controle microbiológico em cervejarias - o que os nossos olhos

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Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos Não Veem Dra. Gabriela Müller Dra. Gabriela Müller

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Page 1: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Controle Microbiológico em Cervejarias -

O que os nossos Olhos Não Veem

Dra. Gabriela Müller

Dra. Gabriela Müller

Page 2: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Gabriela Müller

Page 3: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

MICROBIOLOGIA

A ciência que estuda os microrganismos e suas funções

Mikros = pequenoBios = vida

Logos = ciência estudo

Gabriela Müller

Page 4: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Micro-organismos com aplicações comerciais –

produtos químicos como acetona, ácidos orgânicos, enzimas,

álcool e diversas drogas

Microrganismos na indústria de alimentos –vinagre, chucrute, picles, cerveja, vinho, whisky,

saquê, manteiga, queijos, iogurte e pão

Gabriela Müller

Page 5: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

BOTÂNICA BIOQUÍMICA

QUÍMICA

ENGENHARIA

MICROBIOLOGIA

A PRODUÇÃO DE CERVEJA É UMA COMBINAÇÃO DE:

Gabriela Müller

Page 6: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

O entendimento da produção de cerveja do ponto de vista microbiológico aconteceu a cerca de 160 anos – Louis Pasteur descobriu a natureza química da fermentação alcóolica (1856)

MICROBIOLOGIA NA CERVEJARIA

Controle microbiológico da produção Controle da qualidade da levedura

Gabriela Müller

Page 7: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Cerveja – um ambiente hostil para micro-organismos

Compostos do lúpulo (17 a 55 ppm iso-α-ácidos) -> tóxico principalmente contra bactérias Gram positivas

Queda do pH de 5,0 a 5,2 para 3,8 a 4,0 durante a fermentação

Baixo conteúdo de oxigênio (< 0,1 ppm) – produção de CO2

Presença de álcool – 0,5 a 10 % (ABV)

Baixa concentração de nutrientes (carboidratos, aminoácidos, minerais, ...)

Gabriela Müller

Page 8: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

• Contaminação com fungos (causar problemas sensoriais e produzir toxinas)

• Carregam uma pequena quantidade de bactérias láticas, acéticas e enterobactérias

MALTE

• Altamente susceptível a contaminação

• Rico em nutrientes

• pH idealMOSTO

• Nutrientes para o crescimento de bactérias

• Contaminação na coleta e reusoLEVEDURAS

• Desenho higiênico?

• Pontos de solda

• Pontos cegos ou ponto morto do spray ballEQUIPAMENTOS

Esses micro-organismos só irão aparecer/deteriorar a cerveja no caso de falha de processo:- limpeza e sanitização dos equipamentos- gerenciamento inadequado das leveduras- falha no processo de filtração, envase, pasteurização- armazenamento inadequado de malte

Gabriela Müller

Page 9: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Ocorrência de micro-organismos na indústria cervejeira

Fun

gos

fila

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sos

Leve

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ias

Cevada e malte + + - + + - + -

Início de fermentação - + + + - - + -

Final de fermentação - - + + + + - -

Após a fermentação - + + + + + - +

Priest, F.G and Campbell, I. 1996. Brewing Microbiology.Gabriela Müller

Page 10: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Pontos críticos em cervejaria

AIR

ibdasiapac.com.auGabriela Müller

Page 11: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

MALTE – Principais microrganismos

Lactobacillus spp.(1,4 x 104 cel/g)Micrococcus spp.

Bacillus spp.

Erwinia herbicola

Pseudomonas spp

‘’

Sporobolomyces spp.

Rhodotorula spp.

Fusarium spp.Aspergillus spp.Penicillium spp.

Rhizopus spp.

