38. Integram, assim, a chamada parafiscalidade, cuja

teoria, na lição de EMANUELLE MORSELLI, “baseia-se na

distribuição das necessidades públicas fundamentais em

complementares”, aquelas correspondendo “às finalidades

do Estado, de natureza essencialmente política (defesa

externa e interna, justiça etc)” e estas correspondendo “às

finalidades sociais e econômicas”, no atendimento de

“necessidades de grupos profissionais econômicos e de grupos

sociais” (in “Le Finanze degii Enti Publicci non Territoriali”,

Padova, 1943 pág. 24).

215

39. “Na melhor doutrina - destaca ALIOMAR BALEEIRO - o

neologismo parafiscal, introduzido na linguagem financeira da

França pelo inventário Schuman e cedo copiado no Brasil, designa

tributos que, às vezes, são taxas e, outras vezes, impostos. Não

raro apresentam formas híbridas de imposto e taxa. Mas de

específico tem só a delegação às entidades beneficiadas com

a arrecadação. Logo, devem ser classificadas em caso concreto,

segundo critérios clássicos esposados pela Constituição” (in

“Direito Tributário Brasileiro”, Forense, Rio, 1983, pág. 38).

40. Em precisa síntese, o ilustre prof. BERNARDO RIBEIRO DE

MORAES assim justifica a parafiscalidade: “o Estado, na mais

moderna organização, como resultado de um conjunto de novos

fins e de novas necessidades públicas, é obrigado a manter dois

sistemas de finanças públicas típicas, o fiscal (com seu fim político)

e o parafiscal (com o seu fim econômico e social)” (in

“Compêndio de Direito Tributário”, Forense, Rio, 1984, pág. 322).

41. Na mesma linha, observa THEMÍSTOCLES CAVALCÂNTI que

“a parafiscalidade constitui um sistema fiscal paralelo ao sistema

geral, mas com particularidades próprias, inclusive quanto à sua

forma de incidência” (in “Tratado de Direito Administrativo”, vol.

1, Liv. Freitas Bastos, Rio, 1960, pág. 172).

42. Em resumo, pois, as contribuições ao SENAC, SENAI, SESC

e SESI constituem espécies do gênero contribuição, têm a

natureza das contribuições sociais, mas de configuração especial

e existência autônoma, em relação ao Sistema de Seguridade

Social e ao Sistema Tributário Nacional, como constitucionalmente

organizados, e integram o campo mais abrangente da

parafiscalidade.

c) a base constitucional

216

43. O SENAI e a respectiva contribuição foram criados em

1942 e o SENAC, o SESC e o SESI e as respectivas contribuições

foram criados em 1946, ainda na vigência da Carta de 1937,

mediante decretos-leis baixados na forma do art. 180, que atribuiu

competência ao Presidente da República para expedi-los, e com

fundamento no art. 129, que prescreveu o dever do Estado quanto

à criação e manutenção do ensino profissional destinado às

classes menos favorecidas e, juntamente com as indústrias e os

sindicatos econômicos, quanto a escolas de aprendizes.

44. Essa legislação foi recepcionada pelas Constituições

posteriormente promulgadas, dada a compatibilidade dos

preceitos dos decretos-leis supracitados com as novas disposições

constitucionais.

45. A Constituição de 1946, em seu art. 141, § 1o, dispõe sobre

o princípio da legalidade, que figurava nos Estatutos Políticos do

Império (art. 179, § 1o), de 1891 (art. 72, § 1o) e de 1934 (art. 113, 2)

e havia sido omitido na Carta do Estado Novo (1937).

46. Segundo tal princípio, pela redação da Carta de

1946, “ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer

alguma coisa senão em virtude da lei” e, assim, “qualquer

regra que crie dever de ação positiva (fazer) ou negativa

(deixar de fazer) tem de ser - conforme o magistério do

ins igne PONTES DE MIRANDA - regra de le i , com as

formalidades que a Constituição exige” (in “Comentários à

Constituição de 1946”, Tomo IV, Ed. Borsoi, Rio, 1960, pág.

321).

47. Com pequenas e i r re levantes modif icações

redacionais, tal princípio foi reproduzido na Constituição de

1967 (art. 150, § 2o), na Emenda no 1, de 1969 (art. 153, § 2o),

e na Carta de 1988 (art. 5o, inciso II).

217

48. Com fulcro nesse princípio da legalidade ou da reserva

legal, o Poder Público, ao longo do tempo e mediante lei, impôs,

às pessoas naturais e jurídicas, numerosas obrigações de caráter

pecuniário.

49. Além disso, a Emenda no 1 de 1969, no seu art. 21, § 2o,

inciso I, facultou à União a criação de contribuições “tendo em

vista intervenção no domínio econômico e o interesse da

previdência social ou de categorias profissionais”, redação essa

que, pela Emenda no 8, de 1977, passou a ser a seguinte:

“contribuições, observada a faculdade prevista no item I deste

artigo [faculdade de o Poder Executivo alterar alíquotas e bases

de cálculo, nas condições e limites estabelecidos em lei], tendo

em vista intervenção no domínio econômico ou o interesse de

categorias profissionais e para atender diretamente à parte da

União no custeio dos encargos da previdência social”.

50. Finalmente, a Constituição de 1988, no seu art. 149, veio

preceituar que “compete exclusivamente à União instituir

contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e

de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como

instrumento de sua atuação nas respectivas áreas ...”.

51. A mesma Carta, em suas Disposições Gerais, tratou, pela

primeira vez, em nível constitucional, das contribuições ao SENAC,

SENAI, SESC e SESI, dispondo, no seu art. 240, que: “ficam

ressalvadas do disposto no art. 195 [que enumera as contribuições

sociais destinadas ao financiamento da seguridade social] as

atuais contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha

de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e

de formação profissional vinculadas ao sistema sindical”.

10. Como evidenciado no parecer supratranscrito, as

contribuições compulsórias ao SENAC, SENAI, SESC e SESI foram

218

criadas regularmente em lei, ou seja, mediante decretos-leis

expedidos com lastro em disposições do Estatuto Político de 1937

e recepcionados pelas Cartas de 1946 e 1967 e Emenda no 1, de

1969, merecendo, afinal, tratamento expresso na Constituição de

1988.”

V

A EXEGESE DO ART. 240 DA CONSTITUIÇÃO

11. Ainda no parecer já mencionado, revela-se oportuna a

transcrição das considerações que desenvolvemos sobre os fins

colimados pelo art. 240 da Constituição:

“58.Por um lado, ressalvar - na acepção de excluir, excetuar,

resguardar, por a salvo - do art. 195 as contribuições em apreço,

excluindo-as, conseqüentemente, do rol das fontes de

financiamento da seguridade social e destinando-as, de maneira

expressa, ao custeio das “entidades privadas de serviço social e

de formação profissional vinculadas ao sistema sindical”, como

previsto na legislação preexistente.

