processo civil - diddier 2010

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Direito Processual Civil Prof. Freddie Didier Aula 1 (26 de janeiro de 2009) Um minutinho: Achei es te ecelente teto na net !e "arece ser anota#$es das aulas do Didier de 2009 %omo esta&a muito 'em oraniado resol&i atualiar o teto: Assim antes de ler * "reciso sa'er as altera#$es +, P- U! A%A+- - AU/- , ,+/A+ A/UA3A45,+ !,U+ %U!P!,/-+ P,- /A7A8-. LEI 12.122, DE 15/12/2009: ALTERA O ART. 275   Altera o alínea g e acrescenta a h  g) que versem sobre revogação de doação; (Redação dada pela Lei nº 1!1" de ##$)! h) nos demais casos previstos em lei! (%ncluído pela Lei nº 1!1" de ##$)! 1

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Direito Processual Civil

PAGE 308

Direito Processual Civil

Prof. Freddie Didier

Aula 1 (26 de janeiro de 2009)Um minutinho:Achei este excelente texto na net

Me parece ser anotaes das aulas do Didier de 2009

Como estava muito bem organizado resolvi atualizar o texto:

Assim antes de ler preciso saber as alteraesSE POR UM ACASO O AUTOR VER ESTAS ATUALIZAES MEUS CUMPRIMENTOS PELO TRABALHO.

LEI 12.122, DE 15/12/2009: ALTERA O ART. 275

Altera o alnea g e acrescenta a h

g) que versem sobre revogao de doao;(Redao dada pela Lei n 12.122, de 2009).h) nos demais casos previstos em lei.(Includo pela Lei n 12.122, de 2009).

LEI 12.125, DE 16/12/2009: ACRESCE PAR. 3 AO ART. 1.050

3o A citao ser pessoal, se o embargado no tiver procurador constitudo nos autos da ao principal.(Includo pela Lei n 12.125, de 2009)

LEI 12.195, DE 14/01/2010: ALTERA O ART. 990

Art.990.O juiz nomear inventariante:I - o cnjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste;(Redao dada pela Lei n 12.195, de 2010)VignciaII - o herdeiro que se achar na posse e administrao do esplio, se no houver cnjuge ou companheiro sobrevivente ou estes no puderem ser nomeados;(Redao dada pela Lei n 12.195, de 2010)

LEI 12.322, DE 09/09/2010: ALTERA O INCISO II DO PAR. 2 E O PAR. 3 DO ART. 475-O, OS ARTS. 544 E 545 E O PARGRAFO NICO DO ART. 736

Est e melhor colocar a lei inteira: IMPORTANTE- AINDA NO ESTA VIGORANDO.LEI N 12.322, DE9 DE SETEMBRO DE 2010.VignciaTransforma o agravo de instrumento interposto contra deciso que no admite recurso extraordinrio ou especial em agravo nos prprios autos, alterando dispositivos da Lei no5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Cdigo de Processo Civil.

OPRESIDENTEDAREPBLICAFao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:Art. 1o O inciso II do 2oe o 3odo art. 475-O, os arts. 544 e 545 e o pargrafo nico do art. 736 da Lei no5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Cdigo de Processo Civil, passam a vigorar com a seguinte redao:VignciaAr. 475-O. .........................................................................

...............................................................................................

2o ................................................................

.............................................................................................

II - nos casos de execuo provisria em que penda agravo perante o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justia (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difcil ou incerta reparao.

3o Ao requerer a execuo provisria, o exequente instruir a petio com cpias autenticadas das seguintes peas do processo, podendo o advogado declarar a autenticidade, sob sua responsabilidade pessoal:(NR)

Art. 544. No admitido o recurso extraordinrio ou o recurso especial, caber agravo nos prprios autos, no prazo de 10 (dez) dias.

1o O agravante dever interpor um agravo para cada recurso no admitido.

3o O agravado ser intimado, de imediato, para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta. Em seguida, os autos sero remetidos superior instncia, observando-se o disposto no art. 543 deste Cdigo e, no que couber, na Lei no11.672, de 8 de maio de 2008.

4o No Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justia, o julgamento do agravo obedecer ao disposto no respectivo regimento interno, podendo o relator:

I - no conhecer do agravo manifestamente inadmissvel ou que no tenha atacado especificamente os fundamentos da deciso agravada;

II - conhecer do agravo para:

a) negar-lhe provimento, se correta a deciso que no admitiu o recurso;

b) negar seguimento ao recurso manifestamente inadmissvel, prejudicado ou em confronto com smula ou jurisprudncia dominante no tribunal;

c) dar provimento ao recurso, se o acrdo recorrido estiver em confronto com smula ou jurisprudncia dominante no tribunal. (NR)

Art. 545. Da deciso do relator que no conhecer do agravo, negar-lhe provimento ou decidir, desde logo, o recurso no admitido na origem, caber agravo, no prazo de 5 (cinco) dias, ao rgo competente, observado o disposto nos 1oe 2odo art. 557. (NR)

Art. 736. ....................................................................

Pargrafo nico. Os embargos execuo sero distribudos por dependncia, autuados em apartado e instrudos com cpias das peas processuais relevantes, que podero ser declaradas autnticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal. (NR)

Art. 2o Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias aps a data de sua publicao oficial.

Braslia, 9 de setembro de 2010; 189oda Independncia e 122oda Repblica.

LUIZ INCIO LULA DA SILVALuiz Paulo Teles Ferreira BarretoLus Incio Lucena AdamsEste texto no substitui o publicado no DOU de 10.9.2010

LEI 12.398, DE 28/03/2011: ALTERA O INCISO VII DO ART. 888.Seo XVDe Outras Medidas Provisionais Art.888.O juiz poder ordenar ou autorizar, na pendncia da ao principal ou antes de sua propositura: I-obras de conservao em coisa litigiosa ou judicialmente apreendida; II-a entrega de bens de uso pessoal do cnjuge e dos filhos; III-a posse provisria dos filhos, nos casos de separao judicial ou anulao de casamento; IV-o afastamento do menor autorizado a contrair casamento contra a vontade dos pais; V-o depsito de menores ou incapazes castigados imoderadamente por seus pais, tutores ou curadores, ou por eles induzidos prtica de atos contrrios lei ou moral; Vl-o afastamento temporrio de um dos cnjuges da morada do casal;VII - a guarda e a educao dos filhos, regulado o direito de visita que, no interesse da criana ou do adolescente, pode, a critrio do juiz, ser extensivo a cada um dos avs;(Redao dada pela Lei n 12.398, de 2011)Bibliografia

MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de Processo Civil. Ed. RT (4 vol)

O vol 1 a sua tese e vale para o concurso de Procurador da Repblica (indispensvel)

O vol 2 muito bom para todos os concursos

CMARA, Alexandre. Lies de Processo Civil. Ed Lmen Juris. (3 vol)

Coleo mais simples e acessvel.

No aprofunda muito os temas.

BUENO, Cssio Scarpinella. Curso de Processo Civil. Ed. Saraiva (4 de 7 vol)

Escrito depois de todas as reformas.

Linguagem acessvel.

mais profundo que Cmara.

A coleo no est completa.

DIDIER, Freddie. Curso de Processo Civil (5 vol)

Cabe para qualquer concurso.

THEODORO, Humberto. Curso de processo civil.

Execuo e cautelar em apenas 1 livro.Leituras complementares de processo civil

1 PRINCPIOS DO PROCESSO CIVIL

1.1. Processo e Direitos Fundamentais (Como relacionar o processo com os Direitos Fundamentais?)Da 2 metade do sculo XX para c surgiu um movimento terico de redimencionamento do Direito Constitucional chamado Neoconstitucionalismo, cuja pretenso refundar o Direito Constitucional com base em outras premissas.Princpios

a) difuso da Teoria dos Direitos Fundamentais

b) fora normativa da Constituio (a Constituio tem eficcia, no sendo apenas uma carta de intenes)

c) prega a transformao do Estado legal em Estado constitucional

d) Teoria dos Princpios (fora normativa dos princpios. O princpio norma, norma abstrata e tem que ser concretizada) ver art. 126 do CPC

Art. 126. O juiz no se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe- aplicar as normas legais; no as havendo, recorrer analogia, aos costumes e aos princpios gerais de direito.

e) Expanso da Jurisdio Constitucional (do controle de constitucionalidade das leis)

LER: VILA, Humberto. Teoria dos princpios. Ed Malheiros (COMPRAR)

O Neoconstitucionalismo se espraiou pelos ramos do Direito (teoria constitucional do Direito Civil, Penal, etc).No Direito Processual Civil j se fala em Neoprocessualismo, ou seja, fase terica em que o processo estudado de acordo com as premissas do Neoconstitucionalismo (redefinio das categorias processuais a partir da teoria neoconstitucionalista).O marco do Neoprocessualismo brasileiro o vol 1 de Marinoni.

LER: CAMBI, Eduardo. Sobre o Neoprocessualismo (Leituras complementares).

OBS: Na UFRS se desenvolve um movimento terico que parte das mesmas premissas do Neoprocessualismo, mas recebe um outro nome: Formalismo-Valorativo. O Formalismo-Valorativo a adio do Neoprocessualismo com o reforo da tica e da boa-f no processo (Lealdade Processual). Agrega as construes do Direito Privado sobre boa-f. (Marinoni no fala desse aspecto). Formalismo-valorativo = neoprocessualismo + reforo da tica processual

LER: OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro. Sobre o Formalismo-Valorativo (Leituras complementares).

Os direitos fundamentais podem ser encarados em uma acepo subjetiva ou em uma acepo objetiva. (numa prova sempre esclarecer qual o aspecto ou dimenso): Dimenso Objetiva: os direitos fundamentais so normas (constitucionais) que devem ser respeitadas;

Dimenso Subjetiva: os direitos fundamentais so direitos (com d minsculo), ou seja, so poderes atribudos ao indivduo.

*Qual a relao entre processo e Direitos Fundamentais? Na acepo objetiva

O processo tem de estar conforme as normas de Direitos Fundamentais (as leis processuais tm de ser conformes as normas de Direitos Fundamentais).

Na acepo subjetiva

O processo tem de ser adequado tutela dos Direitos Fundamentais;

O processo no pode ser um obstculo proteo de um Direito Fundamental. Ex: Direito liberdade e Habeas Corpus.

* O processo tem que estar conforme os dir. fundamentais e garantir bem a tutela dos dir. fundamentais.1.2. Princpio do Devido Processo Legal

Ningum ser privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

Devido processo legal (traduo do ingls due process of Law) em vez de falar em devido processo conforme o Direito, traduziram devido processo legal. Tem autores que falam apenas em Devido Processo Constitucional.

Due process of Law (expresso de 1215)

Texto de norma: o que interpretado.

Norma: o que se retira do texto. o resultado da interpretao.

O Devido Processo Legal uma clusula geral.