Atividade de água (Aw) e TemperaturaGabriela Müller

Page 12: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Defeitos na cerveja• Gushing induzido pela contaminação de fungos no malte – Fusarium spp

• Produção de peptídeos de baixo peso molecular e/ou micotoxinas, causam gushing em concentrações abaixo de 0,05 ppm

• Alguns fungos como Fusarium, Aspergillus, Rhizopus aumentam a quantidade de nitrogênio solúvel na cerveja, encorajando a contaminação do produto final por bactérias láticas

• Algumas espécies do fungo Aspegillus inibem a ação da papaína, enzima utilizada para estabilidade coloidal da cerveja

Gabriela Müller

Page 13: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Moagem / Resfriamento do mosto

• Moagem dos grãos deve ser isolada devido a elevada concentração de micro-organismos deteriorantes no malte

• Evitando, principalmente, atingir as áreas de fermentação e envase

• Limpeza do trocador de calor -> teste de atenuação do mosto

• Integridade do trocador de calor / placas para que não exista o contato do mosto com água potencialmente contaminada

• Esterilidade da linha de mosto

• Esterilidade do ar para aeração do mosto resfriado

BAL

BacillusMicrococcus

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Page 14: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

ÁGUA- Principais micro-organismos • Filtros não são eternos – devem ser trocados

• Cuidado com água de poçoFungos:

Candida albicans: levedura que causa infecções da pele e mucosas

Geotrichum: fungo dermatófito

Protozoários:

Giardia lamblia: esporos resistentes ao cloro

Entamoeba histolytica: amebíase (doença intestinal)

Vírus:

Hepatites A e B

Gastroenterite infecciosa não bacteriana

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Page 15: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Porque tratar a água em uma

cervejaria?

Envase – tanque de água próprio com regime de

limpeza regular

Túneis de pasteurização – diminui a eficiência da

pasteurização

Está associado a mau cheiro, possível corrosão

e problemas de saúde

Evitar a formação de muco / biofilme nas

tubulações e equipamentos

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Page 16: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

EQUIPAMENTOS

Desenho higiênico adequado

Polimento interno / pontos de solda

Pontos mortos ou pontos de sombra do CIP

Mangueira de nível

Borracha da escotilha (previamente lavada a mão)

Parede da escotilha

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Page 17: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

FERMENTAÇÃO

• A fermentação, por si só, não necessita de muita preocupação quanto a presença de micro-organismos, devido ao metabolismo das leveduras que geram uma proteção contra micro-organismos deteriorantes

Limpeza do fermentador

Pureza do ar injetado ao mosto

Pureza da levedura de inoculo

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Page 18: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

LEVEDURAS• Dois aspectos na cervejaria:

• Se estão viáveis / saudáveis – azul de metileno• Se estão puras – testes microbiológicos

• Contaminações simplesmente aparecem em reuso de leveduras e aumentam conforme o número de reuso

• Testes microbiológicos rotineiros e avaliações sensoriais irão ajudar a constatar quando essa contaminação estiver em níveis muito elevados

• Indicação de pasteurização eficiente, ou não

Gabriela Müller

Page 19: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

LEVEDURA – Principais micro-organismos

Lactobacillus spp.• Ácido lático• Turbidez na cerveja

Pediococcus spp.• Diacetil• Ropiness (doença

da Sarcina)

Acetobacter spp.• Ácido acético

O. proteus• Causam atenuação lenta• Cervejas com elevado pH.• Sabores/aromas frutados.

Sacch. non-cerevisiaeNon-Saccharomyces

• Acetaldeido• Ésteres• Fenóis• Álcool superior• Turbidez• Super atenuação

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Page 20: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

CLARIFICAÇÃO

• Filtros de celulose ou terra diatomácea – não são utilizados para “esterilizar” a cerveja ou gerar estabilidade microbiológica

• A operação desses filtros próximo a zero graus atua positivamente no controle da proliferação de micro-organismos

• A pasteurização é necessária para aumentar o tempo de prateleira do produto

• Filtros de membrana -> poros 0,45 µm -> retém bactérias, leveduras e partículas inertes

• Desvantagem é que satura rapidamente -> utilização de 2 filtros

• Elimina a pasteurizaçãoGabriela Müller

Page 21: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

ENVASE• A contaminação da cerveja durante o envase é conhecida com

contaminação secundária, enquanto que a primária ocorre na fase de produção da cerveja

• Aumento da turbidez

• Formação de partículas flutuantes ou sedimento

• Geração de off-flavors

• Acidificação

• Aumento da pressão (geração de CO2)

• Deformação do reservatório da bebida

Problemas causado a

cerveja

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Page 22: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

ENVASE• O ambiente de envase/envasadora é muito importante para o

controle microbiológico

• Todos os tipos de microrganismos são encontrados no processo de envase• Pelo ar movimentado durante a movimentação das garrafas / latas

• Fluxo natural de ar no local de envase

• Movimentação das esteiras

• Empilhadeiras

• Pelo próprio operador

• Restos de cerveja nas esteiras, chão e envasadora

A única forma de prevenir a contaminação durante o envase é limpando a máquina e o local de envase após cada ciclo de utilização!!

