produÇÃo de cerveja do estilo weissbier · nacional como as cervejarias brahma e antártica,...

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UNIÃO DE ENSINO SUPERIOR DE VIÇOSA FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA GEOVANI GOMES DE SOUZA PRODUÇÃO DE CERVEJA DO ESTILO WEISSBIER VIÇOSA MINAS GERAIS BRASIL 2015

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UNIÃO DE ENSINO SUPERIOR DE VIÇOSA

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

GEOVANI GOMES DE SOUZA

PRODUÇÃO DE CERVEJA DO ESTILO WEISSBIER

VIÇOSA

MINAS GERAIS – BRASIL

2015

GEOVANI GOMES DE SOUZA

PRODUÇÃO DE CERVEJA DO ESTILO WEISSBIER

Trabalho apresentado à banca

examinadora do curso de Engenharia

Química como parte integrante das

exigências da disciplina Trabalha de

Conclusão de Curso, e como requisito

parcial para obtenção do título de

Engenheiro Químico da Faculdade de

Ciências Biológicas e da Saúde –

FACISA/UNIVIÇOSA.

VIÇOSA

MINAS GERAIS – BRASIL

2015

ii

GEOVANI GOMES DE SOUZA

PRODUÇÃO DE CERVEJA DO ESTILO WEISSBIER

Trabalho apresentado à banca

examinadora do curso de Engenharia

Química como parte integrante das

exigências da disciplina Trabalha de

Conclusão de Curso, e como requisito

parcial para obtenção do título de

Engenheiro Químico da Faculdade de

Ciências Biológicas e da Saúde –

FACISA/UNIVIÇOSA.

Aprovado em: 27 de outubro de 2015

Daniella Sette

Prof. Convidada

VIÇOSA

MINAS GERAIS – BRASIL

2015

Skarllet Toledo Caetano

Co-orientadora

Adriana Maria Patarroyo Vargas

Orientadora

iii

SÚMARIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................2

2.1. HISTÓRIA DA CERVEJA ................................................................................... 2

2.2. MATÉRIAS PRIMAS .......................................................................................... 3

2.2.1 Água ..................................................................................................... 3

2.2.2. Malte ..................................................................................................... 4

2.2.3. Lúpulo ................................................................................................... 4

2.2.4. Fermento .............................................................................................. 5

2.2.5. Adjuntos ............................................................................................... 5

2.3. PROCESSO DE PRODUÇÃO........................................................................... 6

2.4. TIPOS DE CERVEJA ..................................................................................... 7

2.4.1. Cerveja Ale ........................................................................................... 7

2.4.2. Cerveja Lager ....................................................................................... 7

2.4.3. Cerveja Weissbier ................................................................................ 8

3. OBJETIVOS .....................................................................................................9

3.1. OBJETIVO GERAL .......................................................................................9

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 9

4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 10

4.1. LOCAL DA PESQUISA .................................................................................... 10

4.2. MATERIAL ................................................................................................... 10

4.3. DESCRIÇÃO DO PROCESSO ........................................................................... 11

4.3.1. Etapa de mosturação ......................................................................... 11

4.3.2. Etapa de Filtração ............................................................................... 12

4.3.3. Etapa de fervura .................................................................................. 13

4.3.4. Resfriamento ....................................................................................... 14

4.3.5. Etapa de fermentação ......................................................................... 15

4.3.6. Etapa de maturação ............................................................................ 15

4.3.7. Etapa de envase ................................................................................. 15

4.4. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ........................................................................... 17

iv

4.4.1. Análises da água ................................................................................. 17

4.4.1.1 pH .................................................................................................. 17

4.4.1.2. Presença de cloreto e fluoreto ...................................................... 18

4.4.2. Análises da cerveja ............................................................................. 18

4.4.2.1. pH e acidez total ........................................................................... 18

4.4.2.2. Turbidez ........................................................................................ 18

4.4.2.3. Teor alcoólico ............................................................................... 18

4.4.2.4. Teste de aceitação ....................................................................... 19

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 19

6. CONCLUSÃO.................................................................................................... 23

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 24

v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Agitação do mosto ................................................................... 12

Figura 2. Variação da temperatura em função do tempo no processo de

mosturação..................................................................................................13

Figura 3. Processo de fervura ................................................................... 14

Figura 4. Medindo densidade......................................................................15

Figura 5. Equipamento de envase............................................................. 17

Figura 6. Fluxograma dos processos de produção ....................................18

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características físico-químicas das amostras águas............................21

Tabela 2. Características físico-químicas da cerveja............................................24

Tabela 3. Pesquisa de aceitação..........................................................................24

vii

RESUMO

SOUZA, Geovani Gomes, monografia, Faculdade de Ciências Biológica e Saúde,

Outobro de 2015. PRODUÇAO DE CERVEJA DO ESTILO WEISSBIER.

Orientadora: Adriana Maria Patarroyo Vargas; Co-orientadora: Skarllet Toledo

Caetano.

Genericamente, define-se por cerveja uma bebida carbonatada de baixo teor

alcoólico, preparada a partir de malte, lúpulo, leveduras e água de boa qualidade.

O processo de obtenção de cerveja é relativamente simples, no entanto,

diferentes aspectos de seu processamento como temperatura, tempo, e as

diferentes quantidades e tipos de matérias-primas utilizadas podem gerar uma

gama de cervejas com características singulares. A produção de cerveja consiste

nas seguintes etapas: mosturação, filtração, fervura, resfriamento, fermentação,

maturação e envase. Cada uma destas etapas possui particularidades que variam

conforme o tipo de cerveja que se deseja produzir. Este projeto foi elaborado

visando produzir e analisar uma cerveja do estilo Weissbier de formulação

própria. Descrevendo uma breve contextualização sobre a história e os processos

de obtenção desta bebida, sendo posteriormente apresentado os processos

adotados para produção de cerveja e as análises dos resultados obtidos e

comparando com a literatura.