59. Por outro lado, o mencionado dispositivo também teve

por finalidade dar respaldo constitucional, claro e direto, à

legislação ordinária que criou e regulou as contribuições em tela,

numa espécie de recepção expressa, para afastar dúvidas e

controvérsias que pudessem surgir em torno da matéria,

notadamente por parte do numeroso e conceituado grupo de

tributaristas pátrios, para os quais toda imposição pecuniária de

caráter compulsório constituiria tributo - e, assim, deveria se

enquadrar nas espécies elencadas pela Lei Maior.

60. Se assim não fosse, logo surgiriam teses no sentido de

considerar inconstitucionais as contribuições em questão, por não

219

integradas ao Sistema Tributário Nacional, nem ao Sistema de

Seguridade Social.

61. Portanto, em boa hora, o legislador constituinte fez incluir,

em nossa nova Carta, o preceito do art. 240, que deu adequada

base à legislação ordinária concernente às contribuições

compulsórias ao SENAC, SENAI, SESC e SESI e as excluiu do Sistema

de Seguridade Social, permitindo, assim, a manutenção de uma

sistemática montada há meio século, com expressivo proveito

para os trabalhadores das classes dos industriários e comerciários

e para todo o setor industrial e comercial de nosso País.”

VI

A COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

E DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE INTERNO

12.No que se refere à competência do Tribunal de Contas

da União, para apreciar e julgar as contas prestadas pelos

responsáveis do SESC e do SENAC, e dos órgãos de controle

interno, para comprovar a legalidade e avaliar os resultados da

aplicação dos recursos provenientes das contribuições de que

trata o art. 240 da Constituição, tivemos a oportunidade de emitir

parecer, em 18/7/02, o qual mereceu a honrosa aprovação do

Sr. Presidente desta Confederação.

13.Por interessar às questões ora suscitadas, transcrevemos

os itens 3 a 6, 8 e 9, verbis:

“3.A Constituição Federal, no seu art. 70, parágrafo único,

com a redação dada pela Emenda Constitucional no 19, de

4/6/98, preceitua que “prestará contas qualquer pessoa física

ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,

220

gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos

quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma

obrigações de natureza pecuniária.”

4.No seu art. 74, a nossa Carta dispõe sobre o sistema de

controle interno dos três Poderes, tendo por finalidade, inclusive,

“comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à

eficácia e eficiência da gestão orçamentária, financeira e

patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem

como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito

privado”.

5.Por sua vez, a Lei no 10.180, de 6/2/01, que “organiza e

disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal,

de Administração Financeira Federal, de Contabilidade Federal

e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e dá outras

providências”, preceitua, em seus arts. 20, inciso II, 24, incisos VI e

VII, e 26, caput:

“Art. 20. O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo

Federal tem as seguintes finalidades:

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à

eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e

patrimonial nos órgãos e nas entidades da Administração Pública

Federal, bem como da aplicação de recursos públicos por

entidades de direito privado;

Art. 24. Compete aos órgãos e às unidades do Sistema de

Controle Interno do Poder Executivo Federal:

VI - realizar auditoria sobre a gestão dos recursos públicos

federais sob a responsabilidade de órgãos e entidades públicos

e privados;

221

VII - apurar os atos ou fatos inquinados de ilegais ou irregulares,

praticados por agentes públicos ou privados, na utilização de

recursos públicos federais e, quando for o caso, comunicar à

unidade responsável pela contabilidade para as providências

cabíveis;

Art. 26. Nenhum processo, documento ou informação poderá

ser sonegado aos servidores dos Sistemas de Contabilidade

Federal e de Controle Interno do Poder Executivo federal, no

exercício das atribuições inerentes às atividades de registros

contábeis, de auditoria, fiscalização e avaliação de gestão.” (o

negrito não é do texto legal)

6.Dada a natureza parafiscal e a compulsoriedade das

contribuições dos empregadores sobre a folha de salários,

destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação

profissional, como preceitua o art. 240 da Constituição de 1988,

incumbe, ao órgão competente do sistema de controle interno

do Poder Executivo federal, nos termos do disposto nas disposições

constitucionais e legais acima transcritas, comprovar a legalidade

e avaliar os resultados da aplicação dos recursos provenientes

da receita das referidas imposições pecuniárias.”

“8.Afora isso, a Lei no 8.443, de 16/7/92, que “dispõe sobre a

Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União e dá outras

providências”, dispõe, nos seus arts. 5o, inciso V, 6o, 7o, caput, e 9o:

“Art. 5o. A jurisdição do Tribunal abrange:

V - os responsáveis por entidades dotadas de personalidade

jurídica de direito privado que recebam contribuições parafiscais

e prestem serviço de interesse público ou social;

Art. 6o. Estão sujeitas à tomada de contas e, ressalvado o

222

disposto no inciso XXXV do art. 5o da Constituição Federal, só por

decisão do Tribunal de Contas da União podem ser liberadas

dessa responsabilidade as pessoas indicadas nos incisos I a VI do

art. 5o desta lei.

Art. 7o. As contas dos administradores e responsáveis a que

se refere o artigo anterior serão anualmente submetidas a

julgamento do Tribunal, sob forma de tomada ou prestação de

contas, organizadas de acordo com normas estabelecidas em

instrução normativa.

Art. 9o. Integrarão a tomada ou prestação de contas, inclusive

a tomada de contas especial, dentre outros elementos

estabelecidos no regimento interno, os seguintes:

III - relatório e certificado de auditoria, com o parecer do dirigente

do órgão de controle interno, que consignará qualquer irregularidade

ou ilegalidade constatada, indicando as medidas adotadas para

corrigir as faltas encontradas; (o negrito não é do texto legal).

9.Essas disposições legais demonstram que as prestações de

contas dos dirigentes regionais do SENAC e do SESC, a serem

apreciadas pelo Tribunal de Contas da União, devem estar

acompanhadas de parecer do órgão de controle interno, o qual,

por isso mesmo, tem de proceder à competente auditoria, a fim

de poder comprovar a legalidade e avaliar os resultados da

aplicação dos recursos provenientes das contribuições de que

trata o art. 240 da Constituição.”