Clusula Geral: espcie de norma composta por termos vagos ou indeterminados e que tambm indeterminada em relao s suas conseqncias (indeterminada na hiptese e nas conseqncias). Tanto o antecedente normativo (fato) quanto o conseqente normativo (conseqncias jurdicas) so indeterminadas, por isso que varivel conforme a histria. Ex: Devido Processo Legal, Boa-F.

Devido PROCESSO Legal

Processo: qualquer modo de produo de norma jurdica. Nenhuma norma jurdica pode ser produzida em desconformidade com o processo.

Devido processo legal: legislativo, administrativo, jurisdicional e privado.

Normas

Gerais: Lei (Legais); Resoluo do BC, Portaria do Ministrio da Educao (normas administrativas) devem ser precedidas de um processo legislativo ou administrativo.

Individualizadas: Sentena (precedida por um devido processo legal jurisdicional); Atos Administrativos (ex: multa de trnsito).

Privadas: ex: multa de condomnio. Deve-se dar ao condmino a oportunidade de defesa. Devido processo privado. Ver o art. 57 do C.C. (associado e excluso)

Art. 57. A excluso do associado s admissvel havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Os direitos fundamentais se aplicam s relaes privadas (ex: devido processo legal). A aplicao dos direitos fundamentais s relaes privadas chama-se eficcia horizontal dos direitos fundamentais.

Eficcia dos Direitos fundamentais

a) Vertical: Estado Cidadob) Horizontal: Cidado Cidado (esto no mesmo nvel)

STF: os direitos fundamentais se aplicam s relaes privadas (examinavam exatamente o Devido Processo Legal).

2 dimenses do Devido Processo Legal

1) Formal, Processual ou Procedimental (Procedural Due Process of Law)

Conjunto das garantias processuais mnimas conquistadas ao longo de 800 anos.

Ex: contraditrio, juiz natural, proibio de prova ilcita, motivao das decises, durao razovel do processo.

O que devido processo eletrnico?

2) Substancial ou Substantivo (Substantive Due Process of Law)

Garante o contedo das decises do Estado, ou seja, a razoabilidade, proporcionalidade.

Exige que as decises sejam substancialmente devidas e no apenas formalmente devidas (proibio de arbitrariedade).

Os europeus continentais no utilizam a expresso devido processo legal, mas garantem a razoabilidade das decises mediante o princpio da Razoabilidade ou Proporcionalidade (so trs expresses sinnimas).No Brasil temos uma Constituio de inspirao norte-americana e um direito infraconstitucional de inspirao europia.

STF: o princpio da proporcionalidade existe entre ns como Devido Processo Legal Substancial.

Humberto vila: no aceita falar em Devido Processo Legal Substancial e, portanto, proporcionalidade ou razoabilidade decorrem do princpio da igualdade (tambm pensa assim Paulo Bonavides).

LER: texto sobre o devido processo legal substancial (Leituras Complementares)Os demais princpios processuais so decorrncia do Devido Processo Legal. Estes princpios podem ou no estar expressos na Constituio.Um processo, para ser devido, tem de ser: efetivo, tempestivo (durao razovel), adequado e leal (boa-f), ou seja, o processo devido o processo efetivo, tempestivo, adequado e leal.

1.3. Princpio da Efetividade

No tem previso expressa na Constituio. No era cogitado at a dcada de 1990.

Significa que todos tm o direito fundamental efetivao dos seus direitos, no bastando que os direitos sejam apenas reconhecidos, mas eles tem que ser realizados.

Ex: Dignidade do Ru X Efetividade do direito do Credor (o conflitos destes direitos fundamentais demanda soluo por ponderao caso a caso). Em caso de salrios vultosos poder-se-ia penhorar o salrio, pois no se ofenderia a dignidade do ru em detrimento da efetividade do direito do credor. O TJDF tem jurisprudncia pacfica considerando que se pode penhorar at 30% do salrio (j que os mesmos 30% podem ser oferecidos como garantia de emprstimos bancrios).

1.4. Princpio da Tempestividade

A todos garantido o direito a um processo com durao razovel.

Tem previso constitucional expressa: art. 5, LXXXVIII (acrescentado pela EC 45/2004). Entretanto, este princpio j poderia ser extrado antes de 2004 do Princpio do Devido Processo Legal.

LXXVIII a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao.

No significa princpio da rapidez (processo rpido), pois, para exercer o direito de ouvir o ru, considerar suas razes e dar-lhe o direito de recorrer leva tempo. O que se veda o exagero da demora. A demora tem que ser razovel.

Durao Razovel: um conceito indeterminado propositalmente, devendo caso a caso ser observado.

Critrios para aferir se a demora razovel ou no (definidos pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos, via jurisprudncia):

a) complexidade da causa

b) comportamento do juiz

c) comportamento das partes

d) infra-estrutura do rgo judicirio

Se o processo demorar muito h responsabilidade pela demora. Ex: o Brasil j foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos pela demora de processo no Cear.

1.5. Princpio da Adequao

Impe que o processo seja adequado em 3 aspectos:

a) Adequao objetiva: o processo tem que ser adequado ao direito que ser tutelado pelo processo (objeto). Ex: regras processuais distintas para cobrar alimentos ou um cheque.

b) Adequao subjetiva: o processo tem que ser adequado aos sujeitos que vo participar do processo. No possvel dar o mesmo tratamento processual aos incapazes, capazes, idosos, Fazenda Pblica, etc. O princpio da igualdade no processo se concretiza pela adequao subjetiva.

c) Adequao teleolgica: o processo tem que ser adequado s suas finalidades. Ex: nos Juizados Especiais (rapidez e simplicidade) no cabe Recurso Especial.

O princpio da adequao no tem previso constitucional mas ele corolrio do Devido Processo Legal.

Classicamente, o princpio da adequao impe ao legislador a obrigao de produzir regras processuais adequadas. Na atualidade, muitos defendem que o juiz destinatrio deste princpio que, ao examinar um caso concreto, caberia ao juiz fazer valer o princpio da adequao e adequar a regra ao caso concreto (at mesmo afastando a regra legal e criando uma jurisprudencial).

Ex: prazo de defesa legal 15 dias. O autor juntou petio inicial 10.000 documentos e o ru ter somente 15 dias para se pronunciar? O juiz pode considerar a regra que prev apenas 15 dias inadequada e prolongar o prazo.

Adequao Jurisdicional: h quem fale em princpio da Adaptabilidade do Procedimento ou Elasticidade do Procedimento ou Flexibilidade do Procedimento.

1.6. Princpio da Boa-F Processual

Impe comportamentos leais, ticos e em conformidade com a boa-f (Princpio do Processo Leal).

Boa-f Norma: a norma que impe um comportamento em conformidade com a boa-f (leal, tico) = Princpio da boa-f ( uma clusula geral).

Boa-f Fato: um estado de conscincia (estar de boa-f). exigida em algumas normas = Boa-f subjetiva = Fato

O princpio da Boa-F no exige que o autor e o ru sejam gente-boa, ou seja, bem intencionados, mas sim, impe condutas, mesmo que a pessoa esteja bem intencionada.

STF: decidiu que a clusula do Devido Processo Legal fundamenta a boa-f no processo.

H autores que fundamentam a boa-f no princpio da igualdade ou da dignidade da pessoa humana (civilistas).

O CPC prev o princpio da boa-f expressamente no art. 14, II (so deveres de todos que participam do processo).

(Ver editorial de Agosto de 2008 sobre o princpio da boa-f no site www.freddiedidier.com.br).

Conseqncias do Princpio da boa-f no processo:a) vedar o abuso do Direito Processual. Ex: o autor tem 2 maneiras de executar o ru e ambas chegam ao mesmo resultado. O autor tem que escolher a menos perversa, sob pena de ferir a boa-f.

b) Veda o venire contra factum proprium (comportar-se contra os prprios fatos): comportar-se contraditoriamente aos comportamentos anteriores. Ex: executado que oferece uma geladeira penhora, o juiz penhora e depois o executado alega a impenhorabilidade da geladeira (oferecer bem penhora e depois dizer que o bem impenhorvel); deciso exarada contrria parte e a parte cumpre a deciso e no outro dia recorre da deciso. Obs: o venire contra factum proprium uma modalidade de abuso de direito.

c) Veda a m-f (comportamentos dolosos). Ex: o autor sabe onde o ru mora, mas esconde o lugar para gerar uma revelia.

1.7. Princpio da Cooperao um produto de 2 princpios: boa-f + contraditrio.

Livros de civil: a boa-f gera o dever de cooperar. (se a cooperao deriva da boa-f e a boa-f existe no processo, ento existe cooperao processual).

Exige dos sujeitos processuais um comportamento cooperativo, com cada qual defendendo os seus interesses.

______________________________________________________________________Aula 2 (02 de fevereiro de 2009)

1.7. Princpio da Cooperao

o dever dos sujeitos do processo de cooperarem para a melhor soluo possvel.

a) dever de consulta

O juiz no pode decidir com base em questo sobre a qual as partes no puderam manifestar-se. Se decidir com base em tal questo a deciso ser surpresa para as partes (e estar o juiz agindo de maneira desleal).

Uma atitude cooperativa do juiz impe que as partes tenham o direito de se manifestar sobre todas as questes antes que sejam decididas.

O juiz tem que dar oportunidade de manifestao as partes ainda nas questes que decida de ofcio.

Ex.1: LEF, art. 40, 4 - o juiz pode conhecer de ofcio a prescrio em matria tributria, porem antes de decidir tem que ouvir a fazenda pblica. o dever de consulta do juiz. (submisso ao contraditrio)

Ex.2: juiz observa ser a lei inconstitucional em um processo, ele tem que consultar as partes sobre esta inconstitucionalidade (mesmo que se trate de uma questo que o juiz pode conhecer ex officio, ou seja, sem ser provocado).

b) dever de esclarecimento

o dever do juiz de ser claro e esclarecer suas decises que por ventura gerem uma no compreenso pelas partes.

O juiz tem o dever de pedir esclarecimentos quando no entender uma postulao da parte (e no quando no entender indeferir o pedido).

c) dever de preveno ou de proteo

Se o juiz constata algum defeito processual ele tem o dever de apontar o defeito e dizer como ele deve ser corrigido.

Para o STJ, o juiz no pode indeferir a petio inicial sem dar a oportunidade de a parte sanar o defeito (aplicao do princpio da cooperao). Se ela no corrigir o defeito, a sim extingue).

1.8. Princpio do Contraditrio

Tem dupla dimenso.

a) Contraditrio em sentido formal:

o direito de participar do processo que lhe possa trazer algum prejuzo. o direito de fazer parte do processo.

Porm isso no basta. preciso que tal participao tenha aptido para poder interferir no contedo da deciso.

Por isso se diz que o direito a produzir provas em juzo conseqncia do contraditrio.

b) Contraditrio em sentido substancial ou material:

o poder de influencia.

Contraditrio = participao (formal) + poder de influncia (material) Se existir questo relevante para a deciso da causa, as partes tm o direito de poder influir na deciso.