Palavras-chave: Análises, Artesanal, Malte, Processo.

1

1. INTRODUÇÃO

Há registros da presença da cerveja na alimentação humana desde 8.000

A.C. entre os sumerianos, assírios, babilônicos e outros povos do início da história

das civilizações, que tinham os cereais como base de sua alimentação. Talvez

por isso o fato de a cerveja estar tanto tempo ao lado do ser humano (MATOS,

2011).

Há grande aceitação da bebida entre as populações de hoje em dia.

Trata-se, acima de tudo, de uma questão cultural. Outros motivos, como os

benefícios à saúde, o fato de ser uma bebida saborosa para a maioria e nutritiva,

e por ser uma bebida dinâmica (pois existem cervejas das mais viscosas e

escuras às mais leves e claras, sendo possível agradar a diversos gostos e tipos

de clima), também ajudam a fazer dessa bebida uma das mais consumidas ao

redor do mundo (MATOS, 2011).

De acordo com Sidooski (2011), atualmente a cerveja ocupa a posição de

segunda bebida mais consumida no planeta, perdendo apenas para a água. Está

dispersa nas culturas de diferentes países e possui um mercado que movimenta

bilhões anualmente.

A cerveja é uma bebida obtida a partir de uma mistura de malte, lúpulo e

água, que por ação de leveduras cervejeiras, tem os açúcares do malte

fermentado produzindo álcool e CO2, dando assim origem a cervejas.

Existem vários tipos de cerveja conhecidos, alguns mais comuns em

apenas algumas regiões específicas, e outros tipos mais disseminados

mundialmente. Podemos dizer que no geral as cervejas se dividem em dois

grandes grupos: Lager e Aales (SIDOOSKI, 2011).

As cervejas do tipo Lager são as mais comuns e mais consumidas. A

Pilsener ou Pilsen é uma das cervejas mais conhecidas em todo mundo. Originou-

se na cidade de Pilsen em 1842, antiga Tchecoslováquia. É caracterizada por ter

sabor suave, cor clara e teor alcoólico entre 4% a 5%. As cervejas deste grupo

são fabricadas por fermentação profunda ou “baixa”, através de processo lento,

geralmente em torno de 5 dias (SIDOOSKI, 2011).

2

A cerveja do tipo Ale e fabricada por meio de fermentação superficial ou

“alta”. Apresenta, em geral, cor clara, com sabor pronunciado de lúpulo,

ligeiramente ácidas, e seu teor alcoólico varia de 4% a 8%. O processo de

fermentação ocorre entre a temperatura de 20ºC e 25ºC, com duração de 2 a 5

dias e a maturação entre 4,5ºC e 8ºC (SIDOOSKI, 2011).

Mestres cervejeiros pelo mundo adicionam adjuntos e diferentes tipos de

maltes no processo de fabricação da cerveja para que sua receita tenha sabor

único. E desta forma tem-se cervejas dos mais distintos tipos e para todos os

gostos. Assim as cervejas artesanais têm ganhado espaço no mercado.

Agradando públicos mais requintados e verdadeiros apreciadores da arte de

fabricar e degustar cerveja (EVANGELISTA, 2012).

Neste trabalho teve como objetivo produzir o estilo de cerveja Weissbier

(Trigo) de formulação própria, procurando aprender a prática e a teoria sobre o

processo de fabricação, e confirmar a aceitabilidade do produto final, pois de

acordo com Matos (2011) tem boa aceitação no Brasil por se tratar de um estilo

de cervejas claras a dourada-escuras, de coloração convidativa, encorpada,

levemente túrbida (pois normalmente não é filtrada, para manter essa

característica rústica), refrescante e de espuma cremosa. São pobres em lúpulos,

para valorizar as características do sabor do trigo.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. História da Cerveja

A origem da cerveja se perde no tempo. A maioria das bebidas

elaboradas com cereais nos últimos 8000 anos é hoje considerada como cerveja.

Os sumérios e egípcios produziam cervejas há mais de 5.000 anos e há indícios

que os babilônios já fabricavam mais de dezesseis tipos de cerveja de cevada,

trigo e mel há mais de 4.000 anos antes de Cristo (SIQUEIRA, 2008).

A cerveja começou a ser produzida em escala cada vez mais industrial

somente nos séculos XV e XVI, tornando seu preço mais barato e aumentando o

consumo da bebida por todo continente europeu.

3

Tempos depois começaram a surgir outras bebidas nas preferências dos

europeus como o chá, café e o gim, e o consumo da cerveja diminuiu. Mesmo

assim, muitos países permaneceram fiéis à cerveja. A tradição cervejeira resistiu

especialmente em países como Alemanha, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Áustria,

Inglaterra, Irlanda e República Tcheca (SIDOOSKI, 2011).

A cerveja chegou ao Brasil em 1808, trazida pela família real portuguesa

de mudança para o então Brasil colônia. Em 1836 tem-se a primeira notícia sobre

a fabricação de cerveja no Brasil, publicada no Jornal do Comércio, Rio de

Janeiro (SIQUEIRA, 2008).

De acordo com Morado (2009) as primeiras cervejas realmente brasileiras

eram produtos rústicos, com muito gás carbônico no interior das garrafas,

pressionando as rolhas que estouravam. Para evitar este prejuízo, os cervejeiros

costumavam amarrar a rolha ao gargalo com auxilio de barbantes, o que originou

a expressão “marca barbante”.