14.É relevante acentuar, neste passo, a alteração introduzida,

pela Emenda Constitucional no 19, de 4/6/98, à redação do

parágrafo único do art. 70 da Constituição, ou seja, a inclusão

do adjetivo “privado”, após “pública”, para qualificar a pessoa

jurídica obrigada à prestação de contas:

223

“Art. 70

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou

jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde,

gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos

quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma

obrigações de natureza pecuniária” (o negrito não é do texto

constitucional).

15.Por conseguinte, entidades privadas com a natureza do

SESC e do SENAC, que aplicam recursos de natureza parafiscal,

provenientes de contribuições cobradas compulsoriamente, estão

submetidas, ex vi da Emenda Constitucional no 19, de 4/6/98, à

jurisdição do Tribunal de Contas da União. Os “administradores e

responsáveis” dessas entidades têm de prestar contas,

anualmente, àquele Tribunal e a prestação de contas deve ser

instruída com o parecer do órgão de controle interno, que terá

de “comprovar a legalidade” e “avaliar os resultados” da

aplicação dos recursos provenientes das contribuições

compulsórias, realizando, para esse fim, as competentes

auditorias.

16.A avaliação dos resultados será procedida na linha do

que preceitua o art. 183 do Decreto-lei no 200, de 25/2/67: “as

entidades e organizações em geral, dotadas de personalidade

jurídica de direito privado, que recebem contribuições parafiscais

e prestem serviços de interesse público ou social, estão sujeitas à

fiscalização do Estado nos termos e condições estabelecidas na

legislação pertinente a cada uma.” No caso do SESC e do SENAC,

a avaliação dos resultados será feita, naturalmente, à luz dos

respectivos orçamentos anuais, diretrizes gerais de ação e

finalidades, conforme dispõem os Regulamentos dessas entidades

(Decreto no 61.836, de 5/12/67, arts. 1o e 14, alíneas “a” e “c”, e

Decreto no 61.843, de 5/12/67, arts. 1o e 14, alíneas “a” e “c”).

224

VII

O PROCEDIMENTO LICITATÓRIO

17.No citado parecer, discorremos, também, sobre o

procedimento licitatório a ser observado pelo SESC e pelo

SENAC, nos seguintes termos:

“17.No caso de entidades de direito privado, como o

SENAC e o SESC, o procedimento tem de ser adaptado, pelos

respectivos regulamentos de licitação, como efetivamente

ocorreu, às peculiaridades dessas entidades, porém sem violar

a essência do escopo da Constituição e da lei.”

“31.O Egrégio Tribunal de Contas da União, pela Decisão

no 907/97, de 11/12/97 (pub. no D.O. de 26/12/97), adotando

circunstanciado e fundamentado Voto do Relator, o ilustre

Ministro LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA, decidiu que “... por

não estarem incluídos na lista de entidades enumeradas no

parágrafo único do art. 1o da Lei no 8.666/93, os serviços sociais

autônomos não estão sujeitos à observância dos estritos

procedimentos da referida lei, e sim aos seus regulamentos

próprios devidamente publicados.

32.Por esse motivo, as entidades do denominado “Sistema

S” desenvolveram contatos junto àquela Corte de Contas, no

sentido da prévia aprovação de uma minuta comum de

regulamento de licitações e contratos, ajustada aos princípios

básicos da Lei no 8.666, de 1993. Dessa iniciativa resultou a

Decisão no 461/98, de 22/7/98 (pub. no D.O. de 7/8/98), do

Plenário do Tribunal de Contas, que, acolhendo o Voto do

Relator, o ilustre Ministro LINCOLN MAGALHÃES DA ROCHA,

decidiu :

225

“8.1 - receber a presente minuta de Regulamento de

Licitações e Contratos das entidades integrantes do Sistema “S”,

mencionadas no item 4 supra, tendo em vista a Decisão Plenária/

TCU no 907/97, prolatada na Sessão de 11/12/97, que concluiu

que os Serviços Sociais Autônomos não estão sujeitos à

observância aos estritos procedimentos estabelecidos na Lei no

8.666/93, e sim aos seus regulamentos próprios devidamente

publicados, consubstanciados nos princípios gerais do processo

licitatório;

8.2 - informar à Confederação Nacional da Indústria que:

8.2.1. cabe aos próprios órgãos do Sistema “S” aprovar os

regulamentos internos de suas unidades;

8.2.2 este Pretório, ao julgar as contas e ao proceder à

fiscalização financeira das entidades do Sistema “S”,

pronunciar-se-á quanto ao cumprimento dos regulamentos em

vigor, relativamente a licitações e contratos, bem como à

pertinência desses regulamentos em relação à Decisão/

Plenário/TCU no 907/97, prolatada na Sessão de 11/12/97; e

8.3 - arquivar o presente processo.”

33.Na conformidade dessa decisão do Tribunal de Contas, o

SESC e o SENAC aprovaram os respectivos Regulamentos de

Licitações e Contratos. O do SESC foi aprovado pela Resolução

no 949/98, de 26/8/98, posteriormente substituído pelo

Regulamento aprovado pela Resolução no 1012/01, de 25/9/01,

ambas do Conselho Nacional do Serviço Social do Comércio. O

do SENAC foi aprovado pela Resolução no 747/98, de 26/8/98,

posteriormente substituído pelo Regulamento aprovado pela

Resolução no 801, de 2001, de 19/9/01, ambas do Conselho

Nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.”

226

18.Portanto, o SESC e o SENAC, nas contratações relativas a

obras, serviços, compras, alienações e locações, devem observar,

estritamente, as normas de seus Regulamentos de Licitações e

Contratos.

VIII

OUTRAS QUESTÕES RELEVANTES

19.Como acima indicado, já tivemos a oportunidade de fixar

o nosso entendimento quanto às questões centrais relacionadas

à natureza do SESC e do SENAC e das Contribuições a eles

recolhidas e de que trata o art. 240 da Constituição.

20.De outro lado e conforme o entendimento desenvolvido

no parecer datado de 18/7/02, aprovado pelo Sr. Presidente desta

Confederação:

1o) compete ao Tribunal de Contas da União, ex vi do art.70,

parágrafo único, da Constituição, e dos arts. 5o, inciso V, 6o e 7o

da Lei no 8.443, de 16/7/92, apreciar e julgar as contas dos

“administradores e responsáveis” do SESC e do SENAC;

2o) cabe aos órgãos competentes do Sistema de Controle

Interno do Poder Executivo Federal, ex vi do disposto no art.

74 da Constituição e arts. 20, inciso II, e 24, incisos VI e VII, da

Lei no 10.180, de 6/2/01, “comprovar a legalidade” da

“aplicação dos recursos” geridos pelo SESC e pelo SENAC,

incumbindo-lhe, para esse fim, “realizar auditoria”.