O dever de consulta est intimamente ligado ao princpio do contraditrio (substancial). Ex: no se pode condenar por litigncia de m-f sem consultar o pretenso litigante. Evitar surpresa, permitir influenciar na deciso so os aspectos mais modernos do contraditrio.

No h inconstitucionalidade nas decises liminares sem a ouvida do ru (inaudita altera pars), pois:

So decises provisrias, precrias, sendo o contraditrio diferido. As liminares se justificam pelo perigo de leso do interesse do autor, em detrimento do direito do ru de ser ouvido (que ser feito posteriormente), devendo o juiz equacionar o direito do autor e o do ru.

1.9. Princpio da Instrumentalidade do Processo Rege a relao entre o processo e o direito material. O processo o instrumento de realizao do direito material.

Na afirmao de que o processo instrumento de realizao do direito material, no h uma relao de inferioridade do processo em relao ao direito material, pois:

O processo instrumento de realizao do direito material e

o direito material serve ao processo dando-lhe sentido.

OBS: Explique a teoria circular dos planos material e processual. uma teoria que explica a relao circular que existe entre o processo e o direito material, no havendo hierarquia, um servindo ao outro. uma relao de complementaridade.

O processo instrumento de concretizao do direito material e o direito material d sentido ao processo.

O processo serve ao direito material ao tempo em que servido por ele (ex. relao entre o engenheiro e o arquiteto).

1.10. Princpio da Precluso Precluso a perda e um poder processual, independentemente de sua causa.

Tanto preclui direito da parte como tambm preclui direito do juiz. A precluso tambm se aplica ao juiz.

Precluso pro iudicato muitos falam significando como a precluso para o juiz. No deve ser utilizado, pois tem outro significado.

A doutrina classifica a precluso como base no fato gerador da precluso.

a) precluso temporal: quando se perde um poder processual pelo no exerccio dele em um determinado prazo Ex. perda de prazo.

Parecida com a decadncia (no direito material, decai; no direito processual, preclui).

b) precluso consumativa: perda do poder em razo de sua utilizao. a precluso pelo exerccio do poder. Ex. quando o juiz sentencia, no pode sentenciar de novo; quando se recorre, no se pode recorrer novamente.c) precluso lgica: a perda de um poder processual em razo da prtica de um ato anterior que com ele incompatvel. A precluso se d pela incompatibilidade lgica. Ex. depois de aceita a deciso no poder recorrer depois. Se aceitou, h perda do direito de recorrer por serem condutas incompatveis. A precluso lgica tem a ver com a proibio do venire contra factum proprium. Ambas as condutas so em si mesmas lcitas (isoladamente), porm torna-se ilcita a segunda conduta em razo de sua associao com aquela j praticada.

No existe processo sem precluso, pois sem ela o processo no termina. Porm o sistema no totalmente rgido, podendo o legislador mitigar o princpio da precluso.

Ex. os Embargos de Declarao mitigam a precluso, pois poder o juiz sentenciar novamente; no ECA o juiz pode rever suas decises de ofcio. A precluso indispensvel para dar segurana s partes, e dar uma durao razovel ao processo.

A precluso tambm tem o condo de proteger a boa-f, pois, sem ela, as partes poderiam alegar muito posteriormente um suposto vcio por falta de contraditrio.

d) precluso por ato ilcito: existem ilcitos processuais que tm como conseqncia uma precluso. Ex. o ilcito do atentado (art. 879 CPC) tem como conseqncia a impossibilidade do infrator se manifestar nos autos at corrigir o atentado.

*Precluso e questes de ordem pblica:

Questes de ordem pblica: aquelas que o juiz pode conhecer de ofcio.

H precluso para o exame de questes de ordem pblica?

No. No h precluso enquanto o processo estiver pendente. Porque se o processo j terminou, no se pode mais alegar questes de ordem pblica. A ausncia de precluso limitada ao tempo do processo.

Tambm no STF/STJ possvel alegar questes de ordem pblica?

Sim (ser visto posteriormente).

H precluso para o reexame das questes de ordem pblica?

O CPC no diz nada, mas a maioria da doutrina e da jurisprudncia entende que no h precluso para o reexame. Porm, a minoria da doutrina acredita haver precluso (Barbosa Moreira, Frederico Marques, Calmon de Passos, Chiovenda)

2 JURISDIO

Conceito:

A jurisdio funo atribuda a terceiro imparcial para, mediante processo, tutelar (reconhecendo, efetivando ou resguardando) situaes jurdicas concretamente deduzidas, de modo interativo e criativo, em deciso insuscetvel de controle externo e apta a tornar-se indiscutvel pela coisa julgada.

a) A jurisdio uma funo atribuda a terceiro imparcial:

Quem exerce jurisdio um terceiro (requisito objetivo) em relao ao problema, mas no basta ser terceiro preciso que seja algum imparcial (requisito subjetivo), sem interesse no processo.

A jurisdio um exemplo de heterocomposio (soluo do problema dada por um estranho).

No confundir imparcialidade com neutralidade. O juiz no neutro, pois neutro quem despido de valor. Se gente no pode ser neutro, pois tem suas prprias experincias.

O juiz tem que ser imparcial, que aquele sem interesse na causa. (imparcialidade = eqidistncia)*Para Chiovenda, a jurisdio se caracteriza por ser uma atividade substitutiva, ou seja, o terceiro substitui a vontade das partes pela sua (Estado). Prevalece a vontade do terceiro. a substutividade a principal marca do pensamento de Chiovenda sobre jurisdio. (substutividade = heterocomposio). Ocorre que ser funo atribuda a terceiro imparcial no exclusividade da jurisdio (ex. Tribunal de contas). Por isso a lio de Chiovenda est ultrapassada, pois para ele essa seria a nica caracterstica da jurisdio.

b) mediante um processo A jurisdio se exerce mediante o processo. A jurisdio no espontnea. O processo a forma de exerccio da jurisdio (conjunto de atos anteriores deciso). No Brasil no possvel jurisdio sem processo.

c) tutelar Tutelar significa dar proteo jurdica. A tutela jurdica pode ocorrer de trs maneiras:

Tutela de reconhecimento de direitos (tutela de conhecimento);

Tutela de efetivao de direitos (tutela de execuo);

Tutela de resguardo de direitos (tutela cautelar).

d) situaes jurdicas concretamente deduzidas A jurisdio sempre atua em situaes concretas. O judicirio s convocado para resolver problemas concretos. Ele no pode decidir abstratamente. A jurisdio atua sob encomenda.

*Isto se aplica inclusive na ADIN?

Sim, pois a ADIN leva ao STF uma situao concreta (a inconstitucionalidade da lei).

*Para Carnelutti, a marca da jurisdio a existncia de lide. Lide um conflito de interesses. S haveria jurisdio se a situao concreta levada a juzo fosse uma lide. A lide apenas uma espcie das situaes jurdicas concretamente deduzidas. H jurisdio sem lide (ex. mudana de nome). Por isso a teoria de Carnelutti est superada.

e) de modo imperativo e criativo A jurisdio ato de imprio. ato de poder. O juiz no aconselha, ele ordena. A jurisdio decorrncia da soberania do estado.

Por conta disso, h quem diga que a jurisdio monoplio do Estado. Porm, isso no significa que s o estado pode exerc-la, pois o estado pode autorizar que outras pessoas a exeram.

Ex. arbitragem jurisdio (Brasil); na Espanha existem tribunais jurisdicionais leigos costumeiros (em Valncia existe h mais de 1000 anos um tribunal com juzes leigos que julga questes sobre as guas daquela cidade e que faz coisa julgada e no um tribunal estatal).

No s o judicirio que exerce jurisdio. O Legislativo tambm o faz (ex. Senado quando julga o Presidente da Repblica nos crimes de responsabilidade).

A atividade jurisdicional criadora, pois quando decide o juiz est criando direito, pois quem interpreta cria. Ao decidir, o juiz inova no ordenamento. A lei geral e o juiz cria o Direito para o caso concreto.

Em toda deciso judicial, sem exceo, pode-se encontrar a parte que o juiz expe sua fundamentao e a parte do dispositivo.

No dispositivo o juiz determina e cria a norma jurdica individualizada, que a norma jurdica que vai regular o caso concreto (norma jurdica individual do caso concreto). A norma daquela situao concretamente deduzida ser determinada no dispositivo da deciso.

Na fundamentao o juiz vai ter que dizer qual foi a interpretao que ele deu ao direito, e assim o juiz cria tambm a norma jurdica geral do caso concreto. Vai ter que dizer qual foi a norma geral de onde ele tirou a norma que vai regular o caso concreto.

Ex1: Zeca Paginho Nova Schin e Brahma Quebra da boa-f objetiva ps-contratual. Norma individual: Zeca Pagodinho deve indenizar a Nova Schin; Norma geral: quem faz publicidade para uma marca no pode, pouco tempo depois, fazer publicidade para a concorrente e ainda fazer troa da concorrente.Ex2: O STF decidiu que quem troca de partido perde o mandato para o partido. Norma individual: Joo perde o mandato para o PSDB; Norma Geral: parlamentar que troca de partido, perde o mandato para o partido.

A norma geral do caso concreto, criada pelo juiz e reiteradamente repetida, cria a jurisprudncia. essa norma geral que aplicada em vrios casos como jurisprudncia.

Smula = consolidao por escrito de uma norma geral do caso concreto construda pelos juzes. A criatividade judicial se revela tanto na criao da norma que regula o caso concreto (norma individual do caso concreto), como na norma que ir regular outros casos concretos (norma geral do caso concreto).

Obs: importante para entender o precedente judicial (assunto mais atual do processo civil brasileiro).

f) em deciso insuscetvel de controle externo Nenhum poder pode controlar uma deciso judicial. Uma lei ou ato administrativo no podem afetar uma coisa julgada.

S se controla uma deciso de um juiz jurisdicionalmente.

S a jurisdio insuscetvel de controle externo.

g) e apta a tornar-se indiscutvel pela coisa julgada A coisa julgada s surge de deciso jurisdicional.

A coisa julgada um limite prpria jurisdio, pois torna uma deciso definitiva. S as decises jurisdicionais tm a aptido de tornarem-se definitivas.

3 EQUIVALENTES JURISDICIONAIS

Todo mtodo de soluo de conflito no-jurisdicional um equivalente jurisdicional, pois faz as vezes de jurisdio sem ser.

Espcies de equivalente jurisdicional:

3.1. Autotutela a soluo egosta do conflito, pois um dos litigantes impe ao outro a soluo do conflito (pela fora). , em princpio, vedada, sendo considerada crime.

Porm, ainda h espcies de autotutela permitidas. Ex: guerra; greve; legtima defesa; desforo incontinenti (em casos de violncia na posse, pode-se reagir imediatamente); possibilidade da administrao pblica poder executar suas prprias decises (ex: rebocar carro estacionado em local proibido).

3.2 Autocomposio a soluo altrusta do conflito. uma soluo negociada do conflito pelos prprios litigantes que resolvem o conflito. A autocomposio estimulada no nosso direito.