A primeira cerveja brasileira, a bohemia surgiu em 1853, criada pelo

colono Henrique Kremer, em Petrópolis (RJ). A Bohemia veio a ganhar esse

nome em 1898 (SIQUEIRA, 2008).

A partir de então começaram a surgir mais cervejarias em território

nacional como as cervejarias Brahma e Antártica, aumentando assim a produção

de cerveja no mercado nacional, e permitindo desta forma o aumento do consumo

da bebida no país (SIDOOSKI, 2011).

2.2. Matérias Primas

2.2.1 Água

A água a ser utilizada no processo de obtenção de cerveja não deve

apenas satisfazer os requisitos de uma água potável, mas deve apresentar

características físico-químicas necessárias para produção de cada tipo de

cerveja.

Segundo Sidooski (2011) os parâmetros básicos que devem ser

respeitados para que a produção de cerveja seja efetuada com êxito são, por

exemplo, o pH, que influencia diretamente a atividade enzimática; o cloro, que

4

inibe o processo fermentativo; a presença de íons de ferro, que podem dar cor

indesejada à cerveja após interagirem com substâncias fenólicas; a presença de

íons de magnésio que são necessários à algumas enzimas da levedura, tais como

a piruvato descarboxilase, mas que em altas concentrações pode conferir um

sabor amargo à bebida.

Ainda conforme Sidooski (2011), muitas cervejarias utilizam água

proveniente direto de uma fonte mineral, fazendo apenas a análise periódica das

características físico-químicas da água. Em muitos casos é a melhor água para

utilizar no processo de obtenção da cerveja. Muitos locais, porém, não possuem

uma boa água para a produção da cerveja, nestes casos é necessário que seja

feito um pré-tratamento da água. O tratamento da água apesar de encarecer o

processo, garante a qualidade do produto final.

2.2.2. Malte

O malte é um produto rico em açúcar, obtido com a germinação parcial

dos grãos de cereais. A princípio, qualquer cereal pode ser malteado, tendo-se

malte de milho, trigo, centeio, aveia e cevada (MATOS, 2011).

Os cereais mais usados para a fabricação de cerveja é a cevada e o trigo,

apesar de diversos outros cereais poderem ser utilizados também. Esta

preferência deve-se a uma série de fatores, dentre eles está o fato da cevada ser

rica em amido, e possuir um alto teor de proteínas em quantidade suficiente para

fornecer os aminoácidos necessários para o crescimento da levedura e possuir

substâncias nitrogenadas que desenvolvem um papel importante na formação da

espuma (CARVALHO, 2007).

2.2.3. Lúpulo

De acordo com Rebello (2009) o lúpulo (Humulus lupulus) é responsável

pelo aroma acre e pelo sabor amargo/refrescante, e apresenta propriedades

medicinais. Faz parte da família das Cannabaceae, e é uma espécie dióica

(produz flores masculinas e femininas). Na produção da cerveja utilizam-se

apenas as flores femininas, que contêm a substância lupulina quando

fecundadas, que confere o amargor, aroma e algumas propriedades medicinais.

5

Em alguns países somente as flores não fecundadas são usadas. Além das

características citadas, o lúpulo tem a característica de diminuir/evitar o

espumamento durante a fervura, além de servir como agente bacteriostático.

Contribuem para a estabilidade do sabor e da espuma da cerveja.

O lúpulo pode ser comercializado na forma de flores secas, pó e em

extratos, sendo que na forma de pó, possuem maior densidade, ocupando menor

espaço de estocagem e transporte. Existe em termos práticos, dois tipo de lúpulo:

os de amargor e os aromáticos, conforme características de amargor ou de aroma

(REBELLO, 2009).

Tem como principais países produtores, uma vez que a planta precisa de

climas frios, a Alemanha, Estados Unidos, República Checa, Inglaterra e Nova

Zelândia (MATOS, 2011).

2.2.4. Fermento

O fermento cervejeiro comumente utilizado para a produção de cervejas é

a levedura Saccharomyces cerevisiae, com cepas de alta e baixa fermentação –

ale e lager, respectivamente. São organismos anaeróbios facultativos, isto é,

produzem energia a partir de compostos de carbono (carboidratos), tanto em

condições aeróbias como em condições anaeróbias.

Nas condições anaeróbias, especificamente, as células da levedura

incorporam açúcares simples, como glicose e maltose, e produzem dióxido de

carbono e álcool como produtos residuais (além de ésteres, álcoois superiores,

cetonas, vários fenóis e ácidos graxos). O fermento é o ingrediente utilizado para

realizar o processo de fermentação microbiológica dos açúcares no mosto

cervejeiro (SILVA, 2014).

2.2.5. Adjuntos

Podem ser definidos genericamente como adjuntos cervejeiros, produtos

ou materiais que fornecem carboidratos para o mosto cervejeiro, desde que

permitidos por lei. Em função disto podem substituir parcialmente o malte na

produção de cerveja. O nível de substituição do malte pelo adjunto pode chegar a

50%. Não há regra geral com relação à utilização de adjunto, cada cervejaria

6

deve definir a proporção malte/adjunto para cada tipo de cerveja que produz. Os

cereais mais utilizados na produção de adjunto cervejeiro são: arroz, milho,

cevada, trigo e sorgo (SIDOOSKI, 2011).

2.3. Processo de produção

O processo de produção envolve a moagem do malte, mosturação,

fervura, fermentação e maturação.

Segundo Matos (2011) a moagem do malte é um processo puramente

físico. O malte é colocado no interior de um moinho, que ao cortar/danificar a

casca das sementes promove a exposição do amido do endosperma, além de

aumentar a área superficial para ação das enzimas na próxima etapa.