21. Restariam, assim, a ser examinadas as demais

questões - relevantes - referidas na manifestação do Sr.

Assessor Jur ídico da Direção-Geral do Departamento

Nacional do SESC.

227

a) Exigências da Secretaria Federal de Controle Interno

22. As exigências da Secretaria Federal de Controle

Interno devem ser examinadas, caso a caso. Se procedentes,

deverão ser atendidas. Se consideradas exorbitantes, caberá

a formulação dos devidos esclarecimentos ou justificativas,

mediante ofício circunstanciado dirigido àquele órgão,

conforme orientação constante do Ofício 459/2003/GAB/

CGU-RJ/CGU-PR, do Sr. Chefe da Controladoria-Geral da

União no Estado do Rio de Janeiro.

23. Muitas dessas questões têm sido resolvidas, ao que se

informa, graças a reuniões realizadas por um grupo informal,

constituído por representantes do SESC, SENAC e demais

entidades do chamado “Sistema S” e da Secretaria Federal de

Controle Interno, da Controladoria-Geral da União.

24.Por esse excelente canal de entendimento, mercê da

competência e dedicação dos integrantes do grupo, foram

encontradas soluções para diversas pendências e colhidos

relevantes esclarecimentos para a adoção de procedimentos

padronizados, visando aperfeiçoar a atuação das entidades do

“Sistema S” e cooperar com as atividades de auditoria afetas à

CGU. Esse instrumento de articulação de esforços e cooperação

recíproca merece amplo apoio das Direções Gerais do SESC e

do SENAC.

25.De qualquer sorte, a Secretaria Federal de Controle

Interno dispõe de competência, ex vi dos supratranscritos

arts. 20, inciso II, 24, incisos VI e VII, e 26 da Lei no 10.180/01,

para realizar auditoria sobre a gestão dos recursos do SESC

e do SENAC provenientes das contribuições compulsórias,

inclusive requisitando informações, dados ou documentos

pertinentes à gestão financeira dessas entidades.

228

b) O alcance dos Decretos ns. 3.589/00, 3.590/00 e 3.591/00

26.Os Decretos ns. 3.589, 3.590 e 3.591, todos de 6/9/00, que

dispõem, respectivamente, sobre o Sistema de Contabilidade

Federal, o Sistema de Administração Financeira Federal e o

Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal

compõem-se de normas dirigidas aos órgãos e entidades da

Administração Pública Federal, não vinculando os procedimentos

de entidades privadas, como o SESC e o SENAC.

27.De acordo com as normas dos citados Decretos, o

Sistema de Contabilidade Federal “visa a proporcionar

instrumentos para registro dos atos e fatos relacionados à

administração orçamentária, financeira e patrimonial da

União”, o Sistema de Administração Financeira “visa ao

equilíbrio econômico e financeiro do Governo Federal, dentro

dos limites da receita e despesa públicas” e o Sistema de

Controle Interno do Poder Executivo “visa à avaliação da

ação governamental e da gestão dos administradores

públicos federais, com as finalidades, atividades, organização,

estrutura e competência estabelecidas”.

28.Os preceitos dos três citados Decretos têm como

destinatários os órgãos públicos, não obrigando o SESC e o SENAC,

que não integram a Administração Pública, revestindo

personalidade jurídica de direito privado.

c) O art. 15 do Decreto no 3.591/00

29.O Decreto no 3.591/00, modificado pelos Decretos ns. 4.304,

de 16/7/02, e 4.440, de 25/10/02, organiza e disciplina o

funcionamento da Secretaria de Controle Interno, no âmbito do

Poder Executivo Federal, dispondo sobre os órgãos do controle

interno e a respectiva competência.

229

30.É bem verdade que o Decreto no 3.591/00 dispõe que: a)

o Sistema de Controle Interno tem, entre outras finalidades, a de

“comprovar a legalidade e avaliar os resultados” da “aplicação

de recursos públicos por entidades de direito privado” (art. 2o,

inciso II); b) “a auditoria visa a avaliar ... a aplicação de recursos

públicos por entidades de direito privado” (art. 4o, § 1o); e c)

compete à Secretaria Federal de Controle Interno, entre outras

atribuições, “realizar auditorias sobre a gestão dos recursos

públicos federais sob a responsabilidade de órgãos e entidades

públicos e privados...” (art. 11, inciso XXII). Todavia, essas normas

têm por escopo orientar a atuação dos órgãos competentes do

Sistema, na conformidade das disposições, antes transcritas, dos

arts. 20, inciso II, 24, incisos VI e VII, e 26 da Lei no 10.180, de 6/2/01.

31.Já o caput do art. 15 desse Decreto merece exame

especial. Em sua redação original, o dispositivo dirigia-se, apenas,

a entidades e órgãos públicos, nos seguintes termos:

“Art. 15 A unidade de auditoria interna das entidades da

Administração Pública Federal indireta e dos serviços sociais

autônomos sujeita-se à orientação normativa e supervisão técnica

do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal,

prestando apoio aos órgãos e às unidades que o integram.”

32.Esse dispositivo foi, inicialmente, modificado pelo Decreto

no 4.304, de 16/7/02, que lhe deu a seguinte redação:

“Art. 15 As unidades de auditoria interna das entidades da

Administração Pública Federal indireta vinculadas aos Ministérios

e aos órgãos da Presidência da República e os dos serviços sociais

autônomos ficam sujeitas à orientação normativa e supervisão

técnica do Órgão Central e dos órgãos setoriais do Sistema de

Controle Interno do Poder Executivo Federal, em suas respectivas

áreas de jurisdição.” (o negrito não é do texto do Decreto)

230

33.Com tal redação, o dispositivo tornou-se flagrantemente

ilegal, pois pretendia submeter, à supervisão técnica de um órgão

público, unidades da estrutura de entidades privadas.

34. Logo, no entanto, o erro foi corrigido, pelo Decreto no

4.440, de 25/10/02, que restabeleceu a redação original do caput

do art. 15 (sem qualquer referência aos “serviços sociais

autônomos”), mas lhe acrescentou os §§ 8o e 9o, com a seguinte

redação:

“§ 8o O Órgão Central do Sistema de Controle Interno do

Poder Executivo Federal poderá recomendar aos serviços sociais

autônomos as providências necessárias à organização da

respectiva unidade de controle interno, assim como firmar termo

de cooperação técnica, objetivando o fortalecimento da gestão

e a racionalização das ações de controle.