Ex: qualquer acordo que se faa pode ser levado para ser homologado pelo juiz e tornar-se titulo executivo (art. 475-N, V).

Formas de autocomposio: Extrajudicial (pode ser homologada pelo juiz); Judicial.

A autocomposio se d ou por transao ou por abdicao. Na transao h concesses recprocas e na abdicao uma das partes abre mo em favor da outra.

ADR alternative dispute resolution: so as formas alternativas de resoluo de conflitos.

A autocomposio o exemplo mais conhecido de ADR.

3.3. Mediao Na mediao um terceiro estranho ao conflito chamado para ajudar (estimular) os conflitantes a chegar autocomposio.

O mediador um facilitador/estimulante da autocomposio. O mediador no decide, ele facilita a autocomposio.

Na mediao no h heterocomposio.

O mediador no pode fazer propostas.

O mediador no deve falar com linguagem diferente dos intermediados; a sala de mediao deve ser em cores claras; mesa redonda, etc.

Ex: Comisses de Conciliao Prvia na Justia do Trabalho ( instncia de mediao).

3.4. Julgamento por tribunal administrativo Julgam os conflitos por heterocomposio. So terceiros imparciais, criativos, imperativos.

No so jurisdio, pois podem ser controlados pelo judicirio e suas decises no podem tornar-se coisa julgada.

Ex: Tribunal de Contas; Tribunal Martimo; Agncias Reguladoras; Conselho de Contribuintes; CADE.

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Aula 3 (09 de fevereiro de 2009)

4 ARBITRAGEM

Na arbitragem, um terceiro escolhido pelos litigantes decide o conflito.

Na arbitragem h heterocomposio (um terceiro decide o caso).

No Brasil somente pessoas capazes podem optar pela arbitragem.

A arbitragem exerccio de poder negocial. Somente pode se valer da arbitragem aquele que capaz de realizar atos na vida civil.

Hoje se fala muito na arbitragem na esfera administrativa, principalmente nas questes relacionadas s concesses pblicas e s parcerias pblico-privadas. (a idia de que a arbitragem s possvel para questes privadas j comea a ficar obsoleta).4.1. Quem que pode ser rbitro?

As pessoas capazes podem ser rbitras. No precisam ser bacharis em direito. S precisa ser pessoa capaz. Normalmente, as pessoas escolhidas so formadas em direito e escolhido um colegiado de trs pessoas (uma entidade idnea indica um rbitro e cada parte escolhe um rbitro). possvel fazer arbitragem com apenas um rbitro. Pela lei a arbitragem tem que versar sobre direitos disponveis (Lei 9.307/96, art. 1). Assim pessoas capazes, envolvendo direitos disponveis podem optar pela arbitragem (sempre lembrar que atualmente possvel a arbitragem no mbito administrativo).

Art. 1 As pessoas capazes de contratar podero valer-se da arbitragem para dirimir litgios relativos a direitos patrimoniais disponveis. O rbitro na arbitragem juiz de fato e de direito. O rbitro pode ser processado por corrupo passiva caso aceite vantagem indevida.

4.2. O que o juiz estatal pode fazer diante de uma deciso arbitral?

Sentena arbitral ttulo executivo judicial. O judicirio pode executar a sentena arbitral, pois o rbitro no tem competncia para executar suas decises. Quem executa o juiz estatal.

O juiz estatal no pode reformar ou revisar a sentena arbitral.

A arbitragem no compulsria. Se houvesse uma lei que impusesse a arbitragem, esta lei seria inconstitucional.

A arbitragem uma opo feita por pessoas capazes sobre direitos disponveis e o Estado consagra esta possibilidade.

A arbitragem em contrato de adeso no se admite. clusula abusiva. (art. 4, 2 da Lei 9.307/96) 2 Nos contratos de adeso, a clusula compromissria s ter eficcia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituio, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa clusula. No existe mais a necessidade de homologao pelo juiz estatal da deciso arbitral. Ela diretamente executvel (art. 31 da Lei 9.307/96).

Art. 31. A sentena arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentena proferida pelos rgos do Poder Judicirio e, sendo condenatria, constitui ttulo executivo.

O juiz estatal pode anular a deciso arbitral. Se esta for nula. O juiz invalida a deciso arbitral para que seja proferida uma nova deciso pelo rbitro (Ex: rbitro corrupto; falta de contraditrio. Art. 32 da Lei 9.307/96).

Art. 32. nula a sentena arbitral se:

I - for nulo o compromisso;

II - emanou de quem no podia ser rbitro;

III - no contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;

IV - for proferida fora dos limites da conveno de arbitragem;

V - no decidir todo o litgio submetido arbitragem;

VI - comprovado que foi proferida por prevaricao, concusso ou corrupo passiva;

VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e

VIII - forem desrespeitados os princpios de que trata o art. 21, 2, desta Lei.

Art. 26. So requisitos obrigatrios da sentena arbitral:

I - o relatrio, que conter os nomes das partes e um resumo do litgio;

II - os fundamentos da deciso, onde sero analisadas as questes de fato e de direito, mencionando-se, expressamente, se os rbitros julgaram por eqidade;

III - o dispositivo, em que os rbitros resolvero as questes que lhes forem submetidas e estabelecero o prazo para o cumprimento da deciso, se for o caso; e

IV - a data e o lugar em que foi proferida.

Pargrafo nico. A sentena arbitral ser assinada pelo rbitro ou por todos os rbitros. Caber ao presidente do tribunal arbitral, na hiptese de um ou alguns dos rbitros no poder ou no querer assinar a sentena, certificar tal fato.

Art. 21. A arbitragem obedecer ao procedimento estabelecido pelas partes na conveno de arbitragem, que poder reportar-se s regras de um rgo arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, s partes delegar ao prprio rbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento.

2 Sero, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princpios do contraditrio, da igualdade das partes, da imparcialidade do rbitro e de seu livre convencimento.

A anulao da sentena arbitral tem que ser pedida pela parte interessada (ao anulatria da sentena arbitral prazo 90 dias contados da intimao). Passado o prazo de 90 dias a sentena arbitral torna-se imutvel, pois houve decadncia do direito de anul-la. (Art. 33 da Lei 9.307/96)Art. 33. A parte interessada poder pleitear ao rgo do Poder Judicirio competente a decretao da nulidade da sentena arbitral, nos casos previstos nesta Lei.

1 A demanda para a decretao de nulidade da sentena arbitral seguir o procedimento comum, previsto no Cdigo de Processo Civil, e dever ser proposta no prazo de at noventa dias aps o recebimento da notificao da sentena arbitral ou de seu aditamento.

Pelas razes acima, para Didier h coisa julgada na sentena arbitral. No direito brasileiro a arbitragem jurisdio.

Deciso de 3 imparcial que se torna indiscutvel.

A ao de anulao da sentena arbitral equivalente ao rescisria.

Para Marinoni, a arbitragem no jurisdio, pois:

O rbitro no pode executar sua deciso.

Segundo Didier, nem sempre o rgo que decide o rgo que executa suas decises. Desta forma, o juiz penal no teria jurisdio, pois quem executa sua deciso o juiz das execues penais. No seria uma questo de jurisdio, mas sim de competncia. As partes escolhem o rbitro, ferindo o princpio do juiz natural.

Para Didier, essa questo tambm seria de competncia, pois o mtodo de escolha do juiz (rbitro) no a distribuio, mas sim a escolha das partes. S feriria o princpio do juiz natural se o caso fosse decidido por rbitro que no aquele escolhido pelas partes.

A fonte da arbitragem a autonomia privada. o seu fundamento constitucional.

4.3. Conveno de Arbitragem

A arbitragem constituda por meio de negocio jurdico chamado conveno de arbitragem.

H duas espcies de conveno de arbitragem:

Clusula compromissria (arts. 3 a 8 da Lei 9.307/96):

um negcio pelo qual as partes decidem que qualquer conflito futuro relativo quele negcio que acaba de ser celebrado dever ser resolvido por rbitro Ex: h um contrato social e ao seu final coloca-se que qualquer discusso sobre sua matria ser resolvida por rbitro. uma clusula para o futuro no relacionada com qualquer conflito concreto. Ela apenas determina que se algum conflito sobrevier, ele dever ser resolvido por rbitro. uma clusula aberta, pois se no ocorrer conflito ela nunca se realizar.

Compromisso arbitral(arts. 9 a 12 da Lei 9.307/96):

um negcio pelo qual determinado conflito dever ser resolvido por rbitro. O conflito j existe e as partes decidem que aquele conflito dever ser resolvido por rbitro. Sempre se refere a um conflito concreto. Pode ser que o compromisso arbitral seja precedido de uma clusula compromissria. Neste caso, o compromisso arbitral serve para executar a clusula compromissria. Ex: decide qual o conflito, qual ser o rbitro, quanto ser gasto, prazos.

Art. 10. Constar, obrigatoriamente, do compromisso arbitral:I - o nome, profisso, estado civil e domiclio das partes;II - o nome, profisso e domiclio do rbitro, ou dos rbitros, ou, se for o caso, a identificao da entidade qual as partes delegaram a indicao de rbitros; III - a matria que ser objeto da arbitragem; eIV - o lugar em que ser proferida a sentena arbitral.Art. 11. Poder, ainda, o compromisso arbitral conter:I - local, ou locais, onde se desenvolver a arbitragem;II - a autorizao para que o rbitro ou os rbitros julguem por eqidade, se assim for convencionado pelas partes;III - o prazo para apresentao da sentena arbitral;IV - a indicao da lei nacional ou das regras corporativas aplicveis arbitragem, quando assim convencionarem as partes;V - a declarao da responsabilidade pelo pagamento dos honorrios e das despesas com a arbitragem; eVI - a fixao dos honorrios do rbitro, ou dos rbitros.Pargrafo nico. Fixando as partes os honorrios do rbitro, ou dos rbitros, no compromisso arbitral, este constituir ttulo executivo extrajudicial; no havendo tal estipulao, o rbitro requerer ao rgo do Poder Judicirio que seria competente para julgar, originariamente, a causa que os fixe por sentena. Porm, o compromisso arbitral pode no ser precedido de uma clusula compromissria.

Caso a parte se arrependa do compromisso arbitral, nada impede que as partes realizem um distrato em relao arbitragem (no pode ser feito unilateralmente).

Se uma parte ignora a conveno de arbitragem e intenta ao no judicirio, a parte contrria deve alegar em sua defesa a existncia de arbitragem (preliminar). Se o ru no alega nada o juiz nada pode fazer. Didier entende que se o ru nada faz, seria uma revogao da conveno de arbitragem, pois ambas as partes abriram mo do compromisso. No h problema algum, pois as partes esto no uso da sua autonomia privada.

A conveno de arbitragem pode ser anulada?

Como qualquer negcio jurdico a conveno de arbitragem pode ser anulada (ex. coao).

O juiz pode de ofcio extinguir a conveno de arbitragem?