O objetivo da mosturação é promover a hidrólise do amido a açúcares

fermentescíveis (maltose, glicose e maltotrioses) juntamente com dextrinas de

cadeias curtas ou longas. São extraídos aproximadamente 65 % dos sólidos totais

do malte, que em suspensão em água constituirão o mosto para a fermentação da

cerveja. O ponto final da mosturação é a degradação do amido, que se hidrolisa a

açúcares fermentescíveis como maltose, glicose e maltotrioses (MATOS, 2011).

Após a mosturação, o mosto é separado e cozido juntamente com o

lúpulo a aproximadamente 100ºC. Durante esta etapa há inativação das enzimas

e esterilização do mosto. Há também formação de compostos responsáveis pela

cor e sabor do produto, e extração de compostos de amargor e aromáticos do

lúpulo. Nesta etapa é possível remover, por evaporação, compostos voláteis

indesejáveis, como o dimetil sulfito (MATOS, 2011).

De acordo com Siqueira (2008), no processo de fermentação, a levedura

é adicionada no mosto aerado, e se reproduz rapidamente devido à alta

quantidade de O2 dissolvido no meio, oxidando o piruvato até CO2 e água. Depois

que todo o oxigênio é consumido, as células de levedura passam a utilizar o

açúcar de forma anaeróbica, fermentando esses açúcares em etanol e CO2 e

alguns ésteres, ácidos e álcoois superiores que irão transmitir propriedades

organolépticas à cerveja.

Após a fermentação principal, a cerveja verde, que ainda possui uma

suspensão de leveduras e uma parte de material fermentescível, passa por uma

7

fermentação secundária chamada maturação. Esta etapa do processo é realizada

sob temperaturas de 0 a 3ºC, e contribui para a clarificação da cerveja e melhoria

do seu sabor (SIQUEIRA, 2008).

2.4. Tipos de cerveja

Podem ser classificadas em basicamente dois grandes grupos, as

cervejas conhecidas como ale de alta fermentação, e as cervejas de tipo lager de

baixa fermentação.

2.4.1. Cerveja Ale

As cervejas Ales são produzidas com o fermento Saccharomyces

cerevisiae e sua fermentação acontece em temperaturas mais altas que as lager.

Essa temperatura fica, dependendo do tipo de cerveja, em torno de 20ºC. Além

disso, são consideradas cervejas de alta fermentação porque o fermento tende a

ficar em suspensão no tanque durante o processo de fermentação

(EVANGELISTA, 2012).

Segundo Sidooski (2011) o fato de serem consideradas cervejas de alta

fermentação não significa que tenham necessariamente teor alcoólico mais alto

que as Lager. Também não são necessariamente escuras. Existem Ale de baixo e

alto teor alcoólico, assim como claras e escuras. Até o ano de 1400, quando se

começou a fabricar cervejas Lager, todas as cervejas eram Ale

Na família das Ales, existem diversos outros tipos de cerveja, como: Ale

(clara, suave, amarga, Porter, Barley Wine, Stout), Pale Ale, English Pale Ale,

American Pale Ale, Brown Ale, Mild, Bitter, Altbier, Kölsh, cervejas especiais

(Trappiste, Abbey, Saison), Weissebier entre outras (SIDOOSKI, 2011).

2.4.2. Cerveja Lager

São as chamadas cervejas de baixa fermentação. Fermentadas a

temperaturas mais baixas que as Ale, em torno de 10ºC, são produzidas com o

fermento Saccharomyces uvarum. Muito pouco ou nada frutadas, possuem

aromas e sabores de cereais (cevada e/ou trigo), pão e lúpulo (EVANGELISTA,

2012).

8

Surgiram por volta de 1400, no sul da Alemanha. Como a produção de

cerveja exige temperaturas amenas, não se produzia cerveja no verão, já que a

refrigeração foi inventada somente em 1873. Os alemães descobriram que sob os

Alpes a temperatura ficava baixa mesmo no verão. Com isso, passaram a

produzir maiores quantidades na primavera e armazenavam a cerveja nesses

"armazéns" sob as montanhas. Como a temperatura nessas cavernas ficava bem

abaixo dos 20ºC, houve uma mutação no fermento da Ale utilizado até então,

passando a se adaptar melhor a temperaturas mais baixas. O resultado foram

cervejas mais límpidas e menos complexas que as existentes até então

(SIDOOSKI, 2011).

Na família das Lagers, existem diversos outros tipos de cerveja, como:

Lager (Pilsener, Dortmunder, Malzbier), Wiener, Märzen, Münchener, Bock,

Doppelbock, Rauchbier, Marzenbier, Export entre outras (SIDOOSKI, 2011).

2.4.3. Cerveja Weissbier

Cerveja alemã conhecida como Weissbier. Possui em sua composição de

50 a 60% de trigo maltado, esse valor pode ser deduzido até 20%, alguns

cervejeiros utilizam trigo sem malteamento. Devido à fermentação superficial

apresenta o complexo e tradicional sabor da cerveja de trigo, misturando o gosto

frutado com um toque picante. O lúpulo não introduz muito amargor nesse tipo de

cerveja, mas possui certa acidez. Ela é muito gaseificada e é muito refrescante,

sendo considerada uma ótima bebida para o verão. Há ainda algumas variações,

onde os cervejeiros introduzem extrato de framboesa, não filtram a cerveja

conferindo um aspecto turvo a bebida, utilizam malte escuro deixando a cerveja

mais escura, alteram algumas reações fermentativas aumentando ou diminuindo

o teor alcoólico (MATOS, 2011).

9

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo produzir artesanalmente uma cerveja

inédita com três tipos de maltes diferentes seguindo o estilo Weissbier .

3.2. Objetivos Específicos

1) Produzir um batelada de cerveja.