§ 9o A Secretaria Federal de Controle Interno poderá utilizar

os serviços das unidades de auditoria interna dos serviços sociais

autônomos, que atenderem aos padrões e requisitos técnicos e

operacionais necessários à consecução dos objetivos do Sistema

de Controle Interno.” (os grifos não são do Decreto)

35.A redação desses dois parágrafos do art. 15 do Decreto

no 3.591/00 decorreu de amplos entendimentos e, mesmo, de

consenso entre representantes não só do SESC e do SENAC, como

também do SESI e do SENAI, e autoridades governamentais,

conforme esclarece o Sr. Assessor Jurídico do SESC, em Relatório

datado de 28 de maio último, verbis:

“O novo texto do Decreto 4.440/02 é resultante do consenso

entre os participantes do Grupo de Trabalho dos “S”, objeto que

foi de longas tratativas junto à Controladoria Geral da União,

iniciadas após ofício das Entidades à Presidência da República,

231

ponderando sobre a inadequação jurídica do Decreto 3.591/00

em relação aos serviços sociais autônomos.” (os grifos não do

original)

36.Diante desses esclarecimentos, revela-se ultrapassada a

controvérsia em torno da questão, cabendo às Direções-Gerais

do SESC e do SENAC providenciar a criação das unidades de

auditoria interna, mediante alteração dos respectivos

Regulamentos, por decreto do Poder Executivo Federal, ou de

seus Regimentos, por resoluções do Conselho de Representantes

da CNC e Conselhos Nacionais daquelas entidades.

37.Neste último modo, mais prático, caberá a inclusão, no

art. 5o, inciso I, dos Regimentos, de uma alínea “d”, com a seguinte

redação: “d) Auditoria Interna”, bem assim o acréscimo de um

artigo, com as atribuições da nova unidade.

38.Na realidade, as atividades de auditoria interna, que já

vêm sendo desenvolvidas no SESC e no SENAC, por competentes

profissionais, passariam a constituir unidades da estrutura das

Administrações Nacionais daquelas entidades.

39.Os Conselhos Fiscais são órgãos colegiados de fiscalização

financeira, que, basicamente, examinam e emitem pareceres

sobre propostas orçamentárias, balancetes periódicos,

demonstrações financeiras e prestações de contas anuais.

Funcionam quando reunidos os seus membros em sessões,

podendo, para bem exercer suas atribuições, requisitar dados,

documentos e informações aos diversos órgãos das entidades.

40.Diferentemente disso, as auditorias são exercidas por

profissionais (contadores) legalmente habilitados e registrados no

competente Conselho Regional de Contabilidade, envolvendo

o exame dos elementos constantes dos balanços e das

232

prestações de contas, desde a origem fática de cada um, a

comprovação da exatidão dos dados do balanço patrimonial,

os referentes às disponibilidades de caixa, dos investimentos e

dos estoques etc., de modo a emitir certificados ou pareceres

quanto à exação daqueles documentos.

41.As auditorias abrangem, por exemplo, a verificação

física dos estoques, dos instrumentos contratuais, das contas a

receber, bem assim a chamada “circularização”, ou seja, a

coleta de informações junto a terceiros, para confirmar os

dados dos balanços e das prestações de contas.

42.“Auditoria - na lição do prof. JOSÉ HERNANDEZ PEREZ

JÚNIOR, da Universidade Mackenzie -, pode ser definida como

o levantamento, o estudo e a avaliação sistemática de

transações, procedimentos, rotinas e demonstrações contábeis

de uma entidade, com o objetivo de fornecer a seus usuários

uma opinião imparcial e fundamentada em normas e princípios

sobre sua adequação” (in “Auditoria de Demonstrações

Contábeis”, Atlas, 2a ed., S. Paulo, 1998, pág. 13).

43.A rigor, inexistem controvérsias sobre as atividades

próprias dos conselhos fiscais e das auditorias internas e

externas.

d) A Instrução Normativa no 12, de 24/4/96, do Tribunal de

Contas da União, a prestação de contas e o rol de responsáveis

44.A Instrução Normativa no 12, de 24/4/96, do Tribunal

de Contas da União, que “estabelece normas de

organização, apresentação de tomadas e prestações de

contas e rol de responsáveis e dá outras providências”, foi

expedida com fundamento nos arts. 3o e 7o da já citada Lei

no 8.443, de 16/7/02, segundo os quais:

233

“Art. 3o Ao Tribunal de Contas, no âmbito de sua competência

e jurisdição, assiste o poder regulamentar, podendo, em

conseqüência, expedir atos e instruções normativas sobre matéria

de suas atribuições e sobre a organização dos processos que lhe

devam ser submetidos, obrigando ao seu cumprimento sob pena

de responsabilidade.”

“Art. 7o As contas dos administradores e responsáveis a que

se refere o artigo anterior serão anualmente submetidas a

julgamento do Tribunal, sob forma de tomada ou prestação de

contas, organizadas de acordo com normas estabelecidas em

instrução normativa”. (os grifos não são dos textos legais)

45.Trata-se, portanto, de ato baixado pelo E. Tribunal de

Contas, no exercício de competência que, expressamente, lhe

foi atribuída pela Lei e que disciplina matéria de sua expressa

competência constitucional (C.F., arts.70 e 71), ou seja, as

tomadas e prestações de contas, impondo-se seu integral

acatamento pelo SESC e pelo SENAC.

46.A questão suscitada pelo SESC diz respeito, em verdade,

ao alcance do art. 10 da mencionada Instrução Normativa, que

relaciona, exemplificadamente, as diversas espécies do gênero

“administrador”, que se enquadram no conceito constitucional

(C.F., art. 71, inciso II) e legal (Lei no 8.443, de 16/7/92, arts. 1o,

inciso I, 5o, inciso V, e 7o).

47.Note-se que o art. 5o, inciso V, da Lei no 8.443/92, preceitua

que “a jurisdição do Tribunal abrange”, entre outros, “os

responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de

direito privado que recebam contribuições parafiscais e prestem

serviço de interesse público ou social”.

48.Ao se referir a “administradores e demais responsáveis por

234

dinheiros, bens e valores públicos”, a norma do art. 71, inciso II,

da Constituição, tem por destinatários todos quantos pratiquem

qualquer ato que importe, de modo direto ou indireto, no

emprego de recursos públicos, ou, nos precisos termos do

parágrafo único do art. 70 de nossa Carta, quem “utilize,

arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e

valores públicos ...”.