EVITE A FORMAÇÃO DE BIOFILME NA SUA ENVASAORAGabriela Müller

Page 23: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Exemplo1 Exemplo 2

Bacillus• Bacilos Gram positivos formadores de

esporos (resistentes a pasteurização)• Produz ácido lático

Fungos filamentos• Gushing• Sabor mofo – TCA• Esporos resistentes a pasteurização

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Page 24: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

ENVASE – outras bactérias perigosas...• ...Mas só irão aparecer se envase for bem executado – ausência total de O2

Pectinatus

Bacilos móveis com flagelos, não formadores de

esporos

Anaeróbio aerotolerante

Responsável por 20% dos incidentes com bactérias

Durante seu crescimento produz ácido

propiônico, ácido acético, ácido succíno, ácido

lático e acetoína

Confere o característico gosto de ovo podre à

cerveja pela combinação de ácidos graxos, H2S e

metil mercaptanos

P. cerevisiiphilus e P. frisingensis

Megasphaera

Morfologia de cocos, isolados ou em pares e

ocasionalmente formam cadeias curtas

Anaeróbio estrito

Responsável por 3 a 7 % dos incidentes com bactérias

Deixa a cerveja completamente turva

Produz altas concentrações de ácido butírico e em

menor quantidade ácido acético, isovalério, valérico,

capróico e acetoína

M. cerevisiae

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Page 25: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

PASTEURIZAÇÃO

• Aumenta o tempo de prateleira e a estabilidade microbiológica da cerveja

• Existem micro-organismos resistentes a pasteurização

Efeito de diferentes temperaturas nas UP UP típicas para diferentes produtos

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Page 26: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

PASTEURIZAÇÃOMicro-organismo Unidades de pasteurização Tempo a 60 °C

Leveduras de cerveja 01 UP 01 minuto

Pediococcus 01 UP 01 minuto

Lactobacillus 05 UP 05 minutos

Leveduras contaminantes 10 UP 10 minutos

Micrococcus kristinae 81 UP 81 minutos

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Micrococcus

Cocos Gram positivos, aeróbios, sensíveis a

lúpulos

Encontrados nas esteiras de envaze não

lavadas frequentemente

M. kristinae – cresce na ausência de O2 –

confere sabor frutado atípico

Page 27: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

PASTEURIZAÇÃO

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Page 28: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Programa de qualidade microbiológico

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• Em casos de condições normais na fábrica

• A cada produção: teste de esterilidade do mosto, teste de atenuação limite do mosto, teste de leveduras para inoculo e solução de priming

• A cada semana: teste dos tanques de fermentação e maturação, teste de pasteurização, envase, tanque de água

• A cada produto finalizado: teste de tempo de vida (estabilidade de prateleira), teste de filtração de cerveja finalizada

• Após cada CIP: teste do swab

• Em casos de contaminação (detecção pelo programa de CQ ou em painéis sensoriais) os ensaios a seguir são descritos como “extremamente necessários”

• Envio da placa contendo o meio de cultura com os mo recuperados na fábrica para um laboratório especializado

• Realizar um “pente fino” na fábrica para descobrir de onde vem a contaminação

Page 29: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Amostragem para microbiologia

• Se não for realizada adequadamente os testes não serão válidos

1° - Passar álcool 70 % na torneira de amostragem

2° - Usar uma chama para eliminar os micro-organismos da torneira ou limpar com swab(cotonete / algodão) embebido em álcool 70 %

3 ° - Deixar a torneira totalmente aberta por 30 segundos

4 ° - Coletar a amostra assepticamente em um frasco esterilizado. Analisar imediatamente

SEMPRE USAR LUVAS Gabriela Müller

Page 30: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

Utilização de meios de cultura

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Page 31: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

E as leveduras?

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ATÉ QUANDO CONTINUAREMOS CEGOS EM NOSSAS CERVEJARIAS??

Page 33: Controle Microbiológico em Cervejarias - O que os nossos Olhos

OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

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