2) Realizar análises físico-químicas.

3) Realizar teste de aceitação

10

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Local da Pesquisa

A pesquisa foi realizada na Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

(UNIVIÇOSA), no Laboratório de Nutrição e no laboratório de Química.

4.2. Material

A matéria prima utilizada foi adquirida de loja virtual(Lamas Brew) já

pronta para a produção da cerveja. Foi utilizado três tipos de malte: malte

Chateau Wheat Blanc (Trigo Claro) (lote: BL4/14), malte Café - Castle Malting

(lote: 01RM63), malte Chateau Melano - Castle Malting (lote: 01GS75) já

triturados e prontos para utilização. A água utilizada foi adquirida no Laboratório

de Química sendo filtrada e destilada com pH 6,9. Utilizou-se dois tipos de lúpulo,

o lúpulo Columbus T90 15,7% de ácido alfa (Safra 2014) que apresenta

característica de fornecer o amargor à cerveja, já o lúpulo Hallertauer Mittelfruher

T90 4% de ácido alfa (Safra 2014) que fornece o aroma característico. Foi

utilizada a Saccharomyces Cerevisae (WB-06) muito conhecida por sua

característica de rápida fermentação e de sua habilidade de formar uma

sedimentação muito compacta no final de sua fermentação.

Equipamentos utilizados:

- Recipiente de alumínio de 52L

- Recipiente de alumínio de 32L

- Chiller de 7,5m de alumínio

- Balde de fermentação de 22L

- Válvula airlock

- phmetro (Analyser pH 300M)

- Densímetro (SYNTH)

- Turbidímetro (HANNA)

- Incubadora (QUIMIS)

11

4.3. Descrição do processo

4.3.1. Etapa de mosturação

Colocou-se 13,75 litros de água em um recipiente de alumínio de 32 litros

à temperatura de 58 ±2°C, Logo após adicionou-se 3Kg de Malte Trigo Castle

Malting - Importado (Bélgica) triturado, 1,2Kg do Malte Melano Light Castle

Malting - Importado (Bélgica) triturado e 0,8Kg de Malte Café Castle Malting -

Importado (Bélgica) triturado, a quantidade de malte utilizada foi calculada

seguindo a metodologia de proposta por Sidooski (2011). Manteve-se a

temperatura de 58±2°. Após trinta minutos elevou-se a temperatura a uma faixa

de 68±2°C. Foram realizadas duas rampas de temperatura para melhor ativação

das enzimas. Ocorrendo assim, a quebra do amido em açúcares fermentescível

(SILVA, 2006). Durante todo o processo de brassagem manteve-se agitação e

controle de temperatura do mosto (Figura 1).

Figura 1: Agitação do mosto

Após uma hora do processo de brassagem fez-se o primeira medida de

Brix. O brix indica a grau de açúcar fermentáveis presente no mosto. Utilizando o

refratômetro obtendo um valor de 18º brix. Aguardou-se mais meia hora e

novamente realizou-se o teste de brix obtendo o valor de 20º brix que de acordo

com Erthal (2006) o brix ao fim da brassagem pode ficar entre 19 – 25º brix.

12

Elevou-se a temperatura da solução para 75°C mantendo esta

temperatura durante 10 minutos para inativação das enzimas, pois de acordo com

Venturini (2005) uma temperatura superior a 72ºC faz com que ocorra a

inativação das enzimas.

A figura a seguir demostra as rampas de temperaturas no processo de

mosturação por um determinado tempo.

Figura 2: Variação da temperatura em função do tempo no processo de mosturação

4.3.2. Etapa de Filtração

Iniciou-se a filtração transferindo a solução para um recipiente de 52L

contendo em seu interior um filtro de tecido grain bag suspenso e uma torneira

para despejar o mosto filtrado. Filtrou-se a solução separando o líquido (mosto)

do sólido (bagaço). Retirou-se o líquido através da torneira e o dispensou em um

balde de fermentação de 22L. Após esta primeira filtração o mosto é novamente

inserido no recipiente de 32L para uma recirculação. Em seguida adicionou-se

13

12,25L de água à temperatura de 75°C no recipiente de 32L contendo o bagaço.

Depois de obter todo mosto filtrado, filtrou-se este novamente utilizando o tecido

grain bag para se retirar resíduos do bagaço ainda presentes. Obteve-se 21,4

litros ao fim deste processo.

A técnica de recirculação e adição de água quente na filtração é

realizada, pois de acordo com Sidooski (2011) elas servem para melhor extração

dos açúcares presentes no bagaço.

Após o término da filtragem, utilizando o refratômetro fez-se o teste de

brix obtendo um valor de 11,5°. Em seguida transferiu-se o mosto para o

recipiente de 32L.

4.3.3. Etapa de fervura

Com aproximadamente 21,4 litros de mosto, em um recipiente de

alumínio de 32 litros, iniciou-se o processo de fervura. Aquecemos o mosto até a

temperatura de 98°C que manteve constante. Após 30 minutos fervendo,

adicionou-se 14 gramas do Lúpulo Amargor Columbus T90 15.7% safra 2014,

responsável pelo amargo característico da cerveja. Com 60 minutos de fervura foi

– se adicionado 12 gramas do segundo Lúpulo Aroma Hallertauer Mittelfruher T90

4% safra 2014, responsável pelo aroma da cerveja. Com 70 minutos de fervura

desligou-se o fogo e deixou o mosto descansando por 10 minutos para que os

resíduos sedimentassem no fundo do recipiente. Ao fim deste processo obteve-se

19,4 litros de mosto (Figura 3).