49.Sem qualquer dúvida, o SESC e o SENAC, embora não

arrecadem (a arrecadação cabe ao INSS), utilizam, guardam,

gerenciam e administram recursos considerados como

públicos. Resta, conseqüentemente, fixar, com precisão, quais

os órgãos ou dirigentes responsáveis pelo desempenho desses

encargos.

50.A enumeração constante da IN no 12/96, do TCU, não

esgota a relação de administradores responsáveis obrigados

à prestação de contas, mas, de outro lado, não envolve

quem, inobstante a denominação do cargo ou função de

que seja t i tu lar , não prat ique ato que importe na

arrecadação, utilização, guarda, gerência ou administração

de recursos públicos. Daí a cláusula “quando cabíveis”,

constante do caput do art. 10 daquela Instrução.

51.No que se refere ao SESC e ao SENAC, o art. 5o, inciso V,

da Lei

no 8.443, de 16/7/92, dispõe, com toda a clareza, que:

“Art. 5o A jurisdição do Tribunal abrange:

V - os responsáveis por entidades dotadas de personalidade

jurídica de direito privado que recebam contribuições

parafiscais e prestem serviço de interesse público ou social.”

235

52.Em face dessas normas constitucionais, legais e normativas,

a identificação dos administradores responsáveis pelo SESC e pelo

SENAC sujeitos à inclusão no rol de responsáveis integrante da

prestação de contas deve ser encontrada nos respectivos

regulamentos, ao disciplinarem a utilização dos recursos

provenientes das contribuições compulsórias.

53.Ora, tanto o Regulamento do SESC (art. 38) como o do

SENAC

(art. 38) dispõem que as respectivas Administrações Nacionais

e Regionais têm a obrigação de apresentar “suas prestações de

contas relativas à gestão econômico-financeira do exercício

anterior”, cabendo aos Departamentos Nacionais (art. 17, alínea

“s”) e Regionais (art. 26, alínea “f”) prepará-las e submetê-las ao

Conselho Fiscal e ao Conselho Nacional ou aos Conselhos

Regionais, conforme o caso, cabendo a estes aprová-las (ou,

naturalmente, mandar refazê-las).

54.Ambos os Regulamentos (art. 12) estabelecem que as

Administrações Nacionais compreendem o Conselho Nacional

(órgão deliberativo), o Departamento Nacional (órgão executivo)

e o Conselho Fiscal (órgão de fiscalização financeira); e as

Administrações Regionais compreendem o Conselho Regional

(órgão deliberativo) e o Departamento Regional (órgão

executivo).

55.Os Conselhos Nacionais e Regionais, muito embora

constituam órgãos colegiados deliberativos, não praticam, strictu

sensu, atos de gestão financeira. Não praticam, diretamente, atos

que importem na utilização, guarda, gerência ou administração

dos recursos do SESC e do SENAC.

56.Esses colegiados, segundo os respectivos Regulamentos e

236

Regimentos, aprovam os orçamentos e suas alterações e

suplementações (sujeitos à aprovação final do Presidente da

República ou do Ministro de Estado a quem for delegada

competência para a prática desse ato), bem assim balanços e

prestações de contas, autorizam convênios, acordos e operações

imobiliárias etc., mas não realizam licitações, nem as dispensam,

não celebram contratos, não admitem empregados, não

ordenam despesas, não emitem cheques, não efetivam

aplicações das disponibilidades financeiras, não movimentam

contas bancárias.

57.Enquanto isso, aos Pres identes dos Conselhos

Nacionais do SESC e do SENAC e aos Presidentes dos

Conselhos Regionais compete: super intender a

administração dessas entidades; admitir servidores; contratar

locação de serviços dentro das dotações do orçamento;

abrir contas bancárias; movimentar fundos; assinar cheques;

autorizar a distribuição das despesas votadas em verbas

globais ; assumir , at iva e pass ivamente, encargos e

obrigações; encaminhar ao Tribunal de Contas a prestação

de contas etc. (Regulamento, art. 28, incisos I e II).

58.Tendo examinado detidamente a questão em foco,

a Assessora do Departamento Nacional do SENAC, Dra. Maria

Elizabeth Martins Ribeiro, lembra que o Conselho Nacional

“se reúne, via de regra, três vezes por ano”, que “90% de sua

competência é de natureza normativa ou legislativa” e que

“os 10% residuais são de atribuições relativas à fiscalização”.

Acrescenta, ainda, que “a função e os atos do Conselho

não são de administração e sim de fiscalização das ações

do órgão executivo, ou seja, os departamentos nacional e

regionais”, concluindo que “membro do conselho não exerce

a função de administrador ou dirigente e, por conseguinte,

não podem ser considerados como tal.”

237

59.Em suma, os membros dos Conselhos Nacionais e Regionais

do SESC e do SENAC não exercem as atribuições a que se refere

o parágrafo único do art. 70, da Constituição, e, desse modo,

não têm a qualidade de administradores ou de qualquer outra

função que importe em responsabilidade pela utilização, guarda,

gerência ou administração de recursos públicos.

60.Por conseqüência, não se enquadram na figura dos

“administradores e demais responsáveis”, de que tratam o art. 5o,

inciso V, da Lei no 8.443/92 e a Instrução Normativa no 12/96, do

TCU, descabendo, portanto, incluí-los no rol de responsáveis, que

devem integrar as prestações anuais de contas do SESC e do

SENAC.

61.Nessas condições, caberia aos Srs. Diretores-Gerais do SESC

e do SENAC prestar à SFCI os esclarecimentos pertinentes e

diligenciar junto a esse órgão, no sentido de aclarar,

adequadamente, a matéria.

e) A Instrução Normativa no 02, de 20/12/00 da

Secretaria Federal de Controle Interno

62.A Instrução Normativa no 02, de 20/12/00, da Secretaria

Federal de Controle Interno, expedida com base nos dispositivos

legais e regulamentares que menciona, “estabelece normas de

organização e apresentação das tomadas e prestações de

contas dos gestores de recursos públicos e rol de responsáveis do

Poder Executivo Federal”, abrangendo, conforme dispõe, em seu

art. 5o, § 4o, “as prestações de contas dos órgãos e entidades

que arrecadem ou gerenciem contribuições parafiscais...”.

63.O objetivo da IN no 02, de 20/12/00, da SFCI, é o de facilitar

a elaboração das prestações anuais de contas dos

238

administradores e demais responsáveis dos órgãos e entidades

indicados em lei. A aplicação de suas normas ao SESC e ao

SENAC decorre, evidentemente, da obrigação legal dessas

entidades quanto à prestação de contas relativas aos recursos

provenientes das contribuições compulsórias.

f) A apresentação de declaração de rendimentos e de

bens

64.No pertinente à exigência da SFCI relativa à

apresentação, pelos membros dos Conselhos Nacionais e

Regionais do SESC e do SENAC, tanto o Sr. Assessor Jurídico da

Direção-Geral do SESC, no Parecer de 28/5/03, como a

Assessora Técnica do SENAC, Dra. Maria Elizabeth Martins

Ribeiro, entendem que a exigência encontra amparo no arts.