O juiz pode conhecer de ofcio a conveno de arbitragem. Porm, se j tiver ouvido a parte e esta nada tiver alegado no pode mais, pois o juiz no pode interferir na autonomia das partes (princpio da autonomia da vontade).

5 PRINCPIOS DA JURISDIO5.1. Princpio da Investidura A jurisdio deve ser exercida por quem tenha sido investido devidamente na jurisdio.

Investidura que pode se dar por concurso, nomeao do Presidente da Repblica (ministros, desembargadores federais), arbitragem (escolha por pessoas capazes). Pode ocorrer pelas mais variadas formas previstas em lei.

5.2. Princpio da Inevitabiliade A jurisdio no conselho, poder ( ato de imprio). A jurisdio inescapvel. Ningum pode se livrar dos efeitos da jurisdio. A jurisdio inevitvel.

Querendo ou no a parte (pouco importando a sua condio social), a deciso ser cumprida5.3.Princpio da Indelegabilidade O exerccio da jurisdio no pode ser delegado, ou seja, o juiz no pode transferir a outra pessoa o exerccio da funo jurisdicional.

A arbitragem no exceo. O rbitro no recebe delegao de ningum. Se o rbitro delega sua funo fere o princpio da indelegabilidade.

Classificao dos poderes da jurisdio:

Poder de conduo do processo

Poder instrutrio (poder de produzir prova)

Poder decisrio

Poder executrio (executar suas decises) Rigorosamente, indelegvel apenas o poder decisrio. Os demais poderes podem ser delegados.

Poder de conduo pode ser delegado a servidores. O juiz pode delegar atos de mera conduo do processo a seus servidores (CF art.93, XIV; CPC art. 162, 4).

XIV os servidores recebero delegao para a prtica de atos de administrao e atos de mero expediente sem carter decisrio

Art. 162, 4. Os atos meramente ordinatrios, como a juntada e a vista obrigatria, independem de despacho, devendo ser praticados de ofcio pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessrios. Poder instrutrio: um tribunal pode delegar poder instrutrio a determinado juiz de 1 instncia.

Poder executrio: a prpria CF expressamente permite que o STF delegue a juzes de 1 instncia o poder de executar suas decises. A jurisprudncia amplia tal preceito para qualquer tribunal. Para a jurisprudncia qualquer tribunal pode delegar a um juiz de 1 grau que execute suas decises.

5.4. Princpio da Territorialidade O exerccio da jurisdio sempre recai sobre um determinado territrio, pois a jurisdio decorrente da soberania. O territrio de atuao do STF todo o pas, os TJs seus estados, um juiz sua comarca, etc.

O exerccio da jurisdio chama-se foro.

FORO

Justia EstadualJustia Federal

Comarca

Diviso territorial da Justia Estadual.

Quando so muito grandes, dividem-se em distritos.

Normalmente coincide com o territrio de uma cidade, mas em alguns estados a comarca formada por um conjunto de cidades.

Seo Judiciria

Diviso territorial da Justia Federal.

sempre um Estado-membro.

Distrito

Subdiviso da comarca.

Geralmente formado por um bairro ou conjunto de bairros.Sub-Seo Sempre tem o nome de uma cidade, mas abrangem vrias cidades do Estado em que se situam.

OBS: Casos de Extraterritorialidade

Um oficial de justia pode sair de sua comarca e ir para uma comarca fronteiria (comarca contgua) ou da mesma regio metropolitana e l fazer atos de comunicao (citao, intimao) independentemente de carta precatria. Nestes casos h uma regra de extraterritorialidade. S pode praticar atos de comunicao, no podendo praticar atos de constrio (art. 230 CPC).

Art. 230. Nas comarcas contguas, de fcil comunicao, e nas que se situem na mesma regio metropolitana, o oficial de justia poder efetuar citaes ou intimaes em qualquer delas. Outro caso de extraterritorialidade quando um juiz julga caso sobre imvel que se situa em comarcas contguas (CPC art. 107).

Art. 107. Se o imvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se- o foro pela preveno, estendendo-se a competncia sobre a totalidade do imvel.

Uma coisa saber onde a deciso ser proferida e outra coisa o territrio onde a deciso produzir efeitos. Ex. um casal divorciado em salvador continua divorciado em qualquer comarca do pas.

Uma deciso proferida de forma vlida por juiz brasileiro pode ser cumprida em qualquer local do pas. Da mesma forma, uma sentena brasileira est apta a produzir efeitos em qualquer lugar do mundo, desde que seja devidamente homologada naquele pas.

Determinado o juiz competente, sua deciso produzir efeitos em todos os locais do pas.

A lei de ao civil pblica, em seu art. 16, parece ter misturado a competncia judical para decidir e o lugar no qual a deciso surtir efeitos: Art. 16. A sentena civil far coisa julgada erga omnes, nos limites da competncia territorial do rgo prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficincia de provas, hiptese em que qualquer legitimado poder intentar outra ao com idntico fundamento, valendo-se de nova prova. A lei confunde o territrio onde a deciso foi proferida e o local onde a deciso produzir efeitos. Apesar de inadequado, o STJ aplica este artigo.

5.5. Princpio da Inafastabilidade da Jurisdio CF, Art. 5, XXXV

XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito;

A jurisdio inafastvel. um dos direitos fundamentais mais importantes, pois o direito fundamental de acesso ao judicirio, de acesso justia (direito fundamental de ao).

Na ditadura, por expressa previso da CF/69, no se podia discutir os Atos Institucionais. A arbitragem no exceo a este princpio, pois so as partes, de forma voluntria, que excluem o caso do judicirio. No a lei que exclui o caso do judicirio.

H uma discusso entre os administrativistas, pois alguns dizem que o mrito de atos discricionrios no poderia ser revisto pelo judicirio, constituindo uma exceo. Ocorre que tal viso est totalmente ultrapassada, pois a CF/88 consagra o devido legal substancial, sendo possvel controlar o mrito dos atos discricionrios quando estes forem desarrazoados, desproporcional. O ato discricionrio pode ser revisto em seu mrito se for desproporcional.

Na CF de 1969 havia a seguinte previso: a lei poder condicionar a ida ao judicirio ao esgotamento das instncias administrativas. Por conta disso, muitas leis foram publicadas (MS, Acidentes de Trabalho) mencionando a necessidade de esgotamento da via administrativa. A CF/88 no menciona mais a possibilidade de a lei condicionar a ida ao judicirio ao esgotamento da via administrativa.

Todas as leis que condicionavam a ida ao judicirio ao esgotamento da instncia administrativa foram recepcionadas pela CF/88?

Elas foram recepcionadas, porm com uma nova interpretao em conformidade com a CF.

preciso que aquele que pretende ir ao judicirio sem o esgotamento da instncia administrativa demonstre a urgncia e necessidade de ir diretamente ao judicirio. Cabe ao demandante demonstrar esta necessidade e urgncia. Assim, preciso esgotar as vias administrativas ou demonstrar nestes casos, a presena dos requisitos de urgncia e necessidade.

A CF/88 trs uma nica exceo: as matrias relativas a matria desportiva devem antes ser submetidas a justia desportiva (CF, art. 217, 1). o nico exemplo de jurisdio condicionada ainda existente.

1 - O Poder Judicirio s admitir aes relativas disciplina e s competies desportivas aps esgotarem-se as instncias da justia desportiva, regulada em lei.

H expressa previso na CF da tutela preventiva: leso ou ameaa de leso a direito. Isto a constitucionalizao da tutela preventiva.

5.6. Princpio do Juiz Natural No est previsto em nico inciso. Ele extrado de dois dispositivos do art. 5: XXXVII e LIII.

XXXVII - no haver juzo ou tribunal de exceo;

LIII - ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente;

O juiz natural o direito fundamental a ser processado por um juiz competente e imparcial.

um juiz competente de acordo com regras legais de competncia previamente definidas e definidas de maneira geral.

com base neste princpio que se evita a escolha unilaterais ou por terceiros de juzes para o julgamento da causa (na arbitragem as partes escolhem o decisor para questes que versem sobre em direitos disponveis).

O princpio do juiz natural veda o juiz do ex post factum (juiz constitudo aps o fato). Tambm no cabe tribunal de exceo (tribunal criado para julgar a causa ex. Tribunal de Nuremberg).

No basta o juiz competente. O juiz tem que ser tambm imparcial segunda as regras de imparcialidade.

A imparcialidade um dos aspectos do princpio do juiz natural. o aspecto subjetivo do princpio. Ver reclamao 417, STF.

EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL. COMPETNCIA. AO POPULAR. Constituio, art. 102, I, "n".

I. - Ao popular ajuizada para o fim de anular a nomeao de todos os membros do Tribunal de Justia do Estado de Roraima, estando os Juzes de 1 grau do mesmo Estado em estgio probatrio, assim sem a garantia de independncia da vitaliciedade, dependentes do Tribunal cujos integrantes so litisconsortes passivos na ao popular. Impossibilidade de realizao do devido processo legal, dado que um dos componentes deste, o juiz natural, conceituado como juiz com garantias de independncia, juiz imparcial, juiz confivel, no existe, no caso.

II. - Hiptese em que ocorre a competncia do Supremo Tribunal Federal, para processar e julgar a ao popular, na forma do disposto no art. 102, I, "n", da Constituio Federal.

III. - Reclamao julgada procedente.

6 Jurisdio Voluntria6.1. Parte incontroversa sobre jurisdio voluntria:

A jurisdio voluntria uma prtica de fiscalizao de alguns atos jurdicos (o juiz um fiscal).

O juiz fiscaliza a prtica desses atos jurdicos para integr-los, ou seja, para torn-los aptos para produo dos respectivos efeitos jurdicos. A jurisdio voluntria jurisdio integrativa.

O magistrado tem todas as garantias da magistratura e todos os princpios de jurisdio se aplicam na jurisdio voluntria. H contraditrio na jurisdio voluntria. Todos os interessados na jurisdio voluntria devem ser citados para se manifestar (no prazo de 10 dias). H, em fim, devido processo legal na jurisdio voluntria.

Costuma-se dizer que na jurisdio voluntria os poderes do juiz so maiores, pois se costuma dizer que a jurisdio voluntria um processo inquisitivo (maiores poderes de conduo). Ex: possibilidade que tem o juiz de em muitos casos da jurisdio voluntria instaurar o processo de ofcio (ex. ECA). Ex: art. 1109 do CPC, no qual se confere ao juiz o poder de julgar por equidade X art. 126 do CPC (artigo geral de jurisdio. Art. 1.109. O juiz decidir o pedido no prazo de 10 (dez) dias; no , porm, obrigado a observar critrio de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a soluo que reputar mais conveniente ou oportuna.