Figura 3. Processo de fervura

14

4.3.4. Resfriamento

Um chiller foi inserido no recipiente de 52L contendo água fria a 4ºC,

submetendo-o a um fluxo de mosto ocorrendo à troca de calor, assim deu-se

inicio ao resfriamento. Após 14 minutos de resfriamento obteve-se o mosto à uma

temperatura de 16°C, pois de acordo com Borzani (2011) o resfriamento tem o

objetivo de reduzir a temperatura de 96±2ºC para 16 – 24ºC que é a faixa de

temperatura ideal para o tipo de levedura utilizado.

Retirou-se 200 ml de mosto em um recipiente e mediu-se com um

densímetro a densidade do mosto com o valor de 1,051 kg/m3 a uma temperatura

de 20°C (Figura 4). Utilizou-se o mosto a 20°C para aferição destas medidas, pois

segundo a especificação do aparelho utilizado a temperatura ideal para as

medições é de 20ºC.

Figura 4. Medição de densidade

15

4.3.5. Etapa de fermentação

Retirou-se 300 ml de mosto em um recipiente e inseriu-se junto a este

11,3g de levedura, realizou-se assim o preparo do inóculo. Transferiu-se o mosto

para um balde fermentador agitou-se o mosto contido nos baldes para aera-lo, em

seguida adicionou-se o inóculo junto ao mosto, tampou-se o balde fermentador.

Este possui uma tampa com um airlock, responsável por eliminar o CO2 gerado

na fermentação sem a contaminação do meio.

Com o balde fermentador já contendo o mosto aferiu-se o volume de

mosto e obteve-se aproximadamente 19,1L de mosto, em seguida inseriu-se o

balde à incubadora à temperatura de 18,5°C e aguardou-se durante 7 dias para

ocorrer a fermentação.

4.3.6. Etapa de maturação

Após os sete dias de fermentação retirou-se a válvula airlock e lacrou-se

o balde para que não ocorresse a liberação de CO2 e alterou-se a temperatura

para 4°C, dando inicio ao processo de maturação. Esse processo tem a finalidade

de decantar a biomassa residual no fundo do balde fermentador, assim

melhorando sua turbidez e cor (SILVA, 2006).

4.3.7. Etapa de envase

Após 10 dias da etapa de maturação iniciou-se a etapa de envase onde

retirou-se uma amostra de 200 ml de mosto para determinar a sua densidade

final, que foi de 1,019 kg/m3 à temperatura de 20°C. Preparou-se uma solução de

água e açúcar e adicionou-se ao mosto antes do envaze, este tem o objetivo de

gaseificar a cerveja envazada. Colocou-se 8 gramas de açúcar para 1 litro de

mosto, no balde possuía aproximadamente 18,5 litros de mosto, sendo assim

preparou-se uma solução com 148 gramas de açúcar, submeteu-se a solução a

um processo de fervura durante 10 minutos a temperatura de 100°C, utiliza-se

este processo para garantir que a solução não contamine a cerveja (CARVALHO,

16

2007), ao fim deste adicionou–se ao mosto. Para o envaze as garrafas foram

lavadas e esterilizadas com álcool 70%, as tampinhas foram apenas colocadas de

molho para serem esterilizadas com álcool 70%. Envazou-se em garrafas de 600

ml, e de 1 litro, um total de 18,5 litros de cerveja. Utilizou-se para o envase uma

maquina desenvolvida pelo próprio autor do projeto (Figura 5).

Figura 5. Equipamento de envase

Em seguida colocou-se as garrafas em um local fechado sem claridade,

em temperatura ambiente para a levedura restante na cerveja atuar na solução de

açúcar, resultando-se na gaseificação da cerveja. Após dez dias a cerveja está

pronta para o consumo.

17

Os processo e ingredientes descritos anteriormente estão resumidos no

fluxograma a seguir (Figura 6).

Figura 6: Fluxograma dos processos de produção

4.4. Análises físico-químicas

4.4.1. Análises da água

As análises de água foram realizadas no laboratório do Serviço Autônomo

de Água e Esgoto de Viçosa, SAAE, pela técnica responsável Henrique Freitas

Santana. Localizado na Rua do Pintinho S/N, Bela Vista, Viçosa-MG.

4.4.1.1 pH

As análises de pH foram realizadas em triplicata utilizando-se um phmetro

(Analyser pH 300M).

18

4.4.1.2. Presença de cloreto e fluoreto

Foram selecionadas três amostras de água utilizadas no processo de

produção da cerveja: As amostras foram analisadas através de titulometria com

tiossulfato de sódio padronizado á 0,1N, conforme a Associação Brasileira de

Normas Técnicas NBR9425 (2005), para determinação de cloro. E para

determinação de fluoreto utilizou-se o método de colorimétrico SPADNS e

baseado na reação entre o fluoreto e o corante zircônio. As análises foram

executadas no dia da coleta da amostra. Para maior confiabilidade dos dados, os

experimentos foram realizados em triplicata.

4.4.2. Análises da cerveja

As análises foram realizadas no Laboratório de Química na Unidade I da

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde (UNIVIÇOSA), Situada na Avenida

Maria de Paula Santana, nº. 3815, Bairro Silvestre – Viçosa-MG.

4.4.2.1. pH e acidez total

As análises de pH foram realizadas em triplicata utilizando-se phmetro

(Analyser pH 300M). As análises de acidez foram realizadas em triplicata

titulando-se as amostras com solução de NaOH 0,1 mol/L, sendo os resultados

apresentados em g de ácido láctico/100 mL de amostra (IAL, 2004).

4.4.2.2. Turbidez

Com o mosto à temperatura de 20°C, utilizou-se um turbidímetro

(HANNA) para determinar a turbidez.