1o e 4o da Lei no 8.730, de 10/11/93, e no art. 104 da Lei no 8.443,

de 16/7/92 (Lei Orgânica do Tribunal de Contas).

65.A exigência, segundo esses pareceres, poderia ser

atendida na forma indicada no documento “Procedimentos

de Auditoria Externa - Âmbito de Atuação: Serviços Sociais

Autônomos”, item 1.4.10.5, isto é, mediante a apresentação,

apenas, do “recibo que comprove a entrega da declaração

de bens e renda - SRF”.

66.Não obstante a solução encontrada, cumpre-nos

ponderar que a exigência constante do art. 4o da Lei no 8.730/93

- juntada à prestação de contas de cópia da declaração

de rendimentos e bens - viola as garantias constitucionais

da inviolabilidade da vida privada e do sigilo de dados (CF,

art. 5o, incisos X e XII), matéria que tivemos a oportunidade

de desenvolver em palestra proferida no Conselho Técnico

desta Confederação (in “Carta Mensal” no 478, vol. IV, de

janeiro de 1995).

239

67.O inciso XII do art. 5o da C.F. admite a quebra do sigilo de

dados, mas, apenas, “por ordem judicial, nas hipóteses e na forma

que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou

instrução processual penal.”

68. Além disso, o art. 145, § 1o, in fine, da Constituição, faculta,

tão-somente à administração tributária, “identificar, respeitados

os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os

rendimentos e as atividades econômicas dos contribuintes.”

69.Talvez por isso, o art. 104 da Lei no 8.443/92 tenha dado novo

tratamento à matéria para restringir a obrigação em tela à remessa,

ao Tribunal de Contas da União, de “cópia das suas declarações

de rendimentos e bens”, mas, tão-somente, “por solicitação do

Plenário ou de suas Câmaras”, norma essa que, desse modo,

derrogou a disposição anterior, da Lei no 8.730/93, quanto à juntada

desse documento à prestação de contas, que tramita por diversos

órgãos e é manuseada por numerosos servidores, ensejando não só

a violação das garantias constitucionais, mas também o

enquadramento de todos eles nas prescrições da lei penal, na

hipótese de ocorrer algum “vazamento” de dados constantes de

tais declarações.

70.Em tais condições, a forma encontrada pela SCFI, para dar

cumprimento à exigência legal, ou seja, a juntada às prestações de

contas do comprovante da entrega da declaração à Secretaria

da Receita Federal, atende aos objetivos da legislação, respeita as

garantias constitucionais e protege os próprios servidores dos órgãos

do Sistema de Controle Interno e do Tribunal de Contas da União.

71.Assim, se novas exigências vierem a ser formuladas aos

dirigentes e conselheiros do SESC e do SENAC, deverão ser oferecidas

as devidas informações e ponderações, cabendo, se persistirem, o

recurso à via judicial.

240

g) As exigências feitas ao SESC e consideradas “incabíveis”

72.Consoante o Parecer da digna Assessoria Jurídica do SESC,

foi exigida, àquela entidade, a apresentação dos seguintes

documentos:

a) “cópia do documento relativo ao estudo para criação

da unidade de Auditoria Interna, conforme determina o Decreto

no 3.591, de 6/9/00”; b) “Fluxo de recursos do Tesouro;

Consistência na Programação das Fontes de Receita e na

Programação das Despesas”; c) “Gestão de Recursos Humanos:

pessoal efetivo e atuação disciplinar; d) Gestão Operacional:

Prioridades e Diretrizes da Gestão; Vinculabilidade com as

Políticas Públicas; Metas Operacionais de Gestão”; e) Gestão

de Suprimentos de Bens e Serviços: contratos e comprovantes

de que os contratados não se encontravam em débito para

com a seguridade social, quando da celebração dos respectivos

termos, art.195, § 3o, da C.F.

73.No que tange à “cópia de documento relativo ao estudo

para criação da unidade de Auditoria Interna, conforme

determina o Decreto no 3.591/00”, parece tratar-se de solicitação

anterior à expedição do Decreto no 4.440, de 25/10/02, que deu

novo tratamento à matéria.

74.De qualquer forma, cabe ao SESC informar que os estudos

pertinentes estão sendo realizados em torno da matéria, a qual

depende de decisão superior, isto é, do respectivo Conselho

Nacional, competente para introduzir alterações no Regimento

dessa entidade.

75.Quanto às demais exigências, é fácil notar que se trata

de equívocos, porquanto dizem respeito a documentos próprios

de órgãos públicos, mas inexistentes em entidades privadas,

241

cabendo ao SESC apresentar as devidas ponderações.

IX

AS CONCLUSÕES

76.Em face do exposto, conclui-se, resumidamente, que:

1o) o SESC e o SENAC são pessoas jurídicas de direito privado,

definidas, na doutrina, como entidades paraestatais, constituídas

com a finalidade de exercer atividades de interesse social, nas

áreas da formação profissional e dos serviços sociais, em benefício

dos empregados no comércio de bens e serviços;

2o) as contribuições ao SESC e ao SENAC não são tributos em

sentido técnico, mas constituem espécies do gênero contribuição,

têm a natureza das contribuições sociais, mas de configuração

especial e existência autônoma, em relação ao Sistema de

Seguridade Social e ao Sistema Tributário Nacional, como

constitucionalmente organizados, e integram o campo mais

abrangente da parafiscalidade, destinando-se ao financiamento

dos serviços sociais autônomos;

3o) o art. 240 da Constituição deu adequada base à

legislação ordinária concernente às contribuições compulsórias

ao SESC, SENAC, SESI e SENAI e as excluiu do Sistema de

Seguridade Social, permitindo, assim, a manutenção de uma

sistemática montada há mais de meio século, com expressivo

proveito para os trabalhadores das classes dos comerciários e

dos industriários e para todo o setor comercial e industrial de nosso

País;

4o) o SESC e o SENAC estão sujeitos, ex vi do disposto no art.