Art. 126. O juiz no se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe- aplicar as normas legais; no as havendo, recorrer analogia, aos costumes e aos princpios gerais de direito.

com base neste dispositivo que a jurisprudncia sempre adotou a guarda compartilhada em casos de separao consensual, mesmo sem previso legal, (pois separao consensual caso de jurisdio voluntria). O art. 1.109 serve como uma clusula geral de adaptao. O mesmo pode ser aplicado para os casos de interrogatrio de interditando em estado de coma (o interrogatrio do interditando obrigatrio no procedimento de interdio, mas usa-se o art. 1.109 para afastar a necessidade do interrogatrio, por ser um caso de jurisdio voluntria). Em face do art. 1105 do CPC surgiu uma questo: em toda a jurisdio voluntria o MP tem que ser ouvido?

No necessariamente. O MP s ser ouvido em jurisdio voluntria se a causa envolver interesse pblico que justifique isso.

Ex: alienao de coisa comum (2 condminos pedem para que o juiz venda um bem) no precisa do MP.

H uma Orientao Nacional do MP para no intervir em casos de separao consensual que no envolva incapazes.

A jurisdio voluntria necessria. Isto significa que nos casos de jurisdio voluntria a pessoa no tem opo, tem que ir ao judicirio. Sem a ida ao judicirio no se poderia obter aquele efeito ( a regra, mas h excees). H casos de jurisdio voluntria que so opcionais:

Ex. separao consensual sem envolvimento de incapazes (pode ser feita em cartrio ou em juzo).

6.2. Parte controversa sobre jurisdio voluntria:

No Brasil, h duas correntes sobre a natureza da jurisdio voluntria:

1 corrente (majoritria): Jurisdio voluntria no jurisdio, mas sim uma atividade administrativa exercida pelo juiz. Para essa corrente a jurisdio voluntria a administrao pblica de interesses privados. Essa o posicionamento da doutrina paulista.

Para esta corrente a jurisdio voluntria no jurisdio, pois no h lide. No sendo jurisdio no h ao. No se pode falar em ao de jurisdio voluntria. O correto seria requerimento de jurisdio voluntria.

No h processo de jurisdio voluntria, h procedimento de jurisdio voluntria.

No h partes na jurisdio voluntria, s h interessados.

No h coisa julgada, que um fenmeno da jurisdio.

Jurisdio voluntria no nem jurisdio, porque administrao, nem voluntria porque necessria.

2 corrente (minoritria): Jurisdio voluntria jurisdio. Parte do pressuposto que a ausncia de lide no significa a ausncia de jurisdio. Questiona-se a premissa, pois trata-se de um dogma.

Questionam o fato de na jurisdio no haver lide, pois os interessados tm que ser citados para se manifestar, podendo se contrapor. O que marca a jurisdio voluntria no a inexistncia de lide, mas a possibilidade de no haver lide.

Afirmam haver ao.

Afirmam ter contraditrio.

Afirmam ter partes.

Afirmam ter coisa julgada.

JURISDIO VOLUNTRIA1 corrente (majoritria)2 corrente (minoritria)

Jurisdio voluntria no jurisdio, pois no h lide.

No sendo jurisdio no h ao. O correto seria requerimento de jurisdio voluntria A ausncia de lide no significa a ausncia de jurisdio.

Questiona-se a premissa, pois trata-se de um dogma.

O que marca a jurisdio voluntria no a inexistncia de lide, mas a possibilidade de no haver lide.

No h processo de jurisdio voluntria, h procedimento de jurisdio voluntria H processo.

No h partes na jurisdio voluntria, s h interessados. H partes.

No h coisa julgada, que um fenmeno da jurisdio. H coisa julgada.

OBS 1: a doutrina administrativista muito antiga, sendo de uma poca em que no se falava de processo administrativo. Processo era termo usada apenas para jurisdio. A CF/88 garantiu a processualidade administrativa. Por conta disso inadmissvel adotar-se a corrente administrativa em relao a esse aspecto, pois h processo administrativo.

OBS 2: em relao coisa julgada ambas as correntes se baseiam no mesmo artigo (art. 1111 CPC):

Art. 111. A competncia em razo da matria e da hierarquia inderrogvel por conveno das partes; mas estas podem modificar a competncia em razo do valor e do territrio, elegendo foro onde sero propostas as aes oriundas de direitos e obrigaes.

Para Didier este artigo garante a coisa julgada, pois a coisa julgada pode ser revista por fatos supervenientes em qualquer processo e no apenas na jurisdio voluntria.

Ex: na mudana de nome, no seria razovel que a parte pudesse propor diversas aes repetidas caso tivesse seu pedido negado. Porm, no caso da parte que j teve seu pedido negado e surpreendida com fatos supervenientes que tornam seu nome pejorativo totalmente razovel o novo pedido (ex: Brulio antes e depois da propaganda de 1996).

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Aula 4 (16 de fevereiro de 2009)

7 COMPETNCIA

Competncia sempre um limite de poder, uma quantidade de poder atribuda algum ente. Pode ser legislativa, administrativa, jurisdicional, etc.

O estado brasileiro um estado de competncia, pois quem exerce o poder tem que faz-lo nos limites de sua competncia.

Nenhuma autoridade possui todo o poder. Todas as autoridades possuem competncia.

7.1. Competncia jurisdicional a quantidade de poder jurisdicional atribuda algum rgo.

7.2. Princpios da Competncia7.2.1. Princpio da Tipicidade da Competncia As regras de competncia tm que ser tpicas, previstas tipicamente pela lei. Cabe ao legislador estabelecer tipicamente as espcies de competncia.

Em nenhum caso haver uma situao em que ningum competente (no h vcuo de competncia). Desta forma, admite-se a chamada competncia implcita, ou seja, uma competncia que decorre de outra expressamente tipificada. Ela tpica, mas no explcita. Ex: h regra expressa que autoriza o STF a delegar para juzes de primeiro grau suas execues. Todavia, no h regra expressa que possibilite a mesma coisa ao STJ, mas se admite tal delegao pois ela est implcita.

7.2.2. Princpio da Indisponibilidade da Competncia As regras de competncia so indisponveis para o rgo jurisdicional.

No pode deixar de julgar causas de sua competncia, nem pode querer julgar causas da competncia de outro.

O juiz no pode dispor de tais competncias, at porque so regras legais baseadas no princpio de freios e contrapesos dos poderes.

As regras de competncia podem ser alteradas por modifico legal.

Est ligado ao princpio do juiz natural.

7.2.3. Princpio da Kompetenzkompetenz Todo rgo jurisdicional tem competncia para examinar a sua prpria competncia.

Todo juiz sempre pode se dizer competente ou no.

Por mais incompetente que seja, o juiz sempre competente para se dizer incompetente.

Princpio da incompetncia mnima ou princpio da competncia atmica (todos os juzes possuem esta competncia).

7.3. Distribuio da Competncia7.3.1. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988

A primeira diviso de competncias est na CF. Assim, a CRFB/88 criou 5 grandes Justias (so organizaes judicirias).

Justia federal

Justia estadual

Justia do trabalho

Justia eleitoral

Justia militar

OBS: A competncia da justia estadual residual, ou seja, a ela vai tudo que sobra das outras justias (no h vcuo).

OBS2: a justia estadual e a justia federal so justias comuns, pois servem uma generalidade de situaes. As outras 3 justias so justias especializadas, pois ficam relacionadas a determinadas matrias

OBS3: Justia desportiva equivalente jurisdicional, mas no tem jurisdio. OBS4: As justias especializadas so mantidas pela unio, mas no se chamam federais.

A deciso do constituinte de criar blocos de competncia, criu o seguinte problema: a deciso proferida por juiz em causa que no compete sua justia uma deciso preferida por um juzo incompetente ou uma deciso inexistente (no juiz)? Ex. deciso proferida por juiz do trabalho em causa eleitoral. Para Ada Pellegrini Grinover, o juiz s juiz em sua justia, ou seja, se ele julga uma causa fora de sua justia haver uma no-deciso, um nada jurdico, uma sentena inexistente (corrente minoritria).

Para a concepo majoritria, a deciso existe, mas nula, ou seja, uma deciso proferida por juzo incompetente, at porque ele sempre ter competncia para se dizer incompetente (Princpio da Kompetenzkompetenz).

7.3.2. Constituies estaduais, leis federais e leis estaduais

Feita a distribuio pela CF, descendo um nvel, haver a distribuio de competncia feita pelas constituies dos estados, leis federais e leis estaduais.

7.3.2. Regimentos internos de Tribunais

Na base desta pirmide ainda h uma distribuio de competncia que feita pelos regimentos internos dos tribunais, que no criam competncias, apenas pegando as competncias que foram atribudas aos tribunais e distribuindo essas competncias internamente.

OBS: H uma peculiaridade em relao ao regimento interno do STF (RISTF): o STF entende que o seu regimento tem natureza de lei, pois na constituio de 1969 havia autorizao para o STF elaborar seu regimento com fora de lei (poder legislativo anmalo). O RISTF de 1980 (baseado na CRFB/69). A atual Constituio no mencionou nada sobre o regimento interno do STF. Assim no deveria ter sido recepcionado como lei, mas o prprio STF declarou ter sido seu regimento recepcionado pela CRFB/88 com fora de lei.

7.3. Determinao/Fixao/Concretizao da Competncia Significa saber qual o juzo que vai julgar determinada causa concreta.

Est regulada no art. 87 do CPC:

Art. 87. Determina-se a competncia no momento em que a ao proposta. So irrelevantes as modificaes do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o rgo judicirio ou alterarem a competncia em razo da matria ou da hierarquia.

No momento da propositura da ao se saber qual o juzo competente para julg-la. A ao considera-se proposta na data da distribuio ou se for desnecessria a distribuio (se s tiver uma vara e um juiz) a data do despacho inicial (art. 263 CPC).

Art. 263. Considera-se proposta a ao, tanto que a petio inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuda, onde houver mais de uma vara. A propositura da ao, todavia, s produz, quanto ao ru, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente citado.

Depois da distribuio ou despacho inicial so irrelevantes para a competncia os acontecimentos futuros (perpetuao da jurisdio).

Tal regra uma regra de estabilidade do processo, para que o processo no fique pulando de juzo em juzo. O art. 87 s se aplica se o juiz for competente. S haver perpetuao se o juiz for competente (pressuposto da perpetuao).

A parte final do art. 87 cria duas excees, em que se quebra a perpetuao da jurisdio, devendo a causa ser remetia a outro juzo:

1) quando o rgo jurisdicional for suprimido. Se a vara for extinta os processos sero redistribudos. Ex: quando os tribunais de alada forma extintos suas causas foram redistribudas;

2) Alterao da competncia em razo da matria ou hierarquia

Se houver fato superveniente que altera a competncia em razo da matria ou hierarquia, a causa dever ser redistribuda. Obs: onde se l em razo da mataria ou hierarquia, leia-se competncia absoluta. Assim, para a doutrina e jurisprudncia tal referncia apenas exemplificativa.