4.4.2.3. Teor alcoólico

O cálculo de teor alcoólico é feito através da densidade inicial (Di) e

densidade final (Df) do mosto usando a fórmulas empíricas, deduzidas por

observações, citada em Matos, (2011).

19

GA % = [(Di – Df)/0,75] x 100

GA = Graduação alcoólica em % de volume; Di = Densidade inicial; Df =

Densidade final; Demais valores são empíricos

4.4.2.4. Teste de aceitação

O teste foi realizado no dia 01/10/2015 na sala 101 na unidade I da

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde (UNIVIÇOSA), submeteu-se o teste

de aceitabilidade, com escala hedônica verbal estruturada. Participaram trinta e

dois provadores voluntários não treinados, maiores de 18 anos, homens ou

mulheres, consumidores frequentes de cerveja. Consumidor frequente foi

considerado aquele que consome cerveja ao menos duas vezes no mês.

Para o teste de aceitação foi utilizada uma ficha, conforme Anexo 1, com

notas de 1 a 9, sendo que 9 corresponde a “gostei extremamente”, 8 a “gostei

muito”, 7 a “gostei moderadamente”, 6 a “gostei ligeiramente”, 5 a “nem gostei

nem desgostei”, 4 a “desgostei ligeiramente”, 3 a “desgostei moderadamente”, 2 a

“desgostei muito e 1 a “desgostei extremamente”.

Para considerar uma cerveja aceita ou não, foi utilizado o método descrito

em Matos (2011). Uma amostra é considerada aceita se teve uma pontuação

média equivalente a 70% da maior nota dada ao produto. Por exemplo: Se a

média da cerveja foi 7,50, e a nota máxima foi 9, significa que 100% = 9, e

consequentemente, 7,50 = 83,33%. Logo, a cerveja seria aceita.

O teste de aceitação da cerveja foi feito conforme o seguinte

procedimento: foi servida uma amostra de aproximadamente 100 mL de cerveja

para cada provador, e uma ficha de avaliação. O provador experimentava, e

posteriormente preenchia a ficha.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Devido a perdas durante o processo de maturação obteve-se 18,5 litros

de cerveja ao fim do processo de produção, isto se deu devido a grande

20

quantidade de resíduo de extrato fermentável presente e partículas sólidas

decorrente do processo de filtração estes resíduos e partículas se sedimentaram

no fundo do fermentador, formando uma pasta que de acordo com Evangelista

(2012), estes resíduos devem ser descartados pois podem alterar alguns

parâmetros da cerveja como turbidez, sabor e odor.

Uma boa água cervejeira deve ser potável, transparente, incolor, inodora

e livre de qualquer sabor estranho. Se for água de superfície, pode ser

necessário tratamento para reduzir ou eliminar matéria orgânica. Para as analises

de agua o resultado de pH encontrado foi de 6,9 sendo que o valor ideal para

ação das enzimas esta entre 6,5 a 8 segundo Sidooski (2011).

Os resultados para cloreto e fluoreto encontrados respectivamente são:

0,14 mgCl/L e 0,03 mgF/L. Ainda de acordo com Sidooski (2011) o nível presente

na água pode ser de até 20 mgCl/L para cloreto e de ate 5 mgF/L para fluoreto. A

qualidade da água cervejeira já é apontada há muito tempo como um fator de

grande contribuição para o sabor da cerveja, sendo especialmente importante

porque constitui mais de 90% da cerveja. Sendo assim as análises realizadas

para a água estão dentro do padrão encontrado na literatura.

Os resultados de todas as análises físico-químicas realizadas para água

encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1. Características físico-químicas das amostras de águas

Parâmetros Unidades Resultados obtidos Valor da literatura*

pH pH 6,9 6,5 – 8

Cloreto mgCl/L 0,14 Até 20

Fluoreto mgF/L 0.03 Até 5

Fonte: *SIDOOSKI (2011).

O pH médio da cerveja foi de 4,19. O valor de pH está condizente com o

descrito por Botelho (2009), que descreve valores médios variando entre 4,18 e

4,34 para os diferentes tipos de cervejas analisados.

A acidez média encontrada foi de 0,21 gramas de ácido láctico/100 mL,

apresentando um valor abaixo do encontrado nas análises realizadas por Botelho

(2009), com cervejas que apresentam as mesmas características, estes

resultados variaram entre 0,22 a 0,31 gramas de ácido láctico/100 mL. Indicando

21

que não ocorreu fermentação espontânea pelos microorganismos presente na

matéria prima bem com contaminação por meio externo. Na legislação brasileira

não existe nenhuma menção para uma acidez máxima ou pH permitidos para

cervejas.

O valor de turbidez alcançado na analise apresentou-se valor

significativamente maior que os valores apresentados pela Strong (2004) para

cervejas do estilo weissbier (trigo) que pode variar entre 450 ntu a 650 ntu, o valor

encontrado na análise foi de 850 ntu indicando o crescimento de microrganismos.

Neste caso, o crescimento de bactérias ou levedura pode ocorre devido à cerveja

não ser pasteurizada, pois são as leveduras que fazem a carbonatação após o

envase gerando um precipitado dentro das garrafas assim contribuindo para um

maior valor de turbidez. Em cerveja pasteurizada esse problema é praticamente

inexistente. É a turbidez causada por carboidratos (polissacarídeos); neste caso

ela ocorre em virtude da utilização de matérias primas de má qualidade ou é

decorrente de variação sistemática da temperatura da cerveja engarrafada, como

é o caso da alternância resfriamento / aquecimento.

O teor alcoólico calculado pela diferença de densidade utilizando a

formula empírica foi de 4,26% v/v. De acordo com a Strong (2004) para cervejas

estilo weissbier (trigo) os valores podem variar de 4,3% a 5,6% sendo o valor

encontrado muito próximo, um fator que podem ter contribuído para que não se

atinja essa faixa a utilização de fermento seco sem realizar uma análise preliminar

de células vivas.