70, parágrafo único, da Constituição, com a redação dada pela

242

Emenda Constitucional no 19, de 4/6/98, à jurisdição do

Tribunal de Contas da União;

5o) compete ao Tribunal de Contas da União, ex vi do citado

dispositivo constitucional e dos arts. 5o, inciso V, 6o e 7o da Lei no

8.443, de 16/7/92, apreciar e julgar as contas dos “administradores

e responsáveis do SESC e do SENAC”;

6o) cabe aos órgãos competentes do Sistema de Controle

Interno do Poder Executivo federal, ex vi do disposto no art. 74 da

Constituição e arts. 20, inciso II, e 24, incisos VI e VII, da Lei no 10.180,

de 6/2/01, “comprovar a legalidade” e “avaliar os resultados” (à

luz das diretrizes gerais de ação e dos orçamentos anuais) da

“aplicação dos recursos” geridos pelo SESC e SENAC, incumbindo

aquele órgão público, para tal fim, “realizar auditoria”;

7o) nas contratações relativas a obras, serviços, compras,

alienações e locações, o SESC e o SENAC devem observar,

estritamente, as normas de seus Regulamentos de Licitações e

Contratos;

8o) as exigências da Secretaria Federal de Controle Interno

devem ser examinadas, caso a caso; se procedentes, deverão

ser atendidas; se consideradas exorbitantes, caberá a

formulação dos devidos esclarecimentos ou justificativas,

mediante ofício circunstanciado dirigido àquele órgão,

conforme orientação constante do Ofício 459/2003/GAB/

CGU-RJ/CGU-PR, do Sr. Chefe da Controladoria-Geral da

União no Estado do Rio de Janeiro;

9o) muitas dessas questões têm sido resolvidas por um grupo

informal de representantes das entidades do “Sistema S” e da

SFCI, sistemática essa que merece amplo apoio das Direções-

Gerais do SESC e do SENAC:

243

10o) a Secretaria Federal de Controle Interno dispõe de

competência, ex vi dos supratranscritos arts. 20, inciso II, 24, incisos

VI e VII, e 26 da Lei no 10.180/01, para realizar auditoria sobre a

gestão dos recursos do SESC e do SENAC provenientes das

contribuições compulsórias, inclusive requisitando informações,

dados ou documentos pertinentes à gestão financeira dessas

entidades;

11o) os preceitos dos Decretos ns. 3.589/00 (Sistema de

Contabilidade Federal), 3.590/00 (Sistema de Administração

Financeira Federal) e 3.591/00 (Sistema de Controle Interno) têm

como destinatários os órgãos públicos, não obrigando o SESC e o

SENAC, que não integram a Administração Pública e têm

personalidade jurídica de direito privado;

12o) a nova redação dada ao caput e a inclusão de dois

parágrafos no art. 15 do Decreto no 3.591/00 decorreu, ao que se

informa, de amplos entendimentos e, mesmo, de consenso entre

representantes do SESC, do SENAC, do SESI e do SENAI e

autoridades governamentais e, assim, revela-se ultrapassada a

controvérsia em torno da questão;

13o) cabe às Direções-Gerais do SESC e do SENAC

providenciar a criação das unidades de auditoria interna,

mediante alteração dos respectivos Regulamentos, por decreto

do Poder Executivo Federal, ou Regimentos, por resoluções do

Conselho de Representantes da CNC e Conselhos Nacionais

daquelas entidades;

14o) a Instrução Normativa no 12, de 24/4/96, do Tribunal de

Contas da União foi expedida no exercício de competência que

lhe foi atribuída por lei e disciplina matéria de sua expressa

competência constitucional, impondo-se seu total acatamento

pelo SESC e pelo SENAC;

244

15o) a enumeração constante da IN no 12/96, do TCU, não

esgota a relação de administradores responsáveis obrigados à

prestação de contas, mas, de outro lado, não envolve quem,

inobstante a denominação do cargo ou função de que seja

titular, não pratique ato que importe na utilização, guarda,

gerência ou administração de recursos públicos; daí a cláusula

“quando cabíveis”, constante do caput do art. 10 daquela

Instrução;

16o) a identificação dos administradores responsáveis do SESC

e do SENAC sujeitos à inclusão no rol de responsáveis integrante

da prestação de contas deve ser encontrada nos respectivos

regulamentos, ao disciplinarem a utilização dos recursos

provenientes das contribuições compulsórias;

17o) os membros dos Conselhos Nacionais e Regionais do SESC

e do SENAC não exercem as atribuições a que se refere o

parágrafo único do

art. 70, da Constituição, e, desse modo, não têm a qualidade

de administradores, nem exercem qualquer outra função que

importe em responsabilidade pela utilização, guarda, gerência

ou administração de recursos públicos, e, por conseqüência, não

se enquadram na figura dos “administradores e demais

responsáveis”, de que tratam o art. 5o, inciso V, da Lei no 8.443/92

e a Instrução Normativa no 12/96, do TCU, descabendo, portanto,

incluí-los no rol de responsáveis, que devem integrar as prestações

anuais de contas do SESC e do SENAC;

18o) a exigência da SFCI relativa à apresentação de cópia

de declaração de rendimentos e bens, pelos membros dos

Conselhos Nacionais e Regionais do SESC e do SENAC, encontra

amparo no art. 1o da Lei no 8.730, de 10/11/93, e no art. 104 da Lei

no 8.443, de 16/7/92 (Lei Orgânica do Tribunal de Contas) e poderia

245

ser atendida na forma indicada no documento “Procedimentos

de Auditoria Externa - Âmbito de Atuação: Serviços Sociais

Autônomo”, item 1.4.10.5, isto é, mediante a apresentação,

apenas, do “recibo que comprove a entrega da declaração de

bens e renda - SRF”;

19o) o art. 104 da Lei no 8.443/92 deu novo tratamento a essa

matéria, para restringir a obrigação em tela à remessa, ao Tribunal

de Contas da União, de “cópia das suas declarações de

rendimentos e bens”, mas, tão-somente, “por solicitação do

Plenário ou de suas Câmaras”, norma essa que derrogou a

disposição anterior, da Lei no 8.730/93, quanto à juntada do citado

documento à prestação de contas, que tramita por diversos

órgãos e é manuseada por numerosos servidores, ensejando não

só a violação das garantias constitucionais, mas também o

enquadramento de todos eles nas prescrições da lei penal, na

hipótese de ocorrer algum “vazamento” de dados constantes

de tais declarações;

20o) as demais exigências da SFCI podem ser objeto de

esclarecimentos a serem prestados àquele órgão pelo SESC e

pelo SENAC.

É o nosso parecer,

S.M.J.

À consideração do Senhor Presidente.

Rio de Janeiro, 09 de julho de 2003.

CID HERACLITO DE QUEIROZ

Consultor Jurídico da Presidência da CNC

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