S haver quebra da perpetuao da competncia se a causa ainda no houver sido julgada. Se a modificao ocorre aps o julgamento, irrelevante para a causa. Ex. aes indenizatrias sobre relaes de trabalho aps EC 45/04. A referida EC transferiu da Justia Estadual para Justia do Trabalho as aes referentes acidentes de trabalho. O STF determinou que causas j julgadas permaneceriam na justia estadual (inclusive o recurso). As causas por julgar iriam para a Justia do Trabalho.7.4. Classificao da Competncia7.4.1. Originria e derivada

Originria a competncia para conhecer e julgar a causa pela primeira vez. Em regra, pertence aos juzes de 1 instncia, mas h casos de competncia originria de tribunal, devendo a causa ser proposta diretamente no tribunal Ex. ao rescisria de sentena; MS contra ato judicial.

Derivada a competncia para julgar o recurso, ou seja, para conhecer da causa em grau de recurso. Normalmente competncia de tribunal, mas h casos em que juzes de 1 instncia tm competncia derivada. Ex. nas execues fiscais de pequeno valor, o recurso contra sentena ser julgado pelo prprio juiz (embargos infringentes de alada, art. 34 da Lei de Execues Fiscais LEF Lei 6830/80).

Art. 34 - Das sentenas de primeira instncia proferidas em execues de valor igual ou inferior a 50 (cinqenta) Obrigaes Reajustveis do Tesouro Nacional - ORTN, s se admitiro embargos infringentes e de declarao.

1 - Para os efeitos deste artigo considerar-se- o valor da dvida monetariamente atualizado e acrescido de multa e juros de mora e de mais encargos legais, na data da distribuio.

2 - Os embargos infringentes, instrudos, ou no, com documentos novos, sero deduzidos, no prazo de 10 (dez) dias perante o mesmo Juzo, em petio fundamentada.

3 - Ouvido o embargado, no prazo de 10 (dez) dias, sero os autos conclusos ao Juiz, que, dentro de 20 (vinte) dias, os rejeitar ou reformar a sentena.

Obs: Nos juizados especiais quem julga o recurso a turma recursal, que tem competncia derivada, mas apesar de composta por juzes. Desta forma, a turma recursal no exemplo de competncia derivada de juzes, pois quem julga no o juiz e sim a turma recursal (similar a atuao de juiz de 1 instncia convocado a atuar no tribunal).

7.4.2. Absoluta e relativa

Absoluta: regra de competncia absoluta se caracteriza por visar o alcance do interesse pblico e por conta disso a incompetncia absoluta pode ser conhecida de ofcio pelo juiz, qualquer das partes pode alegar a incompetncia absoluta, por qualquer forma e enquanto durar o processo, no havendo precluso. Terminado o processo, a incompetncia absoluta autoriza a ao rescisria no prazo de 2 anos.

Relativa: criada para atender a interesse particular e por conta disso a incompetncia relativa no pode ser reconhecida ex oficio smula 33 STJ. STJ, Smula 33: A INCOMPETENCIA RELATIVA NO PODE SER DECLARADA DE OFICIO.

S o ru pode alegar incompetncia relativa, no primeiro momento em que lhe couber falar nos autos, sob pena de precluso e o juiz se tornar competente. H uma forma especfica de alegao da incompetncia relativa, que no pode ser alegada livremente como a absoluta, atravs da exceo de incompetncia relativa, que uma petio escrita, avulsa, distinta da contestao, que gera um incidente processual (no pode faz-lo na contestao - CPC). Todavia, a jurisprudncia do STJ passou a admitir a alegao de incompetncia relativa no bojo da contestao, desde que isso no cause prejuzo ao autor.

Qualquer que seja a incompetncia (absoluta/relativa) no haver extino do processo, devendo os autos ser remetidos ao juzo competente. Porm, em 2 hipteses h necessariamente extino do processo:

Extino nos juizados especiais

Casos de incompetncia internacional

Ex: ao proposta no Brasil, mas que deveria ter sido proposta em outro pas.

Obs: havia uma terceira causa que no existe mais. O RISTF afirmava que incompetncia no STF gerava a extino. Mas o tribunal alterou seu regimento determinando a remessa dos autos ao juzo competente.

No caso de incompetncia absoluta (apenas), alm da remessa ao juzo competente os atos decisrios so nulos. No caso de incompetncia relativa, os atos decisrios no so nulos, apenas direcionando o processo ao juzo competente.

Ex. liminar obtida em comarca relativamente incompetente.

As regras de incompetncia absoluta no podem ser alteradas por conexo ou continncia nem podem ser alteradas pela vontade das partes. J as regras de incompetncia relativa tanto podem ser alteradas por conexo e continncia como podem ser alteradas voluntariamente pelas partes.

7.4.2.1. Modificao Voluntria das Regras de Competncia Relativa Tcita

Ocorre quando o ru no alega a incompetncia relativa. Neste caso, presume-se que o ru aceitou a modificao realizada pelo autor.

Expressa

O foro de eleio ou foro contratual um caso de modificao expressa da competncia relativa. As partes de um negcio jurdico podem (autonomia da vontade) escolher o local (foro) onde as causas relativas aquele negcio tem que tramitar. As partes podem escolher o foro e no o frum. No contrato no se pode escolher o frum, mas apenas o territrio (foro).

Nada impede que haja mais de um foro de eleio, pois o que vale a autonomia privada.

O foro de eleio tem que ser escrito sempre e ele abrange as causas relativas execuo, resoluo ou interpretao do contrato.

OBS: Contrato de Adeso e Foro de Eleio

plenamente possvel que num contrato de consumo de adeso haja uma clusula de eleio de foro. Porm, tal clusula pode ser abusiva. No qualquer clusula de foro de eleio que abusiva.

Ex: distncia do foro de eleio que dificulte ou onere excessivamente a defesa dos direitos do consumidor clusula abusiva.

Clusulas abusivas em contratos de consumo so nulas, e tal nulidade pode ser declarada de ofcio pelo juiz.

O STJ deixou de aplicar a prpria smula 33, nos casos de clusulas de eleio de foro abusivas em contrato de consumo, podendo o juiz declarar de oficio a nulidade da clusula de eleio de foro e remeter os autos ao juzo competente (do foro do domiclio do consumidor). A partir deste entendimento o legislador inseriu o art. 112, pargrafo nico no CPC. A diferena que o STJ falava em contratos de consumo e o CPC trata de contratos de adeso em geral (mais abrangente).

Art. 112. Argi-se, por meio de exceo, a incompetncia relativa.

Pargrafo nico. A nulidade da clusula de eleio de foro, em contrato de adeso, pode ser declarada de ofcio pelo juiz, que declinar de competncia para o juzo de domiclio do ru. Porm, no art. 114 CPC, o legislador inovou e agora h caso de incompetncia que o juiz pode conhecer de ofcio, mas no pode conhecer a qualquer tempo, porque se o ru foi citado e no se pronunciar sobre a incompetncia, ocorrer precluso. uma situao hbrida, pois:

Pode ser conhecida de ofcio: parece incompetncia absoluta.

No pode ser conhecida a qualquer tempo: parece incompetncia relativa.

Para Didier caso de incompetncia relativa com apenas uma modificao (possibilidade de reconhecimento de ofcio no incio do processo).

OBS: o art. 112 do CPC consolidao da jurisprudncia. O art. 114 novidade criada pelo legislador.7.5. Critrios de Distribuio de Competncia7.5.1. Critrio objetivo

A competncia tem que ser distribuda a partir da anlise da demanda. Toma-se por base a demanda para distribuir a competncia.

A demanda o problema levado ao judicirio. Possui 3 elementos: Partes

Pedido

Causa de pedir

Se o critrio objetivo considera a demanda, tem de ser subdividido em 3 sub-critrios, cada qual relacionado a um elemento da demanda:

Elementos da DemandaSub-critrios do Critrio Objetivo de Distribuio de Competncia

PartesCompetncia em razo da Pessoa

PedidoCompetncia em razo do Valor da Causa

Causa de PedirCompetncia em razo da Matria

7.5.1.1. Competncia em razo da pessoa (partes): Fixada em razo dos sujeitos que fazem parte do processo, ou seja, em razo da presena de uma determinada parte no processo. Ex: varas privativas da fazenda pblica (presena da Fazenda), justia federal (causas que envolvam interesse da Unio Federal). A competncia em razo da pessoa absoluta (se a Unio passa a fazer parte do processo deve-se remeter o processo justia federal).OBS: nem todas as comarcas tm Varas da Fazenda Pblica, tendo apenas vara nica ou uma vara penal e uma cvel. Assim, o STJ criou a smula 206 para resolver questes sobre esta temtica, ao prever que se no houver no foro vara privativa da Fazenda Pblica a ao no tem que ser proposta no local em que haja vara privativa. (cai muito em concurso)

Smula 206 do STJ: A EXISTNCIA DE VARA PRIVATIVA, INSTITUDA POR LEI ESTADUAL, NO ALTERA A COMPETNCIA TERRITORIAL RESULTANTE DAS LEIS DE PROCESSO.7.5.1.2. Competncia em razo do valor (pedido) Os juizados estaduais tm teto de 40 salrios mnimos e causa de competncia relativa (pode propor a ao perante a justia comum). Lei 9099/95. Os juizados federais tem teto de 60 salrios mnimos e causa de competncia absoluta. Nos juizados especiais federais no h possibilidade de escolha como nos estaduais. Lei 10.259/2001. Como o juiz no pode condenar acima do teto dos juizados, se a parte pede um valor acima do teto, entende-se que a parte renunciou parte que excede ao teto do juizado. Ningum pode ser condenado em valor acima do teto.

Porm, para fazer acordo nos juizados no h teto. Uma sentena de juizado pode homologar acordo de qualquer valor. No h teto paro o acordo. Assim, pode haver sentena de execuo de juizado acima do teto. H causas de juizados que no tem teto. So as causas de procedimento sumrio (art. 275, II, CPC). Ex. acidente de transito; cobrana de dvidas de condomnio.

Art. 275. Observar-se- o procedimento sumrio:II - nas causas, qualquer que seja o valor

a) de arrendamento rural e de parceria agrcola;

b) de cobrana ao condmino de quaisquer quantias devidas ao condomnio;

c) de ressarcimento por danos em prdio urbano ou rstico;

d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veculo de via terrestre;

e) de cobrana de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veculo, ressalvados os casos de processo de execuo;

f) de cobrana de honorrios dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislao especial;

g) nos demais casos previstos em lei.

7.5.1.3. Competncia em razo da matria (causa de pedir) a competncia pela natureza da relao jurdica discutida (famlia, penal, civil, trabalhista, etc).

A competncia em razo da matria absoluta.

OBS: O legislador pode criar uma vara que combine estes critrios (em razo da pessoa, do valor da causa e da matria).7.5.2. Critrio funcional

Ao longo do processo h muitas funes (ex: citar, colher prova, julgar recurso, executar). Quando o legislador pega essas diversas funes que se exercem no processo e as distribui entre vrios rgos temos competncia funcional. a competncia de exercer uma funo dentro do processo. A competncia funcional absoluta e costuma ser visualizada em duas dimenses:

Dimenso vertical: a distribuio de competncia entre instncias, numa perspectiva hierrquica.