Os resultados de todas as análises físico-químicas realizadas para

acerveja encontram-se na Tabela 2.

Tabela 2: Caracteristicas fisico-quimicas da cerveja

Amostras Unidades Resultados obtidos Valor da literatura

pH - 4,19 4,18 – 4,34*

Acidez g/mL 0,21 0,22 – 0.31*

Turbidez

Teor alcoólico

NTU

%v/v

850

4,26

450 – 650**

4,3 – 5,6**

Fonte: *Botelho (2009).

** Strong

(2004).

22

Para os parâmetros analisados na Tabela 2, não existe nenhuma menção

na legislação brasileira para uma acidez máxima ou pH e turbidez permitidos para

cervejas.

Segundo a metodologia proposta por Matos (2011) a aceitação dos

provadores perante a cerveja foi de 80,55%, sendo uma cerveja bem aceita. Os

resultados obtidos com as pesquisas feitas podem ser vistos na Tabela 3.

Tabela 3. Pesquisa de aceitação

Teste de Aceitação Pontuação Números de provadores

Gostei extremamente 9 5

Gostei muito 8 9

Gostei moderadamente 7 11

Gostei ligeiramente 6 4

Nem gostei/ nem desgostei 5 2

Desgostei ligeiramente 4 1

Desgostei moderadamente 3 0

Desgostei muito 2 0

Desgostei extremamente 1 0

Total = 32

23

6. CONCLUSÃO

Cada detalhe no processo de produção é complexo e importante durante

a fabricação de cerveja. Uma cerveja de qualidade exige uma manipulação

rigorosa e uma ampla gama de conhecimento, para a garantia de um produto

uniforme.

Em meio a tanta tecnologia e sofisticação, os apreciadores buscam novos

sabores por meio da fabricação da cerveja artesanal. Voltado para um público

elitizado e que gosta de inovar e experimentar novos gostos, textura e aromas.

Esse tema tem surgido há pouco tempo e vem ganhando um espaço muito

significativo tanto para degustadores quanto para estudiosos do assunto.

A proposta de produzir uma cerveja artesanal de formulação própria

procurando atender os parâmetros do estilo weissber foi bem sucedida, pois todas

as análises físico-químicas realizadas estão condizentes com a literatura utilizada.

Com exceção do teor alcoólico, que apresentou resultado pouco abaixo do

esperado, para trabalhos futuros deve-se melhorar o processo de fermentação e

realizar uma análise da levedura utilizada.

Em relação à análise sensorial da cerveja produzida, está pode ser

considerada uma cerveja bem aceita, com 80,55% de aceitação entre os

provadores, apesar de alguns defeitos comentados corretamente por alguns.

Elaborar este trabalho permitiu que o intuito principal fosse atingido, que

era produzir artesanalmente uma cerveja inédita com boa aceitação e conhecer o

processo de produção de cervejas através da prática e teoria, bem como através

de informações disponíveis nas mais diversas fontes.

24

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORZANI, Walter. Biotecnologia industrial. São Paulo: E. Blücher, 2011. 4v, il

BOTELHO, B.G. Perfil e teores de aminas bioativas e características físico-

químicas em cervejas. Programa de Pós Graduação em Ciência de Alimentos

da Faculdade de Farmácia – UFMG, 2009.

CARVALHO, G. B. M.de; BENTO, C. V.e SILVA, J. B.de A.e. Elementos

Biotecnológicos Fundamentais no Processo Cervejeiro: 3ª parte – A

Maturação. Analytica, Lorena, SP, nº27, p. 69-74. fev./mar. 2007b.

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http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sc?codUf=25>. Acesso em: 22

mar. 2015.

EVANGELISTA, R. R. Análise do processo de fabricação industrial de cerveja

/ Rafaela Ribeiro Evangelista. -- Araçatuba, SP: Fatec, 2012.

IAL - INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz.

v. 4 Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3. ed. São Paulo:

IMESP, 2004. 1004p

MATOS, R. G. M. Produção de cervejas artesanais, avaliação de aceitação e

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Curso/Relatório de Estágio do Curso de Graduação em Agronomia. Florianópolis,

2011

MORADO, Ronaldo. Larousse da cerveja. 1. ed. São Paulo : Larousse do Brasil,

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25

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De Floriani Pozza Rebello, Professora do IF Sul de Minas Gerais – Campus

Inconfidentes, dez. 2009.

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SIDOOSKI, T. Processo de produção de cerveja puro malte do tipo pale ale.

TCC. Blumenau. P 18 – 24. 2011.

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Cerveja: Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG, 2014.

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Benathar Ballod Tavares. Blumenau,2006.

SIQUEIRA, P.B.; BOLINI, H.M.A.; MACEDO, G.A. O processo de fabricação da

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VENTURINI, G. Tecnologia de bebidas: matéria prima, processamento,

BPF/APPCC, legislação e mercado. São Paulo. Ed. Edgard blücher, 2005.

26

Anexo I

Nome: _______________________________________________________

Data: ___________

Sexo: F( ) M( ) Idade: _____ anos

Por favor, avalie a amostra servida e indique o quanto você gostou ou

desgostou do produto. Marque a resposta que melhor reflita seu julgamento.

( ) Gostei extremamente.

( ) Gostei muito.

( ) Gostei moderadamente.

( ) Gostei ligeiramente.

( ) Indiferente.

( ) Desgostei ligeiramente.

( ) Desgostei moderadamente.

( ) Desgostei muito.

( ) Desgostei extremamente.

Comentários:_______________________________________________________

_____________________________________________________________