Ex: originria e derivada (1, 2 instncias)

Dimenso horizontal: vrias funes exercidas no processo que em uma mesma instncia so distribudas a mais de um rgo Ex. cmara que julga a apelao e o rgo especial julga o incidente de inconstitucionalidade suscitado; juiz do jri (pronuncia e faz a dosimetria da pena) e corpo de jurados(condena ou absolve).

7.5.3. Critrio territorial

Determina em que foro (territrio) a causa dever ser processada.

, em regra, uma competncia relativa. H casos, porm, de competncia territorial absoluta (excepcionais).

OBS: h trs posies doutrinrias para os casos de competncia territorial absoluta (observar na prova qual a posio da banca, pois, dependendo da posio, qualquer das vises abaixo a resposta a marcar):

Os casos de competncia territorial absoluta seriam na verdade casos de competncia funcional. Os casos de competncia territorial absoluta so realmente excees regra da relatividade da competncia territorial.

Posio ecltica: competncia territorial absoluta na verdade competncia territorial-funcional.

Exemplos de competncia territorial absoluta

Art. 2, lei de ao civil pblica (lei 7347/85). Neste caso, o legislador que criou a lei considerava correta a primeira corrente. O que importa que a competncia absoluta, porm o legislador afirmou ser competncia funcional.

Outro problema que o legislador s considerou a ACP depois de ocorrer o dano. Seria mais adequado ler-se onde ocorrer ou deva ocorrer o dano, para considerar as ameaas de leso.Art. 2 As aes previstas nesta Lei sero propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juzo ter competncia funcional para processar e julgar a causa. O art. 209 do ECA j corrige o erro falando na possibilidade da proteo prvia e no falando em competncia funcional.

Art. 209. As aes previstas neste Captulo sero propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ao ou omisso, cujo juzo ter competncia absoluta para processar a causa, ressalvadas a competncia da Justia Federal e a competncia originria dos tribunais superiores.

O art. 80 do estatuto do idoso prev outro caso de competncia territorial absoluta (para os casos de tutela coletiva). Para casos individuais, esta regra do domiclio do idoso de competncia relativa, pois foi feita para proteger o idoso, o qual tem a opo de demandar em seu domiclio.

Art. 80. As aes previstas neste Captulo sero propostas no foro do domiclio do idoso, cujo juzo ter competncia absoluta para processar a causa, ressalvadas as competncias da Justia Federal e a competncia originria dos Tribunais Superiores.

Muitos entendem que quando a comarca tem distritos a competncia absoluta (competncia distrital competncia territorial absoluta).

7.5.3.1. Regras gerais de competncia territorial:

Ao tem que ser proposta no foro de domiclio do ru Aplica-se a todas as aes pessoais (aes que veiculam direito pessoal) Aplica-se s aes reais mobilirias. Ao tem que ser proposta no foro da situao da coisa Ao real imobiliria. Neste caso, se o autor quiser pode optar por outros 2 critrios: Foro de eleio (se houver) Foro de domiclio do ru.

Assim o autor dispe de trs foros. Todavia, em sete situaes o autor no pode optar, tendo que ser a situao da coisa. Nestes casos h competncia territorial absoluta. So elas (art. 95 CPC):

Propriedade

Servido

Posse

Direitos de vizinhana

Nunciao de obra nova

Demarcao de terras

Diviso de terras

Art. 95. Nas aes fundadas em direito real sobre imveis competente o foro da situao da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domiclio ou de eleio, no recaindo o litgio sobre direito de propriedade, vizinhana, servido, posse, diviso e demarcao de terras e nunciao de obra nova.

OBS: Usufruto, Enfiteuse o juiz no pode declinar de ofcio.Obs: Avio bem mvel. Porm o avio pode ser hipotecado.

Obs: tabela das aes reais do CPC comentado de Nelson Nery Jr.

______________________________________________________________________Aula 5 (02 de maro de 2009)

8. Conexo e Continncia8.1. Consideraes introdutrias:

Litispendncia (dois sentidos):

Pendncia de 2 processos idnticos (se discute a mesma coisa). O perodo de tempo entre o nascimento e a morte do processo tambm se chama litispendncia. o perodo de tempo de existncia de um processo. O recurso prolonga a litispendncia, pois o recurso impede que o processo morra. Falar em efeitos da litispendncia o mesmo que falar em efeitos do processo.

*Havendo 2 processos absolutamente diferentes a situao irrelevante, no possuindo nome, um nada jurdico.

*O meio-termo so dois processos diferentes que guardam entre si um vnculo. Essa situao intermediria chamada de conexo ou continncia.

Conexo ou continncia a espcie de vnculo entre 2 ou mais processos diferentes, mas que guardam entre si algum nexo.

*Tudo o regramento da conexo se aplica continncia.

*Quando h litispendncia um dos processos tem que ser extinto. Porm, havendo conexo ou continncia preciso saber quais so os efeitos jurdicos que esse vnculo produz.

8.2. Efeitos Jurdicos da Conexo e da Continncia

A conexo produz 2 efeitos jurdicos tpicos:

1) a modificao da competncia com a remessa dos autos a um nico juzo que ser o competente para julgar todas as causas (Reunio das causas em um mesmo juzo). 2) processamento e julgamento simultneo das causas.OBS: A conexo s pode modificar a competncia relativa.

OBS: No confundir conexo com efeitos da conexo. Conexo o fato, ou seja, o vnculo de semelhana. Reunir os processos e processamento simultneo no conexo, so apenas efeitos da conexo.

*Pode haver conexo sem que haja reunio dos processos.

Ex: duas causas conexas tramitando em juzos de competncias absolutas distintas, tal como processos conexos em instncias diferentes, ou seja, um deles j estiver em segunda instncia e o outro na primeira competncias funcionais diferentes.

OBS: quando houver conexo, mas no for possvel a reunio dos processos, recomenda-se a suspenso de um deles para evitar com isso o desperdcio de atividade jurisdicional. Ex: Smula 235 do STJ

Smula 235 do STJ: A conexo no determina a reunio dos processos, se um deles j foi julgado.8.3. Fundamentos do tratamento de processos conexos:

Economia processual Causas semelhantes deve ser decididas por um mesmo juzo. Harmonizao das decises judiciais

Evita contradies entre decises judiciais que tratam situaes semelhantes.

*Em face destes fundamentos, a conexo um fato que pode ser conhecido de ofcio pelo juiz a qualquer tempo (at o julgamento) pelo Judicirio.

8.4. Quem pode alegar a conexo e a continncia

A conexo pode ser alegada tanto pelo autor como pelo ru:

O autor costuma alegar conexo j na petio inicial, quando ocorre a distribuio por dependncia. O ru costuma alegar a conexo na contestao. A conexo no se alega por exceo de incompetncia (exceo de incompetncia para alegar incompetncia relativa).

ALEGAO DE INCOMPETNCIA RELATIVAALEGAO DE MODIFICAO DA COMPETNCIA RELATIVA (CONEXO)

S o Ru pode aleg-la. Tem que ser alegada via Exceo de incompetncia relativa. Quer-se que a causa seja remetida ao juzo competente. S h interesse privado do ru.

Pode ser alegada pelo Autor, Ru ou de ofcio pelo Juiz. Pode ser alegada por qualquer forma (petio inicial, contestao). Quer-se a remessa dos autos ao juzo prevento. H interesse pblico (economia processual, harmonizao das decises judiciais.

8.5. Distino entre Conexo e ContinnciaOBS: Conexo e Continncia so situaes criadas pelo legislador, ao qual cabe escolher os casos relevantes para justificar o tratamento diferenciado.

Conexo

CPC, art. 103.

Existir se em 2 processos o pedido ou a causa de pedir for comum. Basta a identidade de um destes elementos. A identidade de partes irrelevante para a conexo.

Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais aes, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir. Continncia

CPC, art. 104.

O legislador exige partes iguais e causa de pedir igual. Um pedido mais abrangente que o outro.

Ex: pedido de anulao do contrato inteiro abrange (1 processo) o pedido de anulao de uma nica clusula (2 processo).

Na continncia h uma diferena entre as causas: os pedidos so diferentes, mas um abrange o outro.

Art. 104. D-se a continncia entre duas ou mais aes sempre que h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.

1 crtica ao regramento do CPC A desnecessidade do conceito de continncia, pois pelo CPC toda continncia uma conexo, pois se a continncia exige causa de pedir igual e a identidade de causa de pedir gera conexo, toda continncia uma conexo. Assim, no tem qualquer utilidade a continncia, pois no h qualquer diferena no tratamento dado pelo CPC a ambas espcies (s haveria utilidade se houvesse tratamentos distintos).

2 crtica ao regramento do CPC

Insuficincia do conceito de conexo do art. 103 do CPC.

Tal conceito um conceito mnimo de conexo, pois quando tal fato ocorre h conexo, mas tambm h conexo para alm das hipteses do art. 103. O art. 103 do CPC seria meramente exemplificativo.

Ex1: entre investigao de paternidade e alimentos h conexo. Mas no h pedido ou causa de pedir igual.

Ex2: entre ao de despejo por falta de pagamento e ao de consignao dos aluguis h conexo. Mas a conexo no est nos termos do art. 103 (no h pedidos ou causa de pedir iguais).

Doutrina e jurisprudncia, ao verificar que o art. 103 exemplificativo, criaram a regra prtica: Sempre que o vnculo entre os processos for tal que a deciso de um processo interfira na soluo do outro, haver conexo. a que surge a conexo por prejudicialidade. Significa que se uma causa for prejudicial outra haver conexo. O CPC no previu a conexo por prejudicialidade. Esta foi criada a partir de uma interpretao elstica do art. 103 do CPC.

8.6. Conexo nas causas repetitivas

Causas repetitivas so aquelas em se discute uma mesma tese jurdica ou um mesmo ponto de fato (mudam muito pouco), e tm basicamente por diferena seus autores. So causas de massa. Ex: causas sobre correo de contas do FGTS (planos econmicos); causas tributrias; causas envolvendo consumidores; causas de reajuste de servidores pblicos, etc.

As causas repetitivas so, em grande parte, o grande problema atual do travamento do Judicirio brasileiro.

Sempre se disse que no cabia conexo em se tratando de causas repetitivas.

Desta forma, classicamente, sempre se considerou que as regras da conexo no se aplicavam s causas repetitivas (pois o regramento do CPC no foi pensado para estas causas).

Ex: um autor de uma ao alega inconstitucionalidade para deixar de pagar um tributo e outro autor de outra ao requer conexo requerendo a mesma coisa. Neste caso no haveria conexo.

Tudo que se falou sobre conexo no se aplica a causas repetitivas, pois o juiz prevento teria milhes de processos para julgar.

OBS: atualmente, j se fala num processo de causas repetitivas, ou seja, um regramento prprio para causas repetidas (arts. 543-B e 543-C do CPC).

Quando as causas repetitivas chegam ao STF ou STJ via RE ou Resp, em vem de reunir para julgar simultaneamente, a lei determina que se escolha uma ou algumas causas repre